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BULA DE REMÉDIO: DA TEORIA À PRÁTICA EM SALA DE AULA
Alba Maria Perfeito (UEL)
Márcia Cristina Greco Ohuschi (PG-UEL)
Cleide Aparecida Gomes Borges (G-UEL)
Resumo
Este trabalho, vinculado ao Projeto de Pesquisa em Linguística Aplicada - de cunho
etnográfico – “Escrita e ensino gramatical: um novo olhar para um velho problema”,
apresenta uma análise do gênero discursivo bula de remédio, na qual se observam alguns
aspectos das marcas linguístico-enunciativas, que, juntamente com as condições de
produção, o tema e o arranjo textual, contribuem para a construção de efeitos de sentido.
A partir dessa análise e dos pressupostos teóricos de Bakhtin (2003), Barbosa, (2003),
Rojo (2005) e Gasparin (2002), apontamos sugestões de encaminhamento didático a
serem desenvolvidas em turmas das três últimas séries do Ensino Fundamental, com o
intuito de contribuirmos, de maneira teórico-prática, para os estudos relacionados ao
processo de ensino-aprendizagem da língua materna.
Palavras-chave: gêneros discursivos; análise linguística; bula de remédio.
Considerações iniciais
A partir da concepção interacionista de linguagem, reconhecemos um sujeito
ativo em sua produção linguística, isto é, que realiza um trabalho constante com a
linguagem dos textos orais e escritos, uma vez que, de acordo com Geraldi (1984),
emprega-a para agir, atuar sobre o outro e sobre o mundo. Desse modo, cabe à escola
proporcionar, aos alunos, situações de produção de linguagem, a qual, segundo Faraco
(2003), ocorre por meio de gêneros, no interior de determinada esfera da atividade
humana.
É nessa concepção que se insere o presente trabalho, o qual integra os estudos
realizados no Projeto de Pesquisa em Linguística Aplicada "Escrita e ensino gramatical:
um novo olhar para um velho problema", levado a efeito pela Universidade Estadual de
Londrina, no período de 2003 a 2007, formado por alunos (de graduação e de pós-
graduação) e por professores (da rede pública e de instituições superiores). O projeto
orientou-se para a formação do professor de Língua Portuguesa, via diagnóstico - de 20
horas-aula - e consequente intervenção, em 5 escolas da região de Londrina-PR, ao
buscar, por meio de reflexão prática-teoria-prática, o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, no ensino fundamental, sobretudo no que
tange à prática de análise linguística.
Nesse sentido, as discussões consideraram o gênero discursivo como objeto de
ensino - eixo de articulação e de progressão curricular. E, assim, o texto passa a ser
concebido como unidade de significação e de ensino, elemento integrador das práticas de
leitura, de análise linguística e de produção/refacção textuais. Consequentemente, o
gênero, como objeto de ensino e eixo de articulação/progressão curricular, visa a
proporcionar ao aluno a ampliação do horizonte discursivo, por abordar propósitos
diferentes, com sócio-histórias diversas.
Elegemos, para aqui veicular, o gênero bula de remédio, ao realizarmos uma
análise das suas marcas linguístico-enunciativas, contextualizadamente. Convém
observar que a abordagem é fruto das discussões junto ao grupo de pesquisa. Propomos,
ainda, algumas sugestões de encaminhamento didático, que podem ser levadas a efeito,
2
dependendo da relação: realidade do aluno e a complexidade da tarefa, nas 3 últimas
séries do ensino fundamental.
Escolhemos a bula de remédio por ser um gênero ainda pouco explorado em sala
de aula e de grande importância na vida cotidiana das pessoas, pois, conforme dados
publicados pela revista Veja (10 de janeiro, 2001, p. 71, apud CARVALHO et al, 2002,
p.1),
o Brasil é o quinto país do mundo em consumo de medicamentos, com uma
farmácia para cada 3000 habitantes, mais que o dobro do recomendado pela
Organização Mundial de Saúde. O país é também campeão em mortes por
intoxicação e, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz, também citados pela
revista, 30% das 80.000 mortes anuais por intoxicação têm como causa o uso
indevido de medicamentos. É provável que estes (tristes) fatos estejam
relacionados a uma criticável tendência à auto-medicação (sic) por parte do brasileiro. Desaprovamos a prática da auto-medicação (sic), mas defendemos o
argumento de que o acesso às informações contidas nas bulas é um direito do
cidadão.
Frente às estatísticas apresentadas e por concordamos com a opinião dos autores,
consideramos importante o trabalho com esse gênero em sala de aula, visto que, além de
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, atua como um mediador no trabalho
com a linguagem. E, nesse enfoque, especialmente nos detivemos na análise do emprego
das marcas linguístico-enunciativas em consonância com as condições de produção, a
construção composicional e o conteúdo temático.
Desse modo, primeiramente, realizamos uma breve reflexão teórica sobre os
gêneros discursivos e sugestões didáticas. Em seguida, tecemos algumas considerações a
respeito do gênero bula de remédio, após a observação das regularidades (relativas) do
gênero, via seleção de textos - sem desconsiderar a sua heterogeneidade. Então,
abarcarmos, para análise e práticas de leitura e de análise linguística, a bula do
medicamento Tylenol, versando sobre as regularidades do gênero e suas características
mais específicas no texto em pauta, conforme veiculado, posteriormente, no estudo. Por
fim, apresentamos as sugestões de encaminhamento didático.
1 Os gêneros discursivos
De acordo com Bakhtin (2003, p. 262), os gêneros são “tipos relativamente
estáveis de enunciados”, ou seja, formas de textos criados pela sociedade, que funcionam
como mediadores entre o enunciador e o destinatário. O autor salienta
a extrema heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos), nos quais devemos
incluir as breves réplicas do diálogo cotidiano (...), o relato do dia-a-dia, a carta (em todas as
suas diversas formas), o comando militar lacônico padronizado, a ordem desdobrada e
detalhada, o repertório bastante vário (padronizado na maioria dos casos) dos documentos
oficiais e o diversificado universo das manifestações publicísticas (...) as variadas formas das
manifestações científicas e todos os gêneros literários (do provérbio ao romance de muitos
volumes) (BAKHTIN, 2003, p. 262).
Ele ainda diferencia os gêneros primários dos secundários. Os primeiros se
constituem nas interações diárias, naturais, ou seja, em circunstância de comunicação
verbal espontânea, especialmente na oralidade, e em alguns tipos de escrita informal,
como bilhetes e cartas pessoais. Já os gêneros secundários se constituem em situações
mais complexas de comunicação, principalmente escrita, como os discursos políticos,
científicos etc. e, em seu processo de formação, “eles incorporam e reelaboram diversos
3
gêneros primários (simples), que se formaram nas condições de comunicação discursiva
imediata.” (BAKHTIN, 2003, p. 263).
Para Bakhtin (2003), há três aspectos que caracterizam o gênero: o conteúdo
temático, isto é, aquilo que pode ser dizível num gênero (os assuntos, os temas típicos);
o estilo, ou seja, a escolha dos recursos linguístico-expressivos do gênero; a construção
composicional, ou formas de organização textual. Conforme Bakhtin (2003, p. 262),
esses três elementos “estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são
igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da
comunicação”. Aspectos estes também intrinsecamente associados às condições de
produção: quem fala; para quem fala; com que finalidade; em que época, local e suporte.
Dessa forma, cabe ao professor saber qual gênero é ensinável e em que nível de
profundidade ele pode ser ensinado-aprendido.
Mas é preciso, antes, situar que cada gênero não está sozinho, nem “solto” no
espaço, ele está contido em um conjunto ideológico de várias forças, que são as esferas
comunicativas. Conforme Bakhtin/Volochinov (1992), as esferas são divididas em:
esferas do cotidiano, em que se incluem as familiares, íntimas, comunitárias, e as esferas
dos sistemas ideológicos constituídos, em que fazem parte a ciência, a arte, a religião, a
política etc. Em cada uma delas, há um conjunto específico de gêneros, por exemplo, na
esfera jornalística, há o artigo de opinião, o editorial, a notícia a reportagem etc., na
esfera da universidade, há o paper, o fichamento, o relatório, o seminário, a avaliação, a
monografia etc. e todas as esferas conversam entre si. Por isso, ao se ensinar um gênero,
além das suas condições de produção e de suas características básicas, é preciso levar
em conta a esfera comunicativa a que pertence, pois ela determinará os espaços sociais
que podem ou não ser ocupados por seus interlocutores.
Diante da perspectiva apresentada, questionamos como poderíamos viabilizar
isso na escola e, então, concluiu-se, no projeto de pesquisa, observar, nas práticas
pedagógicas em textos de diferentes gêneros discursivos, aspectos relativos:
ao contexto de produção - autor/enunciador, destinatário/interlocutor,
finalidade, época e local de publicação e de circulação;
ao conteúdo temático - ideologicamente conformado - temas
avaliativamente manifestados por meio dos gêneros, explorando-se,
assim, sobretudo na leitura, para além decodificação, a predição,
inferência, críticas, criação de situações-problema, emoções suscitadas
etc.;
à construção, forma composicional – elementos de estrutura
comunicativa e de significação e
às marcas linguístico-enunciativas - de regularidade na construção
composicional e linguística do gênero, veiculadas, dentre outras, pela
expressividade do locutor (BARBOSA, 2003; ROJO, 2005).
Mobilizamos as concepções sobre gêneros e de transposição didática ao Projeto
de Trabalho Docente de Gasparin (2002), publicado como Anexo 1 de sua obra,
elaborado em uma perspectiva sócio-histórica, oriundo dos estudos vygotskynianos1. O
quadro abaixo apresenta uma síntese da proposta:
1 Para elaborar as dimensões do aprendizado escolar, Vygotsky (1988 p. 97) descreveu o conceito de Zona
de desenvolvimento proximal, “distância entre o nível de desenvolvimento real (...) e o nível de
desenvolvimento potencial”, sendo aquele o definidor das funções mentais já amadurecidas, e este
daquelas que “ainda não amadurecerem, mas que estão em processo de maturação” e que podem alcançá-
la, se estimuladas por um mediador.
4
PRÁTICA
(zona de
desenvolvimento
real)
TEORIA
(zona de desenvolvimento proximal)
PRÁTICA
(zona de
desenvolvimento
potencial)
Prática social
inicial do
conteúdo
Problematização Instrumentalização Catarse Prática social
Final do
conteúdo
1) Apresentação
do conteúdo;
2) Vivência
cotidiana do
conteúdo:
a) O que o aluno
já sabe: visão da
totalidade
empírica.
Mobilização.
b) Desafio: o que
gostaria de saber
a mais?
1) Identificação
e discussão
sobre os
principais
problemas
postos pela
prática social e
pelo conteúdo.
2) Dimensões
do conteúdo a
serem
trabalhadas.
1) Ações docentes
e discentes para
construção do
conhecimento.
Relação aluno x
objeto do
conhecimento
através da
mediação docente.
2) Recursos
humanos e
materiais.
1)
Elaboração
teórica da
síntese, da
nova postura
mental.
Construção
da nova
totalidade
concreta.
2) Expressão
da síntese.
Avaliação:
deve atender
às
dimensões
trabalhadas e
aos
objetivos.
1) Intenções do
aluno.
Manifestação da
nova postura
prática, da nova
atitude sobre o
conteúdo e da
nova forma de
agir.
2)Ações do
aluno.
Nova prática
social do
conteúdo
Conforme Gasparin (2002), esses passos pedagógicos constituem um todo
indissociável e dinâmico, em que cada fase interpenetra as demais. Observamos,
portanto, um trabalho dos conteúdos de forma contextualizada, o qual exige a atuação do
professor enquanto mediador de todo o processo.
Assim, após essa breve apresentação da perspectiva teórica em que este trabalho
se insere, passamos às considerações a respeito do gênero bula de remédio.
2 Conhecendo a bula de remédio
Ao se caracterizar como um texto concreto que encontramos em nosso cotidiano,
além de ter como interlocutores pessoas de áreas específicas da saúde, a bula de remédio
é um gênero cuja leitura pode ser feita por qualquer cidadão, provavelmente, quando este
necessitar de orientações para usar corretamente um medicamento, para cessar ou
amenizar uma dor ou mal-estar. Porém, muitas vezes, para este interlocutor, é impossível
a total compreensão das orientações e informações disponibilizadas nas bulas, devido ao
volume de dados, à linguagem técnica (em virtude de ser, também, encaminhada ao
leitor especializado) e ao tamanho reduzido das letras.
5
Conforme Carvalho et al (2002), há dois tipos de leitores para as bulas de
remédio: o leitor leigo (paciente) e o leitor técnico (profissional da saúde). Para o autor,
aos pacientes, as informações disponibilizadas nas bulas são quase sempre
incompreensíveis e, para os profissionais da saúde, as informações técnicas são
insuficientes.
Com o objetivo de atender a essas necessidades distintas de informações, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Ministério da Saúde determinou a
reformulação dos textos de bulas de medicamentos, cujas regras estão dispostas na
resolução nº140 de 29 de maio de 2003. Esta resolução obriga os laboratórios a
prepararem dois tipos de bulas: uma voltada para o consumidor, com linguagem mais
simples e letras maiores, adquiridas junto ao medicamento, no ato da compra, e uma bula
voltada para o profissional da saúde, com informações técnico-científicas. Não obstante,
ainda são encontradas, nas farmácias, bulas que fogem ao padrão exigido. Tal resolução
está sendo revista em função de facilitar o entendimento para os consumidores e o
gerenciamento das informações sobre os medicamentos registrados pela Anvisa
(ZULINO, 2007).
Dessa forma, em nosso estudo, selecionamos algumas bulas de variados
medicamentos (para problemas de dor, digestão, pressão arterial, gripe, falta de sono
etc.) e observamos nas regularidades no processo de construção do gênero, o objetivo de
orientar o leitor quanto ao uso e ainda, de indicar, identificar e expor informações.
Para exemplificarmos tal constatação, escolhemos a bula do medicamento
Tylenol, que abordamos a seguir.
3 A bula do Tylenol
A escolha do texto para análise da bula do medicamento Tylenol (Anexo), dentre
outras, deve-se ao fato de ela possuir uma linguagem simples, direcionada ao leitor leigo
(paciente). Trata-se, ainda, de um remédio que não precisa de prescrição médica, tendo
como princípio ativo o paracetamol (fármaco usado no tratamento da dor moderada
inflamatória), um dos mais conhecidos e consumidos, não só no Brasil, mas também em
outros países, como, por exemplo, Estados Unidos, Portugal e Reino Unido.
Segundo Tavares (2001), médico e professor do Departamento de Clínica Médica
da (UFMG),
o paracetamol é a medicação mais indicada para o tratamento dos sintomas da
dengue (febre, mal estar e dores musculares), uma vez que, outros
analgésicos e antitérmicos, principalmente que contenham ácido acetil
salicílico ou aspirina, aumentam as chances de hemorragia nos casos de
dengue e deve ser evitados.
A bula em pauta é um impresso de 2005, que acompanha o medicamento Tylenol
(paracetamol). O medicamento é um analgésico e antitérmico, usado para aliviar a dor e
prevenir ou reduzir a febre, respectivamente.
O medicamento tem como farmacêutico responsável Roberto Araki e é fabricado
pelo laboratório Janssen – Cilag Farmacêutica LTDA., uma divisão farmacêutica da
Johnson & Johnson, a maior empresa do mundo na fabricação de produtos para cuidados
com a saúde.
De acordo com o Bulário Eletrônico da Anvisa (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2007), a estrutura do texto da bula de remédio, direcionada ao paciente, está dividida
em três partes: identificação do medicamento, informações ao paciente e dizeres legais.
Na bula do medicamento Tylenol, encontramos a seguinte estrutura (construção
6
composicional do gênero): a) na identificação do medicamento é denominado o nome de
marca (Tylenol), o nome do princípio ativo (paracetamol), que é a substância que age no
organismo, a forma farmacêutica e a apresentação, além de a maneira como o remédio é
produzido e se apresenta (comprimidos de 500 mg em embalagem contendo 200
comprimidos/comprimidos revestidos de 750 mg em embalagens contendo 20 ou 200
comprimidos); b) nas informações ao paciente, são disponibilizadas orientações sobre a
ação do medicamento, como ele funciona e como atua no organismo. Aborda-se,
também, para que e para quem o medicamento é indicado e, ainda, apresenta frases de
alerta; c) nos dizeres legais, é apresentado o número do registro no Ministério da Saúde,
o nome e o número no Conselho Regional de Farmácia (CRF) do farmacêutico
responsável, o nome da empresa fabricante, o telefone do Serviço de Atendimento ao
Cliente (SAC) e o site do Tylenol.
Traçadas as regularidades e as características do gênero, apresentamos, na
próxima seção, uma análise do gênero em pauta.
4 Análise da construção composicional e dos aspectos linguístico-enunciativos da
bula
Ao analisarmos a bula do medicamento Tylenol, observamos que, na primeira
parte, o autor apresenta a marca (Tylenol), que é o nome fantasia pelo qual se compra o
remédio nas farmácias. Em seguida, escrito com letras minúsculas, vem o princípio
ativo - a substância contida no medicamento que age no organismo e é responsável pelo
seu efeito.
A forma farmacêutica e apresentação referem-se ao aspecto em que os
medicamentos são produzidos: na aparência de “comprimidos de 500mg em embalagem
com 200comprimidos/comprimidos revestidos de 750mg em embalagens com 20 ou 200
comprimidos.” Na composição, são informadas quais as substâncias presentes no
medicamento. Vale lembrar que, em algumas bulas, deixa-se o leitor ciente, também,
além dos componentes, da quantidade em que estes se apresentam.
Em seguida, o enunciador, ao fornecer informações ao paciente (objetivo do
medicamento), utiliza perguntas (interlocução direta) e respostas, certamente para
facilitar a compreensão do leitor, esclarecendo suas possíveis dúvidas, como podemos
observar abaixo:
Informações ao paciente
COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
TYLENOL® reduz a febre atuando no centro regulador da temperatura no Sistema
Nervoso Central (SNC) e diminui a sensibilidade para a dor.
POR QUE ESTE MEDICAMENTO FOI INDICADO?
TYLENOL® é indicado em adultos para a redução da febre e para o alívio temporário
de dores leves a moderadas, tais como: dores associadas a gripes e resfriados comuns, dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores musculares, dores associadas
a artrites e cólicas menstruais.
Ademais, observamos a presença dos adjetivos “leves” e “moderadas”,
fundamentais em termos de relativização do efeito (temporário) e da eficácia do
medicamento para alguns sintomas.
Nas contra-indicações do medicamento, encontramos:
Contra-indicações
QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
Contra-indicações
7
Você não deve tomar TYLENOL® se tiver hipersensibilidade (alergia) ao paracetamol
ou aos outros componentes da fórmula.
Advertências
Você não deve tomar mais do que a dose recomendada (superdose) para provocar
maior alívio, pois pode causar sérios problemas de saúde.
Você não deve usar o medicamento para dor por mais de 10 dias ou para febre por
mais de 3 dias, exceto sob orientação médica.
Você deve consultar seu médico se a dor ou febre continuarem ou piorarem, se
surgirem novos sintomas ou se aparecerem vermelhidão ou edema, pois estes sintomas podem ser sinais de doenças graves.
Se você toma 3 ou mais doses de bebidas alcoólicas todos os dias, deve consultar seu
médico se pode tomar TYLENOL® ou qualquer outro analgésico. Usuários crônicos de
bebidas alcoólicas podem apresentar um risco aumentado de doença do fígado se
tomarem uma dose maior que a dose recomendada (superdose) de TYLENOL®. O
paracetamol pode causar lesão ao fígado.
No processo de interlocução direta, temos: o uso de perguntas; do pronome você;
do verbo modalizador de obrigação, dever, e de possibilidade, poder; de operadores
argumentativos; de adjetivos e de comparativos. As informações - contra-indicações -
são salientadas ao consumidor, e o verbo dever, precedido pelo pronome você, transmite
a ideia de modo imperativo. Nesse sentido, o enunciador (fabricante/laboratório) recorre
sempre, de forma excessiva (mas talvez necessária, pois é explícita),ao emprego da
prescrição/obrigatoriedade, numa atitude imperativa, na enunciação, usando as
expressões: você não deve e você deve. Ainda, observa-se que a presença dos operadores
articulam argumentativamente os enunciados.
Pode-se notar que o sujeito, fabricante/laboratório, prescreve: “você não deve
tomar”, mas justifica/explica “pois pode causar sérios problemas à saúde”. Aqui,
percebe-se o emprego do modalizador, apontando possibilidade (o cuidadoso verbo
poder), além do adjetivo sérios, que intensifica/enfatiza o processo de enunciação. Além
disso, com o emprego do operador argumentativo se, são levantadas hipóteses e, a partir
delas, a indicação é para que se procure um médico.
Há frequência, como visto, de uso dos verbos modalizadores dever e poder, os
quais normalmente aparecem nas bulas de remédio, porém, não necessariamente nesta
quantidade. Também é constante a presença do operador argumentativo ou, que aparece
cinco vezes (com função de introduzir mais uma alternativa, seja entre expressões
lexicais, no mesmo período, seja entre períodos diferentes). Há, ainda, a preocupação
com o excesso do possível consumidor em relação à dosagem. Por isso, o emprego do
comparativo (mais/maior).
Gravidez e amamentação Em casos de uso por mulheres grávidas ou amamentando, a administração deve ser
feita por períodos curtos.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.TYLENOL® 500 mg: Atenção: Este medicamento contém
Açúcar (amido), portanto, deve ser usado com cautela em portadores de Diabetes. Não
use outro produto que contenha paracetamol.
A frase de alerta “Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas
sem orientação médica ou do cirurgião-dentista” aparece em destaque, para obedecer
aos padrões exigidos pela resolução nº. 140, que estabelece regras das bulas de
remédios para pacientes e profissionais da saúde. Atenta-se, inclusive, ao uso do
imperativo, também seguido pelo verbo usar. Aparece, novamente, uma marca de
linguagem da bula: o operador (alternativo) ou. O vocábulo atenção aponta para a
8
existência de amido no produto e o operador argumentativo, portanto marca uma relação
de conclusão /consequência ao enunciado anterior.
Na indicação das precauções, observamos que o autor (fabricante/ laboratório)
lança mão dos operadores argumentativos se e mas, empregando, mais uma vez, o verbo
poder e o intensificador mais. Com o uso do operador argumentativo se, o enunciador
estabelece uma condição para a absorção mais rápida e, com o operador mas, ele faz a
contraposição em relação ao uso de alimentos, antes de se tomar o remédio: velocidade
(afetada) x quantidade (não afetada), conforme a leitura abaixo:
Precauções
A absorção de TYLENOL® é mais rápida se você estiver em jejum. Os alimentos podem
afetar a velocidade da absorção, mas não a quantidade absorvida do medicamento.
O emprego da interlocução direta, de condicionais, dos verbos dever e poder, de
adjetivos precisos na enunciação continua:
Interações medicamentosas
A interferência do paracetamol na metabolização de outros medicamentos e a
influência destes medicamentos na ação e na toxicidade do paracetamol não são
relevantes. Este medicamento é contra-indicado em crianças menores de 12 anos. Informe ao
médico ou cirurgião-dentista o aparecimento de reações indesejáveis.
COMO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
Aspecto físico
Comprimidos ovalados de cor branca.
Características Organolépticas
Não se aplica.
Dosagem
Adultos e crianças de 12 anos ou mais: As doses de paracetamol para adultos e
crianças de 12 anos ou mais variam de 500 a 1000 mg/dose com intervalos de 4 a 6
horas entre cada uso. Não exceda o total de 4 g em 24 horas. TYLENOL® 500 mg: 1 a 2 comprimidos, 3 a 4 vezes ao dia. Não exceda 8
comprimidos, em doses fracionadas, em um período de 24 horas.
TYLENOL® 750 mg: 1 comprimido, 3 a 5 vezes ao dia. Não exceda 5 comprimidos, em
doses fracionadas, em um período de 24 horas.
Como usar
Você deve tomar os comprimidos com líquido.
TYLENOL® 750 mg: Este medicamento não pode ser partido ou mastigado.Siga
corretamente o modo de usar. Não desaparecendo os sintomas, procure orientação
médica ou de seu cirurgião-dentista.Não use o medicamento com prazo de validade
vencido. Antes de usar observe o aspecto do medicamento.
QUAIS OS MALES QUE ESTE MEDICAMENTO PODE CAUSAR?
Este medicamento pode causar algumas reações desagradáveis inesperadas. Caso você tenha uma reação alérgica, deve parar de tomar o medicamento.
O QUE FAZER SE ALGUÉM USAR UMA GRANDE QUANTIDADE DESTE
MEDICAMENTO DE UMA SÓ VEZ?
Se você tomar uma dose muito grande deste medicamento acidentalmente, deve
procurar um médico ou um centro de intoxicação imediatamente. O apoio médico
imediato é fundamental para adultos e crianças, mesmo se os sinais e sintomas de
intoxicação não estiverem presentes.
Aparecem, também, na bula, os advérbios modais acidentalmente e
imediatamente e o uso da concessiva mesmo se (uma ideia de oposição, em termos de
suposição, ao enunciado anterior: o apoio médico é fundamental ao sujeito consumidor,
mesmo se/ mesmo que os sintomas não aparecerem - em caso de superdosagem).
Segundo Carvalho et al. (2002), geralmente as bulas se dirigem a um modelo de
leitor com domínio do padrão formal culto e conhecedor da terminologia científica -
9
leitor técnico - (com complexidade lexical, períodos longos, construções impessoais, uso
de hiperônimos etc.). Entretanto, observamos que as marcas linguísticas mais relevantes
da bula do medicamento em pauta são: a ideia de imperativo (prescrição), com o uso do
pronome você mais o verbo modalizador de obrigatoriedade dever (você deve; você não
deve); a presença de interlocução direta (com o emprego do pronome você e de
perguntas nas informações ao paciente), de modalizadores, de alguns operadores
argumentativos, de adjetivos e de períodos, em geral, não longos. Tal nos leva a afirmar
que a bula em foco, talvez devido ao grande número de usuários de variadas classes
sociais, é construído em uma linguagem mais acessível, buscando aproximar-se do leitor.
Assim, a partir desse estudo, elaboramos uma proposta com sugestões de
atividades para o trabalho, em sala de aula, com o gênero bula de remédio.
5 Uma abordagem em sala de aula para o gênero ‘bula de remédio’
Ao assumirmos uma concepção de linguagem como meio de interação social e
entendermos que as práticas sociais de linguagem se materializam em gêneros,
acreditamos que o aluno precisa ser exposto a diferentes situações de produção de
linguagem, a partir do trabalho integrado de leitura, escrita e análise linguística.
Contudo, no caso do gênero em tela, cremos que a sua produção textual não seja viável
em situações de sala de aula, já que pertence especificamente a uma esfera da área da
saúde. Assim, ancoramo-nos em Lopes-Rossi (2002, p. 31), ao afirmar que “A leitura de
gêneros discursivos na escola não pressupõe sempre a produção escrita”.
Dessa forma, propomos, aqui, algumas sugestões didáticas, relativas ao gênero
bula de remédio, a serem trabalhadas em sala de aula, do Ensino Fundamental.
Adotamos, aqui, a proposta de Perfeito (2005), ao dividirmos o encaminhamento de
apenas um texto do gênero bula de remédio em “contexto de produção”, “conteúdo
temático”, “construção composicional (organização ou arranjo textual)” e “marcas
lingüísticas e enunciativas”.
Salientamos que nosso objetivo não é apresentar receitas ou modelos, mas
contribuir para o processo de ensino e aprendizagem da língua, sob a perspectiva da
teoria enunciativa de Bakhtin. Dessa maneira, a aplicação da proposta em sala de aula
dependerá de diversos fatores, como a vivência dos alunos, a motivação, o objetivo do
professor etc., por isso, a este, caberá realizar as adaptações que forem necessárias, além
da definição da abordagem adotada, ou de um plano de trabalho docente, conforme
Gasparin (2002).
Devido ao fato de, no projeto “Escrita e ensino gramatical: um novo olhar para
um velho problema”, voltarmos nossa atenção, mais especificamente, para a análise
linguística, apontamos várias atividades possíveis de reflexão sobre a língua, que
também poderão ser selecionadas, de acordo com os fatores mencionados acima.
É importante observar que esta primeira abordagem do gênero bula pode ser
levada a efeito de maneira oral ou escrita, sempre de modo interativo, com a mediação
do professor entre o sujeito e o objeto de estudo.
I Prática Social Inicial
1 Anúncio dos conteúdos
- O gênero bula de remédio;
- A bula do medicamento Tylenol;
- Características da bula do Tylenol;
10
- Organização textual da bula do Tylenol;
- Marcas linguísticas que contribuem para a construção de efeitos de sentido da bula do
Tylenol.
2 Vivência cotidiana dos conteúdos: Contexto de produção da bula do Tylenol
a) Você sabe o que significa o vocábulo “bula”?
b) Você já leu ou já presenciou alguém da sua família lendo uma bula de remédio? Em
que circunstâncias essa leitura ocorreu?
c) Em pequenos grupos, vamos dar uma olhada nas bulas de medicamentos diversos que
o professor e vocês trouxeram de casa.
- Conclua: qual é a função das bulas?
- Como você reconhece uma bula de remédio?
d) Quem escreve uma bula de remédio?
e) O tipo de linguagem utilizado nas bulas consultadas é parecido ou não? Por quê?
f) Agora vamos ler uma bula específica, a do medicamento Tylenol. Você já utilizou esse
medicamento? Por quê?
g) A quem se destina a bula desse medicamento? Comprove sua resposta com
informações do texto.
h) Qual é o objetivo específico desse texto?
i) Como é feita a identificação desse medicamento?
j) Você compreendeu todas as palavras que constam nessa bula? Por quê? De onde vêm
essas palavras? Por que elas aparecem na bula? Elas dificultam o entendimento do texto
ou das informações que o paciente precisa?
k) Das informações que constam nessa bula, quais seriam mais úteis para um médico?
Por quê?
l) Quais seriam mais úteis para um paciente? Justifique a sua resposta.
II Problematização
1 Dimensão conceitual
- Vamos pesquisar o vocábulo “bula” no dicionário, para compreendermos seu
significado?
2 Dimensão social
- Justifique a criação desse gênero discursivo em nossa sociedade e sua importância para
as pessoas.
3 Dimensão política
- Como a problemática da dificuldade na compreensão do texto da bula por parte de
leitores leigos poderia ser resolvida?
- Todas as bulas são difíceis para a compreensão de uma pessoa leiga?
III Instrumentalização
1 Atividades que abordam o conteúdo temático
a) Será que podemos observar uma temática definida nas bulas de remédio? Como? Em
que parte do texto ela aparece?
b) Essa temática é igual para todas as bulas, ou depende de cada medicamento? Por quê?
c) Qual seria a temática da bula do Tylenol? Como você chegou a essa resposta?
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2 Atividades sobre a construção composicional (arranjo, organização textual) do gênero
a) As bulas que você viu possuem semelhança quanto à organização textual? Qual (is)?
Por quê?
b) Há diferenças na organização textual das bulas? Qual(is)?
c) Quais são as partes em que se divide a bula do medicamento Tylenol?
d) De que forma são organizadas as “Informações ao Paciente”? Por que se organizam
assim?
3 Atividades que contemplam as marcas linguísticas e enunciativas (dimensão verbal)
a) Período é a frase constituída por uma ou mais orações. Oração é o enunciado que se
organiza ao redor de um verbo (ou de uma locução verbal). Agora, observe as
pontuações empregadas na bula. Existe a predominância de períodos longos ou curtos?
Por quê?
b) Adjetivo é a palavra que caracteriza o substantivo ou qualquer palavra com valor de
substantivo, indicando-lhe atributo, estado, modo de ser ou aspecto. Por exemplo: Ela é
uma menina bonita. A palavra “bonita” é um adjetivo, pois traz uma característica da
“menina” (substantivo). Em TYLENOL® é indicado em adultos para a redução da febre e para o
alívio temporário de dores leves a moderadas, qual o efeito de sentido produzido pelos adjetivos
“leves” e “moderadas”?
c) Pronome é a palavra que representa ou acompanha o substantivo, indicando-o como
pessoa do discurso (aquela que fala; aquela com quem se fala; aquela de quem se fala) ou
situando-o no espaço e no tempo. Neste momento, vamos nos ater a um tipo de pronome,
denominado pronome de tratamento, que se refere à pessoa a quem se fala. Releia as
“contra-indicações” e “advertências” do Tylenol e responda: de que maneira o
fabricante/laboratório se dirige aos leitores da bula? Pela gramática, ele emprega o
pronome de tratamento você. Discuta com seu professor e colegas qual a origem desse
pronome. E como é empregado atualmente no país. E, consequentemente, qual o objetivo
de seu emprego nesta bula.
d) Verbos são palavras que conjugamos - mudamos de pessoa - (exemplo: verbo ter – eu
tenho, , você tem, ele tem, nós temos etc.), as quais indicam tempo (exemplo: presente
> eu tenho, – futuro > eu terei; passado >eu tive / eu tinha) e modo (certeza > eu tenho;
– incerteza, possibilidade > que eu tenha, se eu tivesse; - apelo, sugestão, mando >
tenha, tenham). Qual é o modo verbal predominante nas contra-indicações e
advertências? Por quê? Quais os verbos presentes? Você acha que a repetição desses
verbos é necessária? Justifique.
e) Após as prescrições em que esses verbos aparecem, ou seja, depois de o autor dizer o
que seu interlocutor “deve” ou “não deve” fazer, existe alguma explicação ou
justificativa? Por quê? Se existir, há algum elemento que a introduz? Qual?
f) Explique o efeito de sentido produzido com a utilização do verbo modalizador (que
indica a atitude de quem fala / escreve no seu dizer) “poder”, nas advertências
apresentadas.
g) Releia a primeira advertência e responda:
- O fabricante/laboratório não poderia ter escrito apenas “pode causar problemas
de saúde”? Por que utilizou o adjetivo “sérios”?
- Explique o que os comparativos “mais do que” e “maior” querem enfatizar.
h) Em Você deve consultar seu médico se a dor ou febre continuarem ou piorarem, se surgirem novos
sintomas ou se aparecerem vermelhidão ou edema, pois estes sintomas podem ser sinais de doenças
graves, o que indicam os elementos sublinhados?
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i) Operadores argumentativos são elementos que orientam a argumentação e mostram
sua força dentro do texto. A partir desse conceito, observe a terceira advertência. Por que
há repetição do operador argumentativo “ou”?
j) A parte destacada contém um alerta: Atenção: Este medicamento contém Açúcar (amido),
portanto, deve ser usado com cautela em portadores de Diabetes. Para o que aponta o vocábulo
“atenção”? O que indica o operador argumentativo “portanto”?
k) Explique o empregodos operadores argumentativos “se” e “mas” na indicação das
precauções.
l) Elenque quais dos elementos analisados anteriormente se repetem no restante da bula e
explique o motivo dessa repetição.
m) Releia: Se você tomar uma dose muito grande deste medicamento acidentalmente, deve procurar um
médico ou um centro de intoxicação imediatamente. O apoio médico imediato é fundamental para adultos
e crianças, mesmo se os sinais e sintomas de intoxicação não estiverem presentes.
- Explique o efeito de sentido produzido pelos advérbios “acidentalmente” e
“imediatamente”, sabendo que advérbio é a palavra que modifica o verbo, exprimindo
determinada circunstância, como tempo, lugar, modo etc.
- Qual o efeito de sentido no uso do operador argumentativo “mesmo se”.
IV Catarse
Agora sintetize o que você aprendeu, respondendo às questões abaixo:
a) O que é bula? (abordagem conceitual)
b) Qual é a função da bula na sociedade? Qual é a função específica da bula do
medicamento Tylenol? (abordagem social)
c) Por que é preciso que as pessas compreendam o texto da bula? O texto da bula do
medicamento Tylenol tem uma compreensão fácil ou difícil? Justifique. (abordagem
política/social)
d) Como é a organização textual da bula do Tylenol? (dimensão verbal)
e) Qual o efeito de sentido provocado pelo uso de adjetivos na bula do Tylenol?
(dimensão verbal)
e) Qual modo verbal se repete nas contra-indicações e advertências da bula analisada?
Por quê? (dimensão verbal)
f) De que maneira o fabricante se dirige aos leitores da bula? Qual é o pronome de
tratamento utilizado? Por quê? (dimensão verbal)
V Prática Social Final
- Após o estudo com o gênero discursivo bula de remédio, vamos, juntos, sistematizar
nossas intenções e propostas de ação que farmos com os conteúdos aqui apreendidos.
Sugestões:
1 - Não tomar medicamentos sem prescrição médica;
2 – Dar a devida importância à leitura de bulas de remédio, reconhecendo-a como um
gênero discursivo que circula na sociedade;
3 – Buscar as informações necessárias nos locais específicos da bula;
4 – Procurar ajuda de uma pessoa da área da saúde para compreender termos específicos;
5 – Reconhecer elementos linguísticos na bula de remédio e compreender seus efeitos de
sentido;
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6- Desenvolver capacidades linguístico-discursivas no processo de ensino-aprendizagem
da língua materna.
Considerações finais
De acordo com Barbosa (2000, p. 158), trabalhar com diferentes gêneros do
discurso contribui para “o desenvolvimento das capacidades discursivas” do aluno e
permite ao docente a determinação de critérios que propiciem a intervenção eficaz no
processo de ensino e aprendizagem da língua.
Nessa perspectiva, apresentamos uma proposta teórico-prática com o gênero bula,
foco deste estudo. Assim, buscamos contribuir para a perspectiva que aponta os gêneros
discursivos como eixo de progressão e de articulação curricular, além de propiciar, aos
professores do Ensino Fundamental, parâmetros de elaboração de trabalhos que abordem
a gramática de forma contextualizada, produzindo efeitos de sentido no processo de
leitura.
A abordagem, com análise e uma possibilidade de transposição didática, insere-
se dentre outros trabalhos desenvolvidos no projeto de pesquisa relatado, com o intuito
de contextualizar a análise linguística às práticas pedagógicas de leitura e de produção
textual, consoante já posto.
Nesse sentido, mobilizamos, no projeto, textos dos seguintes gêneros: biografia,
narrativa com mitos, comunicado, notícia, editorial, artigo de opinião, crônica infantil,
carta do leitor, manual-etiqueta. Todos veiculados em publicações diversas, que serão
disponibilizados, em breve, conjuntamente em uma obra.
Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAKHTIN, M.; VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem. 6 ed. São
Paulo: Hucitec, 1992.
BARBOSA J. P. Receita (Coleção trabalhando com os gêneros do discurso: instruir).
São Paulo: FTD, 2003.
______. Do professor suposto pelos PCNs ao professor real de língua portuguesa:são os
PCNs praticáveis? In: ROJO, Roxane (org). A prática da linguagem em sala de aula:
praticando os PCNs. São Paulo: EDUC, 2000, p.149-184.
CARVALHO, Maurício Brito de ; FERREIRA, Lucia M. A. ; ORRICO, Evelyn
Goyannes Dill . Um gênero discursivo legalmente constituído?. In: II Congresso
Internacional da Abralin, 2002, Fortaleza. Anais do II Congresso Internacional da
Abralin, 2001. v. 1. Disponível em
<http://saudetodavida.com/arquivos/analise_bulas.pdf>. Acesso em 12/6/2008, p. 1-6.
FARACO, C. A. Linguagem & Diálogo. As idéias lingüísticas do círculo de Bakhtin.
Curitiba: Edições Criar, 2003.
14
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedadogia histórico-crítica. Campinas:
Autores Associados, 2002.
GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: GERALDI, J. W.
O texto na sala de aula; leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1984, p.41-49.
LOPES-ROSSI, M.A.G. O desenvolvimento de habilidades de leitura e de produção de
textos a partir de gêneros discursivos. In: LOPES-ROSSI, M.A.G.(org.).Gêneros
discursivos no ensino de leitura e produção de textos.Taubaté:Cabral Editora e
Livraria Universitária, 2002, p.19-40.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Bulário eletrônico da Anvisa. Disponível em
<http://bulario.bvs.br/index.php?action+sobre>. Acesso em 05 fev. 2007.
ROJO, R. Gêneros do discurso e gêneros textuais: questões teóricas e aplicadas. In:
Gêneros: teorias, métodos e debates. Meurer, J. L.; Bonini, A; Motta-Roth, D. (orgs.).
São Paulo: Parábola Editorial, 2005. p. 184-207.
TAVARES, A. de P. Dengue e febre amarela. [2001]. Disponível em
<http://boasaude.uol.com.br/eve/chathistorybody.cfm?eventid=54>. Acesso em 02 jun.
2007.
ZULINO, P. Anvisa quer padronizar os remédios. Agência Estado - 01/06/07.
Disponível em
<http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/estado/2007/06/01/ult4513u144.jhtm>. Acesso
em 02 jun. 2007.
ANEXO
TYLENOL®
paracetamol Comprimidos
Analgésico e antitérmico
IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
FORMAS FARMACÊUTICAS E APRESENTAÇÕES
Comprimidos de 500 mg em embalagem contendo 200 comprimidos.
Comprimidos revestidos de 750 mg em embalagens contendo 20 ou 200 comprimidos.
USO ADULTO
USO ORAL
COMPOSIÇÃO
Tylenol® 500 mg:
Cada comprimido contém 500 mg de paracetamol.
Excipientes: amido, celulose microcristalina, dioctilsulfosuccinato de sódio, estearato de
cálcio e metabissulfito de sódio.
Tylenol® 750 mg:
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Cada comprimido revestido contém 750 mg de paracetamol.
Excipientes: carboximetilcelulose sódica, celulose microcristalina, dioctilsulfosuccinato
de sódio, estearato de magnésio, hipromelose, macrogol e povidona.
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
TYLENOL® reduz a febre atuando no centro regulador da temperatura no Sistema
Nervoso Central (SNC) e diminui a sensibilidade para a dor.
POR QUE ESTE MEDICAMENTO FOI INDICADO?
TYLENOL® é indicado em adultos para a redução da febre e para o alívio temporário
de dores leves a moderadas, tais como: dores associadas a gripes e resfriados comuns,
dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores musculares, dores associadas a artrites
e cólicas menstruais.
QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
Contra-indicações]
Você não deve tomar TYLENOL® se tiver hipersensibilidade (alergia) ao paracetamol
ou aos outros componentes da fórmula.
Advertências
Você não deve tomar mais do que a dose recomendada (superdose) para provocar maior
alívio, pois pode causar sérios problemas de saúde.
Você não deve usar o medicamento para dor por mais de 10 dias ou para febre por mais
de 3 dias, exceto sob orientação médica.
Você deve consultar seu médico se a dor ou febre continuarem ou piorarem, se surgirem
novos sintomas ou se aparecerem vermelhidão ou edema, pois estes sintomas podem ser
sinais de doenças graves.
Se você toma 3 ou mais doses de bebidas alcoólicas todos os dias, deve consultar seu
médico se pode tomar TYLENOL® ou qualquer outro analgésico. Usuários crônicos de
bebidas alcoólicas podem apresentar um risco aumentado de doença do fígado se
tomarem uma dose maior que a dose recomendada (superdose) de TYLENOL®. O
paracetamol pode causar lesão ao fígado.
Gravidez e amamentação
Em casos de uso por mulheres grávidas ou amamentando, a administração deve ser feita
por períodos curtos.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação
médica ou do cirurgião-dentista.TYLENOL® 500 mg: Atenção: Este medicamento
contém Açúcar (amido), portanto, deve ser usado com cautela em portadores de
Diabetes.Não use outro produto que contenha paracetamol.
Precauções
A absorção de TYLENOL® é mais rápida se você estiver em jejum. Os alimentos
podem afetar a velocidade da absorção mas não a quantidade absorvida do medicamento.
Interações medicamentosas
A interferência do paracetamol na metabolização de outros medicamentos e a influência
destes medicamentos na ação e na toxicidade do paracetamol não são relevantes.
Este medicamento é contra-indicado em crianças menores de 12 anos.Informe ao
médico ou cirurgião-dentista o aparecimento de reações indesejáveis.
COMO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
Aspecto físico
Comprimidos ovalados de cor branca.
Características Organolépticas
Não se aplica.
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Dosagem
Adultos e crianças de 12 anos ou mais: As doses de paracetamol para adultos e
crianças de 12 anos ou mais variam de 500 a 1000 mg/dose com intervalos de 4 a 6 horas
entre cada uso. Não exceda o total de 4 g em 24 horas.
TYLENOL® 500 mg: 1 a 2 comprimidos, 3 a 4 vezes ao dia. Não exceda 8
comprimidos, em doses fracionadas, em um período de 24 horas.
TYLENOL® 750 mg: 1 comprimido, 3 a 5 vezes ao dia. Não exceda 5 comprimidos, em
doses fracionadas, em um período de 24 horas.
Como usar
Você deve tomar os comprimidos com líquido.
TYLENOL® 750 mg: Este medicamento não pode ser partido ou mastigado. Siga
corretamente o modo de usar. Não desaparecendo os sintomas, procure orientação
médica ou de seu cirurgião-dentista.Não use o medicamento com prazo de validade
vencido. Antes de usar observe o aspecto do medicamento.
QUAIS OS MALES QUE ESTE MEDICAMENTO PODE CAUSAR?
Este medicamento pode causar algumas reações desagradáveis inesperadas. Caso você
tenha uma reação alérgica, deve parar de tomar o medicamento.
O QUE FAZER SE ALGUÉM USAR UMA GRANDE QUANTIDADE DESTE
MEDICAMENTO DE UMA SÓ VEZ?
Se você tomar uma dose muito grande deste medicamento acidentalmente, deve procurar
um médico ou um centro de intoxicação imediatamente. O apoio médico imediato é
fundamental para adultos e crianças, mesmo se os sinais e sintomas de intoxicação não
estiverem presentes.
ONDE E COMO DEVO GUARDAR ESTE MEDICAMENTO?
Você deve conservar TYLENOL® em temperatura ambiente (entre 15°C e 30°C),
protegido da luz e da umidade.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS
CRIANÇAS.
DIZERES LEGAIS
MS-1.1236.3326
Farmacêutico responsável: Roberto Araki - CRF/SP-6177
Fabricado por:
JANSSEN-CILAG FARMACÊUTICA LTDA.
Rodovia Presidente Dutra, km 154 São José dos Campos-SP
CNPJ 51.780.468/0002-68 – Indústria Brasileira
®Marca Registrada
Lote, Data de Fabricação e Validade: Vide Cartucho.