ISOLAMENTO E PRESERVAO DO LOCAL DO CRIME E SUAS CONSEQUENCIAS

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RESUMOO presente trabalho tem por escopo principal discorrer sobre a necessidade de uma eficiente preservao do local do crime na atividade investigativa, levada a efeito pela Polcia Judiciria, dentro de uma viso dos modernos meios utilizados pela polcia cientfica, com reflexos importantes em matria probatria definida na legislao processual penal, visando alcanar a reproduo da verdade histrica dos fatos to decisiva no momento de prolao da sentena, em ltima anlise, contribuindo para a efetivao da justia. PALAVRAS-CHAVE: local do crime vestgios preservao, justia. ABSTRACT:The present work has the dealing with the need of an efficient preservation of the crime local on an investigative activity as a main objective, effectively made by the Judiciary Police, inside a vision of the modern means used by the scientific police, with important reflexes on an evidence matter defined on the criminal procedural legislation, aiming to reach the historical truth reproduction of the facts so decisive in the time of the verdict determination, as a last analyses, contributing to the justice effectiveness. KEYWORDS: Crime local, evidence, preservation, justice.INTRODUO

No Brasil, no h uma cultura e nem uma preocupao sistemtica com esse importante fator, que um correto isolamento do local do crime e respectiva preservao dos vestgios no local de crime, como exemplo pode-se mencionar o caso da Isabella Nardoni.Segundo ROCHA (1998), preservar um local de crime significa garantir a sua integridade, para a colheita de vestgios que fornecero os primeiros elementos investigao. O exame do local do crime, referindo-se aos crimes violentos, tais como: homicdios, latrocnios, extorso mediante sequestro com resultado morte, ou at mesmo em casos de suicdio, dever obedecer a uma preservao rigorosa para que sejam resguardadas suas evidncias, exigindo profissionais plenamente capacitados, formando, dessa forma, um conjunto de conhecimentos e trabalhos harmoniosos, a fim de assegurar o xito nas investigaes futuras, levando-se em conta que o trabalho de levantamento do local do crime, ou seja, a perinecroscopia o ponto de partida nas investigaes. Menciona-se, que normalmente, quando da ocorrncia de um crime, a polcia militar a primeira instituio a chegar ao local, sendo, na maior parte das vezes, acionada por parentes da vtima ou qualquer do povo que vem a conhecer do fato. Ressalta-se que a primeira providncia que deve ser adotada pelo primeiro agente de segurana pblica que chegar ao local do crime, em havendo vtima, a de saber se a vtima ainda se encontra com vida, atravs dos procedimentos de primeiros socorros adquiridos durante o curso de formao policial, afim de que possa ser providenciado o devido socorro. Caso contrrio, ao perceber que a vtima, j se encontra sem vida, dever isolar o local at a chegada da polcia judiciria, cabendo a esta ltima tomar as providncias legais. Dessa forma, percebe-se a relevncia dos procedimentos de isolamento e preservao do local de crime, para a ocorrncia de um trabalho pericial que proporcione a mxima exatido no que concerne a anlise dos vestgios.

DEFINIO DO LOCAL DO CRIME

Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (Cdigo Penal, artigo 6). Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos em territrio estrangeiro, os crimes: contra a vida ou a liberdade do presidente da Repblica; contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico; contra a administrao pblica, por quem est a seu servio; de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; os crimes que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir; praticados por brasileiro; praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados.A ocorrncia de fato delituosa descrita como crime ser definido a partir do local, podendo ser externo, interno ou mesmo misto, ou seja, qualquer ambiente em que se encontrarem os vestgios para elucidao do fato. Neste sentido, o local de crime pode ser mediato, situando-se no entorno do local do fato delituoso e, imediato, quando se encontra no ambiente do fato.Partindo desta premissa, pode-se classificar local de crime por diversos critrios qualitativos, ou seja, interno, externo ou mesmo aberto, fechado, pblico e/ou particular.Todas as classificaes pr-dispe natureza do fato delituoso tpico. Portanto, sempre observar se determinado fato homicdio, suicdio, incndio, furto, roubo, latrocnio, aborto e tantos outros.Para elucidao do fato sendo observada a sua natureza, de suma importncia preservao do local, sendo que h dissenses quanto prestao de servio de qualidade ao se deparar o perito com o local j violado, pois, compreende trs caracteres importantes na elucidao: quanto preservao do local em sua absoluta idoneidade; onde os demais vestgios no foram alterados; quanto ao local relativamente idneo; onde o local foi mantido o mais prximo possvel ao encontrado; e por fim local inidneo; ocorre quando h alterao de caracterstica do local do fato delituoso.

Afirma Alberi Espndula que:

Em nosso pas carece ainda, no meio de nossas polticas brasileiras, da real valorizao que deve ser dada ao local de crime. Por ser um completo contrassenso, pois, no local onde ocorre um crime, a lgica nos diz que ali o ponto de partida para tudo. E mais, que ali a principal fonte de informaes para esclarecermos o crime. No cabe aqui discutir as razes do descaso que se d ainda aos locais de crime, apenas registrando que tal fato histrico.Os tipos de alterao que podem ocorrer nos locais de crime so inmeros, pois so tantas ocorrncias que podem surgir por parte da curiosidade natural das pessoas, visto as mesmas no terem desconhecimento do grave erro que cometem ao violar, mesmo sem querer o local do fato delituoso. Portanto, remete a uma questo de educao pblica somada ao respeito s leis.

PRESERVAO DO LOCAL DE CRIME

A respeito da preservao do local de crime, cita-se o seguinte entendimento da perita criminal BARACAT (2008):

A preservao dos vestgios deixados pelo fato, em tese delituosa, exige a conscientizao dos profissionais da segurana pblica e de toda a sociedade de que a alterao no estado das coisas sem a devida autorizao legal do responsvel pela coordenao dos trabalhos no local pode prejudicar a investigao policial e, consequentemente, a realizao da justia, visto que os peritos criminais analisam e interpretam os indcios materiais na forma como foram encontrados no local da ocorrncia.Portanto, observa-se que o ato de preservar amplo e abrangente, sendo considerada a medida adotada para proteger alguma coisa de causas que a possam deteriorar, consistindo no procedimento de manter o local de crime e seus vestgios rigorosamente no estado em que o criminoso o deixou, at a chegada da autoridade policial competente para dar seguimento s demais providncias necessrias.O local de crime devidamente preservado oferece elementos vitais para a fixao das responsabilidades. E, no sentido inverso, poder contribuir com a absolvio de criminosos em face da inconsistncia probatria, em decorrncia da possvel violao dos vestgios.

O PAPEL DA POLCIA OSTENSIVA E DA POLCIA JUDICIRIA QUANTO PRESERVAO DO LOCAL DE CRIME

A polcia militar, sendo uma instituio pblica prestadora de servios comunidade, exerce sua misso constitucional de policia ostensiva, e, nesse sentido, destaca-se dentre suas atribuies, a promoo do devido isolamento do local de crime, assim como de sua preservao. Portanto, o policial que primeiramente chegar ao local do crime, no que concerne aos procedimentos referentes aos vestgios e evidncias, dever isolar a rea de ocorrncia do evento criminoso, no permitindo a alterao das coisas, assim, como do cadver, se houver; dever tambm, evitar que qualquer pessoa tenha contato com os vestgios, assim como para com os instrumentos do crime, resguardando-os, a fim de serem oportunamente analisados pelos profissionais de percia.Aps a chegada da autoridade policial competente (delegado de polcia, que representa a polcia judiciria) no local de crime, conforme preconiza o j mencionado artigo 6 do Cdigo de Processo Penal Brasileiro, o policial militar que atendeu a ocorrncia entregar o local a este, transmitindo todas as informaes e impresses obtidas. E, prioritariamente, quando a autoridade policial se defrontar com o local de ocorrncia do delito criminoso, esta buscar preservar o local at a chegada dos peritos, e, buscar outras evidncias que possam colaborar na investigao policial.Pacificado se encontra a afirmao de que a responsabilidade pela preservao dos locais de crime de competncia do primeiro agente de segurana pblica que se defrontar para com a cena criminosa, por isso, que, o j citado artigo 169 do Cdigo de Processo Penal Brasileiro, citado abaixo, no atribui exclusividade de competncia quanto s aes de isolamento e de preservao dos locais de crime.Entretanto, verifica-se, que em alguns casos, o local de crime ignorado, seja por policiais militares ou policiais civis, quanto a preservao de seus vestgios e instrumentos, acabando por contaminar provas vitais ao esclarecimento do crime, e, em consequncia disso, fornecendo subsdios para a defesa pedir a absolvio do acusado. Salienta-se, tambm, que a ausncia dos mais elementares equipamentos para a execuo dos procedimentos de preservao, isolamento e percia, dificulta, quando no impossibilita a identificao da materialidade e autoria do crime.

VESTGIOS ENCONTRADOS EM LOCAL DE CRIME

O perito criminal MALLMITH (2007), assim define vestgios:

Os vestgios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensvel que possa ter relao com o fato investigado. A existncia do vestgio pressupe a existncia de um agente provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado para a sua ocorrncia (local em que o vestgio se materializou).

Afirma-se que a importncia dos vestgios no se encontra adstrita somente ao que eles representam, mas, de vital importncia, tambm, as posies em que se encontram e suas possveis relaes com outros vestgios, que podem no serem analisados de imediato. Todavia, apesar de ser extremamente evitado modificar o estado das coisas, ocorrem casos em que algumas medidas destas se fazem necessrio, tais como cobrir o cadver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intemprie destrua vestgios importantes como manchas de fludos corpreos ou esfumaamento.

Contudo, nos casos extremos, sendo aceitvel a proteo de vestgios, o policial que realizar este servio dever ter o mximo zelo possvel, evitando, tanto quanto possvel, correr risco de, na tentativa de proteger certos vestgios, causar dano a estes ou a outros vestgios. Salienta-se, que a inobservncia das regras relacionadas quanto preservao dos vestgios poder ocasionar a destruio e/ou o no aproveitamento destes pela percia criminal, estando desta forma, prejudicado os trabalhos referente apurao do evento criminoso.

CONSIDERAES FINAIS

Verifica-se que a ineficincia para com a preservao das provas contidas nos locais de crime, no algo recente, dificultando, e at mesmo inviabilizando a anlise probante dos fatos, principalmente, no que concerne a fase mais importante, ou seja, a persecutria penal. Contudo, frente a algumas falhas operacionais dos setores de segurana pblica, no que concerne realizao de treinamentos e cursos relativos preservao do local de crime, direcionados aos profissionais de segurana, observa-se, atualmente, uma preocupao maior por parte desses setores, quanto orientao de seus profissionais, relativo importncia dos aspectos atinentes a aplicabilidade efetiva da localista em todos os crimes que deixam vestgios.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BARACAT, Claudine de Campos. A padronizao de procedimentos em local de crime e de sinistrosua importncia e normatizao. Disponvel em: ttp://www.seguranca.mt.gov.br/politec/3c. Acesso: 20 de janeiro de 2009.

BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689/1941, de 3 de outubro de 1941. Cdigo de Processo Penal Brasileiro. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm. Acesso: 15 de novembro de 2008.

DIAS, Fbio Coelho. A Importncia da Percia no Direito Processual Penal Brasileiro: a eficcia da prova pericial na fase processual. Florianpolis, 2009. Monografia (Especializao latu sensu em Direito Penal e Direito Processual Penal), ESMPSC/UNIVALI.

MALLMITH, Dcio. Corpo de delito, vestgio, evidncia e indcio. Rio Grande do Sul. 7 de maio de 2007. Disponvel em: http://peritocriminal.net/mambo/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=136. Acesso: 02 de abril de 2009.

RABELLO, Eraldo. Curso de criminalstica. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.

ROCHA, Luiz Carlos. Investigao policial: teoria e prtica. So Paulo: Saraiva, 1998.