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texto para Tecn de Entrevistas 2 - Salesiana 2011

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  • 5/11/2018 Arte de Tecer o Presente_cremilda 0001

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    Dona Arminda, a guerreira do bazar da praco Buenos Aires,continuo olimpicn e eficiente no qestdo do seu neqocio neste janeiroquente de 2003. E bern verdode que perdeu a companheiro; Arnaldanindo est6.00 seu Indo, mas a velha dam a des miudezas permaneceflrrne na decisdo de atender seus fregueses. Nunca contratou funcio-ndrios e faz as contos em qualquer plano econ6mico brasi leiro ali nobieo de pena, au melhor, na esferogrMica e no lucidez da matem6ti-co do cotidiano. Mais 0 controle de qualidade que ela garante noproya dos nove...

    amergulho nesto historic e de outros moradores de Hiqienopo-lisdeu suporte a minha tese de doutorado, defendida no Oniversidadede 5(10 Paulo, em 1986. Antes de entrar na defesa conceitual do Dui-l o go po ssi ve l, era precise tecer a narrativa do presente, experimen-tando a linguagem dial6gica. A saga da dona Arminda se comp6eam outros an6nimos (textos ineditos) para mostrar, encenar, mais doque demonstrar, 0 eixo teorico que d6. 0 t itulo do tese: Modo de set,mo'dizer.

    Nesse, como em qualquer outro momento ccademico, as fias daC l < .1 pr6.t ieae as da reflexdo te6rica se entretecem. S6mesmo para'f iltos formals, a tese se desdobra em duos partes. As oventuras hu-II\rHHlS de Hiqienopohs estco reunidus sob a titulo s a o Paulo de Perfil;(I !) out ro lxt s is temotizo Cl pesqutso do Oi610go rosslyel. Tari i : 'fJeffi='-

    / 1 / 1 / I I I I i i II / ' / ; / \ / " 1 1 1 31

    I11I III 1I1i I PI' I tiea pedogoqico nco sedivorciam as duas vertentes. 01'1111010 de nsino-cprendizcqem, tal qual me informaram as profes-1111', til' Dlddtico na Universidade Federal do Rio Grande do SuI, no11 1 to des enos de 1960, nco fragmenta a dindmico do processo. aItlill.{'unc:lounda seu aprendizado e als:a voo na criatividade, quan-IILl [1 Jr be 0 significado das nocoes teoricos no experiencin viva.N 0 e par acaso que 0 embriao de 198? se transfonnou nUEla

    1 '1 1 1 ' de narrativas sobre Sao Paulo m 20_Q1~kinc;:ado2S Q livro do se-li t 'S - ; Paulo de~Perfi,~acumula-se uma experiE:rrcia que vern-arria:!lUI' icendo do seculo passado para 0 inicio do seculo XXI. Peco licenceI . Iitor para rostreur como se teceram esses fios numa teia coletivam us alunos-cutores e 0 desafio de reger urn coral de vozes,

    Primeira cena (50.0 Paulo, 1990): urn policial ocobarc de lerV oz es d a crise, a segundo livro-reportagem da sene Sao Paulo dePerfil e, entusiasmado, perguntou 00 professor de portuques, euqueria le r mats urn d e ss e s l iv r os , 0 s en ho r p od e m e e mp re sta t? 0 pro-fessor ficou surpreso, afinal, urn PM do segundo grau noturnotdo interessado nssim em leitura ... Ndo se conteve: voce gostoudo livro? Co s te l mu it o, p r of es so r . Sabe de uma coisa? C om e ss e livro,eu que conheco m uito bem 0 lado da policia, aprendi com o sao asp es so as d o o utr o Iado.

    Sqlmdo (pnQ (Nova York, 1980}:dez anos antes do flagranteocima narrado, urn 'orn' offe-americano me mostrava urnconjunto de pequenas brocburas que contavam a histOrio oral de~~~~~....ill2Q]~~t:!~::fui~I.llllL!lOS. Cansado da vida na

    ,mais chegoriam a consagra~ao nos meios de cornunica

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    J (fUM II DA MED fN Ii

    o (~1' tura desses folhetos como 00 lcrqo dos livros didnticos, mastiS alunos preferiam a linguagem jornalistica e se identificavamcorn as aventuras narradas, colhidas dos depoimentos de protago-ntstos escolhidos por Tobier. (Infelizmente, no era conservadorado presidente Reagan, com os cortes de subsidies a arte e a cultu-l 'CI, 0 projeto desapareceu.)As duos cenas se entrelaccm no genese e definicdo do Projeto

    Suo Paulo de Perfil , que criei no Universidade de Sao Paulo ern 1987.ouundo passava por Nova York,em janeiro de 1980, a serie de pu-hllco oes de um parceiro de desgostos, gerados no experienciu doqrunde imprensa, tocou fundo no meu subconsciente. Aindo bata-lhcvc intensamente no jornalismo didrio, sobretudo porque se vivia,no Brasil, a fase da abertura politico, da redernocrotizucao. Numa1',lIlorio de ortes e cultura de um [ernul influente como 0 Estado deS.Paulo, a equipe por mim coordenada se loncnvc com puixdo e con-vlc;:t1oa luta contra a censura, contra 0 cerceamento de atos e ideins,ornprestcva as tecnicos de comunicocco a voz coletiva e as vozes co-Hlj-sas dos artistas, que organizavom caravan as de protestos a Bra-Ha, csstnovnm manifestos, se mobilizavam em entidades de classe.i o N S 1 spcco jornalfstico cobria com fervor os movimentos rebeldes.

    .ssa forco-motriz se expandiria coletivomente ate 198;L_quando 0"\1)(VO nos ruas setornou protagonista do oto culminorite - 0 movirnen-II)dus Oiretas Ja. A derrota , em abril desse one, coincide com a que-I)! n do tonus criativo do resistencic cultural no trabalho jornalfstico. ,A ornpresos, entuo voltadas para. a modernizccdo tecnoloqica (a erario lnfmrnatizac;:ao), passam a tolher 0 que de forma quose orquestra-tlll runsld ravam impetos esquerdistcs extempordneos. Perdem-se ouI' ulroflcm as grandes norrutivcs e se valorizam os projetos tecnico-IDlllIn!. mo, por exemplo, osrecursos de computocdo qroflco, a for-U11 l 1 t 1

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    II [R(MIIOA MU)IN,1

    . . ,1 J ( J j ~ eLI na o s ou mais um a estudante. Fw;o parte do m ercado detr'tJ!ltIlllo cada ve z mais estreiio, a ptocura de gente c ria tiv a, c om n o-vels l e l i J l a s , c om v on ta de d e fa ze r [ om ali sm o. E e exa ta me nte a i q ue 0P ro } " to S ao P au lo de P e rf il a ge . E le a br e um o j an e1 a qu e va i alem do sIIrr l i les esiabelecidos. Jncentiva a criatividade do futuro jomalista edesperta 0 i nt er es se p e lo l ei te r. Qual 0 jorna/ista q u e c o ns eg u e ve r Q'W'Q d e s eu te ito r, ouvit su a VOZ, criticas e e/ogios? Se des existem,co m cerrezo sa o r a r i s s imos . 0p r o je t o p o s s ib il ii a 0 didlago ent re dai-tor e leiior. Um dia logo enriouecedor para ambas as partes.

    Patricia Teixeira, Sao Paulo, 1994A linguagem dioloqicn de que folo Patricia Teixeira, ou a signa

    du relccdo, norteia 0 projeto pedoqoqico que venho desenvolvendo,primeiro, no ensino de segundo grau (de 1964 a 1967), posterior-mente, no ensino superior (de 1967 a 1970), nn Universidade Fede-ra l do Rio Grande do SuI, e nn Universidade de Sao Paulo (de 1971ut hoie), com a interrupcdo dos anos de chumbo (1975-85). r 6.desdemmho formocno diddticu pelo curso de Letros, que completei para-lolamente ao curso de Jornalismo no. universidode publica do Rio,ronde do SuI , a pesguisa do di6.logo social me se du zru . N o exercf- 'do do [ornelismo elegi como prioridade a prdticc do reporter como

    ~lmmediador social das discursos da ctunlidude. Era inevit6.vel que{lStila is recentes pIanos de trabalho se inspirassem na pesquisa doslgno Interacionista, a linguagem relacionadora.

    Venho observando, por experimentos pedoqoqicos, que 0aluno deI o rn clt sr n o o u de outws areas de conhecimento cheg_9_lLpropostg d~_Nnrtorlvcs do.Contemporan~idade com certas atrofias gg~impedem aTltlltvldade de gue fala Patricia Teixeira_.A fon:.na~_aoecnicc do jorno-">11.~I(jse sintoni~ com 0 historico da escolaridade que, por ~ u av~:--Ill"" u vlsao de mundo corrente no cultura ocidenta.1__filhadas Luzes:Ii i 11m 8, no dia-a-dia, uma racionalidade es~tica g~ nao-sean::IrlPl11n da Intuic;ao criativa e, pm isso, nos contentamos com a rotino.

    A, partir de resultados colhidos uo lonqo da s i il timas decades!I'!i' rr IrlI"~am teorins como a da cibernetico socia~'

    I, I\ . IlllllllUIIl\tl N{1~ IOl umc p r op o st a t ra n sf o rm a do r a cplicrivel o . educcceo, a co -1I11111JIII~nO Ii / 1 1 < 1! 1 l ! : l a s hurncnos. V er GRECO, M i l t o n . A aventura Iwmana entre 0 realI '1 1 1 1 1 1 1 1, 1 11 1 1 1 1 1 1," I 'd . S~ fl PCIIlIQ, P e r s p e c t i v e , 1984; e Interdisciplinandade e revolll~ao1 1 , 1 1 ' /1/11111 I, tu l Hn~1 ! I0 I lI 0 , P ( lf lC C lS i ; Editoro, 1994 ; GREGORI , W olde mo r de . CiberntW-1111111 r il l r I' If , 1111'iC\ l I l 'Wl l fJ , Porspcctivc, 1988.

    ~ 111m D [ T [aR (J PR[SCNTr:

    (

    ~roVOCQ Q ressensibilizocdo do hemisferio direito, ou as intul-~~ntetiCQs e, em consequencic, Q acelerocco de a~oes cncttvas,ll't'gclllizadas,of sim, pe1a inteliqenciu loqico-nnnlitico. Ao lonqo dosIroximos cupttulos, estu propostn vern acrescida de prdticus narrati-v a s e reflexoes teoricus, mas, no. essen cia, trutu-se de Qumonjzqr Q S .. . ). \fckmulas que constituem as tcnicos dainrs;:ia profissional, no. vil.Q"11cladedo cotidiano anonimo .. pedoQoghl de HID RQvQJQrnaHsrlOrecupero 0 prazer eo dese-1 0 sol idario de descobrir pess~as como dona Arminda, Arnaldo,Lucas. Torna-se entdo mois sutil a intercede 0.0 contexte social emue vivem, Ao,meSillOtempo, a expressao [ornolfsticn reflete umomarCGGutomr, inovudora. A experiencio, no entente, ndo se inscre-V no experimentalismo gratuito ou sedento de modismos. Vale ap no recuperor aqui urn depoimento que dei a urn jomal sindicnl(Unidode, 1994), em que testemunho uma sintese dessa pedagogia.

    N o p ro jeto d e tormacao d e j orn alis ta s q ue p es ou iso d es de 1967}quando tui convidada a trabalhar como docente na Universidade Fe-deral do R io G rande do Sul, tem sido cada vez m ais opottuno entT en-tar a complexidade ao mesmo tempo etica, tecnica e estetica. 0avanc;o da cidadania, as conqui s ta s democraticas ou as lu tas da so -brevivencia se r et ie te tn n a h is to ri a d o lo ma lism o, q ue p oe e m e vide n-cia os im passes m arais. Po t ou tro la do , a tra dica o p ro tissio naiacumula, para alem das taciiidades tecnol6gicas, os desafios teeni-Icos. E as a ss in at ur as a ut or ai s m o st ra m 0 s ig ni fi ca do s oc ia l q ua nd oinovam no estetica da narrativa.Ora, em ambientes pedag6gicos - mais favordvets no. universi-

    lade publica, mas tam bern em algumas instituicoes privndos - epossfvel desenvolver essas aptid6 Jun - te , observando emotivnndo as estudiosos num oficina permanent. Para 1SS0 tenhorn valido de fundamentos q 'ro e vern recebendoummbuicoes de vdrios areas do conhecimento cientffico, da arte eI, [Jutras sabedorias cotidianas. As Informacoes hoje a disposicco do

    1 1 ~ l l l . lioso no que tange a .complexidade cerebral oferecern subsidieshl(lRt1m6.veisao ensino de Iornolismo . . L i . d a . t . entdo, cgm as virtuali'l'ldll" 16gico-anolfticos, intuitivo-sinteticos e motor-operacionais fe~pillet a capadta~Qo profifional. Este l ab~ desperta os vinculos!,IIl.!ssociaveisde etico com a tecnica criativu.

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    11 C R F M I L D A M ED IN A

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    IHIli dc , l (\ f( rmu parece abstrato. Concretize-se, .porern, nasJIll III rl pl'IlllNsl ts da pauta a execucao e retorno de determine-r " I II w rlu, A' to oicos de trabalho - as que informam 0 aprendizII' [ur nullsrn - pecarn por esquematismo tanto no que se refere as

    ') dw.:1~ Cllcgs qUa~to a inventividade esteticu. A~hca-se 0 moCfeTo 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 ' l i Jem, 0 q ue , q ua nd o, onde , como e po r que, equoClona-se a11\11!d~1 por urn l ead sumdrio (abertura de materia jornalistica) e :nuim-se urn fragmento da hist6ria por meio da pirdmide invertida."pur .nt mente esta tecnica (e suas variantes proximus), ja im-pll'fjf11da no memoria profissional, e um sucesso hist6rico a partir(It! so ulo X[X. Estdo af as agencias de noticios internacionais queronsuqrcrorn as f6rmulas. No entgnto, qualguersituac;:ao-limite dahmnanidade provoco nos jornalistas lucidos enos apalistO').. .l lma_nogustiada refle~do a respeito das insuf iciencias da heranc;:a e doInnJernizac;:aotecnica e tecno16gica. De ocordo com pornmetros eti-ellS universais, esta gramcitica [ornclfsttco ndo d a canto das demon-s coletivos.Mostra-se tornbern frdqil uma etica rigorosamente regida par pre-

    rcttos, c6digos, normas de conduta. Abusca racional detois prindpiosmer a 0 trajet6ria do pensamento ocidental dos gregos ao socloloqoulcm 0 [urqen Hobermas, para citor apenos urn conternpordneo, 0problema que se propoe: a moralidade, no seu cnrdter universal, e asutltudes eticas de cada cultura ndo passam exdusivamente pela ra-rtoncltdode 16gico-onolitica, mas tornbem pelo desejo que se expres-N(~ p r Intermedio de profundas intuicces. 0 gesto moral explode doslIf]loSi do sintonia soliddric com 0 inconsciente coletivo. Estao oi osrnstcs que compreendem como ninquern os motes da aventura hu-mono criam a linguagem que expressa os desejos.~ a inter-regulagem dos insights e dos argumentos 16gicos se de- -\M'l1l~ud10m astroteqics operocionais sensiveis e competentes. 0 em~[!rlh~mepl'O l'PcniCQ gtice estetico des ambientes empresariais nao I

    (]II IH,U: ion. condi a o Paulo de PerfiLnao~t:!in:.!h~a~,~a~'~~~~[otegia de pauta definida. Os alunos de ira 0 curso deJ rnolismo se envolvigm com a re-humaniza

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    ( R fM / / D A A - l E O / t V A

    \1/08, { 1 < 1 1 ' / I . I I 1 1 0 1 1 sabre 0 que era e ela, na sua inocencia dos dez anos.llsse: 'stou Indo urn livro que minha avo escreveu sobre os ja-IH m '8 s, A ptotessora pediu 0 I iv ro p ar a l er , g os to u e s ol ic it ou q uequando 0 proxim o saisse, eia a em presta sse. C laro q ue th e dem os 0I Iv ro d e p re se nt e. 1 st o e um o rg ulh o p ara to do s n os q ue p artic ip am osd o P roieto . A lem d e a pren derm os, con vivem os com d iverso s tip os dep esso as , d e to da s a s id ad es e n iv eis c ultu ra is d ife re nte s.

    Regina Celia Weigert Rocha, integrante da equipe doProjeto [ornal Reproposta e aluna da Discipline Narrativasda Contemporaneidade do ECA , no Programa da Terceira

    Idade da usrAsdificuldndes na producoo qrofico de cada livre sao constantes

    I os autores tern contado com uma rede sol iddnu. Tanto os qrdficosda Escola de Comunicacoes e Artes, na primeira fase, quanta os daCoordenadoria de Comunicncuo Social no periodo atual, se apaixo-naram pelo Projeto, e esse e a principal force que faz superar os clds-sicos entraves de producdo de urn livro nas graftcas de universidadespublicus (com equipamentos desatualizados e fundonorios sem mo-tivocdo). Apesar da situucdo adversa, 0 empenho e a ofeicdo dosqrdficos tern dado, ao longo dn serie, uma marco de identidade. Gra-fismo, capas, tratamento visual, verdadeiros milagres na impressdodas fotografias denotam, nos livros, essa mao afetuosa. Ndo roro, 0funciondrio graftco e 0 primeiro leitor das historius que se contam naserie. Urn impressor se cproxirno de mim e confessa baixinho, enver-gonhado: G ostei m uito do livro da F reguesia; sabe que m ora la e nuncatin ha o uv id o fa la r q ue a m eu b air ro te rn to da e ss a im po rta nc ia ...J que efetivamente vale para os autores e 0 retorno formal ouinformal da leitura dos !ivros. H a registros, na ECA , que documeritanr--o significado dessa colec;:o.ono t>rojetopedagogico das escolas que jo_inteqrcrnm os tftulos ao seu progmma de aula. Apesquisa dessa lei-tum revelo, para os estudiosos e profissionnis, caminhos da audie;;-

    ~ do publico, do usuorio da norrativa da contemporaneidadeL_como testemunha outre ex-clune:

    o en tusiasm o de professores e a lun os da 1 6 > 1 D ele ga cia d e E nsi-11 0 d e Sa o P aulo em rela ciio a o p ro jeto e g ratifican te e cheg a a sur-preender. gs l iv ro s- re po rt aq em nao s6 se rv em c om o m ate ria l d e a po io

    If III II f 1/, ( / J ' JU ~INil

    l' l'/H 'iq ue cim en to p am a fo rm aC ;;a o d os a lu no s (is to ja e baslante),III ~ . la mbem p ara a co nstru c;a o da cida da nia de to do s as ieitotes. 0pr I ess or d e so cio lo gia d a E EP SG " He tttil" tr ob alh ou c om o s a lu no s A.scolc no outono, s obr e educac iio , e a pr en de u c om a leitura: aHa in-(orm a~ oes ali que nem os professores tem acesso". N o segundo se-r ne st re d e 1994, p ro fe sso r C id o q uis d ese nvo lv er u rn tr ab a/h o no" H en ti l" s ob re a s r el ig io es e Guia das almas, 0 132 tiv ro d a s en e, fo iu ti li za do c om o e st im u lo a pesquisa e f on te d e c on su lt a.

    Os aiun os no p rin cipio desan im am d ian te do s vo lum es g ro ss a s,de m ais de duzentas paginas - e s e n em p ro te ss or es tern tem po de ler,q ue d ir a o s alunos. 0p ro fe ss or d e r ed ac ao N or be rto N og uei ra (E EP SG" Br as ii io M a ch ad o" ) d es en vo iv eu t ra ba lh os co m va ries nu meros daserie Sao P aulo de P erfil e acredita que 0 texto p esso al d os a lun osc re sc e c om a l ei tu ra d os t iv ro s- re po rt aq em .

    Tanto protessotes como olunos da 16Q D elega cia d e E nsino d eS ao P a ul o g os ta m e p ed em a s v isU as d os jo ve ns re p6 rter es a s e sc ola s,com o aconteceu na escola "H enfil". V el' q uem faz e como se faz umlivro desperta 0 i nt er es se d os a lu no s.o p ro fe ss or t li o, u rn d os coordenadotes na 16 Q O el eg ac ia d e E ns i-no , a cha qu e o s i iv ro s d a s er ie S ao P a ul o de P er fil te m q ua /id ad e e co n-teud o in form ativo suficien te pa ra serem ind icad os p ara a lista daFuvest. t claro qu e pa ra isso s er ia n ec es sa ri a e xp a nd ir 0 p ro je to d eform a a mbicio sa; m as dep oim en tos com o esse co mpen sa m to da a iurae e st or co n ec es sa ri os p ar a t ev ar 0 s a o P au lo d e P erfil a sola de au la .

    Patricia Patricio, jomalista, mestre emCiencios do Comunicacdo e ex-bolsista deiniciccno cientffico do Projeto Sao Paulo de

    Perfil, 1994.Ndo posso deixar de registrar que esta experiencic em processo

    conta tornbem com dois outros reencantamentos. Os propnos profis-sioriuis manifestam aqui e ali a compreensdo e a legitima

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    II (R fMJIDA lv/FDINA

    111iWI 0 d !IPjo de prcticcr esse tipo de linguagem. Frequenternente~(11110] ivldcdcs proftssioncts da imprensa nacional para colcborcr11l1,~ l lvros, Eles se sentem gratificados: publicam nnrrutivcs que reve-hun sun Integridade autoral. Urn desses jornalistos nco se conteve na111( '1 . (1 ( . . I n ticia e levou as consequencios finais sua conviccuo, es-I nw ondo e publicondo no l~ nal do B rasil de 9 de 090sto de 1990 queA m,m imaginar ia (sexto volume do serie, sobre hobitw;:ao) resgataIllIlY l1nguagem humanizadora, tratando com detalhes e emocao 0I'otldl n dos pessoas que freqiientarn os jornais como simples nu-IfH'I'OS do problema habitacional.To rnbem no universo especializado das fontes cientfficas 0 pro-[uto te rn t ido uma cooperocoo muito rica e diferenciada. Normal-m 'nt 0 jornalista encontra resistencias entre os especialistas. 0Pro] to Sao Paulo de Perfil implantou solidarnente umo relacdountre a construcao de cada pauta temdtico e os consultores especia-llzcdos. Assim, quando se discutiu como abordar 0 Inzer em Saol'aulo, realizaram-se verdudeirus terapias de grupo com psicoloqospara tenter compreender as implicucoes mnis intimas do ludico.l ssas reunioes desconstrutivas do pouta 6bvia - a que trabalharia,per exemplo, com a sociologio do sh op pin g c en te r - se partiu para areportaqem com uma especulocdo profunda; 0 ludico enquanto otoimcncipctorio . Ana Maria Bataglin, psicoloqc e professora do rucde Sa o Paulo, muito ajudou no par to dessa compreensdo, Dni 0 t1-lulo do livro Far ra a l fo r r ia (11Q volume da serie) eo fato de as histo-rlcs tanto se passarem no Inzer do shopping quanta no convivio delima cnonco com os peixes do cqudrio no seu quarto. E 0 livre ter-win o na situucdo-Iimite do hospicio, em que a poesio, a pinturaddo usus libertadoras aos psiquiatrados (0 que remete ao pioneiris-1f10 cientffico de Nise da Silveira, que trabalhou com terapio do.All' do lnconsciente junto oos pacientes de institulcoes hospito.laresps i tulatricas).

    A voz es ecializada tern sid a fundamental na narrativa devn va que se completa c~m di09nosticos e progn6stlcos rias Sj-11(l~: s tem6.ticas dos Iivros. Ora essa voz assume 0 pupel trndicio-1 1 1 1 1 ciu fo nte de Informncno ou coloborador-ensafsto, ora e urn alterr 1 / f J do r 6n r que cultiva as fontes especializo.das do conhecimen-1111111tJ ' t ! l1 '0. J a 0 orr U, porern, uma conquista surpreendente neste11I11I1,IIIIIH'lo. No saga cottdtnno dos bairros rnois perifericos de Sao

    A AR TF O F TFa R 0 PRFSFNT f 45Paulo, que se consuma no oitavo livro ( . 4 . m ar ge m d o I pir an ga ), Lu 10Kowarick, socioloqo da USP , procurndo para escrever um texto sabreo tema, procedeu de uma forma ineditu , Montou 0 ensaio "Perife-rias e subcidadanias", que abre 0 volume, articulando dialogica-mente 0 texto do outoria especializada com a reportagem. Pediupara ler os textos dos reporteres, ainda em original, e encontrou afvozes da periferia (cada outer trabalhou em urn ponto extremo domunicipio d a:Q;::p:ati-f~rtesse~;v.ai1Sjifirinac;:ees socioloqi-cas ste tri610go possivel - protagonista da a~l;- ediaqor fial e especialista - abriu urn horizontenovo em que se de

    t : i r-n.a .S . . .narro.tivas da contemporanei 0 e. _ _,,'="'" ..---Tuntus as possibiiTdadeS,tantasas dificuTdades que ndo se pode

    ceder nem ao desdnimo nem a euforia. 0 fato e que a cada recome-C ; : O uma situucdo fica clara: vive-se a emerqencio da comunicacdoeemergente se fez a construcdo do signo da interucdo social transfor-madora. A dificuldade mais substantiva seexpressa no conflito dosdiferentes e na arte de tecer inter-regulagens. Os problemas sa o po-lfticos e economicos, mas tambem cuIturais. Qualquer experienciainterativa semeia tempestades na visdo de m~p~s modernas. "'OProjeto Sao P'Cii:iTOdeerfil nasceu nessn in:q~tuae e busCQ,a coda qerucdo de autores, um olhar solidnrio e re-flexivo no espelho profundo das rcizes, da atuolidade do mundo quenos cerca e do porvir incerto.

    A voz da primeira gerac,:ao do seculo XX I sela com frescor urnpacto de continuidade:

    C om o a tu al bolsista e integrante da A ssociarao dos A migos dosa o P au lo d e P erfil, p osso a iirm ar q ue 0 projeto e s im pl es me nte m a-g ic o p ara q ue m g osta d e escrev er, d e o bserve r, d e c on ta r b isto ria s.Pr imeiro a d iscip lin a p erm ite o ue stio na rm os a s re qra s d e tu do q ueaprendemos a r es pe it o d e redacao, do tipo taca sempre Q introdudio,o de s envo lv imento co m dois argum entos e depois a conciusao; e quese ja vo ce m esm o, e stim uia nd o a cria ~a o d e u m estilo p ro prio . S eg un -do , a publicacoo de historias humanas Ii um a oportunidade para re-9 istra r e d e ce rta fo rm a homenaqear as nossos herois an 8nim os deada e todos os dias atraves da sensibilizactio solidaria. Terceiro, 0r sultado do trabalho, a publicacao d e um l iv ro a ce ss iv el , i nt el ig [v el(I o u al ou e r p e ss oa Ii 0 so nh o d e e sc rit ore s, e diio ra s e Iivrarias. Quar

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    . .CRl,MfLOA Mf ' iJlNA

    lU I 1III'l:1VIJSdele Q u ni ve rs id a de c ump re s eu p op e; p ro p or ct or umdo ao s1 1 / 1 I I 1 O , t e , pesquisCl, 0 aprendizado para um a visCiomultidisciDliaar d Pl J l l ! J : J r l o , bem como ii.nitica do e xt e~ a o, u ni nd o u n iv er si d~ d e e co -IH m Idade. Quint' o, quem toma c on he ci me nt o d os ! ivros da cotecao,tim a ulas e oficinas de redaoio, do projeto, impreterivelmente acabaslm potizando com tudo que e teito dentro do mundo do Sao Paulode Perfil. Narratives da

    tempo ran e idadentiuscia Lopes, estudcnte de qrcduacdo dePublicidnde e Propaganda e bolsista do ProjetoSao Paulo de Perfil (2003)

    .I2_e1986, quando retornei {]Universidade de Sa o Paulo, a 19981 'ereci a disciphna Teoria e Preitica da Reportagem que_culminava

    ( 1 m uma edis:aClda serieSao au oe u-em dois semestresonsecutivos no curso de Iornclismo, publicavam-se dois livros paruno, 'Em 1998, i~lcmtou-se, na Escola de Comunicas;6es e Artes, 0III'lJIm Permanente Interdisciplinar e, ao coordenar esse novo espa-Ijacadeililco, P9~3e i dQfgw : : e I= - t t : t l. iSGip -1 in . a .. . ..Nan : . a_1Wl~I nruneidude, cuja proposta conceitual se construfra nos unos 1980,rnmposil;:ao de alunos tambem se alterou, como jei foi dito no co-

    1 '111110anterior: ule rn de jovens estudantes de qraduccco , agora pro-'11I !pn tes de vdrias areas de conhecimento, chegou ao projeto aIIH1!dbui):aosignificativa do Programa da Terceira Idade da us e . A1IIIInlla multidisciplinar e 0 convivio de veirias qerncoes deram urn1 , 1 1 1 1 I ' . , p scicl nos livros mais recentes. 'Em 2003, 0 2SQ exemplar da1 11 11 ~ I I marco umo continuidade que,P;-vezes, me espanta. QualI1 1 4 1 , (.i fOl'fa-motriz essencial? ,I 11m dodo incontesteiveI que registro no trajet6ria das ultimns de- tfHill!I I (utede narror acrescentou sentidos muis sutis a arte de tecerI II" iln(~mQ definio;:aosimples e aq~la qu!_~nt,ende ~arra.!!~a

    1 1 1 1 1 I lI ,U , Q , des respostas humanasdiante do caosTOotado da capa-I , 1 1 1 1 1 1 , 1 prcduzir sentidos, ao narrnr 0 mundo, a inteliqencia hu-1 1 1 1 1 i ll l ! :mlza 0 caos em urn cosmos . . 0 que se diz da realidade

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    CREA1fLDA MEDINA- - - . -1'(Illlltltui outre realidade, a simbolicc. Sem esse producdo cultural -(I narrottvu - 0 humano ser ndo se expressu, nuo se ofirrnc perante(.1 cJf..tsol'goniza

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    ,II ( R fA .1 1 1 . .D A \ ' 1 1 . V f NA A A R T E D F T E C ER 0 P R E 5 [ N T E_._._ '"Jr" 51

    J 1III I l !cu, t 'nlcCl~ estetica. Ao experimentar uma nnrrativa aoIII! mu I nnp ornpl xa, ofetuosa e poetico, nao hd como abstrair aI II (I dU N pu.l'odlgmas reducionistas, a crise das percepcoes e a aridez1'Illlllllltlul ou a crise das formulas aplicadas 6s ratinas esteticas daururut lvct ,

    DIII'qo1'e pm PQriQdQ de 12, eH~OS (1986-98) dediQJlei-me ;1 pes-...q\l!;'~l da. narrativa da contemporaneidadell.~ Elocurou maQear '"I 'n nClQse expressao entre alunos de [ornnlismo, estu~ntes de__I 's. raduaao provenientes de Comunicas:ao Social e d~outras areas[ (I conhecimento,'professores l!_niversitariostanto da Universidade deSt 0 Paulo, quanta de outras universidaaes brasileiras (Rio Grandedo Norte, Parafba, Ceara, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Coins,01strtto Federal, Rio de Janeiro, Parana, Mato Grosso, Santa Catari-(,I, RioGrande do Sul e interior de Sao Paulo), bem como da Univer-

    sldade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. Os lab oratorios semprepartem de urn exercfcio_cujo~ resultados acusa~ uma reqularidade -wvelaQgra. " ' : 0 escrever um relata espontdneo sobre determinado. o~-I to motivador (em geral, urn quadro, uma fotografia, umu audlcdomusical, um vid)R ou um te,xtoliterario), a maloria . ~as pessoas. res-p ode com umb.l}ld~~cao eS.Ru~matiz~ia e partlt~, evolumdo.nuroa analise conceitUGlpermeaaa de lurzos de valor. '(f~autores estrutura a nanat' a com base nos movimentos, na3fo.o hu-1 ' 1 1 ; . n.a_que._o.o _ b . j .e t Q . _ i l l. 9 W ! . - minima parcela dos grupos se perm~eijm ve o original que transcende 0 explicito e 0 apreenslvel segundoas estereotipos mentais - uma descncao estdticc, superficial e esque-mati a do acontecimento vivo. ~ssa minoria transoarra 0 objeto deohserva 00 funde nele sua experiencia, humonizo os movlmentos(,a_cena e se permite a exerdcio da intui

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    , , , CR [M IIIJ A M ED IN II" 1 ' ( 1 1 1 1 1 , d ' 1 9 8 7 em diante. Acado. semestre letivo corresponde urnnlllrn 'n1. de celebracdo subjetiva, por urn lado, e muito objetivo, por

    1 1 11 1 1' 0 - publicocao de urn Iivro-reportcqem. Aos vinte exemplarestlu prlmetro decode do. serie se sucederam urn de 1997, do. gradua ..~[I e outro do. pos-qrcduccdo. 0 seculo XX! se inicia com novos(IX mplores de grupos etdrios mistos e provenientes de volias areasd onhecimento. A narrutivo do. contemporaneidade exerce uma!.Itro.~aotransdisciplinar.

    H6 tambem uma selie iniciada no.Universidade de Brasilia (UnS),.Cl.J.jorimeiro exempl~arr.ativas a c eu a b gw : .- , realizado por al~n.9 ' de mestradQ em 1991, foi puhlicado relq edjtoro do. Im~.lk,Alem do.pesquisa continua de narrativas do.contemporaneidade,aprofundada com os pordmetros bibliogr6fieos, experimentais e opli-ados 0.0 ensino de [ornulismo e Comunicocdo Social, houve tambema significativa contribuicdo dos leitores, no projeto de extensdo firma-do com a Secretaria de Educccao do Estado de Sao Paulo, em oficinasge recepcao em escolas particulgres e em cornl,miQQdes como ~10.de Vila Nova Cachoeilinha em Sao Paulo.

    1leitura cr[tica de alunos de segundo grau, em urn grupo de es-colas selecionadas pela Secretariana 16Q Delegacia de Ensino, cons::--ntu tu urn dos fiancos mais sistematizados dapesquisa. Professores de-vdrlds disciplinus incorparam os livros-reportagem 0.0 plano de tra-balho, os alunos respondem com textos e discussdo de grupo a . res-p ctiva lei turu eo resultado retorno. a pesquisa original. Do feedbackde vdrios turmas durante os oito ultimos anos, elaboraram-se tresgrandes linhas de estudo para a narrativa do. contemporaneidadeprctlccdc no.reportagem jornalistica, mas com vali

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    ' . I t C RU rl II. DA M U)f Nil

    . . J Ie m 1992 safa a segundo registro - Do tiemisterio 501- que avan-, I V< J no N o vo p ac ta do ciencia, a partir de entdo coordenado pelo so-d logo Milton Greco e por mirn. Experimentava-se entoo amplior asdluiogias : compareceram aos debates, reflex6es e depoimentos vozesou t ro s que new as dos especialistos. Estes, confrontados - ora em1 . < . 1 Ics contradit6rias, ora em confluencios soliddrius - com uma sa -b doria cotidiana, artistica, filos6fica au metaffsica, pmtilham asn rtezos. E os mediadores-comunicadores nao t' iurn m,_Qj_eto_cnieo de trabalho, mas pro nas interrogac;:6es que alimentam 0

    f e.' . iq. Ou como ensinava 0 50Cl010gobrasi1e~-'Faria (que morreu em 2001) em sues aulns: a ciencia e urn sistema

    uvidas' a ideolo ia. certezas. 0didloqo entre saberes especializo-dos e sabedorias humanas favorece a posicdo cientif ica da duvidu.

    Ndo resolve jornolista que "divulga ciencic" assumir 0 papel decompetente tradutor, se no encontro das sabedorios humanas hd 0desencontro das duvidns, a busca de uma neqocincdo de significadosde estrateqtos interat ivas que abalam 0hierarquia pesada entre

    saber dentifico e saber cornum. A narraliva do autor-mcdlador vir-lmente tern .. de com lexa e democratica de tecer as

    multi las voz (olifo' os ulti los si nificod __ Issemi. Dof 0 fato de a terceira volume da sene se intitu p ural, com isso, reescrever 0 primeiro projeto integrado. Passou-se 0 Pro-

    J t Plural e Crise de Paradigmas, reformulccdo que sensibilizou aspesquisodores a frente da pohtica cientffica do CNPq.Na realidade, aCluese procura e dar novos rumos 00 didloqo sociedade-cimcia pe-rente os problemas emergentes. A nocdo de paradigma, tal qualThomas Kuhn consogrou, nco e a unico ferramenta mental paralidor om os flagrantes drnmaticos do Sui (00 nemisterio sol) au com,~gl:andes problemas das sociedades conternpordneos tSobre viven-ria. no mundo do trabalho; Agonia de Leviati i - a crise do Estado Moder-11 0 Planeta inquieto). Mais do que paradigmas cientif icos, estdo emlogo vis -5 de mundo. No universo da producdo simb6lica, a dialogia

    s s mQbiliza uma observa

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    li t CR (MILDA MfDINA-,..- - A A RT !: DE lEUR 0 f 'R [ SE N /I, ~Ill p r 'O zas Is lando da realidade 0 que elo opresenta de dorncvel.In U urttstc, 0 louco e 0 nnonirno conviva do banquete da desordem1'I \ ' i t1OJ:TI, no tmoqindno, 0 ocervo das incertezas que nno conhecem aljCU'untio exclusive das reguloridades: essas pessoas criam estrnteqiosd ' sobrevivencio no descontinuo vital. 0 homem comum, diante dalnstnbilldade da vida, vale-se de sua capacidade de imuqinnr outrahistone 8, por isso, sonha, fubulo, cria met6.foras em lugar de descre-vsr, com rigor e precis6.o, os fen6menos conhecidos.

    No planeta inquieto do final do seculo xx, infcio do XXI, os epis-tem6logos perderam hd muito - e talvez nunea tenham acalentado -o ilus6.o de que a ciencia possa controlar 0 conhecimento do e para 0mundo, Oaf a constante insatisfucuo do pesquisodor e 0 doloroso es-tado de dnimo no busca de novas entenderes. A crise de paradigm asientfficos atesta este caminho cumulativo, embora sem a linear fei-C;aoda escalada do progresso do ciencic. [d as redes do imaqinariosao, pela natureza das subjetividades humanas, desrnesurodns, ossu-mem 0 risco do doidice recorrente. Osmitos, as fantasias, as poeticosndo apresentam grande variedade temdtico. vern e voltam nos tem-pos hist6ricos, expressorn-se nos tons, gestos, cheiros, sons e palado-res de cada culture. 0 imcqindrio dos afetos transcende as 16gicasonsistentes, enla

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    CR r M f L I J A M L U I N A

    LllIIIU d i te nd movimento com a metodologia que aplicamos die-111~lm nto, tanto na pesquiso bio16gica quanta social, estendendo-aIIlI HI d I tudo a vida afetiva e a nosso relacdo com 0 mundo".

    o S ' / por urn Iudo, os epi"stem61ogos renunciorn a . a~roganci~ dosonho de poder e coda vez mais incorporam ao conhecimento cien-I([loa humildade do empreendimento cooperctivo, persiste nos ni-rhos acodemtcos, por outro, umo grande oversee a dialogia e 00-ontcto dos saberes outros que nfio tern assento no olimpo da cien-' 1 0 . Como abstrair que cada grupo cientifico ou individuo cientista,p r mois inovudor e solitariamente genial que seja, estd situudo_uma sociedade, numa cultura, num locus de singularidades quase~ . h ~. t 7S mpre em conflito com tentutivus egemonlcas ex emas.

    Esse alergia ao di6io 0 dos_afetos constitui 0 dilemu do anal:a-betismo e 6ClOna contemporaneo, grito do psiccnnlistu colombie-no: "Cada vez mais estamos dispostos a reconhecer que 0 tipicomentehumcno, 0genuinamente formativo, nco e a operocao fria do inteli-gencia bmdno, pois as rndquinus sabem dizer melho~ que.d~OiSmcisdots sao quctro, 0 que nos coracteriza e diferencia da mtehgenCla or-tlficicl e a capacidade de nos emocionarmos, de reconstruir 0mundo

    . b "16. 0 conhecimento a partir dos locos ofetivos que pertur am .o ato de reconhecer 0mundo e lhe imprimir 0 toque humcno e,sem duvidu, tao cientifico quanta relacionador. Embora os guetos deClxcelenciase digladjem peJQ roder, 0,SJestocriador do estu~oso, dopesquisad~~nta 0 ideologia e aflora a rebeldi~ E ai que 0 or-ttstc seencontra com 0 cientista e ambos se contammam com CI fabu-10 9QO das sabedorias poeticos do cotidiano. Os inquietos do planeta,osses habitantes que povoam 0 imcqtndno, nno se aplacam com fer-ramentas descobertas e introduzidos no sua vida. Partilham, Sill>0lntranqtiilidade do desconhecido, do nao-dom6v:l, que _podet~~ar armo do miseric, da guerra, do doenco, da catastrofe imprevisivel e

    u mals pr visivel delos, da morte. Nesta continqencia insuperdvel, os( : : I f tos tecem redes surpreendentes de sobrevivencia, criam altern a-uvcs aos modelos apregoados como globais e desafiom 0 status tee-1 1 . ( 1 1 6 g i c o com a inventividade das pequenas histories de vida. 0Iws~lulsador inquieto recebe dessas infimas resposto~ h~ma~as~maW ! V C , l argo ofettvo, umu ternurinha que aciona um mSlght cientifico.

    A ARrE Df I FUR 0 PRFSENIE hi

    Ifi Iti I I i i 1 '1 " l.uls orl s,op . cit.

    Tulvez cssim, de ternura em ternura, possam as que gerenciama nocao de desenvolvirnento econ6mico resgatar nela 0 que hd dintegral mente humano, e ndo apenas parcialmente objetivo, comoos bens materiais, tao mal distribufdos no planeta inquieto. EdgarMorin e a co-autora Anne Brigitte Kern" propoern esta outrn meta-morfose: "0 desenvolvimento e uma finalidade, mas deve deixarde ser uma finaLidade mfope au uma finclidnde-termmo. A finali-dade do desenvolvimento submete-se ela proprio a outros finalida-des. Quais? Viver verdadeiramente. Viver melhor", Eis urn desejo, ndourn relata objetivo do mundo que af estd. Eisa narrotiva da inquie-tude, ndo a orqumentocdo demonstrative de urn fato objetivo. Aconstrucoo desenvolviment ista do seculo pussudo, aquela que po-de ser aferida por objetos e indicadores de progresso, vern superandoalgumas maze las da humanidade, mas ndo diminuiu 0 desassos-sego cotidiano.

    Nessa Intrcnquilidade, nada como realimentar 0espirito no oxi-genio do.arte.

    IIIIIIN, Ug r & KERN , Anne Brigitte. Terra-pairia, Porto Alegre, Sulino, 1995.