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AS ORIGENS DA GEOGRAFIA Vitor Vieira V asconcelo s Doutorando em Geologia    Universidade Federal de Ouro Preto Consultor Legislativo de Meio Ambiente e Recursos Naturais    Assembleia Legislativa de Minas Gerais Setembro de 2009 Resumo: Este artigo tem como objetivo discorrer sobre o desenvolvimento da Geografia, até que essa adquirisse seu status consolidado de ciência. Inicia esse percurso refletindo sobre a as relações entre homem e espaço na pré-história. Em seguida, trata das novas transformações ocorridas com os povos pastores e agricultores dos vales do Oriente Médio. Por fim, a maior atenção deste documento refere-se à Grécia Antiga, onde transformações epistemológicas trouxeram novas características para toda a história  posterior do pensamento humano. Também são apresentados alguns principais expoentes da Geografia grega clássica. Por fim, tece-se uma reflexão sobre a continuidade ou não dos temas e relações espaciais que acompanham a história da humanidade, bem como sobre a maneira de pensar e lidar com eles. Palavra-Chave: Geografia, Epistemologia, História, Grécia. 1. As origens e a Essência da Atividade Geográfica: Os Primeiros Geógrafos O homem primitivo já era ocupante do espaço 1 , por definição, e usuário-explorador deste em suas atividades 2 . Em suas atividades relacionava-se com o ambiente em seu entorno, e este, por sua vez, influía em seu desenvolvimento 3 . Nesse ínterim, a saída dos homens arborícolas para os campos, adquirindo a postura ereta 4  e comportamento caminhante, significou uma nova percepção e relação em meio ao espaço. A observação da paisagem poderia ser considerada como o primeiro “ato geográfico”. 1  NOUGIER, 1966   “Desde a existência dos primeiros homens, há ocupação do solo, apropriaç ão dos recursos primordiais. Ocupante pelo fato mesmo de sua existência, explorador para sua subsistência elementar, o homem nascente cria a geografia humana.”  2  CLOZIER, 1972   Os grupos humanos aparecem, com efeito, como os infatigáveis usuários do globo onde, para fins variados, eles multiplicam suas idas e vindas”.  3  NOUGIER, 1972   “Nesses tempos tão remotos, uma constatação é evidente: nunca o homem foi tão dependente dos fatos físicos!” 4  NOUGIER, 1966   “Abandonando a horizontalidade dos antropomor  fos para se postar na vertical (...)” 

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AS ORIGENS DA GEOGRAFIA

Vitor Vieira VasconcelosDoutorando em Geologia – Universidade Federal de Ouro Preto

Consultor Legislativo de Meio Ambiente e Recursos Naturais – Assembleia Legislativa

de Minas Gerais

Setembro de 2009

Resumo:

Este artigo tem como objetivo discorrer sobre o desenvolvimento da Geografia, até que

essa adquirisse seu status consolidado de ciência. Inicia esse percurso refletindo sobre a

as relações entre homem e espaço na pré-história. Em seguida, trata das novas

transformações ocorridas com os povos pastores e agricultores dos vales do Oriente

Médio. Por fim, a maior atenção deste documento refere-se à Grécia Antiga, onde

transformações epistemológicas trouxeram novas características para toda a história

posterior do pensamento humano. Também são apresentados alguns principais

expoentes da Geografia grega clássica. Por fim, tece-se uma reflexão sobre a

continuidade ou não dos temas e relações espaciais que acompanham a história da

humanidade, bem como sobre a maneira de pensar e lidar com eles.

Palavra-Chave: Geografia, Epistemologia, História, Grécia.

1. As origens e a Essência da Atividade Geográfica: Os Primeiros Geógrafos

O homem primitivo já era ocupante do espaço 1, por definição, e usuário-explorador

deste em suas atividades 2. Em suas atividades relacionava-se com o ambiente em seu

entorno, e este, por sua vez, influía em seu desenvolvimento 3. Nesse ínterim, a saída

dos homens arborícolas para os campos, adquirindo a postura ereta4

e comportamentocaminhante, significou uma nova percepção e relação em meio ao espaço. A observação

da paisagem poderia ser considerada como o primeiro “ato geográfico”.  

1 NOUGIER, 1966 –  “Desde a existência dos primeiros homens, há ocupação do solo, apropriação dosrecursos primordiais. Ocupante pelo fato mesmo de sua existência, explorador para sua subsistênciaelementar, o homem nascente cria a geografia humana.” 2 CLOZIER, 1972 –  “Os grupos humanos aparecem, com efeito, como os infatigáveis usuários do globoonde, para fins variados, eles multiplicam suas idas e vindas”. 3 NOUGIER, 1972 –  “Nesses tempos tão remotos, uma constatação é evidente: nunca o homem foi tão

dependente dos fatos físicos!” 4 NOUGIER, 1966 –  “Abandonando a horizontalidade dos antropomor  fos para se postar na vertical(...)” 

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Importantíssimo, nesse caminho evolutivo humano, foi o comportamento simbólico,

podendo ser entendido como uma verdadeira evolução de consciência. A partir dele, o

homem começar construir uma via comunicativa e emotiva através de representações,

rituais, adornos, músicas, as quais incluem também o relacionamento simbólico com o

espaço em que vive 5. A linguagem, juntamente à memória, aparece então como

possibilidade de reconstruir mentalmente o mundo, sem necessidade do contato direto

com os sentidos. A partir da tradição oral e do registro gráfico, os seres humanos

começam a referir-se a histórias que envolvem a descrição de paisagens e suas

características. Desse ponto, seria um passo para o desenvolvimento dos primeiros

mapas 6.

Quando começam a ser elaborados mapas, então podemos partir do pressuposto de há

alguém que domina o espaço e é capaz de representá-lo. Já se pode falar, então, de um

desenvolvimento conceitual da prática geográfica.

5 NOUGIER, 1966 –  “No Magdaliano, entre os milênios XV e X, um pensamento mais profundo aparece.

 A terra, sustento dos homens e dos animais, parece assumir um outro valor. (...) Insensivelmente, a terratornou-se a Mãe-terra, a criadora de homens e animais. (...) Vários lugares tornam-se lugares

 sagrados.” 6 AMORIM FILHO, 1982 –  “Quando os homens primitivos desenhavam nas paredes das cavernas, nas

areias das praias, no piso de suas moradias a localização presumível de caça ou do poço de água potável, eles elaboravam, sem disso ter consciência – os primeiros mapas de que se tem notícia, produzindo os primeiros exemplos de ‘geografia aplicada’.” 

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Figura 7 – Mapa dos índios norte-americanos, datado de 1825, elaborado originalmente

sobre couro. Fonte: British Museum, por Raymond Wood.

Pode-se dizer que o homem sempre teve sua característica de viajante, e nesta atividadeconstruiu um relacionamento especial com o espaço. Necessidade de movimento, seja

através de migrações forçadas, para sua própria sobrevivência 7, ou devido também a

um sentimento intrínseco, a que compete denominar de curiosidade. Podemos postular

que a representação dos lugares se conjuga com a busca humana de se explorar novas

terras, e nesse contexto se desenvolve 8.

A compreensão de um espaço linear, ou seja, referente às rotas e itinerários, com certeza

foi de vital importância para os seres humanos primitivos, dada a sua característica

 predominantemente nômade. Já o espaço “amplo” se apresentaria, por exemplo, no

7 CLOZIER, 1972 –  “Um dos fatos mais característicos revelados pela pré-história reside precisamentenos deslocamentos, nas incessantes pulsações dos grupos humanos. (...) Êxodos em massa (...), premidos

 pela necessidade de alcançar regiões mais férteis, pastagens mais ricas(...)” 

8 MABOGUNGE, 1982, p. 357 –  “ A facilidade de locomoção foi fator decisivo para o povoamento da

 Áfrique que é, por excelência, o continente das grandes migrações humanas, algumas das quais puderam ser reconstiuídas graças a testemunhos arqueológicos, etnológicos, lingüísticos e históricos”. 

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momento em que indivíduo se elevasse a um ponto elevado no relevo para planejar

espacialmente as ações de seu interesse. Obviamente, ainda tratava-se de uma atividade

extremamente aplicada e intuitiva, em contraposição à atividade geográfica reflexiva,

histórica, sistematizada e explanativa que possuímos na Geografia atual.

A escala de ação do homem, no período primitivo, está restrita ao âmbito local e

pontual, sem grande capacidade de usos e transformações substanciais da paisagem.

Seria uma atividade exploratória, descritiva e diretamente aplicada. Mas marcam o

início do que será o “espírito geográfico”. 

A localização, a orientação e o conhecimento do ambiente são aspectos cruciais para o

ser humano, em todos os tempos. Por exemplo, na pré-história, podemos destacar a

eficiência das atividades humanas através da reflexão sobre a localização caça, dos

perigos à sobrevivência, e inclusive de lugares insalubres relacionados a moléstias. No

caso específico da caça, é de se esperar que o ser humano tenha aprendido a utilizar

“armadilhas geográficas”, em que através do mapeamento mental do terr eno, traçavam-

se as rotas da caça e dos caçadores, rumo a um terreno em que o segundo obtivesse uma

posição privilegiada.

Um exemplo de atividade, geográfica em essência, é a dos guias, presentes desde as

sociedades primitivas até a nossa sociedade moderna. Nas migrações, sua importância

se fazia sentir, em uma relação quase messiânica com o grupo, apontando o caminho

para as novas terras, assim como também na escolha dos caminhos mais seguros. Sua

importância se dava inclusive nos conflitos com outros grupos, indicando por onde

fugir, esconder e mesmo por onde atacar 9. Ao guia, é como se o ambiente estivesse

cheio de sentido, emitindo sinais a todo tempo, convidando a ser decifrado por suaespecial capacidade de observação.

Nos guias se percebe uma vocação, aptidão e cultivo de uma noção espacial especial, de

um relacionamento íntimo entre o ser humano e o espaço, que se reconhece como

9 AMORIM FILHO, 1982 –  “O que caracteriza os guias? Exatamente o fato de conhecerem o território,o espaço; o fato de saberem orientar-se tanto nas planícies cobertas por florestas, quanto nas montanhas

ou nos desertos; o fato de saberem localizar as tribos inimigas, seja para se poder atacá-las, seja paradelas fugir; a capacidade de identificarem a localização das fontes de alimentos ou dos produtos que

 formavam a riqueza dos homens.” 

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missão pessoal em relação à comunidade em que vive. Há algumas características que

são comuns aos guias, exploradores, viajantes e geógrafos, entres as quais podemos

citar:

- Capacidade de correr riscos.

- Anti-conformismo.

- Necessidade de liberdade.

- Desejo de explorar e conhecer novas realidades.

É possível pensar, suscitando a atualidade desta abordagem dos guias como iniciadores

do “espírito geográfico”, que se os professores atuais de Geografia incorporassem mais

o “espírito dos guias”, a prática de ensino de Geografia obteria um grande salto de

qualidade.

Além dessa “geografia aplicada” das comunidades primitivas, também deve haver

existido sempre uma geografia ligada ao simbólico, afetivo, cultural, remetendo-se à

relação das pessoas com o espaço, suas paisagens e elementos constitutivos, o qual

incluía também o senso de curiosidade, necessidade de liberdade e espírito de

aventura10. No tocante a estes dois últimos, podemos dizer que o fato das viagens

atraírem o ser humano não se resume à resolução de problemas práticos. Partindo da

conjetura que há mais na mente humana que a estrita racionalidade, e de que temos

outras necessidades além da sobrevivência, há que se refletir sobre uma “Geografia”

ligada a esse viés, baseada no senso estético e curiosidade, tecida entre o homem e os

ambientes que se desdobram além dos obstáculos do horizonte. A Geografia, até os dias

atuais, apresenta esta face de ajudar a saciar prazerosamente, mesmo que

temporariamente, esse permanente senso de incompletude e inquietude que se

apresentam através da curiosidade pelos lugares além de nosso conhecimento.

2. As Geografia Pré-Helênicas

A palavra “Geografia” ainda não existia na antiguidade pré-helênica, visto que só

começou a ser utilizado na Grécia Antiga. As civilizações pré-helênicas do Oriente

10 CLOZIER, 1972 –  “A aventura – qualquer que seja seu motor: lucro, curiosidade, necessidade – é, de fato, o ponto de partida, a primeira etapa da Geografia”. 

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Médio se desenvolveram ao longo de rios (Nilo, Jordão, Tigre e Eufrates), porém

rodeadas por desertos, com difíceis condições de sobrevivência. As paisagens desérticas

também provocam no homem uma sensação de pequenez diante da amplidão do mundo,

o que pode ter contribuído para o surgimento de várias religiões nessa região.

Pode-se facilmente inferir que esses territórios ao longo dos rios eram bastante

conflituosos, do ponto de vista geopolítico, assim como também do simbolismo

religioso. Eis que estão, lado a lado, os berços de várias grandes civilizações e religiões

que ainda hoje convivem de maneira bastante tensa. Criou-se então uma Geografia dos

impérios e das guerras, com interesses militares, políticos e religiosos, em que o

conhecimento do território era primaz para sobreviver e garantir o poder de cada

sociedade.

Também é o período de início dos recenseamentos, no Egito e na Mesopotâmia, devido

à necessidade dos reis em saber até onde iam seus impérios e qual seria a população

abarcada sob seu domínio (Bayer et all, 2004). Esses recenseamentos marcam o início

do que será a Geografia Populacional.

Nas civilizações pré-helênicas, inicia-se uma valorização da transmissão dos

conhecimentos e técnicas e, com isso, as sociedades humanas apresentam um grande

salto em sofisticação e organização. A Geografia passa a ser útil para a mensuração de

propriedades, para a Agronomia e para as rotas comerciais (Barasuol, 2006). Criam-se

faixas verdes ao redor dos rios, pujantes de agricultura, onde era essencial saber até

onde plantar, além de ser preciso distinguir o quê plantar em quais lugares. Nesse

aspecto, a Geografia começa a ser utilizada para o planejamento territorial.

Com certeza ainda era uma Geografia pouco reflexiva sobre si mesma, e muito voltada

para questões práticas: enchentes, secas, migrações, agropecuária, comércio, navegação,

administração imperial e guerras. Paralelamente, também se desenvolvia uma geografia

dos territórios simbólicos e sagrados, que suscitavam ao povo uma relação com sua

terra atual ou originária, e os instigavam a lutar por elas. Seriam lugares religiosos,

clânicos, tribais, nacionais, naturais/paisagísticos notáveis e, inclusive, lugares sagrados

imaginários, criados pelas lendas e crenças.

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3. Pensamento e Geografia na Grécia Clássica.

A geografia pré-helênica, abrangendo os antigos impérios do Egito, assim como da

Mesopotâmia e dos demais povos do oriente médio, era predominantemente prática,

orientada a possibilitar a sobrevivência sobre as difíceis condições naturais da região

desértica, além de assegurar a proteção contra outros povos, e se possível, eliminá-los.

Nesse contexto é que destacamos o pensamento geográfico grego como ruptura

epistemológica do que estava sendo praticado até então. Para tanto, torna-se necessário

nos interrogar sobre o processo de construção do conhecimento grego, para em seguida

nos determos especificamente sobre sua ciência geográfica.

A civilização grega, no seu conjunto, pode ser considerada como uma civilização

diagonal, enquanto as demais civilizações pré-helênicas seriam sociedades axiais.

Entende-se por sociedades axiais aquelas que não procuravam contato cultural com

outras civilizações, e que tendiam, de modo predominante, a competir, dominar e

eliminar as culturas alheias.

De modo diferente das outras civilizações, os Gregos construíram seus saberes tecendo

contatos e apropriando-se de elementos de diversos povos, acumulando ao máximo o

conhecimento já produzido por povos anteriores ou contemporâneos a eles. Daí 

caracterizá-los como uma sociedade diagonal, ou seja, que perpassa as demais.

Estudando-se a história da humanidade e observando a ascensão dos gregos e de outras

grandes civilizações, pode-se levantar a hipótese de que uma das condições para o

surgimento de grandes civilizações seja justamente um contexto no qual se gesta uma

maior miscigenação de culturas e saberes.

A Grécia é uma região de península, circundada pelo mar mediterrâneo por

praticamente todos os lados, e que ao longo sua história antiga e clássica, contava com

vizinhos bastante beligerantes ao norte (Ribeiro Jr., 1998, p. 20-21). Essa sua situação

geográfica foi um ponto de partida para que os gregos se tornassem um povo navegador

por excelência (Flores, 2006, p. 9). Esta peculiaridade auxiliou no estabelecimento de

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contato com outros povos, através de explorações, rotas de comércio, colonizações 11 e

migrações. Eram bastante valorizadas as viagens de sábios a outros povos, para trazer

novas idéias e conhecimentos.

Também deve ser lembrada a importância da tradição de expedições militares, iniciada

por Alexandre, o Grande, e que consistia de uma comitiva composta de sábios,

militares, tradutores, medidores, cartógrafos, espiões, e diversos outros especialistas, e

que aproveitavam a campanha para assimilar o máximo possível de conhecimento e

cultura dos povos com os quais travavam contato (Rodrigues, 2007, p. 65-66). As

explorações gregas expandiram seu ecúmeno (mundo conhecido), assim como trouxe o

contato com diversos outros povos (Lencioni, 2003, p. 35-36 e 40).

Mas não foi apenas pela simples concatenação de conhecimentos externos que os gregos

construíram a sua ruptura epistemológica. Cumpre então analisar em que base o modo

de pensar grego se diferenciou dos demais povos.

Ao longo da história de formação do povo grego, tem-se que em torno de 1200 a.C., o

povo dórico ocupa a região da Grécia. Esse advento foi responsável pela instauração de

um novo regime social, em que a monarquia tradicional dá lugar às oligarquias. Esse é

um momento crucial na preparação da passagem do conhecimento mítico, tradicional,

para um novo tipo de sociedade, em que, como as conclusões e decisões são tomadas

por várias pessoas em conjunto, passa a ser extremamente importante a capacidade de

convencimento e de consenso (Delgado, 2008, p. 35-40). A verdade e a justiça já não

são mais impostas por um monarca, mas sim elaboradas a partir de uma discussão e

acordo entre os cidadãos livres dominantes.

Esse sistema oligárquico dará origem ao regime democrático grego, em que as decisões

são tomadas em grandes assembléias. Nesta nova forma de organização, passa-se a

valorizar bastante a figura dos sábios, por seu conhecimento, associada ao poder

singular de expressão e convencimento (Batista, Batista e Almeida, 1997, p. 76). Vários

11 PEDECH, 1976 –  “ A exploração, que conduziu à descoberta da bacia mediterrânea, (...) teve iníciocom o fenômeno social e econômico ao qual se dá o nome de colonização. (...) Esse f enômeno

corresponde a uma expansão de vários grupos de migrantes que, do século VIII ao VI (a.C.) instalaram-se em numerosos pontos do entorno do Mediterrâneo e do Mar Negro, para fundar aí empórios ecidades, povoar e explorar as terras do interior.”  

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sábios e professores de oratória são pagos por cidadãos ricos, para que possam ensinar

esta arte a seus filhos e a eles próprios. Destarte, há uma grande valorização da

acumulação e transmissão dos conhecimentos, no papel dos sábios e professores, aos

quais é dada a possibilidade de viver pelo exercício de sua atividade. 12 

Contudo, o conhecimento não será valorizado apenas e simplesmente por sua

capacidade de convencimento. Como Platão ilustra em seu diálogo Protágoras 13, a

sociedade grega passa a valorizar, mais do que a beleza dos discursos, a capacidade de

procurar a verdade. Esta seria a passagem do predomínio dos sofistas (professores de

retórica) para a valorização da Filosofia e da Ciência propriamente ditas.

A passagem do conhecimento mítico (ou mágico) para a racionalidade é base essencial

para a compreensão da alteração de pensamento travada em curso pela civilização

helênica (Martins & Hernandes, 2001, p. 120). No conhecimento mítico, se recorria a

uma explicação do mundo baseada em intervenções divinas e sobrenaturais, de mundos

aos quais o ser humano não tinha acesso direto e nem possuía grande poder de

intervenção. Esse conhecimento mítico era apresentado pela tradição ancestral do povo,

assim como pelos sacerdotes e reis, e era aceito como verdadeiro, sem questionamentos.

Com o pensamento racional, por sua vez, a veracidade de um discurso precisa ser

comprovada pelo valor atribuído a seus próprios argumentos. As explicações e teorias

passam a poder ser discutidas por quem se demonstrar capaz de tanto, e são passíveis de

ser rejeitadas ou alteradas pela constatação de que existe uma opção mais coerente a ser

adotada. Esse tipo de conhecimento valoriza a capacidade humana de explicar os

fenômenos, e abre a possibilidade para um caminho de evolução para os conhecimentos

humanos.

É nesse contexto que poderemos falar da Filosofia e da Ciência da maneira como a

concebemos hoje, ou seja, sempre abertas a uma contínua discussão, e re-elaboração,

rumo a um conhecimento pretensamente cada vez mais completo, coerente e eficaz

sobre o mundo. Esse seria um sentido implícito na conhecida “Alegoria da Caverna”, do

12 JAEGER, 2001.13 PLATÃO (427-347 a.c.) – Protágoras, e JAEGER, 2001.

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livro VIII da “República” 14, em que Platão apresenta, de maneira metafórica, o

processo de tomada de consciência de maneiras mais corretas de compreender o mundo.

Em sua alegoria, Platão conta a história de um personagem que vivia acorrentado em

uma caverna, e que pensava que o mundo se resumiria ao teatro de sombras a que estava

exposto 15; contudo, ao se libertar de sua prisão, consegue perceber uma nova realidade,

ou seja, obtém acesso a uma compreensão mais verdadeira do mundo.

A civilização grega antiga apresentou uma ruptura no tocante às atividades intelectuais,

e assim também o podemos dizer para o caso da Geografia. Até os dias de hoje, muito

do que é a civilização ocidental deve-se a essas novas formas de pensar trazidas à tona

com os gregos. Nisso se inclui a forma de ver o mundo e se colocar nele, o que é crucial

para a Geografia. Igualmente se inclui um sistema de valores que são norteadores da

ética e moral da sociedade até os dias de hoje, baseada em princípios como amizade,

fidelidade, justiça, e sacrifício pelos outros.

Os gregos também forneceram a matriz para os dois métodos científicos basilares. A

partir do pensamento de Platão, podemos identificar o delineamento do método

dedutivo 16, em que se parte das idéias para então compreender mais corretamente o

mundo sensível 17. Já em Aristóteles, discípulo de Platão, nos é apresentado o método

indutivo 18, no qual predomina um caminho que parte da observação sistemática da

realidade, a partir da qual são elaboradas as teorias 19. Ambas estas abordagens serão

fundamentais em toda a história da ciência, incluída aí a história da Geografia.

Os métodos indutivos e dedutivos continuam sendo, em grande medida, bases

metodológicas para os trabalhos geográficos, embora algumas correntes privilegiem

mais o aspecto indutivo, enquanto outros enfatizem mais o viés dedutivo. Um exemplode abordagem indutiva na Geografia seria a abordagem morfofuncional, que parte da

14 PLATÃO (427-347 a.c.)  – República15 BONNARD, 1984 –  “Tomam pois estas sombras pela própria realidade, quando elas não são mais

que o obscuro reflexo duma imitação do real”. 16 JAMES & MARTIN, 198117 BAILLY & BEGUIN, 1982 –  “élabore une construction théorique des processus qu´elle présume

explicatifs du monde réel eu elle la confronte ensuite avec la réalité afin d´en vérifier la validité.”  18 JAMES & MARTIN, 198119 BAILLY & BEGUIN, 1982 –  “Les études sont donc fondées sur l´observation détailée de la réalité à

 partir de données hétérogènes (physiques, biologiques. Économiques, ...) puisque par hypothèse (souvent implicite)(...)” 

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descrição rumo à explicação – nesta abordagem, a Geografia pode ser considerada mais

como arte e observação do que como ciência. A abordagem indutiva na Geografia

compreende as seguintes etapas:

1 - Observação analítica por meio de dados de uma área (físicos, biológicos,

econômicos, etc.).

2 - Classificação das morfologias e mapeamento dos dados, para encontrar

padrões e ligações.

3 - Só após, então, vem a explicação, através das relações entre os elementos,

pelo princípio da causalidade.

Em contraposição ao método indutivo, o método dedutivo segue uma metodologia

diferenciada, que pode ser expressa nas seguintes etapas20:

1 – Escolha de uma problemática a estudar.

2 – Escolha (ou elaboração) de uma teoria que será a base para a explicação.

3 – Confrontação com a realidade.

4 – Conclusão pela rejeição, não-rejeição ou modificação da teoria.

Após essa primeira abordagem sobre a ruptura epistemológica grega na Geografia e

outras ciências, é importante nos debruçarmos brevemente sobre as principais

contribuições e desenvolvimentos geográficos na história da Grécia Antiga.

4. Expoentes da Geografia Grega

Em um primeiro momento, podemos reconhecer na Grécia Antiga uma geografia

marcadamente mítica, em Homero (em suas obras Ilíada e Odisséia) e em Apolônio

(com a obra “Os Argonautas”). Nestas obras, o geográfico se mistura à lite ratura, e

marca o início do que mais a frente se desenvolveria como o pensamento geográfico

20 Na era acadêmica atual, é muito comum o pesquisador já partir de teorias acadêmicas estabelecidas, aomenos como uma orientação inicial para suas pesquisas. Essa valorização dos construtos teóricos prévios

e o seu processo de sua aplicação demonstram uma tendência atual que talvez retrate uma predominânciacada vez maior do método dedutivo.

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grego. É certo que a Geografia é apenas um elemento menor nessas obras, tal como um

cenário para uma peça maior, a qual seria desenvolvida pelos personagens. Essa forma

de combinar Literatura e Geografia também estará presente em grandes épicos ao longo

da história posterior da humanidade, como é o caso dos Lusíadas, de Camões; da Divina

Comédia, de Dante; da Volta ao Mundo em Oitenta Dias, de Júlio Verne; do Grande

Sertão Veredas, de Guimarães Rosa; entre muitos outros épicos enquadrados como

“literatura de viagem”. 

A Geografia jônica se caracterizava pela preocupação pelos problemas da física

terrestre. Isso incluía a elaboração de mapas e, posteriormente, uma complementação

textual ao mapeamento 21, a qual marca o nascimento do que posteriormente chamar-se

à de Gegorafia (Lencioni, 2003, p. 36). Essa Geografia, em boa parte descritivainteressava-se pelos estudos das cidades e povos, assim como do meio geomorfológico,

natural e dos oceanos. Aliás, essa forma desse estudo foi referida por alguns gregos

como “Corografia”, que às vezes era considerada como uma área de saber distinta da

Geografia propriamente dita.

Os Hipocráticos, a partir das experimentações e teorias médicas iniciadas por

Hipócrates (aprox. 460-377 a.C.) e continuadas pela escola que fundou, estudaramcomo o ambiente poderia influir em aspectos da saúde e do caráter das pessoas

(Lencioni, 2003, p. 40). Em suas teorias, partiam do pressuposto de que indivíduo

deveria procurar um equilíbrio entre os seus fluidos internos (humores) (Delgado, 2008,

p. 51-54). Todavia, fatores como a idade, influências psicológicas, e o ambiente (clima,

altitude, ventos, umidade, etc.) poderiam afetar esse equilíbrio 22. Essas reflexões sobre

como o as variações ambientais de cada região participariam como um dos fatores para

o estabelecimento de enfermidades pode ser considerado como o princípio históricopara teorias muito posteriores 23, como a Geografia Médica, o Determinismo Ambiental

e várias outras escolas de Geografia que refletiram sobre a relação do homem com o

meio ambiente.

21 PEDECH, 197622 VIETES, 2007, pp. 191 –  “Na concepção hipocrática, o corpo humano e tudo aquilo que o circunda -que, em conjunto, constituem a physis - eram pensados por meio da composição dos elementos ar, terra,água e fogo, e pelas qualidades de frio, quente, seco e úmido. Corpo e espaço eram compreendidos apartir desses elementos e qualidades. Daí, a importância de estudar o meio ambiente e o clima das

diferentes regiões da Terra para se compreender a sua influência (melhor dizendo, a sua marca) sobre ohomem.” e REBOLLO, 2006 23 GLACKEN, 2000

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Os gregos começaram a se interessar por uma geografia da escala do globo, com a

mensuração da Terra, coordenadas, áreas de continentes e mares, comparação de

paisagens distantes, entre outros estudos. Erastóstenes foi o principal geógrafo grego no

tocante às grandes medições24, dedicando-se a temas como a forma, curvatura e

circunferência da Terra. Para possibilitar esses trabalhos, considera-se essencial o

desenvolvimento intelectual grego nos campos da Matemática (especialmente a

Geometria) e da Astronomia, assim como a elaboração de ferramentas e equipamentos

auxiliares à Cartografia e à Astronomia.

Outra vertente de atuação da Geografia Grega foi a das descrições regionais, como de

Heródoto, um habilidoso historiador-geógrafo 25. “História” foi a principal obra de

Heródoto, que através do tema da guerra entre Grécia e Pérsia, põe a termo sua proposta

de buscar o passado para entender o presente. Cabe ressaltar que o conceito de História

dos gregos é um pouco diverso do conceito atual, e refere-se fortemente ao sentido de

“investigação”, “pesquisa” e “inquérito” 26.

Heródoto era muito crédulo, e acreditava bastante nos relatos que os viajantes lhe

contavam 27, mas não se rogava de expor sua opinião sobre a veracidade destas

exposições de terceiros. Viajou bastante, e escreveu sobre a Mesopotâmia (Babilônia), a

Pérsia, o Mar Negro, os Citas, o Egito e o Norte da África (Lencioni, 2003, p. 39). Em

sua obra, valorizou muito o comportamento de cada povo que visitou e estudou,

procurando descrever, bem como comparar, as característica de cada um, utilizando-se

de uma noção embrionária do que posteriormente seria denominado de “gêneros de

vida”. Pode-se dizer que a obra de Heródoto apresenta uma análise bastante completa e

abrangente para um estudo de Geografia, visto que se empenhou em estabelecerrelações entre quatro dimensões epistemológicas: história (tempo), geografia (espaço),

quantificação (matemática) e representação (por mapas e desenhos).

24 DE MARTONNE, 194825 BONNARD, 1984 –  “Ao dar o título de Inquéritos a sua obra (ao mesmo tempo História e Geografia),Heródoto assenta estas duas ciências sobre a investigação científica.” 26 BONNARD, 1984 –  “O título de sua obra é precisamente “Inquéritos”, em grego “Historiai”, palavraque na época não tem outro sentido.” 27 BONNARD, 1984 –  “Sua credulidade parece tão infinita quanto a curiosidade...”  

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5. Conclusões

A partir das ponderações tecidas até aqui, podemos apreender que houve, na Grécia

antiga, entre 3.000 e 2.000 anos atrás, uma primeira Geografia completa e madura.

“Completa” no sentido de ser  totalizante por princípio, procurando compreender osfenômenos através de um estudo integrado pelos mais diversos processos, sem restringir

o estudo somente a um campo de conhecimento especializado. Uma Geografia, que ao

contrário do que já havia feito antes, apresentava qualidades como a argumentação

racional, metodologias científico-filosóficas para a investigação da verdade e, enfim,

uma procura intrínseca pelo seu próprio crescimento como ciência, por meio da busca

de novos mundos, novos povos, e principalmente, novas formas de compreender o

mundo.

A história da Geografia acompanha a história da humanidade desde os seus primórdios.

Desde a pré-história até os dias atuais, o homem sempre observou a paisagem, a fim de

se proteger, sobreviver (inclusive em termos de obtenção de alimentação e

dessedentação), ou mesmo admirar, através de seu sentimento estético. Hoje nós

sofisticamos nossa maneira de observar e analisar a paisagem, através de toda uma

história de reflexão, sistematização e acumulação de conhecimentos, a qual nos brindacom uma ampliação da capacidade de enxergar e pensar o mundo, assim também como

a ampliação de nossa escala de ação. Os computadores nos auxiliam a interpretar

melhor a paisagem, todavia, são apenas um meio, enquanto a relação entre o sujeito

(humano) e o objeto (paisagem) continua a mesma em essência.

Contudo, os problemas espaciais continuam, em grande parte, muito semelhantes aos do

alvorecer da humanidade, embora em escalas diferentes, e com contextos metodológicosdiversos. Como não considerar cruciais, nos dias de hoje, questões sobre localização,

distribuição 28, locomoção no espaço, planejamento espacial de atividades, e mesmo

relações de afetividade com espaços cotidianos e da feliz descoberta de novos lugares

através de viagens? E talvez seja justamente pela continuidade de seus objetivos

fundamentais, que nos é possível reconhecer uma conexão entre o fazer e o pensar

28 AMORIM FILHO, 1982 –  “A localização e a distribuição dos homens, a localização e a distribuição

das coisas e fenômenos que interessam aos homens são e serão preocupação permanentes dahumanidade. E são, justamente, problemas dessa natureza que estão na origem e na base da atividadegeográf ica.” 

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geográfico das diferentes épocas, ao longo da evolução histórica do pensamento

geográfico.

De uma maneira formal, a Geografia só se transformou em formação acadêmica após o

século XIX, contudo, como atividade prática, é bastante razoável conjeturar que a

atividade geográfica sempre existiu, embora nem sempre tenha sido denominada com

esse nome. E provavelmente continuará existindo, se supormos que muitas das razões

de sua criação e existência ao longo da história se prolongam até nosso período atual, e

não dão ensejo de que deixarão de existir tão rápido. Abler dizia que a Geografia

somente iria deixar de existir quando a superfície da Terra fosse lisa como uma bola de

bilhar. Caso isso acontecesse, a partir daí precisaríamos apenas da Geodésia, além da

tecnologia de GPS. Agradeçamos que tal fato não acontecerá, pois um mundo sem

diferenças espaciais seria deveras monótono.

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