Upload
stefano
View
8
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Reciclagem de resíduos na construção civil.
Citation preview
Reciclagem dos Resíduos de Construção Civil
Stefano Kunrath, Abel Caspers, Rodrigo B. Werlang
Faculdade de Itapiranga- FAI
Resumo: a reciclagem é uma ideia que vem crescendo principalmente nos
grandes centros. Com o crescimento dos centros urbanos vem também o aumento
das construções e novos loteamentos, a demolição de construções antigas para a
construção de outras modernas no lugar causa uma grande quantidade de entulho.
Os depósitos já estão saturados com montanhas de entulho e as jazidas de matéria
prima cada vez mais escassas. Infelizmente no Brasil a pouco interesse na
reciclagem apenas algumas prefeituras de grandes centros que já não tem onde
depositar o entulho, mesmo sendo comprovado que este é um negócio viável.
Palavras-chave: reciclagem, entulho, construções.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Zordan (1997, p.01):
O resíduo de construção e demolição (resíduo de C&D) ou simplesmente entulho, possui características bastante peculiares. Por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, características como composição e quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local (qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas, adoção de programas de qualidade, etc.).
“Os resíduos de construção civil são gerados em razão do desperdício de
materiais resultantes da característica artesanal da construção. No Brasil, 98% das
obras ainda utilizam o método tradicional sem a reutilização de materiais”
(MARINHO, 1991, p.01).
Conforme Pinto (1992, p.01):
Os fatores, plenamente superáveis, que determinam esse desperdício, podem ser descritos genericamente como:
- insuficiência de definições em projetos;-ausência de qualidade nos materiais e componentes de construção
ofertados ao mercado;-ausência de procedimentos e mecanismos de controle na
execução, que acabam provocando: perda na estocagem e transporte em canteiro, ausência de prumo e nivelamento nas edificações.
Nos EUA, seu aproveitamento é realizado há mais de 30 anos. A Holanda,
com mais de 40 usinas de reciclagem de entulho, recicla 70% dos resíduos e a
Alemanha, 30% (COELHO e CHAVES, 1998).
1.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA
“O entulho é, talvez, o mais heterogêneo dentre os resíduos industriais. Ele é
constituído de restos de praticamente todos os materiais de construção (argamassa,
areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos,
tintas, etc.) e sua composição química está vinculada à composição de cada um de
seus constituintes” (ZORDAN 1997, p.01).
“No entanto, a maior fração de sua massa é formada por material não mineral
(madeira, papel, plásticos, metais e matéria orgânica). Dois exemplos da análise
qualitativa da sua fração mineral, para locais distintos, são apresentados a seguir”
(ZORDAN 1997, p.01).
Tabela 01
Composição média da fração mineral do entulho (%)
MATERIAL PINTO (1987) 1
ZORDAN e PAULON (1997)2
Argamassa 64,4 37,6
Concreto 4,8 21,2
Material Cerâmico
29,4 23,4
Pedras 1,4 17,8
1 Local: cidade de São Carlos, SP, Brasil.
2 Local: cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Fonte: Zordan (1997, p.01)
1.2 CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL
O entulho quando separado é considerado pelas normas NBR como resíduo
inerte, porém deve-se lembrar que cada obra produz um tipo de entulho podendo ser
inerte ou até mesmo envolver resíduos tóxicos como por exemplo o amianto que é
cancerígeno (ZORDAN, 1997).
1.3 BENEFICIOS DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS
Reduzir aterros clandestinos, consequentemente reduzindo os problemas
ambientais.
Aumentar a vida útil das jazidas de matéria-prima, devido sua substituição
pelos produtos gerados da reciclagem.
“Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária,
ela é limitada, uma vez que existem impurezas na matéria-prima, envolve custos e
patamares de desenvolvimento tecnológico” (ÂNGULO, ZORDAN, JOHN 2001 apud
SOUZA et al., 1999; JOHN, 2000).
Desta forma, a reciclagem na construção civil pode gerar inúmeros benefícios
citados abaixo:
-“Redução no consumo de recursos naturais não renováveis, quando
substituídos por resíduos reciclados” (JOHN, 2000).
- “Redução de áreas necessárias para aterro, pela minimização de volume de
resíduos pela reciclagem. Destaca-se aqui a necessidade da própria reciclagem dos
resíduos de construção e demolição, que representam mais de 50% da massa dos
resíduos sólidos urbanos” (ÂNGULO, ZORDAN, JOHN 2001 apud PINTO, 1999).
- Redução do consumo de energia durante o processo de produção. Destaca-
se a indústria do cimento, que usa resíduos de bom poder calorífico para a obtenção
de sua matéria-prima (co-incineração) ou utilizando a escória de alto-forno, resíduo
com composição semelhante ao cimento (JOHN, 2000).
- Redução da poluição; por exemplo, para a indústria de cimento que reduz a
emissão de gás carbônico utilizando escória de alto forno em substituição ao
cimento portland (JOHN, 1999).
1.4 OS PREJUIÇOS DE NAO RECICLAR
Depositando estes materiais em vias publicas ou ate mesmo em aterros,
estes entulhos podem servir de abrigo para animais peçonhentos, baratas, ratos e
demais insetos. Também podendo conter algum produto químico e afetando rios,
riachos, lagos ou lençóis freáticos.
Cavallaro (2007) salienta que os resíduos da construção civil depositados em
vias publicas e em terrenos baldios podem, assorear rios e galerias e ajudar na
proliferação de insetos como o escorpião e o mosquito transmissor da dengue. Além
disto ainda geram uma poluição visual.
2 RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD)
A reciclagem de RCD como material de construção civil, iniciada na Europa após a segunda guerra mundial, encontra-se no Brasil muito atrasado, apesar da escassez de agregados e área de aterros nas grandes
regiões metropolitanas, especialmente se comparada com países europeus, onde a fração reciclada pode atingir cerca de 90% recentemente, como é o caso da Holanda (ÂNGULO, ZORDAN, JOHN 2001 apud ZWAN, 1997; DORSTHORST; HENDRIKS, 2000).
Em algumas cidades a quantidade de entulho chega até a meia tonelada por
habitante ano Pinto (1999). Fazendo com que prefeituras criem usinas de reciclagem
tendo como objetivo principal baixar este número, mas também baixa o custo dos
materiais utilizados em construções publicas. Sendo este e alguns poucos pequenos
empreendedores os únicos interessados pela reciclagem no Brasil.
“Um dos problemas mais graves nos RCD é variabilidade de composição e
conseqüentemente, de outras propriedades desses agregados reciclados”
(ÂNGULO, 2000; ZORDAN, 1997; PINTO, 1999; HARDER; FREEMAN, 1997;
DORSTHORST; HENDRIKS, 2000).
“A recente introdução maciça de gesso na forma de revestimentos ou placas
no Brasil pode ser um complicador para a reciclagem dos RCD, caso processos de
controle não sejam instalados em Centrais de Reciclagem” (ÂNGULO, ZORDAN,
JOHN, 2001).
Reciclando os materiais provenientes da construção civil podemos ter um
aproveitamento ótimo para aterros e demais agregados.
Destes resíduos podemos retirar madeiras, aço, argamassas e material de
revestimento (tijolos e blocos). O aço sendo vendida, a madeira retirada e utilizada
em fornos de olarias e demais indústrias, e a argamassa e materiais de vedação
triturados para formação de agregados de menor granulometria podendo ser
utilizado em pilares não estrutural e como material de aterros e drenagens.
No atual contexto global, é fundamental melhorar e aperfeiçoar os processos
de construção. Entretanto, a reciclagem de entulhos entra como solução para os
materiais que são inevitavelmente perdidos.
A reciclagem transforma as montanhas desordenadas de entulho em novas
construções modernas e mais baratas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com certeza depois desse estudo vemos que a reciclagem se encaixa em
muitas obras que muitas vezes são feitas com materiais extraídos virgens da
natureza e o entulho que poderia ser usado como agregado fica perdido em algum
depósito ou margens de rodovias e rios. Se reciclado ao menos 50% do entulho
gerado e contratar profissionais capacitados e que cuidem um pouco na hora de
construir para evitar o desperdício, nossas jazidas iram durar muito mais e teremos
obras sustentáveis e com custo reduzido.
4 REFERENCIAS
ÂNGULO, Sergio Cirelli, JORDAN, Sérgio Eduardo, JHON, Vanderley Moacir. Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil. São Paulo-SP: PCC - Departamento Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica, 2001.
ZORDAN, Sérgio Eduardo. Entulho da indústria da construção Civil. São Paulo-SP. Departamento Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica, 1997.
ALCANTARA, Cicero Alves de. Reutilização de resíduos sólidos da Construção Civil. 2005. P.95. Monografia Eng. Civil – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo-SP, 2005.
CAVALLARO, Oliveira Fábio de. Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil: Responsabilidades e Atribuições na Disposição Pós-Canteiro no Transporte e na Triagem. 2007. P. 118. Monografia Eng Civil - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo-SP, 2007.