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RESUMO
As pequenas empresas são responsáveis por mais de 45% da força de trabalho com
carteira assinada e representam cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do
Brasil, mas com o mercado altamente competitivo, segundo o SEBRAE, essas
empresas têm uma expectativa de vida muito pequena se não forem geridas de
forma correta. Identificamos que dentre as diversas deficiências apresentadas pelos
gestores, a contabilidade de custos e seus benefícios são totalmente desconhecidos
para a maioria dos administradores e com isso perdem uma ferramenta gerencial
fantástica para tomar decisões mais assertivas. A contabilidade de custos e suas
ferramentas são bastante versáteis, podendo assim se adaptar aos mais variados
tipos de empresas e suas características peculiares e, com isto, auxiliar as
pequenas empresas nas elaborações de estratégias eficazes, e assim buscar o
crescimento e a perpetuação da empresa no mercado.
1 INTRODUÇÃO
O cenário econômico atual se caracteriza por sua extrema competitividade, o que
obriga as empresas e seus administradores a adaptarem-se as frequentes
mudanças em busca de melhores produtos, serviços e principalmente preços, porém
poucos gestores, principalmente das micro e pequenas empresas ou MPE’s
(denominação dada pelo SEBRAE), utilizam um sistema de custos adequado como
ferramenta gerencial, podendo assim obter uma vantagem em relação aos seus
concorrentes.
Infelizmente muitos pequenos empreendedores ainda acreditam que o contador
serve apenas para abrir empresas e mesurar tributos, erro este que os impossibilita
utilizarem as mais diversificadas ferramentas que a contabilidade pode disponibilizar
para que alcancem resultados mais satisfatórios.
Segundo o SEBRAE, através de dados estatísticos, pelo menos 1/3 das MPE’s não
sobrevivem a dois anos de vida e isto impacta de forma negativa na economia, pois
no Brasil são criados, anualmente, mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos
formais e, desses, mais de 99% são micro e pequenas empresas ou
Empreendedores Individuais.
Os estudos divulgados pelo SEBRAE também nos mostram que as MPE’s são
responsáveis por 20% do PIB, por mais de 45% da força de trabalho com carteira
assinada e se somarmos a isso a ocupação que os empreendedores geram para si
mesmos, pode-se dizer que os micro e pequenos empreendimentos são também
responsáveis por pelo menos dois terços do total de ocupações existentes no setor
privado da economia o que nos traz a certeza de que a sobrevivência desses
empreendimentos é condição fundamental para o desenvolvimento econômico do
país.
A constatação dessa realidade orientou a direção desta pesquisa no sentido de
reproduzir de forma clara alguns conceitos importantes da contabilidade de custos
para o micro e pequeno empreendedor, com o intuito de mudar a visão dos gestores
e consequentemente a forma de gerir e controlar seus negócios através da utilização
dos conceitos aqui apresentados obtendo assim um diferencial perante seus
concorrentes e consequentemente atingir melhores resultados e a continuidade do
empreendimento.
Para SCHIER (2004), a contabilidade de custos exerce duas funções de relevante
importância: auxílio ao controle e auxílio à tomada de decisões. No que se refere ao
controle, a contabilidade de custos fornece dados para o estabelecimento de
padrões, auxilia na confecção dos orçamentos e proporciona o acompanhamento
dos valores orçados com os efetivamente realizados. No que se refere à tomada
de decisão, a contabilidade fornece informações que podem ser determinantes para
a sobrevivência da empresa, pois estão voltadas à sua saúde financeira.
A Contabilidade de custos, quando bem aplicada, é capaz de fornecer um maior
controle de todos os desembolsos feitos pela empresa para a realização de sua
atividade. Um bom administrador em posse desses dados terá uma base para a
tomada de decisão mais assertiva em um mercado extremamente competitivo.
As MPE’s são diversificadas e entendemos que não é possível aplicar um mesmo
sistema para controle de custos de um salão de beleza em uma fábrica de tecidos,
pois cada uma dessas empresas possui suas peculiaridades, as quais o controle dos
gastos deve ser mensurado de acordo com suas atividades.
Por este motivo, este trabalho traz como objetivo demonstrar de forma clara e
objetiva os conceitos da contabilidade de custos e a eficácia do uso de um sistema
de custeio na formação do preço de venda ou prestação de serviço, auxiliando
assim os gestores dos pequenos negócios na identificação e controle de seus
gastos e nas tomadas de decisões. Como não há um modelo perfeito de sistema de
custeio que se enquadre em todas as empresas, o foco dessa pesquisa e
demonstrar aos donos de MPE’s os aspectos importantes a serem considerados no
momento de definir os preços de seus produtos e como obter maiores benefícios
através da contabilidade de custos.
2 AS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
No Brasil e no mundo, as Micro e Pequenas empresas são responsáveis por uma
grande parcela da economia do país, porém, devido a grande concorrência das
grandes empresas, a forma de gestão sofreu e vem sofrendo alterações para que
consigam se perpetuar, para LEONE (1991), as pequenas empresas existiam antes
mesmo das grandes empresas, mas só no fim da década de 50 que os economistas
passaram a dar uma maior atenção à elas. Já nos anos 70, em todo o mundo, as
preocupações com as pequenas empresas foram intensificadas e atualmente são
analisadas tanto nos aspectos sociais como nos aspectos econômicos.
Para BARBOSA e TEIXEIRA (2003), estudos mostram que as empresas de
pequeno porte tomam suas atitudes de acordo com a sua percepção das reações do
mercado, adaptando os objetivos da empresa e sua estrutura funcional a ele. As
MPE’s concentram sua atenção a criação de novos produtos e serviços e correm
grande riscos ao tentam conquistar novos mercados através de suas estratégias.
Com a sua devida importância na economia e com a necessidade de criar produtos
e serviços diferenciados para competir no mercado, concluímos que a necessidade
de informações precisas que possam auxiliar as pequenas empresas a diminuírem
seus riscos e consequentemente dar maior segurança a suas estratégias, será de
grande valia, com isso podemos alegar que a contabilidade de custos é essencial
para a tomada de decisões mais assertivas nas empresas de pequeno porte.
3 A CONTABILIDADE DE CUSTOS
À medida que as organizações foram se expandindo, a concorrência foi aumentando
e foi necessário criar métodos de controle e racionalização sobre os custos, servindo
então a contabilidade de custos como um instrumento de gestão.
Sendo um ramo da Contabilidade Geral, a Contabilidade de custos teve sua origem
a partir das publicações do Frei Luca Pacioli, na Itália, por volta de 1496, ele
pressupôs que a melhor forma de avaliação e acompanhamento de um negócio se
daria através de seu patrimônio, constituído pelos bens, somados aos direitos e
subtraído das obrigações. Com a necessidade de averiguação e acompanhamento
dos custos dos diversos fatores que compõem os estoques e produtos, fez-se com
que surgisse a contabilidade de custos. Conforme PADOVESE (2004), o escopo
inicial da contabilidade de custos foi a determinação do custo dos produtos para fins
de avaliação dos estoques industriais e, consequentemente, do custo desses
produtos quando vendidos, para se obter o lucro na venda dos produtos. E
segundo LEONE (2000), a contabilidade de custos é parte integrante da
contabilidade geral.
Para MARTINS (2003), este ramo da contabilidade lida com o custo, seu uso,
controle e planejamento. O custo é definido como os benefícios despendidos para
adquirir bens ou serviços. Os benefícios despendidos são medidos em unidades
monetárias pela redução de ativos ou incorrência em passivos, na época em que os
benefícios são adquiridos.
A contabilidade de custos procura formular estratégias para determinar a utilização
mais eficiente dos recursos financeiros na empresa, e que estão sendo alocados na
produção e formação do preço de venda, a fim de cobrir todos os custos e despesas
e alcançar a margem de lucro esperada pelos administradores.
BRUNI (2003) destaca que a contabilidade de custos oferece informações precisas
que permitem a tomada de decisão correta. As funções básicas da contabilidade de
custos devem atender três razões primárias:
• Determinação do lucro: empregando dados originários dos registros convencionais
contábeis, ou processando-os de maneira diferente, tornando-os mais úteis à
administração;
• Controle das operações: e demais recursos produtivos, como os estoques, com a
manutenção de padrões e orçamentos, comparações entre previsto e realizado;
• Tomada de decisões: o que envolve produção (o que, quanto, como e quando
fabricar), formação de preços, escolha entre fabricação própria ou terceirizada.
Conforme LEONE (2000), a contabilidade de custos fornece informações para:
• a determinação dos custos dos fatores de produção;
• a determinação dos custos de qualquer natureza;
• a determinação dos custos dos setores de uma organização – adjetivos e
substantivos;
• a redução dos custos dos fatores de produção, de qualquer atividade ou de setores
da organização;
• o controle das operações e das atividades de qualquer organização;
• a administração, quando esta deseja tomar uma decisão, estabelecer planos ou
solucionar problemas especiais;
• o levantamento dos custos dos desperdícios, do tempo ocioso dos operários, da
capacidade ociosa do equipamento, dos produtos danificados, do trabalho
necessário para conserto, dos serviços de garantia de produtos;
• a determinação da época em que se deve desfazer de um equipamento, isto é,
quando as despesas de manutenção e reparos ultrapassam os benefícios advindos
da utilização do equipamento;
• a determinação dos custos de pedidos não satisfeitos;
• a determinação dos custos dos estoques com a finalidade de ajudar o cálculo do
estoque mínimo, do lote mais econômico de compra, da época da compra;
• o estabelecimento dos orçamentos.
3.1 DEFINIÇÕES DE GASTOS
É muito comum ter dúvidas na classificação dos gastos das empresas, por isso é
necessário entender o que são custos, despesas, desembolsos, investimentos e
perda, então podemos defini-los da seguinte forma:
A) GASTO – “Sacrifício financeiro que a entidade arca para a obtenção de um
produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou
promessa de ativos (normalmente dinheiro)” (MARTINS, 2003).
B) INVESTIMENTO – “Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios
atribuíveis a futuros períodos” (MARTINS, 2003).
C) CUSTO – “Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros
bens ou serviços” (MARTINS, 2003).
Os Custos podem assumir diversas classificações. Eles podem ser diretos, ou
seja, aqueles que podem ser identificados de forma direta no produto e
possibilitam uma forma de medida objetiva, ou indiretos, ou seja, aqueles que
não oferecem uma condição de medida exata, logo são quantificados de forma
estimada e participam do processo de produção. Quanto ao volume de produção,
ainda podemos classificar custos como fixo os que não variam de acordo com a
quantidade produzida e variáveis os que variam de acordo com a quantidade
produzida.
D) DESPESA – “Bem ou serviço consumido diretamente ou indiretamente para a
obtenção de receitas” (MARTINS, 2003).
As despesas podem ser classificadas como fixas as que não alteram de acordo
com a quantidade de vendas e variáveis as que alteram de acordo com a
quantidade vendida, por exemplo: ICMS, PIS, IPTU e comissões sobre vendas.
E) DESEMBOLSO – “Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço”
(MARTINS, 2003).
F) PERDA – “Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária”
(MARTINS, 2003).
Seguindo essas denominações básicas é possível identificar os gastos da empresa
para auxílio dos gestores em seus planejamentos e estratégias, é importante saber
separar custos de perdas para que seja possível separar o que faz parte do
processo produtivo e consequentemente do preço e, em uma eventual necessidade,
indicar onde a empresa deve diminuir seus gastos e melhorar seus resultados.
4 SISTEMAS DE CUSTOS
O conjunto de pessoas, órgãos, procedimentos, conceitos, objetivos, princípios,
critérios de avaliação e de apropriação, fluxos e relatórios com a finalidade de
coletar dados e transformá-los em informações úteis para o gerenciamento das
entidades, são denominados, por LEONE (2000), como sistemas. Os sistemas de
custos possibilitam aos gestores informações operacionais que se combinados com
as demais informações monetárias e físicas da organização resultam em
informações gerenciais que contribuem para definir diretrizes às decisões a serem
tomadas.
Segundo BERNARDI (2004), há uma enorme dependência do processo de custeio
com o sistema de custos, isso porque, as informações físicas e operacionais quando
combinadas com as informações contábeis e financeiras, demonstram o custo do
objeto analisado, obtendo assim o processo de custeio (figura 1).
Informações Operacionais e
Físicas
Informações Contábeis e Financeiras
Custos
Fonte: Bernardi (2004).
Sistema de custos tem em sua composição três subsistemas, esses são: sistema de
levantamento de informações de custos, sistema de acumulação de custos e
sistema de apropriação de custos ou método de custeio, MOTTA (2000). É
importante ressaltar que um bom sistema de custos é derivado de uma boa definição
de seus subsistemas e das inter-relações entre eles.
4.1 SISTEMAS DE LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES DE CUSTOS
Esse sistema, também conhecido como Sistemas de Custeamento, segundo
MOTTA (2000), eles são responsáveis pela mensuração monetária das ocorrências
que afetam o patrimônio da empresa, podendo ser a forma de custeamento padrão
ou real, este, ainda, pode ser dividido em histórico ou e mercado.
Para BEULKE e BERTÓ (2001), o custeamento padrão é constituído por objetivos a
serem atingidos, logo é um planejamento para períodos futuros que apresenta
ligação com o sistema orçamentário e de difícil definição em períodos de inflações
instáveis. Já para PADOVESE (2004), o custeamento padrão tem como base de seu
calculo futuros eventos de custos, podendo assim, acontecer ou não na empresa.
O custeamento real, para BEULKE e BERTÓ (2001), é dividido em valores
históricos, valores ocorridos em um determinado período, podendo verificar fatos
passados obtendo dados monetários referente a períodos anteriores, e valores de
mercado, os quais são valores reais atuais ou estimados para o futuro que são
indispensáveis num período inflacionário para finalidades específicas como definir os
preços.
4.2 SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO E ACUMULAÇÃO DE CUSTOS
Esse sistema é o responsável pela identificação e acumulação dos custos
dependentes do objeto a ser custeado, esses, de acordo com MOTTA (2000), são
identificados conforme critérios preestabelecidos. Já PEREIRA ET AL. (2001),
complementa que existem duas usuais formas de acumulação de custos e estas
são: por ordem de produção e por processo. Ambos os autores concordam que o
sistema de acumulação por ordem de produção é indicada às empresas que
fabricam produtos especiais, por encomenda ou sob medida, enquanto o sistema de
acumulação de custos por processo é recomendado aos processos de manufatura,
onde todos os produtos finais são idênticos e não existam serviços em separado
com características substancialmente diferentes.
Além dos já citados sistemas de acumulação de custos, para LEONE (2000) existem
diversos sistemas, porém apenas cinco são mais comumente empregados dentre
eles há o sistema de acumulação de custos por responsabilidade ou Sistema por
Componente Operacional, onde sempre haverá um responsável pela administração
de custeio, pois a contabilidade de custos procura a identificação dos custos por
unidade organizacional. Neste sistema, os custos serão identificados com os centros
de responsabilidades ou unidades organizacionais. Outro sistema que o autor
destaca é o Sistema de Custo Provisional, o qual objetiva o planejamento e o
controle de operações e é utilizado no custeio padrão e custeio estimado.
4.3 SISTEMAS DE APROPRIAÇÃO DE CUSTOS OU MÉTODOS DE CUSTEIO
Através dos critérios estabelecidos, os sistemas de apropriação fazem a seleção dos
custos e despesas para a posterior apropriação aos objetos de custeio, conforme
LEONE (2000), a preocupação dos métodos de custeio é administrar os custos
indiretos buscando alocá-los aos objetos de custeio seguindo critérios diferentes de
acordo com o método utilizado.
Os métodos de custeio são escolhidos de acordo com uma melhor distribuição dos
custos indiretos aos produtos, para MOTTA (2000), os métodos de custeio
representam a parte da contabilidade de custos onde os dados processados geram
as informações necessárias aos gestores.
Existem diversos métodos de custeio e os mais comuns são:
4.3.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO
O Custeio por Absorção não pode ser tido como um princípio contábil na íntegra,
mas um método derivado dele com seu surgimento na contabilidade de custos. Ao
contrário do custeio direto, é aceito para fins de Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultados e em alguns países para Balanço e Lucros Fiscais. É
considerado pela auditoria externa como básico e obrigatório para avaliação de
estoque, apesar de gerar alguns erros, como instrumento gerencial, assim explica
MARTINS (2003). Reafirmando esta ideia do custeio por absorção, CREPALDI
(2002) diz que “é o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais de
contabilidade e é, no Brasil, adotado pela legislação comercial e pela legislação
fiscal”.
Conforme MEDEIROS (1994), neste método, os custos são compostos por três
partes: Matéria- Prima, Mão de Obra Direta e Gastos Gerais de Fabricação,
alocados, aos produtos, através de rateio. Para as empresas não
departamentalizadas, o custeio por absorção é dado conforme o esquema
fundamental da contabilidade de custos conforme o quadro abaixo.
Nas empresas departamentalizadas, a diferença está naqueles custos incorridos nos
departamentos auxiliares, os quais não podem ser alocados diretamente aos
produtos, mas são transferidos para os departamentos produtivos beneficiados.
4.3.2 CUSTEIO VARIÁVEL OU DIRETO
Detalha, LEONE (2000), a distribuição dos custos da seguinte forma, somente os
custos variáveis diretamente inclusos na fabricação do produto serão utilizados no
custeio direto/variável, sendo que os demais custos variáveis de administração e
vendas serão apurados ao custo dos produtos acabados que serão vendidos no
futuro. Os custos indiretos serão considerados como despesas do período.
Para PEREZ JR. (1999), o sistema de custeio direto tem seu fundamento em
separar os custos fixos, os quais não dependem do volume de produção, encarados
assim como necessários para o funcionamento da empresa, e os custos variáveis,
que são proporcionais ao volume de produção, oscilando na razão direta dos
aumentos ou das reduções das quantidades produzidas. Para o autor o Sistema de
Separar os gastos do
períodos entre Custos e Despesas
Separar os Custos em Diretos e Indiretos.
Registrar os Custos Diretos
diretamente aos produtos.
Ratear os Custos Indiretos aos produtos, não identificando cada um, mas
todos.
Dividir pela quantidade
produzida no periodo para obter o custo
unitário.
Produto
Vendido
Não
Sim
Transferir para Estoque de Produtos
Prontos.
Transferir para Custos
dos Produtos Vendidos.
Fim
Início
Esquema Fundamental da Contabilidade de Custos
Fonte: Medeiros (1994).
custeio direto, também, auxilia nas tomadas de decisões administrativas
relacionadas à fixação de preços, de compra ou fabricação, determinação do mix de
produtos e, ainda, auxilia a determinar o comportamento dos lucros em fase de
oscilações nas vendas o que é observado na relação custo/volume/lucro.
Já MARTINS (2003), oferece alguns argumentos que favorecem o uso do custo
direto como ferramenta para o papel da gerencia, são eles: normalmente os custos
fixos são alocados como encargos base para proporcionar a produção em uma
empresa, e não encargos base de um produto específico; outro argumento seria o
de que os custos fixos sempre são divididos com base em critérios de rateio, que
possuem um, certo, grau de arbitrariedade e finalmente, pode-se dizer que o custo
de um determinado produto sem o uso do custeio direto está sujeito à variação em
função da quantidade de outros bens, e não em relação a seu volume, podendo
causar decisões equivocadas quanto a cortes de produtos lucrativos ou não.
Acrescenta, PADOVESE (2004), outras como a que o lucro não é afetado devido a
mudanças que possam ocorrer no volume de produção, porque acompanham as
vendas; as informações geradas pelo custo-volume-lucro são acessíveis
rapidamente, pois a margem de contribuição já está calculada pelo custeio variável;
o sistema de custeamento direto é muito mais fácil e rápido de ser compreendido
pelos gerentes industriais assim como também torna muito menos burocrática a
localização dos materiais que devem ser utilizados para a fabricação de um produto
e finalmente, ele possibilita clareza no planejamento do lucro e tomada de decisão.
4.3.3 CUSTEIO BASEADO NA ATIVIDADE (ABC – ACTIVITY BASED COSTING)
Conforme KAPLAN e COOPER (1998), o sistema de custeio ABC surgiu na década
de 80 com o objetivo de suprir as necessidades de informações mais exatas sobre
os custos das necessidades de recursos de produtos, serviços, clientes e canais
específicos, neste sistema, os custos indiretos e os que participam do processo
produtivo são direcionados às atividades e processos para serem atribuídos aos
produtos e serviços.
O Custeio Baseado na Atividade poderia ser tratado como uma evolução dos
sistemas já discutidos, mas sua relação direta com as atividades envolvidas no
processo configura mero aprofundamento do sistema de custeio por absorção. Para
MARTINS (2003), o custeio baseado em atividades é um método que procura
reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos.
Este sistema tem como fundamento básico a busca do princípio da causa/ação, ou
seja, procura identificar de forma clara, por meio de rastreamento, o agente
causador do custo, para lhe imputar o valor. MARTINS (2003), explica que para
atribuir os custos as atividades e aos produtos é necessário utilizar direcionadores e
que é necessário distinguir dois tipos: os direcionadores de custos de recursos e de
custos de atividades.
Segundo BOISVERT (1999), os recursos consumidos pela empresa são apropriados
às atividades que o consomem. Em seguida, os custos de cada atividade são
apropriados aos objetos de custo que as demandam, assim, o transito dos recursos
pelas atividades para aproximar os recursos de seus objetos de custo, permite
identificar as relações causais entre recursos de seus objetos de custo, não sendo
possível fazê-lo nos sistemas tradicionais, essa pode ser a maior vantagem do
custeio por atividade.
4.3.4 CUSTEIO-ALVO (CUSTO-META)
O custeio-alvo, para PEREZ JR. (1999), se baseia no custo-alvo obtido da subtração
de um preço estimado da margem de lucratividade desejada, como objetivo de
atingir um custo de produção desejado. Para o autor, este, é um método utilizado
para analisar os produtos e os desenhos de processos, onde são envolvidas as
estimativas de um custo-alvo e o desenvolvimento de um produto que atinja o alvo
desejado.
Para WERNKE (2001), o custeio-alvo demonstra uma forte ligação ao ciclo de vida
de um produto, pois, o custo é calculado levando-se em consideração a participação
de mercado e a margem de lucro como requisitos a serem satisfeitos pela área de
desenvolvimentos de produtos, atingindo, assim, o custo-alvo. Para o autor, o
custeio-alvo pode ser dividido em etapas e estas são: a definição de um custo-alvo
de produto viável; disciplinar o processo de custeio-alvo para garantir que seja
alcançado sempre que for viável e adequar o custo à meta fixada sem sacrifício da
funcionalidade e da qualidade, necessitando utilizar engenharia de valor e outras
técnicas de redução de custos.
4.4 FERRAMENTAS GERENCIAIS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS
Existem ferramentas essenciais para a tomada de decisões em uma empresa e a
contabilidade de custos nos fornece algumas. Dentre elas, algumas são mais
comumente utilizadas e essas podem ser facilmente adaptadas e inseridas nas
estratégias das MPE’s.
4.4.1 MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
Considerando uma indústria, a margem de contribuição consiste na diferença entre o
preço de venda do produto e a soma de seus custos e despesas varáveis, sendo
assim, tem-se a seguinte formula margem de contribuição = preço de venda – custos
variáveis + despesas variáveis [MC = PV - (CV + DV)]. Portanto, a margem de
contribuição é a parte do preço de venda que sobressai aos custos e despesas
variáveis e que proporciona a absorção dos custos fixos e a formação do lucro.
OLIVEIRA (2003).
De acordo com PADOVESE (2004) a margem de contribuição é de suma
importância para decisões que devem ser tomadas a curto prazo, além de
possibilitar muitas análises projetadas para a redução de custos, de preços unitários
de venda de produtos e políticas de incremento de quantidade de vendas.
4.4.2 MARGEM DE SEGURANÇA
A margem de segurança está relacionada ao ponto de equilíbrio, pois PADOVESE
(2004) a define como o volume ou valor de vendas que ultrapassa as vendas
necessárias para que não se tenha prejuízo e nem lucro.
LEONE (2000, p. 354), diz que:
A margem de segurança, nos estudos de ponto de
equilíbrio, é a diferença entre o que a empresa pode
produzir e comercializar, em termos de quantidade de
produtos, e a quantidade apresentada no ponto de
equilíbrio. Chama-se margem de segurança porque
mostra o espaço que a empresa tem para fazer lucros
após atingir o ponto de equilíbrio
4.4.3 PONTO DE EQUILÍBRIO
De maneira bem popular pode-se dizer que é o momento financeiro em que não há
lucro e nem prejuízo. Mas de acordo com OLIVEIRA (2003) a expressão ponto de
equilíbrio é derivada da tradução do termo Break – Even Point, que faz alusão ao
nível de venda em que o que foi investido retornou para a empresa, ou seja, o total
dos gastos (custos e despesas) é igual ao total das receitas.
4.4.4 GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL
O grau de alavancagem operacional, possui uma origem advinda da filosofia da
física, onde a extremidade de um instrumento serve como força propulsora para que
a outra possua uma força maior, essa é a função de uma alavanca.
Segundo CREPALDI (2002), alavancagem é o aumento do lucro em paralelo com o
aumento das vendas.
PADOVESE (2004) apresenta a mesma ideia de aumentar o lucro, porém com uma
linguagem mais técnica, portanto, alavancagem operacional é a capacidade de
produzir e vender o máximo que for possível dentro dos determinados custos e
despesas fixas para que se consiga aumentar o lucro. Por isso a alavancagem é
altamente dependente da margem de contribuição.
5 MARK-UP
É o índice que é aplicado sobre gastos de um determinado bem ou serviço com o
objetivo de determinar o preço de venda. Mark-up é uma expressão inglesa que
significa marca acima BRUNI (2003) expõem a finalidade do mark-up como sendo a
de cobrir contas não identificadas no custo como os impostos (ICMS, PIS e
COFINS) e taxas variáveis sobre vendas, despesas administrativas e comerciais
fixas, despesas de vendas fixas, custos indiretos de produção fixos e o lucro
desejado pela empresa. Podendo ser calculado de duas formas, multiplicador que
multiplica os custos variáveis para chegar ao preço de venda que deve ser
estipulado ou divisor, que denota percentualmente o custo variável em relação ao
preço de venda.
PADOVESE (2004, p. 314) ainda lembra que “todos os componentes do mark-up
são determinados por meio de relações percentuais médias sobre os preços de
vendas e, a seguir, aplicados sobre o custo dos produtos”.
6 METODOLOGIA
Este trabalho teve como objetivo verificar e demonstrar os conceitos da
contabilidade de custos e a eficácia do uso de um sistema de custeio na formação
do preço de venda ou prestação de serviço, sendo utilizado como metodologia
referências bibliográficas e estudos como o do SEBRAE que fala sobre as micros e
pequenas empresas que não sobrevivem ao menos 2 anos no mercado por falta de
planejamento dos empresários.
7 CONDIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo expôs os principais tópicos da contabilidade de custos e dos
sistemas de custeio, os quais podem ser utilizados com instrumentos de apoio à
gestão das micro e pequenas empresas. A alta competitividade do mercado obriga
as empresas a tomarem atitudes que se não forem planejadas de forma correta
podem acarretar grandes problemas como, por exemplo, a morte do negócio, então,
concluirmos que dentre os diversos problemas encontrados atualmente, a falta de
conhecimento técnico para controle dos gastos e despesas da empresa é um dos
mais importantes, pois um gestor não tem como reduzir ou aumentar sua produção
sem saber os gastos que estão envolvidos na atividade fim da empresa ou sem um
devido controle dos gastos durante o processo produtivo, o gestor não tem como
identificar de forma mais assertiva o produto que traz mais lucro ou mais despesas,
e esses são apenas alguns exemplos de situações que obrigam a administração a
tomar algumas atitudes e se a empresa não tiver a disposição as informações
necessárias, a chance de errar é potencializada.
Através da pesquisa realizada foi possível demonstrar os principais conceitos
relacionados à contabilidade de custos com o intuito de explicar de forma simples e
objetiva a relevância das ferramentas de custos para a gestão dos negócios e, com
isso, tentamos quebrar o paradigma de que a contabilidade para as micro e
pequenas empresas é útil apenas para apurar impostos, mostrando assim um
horizonte de possibilidades para enriquecer a gestão empresarial. É importante citar
também, que não existe um sistema de custeio perfeito, sendo assim, o gestor deve
a adaptar os sistemas de custeio para que funcione de forma que atenda as
necessidades da empresa, mas através dos estudos chegamos à conclusão que o
sistema de custeamento direto ou variável é o mais indicado às micro e pequenas
empresas por ser um sistema de fácil entendimento e que presta auxílio à
administração nas tomadas de decisões, além de ser muito eficiente na apuração
dos gastos da organização.
Concluindo, o sucesso do negócio está nas mãos de seus gestores, então é
necessário ter a disposição todas as informações possíveis para poder planejar
alguma ação e tomar alguma atitude e tudo na empresa gera gastos que se não
forem bem administrados, eles corroem e diminuem a vida útil da empresa no
mercado e é para justamente que isto não aconteça que demonstramos a relevância
da contabilidade de custos e suas ferramentas neste artigo.
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LACOMBE, F. Dicionário de administração. São Paulo: Saraiva, 2004.
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