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ESCOLA E FAMÍLIA – VIABILIZANDO PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO Eliane Hartmann dos Santos 1 RESUMO Este artigo visa levantar reflexões acerca da necessária integração escola e família, pontuando alguns aspectos dessa sociedade em mudança permanente, em especial, das ocorridas no contexto familiar, e seus reflexos para a escola, perpassando pelas (im)possibilidades da escola enquanto espaço de participação, seguido do relato de uma experiência realizada com familiares de 5ª série na tentativa de dar início ao processo de integração. O processo compreendeu três fases, conhecimento da realidade: perfil familiar, percepção e expectativa da família e da escola quanto à participação familiar no processo escolar; encontros com os familiares para sensibilização, apreciação e seleção de experiências vivenciadas em outras realidades para a implantação no contexto da proposta e execução da proposta eleita – “Revivendo Brincadeiras”. Dessa experiência pôde-se fazer algumas constatações, dentre elas, que a participação da família no processo escolar, tanto na visão da família quanto na visão da escola, fica restrita ao acompanhamento de tarefas e questões comportamentais. A participação (ou ausência de) é um tema “reclamado” mas não é um tema “discutido”. Ocorrendo o chamado à participação o que se constata é a quebra de alguns mitos em relação aos familiares, pois os pais participam, relatam de forma oral e escrita suas opiniões, e se predispõe a colaborar, embora não tenham claro como o podem fazê-lo. Daí, a principal inferência deste estudo - a necessidade da escola voltar-se, coletivamente, para a reflexão sobre a relação escola e família, atribuindo-lhe real importância e viabilizando práticas de integração, imprescindíveis para o sucesso do processo escolar. Palavras-chave: Democratização da escola; Escola e família; Processos de integração. ABSTRAT This article aims to raise thoughts about the need for integration school and family, pointing out some aspects of that society in permanent change, especially occurring in the family, and their reflexes to school, permeated by the (un) possibilities of the school as an area of participation, followed by reports of an experiment conducted with relatives of 5th series in an attempt to initiate the process of integration. The process included three phases, knowledge of reality: family profile, perception and expectation of family and school to participate in family proceedings school, meet with family members for awareness, assessment and selection of experiences in other realities for the deployment in the context the proposal and the proposed elected - "Reliving Jokes." That experience we could make some findings, among them that participation in the process of family education, both in the vision of the family as the vision of the school, are restricted to the tasks of monitoring and behavioral issues. The participation (or lack of) is a topic "claimed" but is not a subject of discussion ". If there is the so-called participation in what we see is to break some myths regarding the family, because the parents involved, reported in oral and written forms his views, and that predisposes to work, while not clear how they can do it . Hence, the main inference of this study - the need for school back up, collectively, to think about school and family relationships and give it real importance of integration and enabling practices, vital to the success of the process school. Keywords: Democratization of school, school and family; processes of integration. 1 Professora de Matemática, Especialista em Gestão Escolar e Diretora Auxiliar do Colégio Elzira .

[ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

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ESCOLA E FAMÍLIA – VIABILIZANDO PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO

Eliane Hartmann dos Santos1

RESUMO Este artigo visa levantar reflexões acerca da necessária integração escola e família, pontuando alguns aspectos dessa sociedade em mudança permanente, em especial, das ocorridas no contexto familiar, e seus reflexos para a escola, perpassando pelas (im)possibilidades da escola enquanto espaço de participação, seguido do relato de uma experiência realizada com familiares de 5ª série na tentativa de dar início ao processo de integração. O processo compreendeu três fases, conhecimento da realidade: perfil familiar, percepção e expectativa da família e da escola quanto à participação familiar no processo escolar; encontros com os familiares para sensibilização, apreciação e seleção de experiências vivenciadas em outras realidades para a implantação no contexto da proposta e execução da proposta eleita – “Revivendo Brincadeiras”. Dessa experiência pôde-se fazer algumas constatações, dentre elas, que a participação da família no processo escolar, tanto na visão da família quanto na visão da escola, fica restrita ao acompanhamento de tarefas e questões comportamentais. A participação (ou ausência de) é um tema “reclamado” mas não é um tema “discutido”. Ocorrendo o chamado à participação o que se constata é a quebra de alguns mitos em relação aos familiares, pois os pais participam, relatam de forma oral e escrita suas opiniões, e se predispõe a colaborar, embora não tenham claro como o podem fazê-lo. Daí, a principal inferência deste estudo - a necessidade da escola voltar-se, coletivamente, para a reflexão sobre a relação escola e família, atribuindo-lhe real importância e viabilizando práticas de integração, imprescindíveis para o sucesso do processo escolar. Palavras-chave: Democratização da escola; Escola e família; Processos de integração.

ABSTRAT

This article aims to raise thoughts about the need for integration school and family, pointing out some aspects of that society in permanent change, especially occurring in the family, and their reflexes to school, permeated by the (un) possibilities of the school as an area of participation, followed by reports of an experiment conducted with relatives of 5th series in an attempt to initiate the process of integration. The process included three phases, knowledge of reality: family profile, perception and expectation of family and school to participate in family proceedings school, meet with family members for awareness, assessment and selection of experiences in other realities for the deployment in the context the proposal and the proposed elected - "Reliving Jokes." That experience we could make some findings, among them that participation in the process of family education, both in the vision of the family as the vision of the school, are restricted to the tasks of monitoring and behavioral issues. The participation (or lack of) is a topic "claimed" but is not a subject of discussion ". If there is the so-called participation in what we see is to break some myths regarding the family, because the parents involved, reported in oral and written forms his views, and that predisposes to work, while not clear how they can do it . Hence, the main inference of this study - the need for school back up, collectively, to think about school and family relationships and give it real importance of integration and enabling practices, vital to the success of the process school. Keywords: Democratization of school, school and family; processes of integration.

1 Professora de Matemática, Especialista em Gestão Escolar e Diretora Auxiliar do Colégio Elzira.

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As mudanças ocorridas na sociedade têm trazido para a escola momentos

de grande instabilidade. O mundo capitalista, globalizado e de contato imediato

trouxe o fim das grandes receitas, o discurso da diversidade, das multidimídias,

estabelecendo uma nova ordem, com o avanço da ciência e da tecnologia com

base na microeletrônica, onde todos são chamados a repensar seu papel e

atualizar seus conhecimentos no contexto dessa 3ª revolução industrial.

Sobre a escola e mais diretamente sobre os principais atores do processo

de ensino-aprendizagem, professor e aluno, é que tais mudanças repercutem,

causando efeitos comprometedores, abalando valores e instalando-se mais

fortemente o individualismo, a competitividade, o relativismo e o hedonismo,

comprometendo atitudes de união, solidariedade, valor e respeito à vida. Tal

contexto acarreta novos problemas com a convivência familiar e a educação dos

filhos, ficando à escola a responsabilidade por transmitir valores antes

pertinentes a família.

Diante dessa realidade, onde tem-se na escola alunos que não vêm sendo

assistido, satisfatoriamente, pela sua família e cuja escola não comporta sozinha

tamanha tarefa, de forma que nem uma nem outra, vem desempenhando, a

contento, o seu papel e, considerando todos os intervenientes decorrentes das

exigências do mundo moderno, vê-se a necessidade de reunir família e escola,

num movimento de colaboração, a reverem seus papéis, refletindo na e para

ação, a fim de que, família-educando-escola, principais interessados no processo

ensino-aprendizagem, possam suscitar as maiores e melhores mudanças na

educação.

Nesse sentido, é que dentro da proposta do PDE – Programa de

Desenvolvimento Educacional, cujo objetivo é o de propor intervenções a fim de

elevar a educação do Paraná, promovendo o aluno, é que esse tema que vem

ganhando espaço na Gestão Escolar Democrática - relação família e escola - foi

eleito para o estudo e proposições aqui relatadas.

O estudo compreendeu o período de um ano, com aprofundamento

teórico, discussão do tema on line através do GTR – Grupo de Trabaho em Rede,

evolvendo professores de todo o Paraná e produção de material didático –

caderno pedagógico, intitulado “Família e Escola: refletindo e ressignificando essa

relação”. Todo esse processo coordenado pela UEPG – Universidade Estadual

de Ponta Grossa, sob a orientação da Profª. Marinê F. B. Leite.

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Para dar início ao processo de integração, optou-se por trabalhar com

familiares de 5ª série, por ser o primeiro contato com o novo segmento escolar.

Portanto, um grupo com maiores probabilidades de aceitação de novas propostas,

compreendendo 08 (oito turmas), ao todo 305 alunos.

A proposta foi implantada no Colégio Estadual Professora Elzira Correia

de Sá, situado em Ponta Grossa - PR, o qual atende as modalidades regular,

EJA e profissionalizante, nos níveis fundamental (5ª a 8ª série) e médio, com um

número aproximado de 2000 alunos, destes, aproximadamente 800 no período

vespertino, turno de desenvolvimento das ações de integração.

A caracterização da comunidade evolvida compreendeu a caracterizção do

perfil familiar e a percepção da família e equipe escolar (direção, pedagogos,

professores e representantes da APMF), quanto à formas e expectativas de

participação da família no processo escolar, realizada através de levantamento

por amostra, utilizando o questionário como instrumento. O levantamento de

dados dos familiares ocorreu no período de matrículas.

O segundo momento, no início do ano letivo, foi o de sensibilização da

equipe de coordenação pedagógica e professores, através da socialização dos

dados obtidos, para a implementação da proposta de integração, seguido de

encontros com os familiares para viabilização de ações de integração família-

escola seguido do terceiro momento, a implantação do projeto eleito, pelos

familiares.

O termo “Integração” , na acepção da palavra, significa “tornar inteiro”,

“completar” (LUFT, 2000), e é esse o sentido desta busca, aproximando família e

escola, que a educação de uma venha a completar a educação da outra, e que,

juntas possam fortalecer-se enquanto instituições formadoras.

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1 FUNDAMENTOS REFLEXIVOS

Participação dos pais na escola: dever, direito e relevância no sucesso

escolar

Família e escola estão vivendo a chamada “crise existencial”, a ineficácia

de ambas é tema de livros, artigos, discursos, onde permeiam expressões de

mudança como reinventar, reconceituar, rever, resgatar, transformar, ao lado de

outras expressões indicativas de mudança, como cooperação, coletivo, humano,

diversidade, comunidade, interação, afetividade, resiliência, flexibilização,

abertura, participação, parcerias e tantas outras; de modo que, a união, como um

meio de minimizar esse quadro de crise, traz consigo a síntese dessas

expressões. Muitos desses termos, implícita ou explicitamente estão presentes na

fala Libâneo (2001, p.131-132) ao fazer referência à gestão democrática:

A gestão democrática participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva de objetivos e das práticas escolares, no diálogo e na busca do consenso.

Os princípios da gestão democrática apontam para ações pensadas e

decididas no coletivo, dessa forma, para que a escola possa dar conta de sua

função social, ou seja ensinar bem e preparar os indivíduos para exercer a

cidadania e o trabalho no contexto de uma sociedade complexa, enquanto se

realizam como pessoa (VIEIRA, 2002), vê-se a necessidade da sua articulação de

forma sistemática e contínua com a comunidade, em particular, os familiares

diretamente evolvidos.

Na fala de Gomes (2005, p.295), “a escola é comparável a uma arena

competitivo-conflitual, onde se encontram pelo menos duas gerações”; mediar

tais conflitos não é tarefa fácil, nem tampouco incumbência exclusiva da escola. A

Lei 9394/96-LDB(art. 4º), ao tratar dos princípios e fins da educação, explicita: “a

educação, dever da família e do Estado...tem por finalidade o pleno

desenvolvimento educaciona l...” e ainda, a mesma Lei coloca, “os

estabelecimentos de ensino terão a incumbência de ... articular-se com as

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famílias ... criando processos de integração...”. O Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA, 1990), determina que é direito dos pais ou responsáveis ter

ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas

educacionais (Cap. IV, parágrafo único); ou seja, a educação é primeiro, dever da

família, é com a família que se inicia o processo de educar, processo esse,

ampliado pela educação escolar com a obrigatoriedade do Estado.

Assim, ocorrendo a efetivação das políticas sociais da qual a política

educacional pertence, vê-se condições onde se possam vislumbrar o pleno

desenvolvimento do educando, especialmente os atendidos pela escola pública.

Quanto a incumbência dos estabelecimentos de ensino, no que se refere à

viabilização de meios que propiciem a integração com as famílias, as escolas o

fazem, oficialmente, pelos órgão colegiados APMF - Associação de Pais, Mestres

e Funcionários e Conselho Escolar.

O que ocorre, em alguns casos, é que a existência de mecanismos de

ação coletiva como a APMF e o Conselho Escolar, que deveriam propiciar a

participação mais efetiva da população, e em especial, das famílias nas atividades

da escola, não vêm desenvolvendo, satisfatoriamente, a essa finalidade. Segundo

Paro (2004), em parte, isso se deve ao caráter formalista e burocratizado desses

órgãos colegiados.

Ocorre que apesar de todo o discurso democrático, sobretudo o

envolvimento coletivo nas discussões dos processos educativos, este ainda está

centrado no interior da escola. É possível que tal fato ocorra não, simplesmente,

pela desconsideração da importante participação da comunidade, em especial da

família, mas sim, principalmente, a um processo histórico de afastamento das

famílias, em especial as provenientes dos meios pobres e desfavorecidos,

conforme escreve Nóvoa (1998, apud BEZZANT, 2003 p. 45):

Monopólio é a palavra certa para descrever a forma como a Igreja (séculos XVI a XVIII) e depois o Estado (séculos XVIII a XX) ocuparam o campo educativo, tornando ilegítima a intervenção de outros atores sociais. A pouco e pouco, as famílias e as comunidades viram-se afastadas da coisa educativa; todas as razões serviram para justificar este afastamento: a ignorância dos pais, os maus costumes da família, a influência nefasta do meio social, etc. Os discursos foram assumidos, em primeira linha, pelos professores que demarcaram sua condição de especialistas contra os agentes educativos naturais.

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Romper com esse processo de afastamento não é tarefa simples, e a

escola precisa educar e educar-se para a participação. Trata-se de um processo

complexo, que se inicia na concepção e pré-disposição individual para a

participação e que se efetiva (ou não) através dos mecanismos coletivos de

viabilização dessa participação. Esse rompimento não se dá ao acaso, é, antes

de tudo, uma decisão; é querer; é programar.

Sobre a efetivação dos processos participativos no interior da escola,

Gandin (1988) estabelece três níveis de participação: o primeiro nível é o da

colaboração, que corresponde à participação no seu primeiro estágio. Nesse

nível, as pessoas são convocadas a colaborar na execução de um projeto, de

uma idéia, de uma decisão definida por outra pessoa. O segundo nível é o da

delegação de poderes, que representa um nível mais avançado de participação,

embora a estrutura básica de poder permaneça a mesma. O poder é distribuído

como concessão. A direção define os limites da liberdade do outro, de forma que

continua havendo o que pensa e o que executa. O terceiro nível é o da

construção conjunta. Esse nível coloca todos os interessados sob uma mesma

ótica, tudo é definido em conjunto, quebrando a dicotomia planejador X executor.

A maioria da ações no interior da escola, vem se dando, no nível de

delegação de poder e as ações que envolvem a família, em sua maior parte, são

a nível de colaboração, de modo que as tentativas de interação escola-família,

ainda vêm sendo pontuais, fragmentadas e desarticuladas, ficando tais ações

voltadas ao suprimento de pessoal nos eventos festivos ou na manutenção

predial.

Organizar o trabalho na escola, abrindo espaços para participação das

famílias, não é apenas uma reestruturação da forma de trabalho, mas uma

mudança de paradigma na vigência da escola, das relações de poder e

distribuição de tarefas. Trata-se realmente de reinventar a escola, numa

perspectiva de co-responsabilidade, de participação efetiva, não apenas no fazer,

mas no processo de refletir e decidir, o quê e como fazer. Oliveira (1997, p.44),

corrobora nesse sentido:

Melhorar a qualidade da educação vai muito além da promoção de reformas curriculares, implica, antes de tudo, criar novas formas de organização do trabalho na escola, que não apenas se contraponham às formas contemporâneas de organização e exercício do poder, mas que constituam alternativas práticas possíveis de se desenvolverem e de se

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generalizarem, pautadas não pela hierarquia de comando, mas por laços de solidariedade, que se consubstanciam formas coletivas de trabalho, instituindo uma lógica inovadora no âmbito das relações sociais.

Vários fatores influenciam nessa caminhada, e, muito se atribui a figura do

diretor, o qual sem dúvida tem papel relevante, ao propiciar uma maior abertura e

receptividade à participação. Gestores escolares têm autoridade, mas o poder

reside na comunidade escolar, isso se explicita no momento em que aplica sua

autoridade reconhecendo também seus deveres junto à comunidade, primando

pela co-participação em todo o processo escolar, porém, é de cada indivíduo,

portanto até certo ponto, subjetivo, a predisposição em participar, em “assumir

com”, em se predispor. Ser democrático é processo, é aprendizado, é uma

construção em si próprio, que se reflete nas situações mais cotidianas e

particulares, não se resume só ao ambiente. Nas palavras de Paro (2004, p. 25),

“não pode haver democracia plena sem pessoas democráticas para exercê-la”.

Dessa forma, ao se eleger o gestor escolar é imprescindível considerar tal

aspecto, de modo a favorecer a efetivação de uma gestão democrática. As pesquisas qualitativas na educação, têm apontado incidência de

relações positivas e significativas em escolas onde a participação dos pais se dá

de forma mais intensa e contínua. Mella (et al., 2002, apud GOMES, 2005), cuja

pesquisa referia-se a escolas bem sucedidas, acentuou o papel destacado dos

alunos e dos pais como atores significantes. Rodrigues (et al., 2004), num estudo

cujo objetivo foi identificar quais fatores os educadores, os pais e os próprios

alunos atribuem o sucesso ou o fracasso escolar, coloca entre outros, que o

professor deve promover a colaboração dos pais, que devem participar

ativamente da educação de seus filhos, esclarecendo ainda que colaboração dos

pais não significa responsabilidade pelo ensino, mas a oportunidade de exercitar

e praticar o que a escola ensina, o que segundo ele é um primeiro passo para a

construção do sucesso escolar, a ação conjunta entre professores, alunos e seus

pais.

Muitos pesquisadores, na década de 80, fizeram estudos no sentido de

identificar as maneiras pelas quais os professores e as escolas se utilizavam para

trabalhar mais próximos dos pais, com vistas a que, estes se sentissem mais

atraídos para se envolver mais com a escola. A literatura (SMITH, et al. apud

BHERING; SIRAJ-BLATCHFORD, 1999) também mostra projetos que envolviam

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os pais no ensino da leitura e mais tarde na matemática, trazendo resultados

positivos não só para as crianças, como também para os pais que se sentiram

mais conscientes do que se passava na escola.

Nas Filipinas, por exemplo, criou-se o PLSS - Sistema de Apoio

Pedagógico dos Pais, um programa inovador que reconhece o papel dos pais na

educação dos filhos e facilita a sua colaboração com os professores. Cada

estabelecimento de ensino conta com um grupo de pais e professores, que

colocam o programa em prática, organizando seminários destinados aos pais,

com a finalidade de os aconselhar sobre o modo de contribuir para a educação

dos seus filhos, sendo que esses participam em alguns momentos ao lado de

seus pais. No decorrer do programa, os pais são associados ao processo

pedagógico, o qual sob orientação do professor, ajudam os filhos no trabalho em

casa ou na escola. Como resultado positivo desse projeto, ressalta-se a redução

na taxa de abandono escolar, fato que levou o projeto a ser experenciado em

outras partes do país.

Ourique e Tomazetti (2005, p.98) corroboram nesse sentido, afirmando

que,

a articulação entre a educação formal, a cargo da escola, e a educação informal, desenvolvida pela família em seus pequenos, através de hábitos e condutas morais, é de grande importância para os parâmetros do que significa ser um cidadão responsável e crítico da realidade sejam alicerçados firmemente. A criança quando pequena, pede uma posição dos pais quanto ao que é realmente importante, já quando é adolescente, confronta os discursos da família com os da escola e exige coerência e sintonia entre eles.

Não há como entrar em sintonia sem aproximação, sem debates ou

confrontos, família e escola tem que coexistir, na busca incessante pela

maximização do aproveitamento escolar. Atualmente, não se fala em sucesso de

gestão escolar sem referência direta a potencialização do envolvimento da família

no acompanhamento do aluno, trazendo entre outros benefícios, a redução da

evasão e a melhora no desempenho escolar.

No entanto, diante das transformações sociais, rápidas, constantes e de

reflexo direto na família e na escola, há a necessidade de uma análise no sentido

de buscar entender o que a sociedade, através da família e do próprio educando,

esperam da escola, ou ao menos pressupõem, no sentido do que ela deva servir,

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para além da transmissão dos conteúdos historicamente construídos e juntas,

essas duas instituições percebam pelo diálogo, a importância da conjugação das

suas forças, não uma sobrepondo a outra, ou, uma assumindo a

responsabilidade, que fundamentalmente, cabe a essa ou àquela.

A escola diante de novas demandas: reflexões em tempos de mudança

Escola e Família: espaço para socialização da custódia.

Todos os familiares têm claro a principal finalidade da escola e a

transmitem a seus filhos? Existe uma parcela que apenas a utiliza como um

“espaço de cuidado” do filho?

Para refletir sobre esse aspecto, tem-se que voltar um pouco no tempo, e

reviver “os tempos da vovó”, talvez não mais que 50 anos, quando ela era mais

um membro na família, além de vários irmãos, a mãe cuidando do bebê, mas sem

desviar a atenção de tudo, os filhos mais velhos brincando na rua com os mais

novos, com os primos e com os amiguinhos, aqueles, os filhos da Dona Doca e

do Seu João. Um cenário pacato, onde os vizinhos se conhecem, as crianças têm

liberdade de brincar na rua, onde não há muitos perigos, a não ser, brigas

corriqueiras durante as brincadeiras.

Hoje esse cenário foi praticamente extinto, as famílias aparecem com

diversos formatos, remontadas, (mãe e filhos, avó e netos, pai e filhos, tias,

madrinhas e até vizinhas assumindo filhos de outros, e mais recentemente, os

casais homossexuais e filhos adotivos). Marcadas principalmente pela ida da

mulher para o mercado de trabalho, essas famílias ficaram a mercê de um espaço

seguro para os filhos, já que os vilarejos desapareceram e deram lugar as

grandes cidades, onde as pessoas não se conhecem, onde a rua se tornou

sinônimo de insegurança. Devido a essa mudança no contexto familiar, Enguita

(2004, p.64) coloca que estender o espaço escolar aos alunos é hoje uma

necessidade da sociedade, ele diz: “Hoje, a escola complementa a família como

antes fazia a pequena comunidade à sua volta.”

A escola, nesse sentido, representa o espaço dentro da comunidade com

melhores condições de ser a extensão da casa, suprindo aquele espaço antes

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tido como parte da socialização e lazer, que eram as ruas tranqüilas dos

pequenos vilarejos, sob os cuidados de familiares e vizinhos.

Todo esse quadro de mudança social pelo qual passa a humanidade onde,

ao mesmo tempo em que se abrem as possibilidades, através do mundo

globalizado, caracterizado pela rapidez da informação, na chamada era digital;

fecham-se para formas de convivência tranqüila, para a liberdade de sair às ruas,

pelo medo, resultado da superlotação das cidades, levando a escola a assumir

mais este novo papel: o espaço, na maioria das vezes, único, de expressão do

indivíduo. Daí explodirem tantos conflitos na relação aluno-professor e aluno-

aluno, pois a escola representa, nesse contexto, a rua do vilarejo, o ponto de

encontro para as brincadeiras, é o espaço permitido, sinônimo de lugar “seguro”,

onde os filhos podem ser controlados.

Nesse sentido é que muitos alunos “estão na escola”, “têm que estar na

escola”, afinal, com quem ficariam se a mãe precisa trabalhar?

Vê-se que a necessidade de prover a família, associada a outros fatores,

dentre eles, a desestruturação da família nuclear(pai, mãe e filhos), a escassez

de oportunidade de trabalho, dentre outros, gera uma certa inibição das demais

incumbências da família, a luta pela sobrevivência “diária”, vem suprimindo o

planejamento, a reflexão, o diálogo; é o discurso do tem que: tem que ir trabalhar,

tem que ir à escola, tem que, tem que, não há tempo para pensar, é preciso ir....

Diante desse quadro, percebe-se um certo esvaziamento no sentido da

escola, que também, mas não apenas, é o da socialização, do espaço para a

convivência. Muitos pais matriculam seus filhos e, de desculpa em desculpa, só

retornam à escola para confirmar a aprovação ou reprovação, e há ainda aqueles,

que só ficam sabendo desse resultado, na matrícula do ano seguinte, o que nos

remete à conclusão de que, nesses casos - e não são poucos - a escola

representa apenas um espaço de custódia, basta estar, ano após ano.

É notável que a escola, para atender as necessidades da família, se

articule para atender mais essa demanda atual, e considerando tal condição é

que tem-se que pensar a escola , pois as mudanças da sociedade impõem

mudanças na escola e na conduta daqueles que dela participam. Dessa forma, o

que se busca é recuperar junto às famílias, o que vem se perdendo, ou seja, o

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redirecionamento desse filho à escola, por que se vai à escola, o que se pode

esperar da escola, quais os direitos e deveres da família e do educando em

relação a essa escola.

Escola e Educando: espaço de referência existencial.

A escola, no contexto atual, pode ser considerada um dos únicos - senão o

único - espaço de referência existencial para alguns alunos?

Enquanto para muitos familiares a escola representa apenas um lugar

seguro para se deixar os filhos, para alguns alunos, representa apenas um

espaço de referencia existencial, ou seja, o que para certos pais parece ser

custódia, para os filhos, é o ponto de encontro com um grupo que é seu, de modo

que, crianças e jovens, podem não possuir casa própria, desconhecer o pai ou até

mesmo a mãe, ou ambos, não praticar efetivamente uma religião, não pertencer a

nenhuma associação recreativa, não usar as roupas ditas da “moda” ou não ter

acesso à internet, não ter orkut, etc., mas todos, amparados pela universalização

do ensino fundamental, pertencem a essa ou àquela escola. Se perguntados

sobre onde estudam, o dizem com tranqüilidade e segurança.

Nesse sentido, recai sobre a escola uma gama ainda maior de

responsabilidade social, é nela, pela obrigatoriedade e gratuidade que todos se

encontram, que os conflitos individuais e de grupo ganham corpo, ao mesmo

tempo em que nela, na escola, muitos dos alunos, encontram as suas únicas

oportunidades, de convivência, de alimentação, de serem ouvidos. Arroyo (apud

GENTILI, 2001, p. 272) destaca esse aspecto, ele diz; “...possivelmente, muitos

jovens, crianças e adultos que freqüentam as escolas o que procuram é recuperar

a humanidade que lhes foi roubada. Encontrar na escola um espaço onde sejam

tratados como humanos”.

Isso tudo suscita algumas reflexões com o coletivo escolar e familiar, no

sentido de como a escola vem contribuindo para a (des)humanização e qual a

visão da família diante da questão, em especial, nesse momento de inclusão

social.

A escola é [ou deveria ser] para o indivíduo, criança ou adolescente, uma

referência garantida pelo Estado e cobrada pela sociedade, de forma que a

democratização do ensino - a escola para todos, possibilitou, sobretudo ao

indivíduo das classes menos favorecidas, em meio a tantas impossibilidades, um

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espaço de referência social. O’Sullivan ( 2004, p.356) também discute a questão

da escola para além da transmissão do conhecimento, ele fala:

Embora os seres humanos pareçam incrivelmente flexíveis em seu modo de vida, precisamos de um lugar que satisfaça nossa necessidade de proteção, de afeto, de compreensão, de participação, de ócio, de criação de identidade e de liberdade. Para satisfazê-las hoje em dia, é preciso achar uma alternativa à globalização irrestrita, que ajude no senso de comunidade e de ter um lugar no mundo, que atenda algumas necessidades fundamentais tolhidas pela presente economia mundial. As instituições educacionais de todos os níveis precisam desempenhar um papel crucial no sentido de alimentar o senso de comunidade e de ter um lugar no mundo.

A escola representa, para alguns, o único espaço significativo no sentido

de pertença ao mundo. Este sentimento é oportunizado através das relações,

principalmente com os colegas, propiciando também a formação de padrões

específicos de comportamento e vocabulário particular, decorrentes,

principalmente da convivência cada vez mais restrita entre os adultos. Os pais

passam a maior parte do tempo fora de casa, ocupados com o provimento de

suas famílias, e os filhos, ocupam seu tempo em contato virtual ou presencial

com grupos da sua geração, os quais estabelecem padrões de valores sociais,

morais e éticos particulares, de forma que, ter status no grupo, significa, muitas

vezes, estar com o tênis de marca, ter medidas de modelo ou exibir um celular de

última geração, valores preponderantes aos da família e da escola.

A escola deve ser referência! de conhecimentos, de valores, de ética.

Nela colegas convivem, trocam experiências, divertem-se, vivem conflitos, mas

precisam de acompanhamento e limites para que possam se sentir mais seguros.

A escola sozinha não comporta, não comportou e não comportará essa tarefa,

isso tudo tem que ser discutido nas escolas e sobretudo com as famílias –

alicerces na construção da pessoa.

Mudanças no contexto da família

Atualmente, na maioria dos paises, segundo Rizzardo (2006), casa-se

menos e cada vez mais tarde. Os casamentos, mais raros e mais tardios, em

geral, são menos duráveis, compondo um quadro com os filhos de separados,

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divorciados, ou de pais solteiros formando uma considerável parcela da

juventude.

Há um aumento de nascimentos extraconjugais e um forte crescimento de

famílias em que mãe e pai são um só, as famílias monoparentais – geralmente a

mulher – mãe solteira ou divorciada, que assume a guarda e o encargo na criação

e educação dos filhos, quando isso não recai para os avós, fato resultante, muitas

vezes, de uma gravidez não programada na adolescência. Isso vem acarretando

uma maior convivência dos filhos com pessoas do sexo feminino, variável que

não pode ser desprezada quando se busca uma melhor convivência, seja em sala

de aula, na família ou na comunidade. A figura dominante e patriarcal do pai está

em processo de extinção, aquele que dava seu nome aos membros, que

representava o grupo familiar e era seu chefe. Rizzardo, (op. cit) coloca essa

evidência como a evolução de um processo de dissociação, desaparecendo a

subordinação estanque dos filhos aos pais.

São muitas as mudanças sofridas na contemporaneidade no contexto da

família e drásticas as conseqüências dessas mudanças para o indivíduo e para a

vida em sociedade, como revela Giddens ( 2000, apud VITALE, 2002, p.60):

Entre todas as mudanças que estão se dando no mundo, nenhuma é mais importante do que aquelas que acontecem em nossas vidas pessoais – na sexualidade, nos relacionamentos, no casamento e na família. É uma revolução que avança de maneira desigual em diferentes regiões e culturas, encontrando muitas resistências. Como ocorre com outros aspectos no mundo em descontrole, não sabemos ao certo qual virá a ser a relação entre vantagens e problemas. Sob certos aspectos estas são as transformações mais difíceis e perturbadoras de todas.

A escola, enquanto instituição formadora e democrática, deve estar à

frente na discussão das mudanças que envolvem a pessoa humana, de modo a

garantir a inclusão social, pelo entendimento e mediação da diversidade de

relações humanas com as quais se convive. Daí, mais uma razão para a escola

se unir à familia, pois somente juntas, num trabalho cooperativo e integrado,

ambas poderão minimizar as possíveis consequências de tantas mudanças no

campo pessoal e que fatalmente, se não atendidas e conduzidas, terão

influencias negativas no campo da aprendizagem, pois o aspecto cognitivo não

se dissocia do sócio-afetivo.

Page 14: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

14

Diante disso, considerando a família uma instituição social que se modifica

através da história, com variações na sua forma e finalidades numa mesma época

e lugar, faz-se necessário que a escola tenha claro quais formatos familiares

estão presentes no seu contexto, a fim de ajustar o que se pretende com o que é

possível atingir, considerando as reais condições das pessoas envolvidas.

Família e escola e o processo de formação global do indivíduo: algumas

considerações

Hoje, as relações familiares estão sendo duramente afetadas pelas

imposições do mundo moderno, com o tempo de convivência cada vez mais

escasso, o aumento da violência, a vulnerabilidade dos limites e a concorrência

desleal com a mídia, diante da evolução da tecnologia na chamada era da

informação.

Diante disso, a tarefa de educar está carecendo enormemente de análises,

de um rever de posturas, em particular e em primeiro lugar da família e da escola.

Pinheiro (2003), fala da família como o principal referencial para a

formação da personalidade do indivíduo e que a inversão de valores que vem

ocorrendo, acarreta dificuldades para a família, para a escola e para todos os que,

de alguma forma, comungam da construção da pessoa.

Em relação ao dever dos pais, referindo-se à questão do sustento, guarda

e educação dos filhos, Rizzardo (2006), coloca-a como tarefa vital, ressaltando

sobretudo, a assistência pessoal, a convivência e o acompanhamento, de acordo

com a idade e a evolução da personalidade. Aspectos que envolvem, segundo

ele, uma atenção às inclinações pessoais e aspirações dos filhos, e ainda,

ressalta que a formação é uma das tarefas mais difíceis e complexas, o que exige

constante presença dos pais, baseada no diálogo e carinho, dentre os demais

compromissos. Afirma que a falta de assistência dos pais, acarreta múltiplas

conseqüências na formação dos filhos, dando margem a inúmeras formas de

degradação, as quais possibilitam à perda do poder familiar, entre outras, cita a

excessiva liberdade, a tolerância com atos de delinqüência, a indiferença com a

conduta e o desinteresse pelas necessidades e pela conduta do filho.

Page 15: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

15

Muitas dessas obrigações vêm sendo negligenciadas por algumas famílias,

Guimarães (1999) relata que muitos jovens oriundos de bom nível social, nas

suas palavras, ”vivem ao Deus dará”, e que esses jovens passam dias até altas

horas da madrugada vendo Tv ou navegando pela internet, sem nenhuma

intervenção dos pais; outros permanecem nas ruas até tarde da noite com a

turma, curtindo ou provocando brigas; num outro contexto, crianças, filhas de pais

separados, sendo usadas como objeto de chantagem emocional ou moeda para

barganha em processos de pensão alimentícia. Ele observa ainda que, mesmo

àquelas famílias consideradas estáveis, têm dificuldade de impor limites aos

filhos e isso, segundo ele, pode resultar da insegurança dos pais em reproduzirem

uma educação com a qual foram criados e hoje renegam.

Nesse contexto, embora a educação envolva processos formativos que se

desenvolvem em outros segmentos da sociedade, de forma mais acentuada hoje,

num mundo globalizado, não se pode esperar que tais processos tenham

resultado mais efetivo e positivo, se não houver a integração da família com a

escola, buscando a devolução e a redefinição da função de ambas, refletindo

sobre aspectos legais, mas sobretudo, as incumbências morais que devem

nortear a família e a escola, no processo de formação global do indivíduo.

Refletir, em conjunto, a educação informal e a formal é imprescindível pois

é nesse processo social, que as trocas afetivas, ou não, vão imprimindo marcas

que as pessoas carregam a vida toda, definindo modos de ser e agir com os

outros e freqüentemente sendo projetadas nas famílias que se formam

posteriormente. Kupfer (2000), corrobora nesse sentido, ao expressar que o

adulto, ao educar, deixa marcas na criança, e que, dessa forma, o ato educativo

envolve todo ato de um adulto dirigido a uma criança. Nesse sentido, família e

escola devem buscar uma sintonia, pois ambas, simultaneamente estão

imprimindo marcas nas crianças. É preciso dialogar na busca de conciliar as

necessidades de uma sociedade em mudança permanente e uma proposta

educacional que prepare o individuo para interagir nela.

Page 16: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

16

2 A IMPLANTAÇÃO DA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA

Conhecimento e análise da realidade: perfil familiar, percepção e

expectativas da família e da escola quanto à participação no processo

escolar

Para se ter uma visão do contexto da implantação da proposta de

intervenção, o levantamento de dados foi realizado considerando-se as duas

esferas: a família e a escola, ambos realizados utilizando-se o questionário como

instrumento.

Para tanto, apresentou-se dois questionários a terça parte dos familiares,

de forma aleatória, visando caracterizar o perfil familiar, bem como verificar a

percepção da família quanto ao processo de participação escolar. O terceiro

questionário foi destinado a professores, pedagogos, direção e representantes da

APMF, com a finalidade de verificar a percepção e expectativa da participação da

família na escola.

Quanto ao perfil familiar, os dados obtidos no levantamento foram os

seguintes: mais de 50% das famílias são nucleares, seguida de cerca de 10% do

tipo monoparental, gerida pela mãe. O número mais freqüente de pessoas na

família é de 04 pessoas, ou seja 35% das famílias consultadas, são compostas

por 04 pessoas, dados esses em consonância com as informações sobre o perfil

da família brasileira apontados na pesquisa realizada pelo Jornal Folha de São

Paulo (out. 2007) ou seja, 3,8 número médio de pessoas por família e 2,7 –

quantidade média de filhos por família. O pai, em mais de 40% dos casos, é o

responsável pelo sustento da família, sendo que a escolaridade distribui-se

proporcionalmente até o ensino médio. As atividades exercidas pelos pais são a

nível secundário e as mães, na maioria, atividades informais, sobressaindo-se a

função de diarista. Cerca de 50% das mães disseram trabalhar fora, sendo ela a

pessoa com a qual a criança passa o maior tempo, quando não está na escola,

com mais de 50% das indicações. Em mais de 70% dos casos, ficou a cargo da

mãe a efetivação da matrícula. Quanto a moradia, a maioria possui casa própria,

sendo o percentual superior a 70%.

Page 17: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

17

Percebe-se que, embora a família esteja em processo de mudança, ainda

prevalece nessa comunidade o modelo nuclear de família, pai, mãe e filhos, e, na

maioria, sendo mantida pelo pai. Esse retrato, embora prevaleça, não é o único

referencial familiar, são diversos os arranjos familiares. Dessa forma, adotou-se,

de acordo com Szymanski (2002), a compreensão de família como “uma

associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e assume um

compromisso de cuidado mútuo e, se houver, com criança, adolescentes e

adultos.”

Dessa forma, ao se falar em família junto aos alunos e comunidade,

refere-se às pessoas que, a esses, mantém laços de afetividade com

comprometimento de cuidado mútuo, de forma que todos, nesse sentido, terão

um mesmo padrão familiar – o afeto, não importando as figuras (pai e mãe,

somente mãe ou pai, etc.) que a componham. É também o que afirma Valore

(2007), quando ressalta os laços afetivos e qualidade do amor,

independentemente do tipo de união, considerando esses aspectos, a criança

está sendo educada.

Sobre a percepção e expectativa dos familiares quanto à participação no

processo escolar, observou-se que os familiares, embora não acompanhem

efetivamente o processo escolar, atribuem importância à participação, como pode

ser constatado nas argumentações que os mesmos apresentaram. São eles:

• Mostrar interesse pela vida deles e incentivá-los sempre;

• Para que o filho se esforce mais;

• Melhorar a auto-estima do filho;

• Perceber as dificuldades do filho e procurar ajudá-lo;

• Para dar sentido de proteção e carinho;

• Para proteger das drogas e da gazeta;

• Saber da capacidade do filho e do ensino ofertado pela escola;

• Melhor educá-lo, conhecer professores e amigos;

• Acompanhar o desenvolvimento do filho;

• Ver as notas e também o comportamento;

• Ficar ciente do que ocorre durante o ano letivo;

• Evitar problemas futuros;

• Futuro melhor e bom emprego;

• A educação do filho é um direito e um dever dos pais;

Page 18: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

18

• A função dos pais é acompanhar todas as fases da vida do filho.

De um modo geral, os pontos considerados envolvem aspectos de

afetividade, como o sentido de proteção, carinho e auto-estima, aspectos

organizacionais, conhecimento da escola e professores e aspectos pedagógicos,

tipo de ensino ofertado, atividades durante o ano letivo, dificuldades, notas e

comportamento e ainda, o reconhecimento demonstrado por alguns pais, do

direito e dever, em acompanhar os filhos independentemente de convites ou

convocações escolares. Essas questões subsidiaram posteriores falas aos

familiares, de modo a ressaltar a opinião dada por eles, atribuindo-lhes

importância e significação e dessa forma abrindo caminhos na relação de

confiança com a escola, condição indispensável no processo de aproximação.

Ainda sobre a participação, na questão que indagava sobre as formas

como o familiar vinha acompanhando o processo escolar do seu filho, as

respostas foram equilibradas, distribuindo-se entre: conversando com ele sobre o

que aprendeu na escola; sentando com ele para olhar seus cadernos; ajudando a

cumprir em casa os deveres da escola e cobrando um horário fixo de estudos.

Nota-se que a experiência de participação dos familiares, embora na

questão anterior tenham citado o envolvimento maior com a escola e professores,

aqui, o acompanhamento ao processo restringiu-se a ações desenvolvidas em

casa, desconsiderando-se a participação em reuniões ou associação de pais,

contatos freqüentes com professores ou equipe pedagógica. Vê-se, portanto, a

necessidade de ampliar o conceito de participação dos pais no processo escolar,

para além das ações isoladas, desenvolvidas somente em casa.

A questão chave para verificar o interesse dos familiares em participar do

processo escolar foi colocada da seguinte forma: Como você gostaria de

participar da vida escolar de seu filho em 2008? 34% dos familiares

demonstraram interesse em participar de atividades diferenciadas, sendo que os

demais (66%) assinalaram que participariam somente nas reuniões quando

convocados ou convidados.

Considerando que aproximadamente 50% das mães não trabalham fora, o

baixo índice de interesse verificado para essa questão nos leva a inferir que a

falta de cultura de participação mais efetiva, sitemática e contínua, foi

determinante. Os dados obtidos na questão anterior corroboram nesse sentido, na

Page 19: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

19

medida em que apontam uma participação limitada às tarefas escolares,

dissociada dos profissionais da educação.

Nesse contexto, percebe-se que o processo de aproximação família e

escola, no sentido de ampliação dessa participação, é um processo ainda a ser

iniciado, trata-se de uma mudança de atitudes individuais e coletivas, partindo da

equipe diretiva e pedagógica, com profundo conhecimento da realidade, primando

pela abertura de espaço para discussão do tema no coletivo escolar, e ainda,

profunda sensibilidade no sentido de conquistar a confiança dos familiares a

serem envolvidos.

Quanto à expectativa da equipe escolar em relação à participação dos

familiares no processo escolar, os pareceres revelam-na como fundamental,

porém não se tem claro em que medida e como, tal participação pode acontecer,

para além do acompanhamento nas tarefas de casa e questões comportamentais.

Ou seja, a visão de participação da família no processo escolar, confrontando-se

os pareceres de familiares e equipe escolar, é praticamente a mesma.

E ainda, nota-se nos pareceres, em especial, dos professores, expectativas

negativas em relação a adesão dos familiares ao processo de participação, tais

como: os pais não gostam de vir à escola; os pais não tem tempo de participar de

atividades escolares; os pais não têm preparo suficiente para analisar e propor

ações na escola; os pais não falam em público, tem dificuldade em responder a

questionários ou qualquer outro tipo de trabalho que exija a expressão escrita,

entre outros.

Percebe-se, portanto, que embora a escola necessite e reclame a

participação dos familiares, não se acredita que ela possa se efetivar. O que mais

se ouve é: “O importante é tentar.”, com uma prerrogativa de que pouco irá

resolver - a participação (ou ausência de) da família na escola é um tema

“reclamado” mas não é um tema “discutido”,

De modo que a ampliação dos modos de participação da família na escola,

é uma tarefa a ser iniciada, prescindindo de muita reflexão no contexto escolar e

familiar. É um processo de conquista de espaço para se abordar o tema, de

rompimento de mitos em relação à disponibilidade e capacidade dos familiares e

ainda, sensibilização dos atores envolvidos na construção conjunta de propostas

que visem a ampliação dessa relação.

Page 20: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

20

Encontros com os familiares

Primeiro encontro: reunião geral para socialização dos dados obtidos na pesquisa

deu-se no início do ano letivo, para toda comunidade atendida pelo Colégio.

Nesse momento foi priorizado a questão referente à importância atribuída à

participação no processo escolar na fala dos familiares, como uma forma de

valorizar a opinião e firmar o compromisso de um maior e melhor

acompanhamento durante o ano letivo. Nesse momento, todos são chamados à

participar, é a fala da família reproduzida e valorizada pela escola. Não é a

escola que solicita, são os pais que atribuem importância à participação, é o que

eles pensam, são as suas palavras. Valoriza-se e cristaliza-se o sentimento de

pertença e a relação de confiança começa a ser desenhada.

Segundo encontro: dirigido ao público alvo da proposta de integração divididos

em três grupos e trabalhados em momentos diferentes, dado o número

expressivo de envolvidos, foi um momento de sensibilização, apresentação e

discussão de propostas de integração família e escola .

A reunião foi elaborada buscando-se cativar e sensibilizar os familiares,

para tanto, já no modelo de convite foi ressaltado a importância da família no

sucesso escolar dos filhos, nas palavras de Guimarães (1999, p. 20), “nenhuma

competência pedagógica consegue substituir aqueles momentos próprios de uma

relação familiar, cheia de uma certa cumplicidade afetiva e provenientes de laços

de amor”.

E, ainda como um meio de caracterizar essa importância, foi solicitado a

todos os alunos que escrevessem uma mensagem ao familiar que,

provavelmente, viria à reunião, ou a qualquer pessoa da família; mensagem esta

a ser entregue ao familiar na recepção do encontro e cujo texto variou desde um

pedido de desculpas até a solicitação de um presente, ficando o aluno livre para

se expressar. Tais mensagens foram escritas em corações, os quais deram

origem a um painel de recepção dos familiares (foto 01).

Page 21: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

21

Foto 01: painel de recepção aos familiares – processos de integração família e escola. 2008/PDE

A primeira parte do encontro destinou-se à apresentação do Colégio,

estrutura e recursos, bem como para refletir junto aos familiares as principais

mudanças decorrentes da transição 4ª/5ª série, fatores relevantes para subsidiar

a família no processo de acompanhamento escolar.

Participaram desse encontro 35% dos familiares, percentual esse, em

consonância com o apontado no levantamento diagnóstico, onde 34% dos

respondentes demonstraram interesse em participar mais ativamente no processo

escolar. A estatística de participação por turma, encontra-se no quadro a seguir:

Page 22: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

22

DATA

TURMAS

TOTAL DE ALUNOS

TOTAL DE FAMÍLIAS PRESENTES

PERCENTUAL DE FAMÍLIAS PRESENTES

Nº DE FAMILIARES CADASTRADOS PARA INTEGRAR O PROJETO

PORCENTUAL DE CADASTRADOS, EM RELAÇÃO AO NÚMERO DE PRE SENTES

08/04 A/B 74 31 42% 10 32%

09/04 C/D 80 35 44% 17 (sendo 04 apenas como voluntário)

49%

10/04 E a H 151 42 28% 8 (sendo 05 apenas como voluntário)

19%

TOTAL 305 108 35% 35 32%

Quadro 1: Quadro resumo da participação dos familiares - 1º encontro: processos de integração família e escola. 2008/PDE

Esse primeiro encontro foi caracterizado por um momento de muita

emoção, através da leitura feita pelos familiares, dos recados deixados alunos,

destacando-se mensagens de reconhecimento do esforço da família na luta pela

vida e, frases de amor e carinho.

Tal oportunidade teve especial relevância, considerando o período difícil

pelo qual passa a sociedade, na busca pela sobrevivência, num mundo

caracterizado pelo individualismo e competitividade, trazendo como

conseqüência, entre outros, a redução do espaço para o diálogo e afetividade, os

quais tornam-se cada vez mais escassos no contexto familiar. Prova disso foi a

reação dos familiares diante dos recados dos filhos: lágrimas, risos, satisfação,

surpresa. Reações essas que levaram os familiares a proporem que fosse

disponibilizado material para que eles respondessem aos filhos, de forma a

proporcionar a mesma sensação de afeto, por eles sentida - é a escola

propiciando momentos de afetividade, intervindo positivamente nas relações

familiares, talvez seja esse um dos maiores e necessários avanços.

Seguiu-se o encaminhamento da proposta, com a análise e discussão de

projetos de integração família e escola desenvolvidos em outras realidades. Os

projetos analisados foram:

Roda de Pais: espaço de cidadania (ROSÁRIO, 2001).

Esse projeto desenvolveu-se no Pré-Escolar Rita de Cássia Figueiredo,

situado em Contagem - MG, com encontros mensais realizados no turno da noite,

Page 23: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

23

envolvendo a comunidade escolar. Tais encontros foram norteados pelo seguintes

objetivos: ampliar e favorecer a participação de todos (escola/família) na formação

da criança; favorecer a construção significativa de uma proposta de

educação/homem/sociedade, extrapolando a visão conteudista, reducionista e

fragmentada; criar espaço de formação e vivência da cidadania, sem medo do

confronto com a diferença e com a diversidade e; estabelecer uma relação

escola/comunidade harmoniosa, com vínculos baseados no respeito, na confiança

e na solidariedade.

O primeiro tema abordado na roda de pais – Afinal, de quem é a bola?, foi

introduzido através de uma dramatização, com a finalidade de se fazer reflexões

acerca dessa importante parceria. Após esse primeiro momento, onde ficou claro

que a bola é de todos, que escola e família tem papéis importantes e diferentes a

cumprir, mas que fazem parte de uma mesma roda e, juntos, devem sustentar a

bola, os pais, em grupo, listaram temas de interesse, para posterior elaboração do

cronograma anual da roda de pais. Os temas sugeridos pelos pais foram: dever

de casa (reflexões e questionamentos), limites, sexualidade, ausência do pai, a

proposta pedagógica, a televisão e a educação.

A avaliação do projeto se dava a cada encontro, onde os pais por meio de

relatos orais ou escritos, manifestavam os níveis de atendimento às expectativas,

os avanços e a participação individual e coletiva, sempre na perspectiva de

viabilizar os meios necessários para aperfeiçoar o processo.

Projeto: Se os pais não vão à escola, a Escola vai até os pais (SILVA, et al)

Esse trabalho foi uma iniciativa da Escola Reitor Álvaro Augusto Cunha

Rocha, Educação Infantil e Ensino Fundamental, do CAIC/UEPG – Ponta Grossa

- PR, oportunizada a 366 famílias, com o objetivo de promover a discussão de

temas de interesse familiar, proporcionando em diferentes momentos, atividades

de apoio aos pais, na educação dos filhos, contribuindo assim para a formação

integral e familiar do aluno. A escola apresentou aos pais, via questionário, uma

lista de temas, para que os mesmos apontassem os assuntos de sua preferência,

sendo que do total de seis temáticas, três foram mais votadas, Pais que

trabalham o dia todo como podem dar atenção aos filhos? (41%), Limites e

conflitos com os filhos (22%), Televisão como administrar? (16%). Para facilitar o

acesso dos pais aos temas foram oferecidos como opções: leitura domiciliar dos

Page 24: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

24

textos, palestras ou grupo de estudos. A avaliação das atividades do projeto foi

feita via questionário, onde os pais relataram contribuições imediatas no seu

cotidiano familiar.

Projeto Retratos de Família (BANDEIRA, 2006)

Evento anual, realizado pelo Instituto Libertas de Educação e Cultura –

Belo Horizonte, “Retratos de Família” é um encontro que reúne alunos e

familiares, amigos e colaboradores. O objetivo é que os pais reconheçam seus

espaços dentro da escola, como parceiros do processo ensino/aprendizagem,

além de ser uma confraternização e integração entre família e instituição

educacional. A opção por se comemorar um dia com a família, se deu devido às

novas configurações familiares, de forma que, pai, mãe, tios, avós, primos, o

namorado da mãe ou a namorada do pai, entre outras possibilidades,

participassem, contrapondo-se a prática do Dia dos Pais ou das Mães,

separadamente.

Diversas atividades são realizadas, entre elas, caminhadas, piquenique

coletivo, oficinas de circo e artes, jogos de dama e Mostra coletiva num Espaço

Cultural, com a exposição de trabalhos assinados por pais de alunos e

professores.

Família: Assunto de Escola (RODRIGUES, 1999)

Projeto desenvolvido na Escola Municipal de Pré-escolar D. Labibe Rachid

de Abreu (Papagaios – MG), com objetivo de fornecer subsídios para

esclarecimentos às famílias sobre o trabalho realizado pela escola, mostrando a

sua real finalidade, nas palavras da supervisora: ”...esclarecer que a Escola

Infantil é uma mola que impulsiona a criança a traçar seu projeto de vida, na

escola ou fora dela, e não um depósito de crianças onde elas ficam, enquanto os

pais trabalham”, visando também buscar a melhoria no ensino-aprendizagem. Daí

surgiu um projeto interdisciplinar que permite aos alunos uma nova visão do

universo familiar, onde diversas atividades envolvendo a família foram

programadas, tais como: os alunos escreviam cartas às suas mães; discussão do

tema “família” em sala de aula; levantamento de dados das famílias (visitas às

famílias, entrevista oral ou escrita); gincanas para angariar material de higiene

Page 25: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

25

para as famílias mais pobres, e convidar, uma vez por semana, uma mãe, por

sorteio, para participar da aula , confecção e distribuição da merenda.

Em sala de aula, diversas atividades foram desenvolvidas considerando o

tema família, no nível de desenvolvimento pré-escolar, razão pela qual detalha-se

neste artigo.

A Família Vai à Escola (MANTUANO NETTO; FRANCO E RASUK, 1992)

Apresentamos aqui, as sugestões dadas num artigo que aborda o

comprometimento da escola com a busca de atividades que possibilitem a sua

interação com a família. São elas:

a) Reunião de pais: trabalho centralizado em um só tema, esgotando-se em

uma só reunião.

b) Curso para pais: trabalho realizado em torno de um tema executado ao

longo de vários contatos (reuniões) ou bloco de temas oferecidos a um

mesmo grupo.

c) Acompanhamento paralelo de pais e filhos (por série): na medida em que

se desenvolve o projeto, junto aos pais, trabalham, paralelamente, os

alunos, com temas específicos da faixa etária.

Além dos projetos acima descritos, apresentou-se também as seguintes

sugestões de parcerias família e escola:

Grupos Rotativos de Familiares: dentro dessa sugestão, os familiares, com o

auxilio da equipe pedagógica, podem preparar pequenas palestras para as

turmas, motivados por temas como, por exemplo, valores humanos.

Projeto Revivendo Brincadeiras: grupo de familiares atuando durante o recreio,

incentivando e revivendo brincadeiras; confecção de brinquedos com material

sucata, etc.

Projeto “Incentivo a Cultura e Noções Laboriais”: grupo de familiares atuando

durante o recreio, ou em dias pré-estabelecidos, trabalhando oficinas de incentivo

a cultura, dando noções de instrumentos musicais, pintura, dança, teatro, etc., ou

experiências laboriais, como: tricô, crochê, etc.

Page 26: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

26

Estas experiências foram distribuídas por grupos de familliares, os quais

fizeram a leitura e análise da proposta, considerando as adequações necessárias

para a viabilização no contexto do Colégio, observando em relatório próprio os

aspectos positivos e negativos, bem como citando outras experiências de

integração por eles vivenciadas.

Desse encontro, vê-se que, contrariando os apontamentos feitos

informalmente sobre as “limitações” dos familiares, os mesmos envolveram-se

nas discussões dos projetos e/ou sugestões, fazendo leituras e discussões em

grupos, relatando por escrito os pontos positivos, negativos e sugestões, e, ainda,

expondo oralmente para o grande grupo, as conclusões do grupo, permanecendo

na atividade por um período longo, quebrando também a idéia pré-concebida de

que os pais só participam de reuniões rápidas - inicia-se um processo de

rompimento de mitos: os pais discutem, escrevem e participam e ainda, se

envolvidos e motivados a participar, permanecem o tempo necessário para

abordar o tema proposto. É necessário acreditar e oportunizar.

Também pode-se afirmar que, para além da análise das propostas de

integração, percebeu-se que os familiares valorizaram esse momento, pelo

espaço destinado a afetividade, despertando nos pais o desejo em valorizar mais

a relação familiar; pela oportunidade do contato com os pais dos colegas do filho,

aspecto considerado de extrema relevância, em especial, num período de

violência em que vivemos; pelo conhecimento da estrutura, recursos físicos e

humanos, bem como a organização pedagógica com a qual o filho passará a

conviver, possibilitando que os mesmos possam melhor orientar os filhos,

minimizando os problemas decorrentes da transição, tanto comportamental,

quanto ao desenvolvimento da aprendizagem, nesta fase pubertária e de

mudanças estruturais na organização do ensino.

Dessa forma, vê-se que reside na viabilização de mais encontros e

reuniões, uma grande estratégia no favorecimento da instalação duma relação

mais estreita, baseada num canal aberto de diálogo e portanto, de sentimento de

pertença, não só do aluno, mas dos responsáveis por esse aluno, com a escola.

Ao final desse segundo encontro, foi proposto o preenchimento de uma

ficha cadastro, sendo que o grupo relacionado daria inicio, no próximo encontro,

a um plano de participação da família na escola, no ano de 2008, tomando-se por

Page 27: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

27

base as propostas já discutidas e/ou novas sugestões, passíveis de implantação

imediata no Colégio. Dos 108 familiares presentes, 35, inscreveram-se, sendo

que destes, 26 familiares, com interesse em aprofundar as análises e desenvolver

atividades periódicas na escola, e os demais (09) como voluntários, auxiliando

esporadicamente.

Terceiro encontro: viabilização de ações na escola

O objetivo deste encontro foi discutir, de forma mais aprofundada, a relação

família e escola, bem como reavaliar as propostas discutidas no encontro anterior

e propor ações de participação no ano de 2008, esse trabalho foi denominado de

“Plano de Participação da Família na Escola”.

Como característica fundamental da proposta de integração foi inserido no

convite enviado à família, um texto reforçando a importância e a tônica do

encontro, segundo Mantuano Neto (1992, et. al), nele destaca-se que a família

não irá ditar normas no processo educacional, da mesma forma como a escola

não dirigirá a dinâmica familiar, trata-se de um processo de abertura onde, sem

receios ou jogo de culpa, seja possível encontrar formas de ampliar essa relação.

É fundamental ter claro que não há receita pronta, ou regulamentos que

norteiem o processo de aproximação família e escola. Dessa forma, o que se

pretente, é a principio, buscar a cumplicidade das duas instituições formadoras, a

fim de maximizar o sucesso do adolescente em processo de desenvolvimento.

Contou-se com a presença de 09 familiares, os quais elegeram a proposta

dar início ao processo de aproximação família e escola - Revivendo Brincadeiras.

É importante ressaltar que não houve, por parte da escola, nenhuma influência,

no momento da seleção das ações a serem desenvolvidas. O fator fundamental

que sustentou a definição da proposta a ser trabalhada foi a afinidade e a

segurança do familiar em efetivar tal tarefa, condição fundamental para dar início

a um processo de aproximação, baseada no estreitamento de relações, não

cabendo a escola restringir possibilidades e sim ofertar e no decorrer, ampliá-las,

conforme cada caso.

Page 28: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

28

Execução do Projeto “Revivendo Brincadeiras”

O Projeto “REVIVENDO BRINCADEIRAS” caracterizou-se por um

momento onde os familiares reviveram brincadeiras com os alunos. Para

maximizar os benefícios da proposta optou-se pela execução do projeto durante o

recreio, um momento tumultuado, caracterizado por correrias e conflitos, entre

outros problemas, considerando a realidade local, aproximadamente 800 alunos

no período da tarde, sendo aproximadamente 305 os absorvidos pelo projeto.

Os familiares tinham como objetivo incentivar e retomar as brincadeiras do

passado, levando os alunos a primar pelo contato com o outro, relação cada vez

mais suprimida do cotidiano, pelo avanço da tecnologia, dos jogos eletrônicos e

contatos virtuais - nossas crianças, na maioria, não brincam mais um olhando

nos olhos do outro, elas (quando o adversário não é virtual) olham para uma tela,

tomados por um personagem que executa ações, muitas vezes, de agressividade

e violência, não são eles que brincam - são os personagens.

Daí, também, a necessidade de se oportunizar momentos em que as

brincadeiras sejam “com o outro”, de forma a explorar as habilidades do próprio

individuo e não de um personagem - a brincadeira “com o outro” oportuniza uma

maior convivência entre os alunos, abre-se mais um espaço para exercitar a

democracia, primando pelos direitos e deveres, o respeito a participação e

opinião do outro, a valorização das diferenças e caracterizando um espaço de

inclusão.

Para além desses benefícios, este projeto, ao ser coordenado pelos

familiares possibilita a abertura de um canal de diálogo imprescindível na relação

família e escola - o familiar presente favorece o ambiente educativo na escola,

levando os alunos a sentirem-se mais acompanhados e portanto menos sujeitos

a desvios de comportamento e, conseqüentemente, aumentam as possibilidades

de melhor rendimento escolar, propiciando dessa forma uma educação mais

efetiva.

Foram realizados encontros para definição e organização das

brincadeiras, preparação de material, faixas e cartazes, bem como avaliar os

benefícios do projeto para o educando e para a escola.

As brincadeiras foram coordenadas por mães de alunos e representante da

APMF (Foto 02).

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Foto 02: mães monitoras de uma das tardes de brincadeiras, da direita: Dinorá, Simone, Neuza (APMF), Profª. Eliane (Coord. do Projeto) e Cledivânia. 2008/PDE

As brincadeiras contempladas foram “pula corda” e “cinco marias”, a fim

de privilegiar tanto os alunos que gostam de brincadeiras que exercitem mais o

físico, quanto àqueles que preferem brincadeiras que exijam mais concentração,

sem muito esforço físico.

Durante as brincadeiras, há uma canalização de interesses em torno de

uma mesma brincadeira, alguns brincam, outros observam (Foto 03/Foto 04).

Esse fato reduz brigas, correrias e acidentes, os alunos se divertem ou apenas

se distraem, mas sem aquela agitação desenfreada que reduz pela metade a

produtividade da aula seguinte ao recreio, os alunos retornam mais calmos e

portanto, o ambiente de sala fica mais favorável à aprendizagem.

Page 30: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

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Foto 03: execução da proposta de integração família e escola – Projeto “Revivendo Brincadeiras”. 2008/PDE

Vê-se meninos e meninas brincando juntos (Foto 04), a relação menino-

menina vem sendo distorcida pela exacerbação da sexualidade, aqui passam a

brincar juntos de uma maneira mais saudável, o foco sai da relação menino-

menina e passa para menino-brinquedo-menina, de forma que através da

brincadeira, os mesmos passam a ter um ângulo de visão do outro que até então

até então não tinham, a presença da família em meio às crianças e adolescentes,

impõe respeito. De um lado a adesão dos alunos às brincadeiras, por outro, a

satisfação demonstrada pelas mães em contribuir com a escola, estar mais

próxima do filho e fundamentalmente, sentir-se parte da escola.

Page 31: [ARTIGO] RELAÇÃO ESCOLA-FAMILIA

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Foto 04: execução da proposta de integração família e escola – Projeto “Revivendo Brincadeiras”. 2008/PDE

A experiência de integração através do Projeto Revivendo Brincadeiras

apontou algumas constatações, dentre elas:

Sendo o público alvo, alunos na 2ª fase do ensino fundamental, e por isso

havia uma expectativa de resistência às brincadeiras, viu-se que a vontade de

brincar coletivamente, independentemente dos aparatos, é característica da

criança, mesmo nesse nível escolar - as crianças e pré-adolescentes carecem

desse tipo de atividade, é momento de troca, de socialização, de vivência em

grupo, oportunidade singular de ressaltar a importância dos valores na

convivência humana, além de favorecer um ambiente mais tranqüilo e adequado

a aprendizagem com a redução de conflitos - é a família contribuindo, mesmo que

indiretamente, com o processo de ensino e aprendizagem.

Também percebeu-se que alguns familiares sentem-se incapazes de

auxiliar seus filhos nos deveres escolares, parte são analfabetos, outros como

eles mesmos o dizem, apenas assinam seus nomes, e, em nome da falta de

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conhecimento sistematizado, muitos deixam de dar as orientações mais básicas

aos filhos. Dessa forma, projetos como esse, ao ser coordenados por familiares,

contribuem para elevar a sua auto-estima, favorecendo o sentimento de pertença

e de comunidade e ainda, oportunizando ampliar a sua visão de mundo pela

convivência com o outro. A escola, assim, está desempenhando seu papel no

sentido de alimentar o senso de comunidade.

A presença do familiar na escola auxilia a manter um clima de ordem e

respeito – é a família contribuindo com a educação informal no mesmo

espaço/tempo da educação formal.

A participação das mães levou outros alunos a convidarem suas mães a

participarem das atividades na escola, de forma que, quanto mais os familiares

compartilharem o dia a dia escolar, há uma tendência significativa, de outros

familiares proporem-se a desenvolver projetos junto à equipe escolar. É preciso

divulgar, fazer acontecer, para então afirmar que os pais não participam – afinal,

do que eles não participam? Das reuniões de entrega de boletins? Isso já é

resultado, é necessário propor ações dos familiares no processo, em todas as

fases desse processo e não apenas dos resultados, muitos deles, depreciativos,

pelas baixas notas obtidas pelo filho.

O grande número de alunos atendidos, cerca de 800 apenas no período

da tarde, desses, em torno de 300 envolvidos na proposta, requer um número

expressivo de pessoas envolvidas nas atividades durante o recreio, o que na

prática, considerando apenas o quadro de pessoal da escola, inviabiliza a

execução satisfatória da proposta – desse modo, os familiares somam também,

quantitativamente, dando condições da escola , estender um pouco as suas

ações, saindo da relação direta “professor-quadro-negro-aluno”.

Os momentos de interação família-educando-escola, oportunizam para

todos, um rever de posturas, pois é na relação que se dão os conflitos e, é pela

mediação dos conflitos que se dá o crescimento, o entender e valorizar melhor o

outro, as possibilidades e limitações de cada um – dessa forma, relação família

escola tende a se desenvolver mais num sentido de cooperação e menos de

cobranças e culpados.

A presença do familiar na escola, consolida, em grande parte, a gestão

democrática, dá mais transparência ao processo escolar, possibilita um maior

comprometimento da família ao mesmo tempo em que responsabiliza mais a

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escola, pois os pais, embora com um número não muito significativo, mas

principalmente os que se propõe a participar, são críticos, e a escola precisa estar

preparada para isso, ouvir e rever posições (e muitas não estão).

Mães felizes – é dessa forma que resume-se a participação delas nesse

projeto, isso se deve, entre outros, pela forma como foi conduzida a aproximação

família-escola, ou seja, pelo estímulo à participação, mas sem indução à

participação, levando os familiares a encontrarem neles próprios uma habilidade,

cabendo a escola, canalizar, aproveitar essa característica - oportunidades como

essa, favorecem e fortalecem o laços da família com a escola, embora, a curto

prazo não alterem quantitativamente os resultados da aprendizagem, produzem, a

médio e longo prazo, alterações qualitativas de vital importância para todo o

processo ensino-aprendizagem.

Conclusão

O trabalho realizado junto aos familiares indicou que a integração família e

escola é possível, e que, reside na promoção de processos de integração da

família com a escola, uma real possibilidade de amenizar as principais

dificuldades apontadas pelos professores como situações que se não impedem,

dificultam a aprendizagem e comprometem a relação professor - aluno,

desestabilizando o professor, desmotivando o aluno e portanto, gerando o

fracasso escolar.

Esse trabalho propiciou uma relação mais estreita, abrindo um canal paro o

diálogo, quebrando a barreira existente entre a educação informal e a formal,

evidenciando o sentido de complementação de uma para a outra. Os familiares

sentiram-se mais confiantes na sua contribuição com a educação formal, bem

como mais fortalecidos para educação informal, em especial no momento em que

vivemos de crise ética e inversão de valores, momento crucial para unificar e

fortalecer a família e a escola enquanto instituições formadoras. Os familiares na

escola contribuem para estabelecer um ambiente de respeito e maior

tranqüilidade, características fundamentais de um espaço educativo. Dessa

forma, estão contribuindo para maximizar a aprendizagem. Existem muitos

familiares predispostos a contribuir com a escola e é a escola que tem que

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viabilizar essa participação, priorizando situações em que os próprios familiares

sugiram atividades, como condição básica para atraí-lo e encorajá-lo a integrar-se

no processo escolar, numa perspectiva de ampliação dessa relação, a partir de

uma relação de confiança e co-responsabilidade.

No entanto, a escola, assim como a família parecem não ter clareza dos

benefícios obtidos na intensificação dessa relação, ou não sabem como fazê-lo,

assim, há necessidade da escola voltar-se, coletivamente, para a reflexão sobre

as relações escola e família, atribuindo-lhe real importância e credibilidade na sua

efetivação. Trata-se de um novo olhar da escola para com a família e desta com a

escola, questão prioritária, visando para além do rendimento escolar, a

democratização da escola e do seu entorno, um projeto civilizatório de longo

alcance.

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