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LOGÍSTICA REVERSA DE PNEUS INSERVÍVEIS:
UM OLHAR EXPLORATÓRIO NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
Cristian Correna Carlo1
RESUMO
Este artigo resulta de três outros trabalhos desenvolvidos a partir de pesquisas sobre a logística reversa de pneus
inservíveis em Belo Horizonte. Trabalho de claro objetivo exploratório, necessário e justificado em razão da
importância do tema e da pouca disponibilidade de informações na literatura. Foram pesquisados os fabricantes
de pneus e suas atuações para promover o recolhimento dos pneus na cidade, as características de atuação dos
borracheiros e o grau de conscientização e conhecimento do consumidor sobre o processo de retirada das
carcaças de pneu do mercado. Os resultados indicam ação tímida dos fabricantes e falta de vigor do poder
público na operacionalização das atividades de coleta, o baixo alcance do sistema sobre os borracheiros e a falta
de conhecimento do consumidor sobre o fluxo reverso de pneus inservíveis.
Palavras Chaves: Logística Reversa, Gestão da Cadeia de Suprimentos, Sustentabilidade, Pneus Inservíveis,
Meio-Ambiente.
1 – INTRODUÇÃO
A expressão “logística reversa” está cada vez mais inserida em nosso cotidiano. Basta
que pensemos nos botijões de gás, nas latinhas de alumínio e nos cascos/garrafas da cerveja,
que do consumidor devem retornar ao ciclo produtivo ou adequadamente ser retirados de
circulação para que não se tornem danosos ao ambiente.
Segundo Ballou (2006), a vida de um produto, do ponto de vista da logística, não se
encerra com a entrega ao consumidor e sim com a logística reversa, pelo canal reverso de
distribuição. A Logística Reversa é a área da logística a abordar os aspectos de retornos de
produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo ou ao local de reprocessamento.
A logística reversa de pneus inservíveis consiste nos atos de recolher os pneus usados
do mercado e convertê-los inteiramente em algo novamente útil à sociedade ou, ainda, torná-
los inócuos ao ambiente.
___________________________________________________________________________________
1. Engenheiro Químico, MBA. Especialista em Engenharia da Qualidade e Gestão Educacional. Professor da
disciplina de Projeto Aplicado do curso de Logística do Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte.
A logística reversa de pneus inservíveis é regulamentada por leis federais, envolvendo
ações e interesses privados assim como a participação municipal.
Segundo a regulamentação do setor, fabricantes e importadores de pneus são os
responsáveis por fazer o recolhimento das carcaças de pneus no mercado e dar-lhes destinação
final ecologicamente correta, mas isso com a colaboração do poder público, rede
especializada, borracheiros e até consumidores. A Associação Nacional das Indústrias de
Pneumáticos (ANIP) é a entidade que representa as indústrias fabricantes, atuando como
responsável pelos processos de logística reversa de pneus.
Nas grandes cidades do Brasil, a coleta de pneus usados é sempre um desafio. O
município de Belo Horizonte possui pontos de coleta espalhados pela cidade, mas ainda se
encontram pneus descartados em aterros sanitários, lotes, rios e encostas da cidade.
Neste contexto e após vigência em mais de uma década de regulamentação das
atividades de reciclagem de pneus pela Resolução CONAMA No. 258, de 1999, poderíamos
perguntar como se encontra o processo de logística reversa de pneus inservíveis do município
de Belo Horizonte, neste ano de 2013.
Acredita-se que este trabalho possa colaborar para a melhoria das ações empreendidas
na coleta de pneus neste município, mantendo a missão, por vezes inglória, de insistir na
sustentabilidade ambiental.
2 – OBJETIVOS
Considerar a legislação sobre o tema, buscando identificar a participação prevista para
cada ente da cadeia reversa de pneus inservíveis.
Esboçar a organização ou estrutura da cadeia reversa de pneus inservíveis do
município de Belo Horizonte.
Estimar o volume mensal de pneus inservíveis recolhidos no município de Belo
Horizonte.
Avaliar o conhecimento da legislação do setor pelos borracheiros da região norte do
município de Belo Horizonte.
Identificar formas usuais de descarte de carcaças de pneus pelos borracheiros da região
norte do município de Belo Horizonte.
Verificar se há oferta de serviço terceirizado para o descarte pneus inservíveis na
região norte do município de Belo Horizonte.
Avaliar o conhecimento da legislação do setor, assim como dos pontos de coleta, as
Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs), pelos consumidores da
região norte do município de Belo Horizonte.
Identificar, na visão do consumidor da região norte do município de Belo Horizonte,
quais seriam as ações mais importantes a incentivar o descarte correto de pneus.
Avaliar o valor em dinheiro atribuível ou aceitável para o descarte sustentável de cada
pneu pelos consumidores da região norte do município de Belo Horizonte.
3 – CLIENTELA
Acredita-se que este trabalho possa contribuir para acadêmicos e profissionais do ramo
no entendimento das ações promovidas pelos fabricantes na efetiva retirada das carcaças de
pneu do mercado, assim como para a atuação de outros entes, o poder público entre eles, na
operacionalização da logística reversa de pneus inservíveis no município de Belo Horizonte.
Também poderá auxiliar o cidadão a compreender a importância de sua participação
em todo o processo reverso analisado e como a sua atuação poderá favorecer essas atividades
em favor da sustentabilidade ambiental em relação ao consumo de pneumáticos no Brasil.
Por fim, a sociedade poderia beneficiar-se com a discussão dos temas relativos às
ações de reciclagem, tais como as vantagens e desvantagens das decisões tomadas, as
dificuldades enfrentadas para conscientizar a sociedade a respeito e lograr incluir a discussão
de projetos de sustentabilidade ambiental na rotina do povo brasileiro.
4 – METODOLOGIA
Este artigo foi desenvolvido a partir de contribuições de diversos alunos do curso de
Logística do Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte. Aqui se integraram dados e
análises decorrentes de três trabalhos inter-relacionados (Grupo A2, Grupo B
3 e Grupo C
4),
compondo uma só pesquisa, efetuada com nítido objetivo exploratório. Originalmente, “A” de
ANIP, “B” de Borracheiros e “C” de Consumidores.
A pesquisa bibliográfica prévia buscou referências que possibilitassem aprofundar as
discussões. Porém, como antevisto, falta bibliografia em quantidade adequada sobre o tema,
sobretudo a específica sobre descarte de pneus.
Os procedimentos de campo consistiram de entrevistas, com preenchimento de
questionários, e visitas técnicas. No Ecoponto (BR-040), ou Unidade de Recebimento de
Pneus (URP), o grupo A obteve informações mediante entrevista com o Superintendente de
Resíduos Sólidos. As informações e os dados assim coletados dizem respeito ao envolvimento
dos vários atores da cadeia reversa de pneus do município, à destinação das carcaças de
pneus, ao volume e à capacidade da coleta e destinação dos pneus inservíveis do município de
Belo Horizonte.
O Grupo B delimitou a região norte da Cidade como campo de atuação e preencheu
questionários com 15 borracheiros locais. A abordagem nem sempre foi fácil, em vista do
temor por parte desses prestadores de serviços de que a pesquisa de fato encobrisse ação
fiscalizatória de órgãos públicos.
O Grupo C também se restringiu à região norte da cidade, onde, em três pontos
diferentes, entrevistou 44 (quarenta e quatro) consumidores\transeuntes, abordados em vias
importantes da região norte do município, preenchendo igual número de questionários.
Foi empregada abordagem qualitativa e quantitativa, em que se trabalhou desde a
opinião do consumidor sobre qual seria o descarte correto de pneus até a quantificação dos
dados, ou informações, pré-selecionados e constantes dos questionários.
___________________________________________________________________________________
2. Grupo A: Adriano Rodrigo, Bruno de Oliveira Eugênico, Mario César Martins e Náthaly Araújo;
3. Grupo B: Anderson Junio M. Silva, Bryan Jônatas F. Araújo, Thiago H. Ferreira e Vinícius Souza Campos;
4. Grupo C: Fladimir Cordeiro Duarte, Hiago Wanderley de Souza e Simone Nunes da Costa.
5 – DISCUSSÃO
Muito se fala da “Logística Reversa” como sendo conceito atual, muito importante e
politicamente correto. Por vez, alguns poderiam pensar que tudo aquilo que é reverso é
complexo, inacessível ou, até, tem cunho filosófico. Todavia, o maior obstáculo ao
entendimento do que realmente é a Logística Reversa, é o que confere dificuldade ao tema.
5.1 – A Gestão da Cadeia de Suprimentos e o fluxo reverso pós-consumo
Os conceitos de Cadeia de Suprimentos (CS) e Gestão da Cadeia de Suprimentos
(GCS), do inglês Supply Chain Management (SCM), tornam-se importantes no entendimento
da Logística Reversa.
Uma Cadeia de Suprimentos consiste em todas as partes envolvidas, direta ou
indiretamente, na realização do pedido de um cliente. Ela inclui não apenas o
fabricante e os fornecedores, mas também transportadoras, armazéns, varejistas e até
mesmo os próprios clientes. (CHOPRA, 2001, p.03).
O Supply Chain Management compreende o planejamento e gerenciamento de todas
as atividades envolvidas com a aquisição, conversão e o gerenciamento logístico.
Inclui principalmente a coordenação e a colaboração com os parceiros dos canais,
que podem ser fornecedores, intermediários, provedores de serviços terceirizados e
clientes. Em essência, o Supply Chain Management integra o gerenciamento do
suprimento e da demanda, internamente e ao longo da cadeia de suprimentos.
(Council of Supply Chain Management Profissionals, apud LEITE, 2009, p.16).
O entendimento e a aplicação de projetos de Gestão da Cadeia de Suprimentos têm
sido uma preocupação nas empresas, e o seu conceito vem se difundindo no mercado como
algo árduo de implantar mas que, quando concretizado, se torna fator de nítida eficácia na
gestão dos bens (matéria-prima, insumos, embalagens, produtos semiacabados, acabados) que
fluem pelas operações das empresas até o consumidor final.
O contexto de uma cadeia de suprimentos integrada implica uma gestão de
relacionamento multiempresas, inserida numa estrutura caracterizada por
limitações de capacidade, informações, competências essenciais, capital e restrição
de recursos humanos. Neste contexto, a estrutura e a estratégia da cadeia de
suprimentos resultam de esforços para conectar operacionalmente uma empresa
aos clientes, assim como às redes de apoio à distribuição e aos fornecedores, a fim
de ganhar vantagem competitiva. As operações de negócios estão, portanto,
integradas desde a aquisição de materiais iniciais até a entrega de produtos e
serviços aos clientes finais. (BOWERSOX, CLOSS e COOPER, 2002, p.23).
Para Bowersox, Closs e Cooper (2002), o objetivo da Cadeia de Suprimentos (CS) é
gerir as inter-relações entre empresas sujeitas a limitações e escassez, devendo as atividades
operacionais destas estar orientadas para as necessidades dos clientes, de forma a atingir uma
vantagem competitiva para a Empresa. Os autores apresentam a CS por um fluxo linear que
inter-relaciona as empresas em uma unidade competitiva coordenada. A figura 01 é uma
adaptação de um modelo da Michigan State University, elaborado pelos autores citados.
Figura 1 - Cadeia de Suprimentos.
Fonte: Bowersox, Closs e Cooper (2002, p.23).
Ballou (2006) correlaciona as atividades de GCS com objetivos estratégicos, onde a
gerência deve atingir metas que conduzam a organização a objetivos corporativos amplos.
Também é preciso se preocupar em repassar valor (benefícios) aos entes da cadeia, devendo
previamente ser definido nível de serviço adequado ao mercado e às expectativas de custo da
empresa.
Segundo Fleury (2000), alguns profissionais percebem a GCS como uma extensão do
conceito de Logística Integrada (integração dos processos internos) para além das fronteiras
de empresa, em busca da integração com clientes e fornecedores. Esta visão, segundo o autor,
pode ser esvaziada quando observamos o conjunto de processos envolvidos e como eles
ultrapassam em muito os limites das empresas.
Ainda sobre a questão conceitual lançada por Fleury, a visão apresentada por
Bowersox, Closs e Cooper (2002) pode tornar-se importante para esta discussão. Os autores
apresentam uma Gestão da Cadeia de Suprimentos com necessidades de “relacionamento
multiempresas”, mais apropriada à visão de mercado dos dias de hoje e, ao mesmo tempo,
pouco compatível com uma possível extensão do conceito de Logística Integrada.
No dia a dia da GCS, para que um produto chegue ao mercado (fluxo direto de bens)
com sustentabilidade operacional, são empregados armazéns para guardar os bens, fábricas
para os transformar e centros de distribuição para os armazenar e entregar. Ainda são
necessários veículos para transportar, equipamentos que os movimente, ferramentas para os
acabar, tecnologia para controlá-los, além de mão-de-obra especializada para gerir todos estes
ativos.
Existe, porém, um determinado fluxo de bens na Cadeia de Suprimentos caracterizado
por ter o sentido reverso, isto é, flui do cliente para a empresa. Este é o fluxo reverso de
produtos, estudado sob a designação de Logística Reversa.
Dornier et al. (2000) percebem a logística moderna sendo considerada não só com o
fluxo direto de bens, do produtor ao consumidor, mas necessariamente também com o retorno
para as fábricas/empresas de produtos com defeitos, de embalagens e produtos devolvidos.
No caso da logística reversa, o fluxo considerado parte dos vários clientes até as
empresas que recepcionam os produtos de pós-venda e pós-consumo, sendo um
processo convergente. (GUARNIERI, 2011, p.32).
Segundo Leite (2009), o fluxo reverso de pós-consumo, ocasionado pelo imperativo da
disposição adequada de materiais ao fim de sua utilização original, compõe-se de 3 (três)
subsistemas: reuso, remanufatura e reciclagem. O fluxo reverso de pós-venda acontece
quando há um retorno de parte de produtos não comercializados por variados motivos, como
problemas de qualidade ou desencontros comerciais. Vale observar que o canal reverso de
pós-venda normalmente é o mesmo canal direto de distribuição (entrega).
O recolhimento de pneus inservíveis é um fluxo reverso de pós-consumo, no qual se
verifica a presença dos três subsistemas apresentados: o reuso (informalmente), remanufatura
(empresas especializadas) e reciclagem (programas de recolhimento ligados a destinação
correta).
5.2 – A cadeia reversa de pneus inservíveis
Desde a abertura do mercado no início dos anos 90, o País vem experimentando
mudanças significativas no mercado automobilístico. Primeiro com a enorme variedade de
modelos apresentados ao País, depois com o expressivo aumento na venda interna e na
participação percentual no PIB, coincidentemente, ou não, a partir de 2002 (Figura 2).
Figura 2: Venda de Carros no Brasil.
Fonte: Anfavea, anuário 2013.
Com o setor automotivo aquecido, inflam, por conseguinte, o consumo de pneus novos
e o número dos que a se desfazer posteriormente.
2012: 67,9 milhões
2011: 72,9 milhões
2010: 73,0 milhões
2009: 60,2 milhões
2008: 64,3 milhões
2007: 63,1 milhões
Tabela 01 - Vendas de Pneumáticos para Veículos Automotores: produção + importação por associados da ANIP.
Fonte: Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos , ANIP.
A participação das montadoras nas vendas de pneus é muito significativa. Os
principais canais de vendas de pneus para veículos automotores, segundo a ANIP, são as
montadoras (fábricas), os exportadores e a substituição dos usados, ou seja, a troca de pneus
desgastados nos veículos em uso.
Figura 03 – Principais canais de venda de pneus de 2012.
Fonte: ANIP.
Tornou-se muito importante para os setores automobilístico e de pneus o ano de 1999,
quando promulgada a Resolução CONAMA no. 258, que responsabiliza os fabricantes
nacionais e os importadores de pneus pelo recolhimento e pela sua destinação ecologicamente
correta das suas carcaças.
[...] ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente
adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na
proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades
fabricadas e/ou importadas. (Resolução CONAMA No. 258).
Conforme Leite (2009), a partir de 2000, após a tecnologia de filtragem de gases ter
evoluído consideravelmente, também se tornou viável queimar pneus. Ainda segundo o autor,
entre 2000 e 2008, 84% dos 1.840 milhões de pneus recolhidos tiverem esta destinação.
A queima de pneus deu vazão a uma enorme quantidade de carcaças que, até o início
do presente século, mesmo quando adequadamente coletadas do mercado de consumo,
continuavam a exigir uma destinação final com sustentabilidade ambiental e também
econômica.
Além disso, a queima correta de pneus inservíveis agora se torna interessante para as
indústrias, uma vez que tal material gera mais calor que a queima do próprio carvão.
Os resíduos de borracha podem ser utilizados para geração de energia através
da queima, a qual se constitui numa alternativa para a reciclagem dos
resíduos de borracha, já que podem ser processadas grandes quantidades. Os
pneus contêm cerca de 90 % de material orgânico e têm capacidade calorífica
aproximada de 32,6 MJ/kg, enquanto o carvão tem 18,6 a 27,9 MJ/kg.
Contudo o incinerador requer maior sofisticação do que os convencionais
para impedir a emissão de particulados e gases, além de que o aço e o negro
de fumo causam dificuldades operacionais. Um dos itens que dificulta a
viabilidade deste processo são os custos com coleta, de modo que ele se
restringe a locais onde há alta concentração de resíduos. (PIEROZAN, 2007,
p.16).
Em 2007 foi criada a Reciclanip, empresa ligada à ANIP, cuja finalidade é recolher e
dar disposição correta final às carcaças de pneus em todo o Brasil.
A Resolução CONAMA No. 416, de 2009, estendeu aos distribuidores, revendedores,
poder público e consumidores, a obrigação de implementar atividades que, em conjunto com
as dos fabricantes e importadoras de pneus, contribuirão para a coleta e a destinação final
correta de pneus inservíveis. Em breve comentário, Leite (2009) sugere que as leis foram se
adequando ”para confortar as necessidades do setor”.
A estrutura básica da cadeia reversa de pneus inservíveis segundo Leite (2009) é
apresentada a seguir.
Figura 04 – Fluxograma dos pneus usados.
Fonte: adaptado de LEITE (2009).
Os Pontos de Venda são os agentes especializados do canal de distribuição que
vendem e trocam pneus Entenda-se por Coleta Informal a em geral realizada por
consumidores quando, tendo efetuado em seus veículos a troca de pneus novos por usados,
temporariamente retêm as carcaças.
e que, dispondo de serviços agregados nesses locais de comércio, acabam por estocar
carcaças em seus estabelecimentos. Os supermercados também são pontos de vendas de
pneus, porém não realizam a montagem, e assim não constituem fontes de demanda para a
cadeia reversa. Excetuam-se alguns supermercados ainda a manter pontos de coleta de pneus;
Ponto de Venda
(varejo)
Empresas
Utilizadoras
Coleta Informal
Outras Empresas
(destinação final)
Ponto de
Consolidação
Recicladoras
é claro, neste caso o estabelecimento passa a participante da cadeia reversa de pneus
inservíveis. Há anos era nesses locais de comércio mais comum encontrá-los, hoje são raros.
Os borracheiros estabelecidos são participantes fortes da cadeia reversa uma vez que,
legalmente ou não, não só vendem pneus usados, mas principalmente montam novos e semi-
usados nos aros das rodas, acumulando em sua posse carcaças recebidas nas trocas.
Empresas Utilizadoras são empresas de ônibus, transportadoras ou qualquer empresa
que mantenha frota de veículos. Assim as empresas utilizadoras, os pontos de venda,
borracheiros e a coleta informal são as origens previsíveis ou mais conhecidas de demanda na
cadeia reversa de pneus. Todos estes estabelecimentos são responsáveis por encaminhar o
produto usado a um ponto de recolhimento (Ecoponto) para que seja devidamente
encaminhado à sua destinação final.
A Reciclanip (ANIP) participa da reciclagem com o transporte dos pneus inservíveis
até os Ecopontos. Os Ecopontos são mantidos pelas Prefeituras Municipais através de
convênio com a Reciclanip, e são, na prática, os pontos principais de consolidação do fluxo de
demanda do mercado. No entanto, persiste como problema particular do setor organizá-los de
modo a promover satisfatoriamente o fluxo até o Ecoponto.
Guarniere (2011) expõe a dependência que as atividades de recolhimento
frequentemente têm de ações realizadas pelo poder público municipal. Às prefeituras incumbe
obter a minuta do acordo do convênio de cooperação com a Reciclanip e com esta
formalizarem o acordo.
A autora acredita que o programa vem sendo bem sucedido. Em 2009 a Reciclanip
encerrara o ano com 420 pontos de coleta; segundo dados da ANIP, em fevereiro de 2012, o
país contava com 726 pontos e, em maio de 2013, subira para 808 pontos de coleta nos
Estados Brasileiros e no Distrito federal.
Segundo a ABES, no 1º trimestre de 2013 foram recolhidas 90 mil toneladas de pneus
inúteis pela Reciclanip, crescimento de 1,5% sobre o mesmo período de 2012.
Para intensificar o processo de reciclagem, a entidade prevê investir
até o final do ano cerca de US$ 43 milhões. Segundo Alberto Mayer,
presidente da ANIP, Associação Nacional da Indústria de
Pneumáticos, esses recursos são utilizados para os gastos logísticos,
que representam mais de 60% das despesas, e também para os
investimentos na destinação final. A maior parte dos pneus coletados é
usada como combustível alternativo na indústria de cimento. Para que
seja ambientalmente correta, a queima deste material nas cimenteiras é
feita com o uso de filtros especiais. (Diário Estado de Minas, apud.
ABES, s/d).
5.3 – O recolhimento de pneus inservíveis no município de Belo Horizonte
Em nível municipal, o grande desafio é a operacionalização do recolhimento de pneus
inservíveis no mercado local. A prefeitura de Belo Horizonte tem compartilhado políticas em
seus programas de governo, ou seja, visões de futuro sobre o desenvolvimento urbano
sustentável, o que demonstra a importância do tema. O recolhimento de pneus inservíveis está
incluído nas diligências que se empreenderão.
Belo Horizonte precisa consolidar até 2030 um modelo de desenvolvimento
urbano ambientalmente sustentável, caracterizado pela qualidade dos seus
recursos hídricos, preservação das áreas verdes, redução das emissões de
gases e eficiência energética. Com grande parte do lixo sendo reciclada e
com usinas de tratamento de resíduos modernas e acessíveis. Queremos
construir uma cidade em que pessoas de todas as classes sociais participem
do grande esforço coletivo de garantir sustentabilidade ao ambiente urbano,
resultado de um ousado projeto que envolve mudanças de comportamento da
população e soluções. (PROGRAMA DE GOVERNO BH SEGUE EM
FRENTE – 3013 A 2016, p.151).
Frente a tamanha expectativa, são necessárias estratégias arrojadas e boa execução.
Deve-se ressaltar um complicador: projetos com ganhos relevantes do ponto de vista social
passam por mudanças de atitudes históricas, onde a conscientização dos consumidores e dos
entes dos canais de distribuição é a peça-chave para auferir os maiores benefícios.
O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, de maio de 2011, tem entre seus objetivos explicitados “[...] definir ações necessárias
para promover a logística reversa prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos.”, assim como
“Promover e intensificar os processos de logística reversa, sobretudo, com relação aos resíduos
especiais como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus e resíduos eletrônicos.” (p. 1176);
e reconhece que “[...] possa se dizer que o investimento na implantação perene de programas de
coleta seletiva e logística reversa para outras áreas dos resíduos sólidos urbanos em geral seja o
caminho natural para a criação de ações especificas para este segmento.”. (p. 1149).
O programa de governo de Marcio Lacerda, atual prefeito de Belo Horizonte, cita a
reforma e ampliação das Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs).
Estão em andamento serviços de reforma e adequação de nidades de
Recebimento de pequenos olumes RP s e a construção de uma nova
unidade, de acordo com o novo modelo pro etado para funcionamento destes
equipamentos urbanos, com foco na triagem de resíduos. PROGRAMA DE
GOVERNO BH SEGUE EM FRENTE – 3013 A 2016, p.159).
As URPVs são pontos importantíssimos na estrutura municipal de recolhimento de
pequenos volumes de resíduos sólidos, nos quais o pneu inservível se inclui.
Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV), Prefeitura de Belo Horizonte.
Atualmente, a prefeitura de Belo Horizonte mantém 32 Unidades de Recebimento de
Pequenos Volumes espalhadas pela cidade.
As Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs) são
equipamentos públicos destinados a receber materiais como entulho, resíduos
de poda, pneus, colchões, eletrodomésticos e móveis velhos, até o limite
diário de 1m³ por obra. A população pode entregar o material gratuitamente
nesses locais ou contratar um carroceiro para buscá-lo. As URPVs não
recebem lixo doméstico, lixo de sacolão, resíduos industriais ou de serviços
de saúde, nem animais mortos. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE,
2007a).
As URPVs têm estrutura simples e funcional, sem tecnologia complexa, com cerca de
4 (quatro) caçambas para o recolhimento do resíduos sólidos de pequenos volumes advindos
de descartes dos cidadãos da cidade.
Figura 05 – URPV Jd. Guanabara. Figura 06 – URPV Jd. Guanabara, após reforma, 2013.
Fonte: Gestão Compartilhada – PBH (2013). Fonte: Gestão Compartilhada – PBH (2013).
Em 2010, o diário Estado de Minas, em matéria publicada sob o título de “BH
Engasgada com Entulho”, relatava que as URPVs davam sinais de sobrecarga. Para o jornal,
as URPVs recolhiam 100 toneladas/dia e estavam saturadas, o que abria brechas para a
ilegalidade na disposição dos descartáveis. Nesse ano, a cidade tinha cerca de 600 bota-foras
em lotes vagos, ruas de vilas e bairros afastados, assim como nas margens do Anel
Rodoviário e das rodovias que desembocam na capital.
Na URPV Dona Clara, na Região da Pampulha, com a sobrecarga no ano
passado foi proibida a entrada de carros particulares com carrocerias na
unidade. "Muitos reclamaram, mas não houve jeito. Reduzimos em 50% a
quantidade acolhida", diz o gerente regional de Varrição e Serviço
Complementar (Gevarc/Pampulha), Janir Alves Nunes. Quem ganhou com
isso foram os carroceiros. (Diário Estado de Minas, apud. ABES, s/d)
Em 2011, persistiam os problemas com os bota-foras, estimados em 650 pontos de
descarte ilegal em Belo Horizonte. Em matéria intitulada “O Ovo Indez”, Maurício Lara
sugere que “[...] local de bota-fora deveria ser revitalizado, para provocar constrangimento
nos “usuários”. Neste caso, provavelmente, canteiros e flores podem funcionar melhor do que
a polícia.”.
Em BH, existem 32 Unidades de Recolhimento de Pequenos Volumes
(URPVs) espalhadas pela cidade. Nelas, é possível esvaziar a carroça
contratada ou o porta-malas do próprio carro. Mas os cidadãos parecem
desconhecer a possibilidade ou querem mais. Tudo indica que esperam o
recolhimento dos resíduos na porta de sua casa. Aliás, na porta do vizinho,
porque ninguém suja a própria calçada. (LARA, 2011).
O programa de governo da gestão Marcio Lacerda (2013 a 2016) visa à consolidação
do modelo das URPV como melhor alternativa aos bota-foras clandestinos.
Combater as deposições clandestinas através da ampliação do número de
URPVs (Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes), com prioridade
para as áreas com maior índice de deposição, visando também o melhor
aproveitamento e reciclagem dos resíduos (PROGRAMA DE GOVERNO
BH SEGUE EM FRENTE – 3013 A 2016, p.159).
As URPVs têm suma importância no recolhimento de resíduos sólidos, inclusive
pneus, na cidade de Belo Horizonte, e a desejada eficácia do sistema de 32 URPVs pode
propiciar, na visão do poder municipal, a redução de uso dos bota-foras clandestinos.
Transporte em Carroças.
Os carroceiros resistem na selva de pedra, em parte porque amiúde há resíduos sólidos
a serem transportados até às URPVs e aos bota-foras clandestinos. Ele é o primeiro agente de
transporte da cadeia de resíduos sólidos, fazendo as vezes do cidadão ao coletar o(s)
resíduo(s) na residência e levá-lo à URPV ou a outro local.
A Secretaria de Limpeza Urbana (SLU) considera o carroceiro como um parceiro no
atendimento à população, inclusive qualificando-o mediante instrução em práticas ambientais
corretas e cadastrando-o na prefeitura. O cidadão pode ligar para a URPV mais próxima de
sua casa e pedir o telefone de um carroceiro que trabalhe mais próximo de si ou em sua
região.
Unidade de Recolhimento de Pneus (URP), Prefeitura de Belo Horizonte
Desde 2007 a Unidade de Recolhimento de Pneus (URP) funciona às margens da BR-
040, aberta de segunda a sexta, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 13h, a fim de receber
pneus inúteis ali entregues por cidadãos e empresas. O URP recebe grandes e também
pequenas quantidades de pneus entregues de uma só vez por um cidadão ou empresa.
Com uma área coberta de 200m² e capacidade para armazenar até quatro mil
pneus usados, a Prefeitura recebe mensalmente cerca de 15.000 pneus. A cada
duas mil unidades coletadas, o material é recolhido pela Associação Nacional
da Indústria de Pneumáticos (Anip), transportado às empresas de trituração e,
depois, encaminhado para destinação final. (PREFEITURA DE BELO
HORIZONTE, 2007b).
Figura 07 – URP na BR-040 Figura 08 – URP na BR-040
Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte (2007b). Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte (2007b).
A Reciclanip (ANIP) através de transportadora credenciada retira os pneus do
município de Belo Horizonte assim que preenchido o lote de 2.500 unidades, ou 12.500 kg, de
pneus recolhidos.
A Rede Varejista e o Borracheiro
Ao longo da cadeia de suprimentos, a matéria-prima vira pneu e o produto acabado
fica disponível no pátio da fábrica para ser transportado. Existem várias formas de fazer o
produto chegar até o consumidor, os canais de distribuição.
Pneus não são vendidos diretamente da fábrica ao consumidor. Passam por
distribuidores e varejistas. Estes últimos podem ser separados em varejo especializado (lojas
exclusivas de venda de pneus, ou de rodas e pneus e acessórios, de vendas e/ou de serviços de
montagem nos aros, alinhamento e balanceamento) ou não-especializados (como os
supermercados).
Os prestadores de serviço especializados, assim como os borracheiros, acumulam
carcaças de pneu pela própria natureza do serviço prestado ao mercado. Faz parte da
expectativa básica do cliente que o local fique com o pneu usado; assim, transfere à loja e/ou
o borracheiro a responsabilidade pelo descarte.
Para realizar o descarte, a rede varejista e os borracheiros em Belo Horizonte devem
levar as carcaças de pneu diretamente à URP (Ecoponto), na BR-040, próximo ao CEASA.
6 – RESULTADOS
Os dados ou resultados estão apresentados segundo os grupos de coleta A2, B
3, e C
4.
ANIP – Grupo A.
Foi preenchido questionário com o responsável pelo Ecoponto (URP) e, por ser
interpretativo, vem exposto na íntegra nesta seção de resultados.
___________________________________________________________________________________
2. Grupo A: Adriano Rodrigo, Bruno de Oliveira Eugênico, Mario César Martins e Náthaly Araújo;
3. Grupo B: Anderson Junio M. Silva, Bryan Jônatas F. Araújo, Thiago H. Ferreira e Vinícius Souza Campos;
4. Grupo C: Fladimir Cordeiro Duarte, Hiago Wanderley de Souza e Simone Nunes da Costa.
Quem é responsável pelo recolhimento de pneus? R: Foi feito um convênio SLU / Reciclanip para destinação
dos pneus. No Ecoponto os pneus são recolhidos pela Reciclanip e destinados para unidades recicladoras e co-
processamento.
Qual a frequência do recolhimento? R: A cada 2.500 pneus é feito uma retirada pela Reciclanip.
Qual é o local de recolhimento? R: Ecoponto da BR 040. - Há remuneração? R: Não.
Quem mantém ponto de coleta, quantos são, existem intermediários? R: Em BH tem um Ecoponto de
recebimento e 31 URPV onde recebem até 02 pneus por dia de cada usuário.
Qual é a capacidade do ponto de coleta? R: Armazenagem de 4.500 pneus.
Quem faz a transferência? R: Uma transportadora credenciada pela Reciclanip.
Qual o volume mensal? (ou frequência) R: O Ecoponto foi criado em Fev/2007, até DEZ/2012 foram recebidos
907.403 pneus inservíveis.
Qual a destinação / uso dos pneus a serem reciclados? R: Vão para o co-processamento em cimenteiras e
unidades de trituração licenciadas.
Qual a média diária de pneus inservíveis recebidos pelo Ecoponto? R: Média de 600 pneus por dia.
Há recolhimento em borracharias e em lojas do segmento? R: Recolhimento somente nas RP ’ s. As
borracharias e lojas do segmento entregam direto no Ecoponto.
O Ecoponto recebe pneus de quais regiões? R: Recebemos pneus somente de Belo Horizonte.
Fonte: elaborado pelos autores2.
Segundo dados da ANIP, as vendas de pneus no Brasil em 2012 totalizaram
67.900.000 unidades, à época em que a população do país, de acordo com estimativa do
IBGE, era de 193.946.886; daí que se vendeu 0,3501 pneu por habitante nesse ano.
Como este nosso estudo abrange apenas o município de Belo Horizonte, com a
população estimada em 2.395.785 habitantes em 2012 (IBGE), a média de 0,3501 pneu
vendido por habitante no país representaria para BH por ano a venda/consumo de 838.764,33
pneus/ano ou 69.897,03 por mês.
Na Unidade de Recolhimento e Pneus (URP), localizada na BR-040, para onde são
encaminhados os pneus inservíveis de Belo Horizonte, são recebidos em média 600 pneus
inservíveis por dia, o que em 22 dias úteis no mês equivale a 13.200 pneus mensais; ou,
incluindo-se os sábados, portanto 25 dias úteis, chega-se a 15.000 unidades por mês. Este
último número iguala o número de pneus recolhidos como informado no site da prefeitura de
Belo Horizonte. Assim, se a venda estimada é de 69.897,03/mês pneus, 15.000 pneus
representam 18,9% do volume.
A prefeitura é responsável por recolher os pneus nas 2 RP ’s da cidade e entregá-
los na URP, ficando a Reciclanip responsável pelo restante da destinação correta para as
carcaças.
O Ecoponto possui capacidade física de reter 4.500 pneus, porém está previsto a
Reciclanip recolhê-los a cada 2500 pneus acumulados e levá-los às unidades recicladoras e/ou
de coprocessamento. Como o Ecoponto recebe em média 600 pneus por dia, segue-se que por
cálculo a cada 4,16 dias há um recolhimento. Dentro da suposição de 69.897 pneus vendidos
por mês no município de Belo Horizonte, poder-se-ia registrar recebimento pelo Ecoponto de
2.796 pneus/dia.
Borracheiros - Grupo B.
Os dados e informações apresentados nesta seção foram coletados por pesquisa de
campo com a aplicação de questionário em 15 borracheiros da região norte de Belo
Horizonte.
Figura 09: Descarte de pneus. Figura 10: Recolhimento de carcaças
Fonte: Elaborado pelos autores 3. Fonte: Elaborado pelos autores
3.
Observa-se que 73,34% dos borracheiros fazem eles mesmos o descarte enquanto
26,7% utilizam serviço terceirizado. Ainda, 26,7% dos borracheiros têm serviço regular de
recolhimento de carcaças, enquanto 73,3% dos borracheiros não dispõem desse serviço
regular.
Figura 11: Conhecimento das leis pertinentes. Figura 12: Opinião dos borracheiros.
Fonte: Elaborado pelo autores3. Fonte: Elaborado pelo autores
3.
Pode-se observar que 100% dos borracheiros pesquisados sequer sabiam que
existem leis sobre descarte de pneus inserviveis; 40% deles entendiam que o fabricante é o
responsavel pela reciclagem dos pneus inserviveis, enquanto 60% expuseram a opinião de que
a prefeitura é a responsável pela destinação adequada final.
Figura 13: Ponto de descarte. Figura 14: Responsáveis pelo recolhimento até o URP.
Fonte: Elaborado pelo autores3. Fonte: Elaborado pelo autores
3.
Nota-se que 73,3% dos borracheiros sabiam onde é o ponto de descarte (URP) enquanto
26,7% não tinham conhecimento da sua localização. Já 26,7% tinham a opinião de que
terceiros são responsáveis por recolher e levar os pneus ao ponto de descarte, enquanto 33,3%
entendiam que a prefeitura é a responsável e 40%, que eles próprios eram os responsáveis.
Consumidores – Grupo C.
Foram realizadas pesquisas de campo por meio de questionários junto a consumidores
da região norte de Belo Horizonte. Os gráficos 15 e 16 referem-se às respostas a perguntas
parecidas entre si, porém, a primeira é aberta, podendo o entrevistado responder livremente,
com ou sem alguma sugestão; a segunda consiste em uma consulta com sugestões
apresentadas na forma de múltipla-escolhas.
Figura 15: Incentivo ao descarte (pergunta aberta)
Fonte: elaborado pelos autores4.
Figura 16: Incentivo ao descarte (pergunta fechada)
Fonte: elaborado pelos autores4.
Quando perguntado sobre como melhor incentivar o descarte apropriado, tanto na
pergunta aberta (Figura 15) quanto na pergunta com resposta estimulada (Figura 16), a
opinião mais comum foi a de promover campanhas educativas.
Figura 17 – Conhecimento dos pontos de coleta.
Fonte: elaborado pelos autores4.
A figura 17 mostra que 37 dos 44 entrevistados, ou 84%, desconhecem a existência e a
localização os pontos de descartes (URPVs).
67
2
4
1
4
7
6
4 4
1
2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Campanha deconscientização
Divulgar Pontos deRecolhimentos
Pagar porrecolhimento pneus
Obrigar responsavellegal
Recolher emcaminhão de lixo
Dar descontos nacompra de pneus
novos
Quais ações você considera importante para incentivar o descarte de pneus usados?
7
37
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1
Conhecimento sobre pontos de recolhimento
Sim
Não
5
2
9
4
1 1
4
2
12
12
1
0
2
4
6
8
10
12
14
Aumentar pontos derecolhimento
Cobra do Governoaplicação da lei
Campanhas,Divulgação e
Conscientização
Descontos na comprade pneus
Recolher na Hora daTroca (Borra., Varejo
Varejo Pneus)
Nulos
O que você sugere como forma de incentivar o descarte?
Figura 18 – Disposição para custear a reciclagem.
Fonte: elaborado pelos autores4.
Na figura 18, verifica-se que os clientes/consumidores do sexo masculino aceitariam
pagar em média R$ 9,38 (nove reais e trinta e oito centavos) e já as mulheres aceitariam pagar
em média R$ 7,39 (sete reais e trinta e nove centavos) no custeio da reciclagem de cada pneu
utilizado.
7 – CONCLUSÃO
Avaliou-se, neste trabalho, parte da atuação da ANIP (Associação Nacional das
Indústrias de Pneumáticos) no município de Belo Horizonte objetivando recolher os pneus
inservíveis disponibilizados em toda esta área. Isto se fez mediante confronto e análise das
informações coletadas sobre a atuação dos principais agentes envolvidos – individuais e
particulares, como borracheiros, ou públicos e coletivos, como as URPVS - com as
obrigações definidas em leis que regem as atividades de destinação de pneus inservíveis no
Brasil,
A participação da ANIP (Reciclanip) consiste na retirada dos pneus do município para
levá-los aos locais de reciclagem. Para isso, utiliza caminhões-baú de 12,5 ton. (doze
toneladas e meia), a transportar 2.500 pneus (peso médio de 5 kg) por vez. Já a prefeitura de
Belo horizonte se encarrega de recolher as carcaças de pneu em 32 URPVs, além de resgatá-
los pela limpeza urbana dos locais onde inapropriadamente foram deixados e levá-los ao URP
(Ecoponto).
R$ 9,38
R$ 6,41 R$ 7,39
R$ 8,98
R$ -
R$ 2,00
R$ 4,00
R$ 6,00
R$ 8,00
R$ 10,00
Media de Preço (***) Desvio Padrão
Disposição em pagar para garantir a reciclagem
O esboço seguinte mostra a estrutura da logística reversa montada no município de
Belo Horizonte para o recolhimento apropriado dos pneus inservíveis nele disponibilizados.
Figura 19 – Organização para o recolhimento de pneus inservíveis em Belo Horizonte.
Fonte: elaborado pelo autor 1.
Pode-se afirmar que a legislação a regulamentar o descarte de pneus inservíveis é
desconhecida pelos borracheiros da região norte de Belo Horizonte, onde 100% dos
borracheiros pesquisados assim declararam.
Os dados apurados sugerem que os borracheiros, em sua maioria, conhecem ou sabem
da exigência e/ou da localização do ponto de descarte (73,3% dos entrevistados); mas que a
principal forma de descarte que adotaram é de sua própria iniciativa (onze dos quinze
entrevistados, e também 73,3%).
Grande parte dos borracheiros da zona norte de Belo Horizonte não possui ou usa
serviço regular de coleta de pneus inservíveis, visto que apenas 26,7% dos pesquisados
indicaram utilizá-lo. Estes terceirizados podem ser carroceiros que os levam ao Ecoponto
(URP) ou os “desovam” em algum ponto irregular da cidade (terrenos, lixão, cursos d´água
etc.) Todavia, de acordo com informações repassadas informalmente, os terceirizados podem
afinal não ser apenas carroceiros, e sim transportadores independentes, que utilizam pequenos
caminhões ou utilitários leves, a recolher os pneus e, em seguida, levá-los à URP. Nada a
adiantar a respeito das motivações desses terceirizados para assim agir uma vez que isto não
constituiu objeto desta pesquisa.
É oportuno evidenciar a peculiaridade das ações de descarte pelos borracheiros, uma
vez que, em grande parte, trabalham por iniciativa própria, de forma informal e, porém, se
tornaram partícipes maiores da cadeia reversa de pneus inservíveis em Belo Horizonte,
segundo nossos dados.
Pelos dados coletados na região norte de Belo Horizonte (figuras 15 e 16), os donos de
veículos com pneus a descartar entendem que a divulgação e a conscientização por meio de
campanhas, aliadas ao aumento de pontos de recolhimento, seriam fatores preponderantes
para melhorar o descarte apropriado de pneus inservíveis (68,2% nas respostas “abertas” e
56,9% nas respostas “fechadas”, apenas consumidores da região norte do município).
Os dados apresentados na figura 17 sugerem que consumidores de pneus da região
norte de Belo Horizonte desconhecem a estrutura vigente da cadeia logística reversa dos
pneus inservíveis. Assim, 84% dos entrevistados informaram que não sabem onde ficam os
pontos de descarte, as URPVs, atualmente 32 no município.
Quanto ao valor que voluntariamente cada consumidor da região norte do município
pagaria pelo descarte correto de cada pneu inservível seu, verificou-se que pouco mais de
30% dos consumidores consultados pagariam por isso e, em média, R$ 8,86 reais (oito reais e
oitenta e seis centavos) por unidade. Os homens alegaram estar dispostos a pagar valor maior
que as mulheres, 9,38 reais por eles contra 7,39 reais por elas.
Por fim, em visão restrita ao município de Belo Horizonte, acredita-se que, de uma
forma geral, são desempenhadas ações determinadas, precisas, e há estrutura sendo mantida a
fim de se recolherem as carcaças de pneus e dar-lhes fim adequado. Porém, percebe-se
timidez e pouco arrojo nas ações ou políticas públicas municipais a respeito, com destaque
para os problemas de capacidade atual saturada e de cobertura ou abrangência insuficientes
exercidas pelas URPVs. O que incentiva sejam usados os bota-foras clandestinos, prática de
que decorrem danos óbvios ao ambiente.
A adequação da cobertura e capacidade das URPVs é essencial, não só a fim de ajudar
a evitar os bota-foras clandestinos, mas também a permitir ativação e participação decidida do
mercado, dos consumidores de pneus e dos distribuidores, em futuras campanhas pela
reciclagem. A demanda pelo descarte pelos consumidores poderia aumentar
significativamente visto que estes simplesmente desconhecem a existência e/ou a localização
dos pontos de coleta de pneus mantidos pela Prefeitura.
Percebe-se a ANIP em condição confortável frente às demandas das Resoluções
CONAMA de nos. 258/99 e 416/09, uma vez que passou da situação de responsável e
promotora da logística reversa para apenas uma participante da cadeia reversa. Ressalte-se
que a ANIP tem pouco ou nenhum envolvimento no processo de coleta junto aos
consumidores e ao setor de distribuição de pneus em Belo Horizonte. Neste município, não
participa do recolhimento (muitos para um) e sim apenas efetua a transferência (um para um)
em cargas fechadas, de um único ponto em toda a cidade para o local de reciclagem. Assim,
grande parte dos custos da logística reversa de pneus inservíveis recai sobre os cofres da
prefeitura do município de Belo Horizonte.
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