9
ARTE E CULTURA NA COMUNIDADE SARAMENHA Bruna de Oliveira Gonçalves [email protected] Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Direito, campus UFOP, Bairro Bauxita CEP:35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais Adália Táci Mendes [email protected] Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Educação Física, campus UFOP, Bairro Bauxita CEP:35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais Carlos Alberto Pereira [email protected] Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas, campus UFOP, Bairro Bauxita CEP:35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais Resumo: A Biblioteca Comunitária do bairro Saramenha de Cima, tem papel relevante na comunidade que a abriga, pois trata-se de um lugar de encontro e partilha de conhecimentos, experiências e costumes para um conjunto diversificado de cidadãos,. Desde 2002, o DEMIN/UFOP, o CODACIS/IFMG e a comunidade do bairro Saramenha de Cima, em Ouro Preto/MG, desenvolvem o presente projeto, auxiliando a biblioteca comunitária do bairro na ampliação e dinamização das metodologias de leitura e estudo entre crianças, jovens, adultos e idosos da comunidade. De segunda à sexta-feira, graduandos da UFOP de diversas áreas do conhecimento se propõem a complementar o que é aprendido na escola pelas crianças auxiliando-as em suas tarefas, lecionando em variados ramos da arte, promovendo grupos de leitura, e ainda aos sábados, desenvolvendo oficinas que estimulem as habilidades manuais dos frequentadores do local, jogos, atividades lúdicas, assim como passeios culturais pela cidade. Destaca-se entre os principais resultados: a melhoria do desempenho escolar das crianças e o estreitamento do imprescindível liame entre comunidade e universidade e a formação de um aluno universitário cidadão. Palavras-chave: Extensão; Responsabilidade Social; Educação; Cultura 1. INTRODUÇÃO A sociedade atual enfrenta vários problemas que se manifestam em caráter econômico, político ou social, dentre esses pode ser evidenciado o acesso ao conhecimento que vem sendo, a cada vez mais, dado em função de um certo investimento financeiro. Isso consolida a nítida separação entre as classes sociais, diante disso a comunidade universitária exerce papel importante na superação desse paradigma buscando propiciar uma sociedade mais igualitária.

ARTE E CULTURA NA COMUNIDADE SARAMENHA - … · livro e ao mesmo tempo trabalhe a questão da leitura corrente em voz alta, o aprendizado de vocabulário, a interpretação de texto,

  • Upload
    vanque

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

ARTE E CULTURA NA COMUNIDADE SARAMENHA

Bruna de Oliveira Gonçalves – [email protected] Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Direito, campus UFOP, Bairro Bauxita CEP:35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais

Adália Táci Mendes – [email protected] Federal de Ouro Preto

Departamento de Educação Física, campus UFOP, Bairro Bauxita CEP:35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais

Carlos Alberto Pereira – [email protected] Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas, campus UFOP, Bairro Bauxita CEP:35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais

Resumo: A Biblioteca Comunitária do bairro Saramenha de Cima, tem papel relevante na comunidade que a abriga, pois trata-se de um lugar de encontro e partilha de conhecimentos, experiências e costumes para um conjunto diversificado de cidadãos,. Desde 2002, o DEMIN/UFOP, o CODACIS/IFMG e a comunidade do bairro Saramenha de Cima, em Ouro Preto/MG, desenvolvem o presente projeto, auxiliando a biblioteca comunitária do bairro na ampliação e dinamização das metodologias de leitura e estudo entre crianças, jovens, adultos e idosos da comunidade. De segunda à sexta-feira, graduandos da UFOP de diversas áreas do conhecimento se propõem a complementar o que é aprendido na escola pelas crianças auxiliando-as em suas tarefas, lecionando em variados ramos da arte, promovendo grupos de leitura, e ainda aos sábados, desenvolvendo oficinas que estimulem as habilidades manuais dos frequentadores do local, jogos, atividades lúdicas, assim como passeios culturais pela cidade. Destaca-se entre os principais resultados: a melhoria do desempenho escolar das crianças e o estreitamento do imprescindível liame entre comunidade e universidade e a formação de um aluno universitário cidadão.

Palavras-chave: Extensão; Responsabilidade Social; Educação; Cultura

1. INTRODUÇÃO

A sociedade atual enfrenta vários problemas que se manifestam em caráter econômico, político ou social, dentre esses pode ser evidenciado o acesso ao conhecimento que vem sendo, a cada vez mais, dado em função de um certo investimento financeiro. Isso consolida a nítida separação entre as classes sociais, diante disso a comunidade universitária exerce papel importante na superação desse paradigma buscando propiciar uma sociedade mais igualitária.

Nesse sentido, buscando superar a infra-estrutura precária para o desenvolvimento de atividades de educação e lazer nos bairros periféricos da histórica cidade de Ouro Preto-MG o projeto de extensão Oficina da Ciência e Cidadania foi desenvolvido pelo o Departamento de Engenharia de Minas (DEMIN) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e implantado primeiramente a guisa de experiência no bairro Morro São Sebastião no ano de 2001 e posteriormente em 2006, contando com o apoio do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG/Ouro Preto), extendeu-se para os bairros de Saramenha de Cima e Santa Cruz .

O projeto possui inúmeros objetivos que podem ser elencados da seguinte maneira:I) Incentivar os moradores da região a criarem o hábito da leitura, em especial os

jovens, e também ao aprendizado e o exercício da ciência e cultura;

II) Realizar o auxílio aos estudantes locais em suas tarefas escolares para que alcancem um melhor desempenho escolar;

III) Aproximar a comunidade de outras áreas culturais como a dança e o artesanato e ainda garantir um tempo de lazer com filmes, jogos de raciocínio, atividades físicas, e passeios educativos;

IV) Desenvolver o senso de cidadania e despertar a autoconfiança dos alunos na resolução dos problemas individuais e comunitários;

V) Integrar os alunos da UFOP com a comunidade, buscando formar leitores e cidadãos bem informados.

É válido ressaltar que o referencial da extensão está no intercâmbio cultural, e não apenas na oportunidade de se levar à população um conhecimento já consolidado observando que:

a produção do conhecimento, via extensão, se faria [e ainda se faz] na troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, tendo como conseqüência a democratização do conhecimento, a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade e uma produção resultante do confronto com a realidade (BRASIL, 2000/2001).

Dessa forma, para que a universidade esteja mais próxima da sociedade na qual se insere é um fator substancial a superação da distância entre teoria e prática. Para que isso se torne possível, tem-se como necessário o reconhecimento de que na produção do conhecimento é preciso tanto a aplicação daquilo já obtido nos estudos teóricos quanto abrir espaço para a construção de outros conhecimentos no espaço onde é desenvolvido o projeto, sendo assim a universidade precisa atentar-se aos anseios da realidade vivenciada pela comunidade aliando seus conhecimentos práticos à situação do projeto em busca de resultados benéficos através da consciência de que :

a Responsabilidade Social, na dimensão universitária passa pelo fortalecimento da consciência crítica, pela busca do crescimento da compreensão, pela formação de futuros lideres - cidadãos, que respeitem e reconheçam a diversidade e o pluralismo da humanidade, assegurando uma visão universal, a partir de sua realidade (Cláudia Lazzarotto, apud Universidade Newton Paiva, 2004).

O projeto da Biblioteca Comunitária de Saramenha de Cima assume todos os dias o compromisso com o incentivo a leitura, assim como, dentro do âmbito da inserção social, busca a consolidação do acesso a educação e ao lazer de qualidade na comunidade o que garante maiores possibilidades de um futuro melhor para os moradores, estabelecendo ainda estrita relação dos moradores da comunidade com aqueles que desenvolvem o projeto.

2. METODOLOGIA

O Projeto foi implantado na comunidade de Saramenha de Cima após uma experiência positiva no bairro Morro São Sebastião e, como resposta aos anseios de mobilização e inserção social por parte de seus idealizadores, Carlos Alberto Pereira e José Aurélio Medeiros da Luz, foram iniciadas as atividades no ano de 2006. Inicialmente a biblioteca funcionava em um local cedido no salão comunitário e a aquisição de seu acervo se deu por meio de campanhas de doação de livros usados, uma realizada pela própria comunidade e outra com o incentivo da empresa Novelis e seus funcionários. Para dar início às atividades do projeto uma palestra de caráter informativo foi realizada a fim de mostrar o trabalho já realizado anteriormente no bairro Morro São Sebastião e também conscientizar os moradores da comunidade sobre a história de Ouro Preto e do bairro Saramenha de Cima. Nessa palestra também foi solicitado aos moradores do bairro que sugerissem títulos de livros que desejavam fazer parte do acervo da biblioteca, sendo a maioria adquirida. Após receber os livros eles passaram pelos devidos cuidados como encadernação, catalogação e cadastro; o espaço físico da biblioteca foi organizado de maneira a propiciar ambiente agradável para os frequentadores.

Atualmente a Biblioteca de Saramenha funciona de segunda a sexta feira com a presença três bolsistas de extensão e voluntários da comunidade. O grupo de gerenciamento das ações da biblioteca é formado por representantes e bolsistas do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), contando também com apoio das escolas do bairro (René Gianetti, Simão Lacerda e Tomás Antônio Gonzaga), da Associação de Bairro da comunidade e ainda, da Igreja São José.

Por meio dessa interseção entre diferentes representantes ouropretanos, conseguiu-se uma boa estrutura física para o projeto que foi cadastrado no programa de bibliotecas comunitárias da Fundação Biblioteca Nacional, recebendo quatrocentos novos títulos de livros – acervo em constante expansão. Com o passar do tempo a biblioteca não se limitou somente ao empréstimo de livros, foram desenvolvidas diversas outras atividades que são discutidas e planejadas em reuniões mensais nas quais estão presentes coordenadores e atuais bolsistas das unidades. As atividades estão descritas a seguir:

i) reforço escolar: ao longo da semana, os bolsistas auxiliam as crianças em suas atividades escolares, tais como tarefas, pesquisas e trabalhos. Essa é uma rotina que apesar de parecer simples exige muita atenção dos bolsistas para que os alunos obtenham com sua ajuda, não a resolução de seu deveres, mas o estímulo necessário para resolve-los sozinhos Essa metodologia entende que "o segredo de um bom ensino é respeitar a inteligência da criança como um campo fértil onde as sementes devem ser

semeadas, para crescerem no calor da imaginação flamejante." (MONTESSORI, 2006, p.20)Ao ajudá-los com o dever de casa, os extensionistas percebem as defasagens de cada

um e podem ministrar o reforço escolar àqueles que apresentem maior dificuldade em áreas específicas de português e matemática. Percebe-se que os alunos do primeiro ao quinto ano geralmente demandam reforço de caligrafia e ortografia, multiplicação e divisão. Enquanto os alunos do sexto e sétimo ano, precisam de empenho em análise sintática e conjugação verbal, frações e porcentagens.

ii) clube da Leitura: Esta é uma atividade cultural e pedagógica desenvolvida gratuitamente toda segunda-feira na Biblioteca Comunitária Saramenha na qual se pratica, em grupo, a leitura em voz alta de um livro previamente selecionado pelas bolsistas, e logo após a leitura do capítulo do dia realiza-se uma discussão acerca daquilo que foi tratado neste trecho do livro. Esta atividade abrange crianças de cinco a quinze anos que são orientadas pelas bolsistas presentes no quadro de funcionários da biblioteca. As bolsistas procuram conduzir a atividade de modo que se interprete o livro e ao mesmo tempo trabalhe a questão da leitura corrente em voz alta, o aprendizado de vocabulário, a interpretação de texto, a socialização e tolerância das diferenças e dificuldades entre as crianças e, sobretudo o desenvolvimento do gosto pela leitura habitual. Nossa atividade pode ser interpretada tendo como referência a Tertúlia Literária Dialógica, oriunda da Escola de Educação de Pessoas Adultas de La Verneda de Sant Martí em Barcelona/Espanha, e em prática no Brasil pelo Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa –Niase, da Universidade Federal de São Carlos que, em linhas gerais, propõe uma leitura que:

é baseada no diálogo, não se pretende descobrir nem analisar aquilo que o autor ou autora de uma determinada obra quer dizer em seus textos, mas, sim, promover uma reflexão a partir das diferentes e possíveis interpretações que derivam de um mesmo texto. (BATEL et al, 2003, p.1)

Inicialmente, escolhe-se o título a ser tratado, durante um período de

aproximadamente quatro semanas podendo se estender no máximo por mais quatro dependendo da quantidade de páginas do livro. Essa escolha é realizada através de uma análise do público alvo da atividade, ou seja, levando-se em consideração a idade das crianças que possuem maior freqüência na biblioteca para que dessa maneira os livros sejam adequados para sua faixa etária.

Após essa etapa inicia-se a fase da leitura em voz alta que é realizada por todos, tanto as crianças quanto os bolsistas, que estão dispostos sentados em uma mesa redonda para que todos possam visualizar e escutar todos os presentes. Estes realizam a leitura de três parágrafos por pessoa do capítulo em questão, dessa maneira procura-se trabalhar o desenvolvimento da leitura corrente em voz alta corrigindo e trabalhando os erros de dicção e também o incentivo a leitura de palavras consideradas difíceis pelas crianças. Nesta fase é trabalhado outro importante ponto, a tolerância e o respeito recíproco entre as crianças no que se trata das dificuldades pessoais na leitura corrente em voz alta.

Finda essa fase, prossegue-se a etapa da discussão em grupo acerca daquilo que foi lido no capítulo, nesta fase as bolsistas conduzem a discussão através de perguntas que elucidem questões importantes para a compreensão daquele texto. Dessa forma, estabelece-se

uma discussão sobre os pontos indispensáveis daquele capítulo e, ao final dessa fase da atividade as bolsistas questionam as crianças sobre a opinião delas sobre o que acontecerá em seguida buscando assim estimular a imaginação delas e também procurando observar se há coerência entre o que aconteceu e o que elas levantam como possível continuação daquele enredo.

A atividade em questão é, portanto, bastante dinâmica e trabalha diversas áreas importantes para o incentivo à leitura no meio infanto-juvenil. De maneira segmentada discute-se a fundo as questões do livro, proporcionando uma compreensão clara e estimulante dos capítulos e, conseqüentemente, um entendimento do livro como um todo. A ideia é não traçar respostas pré-determinadas e sim promover um diálogo para que cada um expresse seu próprio entendimento sobre o título tratado, dando assim sua contribuição pessoal.

Outro aspecto interessante trata do incentivo dado às crianças para que adentrem ao universo mágico que a leitura pode representar em suas vidas, observando em paralelo a esse envolvimento, benefícios importantíssimos agregados por essa relação delas com a leitura habitual. Citamos como exemplo, a melhora da escrita e da leitura corrente assim como da habilidade de interpretação textual e do aumento de vocabulário.

iii) as aulas de inglês são realizadas por duas bolsistas que as desenvolvem em dois dias da semana, segunda e quarta-feira. As aulas tem duração aproximada de 50 minutos, onde crianças de cinco a nove anos tem acesso a aulas de inglês nível básico ministradas por meio de atividades pedagógicas que envolvem desenho, memorização de palavras para o enriquecimento de vocabulário e aulas temáticas. Aliado a esse trabalho é desenvolvido um coral onde esses mesmos alunos têm, uma vez por semana, contato com o universo da música, aprendendo técnicas de canto em conjunto, aprendendo assim a se expressar melhor .V) Recreação, oficinas e passeios:Às sextas-feiras, as crianças que frenquentam a biblioteca têm a seu dispor dois

computadores com jogos de raciocínio matemático e digitação, além de bola, tabuleiro de dama, dominó, tangram e quebra-cabeça. Eles também podem optar por desenhar, pintar e usar ainda dispor da quadra poliesportiva da comunidade. Fora das atividades desenvolvidas durante a semana, procura-se realizar festas, oficinas e passeios para os quais toda a comunidade é convidada. Como exemplos mais recentes, tem-se a realização de uma festa nas férias de julho com brincadeiras e premiações para o encerramento do semestre letivo; no Dia das Crianças, a comemoração contou com a apresentação de um teatro organizado por uma bolsista, pintura facial e lanche, e também foram feitas oficinas como a de cartões no dia da páscoa, confecção de capas para cadernos, de velas personalizadas e de bonecos com uso material reciclável. Aproveitando a estrutura histórica e turística de Ouro Preto e região, os usuários foram convidados a um passeio de trem Maria Fumaça que vai de Ouro Preto a Mariana, onde as crianças brincaram no parque educativo que há na estação e depois retornaram ouvindo instruções sobre o caminho da estrada de ferro.

iv) Comitê Gestor: desde 2013 foi elaborado a proposta de Comitê Gestor para a unidade da Biblioteca de Saramenha de Cima, sendo os componentes representantes da Universidade Federal de Ouro Preto –UFOP, da paróquia local e da associação de moradores.

Com essa integração desses diferentes segmentos da atividade objetiva-se estabelecer maior integração dos envolvidos no projeto, possibilitando assim resultados eficientes e que atendam as demandas reais da comunidade que abriga o projeto. Para tanto, são realizadas reuniões periódicas nas quais são discutidas novas atividades e sugestões de eventos ao ar

livre, assim como, auxílio nas práticas típicas da comunidade como festas juninas, ruas de lazer, semana da criança, entre outros.

3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Atualmente a Biblioteca Comunitária Saramenha de Cima (figura 1), conta com um acervo de aproximadamente 4.000 livros em ótimo estado de conservação – acervo em constante expansão, três bolsista de extensão, dois computadores que são elementos importantes na inserção digital dos usuários e uma frequência diária de 30 pessoas em média.

Figura 1: Espaço físico onde funciona diariamente a Biblioteca.

Pode-se observar que aqueles que frequentam e usufruem das atividades de auxílio e reforço escolar passam a ler, escrever e se expressar melhor e uma vez atingindo esse nível linguístico, terão maior facilidade em entender e adquirir o que lhes é na instituição escolar, melhorando assim seu rendimento, pois, aguçar sua capacidade interpretativa o leitor tende a adquirir natural e espontaneamente maior interesse por diversas áreas do conhecimento.

Com os eventuais passeios e atividades de recreação proporcionadas pela equipe, a comunidade tem estado cada vez mais envolvida e ciente do espaço que possui. O grupo de leitura contribui diretamente para a criatividade, a disciplina e a atenção dos participantes que aprendem não apenas a ler melhor, mas ainda a trabalhar em equipe e a desenvolver uma visão crítica da realidade.

Há ainda o êxito das aulas de inglês e do coral, pois trouxeram grande animação à comunidade que agora conta com a biblioteca também enquanto local de efetivo desenvolvimento de atividades ligadas ao lazer, o que por sua vez consolida o atual papel da

Biblioteca como um legitimado centro cultural de convivência da comunidade na qual está inserido, estimulando assim nesse meio o apreço e cuidado por parte dos usuários, tomando-o para si enquanto patrimônio comunitário..

Figura 2 – Atividade de dia das mães realizada com as crianças

É importante considerar ainda que seria equivocado e destoante dos objetivos do projeto dizer que as crianças, jovens, adultos e idosos envolvidos são os únicos beneficiados, pois a extensão possui intrinsecamente um caráter de via dupla de aquisição de conhecimento e experiência. Dessa forma os discentes e docentes também passam a possuir uma bagagem teórico-metodológica que lhes permitirá seguir construindo um novo olhar sobre a comunidade em que desenvolve seu trabalho, que segundo a professora Neida Zani, possibilite

valorizar o passado como foi, analisar o presente alimentando o sonho de uma realidade para o futuro, onde cada aluno será o cidadão brasileiro que poderá, com sua inteligência e capacidade, transformar o seu meio, deixando-o mais saudável e as pessoas mais felizes (ANGÉLICA e ITAQUI, 1998).

Assim, constata-se que o crescimento do projeto tem sido notável no decorrer do tempo e que, atualmente encontra-se num estado de estabilidade satisfatória, mas que não significa acomodação visto que a essência do projeto está na versatilidade dos bolsistas e das

atividades desenvolvidas buscando provocar na sociedade sentimento constante de mobilização social. Isso permite perceber a importancia do caráter interdisciplinar do projeto, lembrando Paulo Freire que diz: “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1987, p. 78).

4. CONCLUSÃO

Considera-se que o projeto tem alcançado resultados significativos nos últimos sete anos de atuação, tanto para a comunidade, quanto para os discentes. Por um lado, a comunidade aprende a cada dia mais a valorizar o patrimônio de seu bairro e estabelece verdadeira relação de cuidado com esse, ao mesmo tempo que tem a sua disposição atividades que contribuem muito para propiciar um futuro melhor para os que ali moram.

Por outro lado, os discentes que desenvolvem o trabalho no bairro absorvem experiências ímpares que futuramente contribuirão para suas carreiras profissionais, pois, a partir do contato com as diversas situações vivenciadas constrõem um caráter cidadão pautado na ética, no compromisso e no trabalho em equipe. Encontram também a oportunidade de apresentar em seminários e congressos o que valoriza os estudantes e torna pública a dinâmica de um projeto de extensão universitária permitindo a troca de saberes entre as mais variadas áreas do conhecimento. E além disso os bolsistas estabelecem relações no local do projeto que ultrapassam as barreiras do local do projeto, pois é tamanho o envolvimento com as pessoas da comunidade que elas passam a fazer parte de sua vida, considerando-se assim verdadeiros elos entre comunidade e universidade.

Dessa maneira, as consequências do trabalho realizado na biblioteca desde sua fundação foram muito perceptíveis, tanto nas atividades escolares, quanto nas extra-acadêmicas, o que não deixa dúvidas do poder transformador de um projeto de extensão.

AgradecimentosFundação Gorceix, Proext – MEC/SESU

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATEL, Thaís Helena; BOGADO, Adriana Marcela; HORI, Tiago e MELLO, Roseli Rodrigues de. Tertúlia Literária Dialógia. In: Anais do 2o Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Horizonte, s/p, setembro, 2004. Disponível em: https://www.ufmg.br/congrext/Cultura/Cultura7.pdf. Acesso em: 13 de agosto de 2013.

BIDERMAN, Iara. Balé traz mais benefícios que natação, indica pesquisa. Folha de São Paulo Online, novembro de 2008. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u472270.shtml . Acesso em: agosto de 2013.

BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. 2000/2001 Disponível em: <http://proex.epm.br/projetossociais/renex/plano_nacional.htm> Acesso em 14 de agosto de 2013

ITAQUI, José & VILLAGRÁN, Maria Angélica. Educação Patrimonial: a experiência da quarta colônia. Santa Maria : Palotti, 1998.

LAZAROTTO, Claudia. UNIVERSIDADE NEWTON PAIVA. Projetos de Extensão. Disponível em: <http://www.newtonpaiva.br/extensao/projetos_responsabilidade.asp>. Acesso em: 13 de agosto de 2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1978. 78 p.

MONTESSORI, Maria. Para educar o potencial humano. Papirus Editora, 2003.UNIVERSIDADE NEWTON PAIVA. Projetos de Extensão. Disponível em: <http://www.newtonpaiva.br/extensao/projetos_responsabilidade.asp> Acesso em 13 de agosto de 2013.

ART AND CULTURE IN THE COMMUNITY SARAMENHA

Abstract: The community library in the neighborhood from Saramenha de Cima is relevant role in the community that the houses, because it is a place for meeting and sharing knowledge, experiences and practices for a diverse set of people. Since 2002, the DEMINUFOP, the CODACIS/IFMG and the community of bairro Saramenha, in Ouro PretoMG, develop the present project, assisting the community in neighborhood library expansion and streamlining of methodologies of reading and study among children, youth, adults and seniors in the community. Monday through Friday, the graduates from various fields of knowledge UFOP purport to complement what is learned at school for children by assisting them in their tasks, teaching in various branches of art, promoting reading groups, and even on Saturdays, developing workshops that stimulate the handicrafts of local goers, games, activities, as well as cultural tours around town. Stands out among the main results: improved school performance of children and the narrowing of the essential bond between community and University and the formation of a university student citizen

Key-words: extension; social responsibility; education; culture.