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  • 8/14/2019 genero jornalistico nocao transmidiatica

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    Gnero jornalstico: uma noo transmiditica1

    Lia Seixas

    Universidade Federal da Bahia

    Costuma-se acreditar que uma mudana de mdia implica necessariamente umamudana de gnero discursivo. Entretanto, muitos produtos da atividade jornalstica revelam ocontrrio. Uma mesma entrevista pode ser publicada no impresso, veiculada pelo rdio,atualizada para a mdia digital e, se fora filmada, pode ser editada para a TV. O termoentrevista (ou programa de entrevista) reconhecido em qualquer uma das mdias. Ou seja, h

    algo em comum que os define pelo mesmo nome.A subsistncia desta crena encontra em vrias tradies e correntes de estudo, como a

    semitica e os estudos culturais. No campo jornalstico, um dos motivos a tradio deorganizao por mdia no mercado, quanto tipificao dos produtos, e na pesquisa, pois aanlise feita pelo critrio de mdia sem considerar o critrio do domnio do saber (da rea).Outro fator a m compreenso das noes de gnero, formato, quando se trata de estudos do jornalismo e, das noes mdia, dispositivo e suporte na comunicao. Um terceiro motivo,

    mais complexo, a dificuldade em se delimitar a real influncia do dispositivo na constituiode uma composio discursiva modelo como o gnero discursivo. Se a clebre frase deMouillaud, O dispositivo prepara para o sentido, verdadeira, correto dizer tambm queh uma grande distncia entre sentido e gnero. Em ltima instncia, afirmamos que ainfluncia da mdia na composio discursiva fato, mas no decisiva. A questo : em quenvel se d.

    Este artigo est, assim, estruturado em trs grandes partes, uma para cada motivo: 1)tradio por mdia ou domnio; 2) noes-chave: mdia, dispositivo e suporte; 3) influncia dodispositivo na composio discursiva.

    Tradio por mdia ou domnio

    1 Este artigo baseada em uma das afirmaes de sustentao da minha tese de doutorado Por uma outraclassificao, defendida em agosto de 2008. O trabalho ser apresentado na mesa coordenada Gnerosdiscursivos e mdia: mltiplos olhares no V SIGET em Caxias do Sul, agosto de 2009.

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    A pesquisa brasileira, principalmente em comunicao, incluindo-se portanto osestudos de jornalismo, trabalha o conceito de gnero por cada critrio em separado: ou por domnio (no caso dos estudos de jornalismo) ou por mdia (no caso dos estudos de gnerostelevisivos, no caso da semitica e dos estudos culturais em comunicao), mas no se pesquisa por mdia e domnio ao mesmo tempo. Enquanto a mdia considerada um critriode genericidade, o domnio colocado em segundo plano.Se acreditarmos que a diferenaentre as mdias , igualmente, uma diferena de gnero, no ser possvel falar emgneros jornalsticos ou gneros do domnio do jornalismo.S podem existir gneros jornalsticos se o domnio for determinante para a genericidade de tipos discursivos. Ascaractersticas da mdia devem ser relacionadas s condies de realizao da aocomunicativa para que se possa dizer, por exemplo, que a entrevista veiculada no impresso eno site jornalstico da rede um mesmo gnero da indstria jornalstica.

    O estudo separado por mdia gerou uma fatal ausncia de dilogo sobre os estudos degneros e, consequentemente, um nfimo avano na pesquisa desta noo. Fatal simplesmente porque, no caso dos gneros, instituiu, sem prvia discusso, as caractersticas das mdiascomo critrio para a definio da noo de gnero. Os grupos de pesquisa brasileiros,compostos por aqueles que estudam o impresso, aqueles que estudam a televiso ou aqueles

    que estudam o rdio, revelam uma imposio das diferentes gramticas das mdias analgicas.A semitica trabalha com gneros miditicos e gneros digitais, a lingustica com

    'gneros textuais', 'gneros digitais' e agora 'gneros discursivos', a comunicao e o jornalismo tratam de 'gneros digitais', 'gneros jornalsticos', 'gneros televisuais' e 'gnerosradiofnicos'. De similar, apenas a denominao 'gneros digitais'.

    REAS/TERMOS GNEROMIDITICO

    GNERODIGITAL

    GNEROTEXTUAL

    GNERODISCURSIVO

    GNEROJORNALSTICO

    GNEROTELEVISUAL

    GNERORADIOFNICO

    SEMITICALINGUSTICACOMUNICAO

    Para a Semitica, mais do que um fundamento, ponto de honra a afirmao de que arelao entre gneros e espcies se transforma pela combinatria de diferentes cdigosculturais. Considera ser possvel falar em gnero miditico, independente da mdia e dodomnio que a atravessa, da formao discursiva (Foucault, 1969) desse domnio. A

    lingustica, por outro lado, ao trabalhar com diversos domnios (inclusivo o acadmico, do

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    ensino de lnguas) e mdias, debate em que nvel o suporte influencia no gnero e vice-versa.O campo jornalstico nem sequer discute a relao entre gnero e mdia. Aqui, revelador destacar que os estudos da mdia impressa denominam os gneros de gneros jornalsticos,enquanto todos os outros estudos para radio, televiso ou mdia digital, trabalham com oadjetivo definidor da mdia, ou seja, gneros televisuais, gneros radiofnicos. A grade de umcanal televisivo tem gneros que no so produzidos pela atividade jornalstica e isto precisaser demarcado.

    Essa separao por mdia gerou uma ausncia de dilogo entre pesquisadores domesmo campo, influenciados pela adoo de metodologias que melhor explicassem ascaractersticas da mdia analisada. Os estudos sobre gneros televisuais tm hoje como

    metodologias a semiologia estruturalista (Stuart Hall), os Estudos Culturais e as teorias dainterao (Erving Goffman). Com a necessidade de resolver o problema da recepo e asexigncias dos mercados acadmico e profissional, era preciso compreender como os produtos televisuais eram determinados pela lgica da televiso, entendida como tecnologia eforma cultural. Neste campo, entende-se gnero apenas como estratgia de interao,estratgia de comunicabilidade ou modo de endereamento, na medida em que endereamentoconstitui o fato de o destinatrio fazer parte de todo e qualquer enunciado, propriedade

    'constitutiva e determinante' do gnero do discurso nas palavras de Bakhtin. Os fundamentosnos estudos dos gneros televisuais incluem as concepes de que: o processo comunicativodeve ser analisado como uma estrutura em dominncia, articulada por produo, circulao,distribuio/consumo e reproduo; h um sentido preferencial da mensagem construdo nacodificao, mas os sujeitos da recepo so ativos, a partir de sua competncia cultural(Martn Barbero). Os modos em que se reconhece e se organizam as competncias culturaisso exatamente os gneros (GOMES, 2002).

    As pesquisas sobre os chamadosgneros televisuaisdiferenciam, em geral, formatode gnero, ao mesmo tempo em que focam em dois aspectos: os regimes do dispositivotelevisivo e os reconhecimentos do receptor (herana de Bakhtin). Diferentemente dasanlises dos gneros de produtos jornalsticos impressos, preocupados com funes e estilos,as anlises dos gneros televisuais investem na compreenso da gramtica televisiva e dadiferena entre formato e gnero. Entretanto, toma-se as definies dadas aos estudos dosimpressos (MARQUES DE MELO) como as noes de gneros informativos e gneros

    opinativos para os gneros jornalsticos, sem explicar, no entanto, a diferena de dimenses, j que o campo jornalstico apenas um dos muitos campos que operam com a televiso.

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    Para os ltimos estudos brasileiros (ARONCHI DE SOUZA, 2004; REZENDE, 2000),os formatos esto dentro do conjunto de gneros, que, por sua vez, estariam dentro decategorias (ARONCHI DE SOUZA, 2004). Dentre os gneros informativos estariam ostelejornais, debate, documentrio e a entrevista. Dentro dos telejornais alguns formatos comonota, notcia e reportagem, por exemplo. A noo de formato, embora corrente no campotelevisivo, discutida enquanto termo para conceptualizar a produo discursiva.

    (...) Enquanto designao do dimensionamento fsico de um produto decomunicao (dimenses de um livro, de formas grficas, de fitas magnticas para oregistro da captao audiovisual, etc.), formato um termo indicador de atributos.Todavia, quando passa a conceptualizar a produo discursiva que, em princpio,no tem nada a ver com dimenso, mas com a organizao de informaes einteraes dispersas num ambiente, graas ao desenvolvimento de ferramentas quetornam possveis a construo de discursos, surge um problema a ser investigado.

    (MACHADO, 2005, p. 4)

    Irene Machado entende que as pesquisas sobre gneros televisivos tm se limitado aotermo formato, alm de guardarem resqucios do pensamento Aristotlico, para quem (comovimos), o gnero era uma unidade imutvel, natural. O termo formato parece estar diretamente ligado lgica do dispositivo, enquanto gnero trata do discurso.

    (...) Fora do ambiente semitico da codificao tecnolgica, o formatosimplesmente no pode ser concebido.Os gneros, ao serem redesenhados nocontexto da mediao tecnolgica,revelam a face metalingstica do formato: para criar linguagem preciso processar linguagens e gneros. Logo,o formato uma noo que leva em conta todo um ambiente ecolgico: a mdia (o sistema),os cdigos (as linguagens) e as interaes possveis (as semioses).Fora dessasdisponibilidades de carter ecolgico, o formato no existe. (MACHADO, 2006, p.16) (grifo nosso)

    O foco est na compreenso da gramtica televisiva - programao, necessidade develocidade, (instantneidade), unidades temporais onde o gnero seria uma chave de

    anlise. Nessa perspectiva, um gnero seria, antes de tudo, uma estratgia decomunicabilidade, e como marca dessa comunicabilidade que se faz presente e analisvel notexto. Os gneros so ento fatos culturais e sua reduo a receitas de fabricao ou aetiquetas de classificao tm impedido a compreenso de sua verdadeira funo e de sua pertinncia metodolgica: a de operar como chave de anlise dos textos televisivos.(DUARTE, 2003, p. 10).

    Alm disso, os estudos procuram analisar os produtos principalmente pelo

    reconhecimento (BAKHTIN, 1992) e, conseqentemente, os gneros como estratgias de

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    interao, sem olhar mais atentamente para as regularidades de situaes do campo jornalstico, de produo, portanto, e de composio da unidade discursiva.

    Se o formato est na dimenso do dispositivo, como sugere Irene Machado, est

    subentendido que um gnero discursivo pode ter mais de um formato. Mesmo que mudem amdia, os cdigos e as interaes possveis, isso no implica, necessariamente, em outrognero, por que o gnero da ordem das situaes comunicativas recorrentes. Nesse sentido,os gneros so momentos de umanegociao. No caso da recepo televisiva, por exemplo,os gneros permitem relacionar as formas televisivas com a elaborao cultural e discursivado sentido.

    Aquilo que aparece nesses autores comoestratgias de comunicabilidade ouestratgias de interao , ou seja, os modos como a emisso televisiva j ativa, elamesma, as competncias culturais dos receptores, parece se aproximar de noesque permitem uma visada do ponto de vista de uma pragmtica da comunicao.Pensar o processo comunicativo nesta perspectiva significa pensar tanto o modocomo o campo da emisso ativa as competncias dos receptores, quanto tambm omodo como os receptores constrem suas competncias para negociar o sentido. Issosignifica pensar ascondies de uso da comunicao, oscontextos, as intenes dos falantes, as circunstncias nas quais o sentido produzido, sem privilegiar um dos plos, mas a partir de uma anlise do processo comunicativoque, acreditamos, deva,ele sim, ser colocado no lugar do sujeito da comunicao. (GOMES, 2002 p. 11-28)(grifo nosso)

    Uma situao comunicativa compreendida por condies de realizao,extralingsticas - finalidade, identidade (estatuto) dos participantes, domnio do saber (campo, em que se institucionaliza a rotina produtiva) e dispositivo e intralingusticas modo do discurso. A conseqente deduo seria: se o conjunto de condies se repete(princpio da regularidade), ento, tem-se o mesmo gnero. Mas esta deduo simplista.Pelo menos, por um motivo: seria pressupor que todas as condies de realizao tm omesmo nvel de importncia na configurao do gnero.

    Se formato leva em conta mdia, cdigos e interaes possveis, deve levar em contatambm uma categoria como modo do discurso. E se, nem todas as condies da situaocomunicativa se repetem, no seria razovel considerarmos estar diante de outro gnero? Seno, quais as condies de realizao definidoras de gnero? O mapa de hierarquia dessascondies? Alguma condio est a esquecida?

    A condio principal para se definir e se classificar gnero jornalstico a

    funo/finalidade da composio discursiva. Os estudos sobre gneros jornalsticos, preocupados em desatar o n opinio X informao, ainda seguem as teorias

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    classificatrias. Os estudos de gnero jornalstico refletem as preocupaes das teorias do jornalismo. A teoria do espelho e as teorias construcionistas da dcada de 70 focam na notcia,ou seja, na relao entre discurso e realidade (reflete X constri a realidade). As teoriasmacrosociolgicas teoria da ao poltica e estruturalista tm o propsito de analisar onvel de autonomia do jornalista. Os critrios funo e finalidade pontuam exatamente oelemento de definio de cada unidade discursiva produzida pela indstria jornalstica, problematizando, conseqentemente, o nvel de autoridade, responsabilidade e, portanto,autonomia desse sujeito.

    A grande diferena que existe entre as noes de funo, finalidade, fim comunicativo,atitude e propsito o grau de coletividade e cultura profissional embutida na ao discursiva

    do jornalista. Enquanto as linhas sociolgicas vem a funo como organizacional, as linhasmais prximas da Retrica trabalham com a noo de intencionalidade reconhecidaintersubjetivamente. As tradies inglesa e norte-americana dirigem sua ateno para adistino entre o que intencionalmente informativo e o que explicitamente opinativo.

    Todos defendem, com pequenas diferenas, o critrio de funo para a diferenciaode gneros. As funes giram em torno de relatar ou informar, comentar ou opinar, orientar,divertir e variam muito quanto concepo do lugar da interpretao (entendida na tradio

    norte-americana como procedimento explicativo, sentido reivindicado por Marques de Melo).

    Os estudos sobre cibergneros tambm seguem duas grandes linhas funcionalistas defundamentao terica: 1) os principais critrios de definio dos gneros daweb so as propriedades das mdias digitais; e 2) o cibergnero, assim como qualquer gnero, estabiliza prticas sociais-lingusticas. A primeira linha tem mais representantes nos Estados Unidos,Canad, Espanha e pases baixos (Dinamarca e Sucia). A segunda linha mais forte noReino Unido e Frana. Melhor, a primeira linha est nas reas de cincias da computao e dainformao e a segunda nas reas de lingustica e retrica. De forma resumida, as cincias dacomputao e da informao analisam os cibergneros pelos critrios de forma, contedo, propsito e funcionalidade, enquanto a lingustica se preocupa com o carter de fixao eestabilidade que o gnero impe aos tipos discursivos.

    As pesquisas dedicadas a cibergneros jornalsticos tm se fundamentado na anlisedas propriedades da mdia digital, principalmente, hipertextualidade, multimidialidade e

    interatividade. Enquanto a interatividade dispe sobre a troca, a hipertextualidade da ordemdo modo discurso e a multimidialidade parece ser da ordem do dispositivo. A midialidade at

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    ento no fora investigada como critrio para compreenso de gnero no campo jornalstico. No s porque a possibilidade de escolha das mdias analgicas restrita, mas tambm porqueas linguagens esto diretamente ligadas ao dispositivo miditico (impresso, rdio, televiso).O paradoxal que o dispositivo, at ento, foi um elemento desconsiderado na configuraodo gnero, pois que tem sido o elemento de partida das anlises.

    Os estudos da lingustica sobre cibergnero seguem os mesmos parmetros de anlisedos estudos do jornalismo, mas tm objetivos diversos. O que a lingustica tem feito, em setratando de gneros digitais, : 1) compreender as interfaces com os gneros tradicionais; 2)realizado um trabalho descritivo de reconhecimento, relacionando conceitos da lingusticacom teorias das novas mdias e 3) relido a noo de gnero, no s por causa do novo cenrio,

    mas tambm pela prpria noo, controversa. A lingustica quer entender o nvel de mudanana escrita pelo seu uso nas mdias digitais, a contribuio destas para o letramento de professores e o que mudou no ensino atravs destes meios2, ao passo que, ao jornalismointeressa analisar as mudanas da produo da informao com as mdias digitais. Os parmetros, no entanto, constituem aspectos como tempo (instantaneidade/atualizaocontnua), nmero e tipo de interlocutores (interatividade), formato textual e extenso(hipertextualidade), limites impostos reviso (atualizao contnua), grau de automatizao

    das operaes, mtodo de armazenamento, busca, gerenciamento de textos (memria) eriqueza e variedade de sinais, ou seja, texto, udio, imagem (multimidialidade) .

    QUADRO 10

    PARMETROS DE TIPOLOGIAS DE CIBERGNEROS PARA LINGUSTICA E JORNALISMODIGITAL

    LINGUSTICA JORNALISMO DIGITAL

    Relao temporal(sncrona e assncrona; durao)

    Tempo(sicronismo e assincronismo; permanncia)

    Extenso do texto Hipertextualidade (links)Formato textual Hipertextualidade

    Participantes InteratividadeRelao dos participantes Interatividade

    Troca de falantes InteratividadeCanal/semioses Multimidialidade

    Recuperao de mensagem MemriaFunoTemaEstilo

    2

    Antes do livro organizado por Marchuschi e Xavier, a professora Vera Paiva (FALE-UFMG), editou outra obraintitulada Interao e Aprendizagem em Ambiente Virtual. PAIVA, Vera Lcia Menezes (org.) Interao e Aprendizagem em Ambiente Virtual, Belo Horizonte, FALE-UFMG, 2001.

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    Exceto estilo, tema e funo, todos os outros critrios so comuns aos dois campos.Estilo, tema e funo seguem a tradio da lingustica, constituindo tambm em elementos de

    anlise de classificaes de gneros no jornalismo desde a dcada de 60. Tanto estes como osoutros parmetros so compostos de mais de um aspecto como, por exemplo, formato textual turnos encadeados, texto corrido, sequncias soltas, estrutura fixa e relao entre participantes conhecidos, annimos e hierarquizados. Os aspectos de cada parmetro socompreendidos por quatro (4) nveis: presena, ausncia, irrelevncia do trao para adefinio de gnero e indefinio quanto presena e relevncia. Analiticamente, seriamnveis de importncia para a configurao de um gnero, sugerindo, assim, que algunscritrios so determinantes, outros constitutivos e outros apenas influentes na configurao dognero. Esta a perspectiva de autores da AD.

    A similitude do mtodo est, ento, em se balizar a anlise por propriedades das novasmdias. Entretanto, a lingustica mais enftica quanto aos nveis de relevncia, est preocupada com 'gneros emergentes' do domnio do ensino e trabalha com outras referncias,mesmo como fundamento das propriedades da mdia digital. A lista de novos gnerosincluem: e-mails,chat aberto, chat reservado,chat agendado, chat em salas privadas,

    entrevista com convidado, e-mails educacionais, aulachat,vdeo-conferncia interativas, listade discusso, endereo eletrnico e blogs. Apenas oschats e a entrevista so tambmclassificados como cibergneros do jornalismo. Classificao esta de pesquisadoresespanhis, principalmente Daz Noci e Salaverra, pois no existem tipologias sugeridas por estudiosos brasileiros.

    Com exceo de David Bolter e Marshall McLuhan, os linguistas fundamentam-se pela Cincias da Computao e da Informao, principalmente com o norte-americano

    Thomas Erickson, Shepherd & Watters, Yates, & Sumner, Ryan et al, Crowston & Kwasnik eTom & Campbell. Estes pesquisadores, preocupados com o papel de caractersticastecnolgicas na configurao de gneros digitais3, dialogam teoricamente com aGenretheory, com interesse em gneros literrios, nas implicaes pedaggicas dos gnerosacadmicos e na aplicao de gneros no ensino da linguagem.

    3 As genre theory is applied to digital media rather than speech or writing, a couple of differences in emphasishave emerged. One of the chief differences is that those studying the digital medium are paying more attention tothe role of technical features in shaping the evolution of digital genres. (...) Erickson, Tom. Rhyme andPunishment: The Creation and Enforcement of Conventions in an On-Line Participatory Limerick Genre. In:Anais do Thirty-second Hawaii International Conference on System Sciences. Hava, janeiro de 1999.Disponvel em: http://www.visi.com/~snowfall/limerick.html#anchor3302129. Acesso em 05/12/2008.

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    Esta interseco com aGenre Theorylevou os linguistas brasileiros a trabalharem comThomas Erickson, por exemplo. John Swales, Charles Bazerman, Carolyn Miller e VijayBhatia so os autores mais mencionados pelos linguistas brasileiros que estudam os gnerosdigitais. Um dos motivos da fora deste grupo que a scio-retrica aprofunda sua anlise emum ponto decisivo para a teoria de gneros, elevado potncia com o aparecimento dasmdias digitais: o problema da situao do discurso, da interao. A interatividade tida, pelalingustica brasileira, como uma das caractersticas centrais dos gneros no ambiente digital.A interatividade implica num novo contexto de relaes entre fala-escrita, com nova relaotempo-espao, uma possibilidade de contatos mais veloz, sem barreiras geogrficas, um novomodo de circulao de textos4. Enfim, uma propriedade da mdia digital que chama atenodeste domnio principalmente pelo fato de instaurar novas situaes de troca lingustica.Como sintetizou Irene Machado:

    (...) A classificao foi substituda pelas relaes interativas. O conceito de gneroabandona a escala hierarquizante epassa a valorizar a interao.Considerar osgneros em tempos de cultura digital implica atentar no s para o modo como asmensagens so organizadas e articuladas do ponto de vista de sua produo, comotambm para suaao sobre a troca comunicativa, vale dizer, para o processo derecodificao pelos dispositivos de mediao. (...) (MACHADO, 2001, p.13) (grifonosso)

    O vigor da scio-retrica est em algumas noes-chave: situao retrica, aoretrica tipificada, comunidade retrica (MILLER, 1984), comunidade discursiva (SWALES,1990) e recorrncia (BAZERMAN, 1994). A noo de situao retrica coloca luzes nadimenso retrica das prticas sociais, nos critrios pragmticos como propsito, tomadocomo um componente essencial na constituio da situao discursiva (do ato comunicativo).A compreenso do gnero baseada na prtica retrica, ou seja, nas convenes do discurso

    que uma sociedade estabelece como maneiras de agir. O gnero considerado como mediador entre as intenes privadas e as exigncias sociais, o particular e o pblico, contendo, portanto, um potencial estruturador da ao social (MILLER, 1984, p. 163).

    4 Uma das caractersticas centrais dos gneros em ambientes virtuais a alta interatividade, em muitos casossncronos, embora escritos. Isso lhes d um carter inovador no contexto das relaes entre fala-escrita. (...)Aspecto importante nas formas comunicativas semiotizadas desses gneros o uso de marcas de polidez ouindicao de posturas com os conhecidosemoticons(...) ao lado de uma espcie de etiqueta netiana (...), trazendodescontrao e informalidade (...), tendo em vista a volatilidade do meio e a rapidez da interao. (...)Marchuschi, op.cit., p. 33. Uma das principais caractersticas atribudas aos suportes eletrnicos da Internet aquesto da interatividade. (...) A noo da interatividade na Internet pode ser assim associada questo do tempoe do espao. Interessa-me analisar a interatividade na intertextualidade e no modo de circulao os textos produzidos. Komesu, F. Blogs e as prticas de escrita sobre si na Internet, in: Marcuschi, L.A. e Xavier, A. C.(Org.) Hipertexto e Gneros Digitais. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004, p.113.

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    O fato de essas situaes serem recorrentes o que permitiria tipific-las por analogiase semelhanas. As regularidades nas propriedades das situaes recorrentes dariam origem arecorrncias na forma e contedo. Para reconhecer e interpretar situaes recorrentes precisoter um conhecimento compartilhado, por isso a noo de comunidade discursiva influente nateoria dos gneros. A comunidade discursiva hoje entendida como um grupo que trabalha junto, mantm seu repertrio de gneros, com traos retricos evidentes e com a fora quevalida as atividades da comunidade (HEMAS e BIASI-RODRIGUES, 2005, p. 127). Nanoo de comunidade retrica (MILLER), os traos retricos seriam, na verdade, aesretricas comuns; seria importante destacar tambm o modo de agir e incluir a noo dereproduo. Um dos desafios atuais da lingustica relacionar as noes de comunidadediscursiva e comunidade retrica com a noo de comunidade virtual (CV) para chegar a umadefinio mais operativa nos estudos dos cibergneros.

    O gnero tomado como ao social assegura aos linguistas uma tomada em perspectiva menos tecnicista e mais scio-histrica5. Para alm dos enunciados, o linguistadefende que o analista de gnero precisa do contexto , da situao recorrente na qual umgnero est constitudo numa dada cultura (MOTTA-ROTH, 2005). Em artigo sobremetodologias de anlise de gnero, a linguista Dsire Motta-Roth (UFSM) sugere investigar

    a linguagem como gnero, para que a relao dialtica entre texto e contexto se evidencie.A Anlise de Gneros Discursivos, portanto, pode situar a linguagem em contextosespecficos, conectando linguagem a contexto de situao e esses dois elementos aocontexto de cultura mais amplo, relacionando os processos de interao lingusticaaos processos sociais, a ordem social com a ordem do discurso, as prticas sociaiscom as prticas linguageiras (Fairclough, 1989:25-29). (MOTTA-ROTH, 2003, p.17)

    Motta-Roth chega a propor a elaborao de uma descrio expressa de contextosespecficos numa anlise de gneros discursivos. A questo que, a despeito do seu valor paraa categoria de gnero discursivo, a noo de contexto tem ainda arestas a aparar para se tornar ferramenta de anlise. O contexto no aparece nas pesquisas dos linguistas sobrecibergneros, talvez porque a troca comunicativa seja pensada em um ambiente onde os

    5 Se tomarmos o gnero como texto situado histrica e socialmente, culturalmente sensvel, recorrente,relativamente estvel do ponto de vista estilstico e composicional, segundo a viso bakhtiniana (Bakhtin,1979), servindo como instrumento comunicativo com propsitos especficos (Swales, 1990) e como forma deao social (Miller, 1984), fcil perceber que um novo meio tecnolgico, na medida em que interfere nessascondies, deve tambm interferir na natureza do gnero produzido. Marcuschi, L.A. e Xavier, A. C. (Org.) Hipertexto e Gneros Digitais.Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004, p. 17.

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    limites de tempo e espao se dissolvem, permitindo uma troca sncrona ou assncrona, numarede de qualquer tamanho, sem limites geogrficos definidos.

    A noo de contexto mais desenvolvida na Anlise Crtica do Discurso (Fairclough),

    que privilegia o estudo da interligao entre poder e ideologia, entendendo, portanto, odiscurso como prtica social, com poder constitutivo. A ACD, juntamente, com a Anlise doDiscurso (Maingueneau e Charaudeau), so as principais abordagens tericas nos estudossobre gneros jornalsticos brasileiros. De maneira geral, as teorias que estudam as condiesextralingusticas (retrica, pragmtica e a AD), tm crescido aos olhos das teorias de gneros.Alm de defenderem conceitualmente a noo, situam o gnero dentro de rotinas, decomportamentos estereotipados que se estabilizam, portanto, dentro de domnios e

    circunstncias. Ou seja, procuram entender o gnero como atividade social, submetida, ento,a critrios de xito. Esses critrios dialogam com os elementos de anlise das teoriasclassificatrias. A funo est relacionada finalidade, o grau de interferncia do autor estrelacionado ao estatuto dos participantes e a organizao textual, ao modo discursivo(narrao, dissertao, descrio e argumentao), critrio revisto a partir da retrica pelastipologias de gneros digitais espanholas.

    Enquanto o corpus de anlise das teorias classificatrias tem sido basicamente o

    produto, a AD tem sugerido a anlise da produo, pois as condies de xito de um atocomunicativo so, principalmente, extralingusticas: finalidade reconhecida,estatuto/identidade dos parceiros, lugar e momento legtimos, domnio do saber, dispositivo-suporte material e organizao textual-modo de organizao discursiva. A AD defende aanlise de elementos internos (do discurso) e externos (situao de troca). Pode-se dizer, portanto, que a AD est no mesmo caminho da scio-retrica e da lingustica porque temfocado nas condies de situao, contexto e produo do discurso.

    Enfim, as noes de funo (finalidade) e de estatuto tm sido empregadas comdiferentes graus de importncia e concepes nas pesquisas sobre gnero jornalstico, aindaque esteja claro o quo tnue o limite dessas condies. Assim tambm h uma escolha prtica e mercadolgica pelo estudo de gneros atravs das mdias nas quais se apresentam. Oque coloca o dispositivo como uma condio determinante na definio do gnero. O mododo discurso , em geral, visto como estilo de redao sem nenhuma relao com os atos delinguagem. Os pesquisadores do campo jornalstico embasam-se nas tcnicas de redao,

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    sendo o modo do discurso entendido como relao texto e fatos (narrao, descrio ouargumentao) e no como configurao dos objetos de realidade.

    Noes-chave: mdia, dispositivo e suporte

    Sabe-se, desde McLuhan, que o meio tambm a mensagem. Entretanto, no se sabedizer em que medida as propriedades das mdias influenciam na configurao de gnerosdiscursivos, se so todas as propriedades e se todas influenciam da mesma maneira. Afinal,muito mais do que extenso do homem, Marshall McLuhan mostrou que os meios sotambm tecnologia com poderes na vida das sociedades e que existem relaes de um meio

    com outro, no que h de concorrncia e adaptaes mtuas. Enfim, o brilhante e visionrioMcLuhan destacou, inclusive, aquilo que se tornaria elemento indispensvel da midiologia: aimportncia da cultura de uma sociedade dada historicamente na configurao dos meios decomunicao (MCLUHAN, 1964, p. 233-235).

    Mdia, portanto, diferente demdium (Rgis Debray, 1991). O estudo dos meiosdeve estar relacionado histria das culturas e civilizaes. O foco da midiologia, criada por Debray, est na compreenso dos meios de transmisso na propagao de idias. A noo de

    mdium (midiasfera) est calcada em algumas proposies: no se pode separar uma operaode pensamento das condies tcnicas; em cada midiasfera, de dadas poca e sociedade, hum sistema dominante de transmisso e estocagem de mensagens; a midiasfera o resultadoda imbricao de redes tcnicas de pocas diferentes; cada midiasfera suscita um espao-tempo particular; a evoluo tcnica dos meios de transmisso d um fio condutor sucessohistrica (DEBRAY, 1991, p. 229). Neste quadro, o mdium poderia ser entendido em quatrosentidos: procedimento de simbolizao (sistema semiolgico de McLuhan), cdigo social

    (lngua), suporte material e dispositivo. O mdium seria o sistema dispositivo-suporte- procedimento, onde dispositivo traz a idia de rede (televiso, informtica, tipografia).

    Sem aprofundamento, o conceito de dispositivo aparece em Debray como parte domdium, a parte tecnolgica, da lgica de transmisso e mensagem. O suporte est ligado aosobjetos tcnicos, enquanto o procedimento, dimenso cultural da tecnologia. O mdium noseria a soma desses elementos, mas o conjunto material e tecnicamente determinado por suportes, relaes e meios de transporte, numa dada poca de sua existncia social.

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    QUADRO 1DISPOSITIVO :: MEIO :: MDIUM

    Debray (1991)MDIUM

    McLuhan (1964)MEIO

    Mouillaud (1997)DISPOSITIVO

    Maingueneau (2001)DISPOSITIVO

    Charaudeau (1997)DISPOSITIVO

    Operao do

    conhecimento

    Meio de traduo de

    conhecimentosSistemas semiolgicos Sistemas semiolgicos e

    suas lgicasMatriz Escolha de um suporte e

    de um gneroMaterial

    Influncia nas tcnicas(de redao)

    Influncia nas tcnicas deredao

    Matriz Concepo de umsentido e redao

    Sistema dominante detransmisso e estocagem

    Matriz Modo de transporte emodo de difuso

    Suporte e Tecnologia

    Redes tcnicas de pocasdiferentes

    Tecnologia

    Espao-tempo particular Modo de estruturao doespao e do tempo

    Interlocuo Participao deinterlocutores

    Modo de recepo

    A diferena sugerida por Debray, quando tenta transpor suporte e dispositivo com oconceito de mdium no necessariamente aceita por muitos dos estudiosos do discurso.Charaudeau, referncia brasileira para estudos de discurso miditico, acredita que dispositivo a soma de material, suporte e tecnologia. Maingueneau acredita que uma mudana desuporte implica uma mudana de gnero, mas pode-se ler suporte como sinnimo dedispositivo em Maingueneau.

    Ainda que bastante utilizada por diversas reas, anoo de dispositivo abrangente, polissmica e controversa. O termo tem uma acepo larga, desde a psicanlise, passando pelaeducao, informtica at a comunicao. Fala-se em dispositivo de sexualidade,dispositivo pedaggico, dispositivo tcnico, dispositivo de comunicao e dispositivode enunciao. Na educao, o dispositivo se apoiaria sobre a organizao de meiosmateriais, tecnolgicos, simblicos, cognitivos e relacionais (relaes sociais e afetivas). Umdispositivo tcnico compreendido, em informtica, comodriver de framework ,

    responsvel por rodar o objeto. O dispositivo, embora uma noo largamente utilizada nocampo das cincias sociais aplicadas, particularmente na comunicao, vem de outros camposcom forte vocao tcnica, que vo da mecatrnica, mecnica, eletrnica. A noo, ento,vem associada idia de mecanismo, de engranagem. Nas cincias sociais, segundo as principais referncias, Michel de Certeau, Foucault e Bourdieu, o dispositivo trata de procedimentos e tecnologias. Na origem, dispositivo est associado ao conceito de panopticon(metfora aplicada ao mecanismo de vigilncia nas prises), portanto, idia de

    mecanismo de poder. O dispositivo seria, ento, de natureza estratgica:

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    O que eu tento reafirmar sobre esse nome , (...) um conjunto resolutamenteheterogneo que comporta discursos, instituies, organizaes arquiteturais,medidas administrativas, decises regulamentares, enunciados cientficos, proposies filosficas, morais, filantrpicas; de forma breve, do dito assim comodo no-dito, esto os elementos do dispositivo. O dispositivo, ele mesmo, a redeque se estabelece entre esses elementos. (...) por dispositivo, eu entendo um tipo-

    digamos de formao que, a um momento dado, teve por funo maior responder auma urgncia. O dispositivo tem ento uma funo estratgica dominante...Eu disseque o dispositivo era de natureza essencialmente estratgica, o que supe que setrata de uma certa manipulao de relaes de fora, de uma interveno racional etraada nestas relaes de fora, seja para desenvolver nesta direo, seja para bloque-los, ou para os estabilizar, os utilizar. O dispositivo, ento, est sempreinscrito num jogo de poder, mas sempre ligado a um ou a parmetros de saber, quenascem da, mas, da mesma maneira, o condicionam. Isto o dispositivo: estratgiasde relaes de fora que suportam tipos de saber, e so suportados por eles. (...)(AGAMBEM, 2007, p. 10) (traduo nossa)6

    Em se tratando de discurso, os dispositivos se configurariam nas prticas quesistematicamente do forma aos objetos. No contam as aes individualizadas dos sujeitosenvolvidos, mas sim as aes relacionadas e os resultados do conjunto.

    Desta noo, surgem diferentes vises dentro do campo da comunicao, dentre asquais, a mais adotada a de dispositivo de enunciao de Mouillaud (1997), uma matrizque impe sua forma aos textos, que prepara para o sentido:

    (...) Os dispositivos no so apenas aparelhos tecnolgicos de natureza material. Odispositivo no o suporte inerte do enunciado, mas um local onde o enunciado

    toma forma. Os dispositivos da mdia tambm no exercem o simples papel decontextos. Enquanto que o enunciado e seu contexto podem ser em uma certamedida destacados um do outro (um mesmo enunciado podendo aparecer emdiversos contextos), e o contexto trs ao enunciado apenas uma varivel do sentido,o local desempenha o papel de um matriz, de tal maneira que um certo tipo deenunciado s possa aparecer in situ(...). (MOUILLAUD, 1997, p. 85)

    O dispositivo, portanto, no pode ser compreendido apenas como dimensotecnolgica ou suporte material, ou ainda como sistema semiolgico (por cdigoslingusticos), o que ocorre nos estudos em comunicao, principalmente quando se trata da

    produo e circulao de imagens (em destaque para os estudos semiticos sobre a televiso).6 Trecho de entrevista dada por Foucault, citada por Agambem: Ce que j'essaie de reprer sous ce nom c'est,[...] un ensemble rsolument htrogne comportant des discours, des institutions, des amnagementsarchitecturaux, des dcisions rglementaires, des lois, des mesures administratives, des noncs scientifiques,des propositions philosophiques, morales, philanthropiques ; bref, du dit aussi bien que du non-dit, voil leslments du dispositif. Le dispositif lui-mme c'est le rseau qu'on tablit entre ces lments [...] par dispositif, j'entends une sorte disons de formation qui, un moment donn, a eu pour fonction majeure de rpondre une urgence. Le dispositif tait de nature essentiellement stratgique, ce qui suppose qu'il s'agit l d'une certainemanipulation de rapports de force, d'une intervention rationnelle et concerte dans ces rapports de force, soit pour les dvelopper dans telle direction, soit pour les bloquer, ou pour les stabiliser, les utiliser. Le dispositif,donc, est toujours inscrit dans un jeu de pouvoir, mais toujours li aussi une ou des bonnes de savoir, qui ennaissent, mais tout autant, le conditionnent. C'est a le dispositif : des stratgies de rapports de force supportantdes types de savoir,et supports par eux Dits et crits, volume III, p. 299sq. Agamben, Giorgio. Qu'est-cequ'un dispositif? Trad. Martin Rueff, Paris: ditions Payot & Rivages, 2007, p. 10.

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    Em comunicao, a noo aparece, freqentemente, colada idia de suporte, objetotcnico ou modo de transporte. Um autor desta perspectiva, embora no trate apenas deimagens, Charaudeau (1997), que entende o dispositivo como ambiente fsico, compostode um ou mais tipos de material e de um suporte, parte de uma tecnologia.

    O dispositivo um componente do contrato de comunicao, sem o qual no existeinterpretao possvel da mensagem, do mesmo modo que uma pea teatral no teriamuito sentido sem seu dispositivo cnico. De um modo geral, inclui um ou vriostipos dematerial e se constitui num suporte com a ajuda de uma determinadatecnologia. (...) (CHARAUDEAU, 2005, p. 86) (traduo nossa)7

    O material a matria na qual toma forma o sistema significante, ento, a dimensosemiolgica. O suporte o elemento material que serve como canal de transmisso fixa oumvel, portanto, a dimenso do sistema de transmisso e estocagem. A tecnologia o

    conjunto do maquinrio que regula a relao entre os diferentes elementos do material e dosuporte (Charaudeau), a dimenso das redes tecnolgicas. Enfim, so componentes apenas da propriedade tecnolgica da mdia. Aqui, por exemplo, no est contemplada a relao espao-temporal, como pressupe a idia de matriz.

    Influncia do dispositivo na composio discursiva

    Como analisado, a mdia no pode ser compreendida como uma condio derealizao do ato comunicativo coma mesma influncia da finalidade reconhecida e doestatuto dos participantes. O dispositivo, enquanto ambiente, matriz do enunciado, faz parteda lgica enunciativa, pela qual se configuram os parmetros de interpretao. No caso dognero discursivo, no se pode dizer que qualquer modificao no mdium modifica o gnero.A questo que tipo de modificao em qual potencialidade pode implicar numa modificaoe se o caso de uma nica propriedade ou uma dada conjuno de propriedades. De sada,temos o fato de que uma grande quantidade dos chamados gneros jornalsticos existem nasduas mdias comparadas, tanto a impressa como a digital. Pode-se comear a anlise por aqueles que no existem numa mdia ou em outra.

    Obviamente, o frum e ochat s existem nas mdias digitais. A obviedade explicada por um dos elementos do mdium: o sistema de transmisso. A interatividade exigida com atroca simultnea para ochat e abertura do plo de emisso em ambos s existe na tecnologia

    7 Le dispositif est une composante du contrat de communication sans laquelle il n'est pas d'interprtation possible des messages, de mme qu'une pice de thtre n'aurait pas grand sens sans son dispositif scnique.D'une manire gnrale, il comprend un ou plusieurs types dematriauet se constitue en support l'aide d'unecertainetechnologie. (...) Charaudeau, P. op. cit., p. 86.

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    digital. Outra necessidade que a temporalidade seja sincrnica, quando todos esto emconexo ao mesmo tempo, situao de troca impossvel para os impressos. Mesmo com amesa redonda (Table ronde) dos jornais franceses (que ocorre no Brasil e na Espanha, masno considerado como um gnero) em que se renem vrias pessoas numa nica entrevista,dentre estas pessoas no esto os agentes-receptores, que apenas vo ler. a mesma situaode troca de uma notcia, porque efetivamente o ato de leitura.

    A interatividade que a mdia tem como potencialidade no implica absolutamente quetoda composio desta mdia opere com o seu nvel mximo, digamos. o que se pode falar sobre a televiso, cuja instantaneidade potencial do dispositivo foi submetida lgica domdium. A grade de programao da televiso analgica no permite que, a todo momento, se

    transmita um ao vivo, embora seja obviamente possvel esta estratgia de credibilidade do jornalismo televisual.

    No caso de sites noticiosos, a prtica do jornalismo de atualidade tem se beneficiadodesta potencialidade para o que se tem chamado de jornalismo colaborativo. Entretanto, ostestemunhos enviados a um site noticioso, seja em texto escrito, udio ou vdeo, integram umgnero, quer seja uma notcia ou uma reportagem. Os testemunhos, que j eram consideradosno impresso francs como um gnero, no o so para os sites noticiosos brasileiros e

    espanhis. Prova de que para se tornar gnero preciso muito mais do que um novo sistemade transmisso de uma nova mdia, adequado ao propsito. O que decide, por exemplo, adisponibilizao de um testemunho so as competncias da atividade jornalstica. H umaescolha (competncia de reconhecimento) pela quantidade e pela qualidade (um vdeo decelular j disponibilizado em rede por sites como o Daily Motione o You Tube)do materialenviado quanto ao contedo (competncia de procedimento) e ao formato (competnciadiscursiva). a lgica da finalidade reconhecida no sentido de compor uma notcia com amaior fora argumentativa possvel.

    Este, acreditamos, pode ser um excelente ganho para o fazer jornalstico em setratando de multimidialidade. A possibilidade de escolher o cdigo lingstico e abertura paraexperimentar novos formatos com esses cdigos, ou seja, o fato de o cdigo lingstico noestar necessariamente limitado pela tecnologia da mdia, como em um impresso (cuja mdia semistura com o prprio produto), torna explcita a natureza de cada cdigo lingstico, abrindoespao para uma melhor compreenso de sua funo no fazer jornalstico. Imagens em

    movimento servem a um propsito diferente do texto escrito e do grfico. Uma ocorrnciacomo os confrontos na Gare du Nord, em Paris, exigem imagens em movimento, o que no

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    ocorre quando o presidente da Frana, Jacques Chirac, resolve apoiar a candidatura de NicolasSarkozy.

    O interessante observar que as imagens em movimento, freqentemente, tm a

    denominao do formato, como as imagens estticas, e integram um gnero. No h aindanenhum formato em vdeo que tenha alado o lugar de gnero jornalstico como owebdocumentrio o faz na rea de cinema e vdeo. Um exemplo representativo o vdeoAffrontements la gare du Nord:

    Vido

    Affrontements la gare du NordLEMONDE.FR | 28.03.07 | 09h17 Mis jour le 28.03.07 | 09h59L'interpellation par des gendarmes d'un usager du mtro circulant sans billet a dgnr, mardi 27 mars, lagare du Nord, Paris, en affrontements entre jeunes et forces de l'ordre.

    O vdeo uma seqncia de imagens sem um formato reconhecido. Apenas a legendado vdeo (A interpelao pelos policiais de um usurio do metr sem bilhete gerou, tera 27de maro, na gare du Nord, em Paris, confrontos entre jovens e foras da ordem) situaespao-temporalmente a ocorrncia, como a legenda de uma imagem esttica. Este vdeo

    integra a notcia que, nesse caso, tinha sete ttulos-links relacionados. Dentre os quais, umformato comum em todos os sites noticiosos com denominaes similares: Portfolio(Lemonde.fr), lbum(Elmundo.es) e Galeria de Imagens (Folha Online). A galeria deimagens surgiu pela necessidade tecnolgica que este cdigo lingustico exige, o que geroueste formato, at ento inexistente nos produtos jornalsticos. No entanto, so, ainda, parte deum gnero, seja uma notcia ou reportagem, seja mesmo um slideshow de imagens estticas.

    A mudana da competncia discursiva influenciada pela mudana do sistema

    semiolgico no foi capaz de gerar, ainda, um novo gnero no jornalismo de atualidade. Qual

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    o motivo? Trs nos parecem principais: 1) um gnero deve ter uma unidade textual, ou seja,com unidade composicional; 2) esta unidade se revela na rotina produtiva e, portanto, naestrutura redacional; e 3) para um formato se tornar um gnero, precisa se estabilizar institucionalmente em dada formao discursiva.

    Como exemplo, o infogrfico. J considerado como um gnero no jornalismoimpresso, o infogrfico ganha mais fora devido a algumas potencialidades da mdia digital,como o sistema de transmisso e estocagem, o sistema semiolgico e a relao espao-tempo.Se no impresso do jornalismo de atualidade, o infogrfico acompanhava sempre uma notciaou reportagem, no site noticioso do jornalismo de atualidade, o infogrfico pode fazer parte deuma notcia ou no. Na redao do impresso, assim como na redao do site noticioso, o

    infogrfico, pelos cdigos lingsticos que manipula, sempre foi produzido em editoria parteda editoria por domnio. As competncias necessrias para um infogrfico no so apenas ascompetncias para se fazer jornalismo, existe uma competncia dodesign grfico que o jornalista no tem, em geral. Portanto, o fato de ser produzido pela editoria de arte, porque suanatureza semiolgica outra diferente do texto escrito, possibilitou que o infogrfico fosseconsiderado um gnero jornalstico. Mais ainda, na Frana, existem, inclusive, agnciasespecializadas em infografias, que tm contratos com impressos de atualidade cotidiana. Hoje,em alguns sites noticiosos como El Mundo existe inclusive uma editoria de infogrficos,criada por Alberto Cairo, considerado um dos melhores infografistas do mundo.

    Com a multimidialidade, o infogrfico parece ter ganhado mais independncia do quetem em impressos. Semiologicamente, como explica Alberto Cairo, os infogrficos soadequados para transmitir os dados frios, os dados duros. A autonomia do infogrfico,enquanto unidade discursiva independente e editoria, depende dos tipos de objeto de realidadeque compem a ocorrncia noticiosa:

    (...) No caso do acidente de metro que houve em Valncia, onde morreram 42 pessoas, a infografia no permite contar como as famlias das vtimasexperimentaram a tragdia. Por outro lado, a infografia muito melhor para explicar por que que o comboio descarrilou, por que chocou, onde chocou, quanta gentemorreu, quanta gente est viva. A infografia muito melhor para transmitir os dadosfrios, os dados duros.8

    Por trs, h a premissa de que esta composio discursiva pertence lgicainformativa, servindo assim como parte da fora argumentativa. Embora a infografia digital8

    Branco, Carina. "Infografia no uma linguagem do futuro, do presente". Entrevista com Alberto Cairo, in:PortoNet, 11 de julho de 2006. Disponvel em:http://jpn.icicom.up.pt/2006/07/11/infografia_nao_e_uma_linguagem_do_futuro_e_do_presente.html.

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    possa ter vrias apresentaes, condicionar a informao por navegao orientada (com umlimite de poucos caminhos) tem como base as categorias institucionalizadas no impresso e emoutros domnios, como a tabela para a hierarquizao de dados, os grficos para avisualizao de uma tendncia, as pizzas para as porcentagens, os mapas para localizaesespaciais, e assim por diante. Em alguma medida, pode-se relacionar ao mesmofuncionamento dos tpicos, pois dialogam com parmetros e formatos de outros domnios, do prprio domnio do jornalismo e daqueles do saber social comum.

    A modificao do mdium implica na modificao de tcnicas de redao e edio,mas apenas condicionante na configurao de um novo gnero. A lgica informativa doimpresso a mesma lgica informativa do site noticioso. As aes de informar, avaliar,

    divertir, provocar, opinar implicam lugares, estatutos, autoridades, autonomia e, enfim, poder. No pouca a informao de que o El Mundo digital foi o primeiro veculo a ter umdepartamento de infografia, funcionando como uma editoria, cuja produo autnoma emrelao produo de reportagens.

    Reclamar o estatuto de gnero reclamar autonomia. Da a afirmao de AlbertoCairo: A infografia a aplicao das regras do desenho grfico para contar histrias. Ouseja, a partir do momento em que a infografia pode ser uma unidade discursiva autnoma e

    contar uma histria, pode ser considerada um gnero. Essa autonomia est refletida naestrutura organizacional com uma editoria independente, um desejo, por exemplo, da editoriade multimdia da Folha Online. O objetivo ter uma seo nahome page, como se tem por exemplo a de Grficos, no Elmundo.es ou a de Multimdia, no Lemonde.fr: A gente aindano tem na pgina um lugar chamado multimdia, ento nossa audincia est ligada permanncia do vdeo nahome.9

    A editoria de Multimdia da Folha Online existe, independente, com uma equipe de

    quatro pessoas, dois cmeras cinegrafistas e dois reprteres. A produo inclui, diariamente,um vdeo chamado de vdeo factual, video-casts e programas fixos, um para cada dia dasemana. Consciente da necessidade de encontrar a linguagem audiovisual para o jornalismodigital, a editora afirma que os video-casts formato com linguagem televisiva em que aeditora apresenta uma notcia escolhida com os editores, como num telejornal seriam umadicional para a matria informativa.

    9 Entrevista realizada com a editora de Multimdia Vivian Hetz no dia 23 de abril de 2008 para a tese Por umaoutra classificao .

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    Esse exemplo revela que, por esta autonomia originada pela tecnologia, algunsformatos venham a se institucionalizar como um gnero, mas a composio precisa ter autonomia tambm como unidade discursiva, capaz de dar conta de uma notcia. Asseparaes necessrias devido ao sistema semiolgico (texto, adio, imagem em movimento,grfico) e ao sistema de estocagem (ao prprio sistema de publicao, arquivamento) etransmisso do independncia discursiva a alguns formatos, mas no apenas essaindependncia que pode dar a autonomia necessria para se configurar em um gnero jornalstico. A seo multimdia do Lemonde.fr tem vdeos, portflios, infografia e at mesmosom que pode conter apenas uma declarao parte de uma notcia, uma breve entrevistacom um especialista ou ainda depoimentos de testemunhas , todos, entretanto, exceto ainfografia, sem independncia discursiva ou mesmo de estrutura organizacional.

    A importncia do poder dentro da organizao jornalstica se mostra evidente quandose trata de editorial. Dos trs sites noticiosos estudados, o editorial disponibilizadodiariamente apenas no Lemonde.fr, na seoOpinions(em Perspective). A Folha Online notem editorial e publica o da Folha de S.Paulo; Elmundo.es no publica o editorial do ElMundo. Qual o motivo? No acreditamos que exista qualquer motivo relacionado propriamente mdia digital, como se tem justificado. Prova disso so os blogs-colunas. Aexplicao est no status necessrio para a produo de um editorial. Quem pode encarnar olocutor, instituio jornalstica? As redaes digital e impressa so totalmente independentes,mas fazem parte da mesma instituio. O espao do editorial, no Brasil, mais do que naFrana e na Espanha, dito e considerado o nico espao onde a instituio jornalstica semanifesta, como justifica o membro do conselho editorial da Folha de S.Paulo, Clvis Rossi:(...) A Folha fez essa escolha, do apartidarismo, do pluralismo, que eu acho que a escolha perfeita. A Folha no nem o modelo norte-americano, porque o modelo assume na pginade editoriais, como o NYT, (...), nem a posio francesa (...). O modelo da imprensabrasileira basicamente a imprensa americana com essa possibilidade limitada s pginasde editoriais. (...) A imprensa europia j pr-identificada com os candidatos. Todo mundo sabe que o El Pas ficar com candidato socialista (...) A j est pr-escolhido.Apenasquem tem o status de editorialista pode produzir um editorial. O nico sujeito comunicanteque tem o poder de assinar um editorial o presidente ou diretor da publicao, como sechama no Le Monde. No El Mundo, o diretor de redao assina como carta del director.

    Da mesma maneira, o status do colunista explica porque os blogs, enquanto sistemasde publicao sem custo e de simples utilizao, se tornaram os formatos mais freqentes. O

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    portanto, uma regularidade entre objetos de realidade, identidades discursivas, lgicaenunciativas, tpicos jornalsticos e argumentos de acordo. De uma forma geral, razoveldizer que, seja na imprensa escrita, seja na mdia digital, a atividade jornalstica trabalha coma mesma formao discursiva, principalmente se tratamos de mesmo pas. Na verdade, umafrequente configurao de elementos, em que alguns so determinantes e outroscondicionantes, o que configura um gnero. A composio discursiva genrica uma dadacomposio da lgica enunciativa, da fora argumentativa, da identidade discursiva e das potencialidades do mdium.

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