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NASSARO, Adilson Luís Franco. Intensificação de bloqueios policiais como estratégia de policiamento preventivo. Disponível em: <http://ciencias-policiais.blogspot.com.br/2013/06/qualidade-na-abordagem- policial.html>. Intensificação de bloqueios policiais como estratégia de policiamento preventivo Adilson Luís Franco Nassaro As operações do tipo “bloqueio”, também conhecidas popularmente como “blitz” ou “comando” constituem o modo mais eficiente de mobilizar e também de apresentar o aparato policial em ações de abordagens policiais, partindo da observação dos veículos em movimento em um ponto determinado. A ação se resume no aproveitamento da oportunidade criada com a instalação do dispositivo, preferencialmente em local que: 1) surpreende o condutor; 2) não permite desvios e rotas de fuga e, ao mesmo tempo, 3) não cause prejuízos ao tráfego (em razão do horário e do espaço físico ocupado para esse fim). A rapidez na mobilização dos recursos e a versatilidade dessa ferramenta justificam o nome pelo qual é popularmente conhecido o recurso policial. O nome blitz vem do alemão “blitzkrieg” que definiu a guerra relâmpago, técnica utilizada pelo exército alemão na 2ª Guerra Mundial mediante rapidez de mobilização e concentração do aparato bélico empregado, para surpreender com forte efeito e alcançar resultados imediatos (como ocorreu com a rápida tomada da Polônia, em 1939, pelas forças alemãs). No dispositivo instalado, os policiais permanecem parados, com esquema especial de segurança e sinalização para esse fim e o agente “selecionador” procede à ordem de parada regulamentar (prevista no Código de Trânsito Brasileiro CTB, anexo II) voltado ao condutor e seu veículo em movimento.

Artigo - Intensificação de bloqueios policiais como estratégia de policiamento preventivo

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NASSARO, Adilson Luís Franco. Intensificação de bloqueios policiais como estratégia de policiamento preventivo. Disponível em: <http://ciencias-policiais.blogspot.com.br/2013/06/qualidade-na-abordagem-policial.html>.

Intensificação de bloqueios policiais como estratégia de policiamento preventivo

Adilson Luís Franco Nassaro

As operações do tipo “bloqueio”, também conhecidas popularmente como “blitz”

ou “comando” constituem o modo mais eficiente de mobilizar e também de apresentar o

aparato policial em ações de abordagens policiais, partindo da observação dos veículos

em movimento em um ponto determinado. A ação se resume no aproveitamento da

oportunidade criada com a instalação do dispositivo, preferencialmente em local que: 1)

surpreende o condutor; 2) não permite desvios e rotas de fuga e, ao mesmo tempo, 3)

não cause prejuízos ao tráfego (em razão do horário e do espaço físico ocupado para

esse fim).

A rapidez na mobilização dos recursos e a versatilidade dessa ferramenta

justificam o nome pelo qual é popularmente conhecido o recurso policial. O nome blitz

vem do alemão “blitzkrieg” que definiu a guerra relâmpago, técnica utilizada pelo

exército alemão na 2ª Guerra Mundial mediante rapidez de mobilização e

concentração do aparato bélico empregado, para surpreender com forte efeito e

alcançar resultados imediatos (como ocorreu com a rápida tomada da Polônia, em

1939, pelas forças alemãs).

No dispositivo instalado, os policiais permanecem parados, com esquema

especial de segurança e sinalização para esse fim e o agente “selecionador” procede à

ordem de parada regulamentar (prevista no Código de Trânsito Brasileiro – CTB, anexo

II) voltado ao condutor e seu veículo em movimento.

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Tanto o condutor quanto o próprio veículo serão objetos de fiscalização

(identificação, busca pessoal e veicular) no campo de polícia de segurança e,

acessoriamente, também na esfera de polícia de trânsito. Essa intervenção é típica de

policiamento preventivo e a restrição de direitos individuais somente é justificada em

ato legítimo, de autoridade competente para realização do procedimento; significa dizer

que o bloqueio policial materializa o exercício do poder de polícia e, por esse motivo, é

realizado por profissionais de polícia militar para a preservação da ordem pública, em

ações de polícia ostensiva (artigo 144, parágrafo 5º, da Constituição Federal).

O bloqueio envolve natural concentração de efetivo e abrange as ações de

ordem de parada, de busca pessoal e veicular, de identificação (com consultas) e de

eventual encaminhamento do revistado no caso de constatação de prática de infração

penal, a exemplo do porte irregular de arma, além de providências decorrentes da

fiscalização de trânsito. O efeito é surpreendente tanto pelos resultados operacionais

advindos que indicam maior probabilidade de apreensão de objetos ilícitos, de captura

de procurados pela Justiça e de prisões em flagrante, quanto pela sensação decorrente

mesmo em relação àqueles que, apesar de não terem sido abordados, observaram a

impactante presença e ação policial.

Enquanto na abordagem policial convencional, em regra, a pessoa ou veículo

objeto da intervenção se encontra parado e o policial em movimento, no bloqueio

acontece o contrário. O nível de exposição do efetivo policial é maior quando

concentrado em local específico e aguardando a melhor oportunidade para agir, a partir

da observação dos veículos em circulação. Não há quem deixe de notar a presença

policial nessas condições e, de modo diverso, enquanto as viaturas estão em

movimento (aguardando-se melhor oportunidade de ação) passam despercebidas no

meio de outros veículos também em movimento e desaparecem no cenário urbano.

No bloqueio em funcionamento, a ação policial se inicia com a ordem de parada

regulamentar que compreende o gesto apresentado pelo policial indicando que o

veículo em movimento deverá interromper o seu curso e parar no local por ele indicado,

ou seja, afastado do fluxo de trânsito. O CTB traz em seu anexo II (Sinalizações), item

6 (Gestos), a descrição visual do sinal básico a demonstrar um agente de trânsito com

o braço direito levantado, voltado para o sentido do fluxo do veículo, ou dos veículos,

que são o objeto da sinalização, e o seu significado descrito como: “ordem de parada

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obrigatória para todos os veículos; quando executada em intersecções, os veículos que

já se encontram nela não são obrigados a parar” (o outro braço naturalmente indica o

local em que o veículo estacionará, no caso do bloqueio). Além de agente da “polícia

de segurança” propriamente dita, o policial militar também é “agente de trânsito” em

função das competências legais estabelecidas no próprio CTB e, durante uma

abordagem, não é possível separar as duas esferas de fiscalização; na verdade, essa

associação representa uma excelente oportunidade para uma abrangente intervenção

policial.

Tratando-se de “ordem de parada obrigatória”, raramente ocorre a não

obediência da determinação legítima, nesse caso, emanada pelo agente da autoridade

(de trânsito) identificado prontamente pelo uso do uniforme, apresentada por meio de

gesto, com ou sem o complemento de sinal sonoro (apito). A recusa de parada

(conduta popularmente chamada de “furar o bloqueio”) traz como consequência

imediata a configuração de infração de trânsito estabelecida no art. 208 do CTB:

“avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória”, infração

gravíssima, com penalidade de multa, isso se não configurada a existência de

“bloqueio viário policial” (ou seja, tratando-se de iniciativa simples do agente, fora do

âmbito de um “bloqueio policial”). Se configurada a operação planejada e coordenada

(como são os bloqueios policiais típicos), caberá uma autuação ainda mais onerosa

para o infrator, qual seja, a do art. 210: “transpor, sem autorização, bloqueio viário

policial”, igualmente gravíssima, mas passível de multa, apreensão do veículo e

suspensão do direito de dirigir como penalidade e, como medida administrativa,

remoção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

A par das consequências administrativas da infração, quanto ao desrespeito da

ordem de parada, a conduta traz imediata avaliação de comportamento altamente

suspeito do motorista, que opta por tentar escapar da premente fiscalização,

desobedecendo à ordem inicialmente na área de trânsito. A busca pessoal e veicular,

nesse caso, deve ser desenvolvida com maior acuidade, pois a conduta pode indicar

uma tentativa de escapar da fiscalização na área de polícia de segurança,

especialmente, se não existir qualquer outra irregularidade relacionada ao trânsito e ao

transporte, além do desrespeito ao gesto do policial.

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NASSARO, Adilson Luís Franco. Intensificação de bloqueios policiais como estratégia de policiamento preventivo. Disponível em: <http://ciencias-policiais.blogspot.com.br/2013/06/qualidade-na-abordagem-policial.html>.

Por fim, os policiais devem ser muito bem orientados a fim de que, em hipótese

alguma, conforme normas legais e regulamentares, reajam com disparo de arma na via

pública em situação de simples desobediência à ordem de parada, pelo propósito de

imobilização ou advertência como já se tentou justificar, mas procedam o

acompanhamento imediato do veículo, dentro de técnicas policiais propriamente

desenvolvidas para esse fim, sob pena de responsabilização. Esse alerta é razoável,

observando-se inúmeros relatos de tentativas de fugas de bloqueio por simples falta de

habilitação.

Desde que cumpridas as condições favoráveis ao bom funcionamento dos

bloqueios, a estratégia de intensificação do procedimento apresentará imediato impacto

pela própria demonstração de força organizada, privilegiando a visibilidade policial e as

iniciativas coordenadas, lembrando que a simples quantidade de bloqueios e maior

quantidade de abordagens - sem critério - não trará a certeza de resultados

operacionais (prisões, capturas, apreensões). Há que existir qualidade da seleção e

das abordagens. O planejamento com um mínimo de antecedência (não no mesmo dia)

é essencial para o sucesso da operação, a fim de que ocorra a melhor distribuição do

recurso humano no tempo e no espaço certos, otimizando o seu emprego para alcance

dos efeitos desejados, somado à criteriosa seleção dos veículos que serão abordados.

Adilson Luís Franco Nassaro