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1E-mail : [email protected] Sistemas de Transportes Inteligentes: aplicação da telemática na gestão do trânsito urbano Alexandre Augusto de Castro Meirelles 1 Engenheiro Civil com especialização em Engenharia Econômica. Mestre em Engenharia de Transportes pela UFRJ. Gerente do Plano da Área Central da BHTRANS. Coordenador do projeto CTA - Sistema de Controle Centralizado de Tráfego por Área de Belo Horizonte. Resumo O presente trabalho apresenta os conceitos básicos dos Sistemas de Transportes Inteligentes - STI- como uma aplicação da telemática no campo dos transportes rodoviários urbano e rural, destacando a necessidade da definição de uma arquitetura para esses sistemas, de forma a garantir a economicidade, interoperabilidade e eficácia dos projetos. É apresentada ainda uma breve descrição do estado d’arte das principais aplicações de STI passíveis de ser utilizadas a curto e médio prazos para melhoria do trânsito nas cidades brasileiras, destacando o caso de Belo Horizonte, onde já se começa a conceber e a implementar alguns sistemas de transportes inteligentes, voltados para o planejamento viário e do trânsito, para a coleta automática de dados, para o controle do tráfego e para a fiscalização eletrônica do trânsito. 1. Considerações iniciais O transporte urbano tem se tornado nos últimos anos um tema do cotidiano dos brasileiros que moram nas cidades de grande e médio porte. Os congestionamentos, os acidentes de trânsito, a baixa qualidade do transporte público, as dificuldades de estacionamento, o novo Código de Trânsito Brasileiro, suas inovações, infrações e penalidades têm se tornado foco da mídia, tema de campanhas políticas e educativas, alvo de movimentos populares e assunto de conversas informais. Começa-se assim a reconhecer que os problemas de transporte urbano têm

Artigo - Sistema Inteligente de Transporte

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Artigo sobre sistema inteligente de transporte.

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    Sistemas de Transportes Inteligentes: aplicao da telemtica na gesto do trnsito urbanoAlexandre Augusto de Castro Meirelles 1

    Engenheiro Civil com especializao em Engenharia Econmica.

    Mestre em Engenharia de Transportes pela UFRJ.

    Gerente do Plano da rea Central da BHTRANS.Coordenador do projeto CTA - Sistema de Controle Centralizado de Trfego porrea de Belo Horizonte.

    Resumo

    O presente trabalho apresenta os conceitos bsicos dos Sistemas de Transportes

    Inteligentes - STI- como uma aplicao da telemtica no campo dos transportes

    rodovirios urbano e rural, destacando a necessidade da definio de uma arquitetura

    para esses sistemas, de forma a garantir a economicidade, interoperabilidade e eficcia

    dos projetos. apresentada ainda uma breve descrio do estado darte das principaisaplicaes de STI passveis de ser utilizadas a curto e mdio prazos para melhoria do

    trnsito nas cidades brasileiras, destacando o caso de Belo Horizonte, onde j secomea a conceber e a implementar alguns sistemas de transportes inteligentes,

    voltados para o planejamento virio e do trnsito, para a coleta automtica de dados,para o controle do trfego e para a fiscalizao eletrnica do trnsito.

    1. Consideraes iniciais

    O transporte urbano tem se tornado nos ltimos anos um tema do cotidiano

    dos brasileiros que moram nas cidades de grande e mdio porte. Os

    congestionamentos, os acidentes de trnsito, a baixa qualidade do transporte pblico,

    as dificuldades de estacionamento, o novo Cdigo de Trnsito Brasileiro, suas

    inovaes, infraes e penalidades tm se tornado foco da mdia, tema de campanhas

    polticas e educativas, alvo de movimentos populares e assunto de conversas

    informais. Comea-se assim a reconhecer que os problemas de transporte urbano tm

  • 2E-mail : [email protected]

    uma dimenso social, que afeta a sade e a qualidade de vida da nossa populao, sem

    mencionar as deseconomias geradas pelos congestionamentos e pelos acidentes de

    trnsito. Esta descoberta j faz parte da histria dos pases desenvolvidos, que, aolongo da ltima dcada, vm tentando dominar a expanso do transporte individual

    com pesados investimentos na melhoria do transporte pblico, na aplicao da

    telemtica no planejamento e controle dos sistemas de transportes e na implantao denovos servios de informaes aos usurios.

    A aplicao da tecnologia da informao, aliada telecomunicao e

    eletrnica, no planejamento, gesto, operao e fiscalizao dos transporte urbano temse configurado como alternativa vivel em termos de custo-eficcia, alm de

    contribuir para o atendimento das indispensveis caractersticas de sustentabilidade

    do setor de transportes, dentre elas a reduo do tempo perdido em

    congestionamentos, dos acidentes de trnsito, dos custos do transporte, do consumo de

    energia e dos danos ambientais. Esta nova cincia conhecida como Sistemas de

    Transportes Inteligentes - STI (ITS - Intelligent Transportation Systems) encontra-seem franca expanso nos pases desenvolvidos e comea a dar seus primeiros passos no

    Brasil. O leque de aplicaes voltadas para os transportes inteligentes extremamente

    amplo abrangendo: sistemas de informaes para usurios, gerenciamento de rodovias

    e de transporte coletivo, controle de trfego e semafrico, gerenciamento de servios

    de emergncia, arrecadao automtica de tarifas no transporte coletivo, nos

    estacionamentos e nos pedgios, rastreamento de frotas de veculos de carga, de

    transporte pblico e de emergncia, coleta automtica de dados, fiscalizao

    eletrnica, veculos e vias inteligentes, etc.

    Tradicionalmente, as solues para os problemas de transporte urbano tm se

    embasado na ampliao da sua infra-estrutura e/ou da sua oferta. No entanto, esta

    abordagem no tem produzido os efeitos desejados ou no tem se mostrado adequada,principalmente se considerarmos os altos custos que, na maioria das vezes, envolvem

    solues deste tipo, bem como seus custos sociais e ambientais.

    O advento dos STI, que se traduz numa aplicao massiva da telemtica e de

    tcnicas de gerenciamento e controle do transporte rodovirio, tem como objetivo

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    integrar e conectar os gestores, operadores, usurios, veculos e a infra-estrutura de

    transporte.

    O presente trabalho pretende portanto apresentar uma breve descrio do

    estado darte das principais aplicaes de sistemas de transporte inteligentes na rea

    de trnsito urbano, passveis de ser utilizadas a curto e mdio prazos nas cidades

    brasileiras, destacando o caso de Belo Horizonte, onde j se comea a conceber e aimplementar alguns sistemas inteligentes, voltados para o planejamento do transportecoletivo e do trnsito, para o controle do trfego, para a fiscalizao eletrnica do

    trnsito, para a coleta automtica de dados de trfego e para a arrecadao automtica

    de tarifas no transporte coletivo por nibus.

    2. Sistemas de Transportes Inteligentes - STI

    As inmeras inovaes tecnolgicas disponveis atualmente no mercado,

    associadas ao assdio dos fornecedores proclamando suas maravilhas tecnolgicas,

    tm levado alguns organismos a investimentos equivocados ou a projetos que no seviabilizam, gerando frustrao e desconfiana entre tcnicos e junto aos usurios.

    Na maioria das vezes, a razo do fracasso reside na falta de planejamento e nodesconhecimento da tecnologia. Ento, o que resta pesquisar, treinar e planejar, poiss assim ser possvel alcanar os resultados desejados de forma eficiente eduradoura.

    O planejamento dos STI se fundamenta na definio de uma arquitetura ou umplano diretor para implementao dessas tecnologias. STI dizem respeito basicamente

    a informao _ coleta, compartilhamento, processamento e redistribuio da

    informao _ com a finalidade de melhor transportar pessoas e mercadorias. Estes

    conceitos j so praticados no setor de transporte areo, onde tecnologia egerenciamento de informaes so utilizados para otimizar servios, frotas, custos e

    informar os usurios.

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    Uma arquitetura uma estrutura global que define limites, entidades

    envolvidas e estratgias para este processo de gerenciamento de informao, que, por

    sua vez, nos leva a definir padres e que resulta em eficincia, economia de escala,

    compatibilidade e interoperabilidade.

    Os programas de transportes inteligentes e suas respectivas arquiteturas j seencontram estruturados, definidos e em implantao nos EUA, Canad, Japo,

    Austrlia e Comunidade Econmica Europia e so fruto da cooperao mtua entre

    os setores pblico e privado. Nesses pases a definio de uma arquitetura nacional foi

    iniciativa dos organismos pblicos nacionais, o que destoa da situao brasileira, na

    qual o governo federal tem feito pouco ou nada neste sentido.

    Porm, o que persiste um coquetel tecnolgico, onde cada cidade, cada

    Estado adquire equipamentos e sistemas, ao sabor das presses da moda, da

    indstria e da problemtica do cotidiano, sem contudo ter desenvolvido um

    planejamento sistmico ou uma arquitetura que preserve a economicidade dosinvestimentos, a integrao e interoperabilidade dos sistemas e que garanta a

    consecuo dos objetivos.

    O desenvolvimento da arquitetura de STI requer diversos passos, conforme os

    itens descritos abaixo:

    discusses pblicas dos benefcios dos STI para seus diversos usurios e definio da

    amplitude do programa de STI;

    descrio das metas do programa de STI;

    definio da arquitetura bsica do sistema, envolvendo a descrio das funes e

    informaes necessrias e dos componentes fsicos necessrios implementao das

    funes e troca de informaes;

    considerao de questes prticas inerentes implantao, tais como: restries

    (econmicas, sociais, institucionais, etc.), anlise de custos, ponto de vista e feedbackdos usurios;

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    definio de um cenrio coerente para o STI no futuro: plano diretor e recomendaes

    para agilizar a implantao;

    definio e descrio de padres e das necessidades e programas de treinamento e

    formao de recursos humanos.

    Basicamente, a arquitetura de STI est fundamentada na interao de trs

    camadas de infra-estrutura:

    Camada de Transportes: composta pela infra-estrutura fsica de STI, contendo os

    usurios, veculos, centros de controle e equipamentos virios.

    Camada de Comunicaes: composta pela infra-estrutura de informaes que

    conecta todos os elementos da camada de transportes. a camada que d acaracterstica de sistema, propiciando coordenao e compartilhamento de

    informaes entre sistemas e pessoas. A arquitetura descreve cuidadosamente quais os

    tipos de informaes e comunicao so necessrios aos vrios servios de STI; como

    os dados devem ser compartilhados e usados por quais entidades fsicas (subsistemas);e quais os tipos de padres so necessrios para facilitar este compartilhamento.

    Camada Institucional: composta pelas nossas organizaes e regras sociais que

    definem as fronteiras institucionais e os papis dos organismos governamentais,

    empresas privadas, associaes de usurios e outros participantes no contexto dos

    servios de STI. As atividades deste nvel incluem o desenvolvimento de uma poltica

    local, o financiamento de STI e a criao de parcerias que direcionem o

    desenvolvimento de STI. Neste caso, a arquitetura recomenda quem deve estar

    conectado com quem e quais os tipos de informaes que devem ser trocadas.

    A ttulo de referncia, vale a pena enumerar os 30 (trinta) tipos de servios deSTI, previstos na arquitetura norte-americana (US.DOT,1996). So eles:

    a) Gerenciamento de Viagens e Trfego Informao anterior viagem (pre-trip) Informao para motoristas durante a viagem (en-route) Servios de informaes para passageiros

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    Orientao sobre rotas/trajetos Servios de reservas e combinao de viagens

    Gerenciamento de incidentes (acidentes, eventos, obras, etc.) Gerenciamento da demanda de viagens

    Controle de trfego

    Controle e mitigao de emisses

    Controle de cruzamentos rodoferrovirios

    b) Operao de Veculos Comerciais (caminhes) Desembarao eletrnico de veculos comerciais

    Inspeo automatizada das condies de segurana e dos veculos

    Processos administrativos automatizados de veculos comerciais

    Monitorao de segurana a bordo

    Gesto de frotas comerciais

    Notificao de incidentes com cargas perigosas

    c) Gerenciamento de Transporte Pblico Informao para usurios durante a viagem (en-route) Gerenciamento integrado do transporte pblico

    Transporte coletivo personalizado

    Segurana pblica nos transportes

    d) Pagamento Eletrnico Servios de pagamento eletrnico (transporte pblico, estacionamento, pedgio, etc)

    e) Gerenciamento de Servios de Emergncia Gesto de frotas de emergncia

    Notificao de emergncias e segurana pessoal

    f) Sistemas Avanados de Segurana Veicular

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    Preveno de colises longitudinais

    Preveno de colises laterais

    Preveno de colises em intersees

    Preveno de colises pela melhoria da visibilidade

    Sensoriamento de segurana

    Desenvolvimento de dispositivos de segurana pr-coliso

    Operao automatizada de veculos.

    3. Trnsito inteligente no Brasil

    Os problemas de trnsito nas grandes cidades pode ser sintetizado em duas

    palavras: congestionamentos e acidentes. Um estudo realizado em 1998 pelo IPEA

    (Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada) (IPEA,1998) entre 10 grandes cidadesbrasileiras estimou que as deseconomias geradas pelos congestionamentos atingem a

    cifra de R$ 474 milhes por ano, enquanto que os custos dos acidentes de trnsito(BRASIL, 1997) impem ao pas perdas da ordem de R$ 1 bilho anuais. Asdificuldades para reverter esse quadro so diversas, que vo desde a fragilidade

    institucional s restries oramentrias dos organismos gestores, passando pela

    ausncia de pesquisas e desenvolvimento tecnolgico e pelo despreparo da populao

    para uma convivncia harmnica no ambiente de trnsito.

    Tambm deve ser destacado o vertiginoso crescimento da frota de veculos,

    sem a correspondente contrapartida de melhorias no sistema virio.

    Independentemente disso, mesmo dispondo-se de recursos, impossvel e invivel a

    expanso das vias na mesma proporo, vis--vis os efeitos ambientais e energticos

    que essa expanso provocaria. A soluo para o problema representada pela reduo

    expressiva dos deslocamentos realizados por automveis e sua respectiva

    transferncia para o transporte coletivo um processo de longa maturao, que

    envolve a integrao das polticas pblicas de transporte, desenvolvimento urbano e

    economia, alm de respeitveis investimentos na melhoria da qualidade do transporte

    coletivo, capazes de atrair os usurios do transporte individual.

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    Diante dessas dificuldades, que so estruturais no s na nossa sociedade, mas

    mesmo nos pases desenvolvidos, vislumbrou-se que a modernizao tecnolgica do

    transporte rodovirio, atravs de sistemas de transportes inteligentes, tem um grande

    potencial de transformao num horizonte de curto prazo e contribui para o

    aprimoramento do transporte coletivo. O programa de STI norte-americano (US.DOT-US. 1998), por exemplo, prev os seguintes resultados no perodo 1996 a 2015:reduo dos custos dos acidentes em 44%, economia de tempo de viagem em 41% e

    reduo de emisses e consumo de combustvel em 6%.

    Conforme pde ser visto anteriormente o cardpio de servios de STI

    bastante amplo, porm no presente trabalho pretende-se enfocar apenas as aplicaes

    voltadas para a gesto do trnsito urbano passveis de ser utilizadas, de imediato, no

    Brasil.

    As aplicaes aqui descritas j se encontram em operao comercial ou jforam aqui testadas ou esto disponveis para comercializao, atravs de

    representantes/revendedores nacionais, ou ainda podem ser utilizadas a partir de

    adaptaes ou upgrade em sistemas j existentes.

    A gesto do trnsito urbano compreende as atividades de coleta de dados, o

    planejamento, o projeto, a operao, o controle, a fiscalizao, a arrecadao detarifas, e a informao aos usurios. Para cada uma dessas atividades se dispe

    atualmente de equipamentos e sistemas que otimizam as aes do engenheiro de

    trfego.

    a) Coleta de dados

    A informao um dos principais ingredientes para o sucesso das intervenes

    no trnsito, em todas as suas etapas do planejamento avaliao de projetos. Existematualmente equipamentos conjugados com sistemas para processamento e tabulaode dados para levantamentos de:

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    fluxo de trfego: volume e classificao do tipo de veculo, atravs de sensores ou

    detectores baseados em tecnologia de laos indutivos, tubos piezoeltricos,

    microondas, raio infravermelho, raio laser e processamento de imagens. Dispe-se

    tambm de microcoletores de dados operados manualmente que permitem contagens

    de trfego por movimento em intersees.

    velocidades: medidores eletrnicos de velocidade ou radares baseados em efeito

    Doppler, clulas fotoeltricas, raio laser e laos indutivos podem ser utilizados para

    medio de velocidades pontuais.

    velocidade e tempo de percurso: na medio de velocidades e tempos de percurso ao

    longo de rotas dispe-se de equipamentos a serem instalados no interior de um

    veculo, no qual se registra de maneira automtica os eventos e sua durao e as

    extenses percorridas.

    origem e destino por placas: atravs de tcnicas de filmagem de placas e o respectivo

    processamento de imagens, as placas filmadas em diferentes postos so casadas

    entre si, definindo a origem e destino dos deslocamentos.

    condies ambientais: atravs de estaes de medio de qualidade do ar instaladas s

    margens das vias possvel monitorar a concentrao de poluentes do ar e de rudos.

    b) Planejamento e projetos informatizados

    Encontram-se disponveis no mercado vrios pacotes de softwares para

    planejamento e projeto virio. Os pacotes para planejamento podem ser classificadosem duas categorias: aqueles voltados para simulao e aqueles voltados para estudos

    especficos de anlise operacional de intersees, de segurana viria e anlise de

    capacidade viria. Os softwares de simulao permitem anlises a nvel estratgico de

    diferentes polticas de transporte, permitem anlises de demanda e a avaliao do

    efeito de diferentes tipos de interveno. importante tambm destacar o uso dosSistemas de Informaes Geogrficas (SIG) como ferramenta de cadastro deinformaes, gerao de mapas temticos, subsdio para os modelos de simulao,

    alm de outras aplicaes especficas.

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    Os pacotes voltados para projeto virio so ferramentas do tipo CAD quepossibilitam a elaborao de projetos de geometria e de sinalizao, podendo serassociados a outros softwares para criao de modelos em 3D (trs dimenses), quefacilitam a visualizao e apresentao da infra-estrutura projetada.

    Merecem ainda ser destacados os pacotes para clculo de programao

    semafrica para redes virias semaforizadas, que se utilizam de tcnicas de simulao

    e mtodos de otimizao para determinar uma programao tima que minimize os

    atrasos e paradas dos veculos nos semforos.

    c) Controle de trfego centralizado

    Em primeiro lugar, devem ser mencionados os sistemas de controle

    centralizado de semforos, ou seja, uma rede de semforos interligados a uma centralde controle a partir da qual possvel monitorar falhas, alterar a programao dos

    semforos, etc., dependendo da estratgia de controle adotada. Existem sistemas

    simples que praticamente s monitoram o funcionamento dos semforos, at sistemas

    sofisticados do tipo adaptativo em tempo real, nos quais o computador central calcula

    a cada instante os melhores tempos semafricos necessrios para atender as flutuaes

    do trfego, medidas tambm a cada instante, atravs de sensores instalados nas vias.

    O controle do trfego tambm pode ser executado atravs de sistemas de

    Circuito Fechado de Televiso (CFTV) com cmeras instaladas nas vias e controladaspor um computador e monitores de TV instalados num centro de controle.

    Outra ferramenta de controle centralizado a sinalizao dinmica de

    regulamentao e advertncia, a qual pode ter suas mensagens alteradas dependendo

    das circunstncias, estando voltadas principalmente para o controle de velocidade e

    para o bloqueio de vias ou faixas de trfego.

    d) Fiscalizao eletrnica

    A fiscalizao eletrnica est baseada no registro da imagem do veculo infrator no

    momento da infrao. As aplicaes da fiscalizao eletrnica esto voltadas

    principalmente para o controle de velocidade, de avano de sinal e de invaso da faixa

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    de pedestres, existindo equipamentos que desempenham estas trs funes

    simultaneamente. A deteco da infrao realizada atravs de sensores de diferentes

    modalidades (item a acima) e o registro da imagem do infrator feito por meio defotografias convencionais em pelculas ou de imagens digitais.

    e) Controle de estacionamentos

    Esto disponveis sistemas para controle de estacionamento na via pblica e

    em edifcios garagem. Os sistemas de controle na via pblica se limitam aos

    parqumetros eletrnicos e equipamentos emissores de tquetes de estacionamento.

    Mais sofisticados so os sistemas de gesto de edifcios garagens, que monitoram a

    ocupao desses edifcios, controlam os acessos, emitem bilhetes, arrecadam tarifas e

    orientam os usurios nos trajetos de acesso aos edifcios, atravs de sinalizaodinmica nas vias pblicas que indicam a localizao e o nvel de ocupao de cada

    edifcio.

    f) Informao aos usurios

    Talvez esta seja uma das aplicaes menos desenvolvidas no Brasil, poisimplicam na existncia de um centro de controle de trfego para onde as informaes

    sobre as condies operacionais das vias devem convergir. Informaes anteriores

    realizao das viagens podem ser veiculadas atravs da Internet ou por meio de

    pagers, sendo que pela Internet podem estar disponveis imagens de cmeras de

    CFTV. Geralmente, as informaes dizem respeito a nveis de congestionamento e

    ocorrncia de acidentes, incidentes, obras, etc. Informaes durante as viagens podem

    ser veiculadas por Painis eletrnicos de Mensagens varivies (PMV), instalados nasvias transmitindo os mesmos tipos de informaes citadas acima, bem como

    recomendaes sobre trajetos.

    Os sistemas aqui enumerados correspondem basicamente camada de

    transportes da arquitetura de STI. Entretanto, a camada de comunicaes deve ser

    destacada, pois ela essencial para integrao dos sistemas e transmisso de

  • 12E-mail : [email protected]

    informaes. Os poucos sistemas em operao no Brasil utilizam-se de linhas

    telefnicas para transmisso de dados, em funo da ainda baixa cobertura de redes de

    fibra tica (essenciais para imagens de vdeo) e da precariedade das transmisses portelefonia celular.

    4. O caso de Belo Horizonte

    Em Belo Horizonte, a gesto do trnsito, do transporte coletivo, txi e

    transporte escolar feita pela Prefeitura Municipal, atravs da Bhtrans - Empresa de

    Transportes e Trnsito de Belo Horizonte S/A. O municpio conta atualmente com

    uma frota registrada da ordem de 830 mil veculos, com cerca de 2,5 habitantes por

    veculo, ou seja, com uma taxa de motorizao elevada que se aproxima das taxas depases europeus. Como conseqncia os problemas de trnsito relacionados aos

    congestionamentos j so graves em algumas reas nos perodos de pico, assim como,a despeito da reduo de 55% da taxa de mortos/10.000 veculos nos ltimos 5 anos,

    ainda so altas as taxas de acidentes, principalmente envolvendo pedestres.

    A aplicao de STI no trnsito de Belo Horizonte encontra-se ainda em fase

    embrionria, podendo-se apontar duas razes bsicas para este fato: restries

    oramentrias e falta de conhecimentos tcnicos especializados para lidar com STI. O

    que se tem procurado adotar um procedimento cauteloso, em que se procura testar e

    analisar diferentes tecnologias para uma mesma aplicao, antes de adot-la de

    maneira intensiva. Assim, tem sido, por exemplo, a implantao da fiscalizao

    eletrnica.

    Apesar de no se dispor ainda de uma arquitetura ou um plano diretor para

    implantao de STI em Belo Horizonte, j existe uma preocupao com os aspectosde integrao e interoperabilidade, como ocorre no caso da implantao da

    arrecadao automtica de tarifas no transporte coletivo por nibus pela Bhtrans e no

    Trem Metropolitano pela Superintendncia de Trens Urbanos - STU/BH.

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    As aplicaes de STI em Belo Horizonte encontram-se listadas abaixo:

    NVEL EM TESTE EM LICITAO EM OPERAO

    PLANEJAMENTOE

    PROJETO

    Pacote de softwares

    para projeto virio(ferramentas CAD) esistema de

    informaes

    geogrficas (SIG)para PC's.

    Softwares de

    planejamentoestratgico de

    transportes

    (simulao), sistemade clculo da

    programao

    semafrica em rede,

    software de anlise

    de capacidade de

    vias, sistema de

    geoprocessamento.

    OPERACIONAL

    Equipamentos

    automticos de

    coleta de dados de

    fluxo de trfego.

    Sistema de controle

    de trfego por rea

    (CTA I), dotado decontrole centralizado

    de semforos do tipo

    adaptativo em tempo

    real, sistemas de

    CFTV e PMV.

    Semforos atuados

    pelo trfego, radares

    fotogrficos mveis,

    lombadas eletrnicas

    e detectores

    fotogrficos de

    avano de sinal,

    controle centralizado

    de semforos

    (falhas).

  • 14E-mail : [email protected]

    Em termos de perspectivas futuras, pretende-se a elaborao de um plano diretor de

    STI, um treinamento intensivo de recursos humanos voltados para as aplicaes de

    telemtica e em termos de projetos especficos para a rea de trnsito:

    a adoo de equipamentos automticos de coleta de dados (volumes de trfego,velocidade e tempo de percurso);

    a implantao de um sistema de controle de trfego centralizado para os corredores de

    trfego (CTA II);

    a implantao de um sistema de informaes para usurios, via INTERNET, com as

    condies de trfego e imagens de CFTV do sistema virio principal da cidade;

    a ampliao da cobertura da fiscalizao eletrnica de velocidade e avano de sinal;

    a intensificao do uso de softwares que auxiliem no planejamento e projeto virio.

    5. Concluses

    Os sistemas de transportes inteligentes efetivamente tomaram flego s no

    incio dos anos 90 e portanto encontram-se ainda em fase de implantao nos pases

    desenvolvidos. Assim sendo, ainda so poucos os resultados apurados que

    possibilitam uma avaliao em profundidade dos seus efeitos, dos seus custos e

    eficcia. O que se nota uma grande disposio e entusiasmo na implantao desses

    projetos, o que comum quando se trabalha com novas tecnologias. Desta forma, recomendvel que organismos de gesto de transporte urbano acompanhem a

    evoluo dos projetos de STI no estrangeiro, a fim de formar uma base deconhecimento para decises futuras.

    Deve-se novamente ressaltar a importncia da criao de uma arquitetura de

    STI brasileira, de maneira a preservar investimentos e a interoperabilidade entre

  • 15E-mail : [email protected]

    sistemas. Embora a iniciativa devesse brotar do Governo Federal, talvez esse processo

    pudesse ser conduzido atravs de organizaes no-governamentais como a

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT e/ou Associao Nacional de

    Transportes Pblicos - ANTP. Todavia, indispensvel uma poltica pblica para o

    setor.

    Outro ponto importante a ser destacado, se refere formao de recursos

    humanos para esta rea, que eminentemente multidisciplinar. imprescindvel umaparceria entre empresas produtoras de equipamentos e sistemas, empresas de

    consultoria, universidades e rgos gestores de transporte urbano, para troca de

    conhecimentos, no sentido de formar uma tecnologia nacional de STI. A cooperao

    mtua a chave dos programas de STI em implantao nos pases desenvolvidos.

    Por fim, no pode deixar de ser salientada a necessidade de definir uma

    equao financeira para implantao desses projetos. Os projetos devem j nascerdentro de uma expectativa empreendedora de autofinanciamento, com pouca ou at

    nenhuma participao dos oramentos pblicos. Como exemplo, citamos novamente o

    Programa de STI dos EUA, orado em US$ 209 bilhes a serem investidos at o anode 2011, no qual a iniciativa privada estar participando em 80% dos investimentos.

    Referncias Bibliogrficas

    1. US.DOT - U.S. Department of Transportation, FHWA - Federal Highway

    Administration. The National Architecture for ITS: A Framework for IntegratedTransportation into the 21st Century, April 1996.

    2. IPEA - Instituto de Pesquisa Economia Aplicada, ANTP - Associao Nacional de

    Transportes Pblicos. Reduo das Deseconomias Urbanas com a Melhoria do

    Transporte Pblico. Relatrio Sntese, 1998.

  • 16E-mail : [email protected]

    3. BRASIL, Ministrio da Justia. Programa Brasileiro de Segurana no Trnsito - PBST.

    Documento Bsico, 1997.

    4. US.DOT - U.S. Department of Transportation, FHWA - Federal Highway

    Administration. Intelligent Transportation Systems - Real World Benefits. January1998.

    (Intelligent Transportation Systems: application of telematics in urban trafficmanagement)Key-words

    Traffic engineering_ Telematics_ Intelligent transportation systems_ Traffic control

    Abstract

    This paper presents the basic concepts of Intelligent Transportation Systems - ITS, asan application of telematics in the field of road transportation, both in urban areasand in rural areas. The paper emphasises the need of establishing an architecture forthe whole system, as a way of ensuring interoperability and cost effectiveness. It isalso presented a short description of the state of art of the main ITS applications,plausible to be implemented in a short or medium term in Brazilian towns, in order to

    improve traffic conditions. The case of Belo Horizonte city is described, where theconception and deployment of some intelligent transportation systems were alreadyinitiated. Those systems concern intelligent road planning and design, automatic

    traffic data collection, intelligent traffic control devices and automatic trafficenforcement.