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ÁLCOOL E AS DEMAIS SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS
“Álcool e direção uma mistura perigosa”. Nosso país vem sofrendo a cada
mês com o aumento no número de mortes e lesões no trânsito devido à condução de
veículos com pessoas ébrias. Qual seria o motivo deste aumento que culminou na
promulgação da nova Lei seca?
Vejamos em um primeiro momento que, até alguns meses, o mundo
econômico encontrava-se em exponencial favorecimento, o que beneficiava o acesso ao
crédito e, consequentemente, a veículos, em que pessoas antes não favorecidas
economicamente, passaram a alcançar a possibilidade de adquirir novos veículos,
jogando na sociedade, novos motoristas, muitas vezes não tão bem preparados.
Houve assim, um crescimento da frota de veículos na última década e que
chega a ser três vezes mais numeroso percentualmente que a população de algumas
regiões do país.
Com esse ritmo acelerado de crescimento, aumenta também o número de
acidentes no trânsito, por motivos estatísticos: quanto maior o número de veículos
trafegando, maior a probabilidade de desastres de trânsito.
Este aumento drástico na frota de veículos dá-se principalmente pelo
crescimento econômico, relativo aos anos de 2007 e 2008 que, segundo o IBGE foi de
5,4% e 4,8% respectivamente.
Paralelo a este movimento, com maior capacidade de comprar, os cidadãos,
passaram a poder adquirir outros mantimentos, sair de casa com maior frequência e,
consequentemente, consumir mais quantidade de substâncias alcoólicas.
Uma vez a ingestão do álcool, este atua diretamente sobre o sistema nervoso
de modo a diminuir sensivelmente a capacidade de reação do indivíduo. Desse modo é
imprescindível a atuação do legislador no que diz respeito à elaboração da norma que
por sinal, cada vez mais severas.
HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA
O mais recente acontecimento foi o de uma novatio legis in pejus (nova lei,
mais severa que a anterior) de nº 11.705 de 20 de Junho de 2008, trazendo em seu bojo,
saldáveis dispositivos impondo restrições ao uso e propaganda de bebidas alcoólicas,
medicamentos e substâncias de efeitos análogos, antes de conduzir veículo automotor,
principalmente com relação à quantidade de álcool, modificando a quantidade de
decigramas por litro de sangue.
O método mais comum para aferição do estado de alcoolemia é o teste do
etilômetro, mais conhecido como “bafômetro” cujo conhecimento está bem distante de
muitos hoje que dizem jamais se quer nem ter visto um.
O ART. 28, II, Código Penal traz a embriaguez provocada por substâncias
análogas (maconha, cocaína, morfina, medicamentos etc.) em que é o sujeito, suscetível
a mesma aplicação de embriaguez por álcool.
Art 28 – Não excluem a imputabilidade penal:II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
Para melhor compreensão do Art 306 do Código de Trânsito Brasileiro
importante se faz saber de quatro requisitos básicos: 1) Conduzir veículo automotor; 2)
Agente esteja sob influência de álcool ou substância de efeitos análogos; 3) Veículo
sendo conduzido em via pública; 4) Expor outrem a dano potencial.
No entanto há um grande problema, pois todas essas tipificações fazem
menção a outras substâncias além do álcool, não devidamente esclarecidas. Mas não
fica por aí e com um pouco mais de interpretação verifica-se uma contradição tendo em
vista que essas substâncias devem ser lícitas, pois as ilícitas independem de quantidade
por serem proibidas.
Vejamos o Artigo 165 do CTB: “Dirigir sob influência de álcool ou de
substância entorpecente que determine dependência física ou psíquica”.
Nosso entendimento é que, infeliz foi à utilização da 2ª conjunção
alternativa “ou” visto que há uma ampla existência de substâncias lícitas e inofensivas
que causam dependência física ou psíquica. Por exemplo: cigarros.
HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA
Como cita Marcelo Araújo:
Nunca foi feita uma relação de quais são os medicamentos ou substâncias (lícitos) que sujeitariam a pessoa a responder pelos tipos mencionados, bem como qual seria a quantidade que implicasse em tais efeitos análogos, ou ainda aqueles que gerem dependência física ou psíquica. Geralmente é a bula que faz algum alerta, ou o próprio médico, quando a pessoa não se automedica. Na parte criminal acaba nas mãos do juiz a decisão e na parte administrativa não há qualquer suporte de informações sobre o assunto que sustente autuações e aplicação das penalidades. Isso faz com que algo tão importante e que traz sérias implicações na segurança de trânsito se torne letra morta. 1
Entendem os sistemas médicos que, o alcoolismo trata-se de uma doença
patológica cujas anomalias clínicas resultam da intoxicação exógena pelo consumo
excessivo e prolongado de bebida alcoólica gerando dependência chegando a ponto de
causar transtornos na saúde física ou mental, na função social e econômica precisando
consequentemente de tratamento. É uma embriaguez aguda, imediata e passageira.
Possui fases de excitação subaguda; confusão aguda trazendo consigo periculosidade,
insolência, agressividade, imaginadas infidelidades, fanatismo, perversidade etc., todas
com responsabilidade penal presente e sono superagudo resultando perigo apenas para o
ébrio.
O álcool age no sistema nervoso central de modo a inibir inicialmente o
centro cortical superior trazendo, desde modo, aparente estimulação; alegria; otimismo;
diminuição de reflexos (rapidez, precisão); diminuição da capacidade mental (atenção,
concentração, raciocínio) etc.
O indivíduo, sob influência dessa “praga endêmica”, se torna terrorista
condutor de um carro-bomba na iminência de detonar todo seu engenho sobre uma
indefesa população.
É fundamental que haja nexo de causalidade entre a embriaguez e o delito,
bem como a capacidade de entendimento e determinação do indivíduo, pois será o
estado dessas faculdades psíquicas - normais diminuídas e/ou abolidas - que decidirá
sobre a imputabilidade.
1 ARAÚJO, Marcelo
HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA
A intoxicação aguda com delirium ou com distorções perceptivas e a
intoxicação patológica devem ser tratadas de acordo com as normas do artigo 26 do
Código Penal.
O uso de álcool e seus análogos estão associados ao aumento de acidentes
de trânsito e, consequentemente, ao aumento de infrações penais.
São quadros clínicos provocados pelas substâncias psicoativas: intoxicação
aguda, uso nocivo, síndrome de dependência, estado de abstinência, estado de
abstinência com delirium, transtorno psicótico, síndrome amnéstica, transtorno psicótico
residual ou de instalação tardia.
De modo análogo ao que foi estudado, para o alcoolismo, a "força maior"
pode ser considerada a dependência - sempre física - ou a síndrome de abstinência.
Quanto ao caso fortuito, embora frequente no noticiário, é, na verdade, de ocorrência
rara.
HIGOR ANDRÉ ALVES DA SILVA