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ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO
1. As contribuições do Psicólogo perante o Divórcio, Alienação Parental e a Guarda Compartilhada
1.1.As contribuições do Psicólogo perante o Divórcio
É muito difícil explicar para a pessoa que apresenta sintomas emocionais, e também
para a família, que estes sintomas não passam sozinhos. Meu objetivo é trazer o
conhecimento do que é psicologia, quais são suas diferentes linhas, que são os
diferentes caminhos terapêuticos, e que existe um tipo de tratamento adequado para
cada tipo de pessoa e para cada tipo de problema.
De acordo com Hyun Sik Kim que desenvolveu uma pesquisa sobre o tema na
Universidade de Wisconsin- Madison, crianças com pais divorciados apresentam
queda no rendimento em provas de matemática, mostram problemas com habilidades
interpessoais e introspecção durante o período de divórcio. Já os jovens ficam mais
propensos a sentimentos de ansiedade, solidão e principalmente baixa autoestima, diz
estudo. (fonte: Revista Psique - Ano VI n° 67 apud GONÇALVES, 2011).
No entendimento de Gonçalves (2001), tal como aponta a pesquisa acima
mencionada, realmente é necessário que os pais observem melhor o comportamento
de seus filhos no momento do divórcio. Este é sim considerado um momento de crise
familiar e mesmo que a opção pelo divórcio seja a melhor (não apenas para os pais
como para os filhos) é importante não esquecer que a relação marido e mulher pode
ter acabado, mas a função materna e paterna não.
Mesmo que seu filho não apresente queda no rendimento escolar, com certeza
alguma mudança comportamental poderá ser observada, afinal, a estrutura familiar se
rompeu e todos devem se adequar ao novo arranjo familiar. Um dos problemas que
percebo no consultório é como os pais às vezes "mascaram" ou preferem fingir que
nada mudou para seus filhos, só porque nenhuma mudança brusca em seu
comportamento ocorreu.
De acordo com MORAIS (2012), para a maior parte das crianças a família é um porto de
abrigo inquestionável e a união dos pais é vista como essencial ao seu bem-estar. De
resto, como digo tantas vezes, a qualidade da relação conjugal é determinante para o
desenvolvimento emocional das crianças. Quanto mais estável for essa relação, mais
seguros tenderão a ser os filhos. Mais: essa relação conjugal é um modelo que pode
condicionar as escolhas que os filhos farão mais tarde, na idade adulta.
Ainda que a maior parte das pessoas não pare sistematicamente para fazer uma
autoavaliação, quase todos os casais reconhecem esta importância e, no dia-a-dia,
fazem alguns esforços para que, por exemplo, as crianças não sejam expostas a
discussões acesas.
É precisamente porque a maior parte dos pais tem consciência da importância desta
estabilidade que, quando da possibilidade de um divórcio, o sofrimento e a preocupação
com o bem-estar dos filhos podem implicar a dificuldade em tomar decisões. E se é
louvável que um casal faça uma derradeira tentativa para salvar a sua relação em nome
do amor aos filhos recorrendo, por exemplo, à terapia conjugal, também é importante
manter a cabeça fria e assumir a ruptura quando já não há volta a dar – precisamente
no sentido de o bem-estar dos filhos ser salvaguardado.
Na cabeça de alguns pais, irrompem um turbilhão de perguntas que teimam em fixar-
se em suas cabeças, ao ponto de implicarem um bloqueio emocional, que os impede
de fazer o que quer que seja. Normalmente, segundo alguns psicólogos, o pedido de
ajuda é normalmente feito por um dos membros do casal que, aflito, partilha o seu
dilema: “ devo separar-me?”
Entretanto, não é ao psicólogo que compete dar resposta a esta questão, como é
evidente. É a própria pessoa que, ao longo do processo terapêutico, acaba por obter
respostas objetivas às perguntas que a atormentam permitindo que as decisões
importantes possam ser tomadas com segurança, ponderação e sentido de realidade,
assevera MORAIS (2012), e continua:
Devo ser clara e assumir que, na maior parte das vezes, estes pedidos de ajuda feitos por um dos progenitores acontecem numa fase em que o vínculo amoroso já foi desfeito. Nesses casos a pessoa que pede ajuda já não se sente ligada ao cônjuge, já não ama e, lá no fundo, sabe que não há volta a dar àquela relação. Mas sente-se atormentada por sentimentos de culpa e procura, dia após dia, prolongar a relação conjugal para continuar a proteger os filhos. MORAIS (2012).
As crianças são particularmente sensíveis ao nosso estado emocional mas também
são muito boas a fingir que está tudo bem, imitando os adultos. Esta é, de resto, uma
resposta habitual que mais não é do que um mecanismo de defesa que lhes permite
proteger os adultos. Afinal, se os pais não são capazes de enfrentar o problema, as
crianças podem muito bem defender este segredo, com os respectivos riscos.
1.2.As contribuições do Psicólogo perante Alienação Parental
Para SELONK (2011), a síndrome da alienação parental, consistente em um processo
de programação da criança ou adolescente para odiar outro genitor, mediante
campanha de desmoralização, vem ganhando relevância no mundo jurídico atual, em
especial após a edição da Lei 12.318/2010. Entretanto, muito do que se esperava com
referida lei não foi alcançado, em especial no tocante à possibilidade de aplicação da
mediação familiar para resolução das graves conseqüências trazidas pela síndrome da
alienação parental. Deve ser aplicada a mediação familiar, inobstante o veto que a
legislação sofreu, pois se desvela como a melhor forma de resolver, ou ao menos
amenizar, os nefastos efeitos trazidos pela perniciosa prática da alienação parental.
Para o autor, a Síndrome da Alienação Parental é um transtorno psicológico que se
caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais o genitor, dominado pelo cônjuge
alienador, transforma a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e
estratégias de atuação, com o objetivo de impelir, obstaculizar ou destruir seus
vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos
reais que justifiquem essa condição. Em outras palavras, consiste em um processo de
programar uma criança para que se odeie um de seus genitores sem justificativa, de
modo que a própria criança ingressa na trajetória de desmoralização desse mesmo
genitor.
Ou seja, o alienador passa a "educar" o filho de tal forma que este cria um ódio
desmedido contra o outro genitor, seu pai ou mãe, até fazer com que eles, por vontade
própria, levem a termo esse rechaço. O filho, que ama ambos os genitores, é levado a
se afastar de um deles. Surgem, então, contradições de sentimentos e destruição do
vínculo entre ambos, e, a partir daí, desfeito o vínculo com o genitor alienado, passa a
acreditar que tudo o que o genitor alienador lhe diz é verdade.
A mediação familiar é uma prática para restabelecer relações, quando tudo indica que
a família está desmantelada por consequência da dissociação entre o homem e a
mulher, tentando minorar os prejuízos para os filhos. Com a intervenção da mediação
familiar, é possível compreender que a separação e o divórcio não significam a
dissolução da família, mas sua reorganização. [...]. Em matéria de família, só
consegue avaliar bem o que ocorre quem está passando pelo sentimento, seja de
amor, de ódio ou indiferença. Por isso, são as partes as únicas que podem interpretar
seus afetos: nem o advogado, nem o juiz, nem o mediador podem fazê-lo. Por isso, a
sociedade civil tem afrontado tanto o direito de família. O amor não pode ser
interpretado por normas.
Inexiste no Brasil legislação que regulamente o instituto da mediação; logo é possível
fazer uma análise desta com um instituto análogo, qual seja, a arbitragem. Nesse
instituto, de acordo com a Lei 9.307/96, somente é possível convencionar a arbitragem
para solucionar os conflitos que envolvam direito patrimonial.
Por analogia, a mediação não poderia ocorrer para os casos de alienação parental,
justamente por tratar de direito fundamental, indisponível, portanto. Nesse sentido,
como mencionado anteriormente, o artigo 9º, da Lei 12.318/2010, foi vetado sob o
argumento de que a mediação no âmbito familiar dá vazão ao desrespeito à
indisponibilidade do direito à convivência familiar, prevista pela Constituição Federal.
Porém, vale ressaltar que a mediação não se presta a acobertar ilegalidades. Trata-se
tão somente de um método de resolução de conflitos, o que não permite que as ações
humanas dele decorrentes se escusem ao cumprimento do direito. Então, de igual
modo, é legalmente vedado que o acordo mediado afronte dispositivo constitucional,
sob pena de ser considerado inválido.
Diante de toda a questão suscitada pela síndrome da alienação parental, urge a
necessidade de adoção de medidas que efetivamente surtam resultados, seja na
prevenção ou na recuperação das vítimas.
O pai ou a mãe que frustra no filho a expectativa de convívio com o outro genitor viola
e desrespeita os direitos do menor, abusando de seu poder familiar. Assim, é de se
atentar que existem sanções judicialmente aplicáveis nesses casos, a exemplo da
perda ou suspensão do poder familiar, [11] imposição de tratamento psicológico,
aplicação de multa.
1.3.As contribuições do Psicólogo perante a Guarda Compartilhada
Segundo Costa e Rodrigues ( 2010), a ruptura conjugal cria a família monoparental e a
autoridade parental, até então exercida pelo pai e pela mãe. Assim, o papel de
cuidador/guardião se concentra em um só dos genitores, ficando o outro reduzido a
um papel verdadeiramente secundário (visita, alimentos, fiscalização). Quer isso dizer
que um dos genitores exerce a guarda no âmbito da atuação prática, no cuidado diário
e outro conserva as faculdades potenciais de atuação.
Assim, com o crescente número de rupturas surgem, também, os conflitos em relação
à guarda de filhos de pais que não mais convivem, fossem casados ou não. Cumpre à
doutrina e à jurisprudência estabelecer as soluções que privilegiem a manutenção dos
laços que vinculam os pais a seus filhos, eliminando a dissimetria dos papéis parentais
que o texto constitucional definitivamente expurgou, como se vê pelo artigo 226, §5º
[8].
A ruptura escrevem Segundo Costa e Rodrigues( 2010) afeta diretamente a vida dos
menores, porque modifica a estrutura da família e atinge a organização de um de seus
subsistemas, o parental. Diante de tal situação, se coloca a necessidade de se manter
todos os personagens da família envolvidos, mesmo após a ruptura da vida em
comum, utilizando-nos de noções de outras disciplinas, como a psicologia, a
sociologia, a psiquiatria, a pediatria e os assistentes sociais, tentando, assim, atenuar
as conseqüências injustas que essa ruptura provoca.
Com a guarda compartilhada busca-se atenuar o impacto negativo da ruptura
conjugal, enquanto mantém os dois pais envolvidos an criação dos filhos, validando-
lhes o papel parental permanente, ininterrupto e conjunto. Dessa forma, os filhos
seguem estando aí, seguem sendo filhos e os pais seguem sendo pais: portanto, a
família segue existindo, alquebradas, mas não destruída.
Guarda conjunta, ou compartilhada, não se refere apenas à tutela física ou custódia
material, mas todos outros atributos da autoridade parental são exercidos em comum,
assim, o genitor que não detém a guarda material não se limitará a supervisionar a
educação dos filhos, mas ambos os pais terão efetiva e equivalente autoridade
parental para tomarem decisões importantes ao bem estar de seus filhos.
Na guarda compartilhada, não só as grandes opções sobre o programa geral de
educação e orientação (escolha do estabelecimento de ensino, prosseguimento ou
interrupção dos estudos, escolha de carreiras profissionais, decisão pelo estudo de
uma língua estrangeira, educação religiosa, artística, esportiva, lazer, organização de
férias e viagens), mas também os atos ordinários, cotidianos e usuais (compra de
uniformes e material escolar) – como se praticam no seio de uma família unida –
pertencem a ambos os genitores.
No mundo interno da criança a família representa o “nós” a partir do qual ela se
identifica, é a manifestação mais precoce de um laço afetivo com outra pessoa.
Nas mais diversas teorias do desenvolvimento humano está apontada a importância do casal parental para um desenvolvimento harmônico da personalidade. Encontramos referência à identificação que a criança tem com seus genitores, especificamente com o genitor de mesmo sexo. No caso de um menino ele faz de seu pai seu ideal, no caso da menina, sua mãe será seu modelo. Encontramos nestas teorias uma importância similar do papel de pai e do papel de mãe. (COSTA e RODRIGUES, 2010)
A família, assim, representa a primeira imagem social, de o que é uma comunidade, e
através dela é que a criança vai estabelecer seu sentimento de pertencimento.
Assim, o poder familiar, ou poder parental, é um conjunto incindível de poderes-
deveres, que deve ser altruisticamente exercido à vista do integral desenvolvimento
dos filhos, até que esses se bastem em si mesmos. Importando primordialmente a
proteção do incapaz, seu benefício essencial.
A guarda compartilhada na atual legislação brasileira: A guarda compartilhada é
“um dos meios de assegurar o exercício da autoridade parental que o pai e a mãe
desejam continuar a exercer na totalidade conjuntamente”. Ela nasceu há pouco mais
de 20 anos na Inglaterra e de lá se transladou para a Europa continental,
desenvolvendo-se na França. Depois atravessou o Atlântico, encontrando eco no
Canadá e nos Estados Unidos. Presentemente desenvolveu-se na Argentina e no
Uruguai.
Na tentativa de alcançar os avanços sociais e efetivar uma medida de proteção aos
direitos dos menores, foi publicada a Lei 11.698/08, que entrou em vigor na data de 13
de junho de 2008, conferindo de forma igualitária o exercício dos direitos e deveres
concernentes a ambos os pais.
Vantagens e desvantagens do modelo, sob o aspecto psicológico: A questão da
guarda de menores, ressentida do pouco trato técnico-jurídico, transborda em
problemas psicoemocionais. É um estágio no ciclo de vida familiar, uma circunstância
desse e seguida de mudanças estruturais. A partir da ruptura conjugal, asseveram as
autoras, os filhos passam a um plano secundário, servindo de objeto de disputa entre
os ex-cônjuges. Restam, assim, profundas questões psicológicas, que, com
informações sobre a preservação, a perpetuação e a transmissão de padrões ajudam
no desenvolvimento da família pós-divórcio, como um todo, propiciando uma
reassociação entre o casal conjugal e parental.
O fundamento psicológico da guarda compartilhada, parte da convicção de que a
separação e o divórcio acarretam uma série de perdas para a criança. Assim, a guarda
conjunta viria para amenizar este sentimento. Quando as crianças se beneficiam na
medida em que reconhecem que tem dois pais envolvidos em sua criação e educação.
A guarda compartilhada reflete o maior intercâmbio de papéis entre o homem e a
mulher, aumenta a disponibilidade para os filhos, incentiva o adimplemento da pensão
alimentícia, aumenta o grau de cooperação, de comunicação e de confiança entre os
pais separados na educação dos filhos. Isso lhes permite discutir os detalhes diários
da vida dos filhos, como pressuposto do novo modelo.
A guarda compartilhada eleva o grau de satisfação de pais e filhos e elimina os
conflitos de lealdade – a necessidade de escolher entre seus dois pais. “Os filhos
querem estar ligados aos dois genitores e ficam profundamente aflitos quando
precisam escolher um ou outro”, ressalta Edward Teyber, afirmam COSTA E
RODRIGUES ( 2010
O novo modelo mantém intacta a vida cotidiana dos filhos do divórcio, dando
continuidade ao relacionamento próximo e amoroso com os dois genitores, sem exigir
dos filhos que optem por um deles. Além do que, desenvolve nos homens e nas
mulheres uma genuína consideração pelo ex-parceiro em seu papel de pai ou de mãe.
Ambos percebem que têm de confiar um no outro como pais. Reforçam-se, assim,
mutuamente como pais, significando para eles, apesar de separados, continuar a
exercer em conjunto o poder parental, como faziam na constância do casamento.
Guarda Compartilhada x Guarda Alternada: Importante destacar a diferença entre
guarda compartilhada ou conjunta e guarda alternada. A guarda alternada caracteriza-
se pela alternância de residência dos pais, por certos períodos. Assim, “a guarda
alternada caracteriza-se pela possibilidade de cada um dos pais deter a guarda do
filho alternadamente, segundo um ritmo de tempo que pode ser um ano escolar, um
mês, uma semana, uma parte da semana, ou uma repartição organizada dia a dia e,
conseqüentemente, durante esse período de tempo deter, de forma exclusiva, a
totalidade dos poderes-deveres que integram o poder parental. No termo do período,
os papéis invertem-se”.
A guarda compartilhada deve ser tomada, antes de tudo, como uma postura,
como reflexo de uma mentalidade segundo a qual o pai e a mãe são igualmente
importantes para os filhos de qualquer idade e, portanto essas relações devem ser
preservadas para a garantia de que o adequado desenvolvimento fisioquímico das
crianças ou adolescentes envolvidos venha a ocorrer.
Deve-se ter sempre em conta a necessidade de uma avaliação objetiva da
aplicabilidade deste tipo de guarda em relação à gama de condições e circunstâncias
que cada caso apresenta, evitando-se a admissão preconcebida e sua falta de
operacionalidade.
2. Articulação das contribuições do profissional de Psicologia com o Direito
O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, adquiriu
pela sua própria constitucionalização e ante a sua maior abrangência, abrigando
novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma abordagem
multidisciplinar.
Não há negar a extrema importância do auxílio e da intervenção desse
profissional, a consolidar mais das vezes, o caráter de obrigatoridade, no Juízo de
Família, a tanto que essa atuação tem sido institucionalizada na estrutura judiciária
mediante a instalação de serviços psicossociais forenses, como serventias de quadros
próprios, aparelhadas para as suas atribuições específicas.
A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial sob a
moldura da intervenção do psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a
avaliação técnica do caso.
Assim, quando o casal tem o tecido afetivo rompido por razões inúmeras,
subjetivas, a verdade do litígio judicial não tem, a rigor, uma precisão absoluta.
Existem versões que se tornam aversões, porque o fato determinante dessa ruptura
está em função das versões que se apresentam, e muitas vezes não se poderá saber
se aquela causa que é apresentada como a que provocou a separação será, a rigor, a
sua própria conseqüência.
E nessa sensação de perda, os próprios cônjuges (ou conviventes ) não sabem
responder as causas que os levaram a esse rompimento da sociedade conjugal (ou da
união estável). Talvez os filhos saibam responder melhor, mas não o farão, porque as
grandes dores são mudas, e o juiz se coloca numa situação difícil de saber superar
essa perplexidade, para definir se aquela ruptura do casamento (ou da união estável)
decorreu de situações pelas quais os próprios cônjuges (ou conviventes) não
contribuíram de forma deliberada.
Segundo ALVES (2002):
É ponderável registrar que a noção fundamental de "interesse da criança", constante do art.
3º da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembléia Geral das
Nações Unidas (26.01.1990), é havida como consideração primordial em todas as decisões
que lhe concerne, inclusive pelos tribunais, o que leva à inarredável conclusão da imperativa
avaliação psicológica dos impactos que o processo litigioso de separação dos pais tem em
face dos filhos, a tanto que defende-se, ademais, a necessária ouvida destes últimos em tais
processos que, reconhecidamente, lhe interessam.
Alinhadas essas intervenções, forçoso é reconhecer que uma moderna visão
jurídico-social do Direito de Família, ante as suas multifaçetadas questões, exige o
prestigiamento do setor técnico, através de uma necessária atuação multidisciplinar,
onde pontifica o psicólogo jurídico com a elaboração de perícias psicológicas.
E mais do que isso, aponta-se para uma desenvoltura profissional
transcendente ao próprio momento do litígio, certo que o concurso do psicólogo
jurídico em área de mediação e de prevenção litigiosa revela-se, por identidade de
razões, mais urgente e oportuno.
Os profissionais da área psicossocial em Direito de Família estão
oportunizando uma visão jurídica mais avançada e reconstrutiva do próprio Direito
familiar, na medida em que desvendam a alma humana, objeto maior do desate
jurisdicional.
A Psicologia, por meio de estudos sobre o comportamento humano, oferece grandes
contribuições aos operadores do direito na aplicação das leis. A Psicologia
denominada de forense no âmbito jurídico, presta grande papel na interpretação dos
problemas de psicologia normal e patológica. Os casos mais interpretados pela
Psicologia Forense prestando fulcro à justiça são:
Como lidar com as doenças mentais em face da lei; demonstrar a periculosidade do indivíduo; correlacionar a paixão e a emoção nos crimes passionais; em alguns raros casos, empregar a técnica do hipnotismo buscando solucionar crimes obscuros; projetar a interpretação psicanalítica
do crime; lecionar a relação existente entre a delinquência neurótica e o sentimento de culpa, entre outros. (RIBEIRO, 2012)
A Psicologia, por meio de um bom uso da técnica, é capaz de diagnosticar sinais
evidentes em um infrator, percebendo, também, sintomas reveladores da mentira, tais
como:
defeito nas associações verbais; reflexo psicogalvânico (redução da secreção de saliva e aumento da secreção do suor); ritmo respiratório acelerado ou exageradamente ofegante; e a explosão de arritmias cardíacas em formato de taquicardia (ritmo acelerado). (RIBEIRO, 2012)
A psicologia, clinicamente, objetivando descobrir a raiz do problema, “tenta construir o
percurso de vida do indivíduo infrator e todos os meios psicológicos que o possam ter
conduzido à criminalidade”. O perito em psicologia, em determinados casos, tem uma
função de suma importância para o desencadear dos fatos e do processo. Exemplo
maior ocorre nos crimes de delinquência essencial, provocados pelo sentimento de
rejeição afetiva social, também conhecida como “complexo de inferioridade”. O
trabalho da Psicologia Forense - também chamada de Psicologia Judiciária - ,
também auxilia na elaboração de leis, normas e condutas judiciais, favorecendo aos
juristas a compreensão das faculdades e inclinações humanas. Doutrinariamente, sua
atuação consiste em ministrar lições de conhecimento psicológico a serviço do Direito,
revelando, desta forma, as causas de desordens mentais, contribuindo assim para
uma pena mais justa diante do ato criminoso.
A articulação entre Psicologia e Direto é tão estreita, que se faz necessário o perito
formado nesta área, além de dominar os conhecimentos que dizem respeito à
psicologia em si, é imperioso dominar, também, os conhecimentos referentes às leis
civis e às leis criminais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo da premissa de que separação e divórcio são dois dos mais dolorosos
eventos que passamos na vida, alguns profissionais sugerem algumas técnicas para
ajudar a lidar com o estresse do Divórcio:
Busque juntar apoio, passando pela mediação, pois isso pode conduzir uma melhor
comunicação e menos confrontos com o seu ex-parceiro (a);ao invés de se retirar
socialmente e se isolar com vergonha ou culpa pelo ocorrido, busque cercar-se de
amigos; lembre-se de como eles são importantes na prestação de apoio, na
perspectiva positiva de enfrentamento e na ajuda prática;saiba como dar e receber
equilíbrio. Você não tem que ser perfeito ou se culpar;não abater-se sobre o que você
deveria ter feito. Pare de falar com a negativa e autoculpa; você não pode mudar o
passado, para tentar aprender as lições que o presente oferece, em seguida, centre-se
num futuro positivo. Não se preocupe com o que outras pessoas possam pensar; se
há algo que é muito doloroso para olhar neste momento ou é inútil para você agora
que você está sozinho, deixe isso pra depois; determine o que é mais importante a
fazer agora e coloque o resto numa ordem de prioridades.
Desta forma as tarefas e as responsabilidades serão melhor administradas e você
estará mais propensa a resolvê-las de forma menos estressante;se você teve que
voltar para a casa da sua mãe e estava fora de trabalho por algum tempo, você
provavelmente terá de voltar a ativa e talvez tenha que aprimorar uma formação e
novas habilidades para o trabalho. Isso é possível e será extremamente útil pra você
se ocupar; tratar do seu próprio dinheiro é uma atitude satisfatória e cria
independência;Você também conseguirá estabelecer um exemplo positivo para os
seus filhos;não negue sua raiva, mas não deixe que isso drene a sua energia por ficar
presa no ressentimento.
REFRÊNCIAS
ALVES, Jones Figueirêdo. Psicologia aplicada ao Direito de Família. < Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/2740/psicologia-aplicada-ao-direito-de-familia>. Postado em: em 01/2002. Acesso em: 04.12.2012.
MORAIS, Claudia. O divórcio pode ser benéfico para as crianças? < Disponível em: http://www.apsicologa.com/2012/06/o-divorcio-pode-ser-benefico-para-as.html> Acesso em: Acesso em: 04.12.2012.
GONÇALVES, Lory. O divórcio e suas consequências para as crianças/ adolescentes.Postado em: 18 de julho de 2011. Disponível em: < http://www.psicologianasuavida.com.br/2011/07/o-divorcio-e-suas-consequencias-para-as.html > Acesso em: 07.12.2012.
LEVY, Laura Affonso da Costa e RODRIGUES, Maiana. Guarda Compartilhada: uma abordagem completa. Postado em 22.07.2010.
Disponível em: < http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4382>. Acesso em 06.12.2012.
RIBEIRO, Roberto Victor Pereira: Psicologia no Direito. Disponível em <http://www.abdir.com.br/doutrina/ver.asp?art_id=&categoria= Filosofia do Direito > Acesso em :3 de dezembro de 2012.
SELONK , Rafael.Síndrome da alienação parental e a mediação como caminho possível. Postado em dezembro 2011. Disponível em: < http://jus.com.br/revista/texto/20756/sindrome-da-alienacao-parental-e-a-mediacao-como-caminho-possivel > Acesso em: 07.12.2012.