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Design, Arte, Moda e Tecnologia. São Paulo: Rosari, Universidade Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2010 126 Resumo Dividido em seis partes, o presente artigo tem início na discussão acerca das definições de sistema de impressão em face da dualidade pré-digital e digital. Expostos alguns dos sistemas de impressão mais utilizados percebe-se a necessidade de uma classificação dos mesmos. Nesta etapa são revistas as classificações dos principais autores da área para então tornar-se possível a consolidação de uma nova proposta, mais completa e que facilita o processo de escolha de um sistema de impressão. A sugestão de avaliação dos sistemas de Villas-Boas (2008) é revista e acrescida do critério da sustentabilidade, novo paradigma do design. Conclui-se então que a inclusão de critérios não só tecnológicos, mas também sociais e ambientais no debate sobre classificação e escolha dos sistemas de impressão é fundamental para nortear as decisões dos designers contemporâneos. Palavras-Chave: classificação; escolha; sistema de impressão e sustentabilidade CLASSIFICAçãO E ESCOLHA DE UM SISTEMA DE IMPRESSãO Leonardo A. Costa Buggy; Me.: Universidade Federal de Pernambuco Lia Alcântara Rodrigues; Mestranda: Universidade Federal de Pernambuco [email protected] [email protected]

Artigo_classificação e Sistema de Impressão

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ResumoDividido em seis partes, o presente artigo tem início na discussão

acerca das definições de sistema de impressão em face da

dualidade pré-digital e digital. Expostos alguns dos sistemas

de impressão mais utilizados percebe-se a necessidade de

uma classificação dos mesmos. Nesta etapa são revistas as

classificações dos principais autores da área para então tornar-se

possível a consolidação de uma nova proposta, mais completa e

que facilita o processo de escolha de um sistema de impressão.

A sugestão de avaliação dos sistemas de Villas-Boas (2008) é

revista e acrescida do critério da sustentabilidade, novo paradigma

do design. Conclui-se então que a inclusão de critérios não só

tecnológicos, mas também sociais e ambientais no debate sobre

classificação e escolha dos sistemas de impressão é fundamental

para nortear as decisões dos designers contemporâneos.

Palavras-Chave: classificação; escolha; sistema de impressão e

sustentabilidade

ClassifiCação e esColha de um sistema de imPRessão

Leonardo A. Costa Buggy; Me.: Universidade Federal de Pernambuco

Lia Alcântara Rodrigues; Mestranda: Universidade Federal de [email protected]

[email protected]

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Classificação e escolha de um sistema de impressão

objetivos

- Atualizar o conceito de impressão diante da dualidade pré-digital e digital;

- Realizar uma revisão no modo de classificação das tecnologias de impressão mais

utilizadas no cotidiano dos designers gráficos;

- Propor uma nova classificação dos sistemas de impressão;

- Inserir o conceito de sustentabilidade na avaliação dos sistemas de impressão;

- Contribuir para a tomada de decisão dos designers ao selecionar um sistema de

impressão.

o que é sistema de impressão?As definições mais ortodoxas do termo impressão estão associadas diretamente ao ato

ou efeito de encontrar dois corpos, de modo que um transporte um grafismo qualquer para

o outro. Ribeiro (2003) o define melhor como arte ou processo de reproduzir pela pressão

dizeres ou imagens em papel, pano, couro, folha de flandres e outros materiais mediante

uso de prensa ou prelo de qualquer sistema. Já Baer (2005), mais objetivo, o caracteriza

simplesmente como uma reprodução mecânica repetitiva de grafismos sobre suportes, por

meio de fôrmas de impressão.

Ribeiro (3002) destaca o equipamento que promoverá a transferência dos grafismos

por meio de pressão e Baer (2005) a matriz ou fôrma que será pressionada contra o suporte

permitindo a reprodução. Tais definições mostram-se complementares e intimamente ligadas

a dois elementos fundamentais para a sua caracterização, mesmo que sub-entendidos,

matriz e suporte de impressão. Todavia, no decorrer da obra dos citados autores observa-

se claramente a conversão dessa dupla em tríade, tendo em vista a recorrência da tinta no

discurso de ambos enquanto condutor dos grafismos a serem reproduzidos.

Segundo McMurtrie (1965) uma antiga prática chinesa dos séculos V e VI da era cristã

de se estampar carimbos com tinta no papel já envolvia esses elementos de modo semelhante

ao que seria aplicado pela histórica invenção de Gutenberg, séculos mais tarde. Assim, a

tipografia e algumas tecnologias antecessoras à imprensa implicam definitivamente tinta,

matriz e suporte na conceituação primária do termo impressão. Contudo, os incrementos

digitais que sucederam à entrada do setor gráfico na era da informática – inúmeras gerações

após o primeiro uso dos tipos móveis – comprometem a integridade de algumas definições

ainda hoje adotadas por uma série de autores.

A ausência de um corpo material para ocupar o lugar da matriz de impressão em muitos

sistemas digitais reforça o conceito de reprodução presente no contexto da impressão, abalando

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significativamente a prerrogativa da pressão entre corpos anteriormente imprescindível. Com

isso, toda uma corrente de pensamento teórico concentrada em torno da produção gráfica

vê-se diante de uma quebra abrupta de paradigma e convidada a repensar vários de seus

conceitos.

Em acordo com essas perspectivas digitais Fernandes (2003) entende a impressão

como um processo de reprodução de imagens sobre uma ou mais superfícies, desprendendo

do conceito o elemento matriz. Collaro (2005) segue a mesma linha de pensamento mas,

enaltece o aspecto industrial inerente ao tema ao afirmar que impressão é a transferência

de grafismos para suportes por meio de processos que os transformam em cópias seriadas

idênticas. Sobretudo para ele o enfoque da multiplicação em série é claro e independente do

aspecto mecânico abordado por Baer (2005), mérito de um pensamento contemporâneo que

não deve passar despercebido.

Uma abordagem mais extremista e pragmática é adotada pela Adobe (2009) –

importante desenvolvedor de softwares para o meio gráfico – que separa absolutamente a

impressão de seu conceito primário. A documentação de ajuda ao usuário do Photoshop

CS3, seu principal produto, a define como processo de enviar imagens para dispositivos de

saída, numa clara alusão ao ato de controlar as ações de um hardware periférico via software.

Essa simplificação demasiada do termo restringe sua aplicação ao universo digital e pode

sujeita-lo a uma crescente diversificação da natureza dos dispositivos de saída de dados, nem

sempre projetados para reproduzir grafismos em superfícies.

Visto que processo e resultado se confundem na maioria das definições de impressão

abordadas é prudente destacar as denotações processuais como melhor referidas ao termo

sistema de impressão e as de resultado ao termo impresso. Isto posto, é possível constatar que

as definições unicamente baseadas nas tecnologias dos sistemas de impressão anteriores aos

digitais tendem a enfocar matriz e suporte como pilares conceituais e os posteriores, grafismo

e suporte. Ambas, contudo, compreendem a tinta como condutor recorrente do grafismo para

o suporte em várias circunstâncias.

Como a matriz cumpre a função de guardar o grafismo e este está presente em

qualquer sistema de impressão, a perspectiva digital moderada, por assim dizer, pode ser

assumida na atualidade sem maiores prejuízos ao entendimento contemporâneo do termo. É

importante que o fator mecânico enfatizado por alguns autores seja suprimido afim de se evitar

confrontos infrutíferos frente ao fotoquímico, elétrico, eletrônico, entre outros. Já o caráter de

reprodução em série deve ser observado enquanto potencial e sua realização deve submeter-

se a alguns critérios, como os de escolha do sistema de impressão indicados por Villas-Boas

(2008): deficiências e vantagens apresentadas pelo processo; tiragem; custo; suporte; oferta

e operacionalidade de fornecedores; conhecimento prévio do processo e usabilidade.

De modo geral, a persistência no uso de conceitos pré-digitais pode originar estranhos

conflitos, como o questionamento da legitimidade de uma página obtida através de um sistema

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jato de tinta enquanto impresso, já que a mesma não implica na geração de uma matriz de

corpo físico.

alguns dos sistemas de impressão mais utilizadosEm linhas gerais, uma série de autores concorda que os designers utilizam com mais

freqüência alguns sistemas de impressão específicos no seu cotidiano, seja para produção ou

acabamento de suas peças gráficas. Tipografia, flexografia, offset, rotogravura, tampografia,

serigrafia, jato de tinta e laser são alguns desses sistemas que recebem maior atenção. Desse

modo, o preparo da suas matrizes e mecânica de funcionamento serão descritos a seguir para

qualificá-los de forma adequada.

As principais características dos impressos resultantes de cada sistema e algumas

outras informações relevantes também serão apresentadas.

tipografiaA invenção da prensa para o uso de tipos móveis proposta por Gutenberg em 1450 foi

uma inovação tecnológica revolucionária sem precedentes na historia gráfica (FRIEDL; OTT;

STEIN; 1998). Apesar dos chineses já utilizarem tipos móveis de cerâmica, madeira ou mesmo

bronze, cerca de quatro séculos antes, o uso da prensa adequado ao alfabeto latino provocou

grande impacto na produção editorial mundial (RIBEIRO, 2003). A simplicidade do sistema

de escrita ocidental combinada a tecnologia originária da xilogravura foi a chave para o seu

sucesso.

Responsável pelo surgimento da imprensa como entendemos foi o único processo

industrial de impressão durante séculos e o principal até bem pouco tempo, aproximadamente

1950 (Fernandes 2003: 131).

Primariamente a tipografia implica na composição manual de textos através da

combinação de tipos feitos com uma liga de chumbo, antimônio e estanho organizados em

bandejas metálicas, galés, com o auxilio de instrumentos que definem a largura das colunas,

componedores. Madeira e linóleo também são utilizados para a confecção de tipos de corpos

maiores.

Depois de organizados linha a linha esse tipos são presos a um quadro de perfil metálico,

rama, com o auxílio de barras de ferro, cotaços, que são pressionadas contra as paredes

internas da rama através da ação de alargadores, cunhos. Somente então a matriz, presa a

rama, será fixada a impressora (CRAIG, 1996: 16).

Os tipos possuem caracteres que encontram-se em relevo – 23,566mm no sistema

francês, mais usado no Brasil, e 23,317mmno sistema anglo-americano – para serem entintados

sem permitir que a área ao seu redor, sendo mais baixa em média 1mm, receba tinta e portanto

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imprima. Após depositada na superfície alta dos tipos por meio de rolos flexíveis – operados

manual ou mecanicamente – a tinta pastosa é transferida diretamente para o suporte por meio

de pressão, semelhante ao que se faz com um carimbo (CRAIG, 1996: 80).

Todavia, o arranjo puramente de tipos móveis não é a única possibilidade de obtenção

de matriz tipográfica. O uso de clichês para a representação de ilustrações a traço e retículas

combinado aos tipos é muito comum nesse sistema.

Há três tipos básicos de impressoras tipográficas: de platina, plano-cilíndricas e rotativas.

Na de platina duas superfícies planas se juntam para imprimir, uma contém a matriz e

a outra, chamada de platina, proporciona a pressão necessária ao processo. Há dois tipos de

maquinas de platina: a de cofre plano, utilizada por Gutenberg, e a vertical, conhecida como

Minerva ou Boca de Sapo.

A plano-cilíndrica consiste num cofre plano, que sustenta a matriz e um cilindro que

substitui a platina. A primeira impressora plano-cilíndrica foi fabricada por Friederich Koenig,

em 1811 (CRAIG, 1996: 82).

Por fim, a cilíndrica, diferente das outras, possui matriz curva, que se encaixa no

cilindro ou o envolve completamente. Este cilindro da matriz recebe pressão de um outro

cilindro para realizar sua tarefa atingindo velocidades mais altas que as outras impressoras

tipográficas. Uma evolução da plano-cilíndrica utilizada pela primeira vez em 1814 pelo jornal

Times (HEITLINGER, 2006).

Atualmente a tipografia é utilizada pelos designers em pequenas e até médias tiragens

de projetos especiais e/ou para acabamento de impressos. As impressoras de platina resistem

em várias gráficas atuais que as utilizam para realizar a numeração de talonários e aplicação de

relevo seco, sendo muitas vezes adaptadas para corte&vinco e hot-stamping.

flexografiaDe acordo com a Flexographic Technical Association (2009) a flexografia é originalmente

um sistema de impressão tipográfico total que utiliza clichês de borracha e tintas líquidas de

rápida secagem. Uma adaptação das impressoras tipográficas cilíndricas para produções de

baixo custo com anilina criada por volta de 1860 nos Estados Unidos.

Atualmente a flexografia utiliza matrizes de fotopolímeros que são entintadas por

um cilindro dotado de sulcos conhecido como anilox. De modo geral, a tinta é depositada

nesse cilindro de superfície metálica ou cerâmica e transportada do tinteiro para a matriz.

Todavia Fernandes (2003: 140) afirma que a matriz de flexo é entintada diretamente por um

rolo revestido de moletom que funciona como se fosse uma almofada umedecida flexível –

mecânica somente verificada nas impressoras mais antigas.

Um entendimento mais claro do avanços tecnológicos é apresentado por Villas-Boas

(2008: 92-95) que divide as impressoras flexográficas em três tipos: rudimentar, convencional

e de ultima geração.

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As rudimentares funcionam conforme Fernandes (2003) indica.

As convencionais já funcionam com o cilindro do tinteiro em contato com o anilox

para intermediar a distribuição de tinta a base de álcool ou água na matriz. As máquinas

são equipadas para impressão simultânea de seis a doze tintas diferentes. Suas fôrmas

relevográficas planas flexíveis ao curvarem-se para fixação no cilindro da matriz, chamado

cilindro da borracha, deformam-se comprometendo a qualidade da impressão.

Por fim, as de última geração implicam em quatro inovações básicas que permitem

explorar retículas impressas com qualidade próxima as do offset: o uso de sistema CTP para

moldar a laser os grafismos das matrizes, o uso de tintas UV, o uso de matrizes cilíndricas de

fotopolímeros – as chamadas camisas – e o contato direto do anilox com o tinteiro. Sobretudo

a compensação da deformidade provocada pela curvatura das matrizes planas ocorrida nas

camisas e a maior qualidade e durabilidade das tintas permitem meios-tons mais definidos.

Muitas impressoras de flexografia possuem sistemas de acabamento e montagem

de embalagens acoplados, realizando tarefas além da impressão, tais como: corte, dobra,

colagem, selagem plástica, grampeamento, etc.

Comum, até bem pouco tempo, no setor de embalagens apenas para a produção de

caixas e sacolas plásticas de baixa qualidade a flexografia hoje é utilizada na confecção de

embalagens de biscoitos, laticínios, chocolates e produtos de higiene.

offsetO offset é um sistema de impressão baseado na litografia, uma técnica de gravura

inventada em 1798 na Alemanha, por Alois Senenfelder. O principio básico da litografia é a

incompatibilidade recíproca entre água e substâncias gordurosas.

Mais de um século após a invenção da litografia o offset surge em 1903, por obra do

americano Washington Rubel. O mesmo princípio foi utilizado no offset, as zonas de impressão

das matrizes, chapas de impressão, são lipófilas e atraem a tinta gordurosa, repelindo a água.

Por sua vez, as zonas não impressoras são hidrófilas e atraem a água repelindo a tinta.

Dois avanços da litografia foram determinantes para o desenvolvimento da impressão

offset: a invenção da fotolitografia, impressão litográfica baseada nas propriedades da

albumina bicromatada, e a substituição das matrizes de pedra por lâminas metálicas de zinco

ou alumínio (BAER, 2005: 187-188).

Hoje, esse sistema é capaz de reproduzir grafismos de várias cores em diversos suportes

em uma escala industrial. A maioria das impressoras offset são fabricadas para funcionar com

uma, duas ou quatro tintas diferentes. Cada tipo de impressora dá naturalmente suporte a um

tipo de trabalho. As projetadas para operar com uma tinta por vez suportam a monocromia,

as com duas tintas suportam a bicromia e as com quatro suportam a policromia. Todavia,

esta relação não é estanque. É possível, por exemplo, realizar com sucesso trabalhos de

bicromia em impressoras concebidas para operar com monocromias. Basta imprimir o papel

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duas vezes, carregando a máquina com uma tinta diferente a cada vez. Do mesmo modo, os

outros equipamentos podem adequar-se a soluções desta natureza ou simplesmente ignorar

a possibilidade de uso de uma tinta.

Muito do que é preciso saber para entender a mecânica de funcionamento da impressão

offset está ligado a dois aspectos: o funcionamento de um castelo de impressão e os tipos de

impressoras.

Castelo de impressão é o nome dado ao conjunto de cilindros, ou módulo impressor, que

compõem o mecanismos de funcionamento básico das impressoras offset. Toda impressora

desta natureza possui ao menos três cilindros que irão agir em rotação: cilindro da chapa,

cilindro de borracha e cilindro de impressão.

O cilindro da chapa é envolvido com a matriz de impressão e recebe a aplicação direta

de tinta, pela ação dos cilindro entintadores, e solução de molhagem (normalmente composta

por água e ácido fosfórico), pela ação dos cilindros molhadores.

O cilindro de borracha, também chamado blanqueta ou caucho, toca o cilindro da

chapa e recebe a imagem que é transferida para sua superfície neste momento. É o caucho

quem toca a superfície do papel. A matriz de impressão nunca toca diretamente o papel

caracterizando o processo offset de impressão como indireto.

O cilindro de impressão desempenha a função de pressionar o papel contra o caucho

para permitir a transferência da tinta ao papel.

A qualidade da impressão offset se deve em grande parte a transferência indireta da

imagem ao suporte. O excesso de tinta e sobretudo de água eliminado pela blanqueta poderia

comprometer a resistência do papel. Também a dureza da superfície da matriz em contato

com o suporte não permitiria que a tinta fosse depositada adequadamente. Mesmo que

praticamente microscópicas, as imperfeições da superfície dos papeis devem ser cobertas

de tinta em seus altos e baixos relevos para que não haja falhas nos grafismos resultantes,

operação impossível para o duro metal da chapa.

Cada cor de seleção ou especial utilizada em um trabalho determina na prática uma

impressão diferente, uma entrada em máquina e cada entrada demanda um castelo. Assim,

uma máquina própria para monocromia possui apenas um castelo, uma própria para bicromia,

dois e uma para policromia, quatro. Todos dispostos em seqüencia linear.

Cada castelo recebe apenas uma chapa de impressão por vez e por conseqüência é

carregado com uma tinta para cada entrada de máquina.

Uma curiosidade comum ao offset que pode influenciar no resultado das impressões

é o ganho de ponto das impressoras. Trata-se de uma característica praticamente única de

cada equipamento que aumenta ou diminui ligeiramente a dimensão dos pontos gravados

nas chapas. Também por conta desta característica as matrizes devem apresentar todos os

dispositivos gráficos de controle de cor presentes nos arquivos finalizados e nos fotolitos.

Planas e rotativas são os tipos mais comuns de impressoras offset.

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As planas são alimentadas por folhas de papel e podem ser grandes, médias e de

pequeno porte. O dimensionamento desses portes está diretamente relacionado ao tamanho

das folhas com as quais alimenta-se essas máquinas.

As menores utilizam formatos próximos aos de uso caseiro, como A4, ofício, A3 e até

duplo ofício. As de médio porte utilizam-se de formatos baseados no chamado corte industrial,

fabricado para atender as demandas da industria gráfica. Os formatos mais comuns partem

do BB. As impressoras de médio porte são alimentadas com papéis a partir de formato 4, ou

seja ¼ de folha BB, até formato 2, ½ de folha BB, ou simplesmente B. Por fim, as impressoras

de grande porte trabalham com formatos acima de B, quase sempre com folhas inteiras.

Apesar das impressoras de menor formato terem caído em dês-uso o tamanho das

impressoras não reflete atualmente a tecnologia que elas possuem, nem tão pouco sua

qualidade. Impressoras de médio porte tem sido fabricadas com altíssima tecnologia.

As rotativas são alimentadas por bobinas de papel e normalmente apresentam reversão.

Reversão é o recurso que permite com que esses equipamentos imprimam as duas faces do

papel ao mesmo tempo. São muito utilizadas nos parque gráficos de jornais e algumas grandes

gráficas que necessitam de prazos curtos para impressão e acabamento. Em muitos casos

as rotativas possuem equipamentos de dobra, refile e encadernação de alta performance

acoplados a sua estrutura, o que acarreta ganho significativo de tempo na realização de vários

trabalhos (BUGGY, 2009: 16-18).

RotogravuraSegundo Craig (1996) e Fernandes (2003) a rotogravura tem origem nos processos

de gravura em metal encavográficos de pressão plana, como ponta seca, talho-doce e água

forte. Curiosamente, Villas-Boas (2008) atribui esta origem a industria têxtil do século XIX.

É sabido que uma série de impressões, normalmente monocromáticas, foi desenvolvida na

Europa naquela época através da ação de rolos gravados (GINZBURG, 1993). A pressão linear

desses sistemas de impressão têxteis e a forma de suas matrizes faz plausível essa teoria,

apesar da mesma não encontrar eco na obra de outros autores da produção gráfica. De toda

sorte, o uso de matriz metálica com áreas de grafismo gravadas em baixo relevo para conter

tinta é comum às duas origens mencionadas.

A impressão rotográfica se realiza da seguinte forma: um cilindro de superfície metálica

e/ou cerâmica é imerso dentro do tinteiro e girado para ser completamente coberto pela tinta.

Este cilindro possui todas as informações do grafismo registradas em reticulas de pontos

côncavos. Para evitar excesso de tinta no contato com o suporte, a matriz é raspada por uma

espécie de rodo metálico, a racla, fazendo com que a tinta fique depositada nas cavidades do

cilindro. Após esta operação a matriz toca o suporte pressionado por um cilindro de impressão

(FERNANDES, 2003: 139). Desse modo, o suporte busca a tinta que se aloja nas pequenas

perfurações da superfície da matriz, os alvéolos.

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O uso de tintas líquidas a base de solventes fortes e voláteis, como o thinner, é imposto

pela velocidade da rotogravura e pela dimensão minúscula dos alvéolos.

As impressoras de rotogravura são normalmente equipamentos de grande porte

dimensionados para execução de altas e altíssimas tiragens com grande qualidade (RIBEIRO,

2003). Os suportes podem ser os mais diversos. Papel, papelão, plásticos, tecidos, metal,

etc. Em geral, o acabamento é realizado in line (processos acoplados às impressoras)

como na flexografia, incluindo plastificação e aplicação de vernizes. É muito comum que

essas impressoras de alta performance trabalhem simultaneamente com seis a oito tintas

possibilitando impressão simultânea de cores de seleção e cores especiais (VILLAS-BOAS,

2008: 100).

Pode-se citar como impressos do processo de impressão de rotogravura os miolos de

revistas de grande tiragem, maços de cigarros e as embalagens flexíveis de produtos como

biscoito, café, etc. (FERNANDES, 2003: 139).

tampografiaInventado recentemente, por volta de 1970, a tampografia segundo Fernandes (2003)

é uma resposta para atender às necessidades de impressão no interior de objetos côncavos.

Todavia, superfícies de objetos convexos também podem ser impressas pelo mesmo processo.

Existem dois tipos elementares de impressoras tampográficas: a de tinteiro enclausurado

e a de tinteiro aberto.

Nas impressoras de tinteiro aberto um clichê encavográfico é percorrido por um bico

distribuidor de tinta, para que, a seguir uma racla remova a tinta das áreas de contragrafismo,

forçando também a entrada da mesma nas áreas de grafismo. Na seqüência, uma peça de

silicone muito flexível, o tampão, é pressionada sobre a matriz, a tinta adere a essa peça e é

por ela transferida para o suporte, que deve estar acomodado em um gabarito (FERNANDES,

2003: 144).

O componente mais sensível do processo tampográfico, o tampão, é um elastômero

inalterável com alto poder de transferência basicamente constituído por uma mistura de

borracha de silicone, óleo e catalisador, todos cuidadosamente dosados. Sua forma e dureza

são determinantes para a qualidade e velocidade da impressão.

Muito utilizada no setor de brindes para impressão de objetos tridimensionais a

tampografia utiliza tintas líquidas e coloidais para a produção de pequenas e médias tiragens

(FERNANDES, 2003: 144).

serigrafiaSegundo Fernandes (2003: 141) o processo de impressão serigráfico foi inventado na

China há alguns séculos. Dov Kruman (2000) editor do jornal O Serigráfico – importante veículo

do mercado nacional especializado – indica a mesma origem datando-a, contudo, 3.000 anos

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antes da era cristã. O primeiro registro desta impressão seria um selo real com o qual as

monarquias imperiais da Ásia Menor davam valor de documento a um escrito. Já Baer (2003)

acredita que sua origem esteja no Japão.

Séculos ou milênios, China ou Japão? Independente da idade e origem, este sistema

consiste em uma evolução mais de perspectiva do que de tecnologia de um método de

gravura, classificado por Fajardo (1999: 70) como gravura a estampilha, para um sistema de

impressão comercialmente aceito.

É fato que, recentemente, a serigrafia ganhou uma série de incrementos e passou

a atender tiragens de volumes sensivelmente ampliados em relação a impressão plana

convencional (VILLAS-BOAS, 2008).

Segundo Ribeiro (2003: 134) a serigrafia baseia-se num principio muito simples, consiste

no resultado da compressão de tintas líquidas ou coloidais, com uma espátula normalmente

de borracha, o rodo, através de um estêncil elaborado numa tela de fios tramados, sobre a

superfície que se quer imprimir.

De modo geral as impressoras serigráficas dividem-se hoje em dois grandes grupos:

planas e rotativas.

As planas podem ser manuais, semi-automáticas ou mesmo automáticas e utilizam o

mesmo tipo de matriz confeccionada a partir de um bastidor de madeira ou metal no qual é

tencionada uma tela de seda, náilon ou metal. As áreas de contragrafismo são impermeabilizadas

para inibir a passagem da tinta (FERNANDES, 2003: 141-142).

As rotativas partem do mesmo principio de permeabilidade, mas suas matrizes são

cilíndricas e proporcionam uma pressão linear. Esses cilindros são formados por telas metálicas

com malha de níquel confeccionadas por processo galvânico. A tinta é localizada dentro da

matriz e transferida para o suporte a partir da pressão de raclas que se localizam do seu

interior (VILLAS-BOAS, 2008: 89-90).

A serigrafia é um sistema extremamente versátil que permite a impressão não só sobre

papel e tecido, mas também sobre laminados plásticos, plásticos rígidos, tecidos, lonas,

suportes tridimensionais, metais, vidros, cerâmica e uma infinidade de materiais, inclusive em

superfícies convexas (VILLAS-BOAS, 2008: 85). Fernandes (2003) também inclui superfícies

de pouca concavidade nessa lista de possibilidades.

Se por um lado o desenvolvimento de sistemas digitais comprometeu o emprego da

serigrafia na área da sinalização – placas, banners, faixas, entre outros outrora eram quase que

exclusivamente produzidos serigraficamente – e o desenvolvimento da flexografia comprometeu

seu emprego no setor de embalagens, por outro a indústria de eletrodomésticos e placas de

circuito abriu uma nova seara para o desenvolvimento desse processo de impressão.

Jato de tintaProcesso empregado pelas impressoras pessoais mais bem aceitas hoje no mercado

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o jato de tinta é o sistema digital de mais baixo custo de aquisição (VILLAS-BOAS, 2008:

p.110). Possui boa precisão e qualidade de impressão, com fácil manuseio e manutenção

(FERNANDES, 2003: 151). Nesta condição, é muito utilizado pelos designers para geração de

provas durante a concepção dos projetos gráficos.

A Hewlett-Parkard, inventora do sistema, desenvolveu a primeira impressora jato de

tinta em 1976, todavia ela somente tornou-se um produto de consumo doméstico em 1988.

De modo geral, suas impressoras funcionam conectadas a um sistema digital de

tratamento de imagens e operam a partir do controle por arquivos de pulsos eletrônicos, como

qualquer outro sistema digital. Considerados por muito autores como matrizes não-físicas

esses arquivos impossibilitam o contato entre matriz e suporte. Toda informação de grafismo

contida neles é decodificada para a compreensão das impressoras através de uma linguagem

de descrição de página que irá controlar os cabeçotes de impressão.

Os cabeçotes, ou cabeças, são peças chave na tecnologia jato de tinta. São

responsáveis pela aspersão de jatos de tinta, geralmente líquida e a base de água, desferidos

quase sempre sob demanda contra os suportes (FERNANDES, 2003: 149-151). Além da tinta

líquida algumas impressoras utilizam tintas sólidas.

Segundo Baer (2005: 125) as impressoras jato de tinta dividem-se em dois tipos: as

que trabalham com tinta, cujo jato funciona sob demanda (drop on demand) e as de jato

contínuo (contunuous flow).

As impressoras sob demanda funcionam por meio de vaporização de gotículas de tinta,

as bubble jet (jato de bolhas), ou pela ação de bombeamento, as piezoelétricas (VILLAS-BOAS

2008: 110). Esta classificação é muito bem aceita pelos principais fabricantes de impressoras

jato de tinta, HP, Epson e Canon.

As impressoras bubble jet aquecem a tinta líquida no interior de pequenos reservatórios,

os cartuchos de impressão, através de uma resistência, formando pequenas bolhas de ar que

fazem a tinta espirrar contra o suporte orientadas por micro dutos presentes nas cabeças

de impressão. Cabe frisar que a tinta empregada neste sistema não encontra-se vaporizada

dentro dos cartuchos, apenas entra em ebulição no momento da impressão.

Por sua vez, as piezoelétricas funcionam como uma bomba microscópica, borrifando

tinta sobre o suporte. Neste caso, as cabeças de impressão possuem um pequeno canal

dentro do qual posiciona-se um cristal. Ao receber eletricidade este cristal vibra, fazendo com

que gotículas de tinta sejam expelidas para fora do cartucho (EPSON DO BRASIL, 2009).

Villas-Boas (2008) ainda chama atenção para uma terceira espécie de impressora jato

de tinta sob demanda, a de troca de estado. Essas impressoras que utilizam-se da mudança

de fase da tinta trabalham com lâminas de sólidas que são derretidas e borrifadas contra

os suportes onde tornam a solidificar-se com o auxílio de cilindros, agentes de pressão e

resfriamento.

Nas impressoras de jato contínuo a tinta não é lançada de modo intermitente. Nelas

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mecanismos lançam a tinta de maneira constante dirigindo eletroestaticamente os jatos contra

o suporte (BAER, 2005: 125).

Empregada em pequenos formatos a impressão jato de tinta contempla sobretudo

papeis. Em formatos maiores possibilitam a impressão em lonas, películas auto-adesivas de

vinil, tecidos, papeis e uma serie de filmes gráficos (FERNANDES, 2003: 152).

Independente do tamanho e do tipo de tinta todas as impressoras jato de tinta utilizam-

se de retículas estocásticas. Desde 1993 essa alternativa para simulação de meios-tons ganha

espaço na industria gráfica. A retícula estocástica reproduz tons não por pontos organizados

geometricamente numa pequena rede – como no caso das reticulas de ponto comuns a

maioria dos sistemas de impressão – mas, por uma distribuição aparentemente aleatória de

respingos microscópicos de tinta (07 a 40 milésimos de milímetro) distribuídos em áreas de

maior ou menor concentração (VILLAS-BOAS, 2008: 47, 110).

laserEm termos genéricos, Baer (2005: 205) afirma existir pelo menos três sistemas

eletrográficos amplamente reconhecidos: a xerografia ou eletrofotografia indireta, a

eletrofotografia e a impressão eletroestática. Villas-Boas (2008) compartilha dessa lógica,

todavia, não há consenso claro entre os principais autores contemporâneos da produção

gráfica nacional a respeito desta divisão.

Baer (2005) se refere a impressão laser como xerográfica, Villas-Boas (2008), por sua

vez, como digital e Fernandes (2003), como eletroestática. Essas diferenças podem suscitar

dúvidas a respeito dos conceitos envoltos nesta classificação de sistema de impressão.

Apesar dos conflitos conceituais, parece sensato crer que o sistema laser é resultado

da evolução da xerografia, de sistema convencional para digital, conforme indica Fernandes

(2003: 152).

Elaborada por Carlson em 1938 e aperfeiçoada no Battelle Memorial Institute, nos

Estados Unidos, a xerografia foi associada ao laser em 1960 originando a copiadora Xerox

914 (XEROX DO BRASIL, 2009). Em 1989 a mesma empresa lança a impressora DocuThec,

um marco na transição do uso de eletricidade estática na impressão. Esse equipamento foi

criado para funcionar simultaneamente como copiadora e impressora digital (VILLAS-BOAS,

2008: 84).

Segundo Fernandes (2003: 152) originalmente as copiadoras trabalhavam apenas com

matrizes físicas – um original que servia de padrão para reprodução de cópias. Com a adição

da capacidade de comando por sistemas digitais operado a partir de arquivos os princípios do

processo laser xerográfico não foram alterados.

O funcionamento desse tipo de impressão se dá, inicialmente, pela ação de feixes

de laser que carregam eletroestaticamente um cilindro revestido de selênio nas áreas que

correspondem ao que será impresso. Simultaneamente, o toner recebe um carga eleroestática

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de sinal oposto ao do cilindro. Desta forma, a eletricidade estática do cilindro, concentrada nas

áreas que formam a imagem que será reproduzida, atrai o toner, que adere então ao cilindro

e, em seguida, é transferido para o suporte, que recebeu carga elétrica de maior intensidade.

Finalmente, a imagem formada pelo toner é fixada no suporte por calor e pressão ou somente

por calor, etapa denominada de polimerização.

Toner é uma tinta não condutora, geralmente em forma de pó seco, algumas vezes

disperso em liquido, cujas partículas plásticas são carregadas eletroestaticamente e transferidas

para o suporte (BAER, 2005: 205).

Vale lembrar que o cilindro funciona como uma espécie de suporte para a matriz que

é virtual. Uma vez finda a impressão, ele se regenera para construir uma nova matriz. O uso

dessas matrizes virtuais permite ajustes e customização de impressos em qualquer tiragem

(VILLAS-BOAS, 2008: 80).

Atualmente a chamada impressão laser é muito utilizada para pequenas tiragens, pois

não possui custo de partida – custo fixo associado a chapas, fotolitos e acerto de máquina.

Porém, o custo unitário da impressão laser é maior se comparado ao offset e a outros sistemas

convencionais acima de tiragens médias.

Para pequenos formatos as opções de suportes são limitadas, normalmente reduzida

aos papeis indicados e/ou produzidos pelos fabricantes das impressoras. Já para grandes

formatos, utilizados no mercado de sinalização, as opções são mais variadas passando por

tecidos, lonas, películas auto-adesivas de vinil, filmes gráficos e papeis (VILLAS-BOAS, 2008:

80-83). Uma lógica de uso muito semelhante ao encontrado no segmento do jato de tinta.

outros processosAlguns processos de menor popularidade merecem certa atenção dos designers. Apesar

de pouco difundidos ocupam espaços específicos no mercado de impressão revelando-se

muitas vezes opções interessantes. Tratam-se de adaptações e/ou inovações dos demais

processos já vistos neste relato.

Di-litho é uma evolução da litografia originaria dos anos 1970. Um processo simples

que consiste no uso de chapas offset em maquinas tipográficas. Seu resultado é superior a

impressão tipográfica e inferior a offset.

Letterset foi durante muito tempo conhecido como offset seco, título hoje ostentado

pelo sistema Indigo. Também originário dos anos 1970, é um processo misto, com matrizes em

relevo de fotopolímero adaptadas a impressoras offset. Os grafismos em relevo são entintados

e transferidos para uma blanqueta de borracha para enfim chegar ao suporte.

O Indigo é conhecido como o offset digital. Um processo que alia uma matriz típica da

eletrografia, virtual e determinada por fenômenos eletroestáticos, com uma impressão indireta

por meio de blanqueta, característica comum ao offset convencional.

Sob a ação de um laser, direcionado pelos dados digitais fornecidos por arquivos

Classificação e escolha de um sistema de impressão

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informatizados, as imagens que serão impressas são definidas eletroestaticamente num

cilindro fotocondutor orgânico. A energia eletroestatica atrai a tinta, a electroink, para essas

áreas. Para impressos com mais de uma cor esta operação ocorre mais de uma vez antes

da tinta ser transferida para uma blanqueta também eletroestática revestida de teflon. Da

blanqueta todas as tintas são transferidas simultaneamente para o suporte.

Este é um dos raros processos em que apenas uma impressão ocorre durante o uso

de tintas de cores diferentes. Normalmente as impressoras Índigo são equipadas para operar

com até seis cores ao mesmo tempo nas duas faces do suporte.

Routers são plotters de corte dotados de facas de grande resistência, capazes de

cortar, esculpir ou cavar madeira, alumínio, poliuretano e outros suportes rígidos (VILLAS-

BOAS, 2008: 104-109).

A transferência térmica se dá a partir da passagem de pigmentos que tem como veículos

cera ou plástico, geralmente em forma de fita, para o suporte. Sua impressão é superior ao

jato de tinta e laser, todavia não muito popular em nosso país.

A sublimação, ou dye sublimation, utiliza tintas solidas em forma de filme, que

são transferidas para o suporte por meio de cabeçotes via pressão e/ou ação térmica. A

transferência de pigmentos obedece ao nível de calor determinado pelo cabeçote: quanto

mais quente, mais pigmento é transferido. Seus pontos possuem tamanho fixo, mas variam

em densidade do centro para as bordas. São equipamentos de altíssima precisão e suas

impressões reproduzem meios tons com incomparável qualidade. Alguns birôs de pré-

impressão chegam a utilizar essas impressoras como impressoras de prova, mesmo este

procedimento não sendo plenamente recomendado.

Embora não seja um processo de impressão Villas-Boas (2008: 108) considera que o

corte eletrônico deve ser abordado por tratar-se de um processo de reprodução largamente

empregado pelos designers.

Para entender melhor este sistema digital de reprodução de grafismos é importante

conhecer previamente o conceito de plotter.

O termo plotter hoje reúne uma enorme variedade de processos diferenciados que

pouco ou nada têm a ver entre si. Originalmente associado a equipamentos de reprodução

de imagens em grandes formatos voltados a cartografia e engenharia a partir de 1990 passou

a ser referir a impressoras jato de tinta alimentadas por papéis de largura superior a 50 cm.

Atualmente os plotters também abrangem equipamentos de grandes formatos que utilizam as

tecnologias laser e de corte eletrônico.

Os plotters de corte eletrônico, ou simplesmente de corte, são equipados com pequenas

facas de precisão dedicadas à determinação das imagens a partir do recorte do suporte,

normalmente lâminas de vinil adesivo em bobinas. Dos mesmo modo que as impressoras

jato de tinta e laser, os plotters de corte são controlados por arquivos digitais que orientam as

cabeças de corte na descrição dos grafismos desejados.

Classificação e escolha de um sistema de impressão

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Esse equipamentos são capazes de reproduzir apenas imagens a traço. Uma vez

ajustados os arquivos a esta condição cada película auto-adesiva de vinil é recortada de forma

que a profundidade desses cortes não alcance a base de papel que protege o adesivo e que

mantém unida toda a superfície do suporte mesmo após a ação das lâminas.

Efetuando o processo no número de lâminas condizente com o número de cores

desejado, elas são afixadas de modo que uma se sobreponha à outra, formando o layout

desejado.

Muito utilizado no setor de sinalização para viabilizar a produção de banners e placas

os plotters de recorte podem auxiliar no acabamento de pequenas tiragens de impressos

oriundas de sistemas de impressão digitais ou mesmo convencionais (BUGGY, 2009).

Nova proposta de classificação dos sistemas de impressãoA decisão pelo uso de definições mais ou menos ortodoxas do termo impressão interfere

diretamente na classificação dos tipos de sistemas.

Segundo Villas-Boas (2008: 57) a forma e o tipo de funcionamento da matriz que

cada sistema utiliza sugerem uma das maneiras mais eficientes de classificá-los. Assim,

se considerarmos uma visão contemporânea para analisar a forma das matrizes podemos

identificar sete grandes tipos de sistemas de impressão:

• Relevográficos. Sistemas que utilizam matriz em alto-relevo. Neles os grafismos que

serão impressos ficam em relevo na matriz e são entintados para serem impressos no

suporte mediante pressão. Trata-se do mesmo princípio utilizado nos carimbos;

• Encavográficos. Sistemas que utilizam o mecanismo inverso ao dos relevográficos,

baseiam-se numa matriz em baixo-relevo. Os elementos que serão impressos são

formados por áreas em baixo-relevo na matriz, que armazenam a tinta para ser

transferida ao suporte mediante pressão;

• Planográficos. Sistemas nos quais não há qualquer relevo para determinar a impressão.

Neles a matriz é sempre plana e fenômenos físico-químicos de repulsão e atração

fazem com que a tinta se aloje nas áreas de grafismo para que sua reprodução no

suporte ocorra;

• Permeográficos. Sistemas que utilizam matriz permeável. Os grafismos são

determinados por áreas permeáveis ou perfuradas da matriz que permitem a passagem

da tinta de modo que atinja o suporte conforme planejado;

• Eletrográficos. Nesses sistemas a matriz é plana como nos planográficos, porém

os grafismos são determinados, seja na matriz ou no próprio suporte, a partir de

fenômenos eletrostáticos – e não físico-químicos. A terminologia para esses processos

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ainda não está consolidada e muitas vezes eles são mencionados como processos

digitais, processos eletrônicos, etc. devido ao fato de que os originais se constituírem

em dados informatizados;

• Digitais. Sistemas que utilizam matriz virtual formada por impulsos elétricos originários

de um sistema informatizado. Como também se caracterizam pelo fato de o original

ter a forma de dados informatizados, muitas vezes são erroneamente associados aos

eletrográficos. São sistemas muito diferenciados entre si, em geral adequados a tiragens

únicas, como provas de impressos que serão produzidos em médias ou altas tiragens;

• Híbridos. São aqueles que envolvem componentes diferentes, como a matriz própria

de um sistema aplicada à impressão própria de outro, por exemplo. Em geral referem-

se a equipamentos ou tecnologias muito específicos, quase sempre patenteados por

fabricantes do meio gráfico.

Por outro lado, se considerarmos o tipo de funcionamento dessas matrizes, levando em

conta sua interação com os suportes – conforme indicam Baer (2005: 63), Fernandes (2003:

128) e Ribeiro (2003: 129) – os sistemas podem ser divididos em apenas dois grandes grupos:

• De impressão direta. Também chamados de diretos, são sistemas nos quais ocorre

o contato direto entre a matriz e o suporte impresso (tipografia, flexografia, rotogravura,

serigrafia, etc.);

• De impressão indireta. Também chamados de indiretos, são sistemas nos quais há a

presença de um elemento intermediário usado para transferir o grafismo da matriz para

o suporte (offset, letterset, driografia, etc.).

A utilização dessas duas perspectivas combinadas é simpática a vários autores, tais

como Craig (1996), Collaro (2005), Rossi Filho (1999) e mesmo os já citados Villas-Boas

(2008), Baer (2005), Fernandes (2003) e Ribeiro (2003) que no decorrer de suas obras acabam

adotando ambas em suas definições para muitos casos.

Ribeiro (2003) ainda considera uma terceira perspectiva para classificar os sistemas,

na qual a impressão pode ocorrer mediante pressão plana, ou pressão linear. Pressão plana,

quando toda a superfície da matriz toma contato com toda a superfície do suporte. Pressão

linear, quando só uma parte da matriz toma contato com uma parte da superfície do suporte

(exemplo: impressão plano-cilíndrica).

As propostas de todos esses autores são complementares e podem ser utilizadas

juntas para classificar melhor os sistemas de impressão. Porém, algumas inclusões de classe

devem ser promovidas para atender a nova ótica. Essas acomodações serão mais sentidas

nas categorias da classificação quanto ao tipo de pressão exercida pela matriz no suporte.

Levando em conta sistemas como a tampografia, jato de tinta e laser é necessário

Classificação e escolha de um sistema de impressão

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acrescentar algumas novas categorias para adequar a definição da pressão exercida pela

matriz no suporte nesses casos. São elas:

• Pressão côncava. Ocorre quando toda a superfície da matriz côncava ou de um

elemento côncavo intermediário usado para transferir o grafismo toma contato com

toda a superfície convexa do suporte;

• Pressão convexa. Ocorre quando toda a superfície da matriz convexa ou de um

elemento convexo intermediário usado para transferir o grafismo toma contato com

toda a superfície côncava do suporte;

• Sem pressão. Alguns sistemas não prescindem do exercício de pressão para realizar

a transferência de grafismos da matriz para o suporte. Nesses casos esta nomenclatura

deve ser adotada.

Assim, as definições de Ribeiro (2003) para pressão plana e linear devem ser ajustadas

da seguinte forma:

• Pressão plana. Ocorre quando toda a superfície da matriz plana toma contato com

toda a superfície plana do suporte ao mesmo tempo;

• Pressão linear. Ocorre quando só uma parte da matriz toma contato com uma parte

da superfície do suporte por vez.

sistemas de impressãoClassificação quanto ao funcionamento da matriz

Classificação quanto

a interação da matriz

com o suporte

Classificação quanto ao tipo de pressão exercida pela matriz no suporte

Tipografia Relevográfico Direto Plana ou Linear

Flexografia Relevográfico Direto Plana ou Linear

Offset Planográfico Indireto Linear

Rotogravura Encavográfico Direto Linear

Tampografia Encavográfico Indireto ----

Serigrafia Permeográfico Direto Plana ou Linear

Jato De Tinta Digital Indireto ----

Laser Eletrográfico ou Digital ---- ----

Tabela 1: Quadro-resumo de classificações existentes dos sistemas de impressão

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aplicando a nova propostaInicialmente, apresenta-se um quadro-resumo das classificações discutidas no item

anterior. Esta compilação abriga as classificações segundo Craig (1996), Collaro (2005), Rossi

Filho (1999), Villas-Boas (2008), Baer (2005), Fernandes (2003) e Ribeiro (2003).

A proposta aqui apresentada utiliza os dados acima de forma sistemática e acrescenta

informações pertinentes a classificação quanto ao tipo de pressão exercida pela matriz no

suporte a fim de tornar este critério mais claro para sistemas como tampografia, jato de tinta

e laser.

escolha de um sistema de impressãoA escolha do sistema de impressão não é um processo automático que tem como

resposta o offset para toda e qualquer circunstância. Para definir o processo de reprodução,

Villas-Boas (2008) considera parâmetros que envolvem não apenas a qualidade final do

impresso requerida pela situação do projeto, mas também custos, prazos e operacionalidade

da produção. Assim, o autor acredita que devem ser levados em conta os 07 (sete) seguintes

aspectos:

• Deficiências e vantagens apresentadas pelo processo. Neste sentido a capacidade de

reproduzir determinados tipos de grafismos pesa na escolha do sistema de impressão;

• Tiragem, a quantidade de impressos reproduzidos em uma encomenda (FERNANDES,

2003). Alguns sistemas de impressão são viáveis apenas a partir de certas tiragens

(pequenas ‘unidades a centenas de exemplares’, médias ‘milhares de exemplares’,

altas ‘dezenas a centenas de milhares de exemplares’ e altíssimas ‘acima de centenas

de milhares de exemplares’);

• Custo. Determinados processos apresentam significativo custo fixo que só se justifica

em médias ou altas tiragens;

Classificação e escolha de um sistema de impressão

sistemas de impressão Classificação PropostaTipografia Relevográfico direto plano ou linear

Flexografia Relevográfico direto plano ou linear

Offset Planográfico indireto linear

Rotogravura Encavográfico direto linear

Tampografia Encavográfico indireto convexo

Serigrafia Permeográfico direto plano ou linear

Jato de Tinta Digital indireto sem pressão

Laser Eletrográfico ou Digital direto sem pressão

Tabela 2: Proposta de classificação dos sistemas de impressão

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• Suporte. Nem todos os sistemas adéquam-se a qualquer tipo de suporte desejado. É

preciso compreender as afinidades e indisposições de cada sistema;

• Oferta e operacionalidade de fornecedores. A disponibilidade de tecnologia combinada

a logística e ao preço praticado pelos mercados pode favorecer ou inviabilizar o uso de

um dado sistema;

• Conhecimento prévio do processo. A adequação prematura de um projeto, ainda

em fase de criação, ao sistema de produção é determinante para um uso eficiente de

recursos;

• Usabilidade. É preciso levar em conta se o produto será adequado ao uso que se

pretende dele. Cada sistema de impressão infere características próprias a seu resultado.

Após uma breve análise é possível verificar com facilidade que esses aspectos levados

em conta por Villas-Boas (2008) na escolha de um sistema de impressão não consideram

dimensões sociais, nem tão pouco ambientais. Dimensões essas contempladas em qualquer

perspectiva elementar de design contemporâneo. Assim, introduzir a sustentabilidade como

um oitavo aspecto a ser contemplado é uma proposta a ser considerada.

Determinados sistemas de impressão, suportes e acabamentos podem comprometer

a capacidade das futuras gerações em satisfazer suas próprias necessidades. A manipulação

de material com alto risco poluente, a geração de produtos de difícil reciclagem e/ou bio

degradação e o abuso de matérias primas devem ser considerados na escolha de um sistema

de impressão.

Segundo Jedlicka (2009), as considerações acerca da sustentabilidade para impressos

são as mesmas aplicadas a qualquer projeto de design. Inicialmente, deve-se definir o problema

a ser resolvido para em seguida planejar o ciclo de vida do impresso. Um impresso de vida

breve como um folheto de promoções do dia de um supermercado não deve mobilizar os

mesmos recursos de um livro, um bem muito mais permanente. Recursos como a laminação

e a reserva de verniz dificultam a reciclagem do suporte mais utilizado pela indústria gráfica,

o papel. A etapa de concepção do projeto gráfico deve considerar a vida útil do produto final

para a seleção do suporte e do sistema de impressão a ser adotado. A compreensão destes

aspectos tem impacto direto na primeira etapa do ciclo de vida: a pré-produção, fase que

se refere à aquisição de recursos, ao transporte dos mesmos até o local de produção e à

transformação destes em materiais e energia (MANZINI; VEZZOLI, 2005).

Cada projeto tem demandas específicas, mas, de modo geral, pode-se optar por

matéria-prima reciclada ou reciclável, atentando-se para a real possibilidade de reciclagem

na comunidade em que se está inserido e sua viabilidade. Cuidados como utilizar papel livre

de cloro e usar tintas à base de óleo vegetal facilitam a reciclagem dos produtos finais do

processo de impressão. Deve-se ainda evitar tintas que possuam metais pesados em sua

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composição, visto que estes elementos são tóxicos e podem causar sérios danos aos seres

vivos (JEDLICKA, 2009).

Durante a fase de produção, deve-se buscar empresas responsáveis socialmente,

que utilizem tecnologias limpas e que estejam próximas ao consumidor final, minimizando

o impacto ambiental gerado pelo transporte. No Brasil, apenas 7% das gráficas possuem

certificação ISO 14000, que contempla os critérios de sustentabilidade. Este fato dificulta a

opção por empresas certificadas, mas o SEBRAE e a ABIGRAF apontam que este número

deve dobrar até 2014 (BRITO, 2009).

Além disso, pode-se reduzir o impacto ambiental negativo da impressão offset através

de processos como a dryography (que não utiliza água), computer-to-plate (CTP) e direct

imaging (DI) (JEDLICKA, 2009). Os principais contaminantes gerados pelas empresas gráficas

advêm dos banhos necessários em vários processos, que geram efluentes líquidos que podem

conter metais pesados, óleos e graxas, solventes, soluções ácidas e alcalinas, reveladores e

fixadores (FIRJAN, 2006).

Fernandes, (2003: 128) acredita que a escolha do processo de impressão correto

para cada situação é facilitada pela classificação dos sistemas de impressão. De fato, o

estabelecimento de conexões entre os aspectos acima apresentados e as classificações

anteriormente comentadas, sobretudo as que dizem respeito a forma das matrizes de

impressão, auxilia na obtenção de respostas eficientes, tendo em vista as considerações

provocadas pelo inevitável cruzamento de dados.

ConclusãoA impossibilidade de uma matriz que não tenha corpo físico exercer pressão sobre um

suporte ou qualquer elemento intermediário e o crescente abandono de recursos puramente

mecânicos na configuração dos sistemas são os principais fatores que contribuíram para

a revisão do conceito de impressão feita no início deste artigo. Ao fazê-lo observou-se a

necessidade revisão no modo de classificação das tecnologias de impressão mais utilizadas

no cotidiano dos designers gráficos.

A complementaridade das tipologias de classificação verificada na literatura disponível

em língua portuguesa indicou a possibilidade de sua aglutinação em favor de um melhor

entendimento das diferenças e semelhanças entre os sistemas.

O estudo aqui apresentado promoveu os ajustes demandados pelo uso em paralelo das

formas de agrupamento vigentes propondo classes complementares e adequando a definição

de outras a nova realidade. Os critérios de seleção indicados por Villas-Boas (2008) também

foram apreciados e sua ampliação recomendada.

Essas propostas trazem um novo ânimo à produção gráfica, renovando a discussão

a seu respeito – a qual comumente se dá no âmbito tecnológico. Ciência e humanidade são

dimensões tocadas durante o debate sobre classificação e escolha dos sistemas de impressão

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promovidos ao longo deste trabalho.

A introdução de um novo paradigma presente em muitas das recentes pesquisas

desenvolvidas na área do design nos critérios de seleção adotados para decidir o uso de

um sistema de impressão é uma significativa contribuição deste trabalho. A sustentabilidade

é, atualmente, uma prerrogativa básica de qualquer projeto de design, dada a crescente

preocupação das pessoas com as alterações no meio ambiente e suas conseqüências que

apontam para um problema ainda maior: a insustentabilidade do estilo de vida do homem

contemporâneo. O design sustentável se apresenta como um importante agente destas

transformações, visto que a produção de artefatos pela indústria é norteada por seus princípios.

Através do design sustentável pode-se propor uma série de medidas condizentes com esta

nova demanda social e cultural.

De modo geral, o estudo da produção gráfica não dispensa a constante observação

conjunta da arte, tecnologia, humanidade e ciência. Refletir sobre esta perspectiva e praticá-

la no dia-a-dia conduz ao desenvolvimento de projetos de design eficientes e adequados a

realidade contemporânea. Saber, por exemplo, qual grafismo, papel e corte usar numa peça

gráfica para obter determinada resposta de um público específico não é suficiente se o seu

destino for desconhecido após o descarte. Esse impresso pode retornar em forma de problema

ao seu contratante e projetista, como lixo responsável por impactos ambientais negativos

e desperdício de matéria prima. Deve-se considerar, inclusive, a possibilidade de prejuízo

financeiro para o contratante decorrente do desgaste de sua imagem, pois a sociedade está

cada vez mais atenta a estas questões.

Neste artigo, preconiza-se a análise de todas as etapas do ciclo de vida dos impressos

como fator norteador nas tomadas de decisão de projeto, porém pesquisas mais aprofundadas

acerca do impacto ambiental dos insumos, produtos finais e descarte dos sistemas de

impressão abordados se fazem necessárias.

Uma análise mais pragmática revela que a produção gráfica conjuga saberes de outras

disciplinas do design para reunir diretrizes que servem ao cotidiano de quase todo profissional.

Ela viabiliza, a priori, projetos editoriais, sistemas de identidade visual, sistemas de sinalização,

embalagens e toda sorte de impressos de baixa complexidade revelando-se verdadeiramente

indispensável na formação de um designer.

Cotidianamente os designers, no exercício da produção gráfica, avaliam a pontualidade

e os custos de fornecedores para contratar serviços e materiais necessários a produção de

projetos de design. É praxe que se realize uma breve concorrência entre, pelo menos, três

fornecedores compatíveis entre si para viabilizar a tiragem ao menor custo possível. Uma vez

contratado o processo de produção é preciso acompanhar e revisar os trabalhos de pré-

impressão, impressão e pós-impressão.

Muitas vezes os mesmos designers também criam e finalizam os arquivos das

peças gráficas, o que gera um imenso comprometimento do profissional com o projeto a

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ser executado. Esse desempenho multitarefa acaba beneficiando os designers, do ponto de

vista da produção gráfica, pois enquanto produtor é preciso que se conheça a natureza e

a seqüência necessárias para transformar um projeto de design em impresso acabado. As

atualizações propostas neste artigo contribuem para a agilidade e precisão deste processo.

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