Artigo TCC Revisado Para Imprimir 17 de Junho

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DO COLLEGIO ELEMENTAR DE BAG AO GRUPO ESCOLAR SILVEIRA MARTINS: A GNESE DE UMA INSTITUIO ESCOLAR NA PRIMEIRA METADE DO SCULO XX

Ivete Gonalves [email protected]

Alessandro Carvalho [email protected]

Resumo Este artigo faz parte do Trabalho de Concluso do Curso de Letras da Universidade Federal do Pampa intitulado Collegio Elementar de Bag: A evoluo histrica de uma instituio pblica de ensino e desenvolvido sob a orientao do Professor Alessandro Carvalho Bica, Professor da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Tem como objetivo desenvolver uma anlise histrica sobre a gnese e a formao do Collegio Elementar do municpio de Bag nas primeiras dcadas do sculo XX. A escolha desta temtica tem como pressuposto terico, em primeiro lugar, promover uma leitura histrica sobre as intenes pedaggicas na construo de uma Instituio Escolar de Ensino. Para tanto, esta pesquisa usou como metodologia a anlise documental, considerando como documentos-fontes: atas escolares, livros de correspondncias, visitas e relatrios da escola que pertencem ao acervo da atual Escola Estadual de Ensino Mdio Silveira Martins e os jornais O Dever e Correio do Sul. Palavras-chave: Instituio Escolar, Histria da Educao, Histria de Bag1 2

Acadmica do curso de Letras da Unipampa/Bag. Professor e Coordenador do NUPHE (Ncleo de Pesquisas em Histria da Educao) Unipampa/Bag e orientador do TCC.

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Introduo O presente artigo faz parte do Trabalho de Concluso do Curso de Letras da Universidade Federal do Pampa, e tem como objetivo fundamental investigar e analisar a gnese do Collegio Elementar de Bag. Nesta perspectiva, temos como inteno compreender a relevncia histrica desta Instituio Escolar3 para o ensino pblico da cidade. Para a realizao deste estudo, buscamos suportes empricos de fontes escritas (documentos, atas, livros de correspondncias, livros de visitas, jornais locais) e imagticas (fotos escolares). Ademais, este trabalho se insere no campo da histria da educao, na temtica das Instituies Escolares. Estes estudos tm por objetivo preencher lacunas histricas permeadas pelo tempo e viabilizar a compreenso de espaos educativos que fizeram parte da histria educacional, e consequentemente, permitem aos historiadores e demais interessados a compreenso do passado. Esta escolha se justifica pelo incio das atividades escolares do Collegio Elementar de Bag at a sua transformao no ano de 1940 em Grupo Escolar Silveira Martins. Estudar a histria das instituies escolares de ensino revisitar um tempo da histria da educao e, neste caso especfico, reescrever a histria do Collegio Elementar do municpio de Bag, logo, compreende-se que, ao trabalhar com estas temticas, os historiadores possam contribuir para a escrita de uma parte importante da histria da educao pblica da cidade de Bag. Em uma cidade que se prepara para comemorar seus 200 anos de histria, escrever parte da histria de uma instituio escolar de ensino pblica, com 101 anos de existncia, que ainda possui sua gnese inconclusa, um motivo que traduz a inteno desta pesquisa. Alm de se caracterizar como uma pesquisa indita, a montagem desse imenso caleidoscpio institucional se torna instigante e proporciona a (re)construo3

O termo instituio escolar empregado no texto remete ao sentido de um espao objetivo, material, concreto e real, a partir da compreenso de que estes elementos constituem a sua materialidade. Ainda sobre este assunto, ver WERLE (2001), GATTI JR (2002), AMARAL (2003) e NASCIMENTO et al. (2007).

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de uma rica colcha de retalhos esquecidos no tempo escolar e no espao urbano da cidade, possibilitando sentidos s prticas escolares vividas por esta instituio escolar. Ao iniciarmos nossa busca pela gnese do Collgio Elementar, comeamos por recapitular um pouco da Histria de Bag, cidade que nasceu quando Dom Diogo de Souza decidiu transformar o acampamento de Bag em ncleo permanente no dia 17 de julho de 1811, fundando a povoao de Bag. Com o passar do tempo, o povoado cresceu e se consolidou, tornando-se oficialmente municpio em 05 de junho de 1846. A partir do crescimento da cidade durante o sculo XIX, surge a necessidade das primeiras aulas e de algumas escolas para atender as demandas municipais. Nos ltimos anos do Imprio e no limiar da Repblica em 1889, o que se tinha na cidade de Bag eram alguns poucos professores que ofereciam seus servios atravs dos jornais que circulavam na cidade. Este tipo de educao alm de ser oneroso s famlias menos abastadas era tambm muito escasso. Exemplos desse tipo de servio so encontrados no Jornal O Dever, onde se percebem anncios de professores, como tambm de alguns colgios que ofertavam ensino particular na cidade de Bag:

Fonte: Jornal O Dever - 16/07/1908 e 22/08/1908

O Collegio Nunes oferecia curso primrio e secundrio em horrio noturno, com regime de internato ou externato para meninos e meninas, alm de curso prtico e

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terico de escripturao mercantil, com disciplinas de portuguez, francez, inglez, allemo e mathemticas. O Collegio Dupont oferecia nas teras, quintas e sbados, curso noturno de francez, para a juventude estudiosa e para todas as pessoas da cidade que quisessem aprender esse idioma, proporcionava tambm s segundas e quartas curso de contabilidade commercial. No iniciar do sculo XX, o conjugamento dos interesses da municipalidade e do Estado possibilitaram a criao de duas instituies escolares particulares vinculadas a ordens religiosas, o Colgio Nossa Senhora Auxiliadora, em 1904, para a educao de meninos e o Colgio Esprito Santo, em 1908, para a educao de meninas. Por outro lado, o ensino pblico gratuito ainda necessitava de escolas que atendessem s populaes menos abastadas. Em 26 de maio de 1909, atravs do Decreto n 1479, foi criado pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, o Collegio Elementar de Bag, que tinha por objetivo proporcionar o ensino pblico primrio, alm de promover a chamada coeducao, com a presena de meninos e meninas no espao escolar. Ao mergulharmos na histria de uma instituio escolar, buscamos incansavelmente interpretar a educao de uma determinada sociedade, procurando minuciosamente suas origens, seu desenvolvimento atravs dos tempos, as alteraes arquitetnicas e, sobretudo, revelar as identidades de professores e alunos. Ao explorarmos os registros fotogrficos de uma dada poca, buscamos preencher de sentidos as fontes escritas, pois, segundo Borges (2003, p.73) as imagens fotogrficas:[...] devem ser vistas como documentos que informam sobre a cultura material de um determinado perodo histrico e de uma determinada cultura, e tambm como uma forma simblica que atribui significados s representaes e ao imaginrio social. [...]. Todavia, sem compreender as vozes dos homens e mulheres de ontem, no podemos conhecer os sentidos que eles atriburam s suas produes simblicas.

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Quando usamos a fotografia como complemento da fonte escrita, damos significados concretos pesquisa e, desta forma, possvel atribumos aos documentos descries mais prximas da realidade, ou seja, ao associar as imagens aos escritos, o pesquisar capaz de descrever com maior riqueza de detalhes os contextos das pocas analisadas. No Jornal O Dever do dia 07 de setembro de 1922, as alunas do Colgio Elementar praticam ginstica como forma de disciplina e para o desenvolvimento fsico.

Fonte: Jornal O Dever - 07/09/1922

Outro exemplo da contribuio dos registros fotogrficos para a construo dos contextos estudados, so as fotos dos desfiles em comemorao ao 7 de Setembro de 1940, na qual podemos observar os lemas positivistas dos governos daquela poca.

Fonte: Arquivos da Escola Estadual de Ensino Mdio Silveira Martins.

Na histria da educao do Estado do Rio Grande do Sul, o positivismo comteano teve grande influncia, desde a poltica educacional at a prpria5

organizao da educao, sendo a base para a estruturao das instituies escolares durante esse perodo. Percebemos ao trmino de atas do Collegio Elementar XV de Novembro que a expresso Sade e Fraternidade, confirmava a orientao positivista seguida pela escola. Analisando as figuras acima compreendemos dois momentos da instituio, na primeira fotografia a classe feminina pratica ginstica, em horrios diferenciados da classe masculina, apesar da escola receber meninos e meninas, em seu incio a escola tinha classes separadas. Na segunda fotografia, identificamos outro momento histrico da escola, j consolidada como Grupo Escolar Silveira Martins. Ao desenvolvermos pesquisas sobre a Histria da Educao brasileira, fundamental que consideremos as especificidades regionais e as singularidades institucionais e locais, pois segundo Magalhes (1996, p. 02):Compreender e explicar a existncia histrica de uma instituio educativa , sem deixar de integr-la na realidade mais ampla que o sistema educativo, contextualiz-la, implicando-a no quadro de evoluo de uma comunidade e de uma regio. , por fim, sistematizar e (re)escrever-lhe o itinerrio de vida na sua multidimensionalidade, conferindo um sentido histrico.

A respeito da importncia de estudar as instituies escolares Gatti Jnior (2002, p. 20) afirma:Percebe-se que a histria das instituies educativas almeja dar conta dos vrios atores envolvidos no processo educativo, investigando aquilo que se passa no interior das escolas, gerando um conhecimento mais aprofundado destes espaos sociais destinados aos processos de ensino e de aprendizagem por meio da busca da apreenso daqueles elementos que conferem identidade instituio educacional, ou seja, daquilo que lhe confere um sentido nico no cenrio social do qual faz ou ainda faz parte, mesmo que ela se tenha transformado no decorrer do tempo.

Nesta dimenso, se faz necessrio entender as instituies escolares como espaos sociais, nas quais ocorreram processos de ensino e aprendizagem e aconteceram prticas docentes e discentes e, nesse contexto escolar, que foram construdas as identidades pessoais e intransferveis dessas instituies.

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Identificamos nas atuais pesquisas sobre instituies escolares estudos mais localizados, permitindo ao pesquisador uma insero mais profunda e um contato muito mais prximo com as fontes. Em se tratando da importncia de estudos localizados, segundo Lopes e Galvo (2001, p. 41): crescente tambm a tendncia a realizar estudos mais localizados, que lidem com realidades mais circunscritas e com perodos mais curtos de tempo. Essa tendncia tem possibilitado um aprofundamento em certos temas e uma complexificao na compreenso do passado de determinados fenmenos educativos que, anteriormente, eram visualizados apenas panoricamente. Tem sido comum, por exemplo, no Brasil, que os pesquisadores de diversos estados procurem compreender determinados movimentos educacionais naquela realidade especfica.

Ao pesquisarmos a histria do Collgio Elementar de Bag procuramos realizar um estudo mais localizado, buscando entender o perodo desta instituio que compreende os anos de 1909 at 1940, relacionando o cotidiano escolar com o contexto histrico local, regional e nacional. Os professores do Collgio Elementar pertenciam ao quadro do magistrio do Estado do Rio Grande do Sul, tendo como primeira diretora a Professora Mlanie Granier, que foi nomeada por Jlio de Castilhos e permaneceu no cargo at o findar da dcada de 1910.

Fonte: Jornal Correio do Sul 15/12/1914

Conforme a notcia publicada no Jornal Correio do Sul (15/12/1914), os exames finais realizados no dia 14/12/1914, ata de exames n 6, realizaram-se s 9 horas da manh, no amplo salo do sobrado onde funcionou o Collegio Elementar, localizado na rua 7 de Setembro, esquina Marechal Deodoro e teve como comisso

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examinadora os Srs. Tenente Carlos Mangabeira, Deputado Estadual Adolpho Luiz Dupont, Presidente do Conselho Escolar Felippe Costa e Corpo Docente do Collegio dirigido pela Professora D. Melanie Granier. Ao proceder-se a chamada, verificou-se a presena de 215 alunos de ambos os sexos. O Corpo Docente do Collegio Elementar era composto pelos seguintes professores: Idalina Lisboa Reggio, Dolores Fontoura Coelho, Maria Josepha Nunes de Camargo, Albertina Schilling Schimitt, Julia Peixoto Costa e Universina Arajo Bastos. Encontramos na edio do Jornal O Dever do dia 07 de setembro de 1922, um pouco da histrica do Collegio Elementar, onde constam as seguintes informaes:O collegio funcciona em amplo edifcio, de propriedade do governo, e est situado em ponto importante desta, [...]. dotado de magnficas condies hygienicas e est apto para comportar 500 alumnos. [...] considerar-mos um dos primeiros, entre os edifcios de collegios do Estado, da mesma categoria.

O Collegio Elementar de Bag, aps o ano de 1923, recebe uma nova denominao de Collgio Elementar XV de Novembro e continua a funcionar desde sua inaugurao na Avenida Sete de Setembro, esquina com a Avenida Marechal Deodoro, onde atualmente funciona a Biblioteca Pblica Municipal Dr. Otvio Santos. Na Ata de exames n 15, do anno lectivo de 1923, constam os exames realizados no Collegio Elementar XV de Novembro, em conformidade com o programa adotado nos Collegios Elementares. A comisso examinadora foi constituda pelo corpo docente do Collegio e presidida pela Diretora da instituio, Professora Universina de Arajo Nunes.

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ATA DE EXAMES N 15 ( ANNO LECTIVO DE 1923 )

Fonte: Arquivos da Escola Estadual de Ensino Mdio Silveira Martins.

Permaneceu como diretora da escola at 30 de outubro de 1933, a professora Universina de Arajo Nunes, tendo como corpo docente, alm dos anteriormente citados: Maria Curtis, Joo Rodrigues Pereira e Lcia de O. Brack, Mlanie Granier, Edith Gerbach, Wilma Gerbach, Lidroneta dos Santos Rosa, Herma Soyaux, Maria do Carmo Lima, Amyr Saraiva, Jurema M. Faillace, Talitha M. Faillace, Angelina Costa, Luiz Antnio Dalbem e Santuzza Lemos. Em 1933, a escola passou a funcionar na Rua Conde de Porto Alegre, e elevada condio de Grupo Escolar4 de Bag, juntamente com a nova direo por parte do Professor Luiz Antnio Dalbem, primeiro professor a dirigir a escola. A inaugurao do Grupo Escolar de Bag teve ampla cobertura do Jornal Correio do Sul.

Fonte: Jornal Correio do Sul - 31/10/1933

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Os Grupos Escolares previam uma nova organizao administrativo-pedaggica que estabelecia modificaes profundas na didtica e distribuio espacial dos seus edifcios, entre as principais caractersticas estavam: prdios prprios, racionalizao dos espaos, moblia escolar, quadro-negro, mtodo intuitivo (Lio das Coisas), uso de mapas, laboratrios, etc... . Sobre Grupos Escolares, consultar: Souza (1998), Gatti Junior (1999), Saviani (2004), Vidal (2005) e Vidal (2006).

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O Jornal Correio do Sul, de 01 de novembro de 1933, trouxe importantes detalhes da inaugurao do Grupo Escolar de Bag, como por exemplo o pedido do paraninfo do Grupo Escolar, o Prefeito Municipal Dr. Carlos Cavalcante Mangabeira, que era necessrio dar um nome ao Grupo Escolar de Bag, nome escolhido entre aqueles que passaram pela terra deixando rastros luminosos e que se no perdem nunca ante a immensidade do tempo. Nossas ruas ostentam nomes de filhos queridos desta terra, mas no ostenta o preclaro, desse glorioso, desse ilustre estadista e parlamentar, desse extraordinrio tribuno que foi Silveira Martins. O corpo docente do Grupo Escolar de Bag era composto dos seguintes profissionais: Iedda Pibernat, Eponina Paiva, Olga Quintana, Maria Lucila de F.V. e Silva, Fany Labarte Garcia, Maria Eliza Moreira, Olga Machado Moreira, Stella V. Gonalves, Elza Azeredo Saraiva, Sylvia Mdici, Goar Odix Duarte, Doly Doglia e Dinorah Badia. Os grupos escolares trazem como caracterstica importante o surgimento do cargo de diretor, o qual no existia na esfera pblica escolar primria. Com a nova constituio educacional, o diretor passa a ser o responsvel pela organizao do cotidiano de alunos e professores, alm de ser responsvel pelas funes administrativas e de atualizao dos contedos entendidos como inovadores junto ao corpo docente. Por sucessivas dcadas os homens ocuparam cargos de diretores, mas com os baixos salrios da educao primria, o afastamento dos homens foi uma oportunidade para as mulheres5, que puderam atuar na esfera pblica de uma sociedade masculinizada. No perodo republicano foi assegurada a frequncia por parte das meninas nas instituies pblicas, com o objetivo de oferecer conhecimentos que as instrussem pelo menos nos nveis mais elementares, mesmo que algumas disciplinas fossem somente para o pblico feminino, como Prendas Domsticas. As aulas de educao fsica de meninos e meninas ocorriam em horrios diferenciados.5

Sobre os processos de feminizao do Magistrio, consultar: TAMBARA, Elomar. Profissionalizao, Escola Normal e feminizao: Magistrio Sul-rio-grandense de instruo pblica no sculo XIX. Histria da Educao/ASPHE (Associao Sul-rio-grandense de pesquisadores de Histria da Educao). Pelotas, n 03, p.35-58, abril de 1998.

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Na primeira fase dos grupos escolares, as disciplinas trabalhadas nos quatro anos de formao elementar eram : Aritmtica, Desenho, Leitura, Msica, Caligrafia, Linguagem, Geometria, Histria, Trabalhos Manuais, Ginstica, Geografia, Cincias Fsicas e Naturais, Higiene, Cosmografia e Moral e Cvica. A incorporao dos programas de moral e cvica tinha por objetivo despertar sentimentos de dever e amor, tanto com a famlia, quanto com a sociedade e principalmente com a ptria, demonstrados nos desfiles e festas patriticas. No dia 17 de julho de 1939, a professora Dinorah Badia, assume a direo do Grupo Escolar de Bag por motivos ainda desconhecidos. Os professores que vieram a compor o quadro do corpo docente do Grupo Escolar pertenciam ao Collegio Elementar Quinze de Novembro, entre eles: Idalina Rgio, Julieta Taborda, Nilda Marques, Maria de Lourdes Arajo, Maria Antonieta da Cruz, Angelina Ferreira, Llia Faillace, Maria de Lourdes Machado, Sylly M. Luz, Zil R. Plastina, Catarina de Lhano, Gasparina Riambau, Olga Machado Moreira, Zoraide Ferreira, Olga Quintana, Jlia C. Taborda, Maria Cony e Maria Ondina Vigil.

Diretora do Grupo Escolar de Bag, professora Dinorah Badia. Fonte: Arquivos da Escola Estadual de Ensino Mdio Silveira Martins.

Posteriormente, o Grupo Escolar de Bag, por meio do Decreto n 91, de 07 de junho de 1940, passa a chamar-se Grupo Escolar Silveira Martins6, denominao6

Gaspar Silveira Martins foi advogado e lder poltico do Partido Federalista, atuante na fronteiraoeste, possuindo relaes extremamente prximas ao municpio de Bag. Comeou sua vida pblica como Juiz Municipal no Rio de Janeiro. Ao longo de sua vida, ocupou diversos cargos pblicos, tais como deputado provincial e nacional, senador, ministro da Fazenda, Presidente do Rio Grande do Sul e Conselheiro de Estado. A relevncia histrica de Silveira Martins pode ser constatada na cidade de Bag, pois seus restos mortais repousam na Catedral So Sebastio.

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solicitada na inaugurao do Grupo Escolar de Bag, pelo ento Prefeito Carlos Cavalcanti Mangabeira. A evoluo histrica do Collegio Elementar at chegar a Grupo Escolar Silveira Martins perpassa os governos estaduais de Carlos Barbosa Gonalves, Antnio Augusto Borges de Medeiros, Getlio Dornelles Vargas, Oswaldo Euclides de Souza Aranha, Sinval Saldanha, Jos Antnio Flores da Cunha, Manuel de Cerqueira Daltro Filho, Joaquim Maurcio Cardoso e Oswaldo Cordeiro de Farias. Ao permearmos a histria do Collegio Elementar, acabamos com o mito que existia na cidade, no qual muitos acreditavam, que o Collegio Elementar XV de Novembro deu origem Escola Justino Quintana, pois, ao analisarmos documentos em continuidade, podemos comprovar que o Collegio Elementar XV de Novembro posteriormente recebeu a denominao de Grupo Escolar Silveira Martins. Finalmente, em 1941, o Grupo Escolar Silveira Martins recebeu a construo de seu prdio definitivo, na rua Fernando Machado n. 01, no centro de Bag.

Prdio do Grupo Escolar Silveira Martins (frente), situado na rua Fernando Machado, n01, no centro de Bag.

Observamos na fotografia do prdio definitivo do Grupo Escolar Silveira Martins, uma escola ampla com trs pisos, janelas arejadas e bem iluminadas, tudo em conformidade com os ideais republicanos de educao. A construo de edifcios para atender aos grupos escolares foi uma das principais preocupaes das administraes dos Estados, que buscavam no espao urbano, um local de destaque para suas edificaes.12

Segundo BENCOSTTA (2005, p. 70) :Em regra geral, a localizao dos edifcios escolares deveria funcionar como ponto de destaque na cena urbana, de modo que se tornassem visveis, enquanto signo de um ideal republicano, uma gramtica discursiva arquitetnica que enaltecia o novo regime.

A guiza de concluso As consideraes expostas neste trabalho buscaram mostrar os caminhos seguidos pelo Collegio Elementar de Bag, a partir de sua criao em 1909, at sua consolidao em 1940, como Grupo Escolar Silveira Martins. Em conformidade com os dados encontrados, a reconstituio da trajetria de extrema importncia para a compreenso da prpria histria de desenvolvimento da cidade, o que torna a pesquisa sobre esta instituio de ensino ainda mais fascinante. Esperamos que este trabalho venha possibilitar mltiplos olhares para a histria do Collegio Elementar de Bag e que, a partir de ento, esse campo de pesquisa seja cada vez mais explorado, pois se trata de um imenso caleidoscpio institucional espera de novas descobertas e por que no a escrita de outras histrias, de outras memrias vividas nesta instituio escolar. Referncias: AMARAL, Giane Lange & AMARAL, Gladys Lange do. Instituto Estadual de Educao Assis Brasil: entre a histria e a memria 1926-2006. Pelotas: Seiva, 2007. BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org.). Histria da Educao, Arquitetura e Espao Escolar. So Paulo: Cortez, 2005. BENCOSTTA, Marcus Levy Albino.Grupos Escolares no Brasil: Um Novo Modelo de Escola Primria. In: STEPHANOU, Maria & BASTOS, Maria Helena Camara. Histrias e Memrias da Educao no Brasil, Vol.III: Sculo XX. Petroplis, RJ: Vozes, 2005. BICA, Alessandro Carvalho. Ginsio Santa Margarida: Um estudo sobre a gnese e a consolidao de uma instituio escolar anglicana de ensino na cidade de Pelotas. Tese de Mestrado, Pelotas: UFPEL, 2006.13

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