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ÁLCOOL E AS DEMAIS SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS “Álcool e direção uma mistura perigosa”. Nosso país vem sofrendo a cada mês com o aumento no número de mortes e lesões no trânsito devido à condução de veículos com pessoas ébrias. Qual seria o motivo deste aumento que culminou na promulgação da nova Lei seca? Vejamos em um primeiro momento que, até alguns meses, o mundo econômico encontrava-se em exponencial favorecimento, o que beneficiava o acesso ao crédito e, consequentemente, a veículos, em que pessoas antes não favorecidas economicamente, passaram a alcançar a possibilidade de adquirir novos veículos, jogando na sociedade, novos motoristas, muitas vezes não tão bem preparados. Houve assim, um crescimento da frota de veículos na última década e que chega a ser três vezes mais numeroso percentualmente que a população de algumas regiões do país. Com esse ritmo acelerado de crescimento, aumenta também o número de acidentes no trânsito, por motivos estatísticos: quanto maior o número de veículos trafegando, maior a probabilidade de desastres de trânsito. Este aumento drástico na frota de veículos dá-se principalmente pelo crescimento econômico, relativo aos HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA

Artigo ÁLCOOL E AS DEMAIS SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS

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Page 1: Artigo ÁLCOOL E AS DEMAIS SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS

ÁLCOOL E AS DEMAIS SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS

“Álcool e direção uma mistura perigosa”. Nosso país vem sofrendo a cada

mês com o aumento no número de mortes e lesões no trânsito devido à condução de

veículos com pessoas ébrias. Qual seria o motivo deste aumento que culminou na

promulgação da nova Lei seca?

Vejamos em um primeiro momento que, até alguns meses, o mundo

econômico encontrava-se em exponencial favorecimento, o que beneficiava o acesso ao

crédito e, consequentemente, a veículos, em que pessoas antes não favorecidas

economicamente, passaram a alcançar a possibilidade de adquirir novos veículos,

jogando na sociedade, novos motoristas, muitas vezes não tão bem preparados.

Houve assim, um crescimento da frota de veículos na última década e que

chega a ser três vezes mais numeroso percentualmente que a população de algumas

regiões do país.

Com esse ritmo acelerado de crescimento, aumenta também o número de

acidentes no trânsito, por motivos estatísticos: quanto maior o número de veículos

trafegando, maior a probabilidade de desastres de trânsito.

Este aumento drástico na frota de veículos dá-se principalmente pelo

crescimento econômico, relativo aos anos de 2007 e 2008 que, segundo o IBGE foi de

5,4% e 4,8% respectivamente.

Paralelo a este movimento, com maior capacidade de comprar, os cidadãos,

passaram a poder adquirir outros mantimentos, sair de casa com maior frequência e,

consequentemente, consumir mais quantidade de substâncias alcoólicas.

Uma vez a ingestão do álcool, este atua diretamente sobre o sistema nervoso

de modo a diminuir sensivelmente a capacidade de reação do indivíduo. Desse modo é

imprescindível a atuação do legislador no que diz respeito à elaboração da norma que

por sinal, cada vez mais severas.

HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA

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O mais recente acontecimento foi o de uma novatio legis in pejus (nova lei,

mais severa que a anterior) de nº 11.705 de 20 de Junho de 2008, trazendo em seu bojo,

saldáveis dispositivos impondo restrições ao uso e propaganda de bebidas alcoólicas,

medicamentos e substâncias de efeitos análogos, antes de conduzir veículo automotor,

principalmente com relação à quantidade de álcool, modificando a quantidade de

decigramas por litro de sangue.

O método mais comum para aferição do estado de alcoolemia é o teste do

etilômetro, mais conhecido como “bafômetro” cujo conhecimento está bem distante de

muitos hoje que dizem jamais se quer nem ter visto um.

O ART. 28, II, Código Penal traz a embriaguez provocada por substâncias

análogas (maconha, cocaína, morfina, medicamentos etc.) em que é o sujeito, suscetível

a mesma aplicação de embriaguez por álcool.

Art 28 – Não excluem a imputabilidade penal:II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

Para melhor compreensão do Art 306 do Código de Trânsito Brasileiro

importante se faz saber de quatro requisitos básicos: 1) Conduzir veículo automotor; 2)

Agente esteja sob influência de álcool ou substância de efeitos análogos; 3) Veículo

sendo conduzido em via pública; 4) Expor outrem a dano potencial.

No entanto há um grande problema, pois todas essas tipificações fazem

menção a outras substâncias além do álcool, não devidamente esclarecidas. Mas não

fica por aí e com um pouco mais de interpretação verifica-se uma contradição tendo em

vista que essas substâncias devem ser lícitas, pois as ilícitas independem de quantidade

por serem proibidas.

Vejamos o Artigo 165 do CTB: “Dirigir sob influência de álcool ou de

substância entorpecente que determine dependência física ou psíquica”.

Nosso entendimento é que, infeliz foi à utilização da 2ª conjunção

alternativa “ou” visto que há uma ampla existência de substâncias lícitas e inofensivas

que causam dependência física ou psíquica. Por exemplo: cigarros.

HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA

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Como cita Marcelo Araújo:

Nunca foi feita uma relação de quais são os medicamentos ou substâncias (lícitos) que sujeitariam a pessoa a responder pelos tipos mencionados, bem como qual seria a quantidade que implicasse em tais efeitos análogos, ou ainda aqueles que gerem dependência física ou psíquica. Geralmente é a bula que faz algum alerta, ou o próprio médico, quando a pessoa não se automedica. Na parte criminal acaba nas mãos do juiz a decisão e na parte administrativa não há qualquer suporte de informações sobre o assunto que sustente autuações e aplicação das penalidades. Isso faz com que algo tão importante e que traz sérias implicações na segurança de trânsito se torne letra morta. 1

Entendem os sistemas médicos que, o alcoolismo trata-se de uma doença

patológica cujas anomalias clínicas resultam da intoxicação exógena pelo consumo

excessivo e prolongado de bebida alcoólica gerando dependência chegando a ponto de

causar transtornos na saúde física ou mental, na função social e econômica precisando

consequentemente de tratamento. É uma embriaguez aguda, imediata e passageira.

Possui fases de excitação subaguda; confusão aguda trazendo consigo periculosidade,

insolência, agressividade, imaginadas infidelidades, fanatismo, perversidade etc., todas

com responsabilidade penal presente e sono superagudo resultando perigo apenas para o

ébrio.

O álcool age no sistema nervoso central de modo a inibir inicialmente o

centro cortical superior trazendo, desde modo, aparente estimulação; alegria; otimismo;

diminuição de reflexos (rapidez, precisão); diminuição da capacidade mental (atenção,

concentração, raciocínio) etc.

O indivíduo, sob influência dessa “praga endêmica”, se torna terrorista

condutor de um carro-bomba na iminência de detonar todo seu engenho sobre uma

indefesa população.

É fundamental que haja nexo de causalidade entre a embriaguez e o delito,

bem como a capacidade de entendimento e determinação do indivíduo, pois será o

estado dessas faculdades psíquicas - normais diminuídas e/ou abolidas - que decidirá

sobre a imputabilidade.

1 ARAÚJO, Marcelo

HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA

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A intoxicação aguda com delirium ou com distorções perceptivas e a

intoxicação patológica devem ser tratadas de acordo com as normas do artigo 26 do

Código Penal.

O uso de álcool e seus análogos estão associados ao aumento de acidentes

de trânsito e, consequentemente, ao aumento de infrações penais.

São quadros clínicos provocados pelas substâncias psicoativas: intoxicação

aguda, uso nocivo, síndrome de dependência, estado de abstinência, estado de

abstinência com delirium, transtorno psicótico, síndrome amnéstica, transtorno psicótico

residual ou de instalação tardia.

De modo análogo ao que foi estudado, para o alcoolismo, a "força maior"

pode ser considerada a dependência - sempre física - ou a síndrome de abstinência.

Quanto ao caso fortuito, embora frequente no noticiário, é, na verdade, de ocorrência

rara.

HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA