Artigo 11 - Saneamento Basico No Estado de Roraima

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  • Anlise A Revista Acadmica da FACE Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 151-161, jul./dez. 2010

    SANEAMENTO BSICO NO ESTADO DE RORAIMA: SITUAO ATUAL E PERSPECTIVAS

    Rosangela Silva de Souzaa Luciana Silva de Souzab Nali de Jesus de Souzac

    Luciano Monteiro do Amarald

    Resumo: Este artigo como objetivo mostrar a situao atual do saneamento bsico do Estado de Roraima, envolvendo abastecimento de gua, coleta de esgoto e de lixo, comparando-se com a situao de outra cidades e Estados brasileiros. Constatou-se que 97% dos domiclios urbanos do Estado so abastecidos por gua encanada e possuem coleta de lixo, superando a mdia nacional. Porm, a maior parte do lixo coletado depositada a cu aberto, sem nenhum tratamento. Os resultados so ruins em relao coleta de esgoto, servios encontrados em apenas 17,3% dos domiclios urbanos do Estado, contra 68,7% para a mdia brasileira. Em Roraima, 80% dos esgotos escoam para fossas spticas, sendo quase 3% para outras formas bem menos higinicas. Em nvel estadual, j existem recursos disponveis para a universalizao dos servios de abastecimento de gua e aumento da rede de esgoto sanitrio. Entretanto, os recursos destinados aos investimentos neste ltimo servio ainda no suficiente para atender a toda a populao urbana do Estado de Roraima.Palavras-chave: Saneamento bsico. Abastecimento de gua. Coleta de esgotos. Coleta de lixo.

    AbstRAct: This papers aims to show the current status of sanitation in the State of Roraima, involving water supply, sewage and garbage, comparing the situation with other cities and states. It was found that 97% of urban households in the state are served by piped water and have garbage collection, surpassing the national average. However, most of the garbage collected is deposited in the open without any treatment. The results are bad in relation to sewage services found in only 17.3% of urban households of the state, against 68.7% for the average Brazilian. In Roraima, 80% of the sewage flow into septic tanks, and nearly 3% for other forms much less hygienic. At the state level, since there are resources available for the universalization of water and increase the network of sewage. However, resources for investment in that service is not yet sufficient to serve the entire urban population of the State of Roraima.Keywords: Sanitation. Water supply. Sewage. Garbage collection.JEL Classification: O1, Economic development; H53, Government expenditures and welfare programs; H54, Infrastructures; Other public investment and capital stock.

    a Consultora Independente. Mestre em Economia pela UFRGS (Desenvolvimento e Integrao Econmica). Especialista micro e pequenas empresas.

    b Consultora Independente. Mestre em Economia pela UFRGS (Desenvolvimento e Integrao Econmica). Especialista em Desen-volvimento Regional Sustentvel e Polticas Pblicas.

    c Consultor Independente. Ex-Professor do PPGE/UFRGS e do PPGE/PUCRS.d Mestre em Economia pela UFRGS (Desenvolvimento e Integrao Econmica). Especialista em Desenvolvimento Regional Susten-

    tvel e Polticas Pblicas.

    1 Introduo

    Nas ltimas dcadas muitas foram as discus-ses acerca dos conceitos de crescimento e de desenvolvimento econmico. Nessa evoluo, verificou se que o crescimento econmico no

    poderia mais ser encarado como soluo para problemas como distribuio de renda e comba-te pobreza, pois ele por si s no eleva o nvel de bem-estar da populao. Assim, a ateno centrou-se no conceito de desenvolvimento eco-nmico, que inclui questes sociais, culturais

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    e poltico-institucionais. Ao incluir tambm as questes ambientais surgiu a idia de desen-volvimento sustentvel, que ganhou grande im-pulso por conta das preocupaes crescentes com o meio ambiente, decorrente do uso indis-criminado dos recursos naturais no renovveis, indispensvel aos diversos processos produ- tivos.

    Desta forma, o mundo se deparou com o se-guinte dilema: crescer e promover a qualidade de vida da populao, harmonizando eficincia econmica, equidade social e preservao am-biental. Nesse processo, o saneamento bsico ganhou grande destaque, j que busca promo-ver a qualidade de vida da populao, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade ambiental e promove o desenvolvimento sustentvel. Sob esse aspecto, a oferta dos servios de sanea-mento bsico na maioria dos Estados brasileiros ainda precria, o que contribui com a degra-dao ambiental, por conta da disposio ina-dequada dos resduos slidos (lixo) e lquidos (esgotos); alm de contaminar o meio ambiente, essa prtica expe a populao a diversas do-enas. De modo geral, os investimentos reali-zados por meio de polticas pblicas direciona-das ao saneamento bsico no so suficientes para remediar em quantidade e em qualidade as demandas necessrias para a reduo dos problemas ambientais e os ligados sade pblica.

    Por estas e por outras razes, as questes ligadas ao desenvolvimento humano ganharam destaque com a Declarao do Milnio, promovi-da pela Organizao das Naes Unidas (ONU) em setembro de 2000; na oportunidade, 191 pa-ses firmaram um compromisso de promoo da paz, erradicao da pobreza, proteo ao meio ambiente, direitos humanos e democracia. Surgi-ram assim os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM), que definem um conjunto de me-tas a serem alcanadas at 2015. Entre as metas que compem os ODM, merecem destaque para o presente estudo as relacionadas aos indicado-res que compe a maior parcela do saneamento bsico: acesso a gua tratada e acesso a me-lhores condies de saneamento.

    O objetivo deste trabalho traar o perfil atual do Estado de Roraima em relao ao sane-amento bsico (abastecimento de gua, coleta de esgotos e de lixo). Procurar-se- apontar a existncia ou no de avanos quanto s metas que compe os ODM. A pesquisa se justifica

    pela relevncia do tema em relao sade e ao bem estar da populao. Espera-se que o servio de esgoto sanitrio atenda a um per-centual muito baixo da populao urbana do Estado de Roraima, envolvendo basicamente a rea central da capital, Boa Vista, e que a maio-ria dessa populao seja atendida pelo abaste-cimento de gua potvel e coleta de lixo, com exceo da coleta seletiva que ainda no ado-tada. Para este estudo, foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic- lios (PNAD).

    2 Reviso da literatura

    O processo de construo e evoluo do con-ceito de desenvolvimento passou por vrias cor-rentes, desde economistas de inspirao mais terica, que defendiam que o crescimento si-nnimo desenvolvimento, at economistas de inspirao menos ortodoxa, que entendiam que o desenvolvimento um conceito mais abran-gente, envolvendo questes sociais, infraestru-turais e ambientais. Em linhas gerais, pode-se afirmar que uma economia pode crescer sem se desenvolver, o que torna o crescimento eco-nmico uma condio indispensvel para o de-senvolvimento econmico, porm, no suficien-te. Em outras palavras Souza (2005, p. 7) assim define:

    Desenvolvimento econmico define-se, portan-to, pela existncia de crescimento econmico contnuo (g), em ritmo superior ao crescimen-to demogrfico (g*), envolvendo mudanas de estruturas e melhoria de indicadores econ-micos, sociais e ambientais. Ele compreende um fenmeno de longo prazo, implicando o fortalecimento da economia nacional, a am-pliao da economia de mercado e a preser-vao do meio ambiente.

    O crescimento econmico deve ocorrer com a melhoria das condies de vida da populao, implicando maior do consumo de bens e servi-os necessrios satisfao de suas necessi-dades, com a preservao do meio ambiente, controlando-se o desmatamento de florestas, a ocupao desordenada do solo, a exausto de reservas minerais, a extino de certas esp-cies de peixes e a poluio do ar, gua e solos. Este o desenvolvimento sustentvel, conceito que se iniciou a partir da Conferncia de Esto-colmo sobre Ambiente Humano de 1972, que

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    tambm deu especial nfase aos problemas da pobreza.1e

    O crescimento por si s no garante a sus-tentabilidade, que deve vir acompanhada da diminuio da pobreza, reduo da fertilidade, alm de uma procura coerente por qualidade ambiental e economia dos recursos disponveis; desenvolvimento se traduz por um processo socioeconmico, ecologicamente sustentvel e socialmente justo (Ximenes, 1997, p. 3).

    Conciliar expanso econmica e preservao ambiental um dos grandes desafios atuais, pois os recursos naturais so fatores de produ-o que ao serem transformados, geram bem-es-tar, pelo consumo de bens e servios. Mas esse consumo gera poluio e prejuzos natureza. As liberaes de gases pelas grandes indstrias que geram poluio atmosfrica, contribuindo para o aquecimento global. O fato de a polui-o prejudicar a sade e o bem-estar das pes-soas constitui exemplo de externalidades nega- tiva.

    2.1 Importncia do saneamento bsicoCom o saneamento bsico, procura-se con-

    trolar os fatores que afetam o ambiente e trazem prejuzos sade da populao (Oliveira et al, 2003, p. 14). Ele depende do tratamento do lixo e do esgoto nas reas urbanas, o que afeta sa-de e o bem estar da populao. Trata-se de um setor que vem ganhando destaque mundial, na medida que ele deve garantir o abastecimento de gua potvel suficiente e adequada para o consumo; promover a drenagem e a disposio de guas residuais (esgotos sanitrios; resduos lquidos industriais e guas pluviais); promover acondicionamento, coleta, transporte, tratamen-to e/ou destino do lixo e limpeza urbana; comba-ter a poluio das guas, do ar e do solo; contro-lar a qualidade dos alimentos; garantir o sanea-mento de locais de trabalho, escolas, hospitais, habitaes, clubes, restaurantes, etc.; sanear os meios de transporte; cuidar do saneamento e do planejamento territoriais; garantir o sanea-mento nas situaes de emergncia: enchentes, terremotos, etc.; controlar vetores (roedores e artrpodes) causadores de zoonoses; controlar a poluio sonora.

    1 O relatrio Nosso futuro comum, da Comisso Mundial do Meio Ambiente, de 1887, definiu desenvolvimento sustent-vel como sendo aquele que atende s necessidades do pre-sente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem suas prprias necessidades.

    A gua por si s representa um recurso natu-ral de grande importncia para a sobrevivncia humana. A cada dia cresce a preocupao com a forma com que esse recurso finito adminis-trado; e, sem dvida alguma, o acesso gua tratada e segura representa um importante in-dicador de qualidade de vida.

    Em suma, as atividades de saneamento obje-tivam o controle e a preveno de doenas, que proporcionam a melhoria da qualidade de vida da populao, o aumento da produtividade dos indivduos e o desenvolvimento da atividade econmica. Assim, o saneamento bsico est voltado especificamente para os servios de abastecimento de gua; disposio de esgotos sanitrios; acondicionamento, coleta, transporte e destinao do lixo.

    2.2 Doenas devido a saneamento bsico deficiente

    Apesar da incontestvel importncia de um sistema de saneamento bsico eficiente, em muitos lugares este servio pode ser conside-rado como um artigo de luxo; a maior parte da populao no possui acesso a coleta adequada de resduos slidos e lquidos, que contaminam o meio ambiente e expem as populaes a di-versas doenas.

    Da mesma forma, a gua destinada ao con-sumo humano necessita de tratamento adequa-do, tornando-se potvel. A gua considerada poluda quando possui substncias orgnicas que modificam os padres de potabilidade (com-postos nitrogenados, oxignio consumido e clo-retos).

    O sistema de esgotos objetiva afastar a pos-sibilidade de contato da populao com des-pejos e dejetos humanos, a contaminao das guas e o surgimento de doenas. Ele ajuda a reduzir as despesas com o tratamento da gua potvel e com as despesas com as doenas e controle da poluio de rios e lagos, ao eliminar microorganismos.

    O tratamento do lixo evita a poluio am-biental, proliferao de moscas, baratas, ratos e outros animais que se alimentam dos dejetos; diminui a incidncia de zoonoses e outras doen- as, a contaminao do solo, guas, animais, ali-mentos e os manipuladores do lixo. Por essas ra-zes, o acondicionamento, a coleta, o transporte e o destino final do lixo so imprescindveis para a reduo dos problemas relacionados sade pblica.

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    2.3 Saneamento bsico no Brasil

    O saneamento bsico no Brasil teve incio com a chegada da famlia real portuguesa, mas restringia-se coleta de guas pluviais. Com o aumento do nmero vilas, surgiram as bicas dgua, que era coletada e revendida popula-o por pipeiros. Aps, surgiram os chafarizes com torneiras. No sculo 19, aumentou a urba-nizao e a necessidade de abastecimento de gua; aumentou a degradao ambiental com a inexistncia de investimentos em saneamento bsico. At 1930, as redes de abastecimento de gua e de esgoto sanitrio cobriam apenas os centros urbanos.

    Nos anos de 1930 surgiram as primeiras com-panhias de saneamento, formadas por associa-es entre prefeituras e setor privado. Em 1940, todas as capitais brasileiras possuam sistemas de distribuio de gua e coleta de esgotos. A concentrao urbana dos anos de 1950 agravou os conflitos sociais, aumentou a pobreza e dete-riorou a qualidade de vida.

    A partir de 1967 o saneamento bsico pas-sou a ser tratado em grande escala pelo Banco Nacional da Habitao, qual direcionava recur-sos do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS) para habitao e saneamento. O Plano Nacional de Saneamento considerado um mar-co importante da histria do saneamento bsico no Brasil. Nos anos de 1970 surgiram as Com-panhias Estaduais de Saneamento, que come-am a prestar servios aos municpios. A Lei de Diretrizes de Saneamento Bsico estabelece o que deve ser observado pelos prestadores, regu-ladores e usurios. Essa lei procura harmonizar as aes entre os Municpios, Estados e Unio em relao ao saneamento ambiental.2f

    A PNAD de 2007 aponta que 75,8% da popu-lao urbana do pas possui acesso simultneo aos servios de gua canalizada de rede geral, esgoto por rede geral ou fossa sptica e coleta de lixo; em outras palavras, 24,2% dessa popu-lao no dispe de tais servios. A situao se agrava para as regies mais pobres: no Norte,

    2 A Lei Nacional de Consrcios Pblicos (Lei 11.107/05) trata da gesto associada dos servios e induz a novos formatos associativos entre Municpios ou entre estes e os Estados, buscando o planejamento, implementao e manuteno das infraestruturas dos sistemas de saneamento, visando maior sustentabilidade aos investimentos necessrios para o setor. A Poltica Nacional de Resduos Slidos dever contemplar as diretrizes para os resduos urbanos, com destaque nos cha-mados 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar).

    apenas, apenas 43,3% da populao urbana pos-sui esses servios, contra 90,6% para o Sudeste (Grfico 1).

    Fonte: IPEA-PNAD 2007: Primeiras Anlises.

    Grfico 1 Populao urbana do Brasil e regies com saneamento bsico adequado, 2007 (%).

    Fonte: IPEA-PNAD 2007: Primeiras Anlises.

    Grfico 2 Populao urbana do Brasil e das regies com acesso gua canalizada de rede geral, 2007 (%).

    Em relao gua canalizada de rede geral, a mdia brasileira de 75,8% da populao urba-na com acesso; esse percentual sobe para 96,% para o Sudeste e 95% para o Sul. Na Regio Nor-te esse percentual cai para 63,2% (Grfico 2).

    Apesar dos avanos, em relao aos servios de esgotamento sanitrio nas reas urbanas o Brasil ainda apresenta um dficit absoluto de mais de 30 milhes de pessoas. Esse dficit ain-da maior na regio Centro-Oeste (52,3%), Norte (63,8%) e Nordeste (68,4%). Enquanto a mdia brasileira de 81%, no Sudeste 93,3% da popu-lao urbana possui coleta de esgoto por fossa sptica e o Sul (85%), conforme o Grfico 3.

    Quanto aos servios de coleta direta e indi-reta de resduos slidos, o Brasil apresenta uma cobertura de 97,6% da populao urbana. Na da zona rural, a maior parte dos resduos slidos queimada ou enterrada, ou mesmo jogada em terrenos baldios ou logradouros. A variabilidade

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    da populao servida por esse servio menor as regies do que nos casos anteriores: 93,9% no Nordeste e 99,3% na regio Sudeste (Grfico 4).

    educao e sade mercantis e demais servios prestados s famlias. O PIB per capita em 2006 atingiu R$ 10.414, ocupando a 14 posio entre as capitais brasileiras. O IDHM passou de 0,731 em 1991 para 0,779 em 2000. O destaque foi o ndice de educao, que passou de 0,828 para 0, 910 no perodo. A taxa de analfabetismo de 8,7% e a esperana de vida ao nascer foi de 67,1 anos (IBGE, 2000).

    3.1 Abastecimento de guaA Companhia de guas e Esgotos de Ro-

    raima (CAER) responsvel h 40 anos pelo abastecimento de gua e coleta de esgotos no Estado. Atualmente, ela atende mais de 350 mil pessoas nos 15 municpios do Estado, envolven-do 62 localidades (CAER, 2009). Vale frisar que a coleta de esgotos refere-se apenas capital, onde todo o esgoto coletado tratado.

    A gua de rede geral tratada de trs for-mas: convencional, no convencional e sim- ples desinfeco (clorao). Uma vez por ms a gua analisada quanto s condies bacte-riolgicas, fsico-organolptica e a presena de substncias qumicas. A gua que abastece os domiclios do Estado captada de trs formas: guas de superfcie, de sete fontes, de 105 poos tubulares rasos e de 14 poos tubulares profun-dos.

    O Estado de Roraima se destaca em relao ao abastecimento de gua, pois 90,1% desse servio por canalizao interna, contra ape-nas 6,8% sem canalizao interna (91,9% para a mdia nacional, conforme a Tabela 1).

    Tabela 1 Domiclios particulares permanentes urbanos dos Estados da Regio Norte e do Brasil com rede de

    abastecimento de gua, 2007 (%).

    Brasil e Estados da

    Regio NorteTotal

    Canalizao interna (%) Sem servioCom a Sem b

    Brasil 47.856.000 91,9 1,2 6,8

    Regio Norte 3.002.000 62,8 4,3 32,7

    Rondnia 312.000 51,4 0,5 47,5

    Acre 122.000 55,1 11,2 33,2

    Amazonas 622.000 77,4 2,7 19,7

    Roraima 91.000 90,1 6,8 3,0

    Par 1.433.000 52,6 5,2 41,9

    Amap 142.000 64,8 1,1 33,9

    Tocantins 280.000 63,2 2,8 34,0

    Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2007.

    Notas: a domiclio com gua canalizada para pelo menos um cmodo no interior da residncia.

    Fonte: IPEA-PNAD 2007: Primeiras Anlises.

    Grfico 3 Percentual de pessoas em domiclios particu-lares permanentes urbanos com esgotamento por rede coletora ou fossa sptica, Brasil e Regies, 2007 (%).

    Fonte: IPEA PNAD 2007: Primeiras Anlises.

    Grfico 4 Percentual de pessoas em domiclios particu-lares permanentes urbanos com coleta direta ou indireta do lixo, segundo regies geogrficas 2007 (%).

    O Plano Nacional de Saneamento mostra o compromisso do Brasil com os Objetivos de De-senvolvimento do Milnio da ONU, de reduzir pela metade, at 2015, a proporo de pessoas que no possuem acesso aos servios de sanea-mento. Os investimentos previstos entre 2007 e 2010 montaram a R$ 40 bilhes, visando atingir esse objetivo.

    3 Saneamento bsico no Estado de Roraima

    Boa Vista, a capital do Estado de Roraima, possua em 2007 uma populao de 249.853 ha-bitantes, o equivalente a 62% da populao do Estado (IBGE, 2007). A capital gera 71% da ri-queza de Roraima, destacando-se o comrcio, transportes, informao, intermediao finan-ceira, atividade imobiliria, servios prestados s empresas e famlias; administrao pblica,

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    O Grfico 5 mostra o percentual de abas-tecimento de gua do Brasil e dos Estados da Regio Norte, com canalizao interna e sem canalizao; o destaque para Roraima (96,9%), seguido do Amazonas (80%), sendo a mdia na-cional de 93,1%. Os Estados de Rondnia (51,9%) e do Par (57,8%) so os Estados da Regio Nor-te em que o abastecimento de gua tratada est menos presente.

    servio de abastecimento de gua (91%); porm, com apenas 14%, o Estado de Roraima fica muito aqum quanto coleta e tratamento de esgoto sanitrio (Tabela 2).

    No Brasil, em mdia, 77% da populao ur-bana tem acesso aos servios de esgoto sanit-rio, praticamente a mesma mdia para a Am-rica Latina e Caribe (78%), contra 60% para a mdia mundial e 100% para os pases de alta renda. O baixo ndice de Roraima reflete o fato que esse servio s prestado na capital Boa Vista.

    3.2 Coleta de esgotoA situao dos servios de coleta de esgo-

    tos dos Estados da Regio Norte preocupan-te quando se compara com os dados nacionais (Tabela 3).

    O Estado de Roraima possui apenas 17,3% de seus domiclios atendidos por coleta de esgotos; somente o Acre (40,9%) e o Amazonas (38,9%) esto acima da mdia regional (18,4%) que, por sua vez, est muito aqum da mdia nacional (68,7%). A maior parcela do esgoto das residn-cias captado por fossas spticas, destacan-do-se nesse aspecto Rondnia (89,8%), Amap (82,6%) e Roraima (79,1%).

    Fonte: PNAD 2007.

    Grfico 5 Percentual de domiclios com os servios de abastecimento de gua, Brasil, Regio Norte e Estados da Regio Norte, 2007 (%).

    Roraima segue a mdia brasileira e da Am-rica Latina e Caribe em relao ao acesso ao

    Tabela 3 Domiclios particulares permanentes urbanos de Roraima, Estados da Regio Norte e do Brasil com servios de coleta de esgoto por rede geral, 2007 (%)

    Brasil e Estadosda Regio Norte Total

    Com servio Sem servioRede coletora Fossa sptica Outras formas

    Roraima 91.000 17,3 79,1 3,6Acre 122.000 40,9 39,2 19,9Amap 142.000 3,9 82,6 13,5Amazonas 622.000 38,9 50,7 10,4Rondnia 312.000 6,6 89,8 3,7Tocantins 280.000 16,7 79,1 4,2Regio Norte 3.002.000 18,4 73,5 8,2Brasil 47.856.000 68,7 26,8 4,5

    Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios, 2007.

    Tabela 2 Populao urbana com acesso aos servios de gua e esgoto no Estado de Roraima em grupos de Pases e no mundo, 2007 (%).

    Roraima e grupo de pases

    Acesso ao servio de gua

    Acesso ao servio de esgoto

    Roraima 91 14Amrica Latina e Caribe 91 78Alta renda OECD 100 100Brasil 91 77Mundo 86 60

    Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Mundial, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio/2007.

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    O Grfico 6 complementa os dados da Tabe-la 3, pois apresenta o percentual de domiclios particulares urbanos sem os servios de coleta de esgoto por rede geral, nos Estados da Re-gio Norte, comparando-os com a mdia regio-nal e nacional (os dados so de 2007, segundo a PNAD). Observa-se que todos os Estados da Regio Norte apresentam mais de 50% de seus domiclios sem os servios de coleta de esgotos; que, exceto no Amazonas (61,1%) e o no Acre (59,1%), nos demais Estados esse percentual est acima de 80%.

    A Tabela 4 reproduz os dados anteriores, for-necendo agora o nmero de domiclios urbanos do Estado de Roraima. Este Estado possui 91 mil domiclios urbanos, sendo que apenas 17,3% possui coleta de esgoto por rede geral; a Regio Norte, com 3 milhes de domiclios apresenta baixa prestao desse servio (18,4%), contra

    Fonte: PNAD 2007.

    Grfico 6 Percentual de domiclios particulares perma-nentes urbanos sem os servios de coleta de esgoto por rede geral, Brasil, Regio Norte e UF, 2007 (%).

    90,3% para o Sudeste (que dispe de mais de 23 milhes de domiclios). Observa-se que o Nordeste tambm conta com grande nmero de domiclios (10,5 milhes) e que, juntamente com o Centro Oeste, tambm possui menos de 50% desses domiclios atendidos por rede geral de esgoto.

    Observa-se que o atendimento da popula-o urbana com rede de esgoto ainda bastan-te baixo no Brasil, mesmo na Regio Sul (7.442 mil domiclios urbanos); grande parte dessas populaes, principalmente na Regio Norte, atendida por fossa sptica e outras formas ainda menos higinicas.

    3.3 Coleta de lixo ou resduos slidosA coleta de lixo urbano no Estado de Rorai-

    ma formal, cabendo s prefeituras a responsa-bilidade pela mesma. Apenas os municpios de Cant, Caroebe e Mucaja possuem aterro sani-trio; nos demais municpios o lixo depositado a cu aberto, sem qualquer cuidado quanto aos aspectos ambientais. No existem projetos de reciclagem de lixo, nem estudos de impactos ambientais nas reas destinadas ao depsito dos resduos slidos.

    Em Boa Vista existe a Cooperativa dos Ami-gos Catadores e Recicladores de Resduos S-lidos, que reciclam parte do lixo produzido no Estado. O papelo compe 85% dos materiais re-ciclados, seguido do plstico (13,7%) e alumnio (0,14%). No existe outra forma de reciclagem do lixo produzido. Nas reas indgenas, cabe destacar a atuao da Fundao Nacional de Sade (FUNASA). Nessas reas, ela respons-vel por aes voltadas ao saneamento bsico e ambiental.

    Tabela 4 Domiclios particulares permanentes urbanos do Estado de Roraima, das macrorregies e do Brasil com coleta de esgoto por rede geral, 2007 (%).

    Unidades Nmero de domiclios Com servio Fossa sptica Outras formas

    Roraima 91.000 17,3 79,1 3,6

    Norte 3.002.000 18,4 73,5 8,2

    Nordeste 10.500.000 44,6 47,5 7,9

    Sudeste 23.310.000 90,3 6,2 3,5

    Sul 7.442.000 67,6 29,2 3,2

    Centro-Oeste 3.602.000 42,8 55,8 1,4

    Brasil 47.856.000 68,7 26,8 4,5

    Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2007.

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    Anlise, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 151-161, jul./dez. 2010

    Quanto coleta direta de lixo3,go Estado de Roraima est bem servido, pois 96,8% dos domi-clios urbanos so atendidos por esse servio, acima da mdia da Regio Norte (88,9%) e da prpria mdia brasileira (90,2%) (Tabela 5). Ape-nas 2,9% desses domiclios no possuem coleta direta ou indireta, contra apenas 0,5% nas Re- gies Sudeste e Sul.

    A coleta indireta de lixo mais utilizada no Nordeste (12,8%) e no Centro Oeste (9,7%). Rorai-ma apresenta o menor percentual de domiclios urbanos atendidos por esse servio (0,4%), sen-do a mdia nacional igual a 7,7%. A coleta indi-reta pode ser uma opo em reas com pouco lixo, ou como uma forma complementar coleta direta.

    3.4 O Estado de Roraima e os Objetivos de Desenvolvimento do MilnioOs dados das tabelas anteriores mostram

    que preciso mais investimentos no Estado de Roraima para atingir os objetivos do desenvolvi-mento do milnio, ou seja, reduzir at 2015, pela metade, a populao sem acesso permanente e sustentvel gua potvel segura e a esgota-mento sanitrio. Quanto ao abastecimento de gua, os investimentos precisam acompanhar o crescimento urbano, j que, desde o ano 2000 praticamente toda a populao urbana est atendida por esse servio, salvo pequenas os-cilaes at 2007.

    3 A coleta direta quando o lixo coletado por empresa de limpeza, pblica ou privada; enquanto na coleta indireta o lixo depositado em recipientes, que depois recolhido por empresa pblica ou privada.

    Fonte: Censo Demogrfico 2000 e PNAD 2001/2007.

    Grfico 7 Evoluo dos domiclios particulares perma-nentes urbanos com acesso aos servios de abasteci-mento de gua no Estado de Roraima, 2000/2007 (%)

    Os dados do Grfico 7 indicam que a ex-tenso da rede de abastecimento de gua no acompanhou o crescimento urbano, j que em 2007 3,1% dos domiclios do Estado de Roraima no era atendido por gua encanada. Porm, como esse percentual relativamente pequeno, torna-se possvel o atendimento dos objetivos do milnio at 2015.

    Em relao coleta de esgoto sanitrio a si-tuao bem mais grave, pois alm de apenas 17,3% dos domiclios urbanos serem atendidos por esse servio, ele apresenta grande oscilao aps o ano 2000; isso significa que os investi-mentos de ampliao e preservao das redes de esgotos no acompanham o crescimento urbano e demogrfico (Grfico 8).

    Em 2004, o percentual de domiclios aten-didos por esse servio chegou a apenas 5,3%. Esses baixos percentuais e variaes ocorridas ao longo do tempo indicam que o Estado de Ro-raima encontra se longe de cumprir a meta do milnio em relao ao acesso aos servios de coleta de esgoto sanitrio.

    Tabela 5 Domiclios particulares permanentes urbanos de Roraima e das regies brasileiras com servio de coleta de lixo, 2007 (%).

    Regies Nmero de DomicliosLixo coletado

    Sem Servio Diretamente Indiretamente

    Roraima 91.000 96,8 0,4 2,9

    Norte 3.002.000 88,9 6,4 3,8

    Nordeste 10.500.000 81,5 12,8 3,1

    Sudeste 23.310.000 93,2 6,1 0,5

    Sul 7.442.000 94,6 4,9 0,5

    Centro-Oeste 3.602.000 88,9 9,7 1,1

    Brasil 47.856.000 90,2 7,7 1,3

    Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2007.

  • Anlise, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 151-161, jul./dez. 2010

    Saneamento bsico no Estado de Roraima 159

    De acordo com estudos do Ministrio das Cidades, sero necessrios investimentos de R$ 178 bilhes para universalizao dos servi-os de gua e esgoto no pas at o ano de 2020 (BRASIL, 2003). Apenas So Paulo, Minas Ge-rais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Gois possuem polticas estaduais de sanea-mento. Por esse motivo, estes Estados possuem os melhores servios de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio.

    O desafio para a universalizao do acesso ao saneamento ambiental adequado est re-lacionado, sobretudo, ao equacionamento dos recursos para investimentos e operao e ma-nuteno dos servios que so muito elevados e as trs esferas de governo tem sido incapazes de prov-los.

    O Estado de Roraima como um novo ente Federativo, ainda no possui um marco regula-trio nem uma poltica estadual de saneamento ambiental. Reconhece-se a importncia do in-vestimento em esgotamento sanitrio, haja vista que se objetiva alcanar no Estado avanos no ndice de Desenvolvimento Humano. Para tanto, boas polticas de sade e educao pblicas e maiores investimentos em infraestrutura social de modo geral.

    Segundo a Organizao Mundial de Sade, cada dlar investido em saneamento bsico representa a economia de 5 dlares com sa-de pblica. Os resultados desse investimento a mdio e longo prazos so aparentemente fceis de constatar e medir. Em pases onde se investe adequadamente em saneamento, os ndices de mortalidade infantil despencam e as doenas como a clera e a leptospirose deixam de existir (SANEAR, 2009).

    O Plano Plurianual Roraimense (2008-2011) definiu algumas diretrizes bsicas operativas para investimento nos setores de gua e sanea-

    mento. A Companhia de guas e Esgotos de Roraima foi encarregada de investir nesse se-tor. Os investimentos previstos no setor nesse perodo so de R$ 44 milhes, representando 16.542 novas ligaes de esgotamento sanitrio e 15.380 novas ligaes de gua tratada.

    Em 2008, o Estado de Roraima firmou conv-nio com o Ministrio das Cidades, no contexto do PAC, envolvendo o investimento de R$ 243 milhes em saneamento. Desse total, R$ 60 mi-lhes destina-se universalizao do abasteci-mento de gua em Boa Vista e R$ 120 milhes para a ampliao do sistema de esgotamento sanitrio.

    As obras compreendem a implantao de 55 km de rede de distribuio, 17.350 ligaes residenciais, aumento do volume de captao do Rio Branco e a construo de um centro de controle totalmente informatizado, alm de re-formas e adequaes necessrias dos centros de estocagem e distribuio de guas aos bair-ros (SANEAR, 2009). Estes novos investimentos permitiro que no final do Programa o Estado al-cance 100% da populao atendida com o abas-tecimento de gua e aproximadamente 56% com o servio de esgotamento sanitrio, passando tambm, por 100% de tratamento.

    4 Concluso

    Este trabalho teve como objetivo traar o per-fil do saneamento bsico no Estado de Roraima e mostrar as perspectivas desse setor no Estado. O estudo envolveu os servios de abastecimento de gua, coleta de esgotos e coleta de lixo.

    O referencial terico expe a evoluo do con-ceito de desenvolvimento, que passou por vrias correntes. Chegou-se a um consenso em que tal conceito precisa levar em conta a evoluo e o bem estar da populao, com preservao am-biental, sobretudo dos recursos no renovveis. preciso conciliar a expanso econmica com o meio ambiente. A qualidade de vida de uma po-pulao pode ser mensurada atravs de vrias dimenses, entre elas destaca-se o saneamento bsico, cujas atividades esto voltadas para o controle e a preveno de doenas, visando promoo do bem-estar humano.

    No Brasil, o saneamento bsico ganhou importncia e infraestrutura a partir do incio do sculo 18, com a vinda da famlia real por-tuguesa para o pas. Desde ento, muita coisa mudou. Contudo, o pas ainda enfrenta grandes

    Fonte: Censo Demogrfico 2000 e PNAD 2001/2007.

    Grfico 8 Evoluo percentual dos domiclios parti-culares permanentes urbanos com acesso aos servios de esgotamento sanitrio no Estado de Roraima, 2000/ 2007 (%).

  • 160 SOUzA, R. S. et al..

    Anlise, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 151-161, jul./dez. 2010

    problemas no setor, como significativos dficits nos servios voltados ao saneamento: abaste-cimento de gua, coleta de esgotos e coleta de lixo, especialmente. So os servios de coleta de esgotos, que apresentam os piores resultados.

    O setor vem passando por um processo de transformao; a sua regulao teve como ponto de partida a Lei de Diretrizes de Saneamento Bsico (n 11.445/2007). Esta lei visa harmonizar as aes municipais, estaduais e federais quan-to ao saneamento ambiental. Merece destaque tambm a Lei Nacional de Consrcios Pblicos (n 11.107/95) que trata da gesto associada dos servios, e o Projeto de Lei sobre os Resduos Slidos, que versa sobre a Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    Quanto ao acesso aos servios de abasteci-mento de gua, o Estado de Roraima apresenta excelentes resultados, com 96,9% de seus do-miclios particulares permanentes urbanos com acesso a este servio, e estando inclusive aci-ma da mdia nacional (93,1%). Nesse aspecto, Roraima supera os demais Estados da Regio Norte e a mdia das demais Regies brasileiras. Esses resultados esto prximos ao dos pases de alta renda.

    No que se refere aos servios de coleta de esgotos, no entanto, o Estado de Roraima apre-senta resultados preocupantes, uma vez que apenas 17,3% de seus domiclios particulares permanentes urbanos possuem acesso a esse servio. Vale destacar que o elevado dficit no acesso a esse servio uma caracterstica dos Estados que compem a Regio Norte, que pos-sui apenas 18,4% de seus domiclios com aces-so. Sob esse aspecto, todas as demais regies brasileiras superam tanto o Estado de Roraima, quanto media da Regio Norte.

    Nesse quesito Roraima est distante no apenas da realidade nacional, onde o Brasil apresenta 68,7% de seus domiclios urbanos com acesso aos servios de coleta de esgotos, como tambm muito abaixo dos resultados observados em nvel mundial, j que apresenta os piores resultados. Assim, dados os resultados encontrados, observa se que 82,7% dos domic-lios urbanos do Estado de Roraima no possuem acesso aos servios de coleta de esgotos, o que representa um dficit muito significativo.

    J na coleta de lixo, observou-se que o Es-tado de Roraima apresenta timos resultados: 96,8% de seus domiclios urbanos possuem aces-so a este servio (coleta direta), superando os

    demais Estados da Regio Norte, as demais Re-gies brasileiras e a mdia nacional (90,2%). Por-tanto, apenas 2,9% dos domiclios particulares permanentes urbanos do Estado de Roraima no possuem acesso aos servios de coleta de lixo.

    Em suma, as expectativas iniciais levanta-das neste artigo foram confirmadas, atravs dos resultados analisados para o saneamento bsi-co. Quanto s metas que compem os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio, ligadas ao sa-neamento bsico, vale destacar que o Estado de Roraima praticamente cumpriu a meta quanto ao abastecimento de gua, j que apenas 3,1% de seus domiclios urbanos ainda no possuem acesso a este servio, o que dever ser sanado nos prximos anos.

    O mesmo no pode ser dito a respeito da meta do milnio referente coleta esgoto, uma vez que esse servio o que apresenta os piores resultados: apenas 17,3% dos domiclios urba-nos do Estado de Roraima so atendidos. Dessa forma, para que o Estado de Roraima alcance a meta do milnio referente ao servio de coleta de esgoto, at o ano de 2015, sero necessrios altos investimentos.

    As perspectivas para o setor so promisso-ras, no entanto, em virtude dos investimentos disponveis pelo Plano Plurianual Roraimense 2008/2011 (R$ 44 milhes), que sero destinados para 16.542 novas ligaes de esgoto sanitrio e 15.380 novas ligaes de gua tratada. Alm disso, o Estado de Roraima firmou convnio com o Ministrio das Cidades, onde esto previstos investimentos de R$ 243 milhes provenientes do Programa de Acelerao do Crescimento, que sero destinados para a universalizao dos ser-vios de abastecimento de gua e para a amplia-o do sistema de esgoto sanitrio.

    A expectativa a de que nos prximos anos o Estado de Roraima possua tenha 100% de sua populao abastecida por gua tratada e 56% populao atendida por coleta de esgoto sani-trio tratado.

    Finalmente, observou-se que h necessida-de de se realizar um trabalho de conscientizao da populao do Estado em relao importn-cia e dos benefcios da coleta seletiva de lixo, para que num futuro prximo esse sistema seja finalmente adotado. Alm disso, cabe ressaltar que se tornam indispensveis investimentos e implantao de projetos voltados reciclagem de resduos slidos, por conta das questes am-bientais envolvidas.

  • Anlise, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 151-161, jul./dez. 2010

    Saneamento bsico no Estado de Roraima 161

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