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Volume 1, Número 2
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
IDEOLOGIA E EDUCAÇÃO
Páginas 5 a 19 5
IDEOLOGIA E EDUCAÇÃO
Edson Cardoso
RESUMO: Este artigo está dividido em quatro partes e cada uma delas busca iniciar, de
forma muito geral, o universo epistemológico e, consequentemente, compreender,
fundamentado em pesquisa bibliográfica, a ponte entre ideologia, educação e a origem
das teorias. A introdução, primeira parte deste artigo, leva o leitor ao início das
concepções filosóficas em Demócrito, Platão e Destutt e em seguida à lógica da formação
racional, em detrimento do simbólico religioso, gerando o racionalismo ocidental. As
outras três partes encontram-se da seguinte forma: II – De onde vem os pensamentos?;
III – Os precursores do modernismo contemporâneo e IV – nas Considerações finais - são
feitos recortes dos pensamentos de seis filósofos que fundamentam este artigo: Kant,
Hegel, Feuerbach, Marx, Adorno e Althusser. Notar-se-á, portanto, a influência das ideias
materialistas e idealistas nesses pensadores e a base para a compreensão da ideologia na
educação. Por fim, far-se-á ilações, dar-se-á sugestões e criar-se-á pontes que possibilitem
uma visão perspectiva capaz de entender a ideologia dominante nos diversos textos
(verbais e não verbais) que circulam em sociedade, mas que não são percebidos nesta
modernidade líquida submersa pelo fetichismo tecnológico substituo intencional do
fetichismo fideísta.
Palavras-chave: Epistemológico; ideologia e educação; fideísta, tecnológico .
ABSTRACT: This article is divided into four parts and each one seeks to start in a very
general form, the epistemological universe and consequently to understand, based on
bibliographical research, the linking between ideology, education and the origim of
theories. The introduction, first part of this article, takes the reader to the beginning of
conceptions in Demócrito, Platão and Destutt and then to the logic of rational formation
to the detriment of religions symbolism creating western rationalism. The other three
parts are as follows: II – Where do thoughts come from? III – The fore runners of
contemporary modernism and in the final considerations are cut out from the thoughts of
six philosophers who base this article: Kant, Hegel, Feuerbach, Marx, Adorno and
Althusser. Therefore, the influence of materialist and idealist ideas on these thinkers and
the basis for the understanding of ideology in education will be noted. Finally, it is
possible to make inferences, suggestions and connections that allow perspective view able
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to understanding the dominant ideology in the various texts that circulate in society but
that are not perceived by this liquid society submerged by the technological fetishism
intentional substitute of fideístic fetishism.
Keywords: Epistemological; ideology and education; fideístic; technological; fetishism.
INTRODUÇÃO
Desde a Antiguidade Clássica os homens se preocupam com as aparências das
coisas, buscando nelas suas essências. Demócrito, p.e., pai do materialismo, e seus
seguidores eram tidos como atomistas, porque viam em tudo átomos em movimento e
espaços vazios. Esses pensadores, distantes no tempo, não entendiam matéria separada
do espírito. Para eles, embora constituídos de átomos diferentes, um não existia sem o
outro.
Por outro lado, no mesmo período histórico, na contramão da direção, teremos
Platão, pai do idealismo. Esta corrente de pensamento entende o homem, e todas as outras
substâncias, como seres duplos. Como assim? Segundo Platão, só sabemos que um
pássaro é pássaro porque existe a ideia de pássaro em cada um de nós, ideia esta que não
é possível captar pelos sentidos, pois os transcende (influência de Parmênides). Logo,
dois pensamentos opostos que influenciarão as ideias de todos os pensadores da
modernidade e pós-modernidade.
Mas, já que procuramos uma ponte entre ideologia e educação, faz-se necessária
introdução histórica da palavra ideologia. Este termo surge pela primeira vez na França,
a partir do filósofo e político, Antonine-Louis-Claude Destutt (1754 -1836), conde de
Tracy. A concepção dada à ideologia por Destutt era o de criar uma ciência das ideias.
Vivendo na época da Revolução Francesa, seus pensamentos não convergiam em
direção aos ideais napoleônicos, por isso, foi denominado pelos partidários de Napoleão
de idéologues. Em exílio, depois do décimo ano da Queda da Bastilha, dedicou-se a obra
Eléments D’Idíogie, em que originalmente objetivava criar a pedra basilar de todas as
ciências.
Ideologia, originalmente, significava que as ideias eram naturais e expressavam a
relação entre o homem e a natureza, possibilitando, dessa forma, o verdadeiro
conhecimento da natureza humana. Essas suposições e sua condição de professor não
ajudaram Destutt perante os simpatizantes de Napoleão, no entanto foi estímulo para
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pensadores como Augusto Conte (1798 – 1857) e seu positivismo, assim como refutações
como as de Hegel.
Portanto, este artigo buscará compreender, de maneira geral, fundamentado em
pesquisa bibliográfica, com base em 6 filósofos, as ideias que circundam a formação
ideológica das classes dominantes.
DE ONDE VÊM OS PENSAMENTOS?
Pretende-se desconstruir o pensamento do senso comum de que nossas ideias
surgem do nada. Que as famosas teses levantadas por diversos filósofos no decorrer da
história da humanidade, de repente, num dia de sol, sentados sob as carregadas copas de
macieiras da vida, uma maçã, intencionalmente guiada, cai sobre a cabeça de um deles,
que diz: Eureka! Então, a partir daí surge toda uma teoria. Não é assim!
O pensamento é algo construído, trabalhado incessantemente, lido e relido,
pensado e repensado em uma materialidade histórica contextualizada no tempo, em que
o permitido, no sentido de ser possível alcançar naquele instante histórico, muitas vezes
não é compreendido e nem aceito. E é por isso mesmo que, em cada momento da história,
novas proposições surgem confirmando as primeiras ou refutando-as, e assim
indefinidamente.
Por essa razão, de maneira sábia e didática, é afirmado por Ernani Terra e José
Nicola, ao citar o naturalista francês Georges-Louis Leclerc, vulgo conde de Buffon (1707
– 1788), que nossas ideias não têm uma origem em nós mesmos, e dizem:
“A leitura não só nos aproxima dos mecanismos da
língua escrita, mas também é fonte inesgotável de ideias
que nos ajudarão na tarefa de escrever: “Os nossos
conhecimentos são os germes das nossas produções”,
afirmou o naturalista francês Buffon (1707-1788)”
(TERRA, 2003, p.14)
Ora, não é possível que uma pessoa seja o que é, pense o que pensa, apenas e
simplesmente, pelo agraciamento vindo do além. Cada um de nós, dentro das
possibilidades materiais do espaço em que se encontra, será produto, produtor e
reprodutor das afecções do mundo que o afeta, em outras palavras, cada indivíduo
constrói suas ideias a partir de outras, a partir da compreensão das outras e a devida
adequação aos novos conhecimentos.
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Partindo dessas premissas, pretende-se entender, especificamente, em que ponto
a reta ideológica se cruza com a reta educacional. De onde partiram as ideias de Immanuel
Kant (1724 – 1804), Friedrich Hegel (1770 – 1831), Ludwig Feuerbach (1804 – 1872),
Karl Marx (1818 – 1883), Theodor Adorno (1903 – 1969) e Louis Althusser (1918 –
1990) para pensar o que pensaram, e, consequentemente, relacionarem suas ideias à
educação. Usar-se-á apenas esses filósofos, por uma razão de recorte relacionado à fonte
bibliográfica pesquisada com relação ao tema ideologia e educação.
OS PRECURSORES DO MODERNISMO CONTEMPORÂNEO
Immanuel Kant
Immanuel Kant (1724 – 1804) nasceu na Alemanha, século XVIII, de família
modesta, para os padrões da época; de religião pietista, vertente luterana que valoriza a
experiência individual do crente. Estudou na Universidade de Königsberg, mesma
instituição dos renomados pensadores Isaac Newton (1643 – 1727) e Christian Wolf
(1679 – 1754).
Como se percebe, os pensamentos de Kant estão inseridos numa área de influência
relativa a pensadores do porte de Newton, Wolf, David Hume (1711 – 1776), Jean-
Jacques Rousseau (1712 – 1778), além, é claro, de fatos históricos de sua época, como
Independência dos Estados Unidos (1776), Revolução Francesa (1789), Iluminismo (final
do século XVIII), enfraquecimento do absolutismo e o apogeu do iminente liberalismo.
Esses fatos fazem parte da materialidade histórica-temporal da estrutura do pensamento
kantiano.
Kant, como qualquer filósofo, é um homem de seu tempo e em sua filosofia
veremos fortes influências de Hume, ditas por sinal, em seu livro intitulado
“Prolegômenos” (introduções), que o fez desenvolver a partir de então, seu “racionalismo
crítico”, que nada mais é que a pretensão de superar a dicotomia entre o racionalismo e o
empirismo, características, aliás, respectivamente de Descartes (1596 – 1650) e Francis
Bacon (1561 – 1626). Este, seguindo uma linha de observação da natureza e o outro,
adotando como critério de pesquisa, a subjetividade (razão).
Kant, então, a partir desta fundamentação, deseja encontrar um meio termo entre
essas vertentes, entendendo sujeito e objeto somente relacionados. O termo
transcendente, em Kant, não é significado como metafísico, mas o de percepção do
fenômeno e abstração conceitual como dominante do objeto:
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“[...] Não podemos pensar nenhum objeto senão mediante
categorias; não podemos conhecer nenhum objeto pensado senão
mediante intuições que correspondam àqueles conceitos. [...] a
intuição sem conceitos é cega, os conceitos sem intuição são
vazios. [...] o construtivismo de Kant, a ideia de que “só
conhecemos a priori das coisas o que nós mesmos colocamos
nelas.” “O idealismo consiste apenas na afirmação de que não
existe outro ser senão o pensante; as demais coisas, que
acreditamos perceber na intuição, seriam apenas representações
nos seres pensantes, às quais não corresponderia, de fato, a
nenhum objeto fora deles. Eu afirmo, ao contrário: são-nos dadas
coisas como objetos de nossos sentidos, existentes fora de nós,
só que nada sabemos do que eles possam ser em si mesmos, mas
conhecemos apenas seus fenômenos, isto é, as representações
que produzem em nós ao afetarem nossos sentidos.”
(MARCONDES, 2007. p.215)
Kant, dentro de seu contexto temporal, alinha-se muito com Platão. No entanto,
ele não entende a existência do objeto por si mesmo, fora de uma relação com o sujeito.
A partir dele o termo aparência passa a conotar fenômenos, que nada mais é que esta
transcendência do objeto a partir das sensibilidades que o definem e da contradição da
incapacidade de poder significar além dos limites do sensível.
Dentro dessa perspectiva Kantiana, pode-se deduzir que da mesma forma que não
se vê objeto sem sujeito, não se entende moral sem uma ética prescritiva de deveres, e
que, independente das circunstâncias, é aplicável a qualquer indivíduo. Logo, o que se
denomina de princípios a priori, em Kant, são princípios universais e imutáveis da moral.
Kant, segundo sua linha de pensamento, é considerado um cristão sem Deus, porque
entende como os cristãos a existência de leis universais, imperativos categóricos
(absolutos), e que ser ético pressupõe seguir a moral universal, não entanto, em um
verdadeiro paradoxo, não consegue conceber objeto separado do sujeito.
Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831) nasceu na Alemanha, na cidade de
Stuttgart, estudou em Tübingen, e por pouco não foi pastor de igreja, mas acabou
tornando-se professor na Universidade de Iena, diretor do Liceu de Nuremberg,
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catedrático na Universidade de Heidelberg e reitor da Universidade de Berlim. Em seu
contexto histórico vivenciou o período napoleônico, ocasião em que a cidade de Iena fora
invadida por suas tropas.
Hegel contesta as ideias de Kant, sobretudo, o seu sujeito transcendental, que
desconsidera a historicidade do indivíduo, não percebendo, assim, que o pensamento é
fruto de circunstâncias diferenciadas, que provocam uma moral também variada e que
nada tem a ver com hábitos e práticas universais de consciência e comportamentos
humanos; da mesma forma que não se encontra enraizada no ser e presenteada por algo
fora dele mesmo.
Podemos dizer que Hegel inicia a análise antropológica, tendo como norte a
consciência histórica para o olhar filosófico, e percebe-se essa linha de pensamento nos
dizeres registrados no prefácio à Filosofia do direito (1821):
“O que quer que aconteça, cada indivíduo é sempre filho de sua
época; portanto, a filosofia é a sua época tal como apreendida
pelo pensamento. É tão absurdo imaginar que a filosofia pode
transcender sua realidade contemporânea quanto imaginar que
um indivíduo pode superar seu tempo, saltar sobre Rodes.”
(MARCONDES, 2007. p.223)
Hegel demonstra que a consciência histórica se opõe à consciência moral de Kant
ao proferir que a cada etapa da vida humana, em cada período histórico, os
acontecimentos e fatos dão asas aos pensamentos. Ao afirmar isso, Hegel problematiza o
processo histórico como formador da consciência e cria uma cisão definitiva com as
prerrogativas do individualismo e subjetivismo, ou seja, o empirismo e o racionalismo.
Portanto, Hegel não desvincula o indivíduo de suas tradições, de sua cultura e da
sociedade a qual pertence. O que enfatiza é a necessidade de analisar o real do ser,
verificar a relação dos fenômenos que os afeta, destacando, portanto, em sua formação, a
moral como sendo fruto da cultura, das formas de simbolização que estão na linguagem
cultural e em última instância, o trabalho.
Feuerbach
Ludwig Feuerbach (1804 – 1872) deixa a teologia e torna-se aluno de Hegel, em
um período de dois anos, na Universidade de Berlim. Seus estudos se voltam com maior
ênfase para a essência das religiões. Talvez por ter tido toda uma fundamentação moral a
partir dos conceitos teológicos, sua filosofia foi de tendência crítica à religião.
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Sua obra, “Sobre filosofia e cristianismo”, escrita em 1839, tem como pontos
relevantes para os pensadores da época, a discussão sobre a verdadeira essência
antropológica da religião e a analisa teologicamente como sendo falsa. Seu pensamento
entende que o problema do ser é guiar-se pelas ideias religiosas que invertem a realidade.
O ideal religioso, segundo a filosofia de Feuerbach, assemelha-se com o pensamento de
Nietsche (1854 – 1900), ou melhor, as ideias de Nietsche assemelham-se com as de
Feuerbach, quando cria a ideia do “super-homem”. A religião agiganta a natureza humana
em forma idealizada e escapista da sua realidade, de sua fati.
Marx
Karl Marx (1818 – 1883) é o divisor de águas, entre os filósofos, para se
compreender as relações existentes entre os seres humanos de sua época e, mesmo de
nossa contemporaneidade, em relação às análises dos fenômenos capitalistas e a
consequente desigualdade social. Seu pensamento não é uma tese absoluta, mas em seu
âmago, por mais antíteses que possam vir a surgir em forma de sínteses, não há
possibilidade de invalidá-lo. Ainda hoje, seu materialismo histórico, que apontam para as
lutas de classe em busca do poder, é totalmente atual.
Para darmos continuidade ao nosso pensamento, que tenta compreender ideologia
e educação, deve-se ter em mente o que são relações de produção. Todo o arcabouço do
pensamento marxista se fundamenta em dois elementos: processo de trabalho e relações
de produção. São nas relações de produção que acontecem os fatos históricos dos diversos
tipos de trabalho. Nesta mesma relação de produção verificamos a divisão em dois outros
importantes elementos: as relações de propriedade e a distribuição da riqueza em
sociedade.
Ora, quando se fala em trabalho devemos entender que é o exercício impresso por
alguém para transformar uma substância em produto. Um professor, p.e., tem como
trabalho transformar seu aluno em um cidadão; o padeiro transforma a massa de pão em
pão e assim indefinidamente. E para executar este processo de transformação existem
meios ou instrumentos utilizados por esses trabalhadores. Esses meios são denominados
de meios de produção.
Outro conceito importante, nesta linha de pensamento marxista, é o de matéria
bruta e matéria prima. Embora a palavra prima possa nos levar a pensar que é a primeira,
na verdade não é. A matéria bruta vem da natureza sem a intervenção humana, enquanto
a matéria prima é aquela que já veio preparada pelo homem antes de se tornar produto.
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O aluno parece ser um bom exemplo de matéria prima, pois chega à escola, depois
de ter sofrido as intervenções familiares. Ora, continuando o exemplo do professor e do
aluno, podemos perceber que entre o trabalho do professor e o aluno (objeto) a ser
transformado em produto, ou seja, algo útil ao ser humano e para a sociedade, uma
pergunta virá à tona: este produto atenderá a qual classe social?
Portanto, trabalhar, gastar energia mental ou física, intervir sobre a matéria e
transformá-la em produto útil à sociedade, no exemplo do professor, também é visto sob
a referência de classes sociais (dominantes e dominados). E, embora o ser humano, em
tese, não seja uma mercadoria para se agregar valores, na análise marxista é tanto quanto.
O simbólico, as mercadorias e o ser humano, no capitalismo e nas relações de produção,
são equiparados a mercadorias.
Nesta altura de nossa produção, outro elemento chave da teoria de Marx que
devemos ter em mente denomina-se força de trabalho. A força de trabalho é diferente do
trabalho. A primeira é a energia mental ou física gasta para fazer o trabalho, simples
assim. O professor gasta energia mental para dar aulas (trabalho) e transformar a matéria
prima, aluno, em um produto útil (cidadão). Logo, o sistema capitalista paga ou remunera
a força de trabalho, mas não o trabalho. Isso faz muita diferença, porque valoriza-se o
trabalho e não a força de trabalho. A valorização do trabalho é uma valorização de classe,
por isso o médico, o engenheiro, p.e., são mais valorizados que o professor, o servidor da
limpeza urbana, etc. Como mudar esse pensamento histórico, de caráter machista e de
classe?
Por incrível que pareça, o professor assemelha-se ao Charles Chaplin dos tempos
pós-modernos, pós-Revolução Industrial, porque não percebe o seu trabalho, a sua força
de trabalho e sua matéria prima como elementos da estrutura tópica do capitalismo. E de
todos esses elementos, o mais importante, chama-se meios de trabalho ou de produção,
ou seja, o instrumento utilizado entre professor e aluno para transformação do aluno em
cidadão. E quais os meios utilizáveis neste processo? E é justamente aqui que Marx
inverte tudo.
No Brasil, p.e., os meios de produção usados na Universidade Pública pelo
professor, para transformar sua matéria prima em produto, divergem dos Meios de
Produção utilizados nas escolas públicas de nível fundamental e médio, no processo de
transformação de seus alunos (processo de produção). A força de trabalho paga para o
profissional da Universidade Pública diferencia-se da força de trabalho do docente das
instituições públicas de nível básico. Porque o produto da realidade acadêmica tem
objetivo de classe que servirá ao comando, enquanto que no ensino básico, o objetivo é a
reprodução dos comandados.
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Portanto, percebe-se na intrincada rede do pensamento de Marx, que a ideologia
parte da classe dominante para a classe dominada. E por que a classe dominada não
produz uma ideologia? Porque ela não detém a propriedade privada dos meios de
produção.
Ora, Marx compreende que a classe dominante usará de todos os meios cognitivos
e físicos para manipular o poder e reproduzir as relações de produção e para isso utilizará
a ideologia, ou seja, a linguagem conativa, sedutora, velada que diz algo que parece ser
natural, com a intenção de sempre reproduzir as relações de produção.
Adorno
Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno (1903 – 1969) nasceu na Alemanha, um
dos fundadores da Escola de Frankfurt, desenvolveu vários trabalhos na área sociológica
e viveu o período mais catastrófico da história da humanidade, a Segunda Guerra
Mundial. Sua maior contribuição para a humanidade está relacionada à sua compreensão
e distinção entre cultura de massa e arte.
Adorno e seu amigo Horkheimer localizam e posicionam o processo de
racionalização da cultura ocidental, Iluminismo, ou seja, o esclarecimento pela razão, não
apenas no século XVIII, mas, também, em períodos mais antigos. Podemos ver isso no
livro Adorno & a Arte Contemporânea :
“Não apenas a ciência moderna e as técnicas industriais são
testemunho desse processo, que é a saída da obscuridade
religiosa, da superstição, do medo [...] o pensamento mitológico
tem a finalidade de dominar a natureza [...] A magia é uma forma
de técnica para estabelecer uma relação favorável com os deuses,
[...] e isso é feito através de imagens, símbolos, gestos, cantos,
[...] que mostram que a relação entre os homens e os deuses não
é mediada pela abstração conceitual, mas pela proximidade
imagética, simbólica: mímesis. [...] mas também se baseia em
elementos concretos, visuais, auditivos [...], Não se usa, ainda, o
poder de abstração, [...] Mas [...] se trata de uma forma de
estabelecer [...] hierarquia entre[...] os que detém o poder [...] de
todos os outros que estão excluídos.” (FREITAS, 2008, p.12)
A partir dessa visão em perspectiva, consegue-se entender e descrever a arte
também como linguagem, mas não a linguagem denotativa, e sim conotativa com função
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conativa. Percebe-se, portanto, o desenvolvimento do conceito imagético ou simbólico
como representação e projeção do já conhecido, daquilo que já acreditamos. A indústria
cultural capta esta ideia e desenvolve na cultura de massa o narciso de nós mesmos,
buscando nesta cultura a reprodução cotidiana e não a contemplação do espírito da obra,
coincidente com o espírito do artista, que nada mais é que sua inserção no contexto
histórico materializador do sujeito, por meio de sua historização consciente.
É em Adorno que percebemos a transformação do culto fideísta sendo substituído
pelo cientificismo, isto é, o uso metafórico religioso das tecnologias no lugar das
religiões. Adorno é o primeiro a identificar as ideologias na arte e demonstrar que o prazer
provindo dela demanda esforço, dedicação e apreensão do objeto artístico a ser
contemplado, e por ilação nos leva a entender que sem o devido estudo, o imagético passa
despercebido e nos tornamos mercadorias consumindo e sendo consumidos.
Na arte não há o reflexo daquilo que se gostaria de ver, ouvir, tocar, mas sim, o
epifânico, o despertar, a perplexidade, o deslumbre por algo que é novo, inédito e sem
abstração entre sujeito e objeto. Por analogia, assemelha-se ao sentimento do “crente”
anestesiado, quando dá significado material ao simbólico religioso. Logo, o imagético
religioso individualiza, separa do objeto o sensível e explica o inexplicável.
Adorno, em sua reflexão, contribui para dar à arte um status de revolução e
denúncia, distanciando-a das diversas materializações da indústria cultural que apenas
repete o mesmo do mesmo, num processo contínuo de alienação, de permanente desvio
da compreensão da realidade.
Althusser
Louis Althusser (1918 – 1990) nasceu na cidade de Birmandrais, na Argélia, que
na ocasião era colônia francesa. De religioso católico, após os estudos de Marx, torna-se
comunista. É acometido de doença psíquica que acarreta, em um de seus surtos, a morte
acidental de sua mulher. É um dos mais influentes estudiosos e intérpretes do pensamento
marxista. Inspirou-se no estruturalismo, humanismo e existencialismo.
Diferencia o materialismo histórico do materialismo aleatório ou de encontro,
provenientes do atomismo de Demócrito. Sua interpretação de o Capital, de Marx, eleva
a obra marxista ao patamar de ciência e busca no materialismo dialético os fundamentos
epistemológicos da teoria marxista.
É a partir de Adorno que veremos a definição de Estado e aparelhos do Estado sob
a forma ideológica e repressiva. Adorno começa sua obra definindo o que seria Estado e
seus instrumentos de repressão e ideologia.
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Os Aparelhos Ideológicos de Estado são os AIE: religioso, escolar, familiar,
jurídico, político, sindical e cultural. E os Aparelhos Repressivos do Estado, ou seja, que
se localizam nas infraestruturas econômicas: governo, administração, exército, polícia,
tribunais, prisões, etc.
Dentro desta ótica, a necessidade básica de se reproduzir as relações de produção,
de uma maneira geral, será mantida por esses dois aparelhos de Estado, ora
ideologicamente, ora repressivamente e às vezes os dois. Althusser salienta que as
superestruturas ideológicas são mantidas pelas infraestruturas econômicas e que se
outrora a religião tinha um papel expressivo na formação ideológica a favor do Estado,
hoje, este papel é da escola. Portanto, não é à toa, que a escola é o único lugar capaz de
transformar a mente das pessoas. Pois é nela, sobretudo, na Educação Básica, que todo o
processo alienatório começa, desde a alfabetização até o Ensino Médio (nomenclaturas
atuais).
Em seu livro “Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado” é feita uma descrição
de como se dá o poder de Estado, a constituição do Estado, e como assegurar a reprodução
das relações de produção, que nada mais é que a reprodução da exploração das relações
de produção garantida por esses aparelhos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da compreensão da leitura e pesquisa sobre o pensamento de cada um
desses filósofos, podemos verificar que a aproximação ideológica com a educação
encontra-se em um estado de exploração invisível aos olhos da grande maioria dos atores
que constitui o cenário da superestrutura ideológica educação escolar (professores,
gestores e alunos).
Tomou-se emprestado o termo infraestrutura econômica do Estado, para
demonstrar que é justamente na base econômica do Estado que se encontra a sustentação
da parte superior do edifício, a superestrutura ideológica de Estado. No caso da escola,
essa infraestrutura econômica é o trabalhador, especificamente o professor que não se vê
na infraestrutura à serviço na superestrutura.
Portanto, de Demócrito a Althusser, percebe-se que alguns papeis de importância
enfática na construção de valores foram substituídos. O sagrado, o simbólico e as
instituições religiosas desempenhavam um papel autoritário e dogmático com base em
teorias platônicas em que se sustentava uma visão cósmica e restrita do universo. Com o
advento da Modernidade, esses pensamentos foram tomando formas subjetivas e
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abstratas, anulando o poder da igreja e direcionando-o para a ciência, que
consequentemente transfere o papel religioso para a educação.
No entanto, temos a questão ambivalente, que à primeira vista pode parecer
casual, mas no fundo, tem toda uma carga intencional, que só a partir de Marx é percebida,
ou seja, a luta de classes entre dominantes e dominados. E é justamente aqui que
percebemos a contribuição teórica de Marx, quando dizia que a religião é o ópio do povo,
mas caso estivesse vivo hoje, diria certamente, que ópio do povo são as tecnologias.
Ora, o que vemos é que saímos de um fideísmo em suas diversas vertentes e
entramos em um verdadeiro cientificismo tecnológico. As pessoas não dominam apenas
as tecnologias, elas as têm como fonte indispensável de vida. Não conseguem existir,
andar, comer, estudar, conversar sem que elas não estejam onipresentes. Seus
comportamentos são a reprodução da relação estabelecida com essas tecnologias.
Dentro dessa nova roupagem ideológica, os atores da educação, especialmente os
professores, responsáveis em transformar a matéria prima aluno, em produtos (estudantes
e cidadãos), encontram-se tão alienados quanto os alunos. Nossos docentes são
verdadeiros fiéis desta nova religião, a tecnologia; e, assim, como todos, reproduzem os
mesmos comportamentos: curtidas e postagens virtuais.
Por essa razão, inconscientes do processo de alienação que se dá sob diversas
formas, não conseguem se ver atingidos por ele e nem tampouco se interessam por teorias
que explicam as causas da exploração social da atualidade, sendo fundamentadas pelos
pensamentos de Marx que viveu a realidade do século XIX.
Embora vivamos distante no tempo, em relação à realidade de Marx, a essência
de sua teoria não mudara. Existem vários exemplos de sedução ideológica aplicados sobre
o povo com o intuito de aliená-los. Um simples bilhete de loteria esportiva, p.e., está
repleto de ideologia de classe dominante. O apostador não percebe que os milhões de
pessoas que jogam, em vários dias da semana, autorizados legalmente, na verdade enchem
os cofres das instituições públicas bancárias, que irão financiar a especulação financeira,
as campanhas políticas, as construtoras, etc.
Na mente do apostador, o que se passa é a “fezinha”, a questão fideísta, explicada
na questão imagética e ideológica, estudadas nas teorias de Adorno. As propagandas
reforçam esse comportamento, destacando a necessidade de se manter essa corrente de
pensamento, que encobre ideologicamente a verdadeira intenção capitalista dos
banqueiros, que neste exemplo, financia os empresários de diversos ramos de negócio.
No fundo, o que se paga ao premiado é irrisório diante do montante recebido no país
inteiro, que fomenta a rede de enriquecimento dos grandes empresários, construtores,
banqueiros etc.
Volume 1, Número 2
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
IDEOLOGIA E EDUCAÇÃO
Páginas 5 a 19 17
Althusser, em sua obra já mencionada, Ideologia e Aparelhos Ideológicos do
Estado, nos mostra como funciona a reprodução das condições materiais da produção,
desde sua época:
“ Um simples instante de reflexão basta para nos convencermos
disto: o Sr. X, capitalista que na sua fiação produz tecidos de lã,
deve “reproduzir” a sua matéria prima, as suas máquinas, etc.
Ora, não é ele que produz para a sua produção – mas outros
capitalistas: um grande criador de carneiros australianos, o Sr.
Y..., o dono de uma grande metalurgia, o Sr. Z..., etc., etc.,..., os
quais devem por sua vez, para produzir estes produtos que
condicionam a reprodução das condições da produção do Sr. X...,
reproduzir as condições da sua própria produção e assim
indefinidamente.” (ALTHUSSER, 1970, p.14)
Ora, é notório a rede explícita neste exemplo descrito por Althusser, o que não se
percebe e que já se tornou natural é o Aparelho Ideológico Religioso e Cultural por trás
de inúmeros fenômenos da indústria cultural, que faz uso da cultura e teologia como
aparelhos ideológicos à serviço do Estado, do poder de Estado. E isso nada tem a ver com
público ou privado, pois no final das contas, a sociedade constituída nos níveis da
infraestrutura e superestrutura funcionam, dentro do poder, como parceiras.
Portanto, basta ligar a televisão no Brasil desde 1951 e teremos a primeira
telenovela brasileira, “Sua vida me pertence”, na antiga TV Tupi de São Paulo. Em 1982,
estreia, na Rede Globo de Televisão, o programa do Chacrinha. Esses formatos, até hoje
são preservados, reproduzidos, e a essência é a mesma da loteria esportiva, alienar. Hoje
em dia, temos: Hora do Faro, Domingo Legal, Domingão do Faustão, Programa Silvo
Santos, Programa Raul Gil, Domingo Show, Roberto Justus Mais, O Melhor do Brasil,
Legendários, Programa da Sabrina, A fazenda, BBB, Sônia Abrão, Pânico na Band,
SuperPop e Brasil Urgente. Todos a serviço da classe dominante.
Não é por acaso que o acesso às universidades públicas tem o mesmo mecanismo
dos programas de TV da televisão brasileira. Como assim? Um aluno da periferia, que
estuda no bairro pobre, com professores que vêm de uma jornada de duas escolas
(geralmente privadas) e a última, à noite e pública, terá uma aula de faz de conta e se
ingressar na universidade, será uma particular. Enquanto o aluno da rede privada, que o
mesmo professor da rede pública ensina, mas empenhado e dedicado em planejar suas
aulas, este aluno ingressará na universidade pública.
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Alguns críticos dirão que existem alunos da rede pública que passam nas
universidades públicas. Neste caso, o mecanismo é o mesmo da loteria esportiva. É
necessário para se reproduzir a ideia imagética do agraciamento divino, que interessa
muito mais a classe dominante, que “meia dúzia de gatos pingados” seja aprovado em um
desses exames, enquanto milhões não conseguem chegar à porta da universidade pública.
Sempre o mecanismo é o mesmo, independente do alienador. O programa TV
instrutivo, Roda Viva, Jô Soares, Canal Livre, Conversa com Bial, etc. passa em um
horário que todos já estão dormindo, ou seja, o trabalhador. No entanto, as novelas,
programas de auditório, fofocas dos famosos e telejornalismo sensacionalistas, esses se
encontram à serviço, em tempo integral, da matriz reprodutora da alienação do povo.
Ideologia e educação se encontram nas mãos dos proprietários dos meios de
produção. Como vimos, esses proprietários trabalham em conjunto, na política, nas
comunicações e na justiça, sem restrição a coisa pública ou privada. Todos, de uma forma
ou de outra, procuram reproduzir Charles Chaplin tecnologizados. Então, devemos
abandonar as tecnologias? Claro que não, só não deveríamos ser tão escravos delas, a
ponto de não enxergar mais nada que nos faça ser mais autônomos e menos autômatos.
Penso que seria muito importante, temas como esse serem discutidos em
seminários, palestras e cursos para os professores das redes públicas de ensino. Nossos
professores precisam, assim como nossos alunos, de uma orientação filosófica mais
aprofundada, que os faça compreender a ciência como algo indispensável para a
humanidade, mas que geralmente funciona apenas para servir a parte que se julga superior
e que se desassociou dos questionamentos filosóficos.
Essa consciência não surge, enfim, da maçã que cai sobre a cabeça, ao acaso. Essa
consciência assemelha-se ao gérmen de Buffon que se constrói através de muita luta,
esforço, leitura e estudo. O que se vê na educação pública, hoje em dia, é o descaso de
professores e alunos em relação aos conhecimentos. A falta de leitura e dedicação
profissional, por parte dos professores, e consequentemente a percepção por parte dos
alunos, criam este cenário catastrófico da educação.
A solução é utópica, mas não em seu sentido pejorativo e sim algo a ser buscado,
mas não na inércia daquele que é o principal elemento consecutivo desta transformação,
o professor.
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REFERÊNCIAS
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