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Darly Fernando Andrade
(organizador)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social
Volume 3
1ª Edição
Belo Horizonte
Poisson
2017
Sustentabilidade e responsabilidade social
artigos brasileiros
organizadorJosé Henrique Porto SIlveira
Darly Fernando Andrade
(organizador)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social
Volume 3
1ª Edição
Belo Horizonte
Poisson
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S587s
Sustentabilidade e Responsabilidade Social
volume 3/ Organizador José Henrique Porto Silveira - Belo Horizonte (MG :
Poisson, 2017 255 p.
Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-11-9 DOI: 10.5935/978-85-93729-11-9.2017B001
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
1. Gestão. 2. Metodologia. I. Silveira, José
Henrique Porto Silveira. II. Título
CDD-658.8
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.
www.poisson.com.br
Apresentação
A concepção de sustentabilidade está associada à qualidade do que é sustentável, que
por sua vez está associado com a possibilidade de uma determinada atividade humana
prosseguir por um tempo indeterminado, portanto sustentabilidade e sustentável estão
vinculadas à possibilidade de continuidade das atividades humanas ao longo de um
tempo que transcende gerações e gerações. Na gênese desta concepção está também a
impossibilidade de estabelecer garantias de que a sustentabilidade vai se manifestar
na prática, isto porque a longo prazo ou na medida do tempo indeterminado, muitos
fatores são desconhecidos e imprevisíveis, sobretudo considerando também a
persistência de um modelo econômico muito focado na produção e no consumo,
ainda sem considerar limites.
Na nossa opinião, não se trata de uma concepção pessimista, até pelo contrário enseja
otimismo, especialmente quando podemos apresentar uma extensa coletânea de
estudos acadêmicos, individuais e de grupos, que de uma forma ou de outra ensejam a
sustentabilidade em uma ou mais de suas três principais dimensões: a econômica, a
social e a ambiental. Cada uma destas com muitas possibilidades que, no seu
conjunto, podem contribuir para ampliar a realização da sustentabilidade como
modelo de continuidade do planeta, por meio da compreensão e da aplicação do
desenvolvimento sustentável.
Neste sentido, compartilho com a opinião de alguns autores que afirmam que ao
falarmos de sustentabilidade, mais que atribuir um significado rígido a essa
expressão, buscar as conexões possíveis é muito mais relevante. E é isso que revela
os artigos aqui apresentados que incluem desde pensar modelos de manejo de água na
agricultura e na indústria, aproveitamento de resíduos industriais, uso mais
apropriado de fertilizantes na agricultura, até as mais diversas manifestações de
responsabilidade social.
Isto significa riqueza de possibilidades, significa introjeção da ideia de
sustentabilidade no ensino superior, isto significa começar a pensar de forma
sistêmica, onde tudo tem conexão com tudo, mas é preciso estar atento, seja qual for a
conexão estabelecida com a concepção de sustentabilidade, na medida em o
fundamental é que ela abra possibilidades que conduzam para a ação compromissada
em busca do bem comum, das pessoas, de todos seres vivos, da natureza, do planeta.
Essa oportunidade de leitura é fruto de esforços científicos de diversos autores,
devidamente referenciados ao final dessa publicação. Aos autores e aos leitores,
agradeço imensamente pela cordial parceria.
José Henrique Porto Silveira
SUMÁRIOCapítulo 1 - Sustentabilidade organizacional: Desafio dos gestores frente às questões ambientais 06
Capítulo 2 - Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e viabilidade da reciclagem de radiografias 16
Capítulo 3 - Estudo da gestão da qualidade na produção de serviços de intermediação financeira 25
Capítulo 4 - Estratégias de desenvolvimento sustentável: um estudo na Universidade Estadual do Centro-Oeste 36
Capítulo 5 - A implantação do gerenciamento de processos de TIC sob a perspectiva dos colaboradores 49
Capítulo 6 - A relevância do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos projetos de extensão sediados na UNESP campus deTupã 58
Capítulo 7 - Nova abordagem no reconhecimento de receitas e despesas ambientais atendendo a legislação e evidenciando a sustentabilidade e imagem empresarial 69
Capítulo 8 - O programa nacional de alimentação escolar (PNAE) como instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável da agricultura familiar 80
Capítulo 9 - Impactos socioambientais no processo de extração e transporte da argila em indústrias de cerâmica vermelha 92
Capítulo 10 - A sustentabilidade da agricultura orgânica familiar: o caso dos associados à cooperativa de produtores orgânicos de Poema - PR 104
Capítulo 11 - Terceiro setor e sustentabilidade: Projeto jovens rurais em movimento 115
Capítulo 12 - Programa de educação ambiental nos órgãos públicos do estado de Minas Gerais 125
Capítulo 13 - Logística reversa em uma cooperativa de catadores 136
Capítulo 14 - ABNT NBR 15401:2006 - Meios de Hospedagem - Sistema de gestão da sustentabilidade: análise crítica dos requisitos e os desafios da implantação e certificação 148
Capítulo 15 - Práticas de sustentabilidade: um estudo em organizações do setor farmacêutico 159
Capítulo 16 - Gestão de processos logísticos e importância social: Estudo de caso do banco de alimentos da Ceasa Campinas 170
Capítulo 17 - Responsabilidade social universitária: prática aplicada pelo Instituto Metodista Granbery na cidade de Juiz de Fora – MG 180
Capítulo 18 - Responsabilidade social empresarial: as ações realizadas e os fatores que motivam as empresas do Município de Ponta Grossa, Paraná 192
Capítulo 19 - Sustentabilidade: conscientização sobre educação ambiental com crianças em escolas públicas de Santa Maria - RS 202
Capítulo 20 - O empreendedorismo coletivo como fator de sucesso em arranjos produtivos locais: Um estudo de caso no APL de apicultura da cidade de Maranguape 211
Capítulo 21 - Gestão socioambiental: Estudo de caso em empresa alimentícia de grande porte no município de Itumbiara (GO) 221
Autores 236
Capítulo 1SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL: DESAFIO DOS GESTORES
FRENTE ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS
Ana Carolina Pilatti de Paula
Maria Salete Waltrick
Sandra Mara Pedroso
Resumo: A humanidade passou por vários estágios evolutivos em suas organizações. Em meio a esta evolução sustentabilidade organizacional surge como um diferencial competitivo importante para a manutenção das empresas no mercado, haja vista, a necessidade percebida pelos gestores da inserção do tema na pauta diária de trabalho. No momento em que as atenções estão voltadas para a preocupação com a vida presente e futura no planeta, este artigo apresenta os princípios da evolução das organizações, as mudanças ocorridas e a obrigatoriedade do tema sustentabilidade nas estratégias das organizações. Para tanto realizou-se uma pesquisa básica, qualitativa, exploratória e bibliográfica. Ao fim do artigo considerou-se a sustentabilidade organizacional um caminho estratégico avançado com propriedade de conceder representatividade para as organizações na busca por um desenvolvimento sustentável.
Palavras Chave: Sustentabilidade, mudança, gestão
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho trata a Responsabilidade Social
Corporativa ou Sustentabilidade Empresarial como
a incorporação de aspectos sociais e ambientais na
definição da estratégia, na operação do negócio e nas
interações com stakeholders.
Desenvolvimento sustentável, embora seja um tema
bastante discutido em variadas instâncias ainda há
propósitos que não participam de um consenso entre
as organizações havendo a necessidade de viabilizar
tentativas sensibilizadoras à gestão.
O que se pretende neste artigo é evidenciar a
importância do tema sustentabilidade no dia a dia dos
gestores das organizações, e a obrigatoriedade do
tema nas estratégias das empresas que pretendam se
manter no mercado.
Por esse contexto, estabeleceu-se o presente com a
seguinte problemática: os gestores das organizações
estão engajados na sustentabilidade das organizações
que gerenciam?
Para tanto realizou-se uma pesquisa básica,
qualitativa, exploratória e bibliográfica. Foram
selecionadas considerações a respeito da evolução
das organizações, a evolução histórica do tema
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável,
conceitos e definições.
2. A EVOLUÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES
A humanidade vivenciou inicialmente a sociedade
agrícola, baseada na subsistência pela agricultura
e criação de animais, com processos produtivos
artesanais nem nehuma preocupação com o meio
ambiente.
Com a revolução industrial por volta de 1850, surge a
era industrial, com a descoberta da máquina a vapor
e da energia elétrica, que transformaria os processos
produtivos, entretanto, a sociedade não via nenhuma
agressão ao meio ambiente, e não imaginava a finitude
dos recursos naturais.
Na era clássica, que perdurou até 1950, as empresas
começaram a se estruturar e surgiram as primeiras
teorias com Taylor e Fayol, para tentar explicar a
evolução das organizações. Foram estabelecidos
princípios e regras para melhorar os processos
produtivos, porém, a humanidade ainda não havia
despertado para os problemas ambientais.
Entre de 1950 e 1990, surge com Peter Drucker a
era neoclássica que postulava a preocupação com
resultados e não mais com os processos (SILVA,
2008). Com a era neoclássica, ocorre uma transição do
modelo de gestão mecanicista para um modelo mais
orgânico. Todavia, a discussão sobre sustentabilidade
iniciou somente na década de 1970, com maior
efetividade.
Com o início da era do conhecimento, em 1990, a
internet democratiza as informações (CARVALHO,
2012). Com isso o mundo começou a descobrir a
escassez de recursos naturais e os impactos que o
modelo econômico causou no planeta.
A atuação do homem na busca de sobrevivência vem
historicamente afetando o meio ambiente. Por outro
lado, o conflito entre objetivos individuais e coletivos
sempre permeou a humanidade, e no universo
corporativo não é diferente.
As organizações passaram a sofrer pressão da
sociedade e dos governos para que prestassem
atenção aos impactos causados ao meio ambiente,
e os executivos tiveram que inserir as questões
ambientais em suas pautas de trabalho.
A partir disso, mudanças ocorreram e ações foram
desenvolvidas, entretanto, os gestores ainda seguem
com muitos desafios para o enfrentamento de
questões de sustentabilidade, ao mesmo tempo que,
são considerados protagonistas das transformações
necessárias para uma revolução ambiental.
Essa abordagem aponta os princípios da evolução
das organizações, as mudanças ocorridas e o
surgimento do tema sustentabilidade na pauta diária
das empresas. Esse ensaio tem o objetivo de versar
sobre o tema sustentabilidade organizacional, origem
e conceitos da sustentabilidade e os desafios dos
gestores frente aos novos tempos.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
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3. SUSTENTABILIDADE
3.1. ORIGEM HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
O mundo corporativo tem um papel fundamental na
sociedade, seja para garantir a preservação do meio
ambiente, seja na definição da qualidade de vida de
seus colaboradores e comunidade.
Os tempos em que a empresa deveria responder
apenas aos seus acionistas, começou a mudar nos
Estados Unidos a partir da Segunda Guerra Mundial.
De lá para cá, diversas modificações aconteceram no
mundo corporativo nas questões de sustentabilidade.
Entende-se por sustentabilidade “o desenvovlvimento
que satisfaz as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprir suas próprias necessidades” (WCDE, 1987) Já a
definição do termo sustentabilidade corporativa ainda
não é bem claro por este estar associado a termos
presentes no meio empresarial como responsabilidade
social, responsabilidade social corporativa ou
cidadania corporativa.
Os impactos causados no planeta tiveram sua
origem na explosão demográfica e se agravaram
devido a falta de conscientização e educação
ambiental. Os primeiros registros sobre o tema
desenvolvimento sustentável, surgiram na década de
1970, na Conferência de Estocolmo, onde foi criado
um documento chamado “Nosso Futuro Comum”. O
documento atentava para a necessidade de um novo
tipo de desenvolvimento econômico, capaz de manter
o progresso e garantir que as próximas gerações
tivessem suas necessidades atendidas.
Vale ressaltar que, sustentabilidade organizacional
é também cuidar de pessoas, não só respeitando a
legislação, mas promovendo práticas empresariais e
processos produtivos ecológicos, viabilizando uma
melhor qualidade de vida para todos.
Durante muitos anos o homem explorou
exaustivamente os recursos naturais visando satisfazer
suas necessidades. As empresas realizavam suas
atividades produtivas sem pensar nas condições
ambientais, esquecendo-se que os recursos naturais
eram finitos.
Muitas conquistas foram alcançadas com o aumento
da produção e o desenvolvimento de novas
tecnologias, entretanto, o custo foi desproporcional
ao benefício, visto que, a retirada irracional de matéria
prima, juntamente com o desperdício nos processos
produtivos e os resíduos gerados, causaram danos
irrevercíveis ao planeta.
Nesse contexto, ambientalistas e ONGs,
desenvolveram ações com o intuito de frear os danos
causados ao planeta, todavia, a sociedade ainda
absorvia lentamente a consciência da necessidade de
cuidar do meio ambiente (ALIGLERI, 2009). Por outro
lado, pesquisadores da área buscavam provar que
desenvolvimento econômico sustentável é possível,
e pode até mesmo gerar lucro para a empresa. Na
literatura pode-se encontrar obras com relatos sobre
práticas de sustentabilidade que geram receita e até
reduzem custos para as organizações.
Sustentabilidade passou a ser uma vantagem
competitiva, e os benefícios para as empresas
são concretos e quantificáveis. Willard (2014)
demonstra como aumentar a receita e reduzir custos
compráticas sustentáveis. Por essa razão, os gestores
tentam incoporar a sustentabilidade às estratégias
organizacionais.
Salvar o planeta e obter lucros empresariais
não são conceitos excludentes, afirma o autor,
sobre a necessidade das empresas melhorarem
sua performance. Fazer a empresa lucrar com
sustentabilidade é um apelo utilizado, com o objetivo
de chamar a atenção dos gestores das organizações,
para a possibilidade de gerar receitas através de
práticas de sustentabilidade. O modelo econômico
vigente se mostrou insustentável e a continuidade da
vida no planeta está ameaçada.
Uma grande iniciativa foi a criação do ISE (Índice de
Sustentabilidade Empresarial), o qual é um ranking
da Bolsa de Valores, para tornar a organização
socialmente responsável e mais atraente para os
investidores. Porém, o progresso das atividades em
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
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prol da sustentabilidade ainda se mostra lento, haja
vista que os interesses econômicos globais, ainda
prevalecem sobre os sociais e ambientais.
Segundo Willard (2014), fazer negócios inteligentes
é incorporar sustentabilidade nas estratégias
e operações. A ideia de que ser uma empresa
sustentável prejudica os negócios, está aos poucos
sendo desconsiderada. Nesse contexto, as empresas
buscam soluções para melhorar sua imagem na
mídia, criando formas e ferramentas para agredir o
menos possível a natureza, e os executivos são os
protagonistas dessas ações.
A questão ambiental é ampla e profunda para ser tratada
apenas como instrumento de obtenção de lucros e
melhoria de imagem da empresa. Por outro lado, as
certificações, criadas para que as empresas ajustem
seus processos produtivos e práticas administrativas,
buscando reduzir ou eliminar impactos ao planeta, ISO
9000 e ISO 14000, são iniciativas importantes, que
obrigam as organizações a seguirem normas, para
alcançar tais certificações ambientais.
3.2. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE
Apesar de a literatura apresentar diversos conceitos
em torno do tema sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável, o conceito mais utilizado, conhecido e
proposto pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, no documento Nosso Futuro
Comum ou, como é conhecido, Relatório Brundtland, é
o processo que “satisfaz as necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de suprir suas próprias necessidades”. O relatório
aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento
sustentável, processos produtivos e consumo. Esse
modelo não sugere a estagnação do crescimento
econômico, mas sim a conciliação com as questões
ambientais e sociais.
Outro documento, a Agenda 21 reúne premissas e
recomendações sobre como as nações devem agir em
favor de modelos sustentáveis, o relatório tece críticas
ao atual modelo de desenvolvimento econômico,
despertando a necessidade de vários países iniciarem
seus programas de sustentabilidade. (BRASIL, 2009).
Por outro lado, a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais
popularmente conhecida como a Rio-92, apresentou
cinco textos com diretrizes para as organizações, a
saber: “Declaração de princípios da Conferência”,
“Declaração sobre florestas”, “Convenção-quadro
sobre alterações climáticas”, “Convenção sobre
biodiversidade” e “Agenda-21”. (MILANI, 1998).
A organização da Nações Unidas (ONU), incorporou
a política ao debate sobre a relação ambiente e
economia, principalmente, nas conferências Rio 92,
Protocolo de Quioto e Rio + 10, inserindo de forma
definitiva a agenda ambiental e a busca de soluções
das questões ambientais na pauta diária dos gestores.
Segundo o Centro de Estudos em Sustentabilidade
da Fundação Getúlio Vargas (FGV - CES, 2008, p.1)
o uso do termo sustentabilidade está vinculado a
necessidades sociais.
Esta necessidade deriva da percepção
de que sociedade não mais aceita
que externalidades negativas sejam
lançadas sobre ela impunemente. Este
cenário mais complexo aponta para
a inevitabilidade da integração de
princípios de sustentabilidade na espinha
dorsal das estratégias de negócio das
companhias. (FGVCES, 2008, p.1)
O conceito de desenvolvimento sustentável trata de um
novo olhar sobre a maneira da sociedade se relacionar
com o ambiente, garantindo a continuidade da vida no
planeta indefinidamente.
O desenvolvimento da sociedade sempre esteve
atrelado aos riscos ambientais, em decorrência
principalmente dos resíduos gerados pelo consumo
das pessoas e pelos processos produtivos das
empresas. Muitos autores divergem sobre o conceito
de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável,
encontram-se na literatura até mesmo opiniões
extremas de que não existe desenvolvimento com
sustentabilidade, que um conceito exclui o outro.
Diante de polêmicas e discussões, a unanimidade é
que a sustentabilidade é pauta diária e obrigatória das
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
10
organizações na atualidade. O progresso econômico
não deve afetar o planeta de forma que inviabilize a
vida das próximas gerações.
Buscar o equilíbrio entre o que é socialmente desejável,
economicamente viável e ecologicamente correto, é o
desafio dos gestores das organizações, entretanto,
esse equilíbrio parece depender da parceria entre
comunidade, empresas e governos.
Uma atividade organizacional orientada pelo
desenvolvimento sustentável é capaz de produzir
lucros, ser socialmente justa e ambientalmente correta.
(VIZEU, MENEGHETTI, SEIFERT 2012). Segundo
Altenfelder (2004), o desenvolvimento sustentável
deve gerar melhoria nos indicadores sociais, além da
preservação ambiental. Promover o bem estar social
pode agregar valor para as empresas, ter o suficiente
para todos, em todos os lugares e para sempre, é uma
das definições de desenvolvimento sustentável.
A inserção de valores associados à preservação do
meio ambiente e do desenvolvimento sustentável
pode desenvolver nas empresas uma cultura
organizacional voltada para a busca de uma sociedade
mais consciente de suas reponsabilidades perante as
questões ambientais.
O conceito atual de desenvolvimento sustentável
originado da Cúpula Mundial de 2002, envolve a
definição mais concreta do objetivo de desenvolvimento
atual, que prega a melhoria da qualidade de vida das
pessoas, ao mesmo tempo que coloca o limite que o
desenvolvimento econômico vigente, pode comportar-
se como prejudicial as gerações futuras.
O desenvolvimento sustentável procura a melhoria da
qualidade de vida de todos sem aumentar o uso de
recursos naturais além da capacidade da Terra.
Nesse novo cenário, a imposição de padrões
ambientais, obriga as empresas a adotarem práticas
que reduzam ao máximo os danos causados no
processo produtivo. No novo contexto, há um clamor
de consumidores e da mídia, para que as empresas
sejam socialmente responsáveis, todavia, pesquisa
do Instituto Acatu de 2013, relata que somente 8%
da população do Brasil acredita nas informações
das ações de responsabilidade social das empresas,
divulgadas em seus balanços sociais. As exigências do
mercado, a pressão da sociedade, juntamente com a
regulamentação ambiental são aspectos motivadores,
para que as empresas empenhem seus esforços
incluindo questões ambientais em seus modelos de
gestão.
3.3. RESPONSABILIDADE SOCIAL E O DESAFIO
DOS GESTORES
A empresa que pretende atuar com responsabilidade
social, ser sustentável econômica, social e
ecologicamente, precisa contar com executivos e
profissionais que incorporem processos produtivos
inovadores com decisões estratégicas voltadas para
a sustentabilidade.
As empresas representam o motor do desenvolvimento
econômico, são agentes transformadores que
exercem influência sobre a sociedade, e poderiam ser
exemplo de desenvolvimento sustentável. Para tanto, é
necessário que tenham em sua missão, visão e valores,
em seu DNA, uma forma de gestão que incorpore as
questões ambientais. Neste sentido, podem criar
projetos, envolvendo seus funcionários, dependentes
e comunidade.
Organizações socialmente responsáveis devem
gerar valor para quem está próximo, enquanto
conquistam resultados melhores para si próprias.
A responsabilidade social deixou de ser uma opção
para as empresas, e passou a ser uma estratégia de
sobrevivência.
Vassallo (2000), menciona que não existe uma fórmula
geral de responsabilidade social quando se trata de
negócios. Propõe alguns passos básicos que podem
ajudar muito na implantação de uma estratégia de boa
cidadania corporativa. De acordo com os documentos
faz-se necessário que,
desenvolva uma missão, uma visão e um
conjunto de valores a serem seguidos,
para que a responsabilidade social seja
uma parte integrante de cada processo
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
11
decisório, é preciso que ela faça parte
do DNA da companhia – seu quadro
de missões, visões e valores. Isso leva
a um comprometimento explícito das
lideranças e dos funcionários com
questões como ética nos negócios
e respeito a acionistas, clientes,
fornecedores, comunidades e meio
ambiente.
coloque seus valores em prática –
é básico. De nada adianta ter um
maravilhoso quadro de valores na parede
do escritório se eles não são exercitados
e praticados a cada decisão tomada.
promova a gestão executiva responsável
– esse é um exercício diário e permanente.
É preciso fazer com que cada executivo
leve em consideração os interesses dos
seus partícipes antes de tomar qualquer
decisão estratégica. comunique, eduque
e treine – as pessoas só conseguirão
colocar valores de cidadania corporativa
em prática se os conhecerem e souberem
como aplicálos no dia-a-dia.
publique balanços sociais e ambientais
– elaborados por especialistas e
auditores externos, eles garantem
uma visão crítica de como acionistas,
funcionários, organizações comunitárias
e ambientalistas enxergam a atuação da
empresa.
use sua influência de forma positiva – o
mundo corporativo é formado por uma
grande rede de relacionamentos. Use os
valores cidadãos de sua empresa para
influenciar a atuação de fornecedores,
clientes e companhias do mesmo setor.
Para o Livro Verde (2001) a responsabilidade social
das empresas é, essencialmente, um conceito
segundo o qual as empresas decidem, numa base
voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa
e para um ambiente mais limpo. A empresa pode ser
considerada socialmente responsável quando vai
além da obrigação de respeitar as leis, contribuindo
para a construção de uma sociedade mais justa.
Diante disto, os executivos, neste novo papel, tornam-
se protagonistas das mudanças nas áreas ambiental,
econômica e social, através de práticas empresariais
sustentáveis, incorporando novos valores, engajados
na ideia de desenvolvimento sustentável e preservação
do meio ambiente. Neste novo paradigma, Almeida
(2002) diz que a ideia é de integração e interação,
propondo uma nova maneira de olhar e transformar
o mundo, baseada no diálogo entre saberes e
conhecimentos diversos.
Para Savitz, apud Aligleri (2007), responsabilidade
social pode ser conceituada como “aquela que gera
lucro para o acionista, ao mesmo tempo em que
protege o meio ambiente e melhora a qualidade
de vida das pessoas com que mantém relações”. A
gestão responsável busca o equilíbrio nas relações
econômicas, sociais e ambientais das empresas com
seus stakeholders.
A responsabilidade social das organizações, é um
conceito novo e ganha adeptos gradativamente no
mundo empresarial, seja por força de legislação, ou
por pressão da sociedade. Praticar responsabilidade
social requer um compromisso mais amplo do que
simplesmente cuidar do meio ambiente. Consiste
em diminuir a exclusão social, gerando emprego e
renda, entretanto, as ações das empresas repercutem
sobre a sociedade em geral, e ao planeta como um
todo, com isso os gestores na atualidade, devem
desenvolver a capacidade e sensibilidade de analisar
as mutações socioambientais, ou seja, ser um gestor
mais consciente, passando de um modelo mecanicista,
para um mais sistêmico e abrangente. Significa uma
quebra de paradigma dos modelos tradicionais de
gestão.
A visão clássica de desenvolvimento, baseada apenas
no crescimento econômico, não considera os riscos
de esgotamento dos recursos naturais e a degradação
do meio ambiente. O modelo de negócio baseado
no extrair, fazer e descartar, está inviabilizando a
vida futura, e promovendo mudanças climáticas que
comprometem a vida presente.
O novo contexto mundial obriga as organizações a
adotarem modelos de gestão mais sustentáveis, A
responsabilidade social surgiu como uma ferramenta
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
12
prática para que as empresas divulguem suas
ações em busca da sustentabilidade, contribuindo
para melhorar a imagem organizacional perante a
sociedade. Porém,
apesar das mudanças no sistema
econômico e empresarial, ainda
prevalecem concepções pouco efetivas
das organizações que consideram
unicamente e seu micro ambiente
(SANTOS et al., 2000)
A gestão que inclui sustentabilidade, depende
de pessoas que quebrem paradigmas, e estejam
dispostas a assumir riscos. Por outro lado, a cultura
da sustentabilidade não pode ser uma imposição,
os gestores precisam acreditar que são agentes de
transformação, que possuem poder para promover
mudanças. Complementando.
A sociedade clama por lideranças que
tenham a capacidade do olhar acima e
além da sua experiência setorial, dos seus
interesses pessoais, dos seus interesses
corporativos ou organizacionais e que
consigam ser catalisadores de uma
corrente que tenha a ousadia da inovação
e de criar o novo, porque sem o novo não
haverá sobrevivência possível no planeta
(YOUNG, 2008.p.15)
A visão econômica contemporânea ainda está em
construção. O foco no equilíbrio e responsabilidade
social promove uma inversão de prioridades nas
organizações, muda a forma de gestão e leva em
consideração os impactos e danos causados ao longo
do tempo pelas ações dos processos produtivos das
empresas.
A adoção de um pensamento sistêmico permite que
a empresa seja socialmente responsável, visto que
as questões ambientais permeiam a empresa de
modo abrangente. Ser uma empresa socialmente
responsável, é optar por políticas de responsabilidade
social em seu planejamento estratégico, é buscar
processos produtivos mais limpos, é cuidar do
descarte de resíduos através da logística reversa, é
ter programas educacionais de conscientização da
população para o consumo consciente, é tratar os
funcionários sem preconceitos de gênero, cor, religião,
enfim, são muitas as iniciativas para que a empresa
possa ser considerada socialmente responsável.
A legislação já possui algumas obrigações que as
empresas necessitam cumprir. Uma delas é a Politica
Nacional de Resíduos Sólidos, lei que entrou em vigor
em 2014, a qual define as diretrizes relativas a gestão e
ao gerenciamento de resíduos, já que o lixo atualmente
é um dos maiores problemas da humanidade.
Segundo Drucker (2012), “se os gestores de nossas
maiores instituições, especialmente das empresas,
não assumirem responsabilidade pelo bem comum,
ninguém mais poderá fazê-lo nem o fará”. O
papel do gestor, frente aos desafios ambientais é
fundamental no enfrentamento das alternativas para
continuar crescendo e obtendo lucros, conduzindo as
empresas para que sejam socialmente responsáveis.
É necessário que o gestor dos novos tempos tente
encontrar um equilíbrio entre a busca de lucros e à
busca do bem comum.
3.4. ECOEFICIÊNCIA
O aumento das necessidades da sociedade gerou um
crescimento nas atividades econômicas e produtivas.
As empresas são elos essenciais no equilíbrio do
meio ambiente na busca de soluções das questões
ambientais. Muitas organizações já estão mudando
as estratégias de controle para as de prevenção de
gerenciamento ambiental. Dentro desse novo contexto
de gestão, aspectos ambientais ganharam uma
proporção significativa para que as empresas possam
cumprir um dos seus propósitos de existência, a
perenidade. Uma forma atual e pragmática de
efetivar a sustentabilidade empresarial é através da
ecoeficiência.
Na década de 1990 o termo ecoeficiência começou
a ser inserido quando indústrias de 20 setores se
organizaram e criaram a Agenda 21 no setor privado.
Deste momento em diante este se tornou uma filosofia
de gerenciamento em busca da sustentabilidade.
Segundo o World Business Council for Sustainable
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
13
Development, associação mundial com cerca de 200
empresas que tratam exclusivamente de negócios e
desenvolvimento sustentável, ecoeficiência é
a entrega de bens e serviços com
preços competitivos que satisfazem
as necessidades humanas e trazem
qualidade de vida, progressivamente
reduzindo impactos ambientais dos bens
e serviços através de todo o ciclo de
vida para um nível, no mínimo, em linha
com a capacidade estimada da terra em
suportar . (WBCSD, 2007)
Tal conceito define uma visão de uso mais eficiente
de materiais e energia, que reduz os impactos
ambientais, combinadas com desempenho econômico
e ambiental, ou seja, produzir mais com menos.
No mesmo relatório, fazem-se presentes os elementos
básicos das práticas das empresas que operam de
acordo com o conceito de ecoeficiência. São eles:
•redução da intensidade de material utilizado nos
bens e serviços;
•redução da intensidade de energia utilizada nos
bens e serviçoes;
•redução da dispersão de qualquer tipo de material
tóxico;
•apoio à reciclagem;
•maximização do uso sustentável dos recursos
naturais;
•extensão da durabilidade dos produtos;
•aumento do nível de bens e serviços.
A tendência mundial da ecoeficiência atingiu o
Brasil em 1997, e o Conselho Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, representante
no Brasil da rede do World Business Council for
Sustainable Development, que conceitua ecoeficiência
como um estilo gerencial que busca produzir mais com
menos insumos e menos poluição, mantendo preços
competitivos, almejando a qualidade de vida da
sociedade e a capacidade de sustentação do planeta.
Conceito que evidencia a importância da ecoeficiência
nas políticas de desenvolvimento sustentável. Todavia,
para que o setor empresarial brasileiro incorpore a
cultura da ecoeficiência, a sociedade precisa exercer
pressão, procurando consumir produtos de empresas
que se preocupam com a preservação do planeta.
Sendo assim,
(...) cabe às empresas, de qualquer
porte, mobilizar sua capa cidade de
empreender e de criar para descobrir
novas formas de produzir bens e
serviços que gerem mais qualidade
de vida para mais gente, com menos
quantidade de recursos naturais. (...)
A inovação, no caso, não é apenas
tecnológica, mas também econômica,
social, institucional e política (...)
(ALMEIDA, 2002, p.82)
A ecoeficiência deve ser um posicionamento
estratégico, com metas definidas, com sistemas de
medição e auditorias, desenvolvendo novos processos
e produtos. Para o sucesso na busca da ecoeficiência
é fundamental o comprometimento e conscientização
dos gestores. Os ganhos das empresas que investem
em ecoeficiência, vão desde a redução de custos de
matéria prima, até vantagens com a melhoria da imagem
perante os consumidores e concorrentes. Investir em
ecoeficiência torna a empresa mais competitiva e
aumenta a conscientização da sociedade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
As empresas buscam incessantemente novas
ferramentas e práticas administrativas para aumentar
seu potencial competitivo e garantir sua permanência no
mercado. A ciência e a tecnologia fazem contribuições
valiosas para a evolução das organizações, entretanto
a compreensão e o entendimento dos aspectos
relacionados à manutenção da vida no planeta, nos
dias atuais, é fundamental para a sobrevivência das
empresas.
Observa-se que a humanidade passou por vários
estágios evolutivos das organizações, entretanto,
o que não muda é a busca pela perenidade das
empresas. Sustentabilidade organizacional surge
como um diferencial competitivo importante para a
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
14
manutenção das empresas no mercado.
Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda há
um longo caminho a percorrer, para se atingir um
equilíbrio entre o social, econômico e ambiental. É
importante destacar que a educação ambiental é
um fator relevante para conseguir a parceria entre a
comunidade, empresas e governo. Somente com essa
união de forças a revolução ambiental se consolidará,
e as próximas gerações terão um planeta melhor para
viver e suprir suas necessidades.
Um grande número de executivos já despertou para
a urgência das mudanças exigidas pela sociedade
em busca de uma gestão voltada para o equilíbrio
entre o desenvolvimento econômico e o sutentável,
entretanto, ainda adotam ações de responsabilidade
social desvinculadas das estratégias empresariais,
sem o comprometimento necessário para que as
ações façam parte das estratégias organizacionais.
Mudanças no sistema produtivo e no consumo
excessivo poderão a médio e a longo diminuir os
danos causados na natureza, porém, o momento pede
urgência nas decisões estratégicas das organizações,
na busca de melhores práticas de sustentabilidade.
Vários fatores dão surgimento aos problemas sociais,
não somente pelas ações das organizações, e sim, por
diversas disfunções da própria sociedade, entretanto,
não há como as organizações esquivarem-se da
responsabilidade social.
Os papel dos gestores frente a urgência no
enfrentamento dos danos causados no planeta, é
essencial para a mudança cultural necessária nas
organizações e na sociedade.
Todavia, mudança de cultura é um processo que
demanda tempo, por isso, quanto antes iniciar melhor
para todos.
Não se trata apenas de cuidar do meio ambiente,
sustentabilidade organizacional é todo um contexto
de boas práticas para melhorar a qualidade de vida
de funcionários e comunidade, é privilegiar o bem
comum. É ter senso de urbanidade e um sentimento
de busca de continuidade.
Para que os executivos se conscientizem a
abordagem ideal é eliminar os impactos ambientais,
transformando-os em oportunidades de negócios, com
soluções inteligentes para diminuir os custos, visto que
a motivação do lucro ainda é o imperativo maior no
sistema econômico vigente.
As mudanças sociais permeiam as organizações, na
medida em que estas fazem parte da sociedade e
dela se beneficiam. Portanto, a revolução ambiental
necessária é responsabilidade das organizações.
Entretanto, só se obterá êxito quando houver uma
parceria com a comunidade e governo unindo esforços
dos stakeholders, com objetivos comuns em busca de
uma vida melhor para todos e para sempre.
Por fim, pode-se concluir que o assunto é emergente e
não se esgota nesse ensaio. Novas reflexões se fazem
necessárias. Diante do exposto, encerra-se este texto
com as palavras de Hazel Henderson (...) “de uma nova
consciência pode surgir à criação de um novo mundo,
mais justo e sustentável. Temos que nos reinventar,
reenquadrar as nossas percepções, remodelar as
nossas crenças e os nossos comportamentos, adubar
o nosso conhecimento, reestruturar.”
4. REFERÊNCIAS
[1] ALIGLERI, Lilian. Gestão socioambiental: responsabilidade e sustentabilidade do negócio. São Paulo: Atlas, 2009.
[2] ALMEIDA,F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
[3] BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. Cidades sustentáveis: subsídios à elaboração da agenda 21 brasileira. Brasília, DF: MMA/IBAMISER-REDEH, 2000. Disponível em:. Acesso em: 08 out. 2009
[4] ALTENFELFER, Ruy. Desenvolvimento sustentável. Gazeta Mercantil. Maio, 2004 CARVALHO, F.C.A. Gesão do conhecimento. São Paulo: Pearson, 2012.
[5] DRUCKER, Peter Ferdinand. Pessoas e desempenho. Rio de Janeiro:Elsevier,2012
[6] FGV - CES Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
15
[7] GURGEL, C. Administração elementos essenciais para a gestão das organizações. Sào Paulo. Atlas, 2014.
[8] HENDERSON Hazel. Disponível em: https://hazelhenderson.com. Acesso em: 23 maio 2015.
[9] LIVRO VERDE. Disponível em:http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/com/2001. Acesso em : 13 de maio 2015. MAXIMINIANO.A.C.A. Introdução Administração. São Paulo: Atlas, 2004.
[10] MILANI, Carlos. O meio ambiente e a regulação da ordem mundial. Contexto internacional, v. 20, n. 2, p. 303-347, jul./dez. 1998.
[11] SANTOS, et al. O valor das pequenas coisas: a difícil aprendizagem na prática da gestão ambiental por acadêmicos do curso de administração. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admi/pdf/enampad2000-act-362.pdf.Acesso em: 16 de maio 2015.
[12] SILVA, Reinaldo. Teoria da Administração. São Paulo: Pearson, 2008.
[13] VASSALLO, C. Um novo modelo de negócios. Guia de boa cidadania corporativa. Revista Exame. São Paul, n. 728, p.08-11, 2000.
[14] VIZEU, Fabio; MENEGHETTI, Francis Kanashiro; SEIFERT, Rene Eugenio. Por uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro , v. 10, n. 3, p. 569-583, Sept. 2012.Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512012000300007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 2 jun. 2015.
[15] WCED. World Comission on Environment and Development. Our Commom Future. Oxford and New York: Oxford University Press, 1987.
[16] WILLARD, Bob. Como fazer a empresa lucrar com sustentabilidade. São Paulo: Saraiva, 2014.
[17] WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT (WBCSD). Disponível em http://www.wbcsd.org. Acesso em: 4 out. 2007.
[18] YOUNG Ricardo. Novas lideranças para uma nova civilização. Revista Global da América latina.Disponível em : http//issuu.com/lalgarra/docs/revista_gfal_curitiba.Acesso em: 12 de maio de 2015.
Capítulo 2GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE E
VIABILIDADE DA RECICLAGEM DE RADIOGRAFIAS
Bruno Aparecido Oliveira
Sônia Denize Clivati Justus
Jovani Taveira de Souza
Rafael Clivati Justus
Resumo: O objetivo na reciclagem e gerenciamento de resíduos de serviços de saúde é prevenir o risco à saúde e ao meio ambiente, por meio do correto gerenciamento dos resíduos, assim como reduzir o volume dos resíduos perigosos e a incidência de acidentes ocupacionais, além de gerar subsídios para uma política de resíduos de serviços de saúde. O objetivo deste artigo é abordar a questão da reciclagem de RSS de uma forma geral, mas com as chapas radiográficas em especial.
Palavras Chave: Reciclagem, resíduos, radiografia.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
17
1. INTRODUÇÃO
O gerenciamento de resíduos sólidos, segundo a
ANVISA, é o processo sustentável para lidar com os
lixos produzidos, incluindo a coleta, acondicionamento,
processamento e armazenamento, reciclagem,
transporte, tratamento e disposição final destes
resíduos. Considerando que os resíduos sólidos podem
veicular microrganismos causadores de doenças, os
seu gerenciamento deve contemplar as boas práticas
sanitárias em todas as etapas, visando à proteção da
saúde pública e do meio ambiente (ANVISA, 2006).
Com o objetivo de manter a qualidade no que se refere
ao tratamento de resíduos serviços da saúde (RSS),
várias técnicas foram criadas visando o tratamento
correto desses materiais. Levando-se em conta, que
esse resíduos são segundo Camargo; Motta; Lunelli;
Severo, (2009, p. 1) “de maneira geral, considerados
contaminantes, nocivos à saúde humana e agressivos
ao meio ambiente”.
Não bastasse o desafio dar o tratamento adequado ao
resíduos sólidos domiciliares,(GÜNTHER, 2008, p. 1)
os resíduos hospitalares, segundo Melo (2007, p. 10 –
11) “apesar de representarem uma pequena parcela,
em relação ao total de resíduos gerados em uma
comunidade, são fontes potenciais de propagação
de doenças e apresentam um risco adicional aos
trabalhadores dos serviços de saúde e a comunidade
em geral, quando gerenciados de forma inadequada”.
Além que o manuseio inadequado do RSS pode causar
infecções e doenças para aqueles que entrarem em
contato com esses materiais (MELO, 2007, p.11).
O tratamento correto desses resíduos requer
investimento e conscientização dos envolvidos com o
RSS (TRAMONTINI; REINEHR; PANDOLFO; MARTINS;
ARALDI, 2008, p. 2).
2. RESÍDUOS DE SERVIÇOS DA SAÚDE (RSS)
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
– ANVISA nº 306/04 e a Resolução do Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 358/2005,
são definidos como geradores de RSS todos os
serviços relacionados com o atendimento à saúde
humana ou animal, inclusive os serviços de assistência
domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios
analíticos de produtos para a saúde; necrotérios,
funerárias e serviços em que se realizem atividades
de embalsamamento, serviços de medicina legal,
drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação,
estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da
saúde, centro de controle de zoonoses, distribuidores
de produtos farmacêuticos, importadores,
distribuidores produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à
saúde, serviços de acupuntura, serviços de tatuagem,
entre outros similares (MELO, 2007, p. 17).
No que se diz respeitos ao componentes químicos
destacam-se as substâncias ou preparados químicos,
como: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos,
genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos
sob pressão - gases, quimioterápicos, pesticidas,
solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de
laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias
para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos,
lubrificantes usados, etc (ANVISA, 2006, p, 30).
Os resíduos de serviços da saúde são classificados
em cinco grupos, sendo que o primeiro grupo possui
cinco sub-divisões, os quais são (ANVISA, 2006, p, 29;
SANEBAVI):
•Grupo A: Infectante. Esse material por suas
características de maior virulência ou concentração,
podem apresentar risco de infecção. Exemplos:
placas e lâminas de laboratório, carcaças,
peças anatômicas, tecidos, bolsas transfusionais
contendo sangue, dentre outras.
- Grupo A1: Culturas e estoques de microrganismos;
resíduos de fabricação de produtos biológicos,
exceto os hemoderivados; descarte de vacinas
de microrganismos vivos ou atenuados; meios de
cultura e instrumentais utilizados para transferência,
inoculação ou mistura de culturas; resíduos de
laboratórios de manipulação genética. Resíduos
resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou
animais, com suspeita ou certeza de contaminação
biológica por agentes classe de risco quatro,
microrganismos com relevância epidemiológica
e risco de disseminação ou causador de doença
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
18
emergente que se torne epidemiologicamente
importante ou cujo mecanismo de transmissão seja
desconhecido. Bolsas transfusionais contendo
sangue ou hemocomponentes rejeitadas por
contaminação ou por má conservação, ou com
prazo de validade vencido, e aquelas oriundas
de coleta incompleta. Sobras de amostras de
laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,
recipientes e materiais resultantes do processo de
assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos
corpóreos na forma livre.
- Grupo A2: Carcaças, peças anatômicas, vísceras
e outros resíduos provenientes de animais
submetidos a processos de experimentação com
inoculação de microrganismos, bem como suas
forrações, e os cadáveres de animais suspeitos
de serem portadores de microrganismos de
relevância epidemiológica e com risco de
disseminação, que foram submetidos ou não
a estudo anatomopatológico ou confirmação
diagnóstica.
- Grupo A3: Peças anatômicas (membros) do ser
humano; produto de fecundação sem sinais vitais,
com peso menor que 500 gramas ou estatura
menor que 25 centímetros ou idade gestacional
menor que 20 semanas, que não tenham valor
científico ou legal e não tenha havido requisição
pelo paciente ou familiar.
- Grupo A4: Kits de linhas arteriais, endovenosas
e deslizadores, quando descartados. Filtros
de ar e gases aspirados de área contaminada;
membrana filtrante de equipamento médico-
hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.
Sobras de amostras de laboratório e seus
recipientes contendo fezes, urina e secreções,
provenientes de pacientes que não contenham e
nem sejam suspeitos de conter agentes Classe
de Risco quatro, e nem apresentem relevância
epidemiológica e risco de disseminação, ou
microrganismo causador de doença emergente
que se torne epidemiologicamente importante ou
cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido
ou com suspeita de contaminação com príons.
Resíduos de tecido adiposo proveniente de
lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento
de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo.
Recipientes e materiais resultantes do processo
de assistência à saúde, que não contenha sangue
ou líquidos corpóreos na forma livre. Peças
anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos
provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de
estudos anatomopatológicos ou de confirmação
diagnóstica. Carcaças, peças anatômicas,vísceras
e outros resíduos provenientes de animais não
submetidos a processos de experimentação com
inoculação de micro-organismos, bem como suas
forrações. Bolsas transfusionais vazia ou com
volume residual pós-transfusão.
- Grupo A5: Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos,
materiais perfuro cortantes ou escarificantes e
demais materiais resultantes da atenção à saúde
de indivíduos ou animais,com suspeita ou certeza
de contaminação com príons.
•Grupo B: Químico. Esse grupo contém substâncias
químicas que podem apresentar risco à saúde
pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos
apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos
contendo metais pesados, dentre outros.
•Grupo C: Radioativo. Quaisquer materiais
resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos
limites de eliminação especificados nas normas da
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN,
como, por exemplo, serviços de medicina nuclear
e radioterapia etc.
•Grupo D: Resíduo Comum. Esse grupo não
apresenta risco biológico, químico ou radiológico
à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser
equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras
de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos
das áreas administrativas etc.
•Grupo E: Perfurocortante. Esse grupo é composto
por materiais perfuro-cortantes ou escarificantes,
tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas
de vidro, pontas diamantadas, lâminas de
bisturi,lancetas, espátulas e outros similares.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
19
3. TRATAMENTO DE RSS
Os resíduos do serviço de saúde merecem atenção
especial em todas as suas fases de manejo, essas fases
são: segregação, condicionamento, armazenamento,
coleta, transporte, tratamento e disposição final
(ANVISA, 2006, p, 30).
São considerados três aspectos principais no manuseio
do RSS, que segundo Tramontini; Reinehr; Pandolfo;
Martins; Araldi (2008, p.2) são: “a organização
do sistema de manuseio dos resíduos sólidos, os
aspectos técnico-operacionais relacionados aos
resíduos sólidos e os recursos humanos devidamente
capacitados para o funcionamento do sistema”.
Outro aspecto importante no manejo do RSS é a
segregação do material infectante dos demais tipo
de materiais. Outra preocupação é com os materiais
químicos perigosos (GÜNTHER, 2008, 106). Dentre os
componentes biológicos destacam-se os que contêm
agentes patogênicos que possam causar doença
e dentre os componentes radioativos utilizados em
procedimentos de diagnóstico e terapia, os que
contêm materiais emissores de radiação ionizante
(ANVISA, 2006, p, 30).
Independente do tipo de estabelecimento da saúde,
para o correto desenvolvimento do tratamento
adequado dos resíduos, deve ser subdividido em
serviços especializados de acordo com o tipo de resíduo
gerado, pois setores diferentes, gerarão resíduos
diferentes. Outro aspecto que se deve levar em conta
é que todos os envolvidos com o estabelecimento de
saúde em questão, desde funcionários a visitantes,
inclusive os pacientes, possuem relação com a geração
de resíduos, logo, também estão expostos aos riscos
que tais resíduos possam acarretar (TRAMONTINI;
REINEHR; PANDOLFO; MARTINS; ARALDI, 2008, p.
2).
Além dos cuidados tomados para proteção dos
trabalhadores da saúde, para se evitar o contato de
pacientes com os RSS, deve ser levado em conta o
descarte feito de maneira correta, pois o RSS além de
acarretar perigos ao meio ambiente, poderá também
prejudicar, de maneira mais direta, as comunidades
que vivem junto aos lixões e daqueles que dependem
da coleta desses resíduos para geração de renda,
sendo que estão expostos a uma série de riscos,
inclusive os materiais perfuro cortantes, que, se
contaminados, podem provocar infecções pelo vírus
da hepatite B ou pelo HIV (MELO, 2007, p. 11).
Uma dos parâmetros para se mensurar a quantidade
de RSS gerada é a relação kg/leito/dia. Essa taxa é
variável devido a complexidade e frequência dos
serviços, da tecnologia e eficácia dos serviços
executados. Ainda há a possibilidade de diminuir essa
quantidade, mas até um determinado nível, isso por
conta da natureza de sua geração (TRAMONTINI;
REINEHR; PANDOLFO; MARTINS; ARALDI, 2008, p.
3).
Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, as tecnologias de micro-ondas e autoclave
para desinfecção dos RSS são adotadas somente por
0,8% dos municípios (MELO, 2007, p. 2). Segundo
dados mais atualizados, de 2009, da Associação
Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrelpe), a destinação final dos
RSS no país, são os seguintes: 35,1% são incinerados,
5,8%, autoclave;5 11,5%, vala séptica; 26%, aterros;
13,2, lixões; e 5,8%, micro-ondas (JACOBI; BENSEN,
2011). Dessa forma, conclui-se que ou houve melhora
dos indicadores ou diferença na coleta e tratamento
de dados.
No que se diz respeito a instituição geradora de RSS,
esta deve elaborar um Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, onde serão
levado em conta as características dos resíduos,
estabelecendo os procedimentos de manuseio dos
resíduos (MELO, 2007, p. 18). Segundo Jacobi; Benser
(2011), a elaboração do PGRSS deve ser elaborado
“compatível com as normas federais, estaduais e
municipais, e ainda deve estar de acordo com os
procedimentos institucionais de biossegurança,
relativos a coleta, transporte e disposição final”.
Para implantação do PGRSS os setores de
higienização e limpeza deverão estar envolvidos,
juntamente com a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar - CCIH ou Comissões de Biosegurança e os
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
20
Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no
Trabalho - SESMT, quando for necessária a existência
desses serviços, abrangendo toda a comunidade do
estabelecimento, em conformidade com as legislações
de saúde, ambiental e de energia nuclear vigentes
(ANVISA, 2006, p, 36).
Um dos processos mais importantes no manejo desses
resíduos é a de segregação dos mais diferentes
tipos de materiais e o acondicionamentos correto
dos mesmos. Isso não será possível se não houver
o comprometimento de todos os envolvidos, pois, a
segregação e o acondicionamento trazem benefícios,
tais como (CORRÊA; LUNARDI; DE CONTO, 2007, p.
23):
a. minimizar ageração de resíduos e os custos do
seu tratamento e disposição final;
b. permitir seu manuseio, tratamento e a disposição
final adequado conforme sua categoria;
c. evitar a contaminação de uma grande massa de
resíduos por uma pequena quantidade perigosa;
d. separar os resíduos perfurantes e cortantes,
evitando, assim, acidentes no seu manejo;
e. comercializar os resíduos recicláveis,
f. falhas no processo de segregação e
acondicionamento podem provocar acidentes
em relação aos materiais perfuro-cortantes sem
utilização de proteção mecânica (ANVISA, 2006,
p, 30).
Segundo a Anvisa (2006, p. 31) os RSS podem
prejudicar o meio ambiente pelo potencial de
contaminação do solo, das águas, sejam elas
superficiais ou subterrâneas “pelo lançamento de
RSS em lixões ou aterros controlados que também
proporciona riscos aos catadores, principalmente por
meio de lesões provocadas por materiais cortantes
e/ou perfurantes, e por ingestão de alimentos
contaminados, ou aspiração de material particulado
contaminado em suspensão”. Há também o risco
de contaminação do ar, “dada quando os RSS são
tratados pelo processo de incineração descontrolado
que emite poluentes para a atmosfera contendo, por
exemplo, dioxinas e furanos”.
4. IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada nº 306/04
e a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente
358/05 os resíduos são classificados em grupos para
que, dessa forma, seja feito o manuseio correto (SILVA;
MORAIS; SILVA, 2015).
A correta identificação é um dos processos chave
no que toca a legislação da contratação de terceiros
para a correta destinação dos resíduos, pois a
responsabilidade do gerador permanece após a
disposição final dos resíduos (ANVISA, 2006, p. 41).
Os resíduos devem ser identificados, para permitir a
sua identificação, informações devem ser contidas em
sacos e recipientes de transporte, que devem descrever
a forma correta de se manejar esses materiais. Essas
informações são mostradas por símbolos que ajudam a
identificação aos responsáveis pela coleta, prevenindo
de possíveis riscos de contaminação (SILVA; MORAIS;
SILVA, 2015).
Os resíduos possuem identificações visuais conforme
sua classificação e essas são especificados a seguir:
Figura 1: Símbolo utilizado para identificar o grupo A (ANVISA, 2006, .43).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
21
Figura 2: Símbolo utilizado para identificar o grupo B (ANVISA, 2006, .43).
Figura 3:Símbolo utilizado para identificar o grupo C (ANVISA, 2006, .43).
Figura 4: Símbolo utilizado para identificar o grupo D (ANVISA, 2006, .43).
Figura 5: Símbolo utilizado para identificar o grupo E (ANVISA, 2006, .43).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
22
5. RECICLAGEM DE RSS
A Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA
no 306/04 define reciclagem como “o processo de
transformação dos resíduos que utiliza técnicas de
beneficiamento para reprocessamento ou obtenção
de matéria-prima para fabricação de novos produtos”.
Geralmente os resíduos reciclados são: matéria
orgânica; papel; plástico; metal; vidro; e entulhos
(ANVISA, 2006, p. 58).
5.1 RECICLAGEM DE CHAPAS RADIOGRÁFICAS
Uma característica do descarte inadequado das
chapas é causada por desconhecimento do paciente,
que ao tomar posse da radiografia, guarda a mesma
por tempo indeterminado ou a descarta no lixo
domestico (ANTUNES, 2011, p. 1).
É importante dar o destino adequado para as chapas
radiográficas, pois essas chapas possuem metais
pesados e suas bases são feitas de acetato, material
que leva mais de cem anos para ser degradado em
aterros comuns (LIPORINI, MION, CAVALHEIRO,
2012, p. 336 – 337). A prata por sua vez, permanece
na natureza por tempo indeterminado e polui tanto o
solo quanto a água (BAMPI, SECHI, GONÇALVES,
2013, p. 7).
A estimativa da quantidade de prata que pode ser
retirada dos negativos de filmes preto e branco seja de
cerca de cerca 0,5g/m², sendo que esse número pode
aumentar 10 vezes para radiografias (RECICLOTECA,
2013).
Tanto na confecção da base, como na revelação da
imagem são utilizados materiais tóxicos. O principal
elemento na formação da imagem é a prata, pois sobre
a base é colocada uma fina camada de grãos de prata,
sensíveis a luz. Após a exposição desse material aos
raios X, cada grão se comporta de uma forma. Após
isso, a chapa passará pelo processo de revelação,
onde são utilizados o metol e a hidroquinona. Na fase
seguinte a prata que não foi sensibilizada pelos raios X
é eliminada, nesse processo é utilizado o tiossulfato de
sódio (LIPORINI, MION, CAVALHEIRO, 2012, p. 337).
Há o processo de lavagem para remover os vestígios
de produtos químicos e a secagem para retirar a
umidade (ANTUNES, 2011, p. 9).
Figura 6: Esquema de revelação de uma radiografia (ANTUNES, 2011, p. 9).
Para reciclagem das chapas é feita uma triagem e
essas são separadas de acordo com o tipo, tamanho
e qualidade. Após isso, as chapas são colocadas
em uma solução de hipoclorito de sódio 2,0%, nesse
processo os resíduos químicos se separam da base.
O resíduo proveniente dessa etapa entrará em contato
com o hidróxido de sódio sólido, diluído em água, por
quinze minutos, posteriormente, o óxido de prata é
aquecido com uma solução de sacarose por 60 minutos
(RECICLOTECA, 2013), onde se obtêm a prata impura
sólida, sem brilho. Novamente a prata é aquecida a
1000ºC por 60 minutos em uma mufla e após isso é
obtida a prata limpa e com brilho, conhecida como
prata 1000, esta prata é usada na fabricação de joias,
talheres, espelhos, objetos decorativos, entre outros
(BAMPI, SECHI, GONÇALVES, 2013, p. 7).
Pelo fato da prata ser considerado um metal pesado
e altamente poluidor, a sua liberação no ambiente
é proibida por normas estabelecidas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
(LIPORINI, MION, CAVALHEIRO, 2012, p. 337).
É possível reciclar as bases radiográficas que não
contenham mais a prata, levando-se em conta que
é composto de um tipo de plástico e que pode ser
reaproveitado para a confecção de embalagens
(ECYCLE, 2013). Outro possível destino da base é no
que diz respeito ao seu uso em trabalhos artísticos,
entre eles a xilogravura (RECICLOTECA, 2013). Outro
possível destino é que as bases e a prata voltem a
se tornar novas chapas (ANTUNES, 2011, p. 9). Um
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
23
esquema de um ciclo de vida com as diferentes
possibilidades que uma chapa radiográfica pode tomar desde sua fabricação até seu descarte correto
ou não, está apresentada na Figura 7.
Figura 7: Esquema de ciclo de vida de uma chapa radiográfica (ANTUNES, 2011, p. 9).
6. CONCLUSÃO
Todo gerador dos Resíduos de Serviços de Saúde
deve cumprir normas de biossegurança propostas
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com
o intuito prevenir acidentes aos colaboradores
envolvidos e ao meio ambiente. Promovendo
treinamentos e seminários conscientizando todos os
envolvidos esclarecendo a importância da reciclagem
dos resíduos de serviços de saúde, contribuindo para
a preservação e conservação do meio ambiente.
No que diz respeito à resíduos de chapas
radiográficas é necessário orientações à comunidade
e aos colaboradores envolvidos para conscientização
no descarte ecologicamente correto, além da
possibilidade de fazer a reciclagem dessas chapas,
pode ser aproveitado a prata e a base de acetato.
7. REFERÊNCIAS
[1] ANTUNES, R. S. Resíduos de radiografia: Recolha e tratamento. 2011. 67f. Dissertação (Engenharia do Ambiente) Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade de Nova Lisboa. Lisboa
[2] ANVISA (2006) Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília
[3] BAMPI. J, SECHI. M, GONÇALVES. C. V. (2013) Monografia Resíduos de filmes radiológicos: Vamos pensar sobre isso? - Centro Universitário Univates.
[4] CAMARGO, M. E. ; MOTTA, M. E. V. ; LUNELLI, M. O. ; SEVERO, E. A. Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde: Um Estudo Sobre o Gerenciamento. Scientia Plena. v. 5, n. 7, 2009.
[5] CORRÊA, L. B.; LUNARDI, V. L. L.; DE CONTO, S. M. O processo de formação em saúde: o saber resíduos sólidos de serviços de saúde em vivências práticas. Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 60, núm. 1, jan-fev, 2007, pp. 21-25 Associação Brasileira de Enfermagem Brasília, Brasil
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
24
[6] ECYCLE (2013) O que fazer com chapas de raio-x? Disponível em <http://www.ecycle.com.br/component/content/article/46-diversos/293-o-que-fazer-com-chapas-de-raio-x.html> Acessado em 1 de junho de 2015.
[7] GÜNTHER, W. M. R. (2008) Resíduos Sólidos no Contexto da Saúde Ambiental. Texto de sistematização crítica de parte da obra da candidata (Livre-docência) Universidade de São Paulo.
[8] JACOBI, P. R.; BENSEN, G. R. (2011) Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142011000100010&script=sci_arttext> Acessado em 26 de abril de 2015. Scielo, vol.25 no.71 São Paulo Jan./Apr.
[9] LIPORINI, A. Q; MION, C. F.; CAVALHEIRO, M. C. H. T. (2012) Tratamento Químico e Reciclagem de Chapas de Raio-X. Anais do 4° Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC – Jahu.
[10] MELO, M. S. (2007) Estudo sobre resíduos de serviço de saúde no hospital universitário de Brasília.. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília.
[11] RECICLOTECA (2013) Recuperação de prata a partir de radiografias. Disponível em <http://www.recicloteca.org.br/projetos/recuperacao-de-prata-a-partir-de-radiografias/> Acessado em 27 de maio de 2015.[12] SANEBAVI. Capítulo 5: Resíduos Sólidos. Disponível em <http://www.sanebavi.com.br/templates/PMSB/Capitulo_05_Resduos_Slidos.pdf> Acessado em 29 de abril de 2015.
[14] SILVA, J. C.; MORAIS, L. A.; SILVA, J. C. (2015) O gerenciamento dos resíduos sólidos de Serviços de Saúde (RSS): uma revisão bibliográfica. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/36728/o-gerenciamento-dos-residuos-solidos-de-servicos-de-saude-rss-uma-revisao-bibliografica> Acessado em 27 de abril de 2015. Jus Navegandi. Fevereiro/2015
[15] TRAMONTINI, A.; REINEHR, R.; PANDOLFO, A.; MARTINS, M. S.; ARALDI, J. (2008) Diagnóstico do processo de gestão de resíduos sólidos em estabelecimentos assistenciais de saúde na cidade de Passo Fundo-RS. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção.
Capítulo 3ESTUDO DA GESTÃO DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS
DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
Resumo: As estruturas portovelhenses carecem de reorganização. Esta tarefa trata sobre estudo da gestão da qualidade na produção de serviços de intermediação financeira de empresa situada na municipalidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Tem base nas Teorias Clássica e Contingencial, reunidos conceitos de gestão da qualidade com foco no Ciclo PDCA como vem sendo tratado em Silva e Sartori (2014). Tem por objetivo geral estudar a qualidade dos serviços prestados por uma empresa terceirizada do ramo financeiro; e com objetivos específicos descrever os dois principais processos utilizados pela empresa alcançar os seus resultados (1), levantar as ferramentas capazes de promover a qualidade total nos resultados em estudos (2) e propor a inovação recomendada considerando os processos tratados neste estudo (3). O preparo seguiu pelo método de Estudo de Caso como recomendam em Furasté (2006), Vergara (2006) Lakatos e Marconi (2003); e como procedimentos aplicou-se visita in situ, entrevistas, observação, coleta e seleção de dados e outros requeridos pelo método. Como resultados têm que a empresa utiliza da atualização dos profissionais e a ética como características fundamentais para manter a empresa sempre em busca dos resultados desejados; a empresa utiliza de ferramentas do ciclo PDCA para a obtenção da qualidade gerencial, pela perfeição do atendimento, fidelização do cliente e inovação requerida. A previsão é a nova performance organizacional em face a melhoria nos produtos ofertados mediante técnicas diferenciadas em face da concorrência. Este estudo interessa aos envolvidos com decisão bem como aos demais que buscam excelência de desempenho organizacional
Palavras Chave: Administração. Inovação. Produção. Qualidade
Carolina Pante
Ivan Carlos Ferreira
Flávio de São Pedro Filho
Carolina Yukari Veludo Watanabe
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
26
1. INTRODUÇÃO
Esta tarefa trata sobre estudo da gestão da qualidade
na produção de serviços de intermediação financeira
em uma empresa situada na municipalidade de
Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Os
dados foram coletados através de uma pesquisa de
campo, em posse dos mesmos, foi possível realizar
as análises desejadas e por meio desses resultados
e dos métodos utilizados pela empresa estudada
foi possível confrontar com as teorias discutidas no
referencial teórico e os objetivos pré-estabelecidos e
ao final deste estudo têm-se uma proposta de inovação
ajustado a realidade da organização com a finalidade
de melhorar a qualidade de atendimento oferecida ao
cliente e a satisfação do mesmo e da corporação. O
objetivo geral deste trabalho é estudar a qualidade
dos serviços prestados por uma empresa terceirizada
do ramo financeiro; para que tal objetivo seja atendido
foi designado como objetivos específicos descrever
os dois principais processos utilizados pela empresa
alcançar os seus resultados (1), levantar as ferramentas
capazes de promover a qualidade total nos resultados
em estudos (2), e propor a inovação recomendada
considerando os processos tratados neste estudo (3).
2. REVISÃO TEÓRICO-CONCEITUAL
A gestão da qualidade está baseada sob a ótica de duas
outras teorias, a primeira é a Teoria da Administração
Clássica e a segunda a Teoria da Contingência.
Conforme o pensamento de Fagundes et al (2010), a
Teoria Clássica da administração está caracterizada
pela ênfase na estrutura que a organização deve
possuir para ser eficiente. Com isso, as empresas
necessitavam obter cada vez mais rendimento
de recursos disponíveis surgindo a necessidade
de aumentar a eficiência e a competência das
organizações para evitar desperdícios e a economia
da mão de obra, surgindo assim a necessidade da
qualidade dos produtos. Já a teoria da contingência
é tratada como um ajuste da organização de acordo
com as necessidades do ambiente interno e externo
das empresas.
Conforme Salgado et al (2013), a Gestão da Qualidade
Total está voltada para a satisfação do cliente, alcance
de alta produtividade e reduzir custos tendo um
total controle dos processos utilizados para levar os
produtos até o cliente, surgindo assim a necessidade
do surgimento de métodos mis específicos de
qualidade para aplicar nas organizações surgindo as
normas de padrão de qualidade ISO 9000.
Quanto ao levantamento apropriado da Teoria
Contingencial, foi encontrado o conceito de Matos &
Pires (2012). Para este autor, a Teoria Contingencial
é uma abordagem que visa estudar e compreender
o comportamento das organizações, especialmente,
diante das contingências ou adversidades que a mesma
pode enfrentar e os mecanismos ou ferramentas para
tal realidade. Essa teoria foi contrária a Teoria Clássica
já que seus precursores não acreditam na existência
de apenas uma única possibilidade de resolução das
dificuldades para as mais diversas empresas. A Teoria
ainda é dotada de flexibilidade, descentralização e
desburocratização e se adapta melhor em situações
e condições instáveis de modo a privilegiar a análise
tecnológica visando à reorganização do trabalho. As
contingências reconhecem os fatores que podem
interferir nas organizações e nas relações funcionais.
Conforme o pensamento de Oliveira et al (2014) a
teoria das contingências defende que os resultados de
uma organização são as consequências de um ajuste
ou combinação entre dois ou mais fatores, sendo um
ajuste de componentes das organizações de modo que
as dificuldades possam ser corrigidas e transformem
o desempenho das mesmas. Alguns fatores serão
analisados para tal transformação, podendo ser
eles: ambiente, tamanho da organização, estratégia
e tecnologia. Essas circunstâncias (contingências)
se relacionam com as características das empresas
e, especialmente, com a estrutura organizacional
da mesma de modo que cada uma possui aspectos
semelhantes.
Para o pensamento de Silva (2014) a teoria ou
abordagem contingencial abandona a ideia de que
exista apenas um único tipo de controle capaz de trazer
benefícios potenciais para a empresa, essa perspectiva
ajudaria ao crescimento e desenvolvimento tanto das
organizações bem como das pessoas que atuem
nas mesmas. Essas são percebidas como sistemas
abertos que precisam readequar-se constantemente
de modo a manter ou melhorar seu desempenho, não
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
27
existindo a melhor maneira ou forma de organização,
as tarefas e o ambiente interferem diretamente nesse
processo. E nesse sentido, para que as estratégias
a serem desempenhadas pela empresa possam ser
efetivas elas precisam ser adequar a realidade bem
como ao ambiente de inserção.
2.1 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
DE SHUMPETER
As teorias Schumpeterianas são tratadas diversos
autores considerados nesta tarefa. De acordo com
Maia (2012), o enfoque deste modelo está tanto no
aumento da produção quanto na evolução do sistema
capitalista. Com essa concepção, Schumpeter unifica
o pensamento de inovação de novos produtos, aos
métodos de produção, com as novas estruturas
empresarias e as novas fontes de oferta e a exploração
de novos mercados, sendo resultados novas
combinações dos fatores existentes. As empresas
não necessitam criar novos produtos ou utilizar novas
técnicas diferentes da concorrência para serem
inovadoras e assim superar as outras organizações.
Recomenda-se aos gestores empresariais modificar
a forma de administrar os recursos existentes, e
a criatividade é um recurso para tal providência.
Adotando esta prática, o gerente encontrará aderência
na dinâmica de mercado, mediante atração da
clientela, como recomenda, Dewes et al. (2011); Este
pesquisador conceitua inovação como novo produto
ou nova forma de utilizá-lo ou produzi-lo por meio de
novos atributos de produção, em que os resultados
sejam encontrados de forma concreta.
Busca em Costa (2011) indica que as inovações
geram mudanças, ocasionando diversas formas de
adequação aos meios de produção disponíveis na
empresa. Com essas mudanças na organização,
podem proporcionar novos mecanismos de gestão
tais como novos métodos de produção, abertura de
mercado interno e externo, conquista de outras fontes
de matérias-primas ou de uma mudança na estrutura
organizacional. O resultado dependerá da evolução
frequente das mudanças.
2.2 CONCEITOS SOBRE PROCESSOS
ORGANIZACIONAIS EM LITERATURAS
DISPONÍVEIS
Para fins deste trabalho será focalizada a Teoria da
Contingência, por ser uma teoria que trata nos cenários
internos e externos empresariais. A literatura sobre
os processos indica que os gestores obtêm clara
compreensão da eficácia na satisfação dos clientes;
para isso eles dependem da visão de processos. O
resultado da análise desses processos proporciona
reduções de custos; isso decorre da quebra de
paradigmas positivamente mediante integração de
esforços. A organização orientada por processos não
pode haver trabalho individual e voltado para tarefas.
Os processos valorizam o trabalho por equipe onde
há cooperação, a vontade de fazer o melhor com
responsabilidade individual. Como no ditado popular:
“vestir a camisa da empresa”. De acordo com Silva
(2014), os processos organizacionais têm a finalidade
de transformar, montar, manipular e processar
insumos de inputs a outputs tendo como objetivo final a
satisfação do cliente. Devemos lembrar que conforme
as competências específicas da empresa são os
processos que fazem a diferença de ser o melhor
no mercado dentro da acirrada concorrência. Para
a sobrevivência a empresa mantém o foco em seus
processos tendo a intenção de obtenção de melhores
resultados com a consequência de gerar valores para
os seus clientes.
2.3 CONCEITOS SOBRE QUALIDADE TOTAL
De acordo com Souza e Demétrio (2010), o Ciclo PDCA
foi idealizado por Walter A. Shewarth; segundo o autor
o ciclo foi mais tarde publicado e aplicado por Deming,
um dos propagadores desse método de análise da
gestão da qualidade. O Ciclo surge como direcionador
da tecnologia conhecida como TQC (Total Quality
Control), uma ferramenta que representava o ciclo de
gerenciamento da atividade de gestão da qualidade
total. Levantamento em Domingues (2011), indica
que o sistema de gestão da qualidade total possui
cinco ferramentas básicas mais conhecidas que são
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
28
o ciclo PDCA, o Diagrama de Pareto, Fluxogramas,
Brainstorming e o Programa 5S, e no presente trabalho
será discorrido sobre o ciclo PDCA, deixando clara a
existência de outras ferramentas utilizadas.
O Ciclo PDCA, segundo Silva e Sartori (2014) é o
conjunto de ações em sequência dada pela ordem pré-
estabelecida pelas letras que constitui a sigla: P (plan
ou planejar), D (do ou fazer), C (check ou verificar) e A
(act ou agir). Os autores apresentam o significado do
ciclo PDCA, o P (planejar) sendo uma etapa em que as
deficiências e falhas da organização são identificadas
analisando esses pontos e traçando um plano de
ação. Detectado esses pontos partimos para a
próxima etapa que é o D (fazer), que tem o objetivo de
colocar o plano de ação em execução juntamente com
todos os envolvidos. Após esta etapa iremos para o C
(checar), nesta fase ocorrerá a avaliação das ações
realizadas nas etapas anteriores, averiguando se as
deficiências foram corrigidas, sempre tendo o cuidado
de avaliar quais efeitos essas medidas trouxeram, e
se o plano não estiver surtindo o efeito esperando,
deve voltar para a fase do planejamento. E por último
e não menos importante temos o A (agir), nesta fase
as ideias e mudanças realizadas nas fases anteriores
são normatizadas e expõem-se os resultados para a
organização. E quando necessário o ciclo deve ser
continuado, ou seja, voltar a etapa do planejamento
e fazer as devidas alterações. A Figura 1 irá ilustrar
como acontecem os processos do ciclo PDCA.
Figura 1: Processo do Ciclo PDCA
Nascimento (2011) nos mostra a importância
da análise do Ciclo PDCA por ser uma
ferramenta altamente dinâmico e nos
proporciona uma tomada de decisão rápida
pois, a conclusão de uma volta no ciclo nos
oferece o início do próximo ciclo, seguindo um
espírito de melhoria de qualidade contínua.
Sendo assim, o processo um novo processo
de mudança poderá ser iniciado. No Quadro
1, será descrito os processos que envolvem
o ciclo PDCA.
Quadro 1: Desenvolvimentos dos Procedimentos Apresentando na Teoria
Processos do Ciclo PDCADesenvolvimento dos Procedimentos
1. Definir as Metas
Nessa etapa os problemas são identificados através das ferramentas da qualidade, brainstorming, matriz CGU, diagrama de Pareto entre outras formas.
2. Estabelecer Plano de Ação
Traçar um plano de ação a partir dos problemas encontrados solucionando com as ferramentas que possuem em literatura.
3. Conduzir a execução do plano de ação
Dirigir e acompanhar a realização do plano de ação, para que falhas possam ser identificadas e sanadas de acordo com as necessidades.
4. Verificar a eficácia do plano de ação
Conferir e examinar as atividades realizadas no decorrer dos passos anteriores, caso não esteja ocorrendo de forma correta é necessário começar novamente o ciclo.
5. Exposição dos Resultados
Quando a fase de verificação ocorre de maneira adequada, a exposição dos resultados acontecerá através de gráficos, tabelas e diagramas.
6. Padronização dos Procedimentos
Após todos os procedimentos acontecerem de acordo com as necessidades padronização e uniformização dos procedimentos é realizado.
Fonte: Elaborado pelos autores
Fonte: Autores baseado em Silva e Sartori (2014)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
29
Figura 2: Procedimentos metodológicos3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracterizar o desenho de uma pesquisa é considerar
como será o andamento da mesma, nas suas relações,
aprofundamentos e consequências para o meio
acadêmico. Levantamento em Furasté (2006), Vergara
(2006) Lakatos e Marconi (2003) oferecem subsídios
proficientes sobre tipificação de pesquisa qualitativa,
como aquelas resultantes de Estudo de Caso. Nesta
tipologia de investigação de natureza qualitativa,
se procedem a leitura em obras publicadas; aqui
ingressam busca e seleção de temas em livros, artigos
e outras publicações oriundas de pesquisa obtidas
em outras fontes; também de providencia a busca
entre materiais virtuais ou impressos correlacionados
à temática do trabalho em questão. Ainda pode ser
considerada como sendo um estudo desenvolvido
diante das publicações em livros, revistas, jornais ou
demais redes que possam integrar o conhecimento
científico. Nesse sentido, a depender do tipo de
documento ou material utilizado há uma manipulação
e um tratamento diferente de acordo com a
especificidade de cada instrumento.
De acordo com Gil (2008), a pesquisa ainda foi
considerada do tipo de campo, já que foi realizada
fora dos espaços acadêmicos, sendo desenvolvida
em uma empresa do ramo financeiro e porque
procura aprofundar um determinado conhecimento a
fim de fornecer explicações e interpretações diante
de um fenômeno específico. A empresa estudada
tem em seu ramo de atuação na área de crédito
bancário para servidores públicos e aposentados e
pensionistas, e está localizada no município de Porto
Velho. A pesquisa teve como instrumental de coletas
de dados uma entrevista previamente elaborada com
o intuito de obter as informações necessárias para o
estudo realizado. Deste modo, após a coleta desses
dados os mesmos serão devidamente analisados e
transformados em informações, sendo organizados
e sintetizados para que as correlações entre as
informações encontradas com os objetivos traçados
no início deste trabalho possam ser encontradas, para
assim chegarmos as conclusões desta pesquisa. A
Figura 2 demonstra como será realizada a sequência
deste estudo.
Fonte: Elaborado pelos autores
De acordo com Meirinho e Osório (2010), o
estudo de caso transmite as características
de investigação qualitativa baseando-se
pela lógica que guia as sucessivas etapas
de recolha, análise e interpretação das
informações e métodos qualitativos, com
a peculiaridade de que o propósito da
investigação é o estudo intensivo de um ou
poucos casos.
4. ESTUDO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS EM UMA
EMPRESA TERCEIRIZADA DO RAMO FINANCEIRO
Esta pesquisa foi desenvolvida em uma empresa
terceirizada do banco mais antigo do Brasil, que
atua no mercado há aproximadamente seis anos.
Os clientes são atraídos pela proposta de facilidade
e praticidade de crédito consignado para servidores
públicos, aposentados e pensionistas. O processo
de atendimento ao cliente acontece em três etapas
distintas: recepção ao cliente (1); análise do cadastro
(2); e, liberação do empréstimo no banco. Na Figura 3
é apresentado o fluxograma das etapas no processo
de atendimento na empresa pesquisada:
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
30
Figura 3: Fluxogramas das etapas no processo de atendimento
Fonte: Elaborado pelos autores
Desse modo, podemos observar que no fluxograma
apresentando acima, encontramos todos os
procedimentos realizados pela organização, de
tal forma, é possível observar que são atividades
simples, porém que requerem atenção por tratar de
dados bancários, desconto em folha dos servidores e
transferência de crédito. No Quadro 2, será possível
compreender melhor o fluxograma apresentado.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
31
Quadro 2: Processo de atendimento ao cliente
Etapas do atendimento
Descritiva do processo
1 . Atendimento ao cliente
Na etapa de atendimento ao cliente é realizada a compreensão das necessidades do cliente, em caso de buscas por tipos de crédito lhe é explicado e orientado caso o cliente deseje realizado o empréstimo o colaborador atenderá sua necessidade de acordo com as possibilidades existente, caso sejam outras situações requeridas será encaminhado para os gerentes ou outros atendentes, buscando atender da melhor forma e com a melhor qualidade no atendimento.
2. Análise de crédito
Nesta etapa será observada a possibilidade de contratação de crédito por parte do cliente, sendo necessário observar a qual esfera pública o servidor está inserido, pois para a realização do empréstimo essa característica é fundamental para que os procedimentos sejam realizados de maneira correta e assim a satisfação das necessidades almejadas.
3. Liberação d e Empréstimo no Banco
E por fim, após a realização adequada dos procedimentos, coletas de assinatura e liberação pelos órgãos competentes fica a cargo do banco receber esses documentos enviar correio eletrônico para a unidade responsável e quando autorizado realizar o pagamento do crédito na conta do servidor, tornando assim os procedimentos claro e coesos obtendo a satisfação e a fidelização do cliente.
Fonte: Elaborado pelos autores
A etapa de recepção ao cliente busca entender suas
necessidades para tentar supri-las; considera-se que
será possível satisfazer as expectativas dos mesmos,
ultrapassando os possíveis fatores alheios à vontade
dos funcionários. Aqui os promotores do negócio
tentarão compreender os anseios do recepcionado, ou
esclarecer os de negativa da sua busca. A segunda
fase se refere à análise de crédito; aqui é realizado
o estudo da capacidade de concessão de crédito ao
interessado, o que exige cumprimento das políticas
oferecidas pelo agente financeiro, e verificar as
possibilidades da realização do empréstimo pretendido
pelo cliente. Na última fase se refere à finalização do
consignado, que compreende, quando o empréstimo
é oficializado em conformidade; os documentos são
encaminhados ao gerente da unidade para coleta
de sua autorização e assinatura; por fim toda a
documentação gerada segue para a unidade superior
que autoriza a transferência do valor em dinheiro para
a conta do cliente.
4.1 DESCRITIVA DOS PRINCIPAIS PROCESSOS
UTILIZADOS PELA EMPRESA PARA ALCANÇAR
OS SEUS RESULTADOS
Os dois processos principais a serem descrito aqui
são os relativos ao atendimento ao cliente e o de
liberação de crédito junto ao agente financeiro. No
que se refere aos principais processos utilizados
pela empresa na busca em alcançar seus resultados
tem-se que a mesma afirmou que “para manter a
qualidade dos serviços a empresa busca manter seus
colaboradores sempre atualizados com as regras do
mercado financeiro e coloca sempre a ética como o
pilar da sua estrutura. Ou seja, a empresa se utiliza do
termo qualidade de forma sinônima de atualização, de
inovação nas suas atividades.
4.2 LEVANTAMENTO SOBRE AS FERRAMENTAS
CAPAZES DE PROMOVER A QUALIDADE TOTAL
NOS RESULTADOS EM ESTUDOS
Para o levantamento considerado nesta seção será
adotado o Ciclo PDCA conforme tratado na revisão
teórica. O estudo indica que esta ferramenta é utilizada
de forma insuficiente na empresa em estudo, o que
reflete nos resultados da qualidade total pretendida.
Observa-se que é utilizado alguns mecanismos de
motivação entre os colaboradores, como se demonstra
no Quadro 3 a seguir.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
32
Quadro 3: Mecanismos de motivação apresentados pela empresa
Mecanismos de motivação Como são realizados os processos
1. Cronograma Serve para organizar e dinamizar o quadro de viagens dos supervisores para o interior, reuniões e treinamentos.
2. Palestras São realizadas para que o colaborador esteja atualizado com os padrões de atendimento ao cliente que é solicitado pelo banco.
3. Treinamentos Operacionais São referentes às mudanças no sistema ou nas políticas de crédito.
4. Treinamentos Motivacionais É utilizado para melhorar o ambiente de trabalho entre os colaboradores.
5. Reuniões Periódicas São realizadas periodicamente para alinhar os pensamentos da organização com os dos colaboradores buscando assim fechar lacunas existentes.
6. Tabelas para análise de dados São usadas para analisar a produção individual dos promotores e a produção geral da equipe na qual está inserido.
7. Utilização de gráficos É utilizado para analisar o ritmo de produção das equipes durante determinando período e verificar quais lugares precisam uma atenção diferenciada.
8. Incentivos É realizado através de bonificações pelas produções e quando atinge a meta estabelecida recebe bonificação extra por colocação no ranking geral.
9. Promoções Ocorrem esporadicamente de acordo com as promoções que o banco fornece a nível nacional.
10. Prêmios São realizados a cada seis meses para aqueles promotores que alcançam as metas estabelecidas para o determinado período.
Teoricamente o Ciclo PDCA está baseado em quatro
pilares que são: planejamento, execução, checagem
e ação. Na presente empresa observa-se que
alguns mecanismos como planejamentos das ações
acontecem através de reuniões periódicas com os
diretores e supervisores das equipes definindo metas
e plano de ação para solucionar problemas oriundos
do dia-a-dia organizacional, tendo dessa forma como
encontrar as deficiências e as falhas traçando, assim,
um plano de ação eficaz de acordo com cada problema
identificado. No Quadro 4, estão os elementos
operacionais obtidos em face do levantamento neste
estudo.
Fonte: Elaborado pelos autores
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
33
Quadro 4: Pilares do Ciclo PDCA
Pilares do ciclo PDCA Aplicabilidade na Organização
1. PlanejamentoRealização de reuniões semanais, quinzenais e mensais, definição de metas semanais e mensais para promotores e supervisores, planos de ação para solucionar os problemas oriundos do dia-a-dia e a colaboração dos funcionários com opiniões e sugestões para tornar a organização mais coesão permitindo a satisfação dos funcionários e gesstores.
2. ExecuçãoAcontece através de treinamentos, porém, nem sempre esses treinamentos são bem absorvidos pelos promotores visualizando a necessidade de realizações constantes de treinamentos com determinados profissionais. E observa-se a busca pelo esclarecimento das informações da melhor forma possível.
3. ChecagemNessa fase, existe o interesse por parte da organização em buscar solucionar e acompanhar a resolução do plano de ação estabelecido, porém, observa-se que essa etapa não é bem realizada por parte da organização por motivos alheios a esta pesquisa.
4. AçãoA comunicação acontece de forma eficaz porém nessa fase ainda existem muitos ruídos durante a realização dos procedimentos e tomada de decisão, dessa forma não acontecendo a padronização dos procedimentos, sendo necessário realizar medidas corretivas.
Fonte: Elaborado pelos autores
Dentro do ambiente organizacional é necessário
realizar mudanças visando a qualidade dos serviços.
De acordo com a empresa pesquisada toda mudança
que visa a qualidade nos serviços é informada para
os colaboradores através de boletins informativos,
reuniões gerais e também é utilizada a tecnologia
existente para que tais informações atinjam a todos
os colaboradores. Existindo assim o interesse por
parte da empresa em verificar se as ações projetadas
no planejamento estão acontecendo de maneira
adequada.
Quanto ao controle da qualidade dos serviços
encontramos como principal medida a motivação por
parte dos supervisores em manter os promotores de
suas respectivas equipes sempre informados com as
mudanças do mercado financeiro e estando sempre
dispostos a motivar os colaboradores da melhor forma
possível e tendo assim a satisfação do cliente.
Quanto a retroalimentação das ações corrigidas com
vista a manter a qualidade dos serviços prestados
e mantendo o lucro da empresa não foi possível
identificar medidas corretivas claras e efetivas. É
possível identificar apenas que a empresa se preocupa
em evitar que ações que negativas e que tragam
prejuízos para a empresa repitam-se.
Dessa forma, é possível observar pela análise da
entrevista e de acordo com a teorias apresentadas no
corpo deste trabalho que existem algumas ações que
indicam o princípio do ciclo PDCA, porém ainda faltam
ações importantes a serem implantadas para que tal
ciclo aconteça da forma como foi apresentada pelos
autores do presente trabalho.
4.3 PROPOSTA DE INOVAÇÃO RECOMENDADA
CONSIDERANDO OS PROCESSOS TRATADOS
NESTE ESTUDO
No que tange os processos de inovação observa-
se que esse processo acontece de forma frequente,
pois por se tratar de uma empresa vinculada ao
sistema financeiro nacional existe a necessidade
de atualizações constantes no que tange a política
de juros, concessão de crédito e alterações de
procedimentos, sendo necessárias reuniões periódicas
para tais atualizações, e também para buscar novos
métodos de atração dos clientes estando à frente da
concorrência através da agilidade e na qualidade da
prestação do serviço.
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
A presente pesquisa buscou identificar o tipo de
ferramentas da gestão da qualidade que são utilizadas
em uma empresa terceirizada do banco mais antigo
do Brasil, na cidade de Porto Velho. Foram utilizados
os conceitos da teoria da contingência, assim como as
ferramentas da gestão da qualidade que no presente
trabalho o enfoque dado foi para a o ciclo PDCA,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
34
não podendo ser diferente pois nesse ciclo podemos
identificar se a organização está pautada pelo
planejamento de suas atividades, a realização dessas
atividades da melhor forma possível, a checagem
dos planos traçados para a solução dos problemas
e por fim, e não menos importante a exposição dos
resultados e caso todos os procedimentos estejam
de acordo e funcionando corretamente ocorre a
padronização dos procedimentos. Levando em
consideração o embasamento teórico da proposta de
inovação proposta na pesquisa.
A respeito do Objetivo Específico 1, observou-se que
mesmo não obtendo conhecimento específico sobre
as ferramentas da gestão da qualidade a empresa
utiliza da atualização dos profissionais e a ética como
características fundamentais para manter a empresa
sempre em busca dos resultados desejados. No que
se refere ao Objetivo Específico 2, verificou-se que a
empresa utiliza de ferramentas do ciclo PDCA para a
obtenção da qualidade gerencial, como por exemplo,
treinamentos, gráficos de verificação, reuniões
periódicas e incentivos para o profissional mantendo
assim os funcionários motivados realizando bons
atendimentos e garantindo a satisfação e a fidelização
dos clientes, garantindo a qualidade dos serviços e
boa imagem da organização no mercado consumidor.
Na perspectiva da gestão da inovação, relativo ao
Objetivo Específico 3, prevê-se que as organizações
não precisam criar novos produtos ou utilizar técnicas
diferentes da concorrência para serem inovadoras e
assim superar as outras organizações. O simples fato
de colocar uma urna nos lugares de atendimento aos
clientes (normalmente no banco) e no escritório (parte
administrativa) serve para que os colaboradores e
os clientes possam expressar suas ideias e anseios
de forma clara e sem represálias, trazendo para a
organização os pontos fracos, falhas e lacunas que
podem ser fechadas utilizando o ciclo PDCA, pois com
esse ciclo um novo plano de ação poderá ser traçados
e posteriormente executados e checados para que
quando estiver correto torne uma atividade padrão da
organização. Dessa forma, o crescimento da empresa
estaria apoiando nas sugestões de seus clientes e
colaboradores, assim como das teorias da qualidade,
e sempre visando o sucesso de seus processos de
atendimento ao cliente e de prestação de serviços.
REFERÊNCIAS
[1] COSTA, Odorico de Moraes Eloy da. Desenvolvimento na perspectiva estruturalista e neo-schumpeteriana- a inovação como elemento de convergência. Disponível em: <www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em 18 de Março de 2015.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
35
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[18] VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2004.
Capítulo 4ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO
NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE
Cléber da Silva Amado
Moisés Alexandre Lustosa da Silva
Fernando Franco Netto
Resumo: A preocupação com o meio ambiente ganhou notoriedade nas últimas décadas, despertando o interesse de diversas áreas do conhecimento em desenvolver estudos relacionados a este tema. Baseado nessa afirmação, esse trabalho buscou mostrar se as instituições públicas têm feito sua parte em colaborar com a sustentabilidade ambiental. Para isto, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) foi escolhida como objeto deste estudo por tratar-se de uma Instituição de Ensino Superior Pública. Em termos metodológicos, foi feito um estudo descritivo, com análise documental e abordagem qualitativa. Verificou-se que a UNICENTRO possui ações de sustentabilidade por meio de projetos de extensão, em especial de reciclagem de papel, porém não é dada a devida importância, pois muitas atividades propostas nem sequer saíram do papel. Notou-se que algumas ações foram tomadas de forma bastante tímida, o que não vem contribuindo de forma eficaz para conscientização da comunidade acadêmica a respeito do tema.
Palavras Chave: Sustentabilidade, estratégias, universidade.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
37
1. INTRODUÇÃO
O meio ambiente ao longo dos anos sofre com a
degradação dos recursos ambientais, a biodiversidade
tende a se reduzir, a recomposição e minimização da
agressão ambiental, nesse sentido deve ser efetivada
com ações ordenadas ZULAUF (2014). O processo
de devastação ambiental é reflexo da geração de
produção, transporte, comercialização, uso e descarte
dos bens e serviços de consumo, ou seja, é decorrente
do desenvolvimento e crescimento econômico
desordenado.
Em resposta e por acreditar na capacidade de solução
para essa problemática a sociedade tem buscado
empresas, sejam elas públicas ou privadas, que
tenham em seus princípios direcionados a constante
preocupação com a minimização dos impactos
ambientais que contribuam com o bem estar social
e, com sério comprometimento voltado para o meio
ambiente. Esse anseio é devido à solicitação de
retratar as relações existentes entre as empresas e a
sociedade no que diz respeito às ações desenvolvidas
voltadas para a melhoria da qualidade de vida da
população (CUNHA; RIBEIRO, 2007).
Em empresas privadas, estas informações têm
acesso facilitado, pois o cuidado e investimentos
com o ambiente é encarado como uma vantagem
competitiva frente aos concorrentes. Porém, o acesso
a estas informações em empresas públicas não segue
o mesmo exemplo, o que provocou a criação da Lei de
Acesso à Informação (BRASIL, 2011) com intuito de
proporcionar maior transparência dos atos dos gestores
públicos, esta lei institui como princípio fundamental
que o acesso à qualquer informação pública é a
regra, e o sigilo somente a exceção. Mostrar o que se
tem feito pelo meio ambiente é apenas uma parte da
legislação, mas de grande importância, pois a partir
do momento que as informações são disponibilizadas
pode gerar maior cobrança por parte da sociedade.
Devido à crescente preocupação com a realidade a ser
enfrentada por futuras gerações e consequentemente
com o meio ambiente, faz-se necessário que as
organizações estejam engajadas em um processo
sustentável na rotina de trabalho diário, onde sejam
receptivas a políticas que evitem o desperdício,
com a conscientização coletiva da necessidade de
defesa ambiental, buscando minimizar o impacto
ambiental de suas atividades, nesse aspecto três
itens são fundamentais: a redução, a reutilização e
a reciclagem, estas ações buscam estabelecer uma
relação harmônica entre as instituições e a sociedade
além de favorecer o desenvolvimento sustentável
(STRAUCH; ALBUQUERQUE, 2008).
Um dos pré-requisitos fundamentais para minimizar
esta problemática é a educação com potencial
mais abrangente possível voltado para a educação
ambiental, que no Brasil é obrigatória desde a
Constituição de 1988 em toda rede de ensino “Desde
a Constituição de 1988, a educação ambiental é
obrigatória em todos os níveis de ensino do país; falta
ser obdecida de forma mais efetiva nas escolas e
falta principalmente, o acesso de todas as crianças e
jovens às escolas” (ZULAUF 2014, p. 90).
Conforme o relatado o objeto de estudo desse trabalho
é uma instituição de ensino, a Universidade Estadual
do Centro-Oeste (UNICENTRO), escolhida por ser
uma Instituição de Ensino Superior (IES) Pública. A
UNICENTRO detém grande influência na comunidade
do seu entorno e produz grande quantidade de
lixo, em especial, o papel. A reciclagem de papel
pode diminuir consideravelmente o volume de lixo
ocasionado pelo desperdício, e ainda poupar o corte
de diversas árvores, afinal para cada tonelada de papel
reciclado é possível economizar 20 árvores (MATTEI;
ESCOSTEGUY, 2007). Pode ainda contribuir para a
geração de emprego e renda para a comunidade local
por meio do processo adequado de reciclagem. Este
estudo pretende verificar se existe alguma estratégia
de desenvolvimento sustentável por parte da IES e se
há algum resultado concreto das ações tomadas que
visem à destinação correta dos materiais descartados
com potencial para reciclagem da instituição.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Com o advento da revolução industrial, houve
um crescimento e desenvolvimento econômico e
melhora na qualidade de vida da população, porém
isso resultou no aumento da produção de bens de
consumo, o qual necessita da extração de recursos
naturais para sua produção, que muitas vezes ocorre
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
38
de forma desordenada e com grade degradação
do meio ambiente, basta olharmos com atenção
e logo vislumbramos lixos com abundância, até
mesmo as regiões afastadas dos grandes centros
urbanos estão poluídas com lixo industrial, os rios e
oceano constantemente recebem lixos produzidos e
descartados pelas cidades. A industrialização ocorreu
de forma rápida e não teve o mesmo crescimento da
preocupação com as questões ambientais.
A sociedade é responsável por preservar o meio
ambiente em que vive e dar destinação adequada
aos resíduos que produz para assegurar o bem estar
de todos. Na realidade atual tornou-se necessário
preservar o meio ambiente devido à acelerada
destruição dos recursos naturais do nosso planeta. É
urgente a necessidade de diminuir a quantidade de
lixo produzido e descartado, desperdiçando menos,
consumindo somente o necessário e reutilizar aquilo
que é considerado lixo, mas que serve de matéria
prima para produzir novos produtos (STRAUCH;
ALBUQUERQUE, 2008).
Estamos vivenciando momentos cruciais de
depredação ambiental onde os noticiários denunciam
falta de água potável, crise energética, desmatamento
desordenado, poluição do ar, dos rios, entre outros.
O processo de reciclagem vem de encontro à
necessidade de combater esses problemas. Posto
isto, é essencial formular estratégias ambientais que
visem diminuir os detritos no meio ambiente. Devido ao
crescimento social, surgiu o aumento da complexidade
das estratégias nas organizações, pois suas atividades
tem impacto socioeconômico. Além disso, elas
precisam contemplar em suas atividades estratégicas
a busca constante por direções, escolhas, mudanças,
resultados, posições de mercado, contexto social,
econômico e político (BULGACOV, 2007).
Nas relações existentes entre as empresas e a
sociedade, é pertinente a demonstração, por parte
das empresas, dos retornos em favor do benefício da
população. Esta solicitação pode ser expressa como
sendo a Responsabilidade Social. A Responsabilidade
Social é um compromisso das organizações com o
comportamento ético (MEDEIROS JÚNIOR, 2004).
Baseado nessa definição, as universidades públicas,
possuem um papel relevante na construção de uma
nova consciência global. No início dessa década,
as universidades estavam voltadas quase que
exclusivamente para a transmissão do conhecimento,
hoje, o que se observa é a inserção dessas instituições
em assuntos voltados não só à comunidade acadêmica,
mas à comunidade em seu entorno (MARTINS et al.,
2013). Como instituições sociais de aplicabilidade
do conhecimento científico e da formação para
a cidadania, os seguimentos educativos são os
principais responsáveis por gerar conhecimento e
caminhos para que os ecossistemas possam produzir
recursos úteis e de absorção de resíduos gerados
pelos próprios seres humanos (GADOTTI, 2008).
Dessa forma, espera-se que as universidades busquem
atender às necessidades de seus usuários internos
(acadêmicos e servidores) e externos, quanto à
execução de ações sociais que agreguem valor. Diante
disso, a UNICENTRO busca fazer sua parte apoiando
o Projeto Reciclar, que tem como prerrogativas a
coleta seletiva de materiais, a reciclagem de papel dos
seus diversos setores, além da busca constante da
conscientização da comunidade acadêmica a respeito
da sustentabilidade.
2.1 RECICLAGEM
O ser humano utiliza os materiais oferecidos pela
natureza para sobrevivência e beneficio próprio, mas
no momento da extração desses materiais na maioria
das vezes não há preocupação com as consequências
da extração desordenada e sem critérios de reposição.
Há uma enorme produção de produtos descartáveis,
ou seja, bens e materiais produzidos com pouca vida
útil de aproveitamento, normalmente após a utilização
esses produtos ou equipamentos são descartados no
lixo, os quais são empregados energia, mão de obra e
ciência que se perdem e não poderão ser recuperados,
causando sérios problemas para os futuros seres vivos
e do planeta.
O aumento dessa produção esta diretamente
relacionada ao poder aquisitivo, ao processo de
industrialização e ao consumo desenfreado, muitas
pessoas consomem além de suas necessidades,
muitos produtos são adquiridos e são substituídos por
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
39
que saiu da moda, são pouco ou não são utilizados
e já são descartados. Há uma grande pressão por
parte da sociedade organizada para que ocorra a
diminuição da quantidade de matérias e produtos
descartáveis para que as fontes naturais sejam
preservadas, mas a produção dificilmente ira diminuir,
pois a humanidade cada vez mais é dependente
dos produtos industrializados. Após muitos anos de
observação e pesquisa sobre o assunto surge uma
forma para minimizar esse processo a reciclagem.
Em alguns países desenvolvidos as próprias empresas
são responsáveis pelo recolhimento, reciclagem ou
reaproveitamento dos materiais que produzem e
vendem, atualmente emprega-se uma filosofia dos
“4Rs” com objetivo de reduzir a quantidade de matéria
prima utilizada, reciclar as já utilizadas com o processo
de refabricação, a reutilização e a reciclagem. Esses
processos podem ser empregados em todos os tipos
de resíduos (CASTRO, 2014).
A reciclagem é uma das mais importantes, promissoras
e efetivas formas de proporcionar a real minimização
dos problemas ambientais, com a conciliação global
entre a diminuição da agressão ambiental e o consumo
exacerbado de bens e serviços que no futuro tende
a aumentar. A reciclagem pode ser considerada o
reaproveitamento de tudo que é descartado através
da reutilização ou reprodução de um ou de vários
novos produtos através de um processo seja industrial
ou artesanal. Na reciclagem ocorre o ato de tornar
novamente útil um produto que seria descartado e
assim retorna no ciclo produtivo.
O processo de reciclagem além de evitar o desperdício,
o acumulo de lixos e evitar o fim de um produto que
poderia retornar para o ciclo produtivo, contribui para
o meio ambiente no sentido que evita que árvores
que absorvem gás carbônico sejam derrubadas,
contribuído assim para um equilíbrio ambiental e
diminuição do efeito estufa.
Reciclar é preciso e é de fundamental importância para
a humanidade e para o meio ambiente, a reciclagem é
crescente a cada ano na maioria dos países devido a
consciência que vem sendo despertado nas pessoas
através da educação. Cada vez mais surgem novas
produções tecnológicas voltadas para esse processo.
Como reciclagem entende-se que não é apenas
o reaproveitamento de produtos, mas também o
reaproveitamento de materiais orgânicos inclusive
para a produção de energia (ZULAUF, 2014).
O processo de reciclagem é necessário, principalmente
quando é voltado para produtos que demorariam
muito tempo para entrar em estado de decomposição,
ao reaproveitar os produtos descartados, não é
somente a quantidade de lixo que é reduzido, mas há
recuperação daquilo que já foi produzido, o propósito
é recuperar produtos já fabricados, gera economia
de matéria prima, e cria novos postos de emprego e
diminui a degradação ambiental.
A reciclagem além de ser uma vantagem ambiental
também pode ser considerada uma fonte de renda,
é uma atividade que gera a inserção monetária na
economia, gerando emprego e renda as famílias e para
as empresas que exercem a atividade de reciclagem.
Esse mercado movimenta bilhões de dólares no mundo
inteiro e muitos empreendedores estão cada vez mais
investindo nesse setor.
Existem dois tipos de reciclagem: a primária ou em
circuito fechado, a qual é realizada quando o produto
descartado é transformado em novos produtos
do mesmo tipo. Já a secundária, que também é
denominada de downcycling, em que os materiais são
reciclados e são convertidos em produtos diferentes.
Quanto aos resíduos, também podem ser de dois tipos:
o pré-consumo ou interno, que é gerado no processo
de fabricação, e o pós-consumo ou externo, gerado no
consumo do produto (CASTRO, 2014).
Cada vez mais cresce o número de empresas que
operam com reciclagem, pois é uma área ainda
em desenvolvimento e muitos empreendedores
apostam nesse novo nicho de mercado, que é amplo.
(PINHEIRO, 2007). Esses novos empreendimentos tem
gerado empregos diretos e indiretos em todo mundo.
No processo de reciclagem uma fase fundamental é a
separação do lixo, ou seja, proporcionar a destinação
correta de cada tipo de lixo para proporcionar a
criação de reaproveitamento ou servir de matéria
prima para a produção de um novo produto, dando
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
40
nova utilidade de materiais e orgânicos que na maioria
das vezes são considerados como inúteis e acabam
sendo destinados para o lixo.
Mas para ocorrer a separação adequada do lixo que
proporcione o processo de reciclagem o processo
inicial esta alicerçado na educação, e deve partir
das escolas universidades e outras instituições de
ensino incentivar e instruir a separação adequadas
dos matérias descartados, levando essa atitude
para suas residências e assim disseminar a cultura
do reaproveitamento e despertar a mudança do
comportamento frente as questões relativas ao meio
ambiente.
2.2 RECICLAGEM DE PAPEL
Devido a grande relevância que vem sendo atribuída às
questões ambientais e com a crescente conscientização
da população, a utilização da reciclagem nos próximos
anos exige o desenvolvimento de novas tecnologias
e tende a ser rapidamente a nossa maior indústria
em crescimento o futuro que deve ser planejada e
estruturada (Reinfeld, 1994).
Atualmente o fluxo de materiais da economia segue
um caminho de forma linear de extração da natureza,
produção do bem, consumo ou uso e descarte,
com pouco reaproveitamento de tudo aquilo que
é produzido e consumido. Com espaços cada vez
mais limitados e inadequados para depositar esses
resíduos é necessário deixar de lado esse modelo
linear e adotar um caminho circular onde o descarte
de materiais é minimizado e o reaproveitamento seja
maximizado (STRAUCH; ALBUQUERQUE, 2008). A
relação entre as entidades com a sociedade, deve
ocorrer de forma harmônica e sustentável.
As atividades de educação ambiental devem buscar
a preservação da natureza e devem ser politizadas
em sentido amplo, na educação ambiental deve-se
enfatizar o estudo do meio em que vive, procurando
estabelecer os principais problemas e as contribuições
que a ciência pode proporcionar para as possíveis
soluções dos problemas frente a comunidade.
A preservação ambiental e a diminuição dos detritos
lançados na natureza tem impacto relacionado à
diminuição de catástrofes naturais. Quanto mais
for possível acelerar o processo de transformação
comportamental em relação ao meio ambiente menor
será a possibilidade da ocorrência e do lamento de
catástrofes que poderão vir ocorrer por não serem
evitadas com antecedência (ZULAUFF, 2000).
A única forma de se reverter para um quadro de
preservação ambiental com reaproveitamento de
detritos lançados na natureza de forma desgovernada
e incontrolável, evitando a possibilidade de futuras
catástrofes e buscar melhor qualidade de vida
dos cidadãos e das futuras gerações é por meio
da conscientização das pessoas motivando-
as a participarem de ações direcionadas para
a educação ambiental, esse Mecanismo é uma
alternativa considerada ecologicamente correta para
a preservação ambiental.
No Brasil de acordo com a (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE CELULOSE E PAPEL, 2015) cerca de 45 % de
todos os papeis que circulam no pais no ano de 2011
foram encaminhados para a reciclagem. No setor de
papel já é tradicional o processo de reciclagem, várias
fábricas possuem vasta matéria prima abastecida por
um grande rede de aparistas, cooperativas, e outros
fornecedores de papel pos-consumo que recolhem,
fazem a triagem e armazenamento do papel coletado,
essa cadeia produtiva gera emprego e renda e
movimenta a economia local.
De encontro com a perspectiva de preservação e
contribuição com as futuras gerações através da
redução do desperdício por meio da reciclagem foi
criado o Projeto Reciclar da UNICENTRO que tem
como objetivo de educar a comunidade acadêmica e
local quanto aos cuidados que se deve ter com o meio
ambiente, e recolhe os papeis descartados dos seus
diversos setores a fim de destiná-los a reciclagem.
Essa idéia surgiu a partir da observação da grande
quantidade de papel gerada na Universidade era
destina ao lixo, conscientes que a reciclagem do papel
além de reduzir o acumulo de lixo também contribui
para a diminuição da devastação florestal, pois para
sua produção é utilizada a celulose de determinados
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
41
tipos de árvores, dados revelam que a cada tonelada
de papel reciclado gera economia de 17 a 20 árvores.
O papel pode ser reciclado de 7 (sete) a 8 (oito) vezes,
pois o papel e formado por um conjunto entrelaçado
de fibras de celulose e a cada reciclagem essas fibras
vão se degradando.
Vários tipos de papel podem servir de matéria prima
para reciclagem e gerar novos papéis, entre os
principais tipos estão: jornal, papel sulfite, cartolinas,
revistas, papelão, longa vida, folhas de caderno,
envelopes, cartões, caixas de papel em geral,
embalagens de produtos em geral, entre outros.
O papel reciclado pode gerar vários outros tipos
de papel, um dos mais utilizados é o papel A4 para
impressão, com o processo de reciclagem pode
ser gerado um novo papel com características
semelhantes ao que foi utilizado como matéria prima,
com diferencial da coloração que pode ser mais
escuro, mas essa é apenas uma dos tipos de papel
que podem ser criados, pois vários outros tipos podem
ser recriados.
Para ser reciclado o papel recolhido passa por
um processo de separação, coleta, transporte até
a fábrica, passa pelas etapas de produção, esse
processo é denominado ciclo de reciclagem do papel,
conforme ilustrado na figura 1.
Figura 1 – Ciclo de reciclagem de papel
Fonte: Adaptado pelos autores
A primeira fase no processo de reciclagem do papel
ocorre com a separação do papel em relação a outros
detritos, em locais onde há grande quantidade de
papeis pode também haver a separação por tipos de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
42
papel como: papel branco, papelão, jornais, revistas e
diversos impressos, entre outros. Daí a importância de
haver uma conscientização da separação adequada
do papel em relação a outros detritos, em seguida é
realizado a coleta nos locais onde é feita a separação
(universidades, escolas, residências, entre outros),
na próxima etapa é realizado o transporte para o
local da reciclagem, já no local passa pelo controle
de qualidade e é classificado, é acrescentado água
industrial (detergente e solvente), para a retirada da
tinta, cola e impurezas, após essa faze a matéria
prima é transformada em uma pasta, após esses
procedimentos o papel passa por uma série de
lavagens e é misturado com cloro o que torna esta
pasta branca e após todo esse ciclo resulta no produto
final, ou seja, um novo papel que após sua vida útil
retornará para esse processo novamente, mantendo
assim o ciclo de reciclagem.
Uma das dificuldades no processo de reciclagem
ocorre quando a separação dos materiais com
potencial para reaproveitamento é realizada de forma
inadequada, onde as pessoas acabam misturando
outros tipos de papel que não são recicláveis, como
papéis sanitários, plastificados, papéis metalizados,
papéis parafinados, copos descartáveis de papel,
papel carbono, fotografias, fitas adesivas, etiquetas
adesivas e papel vegetal, entre outros. A separação
correta é um processo fundamental para o sucesso
de qualquer projeto de reciclagem, ganha-se tempo
e emprega –se menos recursos na triagem desse
material. Além de que outros produtos cortantes como:
latas, metais, estilhaços, ferro, vidro, e outros que não
sejam papel, podem acabar causando ferimentos na
pessoa responsável pela coleta.
3. PROCESSOS METODOLÓGICOS
Este trabalho buscou saber se as empresas públicas
se preocupam em contribuir com a sustentabilidade
ambiental. Para tanto, foi escolhida a Universidade
Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, como objeto
de estudo da pesquisa por ser uma Instituição de
Ensino Superior Pública de qualidade. Por ser uma
universidade de alcance nacional, as ações tomadas
por essa organização podem influenciar a comunidade.
A pesquisa foi qualitativa, caracterizada como
descritiva, documental, com técnica de levantamento
e a amostra de dados foi definida por acessibilidade
ou conveniência. Para viabilizar o estudo, analisou-se
a documentação do Projeto Reciclar disponibilizada
pela Instituição de Ensino Superior UNICENTRO, onde
se teve acesso a todas as informações necessárias
a respeito da implantação do projeto, seus objetivos,
suas ações e os resultados obtidos.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A seguir far-se-á a análise e discussão dos resultados
obtidos pelo desenvolvimento da presente pesquisa.
Na primeira seção há uma breve menção sobre
a Instituição de Ensino Superior pesquisada. Na
segunda seção mostrar-se-á aspectos relativos ao
Projeto Reciclar e seus respectivos resultados.
4.1 UNICENTRO
4.1.1 LOCALIZAÇÃO
A instituição é uma das mais recentes universidades
públicas paranaenses, tem sua sede na cidade de
Guarapuava/PR, cidade polo da mesorregião centro-
sul do Paraná. A mesorregião tem população estimada
de 544.190 habitantes (IBGE, 2010).
4.1.2 INSTITUCIONAL
A Universidade Estadual do Centro Oeste é uma das
mais jovens universidades do Estado do Paraná. Ela
surgiu da fusão de duas Faculdades: a Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava e
a Faculdade de Educação, Ciências e Letras de
Irati. A partir do ano de 1997, após o processo de
reconhecimento, a Universidade iniciou seu processo
de expansão implantando vários novos cursos nas mais
diversas áreas do conhecimento, após sua fundação
vem em um processo de constante crescimento,
contanto atualmente com 59 ofertas de cursos, sendo
28 na cidade de Guarapuava, 16 na cidade de Irati, 2
na cidade de Chopinzinho, 5 na cidade de Laranjeiras
do Sul, 3 na cidade de Pitanga e 5 na cidade de
Prudentópolis, sempre prezando pela qualidade
dos cursos ofertados conta com uma adequada
estrutura de laboratórios para o desenvolvimentos
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
43
de pesquisas, sendo conceituada como uma das
melhores universidades do pais. Em Guarapuava,
a UNICENTRO conta com os campi Santa Cruz e
CEDETEG. A região de abrangência da universidade,
conforme ilustrado na Figura 2, atinge mais de 50
municípios em seu entorno, compreendendo uma
população de cerca de mais de 1 milhão de habitantes
para os quais oferece além das oportunidades de
formação superior com cursos de Graduação e Pós-
Graduação Lato Sensu (Especialização) e Stricto
Sensu (Mestrado e Doutorado), a geração de emprego
e renda e uma variada gama de serviços que propiciam
maior desenvolvimento econômico regional. Além de
vários cursos a distância, em convênio com a UAB,
Universidade Aberta do Brasil (UNICENTRO, 2013).
Seu processo de consolidação está em pleno
desenvolvimento, com a busca constante pela melhoria
de suas ações, bem como do ensino ofertado e das
pesquisas desenvolvidas, suas ações são voltadas
para atender os interesses dos alunos e de sua
comunidade, com a devida responsabilidade social,
o que se evidencia tanto pelo reconhecimento da
comunidade que a procura, como pelo reconhecimento
dos órgãos oficiais encarregados da gestão das
políticas de Ensino Superior no País.
Figura 2 – Localização das cidades de atuação da UNICENTRO e seus respectivos campi e polos.
Fonte: ERI, 2014
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
44
4.2 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA
UNICENTRO
No ano 2000, a ONU (Organização das Nações
Unidas), ao analisar os maiores problemas mundiais,
estabeleceu 8 Objetivos do Milênio (ODM), que no
Brasil são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo,
que devem ser atingidos por todos os países até 2015
(PNUD, 2000). A fim de contribuir com os objetivos de
desenvolvimento do Milênio e minimizar os problemas
referente à qualidade de vida e o respeito ao Meio
Ambiente, a UNICENTRO (Universidade Estadual do
Centro Oeste do Paraná) adotou estratégias para o
tratamento de resíduos sólidos por meio do projeto
permanente de extensão denominado “Gestão de
Resíduos Sólidos da UNICENTRO” tendo como
principais objetivos a realização de um levantamento
criterioso dos resíduos gerados pela instituição e
gerenciamento e a destinação adequada dos seus
diversos tipos.
Inicialmente o projeto tinha como principal objetivo o
levantamento e gestão dos resíduos sólidos gerados
por toda a comunidade universitária (acadêmicos,
estagiários, funcionários e professores) em atividades
desenvolvidas na instituição e conscientização por
meio de ações educativas. O projeto iniciou suas
atividades em maio de 2004 e tinha previsão de
término em dezembro de 2006. Porém, possivelmente
por de falta de pessoal disponível para atingir os
objetivos e pelo orçamento restrito, o projeto foi
encerrado antecipadamente, em 20 de junho de 2005,
demonstrando poucos resultados.
A Tabela 1 demonstra alguns resultados obtidos pelo
projeto “Gestão de Resíduos Sólidos da UNICENTRO”:
Tabela 1 – Resíduos destinados à reciclagem.
PERÍODO MATERIAL QUANTIDADE (ton)
01/05/2004 a
31/12/2006Papel de diversos tipos 16,016
Fonte: Dados da pesquisa
Como pode ser observado na tabela 1, a partir desses
resultados, a UNICENTRO contribuiu nesse período
com a preservação de aproximadamente 320 árvores,
pois para cada tonelada produzida preserva-se 20
árvores.
4.3 PROJETO RECICLAR
Por se tratar de um assunto de grande interesse da
sociedade brasileira, o Governo Federal publicou o
Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006 (BRASIL,
2006), onde se institui a separação adequada dos
resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e
entidades da administração pública federal direta e
indireta, na fonte geradora, e a sua destinação correta
para às associações e cooperativas dos catadores
de materiais recicláveis com objetivo de proporcionar
a destinação correta de material reaproveitáveis.
Análogo ao Decreto Federal, o Governo do Estado
do Paraná acompanhou esta iniciativa por meio do
Decreto Estadual nº 4.167, de 20 de janeiro de 2009
(PARANÁ, 2009), em seu Artigo 1º estabelece que
os órgãos da administração direta e indireta devem,
obrigatoriamente, separar os resíduos sólidos
recicláveis gerados e destiná-los às associações e
cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
Neste sentido a UNICENTRO realizou iniciativa que
vem ao encontro dessas perspectivas apoiando a
reciclagem de papéis descartados pelos setores
administrativos e pedagógicos e da universidade
como um todo. Sendo uma instituição educacional
que estrategicamente se envolve com a comunidade
do seu entorno por meio de diversas atividades
extensionistas, a universidade implantou o Projeto
Reciclar (UNICENTRO, 2007), que visa destinar da
melhor forma possível os papéis descartados para
que seja passiveis de reciclagem. Assim os papéis
foram separados e recolhidos pela Associação de
Catadores de Papel Reciclado de Guarapuava que
fica localizada no distrito industrial Guaratu na cidade
de Guarapuava-PR, possui mais de 140 operadores
ecológicos e atende a vários bairros da cidade. A
associação em parceria com a comunidade local e
com a UNICENTRO contribui com o meio ambiente
gerando emprego e renda aos seus colaboradores
e consequentemente na qualidade de vida da
população. (UNICENTRO, 2015).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
45
O período inicial das atividades era de 30 de janeiro de
2007 a 28 de fevereiro de 2008, sendo prorrogável por
mais um ano após aprovação do relatório contendo
as atividades executadas, sendo possível sua
prorrogação anualmente. A carga horária do projeto
é de duas horas semanais, totalizando noventa e seis
horas. O projeto tinha como metas:
• Contribuir com os objetivos de desenvolvimento do
Milênio referente à qualidade de vida e o respeito
ao Meio Ambiente;
• Passar a comunidade acadêmica algumas ações
educativas, que possam ser disseminadas nas
escolas, referente ao uso consciente do papel e
processo de reciclagem;
• Sensibilizar a comunidade acadêmica da
Instituição para o uso correto dos meios de coleta
instalados na UNICENTRO.
• Evitar o desperdício por meio da reutilização do
papel;
• Orientar, nos diversos pontos de coleta a
importância o Projeto Reciclar;
• Coletar os papéis descartados das caixas,
disponibilizadas pelo projeto, dos diversos setores
da UNICENTRO, dando uma destinação ecológica
para a reciclagem;
• Envolver a comunidade acadêmica, na
disseminação em relação à consciência voltada à
preservação das matas ciliares;
• Organizar oficinas e trabalhos artísticos com papel
reciclado;
• Expor trabalhos com papel reciclado.
O Projeto Reciclar tem atuação na Universidade
Estadual do Centro Oeste do Estado do Paraná, nos
Campi Santa Cruz e no campus CEDETEG, na cidade
de Guarapuava-PR.
4.3.1 RESULTADOS OBTIDOS
O Projeto Reciclar tinha praticamente as mesmas
metas que o Projeto Gestão de Resíduos Sólidos
implantado anteriormente pela UNICENTRO, sendo o
principal diferencial o foco na reciclagem de materiais,
em especial o papel.
Todos os projetos precisam obrigatoriamente emitir no
final de cada período para apreciação dos Conselhos
Superiores da Universidade um Relatório Final com as
atividades realizadas no período, conforme determina
o Regulamento de Projetos de Extensão da Pró-reitoria
de Extensão e Cultura da UNICENTRO. Neles devem
conter informações a respeito do projeto, tais como:
título, abrangência, carga horária, participantes,
justificativa, objetivos, cronograma, orçamento (se
houver), principais resultados obtidos e público alvo.
Buscou-se determinar por meio desses relatórios se
os objetivos do projeto foram alcançados. Foi feita
análise minuciosa desses documentos do período
compreendido entre os anos de 2007 e de 2013,
porém não sendo possível determinar com clareza
se as metas tinham sido alcançadas ou não, pois os
relatórios não evidenciaram informações detalhadas
das atividades realizadas. Apenas nos relatórios dos
anos de 2011 a 2013 que foi possível determinar,
de forma bem resumida, que a divulgação do
Projeto Reciclar foi realizada pelos estagiários que
faziam as coletas dos materiais nos devidos setores,
orientando como separar o papel para posteriormente
serem recolhidos. Segundo esses relatórios, houve
melhorias significativas na qualidade da separação e
consequentemente na destinação do papel por parte
dos setores, incentivando a adesão de vários outros
setores ao projeto. O Projeto Reciclar se encontra
vigente, pois todos os seus relatórios foram anualmente
aprovados.
A coleta seletiva no âmbito da Universidade se dá
por meio de uma caixa identificada de depósito em
todos os setores, na qual deve ser depositado todo o
papel descartado, sendo retirado de acordo com um
cronograma estabelecido no projeto. Todo material
é acondicionado em sacos que são armazenados
num local designado pela instituição para que
posteriormente sejam recolhidos pelos recicladores
responsáveis.
O material é retirado por operadores ecológicos da
Associação de Catadores de Papel de Guarapuava
(ACPG), por meio de uma parceria envolvendo
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
46
a Secretaria de Meio Ambiente do Município e a
Universidade. Após recolhido pela ACPG, o material é
pesado e a UNICENTRO é remunerado de acordo com
a quantidade de papel fornecido.
A Tabela 2 elenca os resultados das coletas de papel.
Tabela 2 – Papel recolhido nos setores destinados à reciclagem.
PERÍODO MATERIAL QUANTIDADE (ton)
01/01/2007 a 31/12/2007
Papel de diversos tipos 8,58
01/01/2008 a 31/12/2008
Papel de diversos tipos 3,51
01/01/2009 a 31/12/2009
Papel de diversos tipos 20,98
01/01/2010 a 31/12/2010
Papel de diversos tipos 3,96
01/01/2011 a 31/12/2011
Papel de diversos tipos 19,74
01/01/2012 a 31/12/2012
Papel de diversos tipos 23,38
01/01/2013 a 31/12/2013
Papel de diversos tipos 5,38
TOTAL GERAL 85,53
Fonte: Dados da pesquisa.
O Projeto Reciclar recolheu mais de 85 toneladas
de papel, contribuindo com a preservação de
aproximadamente 1.710 árvores. Com relação
às ações de conscientização da comunidade
acadêmica, na documentação fornecida não foi
possível detectar se foram realizadas atividades que
demonstrassem procedimentos para efetiva mudança
de comportamento.
Em visita à UNICENTRO é notável a presença das
lixeiras basculantes coloridas de acordo com o tipo
de material que deve ser depositado, espalhadas por
toda instituição e de caixas nos setores com indicação
de “Papel Reciclável”, porém não foi visto em nenhum
quadro de informativos, convite para palestras ou
cursos a respeito do processo de reciclagem, oficinas
com material reciclável ou qualquer informação que
referencie o uso correto das lixeiras, ou qualquer
atividade cultural com os materiais coletados,
fomentados pelo projeto. Observa-se ainda que os
materiais depositados nas lixeiras acham-se fora
dos locais indicados e que algumas delas foram
depredadas para o correto depósitos dos papeis.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo verificar se as
instituições públicas possuem a preocupação com o
meio ambiente. Para tal fim, a UNICENTRO foi escolhida
por ser uma organização pública com a finalidade do
ensino, com o intuito de investigar se a universidade
possuía alguma estratégia de desenvolvimento
sustentável, quais ações eram tomadas para atingi-las
e qual a relevância para a comunidade. Notou-se que
a Universidade tinha essa preocupação aprovando
em 2004 o Projeto de Extensão “Gestão de Resíduos
Sólidos da UNICENTRO”, investindo na compra de
materiais e em pessoal e se mostrou bastante aquém
do que se esperava, sendo o projeto encerrado no ano
seguinte à sua implantação.
Devido a decretos federais e estaduais, a instituição
reativou suas estratégias de desenvolvimento
sustentável por meio do Projeto Reciclar e obteve
um excelente resultado: mais de 100 toneladas
de papel descartado se destinaram à reciclagem,
o que resulta na preservação de mais de 2.000
árvores. Mas esse sucesso não se refletiu em toda
comunidade acadêmica, afinal não utiliza de forma
correta as lixeiras, além de depreda-las. Essa falta de
conscientização por parte da comunidade acadêmica
é possivelmente uma falha do Projeto Reciclar em
não promover atividades que chamem atenção para
importância do cuidado com o meio ambiente, por
meio da correta separação do lixo.
Quanto à relevância para a comunidade, pode ter
efeitos positivos, afinal o material reciclável é destinado
para a Associação de Catadores de Guarapuava, onde
existem muitas famílias de baixa renda, que podem
vender esse papel a outras instituições melhorando
assim seus rendimentos. Sendo assim, observa-se
que embora a Universidade e algumas escolas tenham
projetos isolados de separação do lixo e, portanto, da
seleção do papel como material reciclável, este ainda
não tem seu devido encaminhamento para ações de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
47
maior proporção educativa.
Como sugestão deveria haver o envolvimento
maior dos cursos de Publicidade e Propaganda da
UNICENTRO no sentido de promover campanhas de
conscientização da comunidade acadêmica para que
não ocorra o descaso na separação adequada dos
resíduos gerados na Universidade.
Ao analisarmos a documentação, notamos muitos
objetivos, que para serem atendidos em sua totalidade,
demandaria grande quantidade de recursos para
atingi-los, o que pode explicar o insucesso da Gestão
de Resíduos Sólidos e pelo sucesso parcial do Projeto
Reciclar. Sugerimos então que sejam revistos, a
fim de que sejam exequíveis. O apoio por parte da
Reitoria (órgão máximo da Universidade onde são
regulamentadas todas as atividades institucionais)
alertando da seriedade da separação correta do lixo
também seria bastante interessante.
Este trabalho possui limitações, tais como a análise
basicamente documental, onde muitas informações
eram faltantes ou confusas. Como sugestão de
trabalhos futuros, pode se fazer um estudo com toda
comunidade acadêmica para se descobrir qual o nível
de consciência ambiental.
6. REFERÊNCIAS
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL. Reciclagem de Papel. 2015. Disponível em: <http://bracelpa.org.br/bra2/?q=node/172>. Acesso em: 25 jun. 2015.
[2] BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Acesso à Informação. Lei nº. 12.527 de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2011/lei-12527-18-novembro-2011-611802-norma-pl.html>. Acesso em: 18 set. 2014.
[3] BRASIL. Decreto nº. 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 out. 2006. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2006/decreto-5940-25-outubro-2006-546076-norma-pe.html>. Acesso em: 04 maio 2015.
[4] BULGACOV, S.; SOUZA, Q. R.; PROHMANN, J. I.; COSER, C.; BARANIUK. J. O campo da estratégia: domínios e limitações. In: BULGACOV, SOUZA, Q. R.; PROHMANN, J. I.; COSER, C.; BARANIUK. J. Administração estratégica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.
[5] CASTRO, Joana D’arc Bardella. A Indústria da Reciclagem, o Lixo e os Catadores: um estudo em Anápolis/GO. 2010. Disponível em <http://www.anapolis.go.gov.br/revistaanapolisdigital/wp-content/uploads/2011/04/Artigo-Joana-Reciclagem.pdf>. Acesso em: 04 maio 2015.
[6] CUNHA, J. V. A.; RIBEIRO, M. S. Evolução e Estrutura do Balanço Social no Brasil e Países Selecionados: um Estudo Empírico. Revista de Administração Contemporânea (Online), São Paulo, v. 1, n. 2, art. 9, p. 136-152, maio/ago. 2007. Disponível em <http://www.anpad.org.br/periodicos/arq_pdf/a_640.pdf>. Acesso em: 04 maio 2015.
[7] ERI. Escritório de Relações Internacionais da UNICENTRO. Nossas unidades | Escritório de Relações Internacionais. 2014. Disponível em: <http://www2.unicentro.br/eri/nossas-unidades>. Acesso: 30 out. 2014.
[8] GADOTTI, Moacir. Educar para a sustentabilidade. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2008.
[1] IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: Características da população. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/caracteristicas_da_populacao_tab_municipios_zip_xls.shtm > Acesso em: 04 set. 2014.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
48
[9] MATTEI, G.; ESCOSTEGUY, P. A. V. Composição Gravimétrica de Resíduos Sólidos Aterrados. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 247-251, jul./set. 2007. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/esa/v12n3/a14v12n3.pdf >. Acesso em: 04 maio 2015.
[10] MARTINS, A. S. R.; QUINTANA, A. C.; JACQUES, F. V. S.; MACHADO, D. P. O balanço social como um instrumento de informação para a sociedade: um estudo na Universidade Federal do Rio Grande. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 10, n. 19, p. 49-70, jan./abr., 2013. Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/download/2175-8069.2013v10n19p49/24555>. Acesso em: 04 maio 2015.
[11] MEDEIROS JÚNIOR, G. J. Universidade e Responsabilidade Social. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA DO SUL, 4., 2004, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária, 2004. Disponível em: <http://www.inpeau.ufsc.br/coloquio04/a6.htm>. Acesso em 04 maio 2015.
[12] PARANÁ. Decreto nº. 4.167, de 20 de janeiro 2009. Dispõe sobre a obrigatoriedade da separação seletiva dos resíduos sólidos recicláveis gerados pelos órgãos e entidades da administração pública estadual direta e indireta. Diário Oficial do Estado do Paraná, Curitiba, PR, 26 jan. 2009. Disponivel em <https://www.documentos.dioe.pr.gov.br/dioe/ consultaPublicaPDF.d o ? a c t i o n = p g L o c a l i z a r & e n v i a d o = t r u e & n u m e ro = 7 8 9 7 & d a t a I n i c i a l E n t r a d a = & d a t a F i n a l E n t r a d a = & s e a r c h = 4 1 6 7 & d i a r i o C o d i g o = 3 & s u b m i t =Localizar&localizador=>. Acesso em: 04 maio 2015.
[13] PINHEIRO, Lana. Lixo que vira lucro. Revista: Isto é Dinheiro. 2007. Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoedinheiro-temp/498/negocios/lixo_que_vira_lucro.htm.> Acesso em: 19 de maio de 2015.
[14] REINFELD, Nyles V. Sistema de reciclagem comunitária: do projeto à administração São Paulo: Makron Books, 1994.
[15] STRAUCH, Manoel; ALBUQUERQUE, Paulo Peixoto de. Resíduos: como lidar com recursos naturais. 1 ed. São Leopoldo: Oikos, 2008, 220 p.
[16] UNICENTRO. Conhecendo a UNICENTRO. 2013. Disponível em: <http://www2.unicentro.br/conhecendo-a-unicentro>. Acesso em: 30 out. 2014.
[17] UNICENTRO. Conheça o trabalho da associação de catadores de papel reciclado de Guarapuava. Disponível em: <http://sites.unicentro.br/jornalagora/conheca-o-trabalho-da-associacao-de-catadores-de-papel-reciclado-de-guarapuava/>. Acesso em: 14 jul. 2015.
[18] UNICENTRO. Pró-reitoria de Extensão e Cultura. Resolução nº. 08 de 26 de abril de 2007. Disponível em <http://www.unicentro.br/atos/200903191714362521.pdf>. Acesso em: 26 set. 2014.
[19] ZULAUF, W. E. O meio ambiente e o futuro. Estudos Avançados, São Paulo, v. 14, n. 39, p. 85-100, ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v14n39/v14a39a09.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2014.
[20] PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. PNUD Brasil – Garantir a sustentabilidade ambiental. 2000. Disponível em <http://www.pnud.org.br/ODM7.aspx>. Acesso em: 12 fev. 2015.
Capítulo 5A IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS DE TIC
SOB A PERSPECTIVA DOS COLABORADORES
Daniel Barbarioli Carraretto Plínio Ribeiro de Souza
Roquemar de Lima Baldam
Thalmo Coelho de Paiva Junior Wesley Pereira da Silva
Resumo: O presente artigo buscou descrever as etapas de um projeto de implantação do gerenciamento de processos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em uma companhia de saneamento, sob a perspectiva dos colaboradores. Foram detectadas as razões que dispararam as ações específicas necessárias para que ocorresse uma profunda mudança na prestação de serviços, bem como os resultados alcançados e a oportunidades de melhoria para o futuro. A situação anterior descrita foi um cenário com falta de padronização, registros, segurança, integração entre as unidades envolvidas e indicadores. As principais ações foram a definição dos serviços prestados e escopo, mapeamento, modelagem, definição de permissões para execução dos processos, criação de instruções de trabalho para as atividades de maior complexidade, e análises críticas dos processos implantados, visando a melhoria contínua. Como resultados, apontaram-se a documentação dos processos, com a existência e manutenção de registros; a medição e análise de indicadores; a melhoria na satisfação dos usuários e no dimensionamento das capacidades de atendimento das áreas, com aumento de produtividade e segurança dos processos; e a diminuição de retrabalho e dos impactos da rotatividade de pessoal.
Palavras Chave: Gerenciamento de Processos; Tecnologia da Informação e Comunicação; Empresa de Saneamento; Estudo de Caso.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
50
1. INTRODUÇÃO
As organizações contemporâneas assumiram um
grande papel na execução de políticas públicas
e na manutenção de serviços básicos. Em todas
as esferas do estado, estes entes públicos estão
presentes nos serviços que vão desde tratamento de
água e esgoto até transações financeiras.
Ainda que o contribuinte em geral esteja apenas
preocupado com a qualidade dos serviços que lhe
são prestados quando realmente precisa destes
serviços, há uma grande pressão para que a
administração pública devolva os tributos recolhidos
em forma de serviços minimamente compatíveis com
as necessidades do povo e que o faça dentro dos
“bons padrões gerenciais” (SILTALA, 2013; CHEN et
al, 2014).
Neste sentido, o estado do Espírito Santo criou, em
1967, a Companhia Espírito Santense de Saneamento
(CESAN) e a ela incumbiu o tratamento de água
e esgoto, serviços de saneamento que tem como
característica o permanente crescimento de
demanda. Com a evolução das técnicas e das
legislações inerentes a este setor, fez-se necessário
buscar métodos de gerenciamento que permitissem
otimizar os processos e orientar seus agentes.
Ao analisar um setor específico da empresa, a
saber, a Gerência de Tecnologia da Informação,
foram encontradas oportunidades de melhoria
relacionadas a processos. Esse contexto demandou
um aperfeiçoamento nas técnicas de gerenciamento e
otimização de processos, que culminou pela decisão
estratégica de implantar o gerenciamento de processos
nesse setor.
Nesse contexto de desenvolvimento organizacional
foi baseado o interesse dessa pesquisa, no sentido
de identificar como foi feita a implantação do
gerenciamento de processos de Tecnologia da
Informação em uma empresa de saneamento do
estado do Espírito Santo.
Este trabalho buscou descrever, sob a perspectiva
dos colaboradores, qual era a situação da Gerência
de Tecnologia da Informação da CESAN antes da
implantação do gerenciamento de processos, pontuar
as ações específicas adotadas na implantação, analisar
os resultados obtidos e identificar as oportunidades de
melhoria vislumbradas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
O cenário competitivo, inerente aos mercados, é
caracterizado por constantes mudanças e muitas
dessas advém do desenvolvimento das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC) (TALAMONI,
GALINA, 2014). Especificamente no Brasil, a partir da
década de 90, alargaram-se os investimentos em TIC
e as inovações deste setor permitiram a manutenção
da competitividade e o aperfeiçoamento de diversas
atividades empresariais (ANDRADE 2004).
As TIC modificaram as formas de executar atividades
nos mais diversos segmentos de mercado (KEARNS,
SABHERWAL, 2006) e desempenham uma função
importante na oferta de novos serviços e na gestão
mais eficiente dos recursos (PRZYCZYNSKI, et al,
2012; ZHANG, 2007).
Há uma grande quantidade de pesquisas que tratam
da crescente participação das TIC nas estratégias
gerenciais (CARTER et al., 2011). Muitas das
organizações que obtiveram êxito no alinhamento entre
suas estratégias e seus processos, concentraram boa
parte de seus esforços e recursos em seus setores de
tecnologia da informação e comunicação (CHEN et al.,
2014; HAMEED et al., 2012).
Sendo assim, as TIC surgem como componente
indissociável da estrutura organizacional das
empresas de qualquer seguimento, constituindo um
fator determinante no sucesso do Gerenciamento de
Processos de Negócios (CHEN, WU, 2011).
2.2 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS
Gerenciar processos de suporte e de produção fez-
se necessário no momento em que as organizações
surgiram (LUOMA-AHO, 2013), porém, foi a
necessidade de corresponder aos valores e
expectativas dos clientes que impulsionou as inúmeras
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
51
abordagens sobre gerenciamento (KENT et al., 2011;
SKRINJAR et al., 2013).
Em síntese, gerenciar processos tornou-se prática
responsável por garantir a entrega dos produtos
prometidos aos clientes, buscando assimilar as
tecnologias disponíveis para otimizar os processos
e baixar custos (ZHANG et al., 2012). Mas, acima
de tudo, as abordagens gerenciais buscam garantir
a qualidade em todos os aspectos que tangem as
organizações (SEETHAMRAJU, 2012).
Abordagens como “Gestão da Qualidade Total”,
“PDCA” e “Melhoria Contínua dos Processos” foram
sistematicamente utilizadas na tentativa de tornar os
processos de negócios eficientes (SKRINJAR et al.,
2013). Dentre as abordagens conhecidas na literatura,
o “Gerenciamento de Processos de Negócios” (BPM)
apresenta-se como a mais abrangente, pois incorpora
diversos aspectos das abordagens anteriores
(ROHLOFF, 2009), sendo analítico, cross-funcional
e permitindo a melhoria contínua dos processos
(SEGATTO et al., 2013; SKRINJAR et al., 2013).
2.3. BUSINESS PROCESS MANAGEMENT (BPM)
O Business Process Management (BPM) ou
gerenciamento de processos de negócios pode ser
definido como um conjunto de boas práticas que,
reunindo a Gestão de Negócios e a Tecnologia da
Informação e Comunicação, visa aperfeiçoar os
resultados das organizações por meio da melhoria dos
processos de negócios, apresentando-se como uma
alternativa às ferramentas gerenciais reducionistas e
lineares (BROCKE, SINNL, 2011; DIJKMAN et al., 2012;
SEGATTO et al., 2013; VASCONCELOS, RAMIREZ,
2011).
As organizações vivem a era dos mercados
globalizados e complexos e também da convergência
entre a gestão pública e a gestão privada (AERTSEN,
GELDERS, 2011; BEJEROT, HASSELBLADH, 2013;
SILTALA, 2013). Frente a tantas demandas, o BPM
possibilita a visão sistêmica necessária para que os
processos sejam geridos de modo condizente com
o atual contexto organizacional e permite identificar
quais dentre estes carecem de aperfeiçoamento
(DUBANI et al., 2010; NIEHAVES, PLATTFAUT, 2011;
SEGATTO et al., 2013; SIRIRAM, 2012).
Devido aos bons resultados obtidos por muitas
organizações com a implantação do gerenciamento
de processos e ao grande número de estudos
acerca deste assunto, torna-se cada vez mais
comum encontrar empresas que tem suas atividades
orientadas por processos modelados (DIJKMAN et al.,
2012).
Em verdade, a melhoria dos processos de negócio
tem sido pauta nas agendas das empresas e dos
investigadores por anos (MCCORMACK et al., 2009)
e, no contexto empresarial, a gestão de processos de
negócios é uma abordagem cada vez mais utilizada
na gestão de diversas organizações (TRKMAN,
2010). Contudo, segundo Skrinjar e Trkman (2013), “a
grande dificuldade reside em inserir os conceitos do
gerenciamento no funcionamento das organizações”.
Para Smart, Madderrn e Maull (2009), “O BPM só atinge
sua finalidade quando os membros de uma dada
organização compreendem quais são os processos
que executam e quais produtos são gerados”. Para
estes pesquisadores, no mundo gerencial, muitas
foram as tentativas de conceituar o termo “processo”
ao longo dos anos e é esta poli-valência semântica
que, por vezes, torna as ações propostas pelo BPM
incompreensíveis.
Outro fator crítico é a noção equivocada de que os
setores de tecnologia da informação e comunicação
(TIC) são os responsáveis pelo gerenciamento de
processos de negócios. Em suas análises Nuffel e
Backer (2012) consideram que a implantação do
BPM, principalmente a etapa de modelagem dos
processos, depende da participação efetiva dos
setores envolvidos no processo a ser modelado e é
justamente a imputação desta etapa a TIC que dificulta
a aceitação do BPM.
2.4 OS BENEFÍCIOS DE UM GERENCIAMENTO DE
PROCESSOS EFICIENTE
Entre os níveis estratégico e operacional, são
muitos os benefícios de um bom gerenciamento de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
52
processos de negócios (SEGATTO et al., 2013) e
cabe a cada organização valorar quais lhe foram mais
úteis. Entretanto, devido a transparência que o BPM
confere as atividades, pode-se destacar o aumento da
confiabilidade dos processos (ATESCI et al., 2010).
Uma vez identificados as atividades, é possível elaborar
instruções muito mais claras e promover a autonomia
dos agentes que atuam nos processos. Isto provoca
uma redução no tempo de execução (TRKMAN,
MCCORMACK, 2010) e eleva a autoconfiança dos
gerentes (DE CLERCQ et al., 2011; CHEN et al., 2014),
sendo este último benefício elementar no êxito do
gerenciamento de processos, uma vez que são os
indivíduos que determinam o sucesso ou fracasso de
qualquer sistema de gerenciamento (YU et al., 2012).
Há também uma melhora na capacidade de avaliar
as atividades da organização que, por consequência,
podem ser melhor controladas, medidas e valoradas
(ANTONUCCI, GOEKE, 2011; BROCKE, SINNL,
2011; SEETHAMRAJU, 2012, SEGATTO et al., 2013).
Outro benefício é a possibilidade de prevenção
de problemas. Além disso, as técnicas aplicadas
no gerenciamento de processo e o monitoramento
realizado permitem intervenção em processos viciados
(ANTUNES, MOURÃO, 2011).
3. METODOLOGIA
A pesquisa em questão foi realizada no segundo de
semestre do ano de 2014, na Gerência de Tecnologia
da Informação da Companhia Espírito Santense de
Saneamento – CESAN, com participantes do Sistema
de Gestão da Qualidade (SGQ), especificamente
com o grupo responsável pela implantação do
Gerenciamento de Processos de TIC. O método
utilizado foi o estudo de caso único (YIN, 2010)
foi elaborado um roteiro de pesquisa focada, com
perguntas abertas, visando extrair as percepções
dos colaboradores sobre o caminho da implantação,
descrevendo situação anterior a ela, pontuando as
ações específicas adotadas, analisando os resultados
alcançados e identificando o surgimento de novas
oportunidades de melhorias. Como amostra, de um
total de oito analistas participantes da implantação,
foram entrevistados dois, e de um total de quatro
gestores envolvidos, também foram entrevistados
dois, sendo que todos colaboradores são lotados na
Gerência de Tecnologia de Informação da CESAN.
4. ANÁLISE DE DADOS
Ao entrevistar os envolvidos na implantação do
gerenciamento de processos na Gerência de
Tecnologia da Informação da CESAN, foi identificado
que o principal processo executado é o de atendimento
das solicitações dos usuários internos. Denomina-se
usuário interno, o demandante dos serviços de TI de
qualquer área da empresa. Através da pesquisa, foi
possível extrair as percepções acerca da evolução
alcançada pela implantação do gerenciamento de
processos no setor, bem como identificar oportunidades
de melhoria, a partir da visão dos colaboradores.
4.1 SITUAÇÃO ANTERIOR A IMPLANTAÇÃO DO
GERENCIAMENTO DE PROCESSOS
O problema mais citado pelos colaboradores
entrevistados foi a falta de padronização na execução
das atividades. Foi levantado que no cenário anterior
a implantação, havia vários colaboradores executando
a mesma tarefa, cada um à sua maneira. Não haviam
fluxos definidos para os atendimentos das solicitações
dos usuários internos; nem mesmo era conhecida a
melhor maneira de executar os atendimentos. Isso
gerava conflitos internos quando da atuação dos
analistas nos atendimentos, e, por conseguinte,
pioravam o clima organizacional interno.
Além disso, segundo os colaboradores, nada
era documentado, não havendo registro de cada
atendimento, nem mesmo das soluções utilizadas.
A falta desses registros ocasionava retrabalho, já
que durante um atendimento, vários analistas eram
solicitados, sem conhecer o que já havia sido feito,
repetiam a mesma tarefa várias vezes. Esses gargalos
impactavam negativamente na qualidade e na
eficiência do atendimento ao usuário final, principal
objetivo do setor estudado.
Outro ponto muito citado foi quanto à falta de segurança
nos atendimentos, já que não existia nenhum controle
de permissões, ou seja, o controle do que era permitido
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
53
a cada usuário interno solicitar e do que era permitido a
cada analista atender. O usuário solicitava um serviço,
e era prontamente atendido, mesmo que não fosse
oficialmente autorizado a demandá-lo.
Cada unidade dentro da Gerência de Tecnologia
da Informação da CESAN trabalhava separada uma
da outra, desconhecendo as atividades que cada
uma executava. Segundo os entrevistados, isso era
causado pela falta de um sistema único de atendimento
e acompanhamento das solicitações, que não permitia
a integração das unidades, na execução dos serviços
demandados.
Por fim, devido às lacunas acima citadas, não havia
também indicadores para avaliação da qualidade
dos serviços. Dessa forma, não era possível medir a
performance dos colaboradores nos atendimentos
das solicitações, o que proporcionava dificuldades
aos gestores quando da tomada de decisões visando
melhoria dos processos internos.
Figura 1: Situação anterior à implantação do gerenciamento de processos.
Falta de padronização na execução das atividades
Falta de registros na execução das atividades
Falta de segurança no atendimento
Falta de integração entre as unidades da Gerência de Tecnologia da Informação
Falta de indicadores para avaliação da qualidade e tomada de decisões
4.2 AÇÕES ESPECÍFICAS ADOTADAS PARA
IMPLANTAÇÃO
A ideia de implantar o gerenciamento de processos
de TI surgiu de um direcionamento interno da
diretoria da CESAN, no sentido de que alguma das
gerências fossem certificadas na ISO 9001:2008. A
partir dessa demanda da alta direção, foi contratada
uma consultoria, para junto com os colaboradores
elaborar a documentação necessária para alcançar
a certificação.
Primeiramente, foram realizadas diversas reuniões
para definição dos serviços prestados efetivamente na
Gerência de Tecnologia da Informação e assim chegar
ao escopo do sistema da qualidade.
Após a definição, iniciou-se o mapeamento dos
processos, através do contato com cada colaborador
responsável por serviços. O objetivo deste
mapeamento era identificar os processos existentes.
Foi criado um Catálogo de Serviços de TI, reunindo
todos os serviços prestados dentro da Gerência de
Tecnologia da Informação.
Mapeados os processos, foi realizada a modelagem
dos processos. Houve treinamentos específicos
na ferramenta para os envolvidos na implantação,
de modo que todos estiveram aptos a modelar
seus próprios processos, da maneira como eram
efetivamente executados, com um razoável nível de
detalhamento propiciado pela ferramenta.
Também foram definidos os requisitos de cada
processo, desde conhecimentos necessários para
sua execução até permissões obrigatórias para que o
serviço fosse executado.
Para as atividades específicas ou de maior nível de
complexidade e detalhamento, essenciais para a
execução dos processos, foram criados documentos
chamados de “Instruções de Trabalho”, que visavam
auxiliar na execução dos processos de negócio.
Eram realizadas reuniões periódicas de análises
críticas, visando avaliar os resultados da implantação,
bem como promover a melhoria contínua dos processos
já em execução e mapear novos processos necessários
à qualidade e à eficiência dos atendimentos prestados.
4.3 RESULTADOS ALCANÇADOS A PARTIR
DAS AÇÕES ESPECÍFICAS ADOTADAS PARA
IMPLANTAÇÃO
A partir da efetiva implantação do gerenciamento de
processos, foram muitos os resultados verificados.
Entre eles, destaca-se a documentação dos
processos, com todos os processos internos
documentados, que possibilita a melhoria contínua
da qualidade de prestação dos serviços. A existência
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
54
e manutenção de registros das solicitações atendidas
e em atendimento, propiciou a criação de uma base
de conhecimento das melhores soluções frente aos
problemas recorrentes.
Um dos resultados mais citados, foi a possibilidade
de medição e utilização de indicadores relacionados
a quantidade de solicitações de atendimento,
qualidade na prestação dos serviços, e satisfação do
cliente. A partir deles, os gestores conseguem tomar
decisões mais conscientes e pontuais para melhorias
nos processos e também no dimensionamento das
capacidades de atendimento de suas áreas, o que
também propicia melhoria contínua de qualidade.
Outro resultado facilmente percebido foi o aumento
na satisfação dos usuários internos com os serviços
prestados pela Gerência de Tecnologia da Informação.
Esse aumento foi constatado a partir do indicador
chamado “Índice de Satisfação do Cliente”, medido
a partir de uma pesquisa de satisfação enviada e
respondida pelo usuário solicitante dos serviços de TI,
após a efetiva prestação do serviço.
A definição e priorização de projetos e contratações
foi melhorada a partir da gestão com indicadores,
já que eles apontam os serviços que precisam ser
aprimorados ou que até mesmo ainda não são
atendidos.
A questão da segurança também obteve resultados
positivos. Com a inserção da necessidade de
permissões para execução de alguns processos,
ficaram definidas os responsáveis pela aprovação de
cada serviço contido nos processos, alcançando o
resultado esperado.
Os gestores entrevistados afirmaram que houve
aumento de produtividade e diminuição de retrabalho
em suas áreas. Outro ponto relevante constatado foi a
redução dos impactos causados pela rotatividade de
pessoal na organização.
4.4 OPORTUNIDADES DE MELHORIAS
VISLUMBRADAS
No que diz respeito às oportunidades de melhorias
vislumbradas, é unânime a opinião de que se deve
cada vez mais buscar a unificação das unidades e
do modo de execução dos processos e atividades da
Gerência de Tecnologia da Informação.
Outra oportunidade de melhoria identificada é a
utilização do conceito de Governança de Processos de
Tecnologia da Informação, adequando os processos
da CESAN as melhores práticas de mercado. Essa
adequação permitirá que a organização futuramente
concorra a certificação ISO 20000, que é específica e
voltada para Gestão de Serviços de TI.
Adicionalmente, foi sugerida a aquisição de uma
ferramenta própria e única de atendimento das
solicitações de serviços e acompanhamento de
chamados para a CESAN, na qual os terceiros
prestadores de serviços utilizem apenas essa
ferramenta, dando maior controle da CESAN sobre
o que é registrado nela. Isso irá ocasionar uma
diminuição no tempo de atendimento; promover maior
integração do atendimento entre as unidades;
facilitará a apuração de indicadores; já que haverá
apenas uma fonte de dados; possibilitará uma melhor
tomada de decisões, pois as análises da gestão se
concentrarão em uma única ferramenta; haverá uma
base de conhecimento facilmente atualizável dentro
próprio sistema, já que os processos e instruções de
trabalhos antes se encontravam no Portal da empresa,
e havia uma dificuldade maior nas alterações. Essa
base de conhecimento será mais facilmente auditável.
Também é importante buscar a melhoria na integração
dos processos de TIC com os processos de outras
áreas da CESAN, promovendo maior alinhamento do
gerenciamento de processos da TI às expectativas e
objetivos estratégicos da empresa, alcançando assim
o que a diretoria e usuários esperam dos processos
internos da TI.
Devem-se estimular ações proativas e a criação de
soluções bem definidas para os possíveis problemas,
definir “donos” para os processos e criar novos
indicadores utilizados no mercado, visando melhorar
o gerenciamento de processos como um todo.
Aprimorando a gestão e análise dos indicadores, será
possível promover melhorias pontuais nos processos.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
55
5. CONCLUSÃO
Este artigo apresentou uma abordagem direcionada a
respeito do gerenciamento de processos de TIC, tanto
relacionada à sua implantação, quanto aos benefícios
por ele gerados.
A partir de um estudo de caso único realizado na
Gerência de Tecnologia da Informação da Companhia
Espírito Santense de Saneamento (CESAN), foram
obtidos dados em entrevistas focadas com roteiro,
que explicaram como se deu a implantação do
gerenciamento de processos de TIC na organização
estudada.
Foi possível verificar que a situação anterior a
implantação do gerenciamento de processos de TIC,
apresentava ausência de padronização e registros
na execução das atividades, de segurança nos
atendimentos, de integração entre as unidades e
falta de indicadores para avaliação da qualidade dos
serviços e para a tomada de decisões.
Com base nesses problemas encontrados, foram
adotadas ações específicas para a implantação do
gerenciamento de processos. Entre as principais
estão a contratação de uma consultoria especializada
para auxiliar na definição do escopo de processos; o
mapeamento dos processos existentes, com criação
de um Catálogo de Serviços de TI; a modelagem de
processos, após treinamento dos analistas envolvidos
na ferramenta utilizada; a definição dos requisitos de
cada processo; a criação de “Instruções de Trabalho”
para orientar as atividades específicas ou de maior
nível de complexidade e detalhamento; e a realização
periódica de reuniões de análise crítica, visando avaliar
os resultados obtidos e promover a melhoria contínua
dos processos.
Quanto aos resultados obtidos a partir das
ações adotadas, destacam-se a padronização e
documentação dos processos, a possibilidade de
medição de indicadores, o aumento na satisfação
dos usuários internos. Houve também o aumento da
segurança dos atendimentos, devido a definição de
permissões dentro dos processos, além de melhoria na
definição e priorização de projetos a partir da gestão
por indicadores. Quanto a gestão de pessoas, os
gestores entrevistados afirmaram que houve aumento
na produtividade, e redução dos impactos causados
pela rotatividade de pessoal.
As oportunidades de melhoria apontadas pelos
entrevistados, foram a unificação do modo de
execução de processo e atividades entre as unidades
da Gerência de Tecnologia da Informação; a utilização
de conceitos de Governança e melhores práticas
em processos de TIC, e de uma ferramenta própria
de atendimento e acompanhamento dos serviços
prestados. Também foram citadas a necessidade
de maior alinhamento dos processos aos objetivos
estratégicos, de integração aos processos de outras
áreas, e de criação de novos indicadores utilizados no
mercado.
Após a análise dos dados da pesquisa, concluiu-se
que a implantação do gerenciamento de processos
de TIC na CESAN teve excelentes resultados, na
perspectiva dos colaboradores. A descrição de
como se deu a implantação, objetivou motivar
pesquisadores interessados em gerenciar processos
TIC, a desenvolverem novos estudos sobre o tema e
identificarem práticas passíveis de utilização em suas
próprias organizações.
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Capítulo 6A RELEVÂNCIA DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TIC) NOS PROJETOS DE EXTENSÃO SEDIADOS
NA UNESP CAMPUS DE TUPÃ
Daniel Sá Freire Lamarca
Silvia Cristina Vieira
Luana Ferreira Pires
Cristiane Hengler Corrêa Bernardo
Angélica Gois Morales
Resumo: Apresentar projetos de extensão acadêmicos realizados na UNESP, Câmpus de Tupã, que adotam abordagem socioambiental e analisar as TICs utilizadas na dinâmica de seu cotidiano, constitui o objetivo desta pesquisa que se apoia numa abordagem metodologia qualitativa, com viés descritivo e exploratório. A extensão universitária possui forte relevância social e pode receber aporte da TIC para alavancar seu processo de interação com a comunidade. A análise da articulação extensão/TIC encontra-se como lacuna literária e suportou o desenvolvimento deste estudo. Os resultados conquistados demonstram que as TICs utilizadas pelos projetos de extensão analisados são muito semelhantes, os objetivos e funcionalidades dos projetos são equivalentes, embora possuam público alvo distintos. Afirma-se que o uso de TIC na extensão universitária é adequada para atingir todos os públicos, estreitando a distância entre academia e comunidade.
Palavras Chave: Extensão universitária, TIC, UNESP Tupã, abordagem socioambiental
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
59
1. INTRODUÇÃO
No cerne de muitos dos projetos de extensão
universitária, emergem reflexões sobre questões
socioambientais que se apresentam como tema latente
na contemporaneidade dos diversos segmentos
da sociedade. Neste cenário, as tecnologias de
informação e comunicação (TICs) voltadas a esse
sistema, revelam-se como relevantes instrumentos
na transferência de conhecimentos entre públicos
distintos, ampliando horizontes tanto na zona urbana,
quanto na área rural.
Reforçam esse argumento Bernardes e Torres (2010)
quando dizem que caminhando conjuntamente com
as discussões sobre questões ambientais seguem as
TICs. Esta se tornam instrumentos importantes para
a transferência de conhecimento, sobretudo, para o
homem do campo, visto que a trajetória socio-histórica
deste sujeito o exclui, em quase todo período, do
processo de aquisição formal do conhecimento.
Nesse viés é que as TICs associadas ao processo
de extensão universitária podem constituir uma
importante direção na busca de apoiar-se em questões
e demandas da sociedade e do ambiente. Desse
modo, a extensão universitária imprimi um papel de
transferência de conhecimentos da academia para
a comunidade, ao mesmo tempo em que recebe as
demandas dessa sociedade, constituindo um fluxo
bilateral de informações.
Seguindo nessa mesma discussão, Garofolo e Torres
(2011, p.4) afirmam que as TICs são instrumentos
tecnológicos utilizados para o processo de inclusão
social, sobretudo, aumentando as possibilidades dos
sujeitos chegarem a aquisição de conhecimentos e
saberes ambientais. A utilização deste instrumental
exerce a função de intermediar os processos de
educação que configuram-se como socialmente
inclusivos. O uso “(...) tem sido cada vez maior porque
estas ferramentas possibilitam trocas, intercâmbios,
permutas de informações, conhecimentos,
experiências, saberes e competências que ajudam as
pessoas a aprenderem coletiva e colaborativamente”.
Aponta Castells (1999) que a profunda permeabilidade
das tecnologias digitais de informação e comunicação,
nas mais diversas dimensões sociais, proporciona um
cenário repleto de oportunidades para construção
de ambientes menos assimétricos nas relações entre
seus atores.
Somando as TICs à extensão, no conceito disposto por
David et al. (2014), no qual a extensão universitária se
apresenta como uma via para estabelecer esse contato
com a sociedade, procurando conhecê-la, entendê-
la e estabelecer um diálogo permanente entre as
partes, para assim encontrar de maneira participativa
soluções às injustiças sociais sofridas pela população,
tem-se um instrumento com grande potencial para o
processo inclusivo.
A crescente importância da extensão universitária,
visando melhor qualidade de vida da comunidade por
meio de repasse de informações e conhecimentos
provenientes da academia, articulando ensino e
pesquisa, reflete a relevância de identificar os métodos
de Tecnologias de Informação e Comunicação
utilizados em projetos sediados na UNESP, campus de
Tupã.
2. OBJETIVOS
Revela-se como objetivo geral desta pesquisa -
analisar as TICs utilizadas pelos projetos de extensão
da UNESP, Câmpus de Tupã, que apresentem
abordagem socioambiental.
Nesse sentido, procurou-se atingir os seguintes
objetivos específicos: descrever os projetos de
extensão existentes no campus de Tupã da UNESP,
que possuem enfoque socioambiental e estejam ativos,
assim como identificar quais são tecnologias utilizadas
por esses projetos e como estas são utilizadas.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
A extensão universitária no Brasil segue uma trajetória
que acompanha as necessidades das comunidades
que se moldam de maneira diferenciada ao longo dos
tempos. Amparados nestas demandas específicas e
na interação entre a universidade e a comunidade, por
meio de reflexões num processo participativo, busca-
se na extensão, a articulação entre ensino e pesquisa
científica.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
60
Para a complexa sociedade em que se vive, a extensão
universitária configura-se como uma forma de atuação
imprescindível no repasse de informações em via
de mão dupla, pois a universidade é uma instituição
educacional que expressa anseios da sociedade
na qual está inserida e busca contribuir, nos casos
analisados neste artigo, para o desenvolvimento
socioambiental do seu entorno, fortalecendo as
relações sociais entre a Universidade Estadual “Júlio
de Mesquita Filho”, Campus de Tupã e comunidade
externa.
A preocupação em possibilitar que a academia atue
produzindo resultados satisfatórios nas relações
sociais é uma questão antiga (SANTOS, 2014).
Segundo Souza (2001), a extensão universitária
encontra sinais perceptíveis no país, desde o Brasil
Colônia, quando jovens universitários encontravam-se
envolvidos com movimentos sociopolíticos da época.
Embora a extensão não fosse identificada com essa
nomenclatura, a forma de ação dos acadêmicos leva a
defini-los como extensionistas, pois buscavam transferir
conhecimentos da academia para a comunidade.
A aproximação da universidade com a comunidade
permite um repasse de informações bilaterais,
nivelando conhecimentos e proporcionando a reflexão
dos indivíduos envolvidos neste processo dialógico.
Freire (1979) expressa que as camadas populares
não são vistas como objeto de ação extensionista,
mas como sujeitos desta ação. Na comunicação
entre os sujeitos da ação, quais sejam: universidade
e comunidade, há a troca dos saberes acadêmicos
e populares, fato que nos leva a compreender a
necessidade do fluxo bilateral de informações que
deve existir na extensão universitária.
Neste contexto, evidencia-se a importância da
extensão para a universidade, formando redes de
transferência de conhecimento, como as analisadas
nesta pesquisa e que envolve os seguintes projetos
desenvolvidos no Câmpus da Unesp em Tupã:
Competências Digitais para a Agricultura Familiar
(CoDAF), a Rede de Educação Ambiental da Alta
Paulista (REAP) e o “Olhar Ambiental”. Os três projetos
permeiam relevâncias socioambientais em suas ações
extensionistas de difusão de saberes entre academia
e comunidades, tanto rural, quanto urbana.
Rocha (2007) relata que a extensão universitária
apresenta-se como fonte difusora de conhecimentos
aplicáveis à vida individual ou coletiva da comunidade.
Defende ideias e princípios que repercutem nas
atividades acadêmicas de modo a interligar as funções
de ensino-pesquisa-extensão, de forma indissociável,
levando a acreditar na viabilidade de sua ação
transformadora na comunidade.
Aponta Santos (2014) que a atividade de extensão
universitária tem sua relevância por ser fonte
de aprendizagem profissional e oxigenação
do conhecimento produzido na universidade,
possibilitando a geração de novos conhecimentos
de forma interdisciplinar, por meio de suas ações e
contribui para a formação cidadã em uma via de mão
dupla.
Os projetos de extensão universitária, além da interação
com a comunidade, buscam a interface relacional
com o ambinte estrutural externo ao campus, por meio
da harmonização do ser humano com a natureza,
compreendendo a zona urbana e rural.
3.2 RELAÇÃO SER HUMANO E NATUREZA
Há décadas ocorre a discussão acerca das ameaças
as quais o planeta está sujeito por efeito da intervenção
humana no ambiente natural, com o objetivo de
explorar seus recursos em benefício próprio. Da
mesma maneira, não é recente a relação entre o ser
humano e a natureza que existe desde os primórdios,
entretanto, a compreensão de mundo passou por
transformações, a medida em que o contexto histórico-
cultural modificou-se, influenciando sua ação no meio
ambiente (GONÇALVES, 2008).
As catástrofes ambientais veiculadas pelos meios de
comunicação emergem da hierarquia instituída entre
homem e natureza, contudo essa relação de dominador
e dominado nem sempre representou danos ao meio
ambiente. Gonçalves (2008) cita que, a princípio, esse
vínculo era divino, permeado de tradições míticas que
atribuíam a um deus cada fenômeno natural. Nesse
período, a extração de recursos visava unicamente
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
61
a sobrevivência, ocorrendo, portanto, em escala
reduzida, sem potencial de geração de alto impacto
negativo (BARBIERI, 2011).
Com o crescimento demográfico, acompanhado
da concepção de distanciamento entre homem e
natureza, surgiu a necessidade de intensificação, em
quantidade e velocidade, da exploração dos recursos
naturais destinados à produção, de bens e serviços,
geradora de subprodutos não reincorporados aos
ciclos naturais (MENDONÇA, 2005). Para Barbieri
(2011), esse marco é datado a partir do século XVIII,
com a Revolução Industrial, quando os primeiros
indícios dos danos provocados ao meio ambiente
foram evidenciados.
A Revolução Industrial trouxe consigo o progresso da
agricultura, fundamental para o cultivo dos alimentos
consumidos pela população que passou a habitar
as cidades. A produção agrícola também ocasiona
efeitos ao meio ambiente em virtude do emprego de
agrotóxicos, desmatamento, utilização de maquinários
e plantio de monoculturas, enfim, fatores que afetam
a qualidade do solo e dos recursos hídricos e, alguns
deles, à saúde humana (BARBIERI, 2011). Essas
atividades, fortalecidas sem ponderar a existência
de restrições de exploração, provocaram impactos
acentuados ao longo dos anos, os quais colocaram em
pauta debates acerca da capacidade de manutenção
do planeta.
Contudo, segundo relatado por González e Rincón
(2012), o crescimento econômico proporcionado
pelas novas tecnologias na agricultura, conteve essas
discussões e contribuiu para um desenvolvimento
fundamentado na concepção de inexistência de limites
ambientais. Os autores relatam que a atenção sobre o
meio ambiente foi resgatada somente na passagem da
década de 1960 para a década de 1970, consolidada
com lançamentos importantes na área, responsáveis
por ampliar a discussão do tema para escala global.
Em 1987, formalizou-se o conceito de desenvolvimento
sustentável com a publicação do informe Brundtland,
“Nosso Futuro Comum” e sua proposta de aproximação
entre economia e ecologia. Essa expressão foi
cunhada por Maurice Strong como “abordagem
do ecodesenvolvimento”, em 1972 na Conferência
da Terra, em Estocolmo, da qual era Secretário
Geral. Na ocasião, a degradação do meio ambiente
e as consequências por ela acarretadas foram
estabelecidas como questões de ordem mundial
(GONZÁLEZ; RINCÓN, 2012; DIAS, 2009).
O desenvolvimento sustentável ganhou destaque em
1992, na primeira edição da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
cujo objetivo era promover um debate sobre a
sustentabilidade. Entretanto, Dias (2009), aponta
que consoante à previsão do informe de Brundtland,
esse conceito dá margem a múltiplos entendimentos,
embora o documento esclareça ser a satisfação nas
necessidades do homem a maior intenção.
O autor destaca ainda as controvérsias acerca da
expressão “desenvolvimento sustentável”. Enquanto
há quem o compreenda como um projeto político-
social com vistas ao aprimoramento da qualidade
de vida, em contrapartida, existe quem conceba
que seu objetivo seja o crescimento econômico
constante. Contudo, é reconhecida a importância
da sua discussão para alavancar os diálogos sobre
igualdade social e integração do meio ambiente ao
debate desenvolvimentista.
3.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TIC)
A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)
possui como definição, ser um conjunto de recursos
tecnológicos, usado de maneira integrada, com um
objetivo comum (RODRIGUES, 2009). Sua utilização
pode ser realizada nos mais diversos tipos de
ambientes, como, por exemplo, indústria, comércio,
instituições públicas, entre outras que necessitam
dessa ferramenta para seu funcionamento.
Nesse contexto, a ciência da informação, na qual
se estuda e se analisa, dentre outros assuntos,
o gerenciamento de dados, busca ampliar as
possibilidades de acesso à informações detalhadas
que estão contidas na internet, fazendo com que
se tenha uma redução da assimetria informacional
presente em vários setores da sociedade (SANT’ANA,
2014).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
62
Na extensão universitária, essa caracteristica das TICs
apresenta-se semelhante ao ambiente organizacional,
imprimindo sua relevância na produtividade e
eficiência no repasse das informações da academia
para a comunidade.
Além disso, a utilização das TICs nas instituições de
ensinos auxilia a busca de autonomia nas fases de
aprendizagem, a qual possui um aspecto positivo
na construção do conhecimento siginificativo, no
entanto, não substitui outros fatores que também
são importantes no processo de aprendizagem
(BIELSCHOWSKY, 2009).
Segundo Patriota e Ferrario (2006), atualmente,
os meios de comunicação para a divulgação de
produtos, serviços ou qualquer outro tipo de atividade
têm se mostrado mais propícios à utilização dos meios
digitais, como a internet. Nesse contexto, é possível
entender a grande importância que as tecnologias
digitais possuem para todas as instituições de
forma geral, pois é uma boa opção ferramental para
a divulgação e ampliação de seu trabalho. Desse
modo, para a extensão universitária que possui forte
relevância social, fazer uso das TICs, poderá favorecer
e alavancar, de sobremaneira, o seu processo de
interação com a comunidade.
Esse breve resgate conceitual de extensão universitária
e das tecnologias de informação e comunicação,
propiciaram um embasamento teórico para as
reflexões apresentadas à seguir, assim como deram o
suporte necessário para a escolha da metodologia de
pesquisa que se apresenta.
4 METODOLOGIA
Elencou-se a estrutura metodológica de caráter
científico, de natureza aplicada, com abordagem
qualitativa para a realização desta pesquisa. Por meio
do método qualitativo, o pesquisador entra em contato
direto com o indivíduo ou grupos humanos, com o
ambiente e a situação que está sendo investigada,
permitindo aproximação com os informantes
(MARCONI; LAKATOS, 2011).
Quanto ao objetivo, trata-se de uma pesquisa descritiva
e exploratória. Caracteriza-se como exploratória, pois
os estudos têm por objetivo familiarizar-se com o
fenômeno ou obter nova percepção do fato, descobrir
novas ideias. Descritiva por realizar narrativas das
situações e busca descobrir as relações que permeiam
os elementos que a compõe (CERVO; BERVIAN, 2003).
Quanto à técnica de coleta de dados buscou-se
harmonização de vários instrumentos de pesquisa,
dentre os quais estão os documentos, a análise
bibliográfica e vivência empírica nos projetos, uma
vez que todos os autores participam de pelo menos
um dos projetos analisados. Parte ainda da coleta
de dados, utilizou-se a entrevista semi estruturada
com dois coordenadores dos projetos de extensão
analisados e já apresentados na introdução deste
artigo e que são realizados na Universidade Estadual
Paulista, localizada no município de Tupã, região da
Alta Paulista.
Amparados em Cervo e Bervian (2003), recorre-se à
entrevista sempre que tiver necessidade de obtenção
de dados que não podem ser encontrados em registros
e fontes documentais e podem ser fornecidos pelos
entrevistados.
Para as análises que propiciaram as discussões e
resultados (a serem tratados no próximo tópico),
foram realizadas buscas no site da Universidade
Estadual Paulista, Campus de Tupã, no qual foram
encontrados 11 diferentes projetos de extensão que
são realizados atualmente no campus. Sendo assim,
verificou-se a presença de três trabalhos ligados ao
aspecto socioambiental, recorte desta pesquisa,
sendo eles: o programa Olhar Ambiental, a Rede
de Educação Ambiental da Alta Paulista (REAP) e o
Projeto Competências Digitais para Agricultura Familiar
(CoDAF).
Realizou-se então, uma descrição de cada projeto e
também uma caracterização das TICs, utilizadas para
promover uma abordagem na extensão.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após as seleções dos projetos que se enquadravam
no objetivo e recorte proposto para este artigo, foram
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
63
delimitados três projetos: CoDAF; Olhar Ambiental e
REAP, conforme já mencionados e que serão descritos
a seguir.
Como já citado no tópico sobre metodologia, é
importante ressaltar que as análises têm interferência
da percepção empírica uma vez que os autores
participam dos projetos, no entanto, tal mediação
não é sinônimo de prejuízo para as discussões
propostas, uma vez que as análises não visavam
avaliar os projetos. Nesse sentido a experiência dos
autores podem ser entendidas como observações
participantes importantes para o processo analítico.
Parte-se então, para a caracterização de cada um dos
projetos e as análises e discussões que se efetuaram
sobre os mesmos.
Descrição dos Projetos
O projeto de extensão CoDAF, tem como objetivo
principal levar a inserção de tecnologias digitais para
agricultores familiares que possuem dificuldade de
acesso à informação. Buscando atender a este objetivo,
são oferecidos cursos e oficinas para produtores rurais
tendo como foco o desenvolvimento de competências
técnicas e informacionais, ascendendo a possibilidade
de aumentar sua competitividade dentro do setor,
de maneira sustentável e com responsabilidade
socioambiental (CODAF, 2015).
Nesse contexto, também é disponibilizado um portal,
localizado no endereço <http://codaf.tupa.unesp.br/>,
no qual produtores podem efetuar o cadastro de sua
propriedade, gerando uma nova possibilidade para
divulgação de seus produtos ofertados. Além das
informações sobre os produtos oferecidos por cada
produtor, o portal disponibiliza também informações
gerais sobre a agricultura familiar, como, por exemplo,
o apoio de programas governamentais, vantagens que
podem ser oferecidas ao produtor e suas características
principais (CODAF, 2015). O portal estabelece canal
direto de comunicação com o produtor, por meio do
ítem “fale conosco”.
O projeto de extensão CoDAF dispõe de composição
interdisciplinar, com interação de integrantes de dois
câmpus da UNESP: Tupã e Marilia, favorecendo
maior permeabilidade de acesso à comunidade,
com abrangência num cenário geográfico ampliado.
Embora o conteúdo do portal seja globalizado e
esteja disponivel on line, ocorrem cursos e palestras
presenciais com a comunidade rural das localidades
do entorno da universidade.
Por meio do projeto, são disponibilizadas diariamente,
via rede social (Facebook), notícias atuais direcionadas
aos agricultores familiares e aos demais interessados,
a adentrarem num movimento contemporâneo de
busca por informações por meio do universo digital.
Sendo assim, percebe-se que este projeto possui
um viés voltado para contribuir com a comunidade
no meio rural, no qual se incentiva o ganho de
competitividade e a transferência de informações por
meio de competências e inclusões digitais
Além do Projeto CoDAF foram observados outros
dois projetos de extensão em atividade, sediados na
UNESP, câmpus de Tupã, que possuem enfoque na
conscientização ambiental e possuem foco de atuação
na sociedade em geral. Ambos possuem a mesma
coordenação, articulam-se e complementam-se.
O programa “Olhar Ambiental” é resultado do projeto
“Programa Ambiental: difusão de conhecimentos locais
e regionais” atua em parceria com a TV Universitária,
localizada na cidade de Tupã-SP. A divulgação e
apresentação dos trabalhos ambientais são feitos nas
proximidades da cidade sobre diferentes pontos de
vista.
Para a realização desse programa, discentes do
curso de Administração do câmpus participam
da elaboração do mesmo objetivando a criação e
execução de ações planejadas de maneira coletiva;
a produção de textos dentro de padrões linguísticos
para os meios de comunicação e a realização de
conexões entre os fatos do cotidiano e a estrutura da
sociedade, considerando a importância do significado
socioambiental, transmitindo benefícios para a
comunidade tupãense.
Já o projeto de extensão Rede de Educação
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
64
Ambiental da Alta Paulista (REAP), tem como objetivos
“promover a reflexão, articulação e discussão para o
desenvolvimento da Educação Ambiental no município
de Tupã-SP e na região da Alta Paulista”. O projeto
tem seu desenvolvimento a partir da integração em
rede entre vários integrantes que estão sediados em
diversas localidades da região da Alta Paulista. Para
melhor articulação, além dos meios digitais, ocorrem
reuniões presenciais periódicas, para a discussão
de assuntos relevantes sobre o tema e reflexão para
possiveis intervenções do grupo.
Nesse cenário, a REAP e o Olhar Ambiental,
demonstram a grande importância que possuem na
conscientização das comunidades regionais quanto
ao aspecto socioambiental, sem delimitação de um
público-alvo específico.
Além dos projetos que estão em desenvolvimento
atualmente e que foram descritos, vale destacar que
na unidade houve outro projeto de extensão com
enfoque socioambiental, no entanto, não foi pauta
desta pesquisa, pois já estava concluido. Este projeto
analisou a eficiência de aquecedores solares quanto
aos aspectos energéticos, térmicos e financeiros
fabricados por meio da reutilização de produtos
reciclados.
Tecnologias de Informação e Comunicação
identificadas nos projetos de extensões
Nesse contexto, entre as TICs identificadas nos projetos
analisados, por meio de um levantamento na internet
e entrevistas realizadas com os coordenadores,
demonstram: a utilização de ferramentas para a
comunicação com o público em geral, um editor de
texto para o desenvolvimento de trabalhos realizados
internamente pelos alunos, uma planilha eletrônica
para organização de dados e por fim o uso de software
para a edição de vídeos.
Por meio da entrevista feita com o coordenador do
projeto CoDAF e a partir de informações coletadas no
portal do projeto, foi observado que para as atividades
desenvolvidas são utilizadas as seguintes tecnologias
de informação e comunicação: e-mail, portal, um canal
na rede You Tube, uma página e um grupo na rede
social Facebook, sendo que estas são utilizadas para
a divulgação de informações e outras atividades do
projeto.
Segundo o coordenador, o portal é a principal
ferramenta utilizada pelo projeto, tendo em vista que
nesse portal é feito o cadastramento das propriedades
rurais dos produtores familiares, a fim de promover a
divulgação dos seus produtos. No entanto, também
busca trazer informações da agricultura familiar, como,
por exemplo, o conceito, os programas governamentais
de incentivos para o setor, as leis que abrangem a
área, divulgação de cursos que serão fornecidos
pelo projeto, entre outras que podem agregar valor
tanto para os próprios produtores quanto para outros
interessados em saber sobre o assunto. Outro ponto
positivo do portal é o canal aberto de comunicação no
item “fale conosco”, pelo qual se captam as demandas
e necessidades da comunidade e responde-se a
questionamentos específicos da agricultura familiar
que não se encontram disponíveis on line. Confirma-se,
desta maneira, que os canais para a aproximação e a
relação dialógica da universidade com a comunidade
são oferecidos.
Além do uso do portal como ferramenta para
comunicação, é utilizada também a página na rede
social do Facebook, a fim de promover a divulgação
das informações e também do projeto, de forma
geral. Nesta rede social, existe a presença de um
grupo fechado, formado pela equipe de trabalho,
com o objetivo de realizar diálogos e planejamentos
estratégicos para a organização de eventos e ações
do grupo. Contudo, também se utiliza de e-mail
com o objetivo de transmitir a comunicação entre os
integrantes.
Nota-se que as publicações diárias de notícias
na página do projeto de extensão na rede social
(Facebook), fazem com que o internauta seja
redirecionado para a página do portal do CoDAF,
promovendo e gerando uma maior quantidade de
acessos. Dessa maneira, ocorre amplificação da
divulgação das atividades realizadas pelos projetos
e, a partir dai, mostra o grande potencial que o
portal tem para este projeto de extensão no que se
refere ao repasse de informações e interação com a
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
65
comunidade, que é papel fundamental em um projeto
de extensão universitária.
Este projeto também conta com o uso de um editor
de textos e planilhas eletrônicas para a realização
de controles, armazenamento de dados e trabalhos
internos feitos pelos discentes. Além disso, como o
projeto também disponibiliza vídeoaulas na internet
pelo YouTube, é necessário que os membros do
projeto manipulem editores de vídeos como, por
exemplo, o Microsoft Movie Maker, que tem como
objetivo a criação e edição de vídeos.
É importante destacar que o projeto CoDAF teve
inicio no ano de 2013 e sua equipe interdisciplinar é
constituida por docente, discentes do programa de
Pós-graduação em Agronegócio e Desenvolvimento
(mestrandos e pós doutoranda), graduandos de
administração e de engenharia de biossistemas da
UNESP, Câmpus de Tupã, discentes do programa
de Pós-graduação em Tecnologia da Informação
(mestrandos e doutorandos) da UNESP, Câmpus
de Marília. Levando em consideração que todos
possuem algum tipo de interação com as tecnologias
digitais utilizadas e em vários níveis de conhecimento,
tamanha diversidade propicia a troca de saberes, com
foco na extensão desses conhecimentos de maneira
digital à comunidade prioritariamente rural.
A utilização dessas tecnologias pelos membros, é
feita de acordo com o trabalho que cada integrante
desenvolve internamente no projeto, podendo assim
a cada momento estar utilizando uma tecnologia
diferente. Contudo, a administração do portal, principal
ferramenta de TIC, é gerenciada diretamente apenas
por três membros do grupo, apesar de receberem
colaborações parciais dos outros integrantes.
Desse modo, o coordenador do projeto afirma também
que algumas dessas tecnologias têm sua utilização
desde o ínicio do projeto, sendo que outras surgiram
após sentirem a necessidade de realizar algum
trabalho específico, como, por exemplo, a elaboração
de vídeos. Além disso, relatou também que no seu
ponto de vista as TICs cumprem seu papel diante dos
objetivos do projeto de extensão.
Nesse cenário, percebe-se, que ocorre uma forte
presença na utilização de vários tipos TICs na
execução deste projeto de extensão, sendo que existe
grande interação dos membros com as tecnologias
utilizadas.
Já os projetos de extensão universitária REAP e
Olhar Ambiental, que atualmente estão em processo
junção de suas atividades em um único projeto, mas
utilizando veículos de comunicação diferentes, fazem
a utilização de e-mail, blog, canal na rede You Tube,
página e grupo na rede social Facebook, a fim de
obter divulgação de suas atividades e diálogo entre
os membros do projeto. Assim, como no CoDAF, estes
projetos também fazem o uso de editor de texto e
planilhas eletrônicas para elaborar trabalhos internos
dos projetos feitos pelos discentes.
Tanto o projeto REAP, quanto o programa Olhar
Ambiental, iniciaram suas atividades no ano de 2012,
tendo em vista que, segundo a coordenadora dos
projetos, por meio de entrevista, o primeiro ano de
ambos foi destinado para a organização de como
seriam as ações desses projetos, fazendo com que no
ano seguinte as mesmas pudessem ser implementadas
de fato.
Contudo, a coordenadora relatou que neste ano de
2015, os dois projetos estão em uma fase de junção, pois
têm objetivos semelhantes, uma vez que ambos visam
trabalhar com a educação ambiental. Essa união, de
acordo com a coordenadora, reforça as possibilidades
de facilitar o processo de gerenciamento, tanto das
atividades quanto para ampliar ações empreendidas.
A partir do processo de unificação dos dois projetos,
o grupo é integrado, atualmente, por 15 moderadores
para o desenvolvimento das atividades. Os integrantes
são discentes de graduação em Administração
e Engenharia de Biossistemas e, assim como no
CoDAF, também conta com discentes do Programa
de Mestrado em Agronegócio e Desenvolvimento
da própria unidade, além de docentes da unidade.
Nesse contexto, de acordo com a coordenadora,
todos os envolvidos utilizam de alguma forma as
TICs identificadas, levando em conta que o projeto
possui a divisão de grupos para desenvolvimento das
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
66
atividades e dessa maneira o uso depende da ação
que está sendo realizada.
A coordenadora cita também que o e-mail é utilizado
para a comunicação entre os membros do grupo,
fazendo uso de uma ferramenta conhecida como listas
de discussões, que gera uma dinâmica de diálogo
contínuo entre a equipe. Contudo, afirmou que a
ferramenta comunicacional poderia ser mais eficiente
para o projeto, se ocorresse maior assiduidade de
acesso entre o grupo e maior número de usuários
ativos.
No entanto, explicou que o objetivo destas listas de
discussões é atingir membros da rede, que estão
localizados em diversas partes da região da Alta
Paulista, sendo que é importante destacar que estes
membros nem sempre são os moderadores do
grupo. Sendo assim, para o diálogo apenas entre
os moderadores é utilizado um grupo na rede social
Facebook, a fim de facilitar a organização e execução
das atividades.
As matérias geradas para o programa Olhar Ambiental,
transmitido na TV Universitária local, têm suas edições
enviadas para seu canal no You Tube e, posteriormente,
compartilhado em seu blog, com o objetivo de realizar
a divulgação do trabalho. A página da rede social,
também tem seu uso com o propósito de mostrar ao
público as atividades realizadas pelos mesmos, além
de receber sugestões do público em geral. O blog por
sua vez, funciona como mais uma ferramenta utilizada
por esse projeto, com o objetivo de comunicar e gerar
informações sobre o assunto abordado.
As tecnologias utilizadas tanto pela REAP quanto
pelo programa Olhar Ambiental têm sido usadas,
parcialmente, desde o início dos projetos, sendo que
foram incrementadas de acordo com a necessidade
de cada atividade a ser realizada. A coordenadora
afirma também, que as tecnologias cumprem seu
papel para a obtenção do objetivo do trabalho durante
os serviços realizados.
Na abordagem realizada neste trabalho, foi
possível perceber que os projetos de extensão
analisados, utilizam várias tecnologias iguais para o
desenvolvimento de suas atividades. Isso pode ocorrer
pelo fato dos projetos buscarem objetivos parecidos
entre si, desse modo fazendo com que sejam muito
semelhantes a utilização dessas ferramentas.
Nota-se a evidente aproximação da Universidade
Estadual Paulista, Câmpus de Tupã, com a
comunidade por meio destes projetos analisados, fato
que possibilita ampliar condições de saberes e bem-
estar da sociedade.
Tal aproximação é notada no projeto CoDAF por meio
da elevação do número de leitores das notícias diárias,
que está sendo monitorado pelo grupo. Reforçando
este fato, as inserções de comentários e solicitações
de demanda por meio dos produtores são feitas
pelo portal CoDAF no item “fale conosco”. Os cursos
presenciais corroboram para esta aproximação entre a
academia e a comunidade externa.
Na REAP o programa Olhar Ambiental é detaque na
redução da lacuna que ainda existe entre a população
local e o Câmpus. O conteúdo apresentado permeia
o cotidiano dos telespectares do canal Universitário,
no qual as inserções são exibidas para um público
distinto por via televisiva, ampliando acesso de
informações que partem da universidade e em direção
à comunidade.
Ao analisar os resultados, leva-se em consideração a
abordagem de Rocha (2007) que aponta o fortalecimento
da relação da universidade com a comunidade por
meio da extensão universitária, ao proporcionar
relação dialógica entre as partes e a possibilidade de
desenvolver ações sócio-educativas que priorizam a
superação das condições de desigualdade e exclusão
ainda existentes. E, na medida em que socializa e
disponibiliza seu conhecimento, tem a oportunidade
de exercer e efetivar o compromisso com a melhoria
da qualidade de vida da comunidade.
Nesta abordagem de conquista da interação entre
academia e comunidade, os projetos de extensão
analisados cumprem seu papel, no sentido de
compreender melhor as demandas da sociedade
por meio da identificação de problemas e sugerindo
possíveis soluções ou fatores que amenizem seus
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
67
efeitos.
O comprometimento mútuo ocorre por meio de ações
participativas, com o envolvimento da comunidade
nos projetos de extensão, estabelecendo via de
aprendizagem com fluxo bilateral de informações,
num processo ganha-ganha, como ficou evidenciado
no portal CoDAF no item “fale conosco”, por meio dos
comentários e acessos crescente a visualização das
notícias diárias e, principalmente, na aproximação
presencial dos cursos e palestras oferecidos pelo
Projeto de extensão. Na REAP e no Programa Olhar
Ambiental esta troca de saberes ocorre, principalmente,
pelo feedback da sociedade sobre as temáticas
inseridas nos programas televisivos, complementados
pela progressiva visualização do blog e página em
redes sociais (facebook).
Em complemento a análise de TIC, verificaram-se
nos projetos de extensão universitários analisados as
seguintes diretrizes:
•Processo educativo, cultural e científico: relatado
pelos membros que narram evolução academica
e cultural por meio das ações dos projetos de
extensão;
•Articula o Ensino e a Pesquisa: consegue
disponibilizar à população externa, resultados de
pesquisas científicas desenvolvidas na unidade
universitária;
•Troca de saberes, acadêmico e popular: a
interação já descrita ocorre principalmente por
meio do portal CoDAF e do programa televisivo
Olhar Ambiental;
•Aproximação da UNESP com a comunidade:
papel da extensão universitária, esta prática de
aproximação está sendo constatada nos projetos
analisados;
•Produção e socialização do conhecimento:
podese elencar o programa Olhar Ambiental como
ferramenta de socialização de conhecimentos,
além das notícias diárias apresentadas pelo
CoDAF, cursos e palestras;
•Busca atender as demandas apresentadas pela
comunidade: pode-se citar o curso de gestão
da propriedade rural por meio de planilhas
eletrônicas, que foi uma demanda da sociedade
rural, executada pelo Projeto CoDAF no ano de
2015;
A busca pela difusão de conhecimentos é prática
cotidiana nos projetos de extensão universitária
abordados neste estudo.
Além dos indicativos apresentados, a extensão
universitária incorpora aos discentes extensionistas
práticas de cidadania, ações de inclusão,
solidariedade e maturidade de cunho científico,
além de aparelhamento relacional desenvolvendo
conhecimentos, habilidades e atitudes para enfrentar
com melhor preparo o mercado de trabalho futuro.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As TICs utilizadas pelos projetos são muito semelhantes
no desenvolvimento de suas atividades por terem a
mesma finalidade de transferencia de conhecimentos
e informações, com enfoque socioambiental para a
comunidade. Embora os projetos analisados tenham
como prioridade, nicho específico da sociedade, as
TICs colaboram no processo de extensão dos saberes
da academia para a sociedade.
Conclui-se que as TICs tendem a tornarem-
se ferramentas indispensáveis para ampliar a
comunicação entre públicos distintos, como no caso da
extensão universitária, na qual ocorre a aproximação e
diálogo reflexivo entre a universidade e a comunidade
externa.
Evidencia-se neste artigo que as TICs estão facilitando
a comunicação entre os membros internos dos projetos,
assim como nos projetos de extensão abordados que
buscam a integração entre universidade e comunidade.
REFERÊNCIAS
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
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[9] ______. Extensão ou Comunicação? Tradução Oliveira, R. D. 14ª ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2010.
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[11] GONÇALVES, J. C. Homem-Natureza: Uma Relação Conflitante ao Longo Da História. Revista Saber Acadêmico, n.6, p. 171-177, 2008.
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[14] MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
[15] MENDONÇA, Rita. Conservar e criar: natureza, cultura e complexidade. Editora Senac São Paulo. São Paulo, 2005.PATRIOTA, K., & Ferrario, C. M. (2006). Tecnologia e convergência: a propaganda nunca mais será a mesma. In Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Vol. 29).
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[20] SANTOS, M. P. A extensão universitária como “laboratório” de ensino, pesquisa científica e aprendizagem profissional: um estudo de caso com estudantes do curso de licenciatura em pedagogia de uma faculdade particular do estado do Paraná. Extensio: R. Eletr. de Extensão, ISSN 1807-0221 Florianópolis, v. 11, n. 18, p. 36-52, 2014. Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/extensio/article/view/18070221.2014v11n18p33/28064>. Acesso em mai. 2015.
[21] SODRÉ, M. Antropológica do espelho - uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002.
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[23] UNESP. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”: Campus de Tupã. Disponível em <http://www.tupa.unesp.br>. Acesso em mai. 2015.
Capítulo 7NOVA ABORDAGEM NO RECONHECIMENTO DE RECEITAS
E DESPESAS AMBIENTAIS ATENDENDO A LEGISLAÇÃO E
EVIDENCIANDO A SUSTENTABILIDADE E IMAGEM EMPRESARIAL
Leonor Venson de Souza
Daniel Teotonio do Nascimento
Edison Luiz Leismann
Resumo: Muito se discute sobre a ausência de normas específicas relacionadas à contabilidade ambiental no Brasil. A contabilidade ambiental apesar de não estar normatizada pode ser tratada e inserida nas organizações com base nos princípios e práticas utilizados pela contabilidade financeira através de normas existentes. Ativos, passivos, receitas e despesas ambientais podem ser registrados e evidenciados através dos relatórios usuais da contabilidade financeira, sem haver necessidade de normas específicas, com a inclusão de dados concernentes aos fatos ambientais dentro de uma estrutura já existente. Essa nova abordagem tem por objetivo analisar o papel da contabilidade nos aspectos conceituais, analisar relatórios convencionais da contabilidade financeira e sua aplicação na contabilidade ambiental. No intuito de atingir ao objetivo proposto foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória, descritiva e bibliográfica com abordagem qualitativa e quantitativa. Por meio de um estudo de caso foi possível efetuar análise comparativa das demonstrações contábeis de uma empresa do ramo de prestação de serviços que implantou SGA - Sistema de Gestão Ambiental no exercício de 2010 com evidenciação das ações relacionados às questões ambientais. Foi possível demonstrar que a contabilidade ambiental pode ser mensurada e evidenciada utilizando-se das normas existentes e ainda contribuir na divulgação de informações relacionadas às ações de preservação e proteção ao meio ambiente como também destacar as ações corretivas implantadas pela organização em prol do meio ambiente e os resultados obtidos.
Palavras Chave: Contabilidade ambiental, evidenciação contábil e receitas por benefícios presentes e futuros.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
70
1. INTRODUÇÃO
A contabilidade como instrumento de gestão e controle
cumpre o papel de registar as operações que afetam
o patrimônio das entidades. As informações geradas
pela contabilidade são de grande importância para
seus usuários, internos ou externos, que a partir dos
relatórios geram informações úteis para a tomada de
decisão. A precisão das informações demandadas
pelos usuários e o desenvolvimento de aplicações
práticas da Contabilidade dependerão, sempre, da
observância dos seus Princípios, cuja aplicação
concernente à solução de situações concretas deverá
considerar o contexto econômico, tecnológico,
institucional e social em que os procedimentos serão
aplicados. Isto significa, com grande frequência, o uso
de projeções sobre o contexto em causa, o que muitos
denominam de visão prospectiva nas aplicações
contábeis.
Neste contexto, muito tem se discutido sobre a ausência
de normas no que tange ao registro das operações
que afetam o patrimônio das entidades relacionadas
às causas ambientais, ou especificamente, da
contabilidade ambiental. As organizações e governos
tem buscado atender as exigências éticas e legais
clamadas pela sociedade na luta pela preservação
dos recursos naturais, pela produção de alimentos
mais saudáveis e diminuição de impactos que agridem
ao meio ambiente.
Diante das discussões, implicações legais e éticas
que o desenvolvimento sustentátel tem abordado
a contabilidade tem um papel fundamental como
instrumento de registro uma vez que possibilita o
registro de fatos que alteram o patrimônio das entidades
(pessoa física ou jurídica) evidenciando os resultados,
quer seja por relatórios convencionais usuais da
contabilidade financeira, através das demonstrações
de resultados com o registro de receitas oriundas
da redução de gastos obtidas pela implantação
de sistemas de gestão ambiental, quer por notas
explicativas e ainda por relatórios da administração.
Neste contexto, a contabilidade ambiental cumpre
ainda demonstrar o perfil social da empresa e tornar
público quais são as ações adotadas pelas empresas
quanto aos aspectos ambientais, tanto no que se
refere a políticas ecologicamente corretas, que
visem a proteção do meio ambiente, como também
ações corretivas com o intuito de evitar danos futuros
(KROETZ, 2000).
2 CONCEITOS
2.1 O PAPEL DA CONTABILIDADE
Segundo Iudicibus (2006) a contabilidade pode ser
conceituada como sendo: “... o método de identificar,
mensurar e comunicar informação econômica,
financeira, física e social, a fim de permitir decisões
e julgamentos adequados por parte dos usuários
da informação.” Reforça Jochem (2008) que a
contabilidade como ciência de cunho essencialmente
social tem papel amplo e fundamental, na promoção
do ser humano na inter-relação empresa e indivíduo.
Pensar a Contabilidade vai além da elaboração e
apresentação de relatórios ligados ao patrimônio.
É necessário ver o que existe oculto na análise
patrimonial: as idéias, as teorias e as ideologias que
marcam tal situação. Não basta demonstrar uma
situação patrimonial em um determinado momento,
é, necessário deixar claro como tal situação foi
alcançada. É necessário saber o que se quer e para
onde se quer chegar. Uma ciência com cunho social
precisa, partir do ponto de vista da coletividade,
visando construir o patrimônio particular com respeito
a todos os envolvidos no processo tanto os de forma
direta quanto os de forma indireta, e sem esquecer
dos agentes ambientais. A contabilidade por ser um
importante instrumento que auxilia a administração na
tomada de decisões permite também que o processo
decisório decorrente das informações contábeis
não se restrinja apenas aos limites da empresa, aos
administradores e gerentes, mas também a outros
usuários externos à organização.
Na contabilidade ambiental seus conceitos e pesquisas
ainda são muitos recentes, sendo seu surgimento
em virtude das necessidades de preservação do
meio ambiente. Busca atender as necessidades de
empresas que antes se preocupavam com a eficiência
dos sistemas produtivos e agora necessitam de
mecanismos para conciliar crescimento econômico
com preservação ambiental. As companhias têm o
desafio de manter e expandir sua clientela, conservar
seu capital, captar recursos externos para conseguir
investir no seu negócio e, ao mesmo tempo, serem
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
71
aceitos pela sociedade na qual estão inseridas,
demonstrando que sua atividade e seus produtos não
causam danos (SOUZA, 2008).
Ainda Segundo Ribeiro (2010), torna-se importante
a participação da área contábil, tentando encontrar
um melhor meio para evidenciar e mensurar os
danos ambientais assim como os recursos naturais
consumidos ou mantidos, tendo em vista que esses
valores, até então de difícil mensuração, podem
representar um grande percentual de riqueza ou
prejuízo para a empresa interferindo diretamente na
sua continuidade.
Segundo Ferreira (2006) “a contabilidade ambiental
não se refere a uma nova contabilidade, mas a um
conjunto de informações que relatem adequadamente,
em termos econômicos, as ações de uma entidade
que modifiquem o seu patrimônio”.
Destaca-se que o papel da Contabilidade Ambiental
se destina a facilitar as decisões relativas à atuação
ambiental da empresa a partir da seleção de
indicadores e análises de dados, da avaliação destas
informações com relação aos critérios de atuação
ambiental, da comunicação, e da revisão e melhora
periódica de tais procedimentos e também como uma
ferramenta de controle e evidenciação das informações
de natureza ambiental.
2.2 DOS PRINCÍPIOS
A precisão das informações demandadas pelos
usuários e o próprio desenvolvimento de aplicações
práticas da Contabilidade dependerão, sempre, da
observância dos seus Princípios, cuja aplicação à
solução de situações concretas deverá considerar o
contexto econômico, tecnológico, institucional e social
em que os procedimentos serão aplicados.
Para Sá (1998, p. 90), os princípios contábeis são
“como macro regras ou matrizes de onde razões
derivadas fluem” com intuito de uniformizar e
padronizar as informações contábeis. O Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) em sua resolução
750/93, resolução esta, que atualizou os Princípios
Fundamentais de Contabilidade a que se refere à
resolução CFC nº 530/81, diz a respeito dos princípios:
Art. 2º Os Princípios de Contabilidade
representam a essência das doutrinas
e teorias relativas à Ciência da
Contabilidade, consoante o entendimento
predominante nos universos científico e
profissional de nosso País. Concernem,
pois, à Contabilidade no seu sentido
mais amplo de ciência social, cujo objeto
é o patrimônio das entidades. (Redação
dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10)
Um dos principios introduzidos pela convergência
das normas contábeis aos padrões internacionais
através do IRFS - International Financial Reporting
Standards, que trouxe nova abodagem e interpretação
aos fatos contábeis, é o principio da essência sobre
a forma. Preceitua-se que a essência das transações
nem sempre é consistente com a sua forma legal.
A finalidade principal da contabilidade é a de gerar
informações aos diversos usuários para a tomada
de decisão. Essas informações deverão ser úteis,
relevantes, precisas e fornecidas em tempo hábil. Para
serem úteis, as informações devem ser relevantes, ou
seja, ter poder de influência nas decisões econômicas
dos usuários. Para que a informação seja relevante,
ela deve representar adequadamente as transações,
sendo necessária a contabilização e apresentação do
acordo pela sua essência e realidade econômica, e não
meramente sua forma legal. Este princípio está contido
na Estrutura Conceitual, sendo também utilizado em
outros pronunciamentos, como a IAS 17 – Operações
de Arrendamento Mercantil e a IAS 18 – Receitas.
Muitos conceitos trazidos pelas IFRS não são
necessariamente inéditos para a doutrina contábil
brasileira, mas certamente trazem novidade à prática
profissional de muitos contadores e ao ambiente
contábil das companhias. Nesse contexto, está sendo
quebrado um paradigma cultural há muito presente
em nosso ambiente econômico-financeiro, segundo
o qual os eventos econômicos eram interpretados
e, consequentemente, registrados e mensurados
predominantemente conforme sua forma jurídica.
(PARECER DE ORIENTAÇÃO Nº 37 - CVM, 2011).
Dois conceitos inter-relacionados são essenciais
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
72
para o entendimento dessa nova realidade contábil:
(i) a representação verdadeira e apropriada; e (ii) a
primazia da essência sobre a forma. Para que essa
representação apropriada (true and fair view) possa
ser alcançada, é importante observar a primazia
da essência econômica sobre a forma jurídica dos
eventos econômicos. Dessa forma, com a mudança
iniciada com a edição da Lei 11.638, de 2007, resgata-
se a característica fundamental das demonstrações
contábeis, que devem representar fidedignamente
a realidade dos efeitos econômicos das transações,
independentemente do seu tratamento jurídico.
Nesse sentido estabelece o Pronunciamento
Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), aprovado pela Deliberação CVM nº
539, de 14 de março de 2008:
33. Para ser confiável, a informação
deve representar adequadamente as
transações e outros eventos que ela
diz representar. Assim, por exemplo, o
balanço patrimonial numa determinada
data deve representar adequadamente
as transações e outros eventos que
resultam em ativos, passivos e patrimônio
líquido da entidade e que atendam aos
critérios de reconhecimento.
(...)
35. Para que a informação represente
adequadamente as transações e outros
eventos que ela se propõe a representar,
é necessário que essas transações
e eventos sejam contabilizados e
apresentados de acordo com a sua
substância e realidade econômica, e não
meramente sua forma legal. A essência
das transações ou outros eventos
nem sempre é consistente com o que
aparenta ser com base na sua forma
legal ou artificialmente produzida.
Entretanto, Iudicibus (2006) e Hendriksen e Breda
(1999) corroboram essa ideia ao dizer que a informação
a ser divulgada para os diversos usuários deve ser, ao
mesmo tempo, adequada, justa e completa. Segundo
Iudicibus (2006), a divulgação é um compromisso da
contabilidade para com os usuários e com os seus
próprios objetivos. Esse mesmo autor cita que, na
essência, a divulgação deve:
[...] apresentar informação quantitativa
e qualitativa de maneira ordenada,
deixando a menos possível para ficar
de fora dos demonstrativos formais, a
fim de propiciar uma base adequada de
informação para o usuário. Ocultar ou
fornecer informação demasiadamente
resumida é tão prejudicial quanto fornecer
informações em excesso (IUDICIBUS,
2006, p. 129)
O princípio insurge trazendo ao debate a adoção de
uma nova contabilidade provocando a quebra de
paradigmas. No que tange à contabilidade ambiental
a aplicação deste princípio possibilita o registro de
não somente os valores gastos em investimentos
realizados nos processos de melhorias que os
sistemas de gestão demonstram, mas registrando e
destacando os resultados obtidos com a redução de
custos, volume de vendas, valorização da marca e
outros como o consumo de água, energia elétrica e
material de expediente.
A correta aplicação deste princípio no que concerne
à contabilidade e em especial ao registro de fatos
relacionadas à contabilidade ambiental traz grande
contribuição na interpretação das informações
considerando o ambiente onde estão inseridos. Ações
registradas por práticas de proteção e preservação
do meio ambiente podem ter sua interpretação pela
essência sob a forma, considerando todos os aspectos
relacionados, por regulação governamental, questões
éticas ou sociais e os resultados de alguma forma,
mensuráveis pelos benefícios auferidos, presentes
ou futuros e evidenciados em seus relatórios, o que
veremos mais adiante.
2.3 EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL
O objetivo da divulgação é tornar evidente, mostrar
com clareza e que evidente é aquilo que não oferece
dúvida, que se compreende prontamente. Talvez
pudéssemos unir essas conceituações e dizer que
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
73
evidenciação significa divulgação com clareza,
divulgação em que se compreende de imediato o que
está sendo comunicado (AQUINO e SANTANA, 1992,
p. 1).
A escrituração dos fatos tangíveis está, de certa
forma, evidenciada nos relatórios divulgados pela
contabilidade, obrigatórios ou não. Os dados
registrados na contabilidade são transformados em
relatórios e, a partir destes, a empresa prepara as
demonstrações contábeis. Estas são publicadas com
a finalidade de tornar pública a situação econômica e
financeira das empresas.
A estrutura conceitual para elaboração e apresentação
das demonstrações contábeis, que são descritas
no Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
(2008), estabelece que o objetivo das mesmas é
fornecer informações sobre a posição, o desempenho
e as mudanças na posição patrimonial e financeira
da entidade que sejam úteis aos usuários em suas
avaliações e na tomada de decisão econômica.
Porém, nota-se escassez de normas específicas que
demonstrem de forma evidente os resultados obtidos
decorrente de fatos subjetivos que alteram o patrimônio
das entidades e que tem um potencial valor agregado
implícito de díficil mensuração.
2.4 NOTAS EXPLICATIVAS
A lei 6.404/76 em seu artigo 176 afirma que ao fim
de cada exercício social, a diretoria fará elaborar,
com base na escrituração mercantil da companhia,
as demonstrações financeiras, que exprimam com
clareza a situação do patrimônio da companhia e as
mutações ocorridas no exercício. No parágrafo quinto
as notas explicativas devem: (Redação dada pela Lei
nº 11.941, de 2009)
I – apresentar informações sobre a base
de preparação das demonstrações
financeiras e das práticas contábeis
específicas selecionadas e aplicadas
para negócios e eventos significativos;
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009);
II – divulgar as informações exigidas
pelas práticas contábeis adotadas no
Brasil que não estejam apresentadas em
nenhuma outra parte das demonstrações
financeiras;
III – fornecer informações adicionais não
indicadas nas próprias demonstrações
financeiras e consideradas necessárias
para uma apresentação adequada;
As notas explicativas cumprem o papel de auxiliar
na interpretação e esclarecimentos das informações
geradas pela contabilidade. Se adequadamente
utilizadas, as informações adicionais fornecidas pelas
notas explicativas trarão importante contribuição na
divulgação das ações ambientais.
2.5 RELATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
Segundo Iudicibus et al. (2010, p. 717), “adicionalmente,
as demonstrações contábeis também devem mostrar
os resultados da gestão, pela administração, dos
recursos que lhe são confiados”. Tais informações
serão divulgadas pelos gestores no Relatório da
Administração (RA). Ressalta Rodrigues (2005), o
RA é um importante e necessário complemento às
demonstrações contábeis por fornecer informações
adicionais que podem ser úteis no julgamento de um
maior número de usuários.
2.6 ATIVO AMBIENTAL
Para Carvalho (2008), o ativo ambiental é tudo que a
empresa tem em relação a bens e direitos que estão
relacionados à proteção, preservação e recuperação
ambiental, podendo gerar benefícios futuros. No ativo
circulante, podem entrar os estoques ambientais
que são produtos destinados à preservação e
proteção ambiental, como, por exemplo, produtos
reciclados. No ativo não circulante, entram gastos
com reflorestamento, aquisição de floresta para
recuperação, máquinas e equipamentos que são
adquiridos para proteger, preservar ou amenizar
danos causados à natureza.
Os ativos ambientais estão relacionados com
investimentos em tecnologias, matérias-primas e
processos de riscos ao meio ambiente, à saúde
pública ou dos trabalhadores em uma perspectiva de
geração de benefícios econômicos e valorização dos
empreendimentos, assim como ao estabelecimento
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
74
de diferenciais de mercado vinculados com a
responsabilidade social e ambiental das empresasde
prevenção, contenção, diminuição ou eliminação de
aspectos poluentes ou que representam. (HENDGES,
2013).
Reforçam Assis, Braz e Santos (2011) que ativos
ambientais são os bens adquiridos pela companhia
com a finalidade de controlar, preservar e recuperar
o meio ambiente. As características dos ativos
ambientais são diferentes de uma organização para
outra, pois a diferença entre os vários processos
operacionais das distintas atividades econômicas deve
compreender todos os bens utilizados no processo de
proteção, controle, conservação e preservação do
meio ambiente.
2.7 PASSIVOS AMBIENTAIS
Para Tinoco; Kraemer (2005) passivo ambiental é um
“sacrifício de beneficio econômico para preservação,
recuperação e proteção do meio ambiente”. Assim
sendo, passivo ambiental é todo gasto, investimento,
desembolso com que a empresa tem que arcar para
preservar a natureza ou reverter os prejuízos causados
à mesma, quer seja por multa ou outro tipo de
penalidade. Os passivos podem ser obrigatórios por
exigências legais, como por exemplo, impostos pagos
ao governo, multas por alguma infração cometidas
dentre outros.
Para Assis, Braz e Lopes (2011) passivo ambiental
é toda e qualquer obrigação contraída e destinada
a aplicação em ações de controle, preservação e
recuperação do meio ambiente. Para reconhecer
de maneira eficaz o passivo ambiental, devem-se
observar alguns aspectos, como o comprometimento
da empresa em relação à extração e utilização de
recursos naturais, a necessidade de recursos para
liquidar os possíveis passivos ambientais e como
estimar com precisão o montante do passivo ambiental
de forma segura.
2.8 RECEITAS
Na definição do FASB (1975 apud HENDRIKSEN;
BREDA, 2007), “receitas são entradas ou outros
aumentos de ativos de uma entidade, ou liquidações
de seus passivos (ou ambos), decorrentes da entrega
ou produção de bens, prestação de serviços, ou outras
atividades correspondentes a operações normais ou
principais da entidade”
Segundo Lima Filho et. al (2011) o processo de
agregação de valor contínuo aos bens e serviços
por parte de uma entidade está relacionado com a
realização da receita. Quando esta agregação de
valor pode ser mensurada de maneira relativamente
segura ocorre o seu reconhecimento. Para Kam
(1986) a renda não aparece de repente quando uma
venda é feita, mas é gerada em incrementos de um
processo contínuo, como um aumento em ordem
gradual durante o período de produção deade que
seja possível sua comprovação.
No que concerne ao conceito de ganhos para
Hendriksen e Breda (2007) ganhos resultam de
eventos favoráveis que não estão diretamente
relacionados com a produção normal de receitas das
empresas colocando que a maior dificuldade consiste
em distinguir o que é normal e o que é extraordinário
na vida das entidades. Segundo Kam (1986), ganhos
significam aumentos em ativos líquidos resultantes da
realização de operações periféricas ou incidentais,
ou outros eventos que podem estar em grande parte
fora do controle da empresa. Lima et al (2011) resume
que a receita é o esforço da empresa que busca um
resultado, seja essencial ou periférico; é a validação
pelo mercado do incremento no potencial do ativo
gerar benefícios futuros o ganho, por sua vez, é um
resultado positivo que independe inteiramente de
qualquer esforço por parte da empresa.
2.9 DESPESAS
Clark e Cathey (2001) definem despesas como custos
expirados na geração de receitas. Para Hendriksen e
Breda (2007) despesa pode ser definida como o uso ou
consumo de mercadorias ou serviços para a obtenção
de receitas. As despesas são a contrapartida das
receitas, participando da concepção de lucro.
A despesa é a concretização do esforço, em termos
monetários, para a geração da receita. Reduz o
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
75
patrimônio da empresa, o que é justificado pela
promessa de geração futura ou imediata de receita
que deve, por definição, suplantar as despesas e
assim gerar a parcelado lucro. O fato gerador de
despesa é o esforço continuado para produzir receita,
já que tanto a despesa é conseqüência da receita,
como a receita pode derivar da despesa, ou melhor, a
receita futura pode ser facilitada por gastos passados,
correntes ou futuros. (LIMA ET AL, 2011)
3. METODOLOGIA
Este estudo tem como proposta evidenciar o registro
de fatos relacionados à preservação e preservação
do meio ambiente, isto é, registros da contabilidade
ambiental, considerando a aplicação dos princípios
concernentes à cência contábil e em especial ao da
essência sobre a forma. A pesquisa exploratória foi
realizada através de um levantamento de dados em uma
empresa do ramo de prestação de serviços contábeis,
regime tributação simples nacional, que implantou
sistema de gestão ambiental em meados de 2010. O
sistema de gestão ambiental como parte do processo
de obtenção da certificação ISO 14.001. A aplicação
das normas ISO 14001 tem como objetivo prover as
organizações de elementos de um SGA eficaz que
possam ser integrados a outros requisitos da gestão
e auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e
econômicos. Uma de suas finalidades é equilibrar a
proteção ambiental e a prevenção de poluição com
as necessidades socioeconômicas. Muitos desses
requisitos podem ser abordados simultaneamente ou
reapreciados a qualquer momento (ISO, 2004).
Buscou-se analisar os resultados, evidenciando os
fatos que coroboraram na implantação efetiva e na
evidenciação dos dados ambientais através das
demonstrações financeiras, notas explicativas e saldos
de contas patrimoniais.
A empresa ALFA (nome fictício), de pequeno porte,
com faturamento anual em torno de 1 milhão de reais
iniciou o processo de implantação de sistema de gestão
ambiental, de forma voluntária, nos meados de 2010.
Cumprindo as etapas de implantação previstas na ISO
14001, iniciou os trabalhos com a sensilização dos
seus 50 colaboradores visando a participação efetiva
e o sucesso do empreendimento. Para as primeiras
reuniões de sensibilização e de elaboração da política
ambiental foram convocados os coordenadores dos
quatro setores da empresa, departamento fiscal,
contábil, departamento pessoal e legalização.
Iniciando os trabalhos foram realizados diversos gastos
relacionados à implantação do processo. Segundo
os controles financeiros e de pessoal calculam-se
que as horas gastas pela equipe de coordenação
na fase incial do processo, e com base nas horas
despendidas com a realização de duas reuniões por
mês, sendo 4 horas cada, em dois meses e meio
totalizaram 20 horas. A média salarial de remuneração
direta por hora é de R$ 23,00 e indireta de R$ 36,80 A
tabela 1 mostra os Encargos Diretos (13º, férias, FGTS,
Alimentação, 30%) e Encargos Indiretos (Contribuição
Patronal inicidente sobre a remuneração, Programas
de Segurança no Trabalho e outros gastos).
Tabela 1. Gastos Iniciais com Implantação do SGA.
Cargo Valor(+) Encargos Diretos
( + ) TotalDos Gastos
Coordenador do Dpto. Pessoal
R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00
Coordenador do Dpto. Escrita Fiscal
R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00
Coordenador do Dpto. de Contabilidade
R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00
Coordenador do Dpto. de Legalização
R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00
Total Gasto no Período R$ 2.944,00
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Outras reuniões foram realizadas após a criação da
política ambiental e implantação do plano, porém os
valores gastos com a participação de colaboradores
não foram devidamente alocados. A segunda etapa do
programa, após a construção da política ambiental e
sensilização para a implantação efetiva, contou com
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
76
a participação de todos os colaboradores. Várias
palestras foram realizadas e os setores acompanharam
a implantação com auxílio de uma empresa de
consultoria pelo período de 6 meses, com visitas
periódicas ao custo de R$ 5.000,00. Todos puderam
coroborar com idéias e medidas de contenção de
consumo dos recursos naturais de forma bastante
criativa.
Alguns pontos abordados foram de imediato
implantados como por exemplo a substituição de
copos descartáveis por copos de uso permanente.
Cada um dos colaboradores propôs trazer a
própria caneca e assim reduzir o consumo de
copos descartáveis. Reutilização do verso de papéís
rasurados, desde que não comprometessem o sigilo
das informações, otimizando o consumo de papéis
tipo A-4, material muito utilizado pelos colaboradores.
Outra medida foi a redução do consumo de papel
toalha de higiene pessoal, reduzindo o tamanho do
papel e a quantidade consumida. A inutilização de
documentos realizada através das picotadoras de
papel e os resíduos gerados foram acondicionados
em embalagens apropriadas e postos à disposição de
agentes ambientais. Foi providenciada a aquisição de
coletores seletivos de lixo ao custo de R$ 220,00 para
a correta separação dos resíduos por tipo tais como
papel, metal, vidro e plástico e acondicionados de
forma que permitissem a coleta adequada.
Também propôs-se um canal de envio de documentos
digitalizados via internet, com acesso restrito e seguro
aos clientes do escritório evitando a impressão de
documentos, diminuição do consumo de tintas, energia
elétrica e desgaste das máquinas. A reformulação do
site ficou em R$ 4.000,00 e a manutenção mensal
em R$ 200,00 por mês. A susbtituição de válvulas de
contensão de água nos sanitários também foi proposta
e implantada, assim também como torneiras com
redutores do consumo. Com o material e serviços de
instalação o total gasto foi de R$ 700,00. Em locais
de pouco acesso tais como almoxarifado, garagem e
arquivos foram instaladas 10 lâmpadas com sensores
de baixo consumo de energia, sendo gastos na troca
a importância de R$ 350,00.
Os equipamentos de informática em desuso foram
doados para oficinas de informática de entidades
assistenciais. A aquisição de um software de sistema
de gestão ambiental com as normas da ISO ficaram
em R$ 900,00 mais manutenção mensal de R$ 150,00.
Após adotar as normas e efetivar a implantação do
sistema, o passo seguinte foi a contratação de uma
certificadora independente que atestou os padrões
aplicados como “de conformidade” obtendo a
certificação de ISO 14.001. O custo da certificação
para obtenção do selo ISO 14001, válida por um ano,
foi de R$ 8.000,00. Cabe ressaltar que o processo de
certificação exige melhorias contínuas e a renovação da
certificação deve ocorrer anualmente. Após o registro
dos dados, os gastos ficaram assim resumidos:
Tabela 2. Gastos na Implantação da ISO 14.001
Descrição dos Gastos Valor R$ ClassificaçãoContábil
Despesas com Pessoal 2.944,00Resultado
Imobilizado Ambiental 1.270,00Ativo
Reformulação do Site 4.000,00Resultado
Software 900,00Ativo
Despesas com Certificação 8.000,00 Resultado
Manutenção Sistemas (seis meses)
900,00Resultado
Manutenção Site (seis meses)
1.200,00Resultado
Serviços de Terceiros 9.000,00 Resultado
Total Gatos R$ 28.214,00
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
No final do exercício as contas foram classificadas da
seguinte forma: os gastos com pessoal, manutenção
de sistemas e site, instrução, treinamento e certificação
foram contabilizados e classificados como despesas
do exercício em conta “despesas ambientais” e de
acordo com o que conceitua o pelo CPC PME - Comitê
de Pronunciamento Contábil, Contabilidade Para
Pequenas e Médias Empresas:
Despesas são decréscimos nos
benefícios econômicos durante o período
contábil, sob a forma de saída de recursos
ou redução de ativos ou incrementos em
passivos, que resultam em decréscimos
no patrimônio líquido e que não sejam
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
77
provenientes de distribuição aos
proprietários da entidade.
O registro das aquisições de software, peças e
acessórios foram contabilizados nas contas patrimonias
grupo “ativo” conta “ativos imobilizados ambientais”.
Ao analisar o desempenho dos gastos com material
de expediente, consumo de água, energia elétrica,
combustível, serviços de entrega, despesas de
depreciação de máquinas e equipamentos, pode-se
observar uma redução significativa após a implantação
do SGA em torno de 30%, e que resultaram na
importância de R$ 24.800,00. Redução esta em
decorrência da implantação do SGA e de medidas de
contenção. Com as ações implementadas e gastos
necessárias para o processo, o resultado retornou de
forma positiva, isto é, na forma de receitas ambientais,
pois não seria alcançado este resultado caso não
houvesse um esforço, um sacrifício financeiro. O
resultado foi reconhecido de acordo com o conceito
tratado pelo CPC PME - Comitê de Pronunciamento
Contábil, Contabilidade Para Pequenas e Médias
Empresas:
2.27 - Reconhecimento é o processo que
consiste em incorporar na demonstração
contábil um item que atenda a definição
de ativo, passivo, receita ou despesa
e satisfaz os seguintes critérios:(a) for
provável que algum benefício econômico
futuro referente ao item flua para ou da
entidade; e (b) tiver um custo ou valor que
possa ser medido em bases confiáveis.
Ainda, conforme preicetua o item 2.8 deste mesmo
pronunciamento:
Transações e outros eventos e
condições devem ser contabilizados
e apresentados de acordo com sua
essência e não meramente sob sua forma
legal. Isso aumenta a confiabilidade das
demonstrações contábeis.
Procedeu então ao registro na contabilidade,
no encerramento do exercício a receita obtida
classificada dentro do grupo “outras Receitas” contas
“Receitas Ambientais” e ficando assim evidenciadas
nas Demonstrações:
Tabela 3. Demonstração do Resultado do Exerício
Empresa Alfa Ano2009 % Análise Horizontal 2010 % Análise Horizontal
Receita Líquida de Serviços 1.000.000,00 100% 1.100.000,00 110%
( - ) Custo do Serviço prestado 500.000,00 100% -550.000,00 110%
Lucro Bruto 500.000,00 100% 550.000,00 110%
Despesas Operacionais
Despesas com Pessoal -150.000,00 100% -140.000,00 93%
Despesas Administrativas -100.000,00 100% -110.000,00 110%
Despesas/Receitas Financeira -1.500,00 100% -1.600,00 106%
Despesas Ambientais 100% -26.044,00 26.044%
Receitas Ambientais 100% 24.800,00 24.800%
Lucro Líquido do Exercício 248.500,00 100% 297,156,00 118%
Fonte: Dados da Pesquisa (2010).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
78
Conforme demonstrado nos resultados levantados, a
empresa obteve aumento nas receitas de prestação
de serviços de 10% no exercício de 2010 em
comparação ao ano anterior e consequentemente
nos custos também. Já as despesas aumentaram
consideravelmente com a implantação do SGA, porém
em contrapartida, registrou-se um resultado positivo
de R$ 24.800,00, isto é, uma receita ambiental,
mensurada pela redução do consumo.
Outros resultados intangíveis foram e serão obtidos
decorrentes deste processo, tais como a preservação
dos recursos naturais, valorização da marca e
melhoria contínua nos processos, porém não foram
evidenciados nas demonstrações contábeis pelas
dificuldades na mensuração. As notas explicativas
destacaram os resultados obtidos cumprindo o seu
papel de representar adequadamente as transações
e outros eventos.
O Relatório da Administração foi publicado no site da
empresa dando destaque e ênfase aos resultados
da gestão ambiental, obtidos com a implantação da
ISO 14.001. Já o balanço social, sendo divulgado,
poderá ainda demonstrar, de forma ampla, os dados
quantitativos e qualitativos, no conjunto de informações
referentes às atividades desenvolvidas pela empresa
relacionadas à promoção humana e social, dirigidas
a seus empregados e à comunidade na qual está
inserida.
4. CONCLUSÃO
Este estudo pretendeu demonstrar que a Contabilidade
Ambiental pode ser evidenciada nas demonstrações
contábeis e mensurada quanto aos retornos positivos
“receitas” obtidas após a implantação de sistemas de
gestão considerandos os resultados tangíveis que os
próprios relatórios revelam nos dados históricos. A
proposta de reconhecimento das receitas oriundas
da redução dos gastos no uso dos recursos naturais
após a implantação de sistemas de gestão ambientais
e medidas de proteção ao meio ambiente (benefícios
presentes) se faz mistér aplicadas ao princípio da
essência sobre a forma.
Alguns pontos ainda precisam ser tratados,
considerando a ausência de normas específicas e
conceituais, não se pretendeu aqui modificar ou criar
normas e procedimentos, mas aplicar os conceitos
vigentes na evidenciação de ações e investimentos
em proteção ao meio ambiente. Não é possível
imaginar que tais medidas sejam realizadas de
forma pretenciosamente voluntária, como diferencial
no mercado competitivo, mas sim como medida
emergente e necessária na preservação dos recursos
naturais e de forma responsável na exploração da
atividade econômica.
Os benefícios presentes alcançados e benefícios
futuros, consequências de investimentos ambientais
ecologicamente corretos, considerando os impactos
nos volumes de vendas, redução de custos e receitas
recorrentes, dentre outros, são passíveis de serem
e evidenciados nas demonstrações financeiras, de
forma que os usuários conheçam os verdadeiros
resultados e tirem suas próprias conclusões. Outras
pesquisas poderão evoluir na aplicação dos principios
contábeis adaptados à evidenciação das ações em
prol do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
79
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[18] SCHMITT, Zabot; RIOGRANDINO, Solimar; GONÇALVES LEMONS, Taiane; COSTA QUINTANA, Alexandre; POLL DA SILVA FREITAS, Débora; DA COSTA QUARESMA, Jozi Cristiane. Contabilidade Ambiental. Revista Ambiente Contábil, 2012, Vol.4(1), pp.72-88
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Capítulo 8O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)
COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR.
Jamila El Tugoz
Edison Luiz Leismann
Loreni Teresinha Brandalise
Resumo: O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um programa destinado à aquisição de alimentos para creches e escolas públicas da educação infantil ao ensino médio. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), este programa constitui “uma das maiores iniciativas de compra institucional de alimentos do mundo”. O Programa garante renda aos agricultores familiares. A ONU vê o PNAE como modelo de programas a serem seguidos por países em desenvolvimento. Este artigo aborda a evolução do PNAE no Brasil, assim como sua importância em questões ambientais, sociais e econômicas, promovendo uma cultura de sustentabilidade. Tem por objetivo avaliar o Programa Nacional de Alimentação (PNAE) em Toledo, no estado do Paraná, como instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável da agricultura familiar local. Esta pesquisa é uma pesquisa exploratória, com abordagem quantitativa e qualitativa. Utilizou-se de artigos científicos, documentos oficiais e legislações relacionadas ao assunto. Também foram utilizados dados secundários fornecidos por cooperativas, artigos e notícias do Programa Nacional de Alimentação Escolar. O estudo concluiu que se torna imprescendível à continuidade e ampliação do PNAE para o fortalecimento de uma política de segurança alimentar e o desenvolvimento da agricultura familiar local. Com isso, gera-se emprego e renda e exerce importante papel enquanto instrumento de sustentabilidade nas suas diferentes dimensões.
Palavra Chave: PNAE, Desenvolvimento Sustentável, Agricultura Familiar.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
81
1. INTRODUÇÃO
A agricultura familiar representa papel importante para
o desenvolvimento e crescimento do país. O setor
apresenta-se em crescente expansão movimentando
a economia e contribuindo diretamente para o
desenvolvimento econômico, através da criação de
empregos e diminuição do êxodo rural, a partir da
geração e distribuição de renda. (DAMASCENO;
KHAN; LIMA, 2011).
Sendo a agricultura familiar responsável pela produção
de grande parte dos gêneros alimentícios importantes
à segurança alimentar (COSTA; GOMES; LIRIO;
BRAGA, 2013), a falta de incentivo a este setor, pode
acarretar em aumento dos custos à produção urbana.
Enquanto o mercado de commodities agrícolas cresce,
os nichos de mercado, são adaptados a uma escala
de produção menor e com o emprego de mão de
obra familiar, por este motivo, os sistemas orgânicos
de produção são adequados às características de
propriedades com gestão familiar, por uma série de
fatores, dentre os quais pode-se citar a concentração
de uma diversidade de cultivos em uma mesma área;
maior emprego de mão de obra; menor custo a longo
prazo; maior produção a médio prazo; possibilidade de
gerar produtos com valor agregado; atendimento de
mercados com maior procura que oferta no momento.
(NEVES, 2007).
Por este motivo, o incentivo à agricultura familiar,
através de políticas públicas, que contribuam para a
segurança alimentar, assim como, pela utilização de
mão de obra rural, apresenta-se tão importante para
o desenvolvimento sustentável do setor (TEODORO et
al, 2005).
No dia 16/10/2013 a Organização das Nações Unidas
(ONU), lançou a publicação Demanda Estruturada
e agricultores no Brasil: o caso do PAA e do PNAE
(traduzido de Structured Demand and Smallholder
Farmers in Brasil: the Case of PAA e PNAE), em que
são citados os Programas de Aquisição de Alimentos
(PAA), que atende os programas sociais em geral e
o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
destinado a aquisição de alimentos para creches
e escolas públicas da educação infantil ao ensino
médio. A publicação evidencia que tais programas
constituem “uma das maiores iniciativas de compra
institucional de alimentos do mundo”, que garante
renda aos agricultores familiares, sendo visto como
modelo de programas a serem seguidos por países
em desenvolvimento (ONU, 2013).
Neste contexto, a nível estadual, o Paraná foi citado
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (2013)
como um dos estados “que mais tem viabilizado
o crescimento da oferta de gêneros da agricultura
familiar na alimentação escolar”, utilizando 77,65% do
total dos recursos financeiros repassados pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, no
âmbito do PNAE na aquisição de gêneros alimentícios
diretamente da agricultura familiar, bem mais do que
os 30% exigidos pela Lei 11.947/09.
A partir disso, a questão que orientou este estudo
foi: Como os resultados do Programa Nacional de
Alimentação Escolar podem contribuir para a promoção
do desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar
local?
Este artigo tem como objetivo Avaliar o Programa
Nacional de Alimentação (PNAE) no NRE de Toledo –PR,
como instrumento de promoção do desenvolvimento
sustentável da agricultura familiar local.
Na sequência desta introdução, o presente artigo
foi dividido de forma melhor ao seu entendimento.
Na próxima seção será apresentada a Justificativa
que determinou a realização deste artigo. A terceira
seção contém as base teórico-metodológicas
do estudo associado às políticas publicas, com
enfoque no PNAE, ao desenvolvimento sustentável,
a produção orgânica, o cooperativismo agrícola e a
agricultura familiar. Na quarta seção, apresentam-se
os procedimentos metodológicos realizados para a
realização do presente estudo. A quinta seção contém
a análise dos dados e resultados obtidos durante a
pesquisa. Por fim, na sexta seção são apresentadas
as considerações finais em relação ao estudo.
JUSTIFICATIVA
A ONU decretou 2014 como sendo o “Ano Internacional
da Agricultura Familiar (Aiaf)”. Esta ação representa
o reconhecimento do valor da agricultura familiar no
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
82
Cenário Mundial, e objetiva destacar sua fundamental
participação no combate a fome e a pobreza. Salomón
Salcedo, oficial de políticas da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO),
defende que incentivar a agricultura familiar contribui
para a redução de pobreza e incentiva a permanência
de agricultores no seu meio, assim como, aumenta
a segurança nacional do país, uma vez que são os
produtores familiares responsáveis pela produção de
maior parte da alimentação básica.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, o setor teve um crescimento de 52% em apenas
dez anos, representando 33% do Produto Interno Bruto
(PIB) agropecuária e 74% da mão de obra empregada
no campo. Por isso, torna-se tão importante a adoção
de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento
da Agricultura Familiar no Brasil, tanto a nível nacional
como regional. Neste sentido, o Paraná se destaca
tanto na aquisição de gêneros da agricultura familiar
na alimentação escolar, como também prioriza e
incentiva o sistema de produção orgânica.
A Agricultura Familiar aliada a uma produção orgânica
tem papel fundamental para a sociedade como um
todo, nos mais diversos aspectos, daí a relevância
deste tema e da proposta de dimensionar os resultados
obtidos através do programa nacional de alimentação
escolar, que estimula a promoção desta atividade.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL
A agricultura familiar não é uma categoria social
recente, mas nos últimos anos seu significado e
abrangência assumiram ares de novidade e renovação.
Observa-se um aumento do interesse do Governo por
esta categoria, a partir dos anos 90, em que houve a
criação de políticas públicas favoráveis a este setor,
com enfoque no equilíbrio da dimensão econômica,
social e ambiental, visando a sustentabilidade no
desenvolvimento rural (WANDERLEY, 2001).
A lei nº 11 326/2006, considera agricultor familiar
aquele que pratica atividades no meio rural, possua
área inferior a 4 módulos fiscais, utilize mão de obra
da própria família, renda familiar vinculada ao próprio
estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento
ou empreendimento pela própria família. Neste
contexto, também são considerados agricultores
familiares: silvicultores, aquicultores, extrativistas e
pescadores.
A partir do censo agropecuário 2006, foram
identificados 4.367.902 estabelecimentos de
agricultores familiares, o que representa 84,4%
dos estabelecimentos brasileiros, este contingente
ocupava uma área de 80,25 milhões de hectares, ou
seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos
agropecuários brasileiros (IBGE, 2006).
O Paraná apresenta percentuais de estabelecimentos
de agricultura familiar próximos aos do Brasil e da região
Sul, ambos com 84,4% de produtores familiares. Neste
contexto, temos a mesorregião Oeste, a qual detém
o maior número de estabelecimentos da agricultura
familiar do estado. Tal fato está associado a dinâmicas
socioeconômicas e processos históricos de ocupação
e colonização (IPARDES, 2009).
Segundo Oliveira (2007), a agricultura familiar é uma
das principais responsáveis pela manutenção do
agricultor no campo e, por conseguinte, a diminuição
do êxodo rural, justamente por sua maior capacidade
gerencial, pela sua flexibilidade e, sobretudo, por sua
maior aptidão para a diversificação das culturas.
Para Abramovay (1992), se houver apoio do estado
para a agricultura familiar, e esta estiver integrada em
um ambiente favorável, poderá fornecer alimentos de
boa qualidade, contribuindo para segurança alimentar
da sociedade e contribuir para o desenvolvimento
rural.
2.2 PRODUÇÃO ALIMENTOS ORGÂNICOS
A agricultura orgânica ou produto orgânico atua como
um nicho de mercado contribuindo diretamente para
o aumento de renda e o desenvolvimento sustentável
dos agricultores familiares.
Segundo a Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
83
considera-se produto da agricultura orgânica ou
produto orgânico, seja ele in natura ou processado,
aquele obtido em sistema orgânico de produção
agropecuário ou oriundo de processo extrativista
sustentável e não prejudicial ao ecossistema (BRASIL,
2003).
Neste sentido, Schneider (2009) defende a ruralidade
diferenciada que compreende a reestruturação
capitalista da agricultura, que objetiva alcançar um
grupo diferente de consumidores. A diferenciação
da ruralidade pode ser explicada através da análise
de fatores sociais como a mudança de pensamento
dos consumidores, de seus gostos e vontades, e
pelo aumento de interesse em bens não tangíveis. O
que percebe-se é a revalorização da agricultura. O
mesmo autor grifa a importância em “compreender os
aspectos econômicos que caracterizam a crescente
dominação da agricultura pelo setor agroindustrial”, e
também ressalta que o Estado deve estar presente na
regulação e controle dessas relações.
Como um dos segmentos agroalimentares que mais
se desenvoleu mundialmente, desde a década de 90
até hoje, a agricultura orgânica teve um crescimento
de 15 a 20 % ao ano, contra 4 a 5 % de todo o setor
da indústria alimentar, considerando o mesmo período
(SCIALABRA, 2005; DE SCHUTTER, 2010).
A alimentação escolar vivenciou um grande salto na
qualidade, em virtude da Secretaria do Estado da
Educação do Paraná priorizar e incentivar a compra de
produtos orgânicos, pagando 30% a mais pelo mesmo
item em relação ao produto convencional. Tudo isso
está levando os produtores a investirem na mudança da
cultura convencional para a orgânica, o que representa
a oportunidade de um desenvolvimento sustentável, a
partir da construção de uma nova racionalidade na
exploração dos recursos naturais locais (ANA, 2014).
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS
Segundo afirmam Reis e Ribeiro (2012), as políticas
públicas exercem um papel estratégico quanto a
inserção dos agricultores familiares no mercado formal
e na produção de alimentos para abastecer o mercado
interno.
Nazzari (2007) explica que o desenvolvimento da
propriedade rural familiar de forma sustentável, está
relacionado aos incentivos com visão orientada
para a organização da produção, transformação e
comercialização dos produtos.
Por tal motivo, é fundamental o apoio do governo
através de políticas públicas que visem o
fortalecimento e o desenvolvimento sustentável da
agricultura. Damasceno, Khan e Lima (2011), explicam
que o governo tem posto em prática mecanismos
que promovam a produção, atuem no combate a
fome e gerem emprego e renda, visando reduzir as
desigualdades sociais através do acesso democrático
aos recursos produtivos, e melhorar o bem estar das
famílias inseridas no setor rural.
O primeiro programa específico de apoio aos
agricultores familiares foi o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF),
instituído pelo Decreto Presidencial nº. 1.946, de
28 de julho de 1996. Sua criação foi motivada com
a finalidade de promover o desenvolvimento rural
através do fomento (custeio e investimentos) e apoio
financeiro as instituições de extensão rural e pesquisa
(BRASIL, 1996).
Em seguida foi criado o Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), pelo artigo 19 da Lei nº. 10696, de 2
de julho de 2003, com a finalidade de garantir a compra
dos alimentos, pelas prefeituras junto aos agricultores
familiares a um preço justo, garantindo a geração de
renda (BRASIL, 2003).
Segundo Couto e Ribeiro (2011, p. 2), “o conceito de
Compras Públicas Sustentáveis surgiu como proposta
efetiva de promover políticas de contratação pública
que favoreçam o desenvolvimento e a difusão de
mercadorias e serviços favoráveis ao meio ambiente”.
No sentido de fortalecer essa Política Pública planejada
para apoiar a agricultura familiar, em 2009, através do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), foi
instituída a Lei nº. 11.947/2009, determinando que no
mínimo 30% dos gêneros alimentícios fornecidos nas
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
84
escolas públicas advenham da agricultura Familiar,
priorizando-se os alimentos orgânicos.
Para tanto as compras são realizadas com recursos
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), sem intermediários e dispensando o processo
licitatório.
É neste cenário que a Secretaria de Estado
da Educação do Paraná (SEED) oportuniza a
comercialização de forma segura e rentável de 84 tipos
de alimentos produzidos por agricultores familiares, os
quais farão parte da merenda nas escolas estaduais
de 399 municípios do Estado (CONSEA, 2012), o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), é
responsável pela implementação destas ações.
Ressalta-se, porém, que para participar do referido
programa, exige-se que os fornecedores, no caso,
os agricultores familiares, sejam obrigatoriamente
organizados e constituídos em grupos formais
– cooperativas ou associações, detentores de
Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – DAP Jurídica,
conforme a Lei Federal nº 11.326, de 24 de julho
de 2006, e enquadrados no Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF.
2.4 COOPERATIVISMO AGRÍCOLA
Os problemas da baixa produtividade, a socialização
do conhecimento, a proximidade dos locais de trabalho
(sistemas agroecológicos) e, por fim, a necessidade
de unir forças a fim de superar os obstáculos,
cujos princípios devem estar aliados ao espírito de
solidariedade e democracia, promoveu a busca
do fortalecimento da agricultura familiar através do
cooperativismo agrícola (SANTOS; CÂNDIDO, 2013).
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e Agricultura (FAO), lançou em 31/10/2011 o Ano
Internacional das Cooperativas, a fim de conscientizar
a população sobre a importância das cooperativas
para o desenvolvimento socioeconômico, e
consequentemente para a garantia da segurança
alimentar, redução da pobreza e integração social.
O pequeno agricultor é beneficiado pelo cooperativismo,
pois ao se organizar em um grupo maior se fortalece,
adquirindo maior poder de negociação das condições
de contratos e preços para insumos, e aumentando
a capacidade de compartilhar recursos. Além disso,
através das cooperativas, o agricultor garante um
melhor posicionamento no mercado e o direito a terra
(SOBER, 2013).
Para Zanetti (2014), as cooperativas contribuem para
o desenvolvimento local sustentável, pois exercem
grande influência regional, principalmente no meio
rural, pois promovem a aplicação de recursos
privados e assumem riscos em favor da comunidade
em que está situada, sendo um local de referência
para os produtores rurais. Disponibilizando o produto
no mercado consumidor, contribui para a melhora
da renda do produtor rural. Colabora para a inclusão
social e melhoria da qualidade de vida. E também,
melhora a qualidade ambiental, através de ações
voltadas a gestão de serviços ecossistêmicos.
2.5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Desenvolvimento Sustentável, segundo expõe Romeiro
(2012, p. 65) é “ser economicamente sustentado (ou
eficiente), socialmente desejável (ou includente) e
ecologicamente prudente (ou equilibrado)”.
Na implementação de políticas públicas voltadas à
alimentação escolar, a sustentabilidade deve estar
voltada para a produção de alimentos saudáveis.
Devendo ainda ser levados em consideração os
aspectos ambientais, sociais, econômicos, culturais,
políticos e éticos, que podem ser traduzidos como o
cultivo de alimentos sem a utilização de agrotóxicos e
preservando a biodiversidade e os recursos naturais,
garantindo renda suficiente para reprodução social
justa, contribuindo para a permanência da família no
campo com qualidade de vida, que propaguem os
saberes locais e mantenham sua própria identidade,
promovam os processos participativos e democráticos
e garantam a gerações atual e futuras o respeito
consigo e com a natureza (SCHNEIDER, 2003 Apud
OLALDE, 2012).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
85
Ser sustentável é minimizar a degradação;
é promover a melhoria de qualidade
de vida da população; é conviver em
equilíbrio com a natureza ofertando-lhe
condições de se regenerar e florescer;
é usar racionalmente os limitados
recursos naturais; é saber usar com
justiça os escassos recursos financeiros
da sociedade; é distribuir melhor o
bolo da riqueza; é gerar empregos;
produzir alimentos; é eliminar a miséria;
é matar a fome; é ter elevados níveis
de produtividade; enfim é “sustentar” o
homem na face da terra, para sempre.
Com respeito à natureza, da qual o
homem é um dos seus principais elos
(MIRTVI, 2006, p. 23-24).
O Desenvolvimento Sustentável pode ser promovido
também através das políticas de compra do Estado,
uma vez que os produtores tenham que adequar as
formas de produção ou as características de produção,
para se enquadrar nos critérios das compras verdes,
ou compras de fomento. Isto tende a fazer com que
seja alterado um tipo de produto ou serviço, ou ainda,
um tipo de produtor ou prestador de serviço que não
esteja adequado aos conceitos de sustentabilidade,
bem como, se estendam os avanços para o conjunto
dos seus fornecedores, contribuindo para a influência
do restante do mercado através de uma vantagem
comparativa (JESUS; SALA, 2013).
Ainda, segundo (ABRAMOVAY, 2010) o Estado, o
setor privado e a sociedade civil devem cooperar
entre si, para obter um Desenvolvimento Sustentável,
através de estratégias que promovam paralelamente
a redução da pobreza e das desigualdades sociais,
e ações que visem reduzir a absorção de recursos
naturais, a geração e resíduos e utilizem energias
menos nociva ao meio ambiente.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a composição deste estudo foi realizada uma
pesquisa do tipo exploratório, com abordagem
quantitativa e qualitativa. “Pesquisa significa, de forma
bem simples, procurar respostas para indagações
propostas” (SILVA, 2005, p. 19).
Foram utilizadas fontes de dados, a partir da pesquisa
bibliográfica em publicações, documentos oficiais
e legislações relacionadas ao assunto, que buscar
conceituar agricultura familiar, desenvolvimento
sustentável e políticas públicas.
O estudo propõe-se a demonstrar como o PNAE,
pode contribuir para a promoção do desenvolvimento
sustentável da agricultura familiar do Paraná.
Para caracterizar a situação atual da participação da
agricultura familiar no fornecimento de alimentos para
a merenda escolar, através do PNAE, foram utilizados
dados fornecidos por fontes secundárias como
cooperativas e notícias acerca do programa, artigos e
dados oficiais do governo.
Desta forma, realizou-se uma reflexão crítica
por meio da análise dos dados obtidos, a fim de
dimensionar a contribuição das políticas públicas
para o fortalecimento da agricultura familiar e do
desenvolvimento sustentável. Para tanto utilizou-se
artigos atuais sobre o assunto bem como pesquisas
de outras instituições.
Por fim, apresentou-se uma análise sobre o incentivo
das políticas públicas para o desenvolvimento de
técnicas voltadas a agricultura familiar de produtos
orgânicos, e sua importância para o desenvolvimento
sustentável.
4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO), divulgou em relatório de
15/09/2014, que o PNAE atua diretamente para a
política de segurança alimentar e nutricional no Brasil.
A Constituição Federal de 1988, assegurou o direito a
todos os alunos do ensino fundamental à alimentação
escolar, através de programa suplementar e de
alimentação escolar a ser oferecido pelos governos
federal, estaduais e municipais (FNDE, 2012).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
86
Neste sentido o PNAE, criado em 1955, atualmente
é responsável pelo fornecimento de refeições diárias
a 43 milhões de estudantes da educação básica,
esse número corresponde, comparativamente, a toda
população da Argentina.
A execução deste programa também sofreu mutações,
pois até 1993, sua organização era centralizada,
havendo um órgão agenciado que planejava os
cardápios, adquiria os gêneros alimentícios mediante
processo licitatório, averiguava o controle de qualidade
e distribuia os alimentos em todo o território nacional
(FNDE, 2012).
Foi através da Medida provisória nº 1784 de 14/12/1998
que houve a descentralização do programa, sendo
realizado o repasse direto a todos os Municípios e
Secretaria de Educação, promovendo a agilidade para
a execução do programa.A extensão do Programa
para toda a rede pública de educação básica,
inclusive alunos do programa mais educação, e de
jovens e adultos, caracterizou grande avanço para o
PNAE (FNDE, 2012).
Mas foi a garantia de que no mínimo 30% dos repasses
do FNDE fossem utilizados para aquisição de produtos
da agricultura familiar, que proporcionou ao PNAE atuar
diretamente para o fortalecimento do desenvolvimento
sustentável da agricultura familiar em todo o território
nacional (FNDE, 2012).
A Secretaria da Educação do Paraná faz chamadas
públicas pela internet desde 2010, através de um
sistema desenvolvido em conjunto com a Companhia
de Tecnologia da Informação e Comunicação
(Celepar). Esse sistema seleciona as cooperativas e
associações de produtores que fornecem alimentos
da agricultura familiar para a merenda, classificando-
os conforme sua proximidade com os colégios, bem
como a partir da sazonalidade dos produtos e da
produção de comunidade tradicionais, o que contribuiu
para a logística de abastecimento reduzindo o tempo
de entrega para as 2.368 escolas da rede estadual.
O Estado do Paraná tem aumentado os investimentos
para a compra de alimentos da agricultura familiar
para a merenda, destinando mais que o mínimo de
30% exigido, dos recursos totais repassados pelo
Governo Federal ao estado dentro do PNAE.
Em 2014, a compra dos produtos da agricultura
familiar utilizados na merenda escolar do Paraná deve
atingir R$ 58 milhões, que corresponde a 75% do
total de recursos repassados. No ano de 2013 foram
investidos R$ 32 milhões, na compra destes alimentos,
através de chamada pública com 132 instituições de
agricultores familiares.
Na tabela 1, está demonstrada a evolução na
destinação de alimentos da Agricultura Familiar para a
Alimentação Escolar do Paraná:
Tabela 1 – Evolução na destinação dos alimentos para merenda escolar
Ano Valor (R$) Tonelada Itens Associações Escolas
2010 3.000.000 2.472 - 5 618
2011 3.000.000 1.885 39 46 906
2012 23.670.000 6.366 71 95 1.774
2013 32.000.000 11.779 83 136 2.368
Fonte: Secretaria Da Educação Do Paraná (2013)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
87
Na sequencia a Tabela 2, indica a evolução de
alimentos orgânicos da Agricultura Familiar, na
Alimentação Escolar do Paraná:
Tabela 2 – Evolução na destinação dos alimentos orgânicos para merenda escolar
Ano Tonelada
2011 9
2012 660
2013 2.357
Fonte: Secretaria Da Educação Do Paraná (2013)
O Programa Nacional de Alimentação Escolar teve
seu início no Núcleo Regional de Educação de Toledo
em 2011, tendo adquirido, no referido ano, alimentos
de apenas uma cooperativa de Marechal Cândido
Rondon, com um contrato de aproximadamente R$
225 mil que atendeu escolas de oito municípios.
No ano seguinte, escolas de 11 municípios foram
beneficiadas com alimentos fornecidos por quatro
cooperativas, em contratos que somaram R$ 506 mil
reais.
Em 2013, os contratos superaram a marca de um milhão
de reais, tendo as cooperativas da região fornecido
alimentos para escolas de 14 municípios integrantes
do Núcleo Regional de Educação de Toledo.
Para 2014, todos os 100 estabelecimentos de ensino,
nos 16 municípios da área de abrangência do NRE,
receberão os alimentos da agricultura familiar, que são
entregues diretamente nas escolas pelas associações
de agricultores familiares, tendo os contratos firmados
ultrapassarem a marca de R$ 2 milhões.
Tabela 3 - Relação de cooperativas que participaram da chamada pública (2013)
Fonte: Núcleo Regional de Educação de Toledo
A aquisição de alimentos pelo Governo do Estado,
através de compra direta ao produtor por meio de
chamada pública tem beneficiado mais de 20 mil
pequenos produtores, que fornecem alimentos
orgânicos e convencionais para a merenda escolar,
contribuindo diretamente para a geração de renda
deste segmento e associativismo. No Brasil o número
de alunos atendidos ultrapassa os 37 milhões,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
88
contabilizando um investimento superior a 1,025 bilhão
de reais ao ano.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar,
segundo dados da Secretaria do Estado da Educação
do Paraná, é reconhecido como a maior e mais
abrangente experiência em programas de alimentação
e nutrição na América do Sul.
Segundo Márcia Stolarski, diretora de Infraestrutura
e Logística da Secretaria de Educação do Estado
do Paraná “O PNAE garante o resgate e valorização
de hábitos alimentares regionais, diversificação dos
cardápios, maior distribuição de renda e fortalecimento
da economia de todas as regiões do Estado”.
O resultado desta política de incentivo à agricultura
familiar pode ser verificado não somente sob a
perspectiva da sustentabilidade mas também
em relação as dimensões sociais, ambientais e
econômicas resultantes desta atividade econômica.
Neste contexto cita-se que:
•O PNAE injeta dinheiro na economia local
impulsionando a economia dos municípios,
melhorando a qualidade de vida das famílias dos
agricultores rurais;
•Incentiva a produção agrícola de transição
agroecológica, uma vez que prioriza e incentiva a
produção de orgânicos, que recebem 30% a mais
pelo mesmo item pago ao produto convencional;
•A produção de alimentos orgânicos extingue
os riscos a saúde advindos do uso abusivo
de agrotóxicos e elimina a possibilidade de
contaminação ambiental pelo uso inadequado dos
agrotóxicos;
•O estímulo ao consumo de frutas e hortaliças pelos
alunos, bem como, de alimentos orgânicos, pode
tornar-se um aspecto relevante e de grande utilidade
no controle da saúde dos escolares e do impacto
da alimentação sobre seu desenvolvimento;
•Estabelece a concepção de um mercado
específico, no qual são estabelecidas prerrogativas
como a garantia de venda da produção a preços
sem as oscilações normalmente vivenciadas no
mercado tradicional;
•O alimento produzido mais perto do consumidor
final colabora com o meio ambiente, pois requer
menos combustível para ser transportado;
•O incentivo ao consumo de alimentos orgânicos
na escola, pode servir de estimulo a mudança da
percepção ambiental dos educandos, ao tempo
em que promove nestes um maior entendimento
e preocupação em relação ao desenvolvimento
sustentável.
O pensamento atual em relação às práticas agrícolas
tem se voltado para as formas de sobrevivência
sustentável. Nesse contexto, a agricultura familiar,
que ocupa áreas de pequeno e médio porte, com a
utilização de mão de obra exclusivamente familiar,
precisa estar atenta ao mercado e buscar agregar
valor ao seu produto.
Uma das formas de agregação de valor, utilizadas
também em nossa região é a criação e gestão de
formas associativas entre os agricultores familiares,
as quais podem ter formas e objetos diferentes,
mas em muitos casos objetiva aumentar o poder de
negociação frente a fornecedores ou clientes, ou ainda
visa atingir canais distribuição que o agricultor isolado
não possa fazer parte (BATALHA; BUAINAIM; SOUZA
FILHO, 2004).
Recorda-se que para participar da chamada pública
de aquisição de alimentos para o PNAE, o agricultor
familiar deve, obrigatoriamente, fazer parte de uma
organização cooperativista ou associativa. Desta
forma, pode-se observar que o PNAE, atual como
importante ferramenta para o desenvolvimento social
destes agricultores familiares.
Outro modo de agregação de valor é a produção de
alimentos orgânicos. O PNAE, inclusive prioriza a
compra de produtos agroecológicos, pagando 30%
a mais que o valor do mesmo produto convencional.
Neste pensamento, sendo a agroecologia uma forma
de produção sustentável que utiliza recursos naturais,
que atua em harmonia com as outras dimensões
do desenvolvimento, a produção de alimentos
orgânicos se insere nesta prática contribuindo para o
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
89
desenvolvimento sustentável (ANDRIOLI, 2007).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O PNAE se estabelece como uma política que permite
aos gestores disseminarem uma cultura voltada ao
crescimento econômico sustentável local, considerado
o compromisso com o meio ambiente, com a saúde
pública, e com a equidade social.
“Quando empregadas adequadamente, as compras
públicas – o poder de compra – podem produzir
um serviço de alimentação escolar sustentável
que proporciona dividendos sociais, econômicos
e ambientais, ao mesmo tempo em que promove a
cultura da sustentabilidade” (MORGAN; SONNINO,
2010, p.72).
Neste sentido, o PNAE semeia hábitos alimentares
saudáveis na comunidade escolar, inspirando os
educandos, educadores e familiares a adotarem
saberes e práticas pautadas na sustentabilidade.
O desenvolvimento local é promovido pelo Programa,
quando na aquisição dos alimentos escolares, é
considerada a localização e a regionalização da
produção. Desta forma os agricultores vislumbram
a oportunidade de elevarem sua renda, por meio
da garantia de compra da sua produção, conforme
quantidade estabelecida em contrato, orientados pela
legislação vigente.
Um dos reflexos da melhora da qualidade de vida
do agricultor familiar, impulsionado pelo Programa
Nacional de Alimentação Escolar, pode ser observado
na permanência deste no meio rural em que vive.
O resultado se apresenta no aspecto social que sai
fortalecido, consolidando a economia local, e aumento
da renda destes agricultores.
Esta diminuição do êxodo rural contribui para a
redução de problemas causados pelo crescimento
desenfreado dos municípios, que se manifesta na
falta de infraestrutura para atender a demanda por
serviços de saneamento, saúde, educação, moradia e
transportes, nos centros urbanos.
O desenvolvimento sustentável estimulado pela lei,
que incentiva a aquisição da merenda escolar junto
aos agricultores familiares locais, faz com que toda a
cadeia produtiva se concentre no próprio município
ou em localidades bem próximas, o que ocasiona na
redução das atividades logísticas e consequentemente
na preservação do meio ambiente, através da redução
da emissão de CO2.
A produção de alimentos orgânicos, estimulada
pela mesma Lei do PNAE, promove a soberania e
segurança alimentar e nutricional e preserva o direito
dos educandos a uma alimentação escolar adequada
e saudável.
A partir do uso sustentável dos recursos naturais;
apoiado na redução dos resíduos poluentes e da
não utilização de adubos químicos ou agrotóxicos
torna-se possível também à redução dos custos com
impactos ambientais e com a saúde pública, aspectos
considerados de difícil mesuração na análise da
transição da produção convencional para a produção
orgânica.
Portanto, entende-se imprescendível a continuidade
e ampliação do PNAE para o fortalecimento de uma
política de segurança alimentar e desenvolvimento da
agricultura familiar local, gerando emprego e renda e
exercendo importante papel enquanto instrumento de
sustentabilidade nas suas diferentes dimensões.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
91
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Capítulo 9IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO
E TRANSPORTE DA ARGILA EM INDÚSTRIAS DE CERÂMICA
VERMELHA
Marli Kuasoski
Sérgio Luís Dias Doliveira
Adriana Queiroz Silva
Resumo: O presente artigo teve por objetivo descrever os impactos socioambientais inerentes ao processo de extração e transporte da argila, causados pelas indústrias de cerâmica vermelha, e apresentar possíveis medidas mitigadoras. Para atingir o objetivo proposto, o percurso metodológico foi o descritivo, com procedimentos bibliográficos e análise qualitativa do problema. Os resultados alcançados com a revisão sistemática da literatura sobre o panorama setorial da cerâmica vermelha no Brasil e a caracterização das etapas produtivas de produtos de cerâmica vermelha permitiu situar a importância dessas empresas para a economia brasileira, bem como entender a forma de produção das peças de cerâmica estrutural, desde a extração até a venda. Concluiu-se que os impactos ambientais, embora sejam inerentes à atividade ceramista, é possível de serem minimizados utilizando-se de técnicas adequadas de exploração. Quanto ao aspecto social, essas empresas podem melhorar a qualidade de vida no trabalho ao prezar pela saúde e segurança dos empregados, cuidando, também, com impactos à população que reside nas proximidades das jazidas. Além disso, pode haver maior participação dessas empresas nos projetos sociais da comunidade que estas encontram-se inseridas e, dessa forma, contribuir para o desenvolvimento local.
Palavras Chave: Cerâmica vermelha, Extração de argila, Sustentabilidade.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
93
1. INTRODUÇÃO
A partir da Revolução Industrial iniciada no século
XVIII, as práticas de utilização dos recursos ambientais
têm socializado o ritmo natural, por haver mais
consumo do que restituição para a natureza. O
crescimento populacional não só aumenta a
demanda por matéria e energia, mas altera o ritmo da
natureza no tocante à renovação dos seus recursos.
Por conseguinte, na segunda metade do século
XX, o agravamento da relação entre a economia e
o meio ambiente tornou-se mais preocupante, pois os
recursos naturais eram explorados sem a consciência
de sua exaustão (TEODORO, 2013).
Costa (2008) explica que na segunda metade do
século XX, além da dualidade entre economia e meio
ambiente, o fator social começa a se agravar devido à
disparidade entre a distribuição dos recursos naturais,
o que emergiu em um quadro de desigualdade social,
resultando em pobreza e injustiça entre os povos. O
cenário de crise ambiental e social, iniciado nesse
período, se alastrou globalmente e se tornou um
fenômeno preocupante para a sociedade.
A partir dos reflexos dessa crise, a sociedade passou
a se conscientizar acerca dos problemas ambientais
oriundos do desequilíbrio da relação entre sociedade,
natureza e economia. Por exemplo, as transformações
climáticas e a poluição, aliadas com a preocupação
da escassez de recursos naturais resultou em aumento
da pressão social para a adoção de estratégias
governamentais e empresariais que possam minimizar
esses problemas (LINGEGARD; SAKAO; LINDAHL,
2012).
A sustentabilidade passou a ser um tema em debate
nas organizações e nas agendas governamentais,
sendo discutida sobre os pilares ambiental, social e
econômico (ELKINGTON, 2001). De acordo com o
referido autor, o tradicional enfoque econômico, que
outrora era a única preocupação, passou a seguir,
paralelamente, aos enfoques ambiental e social,
marcando a transição para o capitalismo sustentável,
que propõe um equilíbrio entre os três pilares. Isso
significa alcançar a lucratividade das organizações,
explorar os recursos naturais de forma sustentável e
promover a justiça social.
Conforme relata Araújo (2001), as organizações
passaram a incorporar o discurso do desenvolvimento
sustentável em suas atividades como forma de
responder às discussões sobre os impactos causados
no local onde estão inseridas. As iniciativas tomadas
pelas empresas repercutem na adoção de práticas
sustentáveis que minimizem os danos causados ao
meio ambiente, em virtude da sua instalação.
Essa perspectiva de relacionamento entre a economia
e o meio ambiente, no âmbito empresarial, fez
reconhecer que o lucro obtido, por si só, não garante
que a empresa tenha continuidade futura, devido à
decadência dos recursos naturais. Em função disso,
as ações desenvolvidas em prol da sustentabilidade,
podem estender as atividades empresariais por um
período maior, além de agregar valor à empresa
(ARAÚJO, 2001).
Nesse contexto, o presente artigo tem como foco
a sustentabilidade empresarial no segmento de
cerâmica vermelha, relativamente ao processo de
extração e transporte da argila e tem a premissa
de responder ao seguinte problema: quais são os
impactos socioambientais inerentes ao processo
de extração e transporte da argila causados pelas
indústrias de cerâmica vermelha, e suas possíveis
medidas mitigadoras? Tendo em vista o problema
proposto, o objetivo geral consiste em descrever os
impactos socioambientais inerentes ao processo
de extração e transporte da argila causados pelas
indústrias de cerâmica vermelha, e suas possíveis
medidas mitigadoras.
As indústrias de cerâmica vermelha utilizam para
sua operacionalização a extração da argila. Nesse
processo, as máquinas retiram a vegetação e a
camada superficial do solo e, consequentemente,
através da chuva, ocorre a erosão do material
superficial, alterando as condições físicas, químicas e
biológicas do solo, sendo nessa fase, imprescindível
a ação do homem para a recuperação ambiental
e diminuição da pegada ambiental, ou seja, das
consequências ambientais causadas pela ação
humana (REGENSBURGER, 2004).
A relevância deste estudo está concentrada na
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
94
expressividade do segmento de cerâmica vermelha
para a economia brasileira e a necessidade do
segmento se modernizar quanto às técnicas de
extração e transporte da argila, visto que os impactos
ambientais são inerentes à atividade. No entanto,
é possível minimizar os danos causados ao meio
ambiente observando técnicas adequadas para
explorar o mineral.
Como explica Buarque (2008), as empresas
podem contribuir para o desenvolvimento local
pela participação nos projetos locais vinculados à
comunidade onde se inserem. Dessa forma, além
dos impactos ambientais, a atividade oleira também
reflete no desenvolvimento social da localidade onde
se insere, não somente pela geração de emprego
e renda, mas também por meio do envolvimento
entre empresa e comunidade nos projetos sociais
voltados para melhoria da qualidade de vida da
população local.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A revisão da literatura é fundamental para entender
o contexto onde o problema da pesquisa se situa. A
construção teórica do presente artigo versa sobre o
panorama setorial da cerâmica vermelha no Brasil e
a caracterização das etapas produtivas de produtos
de cerâmica vermelha.
2.1 A CERÂMICA VERMELHA NO BRASIL
O segmento de cerâmica vermelha juntamente com
os segmentos de cimento, cerâmica de revestimento,
colorifícios, louças sanitárias, cal, gesso, vidros,
concretos, fibrocimentos entre outros, fazem parte
do setor dos minerais não metálicos da indústria
de transformação mineral, que é parte integrante da
cadeia produtiva da construção civil (MME; SGM;
DTTM,
2014).
O setor brasileiro de minerais não metálicos possui
significativa importância econômica. “Em 2013, o PIB
da indústria de transformação de não metálicos
totalizou US$19,3 bilhões, apresentando um aumento
de 5,5% em relação ao ano anterior. O setor participou
com 0,9% do PIB Nacional e 3,2% do PIB Industrial”
(MME; SGM; DTTM, 2014, p. 11). O segmento de
cerâmica vermelha é destacado pela sua importância
relativa, dentro deste setor, tanto em termos
econômicos como de consumo energético (BERNI;
BAJAY; GORLA, 2010).
De acordo com o MME, SGM e DTTM (2014),
o faturamento estimado do setor de minerais
não metálicos foi de R$ 48 bilhões em 2013,
considerando os segmentos de cimento, cerâmica
vermelha, revestimento e cal. A Tabela 1 demonstra a
segregação desse faturamento por segmento.
Tabela 1 – Segregação do Faturamento do Setor de Minerais Não Metálicos (2013)
Segmento Faturamento em bilhões (R$)
Percentual(%)
Cimento 19 39%
Cerâmica Vermelha 21 43%
Cerâmica de Revestimento 5,7 12%
Cal 2,6 5%
Total 48,3 100%
Fonte: Adaptado de MME, SGM e DTTM (2014).
É notável que o segmento de cerâmica vermelha é o
mais expressivo, com participação no faturamento de,
aproximadamente, R$ 21 bilhões, representando 43%
do faturamento do setor de minerais não metálicos,
seguido pelo segmento de cimento, com 19 bilhões, ou
seja, 39%. Os segmentos de cerâmica de revestimento
e cal somam juntos 17% do faturamento total do setor.
A expressividade do segmento de cerâmica vermelha
para o setor de minerais não metálicos se justifica por
se inserir na cadeia produtiva da construção civil, pois
representa, aproximadamente, 4,8% do faturamento
dessa indústria (ANICER, 2014).
Somente no segmento de cerâmica vermelha, o
Brasil conta com aproximadamente 7.400 olarias e
cerâmicas, responsáveis por um faturamento anual
aproximado de R$ 21 bilhões (MME; SGM; DTTM,
2014). Ressalta-se que esses dados foram estimados
pelo MME, SGM e DTTM com base nas informações
disponibilizadas pela ANICER, referentes a 2008.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
95
A geração de empregos diretos e indiretos também é
significante, pois o setor de cerâmica vermelha gera,
aproximadamente, 293 mil empregos diretos e cerca de
900 mil empregos indiretos. Isso demonstra o relevante
papel social que essas empresas desempenham no
Brasil (ANICER, 2014).
Portanto, é notável que o segmento de cerâmica
vermelha é o mais expressivo economicamente
mas, também, é o que causa maior impacto ambiental
juntamente com o segmento de revestimentos
cerâmicos, devido à degradação pela extração da
argila e pela emissão de poluentes durante as etapas
produtivas (BERNI; BAJAY; GORLA, 2010).
Além do impacto ambiental que as indústrias de
cerâmica vermelha causam, a atividade, por sua
natureza, oferece vários riscos à saúde e segurança
do trabalhador, que estão detalhados na seção 2.2 do
presente artigo.
É notável a importância do setor de cerâmica
vermelha na geração de empregos e renda, no
entanto, é fundamental que essas empresas utilizem
práticas sustentáveis para que tenham a garantia
de operacionalização futura, visto que elas extraem
recursos naturais para o processo produtivo e
são consideradas potencialmente poluidoras (Lei
10.165/2000). No aspecto social, as indústrias de
cerâmica vermelha geralmente ocupam a mão de
obra local e é imprescindível que haja participação da
empresa no desenvolvimento dos empregados e nos
projetos sociais locais.
No tocante à matéria-prima utilizada pelas indústrias
de cerâmica vermelha, a argila é o principal material e
a massa média utilizada é de 2 quilos por peça (MME;
SGM; DTTM,2014). A argila é um material retirado do
solo que possui composição terrosa e textura fina e,
quando misturada com a água, torna-se plástica, o
que permite sua modelagem. Ao iniciar o processo
de secagem o material adquire rigidez e, quando
queimado, passa a ter resistência, características
não encontradas por nenhuma outra matéria-prima
(LOYOLA; PIEKARZ;SANTIAGO, 2000).
Os produtos de cerâmica vermelha podem ser do tipo
massa porosa que compreende os tijolos, as telhas,
os vasos, entre outros produtos, ou do tipo massa
semivitrificada, que são os ladrilhos de piso, lajotas,
etc. (LOYOLA; PIEKARZ; SANTIAGO, 2000).
Normalmente, além das indústrias de cerâmica
vermelha possuírem instalações para a produção,
também possuem jazidas de argila que, muitas vezes,
são parte do negócio. Os custos incorrem, geralmente,
com máquinas, matéria-prima, lubrificantes e pneus,
além de ser um segmento que consome muita energia,
relativa à queima da lenha, gás natural, energia elétrica
e combustível, como óleo diesel, GLP e resíduos de
biomassa (BERNI; BAJAY ; GORLA, 2010).
A estrutura empresarial do segmento de cerâmica
vermelha é bastante diversificada, sendo a maior parte
dos empreendimentos de caráter familiar, geralmente,
não abrangidos pelas estatísticas oficiais. O segmento,
também, conta com empresas de pequeno, médio e
grande porte. As empresas de médio e grande porte
tem maior facilidade de aderir às tecnologias mais
modernas, enquanto as demais utilizam técnicas mais
antigas de produção e, ainda, possuem dificuldades
na gestão do empreendimento (MME; SGM; DTTM,
2014; PRADO; BRESSIANI, 2013).
Em razão da dispersão e do grande número de
indústrias de cerâmica vermelha em diversos estados,
existe grande dificuldade em organizar estudos no
segmento e isso interfere diretamente nos dados
e informações, bem como nas estatísticas e nos
indicadores de desempenho geral, o que torna difícil
acompanhar o desenvolvimento e a competitividade
dessas empresas. Dessa forma, o MME, o SGM e o
DTTM (2014) apresentam informações estimadas de
2009 a 2014 com base nas informações emitidas pela
ANICER em 2008. Para calcular a produção e a receita
bruta, esses órgãos utilizaram os indicadores de
crescimento da construção civil. Esses dados foram
consolidados na Tabela 2
Tabela 2 – Comparativo entre Informações do Segmento de Cerâmica Vermelha de 2009 a 201
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
96
Tipo de Informação 2009 2010 2011 2012 2013 Total
Produção tijolos (109 peças) 44,6 49,7 51,5 52,3 53,1 251,2
Produção telhas (109 peças) 14,8 16,6 17,2 17,4 17,7 83,7
Produção total (109 peças) 59,4 66,3 68,7 69,7 70,8 334,9
Consumo per capita (peça/hab.) 315 348 357 359 354 1733
Faturamento (em R$ bilhões) 18 20 21 21 21 101
Número de empresas 7.400 7.400 7.400 7.400 7.400 -
Fonte: Adaptado de MME, SGM, DTTM (2014).
Por meio das estimativas apresentadas na Tabela 2, é notável um crescimento gradativo na produção de tijolos e
telhas durante o período de 2009 a 2013. O consumo
médio per capita de peças também vem aumentando
ao longo dos anos, mas houve uma queda de 1,4%
no ano de 2013 em relação ao ano anterior. O
faturamento apresentou crescimento no período
compreendido entre 2009 a 2011 e permaneceu
estável nos anos seguintes. O número de empresas
permaneceu estável durante todo o período, com
7.400 unidades. De acordo com o MME, o SGM e o
DTTM (2009) o número de empresas em 2008 era de,
aproximadamente,5.500 unidades.
Como se pode observar, o número de indústrias de
cerâmica vermelha é expressivo e o faturamento
total demonstra a importância do segmento para
a economia brasileira. No entanto, o segmento de
cerâmica vermelha ainda possui dificuldades em
modernizar o processo produtivo com tecnologias
que aumentem a eficiência e diminuam os custos de
produção. Como destaca a Mineropar (2013), o Brasil
necessita evoluir tecnologicamente neste setor, pois
está defasado se comparado com países da Europa,
da América do Norte e até da América do Sul.
Prado e Bressiani (2013) defendem que apesar
de muitos fatores afetarem o desenvolvimento do
segmento de cerâmica vermelha, este é essencial
para a construção civil, pois fornece produtos de base
estrutural como tijolos maciços e furados, blocos de
vedação e estruturais, telhas, manilhas e pisos rústicos.
De forma análoga, Berni, Bajay e Gorla (2010), destacam
que o Brasil ainda possui baixa produtividade, cerca de
12.000 peças/homem/mês, enquanto que a produção
europeia é de 200.000 peças/homem/mês. Assim, é
necessário que as empresas do segmento busquem
elevar a produtividade devido ao alto consumo desses
produtos no mercado, adotar inovações tecnológicas
para os processos produtivos e fontes energéticas
alternativas.
No entanto, o mercado consumidor não é exigente com
os produtos cerâmicos e suas devidas especificações,
o que gera certo comodismo dos gestores em atender
patamares mais altos de produção e de inserir
programas de qualidade para seus produtos (ANICER,
2014).
2.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO PRODUTIVO
DE CERÂMICA VERMELHA
O processo de produção das olarias inicia-se com a
extração da argila, que ocorre a céu aberto de forma
manual ou mecanizada. A matéria-prima coletada é
levada até os galpões e armazenadas para descansar,
para que haja a decomposição da matéria orgânica
e de sais solúveis (FIEMG; FEAM, 2013). A argila
corresponde de 25% a 70% do produto, além do
óxido de ferro de 3,5% a 8%, que proporciona a cor
avermelhada aos produtos após a queima (BERNI;
BAJAY; GORLA, 2010).
A etapa produtiva de mineração da argila causa a
degradação do solo e, como consequência, prejudica
a flora e a fauna local se não for realizada de maneira
correta. Geralmente, as plantas de mineração de
argila médias e pequenas não se preocupam em
extrair o mineral de forma adequada e, por ser feita
em pequena escala, a área pode ser recomposta com
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
97
maior facilidade. As plantas de mineração de grande
porte devastam com maior amplitude as áreas em lavra
(BERNI, BAJAY, GORLA, 2010). A lavra é “o conjunto de
operações coordenadas objetivando o aproveitamento
industrial da jazida, desde a extração das substâncias
minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das
mesmas” (DECRETO-LEI Nº 227/1967).
A argila é um mineral não renovável e, portanto,
finito (HOLANDA; SILVA, 2011). Estudos realizados
no segmento de cerâmica vermelha demonstram
que a massa cerâmica pode incorporar vários tipos
de resíduos de outras indústrias, o que faz diminuir
a quantidade de argila nas peças, ou ainda utilizar
resíduos como fontes energéticas alternativamente ao
combustível principal. Essa estratégia é implantada
na busca de redução de custos, embora exista uma
iniciativa ambiental implícita. Exemplos de resíduos são
os provenientes da fabricação de móveis e de serrarias
e da própria fabricação de cerâmica vermelha, quando
os resíduos sólidos retornam novamente ao processo
(BERNI, BAJAY, GORLA, 2010).
Cabral Júnior et al. (2005) explicam que a
incorporação de resíduos sólidos na massa
cerâmica traz ganhos ambientais por utilizar materiais
que apresentam problemas de destinação, além de
ganhos econômicos tanto para os fornecedores dos
resíduos quanto pelas indústrias que os utilizam.
Além dos impactos ambientais na etapa de extração
da argila, deve-se atentar à exposição ao sol dos
trabalhadores que desenvolvem suas atividades a céu
aberto, que podem causar alterações na pele e lesões
nos olhos. Os ruídos decorrentes dos maquinários
empregados na extração da argila também podem
ocasionar ao trabalhador danos de equilíbrio, do
sono, psicológico, social, nos sistemas circulatório,
digestivo, reprodutor e a Perda Auditiva Induzida
por Ruído (PAIR), que é o mais evidente (SESI, 2009).
Quando da utilização da argila para o preparo da
massa, Medeiros (2006) relata que, primeiramente,
a matéria-prima passa pelo destorroador, que tem
função de fragmentar os torrões maiores de argila de
modo a facilitar as operações posteriores.
Em seguida, a massa cerâmica passa para o
misturador, equipamento que realiza movimentos
circulares, permitindo homogeneização da massa e a
adição de água e outros resíduos, quando aplicáveis
à argila, até que se adquira umidade e plasticidade
adequadas para o produto (FIEMG; FEAM, 2013;
MEDEIROS, 2006).
A próxima fase é a laminação, processo pelo
qual a mistura passa pelo laminador, equipamento
responsável pelo direcionamento das partículas de
argila. Esse processo é essencial para uniformizar o
produto e permitir maior eficiência na queima, o que
reduz o consumo de energia (FIEMG; FEAM, 2013).
Após a laminação, a etapa seguinte será de acordo
com o produto que está sendo fabricado. Para os
produtos que serão extrusados, essa fase consiste em
prensar a massa na extrusora (MEDEIROS, 2006). Essa
etapa do processo produtivo é responsável por 15%
dos custos de produção, devido ao grande desgaste
da máquina extrusora e seu alto consumo de energia
(FIEMG; FEAM, 2013).
Berni, Bajay e Gorla (2010) explicam que a etapa da
prensagem “consiste na conformação de massas
granuladas com baixo teor de umidade por meio
de uma prensa, sendo usada, primordialmente, na
produção de pisos e revestimentos, embora não se
restrinja a esta aplicação”.
Após a extrusão ou prensagem, a próxima etapa é
o corte, que consiste em dimensionar o produto de
acordo com a produção desejada. Após o corte, os
produtos passam pela secagem, que pode ser natural
ou artificial (BERNI; BAJAY; GORLA, 2010).
Depois de secos, os produtos passam pelo processo
de sinterização ou queima que confere características
para que o produto fique pronto para o uso
(MEDEIROS, 2006; BERNI; BAJAY; GORLA, 2010). A
atividade de cerâmica vermelha é considerada grande
consumidora de energia e o uso da lenha é a principal
fonte energética do segmento, causando significativos
impactos socioambientais como a produção de
cinzas, óxidos de enxofre, dióxido de carbono e
óxidos de nitrogênio, causadores de chuva ácida e
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
98
de danos à camada de ozônio. (REINALDO FILHO;
BEZERRA, 2010).
Além do alto consumo energético, as indústrias de
cerâmica vermelha também geram resíduos sólidos
durante o processo de fabricação, como o óleo
lubrificante e as cinzas. Esses resíduos precisam
ser armazenados em local reservado para não gerar
contaminação do solo e, consequentemente, do meio
ambiente e da população, devido ao alto teor de
enxofre e ferro que apresentam (FIEMG; FEAM, 2013).
Farias et al. (2012) relatam que a escolha do forno
utilizado para a queima é imprescindível, pois permite
a melhoria da eficiência do processo produtivo como
um todo e reduz os impactos ambientais decorrentes.
Além disso, fornos mais modernos conferem redução
do nível de calor aos operadores de forno, reduzindo
riscos à sua saúde.
Durante as etapas de produção descritas, os
funcionários podem estar expostos a outros fatores de
risco à sua saúde e segurança, como deformidades
nos dedos das mãos pelo carregamento manual
de tijolos; varizes devido ao tempo prolongado de
permanência na posição de pé e pelo excesso de
peso carregado; problemas respiratórios causados
pela inalação e exposição direta à fumaça emitida no
processo de queima e inalação de poeira de argila
durante o transporte e do mesmo para o misturador,
bem como no manuseio dos tijolos acabados; irritação
nos olhos causados pela exposição direta à fumaça;
problemas de coluna devido ao carregamento manual
de tijolos e outros materiais; dermatoses por contato
direto com os diversos materiais manuseados; lesão
por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (GOMES, 2012).
No exterior, as indústrias de cerâmica conseguiram
melhorias ambientais com a mudança para
combustíveis gasosos, melhoras na secagem,
aquisição de fornos mais eficientes e controle de
processo. Além disso, o aproveitamento de calor e seu
uso em secadores reduzem o consumo de energia
e, em consequência, resultam em menor emissão de
poluentes (BERNI, BAJAY, GORLA, 2010).
Portanto, é notável que os impactos socioambientais
sejam inerentes à fabricação de produtos cerâmicos,
mas que podem ser reduzidos com técnicas mais
modernas de operacionalização e controle de riscos
aos quais os empregados são expostos, por meio de
programas de saúde e segurança no trabalho. Além
da observância das normas para melhores condições
de trabalho, é necessário que o segmento de
cerâmica vermelha possa se modernizar no sentido de
incorporar melhorias ambientais no processo produtivo
e, dessa forma, atender ao equilíbrio dos pilares da
sustentabilidade.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Quanto aos objetivos, essa pesquisa é classificada
como descritiva, a qual Oliveira (1999, p. 114) define
como aquele que “possibilita o desenvolvimento de
um nível de análise em que se permite identificar as
diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação
e classificação”. Assim, procurou-se descrever os
impactos socioambientais causados pelas indústrias
de cerâmica vermelha, quando da extração e do
transporte da argila e suas possíveis medidas
mitigadoras, ou seja, as possíveis maneiras de diminuir
os danos causados para a natureza e à sociedade.
O procedimento adotado para conduzir a pesquisa
foi a revisão sistemática da literatura, o que enquadra
a pesquisa como sendo de abordagem bibliográfica
(VERGARA, 2005). Foram utilizadas fontes já
publicadas acerca da teoria utilizada para embasar
o problema, como livros, artigos, dissertações, teses,
websites, além de sites das associações e sindicatos
do setor oleiro.
Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa
possui cunho qualitativo. A abordagem qualitativa
requer uma série de leituras sobre o assunto que se
deseja estudar para que, posteriormente, seja descrito
ou relatado minuciosamente o ponto de vista dos
autores pesquisados e estabelecermos correlações e
opinarmos de modo a concluir o que foi evidenciado
no assunto (OLIVEIRA, 1999).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
99
A seção de resultados e conclusões demonstra a
revisão sistemática da literatura sobre os impactos
ambientais e sociais causados pelas indústrias de
cerâmica vermelha ao extrair e transportar a argila da
jazida. A exploração adequada do mineral na lavra
pode minimizar a pegada ambiental e proporcionar
melhores condições de trabalho aos empregados
nesse processo. Nesse intuito, buscou-se também no
presente artigo, apresentar as possíveis iniciativas
para reduzir esses danos à sociedade e ao meio
ambiente.
O Quadro 2 demonstra os principais impactos
ambientais causados pela extração da argila e as
possíveis medidas que podem mitigar esses danos ao
meio físico, biótico e antrópico no local da exploração
do minério.
Quadro 1 - Principais Impactos Ambientais e Medidas
Mitigadoras da Extração de Argil
Meio Impacto ambiental Medida mitigadora
Físi
co
Poluição do ar devido à emissão
de material particulado fino
(poeira) proveniente das vias de
acesso.
Utilizar caminhão-pipa, durante o horário
de movimentação dos caminhões e
equipamentos.
Bió
tico
Erosão do solo devido à exposição do
mesmo a águas
pluviais.
Realizar drenagem de água pluvial para o interior das
cavas, de modo a evitar processos erosivos no solo.
Assoreamento dos cursos d´água
Drenar as águas pluviais, pois evita-se que sejam
escoadas para as margens carreando material
para os cursos d´água.
Emissão de ruídos provenientes
das dragas, caminhões e
maquinários.
Realizar a manutenção constante dos equipamentos, bem como acoplar silenciadores nos escapamentos dos mesmos. Para os trabalhadores, o uso de EPIs
deverá ser obrigatório.
Supressão da vegetação.
Solicitar autorização por órgão ambiental
responsável para tal atividade, visto ser um impacto
inevitável. O empreendedor deve recuperar o solo
exposto com vegetação ao final da extração.
Ant
rópi
co
Impacto visual devido às alterações
na topografia do terreno e a
supressão da cobertura vegetal.
Manter o retaludamento das margens, nunca
superior a seis metros, com inclinação de cerca
de 30%.
Obtenção de mão de obra
especializada.Capacitar a população próxima ao empreendimento,
para valorização destes profissionais.
Fonte: FIEMG e FEAM (2013, p. 31).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
100
Para os funcionários das indústrias cerâmicas os
impactos negativos gerados por ocasião da extração
da argila também estão atrelados ao excesso de
poeira e ruídos gerados pelas máquinas usadas na
retirada do mineral e pelo transporte do material até ao
pátio da fábrica, fatores estes que afetam a qualidade
no ambiente de trabalho da empresa (SILVA, 2007).
A utilização de EPI pode evitar a inalação de poeira e
diminuir o ruído para os funcionários.
A exposição solar dos funcionários que trabalham
na extração e transporte da argila é inevitável, mas
algumas medidas podem diminuir seus riscos, como
incluir intervalo no período de maior insolação,
instalação de cobertura no local da atividade, além
do fornecimento de chapéu, uniforme de mangas
compridas e protetor solar (SESI, 2009).
A degradação do solo pela exploração da argila ocorre
quando não são adotadas técnicas adequadas de
extração. Quando são feitas as cavas para a retirada
do minério, o procedimento correto é o soterramento
das mesmas (SILVA, 2007; GRIGOLETTI, 2003;
REGENSBURGER, 2004).
Além disso, é necessário que se cubra a área
explorada com uma camada de terra e que o local
seja adubado para que o solo inicie o processo de
recomposição das características físicas, químicas
e biológicas. A reconstituição da vegetação também
deve ser feita para que o local possa ser regenerado
de forma que se apresente semelhante em relação
às características anteriores à extração (SILVA, 2007;
GRIGOLETTI, 2003; REGENSBURGER, 2004).
Além desse processo para recuperar a área degrada,
é preciso observar onde estão sendo colocados os
rejeitos, ou seja, a camada do solo não utilizada para
a produção das peças cerâmicas. Deve-se tomar o
cuidado para não alterar os cursos d’água dos rios
pela disposição dos rejeitos em locais inadequados.
Normalmente, quando a jazida se localiza próxima a
um rio, são feitas barragens para não contaminar a
água com a camada do solo que não será aproveitada
na atividade (SILVA, 2007; GRIGOLETTI, 2003).
Silva (2007) enfatiza que os impactos negativos no
procedimento de extração da argila se estendem
também para a comunidade, devido ao já citado
despejamento de lama nos rios, além do excesso
de poeira e ruídos causados pelos maquinários
empregados na extração e no transporte da argila e
a deterioração das estradas que ligam o acesso às
jazidas, o que muitas vezes impossibilita o tráfego.
Berni, Bajay e Gorla (2010) relatam que com os
problemas atuais de ordem ambiental e a necessidade
de se pensar e traçar metas para o desenvolvimento
sustentável, o Brasil será chamado para contribuir de
forma efetiva para a sustentabilidade do planeta.
O setor cerâmico, com certeza será chamado para
contribuir na diminuição das emissões e geração de
resíduos no setor industrial brasileiro.
5. CONCLUSÃO
O presente artigo teve por objetivo descrever os
impactos socioambientais inerentes ao processo
de extração e transporte da argila causados pelas
indústrias de cerâmica vermelha e suas possíveis
medidas mitigadoras.
Por meio das obras consultadas, constatou-se que as
indústrias de cerâmica vermelha são importantes para
a economia brasileira pela capacidade de geração de
emprego e renda, pois estima-se que são faturados
cerca de 21 bilhões por ano, além de empregar cerca
de 293 mil empregos diretos e 900 mil empregos
indiretos (ANICER, 2014; MME; SGM; DTTM, 2014).
Além de se pensar na importância econômica das
indústrias de cerâmica vermelha, deve-se levar
em conta a sustentabilidade dessas empresas nos
aspectos social e ambiental. Como o foco deste
estudo foi a extração e transporte da argila, conclui-se
que é possível diminuir a pegada ambiental por meio
da exploração adequada do minério, observando-se
os procedimentos corretos de recuperação da área
explorada, de forma a deixar o local com características
semelhantes às anteriores da retirada da argila.
Quanto aos aspectos sociais, conclui-se que as
indústrias de cerâmica vermelha precisam prezar
pela segurança e saúde no ambiente de trabalho
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
101
dos funcionários envolvidos na extração e no
transporte da argila, bem como adotar práticas que
mitiguem os danos à comunidade por esse processo.
Além disso, essas empresas podem impulsionar o
desenvolvimento local com iniciativas que apoiem ou
desenvolvam projetos sociais na comunidade onde se
inserem como recomenda Buarque (2008).
Portanto, há necessidade de equilibrar o tripé
da sustentabilidade no segmento de cerâmica
vermelha, pois, muitas vezes, é dada ênfase ao
pilar econômico, deixando-se em segundo plano
os pilares ambiental e social. Este segmento
deve refletir sobre a sua continuidade futura no
mercado, visto que a argila é um recurso natural
finito e o processo produtivo necessita de melhorias
ambientais devido à emissão de poluentes e à
degradação ambiental pela exploração da matéria-
prima. Muitas vezes, as áreas degradadas não
recebem nenhum tratamento para colocar o
ambiente em condições de se regenerar, o que
prejudica não somente a natureza, mas também a
comunidade. Além do meio ambiente, o segmento
de cerâmica vermelha precisa investir no local, de
forma a garantir disponibilidade e qualidade da mão
de obra, bem como uma participação mais ativa na
comunidade.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
103
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Capítulo 10A SUSTENTABILIDADE DA AGRICULTURA ORGÂNICA FAMILIAR:
O CASO DOS ASSOCIADOS À COOPERATIVA DE PRODUTORES
ORGÂNICOS DE POEMA - PR
Roberto Rivelino Martins Ribeiro
Kerla Mattiello
Marguit Neumann
Neuza Corte de Oliveira
William Fernando Bonfin dos Santos
Resumo: As constantes mudanças em todos os setores da economia têm impulsionando os gestores na busca por alternativas para manterem suas atividades ou melhorar os ganhos financeiros. Para viabilizar a permanência nas propriedades rurais, produtores de pequenas propriedades buscam diferentes estratégias de reprodução, se associando informalmente para adquirir insumos ou formando cooperativas para produzir em maior quantidade para atender a demanda local ou regional. Essa medida é utilizada por um grupo de produtores do Distrito de Nova Tebas-Paraná para produzir e comercializar maracujá orgânico, constituindo a Cooperatvama. Para tanto, o objetivo do presente estudo é identificar qual a propriedade obteve melhor resultado em termos financeiros, levando em consideração a área de cultivo, para apurar os custos e o resultado aplicando-se o método do custeio variável. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, a coleta foi por meio de questionários sendo selecionados 10 propriedades associadas a Cooperatvama. O estudo apontou que a propriedade que obteve o melhor resultado foi a propriedade “P7”, com área de 0,5 hectares e com 200 pés plantados no valor de R$3.416,98 e o pior resultado foi a propriedade “P9” com área 2 hectares com 1200 pés, resultado R$ 1.480,89.
Palavras Chave: Agricultura Familiar, Cultivo Orgânico, Cooperativa de Produtores Rurais, Custos de Produção.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
105
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a prática do cooperativismo está relacionada
à área agrícola. Pinho (1996) menciona que a prática
cooperativismo brasileiro teve inicio na década de 1930
com a criação da Lei fundamental do cooperativismo
brasileiro pelo Decreto Nº. 22.239/32 que arrola os
princípios que devem nortear a constituição das
cooperativas. Neste decreto fica definido o crescimento
cooperativo com o apoio legal e institucional por meio de
estímulos fiscais, porém, houve avanços e retrocessos.
Retrocessos por interferências, crise e reorganização,
principalmente, em função do centralismo estatal e
perda dos estímulos fiscais, avanços por inovações
que possibilitaram a renovação das estruturas e dos
instrumentos cooperativistas.
Finalmente, com a constituição de 1988 houve a
separação do Estado e a criação da autogestão, pois
a constituição deu liberdade de constituição e de
atividade. O principal marco legal a regular a prática
cooperativista no Brasil é a Lei nº 5.764, sancionada
em 16 de dezembro de 1971, também conhecida 12
como Lei do Cooperativismo.
A Lei 5.764/1971 também determina, em seu Art. 10,
que as cooperativas devem ser classificadas conforme
seu objeto ou a natureza das atividades desenvolvidas
por ela ou por seus associados. Seguindo este
espírito, a Organização das Cooperativas do Brasil
(OCB) identifica a existência de 13 segmentos no
cooperativismo brasileiro: agropecuário; consumo;
crédito; educacional; especial; habitacional;
infraestrutura; mineral; produção; saúde; trabalho;
transporte e turismo e lazer (OCB, 2015). A Lei do
Cooperativismo confere a denominação de ato
cooperativo a todas as transações realizadas entre as
cooperativas e seus associados, entre estes e pelas
cooperativas entre si quando associadas, para a
consecução dos objetivos sociais. Segundo a lei, o ato
cooperativo não implica operação de mercado, nem
contrato de compra e venda de produto ou mercadoria.
O fato de a empresa cooperativa ser uma sociedade
sem fins lucrativos, cujo objeto é a prestação de
serviços aos associados, lhe confere um tratamento
tributário diverso daquele recebido por uma sociedade
comercial. No intuito de atender suas finalidades
sociais, as cooperativas interagem tanto com seus
associados como, também, com não-associados.
Sempre que a atividade consistir, de alguma forma,
uma prestação de serviço de representação dos
associados, estará configurado um ato cooperativo.
Conforme a Lei 5.764/1971, os conceitos de lucro
e prejuízo se aplicam, no caso das empresas
cooperativas, apenas aos atos não cooperativos. No
caso dos atos cooperativos, utilizam-se os conceitos
de sobras e faltas, que, como as próprias palavras
sugerem, são o resultado da diferença entre as
retenções e contribuições dos associados e os custos
e despesas que a sociedade realiza visando cumprir
sua finalidade social.
As mudanças que ocorrem em todos os setores da
economia impulsionam os gestores a buscar por
alternativas para manterem suas atividades, ou melhor,
os ganhos financeiros. Como ocorre com os produtores
rurais do Distrito de Nova Tebas-Paraná, associando-
se para produzir o maracujá orgânico e constituindo a
Cooperatvama. O objetivo do estudo é apurar o custo
do quilo do maracujá orgânico, aplicando o método
do custeio variável. Para tanto, foram selecionadas
aleatoriamente 10 propriedades rurais, cujos
produtores são associados à Cooperatvama. Para
abordar o item delimitação do estudo, utilizou o critério
adotado por Gil (2002, p.162) que diz, “por se tratar
de pesquisa social eminentemente empírica, é preciso
delimitar o locus da observação, ou seja, o local onde o
fenômeno em estudo ocorre”. Certo é que o parâmetro
espacial escolhido implicará no resultado dos dados
obtidos e nas conclusões do estudo, a coleta de
dados ocorreu com aplicação de questionários para
dez produtores associados à Cooperatvama. No
critério temporal (GIL, 2002, p. 162) menciona ser
o período em que o “fenômeno a ser estudado será
circunscrito [...]. O estudo se pautou apurar, descrever
e analisar os custos do maracujá orgânico no período
compreendido de setembro/2014 a junho/2015.
O estudo está organizado em cinco seções, na
primeira, consta à introdução o objetivo e delimitação.
Na segunda a contextualização do trabalho que deu
suporte a parte prática, na terceira a definição do
tipo de pesquisa e o método de coleta dos dados,
indicando o caminho percorrido pelo pesquisador
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
106
para encontrar resposta ao problema de pesquisa e
assim atender o objetivo geral do estudo. Na quarta
apresenta os dados e analise e na seção cinco é
apresentada a considerações finais do estudo e
sugestões para trabalhos futuros.
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 AGRICULTURA FAMILIAR
A agricultura familiar no Brasil, segundo uma análise
a partir do Censo Agropecuário 2006 (IPEA, 2013,
p.9), foi marcada nas últimas décadas por um período
de intensas transformações técnico-produtivas no
meio rural brasileiro, no qual instrumentos de trabalho
e insumos foram substituídos por inovações em
curto espaço de tempo, modernizando a agricultura
(MARTINE, 1991). À medida que foram sendo
intensificados os recursos de capital e insumos que
antes eram controlados pelas unidades familiares,
tornou a agricultura, mais dependente de mercados
antes da porteira e após a porteira (OLIVEIRA, 2010).
O trabalho e os processos produtivos na propriedade
passaram a ser organizados para atender a demanda
externa, exigindo aumento da capacidade produtiva
com a finalidade de maior retorno financeiro. Além
disso, os mercados tornam-se as principais estruturas
sociais a condicionar as relações dos agricultores
com os objetos e os meios de trabalho. Recursos e
tarefas que anteriormente eram desenvolvidos pela
unidade produtiva, passaram para o domínio de atores
externos.
A divulgação dos dados do Censo Agropecuário
2006 (IPEA, 2013, p. 9) permitiu um amplo olhar sobre
as características da agricultura, da pecuária e da
população rural brasileira. É sabido da importância da
agricultura para a economia do país, com o equilíbrio
das contas nacionais, com a geração de divisas via
exportação. Da mesma forma, aprofundou-se o padrão
tecnológico gerado no período anterior e consolidou-
se o processo de expansão da agricultura para as
regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Neste período,
também, o Estado brasileiro retomou o seu papel de
financiador na agricultura por meio de infraestruturas
e políticas de crédito rural, seguro, comercialização,
assistência técnica e pesquisa agropecuária;
institucionalizou os agricultores familiares como sujeitos
de direito; e implementou políticas diferenciadas de
desenvolvimento rural. Exemplos da retomada do papel
do Estado e, reconhecimento da agricultura familiar foi
a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF) em 1995.
Segundo o relatório do IPEA (2013, p. 9) por meio de
análise das informações disponibilizadas no Censo
Agropecuário 2006 foi possível compreender em maior
profundidade o conjunto de transformações ocorridas,
evidenciar as características da agricultura brasileira.
Fundamental para, subsidiar as ações do Estado e dos
demais atores sociais, portanto, o Censo Agropecuário
2006 também traz uma inovação importante porque,
pela primeira vez, foram disponibilizadas informações
sobre a agricultura familiar, uma categoria social que
ganhou reconhecimento no Brasil e no mundo, seja
por sua importância na produção de alimentos, seja
em função do que representa em termos de promoção
de formas mais equitativas de produção e, portanto,
desenvolvimento inclusivo, social e econômico. Em
razão da importância da agricultura familiar para o
mundo, a Assembléia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU) declarou 2014 como o Ano
Internacional da Agricultura Familiar (International
Year of Family Farming – IYFF). Desse modo os dados
deste censo permitiram avançar na compreensão
das condições econômicas, sociais e produtivas
dos estabelecimentos familiares, das suas diferentes
estratégias de reprodução social e das suas variações
regionais.
2.2 CULTIVO ORGÂNICO
O cultivo orgânico o comportamento fisiológico
das plantas é diferente do sistema convencional. A
produção física, o tamanho e qualidade das frutas,
bem como a ocorrência de pragas, doenças e a
lucratividade da cultura são influenciadas pelo sistema
de cultivo (NEVES e NEVES, 2007). As práticas na
agricultura orgânica promovem aumentos na matéria
orgânica, na atividade microbiológica do solo, na
disponibilidade e quantidade de nutrientes que são
liberados gradualmente, proporcionando à planta
uma nutrição mais balanceada (ALTIERI, 1987;
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
107
ARAÚJO NETO et al., 2008) no entender dos autores
a agricultura orgânica tende a ser economicamente
eficiente em razão do baixo uso de insumos externos e
manutenção de produtividades constantes.
Para manter o agricultor na atividade outra alternativa
é melhorar a eficiência do uso da terra utilizando
consórcio, proporcionando maiores rendimentos
físicos, energéticos e econômicos evitando os efeitos
negativos da monocultura, como simplificação do
agroecossistema, diminuição da biodiversidade, e até
falência das pequenas propriedades. Muitas vezes
pequenos produtores cultivam as culturas no sistema
consorciado tendo em vista que as vantagens sobre
o monocultivo é promover a garantia de uma maior
estabilidade de produção; melhor utilização da terra;
força de trabalho; maior eficiência no controle de ervas
daninha; controle da erosão; disponibilidade de mais
de uma fonte de renda; redução dos riscos inerentes
à atividade agrícola (DEMATTÊ, 2001; GOMES, 2003;
CUNHA, 2004; CAMPOS, 2011).
Entretanto, Campos (2011, p. 24) menciona que os
“...principais problemas de degradação ambiental,
verificado no meio rural, estão associados à
deterioração do solo, erosão, perda de matéria
orgânica, degradação do ambiente pela poluição
de águas e do ar por agrotóxicos nocivos à saúde”,
contaminando os produtos, a consequência é alimentos
sem qualidade nutricional. Para o autor “nos últimos
anos, a inovação na agricultura tem sido impulsionada
principalmente pela ênfase em altos rendimentos e
produtividades”. Em razão da pressão econômica
sobre a agricultura, com custos de insumos elevados,
provocando aumento no processo de produção e com
preços definidos pelo mercado, muitos produtores
estão preferindo migrar da agricultura convencional
para a agricultura orgânica. Assim agricultores que
trabalham neste conceito têm reduzido a utilização
de agroquímicos, aproximando do ideal da agricultura
orgânica. Yaduvanshi e Sharma (2008) apud Campos
(2011) relataram que essa pratica é essencial para
aumentar a produção de alimentos orgânicos,
incorporando adubos orgânicos ao solo aumentando
a fertilidade do sistema, impulsionando a produção,
contribuindo com a economia de energia e reduzindo
as perdas de solos férteis.
A agricultura orgânica é definida como um sistema
de produção que evita ou exclui o uso de fertilizantes
minerais, compostos sintéticos, pesticidas, reguladores
de crescimento e aditivos para a produção vegetal
e animal (EHERS, 1996). A adubação orgânica é
considerada de baixa concentração, entretanto
contêm todos os nutrientes necessários às plantas,
favorece a formação de agregados do solo, aumenta
a retenção de água e diminui as perdas da mesma por
evaporação, dentre outras melhorias, física, química e
biológica ao solo (KIEHL, 1985; PRIMAVESI, 2002).
Outro fator importante é seu efeito residual que é
observado no sistema. De acordo com Schiedeck
(2002, p.89), o mercado de alimentos produzidos
sem utilização de agrotóxicos ou adubos minerais,
tem aumentado em todo o mundo. Alguns dados
indicam que esse segmento cresce anualmente cerca
de 20% nos Estados Unidos, 40% na Europa e 50%
no Brasil. Para comprovar tais índices, basta verificar
a proliferação das feiras de produtores ecológicos
nas cidades, com ampliação dos espaços para
esses produtos nas gôndolas das grandes redes de
supermercados.
Assim sendo, a agricultura orgânica é uma alternativa
segura para a produção de alimentos saudáveis,
apresentando-se viável do ponto de vista agronômico,
econômico e ambiental, fato comprovado pelas
experiências acumuladas nos últimos anos (SOUZA
e RESENDE, 2006). Desse modo, o manejo do solo
e das plantas, orientado pela agricultura orgânica,
pode se constituir numa promissora alternativa para
produção de qualidade, sem comprometer a saúde
dos agricultores e contribuindo para a preservação
ambiental.
2.3 GESTÃO E CUSTOS DE PRODUÇÃO
Machado e Souza (2006, p. 45) comentam que na última
década, em razão do acirramento da concorrência
do mercado globalizado, “profundas mudanças têm
ocorrido no modus operandi, nas estratégias e nas
práticas gerenciais das organizações, com reflexos
na gestão de custos”. Nesse contexto, segundo os
autores o eficaz processo de gestão de custos passa,
“necessariamente, pela eficiência e eficácia das
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
108
atividades de planejamento, execução e controle”.
As empresas estão buscando a redução de custos e
aumento da produtividade de diversas formas. Porter
(1989) apud Machado e Souza (2006, p. 45) coloca
a “liderança em custos” como uma das alternativas
estratégicas, ou ainda, “a diferenciação de produto”.
Nesse sentido a informação contábil, dentro de uma
propriedade rural exerce o papel de facilitador no
desenvolvimento e na implementação das estratégias
competitivas. Desse modo a gestão de custos utiliza-
se da contabilidade de custos para obter finalidades
específicas, que podem estar relacionadas com o
fornecimento de dados de custos para a medição
dos mesmos, determina a rentabilidade e avalia o
patrimônio. Identifica métodos e procedimentos para
o controle das operações e atividades da empresa,
além, da previsão de informações sobre custos para
a tomada de decisões e planejamento por meio de
processos analíticos. Para haver uma administração
adequada as empresas, necessitam obter e coordenar
informações sobre estimativas de vendas, capacidade
financeira, estoques, prazos de entrega e custos de
fabricação.
Estas informações são fundamentais para a elaboração
de um planejamento da produção que possa explorar
as potencialidades disponíveis no mercado. Nesse
entendimento, conhecer a estrutura de custos é
fundamental para que as empresas atinjam os
objetivos relacionados à determinação do lucro. Além
desses objetivos a gestão de custos proporciona à
decisão dos custos das diversas áreas que compõe
a empresa, as políticas de desperdício de material e
tempo ocioso, a elaboração de orçamento, e também,
auxilia na formação do preço de venda, nesse caso
específico, o produto agrícola (MEGLIORINI, 2007).
Neste estudo, utilizou-se do método de custeio variável,
tendo em vista que, conforme mencionam Martins e
Rocha (2010), atribui aos custos dos produtos somente
os custos variáveis, os custos fixos são considerados
despesas do período que são incorridos. A não
utilização dos custos fixos para compor o custo dos
produtos se deve que os mesmos referem-se aos
recursos econômicos, não têm, portanto, relação direta
com os produtos produzidos (FREZATTI et al, 2009).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa é o procedimento que busca a solução de
determinado problema, envolvendo várias fases até o
alcance do resultado esperado. Gil (2002) comenta
que a pesquisa é requerida quando não há informação
suficiente para responder determinado problema
enquanto Fachin (2003) relaciona pesquisa como um
procedimento intelectual em que o pesquisador tem
como objetivo adquirir conhecimentos verdadeiros a
respeito de um determinado fato ou problema, com
base em métodos e técnicas apropriadas. Desse
modo a metodologia tem por objetivo dar norte para
o desenvolvimento da pesquisa, mostrar os caminhos
a serem percorridos para a busca dos resultados
pretendidos.
Para o delineamento da pesquisa adotou-se os critérios
apresentados por Borinelli (2005), classificados
quanto: aos objetivos; a natureza do problema; a
abordagem do problema; procedimentos técnicos; ao
método de abordagem e ambiente da pesquisa.
Quanto aos objetivos da pesquisa o estudo enquadra-
se como explicativa. Para os autores (SEVERINO, 2008;
GIL, 2004) comentam que a pesquisa explicativa além
de registrar e analisar os fenômenos estudados busca
identificar sua causa, seja por meio da aplicação do
método matemático, ou por meio da interpretação,
possibilitada pelos métodos qualitativos. É o tipo
de pesquisa que tem como preocupação central
identificar os fatores que determinam e contribuem
para a ocorrência dos fenômenos.
A natureza do problema a pesquisa se enquadra na
aplicada que segundo Orquiza e Magalhães (2002)
é o tipo de pesquisa que gera conhecimento para
aplicação prática dirigida à solução de problemas
específicos com utilização e consequências
práticas do conhecimento, envolvendo verdades e
interesses locais. Enquanto a classificação quanto à
abordagem do problema é qualitativa, cujo objetivo é o
conhecimento de características não observadas pela
abordagem quantitativa, haja vista a superficialidade
deste último (BEUREN, et al, 2010).
No que se refere aos procedimentos técnicos, o
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
109
estudo se enquadra no estudo de caso, por buscar
aprofundar o conhecimento identificando a forma
como os produtores operacionalizam o processo
produtivo e calculam o custo de produção. Enquanto a
abordagem foi utilizada o método dedutivo, por aplicar
conceitos já existentes - custeio variável, e aplicando
em casos particulares.
O ambiente da pesquisa, no entendimento de Silva
(2010) consiste na coleta direta da informação no
local em que ocorrem os fenômenos. O pesquisador
observa os fatos como realmente se apresenta, coleta
dados referentes aos mesmos e por fim faz uma
análise e interpretação desses dados, com o intuito de
entender e explicar o problema de pesquisa.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 BREVE CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DA
COOPERATVAMA
A Cooperatvama foi fundada em 13 de maio de 2006 no
Distrito de Poema, Município de Nova Tebas-Paraná,
com 36 produtores rurais com área de até 5 hectares.
As dificuldades desses produtores considerando a área
de plantio o tipo de solo (morros e pedregulhos), custo
de insumos e preço dos produtores no momento da
venda, deslumbraram a possibilidade de desenvolver
outro tipo de cultura, motivado por um líder comunitário,
surgiu a idéia dos produtos orgânicos. A dificuldade
foi encontrar um tipo de produção comum a todos e
que a cultura fosse viável na região, considerando
clima, solo, investimento financeiro, área de plantio
e questões culturais dos produtores. Analisando
aspectos geológicos e climáticos (temperaturas
elevadas e solo com ondulações) a opção foi o plantio
do maracujá azedo orgânico, com baixo custo e com
crescente demanda no mercado consumidor por
produtos orgânicos. Consolidada a ideia o lider buscou
apoio técnico e financeiro do Programa Multidiciplinar
de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho e os
Movimentos Sociais (UNITRABALHO) na Universidade
Estadual de Maringá (UEM), onde foram realizadas
reuniões com técnicos da Unitrabalho; professores;
estagiários do curso de Agronomia e produtores e
liderança local.
No início os desafios foram inúmeros, porém, os
cooperados buscaram alternativas tanto para a
produção como para a comercialização. O primeiro
desafio foi participar do Programa de Aquisição de
Alimentos, com o apoio da Unitrabalho/UEM, que
auxiliou na elaboração do projeto. Com o projeto
aprovado ocorreu à entrega da produção para compor
a merenda escolar do município e outras regiões.
O segundo desafio, agregar valor ao produto in natura.
Para tanto a decisão foi busca recursos financeiros
para construir uma fabrica para despolpar o maracujá
orgânico e comercializar a polpa. Novamente o apoio
técnico da UNITRABALHO/UEM, foi fundamental na
elaboração de projeto junto ao Governo Federal para
captar os recursos. A Prefeitura Municipal de Nova
Tebas teve papel importante, tanto nas negociações
quanto com concessão do terreno para a instalação
da fabrica.
4.2 SISTEMA DE PLANTIO E COLHEITA DA
CULTURA
As mudas dos maracujazeiros são adquiridas em
viveiros ou produzidas pelos produtores, extraindo
as sementes dos melhores frutos. Para o plantio o
processo inicia-se com o preparo do solo, fazendo a
aração e grandagem. A operação seguinte é abertura
das covas, geralmente, com 40cm de largura por
50cm de comprimento e 50cm de profundidade e
espaçamento entre as mudas de 3x3 metros. Concluída
essa etapa, o ideal é fazer a adubação orgânica com
antecedência mínima de trinta dias antes do plantio, o
mês considerado adequado é setembro para evitar o
risco de geadas.
Para sustentação dos pés de maracujá é adotado o
sistema denominado de espaldeira, que consiste
em fixar no solo palanques de madeira ou bambu e
esticar entre eles, dois fios de arame liso, sendo que
o primeiro deve ter 1,4 a 1,6 metros e o segundo de
1,8 a 2,0 metros de alturas, para suportar o peso da
planta. Na fase de condução (direção) e formação
da guia principal da planta, o produtor faz desbrotas
periodicamente, para assegurar que apenas uma
haste cresça até a altura do primeiro arame, deixando
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
110
dois brotos laterais e fazendo as desbrotas na guia
principal até que a mesma atinja o segundo arame.
Importante que a cultura seja mantida sempre limpa,
por meio do uso de roçadeiras manuais ou enxadas.
A adubação orgânica é um processo continuo e
necessário para a cultura, não somente para assegurar
condições de elevadas produções de frutos, mas
também para viabilizar o controle de principais doenças
que afetam a cultura. Composta de esterco de gado,
cama de frango e compostagem de material orgânico,
como folhas de árvores, palhas de milho, arroz. A
polinização das flores pode ocorrer manual, quando é
realizada pelo produtor ou natural quando é polinizada
pela mamangava (espécie de abelha).
Para controle de doenças fúngicas e bacterianas deve
utilizar para o plantio mudas sadias; cultivar plantas
protetoras ao redor do pomar para afastar insetos
e serve como quebra vento; realizar adubações
equilibradas; instalar viveiros distantes de culturas
comerciais; evitar armazenamento prolongado de
frutos e evitar colher frutos úmidos. Outra medida para
evitar doenças no maracujazeiro é eliminar plantas
daninhas por ser hospedeiras de vírus do maracujá
e manter limpas as ferramentas de cortes utilizadas
antes de usar em outra planta.
No maracujazeiro também é frequente a presença de
pragas como percevejos, moscas das frutas dentre
outros. As moscas das frutas são consideradas como
as principais pragas estes insetos depositam seus ovos
em frutos ainda verdes, o que provoca murchamento
dos frutos antes de atingir a maturação, e ainda as
larvas podem destruir a polpa dos frutos. O controle é
realizado pela catação e descartes de frutos atacados.
Com relação à produtividade do maracujá orgânico é
variável, a média é 12 a 30 toneladas por hectar no
primeiro e no segundo ano. Os períodos de colheita
dura geralmente, 6 a 9 meses, e ocorre nos meses de
dezembro a agosto, com pico de produção nos meses
de fevereiro e abril. A colheita se dá pela catação
manual, quando o fruto atinge o desenvolvimento
completo desprende da planta. Por ser um fruto
frágil, murcha e deteriora rápido, assim, deve ser
comercializado após colhido.
Na cultura do maracujá orgânico os insumos são
basicamente as mudas, adubo orgânico. Materiais
para fazer a espaldeira (parreiras), madeira para as
estacas; arame liso, barbante para amarrar das mudas;
adubos orgânicos. As mudas quando adquiridas é
comercializada por milheiro, custo unitário de R$0,015.
Para cada muda de maracujá utiliza três metros de
arames lisos para amarrar as estacas, custo por metro
de R$0,25.
Para preparar o solo cuja atividade consiste em:
aração e grandagem; marcação da área; coveamento;
plantio; espaldeiramento e aplicação de adubos o
valor da diária é R$50,00, considerando a mão de obra
familiar, computada no custo de produção e colheita.
Valor de referência de 2014 com base na mão de obra
da região para um dia de trabalho (homem e mulher
com idade de 18 a 45 anos). Unidade utilizada para
todas as propriedades, a diferença entre elas é com
relação à área de plantio.
Para a manutenção da cultura são necessários cuidados
constantes, como podas de condução; coroamento;
pulverizações e polinização. Para executar tais tarefas
em quinhentos pés de maracujá são necessários 2
dias para poda; 2 para o coroamento; 2 para pulverizar
e 5 para polinizar. O tempo de formação da cultura
depende do clima da região, geralmente é de 6 a 9
meses.
4.3 APLICAÇÃO DO CUSTEIO VARIÁVEL
O preço de venda por quilos do maracujá orgânico é
padrão para todos os produtores rurais associados a
Cooperatvama R$2,20 por quilo. Desse modo tem-se a
seguinte receita bruta com vendas conforme Tabela 1.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
111
Tabela 1: Receita Bruta com vendas
Produtor hectar Quilos Valor ($) Quilo
Receita Bruta ($)
P1 5 1.900 2,20 4.180,00
P2 2,5 700 2,20 1.540,00
P3 5 800 2,20 1.760,00
P4 5 2.500 2,20 5.500,00
P5 3,5 3.236 2,20 7.119,20
P6 5 1.000 2,20 2.200,00
P7 5 2.500 2,20 5.500,00
P8 1,5 1.000 2,20 2.200,00
P9 5 3.400 2,20 7.480,00
P10 3 4.350 2,20 9.570,00
Após a mensuração da receita bruta, procedeu-se ao
cálculo da Demonstração do Resultado por Produtor,
conforme Tabela 2.
Tabela 2: Demonstração do Resultado por Produtor
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Receita Líquida 4.180,00 1540,00 1760,00 5500,00 7119,20 2200,00 5500,00 2200,00 7480,00 9570,00
(-) Custos Variáveis 1.011,95 461,00 466,75 1673,75 1882,84 593,00 1253,00 715,40 2414,00 2296,50
Materiais de consumo 175,95 153,00 114,75 573,75 459,00 153,00 153,00 275,40 918,00 382,50
Taxa da Cooperativa (20%) 836,00 308,00 352,00 1100,00 1423,84 440,00 1100,00 440,00 1496,00 1914,00
(-) Despesas Variáveis 20,00 15,00 15,00 20,00 20,00 5,00 20,00 0,00 25,00 20,00
Combustível 20,00 15,00 15,00 20,00 20,00 5,00 20,00 0,00 25,00 20,00
(=) Margem de Contribuição 3.148,05 1064,00 1278,25 3806,25 5216,36 1602,00 4227,00 1484,60 5041,00 7253,50
(-) Custos Fixos 1.034,68 810,34 620,32 2650,53 1930,29 810,58 810,02 1288,03 3560,11 1900,54
Mão de Obra Diária 1.034,00 810,00 620,00 2650,00 1930,00 810,00 810,00 1288,00 3560,00 1900,00
Depreciação 0,68 0,34 0,32 0,53 0,29 0,58 0,02 0,03 0,11 0,54
(-) Despesas Fixas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
(=) Lucro do Período 2.113,37 253,66 657,93 1155,72 3286,07 791,42 3416,98 196,57 1480,89 5352,96
Com as informações da Tabela 2, fez um ranking
entre as propriedades relacionando área de plantio
(hectares); quantidade plantada (pés) e resultado
($). Dentro desses parâmetros pode-se inferir que:
primeiro lugar foi P7, com área de 0,5 hectares e com
200 pés plantados obteve resultado de R$3.416,98;
segundo P1, com área de 1,05 hectares e 230 pés
resultado R$2.113,37; terceiro P3, resultado de R$
657,93 com área de 0,5 hectares e 150 pés; quarto
P10, resultado de R$ 5.352,96, área de 1 hectare e
500 pés; quinto P6 com 200 pés resultado área 1
hectare resultado R$ 791,42; sexto P5 resultado R$
3286,07, área 0,5 hectares e 600 pés; sétimo P2, área
0,5 hectare, resultado R$ 253,66, e 200 pés; oitavo P4,
resultado R$ 1.155,72, área 1 hectare e 750 pés; nono
P8, resultado R$ 196,57, área 0,5 hectare e 360 pés; e
décimo P9, área 2 hectares plantio de 1200, resultado
R$ 1.480,89.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
112
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pela sustentabilidade na agricultura de
pequeno porte é complexa e desafiadora, e envolve
diversas dimensões e articulação de agentes públicos
e privados. Neste artigo foi apresentado um panorama
de necessidades quando se analisam os aspectos
econômico, social e ambiental da agricultura de
pequeno porte. No aspecto econômico, revelam-se a
possibilidade de combinar a escolha de sistemas de
produção para tender determinado mercado, como os
produtos orgânicos. A agricultura de pequeno porte
apresenta enorme potencial para avançar utilizando
esta estratégia, porém, depende de políticas públicas
de apoio e de órgãos públicos ou sociais.
O aspecto social da agricultura de pequeno porte
revela-se pouco desenvolvido. Neste caso destaca-se
o papel fundamental das associações de produtores
(cooperativas), que carecem de apoio financeiro é
técnico por parte de agentes públicos; instituições de
ensino (projetos de extensão). No campo ambiental os
produtores de pequenas propriedades encontram-se
em situação similar à de populações urbanas de baixa
renda. Como demonstra o estudo, a permanência
para produtores com pequenas áreas praticamente é
de subsistência, o que aponta os dados de P8; P2;
P3 e P6, cujos rendimentos são menores que o salário
mínimo definido no país.
Esses produtores podem adotar práticas
ambientalmente condenáveis ou viver em situações de
risco ambiental. Entretanto, a agricultura de pequeno
porte pode aprimorar a sua sustentabilidade ambiental
a partir de políticas públicas coordenadas entre
municípios e governo, como o Programa de Aquisição
de Alimentos, para tanto carecem das políticas públicas
que dêem o suporte financeiro e técnico para manter-
se com dignidade em suas unidades produtivas.
O estudo revela o potencial de aplicação do conceito de
sustentabilidade à agricultura de pequeno porte, com
a criação da cooperativa (Cooperatvma) coordenada
por meio de arranjos entre os produtores, iniciativa
que provocou mudanças no local com a instalação
da fábrica, mas a mudança mais relevante observada
pelo estudo foi à motivação de continuarem produzindo
sem a necessidade de buscarem alternativas nos
centros urbanos.
Diante dos dados apresentados é percebido que
a cultura do maracujá orgânico não proporcionou
melhorias significativas em termos financeiros, porém,
não se pode deixar de olhar para a importância
dos aspectos sociais, a permanência na localidade
que escolheram para viver juntamente com seus
familiares. Outro ponto em destaque no estudo é que
não necessidade de grandes áreas para produzir,
pois mesmo em áreas menores pode sim ser eficiente,
exemplo, a propriedade P7, com área de 0,5 hectares
e com 200 pés plantados obteve resultado de
R$3.416,98 superior a P9 com 2 hectares e 1200 pés
de maracujazeiro plantado com resultado R$1.480,89.
Para estudos futuros recomenda-se pesquisa
analisando a produção para o autoconsumo como um
elemento que contribui para a promoção da segurança
alimentar e nutricional, a redução da pobreza e a
inclusão socioprodutiva no meio rural. O Plano Brasil
Sem Miséria, executado em âmbito nacional, e seu
congênere no Rio Grande do Sul, o Programa RS
Mais Igual, são exemplos neste sentido. Em ambos
há ações que buscam estimular a produção para
o autoconsumo aliada a um conjunto de políticas
que visam enfrentar a pobreza extrema por meio
de melhorias nas condições socioeconômicas das
famílias rurais no Brasil. Fazendo essa análise poderia
encontrar resultado superior ao apontado no estudo,
pois aqui não levou em consideração a produção de
alimentos produzidos nas propriedades que de certa
forma contribui e muito para manter essas famílias nas
propriedades rurais.
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Capítulo 11TERCEIRO SETOR E SUSTENTABILIDADE: PROJETO JOVENS
RURAIS EM MOVIMENTO THIRD SECTOR AND SUSTAINABILITY:
YOUTH PROJECT RURAL MOVING
Vanessa Alberton
Sergio Luis Dias Doliveira
Carlos Cesar Garcia Freitas
Resumo: Este trabalho visa apresentar os resultados de um estudo sobre o “Projeto Jovens Rurais em Movimento” (PJRM), executado pelo Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CEDEJOR). O PJRM teve o objetivo de fortalecer o tecido sócio organizativo do Território Centro Sul do Paraná, estimulando os jovens rurais a participar de discussões e decisões nas instâncias territoriais. Além disso, consiste em uma ação voltada à aplicação da sustentabilidade no meio rural e premiada pela UNESCO. Para tanto, foi realizado uma pesquisa de abordagem quantitativa, de caráter descritiva, com emprego da estratégia de estudo de caso, por meio de entrevista e análise documental. Como resultado principal tem-se que houve a participação, de forma direta e indiretamente, de aproximadamente 800 jovens rurais, engajados em uma causa de formação, de representatividade de seus grupos sociais perante os órgãos do setor agrícola e de capacitação para desenvolver e pensar atitudes sustentáveis. Além disso, destaca-se a evolução da sustentabilidade social, por meio da inserção desses jovens nas discussões e tomada de decisões do Conselho Gestor.
Palavras Chave: Representatividade Juvenil, Desenvolvimento Rural, Inserção.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
116
1. INTRODUÇÃO
Impulsionada pela fundação do Clube de Roma,
em 1968, as discussões e reflexões a cerca da
problemática ambiental, originadas em iniciativas
pontuais (obras Economics of Welfare de Arthur
Cecil Pigou (1920) e Silent Spring de Rachel Carlson
(1962)), intensificaram-se e obtiveram reconhecimento
universal, assim como, foram ampliadas. A partir de
então, muitos outros eventos ocorreram envolvendo a
busca de soluções para os problemas ambientais e
seus reflexos na sociedade. Apesar do grande avanço
teórico obtido na dimensão prática, percebe-se que
muito ainda tem que ser feito.
A discussão inicial sobre meio ambiente acabou sendo
ampliada, decorrente da compreensão do fenômeno
sustentabilidade, que envolve também aspectos
sociais e econômicos. Isso implica em um aglomerado
de informações e ações em todo o planeta. Apesar
de soluções divergentes a respeito do problema, há
um consenso: o ser humano é o responsável pelo
problema e pela solução, atuando nos dois lados da
moeda: suas decisões podem continuar o processo de
deterioração do seu ambiente ou podem revertê-lo.
Porém, as dificuldades para implementar a
sustentabilidade são enormes, devido: a complexidade
do fenômeno e a condição sine qua non de mudança de
valores da sociedade. A educação é um “fator crucial
na tentativa da sensibilização dos indivíduos para a
mudança de postura, de modo que cada um se sinta
responsável e mobilize esforços para a realização de um
trabalho lento e gradual de transformação” (JUSTINO,
2010, p. 24). Ainda, acredita-se que as ações para
criar um contexto sustentável devam ocorrer mediante
esforços coletivos dada a complexidade do fenômeno
que se manifesta de modo sistêmico e global.
Portanto, a responsabilidade coletiva que envolve a
sustentabilidade engloba diversos atores e, segundo
Barbieri e Silva (2011, p. 54), “é indispensável um
trabalho de educação em questões ambientais,
dirigido para jovens e adultos”, formando agentes
aptos a proporcionarem transformações na sociedade
em que vivem.
Neste sentido, ações desenvolvidas pelo terceiro
setor tem se destacado como alternativa formadora
de cidadãos dispostos a agir e disseminar a
sustentabilidade em seus meios de convivência,
mostrando de forma gradual a importância de
preservar, de pensar o coletivo e cuidar do que é de
todos, como é o caso do PJRM, aqui apresentado.
Em face do exposto, este artigo tem como objetivo
apresentar os resultados de um estudo sobre o Projeto
Jovens Rurais em Movimento, que foi proposto e
executado pelo CEDEJOR, tendo parceria com o
Conselho Gestor do Território Centro Sul do Paraná e
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Os resultados apresentados têm a finalidade de
promover a democratização do conhecimento, assim
como, contribuir em futuros e atuais projetos que
envolvem a sustentabilidade e o desenvolvimento
rural. A pesquisa foi desenvolvida a partir da seguinte
problemática: Como se deu o desenvolvimento do
Projeto Jovens Rurais em Movimento?
Para exposição do conteúdo, foram estruturados os
seguintes tópicos: referencial teórico, abordando
os conceitos principais da problemática estudada;
procedimentos metodológicos, explicitando os
passos utilizados no estudo; descrição e análise dos
resultados, descrevendo os principais elementos do
objeto de estudo; considerações finais e referências,
destacando as obras utilizadas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 SUSTENTABILIDADE
Muito se fala sobre o conceito de sustentabilidade
e existem pesquisas que comprovam que, mesmo
assim, a grande maioria das pessoas não compreende
o seu significado. O conceito mais difundido em
todo o mundo é aquele elaborado pela Comissão
Brundtland, grupo nomeado pela Organização das
Nações Unidas para propor estratégias para melhorar
o bem-estar, sem ameaçar o meio ambiente, em 1987,
dizendo que a “humanidade tem a capacidade de
promover o desenvolvimento sustentável para garantir
que ele atenda às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades” (WCED,
1987, p. 24) (tradução nossa). Essa definição deixa
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
117
claro um dos princípios básicos da sustentabilidade, a
visão de longo prazo, uma vez que os interesses das
futuras gerações devem ser analisados (CARRILLO-
HERMOSILLA; GONZALEZ; KONNOLA, 2009).
Esse conceito está relacionado com três dimensões: a
econômica, a ambiental e a social, formando o chamado
tripple bottom line. Almeida (2002) explica brevemente
cada componente do conceito de sustentabilidade,
sendo que a dimensão econômica inclui a economia
formal e a informal, a qual provê serviços tanto para
indivíduos quanto para grupos, aumentando a renda e
o padrão de vida dos mesmos.
A dimensão ambiental ou ecológica age em função
de estimular a consciência de que o impacto de
certas atividades sobre o meio ambiente causa
danos irreversíveis, dependendo da forma como são
utilizados os recursos naturais. Por fim, a dimensão
social se relaciona com as qualidades dos seres
humanos, suas habilidades, dedicação e experiências,
enfim, consiste no aspecto social, abrangendo tanto
ambientes empresariais quanto da sociedade em
geral (ALMEIDA, 2002).
Independente de qual dimensão for, é importante que
a população esteja consciente de que as “decisões e
ações da humanidade em relação à sustentabilidade
determinarão seu futuro e o das próximas gerações”
(MAIA e PIRES, 2011, p. 181), e para que isso ocorra,
não basta esperar que as soluções venham da área
política ou de mercado. Ações próprias ou de entidades
específicas que lutam por causas sociais, ambientais
e voltadas para o desenvolvimento humano são boas
opções de melhorias, por mais que os resultados
sejam pequenos e envolvam regiões restritas, em
alguns casos.
A UNESCO (1997), afirma que o conceito de
sustentabilidade é algo complexo e que abrange não
apenas o meio ambiente, mas também engloba outros
aspectos como a pobreza, saúde, paz, população,
segurança alimentar, democracia e direitos humanos
e que há a necessidade de ser tratada de forma
interdisciplinar, considerando os contextos locais,
regionais e nacionais.
O conceito de sustentabilidade é compreendido por
muitas ONGs como um “princípio estruturador de um
processo de desenvolvimento centrado nas pessoas e
que poderia se tornar o fator mobilizador e motivador
nos esforços da sociedade para transformar as
instituições sociais, os padrões de comportamento e
os valores dominantes” (RATTNER, 1999, p. 233).
Esse posicionamento vai ao encontro à definição oficial
adotada pelos governos e agências internacionais,
instigando a força da sociedade e seu poder de
influenciar nas decisões e ações a serem tomadas,
principalmente sobre as questões da sustentabilidade.
2.2 TERCEIRO SETOR
Da lacuna entre a ineficiência do primeiro setor –
Governo – e da indiferença aos problemas sociais
do segundo setor - Iniciativa Privada - surgiu o
chamado terceiro setor, como iniciativa da sociedade
civil organizada na busca de soluções para os seus
próprios problemas.
O GESET (2001, p. 4) conceitua o primeiro setor como
aquele que diz respeito ao Estado, onde a origem e a
destinação dos recursos são públicos, cabendo a ele
(Estado) realizar as ações que determinam a utilização
desses bens capitais. Já o segundo setor corresponde
ao capital privado, cuja aplicação de recursos é
revertida em benefício próprio. Por fim, o mais recente,
“constitui-se na esfera de atuação pública não-estatal,
formado a partir de iniciativas privadas, voluntárias,
sem fins lucrativos, no sentido do bem comum”.
No terceiro setor, incluem-se diversos tipos de
instituições, como: organizações não governamentais,
fundações e institutos empresariais, associações
comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas,
assim como várias outras instituições sem fins
lucrativos. O Código Civil, através da Lei nº 10.406/02,
rege as entidades desse setor.
De acordo com o presidente da OAB de São Paulo, em
mensagem inicial na Cartilha sobre Aspectos Gerais
do Terceiro Setor (2011, p. 2)
O Terceiro Setor já ganhou
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
118
reconhecimento pelas soluções positivas
que vem encontrando para toda a
sociedade brasileira. São associações,
fundações, instituições e organizações,
com peculiaridades jurídicas próprias
na área tributária, de isenções e
imunidades; na área trabalhista, com
a Lei do Voluntariado e no Direito
Civil, quando da constituição de uma
ONG. No processo de transformação
da sociedade, o Terceiro Setor vem
encontrando respostas criativas para
ajudar a mudar o futuro do Brasil.
Como bem dito por Lourenço e Dos Santos (2011), são
tomadas muitas iniciativas para apoiar os necessitados,
porém muitas delas se resumem a entregar alimentos
e roupas. O que é preciso na realidade, são medidas
eficazes para suprir as necessidades básicas de
moradia, alimentação, saúde, educação, etc., além
de auxiliar na inserção social dessas populações,
tanto profissional quanto cultural e de conhecimento,
visando a construção plena da cidadania.
O grande crescimento e abrangência do terceiro setor
é explicado por Salamon (1998), como oriundas de
duas origens distintas, sendo: de baixo, através dos
movimentos populares de fora, por meio de inúmeras
instituições públicas e privadas e; de cima, com o
apoio de políticas públicas governamentais. O mesmo
autor complementa dizendo que “a força mais básica
é aquela de pessoas comuns que decidem organizar-
se e tomar em suas próprias mãos a melhoria de suas
condições ou a busca de direitos básicos” (Ibidem, p.
7).
Essa emergência do terceiro setor, em tese, representa
uma “mudança de orientação profunda e inédita no
Brasil no que diz respeito ao papel do Estado e do
Mercado e, em particular, à forma de participação do
cidadão na esfera pública” (FALCONER, 1999, p. 1),
em busca de sua vez e voz, reivindicando melhorias
para seus grupos sociais.
A gestão de organizações do terceiro setor é
fundamentada na preocupação com a ação social
transformadora orientada por valores de solidariedade
e de confiança mútua. Dessa forma, apresenta um
estilo próprio de gestão e enfrenta, ao longo dos anos,
desafios diversos no que tange à própria manutenção
e ao repasse de sua imagem perante a sociedade
(TENÓRIO, 2005).
O fato de haver expansão das áreas de atuação das
organizações que fazem parte desse setor levou-
as a buscar recursos financeiros e os gerir de forma
correta e organizada, realizar capacitação de pessoal,
se articular com outros setores sociais, além do
fortalecimento causado por diversos desafios, fez com
que as entidades do terceiro setor se organizassem
melhor e de forma mais estruturada (TENÓRIO, 2005).
Muraro e Lima (2003) trazem o terceiro setor como
um elemento importante no combate aos problemas
sociais do Brasil. Destaca a necessidade de parcerias
com o governo e com o segundo setor, na busca por
profissionalização para provar a capacidade de uma
organização em colocar em prática seus objetivos e
justificar, por meio de bons resultados, sua existência.
Neste sentido, a exposição pública de casos de
sucesso do terceiro setor tem sido uma forma de
evidenciar boas práticas de gestão e processuais que
possam servir de modelo para outras iniciativas. Deste
modo, justifica-se o estudo realizado junto à instituição
CEDEJOR, em relação a sua prática: Projeto Jovens
Rurais em Movimento.
3. MÉTODO
O estudo realizado trata-se de uma pesquisa com
abordagem quantitativa, de caráter descritiva, com
estratégia de estudo de caso. A pesquisa quantitativa
é aquela que considera tudo quantificável, podendo
traduzir opiniões e informações em números, para
posteriormente classificá-las e analisá-las (LAKATOS
e MARCONI, 1986).
De caráter descritiva, como norteada por Gil (2008)
como sendo aquela que descreve as características
de um determinado fenômeno ou população, esta
pesquisa explicita diversas informações sobre o
projeto desenvolvido pelo CEDEJOR, buscando trazer
alguns de seus detalhes mais importantes, como:
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
119
público alvo, metodologia empregada e resultados.
Adotou-se como estratégia o estudo de caso, que por
sua vez “permite uma investigação para se preservar
as características holísticas e significativas dos eventos
da vida real - tais como ciclos de vida individuais,
processos organizacionais e administrativos,
mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações
internacionais e a maturação de alguns setores” (YIN,
2001, p. 21).
Como instrumento de coleta de dados foram
empregados: o questionário semiestruturado e
análise documental. O questionário permitiu captar a
percepção dos entrevistados em relação ao PJRM:
quais as expectativas que tinham e se elas foram
atingidas. Buscou-se também descobrir o porquê da
participação e realização do Projeto, além de observar
o que ficou de aprendizado, o que está sendo aplicado
no cotidiano dos participantes. A análise documental
permitiu a visão geral do processo por meio do resgate
de registros históricos, tanto da entidade quanto do
projeto executado, buscando entender o contexto em
que foi pensando e desenvolvido o projeto.
A intenção era investigar o PJRM, que ao todo
envolveu cerca de 800 jovens em suas atividades,
porém os questionários foram aplicados apenas com
alguns jovens envolvidos, escolhidos de acordo com
indicação de uma das organizadoras. Esses jovens
foram referência no projeto, acreditou-se que teriam
disponibilidade para responder e teriam acesso
fácil à internet, considerando que o questionário foi
encaminhado por meio de correio eletrônico. Cinco
pessoas responderam a pesquisa, servindo de
valiosas fontes de informações.
4, RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DO JOVEM
RURAL (CEDEJOR)
Fundado na região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande
do Sul em 2001, o CEDEJOR é uma organização
social, sem fins lucrativos, de interesse público e que
tem trabalhado em territórios rurais dos três estados da
Região Sul Brasileira, sendo eles: Núcleo do Território
das Encostas da Serra Geral, no município de Lauro
Muller, Santa Catarina; Núcleo do Território do Vale
do Rio Pardo, no município de Rio Pardo, Rio Grande
do Sul; e no Paraná, atua em dois locais: Núcleo do
Território de Caminhos do Tibagi, no município de
Tibagi; e Núcleo do Território do Centro Sul do Paraná,
no município de Guamiranga (CEDEJOR, s. d.).
É uma organização não governamental que acredita
e investe no potencial do jovem rural como um
empreendedor e liderança, além de crer no poder da
cooperação desses jovens para o fortalecimento e
sustentabilidade da economia e da governança local,
pois possuem ideias novas e diferenciadas que podem
trazer grandes conquistas para a comunidade em que
estão inseridos (CEDEJOR, 2013a).
Trata-se de um espaço utilizado na capacitação
de jovens rurais, filhos de agricultores do Território
Centro Sul do Paraná ou jovens moradores dos doze
pequenos municípios que o compõe. No município de
Guamiranga atua desde julho de 2004, sendo formado
pelos municípios de Fernandes Pinheiro, Guamiranga,
Imbituva, Inácio Martins, Ipiranga, Irati, Ivaí, Mallet,
Prudentópolis, Rebouças, Rio Azul, Teixeira Soares e
São João do Triunfo (CEDEJOR, 2008).
Considerando que os municípios apresentam a maior
parte de suas extensões territoriais de ocupação
agrícola (com um total de sete dos doze municípios
apresentando quantidade maior de moradores na
área rural), faz-se necessário o desenvolvimento
e implantação de técnicas e práticas que visam a
sustentabilidade, a fim de melhorar as condições de
uso da terra e preservação dos recursos naturais.
O CEDEJOR utiliza como metodologia de ensino a
Pedagogia da Alternância. Nela, os jovens passam
22 semanas com atividades no Centro de Formação,
alternando com períodos de duas ou três semanas
em que permanecem na propriedade rural (com
assistência de monitor do CEDEJOR), a fim de colocar
em prática os conhecimentos adquiridos durante a
capacitação presencial (CEDEJOR, 2008).
A formação dos jovens é baseada em três pontos
básicos, chamados de eixos, sendo eles: humano
(visa estimular a atuação juvenil na resolução de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
120
problemas coletivos); técnico (que pretende viabilizar
empreendimentos agrícolas e não-agrícolas na
valorização do território rural) e; gerencial (garantindo
noções de gestão estratégicas aplicáveis à agricultura
familiar e pequenos empreendimentos no espaço
rural) (CEDEJOR, 2008).
De acordo com o Planejamento Estratégico 2013
– 2016 (CEDEJOR, 2013b), atualmente os jovens
somam cerca de 40% da população rural no país e,
por serem a nova geração, com maior escolaridade e
novas ideias, são vistos como agentes potenciais de
empreendedorismo e liderança, possuem acesso a
novas tecnologias e são capazes de operar a sucessão
familiar, aprimorando e mantendo a agricultura familiar.
4.2 PROJETO JOVENS RURAIS EM MOVIMENTO
(PJRM)
Dentre os programas e projetos desenvolvidos pelo
CEDEJOR, o Projeto Jovens Rurais em Movimento
se destaca, tendo sido eleito pela Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/
ONU) como uma boa prática para o desenvolvimento
sustentável.
Foi executado entre agosto de 2009 a fevereiro de
2012 com recursos do Ministério do Desenvolvimento
Agrário através do PRONAT (Programa de
Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais) e
teve como objetivo: buscar o “fortalecimento do tecido
sócio-organizativo do Território através do estímulo à
participação jovem em fóruns próprios e instâncias
territoriais de discussão e decisão” (TABARRO, 2015,
s. p.).
Outros objetivos estabelecidos diziam respeito:
ao estímulo de grupos de jovens para debater
temas pertinentes a eles, sobre geração de renda
e o desenvolvimento do Território; a aumentar o
conhecimento técnico nessas duas ultimas áreas;
estimular a participação dos jovens rurais nas
instâncias de representação, discussão e tomada de
decisão do Território.
O projeto foi executado pelo CEDEJOR, com a atuação
de 4 profissionais formados em áreas diversas, 12
jovens facilitadores e 12 mediadores, 2 automóveis e o
espaço físico do Centro de Formação, onde ocorreram
as atividades. Teve apoio de diversos parceiros,
como: MDA; Caixa Econômica Federal; Conselho
Gestor do Território Centro Sul do Paraná; Instituto
Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER); Universidade Estadual do Centro-Oeste,
Campus Irati (UNICENTRO); Secretarias de Agricultura
dos Municípios do TCS do Paraná; Secretaria da
Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná
(SEAB) e; Associação dos Municípios Centro Sul do
Paraná (AMCESPAR) (TABARRO, 2015).
Abrangeu os municípios que compõe o Território e
um que não faz parte: Paulo Frontin. Para a execução,
utilizou recursos de terceiros (aproximadamente
100 mil reais) e teve como área temática principal a
inclusão sócio-produtiva. Envolveu a microrregião,
cujo público alvo era: entidades de educação formal
voltadas para o campo e; organizações do terceiro
setor ligadas a projetos de educação do campo. Dessa
forma, quem se beneficiou diretamente com o projeto
foram os jovens rurais em formação e/ou egressos das
instituições supracitadas (TABARRO, 2015).
Como justificativa para sua implantação, o Projeto
baseou-se na evidente necessidade existente no
Território de fortalecer o contexto sócio-organizativo.
Considerou as demandas sociais da juventude rural
e a carência de participação dos agricultores nos
espaços de representação e tomada de decisão da
categoria, sendo constatadas certas limitações em
relação à participação dos agricultores nos rumos
do desenvolvimento do Território, o que afetava
diretamente o funcionamento dos CMDRs (Conselhos
Municipais de Desenvolvimento Rural) e o próprio
Conselho Gestor (TABARRO, 2015).
“A juventude rural mostrava condições de dinamizar
o processo de desenvolvimento desencadeado pelo
Conselho Gestor do Território e orientado por seu Plano
de Desenvolvimento Territorial”, aliada com os fatores
sociais e organizativos, os jovens foram vistos como
uma forma de interferir positivamente nas atividades do
Território. Isso aconteceria por meio da “participação
jovem nas diversas instâncias de discussão e tomada
de decisão”, incrementando as ações territoriais e
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
121
concretizando um espaço para expor e defender as
demandas desses jovens (TABARRO, 2015, s. p.).
4.3 METODOLOGIA UTILIZADA NO PJRM
A dinâmica de funcionamento do projeto iniciou com
a realização de Oficinas Juvenis, com a mediação
de Jovens Agentes de Desenvolvimento Rural (com
idade entre 16 a 29 anos e que receberam treinamento
específico), tornando-se um espaço de discussão das
questões da juventude rural para o desenvolvimento
territorial. As oficinas serviram de estímulo para formar
Coletivos Juvenis, com participação em fóruns, onde
representavam os jovens rurais.
Os Jovens Agentes tiveram outras funções, como:
participar das reuniões das associações comunitárias
onde moram, dos CMDR’s, do Conselho Gestor do
Território e das Câmaras Técnicas ou Temáticas.
“Também acompanhavam viagens técnicas e
intercâmbios, onde os mediadores e facilitadores, com
a equipe do CEDEJOR, planejavam visitas técnicas
em propriedades de referência de acordo com temas
de interesse” (TABARRO, 2015, s. p.).
Nas Oficinas Juvenis aconteciam as reuniões dos
jovens locais para a discussão das questões juvenis
e para a ampliação dos conhecimentos através
de palestras. As Oficinas foram realizadas por
mediadores e facilitadores (duplas de jovens que
desenvolviam diversas atividades devidamente
orientadas pelo Coordenador do Projeto) e recebiam
uma bolsa auxílio mensal. As oficinas tinham dois
eixos distintos: discussão de questões da juventude
e; técnicas, gerenciamento e opções de geração de
renda (TABARRO, 2015).
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Baseados nos depoimentos dos jovens entrevistados
serão inseridos pequenos comentários referentes às
dificuldades, experiências, conquistas e outros pontos
importantes do PJRM. A Jovem 3 relata que o projeto
passou por muitas dificuldades para ser implantado,
pois “está cada vez mais difícil do jovem rural assumir
essa identidade, mesmo nascendo na roça o sonho de
quase todos os jovens é sair da propriedade tanto para
estudar, ou apenas para ganhar um salário mensal”.
Essas barreiras são frequentes na realidade rural. São
dificuldades financeiras, de produção, de assistência
técnica, a vontade de buscar com condições de vida
melhores do que aquelas que os pais tiveram e que
levam os jovens ao êxodo rural.
Os resultados obtidos se dividem de forma quantitativa
e qualitativa. Em relação aos quantitativos, destacam-
se os aproximadamente 800 jovens atingidos de forma
direta e indiretamente, por meio das oficinas, visitas
técnicas, articulação territorial e demais ações.
Além disso, foram realizadas: 4 oficinas de capacitação
para os mediadores e facilitadores e 4 oficinas de
preparação e avaliação dos Jovens Agentes de
Desenvolvimento Rural; 1 Seminário de Juventude e
Desenvolvimento Territorial articulados diretamente
com jovens e parceiros; 299 oficinas juvenis;
participação e articulação de 1.024 representantes
da juventude rural no território; 25 visitas técnicas em
propriedades rurais; 3 viagens de intercâmbio coletivo
(Acampamento de Juventude em SC, viagem para a
Cooperafloresta em Barra do Turvo/SP e para a Ilha de
Superagui/PR) (TABARRO, 2015).
Em relação às oficinas, foram consideradas pela
Jovem 3 como uma conquista, pois despertaram o
“interesse do jovem pelo meio onde vive, através do
reconhecimento como agricultor familiar responsável
pela sucessão familiar da propriedade e da
produção de alimento”, através do aproveitamento
de oportunidades para melhorias e implantação das
atividades.
As atividades não eram realizadas apenas entre
os participantes. O Jovem 1 cita que a realização
de um projeto de horta orgânica com um grupo de
adolescentes de uma escola foi uma das atividades
que se destacou.
Ainda, os jovens tiveram a oportunidade de realizar
um estágio de uma semana, de acordo com o tema
escolhido em seus projetos de geração de renda, que
era uma atividade obrigatória do período de formação.
No total, foram 45 intercâmbios individuais.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
122
Já sobre os resultados qualitativos, vale ressaltar a
expressiva inserção de jovens rurais e Agentes de
Desenvolvimento Rural nas instâncias de representação,
diálogo e tomada de decisões do Território de forma
incisiva, principalmente no Conselho Gestor e suas
câmaras temáticas, tendo os jovens como um capital
social valioso no incremento de discussões sobre
desenvolvimento territorial, coletivos juvenis, projetos
de geração de renda e políticas públicas voltadas à
juventude do Território (TABARRO, 2015).
A maior participação dos jovens junto às “instâncias
de discussão e deliberação do Território, como
o Conselho Gestor do Território, suas Câmaras
Temáticas e os CMDRS [...] não foi duradoura, pois
muitos jovens participaram apenas durante o projeto,
não conseguindo depois viabilizar as idas frequentes a
cidade”. Porém, muitos desses jovens “mudaram sua
percepção quanto à participação popular e isso fez
diferença nas opções profissionais e de atuação social
deles” (JOVEM 2).
A formação de lideranças locais foi uma temática que
resultou bons frutos, incentivando a presença mais
constante dos jovens na comunidade e deixando a
convicção de que a juventude não é o futuro, mas sim
o presente (JOVEM 3).
Destaca-se também a promoção de grupos e coletivos
juvenis e forte articulação através destes; incremento
das articulações no território promovidas pelo apoio dos
Jovens Agentes de Desenvolvimento Rural às ações
realizadas pelo articulador do Território Centro Sul do
Paraná; jovens rurais capacitados para a discussão
sobre desenvolvimento territorial sustentável, com
ampliação do conhecimento técnico, gerencial, social
e humano; desenvolvimento de projetos de geração
de renda implantados no território e jovens rurais
sensibilizados a se inserir nos mesmos e; jovens rurais
envolvidos na discussão de seus direitos e deveres,
acompanhando a implantação das políticas públicas
voltadas à juventude rural no Território Centro Sul
(TABARRO, 2015).
A inserção social não foi trabalhada apenas no sentido
de participação política e representativa. O Jovem 1
relata a preocupação da era digital e a inserção das
famílias no mundo tecnológico, como uma forma de
incentivo ao êxodo rural. As facilidades dos centros
urbanos são atrativas, porém muitas comunidades
rurais hoje possuem acesso à internet e celular, dando
comodidade ao campo e incentivando a permanência
na propriedade rural.
A inserção de gênero foi uma das questões que o
PJRM enfatizou nas discussões com os jovens durante
o período de execução. Ainda há muito autoritarismo
no campo e as questões hereditárias são uma marca
forte nas famílias, fazendo com que as mulheres, “na
maioria das vezes não tem voz nem vez dentro da casa,
os pais não incentivam nem um pouco a permanência
delas no espaço ou na Unidade Familiar de Produção,
em algumas vezes nem os jovens têm essa abertura”
(JOVEM 1). Aliado a isso, tem-se o fato de essas jovens
serem incentivadas a estudarem fora, na cidade ou em
outro município.
Os rapazes, sem apoio dos pais e do próprio município
para que permaneçam na lavoura, acabam indo para
a cidade também, pois o campo não oferece as
condições de permanência. Há pouca geração de
renda, falta de opções de lazer (JOVEM 1).
O relato da Jovem 2, mostra as expectativas que foram
criadas em relação ao projeto:
Esperávamos que o PJRM ampliasse
a atuação do CEDEJOR no Território
Centro-Sul do Paraná, alcançando mais
jovens e mais comunidades rurais.
Esperávamos também novos espaços de
atuação para os jovens que já estavam no
CEDEJOR e que possuíam o anseio de
compartilhar seus conhecimentos. Estes
objetivos foram plenamente atingidos.
Para a Jovem 5, o projeto foi além das expectativas
“desde as atividades realizadas propiciadas pelo
repasse de recursos, assim como o envolvimento
dos jovens em todas as ações”, incluindo atividades
realizadas nas comunidades, “participações em
processos de decisão, assim como no fortalecimento
da nossa organização”.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
123
Tal projeto foi realizado com êxito, atingiu um número
expressivo de jovens rurais, capazes de promover o
desenvolvimento sustentável em suas propriedades,
comunidades e regiões, retribuindo o investimento
de instituições como o CEDEJOR, fortalecendo suas
propriedades familiares rurais.
Ao término do PJRM, a Jovem 2 afirma que a “autonomia
e o compromisso de parte dos jovens que participaram
do projeto com as questões sociais do campo” foram
pontos positivos que fizeram o projeto valer a pena.
Além disso, é imensurável o aprendizado adquirido
por meio das vivências de educação popular e gestão
de projetos, aliado ao reconhecimento por parte dos
“parceiros do Território, que acompanharam de perto
o trabalho (escritórios locais e regionais da EMATER
PR, Delegacia Estadual do MDA, sindicatos rurais,
Secretarias Municipais de Agricultura)”, além da FAO/
ONU, que embora tenha “participado” após o fim do
projeto, desempenhou um papel importante através
do reconhecimento, mostrando que um pequeno
município e atitudes organizadas são capazes de
gerar consequências e ações social, econômica e
ambientalmente sustentáveis.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões de sustentabilidade, muito em voga
na atualidade, são relativamente difíceis de serem
compreendidas e ainda mais de serem implantadas.
O terceiro setor é um elemento fundamental no
desenvolvimento de ações que visam melhorias
ambientais, econômicas e sociais.
O PJRM contemplou os três pilares da sustentabilidade.
Primeiramente, abrangeu as questões ambientais,
pois proporcionou ao jovem, que por sua vez já
estava em formação, conhecimentos e técnicas ainda
mais aperfeiçoadas para implantar na propriedade
familiar e na região em que vive, sempre objetivando a
sustentabilidade.
No âmbito econômico, influenciou diretamente quando
se fala de baixo custo nas soluções, como construção
de cisternas, de sistemas ecologicamente corretos e
baratos para famílias de baixa renda.
E na questão social, o impacto é ainda maior. Além de
proporcionar ao jovem a inclusão social, fez com que
ele interagisse junto aos órgãos responsáveis pelas
políticas públicas, representando os interesses de
seus grupos e colaborando com ideias de melhorias
das problemáticas sociais. A Jovem 4 conclui que
muitos jovens foram atingidos pela proposta do PJRM e
continuam fazendo a diferença em suas comunidades.
Analisando o Projeto executado pelo CEDEJOR e
respondendo a problemática levantada, podemos
dizer que uma entidade do terceiro setor pode
contribuir com a sustentabilidade de um território rural
de forma imensa e promissora. Apesar da dependência
que o CEDEJOR tem de existirem projetos ativos
para conseguir permanecer em funcionamento, a
capacidade que a equipe tem de buscar alternativas
e condições de desenvolvimento para o Território é
significativa e visível.
É através de entidades do terceiro setor como o
CEDEJOR, com pessoas comprometidas com a
causa e que sentem “a necessidade de fazer algo
pela sociedade” e em prol de jovens com “espírito de
protagonismo”, com “desejo de atuar na comunidade,
mas não tinham a oportunidade de demonstrar
seus anseios” (JOVEM 4) que é possível construir
uma realidade melhor para as pequenas famílias de
agricultores, ensinando-os que é possível percorrer
caminhos até então complicados demais para eles.
A carência que as comunidades rurais apresentam
em termos de apoio, de capacitação, de incentivos
diversos é amenizada com atitudes e ações em
parceria com entidades do terceiro setor. Sem essas
atividades práticas no meio rural, a evasão de jovens
seria ainda maior e constante e o CEDEJOR é uma fonte
de recursos que tem grande influencia na comunidade
agrícola, capacitando e orientando os jovens para que
permaneçam em suas propriedades, fortalecendo-as
e adaptando-as para a gestão das novas gerações, os
filhos de agricultores.
REFERÊNCIAS
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
124
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Capítulo 12PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS
DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Ana Paula Wendling GomeS
Alexandre Sette Abrantes Fioravante
Adriano Provezano Gomes
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o Programa de Educação Socioambiental “Ambientação” no que se refere aos impactos de seus resultados alcançados no complexo do Sistema Estadual de Meio Ambiente - SISEMA. Os resultados revelaram a importância da prática da Educação Ambiental em ambientes de potencial multiplicador, levando a impactos relevantes, tanto no lado social quanto no econômico. O quadro comparativo entre as metas pactuadas e os resultados obtidos mostraram que a prática de inserção de valores socioambientais no âmbito da administração pública estadual vem possibilitando uma série de mudanças de comportamento dos servidores, permitindo que o estado se torne referência em boas práticas ambientais a partir do consumo consciente e da gestão de resíduos nos prédios públicos. Os benefícios podem ser vistos na diminuição dos desperdícios e de custos, aumento da vida útil dos aterros sanitários e na geração de trabalho e renda para associação de catadores de materiais recicláveis. Pode-se concluir, ainda, que as ideias e ações desenvolvidas pelo programa impactam, de forma direta, sobre os gastos do poder público.
Palavras Chave: Programa de Educação Socioambiental, Organizações Públicas, Indicadores de Sustentabilidade, Governo de Minas Gerais
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
126
1. INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental é uma das ferramentas existentes
para a sensibilização e capacitação da população em
geral sobre os problemas ambientais. Com ela, busca-
se desenvolver Programas que facilitem o processo
de tomada de consciência sobre a gravidade dos
problemas ambientais e a necessidade urgente de
promover ações de sensibilização ambiental.
No caminho da sustentabilidade, o principal desafio
é sensibilizar as pessoas para que internalizem a
necessidade de mudanças e sejam capazes de
construir novos referenciais e paradigmas que,
na prática, traduzir-se-ão na implementação de
procedimentos ambientalmente corretos em nosso
dia-a-dia.
Nessa trajetória, os próprios órgãos públicos, escolas
e outras instituições, caminham, muitas vezes, na
contramão da sustentabilidade. Não raro, em seu
local de trabalho, muitos servidores vêm reproduzindo
práticas de consumismo e do desperdício – o que
implica em impactos ambientais negativos associados
ao aumento de custos.
Em contraposição a esses comportamentos
ambientalmente incorretos, torna-se fundamental
o desenvolvimento de um Programa de Educação
Ambiental voltado para ambientes como os órgãos/
edificações públicas, com o objetivo de estimular a
reflexão e a mudança de atitude de seus servidores
e funcionários em geral, haja vista que estas ações
geram um efeito multiplicador na sociedade e nas
contas publicas, mesmo porque os participantes
deste programa levam a prática de suas ações
para ambientes familiares, de convívio coletivo extra
ambiente de trabalho.
O Ambientação é um Programa que busca definir os
contornos de uma nova cultura institucional de políticas
publicas sedimentada no uso racional de recursos
naturais, visando uma maior sustentabilidade desses
recursos. A relevância do projeto é demonstrada
considerando-se a escassez dos nossos recursos
naturais e ao impacto da economia desses recursos
para as políticas públicas em especial à sociedade.
Por meio deste programa tenta-se promover uma
progressiva mudança de atitudes que levem à
consolidação de uma cultura de sustentabilidade,
pela influência comprovada dos Programas de
Educação Ambiental em ambientes com grande poder
multiplicador, como é o caso de órgãos/ edificações
públicas.
A implantação desse Programa em órgãos/edificações
públicas pode fomentar iniciativas que transcendam o
ambiente de trabalho, atingindo tanto as famílias dos
envolvidos no mesmo como também se mostrar um
programa espelho para aqueles órgãos/instituições
que ainda não aplicam o programa de redução de
consumo e gastos, ou seja, se mostrando um programa
com um potencial multiplicador de informações e
atividades relacionadas à Educação Ambiental.
Na trajetória do desenvolvimento sustentável,
a população deve estar disposta a trabalhar,
conjuntamente com as Instituições Públicas ou
Privadas no processo de uso sustentável, no controle
e preservação dos recursos naturais.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o
Programa de Educação Ambiental “Ambientação”,
no que se refere aos impactos dos seus resultados
alcançados no prédio do SISEMA no período de junho
de 2008 a 05 de Março de 2009.
Vale ressaltar que apesar dos dados não serem tão
recentes, o intuito é de apresentar a ideia do Programa
e sua metodologia para ser replicada em qualquer que
seja o tipo de Instituição, levando em consideração
aos resultados alcançados com sucesso. O portal do
Programa Ambientação disponibiliza uma biblioteca
de materiais para serem utilizados.
2. METODOLOGIA
2.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA
AMBIENTAÇÃO
O Ambientação é um programa de comunicação e
educação socioambiental, coordenado pela Fundação
Estadual do Meio Ambiente – FEAM, com o objetivo
de promover a sensibilização para a mudança
de comportamento e a internalização de atitudes
ecologicamente corretas nas práticas cotidianas dos
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
127
funcionários públicos de Minas Gerais.
Desenvolvido inicialmente no ano de 2003 como piloto,
no prédio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD e da FEAM,
o Programa passou por ajustes e melhorias com o
objetivo de aperfeiçoar a sua estrutura metodológica
e facilitar a sua adesão pelas demais instituições
públicas mineiras.
Seguindo uma política de governo, em 2008 a
FEAM estabeleceu Termo de Parceria com a OSCIP
Ambiente Brasil para ampliar o poder de atuação e
potencializar a iniciativa para toda a esfera pública
estadual e também municipal. Uma das vantagens
desse modelo, estimulado pelo governo por meio da
Secretaria de Estado de Planejamento - SEPLAG é a
agilidade e abrangência às ações e políticas públicas.
O termo de parceria n° 020/2008, celebrado entre
a OSCIP Ambiente Brasil Centro e a FEAM deixou a
cargo da OSCIP a tarefa de acompanhar e monitorar
o Programa Ambientação no órgão/instituição que
o desenvolvem dentro do Estado de Minas Gerais
de forma que a OSCIP teve o seu trabalho avaliado
durante todo o período em que foi parceira do Estado.
E é dentro desta questão que o presente Programa
também mostra a sua relevância, ao passo que na
análise das metas é possível fazer uma verificação e
avaliação de como tem se dado o desempenho das
Instituições parceiras do Estado quanto aos resultados
previstos no termo de parceria celebrado e os que
realmente foram alcançados.
O Programa incentiva a apropriação do conceito dos 5
Rs – repensar, recusar, reduzir, reaproveitar e reciclar
– por meio das linhas de ação “Consumo Consciente”
e “Gestão de Resíduos”.
O enfoque da linha “Consumo Consciente” é estimular
a reflexão sobre os aspectos ambientais relacionados
às atividades em prédios públicos, possibilitando
mudanças de comportamento, internalização do
consumo consciente e combate ao desperdício.
A linha de ação “Gestão de Resíduos” objetiva
estimular a destinação adequada dos materiais
potencialmente recicláveis, proporcionando geração
de trabalho e renda para pessoas que vivem da coleta
e comercialização de recicláveis, além de aumento da
vida útil dos aterros sanitários.
Os resultados são aferidos mensalmente em todas
as instituições participantes por meio do Sistema de
Gestão Ambientação. Este método de gerenciamento
permite às Comissões Setoriais acompanhar todos
os aspectos relacionados ao desenvolvimento
do Programa, como memória das ações, não-
conformidades e planos de ações corretivas, além do
desempenho dos resultados, por meio de indicadores
e relatórios.
Apenas para efeito de resultados, no ano de 2012,
o Programa Ambientação foi desenvolvido por 74
instituições em 49 prédios, contemplando cerca de
30 mil servidores públicos. Em 2012, dos resíduos
gerados pelas instituições, 539.468,98 quilos, ou 68%,
foram encaminhados para a reciclagem por meio de
doação a organizações de catadores. No viés da não
geração de resíduos, na Cidade Administrativa houve
redução de 50% no consumo de copos descartáveis
ou cerca de 1.300.000 unidades. (AMBIENTAÇÃO,
2014)
2.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O estudo deste trabalho se deu na análise do
desempenho do programa Ambientação na área
do prédio do SISEMA. O Sistema Estadual do Meio
Ambiente (SISEMA) é formado pela Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SEMAD), pelos conselhos estaduais de
Política Ambiental (COPAM) e de Recursos Hídricos
(CERH) e pelos órgãos vinculados: Fundação Estadual
do Meio Ambiente (FEAM), responsável pela qualidade
ambiental no Estado, no que corresponde à Agenda
Marrom, Instituto Estadual de Florestas (IEF), o qual
é responsável pela Agenda Verde e Instituto Mineiro
de Gestão das Águas (IGAM) o qual responde pela
Agenda Azul.
2.3. MODELO ANALÍTICO
A metodologia utilizada permite fazer uma análise
quantitativa do nível de eficiência dos resultados
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
128
obtidos. Na construção da metodologia de indicadores
do projeto é levado em conta a necessidade de se
fazer mensalmente o monitoramento do processo
de desempenho, registrando as ações realizadas, o
acompanhamento dos indicadores de desempenho e
dos planos de ação, bem como o relato das dificuldades
no comprimento de algumas metas previstas e também
os fatores facilitadores do desenvolvimento do projeto.
Como dito anteriormente, para o cálculo dos
indicadores utilizou da metodologia disponibilizada
pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM
no Termo de Parceria N0 020/2008, celebrada entre
esta e a OSCIP para o desenvolvimento do Programa
Ambientação. De acordo com os aspectos ambientais
considerados, o Programa monitora por meio de
indicadores os seguintes itens abaixo:
a. Consumo mensal de água per capita em litros;
b. Consumo mensal de energia elétrica per capita
em KWH ;
c. Consumo mensal de copos descartáveis per
capita em unidade;
d. Porcentagem de resíduos sólidos gerados e
enviados para reciclagem, medidos em balança.
2.3.1. APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE
INDICADORES
- Indicador de Água e Energia Elétrica:
A construção do cálculo do indicador de água e energia
elétrica é feita com base na leitura mensal do consumo
nas contas das prestadoras desses serviços, dividido
pelo número de funcionários do órgão/instituição
participante. Para o indicador de água, considera-se
1m³ igual a 1000 litros.
FÓRMULA (redução no consumo de energia elétrica /
água):
% de redução do Consumo de energia elétrica per
capita = Valor registrado / valor de referência x100.
Onde:
Valor registrado = valor de referência – (somatória do
consumo de energia elétrica per capita de cada mês
do período avaliado / número de meses)
Sendo:
Consumo de energia elétrica per capita = Consumo
bruto / número de funcionários
E:
Consumo bruto = consumo total registrado em KW/h
na conta da prestadora do serviço.
UNIDADE: %.
Valor de referência (vo): 101,16 kw/h per capita
CÁLCULO DE DESEMPENHO:
Fórmula: resultado / meta *100
- Indicador de Consumo de Copos Descartáveis:
Para construir o indicador de consumo de copos
descartáveis faz-se uma verificação mensal da saída
desse material do estoque ou do órgão/instituição
participante, dividido pelo número de funcionários do
local.
FÓRMULA (redução do consumo de copos
descartáveis):
% de redução do Consumo de copos descartáveis per
capita = Valor registrado / valor de referência x100.
Onde:
Valor registrado = valor de referência – (somatória do
consumo de copos descartáveis per capita de cada
mês do período avaliado / número de meses)
Sendo:
Consumo de copos descartáveis per capita = Consumo
bruto / número de funcionários
E:
Consumo bruto = consumo total registrado.
UNIDADE: %.Valor de referência (vo): 17,63 copos
descartáveis per capita.
CÁLCULO DE DESEMPENHO:
Fórmula: resultado / meta *100
- Indicador de Resíduos Sólidos Enviados para
Reciclagem
Para construir o indicador da % de resíduos sólidos
enviados para reciclagem fez-se uso da formula:
% de resíduos destinados à reciclagem = Somatória do
% de RDR de cada mês do período avaliado / número
de meses do período avaliado.
Onde:
% de RDR = RDR/RPR x 100
Sendo:
RDR = total em kgs de resíduos efetivamente
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
129
destinados à reciclagem
RPR = total, em kgs, de todos os resíduos
potencialmente recicláveis (total de resíduos gerados
na instituição à exceção do lixo de banheiro).
UNIDADE: %.
Valor de referência (v0): 49,58% (média de jan - out
2007).
CÁLCULO DE DESEMPENHO:
Fórmula: [(∆ do resultado) / ∆ da meta] *100,
Onde:
∆ resultado = Resultado – Valor anterior (VALOR DE
REFERÊNCIA);
∆ meta = Meta – Valor anterior (VALOR DE
REFERÊNCIA).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos resultados pela comparação realizado
frente às metas só faz confirmar a relevância do
Programa, relevância esta que também pode ser vista
pela pratica de inserção de valores socioambientais
na administração pública estadual, possibilitando
assim mudanças de comportamento dos servidores
permitindo que o estado se torne referência em boas
práticas ambientais a partir do consumo consciente
e da gestão de resíduos nos prédios públicos. Pode-
se observar ainda como benefícios, a diminuição dos
desperdícios e de custos, o aumento da vida útil dos
aterros sanitários, a geração de trabalho e renda para
a associação de catadores de materiais recicláveis
com a doação de materiais, tendo em vista ainda que o
Termo de Parceria tem como objeto o desenvolvimento
do Programa Ambientação por meio do monitoramento
e aperfeiçoamento nas instituições que o desenvolvem
e a implementação deste programam em órgãos,
entidades e edificações da administração pública de
Minas Gerais.
A apresentação dos resultados deste projeto se dará
por meio da demonstração de um relatório comparativo
entre as metas pactuadas e os resultados obtidos
na condução das atividades propostas na área do
prédio do complexo do SISEMA, sendo fornecidas
informações complementares acerca dessas
atividades, considerando os quadros de indicadores e
metas (Tabelas 1 a 4).
De acordo com as designações (metodologia) do
Programa Ambientação cada indicador apresenta um
valor de referência e um peso determinado, e ainda as
metas (tendem a ser crescentes de um trimestre para
outro) e o realizado para cada trimestre são medidos
em termos de valores percentuais.
3.1. INDICADOR REFERENTE À RESÍDUOS
SÓLIDOS
Este indicador demonstra a % de resíduos sólidos
enviados para reciclagem em relação ao total de
resíduos sólidos gerados no local. Para este indicador
é relevante destacar que a crescente demanda por
consumo tem levado a uma pressão sobre o meio
ambiente e por conta disto há um constante aumento
da geração de resíduos, muitos desses ainda sem
destinação correta.
Diante disso, o Ambientação trabalha com o
pressuposto de que no órgão/edificação onde
o programa é colocado em prática haja alguma
mudança de comportamento visando a uma adequada
destinação dos resíduos sólidos gerados, onde de
acordo com os termos de adesão assinados pelo
órgão/edificação que participa do programa, deverão
ser encaminhados para reciclagem os resíduos sólidos
recicláveis, conforme a lei estadual 16689/2007. Desta
forma, os resíduos sólidos considerados recicláveis
(excluídos, portanto os resíduos de banheiro), gerados
por cada órgão/edificação participante são pesados
em uma balança, de acordo com a composição dos
mesmos, diariamente pelo órgão/edificação que se
incluem no projeto e são mensalmente registrados no
Sistema de Gestão do Ambientação.
De acordo com o Ambiente Brasil (2009), a OSCIP
responsável pelo monitoramento do programa em
determinada área, deve estar sempre buscando
dados nos órgãos/edificações, obtendo o máximo de
informações válidas sobre os indicadores, e se caso
houver dificuldades em obter estes dados a comissão
gestora do programa (FEAM), deve ser avisada sobre
tais dificuldades para que se necessário quando da
avaliação do indicador frente aos dados não obtidos
seja feita a expurgação destes do calculo da média
trimestrais de resíduos destinados à reciclagem.
Para este indicador o valor de referência (Vo) é
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
130
calculado pela média dos meses de janeiro a outubro
de 2007, a qual nos mostrou um valor de referência de
49,58%.
A seguir é demonstrado na tabela 1 o detalhamento
do resultado alcançado correspondente aos resíduos
sólidos enviados para reciclagem no acompanhamento
de três trimestres.
Tabela 1. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.
Indicador Metas Realizado
% de resíduos sólidos enviados para reciclagem em relação ao total de resíduos sólidos gerados
1º Trimestre
2º Trimestre
3º Trimestre
1º Trimestre
2º Trimestre
3º Trimestre
53% 58% 63% 71,70% 58,27% 73,51%
Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).
De acordo com análise feita para os dados obtidos,
constata-se então que, no primeiro trimestre o
realizado foi de 71,70% para uma meta de 53%, no
segundo trimestre o realizado verificado foi de 58,27%
para uma meta de 58% e ainda no terceiro trimestre o
resultado foi de 73,51%, resultado este que superou
os dos trimestres anteriores, respectivamente 58,27%
e 71,70%, além da meta estabelecida para o período,
de 63%. Mesmo o resultado nos três trimestres tendo
sido positivos em relação à meta, o desempenho do 2°
trimestre foi consideravelmente inferior ao constatado
no 1° trimestre e no 3° trimestre.
Segundo o Ambiente Brasil (2009) foram constatadas
não conformidades no monitoramento dos resíduos
recicláveis, pesagem e registro de dados, estas
não conformidades se mostraram como um fator
dificultador do alcance das metas estabelecidas, o
que justifica o desempenho consideravelmente inferior
do 2° trimestre frente ao 1° e 3° trimestre. Sendo
assim propôs-se ações corretivas como a realização
de um processo de capacitação da mão-de-obra
responsável pela limpeza e conservação do órgão/
edificação analisado. A política de capacitação foi
aplicada nos agentes de limpeza e conservação pelo
fato de eles serem os responsáveis pelo recolhimento
dos resíduos nas instituições, o que resultou em uma
melhoria direta e continua no processo. A partir disto
pode-se solucionar as não conformidades no processo
de monitoramento dos resíduos recicláveis, o que
pode ser comprovado pelo ótimo desempenho do 3°
trimestre.
Ainda segundo o Ambiente Brasil (2009), alguns fatores
foram facilitadores para o cumprimento das metas,
como a infraestrutura de coleta seletiva existente no
órgão/ edificação do SISEMA.
3.2. INDICADOR REFERENTE AO CONSUMO DE
ENERGIA ELÉTRICA
O indicador 1.2 refere-se à porcentagem de redução do
consumo de energia elétrica per capita. Tendo em vista
que hoje em dia os órgãos públicos possuem grande
potencial consumidor de energia elétrica, um dos
objetivos do Termo de Adesão assinado pelos órgãos/
edificações participantes é o uso racional dos recursos
naturais na edificação escolhida para implantação do
programa. Dessa maneira, mensalmente, o consumo
de energia elétrica em KW/h é registrado e monitorado
pela Comissão Setorial de cada órgão/edificação,
por meio dos dados obtidos na conta fornecida pela
prestadora do serviço em questão.
O indicador se mostra o mais eficaz possível o quanto
mais preciso for os dados fornecidos pela Comissão
Setorial de cada instituição, quanto a verificação
mensal do número de funcionários (servidores,
terceirizados, estagiários etc) presentes no órgão.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
131
Tendo em vista que a meta é cumulativa e gradativa,
sendo considerada sempre em relação ao valor de
referência e ainda quanto maior o valor do indicador,
melhor se mostra o resultado, para este indicador o
valor de referência (Vo) é de 101,16 KW/h per capita,
o qual é calculado pela média dos meses de janeiro a
outubro de 2007.
A seguir é demonstrado na tabela 2 o detalhamento do
resultado alcançado correspondente à porcentagem
de redução do consumo de energia elétrica per capta.
Tabela 2. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.
Indicador Metas Realizado
% de redução de consumo de energia elétrica per capta
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
0,5% 1% 1,5% 3,45% 13,40% 17,12%
Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).
Fazendo a análise dos dados obtidos, para o primeiro
trimestre este indicador mostrou um valor abaixo da
meta prevista, esta que era de 0,5% e o valor do
resultado foi um aumento de 3,45% no consumo per
capita. No entanto a partir de agosto, quando a OSCIP
iniciou os seus trabalhos, foram observados erros
na metodologia de calculo do indicador feita pela
Comissão Setorial do SISEMA, pois nos cálculos não
eram incluídos todos os funcionários que efetivamente
utilizavam do serviço de energia elétrica dentro da
instituição. Portanto os cálculos estavam em quase
na sua totalidade errados. Com os trabalhos de
atualização que foram feitos pela OSCIP os meses de
junho e julho que eram os meses dentro do trimestre
que computavam resultados errados, foi possível
passar o resultado ora negativo para um saldo positivo
de 6.88%.
Dentro disso fica bem claro a importância que tem o
trabalho desempenhado pela OSCIP, principalmente
no que diz respeito a identificação de falhas e na
elaboração de ações corretivas nos procedimentos da
Comissão Setorial.
No segundo trimestre o indicador mostrou uma
variação positiva registrada de 13, 40%, frente a
uma meta de 1% para o referido trimestre, e pode-se
observar ainda uma variação positiva em relação ao
trimestre anterior. O resultado deste trimestre pode
se mostrar satisfatório devido ao fato do sucesso no
trabalho de parceria entre a Comissão Setorial do
SISEMA e a OSCIP monitora, o que possibilitou uma
ampla sensibilização no campo da infra-estrutura,
como na identificação dos quadros de acionamento
de energia, sinalização educativa quanto ao consumo
consciente de energia elétrica, levantamento do
quantitativo de equipamentos domésticos existentes
nos setores para otimização da rede elétrica e ainda
foi feita uma aplicação de norma técnica referente à
utilização dos aquecedores de marmita no refeitório.
No terceiro trimestre este indicador apresentou uma
variação positiva em relação á meta de 1,5%, e em
relação aos trimestres anteriores (6,88% e 13,40%),
registrando uma redução de 17,12%. Tal resultado é
fruto da continuidade no trabalho de parceria entre a
OSCIP e a Comissão Setorial do SISEMA.
De acordo com o Ambiente Brasil (2009), como fator
dificultador desta ação, estão os grandes investimentos
realizados, como a migração de fornecimento de energia
de baixa para média tensão, na iminência da mudança
da instituição para o centro Administrativo do Governo,
previsto para dezembro de 2009. O pleno e direto
apoio do secretario de Meio Ambiente ao Programa
Ambientação e a parceria com a Superintendência
de Recursos Logísticos e Manutenção do SISEMA no
plano de ação “eficientização Ambiental do Prédio do
SISEMA”, sem mostram como aspectos positivos para
o desenvolvimento do projeto.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
132
3.3. INDICADOR REFERENTE À REDUÇÃO DO
CONSUMO DE ÁGUA
O indicador 1.3 indica a porcentagem de redução do
consumo de água per capita. A análise deste indicador
se mostra importante ao passo que os órgãos públicos
possuem um grande potencial consumidor de água,
e sendo assim um dos objetivos do Termo de Adesão
assinado pelos participantes é o uso de forma racional
deste recurso natural no órgão/edificação participante
do programa. Para a análise deste indicador o consumo
de água em m³ é medido, registrado e monitorado pela
comissão Setorial de cada órgão/edificação, por meio
de dados obtidos na conta fornecida pela prestadora
de serviço em questão. Posteriormente os dados em
m³ são transformados em litros pela comissão setorial
(1 m³ = 1.000 litros).
Para que este indicador se mostrasse o mais eficaz
possível a comissão foi necessário fazer a verificação
mensal do número exato de funcionários (servidores,
terceirizados, estagiários etc) presentes no órgão.
Também para este indicador a meta é cumulativa e
gradativa, sendo considerada sempre em relação ao
valor de referencia e ainda, quanto maior o valor do
indicador, melhor.
O indicador de porcentagem de redução do consumo
de água per capita usa de um valor de referencia (Vo)
de 519,55 litros/per capita, o qual foi obtido pela média
dos meses de janeiro a outubro de 2007.
A seguir é demonstrado na Tabela 3 o detalhamento do
resultado alcançado correspondente à porcentagem
de redução do consumo de água per capta.
Tabela 3. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.
Indicador Metas Realizado
% de redução de consumo de água per capta
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
0,5% 1% 2% 4,81% 0,54% 3,09%
Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).
Na análise dos resultados, constatou-se que o realizado
para este indicador foi um aumento de 4,81% no
consumo de água pelo órgão/edificação participante,
frente a uma meta de 0,5% para o primeiro trimestre.
Já no segundo trimestre o realizado foi de 0,54%
frente a uma meta de 1%, ou seja, o que foi reduzido
no consumo de água foi apenas 0,54% sendo que a
meta era uma redução de pelo menos 1%. O resultado
mostra que mesmo a OSCIP, juntamente com a
comissão setorial, tendo realizado ações educativas
e também ações estruturais, tais como instalações de
adesivos educativos nos banheiros e ainda fazendo
a inspeção mensal para verificar a ocorrência de
vazamentos na rede hidráulica e ainda a retirada de
duchas dos banheiros, ainda assim não foi possível o
cumprimento da meta.
Como fatores que se mostraram um obstáculo para
o não cumprimento da meta, pode-se colocar a
identificação de vazamentos na agencia do Banco
Bradesco, cuja solução não depende do SISEMA nem
da substituição dos copos descartáveis no prédio,
tornando necessária a lavagem de canecas por cerca
de 1300 usuários diariamente.
Mesmo assim a OSCIP continuou o seu trabalho em
parceria com a comissão setorial, continuando a instalar
adesivos em todos os banheiros, e fazendo também
a inspeção de vazamentos na rede hidráulica, além
da retirada de duchas dos banheiros e atendimento
imediato às não conformidades detectadas desde o
inicio.
O resultado desde trabalho contínuo em parceria
com a comissão setorial do SISEMA veio de forma
positiva no terceiro trimestre. No terceiro trimestre
este indicador apresentou resultado positivo de
3,09%, superando a meta de 2% para este período
e os resultados anteriores, demonstrando melhoria
gradativa do indicador. Bem como dito anteriormente
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
133
no primeiro trimestre houve aumento do consumo de
4,81%, no segundo trimestre houve uma redução de
0,54%, porém insuficiente em relação à meta de 1%.
Pela análise da situação pode-se perceber como um
indicador é capaz de comprometer outros indicadores
como o caso do indicador de consumo de copo
descartável, que acabou por comprometer o indicador
de consumo de água, uma vez que com ações como
a distribuição de canecas para todos os funcionários
e o procedimento de limitar o uso interno de copos
descartáveis, acabou por levar a um aumento do
consumo de água uma vez que se lavariam mais
copos.
Na tentativa de corrigir o erro o que se propõem é
que este indicador seja excluído para os próximos
trimestres, e que se faça um novo registro de dados
para definir a partir destes um novo Vo (valor de
referencia), uma vez que a realidade interna da
instituição foi alterada significativamente.
3.4. INDICADOR REFERENTE AO CONSUMO DE
COPOS DESCARTÁVEIS
O indicador 1.4 mostra a porcentagem de redução
do consumo de copos descartáveis per capita. Em
se tratando do serviço público de maneira geral,
deve-se destacar a questão do desperdício de copos
descartáveis, de forma que o uso excessivo deste
recurso só estimula o mercado a produzir cada vez
mais, e desta forma, como resultado, mais petróleo é
despendido.
Sendo assim vale ressaltar que de acordo com o
termo de adesão assinado pelo órgão/edificação
que participa do programa, um dos objetivos se
figura no uso racional dos recursos naturais. Dentro
disto as ações ligadas aos 5 Rs, reduzir, reutilizar,
reciclar, repensar e recusar, são fundamentais para
o desenvolvimento sustentável no âmbito do serviço
público.
Ficou estabelecido, portanto que mensalmente
o consumo de copos descartáveis de 200 ml em
unidade deve ser registrado no Sistema de Gestão
Ambientação e monitorado pela Comissão Setorial do
órgão/edificação. Também para este indicador a meta
é cumulativa e gradativa, sendo considerada sempre
em relação ao valor de referência. De forma que
quanto maior o valor do indicador melhor se mostra
o resultado. Para este indicador o valor de referencia
(Vo) é de 17,63 copos descartáveis per capita, valor
que foi obtido pela média de janeiro a outubro de 2007.
Tabela 4. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.
Indicador Metas Realizado
% de redução de consumo de copos descartáveis per capta
1o Trimestre 2o Trimestre 3o Trimestre 1o Trimestre 2o Trimestre 3o Trimestre
1% 3% 4% 24,90% 8,38% 74,21%
Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).
A análise dos resultados revela que este indicador
apresentou um realizado de 24,90% no primeiro
trimestre, para uma meta de 1% de redução de
consumo. Já no segundo trimestre o realizado foi de
8,38% de redução, para uma meta de 3%. No terceiro
trimestre este indicador apresentou um desempenho
positivo de 74,21% de redução, valor este que
superou a meta prevista para este período de 4% e
os trimestres anteriores, onde se constatou 24,90% e
8,33%. O que se pode comparar ainda é que mesmo o
valor obtido no segundo trimestre tendo sido positivo,
ele se mostrou bem abaixo do valor obtido no primeiro
trimestre e do obtido no terceiro trimestre.
A justificativa para um resultado melhor apresentado
no primeiro trimestre frente ao resultado do segundo
trimestre foi a de que a comissão setorial verificou que
neste trimestre houve a racionalização do consumo
de copos descartáveis no momento da requisição
por parte do coordenador do almoxarifado, o que
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
134
acarretou a melhoria no consumo, no entanto com a
saída do coordenador do almoxarifado acima citado,
o fornecimento de copos descartáveis voltou a ser
atendido em toda a sua totalidade.
As expectativas para este indicador eram as de que
houvesse uma melhoria para os próximos meses, já
que foram disponibilizadas canecas para todos os
funcionários e a instituição de procedimento interno
faz uma normatização da distribuição e uso de copos
descartáveis. E de fato os bons resultados, que
nada mais são do que reflexos positivos do esforço
para a minimização da cultura dos descartáveis
pela instituição podem ser evidenciados no terceiro
trimestre. O realizado de 74.21% mostra que o processo
de distribuição de canecas para todos os funcionários
da edificação e a implementação de procedimentos
disciplinares para o uso de copos descartáveis, como
deixando os copos descartáveis para uso apenas dos
visitantes, é eficiente e pode levar a bons resultados e
condutas de desempenho.
Como aspecto positivo para alcançar tal meta o
Ambiente Brasil (2009) revelou que o apoio direto
do Secretario de Meio Ambiente ao Programa
Ambientação e a parceria com a Superintendência
de Recursos Logísticos e Manutenção do SISEMA,
foram fatores importantes e ainda se constituem como
fatores importantes para alcançar bom desempenho
dentro das metas do programa Ambientação.
4. CONCLUSÕES
Todos os resultados do Programa Ambientação
demonstrados anteriormente nas tabelas, indicam
que o referido programa caminha na direção certa
da sustentabilidade. O programa de racionalização
de gastos no complexo do SISEMA revela um ótimo
desempenho quando se trata dos resíduos sólidos
gerados neste órgão/instituição. O programa vem
possibilitando uma destinação certa e correta aos
resíduos sólidos passíveis de serem reciclados,
contribuindo assim para a diminuição da pressão
sobre o meio ambiente.
Da análise feita sobre o consumo de energia elétrica,
conclui-se que excluídos os erros de metodologia
apresentados no inicio do período de monitoramento
do programa, erros estes que foram corrigidos pela
OSCIP monitora, pode-se perceber que o Programa
Ambientação tem levado a uma utilização racional do
uso deste recurso natural por parte dos funcionários
do complexo do SISEMA, de forma ainda que com
isso a pressão sobre o uso deste recurso vem sendo
notoriamente diminuída.
Dos estudos feitos sobre o indicador de consumo
de água, pode-se concluir que no decorrer dos três
trimestres analisados, o resultado para este indicador
se mostrou mais negativo do que positivo, no entanto
isto se deveu a uma série de irregularidades no sistema
de abastecimento de água nas instalações do prédio
do complexo, no entanto mesmo que o resultado
tenha se mostrado em sua maior parte negativo, os
esforços para contornar este quadro representam um
compromisso com o objetivo que a OSCIP matem.
O desempenho positivo no final do terceiro trimestre
permite concluir que o trabalho desempenhado pela
OSCIP está possibilitando uma cultura mais racional
na utilização deste recurso, cultura esta que é levada
para um ambiente fora do ambiente de trabalho, como
as residências dos próprios funcionários deste órgão/
instituição pública. Sendo assim o impacto de políticas
de educação ambiental como as que vêm sendo
desenvolvidas pelo Programa Ambientação são de
suma importância para a construção de uma realidade
cotidiana mais condizente com um futuro sustentável.
A cerca do consumo de copos descartáveis dentro do
complexo do SISEMA, O Programa Ambientação tem
contribuído de forma relevante para a diminuição do
desperdício deste material, de forma que a partir disto
a pressão sobre o dispêndio de petróleo também sofre
uma diminuição. A distribuição de canecas foi uma
medida que, apesar de no início ter levado ao aumento
do consumo de água, contribuiu para a diminuição da
cultura dos descartáveis pela instituição, resultando
em um menor impacto negativo sobre o meio ambiente
e aumentando a vida útil de aterros sanitários.
Diante de todas estas contribuições apresentadas
acima advindas de um Programa de racionalização
de gastos como o que vem sendo desenvolvido sobre
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
135
as diretrizes do Programa Ambientação dentro de um
órgão/instituição pública, pode-se perceber, portanto,
que as práticas de educação ambiental se tornam um
instrumento importante na hora de se realizar políticas
públicas, uma vez que se aplicada em ambientes
com potencial multiplicador relevante os resultados
obtidos podem vir muito mais rápido que o esperado e
podem chegar a um número maior de pessoas do que
o planejado é o que revela os resultados do Programa
Ambientação.
Conclui-se ainda que as ideais e ações desenvolvidas
por um Programa como este impactam de forma
direta sobre os gastos do poder público. Uma vez
que o Programa Ambientação tem seu foco em Órgão/
instituições de caráter público, como é o caso do
complexo do SISEMA, a racionalização nos gastos
de recursos como energia elétrica, água e copos
descartáveis, os quais são demandados em grande
escala dado o grande número de funcionários e o
tamanho das instalações, levaria a uma redução dos
gastos públicos com despesas deste tipo.
Uma dinâmica como a colocada acima da margem
para investimentos maiores nos setores de
educação, melhorias dos bens públicos, melhoria
de pavimentações urbanas, de forma ainda que um
maior volume de verbas podem vir a ser destinadas
a conservação do patrimônio público, investimentos
em setores chaves da economia bem como melhoria
das contas públicas, além de uma extensão de
externalidades positivas a outros setores em virtude
de uma economia de gastos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Ambientação: educação ambiental em prédios do governo de minas gerais. Fundação Estadual do Meio Ambiente – Belo Horizonte: FEAM, 2005.
[2] MINAS GERAIS. Manual Interno do Programa Ambientação: educação ambiental em prédios do Governo de MG – Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2006.
[3] MINAS GERAIS. Termo de Parceria N0 020/2008. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2008. Disponível em www.redeambiente.org.br. Acesso em 02/02/2014.
[4] RELATÓRIO GERENCIAL. Belo Horizonte: termo de parceria n° 20/2008 celebrado entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente e a OSCIP Ambiente Brasil centro de Estudos, 2008.
Capítulo 13LOGÍSTICA REVERSA EM UMA COOPERATIVA DE CATADORES
Denise Cristina de Oliveira Nascimento
Lauro César Rocha Guimarães
Ailton da Silva Ferreira
Paulo Maurício Tavares Siqueira
Resumo: Com o aumento da população como um todo e do consumo, as quantidades de resíduos sólidos tendem a crescer cada vez mais e o impacto ambiental derivado disto, idem. Reduzir, reutilizar e reciclar são atividades fundamentais na busca de um desenvolvimento sustentável, que é aquele que agrega as dimensões ambiental, social e econômica. Dentro deste contexto, as cooperativas de catadores tem papel relevante, pois estão em um dos extremos da via de mão dupla que é consumo. Este estudo visa identificar a importância de uma cooperativa na gestão dos resíduos sólidos da cidade de Volta Redonda – RJ e, analisando seus erros e acertos, suas dificuldades e suas potencialidades, sugerir medidas afim de que o seu trabalho possa ser mais bem realizado. Foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva, sob a forma de um estudo de caso, com entrevista semiestruturada e observação da rotina. Pode-se perceber que, com determinados ajustes, a cooperativa pode ampliar e melhorar o desempenho de suas atividades que minimizam impactos ambientais e incluem seus cooperados social e economicamente.
Palavras Chave: Logística Reversa, Cooperativas, Reciclagem, Desenvolvimento Sustentável.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
137
1. INTRODUÇÃO
No mundo contemporâneo, o sistema capitalista
que está instalado e o modelo desenvolvimentista
que é estimulado fazem com que o consumo seja
praticamente a razão de viver das pessoas. Todos
os anos novas necessidades são criadas e novos
produtos são lançados, com ciclos de vida cada vez
menores. Junto a isso, a população também cresce
e o nível de renda também. Todos esses fatores
levam a quantidades cada vez maiores de resíduos
sólidos oriundos do pós-consumo: de 2003 a 2012, a
população brasileira cresceu 9,65%, mas o volume de
lixo aumentou em 21% (a quantidade por pessoa subiu
de 955g por dia para 1,223 kg). Segundo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o
lixo produzido no mundo saltará dos atuais 1.3 bilhão
para 2.2 bilhões de toneladas até 2025. E os impactos
negativos desse modo de vida no planeta podem
ser irreversíveis. Entretanto, cresce entre empresas,
governos e a população a noção de desenvolvimento
sustentável e o desejo de colaborar para com ele, por
diferentes motivos (CAMPOS, 2013).
O desenvolvimento sustentável é estudado desde os
anos 80, visto que, em 1983, a ONU criou a Comissão
Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento para
tratar deste tema e o mesmo foi definido, segundo o
relatório Brundtland (1987), como o desenvolvimento
“que procura satisfazer as necessidades da
geração atual, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de satisfazerem as suas próprias
necessidades”. Neste contexto, a destinação correta
dos resíduos sólidos gerados se torna essencial, pois
o seu acúmulo em lixões causa impactos ambientais
negativos e o seu remanejamento traz benefícios
sociais e econômicos. E isso se dá através de práticas
de logística reversa, que é “o gerenciamento da
cadeia de suprimentos que envolvem a reutilização
de bens no processo de produção, a fim de gerar
retorno econômico para a empresa e de reduzir os
danos ao meio ambiente” (GUARNIEIRI et al., 2006).
E então, dentro do escopo da mesma, a reciclagem é
fundamental.
O processo de reciclagem seria muito mais difícil
sem a atuação de uma espécie de profissional que,
além de enfrentar condições insalubres de trabalho
e baixa remuneração, enfrenta também o desprezo
da sociedade, a exclusão social. Este profissional é o
catador de lixo reciclável e seu trabalho é fundamental
para a diminuição do acúmulo de resíduos sólidos.
Para conseguir melhor remuneração e melhores
condições de trabalho, estes profissionais têm buscado
o cooperativismo, que é “o instrumento pelo qual a
sociedade se organiza, através de ajuda mútua, da
colaboração, da solidariedade, para resolver diversos
problemas relacionados ao seu dia-a-dia” (SEBRAE,
2006). Eles têm recebido apoio do Estado e da
sociedade civil nessa empreitada (segundo pesquisa
do ministério de meio ambiente de 2012, 47% da
população separam o lixo seco do molhado), visto que
as empresas estimulavam a ação dos atravessadores,
pois os mesmos conseguiam maiores quantidades de
material. Mas os trabalhadores, quando organizados
em uma cooperativa, tendem a conseguir melhores
preços e condições de trabalho. Por exemplo, em
Uberlândia, segundo a Associação de Catadores
e Recicladores do Bairro Taiman (ASSOMAN), os
atravessadores pagavam R$ 1,10/Kg de garrafa PET,
que, se fosse vendido diretamente às empresas,
custaria cerca de R$ 2,00.
O intuito deste artigo é elencar os problemas
enfrentados nas atividades de uma cooperativa,
apresentar soluções para os mesmos baseados em
conceitos estudados e reafirmar a importância do
trabalho realizado pela mesma.
2. RESÍDUOS SÓLIDOS E SUA DESTINAÇÃO
A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT),
através da NBR 10.004/87, define resíduos sólidos
como sendo resíduos nos estados sólido e semissólido,
que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços
e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos
de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível. (CAMPOS, 2013)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
138
Ou seja, resíduos sólidos são os materiais indesejáveis
gerados após a fabricação, comercialização e
utilização de algum produto ou serviço. Segundo
a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2012
foram gerados 64 milhões de toneladas de resíduos,
dos quais 24 milhões seguiram para destinos
inadequados. Isso seria suficiente para encher 168
estádios do tamanho do Maracanã. Em média cada
brasileiro gerou 383 Kg de lixo.
Dispor o lixo sobre o solo, sem qualquer tratamento,
constitui-se num problema de saúde pública, pois
provoca a poluição do solo e da água, alterando suas
características físicas, químicas e biológicas (SOUZA,
2000; MARCHI, 2006). A destinação dos resíduos se
dá em lixões, aterros controlados e aterros sanitários.
Nos lixões, os resíduos são simplesmente despejados
sobre o solo e a céu aberto sem medidas de proteção
ao meio ambiente e à saúde pública. Os aterros
controlados diferem dos lixões apenas por receberem
uma cobertura diária de material inerte (areia ou terra), o
que não resolve os problemas ambientais decorrentes
dos gases e líquidos gerados. Já os aterros sanitários,
segundo Souza (2000), correspondem ao método
de disposição final de resíduos sólidos no solo sem
causar danos ao meio ambiente ou à saúde pública,
utilizando processos de engenharia no confinamento
dos resíduos, que são dispostos em camadas e cujo
escoamento de líquidos e emissão de gases são
controlados.
Concomitantemente ao aumento da população e do
nível de renda, verifica-se, também, “a tendência de
redução do ciclo de vida dos produtos, de uma forma
geral, observada nas últimas décadas, motivada por
avanços tecnológicos e introdução de novos materiais,
por imperativos de diferenciação mercadológicos,
por compulsão social de consumo, pela redução de
custos logísticos, entre outros motivos” (LEITE, 2002).
Portanto, “os resíduos sólidos estão sendo produzidos
pelos seres humanos numa proporção muito maior do
que deveriam produzir, desarmonizando o equilíbrio
ecológico, indicando que consumimos mais do que
necessitamos, acelerando assim o índice de poluição
do planeta” (SILVA, 2007). E isso resulta nos crescentes
problemas relacionados à gestão dos resíduos sólidos.
Devido a essa realidade, medidas devem ser tomadas
pelos administradores públicos e um passo importante
em direção a uma melhor gestão dos resíduos sólidos
foi dado no dia 2 de Agosto de 2010, quando foi
sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva a
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
A PNRS, instituída pela lei 12.305, de acordo com o
Congresso Nacional, apresenta vários objetivos, dentre
eles destacam-se: a proteção da saúde pública e da
qualidade do meio ambiente; a não geração, a redução,
a reutilização, a reciclagem e o tratamento de resíduos
sólidos, bem como a destinação final ambientalmente
adequada dos rejeitos; o desenvolvimento de
processos que busquem a alteração dos padrões
de produção, o consumo sustentável de produtos e
serviços, e o incentivo à indústria da reciclagem, tendo
em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos
derivados de materiais recicláveis e reciclados. Além
disso, A PNRS determina que todos os municípios
tenham um plano de gestão de resíduos sólidos para
ter acesso a recursos financeiros do governo federal
e investimento no setor. E estipula que, após 2014,
o Brasil não poderá ter mais lixões, que deverão ser
substituídos por aterros sanitários. O desafio é grande,
visto que existem quase três mil lixões no Brasil para
serem fechados no prazo fixado na PNRS, apenas
27% das cidades brasileiras têm aterros sanitários e
somente 14% dos municípios brasileiros fazem coleta
seletiva do lixo (CAMPOS, 2013).
Neste contexto de busca a uma melhor gestão
dos resíduos sólidos, práticas de logística reversa
são fundamentais para a solução dos problemas
supracitados, com respeito aos materiais recicláveis.
3. IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA
Entendemos a logística reversa como
a área da logística empresarial que
planeja, opera e controla o fluxo e as
informações logísticas correspondentes,
do retorno dos bens de pós-venda e de
pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao
ciclo produtivo, por meio dos canais de
distribuições reversos, agregando-lhes
valor de diversas naturezas: econômico,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
139
ecológico, legal, logístico, de imagem
corporativa, entre outros (LEITE, 2005,
p.16-17).
A implementação de práticas de logística reversa
vem aumentando devido à necessidade contínua de
redução de custos e de diferenciação de serviços
oferecidos no mercado (GONÇALVES e MARINS,
2006) e, com o aumento da geração de resíduos
sólidos, a melhor solução, a solução óbvia, para os
materiais recicláveis, são as práticas de logística
reversa. Elas atendem às três principais dimensões da
sustentabilidade: econômica, social e ambiental. Visto
que apresenta ganhos em todas elas. Por exemplo,
ao reutilizar uma embalagem de um determinado
produto, a empresa reduz custos de produção e
preserva o meio ambiente, pois não extrai matéria-
prima do mesmo e nem deixa as embalagens do seu
produto se acumularem nos lixões. Ao mesmo tempo,
a sociedade ganha, além de melhor qualidade de vida
com uma menor geração de lixo, a inclusão social
de catadores de material reciclável, que por ventura
recolham unidades dessa embalagem, pois gera para
eles emprego e renda. (SANTOS, 2012)
Leite (2009) identifica três modos para a reutilização
de materiais por intermédio da logística reversa: reuso,
remanufatura e reciclagem. No reuso, os produtos não
recebem qualquer tipo de incremento, mas podem
ser limpos e deixados em condições de reuso pelo
consumidor. Na remanufatura, os produtos podem ser
reaproveitados em suas partes essenciais, por meio da
substituição de componentes complementares, sendo
o produto reconstituído com a mesma finalidade e
natureza do original. Já a reciclagem é o canal reverso
em que o produto não retém sua funcionalidade
original, conforme será explicado na próxima seção.
3.1 A RECICLAGEM COMO FERRAMENTA DA
LOGÍSTICA REVERSA
A reciclagem é o reaproveitamento dos
materiais como matéria-prima para um
novo produto. Muitos materiais podem
ser reciclados e os exemplos mais
comuns são o papel, o vidro, o metal e o
plástico. A palavra reciclagem difundiu-
se na mídia a partir do final da década
de 1980, quando foi constatado que as
fontes de petróleo e de outras matérias-
primas não renováveis estavam se
esgotando rapidamente e que havia falta
de espaço para a disposição de lixo e
de outros dejetos na natureza (SOUZA;
FONSECA, 2010, p. 6).
A palavra vem do inglês recycle (re = repetir e cycle =
ciclo), onde: Reciclar e reutilizar assumem diferentes
significados: reutilizar seria transformar o produto
industrializado em um produto igual, e reciclagem é
o ato de reaproveitar materiais para um novo produto
(LEITE, 2004; ABRE, 2004).
Apesar de a reciclagem ser um conceito que já se
encontra no imaginário popular, Estival et al. (2008)
comentam que muitos consumidores desconhecem o
termo “embalagens recicláveis”, uma vez que poucos
observam os rótulos dos produtos que consomem.
Provocando, desta forma, um desequilíbrio entre
as quantidades descartadas e as reaproveitadas,
gerando um enorme crescimento do lixo urbano.
A coleta seletiva e a reciclagem dos materiais se
apresentam como a atitude mais adequada para lidar
com esta situação, tendo em vista que, desta forma,
reaproveita-se matéria-prima e energia, além de se
gerar empregos e renda (SILVA et al., 2003).
Dentro deste contexto, um ator social de extrema
importância é o catador de material reciclável. Mesmo
não estando ligados a cooperativas, os catadores e
catadoras colaboram com a redução do impacto
ambiental gerado pelos resíduos sólidos nas cidades,
pois dependem dele como fonte de renda para sua
família (SANTOS e CÂNDIDO, 2010).
4. A ATUAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE
CATADORES
O método de cooperação entre um
grupo de pessoas baseia-se na ação
conjunta, no trabalho coletivo de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
140
indivíduos associados livremente para
pôr em marcha a obtenção de melhores
condições econômicas, sociais, morais e
civis, por meio de suas forças, para prestar
uma série de serviços. O movimento
associativista está apoiado numa filosofia
nova, ou seja, seu propósito é fazer vingar
uma transformação pacífica, porém
radical, das condições econômicas e
sociais criadas pelo lucro desordenado
dos capitalistas, no qual prevalece a
exploração do homem (SOUZA, 2000).
A coleta de material do lixo representa uma estratégia
de sobrevivência nos países em desenvolvimento, nos
quais, na maioria das vezes, os catadores encontram-
se expostos a condições de trabalho insalubres, que
acarretam para o grupo uma maior taxa de mortalidade
que a média da população (CONFERÊNCIA MUNDIAL
DE RECOLHEDORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS,
2008).
Apesar disso, o trabalho das cooperativas, além
de atender às três principais dimensões da
sustentabilidade, pode ser considerado, junto à
implantação de aterros sanitários, a solução para
o problema da gestão dos resíduos sólidos. Pois,
Segundo Lima e Oliveira (2008), “a produção
capitalista produz três substâncias residuais, sem valor
agregado (excluídos sociais, lixo urbano e consciência
ambiental) que por sua vez implicam diretamente nos
valores produzidos pelas Associações de Catadores
(ACs). Assim, as ACs conseguem gerar renda, valorizar
materiais que já não tinham valor para o mercado e
contribuem para preservação ambiental”.
Mas, por que organizar-se em cooperativas e
não fazer o trabalho por conta própria, como um
microempreendedor individual? Já que para a
sociedade, as empresas e o meio ambiente os
resultados seriam os mesmos?
Pode-se dizer que é mais vantajoso para os catadores
estar organizado em cooperativas porque, deste modo,
aumentam o montante de materiais, assim como seu
poder de barganha junto às indústrias compradoras
do material, aumentando seus ganhos e não sendo
explorados por intermediários (WIEGO, 2009). A figura
1 ilustra essa afirmação, ao mostrar os “caminhos” por
onde os resíduos sólidos passam.
Figura 1 - Cadeia Reversa de Pós-Consumo dos Resíduos Sólidos Urbanos. Fonte: Estival et al. (2008)
Entretanto, há muitos desafios a serem superados
pelas cooperativas para que seu trabalho ganhe
em qualidade e rentabilidade. Se, ao organizarem-
se em cooperativas, os catadores veem diminuir o
preconceito contra si, eles também necessitam que a
sociedade colabore com a coleta seletiva da cidade,
para que possam conseguir maior quantidade de
material reciclável, pois entre todas as dificuldades
para se obter ganhos de produtividade, o gargalo
determinante é a triagem, prejudicada pela coleta
ineficiente devido, entre outras coisas, às condições
dos equipamentos, lixo misturado, falta de roteiros e
frota. (LIMA e OLIVEIRA, 2008).
5. METODOLOGIA DO TRABALHO
A metodologia do trabalho consiste numa pesquisa
bibliográfica que serviu de base para o trabalho e
estruturou o conhecimento científico sobre o tema
em questão. Posteriormente será feito um estudo
de caso sobre a situação atual da cooperativa, o
seu modo de trabalho, a sua relação com o serviço
de coleta seletiva da cidade, as suas demandas, as
suas particularidades, os seus erros e acertos. Um
questionário semiaberto foi endereçado ao presidente
da cooperativa, levantando informações sobre a rotina
de trabalho, os problemas enfrentados, relacionamento
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
141
com o serviço de coleta da cidade e com a sociedade
em geral.
De posse dos dados sobre a Cooperativa em estudo,
coletados em estudo caso realizado entre Abril e Maio
de 2014, foram sugeridas soluções para os problemas
logísticos e gerenciais enfrentados pela mesma e será
explicitada a importância da atuação da cooperativa
para a gestão dos resíduos sólidos da cidade de Volta
Redonda.
6. ESTUDO DE CASO
6.1 DESCRIÇÃO DO CAMPO
O presente estudo foi realizado na matriz e na filial
em implantação da Cooperativa de Catadores, ambas
localizadas na cidade de Volta Redonda, sul do estado
do Rio de Janeiro. A cidade tem área de 182,3 km²,
uma população de mais de duzentos e cinquenta e
nove mil habitantes (IBGE, 2011) e possui outras duas
cooperativas de catadores (Reciclar VR e Cidade do
Aço).
A matriz e a recém-iniciada filial da cooperativa
estão instaladas em grandes galpões cobertos
(como mostrado nas figuras 2) onde os resíduos, os
equipamentos e o estoque de resíduos separados e
prensados estão dispostos de maneira desorganizada.
Figura 2 - Matriz da cooperativa e Galpão da primeira filial da cooperativa. Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Matriz Cooporativa Galpão da primeira filial da cooperativa
6.2 MAPEAMENTO DE PROCESSOS
O mapeamento de processos é uma
ferramenta gerencial e de comunicação
que tem a finalidade de ajudar a
melhorar os processos existentes ou
implantar uma nova estrutura voltada
para processos. O mapeamento também
auxilia a empresa a enxergar claramente
seus pontos fortes, pontos fracos (pontos
que precisam ser melhorados tais
como:complexidade na operação, reduzir
custos, gargalos, falhas de integração,
atividades redundantes, tarefas de baixo
valor agregado, retrabalhos, excesso de
documentação e aprovações), além de
ser uma excelente forma de melhorar
o entendimento sobre os processos e
aumentar a performance do negócio.
(CAMPOS e LIMA, 2012, p. 6).
O mapeamento do processo foi feito através de
conversa com o presidente da cooperativa, com uma
caminhada ao longo dos diferentes estágios. A figura
3 apresenta o mapeamento desenvolvido pelo estudo
e o quadro 1 descreve suas etapas:
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
142
Figura 3 – Mapeamento dos processos da cooperativa. Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Quadro 1 – Mapeamento dos processos da cooperativa. Fonte: Dados da pesquisa (2014)
O QUE POR QUE ONDE COMO
EntradaPolítica Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305
Porta de entradaDescarregamento do caminhão da coleta seletiva da cidade
TriagemSeparação dos materiais a serem prensados e vendidos.
EsteirasTrabalho manual de separação; Ensacamento dos materiais por tipo.
DescarteAlguns materiais não são interessantes para a cooperativa e/ou não são recicláveis.
Área aberta dentro do galpão.
São separados ao lado das esteiras.
PrensagemCompactados, os materiais ocupam menos espaço.
PrensaOs materiais - separados por tipo - são prensados.
Estocagem Organização DepósitoTransporte e alocação no local determinado.
Saída Venda Porta de saídaAtravessadores, por intermédio de empresas terceirizadas, buscam com caminhões os materiais.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
143
A figuras 4 ilustra, os estágios do mapeamento:
Figura 4 – Esquema visual do mapeamento de processos da cooperativa.Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Matriz Cooporativa
Esteira para triagem na Matriz da cooperativa.
Materiais descartados na Matriz da cooperativa
Galpão da primeira filial da cooperativa
Esteira para triagem na Filial da cooperativa
Prensa utilizada na Matriz da cooperativa
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
144
Matriz Cooporativa
Esteira para triagem na Matriz da cooperativa.
Materiais descartados na Matriz da cooperativa
Galpão da primeira filial da cooperativa
Esteira para triagem na Filial da cooperativa
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
145
7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
A cooperativa está inserida na política de resíduos
sólidos do governo municipal e recebe apoio da
Secretaria de Ação Social. Em Volta Redonda, as
cooperativas não são responsáveis pelo processo de
catação, pois a prefeitura realiza este processo com
os caminhões do programa “Coleta Seletiva Solidária”
que vem sendo ampliado desde fim do ano passado e
tem como meta atender, até junho de 2014, 100% da
cidade com as rotas destes caminhões exclusivos para
este tipo de coleta. Os resíduos são descarregados no
galpão da cooperativa as terças, quintas e sábados.
Além disso, existe um trabalho de conscientização
ambiental da população dos bairros atendidos e,
no caso da cooperativa em questão, a prefeitura se
compromete a pagar o aluguel dos galpões utilizados
pela matriz e, agora, pela filial, além de bancar
as contas de água e luz enquanto a cooperativa
não puder arcar com esses gastos. O número de
catadores cooperados cresceu ao longo de 2013 e
em sua maioria são mulheres (87 %). Essas e outras
informações estão na Tabela 1:
Tabela 1 – Dados gerais da Cooperativa de Catadores Folha Verde.
ITENS Cooperativa de Catadores Folha Verde
Nº catadores cooperados 30 (4 homens, 26 mulheres)
Diretoria Presidente e Vice-Presidente
Horário de Funcionamento 08:00 às 16:00, Segunda à Sexta
Recebimento de Resíduos Terça, Quinta e Sábado
EndereçoMatriz – AV. Bahia, nº 199, Belmonte, Volta RedondaFilial – Rua Cap João Mauricio de Medeiros, nº 270, Aero, Volta Redonda.
ApoioPrefeitura Municipal De Volta RedondaSecretaria Municipal de Ação Social
Uso de Uniformes Sim
Uso de Equipamentos de Segurança Sim (equipamento limitado)
Equipamentos Prensas e Esteiras
Remuneração Média Mensal? R$ 400,00
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Entretanto, a prefeitura deixa de cumprir sua parte
em algumas ocasiões, pois o programa de coleta
ficou interrompido durante vários períodos devido a
problemas com a(s) empresa(s) contratada(s). E há
também atrasos no pagamento das contas de água
e luz, por exemplo, no dia 15 de abril, quando o autor
esteve na filial, a luz estava cortada.
Segundo o presidente da cooperativa, o preconceito
da sociedade de fato diminui quando os catadores são
cooperados, apesar de ainda existir. E ele se manifesta
mais por desinformação do que má-fé. Já houve
denúncias de que os catadores estavam roubando
cobre, de que havia mau cheiro e risco de incêndio.
Todas as acusações são infundadas: os cooperados
recebem materiais recicláveis da prefeitura e não
materiais orgânicos, e está preparada quanto ao risco
de incêndio e, no caso do galpão da filial, até para
ajudar as casas vizinhas em caso de incêndio. Ou
seja, muitas pessoas não sabem como é o trabalho
realizado pela cooperativa e outras tantas ainda não
separam o lixo para a coleta seletiva que passa na sua
rua. Juntando a isso o fato de que o programa de coleta
ainda não atende 100% da cidade (essa é a meta para
junho de 2014, se tudo der certo e o programa não
parar novamente), pode-se perceber que há grandes
perspectivas de crescimento em relação aos anos
anteriores. Até 2013, com duas cooperativas atuando,
o programa recolhia 40 toneladas por mês. Só em
Janeiro de 2014 já foram recolhidas 200 toneladas
(G1, 2014). Nos gráficos 1, pode-se ter uma noção
de quanto e de como são os resíduos recebidos pela
Folha Verde:
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
146
ajudar as casas vizinhas em caso de incêndio. Ou
seja, muitas pessoas não sabem como é o trabalho
realizado pela cooperativa e outras tantas ainda não
separam o lixo para a coleta seletiva que passa na sua
rua. Juntando a isso o fato de que o programa de coleta
ainda não atende 100% da cidade (essa é a meta para
junho de 2014, se tudo der certo e o programa não
parar novamente), pode-se perceber que há grandes
perspectivas de crescimento em relação aos anos
anteriores. Até 2013, com duas cooperativas atuando,
o programa recolhia 40 toneladas por mês. Só em
Janeiro de 2014 já foram recolhidas 200 toneladas
(G1, 2014). Nos gráficos 1, pode-se ter uma noção
de quanto e de como são os resíduos recebidos pela
Folha Verde:
Gráfico 1 - Quantidade de resíduos recebidos por mês e por tipo.
Confirmada a tendência de aumento de coleta a
cooperativa deverá se empenhar no combate às suas
fraquezas e na superação de suas ameaças para
suprir a demanda de materiais a serem separados e
vendidos. O quadro 2 enumera estes pontos fracos e,
também, os pontos fortes que a Cooperativa possui:
Quadro 2 - Análise SWOT da Cooperativa de Catadores Folha Verde.
AMBIENTE PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
Interno
- abertura da filial: maior capacidade de trabalho
- visão empresarial- parceria com a prefeitura
- grande espaço físico
- organização e limpeza do espaço- falta de investimento em equipamento
- equipamentos defeituosos- dependência de atravessadores
- divulgação deficiente
Externo - Aumento do volume de coleta- Conflitos pontuais com a prefeitura e a sociedade
- Falta de união com as outras cooperativas
Investimento em maquinário foi um dos pontos
levantados nas respostas do questionário aplicado. Há
necessidade de aquisição de novas prensas, de menor
capacidade, para os materiais não aproveitados, para
que sejam preparados para venda ou doação para
geração de energia termoelétrica. O concerto ou a
compra de uma nova esteira para a filial é fundamental,
visto que a utilizada lá não se movimenta, servindo
apenas como uma espécie de mesa para separação
dos resíduos, o que gera lentidão ao trabalho.
A organização do espaço dos galpões da
cooperativa pode ser revista. A Folha Verde utiliza
– inconscientemente – um arranjo físico por produto
ou linear, o que é correto, pois os produtos de seu
trabalho são similares e produzidos em grande
quantidade, mas as distâncias e o posicionamento
dos postos de trabalho devem ser alterados para que
se evitem atividades que não agreguem valor, como
transporte de resíduos de um lado para outro, acúmulo
de materiais em lugares mal localizados, sujeira e
retrabalho. Aplicar a metodologia 5S nos galpões,
organizando, limpando e eliminando dos espaços
de trabalho tudo que for inútil também aumentaria a
produtividade da cooperativa, além de dar um aspecto
mais profissional ao local de trabalho.
A divulgação feita pela prefeitura deve ser
complementada por iniciativas de esclarecimento
sobre os materiais que podem ser doados à Folha
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
147
Verde. Isso pode ser feito através de marketing digital,
com a utilização de email e de rede sociais, meios
baratos e eficazes.
8. CONCLUSÕES
A cooperativa realiza um trabalho muito importante
para a cidade de Volta Redonda, reduzindo os
resíduos sólidos urbanos e gerando renda as
famílias dos catadores (as) cooperados (as). Com
a Prefeitura Municipal e a Secretaria de Ação Social
cumprindo a parte que as cabe e com um maior
apoio da população, a cooperativa pode, em breve,
conquistar a independência e se tornar uma empresa
autossuficiente, com um mínimo de interferência
externa, como desejam os catadores.
REFERÊNCIAS
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[3] CAMPOS, Ana Cristina. Fim dos lixões até 2014 é tema da Conferência Nacional do Meio Ambiente. Agência Brasil. 2013. Disponível em <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-10-20/fim-dos-lixoes-ate-2014-e-tema-da-conferencia-nacional-do-meio-ambiente>. Acesso 15 de Nov. 2013.
[4] ESTIVAL, K. G. S et al. Análise das Percepções e Ações dos Consumidores na Cadeia Reversa de Pós-Consumo dos Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Ilhéus/Ba. In: Anais do XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, ENEGEP, 13 a 16 de outubro, Rio de Janeiro, RJ. 2008.
[5] GUARNIERI, P. et al. Obtendo competitividade através da logística reversa: estudo de caso de uma madeireira. Journal of Technology Management & Inovation, v.1, 2006.
[6] LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa- meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003, 2005, 2009.
[7] ________________. Logística Reversa – Panorama 2002. Revista Tecnologistica, Maio 2002.
[8] LIMA, F. P. A.; OLIVEIRA, F. G. Produtividade técnica e social das associações de catadores: por um modelo de reciclagem solidária. In Kemp V. H.; 2008
[9] MARCHI, C.M.D.F. Gestão de resíduos sólidos: um caso nos pequenos e médios municípios baianos. In: Anais do ENANPAD. Salvador: ANPAD, 2006.
[10] SANTOS, J. G. A logística reversa como ferramenta para a sustentabilidade: Um estudo sobre a importância das cooperativas de reciclagem na gestão de resíduos sólidos urbanos. UFPE, 2012.
[11] SANTOS, J. G.; CÂNDIDO, J. A. A Sustentabilidade da Agricultura Orgânica Familiar dos Produtores Vinculados a Associação de Desenvolvimento Econômico, Social e Comunitário (ADESC) de Lagoa Seca - PB, 2010. In: Anais do V Encontro Nacional da Anppas, Florianópolis, 2010.
[12] SILVA, I. J. da. Análise do plano de gerenciamento de resíduos sólidos implantado no hospital Getúlio Vargas em Recife – PE. Monografia de Especialização em educação ambiental – Faculdade Frassinetti do Recife, Recife, 2007.
[13] SILVA, E. M. T.; F. Donel; A. R. Wollmann e J. Cuellar). O planejamento como instrumento deimplementação da coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos. In: Anais XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, ENEGEP, Ouro Preto, MG, 21 a 24 de outubro de 2003.
[14] SOUZA, M. T. S. Organização sustentável: indicadores setoriais dominantes para avaliação da sustentabilidade análise de um segmento do setor de alimentação. Tese de Doutorado em Administração. Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2000.
[15] SEBRAE. Gestão de Cooperativas de Crédito. EAD SEBRAE. 2006. Disponível em <http://www.ead.sebrae.com.br/tenho-uma-microempresa/gcc-gestao-de-cooperativas-de-credito/>. Acesso em 29 de Nov. 2013.
[16] SOUZA, S. F.; FONSECA, S. U. L. Logística reversa: oportunidades para redução de custos em decorrência da evolução do fator ecológico. In: Anais do XIII SemeAd. São Paulo, 2010.
[17] WIEGO - WOMEN IN INFORMAL EMPLOYMENT: GLOBALIZING AND ORGANIZING. Enfocándonos en las trabajadoras informales: recicladoras de basura. Cambridge. 2009. Disponível em: <http://wiego.org/sites/wiego.org/files/resources/files/FactSheet-Recicladoras-Spanish.pdf>. Acesso em: Novembro, 2013.
Capítulo 14ABNT NBR 15401:2006 - MEIOS DE HOSPEDAGEM - SISTEMA
DE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE: ANÁLISE CRÍTICA DOS
REQUISITOS E OS DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO
Mariana Rodrigues de Souza Eller
Cintya Mércia Monteiro Penido Amorim
Resumo: Durante muito tempo, o turismo foi considerado uma atividade econômica limpa e não poluente, crescendo desordenadamente, sem estratégias de gestão e com pouco planejamento por parte do empresariado e dos órgãos governamentais. No entanto, com o surgimento da temática de desenvolvimento sustentável este fato tem feito com que gestores hoteleiros e governo recorram à criação e adoção de sistemas de gestão ambiental e de sustentabilidade no intuito de contribuir ativamente para a redução dos impactos socioambientais ao longo do tempo. Neste sentido, este estudo objetivou investigar de que forma a implantação e certificação na norma ABNT NBR 15401:2006 pode contribuir para uma gestão sustentável em meios de hospedagem e quais as principais limitações enfrentadas para a adesão a este tipo de sistema de gestão. A pesquisa foi realizada por meio de levantamento bibliográfico e documental existente, o qual se definiu como incipiente durante a pesquisa, demonstrando a fragilidade do tema perante as poucas iniciativas de certificação e monitoramento de resultados obtidos com a implantação deste modelo de gestão.
Palavras Chave: Certificação, ABNT NBR 15401, Empreendimentos Hoteleiros, Sustentabilidade.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
149
1. INTRODUÇÃO
No início do século XXI, os processos de certificação
se consolidaram como estratégia para as organizações
que desejam melhorar a qualidade de seus produtos e/
ou serviços e otimizar a gestão dos riscos relacionados
aos negócios. Somado a este cenário, enquanto
o mercado de “negócios para negócios” aceita a
convivência com os riscos controlados, a sociedade
e os consumidores estão caminhando em direção à
tolerância zero de riscos, principalmente os correlatos
às questões socioambientais.
Conforme relata Arenhart (2011), as certificações em
sustentabilidade vêm sendo objeto de estudo não
somente segmento hoteleiro, mas em diferentes áreas
do conhecimento, tendo em vista sua significante
contribuição para a melhoria na relação das empresas
com a sociedade e para a própria sustentabilidade
dos negócios.
Neste contexto, observa-se que durante muito tempo o
turismo foi considerado uma atividade econômica limpa
e não poluente, crescendo desordenadamente, sem
estratégias de gestão e com pouco planejamento por
parte do empresariado e dos órgãos governamentais.
No entanto, com o surgimento da temática de
desenvolvimento sustentável e, anos depois, o conceito
de turismo sustentável, as evidências dos impactos
causados pela atividade turística desordenada
começaram a ser questionadas. Dentre eles, os
causados pelo setor hoteleiro, considerado um dos
principais componentes do produto turístico, e que
apresenta relação direta com os pilares socioambiental
e cultural da localidade, com alto risco de impactos
significativos no entorno.
Este fato tem feito com que gestores hoteleiros
recorram à adoção de sistemas de gestão ambiental e
de sustentabilidade no intuito de contribuir ativamente
para a conservação, a revitalização e a recuperação
dos recursos naturais; buscar resultados econômicos
com ética, contribuindo para a justiça social e a
valorização das culturas locais; buscar a legitimidade
política em termos de participação e transparência nos
processos de decisão e representação comunitária;
e interagir com os integrantes da cadeia produtiva
do turismo, de maneira a construir as condições
operacionais para implementar sistemas de gestão da
sustentabilidade do turismo com abrangências setorial
e geográfica (ABNT, 2006).
E, como exemplo destes sistemas, tem-se os requisitos
propostos pela norma ABNT NBR 15401:2006, a qual
foi o objeto principal de estudo desta pesquisa, com
o intuito de investigar de que forma a implantação e
certificação na norma ABNT NBR 15401:2006 pode
contribuir para uma gestão sustentável em meios
de hospedagem e quais as principais limitações
enfrentadas por este segmento para a adesão a este
tipo de sistema de gestão, levantando-se a evolução
da certificação na norma ABNT NBR 15401:2006.
É sabido que na atividade turística os processos
dependem quase que exclusivamente da interação
dos visitantes com o meio ambiente visitado, não sendo
diferente em relação aos meios de hospedagem, onde,
em muitas vezes, tem-se acesso ao consumo e troca
de experiências com as características socioculturais
e ambientais que permeiam a localidade.
Como efeito desta interação, os meios de hospedagem
tornam-se um potencial poluidor pela capacidade
de geração de resíduos de diferentes fontes (Beato,
2010), exercendo uma pressão sob os gestores para
um olhar sobre as questões ambientais na gestão dos
processos que asseguram o funcionamento dos meios
de hospedagem.
Além disso, é notável o surgimento de um novo
mercado para os meios de hospedagem, mais exigente
e preocupado com as causas socioambientais. São os
chamados “hóspedes verdes” que, segundo Arenhart
(2011)
Faz com que estes necessitem identificar
e analisar quais são as certificações
ambientais e selos verdes aplicáveis
aos mesmos, de acordo com o
porte, atividades exercidas, dentre
outras características dos meios de
hospedagem (ARENHART, 2011, p.10).
Foi neste contexto que o estudo em questão pretendeu
elucidar a representatividade da certificação ambiental
em meios de hospedagem como uma alternativa
ao gerenciamento dos impactos causados pela
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
150
atividade turística. Para Álvares e Souza (2013), um
processo de implantação e certificação sistematizado,
considerando requisitos de gestão como os definidos
na norma ABNT NBR 15401:2006, vai ao encontro do
atual cenário da gestão ambientalmente responsável,
cabendo aos gestores dos meios de hospedagem
atentar para os benefícios que a certificação ambiental
pode trazer aos seus empreendimentos em relação a
todos os seus stakeholders.
Além disso, a pouca existência de estudos e pesquisas
da correlação entre gestão ambiental, sustentabilidade
e certificação em meios de hospedagem, bem
como dos desafios encontrados pelo empresariado
para adotar este modelo de gestão, proporcionou
a realização deste estudo como uma oportunidade
de analisar a problemática supracitada e identificar
novos pontos de partidas para demais estudos e
oportunidades de atuação profissional futuras.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CERTIFICAÇÃO EM SISTEMAS DE GESTÃO E O
TURISMO
Hoje as empresas, independente de seu tamanho, se
deparam com demandas crescentes por lucratividade,
qualidade e tecnologias que contribuam para seu
desenvolvimento sustentável. Para transformar estas
pressões em vantagem competitiva, um dos caminhos
é a implantação e certificação de um sistema de
gestão eficiente e adaptado aos processos dos
negócios, usando-o sistematicamente para manter e
melhorar os processos da organização junto aos seus
stakeholders.
Por outro lado, instituições reguladoras respondem a
isto com regras mais compreensíveis e requisitos mais
detalhados, forçando as empresas a adaptarem-se à
nova realidade, onde estar em conformidade com leis
e regras é requisito mínimo para um desenvolvimento
sustentável do negócio. Neste sentido, para Lavor
(2009), “a certificação é uma forma de assegurar
ao consumidor de que um determinado produto ou
serviço obedece a regras mínimas de qualidade e
de que possui características que espera encontrar.”
(LAVOR, 2009, p.53).
Para Almeida (2008), a certificação de produtos,
sistemas ou serviços consiste em uma declaração,
fornecida por organismos públicos ou privados
acreditados para tal, de conformidade a um
determinado referencial normativo, demonstrando
um diferencial perante seus concorrentes. Portanto, a
certificação proporciona ao consumidor uma garantia
da qualidade do bem ou serviço adquirido.
Neste sentido, o INMETRO (2014) define que a
certificação de produtos, serviços, sistemas de gestão
e de pessoas deve ser realizada pela terceira parte,
isto é, por uma organização independente acreditada
para executar essa modalidade de avaliação da
conformidade.
Salvati apud Arenhart (2011) coloca que a certificação
também orienta o consumidor para a escolha de
produtos ou serviços com algum tipo de diferencial
ambiental e social formalizado aos consumidores por
meio de certificados emitidos para tais organizações.
E portanto, como retorno
Essas empresas certificadas adquirem
maior competitividade no mercado,
obtêm economia nos custos de produção
e gestão e alcançam ainda: maior
qualidade nos produtos e serviços, maior
aceitabilidade por parte do consumidor e
a penetração em mercados internacionais
(ARENHART, 2011, p.14).
No caso do turismo, que apresenta por característica o
envolvimento de diversas opções de consumo durante
o processo de escolha dos fornecedores pelos viajantes
(hotéis, restaurantes, atrações turísticas, transportes,
souvenirs, etc.), a certificação em sistemas de gestão
no segmento torna-se um assunto de relevância ao
consideramos que
Diferentemente das situações ordinárias
de consumo, ao turismo acrescenta-se
o fato de que o consumidor, geralmente,
tem a necessidade de realizar escolhas
à distância, uma vez que ele se desloca
de seu ambiente para outro ao qual
não pertence e, sendo assim, existe a
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
151
necessidade de garantias com relação
ao produto ou serviço que está sendo
adquirido. (LAVOR, 2009, p. 54).
Neste contexto, associando a necessidade da garantia
da qualidade do produto ou serviço bem como da
gestão sustentável do ambiente no qual está inserido,
as certificações nos setores do turismo podem
significar um viés de sensibilização e confiabilidade
para as escolhas dos turistas ao efetivarem o consumo,
uma vez que o atendimento a requisitos mínimos de
qualidade, meio ambiente, saúde e segurança é
assegurado quando se existe a certificação.
2.2 EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS
Os meios de hospedagem, também conhecidos por
acomodações turísticas, são aqueles utilizados para
pernoite dos turistas quando fora de seu ambiente
usual de convivência. De acordo com o Ministério do
Turismo, meios de hospedagem podem ser definidos
como
Empreendimentos ou estabelecimentos,
independentemente de sua forma
de constituição, destinados a prestar
serviços de alojamento temporário,
ofertados em unidades de frequência
individual e de uso exclusivo do
hóspede, bem como outros serviços
necessários aos usuários, denominados
de serviços de hospedagem, mediante
adoção de instrumento contratual, tácito
ou expresso, e cobrança de diária
(BRASÍLIA, 2010, p. 25).
Lohmann e Netto (2012) dividem os meios de
hospedagem em dois tipos: a) comerciais, sendo
aqueles estabelecimentos que cobram para que os
hóspedes possam usufruir uma acomodação; e b) não
comerciais, onde os turistas ficam acomodados em
casa de amigos, familiares ou residentes do destino
turístico.
Para fins deste trabalho, serão considerados apenas
os meios de hospedagem comerciais, uma vez que a
norma ABNT NBR 15401:2006, assim como o Ministério
do Turismo, também adota a mesma diretriz conceitual
sobre meio de hospedagem: “empreendimento,
público ou privado, que fornece, entre as suas
atividades, serviços de acomodação.” (ABNT, 2006,
p.2).
A hotelaria é um setor que presta serviços e deve estar
sempre atualizado com as mudanças que ocorrem
no mercado. O atual momento do segmento vem
sendo marcado por inovações de todos os tipos e
principalmente pela competitividade relacionada a
custos, benefícios diferenciados e a preocupação
socioambiental, mais evidenciado pela busca de
certificações ou selos de classificação para avaliar
e qualificar facilidades e a qualidade do serviço de
hospedagem, bem como sua correlação com os
demais stakeholders. Conforme aponta Arenhart
(2011)
No quesito variável ambiental, o setor
hoteleiro deve se adequar as legislações
específicas, adotar um sistema de gestão
ambiental e buscar por certificações
ou selos verdes no mercado que mais
se adequam ao ramo, trazendo assim
benefícios ambientais (redução dos
impactos ambientais e uso dos recursos
naturais renováveis), econômicos (uso
do marketing ambiental para divulgação
e acesso a novos mercados) e social
(boas condições de trabalho e respeito
a comunidade local) (ARENHART, 2011,
p.13).
No Brasil, existe uma gama de programas de
certificações e classificações de meios de
hospedagem, advindos da iniciativa pública e privada,
sendo que muitos deles “ainda carecem de um
reconhecimento que seja padronizado com critérios
internacionais.”(Lohmann e Netto, 2012, p.406).
2.3 SUSTENTABILIDADE E A ATIVIDADE TURÍSTICA
A atividade turística gera consequências impactantes
em diversos processos. Estudiosos da área vêm
destacando que dentre os principais impactos do
turismo estão as vertentes econômica, ambiental, social
e cultural, acrescentando ainda, em uma abordagem
mais profunda, impactos políticos e psicológicos (tanto
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
152
nos turistas quanto na comunidade receptora).
Considerando a vertente ambiental, Lohmann e Netto
(2012) ressaltam que os impactos ambientais positivos
e negativos do turismo relacionam-se principalmente
aos aspectos físicos, biológicos, econômicos ou
culturais, sendo estes impactos cumulativos ao longo
do crescimento e desenvolvimento da atividade
turística local. Neste sentido, pensar a sustentabilidade
diante de todos estes impactos é um dos principais
desafios para este tipo de atividade, e que vem sendo
muito retratada por estudiosos da área, turistas e
empresariado.
O conceito de sustentabilidade, embora de difícil
delimitação, refere-se ao
Desenvolvimento capaz de atender
às necessidades da geração atual
sem comprometer os recursos para a
satisfação das gerações futuras. É o
desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro (CMMAD apud
BRASÍLIA, 2013, p. 10).
Com um enfoque na atividade turística, o turismo
sustentável visa promover a harmonia dos seres
humanos entre si e com a natureza, promovendo uma
atividade ecologicamente suportável em longo prazo,
economicamente viável, ética e socialmente equitativa
para as comunidades locais, “exigindo integração ao
meio ambiente natural, cultural e humano e respeito
à fragilidade que caracteriza muitas destinações
turísticas.” (OMT apud BRASIL, 2013).
Adicionalmente, o turismo sustentável pode ser definido
como a atividade que satisfaça as necessidades dos
turistas e as necessidades socioeconômicas das
regiões receptoras, considerando a manutenção da
integridade cultural, da integridade dos ambientes
naturais e da diversidade biológica para as
comunidades futuras (Brasil, 2010). E isto acaba
por incluir os meios de hospedagem, os quais têm
efetivamente um potencial poluidor pela capacidade
de geração de resíduos de diferentes fontes.
Cooper e outros (2011) consideram que os impactos da
atividade turística, sob o aspecto da sustentabilidade,
devem ser analisados considerando as dimensões
ambiental, social e econômica, as quais não se excluem
mutuamente, apresentando um grau significativo
de sobreposição que em muito agrega à discussão
sobre os efeitos do turismo, aplicando-se diretamente
à abordagem sobre sistemas de gestão sustentável
que será dada neste estudo. Para os autores, “os
inter-relacionamentos entre as dimensões significam
que elas também agem como categorias principais
em torno das quais a noção de desenvolvimento é
considerada” (COOPER et al., 2011, p.90).
2.4 A NORMA ABNT NBR 15401:2006
A ABNT NBR 15401 - Meios de hospedagem -
Sistema de gestão da sustentabilidade - Requisitos é
uma norma que visa o aprimoramento da qualidade
nos serviços e gestão dos meios de hospedagem;
o atendimento a legislação aplicável ao segmento;
à colocação do negócio no mercado internacional;
à preservação ambiental e cultural, consciência
social e desenvolvimento econômico-financeiro do
empresariado e demais partes interessadas (ABNT,
2012).
A ABNT NBR 15401 foi desenvolvida no âmbito do
Comitê Brasileiro de Turismo – ABNT/CB 54, pela
Comissão de Estudo de Turismo Sustentável (CE-
54:004.01) e foi publicada no final de outubro de
2006 pela ABNT, com a proposta de uma base para o
alcance e a manutenção do desempenho sustentável
dos meios de hospedagem, sendo aplicável a todos
os tipos e portes de organizações, mas com atenção
particular à realidade das pequenas e médias
empresas.
A norma se fundamenta nos “ sete princípios do turismo
sustentável”, sendo que “os requisitos definidos estão
todos relacionados a esses princípios, representando
a plataforma a ser seguida na implementação do
sistema de gestão da sustentabilidade” (ABNT, 2012,
p.10). Neste sentido, o uso deste modelo de gestão
pelos meios de hospedagem devem gerar benefícios
ambientais, econômicos, sociais e culturais.
De acordo com a ABNT (2012)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
153
Do ponto de vista ambiental, ela contribui
para a conservação da biodiversidade
e auxilia na manutenção da qualidade
ambiental dos atrativos turísticos. Do
ponto de vista econômico, ela viabiliza as
áreas utilizadas pelo turismo, proporciona
um diferencial de marketing, gerando
vantagens competitivas para os meios
de hospedagem e facilitando o acesso
a novos mercados, principalmente
o internacional. Nas esferas social e
cultural, estimula boas condições de
trabalho, enfatiza a preservação do
patrimônio cultural e promove o respeito
aos direitos dos trabalhadores, povos
indígenas e comunidades locais. Do
ponto de vista político, ela promove o
respeito à lei e à cidadania (ABNT, 2012,
p.7).
Os sete princípios do turismo sustentável são:
•Respeitar a legislação vigente;
•Garantir os direitos das populações locais;
•Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade;
•Considerar o patrimônio cultural e valores locais;
•Estimular o desenvolvimento social e econômico
dos destinos turísticos;
•Garantir a qualidade dos produtos, processos e
atitudes;
•Estabelecer o planejamento e a gestão
responsáveis.
Diferentemente dos demais “selos” ou “classificações”
de empreendimentos hoteleiros existentes no Brasil
(Selo Verde Guia Quatro Rodas; Certificação Eco-
Hotel; classificação do TripAdvisor; o próprio Sistema
Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem,
entre outras), a ABNT NBR 15401 descreve os
requisitos para a sustentabilidade de um meio de
hospedagem, possibilitando a sua verificação e
inclusive a certificação; ao contrário dos supracitados,
que objetivam “prover orientação genérica a um meio
de hospedagem que visa implementar ou aprimorar
práticas de turismo sustentável” (ABNT, 2006, p. 8).
Além disso, o sistema de gestão da sustentabilidade
proposto pela norma soma-se aos demais modelos
de sistemas de gestão já consagrados, como a NBR
ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade) e a NBR
ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), graças à
referência básica ao ciclo PDCA (de Plan – Do – Check
– Act) e a compatibilização de assuntos relacionados
aos requisitos destas normas.
4 METODOLOGIA
A metodologia aplicada para o desenvolvimento deste
estudo foi a pesquisa do tipo exploratória, utilizando
a técnica da pesquisa bibliográfica e da pesquisa
documental, sendo que a primeira foi desenvolvida
com base em material já elaborado, como livros,
artigos científicos, referenciais normativos sobre o
tema; e a segunda envolveu a revisão de documentos
que de alguma forma já foram analisados, tais como:
relatórios de pesquisa, relatórios de desempenho,
tabelas, dados estatísticos, etc.
Utilizou-se da coleta documental para consulta às
fontes dos tipos secundárias e primárias. A análise
dos dados teve abordagem qualitativa (GIL, 2002),
tendo sido realizada a leitura de todo o material
levantado para identificar, sistematizar e interpretar as
informações relevantes para esta pesquisa.
5 VISÃO GERAL DOS REQUISITOS NORMATIVOS
DA ABNT NBR 15401:2006
Assim como nas normas de sistemas de gestão
de maior relevância mundial, a ABNT NBR 15401
é elaborada com referência básica ao ciclo PDCA
- Plan – Do – Check – Act, que consiste nas etapas
de planejar, implementar, verificar e agir sobre os
processos do negócio na busca da melhoria contínua
da performance do sistema de gestão.
Aliado a isto, a norma determina os requisitos para
que os meios de hospedagem possam vir a realizar
as suas atividades de acordo com os sete princípios
do turismo sustentável, estabelecendo a definição de
uma política que leve em conta os requisitos legais e
as informações referentes aos impactos ambientais,
socioculturais e econômicos significativos, atrelados
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
154
à responsabilidade da Direção em assegurar o
desenvolvimento e implantação deste sistema na
organização.
O planejamento (Plan, do PDCA) do sistema de gestão
proposto está baseado em quatro requisitos que se
integram para estabelecer os objetivos e processos
essenciais aos resultados esperados, composto pelas
etapas de levantamento de requisitos legais e outros
aplicáveis ao negócio; pelo mapeamento dos seus
aspectos ligados à sustentabilidade; pela definição de
objetivos e metas que considerem visões referentes à
emissões, efluentes e resíduos sólidos; conservação e
gestão do uso da água; eficiência energética; seleção
e uso de insumos; saúde e segurança dos clientes e
dos trabalhadores; qualidade e satisfação do cliente;
trabalho e renda; comunidades locais; aspectos
culturais; áreas naturais, flora e fauna; e viabilidade
econômica.
Na fase de implantação (Do, do PDCA), a ABNT NBR
15401 estabelece que a organização documente
seus principais processos e a interação entre eles,
fornecendo orientação sobre toda documentação
relacionada ao sistema. Além disso, requisita um
procedimento para o controle destes documentos e
dos registros originados de sua implantação, para que
sejam divulgados validados e mantidos em sua versão
atual para os usuários.
Outros dois requisitos ainda relacionados com
a implantação são o controle operacional das
atividades associadas aos aspectos relacionados
com a sustentabilidade e onde medidas de
controle necessitam ser planejadas e aplicadas; e a
competência, conscientização e treinamento, para
assegurar que o seu pessoal está consciente quanto
à pertinência e importância de suas atividades e de
como elas contribuem para atingir os objetivos da
sustentabilidade definidos.
Para a verificação do sistema (Check, do PDCA),
devem ser definidos critérios para monitoramento
e medição das características principais de suas
operações e das atividades que possam ter um impacto
significativo sobre a sustentabilidade, além de avaliar
periodicamente o atendimento à legislação aplicável,
realizar auditorias internas e tratar não conformidades
detectadas.
A análise crítica pela Direção da política, objetivos
e outros elementos do sistema de gestão da
sustentabilidade frente aos resultados alcançados
devem refletir a melhoria contínua (Act, do PDCA),
com o propósito de assegurar a conveniência,
adequação e eficácia contínuas do sistema de gestão.
Somado a isto, tem-se o requisito da transparência,
comunicação e promoção do turismo sustentável, com
vistas à divulgação externa do comprometimento da
organização e o desempenho atingido em suas ações
sustentáveis.
Quanto às dimensões do turismo sustentável
declarados na ABNT NBR 15401, tem-se a dimensão
ambiental, a sociocultural e a econômica.
Na dimensão ambiental, há requisitos para preparação
e atendimento a emergências ambientais; áreas
naturais, flora e fauna; arquitetura e impactos da
construção no local; paisagismo adotado pelo
empreendimento; emissões, efluentes e resíduos
sólidos gerados pela atividade turística; eficiência
energética; a conservação e gestão do uso de água; e
a seleção e uso de insumos.
Na dimensão sociocultural, as operações e práticas
dos empreendimentos devem contribuir para
reconhecer, promover e respeitar o patrimônio cultural
das regiões, contribuindo para o desenvolvimento
social e econômico dos trabalhadores e comunidades
envolvidas na cadeia produtiva.
Sobre a dimensão econômica, o empreendimento
deve adotar práticas de gestão seguras, viáveis e
satisfatórias às expectativas dos clientes, além de
direcionar ao atendimento da legislação.
6 FATORES LIMITADORES E DE CONTRIBUIÇÃO
PARA A IMPLANTAÇÃO DA ABNT NBR 15401 NOS
EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS
Durante a realização das pesquisas sobre a temática
da certificação de empreendimentos hoteleiros na
ABNT NBR 15401, verificou-se a existências de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
155
diversos fatores de contribuição ao negócio e ao
meio ambiente, bem como de fatores que limitam o
objetivo de atingir todas as expectativas criadas com
a certificação na norma.
Atualmente, estima-se que cerca de 43
empreendimentos estão certificados na ABNT NBR
15401, o que pouco representa no setor, tendo em vista
o grande número de meios de hospedagem do Brasil
– nas capitais do país são 5.036 estabelecimentos de
hospedagem (IBGE, 2012). A baixa adesão a este
modelo de gestão pode estar relacionada a alguns
fatores que permeiam o baixo conhecimento, altos
custos, ausência de pesquisas e benchmarking sobre
a certificação, entre outros discutidos a seguir.
6.1 FATORES LIMITANTES
Um dos principais fatores limitantes encontrados
nos estudos pesquisados está relacionado ao baixo
conhecimento conceitual e explícito dos gestores sobre
as temáticas que permeiam a sustentabilidade e a
atividade turística, além da dificuldade em compreender
e aplicar os requisitos normativos da ABNT NBR
15401, considerada complexa. Conforme apontado
por Álvares e Souza (2013), tal complexidade também
evidencia a carência na elaboração de projetos para
processos de implementação desta norma em meios
de hospedagem do país, principalmente por parte de
organizações governamentais, a qual poderia adotar
esta certificação como aliada aos seus projetos de
integração e desenvolvimento do turismo sustentável
em nível nacional.
Outro fator limitante está relacionado aos custos que
um programa de certificação poderá gerar para os
empreendimentos. Estudos sobre certificação em nível
internacional (Honey e Stwart, 2002) apontam tais custos
como um impedimento para a disseminação deste tipo
de ação para micro e pequenos empreendimentos
(as quais são o enfoque desta norma), visto que o
processo é baseado no atendimento de requisitos
e, portanto, similar para toda a organização. Neste
sentido, quanto maior a empresa, melhor diluído na
organização será o custo da implementação de um
processo de certificação.
O atual perfil do turista também pode ser considerado
como um fator problemático no tocante à implantação
de um sistema de gestão da sustentabilidade. Segundo
uma pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo em
2009, 8,3% dos entrevistados (entre turistas e potenciais
turistas) associa a atividade turística à beleza natural/
lugares bonitos; 8,4% à cultura; 3,2% à conhecimento/
aprendizado e 3,5% à associação a novos lugares
(BRASÍLIA, 2009, p. 16). Assim, percebe-se que a
demanda de meios de hospedagens pouco valoriza
questões socioambientais ou culturais pontuais do
meio de hospedagem, bem como da destinação como
um tudo.
Alinhado à constatação supracitada, os resultados
financeiros também devem ser considerados.
Apesar da escassez de dados quanti e qualitativos
representativos sobre os resultados obtidos pelos
empreendimentos certificados na ABNT NBR 15401,
Álvares e Souza (2013) concluíram em seus estudos
sobre os três primeiros meios de hospedagem
certificados no país, que a implantação e certificação
não representaram um aumento da demanda de
clientes, mesmo este não sendo o principal fator
motivacional para a adoção do sistema de gestão.
Em outro estudo, sobre a demanda por estes tipos de
hospedagens, concluíram que há uma deficiência em
informações sobre a demanda estar ou não disposta a
pagar a mais por um meio de hospedagem certificado;
que também existe aquela demanda que aceita pagar
pela possibilidade de conferir in loco se a certificação
funciona de fato, apesar da falta de compreensão da
demanda em função da quantidade de certificações
ambientais (Álvares e Souza, 2013).
Neste sentido, ainda que considerando um universo
pequeno, o fato de implantar um sistema de gestão
requer investimento e, se a expectativa de um mínimo
de retorno financeiro e mensurável não for atingida,
certamente se tornará um fator limitante ou até mesmo
inviável ao processo.
De acordo com apontamentos de Arenhart (2011) há
uma grande necessidade de ampliar a divulgação
clara da norma bem como das empresas certificadas
em âmbito nacional e internacional, não somente
para aperfeiçoar as estratégias mercadológicas, mas
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
156
também para dar maior clareza aos stakeholders
que se interessem em obter mais informações sobre
os programas sustentáveis nas respectivas relações
para com o meio de hospedagem. E a dificuldade em
encontrar também foi evidenciada nesta pesquisa,
encontrando-se grande burocracia e dispersão de
informações sobre o número e os nomes das empresas
certificadas na referida norma.
6.2 FATORES DE CONTRIBUIÇÃO
Considerando as três dimensões do turismo
sustentável, um dos principais fatores intangíveis
de contribuição com a implantação da norma ABNT
NBR 15401 é a sensibilização e a possível herança
socioambiental responsável deixada aos envolvidos.
Nos estudos realizados por Álvares e Souza (2013)
foi apontado que a implementação e a manutenção
da ABNT NBR 15401 nas organizações favoreceu a
sensibilização em relação aos aspectos ligados à
sustentabilidade de todos os envolvidos, interna e
externamente ao empreendimento. E isto torna-se
possível tendo em vista todo o processo de treinamento
e conscientização advindos das atividades de
implementação, os quais se tornam essenciais para
suprir a lacuna ocasionada pela falta de compreensão
sobre as questões ambientais de forma sistemática
(Pires apud Álvares e Souza, 2013).
Como consequência do processo de sensibilização,
diversos potenciais de redução de custos podem
ser identificados e desdobrados em ações voltadas
à gestão sustentável de recursos. Laurino (2008),
em seus estudos sobre o Programa Bem Receber
(projeto pioneiro desenvolvido pelo governo nacional
para orientar a implantação da ABNT NBR 15401),
aponta que no que se refere à forma de controle e
gestão dos recursos hídricos e elétricos, os meios de
hospedagem considerados na pesquisa conseguiram
identificar um potencial efetivo para redução de
custos, principalmente em função da redução do
consumo, apesar da ainda reduzida quantidade de
dados estatísticos sobre as diversas ações realizadas
nos empreendimentos.
Além de benefícios financeiros e ambientais, há
também o aspecto promocional e do marketing
verde envolvido com a implantação deste modelo
de gestão, como um diferencial competitivo que uma
empresa possui no setor de turismo em nível mundial.
Esta prática faz-se necessária, inclusive, até pela
necessidade dos gestores de proporcionarem aos
meios de hospedagem uma visibilidade que contribua
para o aumento da demanda da empresa. Neste
sentido, este tipo de prática de certificação ambiental
pode contribuir local e globalmente para a melhoria
das condições ambientais do planeta no tocante
ao uso racional dos recursos naturais por parte das
empresas privadas (Álvares e Souza, 2013).
Por se tratar de um modelo de gestão, cabe destacar os
benefícios que esta norma pode trazer para a operação
dos meios de hospedagem, em termos de performance
de seus processos, pois ao propor requisitos baseados
no ciclo PDCA orienta para uma gestão de processos
com foco na melhoria contínua do negócio. Itens
como controle de documentos e registros, definição
de responsabilidades e autoridades, análises críticas
pela alta direção, auditorias internas e tratamentos
de não conformidades são requisitos poderosos para
a performance do negócio quando implantados de
maneira efetiva e acompanhados regularmente.
No intuito de alavancar a adesão voluntária dos
meios de hospedagem a esta norma, o governo
brasileiro mantém, ainda que de maneira discreta,
duas iniciativas que viabilizam financiamentos e
apoio técnico à sua implantação. O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
mantém o ProCopa Turismo, que se trata de uma linha
de financiamento específica para o setor hoteleiro e
que dá prazos de pagamento maiores para os meios de
hospedagem que sejam certificados pela ABNT NBR
15401. Paralelamente a isto, o Ministério do Turismo
vem mantendo ações para subsidiar a pré-auditoria
de certificação, o que ajuda muitos empreendimentos
a melhorem seus sistemas de gestão para obter o
sucesso na certificação.
7. CONCLUSÃO
Diante das constatações geradas por esta pesquisa,
evidencia-se que a norma ABNT NBR 15401ainda é
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
157
pouco disseminada e compreendida por gestores
de meios de hospedagem no Brasil e pelo próprio
meio acadêmico e mercadológico, dada a pouca
existência de informações teóricas e de resultados
que evidenciem a aplicação prática da norma. E
isto pode ser inicialmente explicado pelas limitações
da implantação deste modelo de gestão, conforme
apontado neste estudo.
Apesar de apresentar requisitos de grande valia
à gestão sustentável dos processos turísticos
potencialmente impactantes no meio ambiente, a
complexidade da norma vai de encontro ao baixo
conhecimento técnico e explícito de gestores e
demais envolvidos com a temática da sustentabilidade
ambiental e do negócio, dificultando a compreensão,
abordagem e desenvolvimento de tais diretrizes
em seus negócios. Naquelas organizações que se
encontram certificadas, a baixa geração de dados
ambientais, sociais e econômicos referentes às
mudanças que as ações frutos da implantação deste
sistema de gestão promoveram para a empresa e para
e os stakeholders envolvidos são um reflexo desta
deficiência de educação e conhecimento sobre a
temática aplicada à gestão do negócio.
Considerando o ambiente externo à organização, o perfil
dos atuais turistas que visitam o país pouco se alinha
com os propósitos de um negócio ambientalmente
correto e sustentável, conforme apontado nas
pesquisas citadas neste estudo. A atividade de
turismo, por si só, já sugere um descompromisso com
“regras” ou preocupações habituais, possibilitando
aos turistas a escolherem o usufruto de recursos e
atrativos naturais ou culturais da forma consciente ou
desordenada.
Outros fatores externos que também favorecem a baixa
adesão de meios de hospedagem à norma ABNT NBR
15401 podem ser elencados aos custos relacionados
aos processos de implantação e certificação, muitas
vezes não comparáveis aos resultados que poderiam
ser atingidos por meio de uma gestão sustentável do
negócio. A deficiência de dados e informações de
desempenho de meios de hospedagem que já aderiram
à norma somado à baixa prática de benchmarking no
segmento dificulta a análise crítica da viabilidade de
um projeto desta importância, adentrando para uma
resistência de gestores quanto à implantação.
Além disso, há pouca atuação governamental e de
entidades relacionadas aos programas de certificação
nacional, com vistas à promoção desta norma como
uma alternativa sistematizada e pioneira no segmento
turístico que pode vir agregar valor ao negócio aliado
às diretrizes de sustentabilidade ambiental. Discretas
ações de incentivo foram desenvolvidas à época do
lançamento da norma e algumas delas continuam a
acorrer, porém de forma incipiente e não controlada
– visto a grande dificuldade encontrada pela
pesquisadora em levantar dados sobre a certificação
nesta norma no país.
Portanto, conclui-se que os fatores limitantes para
adesão a esta norma pelos meios de hospedagem ainda
se sobressaem às contribuições que ela pode trazer
ao negócio e aos envolvidos, considerando as esferas
social, econômica e ambiental. Assim, entidades
e empresariado ainda necessitam desenvolver um
programa estruturado de gestão para disseminar esta
norma pelo país, envolvendo o estabelecimento de
incentivos, treinamentos, monitoramentos e estudos
em todas as esferas da atividade de hospedagem
e sua relação com a sustentabilidade da atividade
turística como um todo.
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158
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[20] INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL. Certificação. Disponível em < http://www.inmetro.gov.br/qualidade/certificacao.asp> Acesso em: 22 Out 2013.
[21] LAVOR, C. S. de Um estudo sobre a normalização e a certificação do turismo no Brasil: situação atual e perspectivas. 2009. Dissertação (Mestrado) – Centro de Excelência em Turismo. Universidade de Brasília. Disponível em < http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/11005/1/2009_CeciliaSaiddeLavor.pdf> Acesso em: 14 Out 2013.
[22] LAURINO, A. T., Análise da implantação do programa bem receber nos meios de hospedagem participantes do município de Foz do Iguaçu. Foz do Iguaçu, 2008. Monografia (Bacharelado). Curso de Graduação em Hotelaria da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
[23] LOHMANN, Guilherme; NETTO, Alexandre Panosso. Teoria do Turismo: conceitos, modelos e sistemas. 2º Edição. São Paulo: Aleph, 2012.
Capítulo 15PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO EM
ORGANIZAÇÕES DO SETOR FARMACÊUTICO
Daniela Farinon
Vilciane Verdi
Rodrigo Barichello
Paulo Sérgio Jordani
Resumo: A sustentabilidade é um tema de grande valia nos dias de hoje, constata-se que o termo é bem complexo, amplo e sua repercussão é global. Considerando que os recursos naturais são escassos, a poluição é cada vez mais notória, o consumo exacerbado, o desperdício contínuo, o aumento populacional, a degradação ambiental, entre outros fatores que afetam a vida em sociedade e estão ligados à sustentabilidade de alguma forma. O objetivo principal desta pesquisa foi analisar qual é o nível de conhecimento da temática sustentabilidade por parte dos empresários, em específico do ramo farmacêutico no município de Quilombo/SC. Foi constatado como esses empresários percebem a sustentabilidade. A técnica utilizada para a coleta de dados foi a aplicação de questionário em quatro farmácias no município. Utilizou-se, para aprofundar o conhecimento, o embasamento teórico através da pesquisa bibliográfica, fundamentada no tema sustentabilidade: conceitos, dimensões e sua relação com o meio empresarial. O estudo apontou aspectos relevantes quanto ao nível de conhecimento que as organizações do setor farmacêutico possuem, destaca-se que com relação as dimensões da sustentabilidade que contemplam aspectos sociais, ambientais e econômicos todos os empresários detêm conhecimento acerca da temática e suas derivações e também realizam práticas sustentáveis, o que revela um nível acentuado de entendimento sobre a sustentabilidade.
Palavras Chave: Sustentabilidade, Ramo farmacêutico, Percepção dos empresários.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
160
1. INTRODUÇÃO
O tema sustentabilidade vem ganhando espaço na
sociedade com mais intensidade, pois se sabe que os
recursos naturais são escassos e limitados, tendo em
vista que existe uma dependência do meio ambiente
para a existência humana e consequentemente das
atividades econômicas que o cercam.
O trabalho em questão tem o intuito de buscar e
apresentar informações pertinentes a respeito da
temática sustentabilidade, por meio do conhecimento
advindo da concepção que os empresários do
ramo farmacêutico do município de Quilombo/SC
possuem e de pesquisas bibliográficas voltadas para
sustentabilidade.
A pesquisa está embasada na importância da
sustentabilidade, suas dimensões e qual sua relação
com o meio empresarial, levando em consideração
o grau de conscientização e compreensão dos
empresários do ramo farmacêutico do município
de Quilombo sobre a temática “sustentabilidade”.
Pretende-se investigar o nível de conhecimento
que os mesmos possuem, verificando se métodos
sustentáveis são adotados pela empresa e quais são
eles e também se existe uma real preocupação com o
meio ambiente e o futuro da humanidade.
Entretanto, para realizar a pesquisa é necessário o
embasamento do que vem a ser a sustentabilidade,
fato este que será abordado e fundamentado para que
se obtenha êxito e bons resultados na busca do objeto
de estudo, estabelecendo assim a ligação deste com
a teoria.
O objetivo geral deste estudo é fazer uma pesquisa
para analisar qual é o nível de conhecimento da
temática sustentabilidade por parte dos empresários
do ramo farmacêutico do comércio de Quilombo/SC.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Antes de definir sustentabilidade é importante ressaltar
a existência conectiva entre o sistema produtivo e o
ambiente natural, este último, elemento essencial para
produção dos recursos que garantem nossa existência
(LIMA, 2006).
As necessidades e os desejos das pessoas se ampliam
constantemente e novos produtos e serviços são
lançados a todo tempo, porém o consumo exacerbado
gera poluição e deterioração do meio ambiente, fato
este que vem sendo preconizado na sociedade atual,
emitindo uma real preocupação da sociedade com o
futuro das próximas gerações.
Considerando que deve existir uma real equiparação
entre organizações e meio natural, atualmente faz-se
necessário a sua contextualização e não apenas a
teorização, visto que é do meio ambiente que se provém
o conjunto de elementos vitais para existência humana
e o desenvolvimento das atividades fundamentais que
as norteiam. (LIMA, 2006).
Nesse sentido, a capacidade de transformar e
modificar o meio trouxe ao homem o desenvolvimento
tecnológico e melhoriais de vida, porém também
trouxe várias consequências, que cabem agora a ele
desenvolver estratégias de combate para amenizar
ou evitá-las. Deparando-se com esse contexto,
surge o tema “sustentabilidade”, com o objetivo de
conscientizar e difundir a importância e o papel do meio
ambiente para a existência humana, considerando que
existem limitações e, estas devem ser respeitadas.
2.1 SUSTENTABILIDADE: CONCEITOS E
DEFINIÇÕES
A palavra sustentabilidade pode ser definida como
uma forma de agir de modo a garantir a preservação
e a conservação do meio seja ele ambiental, social
ou econômico no qual enfatiza a importância dos
recursos naturais para a existência humana e das
futuras gerações.
A palavra sustentabilidade data do século
XIII (HOUAISS, 2007), com asseguintes
acepções: 1. Abastecimento renovado
do conjunto das substâncias necessárias
à conservação da vida; nutrição,
alimentação, sustento; 2. Ato ou efeito
de dar apoio; 3. Aquilo que sustenta;
sustentáculo, apoio; 4. Ato ou efeito de
conservar; conservação, manutenção; 5.
Ato ou efeito de defender (algo); defesa;
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
161
6. Ato, processo ou efeito de validar,
confirmar (algo); confirmação, ratificação;
7. Ação ou resultado de suster, adiar;
dilação, demora, adiamento. (KISIL,
2008, p. 05 Apud HOUAISS, 2007).
O termo sustentabilidade é conceituado desde
os primórdios, pois existia a preocupação com a
existência humana, servia como o pilar que sustentava
e dava apoio para o indivíduo permanecer vivo nesse
contexto de interação com o meio em que estava
inserido.
Entretanto, o princípio da sustentabilidade veio se
transformando com o decorrer dos anos e atualmente
está voltado na busca de ações ecologicamente
corretas e viáveis. Fato esse, que vem fazendo com
que as empresas também se voltem para o termo
sustentabilidade em suas ações, afinal o consumidor
está cada vez mais consciente e ao mesmo tempo
exigente com relação às questões ambientais.
Segundo Lima (2006) “O conceito de sustentabilidade
tem sido utilizado, cada vez mais, para dar suporte a
processos econômicos”.
Na atualidade a sustentabilidade é uma alternativa para
a idealização de um contexto ideal, justo, produtivo,
saudável e com qualidade de vida, onde as pessoas
possam viver por muito tempo e satisfazer as suas
necessidades e desejos, de modo a não comprometer
o meio e a existência de outras gerações que estão
por vir (KISIL, 2008).
Segundo Kisil (2008) p. 02 “O cerne da Sustentabilidade
como conceito contemporâneo é a inclusão de uma
lógica diferente da tradicional dentro do sistema social:
o cuidado com os aspectos econômicos, humanos e
ambientais como orientadores de decisões para toda
e qualquer atividade produtiva em exercício (produtos,
serviços, bem estar humano)”.
O termo é bem complexo e amplo, tendo em vista que os
recursos naturais são escassos, a poluição é cada vez
mais notória, o consumo exacerbado, o desperdício,
o crescimento populacional, a degradação ambiental,
entre outros fatores que afetam a vida em sociedade,
estes são aspectos que colaboram para despertar as
pessoas para o cuidado e para a conscientização nas
suas ações.
A noção de sustentabilidade se difundiu
como ‘Desenvolvimento Sustentável’,
e a separação dos conceitos de
sustentabilidade e desenvolvimento deu
origem a diversas outras expressões,
como sociedade sustentável, empresa
sustentável, gestão sustentável, entre
outras, fomentando “a noção de que
não somente o desenvolvimento deve
ser sustentável, mas todas as ações
humanas” (SILVA; ET AL, 2011, p. 159
Apud SILVA; REIS; AMÂNCIO, 2011, p.
151).
A sociedade vem se deparando com a premissa do
agir sustentável e suas derivações, visto que hoje o
conhecimento sobre a temática é essencial, tanto para
o ser humano, como para as empresas e instituições.
“Pode-se afirmar que sustentabilidade busca conciliar
a questão ambiental com a questão econômica
incorporando o princípio básico da continuidade, nada
pode ser sustentável se não for contínuo” (LIMA, 2006).
Ainda Lima :
A definição contida na Relatório
Brundtland (CMMAD, 1987), elaborado
pela citada comissão, estava assim
explicitada: “desenvolvimento sustentável
é o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades da geração presente
sem comprometer a capacidade das
gerações futuras para satisfazer as suas
próprias necessidades. (LIMA, 2006, p.
03).
Essa definição permite a constatação da continuidade
no desenvolvimento sustentável, pelo fato de exprimir
a ideia de que as ações de hoje não comprometam
a existência de outras gerações, o que remete a
conscientização voltada para o controle e o uso
racional dos recursos, tendo em vista que os mesmos
são escassos, para que assim esteja a disposição em
longo prazo para futuras gerações.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
162
“A ideia de sustentabilidade nunca foi estranha ao
homem. Porém, a concretização e a difusão em escala
mundial do conceito de sustentabilidade, ocorreram
na Comissão Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento – CMMAD” (LIMA, 2006, p. 03).
“Pensar globalmente e agir localmente”, a ideia foi de
Philip Kotler (CARMO; COMITRE, 2010, p. 2). Este deve
ser um lema adotado para nortear a forma de lidar e
agir de modo sustentável, focado em pensamentos
grandes, num todo, que é o planeta e assim agir ao
alcance de cada um, localmente, seja em casa, na rua,
na escola ou no trabalho, são pequenas ações que
fazem a diferença, se cada um fizer a sua parte. Da
mesma forma, os empresários também precisam ter
em mente essa noção de grandiosidade, que constitui
essa temática e, intercalar e trazer o conceito para
dentro das empresas.
Se compreendermos que a existência
da sustentabilidade depende da
relação do sistema socioeconômico
com o ecossistema, é necessário que
se formem procedimentos reguladores
dessa relação, tanto em nível local
quanto global, desde o consumo de
recursos até a produção de dejetos.
Dessa maneira surge a necessidade
do ajuste das dimensões local e global
às condições do ecossistema. Essa
condição indica a existência não de
apenas uma forma de sustentabilidade,
mas de uma diversidade delas. (LIMA,
2006, p. 05).
Sustentabilidade reúne alternativas e métodos
que são capazes de reduzir ou amenizar danos e
reparar ações cometidas no ambiente, preconizando
atitudes para preservar o meio natural e os recursos
necessários para a existência humana, garantindo a
continuidade do meio, da vida e da sociedade. Esse
elo é fundamental para sustentar a relação de interação
homem-natureza-atividades econômicas.
Pode-se dizer que sustentabilidade é um conceito
sistêmico, relacionado com a continuidade dos
aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais
da sociedade humana. (LIMA, 2006).
De acordo com Mendes (2009) o conceito de
sustentabilidade vai muito além de explicar a
realidade, é um tema que requer aplicações práticas.
O autor define da seguinte forma: Assim, as ações
que procuram garantir o futuro de um lugar, com
qualidade de vida, respeito às pessoas e sua cultura,
conservação do meio ambiente, manutenção da
biodiversidade, adequação ao território podem ser
consideradas sustentáveis.
2.2 DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE
Pode-se definir Tríplice da Sustentabilidade como a
maneira na qual acreditamos que empresas, sociedade
e meio ambiente podem viver equilibrados hoje e no
futuro. Tríplice porque abrange a sustentabilidade
econômica (das empresas, organizações e pessoas),
a social (em todos os aspectos temáticos e todos os
grupos possíveis) e a ambiental (FONTANA, 2001).
O processo gerencial das empresas deve levar em
consideração esses três pilares, a organização precisa
relacionar-se com o meio ambiente e, assim, garantir
recursos para as futuras gerações, precisa também
interagir com o mercado para manter-se competitiva
sempre levando em conta a responsabilidade social.
A sustentabilidade ambiental é uma expressão que
diz respeito às ações feitas pelo homem a fim de
manter suas necessidades, sem expor a integridade
dos recursos naturais para as gerações futuras. Sendo
assim, instituição sustentável é aquela que busca
medidas em função da diminuição ou combate ao
desperdício de água e alimentos, ao desmatamento,
às queimadas ou qualquer dano causado ao meio
ambiente, preservação da fauna e da flora mundial,
entre outros (FONTANA, 2001).
Para Fontana (2001, p. 123), “O desenvolvimento
sustentável só acontece quando temos, em
conjunto, nas ações que a sociedade pratica a
sustentabilidade econômica, a sustentabilidade social
e a sustentabilidade biológica ou ambiental”.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
163
A grosso modo, a sustentabilidade
econômica se obtém quando as ações
da sociedade são capazes de gerar
renda suficiente para garantir o acesso
aos bens de consumo que garantam
o mínimo de qualidade de vida a essa
sociedade, de forma ampla e irrestrita.
A sustentabilidade social diz respeito a
um desenvolvimento de uma sociedade
que gere empregos e oportunidades,
que consiga gerar ações no campo
cultural, espiritual, jurídico , do lazer e
do lúdico, sem discriminações e com
justiça. A sustentabilidade biológica ou
ecológica é obtida quando as ações
que praticamos garantem o mínimo da
reprodução ou manutenção dos recursos
naturais.(FONTANA, 2001, p. 123).
Para Almeida (1999, p. 211), “Uma população com
nível cultural e educacional elevado respeita mais
o meio ambiente, colaborando desta forma para o
desenvolvimento sustentável do planeta”. Mas a
ação sustentável não é importante apenas para as
pessoas menos favorecidas, pois quando colocadas
em prática, possuem a capacidade de melhorar a
qualidade de vida de toda população, visando assim,
o bem-estar da sociedade de hoje e a de amanhã em
iguais medidas.
Não se pode deixar de destacar um índice muito
importante, estudos apontam que consumimos 20% a
mais do que o planeta consegue suportar. Um novo
estilo de vida precisa ser imposto e isso necessita de
coragem, mudanças de hábitos, criação de uma nova
cultura, a reflexão sobre o assunto já é um começo, um
ponto de partida e ao mesmo tempo um exercício que
todos nós devemos começar a fazer para um mundo
melhor. (FURTADO, 1998)
Sem dúvida, o crescimento
econômico é necessário,
porém não é suficiente para
garantir o desenvolvimento.
Deve submeter-se às
regras de uma distribuição
social equitativa e às
imposições ecológicas. Não
é possível continuar com
um crescimento baseado
na utilização extensiva dos
recursos naturais. Pode-se
e faz-se necessário pensar
um crescimento intensivo
que utilize de maneira cada
vez mais eficaz os recursos.
Porém, não pode basear-se
total (AMEIDA, 1999, p. 160).
O termo sustentabilidade pode ser aplicado em vários
setores, sendo eles: empreendimentos nos diversos
ramos, setor automobilístico, vestuário, agricultura,
indústria, transportes, educação, entre outros. Neste
sentido, a busca de novas tecnologias e estratégias
na tentativa da harmonização de políticas públicas,
ambientais, sociais e econômicas tem sido uma
preocupação no desenvolvimento sustentável.
2.3 SUSTENTABILIDADE NO ÂMBITO
EMPRESARIAL
As empresas juntamente com a sociedade estão
cada vez mais buscando e se preocupando com as
questões sociais e relacionadas ao meio ambiente.
A percepção da grande maioria das pessoas de que
o mundo está refletindo os efeitos da ação humana
é fato. A mídia também é participativa, mostrando
o que está acontecendo com relação às questões
ambientais, ajudando dessa forma as pessoas e as
empresas a parar para pensar nas suas próprias
ações do dia a dia, o que podem e devem fazer para
melhorar e amenizar os impactos negativos no planeta,
começando com pequenas ações.
“A sustentabilidade empresarial corresponde à
habilidade de a empresa manter-se competitiva
e rentável ao longo do tempo, através da oferta
de produtos e/ou serviços com qualidade e preço
compatíveis com o mercado, e da justa remuneração de
sua força de trabalho, investidores e/ou proprietários.”
(BARATA, 2007, p. 71). Ainda de acordo com o autor, “A
compatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
164
a sustentabilidade empresarial será factível se houver
adoção de estratégias empresariais que possibilitem
que a empresa se mantenha competitiva, rentável,
e proteja o ambiente, além de impulsionar a uma
melhoria na qualidade de vida de agentes sociais com
ela envolvidos direta e indiretamente.”
As empresas são as responsáveis pela produção
de bens e serviços que garantem a existência da
humanidade. Para produzir precisa-se de recursos,
sejam eles dos mais variados tipos, que são oriundos
do bem maior que é o meio ambiente: o principal pilar
para constituir o conceito de sustentabilidade.
Uma empresa ambientalmente correta adere a técnicas
sustentáveis que permitem a identificação de processos
que melhoram o desenvolvimento e o aprimoramento
de seus produtos e/ou serviços, utilizando os recursos
de forma racional e mais produtiva, reduzindo custos e
provendo melhorias ambientais continuamente.
O aumento da produtividade dos
recursos é possível porque a poluição
é, muitas vezes, um desperdício
econômico. Resíduos industriais, sejam
sólidos, líquidos ou gasosos, podem
ser reaproveitados, utilizando-os para
a co-geração de energia, extraindo
substâncias que serão reutilizadas e
reciclando materiais. Ao analisar o ciclo
de vida do produto, há também outros
desperdícios, como o excesso de
embalagens e o descarte de produtos
que requerem uma disposição final de
alto custo. (MAY; et al, 2003, p. 161-162).
De acordo com o pensamento de May (2003) as
empresas sustentáveis sabem utilizar os recursos
provindos do meio ambiente e reutilizam os resíduos
e também promovem seu descarte de forma correta,
reciclam, reduzem os custos, melhoram os produtos
e processos, economizam energia e água, adotam
métodos e práticas sustentáveis e poluem menos,
inovam em prol do bem comum, da sustentabilidade,
etc.
De acordo com May (2003, p. 164-165) são basicamente
quatro fatores que induzem as empresas a adotarem
práticas mais saudáveis para o meio ambiente:
as pressões das regulamentações ambientais, as
pressões dos consumidores finais e intermediários, a
pressão dos stakeholders e a pressão dos investidores.
O ideal é que as empresas sejam proativas e buscam
informações constantemente, que introduzam a
sustentabilidade em suas atividades organizacionais
como um todo, envolvendo-as em sua amplitude.
3. METODOLOGIA
A metodologia proposta para realizar o presente
estudo está embasada em pesquisas bibliográficas
sobre a temática sustentabilidade e a aplicação
de questionário para obter dados sobre o nível de
conhecimento dos empresários do ramo farmacêutico
acerca da temática. É caracterizada como quantitativa
e qualitativa. Quantitativa, pois abrange a coleta de
dados e sua mensuração através de instrumentos
estatísticos para análise e compreensão do problema
de estudo. “Este método caracteriza-se pelo emprego
da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de
informações, quanto no tratamento dessas através
de técnicas estatísticas, desde as mais simples até
as mais complexas.” (DALFOVO et al, 2008, p. 06).
Enquanto que é qualitativa, pois contempla a análise
do contexto, com observações e informações advindas
das percepções dos participantes sobre a temática
(DIMITRUK, 2009).
Com relação aos instrumentos de coleta dos dados, foi
aplicado um questionário eletrônico (survey), através
da ferramenta Google Docs nas quatro farmácias no
município de Quilombo/SC, com base no objeto de
estudo que envolve a temática sustentabilidade e a
percepção/conhecimento que os empresários do ramo
farmacêutico possuem a respeito. “O questionário
é um instrumento de coleta de dados, constituído
por uma série de perguntas ordenadas, que devem
ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador. As perguntas classificam-se em:
abertas, fechadas e de múltipla escolha” (DMITRUK,
2009, p. 132). Os dados foram coletados e analisados
com base em gráficos e tabelas obtidos pela aplicação
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
165
do questionário, posteriormente realizada uma análise
descritiva dos resultados colhidos.
Inicialmente foi contatada as empresas solicitando
o endereço eletrônico do proprietário ou gerente.
De posse do contato, foi encaminhado o link do
questionário formulado no Google Docs (ferramenta
de coleta e tabulação primária de dados) aos
proprietários ou gerentes das empresas objetos da
pesquisa. A pesquisa foi realizada envolvendo 100%
das farmácias do munícpio em questão, ou seja, um
total de quatro farmácias.
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
4.1 PERFIL DAS EMPRESAS PESQUISADAS
Apresenta-se a tabela 1 com a descrição das principais
ocorrências levantadas na pesquisa:
Tabela 1 – Perfil das empresas pesquisadas.
Perfil Ocorrência
Tempo de atuação no mercado 50% mais de 5 anos
Número de sócios 75% somente 1 sócio
Número de filiais 100% somente possui a matriz
Número de funcionários 100% possuem de 1 a 50 funcionários
Região de atuaçãoEscolaridade do Sócio AdministradorSexo do Sócio Administrador
75% atuam na região oeste de Santa Catarina50% possuem pós-graduação
75% são do sexo feminino
Fonte: pesquisa.
Em relação ao tempo de atuação no mercado, observa-
se que 50% das empresas pesquisadas possuem mais
de 05 anos e que nenhuma delas possui menos de um
ano de atuação no mercado farmacêutico.
Também foi constatado na pesquisa que 75% das
empresas possuem somente um sócio proprietário,
sendo que 75% deles são do sexo feminino. Quanto
ao quadro funcional, verificou-se que duas farmácias
tem sua equipe de trabalho composta de 1 a 10
funcionários e que as outras duas tem entre 11 a 50
funcionários.
As quatro empresas pesquisadas possuem somente a
matriz, ou seja, 100% das farmácias não têm filias e a
maioria delas atua na região oeste de Santa Catarina.
Já em relação à escolaridade do sócio administrador a
constatação foi de que 50% possuem pós-graduação.
Considerando que a sustentabilidade, no contexto
empresarial tem grande relevância, uma vez que as
empresas possuem um papel importante quando
se fala em sustentabilidade, pois são os meios
geradores de produtos/serviços e de empregos.
Porém, é necessário que os empresários tenham
em mente o que é sustentabilidade e dessa forma
ampliem práticas sustentáveis em seus negócios.
Com o intuito de verificar se os empresários do ramo
farmacêutico possuem conhecimento e como avaliam
esse conhecimento sobre a temática sustentabilidade,
aplicou-se a seguinte questão e obtiveram-se os
dados abaixo:
Figura 1- Conhecimento sobre sustentabilidade
Observa-se que nenhum dos respondentes avalia
que não possui nenhum conhecimento sobre
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
166
sustentabilidade, porém as respostas foram dispersas
e somente 25% diz que é ótimo o conhecimento sobre
a temática, revelando que a temática é evidente e
conhecida, mas não é algo expressivo, tendo em vista
que as respostas estão divididas, não se concentram
em um único fator.
Entretanto, quando perguntado se a empresa realiza
ações de sustentabilidade a grande maioria afirma
que sim (75%), e assim sendo a temática em estudo se
revela presente nesse segmento de mercado, quanto
a aplicabilidade no cotidiano empresarial.
Figura 2 - Ações sustentáveis praticadas pelas em estudo
Dentre as diversas ações sustentáveis praticadas
pelas empresas, destacam-se o controle de consumo
do papel e a coleta seletiva do lixo e, cabe ressaltar
que somente a coleta da água da chuva dentre
as demais ações relatadas que não é uma ação
praticada por nenhuma das empresas pesquisadas.
Com isso, as empresas do ramo farmacêutico revelam
estar envolvidas em ações relacionadas à prática da
sustentabilidade, fato positivo que contribui com o
futuro da sociedade.
Contudo, quando se refere a programas de capacitação
ligados à sustentabilidade o resultado é negativo,
quando apenas 25%, ou seja, uma das empresas em
estudo afirma que possui. Assim sendo, na tabela
abaixo se identifica as ações que esta empresa realiza:
Tabela 2 – Ações que a empresa realiza.
Ações
Projetos sociais em parceria com a comunidade
Desenvolvimento de métodos e/ou alternativas sustentáveis
Campanhas com os clientes
Treinamento para uso e descarte correto de resíduosPalestras
Fonte: Pesquisa
O resultado mostra que a mesma está envolvida com
as três dimensões da sustentabilidade. Mendes define
da seguinte forma: “Assim, as ações que procuram
garantir o futuro de um lugar, com qualidade de
vida, respeito às pessoas e sua cultura, conservação
do meio ambiente, manutenção da biodiversidade,
adequação ao território podem ser consideradas
sustentáveis” (MENDES, 2009, p.51).
As empresas juntamente com a sociedade estão cada
vez mais buscando e se preocupando com as questões
sociais e relacionadas ao meio ambiente. A percepção
da grande maioria das pessoas de que o mundo está
refletindo os efeitos da ação humana é fato.
De acordo com Barata (2007, p. 71) “A sustentabilidade
empresarial corresponde a habilidade de a empresa
manter-se competitiva e rentável ao longo do tempo,
através da oferta de produtos e/ou serviços com
qualidade e preço compatíveis com o mercado,
e da justa remuneração de sua força de trabalho,
investidores e/ou proprietários.”
Com o objetivo de analisar como os empresários do
ramo farmacêutico avaliam a sustentabilidade, aplicou
a seguinte questão, conforme a figura 3. Identificou-
se que 50% dos respondentes a avaliam como uma
oportunidade, fato positivo.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
167
Figura 3 - Avaliação da sustentabilidade
A sustentabilidade está amparada em três dimensões:
social, ambiental e econômica. Pode-se dizer que
sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado
com a continuidade dos aspectos econômicos,
sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.
(LIMA, 2006).
Figura 4 - Dimensões da sustentabilidade
Conforme o figura 4, pode-se concluir que os
empresários identificam a sustentabilidade como um
conceito amplo e dinâmico, associado não somente a
questões ambientais, mas também às questões sociais
e econômicas. Isso demonstra que os empresários
detêm um conhecimento coerente acerca da temática
e suas dimensões.
Considerando que as empresas em estudo atuam
no segmento farmacêutico, o qual desempenha
atividades que envolvem a produção de resíduos
tóxicos e contaminantes. A empresa, seja ela de
qualquer segmento, de uma forma ou de outra está
impactando o meio em que está inserida, dependendo
do tipo de atividade, algumas impactam mais e outras
menos. Conforme o figura 5, 75% dos empresários do
ramo farmacêutico afirmam que a atividade que sua
empresa desenvolve promove um impacto moderado,
em função da atividade que a empresa realiza.
Figura 5 - Impactos da atividade
Observa-se que a sociedade atual está se voltando
para a premissa do agir sustentável e suas derivações,
visto que hoje o conhecimento sobre a temática é
essencial, tanto para o ser humano, como para as
empresas em geral. A sustentabilidade é um assunto
que vem ganhando importância, percebe-se na figura
6, que os empresários do ramo farmacêutico adotam
um alto nível de importância para os aspectos ligados
à sustentabilidade, a grande maioria das respostas
concentrou-se nos valores de 8 a 10, representando
assim elevada importância ao tema:
Figura 6 - Grau de importância aos aspectos ligados à sustentabilidade
Quando perguntadas sobre à prestação de orientação
ao descarte de medicamentos aos clientes, as
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
168
farmácias se mostram pouco colaborativas a este tipo
de descarte, uma vez que 75% dos respondentes
afirmam que algumas vezes prestam orientação.
Com relação ao lixo farmacêutico as quatro farmácias
pesquisadas informaram que o descarte é feito através
de uma empresa terceirizada que recolhe este tipo
de lixo. A legislação também tem papel importante,
quanto a destinação correta do lixo, uma vez que são
eliminados resíduos contaminados e perfurocortantes,
que necessitam de um descarte diferenciado.
5. CONCLUSÃO
A pesquisa da temática sustentabilidade em
organizações do setor farmacêutico mostrou que
as empresas analisadas tem conhecimento acerca
da sustentabilidade e adotam práticas e ações
sustentáveis no dia a dia. Para as pesquisadoras foi
possível adquirir um maior conhecimento sobre o
tema, e assim atingir o objetivo proposto no início do
trabalho.
Analisar qual é o nível de conhecimento da temática
sustentabilidade por parte dos empresários do
ramo farmacêutico permitiu identificar que o setor
farmacêutico realiza ações de sustentabilidade e
que a temática em estudo se revela presente nesse
segmento de mercado, quanto a aplicabilidade no
cotidiano empresarial.
Ao abordar as dimensões da sustentabilidade todos os
empresários detinham conhecimento acerca de suas
derivações, que contemplam questões ambientais,
sociais e econômicas e também se mostram proativos
e atribuem um nível satisfatório de importância aos
aspectos relacionados à sustentabilidade.
É possível identificar que a sustentabilidade tem
um grau de importância elevado e que está cada
vez mais presente na sociedade como um todo. O
ser humano vem percebendo em sua realidade que
pequenas ações, as mais simples que sejam, se
tornam significativas e fundamentais quando o assunto
é sustentabilidade e um planeta melhor. Todavia, a
responsabilidade é de todos: empresas, sociedade,
comunidade, ser humano, enfim todos que fazem parte
e constituem o meio ambiente, de agir sustentável,
uma vez que a sustentabilidade abrange a conexão do
sistema socioeconômico com o ecossistema, portanto
serve como instrumento de equilíbrio entre as partes
envolvidas com a finalidade de manter o bem-estar
social e do meio, limitando as ações em prol do bem
comum.
Constata-se que a sustentabilidade é um tema
de grande valia no cenário atual, tanto para as
organizações, seja de qualquer ramo de atuação,
como para a sociedade como um todo, pois atinge
uma gama de atividades que se correlacionam e estão
presentes na existência humana.
Dessa forma, cabe a todos o papel de disseminar e
contemplar a sustentabilidade com o intuito de que
as ações de hoje não comprometam a existência
de outras gerações, e que a conscientização esteja
sempre voltada para o controle e o uso racional dos
recursos, tendo em vista que os mesmos são escassos,
considerando que existem limites e, estes devem ser
respeitados.
REFERÊNCIAS
[1] ALMEIDA, Jalcione; et al. Desenvolvimento Sustentável: necessidade e/ou possibilidade? 2ª ed. Santa Cruz do Sul: Unisc, 1999.
[2] BARATA, Martha Macedo de Lima. O setor empresarial e a sutentabilidade no Brasil. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.uff.br/var/www/htdocs/pae/index.php/pca/article/view/156/126. Acesso em 19 out 2013.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
169
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[11] SILVA, Minelle Enéas Da; et al. Um espelho, um reflexo! A educação para a sustentabilidade como subsídio para uma tomada de decisão consciente do administrador. São Paulo: RAM, Rev. Adm. Mackenzie., 2013.
Capítulo 16GESTÃO DE PROCESSOS LOGÍSTICOS E IMPORTÂNCIA SOCIAL:
ESTUDO DE CASO DO BANCO DE ALIMENTOS DA CEASA CAMPINAS
Tanyra de Fátima Ferreira do Amaral
Ieda Kanashiro Makiya
Antonella Ferrari
Ana Carolina Spatti
Resumo: A agricultura familiar responde pelo emprego de 12 milhões de trabalhadores na produção de alimentos, os quais são responsáveis por 40% do Valor Bruto da Produção total do agronegócio no Brasil (EMBRAPA, 2013), correspondente a 70% dos produtos de gênero alimentício consumidos no país (PORTAL TERRA, 2013). Dados da ONG Banco de Alimentos indicam que são desperdiçados no Brasil, por dia, 39 milhões de quilos de alimentos, quantidade que daria para alimentar de modo satisfatório 19 milhões de pessoas diariamente com as três refeições básicas. A fim de minimizar esse problema pelo qual passa o país, os Bancos de Alimentos surgiram como uma alternativa para o enfrentamento ao desperdício e como forma de promoção da segurança alimentar, através do recebimento, triagem e repasse dos alimentos propícios ao consumo, porém impróprios à comercialização, às entidades cadastradas. Tendo-se em vista que os produtos de gênero alimentício são perecíveis, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um modelo organizacional que possa auxiliar o Banco de Alimentos da CEASA, interior do Estado de São Paulo, na resolução de problemas quanto à vazão de produtos não conformes ou com data de validade próxima ao vencimento, considerando a eficiência de processos ao longo de sua cadeia e a importância social envolvida no processo.
Palavras Chave: Banco de Alimentos, Agricultura Familiar, Gestão Organizacional, Otimização de Processo, Promoção Social.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
171
1. INTRODUÇÃO
A fome e o desperdício de alimentos são dois dos
principais problemas que o nosso país enfrenta.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), produz-se no Brasil 25,7% a mais
de alimentos do que necessita a nossa população. E,
mesmo assim, milhões de brasileiros não têm acesso à
comida de qualidade e/ou em quantidades suficientes,
gerando desnutrição e subnutrição, ou mesmo doenças
relacionadas ao consumo de alimentos prejudiciais à
saúde.
Segundo dados da ONG Banco de Alimentos, são
desperdiçados no Brasil, por dia, 39 milhões de quilos
de alimentos, quantidade que daria para alimentar de
modo satisfatório 19 milhões de pessoas diariamente
com as três refeições básicas.
Os efeitos na economia também são devastadores.
Segundo estimativa da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, os alimentos
não aproveitados representam 1,4% do PIB, o que
ultrapassa a quantia de R$17,25 bilhões.
Outro dado preocupante é que, segundo uma pesquisa
desenvolvida pelo Instituto Akatu, aproximadamente
64% do que se planta no Brasil é perdido no decorrer
da cadeia produtiva (ANTUNES, GEMMA E AMARAL,
2010).
Portanto, é diante deste cenário – em que o combate
ao desperdício vem se tornando um dos focos
principais da atualidade –, que o papel dos Bancos de
Alimentos tem merecido destaque, na medida em que,
ao aproveitar alimentos não utilizados comercialmente
e encaminhá-los para o consumo humano, os Bancos
acabam instituindo uma solução eficaz desse problema
emergencial, por conta da fome, pelo qual passa o
mundo, em especial o Brasil.
Para que eles enfrentem este desafio, entretanto, é
fundamental que disponham de um aparato logístico
eficaz e eficiente, pois é justamente isto que os
fortalece: uma logística bem estruturada.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Desenvolver um modelo organizacional que possa
auxiliar o Banco de Alimentos da CEASA - Campinas
no momento da tomada de decisão quanto ao quê
entregar (tipo de produto), quanto (quantidade),
para quem (para qual ou quais entidades), e de que
forma (a mais eficiente e eficaz), considerando o
prazo de validade dos produtos a serem consumidos
e estabelecendo uma relação de prioridades no
recebimento.
Desse modo, com a implantação do sistema proposto,
espera-se que haja um aumento da eficiência dos
processos organizacionais, na medida em que
permite minimizar os problemas relacionados à vazão/
desperdício de produtos não conformes ou com data
de validade próxima ao vencimento, bem como os
processos logísticos de recebimento e entrega dos
produtos às instituições cadastradas (tanto no pólo
Campinas quanto também aos Bancos de Alimentos
com os quais foram firmadas parcerias).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Desenvolver um modelo organizacional capaz de:
a. Avaliar as condições atuais do Banco de
Alimentos de Campinas e a relação oferta versus
demanda dos alimentos;
b. Visualizar a prioridade de entrega para as
entidades envolvidas de acordo com o prazo de
validade dos produtos e a quantidade de pessoas
a recebê-los;
c. Identificar os gargalos nos processos integrados,
desde a recepção à retirada dos alimentos;
d. Propor a gestão sustentável e eficiente ao longo
da cadeia, objetivando a promoção de valores
e a atuação conjunta dos agentes (públicos e
privados) que compõem esta organização.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
172
3. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do estudo, fez-se uso de
referenciais de pesquisa documental, incluindo coleta
e organização de dados, revisões bibliográficas –
merecendo destaque as publicações de Josué de
Castro – e entrevistas com atores e informantes chaves.
Inicialmente, a pesquisa, de caráter exploratório,
foi realizada por meio de dados secundários
(bibliográficos e documentais). Constituiu-se como
uma fonte importante para localização teórica do
conceito de agricultura familiar, gestão organizacional,
bem como para a caracterização do objeto de trabalho
– o Banco de Alimentos da CEASA – e do município
de Campinas, oferecendo, portanto, subsídios para o
estudo.
A pesquisa de campo envolveu entrevistas com
funcionários do Banco de Alimentos da CEASA
Campinas, por meio de visita técnica, e posteriores
contatos via correio eletrônico para realização da
pesquisa documental, embasada na análise de
planilhas e demais documentos para desenvolvimento
desse estudo.
Os pontos chaves de análise basearam-se nos
processos envolvidos na logística de distribuição dos
alimentos, focando nos gargalos e nas dificuldades
subjacentes. A partir das respostas fornecidas e
das questões abordadas referentes aos gargalos
encontrados no Banco de Alimentos e sua estruturação,
foi possível realizar um levantamento das principais
variáveis a serem analisadas nessa pesquisa.
A visita e as entrevistas foram de grande importância,
já que esclareceram pontos específicos do estudo,
estabelecendo um paralelo entre a teoria e a prática.
4 Panorama geral da fome e da desnutrição no Brasil
A questão da fome no Brasil é atual, pois há várias
discussões em andamento, sendo que ainda não foi
encontrada uma solução eficaz para acabar com este
problema, que tem como principal agravante a má
distribuição dos alimentos em nosso território. Dados
da Pesquisa Nacional por Amostragem a Domicílios
- PNAD 1999 revelam que a maioria da população
pobre brasileira concentra-se nas regiões Norte e
Nordeste do país, e que, no geral, mais de um quarto
da população brasileira vive abaixo da “linha da
pobreza”, que gera fome e desnutrição (27,4 %).
“Alguns autores apontam que a questão da fome
no Brasil tem suas raízes no processo histórico de
formação da sociedade brasileira”. Porém, o início
dos estudos ocorreu durante o século XIX, com
trabalhos apresentados por médicos, principalmente
nas Universidades. Um dos principais percursores dos
estudos da fome e da desnutrição foi o brasileiro Josué
de Castro que, dentre outras contribuições, procurou
mapear as regiões de baixa renda e buscou identificar
os motivos que levaram a estes fatos, e propor soluções
para a questão da fome e da desnutrição.
Podemos considerar que o processo de programas
e da intervenção do governo para combater a
fome passou por três grandes fases, associadas
principalmente ao processo de urbanização brasileiro,
no qual se percebeu, inicialmente, que a mão-de-obra
agrícola ficou escassa para a produção de alimentos,
ao mesmo tempo em que a população crescia cada
vez mais nas cidades.
Durante a década de 1930, houve uma tentativa de
regulamentação dos preços dos produtos, todavia,
devido à economia estar baseada principalmente
na cafeicultura e por a quantidade de latifúndios
no país ser grande, surgiu a necessidade de uma
intervenção estatal, de forma a criar mecanismos para
que o alimento chegasse ao consumidor final e fosse
distribuído adequadamente, através da implantação
de varejões estatais, os quais buscavam controlar
os preços dos alimentos e restaurantes populares
instaurados nas capitais.
Em 1953, surgiu então o primeiro Plano Nacional
de Alimentação e Nutrição. “Esse plano pode ser
considerado um embrião do planejamento nutricional
brasileiro e suas ações se voltavam, prioritariamente,
à assistência alimentar e nutricional do grupo
materno infantil e, em segundo plano, aos escolares e
trabalhadores.” (VASCONCELOS, 2005)
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
173
Nas décadas que seguiram, o Brasil passou por
diversas mudanças: se tornou urbano e houve uma
modernização na agricultura brasileira, potencializando
a produção de alimentos do país, ao mesmo tempo em
que o consumo de produtos industrializados aumentou.
Sendo assim, os produtos in natura eram direcionados
às indústrias, para a produção dos alimentos que
faziam parte dos produtos alimentícios tradicionais
dos brasileiros. Estes fenômenos fizeram com que
a população aumentasse, não cessando, portanto,
a fome no país. Os programas destas décadas
eram de caráter político, sem um controle sobre sua
abrangência. Um deles foi o Programa Nacional do
Leite Para Crianças Carentes (PNLCC), criado em
1886, o qual consistia na distribuição de leite para a
população de baixa renda através da troca de cupons;
no entanto, não havia um controle efetivo sobre estes
(se de fato eram trocados por leite).
“O programa foi muito malsucedido em sua abrangência
e gestão. Entretanto, foi a primeira experiência em
grande escala de distribuição de cupons de alimentos
no Brasil” (COHN,1995).
Durante a década seguinte, com a Cúpula Mundial da
Alimentação em Roma, foi definida a meta de reduzir
pela metade o número de desnutridos até 2015,
pois o número de pessoas nesta situação cresceu,
principalmente nas cidades, devido à crise econômica
vivida pelo país nos anos 1990. Os programas foram
marcados pela substituição da entrega de alimentos
em espécie para um valor mensal em dinheiro.
Com a criação do programa Fome Zero, em 2002,
cerca de 30 diversos programas se uniram para atuar
no combate à desnutrição e à fome no país, sendo que
a meta proposta na Conferência de Roma de reduzir
esta última em 50% foi cumprida, apesar da fome ainda
apresentar-se como um problema evidente que afeta
cerca de ⅓ dos brasileiros (BELIK, SILVA,TAKAGI,
2001).
5. BANCO DE ALIMENTOS: ESTRUTURAÇÃO E
FINALIDADE
Segundo Belik et al. (2012), os Bancos de Alimentos
surgiram como uma iniciativa de âmbito local que,
posteriormente, passaram a se constituir como
uma alternativa mundial para o enfrentamento ao
desperdício e como forma de promoção da segurança
alimentar.
De fato, a implantação de um Banco de Alimentos
possibilita tanto minimizar os efeitos da fome quanto
promover um processo de reeducação alimentar e
nutricional nas comunidades carentes envolvidas,
beneficiando, assim, pessoas em situação de risco
social (crianças, jovens, desempregados, idosos,
deficientes, dependentes químicos etc.). Além disso,
permite conscientizar a população no que tange ao
aproveitamento ideal dos nutrientes com vistas a uma
dieta balanceada, bem como estimular ações cidadãs
por meio do incentivo ao voluntariado para causas
sociais. (ANTUNES, GEMMA E AMARAL, 2010)
Belik et al. (2012), em concordância com Antunes,
Gemma e Amaral (2010), enfatizam que, além de
proporcionarem acesso aos alimentos, os Bancos de
Alimentos difundem valores para uma alimentação
mais saudável e mobilizam relações comunitárias
baseadas nos princípios de solidariedade e eficiência.
Neste contexto, através das doações por parte dos
parceiros, o Banco de Alimentos visa combater o
desperdício gerado pelas diversas empresas do gênero
alimentício, com o intuito de minimizar este problema
mundial, mas que no Brasil toma proporções maiores
pelo fato de haver um déficit em termos de políticas
públicas que estejam direta e fortemente relacionadas
ao desperdício de alimentos. Tanto é que, conforme
afirma Valente et al. (2002),
Historicamente, o enfrentamento da
questão da fome, da miséria e da
desnutrição na sociedade brasileira
nunca foi considerado um problema
estratégico, na medida em que estas
mazelas sempre afetaram e afetam os
setores com menos poder e excluídos
do processo econômico e político
hegemônico. Desta forma, sempre foi
tratada de forma pontual, emergencial e
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
174
assistencial, mesmo quando abordada
por políticas e programas públicos,
que sempre se caracterizaram por
sua marginalidade e fragmentação.
(VALENTE et al. 2002).
5.1 MODELO BRITÂNICO
Em 2004 foi fundada a maior rede de Bancos de
Alimentos do Reino Unido (420 unidades), chamada
de Trussel Trust, com projetos em parcerias com
comunidades locais, espalhadas em diversas
localidades, de acordo com a Figura 1.
Figura 1 – Mapa dos bancos de alimentos no Reino Unido.
Esta rede tem oferecido alimento emergencial para
mais de 913.000 pessoas em 2013/14, e tem observado
um crescimento de mais pessoas famintas em zonas
urbanas, justificando a necessidade de as cidades se
organizarem para terem um Banco de Alimentos em
operação (TRUSSEL TRUST, 2014).
Figura 2 – Crescimento do uso de Banco de Alimentos no Reino Unido (TRUSSEL TRUST, 2013).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
175
Todo alimento é doado (90% por doação pessoal
voluntária) e distribuído por voluntários. Na linha de
frente estão os profissionais de saúde, como médicos
e assistentes sociais, que identificam as pessoas
em crise e lhes entregam um vale. Cada pessoa
em situação de risco recebe uma dieta balanceada
nutricionalmente para 3 dias, de produtos não
perecíveis na troca do vale. Os Bancos de Alimentos
também desenvolvem um banco de dados e realizam
diálogos para diagnosticar e auxiliar as pessoas em
outros serviços de ajuda (TRUSSEL TRUST, 2014).
5.2 MODELO AMERICANO
Feeding America é uma rede de mais de 200 Bancos
de Alimentos, dotada de um sistema emergencial,
distribuído geograficamente pelos Estados Unidos
que, além de oferecer alimentos para pessoas em
estado de risco alimentar, desenvolve políticas
nutricionais para pessoas de baixa renda, orientando
na adoção de alimentos mais saudáveis (HANDFORTH
et al, 2013).
Esses bancos têm alterado suas estratégias
operacionais, voltadas a uma preocupação com
relação aos valores nutricionais dos alimentos
distribuídos, mas precisam identificar seus fatores de
sucesso para tal adoção (como tamanho do Banco
de Alimentos, dieta monitorada por especialistas,
localização geográfica, acondicionamento e
distribuição de alimentos perecíveis), além dos custos
inerentes à proposta.
Feeding America supre alimentos para mais de 37
milhões de americanos a cada ano, incluindo 14
milhões de crianças e 3 milhões de idosos. Recebe
doações de alimentos de indústrias, redes varejistas,
produtores agrícolas e do governo e, ainda, doações
financeiras por parte de corporações, fundações,
doações individuais.
Figura 3 – Modelo Rede de Banco de Alimentos – Feeding America (EUA) (Feeding America, 2013).
Observa-se um crescimento crescente da participação
de todos os setores envolvidos no sistema americano
de alimentos emergenciais, incrementado pela rede
de mercados virtuais que conecta os Bancos de
Alimentos diretamente com lojas, hotéis e restaurantes
locais, o que facilita a doação de alimentos perecíveis.
6. O CASO DO BANCO DE ALIMENTOS DA CEASA
DE CAMPINAS
Fundado em 2003, o Banco Municipal de Alimentos
possui as finalidades de coletar e armazenar os
alimentos próprios para consumos (próximos do prazo
de validade ou com risco de desperdício) oriundos de
doações de comércios e indústrias, apreensões por
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
176
órgãos municipais e de doações de pessoas física,
jurídica ou mesmo de órgãos públicos. O destino
dos alimentos recebidos é informado aos doadores,
por meio da prestação de contas. É responsável
pela distribuição desses alimentos arrecadados para
entidades sociais vinculadas ao município, creches,
escolas, asilos e albergues, entidades assistenciais
previamente cadastradas e indicadas pelos órgãos
responsáveis para unidades de defesa civil. São 102
entidades que atendem aproximadamente 45 mil
pessoas. Na página eletrônica da CEASA de Campinas
é possível obter a lista das entidades beneficiadas
pelo programa.
O Banco faz a logística, a análise técnica e a
distribuição de 6 mil toneladas de cestas básicas
por mês, as quais são compradas pela Prefeitura
Municipal, e distribuídas a famílias cadastradas pela
Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social
de 80 bairros de Campinas em risco social.
O Banco possui convênio com a Companhia Nacional
de Abastecimento (CONAB) e, com a finalidade de
incentivar os pequenos produtores, a CONAB compra
produtos destes agricultores, os quais são recebidos
pelo Banco de Alimentos de Campinas, alimentos
estes correspondentes a 40 toneladas mensais de
hortaliças orgânicas.
É de sua incumbência a promoção de cursos de
educação alimentar e de capacitação, de modo a
reduzir e a eliminar o desperdício, bem como da
higienização adequada dos alimentos, estudos,
pesquisas e debates acerca da segurança alimentar,
intercâmbios de experiências.
Diante das ações desenvolvidas pelo Banco
de Alimentos de Campinas, este tem obtido
reconhecimento e premiações em nível municipal e
estadual.
Também pode aceitar doações de móveis, utensílios
e equipamentos que possam ser utilizados para suas
atividades, com catalogação específica (CEASA
CAMPINAS, 2013).
Possui um trabalho em rede de cooperação com mais
Bancos de Alimentos do Estado de São Paulo, cujo
intuito é o de troca de informações no atendimento
a demandas específicas, bem como a distribuição
do excedente de determinado alimento em um dos
Bancos para os demais. Conforme Tânia Mara Evaristo
Moumeso, coordenadora do Banco de Campinas, os
objetivos em comum são de “levar os alimentos para
as pessoas que estão em vulnerabilidade social e
garantir o combate ao desperdício” (PREFEITURA DE
CAMPINAS, 2013).
Segundo contato direto com colaboradores
institucionais, através da parceria com a Universidade
Paulista e a Universidade Estadual de Campinas,
são realizadas ações nas unidades de estágios
predeterminadas, a saber: avaliação nutricional
de todos os atendidos pelo Banco de Alimentos
de Campinas por faixa etária; desenvolvimento de
educação nutricional por faixa etária; orientação para
montagem e apresentação das refeições para os
usuários; acompanhamento local das cozinheiras na
preparação dos alimentos, treinamento de higiene e
manipulação de alimentos.
É estruturado em órgãos de administração do Programa
Banco Municipal de Alimentos de Campinas, sendo eles
o Conselho Gestor, a Diretoria da CEASA Campinas, a
Secretaria Municipal de Assistência Social e o Núcleo
de Operacionalização do Programa, os quais possuem
atribuições específicas, bem como uma comissão para
estruturação das atividades pertinentes a cada um dos
órgãos (CEASA CAMPINAS, 2013).
7. PRINCIPAIS INDICADORES DO ESTUDO
Nesta sessão, serão apresentados indicadores que, ao
revelarem alguns dos gargalos e entraves verificados
no processo logístico de seleção e distribuição dos
alimentos pelo Banco Municipal de Alimentos de
Campinas, acabam por justificar a necessidade
do desenvolvimento e implantação de um modelo
oganizacional eficiente e, portanto, do presente estudo.
Nesse sentido, a primeira informação refere-se à série
histórica dos últimos 3 anos de arrecadações do Banco
Municipal de Alimentos de Campinas, que aponta que
no ano 2011 o total foi de 713,5 mil kg, em 2012 foi de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
177
quase 751 mil kg, e em 2013 o total ultrapassou os
860 mil kg (crescimento de 15% na arrecadação de
alimentos).
Quanto aos gargalos do sistema de distribuição,
verificou-se que muitas entidades não retiram as
doações, em virtude de receberem de outros lugares, ou
mesmo por não possuírem veículo e motorista próprios
para a retirada dos alimentos a eles destinados.
Ainda, dois outros fatores relevantes para o estudo é
o fato do Banco de Alimentos já possuir um programa
de computador (Nectar) – que armazena os dados
para controle de entrada e saída das doações – e
ter parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas,
através da Secretaria de Cidadania, Assistência e
Inclusão Social e do Departamento de Segurança
Alimentar, com os quais são realizadas, mensalmente,
a logística e entrega de 6000 cestas básicas em 80
bairros do município de Campinas, cujas famílias
atendidas são cadastradas pela Secretaria.
Além destas informações, um estudo conduzido
por Oliveira et al. (2013) apontou que as condições
no transporte dos alimentos do Banco não está
plenamente eficaz, o que tem gerado perdas ao longo
do processo de escoamento e entrega dos produtos
às entidades.
Lourenço e Katz (2010), apud Oliveira (2013)
salientam que caixas cujo conteúdo esteja acima da
capacidade limite, quando empilhadas, podem gerar,
pela compressão do produto, redução na qualidade e
na durabilidade deste.
Alimentos chegam em temperatura ambiente e em
caminhões descobertos e / ou sem refrigeração
(indicando a exposição direta ao sol dos alimentos
neles transportados, e sem a aeração necessária e
suficiente para aumentar sua durabilidade) (GOMES,
apud OLIVEIRA, 2013). Na retirada, algumas das
instituições possuem veículos adequados, porém,
uma parte dos que recebem as doações retiram os
alimentos em meios de transportes que não cumprem
com os requisitos supracitados, tornando o sistema
como um todo operando sem a plena eficiência.
Conforme discutido na “Conferência Regional da
Organização das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO), os países participantes
reafirmaram sua vontade de erradicar a fome (...) e se
comprometeram a reforçar suas ações (...)”.
Segundo José Graziano da Silva, diretor-geral da
FAO, “(...) Existe um enorme compromisso (...) dos
governos, da sociedade civil e no setor privado, o que
se converteu em uma agenda concreta de ações para
erradicar a fome” (ONUBR, 2014).
8. RESULTADOS OBTIDOS
O ano de 2014 foi entitulado pela Organização das
Nações Unidas (ONU), na Assembleia Geral, em
dezembro de 2011, como o Ano Internacional da
Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF),
cujo objetivo “é reposicionar a agricultura familiar no
centro das políticas (...) sociais nas agendas nacionais”
(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO,
2014).
A partir dos dados apresentados, da parceria da
Prefeitura Municipal de Campinas com o Banco de
Alimentos, e de uma análise qualitativa do Banco,
pensou-se no estabelecimento de uma gestão
organizacional, como uma cadeia de valor social para
a maximização da eficiência de processos atrelados a
um melhor funcionamento do Banco de Alimentos da
CEASA de Campinas no que se refere à captação e
destinação dos alimentos. Sugerem-se mecanismos
de investimento público (podendo ser por meio de
um projeto municipal para solicitação federal, ou
mesmo iniciativa local) relacionados, em especial,
à disponibilização de veículos com as condições
adequadas ao armazenamento e segurança dos
alimentos transportados, que realizem a logística da
entrega das doações às entidades mais carentes e
sem condições da retirada semanal dos alimentos
(isto tanto in loco quanto também em rede, com as
parcerias entre os Bancos de Alimentos).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
178
9. CONCLUSÕES
Diante do estudo de caso realizado com o Banco
Municipal de Alimentos da CEASA em Campinas,
o que se concluiu, a partir de uma análise acerca
dos seus processos e da busca pela redução e / ou
eliminação dos gargalos que interferem no seu amplo,
eficiente e eficaz funcionamento, foi a promoção de
iniciativas administrativas conjuntas. Sugere-se que
tais iniciativas visem o impacto positivo do “valor
social”, mediante o investimento de capital, mas com
um retorno sustentável e social: o do fortalecimento de
um programa de combate à fome e ao desperdício,
bem como da garantia de alimentação saudável
(segurança alimentar) à população que depende de
ações governamentais e iniciativas presentes no Banco
de Alimentos para suprir suas necessidades básicas
de alimentação. Em vez do custo de oportunidade
entre o desperdiçar alimento e transportá-lo ao local
de dejetos e a gestão do lixo em termos econômicos
e financeiros, fortalecem-se as bases de cooperação
integrada em prol do desenvolvimento social, a partir
de políticas públicas e de parcerias estratégicas.
Outra iniciativa interessante poderia ser a busca de
desenvolvimentos de uma rede de Banco de Alimentos
similar às dos modelos britânico e americano, em que
Organizações Não Governamentais (ONGs) possam
ter apoios e incentivos (públicos, privados, sociedade
civil) para o desenvolvimento de Bancos de Alimentos
locais em que se estimulem a doação voluntária
e a captação de uma rede de profissionais da área
de saúde que possam estabelecer uma triagem e
desenvolvimento de um banco de dados, que possa
auxiliar na identificação dos problemas e soluções
sociais de forma mais estratégica.
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[3] CEASA CAMPINAS - SP. Disponível em <www.ceasacampinas.com.br>. Acesso em 15/11/2013.
[4] COHN, Amélia. Políticas sociais e pobreza no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas. Ipea, n.12, jan./dez. 1995, p.1-17.
[5] COOPER, Niall; DUMPLETON, Sarah. Walking the breadline: the scandal of food poverty in 21st century Britain. Church Action on Poverty & OXFAM, 2013. Disponível em: <http://policy-practice.oxfam.org.uk/publications/walking-the-breadline-the-scandal-of-food-poverty-in-21st-century-britain-292978>. Acesso em 04/04/2014.
[6] EMBRAPA. Embrapa e Contag discutem os rumos da agricultura familiar na Amazônia. Disponível em <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1493911/embrapa-e-contag-discutem-os-rumos-da-agricultura-familiar-na-amazonia>. Acesso em 05/03/2014.
[7] FEEDING AMERICA (2013). Annual Report. Disponível em < http://feedingamerica.org/how-we-fight-hunger/about-us/~/media/Files/financial/FeedingAmericaAnnualReport2013_SolvingHungerTogether.ashx>. Acesso em 17/05/2014.
[8] HANDFORTH, Becky; HENNINK, Monique; SHCWARTZ, Marlene B. (2013). A qualitative study of nutrition-based intitiatives at selected food banks in the feeding America Network. Journal of Academy of Nutrition and Dietetics, v.113, n.3 (411-415), 2013.
[9] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acesso em 09/11/2013.MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Comitê Brasileiro lança site do Ano Internacional da Agricultura Familiar. Disponível em <http://www.mda.gov.br/portalmda/noticias/comit%C3%AA-brasileiro-lan%C3%A7a-site-do-ano-internacional-da-agricultura-familiar>. Acesso em 18/05/2014.
[10] MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE COMBATE À FOME. Disponível em <http://www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-san/banco-de-alimentos>. Acesso em 10/03/2014.
[11] MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012 / 2015. Disponível em <http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/arquivos/LIVRO_PLANO_NACIONAL_CAISAN_FINAL.pdf>. Acesso em 05/05/2014.
[12] ONG BANCO DE ALIMENTOS. Dispónível em <http://www.bancodealimentos.org.br/doe9/>. Acesso em 21/09/2013.
[13] ONUBR - Nações Unidas no Brasil. Conferência Regional da FAO aprova medidas para erradicar a fome na América Latina e Caribe. Disponível em <http://www.onu.org.br/conferencia-regional-da-fao-aprova-medidas-para-erradicar-a-fome-na-america-latina-e-caribe/>. Acesso em 18/05/2014.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
179
[14] PORTAL TERRA. Políticas de agricultura familiar brasileiras são exemplo mundial. Disponível em <http://noticias.terra.com.br/ciencia/politicas-de-agricultura-familiar-brasileiras-sao-exemplo-mundial,2078472b9cb10410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html>. Acesso em 10/03/2014.
[15] PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. Banco de Alimentos de Campinas inicia trabalho em rede com 2 municípios. Disponível em <http://www.campinas.sp.gov.br/noticias-integra.php?id=21361>. Acesso em 10/03/2014.
[16] SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em <http://www.agricultura.sp.gov.br/>. Acesso em 21/09/2013.
[17] TRUSSEL TRUST (2013). The biggest ever increase in UK foodbank use. Disponível em <http://www.trusselltrust.org/resources/documents/Press/BIGGEST-EVER-INCREASE-IN-UK-FOODBANK-USE.pdf>. Acesso em 02/03/2014.
[18] TRUSSES TRUST (2014). Disponível em <www.trusseltrust.org>. Acesso em 16/05/2014.
[19] VALENTE, Flávio Luiz Schieck; LIMA, Jayme Benvenuto Junior.; ZETTERSTRÖM, Lena. Extrema pobreza no Brasil. A situação do direito à alimentação e moradia adequada. São Paulo: Loyola, p. 79, 2002.
[20] VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes (2005). Combate à fome no Brasil: uma análise histórica de Vargas a Lula. Rev. Nutr, 18(4), 439-457.
Capítulo 17RESPONSABILIDADE SOCIAL UNIVERSITÁRIA: PRÁTICA
APLICADA PELO INSTITUTO METODISTA GRANBERY NA CIDADE
DE JUIZ DE FORA – MG
Ana Valéria Vargas Pontes
Ronaldo Miranda Pontes
Victor Miranda de Oliveira
Resumo: No contexto contemporâneo organizacional, nota-se a necessidade de aprofundar os conceitos e práticas da organização para a permanência e desenvolvimento desta no mercado, assim, a responsabilidade social corporativa permeia este processo. Nesta perspectiva, este estudo tem por objetivo descrever o conceito e a relevância da responsabilidade social corporativa, versar sobre a responsabilidade social nas instituições de ensino superior, apresentar a instituição foco do presente trabalho, bem como pesquisar o impacto de um projeto de responsabilidade social que é a Faculdade Aberta a Melhor Idade (FaMIdade) em seus participantes. A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico e uma pesquisa de campo de caráter quantitativo e foi constatado que há um impacto positivo nos participantes e uma oportunidade de divulgação do projeto e da instituição.
Palavras Chave: Responsabilidade social. Projeto FaMIdade. Responsabilidade social universitária.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
181
1 INTRODUÇÃO
Com a globalização e o crescimento da concorrência
ao longo dos anos, em âmbito mundial, as organizações
perceberam que não basta investir em qualidade
e oferecer um preço atraente para ganhar e manter
espaço no mercado. Então, as organizações precisam
trabalhar diversos outros aspectos para fidelizar seus
clientes na busca por um aumento da parcela de
mercado.
As Instituições de Ensino Superior (IES) enfrentam
este mesmo contexto, marcado pela competitividade
empresarial local, regional e global, pelas exigências
governamentais e institucionais, e principalmente
pelos anseios da comunidade acadêmica em que
estão inseridas.
A partir de todos esses desafios, as IES têm buscado uma
análise mais aprofundada acerca do desenvolvimento
das suas atividades e a consequente qualidade delas
resultante, tendo em vista principalmente a prestação
de contas à sociedade, considerando critérios de
excelência, equidade e relevância social.
Esta preocupação com a qualidade das Instituições
Educacionais surge num momento que pode ser
caracterizado por um desajuste entre Estado,
Universidade e Sociedade. Diversas mudanças em
nível social estão demandando novas exigências das
atividades educacionais, que, por sua vez, não podem
responder a tais pronunciamentos sem transformar
suas tradicionais estruturas e modos de funcionamento.
Assim, a qualidade da educação, sua relação com a
comunidade que, por meio da responsabilidade social,
é constantemente avaliada pelo mercado, Estado e
população.
Cada instituição deverá demonstrar sua utilidade
social e a contribuição que traz para o bem comum.
A ela cabe, cada vez mais, o ônus da prova. Ela terá
que definir suas finalidades de maneira mais explícita
e ultrapassar a concepção segundo a qual o lucro é o
único indicador de sua utilidade pública.
Assim, o ponto central da discussão está em verificar,
por meio da revisão bibliográfica e da pesquisa de
campo, a relevância do projeto social Faculdade
Aberta da Melhor Idade, bem como o impacto nos
participantes deste projeto.
Nesta perspectiva, este estudo tem por objetivo
descrever o conceito e a relevância da responsabilidade
social corporativa, versar sobre a responsabilidade
social nas instituições de ensino superior, apresentar
a instituição foco do presente trabalho, bem como
pesquisar o impacto de um projeto de responsabilidade
social que é a Faculdade Aberta a Melhor Idade
(FaMIdade) em seus participantes.
Nota-se que o tema responsabilidade social já é
amplamente discutido no ambiente empresarial e por
diversos especialistas da área, uma vez que o conceito
perpassa por uma gama de interessados que atingem
e são atingidos pelas práticas estabelecidas.
A relevância deste artigo está no fato de que a
responsabilidade social se tornou assunto fundamental
no que tange o crescimento e desenvolvimento das
empresas e, sendo assim, merece ser objeto de estudo
para a disseminação de conhecimento nos diversos
tipos de organizações, incluindo as Instituições de
Ensino Superior (IES). É importante destacar que
esse estudo possivelmente será relevante para as
instituições de educação, pois suas reflexões acerca
da Responsabilidade Social poderão instigar as
pessoas a pensar mais a respeito do tema.
2. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA
(RSC)
De acordo com Ashley (2002), confiabilidade, serviço
pós-venda, produtos ambientalmente corretos e
relacionamento ético da empresa com os seus diversos
stakeholders, são atributos essenciais na realidade
atual do mercado.
Dentro deste contexto, surge um tema conhecido como
responsabilidade social corporativa, empresarial ou,
simplesmente, responsabilidade social. Este conceito
está ligado a um compromisso da organização frente
à sociedade.
Neste sentido, Ashley (2002), diz que:
Responsabilidade social pode ser
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
182
definida como o compromisso que
uma organização deve ter para com a
sociedade, expresso por meio de atos e
atitudes que a afetam positivamente, de
modo amplo, ou a alguma comunidade, de
modo específico, agindo proativamente
e coerentemente no que tange a seu
papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela. A
organização, nesse sentido, assume
obrigações de caráter moral, além
das estabelecidas em lei, mesmo que
não diretamente vinculadas a suas
atividades, mas que possa contribuir
para o desenvolvimento sustentável dos
povos (ASHLEY, 2002, p. 6 e 7).
Dando continuidade a este pensamento, Melo Neto e
Froes (1999, p. 78) afirmam que “a responsabilidade
social de uma empresa consiste na sua decisão de
participar mais diretamente das ações comunitárias
na região em que está presente e minorar possíveis
danos ambientais do tipo de atividade que exerce”.
Whitaker (2007) corrobora ao afirmar que, por meio da
responsabilidade social, integrada com o planejamento
estratégico da organização, a empresa toma posse
das responsabilidades e consequências de sua
gestão, nos campos econômico, social, ambiental e
em todas as suas demais atividades e processos. No
contexto atual, prestar contas, disponibilizar de forma
oportuna as informações da empresa gera confiança
na sociedade e está diretamente relacionada à
conquista e retenção dos clientes internos e externos.
A partir dessa visão, pode-se afirmar que
responsabilidade social é aquela que vai ao encontro
de uma melhor qualidade de vida da sociedade, por
meio de uma organização.
Para Ashley (2002), o fato da empresa se desenvolver
alimenta a necessidade da organização atuar de forma
eficaz perante a sociedade, uma vez que garante,
também, sustentabilidade do negócio a longo prazo.
No que tange a responsabilidade social, percebe-se
que essa prática deve ser trabalhada de forma efetiva
em diferentes sentidos, proporcionando uma maior
cobertura de suas ações.
Na visão de Melo Neto e Froes (1999), são sete os
vetores da responsabilidade social de uma empresa:
V1 apoio ao desenvolvimento da
sociedade onde atua; V2 preservação do
meio ambiente; V3 investimento no bem
estar dos funcionários e seus dependentes
e num ambiente de trabalho agradável;
V4 comunicações transparentes; V5
retorno aos acionistas; V6 sinergia com
os parceiros; V7 satisfação dos clientes
e/ou consumidores (MELO NETO e
FROES, 1999, p. 78).
Neste sentido, nos diversos pontos explicitados nos
vetores acima, percebe-se que a responsabilidade
social efetiva trabalha vários aspectos, além do
desenvolvimento da sociedade, pois investe no bem
estar de seus funcionários e familiares, preza por
comunicações transparentes, atenta-se ao ambiente,
expõe o retorno aos acionistas, procura estabelecer
boa relação com os parceiros e busca a satisfação de
seus clientes.
2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES)
No contexto contemporâneo, percebe-se que o
papel das instituições de ensino superior vai além
da formação técnica de profissionais qualificados.
Neste sentido, Macedo (2005) corrobora que as
universidades precisam se atentar a formação cidadã
de seus alunos, pois isso vai além do desenvolvimento
de recursos humanos de alto nível, perpassa por um
processo de atribuição de responsabilidades perante
a resolução de problemas sociais.
No tocante a relevância da responsabilidade social
no contexto universitário, Sordi (2005) afirma que
as instituições de ensino superior (IES) precisam
repensar o projeto político pedagógico (PPP), para
demonstrarem que de fato trabalham com educação
e, por isso, pensam e estudam questões relacionadas
aos problemas da sociedade contemporânea. Este
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
183
documento deve expressar uma visão do mundo
contemporâneo e do papel da educação superior em
face da nova conjuntura globalizada e tecnológica,
ao mesmo tempo em que deve explicitar, de modo
abrangente, o papel da IES e sua contribuição social
nos âmbitos local, regional e nacional, por meio do
ensino, da pesquisa e da extensão como componentes
essenciais à formação crítica do cidadão e do futuro
profissional, na busca da articulação entre o real e o
desejável.
Sendo assim, a responsabilidade social das IES
se revela neste documento, pois segundo Libâneo
(2004), o projeto político pedagógico é o documento
que detalha objetivos, diretrizes e ações do processo
educativo a ser desenvolvido na escola, expressando
a síntese das exigências sociais e legais do sistema de
ensino e os propósitos e expectativas da comunidade
escolar.
É importante destacar que com o surgimento da Lei
10.861, de 14 de abril de 2004 (BRASIL, 2004) - Lei do
SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior – que no seu artigo 3º, inciso III define a
responsabilidade social da instituição de ensino
superior como sendo:
A responsabilidade social da instituição,
considerada especialmente no que se
refere à sua contribuição em relação
à inclusão social, ao desenvolvimento
econômico e social, à defesa do meio
ambiente, da memória cultural, da
produção artística e do patrimônio
cultural (BRASIL, 2004, p. 1).
Como passou a ser uma exigência legal cobrada pelo
SINAES a prática da responsabilidade social no âmbito
das Instituições de Ensino Superior passou a ser mais
pesquisada. Segundo Rodrigues (2005):
O Sindicato das Entidades Mantenedoras
de Estabelecimentos de Ensino
Superior no Estado de São Paulo
(Semesp) encomendou uma pesquisa à
Franceschini Análises de Mercado que
qualifica e detalha a atuação das IES no
cumprimento de sua responsabilidade
social. Neste sentido, o envolvimento
das IES particulares do Estado de São
Paulo nas ações comunitárias é um fato
comprovado. [...] Verificou-se que 88%
das IES desenvolvem projetos sociais
nos mais variados setores (RODRIGUES,
2005, p. 98).
Outro destaque dado à pesquisa está nas IES
filantrópicas, pois de acordo com Rodrigues (2005)
essas instituições, que possuem no seu cerne a
responsabilidade social, além das ordenações legais,
atuam de forma efetiva na área da saúde e possuem o
maior número de projetos por instituição.
Neste contexto surgem os desafios da responsabilidade
social e da globalização na sociedade atual, Ortigara e
Rôsler (2005) expõem como sendo um destes:
O aumento da expectativa de vida e o
controle da natalidade farão predominar
os valores e os ideais do segmento mais
idoso, direcionando a oferta de produtos
e serviços para este segmento. [...] As
instituições de educação, a partir da nova
focalização, buscam conhecimentos
inovadores para atender às demandas
crescentes de uma faixa da população
que tem hoje maior expectativa de
vida. Entre temas que devem ser
destacados estão: religiosidade, saúde
preventiva, lazer (jogos adequados,
passeios, viagens, visitas), validação
da sabedoria, estética, relacionamento,
acesso às artes, fomento ao artesanato,
programas de leitura e programas que
possibilitem a contribuição do idoso
para: contar histórias, fazer grupos e
amigos, novas formas de solidariedade e
etc (ORTIGARA; RÔSLER, 2005, p. 85).
Neste sentido, a prática de atividades extensivas
às disciplinas propostas nos projetos políticos
pedagógicos das IES torna-se uma forma de cumprir
com seu papel social e principalmente legal. A
preocupação com a terceira idade surge como um
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
184
dos vários desafios globais a serem atingidos na
atualidade.
Portanto, nota-se a importância das IES trabalharem
e estruturarem ações de reponsabilidade social que
vão além do cumprimento de normas e leis, mas
visam a inserção de um pensamento colaborativo dos
discentes com relação a sociedade em que vivem.
No próximo capítulo é apresentado o caso do Instituto
Metodista Granbey, instituição filantrópica, que possui
ações de responsabilidade social voltada à melhor
idade.
3. INSTITUTO METODISTA GRANBERY (IMG)
O Instituto Metodista Granbery foi fundado em 1889
e é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos,
enquadrado no terceiro setor1 da economia. Está
situado em Juiz de Fora – MG oferecendo formação
desde a educação infantil até a pós-graduação. O
instituto prima por um ensino de qualidade, visando
à formação integral de seus alunos no campo
acadêmico-científico, bem como nos valores do reino
de Deus, como justiça, amor, solidariedade e paz
(GRANBERY, 2014, p.1).
De acordo com Giudice Filho, Terror e Belleigoli (2012):
Diariamente, circulam pelas
dependências do Granbery mais de 4
mil pessoas, entre alunos, professores e
funcionários. Os serviços educacionais
oferecidos pela instituição vão da
Educação Infantil até os cursos de Pós-
graduação, englobando atividades
culturais, esportivas e de formação
integral (GIUDICE FILHO, TERROR e
BELLEIGOLI, 2012, p. 23).
1 A expressão “terceiro setor” é uma tradução do termo em inglês third sector, que, nos Estados Unidos, é usado junto com outras expressões, como “organizações sem fins lucrativos” (nonprofit organizations) ou “setor voluntário” (voluntary sector). [...] As organizações que compõem esse setor possuem cinco características principais: devem estar organizadas formalmente, são privadas (separadas do governo), são capazes de administrar as próprias atividades, não distribuem lucro aos seus administradores e tem alto grau de participação cidadã (ALBUQUERQUE, 2006, p. 18 e 19).
Assim, nota-se que a instituição proporciona uma
formação continuada de seus alunos e propicia um
ambiente que estimula o pensamento e a liberdade
desta concepção.
Neste contexto, Novaes Neto (2014) corrobora que:
Desde a sua fundação, o Instituto
tem se destacado pela qualidade do
conhecimento científico-cultural que
ministra e pela sólida formação dada
aos seus estudantes, transmitindo-lhes
princípios e valores que os preparam
para a vida. Entre seus alunos despontam
vultos que marcam hoje, ainda, presença
positiva na religião, na política, nas
artes, na diplomacia, na livre iniciativa,
na educação, nas ciências, e que se
destacam pela contribuição que dão ao
desenvolvimento técnico-científico do
País (NOVAES NETO, 2014, p.1).
No sentido de propiciar aos seus alunos, pais,
professores e funcionários o contato com a comunidade
de diversas áreas e setores, o Granbery busca atuar
de forma efetiva em sua região. Neste contexto, a
Faculdade Aberta “A Melhor Idade”, surge como um
projeto voltado para alcançar este objetivo.
3.1 FACULDADE ABERTA A “MELHOR IDADE”
(FAMIDADE)
A Faculdade Aberta a “Melhor Idade”, teve como
projeto piloto um evento realizado pelo curso de
Educação Física da Faculdade Metodista Granbery,
visando à convivência da terceira idade, chamado
de “Colônia de Férias da Terceira Idade”. A partir de
2009 um grupo formado por quinze senhoras começou
a procurar a instituição para a prática semanal de
atividades físicas e, após uma grande demanda, a
instituição fundou a FaMIdade, como sendo uma
atividade de extensão multidisciplinar dos cursos de
graduação, que atualmente atende a quatrocentos
idosos da cidade de Juiz de Fora (GRANBERYa, 2014).
Atualmente, a FaMIdade oferece diversas atividades
relacionadas à saúde física e psicológica de seus
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
185
integrantes, sendo estas: Musculação, Viver e
Conviver, Hidroginástica, Ginástica, Inclusão Digital,
Pilates, Dança, Memória e Afetividade, Espanhol,
Administração Doméstica e Leitura Viva, Viva Leitura.
Para participar do projeto, a pessoa deve ter idade
igual ou superior a 55 (cinquenta e cinco anos)
anos, apresentar atestado médico comprovando
aptidão para realizar exercícios físicos e arcar com
a contribuição mensal de R$45,00 (quarenta e cinco
reais).
Além de todo conhecimento adquirido nas atividades,
os idosos são inseridos em um grupo, no qual há um
grande trabalho de socialização que afeta diretamente
o bem estar e a qualidade de vida de seus participantes
(GRANBERYa, 2014).
3.1.1 O NOVO PERFIL DA TERCEIRA IDADE
A longevidade humana já é tema recorrente, uma vez
que o aumento da população idosa é notória, bem
como, percebe-se também uma melhora na qualidade
de vida dessa faixa etária.
Neste sentido, segundo o Centro de Pesquisas Sociais
– CPS/UFJF:
Juiz de Fora não apresenta situação
diferente quanto ao incremento da
população idosa. O Censo 2010
apurou que a população municipal era
de 516.247 habitantes e a população
de idosos (60 anos ou mais) era de
70.288, números que indicam ser a
população do município composta de
aproximadamente 13,62% de pessoas
idosas. [..] O aumento da população
idosa de Juiz de Fora na última década é
percentualmente superior ao crescimento
da população brasileira e do estado de
Minas Gerais na mesma faixa etária.
(CPS/UFJF, 2012, p. 4).
No tocante ao crescimento da população idosa, nota-
se pessoas mais dispostas e com um estilo de vida
mais ativo perante o lazer, o aprendizado e para
diversas outras atividades. Neste sentido, Almeida e
Barbosa (2013) afirmam que:
O aumento da longevidade humana
fomenta diversas discussões sobre o
envelhecer e mais do que isso, sobre
o envelhecer bem e com qualidade
de vida. Nesse contexto, surgem
iniciativas voltadas para as pessoas
idosas, propiciando vivenciarem
novas experiências, não para ocupar
o tempo ocioso, mas para aproveitar
suas potencialidades e sabedorias.
Diante disso, presenciamos um “novo”
idoso que tem mostrado outro estilo
de vida, pois, muitos deles não ficam
mais em casa isolados, estão ativos
na sociedade, indo a teatros, cinemas,
museus, bailes, viajando, participando
de centros de convivência para idosos,
de campeonatos, fazendo ginástica,
interagindo na internet, frequentando
faculdades abertas à terceira idade e
mesmo as escolas formais (ALMEIDA;
BARBOSA, 2013, p. 24).
Neste sentido, as Instituições de Ensino Superior e
demais organizações podem e devem atuar de forma
efetiva com projetos que propiciem qualidade de vida,
bem estar e interação social à terceira idade, bem
como proporcionar convivência e aprendizado com os
alunos, funcionários e professores.
4 METODOLOGIA
Ao considerar o atual perfil do mercado, entende-
se como sendo importante o comprometimento das
organizações com as práticas de responsabilidade
social, perpassando pelos mais abrangentes alcances
deste conceito.
A metodologia da pesquisa é, segundo Gil (2010),
um conjunto de ações propostas para encontrar a
solução de um problema, que tem por base métodos
científicos, racionais e sistemáticos.
Assim, utilizou-se como procedimento metodológico
a pesquisa bibliográfica, envolvendo os trabalhos de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
186
Ashley (2002), Whitaker (2007), Melo Neto e Froes
(1999), entre outros pesquisadores da área, bem
como, consultas a sítios relacionados com o estudo,
que abordam artigos científicos, assim como trabalhos
de conclusão de cursos superiores.
Outro procedimento adotado foi o da pesquisa
quantitativa. Atualmente, a FaMIdade conta com um
corpo de 400 (quatrocentos) alunos regularmente
matriculados no primeiro semestre de 2014. No entanto,
a pesquisa teve como universo 209 (duzentos e nove)
discentes, uma vez que estes participaram de todas as
atividades previstas no projeto no segundo semestre
de 2013 e possuem conhecimento a respeito do que
se pretende investigar neste trabalho acadêmico. Os
outros 191(cento e noventa e um) alunos entraram no
primeiro semestre de 2014 e, por isso, não participaram
da pesquisa. O universo encontrado foi disponibilizado
pela coordenação do projeto.
O cálculo da amostra deu-se a partir dos postulados da
estatística descritiva, com confiança de 95% (noventa
e cinco por cento) e margem de erro de 5% (cinco por
cento), e obteve-se o número de 136 (cento e trinta e
seis) que, por sua vez, foram elencadas de forma não
probabilística, por facilidade de acesso, de acordo
com a proposta de Vergara (2007).
Assim, o ponto central da discussão está em verificar,
por meio da revisão bibliográfica e da pesquisa de
campo, a relevância do projeto social Faculdade
Aberta da Melhor Idade, bem como o impacto nos
participantes deste projeto.
4.1 INSTRUMENTO DE PESQUISA, COLETA E
TABULAÇÃO DOS DADOS
O instrumento utilizado para coleta de dados foi um
questionário, estruturado em três partes.
Na primeira parte, buscou-se caracterizar os
entrevistados, questionando o sexo, a faixa etária e
tempo de participação no projeto FaMIdade.
A segunda parte foi dividida em três questões que
buscaram identificar o novo perfil da terceira idade.
As indagações foram: se o entrevistado utiliza o
computador para alguma atividade, a frequência com
que ele pratica atividades físicas e/ou mentais e, por
último, com qual frequência o entrevistado participa
de encontros sociais como visitas a familiares, festas,
dentre outras atividades.
A terceira parte do questionário apresentou sete
questões sobre o impacto do projeto FaMIdade nos
seus participantes e na comunidade, dispostas em
uma Escala de Likert que permitiu ao entrevistado
respondente atribuir a cada questão um valor de 1 a 5,
onde 1 era tido como extremamente verdadeiro, 2 tido
como verdadeiro, 3 era indiferente, 4 pouco verdadeiro
e 5 nada verdadeiro.
No que tange a coleta dos dados, a pesquisa foi
realizada nos dia 27 e 28 de março de 2014. O
questionário foi aplicado nas salas onde acontecem
as atividades da FaMIdade e as questões foram lidas
uma vez em voz alta, tendo como objetivo a clareza e o
entendimento das questões por parte do público alvo
da pesquisa.
A tabulação das respostas do questionário foi feita
com a utilização do software Microsoft Office Excel
2010, imediatamente após o fim do prazo da pesquisa,
e a análise foi feita com base nas obras citadas neste
trabalho.
5. ANÁLISE DA PESQUISA
A primeira parte do questionário, que buscou
caracterizar os participantes da FaMIdade quanto ao
sexo, idade e tempo de participação no projeto, está
representada na tabela um.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
187
Tabela 1 – Caracterização dos participantes
RESPOSTAS
PERGUNTAS VALOR RELATIVO VALOR ABSOLUTO
A - SexoFeminino 85% 116
Masculino 15% 20
B - Idade
55 a 60 anos 10% 14
60 a 70 anos 47% 64
70 a 80 anos 33% 45
Mais de 80 anos 10% 13
C – Tempo de participação na FaMIdade
6 meses 59% 80
1 ano 19% 26
Mais de 1 ano 22% 30
Dados de campo (2014)
A tabela um apresenta que a maioria de 85% dos
respondentes são do sexo feminino e 15% são
do gênero masculino. Com relação a idade dos
entrevistados, a maioria possui de 60 a 70 anos de
idade, com 47%, e, posteriormente, de 70 a 80 anos,
com 33%. Quanto ao tempo de participação na
FaMIdade, quase 60% dos entrevistados participam
do projeto a mais de seis meses e 22% já ultrapassam
um ano de atividade na FaMIdade. Assim, confirma-
se que a amostra respondente possui conhecimento
suficiente para responder as questões propostas.
De acordo com Oliveira (1999) a população idosa
brasileira é a que mais cresce em nosso país,
principalmente, pelo avanço tecnológico, alimentação,
desenvolvimento da medicina e esse crescimento traz
consigo não só um aumento da expectativa de vidas,
mas uma melhora significativa na sua qualidade de
vida.
A tabela dois trata sobre o novo perfil da terceira idade,
abordando três questões centrais, se o participante
utiliza o computador para alguma atividade, com qual
frequência pratica atividades físicas e/ou mentais e
com que frequência ele participa de encontros sociais.
Tabela 2 – Novo perfil da terceira idade
RESPOSTAS
PERGUNTAS VALOR RELATIVO VALOR ABSOLUTO
A – Utilização do computadorSim 62% 84
Não 38% 52
B – Frequência com que realiza atividades físicas e/ou mentais
1 vez na semana 7% 9
2 vezes na semana 47% 64
3 vezes na semana 8% 11
4 vezes na semana 26% 35
Mais de 4 vezes na semana 13% 17
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
188
C – Frequência com que participa de encontros sociais
1 vez na semana 16% 22
Mais de 1 vez por semana 53% 72
Quinzenalmente 7% 10
Mensalmente 18% 24
Não participo de encontros sociais 6% 8
Dados de campo (2014)
Percebe-se, na tabela dois, que a maioria de 62%
dos idosos entrevistados utilizam o computador para
alguma atividades. Neste contexto, vale ressaltar que
a FaMIdade proporciona curso de informática, fato
este que elevará esse percentual no médio prazo.
Com relação à prática de atividades físicas ou mentais,
39% dos respondentes fazem atividades quatro ou
mais vezes na semana, e 47%, praticam atividades
duas vezes na semana.
Já no tocante a participação em encontros sociais,
nota-se que 53% dos entrevistados participam
desses encontros mais de uma vez por semana,
18% mensalmente, 16% uma vez na semana, 7%
quinzenalmente e apenas 6% afirmam não participar
de encontros sociais.
Os dados apresentados comprovam o pensamento de
Almeida e Barbosa (2013) ao afirmarem que os idosos
atuais se enquadram em um perfil dinâmico, em que a
prática de atividades físicas, intelectuais, tecnológicas
e a participação na sociedade como um todo se faz de
forma muito mais efetiva.
A tabela três apresenta os dados relativos ao impacto
da FaMIdade na vida dos participantes deste projeto.
Tabela 3 – Impacto na saúde e qualidade de vida dos participantes da FaMIdade
QUESTÕES
EXTREMAMENTE VERDADEIRO VERDADEIRO INDIFERENTE POUCO
VERDADEIRONADA
VERDADEIRO
% Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant.
1 – Minha saúde melhorou muito depois que entrei para a FaMIdade 67% 91 18% 25 9% 12 5% 7 1% 1
2- Minha qualidade de vida aumentou muito depois que entrei para a FaMIdade.
66% 90 19% 26 8% 11 5% 7 1% 2
3 – Depois que entrei para a FaMIdade me interajo mais socialmente (amigos, família, vizinhos).
83% 113 10% 14 3% 3 1% 2 3% 4
Dados de campo (2014)
RESPOSTAS
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
189
De acordo com a pesquisa de campo, constata-se
que 85% dos entrevistados acreditam que houve uma
melhora significativa na sua saúde após terem entrado
para FaMIdade, no entanto,15% julgam ser indiferente,
pouco verdadeiro ou nada verdadeiro essa correlação.
Com relação à melhora na qualidade de vida, os
percentuais ficaram muito próximos da questão
anterior, variando 1% para mais ou para menos,
predominando o percentual de pessoas que acreditam
que houve uma grande melhora em sua qualidade de
vida após entrar para a FaMIdade.
No que tange a interação social, 93% dos
entrevistados afirmaram que após ingressarem na
FaMIdade passaram a interagir mais socialmente,
com amigos, vizinhos e família. Neste quesito, apenas
7% dos entrevistados acreditam ser indiferente, pouco
verdadeiro ou nada verdadeiro a correlação proposta.
Melo Neto e Froes (1999) afirmam que a
responsabilidade social de uma organização
perpassa diretamente por participar das ações sociais
na comunidade em que se está inserido e ajudar nas
demandas dessa sociedade.
Neste sentido, Whitaker (2007) contribui ao colocar
que responsabilidade social é aquela que proporciona
um aumento na qualidade de vida da sociedade, a
partir das ações de sua organização.
A tabela quatro apresenta quatro afirmativas a respeito
da divulgação da FaMIdade e, consequentemente, do
IMG.
Tabela 4 – Divulgação da FaMIdade (Granbery)
QUESTÕES
EXTREMAMENTE VERDADEIRO VERDADEIRO INDIFERENTE POUCO NADA
VERDADEIRO
% Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant.
1 – Divulgo e indico o Granbery para meus parentes, vizinhos e conhecidos. 48% 65 18% 25 9% 12 6% 8 19% 26
2 – Meus familiares conhecem a FaMIdade e divulgam o Granbery para seus conhecidos. 67% 91 21% 28 8% 11 2% 3 2% 3
3 - Acredito que o Granbery se destaca e é conhecido na cidade de Juiz de Fora, através da FaMIdade.
65% 89 15% 20 7% 9 8% 11 5% 7
4 - Meus familiares e vizinhos passaram a conhecer mais o Granbery através da minha participação na FaMIdade.
67% 90 13% 18 10% 14 4% 6 6% 8
Dados de campo (2014)
No que trata sobre a divulgação da FaMIdade e,
consequentemente, do Instituto Metodista Granbery,
66% disseram que indicam a instituição para seus
parentes, vizinhos e conhecidos, no entanto, 19%
afirmaram que não promovem nenhuma divulgação.
Com relação aos familiares dos participantes
conhecerem a instituição, 67% julgaram com
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
190
extremamente verdadeiro e 21% como verdadeiro a
afirmativa de que seus familiares conhecem e indicam
a instituição para seus conhecidos.
O percentual de 65% dos entrevistados acreditam que
seja extremamente verdadeira a afirmativa de que o
Granbery é conhecido e se destaca na cidade de Juiz
de Fora através da FaMIdade e 15% acreditam que
essa afirmativa é verdadeira.
Ainda, 80% dos participantes acreditam que os seus
familiares e vizinhos passaram a conhecer mais o
Granbery depois que eles entraram para a FaMIdade
e 20% julgam essa afirmativa como indiferente, pouco
verdadeira ou nada verdadeira.
Estes dados são extremamente relevantes uma
vez que Ashley (2002) acredita que o aumento do
negócio deve ser proporcional ao desempenho da
sua responsabilidade social e essa participação
afeta diretamente a permanência e a participação da
empresa no mercado a longo prazo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Responsabilidade social coorporativa ultrapassa
ações isoladas de filantropia, pois exige da empresa
contemporânea pensar em Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) como estratégia da organização,
visando um retorno à sociedade na qual está inserida,
bem como uma permanência e crescimento dentro do
mercado.
Assim como Ashley (2002) citada no capítulo anterior,
Freire (2001) destaca a importância da RSC como
estratégia citando que já existem estudos mostrando
que há uma relação positiva entre envolvimento social
corporativo e desempenho econômico, ou seja, a boa
conduta institucional gera benefícios maiores do que
os custos relativos.
Assim, este trabalho buscou descrever o conceito e
a relevância da responsabilidade social corporativa,
versar sobre a responsabilidade social nas instituições
de ensino superior, apresentar a instituição foco do
presente trabalho, bem como pesquisar o impacto
de um projeto de responsabilidade social que é a
Faculdade Aberta a Melhor Idade (FaMIdade) em seus
participantes.
Pelos números apresentados fica evidenciado que o
Instituto Metodista Granbery pratica a responsabilidade
social corporativa e tem obtido retornos estratégicos
de imagem e divulgação de suas atividades.
Do percentual de entrevistados, nota-se que há
uma parcela considerável que utiliza o computador,
mantém a prática de atividades físicas/mentais e
participa de encontros sociais. Assim, ressalta-se
que a FaMIdade oferece essas atividades para seus
participantes, por meio de aulas e estimula o convívio
social, sendo assim, co-responsável por parte desse
desenvolvimento dos idosos participantes do projeto.
No que tange a saúde física, qualidade de vida e
interação social dos participantes do projeto, percebe-
se que mais 66% jugam ser extremamente verdadeira
a afirmativa de que houve melhora nesses aspectos
depois que entraram para a FaMIdade.
Com relação à divulgação da FaMIdade, por parte de
seus participantes, 19% dos entrevistados disseram
que não fazem nenhuma divulgação do Granbery
para parentes, vizinhos e conhecidos. Assim, nota-se
que há um nicho a ser trabalhado, uma vez que uma
divulgação para os parentes e/ou conhecidos dos
alunos promoveria a instituição que oferece ensino da
educação infantil à pós-graduação.
Neste sentido, nota-se a relevância do projeto para
os seus participantes, assim como para a instituição
que se torna conhecida e diferenciada na cidade e
região, bem como promove a responsabilidade social
universitária de forma prática e efetiva.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
191
REFERÊNCIAS
[1] ALBUQUERQUE, Antônio Carlos Carneiro de. Terceiro setor: história e gestão de organizações. São Paulo: Summus, 2006.
[1] ALMEIDA, Joyce Néia de Souza; BARBOSA, Rita de Cássia Petronilho. Compreensão de educação por diferentes sujeitos: a voz dos idosos. Trabalho de graduação em Pedagogia. Faculdade Metodista Granbery. Juiz de Fora, 2013.
[3] ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.
[4] BRASIL. Lei n° 10.861, de 14 de Abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm. Acesso em 29 de maio de 2014.
[5] CENTRO DE PESQUISAS SOCIAIS – CPS/UFJF. Diagnostico Sócio Econômico da População Idosa de Juiz de Fora: Perfil do idoso residente na área urbana de Juiz de Fora. Relatório. Executivo. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2012.
[6] DUARTE, Gleuso Damasceno; DIAS, José Maria Martins. Responsabilidade social: a empresa hoje. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S/A, 1998.
[7] FREIRE, Fátima de S.; SILVA, César A. Tibúrcio. Balanço social: teoria e prática. São Paulo, Atlas, 2001.
[8] GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª edição, São Paulo, Atlas, 2010.
[9] GIUDICE FILHO, Ernesto; TERROR, Jose de Souza; BELLEIGOLI, Ulisses. O Granbery. Juiz de Fora: Granbery Edições, 2012.
[10] GRANBERY. Sobre o Instituto Metodista Granbery. Disponível em: http://www.granbery.edu.br/granbery.php?codSegmento=3. Acesso em 17 de março de 2014.
[11] GRANBERYa. Breve histórico da FaMIdade. Disponível em: http://www.granbery.edu.br/granbery.php?codSegmento=3. Acesso em 17 de março de 2014.
[12] LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão Escolar Teoria e Prática. Goiânia: Ed. Alternativa, 5ª edição, 2004.
[13] MACEDO, Arthur Roquete de. O papel social da universidade. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 7-12, abr. 2005.
[14] MELO NETO, Francisco Paulo; FROES, Cesar. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração o terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
[15] NOVAES NETO, Arsênio Firmino de. História do Instituto Metodista Granbery: A mais antiga instituição de ensino da zona da Mata. Disponível em: http://www.granbery.edu.br/granbery.php?codSegmento=3. Acesso em 17 de março de 2014.
[16] OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva. Terceira idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis. São Paulo: Paulinas, 1999.
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[18] RODRIGUES, Gabriel Mario. Instituições de ensino superior paulistas e o cumprimento da responsabilidade social. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 97-102, abr. 2005.
[19] SORDI, Mara Regina Lemes de. A Responsabilidade social como valor agregado do projeto político pedagógico dos cursos de graduação: o confronto entre formar e instruir. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 29-39, abr. 2005. [20] VERGARA, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
[21] WHITAKER, Maria do Carmo. Ética na vida das empresas: depoimentos e experiências. São Paulo: DVS Editora, 2007.
Capítulo 18RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: AS AÇÕES
REALIZADAS E OS FATORES QUE MOTIVAM AS EMPRESAS DO
MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PARANÁ
Ana Carolina Mendonça Pilatti De Paula
Maria Salete Waltrick
Nelson Malta Callegari
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo traçar um perfil das empresas do município de Ponta Grossa com relação às ações Responsabilidade Social, tanto em empresas da iniciativa privada como pública. Foram pesquisadas empresas que apresentaram seus projetos de responsabilidade social ao Programa Selo Social de 2008, da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, quanto empresas que não possuem a certificação, mas que tem a preocupação com os indicadores sociais de Responsabilidade Social. Para tanto, levanta-se quais as ações de responsabilidade social estão sendo praticadas e suas motivações, partindo-se da hipótese de que as ações de responsabilidade social realizadas têm como público-alvo seus clientes externos, em detrimento de seus clientes internos, visto que tais ações trarão um retorno midiático maior junto aos clientes, fornecedores e a comunidade. O primeiro instrumento de pesquisa foi aplicado a uma amostra de 13 empresas que receberam a Certificação Selo Social no ano de 2008. O segundo instrumento foi enviado via e-mail para 100 empresas, sendo que se obteve o retorno de 44 questionários, que equivale a 44% do universo de pesquisa, o suficiente para a amostra ser considerada significativa. Os resultados mostram que as empresas do município têm desenvolvido ações voltadas principalmente à educação, saúde, assistência social e ambiental, tendo como motivos principais os humanitários, o planejamento estratégico empresarial, à atenção às comunidades do entorno da empresa, e o atendimento às expectativas dos clientes e do mercado e só então o compromisso com o seu público interno, comprovando-se a hipótese levantada no trabalho.
Palavras Chave: responsabilidade social, certificação, empresas, clientes internos e externos.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
193
1. INTRODUÇÃO
O processo da globalização associado à crise do setor
público serviu de combustível para o desenvolvimento
das práticas da responsabilidade social nas empresas.
A globalização, além das novas tecnologias, trouxe
mudanças no comportamento dos consumidores. De
acordo com o Instituto Ethos (2007) de Empresas e
Responsabilidade Social, as empresas socialmente
responsáveis têm tido maior reconhecimento do que
as não responsáveis. Para o Instituto Ethos (2007),
responsabilidade social empresarial “é uma forma de
conduzir os negócios que torna a empresa parceira e
co-responsável pelo desenvolvimento social”.
Outro fator que justifica o surgimento das práticas
de responsabilidade social é que os meios de
comunicação de massa (televisão, rádio, internet) têm
contribuído para a disseminação das informações,
fazendo com que a população tenha mais
conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento
da responsabilidade social seja ela econômica, social
ou ambiental.
Além disso, o que contribui para o desenvolvimento
da responsabilidade social é a compreensão por parte
do empresariado e da sociedade de que o governo
sozinho não consegue acabar com os problemas
sociais. Diante disso, algumas empresas iniciaram
o exercício de atividades socialmente responsáveis
e também a divulgação de suas ações para com a
comunidade através da apresentação do balanço
social.
Uma empresa socialmente responsável é aquela
que possui a capacidade de ouvir os interesses das
diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores
de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade,
governo e meio ambiente) e incorporá-los ao
planejamento de suas atividades, buscando atender
às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou
proprietários.
Hoje é cada vez maior o número de empresas
que são exemplos de uma gestão consciente de
responsabilidade social, através de uma postura
mais participativa e responsável diante dos recursos
empregados, criando uma nova forma de ajudar a
comunidade, tornando-se politicamente responsável,
envolvendo-se mais com as questões sociais, criando
seus próprios projetos e gerenciando-os.
As empresas pontagrossenses estão redefinindo seus
papéis sociais, não só preocupando-se com o capital,
mas também com seus parceiros e com a sociedade,
gerando assim novas formas de ajudar à comunidade,
tornando-se politicamente responsáveis, criando e
desenvolvendo seus próprios projetos. Ao contrário
do que pode-se imaginar, o que define o alcance das
ações sociais das empresas não é apenas o valor do
investimento, mas a forma como ele é realizado e o
impacto que causa.
Não existe um só caminho para a empresa implantar
suas ações sociais empresariais, podendo realizar
projetos próprios e implantá-los com o corpo
voluntariado da empresa e/ou agregados, ou realizar
parcerias para atender demandas de organizações
representativas de uma determinada comunidade.
O presente trabalho tem por objetivo traçar um perfil
das empresas do município de Ponta Grossa, Paraná
no que tange a questão da Responsabilidade Social,
tanto em empresas da iniciativa privada como pública
que atuam na cidade de Ponta Grossa no Paraná.
Foram pesquisadas empresas que apresentaram
seus projetos de responsabilidade social ao Programa
Selo Social de 2008, da Prefeitura Municipal de Ponta
Grossa, que certifica empresas que praticam ações de
Responsabilidade Social, através de projetos próprios
ou em parcerias, quanto empresas que não possuem
a Certificação, mas que tem a preocupação com os
indicadores sociais de Responsabilidade Social. O
tema Responsabilidade Social Empresarial adquire
relevância na medida em que poderá contribuir para a
formulação de políticas empresariais nas organizações,
que efetivamente atendam as necessidades tanto do
público interno como externo à organização.
2. METODOLOGIA
Foram utilizados como instrumento de coleta de dados
dois questionários compostos por perguntas fechadas
e abertas. O primeiro instrumento foi aplicado a uma
amostra de 13 empresas que receberam a Certificação
Selo Social no município de Ponta Grossa no ano de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
194
2008. O segundo instrumento foi enviado via e-mail
para 100 empresas, sendo que obteve-se o retorno
de 44 questionários, que compuseram a amostra
da pesquisa, que equivale a 44% do universo de
pesquisa, o suficiente para a amostra ser considerada
significativa. Utilizamos a análise de conteúdo que
é um conjunto de técnicas de análise
através das comunicações, ou seja, a
partir de uma amostra de mensagens
particulares foram construídos os
indicadores para a análise de conteúdo,
compreendendo-se o sentido da
comunicação de uma entrevista não
diretiva (BARDIN, 1977, p. 31).
Em um primeiro momento, agrupou-se os elementos
dos conteúdos em categorias, para então deter-se em
suas peculiaridades, assim como na relação entre as
unidades de sentido assim construídas.
Em respeito aos princípios éticos, os sujeitos foram
esclarecidos acerca dos objetivos e metodologia do
trabalho, sendo garantido ainda o sigilo que assegura
a privacidade individual e coletiva do grupo, quanto
aos dados confidenciais envolvidos no estudo, bem
como em retornar-lhes os resultados.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 UMA APROXIMAÇÃO DA HISTÓRIA DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL
O movimento em torno da Responsabilidade Social
Empresarial no Brasil só ganhou destaque na década
de 1980, impulsionado por uma seqüência de eventos
sociais e políticos que expressaram uma mudança
de atitude por parte dos cidadãos e, em especial,
da comunidade empresarial brasileira. Nessa época,
o país viveu a luta pelas Diretas Já e conquistou o
restabelecimento da democracia. O processo de
participação popular culminou na promulgação da
Constituição de 1988 e na realização de eleições
diretas para presidente da República, no ano seguinte.
A mobilização popular e de organizações da
sociedade civil continuou a crescer durante a década
de 1990, num contexto que levou ao fortalecimento
do conceito de RSE, ganhando força no Brasil pela
ação de entidades não-governamentais, institutos de
pesquisa e empresas sensibilizadas pela questão
(ORATI, 2004).
O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE),
primeira associação da América do Sul que reunia
organizações de origem privada que financiavam ou
executavam projetos sociais, ambientais e culturais de
interesse público, foi fundado em 1995, incentivando
ainda mais as empresas a se preocuparem com o
social, focando a temática da filantropia, cidadania e
Responsabilidade Social Empresarial (RICO, 2004).
Em 1997, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas (IBASE) lançou uma campanha
pela divulgação voluntária pelas empresas de seu
Balanço Social. Com o apoio e a participação de
lideranças empresariais, a campanha tornou a prática
mais disseminada. Já em 1998, o IBASE lançou o
Selo Balanço Social, para aquelas empresas que
anualmente publicam seu balanço dentro do modelo
desenvolvido por aquele Instituto (VENTURA; VIEIRA,
2004).
Em 1998 foi fundado o Instituto Ethos de Empresas
e Responsabilidade Social, associação sem fins
lucrativos destinada a fomentar o desenvolvimento
da cidadania empresarial. O Instituto Ethos foi criado
com o objetivo de aproximar as pessoas das ações
sociais realizadas pelas empresas, e disseminar as
práticas sociais das empresas através de publicações,
seminários, concursos, palestras, congressos,
publicações, programas e eventos. (PASSADOR,
2002).
O Instituto Ethos tem sido, no Brasil, um dos maiores
promotores e disseminadores do conceito de
Responsabilidade Social Empresarial (RICO, 2004).
Pode-se dizer que um de seus maiores méritos foi o de
popularizar a elaboração do Balanço Social.
A explosão de ONGs e de fundações empresariais
na década de 1990 está diretamente relacionada à
implantação de um novo modelo de política econômica
baseada na idéia do enfraquecimento do Estado
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
195
no que tange às questões sociais e na emergência
de novos atores: sociedade civil e mercado, na co-
responsabilização quanto à definição de uma agenda
para essas questões sociais (RICO, 2004).
Pode-se pontuar também neste período a promulgação,
em 1998, da Lei n. 9.608, que regulamenta a prática do
voluntariado e, em 1999, da Lei n. 9.790, que qualificou
as Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP) e disciplinou o termo de parceria, que
facilita a delegação, por parte do Estado, da execução
de políticas públicas ao Terceiro Setor.
Destarte, a ênfase nas questões sociais e ambientais
de certa forma mudou o comportamento do cidadão
brasileiro desde os anos 1990. Houve uma crescente
articulação dos movimentos sociais, sindicatos, partidos
políticos, organizações ambientais e associações de
defesa dos direitos do consumidor, das mulheres e
das crianças. Esse conjunto de atores sociais, ligado a
outros movimentos internacionais, serviu de base para
a criação no Brasil em 2001 do Fórum Social Mundial,
que também colocou em discussão a questão da
Responsabilidade Social Empresarial.
3.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO
ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS
Segundo Ashley et al (2007), a responsabilidade
social empresarial criada originalmente para dar uma
resposta às demandas sociais, tem sido usada como
estratégia de negócios. Entendese como estratégia a
busca por um diferencial, portanto, responsabilidade
social e cidadania corporativa também passam a ser
uma forte estratégia na busca de um diferencial.
Cidadania corporativa significa que as empresas
consideram como sua responsabilidade os impactos
de suas atividades na sociedade e no ambiente, não
somente os impactos na economia. (ROBERTS et al,
2003, p.1)
Analisar as ações de responsabilidade social sob
a perspectiva de estratégia de negócio remete à
análise de como obter vantagem competitiva através
destas ações. Segundo Porter (1985), entende-se
como vantagem competitiva um benefício significativo
que uma empresa adquire em comparação com sua
concorrência, gerando um impacto positivo em sua
sobrevivência e prosperidade. A partir desta definição,
o papel estratégico da Responsabilidade Social
Empresarial passa a ser visto como o desenvolvimento
de práticas e ações que confiram à empresa vantagens
estratégicas no cenário de concorrência onde ela está
inserida.
A vantagem competitiva das empresas é o resultado de
diversos fatores, entre eles a satisfação do consumidor,
o desempenho financeiro, a participação no mercado
e o crescimento de seu capital reputacional (BORGER,
2001, p. 26).
Ao desenvolverem suas ações sociais, inicialmente
de forma assistencialista e filantrópica, as empresas
começaram a identificar ganhos na sua imagem. Suas
ações ganharam grande importância e se tornaram
ações de natureza estratégica (MELO e FROES, 2001).
A imagem de uma empresa confiável é um valor
indispensável nas relações comerciais globalizadas.
Um arranhão na imagem, proveniente de uma conduta
questionável, pode afetar a opinião dos investidores
internacionais. Ou seja, os caminhos para fornecer
rendimentos aos acionistas ficaram mais complexos,
pois os consumidores têm mais acesso as informações
corporativas. Assim, transparência gera confiança e
conseqüentemente bons negócios.
Como afirma Archie Carroll (1979), o conceito de
responsabilidade social abrange quatro dimensões:
econômica, legal, ética e filantrópica ou discricionária,
todas devem ser preservadas a fim de evitar denegrir a
reputação corporativa. De acordo com Fabião (2001),
a ética sempre esteve no conceito de todos, inclusive
das empresas, no entanto somente agora as empresas
retomam os conceitos de ética empresarial, porém,
pensada mais como um produto (projetos sociais), que
como um valor inerente ao negócio.
Com relação à dimensão econômica, Gomes e Moretti
(2007) afirmam que as empresas ao realizarem suas
ações de responsabilidade social, aumentam suas
taxas de lucro porque tais empresas têm vantagens:
a) econômica: pois ao não incorporar custos sociais
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
196
e ambientais no processo produtivo, tornam seus
produtos mais competitivos em preço. Nesse
sentido, a “doação” e recursos para projetos sociais
é apenas uma fração mínima do conjunto de custos
que deveriam ser incorporados; b) tributária: pois
há imunidade tributária tanto para quem recebe o
recurso, quanto para a empresa doadora. Assim, as
doações recebidas das empresas donatárias são
deduzidas do imposto de renda dessas instituições
(Lei n. 9249/95, até o limite de 2% sobre o lucro
operacional das doações efetuadas às OSCIPs). Já
uma OSCIP terá isenção de IR (Lei n. 9532/97); c)
mercadológica: pois com a “crise na publicidade”
novos instrumentos de fixação da marca na mente dos
consumidores tornam-se necessários. Não por mero
acaso, o tema de responsabilidade social começa a
ganhar contorno nos departamentos de marketing das
organizações e grandes agências de publicidade se
debruçam para confeccionar “projetos sociais” para
seus clientes na esfera do que eles já definem como
“marketing social”; d) na ampliação do mercado: pois
incorporam consumidores que estavam excluídos do
raio de interesse de suas marcas tradicionais.
A dimensão legal contempla exatamente o
enquadramento da conduta da empresa em regras
formais estabelecidas. Atualmente, o que vem
chamando a atenção em relação a esta dimensão é
com relação ao meio ambiente. Normas como a ISO
14000 e uma série de leis exigem que a empresa tenha
uma relação de proteção e não de degradação da
natureza.
Muitas empresas utilizam esta proteção como mais
um item no seu composto de marketing. Como a
mensagem publicitária não permite a comunicação,
sendo uma via de mão única, o que prevalece no
final é que determinada empresa de fato está atenta
às preocupações da sociedade. O que não se diz é
que uma empresa obtém a certificação ISO 14000, por
exemplo, ao se adequar a um conjunto de normas que
diminuam os níveis de poluição e não necessariamente
que não polua mais. Em outras palavras, a empresa
poderá ser ainda uma poluidora só que em um patamar
menor.
As empresas que desenvolvem um comportamento
socialmente questionável correm o risco de atrair
a atenção da mídia, a qual poderá causar danos
irreversíveis à imagem da empresa, comprometendo a
sua sobrevivência. Em contra partida, práticas sociais
positivas chamam a atenção da opinião pública, dos
clientes, consumidores e governo de maneira positiva.
A conscientização das pessoas em relação aos seus
direitos e deveres sociais tornou-as menos tolerantes
a práticas abusivas e antiéticas, o que se reflete na
condução das empresas. Isso tudo vêm induzido
às empresas a desenvolverem ações que busquem
manter ou até mesmo, melhorar a sua reputação,
crescendo a preocupação com o comportamento
ético e socialmente responsável.
As ações de responsabilidade social também podem
ter um efeito positivo no valor de mercado da empresa.
Os investidores são mais propensos a confiar seus
recursos a empresas que desfrutem de uma reputação
superior, em função dos menores riscos percebidos
e das maiores oportunidades potenciais de negócios.
As empresas estão respondendo à insistência dos
consumidores em lidar somente com outras empresas
que ostentem uma boa imagem e uma conduta
socialmente responsável.
Muitas organizações devido aos riscos de ações
judiciais e conseqüentemente, escândalos na mídia,
passaram a adotar códigos de conduta buscando
evitar perdas de seu valor reputacional perante seus
clientes, fornecedores, funcionários e a sociedade
como um todo.
Quando o exercício da conduta socialmente
responsável das empresas acontece por meio de
projetos sociais que se enquadram na dimensão
filantrópica ou discricionária, recursos são alocados.
Segundo Machado Filho (2006), este tipo de ação
de responsabilidade social pode ser visto sob três
aspectos:
•Podem advir dos valores dos seus acionistas, que,
independentemente dos possíveis retornos que
elas possam trazer para as atividades principais,
entendem que a empresa deve engajar-se em
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
197
práticas sociais;
•Podem ser determinadas por uma visão pragmática,
segundo a qual, de alguma forma, podem trazer
retornos para a empresa, sendo nesse caso, uma
estratégia de busca de valor (value seeking) por
parte da organização;
•Podem derivar de gestores que vêem nessa
prática uma forma de obter ganhos pessoais,
poder, autoridade na comunidade local,
independentemente de haver ou não alinhamento
com os interesses da organização.
A alternativa (a) parte da visão de que não é unicamente
o auto-interesse que rege os seres humanos. A
alternativa (b) parte do pressuposto de que o capital
social reputacional das empresas tende a crescer
com ações sociais, demonstração de preocupação
ecológica, ações de filantropia e outras formas de
interação com a comunidade na qual a organização
está inserida. Já a alternativa (c) constitui-se em um
problema de governança, pois existe desalinhamento
de interesses entre o gestor e os acionistas.
Independente de qual alternativa leva a organização
a praticar suas ações filantrópicas, o importante é que
estas ações gerem resultados efetivos a sociedade
envolvida. Para que estas ações ocorram de forma
adequada aos interesses dos envolvidos, deve haver
uma gestão socialmente responsável.
3.3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE
SOCIAL
Indicadores de responsabilidade social são
instrumentos que orientam as empresas a
direcionarem suas estratégias e avaliam a eficácia
das atitudes socialmente responsáveis praticadas
pelas mesmas. Além disso, estes indicadores auxiliam
os consumidores a avaliarem como a empresa se
comporta socialmente.
Na atualidade a cultura das organizações com o enfoque
da sustentabilidade social, do meio ambiente e da
ética está crescendo, o que determina a necessidade
de se criarem padrões e modelos específicos. As
empresas brasileiras, também, têm demonstrado
muita preocupação e interesse em projetos de
responsabilidade social. O que anteriormente era
apenas uma opção, hoje passa a fazer parte da visão,
das estratégias e dos objetivos organizacionais.
(GRÜNINGER, 2002, apud KARKOTLI; ARAGÃO,
2004, p. 114).
Existem diversos indicadores de responsabilidade
social, no entanto, apresenta-se a seguir os que,
na opinião de Karkloti e Aragão (2004), são os mais
relevantes no meio empresarial.
Norma Social Accountability (SA 8000) - é um
padrão internacional que tem o objetivo de certificar
as condições de trabalho e se os principais direitos
trabalhistas estão sendo cumpridos. Foi desenvolvida
pela Social Accountability International (SAI),
organização nãogovernamental criada em 1997, nos
EUA, e que tem ação voltada à preocupação dos
consumidores quanto às condições de trabalho no
mundo. A AS 8000 é baseada em treze princípios de
direitos humanos convencionados internacionalmente.
Caso seja certificado por uma auditoria que a empresa
segue estes treze princípios, ela recebe a certificação
AS 8000.
(SOCIAL ACCOUNTABILITY INTERNACIONAL, 2007).
Accountability (AA1000) - é uma norma que define
as melhores práticas de prestação de contas para
assegurar a qualidade da contabilidade, auditoria
e relato social ético. Foi desenvolvida pelo Institute
of Social and Ethical Accountability (ISEA), uma
organização não governamental sediada em Londres,
no Reino Unido e tem como missão promover e
dar suporte às organizações nas atividades de
implementação de sistemas de gestão éticos e
socialmente responsáveis.
Global Compact – pacto global de responsabilidade,
originou-se da iniciativa do então secretário-geral das
Nações Unidas, Kofi Anan, que, em janeiro de 1999,
no Fórum Econômico Mundial de Davos, clamou
as empresas a repensarem seu papel e a adotarem
uma política mais transparente e ética. O Global
Compact é iniciativa desenvolvida pela Organização
das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de
mobilizar a comunidade empresarial internacional
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
198
para a promoção de valores fundamentais nas áreas
de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. Essa
iniciativa conta com a participação das agências das
Nações Unidas, empresas, sindicatos, organizações
não-governamentais e demais parceiros necessários
para a construção de um mercado global mais
inclusivo e igualitário. (ETHOS, 2007).
Indicadores do Instituto Ethos - um conjunto de
indicadores que tem o intuito de ser uma ferramenta
de diagnóstico organizacional que avalia o estágio em
que se encontram as práticas de responsabilidade
social nas empresas, facilitando a visualização das
ações mais urgentes que devem ser trabalhadas. Os
indicadores são apresentados em forma de questionário
de avaliação da empresa, dividido em sete grandes
temas, são eles: valores e transparência, público
interno, meio ambiente, fornecedores, consumidores e
clientes, comunidade, governo e sociedade.
Balanço Social - é um meio de dar transparência às
atividades corporativas através de um levantamento
dos principais indicadores de desempenho econômico,
social e ambiental da empresa. É um conjunto de
informações sobre projetos, benefícios e ações sociais
dirigidos aos empregados, investidores, acionistas e à
comunidade. (ETHOS, 2007).
Selo Social IBASE/Betinho - é um dos mais difundidos
no Brasil. Conforme informações extraídas do site
Balanço Social (www.balancosocial.hpg.ig.com), o
Selo Social foi lançado em 1998 quando o sociólogo
Herbert de Souza (Betinho), juntamente com o Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, começou
a desenvolver uma campanha para chamar a atenção
de empresários e da sociedade para a relevância do
balanço social, utilizando uma planilha de “modelo
simples e único”. Os selos são fornecidos apenas
para as empresas que publicam seu balanço social
no modelo proposto pelo IBASE. Por meio deste selo a
empresa estará divulgando que possui investimentos
na área social, demonstrando que está disposta a ser
uma empresa-cidadã comprometida com a sociedade.
Selo Social do município de Ponta Grossa no Paraná
- criado em 2002 tem como objetivo principal
reconhecer a responsabilidade social das empresas.
É um programa desenvolvido pela Secretaria
Municipal de Assistência Social para inserir o governo
municipal nas relações entre mercado e sociedade
civil. Em Ponta Grossa, a emissão do Selo Social está
condicionada a um programa de responsabilidade
social externa, através da participação contínua da
empresa em projetos sociais previamente aprovados
pelos conselhos municipais das respectivas
áreas em que forem realizadas, tais como: saúde,
educação, assistência social, cultura, esporte e lazer,
meio ambiente, geração de renda ou voluntariado
empresarial. É necessário, ainda, que a empresa
tenha um programa de responsabilidade aplicado
aos funcionários, contemplando desta forma quatro
eixos fundamentais: Educação, Saúde, Criança e
Adolescente e Meio Ambiente.
4. RESULTADOS DA PESQUISA
Após a aplicação das ferramentas de pesquisa com o
objetivo de levantar quais as ações de responsabilidade
social estão sendo praticadas nas empresas do
município de Ponta Grossa e suas motivações, as
empresas que receberam o Selo Social em 2008 tem
desenvolvido ações voltadas à educação e saúde
principalmente, além de ações relacionadas com
ao meio ambiente, segurança alimentar, cidadania
e Direitos Humanos, esportes, assistência social,
geração de renda, dentre outros.
Gráfico 1: Área de atuação dos projetos de Responsabilidade Social Empresarial das empresas que
receberam o Selo Social em 2008
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
199
Dentre as principais motivações das empresas
certificadas, em primeiro lugar têm-se os motivos
humanitários, planejamento estratégico empresarial,
à atenção às comunidades do entorno da empresa,
e o atendimento às expectativas dos clientes e do
Sob o ponto de vista das empresas pesquisadas
que não receberam certificação do Selo Social,
as principais áreas com investimento são: Cultura;
Esporte; Assistência social; Meio ambiente - Educação
ambiental; Alimentação; Creches/Educação infantil;
mercado, o compromisso com o seu público interno e
os valores éticos da alta direção, a busca pela atração
de novos clientes e a possibilidade de acesso a fontes
de capital.
Gráfico 2: Qual a principal motivação das empresas que receberam o Selo Social em 2008
Programas e conselhos da área da criança e do
adolescente; Saúde; Redução da violência/Segurança
e Profissionalização de adultos; desnutrição materno-
infantil; Alfabetização de jovens e adultos; Educação
fundamental; Ensino médio; e Terceira idade.
Gráfico 3 – Áreas de investimento das empresas não certificadas pelo Selo Social
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
200
Quanto as motivações dessas empresas, o indicador
maior foi para a promoção do bem estar da população
local, contando com parcerias para participar ou
elaborar projetos e ações sociais.
Gráfico 4: Qual a principal motivação das empresas não certificadas
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando as principais motivações das empresas
comprovou-se a hipótese levantada na pesquisa de que
as empresas do município de Ponta Grossa realizam
suas ações de responsabilidade social tendo como
público-alvo seus clientes externos, em detrimento de
seus clientes internos, visto que tais ações trarão um
retorno midiático maior junto aos clientes, fornecedores
e a comunidade. Como dito anteriormente, as ações
da empresa devem ser voltadas inicialmente ao cliente
interno, aos funcionários, pois não basta somente
uma empresa ser ética, transparente, respeitar a
diversidade, ser ambientalmente responsável, para
obter Certificações que farão com que seu produto
seja “bem visto aos olhos” da sociedade, é preciso
valorizar, investir nos funcionários, pois somente
assim, estes também estarão engajados nas ações
que a empresa desenvolver socialmente visando o
consumidor externo.
No atual contexto econômico, com vistas mais ao
social que à obtenção do lucro, igualmente com as
mudanças dos paradigmas da sociedade e o aumento
da preocupação das pessoas com o bem estar
pessoal e da coletividade, as empresas tem o desafio
de estarem atentas e prontas para acompanharem e
até se anteciparem às mudanças sociais e produzirem
diferenciais que as garantam uma vantagem
competitiva e sustentável em longo prazo.
Responsabilidade social hoje pode ser a diferença
entre sobreviver no mercado ou não. É, portanto,
conceito estratégico e quem não estiver atento
a esse diferencial, vai deixar o convívio social e,
conseqüentemente, sairá do mercado.
A responsabilidade social exige da empresa uma
gestão efetiva da sua força de trabalho, do ambiente
de trabalho, da qualidade de vida da sociedade e dos
trabalhadores.
Mesmo que o perfil de Responsabilidade Social
Empresarial venha mudando em todo o Brasil, ainda
há um longo caminho que deverá ser percorrido pelas
empresas do município de Ponta Grossa, até que
realmente exista valorização de todos os stakeholders.
A partir do conhecimento dos resultados desta
pesquisa, as empresas poderão perceber quais ações
empresariais deverão desenvolver para contribuir
com efetivas mudanças na sociedade. Assim, com
a implementação de propostas reais envolvendo
melhorias na qualidade de vida de seus funcionários
e da coletividade terão como reflexo, uma maior
produtividade e aceitação social. REFERÊNCIAS
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
201
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[10] MACHADO FILHO, Cláudio Pinheiro. Responsabilidade social e governança: o debate e as implicações. São. Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.
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[16] ROBERTS, N. et al. Introduction to computer simulation. A system dynamics modeling approach. Reading, Addison-Wesley, Mass, 2003.
[17] VENTURA, E. C. F.; VIEIRA, M. M. F. Institucionalização de Práticas Sociais: uma Análise da Responsabilidade Social Empresarial no Campo Financeiro no Brasil. In: Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, 2004, Curitiba. Anais. Curitiba: En ANPAD, 2004.
Capítulo 19SUSTENTABILIDADE: CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL COM CRIANÇAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE SANTA
MARIA - RS
Cássia Tavares Streb
Aline Parizzi
Renata Coradini Bianchi
Vanessa Somavilla
Resumo: No contexto atual, aspectos como o destino do lixo e uso da água, são muito relevantes para a sustentabilidade da sociedade, pois problemas causados pelo aquecimento global, como aumento do nível dos mares, derretimento das geleiras, mudanças na temperatura, entre outros, são causados principalmente pelo uso indiscriminado dos recursos naturais presentes na natureza, e também pela poluição causada pela falta de cuidados da população para com o lixo que produzem. Para tanto, o presente projeto tem como objetivo de levar conhecimentos sobre educação ambiental com foco no uso consciente da água, reciclegm e coleta seletiva para o público infantil visando a contribuição para a preservação do meio ambiente. O objetivo foi alcançado através de palestra e oficina com crianças do 6º ano do ensino fundamental.
Palavras Chave: Educação ambiental, água, reciclagem, coleta seletiva, crianças.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
203
1. INTRODUÇÃO
No contexto atual, aspectos como o destino do lixo e uso
da água, são muito relevantes para a sustentabilidade
da sociedade, pois problemas causados pelo
aquecimento global, como aumento do nível dos mares,
derretimento das geleiras, mudanças na temperatura,
entre outros, são causados principalmente pelo uso
indiscriminado dos recursos naturais presentes na
natureza, e também pela poluição causada pela
falta de cuidados da população para com o lixo que
produzem.
Reforçando tal ideia, Messias e Costa (2005) afirmam
que há grande necessidade de uma mudança no
comportamento individual e coletivo da humanidade.
Mais ainda, devemos encontrar um caminho a seguir
para se atingir a meta almejada, para isso, deve-
se despertar nas pessoas a vontade pelo saber, e
isso não deve ocorrer somente dentro da escolas,
pois grande parte das pessoas já não está mais nas
escolas, e para atingi-las deve-se apostar em novos
mecanismos de educação, que possa ser efetiva para
todos os públicos.
De acordo com o tema proposto, tem-se como objetivo
geral do presente estudo levar conhecimentos sobre
coleta seletiva, reciclagem e uso consciente da água
para o público infantil visando a contribuição para a
preservação do meio ambiente.
Para que o objetivo do projeto pudesse ser alcançado
buscou-se realizar atividades com crianças do 6º ano
de uma escola pública da cidade de Santa Maria,
onde foram discutidos problemas enfrentados pelo
meio ambiente referente à reciclagem, coleta seletiva
e desperdicio da água.
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A permanência do ser humano na terra trouxe
gradativamente a deterioração do meio em que vive.
A busca do novo, do que pode trazer a felicidade, é
procurado pela raça humana. É no momento da busca
de novas descobertas, em que o meio ambiente sofre
degradação, (ROSA e LUCIO, 2001).
O principal eixo de atuação da educação ambiental
deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a
igualdade e o respeito à diferença através de formas
democráticas de atuação baseadas em práticas
interativas e dialógicas. Isto se consubstancia no
objetivo de criar novas atitudes e comportamentos
diante do consumo na nossa sociedade e de estimular
a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI,
2003).
Para Ruscheinsky (2002) a educação ambiental no
Brasil começou a ter um reconhecimento na década de
90, após muitas lutas dos ambientalistas, tendo como
ápice a promulgação da Lei 9.795, em 27 de abril de
1999, instituindo a Política Nacional de Educação
Ambiental, isso não significa a sua consolidação, mas
sim o seu reconhecimento político.
Para uma perspectiva de educação ambiental eficiente
o mesmo autor destaca que é necessário reconhecer
que não há óptica despolitizante, para a política de
reduzir a radicalidade com que se devem tratar os
problemas ambientais. Nesse compromisso com o
meio ambiente cabe trabalhadores, desempregados,
agricultores, empresários e profissionais conscientes
de suas responsabilidades socioambientais. A meta
é proporcionar a solidariedade entre todos os setores
da sociedade que reconhecem a necessidade de uma
nova direção para as políticas ambientais.
Segundo Almeida (2006) cabe ressaltar a Gestão
ambiental que é o processo de articulação das
ações dos diferentes agentes sociais que interatuam
em um dado espaço com objetivo de garantir à
adequação dos meios de exploração dos recursos
ambientais, naturais, sócioculturais e econômicos as
especificações do meio ambiente. Seguindo a visão
do mesmo autor a gestão ambiental integra:
•Política ambiental: conjunto de princípios
doutrinários que compõem as aspirações
governamentais e/ ou sociais no que diz respeito à
modificação ou regulamentação no uso, controle,
conservação e proteção do meio ambiente.
•Planejamento ambiental: é o estudo que visa
à adequação do uso, controle e proteção do
ambiente aos anseios governamentais e/ou sociais
expressos, informalmente ou formalmente em
uma Política Ambiental, através da coordenação,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
204
articulação, compatibilização e prática de projetos
de intervenções não estruturais e estruturais.
•Gerenciamento ambiental: conjunto de ações
destinadas à regular o uso, controle, conservação
e proteção do meio ambiente e avaliar o consenso
da situação concorrente com os princípios
doutrinários estabelecidos pela Política Ambiental.
2.1 ÁGUA
Segundo Tundisi (2003), a Terra vista do espaço é
azul, isso porque o planeta é constituído de oceanos,
calotas polares, rios e lagos e além da água que é
visível aos nossos olhos, existem ainda as águas
subterrâneas. Apesar de necessitarem de água para a
sobrevivência, os seres humanos poluem e degradam
este recurso, através do despejo de resíduos líquidos e
sólidos em rios e lagos, destruição de áreas alagadas
e das matas galeria. Como há o escoamento da água
na terra, se não houver mecanismos para reter a água,
perdem-se grandes quantidades e diminuem-se as
reservas.
Messias e Costa (2005) expõem que apesar de
indispensável à vida dos seres humanos a água deve
estar na quantidade adequada, nem mais e nem
menos, caso contrário, pode até dizimar a vida. A água
não somente torna a vida possível, como serve para
regulá-la. Mais ainda, devese considerar que está
cada vez mais difícil encontrar água pronta para uso,
portanto é preciso tratá-la antes e depois de utilizá-la.
Para Tundisi e Tundisi (2005), a água constitui-se um
recurso estratégico para a humanidade, pois mantém a
vida no planeta, sustenta a biodiversidade, a produção
de alimentos e suporta todos os recursos naturais. A
água tem então importância ecológica, econômica e
social.
Tundisi (2003) afirma que a água do planeta está
em constante modificação, passando pelos estágios
líquido, sólido e gasoso, e o ciclo hidrológico conta
com os seguintes componentes:
•Precipitação: água adicionada à superfície da
Terra através da chuva ou neve;
•Evaporação: transformação da água líquida em
gasosa;
•Transpiração: Perda de vapor d’água pelas plantas
que entra na atmosfera;
•Infiltração: água é absorvida pelo solo;
•Percolação: água entra pelo solo e vai até o lençol
freático;
•Drenagem: deslocamento da água na superfície,
durante a precipitação.
O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia solar,
pelos ventos, pela interação dos oceanos com a
atmosfera e pela evaporação. As reservas de águas
superficiais estão distribuídas de forma desigual na
Terra, e as águas subterrâneas são um potencial
importante utilizado em determinadas regiões.
(TUNDISI, 2003).
Segundo Messias e Costa (2005), os dados
apresentados permitem relevantes conclusões sobre
a água, tais como:
•A água é uma substância bastante vulnerável;
•O Planeta e a água sofrem interferências internas
e externas que não podem ser¬ controladas pelos
humanos;
•Qualquer interferência no ciclo hidrológico terá
repercussões graves;
•O aumento da população humana e dos recursos
necessários à sobrevivência leva a um gasto cada
vez maior de água;
•O efeito estufa leva ao derretimento das geleiras o
que aumenta a água do mar;
•Água apropriada ao consumo humano está cada
vê mais difícil de conseguir.
Os mesmos autores ainda mostram alguns números
referentes à água: três quartos ( ¾ ) da superfície do
Planeta estão cobertos de água, sendo que 97,5%
é salgada, dos 2,5% restantes 0,35 estão nos rios e
lagos, 30,8% estão em reservas subterrâneas e 68,9%
estão nas geleiras. O Brasil conta com 14% da água
doce do planeta 34,9% da América do Sul, sendo
que 80% encontra-se na região amazônica que tem
apenas 5% da população do país.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
205
Pode-se verificar então que o volume de água para
o consumo humano é muito pequeno e que a água
salgada é a maioria existente, além de a água doce
ser distribuída desigualmente no planeta, com alta
disponibilidade de água em local com baixa população
e vice versa. (MESSIAS E COSTA, 2005).
Tundisi e Tundisi (2005) apresentam os seguintes
números referentes à água:
•70% do corpo humano é constituído de água;
•34 mil pessoas morrem diariamente devido a
doenças relacionadas com a água;
•65% das internações no Brasil são devidas à
doenças de veiculação hídrica;
•Uma pessoa necessita de no mínimo 5 litros de
água por dia para beber e cozinhar e 25 litros para
higiene pessoal;
•Uma família média consome cerca de 200 litros de
água por dia no Brasil;
•A perda na rede de distribuição do Brasil varia de
30% a 65%;
•9,4 mil litros de água são necessários para produzir
quatro pneus de carro;
•Uma pessoa sobrevive apenas 1 semana sem
água.
2.1.1 ASPECTOS EDUCACIONAIS SOBRE A ÁGUA
Segundo Tundisi (2003), os novos paradigmas para
o gerenciamento de recursos hídricos incluem uma
base de dados sustentada pela pesquisa, para que
se gerem informações necessárias para a tomada
de decisão pelos gestores através da interação com
pesquisadores, para que se possa implementar
políticas públicas em nível municipal, estadual e federal.
Deve-se manter também avaliação permanente dessa
parceria, pois deve-se verificar constantemente a
importância de se utilizar de maneira menos destrutiva
os recursos hídricos disponíveis no meio ambiente.
Para Tundisi e Tundisi (2005), o gerenciamento dos
recursos hídricos em área urbana é complexo e
necessita de medidas urgentes de gestão integrada ao
nível de bacias hidrográficas, promovendo alteração na
demanda, diminuição no desperdício, redução do uso
doméstico, reuso da água coleta de água da chuva,
alteração nos métodos de irrigação na agricultura.
Tundisi (2003) cita que um bom mecanismo de
aproveitamento dos recursos hídricos, é a reutilização
da água de esgotos para fins não potáveis. A água
livre de organismos patogênicos pode ser utilizada pra
diversas finalidades, como: limpeza pública, irrigação
de jardins, refrigeração de equipamentos industriais e
lavagem de carros e caminhões, o mercado para água
reutilizada é muito grande atualmente.
•Utilização consciente de água em residências:
•Inspecionar encanamentos e evitar vazamentos;
•Instalar sistemas capazes de controlar água nos
chuveiros;
•Desligar registro quando a casa estiver vazia;
•Isolar tubulações de água quente;
•Efetuar concertos imediatos;
•Diminuir quantidade de água nas descargas;
•Diminuir tempo do banho;
•Diminuir consumo na jardinagem;
•Controlar a quantidade de água na lavagem de
louça e roupa, (TUNDISI, 2003).
Para Tundisi e Tundisi (2005), os recursos hídricos
poluídos por descarga de resíduos animais e humanos
transportam grande quantidade de patógenos, como:
bactérias, vírus, protozoários, que podem causar
problemas intestinais, através de contato com a pele
ou pela inalação através de aerossóis contaminados.
Como visto acima, o problema da disponibilidade
de água deve ser tratado através de tecnologias
adequadas e aperfeiçoamento institucional e legal,
mas também necessita da participação da população
na conservação e recuperação dos sistemas
aquáticos. Para que não seja fracassado o esforço de
preservação dos recursos naturais, todos os órgãos
envolvidos devem trabalhar em conjunto. (TUNDISI E
TUNDISI, 2005).
Para Gomes, Pinto e Silva (2010), quando se fala em
poluição das águas, devem ser abrangidas não só
as águas superficiais, mas também as subterrâneas,
e como principais fontes de poluição pode-se citar
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
206
os seguintes resíduos urbanos, que podem ser
despejados num sentido voluntário ou involuntário:
•Resíduos industriais: São as descargas de
efluentes das fábricas;
•Resíduos rurais: O lançamento de esgotos
diretamente nas águas sem que tenham sido¬
tratados, o depósito de lixos domésticos nas
águas dos rios ou mares e ainda o uso de produtos
químicos na agricultura que acabam por ser
transportados pela chuva para as águas dos rios e
mares, contaminando-os e pondo em perigo toda
a fauna e flora.
Estes poluentes representam grande ameaça à
qualidade da água, à saúde e ao meio ambiente,
pois são capazes de provocar enormes danos aos
organismos vivos, e, conseqüentemente à cadeia
alimentar e à saúde dos seres vivos, (GOMES, PINTO
E SILVA, 2010).
O principal eixo de atuação da educação ambiental
deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a
igualdade e o respeito à diferença através de formas
democráticas de atuação baseadas em práticas
interativas e dialógicas. Isto se consubstancia no
objetivo de criar novas atitudes e comportamentos
diante do consumo na nossa sociedade e de estimular
a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI,
2003).
Mas mesmo a escola sendo tão importante para a
preservação do meio ambiente, o ensino não é feito
de maneira adequada. O conhecimento desenvolvido
em situações escolares tem-se apresentado como
um conhecimento fragmentado, onde a transmissão
de saberes não leva as pessoas a se sentirem
parte da realidade, já que as infinitas relações entre
homem e natureza são ignoradas, e esse baixo nível
de aprendizagem se dá pelas diferenças existentes
das desigualdades sociais, econômicas e culturais.
(RAMOS e RAYS, 2001).
Para sermos agentes de mudança na erradicação
dos problemas e desequilíbrios originados por
esta sociedade de consumo globalizada, devemos
em primeiro lugar fazer a mudança no nosso
cotidiano, procurando atingir uma mudança global
de comportamentos. Não se deve resumir a uma
declaração de intenções que perde impacto no
nosso dia-a-dia – o consumo responsável não é uma
utopia, tem de ser uma prática continuada. Como
não podemos mudar tudo e todos ao mesmo tempo,
é preciso estabelecer prioridades e compreender
o porquê da sua importância. (GLOBO E OLIVEIRA,
2012).
Segundo Lima e Vieira (2008), a humanidade já
consome mais recursos naturais do que o planeta
é capaz de repor. O colapso é visível nas florestas,
oceanos e rios. O ritmo atual de consumo é uma
ameaça para a prosperidade futura da humanidade.
Sabe-se que a maioria dos recursos naturais dos quais
o homem depende para manter seu padrão de vida
pode desaparecer num curto espaço de tempo, e que
é urgente evitar o desperdício, pois a natureza não dá
mais conta de repor tudo o que o homem tira dela.
Evitar uma catástrofe planetária é possível. O grande
desafio é conciliar o desenvolvimento dos países
com a preservação dos recursos naturais. Para isso,
segundo os especialistas, são necessárias soluções
tecnológicas e políticas.
2.2 LIXO
Para Moraes (2011), até poucas décadas, mesmos
nos grandes centros urbanos, o lixo se constituía
basicamente de restos de alimentos. Com o
crescimento acelerado das cidades e do consumo
de produtos industrializados e com o surgimento
dos produtos descartáveis, os resíduos sólidos
aumentaram demasiadamente e se diversificaram.
Os resíduos sólidos, ou seja, o lixo é um das maiores
problemáticas que alarma a vida no planeta terra, pois
além de degradar o solo, a água e o ar, ainda atrai
animais que conduzem doenças. Contraditoriamente
das tribos primitivas que só produziam o imprescindível
para a sua sobrevivência, vive-se em uma sociedade
altamente consumista, no qual as pessoas têm valor
pela quantidade de bens que possuem. Geralmente,
quem possui maior poder aquisitivo, acaba por
consumir mais, produzindo mais lixo, (MORAES, 2011).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
207
Segundo Mucelin, Bellini (2008) a cultura de um povo ou
comunidade caracteriza a forma de uso do ambiente,
os hábitos de consumo de produtos industrializados e
da água. No ambiente urbano tais hábitos implicam na
produção acentuada de lixo e a forma com que esses
resíduos são tratados ou organizados no ambiente,
gerando intensas agressões ao contexto urbano, além
de afetar regiões não urbanas.
O problema da geração e acúmulo de lixo de acordo
com Santos (2008) se evidencia com mais clareza nas
áreas urbanas devido a concentração de abundantes
fontes geradoras e da necessidade da convivência
da população com as diversas etapas necessárias à
realização da limpeza.
Resíduo sólido é todo resíduo nos estado sólido e
semi-sólido que resultam da atividade da comunidade
de origem doméstica, hospitalar, comercial, industrial,
de serviços, agrícola. Incluem-se os lodos de Estações
de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Esgotos
(ETEs), resíduos gerados em equipamentos e
instalações de controle da poluição e líquidos que não
possam ser lançados na rede pública de esgotos, em
função de suas particularidades, (Naime, 2010).
Na visão do mesmo autor a diferença entre
resíduos sólidos e lixo esta na compreensão que os
materiais separados, passíveis de reciclagem ou
reaproveitamento recebem tratamento de resíduos
sólidos, enquanto os materiais misturados e
acumulados têm mais uma conotação de lixo.
2.2.1 RECICLAGEM
O crescimento no consumo de bens, aliado ao maior
número de consumidores, faz com que o mundo se
torne uma máquina de geração de resíduos. Sem
consciência ambiental a sociedade é prejudicada
pela diminuição da qualidade de vida, passando
estes vícios às futuras gerações. A preocupação com
a sustentabilidade e a responsabilidade social dada
agora, é uma garantia de melhor qualidade de vida
futura, pois queira ou não, um dia tudo que nos cerca
será resíduo. Em qualquer sociedade, a quantidade
de resíduos produzidos é maior que a quantidade de
bens consumidos. (SOUZA, 2008).
Para reduzir esses impactos no meio ambiente, inicia-
se os processos de reciclagem, mas de nada adiantam
campanhas para reciclar e propagandas de coleta
seletiva de lixo, se não realizarmos um trabalho de
internalização de novos hábitos e atitudes para que,
num futuro próximo não haja mais lixo excessivo e a sua
causa o consumo desmedido,tenha sido controlada.
Neste contexto Zulauf (2000) conceitua: reciclagem é
o conceito mais promissor e o fato mais significativo
que surgiu no setor de meio ambiente nos últimos
anos. Visto de forma pragmática, é a forma de conciliar
as tendências mundiais de globalização, que embute
a tendência de universalização da sociedade de
consumo e, por via de conseqüência, a ampliação da
geração de resíduos, com a atividade econômica do
processamento de resíduos.
Já de acordo com Zaneti (1997, p. 26) “a reciclagem é
o processo pelo qual se torna viável a reutilização de
um material cuja matéria- prima é retirada da natureza,
poupando-se gastos energéticos até a obtenção final
do produto”.
E para Souza (2008) reciclagem é um conjunto de
técnicas que tem por finalidade aproveitar os “detritos”
e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram ou
em um ciclo de produção paralelo. É uma atividade
pela qual, materiais que poderiam se tornar lixo,
ou que já estão no lixo, são desviados, coletados,
separados e processados para serem usados como
matéria prima na manufatura de novos produtos.
Como, para as empresas reclicadoras, estas matérias
recuperadas sempre têm um custo mais conveniente
que o da matéria prima original, auxiliando assim em
uma diminuição dos danos ambientais.
2.2.2 COLETA SELETIVA
Segundo a TRT (2008), a coleta seletiva é muito simples:
separar o lixo seco e reciclável (papel, embalagens
longa vida, latinhas e metais, plástico e vidro) do lixo
úmido (restos de alimentação e papel de banheiros).
Trata-se da separação e recolhimento, desde a origem,
dos materiais potencialmente recicláveis. Segundo
o Portal Educação (2009), para iniciar um processo
de coleta seletiva é preciso avaliar, quantitativamente
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
208
e qualitativamente, o perfil dos resíduos sólidos
gerados em determinado município ou localidade, a
fim de estruturar melhor o processo de coleta. Após,
o lixo deteriorável (biodegradável), composto pelos
restos de carne, vegetais, frutas, etc, é separado do
lixo restante, podendo ter como destino os aterros
sanitários ou entrarem num sistema de valorização de
resíduos.
Para Moraes (2011), a coleta seletiva consiste na
separação adequada do lixo que pode ser reciclado
de acordo com o seu tipo. Os tipos de resíduos sólidos
que normalmente recebem coleta seletiva são: Papel;
Metal; Vidro; Plástico; Orgânico.
A coleta é um mecanismo muito eficaz, quando usado
adequadamente, para a remoção de resíduos sólidos
que circulam e que fazem parte dos aterros e lixões,
sendo estes prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.
Está também, funciona como um método de educação
ambiental na medida em que mobiliza a comunidade
sobre a problemática do desperdício de recursos
naturais e da poluição originada despejo impróprio do
lixo.
Na visão do mesmo autor a prática da coleta seletiva é
atualmente, uma fonte geradora de emprego e renda,
visto que existem empresas que consomem material
reciclado para gerar novos insumos e até mesmo
produtos acabados. Hoje em dia existem vários tipos
de coleta seletiva, sendo que o mais utilizado são os
Postos de entregas voluntárias – PEV, que consiste
na utilização de contêineres de diferentes cores, em
lugares estratégicos nos municípios e até mesmo
em alguns condomínios, no qual o cidadão deposita
espontaneamente seu lixo todo separado.
3. METODOLOGIA
O projeto caracteriza-se de natureza qualitativa, em
função de estabelecer estudo teórico por meio de
bibliográficas e aplicado diretamente com o público
infantil em escolas públicas através de reuniões e
grupos de trabalhos. Para Rodrigues (2007) o trabalho
qualitativo acontece quando as informações obtidas
não podem ser quantificáveis, estas são analisadas
indutivamente, e também como quantitativa, que
segundo o mesmo autor, traduz em números as
opiniões e informações que serão classificadas e
analisadas posteriormente utilizando-se técnicas
estatísticas.
Quanto aos objetivos, classifica-se como um
estudo exploratória e descritiva. Pois serão tratados
assuntos específicos da gestão ambiental com um
grupo de crianças para trabalhar métodos e formas
já estabelecidas na teoria. Segundo Gil (2009) a
pesquisa exploratória tem como objetivo principal o
aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições,
seu planejamento é bastante flexível.
O projeto classifica-se também como pesquisa de
campo, pois será realizado com um grupo de crianças
em uma escola pública na cidade de Santa Maria -
RS. Para Gil (1995) este tipo de pesquisa tem como
característica a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se almeja conhecer.
A aplicação do projeto foi realizada através de
palestras baseadas na parte teórica pesquisada onde
foram apresentados vídeos e imagens para fortalecer
a importância do assunto. Realizou-se uma palestra
introdutória juntamente ao público do 6º ano de uma
escola pública de ensino fundamental de Santa Maria
onde foram abordados temas como reciclagem,
coleta seletiva, água, entre outros temas relacionados
ao meio ambiente, onde exemplos práticos foram
apresentados visando um maior entendimento a
respeito do tema proposto. Em um segundo momento,
organizou-se na escola uma oficina com estes
alunos que confeccionaram cartazes apresentando
desenhos e frases que ilustravam suas visões sobre
o meio ambiente e seus elementos, estes cartazes
foram expostos na escola onde alunos e professores
puderam contemplá-los.
4. RESULTADOS
Após a aplicação do projeto, obteve-se
significativos resultados. Com a oficina, as crianças
puderam ilustrar de forma lúdica os conhecimentos
que elas possuíam e que aprimoraram com a palestra
acerca do tema. Os materiais produzidos foram
cartazes com figuras e frases que ilustrassem a visão
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
209
que cada um tinha do meio ambiente que os cercava.
Foi realizada uma análise onde se chegou aos
seguintes resultados referentes aos cartazes:
- Cartaz 1 - “Vamos cuidar do nosso azul”: foi
demonstrado um mundo limpo, destacando a
importância da água para irrigar as plantas e
vitalizar o ambiente. Expressaram ainda que a
água utilizada nas torneiras é de fontes naturais
não renováveis.
- Cartaz 2 – “Cuide do meio ambiente”: foi
apresentado um mundo limpo de cores, céu azul,
sol, natureza, água, vida, e a importância do ser
humano em conscientizar-se da necessidade
de cuidar desses recursos que são vitais para o
mundo.
- Cartaz 3 - “Cuide do meio ambiente”: foi expresso
a natureza e o cuidado que o homem deve ter para
mantê-la saudável, pois a água que utilizamos
nas residências tem origem natural. Elementos
utilizados: água potável, sol, plantação e aves.
- Cartaz 4 – Nesta figura os alunos demonstram
que o mundo está em nossas mãos e que cada
pessoa deve fazer a sua parte para preservar o
meio ambiente. Elementos utilizados: natureza viva
e morta, sol, água potável e poluída e mãos das
crianças.
- Cartaz 5 – Neste cartaz, foi demonstrada uma
comparação entre o mundo limpo e o mundo sujo
e também apresentam uma imagem de como eles
almejariam que fosse o meio ambiente, com sol,
verde e água azul.
- Cartaz 6 – Nesta figura as crianças procuraram
demonstrar como é a poluição no interior.
Elementos utilizados: árvores, residência, lago
poluído, pessoas e animais.
- Cartaz 7 - “Você quer o mundo assim?” / “ou
assim?”: apresentaram um contraste entre um
mundo onde o lixo é depositado no local correto
e um mundo onde o lixo é depositado em lugares
impróprios, causando grande impacto ao meio
ambiente. Elementos utilizados: rio, peixes, flores,
árvores, sol.
Após a aplicação do presente projeto foi possível
visualizar sua importância, pois levar o conhecimento
às crianças é vital para a preservação da vida no
planeta, onde o conhecimento é passado também
para os familiares em casa que se envolvem com o
processo da utilização e preservação dos recursos
naturais, mantendo suas propriedades vitais aos seres
vivos. Foi perceptível o envolvimento das crianças no
projeto, estas participaram ativamente das atividades
de aprendizagem envolvendo-se com as tarefas e
demonstrando interesse e responsabilidade com o
meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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[4] GOMES, Alex, PINTO Cristiana, SILVA Pedro. O homem para com o seu planeta. 2010. Disponível em: http://osimpactosambientais.blogspot.com.br/. Acesso em 20 de maio de 2012.
[5] JACOBI, Pedro. Educação ambiental, Cidadania e sustentabilidade. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf Acessado em 15 de Março de 2011.
[6] LIMA, Roberta de Abreu, VIEIRA, Vanessa. A terra não agüenta. 2008. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2008/11/o-wwf-alerta-para-o-esgotamento-dos.html. Acesso em 27 de maio de 2012.
[7] MESSIAS, Amanda Saconi, COSTA, Marcos Roberto Nunes. Água fonte de vida. Recife: UNICAP. 2005. MORAES, Denise. Gestão ambiental. 2011. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAMbwAK/gestao-ambiental. Acesso em 25 de maio de 2012.
[1] MUCELIN, Carlos Alberto, BELLINI, Marta. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1.pdf. Acesso em 20 de maio de 2012.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
210
[9] RAMOS, Lucia Regina Kraetzig. RAYS, Oswaldo Alonso. A Educação Ambiental na Abordagem Interdisciplinar: A Dificuldade da Implementação. Monografia apresentada ao curso de Especialização em Educação Ambiental do Centro Universitário Franciscano UNIFRA. 2001.
[10] ROSA, Rosa Lilia da. LUCIO Dirce Beatriz Marquardt. Lixo Doméstico. Monografia apresentada ao curso de Especialização em Educação Ambiental, do Centro Universitário Franciscano. 2001.
[11] RUSCHEINSKY, Aloísio. Educação ambiental abordagens múltiplas. Porto Alegre. Artmed. 2002. SANTOS, Luiz Cláudio dos. A questão do lixo urbano e a geografia. SIMPGEO-SP. 2008. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/igce/simpgeo/1014-1028luiz.pdf. Acesso em 20 março de 2012.
[12] SOUZA, João Carlos. Reciclagem e sustentabilidade: A importância da logística. 2008. Disponível em: http://logisticatotal.com.br/files/articles/fd6adc116fd25c1a59ab748fbb864311.pdf acessado em: 15 de março de 2011.
[13] TRT. Coleta seletiva. 2008. Disponível em: http://www.trt21.jus.br/html/gest_ambiental/pdfs/projeto_coleta_seletiva.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2012.
[14] TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: Enfrentando a escassez. São Paulo. 2003.
[15] TUNDISI, José Galizia, TUNDISI, Takako Matsamura. A água. São Paulo. 2005.
[16] ZANETI, Isabel. Além do lixo um processo de Trans Form Ação. 1ª edição. Brasília. 1997.
[17] ZULAUF, Werner E. Artigo A Reciclagem. 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142000000200009&script=sci_arttext acessado em 15 de março de 2011.
Capítulo 20O EMPREENDEDORISMO COLETIVO COMO FATOR DE SUCESSO
EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: UM ESTUDO DE CASO NO
APL DE APICULTURA DA CIDADE DE MARANGUAPE
Kelsen Arcângelo Ferreira e Silva
Mara Águida Porfírio Moura
Resumo: Os Arranjos Produtivos Locais - APL’s têm se mostrado uma alternativa de sucesso de desenvolvimento econômico e social em algumas localidades brasileiras. Nestas regiões busca-se explorar a atividade produtiva histórica da região através do incentivo e desenvolvimento do que Putnam (2010) chamou de capital social. Neste universo está surgindo um novo ator, o empreendedor coletivo, cuja função é perseguir o desenvolvimento da comunidade. O presente artigo questiona: o empreendedorismo coletivo contribui para o fortalecimento socioeconômico dos arranjos produtivos? O objetivo geral destinou-se a identificar as contribuições do empreendedorismo coletivo para o fortalecimento econômico-social dos APL’s. Relacionado, os objetivos específicos destinaram-se a observar as práticas de desenvolvimento de empreendedorismo coletivo em ambientes sociais produtivos e a identificar as características empreendedoras existentes no arranjo em questão. Para tanto, foi realizado um levantamento teórico e uma pesquisa de campo com a aplicação de entrevistas semiestruturadas com membros da Associação dos Apicultores de Maranguape, e observações in locu. Pelos achados consideramos está presente no APL o empreendedorismo coletivo, em que a ação de um grupo de pequenos produtores, motivados e conduzidos por algumas pessoas à frente de todos, guiando e liderando a gestão da produtividade, demonstra o fortalecimento socioeconômico da associação e das pessoas que nela atuam.
Palavras Chave: Empreendedorismo Coletivo. Arranjo Produtivo Local. Apicultura.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
212
1. INTRODUÇÃO
Os chamados países ricos, investindo maciçamente em
pesquisa, principalmente tecnológica, demarcam sua
área de abrangência construindo barreiras de entrada
de muitos produtos estrangeiros. Esta mesma relação
perversa ocorre entre regiões pobres e ricas, onde
zonas prósperas convivem com outras miseráveis.
No Brasil, o histórico (Sul e Sudeste desenvolvidos,
Norte e Nordeste atrasados, somados a um Centro-
Oeste esquecido) tem mudado pelas soluções
econômico-sociais propostas nos últimos anos para a
superação desse atraso, numa das muitas tentativas
de correção da rota desenvolvimentista em que a
principal característica é a exploração econômica da
vocação produtiva da região.
Um dos novos modelos propostos no incentivo
ao desenvolvimento de comunidades são os
arranjos produtivos locais (APL), que prezam pelo
o desenvolvimento de regiões aproveitando as
potencialidades econômicas locais. As regiões
têm sua vocação econômica histórica, em que seu
desenvolvimento e aperfeiçoamento dependem
de uma série de ações coordenadas entre a
comunidade, universidades, instituições públicas
(estaduais, municipais e federais) e privadas com
esforços direcionados ao desenvolvimento e inovação
das tecnologias utilizadas no processo produtivo,
respeitando o potencial econômico da região.
Neste tipo de comunidade econômica migra-se de
uma atitude individualista para uma coletiva, indo
da cooperação para a competição. No Brasil, de
comportamento individualista secular, esta é uma
barreira difícil de transpor, sendo um bom caminho
o investimento no desenvolvimento no que Putnam
(2010) denominou de capital social. Nesse ambiente
surge, pois, um novo ator, o empreendedor coletivo,
cujo papel deve ser o de desenvolver e criar valores
coletivos, cuja ação coletiva é administrada para
que todos os atores envolvidos participem como
agentes ativos e conscientes do desenvolvimento
socioeconômico local.
Por esse contexto, volta-se a uma investigação do APL
de mel na cidade de Maranguape, Ceará, identificando
as práticas e experiências de empreendedorismo
coletivo vivenciadas pelos atores dessa comunidade
enquanto estímulo de criação de novos APL’s, bem
como o fomento de práticas empreendedoras coletivas,
necessário à superação do atraso econômico e social.
Para tal, questionou-se frente ao objeto de estudo
(Associação de Apicultores de Maranguape):
o empreendedorismo coletivo contribui para
o fortalecimento socioeconômico dos arranjos
produtivos? O objetivo geral destinou-se a identificar
as contribuições do empreendedorismo coletivo
para o fortalecimento econômico-social dos APL’s.
Relacionado, os objetivos específicos destinaram-
se a observar as práticas de desenvolvimento
de empreendedorismo coletivo em ambientes
sociais produtivos e a identificar as características
empreendedoras existentes no arranjo em questão.
Para lograr êxito na investigação, partiu-se de uma
revisão bibliográfica em livros e artigos científicos,
acrescido de uma pesquisa de campo com observações
in locu e a aplicação de entrevistas semiestruturada
a membros da Associação de Apicultores do APL em
questão.
As justificativas se baseiam no fato de existir no mercado
competitivo uma tendência em se valorizar o micro,
como meio de se buscar inovações e o desenvolvimento
das economias locais pelo aproveitamento da vocação
histórica da região, auferindo o desenvolvimento
sustentável como incremento das potencialidades
econômicas das pequenas regiões.
2. CAPITAL SOCIAL E EMPREENDEDORISMO
Entre os vários conceitos de
empreendedorismo, citando os que tratam da
sua origem e história (Cantillon, 1755; Say, 1803;
Schumpeter, 1934), passando pelos contemporâneos
(Drucker, 1979; Filion, 1986; Dolabela, 1986; Leite,
2000), é fundamental as empresas atentarem para essa
temática, pois no século XXI o empreendedor figura
coma pessoa relevante na sociedade contemporânea.
Um dos pensamentos centrais relacionados à
conjuntura empreendedora está na necessidade
de ampliação da capacidade empreendedora dos
indivíduos e das organizações, a qual até bem pouco
tempo, conforme ressaltam Sousa et al (2005), estava
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
213
relacionada unicamente à formal qualificação das
pessoas.
Filion (2009) define o empreendedor como o
indivíduo que vislumbra, projeta e materializa
visões. Complementa Dolabela (2012) que o
empreendedorismo na sua essência estuda o
comportamento do ser humano em meio aos desafios,
nascendo a capacidade empreendedora da visão de
mundo que certo grupo constrói. Não é um fenômeno
individual, nem poderia ser.
De acordo com Dolabela (2012), o capital social pode
ser entendido como a capacidade dos membros de
uma comunidade se associar para resolver os seus
problemas e construir a sua prosperidade social e
econômica. Toda a formulação de capital social está
baseada na ideia de reciprocidade como mecanismo
pelos quais os relacionamentos se transformam
em ativos coletivos (GABBAY; LEENDERS, 2009).
Conforme realça Uphoff (2010), é do comportamento
coletivo em busca de benefícios mútuos que surge o
capital social.
Dees (2008) explica que somado aos novos
empreendimentos sem fins lucrativos, incluem-se ao
empreendedorismo social aqueles negócios com
finalidade social, a citar, bancos de desenvolvimento
comunitário e organizações híbridas, numa ligação
entre finalidades lucrativas e sem fins lucrativos, como
por exemplo, apoio a pequenos empreendedores,
como aqueles em situação de desemprego.
Segundo Melo Neto (2010), empreender não é apenas
incentivar o desenvolvimento do futuro em ambientes
de mercado, identificar produtos inovadores e métodos
revolucionários de produção. Também não se relaciona
apenas a identificar oportunidades mercadológicas e
de tecnologia inovadora. Engloba também incutir nos
indivíduos novos modos de pensar e de agir diante
dos problemas que surgem, apresentando soluções
assertivas em favor especialmente das pessoas de
baixa renda.
A definição de redes horizontais relaciona-se com
as interações sociais que abrangem um grupo
de empresas possuidoras de interesses comuns,
requerendo ações conjuntas e que podem ser
realizadas coletivamente e não individualmente
(HARDIN, 2004). Processos de ação recíproca, nos
quais os interesses devem ser compartilhados em
prol de benefícios mútuos, têm como características
o fato de serem relações sociais sob as quais nexos
são colocados entre distintos atores sociais, numa
perspectiva de que os interesses sejam consentidos
em comum acordo (TENÓRIO, 2010).
O conceito de capital social surgiu nas Ciências
Sociológicas com Pierre Bourdieu (2008), definindo-o
como agregado de recursos reais ou potenciais que
estão ligados à participação em uma rede durável de
relações de certa forma institucionalizadas, de mútua
familiaridade e reconhecimento que provê para cada
membro o suporte do capital de propriedade coletiva.
Coleman (2009) definiu três formas sobre a qual
o capital social se manifesta, nos quais de certa
forma, o conceito acima está presente. A confiança
é a primeira delas, em que o capital social é elevado
onde as pessoas confiam umas nas outras e onde as
obrigações são aceitas espontaneamente por todos. A
segunda diz respeito às trocas de informações e ideias
(cooperação, amizade, aprendizado) e a terceira
(identidade, comunidade, solidariedade) corresponde
às normas e sanções, que devem ser aceitas para
que os indivíduos se sintam dispostos a trabalharem
pelo bem da comunidade e não apenas em proveito
individual.
Nenhum grupo social sobrevive sem normas coletivas,
as quais necessitam ser aceitas e sancionadas pela
maioria, além de seguidas por todos. Essa premissa
permite que os esforços de cada indivíduo sejam
conduzidos para a produção de bens coletivos.
Essas normas, que necessariamente não precisam
estar escritas, evitam conflitos ou restauram a ordem
necessária para o desenvolvimento, podendo os
infratores ser rejeitados pelo grupo (PAIXÃO, 2011).
Coleman (2009) definiu capital social como um
caminho para se alcançar objetivos comuns a todos
os indivíduos. Junto a esse conceito estão as ideias de
Putnam (2010) que foi o pesquisador que popularizou
o conceito de capital social quando analisou as
diferenças de engajamento cívico e as ações de
governos regionais entre o centro, o norte e o sul
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
214
italiano, comparando o capital social das referidas
regiões. Mas foi quando pesquisou a diminuição
do engajamento cívico e do capital social do povo
americano, que segundo ele, foi causado pela difusão
da televisão, que melhor definiu capital social.
Putnam (2010) definiu capital social como traços
da vida social - redes, normas e confiança - que
facilitam a ação conjunta em prol de objetivos comuns.
Nesta definição fica implícita a atenção à confiança
como propulsora da vida social para a produção
de resultados econômicos. Ainda segundo o autor,
quanto maior o grau de confiança das sociedades
mais elevado será seu comprometimento cívico, e sua
preocupação na resolução de problemas comunitários
e desenvolvimento coletivo. Assim elas se desenvolvem
social e economicamente e permanecem ricas por
mais tempo. Confiança obtida somente quando os
indivíduos se conhecem e há um forte componente na
cultura de engajamento comunitário.
Albgli e Maciel (2008) argumentam que mesmo
comunidades com alto nível de capital social
podem apresentar um baixo índice de colaboração
e participação, quando diz que esse capital é o
conjunto de relações de confiança e cooperação,
mas não necessariamente desenvolve elevados níveis
de participação, nem sociedades civis altamente
democráticas, muito menos resulta em aumentos de
produtividade de empresas ou economias.
Segundo Albgli e Maciel (2008) os benefícios do
capital social à comunidade são inúmeros: as relações
de confiança, cooperação, relações socioculturais e
objetivos conjuntos facilitam o aprendizado; favorece o
empreendedorismo, o dinamismo e o desenvolvimento
sustentado; maior eficiência de coordenação,
coerências de ações e processos decisórios coletivos
e a diminuição de comportamentos oportunistas
através do conhecimento mútuo.
Johnson e Lundval (2010) enfatizam que o
efeito econômico do capital social depende do
desenvolvimento de outros fatores para que sua
contribuição seja satisfatória para a promoção
da economia de um país, região ou local. Um
desses fatores consiste no desenvolvimento de
políticas públicas que ajam como catalisadores
das potencialidades regionais ou locais. Outro
fator importante é a participação de entidades civis
(universidades, empresas, laboratórios) em conjunto
com o Estado no desenvolvimento de projetos locais
de pesquisa visando a inovação tecnológica.
Assim, os APL’s passam a serem vistos enquanto
meios para o desenvolvimento e aproveitamento do
capital social de determinada região.
3 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
O deslocamento da era industrial para a informacional
ocasionou profundas transformações de ordem
social, econômica e política do trabalho e na gestão
deste, resultantes da contínua e dinâmica automação
industrial, a qual reduz postos de trabalho em muitos
segmentos de mercado, em especial nas nações em
desenvolvimento (RIFKIN, 2007).
O êxito das instituições coletivas no caso das
cooperativas resulta diretamente das práticas sociais
(atitudes e comportamentos) estabelecidas pelos
membros da instituição, e de seus compromissos
sociais. Desta forma, destacamos o pensamento de
Putnam (2010) ao citar a análise das virtudes cívicas e
democráticas desenvolvidas na região norte da Itália,
quando comparada com a região Sul. Esse maior
desenvolvimento do norte da Itália relaciona-se ao
desenvolvimento de uma comunidade cívica em que
a maioria dos cidadãos acompanha as questões de
interesse coletivo, prezando por uma sociedade sem
clientelismos e personalismo políticos, acreditando ser
natural e fundamental um governo para e pelo o povo,
igualitário.
Putnam (2010) afirma ainda que a organização das
redes sociais e das políticas se dá de modo horizontal,
ressaltando a solidariedade, o comprometimento
cívico, a ajuda mútua e a integridade das pessoas
como o padrão esperado pelo capital social para
geração de lucros materiais e simbólicos (BOURDIEU,
2008).
O caminho para vencer os obstáculos passa pela atitude
participativa e pela educação/conhecimento capazes
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
215
de proporcionar uma mudança comportamental cujo
princípio básico fundamenta que “as pessoas devam
fazer parte do processo de decisões que afetam suas
vidas” (CAVALCANTI, 2010, p. 127).
O local enquanto espaço e território que reproduz a
lógica do capital caracteriza-se, segundo Santos (2011)
pela produção, embora reduzida, de desigualdades de
recursos e poder, consequentes do empobrecimento
das relações de cooperação e união entre os atores
sociais em decorrência da individualidade produzida
pela competitividade e individualidade intrínsecas
aos sujeitos e que naturalmente acabem por tomar
espaços no APL.
Lemos, Santos e Crocco (2008) dizem que a economia
baseada no conhecimento é caracterizada por um
ambiente competitivo produtiva e financeiramente,
reflexo da intensiva globalização com sua ótica de
livre comércio. No entanto, os conhecimentos, as
competências e aprendizados desse ambiente são
resultantes das interações entre processos, pessoas
e instituições, os quais gradativamente vão sendo
incorporados pelos indivíduos e organizações.
Lundvall e Johnson (2010) afirmam sob este novo
ambiente competitivo, intenso em conhecimentos,
globalizado e comercialmente liberal, o resgate
da dimensão do local na atividade produtiva,
aparentemente paradoxal, se sustenta pelo fato de a
competição se dar sob a égide da chamada “economia
do aprendizado ou conhecimento”. É reflexo dessa
formação econômico-social os bons resultados de
muitas empresas (pequenas e médias), que convivem
com variáveis dificultosas de seu crescimento e
desenvolvimento.
Os reflexos dessa concepção de organização
empresarial trazem, conforme Lemos, Santos e Crocco
(2008) que a proximidade física e cognitiva poderá vir
a criar condições de um intercambio competitivo em
que através de redes horizontais, coletivamente as
firmas passam a ter uma capacidade maior do que
individualmente. Em contrapartida, Martin e Sunley
(2009), destacam como aspectos negativos com
o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais:
a elevação dos custos locais e inflação localizada,
principalmente dos custos de trabalho, da terra e da
habilitação; ampliação das disparidades de renda;
fusões e aquisições lideradas por capitais externos.
Assim, Santos (2011) enfatiza que o local não se refere
ao tamanho, e sim às relações existentes num ambiente
territorial (cidade ou microrregião), considerando-se
suas particularidades e diversidades. Nesse contexto,
os atores sociais e institucionais apresentam-se como
relevantes e preponderantes a esses ambientes por
suas características, habilidades, heterogeneidades
e produtividades em prol da transformação e do
desenvolvimento local.
Gigglio (2012) define APL, em sentido amplo, como
um grupo de indivíduos ou atividades semelhantes
desenvolvidas conjuntamente, remetendo ao
pensamento de cooperação, integração e agregação.
Compara a uma colmeia pela significação de ajuda
mútua, união, divisão e especificidade do trabalho,
ou como o conjunto de equipamentos de lazer de um
condomínio de edifício (a piscina, a churrasqueira,
a quadra poliesportiva, o playground infantil), o que
sugere entrelaçamento, afinidades.
Traçando rapidamente um comparativo, Amaral Filho
(2012) aborda o “distrito industrial”, caracterizando-o
como um conjunto econômico e social, numa relação
próxima entre as distintas esferas (social, política e
econômica) e o funcionamento de uma destas esferas
modelado pelas demais esferas. O sucesso dos
“distritos” repousa não exatamente no econômico real,
mas largamente no social e no político-institucional.
Britto & Albagli (2012) ressaltam que a REDESIST,
pioneira nas pesquisas e estudos sistematizados
sobre arranjos produtivos locais no Brasil, o conceitua
como um aglomerado de pessoas que produzem um
bem de forma especializada de “tipo ideal”, enquanto
Sistema Produtivo Local (SPL), apresentando uma
capacidade particular própria de promover inovações.
Com isso, de acordo com a REDESIST, Sistemas
Produtivos e Inovadores Locais consiste no APL cujas
relações de interdependência, cooperação mútua e
aprendizados de seus membros gera o incremento da
capacidade inovadora endógena, da competitividade
e do desenvolvimento local.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
216
Amaral Filho (2012) completa que como se verifica, tal
definição indica não apenas as características de um
sistema produtivo, assim como os aspectos dinâmicos
deste, os quais são desprendidos com as interações
e aprendizagens ocorridas entre os membros do APL,
numa capacidade de adaptação coletiva, sincronizada
e organizada.
Numa contribuição com a definição de APL
Cassiolato, Lastres & Szafiro (2010) apontam algumas
particularidades a serem observadas no estudo desses
aglomerados sociais, como: extensão territorial; a
diversidade de atividades e das pessoas envolvidas; o
conhecimento exigido; as inovações e aprendizados;
e a governança. Aspectos esses que caracterizam e
potencializam o sucesso ou não do empreendimento
fim do arranjo produtivo.
Um aspecto relevante é destacado por Olson (1999),
afirmando que os indivíduos não farão parte de grupos
que lutam por um bem público a menos que haja
coação ou sejam estimulados mediante algum bem
privado. Assim, estabelecia-se o problema da ação
coletiva ou o problema do free rider (carona).
Quando uma pessoa conta com a possibilidade de ser
beneficiada pela ação coletiva de outros indivíduos
sem necessitar desprender esforço para tal êxito,
a mesma acaba por comporta-se de modo isolado.
Assim, temos que o problema da ação coletiva surge a
partir da sobreposição do interesse privado particular
aos objetivos públicos, coletivos. Nessa ótica, Caldas
e Martins (2012) afirmam que a ação coletiva relaciona-
se numa ordem inversa em que quanto mais são os
interesses e menores os interessados, maiores as
possibilidades de eficácia dessa ação coletiva.
4. METODOLOGIA
Estudo descritivo que utiliza uma abordagem qualitativa,
a qual para Chizzoti (2011) volta-se à produção
de dados resultantes das interações interpessoais
oriundas da co-participação dos pesquisadores com o
objeto da pesquisa e seus interlocutores, numa análise
que parte do conjunto de significações que estes
atribuem aos seus atos.
Esclarece que a abordagem qualitativa centra-se
nos dados resultantes das relações interpessoais e
do envolvimento com as circunstâncias nas quais
os interlocutores estão envolvidos, cabendo ao
investigador analisá-las a partir do conjunto de
significações que estes atribuem aos seus atos. Neste
tipo de abordagem o pesquisador envolve-se de modo
participativo na realidade, tendo em vista a busca por
um tipo de compreensão a partir da possibilidade de
envolvimento na mesma.
Neste tipo de abordagem o pesquisador envolve-se
de modo participativo na realidade, buscando uma
compreensão a partir da possibilidade de envolvimento
na mesma. Minayo (2010) também enfatiza a pesquisa
qualitativa como sendo aquela que se preocupa com
as particularidades do objeto por si preocupar com
as ciências sociais, com o nível de realidade que
não pode mensurado e/ou sintetizado em resultados
objetivos.
O cenário da pesquisa foi a Associação dos Apicultores
de Maranguape situada nas circunvizinhanças da
cidade de Fortaleza-Ceará. A população deste trabalho
foi representada por integrantes da associação,
definindo-se como pré-requisito para a participação
ser membro da mesma há pelo menos 01 (um) ano.
Partiu-se de uma revisão bibliográfica e a posterior
pesquisa de campo, a qual de acordo com Minayo
(2010) se apresenta como uma possibilidade de se
conseguir não só uma aproximação com aquilo que
se deseja apreciar e examinar, assim como também
gerar um conhecimento a partir da realidade existente
no campo. Lehfeld (2010) explica que o contato direto
com o fenômeno de estudo possibilita ao investigador
assumir um papel de observador e explorador
coletando os dados diretamente do campo em que
surgiram os fenômenos, apresentando, portanto, a
vantagem de favorecer o acúmulo de informações
sobre os mesmos.
Foram realizadas ainda entrevistas semiestruturadas
com profissionais ligados ao setor (produtores
membros e gestores da cooperativa). Tais entrevistas
caracterizam-se por possibilitarem um melhor contato
entre o pesquisador e o interlocutor, favorecendo, por
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
217
conseguinte, uma observação dos aspectos citados
pelo entrevistado, como do contexto no qual este está
inserido. Na visão de Turato (2011, p. 354), interlocutor
da pesquisa “é a pessoa investigada em qualquer
empreendimento em que o ser humano é objeto de
estudo, é o “eu” pensante e atuante, na posição de
participante como o objeto de quaisquer estudos
sobre seres humanos”.
A coleta de dados foi feita através de entrevista
semiestruturada, entendendo-se que esse é o
instrumento de coleta mais viável às necessidades do
estudo. Minayo (2010) determina este processo como
uma articulação entre a entrevista estruturada e a não
estruturada, deixando o pesquisador apto a melhor
investigar durante a entrevista e, consequentemente,
aplica uma entrevista mais rica.
Para a realização das entrevistas, as mesmas foram
gravadas, transcritas e, posteriormente, analisadas
pelos próprios pesquisadores. A transcrição na integra
dos relatos possibilitou com os dados e informações
coletados se averiguar os resultados alcançados e
a posterior inferência de opiniões. Chizzotti (2011)
diz que a entrevista quando feita por meio de um
gravador, impede a perda de informações importantes
para a pesquisa. Portanto, um recurso adequado
ao registro de todos os dados necessários para o
desenvolvimento do estudo.
Ressalta-se que a participação dos sujeitos se deu
mediante a assinatura do termo de consentimento livre
e esclarecido, estando os mesmos informados de todo
o processo da pesquisa, bem como do sigilo e discrição
quanto a suas identidades. Sendo pertinentes apenas
questões direcionadas para os objetivos do trabalho
anteriormente citados.
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Frente a essa temática, o embasamento teórico
adquirido promoveu um leque de informações
pertinentes e relevantes para as argumentações
posteriormente descritas. Outro aspecto metodológico
que merece citação foram as entrevistas e observações
realizadas e as informações coletadas pelo trabalho
empírico de campo ocorrido na associação de
apicultores.
O primeiro aspecto a se considerar diz respeito
à formação, tempo de filiação e experiência nas
atividades da apicultura, de onde se ressalta o nível de
formação educacional satisfatório, em que a maioria
dos associados possui o ensino médio completo e,
alguns, cursos superiores, e um que possui mestrado
em produção animal. Os mesmo estão a cerca de
dois a três anos filiados à associação, já possuindo
experiência e conhecimentos na cultura do mel mesmo
antes da constituição da associação.
A atividade de mel não é a atividade principal de muitos
dos associados e na média os ganhos mensais ficam
em torno de dois a três salários mínimos, existindo
também aqueles membros que ainda não lucram. No
que se refere à quantidade e ao porte do apiário, a
quantidade de caixas produtoras de mel variam em
torno de 100 a 200 caixas em média.
Afirma os entrevistados quanto à sua capacidade
produtiva, ser importante ressaltar a capacitação
atual da associação para a venda de mel, o que lhes
proporciona uma venda em maiores quantidades,
aumentando assim o poder de barganha da
associação, além de uma melhoria nas linhas de crédito
pela sistemática de crédito solidário e uma atualização
constante frente às exigências do mercado.
Acerca do desenvolvimento do capital social na
associação, dos motivos que levaram à participação
no grupo, cita-se como referência a força do grupo,
o entrosamento e o bom relacionamento entre os
membros, citado como bom/excelente, os subsídios e
incentivos recebidos de instituições governamentais.
Prova desse bom relacionamento é a venda integrada
realizada pela associação, em especial junto à
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. As
vendas que antigamente eram isoladas ou algumas
vezes realizadas em conjunto por dois ou três
produtores, agora em grupo, proporcionam uma maior
expressividade junto aos órgãos governamentais, o
que reflete a força do grupo e melhoria nas vendas,
comercialização. Essas conquistas foram resultados
da organização e planejamento coletivo, o que vem
desde a idealização da associação, coordenado por
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
218
seu corpo diretivo.
Quanto ao fomento e gestão dos conhecimentos
adquiridos, ficou evidenciada uma troca mútua e
constante de informações, conhecimentos entre os
membros da associação. Esses provenientes de
participações em feiras, congressos, cursos, leituras
especializadas e internet.
Os associados cultivam um pensamento de ajudar
ao colega para ajudar ao grupo, sendo rica a troca
de informações, ajuda prática e contínua aos outros,
numa ótica de coletivismo sustentado pelo querer e
como destacou um dos entrevistados: “[...] pelo amor
à cultura do mel, pelos conhecimentos e experiências,
somados às conquistas conseguidas depois da
criação da associação”.
No correr das entrevistas ficou explícito a importância
da contribuição e apoio de variadas entidades, tanto na
criação e fundação da associação, suas estratégias e
atividades cooperadas e organizadas, bem como suas
atividades futuras, onde as parcerias com o governo
federal, prefeitura, SEBRAE, BNB, EMATECE são
exemplos de apoios e ações que vieram a embasar o
desenvolvimento e manutenção da associação.
Embora esse espírito empreendedor coletivo figure
na associação de apicultores, a mesma apresenta
também pensamentos e ações conflitantes. Guiados
por depoimentos coletados, os interlocutores relatam
a existência de características avessas ao sentimento
de coletivismo no grupo, atribuindo as conquistas da
associação ao empenho de uns poucos associados,
somado ao projeto de comercialização que faz com
que alguns associados se motivem.
Reforçando as adversidades relatadas, apontam os
associados como dificuldades pertinentes a falta
de envolvimento e comprometimento de muitos
associados, questões de infraestrutura, a dispersão
dos apiários e seus proprietários e as tentativas
já falhas em desenvolver o espírito coletivo. Tais
aspectos levantados enaltecem a pouca preocupação
e cooperação entre os associados, o que vem a
aumentar as dificuldades ora encontradas e, por
conseguinte, junto aos próprios associados de se
estabelecer um pensamento maior e conjunto em prol
dos bons resultados coletivos para o APL.
As ações e resultados alcançados que refletem
características de empreendedorismo coletivo, de
acordo com parte dos entrevistados são reflexos dos
esforços do presidente e da diretoria da associação,
ficando a maioria dos associados esperando pelos
benefícios auferidos, sem uma maior preocupação e
atuação frente aos rumos e resultados preteridos e
alcançados.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo em questão fruto do interesse pelo
desenvolvimento de práticas de empreendedorismo
coletivo por um arranjo produtivo de mel na cidade de
Maranguape, Estado do Ceará, serviu para a produção
deste trabalho, o qual possibilitou pela análise dos
dados auferidos um posicionamento sobre o tema
e, por conseguinte, a citação de inferências sobre a
associação e suas práticas junto aos mercados em
sua abrangência.
O cenário competitivo e globalizado remete as
empresas, sejam grandes, médias ou pequenas,
a buscarem soluções que possibilitem uma boa
colocação e expressividade no mercado. Nesse
sentido, a Associação de Apicultores, enquanto arranjo
produtivo local, compreendendo essa conjuntura e
observando as necessidades provenientes, organizou-
se para vivenciar o dia-a-dia de mudanças adversas
e necessárias que abrange vários segmentos e, por
conseguinte, o setor de produção de mel.
Ficou evidente a organização, o interesse e as
conquistas dos produtores ao longo da existência da
associação. Embora reflexo aparente da intenção,
vontade, motivação e esforço de um pequeno grupo,
identificamos o interesse da maioria pelo crescimento
do APL (associação), em meio aos objetivos individuais
que em alguns casos sobrepõem-se aos coletivos.
Entretanto, é importante ressaltarmos que as
dificuldades inerentes à associação são obstáculos
naturais condizentes com o dia-a-dia do apiário,
estando dentro das possibilidades de resolução no que
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
219
compete à capacidade dos apicultores em resolvê-
los. Para tal, somente o apoio recebido de instituições
externas não é suficiente para alcançar os propósitos
de desenvolvimento, crescimento e prosperidade da
associação, uma vez que os resultados conseguidos
são justamente decorrências de ações que prezam
pela coletividade, mesmo que o espírito empreendedor
coletivo não esteja presente em sua totalidade no
ambiente social da Associação de Apicultores de
Maranguape.
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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
220
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Capítulo 21GESTÃO SOCIOAMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM EMPRESA
ALIMENTÍCIA DE GRANDE PORTE NO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA
(GO)
Lucivone Maria Peres De Castelo Branco
Ricardo Luiz Machado
Resumo: A gestão socioambiental traz alguns debates e reflexões sobre como fazer e exercer ação que possam beneficiar as empresas e a sociedade de forma conjunta e que possam dinamizar as ações em prol da sociedade e do meio ambiente. Este estudo tem como objetivo identificar as práticas socioambientais em uma empresa alimentícia do município de Itumbiara, no estado de Goiás. O estudo foi fundamentado em revisão de literatura e informações coletadas em campo, através de um estudo de caso. Os instrumentos de coletas de dados utilizados na pesquisa, foram através de entrevistas, questionários, aplicados aos colaboradores e gestores, registros de fotografias, bem como a análise dos Balanços Sociais da empresa referentes aos anos de 2010 e 2011. Com o término da pesquisa foi possível identificar que as práticas socioambientais e sustentáveis da empresa estudada estão sendo cumpridas com a legislação ambiental vigente, tendo uma postura de minimizar impactos ambientais e sociais. Conclui-se a partir dos resultados obtidos que a gestão socioambiental da empresa é um caminho viável, pois o investimento nestas práticas promove a sustentabilidade do negócio.
Palavras Chave: Gestão Ambiental, Responsabilidade Social, Sustentabilidade, Indústria alimentícia.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
222
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo vem apresentar a gestão
socioambiental em uma indústria alimentícia de grande
porte, localizada no município de Itumbiara no estado
de Goiás. A temática sobre a gestão socioambiental
traz algumas discussões e reflexões sobre como fazer
e exercer ações que possam beneficiar as empresas
e a sociedade de forma conjunta, e que possam
dinamizar as melhorias em prol da sociedade e do
meio ambiente.
Algumas organizações estão buscando a
gestão socioambiental como uma estratégia de
sustentabilidade. O mundo corporativo percebe que
as empresas, enquanto agentes sociais fazem parte da
sociedade que as abriga e condiciona sua existência
(SROUR, 2000).
A indústria alimentícia foi escolhida por sua importância
na economia do município de Itumbiara, no estado de
Goiás. O segmento industrial, conta hoje com mais
de 152 indústrias instaladas no município, conforme
informações obtidas no site da secretaria da fazenda
do estado de Goiás. Destaca-se no município de
Itumbiara a presença de uma expressiva indústria
alimentícia, fazendo com que Itumbiara seja um dos
maiores exportadores desse produto no estado de
Goiás. Esta pesquisa originou de uma preocupação
em verificar se a indústria alimentícia está utilizando
práticas de gestão socioambiental no processo
produtivo, com responsabilidade social, para preservar
o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da
população.
Ao realizar a pesquisa sobre as práticas socioambientais
de organizações na indústria alimentícia, não foram
pesquisadas as indústrias de pequeno porte,
pressupondo que não tenham conhecimento sobre a
temática abordada nesta investigação, o que tornaria
mais difícil atingir o objetivo proposto por esta pesquisa.
A questão principal desta pesquisa foi: Como são
as práticas socioambientais dos negócios de uma
indústria alimentícia no município de Itumbiara, no
estado de Goiás?
Com base na questão geral de pesquisa, algumas
questões específicas apresentaram-se pertinentes
e incitaram a curiosidade, tais como: Quais são
as práticas socioambientais implementadas pela
empresa alimentícia de grande porte localizada em
Itumbiara? Quais são as certificações que a empresa
possui? Quais são as motivações que pressionam a
empresa por melhorias ambientais?
O objetivo geral do estudo foi o de identificar as
práticas socioambientais de uma indústria alimentícia
no município de Itumbiara, no estado de Goiás, tendo
como objetivos específicos: verificar as práticas que
introduzem a questão da gestão socioambiental;
analisar o Balanço Social dos anos de 2010 e 2011;
verificar as certificações que a empresa possui
e compreender as motivações que pressionam
organizações da indústria alimentícia por melhorias
ambientais.
O pressuposto da pesquisa foi que as indústrias
alimentícias utilizam práticas de gestão socioambiental
e priorizam a temática proteção ambiental e
responsabilidade social empresarial por pressões da
sociedade ou parte do governo, que solicita formal
e informalmente projetos sociais e compensações
ambientais estabelecidas por lei. Para estudar o
pressuposto da pesquisa foi feito um plano de
amostragem no município de Itumbiara nas indústrias
alimentícias para identificar a população e amostra da
pesquisa.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Aligleri et al (2009, p. 11) afirmam que “[...] nos últimos
anos a responsabilidade social das organizações
vem perdendo relação direta e única com projetos e
ações filantrópicas e assistenciais, ficando restritas a
sentimentos de boa vontade, de favor e ajuda aos mais
necessitados”.
Porter e Kramer (2006) acreditam que a melhoria da
questão social e a da concorrência andam juntas,
e afirmam que se fossem usados norteadores das
principais decisões empresariais para analisar políticas
de responsabilidade social, se descobriria que as
práticas podem ser muito mais do que um custo ou
entrave, tornando fonte de oportunidade, inovação e
vantagem competitiva.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
223
Tachizawa (2008, p. 04) destaca o Instituto Ethos,
citando que este “[...] sugere um padrão de balanço
social que explicite os impactos da atividade da
empresa na sociedade e evidencie o relacionamento
com os diferentes públicos”.
Segundo o Instituto Ethos, a definição de
responsabilidade social é a forma de gestão que se
define pela relação ética e transparente da empresa
com todos os públicos com os quais ela se relaciona
e pelo estabelecimento de metas empresariais
compatíveis com o desenvolvimento sustentável da
sociedade, preservando recursos ambientais e culturais
para as gerações futuras, respeitando a diversidade
e promovendo a redução das desigualdades sociais
(INSTITUTO ETHOS, 2012).
As organizações que envolvem um modelo de negócio
avaliando as consequências dos seus impactos, de
suas decisões e ações, além de análises financeiras,
contemplando aspectos sociais e ambientais, estão
comprometidas com a responsabilidade social
empresarial. Uma gestão para ser sustentável busca
o equilíbrio nas relações econômicas, ambientais
e sociais (triple bottom line) contribuindo para o
desenvolvimento sustentável.
A responsabilidade socioambiental é um campo muito
amplo e com alguns trabalhos realizados, mas ainda
pode-se dizer que o campo de estudo é relativamente
recente e precisa de aprofundamento (VITERBO JR.,
2007).
As organizações no contexto do mundo globalizado
necessitam partilhar do entendimento de que deve
existir um objetivo comum do desenvolvimento
econômico com responsabilidade socioambiental, e
não um conflito, tanto para o momento presente como
para as gerações futuras.
O mercado de negócios ambientais oferece
oportunidades rentáveis com o uso de tecnologias
limpas, com projetos de desenvolvimento sustentável,
gestão de resíduos sólidos industriais e reciclagem
de materiais, dentre outros. O reaproveitamento de
resíduos no processo produtivo está associado à
sustentabilidade.
As práticas de responsabilidade socioambiental
devido a sua complexidade e recente valorização nas
atividades produtivas variam de acordo com o porte da
organização, em que as exigências de licenciamento
e a legislação ambiental são mais importantes que
as motivações associadas à redução de custos. Os
impactos ambientais nas organizações e as estratégias
ambientais a serem adotadas são diferentes em função
do tipo de empresa (TACHIZAWA, 2008).
Tachizawa (2008, p. 18), comenta que “[...] a
gestão socioambiental não questiona a ideologia do
crescimento econômico, que é a principal força motriz
das atuais políticas econômicas e, tragicamente da
destruição do ambiente global”.
A gestão socioambiental implica que os recursos
naturais são limitados, e que precisa ter algumas
ações, pois com o crescimento econômico ilimitado,
o planeta pode ter vários desastres, por isso a
necessidade de introduzir a sustentabilidade nas
atividades de negócios.
O desenvolvimento econômico do estado de Goiás,
com seu crescimento populacional, trouxe maior
utilização de seus recursos naturais, geração de
novos postos de trabalho e renda. O estado de Goiás
é composto por 246 municípios e está localizado na
região Centro Oeste do Brasil, sendo o 7º maior do
país em extensão territorial, conforme informações no
site do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos - IMB.
3. METODOLOGIA
A escolha da abordagem de pesquisa foi o estudo de
caso único, com o propósito descritivo e exploratório
com evidências através da abordagem qualitativo
e quantitativo. Foi proposto o método escolhido de
estudo de caso único como estratégia de pesquisa
porque, segundo Yin (2005, p. 36), o estudo de caso
representa uma maneira de investigar um tópico
empírico, seguindo-se um conjunto de procedimentos
pré-estabelecidos.
Justifica-se a escolha do estudo de caso para que
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
224
se possa ter um envolvimento mais aprofundado da
pesquisadora em relação aos fenômenos estudados,
ou seja, no caso específico desta dissertação, os
processos de gestão ambiental.
O objeto do estudo foi dirigido à gestão socioambiental
no ambiente interno, concentrado nas áreas da
administração e industrial de uma organização da
indústria de alimentos, considerando os balanços
sociais referentes aos anos de 2010 e 2011 e aos
empregados efetivamente contratados.
Na caracterização da empresa foi possível confirmar
que esta é familiar com formação do capital e 100%
nacional. A quantidade de funcionários no mês de
Julho de 2012 era de 2.500 colaboradores em todas
as unidades, sendo que no município de Itumbiara, no
estado de Goiás, eram em média 1500 colaboradores.
O local do estudo foi delimitado ao município brasileiro
de Itumbiara, localizado ao sul do estado de Goiás, na
divisa com o estado de Minas Gerais. Sua população
estimada em 2010 pelo IBGE foi de 92.942 habitantes,
ocupando o 11º lugar entre os municípios mais
populosos do estado de Goiás. O município é um
portal de entrada em Goiás, um dos mais competitivos,
classificando-se entre os três maiores exportadores de
Goiás no primeiro trimestre de 2010.
Itumbiara destaca-se no avanço do segmento industrial,
contando atualmente com várias indústrias instaladas
no município. Segundo o site da Secretaria da Fazenda
do estado de Goiás, no período de vigência do ano
de 2011, com base no ano de 2009, o município de
Itumbiara está entre as 10 maiores arrecadadores de
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços (ICMS) em Goiás, com uma classificação
de oitavo maior em arrecadação no ano de 2010.
Considerando o limite temporal, o levantamento dos
dados ocorreu nos meses de junho/2012 a agosto/2012.
Cabe explicitar que o estudo teve como foco apenas a
gestão socioambiental no ambiente interno.
Na análise documental, foram utilizados os balanços
sociais da organização, referentes aos anos de 2010 e
2011, levando em consideração os indicadores sociais
internos, indicadores sociais externos, indicadores
ambientais, clientes, fornecedores, comunidade,
governo e sociedade, e considerando apenas os
funcionários contratados como empregados.
A estruturação do roteiro da pesquisa envolveu a
seleção da empresa a ser considerada como objeto de
estudo. Um contato com a responsável pela Diretoria
Administrativa e Recursos Humanos, com a qual,
aceitou, formalizou a autorização da empresa para a
realização da pesquisa. Em uma reunião com o sujeito
responsável pela diretoria administrativa e de recursos
humanos foi apresentada a proposta de trabalho,
esclarecendo-se os aspectos relacionados à coleta
dos dados, os setores envolvidos e o cronograma
de coleta dos dados previstos para os meses de
julho/2012 a Agosto/2012. Finalmente, foram propostas
e realizadas as entrevistas com representantes de
diversos setores da empresa.
Os questionários foram enviados por e-mail para os
participantes. Os questionários foram respondidos
pela Diretora Administrativa e de Recursos Humanos,
Gerente de Recursos Humanos, Coordenadora de
Gestão da Qualidade Total, Analista Ambiental,
Supervisor de Compras e Supervisor de Pedidos.
As entrevistas foram realizadas com a supervisora de
Recursos Humanos, Assistente Social, Coordenador do
Serviço Especializado em Engenharia e Segurança e
em Medicina do Trabalho (SESMT) e Responsabilidade
Social.
O modelo teórico foi estruturado no estudo da gestão
socioambiental, com embasamento do questionário de
responsabilidade socioambiental do Instituto ETHOS,
para mensurar os indicadores sobre o Balanço Social
dos anos de 2011 e 2012.
Justifica–se o modelo escolhido devido a sua
abordagem abranger as questões de responsabilidade
de uma organização pelos seus impactos de suas
decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente
por meio de comportamento transparente e ético. O
modelo de questionário de responsabilidade social do
Instituo ETHOS aborda princípios de responsabilidade
social, como transparência , comportamento ético,
direitos humanos, práticas trabalhistas, meio ambiente,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
225
consumidor, envolvimento com a comunidade e
desenvolvimento, que são bases para certificação,
pois com a elaboração da norma internacional ISO
26000, contribuem para diversos grupos de interesse,
entre os quais, consumidores, governos, empresas,
trabalhadores, ONGs, entidades de prestação de
serviços.
Para melhor compreensão dos nomes fictícios através
de letras (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J), com os cargos e
os níveis hierárquicos, foi feito a descrição dos cargos.
A técnica de coleta de dados para o estudo de caso foi
através de entrevista com a gestora (A), aplicação de
questionários aos gestores da empresa pesquisada;
pesquisa documental; observação da pesquisadora,
com acompanhamento de um técnico do Serviço
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho
- SESMT - da indústria para o registro das fotografias
e situação real.
A entrevista foi realizada com embasamento no
questionário da dissertação de Viterbo, (2007), contando
no total com 26 questões abertas semiestruturadas. A
aplicação da entrevista com roteiro, foi com a gestora
(A), que serviu de embasamento para a temática
socioambiental.
Para a aplicação da entrevista a pesquisadora
encaminhou um e-mail no dia 17 de julho de 2012
para a colaboradora (B), solicitando a possibilidade
de data e horário para o agendamento da entrevista
com a gestora colaboradora (A) sobre a Gestão
Socioambiental da empresa. A confirmação do
agendamento foi através do e-mail, para o dia 18 de
julho de 2012 às 15 horas, no local de trabalho da
colaboradora (A).
A realização da entrevista com a colaboradora (A), da
empresa, foi realizada com duração de 1 hora , em que
a colaboradora respondeu todos os questionamentos
requisitados pela pesquisadora, e ainda apresentou o
relatório de sustentabilidade da empresa do ano de
2011, e o código de ética da empresa, se colocando
à disposição para maiores esclarecimentos. Para
registro dos dados foi utilizado um gravador digital,
onde posteriormente os diálogos foram transferidos
para um computador em arquivo compatível com o
programa Windows Media player, de modo a facilitar
a transcrição.
Quanto à pesquisa de campo, as entrevistas e
conversas informais com os coordenadores e
gerentes gerais foram realizadas individualmente,
no ambiente da própria empresa, em hora marcada
especificamente para esta finalidade, com nomes
fictícios. As entrevistas realizadas em visita à empresa
com os colaboradores da empresa G, H, I e J, sendo
que a pesquisadora explicou a cada participante da
pesquisa, qual o objetivo e relevância da pesquisa,
a importância da sua colaboração, bem como a
confidencialidade dos dados informados. Foram
feitas perguntas abertas, buscando obter maior
espontaneidade dos entrevistados.
Para Gil (1999, p.129) construir um questionário
consiste em traduzir os objetivos em questões
específicas. As respostas a essas questões é que
irão proporcionar os dados requeridos pra testar as
hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa.
O questionário sobre os indicadores do Instituto
ETHOS, foram enviados por e-mail aos gestores, para
a colaboradora B da empresa pesquisada, no dia 17
de julho de 2012, para direcionar para os gestores
A, B, C, D, E e F, com questões sobre: Valores,
Transparência e Governança, Balanço social, Meio
Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes,
Comunidade, Governo e Sociedade. No dia 09 de
Agosto de 2012, a colaboradora B, encaminhou para
a pesquisadora via e-mail os arquivos respondidos
pelos colaboradores da empresa.
Com o intuito de recolher informações prévias sobre
o campo de interesse, foi feito uma pesquisa no site
oficial da empresa, onde foi possível obter informações
sobre o Balanço social referente ao ano de 2010. Em
visita à empresa, a colaboradora (A), apresentou o
relatório de sustentabilidade da empresa referente ao
ano de 2011, onde constava o Balanço social referente
ao ano de 2011, e o código de ética da empresa.
Em visita à empresa em estudo, a pesquisadora pediu
autorização à gestora (A), para realizar os registros
fotográficos na indústria, focando os programas de
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
226
proteção ao meio ambiente. A gestora (A) informou
que a empresa possui normas internas para registros
fotográficos, e que não são todas as áreas da empresa
que são permitidas o registro por questões éticas e por
envolverem pessoas. A pesquisadora informou quais
seriam as áreas que seriam registradas, e a gestora
autorizou o registro fotográfico. Para o agendamento
do registro fotográfico a colaboradora (A), pediu o
acompanhamento do gestor (I), onde informou que
todos os gestores autorizaram os registros fotográficos.
O acompanhamento teve agendamento com os
responsáveis e também com o apoio da equipe do
Serviço Especializado de Engenharia e Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa, devido
às normas de segurança no local visitado. A análise
documental e os registros de imagens (fotográficas)
foram realizados com autorização do responsável do
setor observado para registro.
Para melhor compreensão da gestão socioambiental da
empresa, foram utilizados os indicadores do Balanço
Social da empresa entre os anos de 2010 e 2011.
Os dados foram tabulados e correlacionados, para
estudar a evolução dos fatores sociais e ambientais
da organização.
4. ANÁLISE DAS DIMENSÕES E ELEMENTOS DA
GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
Na entrevista, com a representante da empresa
pesquisada foram apontados os seguintes aspectos
merecedores de registro, sobre a caracterização da
indústria alimentícia e a caracterização socioambiental.
Com relação à caracterização socioambiental, a
colaboradora (A) afirmou que os fatores que motivam
a organização a priorizar os temas de proteção ao
meio ambiente e responsabilidade social empresarial
são a sustentabilidade e a necessidade de manter os
negócios através de estratégias inseridas na visão,
missão, valores e nas suas políticas.
As certificações obtidas pela organização são a
ISO 9000 (Certificação de Gestão da Qualidade),
ISO 14000 (Certificação Ambiental) e OHSAS 18000
(Certificado de Saúde Ocupacional e Segurança),
através de um sistema de gestão integrada. A primeira
certificação ambiental ocorreu no dia 14 de junho de
2005, e a validade da certificação estende-se a 13 de
junho de 2014. A empresa não é certificada pela ISO
26.000.
Existe uma preocupação da organização em
disseminar os resultados referentes ao meio ambiente
e à responsabilidade social empresarial para os seus
funcionários, clientes e partes interessadas, como
pôde ser visualizado no relatório de sustentabilidade
do ano de 2011 e no site institucional da empresa.
Foi afirmado pela colaboradora (A), que a alta
administração e as lideranças estão comprometidas
com a melhoria ambiental, apoiando as iniciativas
de responsabilidade social empresarial. Segundo a
afirmação da colaboradora (A), a indústria realizou
nos dois últimos anos investimentos associada à
gestão socioambiental, principalmente nos processos
industriais.
Segundo a colaboradora (A) as práticas de gestão
socioambiental contribuem para a sobrevivência do
negócio. Conforme a colaboradora (A) “A empresa
utiliza como tripé a pirâmide da sustentabilidade
através dos pilares econômico, social e ambiental”.
Não se fala em sustentabilidade sem se falar nesses
pilares. A empresa não é somente responsável por
gerar resultados, ela precisa gerar resultados de forma
responsável para a preservação da vida, mas não
dá para viver somente pensando no meio ambiente,
conforme afirmação da gestora A. Como a empresa
precisa dos recursos naturais, ela cuida e trata os seus
resíduos para devolvê-los ao seu meio natural. Em
visita à empresa, pode ser verificado que a empresa
trata os seus resíduos sólidos e líquidos.
A estrutura organizacional formal da empresa
é representada pelo organograma, onde são
apresentados os níveis hierárquicos, sendo possível
verificar que a estrutura começa com o Conselho
de Administração, logo abaixo está a Presidência,
que contém os órgãos de Superintendência e a de
Diretoria de Novos Negócios da organização que
são subordinados à Presidência da organização. Na
Superintendência são desmembradas as linhas das
diretorias da organização.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
227
A colaboradora (A) afirmou que há um retorno
comercial com a adoção de medidas ou programas de
proteção ambiental, pois a empresa é vista de forma
diferente no mercado, mas não é mensurado pela
empresa o retorno dos investimentos na área social
e ambiental. Segundo ela, se a empresa não tivesse
a certificação ambiental deixaria de exportar os seus
produtos e alguns compradores do mercado interno e
externo não estariam comprando da empresa.
De acordo com a colaboradora (A), a indústria
alimentícia não possui incentivos dos governos estadual
e federal para melhorar as condições socioambientais,
e comentou na entrevista que com relação ao governo
estadual tudo que a empresa necessitou para a parte
ambiental como autorizações possui muita burocracia.
A gestora relatou que a empresa possui vários
documentos, que estão parados, da indústria de
São Simão, precisando de autorização da secretaria
do meio ambiente do estado de Goiás e por esse
motivo burocrático a empresa não obteve ainda a
certificação ambiental. Com relação aos incentivos
para práticas ambientais a secretaria municipal de
Itumbiara, a gestora afirmou que a empresa sempre
faz parcerias com a secretaria do meio ambiente.
Para a colaboradora (A) é uma situação complicada,
pois no município ainda não existe um aterro para a
destinação dos resíduos e que precisa melhorar em
alguns aspectos.
O compromisso com a responsabilidade social
empresarial está associado a ganhos na imagem
corporativa da empresa. O marketing social é feito,
mas a empresa não costuma divulgar muito as suas
ações sociais, como sustentou a colaboradora A, ao
dizer que “fazemos mais do que divulgamos”.
5. ANÁLISE DO MODELO DE QUESTIONÁRIO DE
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COM
BASE NOS INDICADORES DO INSTITUTO ETHOS E
O BALANÇO SOCIAL DA CARAMURU ALIMENTOS
5.1 VALORES, TRANSPARÊNCIA E GOVERNANÇA
Com relação à governança corporativa da organização,
a colaboradora (A) informou que no relatório sobre
sustentabilidade da empresa referente ao ano de 2011,
são abordados os aspectos econômicos, sociais e
ambientais de suas atividades e a situação econômico-
financeira das atividades da empresa. As informações
sobre aspectos sociais e ambientais das atividades da
empresa são auditadas por terceiros. No processo de
elaboração do balanço social, a empresa envolve as
seguintes partes interessadas: comunidade, público
interno e clientes, fornecedores, governo e sociedade
em geral (por meio de contatos com organizações
de defesa do meio ambiente, sindicatos, entidades
voltadas para a saúde pública ou defesa dos direitos
humanos, etc.).
A empresa expõe publicamente seus relatórios, pois
pode ser verificado no site institucional da empresa o
balanço social referente ao ano de 2010 e o balanço
social referente ao ano de 2011, através do relatório
de sustentabilidade, onde é possível ter acesso às
informações na própria empresa, através da gestora
A.
Em visita à empresa e em conversa com a
colaboradora (J), sobre como os programas sociais
são identificados, informou que alguns projetos já
existem e são executados, e que a organização
sempre está preocupada com a questão social
Através dos dados obtidos nos Balanços Sociais dos
anos 2010 e 2011, foi possível fazer uma comparação
em percentuais dos avanços e da redução de alguns
indicadores. Além da comparação dos indicadores, foi
realizado o registro fotográfico de alguns setores.
A empresa teve um aumento no quadro dos
colaboradores ativos em 2011 de 5,28%. A
colaboradora (C), respondeu que, com relação à
valorização da diversidade, o número de pessoas
com deficiência somente foi a partir de 2012, onde
o percentual é de 7%. No ano de 2012, a empresa
não possui colaboradores com deficiência em cargos
executivos, e o percentual de cargos de coordenação
e chefia foi de 0,30%. A política de remuneração,
benefícios e carreira demonstra que o plano de cargos
e salários da empresa não é transparente e não é
abordado em seu código de conduta e/ou em sua
declaração de valores, conforme informações obtidas
da colaboradora (C).
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
228
Na faixa etária dos colaboradores, conforme balanço
social referente aos anos de 2010 e 2011 foi possível
verificar que o os colaboradores a cima de 60 anos
teve um decréscimo de 9%, pois no ano de 2011
ocorreram 3 aposentadorias.
A gestora (C) afirmou que a empresa possui um bom
relacionamento com os colaboradores com relação
ao comportamento nas demissões e que não teve
reclamações trabalhistas relacionadas às demissões
nos últimos três anos. A empresa acompanha e avalia
periodicamente a rotatividade dos empregados e tem
política para minimizar e melhorar esses indicadores
através de pesquisa de clima organizacional.
A empresa oferece programa de previdência
complementar a todos os seus empregados para
que possam preparar-se para a aposentadoria, mas
não participa ou apoia programas e de campanhas
públicas ou privadas de valorização dos idosos.Para
compreender melhor a valorização dos colaboradores
serão apresentados os investimentos com o público
interno na organização.
5.2 PÚBLICO INTERNO
Os investimentos com a alimentação dos colaboradores
no ano de 2011 houve um crescimento em valores de
20%, mas houve um decréscimo na quantidade de
refeições servidas anualmente e os cartões oferecidos
com cesta alimentação. Segundo a colaboradora (C),
a empresa o numero de refeições não teve redução
significativa, pois o fornecimento das refeições são
feitas por prestadores de serviço e terceiros tendo uma
oscilação na quantidade de refeição. O crescimento
no valor de 20% com investimento com a alimentação
foi devido à melhoria no cardápio oferecido aos
colaboradores e em função dos aumentos dos
alimentos.
A organização em estudo possui dispêndios com a
previdência privada de seus colaboradores, conforme
dados obtidos no Balanço Social. Os investimentos
com a previdência privada dos colaboradores teve
um crescimento de 23 % em valores no ano de 2011
em comparação com o ano de 2010. O crescimento
foi devido ao aumento no valor das parcelas de
contribuição por parte da empresa e dos colaboradores,
sendo que o plano de previdência privada oferecido
aos colaboradores é o do Brasil Prev.
Acreditando que a segurança no ambiente de
trabalho é fundamental para a tranquilidade e o bem
estar do colaborador, a empresa desenvolve dentro
do seu sistema de gestão, acompanhamento dos
indicadores de acidentes de trabalho, registrando-
os e controlando-os mensalmente. Em visita aos
departamentos da organização observou-se os
quadros informativos, com informações como exemplo
no caso de emergência com acidentes de trabalho, os
procedimentos os contatos de emergência e os locais
mais próximos para os atendimentos.
O colaborador (I) informou que a ginástica laboral
é oferecida aos colaboradores em parceria com o
Serviço Social da Indústria (SESI). Dois professores são
disponibilizados para trabalhar com os colaboradores
a ginástica laboral, principalmente, na área industrial
onde há um maior movimento e levantamento de peso.
Os investimentos com a educação dos colaboradores,
são apresentados nos balanços sociais da empresa
entre os anos de 2010 e 2011. Os investimentos em
educação dos colaboradores, onde a empresa investiu
cerca 798% em educação a mais do que no ano de
2010. Os investimentos em cursos de pós-graduação
teve um crescimento de 18243% no ano de 2011 em
comparação com o ano de 2010. No ano de 2011, a
empresa ofereceu cursos aos colaboradores gestores
através o Programa Desenvolver Gente (PDG), sendo
custeados 100% pela empresa.
Segundo informações da colaboradora (G), são
oferecidos cursos para formação e crescimento,
conforme a necessidade e interesse da empresa e do
colaborador na área de atuação. A empresa oferece
bolsas de estudos de 50% a todos os colaboradores
que estão matriculados em curso superior na área de
atuação na empresa.
Como forma de oferecer uma atividade cultural, a
empresa possui investimentos com cultura. No ano
de 2011 teve um aumento de 13%, em valores em
comparação com o ano de 2010, conforme Balanços
sociais da empresa. A gestora (H) apresentou
o programa do coral musical “VOZES PELA
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
229
INTEGRAÇÃO”, que foi criado em 2004 para estimular
a integração dos colaboradores por meio da música,
buscando valorizar as manifestações artísticas. Os
membros participantes do grupo passaram por
uma seleção de voz para participarem do coral. As
apresentações artísticas do coral são em eventos
internos e externos, sendo que todas as despesas com
as apresentações são custeadas pela empresa como
alimentação, hospedagens, transportes e uniformes.
A colaboradora (H) informou que a partir do ano de
2011, os colaboradores e interessados, participantes
ativos do grupo coral, estão recebendo incentivos de
R$ 90,00 mensais, para cursos de línguas, informática
e música.
No ano de 2011 houve um crescimento de 113% nos
investimentos com capacitação e desenvolvimento
profissional, devido à necessidade de aumentar
a capacitação e aperfeiçoamentos dos seus
colaboradores. O número de treinamentos realizados
também teve um crescimento de 7% em comparação
com o ano de 2010.
Segundo a gestora (J), desde o ano de 2005, a empresa
oferece acesso à tecnologia da informação a todos os
colaboradores com cursos nas áreas de informática
com duração de 03 meses e com carga horária de 90
Horas. O local do curso é na própria empresa, em uma
sala de informática, e em visita à empresa foi possível
visualizar fotos das turmas formadas. Os professores
dos cursos de informática são disponibilizados através
do Serviço Social da Indústria (SESI). Os cursos e
os treinamentos são realizados de acordo com as
necessidades de cada setor, sendo que a gestora faz
o Levantamento das Necessidades de Treinamento
(LNT). Os cursos são planejados com antecedência
do ano anterior para o ano seguinte, mas depende da
necessidade ou da urgência.
O programa de participação nos resultados da
empresa realiza pesquisas para medir a satisfação
dos empregados quanto à sua política de
remuneração e benefícios através de pesquisa de
clima organizacional, segundo informações da gestora
de Recursos humanos.
Os investimentos com a participação nos lucros e
resultados dos colaboradores teve uma redução
de 23% em valores no ano de 2011, porque os
colaboradores não conseguiram atingir as metas
organizacionais da empresa.
No final de cada ano, é feita uma análise para verificar
se a empresa e os departamentos conseguiram
atingir as suas metas do grupo e dos setores. Os
colaboradores que atingem as metas da empresa
e dos departamentos conseguem receber até 2,5
salários do seu salário, mas para isso precisam atingir
100%. No caso dos colaboradores que não atingem as
metas estabelecidas, somente recebem um percentual
proporcional na participação nos lucros e resultados.
Após apresentar a participação nos lucros e resultados,
a empresa possui outros dispêndios como transportes,
uniformes e recreação, conforme balanços sociais da
empresa. A empresa oferece aos seus colaboradores
uniformes, transportes e recreação. Foi possível
visualizar que a empresa no ano de 2011, investiu 30%
a mais que no ano de 2010, os valores que houve uma
aumento significativo foi com relação à recreação dos
colaboradores. Com relação à recreação houve um
aumento de128% em relação ao ano de 2010, atingindo
o valor de R$ 123.137,00. Através desses dados é
demonstrado que a organização esta preocupada com
a qualidade de vida dos colaboradores, buscando
uma socialização.
Em conversa com a colaboradora (G), a mesma
informou que o horário de trabalho do pessoal
administrativo é das 08h00min às 17h45min, de
segunda a sexta-feira, sendo que quem trabalha com
esse regime de trabalho possui 01 hora de almoço e
descanso. Os colaboradores que trabalham 8h45min
por dia durante cinco dias por semana, ultrapassam às
8 horas diárias, mas em compensação não trabalham
nos sábados.
5.3 MEIO AMBIENTE
Conhecer os impactos das atividades no meio ambiente
é um dos requisitos para uma gestão responsável. Para
isso é fundamental monitorar e analisar os impactos
ambientais dos produtos, desenvolver processos
de gestão ambiental e acompanhar os seus efeitos
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
230
inclusive na cadeia produtiva.
Segundo a colaboradora (D), a empresa não contribui
para a preservação da biodiversidade por meio de
políticas específicas, projeto(s) de conservação
de áreas protegidas e/ou programa de proteção a
animais ameaçados, mas possui política explícita de
não-utilização de materiais e insumos provenientes de
exploração ilegal de recursos naturais (como madeira,
produtos florestais não-madeireiros, animais etc.).
Segundo a colaboradora (D) a empresa dispõe de
processos para mapeamento e análise sistêmica para
a melhoria da qualidade ambiental, que visa contribuir
para a conscientização da população quanto aos
desafios ambientais decorrentes da atividade humana
e cultiva valores de responsabilidade ambiental. A
empresa desenvolve periodicamente campanhas
internas de redução do consumo de água e de energia,
campanhas internas de educação com base nos 3 Rs
e desenvolve campanhas internas de educação para
o consumo consciente.
A empresa não possui programa de gerenciamento
de resíduos com a participação do cliente, como
para a coleta de materiais tóxicos ou a reciclagem
pós-consumo, não fornece aos consumidores
e clientes informações detalhadas sobre danos
ambientais resultantes do uso e da destinação final
de seus produtos e não discute com empregados,
consumidores e clientes, fornecedores e a comunidade
os impactos ambientais causados por seus produtos
ou serviços, conforme afirmação da colaboradora (D).
A colaboradora (D) afirma que a empresa prioriza a
contratação de fornecedores que comprovadamente
tenham boa conduta ambiental. Com o objetivo de
contribuir com a conservação das florestas e combater
sua exploração ilegal e predatória, bem como proteger a
biodiversidade, a empresa realiza visitas programadas
ou eventuais, para realizar monitoramento da origem
ou da cadeia de produção dos insumos madeireiros e
florestais que utiliza.
Segundo afirmação da Gestora (D), a empresa possui
sistema de monitoramento com metas específicas
para o aumento da eficiência energética, redução do
consumo de água, redução da geração de resíduos
sólidos, redução da emissão de CO2 e outros gases
do efeito estufa na atmosfera. Segundo dados nos
balanços sociais a empresa realizou investimentos
relacionados com a produção e em programas ou
projetos externos.
Os investimentos em programas ou projetos externos
ambientais da empresa demonstram que os
investimentos relacionados com a produção no ano de
2011, tiveram uma redução de 69% em comparação
com o ano de 2010, porque o ano de 2010 buscou
melhorias nos processos para a certificação em 2011.
O consumo dos recursos naturais utilizados pela
empresa em estudo, como energia elétrica, água, lenha
e resíduos são apresentados através do balanço social
da empresa. O consumo de recursos naturais pela
empresa em estudo, onde pode ser analisado que a
empresa aumentou o consumo de energia em 38,48%
em comparação ao ano de 2010. O consumo de água
teve um crescimento de 1595%, esse indicador teve
esse índice devido à justificativa de que a empresa no
ano de 2010 mensurou somente a indústria de soja,
e que a partir do ano de 2011 a empresa passou a
mensurar todo o seu complexo industrial.
Os resíduos sólidos para a reciclagem tiveram um
aumento de 240% no ano de 2011, pois a empresa
no ano de 2010 não retirava do pátio os resíduos
sólidos como a terra clarificante que é utilizada no
refino de milho, a partir do ano de 2011 a empresa em
parceria com uma empresa de Pouso Alegre, passou
a retirar os resíduos do pátio para que o mesmo fosse
reaproveitado para incorporação ao solo. A partir
dessa parceria o resíduo passou a serem mensurados,
sendo que todos os resíduos que saem da empresa
precisam de notas e qual é a destinação correta dos
resíduos.
Em visita à empresa foi possível observar o processo
de tratamento de efluentes da empresa, desde a
entrada do esgoto bruto até a armazenagem da água
reaproveitada na lagoa para a reutilização. A estação
de tratamento de efluentes é o local onde passa
todo o esgoto da empresa por um tratamento para
o reaproveitamento da água. O processo utilizado
é o físico-químico, tendo como objetivo fazer todo o
processo de filtros dos efluentes para que o resultado
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
231
final seja água que não polua o meio ambiente. Em
conversa com alguns colaboradores na empresa, eles
explicaram que a água é reaproveitada para a limpeza
e para molhar os jardins.
A empresa faz o armazenamento do resíduo de
bagaço de cana-de-açúcar que utiliza para geração
de vapor e para o processo de extração dos processos
industriais. A armazenagem do resíduo fica próxima
à estação de efluentes em uma barreira verde com
plantação de eucaliptos.
A empresa faz controle dos resíduos sólidos
industriais gerados nos processos produtivos através
da compostagem. A compostagem é uma forma de
tratamento biológico da parcela orgânica do lixo,
permitindo uma redução de volumes dos resíduos e
a transformação destes em composto que podem ser
utilizados na agricultura, como recondicionantes do
solo. Trata-se de uma técnica importante em razão da
composição do lixo nas indústrias.
É muito importante que as organizações tenham
programas de coleta seletiva, sendo que para que o
projeto tenha eficiência é necessária à conscientização
de todos envolvidos no processo. Um programa de
coleta seletiva exige dedicação e empenho, devendo
englobar pelo menos três etapas: planejamento,
implantação e manutenção.
5.4 FORNECEDORES
Na relação com trabalhadores terceirizados a busca
por eficiência e baixos custos não pode ferir os direitos
trabalhistas.
Através do questionário respondido pelo colaborador
(E), foi possível obter algumas informações de
que a empresa inclui políticas e critérios para o
relacionamento com os fornecedores em seu código
de conduta e/ou em sua declaração de valores.
O colaborador (E) afirmou que ao selecionar seus
fornecedores (ou desenvolver novos fornecedores), a
empresa inclui critérios na prática efetiva de processos
éticos de gestão das informações de caráter privado,
através de suas relações com clientes ou com o
mercado em geral.
O colaborador (E) afirmou que a empresa produz
relatório periódico com evidências de que questões
relacionadas à responsabilidade social empresarial
estão sendo cumpridas e implementadas em sua cadeia
produtiva. Além dos relatórios periódicos a empresa
discute questões relacionadas à responsabilidade
social com seus fornecedores, visando o treinamento
e adequação deles aos seus critérios, estabelecendo
prazo formal para que os fornecedores entrem em
conformidade com seus critérios de responsabilidade
social.
Os investimentos com programas para fornecedores
da agricultura familiar, teve uma redução no benefício
concedido no preço da soja de 9%, sendo um ponto
negativo para os fornecedores. Analisando os outros
indicadores foi possível verificar que a empresa
investiu 126% a mais no ano de 2010 em fornecimento
de proteção individual, sendo um fator positivo aos
seus fornecedores.
Segundo os balanços sociais da empresa alguns
treinamentos de fertilizantes e cultura no solo foram
realizados através de palestras e divulgações de
programas.
A empresa em estudo possui uma preocupação com
seus fornecedores, por esse motivo busca divulgar e
oferecer palestras aos seus fornecedores (produtores
rurais) sobre o controle de doenças nas lavouras,
para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar a
produtividade das lavouras.
5.5 CONSUMIDORES E CLIENTES
O cuidado no tratamento aos consumidores, a busca
de soluções para problemas e assimilações de
sugestões, compõem um quadro que pode contribuir
para o aperfeiçoamento das ações. O marketing e a
comunicação da empresa não podem-se dissociar da
preocupação com a responsabilidade social.
Com relação às reclamações de clientes, fornecedores
e concorrentes à propaganda, o colaborador (F)
afirmou no questionário, que a empresa não teve,
nos últimos três anos, reclamações e que não tiveram
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
232
campanhas publicitárias retiradas do ar ou recolhidas
por pressão de organizações da sociedade civil
organizada.
Quanto ao seu compromisso com a qualidade
dos serviços de atendimento ao consumidor/
cliente, a empresa, utiliza a política e as normas de
relacionamento com clientes e consumidores que
constam no código de conduta e/ou na declaração
de valores da empresa, conforme afirmação do
colaborador (F).
A empresa possui um ouvidor do consumidor ou
função similar através do serviço de atendimento ao
cliente (SAC) para receber e encaminhar sugestões,
opiniões e reclamações relativas a seus produtos
e serviços. Promove treinamento contínuo de seus
profissionais de atendimento para uma relação ética
e de respeito aos direitos do consumidor. Treina e
incentiva seu profissional de atendimento a reconhecer
falhas e agir com rapidez e autonomia na resolução
de problemas. Adverte continuamente seu profissional
de atendimento e áreas correlatas sobre a importância
de procedimentos éticos na obtenção, manutenção e
uso das informações de caráter privado resultantes
da interação com seus consumidores, clientes ou
usuários, conforme afirmação do colaborador (F).
Os serviços de atendimento ao consumidor não
foi apresentado no Balanço Social de 2010, sendo
inserido somente no ano de 2011, por esse motivo não
foi possível mensurar esse quesito. No ano de 2011
totalizaram-se 693 reclamações e críticas, sendo que
692 reclamações e críticas da empresa e na justiça
apenas um (1) processo.
As organizações precisam conhecer os clientes através
de suas necessidades, seus anseios, expectativas,
buscando ter uma proximidade da empresa com o
cliente, através de uma cumplicidade saudável para
que possa ter uma continuidade na sustentabilidade
dos negócios.
5.6 COMUNIDADE
Um ponto importante que deve ser tratado pela
empresa em sua relação com a comunidade é o
impacto produzido por suas atividades. O apoio a um
projeto social precisa ter consistência estratégica e
objetivos claros para que a ação seja efetiva (ETHOS,
2006).
A empresa contribui com a comunidade em alguns
quesitos como educação, cultura, esportes e outros,
conforme balanço social da empresa. No ano de 2011
em comparação com o ano de 2010 a empresa realizou
investimentos com a comunidade. Os investimentos
com cultura tiveram um crescimento no ano de 2011,
de 2629%, e no esporte um crescimento de 159%.
Analisando o balanço social referente aos anos de
2010 e 2011, pode visualizar que a empresa deixou de
contribuir com o combate à fome e segurança alimentar
em 33%, e com o direito da criança e do adolescente
houve um decréscimo de 72%. Analisando o balanço
social referente aos anos de 2010 e 2011, pode-se
concluir que o total dos indicadores sociais externos
da empresa, teve um crescimento em investimento
no ano de 2011 de 53% em valores. Segundo a
colaboradora (B), como forma de concretizar sua ação
social, a empresa utiliza os incentivos fiscais para
deduzir ou descontar dos impostos os valores relativos
a doações e patrocínios. A colaboradora (B) afirmou
que a empresa divulga internamente os projetos que
apoia e desenvolve, oferecendo oportunidades de
trabalho voluntário e estimulando a participação dos
empregados, autorizando o uso controlado de horas
pagas para o trabalho voluntário de empregados.
A colaboradora (H) afirmou que a empresa faz doações
aos colaboradores, de material de necessidade,
como remédios, aparelhos auditivos e aparelhos
ortopédicos. A solicitação é feita através de pedido
de ajuda ao departamento de assistência social da
empresa, quando o colaborador com problemas de
saúde passa por alguma dificuldade financeira. A
análise e a aprovação dos pedidos são realizadas
pela supervisão de recursos humanos e do setor de
atuação do colaborador. Segundo informações da
colaboradora (H) geralmente todos os pedidos são
aprovados.
Segundo a colaboradora (H) alguns eventos
comemorativos são realizados na empresa, com a
participação e autorizados pela Gestora (A), que
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
233
organiza e realiza os eventos como: comemoração
ao dia das crianças para distribuição de brinquedos
aos filhos de 0 a 11anos de idade de todos os
colaboradores; Dia das Mães; Dia do Caminhoneiro;
Dia dos Pais; Dia das Crianças e Dia do Trabalhador.
A colaboradora (H) informou em conversa informal
na empresa, que a mesma oferece brinquedos e kits
escolares aos filhos dos colaboradores. No ano de
2011 em média foram distribuídos 1.400 brinquedos
no valor de R$ 25,00 por unidade. No mês de outubro
de é realizado o levantamento nos setores da empresa
para verificar a quantidade de Kits escolares que serão
necessários, sendo que são beneficiados somente os
filhos dos colaboradores com idade entre 5 a 18 anos.
No começo de cada ano é realizada a entrega dos
kits no departamento de assistência social mediante a
apresentação de escolaridade do filho do colaborador.
No mês de Janeiro do ano de 2011 foram entregues
321 kits e no mês de Janeiro do ano de 2012 foram
400 kits.
A empresa no ano de 2011 reduziu o número de
escolas adotadas no programa “parceiros empresa-
escola em 50%, e o número de educadores também
foram reduzidos em 55%. No ano de 2011 houve a
adoção de 23 (vinte e três) escolas ao programa da
júnior Achievement, aumentando o número de escolas
atendidas pelo programa para ampliar o número de
participantes ao programa e para ter uma melhor
participação dos voluntariados .
Em visita à empresa, através de conversa com a
colaboradora (J), a mesma apresentou os projetos
sociais que estão sendo executados pela organização.
A empresa oferece aos colaboradores o programa
JA, para os colaboradores que não tenham concluído
o ensino médio. Segundo a colaboradora (J), o
programa aprendendo com você está em execução
para atender as escolas no entorno da empresa, em
um bairro carente, as escolas participantes são as
escolas Alexandre Arcipretti e Vinícius de Aquino
Ramos. Na escola Alexandre Arcipretti o programa
com as atividades sociais teve início no de 1998, e
na escola Vinícius de Aquino Ramos no ano de 2002,
através de parcerias empresa e as escolas. A empresa
oferece para os alunos das escolas participantes do
programa, aulas culturais e esportivas como aulas
de música, capoeira, dança e jiu-jitsu, sendo que o
objetivo do programa é diminuir a evasão escolar com
aulas extracurriculares.
Segundo informações no relatório de sustentabilidade
de 2011, a empresa como parceira do evento
participou com uma barraca com o desdobramento
do Programa Aprendendo com Você, para arrecadar
recursos financeiros, através do envolvimento dos
voluntários (colaboradores) para ajudar as escolas
envolvidas nos programas. No ano de 2011, a verba
de arrecadação na festa junina arraiá solidário, foi de
R$ 19.000,00 mil reais, sendo que a verba arrecadada,
foi dividida igualmente entre as escolas Vinícius de
Aquino e Alexandre Arcipretti para uma escola a
verba foi utilizada para a reforma de uma quadra, e na
outra escola a verba foi utilizada para a construção de
espaço para a realização das aulas.
5.7 GOVERNO E SOCIEDADE
Os indicadores de geração e distribuição do governo
e sociedade, referem-se à descrição de iniciativas
da empresa relacionadas a políticas de prevenção e
ações implementadas contra práticas de corrupção e
propina de interesse público e caráter social.
No ano de 2011, houve um crescimento de 108%
na geração de riquezas da empresa Caramuru em
relação ao ano de 2010. Analisando os indicadores
do balanço social referente aos anos de 2010 e 2011,
pode verificar que no indicador colaborador houve um
decréscimo de 24% no ano de 2011, em comparação
ao ano de 2010, pois os colaboradores não obtiveram
o atingimento da participação nos lucros e nos
resultados.
6 CONCLUSÃO
O presente estudo evidenciou a visão dos gerentes
sobre as práticas socioambientais na indústria
alimentícia no município de Itumbiara no estado de
Goiás. As organizações que são grandes geradoras de
potencial poluidor podem causar impactos ambientais,
econômicos e sociais, uma vez que seus processos
podem afetar o meio físico em todas as suas esferas,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
234
envolvendo ar, água e solo.
Com o término da pesquisa foi possível identificar que
as práticas socioambientais e sustentáveis da empresa
estudada estão sendo cumpridas com a legislação
ambiental vigente, tendo uma postura de minimizar
impactos ambientais e sociais. Além disso, foi possível
constatar que a empresa apoia programas de doação
e filantropia direcionados ao desenvolvimento e
qualidade de vida das comunidades por melhorias
ambientais e sociais.
As motivações das organizações da companhia
estudada foram identificadas através das ações
ecológicas, em contato com concepções de gestão
que avançam no tema de responsabilidade social,
comparando com o conceito de desenvolvimento
sustentável.
Foi identificada a existência de auditoria na empresa
com relação ao destino final dos passivos ambientais,
abrindo campo para futuras pesquisas sobre quais
são para ações de melhorias significativas por parte
de todos os setores, do ponto de vista ambiental e pela
sociedade.
Sobre as questões ambientais destaca-se que
os impactos ambientais gerados pela empresa
são mapeados pelos processos para a melhoria
da qualidade ambiental. Pode-se concluir que a
empresa trabalha com indicadores ambientais,
com investimentos para reduzir os recursos naturais
como energia elétrica, lenha e realiza tratamento dos
resíduos sólidos e líquidos dos processos.
A partir dos resultados da pesquisa, conclui-se que
a gestão socioambiental da empresa é um caminho
viável, pois ela esta buscando práticas socioambientais
para promover a sustentabilidade do negócio.
Recomenda-se a empresa em estudo, aderir ao
programa de Norma Internacional da série ISO 26000,
para que ela possa ter uma evolução no seu sistema
de Gestão integrada. Recomenda-se também que
ela tenha uma participação ativa no meio acadêmico
e científico e patrocine projetos de desenvolvimento
de pesquisa e tecnologia para ter uma interação
ativamente com a comunidade acadêmica e científica.
Considerando que esta pesquisa analisou apenas uma
empresa, abre-se a possibilidade para a realização de
novos estudos, com o mesmo enfoque.
A pesquisadora sugere que haja uma reflexão sobre o
material exposto, com o intuito de aperfeiçoar as ações
estratégicas organizacionais e assim obter uma melhor
posição competitiva diante do mercado cada vez mais
exigente. Em futuros estudos sugere-se que sejam
investigados os clientes, fornecedores, colaboradores
e comunidade atendida, para apresentar uma vertente
que possibilite comprovar com profundidade a versão
dos grupos quanto ao sucesso do modelo de gestão
socioambiental.
REFERÊNCIAS
[1] ALIGLERI, Lilian; ALIGLERI, Luiz Antônio; KRUGLIANSKAS, Isak. Gestão Socioambiental: responsabilidade e sustentabilidade do negócio. São Paulo: Atlas, 2009.
[2] CARAMURU ALIMENTOS. Responsabilidade Sócio ambiental. Disponível em http://www.caramuru.com/. Acesso no dia 20 de maio de 2012, as 15:00:00.
[3] GIL, Antônio Carlos. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ed. São Paulo: Ed. Atlas. 1999.
[4] INSTITUTO MAURO BORGES. Estado de Goiás. Disponível em http://www.seplan.go.gov.br/sepin/goias.asp?id_cad=6000. Acesso em: 20 jan. 2012, 16:38:15 .
[5] INSTITUTO ETHOS. Disponível em < http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3344&Alias=Ethos&Lang>. Acesso em: 09 de ago. 2011, 10:12:00.
[6] PORTER, Michael Eugene; KRAMER, Mark R. Estratégias e sociedade: o elo entre vantagem competitiva e responsabilidade social empresarial. Harvard Business Review Brasil, p. 52-66, dez 2006.
[7] SOUR, Robert Henry. Ética empresarial. Rio de Janeiro:Campos, 5 ed., 2000.
[8] SEFAZ. Secretária da Fazenda do estado de Goiás. Disponível em <http://aplicacao.sefaz.go.gov.br/index.php?idMateria=106541>. Acesso em 10 de Agosto de 2011 as 11:32 horas.
[9] TACHIZAWA. Gestão socioambiental: estratégias na nova era da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3
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[10] VITERBO Jr., Ênio. A Responsabilidade Sócio-ambiental na Indústria Química Brasileira. Dissertação de Mestrado – Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro. Agosto de 2007.143p. Disponível em: < http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?open=1&arqtese=0510908_07_Indice.html>. Acesso em 15 mai.2011, 15:00:00.
[11] YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2º ed. Ed. Porto Alegre: Bookman. 2005.
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Autores
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José Henrique Porto Silveira (Organizador)
Bacharel e licenciado em Psicologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (1977) e Faculdade de Educação da UFMG (1988); Especialização em Percepção Ambiental – Instituto de Geociências da UFMG (1987); Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental, área de concentração: Educação Ambiental (2013). Analista de Meio Ambiente.
Adriana Queiroz Silva
Doutoranda em Administração pela Universidade Positivo - UP/Curitiba. Mestre em Engenharia de Produção pela UTFPR/Ponta Grossa. Especialista em Marketing pela UNICENTRO e graduação em Administração. Atua como professora na seguinte Instituição de Ensino: Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná - UNICENTRO - campus de Irati/Pr.
Adriano Provezano Gomes
Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (1992) e doutorado em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (1999). Atualmente é Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa.
Ailton da Silva Ferreira
Fazendo Pós Doutoramento em Engenharia de Reservatórios pela Universidade Estadual do Norte Fluminense, Concluiu o Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2009), Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2005), Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense (2002) e Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Candido Mendes. Atualmente é Coordenador do Curso de Administração da UFF/Macaé, Professor Adjunto IV da Universidade Federal Fluminense/Macaé e Professor Colaborador do Mestrado em Engenharia de Produção/UENF.
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Alexandre Sette Abrantes Fioravante
Graduado em Economia pela Universidade Federal de Viçosa (2011), e mestre em Administração, com ênfase em Administração Pública pela Universidade Federal de Viçosa (2014). Possui formação em Criatividade inovação e novos negócios pela Fundazione CUOA/Business School – Itália (2016). Doutorando em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), trabalhando na área de desenvolvimento sustentável e economia do meio Ambiente. Atualmente é Professor da pós-graduação do Centro Universitário SENAC São Paulo.
Aline Parizzi
Graduada Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Franciscano (2014). Bolsista de pesquisa (PROBIC) pela UNIFRA (2013). Voluntária de projeto de extensão (PROBEX) pela UNIFRA (2012). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão da UNIFRA (2011).
Ana Carolina Mendonça Pilatti De Paula
Doutora em Administração pela UNaM - Universidade Nacional das Missiones - Argentina, Mestre em Informática Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2005), MBA em Gestão Empresarial pela FGV (2002) e Graduada em Bacharelado em Informática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1994). Avaliadora de Cursos de Ensino Superior pelo Ministério da Educação. Docente em Cursos de Pós-Graduação e Graduação nas áreas de Administração e Informática. Atualmente é Pró-reitora de Ensino Presencial da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR e Diretora Acadêmica da Regional Sul.
Ana Carolina Spatti
Doutoranda em Política Científica e Tecnológica na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA - UNICAMP), graduada em Gestão de Políticas Públicas e Administração (FCA - UNICAMP). Possui trabalhos e projetos desenvolvidos na área de Gestão, com enfoque principal em políticas públicas de saúde, Ensino Superior e relação entre Universidades e Empresas. Tem experiência na universidade como monitora das disciplinas de
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graduação e como docente estagiária. Além disso, atua como professora de Gramática no Cursinho comunitário Pré-Vestibular Colmeia (Limeira-SP), destinado a jovens que tenham concluído o ensino médio na rede pública.
Ana Paula Wendling Gomes
Possui graduação em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa (2000), graduação em Administração pela Faculdade de Viçosa (2008). MBA em Gestão Ambiental (2009) e mestrado em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (2005). Atualmente é professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais.
Ana Valéria Vargas Pontes
Mestre em Sistemas de Gestão pela UFF - Universidade Federal Fluminense, Pós-Graduada em MBA - Organizações e Estratégia pela UFF (2008), graduada em Administração pela Faculdade Metodista Granbery (2005). Diretora de Recursos Humanos da Eduwork Consultoria e Assessoria Educacional Ltda; Professora do Faculdade Metodista Granbery no cursos de administração, direito, sistemas de informação; Supervisora de Atividades curriculares Complementares e Visitas Técnicas do curso de administração da Faculdade Metodista Granbery; Supervisora de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) da Administração Faculdade Metodista Granbery; Supervisora de Estagio do curso de Administração da Faculdade Metodista Granbery; Participa do Comitê de desenvolvimento da Revista Acadêmica do Instituto Metodista Granbery; Membro do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Administração da Faculdade Metodista Granbery; Membro da Comissão do Prouni - COLAP da Faculdade Metodista Granbery.
Angélica Gois Morales
Doutora em meio ambiente e desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em educação ambiental pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professora Assistente Doutora da Faculdade de Ciências e Engenharia da Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de Tupã. Líder do grupo de Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (PGEA).
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Antonella Ferrari
Graduanda em Gestão do Agronegócio pola Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA Unicamp), atuou no projeto de extensão universitária Cursinho Pré Vestibular Colmeia no apoio à docência, coordenação e alunos. Atualmente desenvolve uma pesquisa na área de smart farm.
Bruno Aparecido Oliveira
Possui graduação em Sistemas Para Internet pela Faculdade Educacional de Ponta Grossa (2014). Concluiu a especialização em Engenharia de Produção pela Uninter (2017). Foi aluno especial do programa de mestrado em Computação Aplicada oferecido pela UEPG (2016). Atualmente cursando Licenciatura em Computação na UEPG.
Carlos Cesar Garcia Freitas
Professor adjunto do curso de administração da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP (Campus Cornélio Procópio). É bacharel em administração, com especialização em comportamento organizacional, mestrado em administração e doutorado em administração. Atua, ainda, como professor efetivo do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino (UENP). Sua linha de pesquisa é Tecnologia Social e de extensão é Educação Financeira.
Carolina Pante
Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Atuou como coordenadora na X e XI Jornada Científica do Centro de Pesquisa Interdisciplinar da Amazônia - CEDSA-UNIR.
Carolina Yukari Veludo Watanabe
Bacharel em Matemática Aplicada e Computação Científica (2006), Mestre (2007) e Doutora (2013) em Ciência da Computação e Matemática Computacional pela Universidade de São Paulo (ICMC-USP São Carlos). Desde 2015 atua como docente e pesquisadora no Programa de Pós-
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Graduação Mestrado em Administração na Universidade Federal de Rondônia, na linha de pesquisa Estratégia, Gestão e Tecnologia em Organizações. Suas pesquisas na área de Administração incluem Estratégia e processo decisório, Aprendizagem em Organizações e Inovação e Tecnologia em Organizações.
Cássia Tavares Streb
Possui graduação em Administração pelo Centro Universitário Franciscano (2013) e licenciatura em Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional - PEG pela Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é acadêmica do Mestrado Acadêmico em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria.
Cintya Mércia Monteiro Penido Amorim
Mestre em Engenharia Ambiental pela UFSC. Pós-graduada em Gestão e Tecnologia da Qualidade. Sócia-diretora da Sustentar Consultoria e Treinamentos - atuando como Consultora e Auditora em Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental, saúde e segurança e administração estratégica. Profa e coordenadora dos cursos: MBA em Gestão da Qualidade Integrada ao Meio Ambiente e do MBA em Consultoria e Auditoria em Qualidade, M. Eng. em Gestão de Riscos e Prevenção de Desastres na PUC Minas. Auditora Qualificada ISO 9001; TS16949; ISO 14001. Experiência como auditora: 14 anos com ISO 9001/ ISOTS e 10 anos com ISO 14001. Livro publicado: Gestão Ambiental ISO 14001 e Sustentabilidade.
Cléber da Silva Amado
Possui graduação em Ciências Econômicas (2002) e Ciências Contábeis (2008) pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Pós-Graduação em Auditoria Governamental e Empresarial, pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (FACEL) de Curitiba-PR. Mestrado Profissional em Administração pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Atualmente é servidor público, cargo efetivo, na função de Controlador Interno da Câmara de Vereadores de Pinhão-PR.
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Cristiane Hengler Corrêa Bernardo
Doutora em educação, pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), mestre em comunicação midiática pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela PUCCAMP. Professora Assistente Doutora da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de Tupã.
Daniel Barbarioli Carraretto
Mestre em Gestão Pública e graduado em Administração, ambos pela Universidade Federal do Espírito, Santo, é administrador na Companhia Espírito Santense de Saneamento, com experiência em gerenciamento de processos, planejamento estratégico, gestão de contratos e de orçamento. Atua também como professor de administração e é consultor financeiro pessoal e empresarial.
Daniel Sá Freire Lamarca
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Agronegócio e Desenvolvimento (PGAD) pela Faculdade de Ciências e Engenharia (FCE) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Tupã, com bolsa fomentada parcialmente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e parcialmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Bacharel em Administração pela mesma instituição. Atualmente realiza pesquisa sobre o impacto das mudanças climáticas na produção de ovos de poedeiras. Membro do grupo de pesquisa do CNPq: Instalações, Ambiência e Bem-estar Animal (BAIA). Realizou Iniciação Científica com bolsa fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) com pesquisa na área de bioenergia através de cana de açúcar. Também realizou Iniciação Científica com bolsa fomentada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com pesquisa experimental na área de irrigação com água tratada magneticamente na cultura do tomate. Técnico em Informática pela Escola Técnica Estadual Professor Massuyuki Kawano (ETEC - Centro Paula Souza), Tupã - SP.
Daniel Teotonio do Nascimento
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Doutorando em Administração pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Mestre em Administração pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Servidor Federal, Cargo Administrador, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).
Daniela Farinon
Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO
Denise Cristina de Oliveira Nascimento
Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal Fluminense (2002), mestrado em Engenharia de Produção (2006) e Doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais (2009) pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Professora do Departamento de Administração da Universidade Federal Fluminense em Macaé/RJ e Professora Colaboradora dos Cursos de Mestrado em Engenharia de Produção, Mestrado Profissional em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional e do Programa de Doutorado em Planejamento Regional e Gestão da Cidade da UCAM.
Edison Luiz Leismann
Realizou Pós-Doutorado em Administração pela UFPE (2009). Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (2002). Mestre em Administração/Finanças de Empresas pela Universidade Federal da Paraíba (1996). Especialista em Marketing pela Unioeste (1994). Realizou MBA em Contabilidade Pública. Bacharel em Administração. Bacharel em Ciências Contábeis. É professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, atua na graduação no curso de Administração, na pós graduação e no PPGA-Programa de Pós Graduação em Administração (Mestrado Profissional)/UNIOESTE. Avaliador Institucional e de Cursos (Bacharelados e Cursos Superiores de Tecnologia) do MEC-SINAES/INEP. Avaliador de Cursos da SETI-Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Estado do Paraná.
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Fernando Franco Netto
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense - UFF (1983), mestrado em História Econômica pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2000) e doutorado em História pela Universidade Federal do Paraná (2005). Atualmente é professor Associado na Universidade Estadual do Centro-Oeste. Experiência na área acadêmica e na pesquisa com temas voltados para Economia, História Econômica e Escravidão. Consultor na área de planejamento, finanças empresariais e inovação e do SEBRAE-PR, com diversos trabalhos técnicos desenvolvidos nessas áreas. Pós Doutor em Desenvolvimento Econômico - UFPR. Professor dos Programas de Pós-Graduação em História e Administração da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Consultor do CAA na área de Ciências Sociais Aplicadas da Fundação Araucária.
Flávio de São Pedro Filho
Pós-Doutorando em Gestão e Economia na Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã, Portugal (2016), com o Projeto intitulado Estratégia de gestão para inovação e sustentabilidade. É Doutor em Administração (2010), pela Universidade de São Paulo (USP), conforme Apostila de revalidação de título. Doutor em Gestão de Empresas (2009), laureado Magna cum Laude pela Universidad Autónoma de Asunción (UAA). É Mestre em Engenharia de Produção (2004), na área de Gestão de Negócio, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Administrador graduado pela EAUFBA. Professor de Inovação e Sustentabilidade no PPGMAD/UNIR. Pesquisador na Universidade Federal de Rondônia. Coordena o Grupo de Pesquisa em Gestão da Inovação e Tecnologia (GEITEC).
Ieda Kanashiro Makiya
Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas. Líder de Grupo de Pesquisa SB-LAB - Sustainable Business Laboratory / Laboratório de Negócios Sustentáveis na base CNPq. Ênfase nos seguintes temas: Qualidade & Produtividade, Sustentabilidade, Agronegócio, Economia Criativa, Indústria 4.0. , Smart Cities. Possui Pós-Doutorado pelo Climate Change Laboratory - Agricultural and Biological Engineering - University of Florida (2014). Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT (2004-2005-2006). Doutorado em Engenharia de Produção, EPUSP (2002). Mestrado FEA-UNICAMP (1996). Graduação UNESP (1989)
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Ivan Carlos Ferreira
Discente do último ano do curso de graduação em Administração na Universidade Federal de Rondônia. É sargento da Aeronáutica, com especialidade em mecânica de aeronaves.
Jamila El Tugoz
Graduada em Administração pela Universidade Paranaense (2009), Especialista em Gestão Estratégica de Finanças pela Universidade Paranaense (2011) e Mestre em Administração pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE (2015). Atualmente é Servidora Pública Estadual atuando no Administrativo do Colégio Estadual Dario Vellozo. Também atua como Docente do curso de Administração da Universidade Paranaense UNIPAR. Autora de artigos científicos publicados em periódicos classificadas pela CAPES. Membro do GPSA - Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade no Agronegócio. Com experiência na área de Administração, com ênfase em Administração.
Jovani Taveira de Souza
Mestre em Engenharia de Produção (2017) e especialista em Engenharia de Produção (2014), pela UTFPR - Campus Ponta Grossa. Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2013).
Kelsen Arcângelo Ferreira e Silva
Doutorando em Educação pela UFPI (2014 - 2017); Mestrado em Administração pela UNIFOR (2009); MBA em Gestão Empresarial pela FGV-RJ (2006); Especialização em Gestão de Recursos Humanos pela UECE (2005); Graduação em Administração pela FSA (2006); Graduação em Ciências Contábeis pela UESPI (2006); Graduação em Gestão Empresarial pelo IFPI (2003).
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Kerla Mattiello
Doutoranda em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP - 2013/2017), Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2008), Especialização em Gerenciamento de Micro e Pequenas empresas pela Universidade Federal de Lavras (2005), Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2002). Professora do Curso de Ciências Contábeis na Universidade Estadual de Maringá.
Lauro César Rocha Guimarães
Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense (2014)
Leonor Venson de Souza
Mestre em Administração (UNIOESTE, Cascavel-PR). Contadora, Empresária, Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC.
Loreni Teresinha Brandalise
Doutora em Engenharia de Produção pela UFSC. Docente e coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Administração da Unioeste - campus de Cascavel-PR. Autora de livros sobre sustentabilidade e temas inerentes à gestão empresarial. Atua como consultora empresarial nos temas referentes à gestão socioambiental, sustentabilidade, agricultura familiar, administração de materiais, logística e cadeia de suprimentos.Vice Líder do Grupo de Pesquisa Sustentabilidade no Agronegócio (GPSA). Editora chefe da Revista Ciências Sociais em Perspectiva.
Luana Ferreira Pires
Graduada em Administração (2015) e mestranda do Programa de Pós-graduação em Agronegócio e Desenvolvimento, pela Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
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(UNESP). Atualmente é participante do Grupo de Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (PGEA). da Rede de Educação Ambiental da Alta Paulista (REAP) e membro da Comissão de Ética Ambiental da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). As principais áreas de interesse são: administração, gestão ambiental e indicadores de sustentabilidade com ênfase na pegada ecológica e pegada hídrica.
Lucivone Maria Peres De Castelo Branco
Professora e Coordenadora do curso de Administração do centro Universitário UniCerrado; Mestre em Sociedade e Tecnologia e Ambiente, pela UniEvangélica, em 2013; Mestre em Gestão de Empresas , pela UAA em 2009; Especialista em Gestão Empresarial e Negócios, pela FAFICH dem 2001; Graduação em Administraçã, pela FAFICH, e 2000.
Mara Águida Porfírio Moura
Doutoranda de Políticas Públicas na Universidade Federal do Piauí - UFPI, Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí - UFPI - TROPEN, Especialista em Finança em Empresas pelo IEMP / ICF, Graduada em Administração com Habilitação em Marketing pelo ICF. Professora Assistente I - DE do Curso de Administração da Universidade Federal do Piauí - UFPI/ Campus de Parnaíba. Atualmente, desenvolve pesquisa na área de gestão do ensino superior, políticas e programas do ensino superior.
Marguit Neumann
Doutora em Economia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre/RS, Brasil e em Sciences Economiques pela Universidade de Grenoble/França. Mestre em Desenvolvimento pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Ijuí/ RS, Brasil. Pós-graduada em Contabilidade Gerencial pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Ijuí/RS, Brasil. Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Ijuí/ RS, Brasil.
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Maria Salete Waltrick
Doutora em Administração pela Universidade Nacional da Argentina, título revalidado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Gestão Empresarial e Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Estratégia de Recursos Humanos pela Universidade Tuiutí do Paraná. Graduada em Administração pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Docente em cursos de graduação e pós graduação. Coordenadora do Curso de Administração da Faculdade UNOPAR /Kroton Educacional - Unidade Ponta Grossa, Paraná.
Mariana Rodrigues de Souza Eller
Consultora em Sistemas Integrados de Gestão – Qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (ISO 14001), Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS 18001). Auditora Líder em Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001. Especialista em Gestão da Qualidade Integrada ao Meio Ambiente pela PUC Minas e em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela UFMG. Instrutora na Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT dos cursos de Gestão da Qualidade. Professora em cursos de especialização e MBA em Gestão da Qualidade na PUC Minas e no UniBH.
Marli Kuasoski
Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2010). Especialista em Controladoria e Finanças pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2012). Mestra em Desenvolvimento Comunitário pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2016).
Moisés Alexandre Lustosa da Silva
Possui graduação em Análise de Sistemas (2002) pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Pós-Graduação em Matemática Aplicada (2007) e Administração Pública no Ensino Superior (2013), ambos pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Mestrado Profissional em Administração pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Atualmente é servidor público estatutário, na função de Técnico em Informática, na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO) em Guarapuava-PR.
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Nelson Malta Callegari
Atualmente é aluno externo do Programa de Doutorado em Engenharia da Produção da Universidade Federal Tecnologica do Paraná - UTFPR. Mestre em Engenharia de Produção e especialista em Engenharia de Produção na Linha de Pesquisa;Conhecimento e Inovação" também pela UTFPR. Graduado em Administração com habilitação em Marketing pela Sociedade Educacional Santa Amélia - Secal . Atualmente é professor do curso de Administração, Agronomia e Engenharia da Produção da Universidade UNOPAR, atuando também como professor de pós-graduação lato sensu. Foi Coordenador da União Empresa Junior pela Faculdade União de 2010 a 2014, bem como coordenador Regional pela GERAR do Programa Aprendiz Legal da Fundação Roberto Marinho de fevereiro de 2012 a setembro de 2014. Também possui vasta experiência na área empresarial e comercial atuando com representações e vendas deste 1987. Consultor de Empresas na criação, gestão e desenvolvimento de processos. Integrante do grupo gestor do Congresso Internacional de Administração (ADM) desde 2011 e do Congresso Latino Americano de Administração e Negócios.
Neuza Corte de Oliveira
Doutoranda em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP), São Paulo/SP, Brasil. Mestre em Administração e Gestão de Negócios pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina/PR, Brasil. Pós-graduada em Contabilidade Gerencial e Auditoria pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR, Brasil. Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá/PR, Brasil.
Paulo Maurício Tavares Siqueira
Professor Adjunto do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal Fluminense-UFF. Professor do curso de Ciências Atuariais da UFF. Coordenador do Projeto Oficina de Práticas Contábeis do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFF. Membro da Comissão da Câmara Técnica de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão-PROEX para avaliar as Ações de Extensão. Doctor en Humanidades y Artes con mención en Ciencias de la Educación pela Universidad Nacional de Rosário (2016). Especialização MBA Controladoria e Finanças pela
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Universidade Federal Fluminense (2003). Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Santa Úrsula (1982).
Paulo Sérgio Jordani
Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (1997), Especialização em Gestão Estratégica de Negócios (2000), Especialista em Gestão de Pessoas (2001) pela UNOCHAPECÓ. Mestrado em Administração pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2002). Atualmente é professor titular da Universidade Comunitária Regional de Chapecó. Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Sistemas e Sub Sistemas de Recursos Humanos, Comportamento Humano, Liderança e gestão de Equipes, atuando principalmente nos seguintes temas: comportamento organizacional, qualidade de vida no trabalho, liderança e gestão de equipes e sistemas de remuneração. Delegado da Seccional Oeste de SC do CRA/SC.
Plínio Ribeiro de Souza
Mestre em Gestão Pública e Técnico em Assuntos Educacionais na Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como supervisor de contratos de agencias de seguro e tem experiência em processos de seleção e recrutamento.
Rafael Clivati Justus
Graduado em Administração de Empresas, Técnico em Segurança do Trabalho (CEPET). Carreira desenvolvida na área de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Medicina do Trabalho, com experiência na identificação de variáveis para controle de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, realização de ações educativas e desenvolvimento de campanhas de prevenção de acidentes, atuando com foco na garantia da saúde e bem-estar dos colaboradores. Experiência em planejamento, implantação e gerenciamento de todos os procedimentos de Segurança do Trabalho, englobando definição de normatizações, adequação de procedimentos e regras de acordo com a legislação brasileira, treinamentos, auditorias internas e externas (Equipamentos/ferramentas e Ambiente de trabalho) e higiene ocupacional.
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Renata Coradini Bianchi
Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Maria (1997) e mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria (2002). Atualmente é professor assitente do Centro Universitário Franciscano. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Planejamento, Projeto e Controle de Sistemas de Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão, logística, competitividade, processo e agronegócio.
Ricardo Luiz Machado
Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia de Produção e Sistemas da PUC Goiás; Doutor em Engenharia de Produção, pela UFSC, em 2003; Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas, pela UFSC, em 1997; Engenheiro Civil, formado pela UFG, em 1993.
Roberto Rivelino Martins Ribeiro
Doutor em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP (2017); Mestre em Contabilidade pela UFPR (2011), especialista em MBA - Gestão Empresarial pela UEM (2001), possui graduação pela UEM em Ciências Contábeis (1996), possui Formação Pedagógica pela UEM com Habilitação Em Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (2000). Atualmente é professor Assistente da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Contabilidade, atuando principalmente nas seguintes áreas: Contabilidade Geral, Custos, Ética Profissional, Metodologia e Iniciação à Pesquisa, Contabilidade Gerencial e Gestão Pública. Pesquisador naÁrea de Contabilidade Gerencial/Controladoria, Contabilidade Social/Ambiental, Contabilidade Pública e Gestão Pública.
Rodrigo Barichello
Graduado em Administração Empresarial (2008) e Pós-Graduado em Economia Empresarial pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó (2008). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria/UFSM (2010). Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC (2015). Professor Titular da Universidade Comunitária da Região de Chapecó-SC.(UNOCHAPECO).
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Professor Permanente do Programa de Mestrado em Contábeis e Administração - UNOCHAPECO. Coordenador Adjunto do curso de Administração - UNOCHAPECO. Tem experiência na área de Administração e Engenharia, com ênfase em Engenharia Econômica, Finanças e Gestão de Projetos. Participou do IX Programa de Jóvenes Líderes Iberoamericanos representando o Brasil na União Européia pela Fundación Carolina.
Ronaldo Miranda Pontes
Ronaldo Miranda Pontes é Doutor em Administração pela Univesidad Nacional de Misiones na Argentina, mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, graduado em ciências contábeis pela Fundação Educacional Machado Sobrinho. Atua como Professor de Pós Graduação na FGV Management, UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora - MG, Faculdade Metodista Granbery. É Diretor da EduWork Consultoria e Assessoria Educacional. Autor dos Livros: Gerenciamento de custos em Projetos. Editora FGV. Rio de Janeiro – 2014, Orçamento e Controle. Editora FGV. Rio de Janeiro - 2017. Avaliador do Ministério da Educação - MEC/INEP de Instituições de Educação Superior e Cursos de Graduação presencial e EAD. Possui experiência profissional na gerência e administração de empresas do setor têxtil e educacional, bem como consultorias à empresas através da www.eduwork.com.br
Roquemar de Lima Baldam
Doutorado em Engenharia de Produção. Tem experiência prática na implantação em organizações Privadas e Públicas, especialmente de grande porte, nas áreas de Pesquisa, Processos, Projetos, Gerenciamento Eletrônico de Informação, Gestão do Conhecimento, Ferramentas para racionalização do trabalho. Certificado PMP (Project Management Professional), CBPP (Certified Business Process Professional) e CDIA+ (Certified Document Imaging Architect+).
Sandra Mara Pedroso
Possui graduação em Licenciatura em Ciências Habilitação Matemática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1985), especialização em Ciências (1989) e mestrado em Mestrado em Educação(2004) pela mesma Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professor da Universidade Estadual
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de Ponta Grossa, atuando nas disciplinas de Estágio Supervisionado em Matemática, Instrumentação para o Ensino de Matemática I e III no curso de Licenciatura em Matemática e a disciplina de Fundamentos Metodológicos para o ensino de Matemática no curso de Pedagogia ; professor titular da Faculdade Educacional de Ponta grossa - Faculdade União, atuando na disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa para o curso de Administração; Metodologia da Pesquisa Científica e Metodologia Jurídica para o curso de Direito, Organização do Trabalho Científico para o curso de Tecnologia de Sistemas para a Internet e Trabalho de Conclusão de Curso para o curso de Sistemas e professor titular do Instituto de Educação Estadual Prof César Prieto Martinez, atuando com turmas do Ensino Fundamental e Médio na disciplina de Matemática. Ainda no ensino superior atuou como professor titular da Faculdade Sant'Ana, atuando nas disciplinas de Pesquisa Científica II e IV no curso de Bacharelado em Psicilogia, Fundamentos Metodológicos para o ensino de Matemática no curso de Pedagogia, Projetos para o curso de Secretariado Executivo Trilingue e Trabalho de Conclusão de Curso para o curso de Educação Física.
Sérgio Luís Dias Doliveira
Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (1988), graduação em Administração pelo Instituto de Estudos Sociais do Paraná (1996), mestrado em Gestão Estratégica de Organizações pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2002) e Doutorado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (2013). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual do Centro-Oeste, em cursos de Graduação, Especialização e no Mestrado em Desenvolvimento Comunitário.
Silvia Cristina Vieira
Mestre em Agronegócio e Desenvolvimento e especialista em Gestão de Agronegócios pela UNESP Câmpus de Tupã, graduada em Medicina Veterinária pela UNIMAR. Professora da UNIFAI - Centro Universitário Adamantina. Membro do grupo de Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (PGEA).
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Sônia Denize Clivati Justus
Graduada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Especialista em Educação Ambiental(UNINTER). MBA em Administração Hospitalar (UNOPAR).Capacitação de Dispensação de Medicamentos (USP). Farmacêutica Hospitalar na Sociedade Beneficiente São Camilo. Farmacêutica Hospitalar na Clínica Sabedotti-Alliar Medicina Diagnóstica -Serviços de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, com as atividades de Padronização de Materiais Médico Hospitalares e Medicamentos, Programa de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, Comissão de Controle de Infecção. Na Docência atuou como Professora na Faculdade Santana, nos cursos Técnicos em Farmácia e Técnico em Análises Clínicas.Membro Conselho Regional Farmácia Paraná Comissão Farmácia Hospitalar e Clínica Gestão 2017-2018.
Tanyra de Fátima Ferreira do Amaral
Bacharela em Gestão do Agronegócio pela Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA - UNICAMP). Como formação complementar, apresenta intercâmbio acadêmico em Gestão na Universidade de Lisboa (Portugal); Curso Geral de Propriedade Intelectual (WIPO); Extensão universitária em Tecnologia e Inclusão Social (UNICAMP); e Curso online de Empreendedorismo (Babson College). Possui trabalhos e projetos desenvolvidos na área de Gestão, com enfoque principal nos segmentos de Sustentabilidade, Inovação, Marketing e Cadeias de Suprimento. Artigos e trabalhos com sua participação envolvendo Sustentabilidade e/ou Inovação foram aprovados no Brasil (ADMPG) e no exterior ( CEPAL - Uruguai; e Triple Helix - Londres).
Thalmo Coelho de Paiva Junior
Professor Titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) e docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), é Doutor em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ'2003 (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Mestre em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela COPPE/UFRJ´1997 e Especialista em Educação Tecnológica pela UFES´1997 (Universidade Federal do Espírito Santo), bem como Especialista em Didática
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e Pedagogia pela UFES´1993. Graduou-se em Engenharia Metalúrgica pela UFF´1988 (Universidade Federal Fluminense).
Vanessa Alberton
Graduada em Turismo (2013) e Mestre em Desenvolvimento Comunitário (2016), ambos pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), campus Irati/PR. Atualmente pesquisa temas relacionados à áreas naturais, turismo de aventura e turismo rural.
Vanessa Somavilla
Técnico Administrativo no Centro Universitário Franciscano. Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional da UFSM (2015). Estagiária da Prefeitura Municipal de Santa Maria (2014). Graduada Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Franciscano (2013). Destaque acadêmico Bacharel em Administração (2013). Estagiária do Centro Universitário Franciscano (2013). Bolsista de pesquisa (PROBIC) pela UNIFRA (2013). Voluntária de projeto de extensão (PROBEX) pela UNIFRA (2012). Monitora da disciplina de Projeto Coletivo de Extensão pela UNIFRA (2012). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão da UNIFRA (2011). Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Setores Específicos.
Victor Miranda de Oliveira
Graduado em Administração e especialista em Gestão de Pessoas com ênfase em Psicologia Organizacional pela Faculdade Metodista Granbery. Atualmente cursa o Mestrado Acadêmico em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atuou como monitor das disciplinas Evolução do Pensamento Administrativo e Teoria Geral da Administração I e II e compôs o quadro de colaboradores da Granbery Consultoria Júnior, como Diretor de Recursos Humanos. Atualmente, atua como docente das disciplinas Inclusão Digital e Administração Doméstica e do Tempo na Faculdade Aberta da Melhor Idade (FaMIdade), sendo esta um projeto de extensão da Faculdade Metodista Granbery, bem como desenvolve atividades administrativas no setor de pós-graduação do Instituto Metodista Granbery. Ainda na Faculdade Metodista Granbery ministra temáticas para a graduação em Administração. Outras atividades docente são exercidas na Faculdade do
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Sudeste Mineiro (Facsum) e no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF).
Vilciane Verdi
Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO
Wesley Pereira da Silva
Mestre em Engenharia de Produção na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Campus Ponta Grossa. Especialista em Engenharia de Produção pelas Faculdades Integradas Espírito-santenses (FAESA) e Graduado em Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). Pertencente ao quadro de servidores do Ifes, no cargo de Analista de Tecnologia de Informação. Atua na Coordenadoria Geral de Sistemas de Informação da Reitoria do Ifes. Possui experiência nas áreas de sistemas de informação, gestão de processos de negócio, gestão de tecnologia de informação e docência - presencial e à distância.
William Fernando Bonfin dos Santos
Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2014). Atualmente trabalha na área de contabilidade no escritório Azevedo Miranda & Eduardo Ltda. Tem experiência na área de contabilidade societária.