30
SURDOS EM DESTAQUE: BIOGRAFIAS Kátia Yuri Okawa * Maria Emilia Mello Zanquetta** RESUMO Este artigo teve o objetivo de conhecer alguns Surdos que se destacam na comunidade surda. Para a construção desse artigo, foram coletados depoimentos das próprias situações vivenciadas pelos Surdos e com base nessa coleta foram montadas suas biografias. Suas opiniões sobre as metodologias de ensino também foram levadas em conta, o processo até construírem suas identidades, o apoio familiar que é muito importante, os vários tipos de preconceitos que tiveram, as dificuldades que sofreram com a falta de interpretes, como superaram todas as dificuldades e como eles se encontram atualmente. Os resultados foram satisfatórios, pois todos apesar de sofrerem no início, acabaram colocando esse sofrimento como mais um obstáculo entre muitos que enfrentaram, tornando-se fortes para alcançar os seus objetivos. No entanto, toda essa trajetória foi de extrema importância para que eles não desistissem dos seus sonhos e hoje, relatam com muito orgulho todos os momentos que viveram e lutam pelos seus direitos como cidadãos para que os outros surdos não sofram o que eles sofreram. Palavras-chave: Surdez. Biografia dos Surdos. 1 INTRODUÇÃO O objetivo desse artigo é conhecermos os Surdos que se destacam em sua própria comunidade, para isso é necessário um esclarecimento sobre o que é a construção de identidade, quais são os tipos de identidade, a cultura e comunidade surda. Com esses esclarecimentos podemos compreender e entender o trabalho árduo desses Surdos para se destacarem em sua comunidade. Neste artigo, as biografias citadas foram analisadas pessoalmente pelos próprios lutam pelos seus direitos e o quanto é gratificante ver que eles conquistam cada vez mais o seu espaço em meio ao mundo ouvinte. * Pós-graduanda do Curso de Especialização em LIBRAS/Língua Portuguesa: Educação Bilíngüe para Surdos/2009 do Instituto Paranaense de Ensino. E-mail; [email protected] ** Professora orientadora. Professora de Métodos e Técnicas de Pesquisa – Instituto Paranaense de ensino..

ARTIGO Lutadores Surdos

Embed Size (px)

Citation preview

SURDOS EM DESTAQUE: BIOGRAFIAS

Kátia Yuri Okawa*

Maria Emilia Mello Zanquetta**

RESUMO Este artigo teve o objetivo de conhecer alguns Surdos que se destacam na comunidade surda. Para a construção desse artigo, foram coletados depoimentos das próprias situações vivenciadas pelos Surdos e com base nessa coleta foram montadas suas biografias. Suas opiniões sobre as metodologias de ensino também foram levadas em conta, o processo até construírem suas identidades, o apoio familiar que é muito importante, os vários tipos de preconceitos que tiveram, as dificuldades que sofreram com a falta de interpretes, como superaram todas as dificuldades e como eles se encontram atualmente. Os resultados foram satisfatórios, pois todos apesar de sofrerem no início, acabaram colocando esse sofrimento como mais um obstáculo entre muitos que enfrentaram, tornando-se fortes para alcançar os seus objetivos. No entanto, toda essa trajetória foi de extrema importância para que eles não desistissem dos seus sonhos e hoje, relatam com muito orgulho todos os momentos que viveram e lutam pelos seus direitos como cidadãos para que os outros surdos não sofram o que eles sofreram. Palavras-chave: Surdez. Biografia dos Surdos. 1 INTRODUÇÃO

O objetivo desse artigo é conhecermos os Surdos que se destacam em sua própria

comunidade, para isso é necessário um esclarecimento sobre o que é a construção de

identidade, quais são os tipos de identidade, a cultura e comunidade surda. Com esses

esclarecimentos podemos compreender e entender o trabalho árduo desses Surdos

para se destacarem em sua comunidade.

Neste artigo, as biografias citadas foram analisadas pessoalmente pelos próprios lutam

pelos seus direitos e o quanto é gratificante ver que eles conquistam cada vez mais o

seu espaço em meio ao mundo ouvinte. * Pós-graduanda do Curso de Especialização em LIBRAS/Língua Portuguesa: Educação Bilíngüe para Surdos/2009 do Instituto Paranaense de Ensino. E-mail; [email protected]

** Professora orientadora. Professora de Métodos e Técnicas de Pesquisa – Instituto Paranaense de ensino..

Surdos, o que realmente faz grande diferença, pois todos foram minuciosamente

analisados e só depois redigido. Nessas biografias, iremos perceber o quanto todos.

As grandes mudanças que os Surdos tiveram durante toda a sua história foram muito

significativas, como a transição do Oralismo para a comunicação total e finalmente para

o bilingüismo. Essa luta não foi tão fácil e rápida como parece. Muitos séculos se

passaram e uma trajetória muito árdua foi percorrida por eles.

Inicialmente com o Oralismo muitos Surdos eram tratados como deficientes e limitados,

e seu objetivo maior era transformá-los em ouvintes, assim muitos aspectos cognitivos,

afetivos e sociais eram deixados de lado e com isso não se desenvolviam plenamente.

Além dos métodos de aprendizagens serem extremamente traumáticos, eles eram

submetidos muitas vezes a situações constrangedoras e assim muitos eram

“domesticados”. O Surdo era ensinado a pronunciar palavras e não a falar, a ênfase

nos exercícios de articulação trazia um prejuízo ao desenvolvimento da linguagem

(GÒES, 1995, p.35). Com isso, era quase que impossível um Surdo se destacar em sua

comunidade e menos ainda na sociedade ouvinte.

Depois veio a Comunicação Total que tinha como objetivo melhorar os processos

comunicativos entre a comunidade surda e também a comunidade ouvinte. Algumas

mudanças já são visíveis, como a preocupação com os aspectos cognitivos, sociais e

emocionais do Surdo. Reconhece também que existem vários recursos para facilitar a

comunicação como, por exemplo, à utilização de recursos como a fala, a leitura labial, a

escrita, o alfabeto manual, a língua de sinais etc. Quando foi criada teve mérito por

reconhecer a língua de sinais como direito do Surdo, mas ainda não é considerada

como língua e sim como mais um recurso facilitador de comunicação. Alguns Surdos,

embora muito poucos começam a ter seu espaço.

O grande “BOOOM!!!” para o desenvolvimento pleno do Surdo, veio com o surgimento

do bilingüismo, que reconhece o Surdo não mais como um deficiente e sim pela sua

diferença e especificidade. A língua oral não é mais utilizada, e o reconhecimento da

Libras como língua natural e oficial do Surdo. Com isso, o Surdo começa a criar sua

própria identidade surda, sua comunidade e principalmente a sua própria cultura.

Reconhecidos como indivíduos com potencialidades, são notórios os inúmeros Surdos

que se destacam em toda a sociedade surda e ouvinte. É esse o meu objetivo desse

artigo, mostrar que existem Surdos que conseguem se destacar em sua comunidade e

que de fato são grandes exemplos pra todos. Com a luta constante do povo Surdo,

algumas vitórias já ocorreram como a lei da oficialização de libras, o direito ao intérprete

em instituições educacionais e em qualquer local público ou privado em que houver

necessidade. Atualmente, alguns Surdos são bem sucedidos, e conseguiram seu

espaço com muita dedicação e muita luta. Alguns são doutores, mestrandos,

profissionais de sucesso, famosos. Vejamos alguns Surdos que se destacam e que dão

grande contribuição para a comunidade surda e que principalmente estão dando

exemplos aos Surdos que estão lutando pra conseguir seu espaço.

2 GLOSSÁRIO

Para que possamos entender um pouco mais sobre a cultura surda é preciso

compreender as palavras que eles os Surdos utilizam constantemente.

Surdo – pessoa com surdez. É escrita com letra maiúscula, pois segundo o autor Oliver

Sacks, grande pesquisador na área da Surdez, utiliza sempre com letra maiúscula para

designar o individuo lingüístico e cultural, ou seja, o indivíduo que tem sua própria

cultura, sua singularidade na forma de pensar e agir, e não apenas pensando somente

nos aspectos biológicos e clínicos, ligados a surdez. (SACKS, 1990).

Identidade surda - O conceito de identidade implica no processo de consciência de si

próprio, ocorrendo por meio de relações de comunicações lingüísticas, experiências

sociais e culturais. Assim, autoproduzem significados a partir de informações

intelectuais, artísticas, jurídicas, éticas desenvolvendo então a cultura Surda (Sá, 2006,

p. 126).

Comunidade Surda - A comunidade surda são todos os indivíduos que participam e que

ajudam o surdo a se identificar e construir sua identidade. Assim, a comunidade surda,

na verdade não é só de Surdos, uma vez que ouvintes como familiares, intérpretes,

professores, amigos e outros participam compartilhando os mesmos interesses em

comum. Esses interesses fazem com que os Surdos cresçam, se desenvolvam e se

beneficiam em sua comunidade.

Cultura Surda - A cultura surda é todo jeito Surdo de ser, perceber, de sentir, vivenciar,

de comunicar, de transformar o mundo de modo a torná-lo habitável (PERLIN, 2003).

Assim, os Surdos vêem o mundo de maneira diferente, com experiências visuais,

compartilhando experiências, valores, hábitos de modo a construir sua própria cultura e

sua identidade como pertencente a um povo de uma cultura diferente aos dos ouvintes

(STROBEL, 2009)

Oralismo – método de ensino para Surdos, impondo exclusivamente a língua na

modalidade oral, com o objetivo da integrar o Surdo na cultura ouvinte e seu

afastamento da cultura surda. É extremamente proibida a íngua de sinais. As formas de

organização cultura, cognitiva, afetiva são deixados de lado, assim, sem essa base, fica

inviável a instrumentalização lingüístico-cognitiva do Surdo (SÀ, 2006, p. 78)

Comunicação Total – tinha como um dos objetivos os processos comunicativos entre os

Surdos e Surdos e entre Surdos e ouvintes. Acreditava que os aspectos cognitivos,

emocionais e sociais não deviam ser deixados de lado em prol do aprendizado

exclusivo da língua oral, defendendo a utilização de recursos espaço-visuais como

facilitadores da comunicação (GODLDFELD, 1997, p.35)

Educação Bilíngüe – é uma situação lingüística que compreende a utilização de duas

línguas na escolarização dos Surdos: a língua brasileira de sinais – libras e a língua

portuguesa. É a possibilidade de incluir a análise da educação dos Surdos dentro de

um contexto mais apropriado a situação lingüística, social, cultural, dos sujeitos Surdos

(SKLIAR, 2001, p. 14).

LSB – abreviação de Língua de Sinais Brasileira, mais conhecida e oficializada no

Brasil como Libras. É a língua natural dos Surdos.

Libras – Língua brasileira de sinais, é a língua oficial da comunidade surda brasileira, é

uma língua gesto-visual, com estrutura gramatical própria.

INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos, é o centro nacional de referência na

área da surdez, no Brasil, sendo órgão do Ministério da Educação. Foi a primeira

Instituição no Brasil ( pt.wikipedia.org/wiki/INES).

FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. É uma entidade

filantrópica sem fins lucrativos com a finalidade de integração sócio-cultural, assistencial

e educacional. Lutando pelos direitos da Comunidade Surda Brasileira. Suas atividades

são reconhecidas como Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal

(pt.wikipedia.org/wiki/FENEIS).

APADA – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos. É uma entidade sem

fins lucrativos com a finalidade de promover a inclusão dos Surdos na sociedade

brasileira, bem como capacitar profissionais voluntários (intérpretes) para o

aperfeiçoamento da comunicação entre Surdos e ouvintes.

ARPEF – Associação de Reabilitação e Pesquisa Fonoaudiológica. Surgiu com a

finalidade de reabilitar os Surdos na sociedade, por meio da comunicação oral, que

depois foi ampliado para uma perspectiva bilíngüe, onde os Surdos são ensinados a

falar e também aprender a língua de sinais.

CES – Centro de Estudo Surdo. Foi criado para tender a comunidade Surda de todo o

Brasil.

CAS - Centro de Apoio aos Profissionais de Educação de Surdos.

ILSB – Instituto de Língua de Sinais Brasileira. Tem como princípio contribuir para a

valorização divulgação da arte e da comunidade Surda, promovendo e estimulando a

inclusão social.

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina.

CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência. É um

órgão superior de deliberação colegiada criada para acompanhar e avaliar o

desenvolvimento de uma política nacional para inclusão da pessoa com deficiência e

das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte,

cultura, turismo, desporto, lazer e política urbana dirigidos a esse grupo social.

UCDB - Universidade Católica Dom Bosco. Instituição de ensino superior situada em

Mato Grosso do Sul.

Essas palavras deste glossário são muitos utilizados pelos Surdos citados abaixo, muito

deles foram e são membros dessas associações, ajudando toda a comunidade Surda

na luta pelos seus direitos, vejamos a seguir.

3 “AUTOBIOGRAFIAS” DOS SURDOS

Alguns Surdos contam sua história de vida, os obstáculos que enfrentaram e que

enfrentam até hoje, a maioria deles enfrentaram a mesma dificuldade com a educação,

todos aparentemente com a mesma idade, passaram pela educação oralista, pela

construção da sua identidade até chegarem onde estão, sempre lutando pelos seus

ideais. Os depoimentos estão em ordem alfabética para melhor entendimento. Vejamos

a história de cada um deles

Antonio Campos de Abreu “O objetivo de ter escolhido o curso foi conhecer um pouco

mais da historia dos Surdos, sua luta através das associações de surdos e os movimentos dos Surdos,...”

Nasceu em 11 de maio de 1956, em Abaeté em Minas Gerais. Surdo desde que

nasceu, aprendeu a se comunicar através de sinais que ele próprio inventava. Como a

sua cidade não havia recursos para educação de surdos, ele só foi à escola com 11

anos, quando realmente aprendeu a Língua Brasileira de Sinais. A partir daí sua vida

mudou completamente, pois passou a se comunicar com maior desenvoltura e aprender

sobre o mundo que o cercava.

Sua infância foi como a de qualquer criança, sua casa sempre estava cheia de gente, e

para comunicar-se ele utilizava o português sinalizando as palavras para a família,

amigos e vizinhos com os sinais que ele próprio inventava. Sua família já estava

habituada com as diferenças, pois havia parentes com outras diferenças, seus pais

embora tradicionais faziam questão de estimular o diálogo para orientar os seus filhos.

Sua mãe e seu pai sempre estiveram preocupados em educá-lo, mas sua situação

financeira não era boa, seu pai não concordava com a escola especializada, queria que

ele estudasse na escola normal junto com seus outros irmãos, então com 11 anos, seu

primo financiou a sua viagem para estudar no INES (Instituto Nacional de Educação de

Surdos, no Rio de janeiro. Em 1973 saiu do INES e foi para Belo Horizonte estudar o

ensino médio na escola comum. Teve um pouco de dificuldade, pois não tinha recursos

como intérprete de Libras. Então sua irmã teve um papel fundamental porque foi ela

quem o ajudou e ensinou tudo. Com 27 anos terminou o ensino médio e começou a

trabalhar como colaborador da Associação de Surdos em Minas Gerais e depois foi

trabalhar na Usiminas.

Em 2004, voltou a estudar fazendo supletivo, dessa vez em um projeto inclusivo, com a

presença de intérprete. Em 2005, passou no vestibular da Universo, no curso de

História onde concluiu em 2007, o objetivo de ter escolhido o curso foi conhecer um

pouco mais da história dos Surdos, sua luta através das associações de Surdos e os

movimentos dos Surdos, teve a oportunidade de comparar os diversos contextos da

História dos Surdos e ouvintes, encontrando documentos sobre a trajetória da

comunidade surda.

Sua primeira experiência foi como diretor, depois foi da Associação dos Surdos de

Minas Gerais, onde atuou durante 32 anos. Depois fundou a Federação Mineira

Desportiva de Surdos e a Confederação Brasileira de Desportivo dos Surdos,

trabalhando como voluntário, mais tarde uniu-se com um grupo de Surdos e fundou a

Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Publicou vários livros entre

eles “Livro da Libras - Língua Brasileira de Sinais” no ano de 1996, o livro sobre surdez

da FENEIS entre outros trabalhos publicados. Sempre teve o objetivo de estimular a

integração entre Surdos e ouvintes, valorizando a cultura do Surdo, o uso da Libras e a

prática de esportes.

Teve a oportunidade de fazer um curso “Pessoas Surdas trabalhando juntas” em 1989

nos Estados Unidos, na Universidade Gallaudet. É membro da Federação Mundial dos

Surdos. Uma das suas maiores contribuições quando estava na Feneis foi a aprovação

da Lei de Libras e o movimento ao MEC para a capacitação de instrutores Surdos e

professores. Em 1995, foi para Áustria no IV Congresso Mundial de Surdos da F.M.A

onde defendeu seu trabalho sobre os direitos humanos dos Surdos. Em 2000, foi para

Venezuela como conferencista falando sobre “A Comunidade Brasileira Atualidade

Surda no Brasil”.

Para ele, a Libras é um instrumento de comunicação e de interação com as pessoas,

salientando sempre que as crianças devem ter acesso a comunicação o quanto antes,

para que elas tenham condições de criar uma identidade na sociedade, podendo então

se desenvolver desde que tenham oportunidade, como acesso à universidade, pós-

graduação, para que possam competir no mercado de trabalho.

Cláudio (Cacau) Henrique Nunes Mourão

“Não sei de onde estou ouvindo, pode ser meu braço ou peito ou pescoço ou cabeça ou... meu coração!!!! Como se minha alma estivesse escutando as musicas e eu acompanhando...”.

Nasceu em fevereiro de 1973. Apesar de ter nascido com

surdez profunda, o maranhense conhecido como Cacau Mourão é um bailarino

talentoso. Foi descoberto por Fabio de Mello em 1997, que desempenhou em abrir

caminhos para sua especialização no Rio de Janeiro, conseguiu superar todas as

descrenças em relação ao seu talento. Tem um currículo invejável como bolsas

integrais de estudos de balé clássico na Academia Dalal Achcar, de dança moderna na

Academia Heloisa Menezes, de aperfeiçoamento em balé na Escola Maria Olenewa, de

dança de salão na casa de Dança Carlinhos de Jesus. Junto ao INES faz atividades

artísticas sob orientação do grupo de teatro Lado a Lado, participou de diversas

apresentações e foi primeiro colocado masculino em audição nacional para a

companhia profissional de dança de Carlinhos de Jesus.

Tem leitura labial, pois sua mãe incentivava a substituir os gestos pela fala, sempre que

conversa com alguém costuma olhar nos olhos enquanto vai lendo os lábios da pessoa

que conversa. Domina a Libras que foi ensinada pelo professor e amigo Nelson

Pimenta, o qual se comunica com outros Surdos. Seus maiores incentivadores foram o

seu ex-professor de jazz Henrique Serra, Fernando Bicudo e Antonio Gaspar. Também

os bailarinos da Ópera Brasil, Fabio Mello e a Companhia Carlinhos de Jesus.

Quando dança, senti a vibração de sons. E com ajuda da matemática, calcula os

passos da coreografia, ele costuma fazer uma marcação, contar os passos e decorar a

coreografia. Aos vinte e dois anos foi convidado a estudar bale clássico, depois de

assistir algumas aulas de um bailarino cubano não parou mais, depois ganhou uma

bolsa de estudo no Teatro Arthur Azevedo, sob a direção de Antonio Gaspar onde

acabou se formando e fazendo parte do corpo de balé da Opera Brasil, dirigido por

Fernando Bicudo, onde participou dos espetáculos “Catirina”, “Nordestenamente”,

“Orfeu e Euridinice”, que foram as maiores emoções da sua vida.

Atualmente é professor de dança de salão e jazz para jovens e adultos na Casa

da Cultura do Silêncio, especializada em deficientes auditivos, com o auxilio do ator

Nelson Pimenta e o coreógrafo Fabio de Mello. Seu maior desejo é a de que os Surdos

lutem e enfrentem todas as barreiras para a realização de seus sonhos seja eles de

dança ou não, se dedicando ao máximo, pois certamente terá um grande retorno.

Galdis Perlin “ A primeira coisa que me encantou, foi a facilidade de

comunicar na língua de sinais...”

Nasceu ouvinte, mas com sete anos pegou uma meningite que a

deixou surda. Para ela, não foi nada interessante, pois estava

ingressando na escola para ser alfabetizada. Aos pouco a sua

comunicação ouvinte, foi sendo extremamente visual. Começou então, um caminho

com muitos obstáculos e frustrações ate encontrar sua própria identidade surda. Não

fazia leitura labial então, ficava muito frustrada e irritada, pois não entendia o que as

outras pessoas falavam e tentava muitas vezes adivinhar o que elas falavam.

Seus estudos foram praticamente em escolas regulares que tinham a visão de

integração dos surdos junto com os ouvintes. Para ela, não foi nada positivo, pelo

contrário, foi frustrante porque era como estudar em uma escola de outro país, não

entendia o significado das palavras e principalmente não entendia o porque estudar

uma língua extremamente ouvinte se ela não ouvia. Somente com quinze anos teve

contato com outros Surdos, ficou fascinada como eles se comunicavam facilmente na

língua de sinais, porém, estava impedida de utilizar a língua de sinais, pois onde

estudava na época, seguia o Oralismo e era proibida a utilização da língua de sinais.

Como por ironia do destino, depois de quinze anos ela voltava à mesma escola não

como aluna, mas sim como professora lutando para introduzir a língua de sinais na

educação dos Surdos. Em 1985, as escolas começaram a perceber a importância

dessa língua para os Surdos.

Possui graduação em Teologia pela PUC-RS (Pontifica Universidade Católica do Rio

Grande do Sul), mestre em educação UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do

Sul) e doutora em educação pela UFRGS, ambos orientados por Carlos Skliar.

Juntamente com outros Surdos, fundou a FENEIS em Porto Alegre, com o objetivo

voltado para as diferenças de ser Surdos lutando até hoje pelos seus direitos. Fez parte

de um grupo internacional o WILD (Womens Institute on Leadership and Disability), que

prioriza o desenvolvimento das mulheres deficientes. Com esse grupo as mulheres

Surdas podem pensar em seus direitos e defender suas causas. Professora adjunta no

Centro de Ciências da Educação pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Orientadora de dissertações de mestrado e teses de doutorado na linha Educação e

Processos Inclusivos, que buscam desenvolver Estudos Surdos. Coordenadora do GES

(Grupo de Estudos Surdos). Distinguiu vários tipos de Identidades Surdas.

Para ela a educação ideal é aquela que inclui o Surdo nos anos iniciais em escolas de

Surdos onde passam a conhecer outros Surdos semelhantes, onde ajuda a encontrar

facilmente a própria identidade como povo Surdo. Para ela, atualmente a integração

escolar só é boa nas séries do Ensino Médio, quando o Surdo já tem o jeito de entender

as coisas. Não incluir a criança Surda entre outras crianças Surdas e somente em

grupos de crianças ouvintes é a mesma coisa que exclui-las. Por isso, é preciso incluir

indivíduo Surdo o quanto antes em sua própria comunidade, pois é essencial para a

construção de sua identidade, lutando pelos seus direitos de

serem cidadãos.

Heloir Aparecido Montanher

“Eu estava começando a descobrir novos horizontes e me desenvolver como pessoa. Aprender a LSB também me ajudou a aprender novas palavras e entender melhor a língua portuguesa em contextos diferentes".

Nasceu em 27 de agosto de 1978, na cidade de Maringá – Pr. Quando nasceu, seus

pais não perceberam nada de diferente, era uma criança como qualquer outra a

primeira vista. Quando tinha aproximadamente oito meses em Palotina onde morava,

sua mãe começou a observar que não atendia a sons, porem quando batia no chão ele

olhava como se estivesse procurando algo, então começou a desconfiar que ele não

ouvia somente sentia a vibração. Então em Londrina, o médico constatou que ele era

realmente Surdo e encaminhou na época para um especialista considerado o melhor

médico otorrinolaringologista em São Paulo.

Entre dois e três anos inventava nome para as coisas que queria, era como se fosse

um tipo de código que apenas os que conviviam com ele entendiam. Com três anos

começou a freqüentar a escola Tia Amélia (atual ACAS), onde começou a aprender a

leitura labial e também a aprender a falar. Apesar da escola ser própria pra surdos não

ensinava a língua de sinais, pois era proibido por lei. Sua filosofia priorizava o oralismo.

Os Surdos em geral sofreram muito com esse sistema de ensino, não havia emoção em

suas comunicações, não entendia, bem os diferentes contextos e nem o verdadeiro

significado das palavras. Seu comportamento sempre era de muita agitação com seus

colegas, porem sempre respeitou os professores, sendo ele o líder da turma.

Com cinco anos morou com seus avós maternos, onde foi muito feliz, pois eles não

eram tão rigorosos como seus pais. Aos onze anos foi morar com seus pais de novo em

Lupiopólis, onde começou a estudar em uma escola regular. Nessa escola ele

enfrentou muitos preconceitos, pois professores e alunos insistiam em dizer que ele não

era capaz de aprender e nem fazer as atividades propostas. Mesmo não entendendo

muito pela falta de conhecimento e comunicação percebia que não era bem vindo,

devido às expressões faciais que freqüentemente deparava, já que seu mundo era

totalmente visual. Mas foi com sua força de vontade que ele realmente mostrou pra

todos que era muito interessado e além de tudo muito esforçado. A partir daí

começaram a aceitá-lo com mais facilidade.

Durante toda sua trajetória escolar, o português foi à disciplina que ele teve mais

dificuldade, pois tinha pouco vocabulário e os professores quase não tinham muita

paciência com ele, como conseqüência não fazia as atividades propostas, onde mais

uma vez sofreu preconceito. Porem, se destacava em outras disciplinas como

matemática, física, química entre outras sendo somente o português a sua maior

dificuldade.

Começou a ter contato com a língua de sinais aos dezoito anos, começou então a

descobrir novos horizontes e se desenvolver realmente como pessoa. Somente com

vinte e quatro anos descobriu sua verdadeira identidade, tendo opinião própria, seu

próprio senso crítico, a lutar pelos seus direitos como cidadão que pensa, aprende,

discute e ensina. Foi com essa mesma idade que entrou para a universidade FAG,

onde concluiu o curso de pedagogia, nesta universidade se sentiu muito confuso com

as disciplinas totalmente diferentes do Ensino médio, e parar piorar não tinha intérprete.

Como já estava com sua identidade construída reivindicou seus direitos de ter intérprete

e depois de seis meses conseguiu uma intérprete voluntária que o ajudou muito a

desenvolver e expor suas idéias. Essa intérprete trabalhou com ele durante um ano e

meio onde foi muito satisfatório, pois ela tinha fluência e ética. Depois dessa intérprete,

ele teve outros intérpretes, mas sem muito sucesso pois, ele desejava aprender como

poderia melhorar realmente a educação e não simplesmente receber o diploma ou

melhorar o salário.

Atualmente esta fazendo a graduação de Letras/Libras pela Universidade Federal de

Santa Catarina (UFSC), tem especialização em Libras/Língua Portuguesa – Educação

Bilíngüe para surdos pelo Instituto Paranaense de Ensino e é pós-graduando em

Filosofia da Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), trabalha no

Centro de Apoio aos Profissionais de Educação de Surdos (CAS) e Secretaria de

Estado da Educação do Paraná/Departamento Educação Especial Inclusão da

Educacional.

Karin Lílian Strobel

“Libras... é uma benção de Deus em existir uma língua visual, com expressão corporal, esta língua me abriu as portas para o mundo Surdo e também de ouvintes, pois com a iniciação do uso dessa língua me fez viver uma vida sadia e feliz”.

Nasceu em Curitiba, nasceu ouvinte e aos quatro dias de vida

pegou um resfriado muito forte e no hospital houve um erro

medico que a deixou Surda profunda. Teve uma infância muito feliz juntamente com

sua família extremamente unida. Quando estava na adolescência teve uma crise de

identidade, tratava-se de anos e anos de disputa pelo espaço social em ambientes

cheios de estereótipos negativos sobre a cultura Surda. Para ela, o mais importante foi

o amor de sua mãe que a apoiou e motivou em todos os momentos na sua construção

da identidade Surda e de se tornar uma vencedora na vida.

Graduada em Pedagogia com habilitação em magistério pela Universidade Tuiuti do

Paraná, especialista em Áudio Comunicação, pelo Instituto de Educação do Paraná e

doutora em Educação pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Autora do

livro “As imagens do outro sobre a cultura surda”. Atualmente faz parte da equipe de

Letras/Libras como autora e professora das disciplinas “Fundamentos de Educação dos

Surdos”, “História de Educação dos Surdos” e “Metodologia de ensino de Libras como

Lingua1”, e também é tutora de turma de licenciatura de Letras/Libras da UFSC.

Preside a FENEIS, como objetivo de atuar na defesa dos direitos das pessoas Surdas.

Sua construção de identidade Surda só foi possível com o apoio de seus familiares, que

aceitaram sua surdez na adolescência, fazendo com que ela se conhecesse melhor,

deixando seus medos de lado e acima de tudo, acreditar no seu potencial para vencer

os desafios da vida.

Aos quinze anos teve o seu primeiro contato com a Libras, na época estava triste, pois

não sabia qual era o seu espaço no mundo, pois na escola para Surdos era proibida a

Libras e na escola regular oralizava como um “papagaio”, foi então que sua mãe levou

a uma associação de Surdos em Curitiba, onde permitiu a ela construir sua verdadeira

identidade Surda e a abrir as portas para o mundo.

Durante toda sua vida escolar com exceção do mestrado e doutorado não teve

intérprete em sala de aula e na universidade, enfrentando muitas dificuldades, pois os

profissionais da educação não tinham conhecimento de como lidar com uma pessoa

Surda. Ao ingressar no mestrado na UFSC teve a oportunidade de encontrar colegas e

professores usuário da língua de sinais, de assistir aula com intérprete e participar

juntamente no grupo GES (Grupo Estudos Surdos) que tem por objetivo desenvolver

pesquisas na área dos estudos Surdos. Sua tese de doutorado aborda algumas

analogias de poderes em relação ao corpo Surdo e modos possíveis de abordar em sua

subjetividade o ser Surdo.

Para ela, a Libras é uma porta de interculturalidade entre os Surdos e ouvintes, pois os

sujeitos Surdos precisam de intérpretes, família, amigos e professores que os

entendam. Seus planos para o futuro são escrever mais livros que auxiliem as

comunidades ouvintes a entenderem o povo Surdo e também incentivar outros sujeitos

Surdos a deixarem registros de suas experiências nas formas escritas ou narradas em

libras pelos dvds.

Kenia Jéssica Yamanaka

“A família, meus pais sempre me ajudaram muito, conversavam sobre tudo, me

ensinavam coisas além do que a escola passava (conhecimento de mundo)”.

Nasceu em 10 de agosto de 1984, na cidade de Guairá - Pr. É filha única, nasceu

Surda profunda não sabendo a causa da Surdez. Seu diagnóstico só foi feito com um

ano e meio de idade. Logo após o diagnóstico mudou-se para Maringá-Pr em busca de

uma escola especializada para Surdos – ANPACIN, iniciando nessa escola com dois

anos e meio de idade. Nesta época, a escola tinha uma abordagem Oralista com o

objetivo de aprender a falar, teve atendimento com fonoauodiologista e aprendeu a

leitura labial e a fala. Sua família foi muito importante para o seu conhecimento de

mundo, ou seja, sempre ensinavam, ajudavam e conversavam muito sobre o que

acontecia alem co conteúdo escolar.

Terminou o Ensino Médio aos dezoito anos. Prestou vestibular na Cesumar, na área de

Odontologia, passou pelas provas objetivas, mas foi desclassificada na redação, pois

sua escrita é surda, e também não tinha um professor na faculdade que conhecesse a

escrita dos Surdos. Felizmente, foi reconhecida e foi aprovada. No começo foi muito

difícil, pois na ANPACIN ela só convivia com a Comunidade Surda e os seus

professores só usavam a Libras. Teve notas baixas nos 1o e 2o bimestres, porque não

entendiam o que os professores falavam, era tudo rápido demais e principalmente

esqueciam que tinha uma pessoa Surda na sala. Graças a sua mãe, que toda vida a

apoiou, conversou com a coordenação do curso e com os professores para que

mudassem as estratégias de ensino e também que corrigissem todas as produções

escritas levando em conta o conteúdo e não a forma de escrita. Com o apoio de seus

amigos de sala que explicavam para ela o que às vezes não ficava claro ela conseguia

entender os conteúdos, concluiu sua graduação em 2007.

Começou a trabalhar como voluntária na ANPR e na UEM, atendia crianças com

deficiências na ANPR e Surdos na UEM. Com isso, fez pós-graduação em Odontologia

para pacientes com necessidades especiais na Faculdade São Leopoldo Mandic, em

Campinas-SP. No inicio de 2008, começou a trabalhar com remuneração e deixou de

lado o voluntariado que tanto adorava.

Na clínica particular em Maringá, onde ela trabalhou, tinha vários dentistas

especializados na mesma área que ela. Atendia vários pacientes e não tinha problema

de comunicação, discriminação e nem preconceito por ela ser Surda. Trabalhava todos

os dias inclusive aos sábados. Mas com a exaustão dos estudos, deixou de lado o

trabalho para concluir sua monografia da especialização, pois viajava todos os meses e

ficava muito tempo fora de casa.

Depois que terminou o a especialização, fez um curso de Capacitação de Sedação

Consciente na mesma faculdade, São Leopoldo Mandic. A faculdade de São Leopoldo

disponibilizou uma intérprete para ela durante dois anos, o que deixou muito aliviada,

pois a própria faculdade fez prevalecer os seus direitos de cidadã. Sua intérprete

sempre a auxiliava nas aulas teóricas, pois nas praticas não havia necessidade. Na sua

graduação nunca teve intérprete, pois naquela época a faculdade não disponibilizava

intérpretes para Surdos.

Atualmente, fez vários concursos na área de odontologia, foi classificada em alguns,

mas ainda não foi chamada. No momento esta aguardando para ser convocada no

ultimo concurso prestado, no qual conseguiu classificação.

Luciana Dantas Ruiz

“O Oralismo teve seu lado bom que foi ser incluída socialmente, podendo ter plena participação nas atividades da comunidade. Quando temos essa oportunidade não percebemos a “deficiência”. Esquecemos as diferenças porque interagimos igualmente”.

Filha caçula de uma família de ouvintes nasceu no dia 25 de

fevereiro de 1967, na cidade do rio de Janeiro. Nasceu surda,

mas seus pais só perceberam a surdez por volta dos oito meses de idade, depois de

passar por dois médicos o qual diagnosticaram sua surdez de grau severa e profunda.

A partir daí, seus pais começou uma grande maratona para reverter este quadro, foi

levada aos melhores especialistas do Brasil que apenas confirmaram a sua surdez,

embora seus pais tentassem modificar esse quadro, levando até a um “milagreiro” em

Congonhas do Campo, mas sem nenhum resultado.

Sua mãe se dedicou muito ao seu tratamento. Aprendeu com vários cursos realizados

em São Paulo e em outras instituições americanas a como lidar, estimular e

desenvolver uma forma de comunicação e ao mesmo tempo preparando sua filha a

conviver “normalmente” com as pessoas ouvintes. Diariamente durante dois anos, seus

pais fizeram uma super estimulação a todos os seus sentidos preservados: tato, viso,

olfato e paladar. Seus exercícios eram muitas vezes cansativos e estressantes, sem

nenhum resultado positivo. Por fim, desistiram dessa técnica e passaram a procurar o

método tradicional de ensino de surdos: o Oralismo. Recorreram então ao INES, que

naquela época a sua metodologia era trabalhar a fala. Como não se adaptou, ficou

apenas um ano e voltou para Nova Friburgo, onde foi matriculada novamente em uma

escola de ouvintes no Maternal, depois estudou no Externato Santa Ignez ate a 8a série.

Segundo ela, o Oralismo teve o seu lado bom que foi ser incluída socialmente, podendo

ter plena participação nas atividades da comunidade, ou seja, quando não se vê a

deficiência, é possível a interação por igual.

Passou por vários vestibulares, como o de arquitetura no rio de Janeiro e administração

na Universidade Candido Mendes – Nova Friburgo, mas como não era sua vocação,

depois de quatro meses abandonou a graduação. Fez vários cursos de arte, pintura e

porcelana e também trabalhou com festas infantis.

Depois de passar por dificuldades na vida pessoal aos 33 anos de idade, teve que

refazer sua vida. Foi nesse momento que ela foi procurar a comunidade surda em

busca de sua verdadeira identidade, ate então, ela só se comunicava com o método

oral, pois sua visão de Libras era de que limitava muitas as habilidades dos Surdos e

sua capacidade de comunicação com as pessoas ouvintes. Depois de um seminário no

ano de 1999, sobre bilingüismo, sua visão mudou. Neste seminário ela teve a

oportunidade de conhecer outros Surdos do Brasil inteiro e percebeu então que seu

mundo era todo visual. Daí por diante, ela descobriu a Libras e o quanto era importante

poder se comunicar das duas formas: com pessoas de sua própria cultura (Surdos) e

com os ouvintes. Teve a oportunidade de conhecer e entender que existe um mundo

próprio dos Surdos e aceitar com naturalidade a sua identidade Surda.

Em 2005, formou-se em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá, fez curso de

instrutores da APADA de Niterói. Assim encontrou seu caminho profissional. Neste

mesmo ano, montou um centro de convivência para adolescentes Surdos, baseado nas

suas próprias dificuldades e nos objetivos que ela alcançou. Além disso, divulga a

Libras através de cursos livres para a comunidade. Engajada na luta pela defesa dos

direitos das pessoas Surdas, participa do Conselho Municipal de Defesa dos

Deficientes, na cidade onde mora, Nova Friburgo. Ocupou o cargo de presidência no

ano de 2005 a 2007 e atualmente ocupa o cargo de vice-presidência. E mais uma vez,

valorizando sua Identidade, cultura, comunidade e língua esta se graduando em Letras-

Libras, pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, com o termino previsto

para 2010.

Nelson Pimenta de Castro

“Eu me entrego totalmente e fico feliz vivendo os

personagens...”

Nasceu em Brasília e m 6 de setembro de 1963. Vem de uma

família de Surdos e ouvintes, tem uma irmã Surda, e seu avô também era Surdo.

Estudou em escola especial em Brasília e depois foi ao Rio de Janeiro estudar no INES.

Desde pequeno sentia atraído pelas artes cênicas. E na década de 1990 começou a

atuar no INES. Foi o primeiro ator Surdo a se profissionalizar no Brasil, estudou no NTD

(National Theatre of the Deaf, de New York). Já atuou como instrutor e pesquisador de

LSB em diversas instituições, entre elas o INES, a ARPEF (Associação de Reabilitação

e Pesquisa Fonoaudiológica), o CES e a FENEIS.

Atualmente se graduou em Cinema e Vídeo pela Universidade Estácio de Sá no Rio de

Janeiro. Coordena as ações de teatro e expressão corporal na ARPEF, preside o ILSB

(Instituto de Língua de Sinais Brasileira) e é professor de teatro no Centro Educacional

Pilar Vilazquez. Fundou junto com um ouvinte, a LSB Vídeo que é uma empresa criada

no Rio de Janeiro com o objetivo de melhorar a educação e o nível de informação dos

Surdos no Brasil, atualmente essa empresa tem fitas de vídeo, jogos educativos e livros

didáticos feitos pela equipe da empresa composta por seis pessoas sendo cinco Surdos

e um ouvinte. É autor do livro e DVD “As aventuras de Pinóquio”, em versão com

Libras, que foi desenvolvido com o objetivo de permitir que as crianças interessadas

ouvintes e Surdas, conheçam e tenham acesso a essa história, favorecendo e

incentivando a inclusão social.

Como ator e consultor de Língua Brasileira de Sinais, participou de inúmeras peças

teatrais, vídeos e documentários. Sua atuação no Show Nelson 6 ao Vivo estendeu-se

por Campinas/SP, Curitiba/PR, Florianópolis/SC, Juiz de Fora/RJ, Manaus/AM, Passo

Fundo/RS, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP e Santa Rosa/RS, e lhe rendeu

em 2002 o prêmio na Jornada de Literatura de Passo Fundo.

Para ele, os Surdos precisam de uma educação melhor e completa, precisam ter

acesso a facilidades modernas de comunicação, como por exemplo, legenda em

programas de televisão, intérpretes em teatro, aparelhos de comunicação como Pager

com teclado alfabético etc. Tem o sonho de ver todos os Surdos com os mesmos

direitos de cidadania das pessoas ouvintes.

Rimar Ramalho Segala

“Talvez não haja a necessidade de fazer um diagnóstico tão minucioso sobre quem sou, pois sou surdo. A maior dificuldade neste trabalho não foi à pesquisa e sim como transmitir a vocês, contudo, ouço com meus olhos e falo com minhas mãos”.

Professor, tradutor e ator. Concluiu o curso de Matemática e trabalhou como professor

de Matemática na escola especial para crianças Surdas por seis anos, também fez

curso de teatro.

Entre 2003 e 2004, atuou intensamente em filmes publicitários e institucionais,

destinados a surdos e ouvintes, entre eles um comercial da Vivo e um participou do

curta-metragem “Sinais de Sonho”, dirigido por Billy Castilho. Fundou a Companhia Arte

& Silencio, junto com a sua irmã Sueli Ramalho Segala, também Surda. Foi nesta

companhia, da qual participa até hoje como ator, clown e mímico que criou o espetáculo

“Orelha”, que aborda a inclusão social dos Surdos, a cultura surda e Libras. Esse

espetáculo continua sendo apresentado ate hoje em escolas, praças, teatros,

seminários e congressos, entre outros espaços. Fez curso de clown, no Espaço Folias

D’arte, com Beth Dorgam.

Entre 2005 e 2007, fez curso de pantomima com Luciano Fraga. Junto com Luciano

criou um espetáculo de mímica “Manu Narrare”, que apresenta até hoje. Com Victor

Seixas, fez curso de Mímica Corporal Dramática, e criou o espetáculo de rua “Mil em

Um”. Participou do curso Mimo Corpóreo, com Leela Alaniz.

Com a Cia Arte & Silêncio e Sueli Ramalho Segala criou o espetáculo “os palhaços na

escola”, que aborda a questão da surdez, cultura curda e Libras dentro da sala de aula.

A peça tem sido apresentada em diversas escolas, com o objetivo de sensibilizar

alunos, pais, professores e funcionários sobre a inclusão. Criou também o espetáculo

“Os Palhaços no RH”, que tem sido apresentado em empresas para sensibilizar

empresários e funcionários.

Participou junto da Cia.2Nós, do projeto Dialogo Físico – A Criação Teatral pela

Comunidade Surda e Ouvinte, dentro o VAI (programa de Valorização as Iniciativas

Culturais). Neste projeto, ensinou dramaturgia para alunos Surdos na EMEE Madre

Lucie Bray. Criou o espetáculo infantil “O Coelho que Pensa Pedro”, com a Cia.2Nós,

dirigido por Victor Seixas e apresentado no Centro Cultural São Paulo, em

comemoração ao dia das crianças, em escolas regulares, especiais e inclusivas.

Fez vinhetas de classificação de faixa etária em Libras para a TV Ideal, da Editora Abril.

Foi entrevistado por Brito Junior, ao lado de Sueli Ramalho Segala, no programa

Entrevista Imprevista, da Record News, falando um pouco do seu trabalho como ator e

apresentou uma adaptação de poesia visual que criou do Hino Nacional.

Em 2008, fez curso de Mímica Total, com Luis Louis, e atualmente trabalha como ator-

tradutor na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), no curso de Letras-Libras.

Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (UFSC).

Rosani Suzin

“Costumo dizer que a pior surdez é aquela que se trava na alma e não no ouvido”.

Nasceu em 9 de agosto de 1967, na cidade de São Lourenço

d’Oeste em Santa Catarina. Nasceu Surda, pois sua mãe teve

rubéola nos primeiros meses de gestação, seus pais ficaram

inconformados, pois não havia nenhum caso de Surdos na

família. Começaram então a procurar soluções, como a cidade era pequena não havia

otorrinolaringologista, somente clinico geral. Foram para a cidade de Pato Branco –

Paraná, onde o otorrinolaringologista na época tentou confortar a família dizendo que

até os seis anos de idade ela iria ouvir, mas meus pais estavam realmente

determinados que queria ouvir mais médicos e em 1970 foram para São Paulo onde

diagnosticaram que era realmente Surda e que deveria imediatamente estudar em uma

escola especial. Como na época havia somente Escolas especiais em centros maiores,

foi para o internato em Curitiba, com apenas três anos e meio de idade. E lá

permaneceu até os sete anos de idade. Foi um sofrimento terrível pela separação, tanto

para ela como para a minha família. O meio de transporte e a comunicação eram

precários. Nesse meio tempo nasceu seu irmão e com isso seu sofrimento aumentou.

Vendo os problemas emocionais que começou a ter, sua mãe como era professora,

começou a se especializar e fundou uma classe especial na sua cidade e passou a

estudar com ela. Porém não deu muito certo, pois como toda criança, queria minha mãe

só para ela.

Em 1980 como sua mãe pesquisava muito, conheceu as Irmãzinhas da Pequena

Missão para surdos do Instituto Londrinense em Londrina, foi para lá, concluindo o Iº

grau em Londrina-Pr. Em 1989, concluiu o 2o grau, numa escola comum no Opet nesta

época foi muito difícil, pois não havia intérprete, havia professores de bigode, era muito

difícil de fazer a leitura labial, além disso, foi a primeira e única aluna Surda da escola,

ou seja, foi a primeira experiência.

Em 1994, começou a dar aula de Libras, e jogar para fora tudo o que estava sufocado

dentro dela, pois até então era Oralismo puro. Foi a primeira instrutora de Libras na

UFSC, seus alunos eram fonoaudiólogos e pedagogos. No ano de 1995, participou de

um Congresso na Áustria e conheceu as melhores escolas na Europa, e com isso seus

olhos foram se abrindo e tendo uma visão ampla de como os Surdos são capazes de se

desenvolverem completamente.

Foi defensora na Assembléia Legislativa na oficialização da Libras no Paraná. Pela

importância do intérprete na vida do Surdo, entrou com um projeto na Assembléia

Legislativa pela oficialização do dia do intérprete, o qual se deu a oficialização em 26 de

julho de 2007. Teve a primeira intérprete na época a atuar na universidade em sala de

aula, na época foi muito difícil fazer com que a direção da universidade entendesse a

importância da intérprete em sala, quando a direção aceitou ela pagou durante seis

meses e depois de muita luta a direção assumiu a responsabilidade quanto ao

pagamento da intérprete.

Após muita batalha hoje, é formada em Pedagogia, pós-graduada em Libras/Português

e cursando Letras/Libras pela UFSC. Ministrou vários cursos de Libras pelo Brasil a

fora. Atuou como professora durante sete anos no Centro de Reabilitação Sidney

Antonio (Universidade Tuiuti do Paraná). Palestrante do projeto INCLUSAO DA

LIBRAS. Coordenadora da banca dos interpretes da FENEIS/Pr desde 2002. Em 2008,

declamou varias poesias para professores da UFPR, amigos Surdos, familiares, e

interpretes e foi considerada a poetiza Surda do Paraná.

A sua educação toda foi baseada no Oralismo, desde o maternal até conclusão do

Curso de pedagogia. Apesar da educação Oralista, a língua de sinais embora

escondida, sempre fez parte de sua vida, pois a LIBRAS cria a idéia e a comunicação

entre Surdos. E espontânea, tem estrutura própria sofisticada, apesar de não recorrer a

sons, mas sim, ás mãos, á expressão facial, ao corpo, ao espaço e ao movimento.

Apesar de hoje estar com minha visão bem reduzida, pois sofre de retinose pigmentar

congênita diz com segurança que a pior Surdez ou cegueira é aquela que se trava na

alma e não no ouvido ou nos olhos.

Shirley Vilhalva

“Mesmo que você não queira liderar algo, saiba ensinar aquele que deseja. Não tema a concorrência, olhe para o céu e veja se tem um lugarzinho ainda para você no meio das estrelas. Viu quanto espaço você tem? Sucesso!”.

Nasceu no dia 18 de junho de 1964 em Campo Grande – Mato

Grosso do Sul. Nasceu surda parcial sendo um ouvido com

surdez profunda, na área clinica é considerado o melhor

ouvido, pois em sua família a casos de nove surdos, portanto, a causa foi hereditária.

Quando sua família desconfiou da sua surdez, procurou vários recursos desgastantes

como médicos, curandeiros, benzedeiras, promessas, mas, sem nenhum sucesso. Sua

infância foi muito disciplinada e com muita dedicação familiar. Aos doze anos colocou o

sue primeiro aparelho auditivo, mas não aceitou, pois tinha muita vergonha. Aos 20

anos volta a colocar o aparelho auditivo.

Sua educação se iniciou com professor particular e seguiu por muito tempo uma

sistemática de aprendizagem da língua escrita e da língua oral, dando ênfase mais na

escrita sem cobrança da fala, por isso demorava muito para entender o conceito das

coisas. Estudou em escola regular, sua irmã Ângela apoiou muito na sala de aula como

se fosse uma intérprete com a diferença de ser tudo em leitura labial. Mesmo estudando

em escola regular, seu sonho mesmo naquela época era estudar em escola para

Surdos, onde estaria em contato com outros Surdos iguais a ela. Só conseguiu ir para

uma escola de Surdo quando foi aceita como estagiaria do magistério, onde se realizou

e começou uma nova vida.

Sempre quis ser professora de Surdos, pois acredita que os professores são

considerados como um nobre guerreiro que tem mais influencia que um político na vida

das pessoas que passam pelo menos 200 dias letivos em contato direto, teve

excelentes professores que hoje são seus colegas de trabalho e tem a honra de dizer o

que cada um contribuiu para sua motivação. Ela diz ainda que existem dificuldades sim,

mas, são menores quando se tem um nobre professor ou professora fazendo o alicerce

em nossa vida.

Fez vários vestibulares, pois naquela época não tinha intérpretes. Logo que ingressou

na faculdade teve muitas dificuldades, pois não havia muita troca de conhecimentos

entre os colegas, pois não havia compreensão, teve apenas um único grupo que era o

seu apoio. Ela sempre foi “copista”, pois não tinha tempo de ler a boca do professor e

escrever o que ele ditava, então enquanto um colega ouvia o professor ela copiava

simultaneamente e só depois procurava ler e entender o que se referia o assunto. Foi

nesta época que iniciou os cursos de Libras dentro da faculdade.

Formada em Pedagogia pela FUCMAT atual UCDB, com pós-graduação em

Metodologia de Ensino, cursando o Mestrado em Lingüística pela UFSC, onde

desenvolve o projeto Índio Surdo que tem por objetivo fazer um mapeamento das

línguas de sinais emergentes nas comunidades/reservas indígenas do Mato Grosso do

Sul. Em 1997 recebe a placa de agradecimento pelo apoio ao mercado de trabalho no

período de 95/97 pelos professores da Educação Profissional da Capital e do Interior.

Em 2000, recebeu o prêmio, “O mestre que marcou a minha vida” como destaque da

Educação 2000 por ter apresentado o projeto “A Língua de Sinais na Educação de

Surdos de mato Grosso do Sul” que vigora há quatorze anos.

Atuante da comunidade Surda. Foi diretora da Escola Estadual de Surdos – CEADA,

diretora de Administração da FENEIS e conselheira do CONADE. Foi presidente e

conselheira da CONSEP- Conselho Estadual ao Portador de Deficiência. Atuou como

professora Tutora do Pólo UFSC e atualmente atua como Coordenação do Sistema e

Acompanhamento de Estudante do Curso Letras/Libras. Membro do corpo editorial da

FENEIS desde 2007, ganhou vários prêmios como o “SOM DAS PALAVRAS” na XI

Beinal, pela editora Litteres. Publicou o livro “Despertar do Silencio” onde deixou

registrado uma fase de sua vida que estava sendo encerrada, buscou em seu diário o

que gostaria que as pessoas soubessem e mostrou também que já tinha novas metas

paras seguir.

Seu sonho para a educação dos Surdos é a de que sejam uma educação bilíngüe e

que os alunos Surdos sejam contemplados alem do intérprete de Libras, com recursos

visuais que é o legendador. Esse segundo recurso vai ajudar aprimorar os Surdos de

acompanhar a língua portuguesa escrita em tempo real enquanto o intérprete dará o

conceito contextualizado de mundo. Um sonho caro, mas com resultado imediato para

alunos bilíngües sejam eles Surdos ou ouvintes. Dentro da educação de índios Surdos,

tem como objetivo que todos os povos indígenas comecem a registrar os sinais

emergentes e até mesmo a língua de sinais que existir nas terras indígenas para

garantir a acessibilidade tanto para os Surdos quanto para os índios Surdos. Já existe

intérprete de Libras nas terras indígenas e isso já inicia sua realização do seu sonho,

onde o seu respeito maior é para os lideres indígenas que a orientaram e permitiram

seus sonhos nas escolas dentro das terras indígenas.

4 CONCLUSÃO

Ao concluir esse artigo, notou-se que a maioria dos Surdos passou por vários

momentos difíceis, tanto na educação quanto na vida pessoal, ou seja, a educação não

era adequada para eles, sofriam por não entender o que se ensinava e mais ainda

sofriam por preconceitos que a própria sociedade da época colocava. Mesmo os

docentes, não estavam preparados para lidar com tal situação, o que acarretou em

muitos “traumas” em alguns Surdos.

Primeiramente, gostaria de agradecer todos os Surdos citados acima que colaboraram

muito para a construção desse artigo. Todos sem exceção de nenhum me ajudaram

muito trocando informações necessárias para que esse artigo fosse concluído. É muito

gratificante saber que eles estão realmente preocupados em expandir e esclarecer o

conhecimento, a cultura Surda para toda a sociedade seja ela Surda ou ouvinte.

Notou-se ainda que todos passaram pela metodologia Oralista, que consistia em

desenvolver a linguagem oral, com o objetivo de tornar o Surdo um ouvinte com leitura

labial. Para os Surdos, o Oralismo foi e ainda é considerado um sofrimento muito

grande e com raras e limitadas perspectivas de sucesso. Após muitos sofrimentos e

tratamentos sem muito sucesso, os Surdos se descobriram com a metodologia do

Bilingüismo, que tem o objetivo de estruturar e desenvolver os aspectos cognitivos,

emotivos e expressivos, para depois ter a compreensão e o desenvolvimento da Língua

Oficial de seu país. Assim, suas particularidades, sua Língua (Libras), sua cultura, sua

identidade são realmente compreendidos.

Nas biografias citadas acima, o que se pode realmente notar é a de que todos os

Surdos tiveram uma necessidade de lutar pelos seus objetivos, essa vontade é

extremamente notória em todos eles, ou seja, todos não deixaram que a sua diferença

se tornasse uma deficiência, embora todos passaram pela sua construção de

identidade, ou seja, conflitos que às vezes deixavam de lado o seu modo de pensar, até

sua construção total de sua identidade. A partir desse momento, com a identidade

assumida, é fascinante a luta deles pelos seus direitos como cidadãos. Alem de que a

maioria está envolvida e engajada com projetos sociais e associações que lutam por

esses direitos.

Todos os Surdos que citei e que brilhantemente superaram suas dificuldades procuram

ajudar de forma significativa os outros Surdos que ainda se encontram em processo de

construção de identidade. Todos sem nenhuma exceção lutam pelos seus direitos como

cidadãos, tentando conquistar seu espaço diante de um mundo totalmente ouvinte,

respeitando todas as pessoas sujam elas surdas ou ouvintes.

É importante salientar que alem desses surdos que foram citados no artigo, ainda

existem muitos Surdos que se destacam como lideres da comunidade surda como a

Marianne Stumpf que faz um belíssimo trabalho com a escrita da Libras, a Ana Regina

Campello que também luta pelo direitos dos Surdos, o Renato Sindicic que atua como

professor de matemática na Universidade Gallaudet, entre outros que estão lutando

pelos seus objetivos. Enfim, com a aquisição da Libras e o bilingüismo, os Surdos

começaram a se desenvolver como pessoas que pensam, que lutam, que conquistam e

que são alem de tudo cidadãos.

Assim, todos que assumem essa identidade Surda, assumem também sua cultura e

conseqüentemente, sua comunidade. Essa comunidade é importante salientar, que

todos os Surdos estão realmente engajados pela luta da inclusão de todos os aspectos

sejam eles sociais, educacionais, emocionais dos Surdos. Contudo, nenhum deles

deixou se abater pela sua diferença, pelo contrario, lutaram e conseguiram seu espaço

em meio à sociedade ouvinte e principalmente a comunidade Surda, ressaltando que

esses méritos foram totalmente conquistados pelos seus esforços, suas perseveranças,

suas lutas, seus objetivos traçados, entre outros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

SÁ, N. R. L. Cultura, Poder e Educação de Surdos – São Paulo: Paulinas, 2006. GÓES, M.C.R. Linguagem, Surdez e Educação – Campinas: Ed. Autores Associados, 1995. STRBEL, K. Historia Cultural dos Surdos in Apostila: Libras/Língua Portuguesa Educação Bilíngüe para Surdos. Maringá, 2008. PERLIN, G. e MIRANDA, W. Surdos: o Narrar e a Política in Estudos- Ponto de Vista: Revista de Educação e Processos Inclusivos n°5, UFSC/NUP/CED, Florianópolis, 2003. SKLIAR, C. (Org) Surdez - Um olhar sobre as diferenças – Porto Alegre: Ed. Mediação, 2001. STROBEL, K. L.; DIAS, S. M. D. Surdez: Abordagem Geral, FENEIS. Ed. APTA - Gráfica e Editora, 1995. SACKS, O. Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos – Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1990. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos surdos. MEC/SEESP, 2003. GOLDFELD, M. A criança surda - Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Ed. Plexus, 1997. EPISTEME. Publicação Científica da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão v. 9 n° 26/27. Ed. UNISUL. Maço/out 2002. Portal Paulinas on line – Livraria Virtual. Disponível em: <http://www.paulinas.org.br/loja/DetalheAutor.aspx?idAutor=13278>. Acesso em: 28/02/2009. Surdo.com.br. Disponível em: < http://www.surdo.com.br/Entrevistas/default.asp?id=58>. Acesso em: 25/02/2009. Galeria Muito Especial. Disponível em: <http://www.galeriamuitoespecial.org.br/artistas_detalhes.php?cod=20>. Acesso em: 25/02/009. Galeria Muito Especial. Disponível em: <http://www.galeriamuitoespecial.org.br/artistas_detalhes.php?cod=7> . Acesso em: 28/02/2009.

Cacau Mourão – Windows Live. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?q=cacau+mourao&hl=pt-BR&sa=2>. Acesso em: 28/02/2009. REVISTA VIRTUAL DE CULTURA SURDA E DIVERSIDADE. Disponível em: <http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/perfil.php> . Acesso em: 03/04/2009. GES Grupo de Estudo Surdos. Disponível em: http://www.ges.ced.ufsc.br/gladis.htm>. Acesso em: 05/04/2009. PERRI. A. Gladis Perlin-considera a educação fator determinante para a transformação, valorização e inclusão dos surdos na sociedade brasileira. 2004. Disponível em:< http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=5396&cod_canal=3>. Acesso em: 05/04/2009. Perfil do usuário: Gladis. Disponível em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=gladis+perlin&meta=> . Acesso em: 05/04/2009. Blog: Vendo Vozes. Disponível em: < http://blogvendovozes.blogspot.com/2008/03/entrevista-exclusiva-karin-strobel.htm>. Acesso em: 08/04/2009. Ministério Mãos Ungidas. Disponível em: <http://www.maosungidas.com.br/cursos.php > . Acesso em: 10/04/2009. Blog Vendo Vozes. Entrevista com Shirley Vilhalva. Disponível em: http://vendovozes.googlepages.com/Entrevista_ShirleyparaoBlogVendoVoze.pdf> . Acesso e: 10/04/2009. Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Shirley Vilhalva). Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4262316E3> . Acesso em: 10/04/2009. Blog Vendo Vozes. Entrevista Exclusiva com Shirley Vilhalva. Disponível em: < http://blogvendovozes.blogspot.com/2008/01/entrevista-exclusiva-shirley-vilhalva.html>. Acesso em: 10/04/2009.