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Fernando R. Prates JANEIRO/ 2005

Apostila Contabilidade Custos 10

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Page 1: Apostila Contabilidade Custos 10

Fernando R. Prates

JANEIRO/ 2005

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SUMÁRIO

Origem da Contabilidade de Custos, 03

A Contabilidade de Custos, a Financeira e a Gerencial, 05

Terminologia Básica, 07

Custo, 07

Despesa, 07

Gasto, 08

Desembolso, 08

Investimento, 08

Perda, 08

Desperdício, 08

Classificação e Nomenclatura dos Custos, 10

Objetos de Custo, 10

Acumulação e Apropriação de Custos, 10

Classificação dos Custos – Apropriação aos Objetos de Custo, 10

Custo Direto, 10

Custo Indireto, 11

Classificação dos Custos – Comportamento, 13

Custo Variável, 13

Custo Fixo, 13

Intervalo Relevante, 14

Departamentalização, 16

Custo Unitário e Total, 17

Métodos de Avaliação de Estoques, 22

Custo Médio, 22

PEPS (ou FIFO), 23

UEPS (ou LIFO), 23

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Aspectos Tributários nos Custos dos Produtos, 27

Empresas dos Setores da Economia, 29

Serviços, 29

Comerciais, 29

Industriais, 29

Custos das Empresas, 30

Custo do Serviço Produzido – CSP, 30

Custo da Mercadoria Vendida – CMV, 30

Custos do Produto Vendido – CPV, 31

Custos Indiretos de Fabricação - Critérios de Rateio, 36

Taxa Predeterminada dos Custos Indiretos de Fabricação, 37

Custo Padrão, 43

Sistemas de Acumulação de Custos, 46

Por Processo, 46

Por Ordem de Produção, 46

Métodos de Custeio, 48

Custeio por Absorção, 48

Custeio Variável, 49

Custeio Baseado em Atividades – ABC, 54

Referências Bibliográficas, 56

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Origem da Contabilidade de Custos

A Contabilidade de Custos surgiu com a Revolução Industrial, por volta da segunda

metade do século XVIII. Até aquele momento só existia praticamente a Contabilidade

Financeira (ou Geral) que desenvolvida na Era Mercantilista, era estruturada para atender

as empresas comerciais. O esquema era bem simples : verificava-se o montante pago pelo

item estocado e valorizava-se as mercadorias. Em suma, fazia-se o cálculo pela diferença,

na clássica disposição :

Estoque Inicial

(+) Compras

(-) Estoque Final

(=) Custo das Mercadorias Vendidas

Daí, era só confrontar com o montante de receitas obtidas com estes bens, chegava-se ao

lucro bruto. Então deduzia-se as despesas necessárias as suas atividades, tais como

manutenção da companhia, as vendas e ao financiamento para se chegar ao lucro líquido,

como segue:

Vendas ??????

(-) Custo das Mercadorias Vendidas ??????

Lucro Bruto ??????

(-) Despesas

Comercias (Vendas) ??????

Administrativas ??????

Financeiras ?????? ??????

Resultado Liquido ??????

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O surgimento da Revolução Industrial, com o desenvolvimento e o emprego cada vez mais

intensivo das máquinas no processo de produção, ocasionou o aparecimento de novos

métodos de custeio, tornando-se bem mais complexos os modelos de medição. A

complexidade destes métodos contábeis, capazes de solucionar cada vez com mais rapidez

os custos de fabricação, foi que deu origem a contabilidade de custos.

A partir de então e de forma gradativa, a contabilidade de custos sofreu uma evolução

considerável, como forma de atender a necessidade de realinhamento de seus objetivos e à

expansão do campo de atuação.

Após da 1ª Guerra Mundial, com o incremento do processo produtivo, e conseqüente

aumento da concorrência entre empresas e a escassez de recursos, surgiu a necessidade de

aperfeiçoar os mecanismos de planejamento e controle das empresas. Neste sentido as

informações de custos, desde que devidamente apresentadas em relatórios, seriam um

grande subsídio para o controle e planejamento empresarial. Diante de tal fato, a

contabilidade de custos tornou-se, tendo em vista a extensa gama de informações que a

compõem, um grande sistema de informações gerenciais.

Aliado ao desenvolvimento experimentado pela contabilidade de custos nas empresas nas

quais teve origem, ou seja, nas empresas de setor secundário, foi possível criar sistemas

perfeitamente adaptáveis ao setor terciário (escolas, bancos, hospitais, empresas de ônibus,

etc).

É importante ressaltar a colaboração dada pelos sistemas de processamento eletrônico de

dados à contabilidade de custos, pois estes permitiram fazer apurações com uma

velocidade altíssima e sem margem de erro, aumentando a confiabilidade dos resultados

obtidos.

Page 6: Apostila Contabilidade Custos 10

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A Contabilidade de Custos, a Financeira e a Gerencial

Na prática, faz-se muitas vezes uma distinção entre a Contabilidade Gerencial e a

Contabilidade Financeira. A Contabilidade Gerencial mensura e relata informações

financeiras, bem como outros tipos de informações, que ajudam os gerentes a atingir as

metas da organização. Isto compreende os seguintes objetivos :

1- Formulação das estratégias gerais e dos planos de longo prazo, incluindo

desenvolvimento de novos produtos e investimentos em ativos. Freqüentemente

envolve a elaboração de relatórios específicos;

2- Decisões de alocação de recursos com ênfase no produto e no cliente, tanto quanto no

preço. Envolve relatórios sobre a rentabilidade dos produtos ou serviços, categorias de

marcas, clientes, canais de distribuição, etc ;

3- Planejamento e controle dos custos das operações e atividades, envolvendo relatórios

sobre receitas, custos, ativos e exigibilidade das divisões, fábricas e outras áreas de

responsabilidade;

4- Mensuração da performance e avaliação das pessoas, abrangendo a comparação dos

resultados obtidos com os planejados, podendo ser através de medidas financeiras ou

não financeiras.

A Contabilidade Financeira se concentra nos demonstrativos dirigidos ao público externo

que são guiados pelos princípios contábeis geralmente aceitos, ou seja, tem como objetivos

a adequação com a regulamentação externa e as exigências legais de publicação dos

demonstrativos, baseados em normas e estatutos típicos que prescrevem os métodos

contábeis a serem seguidos.

Por fim, a Contabilidade de Custo mensura e relata as informações financeiras e não

financeiras relacionadas a aquisição e ao consumo de recursos pela organização. Ela

fornece informação tanto para a contabilidade gerencial quanto para a contabilidade

financeira. De forma mais específica, a Contabilidade de Custos tem as seguintes tarefas:

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- Determinar custos e lucro para um período contábil;

- Calcular os valores de inventário, para os propósitos de custo e preço e, as vezes,

controlar as quantidades físicas;

- Auxiliar e participar na elaboração e execução de orçamentos;

- Estabelecer métodos e procedimentos que permitam controle e, se possível, redução ou

melhoria dos custos;

- Prover a Administração com informação relacionada com problemas que envolvem

escolha entre dois ou mais cursos alternativos (processos analíticos).

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Terminologia Básica

O objetivo principal da Contabilidade de Custos é a apuração dos custos dos produtos

vendidos. Para tanto, ela possui o seguinte esquema básico :

- Separação entre Custos e Despesas

- Apropriação dos Custos Diretos diretamente aos produtos

- Apropriação dos Custos Indiretos que pertencem, identificadamente, aos

Departamentos, separando os gerais

- Rateio dos Custos Indiretos gerais e da Administração aos diversos Departamentos,

produtivos ou de serviços

- Escolha da seqüência de Rateios adequada, como forma de distribuição dos custos

acumulados dos Departamentos de Serviços, aos demais Departamentos

- Apropriação dos Custos Indiretos dos Departamentos de Produção criteriosamente ao

produtos.

A partir de tal esquema, torna-se possível a apuração do ‘Custo’ do produto. Contudo, não

existe um conceito universalmente aceito ou uma padronização legal para a palavra

“custos”. Ela é empregada através de vários termos para fins operacionais, como podemos

verificar abaixo :

- Custo : É o valor de bens ou serviços consumidos na produção de outros bens e

serviços. Ex: Matéria-prima utilizada na fabricação de um produto.

- Despesa : É o valor de bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente na

produção de outros bens e serviços num determinado período. Ex: Comissão de Vendas

é um gasto que se torna no mesmo momento em uma despesa.

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Uma das maiores dificuldades em geral é a distinção entre Custo e Despesa. Do ponto de

vista didático, todos os gastos realizados dentro da fábrica na fabricação do produto são

custos. O resto é despesa.

- Gasto : É comumente definido como sacrifício financeiro com que arca a entidade

visando a obtenção de bens ou serviços, mediante a entrega ou promessa de entrega de

ativos (normalmente dinheiro). Só existe o gasto no momento que existe o

reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo utilizado no

pagamento, ou seja, na passagem do bem ou serviço para a propriedade da empresa. O

gasto implica desembolso e pode ser um custo, despesa ou investimento.

- Desembolso : É o pagamento resultante das aquisições dos bens ou serviços, podendo

ocorrer antes, durante ou depois da aquisição, portanto defasado ou não do gasto.

- Investimento : São gastos “ativados” em função da utilidade futura de bens ou

serviços obtidos. A matéria-prima é um gasto contabilizado temporariamente em

investimento circulante; a máquina é um gasto que se transforma em investimento

permanente.

- Perda : É o valor dos bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária.

As perdas decorrentes de fatores externos se transformarão em despesas e a de fatores

da atividade produtiva em custos.

- Desperdício : É o consumo intencional, que por alguma razão não foi direcionado à

produção de um bem ou serviço.

Um gasto pode transformar-se de investimento para custo ou despesa, ou diretamente para

custo ou despesa. Na compra de um micro teremos um investimento. Se o micro for

utilizado na fábrica, sua depreciação será um custo. Se for utilizado na administração, sua

depreciação será uma despesa.

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Exercício - Terminologia Básica :

Assinalar com “X” ao lado de que se refere cada uma das situações abaixo (pode existir

mais de um conceito para cada situação) :

Custo Des-pesa

Investi-mento Gasto Desem-

bolso Perda Desper-dício

Aquisição de Móveis e UtensíliosUtilização de Alumínio p/Fabricação de PanelaPagamento Comissões de Vendas de AutônomosDepreciação dos Micros do Marketing da FábricaAluguel da FábricaMat.Prima deteriorada p/longo tempo de EstocagemPagamento pela Prestação Serviços de RecrutamentoPagamento da Fatura de compra de Matéria PrimaCompra de Caminhão para FrotaConsumo de Tintas na Pintura de BicicletasDispêndio p/Conserto da Seladora por curto circuitoVazamento nas Tubulações por falta de ManutençãoQuitação das Prestações por aquisição MaquinárioReparos na fábrica devido ao um Incêndio ocorrido

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Classificações e Nomenclaturas dos Custos

Existem algumas nomenclaturas de custos que são amplamente aceitos e utilizados, visto

que são úteis em muitos contextos, inclusive na tomada de decisões em todas as áreas pelos

gestores.

Objetos de Custo

Vimos que Custo é o valor de bens ou serviços consumidos na produção de outros bens e

serviços. Para guiar as decisões, os gestores das entidades sempre desejam saber quanto

custa determinada coisa (que pode ser um bem, um serviço ou um processo). A essa

“coisa” damos o nome de “Objeto de Custo”. Assim, qualquer coisa para a qual se deseja

uma mensuração de custo denomina-se Objeto de Custo.

Um sistema de custo considera custos em dois estágios básicos, a saber :

- Acumulação de custos, que é a compilação de dados de custos de maneira organizada

através de um sistema contábil (ex. materiais, mão-de-obra, aluguéis, seguros, etc);

- Apropriação de custos, que engloba tanto a apropriação (direta) dos custos

acumulados a um objeto de custo, como a alocação (indireta) dos custos acumulados a

um objeto de custo.

Como ex. a compra de uma caixa de tomate pela Sadia para fabricação do molho do

produto ‘Lasanha ao Sugo’. Esta transação poderia ser registrada numa conta de materiais

(estágio de acumulação) e seqüencialmente nos objetos de custo ‘molho’ e ‘lasanha’

(estágios de apropriação).

Classificação dos Custos – Apropriação aos Objetos de Custo

A maior questão com relação a custos é saber quando eles têm um relacionamento direto

ou indireto com um determinado objeto de custo. Assim sendo :

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• Custos Diretos são os custos que estão relacionados a um determinado objeto de custo

e que podem ser identificados com este através de uma medida clara de consumo. Ex.

A quantidade de alumínio utilizada na fabricação de uma panela.

• Custos Indiretos são os custos que estão relacionados a um determinado objeto de

custo mas ‘não podem’ ser identificados com este através de uma medida objetiva,

sendo necessário a utilização de estimativas (muitas vezes arbitrárias) como forma de

alocá-lo ao objeto de custo. A este método de alocação damos o nome de rateio. Ex. O

custo com aluguel da fábrica de panelas.

A apropriação direta de custo é o processo de transferência dos custos diretos a um objeto

de custo desejado. O rateio de custo é o processo de transferência dos custos indiretos a um

objeto de custo desejado. Para ambos os casos, damos o nome de apropriação de custos.

Apropriação Direta de Custo

Panelade

PressãoAluguel da Rateio de Custo

Fábrica

Alumínio

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Exercício - Classificação de Custos - Apropriação :

Assinalar com “X” ao lado de acordo com a forma de apropriação :

Em relação as "unidades do produto"

Item de Custo DIRETO INDIRETO

Aluguel de um prédio da fábricaMadeira empregada na fabricação de camasSalário do diretor de produçãoEnergia elétrica p/o funcionamento das máquinas de um produtoDepreciação do equipto de ar condicionado da fábricaCusto de MDO dos funcionários da montagem de computadoresMaçãs utilizadas na produção de sucoSalários da segurançaLubrificante para as máquinas de montagem de calçadosImposto Predial da fábricaConservantes empregado na produção de refrigerantesCusto de MDO dos empregados na pintura de esquadriasDepreciação da máquina de café da fábricaSeguro do prédio da fabricaAuto-Falantes dos aparelhos de som

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Classificação dos Custos – Comportamento

Uma outra forma de classificação dos custos e talvez a mais importante dentre todas as

demais, é a que se subdivide em Custos Fixos e Variáveis, visto que possibilita aos

gestores acompanharem o comportamento destes custos e a relação entre os níveis/volumes

de atividades num espaço específico de tempo.

• Custo Variável é aquele cujo custo se altera diretamente em proporção ao volume total

produzido. O valor total de matéria-prima (como exemplo) por mês depende

diretamente do volume produzido, ou seja, quanto mais for fabricado, mais será o seu

consumo e vice-versa.

• Custo Fixo é aquele que se mantém constante, ou seja, ‘não se altera’ diretamente na

proporção ao volume total produzido. O valor de um seguro mensal da fábrica (como

exemplo) possui um valor que independerá se o volume produzido naquele mês

aumentou ou diminuiu. Os custos fixos não precisam ser necessariamente do mesmo

valor, ou seja, ele poderá sofrer variações mensais em função de variação de preços,

mudança de tecnologia, expansão da fábrica.

Em suma, adotamos esta classificação de custos fixos ou variáveis apenas em função do

objeto de custo.

Custo Total $$1500

Custo Variável

$1000

Custo Fixo$500

Unidades Produzidas

1000 2000 3000

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Intervalo Relevante

Dá-se o nome de Intervalo Relevante (também chamado de Intervalo que Interessa) quando

o nível de atividade ou volume produzido tem uma relação determinada com o custo em

questão. Um custo fixo só é fixo em relação a uma determinada faixa de produção e num

determinado período de tempo. Como exemplo, suponhamos que numa fábrica haja espaço

para produzir de 1000 a 5000 panelas de pressão por mês e possui uma despesa mensal

com aluguel de $15.000. Qualquer volume de produção que supere as 5000 unidades,

haverá a necessidade de locação de um novo espaço para produção, alterando portanto a

denominação de custo fixo para a despesa de aluguel. O Intervalo relevante portanto é o

que compreende desde as 1000 até 5000 panelas.

Desp Aluguel

$25000 Intervalo Relevante

$15000

Unidades Produzidas

1000 5000 8000

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Exercício - Classificação de Custos - Comportamento :

Assinalar com “X” ao lado de acordo com o comportamento de cada situação :

Comportamento do Custo

Item de Custo VARIÁVEL FIXO

Aluguel de um prédio da fábricaMadeira empregada na fabricação de camasSalário do diretor de produçãoEnergia elétrica p/o funcionamento das máquinas de um produtoDepreciação do equipto de ar condicionado da fábricaCusto de MDO dos funcionários da montagem de computadoresMaçãs utilizadas na produção de sucoSalários da segurançaLubrificante para as máquinas de montagem de calçadosImposto Predial da fábricaConservantes empregado na produção de refrigerantesCusto de MDO dos empregados na pintura de esquadriasDepreciação da máquina de café da fábricaSeguro do prédio da fabricaAuto-Falantes dos aparelhos de som

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Departamentalização

Departamento é a unidade mínima administrativa, representada por homens e máquinas

que desenvolvem atividades semelhantes. Pode ocorrer de existir em um departamento

apenas homens ou apenas máquinas. Como ex. Montagem, Almoxarifado, Expedição,

Administração da Fábrica, etc.

Os Departamentos, que na maioria das vezes são Centros de Custos, podem ser divididos

em dois grandes grupos, os chamados Departamentos Produtivos que atuam diretamente

sobre o produto, com seus custos apropriados aos mesmos, e os que vivem mais da

execução de serviços, indiretos ao produto e são chamados Departamento de Serviços, com

seus custos transferidos a outros departamentos, já que prestam serviços a esses.

A Departamentalização é necessária em custos para que haja um adequado controle e

distribuição dos Custos Indiretos, determinando de forma precisa o custo dos produtos e

serviços. Para que estes custos sejam apropriados aos produtos, é necessário que estejam

antes, devidamente alocados nos Departamentos de Produção.

A seguir, os fatores que devem ser considerados ao decidir-se a respeito dos tipos de

departamentos necessários para um controle eficiente dos custos e estabelecimento de

índices precisos de despesa indireta :

- Similaridade de operações, processos e maquinaria em cada departamento

- Localização das operações, processos e maquinaria

- Responsabilidades pela produção e custo

- Afinidade das operações para fluxo do produto

- Número dos departamentos ou centros de custo

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Custo Unitário e Total

Os sistemas de custos normalmente possuem recursos para nos informar os custos totais e

unitários de produção.

O Custo Unitário (também conhecido como Custo Médio) é obtido através da divisão de

uma quantidade total de custos por um número de unidades, unidades estas que podem ser

expressas como ex. por horas trabalhadas, itens produzidos, embalagens transportadas, etc.

Como ex., vamos supor que num certo período, para produzir 1000 panelas, os custos

totais de uma empresa foram :

- Custo Variável = $ 30,00

- Custo Fixo = $ 15.000

- Custo Total = $ 45.000

- Custo Unitário = $ 45.000 ÷ 1000 = $ 45,00

Custos Unitários contudo deve ser utilizados e interpretados de forma cautelosa, uma vez

que se tratam de médias. Para tomada de decisão, o melhor é sempre se utilizar dos Custos

Totais, como podemos observar na seqüência do exemplo.

$ 45000 Custo Total

Custo Variável$ 30000

Custo Fixo$ 15000

Unidades Produzidas

500 1000

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Imaginemos que agora esta mesma empresa resolva fazer um orçamento para o próximo

período, com estimativa de produção de 800 panelas (queda nas vendas), e para tanto se

utilize do custo unitário do último período para prever seus custos de produção:

Custo Total = $ 45,00 X 800 = $ 36.000

Ao final do período, a empresa observará que seus custos totais realizado ficarão bem

acima do orçado, conforme apuração apresentada abaixo :

- Custo Variável = $ 30,00 X 800 = R$ 24.000

- Custo Fixo = $ 15.000

- Custo Total = $ 39.000

Resultará portanto num custo total 'subestimado' em $ 3.000 ($39.000 - $36.000). Tendo

em vista este novo nível de produção, o Custo Unitário da panela agora passaria a ser de:

Custo Unitário = $ 39.000 ÷ 800 = $ 48,75

Se os gestores se utilizassem do valor orçado para formação do preço de venda e

comercialização da panela, obteriam certamente resultados menores.

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Exercício I - Custo Unitário e Total :

Uma empresa irá realizar um seminário, proporcionado a alguns de seus funcionários. Para

tanto, será contratado um famoso palestrante. Sem ter conhecimento do número de

participantes, o palestrante ofereceu 3 alternativas, como proposta para sua remuneração :

Proposta 1 - $ 15.000

Proposta 2 - $ 3.000 fixos mais $ 70 por participante

Proposta 3 - $ 100 por participante

Pede-se :

Calcule o custo unitário e total para cada uma das propostas, imaginando que o número de

participantes seja :

a) 80 pessoas

b) 120 pessoas

c) 200 pessoas

Identifique ainda qual a proposta mais viável para cada uma das hipóteses de quantidade de

participantes .

Respostas :

CUSTO TOTAL CUSTO UNITÁRIO

a) 80 Pessoas

Proposta 1

Proposta 2

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Proposta 3

CUSTO TOTAL CUSTO UNITÁRIO

b) 120 Pessoas

Proposta 1

Proposta 2

Proposta 3

c) 200 Pessoas

Proposta 1

Proposta 2

Proposta 3

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Exercício II - Custo Unitário e Total :

A empresa CSA atua na pesca de camarões em alto mar no litoral norte do estado. Para

tanto, incorre nos seguintes custos :

- Paga $ 240 por tonelada ao Ajudante de Pesca;

- Paga $ 90 por tonelada as autoridades locais como Taxa de licença para pesca;

- Paga $ 15.000 por mês de Frete (caminhão frigorífico) para transporte dos camarões até

a capital, sendo que a capacidade de transporte de 01 caminhão é de 04 toneladas e o

acordo é de apenas 01 viagem /dia por caminhão.

Sendo o volume pescado por mês (25 dias úteis) de 180 toneladas de camarões, pede-se :

a) Qual o custo total da empresa ? E o custo unitário por tonelada ?

b) Qual será o custo unitário por tonelada se o volume mensal pescado cair para 70

toneladas? E se aumentar para 220 toneladas ?

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Métodos de Avaliação de Estoques

Os materiais diretos (matérias-primas, embalagens, etc) utilizados no processo de produção

são apropriados aos produtos pelo seu valor histórico de aquisição. Como regra geral, se

esses materiais tiveram gastos incorridos de transportes (fretes), impostos não recuperáveis

(ex. de importação), enfim quaisquer encargos adicionais, estes devem incorporar o valor

deste ativo. O mesmo ocorre com descontos comerciais e abatimentos, como redução do

preço de aquisição.

Se houver uma aquisição de matéria-prima destinada a uma produção exclusiva ou

encomenda, o custo a ser atribuído é o específico de aquisição. Mas, se vários materiais

iguais forem adquiridos por preços unitários diferentes (fornecedores distintos, datas

variadas), surgem algumas alternativas de custeamento.

O Custo Médio

O critério mais utilizado pelas empresas no país para avaliação dos estoques é o Custo

Médio, que consiste na atualização constante do preço médio após cada aquisição, ou seja,

tanto o custeio quanto o estoque dos produtos se mantém atualizado (ou próximo dos

valores atuais de entradas).

Movimentação de Estoque pelo Método do CUSTO MÉDIO

Data Entrada Saída Saldo em EstoqueQtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit

30/06 100 $ 800 $ 8.0010/07 300 $ 2,700 $ 9.00 400 $ 3,500 $ 8.7514/07 300 $ 2,625 $ 8.75 100 $ 875 $ 8.7522/07 200 $ 2,000 $ 10.00 300 $ 2,875 $ 9.5825/07 250 $ 2,396 $ 9.58 50 $ 479 $ 9.5831/07 50 $ 479 $ 9.58

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PEPS (ou FIFO)

Por este critério, o material é custeado pelo preço de aquisição mais antigo, fazendo com

que as entradas mais recentes permaneçam em estoque. Ou seja, o ‘primeiro a entrar é o

primeiro a sair’.

Neste critério ocorre que o produto utilizado na produção seja custeado por um custo

menor que o do custo médio, para uma situação de preços crescentes (inflação). Beneficia-

se o resultado, visto que o produto vendido no período fica sub-avaliado, mantendo o

estoque superestimado (custeado pelo(s) valor(es) da(s) última(s) entrada(s)).

UEPS (ou LIFO)

Este critério apresenta uma situação exatamente contrária ao PEPS. O material utilizado na

produção é custeado pelo valor das últimas aquisições, elevando portanto o custo dos

produtos e, conseqüentemente, reduzindo o lucro contábil. Por este motivo, este critério

não é aceito pela legislação do IR brasileiro.

Movimentação de Estoque pelo Método do PEPS (FIFO)

Data Entrada Saída Saldo em EstoqueQtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit

30/06 100 $ 800 $ 8.0010/07 300 $ 2,700 $ 9.00 100 $ 800 $ 8.00

300 $ 2,700 $ 9.0014/07 100 $ 800 $ 8.00

200 $ 1,800 $ 9.00 100 $ 900 $ 9.0022/07 200 $ 2,000 $ 10.00 100 $ 900 $ 9.00

200 $ 2,000 $ 10.0025/07 100 $ 900 $ 9.00

150 $ 1,500 $ 10.00 50 $ 500 $ 10.0031/07 50 $ 500 $ 10.00

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Outra conseqüência é a sub-avaliação dos estoques, visto que se mantém ativado os

materiais com preços mais antigos.

Movimentação de Estoque pelo Método UEPS (LIFO)

Data Entrada Saída Saldo em EstoqueQtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit

30/06 100 $ 800 $ 8.0010/07 300 $ 2,700 $ 9.00 100 $ 800 $ 8.00

300 $ 2,700 $ 9.0014/07 300 $ 2,700 $ 9.00 100 $ 800 $ 8.0022/07 200 $ 2,000 $ 10.00 100 $ 800 $ 8.00

200 $ 2,000 $ 10.0025/07 200 $ 2,000 $ 10.00

50 $ 400 $ 8.00 50 $ 400 $ 8.0031/07 50 $ 400 $ 8.00

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Exercício - Método de Avaliação de Estoques :

Considere as seguintes situações para o produto ‘Maçã’ num período :

Estoque inicial 01/08 200 un à $100

Compras : 10/08 300 un à $165

15/08 400 un à $240

27/08 250 un à $155

Saídas : 16/08 400 un

21/08 400 un

28/08 300 un

Pede-se : Calcule o Estoque Final em 31/08 (Qtde, Valor Total e Custo Unitário) pelos

métodos do Custo Médio, PEPS e UEPS.

CUSTO MÉDIOData Entrada Saída Saldo em Estoque

Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit

01/08 200 $ 100 $ 0.5010/08 300 $ 165 $ 0.5515/08 400 $ 240 $ 0.6016/0821/0827/08 250 $ 155 $ 0.6228/08

31/08

Page 27: Apostila Contabilidade Custos 10

26

UEPSData Entrada Saída Saldo em Estoque

Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit

01/08 200 $ 100 $ 0.5010/08 300 $ 165 $ 0.55

15/08 400 $ 240 $ 0.60

16/08

21/08

27/08 250 $ 155 $ 0.62

28/08

31/08

PEPSData Entrada Saída Saldo em Estoque

Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit Qtde Valor Custo Unit

01/08 200 $ 100 $ 0.5010/08 300 $ 165 $ 0.55

15/08 400 $ 240 $ 0.60

16/08

21/08

27/08 250 $ 155 $ 0.62

28/08

31/08

Page 28: Apostila Contabilidade Custos 10

27

Aspectos Tributários nos Custos dos Produtos

Existem algumas considerações a serem feitas com relação aos impostos sobre mercadorias

:

ICMS

- Incide na compra de materiais, porém não é cumulativo, podendo a empresa se

recuperar caso haja a incidência de ICMS sobre seus produtos vendidos;

- É cobrado ‘por dentro’, ou seja, seu valor está embutido no preço do produto adquirido

e/ou comercializado;

- Tem como principais alíquotas : 18% (estadual), 12% (interestadual), 7% (zona

franca), 25% (Luz e Telefone).

IPI

- Incide mais comumente sobre materiais adquiridos de empresas industriais;

- Não cumulativo, podendo, a exemplo do ICMS, a empresa se recuperar caso haja a

incidência de IPI sobre seus produtos vendidos

- Empresas comerciais não possuem o benefício da recuperação, devendo, caso haja

incidência do IPI na aquisição de materiais, considerar como custo;

- É cobrado ‘por fora’, destacado do produto, tendo como incidência o preço da venda

total;

- Possui alíquotas variadas conforme o produto.

PIS/ COFINS

- Incidem sobre o recolhimento da Receita de Venda de produtos e serviços pelo

princípio da competência.

Page 29: Apostila Contabilidade Custos 10

28

- Possuíam caráter cumulativo, até o momento em que as leis 9.718 (dez/02 – PIS) e

10.637 (fev/04 - COFINS) transformaram ambos os impostos em não cumulativos,

possibilitando a recuperação sobre os custos dos produtos (custos diretos e indiretos).

- As alíquotas para o benefício da recuperação são : 7,6% COFINS e 1,65% PIS.

Page 30: Apostila Contabilidade Custos 10

29

Empresas dos Setores da Economia

Existem três tipos de empresas/setores da economia, que são :

- de Serviços

- de Comércio

- de Produção (industrial)

Empresas de Serviços fornecem serviços ou produtos intangíveis aos seus clientes, como

um serviço de segurança ou advocacia. Podemos tomar como exemplo os escritórios de

Consultoria, agências de publicidade, etc. Estas empresas não possuem ao final do período

contábil um estoque tangível e possuem como gastos mais significativos basicamente os de

Mão-de-Obra.

Já as Empresas Comerciais fornecem produtos tangíveis e na sua grande maioria, nas

mesmas condições em que foram adquiridos, ou seja, sem alterar a sua forma básica ou

sem sofrer transformações. Inclui neste setor as empresas de venda varejista, atacadista e

distribuição. Como exemplo, magazines, lojas de materiais de construção, etc. A

mercadoria comprada junto aos fornecedores e não comercializada dentro de um período

contábil é considerado estoque.

Por fim, existem as Empresas Industriais, que tem por finalidade oferecer produtos que

sofreram algum tipo de transformação, diferentemente daqueles que foram adquiridos

inicialmente. São funções das empresas de produção não apenas transformar, mas também

desenvolver, projetar, comercializar e distribuir os produtos. Podem existir no setor

industrial até três tipos de estoques, a saber :

- Estoque de Materiais Diretos, que são os materiais adquiridos inicialmente, prontos

para sofrerem algum tipo de transformação;

- Estoque de Materiais em Processo, que são os produtos que já sofreram um processo de

transformação parcial, mas não totalmente finalizados;

- Estoque de Produtos Acabados, que são os produtos totalmente finalizados, prontos

para comercialização, mas que não os foram ainda.

Page 31: Apostila Contabilidade Custos 10

30

Custos das Empresas

Vimos que nas empresas do Setor de Serviços não existe um estoque de material tangível,

visto que a atividade principal é a de fornecer somente serviços. Assim sendo, não há um

custo de produto vendido, mas sim do serviço produzido, e que englobam todas as

despesas incorridas dentro do exercício contábil. Estas despesas podem ser Salários e

Encargos, despesa com Aluguel, Materiais de Escritório, Depreciação, etc. Em resumo, a

apuração do Custo do Serviço Produzido seria apurado da seguinte forma :

CSP = Mão-de-Obra + Materiais + Gastos Diversos

Já o Demonstrativo de Resultados é comumente apresentado desta forma :

Já nas empresas do Setor Comercial, que possuem um estoque de mercadoria na sua

forma original de compra, tem como Custo da Mercadoria Vendida o custo de aquisição

da mercadoria, ajustada as variações do estoque da mesma. Assim sendo, a apuração do

custo se daria da seguinte forma :

CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final

Demonstrativo de Resultado de ExercícioEMPRESA SERVIÇOS - 01.Jan.03 à 31.Dez.03 - em $ 0.000

VENDAS BRUTAS 500.000(-) DEDUÇÕES DE VENDAS (81.250)

Devoluções de Vendas (10.000)Pis (8.250)Cofins (38.000)Iss (25.000)

(=) VENDAS LÍQUIDAS 418.750(-) CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS (200.000)(=) LUCRO BRUTO 218.750(-) DESPESAS OPERACIONAIS (190.000)

Despesas Comerciais (50.000)Despesas Administrativas (100.000)Encargos Financeiros Líquidos (30.000)Variações Monetárias (10.000)

(=) RESULTADO OPERACIONAL 28.750(+/-) OUTRAS RECEITAS / DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 20.000(=) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 48.750(-) PROVISÃO DE IR (21.000)

(=) LUCRO LÍQUIDO 27.750

Page 32: Apostila Contabilidade Custos 10

31

Lembramos que deverão estão incluídos na apuração do CMV os demais custos com

aquisição (se assim existirem), tais como Fretes, Impostos não Recuperáveis, etc como já

vimos anteriormente.

O Demonstrativo de Resultados das Empresas Comerciais é assim apresentado :

Por fim, nas empresas do Setor Industrial, temos uma situação mais complexa. Vimos

que os produtos adquiridos sofrem transformações para então serem vendidos. Estas

transformações fazem com que estas empresas possam vir a possuir mais de um tipo de

estoques, de forma a armazenar estas fases de transformações do produto. Desta forma, os

estoques existentes seriam :

Matéria Prima -> Produtos em Processo -> Produtos Acabados

Para apuração do custo dos Produtos Acabados, teríamos que considerar portanto os

diversos custos que incorrem em cada uma destas situações. A todos estes custos damos o

nome de Custos de Produção. A composição e os termos mais usados para estes Custos de

Produção são os seguintes :

Demonstrativo de Resultado de ExercícioEmpresa Comercial - 01 Jan 03 à 31 Dez 03 - em $ 0.000

VENDAS BRUTAS 2,000,000(-) DEDUÇÕES DE VENDAS (475,000)

Devoluções de Vendas (50,000)Pis (33,000)Cofins (152,000)Icms (240,000)

(=) VENDAS LÍQUIDAS 1,525,000(-) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (800,000)(=) LUCRO BRUTO 725,000(-) DESPESAS OPERACIONAIS (550,000)

Despesas Comerciais (300,000)Despesas Administrativas (200,000)Encargos Financeiros Líquidos (40,000)Variações Monetárias (10,000)

(=) RESULTADO OPERACIONAL 175,000(+/-) OUTRAS RECEITAS / DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 10,000(=) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 185,000(-) PROVISÃO DE IR (70,000)

(=) LUCRO LÍQUIDO 115,000

Page 33: Apostila Contabilidade Custos 10

32

- Materiais Diretos, que são a Matéria-Prima, Embalagens, além de outros itens a serem

incorporados ao produto (acabados ou não) e que se tornarão parte do objeto de custo.

- Mão-de-Obra Direta, que inclui a remuneração relativa ao pessoal que está

identificado diretamente com o produto em processo de fabricação, e que pode ser

alocado ao objeto de custo, de forma direta, clara e objetiva, sem a necessidade de

qualquer apropriação indireta ou por estimativa, ou ainda que necessitasse a utilização

de rateio. Como ex. todas as Despesas com Pessoal (salários, encargos e benefícios)

aos funcionários específicos de uma linha de montagem.

- Custos Indiretos de Fabricação, que são os custos considerados como ‘parte’ do

objeto de custo, mas não permitem um acompanhamento econômico direto, visto que

não está claramente identificado de forma individual, necessitando portanto de

estimativas ou critérios de rateio, como forma de apropriação ao objeto de custo. Como

ex. as Despesas com Aluguel, Seguro, Energia Elétrica e Depreciação da Fábrica. Estes

custos podem ser Fixos ou Variáveis.

A partir destas informações, podemos realizar a apuração dos Custos dos Produtos

Vendidos numa empresa do setor de produção desta forma :

MP = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final

PP = Estoque Inicial + Mat Diretos + MO Direta + Custos Indir Fabric – Estoque Final

PA = Estoque Inicial + Custo Produtos Fabricados – Estoque Final

ESTOQUE ESTOQUEMATÉRIA PRODUTOS

PRIMA ACABADOS

PRODUÇÃO (MOD + CIF)Compra Venda

Page 34: Apostila Contabilidade Custos 10

33

Quanto ao Demonstrativo de Resultados, é geralmente apresentado desta forma :

Demonstrativo de Resultado de ExercícioEmpresa Industrial - 01 Jan 03 à 31 Dez 03 - em $ 0.000

VENDAS BRUTAS 4,000,000(-) DEDUÇÕES DE VENDAS (1,000,000)

Devoluções de Vendas (50,000)Pis (66,000)Cofins (304,000)Icms (480,000)Ipi (100,000)

(=) VENDAS LÍQUIDAS 3,000,000(-) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS (1,500,000)(=) LUCRO BRUTO 1,500,000(-) DESPESAS OPERACIONAIS (1,030,000)

Despesas Comerciais (500,000)Despesas Administrativas (400,000)Encargos Financeiros Líquidos (100,000)Variações Monetárias (30,000)

(=) RESULTADO OPERACIONAL 470,000(+/-) OUTRAS RECEITAS / DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 10,000(=) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 480,000(-) PROVISÃO DE IR (160,000)

(=) LUCRO LÍQUIDO 320,000

Estoque de Estoque de Estoque deMatéria Prima Produtos em Processo Produtos Acabados

Estoque Estoque Inic Estoque InicInicial MP

Compras MDO CPFCIF

Estoque Final Estoque Final Estoque FinalCustos de Produção

Matéria Prima

Consumida (MP)

Custo dos Produtos

Fabricados (CPF)

Custo dos Produtos Vendidas

(CPV)

Page 35: Apostila Contabilidade Custos 10

34

Na Contabilidade

Partindo das informações vistas, o processo de Custeio na Contabilidade se daria portanto

da seguinte forma

Exercício - Custo nas Empresas :

A seguir, diversos dados de custos e vendas ocorridos na empresa KWR referente ao

último exercício encerrado:

APURAÇÃO BALANÇO DEMONSTRAÇÃODOS CUSTOS PATRIMONIAL DE RESULTADOS

Matéria-Prima Compra Estoque deMatéria-Prima

Mão-de-Obra MP consumidaDireta na Produção

Estoque de Produtos

Custos Indiretos em Processo

de Fabricação Produtos Acabados

Estoque de Produtos Venda

Acabados

Outras Despesas Gastos no Período Despesas Incorridas

(=) Margem Bruta( - )

(=) Resultado Operacional

RECEITAS

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS

( - )

Estoque Inicial de Produtos Acabados 12,000 Estoque Final de Produtos Acabados 24,000 Depreciação da Fábrica 16,000 Despesas Administrativas 45,000 Serviços de Utilidade Pública Consumidos 5,000 Manutenção da Fábrica 25,000 Suprimentos da Fábrica 4,000 Seguros da Fábrica 2,500 Aquisição de Matérias-Primas 75,000 Estoque inicial de Matérias-Primas 6,000 Estoque Final de Matérias-Primas 4,000 Mão-de-Obra Direta 40,000 Mão-de-Obra Indireta 9,000 Estoque Inicial de Produtos Semi-Acabados 10,000 Estoque Final de Produtos Semi-Acabados 18,000 Vendas 300,000 Despesas de Vendas 50,000

Page 36: Apostila Contabilidade Custos 10

35

Pede-se :

a) Elaborar a planilha de custos dos Produtos Acabados.

b) Elaborar a Demonstração de Resultado do Exercício.

Empresa KWRDemonstração de Resultados

Exercício findo em 31/Dezembro/XX

Receita de VendasCusto dos Produtos Vendidos

Estoque Inicial de Produtos Acabados(+) Custos dos Produtos FabricadosProdutos Disponíveis p/Venda(-) Estoque Final de Produtos Acabados

Lucro BrutoDespesas Operacionais

Despesas AdministrativasDespesas de Vendas

Lucro Operacional

Materiais DiretosEstoque Inicial de Matéria-Prima(+) Aquisição de Matéria-Prima(=) MP disponível para consumo(-) Estoque Final de Matéria-PrimaMP Consumida na produção

Mão-de-Obra DiretaCustos Indiretos de Fabricação

Depreciação da FábricaServiços de Utilidade PúblicaManutenção da FábricaSuprimentos de FábricaSeguros da FábricaMão-de-Obra IndiretaCIF Total

Custos de Produção do Período(+) Estoque Inicial de Produtos em Processo(-) Estoque Final de Produtos em ProcessoCusto dos Produtos Fabricados (Acabados)

Page 37: Apostila Contabilidade Custos 10

36

Custos Indiretos de Fabricação – Critérios de Rateio

Vimos anteriormente que a apropriação dos Custos Indiretos a um produto somente pode

ser feita através de estimativas, critérios de rateio, comportamento dos custos, etc. .

Porém todos estes métodos de alocação tendem a ser arbitrários, visto que sempre

carregarão uma certa dose de subjetividade na apropriação, pois até poderá por vezes ser

acompanhado de critérios consistentes, mas existirá também por outro lado, a simples

necessidade de aceitação por falta de melhores alternativas.

A seguir alguns exemplos de Bases de Rateio que servem de critérios para alocação dos

Custos Indiretos de Fabricação :

- Horas Máquina

- Horas de Mão-de-Obra Direta

- Área Ocupada

- Quantidade de Materiais Diretos

- Custos Diretos

Vamos agora imaginar que, se na composição dos Custos Indiretos de Fabricação,

tivéssemos com maior peso as Despesas com Depreciação de Máquinas, Aluguel e Energia

Elétrica por exemplo, e que o mais importante fosse justamente a utilização das máquinas

na produção, poderíamos portanto adotar como critério de rateio o número de Horas

Máquina.

Se por outro lado, a maior incidência nos CIFs fosse Gastos com Pessoal, ou seja Salários,

Encargos e Benefícios da administração da gerência de produção e que, a função é a de

justamente supervisionar os funcionários da fábrica, poderíamos então utilizar como

critério de rateio o número de Horas de Mão-de-Obra Direta.

Pode-se ainda utilizar mais de uma base de rateio (ex. Materiais Direto + MDO Direta), se

for o caso de se buscar uma maior precisão na alocação dos CIFs.

De qualquer forma, o que é importante se destacar num processo de alocação dos Custos

Indiretos de Fabricação, é a necessidade de se proceder uma análise de cada despesa que as

Page 38: Apostila Contabilidade Custos 10

37

compõem, e a partir daí estabelecer quais os critérios que melhor relacionam estas despesas

com o produto em si, visto que a consistência da aplicação desses critérios é fundamental

para que a avaliação do custo final do produto não se torne artificial.

Taxa Predeterminada dos Custos Indiretos de Fabricação

Vimos da possibilidade de apropriação dos Custos Indiretos de Fabricação, bem como de

alguns critérios de alocação utilizados. Estes processo somente se efetiva após levar em

consideração a produção realizada, ou seja, apenas quando encerrado o exercício.

Contudo, vamos imaginar que os gestores queiram conhecer e/ou acompanhar os custos

dos produtos durante o mês, de forma a se saber quanto custou uma ordem de produção

concluída. Com isso teriam que simular algumas estimativas apoiadas nos custos

incorridos até o momento, correndo o risco inclusive de sazonalidades (despesas que

ocorrem em períodos específicos). Entretanto, só teriam a certeza de uma apropriação

correta uma vez apurados os totais do período (custo e produção).

Uma alternativa comumente utilizada é a chamada Taxa Predeterminada de Custo

Indireto, ou simplesmente Taxa CIF, que se baseia em números estimados e é

normalmente calculada antes do início do período para aplicar os custos indiretos às ordens

de produção durante o período. O processo utilizado é o de rateio dos Custos Indiretos de

Fabricação, e os critérios mais utilizados são :

- Horas de Mão-de-Obra Direta

- Horas Máquina

A fórmula de cálculo é bem simples :

Desta forma, obtêm-se a Taxa CIF para se aplicar a produção de um período. Por exemplo,

suponhamos que uma fábrica estime para o ano, um montante de Custos Indiretos de

Taxa Predeterminadade Custo Indireto

Total estimado do Custo Indireto de Fabricação

=Quantidade Total Estimada do

Critério de Alocação

$ 3.000.0002,000 $ 1.500 H/M= Taxa CIF =

Page 39: Apostila Contabilidade Custos 10

38

Fabricação de $ 3.000.000 e um montante de Horas Máquina de 2.000 horas. Portanto, a

Taxa CIF prevista para o período é :

A partir desta informação, basta se aplicar a Taxa CIF a uma ordem de produção, cujo

produto se utilize de uma quantidade específica de horas em uma máquina durante a

produção.

A Taxa CIF pode ser aplicada também aos Produtos em Processo. Basta para isso calcular

(utilizando-se do exemplo anterior) o custo Hora Máquina (Taxa CIF) pela quantidade de

horas que o Produto em Processo se utilizou.

Algumas diferenças certamente irão incorrer, como apuração real do Custo Indireto de

Fabricação ser maior que o estimado (custo sub-aplicado) ou menor (custo super-aplicado)

ao longo do período, resultando portanto em saldos devedores ou credores na conta Custos

Indiretos de Fabricação. Neste caso, o tratamento pode ser dado das seguintes formas :

- Faz-se o encerramento, considerando em Custo dos Produtos Vendidos;

- Efetuar um rateio entre Custos dos Produtos em Processo, Custos dos Produtos

Acabados e Custos dos Produtos Vendidos, na proporção dos Custos Indiretos

ocorridos nestas contas (mais indicado, inclusive para aspectos fiscais no País).

Page 40: Apostila Contabilidade Custos 10

39

Exercício I - Taxa Predeterminada CIF :

A seguir o custo estimado de duas empresas, bem como seus dados operacionais, como

expectativa para o próximo ano :

As taxas predeterminadas de custo indireto de ambas as empresas são calculadas

utilizando-se as seguintes bases :

Pede-se :

a) Calcule a taxa predeterminada que cada empresa utilizará durante o próximo ano.

Empresa TW :

Empresa MX :

b) Imaginemos que ambas as empresas executem apenas duas ordens de produção durante

o próximo ano e que o registro das horas de cada ordem de produção seja a seguinte :

TW MX

- Ordem 1 : 10.000 horas 21.000 horas

- Ordem 2 : 13.000 horas 24.000 horas

b1) Qual o será custo indireto que ambas aplicarão aos produtos ?

Empresa TW :

Empresa MX :

b2) Se os Custos Indiretos ‘Reais’ apurados ao final do próximo ano forem de $ 550.000

da TW e de $ 450.000 da MX, os CIFs serão sub-aplicado ou super-aplicado ?

EmpresasTW MX

Custos Indiretos de Fabricação 570.000$ 441.000$ Horas de Mão-de-Obra Direta 70.000 42.000 Horas-Máquina 25.000 18.000

Empresa Taxa Indireta c/Base em :TW Horas-MáquinaMX Horas de Mão-de-Obra Direta

Page 41: Apostila Contabilidade Custos 10

40

CIF Estimado CIF Real variação (Sub/Super-Aplic)

Empresa TW :

Empresa MX :

Page 42: Apostila Contabilidade Custos 10

41

Exercício II - Taxa Predeterminada CIF :

A empresa CKL fabrica produtos conforme especificação dos clientes (encomenda). O

Custo Indireto de Fabricação é aplicado aos produtos com base no custo da mão-de-obra

direta. No início do período foram feitas as seguintes estimativas :

Durante o período, ela recebeu uma encomenda da empresa TPO, que teriam os seguintes

custos de fabricação :

Pede-se :

1) Prevendo que a empresa CKL aplica uma taxa de Custo Indireto para toda a fábrica:

a) Calcule a taxa CIF do ano em curso.

b) Determine o valor do custo indireto de fabricação que deveria ser aplicado a TPO.

2) Imagine que ao invés de utilizar uma taxa única, a CKL empregasse uma taxa para cada

departamento. Desta forma determine :

a) A taxa de cada departamento do ano em curso.

DepartamentosEstamparia Pintura Montagem Total

Mão de Obra Direta 100.000 $ 70.000 $ 180.000 $ 350.000 $ Custo Indireto de Fabricação 160.000 $ 250.000 $ 40.000 $ 450.000 $

DepartamentosEstamparia Pintura Montagem Total

Materiais Diretos 2.500 $ 100 $ 1.200 $ 3.800 $ Mão de Obra Direta 2.000 $ 200 $ 3.000 $ 5.200 $ Custo Indireto de Fabricação ? ? ? -

Page 43: Apostila Contabilidade Custos 10

42

b) O valor do custo indireto de fabricação que deveria ser aplicado a TPO.

3) Considerando que sobre o Custo Total de fabricação a CKL utiliza uma margem de

+40% para definir o preço de venda, qual seria o valor da encomenda para a TPO ? E

se a CKL utilizasse as taxas interdepartamentais, qual seria o valor da encomenda ?

4) No final do ano, a CKL reuniu os seguintes dados de custo real, referentes a todos os

produtos fabricados durante o período :

Calcule o Custo Indireto do período Sub- ou Super-Aplicado, considerando o emprego da

Taxa de Custo Indireto de Fabricação :

a) Para Toda a Fabrica.

b) Por Departamento.

DepartamentosEstamparia Pintura Montagem Total

Materiais Diretos 110.000 $ 30.000 $ 50.000 $ 190.000 $ Mão de Obra Direta 94.000 $ 58.000 $ 158.000 $ 310.000 $ Custo Indireto de Fabricação 170.000 $ 190.000 $ 35.000 $ 395.000 $

Page 44: Apostila Contabilidade Custos 10

43

Custo Padrão

O Custo Padrão é um custo normalmente determinado, com base tanto em estudos teóricos

como em pesquisas e testes práticos, a fim de se fixar como meta para o próximo período a

um produto ou serviço específico.

Para apuração do custo padrão, são considerados os fatores de produção que a empresa

possui a sua disposição, tais como maquinário existente, qualidade de mão-de-obra,

estabelecendo metas de eficiência de curto e médio prazos, em que a empresa deverá se

empenhar para alcançar no próximo período, uma vez atingindo certos níveis de

desempenho.

As empresas de fabricação, de serviço e de alimentos, são as que mais comumente se

utilizam de custos padrões. Para tanto, elas adotam este sistema de uma forma bastante

desenvolvida, com padrões de materiais, mão-de-obra e custo indireto apurados

detalhadamente para cada produto. Feito isso, são registrados num quadro de custo padrão,

fornecendo aos gestores as informações essenciais quanto aos insumos necessários a

produção de uma unidade e seus custos específicos, conforme exemplo abaixo :

Contudo podem existir diferenças entre os padrões esperados e os efetivamente apurados

na utilização da produção. São as chamadas variações, que podem ser :

- Variação de preço de materiais;

- Variação de quantidade de materiais;

- Variação da taxa salarial da MOD;

- Variação da eficiência da MOD;

- Variação de volume do CIF;

- Variação de eficiência do CIF.

(A) (B) CustoQtde ou Custo ou Padrão

Horas Padrões Taxa Padrão (A) X (B)

Materiais Diretos 5,0 quilos $ 5,00 $ 25,00Mão de Obra Direta 4,0 horas $ 10,00 $ 40,00Custo Indireto variável de Fabricação 3,0 horas $ 4,00 $ 12,00

Custo Padrão total por unidade $ 77,00

Page 45: Apostila Contabilidade Custos 10

44

O principal objetivo do Custo Padrão é o controle de custos. Uma vez implantado,

possibilita aos gestores ter uma base de comparação entre o que ocorreu e o que deveria ter

ocorrido em termos de Custo Real. Desta forma, torna-se imprescindível a necessidade da

empresa possuir uma boa apuração do real.

Exercício I - Custo Padrão :

Utilizando-se do exemplo acima, tomemos como base os dados padrões de Materiais

Diretos de uma suposta empresa, conforme abaixo :

Imaginemos agora que a empresa tenha registrado no encerramento do período as seguintes

atividades :

- Foram utilizados 390 quilos de materiais, adquiridos ao custo de R$ 4,90;

- Foram produzidos 80 unidades do produto.

Determine quais foram as variações de preço e quantidade dos materiais no período.

Materiais DiretosQtde Real de Insumos a Taxa

Real (A)Qtde Real de Insumos a Taxa

Padrão (B)Qtde Padrão de Insumos p/ Pro-dução Real a Taxa Padrão (C)

Qt $ Qt $ Qt $

$ Total $ Total $ Total

$ $

Variação de Preço (B - A) Variação de Qtde (C - B)

$

Variação Total

(A) (B) CustoQtde ou Custo ou Padrão

Horas Padrões Taxa Padrão (A) X (B)

Materiais Diretos 5,0 quilos $ 5,00 $ 25,00

Page 46: Apostila Contabilidade Custos 10

45

Exercício II - Custo Padrão :

A Empresa TJR fabrica um alimento para cães conhecido como Nuky. Os materiais diretos

e mão-de-obra direta padrões de uma unidade do Nuky são indicados a seguir:

No último mês, registrou-se a seguinte atividade:

- Foram comprados 5.000 quilos de materiais, ao custo de $ 2,15 o quilo

- Todo o material comprado foi utilizado na produção de 6.000 unidades do Nuky.

- Foram registradas 580 horas de mão-de-obra direta, ao custo total de $ 5.162.

Pede-se:

a) Determine as variações de preço e de quantidade dos materiais por mês.

b) Determine as variações de taxa e de eficiência da mão-de-obra direta por mês.

Qtde ou Custo ou CustoHoras Padrões Taxa Padrão Padrão

Materiais Diretos 0,8 quilo $ 2,00 $ 1,60Mão de Obra Direta 0,1 hora $ 9,00 $ 0,90

Materiais Diretos

Qtde Real de Insumos a Taxa Real (A)

Qtde Real de Insumos a Taxa Padrão (B)

Qtde Padrão de Insumos p/ Pro-dução Real a Taxa Padrão (C)

Qt $ Qt $ Qt $

$ Total $ Total $ Total

$ $

Variação de Preço (B - A) Variação de Qtde (C - B)

$

Variação Total

Mão-de-Obra Direta

Horas Reais de MDO a Taxa Real (A)

Horas Reais de MDO a Taxa Padrão (B)

Qtde Padrão de MDO p/ Pro-dução Real a Taxa Padrão (C)

Qt $ Qt $ Qt $

$ Total $ Total $ Total

$ $

Variação de Taxa (B - A) Variação de Eficiência (C - B)

$

Variação Total

Page 47: Apostila Contabilidade Custos 10

46

Sistemas de Acumulação de Custos

Alguns custos (ex. seguros, aluguéis) não variam muito a cada período, diferentemente da

produção que freqüentemente varia a cada mês, aumentando ou diminuindo conforme a

demanda. Não obstante, podem ocorrer de diversos produtos serem fabricados dentro de

uma mesma fábrica, ou de vários serviços serem prestados por uma mesma empresa. Isto

de certa forma torna-se um problema para os gestores calcularem o custo de um produto ou

serviço dentro destas condições, visto que o cálculo depende bastante da natureza do

processo envolvido.

Para tanto, dois sistemas de acumulação de custos tanto nas industrias como nas empresas

de serviços são comumente utilizados.

Custeio por Processo

Este sistema é normalmente empregado quando a empresa utiliza-se de uma produção em

massa, ou seja, várias unidades de um ‘mesmo produto’, ou ainda, por etapas de

fabricação, porém mantendo a homogeneidade.

O procedimento básico deste sistema de custeio é o de acumular os custos incorridos de

um período inteiro de um determinado departamento ou operação, e na seqüência dividir

pelo total de unidades produzidas neste mesmo período.

A seguir, um ex. de fluxo do Custeio por Processo de uma produção de Batatas Fritas:

Custeio por Ordem de Produção

É um sistema utilizado quando são fabricados vários produtos diferenciados em cada

período. É também chamado de Custo por Encomenda, já que obedecem uma característica

específica encomendada.

Custos do Processamento Custos do Processamento Custos do Processamento

Departamentode Produção(preparaçãodas Batatas)

Compra de Matéria-prima

(Batatas)

Produtos parcialmente concluídos

(batatas descas-cadas e cortadas)

Produtos parcialmente concluídos

(batatas fritas)

Produtos Acabados

(batatas fritas em pacote)

Departamento de Produção

(fritura)

Departamento de Produção

(embalagem)

Page 48: Apostila Contabilidade Custos 10

47

Por este sistema, os custos são apropriados e aplicados as ordens de produção e, em

seguida os custos destas são divididos pelo número de unidades nelas contidas, como

forma de apuração do custo unitário médio. É uma forma de custeio mais complexa, pois

se os produtos são diferentes, geralmente os custos também o são.

Além de bastante aplicados nas industrias heterogêneas, este sistema é amplamente

utilizado nas empresas de serviços, tais como hospitais, consultorias, etc.

A seguir, o fluxo dos Custos do Custeio por Ordem de Produção :

Diferenças entre os sistemas de Custeio por Processo X Ordem de Produção

A seguir, um quadro comparativo destacando as diferenças entre os custeios por Processo e

por Ordem de Produção :

Estes Custos de Fabrica-ção são acu-mulados em um controle, conhecido como...

O registro de cus-to constitui a base do cálculo dos cus-tos do produto e unitário, utilizados na avaliação dos estoques finais e na determinação do custo dos produtos vendidos

Registro de Custo

Requisição de Materiais

Tempo de Mão-de-Obra Direta

Taxas Predeter-minadas de CIFs

Uma ordem de produção dá início as operações da ordem, onde serão alocados os respectivos custos...

Um pedido de venda é preparado, como base da emissão

Pedido de venda

Ordem de Produção

Custeio por Processo Custeio por Ordem de Produção

Os custos são acumulados por departamento.

Um único produto é fabricado continuamente ou por vários períodos. Todas as unidades fabricadas são iguais.

O relatório da produção do depto é o controle fundamental que apresenta a acumulação e o destino dos custos de um

Os custos unitários são calculados 'por departamento' , no respectivo relatório de produção.

Diversas Ordens de Produção são executadas a cada período,cada qual com especificações diferentes.

Os custos são acumulados por ordem, individualmente.

O Registro de Custo é o controle fundamental de acumulação dos custos de uma ordem.

O custo unitário é calculado 'por ordem' no respectivo controle de registro de custo.

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48

Métodos de Custeio

Em geral, utilizam-se duas abordagens de custeio para avaliação de estoques e apuração

dos custos dos produtos vendidos. Uma delas, denominada Custeio por Absorção é

habitualmente empregada para efeito de divulgação de relatórios financeiros externos

(publicação e fisco). Uma outra abordagem, denominada Custeio Variável, é mais

comumente utilizada em relatórios internos, dada a preferência de gestores para tomada de

decisões. Ambos os métodos geralmente apresentam divergências na apuração do lucro

líquido.

Custeio por Absorção

O Custeio por Absorção parte da premissa que todos os Custos de Fabricação (Variáveis e

Fixos) são considerados como custos dos produtos (inventariáveis), ou seja, o custo de uma

unidade de produto consiste de materiais diretos, mão-de-obra direta e custos indiretos de

fabricação (fixos e variáveis). Desta forma, o estoque absorve todos os custos, que

posteriormente se transformam em despesa, no momento em que o produto for vendido.

Apesar de ser amplamente utilizados em relatórios tanto internos quanto externos, como

forma de orientação para o custeio integral das unidades do produto, o Custeio por

Absorção, por vezes cria a falsa impressão de que o custo unitário do produto é ‘variável’,

levando a muitas decisões gerenciais inadequadas, como por exemplo formação de preço

de venda ou escolha de se continuar a fabricar produtos que podem não ser mais lucrativos.

Abaixo, a forma de apresentação de Resultado pelo método de Custeio por Absorção :

Demonstração de ResultadosModelo Tradicional - (Custeio por Absorção)

Receita de Vendas $$$.$$$(-) Custo dos Produtos Vendidos $$$.$$$Lucro Bruto $$$.$$$Despesas Operacionais

Despesas de Vendas $$$.$$$Despesas Administrativas $$$.$$$Despesas Gerais $$$.$$$ $$$.$$$

Lucro Operacional $$$.$$$

Page 50: Apostila Contabilidade Custos 10

49

Custeio Variável

Já o Custeio Variável considera, como o próprio nome diz, ‘apenas os custos variáveis’

como custo inventariáveis, ou seja, aqueles custos que variam conforme a produção. Os

custos fixos de fabricação são portanto excluídos dos custos do produto, entrando

posteriormente no resultado como despesas do período em que incorreram. Assim sendo, o

produto em estoque não possui qualquer elemento de custo de fabricação 'fixo'.

Torna-se uma alternativa atraente para relatórios internos (o Fisco não permite o uso em

Demonstrações de Resultados), permitindo aos gestores as seguintes visualizações :

- Mantidas todas as variáveis, os lucros variam na mesma proporção em que variam as

vendas, tornando-se fácil novas estimativas de lucratividade;

- Supõe-se que o custo unitário do produto é variável, diferentemente do custo por

absorção, em que possui uma combinação de fixos e variáveis;

- É visível o impacto dos custos fixos sobre o lucro, visto que são demonstrados

explicitamente.

Abaixo, a forma de apresentação de Resultado pelo método de Custeio Variável :

Na seqüência, vamos exercitar utilizando uma ilustração de resultado abrangendo ambos os

métodos.

Demonstração de ResultadosModelo de Contribuição - (Custeio Variável)

Receita de Vendas $$$.$$$(-) Custos Variáveis

Custos Variáveis de Fabricação $$$.$$$Despesas Variáveis $$$.$$$ $$$.$$$

Margem de Contribuição $$$.$$$(-) Custos Fixos

Custos Fixos de Fabricação $$$.$$$Despesas Fixas $$$.$$$ $$$.$$$

Lucro Operacional $$$.$$$

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50

A empresa XYZ fabricou 3.000 unidades de seu único produto e vendeu 2.500, ao preço

unitário de $ 40,00. Seus custos incorridos no período foram:

Pede-se :

1) Qual foi o custo unitário do produto calculando pelos métodos de custeio por

absorção e custeio variável.

2) Confeccionar a Demonstração de Resultado do Período calculando pelos métodos

de custeio por absorção e custeio variável.

Custos Variáveis por UnidadeMateriais Diretos 5,00$ Mão-de-Obra Direta 8,00$ Custo Indireto de Fabricação 3,00$ Comissão de Vendas 1,00$ Despesas Administrativas 2,00$

Custos Fixos no PeríodoCusto Indireto de Fabricação 30.000$ Despesas Gerais 20.000$

a) Método Custeio por AbsorçãoReceita de Vendas

(-) C P VEstoque Inicial Produtos Acabados

(+) C P F(=) Disponível p/Venda(-) Estoque Final

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas Operacionais

ComissõesAdministrativasGerais

Lucro Operacional

Custo Unitário do Produto Absorção VariávelMateriais DiretosMão-de-Obra DiretaCusto Indireto de FabricaçãoC I F (Fixos)

Total :

Page 52: Apostila Contabilidade Custos 10

51

Como podemos observar, temos uma diferença em termos de Lucro Operacional

apresentada entre os dois métodos.

Lembre que citamos que pelo método do Custeio por Absorção, o produto absorvia todos

os custos de fabricação fixos e variáveis. Desta forma, os produtos que mantiveram-se no

estoque (não foram vendidos no período), ficaram ‘carregados’ por estes custos, os quais

só incorrerão no próximo período por conta de novas vendas. Portanto, com custos

menores incorrido, o resultado se apresenta maior por este método.

Já pelo método do Custeio Variável, onde são considerados apenas os custos variáveis de

fabricação dos produtos, os itens estocados ficam sub-avaliados, visto que os custos

indiretos de fabricação ‘fixos’ são considerados na sua totalidade como despesas do

período em que incorreram. Assim, com custos maiores incorridos, o resultado se

apresenta menor por este método.

Vale observar que a diferença de $ 5.000 verificada entre os resultados de ambos ($

7.500 - $ 2.500) é exatamente a mesma diferença entre os valores dos estoques finais de

b) Método Custeio VariávelReceita de Vendas

(-) C P VEst Inicial Prod Acabados

(+) C P F(=) Disponível p/Venda(-) Est Final Prod Acabados

(-) Despesas VariáveisComissõesAdministrativas

(=) Margem de Contribuição

(-) Custos FixosCusto Indireto de FabricaçãoDespesas Gerais

Lucro Operacional

Page 53: Apostila Contabilidade Custos 10

52

produtos acabados ($ 13.000 - $ 8.000), ou seja, o que pelo Custeio por Absorção está

ativado, pelo Custeio Variável é despesa incorrida no período.

Exercício - Métodos de Custeio :

A empresa CTV fabrica um único produto, o qual ela comercializa ao preço unitário de $

75,00. Os dados de custos e produção apurados no período foram :

Pede-se :

a) Qual foi o custo unitário do produto calculando pelos métodos de Custeio por Absorção

e Custeio Variável.

Custos Variáveis por UnidadeMateriais Diretos 9.00$ Mão-de-Obra Direta 14.00$ Custo Indireto de Fabricação 7.00$ Comissão de Vendas 2.00$ Despesas Administrativas 3.00$

Custos Fixos no PeríodoCusto Indireto de Fabricação 55,000$ Despesas Gerais 35,000$

Produto Acabado - QuantidadesProduzidas 5,500 Estoque Final 1,000

Custo Unitário do Produto Absorção VariávelMateriais DiretosMão-de-Obra DiretaCusto Indireto de FabricaçãoCIF (Fixos)

Page 54: Apostila Contabilidade Custos 10

53

b) Confeccionar a Demonstração de Resultado do Período calculando pelos métodos de

custeio por absorção e custeio variável.

a) Método Custeio por Absorção

Receita de Vendas( - ) CPV

EI Produtos Acabados(+) Custo Produtos Fabricados(=) Disponível p/Venda(-) EF Produtos Acabados

(=) Lucro Bruto

( - ) Despesas Operacionais

Comissões Administrativas Gerais

Lucro Operacional

b) Método Custeio Variável

Receita de Vendas( - ) CPV

EI Produtos Acabados(+) CPF(=) Disponível p/Venda(-) EF

( - ) Despesas VariáveisComissõesAdministrativas

(=) Margem de Contribuição

( - ) Custos FixosCusto Indireto de FabricaçãoDespesas Gerais

Lucro Operacional

Page 55: Apostila Contabilidade Custos 10

54

Custeio Baseado em Atividades – ABC

Vimos até o momento alguns sistemas de custos desenhados de diversas formas voltados

para apuração do custo do produto e elaboração de relatórios de acompanhamento. O

custeio variável por exemplo municiam os gestores para tomada de decisões com relação

aos custos variáveis do produto, isolando os custos fixos.

Um novo método de custeio, porém já muito utilizados pelas empresas é o Custeio

Baseado em Atividades (ABC – Activity Based Costing), que tem entre outros

benefícios, permitir uma gestão das atividades, tanto em termos de custo como em termos

de desempenho (melhoria contínua).

O Activity Based Costing - ou Sistema ABC - é uma abordagem que analisa o

comportamento dos custos por atividade, estabelecendo relações entre as atividades e o

consumo de recursos, independente de fronteiras departamentais, permitindo a

identificação dos fatores que levam a empresa a incorrer em custos em seus processos de

oferta de produtos e serviços e de atendimento a mercados e clientes. Possibilita ainda

identificar as atividades mais onerosas em cada processo, facilitando o acompanhamento

gerencial e garantindo a melhor performance dos custos.

O Sistema ABC na verdade funciona como um complemento dos sistemas atuais, e não um

substituto deles. Os demais sistemas continuam a existir como forma de apuração de custos

dos produtos e relatório externos, enquanto que o ABC serviria para o melhor

conhecimento do ‘custo indireto’ e determinação da rentabilidade dos produtos e dos

clientes. Enfim, teria uma ampla utilização em relatórios gerenciais.

As etapas de Implantação do Custeio por Atividades são :

- Identificação e descrição das Atividades, bem como de seus respectivos centros de

custos (onde elas ocorrem);

- Identificação das Taxas de Atividade, também conhecidos como Direcionadores de

Custos (métricas que servem para medição e alocação dos custos da atividade). Ex.

Atividade : Atendimento ao Cliente -> Direcionador : Nº de Chamadas.

Atividade : Distribuição -> Direcionador : Nº de Clientes;

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55

- Identificação dos Objetos de Custo;

- Identificação e apropriação dos custos (diretos e indiretos) aos objetos de custo (que

podem ser os produtos ou os centros de atividades), através dos Direcionadores de

Custos.

Numa forma mais simplista, para elaboração de um sistema ABC as empresas geralmente

selecionam um conjunto das atividades que possam absorver a maior parte do trabalho

realizado nos centros de custo indireto. Estando cada atividade associada a um centro de

custo, os custos indiretos são apropriados a esses centros, através da taxa de atividade

apurada. A partir daí, essas taxas são então utilizadas para custear os objetos de custo.

Na seqüência, um exemplo das etapas de cálculo do Custeio ABC : CIF : Salários e Encargos Indiretos da Fábrica : 10,000$

Centros Custo

Pedidos 20% 2,000$ Montagem 70% 7,000$ Embalagem 10% 1,000$

Direcionador Custo

Nº Pedidos 1,000 2.00$ Nº Horas-MDO 1,000 7.00$ Nº Unid Fabricadas 5,000 0.20$

Produto : Montagem de 01 Microcomputador

Qtde IncorridaPedidos 1 Pedido 2.00$ Montagem 4 Horas-MDO 28.00$ Embalagem 1 Caixa 0.20$

Total CIF - Salários e Encargos 30.20$

Distribuição das Atividades

Alocação aos Centros

Total Incorrido no Período

Custo p/Unidade

Modelo de Custeio Baseado em Atividades

MateriaisDiretos

Objetos de Custo : Produtos, Pedidos, Clientes, etc..

Custos Indiretos de FabricaçãoMDO Direta

Pedidos Montagem Embalagem

$/Pedido

- - - Primeiro Estágio de Alocação - - -

$/HMDO $/Unid

- - - Segundo Estágio de Alocação - - -

Diretamente Identificado

$/HMDO

- - FIM - -

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Contabilidade de Custos – Matz, A.; Curry, O.J.; Frank, G.W.

- Contabilidade de Custos – Horngren, C.T.; Foster, G.; Datar, S.M.

- Contabilidade Gerencial – Garrison, R.H.; Noreen, E.W.

- Contabilidade de Custos – Martins, E.