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ARTE MODERNA II
Antonio Castelnou
Orfismo
❖ Movimento artístico efêmero que nasceu na França por volta de
1912 a partir do cubismo, o qual defendia o primado da COR,
desenvolvendo obras totalmente não-figurativas que buscavam
uma suposta analogia entre a abstração pura e a música.
❖ Batizado pelo escritor e crítico de arte francês Guillaume
Apollinaire (1880-1918), fazia referência a Orfeu – o poeta-cantor
da mitologia grega ligado a uma vida de desprendimento e prazer
– de modo a trazer lirismo e cor ao austero cubismo intelectual.
❖ Também chamado de Cubismo
Órfico, o ORFISMO propunha
uma abstração imaginária, obtida
a partir do uso de cores puras
aplicadas segundo o princípio do
contraste simultâneo ou através
de analogias com a música.
❖Assim como no CALIGRAMA
(poema visual em que a disposição
gráfica do texto forma imagens),
a pintura deveria se expressar
apenas por formas cromáticas.
Olá mundo do qual sou a língua
eloquente e que sua boca ó Paris
atire e atirará sempre nos alemães.
Guillaume Apollinaire
(1880-1918)
❖ Empregando tons frios e quentes,
as obras órficas sugerem um
perpétuo movimento através de
evoluções da luz em redes de
linhas helicoidais ou circulares
dispostas segundo um ritmo ímpar.
❖Para os orfistas, deve-se exaltar
a COR PURA – "forma e tema da
arte” – dispensando-se a
identificação do espaço pictórico
e substituindo gradualmente as
imagens da natureza por matizes.
Robert Delauney
(1885-1941)
La tour Eiffel Serie 1909-1926
❖ Influenciando os cubistas do grupo
de Puteaux – em especial F. Léger –,
o orfismo teve como maiores
expoentes o tcheco František Kupka
(1871-1957) – que chamava suas
pinturas de “anarquias filosóficas” – e
o francês Robert Delauney (1885-
1941) que, junto à sua esposa de
origem ucraniana, Sonia Terk
Delauney (1885-1979), trabalhou com
um cromatismo intenso, cheio de
vitalidade e ritmo.
František Kupka (1871-1957)
Mme. Kupka entre
verticais (1910/11)
Discos de Newton: estudo para fuga em duas cores (1917)
Robert
Delauney
(1885-1941)
Sonia Delauney
(1885-1979)
La ville de Paris
(1910/12) - 2,67x4,06m
Prismes
Électriques
(1914) - 2,5x2,5m
Rythme (1938)
149x182cm
Janelas abertas
simultanemente
(1912) - 38x46cm
❖ Sucumbindo à Primeira Guerra Mundial
(1914/18), o orfismo produziu efeitos nas
obras dos expressionistas alemães,
especialmente em A. Macke e F. Marc,
além de ter inspirado todo o trabalho do
alemão Paul Klee (1879-1940).
❖ Talentoso violonista, Klee passou a se
dedicar às artes plásticas em 1898,
mudando-se para Munique e produzindo
telas e gravuras revolucionárias que o
fizeram se juntar à BAUHAUS em 1920.
Paisagem com bandeiras (1914)
Paul Klee (1979-1940)
Cúpulas vermelhas e brancas (1914)
Paul Klee
(1879-1940)
Senecio (1922)38x41cm
Com o ovo (1917) - 14,9x23,3cmVilla R (1919)
22x26cm
O mensageiro do outono
(1922)
A cor e eu somos um só.
Sou pintor.
Vorticismo
❖ Movimento artístico efêmero que surgiu na Inglaterra em 1913
derivado do cubismo e do futurismo, o qual também tinha bases
literárias e possibilitou a afirmação da arte moderna após a
atuação dos pioneiros Bloomsbury Group e Camden Town Group.
❖ Com um estilo menos figurativo que os demais, os vorticistas
basearam suas obras na ideia de um VÓRTICE, ou seja, um
turbilhão de energia com um centro estável, propondo-se a irem
mais profundamente na captação dinâmica de forças.
❖ Em 1912, o futurismo foi
introduzido na Inglaterra pelo
pintor Christopher Richard
Wynne Nevinson (1889-
1946), cujas obras repletas
de planos fraturados e linhas
de força inspiraram a vertente
vorticista, a qual se contrapôs
às interpretações pós-
impressionistas tanto dos
integrantes do grupo de R.
Fry quanto do de W. Sickert.
Christopher R. W. Nevinson
(1889-1946)
The Arrival (c.1913)
A Dawn (1914)
❖ Em 1913, o escritor norte-
americano Ezra Pound (1885-
1972) – que revolucionou a poesia
através da estilização gráfica de
seus poemas – criou o termo
VORTICISMO, enfatizando a ação
artística baseada em um
redemoinho (vórtice) de emoções e
fundando em Londres a Revista
BLAST para sua divulgação, a qual
seria publicada apenas em dois
números: em 1914 e em 1915.
Ezra Pound (1885-1972)
❖ Ex-membro do Camden Town Group e cofundador da BLAST,
o pintor Wyndham Lewis (1882-1957) foi o maior expoente do
vorticismo através de uma arte de inspiração cubofuturista que
celebrava o mundo moderno, suas máquinas e seus arranha-céus.
Uma bateria bombardeada (1919) – 183x318cm
Oficina
(c.1913/14)61x77cm
❖ Outros pintores que exploraram a
arte vorticista – tida como a primeira
contribuição inglesa ao modernismo –
foram: Frederick Etchells (1886-1973),
Edward Wadsworth (1889-1949) e
William Roberts (1895-1980).
❖ Embora não ligado ao vorticismo –
apesar de ter sido convidado por Lewis
–, o pintor David Bomberg (1890-1957)
aproximou-se de seu estilo, mas foi
depois fortemente influenciado por
A. Derain, A. Modigliani e P. Picasso.
David Bomberg (1890-1957)
Vision of Ezekiel (1912)
The mud bath (1914)
Frederick
Etchells
(1886-1973)
Composition:
Stilts (1914/15)
Porthleven (1913) - 33x47cmDazzle-ships in Drydock
at Liverpool (1919) - 24,4x30,4cm
Edward Wadsworth (1889-1949)
William Roberts
(1895-1980)
Boxers (1914)
❖ Na escultura, o vorticismo manifestou-se nos trabalhos
do norte-americano Jacob Epstein (1880-1959) e do francês
Henri Gaudier-Brzeska (1891-1915), que viveram em Londres.
Jacob Epstein (1880-1959)
Tumba de Oscar Wilde
em Paris (1912)
Pássaro engolindo peixe (1914)
Henri Gaudier-Brzeska (1891-1915)
Red stone dancer (c.1913)
Cabeca de
Ezra Pound (1914)
Perfuratriz
de Rocha
(1914)Bronze
46x58x72cm
Arte Metafísica
❖ Perdurando não mais que uma década, entre 1911 e 1920, e
inspirando-se nos simbolistas de fins do século XIX, esta corrente
artística italiana se contrapôs ao dinamismo dos futuristas ao
retomar a NOSTALGIA do antigo, do silêncio e das horas perdidas.
❖ Pretendendo descobrir o mistério das aparições imprevistas,
propôs criar imagens que conduzissem a ambientes fantasiosos,
enigmáticos e oníricos, com iluminação irreal e perspectivas
impossíveis, as quais deveriam provocar reações inquietantes.
❖ Após frequentar a Academia de
Munique (Alemanha) e receber
influências nietzscheanas, o pintor
Giorgio De Chirico (1888-1979) criou
a obra O Enigma de uma Tarde de
Outono (c. 1910), a qual, segundo ele,
foi resultado de uma "revelação"
experimentada na Piazza Santa Croce
(Florença), a partir de então produzindo
telas com paisagens desertas e
instalando-se enfim em Paris.
O Enigma de uma Tarde de Outono (c. 1910)
Giorgio De Chirico (1888-1979)
❖ As cenas niilistas de De Chirico
chamaram a atenção de críticos,
como Guillaume Apollinaire (1880-
1918), que foi o primeiro a usar o
termo “metafísico” em 1913 para se
referir a essas pinturas sem sentido.
❖Porém, a corrente somente nasceu
do encontro de De Chirico com o
pintor futurista Carlo Carrà (1881-
1966), no hospital neurológico Villa
Del Seminario (Ferrara) em plena
Primeira Guerra Mundial (1914/18).
Giorgio De Chirico (1888-1979)
O Enigma do Oráculo (1910)
A Nostalgia do Infinito
(1911/13)
Guillaume Apollinaire
(1880-1918)
❖ Em 1917, Carrà e De Chirico lançaram o Manifesto per la Pittura
Metafisica, a qual designaria a arte de criação de uma natureza
visionária do mundo para além da realidade das coisas. Suas telas
misteriosas influenciariam o surrealismo da década de 1920.
La musa metafísica (1917) Carlo Carrà (1881-1966)
La camera incantata (1917) L’Ovale delle
apparizioni
(1918)
❖ Introduzindo o NANQUIM como
um dos elementos da estética
metafísica que “santificava a
realidade”, a obra de De Chirico
produziu grande impacto entre
pintores e escritores. Tornando-
se surrealista, sua paixão pela
cidade como um labirinto sinistro,
mas sedutor, acabou se
perdendo, resultando em obras
mais convencionais.
Piazza d’Italia (1913)25x35,2cm
Le muse inquietanti 1916/18)
Auto ritratto (c.1922)
❖ Além de Carrá e De Chirico,
outros representantes da
pintura metafísica foram o
irmão de De Chirico e também
poeta Alberto Savinio (1891-
1952), Filippo de Pisis (1896-
1956) e Giorgio Morandi
(1890-1964), este vindo do
cubismo, o qual repôs esta
arte no caminho construtivo.
Il tempio abbattuto (1933)
Alberto Savinio (1891-1952)
Filippo de Pisis (1896-1956)
Natura morta Occidentale (1919)
Giorgio Morandi (1890-1964)
Natura morta metafisica (1920)
Purismo
❖ Movimento artístico francês fundado pelo manifesto Après le
Cubisme (1918) dos pintores Amédée Ozenfant (1886-1966) e
Charles-Édouard Jeanneret (1887-1965), que se apoiava na
ideia de que as formas volumétricas puras seriam as fontes
primárias das sensações estéticas. Esvaziando-se até 1925, tal
vertente moderna encontrou certa repercussão graças à atuação
de Jeanneret que adotou o codinome LE CORBUSIER.
❖ Mantendo o compromisso com a
figuração, os puristas consideravam a
arte cubista desordenada e pessoal,
defendendo a restauração de uma arte
sã, sem fantasias e/ou preciosismos, a
qual deveria restituir aos objetos sua
SIMPLICIDADE ARQUITETÔNICA,
esta baseada nos princípios da
economia, do universalismo e da
geometrização impessoal.
Nature morte (1920)
C. E. Jeanneret (1887-1965)
❖ Difundindo-se através da revista
L’ESPRIT NOUVEAU (1920/25) –
dirigida pelo poeta francês Paul
Dermée (1886-1951), que exaltava
a beleza das formas elementares e
não-ornamentadas –, o purismo
criou o conceito de OBJETO-TIPO
(um objeto absoluto cuja configuração
seria livre dos “acidentes” da
personalidade, perspectiva ou tempo,
voltado essencialmente a ser
produzido em série e em massa). Pavillion L’Esprit Nouveau (1925, Paris)
Reconstruído em 1977, Bologna (Itália)
Nature morte
(1920)
Charles-Édouard Jeanneret (1887-1965)Le Corbusier
Variations sur objects
simples (1924)
Nature morte
Verticale (1921)
89,3x146,3cm
❖ Além de Dermée, outros poetas que
se envolveram com o movimento
foram Blaise Cendrars (1887-1961) e
Pierre Reverdy (1889-1960). Quanto
aos artistas, juntaram-se a Le
Corbusier e Ozenfant os escultores
cubistas Henri Laurens (1885-1964)
e Jacques Lipchitz (1891-1973),
assim como o pintor Fernand Léger
(1881-1955), que partiu do purismo
para criar uma linguagem própria.
Bol de fruits (1925)
Fernand Léger (1881-1955)
Le déjeneur (1921)
Amédée Ozenfant
(1886-1966)
Nature morte au verre de vin rouge (1921)
Nature morte
(1920/21)
Nature morte: plates (1920)
Jacques
Lipchitz
(1891-1973)Homem sentado
(c.1925)
Cabeça de uma
jovem (1920)
Henri Laurens
(1885-1964)
Mulher ao espelho
(1929)
Bauhaus
❖ Escola alemã de artes aplicadas fundada em abril de 1919, por
Walter Gropius (1883-1969), na cidade de Weimar, a Staatliches
Bauhaus (“Casa Estatal da Construção”) tornou-se um centro de
confluência e discussão das várias correntes de arte moderna.
❖ Combatendo a arte pela arte, seus artistas e professores
estimulavam a livre criação com a finalidade de ressaltar cada
personalidade, mas mantendo seu compromisso com a indústria
e a funcionalidade, o que fez nascer o design moderno.
❖ Baseada na experiência anterior
da Deutscher Werkbund
(“Associação Alemã do
Trabalho”) (1907/18), criada por
Hermann Muthesius (1861-
1927) e que buscava uma
aliança entre a arte e a máquina,
a BAUHAUS teve sua história
dividida em três fases referentes
às mudanças da sua sede até
seu fechamento pelos nazistas:
Weimar (1919/25), Dessau
(1925/30) e Berlim (1930/33).Hermann Muthesius
(1861-1927)
Walter Gropius
(1883-1969)
❖ De 1919 a 1923, a escola viveu um
período de grande criação conjunta,
com o predomínio dos ideais
expressionistas por um “comunismo
cósmico”, além da presença de
professores criativos, o contínuo
contato com a realidade de trabalho e
o paralelismo entre ensino teórico e
prático. Entretanto, devido à alta
inflação do 1º pós-guerra, muitos dos
seus programas não foram executados.
Catedral de Cristal: Capa do Manifesto da Bauhaus (1919)
Xilogravura (18,7x30,5cm) – Lyonel Feininger (1871-1958)
❖ Somente a partir de 1924, quando a situação econômica alemã
começou a melhorar, a BAUHAUS recebeu encomendas da
indústria, ao mesmo tempo em que surgiram reações contra seus
métodos revolucionários, os quais recusavam a tradição decorativa.
Joost Schmidt (1893-1948)
Exhibition Poster (1922/23)
Happy Ascent (1923)
Wassily Kandinsky (1866-1944)
Colored
Sphere (1921)
Johannes Itten
(1888-1967)
❖ Com a transferência para Dessau,
em 1925, a escola atingiu seu auge,
abrindo-se uma pequena empresa,
a Bauhaus GmbH, para distribuir os
produtos criados; e Hannes Meyer
(1889-1954) sucedendo Gropius no
cargo de diretor da escola.
❖ Em 1930, já sob direção de Mies
van der Rohe (1886-1969), houve a
mudança para Berlim, até que, por
pressão nazista, suas atividades
foram encerradas três anos depois.
Hannes Meyer
(1889-1954)
Ludwig
Mies van
der Rohe
(1886-1969)
❖ Provenientes das vanguardas
artísticas de toda a Europa,
os professores da Bauhaus
revolucionaram os métodos
criativos, tendo se destacado:
Wassily Kandinsky (1866-1944),
Lyonel Feininger (1871-1958),
Paul Klee (1879-1940), Theo
van Doesburg (1883-1931),
Ludwig Hilberseimer (1885-
1967), Oskar Schlemmer (1888-
1943), El Lissitzky (1890-1947) e
Johannes Molzahn (1892-1965).
Lyonel Feininger
(1871-195)
Hopfgarten
(1920)
Máquina de gorjeios (1922)
Paul Klee (1879-1940)
Counter Composition V
(1924) Theo van
Doesburg (1883-1931)
Cidade Vertical
(1924)
Ludwig
Hilberseimer
(1885-1967)
Oskar Schlemmer (1888-1943)
Tänzerin: Die geste (1922/23)
Die Treppe
im Bauhaus:
Bauhaustreppe
(1932)
Welten (1918)
Johannes Molzahn (1892-1965)
El Lissitzky
(1890-1947)
Proun
Composition
(c.1922)
Bibliografia
❑ DROSTE, M. Bauhaus: 1919-1933. Köln: Taschen, 1990.
❑ GOMBRICH, E. H. A história da arte. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1988.
❑ HODGE, S. Breve história da arte. São Paulo: Gustavo Gili, 2017.
❑ LITTLE, S. Ismos: Como entender a arte. São Paulo: Globo,
2010.
❑ STRICKLAND, C. Arte comentada: da Pré-História ao Pós-
Moderno. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.