21
127 TÓPOS V. 3, N° 1, p. 127 - 147, 2009 ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM E GEOARQUEOLOGIA: EXPERIÊNCIAS EM PROJETOS DE PESQUISA Laina DA COSTA HONORATO Resumo: O artigo é uma discussão sobre duas experiências de pesquisa que seguiram perspectivas e métodos diferentes. Destacamos aqui duas formas de interpretar os sítios arqueológicos e seus artefatos, com a intenção de exemplificar as várias vertentes que pode assumir um trabalho interdisciplinar envolvendo a geografia e a arqueologia, além de demonstrar o uso de métodos e técnicas diferentes em ambas as disciplinas. Os estudos de caso apresentados referem-se à região do Paranapanema Paulista, sudeste do Brasil, onde a aplicação da arqueologia da paisagem no estudo do Sítio Arqueológico Guacho possibilitou e evidenciou a análise de um maior número de grupos de tribos indígenas, caracterizados por uma série de elementos que se diferem da dos grupos de bandos da região de Lagoa Santa, centro-oeste do Brasil, alvo do estudo geoarqueológico. No decorrer do artigo podemos perceber que a interdisciplinaridade é a base para o desenvolvimento das pesquisas. Palavras-chave: Geografia; Arqueologia; Interdisciplinaridade. LANDSCAPE ARCHAEOLOGY AND GEOARQUEOLOGIA: EXPERIENCES IN RESEARCH PROJECTS Abstract: The article is a discussion of two research experiences and perspectives that have followed different methods. We highlight here two ways of interpreting the archaeological sites and artifacts, with intent to exemplify the various aspects that interdisciplinarity between geography and archeology can assume, besides demonstrating the use of different methods and techniques in both disciplines. The case studies presented is the region's Paranapanema Paulo, southeastern Brazil, whose application of the Endereço eletrônico: [email protected] - UNESP - Faculdade de Ciências e Tecnologia.

Arqueologia Paisagem e Geoarqueologia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Espero que ajude!

Citation preview

  • 127

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM E GEOARQUEOLOGIA:EXPERINCIAS EM PROJETOS DE PESQUISA

    Laina DA COSTA HONORATO

    Resumo: O artigo uma discusso sobre duas experincias de pesquisaque seguiram perspectivas e mtodos diferentes. Destacamos aqui duasformas de interpretar os stios arqueolgicos e seus artefatos, com ainteno de exemplificar as vrias vertentes que pode assumir um trabalhointerdisciplinar envolvendo a geografia e a arqueologia, alm de demonstraro uso de mtodos e tcnicas diferentes em ambas as disciplinas. Os estudosde caso apresentados referem-se regio do Paranapanema Paulista,sudeste do Brasil, onde a aplicao da arqueologia da paisagem no estudodo Stio Arqueolgico Guacho possibilitou e evidenciou a anlise de ummaior nmero de grupos de tribos indgenas, caracterizados por uma sriede elementos que se diferem da dos grupos de bandos da regio de LagoaSanta, centro-oeste do Brasil, alvo do estudo geoarqueolgico. No decorrerdo artigo podemos perceber que a interdisciplinaridade a base para odesenvolvimento das pesquisas.Palavras-chave: Geografia; Arqueologia; Interdisciplinaridade.

    LANDSCAPE ARCHAEOLOGY AND GEOARQUEOLOGIA:EXPERIENCES IN RESEARCH PROJECTS

    Abstract: The article is a discussion of two research experiences andperspectives that have followed different methods. We highlight here twoways of interpreting the archaeological sites and artifacts, with intent toexemplify the various aspects that interdisciplinarity between geography andarcheology can assume, besides demonstrating the use of different methodsand techniques in both disciplines. The case studies presented is the region'sParanapanema Paulo, southeastern Brazil, whose application of the

    Endereo eletrnico: [email protected] - UNESP - Faculdade de Cincias eTecnologia.

  • 128

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    archaeological landscape in the study of archaeological site Guacho, andallowed the analysis showed a greater number of groups of indigenous tribes,marked by a series of elements that differ from the groups of bands in theregion of Lagoa Santa, central-west Brazil, geoarqueolgico aim of the study.Throughout the article we can see that the interdisciplinary science ofknowledge are the foundations for the development of research.Keywords: Geography; Aechaeology; Interdisciplinary.

    1. Introduo

    A geografia, que no sentido literal significa estudo da Terra, umacincia abrangente e interdisciplinar por excelncia. Por estar inserida numcampo to amplo quanto o das cincias da Terra, delimitamos aqui aimportncia de sua influncia na arqueologia.

    A arqueologia o estudo da sociedade por meio de seus vestgios,que podem ser artefatos concretos e palpveis, como uma cermica ou umltico (instrumento de pedra), ou evidncias mais abstratas, como os indciosde uma fogueira e de um acampamento, entre outras.

    Quando dispomos de material histrico, o registro escrito, adescrio de uma civilizao se torna menos trabalhosa para o pesquisador.Porm, quando temos diante de ns apenas evidncias de umacaracterstica especfica de um povo, resta-nos, a partir desses achados,inferir teorias que tentam compreender como viviam as pessoas h milhesde anos atrs.

    De acordo com Renfrew & Bahn (1993):

    Arqueologia se interessa no conhecimento global daexperincia humana no passado: como se organizavamas pessoas em grupos sociais e como exploravam oentorno, o que comiam, faziam e o que acreditavam;como se comunicavam e porque mudaram suasociedade. (Renfrew & Bahn, 1993, p.18).

  • 129

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    Para que a arqueologia desenvolvesse seu principal interesse e setornasse a cincia que conhecemos atualmente, sculos se passaram, aolongo dos quais diferentes conhecimentos foram influenciando essadisciplina.

    A contribuio do que conhecemos hoje como cincias da Terra(geografia, geologia, geomorfologia etc) esteve sempre presente desde asteorias arqueolgicas mais remotas at as atuais.

    A relao da arqueologia com as disciplinas das cincias da Terrapode ser detectada, desde o sculo XIX, na utilizao de procedimentos econceitos que oferecem aportes necessrios para compreender os objetosestudados por ela (ARAJO, 1999).

    Do mesmo modo que as teorias de outras cincias influenciaram oavano do pensamento arqueolgico, o estudo das sociedades antigaspossibilitou o entendimento da evoluo do homem, provendo assim asbases para que outros estudos pudessem se desenvolver.

    O uso da estratigrafia e as anlises do solo, do clima, da vegetao,da fauna e das relaes humanas com a natureza so exemplos deconhecimentos e avanos advindos da geologia, geomorfologia e geografia.

    Contudo, em um projeto de pesquisa interdisciplinar, h anecessidade de seguirmos uma linha de raciocnio que ir margear todo oestudo. Primeiramente precisamos definir alguns conceitos bsicos comomtodo e tcnica. Adotaremos as definies apresentadas por Dunnell(2006, p.56), segundo o qual mtodo deve ser entendido como significandoem subsistema de uma teoria maior que direcionado para a soluo de umtipo particular de problema, enquanto tcnica o que se usa paraimplementar um dado mtodo numa situao especfica, adaptando omtodo a contingncias que ocorrem no caso em questo e satisfazendo scondies de aplicao do mtodo (DUNNELL, 2006, p.58).

    Diante do objeto de estudo j delimitado, o pesquisador se deparacom a escolha da linha de pesquisa que seguir, etapa esta importante paraa definio de mtodos e tcnicas que levaro ao objetivo final do projeto.

    Duas principais linhas de pesquisa demonstram a relao daarqueologia com as cincias da Terra: a geoarqueologia e a arqueologia dapaisagem, e ambas utilizam mtodos e tcnicas diferentes na interpretaodos vestgios arqueolgicos. O que tentaremos expor no decorrer do artigo a importncia da escolha de um mtodo especfico em cada extenso doconhecimento. Para isso citamos dois estudos de caso, como experincias

  • 130

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    de pesquisa, um na rea interdisciplinar da arqueologia da paisagem e outronos domnios da geoarqueologia.

    2. A Arqueologia da Paisagem

    A arqueologia da paisagem possui como estratgia de pesquisa amnima interveno no registro arqueolgico, na tentativa de inferir sobre omodo de ocupao das populaes que habitaram o territrio onde se insereo stio arqueolgico, analisando, alm de artefatos arqueolgicos, osvestgios e intervenes encontrados no entorno do stio.

    A tentativa de preservao do patrimnio arqueolgico in situ ou demnima interveno, provm de um histrico de escavaes que em umprimeiro momento privilegiava apenas os aspectos estticos dos objetose/ou estruturas e, em um segundo momento, a prtica da escavaoexaustiva, esgotando ao mximo o estudo do stio arqueolgico.

    Para atingirmos a meta de reconstituir o modo de ocupao doterritrio com o mnimo de interveno no stio arqueolgico, privilegia-se ouso de geotecnologias. Assim, a arqueologia da paisagem uma linha depesquisa cuja base est na estreita ligao da arqueologia com a geografia.Segundo Morais (1999):

    A Arqueologia da Paisagem, tem se desdobrado em,pelo menos, dois enfoques: um de inspirao norte-americana, ligado pesquisa de antigos jardins e outro,de inspirao europia, que se fundamenta exatamentena interface Arqueologia/ Geografia (MORAIS, 1999,p.5).

    Na arqueologia, a paisagem o espao visvel pelo pesquisador,onde ele concentra seus estudos na busca de entender as sucessivasocupaes humanas em uma mesma paisagem e como ocorreu essatransformao. De acordo com Neves (1995):

    A essa natureza humanizada e temporalizada chamamospaisagem: espaos constitudos como registros e

  • 131

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    testemunhas das vidas e trabalhos de geraespassadas que ali viveram, e assim o fazendo, alideixaram algo de si mesmos. E atravs do estudodessas paisagens que, mesmo transformadas nopresente, compem uma parte importante de nossasvidas, que a arqueologia pode contribuir para oentendimento do passado do Brasil. (NEVES, 1995,p.189).

    A arqueologia da paisagem uma metodologia de pesquisa queconsidera no apenas os artefatos arqueolgicos encontrados nos stios,mas tambm todo um contexto ambiental, utilizando os geoindicadoresarqueolgicos, que podem fornecer uma srie de informaes e deevidncias sobre as ocupaes pr-histricas.

    Geoindicadores so dados do meio fsico e bitico que possuemrelevncia para os sistemas regionais de povoamento e indicam locais deassentamentos antigos. Esses indicadores esto presentes na paisagem eso analisados como complementos fundamentais para o entendimento dosartefatos encontrados em stios arqueolgicos.

    Na arqueologia da paisagem, a anlise se inicia na prpriadescoberta do stio arqueolgico, onde so empregadas as geotecnologias,tanto na localizao de uma ocupao pr-histrica quanto no decorrer daspesquisas nelas desenvolvidas. Ao se localizar e delimitar a rea de estudo,temos os artefatos arqueolgicos, o solo e o ambiente antropizado.

    2.1. Questo de mtodo

    A definio do mtodo o incio do estudo, pois todas as decisespartem dessa deciso.

    Dentre os muitos mtodos de anlise que a arqueologia dapaisagem possibilita, um que se destaca o materialismo histrico dialtico.Segundo Milton Santos (1988),

    Tudo aquilo que ns vemos, o que nossa viso alcana, a paisagem. Esta pode ser definida como o domnio dovisvel, aquilo que a vista abarca. No formada apenas

  • 132

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    de volumes, mas tambm de cores, movimentos, odores,sons etc. (SANTOS, 1988, p. 21)

    O mesmo autor ainda classifica a paisagem como natural e artificial:

    A paisagem artificial a paisagem transformada pelohomem, enquanto grosseiramente podemos dizer que apaisagem natural aquela ainda no mudada peloesforo humano. Se no passado havia a paisagemnatural, hoje essa modalidade de paisagem praticamenteno existe mais. (SANTOS, 1988, p. 23)

    O outro mtodo parte do geossistema, termo utilizado por Bertrandpara direcionar o estudo da paisagem. Esse conceito possui suas bases naTeoria Geral de Sistemas, que foi empregada pela primeira vez pelo bilogoLudwing Von Bertalanffy, em 1932, com o propsito de tratar da totalidade,da interao dinmica e hierarquicamente organizada. Com isso,desenvolveu-se uma integrao e unificao entre as cincias naturais esociais, por meio da influncia mtua e ativa de seus componentes.

    Os sistemas, definidos como um conjunto de elementos comrelaes entre si e entre seus atributos, podem ser fechados, quandoisolados de seu ambiente, ou abertos, quando esto sob um fluxo contnuode entrada e sada de matria e energia. Os isolados no sofrem perdasnem recebem matria e energia. J os no isolados mantm relao com osdemais sistemas, que podem ser fechados ou abertos. Os sistemasfechados permutam energia, mas no matria, e os abertos so constitudosde matria, energia potencial e cintica, cuja estrutura depende da escala.Essa escala possui trs caractersticas principais que dependem do nmerode variveis, da correlao e da causalidade entre elas. A natureza entendida como dinmica, holstica e no fragmentada, ou seja, todos oselementos se relacionam e sofrem interferncia dessa relao, em umadinamicidade que integra todo o sistema.

    Para Sotchava (1977, texto original de 1968), a Teoria dos Sistemasaplicada geografia fsica utilizada como um mtodo de anlise, sendoque os geossistemas so fenmenos naturais formados pelo meio bitico efsico, que sofrem influncia dos meios sociais e econmicos, abrangendo asconexes entre os componentes da natureza, sua dinmica, estrutura

  • 133

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    funcional e conexes. Os geossistemas podem ser caracterizados comocontrolados ou no, que tambm se subdividem, seguindo uma hierarquiaque se reflete no espao geogrfico.

    Partindo da viso geossistmica, autores como Bertrand (1968),Tricart (1977), Christofoletti (1979), Bols (1981, In: GUERRA e MARAL,1996), entre outros, apresentam importantes contribuies para aconceituao e o avano do uso da Teoria dos Sistemas nas cincias daTerra.

    Bertrand 1968 apud Bertrand (2007) definiu uma taxonomia natentativa de sistematizar o geossistema. Essa diviso adaptada dasescalas de grandeza de A. Cailleux e J. Tricart (1956) e constituda pornveis hierrquicos:

    Nveis superiores: constitudos pela zona, domnio e regio natural; Nveis inferiores: o geossistema, a geofcies e getopo.Tricart (1977) entende a paisagem como uma unidade ecodinmica.

    Esse conceito est ligado ideia de ecossistema, com relaes mtuasentre os componentes do sistema. Tem como referncia a morfognese, osprocessos atuais, tipos de densidade, distribuio, influncia antrpica egrau de degradao decorrente.

    Christofoletti (1979) define que a Teoria de Sistemas Abertos,aplicada geografia fsica, se caracteriza por um conjunto de elementosconstitudos de atributos que se relacionam entre si. No relacionamento dosatributos, o ambiente externo interfere na quantidade de energia e matriaque entra e sai do sistema. Esse sistema segue uma escala entendida comolimite no espao, no qual as variveis e os parmetros so passveis demensurao (CHRISTOFOLETTI, 1979, p.7).

    Bols 1981 apud Guerra e Maral (2006) entende a paisagemintegrada, onde a energia tem um papel importante na dinmica ambiental,sendo um resultado da interao do geossistema, dos elementos, daestrutura, da dinmica e da sua localizao espao-temporal. A paisagemintegrada pode ser entendida como uma rea geogrfica, unidade espacialcuja morfologia agrega uma complexa inter-relao entre litologia, estrutura,solo, flora e fauna, sob ao constante da sociedade que a transforma,podendo ser classificada pelo tipo, tamanho, tempo e grau de evoluo dossistemas ambientais.

  • 134

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    Para Bertrand [...] o geossistema um conceito territorial, umaunidade espacial bem delimitada e analisada a uma dada escala [...](BERUTCHACHVILI; BERTRAND, 1978, apud BERTRAND, 2007, p. 51). Ogeossistema est em uma escala menor onde se concentram as atividadeshumanas com a natureza.

    Na geografia, dois dos autores citados acima (Santos e Bertrand)descrevem os principais exemplos dos diferentes mtodos que opesquisador pode utilizar na anlise da paisagem, porm existem muitosoutros. Geralmente, por convenes acadmicas que, contudo, no sodeterminantes, as ideias do pesquisador Milton Santos so muito usadas nosestudos da geografia humana. J o mtodo de Bertrand encontrado emcitaes de cunho fsico.

    2.2. O sistema GTP (Geossistema, Territrio e Paisagem)

    O sistema GTP, desenvolvido em 1990, uma ferramenta didticautilizada na geografia para a compreenso e anlise da paisagem, umsistema geogrfico de explorao da interface sociedade/natureza(BERTRAND, 2007, p.95). Pressupe que o espao pode ser entendidopelos conceitos e mtodos de anlise do geossistema, territrio e paisagem,por meio do estudo dos processos que desencadearam as mudanas nomeio ambiente.

    A partir desse sistema, o geossistema um mtodo e uma escala deestudo do objeto de anlise do pesquisador. O territrio interpretado comouma memria cultural impressa no meio. J a paisagem o local ondeocorreram os fatos resultantes das interaes entre a sociedade e anatureza.

    2.3. Estudo de caso o Stio Arqueolgico Guacho, SP

    Seguindo a abordagem da arqueologia da paisagem, um projeto depesquisa, financiado pela FAPESP, foi elaborado em 2008, objetivandoestudar o Stio Arqueolgico Guacho.

    Este stio est localizado na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, noEstado de So Paulo, em uma plancie em meia encosta, prximo a

  • 135

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    nascente da gua do Pessegueiro. L, a populao Guarani provavelmenteencontrou uma rea de mata que proporcionou seu desenvolvimento,fornecendo alimento, gua e matria-prima para a confeco de seusobjetos cotidianos, entre outras necessidades. Contudo, como noidentificamos a presena de urnas funerrias ou manchas de grandeshabitaes, podemos inferir que no houve uma longa permanncia dogrupo Guarani na rea.

    Devido ao longo perodo que o solo da regio vem sendo utilizadocom plantaes de cana-de-acar e laranja, notamos, durante o trabalho decampo, uma grande alterao na paisagem, o que acarretou a perda demaiores detalhes das mudanas que ocorreram desde a poca de ocupaoGuarani.

    O Stio Arqueolgico Guacho encontra-se entre uma reaagricultvel e outra, de proteo permanente. Contudo, destacamos que amata secundria e j sofreu modificaes. Com a abertura de cortes deverificao em seu interior, notamos a presena de lenol fretico a menosde 30 centmetros de profundidade, argila e alguns fragmentos de cermica.Segundo informaes recentes, o curso dgua mais prximo estaria a umadistncia de 500 metros do stio. Porm, no corte de verificao,encontramos, no meio da mata, o lenol fretico a uma profundidadeprxima da superfcie, alm de vestgios de vegetao que se desenvolvemperto de rios, o que nos leva a induzir que provavelmente o curso dguaestaria mais prximo do local do stio em uma poca mais remota. Dessaforma, entendemos que essa populao mantinha uma estreita ligao como territrio de forma a manter a sobrevivncia do grupo, alm da manutenoe preservao cultural.

    De um total de 797 fragmentos de cermica encontrados no stio,apenas oito permitiram reconstituies grficas. Apesar de as peascermicas se encontrarem em mau estado de conservao e muitofragmentadas, identificamos vasos, pratos, tigelas, polidores de sulco esuportes para panela. Entre os utenslios usados no cotidiano para o preparodos alimentos, os vasos mais profundos serviam para o cozimento, enquantopratos e tigelas eram usados para a preparao de comidas mais secas.

    A fonte de argila foi encontrada muito prxima ao local onde seconcentram as maiores partes dos fragmentos e, com as reconstituies,constatamos o uso e reuso da cermica como material para obteno denovos vasos.

  • 136

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    Os apontamentos e anlises conferiram ferramentas para oentendimento da modificao que ocorreu no territrio ao longo do tempo,principalmente a observao dos aportes que sustentaram odesenvolvimento de uma populao indgena no local.

    3. A Geoarqueologia

    A geoarqueologia est ligada diretamente ao surgimento edesenvolvimento do pensamento da Nova Arqueologia, em 1959, com apublicao de Joseph Caldwell A Nova Arqueologia norte-americana, comnfase na valorizao da ecologia e dos padres de assentamento comoevidncias de um novo interesse pelo processo cultural (TRIGGER, 2004, p.286).

    Intrinsecamente Nova Arqueologia e a geoarqueologia, encontra-se a busca pelo entendimento dos processos de formao do registroarqueolgico tais como descarte, transformao, acumulao, redeposio,destruio de materiais e depsitos sedimentares (ARAJO, 1999, p.62).

    Atualmente, a geoarqueologia entendida como uma subdisciplinada arqueologia, onde mltiplos mtodos da geocincia so utilizados,abrangendo diferentes escalas de observao e podendo ser dividida emdois principais conjuntos de estudos: um relacionado paisagem e outro matriz do stio arqueolgico (BITENCOURT, 2008, p.44).

    Os estudos geoarqueolgicos se concentram especialmente naanlise do perodo compreendido como Quaternrio, o perodo mais recenteda histria da Terra (SUGUIO, 2005, p.24), que dividido em Pleistoceno eHoloceno. Este ltimo, mais recente e de menor durao, caracterizadopor fsseis cujos correspondentes podem ser encontrados atualmente. Operodo Quaternrio, segundo Suguio (2010), surgiu aps a aceitao deduas leis principais:

    Portanto, o emprego da lei de superposio de camadase da lei de correlao de camadas baseada em fsseislevou ao estabelecimento da atual classificaobioestratigrfica e dos sistemas carbonfero, cretcio,etc., com significados temporais bem definidos, da atualclassificao cronoestratigrfica. (SUGUIO, 2010, p.13)

  • 137

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    A definio do perodo Quaternrio complementou a escalageolgica e corresponde ao surgimento do Homem e seu desenvolvimento,particularmente no Holoceno onde temos as evidncias do relacionamentohumano com o meio ambiente circundante.

    3.1. Estudo de caso o Stio Arqueolgico Lapa Grande de Taquarau,MG

    Na perspectiva da geoarqueologia, realizamos o estudo da matriz doStio Arqueolgico Lapa Grande de Taquarau, localizado na cidade deJaboticatubas, Minas Gerais.

    A Lapa Grande de Taquarau localiza-se margem esquerda do RioTaquarau, em um abrigo rochoso (escarpa de blocos falhados), comdimenses aproximadas de 30 m de extenso e 9 m de largura. Os stiosabrigados so caracterizados por estarem relacionados a algum corporochoso, como uma escarpa, afloramento, espaos entre mataces ouaproveitamento de cavidades naturais (ARAJO, 2008).

    O Stio Arqueolgico Lapa Grande de Taquarau, foi escavado entre2005 e 2009, dentro do projeto Origens e Microevoluo do Homem naAmrica: uma abordagem paleoantropolgica, coordenada pelo Laboratriode Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biologia da Universidade deSo Paulo, onde foram abertas sete quadras de 1m denominadas F14, G7,G8, H7, H8, D17 E B7 (ARAUJO, 2008, p.87) e coletadas algumas amostrasque apresentaram datao radiocarbnicas, no calibradas, entre 9.540 e8.210 AP.

    A datao radiocarbnica, no calibrada, insere o stio no perodoPaleondio, ou seja, as evidncias arqueolgicas presentes no sedimentocoletado pertencem aos primeiros habitantes das Amricas.

    O pacote arqueolgico possui uma espessura de no mximo 1m e,com os trabalhos de campo, notou-se, preliminarmente, a presena deartefatos confeccionados em osso nos nveis superiores e lascas de silexitonos nveis mais profundos (ARAUJO, 2005), alm de uma grandequantidade de carvo. O exame inicial do stio tambm revelou que opacote arqueolgico de origem predominantemente antrpica, maisespecificamente cinzas de fogueira (ARAUJO, 2005, p.1), contendo grande

  • 138

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    quantidade de calcita e lentes avermelhadas com ndulos em suacomposio.

    Esses dados so preliminares, e sero melhor analisados depois daseparao e classificao dos componentes e de um exame mais detalhado.O escopo principal do projeto o desenvolvimento de mtodos de anlise desedimentos, com o estabelecimento de protocolos de separao etratamento de amostras, no intuito de permitir inferncias sobre as diferentesatividades ocorridas no Stio Arqueolgico Lapa Grande do Taquarau,Minas Gerais, durante o perodo Paleondio.

    Para a anlise dos sedimentos coletados no stio arqueolgico,propomos um estudo da metodologia empregada na separao eclassificao dos seus componentes, atravs do emprego de diferentestcnicas geoarqueolgicas.

    As amostras sero analisadas com o intuito de desenvolver mtodose tcnicas de anlise de material arqueolgico, tomando como estudo decaso um stio abrigado, com nfase na separao e classificao dessematerial.

    Os stios abrigados so caracterizados por estarem relacionados aalgum corpo rochoso, como uma escarpa, afloramento, espaos entremataces ou aproveitamento de cavidades naturais (ARAJO, 2008).

    Os stios arqueolgicos em abrigo constituem ambientesdiferenciados, com estratigrafias complexas, diferindo-se de reas de umstio aberto, pois suas caractersticas so restritas formaogeomorfolgica do abrigo em que se encontra. O processo formador dosregistros arqueolgicos em abrigos dependem de processos culturais enaturais, tanto na deposio e modificao, quanto na alterao dossedimentos.

    Em uma anlise detalhada, os protocolos mais usuais em geografiae pedologia no so os indicados em nossa pesquisa, pois maceram ossedimentos e por isso provocariam perdas de informaes teis. Nessecaso, necessrio avaliar quais so os melhores procedimentos para seseparar subamostras. Assim, utilizamos mtodos e tcnicas de diferentescincias para que seja possvel estabelecer procedimentos e protocolos decoleta e anlise dos elementos componentes de sedimentos advindos destios em abrigo. A partir do protocolo estabelecido, pode ser feita aseparao dos diferentes componentes do sedimento: sua frao mineral -granulometria; sua frao qumica - geoqumica; sua frao de ossos -

  • 139

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    zooarqueologia; sua frao de carves - antracologia; plen contido -palinologia; lticos etc.

    A Lapa Grande de Taquarau foi escavada de acordo com oconceito de fcies. A coleta das amostras levou em conta o rebaixamentodas fcies de maneira individual, j que tanto a plotagem de peas como acoleta de amostras e o peneiramento feito por fcies (ARAJO, 2008).

    Analisando as diferentes fcies de uma quadra, ser possvel obterinformaes particularizadas do posicionamento singular e extenso de cadafcies na estratigrafia. A estratigrafia de stios abrigados complexa e podeinduzir a erro se no for devidamente analisada, pois os estratos sosuperpostos, o que exige definir detalhadamente cada camada.

    O material sedimentar do Stio Arqueolgico Lapa Grande deTaquarau foi coletado de uma nica quadra, cujas cotas foram retiradas emcinco pontos: nos quatro cantos e no centro. O rebaixamento de cada nvelfoi executado respeitando um nmero mximo de 10 cm. Em cada nvel,foram retiradas as fcies que se apresentaram, e qualquer alteraorelevante foi seguida de uma decapagem e um novo croqui. Em cada fcieforam retirados trs litros de sedimento. Toda a coleta foi fotografada com onome e o nvel da quadra, anotaes de fichas de campo e croquis. Aanlise granulomtrica do material sedimentar forneceu descries maisdetalhadas para a caracterizao dos sedimentos, facilitando sua separao.

    A separao dos componentes do sedimento depende do tipo deanlise pelo qual passar aps sua classificao. Optamos ento portcnicas menos agressivas e que preservem ao mximo caractersticasfsicas e qumicas dos componentes.

    Para a separao do material sedimentar, seguimos uma sequnciaestabelecida de acordo com a densidade de cada elemento do sedimento.Suguio afirma que a densidade de uma substncia corresponde ao seupeso por volume unitrio (SUGUIO, 2003, p.82).

    A sequncia de separao dos elementos se d de acordo com adensidade de cada um: da menor (precisa ser separada primeiro) para amaior (o ltimo elemento a ser separado), como, por exemplo, comeandopelo amido (se houver), seguido por ossos, carvo, chegando nos lticos(minerais mais densos). Ao aplicarmos um lquido denso no sedimento e umreagente, por exemplo o amido, que possui uma densidade menor, h umareao entre o amido e o reagente qumico, onde os dois se agregam, com a

  • 140

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    possibilidade de separao por meio da flotao. Os ossos, o carvo e oslticos, ordenadamente, podero ser separados como lquido e slido.

    4. Consideraes finais

    Em suma, apesar das duas experincias de estudo de caso seremem regies e locais muito diferentes (um stio a cu aberto no Estado de SoPaulo e um stio arqueolgico em abrigo em Minas Gerais), a inteno desteartigo exemplificar as vrias vertentes que a interdisciplinaridade nosestudos da geografia e da arqueologia podem assumir, alm de demonstraro uso de mtodos e tcnicas diferentes.

    No caso do Stio Arqueolgico Guacho, da regio do ParanapanemaPaulista, sudeste do Brasil, a aplicao da arqueologia da paisagempossibilitou e evidenciou a anlise de um maior nmero de grupos de tribosindgenas, caracterizados por uma srie de elementos que os diferenciamdos grupos de bandos da regio de Lagoa Santa, centro-oeste do Brasil,alvo do estudo geoarqueolgico.

    Um primeiro detalhe que podemos ressaltar a nomenclaturautilizada para identificar grupos forrageadores ou caadores-coletores,denominados de bandos, diferentes daqueles grupos que vivem daagricultura, denominados de tribos (nomenclatura utilizada por Neves & Pil,2008). Essa diferena ocorre devido proporo demogrfica existente entreesses dois grupos, resultado da sustentabilidade exercida por ambos.

    Grupos de caadores-coletores, como o prprio nome indica, tmcomo base de sua sustentabilidade a caa, a pesca e a coleta de vegetais efrutos presentes em seu meio. Seu habitat consiste em um territriodelimitado naturalmente, que funciona como uma macrorregio onde h odeslocamento da populao com certa periodicidade, mas que noultrapassa limites naturais e exerce relaes mticas com o espao pr-estabelecido pelos indivduos pertencentes ao bando. J os gruposagricultores se assentam em reas menores que proporcionam as mesmascondies de fonte de gua e alimento que a dos forrageadores. Porm,como dominam o manejo do roado e estocagem de alimentos, possuemuma densidade demogrfica maior do que os caadores-coletores.

    Outra diferena entre os dois grupos em questo o uso deartefatos e da diviso sexual do trabalho. As tribos de agricultores

  • 141

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    necessitam de utenslios para estocarem seus alimentos e por isso socomumente associados produo de cermica, objetos confeccionadospelas mulheres. Contudo, no tomemos isso como fator determinante, poismuitos stios cermicos possuem lticos em sua composio e vice-versa. Osbandos de caadores-coletores necessitam de maior mobilidade e por issoso associados a artefatos lticos, em grande maioria lascados, com poucasexcees em stios arqueolgicos onde podemos encontrar cermicas detamanho menor, advindas desses grupos ou do contato deles comceramistas. Os artefatos lticos so produzidos pelos homens, os quaistambm so responsveis pela caa, enquanto as mulheres e as crianascoletam vegetais e frutos.

    Em todo o Brasil, h um nmero maior de stios associados aosgrupos agricultores e ceramistas, devido aos fatores j citados, como adensidade demogrfica dessa populao, com um nmero razovel de lticosde pedra polida associados a essa populao.

    Os stios arqueolgicos com lticos de pedra lascada, em maiorparte, evidenciam dataes mais antigas, com um intervalo de tempo entre2,5 mil e 10 mil anos. Esta cronologia baseia-se no perodo em que ocomportamento de forrageadores predominava. Mesmo alguns grupos quecultivam vegetais atualmente complementam sua subsistncia com a caa, apesca e a coleta.

    Diante do exposto no decorrer do artigo, podemos perceber que ainterdisciplinaridade abrangendo as diferentes cincias do conhecimento abase para o desenvolvimento das pesquisas. Podemos entender tambmque existem diferentes formas de atuao das cincias da Terra naarqueologia. A interdisciplinaridade entre as duas cincias possibilitaobservar o cenrio pr-histrico do Brasil em distintas perspectivas, tanto noestudo em campo quanto no laboratrio. As pesquisas arqueolgicas noBrasil so to diversificadas quanto sua imensidade territorial, e as diferentesregies tambm se destacam pelo comportamento de populaesculturalmente distintas. Para um estudo completo de um territrio toextenso, a interdisciplinaridade no se faz apenas entre as cincias, mastambm se realiza na troca de experincias entre acadmicos e destes, coma sociedade.

  • 142

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    5. Bibliografia

    ABSABER, A. N. Os Domnios de Natureza no Brasil: PotencialidadesPaisagsticas. So Paulo: Ateli Editorial, 2003.

    ________________ . Paleoclimas quaternrios e pr-histria da Amricatropical. Ddalo, Publicaes Avulsas, n.1, p. 9-25, 1989.

    AMENOMORI, S. N. Potencial Analtico de Sedimentos e SolosAplicados Arqueologia. Dissertao de Mestrado, FFLCH, 1999.

    ARAUJO, A.G.M.; PIL, L.B.; NEVES, W.A.; ATUI, J.P.V. Human occupationand paleoenvironments in South America: expanding the notion of anArchaic Gap. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, So Paulo, 15-16: 3-35, 2005-2006.

    ________________. As Geocincias e suas Implicaes em Teoria eMtodos Arqueolgicos. In: Revista do Museu de Arqueologia eEtnologia, So Paulo, v. 3, p. 35-45, 1999.

    ________________. Geoarqueologia em stios abrigados: processos deformao, estratigrafia e potencial informativo. In: Geoarqueologia: teoria eprtica. Goinia: UCG, 2008.

  • 143

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    ________________. Hipteses a respeito dos processos de formaodos stios lapa grande de taquarau. So Paulo, 2005.

    ________________. Teoria e Mtodo em Arqueologia Regional: umestudo de caso no Alto Paranapanema, estado de So Paulo. Tese deDoutorado, FFLCH, Universidade de So Paulo, 2001.

    BERTRAND, G. Uma Geografia Transversal e de Travessias. Maring:Ed. Massoni, 2007.

    ______________. Paisagem e Geografia Fsica Global. 1968. In: UmaGeografia Transversal e de Travessias. Maring: Ed. Massoni, 2007.

    ______________. O Geossistema ou Sistema Territorial Natural. 1978. In:Uma Geografia Transversal e de Travessias. Maring: Ed. Massoni, 2007.

    ______________. A Arqueologia da Paisagem na Perspectiva da EcologiaHistrica. 1978. In: Uma Geografia Transversal e de Travessias. Maring:Ed. Massoni, 2007.

    BITENCOURT, A.L.V. Princpios, mtodos e algumas aplicaes dageoarqueologia. In: Geoarqueologia: teoria e prtica. Goinia: UCG, 2008.BINFORD, L.R. Archaeology as Anthropology. American Antiquity, Vol. 28,No. 2, p. 217-225, 1962.

  • 144

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    BUTZER, K. The ecological approach to archaeology: Are we really trying?American Antiquity, n. 40, p. 106 111, 1975.

    CALDARELLI, S.B. Levantamento Arqueolgico em PlanejamentoAmbiental. In: Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, So Paulo,Suplemento 3: 347-369, 1999.

    CHRISTOFOLETTI, A. Anlise de Sistemas em Geografia. So Paulo,Hucitec, 1979.

    ___________________. Geomorfologia. So Paulo, Edgard Blucher, 1980.

    DUNNELL, R.C. 1942. Classificao em arqueologia. Traduo Astolfo G.M. Arajo. So Paulo: Edusp, 2006.

    GLADFELTER, B.G. Geoarchaeology: The Geologist and Archaeology.American Antiquity. vol. 44, n. 2, 1979.

    GALLAY, A. A Arqueologia Amanh. Traduo: Emlio Fogaa, 1986.

  • 145

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    GOLDBERG, P. & MACPHAIL, R. Pratical and TheoreticalGeoarchaeology. Blackwell Publishing, 2006.

    GUERRA, A. T. Novo Dicionrio Geolgico-Geomorfolgico. Rio deJaneiro:Bertrand Brasil, 2009.

    GUMERMAN, G.J. The Distribuition of Prehistoric PopulationAgregates. Prescott College Antropological Reports, n. 1, 1971.

    HASSAN, F. A.Geoarchaeology the Geologist and Archaeology. AmericanAntiquity, vol. 44, n. 2, p. 267-270, 1979.

    HODDER, I. Archaeological: theory today. Cambridge: Polity Press, 2001.

    HONORATO, L.C. Arqueologia da paisagem: a rea de ocupao dostio Guacho no contexto do Vale do Rio Paranapanema. Monografia deBacharelado. Presidente Prudente: Unesp, 2009.

    JOHNSON, G. A. Aspects of Regional Analysis in Archaeology. AnnualReview of Anthropology, 6:479-508, 1977.

  • 146

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    KIPNIS, R.; SCHEEL-YBERT, R. Arqueologia e paleoambientes. In:Quaternrio do Brasil. Ribeiro Preto: Holos, 2005.

    MORAES, A.C. Geografia, Pequena Histria Critica, So Paulo, Hucitec,1995.

    _____________. Patrimnio Natural, Territrio e Soberania. In: MeioAmbiente e Cincias Humanas, So Paulo, Hucitec, 1994.

    MORAIS J. L. de. A Arqueologia e o Fator Geo. In: Revista do Museu deArqueologia e Etnologia, So Paulo, 1999, 9: 3-22.

    ______________. Perspectivas Geoambientais da Arqueologia doParanapanema Paulista. Tese (Livre Docncia em Arqueologia) - Museu deArqueologia e Etnografia da Universidade de So Paulo, So Paulo, 1999.

    _____________. A Propsito da Interdisciplinaridade em Arqueologia.Pr-impresso (artigo a ser publicado na Revista do Museu Paulista, XXXI),USP._____________. Tpicos da Arqueologia da Paisagem. Revista do Museude Arqueologia e Etnologia, So Paulo, 10: 3-30, 2000.

    NEVES, W.A. O Meio Ambiente e a Definio de Padres deEstabelecimento e Subsistncia de Grupos Caadores-Coletores: o caso da

  • 147

    TPOS V. 3, N 1, p. 127 - 147, 2009

    bacia de Alto Guare. Revista de Pr Histria, So Paulo, 1984, v. 6, p.175-180.

    _____________ & PIL, L.B. O povo de Luzia: em busca dos primeirosamericanos. So Paulo: Globo, 2008.

    RUBIN, J.C.R., SILVA, R.T. Geoarqueologia: teoria e prtica. Goinia: Ed.da UCG, 2008.

    SALGADO-LABOURIAU, M.L. Critrios e Tcnicas para o Quaternrio.So Paulo: Edgard Blucher, 2007.

    SANTOS, M. Metamorfoses do espao habitado, fundamentos terico emetodolgico da geografia. So Paulo: Hucitec, 1988.