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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO Graduação em Engenharia Civil ESTUDO COMPARATIVO DE CAPACIDADE DE CARGA E FATOR DE SEGURANÇA DE ESTACAS ESCAVADAS ENTRE OS MÉTODOS DE AOKI-VELOSO E DECOURT-QUARESMO-ESTUDO DE CASO MATEUS MORAES GONÇALVES PATROCÍNIO 2019

TCC - Mateus 10 07 2019 revisado por renato

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO Graduação em Engenharia Civil

ESTUDO COMPARATIVO DE CAPACIDADE DE CARGA E FATOR DE SEGURANÇA DE ESTACAS ESCAVADAS ENTRE OS MÉTODOS

DE AOKI-VELOSO E DECOURT-QUARESMO-ESTUDO DE CASO

MATEUS MORAES GONÇALVES

PATROCÍNIO 2019

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MATEUS MORAES GONÇALVES

ESTUDO COMPARATIVO DE CAPACIDADE DE CARGA E FATOR DE SEGURANÇA DE ESTACAS ESCAVADAS ENTRE OS MÉTODOS

DE AOKI-VELOSO E DECOURT-QUARESMO-ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência total para obtenção do grau de Bacharelado em Engenharia Civil, pelo Centro Universitário do Cerrado Patrocínio. Orientador: Prof. Me. Renato Barbosa Moreira

PATROCÍNIO 2019

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................. 1

2. Objetivo Gerais ......................................................................................................... 1

2.2. Objetos específicos ................................................................................................. 1

3. Revisão de Literatura ............................................................................................... 1

3.1 Solo ........................................................................................................................... 1

3.2 Fundação profunda ................................................................................................ 2

3.3 Estacas ..................................................................................................................... 2

3.4. Classificação Das Estacas ...................................................................................... 2

3.5 Tipos de estacas ................................................................................................... 3

3.5.1. Estaca Tipo Hélice Contínua ......................................................................... 3

3.5.2. Estacas Strauss ................................................................................................ 4

3.5.3. Estaca Franki .................................................................................................. 4

3.5.4. Estaca cravada por percussão ....................................................................... 5

3.5.5. Estacas Escavadas ........................................................................................... 5

3.5.5.1. Estaca de reação (mega ou prensada) ............................................................ 5

3.5.5.2. Estaca raiz ...................................................................................................... 5

3.5.5.3. Estaca escavada com injeção ou microestaca ................................................ 6

3.5. Procedimento para escolha de uma fundação ..................................................... 6

3.6 Cálculo de capacidade de carga das estacas ......................................................... 6

3.7.1 Fator de segurança DÉCOURT-QUARESMA ............................................. 9

3.7.2 Fator de segurança AOKI-VELLOSO ............................................................ 10

4. Metodologia ............................................................................................................. 10

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 13

5.1 Cálculo das estacas ............................................................................................... 13

5.2 Cálculo das estacas segundo AOKI-VELLOSO ................................................ 14

5.3 Cálculo das estacas DÉCOURT-QUARESMA .................................................. 16

5.4 Resumo dos resultados ......................................................................................... 17

6. Considerações finais ............................................................................................... 17

Referências bibliográficas .......................................................................................... 18

ANEXOS 1 ................................................................................................................... 19

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RESUMO

Estacas são elementos que transferem as cargas da estrutura para o solo. Esta transferência

ocorre através de atrito lateral e resistência de ponta. Conhecer os tipos de estacas e o solo é

muito importante para uma segurança e economia da edificação. Neste trabalho verificou-se

diversos tipos de estacas, estabelecendo critérios para escolha de uma estaca na obra, defini-

ção de estacas, tipos de estacas, cálculo de capacidade de carga pelos métodos Aoki-Veloso e

Decourt-Quaresma e fator de segurança empregado. Com os resultados obtidos pelos métodos

empregados observou-se que o fator de segurança empregado provavelmente está superior ao

indicado pela NBR 6122/2010.

Palavras-chave: Estacas, fator de segurança, Aoki-Veloso e Decourt-Quaresma

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1. Introdução

Estacas são elementos de fundação de grande importância pois transmitem as cargas

da edificação para o solo, e o seu dimensionamento equivocado pode resultar em sérios pro-

blemas na edificação, e até mesmo desperdício de materiais. Portanto, se torna extremamente

importante e necessário o conhecimento dos tipos de estacas, para se definir a mais adequada

para uma obra. Com este trabalho, pretende-se fazer um comparativo da capacidade de carga

entre os métodos de Aoki-Veloso e Decourt-Quaresma, avaliar a diferença e verificar se o

fator de segurança utilizado no estudo de uma obra está de acordo com a ABNT NBR

6122/2010.

2. Objetivo Gerais

Fazer o cálculo da capacidade de carga de estaca tipo Hélice Contínua através de ele-

mentos obtidos a partir de um caso real, comparando com cálculos obtidos pelos métodos

Aoki-Veloso e Decourt-Quaresma. Além disto, busca-se verificar se o fator de segurança em-

pregado está conforme padrões estabelecidos pela ABNT NBR 6122/2010.

2.2. Objetos específicos

Realizar um estudo de caso de uma obra para avaliar se a estaca escolhida é a mais

adequada. Para o tipo de estaca utilizado, efetuar os cálculos de capacidade de carga pelos

métodos de Decourt-Quaresma e Aoki-Veloso, verificando-se possíveis diferenças entre os

métodos, e com os resultados obtidos, verificar se o fator de segurança empregado na estaca

utilizada na obra está conforme o recomendado pela NBR 6122/2010.

3. Revisão de Literatura

3.1 Solo

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2

É todo material proveniente da “decomposição de rochas’’ pela ação de agentes físicos

e químicos, contendo ou não matéria orgânica. Esta ação dos agentes tende a fazer com que as

rochas se desintegrem e decomponha-se dando assim origem ao solo. (NBR 6502-1995)

3.2 Fundação profunda

Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de pon-

ta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, e que

está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mí-

nimo 3 m, salvo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas, os tubulões e os

caixões. (ABNT NBR 6122/2010).

3.3 Estacas

Segundo Alonso 2010, as estacas são elementos de fundações esbeltos executados no

solo por cravação ou perfuração. De acordo com a ABNT NBR 6122/2010, estaca é um ele-

mento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem

que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de operário. Os materiais empregados

podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in situ ou mistos.

3.4. Classificação Das Estacas

Alencar, 2010, classifica as estacas segundo seguintes critérios:

- Estacas tipo (i), de madeira;

- Estacas tipo (ii), de concreto;

- Estacas tipo (iii), de aço e;

- Estacas tipo (iv), mistas.

De acordo Hachich et. al, 2012, as estacas podem ser separadas, segundo o efeito no solo que

provocam ao serem executadas. Segundo este critério, as estacas são classificadas como:

“De deslocamento’’: são aquelas introduzidas no terreno através de algum processo que

não promova a retirada do solo.

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3

“De substituição”: são aquelas executadas “in situ” através de um processo de perfuração

do solo por um processo qualquer com a remoção do material.

Terzaghi e Peck, 1967, apud Alencar e Rezende,2010, classificam as estacas em três tipos:

Estacas de atrito em solos granulares muito permeáveis: são estacas que transferem boa

parte da carga em atrito lateral. Sem processo de cravação próximas umas das outras reduz

a porosidade do solo e compacta o solo em torno e dentro do grupo.

Estacas de atrito em solos finos de baixa permeabilidade: são estacas que também transfe-

rem boa parte de sua carga por atrito lateral, porém estas estacas não compactam o solo.

Estacas de ponta: são estacas que transferem as cargas em uma camada profunda em rela-

ção a base da estrutura.

3.5 Tipos de estacas

3.5.1. Estaca Tipo Hélice Contínua

Tipo de estaca moldada “in situ”, perfuração mecânica através de uma hélice, com in-

jeção de concreto pela haste central da hélice simultaneamente a sua retirada. Sua armação e

introduzida logo após a injeção do concreto. (ALENCAR e REZENDE 2010, p. 272)

Método de execução desta estaca: perfuração, lançamento de concreto simultaneamen-

te a retirada da hélice e colocação da armadura. A figura 1, a seguir, ilustra um exemplo de

execução de estaca tipo Hélice Contínua.

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Figura 1 - execução de Estaca Hélice Contínua Fonte: GEOFIX, 2019

As estacas tipo hélice contínua oferecem solução para os seguintes casos:

- Execução em locais onde a vibração pode ocasionar danos às edificações vizinhas;

- Terrenos com nível de água elevado;

- Em grande quantidade de estacas onde não há variação do diâmetro, como estruturas

de contenção associadas ou não a tirantes protendidos.

De acordo Hachich et. al, 2012, sua sua faixa de carga é de 350 kN a 5000 kN, e não são re-

comendadas em locais com presença de matacões e rochas.

3.5.2. Estacas Strauss

Conforme ABNT NBR 6122/2010, Estaca Strauss é um tipo de fundação profunda

executada por perfuração através de balde sonda (piteira), com uso parcial ou total de reves-

timento recuperável e posterior concretagem.

Segundo Alonso, 2010, as estacas Strauss abrangem uma faixa de carga entre 200 kN

a 800 kN.

3.5.3. Estaca Franki

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A ABNT NBR 6122/2010 define a estaca tipo Franki como o tipo de fundação pro-

funda caracterizada por ter uma base alargada, obtida introduzindo-se no terreno uma certa

quantidade de material granular ou concreto, por meio de golpes de um pilão. O fuste pode ser

moldado no terreno com revestimento perdido ou não ou ser constituído por um elemento pré-

moldado.

Alonso,2010 informa que este tipo de estaca abrange uma faixa de carga entre 550 kN

a 1700kN, porem seu processo executivo causa muita vibração.

3.5.4. Estaca cravada por percussão

Definida pela ABNT NBR 6122/2010 como o tipo de fundação profunda em que a

própria estaca ou um molde é introduzido no terreno por golpes de martelo (por exemplo: de

gravidade, de explosão, de vapor, de diesel, de ar comprimido, vibratório). Em certos casos,

esta cravação pode ser precedida por escavação ou lançagem.

De acordo com Alonso, 2010, caracterizam-se por serem cravadas no terreno por per-

cussão, podendo ser constituídas por um ou dois elementos estruturais (não mais do que dois

elementos). Estas estacas possuem uma faixa de carga entre 200 a 1500 kN se forem de con-

creto pré-moldado, e de 400 a 3000 kN se forem metálicas.

3.5.5. Estacas Escavadas

Essas estacas geralmente são executadas e usadas para cargas acima de 1500 kN.

3.5.5.1. Estaca de reação (mega ou prensada)

Segundo a ABNT NBR 6122/2010, estaca introduzida no terreno por macaco hidráuli-

co reagindo com uma estrutura existente ou criada para esta finalidade.

3.5.5.2. Estaca raiz

Segundo a ABNT NBR 6122/2010, estaca armada e preenchida com argamassa de

cimento e areia, executada através de perfuração rotativa ou roto-percussiva, revestida intei-

ramente por tubo metálicos recuperáveis.

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3.5.5.3. Estaca escavada com injeção ou microestaca

Segundo a ABNT NBR 6122/2010, estaca armada, executada através de perfuração ou

roto-percussiva e injetada com calda de cimento por tubos ou válvulas (manchete).

3.5. Procedimento para escolha de uma fundação

A escolha de um tipo de estaca somente deve ser feita após constatar que a mesma sa-

tisfaz as condições técnicas do local e do tipo de terreno. Para a definição do tipo de fundação

é necessário ainda fazer uma sondagem do terreno para conhecer todas as suas características.

Conforme Hachich et. al, 2012, a sondagem é um procedimento geotécnico de campo, capaz

de amostrar o subsolo. Quando associado ao ensaio de penetração dinâmica, SPT, mede a

resistência do solo ao longo da profundidade perfurada.

Além da sondagem, devem ser conhecidos os seguintes elementos:

Proximidade dos edifícios, bem como seu tipo de fundação e estado da mesma.

Natureza e características do subsolo no local da obra.

Grandeza das cargas a serem transmitidas pelas estacas.

Limitação dos tipos de estacas presentes no mercado existente.

O problema é resolvido por eliminação, escolhendo-se, entre as estacas existentes,

aquela que satisfaça tecnicamente o caso em questão. (Alonso, Urbano Rodrigues 2010, p117)

3.6 Cálculo de capacidade de carga das estacas

Para o cálculo da capacidade de carga de uma estaca, de acordo com Alonso, 2010 é

comum o uso de prova de carga. Conforme a ABNT NBR 6122/2010, a carga admissível de

uma estaca será dada por:

𝑃 ≤,

ou 𝑃 ≤,

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7

Onde P’ é a carga correspondente a ,

daquela que produz o recalque admissível, e

PR é a carga de ruptura da estaca.

A seguir serão expostos os métodos de Aoki e Velloso e de Decourt e Quaresma, con-

forme estabelecido em Alonso,2010. Em ambos os métodos, o cálculo da capacidade de carga

de uma estaca é igual à soma das parcelas de atrito lateral e a parcela de ponta.

𝑃𝑅 = 𝑃𝐿 + 𝑃𝑃 = Capacidade de carga

𝑃𝐿 = 𝑈. ∑𝛥𝑙 . 𝑟𝑙 = Parcela de atrito lateral

𝑃𝑃 = 𝐴 . 𝑟𝑝 = Parcela de ponta

Onde:

𝐴 = área da projeção da ponta da estaca.

𝑟𝑝 = resistência de ponta

𝑟𝑙 = resistência lateral

𝛥𝑙 = Trecho onde se admite rl constante

𝑈 = perímetro da seção transversal do fuste

A diferença entre os dois métodos está na estimativa de valores 𝑟𝑙 e 𝑟𝑝.

Segundo Aoki e Velloso:

𝑟𝑝 = K.N / F1

𝑟𝑙 = α.K.N / F2

𝑁 = Valor do SPT onde se admite rl constante.

𝛼 𝑒 𝐾 = Valores que depende do tipo de solo e pela tabela 1.1

𝐹1 𝑒 𝐹2 = Valores que depende do tipo de solo e pela tabela 1.2

Segundo Decourt e Quaresma:

𝑟𝑙 = 10 ⋅ + 1

𝑟𝑝 = C ⋅ 𝑁

Onde:

N = valor médio do SPT ao longo da estaca (anexo 1).

C = coeficiente obtido pela tabela 2.

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𝑁 = Média entre os SPT na ponta da estaca e o imediatamente acima e abaixo.

Tabela 1.1 – Valores coeficientes α e K propostos por Aoki e Velloso

Tipo de terreno K (kPa) α (%)

Areia 1000 1,4

Areia siltosa 800 2,0

Areia silto-argilosa 700 2,4

Areia argilosa 600 3,0

Areia argilo-soltosa 500 2,8

Silte 400 3,0

Silte arenoso 550 2,2

Silte areno-argiloso 450 2,8

Silte argiloso 230 3,4

Silte argilo-arenoso 250 3,0

Argila 200 6,0

Argila arenosa 350 2,4

Argila areno-siltosa 300 2,8

Argila siltosa 220 4,0

Argila silto-arenoso 330 3,0

Fonte: (ALONSO, 2010, p.104)

Tabela 1.2 – Valores de F1 e F2

Tipos de estacas F1 F2

Frank 2,5 5,0

Pré-moldadas 1,75 3,5

Escavadas 3,0 6,0

Fonte: (ALONSO, 2010, p.104).

Tabela 2 – Valores de C para cada tipo de solo, valores para estacas escavadas.

Tipo de solo C (kPa)

Argilas 100

Siltes argilosos 120

Siltes arenosos 140

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9

Areias 200

Fonte: (ALONSO, 2010, p.104)

As cargas admissíveis em elementos de fundação são obtidas pela aplicação de

fatores de segurança, conforme a Tabela 3, sobre os valores de capacidade de carga obtidos

por cálculo ou experimentalmente, com aplicação de fator de segurança não inferior a 1,5.

(ABNT. NBR 6122: Projeto e execução de fundações).

Tabela 3 - Fatores de segurança globais mínimos

Condição Fator de segurança

Capacidade de carga de fundações superficiais 3,0

Capacidade de carga de estacas ou tubulões sem

prova de carga

2,0

Capacidade de carga de estacas ou tubulões com

prova de carga

1,6

Fonte: ABNT NBR 6122, p.6

Quando todas as cargas forem levadas em consideração, pode-se, na combinação

mais desfavorável, majorar em 30% os valores admissíveis das tensões no terreno e das cargas

admissíveis em estacas e tubulões, entretanto este valor não deve ser ultrapassado caso quan-

do há somente cargas permanentes. (ABNT. NBR 6122: Projeto e execução de fundações).

3.7.1 Fator de segurança DÉCOURT-QUARESMA

O método DÉCOURT-QUARESMA, utiliza fatores de segurança diferentes para as

parcelas de atrito lateral e de ponta lembrando que estes não devem ser confundidas com os

fatores de segurança da norma. (CINTRA, AOKI, 2010, p. 42).

𝑃𝑅′ =𝑃𝐿

1,3+

𝑃𝑃

4

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10

3.7.2 Fator de segurança AOKI-VELLOSO

Também aqui o fator de segurança é adotado, geralmente igual a 3. (ALONSO, 2010,

p.102).

4. Metodologia

Foi feito estudo de caso em uma obra de um hipermercado, em terreno com área apro-

ximada de 12.800m², executado em estrutura metálica, com alvenaria de bloco de concreto. O

local da obra ocupa toda uma quadra e possui frente para a principal avenida da cidade, região

com alto tráfego de veículos. Sua vizinhança conta com casas novas e antigas, e aparentemen-

te não possuindo edificações em estado “precário” de conservação.

As fundações foram executadas em estacas tipo Hélice Contínua. Teve-se acesso ao

projeto de fundações, a partir do qual foi possível coletar os dados sobre as estacas utilizadas,

profundidade das estacas, carga admissível adotada em projeto, diâmetro, quantidade de esta-

cas. Estes dados estão presentes no projeto de fundações.

De acordo com o projeto, verificou-se que foram utilizados 2 diâmetros diferentes de

estacas. A carga dos pilares não foi fornecida pela construtora, porém obteve-se acesso ao

relatório de sondagem (SPT) (anexo 1) e à planta de locação das estacas para coleta de infor-

mações.

As estacas utilizadas na obra são de diâmetro de 40 cm e 50 cm sendo 49 estacas de

diâmetro de 40cm e 150 estacas de diâmetro 50 cm. A capacidade de carga das estacas adota-

da em projeto foi de 700 kN para diâmetro de 50 cm, e 400 kN para diâmetro de 40 cm, com

profundidade das estacas variando de 11 a 12 metros. A quantidade de estacas por bloco vari-

ou de 2 a 4 estacas por bloco.

Ressalta-se que a ABNT NBR 6122/2010, recomenda pelo menos 1 (uma) prova de

carga para obras que contenha mais de 100 estacas, que é o caso da obra em questão porem

não foi informado se esse ensaio foi realizado.

O solo, por sua característica heterogênea possui diferentes tipos de composição e gra-

nulometria, dispostos em camadas além do lençol freático (nível d’água). Todas estas caracte-

rísticas são obtidas a partir da sondagem e são extremamente importantes para escolha da es-

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11

taca a ser utilizada. A partir da sondagem é possível ainda determinar-se os fatores, α, K e N,

para o cálculo da capacidade de carga de estacas pelos métodos de Aoki-Veloso e Decourt-

Quaresma.

Portanto, a partir das características do solo, obtidas a partir dos relatórios de sonda-

gens, calculou-se a capacidade de carga segundo os métodos de Aoki-Veloso e Decourt-

Quaresma para todos os 6 furos de sondagem (anexo 1), porém, será descrito apenas a memó-

ria de cálculo do furo 1,considerando uma estaca de 50 cm de diâmetro.

Figura 2: Local da obra Fonte: Acervo próprio (2019).

Figura 3: Local da obra Fonte: Acervo Próprio (2019).

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Figura 4: Estacas hélice contínua para cargas menores (diâmetro menor), armadas e pron-tas para concretagem. Fonte: Acervo Próprio (2019).

Figura 5: Pilares metálicos Fonte: Acervo Próprio (2019).

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Figura 6: Estacas hélice continua para cargas maiores (diâmetro maior) prontos. Fonte: Acervo Próprio (2019).

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Cálculo das estacas

Conforme relatório de sondagem, para o furo 1, existem 3 tipos de solos. Para a de-

monstração do cálculo, estes tipos de solo serão definidos como:

Camada 1, Solo: argila arenosa, com pedregulhos de quartzo, mole a média, cor mar-

rom claro, profundidade 2 metros.

Camada 2, Solo: silte arenoso micáceo, com pedregulhos de quartzo, pouco compacto

a compacto, cor variegado, profundidade: 4 metros.

Camada 3, Solo: silte arenoso, com pedregulhos de quartzo, compacto a muito com-

pacto, cor variegado, profundidade: 5 metros.

Com os dados obtidos do projeto de locação e SPT anexo 1 temos:

Page 19: TCC - Mateus 10 07 2019 revisado por renato

14

Informações das estacas Dados das estacas

Diâmetro das estacas 50 cm

Profundidade das estacas 11 a 12 metros

Carga admissível para cada estaca 700 kN

Fonte: Autor.

5.2 Cálculo das estacas segundo AOKI-VELLOSO

Camada 1

Fatores Valores e/ou cálculos Resultados

N (3 + 6)

2

4,5

K 350 kN 350 kN

α 2,4% 0,024

F1 3 3

F2 6 6

PL 0,024 ⋅ 350 ⋅ 4,5 ⋅ 𝜋 ⋅ 0,5 ⋅ 2

6

19,79 KN

Camada 2

Fatores Valores e/ou cálculos Resultados

N (5 + 7 + 11 + 24)

4

11,75

K 550 kN 550 kN

α 2,2% 0,022

F1 3 3

F2 6 6

PL 0,022 ⋅ 550 ⋅ 11,75 ⋅ 𝜋 ⋅ 0,5 ⋅ 4

6

148,89 KN

Fonte: Autor.

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15

Camada 3

Fatores Valores e/ou cálculos Resultados

N (40 + 37 + 45 + 50 + 50)

5

44,4

K 550 kN 550 kN

α 2,2% 0,022

F1 3 3

F2 6 6

PL 0,022 ⋅ 550 ⋅ 44,4 ⋅ 𝜋 ⋅ 0,5 ⋅ 5

6

703,25 KN

Fonte: Autor.

Resistencia de ponta

Fator Cálculo Resultado

N 50 50

K 550 kN 550 kN

PP 550𝑥50𝑥𝜋0,25

3

1799,87 KN

Fonte: Autor.

Carga de ruptura

PR = 19,79 + 148,89 + 1799,87 = 2671,8 kN

Aplicando o fator de segurança previsto na NBR 6122:

Fator cálculo Resultado

1,6 (com prova de carga) 2671,8

1,6

1669,9 kN

2 (sem prova de carga) 2671,8

2

1335,9 kN

Como foi utilizado, no projeto em estudo, uma capacidade de carga de 700 kN verifi-

ca-se, que esse valor somente seria encontrado aplicando-se um fator de segurança de apro-

ximadamente 3,8, que é muito maior que o fator de segurança exigido pela ABNT NBR 6122

Page 21: TCC - Mateus 10 07 2019 revisado por renato

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5.3 Cálculo das estacas DÉCOURT-QUARESMA

Com os dados obtidos do projeto de locação e SPT anexo 1 temos:

Informações das estacas Dados das estacas

Diâmetro das estacas 50 cm

Profundidade das estacas 11 a 12 metros

Carga admissível para cada estaca 700 kN

Fonte: Autor.

Resistência de ponta

Fatores Valores e/ou cálculos Resultados

𝑵 (50 + 50 + 50)

3

50

C 140 kN 140 kN

PP 140.50. 𝜋. 0,25 1374,4 KN

Resistência lateral

Conforme relatório de sondagem (furo 1) verificou-se a existem 3 tipos de solos. Po-

rém, este método não faz distinção entre os tipos de solos presentes, considerando-se apenas

os valores de SPT encontrados.

Fatores Valores e/ou cálculos Resultados

𝑵 (3 + 6 + 5 + 7 + 11 + 24 + 40 + 38 + 45 + 50 + 50)

11

25,36

PL 10.

25,36

3+ 1 . (2. 𝜋. 0,25.11)

1633,5 KN

Carga de ruptura, considerando o fator de segurança sugerido pelo método.

Fator cálculo Resultado

PR 1633,5

1,3+

1374,4

4

1600,2 KN

Page 22: TCC - Mateus 10 07 2019 revisado por renato

17

Fonte: Autor.

Como este método sugere fatores de segurança diferentes dos fatores de segurança da

NBR 6122, não foi possível calcular um fator de segurança equivalente ao exigido pela tabela

3.

5.4 Resumo dos resultados

Capacidade de carga de projeto = 700kN

Capacidade de carga calculada AOKI-VELLOSO = 1335,9 kN

Capacidade de carga calculada Décourt-Quaresma = 1600,2 kN

6. Considerações finais

Conforme verificado, a capacidade de carga calculada pelo método AOKI-VELLOSO

foi de 1335,9 kN. E a capacidade de carga calculada pelo método Décourt-Quaresma foi de

1600,2 kN. Esses dois valores são bem divergentes do valor utilizado no projeto da obra estu-

dada, que foi de 700 kN. Como não houve acesso a mais informações, não há como conhecer

as razões dessa grande divergência de valores.

Considerando-se a existência de um ensaio de capacidade de carga (obrigatório por

norma nesta obra) e consequentemente utilizando-se o fator de segurança 1,6 (tabela 3), a

capacidade de carga calculada pelo método de AOKI-VELLOSO seria de 1670 kN. Observa-

se, portanto, que neste estudo de caso, as capacidades calculadas pelos 2 métodos seriam se-

melhantes.

Verificando-se os relatórios de sondagem apresentados no anexo 1, verifica-se que se-

ria possível utilizar outros tipos de estacas diferentes da hélice contínua, dentre elas: metáli-

cas, pré-moldadas, estacas escavadas, tipo Frank, Strauss.

Como não foram fornecidos maiores detalhes a respeito do desenvolvimento do proje-

to e não houve acesso aos engenheiros responsáveis pelos projetos e pela execução da obra,

não foi possível conhecer as razões que levaram à escolha da estaca tipo hélice contínua.

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Referências bibliográficas

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ANEXOS 1

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