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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS V- JOÃO PESSOA CURSO: BACHARELADO EM ARQUIVOLOGIA JANAÍNA BARBOSA DE MELO A MEMÓRIA INSTITUCIONAL E SOCIAL NO ARQUIVO ESCOLAR: um estudo do arquivo do Instituto de Educação da Paraíba – IEP PB

Arquivos escolares

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBACAMPUS V- JOÃO PESSOA

CURSO: BACHARELADO EM ARQUIVOLOGIA

JANAÍNA BARBOSA DE MELO

A MEMÓRIA INSTITUCIONAL E SOCIAL NO ARQUIVO ESCOLAR: um estudo do arquivo do Instituto de Educação da Paraíba – IEP PB

João Pessoa2010

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JANAÍNA BARBOSA DE MELO

A MEMÓRIA INSTITUCIONAL E SOCIAL NO ARQUIVO ESCOLAR: um estudo do Arquivo do Instituto de Educação da Paraíba - IEP- PB

Monografia apresentada ao Curso de Arquivologia do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, da Universidade Estadual da Paraíba, como Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Arquivologia.

Orientadora: Profa. Ms. Rosires de Andrade Carvalho

João Pessoa2010

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F ICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA SETORIAL CAMPUS V – UEPB

M528m Melo, Janaína Barbosa de.

A memória institucional e social no arquivo escolar: um estudo do arquivo do Instituto de Educação da Paraíba – IEP--PB/ Janaína Barbosa de Melo. – 2010. 65f. : il. color.

Digitado. Trabalho Acadêmico Orientado (Graduação em Arquivologia) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, 2010. “Orientação: Profª. Rosires de Andrade Carvalho”.

1. Arquivo Escolar. 2. Arquivo Permanente. 3. Memória Educacional. I. Título.

21. ed. CDD 027.8

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JANAÍNA BARBOSA DE MELO

A MEMÓRIA INSTITUCIONAL E SOCIAL NO ARQUIVO ESCOLAR: um estudo do arquivo do Instituto de Educação da Paraíba - IEP PB

Monografia submetida à avaliação da Comissão Julgadora como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharela em Arquivologia, pelo Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual da Paraíba.

Aprovada em: _____/_____/2010.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________________________

Profa Ms. Rosires de Andrade Carvalho (Orientadora) - UEPB

_______________________________________________________________

Prof. Sp. Eutrópio Pereira Bezerra - UEPB

_______________________________________________________________

Profa. Ms. Maria Meriane Vieira Rocha – UFPB

João Pessoa2010

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Àmeus amados filhos: Mayara e Daniel, que são presentes de Deus, para a minha vida, meu esposo, que sempre me apoiou, me encorajou e se mostrou tão paciente, e meus pais, que com muito esforços me educaram, e a todos aqueles que se alegram por essa vitória.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, por ter permitido chegar até aqui, me concedendo

sabedoria, confiança e força, em meio a tantas dificuldades encontradas pelo caminho

percorrido;

Ao meu amado esposo, que sempre acreditou e apostou no meu sucesso, como pessoa

e como profissional, desde o inicio estando do meu lado, incentivando-me nos momentos em

que me faltou esperanças, em que minhas forças se tornaram pequenas;

Aos meus filhos maravilhosos, Mayara Dássia e Daniel Darís, que são os presentes de

Deus para a minha vida e que sempre se mostraram tão amorosos, mesmo quando não podia

lhes dar a atenção merecida em determinados momentos;

À minha mãe adotiva, Esmeralda Barbosa, que mesmo antes que eu nascesse, me

amou e me escolheu como filha, me ensinando valores e princípios, que até hoje regem minha

vida;

À minha mãe biológica, Maria Anunciada de Melo, que foi a responsável por minha

existência;

Ao meu pai adotivo, Severino dos Ramos, que, apesar de estar distante, muitas vezes

fisicamente, sempre esteve presente nos momentos em que precisei, oferecendo-me proteção;

Aos meus colegas de classe, por todo carinho e pelos laços de amizade que fizemos ao

longo dessa jornada acadêmica;

À minha orientadora, a professora Rosires de Andrade Carvalho, que se mostrou tão

amiga, dedicando- se, e oferecendo o apoio para a confecção deste trabalho;

Ao Professor Eutrópio Pereira Bezerra, pelo carinho, respeito e sinceridade, e por ter

aceitado o convite para fazer parte desta banca;

À professora Maria Meriane Vieira Rocha, por ter aceitado o convite para fazer parte

desta banca;

À professora Jacqueline, por me ajudar, no momento em que precisei;

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À professora Ilca Pires, pelo respeito e pela sinceridade;

À professora Aniuska, pela palavra certa, no momento certo;

As professoras Laura e Ana Andrea, pela amizade, carinho e sugestões, nos momentos

em que mais precisei;

A todos os funcionários, pela convivência e respeito;

A todos os professores do Curso de Arquivologia que contribuíram para o meu

aperfeiçoamento como discente e futura profissional, sempre se mostrando presentes;

A todos os que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

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"A vida é maravilhosa se você não tem medo dela."

- Charles Chaplin –

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RESUMO

Dentre as instituições públicas prestadoras de informações relevantes à sociedade, o arquivo escolar figura-se como aquele que é responsável pela documentação inerente a todo processo educacional da sociedade. O uso dos arquivos escolares, como fontes de pesquisa para a sociedade, são muito mais do que simples mecanismos auxiliadores da compreensão histórica. Os arquivos permanentes são responsáveis por disseminar e manter viva a memória daqueles que fizeram parte da Instituição escolar e seus valores. Por isso, é importante que as informações contidas sejam organizadas e armazenadas com condições de acesso e de divulgação do arquivo permanente para os seus usuários, sejam eles: pesquisadores, historiadores, docentes, discentes, enfim, da sociedade de um modo geral. Este estudo tem como objetivo analisar a importância da informação do arquivo do IEP-PB, como memória institucional e social da comunidade em geral e resulta de uma pesquisa empírica, de cunho descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, cujos instrumentos de coleta de dados foram a entrevista e os questionários. Os resultados apontam a importância dada ao arquivo escolar permanente do IEP, como guardião e disseminador da memória institucional e social para os usuários.

Palavras-chaves: Arquivo Escolar. Arquivo Permanente. Memória.

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ABSTRACT

Among the public institutions providing information relevant to society, the school file, is depicted as one who is responsible for documenting the educational process inherent in every society. The use of school records as sources of research for society, going well beyond the simple mechanisms that supporters of historical understanding. The permanent files are responsible for spreading and keeping alive the memory of those who were part of the school and its values. It is therefore important that the information be organized and stored in conditions of access and dissemination of the permanent file for your users, they are: researchers, historians, teachers, students, ultimately, society in general. This study This study aims to analyze the importance of information, the file of the EPO-CP as the institutional memory and social community. And from a research empirical, descriptive, qualitative and quantitative, using as instruments for data collection using interviews and questionnaires. Where we see through this, the importance placed on file at school, the IEP permanent, as guardian and disseminator of social and institutional memory for users.

Keywords: School File. Permanent Archive. Memory.

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LISTA DE SIGLAS

NOBRADE - Norma Brasileira de Descrição Arquivística

JP - João Pessoa

PB - Paraíba

IEP - Instituto de Educação da Paraíba

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

FOTO 1 – Arquivo do Instituto de Educação da Paraíba.........................................................37

FOTO 2 – Pavimento e estantes do arquivo.............................................................................38

FOTO 3 – Piano........................................................................................................................39

FOTO 4 – Estagiários...............................................................................................................45

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Faixa etária dos estudantes que responderam ao questionário...........................34

TABELA 2 – Sexo dos estudantes pesquisados.......................................................................35

TABELA 3 – Há quanto tempo trabalha na instituição?..........................................................36

TABELA 4 – Você sabe o que é um arquivo?..........................................................................51

TABELA 5 – Você conhece o arquivo do IEP?.......................................................................52

TABELA 6 – Sabe onde fica?...................................................................................................52

TABELA 7 – Gostaria de conhecê-lo?.....................................................................................53

TABELA 8 – O que você acha que é guardado no arquivo?....................................................53

TABELA 9 – Você sabe o ano que a instituição foi fundada?.................................................54

TABELA 10 – Você considera a instituição importante para a História?................................54

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Caracterização dos participantes da entrevista semiestruturada.......................34

QUADRO 2 – Questão 1 da entrevista semiestruturada...........................................................41

QUADRO 3 – Questão 2 da entrevista semiestruturada...........................................................42

QUADRO 4 – Questão 3 da entrevista semiestruturada...........................................................43

QUADRO 5 – Questão 4 da entrevista semiestruturada...........................................................44

QUADRO 6 – Questão 5 da entrevista semiestruturada...........................................................45

QUADRO 7 – Questão 6 da entrevista semiestruturada...........................................................46

QUADRO 8 – Questão 7 da entrevista semiestruturada...........................................................47

QUADRO 9 – Questão 8 da entrevista semiestruturada...........................................................47

QUADRO 10 – Questão 9 da entrevista semiestruturada.........................................................50

QUADRO 11 – Questão 10 da entrevista semiestruturada.......................................................50

QUADRO 12 – O porquê de considerar a Instituição importante para a História....................55

QUADRO 13 – Questão 11 da entrevista semiestruturada.......................................................56

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................15

2. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................18

2.1 O DOCUMENTO, O ARQUIVO E SUA COMPREENSÃO............................................18

2.2 REFLEXÃO SOBRE O ARQUIVO PERMANENTE.......................................................19

2.3 A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA MEMÓRIA, VERSUS ESQUECIMENTO..................21

3. O ARQUIVO ESCOLAR...................................................................................................22

3.1 O ARQUIVO ESCOLAR, ENQUANTO ELEMENTO CULTURAL..............................24

3.2 A IMPORTÂNCIA DE DIFUSÃO CULTURAL DO ARQUIVO ESCOLAR.................25

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................27

4.1 DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA................................................................27

4.2 A COLETA DE DADOS....................................................................................................29

5. ANÁLISE E RESULTADO DA PESQUISA....................................................................33

5.1 CARACTERIZANDO O PERFIL DO PÚBLICO PARTICIPANTE...............................33

5.2 DESTACANDO A IMPORTÂNCIA DO ARQUIVO PERMANENTE DO IEP.............36

5.3 VERIFICANDO O CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO ARQUIVÍSTICA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR.....................................................................................................41

5.4 IDENTIFICANDO AS NECESSIDADES DE BUSCA INFORMACIONAL..................46

5.5 IDENTIFICANDO A IMAGEM DO ARQUIVO DO IEP, POR MEIO DE SUA COMUNIDADE ESCOLAR....................................................................................................49

5.6 VERIFICANDO A EXISTÊNCIA DE DIFUSÃO CUTURAL DO ARQUIVO E DA MEMÓRIA INSTITUCIONAL ESCOLAR............................................................................55

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................57

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................59

APÊNDICE

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1. INTRODUÇÃO

A informação é considerada o principal ativo das organizações e da sociedade de um

modo geral. É o ingrediente fundamental para a construção do conhecimento e a tomada de

decisão. Assim, toda a informação produzida tanto no ambiente organizacional, quanto as

informações de cunho pessoal merecem atenção por parte das instituições, por se tratar da

memória da organização.

As escolas sejam elas privadas ou públicas, necessitam tratar suas informações

adequadamente e para que isso ocorra, devem possuir pelo menos um arquivo, pois o mesmo

além de servir à administração, é responsável pela preservação da memória social e

institucional.

É importante que os documentos que possuam valor secundário, que ultrapassa o valor

de prova adquirindo um valor histórico, sejam organizados e armazenados, de modo que seu

tempo de vida seja prolongado, e a informação tenha condições de ser acessada. Para isso, é

imprescindível se pensar na organização e na elaboração de instrumentos de pesquisa desses

documentos, que devem ser feitos com base em critérios que permitam o seu acesso e

disponham de mecanismos que facilitem sua disseminação para a sociedade.

Convém enfatizar que, através das atividades de difusão cultural, o arquivo recupera

suas informações com maior agilidade, o que permite que os seus usuários - pesquisadores,

historiadores, docentes, discentes, enfim, a sociedade, de um modo geral - o conheça.

O interesse em estudar a memória do Instituto de Educação da Paraíba surgiu a partir do

estágio obrigatório para complementar a grade curricular do curso. Nesse período, observou-

se que os funcionários e os alunos desconheciam por completo os documentos que

compunham o arquivo e sua importância para a história do Estado.

Partindo do pressuposto de que, na fase permanente, o arquivo tem o papel

fundamental de construir a memória social e institucional, foi escolhido para a realização

dessa pesquisa o arquivo permanente do Instituto de Educação da Paraíba - IEP-PB.

O estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar a importância do arquivo escolar

do IEP- PB, como fonte de memória. Para isso, foram traçados os seguintes objetivos

específicos: destacar a importância do arquivo permanente do IEP; verificar o cumprimento

da legislação arquivística nessa Instituição escolar; identificar as dificuldades de busca

informacional; identificar a imagem do seu arquivo, por meio de sua comunidade escolar, e,

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por fim, verificar a existência de difusão cultural do arquivo e da memória institucional

escolar dessa Instituição.

A pesquisa em pauta analisa a importância da informação do arquivo do IEPB como

fonte de memória institucional e da comunidade em geral, partindo da seguinte hipótese: O

arquivo escolar do Instituto de Educação da Paraíba não é fortalecido por uma política de

difusão da informação em seu arquivo permanente.

A importância desse trabalho centra-se na motivação em levar a sociedade a refletir

sobre o valor da informação escolar, como componente da memória institucional e social, e de

reconhecê-la como meio referencial de estimulação do sentimento de pertencimento por parte

dos envolvidos na atividade pedagógica, como também dos indivíduos sociais, que fazem ou

já fizeram parte do quadro de discentes da referida Instituição.

Este trabalho é importante para a sociedade pelo fato de poder contribuir para o

reconhecimento do arquivo escolar como guardião e disseminador de sua história de

escolarização e objeto facilitador de acesso as suas informações.

Para a Arquivologia, a importância dessa pesquisa se justifica pelo fato de poder

trazer o entendimento adequado sobre a importância da organização e da disseminação da

informação por parte da Instituição escolar, uma vez que a informação documental é objeto de

estudo dessa Ciência.

As instituições públicas precisam reconhecer a importância da informação

arquivística, como recurso fundamental, não apenas para o fortalecimento administrativo das

organizações, mas também a sua importância como memória e programar políticas

institucionais para que possa ser oferecido a todos os cidadãos um acesso rápido e preciso.

Dentre as instituições públicas prestadoras de informações relevantes à sociedade, o

arquivo escolar figura-se como aquele que é responsável pela documentação inerente a todo

processo educacional da sociedade.

Os documentos escolares são testemunhos da vida institucional, de sua cultura e

memória, visto que retratam o perfil da escola que os produziu. O uso dos arquivos escolares,

como fontes de pesquisa, e sua difusão para a sociedade ultrapassam o valor de simples

mecanismos auxiliadores da compreensão histórica e se inserem como um elemento

sensibilizador da importância de se manter viva a história daqueles que fizeram parte da

Instituição e seus valores.

O Instituto de Educação da Paraíba, por existir há mais de 125 anos e ser uma

referência na Educação do estado, é uma escola normal modelo, de formação de professores,

que deu certo, e é responsável pela formação de personagens importantes para a história do

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Estado, como também de cidadãos comuns. Essa Instituição passou por diversas reformas, ao

longo do tempo, e o seu arquivo passou a ser relevante para a memória da Instituição. Isso

nos despertou a preocupação voltada para a questão de seu reconhecimento como órgão

disseminador de suas informações. Partindo desse pressuposto, surge a pergunta norteadora:

Como é possível implantar políticas de difusão do arquivo permanente do IEP? Esse

questionamento resulta de um interesse em relação à percepção da importância dos arquivos

escolares como veículos da memória e que ainda são pouco percebidos e estudados na área da

Arquivologia.

O estudo está organizado em cinco capítulos: o que se segue a esta introdução expõe o

referencial teórico utilizado na pesquisa, trazendo a compreensão de arquivo, reflexões sobre

arquivo permanente e uma explanação a respeito da construção social da memória versus

esquecimento; no terceiro capítulo, são feitas algumas considerações acerca do arquivo

escolar, como elemento cultural, dos instrumentos de pesquisa e a importância de sua difusão

cultural; o quarto capítulo fala a respeito dos procedimentos metodológicos que foram

utilizados na pesquisa; o quinto capítulo apresenta a análise dos resultados da pesquisa,

confrontando os dados com a teoria e dando voz aos entrevistados funcionários da Instituição

e usuários do arquivo do IEP; no sexto capítulo, entrelaçam-se algumas considerações finais

em constatações que sustentaram as potencialidades do arquivo do Instituto de Educação da

Paraíba como fonte para a história e a memória institucional e social.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

A finalidade do referencial teórico é explicitar as relações entre as dimensões

apresentadas, fundamentadas em uma análise crítica da literatura. Para tanto, identificamos

aspectos relevantes para a construção dessa pesquisa, com a intenção de abrir o campo de

visão em relação ao arquivo, com base nos objetivos inseridos, e responsáveis pelo

encaminhamento e cumprimento da pesquisa e pela transmissão do conhecimento. Assim, o

referencial teórico desse estudo constitui a lente por meio da qual o problema da pesquisa foi

compreendido e investigado.

2.1 O DOCUMENTO, O ARQUIVO E SUA COMPREENSÃO

Os arquivos, durante muito tempo, foram considerados meros depósitos de papel velho.

Esse estereótipo, muitas vezes, foi utilizado pela própria administração pública, que o

conceituava como “arquivo morto”.

Cabe ressaltar o conceito de documento de arquivo para um melhor entendimento desse

principal sujeito da gestão documental. Castro (1988, p. 40) define documento de arquivo

“como todo material recebido ou produzido por um governo, organização ou firma, no

decorrer de suas atividades, arquivado e conservado por si e seus sucessores para efeitos

futuros.”

O documento de arquivo segue um ciclo de vida denominado pela teoria arquivística de

Ciclo Vital dos Documentos. De acordo com esse princípio, o documento nasce com a

finalidade de registrar uma determinada atividade administrativa. Nesse sentido, existe um

tempo de vida útil, que é determinado pelo valor de uso desse documento.

De acordo com Rousseau e Couture (1998, p.117), os valores dos documentos são de

dois tipos: primário e secundário. Por valor primário, entende-se “como sendo a qualidade de

um documento baseado nas utilizações imediatas e administrativas que lhe deram os seus

criadores”. Nesse caso, os documentos são criados com razões específicas da Instituição

produtora no curso de suas atividades.

O valor secundário é definido pelos autores como “a qualidade do documento baseado

nas utilizações não imediatas ou científicas”. O uso tem como base o potencial do documento

como testemunho das atividades para as quais foi gerado.

O ciclo de vida do documento é composto por três períodos ou idades. Na primeira

idade, os documentos têm valor primário e pertencem aos arquivos correntes. Aqui, eles são

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indispensáveis para as atividades do dia a dia da administração. Na idade intermediária, os

documentos são preservados por razões administrativas, legais ou financeiras. Nesses, os

documentos de interesses administrativos aguardam os procedimentos de eliminação ou

arquivamento definidos pelas comissões de análise. Nesse caso, a baixa frequência de uso

justifica uma conservação desses documentos em locais mais distantes do produtor.

Os documentos de caráter permanente são aqueles que devem ser preservados pelo seu

valor histórico, de testemunho. Ficam armazenados nos arquivos permanentes por se

constituírem um testemunho privilegiado das atividades de uma organização.

De acordo com a legislação vigente no país, a Constituição Federal Brasileira,

promulgada em 1988, enfatiza, em seu art. 216:

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § IV as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados as manifestações artístico-culturais. As ob § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta os quantos dela necessitem (grifo nosso).

Segundo Le Goff (1982, p. 44),

o documento não é uma mercadoria invendida do passado, é um produto da sociedade que o fabricou, segundo as relações de força que nela detinham o poder. E só a análise do documento, enquanto documento permite à memória coletiva recuperá-lo.

O processo de organização e administração de arquivos possibilita o acesso preciso e

rápido das informações pela sociedade e desempenha o papel de guardião da memória,

implementando políticas de preservação e de conservação das informações. Vale ressaltar que

é preciso um estreito engajamento no processo de conservação e de infraestrutura nos

arquivos. Como afirmam Moraes e Castro (2007, p. 137), “[...] fica claro, portanto, que a

infra-estrutura de armazenamento físico, é fundamental para que a informação esteja

disponível e acessível, garantindo a operacionalidade do arquivo.”

2.2 REFLEXÃO SOBRE O ARQUIVO PERMANENTE

A definição de arquivo permanente reflete no que se convencionou chamar de terceira

fase do ciclo documental. Trata-se do ciclo de existência quando os documentos perderam a

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vigência administrativa e já passaram da fase corrente e intermediária. Porém, são providos de

valor secundário ou informacional e de testemunho.

Bernardes (1998, p. 11) refere que

a gestão de documentos é o conjunto de medidas e rotinas que garante o efetivo controle dos documentos desde sua produção até sua destinação final (eliminação ou guarda permanente), onde começa as suas atividades da fase corrente, terminando as suas atividades na fase intermediária.

Bellotto (2006, p 42) afirma que,

no arquivo, quando no âmbito dos de primeira e segunda idades, a clientela é formada pelo administrador, pelo empresário ou seus representantes, enfim, pelos produtores dos documentos, bem como por profissionais da área jurídica, pesquisadores, administradores ou cidadãos em busca de seus direitos. No arquivo permanente, portanto na esfera da pesquisa científica ou do interesse puramente cultural, o público estará personificado no historiador ou em profissionais cujas atividades possa demandar informações sobre épocas anteriores, como jornalistas, sociólogos, cientistas políticos, etc. Outro tipo de usuário é o cidadão em busca de seus interesses ou que revela alguma curiosidade pelo trabalho de investigação histórica.

Para Castro (1988, p. 250), as atividades do arquivo permanente são:

Recolher, reunir, classificar, arranjar, descrever, inventariar, estimular e orientar as pesquisas, divulgar o acervo (publicações e exposições) fornecer certidões e cópias, vedar saída de documentos, dar assistência aos diversos órgãos de Arquivos Correntes e Intermediários (Política de Avaliação dos Órgãos), selecionar e acompanhar os documentos na microfilmagem e restauração.(grifo nosso)

A lei n° 8.159, de 08/01/91, dispõe sobre a política Nacional de Arquivos Públicos e

Privados, em seu art. 4º, que estabelece:

Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas Cujo sigilo seja imprescindível a segurança da sociedade e do Estado, bem como a intimidade da vida privada, da honra e da imagem das pessoas.

Paes (2007, p.121) explica que

a função do arquivo permanente é reunir, conservar, arranjar, descrever e facilitar a consulta dos documentos oficiais, ou seja, custodiar, conservar e tornar acessíveis documentos não-correntes, que possam tornar-se úteis para fins de pesquisas históricas e outros fins.

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Alcântara (1998, p. 34) define arquivo permanente como sendo “o conjunto de

documentos preservados em caráter definitivo em função do seu valor probatório e/ ou

informativo.”

O arquivo permanente é considerado o local onde os documentos terão uma guarda

definitiva, em que não deverão ser só custodiados, mas também disponibilizados, o que

permite que as suas informações sejam disseminadas com qualidade para todos aqueles que a

buscam para usos científicos, sociais, culturais ou probatórios.

Sobre o acesso aos documentos, a lei n° 8.159 dispõe: “É assegurado o direito de

acesso pleno aos documentos públicos (Art. 22).”

Paes (2007, p. 120) assevera que, “apesar dos arquivos serem conservados

primariamente para fins administrativos, constitui base fundamental para a história, não

apenas do órgão a que pertencem, mas também do povo e suas relações sociais e

econômicas.” Portanto, os documentos de arquivo permanente, além de guardarem a história

do órgão que o gerou tendem a desempenhar um significativo papel na preservação da

memória social e na construção da identidade de um povo.

É importante registrar que, no arquivo permanente das instituições educativas, são

guardados documentos escolares de uso esporádico, que, em razão de seu valor probatório e

informativo, deverão ser conservados para a guarda da memória institucional e, sobretudo, da

comunidade acadêmica.

2.3 CONSTRUÇÃO SOCIAL DA MEMÓRIA VERSUS ESQUECIMENTO

A memória é um dos valores mais caros associados ao ser humano. E para que ela não

se perca no decorrer das transformações temporais, é necessário, que seja preservada.

Para compreender as estruturas da memória, Le Goff (1982, p. 81) apresenta-a como

sendo a “lembrança que é a sobrevivência do passado”. Entretanto, ele abre mão da ideia de

que o espírito guarda em si o passado em sua forma pura, o que significaria compreender a

memória como um evento sempre diacrônico. Halbwachs (1990, p. 76), ao contrário, ressalta

que é “a iniciativa de vida atual que o sujeito toma ao desencadear o curso da memória”.

Halbwachs (1990 p. 92) nos propõe a ideia de que “a memória é sempre uma releitura

feita a partir de novas vivências, novos conhecimentos adquiridos e novas representações,

sendo assim um evento concomitantemente sincrônico e diacrônico”. Dessa forma, não se

pode compreender a memória como resgate de informações do passado, mas uma

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22

ressignificação de histórias já vividas a partir de uma vivência do presente. Para

Halbwachs (1990, p. 96), “a memória está impregnada não só de representações presentes,

mas também de representações passadas, anteriores e posteriores ao fato memorizado” (grifo

nosso).

A memória social se constrói ao longo de muitas gerações de indivíduos mergulhados

em relações determinadas por estruturas sociais. A construção da memória social implica a

referência ao que não foi presenciado. Quando nos lembramos dos acontecimentos ocorridos

no passado, estamos trazendo à tona memórias que foram construídas coletivamente.

No que diz respeito à relação entre memória e história, Le Goff, (1982, p. 91) afirma

que se trata de coisas distintas, porque

a memória, como construção social, é formação de imagem necessária para os processos de constituição e reforço da identidade individual, coletiva e nacional. Não se confunde com a história, que é a forma intelectual de conhecimento, operação cognitiva. A memória ao invés, é operação ideológica, processo psicossocial de representação de si próprio, que reorganiza simbolicamente o universo das pessoas, das coisas, imagens e legitimações que a produz (grifo nosso).

A memória social é, portanto, decisiva para a construção do sentido da dimensão

histórica da vida social, porquanto propicia a percepção do processo de desenvolvimento

social como algo sujeito a mudanças que se produzem, por intervenção das forças sociais do

presente, a partir de acúmulos produzidos historicamente.

De acordo com Le Goff (1982, p.98), “os materiais da memória podem apresentar-se

sob duas formas principais: os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do

historiador”.

A falta de implantação de políticas públicas de conservação dos documentos e dos

monumentos ocasiona a perda desses materiais e, consequentemente, o esquecimento da

memória social, pois “a imagem de lembrança é a sobrevivência do passado. Portanto,

para que a lembrança possa se manter viva, é necessário que a sobrevivência do passado

veiculada nos documentos e monumentos possa permanecer” (LE GOFF, 1982, p. 98) (grifo

nosso).

3. O ARQUIVO ESCOLAR

A escola é uma Instituição social que proporciona aos alunos, por meio de trabalho

diário, condições para o desenvolvimento global de suas potencialidades.

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Feijó (1988, p. 63) conceitua arquivo escolar como um “[...] local de guarda e

preservação dos fatos, através de documentos que digam respeito tanto à vida escolar do

educando quanto do próprio estabelecimento. Os arquivos escolares, portanto, têm por

finalidade ser um meio de prova de direito de pessoas ou da administração. Eles são fontes de

preciosas informações, capazes de nos demonstrar as inquietações de um determinado

período, e tornam possível a construção da memória educativa.

Para Nora (1993, p. 9), "desde que haja rastro, distância, mediação, não estamos mais

dentro da verdadeira memória, mas dentro da história”. A memória, para o autor, enraíza-se

no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto. Muitas vezes, a memória é guardada

em depósitos documentais, considerados, erroneamente, como “arquivo morto”, e que não

recebem nenhum tipo de tratamento, nem suas informações, cujo uso é necessário, servem à

sociedade. E isso acaba contribuindo para o esquecimento da informação de fatos do

cotidiano de inúmeras pessoas, impossibilitando o acesso e a valorização da identidade

coletiva e institucional.

As fontes documentais históricas, principalmente as mais antigas, são vistas pela

maioria das pessoas que trabalham como gestores das escolas, por professores e funcionários

como “papéis velhos”, sem valor. A visão mencionada, que impregna as instituições sociais

em geral, traz consequências graves e prejuízos para a sociedade e para a Instituição escolar,

apaga a história da educação e multiplica o número de pessoas que fazem parte de uma

“geração sem memória” (SILVA, 2004). A memória se constrói pelos materiais que fizeram

parte do nosso passado e que estão à nossa disposição, no conjunto de representações que

fazem parte de nossa consciência atual.

Os arquivos permanentes escolares se constituem como lugares de memória e de

história. Porém não podemos deixar que esse importante acervo e suas ferramentas de difusão

e de acesso da memória se percam pelo descaso, para com os vários tipos de suportes

documentais acumulados nessas instituições e que fazem parte de sua cultura. A importância

dos arquivos escolares não está apenas nas finalidades da pesquisa, mas também se estende a

toda a comunidade, que pode conhecer e recuperar sua própria história e reconhecer a escola

pública como um patrimônio histórico e cultural. Assim, o desafio que se coloca aos

pesquisadores são a sua divulgação e sua manutenção pelos agentes escolares e pela

comunidade, pois organizar um arquivo, segundo Vidal, Zaia (2002, p. 35), é

gerar condições materiais de sobrevivência da documentação, higienizando e acondicionando apropriadamente, referenciando adequadamente a massa documental,

Page 25: Arquivos escolares

24

elaborando instrumentos de pesquisa, [...] e dar sentido (intelectual e afetivo) ao presente, constituindo práticas que permitam a percepção de sua semelhança e diferença ao ontem.

3.1 O ARQUIVO ESCOLAR ENQUANTO ELEMENTO CULTURAL

Sabemos que a importância dos arquivos escolares não termina nas finalidades

administrativas que servem apenas às funções institucionais pedagógicas. A partir do

momento em que ele se insere na fase permanente e passa a ter um valor secundário,

reconhecendo a escola como um patrimônio social e cultural, os seus serviços se estendem a

toda a comunidade, que pode conhecer e recuperar sua própria história de escolarização, para

que todos que fazem parte dela reconheçam essa ação e deem importância ao arquivo escolar,

como guardião. Essa difusão pode ocorrer de diferentes formas, com diferentes atividades.

Nesse sentido, Bellotto (2004) apresenta a difusão arquivística sob três enfoques: o

cultural, o editorial e o educativo.

De acordo com Rosário Filho (2007, p. 1),

O conceito de cultura, na antropologia, consiste no total de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. Portanto correspondem, nesse último sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comuns, apresentam-se como a identidade desse povo.

O dimensionamento da cultura está diretamente ligado ao conjunto de práticas

desenvolvidas pela sociedade de forma ampla e abrange todos os aspectos que englobam a

vida social. Sobre essa dimensão, Santos (2004, p. 45) refere:

Cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como por exemplo, se poderia dizer da arte. Não é apenas uma parte da vida social, algo que nada tenha a ver com a realidade onde exista. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social, e não se pode dizer que ela exista em alguns conceitos e não em outros.

Sob o ponto de vista de Coelho (2001, p. 8), a ação cultural é “o desejo de fazer da

arte e da cultura instrumentos deliberados de mudança do homem e do mundo”. Nesse

sentido, a ação cultural pode ser definida como a realização de atividades diversas, através de

esforços múltiplos de vários segmentos, em uma comunidade ou região. Resume-se na criação

ou organização das condições necessárias para que as pessoas inventem seus próprios fins e se

tornem sujeitos da cultura, e não, seus objetos. Os arquivos escolares deverão exercer uma

participação mais efetiva em eventos e projetos voltados para promover a difusão de sua

Page 26: Arquivos escolares

25

memória institucional e social, em que seu público passe de mero receptor a também produtor

de cultura, participando da discussão sobre essas questões.

Coelho (2001, p. 19) assevera que difusão cultural é o processo estudado no âmbito da

corrente antropológica chamada "difusionismo", que implica no movimento de transferência

de traços característicos culturais e idéias de uma sociedade, ou grupo étnico, à outra.

Assim, os arquivos escolares são expressões da cultura institucional e social. Um dos

grandes desafios que se coloca ao arquivista é a sua organização para posterior disseminação

das informações contidas nesses arquivos permanentes escolares, como também a difusão de

sua importância para a sociedade.

Os arquivos escolares, como espaços de memória, de guarda de seus acervos, devem

estar constantemente abertos a novas leituras acerca do passado e do presente. Esses lugares

necessitam de tratamento adequado, com organização e procedimentos técnicos que, ao

mesmo tempo, possibilitem o acesso à memória escolar, por parte dos usuários, de modo

geral, criando políticas de difusão cultural no arquivo.

3.2 A IMPORTÂNCIA DE DIFUSÃO CULTURAL DO ARQUIVO ESCOLAR

Quando pensamos em difusão do arquivo escolar, logo vem na nossa mente a ideia de

tornar o arquivo conhecido e reconhecido culturalmente. Diante disso, não podemos esquecer

que possibilitar o acesso às informações contidas no arquivo é uma das ações indispensáveis

ao processo de difusão, uma vez que suas informações devem estar organizadas e descritas, a

fim de facilitar esse acesso, pois, de acordo com Lopes (2002, p. 18),

a organização arquivística de qualquer acervo pressupõe não apenas as atividades de classificação, mas também as de descrição. Somente a descrição arquivística garante a compreensão ampla do conteúdo de um acervo, possibilitando tanto o conhecimento como a localização dos documentos que o integram.

Lopes (2002, p. 10) acrescenta que “os instrumentos de pesquisa são as ferramentas

utilizadas para descrever um arquivo, ou parte dele, tendo a função de orientar a consulta e de

determinar com exatidão quais são e onde estão os documentos.” A descrição arquivística não

ocorre nos arquivos correntes, nem nos arquivos intermediários, apenas nos arquivos

permanentes, pois, nos demais arquivos, a classificação já é atividade responsável pela

estruturação e localização dos documentos. Sobre esse aspecto, Bellotto (2004, p. 173)

enuncia:

Page 27: Arquivos escolares

26

A descrição é uma tarefa típica dos arquivos permanentes. Ela não cabe nos arquivos correntes, onde seu correspondente é o estabelecimento dos códigos do plano de classificação; tampouco a descrição faz sentido no âmbito dos arquivos intermediários, onde a freqüência de utilização secundária é quase nula. Nesses depósitos para fins de esclarecimento, de informações adicionais e de testemunho ainda decorrentes do uso primário, os instrumentos de busca resumem-se aos próprios planos de classificação, às listas de remessas, as tabelas de temporalidade e aos quadros gerais de constituição de fundos.

A descrição arquivística é a atividade de representação dos documentos. É através dos

instrumentos de pesquisa que ela se processa. Os instrumentos podem ser de diferentes tipos,

entre eles, destacam-se: os inventários, os guias, os catálogos etc.

Antes de serem elaborados os instrumentos de pesquisa, é necessário utilizar normas

de conteúdo, como a NOBRADE, pois fará com que os instrumentos tenham suas partes

padronizadas de acordo com as regras gerais já contidas.

O arquivo permanente escolar, inserido nas instituições, pode ser utilizado

efetivamente como fonte de conhecimento, tanto para os pesquisadores e historiadores,

quanto, de forma mais democrática, para os cidadãos comuns e, em especial, para os alunos.

Em última instância, todo arquivo é uma fonte educativa, mas, para que essa mesma fonte seja

aproveitada pelos alunos dos vários níveis de ensino, é preciso que disponham de programas

específicos para atender a um público – também específico – com necessidades diferentes

daquelas inerentes aos pesquisadores e historiadores (BELLOTTO, 2005).

O arquivo permanente tem que saber alimentar a Instituição e a sociedade, e esta

precisa sentir prazerosamente o gosto pela memória. E isso é possível através da implantação

de políticas de difusão cultural no arquivo. Quando esse gosto não é sentido, isso significa que

o arquivo não está cumprindo uma das suas funções essenciais, nesse caso especial, aquela

que salvaguardaria o próprio futuro, porque, quando a sociedade sabe valorizar o que hoje é

passado, amanhã, certamente, valorizará o que hoje é futuro.

É importante ressaltar que é preciso haver uma cultura de difusão do arquivo escolar

que dê vida aos documentos que, muitas vezes, têm a sua importância ocultada para a

sociedade, quando esta o considera como algo sem muita importância. Para isso, é necessário

que se promova um processo de valorização da memória, que passe de geração em geração, o

que fará com que a identidade do arquivo permanente escolar não mais seja ofuscada e receba

a devida valorização por parte dos usuários e daqueles que fazem parte da Instituição.

Page 28: Arquivos escolares

27

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo descreve os procedimentos e as características metodológicas que foram

utilizados no estudo em questão.

Por meio dos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, extraíram-se dados

relevantes e convenientes, para que, através deles, fosse possível chegar a considerações e, ao

mesmo tempo, facilitasse a compreensão do conhecimento, procurando sempre esclarecer o

conteúdo principal.

Para este trabalho, escolhemos a investigação empírica, pois, segundo Demo (2000, p.

21), “a pesquisa dedicada ao tratamento da face empírica e fatual da realidade produz e

analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual”.

Esta pesquisa empírica caracterizou-se como um estudo de caso, cujo objetivo foi o de

descobrir respostas profundas. Triviños (1987, p. 113) afirma que o estudo de caso é “uma

categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente”.

Para este estudo, foi escolhido como campo de pesquisa o Instituto de Educação da

Paraíba, IEP-PB, situado na Rua Camilo de Holanda, no centro de João Pessoa, Paraíba. A

escolha por esse campo deveu-se ao fato de a escola manter sua estrutura arquitetônica

original de 1958 em bom estado de conservação e por se tratar de uma Instituição bastante

conhecida entre os paraibanos, que tem como missão o ensino do Magistério, para formar

professores, e o objetivo de fortalecer sua formação pedagógica e, ao mesmo tempo, por ser

bastante relevante para a história social das mulheres, que já estudaram na Instituição, quando

ela funcionava como uma escola exclusivamente para moças. Enfim, por ter passado por

várias modificações em sua estrutura funcional e estrutural e essas modificações terem

repercussões diretas no Arquivo da Instituição.

4.1 DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

Neste item, apresentamos a escola onde realizamos a coleta dos dados.

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA PARAIBA: breve histórico

No dia 26 de março de 1874, foi colocada na Rua Nova (General Osório) a primeira

pedra do edifício da Escola Normal Oficial, no governo do Barão do Abiahy, que foi fundada

Page 29: Arquivos escolares

28

em 30 de junho de 1884, pela Lei Nº. 30 do mesmo mês, e instalada pelo Presidente da

Província, Dr. Antônio Sabino do Monte, em 07 de abril de 1885.

No decorrer de sua trajetória, a Escola Normal passou por diversas reformas

funcionais e estruturais, porém, sempre mantendo suas atividades relacionadas à educação.

Em 14 de janeiro de 1886, decorrente da Lei nº. 33, foi extinta a seção masculina, e o

estabelecimento passou a denominar-se Externato Normal, destinado apenas ao sexo

feminino, estabelecendo a conclusão de ensino em três anos, com as seguintes disciplinas:

Português, Matemática Elementar, Geografia, História, Elementos de Ciências Físicas e

Naturais, Pedagogia, Religião, Música, Ginástica e Trabalhos de Agulha. Quanto ao ensino

primário, ensinavam-se apenas noções das disciplinas anteriormente descritas. Em 1888, a

primeira turma se formou.

Em 4 de fevereiro de 1893, o Doutor Álvaro Lopes Machado, presidente do Estado,

autorizou em decreto (nº. 7) a substituição do Externato Normal pela Escola Normal destinada

à formação de professores de ambos os sexos, que deu origem a um novo regulamento (1893),

que proporcionou a criação da Diretoria Geral da Instrução Pública, cujo encargo ficou

imediatamente subordinado aos serviços do ensino primário, e o curso normal foi ampliado

para quatro anos. Alguns anos depois, o corpo docente foi substituído por pessoas

normalistas, por meio do decreto nº. 265, de 29 de julho de 1905. Estabeleceu-se um processo

mais rigoroso de admissão à matrícula de 1º ano, com o regulamento de 14 de abril de 1910 e

o regimento interno de 30 de abril do mesmo ano.

Pela Lei Nº. 446, de 26 de outubro de 1917, a Escola Normal foi desmembrada da

Diretoria da Instrução Pública e, em 21 de dezembro do mesmo ano, foi constituído um novo

regulamento (1917) pelo Decreto Nº. 874 de 21 de outubro do mesmo ano, cujo primeiro

Diretor foi o Monsenhor João Batista Milanez.

Na gestão do Doutor João Suassuna, presidente do Estado da Paraíba, em 1925,

ocorreram mais mudanças por meio do decreto nº. 1.346, de fevereiro do mesmo ano,

consequentemente, um novo regulamento (1925) foi criado e trouxe diversas mudanças, entre

as quais destaca-se a ampliação do curso normal para cinco anos, continuando o ensino para

ambos os sexos. Depois de dois anos, o decreto nº 467, de 21 de fevereiro de 1927, altera

parcialmente o decreto anterior e, em 1931, foi criado um novo regulamento que, em 12 de

julho de 1933, foi modificado pelo Decreto nº. 401, de julho de 1933, por Gratuliano da Costa

Brito, interventor federal do Estado da Paraíba. Das poucas mudanças que houve, destaca-se a

efetivação da Professora de francês.

Page 30: Arquivos escolares

29

Com a volta do Regime Constitucional, tomou posse do governo o Dr. Argemiro de

Figueiredo (1935-1940), em cujo governo, sob sua autoria, foi criado um projeto que

reorganizava a Instrução Pública, incluindo a criação do Instituto de Educação da Paraíba,

pela Lei Nº 16, de 1935, que transformava a antiga Escola Normal do Estado em Escola

Secundária do Instituto de Educação.

Foi edificado um majestoso prédio, hoje Liceu Paraibano, e instalados o Colégio

Estadual, a Escola de Aplicação, o Jardim da Infância e, posteriormente, a Faculdade de

Filosofia. Nesse período, foi reduzido para dois anos o Curso Normal de Formação de

Professores, e o ensino das Ciências de Educação e Prática Docente continuou.

A Lei Nº. 772, de 04 de janeiro de 1952, que criou a superintendência do Ensino

Normal, e a Lei Nº. 850, de 06 de dezembro do mesmo ano, que estruturava definitivamente o

Ensino Primário no Estado, forneceram as bases para o Ensino Normal, uniformizando-o de

acordo com os moldes do Instituto de Educação do Distrito Federal.

Na gestão do Dr. José Américo de Almeida (1951-1956), iniciou-se a construção do

Instituto de Educação da Paraíba, localizado na Av. Camilo de Holanda, no centro. Nessa

gestão, sob a direção de Afonso Pereira, passou por mais uma restauração. Em 1953, ele teve

o seu regimento interno aprovado pelo Conselho Estadual de Educação.

No Governo do Dr. Flávio Ribeiro Coutinho (1956-1958), foi construído o prédio da

Camilo de Holanda, onde funciona atualmente a escola, e inaugurado no dia 03 de janeiro de

1958 pelo representante do governador - o Dr. João Agripino Filho, com a presença de

inúmeras autoridades e representantes do Ensino.

O Instituto de Educação da Paraíba é uma Instituição de 2º grau, subordinada à

Coordenação do Ensino Médio - COEM - e responsável pela formação de professores da 1ª

Fase do 1º Grau. No Governo do Dr. Tarcísio de Miranda Burity (1979-1982), o Curso

Pedagógico voltou a instituir-se Curso Normal.

Em 18 de junho de 2009, uma vasta comemoração marcou o aniversário de 125 anos

de existência da escola que, atualmente, encontra-se sob a gestão da professora Francisca

Vanilda Ramalho (diretora), Maria Pereira de Lima (vice-diretora) e João Bosco Leal da

Nóbrega (vice-diretor).

4.2 A COLETA DE DADOS

Para o desenvolvimento desta pesquisa, empregamos tanto o método qualitativo

quanto o quantitativo. De acordo com Richardson (1989), a pesquisa quantitativa caracteriza-

Page 31: Arquivos escolares

30

se pelo emprego da quantificação, desde a coleta das informações até a análise final, por meio

de técnicas estatísticas, independentemente de sua complexidade. A pesquisa qualitativa se

preocupa com os porquês que estão por trás do fenômeno, procurando entender a sua

natureza. Segundo Minayo, nas Ciências Sociais Aplicadas, a pesquisa qualitativa trabalha

com significados, motivações, valores e crenças, que não podem ser simplesmente reduzidos

às questões quantitativas, pois que respondem a noções muito particulares. Entretanto, os

dados quantitativos e os qualitativos acabam se complementando dentro de uma pesquisa

(MINAYO, 1996).

Buscamos, com base na abordagem e no tipo de pesquisa escolhido, a pesquisa

descritiva, visto que, de acordo com Gil (2007, p. 44), esse tipo de pesquisa [...] tem como

objetivo levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população.

O universo da pesquisa constituiu-se do Instituto de Educação da Paraíba - IEP-PB,

que demarcou o lócus do arquivo como o contexto em que a pesquisa foi centrada. Segundo

Gil (2007, p. 99), “o universo é um conjunto definido de elementos que possuem

determinadas características.”

A amostragem envolvida no estudo foi composta por (24) vinte e quatro alunos que

estudam na Instituição, quatro funcionários e um pesquisador que já realizou pesquisas no

local. A escolha deveu-se ao fato de a escola ter 1056 alunos, uma quantidade muito extensa,

para a quantidade de tempo de que dispúnhamos para desenvolver esta pesquisa. Escolhemos

a turma do 3º ano, do turno da manhã, pelo fato de existirem duas turmas do 3º ano nesse

horário. Cada turma, nesse turno, é composta por 32 alunos, e as do turno da tarde são

compostas por 25 alunos. Outro fato que contribui para a escolha dessa turma foi a idade dos

alunos, cuja maioria estava na fase adulta.

Na escolha pelos funcionários, consideramos o tempo de trabalho na Instituição, o

trabalho do arquivo, a gestão da Instituição e a atividade docente. Então, dentre 32

funcionários existentes na Instituição, escolhemos quatro. O pesquisador foi escolhido por ter

desenvolvido uma pesquisa sobre a Instituição.

A amostragem é conceituada como subconjunto do universo ou da população, por meio

do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população (GIL,

2007).

A coleta dos dados foi realizada entre os dias 30 de outubro e nove de novembro deste

ano de 2010. No primeiro dia, a pesquisadora apresentou à gestão da Escola o objetivo do

Page 32: Arquivos escolares

31

trabalho, que seria desenvolvido no local, e entregou o documento que comprovava que ela

era aluna da UEPB, em fase de conclusão do Curso de Arquivologia.

(ATENÇÃO! Você tem que citar todos os instrumentos que usou.) Para a coleta dos

dados, foram usados vários instrumentos, entre eles, a observação participante, no local, a

entrevista semiestruturada e o questionário fechado.

A coleta de dados foi feita em três etapas. Primeiro, procedeu-se à observação

participante, que “é uma técnica de coleta de dados menos estruturada, utilizada nas Ciências

Sociais, e não supõe qualquer instrumento específico que direcione as observações

(MARCONI e LAKATOS 2006, p. 97)”. Através de observações, descreveu-se a situação em

que se encontrava o arquivo permanente inserido na Instituição educativa escolhida.

Em seguida, foi empregada a entrevista semiestruturada, composta de perguntas

abertas, feitas verbalmente, em uma ordem prevista, na qual o entrevistador pode acrescentar

perguntas de esclarecimento (LAVILLE, 1999). Nesse tipo de entrevista, pode-se produzir um

material mais aprofundado e compreender as especificidades culturais do grupo estudado

(experiências, vivências e representações). As entrevistas foram realizadas entre os dias 03 e

09 de novembro e tiveram o auxílio de um MP4, onde foram gravadas para posterior

transcrição.

Os participantes das entrevistas foram o responsável pelo arquivo, um dos gestores

institucionais, um pesquisador, que já usou o arquivo, um docente e a funcionária mais antiga

da Instituição, que trabalha na escola há muitos anos e lá desempenhou diversas funções,

atuando como professora, gestora e, atualmente, como inspetora.

Intentando facilitar o estudo, dividimos o instrumento de pesquisa utilizado em cinco

categorias de análise, a saber: perfil do(s) funcionário(s); procedimentos de organização dos

documentos; visão do arquivo; importância dada à memória do IEP e dos que fazem, e já

fizeram parte do quadro de discentes e decentes, da instituição e acesso e visitas ao arquivo.

Na terceira etapa, aplicamos um questionário fechado que, segundo Gil (1999), é um

meio que busca oferecer a quem responde alternativas e eventuais respostas, para que o

sujeito possa optar pela resposta que mais estiver de acordo com sua realidade, ponto de vista

ou impressão. Para aplicá-lo, foi escolhida uma sala, em que havia 32 alunos matriculados.

No dia da aplicação do instrumento, encontravam-se presentes apenas 24. O questionário foi

composto de dez perguntas fechadas, por meio das quais procuramos procurou avaliar o grau

de importância dada pelos discentes ao arquivo e a memória e sócia e institucional da

Instituição.

Page 33: Arquivos escolares

32

Após o término da realização das entrevistas e dos questionários, os dados foram

analisados e correlacionados com a fundamentação teórica, a fim de identificarmos o

atendimento das recomendações dos autores da área. A análise dos dados procurou apresentar

os resultados das observações, dos dados colhidos na entrevista e os resultados dos

questionários que foram realizados com os discentes.

Page 34: Arquivos escolares

33

5. ANÁLISE E RESULTADOS DA PESQUISA

Neste tópico, serão apresentadas as compilações e discutidos os resultados das

informações levantadas na pesquisa, cujos dados foram obtidos através de observações na

Instituição escolar e no arquivo, de entrevistas semiestruturadas feitas com quatro

funcionários da Instituição e um pesquisador que já havia realizado pesquisas na Instituição e

questionários aplicados durante o processo de construção deste estudo com os alunos da

Instituição.

Por meio das observações feitas no ambiente do arquivo e das entrevistas, colhemos

dados a respeito da imagem do arquivo do IEP entre a comunidade e os funcionários -

gestores ou professores - e identificamos as dificuldades de busca informacional, por parte

daqueles que utilizam o arquivo, sua difusão cultural e da memória institucional escolar, o

cumprimento da legislação arquivística na Instituição escolar e descrevemos as práticas

arquivísticas adotadas no arquivo escolar do IEP.

Os questionários buscaram colher dados referentes à imagem do arquivo do IEP entre

os seus alunos.

O tamanho da amostra da pesquisa foi estipulado por acessibilidade, definida por uma

quantidade estimada de 37 participantes, dos quais quatro seriam funcionários, um

pesquisador e 32 alunos do 3º grau. Em virtude de não ter comparecido a quantidade exata

dos alunos, foram aplicados 24 questionários aos alunos presentes, o que resultou na

diminuição da quantidade de participantes, que somou o total de 29.

Na Instituição, os gestores, os funcionários e, principalmente, os participantes da

entrevista e os alunos que responderam ao questionário nos receberam muito bem. Após a

realização das entrevistas e a aplicação dos questionários, procedemos à transcrição de todas

as entrevistas e dos questionários e, posteriormente, à análise dos dados, de acordo com os

fundamentos teóricos utilizados no desenrolar da pesquisa.

5.1. CARACTERIZANDO O PERFIL DO PÚBLICO PARTICIPANTE

Page 35: Arquivos escolares

34

A construção do perfil do público envolvido foi uma importante tarefa para a

construção e o entendimento desta pesquisa. Num primeiro momento, apresentaremos o perfil

dos cinco entrevistados que foram escolhidos para participar da pesquisa. São quatro

funcionários e um pesquisador. Em seguida, apresentaremos o perfil dos alunos que

responderam ao questionário.

Sexo Idade Atuação na Instituição Quanto tempo

trabalha no IEP?

Formação acadêmica

F 65 Supervisora 30 anos Pedagogia

F 45 Diretora geral 06 anos História

F 52 Prof. de Ed. Especial 07 anos Psicologia

F 49 Resp. pelo Arquivo 06 meses Pedagogia

M 32 Pesquisador _ Graduando em História

QUADRO 1- Caracterização dos participantes da entrevistaFONTE: Dados de Pesquisa 2010.

De acordo com o Quadro 1, no perfil dos participantes da entrevista, predomina o sexo

feminino (80%), e 100% têm nível superior. No que se refere ao exercício da função, apenas

um não trabalha na Instituição, pois se coloca apenas na posição de pesquisador. As demais

pessoas entrevistadas são funcionários da Instituição. Apenas uma pessoa permanece na

Instituição durante 30 anos. Segundo os dados levantados na entrevista, é a única que está

trabalhando no local com essa quantidade de tempo, sendo, portanto, a funcionária mais

antiga. Apenas uma pessoa – que é a responsável pelo arquivo - trabalha na Instituição há

apenas seis meses.

Distribuição dos percentuais dos dados copilados

IDADE %

18 anos 33%

Mais de 22 anos 58%

De 18 a 22 anos 9%

TABELA 1: Faixa etária dos estudantes que responderam ao questionárioFONTE 2: Dados da Pesquisa 2010,

Page 36: Arquivos escolares

35

A tabela acima apresenta a distribuição da faixa etária da amostra coletada dos alunos

do 3º ano do IEP. Foram aplicados 24 questionários entre todos, os quais apresentam um

percentual de 33% para alunos com idade menor de 18 anos e um percentual maior da faixa

etária, com 58% dos alunos, mais de 22 anos, e 9% com idade entre 18 e 22 anos. Podemos

concluir que a faixa etária da maioria dos educandos é de 22 anos.

Ressaltamos que a maioria da população entrevistada é composta por adultos, e uma

minoria, por jovens com menos de 18 anos. Isso explica por que tanto a classe jovem quanto a

adulta são detentoras de um grau de conhecimento e informação necessária, razão por que

podem reconhecer a importância da história e da memória, até por que idade nunca foi critério

de valorização dos objetos.

SEXO %

Feminino 91%

Masculino 9%

TABELA 2: SexoFONTE: Dados da Pesquisa, 2010.

Quanto ao sexo, a Tabela 2 demonstra que 91% dos pesquisados são do sexo feminino,

e uma minoria (9%) é do sexo masculino. Isso mostra que a quantidade de mulheres que

estudam naquela sala é bem maior que a quantidade de homens e que, mesmo oferecendo o

ensino para ambos os sexos e não mais apenas para o sexo feminino, como era em 1885, ainda

é predominante a presença de mulheres matriculadas.

Assim, podemos inferir que o fato de o maior índice de alunos matriculados, de acordo

com o sexo, ser o feminino pode significar que a procura maior por mulheres tem relação com

o fato de a memória que a Instituição carrega ter sido tão relevante para a formação

acadêmica das mulheres em vários momentos sociais, um fato bastante importante para a

nossa história. Indica que, mesmo passados tantos anos, depois de uma verdadeira

modificação no contexto social para oferecer educação para ambos os sexos, a preferência por

estudar no IEP é do sexo feminino. A construção cultural de um estereótipo de professor de

criança ser uma profissão feminina ainda perdura no imaginário social, afinal, essa foi uma

Page 37: Arquivos escolares

36

das mais antigas profissões socialmente aceitas para o exercício das mulheres, por sua

identificação com a função materna.

TABELA 3: Há quanto tempo estuda na Instituição? %

Há menos de 3 anos 100%

Há mais de 3 anos 0%

TABELA 3: Há quanto tempo estuda na Instituição?FONTE: Dados da pesquisa, 2010.

Quanto ao tempo que os alunos participantes da pesquisa estudam no IEP, podemos

perceber, através da tabela acima, que 100% dos entrevistados estudam há menos de três anos,

o que mostra que todos estão matriculados na escola por optarem pelo ensino normal, que é

oferecido há muitos anos e que ainda mantém a sua tradição de Instituição que oferece desse

tipo de ensino.

5.2 DESTACANDO A IMPORTÂNCIA DO ARQUIVO PERMANENTE DO IEP

De acordo com a observação participante no arquivo permanente do Instituto de

Educação da Paraíba, foi possível constatar que o mesmo situa-se no segundo piso de seu

edifício, onde está localizado na AV. Camilo de Holanda, ao lado do Colégio Argentina

Pereira Gomes, S/N, no Centro de João Pessoa. O arquivo existe há muito tempo, muito antes

da mais antiga documentação encontrada em seu acervo, datada de 1940, pois a Instituição

existe desde 1884, quando já produzia documentos. E mesmo com a mudança constante de

governo e, consequentemente, da nomenclatura e do regulamento da Instituição, a

funcionalidade da escola e a missão - que é a de educar - sempre foram mantidas.

No ano de 2009, a Instituição assinou um convênio com a Universidade Estadual da

Paraíba, que proporciona aos estudantes do Curso de Arquivologia a experiência prática de

trabalho em arquivo na disciplina de Estágio Supervisionado, trazendo para a escola a

operacionalização de suas atividades advindas da organização do seu acervo. Isso tem trazido

benefícios para o arquivo e para os estudantes.

Page 38: Arquivos escolares

37

FOTO 1: Arquivo do Instituto de Educação da ParaíbaFONTE: Dados da Pesquisa (2010).

Em relação às questões referentes ao acondicionamento, à climatização e à iluminação,

percebemos que o arquivo está situado numa região de intenso tráfego terrestre, sujeito a

trepidações, ruídos e poluição. Esses elementos são prejudiciais ao documento, uma vez que

aumentam o processo de degradação de seus suportes.

Bellotto e Camargo (1996, p. 18) chamam à atenção para os “agentes de deterioração”

e a proteção contra eles. A conservação é definida como um “conjunto de procedimentos e

medidas contra agentes de deterioração.” É preciso levar em consideração os fatores internos

e externos que induzem os documentos ao processo de deterioração e, assim, encontrar formas

de acondicionamento que sejam as melhores para protegê-los.

Percebemos que as condições climáticas são desfavoráveis ao processo de preservação

da memória, e que, no arquivo, não existe nenhum equipamento que possa medir e controlar a

temperatura. Além disso, há incidência de luz solar no arquivo e pouca ventilação, o que

também acarreta o processo de degradação dos suportes físicos e atrapalha o trabalho das

pessoas no local.

O pavimento do Arquivo não apresenta nenhuma deformidade, é revestido por

azulejos que, com o tempo, perderam o brilho natural, intensificado pela falta de manutenção,

Page 39: Arquivos escolares

38

a estrutura não corre risco devido ao peso, pois as prateleiras mais completas de documentos

são de alvenaria e presas às paredes, porém não são indicadas para a guarda de documentos,

pois podem provocar umidade ao suporte de papel, que é justamente o suporte utilizado para

registrar as informações contidas no IEP.

FOTO 2: Pavimento e estantes do arquivoFONTE: Pesquisa (2010)

Outro fator que nos chamou à atenção foi a existência de um piano no arquivo, que era

utilizado, segundo informações, em aulas de música, um componente curricular da Instituição

e que hoje não é mais. Porém, mesmo tendo um valor histórico, está se deteriorando, devido à

infestação de cupins, o contato com a radiação solar e à poluição do trânsito advinda das

janelas sempre abertas, que proporcionam tal situação.

Page 40: Arquivos escolares

39

FOTO 3: Piano com defeito, demonstrando o acúmulo de coisas desnecessárias.FONTE: Pesquisa 2010.

Diante do que expusemos a respeito dos agentes responsáveis pela deterioração dos

documentos do arquivo do IEP, concluímos que urge a introdução de políticas de preservação

e suas funções para a integridade da memória. Porém, como destaca Bertoletti (2002, p. 12),

“o que acontece na maioria das nossas instituições que possuem documentos de memória,

sejam elas públicas ou privadas, é que só em situações extremas, quase de catástrofe, se

começa a pensar em um trabalho de preservação dos documentos”.

Através das observações desenvolvidas no arquivo do IEP, identificamos as tipologias

documentais que fazem parte do processo escolar dos discentes. Dentre os processos

analisados, achamos por bem descrever os cinco tipos principais de documentos - aqueles que

são relevantes ao processo escolar, entre os quais podemos destacar: ficha de dados pessoais,

requerimento de matrícula, folha de ocorrências, histórico escolar e xerox de RG ou de

registro civil de nascimento.

Ficha de dados pessoais: Destina-se ao registro de dados pessoais dos alunos

matriculados em qualquer grau de ensino, de acordo com o qual serão preenchidos

os campos conforme a necessidade, especialmente no que diz respeito aos

documentos pessoais. Todos os dados devem ser preenchidos com clareza e

Page 41: Arquivos escolares

40

precisão. Os nomes devem ser registrados por extenso e sem rasuras, sendo

possível evitar ressalvar a rasura.

Requerimento de matrícula: Destina-se à formulação de pedido de matrícula tanto

para o ensino fundamental e o médio quanto para o Supletivo. Deverá ser assinado

pelo interessado ou responsável.

Folha de ocorrências: Destina-se ao registro e ao acompanhamento da vida escolar

do aluno. Devem ser registradas as ocorrências mais significativas, tanto no aspecto

positivo – serviços prestados à escola, à comunidade, etc. - quanto nos negativos

identificados como tal. Poderão ser anotados pareceres descritivos dos conselhos de

classe, manifestações dos professores sobre o desempenho do aluno etc.

Histórico Escolar: É o documento comprobatório dos estudos realizados pelo aluno

e da regularidade da sua vida escolar, o qual lhe possibilita a matrícula, a aceitação

em outro estabelecimento de ensino, em caso de transferência, e o acesso a cada

grau de ensino.

Xerox de RG ou de Registro Civil de Nascimento: Comprova a existência do

indivíduo como sujeito social.

A escrituração escolar constitui-se num serviço de documentação, que diz respeito

não só aos alunos, como também à própria Instituição escolar. A interdependência entre

arquivo e escrituração escolar é um sistema de informações sobre a vida escolar, que envolve

o histórico da permanência do educando e os eventos inerentes à própria escola como

Instituição.

Nos processos referentes à década de quarenta até a década de oitenta, o exame de

tuberculose era um documento de extrema relevância para o processo escolar. Dentre os

documentos que não fazem parte do processo do discente, encontramos o regimento interno

da Instituição, a planta do prédio e cadernetas de frequência de alunos, que já passaram pela

escola.

De acordo com as observações feitas no arquivo, o que chamou à atenção foi o fato de

o acervo ter um valor histórico e social incompleto, devido à falta de sua documentação

Page 42: Arquivos escolares

41

anterior a 1940. Portanto, há uma lacuna no que diz respeito à documentação anterior a essa

data.

5.3 VERIFICANDO O CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO ARQUIVÍSTICA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Na terceira parte da análise, verificamos o cumprimento da legislação arquivística na

Instituição. Para a realização dessa análise, procedemos à entrevista com a supervisora da

Instituição, a funcionária responsável pelo arquivo e a diretora geral.

Ao entrevistar a funcionária mais antiga da Instituição que, atualmente, exerce a

função de supervisora e que já atuou como diretora e professora, nosso objetivo foi o de

buscar informações a respeito da falta dos documentos anterior ao ano de 1940, e ela

respondeu:

PESQUISADORA A respeito da falta dos documentos datados, anterior ao ano de 1940, a senhora teria alguma informação?

SUPERVISORA

Olhe a respeito disso, eu num poderia informar muita coisa não, por quê nesse

tempo eu nem estava aqui ainda, como eu te disse eu só trabalho a 30 anos aqui.

Agora quando eu cheguei aqui, logo depois que o arquivo ficou sem ninguém pra

tomar conta, tinha um diretor que queimou alguns documentos. Talvez, possa ser

que ele tenha queimado os dessa época. Ele poderia informar sobre isso, mas ele

também já saiu daqui há muito tempo e ninguém sabe nem se ele está vivo hoje.

Agora eu num sei se você sabe, mas essa escola já funcionou onde hoje é o Lyceu e

onde é a faculdade de Direito, ali na Duque de Caxias, talvez possa ser que esteja lá.

QUADRO 2: Questão 1 FONTE: Pesquisa 2010.

De acordo com esse relato, percebemos que queimar documentos era uma prática

utilizada na Instituição, para diminuir a massa documental. Isso demonstra o descaso com a

documentação permanente da Instituição por parte de seus gestores anteriores, fato esse

totalmente prejudicial à memória do IEP e da sociedade, pois, com o uso de tais atitudes,

acaba perdendo-se a identidade do cidadão que, outrora, fez parte da escola como aluno ou

como professor.

A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de crimes ambientais - dispõe sobre

as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e de atividades lesivas ao meio

Page 43: Arquivos escolares

42

ambiente e dá outras providências. Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio

Cultural, conforme seu art. 62:

Destruir, inutilizar ou deteriorar:I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Em geral, essas tragédias que apagam os registros das atividades e das experiências de

inúmeras pessoas refletem como uma grande lacuna para a história da educação dos cidadãos

comuns, que procuram a sua identidade como participante da sociedade e, muitas vezes,

devido à falta de cumprimento da legislação por aqueles que estão alheios à importância dada

à memória, não pode encontrar.

Em relação à questão 2, procuramos saber se o arquivo sempre funcionou no mesmo

local em que se encontra atualmente e obtivemos esta resposta:

PESQUISADORA O arquivo sempre funcionou no mesmo local em que se encontra atualmente?

SUPERVISORA

Olhe sempre ele funcionou no mesmo local, isso desde que eu cheguei aqui. Isso já

faz o quê? Já faz uns trinta anos que eu to por aqui, agora se já funcionou em outro

local foi antes d`eu chegar. Logo quando eu cheguei existia uma pessoa trabalhando

lá, era uma arquivista. Agora ela não tinha esse curso que você tem não. Ela era

formada em pedagogia, mas arrumava direitinho. Ela trabalhou muitos anos, ela

faleceu. Aí depois não mandaram mais ninguém e eu nunca mais ouvi dizer que

pediram arquivista em concurso de educação pra cá. Agora, antes quando tinha

concurso sempre vinha um arquivista, ela foi a última. Tem uma menina

trabalhando lá, mas não é efetiva daqui não, é só um contrato. Mas ta arrumano

direitinho. Deveria, quando tivesse concurso chamar arquivista, não é? Por que

logo agora que se precisa tanto não é?

QUADRO 3: Questão 2 FONTE: Pesquisa 2010.

O depoimento da entrevistada expressa que o arquivo sempre funcionou no local onde

se encontra atualmente e que, na Instituição, havia uma pessoa com a função de arquivista,

trabalhando no arquivo. Essa informação também foi constatada ao verificarmos o regimento

da Instituição. Em 1930, havia a função de amanuhense arquivista, nome empregado a todo

aquele que trabalhasse com arquivo escolar.

Page 44: Arquivos escolares

43

Na entrevista feita com a funcionária responsável pelo arquivo, constatamos que ela

trabalha na Instituição há seis meses, como prestadora de serviços, é graduada em Pedagogia,

porém, nunca participou de um curso de capacitação para trabalhar na organização dos

arquivos. E realiza o trabalho da maneira que acha conveniente, para encontrar soluções para

os problemas que encontra. Notamos que se esforça, no sentido de melhorar o ambiente de

trabalho e a organização dos documentos. Porém, trabalha de uma maneira incorreta, não por

querer, mas por não conhecer os procedimentos da área arquivística.

Quando perguntada sobre quais as maiores dificuldades encontradas no arquivo, ela

relatou:

PESQUISADORA Quais foram as maiores dificuldades encontradas no arquivo?

FUNCIONÁRIA

RESPONSÁVEL PELO

ARQUIVO

A dificuldade maior foi a sujeira. Quando eu cheguei por aqui tive que por a

mão na massa mermo e limpei, lavei, tirei as teia de aranha. Só depois que eu

limpei foi que consegui começar a trabalhar. Arranjei a mesa para poder começar

e estou sempre mudando alguma coisa. Tem os estudantes da universidade, que

tem me ajudado bastante. Ontem estava horrível aqui, peguei meti água e lavei,

até a estagiária falou que não podia, mas eu vou fazer o quê? Se deixar sujo é

pior. Olhe, é a primeira vez que trabalho num arquivo, mas eu sei que quando eu

sair, vou deixar alguma diferença de quando eu cheguei.

QUADRO 4: Questão 3 FONTE: Pesquisa 2010.

Esse relato demonstra que a Instituição necessita da presença de um profissional

graduado ou com experiência na área, para definir, através de normas arquivísticas, as

atividades e rotinas do arquivo, visando oferecer um tratamento adequado para as informações

contidas no arquivo.

Para que os procedimentos arquivísticos sejam bem aplicados no arquivo, devem ser

executados por um profissional capacitado, como cita Bellotto (2006, p. 31):

O arquivista tem sido chamado justamente a “melhor assegurar a conservação dos documentos para o historiador futuro, a estabelecer seu controle sobre as eliminações dos papéis pelas administrações e a tomá-los a seu encargo cada vez mais cedo: portanto, a colaborar de forma mais estreita com a administração.”

No que tange ao modo como os documentos são organizados, tivemos a seguinte

resposta:

Page 45: Arquivos escolares

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PESQUISADORA De que modo os documentos são organizados?

FUNCIONÁRIA

RESPONSÁVEL

PELO ARQUIVO

Este arquivo é muito rico para a história, existe documentos de longas datas. Está em fase de organização, mas ainda tem muita coisa pra fazer. Eu tou organizando por ano e por série. Os estagiários também tão me ajudando muito, graças a Deus. Mas, mesmo tendo começado a organizar, ainda é difícil encontrar alguns documentos, porque não terminou o trabalho todo, mas já melhorou muito.

QUADRO 5: Questão 4 FONTE: Pesquisa 2010.

De acordo com o relato da entrevistada, percebemos que o arquivo está passando por

um processo de organização de seus documentos e ainda há certa dificuldade, no que diz

r7espeito à busca pelas informações, pelo fato de o processo de organização dos documentos

ainda não ter sido concluído.

O Parecer 903, de 14 de outubro de 1965, do Conselho Federal de Educação (apud

FEIJÓ, 1988, p.62) define arquivo escolar como

[...] o conjunto ordenado dos papéis que documentam e comprovam os fatos relativos á vida escolar. E diz ainda que os documentos constituem arquivo quando encontram-se guardados em satisfatórias condições de segurança, apresentando-se classificados e ordenados de modo a tornar fácil e rápida a sua localização e consulta. (grifo nosso)

De acordo com o parecer, é necessário que os documentos que comprovam os fatos

relativos à vida escolar apresentem uma organização que facilite a sua localização e consulta.

Só através de uma organização adequada no arquivo escolar é que os seus usuários poderão

obter um acesso rápido e preciso de suas informações.

Page 46: Arquivos escolares

45

FOTO 4: Estagiários instrumentalizando o arquivoFONTE: Dados da Pesquisa (2010).

As observações realizadas e os depoimentos apresentados nas entrevistas comprovam

a existência de um grupo de estagiários (alunos da UEPB, JP), para cumprimento do

componente curricular Estágio Eletivo, que está higienizando e organizando os documentos.

Eles recebem total apoio da Instituição e, aos poucos, vão percebendo a urgente necessidade

de organizar a informação, já que ela não só pertence à Instituição como também à sociedade.

Porém, segundo os dados coletados, percebemos que as dificuldades maiores se encontram na

falta de material de trabalho direcionado à Instituição, no que diz respeito ao tratamento do

arquivo. Isso foi exposto quando a diretora da Instituição falou sobre a prestação de serviço

do arquivo para a sociedade:

PESQUISADORA Acha importante que o arquivo preste serviço à sociedade?

DIRETORA

GERAL DA

INSTITUIÇÃO

Acho muito importante que o arquivo preste serviço a sociedade. Inclusive já veio um grupo de estudantes da UFPB, pesquisar aqui no nosso arquivo. Eles encontraram muitos documentos para realizar a sua pesquisa. Levaram até fotos que conseguiram encontrar no arquivo de uma pessoa importante para a história da Paraíba, que tinha estudado aqui. Aquí as portas sempre estão aberta para quem quiser pesquisar alguma coisa aqui. O problema é que para encontrar os documentos demora um pouco. Mas tem um grupo de 15 alunos da UEPB fazendo um trabalho de organização no arquivo.

Page 47: Arquivos escolares

46

De seis em seis mês muda, mas sempre estão aqui. E depois que o pessoal passou a vir fazer esse trabalho o arquivo a cada seis mês muda pra melhor e eu espero ter mais pessoas aqui pesquisando e espero também que os estudantes daqui possa ver que o arquivo é importante pra todo mundo. Olhe o problema também é a condição financeira da nossa escola. Quase não vem material destinado a cuidar arquivo. Tanto é verdade que eu tive de pegar e comprar 500,00 R$, do meu próprio bolso para comprar materiais que estava precisando no arquivo. Por quê como era que o pessoal ia guardar os documentos sem pasta? Eu tive que comprar as pastas.

QUADRO 6: Questão 5 FONTE: Pesquisa 2010.

O relato da diretora da Instituição expressa que tanto os pesquisadores quanto

estagiários que realizam atividades no arquivo têm total apoio da gestão da escola. Porém a

dificuldade maior está relacionada à falta de recursos financeiros destinados ao arquivo para

facilitar o trabalho de organização e do tratamento dos documentos.

Em relação à falta de recursos financeiros e materiais e de mão de obra especializada

para o trato da documentação, Bonato (2005, p.210) afirma:

A falta de recursos financeiros e materiais, de mão-de-obra especializada para o trato da documentação, provocando o manuseio inadequado, vêm aliar-se aos fatores relacionados. Fica evidente que a forma de preservação e conservação da documentação por parte das escolas podem constituir-se uma barreira no processo de pesquisar em seus arquivos.

5.4. IDENTIFICANDO AS DIFICULDADES DE BUSCA INFORMACIONAL

Ao levantar dados com o pesquisador a fim de saber se ele já havia visitado o arquivo

do IEP, quando realizava pesquisas na Instituição, ele afirmou:

PESQUISADORA Quando realizava a pesquisa na Instituição, chegou a visitar o arquivo?

PESQUISADOR ENTREVISTADO

Fui, só que não deu para colher muitas informações por que quando eu tava fazendo a pesquisa o arquivo estava todo desorganizado, não sei se hoje a situação ainda é a mesma, mas naquele momento era. Estava de uma forma que não oferecia condições para a realização da pesquisa ali naquele local. Pra você ter uma ideia, estava mais parecido com um depósito do que com um arquivo. Tinha cadeiras quebradas guardadas no arquivo. Tinha um piano velho. Não tinha nenhum funcionário trabalhando no arquivo, como arquivista e aí então resolvi fazer a coleta de algumas informações com funcionários, mas não obtive muito êxito. Então como eu te falei, ia a procura de outras fontes.

QUADRO 7: Questão 6 FONTE: Pesquisa 2010

Page 48: Arquivos escolares

47

De acordo com a opinião do entrevistado, um dos problemas que impossibilitou a

realização de sua pesquisa no arquivo do IEP, na época em que estava colhendo os dados na

Instituição, foi a desorganização do local. Segundo as observações feitas no próprio arquivo

atualmente, foi iniciado um processo de organização dos documentos que ainda não foi

concluído. Porém, o arquivo tem sofrido, a cada momento, modificações que ocasionam o seu

melhoramento, quando tratamos de sua organização. Essa prática foi confirmada quando a

diretora da Instituição relatou que hoje existe uma pessoa trabalhando no arquivo e um grupo

de estagiários da universidade (UEPB- JP) realizando atividades práticas no arquivo que, em

sua opinião, “tem ganhado uma cara nova”.

Quando perguntada sobre o uso ou tentativa de uso do arquivo como objeto de

atividades extracurriculares ou interdisciplinares, a professora entrevistada assim declarou:

PESQUISADORA Já utilizou o arquivo em atividades extracurriculares ou interdisciplinares?

PROFESSORA

ENTREVISTADA

Não. Eu nunca tentei porquê o arquivo desde que eu cheguei por aquí não estava nem ainda está organizado a ponto de receber os alunos. Era um local que só vivia fechado. Agora é que estão tentando organizar. Mas eu acho muito interessante essa ideia, acho que até despertará na cabecinha de cada um, um pouquinho da importância dos documentos antigos e de como é importante guardar e organizar os documentos direitinho e isso é muito bom.

QUADRO 8: Questão 7 FONTE: Pesquisa 2010.

Percebemos que um dos fatores que impedem o uso do arquivo como objeto de

atividades extracurriculares ou interdisciplinares é o fato de ele ter estado fechado e

desorganizado durante muito tempo. Mesmo com o início do processo de organização, ainda

se vê um indício de desorganização.

Um fato que chamou a atenção em relação aos dados coletados foi o relato da

professora a respeito da importância de utilização do arquivo para a sociedade:

PESQUISADORA Acha importante a utilização do arquivo para a sociedade?

Page 49: Arquivos escolares

48

PROFESSORA ENTREVISTADA

O arquivo é muito importante. Ele é o coração da escola. Lá está tudo registrado sobre quem passou por aqui. Acho muito importante a sua utilização, porquê as pessoas precisam refletir sobre a tradição da escola e lá tem todos os dados, como era no tempo de cada um. Olhe só, um dia um senhor apareceu por aqui a procura de um documento, que comprovasse que Ele tinha estudado aqui, porque parece que a família não acreditava e quando ele falava o pessoal ria. E com isso ele ficou perturbado e veio procurar o tal documento. E isso levou bastante tempo, mas até que enfim alguém encontrou todo o processo escolar dele. Tudo que comprovava que ele realmente tinha passado por aqui. Ah, ele saiu pulando de alegria e até se emocionou e falou bem assim: Ah, agora eu quero ver quem é que vai duvidar que eu estudei aqui. È o povo acha que porque tenho essa idade, eu preciso ser além de velho burro também. Eu posso ser velho, mas doido e burro não sou não.

QUADRO 9: Questão 8 FONTE: Pesquisa 2010.

Esse discurso denota que o arquivo permanente, em especial, “o arquivo do IEP”, é

um local que servirá de fonte de pesquisa não apenas para o pesquisador, que irá em busca

dos grandes personagens famosos da história do nosso Estado, mas também para o

pesquisador comum, que estudou na escola e irá em busca do documento, que comprovará a

sua passagem pela Instituição, retratando a memória dos tempos de juventude e de

escolarização vivido na Instituição. Sobre isso, Menezes (2005, p. 4) afirma refere:

Os documentos comprobatórios do cotidiano da Instituição escolar constituem registros que foram produzidos “por instituições ou indivíduos singulares”. o que pode ocorrer, em alguma medida, em documentos oficiais, como atas ou relatórios, por exemplo – tais documentos registram e constituem a cultura material escolar, específica daquela Instituição, e que “modela e é modelada pela cultura social”

O arquivo, entre tantas outras ações, é um elemento comprovador dos valores e das qualidades

dos indivíduos, expostos através de seus documentos, o que desperta a dignidade e a valorização das

atitudes registradas em seus suportes.

Sobre a memória, Fonseca (1998, p. 71 APUD GONÇALVES FILHO 1992, p. 45) afirma:

A memória pode ser compreendida e experimentada como um esforço que age contra a corrente. Pode despertar a dignidade e o ânimo contra a humilhação. Pode buscar valores e qualidades nas pessoas e nas coisas. Pode devolver a relação profunda com a experiência humana.

Page 50: Arquivos escolares

49

Isso nos mostra que o arquivo permanente escolar é algo bastante importante, na

comprovação dos fatos ocorridos na história dos indivíduos sociais, porém, algo que chamou

a atenção no relato da professora é o tempo que essa informação levou para ser encontrada.

A entrevistada não estima a quantidade de tempo necessário, que levou desde o

momento de solicitação do documento por parte do usuário até o momento em que o processo

escolar foi encontrado. Mas, de acordo com a expressão, percebemos que levou bastante

tempo para a documentação ser encontrada, porque o arquivo não se encontrava organizado,

para que seus usuários tivessem facilidade de buscar as informações. Um arquivo permanente

tem que manter suas informações organizadas de modo que possibilite a transferência da

memória coletiva.

Fonseca (1998, p. 26) ressalta que “o papel primordial que compete aos arquivos hoje

e que justifica a sua existência ao lado da sociedade é agregar uma função social às ações que

desenvolvem, às informações que produzem e transferem à memória coletiva que preservam.”

Observamos que, no arquivo, não existem atividades de descrição que visam à elaboração

de instrumentos de pesquisa que facilitariam o acesso e a difusão dos documentos de arquivo.

Nesse sentido, Schellenberg (2004, p. 313) enuncia:

Ao realizar esse trabalho, o arquivista se inteira da procedência, do conteúdo, do arranjo e do valor dos papéis. Esses dados são por ele registrados em instrumentos de busca que servem a um duplo propósito: a) tornar os papéis conhecidos às pessoas que possam vir a se interessar pelos mesmos; b) facilitar ao arquivista a pesquisa.

Percebemos que, para que as atividades de descrição sejam inseridas no arquivo, é

necessário que ele esteja organizado, para facilitar a busca das suas informações.

De acordo com os dados colhidos na entrevista com a pessoa responsável pelo

arquivo, percebemos que ela acha o arquivo muito importante para a memória e iniciou a sua

organização. Porém esse processo levará bastante tempo, mesmo contando com a ajuda dos

estagiários do Curso de Arquivologia da Universidade (UEPB- JP), e mesmo tendo iniciado o

processo de organização, ainda é difícil a busca, visto que o trabalho está em fase de

conclusão. Contudo, vem percebendo uma grande melhoria no arquivo e a necessidade de se

contratar um profissional da área.

5.5 IDENTIFICANDO A IMAGEM DO ARQUIVO DO IEP POR MEIO DE SUA

COMUNIDADE ESCOLAR

Page 51: Arquivos escolares

50

Procuramos verificar a imagem que os participantes (quatro funcionários e um

pesquisador) têm do arquivo. O pesquisador entrevistado sobre a importância do arquivo do

IEP, para a memória institucional e social da educação paraibana, expressou a seguinte

opinião a respeito:

PESQUISADORA Acha o arquivo importante para a memória institucional e social?

PESQUISADOR ENTREVISTADO

“Acho importantíssimo. Porém, as informações contidas no arquivo têm que estarem organizadas, para poder oferecer acesso, para todo aquele que busca informações. Conhecendo a história da Paraíba, como conheço, posso considerar aquele arquivo como um patrimônio histórico. Porém, é preciso implantar políticas, que possibilitem o acesso e que o organize como tal, desenhando uma nova roupa para que ele possa vestir e a sociedade possa ver.”

QUADRO 10: Questão 9 FONTE: Pesquisa 2010

Para o pesquisador entrevistado, o arquivo do IEP é bastante importante, porém

entende que, só com a implantação de políticas de organização e de acesso, o arquivo

conseguirá passar essa imagem para a sociedade. Isso significa que a imagem que o

pesquisador tem do arquivo é a de um ambiente que contém informações importantes,

relacionadas à memória social e institucional, mas que precisa de cuidados, para facilitar o

acesso de suas informações a todos quanto dela necessitem.

Para a professora participante da pesquisa, o arquivo “é o coração da escola”, onde

estão todos os registros das pessoas que passaram na Instituição. De acordo com os relatos,

tanto para a funcionária do arquivo quanto para a professora, o arquivo se coloca como algo

importante para a história e para os que fazem e fizeram parte da Instituição.

No que diz respeito à pergunta sobre a importância do arquivo como memória

institucional e social, obtivemos da supervisora entrevistada esta resposta:

PESQUISADORA Qual a sua opinião sobre a importância do arquivo como memória institucional e social?

SUPERVISORA

Acho muito importante o arquivo, pois ali, está a história de todo mundo que passou por aqui. Só que o problema é que muitos estudantes daqui não dão valor por que não sabe nem que existe. Agora, se eles soubesse, talvez a coisa mudasse e passasse a dar mais valor. Olhe nós que trabalhamos aqui, sabemos que no

Page 52: Arquivos escolares

51

arquivo existe muitos documento importante e antigo, mas se você for procurar saber, os que estudam aqui não sabem disso.

QUADRO 11: Questão 10 FONTE: Pesquisa 2010.

De acordo com o depoimento da supervisora, podemos perceber que o arquivo se

posiciona como algo importante, mas não tem muita importância para os alunos do IEP. Isso

se deve ao fato de os estudantes desconhecerem sua existência, o que mostra que a imagem

que o arquivo lhe passa é de um local importante para a memória de todos que fizeram parte

da Instituição, porém faltam informações sobre ele para os discentes que estudam no IEP.

Para verificar a imagem que os alunos têm do arquivo do IEP, aplicamos um

questionário com perguntas fechadas, na turma do 3º ano, numa sala composta por 32 alunos,

onde, apenas 24 estavam presentes, cujos resultados foram os seguintes:

TABELA 4: Você sabe o que é um arquivo? %

“Lugar de armazenamento e acesso a documentos-informações importantes para uma pessoa ou Instituição ao qual pertence, e para a sociedade”

73%

“Depósito de Documentos” 24%

“Lugar onde guardo aquilo que não estou utilizando, no momento” 3%

TABELA 4: Você sabe o que é um arquivo?FONTE: Dados da pesquisa 2010.

A tabela 4 mostra que 3% do total dos alunos pesquisados escolheram a alternativa: “Lugar

onde guardo aquilo que não estou utilizando”; 24% responderam: “Depósito de documentos,

no momento”; e 73% optaram por marcar a alternativa: “Lugar de armazenamento e acesso a

documentos e informações importantes para uma pessoa ou Instituição ao qual pertence e

para a sociedade”. Essas respostas nos permitem analisar que a maioria dos alunos tem

informação a respeito do que realmente é um arquivo e que ele é um lugar de armazenamento

e de acesso a informações.

Page 53: Arquivos escolares

52

Na tabela 5, podemos verificar se os alunos conhecem o arquivo do IEP:

TABELA 5: Você conhece o arquivo do IEP? %

Não 87%

Sim 13%

TABELA 5: Você conhece o arquivo do IEP?FONTE: Dados da pesquisa 2010.

Na tabela 5, acima, em relação ao conhecimento dos alunos sobre o arquivo do IEP,

verificamos que 87% não conheciam o arquivo, e apenas 13% o conheciam. Isso nos mostra

que a maioria dos alunos não conhece o arquivo da Instituição, o que é algo preocupante, no

que diz respeito à valorização da memória, e que quase todos eles nunca visitaram o arquivo.

Na tabela 6, verificamos se os alunos sabem onde fica o arquivo da Instituição.

TABELA 6: Sabe onde fica? %

Não 79%

Sim 21%

TABELA 6: Sabe onde fica?FONTE: Dados da pesquisa 2010.

A tabela 6 mostra que 79% dos pesquisados (a maioria) não sabem onde fica o

arquivo, e apenas 21% sabem. Algo que nos chama a atenção é o fato de que, na tabela 5, a

quantidade de alunos que conhece o arquivo é de 13%, o que denota que nem todos os 21%

que sabem onde fica o arquivo o conhecem. Ou seja, dos 21% que sabem onde o arquivo está

localizado, 4% não o conhecem, apenas sabem onde se localiza. Os dados acima nos

mostram que estão de acordo com o depoimento da inspetora participante da entrevista,

quando ela afirma que muitos dos estudantes que existem na Instituição não sabem da

existência do arquivo.

Page 54: Arquivos escolares

53

A tabela 7 apresenta a opinião dos alunos, quanto ao interesse em conhecer o arquivo.

TABELA 7: Gostaria de conhecê-lo? %

Sim 83%

Não 17%

TABELA 7: Gostaria de conhecê-lo?FONTE: Dados da pesquisa 2010.

Os resultados expressam que 85% dos pesquisados gostariam de conhecer o arquivo do

IEP, e apenas 17% não gostariam de conhecê-lo. Assim sendo, podemos avaliar que, de 24

alunos que responderam ao questionário, apenas quatro não querem conhecer o arquivo, o que

mostra que os alunos desejam ou têm curiosidade de conhecer o arquivo.

De acordo com a tabela 8, podemos analisar a opinião dos discentes em relação ao que

eles acham o que é guardado no arquivo.

TABELA 8: O que você acha que é guardado no arquivo do IEP? %

Documentos importantes que dizem respeito à memória da Instituição. 92%

Papéis velhos 8%

Outros 0%

TABELA 8: O que você acha que é guardado no arquivo do IEP?FONTE: Dados da pesquisa 2010

No que concerne à pergunta “O que você acha que é guardado no arquivo?”, 92%

escolheram como resposta a alternativa “Documentos importantes que dizem respeito à

memória da Instituição”; 8% optaram pela alternativa “Papel velho”, e nenhum pesquisado

escolheu a alternativa “outros”. Portanto, quase todos os estudantes acham que, no arquivo,

são guardados documentos importantes que dizem respeito à memória da Instituição, o que

significa que a maioria tem consciência do que realmente é guardado no arquivo do IEP.

Page 55: Arquivos escolares

54

De acordo com a tabela 9, podemos verificar o percentual de alunos que sabem da data

de fundação da Instituição.

TABELA 9: Você sabe o ano em que a Instituição foi fundada? %

Não 83%

Sim 17%

TABELA 9: Você sabe o ano em que a Instituição foi fundada?FONTE: Dados da pesquisa 2010.

Na tabela acima, verificamos que 83% do percentual da amostra pesquisada não sabem

o ano em que a Instituição foi fundada, apenas 17% têm conhecimento sobre isso, o que

mostra a necessidade de informação sobre a história da Instituição por parte de seus alunos.

A tabela 10 expressa a importância histórica da Instituição para os discentes.

TABELA 10: Você considera a Instituição importante para a História? %

Sim 100%

Não 0%

TABELA 10: Você considera a Instituição importante para a História?FONTE: Dados da pesquisa 2010.

A tabela acima nos mostra que 100% dos entrevistados consideram o arquivo

importante para a História, mesmo sem saber o ano de sua fundação.

Em relação aos alunos que optaram pela alternativa “sim”, foi pedido para dizerem o porquê,

e eles expuseram os motivos reais que os levavam a considerá-la como tal. O quadro abaixo delineia,

a partir da própria escrita dos envolvidos, o motivo que os levou a considerar a Instituição

importante para a memória, considerando que, dos 24 alunos que responderam ao questionário,

apenas 12 justificaram a sua resposta.

“Por que existe a mais de 100 anos e por isso faz parte da história da Paraíba.”

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55

“Por que é uma escola tradicional e que já estudou muitas pessoas.”

“Por que é uma escola de formação de professores.”

“ Por que faz parte da história de nossas vidas.”

“ Por já passaram por aqui, muitas pessoas importantes.”

“ Por que a minha mãe estudou aqui e por isso é importante para a memória.”

“ Por que faz parte da história da Paraíba.”

“ Por que existe há muito tempo e é importante para a vida dos nossos parentes.”

“ Por que já passou por aqui, muitos professores importantes.”

“ Faz parte da história.”

“ Ela forma muitos professores.”

“ Minha mãe e minha tia estudou aqui e por isso é importante para a memória.”

QUADRO 12: O motivo de considerarem a Instituição importante para a HistóriaFONTE: Pesquisa (2010).

De acordo com as respostas dos alunos, podemos perceber que há certa valorização da

memória inserida no imaginário das pessoas a respeito do arquivo e do IEP. Porém elas não o

conhecem por completo, embora saibam o que é e o que é guardado nele. Podemos perceber

que, diante dos depoimentos dos funcionários entrevistados e das alternativas de respostas do

questionário, escolhidas pelos alunos, o arquivo passa a imagem de algo importante para a

sociedade, porém não é conhecido pela maioria dos estudantes que fazem parte da Instituição

e pouco ou nada é utilizado por eles, como, por exemplo, em atividades extracurriculares, por

abandono e falta de organização.

Essa falta de conhecimento do arquivo pode ter sido agravada pelo fato de a

Instituição não ter o hábito de trabalhar com a informação na perspectiva da cultura e da

introdução à pesquisa utilizando fontes primárias. Marteleto (1995, p 90) entende que cultura

e informação “são conceitos fenômenos interligados pela sua própria natureza.” E como são

interligados, é importante que se trabalhe com os fenômenos em conjunto, para se obter um

bom resultado.

5.6 VERIFICANDO A EXISTÊNCIA DE DIFUSÃO CULTURAL DO ARQUIVO E DA

MEMÓRIA INSTITUCIONAL ESCOLAR DO IEP

Page 57: Arquivos escolares

56

De acordo com as observações feitas e com as entrevistas e os questionários aplicados,

foi possível identificarmos a não existência de difusão cultural do arquivo e da memória

institucional.

O valor do arquivo escolar, como patrimônio, só atinge todo o seu potencial se chegar

aos cidadãos através de programas de organização e difusão, aproximando não apenas o

pesquisador do arquivo, mas os alunos da escola, como também o cidadão comum, que vem

em busca de informações comprobatórias de sua vida escolar.

Algo que chamou bastante a atenção foi o depoimento da funcionária responsável pelo

arquivo, ao responder à seguinte pergunta: “Em sua opinião, o arquivo é importante para a

sociedade e para a Instituição?”, para a qual ela afirma:

PESQUISADORA Em sua opinião, o arquivo é importante para a sociedade e para a Instituição?

FUNCIONÁRIA RESPONSÁVEL PELO ARQUIVO

Olhe, o arquivo é importante, mas só, que parece que quase ninguém sabe que ele existe. Eu falo isso não é só me referindo a sociedade, que tá de fora não. Eu falo isso dos alunos daqui. Por que vejo que os alunos, quando sobem aqui se surpreende, eles chegam e falam: Ah e existe isso aqui? O que é isso? É um arquivo por aqui? Meu sonho, se eu ficar por aqui, por mais seis meses, que eu num sei; é fazer uma exposição de alguns documentos antigos e dá uma palestra falando do arquivo

QUADRO 13: Questão 11 FONTE: Pesquisa 2010.

Isso nos mostra que, mesmo não conhecendo profundamente os métodos arquivísticos

adequados e necessários ao arquivo, a pedagoga responsável pelo arquivo tem a percepção da

necessidade de se implantarem políticas de difusão cultural do arquivo, para que o mesmo

possa ser utilizado, conhecido e valorizado.

Bellotto (2005) refere que as atividades culturais e educativas desenvolvidas nos

arquivos escolares têm a função de transformá-los em bens sociais e populares da

comunidade, porquanto servem de fonte educativa, não apenas para os pesquisadores e

historiadores, mas também para os cidadãos comuns e, em especial, para os alunos.

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57

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A priori, os objetivos levantados na presente pesquisa foram fundamentais para os

resultados alcançados nas análises.

Ao caracterizar o arquivo, percebemos, através de observações e de relatos, a falta do

conhecimento e do cumprimento da legislação arquivística por parte da Instituição. Porém,

percebemos também que a funcionária responsável pelo arquivo, mesmo sem ter

conhecimento na área arquivística, tem se esforçado no sentido de organizá-lo e tem

consciência de sua importância e da função social que ele desempenha, que só se realiza

através da difusão cultural e educativa. Percebemos também que o arquivo não oferece meios

adequados de preservação e de conservação dos documentos, fator prejudicial à memória da

Instituição.

A análise dos dados da pesquisa apontou, ainda, que a falta de recursos financeiros

disponibilizados pelo poder público dificulta o trabalho de organização do arquivo e

impossibilita a compra de materiais necessários para a execução dos trabalhos relacionados à

sua organização.

No que diz respeito à identificação das dificuldades de busca informacional,

percebemos que a falta de organização do arquivo é um dos fatores que ocasionam os

problemas, que o arquivo passa por um processo de organização de suas informações e que os

resultados positivos começam a ser notados. Porém, como o processo ainda não foi concluído,

apresenta, ainda, algumas dificuldades, na busca pelas informações, pois, enquanto o arquivo

não estiver totalmente organizado, em relação as suas informações, não é possível descrever

os documentos existentes nele nem elaborar instrumentos referenciais para melhorar a busca

das informações e sua difusão cultural. Constatamos também a necessidade de um

profissional arquivista, ou mesmo um profissional com experiência na área.

De acordo com as entrevistas feitas tanto aos funcionários quanto ao pesquisador,

percebemos que esses profissionais são conscientes a respeito da importância do valor do

Arquivo do IEP como o lugar da memória institucional e social.

Os resultados dos dados obtidos com os estudantes demonstraram que a maioria dos

alunos sabem da existência do arquivo e de sua importância, porém não o conhecem, pois

nunca o visitaram. Todavia, chamou a atenção o fato de os funcionários da Instituição

perceberem que desconheciam o arquivo. Sob nosso ponto de vista, esse fato remete à falta do

hábito por parte da Instituição em termos de gestores e educadores, de se trabalhar em

pesquisas escolares com informação de dados primários relacionados com a história

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institucional, como estratégia pedagógica e meio de enriquecimento do conhecimento, e de

fomento ao sentimento de pertencer à comunidade e ao fortalecimento da autoestima.

Conseguimos identificar, de acordo com os dados coletados, que não existem políticas

de difusão cultural no arquivo, para dar visibilidade à memória institucional escolar, e que a

implantação de políticas de difusão da memória institucional valorizaria o arquivo e a

Instituição. Porém é necessário, antes de tudo, concluir o processo de organização do arquivo,

pois, só assim, será possível descrever as informações existentes e dar início à elaboração de

instrumentos de pesquisa, algo que se coloca como ferramenta no processo de disseminação

das informações.

A pesquisa revelou também que a “importância do arquivo escolar permanente do IEP,

como guardião e disseminador da memória institucional e social” permanece ainda no plano

teórico, pois não se revelou, ainda, em ações gerencias concretas em busca da melhoria do

acesso ao seu acervo informacional para os usuários.

Nesse sentido, sugerimos que a Instituição providencie profissionais especializados na

área arquivística ou com experiência na área de arquivo, para atuarem em seu arquivo. Diante

disso, devemos levar em consideração que as informações contidas no arquivo são

sobremaneira importantes para a memória institucional e social, razão por que essas mesmas

informações devem receber um tratamento adequado e com condições de serem acessadas por

todos aqueles que delas necessitem.

Page 60: Arquivos escolares

59

REFERÊNCIAS

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Page 63: Arquivos escolares

62

APÊNDICE

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS V – JOÃO PESSOA

Meu nome é Janaína, sou concluinte do curso de Arquivologia da UEPB e este questionário, servirá como instrumento de análise da pesquisa, que será o trabalho de Conclusão do Curso. Não se preocupe, pois todas as informações serão mantidas em sigilo absoluto.

QUESTIONÁRIO

1 Idade:

( ) +18 anos ou a partir ( ) + de 22 anos ou a partir ( ) – de 18 anos

2 Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

3 Você sabe o que é um arquivo?

( ) Lugar onde guardo aquilo que não estou utilizando, no momento;

( ) Depósito de documentos;

( ) Lugar de armazenamento e acesso a documentos-informações importantes para uma pessoa ou instituição à qual pertence, e para a sociedade.

4 Você conhece o arquivo do IEP?

( )Não ( ) Sim

5 Sabe onde fica?

( )Sim ( )Não

6 Gostaria de conhecê-lo?

( )Sim ( )Não

Por quê?........................................................................................................................

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...........................................................................................................................

7 O que você acha que é guardado no arquivo do IEP?

( ) Documentos importantes que dizem respeito à memória da instituição.

( ) Papéis velhos

( ) Objetos da Escola: cadeiras, livros, quadros, apagadores, Etc.

8 Você sabe o ano em que a instituição foi fundada? ( )Sim ano............... ( )Não

9 Você considera a instituição importante, para a História?

( ) Sim ( ) Não Por quê?............................................................................................................

...........................................................................................................................

10 Há quanto tempo estuda na instituição?

( )Há menos de 3 anos ( )Há mais de 3 anos

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RELATÓRIO DE CAMPO

TRAJETÓRIA

Realizamos a coleta dos dados da pesquisa no período de 30 de outubro a 09 de

novembro.

No dia 30 de novembro, houve a identificação da pesquisadora na Instituição

pesquisada, onde ela entregou a declaração que a identificava como aluna da UEPB. Nos

demais dias posteriores, houve os finais de semana e o feriado do dia 02 de novembro, que

impediram a coleta dos dados, porém foi continuada no dia 03 de novembro.

Nesse dia, houve foi aplicado um questionário na turma de alunos do 3º ano, no turno da

manhã, composta por 32 alunos, que começou às 09h00min e terminou às 9h30min, e da qual

participarem 24 alunos que estavam presentes. Em seguida, procedemos à entrevista, com a

funcionária mais antiga da Instituição, que trabalha na função de inspetora, com uma

professora e com a diretora da Instituição. Para auxiliar a coleta dos depoimentos nas

entrevistas, tivemos o auxílio de um MP4, onde foram gravadas as entrevistas, para posterior

prescrição. Porém, em uma das entrevistas, o aparelho apresentou defeito. Então, tivemos que

anotar minuciosamente as falas dos entrevistados, fato que ocasionou a perda de tempo, razão

por que não foi possível concluirmos a coleta dos demais entrevistados. As entrevistas, nesse

dia, foram concluídas às 11h50min.

No dia 04 de novembro, não realizamos a entrevista com a funcionária responsável

pelo arquivo, pois ela faltara ao trabalho, por motivos pessoais. O pesquisador, que seria

entrevistado nesse dia, havia viajado e só retornaria no dia 08 do mesmo mês.

No dia 05, não houve expediente na escola, pois foi entregue para a realização do

ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), impossibilitando a realização da entrevista com a

funcionária do arquivo.

No dia 08 de novembro, realizamos a entrevista com o pesquisador, que tinha utilizado

a Instituição. Nesse dia, fizemos a entrevista às 13h00min, em seu domicílio, na cidade de

Santa Rita, neste estado, a qual terminou às 13h55min. Nesse dia, não foi possível entrevistar

a funcionária do arquivo, por motivo de a pesquisadora ter que trabalhar nesse dia e por estar

um pouco atrasada.

No dia 09 de novembro, fizemos a entrevista com a funcionária responsável pelo arquivo, no

arquivo da Instituição, a qual teve início às 13h15min e foi finalizada às 14h05min.

Terminadas as coletas dos dados, tínhamos em mãos subsídios para analisar os dados.