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jessica-figueiredo
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8/16/2019 Artigo Imaginario
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INTRODUÇÃO
Desde a infância, estamos “acostumados” a ouvir estórias dos mais velhos sore
encantos, feiti!os, assomra!"es, lendas sore oto, m#e d$%&ua, curu'ira, aves a&oureiras(acau#) ou mito da cora &rande (*ucuri+u), fases da lua, etc todos re&idos 'or for!as do
sorenatural, e de al&uma forma s#o li&adas a nature-a . cren!a nas narrativas m/stico0
lend%rias fa- 'arte do ima&in%rio ama-1nico
. necessidade de reali-ar um estudo sore o ima&in%rio do ama-1nida se deu a 'artir
do 'rimeiro contato com as oras de In&l2s de *ousa, o 3ual 'ossui uma ri3ue-a de detalhes,
aseadas no olhar do rieirinho, do caoclo, do /ndio do s4culo 5I5 6 em muito contriuiu
'ara a forma!#o da literatura rasileira
. re&i#o ama-1nica 4 ri3u/ssima em ma&ias, encantos e mist4rios 3ue 'ro'icia a
cria!#o do ima&in%rio do morador deste lu&ar, influenciando0o a uscar e7'lica!"es de sua
'ró'ria realidade dentro de um universo maior, o da nature-a Os “8ontos .ma-1nicos” 4 um
documento fiel no 3ual revela uma realidade natural, tra-endo os acontecimentos do dia a dia,
a luta 'ela soreviv2ncia, a e7'lora!#o do homem, e7'lora!#o da terra, contudo sem dei7ar de
lado os acontecimentos e7traordin%rios, o sorenatural criado 'ela fantasia 'o'ular
9rocurar entender esse universo t#o misterioso e encantador 4 o foco 'rinci'al deste
traalho .mi!#o maior 4 de esclarecer o amiente liter%rio e mitoló&ico 'resentes nos
8ontos .ma-1nicos de In&l2s de *ousa, em es'ecial “.cau#” 'or conter uma narrativa
sur'reendentemente com seres m/stico0lend%rios 'ertencentes ao ima&in%rio caoclo, de alta
relevância 'ara a vivacidade da memória cultural do nortista 6 t#o es3uecida na memória
cultural nacional
O I:.;IN
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desenvolvimento do com'onente m/tico ama-1nicoA 'ara isto faremos um reve endosso
acerca deste
Nos dicion%rios encontramos v%rios sentidos do termo ima&in%rio, tais comoB
? Cue só e7iste na ima&ina!#o
Cue n#o 4 real
E Ilusório
F Gict/cio, fant%stico
No entanto, a'esar de os dicion%rios terem um si&nificado acerca do 3ue se+a
“ima&in%rio” n#o 4 'oss/vel esta&nar a'enas no cam'o das si&nifica!"es, 4 'reciso analisar
como se dar o desenvolvimento do ima&in%rio O 'onto crucial 'ara a sua cria!#o 4 no âmito
do 'si3uismo, ou se+a, nos 'rocessos mentais, 'or4m tal 'rocesso se d% 'or meio da
'erce'!#o, 'ois 4 atrav4s dos sentidos 3ue um su+eito sente o 3ue esta acontecendo ao seu
redor, no entanto, muitas ve-es n#o entende ou n#o tem uma +ustificativa concreta 'ara
e7'licar tal fen1meno, ent#o H alternativa mais sólida 'ara +ustificar, ou e7'licar tal fato 4 aima&ina!#o, 3ue 4 a 'ro+e!#o de ima&ens, conse3uentemente este indiv/duo cria uma
lin&ua&em como forma de esclarecimento acerca de al&o 'ara ele mesmo, ou 'ara a
comunidade do 3ual esta inserido
6ntretanto, tal 'rocesso n#o se desenvolve do nada, ou melhor, n#o asta ver a'enas
ima&ens “soltas”, mas sim atrel%0las um si&nificado, a uma e7'eri2ncia, 'ara isto 4
fundamental a vis#o da comunidade cultural, 'ois 4 a 'artir dos s/molos (si&nificados
si&nificantes ) 3ue estimula o ato de ima&inar, aseado nisso Jachelard (KKL) defende 3ue h%
uma rela!#o entre s/molo, ima&em e ima&in%rio
De acordo com JachelardB (.'ud 96RIN, KKL, '?M)
O voc%ulo fundamental 3ue corres'onde H ima&ina!#o n#o 4 a ima&em, 4 oima&in%rio O valor de uma ima&em se mede 'ela e7tens#o de sua %urea ima&in%ria;ra!as ao ima&in%rio, a ima&ina!#o 4 essencialmente aerta, evasiva 6la 4 no
'si3uismo humano a e7'eri2ncia da aertura, a e7'eri2ncia da novidade
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Ou se+a, o 'rocesso 3ue se d% no 'si3uismo 4 o ima&in%rio :as 'ara isto 4
im'rescind/vel 3ue ha+a uma deforma!#o, uma transforma!#o da 'rimeira ima&em 'ara ent#o
a cria!#o de ima&ens novas 9ois, 'or mais 3ue se+a no 'si3uismo o criador, este estar%
sem're em usca de inovar, ou se+a, a 'rocura da novidade
9artindo deste 'ressu'osto, os elementos citados acima só t2m sentido am'lo se
forem atrelados Hs e7'ress"es orais coletivas de um 'ovo, seus 'rocessos de transmiss#o de
acordo com a vis#o de cada indiv/duo, Hs formas de entona!#o e a em'ol&a!#o dos narradores,
3ue 'reservam na oralidade a 'erman2ncia de usos, costumes, 'eda&o&ias, normas morais,
4ticas e 'reconceitos constru/dos no ima&in%rio secular “@ ca'acidade humana de reter fatos
e e7'eri2ncias do 'assado e retransmiti0los Hs novas &era!"es atrav4s de diferentes su'ortesem'/ricos (vo-, ima&em, te7tos etc)” (ON *I:*ON, KKF, ' ??)
@ 'or meio do costume de N.RR.R 3ue os seres humanos conservam a vivacidade
da fun!#o ldica e did%ticaB encanto, ma&ia e entretenimento aliam0se a ensinamentos, re&ras,
conceitos, 'osturas 3ue devem ser a'rendidas, ao mesmo tem'o em 3ue documenta o fa-er, o
'ensar e o ser dentro de um universo cultural es'ec/fico “. narra!#o 4 uma forma artesanal
de comunica!#o 6la n#o visa transmitir o acontecimento “em si”, ela o tece at4 atin&ir uma
forma oa Investe sore o o+eto e o transforma” (JO*I, ?PPF, ' ?)
O elemento 'rimordial 'ara a constru!#o deste 'rocesso da narrativa 4 a ima&ina!#o,
'ois, tudo 'ara o ser humano tem um sentido, tem um si&nificado, uma simolo&ia, criando
assim um 'lano simólico O 'ensamento ló&ico0racional, 'reso H an%lise dos fatos, 'or4m
“n#o cria si&nificados, 'ara 3ue isto ocorra 4 necess%rio ima&inar” ;ilert Durand ( a'ud
96RIN, KKL, '?)
De acordo com ;ilert Durand, “6ntre a assimila!#o 'ura do refle7o e a ada'ta!#o
limite da consci2ncia H o+etividade, constatamos 3ue o ima&in%rio constitu/a a ess2ncia do
es'/rito, isto 4, o esfor!o do ser 'ara er&uer uma es'eran!a viva diante e contra o mundo
o+etivo da morte” (a'ud 96RIN, KKL, '?L) .ssim, o ima&in%rio, como ess2ncia do
es'/rito, 'romove o sistema filosófico, a doutrina reli&iosa, a narrativa histórica, a narrativa
lend%ria, os contos, os mitos, 'ois a ima&ina!#o or&ani-a e mede o tem'o da vida humana na
terra, dando si&nifica!#o e ressi&nifica!#o aos nossos dese+os
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@ salutar desvelar o 'rocesso em 3ue os homens atriuem si&nificados aos o+etos, e
'or conse&uinte, decorre o universo das ideias 8omo re'resenta!#o mental de uma estrutura
concreta ou astrata, considerada como o elemento consciente do universo simólico, as
ima&ens e o ima&in%rio constituem0se em sin1nimos simólicos, Nesta 'ers'ectiva da
simolo&ia das ideias, sur&em em concomitância Hs formas 3ue cont2m sentidos afetivos e
universais, os denominados ar3u4ti'os ou insides, cu+as motiva!"es remetem Hs estruturas do
inconsciente
Na .ma-1nia, a constru!#o deste ima&in%rio 4 constante, 'ois conforme QoureiroB
O homem ama-1nico com'reende sua realidade de uma forma em'/rica e devaneia
diante de sua ele-a @, ao mesmo tem'o, sens/vel a ela, 'odendo senti0la,com'reend20la, e recria o seu mundo diante de sua 'resen!a (QOUR6IRO, ?PPL,
'EL)
.l4m disso, o ama-1nida constrói uma realidade metaf/sica da nature-a Isso torna
uma usca de si&nifica!"es e ressi&nifica!"es 3ue recondiciona o reconhecimento de um
as'ecto sorenatural, 3ue 4 al&o 'resente no ima&in%rio ama-1nico, se+a 'ara e7'licar sua
rela!#o com a nature-a, se+a 'ara educar e im'or certos valores .ssim, fica claro como este
'rocesso 4 t#o 'ertinente na viv2ncia de mundo do /ndio, do caoclo, do rieirinho e de todos
a3ueles 3ue est#o em contato direto ou indireto neste meio
I:.;INNI8OB
. re&i#o Norte, em es'ecial a .ma-1nia rasileira, na maioria dos casos, sem're foi
vista 'or interesses, se+am eles 'or motivos econ1micos ou 'ol/ticos No 'assado, esta re&i#o
'ossu/a finalidades asicamente es'ec/ficas, como a e7tra!#o de ri3ue-as naturais ou a
e7'lora!#o do traalho escravo (ind/&ena e caocla) . .ma-1nia 'or muitos anos foi“es3uecida” 'elo 'oder central rasileiro 'ela sua locali-a!#o &eo&r%fica, e 'elo dif/cil acesso
. altera!#o no âmito econ1mico, se&undo *oares, se deu da se&uinte formaB
O 'ovoamento da .ma-1nia Jrasileira come!ou na realidade somente dois e meios4culos a'ós o descorimento do Jrasil, muito emora desde os 'rinc/'ios do s4culo5II os 'ortu&ueses +% fi-essem sentir a sua 'resen!a nas terras do e7tremo norte dasua novel col1nia (Jel4m foi fundada em ?M?M) Tal 'resen!a, manifestada 'elaconstru!#o de fortale-as e casas0fortes (fortins), tinha, antes de mais nada, car%ter eminentemente 'ol/tico de ocu'a!#o do território, de defesa e &arantia da 'osse
da3uelas terras lon&/n3uas contra a coi!a do estran&eiro (franceses, holandeses ein&leses), 3ue nelas fre3uentemente incursionavam 'ilhando mat4rias0'rimasflorestais 0 as valiosas es'eciarias e nelas +% se tinham estaelecido, como atestava
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a e7ist2ncia de v%rios ncleos de ocu'a!#o mercantil e 'e3uenos estaelecimentosmilitares 'or eles levantados em diversos 'ontos do vale, tanto no litoral 3uanto nointerior, Hs mar&ens do .ma-onas e dos ai7os cursos de al&uns de seus triut%rios(*O.R6*, ?PME, ' ???)
No 'er/odo colonial (5I e 5II), a corte 'ortu&uesa 'reocu'ada com a f%cil entrada
de estran&eiros, criou al&uns fortes ao lon&o do rio ama-onas, na tentativa de 'rote&er o
território dos invasores Outro momento de 'enetra!#o foi 3uando nos meados do s4culo
5III, na e7'lora!#o das dro&as do sert#o, onde muitas 'essoas che&avam H .ma-1nia com
intuito de e7'lorar e oter lucros na revenda destas es'eciarias (ervas arom%ticas, 'lantas
medicinais, cacau, canela, aunilha, cravo, castanha e &uaran%) . e7'lora!#o serviu 'ara
oten!#o de lucros, em es'ecial 'ara os euro'eus
S% no final do s4culo 5I5, inicia0se o ciclo da orracha, 3ue se tornou um dos
movimentos econ1micos no Jrasil mais im'ortante, e colocou em desta3ue a .ma-1nia,
tra-endo um nmero si&nificativo de imi&rantes, em es'ecial os nordestinos, 3ue na 4'oca
totali-avam cerca de LKK mil 9or4m este nmero foi 'assa&eiro 'or causa da crise da
orracha em ?P? :uitos voltaram 'ara o seu lu&ar de ori&em
.s altera!"es ocorridas na .ma-1nia, se+am elas no âmito econ1mico ou e social,
foram insuficientes em rela!#o a outros estados do Jrasil Tal fator resultou sustancialmente
'ara a constru!#o do ima&in%rio ama-1nico, um arro3uismo de cren!as locais, ind/&enas,
'ortu&uesas e africanas . contriui!#o nordestina se inscreve 'elos anos dos holandeses na
costa rasileira Os reli&iosos católicos 'ortu&ueses, 'ara sedu-ir os nativos, ada'taram a
litur&ia a tradi!"es ind/&enas ou inventaram rituais 'ara convencer o nativo de seus
ensinamentos, como 4 o caso ritual do .!air4 .ssim, santos e visa&ens est#o no mesmo
'ante#o de cren!as na floresta .nimais, ve&etais a3u/feros e visa&ens 'erfa-em o
maravilhoso cotidiano do ama-1nida
O ima&in%rio ama-1nico 4 cercado 'or ricas histórias, costumes, lendas, mitosA al4m
disso, 'ossui um vocaul%rio rico em sinta7es tam4m 'rovenientes da mistura dos 'ovos Os
'oderes sorenaturais dos mitos ama-1nicos esca'am dos 'oderes dos santos, como 4 o caso
do oto, ou da cora &rande, da m#e d%&ua, etc .s cren!as de ori&em ama-1nica e crist#s
com'letam0se 'ara diferentes o+etivos Isso 'or3ue os tra!os culturais do caoclo, no sentido
3ue 8ascudo confere ao termo, re'ortando0se H ori&em ind/&ena do termo caoclo, de caaboc, em estudos de 8amara 8ascudo, si&nifica “a3uele 3ue vem do mato”
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(8.*8UDO,?PF) e do /ndio, re'resentam o modo de vida em distinto ao da vida urana,
'ois estes t2m o seu 'ró'rio ritmo e com isso tam4m a sua sin&ular vis#o de mundo “.
circunstância caocla de ver maravilha nas coisas” (QOUR6IRO, ?PPL, 'M) favorece a
cria!#o do ima&in%rio 'ara e7'lica!"es dos mitos acerca dos fen1menos do mundo
ama-1nico
Os haitantes deste lócus ainda n#o se se'araram da nature-a, onde os mist4rios da
vida ainda n#o 'erderam o devido valor e t#o 'ouco n#o descartam a ideia de 3ue o homem 4
su+u&ado 'ela nature-a *e&undo So#o de Sesus 9aes QoureiroB
Uma cultura dinâmica, ori&inal e criativa, 3ue revela, inter'reta e cria sua realidade
Uma cultura 3ue, atrav4s do ima&in%rio situa o homem numa &rande-a 'ro'orcionale ultra'assadora da nature-a 3ue o circunda (QOUR6IRO, ?PPL, 'EK)
9artindo deste 'ressu'osto, constata0se 3ue o homem ama-1nico construiu um
'rocesso cultural, 'ois atrav4s do ima&in%rio colocou a nature-a H sua medida nesse con+unto
3ue 4 o “mundo ama-1nico”, 'ois mesmo a es'iritualidade católica advinda da coloni-a!#o
6uro'eia n#o e7tin&uiu a cren!a acerca dos mist4rios e encantos da floresta e dos rios
8ontudo, o ima&in%rio ama-1nico se manifesta 'ara al4m da floresta Os de meios rurais
'ossuem em sua maioria a vivacidade de um ima&in%rio voltado H cren!a nas for!as danature-aA a certe-a de 3ue tudo 3ue ocorre tem um sentido, uma causa, uma finalidade, isto 4,
incontest%vel 'ara as 'essoas desta -ona
JOIVN.B O :ITO D. ;R.ND6 *6R96NT6 QUN.R
No conto “.cau#” de In&l2s de *ousa (KKW), a 'resen!a da &rande ser'ente 4 o
'rinci'al 'ersona&em da ora, esta fa- 'arte do ciclo ser'enten%rio da 8ora ;rande, 3ue est%
inserido em inmeras culturas es'alhadas 'elo mundo, 'or4m com diferentes condensa!"es Na re'resenta!#o do ima&in%rio caoclo, a cora &rande assume diversas formas, 'ois tem o
'oder de se metamorfosear em &alera encantada, navio encantado, os olhos simulando faróis,
esta 'ossui o 'oder de atrair, de matar, de en&ravidar, 'oder de ensurdecer com sua 'otente
vo- Ou se+a, tudo isso s#o 'ro+e!"es humanas acerca da *ucuri+u?, resultando numa ima&em
1 Nome científco: Eunectes murinus. A sucurijú ou sucuri é uma das maiores serpentes
do mundo, conhecida também por outros nomes, como sucuriju, sucuriúba, boiaçu ouanaconda, é um réptil oídio da amília dos boídeos. Mede em eral de ! a "m, podendo
atinir até 1#m.
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material 8onclui0se com as 'alavras de ;aston Jachelard, a'ro'riadas ao e7ame ima&in%rio
ama-1nicoB
. ima&ina!#o inventa mais 3ue coisas e dramasA inventa vida nova, inventa mentenovaA are olhos 3ue t2m novos ti'os de vis#o XY Ter% vis"es se se educar comdevaneios antes de educar0se com e7'eri2ncias, se as e7'eri2ncias vierem de'oiscomo 'rovas de seus devaneios (J.8Z6Q.RD,?PWP, '?W)
6 so essa ótica 4 3ue os contos in&lesianos se valeram 'ara a cria!#o da ;rande
*er'ente, na condi!#o humana a itória, na 3ual simoli-a as diversas formas 3ue o mito da
ser'ente 'ode atriuir, e isto esta internali-ado no ima&in%rio, 'or4m tal cria!#o 4 de cunhosorenatural no olhar 'o'ular, ou se+a, as 'essoas desta re&i#o convivem e acreditam
fielmente neste mito, o da Sucuriju (Boiúna). *e&undo o estudioso Raimundo :oraes os
relatos 'o'ulares sore este mito 4 “verdadeiro” .ai7o se&ue al&uns fra&mentos
semelhantes com as do conto “.cau#”
. oina, cora enorme, m#e de todas as %&uas da acia soerana, dos la&os e dosi&a'ós, das enseadas e dos i&ara'4s, dos furos e dos 'aran%s, das vertentes edesa&uadouros, nada e vi&ia dum e7tremo ao outro Cuando se houve o ronco
lon&/n3uo, 3ue arre'ia os caelos e '"e um frio de morte na medula, 4 ela, o &2niodo mal, a cora &rande *eu uivo horri'ilante, 'redominando sore todas as vo-es,tem o 'oder el4trico de 'aralisar a ener&ia dos outros animais 9or madru&adasfechadas e tormentosas avistam0se duas tochas fosforescentes vo&ado ao lar&o *#oos olhos da cora XY Nem sem're XY o desmedido of/dico se mostra XY tal a suafaculdade de metamorfose XY Nos 3uartos min&uantes, 3uando a lua recorda um
atel de 'rata, lo&o de'ois das do-e adaladas, a oina re'onta nos moldes i-arrosduma &alera encantada, &uinda alta, velas 'andas, sin&rando e cru-andosilenciosamente as a/as XY *em're 3ue al&um temer%rio a 'erse&ue, nainsist2ncia curiosa das investidas arriscadas, a &alera0fantasma colhe as asas de&rande ave ravia, or!a, muda de rumo, e, voando com a ra'ide- do alatro-, dei7a
na esteira alava a es'uma lam'e+ante do en7ofre luciferiano XY Cuem a v2 ficace&o, 3uem a ouve fica surdo, 3uem a se&ue fica louco . oina, entretanto, aindatoma outras formas XY 9or fim o desconhecido vaso se a'ro7ima, recoerto defocos el4tricos, 'olvilhado de 'oeira luminosa, como se uma nuvem de 'irilam'osca/sse sore um marsu'ial imenso dos idos 'r40históricos Diminui a marcha, XY.van!a deva&ar XY .s 'essoas 3ue se achavam na mar&em resolvem, nesse/nterim, ir a ordo XY :al se avi-inham do clar#o 3ue circunda o 'a3uete e tudodesa'arece en&olido, afundado na vora&em XY .sas de morce&o viram no ar,
'ios de coru+a se entrecru-am, e um assoio fino, sinistro, 3ue entra 'ela alma, cortao es'a!o, dei7ando os caoclos aterrados de 'avor, atendo o 3uei7o de frio67aminam aflitos a escurid#o em redor, entreolham0se sem fala, &elados de medo, evolvem H eirada, tiritando de fere, assomrados Goi a oina, a cora0&rande, am#e0d$%&ua 3ue criou tudo a3uilo, alucinando na3uele horr/vel 'esadelo as 'orescriaturas ( :OR.6*, ?PM,' W0WL)
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S% vers#o de In&l2s de *ousa (KKW) se valeu do %lii erudito 'ara a sua com'osi!#o
'ermitindo o estaelecimento em comum com a e7'osi!#o de :oraesB
:as tudo isso n#o era nada Do fundo do rio, das 'rofunde-as da la&oa formada 'elo Nhamund%, levantava0se um ru/do 3ue foi crescendo, crescendo e se tornou umclamor horr/vel, insano, uma vo- sem nome 3ue dominava todos os ru/dos datem'estade 6ra um clamor só com'ar%vel ao rado imenso 3ue h#o de soltar oscondenados no dia do Su/-o Ginal
Os caelos do ca'it#o Gerreira 'useram0se de '4 e duros como estacas 6le emsaia o 3ue a3uilo era .3uela vo- era a vo- da cora &rande, da colossal sucuri+u,3ue reside no fundo dos rios e dos la&os 6ram os lamentos do monstro em laorioso
'arto
XY a vo-, a terr/vel vo- aumentava de volume, cresceu mais, cresceu tanto afinal,3ue os ouvidos do ca'it#o -umiram, tremeram0lhe as 'ernas e caiu no limiar deuma 'orta
XY
:uito tem'o esteve o ca'it#o ca/do sem sentidos Cuando tornou a si, a noite estavaainda escura, mas a tem'estade cessara Um sil2ncio tumular reinava Ser1nimo,
'rocurando orientar0se, olhou 'ara a la&oa, e viu 3ue a su'erf/cie das %&uas tinha um rilho estranho, como se a tivessem untado de fósforo Dei7ou errar o olhar sore atoalha do rio, e um o+eto estranho, afetando a forma de uma canoa chamou0lhe aaten!#o O o+eto vinha im'elido 'or uma for!a desconhecida em dire!#o H 'raia
'ara o lado em 3ue achava Ser1nimo 6ste, tomado de uma curiosidade invenc/vel,adiantou0se, meteu os '4s na %&ua e 'u7ou 'ara si o estranho o+eto 6ra com efeitouma 'e3uena canoa, e no fundo dela estava uma crian!a 3ue 'arecia dormir Oca'it#o tomou0a nos ra!os (*OU*.,KKW, 'LP)
De acordo com Gi&ueira (KK) o mito da Joina ama-1nica 4 um s/molo do mitoar3uet/'ico nictomorfico lunar da ser'ente, isso 'or3ue ar3uet/'ico acontece em diversas
culturas, nictomórfico (seres li&ados H noite), e lunar (referente H feminilidade) No conto
esses elementos se diluem ao lon&o da trama, ora de forma e7'licita, ora na entrelinhas, 'ois
do im'etuoso 'arto da Joina, sur&i itória, e esta nasce H noite, e adv4m das %&uas, na 3ual
'ossui uma dualidade, 'ois ao mesmo tem'o em 3ue a %&ua 4 um elemento &erminativo, onde
&era vidas, nas %&uas escuras do rio h% tam4m os malef/cios e tudo isso se associa H noite,
3ue conforme na vis#o de JachelardB
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XY a noite 4 uma sustância, a noite 4 a mat4ria noturna XY 6, como a %&ua 4 a
sustancia 3ue melhor oferece Hs misturas, a noite vai 'enetrar as %&uas, vai turvar o
la&o em suas 'rofunde-as, vai im're&n%0lo
XY
Cuando a noite che&a, os fantasmas das %&uas se condensam XY Os fantasmas do
rio alimentam0se, 'ois da %&ua e da noite (J.8Z6Q.RD,?PWP, '?KL0?K)
No conto “.cau#”, o mito ar3uet/'ico nictomorfico lunar se valeu destes
elementos acima, como %&ua, noite, no 3ual fa- 'arte da 'ersona&em “itória”, 'ois estaadvinda das %&uas escuras e da noite e com o seu rilho, enrredou o 8a'it#o Ser1nimo com
seus 'oderes encantatórios e enfeiti!ou0o no sentido 3ue n#o 3uestionou a ori&em da su'osta
crian!a, movido 'ela curiosidade e n#o temendo do 3ue 'oderia ser, entrou no rio “6ste,
tomado 'or uma curiosidade invenc/vel, meteu os '4s na %&ua e 'u7ou 'ara si o estranho
o+eto” (*OU*., KKW, 'LP)
Outro 'onto interessante 4 o rilho do encantamento da ;rande *er'ente 'rovocado
nas 'essoas *e&undo Qoureiro (?PPL, 'F) “um rilho 3ue ofusca e atrai o olhar sore a
forma dessa claridade” No conto “.cau#” (KKW), isto foi retratado com 'reste-a 'or In&l2s
de *ousa, aos detalhes do rilho ofuscante da Joina, 'ois no momento a'ós o su'osto 'arto
o ca'it#o se de'arou com a se&uinte situa!#oB “XY olhou 'ara a la&oa e viu 3ue a su'erf/cie
das %&uas tinha um rilho estranho, como se tivessem untado de fósforo XY ”(*OU*., KKW,
'LP)
.l4m destes com'onentes 3ue fa-em 'arte do ima&in%rio, h% diversas simula!"es daJoina como navio iluminado, &alera encantada, entre outros +% citados anteriormente, na
trama h% tam4m as simula!"es 3ue a *ucuri+u 'ossui, 'ois est% advindo de um 'arto simulou
a metamorfose de uma canoa e em se&uida na crian!a itória, como evidencia o trecho
aai7oB
:uito tem'o esteve o ca'it#o ca/do sem sentidos Cuando tornou a si, a noite estavaainda escura, mas a tem'estade cessara Um sil2ncio tumular reinava Ser1nimo,
'rocurando orientar0se, olhou 'ara a la&oa, e viu 3ue a su'erf/cie das %&uas tinha um
rilho estranho, como se a tivessem untado de fósforo Dei7ou errar o olhar sore atoalha do rio, e um o+eto estranho, afetando a forma de uma canoa chamou0lhe aaten!#o O o+eto vinha im'elido 'or uma for!a desconhecida em dire!#o H 'raia
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'ara o lado em 3ue achava Ser1nimo 6ste, tomado de uma curiosidade invenc/vel,adiantou0se, meteu os '4s na %&ua e 'u7ou 'ara si o estranho o+eto 6ra com efeitouma 'e3uena canoa, e no fundo dela estava uma crian!a 3ue 'arecia dormir Oca'it#o tomou0a nos ra!os
XY
No dia se&uinte, toda a vila de Garo di-ia 3ue o ca'it#o adotar% uma lindacrian!a, 3ue foi ati-ada com o nome de itória ” (*OU*., KKW, ' LP0MK)
Nesse trecho fica evidente de como se deu a forma 'erfeita da transforma!#o, 'ois nanoite so fortes tem'estades o ca'it#o Ser1nimo encontrou uma crian!a, e esta vinha numa
canoa Hs mar&ens do rio e 'osteriormente se tornou a filha adotiva itória 6sta com seus
'oderes de metamorfose, so a forma humana, foi ati-ada, cresceu normalmente, 'artici'ou
da esfera familiar, a'arentemente um 'essoa normal No entanto itória, no caso a Joina,
esta +% 'rovocava malef/cios sore a Irm# .ninha, 'or4m aos olhos de Ser1nimo (o 'ai), tudo
ocorria so a normalidade, 'ois a comunidade en7er&ava o 3ue o 'ai n#o 'erceia em .ninha
8omo e7em'lifica o se&uinte trechoB
.na fora uma crian!a rousta e s#, e a&ora fran-ina e '%lida XY .ninha tinha um ar tristonho, 3ue a todos im'ressionava , e se ia tornando cada dia mais vis/vel Navila, di-ia toda a &enteB 0 como est% ma&ra e aatida a .ninha Gerreira, 3ue 'rometiaser rousta e ale&re[ ( *OU*., KKW, ' MK)
S% em o'osi!#o, itória era ela, de a'ar2ncia feli- e de fei!#o forte, 3ue no enunciado
aai7o do conto in&lesiano evidenciaB
itória era alta e ma&ra, de com'lei!#o forte, com os msculos de a!o . te- eramorena, 3uase escura, as sorancelhas ne&ras e ar3ueadasA o 3uei7o fino e 'ontudo,as narinas dilatadas, os olhos ne&ros, ras&ados, de um rilho estranho .'esar daincontest%vel formosura, tinha al&uma coisa de masculino nas fei!"es e nos modos. oca, ornada de ma&n/ficos dentes, tinha um sorriso de &elo Gitava comarro&ância os homens at4 ori&%0los a ai7ar os olhos (*OU*., KKW, ' MK)
Nas duas cita!"es anteriores ficam claro no conto “.cau#”, os 'oderes encantatórios,
os feiti!os da Joina, na condi!#o de itória so Gerreira 4 evidente 9ois este n#o 'erceia o
3ue era 'erce't/vel na comunidade, na 3ual sua filha .ninha estava 'assando 'or uma es'4cie
de o'ress#o, um sofrimento do 3ual n#o se saia a causa, en3uanto 3ue sua filha adotiva era
“forte”, a descri!#o da itória 4 3ue ela 'ossu/a viriilidade, isto 4, caracter/sticas masculinas,
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outro 'onto 4 3ue a ima&em de itória 4 uma ima&em of/dica, e7em'loB o nari-, a 'ele, o
cor'o e 3ue 3uando os homens olhavam 'ara ela, esta fi7ava os olhos neles at4 ai7arem a
vista .l4m disso, itória tratava .ninha como sua escrava, tinha so ela uma es'4cie de
domina!#o
. narrativa relata uma rela!#o entre as irm#s, 'or4m uma rela!#o confusa, com uma
certa ami&uidade, “.s duas com'anheiras afetavam a maior intimidade e ternura rec/'roca,
mas o oservador atento notaria 3ue .ninha evitava a com'anhia da outraXYnas rela!"es de
todos os diasXY”(*OU*., KKW, 'MK) Notamos assim 3ue a su+u&a!#o de .ninha em
rela!#o H itória se d% 'elo fato de ser um “s/molo do andro&inato 'rimitivo das divindades
lunares, desenvolve as nature-as masculina e femininaB “O hermafrodita lunar conserva ele 'ró'rio os tra!os distintos da sua du'la se7ualidade” ( GI;U6IR., KK)
No conto “.cau#” o narrador dei7a em claro 3ue mesmo .ninha sofrendo de uma
certa o'ress#o, tudo se&uia com normalidade na casa, 'or4m as duas ao com'letarem a idade
de 3uin-e anos, come!aram os “'rolemas”, 'ois nessa fase come!am os 'edidos de
casamento, e 'ortanto .ninha n#o ficaria de fora desta formalidade, mas 'ara itória isso n#o
era nada om, 'ois o ato de domina!#o da irm# consistia em uma certa renuncia H de .ninha
Dando continuidade, na 'rimeira tentativa de casamento .ninha re+eita, mas na
se&unda 'or im'osi!#o de seu 'ai aceita e a 'artir da/ itória, fica mais estranha, ela de certa
forma revela uma contrariedade em rela!#o ao casamento da irm#
Desse dia em diante XY ausentava0se da casa fre3uentemente, em horas im'ró'riase sus'eitas, sem nunca 3uerer di-er 'or onde andava XY .ninha ficava mais fraca eaatida N#o falava, n#o sorria, dois c/rculos arro7eados salientavam0lhe a moride-dos &randes olhos 'ardos Uma es'4cie de cansa!o &eral dos óros 'arecia 3ue lhe
ia tirando 'ouco a 'ouco a ener&ia da vida ( *OU*., KKW, 'M?)
O enunciado acima evidencia a frustra!#o de itória em rela!#o H irm# 'or ter aceitado
as e7i&2ncias do 'ai *e&undo Qauro Gi&ueira (KK) A o narrador rom'e a rela!#o das duas,
ou se+a, a 'r%tica se7ual das irm#s e a consuma!#o 'erniciosa do cor'o de .na, “assim, nas
'alavras de Durand, \.s 'r%ticas da inicia!#o e do sacrif/cio li&am0se XY naturalmente Hs
'r%ticas or&i%sticas$ (DUR.ND, ?PP, ' EK) itória manifesta fria desusada de'ois do
acerto do casamento, feito 3ue interrom'e “as rela!"es de todos os dias” com .na .
interru'!#o do relacionamento escuso 'reci'ita a revela!#o monstruosa de
itória”( GI;U6IR.,KK)
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9ara finali-ar, 3uando .na resolve se casar, itória se revela na &rande ser'ente, visto
3ue ela 3uer ter o controle sore .na, o controle da situa!#o Outro 'onto consider%vel 4 3ue a
'ersona&em itória, mesmo na condi!#o humana, ou se+a, so a metamorfose de uma mulher,
est% teria 3ue voltar as suas 'rimeiras ori&ens, 'ois como ser of/dico seu tem'o de vida
terrestre +% che&ava ao fim, 'ois se&undo JachelardB “O ser votado H %&ua 4 um ser em
verti&em :orre a cada minuto, al&uma coisa de sua sustância desmorona constantemente”
(?PWP,') No conto fica evidente a afirma!#o de Jachelard, 'ois itória +% sur&iu na
condi!#o de Joina, de 8ora ;randeB
De '4, H 'orta da sacristia, hirta como uma defunta, com uma caeleira feita decoras, com as narinas dilatadas e a te- verde0ne&ra, itória XY fi7ava em .ninhaum olhar horr/vel, olhar de dem1nio, olhar frio 3ue 'arecia 3uerer 're&%0la imóvelno ch#o . oca entreaerta mostrava a l/n&ua fina, i'artida como l/n&ua deser'ente Um leve fumo a-ulado sa/a0lhe da oca, e ia suindo at4 ao teto da i&re+a6ra um es'et%culo sem nome[ (*OU*., KKW, 'ME)
9ortanto, a revela!#o de itória em 3uanto Joina, se deu 'elo fato de uma
re'resenta!#o de uma ima&em se'arada do rio na condi!#o humana, mas simultaneamente 4
uma 'ro7imidade, ou se+a, 4 uma e7tens#o, 'ois est% dotava de um dualismo vivido entre osdois mundos, o do ser humano e do ser of/dico 6ste mito 4 mais uma das inmeras
re'resenta!"es do ima&in%rio caoclo da .ma-1nia retratado na ora “.cau#” de In&l2s de
*ousa (KKW) O autor se valeu do meio cultural atrelado ao sorenatural, ao irreal, 'or4m
e7'licitando a vis#o dos moradores ressaltando 3ue estes, n#o dei7am de ter seu 'ensamento
racional de com'reender a vida e o 3ue o cerca sore tal mito, o mito da 8ora ;rande
8ON*ID6R.Ç]6*
In&l2s de *ousa ao amientar em suas narrativas o norte do Jrasil acaa descrevendo a
cultura nacionalB a re&i#o ama-1nica :as 'or 3ue 4 citada .ma-1nia se o cen%rio
mencionado 4 o 9ar%^ . res'osta talve- mais concisa se+a na verdade 4 o es'a!o cultural da
.ma-1nia como um todo, 3ue tra- consi&o seus mitos, suas lendas, seus contos 'o'ulares, etc
8aracter/sticas das 3uais 3ue servem de “comust/vel” 'ara a cria!#o do imaginário n#o
individual, mas sim coletivo 3ue matem a vivacidade de seus relatos em “contar” de uma
&era!#o H outra
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.inda sore essa discuss#o, 4 indis'ens%vel lemrar a constante 'resen!a de mitos e
lendas ama-1nicos 'ovoado nas narrativas de In&l2s de *ousa, al&o 'ertinente em seus contos
“.cau#” na 3ual foi o foco deste traalho, tra- a tona a um universo alimentado 'or cren!as,
su'ersti!"es, misticismo de uma ave a&oureira acau#, a 8ora ;rande (*ucuri+u), introdu-ida
nos moradores Tudo isso contriui 'ara forma!#o de um imaginário fantasioso, 'reenchido
'or um rico e forte re'ertório mitoló&ico, 3ue, al4m de 'ovoar a ima&ina!#o de seus
'ersona&ens, che&a a orientar, em muita medida, a sua conduta .o se transmitir esse
ima&in%rio na realidade o morador ama-1nico reali-a involuntariamente o ato de educar, de
orientar e ensinar valores e com'ortamentos aos seus
.ssim, na vontade de falar e com'reender o com'ortamento de um ti'o humano('ro'osta ti'icamente naturalista) In&l2s de *ousa 'reservou o estilo liter%rio ( o naturalismo
de =ola ) mas so um elemento 'rimordial, o Regionalismo (caracter/stica do naturalismo
rasileiro)
9or isso, nos Contos amazônicos h% histórias sore o oto, sore a maldi!#o do
'%ssaro acau#, os 'oderes de uma feiticeira, uma oiada um tanto fantasma&órica, enfim, os
alicerces da forma!#o do imaginário In&l2s de *ousa foi muito auda-, ao aordar em suas
tramas a conviv2ncia do ama-1nida com os es'ectros advindos desse conv/vio muito 'ró7imo
com a nature-a, com a e7uerância dos rios, com o emaranhado das matas Os elementos 3ue
cercam esse homem nativo levando0o a refletir e a&ir de forma muito 'articular aseado em
suas cren!as, em seus saeres, em suas 'raticas, em suas su'ersti!"es retratadas 'elo autor
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R6G6R6N8I.*
J.8Z6Q.RD, ; A água e os sonhos – ensaio sobre a imagina!o "a mat#ria :artins
GontesB *#o 9aulo, ?PWP
JO*I, 6cl4a $emória e Socie"a"e% lembrana "e &elhos E ed *#o 9auloB 8om'anhia das
Qetras, ?PPF
8.*8UDO, 8amara 'icionário "o olclore brasileiro *#o 9auloB :elhoramento,?PF
DUR.ND, ;ilert As estruturas antroológicas "o imaginário *#o 9auloB :artins Gontes,
?PP
GI;U6IR., Q Contos amazônicosB o 4'ico em In&l2s de *ousa, 9orto, KK
Z.QJ_.8Z*, :aurice A $emória Coleti&a Tradu!#o de Jeatri- *idou ` ed *#o 9auloB6d 8entauro, K?E
QOUR6IRO, So#o de Sesus. Cultura Amazônica% uma o#tica "o imaginário Jel4mB86SU9,?PPL
:OR.6*, Raimundo *a lan+cie amazônica Rio de SaneiroB 8ivili-a!#o Jrasileira, ?PM
9ITT.,D ,nicia!o - teoria "o ,maginário "e ilbert 'uran" .tlântica, ?PPL
*OU*., In&l2s de Contos amazônicos *#o 9auloB :artins Gontes, KKW
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