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Sustentabilidade e responsabilidade social artigos brasileiros organizador José Henrique Porto SIlveira

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Darly Fernando Andrade

(organizador)

Sustentabilidade e Responsabilidade Social

Volume 3

1ª Edição

Belo Horizonte

Poisson

2017

Sustentabilidade e responsabilidade social

artigos brasileiros

organizadorJosé Henrique Porto SIlveira

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Darly Fernando Andrade

(organizador)

Sustentabilidade e Responsabilidade Social

Volume 3

1ª Edição

Belo Horizonte

Poisson

2017

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S587s

Sustentabilidade e Responsabilidade Social

volume 3/ Organizador José Henrique Porto Silveira - Belo Horizonte (MG :

Poisson, 2017 255 p.

Formato: PDF

ISBN: 978-85-93729-11-9 DOI: 10.5935/978-85-93729-11-9.2017B001

Modo de acesso: World Wide Web

Inclui bibliografia

1. Gestão. 2. Metodologia. I. Silveira, José

Henrique Porto Silveira. II. Título

CDD-658.8

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

[email protected]

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Apresentação

A concepção de sustentabilidade está associada à qualidade do que é sustentável, que

por sua vez está associado com a possibilidade de uma determinada atividade humana

prosseguir por um tempo indeterminado, portanto sustentabilidade e sustentável estão

vinculadas à possibilidade de continuidade das atividades humanas ao longo de um

tempo que transcende gerações e gerações. Na gênese desta concepção está também a

impossibilidade de estabelecer garantias de que a sustentabilidade vai se manifestar

na prática, isto porque a longo prazo ou na medida do tempo indeterminado, muitos

fatores são desconhecidos e imprevisíveis, sobretudo considerando também a

persistência de um modelo econômico muito focado na produção e no consumo,

ainda sem considerar limites.

Na nossa opinião, não se trata de uma concepção pessimista, até pelo contrário enseja

otimismo, especialmente quando podemos apresentar uma extensa coletânea de

estudos acadêmicos, individuais e de grupos, que de uma forma ou de outra ensejam a

sustentabilidade em uma ou mais de suas três principais dimensões: a econômica, a

social e a ambiental. Cada uma destas com muitas possibilidades que, no seu

conjunto, podem contribuir para ampliar a realização da sustentabilidade como

modelo de continuidade do planeta, por meio da compreensão e da aplicação do

desenvolvimento sustentável.

Neste sentido, compartilho com a opinião de alguns autores que afirmam que ao

falarmos de sustentabilidade, mais que atribuir um significado rígido a essa

expressão, buscar as conexões possíveis é muito mais relevante. E é isso que revela

os artigos aqui apresentados que incluem desde pensar modelos de manejo de água na

agricultura e na indústria, aproveitamento de resíduos industriais, uso mais

apropriado de fertilizantes na agricultura, até as mais diversas manifestações de

responsabilidade social.

Isto significa riqueza de possibilidades, significa introjeção da ideia de

sustentabilidade no ensino superior, isto significa começar a pensar de forma

sistêmica, onde tudo tem conexão com tudo, mas é preciso estar atento, seja qual for a

conexão estabelecida com a concepção de sustentabilidade, na medida em o

fundamental é que ela abra possibilidades que conduzam para a ação compromissada

em busca do bem comum, das pessoas, de todos seres vivos, da natureza, do planeta.

Essa oportunidade de leitura é fruto de esforços científicos de diversos autores,

devidamente referenciados ao final dessa publicação. Aos autores e aos leitores,

agradeço imensamente pela cordial parceria.

José Henrique Porto Silveira

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SUMÁRIOCapítulo 1 - Sustentabilidade organizacional: Desafio dos gestores frente às questões ambientais 06

Capítulo 2 - Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e viabilidade da reciclagem de radiografias 16

Capítulo 3 - Estudo da gestão da qualidade na produção de serviços de intermediação financeira 25

Capítulo 4 - Estratégias de desenvolvimento sustentável: um estudo na Universidade Estadual do Centro-Oeste 36

Capítulo 5 - A implantação do gerenciamento de processos de TIC sob a perspectiva dos colaboradores 49

Capítulo 6 - A relevância do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos projetos de extensão sediados na UNESP campus deTupã 58

Capítulo 7 - Nova abordagem no reconhecimento de receitas e despesas ambientais atendendo a legislação e evidenciando a sustentabilidade e imagem empresarial 69

Capítulo 8 - O programa nacional de alimentação escolar (PNAE) como instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável da agricultura familiar 80

Capítulo 9 - Impactos socioambientais no processo de extração e transporte da argila em indústrias de cerâmica vermelha 92

Capítulo 10 - A sustentabilidade da agricultura orgânica familiar: o caso dos associados à cooperativa de produtores orgânicos de Poema - PR 104

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Capítulo 11 - Terceiro setor e sustentabilidade: Projeto jovens rurais em movimento 115

Capítulo 12 - Programa de educação ambiental nos órgãos públicos do estado de Minas Gerais 125

Capítulo 13 - Logística reversa em uma cooperativa de catadores 136

Capítulo 14 - ABNT NBR 15401:2006 - Meios de Hospedagem - Sistema de gestão da sustentabilidade: análise crítica dos requisitos e os desafios da implantação e certificação 148

Capítulo 15 - Práticas de sustentabilidade: um estudo em organizações do setor farmacêutico 159

Capítulo 16 - Gestão de processos logísticos e importância social: Estudo de caso do banco de alimentos da Ceasa Campinas 170

Capítulo 17 - Responsabilidade social universitária: prática aplicada pelo Instituto Metodista Granbery na cidade de Juiz de Fora – MG 180

Capítulo 18 - Responsabilidade social empresarial: as ações realizadas e os fatores que motivam as empresas do Município de Ponta Grossa, Paraná 192

Capítulo 19 - Sustentabilidade: conscientização sobre educação ambiental com crianças em escolas públicas de Santa Maria - RS 202

Capítulo 20 - O empreendedorismo coletivo como fator de sucesso em arranjos produtivos locais: Um estudo de caso no APL de apicultura da cidade de Maranguape 211

Capítulo 21 - Gestão socioambiental: Estudo de caso em empresa alimentícia de grande porte no município de Itumbiara (GO) 221

Autores 236

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Capítulo 1SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL: DESAFIO DOS GESTORES

FRENTE ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS

Ana Carolina Pilatti de Paula

Maria Salete Waltrick

Sandra Mara Pedroso

Resumo: A humanidade passou por vários estágios evolutivos em suas organizações. Em meio a esta evolução sustentabilidade organizacional surge como um diferencial competitivo importante para a manutenção das empresas no mercado, haja vista, a necessidade percebida pelos gestores da inserção do tema na pauta diária de trabalho. No momento em que as atenções estão voltadas para a preocupação com a vida presente e futura no planeta, este artigo apresenta os princípios da evolução das organizações, as mudanças ocorridas e a obrigatoriedade do tema sustentabilidade nas estratégias das organizações. Para tanto realizou-se uma pesquisa básica, qualitativa, exploratória e bibliográfica. Ao fim do artigo considerou-se a sustentabilidade organizacional um caminho estratégico avançado com propriedade de conceder representatividade para as organizações na busca por um desenvolvimento sustentável.

Palavras Chave: Sustentabilidade, mudança, gestão

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho trata a Responsabilidade Social

Corporativa ou Sustentabilidade Empresarial como

a incorporação de aspectos sociais e ambientais na

definição da estratégia, na operação do negócio e nas

interações com stakeholders.

Desenvolvimento sustentável, embora seja um tema

bastante discutido em variadas instâncias ainda há

propósitos que não participam de um consenso entre

as organizações havendo a necessidade de viabilizar

tentativas sensibilizadoras à gestão.

O que se pretende neste artigo é evidenciar a

importância do tema sustentabilidade no dia a dia dos

gestores das organizações, e a obrigatoriedade do

tema nas estratégias das empresas que pretendam se

manter no mercado.

Por esse contexto, estabeleceu-se o presente com a

seguinte problemática: os gestores das organizações

estão engajados na sustentabilidade das organizações

que gerenciam?

Para tanto realizou-se uma pesquisa básica,

qualitativa, exploratória e bibliográfica. Foram

selecionadas considerações a respeito da evolução

das organizações, a evolução histórica do tema

sustentabilidade e desenvolvimento sustentável,

conceitos e definições.

2. A EVOLUÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

A humanidade vivenciou inicialmente a sociedade

agrícola, baseada na subsistência pela agricultura

e criação de animais, com processos produtivos

artesanais nem nehuma preocupação com o meio

ambiente.

Com a revolução industrial por volta de 1850, surge a

era industrial, com a descoberta da máquina a vapor

e da energia elétrica, que transformaria os processos

produtivos, entretanto, a sociedade não via nenhuma

agressão ao meio ambiente, e não imaginava a finitude

dos recursos naturais.

Na era clássica, que perdurou até 1950, as empresas

começaram a se estruturar e surgiram as primeiras

teorias com Taylor e Fayol, para tentar explicar a

evolução das organizações. Foram estabelecidos

princípios e regras para melhorar os processos

produtivos, porém, a humanidade ainda não havia

despertado para os problemas ambientais.

Entre de 1950 e 1990, surge com Peter Drucker a

era neoclássica que postulava a preocupação com

resultados e não mais com os processos (SILVA,

2008). Com a era neoclássica, ocorre uma transição do

modelo de gestão mecanicista para um modelo mais

orgânico. Todavia, a discussão sobre sustentabilidade

iniciou somente na década de 1970, com maior

efetividade.

Com o início da era do conhecimento, em 1990, a

internet democratiza as informações (CARVALHO,

2012). Com isso o mundo começou a descobrir a

escassez de recursos naturais e os impactos que o

modelo econômico causou no planeta.

A atuação do homem na busca de sobrevivência vem

historicamente afetando o meio ambiente. Por outro

lado, o conflito entre objetivos individuais e coletivos

sempre permeou a humanidade, e no universo

corporativo não é diferente.

As organizações passaram a sofrer pressão da

sociedade e dos governos para que prestassem

atenção aos impactos causados ao meio ambiente,

e os executivos tiveram que inserir as questões

ambientais em suas pautas de trabalho.

A partir disso, mudanças ocorreram e ações foram

desenvolvidas, entretanto, os gestores ainda seguem

com muitos desafios para o enfrentamento de

questões de sustentabilidade, ao mesmo tempo que,

são considerados protagonistas das transformações

necessárias para uma revolução ambiental.

Essa abordagem aponta os princípios da evolução

das organizações, as mudanças ocorridas e o

surgimento do tema sustentabilidade na pauta diária

das empresas. Esse ensaio tem o objetivo de versar

sobre o tema sustentabilidade organizacional, origem

e conceitos da sustentabilidade e os desafios dos

gestores frente aos novos tempos.

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3. SUSTENTABILIDADE

3.1. ORIGEM HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

O mundo corporativo tem um papel fundamental na

sociedade, seja para garantir a preservação do meio

ambiente, seja na definição da qualidade de vida de

seus colaboradores e comunidade.

Os tempos em que a empresa deveria responder

apenas aos seus acionistas, começou a mudar nos

Estados Unidos a partir da Segunda Guerra Mundial.

De lá para cá, diversas modificações aconteceram no

mundo corporativo nas questões de sustentabilidade.

Entende-se por sustentabilidade “o desenvovlvimento

que satisfaz as necessidades presentes, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de

suprir suas próprias necessidades” (WCDE, 1987) Já a

definição do termo sustentabilidade corporativa ainda

não é bem claro por este estar associado a termos

presentes no meio empresarial como responsabilidade

social, responsabilidade social corporativa ou

cidadania corporativa.

Os impactos causados no planeta tiveram sua

origem na explosão demográfica e se agravaram

devido a falta de conscientização e educação

ambiental. Os primeiros registros sobre o tema

desenvolvimento sustentável, surgiram na década de

1970, na Conferência de Estocolmo, onde foi criado

um documento chamado “Nosso Futuro Comum”. O

documento atentava para a necessidade de um novo

tipo de desenvolvimento econômico, capaz de manter

o progresso e garantir que as próximas gerações

tivessem suas necessidades atendidas.

Vale ressaltar que, sustentabilidade organizacional

é também cuidar de pessoas, não só respeitando a

legislação, mas promovendo práticas empresariais e

processos produtivos ecológicos, viabilizando uma

melhor qualidade de vida para todos.

Durante muitos anos o homem explorou

exaustivamente os recursos naturais visando satisfazer

suas necessidades. As empresas realizavam suas

atividades produtivas sem pensar nas condições

ambientais, esquecendo-se que os recursos naturais

eram finitos.

Muitas conquistas foram alcançadas com o aumento

da produção e o desenvolvimento de novas

tecnologias, entretanto, o custo foi desproporcional

ao benefício, visto que, a retirada irracional de matéria

prima, juntamente com o desperdício nos processos

produtivos e os resíduos gerados, causaram danos

irrevercíveis ao planeta.

Nesse contexto, ambientalistas e ONGs,

desenvolveram ações com o intuito de frear os danos

causados ao planeta, todavia, a sociedade ainda

absorvia lentamente a consciência da necessidade de

cuidar do meio ambiente (ALIGLERI, 2009). Por outro

lado, pesquisadores da área buscavam provar que

desenvolvimento econômico sustentável é possível,

e pode até mesmo gerar lucro para a empresa. Na

literatura pode-se encontrar obras com relatos sobre

práticas de sustentabilidade que geram receita e até

reduzem custos para as organizações.

Sustentabilidade passou a ser uma vantagem

competitiva, e os benefícios para as empresas

são concretos e quantificáveis. Willard (2014)

demonstra como aumentar a receita e reduzir custos

compráticas sustentáveis. Por essa razão, os gestores

tentam incoporar a sustentabilidade às estratégias

organizacionais.

Salvar o planeta e obter lucros empresariais

não são conceitos excludentes, afirma o autor,

sobre a necessidade das empresas melhorarem

sua performance. Fazer a empresa lucrar com

sustentabilidade é um apelo utilizado, com o objetivo

de chamar a atenção dos gestores das organizações,

para a possibilidade de gerar receitas através de

práticas de sustentabilidade. O modelo econômico

vigente se mostrou insustentável e a continuidade da

vida no planeta está ameaçada.

Uma grande iniciativa foi a criação do ISE (Índice de

Sustentabilidade Empresarial), o qual é um ranking

da Bolsa de Valores, para tornar a organização

socialmente responsável e mais atraente para os

investidores. Porém, o progresso das atividades em

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prol da sustentabilidade ainda se mostra lento, haja

vista que os interesses econômicos globais, ainda

prevalecem sobre os sociais e ambientais.

Segundo Willard (2014), fazer negócios inteligentes

é incorporar sustentabilidade nas estratégias

e operações. A ideia de que ser uma empresa

sustentável prejudica os negócios, está aos poucos

sendo desconsiderada. Nesse contexto, as empresas

buscam soluções para melhorar sua imagem na

mídia, criando formas e ferramentas para agredir o

menos possível a natureza, e os executivos são os

protagonistas dessas ações.

A questão ambiental é ampla e profunda para ser tratada

apenas como instrumento de obtenção de lucros e

melhoria de imagem da empresa. Por outro lado, as

certificações, criadas para que as empresas ajustem

seus processos produtivos e práticas administrativas,

buscando reduzir ou eliminar impactos ao planeta, ISO

9000 e ISO 14000, são iniciativas importantes, que

obrigam as organizações a seguirem normas, para

alcançar tais certificações ambientais.

3.2. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE

Apesar de a literatura apresentar diversos conceitos

em torno do tema sustentabilidade e desenvolvimento

sustentável, o conceito mais utilizado, conhecido e

proposto pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento, no documento Nosso Futuro

Comum ou, como é conhecido, Relatório Brundtland, é

o processo que “satisfaz as necessidades presentes,

sem comprometer a capacidade das gerações futuras

de suprir suas próprias necessidades”. O relatório

aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento

sustentável, processos produtivos e consumo. Esse

modelo não sugere a estagnação do crescimento

econômico, mas sim a conciliação com as questões

ambientais e sociais.

Outro documento, a Agenda 21 reúne premissas e

recomendações sobre como as nações devem agir em

favor de modelos sustentáveis, o relatório tece críticas

ao atual modelo de desenvolvimento econômico,

despertando a necessidade de vários países iniciarem

seus programas de sustentabilidade. (BRASIL, 2009).

Por outro lado, a Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais

popularmente conhecida como a Rio-92, apresentou

cinco textos com diretrizes para as organizações, a

saber: “Declaração de princípios da Conferência”,

“Declaração sobre florestas”, “Convenção-quadro

sobre alterações climáticas”, “Convenção sobre

biodiversidade” e “Agenda-21”. (MILANI, 1998).

A organização da Nações Unidas (ONU), incorporou

a política ao debate sobre a relação ambiente e

economia, principalmente, nas conferências Rio 92,

Protocolo de Quioto e Rio + 10, inserindo de forma

definitiva a agenda ambiental e a busca de soluções

das questões ambientais na pauta diária dos gestores.

Segundo o Centro de Estudos em Sustentabilidade

da Fundação Getúlio Vargas (FGV - CES, 2008, p.1)

o uso do termo sustentabilidade está vinculado a

necessidades sociais.

Esta necessidade deriva da percepção

de que sociedade não mais aceita

que externalidades negativas sejam

lançadas sobre ela impunemente. Este

cenário mais complexo aponta para

a inevitabilidade da integração de

princípios de sustentabilidade na espinha

dorsal das estratégias de negócio das

companhias. (FGVCES, 2008, p.1)

O conceito de desenvolvimento sustentável trata de um

novo olhar sobre a maneira da sociedade se relacionar

com o ambiente, garantindo a continuidade da vida no

planeta indefinidamente.

O desenvolvimento da sociedade sempre esteve

atrelado aos riscos ambientais, em decorrência

principalmente dos resíduos gerados pelo consumo

das pessoas e pelos processos produtivos das

empresas. Muitos autores divergem sobre o conceito

de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável,

encontram-se na literatura até mesmo opiniões

extremas de que não existe desenvolvimento com

sustentabilidade, que um conceito exclui o outro.

Diante de polêmicas e discussões, a unanimidade é

que a sustentabilidade é pauta diária e obrigatória das

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organizações na atualidade. O progresso econômico

não deve afetar o planeta de forma que inviabilize a

vida das próximas gerações.

Buscar o equilíbrio entre o que é socialmente desejável,

economicamente viável e ecologicamente correto, é o

desafio dos gestores das organizações, entretanto,

esse equilíbrio parece depender da parceria entre

comunidade, empresas e governos.

Uma atividade organizacional orientada pelo

desenvolvimento sustentável é capaz de produzir

lucros, ser socialmente justa e ambientalmente correta.

(VIZEU, MENEGHETTI, SEIFERT 2012). Segundo

Altenfelder (2004), o desenvolvimento sustentável

deve gerar melhoria nos indicadores sociais, além da

preservação ambiental. Promover o bem estar social

pode agregar valor para as empresas, ter o suficiente

para todos, em todos os lugares e para sempre, é uma

das definições de desenvolvimento sustentável.

A inserção de valores associados à preservação do

meio ambiente e do desenvolvimento sustentável

pode desenvolver nas empresas uma cultura

organizacional voltada para a busca de uma sociedade

mais consciente de suas reponsabilidades perante as

questões ambientais.

O conceito atual de desenvolvimento sustentável

originado da Cúpula Mundial de 2002, envolve a

definição mais concreta do objetivo de desenvolvimento

atual, que prega a melhoria da qualidade de vida das

pessoas, ao mesmo tempo que coloca o limite que o

desenvolvimento econômico vigente, pode comportar-

se como prejudicial as gerações futuras.

O desenvolvimento sustentável procura a melhoria da

qualidade de vida de todos sem aumentar o uso de

recursos naturais além da capacidade da Terra.

Nesse novo cenário, a imposição de padrões

ambientais, obriga as empresas a adotarem práticas

que reduzam ao máximo os danos causados no

processo produtivo. No novo contexto, há um clamor

de consumidores e da mídia, para que as empresas

sejam socialmente responsáveis, todavia, pesquisa

do Instituto Acatu de 2013, relata que somente 8%

da população do Brasil acredita nas informações

das ações de responsabilidade social das empresas,

divulgadas em seus balanços sociais. As exigências do

mercado, a pressão da sociedade, juntamente com a

regulamentação ambiental são aspectos motivadores,

para que as empresas empenhem seus esforços

incluindo questões ambientais em seus modelos de

gestão.

3.3. RESPONSABILIDADE SOCIAL E O DESAFIO

DOS GESTORES

A empresa que pretende atuar com responsabilidade

social, ser sustentável econômica, social e

ecologicamente, precisa contar com executivos e

profissionais que incorporem processos produtivos

inovadores com decisões estratégicas voltadas para

a sustentabilidade.

As empresas representam o motor do desenvolvimento

econômico, são agentes transformadores que

exercem influência sobre a sociedade, e poderiam ser

exemplo de desenvolvimento sustentável. Para tanto, é

necessário que tenham em sua missão, visão e valores,

em seu DNA, uma forma de gestão que incorpore as

questões ambientais. Neste sentido, podem criar

projetos, envolvendo seus funcionários, dependentes

e comunidade.

Organizações socialmente responsáveis devem

gerar valor para quem está próximo, enquanto

conquistam resultados melhores para si próprias.

A responsabilidade social deixou de ser uma opção

para as empresas, e passou a ser uma estratégia de

sobrevivência.

Vassallo (2000), menciona que não existe uma fórmula

geral de responsabilidade social quando se trata de

negócios. Propõe alguns passos básicos que podem

ajudar muito na implantação de uma estratégia de boa

cidadania corporativa. De acordo com os documentos

faz-se necessário que,

desenvolva uma missão, uma visão e um

conjunto de valores a serem seguidos,

para que a responsabilidade social seja

uma parte integrante de cada processo

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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decisório, é preciso que ela faça parte

do DNA da companhia – seu quadro

de missões, visões e valores. Isso leva

a um comprometimento explícito das

lideranças e dos funcionários com

questões como ética nos negócios

e respeito a acionistas, clientes,

fornecedores, comunidades e meio

ambiente.

coloque seus valores em prática –

é básico. De nada adianta ter um

maravilhoso quadro de valores na parede

do escritório se eles não são exercitados

e praticados a cada decisão tomada.

promova a gestão executiva responsável

– esse é um exercício diário e permanente.

É preciso fazer com que cada executivo

leve em consideração os interesses dos

seus partícipes antes de tomar qualquer

decisão estratégica. comunique, eduque

e treine – as pessoas só conseguirão

colocar valores de cidadania corporativa

em prática se os conhecerem e souberem

como aplicálos no dia-a-dia.

publique balanços sociais e ambientais

– elaborados por especialistas e

auditores externos, eles garantem

uma visão crítica de como acionistas,

funcionários, organizações comunitárias

e ambientalistas enxergam a atuação da

empresa.

use sua influência de forma positiva – o

mundo corporativo é formado por uma

grande rede de relacionamentos. Use os

valores cidadãos de sua empresa para

influenciar a atuação de fornecedores,

clientes e companhias do mesmo setor.

Para o Livro Verde (2001) a responsabilidade social

das empresas é, essencialmente, um conceito

segundo o qual as empresas decidem, numa base

voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa

e para um ambiente mais limpo. A empresa pode ser

considerada socialmente responsável quando vai

além da obrigação de respeitar as leis, contribuindo

para a construção de uma sociedade mais justa.

Diante disto, os executivos, neste novo papel, tornam-

se protagonistas das mudanças nas áreas ambiental,

econômica e social, através de práticas empresariais

sustentáveis, incorporando novos valores, engajados

na ideia de desenvolvimento sustentável e preservação

do meio ambiente. Neste novo paradigma, Almeida

(2002) diz que a ideia é de integração e interação,

propondo uma nova maneira de olhar e transformar

o mundo, baseada no diálogo entre saberes e

conhecimentos diversos.

Para Savitz, apud Aligleri (2007), responsabilidade

social pode ser conceituada como “aquela que gera

lucro para o acionista, ao mesmo tempo em que

protege o meio ambiente e melhora a qualidade

de vida das pessoas com que mantém relações”. A

gestão responsável busca o equilíbrio nas relações

econômicas, sociais e ambientais das empresas com

seus stakeholders.

A responsabilidade social das organizações, é um

conceito novo e ganha adeptos gradativamente no

mundo empresarial, seja por força de legislação, ou

por pressão da sociedade. Praticar responsabilidade

social requer um compromisso mais amplo do que

simplesmente cuidar do meio ambiente. Consiste

em diminuir a exclusão social, gerando emprego e

renda, entretanto, as ações das empresas repercutem

sobre a sociedade em geral, e ao planeta como um

todo, com isso os gestores na atualidade, devem

desenvolver a capacidade e sensibilidade de analisar

as mutações socioambientais, ou seja, ser um gestor

mais consciente, passando de um modelo mecanicista,

para um mais sistêmico e abrangente. Significa uma

quebra de paradigma dos modelos tradicionais de

gestão.

A visão clássica de desenvolvimento, baseada apenas

no crescimento econômico, não considera os riscos

de esgotamento dos recursos naturais e a degradação

do meio ambiente. O modelo de negócio baseado

no extrair, fazer e descartar, está inviabilizando a

vida futura, e promovendo mudanças climáticas que

comprometem a vida presente.

O novo contexto mundial obriga as organizações a

adotarem modelos de gestão mais sustentáveis, A

responsabilidade social surgiu como uma ferramenta

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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prática para que as empresas divulguem suas

ações em busca da sustentabilidade, contribuindo

para melhorar a imagem organizacional perante a

sociedade. Porém,

apesar das mudanças no sistema

econômico e empresarial, ainda

prevalecem concepções pouco efetivas

das organizações que consideram

unicamente e seu micro ambiente

(SANTOS et al., 2000)

A gestão que inclui sustentabilidade, depende

de pessoas que quebrem paradigmas, e estejam

dispostas a assumir riscos. Por outro lado, a cultura

da sustentabilidade não pode ser uma imposição,

os gestores precisam acreditar que são agentes de

transformação, que possuem poder para promover

mudanças. Complementando.

A sociedade clama por lideranças que

tenham a capacidade do olhar acima e

além da sua experiência setorial, dos seus

interesses pessoais, dos seus interesses

corporativos ou organizacionais e que

consigam ser catalisadores de uma

corrente que tenha a ousadia da inovação

e de criar o novo, porque sem o novo não

haverá sobrevivência possível no planeta

(YOUNG, 2008.p.15)

A visão econômica contemporânea ainda está em

construção. O foco no equilíbrio e responsabilidade

social promove uma inversão de prioridades nas

organizações, muda a forma de gestão e leva em

consideração os impactos e danos causados ao longo

do tempo pelas ações dos processos produtivos das

empresas.

A adoção de um pensamento sistêmico permite que

a empresa seja socialmente responsável, visto que

as questões ambientais permeiam a empresa de

modo abrangente. Ser uma empresa socialmente

responsável, é optar por políticas de responsabilidade

social em seu planejamento estratégico, é buscar

processos produtivos mais limpos, é cuidar do

descarte de resíduos através da logística reversa, é

ter programas educacionais de conscientização da

população para o consumo consciente, é tratar os

funcionários sem preconceitos de gênero, cor, religião,

enfim, são muitas as iniciativas para que a empresa

possa ser considerada socialmente responsável.

A legislação já possui algumas obrigações que as

empresas necessitam cumprir. Uma delas é a Politica

Nacional de Resíduos Sólidos, lei que entrou em vigor

em 2014, a qual define as diretrizes relativas a gestão e

ao gerenciamento de resíduos, já que o lixo atualmente

é um dos maiores problemas da humanidade.

Segundo Drucker (2012), “se os gestores de nossas

maiores instituições, especialmente das empresas,

não assumirem responsabilidade pelo bem comum,

ninguém mais poderá fazê-lo nem o fará”. O

papel do gestor, frente aos desafios ambientais é

fundamental no enfrentamento das alternativas para

continuar crescendo e obtendo lucros, conduzindo as

empresas para que sejam socialmente responsáveis.

É necessário que o gestor dos novos tempos tente

encontrar um equilíbrio entre a busca de lucros e à

busca do bem comum.

3.4. ECOEFICIÊNCIA

O aumento das necessidades da sociedade gerou um

crescimento nas atividades econômicas e produtivas.

As empresas são elos essenciais no equilíbrio do

meio ambiente na busca de soluções das questões

ambientais. Muitas organizações já estão mudando

as estratégias de controle para as de prevenção de

gerenciamento ambiental. Dentro desse novo contexto

de gestão, aspectos ambientais ganharam uma

proporção significativa para que as empresas possam

cumprir um dos seus propósitos de existência, a

perenidade. Uma forma atual e pragmática de

efetivar a sustentabilidade empresarial é através da

ecoeficiência.

Na década de 1990 o termo ecoeficiência começou

a ser inserido quando indústrias de 20 setores se

organizaram e criaram a Agenda 21 no setor privado.

Deste momento em diante este se tornou uma filosofia

de gerenciamento em busca da sustentabilidade.

Segundo o World Business Council for Sustainable

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

13

Development, associação mundial com cerca de 200

empresas que tratam exclusivamente de negócios e

desenvolvimento sustentável, ecoeficiência é

a entrega de bens e serviços com

preços competitivos que satisfazem

as necessidades humanas e trazem

qualidade de vida, progressivamente

reduzindo impactos ambientais dos bens

e serviços através de todo o ciclo de

vida para um nível, no mínimo, em linha

com a capacidade estimada da terra em

suportar . (WBCSD, 2007)

Tal conceito define uma visão de uso mais eficiente

de materiais e energia, que reduz os impactos

ambientais, combinadas com desempenho econômico

e ambiental, ou seja, produzir mais com menos.

No mesmo relatório, fazem-se presentes os elementos

básicos das práticas das empresas que operam de

acordo com o conceito de ecoeficiência. São eles:

•redução da intensidade de material utilizado nos

bens e serviços;

•redução da intensidade de energia utilizada nos

bens e serviçoes;

•redução da dispersão de qualquer tipo de material

tóxico;

•apoio à reciclagem;

•maximização do uso sustentável dos recursos

naturais;

•extensão da durabilidade dos produtos;

•aumento do nível de bens e serviços.

A tendência mundial da ecoeficiência atingiu o

Brasil em 1997, e o Conselho Empresarial para o

Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, representante

no Brasil da rede do World Business Council for

Sustainable Development, que conceitua ecoeficiência

como um estilo gerencial que busca produzir mais com

menos insumos e menos poluição, mantendo preços

competitivos, almejando a qualidade de vida da

sociedade e a capacidade de sustentação do planeta.

Conceito que evidencia a importância da ecoeficiência

nas políticas de desenvolvimento sustentável. Todavia,

para que o setor empresarial brasileiro incorpore a

cultura da ecoeficiência, a sociedade precisa exercer

pressão, procurando consumir produtos de empresas

que se preocupam com a preservação do planeta.

Sendo assim,

(...) cabe às empresas, de qualquer

porte, mobilizar sua capa cidade de

empreender e de criar para descobrir

novas formas de produzir bens e

serviços que gerem mais qualidade

de vida para mais gente, com menos

quantidade de recursos naturais. (...)

A inovação, no caso, não é apenas

tecnológica, mas também econômica,

social, institucional e política (...)

(ALMEIDA, 2002, p.82)

A ecoeficiência deve ser um posicionamento

estratégico, com metas definidas, com sistemas de

medição e auditorias, desenvolvendo novos processos

e produtos. Para o sucesso na busca da ecoeficiência

é fundamental o comprometimento e conscientização

dos gestores. Os ganhos das empresas que investem

em ecoeficiência, vão desde a redução de custos de

matéria prima, até vantagens com a melhoria da imagem

perante os consumidores e concorrentes. Investir em

ecoeficiência torna a empresa mais competitiva e

aumenta a conscientização da sociedade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

As empresas buscam incessantemente novas

ferramentas e práticas administrativas para aumentar

seu potencial competitivo e garantir sua permanência no

mercado. A ciência e a tecnologia fazem contribuições

valiosas para a evolução das organizações, entretanto

a compreensão e o entendimento dos aspectos

relacionados à manutenção da vida no planeta, nos

dias atuais, é fundamental para a sobrevivência das

empresas.

Observa-se que a humanidade passou por vários

estágios evolutivos das organizações, entretanto,

o que não muda é a busca pela perenidade das

empresas. Sustentabilidade organizacional surge

como um diferencial competitivo importante para a

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

14

manutenção das empresas no mercado.

Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda há

um longo caminho a percorrer, para se atingir um

equilíbrio entre o social, econômico e ambiental. É

importante destacar que a educação ambiental é

um fator relevante para conseguir a parceria entre a

comunidade, empresas e governo. Somente com essa

união de forças a revolução ambiental se consolidará,

e as próximas gerações terão um planeta melhor para

viver e suprir suas necessidades.

Um grande número de executivos já despertou para

a urgência das mudanças exigidas pela sociedade

em busca de uma gestão voltada para o equilíbrio

entre o desenvolvimento econômico e o sutentável,

entretanto, ainda adotam ações de responsabilidade

social desvinculadas das estratégias empresariais,

sem o comprometimento necessário para que as

ações façam parte das estratégias organizacionais.

Mudanças no sistema produtivo e no consumo

excessivo poderão a médio e a longo diminuir os

danos causados na natureza, porém, o momento pede

urgência nas decisões estratégicas das organizações,

na busca de melhores práticas de sustentabilidade.

Vários fatores dão surgimento aos problemas sociais,

não somente pelas ações das organizações, e sim, por

diversas disfunções da própria sociedade, entretanto,

não há como as organizações esquivarem-se da

responsabilidade social.

Os papel dos gestores frente a urgência no

enfrentamento dos danos causados no planeta, é

essencial para a mudança cultural necessária nas

organizações e na sociedade.

Todavia, mudança de cultura é um processo que

demanda tempo, por isso, quanto antes iniciar melhor

para todos.

Não se trata apenas de cuidar do meio ambiente,

sustentabilidade organizacional é todo um contexto

de boas práticas para melhorar a qualidade de vida

de funcionários e comunidade, é privilegiar o bem

comum. É ter senso de urbanidade e um sentimento

de busca de continuidade.

Para que os executivos se conscientizem a

abordagem ideal é eliminar os impactos ambientais,

transformando-os em oportunidades de negócios, com

soluções inteligentes para diminuir os custos, visto que

a motivação do lucro ainda é o imperativo maior no

sistema econômico vigente.

As mudanças sociais permeiam as organizações, na

medida em que estas fazem parte da sociedade e

dela se beneficiam. Portanto, a revolução ambiental

necessária é responsabilidade das organizações.

Entretanto, só se obterá êxito quando houver uma

parceria com a comunidade e governo unindo esforços

dos stakeholders, com objetivos comuns em busca de

uma vida melhor para todos e para sempre.

Por fim, pode-se concluir que o assunto é emergente e

não se esgota nesse ensaio. Novas reflexões se fazem

necessárias. Diante do exposto, encerra-se este texto

com as palavras de Hazel Henderson (...) “de uma nova

consciência pode surgir à criação de um novo mundo,

mais justo e sustentável. Temos que nos reinventar,

reenquadrar as nossas percepções, remodelar as

nossas crenças e os nossos comportamentos, adubar

o nosso conhecimento, reestruturar.”

4. REFERÊNCIAS

[1] ALIGLERI, Lilian. Gestão socioambiental: responsabilidade e sustentabilidade do negócio. São Paulo: Atlas, 2009.

[2] ALMEIDA,F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

[3] BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. Cidades sustentáveis: subsídios à elaboração da agenda 21 brasileira. Brasília, DF: MMA/IBAMISER-REDEH, 2000. Disponível em:. Acesso em: 08 out. 2009

[4] ALTENFELFER, Ruy. Desenvolvimento sustentável. Gazeta Mercantil. Maio, 2004 CARVALHO, F.C.A. Gesão do conhecimento. São Paulo: Pearson, 2012.

[5] DRUCKER, Peter Ferdinand. Pessoas e desempenho. Rio de Janeiro:Elsevier,2012

[6] FGV - CES Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

15

[7] GURGEL, C. Administração elementos essenciais para a gestão das organizações. Sào Paulo. Atlas, 2014.

[8] HENDERSON Hazel. Disponível em: https://hazelhenderson.com. Acesso em: 23 maio 2015.

[9] LIVRO VERDE. Disponível em:http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/com/2001. Acesso em : 13 de maio 2015. MAXIMINIANO.A.C.A. Introdução Administração. São Paulo: Atlas, 2004.

[10] MILANI, Carlos. O meio ambiente e a regulação da ordem mundial. Contexto internacional, v. 20, n. 2, p. 303-347, jul./dez. 1998.

[11] SANTOS, et al. O valor das pequenas coisas: a difícil aprendizagem na prática da gestão ambiental por acadêmicos do curso de administração. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admi/pdf/enampad2000-act-362.pdf.Acesso em: 16 de maio 2015.

[12] SILVA, Reinaldo. Teoria da Administração. São Paulo: Pearson, 2008.

[13] VASSALLO, C. Um novo modelo de negócios. Guia de boa cidadania corporativa. Revista Exame. São Paul, n. 728, p.08-11, 2000.

[14] VIZEU, Fabio; MENEGHETTI, Francis Kanashiro; SEIFERT, Rene Eugenio. Por uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro , v. 10, n. 3, p. 569-583, Sept. 2012.Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512012000300007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 2 jun. 2015.

[15] WCED. World Comission on Environment and Development. Our Commom Future. Oxford and New York: Oxford University Press, 1987.

[16] WILLARD, Bob. Como fazer a empresa lucrar com sustentabilidade. São Paulo: Saraiva, 2014.

[17] WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT (WBCSD). Disponível em http://www.wbcsd.org. Acesso em: 4 out. 2007.

[18] YOUNG Ricardo. Novas lideranças para uma nova civilização. Revista Global da América latina.Disponível em : http//issuu.com/lalgarra/docs/revista_gfal_curitiba.Acesso em: 12 de maio de 2015.

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Capítulo 2GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE E

VIABILIDADE DA RECICLAGEM DE RADIOGRAFIAS

Bruno Aparecido Oliveira

Sônia Denize Clivati Justus

Jovani Taveira de Souza

Rafael Clivati Justus

Resumo: O objetivo na reciclagem e gerenciamento de resíduos de serviços de saúde é prevenir o risco à saúde e ao meio ambiente, por meio do correto gerenciamento dos resíduos, assim como reduzir o volume dos resíduos perigosos e a incidência de acidentes ocupacionais, além de gerar subsídios para uma política de resíduos de serviços de saúde. O objetivo deste artigo é abordar a questão da reciclagem de RSS de uma forma geral, mas com as chapas radiográficas em especial.

Palavras Chave: Reciclagem, resíduos, radiografia.

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1. INTRODUÇÃO

O gerenciamento de resíduos sólidos, segundo a

ANVISA, é o processo sustentável para lidar com os

lixos produzidos, incluindo a coleta, acondicionamento,

processamento e armazenamento, reciclagem,

transporte, tratamento e disposição final destes

resíduos. Considerando que os resíduos sólidos podem

veicular microrganismos causadores de doenças, os

seu gerenciamento deve contemplar as boas práticas

sanitárias em todas as etapas, visando à proteção da

saúde pública e do meio ambiente (ANVISA, 2006).

Com o objetivo de manter a qualidade no que se refere

ao tratamento de resíduos serviços da saúde (RSS),

várias técnicas foram criadas visando o tratamento

correto desses materiais. Levando-se em conta, que

esse resíduos são segundo Camargo; Motta; Lunelli;

Severo, (2009, p. 1) “de maneira geral, considerados

contaminantes, nocivos à saúde humana e agressivos

ao meio ambiente”.

Não bastasse o desafio dar o tratamento adequado ao

resíduos sólidos domiciliares,(GÜNTHER, 2008, p. 1)

os resíduos hospitalares, segundo Melo (2007, p. 10 –

11) “apesar de representarem uma pequena parcela,

em relação ao total de resíduos gerados em uma

comunidade, são fontes potenciais de propagação

de doenças e apresentam um risco adicional aos

trabalhadores dos serviços de saúde e a comunidade

em geral, quando gerenciados de forma inadequada”.

Além que o manuseio inadequado do RSS pode causar

infecções e doenças para aqueles que entrarem em

contato com esses materiais (MELO, 2007, p.11).

O tratamento correto desses resíduos requer

investimento e conscientização dos envolvidos com o

RSS (TRAMONTINI; REINEHR; PANDOLFO; MARTINS;

ARALDI, 2008, p. 2).

2. RESÍDUOS DE SERVIÇOS DA SAÚDE (RSS)

Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)

– ANVISA nº 306/04 e a Resolução do Conselho

Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 358/2005,

são definidos como geradores de RSS todos os

serviços relacionados com o atendimento à saúde

humana ou animal, inclusive os serviços de assistência

domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios

analíticos de produtos para a saúde; necrotérios,

funerárias e serviços em que se realizem atividades

de embalsamamento, serviços de medicina legal,

drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação,

estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da

saúde, centro de controle de zoonoses, distribuidores

de produtos farmacêuticos, importadores,

distribuidores produtores de materiais e controles para

diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à

saúde, serviços de acupuntura, serviços de tatuagem,

entre outros similares (MELO, 2007, p. 17).

No que se diz respeitos ao componentes químicos

destacam-se as substâncias ou preparados químicos,

como: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos,

genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos

sob pressão - gases, quimioterápicos, pesticidas,

solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de

laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias

para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos,

lubrificantes usados, etc (ANVISA, 2006, p, 30).

Os resíduos de serviços da saúde são classificados

em cinco grupos, sendo que o primeiro grupo possui

cinco sub-divisões, os quais são (ANVISA, 2006, p, 29;

SANEBAVI):

•Grupo A: Infectante. Esse material por suas

características de maior virulência ou concentração,

podem apresentar risco de infecção. Exemplos:

placas e lâminas de laboratório, carcaças,

peças anatômicas, tecidos, bolsas transfusionais

contendo sangue, dentre outras.

- Grupo A1: Culturas e estoques de microrganismos;

resíduos de fabricação de produtos biológicos,

exceto os hemoderivados; descarte de vacinas

de microrganismos vivos ou atenuados; meios de

cultura e instrumentais utilizados para transferência,

inoculação ou mistura de culturas; resíduos de

laboratórios de manipulação genética. Resíduos

resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou

animais, com suspeita ou certeza de contaminação

biológica por agentes classe de risco quatro,

microrganismos com relevância epidemiológica

e risco de disseminação ou causador de doença

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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emergente que se torne epidemiologicamente

importante ou cujo mecanismo de transmissão seja

desconhecido. Bolsas transfusionais contendo

sangue ou hemocomponentes rejeitadas por

contaminação ou por má conservação, ou com

prazo de validade vencido, e aquelas oriundas

de coleta incompleta. Sobras de amostras de

laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,

recipientes e materiais resultantes do processo de

assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos

corpóreos na forma livre.

- Grupo A2: Carcaças, peças anatômicas, vísceras

e outros resíduos provenientes de animais

submetidos a processos de experimentação com

inoculação de microrganismos, bem como suas

forrações, e os cadáveres de animais suspeitos

de serem portadores de microrganismos de

relevância epidemiológica e com risco de

disseminação, que foram submetidos ou não

a estudo anatomopatológico ou confirmação

diagnóstica.

- Grupo A3: Peças anatômicas (membros) do ser

humano; produto de fecundação sem sinais vitais,

com peso menor que 500 gramas ou estatura

menor que 25 centímetros ou idade gestacional

menor que 20 semanas, que não tenham valor

científico ou legal e não tenha havido requisição

pelo paciente ou familiar.

- Grupo A4: Kits de linhas arteriais, endovenosas

e deslizadores, quando descartados. Filtros

de ar e gases aspirados de área contaminada;

membrana filtrante de equipamento médico-

hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.

Sobras de amostras de laboratório e seus

recipientes contendo fezes, urina e secreções,

provenientes de pacientes que não contenham e

nem sejam suspeitos de conter agentes Classe

de Risco quatro, e nem apresentem relevância

epidemiológica e risco de disseminação, ou

microrganismo causador de doença emergente

que se torne epidemiologicamente importante ou

cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido

ou com suspeita de contaminação com príons.

Resíduos de tecido adiposo proveniente de

lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento

de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo.

Recipientes e materiais resultantes do processo

de assistência à saúde, que não contenha sangue

ou líquidos corpóreos na forma livre. Peças

anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos

provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de

estudos anatomopatológicos ou de confirmação

diagnóstica. Carcaças, peças anatômicas,vísceras

e outros resíduos provenientes de animais não

submetidos a processos de experimentação com

inoculação de micro-organismos, bem como suas

forrações. Bolsas transfusionais vazia ou com

volume residual pós-transfusão.

- Grupo A5: Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos,

materiais perfuro cortantes ou escarificantes e

demais materiais resultantes da atenção à saúde

de indivíduos ou animais,com suspeita ou certeza

de contaminação com príons.

•Grupo B: Químico. Esse grupo contém substâncias

químicas que podem apresentar risco à saúde

pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas

características de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos

apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos

contendo metais pesados, dentre outros.

•Grupo C: Radioativo. Quaisquer materiais

resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos

limites de eliminação especificados nas normas da

Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN,

como, por exemplo, serviços de medicina nuclear

e radioterapia etc.

•Grupo D: Resíduo Comum. Esse grupo não

apresenta risco biológico, químico ou radiológico

à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser

equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras

de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos

das áreas administrativas etc.

•Grupo E: Perfurocortante. Esse grupo é composto

por materiais perfuro-cortantes ou escarificantes,

tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas

de vidro, pontas diamantadas, lâminas de

bisturi,lancetas, espátulas e outros similares.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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3. TRATAMENTO DE RSS

Os resíduos do serviço de saúde merecem atenção

especial em todas as suas fases de manejo, essas fases

são: segregação, condicionamento, armazenamento,

coleta, transporte, tratamento e disposição final

(ANVISA, 2006, p, 30).

São considerados três aspectos principais no manuseio

do RSS, que segundo Tramontini; Reinehr; Pandolfo;

Martins; Araldi (2008, p.2) são: “a organização

do sistema de manuseio dos resíduos sólidos, os

aspectos técnico-operacionais relacionados aos

resíduos sólidos e os recursos humanos devidamente

capacitados para o funcionamento do sistema”.

Outro aspecto importante no manejo do RSS é a

segregação do material infectante dos demais tipo

de materiais. Outra preocupação é com os materiais

químicos perigosos (GÜNTHER, 2008, 106). Dentre os

componentes biológicos destacam-se os que contêm

agentes patogênicos que possam causar doença

e dentre os componentes radioativos utilizados em

procedimentos de diagnóstico e terapia, os que

contêm materiais emissores de radiação ionizante

(ANVISA, 2006, p, 30).

Independente do tipo de estabelecimento da saúde,

para o correto desenvolvimento do tratamento

adequado dos resíduos, deve ser subdividido em

serviços especializados de acordo com o tipo de resíduo

gerado, pois setores diferentes, gerarão resíduos

diferentes. Outro aspecto que se deve levar em conta

é que todos os envolvidos com o estabelecimento de

saúde em questão, desde funcionários a visitantes,

inclusive os pacientes, possuem relação com a geração

de resíduos, logo, também estão expostos aos riscos

que tais resíduos possam acarretar (TRAMONTINI;

REINEHR; PANDOLFO; MARTINS; ARALDI, 2008, p.

2).

Além dos cuidados tomados para proteção dos

trabalhadores da saúde, para se evitar o contato de

pacientes com os RSS, deve ser levado em conta o

descarte feito de maneira correta, pois o RSS além de

acarretar perigos ao meio ambiente, poderá também

prejudicar, de maneira mais direta, as comunidades

que vivem junto aos lixões e daqueles que dependem

da coleta desses resíduos para geração de renda,

sendo que estão expostos a uma série de riscos,

inclusive os materiais perfuro cortantes, que, se

contaminados, podem provocar infecções pelo vírus

da hepatite B ou pelo HIV (MELO, 2007, p. 11).

Uma dos parâmetros para se mensurar a quantidade

de RSS gerada é a relação kg/leito/dia. Essa taxa é

variável devido a complexidade e frequência dos

serviços, da tecnologia e eficácia dos serviços

executados. Ainda há a possibilidade de diminuir essa

quantidade, mas até um determinado nível, isso por

conta da natureza de sua geração (TRAMONTINI;

REINEHR; PANDOLFO; MARTINS; ARALDI, 2008, p.

3).

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, as tecnologias de micro-ondas e autoclave

para desinfecção dos RSS são adotadas somente por

0,8% dos municípios (MELO, 2007, p. 2). Segundo

dados mais atualizados, de 2009, da Associação

Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais (Abrelpe), a destinação final dos

RSS no país, são os seguintes: 35,1% são incinerados,

5,8%, autoclave;5 11,5%, vala séptica; 26%, aterros;

13,2, lixões; e 5,8%, micro-ondas (JACOBI; BENSEN,

2011). Dessa forma, conclui-se que ou houve melhora

dos indicadores ou diferença na coleta e tratamento

de dados.

No que se diz respeito a instituição geradora de RSS,

esta deve elaborar um Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, onde serão

levado em conta as características dos resíduos,

estabelecendo os procedimentos de manuseio dos

resíduos (MELO, 2007, p. 18). Segundo Jacobi; Benser

(2011), a elaboração do PGRSS deve ser elaborado

“compatível com as normas federais, estaduais e

municipais, e ainda deve estar de acordo com os

procedimentos institucionais de biossegurança,

relativos a coleta, transporte e disposição final”.

Para implantação do PGRSS os setores de

higienização e limpeza deverão estar envolvidos,

juntamente com a Comissão de Controle de Infecção

Hospitalar - CCIH ou Comissões de Biosegurança e os

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Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no

Trabalho - SESMT, quando for necessária a existência

desses serviços, abrangendo toda a comunidade do

estabelecimento, em conformidade com as legislações

de saúde, ambiental e de energia nuclear vigentes

(ANVISA, 2006, p, 36).

Um dos processos mais importantes no manejo desses

resíduos é a de segregação dos mais diferentes

tipos de materiais e o acondicionamentos correto

dos mesmos. Isso não será possível se não houver

o comprometimento de todos os envolvidos, pois, a

segregação e o acondicionamento trazem benefícios,

tais como (CORRÊA; LUNARDI; DE CONTO, 2007, p.

23):

a. minimizar ageração de resíduos e os custos do

seu tratamento e disposição final;

b. permitir seu manuseio, tratamento e a disposição

final adequado conforme sua categoria;

c. evitar a contaminação de uma grande massa de

resíduos por uma pequena quantidade perigosa;

d. separar os resíduos perfurantes e cortantes,

evitando, assim, acidentes no seu manejo;

e. comercializar os resíduos recicláveis,

f. falhas no processo de segregação e

acondicionamento podem provocar acidentes

em relação aos materiais perfuro-cortantes sem

utilização de proteção mecânica (ANVISA, 2006,

p, 30).

Segundo a Anvisa (2006, p. 31) os RSS podem

prejudicar o meio ambiente pelo potencial de

contaminação do solo, das águas, sejam elas

superficiais ou subterrâneas “pelo lançamento de

RSS em lixões ou aterros controlados que também

proporciona riscos aos catadores, principalmente por

meio de lesões provocadas por materiais cortantes

e/ou perfurantes, e por ingestão de alimentos

contaminados, ou aspiração de material particulado

contaminado em suspensão”. Há também o risco

de contaminação do ar, “dada quando os RSS são

tratados pelo processo de incineração descontrolado

que emite poluentes para a atmosfera contendo, por

exemplo, dioxinas e furanos”.

4. IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada nº 306/04

e a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

358/05 os resíduos são classificados em grupos para

que, dessa forma, seja feito o manuseio correto (SILVA;

MORAIS; SILVA, 2015).

A correta identificação é um dos processos chave

no que toca a legislação da contratação de terceiros

para a correta destinação dos resíduos, pois a

responsabilidade do gerador permanece após a

disposição final dos resíduos (ANVISA, 2006, p. 41).

Os resíduos devem ser identificados, para permitir a

sua identificação, informações devem ser contidas em

sacos e recipientes de transporte, que devem descrever

a forma correta de se manejar esses materiais. Essas

informações são mostradas por símbolos que ajudam a

identificação aos responsáveis pela coleta, prevenindo

de possíveis riscos de contaminação (SILVA; MORAIS;

SILVA, 2015).

Os resíduos possuem identificações visuais conforme

sua classificação e essas são especificados a seguir:

Figura 1: Símbolo utilizado para identificar o grupo A (ANVISA, 2006, .43).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Figura 2: Símbolo utilizado para identificar o grupo B (ANVISA, 2006, .43).

Figura 3:Símbolo utilizado para identificar o grupo C (ANVISA, 2006, .43).

Figura 4: Símbolo utilizado para identificar o grupo D (ANVISA, 2006, .43).

Figura 5: Símbolo utilizado para identificar o grupo E (ANVISA, 2006, .43).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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5. RECICLAGEM DE RSS

A Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA

no 306/04 define reciclagem como “o processo de

transformação dos resíduos que utiliza técnicas de

beneficiamento para reprocessamento ou obtenção

de matéria-prima para fabricação de novos produtos”.

Geralmente os resíduos reciclados são: matéria

orgânica; papel; plástico; metal; vidro; e entulhos

(ANVISA, 2006, p. 58).

5.1 RECICLAGEM DE CHAPAS RADIOGRÁFICAS

Uma característica do descarte inadequado das

chapas é causada por desconhecimento do paciente,

que ao tomar posse da radiografia, guarda a mesma

por tempo indeterminado ou a descarta no lixo

domestico (ANTUNES, 2011, p. 1).

É importante dar o destino adequado para as chapas

radiográficas, pois essas chapas possuem metais

pesados e suas bases são feitas de acetato, material

que leva mais de cem anos para ser degradado em

aterros comuns (LIPORINI, MION, CAVALHEIRO,

2012, p. 336 – 337). A prata por sua vez, permanece

na natureza por tempo indeterminado e polui tanto o

solo quanto a água (BAMPI, SECHI, GONÇALVES,

2013, p. 7).

A estimativa da quantidade de prata que pode ser

retirada dos negativos de filmes preto e branco seja de

cerca de cerca 0,5g/m², sendo que esse número pode

aumentar 10 vezes para radiografias (RECICLOTECA,

2013).

Tanto na confecção da base, como na revelação da

imagem são utilizados materiais tóxicos. O principal

elemento na formação da imagem é a prata, pois sobre

a base é colocada uma fina camada de grãos de prata,

sensíveis a luz. Após a exposição desse material aos

raios X, cada grão se comporta de uma forma. Após

isso, a chapa passará pelo processo de revelação,

onde são utilizados o metol e a hidroquinona. Na fase

seguinte a prata que não foi sensibilizada pelos raios X

é eliminada, nesse processo é utilizado o tiossulfato de

sódio (LIPORINI, MION, CAVALHEIRO, 2012, p. 337).

Há o processo de lavagem para remover os vestígios

de produtos químicos e a secagem para retirar a

umidade (ANTUNES, 2011, p. 9).

Figura 6: Esquema de revelação de uma radiografia (ANTUNES, 2011, p. 9).

Para reciclagem das chapas é feita uma triagem e

essas são separadas de acordo com o tipo, tamanho

e qualidade. Após isso, as chapas são colocadas

em uma solução de hipoclorito de sódio 2,0%, nesse

processo os resíduos químicos se separam da base.

O resíduo proveniente dessa etapa entrará em contato

com o hidróxido de sódio sólido, diluído em água, por

quinze minutos, posteriormente, o óxido de prata é

aquecido com uma solução de sacarose por 60 minutos

(RECICLOTECA, 2013), onde se obtêm a prata impura

sólida, sem brilho. Novamente a prata é aquecida a

1000ºC por 60 minutos em uma mufla e após isso é

obtida a prata limpa e com brilho, conhecida como

prata 1000, esta prata é usada na fabricação de joias,

talheres, espelhos, objetos decorativos, entre outros

(BAMPI, SECHI, GONÇALVES, 2013, p. 7).

Pelo fato da prata ser considerado um metal pesado

e altamente poluidor, a sua liberação no ambiente

é proibida por normas estabelecidas pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo

Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

(LIPORINI, MION, CAVALHEIRO, 2012, p. 337).

É possível reciclar as bases radiográficas que não

contenham mais a prata, levando-se em conta que

é composto de um tipo de plástico e que pode ser

reaproveitado para a confecção de embalagens

(ECYCLE, 2013). Outro possível destino da base é no

que diz respeito ao seu uso em trabalhos artísticos,

entre eles a xilogravura (RECICLOTECA, 2013). Outro

possível destino é que as bases e a prata voltem a

se tornar novas chapas (ANTUNES, 2011, p. 9). Um

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

23

esquema de um ciclo de vida com as diferentes

possibilidades que uma chapa radiográfica pode tomar desde sua fabricação até seu descarte correto

ou não, está apresentada na Figura 7.

Figura 7: Esquema de ciclo de vida de uma chapa radiográfica (ANTUNES, 2011, p. 9).

6. CONCLUSÃO

Todo gerador dos Resíduos de Serviços de Saúde

deve cumprir normas de biossegurança propostas

pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com

o intuito prevenir acidentes aos colaboradores

envolvidos e ao meio ambiente. Promovendo

treinamentos e seminários conscientizando todos os

envolvidos esclarecendo a importância da reciclagem

dos resíduos de serviços de saúde, contribuindo para

a preservação e conservação do meio ambiente.

No que diz respeito à resíduos de chapas

radiográficas é necessário orientações à comunidade

e aos colaboradores envolvidos para conscientização

no descarte ecologicamente correto, além da

possibilidade de fazer a reciclagem dessas chapas,

pode ser aproveitado a prata e a base de acetato.

7. REFERÊNCIAS

[1] ANTUNES, R. S. Resíduos de radiografia: Recolha e tratamento. 2011. 67f. Dissertação (Engenharia do Ambiente) Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade de Nova Lisboa. Lisboa

[2] ANVISA (2006) Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília

[3] BAMPI. J, SECHI. M, GONÇALVES. C. V. (2013) Monografia Resíduos de filmes radiológicos: Vamos pensar sobre isso? - Centro Universitário Univates.

[4] CAMARGO, M. E. ; MOTTA, M. E. V. ; LUNELLI, M. O. ; SEVERO, E. A. Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde: Um Estudo Sobre o Gerenciamento. Scientia Plena. v. 5, n. 7, 2009.

[5] CORRÊA, L. B.; LUNARDI, V. L. L.; DE CONTO, S. M. O processo de formação em saúde: o saber resíduos sólidos de serviços de saúde em vivências práticas. Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 60, núm. 1, jan-fev, 2007, pp. 21-25 Associação Brasileira de Enfermagem Brasília, Brasil

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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[6] ECYCLE (2013) O que fazer com chapas de raio-x? Disponível em <http://www.ecycle.com.br/component/content/article/46-diversos/293-o-que-fazer-com-chapas-de-raio-x.html> Acessado em 1 de junho de 2015.

[7] GÜNTHER, W. M. R. (2008) Resíduos Sólidos no Contexto da Saúde Ambiental. Texto de sistematização crítica de parte da obra da candidata (Livre-docência) Universidade de São Paulo.

[8] JACOBI, P. R.; BENSEN, G. R. (2011) Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142011000100010&script=sci_arttext> Acessado em 26 de abril de 2015. Scielo, vol.25 no.71 São Paulo Jan./Apr.

[9] LIPORINI, A. Q; MION, C. F.; CAVALHEIRO, M. C. H. T. (2012) Tratamento Químico e Reciclagem de Chapas de Raio-X. Anais do 4° Simpósio de Tecnologia em Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FATEC – Jahu.

[10] MELO, M. S. (2007) Estudo sobre resíduos de serviço de saúde no hospital universitário de Brasília.. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília.

[11] RECICLOTECA (2013) Recuperação de prata a partir de radiografias. Disponível em <http://www.recicloteca.org.br/projetos/recuperacao-de-prata-a-partir-de-radiografias/> Acessado em 27 de maio de 2015.[12] SANEBAVI. Capítulo 5: Resíduos Sólidos. Disponível em <http://www.sanebavi.com.br/templates/PMSB/Capitulo_05_Resduos_Slidos.pdf> Acessado em 29 de abril de 2015.

[14] SILVA, J. C.; MORAIS, L. A.; SILVA, J. C. (2015) O gerenciamento dos resíduos sólidos de Serviços de Saúde (RSS): uma revisão bibliográfica. Disponível em <http://jus.com.br/artigos/36728/o-gerenciamento-dos-residuos-solidos-de-servicos-de-saude-rss-uma-revisao-bibliografica> Acessado em 27 de abril de 2015. Jus Navegandi. Fevereiro/2015

[15] TRAMONTINI, A.; REINEHR, R.; PANDOLFO, A.; MARTINS, M. S.; ARALDI, J. (2008) Diagnóstico do processo de gestão de resíduos sólidos em estabelecimentos assistenciais de saúde na cidade de Passo Fundo-RS. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção.

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Capítulo 3ESTUDO DA GESTÃO DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS

DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

Resumo: As estruturas portovelhenses carecem de reorganização. Esta tarefa trata sobre estudo da gestão da qualidade na produção de serviços de intermediação financeira de empresa situada na municipalidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Tem base nas Teorias Clássica e Contingencial, reunidos conceitos de gestão da qualidade com foco no Ciclo PDCA como vem sendo tratado em Silva e Sartori (2014). Tem por objetivo geral estudar a qualidade dos serviços prestados por uma empresa terceirizada do ramo financeiro; e com objetivos específicos descrever os dois principais processos utilizados pela empresa alcançar os seus resultados (1), levantar as ferramentas capazes de promover a qualidade total nos resultados em estudos (2) e propor a inovação recomendada considerando os processos tratados neste estudo (3). O preparo seguiu pelo método de Estudo de Caso como recomendam em Furasté (2006), Vergara (2006) Lakatos e Marconi (2003); e como procedimentos aplicou-se visita in situ, entrevistas, observação, coleta e seleção de dados e outros requeridos pelo método. Como resultados têm que a empresa utiliza da atualização dos profissionais e a ética como características fundamentais para manter a empresa sempre em busca dos resultados desejados; a empresa utiliza de ferramentas do ciclo PDCA para a obtenção da qualidade gerencial, pela perfeição do atendimento, fidelização do cliente e inovação requerida. A previsão é a nova performance organizacional em face a melhoria nos produtos ofertados mediante técnicas diferenciadas em face da concorrência. Este estudo interessa aos envolvidos com decisão bem como aos demais que buscam excelência de desempenho organizacional

Palavras Chave: Administração. Inovação. Produção. Qualidade

Carolina Pante

Ivan Carlos Ferreira

Flávio de São Pedro Filho

Carolina Yukari Veludo Watanabe

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

Esta tarefa trata sobre estudo da gestão da qualidade

na produção de serviços de intermediação financeira

em uma empresa situada na municipalidade de

Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Os

dados foram coletados através de uma pesquisa de

campo, em posse dos mesmos, foi possível realizar

as análises desejadas e por meio desses resultados

e dos métodos utilizados pela empresa estudada

foi possível confrontar com as teorias discutidas no

referencial teórico e os objetivos pré-estabelecidos e

ao final deste estudo têm-se uma proposta de inovação

ajustado a realidade da organização com a finalidade

de melhorar a qualidade de atendimento oferecida ao

cliente e a satisfação do mesmo e da corporação. O

objetivo geral deste trabalho é estudar a qualidade

dos serviços prestados por uma empresa terceirizada

do ramo financeiro; para que tal objetivo seja atendido

foi designado como objetivos específicos descrever

os dois principais processos utilizados pela empresa

alcançar os seus resultados (1), levantar as ferramentas

capazes de promover a qualidade total nos resultados

em estudos (2), e propor a inovação recomendada

considerando os processos tratados neste estudo (3).

2. REVISÃO TEÓRICO-CONCEITUAL

A gestão da qualidade está baseada sob a ótica de duas

outras teorias, a primeira é a Teoria da Administração

Clássica e a segunda a Teoria da Contingência.

Conforme o pensamento de Fagundes et al (2010), a

Teoria Clássica da administração está caracterizada

pela ênfase na estrutura que a organização deve

possuir para ser eficiente. Com isso, as empresas

necessitavam obter cada vez mais rendimento

de recursos disponíveis surgindo a necessidade

de aumentar a eficiência e a competência das

organizações para evitar desperdícios e a economia

da mão de obra, surgindo assim a necessidade da

qualidade dos produtos. Já a teoria da contingência

é tratada como um ajuste da organização de acordo

com as necessidades do ambiente interno e externo

das empresas.

Conforme Salgado et al (2013), a Gestão da Qualidade

Total está voltada para a satisfação do cliente, alcance

de alta produtividade e reduzir custos tendo um

total controle dos processos utilizados para levar os

produtos até o cliente, surgindo assim a necessidade

do surgimento de métodos mis específicos de

qualidade para aplicar nas organizações surgindo as

normas de padrão de qualidade ISO 9000.

Quanto ao levantamento apropriado da Teoria

Contingencial, foi encontrado o conceito de Matos &

Pires (2012). Para este autor, a Teoria Contingencial

é uma abordagem que visa estudar e compreender

o comportamento das organizações, especialmente,

diante das contingências ou adversidades que a mesma

pode enfrentar e os mecanismos ou ferramentas para

tal realidade. Essa teoria foi contrária a Teoria Clássica

já que seus precursores não acreditam na existência

de apenas uma única possibilidade de resolução das

dificuldades para as mais diversas empresas. A Teoria

ainda é dotada de flexibilidade, descentralização e

desburocratização e se adapta melhor em situações

e condições instáveis de modo a privilegiar a análise

tecnológica visando à reorganização do trabalho. As

contingências reconhecem os fatores que podem

interferir nas organizações e nas relações funcionais.

Conforme o pensamento de Oliveira et al (2014) a

teoria das contingências defende que os resultados de

uma organização são as consequências de um ajuste

ou combinação entre dois ou mais fatores, sendo um

ajuste de componentes das organizações de modo que

as dificuldades possam ser corrigidas e transformem

o desempenho das mesmas. Alguns fatores serão

analisados para tal transformação, podendo ser

eles: ambiente, tamanho da organização, estratégia

e tecnologia. Essas circunstâncias (contingências)

se relacionam com as características das empresas

e, especialmente, com a estrutura organizacional

da mesma de modo que cada uma possui aspectos

semelhantes.

Para o pensamento de Silva (2014) a teoria ou

abordagem contingencial abandona a ideia de que

exista apenas um único tipo de controle capaz de trazer

benefícios potenciais para a empresa, essa perspectiva

ajudaria ao crescimento e desenvolvimento tanto das

organizações bem como das pessoas que atuem

nas mesmas. Essas são percebidas como sistemas

abertos que precisam readequar-se constantemente

de modo a manter ou melhorar seu desempenho, não

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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existindo a melhor maneira ou forma de organização,

as tarefas e o ambiente interferem diretamente nesse

processo. E nesse sentido, para que as estratégias

a serem desempenhadas pela empresa possam ser

efetivas elas precisam ser adequar a realidade bem

como ao ambiente de inserção.

2.1 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

DE SHUMPETER

As teorias Schumpeterianas são tratadas diversos

autores considerados nesta tarefa. De acordo com

Maia (2012), o enfoque deste modelo está tanto no

aumento da produção quanto na evolução do sistema

capitalista. Com essa concepção, Schumpeter unifica

o pensamento de inovação de novos produtos, aos

métodos de produção, com as novas estruturas

empresarias e as novas fontes de oferta e a exploração

de novos mercados, sendo resultados novas

combinações dos fatores existentes. As empresas

não necessitam criar novos produtos ou utilizar novas

técnicas diferentes da concorrência para serem

inovadoras e assim superar as outras organizações.

Recomenda-se aos gestores empresariais modificar

a forma de administrar os recursos existentes, e

a criatividade é um recurso para tal providência.

Adotando esta prática, o gerente encontrará aderência

na dinâmica de mercado, mediante atração da

clientela, como recomenda, Dewes et al. (2011); Este

pesquisador conceitua inovação como novo produto

ou nova forma de utilizá-lo ou produzi-lo por meio de

novos atributos de produção, em que os resultados

sejam encontrados de forma concreta.

Busca em Costa (2011) indica que as inovações

geram mudanças, ocasionando diversas formas de

adequação aos meios de produção disponíveis na

empresa. Com essas mudanças na organização,

podem proporcionar novos mecanismos de gestão

tais como novos métodos de produção, abertura de

mercado interno e externo, conquista de outras fontes

de matérias-primas ou de uma mudança na estrutura

organizacional. O resultado dependerá da evolução

frequente das mudanças.

2.2 CONCEITOS SOBRE PROCESSOS

ORGANIZACIONAIS EM LITERATURAS

DISPONÍVEIS

Para fins deste trabalho será focalizada a Teoria da

Contingência, por ser uma teoria que trata nos cenários

internos e externos empresariais. A literatura sobre

os processos indica que os gestores obtêm clara

compreensão da eficácia na satisfação dos clientes;

para isso eles dependem da visão de processos. O

resultado da análise desses processos proporciona

reduções de custos; isso decorre da quebra de

paradigmas positivamente mediante integração de

esforços. A organização orientada por processos não

pode haver trabalho individual e voltado para tarefas.

Os processos valorizam o trabalho por equipe onde

há cooperação, a vontade de fazer o melhor com

responsabilidade individual. Como no ditado popular:

“vestir a camisa da empresa”. De acordo com Silva

(2014), os processos organizacionais têm a finalidade

de transformar, montar, manipular e processar

insumos de inputs a outputs tendo como objetivo final a

satisfação do cliente. Devemos lembrar que conforme

as competências específicas da empresa são os

processos que fazem a diferença de ser o melhor

no mercado dentro da acirrada concorrência. Para

a sobrevivência a empresa mantém o foco em seus

processos tendo a intenção de obtenção de melhores

resultados com a consequência de gerar valores para

os seus clientes.

2.3 CONCEITOS SOBRE QUALIDADE TOTAL

De acordo com Souza e Demétrio (2010), o Ciclo PDCA

foi idealizado por Walter A. Shewarth; segundo o autor

o ciclo foi mais tarde publicado e aplicado por Deming,

um dos propagadores desse método de análise da

gestão da qualidade. O Ciclo surge como direcionador

da tecnologia conhecida como TQC (Total Quality

Control), uma ferramenta que representava o ciclo de

gerenciamento da atividade de gestão da qualidade

total. Levantamento em Domingues (2011), indica

que o sistema de gestão da qualidade total possui

cinco ferramentas básicas mais conhecidas que são

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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o ciclo PDCA, o Diagrama de Pareto, Fluxogramas,

Brainstorming e o Programa 5S, e no presente trabalho

será discorrido sobre o ciclo PDCA, deixando clara a

existência de outras ferramentas utilizadas.

O Ciclo PDCA, segundo Silva e Sartori (2014) é o

conjunto de ações em sequência dada pela ordem pré-

estabelecida pelas letras que constitui a sigla: P (plan

ou planejar), D (do ou fazer), C (check ou verificar) e A

(act ou agir). Os autores apresentam o significado do

ciclo PDCA, o P (planejar) sendo uma etapa em que as

deficiências e falhas da organização são identificadas

analisando esses pontos e traçando um plano de

ação. Detectado esses pontos partimos para a

próxima etapa que é o D (fazer), que tem o objetivo de

colocar o plano de ação em execução juntamente com

todos os envolvidos. Após esta etapa iremos para o C

(checar), nesta fase ocorrerá a avaliação das ações

realizadas nas etapas anteriores, averiguando se as

deficiências foram corrigidas, sempre tendo o cuidado

de avaliar quais efeitos essas medidas trouxeram, e

se o plano não estiver surtindo o efeito esperando,

deve voltar para a fase do planejamento. E por último

e não menos importante temos o A (agir), nesta fase

as ideias e mudanças realizadas nas fases anteriores

são normatizadas e expõem-se os resultados para a

organização. E quando necessário o ciclo deve ser

continuado, ou seja, voltar a etapa do planejamento

e fazer as devidas alterações. A Figura 1 irá ilustrar

como acontecem os processos do ciclo PDCA.

Figura 1: Processo do Ciclo PDCA

Nascimento (2011) nos mostra a importância

da análise do Ciclo PDCA por ser uma

ferramenta altamente dinâmico e nos

proporciona uma tomada de decisão rápida

pois, a conclusão de uma volta no ciclo nos

oferece o início do próximo ciclo, seguindo um

espírito de melhoria de qualidade contínua.

Sendo assim, o processo um novo processo

de mudança poderá ser iniciado. No Quadro

1, será descrito os processos que envolvem

o ciclo PDCA.

Quadro 1: Desenvolvimentos dos Procedimentos Apresentando na Teoria

Processos do Ciclo PDCADesenvolvimento dos Procedimentos

1. Definir as Metas

Nessa etapa os problemas são identificados através das ferramentas da qualidade, brainstorming, matriz CGU, diagrama de Pareto entre outras formas.

2. Estabelecer Plano de Ação

Traçar um plano de ação a partir dos problemas encontrados solucionando com as ferramentas que possuem em literatura.

3. Conduzir a execução do plano de ação

Dirigir e acompanhar a realização do plano de ação, para que falhas possam ser identificadas e sanadas de acordo com as necessidades.

4. Verificar a eficácia do plano de ação

Conferir e examinar as atividades realizadas no decorrer dos passos anteriores, caso não esteja ocorrendo de forma correta é necessário começar novamente o ciclo.

5. Exposição dos Resultados

Quando a fase de verificação ocorre de maneira adequada, a exposição dos resultados acontecerá através de gráficos, tabelas e diagramas.

6. Padronização dos Procedimentos

Após todos os procedimentos acontecerem de acordo com as necessidades padronização e uniformização dos procedimentos é realizado.

Fonte: Elaborado pelos autores

Fonte: Autores baseado em Silva e Sartori (2014)

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Figura 2: Procedimentos metodológicos3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Caracterizar o desenho de uma pesquisa é considerar

como será o andamento da mesma, nas suas relações,

aprofundamentos e consequências para o meio

acadêmico. Levantamento em Furasté (2006), Vergara

(2006) Lakatos e Marconi (2003) oferecem subsídios

proficientes sobre tipificação de pesquisa qualitativa,

como aquelas resultantes de Estudo de Caso. Nesta

tipologia de investigação de natureza qualitativa,

se procedem a leitura em obras publicadas; aqui

ingressam busca e seleção de temas em livros, artigos

e outras publicações oriundas de pesquisa obtidas

em outras fontes; também de providencia a busca

entre materiais virtuais ou impressos correlacionados

à temática do trabalho em questão. Ainda pode ser

considerada como sendo um estudo desenvolvido

diante das publicações em livros, revistas, jornais ou

demais redes que possam integrar o conhecimento

científico. Nesse sentido, a depender do tipo de

documento ou material utilizado há uma manipulação

e um tratamento diferente de acordo com a

especificidade de cada instrumento.

De acordo com Gil (2008), a pesquisa ainda foi

considerada do tipo de campo, já que foi realizada

fora dos espaços acadêmicos, sendo desenvolvida

em uma empresa do ramo financeiro e porque

procura aprofundar um determinado conhecimento a

fim de fornecer explicações e interpretações diante

de um fenômeno específico. A empresa estudada

tem em seu ramo de atuação na área de crédito

bancário para servidores públicos e aposentados e

pensionistas, e está localizada no município de Porto

Velho. A pesquisa teve como instrumental de coletas

de dados uma entrevista previamente elaborada com

o intuito de obter as informações necessárias para o

estudo realizado. Deste modo, após a coleta desses

dados os mesmos serão devidamente analisados e

transformados em informações, sendo organizados

e sintetizados para que as correlações entre as

informações encontradas com os objetivos traçados

no início deste trabalho possam ser encontradas, para

assim chegarmos as conclusões desta pesquisa. A

Figura 2 demonstra como será realizada a sequência

deste estudo.

Fonte: Elaborado pelos autores

De acordo com Meirinho e Osório (2010), o

estudo de caso transmite as características

de investigação qualitativa baseando-se

pela lógica que guia as sucessivas etapas

de recolha, análise e interpretação das

informações e métodos qualitativos, com

a peculiaridade de que o propósito da

investigação é o estudo intensivo de um ou

poucos casos.

4. ESTUDO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS EM UMA

EMPRESA TERCEIRIZADA DO RAMO FINANCEIRO

Esta pesquisa foi desenvolvida em uma empresa

terceirizada do banco mais antigo do Brasil, que

atua no mercado há aproximadamente seis anos.

Os clientes são atraídos pela proposta de facilidade

e praticidade de crédito consignado para servidores

públicos, aposentados e pensionistas. O processo

de atendimento ao cliente acontece em três etapas

distintas: recepção ao cliente (1); análise do cadastro

(2); e, liberação do empréstimo no banco. Na Figura 3

é apresentado o fluxograma das etapas no processo

de atendimento na empresa pesquisada:

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Figura 3: Fluxogramas das etapas no processo de atendimento

Fonte: Elaborado pelos autores

Desse modo, podemos observar que no fluxograma

apresentando acima, encontramos todos os

procedimentos realizados pela organização, de

tal forma, é possível observar que são atividades

simples, porém que requerem atenção por tratar de

dados bancários, desconto em folha dos servidores e

transferência de crédito. No Quadro 2, será possível

compreender melhor o fluxograma apresentado.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Quadro 2: Processo de atendimento ao cliente

Etapas do atendimento

Descritiva do processo

1 . Atendimento ao cliente

Na etapa de atendimento ao cliente é realizada a compreensão das necessidades do cliente, em caso de buscas por tipos de crédito lhe é explicado e orientado caso o cliente deseje realizado o empréstimo o colaborador atenderá sua necessidade de acordo com as possibilidades existente, caso sejam outras situações requeridas será encaminhado para os gerentes ou outros atendentes, buscando atender da melhor forma e com a melhor qualidade no atendimento.

2. Análise de crédito

Nesta etapa será observada a possibilidade de contratação de crédito por parte do cliente, sendo necessário observar a qual esfera pública o servidor está inserido, pois para a realização do empréstimo essa característica é fundamental para que os procedimentos sejam realizados de maneira correta e assim a satisfação das necessidades almejadas.

3. Liberação d e Empréstimo no Banco

E por fim, após a realização adequada dos procedimentos, coletas de assinatura e liberação pelos órgãos competentes fica a cargo do banco receber esses documentos enviar correio eletrônico para a unidade responsável e quando autorizado realizar o pagamento do crédito na conta do servidor, tornando assim os procedimentos claro e coesos obtendo a satisfação e a fidelização do cliente.

Fonte: Elaborado pelos autores

A etapa de recepção ao cliente busca entender suas

necessidades para tentar supri-las; considera-se que

será possível satisfazer as expectativas dos mesmos,

ultrapassando os possíveis fatores alheios à vontade

dos funcionários. Aqui os promotores do negócio

tentarão compreender os anseios do recepcionado, ou

esclarecer os de negativa da sua busca. A segunda

fase se refere à análise de crédito; aqui é realizado

o estudo da capacidade de concessão de crédito ao

interessado, o que exige cumprimento das políticas

oferecidas pelo agente financeiro, e verificar as

possibilidades da realização do empréstimo pretendido

pelo cliente. Na última fase se refere à finalização do

consignado, que compreende, quando o empréstimo

é oficializado em conformidade; os documentos são

encaminhados ao gerente da unidade para coleta

de sua autorização e assinatura; por fim toda a

documentação gerada segue para a unidade superior

que autoriza a transferência do valor em dinheiro para

a conta do cliente.

4.1 DESCRITIVA DOS PRINCIPAIS PROCESSOS

UTILIZADOS PELA EMPRESA PARA ALCANÇAR

OS SEUS RESULTADOS

Os dois processos principais a serem descrito aqui

são os relativos ao atendimento ao cliente e o de

liberação de crédito junto ao agente financeiro. No

que se refere aos principais processos utilizados

pela empresa na busca em alcançar seus resultados

tem-se que a mesma afirmou que “para manter a

qualidade dos serviços a empresa busca manter seus

colaboradores sempre atualizados com as regras do

mercado financeiro e coloca sempre a ética como o

pilar da sua estrutura. Ou seja, a empresa se utiliza do

termo qualidade de forma sinônima de atualização, de

inovação nas suas atividades.

4.2 LEVANTAMENTO SOBRE AS FERRAMENTAS

CAPAZES DE PROMOVER A QUALIDADE TOTAL

NOS RESULTADOS EM ESTUDOS

Para o levantamento considerado nesta seção será

adotado o Ciclo PDCA conforme tratado na revisão

teórica. O estudo indica que esta ferramenta é utilizada

de forma insuficiente na empresa em estudo, o que

reflete nos resultados da qualidade total pretendida.

Observa-se que é utilizado alguns mecanismos de

motivação entre os colaboradores, como se demonstra

no Quadro 3 a seguir.

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Quadro 3: Mecanismos de motivação apresentados pela empresa

Mecanismos de motivação Como são realizados os processos

1. Cronograma Serve para organizar e dinamizar o quadro de viagens dos supervisores para o interior, reuniões e treinamentos.

2. Palestras São realizadas para que o colaborador esteja atualizado com os padrões de atendimento ao cliente que é solicitado pelo banco.

3. Treinamentos Operacionais São referentes às mudanças no sistema ou nas políticas de crédito.

4. Treinamentos Motivacionais É utilizado para melhorar o ambiente de trabalho entre os colaboradores.

5. Reuniões Periódicas São realizadas periodicamente para alinhar os pensamentos da organização com os dos colaboradores buscando assim fechar lacunas existentes.

6. Tabelas para análise de dados São usadas para analisar a produção individual dos promotores e a produção geral da equipe na qual está inserido.

7. Utilização de gráficos É utilizado para analisar o ritmo de produção das equipes durante determinando período e verificar quais lugares precisam uma atenção diferenciada.

8. Incentivos É realizado através de bonificações pelas produções e quando atinge a meta estabelecida recebe bonificação extra por colocação no ranking geral.

9. Promoções Ocorrem esporadicamente de acordo com as promoções que o banco fornece a nível nacional.

10. Prêmios São realizados a cada seis meses para aqueles promotores que alcançam as metas estabelecidas para o determinado período.

Teoricamente o Ciclo PDCA está baseado em quatro

pilares que são: planejamento, execução, checagem

e ação. Na presente empresa observa-se que

alguns mecanismos como planejamentos das ações

acontecem através de reuniões periódicas com os

diretores e supervisores das equipes definindo metas

e plano de ação para solucionar problemas oriundos

do dia-a-dia organizacional, tendo dessa forma como

encontrar as deficiências e as falhas traçando, assim,

um plano de ação eficaz de acordo com cada problema

identificado. No Quadro 4, estão os elementos

operacionais obtidos em face do levantamento neste

estudo.

Fonte: Elaborado pelos autores

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Quadro 4: Pilares do Ciclo PDCA

Pilares do ciclo PDCA Aplicabilidade na Organização

1. PlanejamentoRealização de reuniões semanais, quinzenais e mensais, definição de metas semanais e mensais para promotores e supervisores, planos de ação para solucionar os problemas oriundos do dia-a-dia e a colaboração dos funcionários com opiniões e sugestões para tornar a organização mais coesão permitindo a satisfação dos funcionários e gesstores.

2. ExecuçãoAcontece através de treinamentos, porém, nem sempre esses treinamentos são bem absorvidos pelos promotores visualizando a necessidade de realizações constantes de treinamentos com determinados profissionais. E observa-se a busca pelo esclarecimento das informações da melhor forma possível.

3. ChecagemNessa fase, existe o interesse por parte da organização em buscar solucionar e acompanhar a resolução do plano de ação estabelecido, porém, observa-se que essa etapa não é bem realizada por parte da organização por motivos alheios a esta pesquisa.

4. AçãoA comunicação acontece de forma eficaz porém nessa fase ainda existem muitos ruídos durante a realização dos procedimentos e tomada de decisão, dessa forma não acontecendo a padronização dos procedimentos, sendo necessário realizar medidas corretivas.

Fonte: Elaborado pelos autores

Dentro do ambiente organizacional é necessário

realizar mudanças visando a qualidade dos serviços.

De acordo com a empresa pesquisada toda mudança

que visa a qualidade nos serviços é informada para

os colaboradores através de boletins informativos,

reuniões gerais e também é utilizada a tecnologia

existente para que tais informações atinjam a todos

os colaboradores. Existindo assim o interesse por

parte da empresa em verificar se as ações projetadas

no planejamento estão acontecendo de maneira

adequada.

Quanto ao controle da qualidade dos serviços

encontramos como principal medida a motivação por

parte dos supervisores em manter os promotores de

suas respectivas equipes sempre informados com as

mudanças do mercado financeiro e estando sempre

dispostos a motivar os colaboradores da melhor forma

possível e tendo assim a satisfação do cliente.

Quanto a retroalimentação das ações corrigidas com

vista a manter a qualidade dos serviços prestados

e mantendo o lucro da empresa não foi possível

identificar medidas corretivas claras e efetivas. É

possível identificar apenas que a empresa se preocupa

em evitar que ações que negativas e que tragam

prejuízos para a empresa repitam-se.

Dessa forma, é possível observar pela análise da

entrevista e de acordo com a teorias apresentadas no

corpo deste trabalho que existem algumas ações que

indicam o princípio do ciclo PDCA, porém ainda faltam

ações importantes a serem implantadas para que tal

ciclo aconteça da forma como foi apresentada pelos

autores do presente trabalho.

4.3 PROPOSTA DE INOVAÇÃO RECOMENDADA

CONSIDERANDO OS PROCESSOS TRATADOS

NESTE ESTUDO

No que tange os processos de inovação observa-

se que esse processo acontece de forma frequente,

pois por se tratar de uma empresa vinculada ao

sistema financeiro nacional existe a necessidade

de atualizações constantes no que tange a política

de juros, concessão de crédito e alterações de

procedimentos, sendo necessárias reuniões periódicas

para tais atualizações, e também para buscar novos

métodos de atração dos clientes estando à frente da

concorrência através da agilidade e na qualidade da

prestação do serviço.

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A presente pesquisa buscou identificar o tipo de

ferramentas da gestão da qualidade que são utilizadas

em uma empresa terceirizada do banco mais antigo

do Brasil, na cidade de Porto Velho. Foram utilizados

os conceitos da teoria da contingência, assim como as

ferramentas da gestão da qualidade que no presente

trabalho o enfoque dado foi para a o ciclo PDCA,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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não podendo ser diferente pois nesse ciclo podemos

identificar se a organização está pautada pelo

planejamento de suas atividades, a realização dessas

atividades da melhor forma possível, a checagem

dos planos traçados para a solução dos problemas

e por fim, e não menos importante a exposição dos

resultados e caso todos os procedimentos estejam

de acordo e funcionando corretamente ocorre a

padronização dos procedimentos. Levando em

consideração o embasamento teórico da proposta de

inovação proposta na pesquisa.

A respeito do Objetivo Específico 1, observou-se que

mesmo não obtendo conhecimento específico sobre

as ferramentas da gestão da qualidade a empresa

utiliza da atualização dos profissionais e a ética como

características fundamentais para manter a empresa

sempre em busca dos resultados desejados. No que

se refere ao Objetivo Específico 2, verificou-se que a

empresa utiliza de ferramentas do ciclo PDCA para a

obtenção da qualidade gerencial, como por exemplo,

treinamentos, gráficos de verificação, reuniões

periódicas e incentivos para o profissional mantendo

assim os funcionários motivados realizando bons

atendimentos e garantindo a satisfação e a fidelização

dos clientes, garantindo a qualidade dos serviços e

boa imagem da organização no mercado consumidor.

Na perspectiva da gestão da inovação, relativo ao

Objetivo Específico 3, prevê-se que as organizações

não precisam criar novos produtos ou utilizar técnicas

diferentes da concorrência para serem inovadoras e

assim superar as outras organizações. O simples fato

de colocar uma urna nos lugares de atendimento aos

clientes (normalmente no banco) e no escritório (parte

administrativa) serve para que os colaboradores e

os clientes possam expressar suas ideias e anseios

de forma clara e sem represálias, trazendo para a

organização os pontos fracos, falhas e lacunas que

podem ser fechadas utilizando o ciclo PDCA, pois com

esse ciclo um novo plano de ação poderá ser traçados

e posteriormente executados e checados para que

quando estiver correto torne uma atividade padrão da

organização. Dessa forma, o crescimento da empresa

estaria apoiando nas sugestões de seus clientes e

colaboradores, assim como das teorias da qualidade,

e sempre visando o sucesso de seus processos de

atendimento ao cliente e de prestação de serviços.

REFERÊNCIAS

[1] COSTA, Odorico de Moraes Eloy da. Desenvolvimento na perspectiva estruturalista e neo-schumpeteriana- a inovação como elemento de convergência. Disponível em: <www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em 18 de Março de 2015.

[2] DOMINGUES, Marcos Aurélio. A importância do programa 5S para a implantação de um sistema da qualidade. Curitiba: UFPR, 2011.

[3] DEWES, Fernando et al. Ambientes e estímulos favoráveis à criatividade aplicada a processos de inovação de produtos. Porto Alegre: 2011. Disponível em: <www.ufrgs.com.br>. Acesso em: 18 de Março de 2015.

[4] FAGUNDES, Jair Antonio et al. Estrutura Organizacional e gestão sob a ótica da teoria da contingência. Gestão e responsabilidade, v. 26, n.78, set/dez, 2010.

[5] FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas técnicas para o trabalho científico: elaboração e formatação. Porto Alegre: 2005.

[6] GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008.

[7] LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.

[8] MAIA, Adriano Filipe da Silva. Inovação em micro e pequenas empresas: uma análise do caso brasileiro. Uberlândia: UFU, 2012. Disponível em: <www.repositorio.ufu.br>. Acesso em 18 de Março de 2015.

[9] MATOS, Eliane; PIRES, Denise. Teorias administrativas e organização do trabalho: de Taylor aos dias atuais, influências no setor saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enfermagem, v.3, n.15, 2012. Disponível em:<www.scielo.br>. Acesso em 13 de maio de 015.

[10] MEIRINHOS, Manuel; OSÓRIO, Antônio. O estudo de caso como estratégia de investigação em educação. EDUSER: revista de educação, v.2, 2010. Disponível em: <www.bibliotecadigital.ipb.pt>. Acesso em 14 de Maio de 2015.

[11] NASCIMENTO, Adriano Fagner Gonçalves. A utilização da metodologia do ciclo PDCA no gerenciamento da melhoria contínua. Minas Gerais: ICAP, 2011. Disponível em: <www.icap.com.br>. Acesso em 13 de Maio de 2015.

[12] OLIVEIRA, Karine Gonzaga de et al. Evidenciação dos fatores contingenciais nas empresas do setor de agronegócio, segundo os preceitos da Teoria Contingencial. XXI Congresso Brasileiro de Custos, 2014. Disponível em:<anaiscbc.emnuvens.com.br>. Acesso em 13 de maio de 2015.

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[13] SILVA, Jaqueline Neves. Análise da eficácia da gestão por processo no planejamento estratégico das organizações. Rio de Janeiro: UFF, 2014. Disponível em: <www.kmpress.com.br>. Acesso em 20 de Março de 2015.

[14] SALGADO, Camila Cristina Rodrigues et al. Gestão por processos e ferramentas da qualidade: o caso da coordenação de um curso de graduação. Teklme e Logos. Botucatu, SP, v.4, n.1, Abril de 2013. Disponível em: <www.fatecbt.com.br>. Acesso em: 10 de Março de 2015.

[15] SILVA, Márcia Zanievicz da et al. Fatores contingenciais que contribuem para a decisão de modificar para a decisão de modificação do sistema de custeio: estudo de caso em um indústria moageira. R. Adm., v.49, n.2,2014. Disponível em:<www.rausp.usp.br>. Acesso em 13 de maio de 2015.

[16] SILVA, Phelippe Moura de; SARTORI, Marcia Maria. A utilização prática do PDCA e das ferramentas da qualidade como provedoras intrínsecas para melhoria continua nos processos produtivos em uma indústria têxtil. Revista Organização Sistêmica, v.6, n.3, p.40 – jul/dez 2014. Disponível em: <www.grupouninter.com.br>. Acesso em 16 de Março de 2015.

[17] SOUZA, Roselaine Cunha de; DEMÉTRIO, Talita Veronez. O ciclo PDCA e DMAIC na melhoria do processo produtivo no setor de fundição: Um estudo de caso da empresa Deluma indústria e comércio LTDA. Disponível em: <www.engwhere.com.br>. Acesso em 16 de Março de 2015.

[18] VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2004.

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Capítulo 4ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO

NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE

Cléber da Silva Amado

Moisés Alexandre Lustosa da Silva

Fernando Franco Netto

Resumo: A preocupação com o meio ambiente ganhou notoriedade nas últimas décadas, despertando o interesse de diversas áreas do conhecimento em desenvolver estudos relacionados a este tema. Baseado nessa afirmação, esse trabalho buscou mostrar se as instituições públicas têm feito sua parte em colaborar com a sustentabilidade ambiental. Para isto, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) foi escolhida como objeto deste estudo por tratar-se de uma Instituição de Ensino Superior Pública. Em termos metodológicos, foi feito um estudo descritivo, com análise documental e abordagem qualitativa. Verificou-se que a UNICENTRO possui ações de sustentabilidade por meio de projetos de extensão, em especial de reciclagem de papel, porém não é dada a devida importância, pois muitas atividades propostas nem sequer saíram do papel. Notou-se que algumas ações foram tomadas de forma bastante tímida, o que não vem contribuindo de forma eficaz para conscientização da comunidade acadêmica a respeito do tema.

Palavras Chave: Sustentabilidade, estratégias, universidade.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

O meio ambiente ao longo dos anos sofre com a

degradação dos recursos ambientais, a biodiversidade

tende a se reduzir, a recomposição e minimização da

agressão ambiental, nesse sentido deve ser efetivada

com ações ordenadas ZULAUF (2014). O processo

de devastação ambiental é reflexo da geração de

produção, transporte, comercialização, uso e descarte

dos bens e serviços de consumo, ou seja, é decorrente

do desenvolvimento e crescimento econômico

desordenado.

Em resposta e por acreditar na capacidade de solução

para essa problemática a sociedade tem buscado

empresas, sejam elas públicas ou privadas, que

tenham em seus princípios direcionados a constante

preocupação com a minimização dos impactos

ambientais que contribuam com o bem estar social

e, com sério comprometimento voltado para o meio

ambiente. Esse anseio é devido à solicitação de

retratar as relações existentes entre as empresas e a

sociedade no que diz respeito às ações desenvolvidas

voltadas para a melhoria da qualidade de vida da

população (CUNHA; RIBEIRO, 2007).

Em empresas privadas, estas informações têm

acesso facilitado, pois o cuidado e investimentos

com o ambiente é encarado como uma vantagem

competitiva frente aos concorrentes. Porém, o acesso

a estas informações em empresas públicas não segue

o mesmo exemplo, o que provocou a criação da Lei de

Acesso à Informação (BRASIL, 2011) com intuito de

proporcionar maior transparência dos atos dos gestores

públicos, esta lei institui como princípio fundamental

que o acesso à qualquer informação pública é a

regra, e o sigilo somente a exceção. Mostrar o que se

tem feito pelo meio ambiente é apenas uma parte da

legislação, mas de grande importância, pois a partir

do momento que as informações são disponibilizadas

pode gerar maior cobrança por parte da sociedade.

Devido à crescente preocupação com a realidade a ser

enfrentada por futuras gerações e consequentemente

com o meio ambiente, faz-se necessário que as

organizações estejam engajadas em um processo

sustentável na rotina de trabalho diário, onde sejam

receptivas a políticas que evitem o desperdício,

com a conscientização coletiva da necessidade de

defesa ambiental, buscando minimizar o impacto

ambiental de suas atividades, nesse aspecto três

itens são fundamentais: a redução, a reutilização e

a reciclagem, estas ações buscam estabelecer uma

relação harmônica entre as instituições e a sociedade

além de favorecer o desenvolvimento sustentável

(STRAUCH; ALBUQUERQUE, 2008).

Um dos pré-requisitos fundamentais para minimizar

esta problemática é a educação com potencial

mais abrangente possível voltado para a educação

ambiental, que no Brasil é obrigatória desde a

Constituição de 1988 em toda rede de ensino “Desde

a Constituição de 1988, a educação ambiental é

obrigatória em todos os níveis de ensino do país; falta

ser obdecida de forma mais efetiva nas escolas e

falta principalmente, o acesso de todas as crianças e

jovens às escolas” (ZULAUF 2014, p. 90).

Conforme o relatado o objeto de estudo desse trabalho

é uma instituição de ensino, a Universidade Estadual

do Centro-Oeste (UNICENTRO), escolhida por ser

uma Instituição de Ensino Superior (IES) Pública. A

UNICENTRO detém grande influência na comunidade

do seu entorno e produz grande quantidade de

lixo, em especial, o papel. A reciclagem de papel

pode diminuir consideravelmente o volume de lixo

ocasionado pelo desperdício, e ainda poupar o corte

de diversas árvores, afinal para cada tonelada de papel

reciclado é possível economizar 20 árvores (MATTEI;

ESCOSTEGUY, 2007). Pode ainda contribuir para a

geração de emprego e renda para a comunidade local

por meio do processo adequado de reciclagem. Este

estudo pretende verificar se existe alguma estratégia

de desenvolvimento sustentável por parte da IES e se

há algum resultado concreto das ações tomadas que

visem à destinação correta dos materiais descartados

com potencial para reciclagem da instituição.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Com o advento da revolução industrial, houve

um crescimento e desenvolvimento econômico e

melhora na qualidade de vida da população, porém

isso resultou no aumento da produção de bens de

consumo, o qual necessita da extração de recursos

naturais para sua produção, que muitas vezes ocorre

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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de forma desordenada e com grade degradação

do meio ambiente, basta olharmos com atenção

e logo vislumbramos lixos com abundância, até

mesmo as regiões afastadas dos grandes centros

urbanos estão poluídas com lixo industrial, os rios e

oceano constantemente recebem lixos produzidos e

descartados pelas cidades. A industrialização ocorreu

de forma rápida e não teve o mesmo crescimento da

preocupação com as questões ambientais.

A sociedade é responsável por preservar o meio

ambiente em que vive e dar destinação adequada

aos resíduos que produz para assegurar o bem estar

de todos. Na realidade atual tornou-se necessário

preservar o meio ambiente devido à acelerada

destruição dos recursos naturais do nosso planeta. É

urgente a necessidade de diminuir a quantidade de

lixo produzido e descartado, desperdiçando menos,

consumindo somente o necessário e reutilizar aquilo

que é considerado lixo, mas que serve de matéria

prima para produzir novos produtos (STRAUCH;

ALBUQUERQUE, 2008).

Estamos vivenciando momentos cruciais de

depredação ambiental onde os noticiários denunciam

falta de água potável, crise energética, desmatamento

desordenado, poluição do ar, dos rios, entre outros.

O processo de reciclagem vem de encontro à

necessidade de combater esses problemas. Posto

isto, é essencial formular estratégias ambientais que

visem diminuir os detritos no meio ambiente. Devido ao

crescimento social, surgiu o aumento da complexidade

das estratégias nas organizações, pois suas atividades

tem impacto socioeconômico. Além disso, elas

precisam contemplar em suas atividades estratégicas

a busca constante por direções, escolhas, mudanças,

resultados, posições de mercado, contexto social,

econômico e político (BULGACOV, 2007).

Nas relações existentes entre as empresas e a

sociedade, é pertinente a demonstração, por parte

das empresas, dos retornos em favor do benefício da

população. Esta solicitação pode ser expressa como

sendo a Responsabilidade Social. A Responsabilidade

Social é um compromisso das organizações com o

comportamento ético (MEDEIROS JÚNIOR, 2004).

Baseado nessa definição, as universidades públicas,

possuem um papel relevante na construção de uma

nova consciência global. No início dessa década,

as universidades estavam voltadas quase que

exclusivamente para a transmissão do conhecimento,

hoje, o que se observa é a inserção dessas instituições

em assuntos voltados não só à comunidade acadêmica,

mas à comunidade em seu entorno (MARTINS et al.,

2013). Como instituições sociais de aplicabilidade

do conhecimento científico e da formação para

a cidadania, os seguimentos educativos são os

principais responsáveis por gerar conhecimento e

caminhos para que os ecossistemas possam produzir

recursos úteis e de absorção de resíduos gerados

pelos próprios seres humanos (GADOTTI, 2008).

Dessa forma, espera-se que as universidades busquem

atender às necessidades de seus usuários internos

(acadêmicos e servidores) e externos, quanto à

execução de ações sociais que agreguem valor. Diante

disso, a UNICENTRO busca fazer sua parte apoiando

o Projeto Reciclar, que tem como prerrogativas a

coleta seletiva de materiais, a reciclagem de papel dos

seus diversos setores, além da busca constante da

conscientização da comunidade acadêmica a respeito

da sustentabilidade.

2.1 RECICLAGEM

O ser humano utiliza os materiais oferecidos pela

natureza para sobrevivência e beneficio próprio, mas

no momento da extração desses materiais na maioria

das vezes não há preocupação com as consequências

da extração desordenada e sem critérios de reposição.

Há uma enorme produção de produtos descartáveis,

ou seja, bens e materiais produzidos com pouca vida

útil de aproveitamento, normalmente após a utilização

esses produtos ou equipamentos são descartados no

lixo, os quais são empregados energia, mão de obra e

ciência que se perdem e não poderão ser recuperados,

causando sérios problemas para os futuros seres vivos

e do planeta.

O aumento dessa produção esta diretamente

relacionada ao poder aquisitivo, ao processo de

industrialização e ao consumo desenfreado, muitas

pessoas consomem além de suas necessidades,

muitos produtos são adquiridos e são substituídos por

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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que saiu da moda, são pouco ou não são utilizados

e já são descartados. Há uma grande pressão por

parte da sociedade organizada para que ocorra a

diminuição da quantidade de matérias e produtos

descartáveis para que as fontes naturais sejam

preservadas, mas a produção dificilmente ira diminuir,

pois a humanidade cada vez mais é dependente

dos produtos industrializados. Após muitos anos de

observação e pesquisa sobre o assunto surge uma

forma para minimizar esse processo a reciclagem.

Em alguns países desenvolvidos as próprias empresas

são responsáveis pelo recolhimento, reciclagem ou

reaproveitamento dos materiais que produzem e

vendem, atualmente emprega-se uma filosofia dos

“4Rs” com objetivo de reduzir a quantidade de matéria

prima utilizada, reciclar as já utilizadas com o processo

de refabricação, a reutilização e a reciclagem. Esses

processos podem ser empregados em todos os tipos

de resíduos (CASTRO, 2014).

A reciclagem é uma das mais importantes, promissoras

e efetivas formas de proporcionar a real minimização

dos problemas ambientais, com a conciliação global

entre a diminuição da agressão ambiental e o consumo

exacerbado de bens e serviços que no futuro tende

a aumentar. A reciclagem pode ser considerada o

reaproveitamento de tudo que é descartado através

da reutilização ou reprodução de um ou de vários

novos produtos através de um processo seja industrial

ou artesanal. Na reciclagem ocorre o ato de tornar

novamente útil um produto que seria descartado e

assim retorna no ciclo produtivo.

O processo de reciclagem além de evitar o desperdício,

o acumulo de lixos e evitar o fim de um produto que

poderia retornar para o ciclo produtivo, contribui para

o meio ambiente no sentido que evita que árvores

que absorvem gás carbônico sejam derrubadas,

contribuído assim para um equilíbrio ambiental e

diminuição do efeito estufa.

Reciclar é preciso e é de fundamental importância para

a humanidade e para o meio ambiente, a reciclagem é

crescente a cada ano na maioria dos países devido a

consciência que vem sendo despertado nas pessoas

através da educação. Cada vez mais surgem novas

produções tecnológicas voltadas para esse processo.

Como reciclagem entende-se que não é apenas

o reaproveitamento de produtos, mas também o

reaproveitamento de materiais orgânicos inclusive

para a produção de energia (ZULAUF, 2014).

O processo de reciclagem é necessário, principalmente

quando é voltado para produtos que demorariam

muito tempo para entrar em estado de decomposição,

ao reaproveitar os produtos descartados, não é

somente a quantidade de lixo que é reduzido, mas há

recuperação daquilo que já foi produzido, o propósito

é recuperar produtos já fabricados, gera economia

de matéria prima, e cria novos postos de emprego e

diminui a degradação ambiental.

A reciclagem além de ser uma vantagem ambiental

também pode ser considerada uma fonte de renda,

é uma atividade que gera a inserção monetária na

economia, gerando emprego e renda as famílias e para

as empresas que exercem a atividade de reciclagem.

Esse mercado movimenta bilhões de dólares no mundo

inteiro e muitos empreendedores estão cada vez mais

investindo nesse setor.

Existem dois tipos de reciclagem: a primária ou em

circuito fechado, a qual é realizada quando o produto

descartado é transformado em novos produtos

do mesmo tipo. Já a secundária, que também é

denominada de downcycling, em que os materiais são

reciclados e são convertidos em produtos diferentes.

Quanto aos resíduos, também podem ser de dois tipos:

o pré-consumo ou interno, que é gerado no processo

de fabricação, e o pós-consumo ou externo, gerado no

consumo do produto (CASTRO, 2014).

Cada vez mais cresce o número de empresas que

operam com reciclagem, pois é uma área ainda

em desenvolvimento e muitos empreendedores

apostam nesse novo nicho de mercado, que é amplo.

(PINHEIRO, 2007). Esses novos empreendimentos tem

gerado empregos diretos e indiretos em todo mundo.

No processo de reciclagem uma fase fundamental é a

separação do lixo, ou seja, proporcionar a destinação

correta de cada tipo de lixo para proporcionar a

criação de reaproveitamento ou servir de matéria

prima para a produção de um novo produto, dando

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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nova utilidade de materiais e orgânicos que na maioria

das vezes são considerados como inúteis e acabam

sendo destinados para o lixo.

Mas para ocorrer a separação adequada do lixo que

proporcione o processo de reciclagem o processo

inicial esta alicerçado na educação, e deve partir

das escolas universidades e outras instituições de

ensino incentivar e instruir a separação adequadas

dos matérias descartados, levando essa atitude

para suas residências e assim disseminar a cultura

do reaproveitamento e despertar a mudança do

comportamento frente as questões relativas ao meio

ambiente.

2.2 RECICLAGEM DE PAPEL

Devido a grande relevância que vem sendo atribuída às

questões ambientais e com a crescente conscientização

da população, a utilização da reciclagem nos próximos

anos exige o desenvolvimento de novas tecnologias

e tende a ser rapidamente a nossa maior indústria

em crescimento o futuro que deve ser planejada e

estruturada (Reinfeld, 1994).

Atualmente o fluxo de materiais da economia segue

um caminho de forma linear de extração da natureza,

produção do bem, consumo ou uso e descarte,

com pouco reaproveitamento de tudo aquilo que

é produzido e consumido. Com espaços cada vez

mais limitados e inadequados para depositar esses

resíduos é necessário deixar de lado esse modelo

linear e adotar um caminho circular onde o descarte

de materiais é minimizado e o reaproveitamento seja

maximizado (STRAUCH; ALBUQUERQUE, 2008). A

relação entre as entidades com a sociedade, deve

ocorrer de forma harmônica e sustentável.

As atividades de educação ambiental devem buscar

a preservação da natureza e devem ser politizadas

em sentido amplo, na educação ambiental deve-se

enfatizar o estudo do meio em que vive, procurando

estabelecer os principais problemas e as contribuições

que a ciência pode proporcionar para as possíveis

soluções dos problemas frente a comunidade.

A preservação ambiental e a diminuição dos detritos

lançados na natureza tem impacto relacionado à

diminuição de catástrofes naturais. Quanto mais

for possível acelerar o processo de transformação

comportamental em relação ao meio ambiente menor

será a possibilidade da ocorrência e do lamento de

catástrofes que poderão vir ocorrer por não serem

evitadas com antecedência (ZULAUFF, 2000).

A única forma de se reverter para um quadro de

preservação ambiental com reaproveitamento de

detritos lançados na natureza de forma desgovernada

e incontrolável, evitando a possibilidade de futuras

catástrofes e buscar melhor qualidade de vida

dos cidadãos e das futuras gerações é por meio

da conscientização das pessoas motivando-

as a participarem de ações direcionadas para

a educação ambiental, esse Mecanismo é uma

alternativa considerada ecologicamente correta para

a preservação ambiental.

No Brasil de acordo com a (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE CELULOSE E PAPEL, 2015) cerca de 45 % de

todos os papeis que circulam no pais no ano de 2011

foram encaminhados para a reciclagem. No setor de

papel já é tradicional o processo de reciclagem, várias

fábricas possuem vasta matéria prima abastecida por

um grande rede de aparistas, cooperativas, e outros

fornecedores de papel pos-consumo que recolhem,

fazem a triagem e armazenamento do papel coletado,

essa cadeia produtiva gera emprego e renda e

movimenta a economia local.

De encontro com a perspectiva de preservação e

contribuição com as futuras gerações através da

redução do desperdício por meio da reciclagem foi

criado o Projeto Reciclar da UNICENTRO que tem

como objetivo de educar a comunidade acadêmica e

local quanto aos cuidados que se deve ter com o meio

ambiente, e recolhe os papeis descartados dos seus

diversos setores a fim de destiná-los a reciclagem.

Essa idéia surgiu a partir da observação da grande

quantidade de papel gerada na Universidade era

destina ao lixo, conscientes que a reciclagem do papel

além de reduzir o acumulo de lixo também contribui

para a diminuição da devastação florestal, pois para

sua produção é utilizada a celulose de determinados

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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tipos de árvores, dados revelam que a cada tonelada

de papel reciclado gera economia de 17 a 20 árvores.

O papel pode ser reciclado de 7 (sete) a 8 (oito) vezes,

pois o papel e formado por um conjunto entrelaçado

de fibras de celulose e a cada reciclagem essas fibras

vão se degradando.

Vários tipos de papel podem servir de matéria prima

para reciclagem e gerar novos papéis, entre os

principais tipos estão: jornal, papel sulfite, cartolinas,

revistas, papelão, longa vida, folhas de caderno,

envelopes, cartões, caixas de papel em geral,

embalagens de produtos em geral, entre outros.

O papel reciclado pode gerar vários outros tipos

de papel, um dos mais utilizados é o papel A4 para

impressão, com o processo de reciclagem pode

ser gerado um novo papel com características

semelhantes ao que foi utilizado como matéria prima,

com diferencial da coloração que pode ser mais

escuro, mas essa é apenas uma dos tipos de papel

que podem ser criados, pois vários outros tipos podem

ser recriados.

Para ser reciclado o papel recolhido passa por

um processo de separação, coleta, transporte até

a fábrica, passa pelas etapas de produção, esse

processo é denominado ciclo de reciclagem do papel,

conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1 – Ciclo de reciclagem de papel

Fonte: Adaptado pelos autores

A primeira fase no processo de reciclagem do papel

ocorre com a separação do papel em relação a outros

detritos, em locais onde há grande quantidade de

papeis pode também haver a separação por tipos de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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papel como: papel branco, papelão, jornais, revistas e

diversos impressos, entre outros. Daí a importância de

haver uma conscientização da separação adequada

do papel em relação a outros detritos, em seguida é

realizado a coleta nos locais onde é feita a separação

(universidades, escolas, residências, entre outros),

na próxima etapa é realizado o transporte para o

local da reciclagem, já no local passa pelo controle

de qualidade e é classificado, é acrescentado água

industrial (detergente e solvente), para a retirada da

tinta, cola e impurezas, após essa faze a matéria

prima é transformada em uma pasta, após esses

procedimentos o papel passa por uma série de

lavagens e é misturado com cloro o que torna esta

pasta branca e após todo esse ciclo resulta no produto

final, ou seja, um novo papel que após sua vida útil

retornará para esse processo novamente, mantendo

assim o ciclo de reciclagem.

Uma das dificuldades no processo de reciclagem

ocorre quando a separação dos materiais com

potencial para reaproveitamento é realizada de forma

inadequada, onde as pessoas acabam misturando

outros tipos de papel que não são recicláveis, como

papéis sanitários, plastificados, papéis metalizados,

papéis parafinados, copos descartáveis de papel,

papel carbono, fotografias, fitas adesivas, etiquetas

adesivas e papel vegetal, entre outros. A separação

correta é um processo fundamental para o sucesso

de qualquer projeto de reciclagem, ganha-se tempo

e emprega –se menos recursos na triagem desse

material. Além de que outros produtos cortantes como:

latas, metais, estilhaços, ferro, vidro, e outros que não

sejam papel, podem acabar causando ferimentos na

pessoa responsável pela coleta.

3. PROCESSOS METODOLÓGICOS

Este trabalho buscou saber se as empresas públicas

se preocupam em contribuir com a sustentabilidade

ambiental. Para tanto, foi escolhida a Universidade

Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, como objeto

de estudo da pesquisa por ser uma Instituição de

Ensino Superior Pública de qualidade. Por ser uma

universidade de alcance nacional, as ações tomadas

por essa organização podem influenciar a comunidade.

A pesquisa foi qualitativa, caracterizada como

descritiva, documental, com técnica de levantamento

e a amostra de dados foi definida por acessibilidade

ou conveniência. Para viabilizar o estudo, analisou-se

a documentação do Projeto Reciclar disponibilizada

pela Instituição de Ensino Superior UNICENTRO, onde

se teve acesso a todas as informações necessárias

a respeito da implantação do projeto, seus objetivos,

suas ações e os resultados obtidos.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir far-se-á a análise e discussão dos resultados

obtidos pelo desenvolvimento da presente pesquisa.

Na primeira seção há uma breve menção sobre

a Instituição de Ensino Superior pesquisada. Na

segunda seção mostrar-se-á aspectos relativos ao

Projeto Reciclar e seus respectivos resultados.

4.1 UNICENTRO

4.1.1 LOCALIZAÇÃO

A instituição é uma das mais recentes universidades

públicas paranaenses, tem sua sede na cidade de

Guarapuava/PR, cidade polo da mesorregião centro-

sul do Paraná. A mesorregião tem população estimada

de 544.190 habitantes (IBGE, 2010).

4.1.2 INSTITUCIONAL

A Universidade Estadual do Centro Oeste é uma das

mais jovens universidades do Estado do Paraná. Ela

surgiu da fusão de duas Faculdades: a Faculdade

de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava e

a Faculdade de Educação, Ciências e Letras de

Irati. A partir do ano de 1997, após o processo de

reconhecimento, a Universidade iniciou seu processo

de expansão implantando vários novos cursos nas mais

diversas áreas do conhecimento, após sua fundação

vem em um processo de constante crescimento,

contanto atualmente com 59 ofertas de cursos, sendo

28 na cidade de Guarapuava, 16 na cidade de Irati, 2

na cidade de Chopinzinho, 5 na cidade de Laranjeiras

do Sul, 3 na cidade de Pitanga e 5 na cidade de

Prudentópolis, sempre prezando pela qualidade

dos cursos ofertados conta com uma adequada

estrutura de laboratórios para o desenvolvimentos

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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de pesquisas, sendo conceituada como uma das

melhores universidades do pais. Em Guarapuava,

a UNICENTRO conta com os campi Santa Cruz e

CEDETEG. A região de abrangência da universidade,

conforme ilustrado na Figura 2, atinge mais de 50

municípios em seu entorno, compreendendo uma

população de cerca de mais de 1 milhão de habitantes

para os quais oferece além das oportunidades de

formação superior com cursos de Graduação e Pós-

Graduação Lato Sensu (Especialização) e Stricto

Sensu (Mestrado e Doutorado), a geração de emprego

e renda e uma variada gama de serviços que propiciam

maior desenvolvimento econômico regional. Além de

vários cursos a distância, em convênio com a UAB,

Universidade Aberta do Brasil (UNICENTRO, 2013).

Seu processo de consolidação está em pleno

desenvolvimento, com a busca constante pela melhoria

de suas ações, bem como do ensino ofertado e das

pesquisas desenvolvidas, suas ações são voltadas

para atender os interesses dos alunos e de sua

comunidade, com a devida responsabilidade social,

o que se evidencia tanto pelo reconhecimento da

comunidade que a procura, como pelo reconhecimento

dos órgãos oficiais encarregados da gestão das

políticas de Ensino Superior no País.

Figura 2 – Localização das cidades de atuação da UNICENTRO e seus respectivos campi e polos.

Fonte: ERI, 2014

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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4.2 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA

UNICENTRO

No ano 2000, a ONU (Organização das Nações

Unidas), ao analisar os maiores problemas mundiais,

estabeleceu 8 Objetivos do Milênio (ODM), que no

Brasil são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo,

que devem ser atingidos por todos os países até 2015

(PNUD, 2000). A fim de contribuir com os objetivos de

desenvolvimento do Milênio e minimizar os problemas

referente à qualidade de vida e o respeito ao Meio

Ambiente, a UNICENTRO (Universidade Estadual do

Centro Oeste do Paraná) adotou estratégias para o

tratamento de resíduos sólidos por meio do projeto

permanente de extensão denominado “Gestão de

Resíduos Sólidos da UNICENTRO” tendo como

principais objetivos a realização de um levantamento

criterioso dos resíduos gerados pela instituição e

gerenciamento e a destinação adequada dos seus

diversos tipos.

Inicialmente o projeto tinha como principal objetivo o

levantamento e gestão dos resíduos sólidos gerados

por toda a comunidade universitária (acadêmicos,

estagiários, funcionários e professores) em atividades

desenvolvidas na instituição e conscientização por

meio de ações educativas. O projeto iniciou suas

atividades em maio de 2004 e tinha previsão de

término em dezembro de 2006. Porém, possivelmente

por de falta de pessoal disponível para atingir os

objetivos e pelo orçamento restrito, o projeto foi

encerrado antecipadamente, em 20 de junho de 2005,

demonstrando poucos resultados.

A Tabela 1 demonstra alguns resultados obtidos pelo

projeto “Gestão de Resíduos Sólidos da UNICENTRO”:

Tabela 1 – Resíduos destinados à reciclagem.

PERÍODO MATERIAL QUANTIDADE (ton)

01/05/2004 a

31/12/2006Papel de diversos tipos 16,016

Fonte: Dados da pesquisa

Como pode ser observado na tabela 1, a partir desses

resultados, a UNICENTRO contribuiu nesse período

com a preservação de aproximadamente 320 árvores,

pois para cada tonelada produzida preserva-se 20

árvores.

4.3 PROJETO RECICLAR

Por se tratar de um assunto de grande interesse da

sociedade brasileira, o Governo Federal publicou o

Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006 (BRASIL,

2006), onde se institui a separação adequada dos

resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e

entidades da administração pública federal direta e

indireta, na fonte geradora, e a sua destinação correta

para às associações e cooperativas dos catadores

de materiais recicláveis com objetivo de proporcionar

a destinação correta de material reaproveitáveis.

Análogo ao Decreto Federal, o Governo do Estado

do Paraná acompanhou esta iniciativa por meio do

Decreto Estadual nº 4.167, de 20 de janeiro de 2009

(PARANÁ, 2009), em seu Artigo 1º estabelece que

os órgãos da administração direta e indireta devem,

obrigatoriamente, separar os resíduos sólidos

recicláveis gerados e destiná-los às associações e

cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

Neste sentido a UNICENTRO realizou iniciativa que

vem ao encontro dessas perspectivas apoiando a

reciclagem de papéis descartados pelos setores

administrativos e pedagógicos e da universidade

como um todo. Sendo uma instituição educacional

que estrategicamente se envolve com a comunidade

do seu entorno por meio de diversas atividades

extensionistas, a universidade implantou o Projeto

Reciclar (UNICENTRO, 2007), que visa destinar da

melhor forma possível os papéis descartados para

que seja passiveis de reciclagem. Assim os papéis

foram separados e recolhidos pela Associação de

Catadores de Papel Reciclado de Guarapuava que

fica localizada no distrito industrial Guaratu na cidade

de Guarapuava-PR, possui mais de 140 operadores

ecológicos e atende a vários bairros da cidade. A

associação em parceria com a comunidade local e

com a UNICENTRO contribui com o meio ambiente

gerando emprego e renda aos seus colaboradores

e consequentemente na qualidade de vida da

população. (UNICENTRO, 2015).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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O período inicial das atividades era de 30 de janeiro de

2007 a 28 de fevereiro de 2008, sendo prorrogável por

mais um ano após aprovação do relatório contendo

as atividades executadas, sendo possível sua

prorrogação anualmente. A carga horária do projeto

é de duas horas semanais, totalizando noventa e seis

horas. O projeto tinha como metas:

• Contribuir com os objetivos de desenvolvimento do

Milênio referente à qualidade de vida e o respeito

ao Meio Ambiente;

• Passar a comunidade acadêmica algumas ações

educativas, que possam ser disseminadas nas

escolas, referente ao uso consciente do papel e

processo de reciclagem;

• Sensibilizar a comunidade acadêmica da

Instituição para o uso correto dos meios de coleta

instalados na UNICENTRO.

• Evitar o desperdício por meio da reutilização do

papel;

• Orientar, nos diversos pontos de coleta a

importância o Projeto Reciclar;

• Coletar os papéis descartados das caixas,

disponibilizadas pelo projeto, dos diversos setores

da UNICENTRO, dando uma destinação ecológica

para a reciclagem;

• Envolver a comunidade acadêmica, na

disseminação em relação à consciência voltada à

preservação das matas ciliares;

• Organizar oficinas e trabalhos artísticos com papel

reciclado;

• Expor trabalhos com papel reciclado.

O Projeto Reciclar tem atuação na Universidade

Estadual do Centro Oeste do Estado do Paraná, nos

Campi Santa Cruz e no campus CEDETEG, na cidade

de Guarapuava-PR.

4.3.1 RESULTADOS OBTIDOS

O Projeto Reciclar tinha praticamente as mesmas

metas que o Projeto Gestão de Resíduos Sólidos

implantado anteriormente pela UNICENTRO, sendo o

principal diferencial o foco na reciclagem de materiais,

em especial o papel.

Todos os projetos precisam obrigatoriamente emitir no

final de cada período para apreciação dos Conselhos

Superiores da Universidade um Relatório Final com as

atividades realizadas no período, conforme determina

o Regulamento de Projetos de Extensão da Pró-reitoria

de Extensão e Cultura da UNICENTRO. Neles devem

conter informações a respeito do projeto, tais como:

título, abrangência, carga horária, participantes,

justificativa, objetivos, cronograma, orçamento (se

houver), principais resultados obtidos e público alvo.

Buscou-se determinar por meio desses relatórios se

os objetivos do projeto foram alcançados. Foi feita

análise minuciosa desses documentos do período

compreendido entre os anos de 2007 e de 2013,

porém não sendo possível determinar com clareza

se as metas tinham sido alcançadas ou não, pois os

relatórios não evidenciaram informações detalhadas

das atividades realizadas. Apenas nos relatórios dos

anos de 2011 a 2013 que foi possível determinar,

de forma bem resumida, que a divulgação do

Projeto Reciclar foi realizada pelos estagiários que

faziam as coletas dos materiais nos devidos setores,

orientando como separar o papel para posteriormente

serem recolhidos. Segundo esses relatórios, houve

melhorias significativas na qualidade da separação e

consequentemente na destinação do papel por parte

dos setores, incentivando a adesão de vários outros

setores ao projeto. O Projeto Reciclar se encontra

vigente, pois todos os seus relatórios foram anualmente

aprovados.

A coleta seletiva no âmbito da Universidade se dá

por meio de uma caixa identificada de depósito em

todos os setores, na qual deve ser depositado todo o

papel descartado, sendo retirado de acordo com um

cronograma estabelecido no projeto. Todo material

é acondicionado em sacos que são armazenados

num local designado pela instituição para que

posteriormente sejam recolhidos pelos recicladores

responsáveis.

O material é retirado por operadores ecológicos da

Associação de Catadores de Papel de Guarapuava

(ACPG), por meio de uma parceria envolvendo

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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a Secretaria de Meio Ambiente do Município e a

Universidade. Após recolhido pela ACPG, o material é

pesado e a UNICENTRO é remunerado de acordo com

a quantidade de papel fornecido.

A Tabela 2 elenca os resultados das coletas de papel.

Tabela 2 – Papel recolhido nos setores destinados à reciclagem.

PERÍODO MATERIAL QUANTIDADE (ton)

01/01/2007 a 31/12/2007

Papel de diversos tipos 8,58

01/01/2008 a 31/12/2008

Papel de diversos tipos 3,51

01/01/2009 a 31/12/2009

Papel de diversos tipos 20,98

01/01/2010 a 31/12/2010

Papel de diversos tipos 3,96

01/01/2011 a 31/12/2011

Papel de diversos tipos 19,74

01/01/2012 a 31/12/2012

Papel de diversos tipos 23,38

01/01/2013 a 31/12/2013

Papel de diversos tipos 5,38

TOTAL GERAL 85,53

Fonte: Dados da pesquisa.

O Projeto Reciclar recolheu mais de 85 toneladas

de papel, contribuindo com a preservação de

aproximadamente 1.710 árvores. Com relação

às ações de conscientização da comunidade

acadêmica, na documentação fornecida não foi

possível detectar se foram realizadas atividades que

demonstrassem procedimentos para efetiva mudança

de comportamento.

Em visita à UNICENTRO é notável a presença das

lixeiras basculantes coloridas de acordo com o tipo

de material que deve ser depositado, espalhadas por

toda instituição e de caixas nos setores com indicação

de “Papel Reciclável”, porém não foi visto em nenhum

quadro de informativos, convite para palestras ou

cursos a respeito do processo de reciclagem, oficinas

com material reciclável ou qualquer informação que

referencie o uso correto das lixeiras, ou qualquer

atividade cultural com os materiais coletados,

fomentados pelo projeto. Observa-se ainda que os

materiais depositados nas lixeiras acham-se fora

dos locais indicados e que algumas delas foram

depredadas para o correto depósitos dos papeis.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo verificar se as

instituições públicas possuem a preocupação com o

meio ambiente. Para tal fim, a UNICENTRO foi escolhida

por ser uma organização pública com a finalidade do

ensino, com o intuito de investigar se a universidade

possuía alguma estratégia de desenvolvimento

sustentável, quais ações eram tomadas para atingi-las

e qual a relevância para a comunidade. Notou-se que

a Universidade tinha essa preocupação aprovando

em 2004 o Projeto de Extensão “Gestão de Resíduos

Sólidos da UNICENTRO”, investindo na compra de

materiais e em pessoal e se mostrou bastante aquém

do que se esperava, sendo o projeto encerrado no ano

seguinte à sua implantação.

Devido a decretos federais e estaduais, a instituição

reativou suas estratégias de desenvolvimento

sustentável por meio do Projeto Reciclar e obteve

um excelente resultado: mais de 100 toneladas

de papel descartado se destinaram à reciclagem,

o que resulta na preservação de mais de 2.000

árvores. Mas esse sucesso não se refletiu em toda

comunidade acadêmica, afinal não utiliza de forma

correta as lixeiras, além de depreda-las. Essa falta de

conscientização por parte da comunidade acadêmica

é possivelmente uma falha do Projeto Reciclar em

não promover atividades que chamem atenção para

importância do cuidado com o meio ambiente, por

meio da correta separação do lixo.

Quanto à relevância para a comunidade, pode ter

efeitos positivos, afinal o material reciclável é destinado

para a Associação de Catadores de Guarapuava, onde

existem muitas famílias de baixa renda, que podem

vender esse papel a outras instituições melhorando

assim seus rendimentos. Sendo assim, observa-se

que embora a Universidade e algumas escolas tenham

projetos isolados de separação do lixo e, portanto, da

seleção do papel como material reciclável, este ainda

não tem seu devido encaminhamento para ações de

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maior proporção educativa.

Como sugestão deveria haver o envolvimento

maior dos cursos de Publicidade e Propaganda da

UNICENTRO no sentido de promover campanhas de

conscientização da comunidade acadêmica para que

não ocorra o descaso na separação adequada dos

resíduos gerados na Universidade.

Ao analisarmos a documentação, notamos muitos

objetivos, que para serem atendidos em sua totalidade,

demandaria grande quantidade de recursos para

atingi-los, o que pode explicar o insucesso da Gestão

de Resíduos Sólidos e pelo sucesso parcial do Projeto

Reciclar. Sugerimos então que sejam revistos, a

fim de que sejam exequíveis. O apoio por parte da

Reitoria (órgão máximo da Universidade onde são

regulamentadas todas as atividades institucionais)

alertando da seriedade da separação correta do lixo

também seria bastante interessante.

Este trabalho possui limitações, tais como a análise

basicamente documental, onde muitas informações

eram faltantes ou confusas. Como sugestão de

trabalhos futuros, pode se fazer um estudo com toda

comunidade acadêmica para se descobrir qual o nível

de consciência ambiental.

6. REFERÊNCIAS

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL. Reciclagem de Papel. 2015. Disponível em: <http://bracelpa.org.br/bra2/?q=node/172>. Acesso em: 25 jun. 2015.

[2] BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Acesso à Informação. Lei nº. 12.527 de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2011/lei-12527-18-novembro-2011-611802-norma-pl.html>. Acesso em: 18 set. 2014.

[3] BRASIL. Decreto nº. 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 out. 2006. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2006/decreto-5940-25-outubro-2006-546076-norma-pe.html>. Acesso em: 04 maio 2015.

[4] BULGACOV, S.; SOUZA, Q. R.; PROHMANN, J. I.; COSER, C.; BARANIUK. J. O campo da estratégia: domínios e limitações. In: BULGACOV, SOUZA, Q. R.; PROHMANN, J. I.; COSER, C.; BARANIUK. J. Administração estratégica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.

[5] CASTRO, Joana D’arc Bardella. A Indústria da Reciclagem, o Lixo e os Catadores: um estudo em Anápolis/GO. 2010. Disponível em <http://www.anapolis.go.gov.br/revistaanapolisdigital/wp-content/uploads/2011/04/Artigo-Joana-Reciclagem.pdf>. Acesso em: 04 maio 2015.

[6] CUNHA, J. V. A.; RIBEIRO, M. S. Evolução e Estrutura do Balanço Social no Brasil e Países Selecionados: um Estudo Empírico. Revista de Administração Contemporânea (Online), São Paulo, v. 1, n. 2, art. 9, p. 136-152, maio/ago. 2007. Disponível em <http://www.anpad.org.br/periodicos/arq_pdf/a_640.pdf>. Acesso em: 04 maio 2015.

[7] ERI. Escritório de Relações Internacionais da UNICENTRO. Nossas unidades | Escritório de Relações Internacionais. 2014. Disponível em: <http://www2.unicentro.br/eri/nossas-unidades>. Acesso: 30 out. 2014.

[8] GADOTTI, Moacir. Educar para a sustentabilidade. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2008.

[1] IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: Características da população. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/caracteristicas_da_populacao_tab_municipios_zip_xls.shtm > Acesso em: 04 set. 2014.

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[9] MATTEI, G.; ESCOSTEGUY, P. A. V. Composição Gravimétrica de Resíduos Sólidos Aterrados. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 247-251, jul./set. 2007. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/esa/v12n3/a14v12n3.pdf >. Acesso em: 04 maio 2015.

[10] MARTINS, A. S. R.; QUINTANA, A. C.; JACQUES, F. V. S.; MACHADO, D. P. O balanço social como um instrumento de informação para a sociedade: um estudo na Universidade Federal do Rio Grande. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 10, n. 19, p. 49-70, jan./abr., 2013. Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/download/2175-8069.2013v10n19p49/24555>. Acesso em: 04 maio 2015.

[11] MEDEIROS JÚNIOR, G. J. Universidade e Responsabilidade Social. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE GESTÃO UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA DO SUL, 4., 2004, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária, 2004. Disponível em: <http://www.inpeau.ufsc.br/coloquio04/a6.htm>. Acesso em 04 maio 2015.

[12] PARANÁ. Decreto nº. 4.167, de 20 de janeiro 2009. Dispõe sobre a obrigatoriedade da separação seletiva dos resíduos sólidos recicláveis gerados pelos órgãos e entidades da administração pública estadual direta e indireta. Diário Oficial do Estado do Paraná, Curitiba, PR, 26 jan. 2009. Disponivel em <https://www.documentos.dioe.pr.gov.br/dioe/ consultaPublicaPDF.d o ? a c t i o n = p g L o c a l i z a r & e n v i a d o = t r u e & n u m e ro = 7 8 9 7 & d a t a I n i c i a l E n t r a d a = & d a t a F i n a l E n t r a d a = & s e a r c h = 4 1 6 7 & d i a r i o C o d i g o = 3 & s u b m i t =Localizar&localizador=>. Acesso em: 04 maio 2015.

[13] PINHEIRO, Lana. Lixo que vira lucro. Revista: Isto é Dinheiro. 2007. Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoedinheiro-temp/498/negocios/lixo_que_vira_lucro.htm.> Acesso em: 19 de maio de 2015.

[14] REINFELD, Nyles V. Sistema de reciclagem comunitária: do projeto à administração São Paulo: Makron Books, 1994.

[15] STRAUCH, Manoel; ALBUQUERQUE, Paulo Peixoto de. Resíduos: como lidar com recursos naturais. 1 ed. São Leopoldo: Oikos, 2008, 220 p.

[16] UNICENTRO. Conhecendo a UNICENTRO. 2013. Disponível em: <http://www2.unicentro.br/conhecendo-a-unicentro>. Acesso em: 30 out. 2014.

[17] UNICENTRO. Conheça o trabalho da associação de catadores de papel reciclado de Guarapuava. Disponível em: <http://sites.unicentro.br/jornalagora/conheca-o-trabalho-da-associacao-de-catadores-de-papel-reciclado-de-guarapuava/>. Acesso em: 14 jul. 2015.

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Capítulo 5A IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROCESSOS DE TIC

SOB A PERSPECTIVA DOS COLABORADORES

Daniel Barbarioli Carraretto Plínio Ribeiro de Souza

Roquemar de Lima Baldam

Thalmo Coelho de Paiva Junior Wesley Pereira da Silva

Resumo: O presente artigo buscou descrever as etapas de um projeto de implantação do gerenciamento de processos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em uma companhia de saneamento, sob a perspectiva dos colaboradores. Foram detectadas as razões que dispararam as ações específicas necessárias para que ocorresse uma profunda mudança na prestação de serviços, bem como os resultados alcançados e a oportunidades de melhoria para o futuro. A situação anterior descrita foi um cenário com falta de padronização, registros, segurança, integração entre as unidades envolvidas e indicadores. As principais ações foram a definição dos serviços prestados e escopo, mapeamento, modelagem, definição de permissões para execução dos processos, criação de instruções de trabalho para as atividades de maior complexidade, e análises críticas dos processos implantados, visando a melhoria contínua. Como resultados, apontaram-se a documentação dos processos, com a existência e manutenção de registros; a medição e análise de indicadores; a melhoria na satisfação dos usuários e no dimensionamento das capacidades de atendimento das áreas, com aumento de produtividade e segurança dos processos; e a diminuição de retrabalho e dos impactos da rotatividade de pessoal.

Palavras Chave: Gerenciamento de Processos; Tecnologia da Informação e Comunicação; Empresa de Saneamento; Estudo de Caso.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

As organizações contemporâneas assumiram um

grande papel na execução de políticas públicas

e na manutenção de serviços básicos. Em todas

as esferas do estado, estes entes públicos estão

presentes nos serviços que vão desde tratamento de

água e esgoto até transações financeiras.

Ainda que o contribuinte em geral esteja apenas

preocupado com a qualidade dos serviços que lhe

são prestados quando realmente precisa destes

serviços, há uma grande pressão para que a

administração pública devolva os tributos recolhidos

em forma de serviços minimamente compatíveis com

as necessidades do povo e que o faça dentro dos

“bons padrões gerenciais” (SILTALA, 2013; CHEN et

al, 2014).

Neste sentido, o estado do Espírito Santo criou, em

1967, a Companhia Espírito Santense de Saneamento

(CESAN) e a ela incumbiu o tratamento de água

e esgoto, serviços de saneamento que tem como

característica o permanente crescimento de

demanda. Com a evolução das técnicas e das

legislações inerentes a este setor, fez-se necessário

buscar métodos de gerenciamento que permitissem

otimizar os processos e orientar seus agentes.

Ao analisar um setor específico da empresa, a

saber, a Gerência de Tecnologia da Informação,

foram encontradas oportunidades de melhoria

relacionadas a processos. Esse contexto demandou

um aperfeiçoamento nas técnicas de gerenciamento e

otimização de processos, que culminou pela decisão

estratégica de implantar o gerenciamento de processos

nesse setor.

Nesse contexto de desenvolvimento organizacional

foi baseado o interesse dessa pesquisa, no sentido

de identificar como foi feita a implantação do

gerenciamento de processos de Tecnologia da

Informação em uma empresa de saneamento do

estado do Espírito Santo.

Este trabalho buscou descrever, sob a perspectiva

dos colaboradores, qual era a situação da Gerência

de Tecnologia da Informação da CESAN antes da

implantação do gerenciamento de processos, pontuar

as ações específicas adotadas na implantação, analisar

os resultados obtidos e identificar as oportunidades de

melhoria vislumbradas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

O cenário competitivo, inerente aos mercados, é

caracterizado por constantes mudanças e muitas

dessas advém do desenvolvimento das Tecnologias

da Informação e Comunicação (TIC) (TALAMONI,

GALINA, 2014). Especificamente no Brasil, a partir da

década de 90, alargaram-se os investimentos em TIC

e as inovações deste setor permitiram a manutenção

da competitividade e o aperfeiçoamento de diversas

atividades empresariais (ANDRADE 2004).

As TIC modificaram as formas de executar atividades

nos mais diversos segmentos de mercado (KEARNS,

SABHERWAL, 2006) e desempenham uma função

importante na oferta de novos serviços e na gestão

mais eficiente dos recursos (PRZYCZYNSKI, et al,

2012; ZHANG, 2007).

Há uma grande quantidade de pesquisas que tratam

da crescente participação das TIC nas estratégias

gerenciais (CARTER et al., 2011). Muitas das

organizações que obtiveram êxito no alinhamento entre

suas estratégias e seus processos, concentraram boa

parte de seus esforços e recursos em seus setores de

tecnologia da informação e comunicação (CHEN et al.,

2014; HAMEED et al., 2012).

Sendo assim, as TIC surgem como componente

indissociável da estrutura organizacional das

empresas de qualquer seguimento, constituindo um

fator determinante no sucesso do Gerenciamento de

Processos de Negócios (CHEN, WU, 2011).

2.2 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS

Gerenciar processos de suporte e de produção fez-

se necessário no momento em que as organizações

surgiram (LUOMA-AHO, 2013), porém, foi a

necessidade de corresponder aos valores e

expectativas dos clientes que impulsionou as inúmeras

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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abordagens sobre gerenciamento (KENT et al., 2011;

SKRINJAR et al., 2013).

Em síntese, gerenciar processos tornou-se prática

responsável por garantir a entrega dos produtos

prometidos aos clientes, buscando assimilar as

tecnologias disponíveis para otimizar os processos

e baixar custos (ZHANG et al., 2012). Mas, acima

de tudo, as abordagens gerenciais buscam garantir

a qualidade em todos os aspectos que tangem as

organizações (SEETHAMRAJU, 2012).

Abordagens como “Gestão da Qualidade Total”,

“PDCA” e “Melhoria Contínua dos Processos” foram

sistematicamente utilizadas na tentativa de tornar os

processos de negócios eficientes (SKRINJAR et al.,

2013). Dentre as abordagens conhecidas na literatura,

o “Gerenciamento de Processos de Negócios” (BPM)

apresenta-se como a mais abrangente, pois incorpora

diversos aspectos das abordagens anteriores

(ROHLOFF, 2009), sendo analítico, cross-funcional

e permitindo a melhoria contínua dos processos

(SEGATTO et al., 2013; SKRINJAR et al., 2013).

2.3. BUSINESS PROCESS MANAGEMENT (BPM)

O Business Process Management (BPM) ou

gerenciamento de processos de negócios pode ser

definido como um conjunto de boas práticas que,

reunindo a Gestão de Negócios e a Tecnologia da

Informação e Comunicação, visa aperfeiçoar os

resultados das organizações por meio da melhoria dos

processos de negócios, apresentando-se como uma

alternativa às ferramentas gerenciais reducionistas e

lineares (BROCKE, SINNL, 2011; DIJKMAN et al., 2012;

SEGATTO et al., 2013; VASCONCELOS, RAMIREZ,

2011).

As organizações vivem a era dos mercados

globalizados e complexos e também da convergência

entre a gestão pública e a gestão privada (AERTSEN,

GELDERS, 2011; BEJEROT, HASSELBLADH, 2013;

SILTALA, 2013). Frente a tantas demandas, o BPM

possibilita a visão sistêmica necessária para que os

processos sejam geridos de modo condizente com

o atual contexto organizacional e permite identificar

quais dentre estes carecem de aperfeiçoamento

(DUBANI et al., 2010; NIEHAVES, PLATTFAUT, 2011;

SEGATTO et al., 2013; SIRIRAM, 2012).

Devido aos bons resultados obtidos por muitas

organizações com a implantação do gerenciamento

de processos e ao grande número de estudos

acerca deste assunto, torna-se cada vez mais

comum encontrar empresas que tem suas atividades

orientadas por processos modelados (DIJKMAN et al.,

2012).

Em verdade, a melhoria dos processos de negócio

tem sido pauta nas agendas das empresas e dos

investigadores por anos (MCCORMACK et al., 2009)

e, no contexto empresarial, a gestão de processos de

negócios é uma abordagem cada vez mais utilizada

na gestão de diversas organizações (TRKMAN,

2010). Contudo, segundo Skrinjar e Trkman (2013), “a

grande dificuldade reside em inserir os conceitos do

gerenciamento no funcionamento das organizações”.

Para Smart, Madderrn e Maull (2009), “O BPM só atinge

sua finalidade quando os membros de uma dada

organização compreendem quais são os processos

que executam e quais produtos são gerados”. Para

estes pesquisadores, no mundo gerencial, muitas

foram as tentativas de conceituar o termo “processo”

ao longo dos anos e é esta poli-valência semântica

que, por vezes, torna as ações propostas pelo BPM

incompreensíveis.

Outro fator crítico é a noção equivocada de que os

setores de tecnologia da informação e comunicação

(TIC) são os responsáveis pelo gerenciamento de

processos de negócios. Em suas análises Nuffel e

Backer (2012) consideram que a implantação do

BPM, principalmente a etapa de modelagem dos

processos, depende da participação efetiva dos

setores envolvidos no processo a ser modelado e é

justamente a imputação desta etapa a TIC que dificulta

a aceitação do BPM.

2.4 OS BENEFÍCIOS DE UM GERENCIAMENTO DE

PROCESSOS EFICIENTE

Entre os níveis estratégico e operacional, são

muitos os benefícios de um bom gerenciamento de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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processos de negócios (SEGATTO et al., 2013) e

cabe a cada organização valorar quais lhe foram mais

úteis. Entretanto, devido a transparência que o BPM

confere as atividades, pode-se destacar o aumento da

confiabilidade dos processos (ATESCI et al., 2010).

Uma vez identificados as atividades, é possível elaborar

instruções muito mais claras e promover a autonomia

dos agentes que atuam nos processos. Isto provoca

uma redução no tempo de execução (TRKMAN,

MCCORMACK, 2010) e eleva a autoconfiança dos

gerentes (DE CLERCQ et al., 2011; CHEN et al., 2014),

sendo este último benefício elementar no êxito do

gerenciamento de processos, uma vez que são os

indivíduos que determinam o sucesso ou fracasso de

qualquer sistema de gerenciamento (YU et al., 2012).

Há também uma melhora na capacidade de avaliar

as atividades da organização que, por consequência,

podem ser melhor controladas, medidas e valoradas

(ANTONUCCI, GOEKE, 2011; BROCKE, SINNL,

2011; SEETHAMRAJU, 2012, SEGATTO et al., 2013).

Outro benefício é a possibilidade de prevenção

de problemas. Além disso, as técnicas aplicadas

no gerenciamento de processo e o monitoramento

realizado permitem intervenção em processos viciados

(ANTUNES, MOURÃO, 2011).

3. METODOLOGIA

A pesquisa em questão foi realizada no segundo de

semestre do ano de 2014, na Gerência de Tecnologia

da Informação da Companhia Espírito Santense de

Saneamento – CESAN, com participantes do Sistema

de Gestão da Qualidade (SGQ), especificamente

com o grupo responsável pela implantação do

Gerenciamento de Processos de TIC. O método

utilizado foi o estudo de caso único (YIN, 2010)

foi elaborado um roteiro de pesquisa focada, com

perguntas abertas, visando extrair as percepções

dos colaboradores sobre o caminho da implantação,

descrevendo situação anterior a ela, pontuando as

ações específicas adotadas, analisando os resultados

alcançados e identificando o surgimento de novas

oportunidades de melhorias. Como amostra, de um

total de oito analistas participantes da implantação,

foram entrevistados dois, e de um total de quatro

gestores envolvidos, também foram entrevistados

dois, sendo que todos colaboradores são lotados na

Gerência de Tecnologia de Informação da CESAN.

4. ANÁLISE DE DADOS

Ao entrevistar os envolvidos na implantação do

gerenciamento de processos na Gerência de

Tecnologia da Informação da CESAN, foi identificado

que o principal processo executado é o de atendimento

das solicitações dos usuários internos. Denomina-se

usuário interno, o demandante dos serviços de TI de

qualquer área da empresa. Através da pesquisa, foi

possível extrair as percepções acerca da evolução

alcançada pela implantação do gerenciamento de

processos no setor, bem como identificar oportunidades

de melhoria, a partir da visão dos colaboradores.

4.1 SITUAÇÃO ANTERIOR A IMPLANTAÇÃO DO

GERENCIAMENTO DE PROCESSOS

O problema mais citado pelos colaboradores

entrevistados foi a falta de padronização na execução

das atividades. Foi levantado que no cenário anterior

a implantação, havia vários colaboradores executando

a mesma tarefa, cada um à sua maneira. Não haviam

fluxos definidos para os atendimentos das solicitações

dos usuários internos; nem mesmo era conhecida a

melhor maneira de executar os atendimentos. Isso

gerava conflitos internos quando da atuação dos

analistas nos atendimentos, e, por conseguinte,

pioravam o clima organizacional interno.

Além disso, segundo os colaboradores, nada

era documentado, não havendo registro de cada

atendimento, nem mesmo das soluções utilizadas.

A falta desses registros ocasionava retrabalho, já

que durante um atendimento, vários analistas eram

solicitados, sem conhecer o que já havia sido feito,

repetiam a mesma tarefa várias vezes. Esses gargalos

impactavam negativamente na qualidade e na

eficiência do atendimento ao usuário final, principal

objetivo do setor estudado.

Outro ponto muito citado foi quanto à falta de segurança

nos atendimentos, já que não existia nenhum controle

de permissões, ou seja, o controle do que era permitido

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a cada usuário interno solicitar e do que era permitido a

cada analista atender. O usuário solicitava um serviço,

e era prontamente atendido, mesmo que não fosse

oficialmente autorizado a demandá-lo.

Cada unidade dentro da Gerência de Tecnologia

da Informação da CESAN trabalhava separada uma

da outra, desconhecendo as atividades que cada

uma executava. Segundo os entrevistados, isso era

causado pela falta de um sistema único de atendimento

e acompanhamento das solicitações, que não permitia

a integração das unidades, na execução dos serviços

demandados.

Por fim, devido às lacunas acima citadas, não havia

também indicadores para avaliação da qualidade

dos serviços. Dessa forma, não era possível medir a

performance dos colaboradores nos atendimentos

das solicitações, o que proporcionava dificuldades

aos gestores quando da tomada de decisões visando

melhoria dos processos internos.

Figura 1: Situação anterior à implantação do gerenciamento de processos.

Falta de padronização na execução das atividades

Falta de registros na execução das atividades

Falta de segurança no atendimento

Falta de integração entre as unidades da Gerência de Tecnologia da Informação

Falta de indicadores para avaliação da qualidade e tomada de decisões

4.2 AÇÕES ESPECÍFICAS ADOTADAS PARA

IMPLANTAÇÃO

A ideia de implantar o gerenciamento de processos

de TI surgiu de um direcionamento interno da

diretoria da CESAN, no sentido de que alguma das

gerências fossem certificadas na ISO 9001:2008. A

partir dessa demanda da alta direção, foi contratada

uma consultoria, para junto com os colaboradores

elaborar a documentação necessária para alcançar

a certificação.

Primeiramente, foram realizadas diversas reuniões

para definição dos serviços prestados efetivamente na

Gerência de Tecnologia da Informação e assim chegar

ao escopo do sistema da qualidade.

Após a definição, iniciou-se o mapeamento dos

processos, através do contato com cada colaborador

responsável por serviços. O objetivo deste

mapeamento era identificar os processos existentes.

Foi criado um Catálogo de Serviços de TI, reunindo

todos os serviços prestados dentro da Gerência de

Tecnologia da Informação.

Mapeados os processos, foi realizada a modelagem

dos processos. Houve treinamentos específicos

na ferramenta para os envolvidos na implantação,

de modo que todos estiveram aptos a modelar

seus próprios processos, da maneira como eram

efetivamente executados, com um razoável nível de

detalhamento propiciado pela ferramenta.

Também foram definidos os requisitos de cada

processo, desde conhecimentos necessários para

sua execução até permissões obrigatórias para que o

serviço fosse executado.

Para as atividades específicas ou de maior nível de

complexidade e detalhamento, essenciais para a

execução dos processos, foram criados documentos

chamados de “Instruções de Trabalho”, que visavam

auxiliar na execução dos processos de negócio.

Eram realizadas reuniões periódicas de análises

críticas, visando avaliar os resultados da implantação,

bem como promover a melhoria contínua dos processos

já em execução e mapear novos processos necessários

à qualidade e à eficiência dos atendimentos prestados.

4.3 RESULTADOS ALCANÇADOS A PARTIR

DAS AÇÕES ESPECÍFICAS ADOTADAS PARA

IMPLANTAÇÃO

A partir da efetiva implantação do gerenciamento de

processos, foram muitos os resultados verificados.

Entre eles, destaca-se a documentação dos

processos, com todos os processos internos

documentados, que possibilita a melhoria contínua

da qualidade de prestação dos serviços. A existência

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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e manutenção de registros das solicitações atendidas

e em atendimento, propiciou a criação de uma base

de conhecimento das melhores soluções frente aos

problemas recorrentes.

Um dos resultados mais citados, foi a possibilidade

de medição e utilização de indicadores relacionados

a quantidade de solicitações de atendimento,

qualidade na prestação dos serviços, e satisfação do

cliente. A partir deles, os gestores conseguem tomar

decisões mais conscientes e pontuais para melhorias

nos processos e também no dimensionamento das

capacidades de atendimento de suas áreas, o que

também propicia melhoria contínua de qualidade.

Outro resultado facilmente percebido foi o aumento

na satisfação dos usuários internos com os serviços

prestados pela Gerência de Tecnologia da Informação.

Esse aumento foi constatado a partir do indicador

chamado “Índice de Satisfação do Cliente”, medido

a partir de uma pesquisa de satisfação enviada e

respondida pelo usuário solicitante dos serviços de TI,

após a efetiva prestação do serviço.

A definição e priorização de projetos e contratações

foi melhorada a partir da gestão com indicadores,

já que eles apontam os serviços que precisam ser

aprimorados ou que até mesmo ainda não são

atendidos.

A questão da segurança também obteve resultados

positivos. Com a inserção da necessidade de

permissões para execução de alguns processos,

ficaram definidas os responsáveis pela aprovação de

cada serviço contido nos processos, alcançando o

resultado esperado.

Os gestores entrevistados afirmaram que houve

aumento de produtividade e diminuição de retrabalho

em suas áreas. Outro ponto relevante constatado foi a

redução dos impactos causados pela rotatividade de

pessoal na organização.

4.4 OPORTUNIDADES DE MELHORIAS

VISLUMBRADAS

No que diz respeito às oportunidades de melhorias

vislumbradas, é unânime a opinião de que se deve

cada vez mais buscar a unificação das unidades e

do modo de execução dos processos e atividades da

Gerência de Tecnologia da Informação.

Outra oportunidade de melhoria identificada é a

utilização do conceito de Governança de Processos de

Tecnologia da Informação, adequando os processos

da CESAN as melhores práticas de mercado. Essa

adequação permitirá que a organização futuramente

concorra a certificação ISO 20000, que é específica e

voltada para Gestão de Serviços de TI.

Adicionalmente, foi sugerida a aquisição de uma

ferramenta própria e única de atendimento das

solicitações de serviços e acompanhamento de

chamados para a CESAN, na qual os terceiros

prestadores de serviços utilizem apenas essa

ferramenta, dando maior controle da CESAN sobre

o que é registrado nela. Isso irá ocasionar uma

diminuição no tempo de atendimento; promover maior

integração do atendimento entre as unidades;

facilitará a apuração de indicadores; já que haverá

apenas uma fonte de dados; possibilitará uma melhor

tomada de decisões, pois as análises da gestão se

concentrarão em uma única ferramenta; haverá uma

base de conhecimento facilmente atualizável dentro

próprio sistema, já que os processos e instruções de

trabalhos antes se encontravam no Portal da empresa,

e havia uma dificuldade maior nas alterações. Essa

base de conhecimento será mais facilmente auditável.

Também é importante buscar a melhoria na integração

dos processos de TIC com os processos de outras

áreas da CESAN, promovendo maior alinhamento do

gerenciamento de processos da TI às expectativas e

objetivos estratégicos da empresa, alcançando assim

o que a diretoria e usuários esperam dos processos

internos da TI.

Devem-se estimular ações proativas e a criação de

soluções bem definidas para os possíveis problemas,

definir “donos” para os processos e criar novos

indicadores utilizados no mercado, visando melhorar

o gerenciamento de processos como um todo.

Aprimorando a gestão e análise dos indicadores, será

possível promover melhorias pontuais nos processos.

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5. CONCLUSÃO

Este artigo apresentou uma abordagem direcionada a

respeito do gerenciamento de processos de TIC, tanto

relacionada à sua implantação, quanto aos benefícios

por ele gerados.

A partir de um estudo de caso único realizado na

Gerência de Tecnologia da Informação da Companhia

Espírito Santense de Saneamento (CESAN), foram

obtidos dados em entrevistas focadas com roteiro,

que explicaram como se deu a implantação do

gerenciamento de processos de TIC na organização

estudada.

Foi possível verificar que a situação anterior a

implantação do gerenciamento de processos de TIC,

apresentava ausência de padronização e registros

na execução das atividades, de segurança nos

atendimentos, de integração entre as unidades e

falta de indicadores para avaliação da qualidade dos

serviços e para a tomada de decisões.

Com base nesses problemas encontrados, foram

adotadas ações específicas para a implantação do

gerenciamento de processos. Entre as principais

estão a contratação de uma consultoria especializada

para auxiliar na definição do escopo de processos; o

mapeamento dos processos existentes, com criação

de um Catálogo de Serviços de TI; a modelagem de

processos, após treinamento dos analistas envolvidos

na ferramenta utilizada; a definição dos requisitos de

cada processo; a criação de “Instruções de Trabalho”

para orientar as atividades específicas ou de maior

nível de complexidade e detalhamento; e a realização

periódica de reuniões de análise crítica, visando avaliar

os resultados obtidos e promover a melhoria contínua

dos processos.

Quanto aos resultados obtidos a partir das

ações adotadas, destacam-se a padronização e

documentação dos processos, a possibilidade de

medição de indicadores, o aumento na satisfação

dos usuários internos. Houve também o aumento da

segurança dos atendimentos, devido a definição de

permissões dentro dos processos, além de melhoria na

definição e priorização de projetos a partir da gestão

por indicadores. Quanto a gestão de pessoas, os

gestores entrevistados afirmaram que houve aumento

na produtividade, e redução dos impactos causados

pela rotatividade de pessoal.

As oportunidades de melhoria apontadas pelos

entrevistados, foram a unificação do modo de

execução de processo e atividades entre as unidades

da Gerência de Tecnologia da Informação; a utilização

de conceitos de Governança e melhores práticas

em processos de TIC, e de uma ferramenta própria

de atendimento e acompanhamento dos serviços

prestados. Também foram citadas a necessidade

de maior alinhamento dos processos aos objetivos

estratégicos, de integração aos processos de outras

áreas, e de criação de novos indicadores utilizados no

mercado.

Após a análise dos dados da pesquisa, concluiu-se

que a implantação do gerenciamento de processos

de TIC na CESAN teve excelentes resultados, na

perspectiva dos colaboradores. A descrição de

como se deu a implantação, objetivou motivar

pesquisadores interessados em gerenciar processos

TIC, a desenvolverem novos estudos sobre o tema e

identificarem práticas passíveis de utilização em suas

próprias organizações.

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Capítulo 6A RELEVÂNCIA DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO (TIC) NOS PROJETOS DE EXTENSÃO SEDIADOS

NA UNESP CAMPUS DE TUPÃ

Daniel Sá Freire Lamarca

Silvia Cristina Vieira

Luana Ferreira Pires

Cristiane Hengler Corrêa Bernardo

Angélica Gois Morales

Resumo: Apresentar projetos de extensão acadêmicos realizados na UNESP, Câmpus de Tupã, que adotam abordagem socioambiental e analisar as TICs utilizadas na dinâmica de seu cotidiano, constitui o objetivo desta pesquisa que se apoia numa abordagem metodologia qualitativa, com viés descritivo e exploratório. A extensão universitária possui forte relevância social e pode receber aporte da TIC para alavancar seu processo de interação com a comunidade. A análise da articulação extensão/TIC encontra-se como lacuna literária e suportou o desenvolvimento deste estudo. Os resultados conquistados demonstram que as TICs utilizadas pelos projetos de extensão analisados são muito semelhantes, os objetivos e funcionalidades dos projetos são equivalentes, embora possuam público alvo distintos. Afirma-se que o uso de TIC na extensão universitária é adequada para atingir todos os públicos, estreitando a distância entre academia e comunidade.

Palavras Chave: Extensão universitária, TIC, UNESP Tupã, abordagem socioambiental

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

No cerne de muitos dos projetos de extensão

universitária, emergem reflexões sobre questões

socioambientais que se apresentam como tema latente

na contemporaneidade dos diversos segmentos

da sociedade. Neste cenário, as tecnologias de

informação e comunicação (TICs) voltadas a esse

sistema, revelam-se como relevantes instrumentos

na transferência de conhecimentos entre públicos

distintos, ampliando horizontes tanto na zona urbana,

quanto na área rural.

Reforçam esse argumento Bernardes e Torres (2010)

quando dizem que caminhando conjuntamente com

as discussões sobre questões ambientais seguem as

TICs. Esta se tornam instrumentos importantes para

a transferência de conhecimento, sobretudo, para o

homem do campo, visto que a trajetória socio-histórica

deste sujeito o exclui, em quase todo período, do

processo de aquisição formal do conhecimento.

Nesse viés é que as TICs associadas ao processo

de extensão universitária podem constituir uma

importante direção na busca de apoiar-se em questões

e demandas da sociedade e do ambiente. Desse

modo, a extensão universitária imprimi um papel de

transferência de conhecimentos da academia para

a comunidade, ao mesmo tempo em que recebe as

demandas dessa sociedade, constituindo um fluxo

bilateral de informações.

Seguindo nessa mesma discussão, Garofolo e Torres

(2011, p.4) afirmam que as TICs são instrumentos

tecnológicos utilizados para o processo de inclusão

social, sobretudo, aumentando as possibilidades dos

sujeitos chegarem a aquisição de conhecimentos e

saberes ambientais. A utilização deste instrumental

exerce a função de intermediar os processos de

educação que configuram-se como socialmente

inclusivos. O uso “(...) tem sido cada vez maior porque

estas ferramentas possibilitam trocas, intercâmbios,

permutas de informações, conhecimentos,

experiências, saberes e competências que ajudam as

pessoas a aprenderem coletiva e colaborativamente”.

Aponta Castells (1999) que a profunda permeabilidade

das tecnologias digitais de informação e comunicação,

nas mais diversas dimensões sociais, proporciona um

cenário repleto de oportunidades para construção

de ambientes menos assimétricos nas relações entre

seus atores.

Somando as TICs à extensão, no conceito disposto por

David et al. (2014), no qual a extensão universitária se

apresenta como uma via para estabelecer esse contato

com a sociedade, procurando conhecê-la, entendê-

la e estabelecer um diálogo permanente entre as

partes, para assim encontrar de maneira participativa

soluções às injustiças sociais sofridas pela população,

tem-se um instrumento com grande potencial para o

processo inclusivo.

A crescente importância da extensão universitária,

visando melhor qualidade de vida da comunidade por

meio de repasse de informações e conhecimentos

provenientes da academia, articulando ensino e

pesquisa, reflete a relevância de identificar os métodos

de Tecnologias de Informação e Comunicação

utilizados em projetos sediados na UNESP, campus de

Tupã.

2. OBJETIVOS

Revela-se como objetivo geral desta pesquisa -

analisar as TICs utilizadas pelos projetos de extensão

da UNESP, Câmpus de Tupã, que apresentem

abordagem socioambiental.

Nesse sentido, procurou-se atingir os seguintes

objetivos específicos: descrever os projetos de

extensão existentes no campus de Tupã da UNESP,

que possuem enfoque socioambiental e estejam ativos,

assim como identificar quais são tecnologias utilizadas

por esses projetos e como estas são utilizadas.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

A extensão universitária no Brasil segue uma trajetória

que acompanha as necessidades das comunidades

que se moldam de maneira diferenciada ao longo dos

tempos. Amparados nestas demandas específicas e

na interação entre a universidade e a comunidade, por

meio de reflexões num processo participativo, busca-

se na extensão, a articulação entre ensino e pesquisa

científica.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

60

Para a complexa sociedade em que se vive, a extensão

universitária configura-se como uma forma de atuação

imprescindível no repasse de informações em via

de mão dupla, pois a universidade é uma instituição

educacional que expressa anseios da sociedade

na qual está inserida e busca contribuir, nos casos

analisados neste artigo, para o desenvolvimento

socioambiental do seu entorno, fortalecendo as

relações sociais entre a Universidade Estadual “Júlio

de Mesquita Filho”, Campus de Tupã e comunidade

externa.

A preocupação em possibilitar que a academia atue

produzindo resultados satisfatórios nas relações

sociais é uma questão antiga (SANTOS, 2014).

Segundo Souza (2001), a extensão universitária

encontra sinais perceptíveis no país, desde o Brasil

Colônia, quando jovens universitários encontravam-se

envolvidos com movimentos sociopolíticos da época.

Embora a extensão não fosse identificada com essa

nomenclatura, a forma de ação dos acadêmicos leva a

defini-los como extensionistas, pois buscavam transferir

conhecimentos da academia para a comunidade.

A aproximação da universidade com a comunidade

permite um repasse de informações bilaterais,

nivelando conhecimentos e proporcionando a reflexão

dos indivíduos envolvidos neste processo dialógico.

Freire (1979) expressa que as camadas populares

não são vistas como objeto de ação extensionista,

mas como sujeitos desta ação. Na comunicação

entre os sujeitos da ação, quais sejam: universidade

e comunidade, há a troca dos saberes acadêmicos

e populares, fato que nos leva a compreender a

necessidade do fluxo bilateral de informações que

deve existir na extensão universitária.

Neste contexto, evidencia-se a importância da

extensão para a universidade, formando redes de

transferência de conhecimento, como as analisadas

nesta pesquisa e que envolve os seguintes projetos

desenvolvidos no Câmpus da Unesp em Tupã:

Competências Digitais para a Agricultura Familiar

(CoDAF), a Rede de Educação Ambiental da Alta

Paulista (REAP) e o “Olhar Ambiental”. Os três projetos

permeiam relevâncias socioambientais em suas ações

extensionistas de difusão de saberes entre academia

e comunidades, tanto rural, quanto urbana.

Rocha (2007) relata que a extensão universitária

apresenta-se como fonte difusora de conhecimentos

aplicáveis à vida individual ou coletiva da comunidade.

Defende ideias e princípios que repercutem nas

atividades acadêmicas de modo a interligar as funções

de ensino-pesquisa-extensão, de forma indissociável,

levando a acreditar na viabilidade de sua ação

transformadora na comunidade.

Aponta Santos (2014) que a atividade de extensão

universitária tem sua relevância por ser fonte

de aprendizagem profissional e oxigenação

do conhecimento produzido na universidade,

possibilitando a geração de novos conhecimentos

de forma interdisciplinar, por meio de suas ações e

contribui para a formação cidadã em uma via de mão

dupla.

Os projetos de extensão universitária, além da interação

com a comunidade, buscam a interface relacional

com o ambinte estrutural externo ao campus, por meio

da harmonização do ser humano com a natureza,

compreendendo a zona urbana e rural.

3.2 RELAÇÃO SER HUMANO E NATUREZA

Há décadas ocorre a discussão acerca das ameaças

as quais o planeta está sujeito por efeito da intervenção

humana no ambiente natural, com o objetivo de

explorar seus recursos em benefício próprio. Da

mesma maneira, não é recente a relação entre o ser

humano e a natureza que existe desde os primórdios,

entretanto, a compreensão de mundo passou por

transformações, a medida em que o contexto histórico-

cultural modificou-se, influenciando sua ação no meio

ambiente (GONÇALVES, 2008).

As catástrofes ambientais veiculadas pelos meios de

comunicação emergem da hierarquia instituída entre

homem e natureza, contudo essa relação de dominador

e dominado nem sempre representou danos ao meio

ambiente. Gonçalves (2008) cita que, a princípio, esse

vínculo era divino, permeado de tradições míticas que

atribuíam a um deus cada fenômeno natural. Nesse

período, a extração de recursos visava unicamente

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

61

a sobrevivência, ocorrendo, portanto, em escala

reduzida, sem potencial de geração de alto impacto

negativo (BARBIERI, 2011).

Com o crescimento demográfico, acompanhado

da concepção de distanciamento entre homem e

natureza, surgiu a necessidade de intensificação, em

quantidade e velocidade, da exploração dos recursos

naturais destinados à produção, de bens e serviços,

geradora de subprodutos não reincorporados aos

ciclos naturais (MENDONÇA, 2005). Para Barbieri

(2011), esse marco é datado a partir do século XVIII,

com a Revolução Industrial, quando os primeiros

indícios dos danos provocados ao meio ambiente

foram evidenciados.

A Revolução Industrial trouxe consigo o progresso da

agricultura, fundamental para o cultivo dos alimentos

consumidos pela população que passou a habitar

as cidades. A produção agrícola também ocasiona

efeitos ao meio ambiente em virtude do emprego de

agrotóxicos, desmatamento, utilização de maquinários

e plantio de monoculturas, enfim, fatores que afetam

a qualidade do solo e dos recursos hídricos e, alguns

deles, à saúde humana (BARBIERI, 2011). Essas

atividades, fortalecidas sem ponderar a existência

de restrições de exploração, provocaram impactos

acentuados ao longo dos anos, os quais colocaram em

pauta debates acerca da capacidade de manutenção

do planeta.

Contudo, segundo relatado por González e Rincón

(2012), o crescimento econômico proporcionado

pelas novas tecnologias na agricultura, conteve essas

discussões e contribuiu para um desenvolvimento

fundamentado na concepção de inexistência de limites

ambientais. Os autores relatam que a atenção sobre o

meio ambiente foi resgatada somente na passagem da

década de 1960 para a década de 1970, consolidada

com lançamentos importantes na área, responsáveis

por ampliar a discussão do tema para escala global.

Em 1987, formalizou-se o conceito de desenvolvimento

sustentável com a publicação do informe Brundtland,

“Nosso Futuro Comum” e sua proposta de aproximação

entre economia e ecologia. Essa expressão foi

cunhada por Maurice Strong como “abordagem

do ecodesenvolvimento”, em 1972 na Conferência

da Terra, em Estocolmo, da qual era Secretário

Geral. Na ocasião, a degradação do meio ambiente

e as consequências por ela acarretadas foram

estabelecidas como questões de ordem mundial

(GONZÁLEZ; RINCÓN, 2012; DIAS, 2009).

O desenvolvimento sustentável ganhou destaque em

1992, na primeira edição da Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

cujo objetivo era promover um debate sobre a

sustentabilidade. Entretanto, Dias (2009), aponta

que consoante à previsão do informe de Brundtland,

esse conceito dá margem a múltiplos entendimentos,

embora o documento esclareça ser a satisfação nas

necessidades do homem a maior intenção.

O autor destaca ainda as controvérsias acerca da

expressão “desenvolvimento sustentável”. Enquanto

há quem o compreenda como um projeto político-

social com vistas ao aprimoramento da qualidade

de vida, em contrapartida, existe quem conceba

que seu objetivo seja o crescimento econômico

constante. Contudo, é reconhecida a importância

da sua discussão para alavancar os diálogos sobre

igualdade social e integração do meio ambiente ao

debate desenvolvimentista.

3.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO (TIC)

A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)

possui como definição, ser um conjunto de recursos

tecnológicos, usado de maneira integrada, com um

objetivo comum (RODRIGUES, 2009). Sua utilização

pode ser realizada nos mais diversos tipos de

ambientes, como, por exemplo, indústria, comércio,

instituições públicas, entre outras que necessitam

dessa ferramenta para seu funcionamento.

Nesse contexto, a ciência da informação, na qual

se estuda e se analisa, dentre outros assuntos,

o gerenciamento de dados, busca ampliar as

possibilidades de acesso à informações detalhadas

que estão contidas na internet, fazendo com que

se tenha uma redução da assimetria informacional

presente em vários setores da sociedade (SANT’ANA,

2014).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Na extensão universitária, essa caracteristica das TICs

apresenta-se semelhante ao ambiente organizacional,

imprimindo sua relevância na produtividade e

eficiência no repasse das informações da academia

para a comunidade.

Além disso, a utilização das TICs nas instituições de

ensinos auxilia a busca de autonomia nas fases de

aprendizagem, a qual possui um aspecto positivo

na construção do conhecimento siginificativo, no

entanto, não substitui outros fatores que também

são importantes no processo de aprendizagem

(BIELSCHOWSKY, 2009).

Segundo Patriota e Ferrario (2006), atualmente,

os meios de comunicação para a divulgação de

produtos, serviços ou qualquer outro tipo de atividade

têm se mostrado mais propícios à utilização dos meios

digitais, como a internet. Nesse contexto, é possível

entender a grande importância que as tecnologias

digitais possuem para todas as instituições de

forma geral, pois é uma boa opção ferramental para

a divulgação e ampliação de seu trabalho. Desse

modo, para a extensão universitária que possui forte

relevância social, fazer uso das TICs, poderá favorecer

e alavancar, de sobremaneira, o seu processo de

interação com a comunidade.

Esse breve resgate conceitual de extensão universitária

e das tecnologias de informação e comunicação,

propiciaram um embasamento teórico para as

reflexões apresentadas à seguir, assim como deram o

suporte necessário para a escolha da metodologia de

pesquisa que se apresenta.

4 METODOLOGIA

Elencou-se a estrutura metodológica de caráter

científico, de natureza aplicada, com abordagem

qualitativa para a realização desta pesquisa. Por meio

do método qualitativo, o pesquisador entra em contato

direto com o indivíduo ou grupos humanos, com o

ambiente e a situação que está sendo investigada,

permitindo aproximação com os informantes

(MARCONI; LAKATOS, 2011).

Quanto ao objetivo, trata-se de uma pesquisa descritiva

e exploratória. Caracteriza-se como exploratória, pois

os estudos têm por objetivo familiarizar-se com o

fenômeno ou obter nova percepção do fato, descobrir

novas ideias. Descritiva por realizar narrativas das

situações e busca descobrir as relações que permeiam

os elementos que a compõe (CERVO; BERVIAN, 2003).

Quanto à técnica de coleta de dados buscou-se

harmonização de vários instrumentos de pesquisa,

dentre os quais estão os documentos, a análise

bibliográfica e vivência empírica nos projetos, uma

vez que todos os autores participam de pelo menos

um dos projetos analisados. Parte ainda da coleta

de dados, utilizou-se a entrevista semi estruturada

com dois coordenadores dos projetos de extensão

analisados e já apresentados na introdução deste

artigo e que são realizados na Universidade Estadual

Paulista, localizada no município de Tupã, região da

Alta Paulista.

Amparados em Cervo e Bervian (2003), recorre-se à

entrevista sempre que tiver necessidade de obtenção

de dados que não podem ser encontrados em registros

e fontes documentais e podem ser fornecidos pelos

entrevistados.

Para as análises que propiciaram as discussões e

resultados (a serem tratados no próximo tópico),

foram realizadas buscas no site da Universidade

Estadual Paulista, Campus de Tupã, no qual foram

encontrados 11 diferentes projetos de extensão que

são realizados atualmente no campus. Sendo assim,

verificou-se a presença de três trabalhos ligados ao

aspecto socioambiental, recorte desta pesquisa,

sendo eles: o programa Olhar Ambiental, a Rede

de Educação Ambiental da Alta Paulista (REAP) e o

Projeto Competências Digitais para Agricultura Familiar

(CoDAF).

Realizou-se então, uma descrição de cada projeto e

também uma caracterização das TICs, utilizadas para

promover uma abordagem na extensão.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após as seleções dos projetos que se enquadravam

no objetivo e recorte proposto para este artigo, foram

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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delimitados três projetos: CoDAF; Olhar Ambiental e

REAP, conforme já mencionados e que serão descritos

a seguir.

Como já citado no tópico sobre metodologia, é

importante ressaltar que as análises têm interferência

da percepção empírica uma vez que os autores

participam dos projetos, no entanto, tal mediação

não é sinônimo de prejuízo para as discussões

propostas, uma vez que as análises não visavam

avaliar os projetos. Nesse sentido a experiência dos

autores podem ser entendidas como observações

participantes importantes para o processo analítico.

Parte-se então, para a caracterização de cada um dos

projetos e as análises e discussões que se efetuaram

sobre os mesmos.

Descrição dos Projetos

O projeto de extensão CoDAF, tem como objetivo

principal levar a inserção de tecnologias digitais para

agricultores familiares que possuem dificuldade de

acesso à informação. Buscando atender a este objetivo,

são oferecidos cursos e oficinas para produtores rurais

tendo como foco o desenvolvimento de competências

técnicas e informacionais, ascendendo a possibilidade

de aumentar sua competitividade dentro do setor,

de maneira sustentável e com responsabilidade

socioambiental (CODAF, 2015).

Nesse contexto, também é disponibilizado um portal,

localizado no endereço <http://codaf.tupa.unesp.br/>,

no qual produtores podem efetuar o cadastro de sua

propriedade, gerando uma nova possibilidade para

divulgação de seus produtos ofertados. Além das

informações sobre os produtos oferecidos por cada

produtor, o portal disponibiliza também informações

gerais sobre a agricultura familiar, como, por exemplo,

o apoio de programas governamentais, vantagens que

podem ser oferecidas ao produtor e suas características

principais (CODAF, 2015). O portal estabelece canal

direto de comunicação com o produtor, por meio do

ítem “fale conosco”.

O projeto de extensão CoDAF dispõe de composição

interdisciplinar, com interação de integrantes de dois

câmpus da UNESP: Tupã e Marilia, favorecendo

maior permeabilidade de acesso à comunidade,

com abrangência num cenário geográfico ampliado.

Embora o conteúdo do portal seja globalizado e

esteja disponivel on line, ocorrem cursos e palestras

presenciais com a comunidade rural das localidades

do entorno da universidade.

Por meio do projeto, são disponibilizadas diariamente,

via rede social (Facebook), notícias atuais direcionadas

aos agricultores familiares e aos demais interessados,

a adentrarem num movimento contemporâneo de

busca por informações por meio do universo digital.

Sendo assim, percebe-se que este projeto possui

um viés voltado para contribuir com a comunidade

no meio rural, no qual se incentiva o ganho de

competitividade e a transferência de informações por

meio de competências e inclusões digitais

Além do Projeto CoDAF foram observados outros

dois projetos de extensão em atividade, sediados na

UNESP, câmpus de Tupã, que possuem enfoque na

conscientização ambiental e possuem foco de atuação

na sociedade em geral. Ambos possuem a mesma

coordenação, articulam-se e complementam-se.

O programa “Olhar Ambiental” é resultado do projeto

“Programa Ambiental: difusão de conhecimentos locais

e regionais” atua em parceria com a TV Universitária,

localizada na cidade de Tupã-SP. A divulgação e

apresentação dos trabalhos ambientais são feitos nas

proximidades da cidade sobre diferentes pontos de

vista.

Para a realização desse programa, discentes do

curso de Administração do câmpus participam

da elaboração do mesmo objetivando a criação e

execução de ações planejadas de maneira coletiva;

a produção de textos dentro de padrões linguísticos

para os meios de comunicação e a realização de

conexões entre os fatos do cotidiano e a estrutura da

sociedade, considerando a importância do significado

socioambiental, transmitindo benefícios para a

comunidade tupãense.

Já o projeto de extensão Rede de Educação

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Ambiental da Alta Paulista (REAP), tem como objetivos

“promover a reflexão, articulação e discussão para o

desenvolvimento da Educação Ambiental no município

de Tupã-SP e na região da Alta Paulista”. O projeto

tem seu desenvolvimento a partir da integração em

rede entre vários integrantes que estão sediados em

diversas localidades da região da Alta Paulista. Para

melhor articulação, além dos meios digitais, ocorrem

reuniões presenciais periódicas, para a discussão

de assuntos relevantes sobre o tema e reflexão para

possiveis intervenções do grupo.

Nesse cenário, a REAP e o Olhar Ambiental,

demonstram a grande importância que possuem na

conscientização das comunidades regionais quanto

ao aspecto socioambiental, sem delimitação de um

público-alvo específico.

Além dos projetos que estão em desenvolvimento

atualmente e que foram descritos, vale destacar que

na unidade houve outro projeto de extensão com

enfoque socioambiental, no entanto, não foi pauta

desta pesquisa, pois já estava concluido. Este projeto

analisou a eficiência de aquecedores solares quanto

aos aspectos energéticos, térmicos e financeiros

fabricados por meio da reutilização de produtos

reciclados.

Tecnologias de Informação e Comunicação

identificadas nos projetos de extensões

Nesse contexto, entre as TICs identificadas nos projetos

analisados, por meio de um levantamento na internet

e entrevistas realizadas com os coordenadores,

demonstram: a utilização de ferramentas para a

comunicação com o público em geral, um editor de

texto para o desenvolvimento de trabalhos realizados

internamente pelos alunos, uma planilha eletrônica

para organização de dados e por fim o uso de software

para a edição de vídeos.

Por meio da entrevista feita com o coordenador do

projeto CoDAF e a partir de informações coletadas no

portal do projeto, foi observado que para as atividades

desenvolvidas são utilizadas as seguintes tecnologias

de informação e comunicação: e-mail, portal, um canal

na rede You Tube, uma página e um grupo na rede

social Facebook, sendo que estas são utilizadas para

a divulgação de informações e outras atividades do

projeto.

Segundo o coordenador, o portal é a principal

ferramenta utilizada pelo projeto, tendo em vista que

nesse portal é feito o cadastramento das propriedades

rurais dos produtores familiares, a fim de promover a

divulgação dos seus produtos. No entanto, também

busca trazer informações da agricultura familiar, como,

por exemplo, o conceito, os programas governamentais

de incentivos para o setor, as leis que abrangem a

área, divulgação de cursos que serão fornecidos

pelo projeto, entre outras que podem agregar valor

tanto para os próprios produtores quanto para outros

interessados em saber sobre o assunto. Outro ponto

positivo do portal é o canal aberto de comunicação no

item “fale conosco”, pelo qual se captam as demandas

e necessidades da comunidade e responde-se a

questionamentos específicos da agricultura familiar

que não se encontram disponíveis on line. Confirma-se,

desta maneira, que os canais para a aproximação e a

relação dialógica da universidade com a comunidade

são oferecidos.

Além do uso do portal como ferramenta para

comunicação, é utilizada também a página na rede

social do Facebook, a fim de promover a divulgação

das informações e também do projeto, de forma

geral. Nesta rede social, existe a presença de um

grupo fechado, formado pela equipe de trabalho,

com o objetivo de realizar diálogos e planejamentos

estratégicos para a organização de eventos e ações

do grupo. Contudo, também se utiliza de e-mail

com o objetivo de transmitir a comunicação entre os

integrantes.

Nota-se que as publicações diárias de notícias

na página do projeto de extensão na rede social

(Facebook), fazem com que o internauta seja

redirecionado para a página do portal do CoDAF,

promovendo e gerando uma maior quantidade de

acessos. Dessa maneira, ocorre amplificação da

divulgação das atividades realizadas pelos projetos

e, a partir dai, mostra o grande potencial que o

portal tem para este projeto de extensão no que se

refere ao repasse de informações e interação com a

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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comunidade, que é papel fundamental em um projeto

de extensão universitária.

Este projeto também conta com o uso de um editor

de textos e planilhas eletrônicas para a realização

de controles, armazenamento de dados e trabalhos

internos feitos pelos discentes. Além disso, como o

projeto também disponibiliza vídeoaulas na internet

pelo YouTube, é necessário que os membros do

projeto manipulem editores de vídeos como, por

exemplo, o Microsoft Movie Maker, que tem como

objetivo a criação e edição de vídeos.

É importante destacar que o projeto CoDAF teve

inicio no ano de 2013 e sua equipe interdisciplinar é

constituida por docente, discentes do programa de

Pós-graduação em Agronegócio e Desenvolvimento

(mestrandos e pós doutoranda), graduandos de

administração e de engenharia de biossistemas da

UNESP, Câmpus de Tupã, discentes do programa

de Pós-graduação em Tecnologia da Informação

(mestrandos e doutorandos) da UNESP, Câmpus

de Marília. Levando em consideração que todos

possuem algum tipo de interação com as tecnologias

digitais utilizadas e em vários níveis de conhecimento,

tamanha diversidade propicia a troca de saberes, com

foco na extensão desses conhecimentos de maneira

digital à comunidade prioritariamente rural.

A utilização dessas tecnologias pelos membros, é

feita de acordo com o trabalho que cada integrante

desenvolve internamente no projeto, podendo assim

a cada momento estar utilizando uma tecnologia

diferente. Contudo, a administração do portal, principal

ferramenta de TIC, é gerenciada diretamente apenas

por três membros do grupo, apesar de receberem

colaborações parciais dos outros integrantes.

Desse modo, o coordenador do projeto afirma também

que algumas dessas tecnologias têm sua utilização

desde o ínicio do projeto, sendo que outras surgiram

após sentirem a necessidade de realizar algum

trabalho específico, como, por exemplo, a elaboração

de vídeos. Além disso, relatou também que no seu

ponto de vista as TICs cumprem seu papel diante dos

objetivos do projeto de extensão.

Nesse cenário, percebe-se, que ocorre uma forte

presença na utilização de vários tipos TICs na

execução deste projeto de extensão, sendo que existe

grande interação dos membros com as tecnologias

utilizadas.

Já os projetos de extensão universitária REAP e

Olhar Ambiental, que atualmente estão em processo

junção de suas atividades em um único projeto, mas

utilizando veículos de comunicação diferentes, fazem

a utilização de e-mail, blog, canal na rede You Tube,

página e grupo na rede social Facebook, a fim de

obter divulgação de suas atividades e diálogo entre

os membros do projeto. Assim, como no CoDAF, estes

projetos também fazem o uso de editor de texto e

planilhas eletrônicas para elaborar trabalhos internos

dos projetos feitos pelos discentes.

Tanto o projeto REAP, quanto o programa Olhar

Ambiental, iniciaram suas atividades no ano de 2012,

tendo em vista que, segundo a coordenadora dos

projetos, por meio de entrevista, o primeiro ano de

ambos foi destinado para a organização de como

seriam as ações desses projetos, fazendo com que no

ano seguinte as mesmas pudessem ser implementadas

de fato.

Contudo, a coordenadora relatou que neste ano de

2015, os dois projetos estão em uma fase de junção, pois

têm objetivos semelhantes, uma vez que ambos visam

trabalhar com a educação ambiental. Essa união, de

acordo com a coordenadora, reforça as possibilidades

de facilitar o processo de gerenciamento, tanto das

atividades quanto para ampliar ações empreendidas.

A partir do processo de unificação dos dois projetos,

o grupo é integrado, atualmente, por 15 moderadores

para o desenvolvimento das atividades. Os integrantes

são discentes de graduação em Administração

e Engenharia de Biossistemas e, assim como no

CoDAF, também conta com discentes do Programa

de Mestrado em Agronegócio e Desenvolvimento

da própria unidade, além de docentes da unidade.

Nesse contexto, de acordo com a coordenadora,

todos os envolvidos utilizam de alguma forma as

TICs identificadas, levando em conta que o projeto

possui a divisão de grupos para desenvolvimento das

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atividades e dessa maneira o uso depende da ação

que está sendo realizada.

A coordenadora cita também que o e-mail é utilizado

para a comunicação entre os membros do grupo,

fazendo uso de uma ferramenta conhecida como listas

de discussões, que gera uma dinâmica de diálogo

contínuo entre a equipe. Contudo, afirmou que a

ferramenta comunicacional poderia ser mais eficiente

para o projeto, se ocorresse maior assiduidade de

acesso entre o grupo e maior número de usuários

ativos.

No entanto, explicou que o objetivo destas listas de

discussões é atingir membros da rede, que estão

localizados em diversas partes da região da Alta

Paulista, sendo que é importante destacar que estes

membros nem sempre são os moderadores do

grupo. Sendo assim, para o diálogo apenas entre

os moderadores é utilizado um grupo na rede social

Facebook, a fim de facilitar a organização e execução

das atividades.

As matérias geradas para o programa Olhar Ambiental,

transmitido na TV Universitária local, têm suas edições

enviadas para seu canal no You Tube e, posteriormente,

compartilhado em seu blog, com o objetivo de realizar

a divulgação do trabalho. A página da rede social,

também tem seu uso com o propósito de mostrar ao

público as atividades realizadas pelos mesmos, além

de receber sugestões do público em geral. O blog por

sua vez, funciona como mais uma ferramenta utilizada

por esse projeto, com o objetivo de comunicar e gerar

informações sobre o assunto abordado.

As tecnologias utilizadas tanto pela REAP quanto

pelo programa Olhar Ambiental têm sido usadas,

parcialmente, desde o início dos projetos, sendo que

foram incrementadas de acordo com a necessidade

de cada atividade a ser realizada. A coordenadora

afirma também, que as tecnologias cumprem seu

papel para a obtenção do objetivo do trabalho durante

os serviços realizados.

Na abordagem realizada neste trabalho, foi

possível perceber que os projetos de extensão

analisados, utilizam várias tecnologias iguais para o

desenvolvimento de suas atividades. Isso pode ocorrer

pelo fato dos projetos buscarem objetivos parecidos

entre si, desse modo fazendo com que sejam muito

semelhantes a utilização dessas ferramentas.

Nota-se a evidente aproximação da Universidade

Estadual Paulista, Câmpus de Tupã, com a

comunidade por meio destes projetos analisados, fato

que possibilita ampliar condições de saberes e bem-

estar da sociedade.

Tal aproximação é notada no projeto CoDAF por meio

da elevação do número de leitores das notícias diárias,

que está sendo monitorado pelo grupo. Reforçando

este fato, as inserções de comentários e solicitações

de demanda por meio dos produtores são feitas

pelo portal CoDAF no item “fale conosco”. Os cursos

presenciais corroboram para esta aproximação entre a

academia e a comunidade externa.

Na REAP o programa Olhar Ambiental é detaque na

redução da lacuna que ainda existe entre a população

local e o Câmpus. O conteúdo apresentado permeia

o cotidiano dos telespectares do canal Universitário,

no qual as inserções são exibidas para um público

distinto por via televisiva, ampliando acesso de

informações que partem da universidade e em direção

à comunidade.

Ao analisar os resultados, leva-se em consideração a

abordagem de Rocha (2007) que aponta o fortalecimento

da relação da universidade com a comunidade por

meio da extensão universitária, ao proporcionar

relação dialógica entre as partes e a possibilidade de

desenvolver ações sócio-educativas que priorizam a

superação das condições de desigualdade e exclusão

ainda existentes. E, na medida em que socializa e

disponibiliza seu conhecimento, tem a oportunidade

de exercer e efetivar o compromisso com a melhoria

da qualidade de vida da comunidade.

Nesta abordagem de conquista da interação entre

academia e comunidade, os projetos de extensão

analisados cumprem seu papel, no sentido de

compreender melhor as demandas da sociedade

por meio da identificação de problemas e sugerindo

possíveis soluções ou fatores que amenizem seus

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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efeitos.

O comprometimento mútuo ocorre por meio de ações

participativas, com o envolvimento da comunidade

nos projetos de extensão, estabelecendo via de

aprendizagem com fluxo bilateral de informações,

num processo ganha-ganha, como ficou evidenciado

no portal CoDAF no item “fale conosco”, por meio dos

comentários e acessos crescente a visualização das

notícias diárias e, principalmente, na aproximação

presencial dos cursos e palestras oferecidos pelo

Projeto de extensão. Na REAP e no Programa Olhar

Ambiental esta troca de saberes ocorre, principalmente,

pelo feedback da sociedade sobre as temáticas

inseridas nos programas televisivos, complementados

pela progressiva visualização do blog e página em

redes sociais (facebook).

Em complemento a análise de TIC, verificaram-se

nos projetos de extensão universitários analisados as

seguintes diretrizes:

•Processo educativo, cultural e científico: relatado

pelos membros que narram evolução academica

e cultural por meio das ações dos projetos de

extensão;

•Articula o Ensino e a Pesquisa: consegue

disponibilizar à população externa, resultados de

pesquisas científicas desenvolvidas na unidade

universitária;

•Troca de saberes, acadêmico e popular: a

interação já descrita ocorre principalmente por

meio do portal CoDAF e do programa televisivo

Olhar Ambiental;

•Aproximação da UNESP com a comunidade:

papel da extensão universitária, esta prática de

aproximação está sendo constatada nos projetos

analisados;

•Produção e socialização do conhecimento:

podese elencar o programa Olhar Ambiental como

ferramenta de socialização de conhecimentos,

além das notícias diárias apresentadas pelo

CoDAF, cursos e palestras;

•Busca atender as demandas apresentadas pela

comunidade: pode-se citar o curso de gestão

da propriedade rural por meio de planilhas

eletrônicas, que foi uma demanda da sociedade

rural, executada pelo Projeto CoDAF no ano de

2015;

A busca pela difusão de conhecimentos é prática

cotidiana nos projetos de extensão universitária

abordados neste estudo.

Além dos indicativos apresentados, a extensão

universitária incorpora aos discentes extensionistas

práticas de cidadania, ações de inclusão,

solidariedade e maturidade de cunho científico,

além de aparelhamento relacional desenvolvendo

conhecimentos, habilidades e atitudes para enfrentar

com melhor preparo o mercado de trabalho futuro.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As TICs utilizadas pelos projetos são muito semelhantes

no desenvolvimento de suas atividades por terem a

mesma finalidade de transferencia de conhecimentos

e informações, com enfoque socioambiental para a

comunidade. Embora os projetos analisados tenham

como prioridade, nicho específico da sociedade, as

TICs colaboram no processo de extensão dos saberes

da academia para a sociedade.

Conclui-se que as TICs tendem a tornarem-

se ferramentas indispensáveis para ampliar a

comunicação entre públicos distintos, como no caso da

extensão universitária, na qual ocorre a aproximação e

diálogo reflexivo entre a universidade e a comunidade

externa.

Evidencia-se neste artigo que as TICs estão facilitando

a comunicação entre os membros internos dos projetos,

assim como nos projetos de extensão abordados que

buscam a integração entre universidade e comunidade.

REFERÊNCIAS

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[19] SANT’ANA, R.C.G.; BONINI NETO, A. Análise de dados sobre produção de leite: uma perspectiva da Ciência da Informação. Informação e Tecnologia. V.1,Num.1, jan/jun, 2014.

[20] SANTOS, M. P. A extensão universitária como “laboratório” de ensino, pesquisa científica e aprendizagem profissional: um estudo de caso com estudantes do curso de licenciatura em pedagogia de uma faculdade particular do estado do Paraná. Extensio: R. Eletr. de Extensão, ISSN 1807-0221 Florianópolis, v. 11, n. 18, p. 36-52, 2014. Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/extensio/article/view/18070221.2014v11n18p33/28064>. Acesso em mai. 2015.

[21] SODRÉ, M. Antropológica do espelho - uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002.

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Capítulo 7NOVA ABORDAGEM NO RECONHECIMENTO DE RECEITAS

E DESPESAS AMBIENTAIS ATENDENDO A LEGISLAÇÃO E

EVIDENCIANDO A SUSTENTABILIDADE E IMAGEM EMPRESARIAL

Leonor Venson de Souza

Daniel Teotonio do Nascimento

Edison Luiz Leismann

Resumo: Muito se discute sobre a ausência de normas específicas relacionadas à contabilidade ambiental no Brasil. A contabilidade ambiental apesar de não estar normatizada pode ser tratada e inserida nas organizações com base nos princípios e práticas utilizados pela contabilidade financeira através de normas existentes. Ativos, passivos, receitas e despesas ambientais podem ser registrados e evidenciados através dos relatórios usuais da contabilidade financeira, sem haver necessidade de normas específicas, com a inclusão de dados concernentes aos fatos ambientais dentro de uma estrutura já existente. Essa nova abordagem tem por objetivo analisar o papel da contabilidade nos aspectos conceituais, analisar relatórios convencionais da contabilidade financeira e sua aplicação na contabilidade ambiental. No intuito de atingir ao objetivo proposto foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória, descritiva e bibliográfica com abordagem qualitativa e quantitativa. Por meio de um estudo de caso foi possível efetuar análise comparativa das demonstrações contábeis de uma empresa do ramo de prestação de serviços que implantou SGA - Sistema de Gestão Ambiental no exercício de 2010 com evidenciação das ações relacionados às questões ambientais. Foi possível demonstrar que a contabilidade ambiental pode ser mensurada e evidenciada utilizando-se das normas existentes e ainda contribuir na divulgação de informações relacionadas às ações de preservação e proteção ao meio ambiente como também destacar as ações corretivas implantadas pela organização em prol do meio ambiente e os resultados obtidos.

Palavras Chave: Contabilidade ambiental, evidenciação contábil e receitas por benefícios presentes e futuros.

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1. INTRODUÇÃO

A contabilidade como instrumento de gestão e controle

cumpre o papel de registar as operações que afetam

o patrimônio das entidades. As informações geradas

pela contabilidade são de grande importância para

seus usuários, internos ou externos, que a partir dos

relatórios geram informações úteis para a tomada de

decisão. A precisão das informações demandadas

pelos usuários e o desenvolvimento de aplicações

práticas da Contabilidade dependerão, sempre, da

observância dos seus Princípios, cuja aplicação

concernente à solução de situações concretas deverá

considerar o contexto econômico, tecnológico,

institucional e social em que os procedimentos serão

aplicados. Isto significa, com grande frequência, o uso

de projeções sobre o contexto em causa, o que muitos

denominam de visão prospectiva nas aplicações

contábeis.

Neste contexto, muito tem se discutido sobre a ausência

de normas no que tange ao registro das operações

que afetam o patrimônio das entidades relacionadas

às causas ambientais, ou especificamente, da

contabilidade ambiental. As organizações e governos

tem buscado atender as exigências éticas e legais

clamadas pela sociedade na luta pela preservação

dos recursos naturais, pela produção de alimentos

mais saudáveis e diminuição de impactos que agridem

ao meio ambiente.

Diante das discussões, implicações legais e éticas

que o desenvolvimento sustentátel tem abordado

a contabilidade tem um papel fundamental como

instrumento de registro uma vez que possibilita o

registro de fatos que alteram o patrimônio das entidades

(pessoa física ou jurídica) evidenciando os resultados,

quer seja por relatórios convencionais usuais da

contabilidade financeira, através das demonstrações

de resultados com o registro de receitas oriundas

da redução de gastos obtidas pela implantação

de sistemas de gestão ambiental, quer por notas

explicativas e ainda por relatórios da administração.

Neste contexto, a contabilidade ambiental cumpre

ainda demonstrar o perfil social da empresa e tornar

público quais são as ações adotadas pelas empresas

quanto aos aspectos ambientais, tanto no que se

refere a políticas ecologicamente corretas, que

visem a proteção do meio ambiente, como também

ações corretivas com o intuito de evitar danos futuros

(KROETZ, 2000).

2 CONCEITOS

2.1 O PAPEL DA CONTABILIDADE

Segundo Iudicibus (2006) a contabilidade pode ser

conceituada como sendo: “... o método de identificar,

mensurar e comunicar informação econômica,

financeira, física e social, a fim de permitir decisões

e julgamentos adequados por parte dos usuários

da informação.” Reforça Jochem (2008) que a

contabilidade como ciência de cunho essencialmente

social tem papel amplo e fundamental, na promoção

do ser humano na inter-relação empresa e indivíduo.

Pensar a Contabilidade vai além da elaboração e

apresentação de relatórios ligados ao patrimônio.

É necessário ver o que existe oculto na análise

patrimonial: as idéias, as teorias e as ideologias que

marcam tal situação. Não basta demonstrar uma

situação patrimonial em um determinado momento,

é, necessário deixar claro como tal situação foi

alcançada. É necessário saber o que se quer e para

onde se quer chegar. Uma ciência com cunho social

precisa, partir do ponto de vista da coletividade,

visando construir o patrimônio particular com respeito

a todos os envolvidos no processo tanto os de forma

direta quanto os de forma indireta, e sem esquecer

dos agentes ambientais. A contabilidade por ser um

importante instrumento que auxilia a administração na

tomada de decisões permite também que o processo

decisório decorrente das informações contábeis

não se restrinja apenas aos limites da empresa, aos

administradores e gerentes, mas também a outros

usuários externos à organização.

Na contabilidade ambiental seus conceitos e pesquisas

ainda são muitos recentes, sendo seu surgimento

em virtude das necessidades de preservação do

meio ambiente. Busca atender as necessidades de

empresas que antes se preocupavam com a eficiência

dos sistemas produtivos e agora necessitam de

mecanismos para conciliar crescimento econômico

com preservação ambiental. As companhias têm o

desafio de manter e expandir sua clientela, conservar

seu capital, captar recursos externos para conseguir

investir no seu negócio e, ao mesmo tempo, serem

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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aceitos pela sociedade na qual estão inseridas,

demonstrando que sua atividade e seus produtos não

causam danos (SOUZA, 2008).

Ainda Segundo Ribeiro (2010), torna-se importante

a participação da área contábil, tentando encontrar

um melhor meio para evidenciar e mensurar os

danos ambientais assim como os recursos naturais

consumidos ou mantidos, tendo em vista que esses

valores, até então de difícil mensuração, podem

representar um grande percentual de riqueza ou

prejuízo para a empresa interferindo diretamente na

sua continuidade.

Segundo Ferreira (2006) “a contabilidade ambiental

não se refere a uma nova contabilidade, mas a um

conjunto de informações que relatem adequadamente,

em termos econômicos, as ações de uma entidade

que modifiquem o seu patrimônio”.

Destaca-se que o papel da Contabilidade Ambiental

se destina a facilitar as decisões relativas à atuação

ambiental da empresa a partir da seleção de

indicadores e análises de dados, da avaliação destas

informações com relação aos critérios de atuação

ambiental, da comunicação, e da revisão e melhora

periódica de tais procedimentos e também como uma

ferramenta de controle e evidenciação das informações

de natureza ambiental.

2.2 DOS PRINCÍPIOS

A precisão das informações demandadas pelos

usuários e o próprio desenvolvimento de aplicações

práticas da Contabilidade dependerão, sempre, da

observância dos seus Princípios, cuja aplicação à

solução de situações concretas deverá considerar o

contexto econômico, tecnológico, institucional e social

em que os procedimentos serão aplicados.

Para Sá (1998, p. 90), os princípios contábeis são

“como macro regras ou matrizes de onde razões

derivadas fluem” com intuito de uniformizar e

padronizar as informações contábeis. O Conselho

Federal de Contabilidade (CFC) em sua resolução

750/93, resolução esta, que atualizou os Princípios

Fundamentais de Contabilidade a que se refere à

resolução CFC nº 530/81, diz a respeito dos princípios:

Art. 2º Os Princípios de Contabilidade

representam a essência das doutrinas

e teorias relativas à Ciência da

Contabilidade, consoante o entendimento

predominante nos universos científico e

profissional de nosso País. Concernem,

pois, à Contabilidade no seu sentido

mais amplo de ciência social, cujo objeto

é o patrimônio das entidades. (Redação

dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10)

Um dos principios introduzidos pela convergência

das normas contábeis aos padrões internacionais

através do IRFS - International Financial Reporting

Standards, que trouxe nova abodagem e interpretação

aos fatos contábeis, é o principio da essência sobre

a forma. Preceitua-se que a essência das transações

nem sempre é consistente com a sua forma legal.

A finalidade principal da contabilidade é a de gerar

informações aos diversos usuários para a tomada

de decisão. Essas informações deverão ser úteis,

relevantes, precisas e fornecidas em tempo hábil. Para

serem úteis, as informações devem ser relevantes, ou

seja, ter poder de influência nas decisões econômicas

dos usuários. Para que a informação seja relevante,

ela deve representar adequadamente as transações,

sendo necessária a contabilização e apresentação do

acordo pela sua essência e realidade econômica, e não

meramente sua forma legal. Este princípio está contido

na Estrutura Conceitual, sendo também utilizado em

outros pronunciamentos, como a IAS 17 – Operações

de Arrendamento Mercantil e a IAS 18 – Receitas.

Muitos conceitos trazidos pelas IFRS não são

necessariamente inéditos para a doutrina contábil

brasileira, mas certamente trazem novidade à prática

profissional de muitos contadores e ao ambiente

contábil das companhias. Nesse contexto, está sendo

quebrado um paradigma cultural há muito presente

em nosso ambiente econômico-financeiro, segundo

o qual os eventos econômicos eram interpretados

e, consequentemente, registrados e mensurados

predominantemente conforme sua forma jurídica.

(PARECER DE ORIENTAÇÃO Nº 37 - CVM, 2011).

Dois conceitos inter-relacionados são essenciais

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para o entendimento dessa nova realidade contábil:

(i) a representação verdadeira e apropriada; e (ii) a

primazia da essência sobre a forma. Para que essa

representação apropriada (true and fair view) possa

ser alcançada, é importante observar a primazia

da essência econômica sobre a forma jurídica dos

eventos econômicos. Dessa forma, com a mudança

iniciada com a edição da Lei 11.638, de 2007, resgata-

se a característica fundamental das demonstrações

contábeis, que devem representar fidedignamente

a realidade dos efeitos econômicos das transações,

independentemente do seu tratamento jurídico.

Nesse sentido estabelece o Pronunciamento

Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos

Contábeis (CPC), aprovado pela Deliberação CVM nº

539, de 14 de março de 2008:

33. Para ser confiável, a informação

deve representar adequadamente as

transações e outros eventos que ela

diz representar. Assim, por exemplo, o

balanço patrimonial numa determinada

data deve representar adequadamente

as transações e outros eventos que

resultam em ativos, passivos e patrimônio

líquido da entidade e que atendam aos

critérios de reconhecimento.

(...)

35. Para que a informação represente

adequadamente as transações e outros

eventos que ela se propõe a representar,

é necessário que essas transações

e eventos sejam contabilizados e

apresentados de acordo com a sua

substância e realidade econômica, e não

meramente sua forma legal. A essência

das transações ou outros eventos

nem sempre é consistente com o que

aparenta ser com base na sua forma

legal ou artificialmente produzida.

Entretanto, Iudicibus (2006) e Hendriksen e Breda

(1999) corroboram essa ideia ao dizer que a informação

a ser divulgada para os diversos usuários deve ser, ao

mesmo tempo, adequada, justa e completa. Segundo

Iudicibus (2006), a divulgação é um compromisso da

contabilidade para com os usuários e com os seus

próprios objetivos. Esse mesmo autor cita que, na

essência, a divulgação deve:

[...] apresentar informação quantitativa

e qualitativa de maneira ordenada,

deixando a menos possível para ficar

de fora dos demonstrativos formais, a

fim de propiciar uma base adequada de

informação para o usuário. Ocultar ou

fornecer informação demasiadamente

resumida é tão prejudicial quanto fornecer

informações em excesso (IUDICIBUS,

2006, p. 129)

O princípio insurge trazendo ao debate a adoção de

uma nova contabilidade provocando a quebra de

paradigmas. No que tange à contabilidade ambiental

a aplicação deste princípio possibilita o registro de

não somente os valores gastos em investimentos

realizados nos processos de melhorias que os

sistemas de gestão demonstram, mas registrando e

destacando os resultados obtidos com a redução de

custos, volume de vendas, valorização da marca e

outros como o consumo de água, energia elétrica e

material de expediente.

A correta aplicação deste princípio no que concerne

à contabilidade e em especial ao registro de fatos

relacionadas à contabilidade ambiental traz grande

contribuição na interpretação das informações

considerando o ambiente onde estão inseridos. Ações

registradas por práticas de proteção e preservação

do meio ambiente podem ter sua interpretação pela

essência sob a forma, considerando todos os aspectos

relacionados, por regulação governamental, questões

éticas ou sociais e os resultados de alguma forma,

mensuráveis pelos benefícios auferidos, presentes

ou futuros e evidenciados em seus relatórios, o que

veremos mais adiante.

2.3 EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL

O objetivo da divulgação é tornar evidente, mostrar

com clareza e que evidente é aquilo que não oferece

dúvida, que se compreende prontamente. Talvez

pudéssemos unir essas conceituações e dizer que

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

73

evidenciação significa divulgação com clareza,

divulgação em que se compreende de imediato o que

está sendo comunicado (AQUINO e SANTANA, 1992,

p. 1).

A escrituração dos fatos tangíveis está, de certa

forma, evidenciada nos relatórios divulgados pela

contabilidade, obrigatórios ou não. Os dados

registrados na contabilidade são transformados em

relatórios e, a partir destes, a empresa prepara as

demonstrações contábeis. Estas são publicadas com

a finalidade de tornar pública a situação econômica e

financeira das empresas.

A estrutura conceitual para elaboração e apresentação

das demonstrações contábeis, que são descritas

no Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

(2008), estabelece que o objetivo das mesmas é

fornecer informações sobre a posição, o desempenho

e as mudanças na posição patrimonial e financeira

da entidade que sejam úteis aos usuários em suas

avaliações e na tomada de decisão econômica.

Porém, nota-se escassez de normas específicas que

demonstrem de forma evidente os resultados obtidos

decorrente de fatos subjetivos que alteram o patrimônio

das entidades e que tem um potencial valor agregado

implícito de díficil mensuração.

2.4 NOTAS EXPLICATIVAS

A lei 6.404/76 em seu artigo 176 afirma que ao fim

de cada exercício social, a diretoria fará elaborar,

com base na escrituração mercantil da companhia,

as demonstrações financeiras, que exprimam com

clareza a situação do patrimônio da companhia e as

mutações ocorridas no exercício. No parágrafo quinto

as notas explicativas devem: (Redação dada pela Lei

nº 11.941, de 2009)

I – apresentar informações sobre a base

de preparação das demonstrações

financeiras e das práticas contábeis

específicas selecionadas e aplicadas

para negócios e eventos significativos;

(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009);

II – divulgar as informações exigidas

pelas práticas contábeis adotadas no

Brasil que não estejam apresentadas em

nenhuma outra parte das demonstrações

financeiras;

III – fornecer informações adicionais não

indicadas nas próprias demonstrações

financeiras e consideradas necessárias

para uma apresentação adequada;

As notas explicativas cumprem o papel de auxiliar

na interpretação e esclarecimentos das informações

geradas pela contabilidade. Se adequadamente

utilizadas, as informações adicionais fornecidas pelas

notas explicativas trarão importante contribuição na

divulgação das ações ambientais.

2.5 RELATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Segundo Iudicibus et al. (2010, p. 717), “adicionalmente,

as demonstrações contábeis também devem mostrar

os resultados da gestão, pela administração, dos

recursos que lhe são confiados”. Tais informações

serão divulgadas pelos gestores no Relatório da

Administração (RA). Ressalta Rodrigues (2005), o

RA é um importante e necessário complemento às

demonstrações contábeis por fornecer informações

adicionais que podem ser úteis no julgamento de um

maior número de usuários.

2.6 ATIVO AMBIENTAL

Para Carvalho (2008), o ativo ambiental é tudo que a

empresa tem em relação a bens e direitos que estão

relacionados à proteção, preservação e recuperação

ambiental, podendo gerar benefícios futuros. No ativo

circulante, podem entrar os estoques ambientais

que são produtos destinados à preservação e

proteção ambiental, como, por exemplo, produtos

reciclados. No ativo não circulante, entram gastos

com reflorestamento, aquisição de floresta para

recuperação, máquinas e equipamentos que são

adquiridos para proteger, preservar ou amenizar

danos causados à natureza.

Os ativos ambientais estão relacionados com

investimentos em tecnologias, matérias-primas e

processos de riscos ao meio ambiente, à saúde

pública ou dos trabalhadores em uma perspectiva de

geração de benefícios econômicos e valorização dos

empreendimentos, assim como ao estabelecimento

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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de diferenciais de mercado vinculados com a

responsabilidade social e ambiental das empresasde

prevenção, contenção, diminuição ou eliminação de

aspectos poluentes ou que representam. (HENDGES,

2013).

Reforçam Assis, Braz e Santos (2011) que ativos

ambientais são os bens adquiridos pela companhia

com a finalidade de controlar, preservar e recuperar

o meio ambiente. As características dos ativos

ambientais são diferentes de uma organização para

outra, pois a diferença entre os vários processos

operacionais das distintas atividades econômicas deve

compreender todos os bens utilizados no processo de

proteção, controle, conservação e preservação do

meio ambiente.

2.7 PASSIVOS AMBIENTAIS

Para Tinoco; Kraemer (2005) passivo ambiental é um

“sacrifício de beneficio econômico para preservação,

recuperação e proteção do meio ambiente”. Assim

sendo, passivo ambiental é todo gasto, investimento,

desembolso com que a empresa tem que arcar para

preservar a natureza ou reverter os prejuízos causados

à mesma, quer seja por multa ou outro tipo de

penalidade. Os passivos podem ser obrigatórios por

exigências legais, como por exemplo, impostos pagos

ao governo, multas por alguma infração cometidas

dentre outros.

Para Assis, Braz e Lopes (2011) passivo ambiental

é toda e qualquer obrigação contraída e destinada

a aplicação em ações de controle, preservação e

recuperação do meio ambiente. Para reconhecer

de maneira eficaz o passivo ambiental, devem-se

observar alguns aspectos, como o comprometimento

da empresa em relação à extração e utilização de

recursos naturais, a necessidade de recursos para

liquidar os possíveis passivos ambientais e como

estimar com precisão o montante do passivo ambiental

de forma segura.

2.8 RECEITAS

Na definição do FASB (1975 apud HENDRIKSEN;

BREDA, 2007), “receitas são entradas ou outros

aumentos de ativos de uma entidade, ou liquidações

de seus passivos (ou ambos), decorrentes da entrega

ou produção de bens, prestação de serviços, ou outras

atividades correspondentes a operações normais ou

principais da entidade”

Segundo Lima Filho et. al (2011) o processo de

agregação de valor contínuo aos bens e serviços

por parte de uma entidade está relacionado com a

realização da receita. Quando esta agregação de

valor pode ser mensurada de maneira relativamente

segura ocorre o seu reconhecimento. Para Kam

(1986) a renda não aparece de repente quando uma

venda é feita, mas é gerada em incrementos de um

processo contínuo, como um aumento em ordem

gradual durante o período de produção deade que

seja possível sua comprovação.

No que concerne ao conceito de ganhos para

Hendriksen e Breda (2007) ganhos resultam de

eventos favoráveis que não estão diretamente

relacionados com a produção normal de receitas das

empresas colocando que a maior dificuldade consiste

em distinguir o que é normal e o que é extraordinário

na vida das entidades. Segundo Kam (1986), ganhos

significam aumentos em ativos líquidos resultantes da

realização de operações periféricas ou incidentais,

ou outros eventos que podem estar em grande parte

fora do controle da empresa. Lima et al (2011) resume

que a receita é o esforço da empresa que busca um

resultado, seja essencial ou periférico; é a validação

pelo mercado do incremento no potencial do ativo

gerar benefícios futuros o ganho, por sua vez, é um

resultado positivo que independe inteiramente de

qualquer esforço por parte da empresa.

2.9 DESPESAS

Clark e Cathey (2001) definem despesas como custos

expirados na geração de receitas. Para Hendriksen e

Breda (2007) despesa pode ser definida como o uso ou

consumo de mercadorias ou serviços para a obtenção

de receitas. As despesas são a contrapartida das

receitas, participando da concepção de lucro.

A despesa é a concretização do esforço, em termos

monetários, para a geração da receita. Reduz o

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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patrimônio da empresa, o que é justificado pela

promessa de geração futura ou imediata de receita

que deve, por definição, suplantar as despesas e

assim gerar a parcelado lucro. O fato gerador de

despesa é o esforço continuado para produzir receita,

já que tanto a despesa é conseqüência da receita,

como a receita pode derivar da despesa, ou melhor, a

receita futura pode ser facilitada por gastos passados,

correntes ou futuros. (LIMA ET AL, 2011)

3. METODOLOGIA

Este estudo tem como proposta evidenciar o registro

de fatos relacionados à preservação e preservação

do meio ambiente, isto é, registros da contabilidade

ambiental, considerando a aplicação dos princípios

concernentes à cência contábil e em especial ao da

essência sobre a forma. A pesquisa exploratória foi

realizada através de um levantamento de dados em uma

empresa do ramo de prestação de serviços contábeis,

regime tributação simples nacional, que implantou

sistema de gestão ambiental em meados de 2010. O

sistema de gestão ambiental como parte do processo

de obtenção da certificação ISO 14.001. A aplicação

das normas ISO 14001 tem como objetivo prover as

organizações de elementos de um SGA eficaz que

possam ser integrados a outros requisitos da gestão

e auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e

econômicos. Uma de suas finalidades é equilibrar a

proteção ambiental e a prevenção de poluição com

as necessidades socioeconômicas. Muitos desses

requisitos podem ser abordados simultaneamente ou

reapreciados a qualquer momento (ISO, 2004).

Buscou-se analisar os resultados, evidenciando os

fatos que coroboraram na implantação efetiva e na

evidenciação dos dados ambientais através das

demonstrações financeiras, notas explicativas e saldos

de contas patrimoniais.

A empresa ALFA (nome fictício), de pequeno porte,

com faturamento anual em torno de 1 milhão de reais

iniciou o processo de implantação de sistema de gestão

ambiental, de forma voluntária, nos meados de 2010.

Cumprindo as etapas de implantação previstas na ISO

14001, iniciou os trabalhos com a sensilização dos

seus 50 colaboradores visando a participação efetiva

e o sucesso do empreendimento. Para as primeiras

reuniões de sensibilização e de elaboração da política

ambiental foram convocados os coordenadores dos

quatro setores da empresa, departamento fiscal,

contábil, departamento pessoal e legalização.

Iniciando os trabalhos foram realizados diversos gastos

relacionados à implantação do processo. Segundo

os controles financeiros e de pessoal calculam-se

que as horas gastas pela equipe de coordenação

na fase incial do processo, e com base nas horas

despendidas com a realização de duas reuniões por

mês, sendo 4 horas cada, em dois meses e meio

totalizaram 20 horas. A média salarial de remuneração

direta por hora é de R$ 23,00 e indireta de R$ 36,80 A

tabela 1 mostra os Encargos Diretos (13º, férias, FGTS,

Alimentação, 30%) e Encargos Indiretos (Contribuição

Patronal inicidente sobre a remuneração, Programas

de Segurança no Trabalho e outros gastos).

Tabela 1. Gastos Iniciais com Implantação do SGA.

Cargo Valor(+) Encargos Diretos

( + ) TotalDos Gastos

Coordenador do Dpto. Pessoal

R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00

Coordenador do Dpto. Escrita Fiscal

R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00

Coordenador do Dpto. de Contabilidade

R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00

Coordenador do Dpto. de Legalização

R$ 460,00 R$ 138,00 R$ 138,00 R$ 736,00

Total Gasto no Período R$ 2.944,00

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

Outras reuniões foram realizadas após a criação da

política ambiental e implantação do plano, porém os

valores gastos com a participação de colaboradores

não foram devidamente alocados. A segunda etapa do

programa, após a construção da política ambiental e

sensilização para a implantação efetiva, contou com

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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a participação de todos os colaboradores. Várias

palestras foram realizadas e os setores acompanharam

a implantação com auxílio de uma empresa de

consultoria pelo período de 6 meses, com visitas

periódicas ao custo de R$ 5.000,00. Todos puderam

coroborar com idéias e medidas de contenção de

consumo dos recursos naturais de forma bastante

criativa.

Alguns pontos abordados foram de imediato

implantados como por exemplo a substituição de

copos descartáveis por copos de uso permanente.

Cada um dos colaboradores propôs trazer a

própria caneca e assim reduzir o consumo de

copos descartáveis. Reutilização do verso de papéís

rasurados, desde que não comprometessem o sigilo

das informações, otimizando o consumo de papéis

tipo A-4, material muito utilizado pelos colaboradores.

Outra medida foi a redução do consumo de papel

toalha de higiene pessoal, reduzindo o tamanho do

papel e a quantidade consumida. A inutilização de

documentos realizada através das picotadoras de

papel e os resíduos gerados foram acondicionados

em embalagens apropriadas e postos à disposição de

agentes ambientais. Foi providenciada a aquisição de

coletores seletivos de lixo ao custo de R$ 220,00 para

a correta separação dos resíduos por tipo tais como

papel, metal, vidro e plástico e acondicionados de

forma que permitissem a coleta adequada.

Também propôs-se um canal de envio de documentos

digitalizados via internet, com acesso restrito e seguro

aos clientes do escritório evitando a impressão de

documentos, diminuição do consumo de tintas, energia

elétrica e desgaste das máquinas. A reformulação do

site ficou em R$ 4.000,00 e a manutenção mensal

em R$ 200,00 por mês. A susbtituição de válvulas de

contensão de água nos sanitários também foi proposta

e implantada, assim também como torneiras com

redutores do consumo. Com o material e serviços de

instalação o total gasto foi de R$ 700,00. Em locais

de pouco acesso tais como almoxarifado, garagem e

arquivos foram instaladas 10 lâmpadas com sensores

de baixo consumo de energia, sendo gastos na troca

a importância de R$ 350,00.

Os equipamentos de informática em desuso foram

doados para oficinas de informática de entidades

assistenciais. A aquisição de um software de sistema

de gestão ambiental com as normas da ISO ficaram

em R$ 900,00 mais manutenção mensal de R$ 150,00.

Após adotar as normas e efetivar a implantação do

sistema, o passo seguinte foi a contratação de uma

certificadora independente que atestou os padrões

aplicados como “de conformidade” obtendo a

certificação de ISO 14.001. O custo da certificação

para obtenção do selo ISO 14001, válida por um ano,

foi de R$ 8.000,00. Cabe ressaltar que o processo de

certificação exige melhorias contínuas e a renovação da

certificação deve ocorrer anualmente. Após o registro

dos dados, os gastos ficaram assim resumidos:

Tabela 2. Gastos na Implantação da ISO 14.001

Descrição dos Gastos Valor R$ ClassificaçãoContábil

Despesas com Pessoal 2.944,00Resultado

Imobilizado Ambiental 1.270,00Ativo

Reformulação do Site 4.000,00Resultado

Software 900,00Ativo

Despesas com Certificação 8.000,00 Resultado

Manutenção Sistemas (seis meses)

900,00Resultado

Manutenção Site (seis meses)

1.200,00Resultado

Serviços de Terceiros 9.000,00 Resultado

Total Gatos R$ 28.214,00

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

No final do exercício as contas foram classificadas da

seguinte forma: os gastos com pessoal, manutenção

de sistemas e site, instrução, treinamento e certificação

foram contabilizados e classificados como despesas

do exercício em conta “despesas ambientais” e de

acordo com o que conceitua o pelo CPC PME - Comitê

de Pronunciamento Contábil, Contabilidade Para

Pequenas e Médias Empresas:

Despesas são decréscimos nos

benefícios econômicos durante o período

contábil, sob a forma de saída de recursos

ou redução de ativos ou incrementos em

passivos, que resultam em decréscimos

no patrimônio líquido e que não sejam

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

77

provenientes de distribuição aos

proprietários da entidade.

O registro das aquisições de software, peças e

acessórios foram contabilizados nas contas patrimonias

grupo “ativo” conta “ativos imobilizados ambientais”.

Ao analisar o desempenho dos gastos com material

de expediente, consumo de água, energia elétrica,

combustível, serviços de entrega, despesas de

depreciação de máquinas e equipamentos, pode-se

observar uma redução significativa após a implantação

do SGA em torno de 30%, e que resultaram na

importância de R$ 24.800,00. Redução esta em

decorrência da implantação do SGA e de medidas de

contenção. Com as ações implementadas e gastos

necessárias para o processo, o resultado retornou de

forma positiva, isto é, na forma de receitas ambientais,

pois não seria alcançado este resultado caso não

houvesse um esforço, um sacrifício financeiro. O

resultado foi reconhecido de acordo com o conceito

tratado pelo CPC PME - Comitê de Pronunciamento

Contábil, Contabilidade Para Pequenas e Médias

Empresas:

2.27 - Reconhecimento é o processo que

consiste em incorporar na demonstração

contábil um item que atenda a definição

de ativo, passivo, receita ou despesa

e satisfaz os seguintes critérios:(a) for

provável que algum benefício econômico

futuro referente ao item flua para ou da

entidade; e (b) tiver um custo ou valor que

possa ser medido em bases confiáveis.

Ainda, conforme preicetua o item 2.8 deste mesmo

pronunciamento:

Transações e outros eventos e

condições devem ser contabilizados

e apresentados de acordo com sua

essência e não meramente sob sua forma

legal. Isso aumenta a confiabilidade das

demonstrações contábeis.

Procedeu então ao registro na contabilidade,

no encerramento do exercício a receita obtida

classificada dentro do grupo “outras Receitas” contas

“Receitas Ambientais” e ficando assim evidenciadas

nas Demonstrações:

Tabela 3. Demonstração do Resultado do Exerício

Empresa Alfa Ano2009 % Análise Horizontal 2010 % Análise Horizontal

Receita Líquida de Serviços 1.000.000,00 100% 1.100.000,00 110%

( - ) Custo do Serviço prestado 500.000,00 100% -550.000,00 110%

Lucro Bruto 500.000,00 100% 550.000,00 110%

Despesas Operacionais

Despesas com Pessoal -150.000,00 100% -140.000,00 93%

Despesas Administrativas -100.000,00 100% -110.000,00 110%

Despesas/Receitas Financeira -1.500,00 100% -1.600,00 106%

Despesas Ambientais 100% -26.044,00 26.044%

Receitas Ambientais 100% 24.800,00 24.800%

Lucro Líquido do Exercício 248.500,00 100% 297,156,00 118%

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Conforme demonstrado nos resultados levantados, a

empresa obteve aumento nas receitas de prestação

de serviços de 10% no exercício de 2010 em

comparação ao ano anterior e consequentemente

nos custos também. Já as despesas aumentaram

consideravelmente com a implantação do SGA, porém

em contrapartida, registrou-se um resultado positivo

de R$ 24.800,00, isto é, uma receita ambiental,

mensurada pela redução do consumo.

Outros resultados intangíveis foram e serão obtidos

decorrentes deste processo, tais como a preservação

dos recursos naturais, valorização da marca e

melhoria contínua nos processos, porém não foram

evidenciados nas demonstrações contábeis pelas

dificuldades na mensuração. As notas explicativas

destacaram os resultados obtidos cumprindo o seu

papel de representar adequadamente as transações

e outros eventos.

O Relatório da Administração foi publicado no site da

empresa dando destaque e ênfase aos resultados

da gestão ambiental, obtidos com a implantação da

ISO 14.001. Já o balanço social, sendo divulgado,

poderá ainda demonstrar, de forma ampla, os dados

quantitativos e qualitativos, no conjunto de informações

referentes às atividades desenvolvidas pela empresa

relacionadas à promoção humana e social, dirigidas

a seus empregados e à comunidade na qual está

inserida.

4. CONCLUSÃO

Este estudo pretendeu demonstrar que a Contabilidade

Ambiental pode ser evidenciada nas demonstrações

contábeis e mensurada quanto aos retornos positivos

“receitas” obtidas após a implantação de sistemas de

gestão considerandos os resultados tangíveis que os

próprios relatórios revelam nos dados históricos. A

proposta de reconhecimento das receitas oriundas

da redução dos gastos no uso dos recursos naturais

após a implantação de sistemas de gestão ambientais

e medidas de proteção ao meio ambiente (benefícios

presentes) se faz mistér aplicadas ao princípio da

essência sobre a forma.

Alguns pontos ainda precisam ser tratados,

considerando a ausência de normas específicas e

conceituais, não se pretendeu aqui modificar ou criar

normas e procedimentos, mas aplicar os conceitos

vigentes na evidenciação de ações e investimentos

em proteção ao meio ambiente. Não é possível

imaginar que tais medidas sejam realizadas de

forma pretenciosamente voluntária, como diferencial

no mercado competitivo, mas sim como medida

emergente e necessária na preservação dos recursos

naturais e de forma responsável na exploração da

atividade econômica.

Os benefícios presentes alcançados e benefícios

futuros, consequências de investimentos ambientais

ecologicamente corretos, considerando os impactos

nos volumes de vendas, redução de custos e receitas

recorrentes, dentre outros, são passíveis de serem

e evidenciados nas demonstrações financeiras, de

forma que os usuários conheçam os verdadeiros

resultados e tirem suas próprias conclusões. Outras

pesquisas poderão evoluir na aplicação dos principios

contábeis adaptados à evidenciação das ações em

prol do meio ambiente.

REFERÊNCIAS

[1] AQUINO, Wagner e SANTANA, Antônio Carlos de. Evidenciação. Caderno de Estudos da FIPECAFI nº 05. São Paulo, 1992.

[2] ASSIS, Perla Roberta Pignatta de, BRAZ, Eliane Marta Quiñones, SANTOS, Carlos Lopes dos. Contabilidade Ambiental. Revista Ceciliana Jun 3(1): 13-16, 2010 ISSN 2175-7224 - © 2010/2011 - Universidade Santa Cecília. Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana. Acesso em 19 de set. de 2014.

[3] BONELLI, Valério Vitori; ROBLES, Antônio. Contabilidade Ambiental Como Ferramenta Para o Gerenciamento Sustentável. Jr Revista Científica Hermes, 2013, Vol.09

[4] CARVALHO, Gardênia Maria Braga. Contabilidade ambiental: teoria e pratica. 2 ed. Brasília: Juruá, 2008.

[5] CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE. 18º. 2008, Gramado.RS. O Desenvolvimento da Sociedade e as Abordagens Normativa e Positiva na Contabilidade. http://laudelinojochem.com.br/wp-content/uploads/2011/10/o-desenvolvimento.pdf

[6] FERREIRA, Araceli Cristina de Sousa. Contabilidade Ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável – inclui Certificados de Carbono – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2006.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

79

[7] FONSECA, Felipe Augusto Pessoa de Belmont; ALMEIDA, Karla Katiuscia Nóbrega de; FRANÇA, Robério Dantas de. Evidenciação de Informações Ambientais em Empresas do Segmento de Utilidade Pública Listadas na BM&FBOVESPA: Um Estudo sobre a Evolução na Divulgação dessas Informações. Reunir: Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade, 2011, vol. 1, Nº 2, p. 65.

[8] GELBCK, Ernesto Rubens; IUDICIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu. Manual de Contabilidade Societária - Aplicável A Todas As Sociedades - 2ª Ed. 2013 Atlas

[9] HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade. São Paulo. Atlas, 1999.

[10] HENDRIKSEN, Eldon S., BREDA, Michael F. Van.Teoria da Contabilidade . Tradução de Antônio Zoratto Sanvicente.- 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

[11] IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010.

[12] IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.

[13] KAM, Vernon. Accounting theory. New York, John Wiley & Sons, 1986.

[14 KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço Social: Teoria e Prática. São Paulo, Atlas, 2000

[15] LIMA FILHO, Raimundo Nonato; BRUNI, Adriano Leal; SAMPAIO, Márcio Santos; PEREIRA, Antonio Gualberto. Conceitos relevantes de Custos: A visão de textos didáticos, o olhar da Teoria da Contabilidade e a percepção de discentes, ABCustos Associação Brasileira de Custos - Vol. VI n° 3 – set-dez 2011 ISSN 1980-4814. http://www.unisinos.br/abcustos/_pdf/216.pdf. Acesso em 29 de set. de 2014.[16] RIBEIRO, Maísa de Souza. Contabilidade Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2010.

[17] RODRIGUES, Fernanda Fernandes. Análise das variáveis que influenciam as informações divulgadas nos relatórios da administração das companhias abertas brasileiras: um estudo empírico anos de 2001 a 2003. 2005. 118 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, LF 2005.

[18] SCHMITT, Zabot; RIOGRANDINO, Solimar; GONÇALVES LEMONS, Taiane; COSTA QUINTANA, Alexandre; POLL DA SILVA FREITAS, Débora; DA COSTA QUARESMA, Jozi Cristiane. Contabilidade Ambiental. Revista Ambiente Contábil, 2012, Vol.4(1), pp.72-88

[19] SCHROEDER, Richard G.; CLARK, Myrtle W.; CATHEY, Jack M. Fiancial Accounting Theory and Analysis. John Wiley & Sons, 2001.

[20] TINOCO, João Eduardo Prudência; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004

[21] http://www.ecodebate.com.br/2013/09/16/o-que-e-ativo-ambiental-artigo-de-antonio-silvio-hendges/>. Acesso em 19 de nov. 2014.

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Capítulo 8O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)

COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR.

Jamila El Tugoz

Edison Luiz Leismann

Loreni Teresinha Brandalise

Resumo: O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um programa destinado à aquisição de alimentos para creches e escolas públicas da educação infantil ao ensino médio. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), este programa constitui “uma das maiores iniciativas de compra institucional de alimentos do mundo”. O Programa garante renda aos agricultores familiares. A ONU vê o PNAE como modelo de programas a serem seguidos por países em desenvolvimento. Este artigo aborda a evolução do PNAE no Brasil, assim como sua importância em questões ambientais, sociais e econômicas, promovendo uma cultura de sustentabilidade. Tem por objetivo avaliar o Programa Nacional de Alimentação (PNAE) em Toledo, no estado do Paraná, como instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável da agricultura familiar local. Esta pesquisa é uma pesquisa exploratória, com abordagem quantitativa e qualitativa. Utilizou-se de artigos científicos, documentos oficiais e legislações relacionadas ao assunto. Também foram utilizados dados secundários fornecidos por cooperativas, artigos e notícias do Programa Nacional de Alimentação Escolar. O estudo concluiu que se torna imprescendível à continuidade e ampliação do PNAE para o fortalecimento de uma política de segurança alimentar e o desenvolvimento da agricultura familiar local. Com isso, gera-se emprego e renda e exerce importante papel enquanto instrumento de sustentabilidade nas suas diferentes dimensões.

Palavra Chave: PNAE, Desenvolvimento Sustentável, Agricultura Familiar.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

81

1. INTRODUÇÃO

A agricultura familiar representa papel importante para

o desenvolvimento e crescimento do país. O setor

apresenta-se em crescente expansão movimentando

a economia e contribuindo diretamente para o

desenvolvimento econômico, através da criação de

empregos e diminuição do êxodo rural, a partir da

geração e distribuição de renda. (DAMASCENO;

KHAN; LIMA, 2011).

Sendo a agricultura familiar responsável pela produção

de grande parte dos gêneros alimentícios importantes

à segurança alimentar (COSTA; GOMES; LIRIO;

BRAGA, 2013), a falta de incentivo a este setor, pode

acarretar em aumento dos custos à produção urbana.

Enquanto o mercado de commodities agrícolas cresce,

os nichos de mercado, são adaptados a uma escala

de produção menor e com o emprego de mão de

obra familiar, por este motivo, os sistemas orgânicos

de produção são adequados às características de

propriedades com gestão familiar, por uma série de

fatores, dentre os quais pode-se citar a concentração

de uma diversidade de cultivos em uma mesma área;

maior emprego de mão de obra; menor custo a longo

prazo; maior produção a médio prazo; possibilidade de

gerar produtos com valor agregado; atendimento de

mercados com maior procura que oferta no momento.

(NEVES, 2007).

Por este motivo, o incentivo à agricultura familiar,

através de políticas públicas, que contribuam para a

segurança alimentar, assim como, pela utilização de

mão de obra rural, apresenta-se tão importante para

o desenvolvimento sustentável do setor (TEODORO et

al, 2005).

No dia 16/10/2013 a Organização das Nações Unidas

(ONU), lançou a publicação Demanda Estruturada

e agricultores no Brasil: o caso do PAA e do PNAE

(traduzido de Structured Demand and Smallholder

Farmers in Brasil: the Case of PAA e PNAE), em que

são citados os Programas de Aquisição de Alimentos

(PAA), que atende os programas sociais em geral e

o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),

destinado a aquisição de alimentos para creches

e escolas públicas da educação infantil ao ensino

médio. A publicação evidencia que tais programas

constituem “uma das maiores iniciativas de compra

institucional de alimentos do mundo”, que garante

renda aos agricultores familiares, sendo visto como

modelo de programas a serem seguidos por países

em desenvolvimento (ONU, 2013).

Neste contexto, a nível estadual, o Paraná foi citado

pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (2013)

como um dos estados “que mais tem viabilizado

o crescimento da oferta de gêneros da agricultura

familiar na alimentação escolar”, utilizando 77,65% do

total dos recursos financeiros repassados pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, no

âmbito do PNAE na aquisição de gêneros alimentícios

diretamente da agricultura familiar, bem mais do que

os 30% exigidos pela Lei 11.947/09.

A partir disso, a questão que orientou este estudo

foi: Como os resultados do Programa Nacional de

Alimentação Escolar podem contribuir para a promoção

do desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar

local?

Este artigo tem como objetivo Avaliar o Programa

Nacional de Alimentação (PNAE) no NRE de Toledo –PR,

como instrumento de promoção do desenvolvimento

sustentável da agricultura familiar local.

Na sequência desta introdução, o presente artigo

foi dividido de forma melhor ao seu entendimento.

Na próxima seção será apresentada a Justificativa

que determinou a realização deste artigo. A terceira

seção contém as base teórico-metodológicas

do estudo associado às políticas publicas, com

enfoque no PNAE, ao desenvolvimento sustentável,

a produção orgânica, o cooperativismo agrícola e a

agricultura familiar. Na quarta seção, apresentam-se

os procedimentos metodológicos realizados para a

realização do presente estudo. A quinta seção contém

a análise dos dados e resultados obtidos durante a

pesquisa. Por fim, na sexta seção são apresentadas

as considerações finais em relação ao estudo.

JUSTIFICATIVA

A ONU decretou 2014 como sendo o “Ano Internacional

da Agricultura Familiar (Aiaf)”. Esta ação representa

o reconhecimento do valor da agricultura familiar no

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Cenário Mundial, e objetiva destacar sua fundamental

participação no combate a fome e a pobreza. Salomón

Salcedo, oficial de políticas da Organização das

Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO),

defende que incentivar a agricultura familiar contribui

para a redução de pobreza e incentiva a permanência

de agricultores no seu meio, assim como, aumenta

a segurança nacional do país, uma vez que são os

produtores familiares responsáveis pela produção de

maior parte da alimentação básica.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento

Agrário, o setor teve um crescimento de 52% em apenas

dez anos, representando 33% do Produto Interno Bruto

(PIB) agropecuária e 74% da mão de obra empregada

no campo. Por isso, torna-se tão importante a adoção

de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento

da Agricultura Familiar no Brasil, tanto a nível nacional

como regional. Neste sentido, o Paraná se destaca

tanto na aquisição de gêneros da agricultura familiar

na alimentação escolar, como também prioriza e

incentiva o sistema de produção orgânica.

A Agricultura Familiar aliada a uma produção orgânica

tem papel fundamental para a sociedade como um

todo, nos mais diversos aspectos, daí a relevância

deste tema e da proposta de dimensionar os resultados

obtidos através do programa nacional de alimentação

escolar, que estimula a promoção desta atividade.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL

A agricultura familiar não é uma categoria social

recente, mas nos últimos anos seu significado e

abrangência assumiram ares de novidade e renovação.

Observa-se um aumento do interesse do Governo por

esta categoria, a partir dos anos 90, em que houve a

criação de políticas públicas favoráveis a este setor,

com enfoque no equilíbrio da dimensão econômica,

social e ambiental, visando a sustentabilidade no

desenvolvimento rural (WANDERLEY, 2001).

A lei nº 11 326/2006, considera agricultor familiar

aquele que pratica atividades no meio rural, possua

área inferior a 4 módulos fiscais, utilize mão de obra

da própria família, renda familiar vinculada ao próprio

estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento

ou empreendimento pela própria família. Neste

contexto, também são considerados agricultores

familiares: silvicultores, aquicultores, extrativistas e

pescadores.

A partir do censo agropecuário 2006, foram

identificados 4.367.902 estabelecimentos de

agricultores familiares, o que representa 84,4%

dos estabelecimentos brasileiros, este contingente

ocupava uma área de 80,25 milhões de hectares, ou

seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos

agropecuários brasileiros (IBGE, 2006).

O Paraná apresenta percentuais de estabelecimentos

de agricultura familiar próximos aos do Brasil e da região

Sul, ambos com 84,4% de produtores familiares. Neste

contexto, temos a mesorregião Oeste, a qual detém

o maior número de estabelecimentos da agricultura

familiar do estado. Tal fato está associado a dinâmicas

socioeconômicas e processos históricos de ocupação

e colonização (IPARDES, 2009).

Segundo Oliveira (2007), a agricultura familiar é uma

das principais responsáveis pela manutenção do

agricultor no campo e, por conseguinte, a diminuição

do êxodo rural, justamente por sua maior capacidade

gerencial, pela sua flexibilidade e, sobretudo, por sua

maior aptidão para a diversificação das culturas.

Para Abramovay (1992), se houver apoio do estado

para a agricultura familiar, e esta estiver integrada em

um ambiente favorável, poderá fornecer alimentos de

boa qualidade, contribuindo para segurança alimentar

da sociedade e contribuir para o desenvolvimento

rural.

2.2 PRODUÇÃO ALIMENTOS ORGÂNICOS

A agricultura orgânica ou produto orgânico atua como

um nicho de mercado contribuindo diretamente para

o aumento de renda e o desenvolvimento sustentável

dos agricultores familiares.

Segundo a Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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considera-se produto da agricultura orgânica ou

produto orgânico, seja ele in natura ou processado,

aquele obtido em sistema orgânico de produção

agropecuário ou oriundo de processo extrativista

sustentável e não prejudicial ao ecossistema (BRASIL,

2003).

Neste sentido, Schneider (2009) defende a ruralidade

diferenciada que compreende a reestruturação

capitalista da agricultura, que objetiva alcançar um

grupo diferente de consumidores. A diferenciação

da ruralidade pode ser explicada através da análise

de fatores sociais como a mudança de pensamento

dos consumidores, de seus gostos e vontades, e

pelo aumento de interesse em bens não tangíveis. O

que percebe-se é a revalorização da agricultura. O

mesmo autor grifa a importância em “compreender os

aspectos econômicos que caracterizam a crescente

dominação da agricultura pelo setor agroindustrial”, e

também ressalta que o Estado deve estar presente na

regulação e controle dessas relações.

Como um dos segmentos agroalimentares que mais

se desenvoleu mundialmente, desde a década de 90

até hoje, a agricultura orgânica teve um crescimento

de 15 a 20 % ao ano, contra 4 a 5 % de todo o setor

da indústria alimentar, considerando o mesmo período

(SCIALABRA, 2005; DE SCHUTTER, 2010).

A alimentação escolar vivenciou um grande salto na

qualidade, em virtude da Secretaria do Estado da

Educação do Paraná priorizar e incentivar a compra de

produtos orgânicos, pagando 30% a mais pelo mesmo

item em relação ao produto convencional. Tudo isso

está levando os produtores a investirem na mudança da

cultura convencional para a orgânica, o que representa

a oportunidade de um desenvolvimento sustentável, a

partir da construção de uma nova racionalidade na

exploração dos recursos naturais locais (ANA, 2014).

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS

Segundo afirmam Reis e Ribeiro (2012), as políticas

públicas exercem um papel estratégico quanto a

inserção dos agricultores familiares no mercado formal

e na produção de alimentos para abastecer o mercado

interno.

Nazzari (2007) explica que o desenvolvimento da

propriedade rural familiar de forma sustentável, está

relacionado aos incentivos com visão orientada

para a organização da produção, transformação e

comercialização dos produtos.

Por tal motivo, é fundamental o apoio do governo

através de políticas públicas que visem o

fortalecimento e o desenvolvimento sustentável da

agricultura. Damasceno, Khan e Lima (2011), explicam

que o governo tem posto em prática mecanismos

que promovam a produção, atuem no combate a

fome e gerem emprego e renda, visando reduzir as

desigualdades sociais através do acesso democrático

aos recursos produtivos, e melhorar o bem estar das

famílias inseridas no setor rural.

O primeiro programa específico de apoio aos

agricultores familiares foi o Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF),

instituído pelo Decreto Presidencial nº. 1.946, de

28 de julho de 1996. Sua criação foi motivada com

a finalidade de promover o desenvolvimento rural

através do fomento (custeio e investimentos) e apoio

financeiro as instituições de extensão rural e pesquisa

(BRASIL, 1996).

Em seguida foi criado o Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA), pelo artigo 19 da Lei nº. 10696, de 2

de julho de 2003, com a finalidade de garantir a compra

dos alimentos, pelas prefeituras junto aos agricultores

familiares a um preço justo, garantindo a geração de

renda (BRASIL, 2003).

Segundo Couto e Ribeiro (2011, p. 2), “o conceito de

Compras Públicas Sustentáveis surgiu como proposta

efetiva de promover políticas de contratação pública

que favoreçam o desenvolvimento e a difusão de

mercadorias e serviços favoráveis ao meio ambiente”.

No sentido de fortalecer essa Política Pública planejada

para apoiar a agricultura familiar, em 2009, através do

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), foi

instituída a Lei nº. 11.947/2009, determinando que no

mínimo 30% dos gêneros alimentícios fornecidos nas

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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escolas públicas advenham da agricultura Familiar,

priorizando-se os alimentos orgânicos.

Para tanto as compras são realizadas com recursos

do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

(FNDE), sem intermediários e dispensando o processo

licitatório.

É neste cenário que a Secretaria de Estado

da Educação do Paraná (SEED) oportuniza a

comercialização de forma segura e rentável de 84 tipos

de alimentos produzidos por agricultores familiares, os

quais farão parte da merenda nas escolas estaduais

de 399 municípios do Estado (CONSEA, 2012), o

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), é

responsável pela implementação destas ações.

Ressalta-se, porém, que para participar do referido

programa, exige-se que os fornecedores, no caso,

os agricultores familiares, sejam obrigatoriamente

organizados e constituídos em grupos formais

– cooperativas ou associações, detentores de

Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar – DAP Jurídica,

conforme a Lei Federal nº 11.326, de 24 de julho

de 2006, e enquadrados no Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF.

2.4 COOPERATIVISMO AGRÍCOLA

Os problemas da baixa produtividade, a socialização

do conhecimento, a proximidade dos locais de trabalho

(sistemas agroecológicos) e, por fim, a necessidade

de unir forças a fim de superar os obstáculos,

cujos princípios devem estar aliados ao espírito de

solidariedade e democracia, promoveu a busca

do fortalecimento da agricultura familiar através do

cooperativismo agrícola (SANTOS; CÂNDIDO, 2013).

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação

e Agricultura (FAO), lançou em 31/10/2011 o Ano

Internacional das Cooperativas, a fim de conscientizar

a população sobre a importância das cooperativas

para o desenvolvimento socioeconômico, e

consequentemente para a garantia da segurança

alimentar, redução da pobreza e integração social.

O pequeno agricultor é beneficiado pelo cooperativismo,

pois ao se organizar em um grupo maior se fortalece,

adquirindo maior poder de negociação das condições

de contratos e preços para insumos, e aumentando

a capacidade de compartilhar recursos. Além disso,

através das cooperativas, o agricultor garante um

melhor posicionamento no mercado e o direito a terra

(SOBER, 2013).

Para Zanetti (2014), as cooperativas contribuem para

o desenvolvimento local sustentável, pois exercem

grande influência regional, principalmente no meio

rural, pois promovem a aplicação de recursos

privados e assumem riscos em favor da comunidade

em que está situada, sendo um local de referência

para os produtores rurais. Disponibilizando o produto

no mercado consumidor, contribui para a melhora

da renda do produtor rural. Colabora para a inclusão

social e melhoria da qualidade de vida. E também,

melhora a qualidade ambiental, através de ações

voltadas a gestão de serviços ecossistêmicos.

2.5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento Sustentável, segundo expõe Romeiro

(2012, p. 65) é “ser economicamente sustentado (ou

eficiente), socialmente desejável (ou includente) e

ecologicamente prudente (ou equilibrado)”.

Na implementação de políticas públicas voltadas à

alimentação escolar, a sustentabilidade deve estar

voltada para a produção de alimentos saudáveis.

Devendo ainda ser levados em consideração os

aspectos ambientais, sociais, econômicos, culturais,

políticos e éticos, que podem ser traduzidos como o

cultivo de alimentos sem a utilização de agrotóxicos e

preservando a biodiversidade e os recursos naturais,

garantindo renda suficiente para reprodução social

justa, contribuindo para a permanência da família no

campo com qualidade de vida, que propaguem os

saberes locais e mantenham sua própria identidade,

promovam os processos participativos e democráticos

e garantam a gerações atual e futuras o respeito

consigo e com a natureza (SCHNEIDER, 2003 Apud

OLALDE, 2012).

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Ser sustentável é minimizar a degradação;

é promover a melhoria de qualidade

de vida da população; é conviver em

equilíbrio com a natureza ofertando-lhe

condições de se regenerar e florescer;

é usar racionalmente os limitados

recursos naturais; é saber usar com

justiça os escassos recursos financeiros

da sociedade; é distribuir melhor o

bolo da riqueza; é gerar empregos;

produzir alimentos; é eliminar a miséria;

é matar a fome; é ter elevados níveis

de produtividade; enfim é “sustentar” o

homem na face da terra, para sempre.

Com respeito à natureza, da qual o

homem é um dos seus principais elos

(MIRTVI, 2006, p. 23-24).

O Desenvolvimento Sustentável pode ser promovido

também através das políticas de compra do Estado,

uma vez que os produtores tenham que adequar as

formas de produção ou as características de produção,

para se enquadrar nos critérios das compras verdes,

ou compras de fomento. Isto tende a fazer com que

seja alterado um tipo de produto ou serviço, ou ainda,

um tipo de produtor ou prestador de serviço que não

esteja adequado aos conceitos de sustentabilidade,

bem como, se estendam os avanços para o conjunto

dos seus fornecedores, contribuindo para a influência

do restante do mercado através de uma vantagem

comparativa (JESUS; SALA, 2013).

Ainda, segundo (ABRAMOVAY, 2010) o Estado, o

setor privado e a sociedade civil devem cooperar

entre si, para obter um Desenvolvimento Sustentável,

através de estratégias que promovam paralelamente

a redução da pobreza e das desigualdades sociais,

e ações que visem reduzir a absorção de recursos

naturais, a geração e resíduos e utilizem energias

menos nociva ao meio ambiente.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a composição deste estudo foi realizada uma

pesquisa do tipo exploratório, com abordagem

quantitativa e qualitativa. “Pesquisa significa, de forma

bem simples, procurar respostas para indagações

propostas” (SILVA, 2005, p. 19).

Foram utilizadas fontes de dados, a partir da pesquisa

bibliográfica em publicações, documentos oficiais

e legislações relacionadas ao assunto, que buscar

conceituar agricultura familiar, desenvolvimento

sustentável e políticas públicas.

O estudo propõe-se a demonstrar como o PNAE,

pode contribuir para a promoção do desenvolvimento

sustentável da agricultura familiar do Paraná.

Para caracterizar a situação atual da participação da

agricultura familiar no fornecimento de alimentos para

a merenda escolar, através do PNAE, foram utilizados

dados fornecidos por fontes secundárias como

cooperativas e notícias acerca do programa, artigos e

dados oficiais do governo.

Desta forma, realizou-se uma reflexão crítica

por meio da análise dos dados obtidos, a fim de

dimensionar a contribuição das políticas públicas

para o fortalecimento da agricultura familiar e do

desenvolvimento sustentável. Para tanto utilizou-se

artigos atuais sobre o assunto bem como pesquisas

de outras instituições.

Por fim, apresentou-se uma análise sobre o incentivo

das políticas públicas para o desenvolvimento de

técnicas voltadas a agricultura familiar de produtos

orgânicos, e sua importância para o desenvolvimento

sustentável.

4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação

e a Agricultura (FAO), divulgou em relatório de

15/09/2014, que o PNAE atua diretamente para a

política de segurança alimentar e nutricional no Brasil.

A Constituição Federal de 1988, assegurou o direito a

todos os alunos do ensino fundamental à alimentação

escolar, através de programa suplementar e de

alimentação escolar a ser oferecido pelos governos

federal, estaduais e municipais (FNDE, 2012).

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Neste sentido o PNAE, criado em 1955, atualmente

é responsável pelo fornecimento de refeições diárias

a 43 milhões de estudantes da educação básica,

esse número corresponde, comparativamente, a toda

população da Argentina.

A execução deste programa também sofreu mutações,

pois até 1993, sua organização era centralizada,

havendo um órgão agenciado que planejava os

cardápios, adquiria os gêneros alimentícios mediante

processo licitatório, averiguava o controle de qualidade

e distribuia os alimentos em todo o território nacional

(FNDE, 2012).

Foi através da Medida provisória nº 1784 de 14/12/1998

que houve a descentralização do programa, sendo

realizado o repasse direto a todos os Municípios e

Secretaria de Educação, promovendo a agilidade para

a execução do programa.A extensão do Programa

para toda a rede pública de educação básica,

inclusive alunos do programa mais educação, e de

jovens e adultos, caracterizou grande avanço para o

PNAE (FNDE, 2012).

Mas foi a garantia de que no mínimo 30% dos repasses

do FNDE fossem utilizados para aquisição de produtos

da agricultura familiar, que proporcionou ao PNAE atuar

diretamente para o fortalecimento do desenvolvimento

sustentável da agricultura familiar em todo o território

nacional (FNDE, 2012).

A Secretaria da Educação do Paraná faz chamadas

públicas pela internet desde 2010, através de um

sistema desenvolvido em conjunto com a Companhia

de Tecnologia da Informação e Comunicação

(Celepar). Esse sistema seleciona as cooperativas e

associações de produtores que fornecem alimentos

da agricultura familiar para a merenda, classificando-

os conforme sua proximidade com os colégios, bem

como a partir da sazonalidade dos produtos e da

produção de comunidade tradicionais, o que contribuiu

para a logística de abastecimento reduzindo o tempo

de entrega para as 2.368 escolas da rede estadual.

O Estado do Paraná tem aumentado os investimentos

para a compra de alimentos da agricultura familiar

para a merenda, destinando mais que o mínimo de

30% exigido, dos recursos totais repassados pelo

Governo Federal ao estado dentro do PNAE.

Em 2014, a compra dos produtos da agricultura

familiar utilizados na merenda escolar do Paraná deve

atingir R$ 58 milhões, que corresponde a 75% do

total de recursos repassados. No ano de 2013 foram

investidos R$ 32 milhões, na compra destes alimentos,

através de chamada pública com 132 instituições de

agricultores familiares.

Na tabela 1, está demonstrada a evolução na

destinação de alimentos da Agricultura Familiar para a

Alimentação Escolar do Paraná:

Tabela 1 – Evolução na destinação dos alimentos para merenda escolar

Ano Valor (R$) Tonelada Itens Associações Escolas

2010 3.000.000 2.472 - 5 618

2011 3.000.000 1.885 39 46 906

2012 23.670.000 6.366 71 95 1.774

2013 32.000.000 11.779 83 136 2.368

Fonte: Secretaria Da Educação Do Paraná (2013)

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Na sequencia a Tabela 2, indica a evolução de

alimentos orgânicos da Agricultura Familiar, na

Alimentação Escolar do Paraná:

Tabela 2 – Evolução na destinação dos alimentos orgânicos para merenda escolar

Ano Tonelada

2011 9

2012 660

2013 2.357

Fonte: Secretaria Da Educação Do Paraná (2013)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar teve

seu início no Núcleo Regional de Educação de Toledo

em 2011, tendo adquirido, no referido ano, alimentos

de apenas uma cooperativa de Marechal Cândido

Rondon, com um contrato de aproximadamente R$

225 mil que atendeu escolas de oito municípios.

No ano seguinte, escolas de 11 municípios foram

beneficiadas com alimentos fornecidos por quatro

cooperativas, em contratos que somaram R$ 506 mil

reais.

Em 2013, os contratos superaram a marca de um milhão

de reais, tendo as cooperativas da região fornecido

alimentos para escolas de 14 municípios integrantes

do Núcleo Regional de Educação de Toledo.

Para 2014, todos os 100 estabelecimentos de ensino,

nos 16 municípios da área de abrangência do NRE,

receberão os alimentos da agricultura familiar, que são

entregues diretamente nas escolas pelas associações

de agricultores familiares, tendo os contratos firmados

ultrapassarem a marca de R$ 2 milhões.

Tabela 3 - Relação de cooperativas que participaram da chamada pública (2013)

Fonte: Núcleo Regional de Educação de Toledo

A aquisição de alimentos pelo Governo do Estado,

através de compra direta ao produtor por meio de

chamada pública tem beneficiado mais de 20 mil

pequenos produtores, que fornecem alimentos

orgânicos e convencionais para a merenda escolar,

contribuindo diretamente para a geração de renda

deste segmento e associativismo. No Brasil o número

de alunos atendidos ultrapassa os 37 milhões,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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contabilizando um investimento superior a 1,025 bilhão

de reais ao ano.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar,

segundo dados da Secretaria do Estado da Educação

do Paraná, é reconhecido como a maior e mais

abrangente experiência em programas de alimentação

e nutrição na América do Sul.

Segundo Márcia Stolarski, diretora de Infraestrutura

e Logística da Secretaria de Educação do Estado

do Paraná “O PNAE garante o resgate e valorização

de hábitos alimentares regionais, diversificação dos

cardápios, maior distribuição de renda e fortalecimento

da economia de todas as regiões do Estado”.

O resultado desta política de incentivo à agricultura

familiar pode ser verificado não somente sob a

perspectiva da sustentabilidade mas também

em relação as dimensões sociais, ambientais e

econômicas resultantes desta atividade econômica.

Neste contexto cita-se que:

•O PNAE injeta dinheiro na economia local

impulsionando a economia dos municípios,

melhorando a qualidade de vida das famílias dos

agricultores rurais;

•Incentiva a produção agrícola de transição

agroecológica, uma vez que prioriza e incentiva a

produção de orgânicos, que recebem 30% a mais

pelo mesmo item pago ao produto convencional;

•A produção de alimentos orgânicos extingue

os riscos a saúde advindos do uso abusivo

de agrotóxicos e elimina a possibilidade de

contaminação ambiental pelo uso inadequado dos

agrotóxicos;

•O estímulo ao consumo de frutas e hortaliças pelos

alunos, bem como, de alimentos orgânicos, pode

tornar-se um aspecto relevante e de grande utilidade

no controle da saúde dos escolares e do impacto

da alimentação sobre seu desenvolvimento;

•Estabelece a concepção de um mercado

específico, no qual são estabelecidas prerrogativas

como a garantia de venda da produção a preços

sem as oscilações normalmente vivenciadas no

mercado tradicional;

•O alimento produzido mais perto do consumidor

final colabora com o meio ambiente, pois requer

menos combustível para ser transportado;

•O incentivo ao consumo de alimentos orgânicos

na escola, pode servir de estimulo a mudança da

percepção ambiental dos educandos, ao tempo

em que promove nestes um maior entendimento

e preocupação em relação ao desenvolvimento

sustentável.

O pensamento atual em relação às práticas agrícolas

tem se voltado para as formas de sobrevivência

sustentável. Nesse contexto, a agricultura familiar,

que ocupa áreas de pequeno e médio porte, com a

utilização de mão de obra exclusivamente familiar,

precisa estar atenta ao mercado e buscar agregar

valor ao seu produto.

Uma das formas de agregação de valor, utilizadas

também em nossa região é a criação e gestão de

formas associativas entre os agricultores familiares,

as quais podem ter formas e objetos diferentes,

mas em muitos casos objetiva aumentar o poder de

negociação frente a fornecedores ou clientes, ou ainda

visa atingir canais distribuição que o agricultor isolado

não possa fazer parte (BATALHA; BUAINAIM; SOUZA

FILHO, 2004).

Recorda-se que para participar da chamada pública

de aquisição de alimentos para o PNAE, o agricultor

familiar deve, obrigatoriamente, fazer parte de uma

organização cooperativista ou associativa. Desta

forma, pode-se observar que o PNAE, atual como

importante ferramenta para o desenvolvimento social

destes agricultores familiares.

Outro modo de agregação de valor é a produção de

alimentos orgânicos. O PNAE, inclusive prioriza a

compra de produtos agroecológicos, pagando 30%

a mais que o valor do mesmo produto convencional.

Neste pensamento, sendo a agroecologia uma forma

de produção sustentável que utiliza recursos naturais,

que atua em harmonia com as outras dimensões

do desenvolvimento, a produção de alimentos

orgânicos se insere nesta prática contribuindo para o

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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desenvolvimento sustentável (ANDRIOLI, 2007).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PNAE se estabelece como uma política que permite

aos gestores disseminarem uma cultura voltada ao

crescimento econômico sustentável local, considerado

o compromisso com o meio ambiente, com a saúde

pública, e com a equidade social.

“Quando empregadas adequadamente, as compras

públicas – o poder de compra – podem produzir

um serviço de alimentação escolar sustentável

que proporciona dividendos sociais, econômicos

e ambientais, ao mesmo tempo em que promove a

cultura da sustentabilidade” (MORGAN; SONNINO,

2010, p.72).

Neste sentido, o PNAE semeia hábitos alimentares

saudáveis na comunidade escolar, inspirando os

educandos, educadores e familiares a adotarem

saberes e práticas pautadas na sustentabilidade.

O desenvolvimento local é promovido pelo Programa,

quando na aquisição dos alimentos escolares, é

considerada a localização e a regionalização da

produção. Desta forma os agricultores vislumbram

a oportunidade de elevarem sua renda, por meio

da garantia de compra da sua produção, conforme

quantidade estabelecida em contrato, orientados pela

legislação vigente.

Um dos reflexos da melhora da qualidade de vida

do agricultor familiar, impulsionado pelo Programa

Nacional de Alimentação Escolar, pode ser observado

na permanência deste no meio rural em que vive.

O resultado se apresenta no aspecto social que sai

fortalecido, consolidando a economia local, e aumento

da renda destes agricultores.

Esta diminuição do êxodo rural contribui para a

redução de problemas causados pelo crescimento

desenfreado dos municípios, que se manifesta na

falta de infraestrutura para atender a demanda por

serviços de saneamento, saúde, educação, moradia e

transportes, nos centros urbanos.

O desenvolvimento sustentável estimulado pela lei,

que incentiva a aquisição da merenda escolar junto

aos agricultores familiares locais, faz com que toda a

cadeia produtiva se concentre no próprio município

ou em localidades bem próximas, o que ocasiona na

redução das atividades logísticas e consequentemente

na preservação do meio ambiente, através da redução

da emissão de CO2.

A produção de alimentos orgânicos, estimulada

pela mesma Lei do PNAE, promove a soberania e

segurança alimentar e nutricional e preserva o direito

dos educandos a uma alimentação escolar adequada

e saudável.

A partir do uso sustentável dos recursos naturais;

apoiado na redução dos resíduos poluentes e da

não utilização de adubos químicos ou agrotóxicos

torna-se possível também à redução dos custos com

impactos ambientais e com a saúde pública, aspectos

considerados de difícil mesuração na análise da

transição da produção convencional para a produção

orgânica.

Portanto, entende-se imprescendível a continuidade

e ampliação do PNAE para o fortalecimento de uma

política de segurança alimentar e desenvolvimento da

agricultura familiar local, gerando emprego e renda e

exercendo importante papel enquanto instrumento de

sustentabilidade nas suas diferentes dimensões.

REFERÊNCIAS

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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[22] SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL – SOBER. Considerações sobre a Segurança Alimentar e o Desenvolvimento Rural no Brasil. 51º Congresso da SOBER. Novas Fronteiras da Agropecuária no Brasil e na Amazônia: desafios da sustentabilidade. Belém/PR, 21 a 24/07/2013.Disponível em: http://www.academia.e d u / 4 1 0 8 2 4 8 / C O N S I D E R A % C 3 % 8 7 % C 3 % 9 5 E S _SOBRE_A_SEGURAN%C3%87A_ALIMENTAR_E_O_DESENVOLVIMENTO_RURAL_NO_BRASIL. Acesso em: 19 out. 2014.

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[25] ZANETTI, E. Lei 12651 e as Cooperativas: Oportunidades com Ativos Ambientais. Disponível em: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=28745&secao=Artigos%20Especiais. Acesso em 12/03/2014.

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Capítulo 9IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO PROCESSO DE EXTRAÇÃO

E TRANSPORTE DA ARGILA EM INDÚSTRIAS DE CERÂMICA

VERMELHA

Marli Kuasoski

Sérgio Luís Dias Doliveira

Adriana Queiroz Silva

Resumo: O presente artigo teve por objetivo descrever os impactos socioambientais inerentes ao processo de extração e transporte da argila, causados pelas indústrias de cerâmica vermelha, e apresentar possíveis medidas mitigadoras. Para atingir o objetivo proposto, o percurso metodológico foi o descritivo, com procedimentos bibliográficos e análise qualitativa do problema. Os resultados alcançados com a revisão sistemática da literatura sobre o panorama setorial da cerâmica vermelha no Brasil e a caracterização das etapas produtivas de produtos de cerâmica vermelha permitiu situar a importância dessas empresas para a economia brasileira, bem como entender a forma de produção das peças de cerâmica estrutural, desde a extração até a venda. Concluiu-se que os impactos ambientais, embora sejam inerentes à atividade ceramista, é possível de serem minimizados utilizando-se de técnicas adequadas de exploração. Quanto ao aspecto social, essas empresas podem melhorar a qualidade de vida no trabalho ao prezar pela saúde e segurança dos empregados, cuidando, também, com impactos à população que reside nas proximidades das jazidas. Além disso, pode haver maior participação dessas empresas nos projetos sociais da comunidade que estas encontram-se inseridas e, dessa forma, contribuir para o desenvolvimento local.

Palavras Chave: Cerâmica vermelha, Extração de argila, Sustentabilidade.

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1. INTRODUÇÃO

A partir da Revolução Industrial iniciada no século

XVIII, as práticas de utilização dos recursos ambientais

têm socializado o ritmo natural, por haver mais

consumo do que restituição para a natureza. O

crescimento populacional não só aumenta a

demanda por matéria e energia, mas altera o ritmo da

natureza no tocante à renovação dos seus recursos.

Por conseguinte, na segunda metade do século

XX, o agravamento da relação entre a economia e

o meio ambiente tornou-se mais preocupante, pois os

recursos naturais eram explorados sem a consciência

de sua exaustão (TEODORO, 2013).

Costa (2008) explica que na segunda metade do

século XX, além da dualidade entre economia e meio

ambiente, o fator social começa a se agravar devido à

disparidade entre a distribuição dos recursos naturais,

o que emergiu em um quadro de desigualdade social,

resultando em pobreza e injustiça entre os povos. O

cenário de crise ambiental e social, iniciado nesse

período, se alastrou globalmente e se tornou um

fenômeno preocupante para a sociedade.

A partir dos reflexos dessa crise, a sociedade passou

a se conscientizar acerca dos problemas ambientais

oriundos do desequilíbrio da relação entre sociedade,

natureza e economia. Por exemplo, as transformações

climáticas e a poluição, aliadas com a preocupação

da escassez de recursos naturais resultou em aumento

da pressão social para a adoção de estratégias

governamentais e empresariais que possam minimizar

esses problemas (LINGEGARD; SAKAO; LINDAHL,

2012).

A sustentabilidade passou a ser um tema em debate

nas organizações e nas agendas governamentais,

sendo discutida sobre os pilares ambiental, social e

econômico (ELKINGTON, 2001). De acordo com o

referido autor, o tradicional enfoque econômico, que

outrora era a única preocupação, passou a seguir,

paralelamente, aos enfoques ambiental e social,

marcando a transição para o capitalismo sustentável,

que propõe um equilíbrio entre os três pilares. Isso

significa alcançar a lucratividade das organizações,

explorar os recursos naturais de forma sustentável e

promover a justiça social.

Conforme relata Araújo (2001), as organizações

passaram a incorporar o discurso do desenvolvimento

sustentável em suas atividades como forma de

responder às discussões sobre os impactos causados

no local onde estão inseridas. As iniciativas tomadas

pelas empresas repercutem na adoção de práticas

sustentáveis que minimizem os danos causados ao

meio ambiente, em virtude da sua instalação.

Essa perspectiva de relacionamento entre a economia

e o meio ambiente, no âmbito empresarial, fez

reconhecer que o lucro obtido, por si só, não garante

que a empresa tenha continuidade futura, devido à

decadência dos recursos naturais. Em função disso,

as ações desenvolvidas em prol da sustentabilidade,

podem estender as atividades empresariais por um

período maior, além de agregar valor à empresa

(ARAÚJO, 2001).

Nesse contexto, o presente artigo tem como foco

a sustentabilidade empresarial no segmento de

cerâmica vermelha, relativamente ao processo de

extração e transporte da argila e tem a premissa

de responder ao seguinte problema: quais são os

impactos socioambientais inerentes ao processo

de extração e transporte da argila causados pelas

indústrias de cerâmica vermelha, e suas possíveis

medidas mitigadoras? Tendo em vista o problema

proposto, o objetivo geral consiste em descrever os

impactos socioambientais inerentes ao processo

de extração e transporte da argila causados pelas

indústrias de cerâmica vermelha, e suas possíveis

medidas mitigadoras.

As indústrias de cerâmica vermelha utilizam para

sua operacionalização a extração da argila. Nesse

processo, as máquinas retiram a vegetação e a

camada superficial do solo e, consequentemente,

através da chuva, ocorre a erosão do material

superficial, alterando as condições físicas, químicas e

biológicas do solo, sendo nessa fase, imprescindível

a ação do homem para a recuperação ambiental

e diminuição da pegada ambiental, ou seja, das

consequências ambientais causadas pela ação

humana (REGENSBURGER, 2004).

A relevância deste estudo está concentrada na

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expressividade do segmento de cerâmica vermelha

para a economia brasileira e a necessidade do

segmento se modernizar quanto às técnicas de

extração e transporte da argila, visto que os impactos

ambientais são inerentes à atividade. No entanto,

é possível minimizar os danos causados ao meio

ambiente observando técnicas adequadas para

explorar o mineral.

Como explica Buarque (2008), as empresas

podem contribuir para o desenvolvimento local

pela participação nos projetos locais vinculados à

comunidade onde se inserem. Dessa forma, além

dos impactos ambientais, a atividade oleira também

reflete no desenvolvimento social da localidade onde

se insere, não somente pela geração de emprego

e renda, mas também por meio do envolvimento

entre empresa e comunidade nos projetos sociais

voltados para melhoria da qualidade de vida da

população local.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A revisão da literatura é fundamental para entender

o contexto onde o problema da pesquisa se situa. A

construção teórica do presente artigo versa sobre o

panorama setorial da cerâmica vermelha no Brasil e

a caracterização das etapas produtivas de produtos

de cerâmica vermelha.

2.1 A CERÂMICA VERMELHA NO BRASIL

O segmento de cerâmica vermelha juntamente com

os segmentos de cimento, cerâmica de revestimento,

colorifícios, louças sanitárias, cal, gesso, vidros,

concretos, fibrocimentos entre outros, fazem parte

do setor dos minerais não metálicos da indústria

de transformação mineral, que é parte integrante da

cadeia produtiva da construção civil (MME; SGM;

DTTM,

2014).

O setor brasileiro de minerais não metálicos possui

significativa importância econômica. “Em 2013, o PIB

da indústria de transformação de não metálicos

totalizou US$19,3 bilhões, apresentando um aumento

de 5,5% em relação ao ano anterior. O setor participou

com 0,9% do PIB Nacional e 3,2% do PIB Industrial”

(MME; SGM; DTTM, 2014, p. 11). O segmento de

cerâmica vermelha é destacado pela sua importância

relativa, dentro deste setor, tanto em termos

econômicos como de consumo energético (BERNI;

BAJAY; GORLA, 2010).

De acordo com o MME, SGM e DTTM (2014),

o faturamento estimado do setor de minerais

não metálicos foi de R$ 48 bilhões em 2013,

considerando os segmentos de cimento, cerâmica

vermelha, revestimento e cal. A Tabela 1 demonstra a

segregação desse faturamento por segmento.

Tabela 1 – Segregação do Faturamento do Setor de Minerais Não Metálicos (2013)

Segmento Faturamento em bilhões (R$)

Percentual(%)

Cimento 19 39%

Cerâmica Vermelha 21 43%

Cerâmica de Revestimento 5,7 12%

Cal 2,6 5%

Total 48,3 100%

Fonte: Adaptado de MME, SGM e DTTM (2014).

É notável que o segmento de cerâmica vermelha é o

mais expressivo, com participação no faturamento de,

aproximadamente, R$ 21 bilhões, representando 43%

do faturamento do setor de minerais não metálicos,

seguido pelo segmento de cimento, com 19 bilhões, ou

seja, 39%. Os segmentos de cerâmica de revestimento

e cal somam juntos 17% do faturamento total do setor.

A expressividade do segmento de cerâmica vermelha

para o setor de minerais não metálicos se justifica por

se inserir na cadeia produtiva da construção civil, pois

representa, aproximadamente, 4,8% do faturamento

dessa indústria (ANICER, 2014).

Somente no segmento de cerâmica vermelha, o

Brasil conta com aproximadamente 7.400 olarias e

cerâmicas, responsáveis por um faturamento anual

aproximado de R$ 21 bilhões (MME; SGM; DTTM,

2014). Ressalta-se que esses dados foram estimados

pelo MME, SGM e DTTM com base nas informações

disponibilizadas pela ANICER, referentes a 2008.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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A geração de empregos diretos e indiretos também é

significante, pois o setor de cerâmica vermelha gera,

aproximadamente, 293 mil empregos diretos e cerca de

900 mil empregos indiretos. Isso demonstra o relevante

papel social que essas empresas desempenham no

Brasil (ANICER, 2014).

Portanto, é notável que o segmento de cerâmica

vermelha é o mais expressivo economicamente

mas, também, é o que causa maior impacto ambiental

juntamente com o segmento de revestimentos

cerâmicos, devido à degradação pela extração da

argila e pela emissão de poluentes durante as etapas

produtivas (BERNI; BAJAY; GORLA, 2010).

Além do impacto ambiental que as indústrias de

cerâmica vermelha causam, a atividade, por sua

natureza, oferece vários riscos à saúde e segurança

do trabalhador, que estão detalhados na seção 2.2 do

presente artigo.

É notável a importância do setor de cerâmica

vermelha na geração de empregos e renda, no

entanto, é fundamental que essas empresas utilizem

práticas sustentáveis para que tenham a garantia

de operacionalização futura, visto que elas extraem

recursos naturais para o processo produtivo e

são consideradas potencialmente poluidoras (Lei

10.165/2000). No aspecto social, as indústrias de

cerâmica vermelha geralmente ocupam a mão de

obra local e é imprescindível que haja participação da

empresa no desenvolvimento dos empregados e nos

projetos sociais locais.

No tocante à matéria-prima utilizada pelas indústrias

de cerâmica vermelha, a argila é o principal material e

a massa média utilizada é de 2 quilos por peça (MME;

SGM; DTTM,2014). A argila é um material retirado do

solo que possui composição terrosa e textura fina e,

quando misturada com a água, torna-se plástica, o

que permite sua modelagem. Ao iniciar o processo

de secagem o material adquire rigidez e, quando

queimado, passa a ter resistência, características

não encontradas por nenhuma outra matéria-prima

(LOYOLA; PIEKARZ;SANTIAGO, 2000).

Os produtos de cerâmica vermelha podem ser do tipo

massa porosa que compreende os tijolos, as telhas,

os vasos, entre outros produtos, ou do tipo massa

semivitrificada, que são os ladrilhos de piso, lajotas,

etc. (LOYOLA; PIEKARZ; SANTIAGO, 2000).

Normalmente, além das indústrias de cerâmica

vermelha possuírem instalações para a produção,

também possuem jazidas de argila que, muitas vezes,

são parte do negócio. Os custos incorrem, geralmente,

com máquinas, matéria-prima, lubrificantes e pneus,

além de ser um segmento que consome muita energia,

relativa à queima da lenha, gás natural, energia elétrica

e combustível, como óleo diesel, GLP e resíduos de

biomassa (BERNI; BAJAY ; GORLA, 2010).

A estrutura empresarial do segmento de cerâmica

vermelha é bastante diversificada, sendo a maior parte

dos empreendimentos de caráter familiar, geralmente,

não abrangidos pelas estatísticas oficiais. O segmento,

também, conta com empresas de pequeno, médio e

grande porte. As empresas de médio e grande porte

tem maior facilidade de aderir às tecnologias mais

modernas, enquanto as demais utilizam técnicas mais

antigas de produção e, ainda, possuem dificuldades

na gestão do empreendimento (MME; SGM; DTTM,

2014; PRADO; BRESSIANI, 2013).

Em razão da dispersão e do grande número de

indústrias de cerâmica vermelha em diversos estados,

existe grande dificuldade em organizar estudos no

segmento e isso interfere diretamente nos dados

e informações, bem como nas estatísticas e nos

indicadores de desempenho geral, o que torna difícil

acompanhar o desenvolvimento e a competitividade

dessas empresas. Dessa forma, o MME, o SGM e o

DTTM (2014) apresentam informações estimadas de

2009 a 2014 com base nas informações emitidas pela

ANICER em 2008. Para calcular a produção e a receita

bruta, esses órgãos utilizaram os indicadores de

crescimento da construção civil. Esses dados foram

consolidados na Tabela 2

Tabela 2 – Comparativo entre Informações do Segmento de Cerâmica Vermelha de 2009 a 201

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Tipo de Informação 2009 2010 2011 2012 2013 Total

Produção tijolos (109 peças) 44,6 49,7 51,5 52,3 53,1 251,2

Produção telhas (109 peças) 14,8 16,6 17,2 17,4 17,7 83,7

Produção total (109 peças) 59,4 66,3 68,7 69,7 70,8 334,9

Consumo per capita (peça/hab.) 315 348 357 359 354 1733

Faturamento (em R$ bilhões) 18 20 21 21 21 101

Número de empresas 7.400 7.400 7.400 7.400 7.400 -

Fonte: Adaptado de MME, SGM, DTTM (2014).

Por meio das estimativas apresentadas na Tabela 2, é notável um crescimento gradativo na produção de tijolos e

telhas durante o período de 2009 a 2013. O consumo

médio per capita de peças também vem aumentando

ao longo dos anos, mas houve uma queda de 1,4%

no ano de 2013 em relação ao ano anterior. O

faturamento apresentou crescimento no período

compreendido entre 2009 a 2011 e permaneceu

estável nos anos seguintes. O número de empresas

permaneceu estável durante todo o período, com

7.400 unidades. De acordo com o MME, o SGM e o

DTTM (2009) o número de empresas em 2008 era de,

aproximadamente,5.500 unidades.

Como se pode observar, o número de indústrias de

cerâmica vermelha é expressivo e o faturamento

total demonstra a importância do segmento para

a economia brasileira. No entanto, o segmento de

cerâmica vermelha ainda possui dificuldades em

modernizar o processo produtivo com tecnologias

que aumentem a eficiência e diminuam os custos de

produção. Como destaca a Mineropar (2013), o Brasil

necessita evoluir tecnologicamente neste setor, pois

está defasado se comparado com países da Europa,

da América do Norte e até da América do Sul.

Prado e Bressiani (2013) defendem que apesar

de muitos fatores afetarem o desenvolvimento do

segmento de cerâmica vermelha, este é essencial

para a construção civil, pois fornece produtos de base

estrutural como tijolos maciços e furados, blocos de

vedação e estruturais, telhas, manilhas e pisos rústicos.

De forma análoga, Berni, Bajay e Gorla (2010), destacam

que o Brasil ainda possui baixa produtividade, cerca de

12.000 peças/homem/mês, enquanto que a produção

europeia é de 200.000 peças/homem/mês. Assim, é

necessário que as empresas do segmento busquem

elevar a produtividade devido ao alto consumo desses

produtos no mercado, adotar inovações tecnológicas

para os processos produtivos e fontes energéticas

alternativas.

No entanto, o mercado consumidor não é exigente com

os produtos cerâmicos e suas devidas especificações,

o que gera certo comodismo dos gestores em atender

patamares mais altos de produção e de inserir

programas de qualidade para seus produtos (ANICER,

2014).

2.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO PRODUTIVO

DE CERÂMICA VERMELHA

O processo de produção das olarias inicia-se com a

extração da argila, que ocorre a céu aberto de forma

manual ou mecanizada. A matéria-prima coletada é

levada até os galpões e armazenadas para descansar,

para que haja a decomposição da matéria orgânica

e de sais solúveis (FIEMG; FEAM, 2013). A argila

corresponde de 25% a 70% do produto, além do

óxido de ferro de 3,5% a 8%, que proporciona a cor

avermelhada aos produtos após a queima (BERNI;

BAJAY; GORLA, 2010).

A etapa produtiva de mineração da argila causa a

degradação do solo e, como consequência, prejudica

a flora e a fauna local se não for realizada de maneira

correta. Geralmente, as plantas de mineração de

argila médias e pequenas não se preocupam em

extrair o mineral de forma adequada e, por ser feita

em pequena escala, a área pode ser recomposta com

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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maior facilidade. As plantas de mineração de grande

porte devastam com maior amplitude as áreas em lavra

(BERNI, BAJAY, GORLA, 2010). A lavra é “o conjunto de

operações coordenadas objetivando o aproveitamento

industrial da jazida, desde a extração das substâncias

minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das

mesmas” (DECRETO-LEI Nº 227/1967).

A argila é um mineral não renovável e, portanto,

finito (HOLANDA; SILVA, 2011). Estudos realizados

no segmento de cerâmica vermelha demonstram

que a massa cerâmica pode incorporar vários tipos

de resíduos de outras indústrias, o que faz diminuir

a quantidade de argila nas peças, ou ainda utilizar

resíduos como fontes energéticas alternativamente ao

combustível principal. Essa estratégia é implantada

na busca de redução de custos, embora exista uma

iniciativa ambiental implícita. Exemplos de resíduos são

os provenientes da fabricação de móveis e de serrarias

e da própria fabricação de cerâmica vermelha, quando

os resíduos sólidos retornam novamente ao processo

(BERNI, BAJAY, GORLA, 2010).

Cabral Júnior et al. (2005) explicam que a

incorporação de resíduos sólidos na massa

cerâmica traz ganhos ambientais por utilizar materiais

que apresentam problemas de destinação, além de

ganhos econômicos tanto para os fornecedores dos

resíduos quanto pelas indústrias que os utilizam.

Além dos impactos ambientais na etapa de extração

da argila, deve-se atentar à exposição ao sol dos

trabalhadores que desenvolvem suas atividades a céu

aberto, que podem causar alterações na pele e lesões

nos olhos. Os ruídos decorrentes dos maquinários

empregados na extração da argila também podem

ocasionar ao trabalhador danos de equilíbrio, do

sono, psicológico, social, nos sistemas circulatório,

digestivo, reprodutor e a Perda Auditiva Induzida

por Ruído (PAIR), que é o mais evidente (SESI, 2009).

Quando da utilização da argila para o preparo da

massa, Medeiros (2006) relata que, primeiramente,

a matéria-prima passa pelo destorroador, que tem

função de fragmentar os torrões maiores de argila de

modo a facilitar as operações posteriores.

Em seguida, a massa cerâmica passa para o

misturador, equipamento que realiza movimentos

circulares, permitindo homogeneização da massa e a

adição de água e outros resíduos, quando aplicáveis

à argila, até que se adquira umidade e plasticidade

adequadas para o produto (FIEMG; FEAM, 2013;

MEDEIROS, 2006).

A próxima fase é a laminação, processo pelo

qual a mistura passa pelo laminador, equipamento

responsável pelo direcionamento das partículas de

argila. Esse processo é essencial para uniformizar o

produto e permitir maior eficiência na queima, o que

reduz o consumo de energia (FIEMG; FEAM, 2013).

Após a laminação, a etapa seguinte será de acordo

com o produto que está sendo fabricado. Para os

produtos que serão extrusados, essa fase consiste em

prensar a massa na extrusora (MEDEIROS, 2006). Essa

etapa do processo produtivo é responsável por 15%

dos custos de produção, devido ao grande desgaste

da máquina extrusora e seu alto consumo de energia

(FIEMG; FEAM, 2013).

Berni, Bajay e Gorla (2010) explicam que a etapa da

prensagem “consiste na conformação de massas

granuladas com baixo teor de umidade por meio

de uma prensa, sendo usada, primordialmente, na

produção de pisos e revestimentos, embora não se

restrinja a esta aplicação”.

Após a extrusão ou prensagem, a próxima etapa é

o corte, que consiste em dimensionar o produto de

acordo com a produção desejada. Após o corte, os

produtos passam pela secagem, que pode ser natural

ou artificial (BERNI; BAJAY; GORLA, 2010).

Depois de secos, os produtos passam pelo processo

de sinterização ou queima que confere características

para que o produto fique pronto para o uso

(MEDEIROS, 2006; BERNI; BAJAY; GORLA, 2010). A

atividade de cerâmica vermelha é considerada grande

consumidora de energia e o uso da lenha é a principal

fonte energética do segmento, causando significativos

impactos socioambientais como a produção de

cinzas, óxidos de enxofre, dióxido de carbono e

óxidos de nitrogênio, causadores de chuva ácida e

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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de danos à camada de ozônio. (REINALDO FILHO;

BEZERRA, 2010).

Além do alto consumo energético, as indústrias de

cerâmica vermelha também geram resíduos sólidos

durante o processo de fabricação, como o óleo

lubrificante e as cinzas. Esses resíduos precisam

ser armazenados em local reservado para não gerar

contaminação do solo e, consequentemente, do meio

ambiente e da população, devido ao alto teor de

enxofre e ferro que apresentam (FIEMG; FEAM, 2013).

Farias et al. (2012) relatam que a escolha do forno

utilizado para a queima é imprescindível, pois permite

a melhoria da eficiência do processo produtivo como

um todo e reduz os impactos ambientais decorrentes.

Além disso, fornos mais modernos conferem redução

do nível de calor aos operadores de forno, reduzindo

riscos à sua saúde.

Durante as etapas de produção descritas, os

funcionários podem estar expostos a outros fatores de

risco à sua saúde e segurança, como deformidades

nos dedos das mãos pelo carregamento manual

de tijolos; varizes devido ao tempo prolongado de

permanência na posição de pé e pelo excesso de

peso carregado; problemas respiratórios causados

pela inalação e exposição direta à fumaça emitida no

processo de queima e inalação de poeira de argila

durante o transporte e do mesmo para o misturador,

bem como no manuseio dos tijolos acabados; irritação

nos olhos causados pela exposição direta à fumaça;

problemas de coluna devido ao carregamento manual

de tijolos e outros materiais; dermatoses por contato

direto com os diversos materiais manuseados; lesão

por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (GOMES, 2012).

No exterior, as indústrias de cerâmica conseguiram

melhorias ambientais com a mudança para

combustíveis gasosos, melhoras na secagem,

aquisição de fornos mais eficientes e controle de

processo. Além disso, o aproveitamento de calor e seu

uso em secadores reduzem o consumo de energia

e, em consequência, resultam em menor emissão de

poluentes (BERNI, BAJAY, GORLA, 2010).

Portanto, é notável que os impactos socioambientais

sejam inerentes à fabricação de produtos cerâmicos,

mas que podem ser reduzidos com técnicas mais

modernas de operacionalização e controle de riscos

aos quais os empregados são expostos, por meio de

programas de saúde e segurança no trabalho. Além

da observância das normas para melhores condições

de trabalho, é necessário que o segmento de

cerâmica vermelha possa se modernizar no sentido de

incorporar melhorias ambientais no processo produtivo

e, dessa forma, atender ao equilíbrio dos pilares da

sustentabilidade.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Quanto aos objetivos, essa pesquisa é classificada

como descritiva, a qual Oliveira (1999, p. 114) define

como aquele que “possibilita o desenvolvimento de

um nível de análise em que se permite identificar as

diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação

e classificação”. Assim, procurou-se descrever os

impactos socioambientais causados pelas indústrias

de cerâmica vermelha, quando da extração e do

transporte da argila e suas possíveis medidas

mitigadoras, ou seja, as possíveis maneiras de diminuir

os danos causados para a natureza e à sociedade.

O procedimento adotado para conduzir a pesquisa

foi a revisão sistemática da literatura, o que enquadra

a pesquisa como sendo de abordagem bibliográfica

(VERGARA, 2005). Foram utilizadas fontes já

publicadas acerca da teoria utilizada para embasar

o problema, como livros, artigos, dissertações, teses,

websites, além de sites das associações e sindicatos

do setor oleiro.

Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa

possui cunho qualitativo. A abordagem qualitativa

requer uma série de leituras sobre o assunto que se

deseja estudar para que, posteriormente, seja descrito

ou relatado minuciosamente o ponto de vista dos

autores pesquisados e estabelecermos correlações e

opinarmos de modo a concluir o que foi evidenciado

no assunto (OLIVEIRA, 1999).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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A seção de resultados e conclusões demonstra a

revisão sistemática da literatura sobre os impactos

ambientais e sociais causados pelas indústrias de

cerâmica vermelha ao extrair e transportar a argila da

jazida. A exploração adequada do mineral na lavra

pode minimizar a pegada ambiental e proporcionar

melhores condições de trabalho aos empregados

nesse processo. Nesse intuito, buscou-se também no

presente artigo, apresentar as possíveis iniciativas

para reduzir esses danos à sociedade e ao meio

ambiente.

O Quadro 2 demonstra os principais impactos

ambientais causados pela extração da argila e as

possíveis medidas que podem mitigar esses danos ao

meio físico, biótico e antrópico no local da exploração

do minério.

Quadro 1 - Principais Impactos Ambientais e Medidas

Mitigadoras da Extração de Argil

Meio Impacto ambiental Medida mitigadora

Físi

co

Poluição do ar devido à emissão

de material particulado fino

(poeira) proveniente das vias de

acesso.

Utilizar caminhão-pipa, durante o horário

de movimentação dos caminhões e

equipamentos.

Bió

tico

Erosão do solo devido à exposição do

mesmo a águas

pluviais.

Realizar drenagem de água pluvial para o interior das

cavas, de modo a evitar processos erosivos no solo.

Assoreamento dos cursos d´água

Drenar as águas pluviais, pois evita-se que sejam

escoadas para as margens carreando material

para os cursos d´água.

Emissão de ruídos provenientes

das dragas, caminhões e

maquinários.

Realizar a manutenção constante dos equipamentos, bem como acoplar silenciadores nos escapamentos dos mesmos. Para os trabalhadores, o uso de EPIs

deverá ser obrigatório.

Supressão da vegetação.

Solicitar autorização por órgão ambiental

responsável para tal atividade, visto ser um impacto

inevitável. O empreendedor deve recuperar o solo

exposto com vegetação ao final da extração.

Ant

rópi

co

Impacto visual devido às alterações

na topografia do terreno e a

supressão da cobertura vegetal.

Manter o retaludamento das margens, nunca

superior a seis metros, com inclinação de cerca

de 30%.

Obtenção de mão de obra

especializada.Capacitar a população próxima ao empreendimento,

para valorização destes profissionais.

Fonte: FIEMG e FEAM (2013, p. 31).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Para os funcionários das indústrias cerâmicas os

impactos negativos gerados por ocasião da extração

da argila também estão atrelados ao excesso de

poeira e ruídos gerados pelas máquinas usadas na

retirada do mineral e pelo transporte do material até ao

pátio da fábrica, fatores estes que afetam a qualidade

no ambiente de trabalho da empresa (SILVA, 2007).

A utilização de EPI pode evitar a inalação de poeira e

diminuir o ruído para os funcionários.

A exposição solar dos funcionários que trabalham

na extração e transporte da argila é inevitável, mas

algumas medidas podem diminuir seus riscos, como

incluir intervalo no período de maior insolação,

instalação de cobertura no local da atividade, além

do fornecimento de chapéu, uniforme de mangas

compridas e protetor solar (SESI, 2009).

A degradação do solo pela exploração da argila ocorre

quando não são adotadas técnicas adequadas de

extração. Quando são feitas as cavas para a retirada

do minério, o procedimento correto é o soterramento

das mesmas (SILVA, 2007; GRIGOLETTI, 2003;

REGENSBURGER, 2004).

Além disso, é necessário que se cubra a área

explorada com uma camada de terra e que o local

seja adubado para que o solo inicie o processo de

recomposição das características físicas, químicas

e biológicas. A reconstituição da vegetação também

deve ser feita para que o local possa ser regenerado

de forma que se apresente semelhante em relação

às características anteriores à extração (SILVA, 2007;

GRIGOLETTI, 2003; REGENSBURGER, 2004).

Além desse processo para recuperar a área degrada,

é preciso observar onde estão sendo colocados os

rejeitos, ou seja, a camada do solo não utilizada para

a produção das peças cerâmicas. Deve-se tomar o

cuidado para não alterar os cursos d’água dos rios

pela disposição dos rejeitos em locais inadequados.

Normalmente, quando a jazida se localiza próxima a

um rio, são feitas barragens para não contaminar a

água com a camada do solo que não será aproveitada

na atividade (SILVA, 2007; GRIGOLETTI, 2003).

Silva (2007) enfatiza que os impactos negativos no

procedimento de extração da argila se estendem

também para a comunidade, devido ao já citado

despejamento de lama nos rios, além do excesso

de poeira e ruídos causados pelos maquinários

empregados na extração e no transporte da argila e

a deterioração das estradas que ligam o acesso às

jazidas, o que muitas vezes impossibilita o tráfego.

Berni, Bajay e Gorla (2010) relatam que com os

problemas atuais de ordem ambiental e a necessidade

de se pensar e traçar metas para o desenvolvimento

sustentável, o Brasil será chamado para contribuir de

forma efetiva para a sustentabilidade do planeta.

O setor cerâmico, com certeza será chamado para

contribuir na diminuição das emissões e geração de

resíduos no setor industrial brasileiro.

5. CONCLUSÃO

O presente artigo teve por objetivo descrever os

impactos socioambientais inerentes ao processo

de extração e transporte da argila causados pelas

indústrias de cerâmica vermelha e suas possíveis

medidas mitigadoras.

Por meio das obras consultadas, constatou-se que as

indústrias de cerâmica vermelha são importantes para

a economia brasileira pela capacidade de geração de

emprego e renda, pois estima-se que são faturados

cerca de 21 bilhões por ano, além de empregar cerca

de 293 mil empregos diretos e 900 mil empregos

indiretos (ANICER, 2014; MME; SGM; DTTM, 2014).

Além de se pensar na importância econômica das

indústrias de cerâmica vermelha, deve-se levar

em conta a sustentabilidade dessas empresas nos

aspectos social e ambiental. Como o foco deste

estudo foi a extração e transporte da argila, conclui-se

que é possível diminuir a pegada ambiental por meio

da exploração adequada do minério, observando-se

os procedimentos corretos de recuperação da área

explorada, de forma a deixar o local com características

semelhantes às anteriores da retirada da argila.

Quanto aos aspectos sociais, conclui-se que as

indústrias de cerâmica vermelha precisam prezar

pela segurança e saúde no ambiente de trabalho

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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dos funcionários envolvidos na extração e no

transporte da argila, bem como adotar práticas que

mitiguem os danos à comunidade por esse processo.

Além disso, essas empresas podem impulsionar o

desenvolvimento local com iniciativas que apoiem ou

desenvolvam projetos sociais na comunidade onde se

inserem como recomenda Buarque (2008).

Portanto, há necessidade de equilibrar o tripé

da sustentabilidade no segmento de cerâmica

vermelha, pois, muitas vezes, é dada ênfase ao

pilar econômico, deixando-se em segundo plano

os pilares ambiental e social. Este segmento

deve refletir sobre a sua continuidade futura no

mercado, visto que a argila é um recurso natural

finito e o processo produtivo necessita de melhorias

ambientais devido à emissão de poluentes e à

degradação ambiental pela exploração da matéria-

prima. Muitas vezes, as áreas degradadas não

recebem nenhum tratamento para colocar o

ambiente em condições de se regenerar, o que

prejudica não somente a natureza, mas também a

comunidade. Além do meio ambiente, o segmento

de cerâmica vermelha precisa investir no local, de

forma a garantir disponibilidade e qualidade da mão

de obra, bem como uma participação mais ativa na

comunidade.

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[23] PEREIRA, Carlos Alberto Messeder; REIS, Patrícia. Comunicação, Cultura e Sustentabilidade:Desenvolvimento nos APLs de Cabo Frio e Santo Antônio de Pádua. Rio de Janeiro: E-papers, 2008.

[24] PRADO, Ulisses Soares do; BRESSIANI, José Carlos. Panorama da Indústria Cerâmica Brasileira na Última Década. In: Revista Cerâmica Industrial, v. 18 n.1, Janeiro/Fevereiro, 2013. Disponível em: http://www.ceramicaindustrial.org.br/pdf/v18n1/v18n1a01.pdf. Acesso em: 27 mai. 2015.

[25] REGENSBURGER, Brigite. Recuperação de áreas degradadas pela mineração de argila através da regularização topográfica, da adição de insumos e serrapilheira, e de atratores da fauna. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004, 97f. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/86827/203549.pdf?sequence=1. Acesso em: 27 mai.2015.

[26] REINALDO FILHO, Lucídio Leitão; BEZERRA, Francisco Diniz. Informe setorial cerâmica vermelha. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE). (2010). Disponível em: https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/etene/etene/docs/ano4_n21_informe_setorial_ceramica_vermelha.pdf. Acesso em: 10 dez. 2014.

[27] RODRIGUES, Luciana Aparecida et al. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila no Norte do Estado do Rio de Janeiro. Perspectivas, Campos dos Goytacazes, v. 5, n. 10, p. 88-105, jul/dez., 2006. Disponível em: http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/revista_antiga/article/view/279. Acesso em: 16 abr. 2015.

[28] SESI. Diretoria de Operações. Divisão de Saúde. Gerência de Segurança e Saúde no Trabalho. Manual de Segurança e Saúde no trabalho: Industria de Ceramica Estrutural e Revestimento / Gerência de Segurança e Saúde no Trabalho. – São Paulo : SESI, 2009. 236 p. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/arquivo- download/?id=6440. Acesso em: 27 mai. 2015.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

103

[29] SILVA, João Paulo Souza. Impactos ambientais causados por mineração. Revista Espaço da Sophia. Ano I, n.8, Nov., 2007. Disponível em: http://www.registro.unesp.br/sites /museu/basededados/arquivos/00000429.pdf. Acesso em: 16 abr. 2015.

[30] TEODORO, Pacelli Henrique Martins. Sustentabilidade e Cidade: A Complexidade na Teoria e na Prática. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013.

[31] VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

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Capítulo 10A SUSTENTABILIDADE DA AGRICULTURA ORGÂNICA FAMILIAR:

O CASO DOS ASSOCIADOS À COOPERATIVA DE PRODUTORES

ORGÂNICOS DE POEMA - PR

Roberto Rivelino Martins Ribeiro

Kerla Mattiello

Marguit Neumann

Neuza Corte de Oliveira

William Fernando Bonfin dos Santos

Resumo: As constantes mudanças em todos os setores da economia têm impulsionando os gestores na busca por alternativas para manterem suas atividades ou melhorar os ganhos financeiros. Para viabilizar a permanência nas propriedades rurais, produtores de pequenas propriedades buscam diferentes estratégias de reprodução, se associando informalmente para adquirir insumos ou formando cooperativas para produzir em maior quantidade para atender a demanda local ou regional. Essa medida é utilizada por um grupo de produtores do Distrito de Nova Tebas-Paraná para produzir e comercializar maracujá orgânico, constituindo a Cooperatvama. Para tanto, o objetivo do presente estudo é identificar qual a propriedade obteve melhor resultado em termos financeiros, levando em consideração a área de cultivo, para apurar os custos e o resultado aplicando-se o método do custeio variável. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, a coleta foi por meio de questionários sendo selecionados 10 propriedades associadas a Cooperatvama. O estudo apontou que a propriedade que obteve o melhor resultado foi a propriedade “P7”, com área de 0,5 hectares e com 200 pés plantados no valor de R$3.416,98 e o pior resultado foi a propriedade “P9” com área 2 hectares com 1200 pés, resultado R$ 1.480,89.

Palavras Chave: Agricultura Familiar, Cultivo Orgânico, Cooperativa de Produtores Rurais, Custos de Produção.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

105

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a prática do cooperativismo está relacionada

à área agrícola. Pinho (1996) menciona que a prática

cooperativismo brasileiro teve inicio na década de 1930

com a criação da Lei fundamental do cooperativismo

brasileiro pelo Decreto Nº. 22.239/32 que arrola os

princípios que devem nortear a constituição das

cooperativas. Neste decreto fica definido o crescimento

cooperativo com o apoio legal e institucional por meio de

estímulos fiscais, porém, houve avanços e retrocessos.

Retrocessos por interferências, crise e reorganização,

principalmente, em função do centralismo estatal e

perda dos estímulos fiscais, avanços por inovações

que possibilitaram a renovação das estruturas e dos

instrumentos cooperativistas.

Finalmente, com a constituição de 1988 houve a

separação do Estado e a criação da autogestão, pois

a constituição deu liberdade de constituição e de

atividade. O principal marco legal a regular a prática

cooperativista no Brasil é a Lei nº 5.764, sancionada

em 16 de dezembro de 1971, também conhecida 12

como Lei do Cooperativismo.

A Lei 5.764/1971 também determina, em seu Art. 10,

que as cooperativas devem ser classificadas conforme

seu objeto ou a natureza das atividades desenvolvidas

por ela ou por seus associados. Seguindo este

espírito, a Organização das Cooperativas do Brasil

(OCB) identifica a existência de 13 segmentos no

cooperativismo brasileiro: agropecuário; consumo;

crédito; educacional; especial; habitacional;

infraestrutura; mineral; produção; saúde; trabalho;

transporte e turismo e lazer (OCB, 2015). A Lei do

Cooperativismo confere a denominação de ato

cooperativo a todas as transações realizadas entre as

cooperativas e seus associados, entre estes e pelas

cooperativas entre si quando associadas, para a

consecução dos objetivos sociais. Segundo a lei, o ato

cooperativo não implica operação de mercado, nem

contrato de compra e venda de produto ou mercadoria.

O fato de a empresa cooperativa ser uma sociedade

sem fins lucrativos, cujo objeto é a prestação de

serviços aos associados, lhe confere um tratamento

tributário diverso daquele recebido por uma sociedade

comercial. No intuito de atender suas finalidades

sociais, as cooperativas interagem tanto com seus

associados como, também, com não-associados.

Sempre que a atividade consistir, de alguma forma,

uma prestação de serviço de representação dos

associados, estará configurado um ato cooperativo.

Conforme a Lei 5.764/1971, os conceitos de lucro

e prejuízo se aplicam, no caso das empresas

cooperativas, apenas aos atos não cooperativos. No

caso dos atos cooperativos, utilizam-se os conceitos

de sobras e faltas, que, como as próprias palavras

sugerem, são o resultado da diferença entre as

retenções e contribuições dos associados e os custos

e despesas que a sociedade realiza visando cumprir

sua finalidade social.

As mudanças que ocorrem em todos os setores da

economia impulsionam os gestores a buscar por

alternativas para manterem suas atividades, ou melhor,

os ganhos financeiros. Como ocorre com os produtores

rurais do Distrito de Nova Tebas-Paraná, associando-

se para produzir o maracujá orgânico e constituindo a

Cooperatvama. O objetivo do estudo é apurar o custo

do quilo do maracujá orgânico, aplicando o método

do custeio variável. Para tanto, foram selecionadas

aleatoriamente 10 propriedades rurais, cujos

produtores são associados à Cooperatvama. Para

abordar o item delimitação do estudo, utilizou o critério

adotado por Gil (2002, p.162) que diz, “por se tratar

de pesquisa social eminentemente empírica, é preciso

delimitar o locus da observação, ou seja, o local onde o

fenômeno em estudo ocorre”. Certo é que o parâmetro

espacial escolhido implicará no resultado dos dados

obtidos e nas conclusões do estudo, a coleta de

dados ocorreu com aplicação de questionários para

dez produtores associados à Cooperatvama. No

critério temporal (GIL, 2002, p. 162) menciona ser

o período em que o “fenômeno a ser estudado será

circunscrito [...]. O estudo se pautou apurar, descrever

e analisar os custos do maracujá orgânico no período

compreendido de setembro/2014 a junho/2015.

O estudo está organizado em cinco seções, na

primeira, consta à introdução o objetivo e delimitação.

Na segunda a contextualização do trabalho que deu

suporte a parte prática, na terceira a definição do

tipo de pesquisa e o método de coleta dos dados,

indicando o caminho percorrido pelo pesquisador

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

106

para encontrar resposta ao problema de pesquisa e

assim atender o objetivo geral do estudo. Na quarta

apresenta os dados e analise e na seção cinco é

apresentada a considerações finais do estudo e

sugestões para trabalhos futuros.

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 AGRICULTURA FAMILIAR

A agricultura familiar no Brasil, segundo uma análise

a partir do Censo Agropecuário 2006 (IPEA, 2013,

p.9), foi marcada nas últimas décadas por um período

de intensas transformações técnico-produtivas no

meio rural brasileiro, no qual instrumentos de trabalho

e insumos foram substituídos por inovações em

curto espaço de tempo, modernizando a agricultura

(MARTINE, 1991). À medida que foram sendo

intensificados os recursos de capital e insumos que

antes eram controlados pelas unidades familiares,

tornou a agricultura, mais dependente de mercados

antes da porteira e após a porteira (OLIVEIRA, 2010).

O trabalho e os processos produtivos na propriedade

passaram a ser organizados para atender a demanda

externa, exigindo aumento da capacidade produtiva

com a finalidade de maior retorno financeiro. Além

disso, os mercados tornam-se as principais estruturas

sociais a condicionar as relações dos agricultores

com os objetos e os meios de trabalho. Recursos e

tarefas que anteriormente eram desenvolvidos pela

unidade produtiva, passaram para o domínio de atores

externos.

A divulgação dos dados do Censo Agropecuário

2006 (IPEA, 2013, p. 9) permitiu um amplo olhar sobre

as características da agricultura, da pecuária e da

população rural brasileira. É sabido da importância da

agricultura para a economia do país, com o equilíbrio

das contas nacionais, com a geração de divisas via

exportação. Da mesma forma, aprofundou-se o padrão

tecnológico gerado no período anterior e consolidou-

se o processo de expansão da agricultura para as

regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Neste período,

também, o Estado brasileiro retomou o seu papel de

financiador na agricultura por meio de infraestruturas

e políticas de crédito rural, seguro, comercialização,

assistência técnica e pesquisa agropecuária;

institucionalizou os agricultores familiares como sujeitos

de direito; e implementou políticas diferenciadas de

desenvolvimento rural. Exemplos da retomada do papel

do Estado e, reconhecimento da agricultura familiar foi

a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF) em 1995.

Segundo o relatório do IPEA (2013, p. 9) por meio de

análise das informações disponibilizadas no Censo

Agropecuário 2006 foi possível compreender em maior

profundidade o conjunto de transformações ocorridas,

evidenciar as características da agricultura brasileira.

Fundamental para, subsidiar as ações do Estado e dos

demais atores sociais, portanto, o Censo Agropecuário

2006 também traz uma inovação importante porque,

pela primeira vez, foram disponibilizadas informações

sobre a agricultura familiar, uma categoria social que

ganhou reconhecimento no Brasil e no mundo, seja

por sua importância na produção de alimentos, seja

em função do que representa em termos de promoção

de formas mais equitativas de produção e, portanto,

desenvolvimento inclusivo, social e econômico. Em

razão da importância da agricultura familiar para o

mundo, a Assembléia Geral da Organização das

Nações Unidas (ONU) declarou 2014 como o Ano

Internacional da Agricultura Familiar (International

Year of Family Farming – IYFF). Desse modo os dados

deste censo permitiram avançar na compreensão

das condições econômicas, sociais e produtivas

dos estabelecimentos familiares, das suas diferentes

estratégias de reprodução social e das suas variações

regionais.

2.2 CULTIVO ORGÂNICO

O cultivo orgânico o comportamento fisiológico

das plantas é diferente do sistema convencional. A

produção física, o tamanho e qualidade das frutas,

bem como a ocorrência de pragas, doenças e a

lucratividade da cultura são influenciadas pelo sistema

de cultivo (NEVES e NEVES, 2007). As práticas na

agricultura orgânica promovem aumentos na matéria

orgânica, na atividade microbiológica do solo, na

disponibilidade e quantidade de nutrientes que são

liberados gradualmente, proporcionando à planta

uma nutrição mais balanceada (ALTIERI, 1987;

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

107

ARAÚJO NETO et al., 2008) no entender dos autores

a agricultura orgânica tende a ser economicamente

eficiente em razão do baixo uso de insumos externos e

manutenção de produtividades constantes.

Para manter o agricultor na atividade outra alternativa

é melhorar a eficiência do uso da terra utilizando

consórcio, proporcionando maiores rendimentos

físicos, energéticos e econômicos evitando os efeitos

negativos da monocultura, como simplificação do

agroecossistema, diminuição da biodiversidade, e até

falência das pequenas propriedades. Muitas vezes

pequenos produtores cultivam as culturas no sistema

consorciado tendo em vista que as vantagens sobre

o monocultivo é promover a garantia de uma maior

estabilidade de produção; melhor utilização da terra;

força de trabalho; maior eficiência no controle de ervas

daninha; controle da erosão; disponibilidade de mais

de uma fonte de renda; redução dos riscos inerentes

à atividade agrícola (DEMATTÊ, 2001; GOMES, 2003;

CUNHA, 2004; CAMPOS, 2011).

Entretanto, Campos (2011, p. 24) menciona que os

“...principais problemas de degradação ambiental,

verificado no meio rural, estão associados à

deterioração do solo, erosão, perda de matéria

orgânica, degradação do ambiente pela poluição

de águas e do ar por agrotóxicos nocivos à saúde”,

contaminando os produtos, a consequência é alimentos

sem qualidade nutricional. Para o autor “nos últimos

anos, a inovação na agricultura tem sido impulsionada

principalmente pela ênfase em altos rendimentos e

produtividades”. Em razão da pressão econômica

sobre a agricultura, com custos de insumos elevados,

provocando aumento no processo de produção e com

preços definidos pelo mercado, muitos produtores

estão preferindo migrar da agricultura convencional

para a agricultura orgânica. Assim agricultores que

trabalham neste conceito têm reduzido a utilização

de agroquímicos, aproximando do ideal da agricultura

orgânica. Yaduvanshi e Sharma (2008) apud Campos

(2011) relataram que essa pratica é essencial para

aumentar a produção de alimentos orgânicos,

incorporando adubos orgânicos ao solo aumentando

a fertilidade do sistema, impulsionando a produção,

contribuindo com a economia de energia e reduzindo

as perdas de solos férteis.

A agricultura orgânica é definida como um sistema

de produção que evita ou exclui o uso de fertilizantes

minerais, compostos sintéticos, pesticidas, reguladores

de crescimento e aditivos para a produção vegetal

e animal (EHERS, 1996). A adubação orgânica é

considerada de baixa concentração, entretanto

contêm todos os nutrientes necessários às plantas,

favorece a formação de agregados do solo, aumenta

a retenção de água e diminui as perdas da mesma por

evaporação, dentre outras melhorias, física, química e

biológica ao solo (KIEHL, 1985; PRIMAVESI, 2002).

Outro fator importante é seu efeito residual que é

observado no sistema. De acordo com Schiedeck

(2002, p.89), o mercado de alimentos produzidos

sem utilização de agrotóxicos ou adubos minerais,

tem aumentado em todo o mundo. Alguns dados

indicam que esse segmento cresce anualmente cerca

de 20% nos Estados Unidos, 40% na Europa e 50%

no Brasil. Para comprovar tais índices, basta verificar

a proliferação das feiras de produtores ecológicos

nas cidades, com ampliação dos espaços para

esses produtos nas gôndolas das grandes redes de

supermercados.

Assim sendo, a agricultura orgânica é uma alternativa

segura para a produção de alimentos saudáveis,

apresentando-se viável do ponto de vista agronômico,

econômico e ambiental, fato comprovado pelas

experiências acumuladas nos últimos anos (SOUZA

e RESENDE, 2006). Desse modo, o manejo do solo

e das plantas, orientado pela agricultura orgânica,

pode se constituir numa promissora alternativa para

produção de qualidade, sem comprometer a saúde

dos agricultores e contribuindo para a preservação

ambiental.

2.3 GESTÃO E CUSTOS DE PRODUÇÃO

Machado e Souza (2006, p. 45) comentam que na última

década, em razão do acirramento da concorrência

do mercado globalizado, “profundas mudanças têm

ocorrido no modus operandi, nas estratégias e nas

práticas gerenciais das organizações, com reflexos

na gestão de custos”. Nesse contexto, segundo os

autores o eficaz processo de gestão de custos passa,

“necessariamente, pela eficiência e eficácia das

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

108

atividades de planejamento, execução e controle”.

As empresas estão buscando a redução de custos e

aumento da produtividade de diversas formas. Porter

(1989) apud Machado e Souza (2006, p. 45) coloca

a “liderança em custos” como uma das alternativas

estratégicas, ou ainda, “a diferenciação de produto”.

Nesse sentido a informação contábil, dentro de uma

propriedade rural exerce o papel de facilitador no

desenvolvimento e na implementação das estratégias

competitivas. Desse modo a gestão de custos utiliza-

se da contabilidade de custos para obter finalidades

específicas, que podem estar relacionadas com o

fornecimento de dados de custos para a medição

dos mesmos, determina a rentabilidade e avalia o

patrimônio. Identifica métodos e procedimentos para

o controle das operações e atividades da empresa,

além, da previsão de informações sobre custos para

a tomada de decisões e planejamento por meio de

processos analíticos. Para haver uma administração

adequada as empresas, necessitam obter e coordenar

informações sobre estimativas de vendas, capacidade

financeira, estoques, prazos de entrega e custos de

fabricação.

Estas informações são fundamentais para a elaboração

de um planejamento da produção que possa explorar

as potencialidades disponíveis no mercado. Nesse

entendimento, conhecer a estrutura de custos é

fundamental para que as empresas atinjam os

objetivos relacionados à determinação do lucro. Além

desses objetivos a gestão de custos proporciona à

decisão dos custos das diversas áreas que compõe

a empresa, as políticas de desperdício de material e

tempo ocioso, a elaboração de orçamento, e também,

auxilia na formação do preço de venda, nesse caso

específico, o produto agrícola (MEGLIORINI, 2007).

Neste estudo, utilizou-se do método de custeio variável,

tendo em vista que, conforme mencionam Martins e

Rocha (2010), atribui aos custos dos produtos somente

os custos variáveis, os custos fixos são considerados

despesas do período que são incorridos. A não

utilização dos custos fixos para compor o custo dos

produtos se deve que os mesmos referem-se aos

recursos econômicos, não têm, portanto, relação direta

com os produtos produzidos (FREZATTI et al, 2009).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa é o procedimento que busca a solução de

determinado problema, envolvendo várias fases até o

alcance do resultado esperado. Gil (2002) comenta

que a pesquisa é requerida quando não há informação

suficiente para responder determinado problema

enquanto Fachin (2003) relaciona pesquisa como um

procedimento intelectual em que o pesquisador tem

como objetivo adquirir conhecimentos verdadeiros a

respeito de um determinado fato ou problema, com

base em métodos e técnicas apropriadas. Desse

modo a metodologia tem por objetivo dar norte para

o desenvolvimento da pesquisa, mostrar os caminhos

a serem percorridos para a busca dos resultados

pretendidos.

Para o delineamento da pesquisa adotou-se os critérios

apresentados por Borinelli (2005), classificados

quanto: aos objetivos; a natureza do problema; a

abordagem do problema; procedimentos técnicos; ao

método de abordagem e ambiente da pesquisa.

Quanto aos objetivos da pesquisa o estudo enquadra-

se como explicativa. Para os autores (SEVERINO, 2008;

GIL, 2004) comentam que a pesquisa explicativa além

de registrar e analisar os fenômenos estudados busca

identificar sua causa, seja por meio da aplicação do

método matemático, ou por meio da interpretação,

possibilitada pelos métodos qualitativos. É o tipo

de pesquisa que tem como preocupação central

identificar os fatores que determinam e contribuem

para a ocorrência dos fenômenos.

A natureza do problema a pesquisa se enquadra na

aplicada que segundo Orquiza e Magalhães (2002)

é o tipo de pesquisa que gera conhecimento para

aplicação prática dirigida à solução de problemas

específicos com utilização e consequências

práticas do conhecimento, envolvendo verdades e

interesses locais. Enquanto a classificação quanto à

abordagem do problema é qualitativa, cujo objetivo é o

conhecimento de características não observadas pela

abordagem quantitativa, haja vista a superficialidade

deste último (BEUREN, et al, 2010).

No que se refere aos procedimentos técnicos, o

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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estudo se enquadra no estudo de caso, por buscar

aprofundar o conhecimento identificando a forma

como os produtores operacionalizam o processo

produtivo e calculam o custo de produção. Enquanto a

abordagem foi utilizada o método dedutivo, por aplicar

conceitos já existentes - custeio variável, e aplicando

em casos particulares.

O ambiente da pesquisa, no entendimento de Silva

(2010) consiste na coleta direta da informação no

local em que ocorrem os fenômenos. O pesquisador

observa os fatos como realmente se apresenta, coleta

dados referentes aos mesmos e por fim faz uma

análise e interpretação desses dados, com o intuito de

entender e explicar o problema de pesquisa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 BREVE CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DA

COOPERATVAMA

A Cooperatvama foi fundada em 13 de maio de 2006 no

Distrito de Poema, Município de Nova Tebas-Paraná,

com 36 produtores rurais com área de até 5 hectares.

As dificuldades desses produtores considerando a área

de plantio o tipo de solo (morros e pedregulhos), custo

de insumos e preço dos produtores no momento da

venda, deslumbraram a possibilidade de desenvolver

outro tipo de cultura, motivado por um líder comunitário,

surgiu a idéia dos produtos orgânicos. A dificuldade

foi encontrar um tipo de produção comum a todos e

que a cultura fosse viável na região, considerando

clima, solo, investimento financeiro, área de plantio

e questões culturais dos produtores. Analisando

aspectos geológicos e climáticos (temperaturas

elevadas e solo com ondulações) a opção foi o plantio

do maracujá azedo orgânico, com baixo custo e com

crescente demanda no mercado consumidor por

produtos orgânicos. Consolidada a ideia o lider buscou

apoio técnico e financeiro do Programa Multidiciplinar

de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho e os

Movimentos Sociais (UNITRABALHO) na Universidade

Estadual de Maringá (UEM), onde foram realizadas

reuniões com técnicos da Unitrabalho; professores;

estagiários do curso de Agronomia e produtores e

liderança local.

No início os desafios foram inúmeros, porém, os

cooperados buscaram alternativas tanto para a

produção como para a comercialização. O primeiro

desafio foi participar do Programa de Aquisição de

Alimentos, com o apoio da Unitrabalho/UEM, que

auxiliou na elaboração do projeto. Com o projeto

aprovado ocorreu à entrega da produção para compor

a merenda escolar do município e outras regiões.

O segundo desafio, agregar valor ao produto in natura.

Para tanto a decisão foi busca recursos financeiros

para construir uma fabrica para despolpar o maracujá

orgânico e comercializar a polpa. Novamente o apoio

técnico da UNITRABALHO/UEM, foi fundamental na

elaboração de projeto junto ao Governo Federal para

captar os recursos. A Prefeitura Municipal de Nova

Tebas teve papel importante, tanto nas negociações

quanto com concessão do terreno para a instalação

da fabrica.

4.2 SISTEMA DE PLANTIO E COLHEITA DA

CULTURA

As mudas dos maracujazeiros são adquiridas em

viveiros ou produzidas pelos produtores, extraindo

as sementes dos melhores frutos. Para o plantio o

processo inicia-se com o preparo do solo, fazendo a

aração e grandagem. A operação seguinte é abertura

das covas, geralmente, com 40cm de largura por

50cm de comprimento e 50cm de profundidade e

espaçamento entre as mudas de 3x3 metros. Concluída

essa etapa, o ideal é fazer a adubação orgânica com

antecedência mínima de trinta dias antes do plantio, o

mês considerado adequado é setembro para evitar o

risco de geadas.

Para sustentação dos pés de maracujá é adotado o

sistema denominado de espaldeira, que consiste

em fixar no solo palanques de madeira ou bambu e

esticar entre eles, dois fios de arame liso, sendo que

o primeiro deve ter 1,4 a 1,6 metros e o segundo de

1,8 a 2,0 metros de alturas, para suportar o peso da

planta. Na fase de condução (direção) e formação

da guia principal da planta, o produtor faz desbrotas

periodicamente, para assegurar que apenas uma

haste cresça até a altura do primeiro arame, deixando

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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dois brotos laterais e fazendo as desbrotas na guia

principal até que a mesma atinja o segundo arame.

Importante que a cultura seja mantida sempre limpa,

por meio do uso de roçadeiras manuais ou enxadas.

A adubação orgânica é um processo continuo e

necessário para a cultura, não somente para assegurar

condições de elevadas produções de frutos, mas

também para viabilizar o controle de principais doenças

que afetam a cultura. Composta de esterco de gado,

cama de frango e compostagem de material orgânico,

como folhas de árvores, palhas de milho, arroz. A

polinização das flores pode ocorrer manual, quando é

realizada pelo produtor ou natural quando é polinizada

pela mamangava (espécie de abelha).

Para controle de doenças fúngicas e bacterianas deve

utilizar para o plantio mudas sadias; cultivar plantas

protetoras ao redor do pomar para afastar insetos

e serve como quebra vento; realizar adubações

equilibradas; instalar viveiros distantes de culturas

comerciais; evitar armazenamento prolongado de

frutos e evitar colher frutos úmidos. Outra medida para

evitar doenças no maracujazeiro é eliminar plantas

daninhas por ser hospedeiras de vírus do maracujá

e manter limpas as ferramentas de cortes utilizadas

antes de usar em outra planta.

No maracujazeiro também é frequente a presença de

pragas como percevejos, moscas das frutas dentre

outros. As moscas das frutas são consideradas como

as principais pragas estes insetos depositam seus ovos

em frutos ainda verdes, o que provoca murchamento

dos frutos antes de atingir a maturação, e ainda as

larvas podem destruir a polpa dos frutos. O controle é

realizado pela catação e descartes de frutos atacados.

Com relação à produtividade do maracujá orgânico é

variável, a média é 12 a 30 toneladas por hectar no

primeiro e no segundo ano. Os períodos de colheita

dura geralmente, 6 a 9 meses, e ocorre nos meses de

dezembro a agosto, com pico de produção nos meses

de fevereiro e abril. A colheita se dá pela catação

manual, quando o fruto atinge o desenvolvimento

completo desprende da planta. Por ser um fruto

frágil, murcha e deteriora rápido, assim, deve ser

comercializado após colhido.

Na cultura do maracujá orgânico os insumos são

basicamente as mudas, adubo orgânico. Materiais

para fazer a espaldeira (parreiras), madeira para as

estacas; arame liso, barbante para amarrar das mudas;

adubos orgânicos. As mudas quando adquiridas é

comercializada por milheiro, custo unitário de R$0,015.

Para cada muda de maracujá utiliza três metros de

arames lisos para amarrar as estacas, custo por metro

de R$0,25.

Para preparar o solo cuja atividade consiste em:

aração e grandagem; marcação da área; coveamento;

plantio; espaldeiramento e aplicação de adubos o

valor da diária é R$50,00, considerando a mão de obra

familiar, computada no custo de produção e colheita.

Valor de referência de 2014 com base na mão de obra

da região para um dia de trabalho (homem e mulher

com idade de 18 a 45 anos). Unidade utilizada para

todas as propriedades, a diferença entre elas é com

relação à área de plantio.

Para a manutenção da cultura são necessários cuidados

constantes, como podas de condução; coroamento;

pulverizações e polinização. Para executar tais tarefas

em quinhentos pés de maracujá são necessários 2

dias para poda; 2 para o coroamento; 2 para pulverizar

e 5 para polinizar. O tempo de formação da cultura

depende do clima da região, geralmente é de 6 a 9

meses.

4.3 APLICAÇÃO DO CUSTEIO VARIÁVEL

O preço de venda por quilos do maracujá orgânico é

padrão para todos os produtores rurais associados a

Cooperatvama R$2,20 por quilo. Desse modo tem-se a

seguinte receita bruta com vendas conforme Tabela 1.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

111

Tabela 1: Receita Bruta com vendas

Produtor hectar Quilos Valor ($) Quilo

Receita Bruta ($)

P1 5 1.900 2,20 4.180,00

P2 2,5 700 2,20 1.540,00

P3 5 800 2,20 1.760,00

P4 5 2.500 2,20 5.500,00

P5 3,5 3.236 2,20 7.119,20

P6 5 1.000 2,20 2.200,00

P7 5 2.500 2,20 5.500,00

P8 1,5 1.000 2,20 2.200,00

P9 5 3.400 2,20 7.480,00

P10 3 4.350 2,20 9.570,00

Após a mensuração da receita bruta, procedeu-se ao

cálculo da Demonstração do Resultado por Produtor,

conforme Tabela 2.

Tabela 2: Demonstração do Resultado por Produtor

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

Receita Líquida 4.180,00 1540,00 1760,00 5500,00 7119,20 2200,00 5500,00 2200,00 7480,00 9570,00

(-) Custos Variáveis 1.011,95 461,00 466,75 1673,75 1882,84 593,00 1253,00 715,40 2414,00 2296,50

Materiais de consumo 175,95 153,00 114,75 573,75 459,00 153,00 153,00 275,40 918,00 382,50

Taxa da Cooperativa (20%) 836,00 308,00 352,00 1100,00 1423,84 440,00 1100,00 440,00 1496,00 1914,00

(-) Despesas Variáveis 20,00 15,00 15,00 20,00 20,00 5,00 20,00 0,00 25,00 20,00

Combustível 20,00 15,00 15,00 20,00 20,00 5,00 20,00 0,00 25,00 20,00

(=) Margem de Contribuição 3.148,05 1064,00 1278,25 3806,25 5216,36 1602,00 4227,00 1484,60 5041,00 7253,50

(-) Custos Fixos 1.034,68 810,34 620,32 2650,53 1930,29 810,58 810,02 1288,03 3560,11 1900,54

Mão de Obra Diária 1.034,00 810,00 620,00 2650,00 1930,00 810,00 810,00 1288,00 3560,00 1900,00

Depreciação 0,68 0,34 0,32 0,53 0,29 0,58 0,02 0,03 0,11 0,54

(-) Despesas Fixas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(=) Lucro do Período 2.113,37 253,66 657,93 1155,72 3286,07 791,42 3416,98 196,57 1480,89 5352,96

Com as informações da Tabela 2, fez um ranking

entre as propriedades relacionando área de plantio

(hectares); quantidade plantada (pés) e resultado

($). Dentro desses parâmetros pode-se inferir que:

primeiro lugar foi P7, com área de 0,5 hectares e com

200 pés plantados obteve resultado de R$3.416,98;

segundo P1, com área de 1,05 hectares e 230 pés

resultado R$2.113,37; terceiro P3, resultado de R$

657,93 com área de 0,5 hectares e 150 pés; quarto

P10, resultado de R$ 5.352,96, área de 1 hectare e

500 pés; quinto P6 com 200 pés resultado área 1

hectare resultado R$ 791,42; sexto P5 resultado R$

3286,07, área 0,5 hectares e 600 pés; sétimo P2, área

0,5 hectare, resultado R$ 253,66, e 200 pés; oitavo P4,

resultado R$ 1.155,72, área 1 hectare e 750 pés; nono

P8, resultado R$ 196,57, área 0,5 hectare e 360 pés; e

décimo P9, área 2 hectares plantio de 1200, resultado

R$ 1.480,89.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca pela sustentabilidade na agricultura de

pequeno porte é complexa e desafiadora, e envolve

diversas dimensões e articulação de agentes públicos

e privados. Neste artigo foi apresentado um panorama

de necessidades quando se analisam os aspectos

econômico, social e ambiental da agricultura de

pequeno porte. No aspecto econômico, revelam-se a

possibilidade de combinar a escolha de sistemas de

produção para tender determinado mercado, como os

produtos orgânicos. A agricultura de pequeno porte

apresenta enorme potencial para avançar utilizando

esta estratégia, porém, depende de políticas públicas

de apoio e de órgãos públicos ou sociais.

O aspecto social da agricultura de pequeno porte

revela-se pouco desenvolvido. Neste caso destaca-se

o papel fundamental das associações de produtores

(cooperativas), que carecem de apoio financeiro é

técnico por parte de agentes públicos; instituições de

ensino (projetos de extensão). No campo ambiental os

produtores de pequenas propriedades encontram-se

em situação similar à de populações urbanas de baixa

renda. Como demonstra o estudo, a permanência

para produtores com pequenas áreas praticamente é

de subsistência, o que aponta os dados de P8; P2;

P3 e P6, cujos rendimentos são menores que o salário

mínimo definido no país.

Esses produtores podem adotar práticas

ambientalmente condenáveis ou viver em situações de

risco ambiental. Entretanto, a agricultura de pequeno

porte pode aprimorar a sua sustentabilidade ambiental

a partir de políticas públicas coordenadas entre

municípios e governo, como o Programa de Aquisição

de Alimentos, para tanto carecem das políticas públicas

que dêem o suporte financeiro e técnico para manter-

se com dignidade em suas unidades produtivas.

O estudo revela o potencial de aplicação do conceito de

sustentabilidade à agricultura de pequeno porte, com

a criação da cooperativa (Cooperatvma) coordenada

por meio de arranjos entre os produtores, iniciativa

que provocou mudanças no local com a instalação

da fábrica, mas a mudança mais relevante observada

pelo estudo foi à motivação de continuarem produzindo

sem a necessidade de buscarem alternativas nos

centros urbanos.

Diante dos dados apresentados é percebido que

a cultura do maracujá orgânico não proporcionou

melhorias significativas em termos financeiros, porém,

não se pode deixar de olhar para a importância

dos aspectos sociais, a permanência na localidade

que escolheram para viver juntamente com seus

familiares. Outro ponto em destaque no estudo é que

não necessidade de grandes áreas para produzir,

pois mesmo em áreas menores pode sim ser eficiente,

exemplo, a propriedade P7, com área de 0,5 hectares

e com 200 pés plantados obteve resultado de

R$3.416,98 superior a P9 com 2 hectares e 1200 pés

de maracujazeiro plantado com resultado R$1.480,89.

Para estudos futuros recomenda-se pesquisa

analisando a produção para o autoconsumo como um

elemento que contribui para a promoção da segurança

alimentar e nutricional, a redução da pobreza e a

inclusão socioprodutiva no meio rural. O Plano Brasil

Sem Miséria, executado em âmbito nacional, e seu

congênere no Rio Grande do Sul, o Programa RS

Mais Igual, são exemplos neste sentido. Em ambos

há ações que buscam estimular a produção para

o autoconsumo aliada a um conjunto de políticas

que visam enfrentar a pobreza extrema por meio

de melhorias nas condições socioeconômicas das

famílias rurais no Brasil. Fazendo essa análise poderia

encontrar resultado superior ao apontado no estudo,

pois aqui não levou em consideração a produção de

alimentos produzidos nas propriedades que de certa

forma contribui e muito para manter essas famílias nas

propriedades rurais.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

114

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Capítulo 11TERCEIRO SETOR E SUSTENTABILIDADE: PROJETO JOVENS

RURAIS EM MOVIMENTO THIRD SECTOR AND SUSTAINABILITY:

YOUTH PROJECT RURAL MOVING

Vanessa Alberton

Sergio Luis Dias Doliveira

Carlos Cesar Garcia Freitas

Resumo: Este trabalho visa apresentar os resultados de um estudo sobre o “Projeto Jovens Rurais em Movimento” (PJRM), executado pelo Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CEDEJOR). O PJRM teve o objetivo de fortalecer o tecido sócio organizativo do Território Centro Sul do Paraná, estimulando os jovens rurais a participar de discussões e decisões nas instâncias territoriais. Além disso, consiste em uma ação voltada à aplicação da sustentabilidade no meio rural e premiada pela UNESCO. Para tanto, foi realizado uma pesquisa de abordagem quantitativa, de caráter descritiva, com emprego da estratégia de estudo de caso, por meio de entrevista e análise documental. Como resultado principal tem-se que houve a participação, de forma direta e indiretamente, de aproximadamente 800 jovens rurais, engajados em uma causa de formação, de representatividade de seus grupos sociais perante os órgãos do setor agrícola e de capacitação para desenvolver e pensar atitudes sustentáveis. Além disso, destaca-se a evolução da sustentabilidade social, por meio da inserção desses jovens nas discussões e tomada de decisões do Conselho Gestor.

Palavras Chave: Representatividade Juvenil, Desenvolvimento Rural, Inserção.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

Impulsionada pela fundação do Clube de Roma,

em 1968, as discussões e reflexões a cerca da

problemática ambiental, originadas em iniciativas

pontuais (obras Economics of Welfare de Arthur

Cecil Pigou (1920) e Silent Spring de Rachel Carlson

(1962)), intensificaram-se e obtiveram reconhecimento

universal, assim como, foram ampliadas. A partir de

então, muitos outros eventos ocorreram envolvendo a

busca de soluções para os problemas ambientais e

seus reflexos na sociedade. Apesar do grande avanço

teórico obtido na dimensão prática, percebe-se que

muito ainda tem que ser feito.

A discussão inicial sobre meio ambiente acabou sendo

ampliada, decorrente da compreensão do fenômeno

sustentabilidade, que envolve também aspectos

sociais e econômicos. Isso implica em um aglomerado

de informações e ações em todo o planeta. Apesar

de soluções divergentes a respeito do problema, há

um consenso: o ser humano é o responsável pelo

problema e pela solução, atuando nos dois lados da

moeda: suas decisões podem continuar o processo de

deterioração do seu ambiente ou podem revertê-lo.

Porém, as dificuldades para implementar a

sustentabilidade são enormes, devido: a complexidade

do fenômeno e a condição sine qua non de mudança de

valores da sociedade. A educação é um “fator crucial

na tentativa da sensibilização dos indivíduos para a

mudança de postura, de modo que cada um se sinta

responsável e mobilize esforços para a realização de um

trabalho lento e gradual de transformação” (JUSTINO,

2010, p. 24). Ainda, acredita-se que as ações para

criar um contexto sustentável devam ocorrer mediante

esforços coletivos dada a complexidade do fenômeno

que se manifesta de modo sistêmico e global.

Portanto, a responsabilidade coletiva que envolve a

sustentabilidade engloba diversos atores e, segundo

Barbieri e Silva (2011, p. 54), “é indispensável um

trabalho de educação em questões ambientais,

dirigido para jovens e adultos”, formando agentes

aptos a proporcionarem transformações na sociedade

em que vivem.

Neste sentido, ações desenvolvidas pelo terceiro

setor tem se destacado como alternativa formadora

de cidadãos dispostos a agir e disseminar a

sustentabilidade em seus meios de convivência,

mostrando de forma gradual a importância de

preservar, de pensar o coletivo e cuidar do que é de

todos, como é o caso do PJRM, aqui apresentado.

Em face do exposto, este artigo tem como objetivo

apresentar os resultados de um estudo sobre o Projeto

Jovens Rurais em Movimento, que foi proposto e

executado pelo CEDEJOR, tendo parceria com o

Conselho Gestor do Território Centro Sul do Paraná e

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Os resultados apresentados têm a finalidade de

promover a democratização do conhecimento, assim

como, contribuir em futuros e atuais projetos que

envolvem a sustentabilidade e o desenvolvimento

rural. A pesquisa foi desenvolvida a partir da seguinte

problemática: Como se deu o desenvolvimento do

Projeto Jovens Rurais em Movimento?

Para exposição do conteúdo, foram estruturados os

seguintes tópicos: referencial teórico, abordando

os conceitos principais da problemática estudada;

procedimentos metodológicos, explicitando os

passos utilizados no estudo; descrição e análise dos

resultados, descrevendo os principais elementos do

objeto de estudo; considerações finais e referências,

destacando as obras utilizadas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SUSTENTABILIDADE

Muito se fala sobre o conceito de sustentabilidade

e existem pesquisas que comprovam que, mesmo

assim, a grande maioria das pessoas não compreende

o seu significado. O conceito mais difundido em

todo o mundo é aquele elaborado pela Comissão

Brundtland, grupo nomeado pela Organização das

Nações Unidas para propor estratégias para melhorar

o bem-estar, sem ameaçar o meio ambiente, em 1987,

dizendo que a “humanidade tem a capacidade de

promover o desenvolvimento sustentável para garantir

que ele atenda às necessidades do presente sem

comprometer a capacidade das gerações futuras

satisfazerem as suas próprias necessidades” (WCED,

1987, p. 24) (tradução nossa). Essa definição deixa

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

117

claro um dos princípios básicos da sustentabilidade, a

visão de longo prazo, uma vez que os interesses das

futuras gerações devem ser analisados (CARRILLO-

HERMOSILLA; GONZALEZ; KONNOLA, 2009).

Esse conceito está relacionado com três dimensões: a

econômica, a ambiental e a social, formando o chamado

tripple bottom line. Almeida (2002) explica brevemente

cada componente do conceito de sustentabilidade,

sendo que a dimensão econômica inclui a economia

formal e a informal, a qual provê serviços tanto para

indivíduos quanto para grupos, aumentando a renda e

o padrão de vida dos mesmos.

A dimensão ambiental ou ecológica age em função

de estimular a consciência de que o impacto de

certas atividades sobre o meio ambiente causa

danos irreversíveis, dependendo da forma como são

utilizados os recursos naturais. Por fim, a dimensão

social se relaciona com as qualidades dos seres

humanos, suas habilidades, dedicação e experiências,

enfim, consiste no aspecto social, abrangendo tanto

ambientes empresariais quanto da sociedade em

geral (ALMEIDA, 2002).

Independente de qual dimensão for, é importante que

a população esteja consciente de que as “decisões e

ações da humanidade em relação à sustentabilidade

determinarão seu futuro e o das próximas gerações”

(MAIA e PIRES, 2011, p. 181), e para que isso ocorra,

não basta esperar que as soluções venham da área

política ou de mercado. Ações próprias ou de entidades

específicas que lutam por causas sociais, ambientais

e voltadas para o desenvolvimento humano são boas

opções de melhorias, por mais que os resultados

sejam pequenos e envolvam regiões restritas, em

alguns casos.

A UNESCO (1997), afirma que o conceito de

sustentabilidade é algo complexo e que abrange não

apenas o meio ambiente, mas também engloba outros

aspectos como a pobreza, saúde, paz, população,

segurança alimentar, democracia e direitos humanos

e que há a necessidade de ser tratada de forma

interdisciplinar, considerando os contextos locais,

regionais e nacionais.

O conceito de sustentabilidade é compreendido por

muitas ONGs como um “princípio estruturador de um

processo de desenvolvimento centrado nas pessoas e

que poderia se tornar o fator mobilizador e motivador

nos esforços da sociedade para transformar as

instituições sociais, os padrões de comportamento e

os valores dominantes” (RATTNER, 1999, p. 233).

Esse posicionamento vai ao encontro à definição oficial

adotada pelos governos e agências internacionais,

instigando a força da sociedade e seu poder de

influenciar nas decisões e ações a serem tomadas,

principalmente sobre as questões da sustentabilidade.

2.2 TERCEIRO SETOR

Da lacuna entre a ineficiência do primeiro setor –

Governo – e da indiferença aos problemas sociais

do segundo setor - Iniciativa Privada - surgiu o

chamado terceiro setor, como iniciativa da sociedade

civil organizada na busca de soluções para os seus

próprios problemas.

O GESET (2001, p. 4) conceitua o primeiro setor como

aquele que diz respeito ao Estado, onde a origem e a

destinação dos recursos são públicos, cabendo a ele

(Estado) realizar as ações que determinam a utilização

desses bens capitais. Já o segundo setor corresponde

ao capital privado, cuja aplicação de recursos é

revertida em benefício próprio. Por fim, o mais recente,

“constitui-se na esfera de atuação pública não-estatal,

formado a partir de iniciativas privadas, voluntárias,

sem fins lucrativos, no sentido do bem comum”.

No terceiro setor, incluem-se diversos tipos de

instituições, como: organizações não governamentais,

fundações e institutos empresariais, associações

comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas,

assim como várias outras instituições sem fins

lucrativos. O Código Civil, através da Lei nº 10.406/02,

rege as entidades desse setor.

De acordo com o presidente da OAB de São Paulo, em

mensagem inicial na Cartilha sobre Aspectos Gerais

do Terceiro Setor (2011, p. 2)

O Terceiro Setor já ganhou

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

118

reconhecimento pelas soluções positivas

que vem encontrando para toda a

sociedade brasileira. São associações,

fundações, instituições e organizações,

com peculiaridades jurídicas próprias

na área tributária, de isenções e

imunidades; na área trabalhista, com

a Lei do Voluntariado e no Direito

Civil, quando da constituição de uma

ONG. No processo de transformação

da sociedade, o Terceiro Setor vem

encontrando respostas criativas para

ajudar a mudar o futuro do Brasil.

Como bem dito por Lourenço e Dos Santos (2011), são

tomadas muitas iniciativas para apoiar os necessitados,

porém muitas delas se resumem a entregar alimentos

e roupas. O que é preciso na realidade, são medidas

eficazes para suprir as necessidades básicas de

moradia, alimentação, saúde, educação, etc., além

de auxiliar na inserção social dessas populações,

tanto profissional quanto cultural e de conhecimento,

visando a construção plena da cidadania.

O grande crescimento e abrangência do terceiro setor

é explicado por Salamon (1998), como oriundas de

duas origens distintas, sendo: de baixo, através dos

movimentos populares de fora, por meio de inúmeras

instituições públicas e privadas e; de cima, com o

apoio de políticas públicas governamentais. O mesmo

autor complementa dizendo que “a força mais básica

é aquela de pessoas comuns que decidem organizar-

se e tomar em suas próprias mãos a melhoria de suas

condições ou a busca de direitos básicos” (Ibidem, p.

7).

Essa emergência do terceiro setor, em tese, representa

uma “mudança de orientação profunda e inédita no

Brasil no que diz respeito ao papel do Estado e do

Mercado e, em particular, à forma de participação do

cidadão na esfera pública” (FALCONER, 1999, p. 1),

em busca de sua vez e voz, reivindicando melhorias

para seus grupos sociais.

A gestão de organizações do terceiro setor é

fundamentada na preocupação com a ação social

transformadora orientada por valores de solidariedade

e de confiança mútua. Dessa forma, apresenta um

estilo próprio de gestão e enfrenta, ao longo dos anos,

desafios diversos no que tange à própria manutenção

e ao repasse de sua imagem perante a sociedade

(TENÓRIO, 2005).

O fato de haver expansão das áreas de atuação das

organizações que fazem parte desse setor levou-

as a buscar recursos financeiros e os gerir de forma

correta e organizada, realizar capacitação de pessoal,

se articular com outros setores sociais, além do

fortalecimento causado por diversos desafios, fez com

que as entidades do terceiro setor se organizassem

melhor e de forma mais estruturada (TENÓRIO, 2005).

Muraro e Lima (2003) trazem o terceiro setor como

um elemento importante no combate aos problemas

sociais do Brasil. Destaca a necessidade de parcerias

com o governo e com o segundo setor, na busca por

profissionalização para provar a capacidade de uma

organização em colocar em prática seus objetivos e

justificar, por meio de bons resultados, sua existência.

Neste sentido, a exposição pública de casos de

sucesso do terceiro setor tem sido uma forma de

evidenciar boas práticas de gestão e processuais que

possam servir de modelo para outras iniciativas. Deste

modo, justifica-se o estudo realizado junto à instituição

CEDEJOR, em relação a sua prática: Projeto Jovens

Rurais em Movimento.

3. MÉTODO

O estudo realizado trata-se de uma pesquisa com

abordagem quantitativa, de caráter descritiva, com

estratégia de estudo de caso. A pesquisa quantitativa

é aquela que considera tudo quantificável, podendo

traduzir opiniões e informações em números, para

posteriormente classificá-las e analisá-las (LAKATOS

e MARCONI, 1986).

De caráter descritiva, como norteada por Gil (2008)

como sendo aquela que descreve as características

de um determinado fenômeno ou população, esta

pesquisa explicita diversas informações sobre o

projeto desenvolvido pelo CEDEJOR, buscando trazer

alguns de seus detalhes mais importantes, como:

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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público alvo, metodologia empregada e resultados.

Adotou-se como estratégia o estudo de caso, que por

sua vez “permite uma investigação para se preservar

as características holísticas e significativas dos eventos

da vida real - tais como ciclos de vida individuais,

processos organizacionais e administrativos,

mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações

internacionais e a maturação de alguns setores” (YIN,

2001, p. 21).

Como instrumento de coleta de dados foram

empregados: o questionário semiestruturado e

análise documental. O questionário permitiu captar a

percepção dos entrevistados em relação ao PJRM:

quais as expectativas que tinham e se elas foram

atingidas. Buscou-se também descobrir o porquê da

participação e realização do Projeto, além de observar

o que ficou de aprendizado, o que está sendo aplicado

no cotidiano dos participantes. A análise documental

permitiu a visão geral do processo por meio do resgate

de registros históricos, tanto da entidade quanto do

projeto executado, buscando entender o contexto em

que foi pensando e desenvolvido o projeto.

A intenção era investigar o PJRM, que ao todo

envolveu cerca de 800 jovens em suas atividades,

porém os questionários foram aplicados apenas com

alguns jovens envolvidos, escolhidos de acordo com

indicação de uma das organizadoras. Esses jovens

foram referência no projeto, acreditou-se que teriam

disponibilidade para responder e teriam acesso

fácil à internet, considerando que o questionário foi

encaminhado por meio de correio eletrônico. Cinco

pessoas responderam a pesquisa, servindo de

valiosas fontes de informações.

4, RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DO JOVEM

RURAL (CEDEJOR)

Fundado na região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande

do Sul em 2001, o CEDEJOR é uma organização

social, sem fins lucrativos, de interesse público e que

tem trabalhado em territórios rurais dos três estados da

Região Sul Brasileira, sendo eles: Núcleo do Território

das Encostas da Serra Geral, no município de Lauro

Muller, Santa Catarina; Núcleo do Território do Vale

do Rio Pardo, no município de Rio Pardo, Rio Grande

do Sul; e no Paraná, atua em dois locais: Núcleo do

Território de Caminhos do Tibagi, no município de

Tibagi; e Núcleo do Território do Centro Sul do Paraná,

no município de Guamiranga (CEDEJOR, s. d.).

É uma organização não governamental que acredita

e investe no potencial do jovem rural como um

empreendedor e liderança, além de crer no poder da

cooperação desses jovens para o fortalecimento e

sustentabilidade da economia e da governança local,

pois possuem ideias novas e diferenciadas que podem

trazer grandes conquistas para a comunidade em que

estão inseridos (CEDEJOR, 2013a).

Trata-se de um espaço utilizado na capacitação

de jovens rurais, filhos de agricultores do Território

Centro Sul do Paraná ou jovens moradores dos doze

pequenos municípios que o compõe. No município de

Guamiranga atua desde julho de 2004, sendo formado

pelos municípios de Fernandes Pinheiro, Guamiranga,

Imbituva, Inácio Martins, Ipiranga, Irati, Ivaí, Mallet,

Prudentópolis, Rebouças, Rio Azul, Teixeira Soares e

São João do Triunfo (CEDEJOR, 2008).

Considerando que os municípios apresentam a maior

parte de suas extensões territoriais de ocupação

agrícola (com um total de sete dos doze municípios

apresentando quantidade maior de moradores na

área rural), faz-se necessário o desenvolvimento

e implantação de técnicas e práticas que visam a

sustentabilidade, a fim de melhorar as condições de

uso da terra e preservação dos recursos naturais.

O CEDEJOR utiliza como metodologia de ensino a

Pedagogia da Alternância. Nela, os jovens passam

22 semanas com atividades no Centro de Formação,

alternando com períodos de duas ou três semanas

em que permanecem na propriedade rural (com

assistência de monitor do CEDEJOR), a fim de colocar

em prática os conhecimentos adquiridos durante a

capacitação presencial (CEDEJOR, 2008).

A formação dos jovens é baseada em três pontos

básicos, chamados de eixos, sendo eles: humano

(visa estimular a atuação juvenil na resolução de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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problemas coletivos); técnico (que pretende viabilizar

empreendimentos agrícolas e não-agrícolas na

valorização do território rural) e; gerencial (garantindo

noções de gestão estratégicas aplicáveis à agricultura

familiar e pequenos empreendimentos no espaço

rural) (CEDEJOR, 2008).

De acordo com o Planejamento Estratégico 2013

– 2016 (CEDEJOR, 2013b), atualmente os jovens

somam cerca de 40% da população rural no país e,

por serem a nova geração, com maior escolaridade e

novas ideias, são vistos como agentes potenciais de

empreendedorismo e liderança, possuem acesso a

novas tecnologias e são capazes de operar a sucessão

familiar, aprimorando e mantendo a agricultura familiar.

4.2 PROJETO JOVENS RURAIS EM MOVIMENTO

(PJRM)

Dentre os programas e projetos desenvolvidos pelo

CEDEJOR, o Projeto Jovens Rurais em Movimento

se destaca, tendo sido eleito pela Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/

ONU) como uma boa prática para o desenvolvimento

sustentável.

Foi executado entre agosto de 2009 a fevereiro de

2012 com recursos do Ministério do Desenvolvimento

Agrário através do PRONAT (Programa de

Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais) e

teve como objetivo: buscar o “fortalecimento do tecido

sócio-organizativo do Território através do estímulo à

participação jovem em fóruns próprios e instâncias

territoriais de discussão e decisão” (TABARRO, 2015,

s. p.).

Outros objetivos estabelecidos diziam respeito:

ao estímulo de grupos de jovens para debater

temas pertinentes a eles, sobre geração de renda

e o desenvolvimento do Território; a aumentar o

conhecimento técnico nessas duas ultimas áreas;

estimular a participação dos jovens rurais nas

instâncias de representação, discussão e tomada de

decisão do Território.

O projeto foi executado pelo CEDEJOR, com a atuação

de 4 profissionais formados em áreas diversas, 12

jovens facilitadores e 12 mediadores, 2 automóveis e o

espaço físico do Centro de Formação, onde ocorreram

as atividades. Teve apoio de diversos parceiros,

como: MDA; Caixa Econômica Federal; Conselho

Gestor do Território Centro Sul do Paraná; Instituto

Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

(EMATER); Universidade Estadual do Centro-Oeste,

Campus Irati (UNICENTRO); Secretarias de Agricultura

dos Municípios do TCS do Paraná; Secretaria da

Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná

(SEAB) e; Associação dos Municípios Centro Sul do

Paraná (AMCESPAR) (TABARRO, 2015).

Abrangeu os municípios que compõe o Território e

um que não faz parte: Paulo Frontin. Para a execução,

utilizou recursos de terceiros (aproximadamente

100 mil reais) e teve como área temática principal a

inclusão sócio-produtiva. Envolveu a microrregião,

cujo público alvo era: entidades de educação formal

voltadas para o campo e; organizações do terceiro

setor ligadas a projetos de educação do campo. Dessa

forma, quem se beneficiou diretamente com o projeto

foram os jovens rurais em formação e/ou egressos das

instituições supracitadas (TABARRO, 2015).

Como justificativa para sua implantação, o Projeto

baseou-se na evidente necessidade existente no

Território de fortalecer o contexto sócio-organizativo.

Considerou as demandas sociais da juventude rural

e a carência de participação dos agricultores nos

espaços de representação e tomada de decisão da

categoria, sendo constatadas certas limitações em

relação à participação dos agricultores nos rumos

do desenvolvimento do Território, o que afetava

diretamente o funcionamento dos CMDRs (Conselhos

Municipais de Desenvolvimento Rural) e o próprio

Conselho Gestor (TABARRO, 2015).

“A juventude rural mostrava condições de dinamizar

o processo de desenvolvimento desencadeado pelo

Conselho Gestor do Território e orientado por seu Plano

de Desenvolvimento Territorial”, aliada com os fatores

sociais e organizativos, os jovens foram vistos como

uma forma de interferir positivamente nas atividades do

Território. Isso aconteceria por meio da “participação

jovem nas diversas instâncias de discussão e tomada

de decisão”, incrementando as ações territoriais e

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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concretizando um espaço para expor e defender as

demandas desses jovens (TABARRO, 2015, s. p.).

4.3 METODOLOGIA UTILIZADA NO PJRM

A dinâmica de funcionamento do projeto iniciou com

a realização de Oficinas Juvenis, com a mediação

de Jovens Agentes de Desenvolvimento Rural (com

idade entre 16 a 29 anos e que receberam treinamento

específico), tornando-se um espaço de discussão das

questões da juventude rural para o desenvolvimento

territorial. As oficinas serviram de estímulo para formar

Coletivos Juvenis, com participação em fóruns, onde

representavam os jovens rurais.

Os Jovens Agentes tiveram outras funções, como:

participar das reuniões das associações comunitárias

onde moram, dos CMDR’s, do Conselho Gestor do

Território e das Câmaras Técnicas ou Temáticas.

“Também acompanhavam viagens técnicas e

intercâmbios, onde os mediadores e facilitadores, com

a equipe do CEDEJOR, planejavam visitas técnicas

em propriedades de referência de acordo com temas

de interesse” (TABARRO, 2015, s. p.).

Nas Oficinas Juvenis aconteciam as reuniões dos

jovens locais para a discussão das questões juvenis

e para a ampliação dos conhecimentos através

de palestras. As Oficinas foram realizadas por

mediadores e facilitadores (duplas de jovens que

desenvolviam diversas atividades devidamente

orientadas pelo Coordenador do Projeto) e recebiam

uma bolsa auxílio mensal. As oficinas tinham dois

eixos distintos: discussão de questões da juventude

e; técnicas, gerenciamento e opções de geração de

renda (TABARRO, 2015).

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Baseados nos depoimentos dos jovens entrevistados

serão inseridos pequenos comentários referentes às

dificuldades, experiências, conquistas e outros pontos

importantes do PJRM. A Jovem 3 relata que o projeto

passou por muitas dificuldades para ser implantado,

pois “está cada vez mais difícil do jovem rural assumir

essa identidade, mesmo nascendo na roça o sonho de

quase todos os jovens é sair da propriedade tanto para

estudar, ou apenas para ganhar um salário mensal”.

Essas barreiras são frequentes na realidade rural. São

dificuldades financeiras, de produção, de assistência

técnica, a vontade de buscar com condições de vida

melhores do que aquelas que os pais tiveram e que

levam os jovens ao êxodo rural.

Os resultados obtidos se dividem de forma quantitativa

e qualitativa. Em relação aos quantitativos, destacam-

se os aproximadamente 800 jovens atingidos de forma

direta e indiretamente, por meio das oficinas, visitas

técnicas, articulação territorial e demais ações.

Além disso, foram realizadas: 4 oficinas de capacitação

para os mediadores e facilitadores e 4 oficinas de

preparação e avaliação dos Jovens Agentes de

Desenvolvimento Rural; 1 Seminário de Juventude e

Desenvolvimento Territorial articulados diretamente

com jovens e parceiros; 299 oficinas juvenis;

participação e articulação de 1.024 representantes

da juventude rural no território; 25 visitas técnicas em

propriedades rurais; 3 viagens de intercâmbio coletivo

(Acampamento de Juventude em SC, viagem para a

Cooperafloresta em Barra do Turvo/SP e para a Ilha de

Superagui/PR) (TABARRO, 2015).

Em relação às oficinas, foram consideradas pela

Jovem 3 como uma conquista, pois despertaram o

“interesse do jovem pelo meio onde vive, através do

reconhecimento como agricultor familiar responsável

pela sucessão familiar da propriedade e da

produção de alimento”, através do aproveitamento

de oportunidades para melhorias e implantação das

atividades.

As atividades não eram realizadas apenas entre

os participantes. O Jovem 1 cita que a realização

de um projeto de horta orgânica com um grupo de

adolescentes de uma escola foi uma das atividades

que se destacou.

Ainda, os jovens tiveram a oportunidade de realizar

um estágio de uma semana, de acordo com o tema

escolhido em seus projetos de geração de renda, que

era uma atividade obrigatória do período de formação.

No total, foram 45 intercâmbios individuais.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Já sobre os resultados qualitativos, vale ressaltar a

expressiva inserção de jovens rurais e Agentes de

Desenvolvimento Rural nas instâncias de representação,

diálogo e tomada de decisões do Território de forma

incisiva, principalmente no Conselho Gestor e suas

câmaras temáticas, tendo os jovens como um capital

social valioso no incremento de discussões sobre

desenvolvimento territorial, coletivos juvenis, projetos

de geração de renda e políticas públicas voltadas à

juventude do Território (TABARRO, 2015).

A maior participação dos jovens junto às “instâncias

de discussão e deliberação do Território, como

o Conselho Gestor do Território, suas Câmaras

Temáticas e os CMDRS [...] não foi duradoura, pois

muitos jovens participaram apenas durante o projeto,

não conseguindo depois viabilizar as idas frequentes a

cidade”. Porém, muitos desses jovens “mudaram sua

percepção quanto à participação popular e isso fez

diferença nas opções profissionais e de atuação social

deles” (JOVEM 2).

A formação de lideranças locais foi uma temática que

resultou bons frutos, incentivando a presença mais

constante dos jovens na comunidade e deixando a

convicção de que a juventude não é o futuro, mas sim

o presente (JOVEM 3).

Destaca-se também a promoção de grupos e coletivos

juvenis e forte articulação através destes; incremento

das articulações no território promovidas pelo apoio dos

Jovens Agentes de Desenvolvimento Rural às ações

realizadas pelo articulador do Território Centro Sul do

Paraná; jovens rurais capacitados para a discussão

sobre desenvolvimento territorial sustentável, com

ampliação do conhecimento técnico, gerencial, social

e humano; desenvolvimento de projetos de geração

de renda implantados no território e jovens rurais

sensibilizados a se inserir nos mesmos e; jovens rurais

envolvidos na discussão de seus direitos e deveres,

acompanhando a implantação das políticas públicas

voltadas à juventude rural no Território Centro Sul

(TABARRO, 2015).

A inserção social não foi trabalhada apenas no sentido

de participação política e representativa. O Jovem 1

relata a preocupação da era digital e a inserção das

famílias no mundo tecnológico, como uma forma de

incentivo ao êxodo rural. As facilidades dos centros

urbanos são atrativas, porém muitas comunidades

rurais hoje possuem acesso à internet e celular, dando

comodidade ao campo e incentivando a permanência

na propriedade rural.

A inserção de gênero foi uma das questões que o

PJRM enfatizou nas discussões com os jovens durante

o período de execução. Ainda há muito autoritarismo

no campo e as questões hereditárias são uma marca

forte nas famílias, fazendo com que as mulheres, “na

maioria das vezes não tem voz nem vez dentro da casa,

os pais não incentivam nem um pouco a permanência

delas no espaço ou na Unidade Familiar de Produção,

em algumas vezes nem os jovens têm essa abertura”

(JOVEM 1). Aliado a isso, tem-se o fato de essas jovens

serem incentivadas a estudarem fora, na cidade ou em

outro município.

Os rapazes, sem apoio dos pais e do próprio município

para que permaneçam na lavoura, acabam indo para

a cidade também, pois o campo não oferece as

condições de permanência. Há pouca geração de

renda, falta de opções de lazer (JOVEM 1).

O relato da Jovem 2, mostra as expectativas que foram

criadas em relação ao projeto:

Esperávamos que o PJRM ampliasse

a atuação do CEDEJOR no Território

Centro-Sul do Paraná, alcançando mais

jovens e mais comunidades rurais.

Esperávamos também novos espaços de

atuação para os jovens que já estavam no

CEDEJOR e que possuíam o anseio de

compartilhar seus conhecimentos. Estes

objetivos foram plenamente atingidos.

Para a Jovem 5, o projeto foi além das expectativas

“desde as atividades realizadas propiciadas pelo

repasse de recursos, assim como o envolvimento

dos jovens em todas as ações”, incluindo atividades

realizadas nas comunidades, “participações em

processos de decisão, assim como no fortalecimento

da nossa organização”.

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Tal projeto foi realizado com êxito, atingiu um número

expressivo de jovens rurais, capazes de promover o

desenvolvimento sustentável em suas propriedades,

comunidades e regiões, retribuindo o investimento

de instituições como o CEDEJOR, fortalecendo suas

propriedades familiares rurais.

Ao término do PJRM, a Jovem 2 afirma que a “autonomia

e o compromisso de parte dos jovens que participaram

do projeto com as questões sociais do campo” foram

pontos positivos que fizeram o projeto valer a pena.

Além disso, é imensurável o aprendizado adquirido

por meio das vivências de educação popular e gestão

de projetos, aliado ao reconhecimento por parte dos

“parceiros do Território, que acompanharam de perto

o trabalho (escritórios locais e regionais da EMATER

PR, Delegacia Estadual do MDA, sindicatos rurais,

Secretarias Municipais de Agricultura)”, além da FAO/

ONU, que embora tenha “participado” após o fim do

projeto, desempenhou um papel importante através

do reconhecimento, mostrando que um pequeno

município e atitudes organizadas são capazes de

gerar consequências e ações social, econômica e

ambientalmente sustentáveis.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As questões de sustentabilidade, muito em voga

na atualidade, são relativamente difíceis de serem

compreendidas e ainda mais de serem implantadas.

O terceiro setor é um elemento fundamental no

desenvolvimento de ações que visam melhorias

ambientais, econômicas e sociais.

O PJRM contemplou os três pilares da sustentabilidade.

Primeiramente, abrangeu as questões ambientais,

pois proporcionou ao jovem, que por sua vez já

estava em formação, conhecimentos e técnicas ainda

mais aperfeiçoadas para implantar na propriedade

familiar e na região em que vive, sempre objetivando a

sustentabilidade.

No âmbito econômico, influenciou diretamente quando

se fala de baixo custo nas soluções, como construção

de cisternas, de sistemas ecologicamente corretos e

baratos para famílias de baixa renda.

E na questão social, o impacto é ainda maior. Além de

proporcionar ao jovem a inclusão social, fez com que

ele interagisse junto aos órgãos responsáveis pelas

políticas públicas, representando os interesses de

seus grupos e colaborando com ideias de melhorias

das problemáticas sociais. A Jovem 4 conclui que

muitos jovens foram atingidos pela proposta do PJRM e

continuam fazendo a diferença em suas comunidades.

Analisando o Projeto executado pelo CEDEJOR e

respondendo a problemática levantada, podemos

dizer que uma entidade do terceiro setor pode

contribuir com a sustentabilidade de um território rural

de forma imensa e promissora. Apesar da dependência

que o CEDEJOR tem de existirem projetos ativos

para conseguir permanecer em funcionamento, a

capacidade que a equipe tem de buscar alternativas

e condições de desenvolvimento para o Território é

significativa e visível.

É através de entidades do terceiro setor como o

CEDEJOR, com pessoas comprometidas com a

causa e que sentem “a necessidade de fazer algo

pela sociedade” e em prol de jovens com “espírito de

protagonismo”, com “desejo de atuar na comunidade,

mas não tinham a oportunidade de demonstrar

seus anseios” (JOVEM 4) que é possível construir

uma realidade melhor para as pequenas famílias de

agricultores, ensinando-os que é possível percorrer

caminhos até então complicados demais para eles.

A carência que as comunidades rurais apresentam

em termos de apoio, de capacitação, de incentivos

diversos é amenizada com atitudes e ações em

parceria com entidades do terceiro setor. Sem essas

atividades práticas no meio rural, a evasão de jovens

seria ainda maior e constante e o CEDEJOR é uma fonte

de recursos que tem grande influencia na comunidade

agrícola, capacitando e orientando os jovens para que

permaneçam em suas propriedades, fortalecendo-as

e adaptando-as para a gestão das novas gerações, os

filhos de agricultores.

REFERÊNCIAS

[1] ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. 2002.

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[18] SALAMON, Lester. A emergência do terceiro setor: uma revolução associativa global. Revista de Administração, São Paulo, v. 33, nº 1, p, 5-13. Jan/mar. 1998.

[19] TABARRO, Cristiane. CEDEJOR tem projeto reconhecido pela FAO/ONU. 2015. Disponível online: <http://www.amcespar.com.br/noticias/noticia.asp?id=1451>. Acesso em 23 de janeiro de 2015.

[20] TENÓRIO, Fernando Guilherme (Org.). Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

[21] UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Educación para um futuro sostenible: una visión transdisciplinaria para una acción concertada. Paris: Unesco, 1997. Disponível online: <http://unesdoc.unesco.org/images/0011/001106/110686s.pdf>. Acesso em 28 de marco, 2015.

[22] WCED - World Comission on Enviromental and Development. Our common future. Oxford: Oxford University Press, 1987.

[23] YIN, Roberto K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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Capítulo 12PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS

DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Ana Paula Wendling GomeS

Alexandre Sette Abrantes Fioravante

Adriano Provezano Gomes

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o Programa de Educação Socioambiental “Ambientação” no que se refere aos impactos de seus resultados alcançados no complexo do Sistema Estadual de Meio Ambiente - SISEMA. Os resultados revelaram a importância da prática da Educação Ambiental em ambientes de potencial multiplicador, levando a impactos relevantes, tanto no lado social quanto no econômico. O quadro comparativo entre as metas pactuadas e os resultados obtidos mostraram que a prática de inserção de valores socioambientais no âmbito da administração pública estadual vem possibilitando uma série de mudanças de comportamento dos servidores, permitindo que o estado se torne referência em boas práticas ambientais a partir do consumo consciente e da gestão de resíduos nos prédios públicos. Os benefícios podem ser vistos na diminuição dos desperdícios e de custos, aumento da vida útil dos aterros sanitários e na geração de trabalho e renda para associação de catadores de materiais recicláveis. Pode-se concluir, ainda, que as ideias e ações desenvolvidas pelo programa impactam, de forma direta, sobre os gastos do poder público.

Palavras Chave: Programa de Educação Socioambiental, Organizações Públicas, Indicadores de Sustentabilidade, Governo de Minas Gerais

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

126

1. INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental é uma das ferramentas existentes

para a sensibilização e capacitação da população em

geral sobre os problemas ambientais. Com ela, busca-

se desenvolver Programas que facilitem o processo

de tomada de consciência sobre a gravidade dos

problemas ambientais e a necessidade urgente de

promover ações de sensibilização ambiental.

No caminho da sustentabilidade, o principal desafio

é sensibilizar as pessoas para que internalizem a

necessidade de mudanças e sejam capazes de

construir novos referenciais e paradigmas que,

na prática, traduzir-se-ão na implementação de

procedimentos ambientalmente corretos em nosso

dia-a-dia.

Nessa trajetória, os próprios órgãos públicos, escolas

e outras instituições, caminham, muitas vezes, na

contramão da sustentabilidade. Não raro, em seu

local de trabalho, muitos servidores vêm reproduzindo

práticas de consumismo e do desperdício – o que

implica em impactos ambientais negativos associados

ao aumento de custos.

Em contraposição a esses comportamentos

ambientalmente incorretos, torna-se fundamental

o desenvolvimento de um Programa de Educação

Ambiental voltado para ambientes como os órgãos/

edificações públicas, com o objetivo de estimular a

reflexão e a mudança de atitude de seus servidores

e funcionários em geral, haja vista que estas ações

geram um efeito multiplicador na sociedade e nas

contas publicas, mesmo porque os participantes

deste programa levam a prática de suas ações

para ambientes familiares, de convívio coletivo extra

ambiente de trabalho.

O Ambientação é um Programa que busca definir os

contornos de uma nova cultura institucional de políticas

publicas sedimentada no uso racional de recursos

naturais, visando uma maior sustentabilidade desses

recursos. A relevância do projeto é demonstrada

considerando-se a escassez dos nossos recursos

naturais e ao impacto da economia desses recursos

para as políticas públicas em especial à sociedade.

Por meio deste programa tenta-se promover uma

progressiva mudança de atitudes que levem à

consolidação de uma cultura de sustentabilidade,

pela influência comprovada dos Programas de

Educação Ambiental em ambientes com grande poder

multiplicador, como é o caso de órgãos/ edificações

públicas.

A implantação desse Programa em órgãos/edificações

públicas pode fomentar iniciativas que transcendam o

ambiente de trabalho, atingindo tanto as famílias dos

envolvidos no mesmo como também se mostrar um

programa espelho para aqueles órgãos/instituições

que ainda não aplicam o programa de redução de

consumo e gastos, ou seja, se mostrando um programa

com um potencial multiplicador de informações e

atividades relacionadas à Educação Ambiental.

Na trajetória do desenvolvimento sustentável,

a população deve estar disposta a trabalhar,

conjuntamente com as Instituições Públicas ou

Privadas no processo de uso sustentável, no controle

e preservação dos recursos naturais.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o

Programa de Educação Ambiental “Ambientação”,

no que se refere aos impactos dos seus resultados

alcançados no prédio do SISEMA no período de junho

de 2008 a 05 de Março de 2009.

Vale ressaltar que apesar dos dados não serem tão

recentes, o intuito é de apresentar a ideia do Programa

e sua metodologia para ser replicada em qualquer que

seja o tipo de Instituição, levando em consideração

aos resultados alcançados com sucesso. O portal do

Programa Ambientação disponibiliza uma biblioteca

de materiais para serem utilizados.

2. METODOLOGIA

2.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA

AMBIENTAÇÃO

O Ambientação é um programa de comunicação e

educação socioambiental, coordenado pela Fundação

Estadual do Meio Ambiente – FEAM, com o objetivo

de promover a sensibilização para a mudança

de comportamento e a internalização de atitudes

ecologicamente corretas nas práticas cotidianas dos

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

127

funcionários públicos de Minas Gerais.

Desenvolvido inicialmente no ano de 2003 como piloto,

no prédio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente

e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD e da FEAM,

o Programa passou por ajustes e melhorias com o

objetivo de aperfeiçoar a sua estrutura metodológica

e facilitar a sua adesão pelas demais instituições

públicas mineiras.

Seguindo uma política de governo, em 2008 a

FEAM estabeleceu Termo de Parceria com a OSCIP

Ambiente Brasil para ampliar o poder de atuação e

potencializar a iniciativa para toda a esfera pública

estadual e também municipal. Uma das vantagens

desse modelo, estimulado pelo governo por meio da

Secretaria de Estado de Planejamento - SEPLAG é a

agilidade e abrangência às ações e políticas públicas.

O termo de parceria n° 020/2008, celebrado entre

a OSCIP Ambiente Brasil Centro e a FEAM deixou a

cargo da OSCIP a tarefa de acompanhar e monitorar

o Programa Ambientação no órgão/instituição que

o desenvolvem dentro do Estado de Minas Gerais

de forma que a OSCIP teve o seu trabalho avaliado

durante todo o período em que foi parceira do Estado.

E é dentro desta questão que o presente Programa

também mostra a sua relevância, ao passo que na

análise das metas é possível fazer uma verificação e

avaliação de como tem se dado o desempenho das

Instituições parceiras do Estado quanto aos resultados

previstos no termo de parceria celebrado e os que

realmente foram alcançados.

O Programa incentiva a apropriação do conceito dos 5

Rs – repensar, recusar, reduzir, reaproveitar e reciclar

– por meio das linhas de ação “Consumo Consciente”

e “Gestão de Resíduos”.

O enfoque da linha “Consumo Consciente” é estimular

a reflexão sobre os aspectos ambientais relacionados

às atividades em prédios públicos, possibilitando

mudanças de comportamento, internalização do

consumo consciente e combate ao desperdício.

A linha de ação “Gestão de Resíduos” objetiva

estimular a destinação adequada dos materiais

potencialmente recicláveis, proporcionando geração

de trabalho e renda para pessoas que vivem da coleta

e comercialização de recicláveis, além de aumento da

vida útil dos aterros sanitários.

Os resultados são aferidos mensalmente em todas

as instituições participantes por meio do Sistema de

Gestão Ambientação. Este método de gerenciamento

permite às Comissões Setoriais acompanhar todos

os aspectos relacionados ao desenvolvimento

do Programa, como memória das ações, não-

conformidades e planos de ações corretivas, além do

desempenho dos resultados, por meio de indicadores

e relatórios.

Apenas para efeito de resultados, no ano de 2012,

o Programa Ambientação foi desenvolvido por 74

instituições em 49 prédios, contemplando cerca de

30 mil servidores públicos. Em 2012, dos resíduos

gerados pelas instituições, 539.468,98 quilos, ou 68%,

foram encaminhados para a reciclagem por meio de

doação a organizações de catadores. No viés da não

geração de resíduos, na Cidade Administrativa houve

redução de 50% no consumo de copos descartáveis

ou cerca de 1.300.000 unidades. (AMBIENTAÇÃO,

2014)

2.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O estudo deste trabalho se deu na análise do

desempenho do programa Ambientação na área

do prédio do SISEMA. O Sistema Estadual do Meio

Ambiente (SISEMA) é formado pela Secretaria

de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (SEMAD), pelos conselhos estaduais de

Política Ambiental (COPAM) e de Recursos Hídricos

(CERH) e pelos órgãos vinculados: Fundação Estadual

do Meio Ambiente (FEAM), responsável pela qualidade

ambiental no Estado, no que corresponde à Agenda

Marrom, Instituto Estadual de Florestas (IEF), o qual

é responsável pela Agenda Verde e Instituto Mineiro

de Gestão das Águas (IGAM) o qual responde pela

Agenda Azul.

2.3. MODELO ANALÍTICO

A metodologia utilizada permite fazer uma análise

quantitativa do nível de eficiência dos resultados

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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obtidos. Na construção da metodologia de indicadores

do projeto é levado em conta a necessidade de se

fazer mensalmente o monitoramento do processo

de desempenho, registrando as ações realizadas, o

acompanhamento dos indicadores de desempenho e

dos planos de ação, bem como o relato das dificuldades

no comprimento de algumas metas previstas e também

os fatores facilitadores do desenvolvimento do projeto.

Como dito anteriormente, para o cálculo dos

indicadores utilizou da metodologia disponibilizada

pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM

no Termo de Parceria N0 020/2008, celebrada entre

esta e a OSCIP para o desenvolvimento do Programa

Ambientação. De acordo com os aspectos ambientais

considerados, o Programa monitora por meio de

indicadores os seguintes itens abaixo:

a. Consumo mensal de água per capita em litros;

b. Consumo mensal de energia elétrica per capita

em KWH ;

c. Consumo mensal de copos descartáveis per

capita em unidade;

d. Porcentagem de resíduos sólidos gerados e

enviados para reciclagem, medidos em balança.

2.3.1. APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE

INDICADORES

- Indicador de Água e Energia Elétrica:

A construção do cálculo do indicador de água e energia

elétrica é feita com base na leitura mensal do consumo

nas contas das prestadoras desses serviços, dividido

pelo número de funcionários do órgão/instituição

participante. Para o indicador de água, considera-se

1m³ igual a 1000 litros.

FÓRMULA (redução no consumo de energia elétrica /

água):

% de redução do Consumo de energia elétrica per

capita = Valor registrado / valor de referência x100.

Onde:

Valor registrado = valor de referência – (somatória do

consumo de energia elétrica per capita de cada mês

do período avaliado / número de meses)

Sendo:

Consumo de energia elétrica per capita = Consumo

bruto / número de funcionários

E:

Consumo bruto = consumo total registrado em KW/h

na conta da prestadora do serviço.

UNIDADE: %.

Valor de referência (vo): 101,16 kw/h per capita

CÁLCULO DE DESEMPENHO:

Fórmula: resultado / meta *100

- Indicador de Consumo de Copos Descartáveis:

Para construir o indicador de consumo de copos

descartáveis faz-se uma verificação mensal da saída

desse material do estoque ou do órgão/instituição

participante, dividido pelo número de funcionários do

local.

FÓRMULA (redução do consumo de copos

descartáveis):

% de redução do Consumo de copos descartáveis per

capita = Valor registrado / valor de referência x100.

Onde:

Valor registrado = valor de referência – (somatória do

consumo de copos descartáveis per capita de cada

mês do período avaliado / número de meses)

Sendo:

Consumo de copos descartáveis per capita = Consumo

bruto / número de funcionários

E:

Consumo bruto = consumo total registrado.

UNIDADE: %.Valor de referência (vo): 17,63 copos

descartáveis per capita.

CÁLCULO DE DESEMPENHO:

Fórmula: resultado / meta *100

- Indicador de Resíduos Sólidos Enviados para

Reciclagem

Para construir o indicador da % de resíduos sólidos

enviados para reciclagem fez-se uso da formula:

% de resíduos destinados à reciclagem = Somatória do

% de RDR de cada mês do período avaliado / número

de meses do período avaliado.

Onde:

% de RDR = RDR/RPR x 100

Sendo:

RDR = total em kgs de resíduos efetivamente

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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destinados à reciclagem

RPR = total, em kgs, de todos os resíduos

potencialmente recicláveis (total de resíduos gerados

na instituição à exceção do lixo de banheiro).

UNIDADE: %.

Valor de referência (v0): 49,58% (média de jan - out

2007).

CÁLCULO DE DESEMPENHO:

Fórmula: [(∆ do resultado) / ∆ da meta] *100,

Onde:

∆ resultado = Resultado – Valor anterior (VALOR DE

REFERÊNCIA);

∆ meta = Meta – Valor anterior (VALOR DE

REFERÊNCIA).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados pela comparação realizado

frente às metas só faz confirmar a relevância do

Programa, relevância esta que também pode ser vista

pela pratica de inserção de valores socioambientais

na administração pública estadual, possibilitando

assim mudanças de comportamento dos servidores

permitindo que o estado se torne referência em boas

práticas ambientais a partir do consumo consciente

e da gestão de resíduos nos prédios públicos. Pode-

se observar ainda como benefícios, a diminuição dos

desperdícios e de custos, o aumento da vida útil dos

aterros sanitários, a geração de trabalho e renda para

a associação de catadores de materiais recicláveis

com a doação de materiais, tendo em vista ainda que o

Termo de Parceria tem como objeto o desenvolvimento

do Programa Ambientação por meio do monitoramento

e aperfeiçoamento nas instituições que o desenvolvem

e a implementação deste programam em órgãos,

entidades e edificações da administração pública de

Minas Gerais.

A apresentação dos resultados deste projeto se dará

por meio da demonstração de um relatório comparativo

entre as metas pactuadas e os resultados obtidos

na condução das atividades propostas na área do

prédio do complexo do SISEMA, sendo fornecidas

informações complementares acerca dessas

atividades, considerando os quadros de indicadores e

metas (Tabelas 1 a 4).

De acordo com as designações (metodologia) do

Programa Ambientação cada indicador apresenta um

valor de referência e um peso determinado, e ainda as

metas (tendem a ser crescentes de um trimestre para

outro) e o realizado para cada trimestre são medidos

em termos de valores percentuais.

3.1. INDICADOR REFERENTE À RESÍDUOS

SÓLIDOS

Este indicador demonstra a % de resíduos sólidos

enviados para reciclagem em relação ao total de

resíduos sólidos gerados no local. Para este indicador

é relevante destacar que a crescente demanda por

consumo tem levado a uma pressão sobre o meio

ambiente e por conta disto há um constante aumento

da geração de resíduos, muitos desses ainda sem

destinação correta.

Diante disso, o Ambientação trabalha com o

pressuposto de que no órgão/edificação onde

o programa é colocado em prática haja alguma

mudança de comportamento visando a uma adequada

destinação dos resíduos sólidos gerados, onde de

acordo com os termos de adesão assinados pelo

órgão/edificação que participa do programa, deverão

ser encaminhados para reciclagem os resíduos sólidos

recicláveis, conforme a lei estadual 16689/2007. Desta

forma, os resíduos sólidos considerados recicláveis

(excluídos, portanto os resíduos de banheiro), gerados

por cada órgão/edificação participante são pesados

em uma balança, de acordo com a composição dos

mesmos, diariamente pelo órgão/edificação que se

incluem no projeto e são mensalmente registrados no

Sistema de Gestão do Ambientação.

De acordo com o Ambiente Brasil (2009), a OSCIP

responsável pelo monitoramento do programa em

determinada área, deve estar sempre buscando

dados nos órgãos/edificações, obtendo o máximo de

informações válidas sobre os indicadores, e se caso

houver dificuldades em obter estes dados a comissão

gestora do programa (FEAM), deve ser avisada sobre

tais dificuldades para que se necessário quando da

avaliação do indicador frente aos dados não obtidos

seja feita a expurgação destes do calculo da média

trimestrais de resíduos destinados à reciclagem.

Para este indicador o valor de referência (Vo) é

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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calculado pela média dos meses de janeiro a outubro

de 2007, a qual nos mostrou um valor de referência de

49,58%.

A seguir é demonstrado na tabela 1 o detalhamento

do resultado alcançado correspondente aos resíduos

sólidos enviados para reciclagem no acompanhamento

de três trimestres.

Tabela 1. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.

Indicador Metas Realizado

% de resíduos sólidos enviados para reciclagem em relação ao total de resíduos sólidos gerados

1º Trimestre

2º Trimestre

3º Trimestre

1º Trimestre

2º Trimestre

3º Trimestre

53% 58% 63% 71,70% 58,27% 73,51%

Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).

De acordo com análise feita para os dados obtidos,

constata-se então que, no primeiro trimestre o

realizado foi de 71,70% para uma meta de 53%, no

segundo trimestre o realizado verificado foi de 58,27%

para uma meta de 58% e ainda no terceiro trimestre o

resultado foi de 73,51%, resultado este que superou

os dos trimestres anteriores, respectivamente 58,27%

e 71,70%, além da meta estabelecida para o período,

de 63%. Mesmo o resultado nos três trimestres tendo

sido positivos em relação à meta, o desempenho do 2°

trimestre foi consideravelmente inferior ao constatado

no 1° trimestre e no 3° trimestre.

Segundo o Ambiente Brasil (2009) foram constatadas

não conformidades no monitoramento dos resíduos

recicláveis, pesagem e registro de dados, estas

não conformidades se mostraram como um fator

dificultador do alcance das metas estabelecidas, o

que justifica o desempenho consideravelmente inferior

do 2° trimestre frente ao 1° e 3° trimestre. Sendo

assim propôs-se ações corretivas como a realização

de um processo de capacitação da mão-de-obra

responsável pela limpeza e conservação do órgão/

edificação analisado. A política de capacitação foi

aplicada nos agentes de limpeza e conservação pelo

fato de eles serem os responsáveis pelo recolhimento

dos resíduos nas instituições, o que resultou em uma

melhoria direta e continua no processo. A partir disto

pode-se solucionar as não conformidades no processo

de monitoramento dos resíduos recicláveis, o que

pode ser comprovado pelo ótimo desempenho do 3°

trimestre.

Ainda segundo o Ambiente Brasil (2009), alguns fatores

foram facilitadores para o cumprimento das metas,

como a infraestrutura de coleta seletiva existente no

órgão/ edificação do SISEMA.

3.2. INDICADOR REFERENTE AO CONSUMO DE

ENERGIA ELÉTRICA

O indicador 1.2 refere-se à porcentagem de redução do

consumo de energia elétrica per capita. Tendo em vista

que hoje em dia os órgãos públicos possuem grande

potencial consumidor de energia elétrica, um dos

objetivos do Termo de Adesão assinado pelos órgãos/

edificações participantes é o uso racional dos recursos

naturais na edificação escolhida para implantação do

programa. Dessa maneira, mensalmente, o consumo

de energia elétrica em KW/h é registrado e monitorado

pela Comissão Setorial de cada órgão/edificação,

por meio dos dados obtidos na conta fornecida pela

prestadora do serviço em questão.

O indicador se mostra o mais eficaz possível o quanto

mais preciso for os dados fornecidos pela Comissão

Setorial de cada instituição, quanto a verificação

mensal do número de funcionários (servidores,

terceirizados, estagiários etc) presentes no órgão.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

131

Tendo em vista que a meta é cumulativa e gradativa,

sendo considerada sempre em relação ao valor de

referência e ainda quanto maior o valor do indicador,

melhor se mostra o resultado, para este indicador o

valor de referência (Vo) é de 101,16 KW/h per capita,

o qual é calculado pela média dos meses de janeiro a

outubro de 2007.

A seguir é demonstrado na tabela 2 o detalhamento do

resultado alcançado correspondente à porcentagem

de redução do consumo de energia elétrica per capta.

Tabela 2. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.

Indicador Metas Realizado

% de redução de consumo de energia elétrica per capta

1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre

0,5% 1% 1,5% 3,45% 13,40% 17,12%

Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).

Fazendo a análise dos dados obtidos, para o primeiro

trimestre este indicador mostrou um valor abaixo da

meta prevista, esta que era de 0,5% e o valor do

resultado foi um aumento de 3,45% no consumo per

capita. No entanto a partir de agosto, quando a OSCIP

iniciou os seus trabalhos, foram observados erros

na metodologia de calculo do indicador feita pela

Comissão Setorial do SISEMA, pois nos cálculos não

eram incluídos todos os funcionários que efetivamente

utilizavam do serviço de energia elétrica dentro da

instituição. Portanto os cálculos estavam em quase

na sua totalidade errados. Com os trabalhos de

atualização que foram feitos pela OSCIP os meses de

junho e julho que eram os meses dentro do trimestre

que computavam resultados errados, foi possível

passar o resultado ora negativo para um saldo positivo

de 6.88%.

Dentro disso fica bem claro a importância que tem o

trabalho desempenhado pela OSCIP, principalmente

no que diz respeito a identificação de falhas e na

elaboração de ações corretivas nos procedimentos da

Comissão Setorial.

No segundo trimestre o indicador mostrou uma

variação positiva registrada de 13, 40%, frente a

uma meta de 1% para o referido trimestre, e pode-se

observar ainda uma variação positiva em relação ao

trimestre anterior. O resultado deste trimestre pode

se mostrar satisfatório devido ao fato do sucesso no

trabalho de parceria entre a Comissão Setorial do

SISEMA e a OSCIP monitora, o que possibilitou uma

ampla sensibilização no campo da infra-estrutura,

como na identificação dos quadros de acionamento

de energia, sinalização educativa quanto ao consumo

consciente de energia elétrica, levantamento do

quantitativo de equipamentos domésticos existentes

nos setores para otimização da rede elétrica e ainda

foi feita uma aplicação de norma técnica referente à

utilização dos aquecedores de marmita no refeitório.

No terceiro trimestre este indicador apresentou uma

variação positiva em relação á meta de 1,5%, e em

relação aos trimestres anteriores (6,88% e 13,40%),

registrando uma redução de 17,12%. Tal resultado é

fruto da continuidade no trabalho de parceria entre a

OSCIP e a Comissão Setorial do SISEMA.

De acordo com o Ambiente Brasil (2009), como fator

dificultador desta ação, estão os grandes investimentos

realizados, como a migração de fornecimento de energia

de baixa para média tensão, na iminência da mudança

da instituição para o centro Administrativo do Governo,

previsto para dezembro de 2009. O pleno e direto

apoio do secretario de Meio Ambiente ao Programa

Ambientação e a parceria com a Superintendência

de Recursos Logísticos e Manutenção do SISEMA no

plano de ação “eficientização Ambiental do Prédio do

SISEMA”, sem mostram como aspectos positivos para

o desenvolvimento do projeto.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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3.3. INDICADOR REFERENTE À REDUÇÃO DO

CONSUMO DE ÁGUA

O indicador 1.3 indica a porcentagem de redução do

consumo de água per capita. A análise deste indicador

se mostra importante ao passo que os órgãos públicos

possuem um grande potencial consumidor de água,

e sendo assim um dos objetivos do Termo de Adesão

assinado pelos participantes é o uso de forma racional

deste recurso natural no órgão/edificação participante

do programa. Para a análise deste indicador o consumo

de água em m³ é medido, registrado e monitorado pela

comissão Setorial de cada órgão/edificação, por meio

de dados obtidos na conta fornecida pela prestadora

de serviço em questão. Posteriormente os dados em

m³ são transformados em litros pela comissão setorial

(1 m³ = 1.000 litros).

Para que este indicador se mostrasse o mais eficaz

possível a comissão foi necessário fazer a verificação

mensal do número exato de funcionários (servidores,

terceirizados, estagiários etc) presentes no órgão.

Também para este indicador a meta é cumulativa e

gradativa, sendo considerada sempre em relação ao

valor de referencia e ainda, quanto maior o valor do

indicador, melhor.

O indicador de porcentagem de redução do consumo

de água per capita usa de um valor de referencia (Vo)

de 519,55 litros/per capita, o qual foi obtido pela média

dos meses de janeiro a outubro de 2007.

A seguir é demonstrado na Tabela 3 o detalhamento do

resultado alcançado correspondente à porcentagem

de redução do consumo de água per capta.

Tabela 3. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.

Indicador Metas Realizado

% de redução de consumo de água per capta

1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre

0,5% 1% 2% 4,81% 0,54% 3,09%

Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).

Na análise dos resultados, constatou-se que o realizado

para este indicador foi um aumento de 4,81% no

consumo de água pelo órgão/edificação participante,

frente a uma meta de 0,5% para o primeiro trimestre.

Já no segundo trimestre o realizado foi de 0,54%

frente a uma meta de 1%, ou seja, o que foi reduzido

no consumo de água foi apenas 0,54% sendo que a

meta era uma redução de pelo menos 1%. O resultado

mostra que mesmo a OSCIP, juntamente com a

comissão setorial, tendo realizado ações educativas

e também ações estruturais, tais como instalações de

adesivos educativos nos banheiros e ainda fazendo

a inspeção mensal para verificar a ocorrência de

vazamentos na rede hidráulica e ainda a retirada de

duchas dos banheiros, ainda assim não foi possível o

cumprimento da meta.

Como fatores que se mostraram um obstáculo para

o não cumprimento da meta, pode-se colocar a

identificação de vazamentos na agencia do Banco

Bradesco, cuja solução não depende do SISEMA nem

da substituição dos copos descartáveis no prédio,

tornando necessária a lavagem de canecas por cerca

de 1300 usuários diariamente.

Mesmo assim a OSCIP continuou o seu trabalho em

parceria com a comissão setorial, continuando a instalar

adesivos em todos os banheiros, e fazendo também

a inspeção de vazamentos na rede hidráulica, além

da retirada de duchas dos banheiros e atendimento

imediato às não conformidades detectadas desde o

inicio.

O resultado desde trabalho contínuo em parceria

com a comissão setorial do SISEMA veio de forma

positiva no terceiro trimestre. No terceiro trimestre

este indicador apresentou resultado positivo de

3,09%, superando a meta de 2% para este período

e os resultados anteriores, demonstrando melhoria

gradativa do indicador. Bem como dito anteriormente

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

133

no primeiro trimestre houve aumento do consumo de

4,81%, no segundo trimestre houve uma redução de

0,54%, porém insuficiente em relação à meta de 1%.

Pela análise da situação pode-se perceber como um

indicador é capaz de comprometer outros indicadores

como o caso do indicador de consumo de copo

descartável, que acabou por comprometer o indicador

de consumo de água, uma vez que com ações como

a distribuição de canecas para todos os funcionários

e o procedimento de limitar o uso interno de copos

descartáveis, acabou por levar a um aumento do

consumo de água uma vez que se lavariam mais

copos.

Na tentativa de corrigir o erro o que se propõem é

que este indicador seja excluído para os próximos

trimestres, e que se faça um novo registro de dados

para definir a partir destes um novo Vo (valor de

referencia), uma vez que a realidade interna da

instituição foi alterada significativamente.

3.4. INDICADOR REFERENTE AO CONSUMO DE

COPOS DESCARTÁVEIS

O indicador 1.4 mostra a porcentagem de redução

do consumo de copos descartáveis per capita. Em

se tratando do serviço público de maneira geral,

deve-se destacar a questão do desperdício de copos

descartáveis, de forma que o uso excessivo deste

recurso só estimula o mercado a produzir cada vez

mais, e desta forma, como resultado, mais petróleo é

despendido.

Sendo assim vale ressaltar que de acordo com o

termo de adesão assinado pelo órgão/edificação

que participa do programa, um dos objetivos se

figura no uso racional dos recursos naturais. Dentro

disto as ações ligadas aos 5 Rs, reduzir, reutilizar,

reciclar, repensar e recusar, são fundamentais para

o desenvolvimento sustentável no âmbito do serviço

público.

Ficou estabelecido, portanto que mensalmente

o consumo de copos descartáveis de 200 ml em

unidade deve ser registrado no Sistema de Gestão

Ambientação e monitorado pela Comissão Setorial do

órgão/edificação. Também para este indicador a meta

é cumulativa e gradativa, sendo considerada sempre

em relação ao valor de referência. De forma que

quanto maior o valor do indicador melhor se mostra

o resultado. Para este indicador o valor de referencia

(Vo) é de 17,63 copos descartáveis per capita, valor

que foi obtido pela média de janeiro a outubro de 2007.

Tabela 4. Quadro comparativo entre as metas previstas e realizadas na área do complexo do SISEMA.

Indicador Metas Realizado

% de redução de consumo de copos descartáveis per capta

1o Trimestre 2o Trimestre 3o Trimestre 1o Trimestre 2o Trimestre 3o Trimestre

1% 3% 4% 24,90% 8,38% 74,21%

Fonte: Relatório da Comissão Setorial de cada órgão participante por meio do Sistema de Gestão Ambientação (consumo per capita mensal) e OSCIP (cálculo trimestral do indicador).

A análise dos resultados revela que este indicador

apresentou um realizado de 24,90% no primeiro

trimestre, para uma meta de 1% de redução de

consumo. Já no segundo trimestre o realizado foi de

8,38% de redução, para uma meta de 3%. No terceiro

trimestre este indicador apresentou um desempenho

positivo de 74,21% de redução, valor este que

superou a meta prevista para este período de 4% e

os trimestres anteriores, onde se constatou 24,90% e

8,33%. O que se pode comparar ainda é que mesmo o

valor obtido no segundo trimestre tendo sido positivo,

ele se mostrou bem abaixo do valor obtido no primeiro

trimestre e do obtido no terceiro trimestre.

A justificativa para um resultado melhor apresentado

no primeiro trimestre frente ao resultado do segundo

trimestre foi a de que a comissão setorial verificou que

neste trimestre houve a racionalização do consumo

de copos descartáveis no momento da requisição

por parte do coordenador do almoxarifado, o que

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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acarretou a melhoria no consumo, no entanto com a

saída do coordenador do almoxarifado acima citado,

o fornecimento de copos descartáveis voltou a ser

atendido em toda a sua totalidade.

As expectativas para este indicador eram as de que

houvesse uma melhoria para os próximos meses, já

que foram disponibilizadas canecas para todos os

funcionários e a instituição de procedimento interno

faz uma normatização da distribuição e uso de copos

descartáveis. E de fato os bons resultados, que

nada mais são do que reflexos positivos do esforço

para a minimização da cultura dos descartáveis

pela instituição podem ser evidenciados no terceiro

trimestre. O realizado de 74.21% mostra que o processo

de distribuição de canecas para todos os funcionários

da edificação e a implementação de procedimentos

disciplinares para o uso de copos descartáveis, como

deixando os copos descartáveis para uso apenas dos

visitantes, é eficiente e pode levar a bons resultados e

condutas de desempenho.

Como aspecto positivo para alcançar tal meta o

Ambiente Brasil (2009) revelou que o apoio direto

do Secretario de Meio Ambiente ao Programa

Ambientação e a parceria com a Superintendência

de Recursos Logísticos e Manutenção do SISEMA,

foram fatores importantes e ainda se constituem como

fatores importantes para alcançar bom desempenho

dentro das metas do programa Ambientação.

4. CONCLUSÕES

Todos os resultados do Programa Ambientação

demonstrados anteriormente nas tabelas, indicam

que o referido programa caminha na direção certa

da sustentabilidade. O programa de racionalização

de gastos no complexo do SISEMA revela um ótimo

desempenho quando se trata dos resíduos sólidos

gerados neste órgão/instituição. O programa vem

possibilitando uma destinação certa e correta aos

resíduos sólidos passíveis de serem reciclados,

contribuindo assim para a diminuição da pressão

sobre o meio ambiente.

Da análise feita sobre o consumo de energia elétrica,

conclui-se que excluídos os erros de metodologia

apresentados no inicio do período de monitoramento

do programa, erros estes que foram corrigidos pela

OSCIP monitora, pode-se perceber que o Programa

Ambientação tem levado a uma utilização racional do

uso deste recurso natural por parte dos funcionários

do complexo do SISEMA, de forma ainda que com

isso a pressão sobre o uso deste recurso vem sendo

notoriamente diminuída.

Dos estudos feitos sobre o indicador de consumo

de água, pode-se concluir que no decorrer dos três

trimestres analisados, o resultado para este indicador

se mostrou mais negativo do que positivo, no entanto

isto se deveu a uma série de irregularidades no sistema

de abastecimento de água nas instalações do prédio

do complexo, no entanto mesmo que o resultado

tenha se mostrado em sua maior parte negativo, os

esforços para contornar este quadro representam um

compromisso com o objetivo que a OSCIP matem.

O desempenho positivo no final do terceiro trimestre

permite concluir que o trabalho desempenhado pela

OSCIP está possibilitando uma cultura mais racional

na utilização deste recurso, cultura esta que é levada

para um ambiente fora do ambiente de trabalho, como

as residências dos próprios funcionários deste órgão/

instituição pública. Sendo assim o impacto de políticas

de educação ambiental como as que vêm sendo

desenvolvidas pelo Programa Ambientação são de

suma importância para a construção de uma realidade

cotidiana mais condizente com um futuro sustentável.

A cerca do consumo de copos descartáveis dentro do

complexo do SISEMA, O Programa Ambientação tem

contribuído de forma relevante para a diminuição do

desperdício deste material, de forma que a partir disto

a pressão sobre o dispêndio de petróleo também sofre

uma diminuição. A distribuição de canecas foi uma

medida que, apesar de no início ter levado ao aumento

do consumo de água, contribuiu para a diminuição da

cultura dos descartáveis pela instituição, resultando

em um menor impacto negativo sobre o meio ambiente

e aumentando a vida útil de aterros sanitários.

Diante de todas estas contribuições apresentadas

acima advindas de um Programa de racionalização

de gastos como o que vem sendo desenvolvido sobre

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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as diretrizes do Programa Ambientação dentro de um

órgão/instituição pública, pode-se perceber, portanto,

que as práticas de educação ambiental se tornam um

instrumento importante na hora de se realizar políticas

públicas, uma vez que se aplicada em ambientes

com potencial multiplicador relevante os resultados

obtidos podem vir muito mais rápido que o esperado e

podem chegar a um número maior de pessoas do que

o planejado é o que revela os resultados do Programa

Ambientação.

Conclui-se ainda que as ideais e ações desenvolvidas

por um Programa como este impactam de forma

direta sobre os gastos do poder público. Uma vez

que o Programa Ambientação tem seu foco em Órgão/

instituições de caráter público, como é o caso do

complexo do SISEMA, a racionalização nos gastos

de recursos como energia elétrica, água e copos

descartáveis, os quais são demandados em grande

escala dado o grande número de funcionários e o

tamanho das instalações, levaria a uma redução dos

gastos públicos com despesas deste tipo.

Uma dinâmica como a colocada acima da margem

para investimentos maiores nos setores de

educação, melhorias dos bens públicos, melhoria

de pavimentações urbanas, de forma ainda que um

maior volume de verbas podem vir a ser destinadas

a conservação do patrimônio público, investimentos

em setores chaves da economia bem como melhoria

das contas públicas, além de uma extensão de

externalidades positivas a outros setores em virtude

de uma economia de gastos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Ambientação: educação ambiental em prédios do governo de minas gerais. Fundação Estadual do Meio Ambiente – Belo Horizonte: FEAM, 2005.

[2] MINAS GERAIS. Manual Interno do Programa Ambientação: educação ambiental em prédios do Governo de MG – Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2006.

[3] MINAS GERAIS. Termo de Parceria N0 020/2008. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2008. Disponível em www.redeambiente.org.br. Acesso em 02/02/2014.

[4] RELATÓRIO GERENCIAL. Belo Horizonte: termo de parceria n° 20/2008 celebrado entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente e a OSCIP Ambiente Brasil centro de Estudos, 2008.

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Capítulo 13LOGÍSTICA REVERSA EM UMA COOPERATIVA DE CATADORES

Denise Cristina de Oliveira Nascimento

Lauro César Rocha Guimarães

Ailton da Silva Ferreira

Paulo Maurício Tavares Siqueira

Resumo: Com o aumento da população como um todo e do consumo, as quantidades de resíduos sólidos tendem a crescer cada vez mais e o impacto ambiental derivado disto, idem. Reduzir, reutilizar e reciclar são atividades fundamentais na busca de um desenvolvimento sustentável, que é aquele que agrega as dimensões ambiental, social e econômica. Dentro deste contexto, as cooperativas de catadores tem papel relevante, pois estão em um dos extremos da via de mão dupla que é consumo. Este estudo visa identificar a importância de uma cooperativa na gestão dos resíduos sólidos da cidade de Volta Redonda – RJ e, analisando seus erros e acertos, suas dificuldades e suas potencialidades, sugerir medidas afim de que o seu trabalho possa ser mais bem realizado. Foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva, sob a forma de um estudo de caso, com entrevista semiestruturada e observação da rotina. Pode-se perceber que, com determinados ajustes, a cooperativa pode ampliar e melhorar o desempenho de suas atividades que minimizam impactos ambientais e incluem seus cooperados social e economicamente.

Palavras Chave: Logística Reversa, Cooperativas, Reciclagem, Desenvolvimento Sustentável.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo, o sistema capitalista

que está instalado e o modelo desenvolvimentista

que é estimulado fazem com que o consumo seja

praticamente a razão de viver das pessoas. Todos

os anos novas necessidades são criadas e novos

produtos são lançados, com ciclos de vida cada vez

menores. Junto a isso, a população também cresce

e o nível de renda também. Todos esses fatores

levam a quantidades cada vez maiores de resíduos

sólidos oriundos do pós-consumo: de 2003 a 2012, a

população brasileira cresceu 9,65%, mas o volume de

lixo aumentou em 21% (a quantidade por pessoa subiu

de 955g por dia para 1,223 kg). Segundo Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o

lixo produzido no mundo saltará dos atuais 1.3 bilhão

para 2.2 bilhões de toneladas até 2025. E os impactos

negativos desse modo de vida no planeta podem

ser irreversíveis. Entretanto, cresce entre empresas,

governos e a população a noção de desenvolvimento

sustentável e o desejo de colaborar para com ele, por

diferentes motivos (CAMPOS, 2013).

O desenvolvimento sustentável é estudado desde os

anos 80, visto que, em 1983, a ONU criou a Comissão

Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento para

tratar deste tema e o mesmo foi definido, segundo o

relatório Brundtland (1987), como o desenvolvimento

“que procura satisfazer as necessidades da

geração atual, sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de satisfazerem as suas próprias

necessidades”. Neste contexto, a destinação correta

dos resíduos sólidos gerados se torna essencial, pois

o seu acúmulo em lixões causa impactos ambientais

negativos e o seu remanejamento traz benefícios

sociais e econômicos. E isso se dá através de práticas

de logística reversa, que é “o gerenciamento da

cadeia de suprimentos que envolvem a reutilização

de bens no processo de produção, a fim de gerar

retorno econômico para a empresa e de reduzir os

danos ao meio ambiente” (GUARNIEIRI et al., 2006).

E então, dentro do escopo da mesma, a reciclagem é

fundamental.

O processo de reciclagem seria muito mais difícil

sem a atuação de uma espécie de profissional que,

além de enfrentar condições insalubres de trabalho

e baixa remuneração, enfrenta também o desprezo

da sociedade, a exclusão social. Este profissional é o

catador de lixo reciclável e seu trabalho é fundamental

para a diminuição do acúmulo de resíduos sólidos.

Para conseguir melhor remuneração e melhores

condições de trabalho, estes profissionais têm buscado

o cooperativismo, que é “o instrumento pelo qual a

sociedade se organiza, através de ajuda mútua, da

colaboração, da solidariedade, para resolver diversos

problemas relacionados ao seu dia-a-dia” (SEBRAE,

2006). Eles têm recebido apoio do Estado e da

sociedade civil nessa empreitada (segundo pesquisa

do ministério de meio ambiente de 2012, 47% da

população separam o lixo seco do molhado), visto que

as empresas estimulavam a ação dos atravessadores,

pois os mesmos conseguiam maiores quantidades de

material. Mas os trabalhadores, quando organizados

em uma cooperativa, tendem a conseguir melhores

preços e condições de trabalho. Por exemplo, em

Uberlândia, segundo a Associação de Catadores

e Recicladores do Bairro Taiman (ASSOMAN), os

atravessadores pagavam R$ 1,10/Kg de garrafa PET,

que, se fosse vendido diretamente às empresas,

custaria cerca de R$ 2,00.

O intuito deste artigo é elencar os problemas

enfrentados nas atividades de uma cooperativa,

apresentar soluções para os mesmos baseados em

conceitos estudados e reafirmar a importância do

trabalho realizado pela mesma.

2. RESÍDUOS SÓLIDOS E SUA DESTINAÇÃO

A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT),

através da NBR 10.004/87, define resíduos sólidos

como sendo resíduos nos estados sólido e semissólido,

que resultam de atividades de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços

e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água,

aqueles gerados em equipamentos e instalações

de controle de poluição, bem como determinados

líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos

de água, ou exijam para isso soluções técnica e

economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível. (CAMPOS, 2013)

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Ou seja, resíduos sólidos são os materiais indesejáveis

gerados após a fabricação, comercialização e

utilização de algum produto ou serviço. Segundo

a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza

Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2012

foram gerados 64 milhões de toneladas de resíduos,

dos quais 24 milhões seguiram para destinos

inadequados. Isso seria suficiente para encher 168

estádios do tamanho do Maracanã. Em média cada

brasileiro gerou 383 Kg de lixo.

Dispor o lixo sobre o solo, sem qualquer tratamento,

constitui-se num problema de saúde pública, pois

provoca a poluição do solo e da água, alterando suas

características físicas, químicas e biológicas (SOUZA,

2000; MARCHI, 2006). A destinação dos resíduos se

dá em lixões, aterros controlados e aterros sanitários.

Nos lixões, os resíduos são simplesmente despejados

sobre o solo e a céu aberto sem medidas de proteção

ao meio ambiente e à saúde pública. Os aterros

controlados diferem dos lixões apenas por receberem

uma cobertura diária de material inerte (areia ou terra), o

que não resolve os problemas ambientais decorrentes

dos gases e líquidos gerados. Já os aterros sanitários,

segundo Souza (2000), correspondem ao método

de disposição final de resíduos sólidos no solo sem

causar danos ao meio ambiente ou à saúde pública,

utilizando processos de engenharia no confinamento

dos resíduos, que são dispostos em camadas e cujo

escoamento de líquidos e emissão de gases são

controlados.

Concomitantemente ao aumento da população e do

nível de renda, verifica-se, também, “a tendência de

redução do ciclo de vida dos produtos, de uma forma

geral, observada nas últimas décadas, motivada por

avanços tecnológicos e introdução de novos materiais,

por imperativos de diferenciação mercadológicos,

por compulsão social de consumo, pela redução de

custos logísticos, entre outros motivos” (LEITE, 2002).

Portanto, “os resíduos sólidos estão sendo produzidos

pelos seres humanos numa proporção muito maior do

que deveriam produzir, desarmonizando o equilíbrio

ecológico, indicando que consumimos mais do que

necessitamos, acelerando assim o índice de poluição

do planeta” (SILVA, 2007). E isso resulta nos crescentes

problemas relacionados à gestão dos resíduos sólidos.

Devido a essa realidade, medidas devem ser tomadas

pelos administradores públicos e um passo importante

em direção a uma melhor gestão dos resíduos sólidos

foi dado no dia 2 de Agosto de 2010, quando foi

sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

A PNRS, instituída pela lei 12.305, de acordo com o

Congresso Nacional, apresenta vários objetivos, dentre

eles destacam-se: a proteção da saúde pública e da

qualidade do meio ambiente; a não geração, a redução,

a reutilização, a reciclagem e o tratamento de resíduos

sólidos, bem como a destinação final ambientalmente

adequada dos rejeitos; o desenvolvimento de

processos que busquem a alteração dos padrões

de produção, o consumo sustentável de produtos e

serviços, e o incentivo à indústria da reciclagem, tendo

em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos

derivados de materiais recicláveis e reciclados. Além

disso, A PNRS determina que todos os municípios

tenham um plano de gestão de resíduos sólidos para

ter acesso a recursos financeiros do governo federal

e investimento no setor. E estipula que, após 2014,

o Brasil não poderá ter mais lixões, que deverão ser

substituídos por aterros sanitários. O desafio é grande,

visto que existem quase três mil lixões no Brasil para

serem fechados no prazo fixado na PNRS, apenas

27% das cidades brasileiras têm aterros sanitários e

somente 14% dos municípios brasileiros fazem coleta

seletiva do lixo (CAMPOS, 2013).

Neste contexto de busca a uma melhor gestão

dos resíduos sólidos, práticas de logística reversa

são fundamentais para a solução dos problemas

supracitados, com respeito aos materiais recicláveis.

3. IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA

Entendemos a logística reversa como

a área da logística empresarial que

planeja, opera e controla o fluxo e as

informações logísticas correspondentes,

do retorno dos bens de pós-venda e de

pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao

ciclo produtivo, por meio dos canais de

distribuições reversos, agregando-lhes

valor de diversas naturezas: econômico,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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ecológico, legal, logístico, de imagem

corporativa, entre outros (LEITE, 2005,

p.16-17).

A implementação de práticas de logística reversa

vem aumentando devido à necessidade contínua de

redução de custos e de diferenciação de serviços

oferecidos no mercado (GONÇALVES e MARINS,

2006) e, com o aumento da geração de resíduos

sólidos, a melhor solução, a solução óbvia, para os

materiais recicláveis, são as práticas de logística

reversa. Elas atendem às três principais dimensões da

sustentabilidade: econômica, social e ambiental. Visto

que apresenta ganhos em todas elas. Por exemplo,

ao reutilizar uma embalagem de um determinado

produto, a empresa reduz custos de produção e

preserva o meio ambiente, pois não extrai matéria-

prima do mesmo e nem deixa as embalagens do seu

produto se acumularem nos lixões. Ao mesmo tempo,

a sociedade ganha, além de melhor qualidade de vida

com uma menor geração de lixo, a inclusão social

de catadores de material reciclável, que por ventura

recolham unidades dessa embalagem, pois gera para

eles emprego e renda. (SANTOS, 2012)

Leite (2009) identifica três modos para a reutilização

de materiais por intermédio da logística reversa: reuso,

remanufatura e reciclagem. No reuso, os produtos não

recebem qualquer tipo de incremento, mas podem

ser limpos e deixados em condições de reuso pelo

consumidor. Na remanufatura, os produtos podem ser

reaproveitados em suas partes essenciais, por meio da

substituição de componentes complementares, sendo

o produto reconstituído com a mesma finalidade e

natureza do original. Já a reciclagem é o canal reverso

em que o produto não retém sua funcionalidade

original, conforme será explicado na próxima seção.

3.1 A RECICLAGEM COMO FERRAMENTA DA

LOGÍSTICA REVERSA

A reciclagem é o reaproveitamento dos

materiais como matéria-prima para um

novo produto. Muitos materiais podem

ser reciclados e os exemplos mais

comuns são o papel, o vidro, o metal e o

plástico. A palavra reciclagem difundiu-

se na mídia a partir do final da década

de 1980, quando foi constatado que as

fontes de petróleo e de outras matérias-

primas não renováveis estavam se

esgotando rapidamente e que havia falta

de espaço para a disposição de lixo e

de outros dejetos na natureza (SOUZA;

FONSECA, 2010, p. 6).

A palavra vem do inglês recycle (re = repetir e cycle =

ciclo), onde: Reciclar e reutilizar assumem diferentes

significados: reutilizar seria transformar o produto

industrializado em um produto igual, e reciclagem é

o ato de reaproveitar materiais para um novo produto

(LEITE, 2004; ABRE, 2004).

Apesar de a reciclagem ser um conceito que já se

encontra no imaginário popular, Estival et al. (2008)

comentam que muitos consumidores desconhecem o

termo “embalagens recicláveis”, uma vez que poucos

observam os rótulos dos produtos que consomem.

Provocando, desta forma, um desequilíbrio entre

as quantidades descartadas e as reaproveitadas,

gerando um enorme crescimento do lixo urbano.

A coleta seletiva e a reciclagem dos materiais se

apresentam como a atitude mais adequada para lidar

com esta situação, tendo em vista que, desta forma,

reaproveita-se matéria-prima e energia, além de se

gerar empregos e renda (SILVA et al., 2003).

Dentro deste contexto, um ator social de extrema

importância é o catador de material reciclável. Mesmo

não estando ligados a cooperativas, os catadores e

catadoras colaboram com a redução do impacto

ambiental gerado pelos resíduos sólidos nas cidades,

pois dependem dele como fonte de renda para sua

família (SANTOS e CÂNDIDO, 2010).

4. A ATUAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE

CATADORES

O método de cooperação entre um

grupo de pessoas baseia-se na ação

conjunta, no trabalho coletivo de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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indivíduos associados livremente para

pôr em marcha a obtenção de melhores

condições econômicas, sociais, morais e

civis, por meio de suas forças, para prestar

uma série de serviços. O movimento

associativista está apoiado numa filosofia

nova, ou seja, seu propósito é fazer vingar

uma transformação pacífica, porém

radical, das condições econômicas e

sociais criadas pelo lucro desordenado

dos capitalistas, no qual prevalece a

exploração do homem (SOUZA, 2000).

A coleta de material do lixo representa uma estratégia

de sobrevivência nos países em desenvolvimento, nos

quais, na maioria das vezes, os catadores encontram-

se expostos a condições de trabalho insalubres, que

acarretam para o grupo uma maior taxa de mortalidade

que a média da população (CONFERÊNCIA MUNDIAL

DE RECOLHEDORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS,

2008).

Apesar disso, o trabalho das cooperativas, além

de atender às três principais dimensões da

sustentabilidade, pode ser considerado, junto à

implantação de aterros sanitários, a solução para

o problema da gestão dos resíduos sólidos. Pois,

Segundo Lima e Oliveira (2008), “a produção

capitalista produz três substâncias residuais, sem valor

agregado (excluídos sociais, lixo urbano e consciência

ambiental) que por sua vez implicam diretamente nos

valores produzidos pelas Associações de Catadores

(ACs). Assim, as ACs conseguem gerar renda, valorizar

materiais que já não tinham valor para o mercado e

contribuem para preservação ambiental”.

Mas, por que organizar-se em cooperativas e

não fazer o trabalho por conta própria, como um

microempreendedor individual? Já que para a

sociedade, as empresas e o meio ambiente os

resultados seriam os mesmos?

Pode-se dizer que é mais vantajoso para os catadores

estar organizado em cooperativas porque, deste modo,

aumentam o montante de materiais, assim como seu

poder de barganha junto às indústrias compradoras

do material, aumentando seus ganhos e não sendo

explorados por intermediários (WIEGO, 2009). A figura

1 ilustra essa afirmação, ao mostrar os “caminhos” por

onde os resíduos sólidos passam.

Figura 1 - Cadeia Reversa de Pós-Consumo dos Resíduos Sólidos Urbanos. Fonte: Estival et al. (2008)

Entretanto, há muitos desafios a serem superados

pelas cooperativas para que seu trabalho ganhe

em qualidade e rentabilidade. Se, ao organizarem-

se em cooperativas, os catadores veem diminuir o

preconceito contra si, eles também necessitam que a

sociedade colabore com a coleta seletiva da cidade,

para que possam conseguir maior quantidade de

material reciclável, pois entre todas as dificuldades

para se obter ganhos de produtividade, o gargalo

determinante é a triagem, prejudicada pela coleta

ineficiente devido, entre outras coisas, às condições

dos equipamentos, lixo misturado, falta de roteiros e

frota. (LIMA e OLIVEIRA, 2008).

5. METODOLOGIA DO TRABALHO

A metodologia do trabalho consiste numa pesquisa

bibliográfica que serviu de base para o trabalho e

estruturou o conhecimento científico sobre o tema

em questão. Posteriormente será feito um estudo

de caso sobre a situação atual da cooperativa, o

seu modo de trabalho, a sua relação com o serviço

de coleta seletiva da cidade, as suas demandas, as

suas particularidades, os seus erros e acertos. Um

questionário semiaberto foi endereçado ao presidente

da cooperativa, levantando informações sobre a rotina

de trabalho, os problemas enfrentados, relacionamento

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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com o serviço de coleta da cidade e com a sociedade

em geral.

De posse dos dados sobre a Cooperativa em estudo,

coletados em estudo caso realizado entre Abril e Maio

de 2014, foram sugeridas soluções para os problemas

logísticos e gerenciais enfrentados pela mesma e será

explicitada a importância da atuação da cooperativa

para a gestão dos resíduos sólidos da cidade de Volta

Redonda.

6. ESTUDO DE CASO

6.1 DESCRIÇÃO DO CAMPO

O presente estudo foi realizado na matriz e na filial

em implantação da Cooperativa de Catadores, ambas

localizadas na cidade de Volta Redonda, sul do estado

do Rio de Janeiro. A cidade tem área de 182,3 km²,

uma população de mais de duzentos e cinquenta e

nove mil habitantes (IBGE, 2011) e possui outras duas

cooperativas de catadores (Reciclar VR e Cidade do

Aço).

A matriz e a recém-iniciada filial da cooperativa

estão instaladas em grandes galpões cobertos

(como mostrado nas figuras 2) onde os resíduos, os

equipamentos e o estoque de resíduos separados e

prensados estão dispostos de maneira desorganizada.

Figura 2 - Matriz da cooperativa e Galpão da primeira filial da cooperativa. Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Matriz Cooporativa Galpão da primeira filial da cooperativa

6.2 MAPEAMENTO DE PROCESSOS

O mapeamento de processos é uma

ferramenta gerencial e de comunicação

que tem a finalidade de ajudar a

melhorar os processos existentes ou

implantar uma nova estrutura voltada

para processos. O mapeamento também

auxilia a empresa a enxergar claramente

seus pontos fortes, pontos fracos (pontos

que precisam ser melhorados tais

como:complexidade na operação, reduzir

custos, gargalos, falhas de integração,

atividades redundantes, tarefas de baixo

valor agregado, retrabalhos, excesso de

documentação e aprovações), além de

ser uma excelente forma de melhorar

o entendimento sobre os processos e

aumentar a performance do negócio.

(CAMPOS e LIMA, 2012, p. 6).

O mapeamento do processo foi feito através de

conversa com o presidente da cooperativa, com uma

caminhada ao longo dos diferentes estágios. A figura

3 apresenta o mapeamento desenvolvido pelo estudo

e o quadro 1 descreve suas etapas:

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Figura 3 – Mapeamento dos processos da cooperativa. Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Quadro 1 – Mapeamento dos processos da cooperativa. Fonte: Dados da pesquisa (2014)

O QUE POR QUE ONDE COMO

EntradaPolítica Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305

Porta de entradaDescarregamento do caminhão da coleta seletiva da cidade

TriagemSeparação dos materiais a serem prensados e vendidos.

EsteirasTrabalho manual de separação; Ensacamento dos materiais por tipo.

DescarteAlguns materiais não são interessantes para a cooperativa e/ou não são recicláveis.

Área aberta dentro do galpão.

São separados ao lado das esteiras.

PrensagemCompactados, os materiais ocupam menos espaço.

PrensaOs materiais - separados por tipo - são prensados.

Estocagem Organização DepósitoTransporte e alocação no local determinado.

Saída Venda Porta de saídaAtravessadores, por intermédio de empresas terceirizadas, buscam com caminhões os materiais.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

143

A figuras 4 ilustra, os estágios do mapeamento:

Figura 4 – Esquema visual do mapeamento de processos da cooperativa.Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Matriz Cooporativa

Esteira para triagem na Matriz da cooperativa.

Materiais descartados na Matriz da cooperativa

Galpão da primeira filial da cooperativa

Esteira para triagem na Filial da cooperativa

Prensa utilizada na Matriz da cooperativa

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

144

Matriz Cooporativa

Esteira para triagem na Matriz da cooperativa.

Materiais descartados na Matriz da cooperativa

Galpão da primeira filial da cooperativa

Esteira para triagem na Filial da cooperativa

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

145

7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

A cooperativa está inserida na política de resíduos

sólidos do governo municipal e recebe apoio da

Secretaria de Ação Social. Em Volta Redonda, as

cooperativas não são responsáveis pelo processo de

catação, pois a prefeitura realiza este processo com

os caminhões do programa “Coleta Seletiva Solidária”

que vem sendo ampliado desde fim do ano passado e

tem como meta atender, até junho de 2014, 100% da

cidade com as rotas destes caminhões exclusivos para

este tipo de coleta. Os resíduos são descarregados no

galpão da cooperativa as terças, quintas e sábados.

Além disso, existe um trabalho de conscientização

ambiental da população dos bairros atendidos e,

no caso da cooperativa em questão, a prefeitura se

compromete a pagar o aluguel dos galpões utilizados

pela matriz e, agora, pela filial, além de bancar

as contas de água e luz enquanto a cooperativa

não puder arcar com esses gastos. O número de

catadores cooperados cresceu ao longo de 2013 e

em sua maioria são mulheres (87 %). Essas e outras

informações estão na Tabela 1:

Tabela 1 – Dados gerais da Cooperativa de Catadores Folha Verde.

ITENS Cooperativa de Catadores Folha Verde

Nº catadores cooperados 30 (4 homens, 26 mulheres)

Diretoria Presidente e Vice-Presidente

Horário de Funcionamento 08:00 às 16:00, Segunda à Sexta

Recebimento de Resíduos Terça, Quinta e Sábado

EndereçoMatriz – AV. Bahia, nº 199, Belmonte, Volta RedondaFilial – Rua Cap João Mauricio de Medeiros, nº 270, Aero, Volta Redonda.

ApoioPrefeitura Municipal De Volta RedondaSecretaria Municipal de Ação Social

Uso de Uniformes Sim

Uso de Equipamentos de Segurança Sim (equipamento limitado)

Equipamentos Prensas e Esteiras

Remuneração Média Mensal? R$ 400,00

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Entretanto, a prefeitura deixa de cumprir sua parte

em algumas ocasiões, pois o programa de coleta

ficou interrompido durante vários períodos devido a

problemas com a(s) empresa(s) contratada(s). E há

também atrasos no pagamento das contas de água

e luz, por exemplo, no dia 15 de abril, quando o autor

esteve na filial, a luz estava cortada.

Segundo o presidente da cooperativa, o preconceito

da sociedade de fato diminui quando os catadores são

cooperados, apesar de ainda existir. E ele se manifesta

mais por desinformação do que má-fé. Já houve

denúncias de que os catadores estavam roubando

cobre, de que havia mau cheiro e risco de incêndio.

Todas as acusações são infundadas: os cooperados

recebem materiais recicláveis da prefeitura e não

materiais orgânicos, e está preparada quanto ao risco

de incêndio e, no caso do galpão da filial, até para

ajudar as casas vizinhas em caso de incêndio. Ou

seja, muitas pessoas não sabem como é o trabalho

realizado pela cooperativa e outras tantas ainda não

separam o lixo para a coleta seletiva que passa na sua

rua. Juntando a isso o fato de que o programa de coleta

ainda não atende 100% da cidade (essa é a meta para

junho de 2014, se tudo der certo e o programa não

parar novamente), pode-se perceber que há grandes

perspectivas de crescimento em relação aos anos

anteriores. Até 2013, com duas cooperativas atuando,

o programa recolhia 40 toneladas por mês. Só em

Janeiro de 2014 já foram recolhidas 200 toneladas

(G1, 2014). Nos gráficos 1, pode-se ter uma noção

de quanto e de como são os resíduos recebidos pela

Folha Verde:

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

146

ajudar as casas vizinhas em caso de incêndio. Ou

seja, muitas pessoas não sabem como é o trabalho

realizado pela cooperativa e outras tantas ainda não

separam o lixo para a coleta seletiva que passa na sua

rua. Juntando a isso o fato de que o programa de coleta

ainda não atende 100% da cidade (essa é a meta para

junho de 2014, se tudo der certo e o programa não

parar novamente), pode-se perceber que há grandes

perspectivas de crescimento em relação aos anos

anteriores. Até 2013, com duas cooperativas atuando,

o programa recolhia 40 toneladas por mês. Só em

Janeiro de 2014 já foram recolhidas 200 toneladas

(G1, 2014). Nos gráficos 1, pode-se ter uma noção

de quanto e de como são os resíduos recebidos pela

Folha Verde:

Gráfico 1 - Quantidade de resíduos recebidos por mês e por tipo.

Confirmada a tendência de aumento de coleta a

cooperativa deverá se empenhar no combate às suas

fraquezas e na superação de suas ameaças para

suprir a demanda de materiais a serem separados e

vendidos. O quadro 2 enumera estes pontos fracos e,

também, os pontos fortes que a Cooperativa possui:

Quadro 2 - Análise SWOT da Cooperativa de Catadores Folha Verde.

AMBIENTE PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

Interno

- abertura da filial: maior capacidade de trabalho

- visão empresarial- parceria com a prefeitura

- grande espaço físico

- organização e limpeza do espaço- falta de investimento em equipamento

- equipamentos defeituosos- dependência de atravessadores

- divulgação deficiente

Externo - Aumento do volume de coleta- Conflitos pontuais com a prefeitura e a sociedade

- Falta de união com as outras cooperativas

Investimento em maquinário foi um dos pontos

levantados nas respostas do questionário aplicado. Há

necessidade de aquisição de novas prensas, de menor

capacidade, para os materiais não aproveitados, para

que sejam preparados para venda ou doação para

geração de energia termoelétrica. O concerto ou a

compra de uma nova esteira para a filial é fundamental,

visto que a utilizada lá não se movimenta, servindo

apenas como uma espécie de mesa para separação

dos resíduos, o que gera lentidão ao trabalho.

A organização do espaço dos galpões da

cooperativa pode ser revista. A Folha Verde utiliza

– inconscientemente – um arranjo físico por produto

ou linear, o que é correto, pois os produtos de seu

trabalho são similares e produzidos em grande

quantidade, mas as distâncias e o posicionamento

dos postos de trabalho devem ser alterados para que

se evitem atividades que não agreguem valor, como

transporte de resíduos de um lado para outro, acúmulo

de materiais em lugares mal localizados, sujeira e

retrabalho. Aplicar a metodologia 5S nos galpões,

organizando, limpando e eliminando dos espaços

de trabalho tudo que for inútil também aumentaria a

produtividade da cooperativa, além de dar um aspecto

mais profissional ao local de trabalho.

A divulgação feita pela prefeitura deve ser

complementada por iniciativas de esclarecimento

sobre os materiais que podem ser doados à Folha

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

147

Verde. Isso pode ser feito através de marketing digital,

com a utilização de email e de rede sociais, meios

baratos e eficazes.

8. CONCLUSÕES

A cooperativa realiza um trabalho muito importante

para a cidade de Volta Redonda, reduzindo os

resíduos sólidos urbanos e gerando renda as

famílias dos catadores (as) cooperados (as). Com

a Prefeitura Municipal e a Secretaria de Ação Social

cumprindo a parte que as cabe e com um maior

apoio da população, a cooperativa pode, em breve,

conquistar a independência e se tornar uma empresa

autossuficiente, com um mínimo de interferência

externa, como desejam os catadores.

REFERÊNCIAS

[1] ABRE - Associação Brasileira de Embalagem (Online). Disponível em: <www.abre.org.br> Acesso em: 21 de Novembro de 2013

[2] ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. 2012. Disponível em<ht tp : / /www.abre lpe .o rg .b r /no t ic ias_de ta lhe .cfm?NoticiasID=1420>. Acesso em 15 de Nov. 2013.

[3] CAMPOS, Ana Cristina. Fim dos lixões até 2014 é tema da Conferência Nacional do Meio Ambiente. Agência Brasil. 2013. Disponível em <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-10-20/fim-dos-lixoes-ate-2014-e-tema-da-conferencia-nacional-do-meio-ambiente>. Acesso 15 de Nov. 2013.

[4] ESTIVAL, K. G. S et al. Análise das Percepções e Ações dos Consumidores na Cadeia Reversa de Pós-Consumo dos Resíduos Sólidos Urbanos no Município de Ilhéus/Ba. In: Anais do XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, ENEGEP, 13 a 16 de outubro, Rio de Janeiro, RJ. 2008.

[5] GUARNIERI, P. et al. Obtendo competitividade através da logística reversa: estudo de caso de uma madeireira. Journal of Technology Management & Inovation, v.1, 2006.

[6] LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa- meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003, 2005, 2009.

[7] ________________. Logística Reversa – Panorama 2002. Revista Tecnologistica, Maio 2002.

[8] LIMA, F. P. A.; OLIVEIRA, F. G. Produtividade técnica e social das associações de catadores: por um modelo de reciclagem solidária. In Kemp V. H.; 2008

[9] MARCHI, C.M.D.F. Gestão de resíduos sólidos: um caso nos pequenos e médios municípios baianos. In: Anais do ENANPAD. Salvador: ANPAD, 2006.

[10] SANTOS, J. G. A logística reversa como ferramenta para a sustentabilidade: Um estudo sobre a importância das cooperativas de reciclagem na gestão de resíduos sólidos urbanos. UFPE, 2012.

[11] SANTOS, J. G.; CÂNDIDO, J. A. A Sustentabilidade da Agricultura Orgânica Familiar dos Produtores Vinculados a Associação de Desenvolvimento Econômico, Social e Comunitário (ADESC) de Lagoa Seca - PB, 2010. In: Anais do V Encontro Nacional da Anppas, Florianópolis, 2010.

[12] SILVA, I. J. da. Análise do plano de gerenciamento de resíduos sólidos implantado no hospital Getúlio Vargas em Recife – PE. Monografia de Especialização em educação ambiental – Faculdade Frassinetti do Recife, Recife, 2007.

[13] SILVA, E. M. T.; F. Donel; A. R. Wollmann e J. Cuellar). O planejamento como instrumento deimplementação da coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos. In: Anais XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, ENEGEP, Ouro Preto, MG, 21 a 24 de outubro de 2003.

[14] SOUZA, M. T. S. Organização sustentável: indicadores setoriais dominantes para avaliação da sustentabilidade análise de um segmento do setor de alimentação. Tese de Doutorado em Administração. Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2000.

[15] SEBRAE. Gestão de Cooperativas de Crédito. EAD SEBRAE. 2006. Disponível em <http://www.ead.sebrae.com.br/tenho-uma-microempresa/gcc-gestao-de-cooperativas-de-credito/>. Acesso em 29 de Nov. 2013.

[16] SOUZA, S. F.; FONSECA, S. U. L. Logística reversa: oportunidades para redução de custos em decorrência da evolução do fator ecológico. In: Anais do XIII SemeAd. São Paulo, 2010.

[17] WIEGO - WOMEN IN INFORMAL EMPLOYMENT: GLOBALIZING AND ORGANIZING. Enfocándonos en las trabajadoras informales: recicladoras de basura. Cambridge. 2009. Disponível em: <http://wiego.org/sites/wiego.org/files/resources/files/FactSheet-Recicladoras-Spanish.pdf>. Acesso em: Novembro, 2013.

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Capítulo 14ABNT NBR 15401:2006 - MEIOS DE HOSPEDAGEM - SISTEMA

DE GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE: ANÁLISE CRÍTICA DOS

REQUISITOS E OS DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO

Mariana Rodrigues de Souza Eller

Cintya Mércia Monteiro Penido Amorim

Resumo: Durante muito tempo, o turismo foi considerado uma atividade econômica limpa e não poluente, crescendo desordenadamente, sem estratégias de gestão e com pouco planejamento por parte do empresariado e dos órgãos governamentais. No entanto, com o surgimento da temática de desenvolvimento sustentável este fato tem feito com que gestores hoteleiros e governo recorram à criação e adoção de sistemas de gestão ambiental e de sustentabilidade no intuito de contribuir ativamente para a redução dos impactos socioambientais ao longo do tempo. Neste sentido, este estudo objetivou investigar de que forma a implantação e certificação na norma ABNT NBR 15401:2006 pode contribuir para uma gestão sustentável em meios de hospedagem e quais as principais limitações enfrentadas para a adesão a este tipo de sistema de gestão. A pesquisa foi realizada por meio de levantamento bibliográfico e documental existente, o qual se definiu como incipiente durante a pesquisa, demonstrando a fragilidade do tema perante as poucas iniciativas de certificação e monitoramento de resultados obtidos com a implantação deste modelo de gestão.

Palavras Chave: Certificação, ABNT NBR 15401, Empreendimentos Hoteleiros, Sustentabilidade.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

No início do século XXI, os processos de certificação

se consolidaram como estratégia para as organizações

que desejam melhorar a qualidade de seus produtos e/

ou serviços e otimizar a gestão dos riscos relacionados

aos negócios. Somado a este cenário, enquanto

o mercado de “negócios para negócios” aceita a

convivência com os riscos controlados, a sociedade

e os consumidores estão caminhando em direção à

tolerância zero de riscos, principalmente os correlatos

às questões socioambientais.

Conforme relata Arenhart (2011), as certificações em

sustentabilidade vêm sendo objeto de estudo não

somente segmento hoteleiro, mas em diferentes áreas

do conhecimento, tendo em vista sua significante

contribuição para a melhoria na relação das empresas

com a sociedade e para a própria sustentabilidade

dos negócios.

Neste contexto, observa-se que durante muito tempo o

turismo foi considerado uma atividade econômica limpa

e não poluente, crescendo desordenadamente, sem

estratégias de gestão e com pouco planejamento por

parte do empresariado e dos órgãos governamentais.

No entanto, com o surgimento da temática de

desenvolvimento sustentável e, anos depois, o conceito

de turismo sustentável, as evidências dos impactos

causados pela atividade turística desordenada

começaram a ser questionadas. Dentre eles, os

causados pelo setor hoteleiro, considerado um dos

principais componentes do produto turístico, e que

apresenta relação direta com os pilares socioambiental

e cultural da localidade, com alto risco de impactos

significativos no entorno.

Este fato tem feito com que gestores hoteleiros

recorram à adoção de sistemas de gestão ambiental e

de sustentabilidade no intuito de contribuir ativamente

para a conservação, a revitalização e a recuperação

dos recursos naturais; buscar resultados econômicos

com ética, contribuindo para a justiça social e a

valorização das culturas locais; buscar a legitimidade

política em termos de participação e transparência nos

processos de decisão e representação comunitária;

e interagir com os integrantes da cadeia produtiva

do turismo, de maneira a construir as condições

operacionais para implementar sistemas de gestão da

sustentabilidade do turismo com abrangências setorial

e geográfica (ABNT, 2006).

E, como exemplo destes sistemas, tem-se os requisitos

propostos pela norma ABNT NBR 15401:2006, a qual

foi o objeto principal de estudo desta pesquisa, com

o intuito de investigar de que forma a implantação e

certificação na norma ABNT NBR 15401:2006 pode

contribuir para uma gestão sustentável em meios

de hospedagem e quais as principais limitações

enfrentadas por este segmento para a adesão a este

tipo de sistema de gestão, levantando-se a evolução

da certificação na norma ABNT NBR 15401:2006.

É sabido que na atividade turística os processos

dependem quase que exclusivamente da interação

dos visitantes com o meio ambiente visitado, não sendo

diferente em relação aos meios de hospedagem, onde,

em muitas vezes, tem-se acesso ao consumo e troca

de experiências com as características socioculturais

e ambientais que permeiam a localidade.

Como efeito desta interação, os meios de hospedagem

tornam-se um potencial poluidor pela capacidade

de geração de resíduos de diferentes fontes (Beato,

2010), exercendo uma pressão sob os gestores para

um olhar sobre as questões ambientais na gestão dos

processos que asseguram o funcionamento dos meios

de hospedagem.

Além disso, é notável o surgimento de um novo

mercado para os meios de hospedagem, mais exigente

e preocupado com as causas socioambientais. São os

chamados “hóspedes verdes” que, segundo Arenhart

(2011)

Faz com que estes necessitem identificar

e analisar quais são as certificações

ambientais e selos verdes aplicáveis

aos mesmos, de acordo com o

porte, atividades exercidas, dentre

outras características dos meios de

hospedagem (ARENHART, 2011, p.10).

Foi neste contexto que o estudo em questão pretendeu

elucidar a representatividade da certificação ambiental

em meios de hospedagem como uma alternativa

ao gerenciamento dos impactos causados pela

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

150

atividade turística. Para Álvares e Souza (2013), um

processo de implantação e certificação sistematizado,

considerando requisitos de gestão como os definidos

na norma ABNT NBR 15401:2006, vai ao encontro do

atual cenário da gestão ambientalmente responsável,

cabendo aos gestores dos meios de hospedagem

atentar para os benefícios que a certificação ambiental

pode trazer aos seus empreendimentos em relação a

todos os seus stakeholders.

Além disso, a pouca existência de estudos e pesquisas

da correlação entre gestão ambiental, sustentabilidade

e certificação em meios de hospedagem, bem

como dos desafios encontrados pelo empresariado

para adotar este modelo de gestão, proporcionou

a realização deste estudo como uma oportunidade

de analisar a problemática supracitada e identificar

novos pontos de partidas para demais estudos e

oportunidades de atuação profissional futuras.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CERTIFICAÇÃO EM SISTEMAS DE GESTÃO E O

TURISMO

Hoje as empresas, independente de seu tamanho, se

deparam com demandas crescentes por lucratividade,

qualidade e tecnologias que contribuam para seu

desenvolvimento sustentável. Para transformar estas

pressões em vantagem competitiva, um dos caminhos

é a implantação e certificação de um sistema de

gestão eficiente e adaptado aos processos dos

negócios, usando-o sistematicamente para manter e

melhorar os processos da organização junto aos seus

stakeholders.

Por outro lado, instituições reguladoras respondem a

isto com regras mais compreensíveis e requisitos mais

detalhados, forçando as empresas a adaptarem-se à

nova realidade, onde estar em conformidade com leis

e regras é requisito mínimo para um desenvolvimento

sustentável do negócio. Neste sentido, para Lavor

(2009), “a certificação é uma forma de assegurar

ao consumidor de que um determinado produto ou

serviço obedece a regras mínimas de qualidade e

de que possui características que espera encontrar.”

(LAVOR, 2009, p.53).

Para Almeida (2008), a certificação de produtos,

sistemas ou serviços consiste em uma declaração,

fornecida por organismos públicos ou privados

acreditados para tal, de conformidade a um

determinado referencial normativo, demonstrando

um diferencial perante seus concorrentes. Portanto, a

certificação proporciona ao consumidor uma garantia

da qualidade do bem ou serviço adquirido.

Neste sentido, o INMETRO (2014) define que a

certificação de produtos, serviços, sistemas de gestão

e de pessoas deve ser realizada pela terceira parte,

isto é, por uma organização independente acreditada

para executar essa modalidade de avaliação da

conformidade.

Salvati apud Arenhart (2011) coloca que a certificação

também orienta o consumidor para a escolha de

produtos ou serviços com algum tipo de diferencial

ambiental e social formalizado aos consumidores por

meio de certificados emitidos para tais organizações.

E portanto, como retorno

Essas empresas certificadas adquirem

maior competitividade no mercado,

obtêm economia nos custos de produção

e gestão e alcançam ainda: maior

qualidade nos produtos e serviços, maior

aceitabilidade por parte do consumidor e

a penetração em mercados internacionais

(ARENHART, 2011, p.14).

No caso do turismo, que apresenta por característica o

envolvimento de diversas opções de consumo durante

o processo de escolha dos fornecedores pelos viajantes

(hotéis, restaurantes, atrações turísticas, transportes,

souvenirs, etc.), a certificação em sistemas de gestão

no segmento torna-se um assunto de relevância ao

consideramos que

Diferentemente das situações ordinárias

de consumo, ao turismo acrescenta-se

o fato de que o consumidor, geralmente,

tem a necessidade de realizar escolhas

à distância, uma vez que ele se desloca

de seu ambiente para outro ao qual

não pertence e, sendo assim, existe a

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

151

necessidade de garantias com relação

ao produto ou serviço que está sendo

adquirido. (LAVOR, 2009, p. 54).

Neste contexto, associando a necessidade da garantia

da qualidade do produto ou serviço bem como da

gestão sustentável do ambiente no qual está inserido,

as certificações nos setores do turismo podem

significar um viés de sensibilização e confiabilidade

para as escolhas dos turistas ao efetivarem o consumo,

uma vez que o atendimento a requisitos mínimos de

qualidade, meio ambiente, saúde e segurança é

assegurado quando se existe a certificação.

2.2 EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

Os meios de hospedagem, também conhecidos por

acomodações turísticas, são aqueles utilizados para

pernoite dos turistas quando fora de seu ambiente

usual de convivência. De acordo com o Ministério do

Turismo, meios de hospedagem podem ser definidos

como

Empreendimentos ou estabelecimentos,

independentemente de sua forma

de constituição, destinados a prestar

serviços de alojamento temporário,

ofertados em unidades de frequência

individual e de uso exclusivo do

hóspede, bem como outros serviços

necessários aos usuários, denominados

de serviços de hospedagem, mediante

adoção de instrumento contratual, tácito

ou expresso, e cobrança de diária

(BRASÍLIA, 2010, p. 25).

Lohmann e Netto (2012) dividem os meios de

hospedagem em dois tipos: a) comerciais, sendo

aqueles estabelecimentos que cobram para que os

hóspedes possam usufruir uma acomodação; e b) não

comerciais, onde os turistas ficam acomodados em

casa de amigos, familiares ou residentes do destino

turístico.

Para fins deste trabalho, serão considerados apenas

os meios de hospedagem comerciais, uma vez que a

norma ABNT NBR 15401:2006, assim como o Ministério

do Turismo, também adota a mesma diretriz conceitual

sobre meio de hospedagem: “empreendimento,

público ou privado, que fornece, entre as suas

atividades, serviços de acomodação.” (ABNT, 2006,

p.2).

A hotelaria é um setor que presta serviços e deve estar

sempre atualizado com as mudanças que ocorrem

no mercado. O atual momento do segmento vem

sendo marcado por inovações de todos os tipos e

principalmente pela competitividade relacionada a

custos, benefícios diferenciados e a preocupação

socioambiental, mais evidenciado pela busca de

certificações ou selos de classificação para avaliar

e qualificar facilidades e a qualidade do serviço de

hospedagem, bem como sua correlação com os

demais stakeholders. Conforme aponta Arenhart

(2011)

No quesito variável ambiental, o setor

hoteleiro deve se adequar as legislações

específicas, adotar um sistema de gestão

ambiental e buscar por certificações

ou selos verdes no mercado que mais

se adequam ao ramo, trazendo assim

benefícios ambientais (redução dos

impactos ambientais e uso dos recursos

naturais renováveis), econômicos (uso

do marketing ambiental para divulgação

e acesso a novos mercados) e social

(boas condições de trabalho e respeito

a comunidade local) (ARENHART, 2011,

p.13).

No Brasil, existe uma gama de programas de

certificações e classificações de meios de

hospedagem, advindos da iniciativa pública e privada,

sendo que muitos deles “ainda carecem de um

reconhecimento que seja padronizado com critérios

internacionais.”(Lohmann e Netto, 2012, p.406).

2.3 SUSTENTABILIDADE E A ATIVIDADE TURÍSTICA

A atividade turística gera consequências impactantes

em diversos processos. Estudiosos da área vêm

destacando que dentre os principais impactos do

turismo estão as vertentes econômica, ambiental, social

e cultural, acrescentando ainda, em uma abordagem

mais profunda, impactos políticos e psicológicos (tanto

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

152

nos turistas quanto na comunidade receptora).

Considerando a vertente ambiental, Lohmann e Netto

(2012) ressaltam que os impactos ambientais positivos

e negativos do turismo relacionam-se principalmente

aos aspectos físicos, biológicos, econômicos ou

culturais, sendo estes impactos cumulativos ao longo

do crescimento e desenvolvimento da atividade

turística local. Neste sentido, pensar a sustentabilidade

diante de todos estes impactos é um dos principais

desafios para este tipo de atividade, e que vem sendo

muito retratada por estudiosos da área, turistas e

empresariado.

O conceito de sustentabilidade, embora de difícil

delimitação, refere-se ao

Desenvolvimento capaz de atender

às necessidades da geração atual

sem comprometer os recursos para a

satisfação das gerações futuras. É o

desenvolvimento que não esgota os

recursos para o futuro (CMMAD apud

BRASÍLIA, 2013, p. 10).

Com um enfoque na atividade turística, o turismo

sustentável visa promover a harmonia dos seres

humanos entre si e com a natureza, promovendo uma

atividade ecologicamente suportável em longo prazo,

economicamente viável, ética e socialmente equitativa

para as comunidades locais, “exigindo integração ao

meio ambiente natural, cultural e humano e respeito

à fragilidade que caracteriza muitas destinações

turísticas.” (OMT apud BRASIL, 2013).

Adicionalmente, o turismo sustentável pode ser definido

como a atividade que satisfaça as necessidades dos

turistas e as necessidades socioeconômicas das

regiões receptoras, considerando a manutenção da

integridade cultural, da integridade dos ambientes

naturais e da diversidade biológica para as

comunidades futuras (Brasil, 2010). E isto acaba

por incluir os meios de hospedagem, os quais têm

efetivamente um potencial poluidor pela capacidade

de geração de resíduos de diferentes fontes.

Cooper e outros (2011) consideram que os impactos da

atividade turística, sob o aspecto da sustentabilidade,

devem ser analisados considerando as dimensões

ambiental, social e econômica, as quais não se excluem

mutuamente, apresentando um grau significativo

de sobreposição que em muito agrega à discussão

sobre os efeitos do turismo, aplicando-se diretamente

à abordagem sobre sistemas de gestão sustentável

que será dada neste estudo. Para os autores, “os

inter-relacionamentos entre as dimensões significam

que elas também agem como categorias principais

em torno das quais a noção de desenvolvimento é

considerada” (COOPER et al., 2011, p.90).

2.4 A NORMA ABNT NBR 15401:2006

A ABNT NBR 15401 - Meios de hospedagem -

Sistema de gestão da sustentabilidade - Requisitos é

uma norma que visa o aprimoramento da qualidade

nos serviços e gestão dos meios de hospedagem;

o atendimento a legislação aplicável ao segmento;

à colocação do negócio no mercado internacional;

à preservação ambiental e cultural, consciência

social e desenvolvimento econômico-financeiro do

empresariado e demais partes interessadas (ABNT,

2012).

A ABNT NBR 15401 foi desenvolvida no âmbito do

Comitê Brasileiro de Turismo – ABNT/CB 54, pela

Comissão de Estudo de Turismo Sustentável (CE-

54:004.01) e foi publicada no final de outubro de

2006 pela ABNT, com a proposta de uma base para o

alcance e a manutenção do desempenho sustentável

dos meios de hospedagem, sendo aplicável a todos

os tipos e portes de organizações, mas com atenção

particular à realidade das pequenas e médias

empresas.

A norma se fundamenta nos “ sete princípios do turismo

sustentável”, sendo que “os requisitos definidos estão

todos relacionados a esses princípios, representando

a plataforma a ser seguida na implementação do

sistema de gestão da sustentabilidade” (ABNT, 2012,

p.10). Neste sentido, o uso deste modelo de gestão

pelos meios de hospedagem devem gerar benefícios

ambientais, econômicos, sociais e culturais.

De acordo com a ABNT (2012)

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

153

Do ponto de vista ambiental, ela contribui

para a conservação da biodiversidade

e auxilia na manutenção da qualidade

ambiental dos atrativos turísticos. Do

ponto de vista econômico, ela viabiliza as

áreas utilizadas pelo turismo, proporciona

um diferencial de marketing, gerando

vantagens competitivas para os meios

de hospedagem e facilitando o acesso

a novos mercados, principalmente

o internacional. Nas esferas social e

cultural, estimula boas condições de

trabalho, enfatiza a preservação do

patrimônio cultural e promove o respeito

aos direitos dos trabalhadores, povos

indígenas e comunidades locais. Do

ponto de vista político, ela promove o

respeito à lei e à cidadania (ABNT, 2012,

p.7).

Os sete princípios do turismo sustentável são:

•Respeitar a legislação vigente;

•Garantir os direitos das populações locais;

•Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade;

•Considerar o patrimônio cultural e valores locais;

•Estimular o desenvolvimento social e econômico

dos destinos turísticos;

•Garantir a qualidade dos produtos, processos e

atitudes;

•Estabelecer o planejamento e a gestão

responsáveis.

Diferentemente dos demais “selos” ou “classificações”

de empreendimentos hoteleiros existentes no Brasil

(Selo Verde Guia Quatro Rodas; Certificação Eco-

Hotel; classificação do TripAdvisor; o próprio Sistema

Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem,

entre outras), a ABNT NBR 15401 descreve os

requisitos para a sustentabilidade de um meio de

hospedagem, possibilitando a sua verificação e

inclusive a certificação; ao contrário dos supracitados,

que objetivam “prover orientação genérica a um meio

de hospedagem que visa implementar ou aprimorar

práticas de turismo sustentável” (ABNT, 2006, p. 8).

Além disso, o sistema de gestão da sustentabilidade

proposto pela norma soma-se aos demais modelos

de sistemas de gestão já consagrados, como a NBR

ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade) e a NBR

ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), graças à

referência básica ao ciclo PDCA (de Plan – Do – Check

– Act) e a compatibilização de assuntos relacionados

aos requisitos destas normas.

4 METODOLOGIA

A metodologia aplicada para o desenvolvimento deste

estudo foi a pesquisa do tipo exploratória, utilizando

a técnica da pesquisa bibliográfica e da pesquisa

documental, sendo que a primeira foi desenvolvida

com base em material já elaborado, como livros,

artigos científicos, referenciais normativos sobre o

tema; e a segunda envolveu a revisão de documentos

que de alguma forma já foram analisados, tais como:

relatórios de pesquisa, relatórios de desempenho,

tabelas, dados estatísticos, etc.

Utilizou-se da coleta documental para consulta às

fontes dos tipos secundárias e primárias. A análise

dos dados teve abordagem qualitativa (GIL, 2002),

tendo sido realizada a leitura de todo o material

levantado para identificar, sistematizar e interpretar as

informações relevantes para esta pesquisa.

5 VISÃO GERAL DOS REQUISITOS NORMATIVOS

DA ABNT NBR 15401:2006

Assim como nas normas de sistemas de gestão

de maior relevância mundial, a ABNT NBR 15401

é elaborada com referência básica ao ciclo PDCA

- Plan – Do – Check – Act, que consiste nas etapas

de planejar, implementar, verificar e agir sobre os

processos do negócio na busca da melhoria contínua

da performance do sistema de gestão.

Aliado a isto, a norma determina os requisitos para

que os meios de hospedagem possam vir a realizar

as suas atividades de acordo com os sete princípios

do turismo sustentável, estabelecendo a definição de

uma política que leve em conta os requisitos legais e

as informações referentes aos impactos ambientais,

socioculturais e econômicos significativos, atrelados

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

154

à responsabilidade da Direção em assegurar o

desenvolvimento e implantação deste sistema na

organização.

O planejamento (Plan, do PDCA) do sistema de gestão

proposto está baseado em quatro requisitos que se

integram para estabelecer os objetivos e processos

essenciais aos resultados esperados, composto pelas

etapas de levantamento de requisitos legais e outros

aplicáveis ao negócio; pelo mapeamento dos seus

aspectos ligados à sustentabilidade; pela definição de

objetivos e metas que considerem visões referentes à

emissões, efluentes e resíduos sólidos; conservação e

gestão do uso da água; eficiência energética; seleção

e uso de insumos; saúde e segurança dos clientes e

dos trabalhadores; qualidade e satisfação do cliente;

trabalho e renda; comunidades locais; aspectos

culturais; áreas naturais, flora e fauna; e viabilidade

econômica.

Na fase de implantação (Do, do PDCA), a ABNT NBR

15401 estabelece que a organização documente

seus principais processos e a interação entre eles,

fornecendo orientação sobre toda documentação

relacionada ao sistema. Além disso, requisita um

procedimento para o controle destes documentos e

dos registros originados de sua implantação, para que

sejam divulgados validados e mantidos em sua versão

atual para os usuários.

Outros dois requisitos ainda relacionados com

a implantação são o controle operacional das

atividades associadas aos aspectos relacionados

com a sustentabilidade e onde medidas de

controle necessitam ser planejadas e aplicadas; e a

competência, conscientização e treinamento, para

assegurar que o seu pessoal está consciente quanto

à pertinência e importância de suas atividades e de

como elas contribuem para atingir os objetivos da

sustentabilidade definidos.

Para a verificação do sistema (Check, do PDCA),

devem ser definidos critérios para monitoramento

e medição das características principais de suas

operações e das atividades que possam ter um impacto

significativo sobre a sustentabilidade, além de avaliar

periodicamente o atendimento à legislação aplicável,

realizar auditorias internas e tratar não conformidades

detectadas.

A análise crítica pela Direção da política, objetivos

e outros elementos do sistema de gestão da

sustentabilidade frente aos resultados alcançados

devem refletir a melhoria contínua (Act, do PDCA),

com o propósito de assegurar a conveniência,

adequação e eficácia contínuas do sistema de gestão.

Somado a isto, tem-se o requisito da transparência,

comunicação e promoção do turismo sustentável, com

vistas à divulgação externa do comprometimento da

organização e o desempenho atingido em suas ações

sustentáveis.

Quanto às dimensões do turismo sustentável

declarados na ABNT NBR 15401, tem-se a dimensão

ambiental, a sociocultural e a econômica.

Na dimensão ambiental, há requisitos para preparação

e atendimento a emergências ambientais; áreas

naturais, flora e fauna; arquitetura e impactos da

construção no local; paisagismo adotado pelo

empreendimento; emissões, efluentes e resíduos

sólidos gerados pela atividade turística; eficiência

energética; a conservação e gestão do uso de água; e

a seleção e uso de insumos.

Na dimensão sociocultural, as operações e práticas

dos empreendimentos devem contribuir para

reconhecer, promover e respeitar o patrimônio cultural

das regiões, contribuindo para o desenvolvimento

social e econômico dos trabalhadores e comunidades

envolvidas na cadeia produtiva.

Sobre a dimensão econômica, o empreendimento

deve adotar práticas de gestão seguras, viáveis e

satisfatórias às expectativas dos clientes, além de

direcionar ao atendimento da legislação.

6 FATORES LIMITADORES E DE CONTRIBUIÇÃO

PARA A IMPLANTAÇÃO DA ABNT NBR 15401 NOS

EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

Durante a realização das pesquisas sobre a temática

da certificação de empreendimentos hoteleiros na

ABNT NBR 15401, verificou-se a existências de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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diversos fatores de contribuição ao negócio e ao

meio ambiente, bem como de fatores que limitam o

objetivo de atingir todas as expectativas criadas com

a certificação na norma.

Atualmente, estima-se que cerca de 43

empreendimentos estão certificados na ABNT NBR

15401, o que pouco representa no setor, tendo em vista

o grande número de meios de hospedagem do Brasil

– nas capitais do país são 5.036 estabelecimentos de

hospedagem (IBGE, 2012). A baixa adesão a este

modelo de gestão pode estar relacionada a alguns

fatores que permeiam o baixo conhecimento, altos

custos, ausência de pesquisas e benchmarking sobre

a certificação, entre outros discutidos a seguir.

6.1 FATORES LIMITANTES

Um dos principais fatores limitantes encontrados

nos estudos pesquisados está relacionado ao baixo

conhecimento conceitual e explícito dos gestores sobre

as temáticas que permeiam a sustentabilidade e a

atividade turística, além da dificuldade em compreender

e aplicar os requisitos normativos da ABNT NBR

15401, considerada complexa. Conforme apontado

por Álvares e Souza (2013), tal complexidade também

evidencia a carência na elaboração de projetos para

processos de implementação desta norma em meios

de hospedagem do país, principalmente por parte de

organizações governamentais, a qual poderia adotar

esta certificação como aliada aos seus projetos de

integração e desenvolvimento do turismo sustentável

em nível nacional.

Outro fator limitante está relacionado aos custos que

um programa de certificação poderá gerar para os

empreendimentos. Estudos sobre certificação em nível

internacional (Honey e Stwart, 2002) apontam tais custos

como um impedimento para a disseminação deste tipo

de ação para micro e pequenos empreendimentos

(as quais são o enfoque desta norma), visto que o

processo é baseado no atendimento de requisitos

e, portanto, similar para toda a organização. Neste

sentido, quanto maior a empresa, melhor diluído na

organização será o custo da implementação de um

processo de certificação.

O atual perfil do turista também pode ser considerado

como um fator problemático no tocante à implantação

de um sistema de gestão da sustentabilidade. Segundo

uma pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo em

2009, 8,3% dos entrevistados (entre turistas e potenciais

turistas) associa a atividade turística à beleza natural/

lugares bonitos; 8,4% à cultura; 3,2% à conhecimento/

aprendizado e 3,5% à associação a novos lugares

(BRASÍLIA, 2009, p. 16). Assim, percebe-se que a

demanda de meios de hospedagens pouco valoriza

questões socioambientais ou culturais pontuais do

meio de hospedagem, bem como da destinação como

um tudo.

Alinhado à constatação supracitada, os resultados

financeiros também devem ser considerados.

Apesar da escassez de dados quanti e qualitativos

representativos sobre os resultados obtidos pelos

empreendimentos certificados na ABNT NBR 15401,

Álvares e Souza (2013) concluíram em seus estudos

sobre os três primeiros meios de hospedagem

certificados no país, que a implantação e certificação

não representaram um aumento da demanda de

clientes, mesmo este não sendo o principal fator

motivacional para a adoção do sistema de gestão.

Em outro estudo, sobre a demanda por estes tipos de

hospedagens, concluíram que há uma deficiência em

informações sobre a demanda estar ou não disposta a

pagar a mais por um meio de hospedagem certificado;

que também existe aquela demanda que aceita pagar

pela possibilidade de conferir in loco se a certificação

funciona de fato, apesar da falta de compreensão da

demanda em função da quantidade de certificações

ambientais (Álvares e Souza, 2013).

Neste sentido, ainda que considerando um universo

pequeno, o fato de implantar um sistema de gestão

requer investimento e, se a expectativa de um mínimo

de retorno financeiro e mensurável não for atingida,

certamente se tornará um fator limitante ou até mesmo

inviável ao processo.

De acordo com apontamentos de Arenhart (2011) há

uma grande necessidade de ampliar a divulgação

clara da norma bem como das empresas certificadas

em âmbito nacional e internacional, não somente

para aperfeiçoar as estratégias mercadológicas, mas

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

156

também para dar maior clareza aos stakeholders

que se interessem em obter mais informações sobre

os programas sustentáveis nas respectivas relações

para com o meio de hospedagem. E a dificuldade em

encontrar também foi evidenciada nesta pesquisa,

encontrando-se grande burocracia e dispersão de

informações sobre o número e os nomes das empresas

certificadas na referida norma.

6.2 FATORES DE CONTRIBUIÇÃO

Considerando as três dimensões do turismo

sustentável, um dos principais fatores intangíveis

de contribuição com a implantação da norma ABNT

NBR 15401 é a sensibilização e a possível herança

socioambiental responsável deixada aos envolvidos.

Nos estudos realizados por Álvares e Souza (2013)

foi apontado que a implementação e a manutenção

da ABNT NBR 15401 nas organizações favoreceu a

sensibilização em relação aos aspectos ligados à

sustentabilidade de todos os envolvidos, interna e

externamente ao empreendimento. E isto torna-se

possível tendo em vista todo o processo de treinamento

e conscientização advindos das atividades de

implementação, os quais se tornam essenciais para

suprir a lacuna ocasionada pela falta de compreensão

sobre as questões ambientais de forma sistemática

(Pires apud Álvares e Souza, 2013).

Como consequência do processo de sensibilização,

diversos potenciais de redução de custos podem

ser identificados e desdobrados em ações voltadas

à gestão sustentável de recursos. Laurino (2008),

em seus estudos sobre o Programa Bem Receber

(projeto pioneiro desenvolvido pelo governo nacional

para orientar a implantação da ABNT NBR 15401),

aponta que no que se refere à forma de controle e

gestão dos recursos hídricos e elétricos, os meios de

hospedagem considerados na pesquisa conseguiram

identificar um potencial efetivo para redução de

custos, principalmente em função da redução do

consumo, apesar da ainda reduzida quantidade de

dados estatísticos sobre as diversas ações realizadas

nos empreendimentos.

Além de benefícios financeiros e ambientais, há

também o aspecto promocional e do marketing

verde envolvido com a implantação deste modelo

de gestão, como um diferencial competitivo que uma

empresa possui no setor de turismo em nível mundial.

Esta prática faz-se necessária, inclusive, até pela

necessidade dos gestores de proporcionarem aos

meios de hospedagem uma visibilidade que contribua

para o aumento da demanda da empresa. Neste

sentido, este tipo de prática de certificação ambiental

pode contribuir local e globalmente para a melhoria

das condições ambientais do planeta no tocante

ao uso racional dos recursos naturais por parte das

empresas privadas (Álvares e Souza, 2013).

Por se tratar de um modelo de gestão, cabe destacar os

benefícios que esta norma pode trazer para a operação

dos meios de hospedagem, em termos de performance

de seus processos, pois ao propor requisitos baseados

no ciclo PDCA orienta para uma gestão de processos

com foco na melhoria contínua do negócio. Itens

como controle de documentos e registros, definição

de responsabilidades e autoridades, análises críticas

pela alta direção, auditorias internas e tratamentos

de não conformidades são requisitos poderosos para

a performance do negócio quando implantados de

maneira efetiva e acompanhados regularmente.

No intuito de alavancar a adesão voluntária dos

meios de hospedagem a esta norma, o governo

brasileiro mantém, ainda que de maneira discreta,

duas iniciativas que viabilizam financiamentos e

apoio técnico à sua implantação. O Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

mantém o ProCopa Turismo, que se trata de uma linha

de financiamento específica para o setor hoteleiro e

que dá prazos de pagamento maiores para os meios de

hospedagem que sejam certificados pela ABNT NBR

15401. Paralelamente a isto, o Ministério do Turismo

vem mantendo ações para subsidiar a pré-auditoria

de certificação, o que ajuda muitos empreendimentos

a melhorem seus sistemas de gestão para obter o

sucesso na certificação.

7. CONCLUSÃO

Diante das constatações geradas por esta pesquisa,

evidencia-se que a norma ABNT NBR 15401ainda é

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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pouco disseminada e compreendida por gestores

de meios de hospedagem no Brasil e pelo próprio

meio acadêmico e mercadológico, dada a pouca

existência de informações teóricas e de resultados

que evidenciem a aplicação prática da norma. E

isto pode ser inicialmente explicado pelas limitações

da implantação deste modelo de gestão, conforme

apontado neste estudo.

Apesar de apresentar requisitos de grande valia

à gestão sustentável dos processos turísticos

potencialmente impactantes no meio ambiente, a

complexidade da norma vai de encontro ao baixo

conhecimento técnico e explícito de gestores e

demais envolvidos com a temática da sustentabilidade

ambiental e do negócio, dificultando a compreensão,

abordagem e desenvolvimento de tais diretrizes

em seus negócios. Naquelas organizações que se

encontram certificadas, a baixa geração de dados

ambientais, sociais e econômicos referentes às

mudanças que as ações frutos da implantação deste

sistema de gestão promoveram para a empresa e para

e os stakeholders envolvidos são um reflexo desta

deficiência de educação e conhecimento sobre a

temática aplicada à gestão do negócio.

Considerando o ambiente externo à organização, o perfil

dos atuais turistas que visitam o país pouco se alinha

com os propósitos de um negócio ambientalmente

correto e sustentável, conforme apontado nas

pesquisas citadas neste estudo. A atividade de

turismo, por si só, já sugere um descompromisso com

“regras” ou preocupações habituais, possibilitando

aos turistas a escolherem o usufruto de recursos e

atrativos naturais ou culturais da forma consciente ou

desordenada.

Outros fatores externos que também favorecem a baixa

adesão de meios de hospedagem à norma ABNT NBR

15401 podem ser elencados aos custos relacionados

aos processos de implantação e certificação, muitas

vezes não comparáveis aos resultados que poderiam

ser atingidos por meio de uma gestão sustentável do

negócio. A deficiência de dados e informações de

desempenho de meios de hospedagem que já aderiram

à norma somado à baixa prática de benchmarking no

segmento dificulta a análise crítica da viabilidade de

um projeto desta importância, adentrando para uma

resistência de gestores quanto à implantação.

Além disso, há pouca atuação governamental e de

entidades relacionadas aos programas de certificação

nacional, com vistas à promoção desta norma como

uma alternativa sistematizada e pioneira no segmento

turístico que pode vir agregar valor ao negócio aliado

às diretrizes de sustentabilidade ambiental. Discretas

ações de incentivo foram desenvolvidas à época do

lançamento da norma e algumas delas continuam a

acorrer, porém de forma incipiente e não controlada

– visto a grande dificuldade encontrada pela

pesquisadora em levantar dados sobre a certificação

nesta norma no país.

Portanto, conclui-se que os fatores limitantes para

adesão a esta norma pelos meios de hospedagem ainda

se sobressaem às contribuições que ela pode trazer

ao negócio e aos envolvidos, considerando as esferas

social, econômica e ambiental. Assim, entidades

e empresariado ainda necessitam desenvolver um

programa estruturado de gestão para disseminar esta

norma pelo país, envolvendo o estabelecimento de

incentivos, treinamentos, monitoramentos e estudos

em todas as esferas da atividade de hospedagem

e sua relação com a sustentabilidade da atividade

turística como um todo.

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[3] ÁLVARES, Rafaela Caroline Simão; SOUZA, Claudio Alexandre de. A percepção dos gestores dos meios de hospedagem certificados em sustentabilidade – caso da certificação NBR 15401 no Brasil. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. 1, 2013, São Paulo-SP. Anais... Disponível em <http://www.ciis.com.br/wp-content/uploads/Anais/completos/Anais_%20CiiS_2013_%20Vol_1.pdf>. Acesso em: 15 out. 2013.

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[22] LAURINO, A. T., Análise da implantação do programa bem receber nos meios de hospedagem participantes do município de Foz do Iguaçu. Foz do Iguaçu, 2008. Monografia (Bacharelado). Curso de Graduação em Hotelaria da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

[23] LOHMANN, Guilherme; NETTO, Alexandre Panosso. Teoria do Turismo: conceitos, modelos e sistemas. 2º Edição. São Paulo: Aleph, 2012.

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Capítulo 15PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO EM

ORGANIZAÇÕES DO SETOR FARMACÊUTICO

Daniela Farinon

Vilciane Verdi

Rodrigo Barichello

Paulo Sérgio Jordani

Resumo: A sustentabilidade é um tema de grande valia nos dias de hoje, constata-se que o termo é bem complexo, amplo e sua repercussão é global. Considerando que os recursos naturais são escassos, a poluição é cada vez mais notória, o consumo exacerbado, o desperdício contínuo, o aumento populacional, a degradação ambiental, entre outros fatores que afetam a vida em sociedade e estão ligados à sustentabilidade de alguma forma. O objetivo principal desta pesquisa foi analisar qual é o nível de conhecimento da temática sustentabilidade por parte dos empresários, em específico do ramo farmacêutico no município de Quilombo/SC. Foi constatado como esses empresários percebem a sustentabilidade. A técnica utilizada para a coleta de dados foi a aplicação de questionário em quatro farmácias no município. Utilizou-se, para aprofundar o conhecimento, o embasamento teórico através da pesquisa bibliográfica, fundamentada no tema sustentabilidade: conceitos, dimensões e sua relação com o meio empresarial. O estudo apontou aspectos relevantes quanto ao nível de conhecimento que as organizações do setor farmacêutico possuem, destaca-se que com relação as dimensões da sustentabilidade que contemplam aspectos sociais, ambientais e econômicos todos os empresários detêm conhecimento acerca da temática e suas derivações e também realizam práticas sustentáveis, o que revela um nível acentuado de entendimento sobre a sustentabilidade.

Palavras Chave: Sustentabilidade, Ramo farmacêutico, Percepção dos empresários.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

O tema sustentabilidade vem ganhando espaço na

sociedade com mais intensidade, pois se sabe que os

recursos naturais são escassos e limitados, tendo em

vista que existe uma dependência do meio ambiente

para a existência humana e consequentemente das

atividades econômicas que o cercam.

O trabalho em questão tem o intuito de buscar e

apresentar informações pertinentes a respeito da

temática sustentabilidade, por meio do conhecimento

advindo da concepção que os empresários do

ramo farmacêutico do município de Quilombo/SC

possuem e de pesquisas bibliográficas voltadas para

sustentabilidade.

A pesquisa está embasada na importância da

sustentabilidade, suas dimensões e qual sua relação

com o meio empresarial, levando em consideração

o grau de conscientização e compreensão dos

empresários do ramo farmacêutico do município

de Quilombo sobre a temática “sustentabilidade”.

Pretende-se investigar o nível de conhecimento

que os mesmos possuem, verificando se métodos

sustentáveis são adotados pela empresa e quais são

eles e também se existe uma real preocupação com o

meio ambiente e o futuro da humanidade.

Entretanto, para realizar a pesquisa é necessário o

embasamento do que vem a ser a sustentabilidade,

fato este que será abordado e fundamentado para que

se obtenha êxito e bons resultados na busca do objeto

de estudo, estabelecendo assim a ligação deste com

a teoria.

O objetivo geral deste estudo é fazer uma pesquisa

para analisar qual é o nível de conhecimento da

temática sustentabilidade por parte dos empresários

do ramo farmacêutico do comércio de Quilombo/SC.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Antes de definir sustentabilidade é importante ressaltar

a existência conectiva entre o sistema produtivo e o

ambiente natural, este último, elemento essencial para

produção dos recursos que garantem nossa existência

(LIMA, 2006).

As necessidades e os desejos das pessoas se ampliam

constantemente e novos produtos e serviços são

lançados a todo tempo, porém o consumo exacerbado

gera poluição e deterioração do meio ambiente, fato

este que vem sendo preconizado na sociedade atual,

emitindo uma real preocupação da sociedade com o

futuro das próximas gerações.

Considerando que deve existir uma real equiparação

entre organizações e meio natural, atualmente faz-se

necessário a sua contextualização e não apenas a

teorização, visto que é do meio ambiente que se provém

o conjunto de elementos vitais para existência humana

e o desenvolvimento das atividades fundamentais que

as norteiam. (LIMA, 2006).

Nesse sentido, a capacidade de transformar e

modificar o meio trouxe ao homem o desenvolvimento

tecnológico e melhoriais de vida, porém também

trouxe várias consequências, que cabem agora a ele

desenvolver estratégias de combate para amenizar

ou evitá-las. Deparando-se com esse contexto,

surge o tema “sustentabilidade”, com o objetivo de

conscientizar e difundir a importância e o papel do meio

ambiente para a existência humana, considerando que

existem limitações e, estas devem ser respeitadas.

2.1 SUSTENTABILIDADE: CONCEITOS E

DEFINIÇÕES

A palavra sustentabilidade pode ser definida como

uma forma de agir de modo a garantir a preservação

e a conservação do meio seja ele ambiental, social

ou econômico no qual enfatiza a importância dos

recursos naturais para a existência humana e das

futuras gerações.

A palavra sustentabilidade data do século

XIII (HOUAISS, 2007), com asseguintes

acepções: 1. Abastecimento renovado

do conjunto das substâncias necessárias

à conservação da vida; nutrição,

alimentação, sustento; 2. Ato ou efeito

de dar apoio; 3. Aquilo que sustenta;

sustentáculo, apoio; 4. Ato ou efeito de

conservar; conservação, manutenção; 5.

Ato ou efeito de defender (algo); defesa;

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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6. Ato, processo ou efeito de validar,

confirmar (algo); confirmação, ratificação;

7. Ação ou resultado de suster, adiar;

dilação, demora, adiamento. (KISIL,

2008, p. 05 Apud HOUAISS, 2007).

O termo sustentabilidade é conceituado desde

os primórdios, pois existia a preocupação com a

existência humana, servia como o pilar que sustentava

e dava apoio para o indivíduo permanecer vivo nesse

contexto de interação com o meio em que estava

inserido.

Entretanto, o princípio da sustentabilidade veio se

transformando com o decorrer dos anos e atualmente

está voltado na busca de ações ecologicamente

corretas e viáveis. Fato esse, que vem fazendo com

que as empresas também se voltem para o termo

sustentabilidade em suas ações, afinal o consumidor

está cada vez mais consciente e ao mesmo tempo

exigente com relação às questões ambientais.

Segundo Lima (2006) “O conceito de sustentabilidade

tem sido utilizado, cada vez mais, para dar suporte a

processos econômicos”.

Na atualidade a sustentabilidade é uma alternativa para

a idealização de um contexto ideal, justo, produtivo,

saudável e com qualidade de vida, onde as pessoas

possam viver por muito tempo e satisfazer as suas

necessidades e desejos, de modo a não comprometer

o meio e a existência de outras gerações que estão

por vir (KISIL, 2008).

Segundo Kisil (2008) p. 02 “O cerne da Sustentabilidade

como conceito contemporâneo é a inclusão de uma

lógica diferente da tradicional dentro do sistema social:

o cuidado com os aspectos econômicos, humanos e

ambientais como orientadores de decisões para toda

e qualquer atividade produtiva em exercício (produtos,

serviços, bem estar humano)”.

O termo é bem complexo e amplo, tendo em vista que os

recursos naturais são escassos, a poluição é cada vez

mais notória, o consumo exacerbado, o desperdício,

o crescimento populacional, a degradação ambiental,

entre outros fatores que afetam a vida em sociedade,

estes são aspectos que colaboram para despertar as

pessoas para o cuidado e para a conscientização nas

suas ações.

A noção de sustentabilidade se difundiu

como ‘Desenvolvimento Sustentável’,

e a separação dos conceitos de

sustentabilidade e desenvolvimento deu

origem a diversas outras expressões,

como sociedade sustentável, empresa

sustentável, gestão sustentável, entre

outras, fomentando “a noção de que

não somente o desenvolvimento deve

ser sustentável, mas todas as ações

humanas” (SILVA; ET AL, 2011, p. 159

Apud SILVA; REIS; AMÂNCIO, 2011, p.

151).

A sociedade vem se deparando com a premissa do

agir sustentável e suas derivações, visto que hoje o

conhecimento sobre a temática é essencial, tanto para

o ser humano, como para as empresas e instituições.

“Pode-se afirmar que sustentabilidade busca conciliar

a questão ambiental com a questão econômica

incorporando o princípio básico da continuidade, nada

pode ser sustentável se não for contínuo” (LIMA, 2006).

Ainda Lima :

A definição contida na Relatório

Brundtland (CMMAD, 1987), elaborado

pela citada comissão, estava assim

explicitada: “desenvolvimento sustentável

é o desenvolvimento que satisfaz as

necessidades da geração presente

sem comprometer a capacidade das

gerações futuras para satisfazer as suas

próprias necessidades. (LIMA, 2006, p.

03).

Essa definição permite a constatação da continuidade

no desenvolvimento sustentável, pelo fato de exprimir

a ideia de que as ações de hoje não comprometam

a existência de outras gerações, o que remete a

conscientização voltada para o controle e o uso

racional dos recursos, tendo em vista que os mesmos

são escassos, para que assim esteja a disposição em

longo prazo para futuras gerações.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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“A ideia de sustentabilidade nunca foi estranha ao

homem. Porém, a concretização e a difusão em escala

mundial do conceito de sustentabilidade, ocorreram

na Comissão Mundial para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento – CMMAD” (LIMA, 2006, p. 03).

“Pensar globalmente e agir localmente”, a ideia foi de

Philip Kotler (CARMO; COMITRE, 2010, p. 2). Este deve

ser um lema adotado para nortear a forma de lidar e

agir de modo sustentável, focado em pensamentos

grandes, num todo, que é o planeta e assim agir ao

alcance de cada um, localmente, seja em casa, na rua,

na escola ou no trabalho, são pequenas ações que

fazem a diferença, se cada um fizer a sua parte. Da

mesma forma, os empresários também precisam ter

em mente essa noção de grandiosidade, que constitui

essa temática e, intercalar e trazer o conceito para

dentro das empresas.

Se compreendermos que a existência

da sustentabilidade depende da

relação do sistema socioeconômico

com o ecossistema, é necessário que

se formem procedimentos reguladores

dessa relação, tanto em nível local

quanto global, desde o consumo de

recursos até a produção de dejetos.

Dessa maneira surge a necessidade

do ajuste das dimensões local e global

às condições do ecossistema. Essa

condição indica a existência não de

apenas uma forma de sustentabilidade,

mas de uma diversidade delas. (LIMA,

2006, p. 05).

Sustentabilidade reúne alternativas e métodos

que são capazes de reduzir ou amenizar danos e

reparar ações cometidas no ambiente, preconizando

atitudes para preservar o meio natural e os recursos

necessários para a existência humana, garantindo a

continuidade do meio, da vida e da sociedade. Esse

elo é fundamental para sustentar a relação de interação

homem-natureza-atividades econômicas.

Pode-se dizer que sustentabilidade é um conceito

sistêmico, relacionado com a continuidade dos

aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais

da sociedade humana. (LIMA, 2006).

De acordo com Mendes (2009) o conceito de

sustentabilidade vai muito além de explicar a

realidade, é um tema que requer aplicações práticas.

O autor define da seguinte forma: Assim, as ações

que procuram garantir o futuro de um lugar, com

qualidade de vida, respeito às pessoas e sua cultura,

conservação do meio ambiente, manutenção da

biodiversidade, adequação ao território podem ser

consideradas sustentáveis.

2.2 DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

Pode-se definir Tríplice da Sustentabilidade como a

maneira na qual acreditamos que empresas, sociedade

e meio ambiente podem viver equilibrados hoje e no

futuro. Tríplice porque abrange a sustentabilidade

econômica (das empresas, organizações e pessoas),

a social (em todos os aspectos temáticos e todos os

grupos possíveis) e a ambiental (FONTANA, 2001).

O processo gerencial das empresas deve levar em

consideração esses três pilares, a organização precisa

relacionar-se com o meio ambiente e, assim, garantir

recursos para as futuras gerações, precisa também

interagir com o mercado para manter-se competitiva

sempre levando em conta a responsabilidade social.

A sustentabilidade ambiental é uma expressão que

diz respeito às ações feitas pelo homem a fim de

manter suas necessidades, sem expor a integridade

dos recursos naturais para as gerações futuras. Sendo

assim, instituição sustentável é aquela que busca

medidas em função da diminuição ou combate ao

desperdício de água e alimentos, ao desmatamento,

às queimadas ou qualquer dano causado ao meio

ambiente, preservação da fauna e da flora mundial,

entre outros (FONTANA, 2001).

Para Fontana (2001, p. 123), “O desenvolvimento

sustentável só acontece quando temos, em

conjunto, nas ações que a sociedade pratica a

sustentabilidade econômica, a sustentabilidade social

e a sustentabilidade biológica ou ambiental”.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

163

A grosso modo, a sustentabilidade

econômica se obtém quando as ações

da sociedade são capazes de gerar

renda suficiente para garantir o acesso

aos bens de consumo que garantam

o mínimo de qualidade de vida a essa

sociedade, de forma ampla e irrestrita.

A sustentabilidade social diz respeito a

um desenvolvimento de uma sociedade

que gere empregos e oportunidades,

que consiga gerar ações no campo

cultural, espiritual, jurídico , do lazer e

do lúdico, sem discriminações e com

justiça. A sustentabilidade biológica ou

ecológica é obtida quando as ações

que praticamos garantem o mínimo da

reprodução ou manutenção dos recursos

naturais.(FONTANA, 2001, p. 123).

Para Almeida (1999, p. 211), “Uma população com

nível cultural e educacional elevado respeita mais

o meio ambiente, colaborando desta forma para o

desenvolvimento sustentável do planeta”. Mas a

ação sustentável não é importante apenas para as

pessoas menos favorecidas, pois quando colocadas

em prática, possuem a capacidade de melhorar a

qualidade de vida de toda população, visando assim,

o bem-estar da sociedade de hoje e a de amanhã em

iguais medidas.

Não se pode deixar de destacar um índice muito

importante, estudos apontam que consumimos 20% a

mais do que o planeta consegue suportar. Um novo

estilo de vida precisa ser imposto e isso necessita de

coragem, mudanças de hábitos, criação de uma nova

cultura, a reflexão sobre o assunto já é um começo, um

ponto de partida e ao mesmo tempo um exercício que

todos nós devemos começar a fazer para um mundo

melhor. (FURTADO, 1998)

Sem dúvida, o crescimento

econômico é necessário,

porém não é suficiente para

garantir o desenvolvimento.

Deve submeter-se às

regras de uma distribuição

social equitativa e às

imposições ecológicas. Não

é possível continuar com

um crescimento baseado

na utilização extensiva dos

recursos naturais. Pode-se

e faz-se necessário pensar

um crescimento intensivo

que utilize de maneira cada

vez mais eficaz os recursos.

Porém, não pode basear-se

total (AMEIDA, 1999, p. 160).

O termo sustentabilidade pode ser aplicado em vários

setores, sendo eles: empreendimentos nos diversos

ramos, setor automobilístico, vestuário, agricultura,

indústria, transportes, educação, entre outros. Neste

sentido, a busca de novas tecnologias e estratégias

na tentativa da harmonização de políticas públicas,

ambientais, sociais e econômicas tem sido uma

preocupação no desenvolvimento sustentável.

2.3 SUSTENTABILIDADE NO ÂMBITO

EMPRESARIAL

As empresas juntamente com a sociedade estão

cada vez mais buscando e se preocupando com as

questões sociais e relacionadas ao meio ambiente.

A percepção da grande maioria das pessoas de que

o mundo está refletindo os efeitos da ação humana

é fato. A mídia também é participativa, mostrando

o que está acontecendo com relação às questões

ambientais, ajudando dessa forma as pessoas e as

empresas a parar para pensar nas suas próprias

ações do dia a dia, o que podem e devem fazer para

melhorar e amenizar os impactos negativos no planeta,

começando com pequenas ações.

“A sustentabilidade empresarial corresponde à

habilidade de a empresa manter-se competitiva

e rentável ao longo do tempo, através da oferta

de produtos e/ou serviços com qualidade e preço

compatíveis com o mercado, e da justa remuneração de

sua força de trabalho, investidores e/ou proprietários.”

(BARATA, 2007, p. 71). Ainda de acordo com o autor, “A

compatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

164

a sustentabilidade empresarial será factível se houver

adoção de estratégias empresariais que possibilitem

que a empresa se mantenha competitiva, rentável,

e proteja o ambiente, além de impulsionar a uma

melhoria na qualidade de vida de agentes sociais com

ela envolvidos direta e indiretamente.”

As empresas são as responsáveis pela produção

de bens e serviços que garantem a existência da

humanidade. Para produzir precisa-se de recursos,

sejam eles dos mais variados tipos, que são oriundos

do bem maior que é o meio ambiente: o principal pilar

para constituir o conceito de sustentabilidade.

Uma empresa ambientalmente correta adere a técnicas

sustentáveis que permitem a identificação de processos

que melhoram o desenvolvimento e o aprimoramento

de seus produtos e/ou serviços, utilizando os recursos

de forma racional e mais produtiva, reduzindo custos e

provendo melhorias ambientais continuamente.

O aumento da produtividade dos

recursos é possível porque a poluição

é, muitas vezes, um desperdício

econômico. Resíduos industriais, sejam

sólidos, líquidos ou gasosos, podem

ser reaproveitados, utilizando-os para

a co-geração de energia, extraindo

substâncias que serão reutilizadas e

reciclando materiais. Ao analisar o ciclo

de vida do produto, há também outros

desperdícios, como o excesso de

embalagens e o descarte de produtos

que requerem uma disposição final de

alto custo. (MAY; et al, 2003, p. 161-162).

De acordo com o pensamento de May (2003) as

empresas sustentáveis sabem utilizar os recursos

provindos do meio ambiente e reutilizam os resíduos

e também promovem seu descarte de forma correta,

reciclam, reduzem os custos, melhoram os produtos

e processos, economizam energia e água, adotam

métodos e práticas sustentáveis e poluem menos,

inovam em prol do bem comum, da sustentabilidade,

etc.

De acordo com May (2003, p. 164-165) são basicamente

quatro fatores que induzem as empresas a adotarem

práticas mais saudáveis para o meio ambiente:

as pressões das regulamentações ambientais, as

pressões dos consumidores finais e intermediários, a

pressão dos stakeholders e a pressão dos investidores.

O ideal é que as empresas sejam proativas e buscam

informações constantemente, que introduzam a

sustentabilidade em suas atividades organizacionais

como um todo, envolvendo-as em sua amplitude.

3. METODOLOGIA

A metodologia proposta para realizar o presente

estudo está embasada em pesquisas bibliográficas

sobre a temática sustentabilidade e a aplicação

de questionário para obter dados sobre o nível de

conhecimento dos empresários do ramo farmacêutico

acerca da temática. É caracterizada como quantitativa

e qualitativa. Quantitativa, pois abrange a coleta de

dados e sua mensuração através de instrumentos

estatísticos para análise e compreensão do problema

de estudo. “Este método caracteriza-se pelo emprego

da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de

informações, quanto no tratamento dessas através

de técnicas estatísticas, desde as mais simples até

as mais complexas.” (DALFOVO et al, 2008, p. 06).

Enquanto que é qualitativa, pois contempla a análise

do contexto, com observações e informações advindas

das percepções dos participantes sobre a temática

(DIMITRUK, 2009).

Com relação aos instrumentos de coleta dos dados, foi

aplicado um questionário eletrônico (survey), através

da ferramenta Google Docs nas quatro farmácias no

município de Quilombo/SC, com base no objeto de

estudo que envolve a temática sustentabilidade e a

percepção/conhecimento que os empresários do ramo

farmacêutico possuem a respeito. “O questionário

é um instrumento de coleta de dados, constituído

por uma série de perguntas ordenadas, que devem

ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador. As perguntas classificam-se em:

abertas, fechadas e de múltipla escolha” (DMITRUK,

2009, p. 132). Os dados foram coletados e analisados

com base em gráficos e tabelas obtidos pela aplicação

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

165

do questionário, posteriormente realizada uma análise

descritiva dos resultados colhidos.

Inicialmente foi contatada as empresas solicitando

o endereço eletrônico do proprietário ou gerente.

De posse do contato, foi encaminhado o link do

questionário formulado no Google Docs (ferramenta

de coleta e tabulação primária de dados) aos

proprietários ou gerentes das empresas objetos da

pesquisa. A pesquisa foi realizada envolvendo 100%

das farmácias do munícpio em questão, ou seja, um

total de quatro farmácias.

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 PERFIL DAS EMPRESAS PESQUISADAS

Apresenta-se a tabela 1 com a descrição das principais

ocorrências levantadas na pesquisa:

Tabela 1 – Perfil das empresas pesquisadas.

Perfil Ocorrência

Tempo de atuação no mercado 50% mais de 5 anos

Número de sócios 75% somente 1 sócio

Número de filiais 100% somente possui a matriz

Número de funcionários 100% possuem de 1 a 50 funcionários

Região de atuaçãoEscolaridade do Sócio AdministradorSexo do Sócio Administrador

75% atuam na região oeste de Santa Catarina50% possuem pós-graduação

75% são do sexo feminino

Fonte: pesquisa.

Em relação ao tempo de atuação no mercado, observa-

se que 50% das empresas pesquisadas possuem mais

de 05 anos e que nenhuma delas possui menos de um

ano de atuação no mercado farmacêutico.

Também foi constatado na pesquisa que 75% das

empresas possuem somente um sócio proprietário,

sendo que 75% deles são do sexo feminino. Quanto

ao quadro funcional, verificou-se que duas farmácias

tem sua equipe de trabalho composta de 1 a 10

funcionários e que as outras duas tem entre 11 a 50

funcionários.

As quatro empresas pesquisadas possuem somente a

matriz, ou seja, 100% das farmácias não têm filias e a

maioria delas atua na região oeste de Santa Catarina.

Já em relação à escolaridade do sócio administrador a

constatação foi de que 50% possuem pós-graduação.

Considerando que a sustentabilidade, no contexto

empresarial tem grande relevância, uma vez que as

empresas possuem um papel importante quando

se fala em sustentabilidade, pois são os meios

geradores de produtos/serviços e de empregos.

Porém, é necessário que os empresários tenham

em mente o que é sustentabilidade e dessa forma

ampliem práticas sustentáveis em seus negócios.

Com o intuito de verificar se os empresários do ramo

farmacêutico possuem conhecimento e como avaliam

esse conhecimento sobre a temática sustentabilidade,

aplicou-se a seguinte questão e obtiveram-se os

dados abaixo:

Figura 1- Conhecimento sobre sustentabilidade

Observa-se que nenhum dos respondentes avalia

que não possui nenhum conhecimento sobre

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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sustentabilidade, porém as respostas foram dispersas

e somente 25% diz que é ótimo o conhecimento sobre

a temática, revelando que a temática é evidente e

conhecida, mas não é algo expressivo, tendo em vista

que as respostas estão divididas, não se concentram

em um único fator.

Entretanto, quando perguntado se a empresa realiza

ações de sustentabilidade a grande maioria afirma

que sim (75%), e assim sendo a temática em estudo se

revela presente nesse segmento de mercado, quanto

a aplicabilidade no cotidiano empresarial.

Figura 2 - Ações sustentáveis praticadas pelas em estudo

Dentre as diversas ações sustentáveis praticadas

pelas empresas, destacam-se o controle de consumo

do papel e a coleta seletiva do lixo e, cabe ressaltar

que somente a coleta da água da chuva dentre

as demais ações relatadas que não é uma ação

praticada por nenhuma das empresas pesquisadas.

Com isso, as empresas do ramo farmacêutico revelam

estar envolvidas em ações relacionadas à prática da

sustentabilidade, fato positivo que contribui com o

futuro da sociedade.

Contudo, quando se refere a programas de capacitação

ligados à sustentabilidade o resultado é negativo,

quando apenas 25%, ou seja, uma das empresas em

estudo afirma que possui. Assim sendo, na tabela

abaixo se identifica as ações que esta empresa realiza:

Tabela 2 – Ações que a empresa realiza.

Ações

Projetos sociais em parceria com a comunidade

Desenvolvimento de métodos e/ou alternativas sustentáveis

Campanhas com os clientes

Treinamento para uso e descarte correto de resíduosPalestras

Fonte: Pesquisa

O resultado mostra que a mesma está envolvida com

as três dimensões da sustentabilidade. Mendes define

da seguinte forma: “Assim, as ações que procuram

garantir o futuro de um lugar, com qualidade de

vida, respeito às pessoas e sua cultura, conservação

do meio ambiente, manutenção da biodiversidade,

adequação ao território podem ser consideradas

sustentáveis” (MENDES, 2009, p.51).

As empresas juntamente com a sociedade estão cada

vez mais buscando e se preocupando com as questões

sociais e relacionadas ao meio ambiente. A percepção

da grande maioria das pessoas de que o mundo está

refletindo os efeitos da ação humana é fato.

De acordo com Barata (2007, p. 71) “A sustentabilidade

empresarial corresponde a habilidade de a empresa

manter-se competitiva e rentável ao longo do tempo,

através da oferta de produtos e/ou serviços com

qualidade e preço compatíveis com o mercado,

e da justa remuneração de sua força de trabalho,

investidores e/ou proprietários.”

Com o objetivo de analisar como os empresários do

ramo farmacêutico avaliam a sustentabilidade, aplicou

a seguinte questão, conforme a figura 3. Identificou-

se que 50% dos respondentes a avaliam como uma

oportunidade, fato positivo.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Figura 3 - Avaliação da sustentabilidade

A sustentabilidade está amparada em três dimensões:

social, ambiental e econômica. Pode-se dizer que

sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado

com a continuidade dos aspectos econômicos,

sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

(LIMA, 2006).

Figura 4 - Dimensões da sustentabilidade

Conforme o figura 4, pode-se concluir que os

empresários identificam a sustentabilidade como um

conceito amplo e dinâmico, associado não somente a

questões ambientais, mas também às questões sociais

e econômicas. Isso demonstra que os empresários

detêm um conhecimento coerente acerca da temática

e suas dimensões.

Considerando que as empresas em estudo atuam

no segmento farmacêutico, o qual desempenha

atividades que envolvem a produção de resíduos

tóxicos e contaminantes. A empresa, seja ela de

qualquer segmento, de uma forma ou de outra está

impactando o meio em que está inserida, dependendo

do tipo de atividade, algumas impactam mais e outras

menos. Conforme o figura 5, 75% dos empresários do

ramo farmacêutico afirmam que a atividade que sua

empresa desenvolve promove um impacto moderado,

em função da atividade que a empresa realiza.

Figura 5 - Impactos da atividade

Observa-se que a sociedade atual está se voltando

para a premissa do agir sustentável e suas derivações,

visto que hoje o conhecimento sobre a temática é

essencial, tanto para o ser humano, como para as

empresas em geral. A sustentabilidade é um assunto

que vem ganhando importância, percebe-se na figura

6, que os empresários do ramo farmacêutico adotam

um alto nível de importância para os aspectos ligados

à sustentabilidade, a grande maioria das respostas

concentrou-se nos valores de 8 a 10, representando

assim elevada importância ao tema:

Figura 6 - Grau de importância aos aspectos ligados à sustentabilidade

Quando perguntadas sobre à prestação de orientação

ao descarte de medicamentos aos clientes, as

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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farmácias se mostram pouco colaborativas a este tipo

de descarte, uma vez que 75% dos respondentes

afirmam que algumas vezes prestam orientação.

Com relação ao lixo farmacêutico as quatro farmácias

pesquisadas informaram que o descarte é feito através

de uma empresa terceirizada que recolhe este tipo

de lixo. A legislação também tem papel importante,

quanto a destinação correta do lixo, uma vez que são

eliminados resíduos contaminados e perfurocortantes,

que necessitam de um descarte diferenciado.

5. CONCLUSÃO

A pesquisa da temática sustentabilidade em

organizações do setor farmacêutico mostrou que

as empresas analisadas tem conhecimento acerca

da sustentabilidade e adotam práticas e ações

sustentáveis no dia a dia. Para as pesquisadoras foi

possível adquirir um maior conhecimento sobre o

tema, e assim atingir o objetivo proposto no início do

trabalho.

Analisar qual é o nível de conhecimento da temática

sustentabilidade por parte dos empresários do

ramo farmacêutico permitiu identificar que o setor

farmacêutico realiza ações de sustentabilidade e

que a temática em estudo se revela presente nesse

segmento de mercado, quanto a aplicabilidade no

cotidiano empresarial.

Ao abordar as dimensões da sustentabilidade todos os

empresários detinham conhecimento acerca de suas

derivações, que contemplam questões ambientais,

sociais e econômicas e também se mostram proativos

e atribuem um nível satisfatório de importância aos

aspectos relacionados à sustentabilidade.

É possível identificar que a sustentabilidade tem

um grau de importância elevado e que está cada

vez mais presente na sociedade como um todo. O

ser humano vem percebendo em sua realidade que

pequenas ações, as mais simples que sejam, se

tornam significativas e fundamentais quando o assunto

é sustentabilidade e um planeta melhor. Todavia, a

responsabilidade é de todos: empresas, sociedade,

comunidade, ser humano, enfim todos que fazem parte

e constituem o meio ambiente, de agir sustentável,

uma vez que a sustentabilidade abrange a conexão do

sistema socioeconômico com o ecossistema, portanto

serve como instrumento de equilíbrio entre as partes

envolvidas com a finalidade de manter o bem-estar

social e do meio, limitando as ações em prol do bem

comum.

Constata-se que a sustentabilidade é um tema

de grande valia no cenário atual, tanto para as

organizações, seja de qualquer ramo de atuação,

como para a sociedade como um todo, pois atinge

uma gama de atividades que se correlacionam e estão

presentes na existência humana.

Dessa forma, cabe a todos o papel de disseminar e

contemplar a sustentabilidade com o intuito de que

as ações de hoje não comprometam a existência

de outras gerações, e que a conscientização esteja

sempre voltada para o controle e o uso racional dos

recursos, tendo em vista que os mesmos são escassos,

considerando que existem limites e, estes devem ser

respeitados.

REFERÊNCIAS

[1] ALMEIDA, Jalcione; et al. Desenvolvimento Sustentável: necessidade e/ou possibilidade? 2ª ed. Santa Cruz do Sul: Unisc, 1999.

[2] BARATA, Martha Macedo de Lima. O setor empresarial e a sutentabilidade no Brasil. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.uff.br/var/www/htdocs/pae/index.php/pca/article/view/156/126. Acesso em 19 out 2013.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

169

[7] KISIL, Rosana. A aderência entre o constructo da sustentabilidade e a prática das ONGs. São Paulo, 2008. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2259/61060100591.pdf?sequence=2. Acesso em: 14 set 2013.

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[9] MAY, Peter Herman; LUSTOSA, Maria Cecília; VINHA, Valéria da (Orgs.) Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2003

[10] MENDES, Jefferson Marcel Gross. Dimensões da Sustentabilidade. Revista das Faculdades Santa Cruz, 2009. Disponível em: http://www.santacruz.br/v4/download/revista-academica/13/cap5.pdf. Acesso em: 21 set. 2013.

[11] SILVA, Minelle Enéas Da; et al. Um espelho, um reflexo! A educação para a sustentabilidade como subsídio para uma tomada de decisão consciente do administrador. São Paulo: RAM, Rev. Adm. Mackenzie., 2013.

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Capítulo 16GESTÃO DE PROCESSOS LOGÍSTICOS E IMPORTÂNCIA SOCIAL:

ESTUDO DE CASO DO BANCO DE ALIMENTOS DA CEASA CAMPINAS

Tanyra de Fátima Ferreira do Amaral

Ieda Kanashiro Makiya

Antonella Ferrari

Ana Carolina Spatti

Resumo: A agricultura familiar responde pelo emprego de 12 milhões de trabalhadores na produção de alimentos, os quais são responsáveis por 40% do Valor Bruto da Produção total do agronegócio no Brasil (EMBRAPA, 2013), correspondente a 70% dos produtos de gênero alimentício consumidos no país (PORTAL TERRA, 2013). Dados da ONG Banco de Alimentos indicam que são desperdiçados no Brasil, por dia, 39 milhões de quilos de alimentos, quantidade que daria para alimentar de modo satisfatório 19 milhões de pessoas diariamente com as três refeições básicas. A fim de minimizar esse problema pelo qual passa o país, os Bancos de Alimentos surgiram como uma alternativa para o enfrentamento ao desperdício e como forma de promoção da segurança alimentar, através do recebimento, triagem e repasse dos alimentos propícios ao consumo, porém impróprios à comercialização, às entidades cadastradas. Tendo-se em vista que os produtos de gênero alimentício são perecíveis, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um modelo organizacional que possa auxiliar o Banco de Alimentos da CEASA, interior do Estado de São Paulo, na resolução de problemas quanto à vazão de produtos não conformes ou com data de validade próxima ao vencimento, considerando a eficiência de processos ao longo de sua cadeia e a importância social envolvida no processo.

Palavras Chave: Banco de Alimentos, Agricultura Familiar, Gestão Organizacional, Otimização de Processo, Promoção Social.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

A fome e o desperdício de alimentos são dois dos

principais problemas que o nosso país enfrenta.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), produz-se no Brasil 25,7% a mais

de alimentos do que necessita a nossa população. E,

mesmo assim, milhões de brasileiros não têm acesso à

comida de qualidade e/ou em quantidades suficientes,

gerando desnutrição e subnutrição, ou mesmo doenças

relacionadas ao consumo de alimentos prejudiciais à

saúde.

Segundo dados da ONG Banco de Alimentos, são

desperdiçados no Brasil, por dia, 39 milhões de quilos

de alimentos, quantidade que daria para alimentar de

modo satisfatório 19 milhões de pessoas diariamente

com as três refeições básicas.

Os efeitos na economia também são devastadores.

Segundo estimativa da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento do Estado de São Paulo, os alimentos

não aproveitados representam 1,4% do PIB, o que

ultrapassa a quantia de R$17,25 bilhões.

Outro dado preocupante é que, segundo uma pesquisa

desenvolvida pelo Instituto Akatu, aproximadamente

64% do que se planta no Brasil é perdido no decorrer

da cadeia produtiva (ANTUNES, GEMMA E AMARAL,

2010).

Portanto, é diante deste cenário – em que o combate

ao desperdício vem se tornando um dos focos

principais da atualidade –, que o papel dos Bancos de

Alimentos tem merecido destaque, na medida em que,

ao aproveitar alimentos não utilizados comercialmente

e encaminhá-los para o consumo humano, os Bancos

acabam instituindo uma solução eficaz desse problema

emergencial, por conta da fome, pelo qual passa o

mundo, em especial o Brasil.

Para que eles enfrentem este desafio, entretanto, é

fundamental que disponham de um aparato logístico

eficaz e eficiente, pois é justamente isto que os

fortalece: uma logística bem estruturada.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um modelo organizacional que possa

auxiliar o Banco de Alimentos da CEASA - Campinas

no momento da tomada de decisão quanto ao quê

entregar (tipo de produto), quanto (quantidade),

para quem (para qual ou quais entidades), e de que

forma (a mais eficiente e eficaz), considerando o

prazo de validade dos produtos a serem consumidos

e estabelecendo uma relação de prioridades no

recebimento.

Desse modo, com a implantação do sistema proposto,

espera-se que haja um aumento da eficiência dos

processos organizacionais, na medida em que

permite minimizar os problemas relacionados à vazão/

desperdício de produtos não conformes ou com data

de validade próxima ao vencimento, bem como os

processos logísticos de recebimento e entrega dos

produtos às instituições cadastradas (tanto no pólo

Campinas quanto também aos Bancos de Alimentos

com os quais foram firmadas parcerias).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Desenvolver um modelo organizacional capaz de:

a. Avaliar as condições atuais do Banco de

Alimentos de Campinas e a relação oferta versus

demanda dos alimentos;

b. Visualizar a prioridade de entrega para as

entidades envolvidas de acordo com o prazo de

validade dos produtos e a quantidade de pessoas

a recebê-los;

c. Identificar os gargalos nos processos integrados,

desde a recepção à retirada dos alimentos;

d. Propor a gestão sustentável e eficiente ao longo

da cadeia, objetivando a promoção de valores

e a atuação conjunta dos agentes (públicos e

privados) que compõem esta organização.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

172

3. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do estudo, fez-se uso de

referenciais de pesquisa documental, incluindo coleta

e organização de dados, revisões bibliográficas –

merecendo destaque as publicações de Josué de

Castro – e entrevistas com atores e informantes chaves.

Inicialmente, a pesquisa, de caráter exploratório,

foi realizada por meio de dados secundários

(bibliográficos e documentais). Constituiu-se como

uma fonte importante para localização teórica do

conceito de agricultura familiar, gestão organizacional,

bem como para a caracterização do objeto de trabalho

– o Banco de Alimentos da CEASA – e do município

de Campinas, oferecendo, portanto, subsídios para o

estudo.

A pesquisa de campo envolveu entrevistas com

funcionários do Banco de Alimentos da CEASA

Campinas, por meio de visita técnica, e posteriores

contatos via correio eletrônico para realização da

pesquisa documental, embasada na análise de

planilhas e demais documentos para desenvolvimento

desse estudo.

Os pontos chaves de análise basearam-se nos

processos envolvidos na logística de distribuição dos

alimentos, focando nos gargalos e nas dificuldades

subjacentes. A partir das respostas fornecidas e

das questões abordadas referentes aos gargalos

encontrados no Banco de Alimentos e sua estruturação,

foi possível realizar um levantamento das principais

variáveis a serem analisadas nessa pesquisa.

A visita e as entrevistas foram de grande importância,

já que esclareceram pontos específicos do estudo,

estabelecendo um paralelo entre a teoria e a prática.

4 Panorama geral da fome e da desnutrição no Brasil

A questão da fome no Brasil é atual, pois há várias

discussões em andamento, sendo que ainda não foi

encontrada uma solução eficaz para acabar com este

problema, que tem como principal agravante a má

distribuição dos alimentos em nosso território. Dados

da Pesquisa Nacional por Amostragem a Domicílios

- PNAD 1999 revelam que a maioria da população

pobre brasileira concentra-se nas regiões Norte e

Nordeste do país, e que, no geral, mais de um quarto

da população brasileira vive abaixo da “linha da

pobreza”, que gera fome e desnutrição (27,4 %).

“Alguns autores apontam que a questão da fome

no Brasil tem suas raízes no processo histórico de

formação da sociedade brasileira”. Porém, o início

dos estudos ocorreu durante o século XIX, com

trabalhos apresentados por médicos, principalmente

nas Universidades. Um dos principais percursores dos

estudos da fome e da desnutrição foi o brasileiro Josué

de Castro que, dentre outras contribuições, procurou

mapear as regiões de baixa renda e buscou identificar

os motivos que levaram a estes fatos, e propor soluções

para a questão da fome e da desnutrição.

Podemos considerar que o processo de programas

e da intervenção do governo para combater a

fome passou por três grandes fases, associadas

principalmente ao processo de urbanização brasileiro,

no qual se percebeu, inicialmente, que a mão-de-obra

agrícola ficou escassa para a produção de alimentos,

ao mesmo tempo em que a população crescia cada

vez mais nas cidades.

Durante a década de 1930, houve uma tentativa de

regulamentação dos preços dos produtos, todavia,

devido à economia estar baseada principalmente

na cafeicultura e por a quantidade de latifúndios

no país ser grande, surgiu a necessidade de uma

intervenção estatal, de forma a criar mecanismos para

que o alimento chegasse ao consumidor final e fosse

distribuído adequadamente, através da implantação

de varejões estatais, os quais buscavam controlar

os preços dos alimentos e restaurantes populares

instaurados nas capitais.

Em 1953, surgiu então o primeiro Plano Nacional

de Alimentação e Nutrição. “Esse plano pode ser

considerado um embrião do planejamento nutricional

brasileiro e suas ações se voltavam, prioritariamente,

à assistência alimentar e nutricional do grupo

materno infantil e, em segundo plano, aos escolares e

trabalhadores.” (VASCONCELOS, 2005)

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

173

Nas décadas que seguiram, o Brasil passou por

diversas mudanças: se tornou urbano e houve uma

modernização na agricultura brasileira, potencializando

a produção de alimentos do país, ao mesmo tempo em

que o consumo de produtos industrializados aumentou.

Sendo assim, os produtos in natura eram direcionados

às indústrias, para a produção dos alimentos que

faziam parte dos produtos alimentícios tradicionais

dos brasileiros. Estes fenômenos fizeram com que

a população aumentasse, não cessando, portanto,

a fome no país. Os programas destas décadas

eram de caráter político, sem um controle sobre sua

abrangência. Um deles foi o Programa Nacional do

Leite Para Crianças Carentes (PNLCC), criado em

1886, o qual consistia na distribuição de leite para a

população de baixa renda através da troca de cupons;

no entanto, não havia um controle efetivo sobre estes

(se de fato eram trocados por leite).

“O programa foi muito malsucedido em sua abrangência

e gestão. Entretanto, foi a primeira experiência em

grande escala de distribuição de cupons de alimentos

no Brasil” (COHN,1995).

Durante a década seguinte, com a Cúpula Mundial da

Alimentação em Roma, foi definida a meta de reduzir

pela metade o número de desnutridos até 2015,

pois o número de pessoas nesta situação cresceu,

principalmente nas cidades, devido à crise econômica

vivida pelo país nos anos 1990. Os programas foram

marcados pela substituição da entrega de alimentos

em espécie para um valor mensal em dinheiro.

Com a criação do programa Fome Zero, em 2002,

cerca de 30 diversos programas se uniram para atuar

no combate à desnutrição e à fome no país, sendo que

a meta proposta na Conferência de Roma de reduzir

esta última em 50% foi cumprida, apesar da fome ainda

apresentar-se como um problema evidente que afeta

cerca de ⅓ dos brasileiros (BELIK, SILVA,TAKAGI,

2001).

5. BANCO DE ALIMENTOS: ESTRUTURAÇÃO E

FINALIDADE

Segundo Belik et al. (2012), os Bancos de Alimentos

surgiram como uma iniciativa de âmbito local que,

posteriormente, passaram a se constituir como

uma alternativa mundial para o enfrentamento ao

desperdício e como forma de promoção da segurança

alimentar.

De fato, a implantação de um Banco de Alimentos

possibilita tanto minimizar os efeitos da fome quanto

promover um processo de reeducação alimentar e

nutricional nas comunidades carentes envolvidas,

beneficiando, assim, pessoas em situação de risco

social (crianças, jovens, desempregados, idosos,

deficientes, dependentes químicos etc.). Além disso,

permite conscientizar a população no que tange ao

aproveitamento ideal dos nutrientes com vistas a uma

dieta balanceada, bem como estimular ações cidadãs

por meio do incentivo ao voluntariado para causas

sociais. (ANTUNES, GEMMA E AMARAL, 2010)

Belik et al. (2012), em concordância com Antunes,

Gemma e Amaral (2010), enfatizam que, além de

proporcionarem acesso aos alimentos, os Bancos de

Alimentos difundem valores para uma alimentação

mais saudável e mobilizam relações comunitárias

baseadas nos princípios de solidariedade e eficiência.

Neste contexto, através das doações por parte dos

parceiros, o Banco de Alimentos visa combater o

desperdício gerado pelas diversas empresas do gênero

alimentício, com o intuito de minimizar este problema

mundial, mas que no Brasil toma proporções maiores

pelo fato de haver um déficit em termos de políticas

públicas que estejam direta e fortemente relacionadas

ao desperdício de alimentos. Tanto é que, conforme

afirma Valente et al. (2002),

Historicamente, o enfrentamento da

questão da fome, da miséria e da

desnutrição na sociedade brasileira

nunca foi considerado um problema

estratégico, na medida em que estas

mazelas sempre afetaram e afetam os

setores com menos poder e excluídos

do processo econômico e político

hegemônico. Desta forma, sempre foi

tratada de forma pontual, emergencial e

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

174

assistencial, mesmo quando abordada

por políticas e programas públicos,

que sempre se caracterizaram por

sua marginalidade e fragmentação.

(VALENTE et al. 2002).

5.1 MODELO BRITÂNICO

Em 2004 foi fundada a maior rede de Bancos de

Alimentos do Reino Unido (420 unidades), chamada

de Trussel Trust, com projetos em parcerias com

comunidades locais, espalhadas em diversas

localidades, de acordo com a Figura 1.

Figura 1 – Mapa dos bancos de alimentos no Reino Unido.

Esta rede tem oferecido alimento emergencial para

mais de 913.000 pessoas em 2013/14, e tem observado

um crescimento de mais pessoas famintas em zonas

urbanas, justificando a necessidade de as cidades se

organizarem para terem um Banco de Alimentos em

operação (TRUSSEL TRUST, 2014).

Figura 2 – Crescimento do uso de Banco de Alimentos no Reino Unido (TRUSSEL TRUST, 2013).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Todo alimento é doado (90% por doação pessoal

voluntária) e distribuído por voluntários. Na linha de

frente estão os profissionais de saúde, como médicos

e assistentes sociais, que identificam as pessoas

em crise e lhes entregam um vale. Cada pessoa

em situação de risco recebe uma dieta balanceada

nutricionalmente para 3 dias, de produtos não

perecíveis na troca do vale. Os Bancos de Alimentos

também desenvolvem um banco de dados e realizam

diálogos para diagnosticar e auxiliar as pessoas em

outros serviços de ajuda (TRUSSEL TRUST, 2014).

5.2 MODELO AMERICANO

Feeding America é uma rede de mais de 200 Bancos

de Alimentos, dotada de um sistema emergencial,

distribuído geograficamente pelos Estados Unidos

que, além de oferecer alimentos para pessoas em

estado de risco alimentar, desenvolve políticas

nutricionais para pessoas de baixa renda, orientando

na adoção de alimentos mais saudáveis (HANDFORTH

et al, 2013).

Esses bancos têm alterado suas estratégias

operacionais, voltadas a uma preocupação com

relação aos valores nutricionais dos alimentos

distribuídos, mas precisam identificar seus fatores de

sucesso para tal adoção (como tamanho do Banco

de Alimentos, dieta monitorada por especialistas,

localização geográfica, acondicionamento e

distribuição de alimentos perecíveis), além dos custos

inerentes à proposta.

Feeding America supre alimentos para mais de 37

milhões de americanos a cada ano, incluindo 14

milhões de crianças e 3 milhões de idosos. Recebe

doações de alimentos de indústrias, redes varejistas,

produtores agrícolas e do governo e, ainda, doações

financeiras por parte de corporações, fundações,

doações individuais.

Figura 3 – Modelo Rede de Banco de Alimentos – Feeding America (EUA) (Feeding America, 2013).

Observa-se um crescimento crescente da participação

de todos os setores envolvidos no sistema americano

de alimentos emergenciais, incrementado pela rede

de mercados virtuais que conecta os Bancos de

Alimentos diretamente com lojas, hotéis e restaurantes

locais, o que facilita a doação de alimentos perecíveis.

6. O CASO DO BANCO DE ALIMENTOS DA CEASA

DE CAMPINAS

Fundado em 2003, o Banco Municipal de Alimentos

possui as finalidades de coletar e armazenar os

alimentos próprios para consumos (próximos do prazo

de validade ou com risco de desperdício) oriundos de

doações de comércios e indústrias, apreensões por

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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órgãos municipais e de doações de pessoas física,

jurídica ou mesmo de órgãos públicos. O destino

dos alimentos recebidos é informado aos doadores,

por meio da prestação de contas. É responsável

pela distribuição desses alimentos arrecadados para

entidades sociais vinculadas ao município, creches,

escolas, asilos e albergues, entidades assistenciais

previamente cadastradas e indicadas pelos órgãos

responsáveis para unidades de defesa civil. São 102

entidades que atendem aproximadamente 45 mil

pessoas. Na página eletrônica da CEASA de Campinas

é possível obter a lista das entidades beneficiadas

pelo programa.

O Banco faz a logística, a análise técnica e a

distribuição de 6 mil toneladas de cestas básicas

por mês, as quais são compradas pela Prefeitura

Municipal, e distribuídas a famílias cadastradas pela

Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social

de 80 bairros de Campinas em risco social.

O Banco possui convênio com a Companhia Nacional

de Abastecimento (CONAB) e, com a finalidade de

incentivar os pequenos produtores, a CONAB compra

produtos destes agricultores, os quais são recebidos

pelo Banco de Alimentos de Campinas, alimentos

estes correspondentes a 40 toneladas mensais de

hortaliças orgânicas.

É de sua incumbência a promoção de cursos de

educação alimentar e de capacitação, de modo a

reduzir e a eliminar o desperdício, bem como da

higienização adequada dos alimentos, estudos,

pesquisas e debates acerca da segurança alimentar,

intercâmbios de experiências.

Diante das ações desenvolvidas pelo Banco

de Alimentos de Campinas, este tem obtido

reconhecimento e premiações em nível municipal e

estadual.

Também pode aceitar doações de móveis, utensílios

e equipamentos que possam ser utilizados para suas

atividades, com catalogação específica (CEASA

CAMPINAS, 2013).

Possui um trabalho em rede de cooperação com mais

Bancos de Alimentos do Estado de São Paulo, cujo

intuito é o de troca de informações no atendimento

a demandas específicas, bem como a distribuição

do excedente de determinado alimento em um dos

Bancos para os demais. Conforme Tânia Mara Evaristo

Moumeso, coordenadora do Banco de Campinas, os

objetivos em comum são de “levar os alimentos para

as pessoas que estão em vulnerabilidade social e

garantir o combate ao desperdício” (PREFEITURA DE

CAMPINAS, 2013).

Segundo contato direto com colaboradores

institucionais, através da parceria com a Universidade

Paulista e a Universidade Estadual de Campinas,

são realizadas ações nas unidades de estágios

predeterminadas, a saber: avaliação nutricional

de todos os atendidos pelo Banco de Alimentos

de Campinas por faixa etária; desenvolvimento de

educação nutricional por faixa etária; orientação para

montagem e apresentação das refeições para os

usuários; acompanhamento local das cozinheiras na

preparação dos alimentos, treinamento de higiene e

manipulação de alimentos.

É estruturado em órgãos de administração do Programa

Banco Municipal de Alimentos de Campinas, sendo eles

o Conselho Gestor, a Diretoria da CEASA Campinas, a

Secretaria Municipal de Assistência Social e o Núcleo

de Operacionalização do Programa, os quais possuem

atribuições específicas, bem como uma comissão para

estruturação das atividades pertinentes a cada um dos

órgãos (CEASA CAMPINAS, 2013).

7. PRINCIPAIS INDICADORES DO ESTUDO

Nesta sessão, serão apresentados indicadores que, ao

revelarem alguns dos gargalos e entraves verificados

no processo logístico de seleção e distribuição dos

alimentos pelo Banco Municipal de Alimentos de

Campinas, acabam por justificar a necessidade

do desenvolvimento e implantação de um modelo

oganizacional eficiente e, portanto, do presente estudo.

Nesse sentido, a primeira informação refere-se à série

histórica dos últimos 3 anos de arrecadações do Banco

Municipal de Alimentos de Campinas, que aponta que

no ano 2011 o total foi de 713,5 mil kg, em 2012 foi de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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quase 751 mil kg, e em 2013 o total ultrapassou os

860 mil kg (crescimento de 15% na arrecadação de

alimentos).

Quanto aos gargalos do sistema de distribuição,

verificou-se que muitas entidades não retiram as

doações, em virtude de receberem de outros lugares, ou

mesmo por não possuírem veículo e motorista próprios

para a retirada dos alimentos a eles destinados.

Ainda, dois outros fatores relevantes para o estudo é

o fato do Banco de Alimentos já possuir um programa

de computador (Nectar) – que armazena os dados

para controle de entrada e saída das doações – e

ter parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas,

através da Secretaria de Cidadania, Assistência e

Inclusão Social e do Departamento de Segurança

Alimentar, com os quais são realizadas, mensalmente,

a logística e entrega de 6000 cestas básicas em 80

bairros do município de Campinas, cujas famílias

atendidas são cadastradas pela Secretaria.

Além destas informações, um estudo conduzido

por Oliveira et al. (2013) apontou que as condições

no transporte dos alimentos do Banco não está

plenamente eficaz, o que tem gerado perdas ao longo

do processo de escoamento e entrega dos produtos

às entidades.

Lourenço e Katz (2010), apud Oliveira (2013)

salientam que caixas cujo conteúdo esteja acima da

capacidade limite, quando empilhadas, podem gerar,

pela compressão do produto, redução na qualidade e

na durabilidade deste.

Alimentos chegam em temperatura ambiente e em

caminhões descobertos e / ou sem refrigeração

(indicando a exposição direta ao sol dos alimentos

neles transportados, e sem a aeração necessária e

suficiente para aumentar sua durabilidade) (GOMES,

apud OLIVEIRA, 2013). Na retirada, algumas das

instituições possuem veículos adequados, porém,

uma parte dos que recebem as doações retiram os

alimentos em meios de transportes que não cumprem

com os requisitos supracitados, tornando o sistema

como um todo operando sem a plena eficiência.

Conforme discutido na “Conferência Regional da

Organização das Nações Unidas para Alimentação

e Agricultura (FAO), os países participantes

reafirmaram sua vontade de erradicar a fome (...) e se

comprometeram a reforçar suas ações (...)”.

Segundo José Graziano da Silva, diretor-geral da

FAO, “(...) Existe um enorme compromisso (...) dos

governos, da sociedade civil e no setor privado, o que

se converteu em uma agenda concreta de ações para

erradicar a fome” (ONUBR, 2014).

8. RESULTADOS OBTIDOS

O ano de 2014 foi entitulado pela Organização das

Nações Unidas (ONU), na Assembleia Geral, em

dezembro de 2011, como o Ano Internacional da

Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF),

cujo objetivo “é reposicionar a agricultura familiar no

centro das políticas (...) sociais nas agendas nacionais”

(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO,

2014).

A partir dos dados apresentados, da parceria da

Prefeitura Municipal de Campinas com o Banco de

Alimentos, e de uma análise qualitativa do Banco,

pensou-se no estabelecimento de uma gestão

organizacional, como uma cadeia de valor social para

a maximização da eficiência de processos atrelados a

um melhor funcionamento do Banco de Alimentos da

CEASA de Campinas no que se refere à captação e

destinação dos alimentos. Sugerem-se mecanismos

de investimento público (podendo ser por meio de

um projeto municipal para solicitação federal, ou

mesmo iniciativa local) relacionados, em especial,

à disponibilização de veículos com as condições

adequadas ao armazenamento e segurança dos

alimentos transportados, que realizem a logística da

entrega das doações às entidades mais carentes e

sem condições da retirada semanal dos alimentos

(isto tanto in loco quanto também em rede, com as

parcerias entre os Bancos de Alimentos).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

178

9. CONCLUSÕES

Diante do estudo de caso realizado com o Banco

Municipal de Alimentos da CEASA em Campinas,

o que se concluiu, a partir de uma análise acerca

dos seus processos e da busca pela redução e / ou

eliminação dos gargalos que interferem no seu amplo,

eficiente e eficaz funcionamento, foi a promoção de

iniciativas administrativas conjuntas. Sugere-se que

tais iniciativas visem o impacto positivo do “valor

social”, mediante o investimento de capital, mas com

um retorno sustentável e social: o do fortalecimento de

um programa de combate à fome e ao desperdício,

bem como da garantia de alimentação saudável

(segurança alimentar) à população que depende de

ações governamentais e iniciativas presentes no Banco

de Alimentos para suprir suas necessidades básicas

de alimentação. Em vez do custo de oportunidade

entre o desperdiçar alimento e transportá-lo ao local

de dejetos e a gestão do lixo em termos econômicos

e financeiros, fortalecem-se as bases de cooperação

integrada em prol do desenvolvimento social, a partir

de políticas públicas e de parcerias estratégicas.

Outra iniciativa interessante poderia ser a busca de

desenvolvimentos de uma rede de Banco de Alimentos

similar às dos modelos britânico e americano, em que

Organizações Não Governamentais (ONGs) possam

ter apoios e incentivos (públicos, privados, sociedade

civil) para o desenvolvimento de Bancos de Alimentos

locais em que se estimulem a doação voluntária

e a captação de uma rede de profissionais da área

de saúde que possam estabelecer uma triagem e

desenvolvimento de um banco de dados, que possa

auxiliar na identificação dos problemas e soluções

sociais de forma mais estratégica.

REFERÊNCIAS

[1] BELIK, Walter; CUNHA, Altivo Roberto Andrade de Almeida, COSTA, Luciana Assis. Crise dos Alimentos e Estratégias para a Redução do Desperdício no Contexto de Uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas, n. 38, 2012.

[2] BELIK, Walter, SILVA, José. Graziano; TAKAGI, Maya. (2001). Políticas de combate à fome no Brasil. São Paulo em perspectiva, 15(4), 119-129.

[3] CEASA CAMPINAS - SP. Disponível em <www.ceasacampinas.com.br>. Acesso em 15/11/2013.

[4] COHN, Amélia. Políticas sociais e pobreza no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas. Ipea, n.12, jan./dez. 1995, p.1-17.

[5] COOPER, Niall; DUMPLETON, Sarah. Walking the breadline: the scandal of food poverty in 21st century Britain. Church Action on Poverty & OXFAM, 2013. Disponível em: <http://policy-practice.oxfam.org.uk/publications/walking-the-breadline-the-scandal-of-food-poverty-in-21st-century-britain-292978>. Acesso em 04/04/2014.

[6] EMBRAPA. Embrapa e Contag discutem os rumos da agricultura familiar na Amazônia. Disponível em <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1493911/embrapa-e-contag-discutem-os-rumos-da-agricultura-familiar-na-amazonia>. Acesso em 05/03/2014.

[7] FEEDING AMERICA (2013). Annual Report. Disponível em < http://feedingamerica.org/how-we-fight-hunger/about-us/~/media/Files/financial/FeedingAmericaAnnualReport2013_SolvingHungerTogether.ashx>. Acesso em 17/05/2014.

[8] HANDFORTH, Becky; HENNINK, Monique; SHCWARTZ, Marlene B. (2013). A qualitative study of nutrition-based intitiatives at selected food banks in the feeding America Network. Journal of Academy of Nutrition and Dietetics, v.113, n.3 (411-415), 2013.

[9] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acesso em 09/11/2013.MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Comitê Brasileiro lança site do Ano Internacional da Agricultura Familiar. Disponível em <http://www.mda.gov.br/portalmda/noticias/comit%C3%AA-brasileiro-lan%C3%A7a-site-do-ano-internacional-da-agricultura-familiar>. Acesso em 18/05/2014.

[10] MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE COMBATE À FOME. Disponível em <http://www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-san/banco-de-alimentos>. Acesso em 10/03/2014.

[11] MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012 / 2015. Disponível em <http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/arquivos/LIVRO_PLANO_NACIONAL_CAISAN_FINAL.pdf>. Acesso em 05/05/2014.

[12] ONG BANCO DE ALIMENTOS. Dispónível em <http://www.bancodealimentos.org.br/doe9/>. Acesso em 21/09/2013.

[13] ONUBR - Nações Unidas no Brasil. Conferência Regional da FAO aprova medidas para erradicar a fome na América Latina e Caribe. Disponível em <http://www.onu.org.br/conferencia-regional-da-fao-aprova-medidas-para-erradicar-a-fome-na-america-latina-e-caribe/>. Acesso em 18/05/2014.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

179

[14] PORTAL TERRA. Políticas de agricultura familiar brasileiras são exemplo mundial. Disponível em <http://noticias.terra.com.br/ciencia/politicas-de-agricultura-familiar-brasileiras-sao-exemplo-mundial,2078472b9cb10410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html>. Acesso em 10/03/2014.

[15] PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. Banco de Alimentos de Campinas inicia trabalho em rede com 2 municípios. Disponível em <http://www.campinas.sp.gov.br/noticias-integra.php?id=21361>. Acesso em 10/03/2014.

[16] SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em <http://www.agricultura.sp.gov.br/>. Acesso em 21/09/2013.

[17] TRUSSEL TRUST (2013). The biggest ever increase in UK foodbank use. Disponível em <http://www.trusselltrust.org/resources/documents/Press/BIGGEST-EVER-INCREASE-IN-UK-FOODBANK-USE.pdf>. Acesso em 02/03/2014.

[18] TRUSSES TRUST (2014). Disponível em <www.trusseltrust.org>. Acesso em 16/05/2014.

[19] VALENTE, Flávio Luiz Schieck; LIMA, Jayme Benvenuto Junior.; ZETTERSTRÖM, Lena. Extrema pobreza no Brasil. A situação do direito à alimentação e moradia adequada. São Paulo: Loyola, p. 79, 2002.

[20] VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes (2005). Combate à fome no Brasil: uma análise histórica de Vargas a Lula. Rev. Nutr, 18(4), 439-457.

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Capítulo 17RESPONSABILIDADE SOCIAL UNIVERSITÁRIA: PRÁTICA

APLICADA PELO INSTITUTO METODISTA GRANBERY NA CIDADE

DE JUIZ DE FORA – MG

Ana Valéria Vargas Pontes

Ronaldo Miranda Pontes

Victor Miranda de Oliveira

Resumo: No contexto contemporâneo organizacional, nota-se a necessidade de aprofundar os conceitos e práticas da organização para a permanência e desenvolvimento desta no mercado, assim, a responsabilidade social corporativa permeia este processo. Nesta perspectiva, este estudo tem por objetivo descrever o conceito e a relevância da responsabilidade social corporativa, versar sobre a responsabilidade social nas instituições de ensino superior, apresentar a instituição foco do presente trabalho, bem como pesquisar o impacto de um projeto de responsabilidade social que é a Faculdade Aberta a Melhor Idade (FaMIdade) em seus participantes. A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratória de cunho bibliográfico e uma pesquisa de campo de caráter quantitativo e foi constatado que há um impacto positivo nos participantes e uma oportunidade de divulgação do projeto e da instituição.

Palavras Chave: Responsabilidade social. Projeto FaMIdade. Responsabilidade social universitária.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

181

1 INTRODUÇÃO

Com a globalização e o crescimento da concorrência

ao longo dos anos, em âmbito mundial, as organizações

perceberam que não basta investir em qualidade

e oferecer um preço atraente para ganhar e manter

espaço no mercado. Então, as organizações precisam

trabalhar diversos outros aspectos para fidelizar seus

clientes na busca por um aumento da parcela de

mercado.

As Instituições de Ensino Superior (IES) enfrentam

este mesmo contexto, marcado pela competitividade

empresarial local, regional e global, pelas exigências

governamentais e institucionais, e principalmente

pelos anseios da comunidade acadêmica em que

estão inseridas.

A partir de todos esses desafios, as IES têm buscado uma

análise mais aprofundada acerca do desenvolvimento

das suas atividades e a consequente qualidade delas

resultante, tendo em vista principalmente a prestação

de contas à sociedade, considerando critérios de

excelência, equidade e relevância social.

Esta preocupação com a qualidade das Instituições

Educacionais surge num momento que pode ser

caracterizado por um desajuste entre Estado,

Universidade e Sociedade. Diversas mudanças em

nível social estão demandando novas exigências das

atividades educacionais, que, por sua vez, não podem

responder a tais pronunciamentos sem transformar

suas tradicionais estruturas e modos de funcionamento.

Assim, a qualidade da educação, sua relação com a

comunidade que, por meio da responsabilidade social,

é constantemente avaliada pelo mercado, Estado e

população.

Cada instituição deverá demonstrar sua utilidade

social e a contribuição que traz para o bem comum.

A ela cabe, cada vez mais, o ônus da prova. Ela terá

que definir suas finalidades de maneira mais explícita

e ultrapassar a concepção segundo a qual o lucro é o

único indicador de sua utilidade pública.

Assim, o ponto central da discussão está em verificar,

por meio da revisão bibliográfica e da pesquisa de

campo, a relevância do projeto social Faculdade

Aberta da Melhor Idade, bem como o impacto nos

participantes deste projeto.

Nesta perspectiva, este estudo tem por objetivo

descrever o conceito e a relevância da responsabilidade

social corporativa, versar sobre a responsabilidade

social nas instituições de ensino superior, apresentar

a instituição foco do presente trabalho, bem como

pesquisar o impacto de um projeto de responsabilidade

social que é a Faculdade Aberta a Melhor Idade

(FaMIdade) em seus participantes.

Nota-se que o tema responsabilidade social já é

amplamente discutido no ambiente empresarial e por

diversos especialistas da área, uma vez que o conceito

perpassa por uma gama de interessados que atingem

e são atingidos pelas práticas estabelecidas.

A relevância deste artigo está no fato de que a

responsabilidade social se tornou assunto fundamental

no que tange o crescimento e desenvolvimento das

empresas e, sendo assim, merece ser objeto de estudo

para a disseminação de conhecimento nos diversos

tipos de organizações, incluindo as Instituições de

Ensino Superior (IES). É importante destacar que

esse estudo possivelmente será relevante para as

instituições de educação, pois suas reflexões acerca

da Responsabilidade Social poderão instigar as

pessoas a pensar mais a respeito do tema.

2. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

(RSC)

De acordo com Ashley (2002), confiabilidade, serviço

pós-venda, produtos ambientalmente corretos e

relacionamento ético da empresa com os seus diversos

stakeholders, são atributos essenciais na realidade

atual do mercado.

Dentro deste contexto, surge um tema conhecido como

responsabilidade social corporativa, empresarial ou,

simplesmente, responsabilidade social. Este conceito

está ligado a um compromisso da organização frente

à sociedade.

Neste sentido, Ashley (2002), diz que:

Responsabilidade social pode ser

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

182

definida como o compromisso que

uma organização deve ter para com a

sociedade, expresso por meio de atos e

atitudes que a afetam positivamente, de

modo amplo, ou a alguma comunidade, de

modo específico, agindo proativamente

e coerentemente no que tange a seu

papel específico na sociedade e a sua

prestação de contas para com ela. A

organização, nesse sentido, assume

obrigações de caráter moral, além

das estabelecidas em lei, mesmo que

não diretamente vinculadas a suas

atividades, mas que possa contribuir

para o desenvolvimento sustentável dos

povos (ASHLEY, 2002, p. 6 e 7).

Dando continuidade a este pensamento, Melo Neto e

Froes (1999, p. 78) afirmam que “a responsabilidade

social de uma empresa consiste na sua decisão de

participar mais diretamente das ações comunitárias

na região em que está presente e minorar possíveis

danos ambientais do tipo de atividade que exerce”.

Whitaker (2007) corrobora ao afirmar que, por meio da

responsabilidade social, integrada com o planejamento

estratégico da organização, a empresa toma posse

das responsabilidades e consequências de sua

gestão, nos campos econômico, social, ambiental e

em todas as suas demais atividades e processos. No

contexto atual, prestar contas, disponibilizar de forma

oportuna as informações da empresa gera confiança

na sociedade e está diretamente relacionada à

conquista e retenção dos clientes internos e externos.

A partir dessa visão, pode-se afirmar que

responsabilidade social é aquela que vai ao encontro

de uma melhor qualidade de vida da sociedade, por

meio de uma organização.

Para Ashley (2002), o fato da empresa se desenvolver

alimenta a necessidade da organização atuar de forma

eficaz perante a sociedade, uma vez que garante,

também, sustentabilidade do negócio a longo prazo.

No que tange a responsabilidade social, percebe-se

que essa prática deve ser trabalhada de forma efetiva

em diferentes sentidos, proporcionando uma maior

cobertura de suas ações.

Na visão de Melo Neto e Froes (1999), são sete os

vetores da responsabilidade social de uma empresa:

V1 apoio ao desenvolvimento da

sociedade onde atua; V2 preservação do

meio ambiente; V3 investimento no bem

estar dos funcionários e seus dependentes

e num ambiente de trabalho agradável;

V4 comunicações transparentes; V5

retorno aos acionistas; V6 sinergia com

os parceiros; V7 satisfação dos clientes

e/ou consumidores (MELO NETO e

FROES, 1999, p. 78).

Neste sentido, nos diversos pontos explicitados nos

vetores acima, percebe-se que a responsabilidade

social efetiva trabalha vários aspectos, além do

desenvolvimento da sociedade, pois investe no bem

estar de seus funcionários e familiares, preza por

comunicações transparentes, atenta-se ao ambiente,

expõe o retorno aos acionistas, procura estabelecer

boa relação com os parceiros e busca a satisfação de

seus clientes.

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES)

No contexto contemporâneo, percebe-se que o

papel das instituições de ensino superior vai além

da formação técnica de profissionais qualificados.

Neste sentido, Macedo (2005) corrobora que as

universidades precisam se atentar a formação cidadã

de seus alunos, pois isso vai além do desenvolvimento

de recursos humanos de alto nível, perpassa por um

processo de atribuição de responsabilidades perante

a resolução de problemas sociais.

No tocante a relevância da responsabilidade social

no contexto universitário, Sordi (2005) afirma que

as instituições de ensino superior (IES) precisam

repensar o projeto político pedagógico (PPP), para

demonstrarem que de fato trabalham com educação

e, por isso, pensam e estudam questões relacionadas

aos problemas da sociedade contemporânea. Este

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

183

documento deve expressar uma visão do mundo

contemporâneo e do papel da educação superior em

face da nova conjuntura globalizada e tecnológica,

ao mesmo tempo em que deve explicitar, de modo

abrangente, o papel da IES e sua contribuição social

nos âmbitos local, regional e nacional, por meio do

ensino, da pesquisa e da extensão como componentes

essenciais à formação crítica do cidadão e do futuro

profissional, na busca da articulação entre o real e o

desejável.

Sendo assim, a responsabilidade social das IES

se revela neste documento, pois segundo Libâneo

(2004), o projeto político pedagógico é o documento

que detalha objetivos, diretrizes e ações do processo

educativo a ser desenvolvido na escola, expressando

a síntese das exigências sociais e legais do sistema de

ensino e os propósitos e expectativas da comunidade

escolar.

É importante destacar que com o surgimento da Lei

10.861, de 14 de abril de 2004 (BRASIL, 2004) - Lei do

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior – que no seu artigo 3º, inciso III define a

responsabilidade social da instituição de ensino

superior como sendo:

A responsabilidade social da instituição,

considerada especialmente no que se

refere à sua contribuição em relação

à inclusão social, ao desenvolvimento

econômico e social, à defesa do meio

ambiente, da memória cultural, da

produção artística e do patrimônio

cultural (BRASIL, 2004, p. 1).

Como passou a ser uma exigência legal cobrada pelo

SINAES a prática da responsabilidade social no âmbito

das Instituições de Ensino Superior passou a ser mais

pesquisada. Segundo Rodrigues (2005):

O Sindicato das Entidades Mantenedoras

de Estabelecimentos de Ensino

Superior no Estado de São Paulo

(Semesp) encomendou uma pesquisa à

Franceschini Análises de Mercado que

qualifica e detalha a atuação das IES no

cumprimento de sua responsabilidade

social. Neste sentido, o envolvimento

das IES particulares do Estado de São

Paulo nas ações comunitárias é um fato

comprovado. [...] Verificou-se que 88%

das IES desenvolvem projetos sociais

nos mais variados setores (RODRIGUES,

2005, p. 98).

Outro destaque dado à pesquisa está nas IES

filantrópicas, pois de acordo com Rodrigues (2005)

essas instituições, que possuem no seu cerne a

responsabilidade social, além das ordenações legais,

atuam de forma efetiva na área da saúde e possuem o

maior número de projetos por instituição.

Neste contexto surgem os desafios da responsabilidade

social e da globalização na sociedade atual, Ortigara e

Rôsler (2005) expõem como sendo um destes:

O aumento da expectativa de vida e o

controle da natalidade farão predominar

os valores e os ideais do segmento mais

idoso, direcionando a oferta de produtos

e serviços para este segmento. [...] As

instituições de educação, a partir da nova

focalização, buscam conhecimentos

inovadores para atender às demandas

crescentes de uma faixa da população

que tem hoje maior expectativa de

vida. Entre temas que devem ser

destacados estão: religiosidade, saúde

preventiva, lazer (jogos adequados,

passeios, viagens, visitas), validação

da sabedoria, estética, relacionamento,

acesso às artes, fomento ao artesanato,

programas de leitura e programas que

possibilitem a contribuição do idoso

para: contar histórias, fazer grupos e

amigos, novas formas de solidariedade e

etc (ORTIGARA; RÔSLER, 2005, p. 85).

Neste sentido, a prática de atividades extensivas

às disciplinas propostas nos projetos políticos

pedagógicos das IES torna-se uma forma de cumprir

com seu papel social e principalmente legal. A

preocupação com a terceira idade surge como um

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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dos vários desafios globais a serem atingidos na

atualidade.

Portanto, nota-se a importância das IES trabalharem

e estruturarem ações de reponsabilidade social que

vão além do cumprimento de normas e leis, mas

visam a inserção de um pensamento colaborativo dos

discentes com relação a sociedade em que vivem.

No próximo capítulo é apresentado o caso do Instituto

Metodista Granbey, instituição filantrópica, que possui

ações de responsabilidade social voltada à melhor

idade.

3. INSTITUTO METODISTA GRANBERY (IMG)

O Instituto Metodista Granbery foi fundado em 1889

e é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos,

enquadrado no terceiro setor1 da economia. Está

situado em Juiz de Fora – MG oferecendo formação

desde a educação infantil até a pós-graduação. O

instituto prima por um ensino de qualidade, visando

à formação integral de seus alunos no campo

acadêmico-científico, bem como nos valores do reino

de Deus, como justiça, amor, solidariedade e paz

(GRANBERY, 2014, p.1).

De acordo com Giudice Filho, Terror e Belleigoli (2012):

Diariamente, circulam pelas

dependências do Granbery mais de 4

mil pessoas, entre alunos, professores e

funcionários. Os serviços educacionais

oferecidos pela instituição vão da

Educação Infantil até os cursos de Pós-

graduação, englobando atividades

culturais, esportivas e de formação

integral (GIUDICE FILHO, TERROR e

BELLEIGOLI, 2012, p. 23).

1 A expressão “terceiro setor” é uma tradução do termo em inglês third sector, que, nos Estados Unidos, é usado junto com outras expressões, como “organizações sem fins lucrativos” (nonprofit organizations) ou “setor voluntário” (voluntary sector). [...] As organizações que compõem esse setor possuem cinco características principais: devem estar organizadas formalmente, são privadas (separadas do governo), são capazes de administrar as próprias atividades, não distribuem lucro aos seus administradores e tem alto grau de participação cidadã (ALBUQUERQUE, 2006, p. 18 e 19).

Assim, nota-se que a instituição proporciona uma

formação continuada de seus alunos e propicia um

ambiente que estimula o pensamento e a liberdade

desta concepção.

Neste contexto, Novaes Neto (2014) corrobora que:

Desde a sua fundação, o Instituto

tem se destacado pela qualidade do

conhecimento científico-cultural que

ministra e pela sólida formação dada

aos seus estudantes, transmitindo-lhes

princípios e valores que os preparam

para a vida. Entre seus alunos despontam

vultos que marcam hoje, ainda, presença

positiva na religião, na política, nas

artes, na diplomacia, na livre iniciativa,

na educação, nas ciências, e que se

destacam pela contribuição que dão ao

desenvolvimento técnico-científico do

País (NOVAES NETO, 2014, p.1).

No sentido de propiciar aos seus alunos, pais,

professores e funcionários o contato com a comunidade

de diversas áreas e setores, o Granbery busca atuar

de forma efetiva em sua região. Neste contexto, a

Faculdade Aberta “A Melhor Idade”, surge como um

projeto voltado para alcançar este objetivo.

3.1 FACULDADE ABERTA A “MELHOR IDADE”

(FAMIDADE)

A Faculdade Aberta a “Melhor Idade”, teve como

projeto piloto um evento realizado pelo curso de

Educação Física da Faculdade Metodista Granbery,

visando à convivência da terceira idade, chamado

de “Colônia de Férias da Terceira Idade”. A partir de

2009 um grupo formado por quinze senhoras começou

a procurar a instituição para a prática semanal de

atividades físicas e, após uma grande demanda, a

instituição fundou a FaMIdade, como sendo uma

atividade de extensão multidisciplinar dos cursos de

graduação, que atualmente atende a quatrocentos

idosos da cidade de Juiz de Fora (GRANBERYa, 2014).

Atualmente, a FaMIdade oferece diversas atividades

relacionadas à saúde física e psicológica de seus

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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integrantes, sendo estas: Musculação, Viver e

Conviver, Hidroginástica, Ginástica, Inclusão Digital,

Pilates, Dança, Memória e Afetividade, Espanhol,

Administração Doméstica e Leitura Viva, Viva Leitura.

Para participar do projeto, a pessoa deve ter idade

igual ou superior a 55 (cinquenta e cinco anos)

anos, apresentar atestado médico comprovando

aptidão para realizar exercícios físicos e arcar com

a contribuição mensal de R$45,00 (quarenta e cinco

reais).

Além de todo conhecimento adquirido nas atividades,

os idosos são inseridos em um grupo, no qual há um

grande trabalho de socialização que afeta diretamente

o bem estar e a qualidade de vida de seus participantes

(GRANBERYa, 2014).

3.1.1 O NOVO PERFIL DA TERCEIRA IDADE

A longevidade humana já é tema recorrente, uma vez

que o aumento da população idosa é notória, bem

como, percebe-se também uma melhora na qualidade

de vida dessa faixa etária.

Neste sentido, segundo o Centro de Pesquisas Sociais

– CPS/UFJF:

Juiz de Fora não apresenta situação

diferente quanto ao incremento da

população idosa. O Censo 2010

apurou que a população municipal era

de 516.247 habitantes e a população

de idosos (60 anos ou mais) era de

70.288, números que indicam ser a

população do município composta de

aproximadamente 13,62% de pessoas

idosas. [..] O aumento da população

idosa de Juiz de Fora na última década é

percentualmente superior ao crescimento

da população brasileira e do estado de

Minas Gerais na mesma faixa etária.

(CPS/UFJF, 2012, p. 4).

No tocante ao crescimento da população idosa, nota-

se pessoas mais dispostas e com um estilo de vida

mais ativo perante o lazer, o aprendizado e para

diversas outras atividades. Neste sentido, Almeida e

Barbosa (2013) afirmam que:

O aumento da longevidade humana

fomenta diversas discussões sobre o

envelhecer e mais do que isso, sobre

o envelhecer bem e com qualidade

de vida. Nesse contexto, surgem

iniciativas voltadas para as pessoas

idosas, propiciando vivenciarem

novas experiências, não para ocupar

o tempo ocioso, mas para aproveitar

suas potencialidades e sabedorias.

Diante disso, presenciamos um “novo”

idoso que tem mostrado outro estilo

de vida, pois, muitos deles não ficam

mais em casa isolados, estão ativos

na sociedade, indo a teatros, cinemas,

museus, bailes, viajando, participando

de centros de convivência para idosos,

de campeonatos, fazendo ginástica,

interagindo na internet, frequentando

faculdades abertas à terceira idade e

mesmo as escolas formais (ALMEIDA;

BARBOSA, 2013, p. 24).

Neste sentido, as Instituições de Ensino Superior e

demais organizações podem e devem atuar de forma

efetiva com projetos que propiciem qualidade de vida,

bem estar e interação social à terceira idade, bem

como proporcionar convivência e aprendizado com os

alunos, funcionários e professores.

4 METODOLOGIA

Ao considerar o atual perfil do mercado, entende-

se como sendo importante o comprometimento das

organizações com as práticas de responsabilidade

social, perpassando pelos mais abrangentes alcances

deste conceito.

A metodologia da pesquisa é, segundo Gil (2010),

um conjunto de ações propostas para encontrar a

solução de um problema, que tem por base métodos

científicos, racionais e sistemáticos.

Assim, utilizou-se como procedimento metodológico

a pesquisa bibliográfica, envolvendo os trabalhos de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Ashley (2002), Whitaker (2007), Melo Neto e Froes

(1999), entre outros pesquisadores da área, bem

como, consultas a sítios relacionados com o estudo,

que abordam artigos científicos, assim como trabalhos

de conclusão de cursos superiores.

Outro procedimento adotado foi o da pesquisa

quantitativa. Atualmente, a FaMIdade conta com um

corpo de 400 (quatrocentos) alunos regularmente

matriculados no primeiro semestre de 2014. No entanto,

a pesquisa teve como universo 209 (duzentos e nove)

discentes, uma vez que estes participaram de todas as

atividades previstas no projeto no segundo semestre

de 2013 e possuem conhecimento a respeito do que

se pretende investigar neste trabalho acadêmico. Os

outros 191(cento e noventa e um) alunos entraram no

primeiro semestre de 2014 e, por isso, não participaram

da pesquisa. O universo encontrado foi disponibilizado

pela coordenação do projeto.

O cálculo da amostra deu-se a partir dos postulados da

estatística descritiva, com confiança de 95% (noventa

e cinco por cento) e margem de erro de 5% (cinco por

cento), e obteve-se o número de 136 (cento e trinta e

seis) que, por sua vez, foram elencadas de forma não

probabilística, por facilidade de acesso, de acordo

com a proposta de Vergara (2007).

Assim, o ponto central da discussão está em verificar,

por meio da revisão bibliográfica e da pesquisa de

campo, a relevância do projeto social Faculdade

Aberta da Melhor Idade, bem como o impacto nos

participantes deste projeto.

4.1 INSTRUMENTO DE PESQUISA, COLETA E

TABULAÇÃO DOS DADOS

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um

questionário, estruturado em três partes.

Na primeira parte, buscou-se caracterizar os

entrevistados, questionando o sexo, a faixa etária e

tempo de participação no projeto FaMIdade.

A segunda parte foi dividida em três questões que

buscaram identificar o novo perfil da terceira idade.

As indagações foram: se o entrevistado utiliza o

computador para alguma atividade, a frequência com

que ele pratica atividades físicas e/ou mentais e, por

último, com qual frequência o entrevistado participa

de encontros sociais como visitas a familiares, festas,

dentre outras atividades.

A terceira parte do questionário apresentou sete

questões sobre o impacto do projeto FaMIdade nos

seus participantes e na comunidade, dispostas em

uma Escala de Likert que permitiu ao entrevistado

respondente atribuir a cada questão um valor de 1 a 5,

onde 1 era tido como extremamente verdadeiro, 2 tido

como verdadeiro, 3 era indiferente, 4 pouco verdadeiro

e 5 nada verdadeiro.

No que tange a coleta dos dados, a pesquisa foi

realizada nos dia 27 e 28 de março de 2014. O

questionário foi aplicado nas salas onde acontecem

as atividades da FaMIdade e as questões foram lidas

uma vez em voz alta, tendo como objetivo a clareza e o

entendimento das questões por parte do público alvo

da pesquisa.

A tabulação das respostas do questionário foi feita

com a utilização do software Microsoft Office Excel

2010, imediatamente após o fim do prazo da pesquisa,

e a análise foi feita com base nas obras citadas neste

trabalho.

5. ANÁLISE DA PESQUISA

A primeira parte do questionário, que buscou

caracterizar os participantes da FaMIdade quanto ao

sexo, idade e tempo de participação no projeto, está

representada na tabela um.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

187

Tabela 1 – Caracterização dos participantes

RESPOSTAS

PERGUNTAS VALOR RELATIVO VALOR ABSOLUTO

A - SexoFeminino 85% 116

Masculino 15% 20

B - Idade

55 a 60 anos 10% 14

60 a 70 anos 47% 64

70 a 80 anos 33% 45

Mais de 80 anos 10% 13

C – Tempo de participação na FaMIdade

6 meses 59% 80

1 ano 19% 26

Mais de 1 ano 22% 30

Dados de campo (2014)

A tabela um apresenta que a maioria de 85% dos

respondentes são do sexo feminino e 15% são

do gênero masculino. Com relação a idade dos

entrevistados, a maioria possui de 60 a 70 anos de

idade, com 47%, e, posteriormente, de 70 a 80 anos,

com 33%. Quanto ao tempo de participação na

FaMIdade, quase 60% dos entrevistados participam

do projeto a mais de seis meses e 22% já ultrapassam

um ano de atividade na FaMIdade. Assim, confirma-

se que a amostra respondente possui conhecimento

suficiente para responder as questões propostas.

De acordo com Oliveira (1999) a população idosa

brasileira é a que mais cresce em nosso país,

principalmente, pelo avanço tecnológico, alimentação,

desenvolvimento da medicina e esse crescimento traz

consigo não só um aumento da expectativa de vidas,

mas uma melhora significativa na sua qualidade de

vida.

A tabela dois trata sobre o novo perfil da terceira idade,

abordando três questões centrais, se o participante

utiliza o computador para alguma atividade, com qual

frequência pratica atividades físicas e/ou mentais e

com que frequência ele participa de encontros sociais.

Tabela 2 – Novo perfil da terceira idade

RESPOSTAS

PERGUNTAS VALOR RELATIVO VALOR ABSOLUTO

A – Utilização do computadorSim 62% 84

Não 38% 52

B – Frequência com que realiza atividades físicas e/ou mentais

1 vez na semana 7% 9

2 vezes na semana 47% 64

3 vezes na semana 8% 11

4 vezes na semana 26% 35

Mais de 4 vezes na semana 13% 17

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

188

C – Frequência com que participa de encontros sociais

1 vez na semana 16% 22

Mais de 1 vez por semana 53% 72

Quinzenalmente 7% 10

Mensalmente 18% 24

Não participo de encontros sociais 6% 8

Dados de campo (2014)

Percebe-se, na tabela dois, que a maioria de 62%

dos idosos entrevistados utilizam o computador para

alguma atividades. Neste contexto, vale ressaltar que

a FaMIdade proporciona curso de informática, fato

este que elevará esse percentual no médio prazo.

Com relação à prática de atividades físicas ou mentais,

39% dos respondentes fazem atividades quatro ou

mais vezes na semana, e 47%, praticam atividades

duas vezes na semana.

Já no tocante a participação em encontros sociais,

nota-se que 53% dos entrevistados participam

desses encontros mais de uma vez por semana,

18% mensalmente, 16% uma vez na semana, 7%

quinzenalmente e apenas 6% afirmam não participar

de encontros sociais.

Os dados apresentados comprovam o pensamento de

Almeida e Barbosa (2013) ao afirmarem que os idosos

atuais se enquadram em um perfil dinâmico, em que a

prática de atividades físicas, intelectuais, tecnológicas

e a participação na sociedade como um todo se faz de

forma muito mais efetiva.

A tabela três apresenta os dados relativos ao impacto

da FaMIdade na vida dos participantes deste projeto.

Tabela 3 – Impacto na saúde e qualidade de vida dos participantes da FaMIdade

QUESTÕES

EXTREMAMENTE VERDADEIRO VERDADEIRO INDIFERENTE POUCO

VERDADEIRONADA

VERDADEIRO

% Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant.

1 – Minha saúde melhorou muito depois que entrei para a FaMIdade 67% 91 18% 25 9% 12 5% 7 1% 1

2- Minha qualidade de vida aumentou muito depois que entrei para a FaMIdade.

66% 90 19% 26 8% 11 5% 7 1% 2

3 – Depois que entrei para a FaMIdade me interajo mais socialmente (amigos, família, vizinhos).

83% 113 10% 14 3% 3 1% 2 3% 4

Dados de campo (2014)

RESPOSTAS

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

189

De acordo com a pesquisa de campo, constata-se

que 85% dos entrevistados acreditam que houve uma

melhora significativa na sua saúde após terem entrado

para FaMIdade, no entanto,15% julgam ser indiferente,

pouco verdadeiro ou nada verdadeiro essa correlação.

Com relação à melhora na qualidade de vida, os

percentuais ficaram muito próximos da questão

anterior, variando 1% para mais ou para menos,

predominando o percentual de pessoas que acreditam

que houve uma grande melhora em sua qualidade de

vida após entrar para a FaMIdade.

No que tange a interação social, 93% dos

entrevistados afirmaram que após ingressarem na

FaMIdade passaram a interagir mais socialmente,

com amigos, vizinhos e família. Neste quesito, apenas

7% dos entrevistados acreditam ser indiferente, pouco

verdadeiro ou nada verdadeiro a correlação proposta.

Melo Neto e Froes (1999) afirmam que a

responsabilidade social de uma organização

perpassa diretamente por participar das ações sociais

na comunidade em que se está inserido e ajudar nas

demandas dessa sociedade.

Neste sentido, Whitaker (2007) contribui ao colocar

que responsabilidade social é aquela que proporciona

um aumento na qualidade de vida da sociedade, a

partir das ações de sua organização.

A tabela quatro apresenta quatro afirmativas a respeito

da divulgação da FaMIdade e, consequentemente, do

IMG.

Tabela 4 – Divulgação da FaMIdade (Granbery)

QUESTÕES

EXTREMAMENTE VERDADEIRO VERDADEIRO INDIFERENTE POUCO NADA

VERDADEIRO

% Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant.

1 – Divulgo e indico o Granbery para meus parentes, vizinhos e conhecidos. 48% 65 18% 25 9% 12 6% 8 19% 26

2 – Meus familiares conhecem a FaMIdade e divulgam o Granbery para seus conhecidos. 67% 91 21% 28 8% 11 2% 3 2% 3

3 - Acredito que o Granbery se destaca e é conhecido na cidade de Juiz de Fora, através da FaMIdade.

65% 89 15% 20 7% 9 8% 11 5% 7

4 - Meus familiares e vizinhos passaram a conhecer mais o Granbery através da minha participação na FaMIdade.

67% 90 13% 18 10% 14 4% 6 6% 8

Dados de campo (2014)

No que trata sobre a divulgação da FaMIdade e,

consequentemente, do Instituto Metodista Granbery,

66% disseram que indicam a instituição para seus

parentes, vizinhos e conhecidos, no entanto, 19%

afirmaram que não promovem nenhuma divulgação.

Com relação aos familiares dos participantes

conhecerem a instituição, 67% julgaram com

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

190

extremamente verdadeiro e 21% como verdadeiro a

afirmativa de que seus familiares conhecem e indicam

a instituição para seus conhecidos.

O percentual de 65% dos entrevistados acreditam que

seja extremamente verdadeira a afirmativa de que o

Granbery é conhecido e se destaca na cidade de Juiz

de Fora através da FaMIdade e 15% acreditam que

essa afirmativa é verdadeira.

Ainda, 80% dos participantes acreditam que os seus

familiares e vizinhos passaram a conhecer mais o

Granbery depois que eles entraram para a FaMIdade

e 20% julgam essa afirmativa como indiferente, pouco

verdadeira ou nada verdadeira.

Estes dados são extremamente relevantes uma

vez que Ashley (2002) acredita que o aumento do

negócio deve ser proporcional ao desempenho da

sua responsabilidade social e essa participação

afeta diretamente a permanência e a participação da

empresa no mercado a longo prazo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Responsabilidade social coorporativa ultrapassa

ações isoladas de filantropia, pois exige da empresa

contemporânea pensar em Responsabilidade Social

Corporativa (RSC) como estratégia da organização,

visando um retorno à sociedade na qual está inserida,

bem como uma permanência e crescimento dentro do

mercado.

Assim como Ashley (2002) citada no capítulo anterior,

Freire (2001) destaca a importância da RSC como

estratégia citando que já existem estudos mostrando

que há uma relação positiva entre envolvimento social

corporativo e desempenho econômico, ou seja, a boa

conduta institucional gera benefícios maiores do que

os custos relativos.

Assim, este trabalho buscou descrever o conceito e

a relevância da responsabilidade social corporativa,

versar sobre a responsabilidade social nas instituições

de ensino superior, apresentar a instituição foco do

presente trabalho, bem como pesquisar o impacto

de um projeto de responsabilidade social que é a

Faculdade Aberta a Melhor Idade (FaMIdade) em seus

participantes.

Pelos números apresentados fica evidenciado que o

Instituto Metodista Granbery pratica a responsabilidade

social corporativa e tem obtido retornos estratégicos

de imagem e divulgação de suas atividades.

Do percentual de entrevistados, nota-se que há

uma parcela considerável que utiliza o computador,

mantém a prática de atividades físicas/mentais e

participa de encontros sociais. Assim, ressalta-se

que a FaMIdade oferece essas atividades para seus

participantes, por meio de aulas e estimula o convívio

social, sendo assim, co-responsável por parte desse

desenvolvimento dos idosos participantes do projeto.

No que tange a saúde física, qualidade de vida e

interação social dos participantes do projeto, percebe-

se que mais 66% jugam ser extremamente verdadeira

a afirmativa de que houve melhora nesses aspectos

depois que entraram para a FaMIdade.

Com relação à divulgação da FaMIdade, por parte de

seus participantes, 19% dos entrevistados disseram

que não fazem nenhuma divulgação do Granbery

para parentes, vizinhos e conhecidos. Assim, nota-se

que há um nicho a ser trabalhado, uma vez que uma

divulgação para os parentes e/ou conhecidos dos

alunos promoveria a instituição que oferece ensino da

educação infantil à pós-graduação.

Neste sentido, nota-se a relevância do projeto para

os seus participantes, assim como para a instituição

que se torna conhecida e diferenciada na cidade e

região, bem como promove a responsabilidade social

universitária de forma prática e efetiva.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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REFERÊNCIAS

[1] ALBUQUERQUE, Antônio Carlos Carneiro de. Terceiro setor: história e gestão de organizações. São Paulo: Summus, 2006.

[1] ALMEIDA, Joyce Néia de Souza; BARBOSA, Rita de Cássia Petronilho. Compreensão de educação por diferentes sujeitos: a voz dos idosos. Trabalho de graduação em Pedagogia. Faculdade Metodista Granbery. Juiz de Fora, 2013.

[3] ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.

[4] BRASIL. Lei n° 10.861, de 14 de Abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm. Acesso em 29 de maio de 2014.

[5] CENTRO DE PESQUISAS SOCIAIS – CPS/UFJF. Diagnostico Sócio Econômico da População Idosa de Juiz de Fora: Perfil do idoso residente na área urbana de Juiz de Fora. Relatório. Executivo. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2012.

[6] DUARTE, Gleuso Damasceno; DIAS, José Maria Martins. Responsabilidade social: a empresa hoje. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S/A, 1998.

[7] FREIRE, Fátima de S.; SILVA, César A. Tibúrcio. Balanço social: teoria e prática. São Paulo, Atlas, 2001.

[8] GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª edição, São Paulo, Atlas, 2010.

[9] GIUDICE FILHO, Ernesto; TERROR, Jose de Souza; BELLEIGOLI, Ulisses. O Granbery. Juiz de Fora: Granbery Edições, 2012.

[10] GRANBERY. Sobre o Instituto Metodista Granbery. Disponível em: http://www.granbery.edu.br/granbery.php?codSegmento=3. Acesso em 17 de março de 2014.

[11] GRANBERYa. Breve histórico da FaMIdade. Disponível em: http://www.granbery.edu.br/granbery.php?codSegmento=3. Acesso em 17 de março de 2014.

[12] LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão Escolar Teoria e Prática. Goiânia: Ed. Alternativa, 5ª edição, 2004.

[13] MACEDO, Arthur Roquete de. O papel social da universidade. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 7-12, abr. 2005.

[14] MELO NETO, Francisco Paulo; FROES, Cesar. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração o terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

[15] NOVAES NETO, Arsênio Firmino de. História do Instituto Metodista Granbery: A mais antiga instituição de ensino da zona da Mata. Disponível em: http://www.granbery.edu.br/granbery.php?codSegmento=3. Acesso em 17 de março de 2014.

[16] OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva. Terceira idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis. São Paulo: Paulinas, 1999.

[17] ORTIGARA, Cleo Joaquim; RÔSLER, Mara Regina. Qualidade na educação e desafios da globalização. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 83-95, abr. 2005.

[18] RODRIGUES, Gabriel Mario. Instituições de ensino superior paulistas e o cumprimento da responsabilidade social. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 97-102, abr. 2005.

[19] SORDI, Mara Regina Lemes de. A Responsabilidade social como valor agregado do projeto político pedagógico dos cursos de graduação: o confronto entre formar e instruir. Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. Brasília, v. 28, n. 34, p. 29-39, abr. 2005. [20] VERGARA, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

[21] WHITAKER, Maria do Carmo. Ética na vida das empresas: depoimentos e experiências. São Paulo: DVS Editora, 2007.

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Capítulo 18RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: AS AÇÕES

REALIZADAS E OS FATORES QUE MOTIVAM AS EMPRESAS DO

MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PARANÁ

Ana Carolina Mendonça Pilatti De Paula

Maria Salete Waltrick

Nelson Malta Callegari

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo traçar um perfil das empresas do município de Ponta Grossa com relação às ações Responsabilidade Social, tanto em empresas da iniciativa privada como pública. Foram pesquisadas empresas que apresentaram seus projetos de responsabilidade social ao Programa Selo Social de 2008, da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, quanto empresas que não possuem a certificação, mas que tem a preocupação com os indicadores sociais de Responsabilidade Social. Para tanto, levanta-se quais as ações de responsabilidade social estão sendo praticadas e suas motivações, partindo-se da hipótese de que as ações de responsabilidade social realizadas têm como público-alvo seus clientes externos, em detrimento de seus clientes internos, visto que tais ações trarão um retorno midiático maior junto aos clientes, fornecedores e a comunidade. O primeiro instrumento de pesquisa foi aplicado a uma amostra de 13 empresas que receberam a Certificação Selo Social no ano de 2008. O segundo instrumento foi enviado via e-mail para 100 empresas, sendo que se obteve o retorno de 44 questionários, que equivale a 44% do universo de pesquisa, o suficiente para a amostra ser considerada significativa. Os resultados mostram que as empresas do município têm desenvolvido ações voltadas principalmente à educação, saúde, assistência social e ambiental, tendo como motivos principais os humanitários, o planejamento estratégico empresarial, à atenção às comunidades do entorno da empresa, e o atendimento às expectativas dos clientes e do mercado e só então o compromisso com o seu público interno, comprovando-se a hipótese levantada no trabalho.

Palavras Chave: responsabilidade social, certificação, empresas, clientes internos e externos.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

O processo da globalização associado à crise do setor

público serviu de combustível para o desenvolvimento

das práticas da responsabilidade social nas empresas.

A globalização, além das novas tecnologias, trouxe

mudanças no comportamento dos consumidores. De

acordo com o Instituto Ethos (2007) de Empresas e

Responsabilidade Social, as empresas socialmente

responsáveis têm tido maior reconhecimento do que

as não responsáveis. Para o Instituto Ethos (2007),

responsabilidade social empresarial “é uma forma de

conduzir os negócios que torna a empresa parceira e

co-responsável pelo desenvolvimento social”.

Outro fator que justifica o surgimento das práticas

de responsabilidade social é que os meios de

comunicação de massa (televisão, rádio, internet) têm

contribuído para a disseminação das informações,

fazendo com que a população tenha mais

conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento

da responsabilidade social seja ela econômica, social

ou ambiental.

Além disso, o que contribui para o desenvolvimento

da responsabilidade social é a compreensão por parte

do empresariado e da sociedade de que o governo

sozinho não consegue acabar com os problemas

sociais. Diante disso, algumas empresas iniciaram

o exercício de atividades socialmente responsáveis

e também a divulgação de suas ações para com a

comunidade através da apresentação do balanço

social.

Uma empresa socialmente responsável é aquela

que possui a capacidade de ouvir os interesses das

diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores

de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade,

governo e meio ambiente) e incorporá-los ao

planejamento de suas atividades, buscando atender

às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou

proprietários.

Hoje é cada vez maior o número de empresas

que são exemplos de uma gestão consciente de

responsabilidade social, através de uma postura

mais participativa e responsável diante dos recursos

empregados, criando uma nova forma de ajudar a

comunidade, tornando-se politicamente responsável,

envolvendo-se mais com as questões sociais, criando

seus próprios projetos e gerenciando-os.

As empresas pontagrossenses estão redefinindo seus

papéis sociais, não só preocupando-se com o capital,

mas também com seus parceiros e com a sociedade,

gerando assim novas formas de ajudar à comunidade,

tornando-se politicamente responsáveis, criando e

desenvolvendo seus próprios projetos. Ao contrário

do que pode-se imaginar, o que define o alcance das

ações sociais das empresas não é apenas o valor do

investimento, mas a forma como ele é realizado e o

impacto que causa.

Não existe um só caminho para a empresa implantar

suas ações sociais empresariais, podendo realizar

projetos próprios e implantá-los com o corpo

voluntariado da empresa e/ou agregados, ou realizar

parcerias para atender demandas de organizações

representativas de uma determinada comunidade.

O presente trabalho tem por objetivo traçar um perfil

das empresas do município de Ponta Grossa, Paraná

no que tange a questão da Responsabilidade Social,

tanto em empresas da iniciativa privada como pública

que atuam na cidade de Ponta Grossa no Paraná.

Foram pesquisadas empresas que apresentaram

seus projetos de responsabilidade social ao Programa

Selo Social de 2008, da Prefeitura Municipal de Ponta

Grossa, que certifica empresas que praticam ações de

Responsabilidade Social, através de projetos próprios

ou em parcerias, quanto empresas que não possuem

a Certificação, mas que tem a preocupação com os

indicadores sociais de Responsabilidade Social. O

tema Responsabilidade Social Empresarial adquire

relevância na medida em que poderá contribuir para a

formulação de políticas empresariais nas organizações,

que efetivamente atendam as necessidades tanto do

público interno como externo à organização.

2. METODOLOGIA

Foram utilizados como instrumento de coleta de dados

dois questionários compostos por perguntas fechadas

e abertas. O primeiro instrumento foi aplicado a uma

amostra de 13 empresas que receberam a Certificação

Selo Social no município de Ponta Grossa no ano de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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2008. O segundo instrumento foi enviado via e-mail

para 100 empresas, sendo que obteve-se o retorno

de 44 questionários, que compuseram a amostra

da pesquisa, que equivale a 44% do universo de

pesquisa, o suficiente para a amostra ser considerada

significativa. Utilizamos a análise de conteúdo que

é um conjunto de técnicas de análise

através das comunicações, ou seja, a

partir de uma amostra de mensagens

particulares foram construídos os

indicadores para a análise de conteúdo,

compreendendo-se o sentido da

comunicação de uma entrevista não

diretiva (BARDIN, 1977, p. 31).

Em um primeiro momento, agrupou-se os elementos

dos conteúdos em categorias, para então deter-se em

suas peculiaridades, assim como na relação entre as

unidades de sentido assim construídas.

Em respeito aos princípios éticos, os sujeitos foram

esclarecidos acerca dos objetivos e metodologia do

trabalho, sendo garantido ainda o sigilo que assegura

a privacidade individual e coletiva do grupo, quanto

aos dados confidenciais envolvidos no estudo, bem

como em retornar-lhes os resultados.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 UMA APROXIMAÇÃO DA HISTÓRIA DA

RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL

O movimento em torno da Responsabilidade Social

Empresarial no Brasil só ganhou destaque na década

de 1980, impulsionado por uma seqüência de eventos

sociais e políticos que expressaram uma mudança

de atitude por parte dos cidadãos e, em especial,

da comunidade empresarial brasileira. Nessa época,

o país viveu a luta pelas Diretas Já e conquistou o

restabelecimento da democracia. O processo de

participação popular culminou na promulgação da

Constituição de 1988 e na realização de eleições

diretas para presidente da República, no ano seguinte.

A mobilização popular e de organizações da

sociedade civil continuou a crescer durante a década

de 1990, num contexto que levou ao fortalecimento

do conceito de RSE, ganhando força no Brasil pela

ação de entidades não-governamentais, institutos de

pesquisa e empresas sensibilizadas pela questão

(ORATI, 2004).

O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE),

primeira associação da América do Sul que reunia

organizações de origem privada que financiavam ou

executavam projetos sociais, ambientais e culturais de

interesse público, foi fundado em 1995, incentivando

ainda mais as empresas a se preocuparem com o

social, focando a temática da filantropia, cidadania e

Responsabilidade Social Empresarial (RICO, 2004).

Em 1997, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais

e Econômicas (IBASE) lançou uma campanha

pela divulgação voluntária pelas empresas de seu

Balanço Social. Com o apoio e a participação de

lideranças empresariais, a campanha tornou a prática

mais disseminada. Já em 1998, o IBASE lançou o

Selo Balanço Social, para aquelas empresas que

anualmente publicam seu balanço dentro do modelo

desenvolvido por aquele Instituto (VENTURA; VIEIRA,

2004).

Em 1998 foi fundado o Instituto Ethos de Empresas

e Responsabilidade Social, associação sem fins

lucrativos destinada a fomentar o desenvolvimento

da cidadania empresarial. O Instituto Ethos foi criado

com o objetivo de aproximar as pessoas das ações

sociais realizadas pelas empresas, e disseminar as

práticas sociais das empresas através de publicações,

seminários, concursos, palestras, congressos,

publicações, programas e eventos. (PASSADOR,

2002).

O Instituto Ethos tem sido, no Brasil, um dos maiores

promotores e disseminadores do conceito de

Responsabilidade Social Empresarial (RICO, 2004).

Pode-se dizer que um de seus maiores méritos foi o de

popularizar a elaboração do Balanço Social.

A explosão de ONGs e de fundações empresariais

na década de 1990 está diretamente relacionada à

implantação de um novo modelo de política econômica

baseada na idéia do enfraquecimento do Estado

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

195

no que tange às questões sociais e na emergência

de novos atores: sociedade civil e mercado, na co-

responsabilização quanto à definição de uma agenda

para essas questões sociais (RICO, 2004).

Pode-se pontuar também neste período a promulgação,

em 1998, da Lei n. 9.608, que regulamenta a prática do

voluntariado e, em 1999, da Lei n. 9.790, que qualificou

as Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público (OSCIP) e disciplinou o termo de parceria, que

facilita a delegação, por parte do Estado, da execução

de políticas públicas ao Terceiro Setor.

Destarte, a ênfase nas questões sociais e ambientais

de certa forma mudou o comportamento do cidadão

brasileiro desde os anos 1990. Houve uma crescente

articulação dos movimentos sociais, sindicatos, partidos

políticos, organizações ambientais e associações de

defesa dos direitos do consumidor, das mulheres e

das crianças. Esse conjunto de atores sociais, ligado a

outros movimentos internacionais, serviu de base para

a criação no Brasil em 2001 do Fórum Social Mundial,

que também colocou em discussão a questão da

Responsabilidade Social Empresarial.

3.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO

ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS

Segundo Ashley et al (2007), a responsabilidade

social empresarial criada originalmente para dar uma

resposta às demandas sociais, tem sido usada como

estratégia de negócios. Entendese como estratégia a

busca por um diferencial, portanto, responsabilidade

social e cidadania corporativa também passam a ser

uma forte estratégia na busca de um diferencial.

Cidadania corporativa significa que as empresas

consideram como sua responsabilidade os impactos

de suas atividades na sociedade e no ambiente, não

somente os impactos na economia. (ROBERTS et al,

2003, p.1)

Analisar as ações de responsabilidade social sob

a perspectiva de estratégia de negócio remete à

análise de como obter vantagem competitiva através

destas ações. Segundo Porter (1985), entende-se

como vantagem competitiva um benefício significativo

que uma empresa adquire em comparação com sua

concorrência, gerando um impacto positivo em sua

sobrevivência e prosperidade. A partir desta definição,

o papel estratégico da Responsabilidade Social

Empresarial passa a ser visto como o desenvolvimento

de práticas e ações que confiram à empresa vantagens

estratégicas no cenário de concorrência onde ela está

inserida.

A vantagem competitiva das empresas é o resultado de

diversos fatores, entre eles a satisfação do consumidor,

o desempenho financeiro, a participação no mercado

e o crescimento de seu capital reputacional (BORGER,

2001, p. 26).

Ao desenvolverem suas ações sociais, inicialmente

de forma assistencialista e filantrópica, as empresas

começaram a identificar ganhos na sua imagem. Suas

ações ganharam grande importância e se tornaram

ações de natureza estratégica (MELO e FROES, 2001).

A imagem de uma empresa confiável é um valor

indispensável nas relações comerciais globalizadas.

Um arranhão na imagem, proveniente de uma conduta

questionável, pode afetar a opinião dos investidores

internacionais. Ou seja, os caminhos para fornecer

rendimentos aos acionistas ficaram mais complexos,

pois os consumidores têm mais acesso as informações

corporativas. Assim, transparência gera confiança e

conseqüentemente bons negócios.

Como afirma Archie Carroll (1979), o conceito de

responsabilidade social abrange quatro dimensões:

econômica, legal, ética e filantrópica ou discricionária,

todas devem ser preservadas a fim de evitar denegrir a

reputação corporativa. De acordo com Fabião (2001),

a ética sempre esteve no conceito de todos, inclusive

das empresas, no entanto somente agora as empresas

retomam os conceitos de ética empresarial, porém,

pensada mais como um produto (projetos sociais), que

como um valor inerente ao negócio.

Com relação à dimensão econômica, Gomes e Moretti

(2007) afirmam que as empresas ao realizarem suas

ações de responsabilidade social, aumentam suas

taxas de lucro porque tais empresas têm vantagens:

a) econômica: pois ao não incorporar custos sociais

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

196

e ambientais no processo produtivo, tornam seus

produtos mais competitivos em preço. Nesse

sentido, a “doação” e recursos para projetos sociais

é apenas uma fração mínima do conjunto de custos

que deveriam ser incorporados; b) tributária: pois

há imunidade tributária tanto para quem recebe o

recurso, quanto para a empresa doadora. Assim, as

doações recebidas das empresas donatárias são

deduzidas do imposto de renda dessas instituições

(Lei n. 9249/95, até o limite de 2% sobre o lucro

operacional das doações efetuadas às OSCIPs). Já

uma OSCIP terá isenção de IR (Lei n. 9532/97); c)

mercadológica: pois com a “crise na publicidade”

novos instrumentos de fixação da marca na mente dos

consumidores tornam-se necessários. Não por mero

acaso, o tema de responsabilidade social começa a

ganhar contorno nos departamentos de marketing das

organizações e grandes agências de publicidade se

debruçam para confeccionar “projetos sociais” para

seus clientes na esfera do que eles já definem como

“marketing social”; d) na ampliação do mercado: pois

incorporam consumidores que estavam excluídos do

raio de interesse de suas marcas tradicionais.

A dimensão legal contempla exatamente o

enquadramento da conduta da empresa em regras

formais estabelecidas. Atualmente, o que vem

chamando a atenção em relação a esta dimensão é

com relação ao meio ambiente. Normas como a ISO

14000 e uma série de leis exigem que a empresa tenha

uma relação de proteção e não de degradação da

natureza.

Muitas empresas utilizam esta proteção como mais

um item no seu composto de marketing. Como a

mensagem publicitária não permite a comunicação,

sendo uma via de mão única, o que prevalece no

final é que determinada empresa de fato está atenta

às preocupações da sociedade. O que não se diz é

que uma empresa obtém a certificação ISO 14000, por

exemplo, ao se adequar a um conjunto de normas que

diminuam os níveis de poluição e não necessariamente

que não polua mais. Em outras palavras, a empresa

poderá ser ainda uma poluidora só que em um patamar

menor.

As empresas que desenvolvem um comportamento

socialmente questionável correm o risco de atrair

a atenção da mídia, a qual poderá causar danos

irreversíveis à imagem da empresa, comprometendo a

sua sobrevivência. Em contra partida, práticas sociais

positivas chamam a atenção da opinião pública, dos

clientes, consumidores e governo de maneira positiva.

A conscientização das pessoas em relação aos seus

direitos e deveres sociais tornou-as menos tolerantes

a práticas abusivas e antiéticas, o que se reflete na

condução das empresas. Isso tudo vêm induzido

às empresas a desenvolverem ações que busquem

manter ou até mesmo, melhorar a sua reputação,

crescendo a preocupação com o comportamento

ético e socialmente responsável.

As ações de responsabilidade social também podem

ter um efeito positivo no valor de mercado da empresa.

Os investidores são mais propensos a confiar seus

recursos a empresas que desfrutem de uma reputação

superior, em função dos menores riscos percebidos

e das maiores oportunidades potenciais de negócios.

As empresas estão respondendo à insistência dos

consumidores em lidar somente com outras empresas

que ostentem uma boa imagem e uma conduta

socialmente responsável.

Muitas organizações devido aos riscos de ações

judiciais e conseqüentemente, escândalos na mídia,

passaram a adotar códigos de conduta buscando

evitar perdas de seu valor reputacional perante seus

clientes, fornecedores, funcionários e a sociedade

como um todo.

Quando o exercício da conduta socialmente

responsável das empresas acontece por meio de

projetos sociais que se enquadram na dimensão

filantrópica ou discricionária, recursos são alocados.

Segundo Machado Filho (2006), este tipo de ação

de responsabilidade social pode ser visto sob três

aspectos:

•Podem advir dos valores dos seus acionistas, que,

independentemente dos possíveis retornos que

elas possam trazer para as atividades principais,

entendem que a empresa deve engajar-se em

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

197

práticas sociais;

•Podem ser determinadas por uma visão pragmática,

segundo a qual, de alguma forma, podem trazer

retornos para a empresa, sendo nesse caso, uma

estratégia de busca de valor (value seeking) por

parte da organização;

•Podem derivar de gestores que vêem nessa

prática uma forma de obter ganhos pessoais,

poder, autoridade na comunidade local,

independentemente de haver ou não alinhamento

com os interesses da organização.

A alternativa (a) parte da visão de que não é unicamente

o auto-interesse que rege os seres humanos. A

alternativa (b) parte do pressuposto de que o capital

social reputacional das empresas tende a crescer

com ações sociais, demonstração de preocupação

ecológica, ações de filantropia e outras formas de

interação com a comunidade na qual a organização

está inserida. Já a alternativa (c) constitui-se em um

problema de governança, pois existe desalinhamento

de interesses entre o gestor e os acionistas.

Independente de qual alternativa leva a organização

a praticar suas ações filantrópicas, o importante é que

estas ações gerem resultados efetivos a sociedade

envolvida. Para que estas ações ocorram de forma

adequada aos interesses dos envolvidos, deve haver

uma gestão socialmente responsável.

3.3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE

SOCIAL

Indicadores de responsabilidade social são

instrumentos que orientam as empresas a

direcionarem suas estratégias e avaliam a eficácia

das atitudes socialmente responsáveis praticadas

pelas mesmas. Além disso, estes indicadores auxiliam

os consumidores a avaliarem como a empresa se

comporta socialmente.

Na atualidade a cultura das organizações com o enfoque

da sustentabilidade social, do meio ambiente e da

ética está crescendo, o que determina a necessidade

de se criarem padrões e modelos específicos. As

empresas brasileiras, também, têm demonstrado

muita preocupação e interesse em projetos de

responsabilidade social. O que anteriormente era

apenas uma opção, hoje passa a fazer parte da visão,

das estratégias e dos objetivos organizacionais.

(GRÜNINGER, 2002, apud KARKOTLI; ARAGÃO,

2004, p. 114).

Existem diversos indicadores de responsabilidade

social, no entanto, apresenta-se a seguir os que,

na opinião de Karkloti e Aragão (2004), são os mais

relevantes no meio empresarial.

Norma Social Accountability (SA 8000) - é um

padrão internacional que tem o objetivo de certificar

as condições de trabalho e se os principais direitos

trabalhistas estão sendo cumpridos. Foi desenvolvida

pela Social Accountability International (SAI),

organização nãogovernamental criada em 1997, nos

EUA, e que tem ação voltada à preocupação dos

consumidores quanto às condições de trabalho no

mundo. A AS 8000 é baseada em treze princípios de

direitos humanos convencionados internacionalmente.

Caso seja certificado por uma auditoria que a empresa

segue estes treze princípios, ela recebe a certificação

AS 8000.

(SOCIAL ACCOUNTABILITY INTERNACIONAL, 2007).

Accountability (AA1000) - é uma norma que define

as melhores práticas de prestação de contas para

assegurar a qualidade da contabilidade, auditoria

e relato social ético. Foi desenvolvida pelo Institute

of Social and Ethical Accountability (ISEA), uma

organização não governamental sediada em Londres,

no Reino Unido e tem como missão promover e

dar suporte às organizações nas atividades de

implementação de sistemas de gestão éticos e

socialmente responsáveis.

Global Compact – pacto global de responsabilidade,

originou-se da iniciativa do então secretário-geral das

Nações Unidas, Kofi Anan, que, em janeiro de 1999,

no Fórum Econômico Mundial de Davos, clamou

as empresas a repensarem seu papel e a adotarem

uma política mais transparente e ética. O Global

Compact é iniciativa desenvolvida pela Organização

das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de

mobilizar a comunidade empresarial internacional

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

198

para a promoção de valores fundamentais nas áreas

de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. Essa

iniciativa conta com a participação das agências das

Nações Unidas, empresas, sindicatos, organizações

não-governamentais e demais parceiros necessários

para a construção de um mercado global mais

inclusivo e igualitário. (ETHOS, 2007).

Indicadores do Instituto Ethos - um conjunto de

indicadores que tem o intuito de ser uma ferramenta

de diagnóstico organizacional que avalia o estágio em

que se encontram as práticas de responsabilidade

social nas empresas, facilitando a visualização das

ações mais urgentes que devem ser trabalhadas. Os

indicadores são apresentados em forma de questionário

de avaliação da empresa, dividido em sete grandes

temas, são eles: valores e transparência, público

interno, meio ambiente, fornecedores, consumidores e

clientes, comunidade, governo e sociedade.

Balanço Social - é um meio de dar transparência às

atividades corporativas através de um levantamento

dos principais indicadores de desempenho econômico,

social e ambiental da empresa. É um conjunto de

informações sobre projetos, benefícios e ações sociais

dirigidos aos empregados, investidores, acionistas e à

comunidade. (ETHOS, 2007).

Selo Social IBASE/Betinho - é um dos mais difundidos

no Brasil. Conforme informações extraídas do site

Balanço Social (www.balancosocial.hpg.ig.com), o

Selo Social foi lançado em 1998 quando o sociólogo

Herbert de Souza (Betinho), juntamente com o Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, começou

a desenvolver uma campanha para chamar a atenção

de empresários e da sociedade para a relevância do

balanço social, utilizando uma planilha de “modelo

simples e único”. Os selos são fornecidos apenas

para as empresas que publicam seu balanço social

no modelo proposto pelo IBASE. Por meio deste selo a

empresa estará divulgando que possui investimentos

na área social, demonstrando que está disposta a ser

uma empresa-cidadã comprometida com a sociedade.

Selo Social do município de Ponta Grossa no Paraná

- criado em 2002 tem como objetivo principal

reconhecer a responsabilidade social das empresas.

É um programa desenvolvido pela Secretaria

Municipal de Assistência Social para inserir o governo

municipal nas relações entre mercado e sociedade

civil. Em Ponta Grossa, a emissão do Selo Social está

condicionada a um programa de responsabilidade

social externa, através da participação contínua da

empresa em projetos sociais previamente aprovados

pelos conselhos municipais das respectivas

áreas em que forem realizadas, tais como: saúde,

educação, assistência social, cultura, esporte e lazer,

meio ambiente, geração de renda ou voluntariado

empresarial. É necessário, ainda, que a empresa

tenha um programa de responsabilidade aplicado

aos funcionários, contemplando desta forma quatro

eixos fundamentais: Educação, Saúde, Criança e

Adolescente e Meio Ambiente.

4. RESULTADOS DA PESQUISA

Após a aplicação das ferramentas de pesquisa com o

objetivo de levantar quais as ações de responsabilidade

social estão sendo praticadas nas empresas do

município de Ponta Grossa e suas motivações, as

empresas que receberam o Selo Social em 2008 tem

desenvolvido ações voltadas à educação e saúde

principalmente, além de ações relacionadas com

ao meio ambiente, segurança alimentar, cidadania

e Direitos Humanos, esportes, assistência social,

geração de renda, dentre outros.

Gráfico 1: Área de atuação dos projetos de Responsabilidade Social Empresarial das empresas que

receberam o Selo Social em 2008

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

199

Dentre as principais motivações das empresas

certificadas, em primeiro lugar têm-se os motivos

humanitários, planejamento estratégico empresarial,

à atenção às comunidades do entorno da empresa,

e o atendimento às expectativas dos clientes e do

Sob o ponto de vista das empresas pesquisadas

que não receberam certificação do Selo Social,

as principais áreas com investimento são: Cultura;

Esporte; Assistência social; Meio ambiente - Educação

ambiental; Alimentação; Creches/Educação infantil;

mercado, o compromisso com o seu público interno e

os valores éticos da alta direção, a busca pela atração

de novos clientes e a possibilidade de acesso a fontes

de capital.

Gráfico 2: Qual a principal motivação das empresas que receberam o Selo Social em 2008

Programas e conselhos da área da criança e do

adolescente; Saúde; Redução da violência/Segurança

e Profissionalização de adultos; desnutrição materno-

infantil; Alfabetização de jovens e adultos; Educação

fundamental; Ensino médio; e Terceira idade.

Gráfico 3 – Áreas de investimento das empresas não certificadas pelo Selo Social

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

200

Quanto as motivações dessas empresas, o indicador

maior foi para a promoção do bem estar da população

local, contando com parcerias para participar ou

elaborar projetos e ações sociais.

Gráfico 4: Qual a principal motivação das empresas não certificadas

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando as principais motivações das empresas

comprovou-se a hipótese levantada na pesquisa de que

as empresas do município de Ponta Grossa realizam

suas ações de responsabilidade social tendo como

público-alvo seus clientes externos, em detrimento de

seus clientes internos, visto que tais ações trarão um

retorno midiático maior junto aos clientes, fornecedores

e a comunidade. Como dito anteriormente, as ações

da empresa devem ser voltadas inicialmente ao cliente

interno, aos funcionários, pois não basta somente

uma empresa ser ética, transparente, respeitar a

diversidade, ser ambientalmente responsável, para

obter Certificações que farão com que seu produto

seja “bem visto aos olhos” da sociedade, é preciso

valorizar, investir nos funcionários, pois somente

assim, estes também estarão engajados nas ações

que a empresa desenvolver socialmente visando o

consumidor externo.

No atual contexto econômico, com vistas mais ao

social que à obtenção do lucro, igualmente com as

mudanças dos paradigmas da sociedade e o aumento

da preocupação das pessoas com o bem estar

pessoal e da coletividade, as empresas tem o desafio

de estarem atentas e prontas para acompanharem e

até se anteciparem às mudanças sociais e produzirem

diferenciais que as garantam uma vantagem

competitiva e sustentável em longo prazo.

Responsabilidade social hoje pode ser a diferença

entre sobreviver no mercado ou não. É, portanto,

conceito estratégico e quem não estiver atento

a esse diferencial, vai deixar o convívio social e,

conseqüentemente, sairá do mercado.

A responsabilidade social exige da empresa uma

gestão efetiva da sua força de trabalho, do ambiente

de trabalho, da qualidade de vida da sociedade e dos

trabalhadores.

Mesmo que o perfil de Responsabilidade Social

Empresarial venha mudando em todo o Brasil, ainda

há um longo caminho que deverá ser percorrido pelas

empresas do município de Ponta Grossa, até que

realmente exista valorização de todos os stakeholders.

A partir do conhecimento dos resultados desta

pesquisa, as empresas poderão perceber quais ações

empresariais deverão desenvolver para contribuir

com efetivas mudanças na sociedade. Assim, com

a implementação de propostas reais envolvendo

melhorias na qualidade de vida de seus funcionários

e da coletividade terão como reflexo, uma maior

produtividade e aceitação social. REFERÊNCIAS

[1] AS 8000 - SOCIAL ACCOUNTABILITY INTERNACIONAL. Responsabilidade Social 8000 (2007) Disponível em: <www.sa-intl.org/>. Acesso em: <27 nov. 2009> [2] ASHLEY, Patrícia A. (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

201

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[10] MACHADO FILHO, Cláudio Pinheiro. Responsabilidade social e governança: o debate e as implicações. São. Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.

[11] MELO NETO, F.P.; FROES C. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. 2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

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[16] ROBERTS, N. et al. Introduction to computer simulation. A system dynamics modeling approach. Reading, Addison-Wesley, Mass, 2003.

[17] VENTURA, E. C. F.; VIEIRA, M. M. F. Institucionalização de Práticas Sociais: uma Análise da Responsabilidade Social Empresarial no Campo Financeiro no Brasil. In: Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, 2004, Curitiba. Anais. Curitiba: En ANPAD, 2004.

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Capítulo 19SUSTENTABILIDADE: CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COM CRIANÇAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE SANTA

MARIA - RS

Cássia Tavares Streb

Aline Parizzi

Renata Coradini Bianchi

Vanessa Somavilla

Resumo: No contexto atual, aspectos como o destino do lixo e uso da água, são muito relevantes para a sustentabilidade da sociedade, pois problemas causados pelo aquecimento global, como aumento do nível dos mares, derretimento das geleiras, mudanças na temperatura, entre outros, são causados principalmente pelo uso indiscriminado dos recursos naturais presentes na natureza, e também pela poluição causada pela falta de cuidados da população para com o lixo que produzem. Para tanto, o presente projeto tem como objetivo de levar conhecimentos sobre educação ambiental com foco no uso consciente da água, reciclegm e coleta seletiva para o público infantil visando a contribuição para a preservação do meio ambiente. O objetivo foi alcançado através de palestra e oficina com crianças do 6º ano do ensino fundamental.

Palavras Chave: Educação ambiental, água, reciclagem, coleta seletiva, crianças.

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1. INTRODUÇÃO

No contexto atual, aspectos como o destino do lixo e uso

da água, são muito relevantes para a sustentabilidade

da sociedade, pois problemas causados pelo

aquecimento global, como aumento do nível dos mares,

derretimento das geleiras, mudanças na temperatura,

entre outros, são causados principalmente pelo uso

indiscriminado dos recursos naturais presentes na

natureza, e também pela poluição causada pela

falta de cuidados da população para com o lixo que

produzem.

Reforçando tal ideia, Messias e Costa (2005) afirmam

que há grande necessidade de uma mudança no

comportamento individual e coletivo da humanidade.

Mais ainda, devemos encontrar um caminho a seguir

para se atingir a meta almejada, para isso, deve-

se despertar nas pessoas a vontade pelo saber, e

isso não deve ocorrer somente dentro da escolas,

pois grande parte das pessoas já não está mais nas

escolas, e para atingi-las deve-se apostar em novos

mecanismos de educação, que possa ser efetiva para

todos os públicos.

De acordo com o tema proposto, tem-se como objetivo

geral do presente estudo levar conhecimentos sobre

coleta seletiva, reciclagem e uso consciente da água

para o público infantil visando a contribuição para a

preservação do meio ambiente.

Para que o objetivo do projeto pudesse ser alcançado

buscou-se realizar atividades com crianças do 6º ano

de uma escola pública da cidade de Santa Maria,

onde foram discutidos problemas enfrentados pelo

meio ambiente referente à reciclagem, coleta seletiva

e desperdicio da água.

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A permanência do ser humano na terra trouxe

gradativamente a deterioração do meio em que vive.

A busca do novo, do que pode trazer a felicidade, é

procurado pela raça humana. É no momento da busca

de novas descobertas, em que o meio ambiente sofre

degradação, (ROSA e LUCIO, 2001).

O principal eixo de atuação da educação ambiental

deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a

igualdade e o respeito à diferença através de formas

democráticas de atuação baseadas em práticas

interativas e dialógicas. Isto se consubstancia no

objetivo de criar novas atitudes e comportamentos

diante do consumo na nossa sociedade e de estimular

a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI,

2003).

Para Ruscheinsky (2002) a educação ambiental no

Brasil começou a ter um reconhecimento na década de

90, após muitas lutas dos ambientalistas, tendo como

ápice a promulgação da Lei 9.795, em 27 de abril de

1999, instituindo a Política Nacional de Educação

Ambiental, isso não significa a sua consolidação, mas

sim o seu reconhecimento político.

Para uma perspectiva de educação ambiental eficiente

o mesmo autor destaca que é necessário reconhecer

que não há óptica despolitizante, para a política de

reduzir a radicalidade com que se devem tratar os

problemas ambientais. Nesse compromisso com o

meio ambiente cabe trabalhadores, desempregados,

agricultores, empresários e profissionais conscientes

de suas responsabilidades socioambientais. A meta

é proporcionar a solidariedade entre todos os setores

da sociedade que reconhecem a necessidade de uma

nova direção para as políticas ambientais.

Segundo Almeida (2006) cabe ressaltar a Gestão

ambiental que é o processo de articulação das

ações dos diferentes agentes sociais que interatuam

em um dado espaço com objetivo de garantir à

adequação dos meios de exploração dos recursos

ambientais, naturais, sócioculturais e econômicos as

especificações do meio ambiente. Seguindo a visão

do mesmo autor a gestão ambiental integra:

•Política ambiental: conjunto de princípios

doutrinários que compõem as aspirações

governamentais e/ ou sociais no que diz respeito à

modificação ou regulamentação no uso, controle,

conservação e proteção do meio ambiente.

•Planejamento ambiental: é o estudo que visa

à adequação do uso, controle e proteção do

ambiente aos anseios governamentais e/ou sociais

expressos, informalmente ou formalmente em

uma Política Ambiental, através da coordenação,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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articulação, compatibilização e prática de projetos

de intervenções não estruturais e estruturais.

•Gerenciamento ambiental: conjunto de ações

destinadas à regular o uso, controle, conservação

e proteção do meio ambiente e avaliar o consenso

da situação concorrente com os princípios

doutrinários estabelecidos pela Política Ambiental.

2.1 ÁGUA

Segundo Tundisi (2003), a Terra vista do espaço é

azul, isso porque o planeta é constituído de oceanos,

calotas polares, rios e lagos e além da água que é

visível aos nossos olhos, existem ainda as águas

subterrâneas. Apesar de necessitarem de água para a

sobrevivência, os seres humanos poluem e degradam

este recurso, através do despejo de resíduos líquidos e

sólidos em rios e lagos, destruição de áreas alagadas

e das matas galeria. Como há o escoamento da água

na terra, se não houver mecanismos para reter a água,

perdem-se grandes quantidades e diminuem-se as

reservas.

Messias e Costa (2005) expõem que apesar de

indispensável à vida dos seres humanos a água deve

estar na quantidade adequada, nem mais e nem

menos, caso contrário, pode até dizimar a vida. A água

não somente torna a vida possível, como serve para

regulá-la. Mais ainda, devese considerar que está

cada vez mais difícil encontrar água pronta para uso,

portanto é preciso tratá-la antes e depois de utilizá-la.

Para Tundisi e Tundisi (2005), a água constitui-se um

recurso estratégico para a humanidade, pois mantém a

vida no planeta, sustenta a biodiversidade, a produção

de alimentos e suporta todos os recursos naturais. A

água tem então importância ecológica, econômica e

social.

Tundisi (2003) afirma que a água do planeta está

em constante modificação, passando pelos estágios

líquido, sólido e gasoso, e o ciclo hidrológico conta

com os seguintes componentes:

•Precipitação: água adicionada à superfície da

Terra através da chuva ou neve;

•Evaporação: transformação da água líquida em

gasosa;

•Transpiração: Perda de vapor d’água pelas plantas

que entra na atmosfera;

•Infiltração: água é absorvida pelo solo;

•Percolação: água entra pelo solo e vai até o lençol

freático;

•Drenagem: deslocamento da água na superfície,

durante a precipitação.

O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia solar,

pelos ventos, pela interação dos oceanos com a

atmosfera e pela evaporação. As reservas de águas

superficiais estão distribuídas de forma desigual na

Terra, e as águas subterrâneas são um potencial

importante utilizado em determinadas regiões.

(TUNDISI, 2003).

Segundo Messias e Costa (2005), os dados

apresentados permitem relevantes conclusões sobre

a água, tais como:

•A água é uma substância bastante vulnerável;

•O Planeta e a água sofrem interferências internas

e externas que não podem ser¬ controladas pelos

humanos;

•Qualquer interferência no ciclo hidrológico terá

repercussões graves;

•O aumento da população humana e dos recursos

necessários à sobrevivência leva a um gasto cada

vez maior de água;

•O efeito estufa leva ao derretimento das geleiras o

que aumenta a água do mar;

•Água apropriada ao consumo humano está cada

vê mais difícil de conseguir.

Os mesmos autores ainda mostram alguns números

referentes à água: três quartos ( ¾ ) da superfície do

Planeta estão cobertos de água, sendo que 97,5%

é salgada, dos 2,5% restantes 0,35 estão nos rios e

lagos, 30,8% estão em reservas subterrâneas e 68,9%

estão nas geleiras. O Brasil conta com 14% da água

doce do planeta 34,9% da América do Sul, sendo

que 80% encontra-se na região amazônica que tem

apenas 5% da população do país.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

205

Pode-se verificar então que o volume de água para

o consumo humano é muito pequeno e que a água

salgada é a maioria existente, além de a água doce

ser distribuída desigualmente no planeta, com alta

disponibilidade de água em local com baixa população

e vice versa. (MESSIAS E COSTA, 2005).

Tundisi e Tundisi (2005) apresentam os seguintes

números referentes à água:

•70% do corpo humano é constituído de água;

•34 mil pessoas morrem diariamente devido a

doenças relacionadas com a água;

•65% das internações no Brasil são devidas à

doenças de veiculação hídrica;

•Uma pessoa necessita de no mínimo 5 litros de

água por dia para beber e cozinhar e 25 litros para

higiene pessoal;

•Uma família média consome cerca de 200 litros de

água por dia no Brasil;

•A perda na rede de distribuição do Brasil varia de

30% a 65%;

•9,4 mil litros de água são necessários para produzir

quatro pneus de carro;

•Uma pessoa sobrevive apenas 1 semana sem

água.

2.1.1 ASPECTOS EDUCACIONAIS SOBRE A ÁGUA

Segundo Tundisi (2003), os novos paradigmas para

o gerenciamento de recursos hídricos incluem uma

base de dados sustentada pela pesquisa, para que

se gerem informações necessárias para a tomada

de decisão pelos gestores através da interação com

pesquisadores, para que se possa implementar

políticas públicas em nível municipal, estadual e federal.

Deve-se manter também avaliação permanente dessa

parceria, pois deve-se verificar constantemente a

importância de se utilizar de maneira menos destrutiva

os recursos hídricos disponíveis no meio ambiente.

Para Tundisi e Tundisi (2005), o gerenciamento dos

recursos hídricos em área urbana é complexo e

necessita de medidas urgentes de gestão integrada ao

nível de bacias hidrográficas, promovendo alteração na

demanda, diminuição no desperdício, redução do uso

doméstico, reuso da água coleta de água da chuva,

alteração nos métodos de irrigação na agricultura.

Tundisi (2003) cita que um bom mecanismo de

aproveitamento dos recursos hídricos, é a reutilização

da água de esgotos para fins não potáveis. A água

livre de organismos patogênicos pode ser utilizada pra

diversas finalidades, como: limpeza pública, irrigação

de jardins, refrigeração de equipamentos industriais e

lavagem de carros e caminhões, o mercado para água

reutilizada é muito grande atualmente.

•Utilização consciente de água em residências:

•Inspecionar encanamentos e evitar vazamentos;

•Instalar sistemas capazes de controlar água nos

chuveiros;

•Desligar registro quando a casa estiver vazia;

•Isolar tubulações de água quente;

•Efetuar concertos imediatos;

•Diminuir quantidade de água nas descargas;

•Diminuir tempo do banho;

•Diminuir consumo na jardinagem;

•Controlar a quantidade de água na lavagem de

louça e roupa, (TUNDISI, 2003).

Para Tundisi e Tundisi (2005), os recursos hídricos

poluídos por descarga de resíduos animais e humanos

transportam grande quantidade de patógenos, como:

bactérias, vírus, protozoários, que podem causar

problemas intestinais, através de contato com a pele

ou pela inalação através de aerossóis contaminados.

Como visto acima, o problema da disponibilidade

de água deve ser tratado através de tecnologias

adequadas e aperfeiçoamento institucional e legal,

mas também necessita da participação da população

na conservação e recuperação dos sistemas

aquáticos. Para que não seja fracassado o esforço de

preservação dos recursos naturais, todos os órgãos

envolvidos devem trabalhar em conjunto. (TUNDISI E

TUNDISI, 2005).

Para Gomes, Pinto e Silva (2010), quando se fala em

poluição das águas, devem ser abrangidas não só

as águas superficiais, mas também as subterrâneas,

e como principais fontes de poluição pode-se citar

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

206

os seguintes resíduos urbanos, que podem ser

despejados num sentido voluntário ou involuntário:

•Resíduos industriais: São as descargas de

efluentes das fábricas;

•Resíduos rurais: O lançamento de esgotos

diretamente nas águas sem que tenham sido¬

tratados, o depósito de lixos domésticos nas

águas dos rios ou mares e ainda o uso de produtos

químicos na agricultura que acabam por ser

transportados pela chuva para as águas dos rios e

mares, contaminando-os e pondo em perigo toda

a fauna e flora.

Estes poluentes representam grande ameaça à

qualidade da água, à saúde e ao meio ambiente,

pois são capazes de provocar enormes danos aos

organismos vivos, e, conseqüentemente à cadeia

alimentar e à saúde dos seres vivos, (GOMES, PINTO

E SILVA, 2010).

O principal eixo de atuação da educação ambiental

deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a

igualdade e o respeito à diferença através de formas

democráticas de atuação baseadas em práticas

interativas e dialógicas. Isto se consubstancia no

objetivo de criar novas atitudes e comportamentos

diante do consumo na nossa sociedade e de estimular

a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI,

2003).

Mas mesmo a escola sendo tão importante para a

preservação do meio ambiente, o ensino não é feito

de maneira adequada. O conhecimento desenvolvido

em situações escolares tem-se apresentado como

um conhecimento fragmentado, onde a transmissão

de saberes não leva as pessoas a se sentirem

parte da realidade, já que as infinitas relações entre

homem e natureza são ignoradas, e esse baixo nível

de aprendizagem se dá pelas diferenças existentes

das desigualdades sociais, econômicas e culturais.

(RAMOS e RAYS, 2001).

Para sermos agentes de mudança na erradicação

dos problemas e desequilíbrios originados por

esta sociedade de consumo globalizada, devemos

em primeiro lugar fazer a mudança no nosso

cotidiano, procurando atingir uma mudança global

de comportamentos. Não se deve resumir a uma

declaração de intenções que perde impacto no

nosso dia-a-dia – o consumo responsável não é uma

utopia, tem de ser uma prática continuada. Como

não podemos mudar tudo e todos ao mesmo tempo,

é preciso estabelecer prioridades e compreender

o porquê da sua importância. (GLOBO E OLIVEIRA,

2012).

Segundo Lima e Vieira (2008), a humanidade já

consome mais recursos naturais do que o planeta

é capaz de repor. O colapso é visível nas florestas,

oceanos e rios. O ritmo atual de consumo é uma

ameaça para a prosperidade futura da humanidade.

Sabe-se que a maioria dos recursos naturais dos quais

o homem depende para manter seu padrão de vida

pode desaparecer num curto espaço de tempo, e que

é urgente evitar o desperdício, pois a natureza não dá

mais conta de repor tudo o que o homem tira dela.

Evitar uma catástrofe planetária é possível. O grande

desafio é conciliar o desenvolvimento dos países

com a preservação dos recursos naturais. Para isso,

segundo os especialistas, são necessárias soluções

tecnológicas e políticas.

2.2 LIXO

Para Moraes (2011), até poucas décadas, mesmos

nos grandes centros urbanos, o lixo se constituía

basicamente de restos de alimentos. Com o

crescimento acelerado das cidades e do consumo

de produtos industrializados e com o surgimento

dos produtos descartáveis, os resíduos sólidos

aumentaram demasiadamente e se diversificaram.

Os resíduos sólidos, ou seja, o lixo é um das maiores

problemáticas que alarma a vida no planeta terra, pois

além de degradar o solo, a água e o ar, ainda atrai

animais que conduzem doenças. Contraditoriamente

das tribos primitivas que só produziam o imprescindível

para a sua sobrevivência, vive-se em uma sociedade

altamente consumista, no qual as pessoas têm valor

pela quantidade de bens que possuem. Geralmente,

quem possui maior poder aquisitivo, acaba por

consumir mais, produzindo mais lixo, (MORAES, 2011).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

207

Segundo Mucelin, Bellini (2008) a cultura de um povo ou

comunidade caracteriza a forma de uso do ambiente,

os hábitos de consumo de produtos industrializados e

da água. No ambiente urbano tais hábitos implicam na

produção acentuada de lixo e a forma com que esses

resíduos são tratados ou organizados no ambiente,

gerando intensas agressões ao contexto urbano, além

de afetar regiões não urbanas.

O problema da geração e acúmulo de lixo de acordo

com Santos (2008) se evidencia com mais clareza nas

áreas urbanas devido a concentração de abundantes

fontes geradoras e da necessidade da convivência

da população com as diversas etapas necessárias à

realização da limpeza.

Resíduo sólido é todo resíduo nos estado sólido e

semi-sólido que resultam da atividade da comunidade

de origem doméstica, hospitalar, comercial, industrial,

de serviços, agrícola. Incluem-se os lodos de Estações

de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Esgotos

(ETEs), resíduos gerados em equipamentos e

instalações de controle da poluição e líquidos que não

possam ser lançados na rede pública de esgotos, em

função de suas particularidades, (Naime, 2010).

Na visão do mesmo autor a diferença entre

resíduos sólidos e lixo esta na compreensão que os

materiais separados, passíveis de reciclagem ou

reaproveitamento recebem tratamento de resíduos

sólidos, enquanto os materiais misturados e

acumulados têm mais uma conotação de lixo.

2.2.1 RECICLAGEM

O crescimento no consumo de bens, aliado ao maior

número de consumidores, faz com que o mundo se

torne uma máquina de geração de resíduos. Sem

consciência ambiental a sociedade é prejudicada

pela diminuição da qualidade de vida, passando

estes vícios às futuras gerações. A preocupação com

a sustentabilidade e a responsabilidade social dada

agora, é uma garantia de melhor qualidade de vida

futura, pois queira ou não, um dia tudo que nos cerca

será resíduo. Em qualquer sociedade, a quantidade

de resíduos produzidos é maior que a quantidade de

bens consumidos. (SOUZA, 2008).

Para reduzir esses impactos no meio ambiente, inicia-

se os processos de reciclagem, mas de nada adiantam

campanhas para reciclar e propagandas de coleta

seletiva de lixo, se não realizarmos um trabalho de

internalização de novos hábitos e atitudes para que,

num futuro próximo não haja mais lixo excessivo e a sua

causa o consumo desmedido,tenha sido controlada.

Neste contexto Zulauf (2000) conceitua: reciclagem é

o conceito mais promissor e o fato mais significativo

que surgiu no setor de meio ambiente nos últimos

anos. Visto de forma pragmática, é a forma de conciliar

as tendências mundiais de globalização, que embute

a tendência de universalização da sociedade de

consumo e, por via de conseqüência, a ampliação da

geração de resíduos, com a atividade econômica do

processamento de resíduos.

Já de acordo com Zaneti (1997, p. 26) “a reciclagem é

o processo pelo qual se torna viável a reutilização de

um material cuja matéria- prima é retirada da natureza,

poupando-se gastos energéticos até a obtenção final

do produto”.

E para Souza (2008) reciclagem é um conjunto de

técnicas que tem por finalidade aproveitar os “detritos”

e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram ou

em um ciclo de produção paralelo. É uma atividade

pela qual, materiais que poderiam se tornar lixo,

ou que já estão no lixo, são desviados, coletados,

separados e processados para serem usados como

matéria prima na manufatura de novos produtos.

Como, para as empresas reclicadoras, estas matérias

recuperadas sempre têm um custo mais conveniente

que o da matéria prima original, auxiliando assim em

uma diminuição dos danos ambientais.

2.2.2 COLETA SELETIVA

Segundo a TRT (2008), a coleta seletiva é muito simples:

separar o lixo seco e reciclável (papel, embalagens

longa vida, latinhas e metais, plástico e vidro) do lixo

úmido (restos de alimentação e papel de banheiros).

Trata-se da separação e recolhimento, desde a origem,

dos materiais potencialmente recicláveis. Segundo

o Portal Educação (2009), para iniciar um processo

de coleta seletiva é preciso avaliar, quantitativamente

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

208

e qualitativamente, o perfil dos resíduos sólidos

gerados em determinado município ou localidade, a

fim de estruturar melhor o processo de coleta. Após,

o lixo deteriorável (biodegradável), composto pelos

restos de carne, vegetais, frutas, etc, é separado do

lixo restante, podendo ter como destino os aterros

sanitários ou entrarem num sistema de valorização de

resíduos.

Para Moraes (2011), a coleta seletiva consiste na

separação adequada do lixo que pode ser reciclado

de acordo com o seu tipo. Os tipos de resíduos sólidos

que normalmente recebem coleta seletiva são: Papel;

Metal; Vidro; Plástico; Orgânico.

A coleta é um mecanismo muito eficaz, quando usado

adequadamente, para a remoção de resíduos sólidos

que circulam e que fazem parte dos aterros e lixões,

sendo estes prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.

Está também, funciona como um método de educação

ambiental na medida em que mobiliza a comunidade

sobre a problemática do desperdício de recursos

naturais e da poluição originada despejo impróprio do

lixo.

Na visão do mesmo autor a prática da coleta seletiva é

atualmente, uma fonte geradora de emprego e renda,

visto que existem empresas que consomem material

reciclado para gerar novos insumos e até mesmo

produtos acabados. Hoje em dia existem vários tipos

de coleta seletiva, sendo que o mais utilizado são os

Postos de entregas voluntárias – PEV, que consiste

na utilização de contêineres de diferentes cores, em

lugares estratégicos nos municípios e até mesmo

em alguns condomínios, no qual o cidadão deposita

espontaneamente seu lixo todo separado.

3. METODOLOGIA

O projeto caracteriza-se de natureza qualitativa, em

função de estabelecer estudo teórico por meio de

bibliográficas e aplicado diretamente com o público

infantil em escolas públicas através de reuniões e

grupos de trabalhos. Para Rodrigues (2007) o trabalho

qualitativo acontece quando as informações obtidas

não podem ser quantificáveis, estas são analisadas

indutivamente, e também como quantitativa, que

segundo o mesmo autor, traduz em números as

opiniões e informações que serão classificadas e

analisadas posteriormente utilizando-se técnicas

estatísticas.

Quanto aos objetivos, classifica-se como um

estudo exploratória e descritiva. Pois serão tratados

assuntos específicos da gestão ambiental com um

grupo de crianças para trabalhar métodos e formas

já estabelecidas na teoria. Segundo Gil (2009) a

pesquisa exploratória tem como objetivo principal o

aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições,

seu planejamento é bastante flexível.

O projeto classifica-se também como pesquisa de

campo, pois será realizado com um grupo de crianças

em uma escola pública na cidade de Santa Maria -

RS. Para Gil (1995) este tipo de pesquisa tem como

característica a interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se almeja conhecer.

A aplicação do projeto foi realizada através de

palestras baseadas na parte teórica pesquisada onde

foram apresentados vídeos e imagens para fortalecer

a importância do assunto. Realizou-se uma palestra

introdutória juntamente ao público do 6º ano de uma

escola pública de ensino fundamental de Santa Maria

onde foram abordados temas como reciclagem,

coleta seletiva, água, entre outros temas relacionados

ao meio ambiente, onde exemplos práticos foram

apresentados visando um maior entendimento a

respeito do tema proposto. Em um segundo momento,

organizou-se na escola uma oficina com estes

alunos que confeccionaram cartazes apresentando

desenhos e frases que ilustravam suas visões sobre

o meio ambiente e seus elementos, estes cartazes

foram expostos na escola onde alunos e professores

puderam contemplá-los.

4. RESULTADOS

Após a aplicação do projeto, obteve-se

significativos resultados. Com a oficina, as crianças

puderam ilustrar de forma lúdica os conhecimentos

que elas possuíam e que aprimoraram com a palestra

acerca do tema. Os materiais produzidos foram

cartazes com figuras e frases que ilustrassem a visão

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

209

que cada um tinha do meio ambiente que os cercava.

Foi realizada uma análise onde se chegou aos

seguintes resultados referentes aos cartazes:

- Cartaz 1 - “Vamos cuidar do nosso azul”: foi

demonstrado um mundo limpo, destacando a

importância da água para irrigar as plantas e

vitalizar o ambiente. Expressaram ainda que a

água utilizada nas torneiras é de fontes naturais

não renováveis.

- Cartaz 2 – “Cuide do meio ambiente”: foi

apresentado um mundo limpo de cores, céu azul,

sol, natureza, água, vida, e a importância do ser

humano em conscientizar-se da necessidade

de cuidar desses recursos que são vitais para o

mundo.

- Cartaz 3 - “Cuide do meio ambiente”: foi expresso

a natureza e o cuidado que o homem deve ter para

mantê-la saudável, pois a água que utilizamos

nas residências tem origem natural. Elementos

utilizados: água potável, sol, plantação e aves.

- Cartaz 4 – Nesta figura os alunos demonstram

que o mundo está em nossas mãos e que cada

pessoa deve fazer a sua parte para preservar o

meio ambiente. Elementos utilizados: natureza viva

e morta, sol, água potável e poluída e mãos das

crianças.

- Cartaz 5 – Neste cartaz, foi demonstrada uma

comparação entre o mundo limpo e o mundo sujo

e também apresentam uma imagem de como eles

almejariam que fosse o meio ambiente, com sol,

verde e água azul.

- Cartaz 6 – Nesta figura as crianças procuraram

demonstrar como é a poluição no interior.

Elementos utilizados: árvores, residência, lago

poluído, pessoas e animais.

- Cartaz 7 - “Você quer o mundo assim?” / “ou

assim?”: apresentaram um contraste entre um

mundo onde o lixo é depositado no local correto

e um mundo onde o lixo é depositado em lugares

impróprios, causando grande impacto ao meio

ambiente. Elementos utilizados: rio, peixes, flores,

árvores, sol.

Após a aplicação do presente projeto foi possível

visualizar sua importância, pois levar o conhecimento

às crianças é vital para a preservação da vida no

planeta, onde o conhecimento é passado também

para os familiares em casa que se envolvem com o

processo da utilização e preservação dos recursos

naturais, mantendo suas propriedades vitais aos seres

vivos. Foi perceptível o envolvimento das crianças no

projeto, estas participaram ativamente das atividades

de aprendizagem envolvendo-se com as tarefas e

demonstrando interesse e responsabilidade com o

meio ambiente.

REFERÊNCIAS

[1] ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. Gestão Ambiental para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro. Thex Editora. 2006.

[2] EDUCAÇÃO, Portal. Coleta Seletiva de Lixo. 2009. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/9134/coleta-seletiva-de-lixo. Acesso em: 20 de maio de 2012.

[3] GLOBO, Cores do, OLIVEIRA, Sandra. 2012. Consumo responsável: Questões, desafios e guia prático para um futuro sustentável. Disponível em: http://www.cidac.pt/CadernoConsumoResponsavel.pdf. Acesso em 27 de maio de 2012.

[4] GOMES, Alex, PINTO Cristiana, SILVA Pedro. O homem para com o seu planeta. 2010. Disponível em: http://osimpactosambientais.blogspot.com.br/. Acesso em 20 de maio de 2012.

[5] JACOBI, Pedro. Educação ambiental, Cidadania e sustentabilidade. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf Acessado em 15 de Março de 2011.

[6] LIMA, Roberta de Abreu, VIEIRA, Vanessa. A terra não agüenta. 2008. Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2008/11/o-wwf-alerta-para-o-esgotamento-dos.html. Acesso em 27 de maio de 2012.

[7] MESSIAS, Amanda Saconi, COSTA, Marcos Roberto Nunes. Água fonte de vida. Recife: UNICAP. 2005. MORAES, Denise. Gestão ambiental. 2011. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAMbwAK/gestao-ambiental. Acesso em 25 de maio de 2012.

[1] MUCELIN, Carlos Alberto, BELLINI, Marta. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1.pdf. Acesso em 20 de maio de 2012.

[8] NAIME, Roberto. Lixo ou resíduos sólidos. EcoDebate cidadania e meio ambiente. 2010. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2010/05/12/lixo-ou-residuos-solidos-artigo-deroberto-naime/. Acesso em 20 de maio de 2012.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

210

[9] RAMOS, Lucia Regina Kraetzig. RAYS, Oswaldo Alonso. A Educação Ambiental na Abordagem Interdisciplinar: A Dificuldade da Implementação. Monografia apresentada ao curso de Especialização em Educação Ambiental do Centro Universitário Franciscano UNIFRA. 2001.

[10] ROSA, Rosa Lilia da. LUCIO Dirce Beatriz Marquardt. Lixo Doméstico. Monografia apresentada ao curso de Especialização em Educação Ambiental, do Centro Universitário Franciscano. 2001.

[11] RUSCHEINSKY, Aloísio. Educação ambiental abordagens múltiplas. Porto Alegre. Artmed. 2002. SANTOS, Luiz Cláudio dos. A questão do lixo urbano e a geografia. SIMPGEO-SP. 2008. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/igce/simpgeo/1014-1028luiz.pdf. Acesso em 20 março de 2012.

[12] SOUZA, João Carlos. Reciclagem e sustentabilidade: A importância da logística. 2008. Disponível em: http://logisticatotal.com.br/files/articles/fd6adc116fd25c1a59ab748fbb864311.pdf acessado em: 15 de março de 2011.

[13] TRT. Coleta seletiva. 2008. Disponível em: http://www.trt21.jus.br/html/gest_ambiental/pdfs/projeto_coleta_seletiva.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2012.

[14] TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: Enfrentando a escassez. São Paulo. 2003.

[15] TUNDISI, José Galizia, TUNDISI, Takako Matsamura. A água. São Paulo. 2005.

[16] ZANETI, Isabel. Além do lixo um processo de Trans Form Ação. 1ª edição. Brasília. 1997.

[17] ZULAUF, Werner E. Artigo A Reciclagem. 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142000000200009&script=sci_arttext acessado em 15 de março de 2011.

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Capítulo 20O EMPREENDEDORISMO COLETIVO COMO FATOR DE SUCESSO

EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: UM ESTUDO DE CASO NO

APL DE APICULTURA DA CIDADE DE MARANGUAPE

Kelsen Arcângelo Ferreira e Silva

Mara Águida Porfírio Moura

Resumo: Os Arranjos Produtivos Locais - APL’s têm se mostrado uma alternativa de sucesso de desenvolvimento econômico e social em algumas localidades brasileiras. Nestas regiões busca-se explorar a atividade produtiva histórica da região através do incentivo e desenvolvimento do que Putnam (2010) chamou de capital social. Neste universo está surgindo um novo ator, o empreendedor coletivo, cuja função é perseguir o desenvolvimento da comunidade. O presente artigo questiona: o empreendedorismo coletivo contribui para o fortalecimento socioeconômico dos arranjos produtivos? O objetivo geral destinou-se a identificar as contribuições do empreendedorismo coletivo para o fortalecimento econômico-social dos APL’s. Relacionado, os objetivos específicos destinaram-se a observar as práticas de desenvolvimento de empreendedorismo coletivo em ambientes sociais produtivos e a identificar as características empreendedoras existentes no arranjo em questão. Para tanto, foi realizado um levantamento teórico e uma pesquisa de campo com a aplicação de entrevistas semiestruturadas com membros da Associação dos Apicultores de Maranguape, e observações in locu. Pelos achados consideramos está presente no APL o empreendedorismo coletivo, em que a ação de um grupo de pequenos produtores, motivados e conduzidos por algumas pessoas à frente de todos, guiando e liderando a gestão da produtividade, demonstra o fortalecimento socioeconômico da associação e das pessoas que nela atuam.

Palavras Chave: Empreendedorismo Coletivo. Arranjo Produtivo Local. Apicultura.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

212

1. INTRODUÇÃO

Os chamados países ricos, investindo maciçamente em

pesquisa, principalmente tecnológica, demarcam sua

área de abrangência construindo barreiras de entrada

de muitos produtos estrangeiros. Esta mesma relação

perversa ocorre entre regiões pobres e ricas, onde

zonas prósperas convivem com outras miseráveis.

No Brasil, o histórico (Sul e Sudeste desenvolvidos,

Norte e Nordeste atrasados, somados a um Centro-

Oeste esquecido) tem mudado pelas soluções

econômico-sociais propostas nos últimos anos para a

superação desse atraso, numa das muitas tentativas

de correção da rota desenvolvimentista em que a

principal característica é a exploração econômica da

vocação produtiva da região.

Um dos novos modelos propostos no incentivo

ao desenvolvimento de comunidades são os

arranjos produtivos locais (APL), que prezam pelo

o desenvolvimento de regiões aproveitando as

potencialidades econômicas locais. As regiões

têm sua vocação econômica histórica, em que seu

desenvolvimento e aperfeiçoamento dependem

de uma série de ações coordenadas entre a

comunidade, universidades, instituições públicas

(estaduais, municipais e federais) e privadas com

esforços direcionados ao desenvolvimento e inovação

das tecnologias utilizadas no processo produtivo,

respeitando o potencial econômico da região.

Neste tipo de comunidade econômica migra-se de

uma atitude individualista para uma coletiva, indo

da cooperação para a competição. No Brasil, de

comportamento individualista secular, esta é uma

barreira difícil de transpor, sendo um bom caminho

o investimento no desenvolvimento no que Putnam

(2010) denominou de capital social. Nesse ambiente

surge, pois, um novo ator, o empreendedor coletivo,

cujo papel deve ser o de desenvolver e criar valores

coletivos, cuja ação coletiva é administrada para

que todos os atores envolvidos participem como

agentes ativos e conscientes do desenvolvimento

socioeconômico local.

Por esse contexto, volta-se a uma investigação do APL

de mel na cidade de Maranguape, Ceará, identificando

as práticas e experiências de empreendedorismo

coletivo vivenciadas pelos atores dessa comunidade

enquanto estímulo de criação de novos APL’s, bem

como o fomento de práticas empreendedoras coletivas,

necessário à superação do atraso econômico e social.

Para tal, questionou-se frente ao objeto de estudo

(Associação de Apicultores de Maranguape):

o empreendedorismo coletivo contribui para

o fortalecimento socioeconômico dos arranjos

produtivos? O objetivo geral destinou-se a identificar

as contribuições do empreendedorismo coletivo

para o fortalecimento econômico-social dos APL’s.

Relacionado, os objetivos específicos destinaram-

se a observar as práticas de desenvolvimento

de empreendedorismo coletivo em ambientes

sociais produtivos e a identificar as características

empreendedoras existentes no arranjo em questão.

Para lograr êxito na investigação, partiu-se de uma

revisão bibliográfica em livros e artigos científicos,

acrescido de uma pesquisa de campo com observações

in locu e a aplicação de entrevistas semiestruturada

a membros da Associação de Apicultores do APL em

questão.

As justificativas se baseiam no fato de existir no mercado

competitivo uma tendência em se valorizar o micro,

como meio de se buscar inovações e o desenvolvimento

das economias locais pelo aproveitamento da vocação

histórica da região, auferindo o desenvolvimento

sustentável como incremento das potencialidades

econômicas das pequenas regiões.

2. CAPITAL SOCIAL E EMPREENDEDORISMO

Entre os vários conceitos de

empreendedorismo, citando os que tratam da

sua origem e história (Cantillon, 1755; Say, 1803;

Schumpeter, 1934), passando pelos contemporâneos

(Drucker, 1979; Filion, 1986; Dolabela, 1986; Leite,

2000), é fundamental as empresas atentarem para essa

temática, pois no século XXI o empreendedor figura

coma pessoa relevante na sociedade contemporânea.

Um dos pensamentos centrais relacionados à

conjuntura empreendedora está na necessidade

de ampliação da capacidade empreendedora dos

indivíduos e das organizações, a qual até bem pouco

tempo, conforme ressaltam Sousa et al (2005), estava

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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relacionada unicamente à formal qualificação das

pessoas.

Filion (2009) define o empreendedor como o

indivíduo que vislumbra, projeta e materializa

visões. Complementa Dolabela (2012) que o

empreendedorismo na sua essência estuda o

comportamento do ser humano em meio aos desafios,

nascendo a capacidade empreendedora da visão de

mundo que certo grupo constrói. Não é um fenômeno

individual, nem poderia ser.

De acordo com Dolabela (2012), o capital social pode

ser entendido como a capacidade dos membros de

uma comunidade se associar para resolver os seus

problemas e construir a sua prosperidade social e

econômica. Toda a formulação de capital social está

baseada na ideia de reciprocidade como mecanismo

pelos quais os relacionamentos se transformam

em ativos coletivos (GABBAY; LEENDERS, 2009).

Conforme realça Uphoff (2010), é do comportamento

coletivo em busca de benefícios mútuos que surge o

capital social.

Dees (2008) explica que somado aos novos

empreendimentos sem fins lucrativos, incluem-se ao

empreendedorismo social aqueles negócios com

finalidade social, a citar, bancos de desenvolvimento

comunitário e organizações híbridas, numa ligação

entre finalidades lucrativas e sem fins lucrativos, como

por exemplo, apoio a pequenos empreendedores,

como aqueles em situação de desemprego.

Segundo Melo Neto (2010), empreender não é apenas

incentivar o desenvolvimento do futuro em ambientes

de mercado, identificar produtos inovadores e métodos

revolucionários de produção. Também não se relaciona

apenas a identificar oportunidades mercadológicas e

de tecnologia inovadora. Engloba também incutir nos

indivíduos novos modos de pensar e de agir diante

dos problemas que surgem, apresentando soluções

assertivas em favor especialmente das pessoas de

baixa renda.

A definição de redes horizontais relaciona-se com

as interações sociais que abrangem um grupo

de empresas possuidoras de interesses comuns,

requerendo ações conjuntas e que podem ser

realizadas coletivamente e não individualmente

(HARDIN, 2004). Processos de ação recíproca, nos

quais os interesses devem ser compartilhados em

prol de benefícios mútuos, têm como características

o fato de serem relações sociais sob as quais nexos

são colocados entre distintos atores sociais, numa

perspectiva de que os interesses sejam consentidos

em comum acordo (TENÓRIO, 2010).

O conceito de capital social surgiu nas Ciências

Sociológicas com Pierre Bourdieu (2008), definindo-o

como agregado de recursos reais ou potenciais que

estão ligados à participação em uma rede durável de

relações de certa forma institucionalizadas, de mútua

familiaridade e reconhecimento que provê para cada

membro o suporte do capital de propriedade coletiva.

Coleman (2009) definiu três formas sobre a qual

o capital social se manifesta, nos quais de certa

forma, o conceito acima está presente. A confiança

é a primeira delas, em que o capital social é elevado

onde as pessoas confiam umas nas outras e onde as

obrigações são aceitas espontaneamente por todos. A

segunda diz respeito às trocas de informações e ideias

(cooperação, amizade, aprendizado) e a terceira

(identidade, comunidade, solidariedade) corresponde

às normas e sanções, que devem ser aceitas para

que os indivíduos se sintam dispostos a trabalharem

pelo bem da comunidade e não apenas em proveito

individual.

Nenhum grupo social sobrevive sem normas coletivas,

as quais necessitam ser aceitas e sancionadas pela

maioria, além de seguidas por todos. Essa premissa

permite que os esforços de cada indivíduo sejam

conduzidos para a produção de bens coletivos.

Essas normas, que necessariamente não precisam

estar escritas, evitam conflitos ou restauram a ordem

necessária para o desenvolvimento, podendo os

infratores ser rejeitados pelo grupo (PAIXÃO, 2011).

Coleman (2009) definiu capital social como um

caminho para se alcançar objetivos comuns a todos

os indivíduos. Junto a esse conceito estão as ideias de

Putnam (2010) que foi o pesquisador que popularizou

o conceito de capital social quando analisou as

diferenças de engajamento cívico e as ações de

governos regionais entre o centro, o norte e o sul

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italiano, comparando o capital social das referidas

regiões. Mas foi quando pesquisou a diminuição

do engajamento cívico e do capital social do povo

americano, que segundo ele, foi causado pela difusão

da televisão, que melhor definiu capital social.

Putnam (2010) definiu capital social como traços

da vida social - redes, normas e confiança - que

facilitam a ação conjunta em prol de objetivos comuns.

Nesta definição fica implícita a atenção à confiança

como propulsora da vida social para a produção

de resultados econômicos. Ainda segundo o autor,

quanto maior o grau de confiança das sociedades

mais elevado será seu comprometimento cívico, e sua

preocupação na resolução de problemas comunitários

e desenvolvimento coletivo. Assim elas se desenvolvem

social e economicamente e permanecem ricas por

mais tempo. Confiança obtida somente quando os

indivíduos se conhecem e há um forte componente na

cultura de engajamento comunitário.

Albgli e Maciel (2008) argumentam que mesmo

comunidades com alto nível de capital social

podem apresentar um baixo índice de colaboração

e participação, quando diz que esse capital é o

conjunto de relações de confiança e cooperação,

mas não necessariamente desenvolve elevados níveis

de participação, nem sociedades civis altamente

democráticas, muito menos resulta em aumentos de

produtividade de empresas ou economias.

Segundo Albgli e Maciel (2008) os benefícios do

capital social à comunidade são inúmeros: as relações

de confiança, cooperação, relações socioculturais e

objetivos conjuntos facilitam o aprendizado; favorece o

empreendedorismo, o dinamismo e o desenvolvimento

sustentado; maior eficiência de coordenação,

coerências de ações e processos decisórios coletivos

e a diminuição de comportamentos oportunistas

através do conhecimento mútuo.

Johnson e Lundval (2010) enfatizam que o

efeito econômico do capital social depende do

desenvolvimento de outros fatores para que sua

contribuição seja satisfatória para a promoção

da economia de um país, região ou local. Um

desses fatores consiste no desenvolvimento de

políticas públicas que ajam como catalisadores

das potencialidades regionais ou locais. Outro

fator importante é a participação de entidades civis

(universidades, empresas, laboratórios) em conjunto

com o Estado no desenvolvimento de projetos locais

de pesquisa visando a inovação tecnológica.

Assim, os APL’s passam a serem vistos enquanto

meios para o desenvolvimento e aproveitamento do

capital social de determinada região.

3 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

O deslocamento da era industrial para a informacional

ocasionou profundas transformações de ordem

social, econômica e política do trabalho e na gestão

deste, resultantes da contínua e dinâmica automação

industrial, a qual reduz postos de trabalho em muitos

segmentos de mercado, em especial nas nações em

desenvolvimento (RIFKIN, 2007).

O êxito das instituições coletivas no caso das

cooperativas resulta diretamente das práticas sociais

(atitudes e comportamentos) estabelecidas pelos

membros da instituição, e de seus compromissos

sociais. Desta forma, destacamos o pensamento de

Putnam (2010) ao citar a análise das virtudes cívicas e

democráticas desenvolvidas na região norte da Itália,

quando comparada com a região Sul. Esse maior

desenvolvimento do norte da Itália relaciona-se ao

desenvolvimento de uma comunidade cívica em que

a maioria dos cidadãos acompanha as questões de

interesse coletivo, prezando por uma sociedade sem

clientelismos e personalismo políticos, acreditando ser

natural e fundamental um governo para e pelo o povo,

igualitário.

Putnam (2010) afirma ainda que a organização das

redes sociais e das políticas se dá de modo horizontal,

ressaltando a solidariedade, o comprometimento

cívico, a ajuda mútua e a integridade das pessoas

como o padrão esperado pelo capital social para

geração de lucros materiais e simbólicos (BOURDIEU,

2008).

O caminho para vencer os obstáculos passa pela atitude

participativa e pela educação/conhecimento capazes

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de proporcionar uma mudança comportamental cujo

princípio básico fundamenta que “as pessoas devam

fazer parte do processo de decisões que afetam suas

vidas” (CAVALCANTI, 2010, p. 127).

O local enquanto espaço e território que reproduz a

lógica do capital caracteriza-se, segundo Santos (2011)

pela produção, embora reduzida, de desigualdades de

recursos e poder, consequentes do empobrecimento

das relações de cooperação e união entre os atores

sociais em decorrência da individualidade produzida

pela competitividade e individualidade intrínsecas

aos sujeitos e que naturalmente acabem por tomar

espaços no APL.

Lemos, Santos e Crocco (2008) dizem que a economia

baseada no conhecimento é caracterizada por um

ambiente competitivo produtiva e financeiramente,

reflexo da intensiva globalização com sua ótica de

livre comércio. No entanto, os conhecimentos, as

competências e aprendizados desse ambiente são

resultantes das interações entre processos, pessoas

e instituições, os quais gradativamente vão sendo

incorporados pelos indivíduos e organizações.

Lundvall e Johnson (2010) afirmam sob este novo

ambiente competitivo, intenso em conhecimentos,

globalizado e comercialmente liberal, o resgate

da dimensão do local na atividade produtiva,

aparentemente paradoxal, se sustenta pelo fato de a

competição se dar sob a égide da chamada “economia

do aprendizado ou conhecimento”. É reflexo dessa

formação econômico-social os bons resultados de

muitas empresas (pequenas e médias), que convivem

com variáveis dificultosas de seu crescimento e

desenvolvimento.

Os reflexos dessa concepção de organização

empresarial trazem, conforme Lemos, Santos e Crocco

(2008) que a proximidade física e cognitiva poderá vir

a criar condições de um intercambio competitivo em

que através de redes horizontais, coletivamente as

firmas passam a ter uma capacidade maior do que

individualmente. Em contrapartida, Martin e Sunley

(2009), destacam como aspectos negativos com

o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais:

a elevação dos custos locais e inflação localizada,

principalmente dos custos de trabalho, da terra e da

habilitação; ampliação das disparidades de renda;

fusões e aquisições lideradas por capitais externos.

Assim, Santos (2011) enfatiza que o local não se refere

ao tamanho, e sim às relações existentes num ambiente

territorial (cidade ou microrregião), considerando-se

suas particularidades e diversidades. Nesse contexto,

os atores sociais e institucionais apresentam-se como

relevantes e preponderantes a esses ambientes por

suas características, habilidades, heterogeneidades

e produtividades em prol da transformação e do

desenvolvimento local.

Gigglio (2012) define APL, em sentido amplo, como

um grupo de indivíduos ou atividades semelhantes

desenvolvidas conjuntamente, remetendo ao

pensamento de cooperação, integração e agregação.

Compara a uma colmeia pela significação de ajuda

mútua, união, divisão e especificidade do trabalho,

ou como o conjunto de equipamentos de lazer de um

condomínio de edifício (a piscina, a churrasqueira,

a quadra poliesportiva, o playground infantil), o que

sugere entrelaçamento, afinidades.

Traçando rapidamente um comparativo, Amaral Filho

(2012) aborda o “distrito industrial”, caracterizando-o

como um conjunto econômico e social, numa relação

próxima entre as distintas esferas (social, política e

econômica) e o funcionamento de uma destas esferas

modelado pelas demais esferas. O sucesso dos

“distritos” repousa não exatamente no econômico real,

mas largamente no social e no político-institucional.

Britto & Albagli (2012) ressaltam que a REDESIST,

pioneira nas pesquisas e estudos sistematizados

sobre arranjos produtivos locais no Brasil, o conceitua

como um aglomerado de pessoas que produzem um

bem de forma especializada de “tipo ideal”, enquanto

Sistema Produtivo Local (SPL), apresentando uma

capacidade particular própria de promover inovações.

Com isso, de acordo com a REDESIST, Sistemas

Produtivos e Inovadores Locais consiste no APL cujas

relações de interdependência, cooperação mútua e

aprendizados de seus membros gera o incremento da

capacidade inovadora endógena, da competitividade

e do desenvolvimento local.

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Amaral Filho (2012) completa que como se verifica, tal

definição indica não apenas as características de um

sistema produtivo, assim como os aspectos dinâmicos

deste, os quais são desprendidos com as interações

e aprendizagens ocorridas entre os membros do APL,

numa capacidade de adaptação coletiva, sincronizada

e organizada.

Numa contribuição com a definição de APL

Cassiolato, Lastres & Szafiro (2010) apontam algumas

particularidades a serem observadas no estudo desses

aglomerados sociais, como: extensão territorial; a

diversidade de atividades e das pessoas envolvidas; o

conhecimento exigido; as inovações e aprendizados;

e a governança. Aspectos esses que caracterizam e

potencializam o sucesso ou não do empreendimento

fim do arranjo produtivo.

Um aspecto relevante é destacado por Olson (1999),

afirmando que os indivíduos não farão parte de grupos

que lutam por um bem público a menos que haja

coação ou sejam estimulados mediante algum bem

privado. Assim, estabelecia-se o problema da ação

coletiva ou o problema do free rider (carona).

Quando uma pessoa conta com a possibilidade de ser

beneficiada pela ação coletiva de outros indivíduos

sem necessitar desprender esforço para tal êxito,

a mesma acaba por comporta-se de modo isolado.

Assim, temos que o problema da ação coletiva surge a

partir da sobreposição do interesse privado particular

aos objetivos públicos, coletivos. Nessa ótica, Caldas

e Martins (2012) afirmam que a ação coletiva relaciona-

se numa ordem inversa em que quanto mais são os

interesses e menores os interessados, maiores as

possibilidades de eficácia dessa ação coletiva.

4. METODOLOGIA

Estudo descritivo que utiliza uma abordagem qualitativa,

a qual para Chizzoti (2011) volta-se à produção

de dados resultantes das interações interpessoais

oriundas da co-participação dos pesquisadores com o

objeto da pesquisa e seus interlocutores, numa análise

que parte do conjunto de significações que estes

atribuem aos seus atos.

Esclarece que a abordagem qualitativa centra-se

nos dados resultantes das relações interpessoais e

do envolvimento com as circunstâncias nas quais

os interlocutores estão envolvidos, cabendo ao

investigador analisá-las a partir do conjunto de

significações que estes atribuem aos seus atos. Neste

tipo de abordagem o pesquisador envolve-se de modo

participativo na realidade, tendo em vista a busca por

um tipo de compreensão a partir da possibilidade de

envolvimento na mesma.

Neste tipo de abordagem o pesquisador envolve-se

de modo participativo na realidade, buscando uma

compreensão a partir da possibilidade de envolvimento

na mesma. Minayo (2010) também enfatiza a pesquisa

qualitativa como sendo aquela que se preocupa com

as particularidades do objeto por si preocupar com

as ciências sociais, com o nível de realidade que

não pode mensurado e/ou sintetizado em resultados

objetivos.

O cenário da pesquisa foi a Associação dos Apicultores

de Maranguape situada nas circunvizinhanças da

cidade de Fortaleza-Ceará. A população deste trabalho

foi representada por integrantes da associação,

definindo-se como pré-requisito para a participação

ser membro da mesma há pelo menos 01 (um) ano.

Partiu-se de uma revisão bibliográfica e a posterior

pesquisa de campo, a qual de acordo com Minayo

(2010) se apresenta como uma possibilidade de se

conseguir não só uma aproximação com aquilo que

se deseja apreciar e examinar, assim como também

gerar um conhecimento a partir da realidade existente

no campo. Lehfeld (2010) explica que o contato direto

com o fenômeno de estudo possibilita ao investigador

assumir um papel de observador e explorador

coletando os dados diretamente do campo em que

surgiram os fenômenos, apresentando, portanto, a

vantagem de favorecer o acúmulo de informações

sobre os mesmos.

Foram realizadas ainda entrevistas semiestruturadas

com profissionais ligados ao setor (produtores

membros e gestores da cooperativa). Tais entrevistas

caracterizam-se por possibilitarem um melhor contato

entre o pesquisador e o interlocutor, favorecendo, por

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conseguinte, uma observação dos aspectos citados

pelo entrevistado, como do contexto no qual este está

inserido. Na visão de Turato (2011, p. 354), interlocutor

da pesquisa “é a pessoa investigada em qualquer

empreendimento em que o ser humano é objeto de

estudo, é o “eu” pensante e atuante, na posição de

participante como o objeto de quaisquer estudos

sobre seres humanos”.

A coleta de dados foi feita através de entrevista

semiestruturada, entendendo-se que esse é o

instrumento de coleta mais viável às necessidades do

estudo. Minayo (2010) determina este processo como

uma articulação entre a entrevista estruturada e a não

estruturada, deixando o pesquisador apto a melhor

investigar durante a entrevista e, consequentemente,

aplica uma entrevista mais rica.

Para a realização das entrevistas, as mesmas foram

gravadas, transcritas e, posteriormente, analisadas

pelos próprios pesquisadores. A transcrição na integra

dos relatos possibilitou com os dados e informações

coletados se averiguar os resultados alcançados e

a posterior inferência de opiniões. Chizzotti (2011)

diz que a entrevista quando feita por meio de um

gravador, impede a perda de informações importantes

para a pesquisa. Portanto, um recurso adequado

ao registro de todos os dados necessários para o

desenvolvimento do estudo.

Ressalta-se que a participação dos sujeitos se deu

mediante a assinatura do termo de consentimento livre

e esclarecido, estando os mesmos informados de todo

o processo da pesquisa, bem como do sigilo e discrição

quanto a suas identidades. Sendo pertinentes apenas

questões direcionadas para os objetivos do trabalho

anteriormente citados.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Frente a essa temática, o embasamento teórico

adquirido promoveu um leque de informações

pertinentes e relevantes para as argumentações

posteriormente descritas. Outro aspecto metodológico

que merece citação foram as entrevistas e observações

realizadas e as informações coletadas pelo trabalho

empírico de campo ocorrido na associação de

apicultores.

O primeiro aspecto a se considerar diz respeito

à formação, tempo de filiação e experiência nas

atividades da apicultura, de onde se ressalta o nível de

formação educacional satisfatório, em que a maioria

dos associados possui o ensino médio completo e,

alguns, cursos superiores, e um que possui mestrado

em produção animal. Os mesmo estão a cerca de

dois a três anos filiados à associação, já possuindo

experiência e conhecimentos na cultura do mel mesmo

antes da constituição da associação.

A atividade de mel não é a atividade principal de muitos

dos associados e na média os ganhos mensais ficam

em torno de dois a três salários mínimos, existindo

também aqueles membros que ainda não lucram. No

que se refere à quantidade e ao porte do apiário, a

quantidade de caixas produtoras de mel variam em

torno de 100 a 200 caixas em média.

Afirma os entrevistados quanto à sua capacidade

produtiva, ser importante ressaltar a capacitação

atual da associação para a venda de mel, o que lhes

proporciona uma venda em maiores quantidades,

aumentando assim o poder de barganha da

associação, além de uma melhoria nas linhas de crédito

pela sistemática de crédito solidário e uma atualização

constante frente às exigências do mercado.

Acerca do desenvolvimento do capital social na

associação, dos motivos que levaram à participação

no grupo, cita-se como referência a força do grupo,

o entrosamento e o bom relacionamento entre os

membros, citado como bom/excelente, os subsídios e

incentivos recebidos de instituições governamentais.

Prova desse bom relacionamento é a venda integrada

realizada pela associação, em especial junto à

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. As

vendas que antigamente eram isoladas ou algumas

vezes realizadas em conjunto por dois ou três

produtores, agora em grupo, proporcionam uma maior

expressividade junto aos órgãos governamentais, o

que reflete a força do grupo e melhoria nas vendas,

comercialização. Essas conquistas foram resultados

da organização e planejamento coletivo, o que vem

desde a idealização da associação, coordenado por

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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seu corpo diretivo.

Quanto ao fomento e gestão dos conhecimentos

adquiridos, ficou evidenciada uma troca mútua e

constante de informações, conhecimentos entre os

membros da associação. Esses provenientes de

participações em feiras, congressos, cursos, leituras

especializadas e internet.

Os associados cultivam um pensamento de ajudar

ao colega para ajudar ao grupo, sendo rica a troca

de informações, ajuda prática e contínua aos outros,

numa ótica de coletivismo sustentado pelo querer e

como destacou um dos entrevistados: “[...] pelo amor

à cultura do mel, pelos conhecimentos e experiências,

somados às conquistas conseguidas depois da

criação da associação”.

No correr das entrevistas ficou explícito a importância

da contribuição e apoio de variadas entidades, tanto na

criação e fundação da associação, suas estratégias e

atividades cooperadas e organizadas, bem como suas

atividades futuras, onde as parcerias com o governo

federal, prefeitura, SEBRAE, BNB, EMATECE são

exemplos de apoios e ações que vieram a embasar o

desenvolvimento e manutenção da associação.

Embora esse espírito empreendedor coletivo figure

na associação de apicultores, a mesma apresenta

também pensamentos e ações conflitantes. Guiados

por depoimentos coletados, os interlocutores relatam

a existência de características avessas ao sentimento

de coletivismo no grupo, atribuindo as conquistas da

associação ao empenho de uns poucos associados,

somado ao projeto de comercialização que faz com

que alguns associados se motivem.

Reforçando as adversidades relatadas, apontam os

associados como dificuldades pertinentes a falta

de envolvimento e comprometimento de muitos

associados, questões de infraestrutura, a dispersão

dos apiários e seus proprietários e as tentativas

já falhas em desenvolver o espírito coletivo. Tais

aspectos levantados enaltecem a pouca preocupação

e cooperação entre os associados, o que vem a

aumentar as dificuldades ora encontradas e, por

conseguinte, junto aos próprios associados de se

estabelecer um pensamento maior e conjunto em prol

dos bons resultados coletivos para o APL.

As ações e resultados alcançados que refletem

características de empreendedorismo coletivo, de

acordo com parte dos entrevistados são reflexos dos

esforços do presidente e da diretoria da associação,

ficando a maioria dos associados esperando pelos

benefícios auferidos, sem uma maior preocupação e

atuação frente aos rumos e resultados preteridos e

alcançados.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo em questão fruto do interesse pelo

desenvolvimento de práticas de empreendedorismo

coletivo por um arranjo produtivo de mel na cidade de

Maranguape, Estado do Ceará, serviu para a produção

deste trabalho, o qual possibilitou pela análise dos

dados auferidos um posicionamento sobre o tema

e, por conseguinte, a citação de inferências sobre a

associação e suas práticas junto aos mercados em

sua abrangência.

O cenário competitivo e globalizado remete as

empresas, sejam grandes, médias ou pequenas,

a buscarem soluções que possibilitem uma boa

colocação e expressividade no mercado. Nesse

sentido, a Associação de Apicultores, enquanto arranjo

produtivo local, compreendendo essa conjuntura e

observando as necessidades provenientes, organizou-

se para vivenciar o dia-a-dia de mudanças adversas

e necessárias que abrange vários segmentos e, por

conseguinte, o setor de produção de mel.

Ficou evidente a organização, o interesse e as

conquistas dos produtores ao longo da existência da

associação. Embora reflexo aparente da intenção,

vontade, motivação e esforço de um pequeno grupo,

identificamos o interesse da maioria pelo crescimento

do APL (associação), em meio aos objetivos individuais

que em alguns casos sobrepõem-se aos coletivos.

Entretanto, é importante ressaltarmos que as

dificuldades inerentes à associação são obstáculos

naturais condizentes com o dia-a-dia do apiário,

estando dentro das possibilidades de resolução no que

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compete à capacidade dos apicultores em resolvê-

los. Para tal, somente o apoio recebido de instituições

externas não é suficiente para alcançar os propósitos

de desenvolvimento, crescimento e prosperidade da

associação, uma vez que os resultados conseguidos

são justamente decorrências de ações que prezam

pela coletividade, mesmo que o espírito empreendedor

coletivo não esteja presente em sua totalidade no

ambiente social da Associação de Apicultores de

Maranguape.

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[25] PUTNAM, R.D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro. Editora F G V. 2010b. 2. ed. 260 p.

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220

[26] RIFKIN, J. Identidade e natureza do terceiro setor. In: IOSCHPE, E.B. 3º Setor: desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 2007.

[27] SANTOS, B.S (Org.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

[28] SOUSA, E.G; OLIVEIRA FILHO, J.B.; FAGUNDES, A.F.A.; DAMI, A.B.T.; LIMA, J.E.R. A Dinâmica das ações nas organizações do terceiro setor e sua relação com o empreendedorismo social. ENAMPAD, 2005.

[29] TENÓRIO, F.G. Aliança e parceria: uma estratégia em Alves & Cia. Revista de Administração Pública. Vol. 34, n. 3, maio-jun, 2010.

[30] TURATO, E.R. Tratado de metodologia da pesquisa clínico qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2011.

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Capítulo 21GESTÃO SOCIOAMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM EMPRESA

ALIMENTÍCIA DE GRANDE PORTE NO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA

(GO)

Lucivone Maria Peres De Castelo Branco

Ricardo Luiz Machado

Resumo: A gestão socioambiental traz alguns debates e reflexões sobre como fazer e exercer ação que possam beneficiar as empresas e a sociedade de forma conjunta e que possam dinamizar as ações em prol da sociedade e do meio ambiente. Este estudo tem como objetivo identificar as práticas socioambientais em uma empresa alimentícia do município de Itumbiara, no estado de Goiás. O estudo foi fundamentado em revisão de literatura e informações coletadas em campo, através de um estudo de caso. Os instrumentos de coletas de dados utilizados na pesquisa, foram através de entrevistas, questionários, aplicados aos colaboradores e gestores, registros de fotografias, bem como a análise dos Balanços Sociais da empresa referentes aos anos de 2010 e 2011. Com o término da pesquisa foi possível identificar que as práticas socioambientais e sustentáveis da empresa estudada estão sendo cumpridas com a legislação ambiental vigente, tendo uma postura de minimizar impactos ambientais e sociais. Conclui-se a partir dos resultados obtidos que a gestão socioambiental da empresa é um caminho viável, pois o investimento nestas práticas promove a sustentabilidade do negócio.

Palavras Chave: Gestão Ambiental, Responsabilidade Social, Sustentabilidade, Indústria alimentícia.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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1. INTRODUÇÃO

O presente estudo vem apresentar a gestão

socioambiental em uma indústria alimentícia de grande

porte, localizada no município de Itumbiara no estado

de Goiás. A temática sobre a gestão socioambiental

traz algumas discussões e reflexões sobre como fazer

e exercer ações que possam beneficiar as empresas

e a sociedade de forma conjunta, e que possam

dinamizar as melhorias em prol da sociedade e do

meio ambiente.

Algumas organizações estão buscando a

gestão socioambiental como uma estratégia de

sustentabilidade. O mundo corporativo percebe que

as empresas, enquanto agentes sociais fazem parte da

sociedade que as abriga e condiciona sua existência

(SROUR, 2000).

A indústria alimentícia foi escolhida por sua importância

na economia do município de Itumbiara, no estado de

Goiás. O segmento industrial, conta hoje com mais

de 152 indústrias instaladas no município, conforme

informações obtidas no site da secretaria da fazenda

do estado de Goiás. Destaca-se no município de

Itumbiara a presença de uma expressiva indústria

alimentícia, fazendo com que Itumbiara seja um dos

maiores exportadores desse produto no estado de

Goiás. Esta pesquisa originou de uma preocupação

em verificar se a indústria alimentícia está utilizando

práticas de gestão socioambiental no processo

produtivo, com responsabilidade social, para preservar

o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da

população.

Ao realizar a pesquisa sobre as práticas socioambientais

de organizações na indústria alimentícia, não foram

pesquisadas as indústrias de pequeno porte,

pressupondo que não tenham conhecimento sobre a

temática abordada nesta investigação, o que tornaria

mais difícil atingir o objetivo proposto por esta pesquisa.

A questão principal desta pesquisa foi: Como são

as práticas socioambientais dos negócios de uma

indústria alimentícia no município de Itumbiara, no

estado de Goiás?

Com base na questão geral de pesquisa, algumas

questões específicas apresentaram-se pertinentes

e incitaram a curiosidade, tais como: Quais são

as práticas socioambientais implementadas pela

empresa alimentícia de grande porte localizada em

Itumbiara? Quais são as certificações que a empresa

possui? Quais são as motivações que pressionam a

empresa por melhorias ambientais?

O objetivo geral do estudo foi o de identificar as

práticas socioambientais de uma indústria alimentícia

no município de Itumbiara, no estado de Goiás, tendo

como objetivos específicos: verificar as práticas que

introduzem a questão da gestão socioambiental;

analisar o Balanço Social dos anos de 2010 e 2011;

verificar as certificações que a empresa possui

e compreender as motivações que pressionam

organizações da indústria alimentícia por melhorias

ambientais.

O pressuposto da pesquisa foi que as indústrias

alimentícias utilizam práticas de gestão socioambiental

e priorizam a temática proteção ambiental e

responsabilidade social empresarial por pressões da

sociedade ou parte do governo, que solicita formal

e informalmente projetos sociais e compensações

ambientais estabelecidas por lei. Para estudar o

pressuposto da pesquisa foi feito um plano de

amostragem no município de Itumbiara nas indústrias

alimentícias para identificar a população e amostra da

pesquisa.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aligleri et al (2009, p. 11) afirmam que “[...] nos últimos

anos a responsabilidade social das organizações

vem perdendo relação direta e única com projetos e

ações filantrópicas e assistenciais, ficando restritas a

sentimentos de boa vontade, de favor e ajuda aos mais

necessitados”.

Porter e Kramer (2006) acreditam que a melhoria da

questão social e a da concorrência andam juntas,

e afirmam que se fossem usados norteadores das

principais decisões empresariais para analisar políticas

de responsabilidade social, se descobriria que as

práticas podem ser muito mais do que um custo ou

entrave, tornando fonte de oportunidade, inovação e

vantagem competitiva.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

223

Tachizawa (2008, p. 04) destaca o Instituto Ethos,

citando que este “[...] sugere um padrão de balanço

social que explicite os impactos da atividade da

empresa na sociedade e evidencie o relacionamento

com os diferentes públicos”.

Segundo o Instituto Ethos, a definição de

responsabilidade social é a forma de gestão que se

define pela relação ética e transparente da empresa

com todos os públicos com os quais ela se relaciona

e pelo estabelecimento de metas empresariais

compatíveis com o desenvolvimento sustentável da

sociedade, preservando recursos ambientais e culturais

para as gerações futuras, respeitando a diversidade

e promovendo a redução das desigualdades sociais

(INSTITUTO ETHOS, 2012).

As organizações que envolvem um modelo de negócio

avaliando as consequências dos seus impactos, de

suas decisões e ações, além de análises financeiras,

contemplando aspectos sociais e ambientais, estão

comprometidas com a responsabilidade social

empresarial. Uma gestão para ser sustentável busca

o equilíbrio nas relações econômicas, ambientais

e sociais (triple bottom line) contribuindo para o

desenvolvimento sustentável.

A responsabilidade socioambiental é um campo muito

amplo e com alguns trabalhos realizados, mas ainda

pode-se dizer que o campo de estudo é relativamente

recente e precisa de aprofundamento (VITERBO JR.,

2007).

As organizações no contexto do mundo globalizado

necessitam partilhar do entendimento de que deve

existir um objetivo comum do desenvolvimento

econômico com responsabilidade socioambiental, e

não um conflito, tanto para o momento presente como

para as gerações futuras.

O mercado de negócios ambientais oferece

oportunidades rentáveis com o uso de tecnologias

limpas, com projetos de desenvolvimento sustentável,

gestão de resíduos sólidos industriais e reciclagem

de materiais, dentre outros. O reaproveitamento de

resíduos no processo produtivo está associado à

sustentabilidade.

As práticas de responsabilidade socioambiental

devido a sua complexidade e recente valorização nas

atividades produtivas variam de acordo com o porte da

organização, em que as exigências de licenciamento

e a legislação ambiental são mais importantes que

as motivações associadas à redução de custos. Os

impactos ambientais nas organizações e as estratégias

ambientais a serem adotadas são diferentes em função

do tipo de empresa (TACHIZAWA, 2008).

Tachizawa (2008, p. 18), comenta que “[...] a

gestão socioambiental não questiona a ideologia do

crescimento econômico, que é a principal força motriz

das atuais políticas econômicas e, tragicamente da

destruição do ambiente global”.

A gestão socioambiental implica que os recursos

naturais são limitados, e que precisa ter algumas

ações, pois com o crescimento econômico ilimitado,

o planeta pode ter vários desastres, por isso a

necessidade de introduzir a sustentabilidade nas

atividades de negócios.

O desenvolvimento econômico do estado de Goiás,

com seu crescimento populacional, trouxe maior

utilização de seus recursos naturais, geração de

novos postos de trabalho e renda. O estado de Goiás

é composto por 246 municípios e está localizado na

região Centro Oeste do Brasil, sendo o 7º maior do

país em extensão territorial, conforme informações no

site do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos

Socioeconômicos - IMB.

3. METODOLOGIA

A escolha da abordagem de pesquisa foi o estudo de

caso único, com o propósito descritivo e exploratório

com evidências através da abordagem qualitativo

e quantitativo. Foi proposto o método escolhido de

estudo de caso único como estratégia de pesquisa

porque, segundo Yin (2005, p. 36), o estudo de caso

representa uma maneira de investigar um tópico

empírico, seguindo-se um conjunto de procedimentos

pré-estabelecidos.

Justifica-se a escolha do estudo de caso para que

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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se possa ter um envolvimento mais aprofundado da

pesquisadora em relação aos fenômenos estudados,

ou seja, no caso específico desta dissertação, os

processos de gestão ambiental.

O objeto do estudo foi dirigido à gestão socioambiental

no ambiente interno, concentrado nas áreas da

administração e industrial de uma organização da

indústria de alimentos, considerando os balanços

sociais referentes aos anos de 2010 e 2011 e aos

empregados efetivamente contratados.

Na caracterização da empresa foi possível confirmar

que esta é familiar com formação do capital e 100%

nacional. A quantidade de funcionários no mês de

Julho de 2012 era de 2.500 colaboradores em todas

as unidades, sendo que no município de Itumbiara, no

estado de Goiás, eram em média 1500 colaboradores.

O local do estudo foi delimitado ao município brasileiro

de Itumbiara, localizado ao sul do estado de Goiás, na

divisa com o estado de Minas Gerais. Sua população

estimada em 2010 pelo IBGE foi de 92.942 habitantes,

ocupando o 11º lugar entre os municípios mais

populosos do estado de Goiás. O município é um

portal de entrada em Goiás, um dos mais competitivos,

classificando-se entre os três maiores exportadores de

Goiás no primeiro trimestre de 2010.

Itumbiara destaca-se no avanço do segmento industrial,

contando atualmente com várias indústrias instaladas

no município. Segundo o site da Secretaria da Fazenda

do estado de Goiás, no período de vigência do ano

de 2011, com base no ano de 2009, o município de

Itumbiara está entre as 10 maiores arrecadadores de

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação

de Serviços (ICMS) em Goiás, com uma classificação

de oitavo maior em arrecadação no ano de 2010.

Considerando o limite temporal, o levantamento dos

dados ocorreu nos meses de junho/2012 a agosto/2012.

Cabe explicitar que o estudo teve como foco apenas a

gestão socioambiental no ambiente interno.

Na análise documental, foram utilizados os balanços

sociais da organização, referentes aos anos de 2010 e

2011, levando em consideração os indicadores sociais

internos, indicadores sociais externos, indicadores

ambientais, clientes, fornecedores, comunidade,

governo e sociedade, e considerando apenas os

funcionários contratados como empregados.

A estruturação do roteiro da pesquisa envolveu a

seleção da empresa a ser considerada como objeto de

estudo. Um contato com a responsável pela Diretoria

Administrativa e Recursos Humanos, com a qual,

aceitou, formalizou a autorização da empresa para a

realização da pesquisa. Em uma reunião com o sujeito

responsável pela diretoria administrativa e de recursos

humanos foi apresentada a proposta de trabalho,

esclarecendo-se os aspectos relacionados à coleta

dos dados, os setores envolvidos e o cronograma

de coleta dos dados previstos para os meses de

julho/2012 a Agosto/2012. Finalmente, foram propostas

e realizadas as entrevistas com representantes de

diversos setores da empresa.

Os questionários foram enviados por e-mail para os

participantes. Os questionários foram respondidos

pela Diretora Administrativa e de Recursos Humanos,

Gerente de Recursos Humanos, Coordenadora de

Gestão da Qualidade Total, Analista Ambiental,

Supervisor de Compras e Supervisor de Pedidos.

As entrevistas foram realizadas com a supervisora de

Recursos Humanos, Assistente Social, Coordenador do

Serviço Especializado em Engenharia e Segurança e

em Medicina do Trabalho (SESMT) e Responsabilidade

Social.

O modelo teórico foi estruturado no estudo da gestão

socioambiental, com embasamento do questionário de

responsabilidade socioambiental do Instituto ETHOS,

para mensurar os indicadores sobre o Balanço Social

dos anos de 2011 e 2012.

Justifica–se o modelo escolhido devido a sua

abordagem abranger as questões de responsabilidade

de uma organização pelos seus impactos de suas

decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente

por meio de comportamento transparente e ético. O

modelo de questionário de responsabilidade social do

Instituo ETHOS aborda princípios de responsabilidade

social, como transparência , comportamento ético,

direitos humanos, práticas trabalhistas, meio ambiente,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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consumidor, envolvimento com a comunidade e

desenvolvimento, que são bases para certificação,

pois com a elaboração da norma internacional ISO

26000, contribuem para diversos grupos de interesse,

entre os quais, consumidores, governos, empresas,

trabalhadores, ONGs, entidades de prestação de

serviços.

Para melhor compreensão dos nomes fictícios através

de letras (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J), com os cargos e

os níveis hierárquicos, foi feito a descrição dos cargos.

A técnica de coleta de dados para o estudo de caso foi

através de entrevista com a gestora (A), aplicação de

questionários aos gestores da empresa pesquisada;

pesquisa documental; observação da pesquisadora,

com acompanhamento de um técnico do Serviço

Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho

- SESMT - da indústria para o registro das fotografias

e situação real.

A entrevista foi realizada com embasamento no

questionário da dissertação de Viterbo, (2007), contando

no total com 26 questões abertas semiestruturadas. A

aplicação da entrevista com roteiro, foi com a gestora

(A), que serviu de embasamento para a temática

socioambiental.

Para a aplicação da entrevista a pesquisadora

encaminhou um e-mail no dia 17 de julho de 2012

para a colaboradora (B), solicitando a possibilidade

de data e horário para o agendamento da entrevista

com a gestora colaboradora (A) sobre a Gestão

Socioambiental da empresa. A confirmação do

agendamento foi através do e-mail, para o dia 18 de

julho de 2012 às 15 horas, no local de trabalho da

colaboradora (A).

A realização da entrevista com a colaboradora (A), da

empresa, foi realizada com duração de 1 hora , em que

a colaboradora respondeu todos os questionamentos

requisitados pela pesquisadora, e ainda apresentou o

relatório de sustentabilidade da empresa do ano de

2011, e o código de ética da empresa, se colocando

à disposição para maiores esclarecimentos. Para

registro dos dados foi utilizado um gravador digital,

onde posteriormente os diálogos foram transferidos

para um computador em arquivo compatível com o

programa Windows Media player, de modo a facilitar

a transcrição.

Quanto à pesquisa de campo, as entrevistas e

conversas informais com os coordenadores e

gerentes gerais foram realizadas individualmente,

no ambiente da própria empresa, em hora marcada

especificamente para esta finalidade, com nomes

fictícios. As entrevistas realizadas em visita à empresa

com os colaboradores da empresa G, H, I e J, sendo

que a pesquisadora explicou a cada participante da

pesquisa, qual o objetivo e relevância da pesquisa,

a importância da sua colaboração, bem como a

confidencialidade dos dados informados. Foram

feitas perguntas abertas, buscando obter maior

espontaneidade dos entrevistados.

Para Gil (1999, p.129) construir um questionário

consiste em traduzir os objetivos em questões

específicas. As respostas a essas questões é que

irão proporcionar os dados requeridos pra testar as

hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa.

O questionário sobre os indicadores do Instituto

ETHOS, foram enviados por e-mail aos gestores, para

a colaboradora B da empresa pesquisada, no dia 17

de julho de 2012, para direcionar para os gestores

A, B, C, D, E e F, com questões sobre: Valores,

Transparência e Governança, Balanço social, Meio

Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes,

Comunidade, Governo e Sociedade. No dia 09 de

Agosto de 2012, a colaboradora B, encaminhou para

a pesquisadora via e-mail os arquivos respondidos

pelos colaboradores da empresa.

Com o intuito de recolher informações prévias sobre

o campo de interesse, foi feito uma pesquisa no site

oficial da empresa, onde foi possível obter informações

sobre o Balanço social referente ao ano de 2010. Em

visita à empresa, a colaboradora (A), apresentou o

relatório de sustentabilidade da empresa referente ao

ano de 2011, onde constava o Balanço social referente

ao ano de 2011, e o código de ética da empresa.

Em visita à empresa em estudo, a pesquisadora pediu

autorização à gestora (A), para realizar os registros

fotográficos na indústria, focando os programas de

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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proteção ao meio ambiente. A gestora (A) informou

que a empresa possui normas internas para registros

fotográficos, e que não são todas as áreas da empresa

que são permitidas o registro por questões éticas e por

envolverem pessoas. A pesquisadora informou quais

seriam as áreas que seriam registradas, e a gestora

autorizou o registro fotográfico. Para o agendamento

do registro fotográfico a colaboradora (A), pediu o

acompanhamento do gestor (I), onde informou que

todos os gestores autorizaram os registros fotográficos.

O acompanhamento teve agendamento com os

responsáveis e também com o apoio da equipe do

Serviço Especializado de Engenharia e Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa, devido

às normas de segurança no local visitado. A análise

documental e os registros de imagens (fotográficas)

foram realizados com autorização do responsável do

setor observado para registro.

Para melhor compreensão da gestão socioambiental da

empresa, foram utilizados os indicadores do Balanço

Social da empresa entre os anos de 2010 e 2011.

Os dados foram tabulados e correlacionados, para

estudar a evolução dos fatores sociais e ambientais

da organização.

4. ANÁLISE DAS DIMENSÕES E ELEMENTOS DA

GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

Na entrevista, com a representante da empresa

pesquisada foram apontados os seguintes aspectos

merecedores de registro, sobre a caracterização da

indústria alimentícia e a caracterização socioambiental.

Com relação à caracterização socioambiental, a

colaboradora (A) afirmou que os fatores que motivam

a organização a priorizar os temas de proteção ao

meio ambiente e responsabilidade social empresarial

são a sustentabilidade e a necessidade de manter os

negócios através de estratégias inseridas na visão,

missão, valores e nas suas políticas.

As certificações obtidas pela organização são a

ISO 9000 (Certificação de Gestão da Qualidade),

ISO 14000 (Certificação Ambiental) e OHSAS 18000

(Certificado de Saúde Ocupacional e Segurança),

através de um sistema de gestão integrada. A primeira

certificação ambiental ocorreu no dia 14 de junho de

2005, e a validade da certificação estende-se a 13 de

junho de 2014. A empresa não é certificada pela ISO

26.000.

Existe uma preocupação da organização em

disseminar os resultados referentes ao meio ambiente

e à responsabilidade social empresarial para os seus

funcionários, clientes e partes interessadas, como

pôde ser visualizado no relatório de sustentabilidade

do ano de 2011 e no site institucional da empresa.

Foi afirmado pela colaboradora (A), que a alta

administração e as lideranças estão comprometidas

com a melhoria ambiental, apoiando as iniciativas

de responsabilidade social empresarial. Segundo a

afirmação da colaboradora (A), a indústria realizou

nos dois últimos anos investimentos associada à

gestão socioambiental, principalmente nos processos

industriais.

Segundo a colaboradora (A) as práticas de gestão

socioambiental contribuem para a sobrevivência do

negócio. Conforme a colaboradora (A) “A empresa

utiliza como tripé a pirâmide da sustentabilidade

através dos pilares econômico, social e ambiental”.

Não se fala em sustentabilidade sem se falar nesses

pilares. A empresa não é somente responsável por

gerar resultados, ela precisa gerar resultados de forma

responsável para a preservação da vida, mas não

dá para viver somente pensando no meio ambiente,

conforme afirmação da gestora A. Como a empresa

precisa dos recursos naturais, ela cuida e trata os seus

resíduos para devolvê-los ao seu meio natural. Em

visita à empresa, pode ser verificado que a empresa

trata os seus resíduos sólidos e líquidos.

A estrutura organizacional formal da empresa

é representada pelo organograma, onde são

apresentados os níveis hierárquicos, sendo possível

verificar que a estrutura começa com o Conselho

de Administração, logo abaixo está a Presidência,

que contém os órgãos de Superintendência e a de

Diretoria de Novos Negócios da organização que

são subordinados à Presidência da organização. Na

Superintendência são desmembradas as linhas das

diretorias da organização.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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A colaboradora (A) afirmou que há um retorno

comercial com a adoção de medidas ou programas de

proteção ambiental, pois a empresa é vista de forma

diferente no mercado, mas não é mensurado pela

empresa o retorno dos investimentos na área social

e ambiental. Segundo ela, se a empresa não tivesse

a certificação ambiental deixaria de exportar os seus

produtos e alguns compradores do mercado interno e

externo não estariam comprando da empresa.

De acordo com a colaboradora (A), a indústria

alimentícia não possui incentivos dos governos estadual

e federal para melhorar as condições socioambientais,

e comentou na entrevista que com relação ao governo

estadual tudo que a empresa necessitou para a parte

ambiental como autorizações possui muita burocracia.

A gestora relatou que a empresa possui vários

documentos, que estão parados, da indústria de

São Simão, precisando de autorização da secretaria

do meio ambiente do estado de Goiás e por esse

motivo burocrático a empresa não obteve ainda a

certificação ambiental. Com relação aos incentivos

para práticas ambientais a secretaria municipal de

Itumbiara, a gestora afirmou que a empresa sempre

faz parcerias com a secretaria do meio ambiente.

Para a colaboradora (A) é uma situação complicada,

pois no município ainda não existe um aterro para a

destinação dos resíduos e que precisa melhorar em

alguns aspectos.

O compromisso com a responsabilidade social

empresarial está associado a ganhos na imagem

corporativa da empresa. O marketing social é feito,

mas a empresa não costuma divulgar muito as suas

ações sociais, como sustentou a colaboradora A, ao

dizer que “fazemos mais do que divulgamos”.

5. ANÁLISE DO MODELO DE QUESTIONÁRIO DE

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COM

BASE NOS INDICADORES DO INSTITUTO ETHOS E

O BALANÇO SOCIAL DA CARAMURU ALIMENTOS

5.1 VALORES, TRANSPARÊNCIA E GOVERNANÇA

Com relação à governança corporativa da organização,

a colaboradora (A) informou que no relatório sobre

sustentabilidade da empresa referente ao ano de 2011,

são abordados os aspectos econômicos, sociais e

ambientais de suas atividades e a situação econômico-

financeira das atividades da empresa. As informações

sobre aspectos sociais e ambientais das atividades da

empresa são auditadas por terceiros. No processo de

elaboração do balanço social, a empresa envolve as

seguintes partes interessadas: comunidade, público

interno e clientes, fornecedores, governo e sociedade

em geral (por meio de contatos com organizações

de defesa do meio ambiente, sindicatos, entidades

voltadas para a saúde pública ou defesa dos direitos

humanos, etc.).

A empresa expõe publicamente seus relatórios, pois

pode ser verificado no site institucional da empresa o

balanço social referente ao ano de 2010 e o balanço

social referente ao ano de 2011, através do relatório

de sustentabilidade, onde é possível ter acesso às

informações na própria empresa, através da gestora

A.

Em visita à empresa e em conversa com a

colaboradora (J), sobre como os programas sociais

são identificados, informou que alguns projetos já

existem e são executados, e que a organização

sempre está preocupada com a questão social

Através dos dados obtidos nos Balanços Sociais dos

anos 2010 e 2011, foi possível fazer uma comparação

em percentuais dos avanços e da redução de alguns

indicadores. Além da comparação dos indicadores, foi

realizado o registro fotográfico de alguns setores.

A empresa teve um aumento no quadro dos

colaboradores ativos em 2011 de 5,28%. A

colaboradora (C), respondeu que, com relação à

valorização da diversidade, o número de pessoas

com deficiência somente foi a partir de 2012, onde

o percentual é de 7%. No ano de 2012, a empresa

não possui colaboradores com deficiência em cargos

executivos, e o percentual de cargos de coordenação

e chefia foi de 0,30%. A política de remuneração,

benefícios e carreira demonstra que o plano de cargos

e salários da empresa não é transparente e não é

abordado em seu código de conduta e/ou em sua

declaração de valores, conforme informações obtidas

da colaboradora (C).

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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Na faixa etária dos colaboradores, conforme balanço

social referente aos anos de 2010 e 2011 foi possível

verificar que o os colaboradores a cima de 60 anos

teve um decréscimo de 9%, pois no ano de 2011

ocorreram 3 aposentadorias.

A gestora (C) afirmou que a empresa possui um bom

relacionamento com os colaboradores com relação

ao comportamento nas demissões e que não teve

reclamações trabalhistas relacionadas às demissões

nos últimos três anos. A empresa acompanha e avalia

periodicamente a rotatividade dos empregados e tem

política para minimizar e melhorar esses indicadores

através de pesquisa de clima organizacional.

A empresa oferece programa de previdência

complementar a todos os seus empregados para

que possam preparar-se para a aposentadoria, mas

não participa ou apoia programas e de campanhas

públicas ou privadas de valorização dos idosos.Para

compreender melhor a valorização dos colaboradores

serão apresentados os investimentos com o público

interno na organização.

5.2 PÚBLICO INTERNO

Os investimentos com a alimentação dos colaboradores

no ano de 2011 houve um crescimento em valores de

20%, mas houve um decréscimo na quantidade de

refeições servidas anualmente e os cartões oferecidos

com cesta alimentação. Segundo a colaboradora (C),

a empresa o numero de refeições não teve redução

significativa, pois o fornecimento das refeições são

feitas por prestadores de serviço e terceiros tendo uma

oscilação na quantidade de refeição. O crescimento

no valor de 20% com investimento com a alimentação

foi devido à melhoria no cardápio oferecido aos

colaboradores e em função dos aumentos dos

alimentos.

A organização em estudo possui dispêndios com a

previdência privada de seus colaboradores, conforme

dados obtidos no Balanço Social. Os investimentos

com a previdência privada dos colaboradores teve

um crescimento de 23 % em valores no ano de 2011

em comparação com o ano de 2010. O crescimento

foi devido ao aumento no valor das parcelas de

contribuição por parte da empresa e dos colaboradores,

sendo que o plano de previdência privada oferecido

aos colaboradores é o do Brasil Prev.

Acreditando que a segurança no ambiente de

trabalho é fundamental para a tranquilidade e o bem

estar do colaborador, a empresa desenvolve dentro

do seu sistema de gestão, acompanhamento dos

indicadores de acidentes de trabalho, registrando-

os e controlando-os mensalmente. Em visita aos

departamentos da organização observou-se os

quadros informativos, com informações como exemplo

no caso de emergência com acidentes de trabalho, os

procedimentos os contatos de emergência e os locais

mais próximos para os atendimentos.

O colaborador (I) informou que a ginástica laboral

é oferecida aos colaboradores em parceria com o

Serviço Social da Indústria (SESI). Dois professores são

disponibilizados para trabalhar com os colaboradores

a ginástica laboral, principalmente, na área industrial

onde há um maior movimento e levantamento de peso.

Os investimentos com a educação dos colaboradores,

são apresentados nos balanços sociais da empresa

entre os anos de 2010 e 2011. Os investimentos em

educação dos colaboradores, onde a empresa investiu

cerca 798% em educação a mais do que no ano de

2010. Os investimentos em cursos de pós-graduação

teve um crescimento de 18243% no ano de 2011 em

comparação com o ano de 2010. No ano de 2011, a

empresa ofereceu cursos aos colaboradores gestores

através o Programa Desenvolver Gente (PDG), sendo

custeados 100% pela empresa.

Segundo informações da colaboradora (G), são

oferecidos cursos para formação e crescimento,

conforme a necessidade e interesse da empresa e do

colaborador na área de atuação. A empresa oferece

bolsas de estudos de 50% a todos os colaboradores

que estão matriculados em curso superior na área de

atuação na empresa.

Como forma de oferecer uma atividade cultural, a

empresa possui investimentos com cultura. No ano

de 2011 teve um aumento de 13%, em valores em

comparação com o ano de 2010, conforme Balanços

sociais da empresa. A gestora (H) apresentou

o programa do coral musical “VOZES PELA

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

229

INTEGRAÇÃO”, que foi criado em 2004 para estimular

a integração dos colaboradores por meio da música,

buscando valorizar as manifestações artísticas. Os

membros participantes do grupo passaram por

uma seleção de voz para participarem do coral. As

apresentações artísticas do coral são em eventos

internos e externos, sendo que todas as despesas com

as apresentações são custeadas pela empresa como

alimentação, hospedagens, transportes e uniformes.

A colaboradora (H) informou que a partir do ano de

2011, os colaboradores e interessados, participantes

ativos do grupo coral, estão recebendo incentivos de

R$ 90,00 mensais, para cursos de línguas, informática

e música.

No ano de 2011 houve um crescimento de 113% nos

investimentos com capacitação e desenvolvimento

profissional, devido à necessidade de aumentar

a capacitação e aperfeiçoamentos dos seus

colaboradores. O número de treinamentos realizados

também teve um crescimento de 7% em comparação

com o ano de 2010.

Segundo a gestora (J), desde o ano de 2005, a empresa

oferece acesso à tecnologia da informação a todos os

colaboradores com cursos nas áreas de informática

com duração de 03 meses e com carga horária de 90

Horas. O local do curso é na própria empresa, em uma

sala de informática, e em visita à empresa foi possível

visualizar fotos das turmas formadas. Os professores

dos cursos de informática são disponibilizados através

do Serviço Social da Indústria (SESI). Os cursos e

os treinamentos são realizados de acordo com as

necessidades de cada setor, sendo que a gestora faz

o Levantamento das Necessidades de Treinamento

(LNT). Os cursos são planejados com antecedência

do ano anterior para o ano seguinte, mas depende da

necessidade ou da urgência.

O programa de participação nos resultados da

empresa realiza pesquisas para medir a satisfação

dos empregados quanto à sua política de

remuneração e benefícios através de pesquisa de

clima organizacional, segundo informações da gestora

de Recursos humanos.

Os investimentos com a participação nos lucros e

resultados dos colaboradores teve uma redução

de 23% em valores no ano de 2011, porque os

colaboradores não conseguiram atingir as metas

organizacionais da empresa.

No final de cada ano, é feita uma análise para verificar

se a empresa e os departamentos conseguiram

atingir as suas metas do grupo e dos setores. Os

colaboradores que atingem as metas da empresa

e dos departamentos conseguem receber até 2,5

salários do seu salário, mas para isso precisam atingir

100%. No caso dos colaboradores que não atingem as

metas estabelecidas, somente recebem um percentual

proporcional na participação nos lucros e resultados.

Após apresentar a participação nos lucros e resultados,

a empresa possui outros dispêndios como transportes,

uniformes e recreação, conforme balanços sociais da

empresa. A empresa oferece aos seus colaboradores

uniformes, transportes e recreação. Foi possível

visualizar que a empresa no ano de 2011, investiu 30%

a mais que no ano de 2010, os valores que houve uma

aumento significativo foi com relação à recreação dos

colaboradores. Com relação à recreação houve um

aumento de128% em relação ao ano de 2010, atingindo

o valor de R$ 123.137,00. Através desses dados é

demonstrado que a organização esta preocupada com

a qualidade de vida dos colaboradores, buscando

uma socialização.

Em conversa com a colaboradora (G), a mesma

informou que o horário de trabalho do pessoal

administrativo é das 08h00min às 17h45min, de

segunda a sexta-feira, sendo que quem trabalha com

esse regime de trabalho possui 01 hora de almoço e

descanso. Os colaboradores que trabalham 8h45min

por dia durante cinco dias por semana, ultrapassam às

8 horas diárias, mas em compensação não trabalham

nos sábados.

5.3 MEIO AMBIENTE

Conhecer os impactos das atividades no meio ambiente

é um dos requisitos para uma gestão responsável. Para

isso é fundamental monitorar e analisar os impactos

ambientais dos produtos, desenvolver processos

de gestão ambiental e acompanhar os seus efeitos

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

230

inclusive na cadeia produtiva.

Segundo a colaboradora (D), a empresa não contribui

para a preservação da biodiversidade por meio de

políticas específicas, projeto(s) de conservação

de áreas protegidas e/ou programa de proteção a

animais ameaçados, mas possui política explícita de

não-utilização de materiais e insumos provenientes de

exploração ilegal de recursos naturais (como madeira,

produtos florestais não-madeireiros, animais etc.).

Segundo a colaboradora (D) a empresa dispõe de

processos para mapeamento e análise sistêmica para

a melhoria da qualidade ambiental, que visa contribuir

para a conscientização da população quanto aos

desafios ambientais decorrentes da atividade humana

e cultiva valores de responsabilidade ambiental. A

empresa desenvolve periodicamente campanhas

internas de redução do consumo de água e de energia,

campanhas internas de educação com base nos 3 Rs

e desenvolve campanhas internas de educação para

o consumo consciente.

A empresa não possui programa de gerenciamento

de resíduos com a participação do cliente, como

para a coleta de materiais tóxicos ou a reciclagem

pós-consumo, não fornece aos consumidores

e clientes informações detalhadas sobre danos

ambientais resultantes do uso e da destinação final

de seus produtos e não discute com empregados,

consumidores e clientes, fornecedores e a comunidade

os impactos ambientais causados por seus produtos

ou serviços, conforme afirmação da colaboradora (D).

A colaboradora (D) afirma que a empresa prioriza a

contratação de fornecedores que comprovadamente

tenham boa conduta ambiental. Com o objetivo de

contribuir com a conservação das florestas e combater

sua exploração ilegal e predatória, bem como proteger a

biodiversidade, a empresa realiza visitas programadas

ou eventuais, para realizar monitoramento da origem

ou da cadeia de produção dos insumos madeireiros e

florestais que utiliza.

Segundo afirmação da Gestora (D), a empresa possui

sistema de monitoramento com metas específicas

para o aumento da eficiência energética, redução do

consumo de água, redução da geração de resíduos

sólidos, redução da emissão de CO2 e outros gases

do efeito estufa na atmosfera. Segundo dados nos

balanços sociais a empresa realizou investimentos

relacionados com a produção e em programas ou

projetos externos.

Os investimentos em programas ou projetos externos

ambientais da empresa demonstram que os

investimentos relacionados com a produção no ano de

2011, tiveram uma redução de 69% em comparação

com o ano de 2010, porque o ano de 2010 buscou

melhorias nos processos para a certificação em 2011.

O consumo dos recursos naturais utilizados pela

empresa em estudo, como energia elétrica, água, lenha

e resíduos são apresentados através do balanço social

da empresa. O consumo de recursos naturais pela

empresa em estudo, onde pode ser analisado que a

empresa aumentou o consumo de energia em 38,48%

em comparação ao ano de 2010. O consumo de água

teve um crescimento de 1595%, esse indicador teve

esse índice devido à justificativa de que a empresa no

ano de 2010 mensurou somente a indústria de soja,

e que a partir do ano de 2011 a empresa passou a

mensurar todo o seu complexo industrial.

Os resíduos sólidos para a reciclagem tiveram um

aumento de 240% no ano de 2011, pois a empresa

no ano de 2010 não retirava do pátio os resíduos

sólidos como a terra clarificante que é utilizada no

refino de milho, a partir do ano de 2011 a empresa em

parceria com uma empresa de Pouso Alegre, passou

a retirar os resíduos do pátio para que o mesmo fosse

reaproveitado para incorporação ao solo. A partir

dessa parceria o resíduo passou a serem mensurados,

sendo que todos os resíduos que saem da empresa

precisam de notas e qual é a destinação correta dos

resíduos.

Em visita à empresa foi possível observar o processo

de tratamento de efluentes da empresa, desde a

entrada do esgoto bruto até a armazenagem da água

reaproveitada na lagoa para a reutilização. A estação

de tratamento de efluentes é o local onde passa

todo o esgoto da empresa por um tratamento para

o reaproveitamento da água. O processo utilizado

é o físico-químico, tendo como objetivo fazer todo o

processo de filtros dos efluentes para que o resultado

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

231

final seja água que não polua o meio ambiente. Em

conversa com alguns colaboradores na empresa, eles

explicaram que a água é reaproveitada para a limpeza

e para molhar os jardins.

A empresa faz o armazenamento do resíduo de

bagaço de cana-de-açúcar que utiliza para geração

de vapor e para o processo de extração dos processos

industriais. A armazenagem do resíduo fica próxima

à estação de efluentes em uma barreira verde com

plantação de eucaliptos.

A empresa faz controle dos resíduos sólidos

industriais gerados nos processos produtivos através

da compostagem. A compostagem é uma forma de

tratamento biológico da parcela orgânica do lixo,

permitindo uma redução de volumes dos resíduos e

a transformação destes em composto que podem ser

utilizados na agricultura, como recondicionantes do

solo. Trata-se de uma técnica importante em razão da

composição do lixo nas indústrias.

É muito importante que as organizações tenham

programas de coleta seletiva, sendo que para que o

projeto tenha eficiência é necessária à conscientização

de todos envolvidos no processo. Um programa de

coleta seletiva exige dedicação e empenho, devendo

englobar pelo menos três etapas: planejamento,

implantação e manutenção.

5.4 FORNECEDORES

Na relação com trabalhadores terceirizados a busca

por eficiência e baixos custos não pode ferir os direitos

trabalhistas.

Através do questionário respondido pelo colaborador

(E), foi possível obter algumas informações de

que a empresa inclui políticas e critérios para o

relacionamento com os fornecedores em seu código

de conduta e/ou em sua declaração de valores.

O colaborador (E) afirmou que ao selecionar seus

fornecedores (ou desenvolver novos fornecedores), a

empresa inclui critérios na prática efetiva de processos

éticos de gestão das informações de caráter privado,

através de suas relações com clientes ou com o

mercado em geral.

O colaborador (E) afirmou que a empresa produz

relatório periódico com evidências de que questões

relacionadas à responsabilidade social empresarial

estão sendo cumpridas e implementadas em sua cadeia

produtiva. Além dos relatórios periódicos a empresa

discute questões relacionadas à responsabilidade

social com seus fornecedores, visando o treinamento

e adequação deles aos seus critérios, estabelecendo

prazo formal para que os fornecedores entrem em

conformidade com seus critérios de responsabilidade

social.

Os investimentos com programas para fornecedores

da agricultura familiar, teve uma redução no benefício

concedido no preço da soja de 9%, sendo um ponto

negativo para os fornecedores. Analisando os outros

indicadores foi possível verificar que a empresa

investiu 126% a mais no ano de 2010 em fornecimento

de proteção individual, sendo um fator positivo aos

seus fornecedores.

Segundo os balanços sociais da empresa alguns

treinamentos de fertilizantes e cultura no solo foram

realizados através de palestras e divulgações de

programas.

A empresa em estudo possui uma preocupação com

seus fornecedores, por esse motivo busca divulgar e

oferecer palestras aos seus fornecedores (produtores

rurais) sobre o controle de doenças nas lavouras,

para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar a

produtividade das lavouras.

5.5 CONSUMIDORES E CLIENTES

O cuidado no tratamento aos consumidores, a busca

de soluções para problemas e assimilações de

sugestões, compõem um quadro que pode contribuir

para o aperfeiçoamento das ações. O marketing e a

comunicação da empresa não podem-se dissociar da

preocupação com a responsabilidade social.

Com relação às reclamações de clientes, fornecedores

e concorrentes à propaganda, o colaborador (F)

afirmou no questionário, que a empresa não teve,

nos últimos três anos, reclamações e que não tiveram

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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campanhas publicitárias retiradas do ar ou recolhidas

por pressão de organizações da sociedade civil

organizada.

Quanto ao seu compromisso com a qualidade

dos serviços de atendimento ao consumidor/

cliente, a empresa, utiliza a política e as normas de

relacionamento com clientes e consumidores que

constam no código de conduta e/ou na declaração

de valores da empresa, conforme afirmação do

colaborador (F).

A empresa possui um ouvidor do consumidor ou

função similar através do serviço de atendimento ao

cliente (SAC) para receber e encaminhar sugestões,

opiniões e reclamações relativas a seus produtos

e serviços. Promove treinamento contínuo de seus

profissionais de atendimento para uma relação ética

e de respeito aos direitos do consumidor. Treina e

incentiva seu profissional de atendimento a reconhecer

falhas e agir com rapidez e autonomia na resolução

de problemas. Adverte continuamente seu profissional

de atendimento e áreas correlatas sobre a importância

de procedimentos éticos na obtenção, manutenção e

uso das informações de caráter privado resultantes

da interação com seus consumidores, clientes ou

usuários, conforme afirmação do colaborador (F).

Os serviços de atendimento ao consumidor não

foi apresentado no Balanço Social de 2010, sendo

inserido somente no ano de 2011, por esse motivo não

foi possível mensurar esse quesito. No ano de 2011

totalizaram-se 693 reclamações e críticas, sendo que

692 reclamações e críticas da empresa e na justiça

apenas um (1) processo.

As organizações precisam conhecer os clientes através

de suas necessidades, seus anseios, expectativas,

buscando ter uma proximidade da empresa com o

cliente, através de uma cumplicidade saudável para

que possa ter uma continuidade na sustentabilidade

dos negócios.

5.6 COMUNIDADE

Um ponto importante que deve ser tratado pela

empresa em sua relação com a comunidade é o

impacto produzido por suas atividades. O apoio a um

projeto social precisa ter consistência estratégica e

objetivos claros para que a ação seja efetiva (ETHOS,

2006).

A empresa contribui com a comunidade em alguns

quesitos como educação, cultura, esportes e outros,

conforme balanço social da empresa. No ano de 2011

em comparação com o ano de 2010 a empresa realizou

investimentos com a comunidade. Os investimentos

com cultura tiveram um crescimento no ano de 2011,

de 2629%, e no esporte um crescimento de 159%.

Analisando o balanço social referente aos anos de

2010 e 2011, pode visualizar que a empresa deixou de

contribuir com o combate à fome e segurança alimentar

em 33%, e com o direito da criança e do adolescente

houve um decréscimo de 72%. Analisando o balanço

social referente aos anos de 2010 e 2011, pode-se

concluir que o total dos indicadores sociais externos

da empresa, teve um crescimento em investimento

no ano de 2011 de 53% em valores. Segundo a

colaboradora (B), como forma de concretizar sua ação

social, a empresa utiliza os incentivos fiscais para

deduzir ou descontar dos impostos os valores relativos

a doações e patrocínios. A colaboradora (B) afirmou

que a empresa divulga internamente os projetos que

apoia e desenvolve, oferecendo oportunidades de

trabalho voluntário e estimulando a participação dos

empregados, autorizando o uso controlado de horas

pagas para o trabalho voluntário de empregados.

A colaboradora (H) afirmou que a empresa faz doações

aos colaboradores, de material de necessidade,

como remédios, aparelhos auditivos e aparelhos

ortopédicos. A solicitação é feita através de pedido

de ajuda ao departamento de assistência social da

empresa, quando o colaborador com problemas de

saúde passa por alguma dificuldade financeira. A

análise e a aprovação dos pedidos são realizadas

pela supervisão de recursos humanos e do setor de

atuação do colaborador. Segundo informações da

colaboradora (H) geralmente todos os pedidos são

aprovados.

Segundo a colaboradora (H) alguns eventos

comemorativos são realizados na empresa, com a

participação e autorizados pela Gestora (A), que

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

233

organiza e realiza os eventos como: comemoração

ao dia das crianças para distribuição de brinquedos

aos filhos de 0 a 11anos de idade de todos os

colaboradores; Dia das Mães; Dia do Caminhoneiro;

Dia dos Pais; Dia das Crianças e Dia do Trabalhador.

A colaboradora (H) informou em conversa informal

na empresa, que a mesma oferece brinquedos e kits

escolares aos filhos dos colaboradores. No ano de

2011 em média foram distribuídos 1.400 brinquedos

no valor de R$ 25,00 por unidade. No mês de outubro

de é realizado o levantamento nos setores da empresa

para verificar a quantidade de Kits escolares que serão

necessários, sendo que são beneficiados somente os

filhos dos colaboradores com idade entre 5 a 18 anos.

No começo de cada ano é realizada a entrega dos

kits no departamento de assistência social mediante a

apresentação de escolaridade do filho do colaborador.

No mês de Janeiro do ano de 2011 foram entregues

321 kits e no mês de Janeiro do ano de 2012 foram

400 kits.

A empresa no ano de 2011 reduziu o número de

escolas adotadas no programa “parceiros empresa-

escola em 50%, e o número de educadores também

foram reduzidos em 55%. No ano de 2011 houve a

adoção de 23 (vinte e três) escolas ao programa da

júnior Achievement, aumentando o número de escolas

atendidas pelo programa para ampliar o número de

participantes ao programa e para ter uma melhor

participação dos voluntariados .

Em visita à empresa, através de conversa com a

colaboradora (J), a mesma apresentou os projetos

sociais que estão sendo executados pela organização.

A empresa oferece aos colaboradores o programa

JA, para os colaboradores que não tenham concluído

o ensino médio. Segundo a colaboradora (J), o

programa aprendendo com você está em execução

para atender as escolas no entorno da empresa, em

um bairro carente, as escolas participantes são as

escolas Alexandre Arcipretti e Vinícius de Aquino

Ramos. Na escola Alexandre Arcipretti o programa

com as atividades sociais teve início no de 1998, e

na escola Vinícius de Aquino Ramos no ano de 2002,

através de parcerias empresa e as escolas. A empresa

oferece para os alunos das escolas participantes do

programa, aulas culturais e esportivas como aulas

de música, capoeira, dança e jiu-jitsu, sendo que o

objetivo do programa é diminuir a evasão escolar com

aulas extracurriculares.

Segundo informações no relatório de sustentabilidade

de 2011, a empresa como parceira do evento

participou com uma barraca com o desdobramento

do Programa Aprendendo com Você, para arrecadar

recursos financeiros, através do envolvimento dos

voluntários (colaboradores) para ajudar as escolas

envolvidas nos programas. No ano de 2011, a verba

de arrecadação na festa junina arraiá solidário, foi de

R$ 19.000,00 mil reais, sendo que a verba arrecadada,

foi dividida igualmente entre as escolas Vinícius de

Aquino e Alexandre Arcipretti para uma escola a

verba foi utilizada para a reforma de uma quadra, e na

outra escola a verba foi utilizada para a construção de

espaço para a realização das aulas.

5.7 GOVERNO E SOCIEDADE

Os indicadores de geração e distribuição do governo

e sociedade, referem-se à descrição de iniciativas

da empresa relacionadas a políticas de prevenção e

ações implementadas contra práticas de corrupção e

propina de interesse público e caráter social.

No ano de 2011, houve um crescimento de 108%

na geração de riquezas da empresa Caramuru em

relação ao ano de 2010. Analisando os indicadores

do balanço social referente aos anos de 2010 e 2011,

pode verificar que no indicador colaborador houve um

decréscimo de 24% no ano de 2011, em comparação

ao ano de 2010, pois os colaboradores não obtiveram

o atingimento da participação nos lucros e nos

resultados.

6 CONCLUSÃO

O presente estudo evidenciou a visão dos gerentes

sobre as práticas socioambientais na indústria

alimentícia no município de Itumbiara no estado de

Goiás. As organizações que são grandes geradoras de

potencial poluidor podem causar impactos ambientais,

econômicos e sociais, uma vez que seus processos

podem afetar o meio físico em todas as suas esferas,

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

234

envolvendo ar, água e solo.

Com o término da pesquisa foi possível identificar que

as práticas socioambientais e sustentáveis da empresa

estudada estão sendo cumpridas com a legislação

ambiental vigente, tendo uma postura de minimizar

impactos ambientais e sociais. Além disso, foi possível

constatar que a empresa apoia programas de doação

e filantropia direcionados ao desenvolvimento e

qualidade de vida das comunidades por melhorias

ambientais e sociais.

As motivações das organizações da companhia

estudada foram identificadas através das ações

ecológicas, em contato com concepções de gestão

que avançam no tema de responsabilidade social,

comparando com o conceito de desenvolvimento

sustentável.

Foi identificada a existência de auditoria na empresa

com relação ao destino final dos passivos ambientais,

abrindo campo para futuras pesquisas sobre quais

são para ações de melhorias significativas por parte

de todos os setores, do ponto de vista ambiental e pela

sociedade.

Sobre as questões ambientais destaca-se que

os impactos ambientais gerados pela empresa

são mapeados pelos processos para a melhoria

da qualidade ambiental. Pode-se concluir que a

empresa trabalha com indicadores ambientais,

com investimentos para reduzir os recursos naturais

como energia elétrica, lenha e realiza tratamento dos

resíduos sólidos e líquidos dos processos.

A partir dos resultados da pesquisa, conclui-se que

a gestão socioambiental da empresa é um caminho

viável, pois ela esta buscando práticas socioambientais

para promover a sustentabilidade do negócio.

Recomenda-se a empresa em estudo, aderir ao

programa de Norma Internacional da série ISO 26000,

para que ela possa ter uma evolução no seu sistema

de Gestão integrada. Recomenda-se também que

ela tenha uma participação ativa no meio acadêmico

e científico e patrocine projetos de desenvolvimento

de pesquisa e tecnologia para ter uma interação

ativamente com a comunidade acadêmica e científica.

Considerando que esta pesquisa analisou apenas uma

empresa, abre-se a possibilidade para a realização de

novos estudos, com o mesmo enfoque.

A pesquisadora sugere que haja uma reflexão sobre o

material exposto, com o intuito de aperfeiçoar as ações

estratégicas organizacionais e assim obter uma melhor

posição competitiva diante do mercado cada vez mais

exigente. Em futuros estudos sugere-se que sejam

investigados os clientes, fornecedores, colaboradores

e comunidade atendida, para apresentar uma vertente

que possibilite comprovar com profundidade a versão

dos grupos quanto ao sucesso do modelo de gestão

socioambiental.

REFERÊNCIAS

[1] ALIGLERI, Lilian; ALIGLERI, Luiz Antônio; KRUGLIANSKAS, Isak. Gestão Socioambiental: responsabilidade e sustentabilidade do negócio. São Paulo: Atlas, 2009.

[2] CARAMURU ALIMENTOS. Responsabilidade Sócio ambiental. Disponível em http://www.caramuru.com/. Acesso no dia 20 de maio de 2012, as 15:00:00.

[3] GIL, Antônio Carlos. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ed. São Paulo: Ed. Atlas. 1999.

[4] INSTITUTO MAURO BORGES. Estado de Goiás. Disponível em http://www.seplan.go.gov.br/sepin/goias.asp?id_cad=6000. Acesso em: 20 jan. 2012, 16:38:15 .

[5] INSTITUTO ETHOS. Disponível em < http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3344&Alias=Ethos&Lang>. Acesso em: 09 de ago. 2011, 10:12:00.

[6] PORTER, Michael Eugene; KRAMER, Mark R. Estratégias e sociedade: o elo entre vantagem competitiva e responsabilidade social empresarial. Harvard Business Review Brasil, p. 52-66, dez 2006.

[7] SOUR, Robert Henry. Ética empresarial. Rio de Janeiro:Campos, 5 ed., 2000.

[8] SEFAZ. Secretária da Fazenda do estado de Goiás. Disponível em <http://aplicacao.sefaz.go.gov.br/index.php?idMateria=106541>. Acesso em 10 de Agosto de 2011 as 11:32 horas.

[9] TACHIZAWA. Gestão socioambiental: estratégias na nova era da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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Sustentabilidade e Responsabilidade Social - Volume 3

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[10] VITERBO Jr., Ênio. A Responsabilidade Sócio-ambiental na Indústria Química Brasileira. Dissertação de Mestrado – Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro. Agosto de 2007.143p. Disponível em: < http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?open=1&arqtese=0510908_07_Indice.html>. Acesso em 15 mai.2011, 15:00:00.

[11] YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2º ed. Ed. Porto Alegre: Bookman. 2005.

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Autores

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AU

TOR

ES

José Henrique Porto Silveira (Organizador)

Bacharel e licenciado em Psicologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (1977) e Faculdade de Educação da UFMG (1988); Especialização em Percepção Ambiental – Instituto de Geociências da UFMG (1987); Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental, área de concentração: Educação Ambiental (2013). Analista de Meio Ambiente.

Adriana Queiroz Silva

Doutoranda em Administração pela Universidade Positivo - UP/Curitiba. Mestre em Engenharia de Produção pela UTFPR/Ponta Grossa. Especialista em Marketing pela UNICENTRO e graduação em Administração. Atua como professora na seguinte Instituição de Ensino: Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná - UNICENTRO - campus de Irati/Pr.

Adriano Provezano Gomes

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (1992) e doutorado em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (1999). Atualmente é Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa.

Ailton da Silva Ferreira

Fazendo Pós Doutoramento em Engenharia de Reservatórios pela Universidade Estadual do Norte Fluminense, Concluiu o Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2009), Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2005), Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense (2002) e Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Candido Mendes. Atualmente é Coordenador do Curso de Administração da UFF/Macaé, Professor Adjunto IV da Universidade Federal Fluminense/Macaé e Professor Colaborador do Mestrado em Engenharia de Produção/UENF.

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Alexandre Sette Abrantes Fioravante

Graduado em Economia pela Universidade Federal de Viçosa (2011), e mestre em Administração, com ênfase em Administração Pública pela Universidade Federal de Viçosa (2014). Possui formação em Criatividade inovação e novos negócios pela Fundazione CUOA/Business School – Itália (2016). Doutorando em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), trabalhando na área de desenvolvimento sustentável e economia do meio Ambiente. Atualmente é Professor da pós-graduação do Centro Universitário SENAC São Paulo.

Aline Parizzi

Graduada Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Franciscano (2014). Bolsista de pesquisa (PROBIC) pela UNIFRA (2013). Voluntária de projeto de extensão (PROBEX) pela UNIFRA (2012). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão da UNIFRA (2011).

Ana Carolina Mendonça Pilatti De Paula

Doutora em Administração pela UNaM - Universidade Nacional das Missiones - Argentina, Mestre em Informática Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2005), MBA em Gestão Empresarial pela FGV (2002) e Graduada em Bacharelado em Informática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1994). Avaliadora de Cursos de Ensino Superior pelo Ministério da Educação. Docente em Cursos de Pós-Graduação e Graduação nas áreas de Administração e Informática. Atualmente é Pró-reitora de Ensino Presencial da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR e Diretora Acadêmica da Regional Sul.

Ana Carolina Spatti

Doutoranda em Política Científica e Tecnológica na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA - UNICAMP), graduada em Gestão de Políticas Públicas e Administração (FCA - UNICAMP). Possui trabalhos e projetos desenvolvidos na área de Gestão, com enfoque principal em políticas públicas de saúde, Ensino Superior e relação entre Universidades e Empresas. Tem experiência na universidade como monitora das disciplinas de

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graduação e como docente estagiária. Além disso, atua como professora de Gramática no Cursinho comunitário Pré-Vestibular Colmeia (Limeira-SP), destinado a jovens que tenham concluído o ensino médio na rede pública.

Ana Paula Wendling Gomes

Possui graduação em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa (2000), graduação em Administração pela Faculdade de Viçosa (2008). MBA em Gestão Ambiental (2009) e mestrado em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (2005). Atualmente é professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais.

Ana Valéria Vargas Pontes

Mestre em Sistemas de Gestão pela UFF - Universidade Federal Fluminense, Pós-Graduada em MBA - Organizações e Estratégia pela UFF (2008), graduada em Administração pela Faculdade Metodista Granbery (2005). Diretora de Recursos Humanos da Eduwork Consultoria e Assessoria Educacional Ltda; Professora do Faculdade Metodista Granbery no cursos de administração, direito, sistemas de informação; Supervisora de Atividades curriculares Complementares e Visitas Técnicas do curso de administração da Faculdade Metodista Granbery; Supervisora de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) da Administração Faculdade Metodista Granbery; Supervisora de Estagio do curso de Administração da Faculdade Metodista Granbery; Participa do Comitê de desenvolvimento da Revista Acadêmica do Instituto Metodista Granbery; Membro do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Administração da Faculdade Metodista Granbery; Membro da Comissão do Prouni - COLAP da Faculdade Metodista Granbery.

Angélica Gois Morales

Doutora em meio ambiente e desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em educação ambiental pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professora Assistente Doutora da Faculdade de Ciências e Engenharia da Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de Tupã. Líder do grupo de Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (PGEA).

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Antonella Ferrari

Graduanda em Gestão do Agronegócio pola Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA Unicamp), atuou no projeto de extensão universitária Cursinho Pré Vestibular Colmeia no apoio à docência, coordenação e alunos. Atualmente desenvolve uma pesquisa na área de smart farm.

Bruno Aparecido Oliveira

Possui graduação em Sistemas Para Internet pela Faculdade Educacional de Ponta Grossa (2014). Concluiu a especialização em Engenharia de Produção pela Uninter (2017). Foi aluno especial do programa de mestrado em Computação Aplicada oferecido pela UEPG (2016). Atualmente cursando Licenciatura em Computação na UEPG.

Carlos Cesar Garcia Freitas

Professor adjunto do curso de administração da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP (Campus Cornélio Procópio). É bacharel em administração, com especialização em comportamento organizacional, mestrado em administração e doutorado em administração. Atua, ainda, como professor efetivo do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino (UENP). Sua linha de pesquisa é Tecnologia Social e de extensão é Educação Financeira.

Carolina Pante

Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Atuou como coordenadora na X e XI Jornada Científica do Centro de Pesquisa Interdisciplinar da Amazônia - CEDSA-UNIR.

Carolina Yukari Veludo Watanabe

Bacharel em Matemática Aplicada e Computação Científica (2006), Mestre (2007) e Doutora (2013) em Ciência da Computação e Matemática Computacional pela Universidade de São Paulo (ICMC-USP São Carlos). Desde 2015 atua como docente e pesquisadora no Programa de Pós-

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Graduação Mestrado em Administração na Universidade Federal de Rondônia, na linha de pesquisa Estratégia, Gestão e Tecnologia em Organizações. Suas pesquisas na área de Administração incluem Estratégia e processo decisório, Aprendizagem em Organizações e Inovação e Tecnologia em Organizações.

Cássia Tavares Streb

Possui graduação em Administração pelo Centro Universitário Franciscano (2013) e licenciatura em Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional - PEG pela Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é acadêmica do Mestrado Acadêmico em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria.

Cintya Mércia Monteiro Penido Amorim

Mestre em Engenharia Ambiental pela UFSC. Pós-graduada em Gestão e Tecnologia da Qualidade. Sócia-diretora da Sustentar Consultoria e Treinamentos - atuando como Consultora e Auditora em Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental, saúde e segurança e administração estratégica. Profa e coordenadora dos cursos: MBA em Gestão da Qualidade Integrada ao Meio Ambiente e do MBA em Consultoria e Auditoria em Qualidade, M. Eng. em Gestão de Riscos e Prevenção de Desastres na PUC Minas. Auditora Qualificada ISO 9001; TS16949; ISO 14001. Experiência como auditora: 14 anos com ISO 9001/ ISOTS e 10 anos com ISO 14001. Livro publicado: Gestão Ambiental ISO 14001 e Sustentabilidade.

Cléber da Silva Amado

Possui graduação em Ciências Econômicas (2002) e Ciências Contábeis (2008) pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Pós-Graduação em Auditoria Governamental e Empresarial, pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (FACEL) de Curitiba-PR. Mestrado Profissional em Administração pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Atualmente é servidor público, cargo efetivo, na função de Controlador Interno da Câmara de Vereadores de Pinhão-PR.

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Cristiane Hengler Corrêa Bernardo

Doutora em educação, pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), mestre em comunicação midiática pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela PUCCAMP. Professora Assistente Doutora da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de Tupã.

Daniel Barbarioli Carraretto

Mestre em Gestão Pública e graduado em Administração, ambos pela Universidade Federal do Espírito, Santo, é administrador na Companhia Espírito Santense de Saneamento, com experiência em gerenciamento de processos, planejamento estratégico, gestão de contratos e de orçamento. Atua também como professor de administração e é consultor financeiro pessoal e empresarial.

Daniel Sá Freire Lamarca

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Agronegócio e Desenvolvimento (PGAD) pela Faculdade de Ciências e Engenharia (FCE) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Tupã, com bolsa fomentada parcialmente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e parcialmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Bacharel em Administração pela mesma instituição. Atualmente realiza pesquisa sobre o impacto das mudanças climáticas na produção de ovos de poedeiras. Membro do grupo de pesquisa do CNPq: Instalações, Ambiência e Bem-estar Animal (BAIA). Realizou Iniciação Científica com bolsa fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) com pesquisa na área de bioenergia através de cana de açúcar. Também realizou Iniciação Científica com bolsa fomentada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com pesquisa experimental na área de irrigação com água tratada magneticamente na cultura do tomate. Técnico em Informática pela Escola Técnica Estadual Professor Massuyuki Kawano (ETEC - Centro Paula Souza), Tupã - SP.

Daniel Teotonio do Nascimento

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Doutorando em Administração pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Mestre em Administração pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Servidor Federal, Cargo Administrador, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

Daniela Farinon

Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO

Denise Cristina de Oliveira Nascimento

Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal Fluminense (2002), mestrado em Engenharia de Produção (2006) e Doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais (2009) pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Professora do Departamento de Administração da Universidade Federal Fluminense em Macaé/RJ e Professora Colaboradora dos Cursos de Mestrado em Engenharia de Produção, Mestrado Profissional em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional e do Programa de Doutorado em Planejamento Regional e Gestão da Cidade da UCAM.

Edison Luiz Leismann

Realizou Pós-Doutorado em Administração pela UFPE (2009). Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (2002). Mestre em Administração/Finanças de Empresas pela Universidade Federal da Paraíba (1996). Especialista em Marketing pela Unioeste (1994). Realizou MBA em Contabilidade Pública. Bacharel em Administração. Bacharel em Ciências Contábeis. É professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, atua na graduação no curso de Administração, na pós graduação e no PPGA-Programa de Pós Graduação em Administração (Mestrado Profissional)/UNIOESTE. Avaliador Institucional e de Cursos (Bacharelados e Cursos Superiores de Tecnologia) do MEC-SINAES/INEP. Avaliador de Cursos da SETI-Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Estado do Paraná.

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Fernando Franco Netto

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense - UFF (1983), mestrado em História Econômica pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2000) e doutorado em História pela Universidade Federal do Paraná (2005). Atualmente é professor Associado na Universidade Estadual do Centro-Oeste. Experiência na área acadêmica e na pesquisa com temas voltados para Economia, História Econômica e Escravidão. Consultor na área de planejamento, finanças empresariais e inovação e do SEBRAE-PR, com diversos trabalhos técnicos desenvolvidos nessas áreas. Pós Doutor em Desenvolvimento Econômico - UFPR. Professor dos Programas de Pós-Graduação em História e Administração da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Consultor do CAA na área de Ciências Sociais Aplicadas da Fundação Araucária.

Flávio de São Pedro Filho

Pós-Doutorando em Gestão e Economia na Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã, Portugal (2016), com o Projeto intitulado Estratégia de gestão para inovação e sustentabilidade. É Doutor em Administração (2010), pela Universidade de São Paulo (USP), conforme Apostila de revalidação de título. Doutor em Gestão de Empresas (2009), laureado Magna cum Laude pela Universidad Autónoma de Asunción (UAA). É Mestre em Engenharia de Produção (2004), na área de Gestão de Negócio, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Administrador graduado pela EAUFBA. Professor de Inovação e Sustentabilidade no PPGMAD/UNIR. Pesquisador na Universidade Federal de Rondônia. Coordena o Grupo de Pesquisa em Gestão da Inovação e Tecnologia (GEITEC).

Ieda Kanashiro Makiya

Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas. Líder de Grupo de Pesquisa SB-LAB - Sustainable Business Laboratory / Laboratório de Negócios Sustentáveis na base CNPq. Ênfase nos seguintes temas: Qualidade & Produtividade, Sustentabilidade, Agronegócio, Economia Criativa, Indústria 4.0. , Smart Cities. Possui Pós-Doutorado pelo Climate Change Laboratory - Agricultural and Biological Engineering - University of Florida (2014). Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT (2004-2005-2006). Doutorado em Engenharia de Produção, EPUSP (2002). Mestrado FEA-UNICAMP (1996). Graduação UNESP (1989)

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Ivan Carlos Ferreira

Discente do último ano do curso de graduação em Administração na Universidade Federal de Rondônia. É sargento da Aeronáutica, com especialidade em mecânica de aeronaves.

Jamila El Tugoz

Graduada em Administração pela Universidade Paranaense (2009), Especialista em Gestão Estratégica de Finanças pela Universidade Paranaense (2011) e Mestre em Administração pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE (2015). Atualmente é Servidora Pública Estadual atuando no Administrativo do Colégio Estadual Dario Vellozo. Também atua como Docente do curso de Administração da Universidade Paranaense UNIPAR. Autora de artigos científicos publicados em periódicos classificadas pela CAPES. Membro do GPSA - Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade no Agronegócio. Com experiência na área de Administração, com ênfase em Administração.

Jovani Taveira de Souza

Mestre em Engenharia de Produção (2017) e especialista em Engenharia de Produção (2014), pela UTFPR - Campus Ponta Grossa. Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2013).

Kelsen Arcângelo Ferreira e Silva

Doutorando em Educação pela UFPI (2014 - 2017); Mestrado em Administração pela UNIFOR (2009); MBA em Gestão Empresarial pela FGV-RJ (2006); Especialização em Gestão de Recursos Humanos pela UECE (2005); Graduação em Administração pela FSA (2006); Graduação em Ciências Contábeis pela UESPI (2006); Graduação em Gestão Empresarial pelo IFPI (2003).

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Kerla Mattiello

Doutoranda em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP - 2013/2017), Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2008), Especialização em Gerenciamento de Micro e Pequenas empresas pela Universidade Federal de Lavras (2005), Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2002). Professora do Curso de Ciências Contábeis na Universidade Estadual de Maringá.

Lauro César Rocha Guimarães

Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense (2014)

Leonor Venson de Souza

Mestre em Administração (UNIOESTE, Cascavel-PR). Contadora, Empresária, Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC.

Loreni Teresinha Brandalise

Doutora em Engenharia de Produção pela UFSC. Docente e coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Administração da Unioeste - campus de Cascavel-PR. Autora de livros sobre sustentabilidade e temas inerentes à gestão empresarial. Atua como consultora empresarial nos temas referentes à gestão socioambiental, sustentabilidade, agricultura familiar, administração de materiais, logística e cadeia de suprimentos.Vice Líder do Grupo de Pesquisa Sustentabilidade no Agronegócio (GPSA). Editora chefe da Revista Ciências Sociais em Perspectiva.

Luana Ferreira Pires

Graduada em Administração (2015) e mestranda do Programa de Pós-graduação em Agronegócio e Desenvolvimento, pela Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

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(UNESP). Atualmente é participante do Grupo de Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (PGEA). da Rede de Educação Ambiental da Alta Paulista (REAP) e membro da Comissão de Ética Ambiental da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). As principais áreas de interesse são: administração, gestão ambiental e indicadores de sustentabilidade com ênfase na pegada ecológica e pegada hídrica.

Lucivone Maria Peres De Castelo Branco

Professora e Coordenadora do curso de Administração do centro Universitário UniCerrado; Mestre em Sociedade e Tecnologia e Ambiente, pela UniEvangélica, em 2013; Mestre em Gestão de Empresas , pela UAA em 2009; Especialista em Gestão Empresarial e Negócios, pela FAFICH dem 2001; Graduação em Administraçã, pela FAFICH, e 2000.

Mara Águida Porfírio Moura

Doutoranda de Políticas Públicas na Universidade Federal do Piauí - UFPI, Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí - UFPI - TROPEN, Especialista em Finança em Empresas pelo IEMP / ICF, Graduada em Administração com Habilitação em Marketing pelo ICF. Professora Assistente I - DE do Curso de Administração da Universidade Federal do Piauí - UFPI/ Campus de Parnaíba. Atualmente, desenvolve pesquisa na área de gestão do ensino superior, políticas e programas do ensino superior.

Marguit Neumann

Doutora em Economia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre/RS, Brasil e em Sciences Economiques pela Universidade de Grenoble/França. Mestre em Desenvolvimento pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Ijuí/ RS, Brasil. Pós-graduada em Contabilidade Gerencial pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Ijuí/RS, Brasil. Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Ijuí/ RS, Brasil.

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Maria Salete Waltrick

Doutora em Administração pela Universidade Nacional da Argentina, título revalidado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Gestão Empresarial e Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Estratégia de Recursos Humanos pela Universidade Tuiutí do Paraná. Graduada em Administração pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Docente em cursos de graduação e pós graduação. Coordenadora do Curso de Administração da Faculdade UNOPAR /Kroton Educacional - Unidade Ponta Grossa, Paraná.

Mariana Rodrigues de Souza Eller

Consultora em Sistemas Integrados de Gestão – Qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (ISO 14001), Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS 18001). Auditora Líder em Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001. Especialista em Gestão da Qualidade Integrada ao Meio Ambiente pela PUC Minas e em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela UFMG. Instrutora na Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT dos cursos de Gestão da Qualidade. Professora em cursos de especialização e MBA em Gestão da Qualidade na PUC Minas e no UniBH.

Marli Kuasoski

Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2010). Especialista em Controladoria e Finanças pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2012). Mestra em Desenvolvimento Comunitário pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2016).

Moisés Alexandre Lustosa da Silva

Possui graduação em Análise de Sistemas (2002) pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Pós-Graduação em Matemática Aplicada (2007) e Administração Pública no Ensino Superior (2013), ambos pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Mestrado Profissional em Administração pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Atualmente é servidor público estatutário, na função de Técnico em Informática, na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO) em Guarapuava-PR.

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Nelson Malta Callegari

Atualmente é aluno externo do Programa de Doutorado em Engenharia da Produção da Universidade Federal Tecnologica do Paraná - UTFPR. Mestre em Engenharia de Produção e especialista em Engenharia de Produção na Linha de Pesquisa;Conhecimento e Inovação&quot; também pela UTFPR. Graduado em Administração com habilitação em Marketing pela Sociedade Educacional Santa Amélia - Secal . Atualmente é professor do curso de Administração, Agronomia e Engenharia da Produção da Universidade UNOPAR, atuando também como professor de pós-graduação lato sensu. Foi Coordenador da União Empresa Junior pela Faculdade União de 2010 a 2014, bem como coordenador Regional pela GERAR do Programa Aprendiz Legal da Fundação Roberto Marinho de fevereiro de 2012 a setembro de 2014. Também possui vasta experiência na área empresarial e comercial atuando com representações e vendas deste 1987. Consultor de Empresas na criação, gestão e desenvolvimento de processos. Integrante do grupo gestor do Congresso Internacional de Administração (ADM) desde 2011 e do Congresso Latino Americano de Administração e Negócios.

Neuza Corte de Oliveira

Doutoranda em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP), São Paulo/SP, Brasil. Mestre em Administração e Gestão de Negócios pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina/PR, Brasil. Pós-graduada em Contabilidade Gerencial e Auditoria pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR, Brasil. Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá/PR, Brasil.

Paulo Maurício Tavares Siqueira

Professor Adjunto do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal Fluminense-UFF. Professor do curso de Ciências Atuariais da UFF. Coordenador do Projeto Oficina de Práticas Contábeis do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFF. Membro da Comissão da Câmara Técnica de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão-PROEX para avaliar as Ações de Extensão. Doctor en Humanidades y Artes con mención en Ciencias de la Educación pela Universidad Nacional de Rosário (2016). Especialização MBA Controladoria e Finanças pela

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Universidade Federal Fluminense (2003). Graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Santa Úrsula (1982).

Paulo Sérgio Jordani

Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (1997), Especialização em Gestão Estratégica de Negócios (2000), Especialista em Gestão de Pessoas (2001) pela UNOCHAPECÓ. Mestrado em Administração pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2002). Atualmente é professor titular da Universidade Comunitária Regional de Chapecó. Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Sistemas e Sub Sistemas de Recursos Humanos, Comportamento Humano, Liderança e gestão de Equipes, atuando principalmente nos seguintes temas: comportamento organizacional, qualidade de vida no trabalho, liderança e gestão de equipes e sistemas de remuneração. Delegado da Seccional Oeste de SC do CRA/SC.

Plínio Ribeiro de Souza

Mestre em Gestão Pública e Técnico em Assuntos Educacionais na Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como supervisor de contratos de agencias de seguro e tem experiência em processos de seleção e recrutamento.

Rafael Clivati Justus

Graduado em Administração de Empresas, Técnico em Segurança do Trabalho (CEPET). Carreira desenvolvida na área de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Medicina do Trabalho, com experiência na identificação de variáveis para controle de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, realização de ações educativas e desenvolvimento de campanhas de prevenção de acidentes, atuando com foco na garantia da saúde e bem-estar dos colaboradores. Experiência em planejamento, implantação e gerenciamento de todos os procedimentos de Segurança do Trabalho, englobando definição de normatizações, adequação de procedimentos e regras de acordo com a legislação brasileira, treinamentos, auditorias internas e externas (Equipamentos/ferramentas e Ambiente de trabalho) e higiene ocupacional.

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Renata Coradini Bianchi

Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Maria (1997) e mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria (2002). Atualmente é professor assitente do Centro Universitário Franciscano. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Planejamento, Projeto e Controle de Sistemas de Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão, logística, competitividade, processo e agronegócio.

Ricardo Luiz Machado

Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia de Produção e Sistemas da PUC Goiás; Doutor em Engenharia de Produção, pela UFSC, em 2003; Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas, pela UFSC, em 1997; Engenheiro Civil, formado pela UFG, em 1993.

Roberto Rivelino Martins Ribeiro

Doutor em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP (2017); Mestre em Contabilidade pela UFPR (2011), especialista em MBA - Gestão Empresarial pela UEM (2001), possui graduação pela UEM em Ciências Contábeis (1996), possui Formação Pedagógica pela UEM com Habilitação Em Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (2000). Atualmente é professor Assistente da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Contabilidade, atuando principalmente nas seguintes áreas: Contabilidade Geral, Custos, Ética Profissional, Metodologia e Iniciação à Pesquisa, Contabilidade Gerencial e Gestão Pública. Pesquisador naÁrea de Contabilidade Gerencial/Controladoria, Contabilidade Social/Ambiental, Contabilidade Pública e Gestão Pública.

Rodrigo Barichello

Graduado em Administração Empresarial (2008) e Pós-Graduado em Economia Empresarial pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó (2008). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria/UFSM (2010). Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC (2015). Professor Titular da Universidade Comunitária da Região de Chapecó-SC.(UNOCHAPECO).

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Professor Permanente do Programa de Mestrado em Contábeis e Administração - UNOCHAPECO. Coordenador Adjunto do curso de Administração - UNOCHAPECO. Tem experiência na área de Administração e Engenharia, com ênfase em Engenharia Econômica, Finanças e Gestão de Projetos. Participou do IX Programa de Jóvenes Líderes Iberoamericanos representando o Brasil na União Européia pela Fundación Carolina.

Ronaldo Miranda Pontes

Ronaldo Miranda Pontes é Doutor em Administração pela Univesidad Nacional de Misiones na Argentina, mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, graduado em ciências contábeis pela Fundação Educacional Machado Sobrinho. Atua como Professor de Pós Graduação na FGV Management, UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora - MG, Faculdade Metodista Granbery. É Diretor da EduWork Consultoria e Assessoria Educacional. Autor dos Livros: Gerenciamento de custos em Projetos. Editora FGV. Rio de Janeiro – 2014, Orçamento e Controle. Editora FGV. Rio de Janeiro - 2017. Avaliador do Ministério da Educação - MEC/INEP de Instituições de Educação Superior e Cursos de Graduação presencial e EAD. Possui experiência profissional na gerência e administração de empresas do setor têxtil e educacional, bem como consultorias à empresas através da www.eduwork.com.br

Roquemar de Lima Baldam

Doutorado em Engenharia de Produção. Tem experiência prática na implantação em organizações Privadas e Públicas, especialmente de grande porte, nas áreas de Pesquisa, Processos, Projetos, Gerenciamento Eletrônico de Informação, Gestão do Conhecimento, Ferramentas para racionalização do trabalho. Certificado PMP (Project Management Professional), CBPP (Certified Business Process Professional) e CDIA+ (Certified Document Imaging Architect+).

Sandra Mara Pedroso

Possui graduação em Licenciatura em Ciências Habilitação Matemática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1985), especialização em Ciências (1989) e mestrado em Mestrado em Educação(2004) pela mesma Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professor da Universidade Estadual

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de Ponta Grossa, atuando nas disciplinas de Estágio Supervisionado em Matemática, Instrumentação para o Ensino de Matemática I e III no curso de Licenciatura em Matemática e a disciplina de Fundamentos Metodológicos para o ensino de Matemática no curso de Pedagogia ; professor titular da Faculdade Educacional de Ponta grossa - Faculdade União, atuando na disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa para o curso de Administração; Metodologia da Pesquisa Científica e Metodologia Jurídica para o curso de Direito, Organização do Trabalho Científico para o curso de Tecnologia de Sistemas para a Internet e Trabalho de Conclusão de Curso para o curso de Sistemas e professor titular do Instituto de Educação Estadual Prof César Prieto Martinez, atuando com turmas do Ensino Fundamental e Médio na disciplina de Matemática. Ainda no ensino superior atuou como professor titular da Faculdade Sant'Ana, atuando nas disciplinas de Pesquisa Científica II e IV no curso de Bacharelado em Psicilogia, Fundamentos Metodológicos para o ensino de Matemática no curso de Pedagogia, Projetos para o curso de Secretariado Executivo Trilingue e Trabalho de Conclusão de Curso para o curso de Educação Física.

Sérgio Luís Dias Doliveira

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (1988), graduação em Administração pelo Instituto de Estudos Sociais do Paraná (1996), mestrado em Gestão Estratégica de Organizações pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2002) e Doutorado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (2013). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual do Centro-Oeste, em cursos de Graduação, Especialização e no Mestrado em Desenvolvimento Comunitário.

Silvia Cristina Vieira

Mestre em Agronegócio e Desenvolvimento e especialista em Gestão de Agronegócios pela UNESP Câmpus de Tupã, graduada em Medicina Veterinária pela UNIMAR. Professora da UNIFAI - Centro Universitário Adamantina. Membro do grupo de Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (PGEA).

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Sônia Denize Clivati Justus

Graduada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Especialista em Educação Ambiental(UNINTER). MBA em Administração Hospitalar (UNOPAR).Capacitação de Dispensação de Medicamentos (USP). Farmacêutica Hospitalar na Sociedade Beneficiente São Camilo. Farmacêutica Hospitalar na Clínica Sabedotti-Alliar Medicina Diagnóstica -Serviços de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, com as atividades de Padronização de Materiais Médico Hospitalares e Medicamentos, Programa de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, Comissão de Controle de Infecção. Na Docência atuou como Professora na Faculdade Santana, nos cursos Técnicos em Farmácia e Técnico em Análises Clínicas.Membro Conselho Regional Farmácia Paraná Comissão Farmácia Hospitalar e Clínica Gestão 2017-2018.

Tanyra de Fátima Ferreira do Amaral

Bacharela em Gestão do Agronegócio pela Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA - UNICAMP). Como formação complementar, apresenta intercâmbio acadêmico em Gestão na Universidade de Lisboa (Portugal); Curso Geral de Propriedade Intelectual (WIPO); Extensão universitária em Tecnologia e Inclusão Social (UNICAMP); e Curso online de Empreendedorismo (Babson College). Possui trabalhos e projetos desenvolvidos na área de Gestão, com enfoque principal nos segmentos de Sustentabilidade, Inovação, Marketing e Cadeias de Suprimento. Artigos e trabalhos com sua participação envolvendo Sustentabilidade e/ou Inovação foram aprovados no Brasil (ADMPG) e no exterior ( CEPAL - Uruguai; e Triple Helix - Londres).

Thalmo Coelho de Paiva Junior

Professor Titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) e docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), é Doutor em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ'2003 (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Mestre em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela COPPE/UFRJ´1997 e Especialista em Educação Tecnológica pela UFES´1997 (Universidade Federal do Espírito Santo), bem como Especialista em Didática

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e Pedagogia pela UFES´1993. Graduou-se em Engenharia Metalúrgica pela UFF´1988 (Universidade Federal Fluminense).

Vanessa Alberton

Graduada em Turismo (2013) e Mestre em Desenvolvimento Comunitário (2016), ambos pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), campus Irati/PR. Atualmente pesquisa temas relacionados à áreas naturais, turismo de aventura e turismo rural.

Vanessa Somavilla

Técnico Administrativo no Centro Universitário Franciscano. Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional da UFSM (2015). Estagiária da Prefeitura Municipal de Santa Maria (2014). Graduada Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Franciscano (2013). Destaque acadêmico Bacharel em Administração (2013). Estagiária do Centro Universitário Franciscano (2013). Bolsista de pesquisa (PROBIC) pela UNIFRA (2013). Voluntária de projeto de extensão (PROBEX) pela UNIFRA (2012). Monitora da disciplina de Projeto Coletivo de Extensão pela UNIFRA (2012). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão da UNIFRA (2011). Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Setores Específicos.

Victor Miranda de Oliveira

Graduado em Administração e especialista em Gestão de Pessoas com ênfase em Psicologia Organizacional pela Faculdade Metodista Granbery. Atualmente cursa o Mestrado Acadêmico em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atuou como monitor das disciplinas Evolução do Pensamento Administrativo e Teoria Geral da Administração I e II e compôs o quadro de colaboradores da Granbery Consultoria Júnior, como Diretor de Recursos Humanos. Atualmente, atua como docente das disciplinas Inclusão Digital e Administração Doméstica e do Tempo na Faculdade Aberta da Melhor Idade (FaMIdade), sendo esta um projeto de extensão da Faculdade Metodista Granbery, bem como desenvolve atividades administrativas no setor de pós-graduação do Instituto Metodista Granbery. Ainda na Faculdade Metodista Granbery ministra temáticas para a graduação em Administração. Outras atividades docente são exercidas na Faculdade do

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Sudeste Mineiro (Facsum) e no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF).

Vilciane Verdi

Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO

Wesley Pereira da Silva

Mestre em Engenharia de Produção na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Campus Ponta Grossa. Especialista em Engenharia de Produção pelas Faculdades Integradas Espírito-santenses (FAESA) e Graduado em Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). Pertencente ao quadro de servidores do Ifes, no cargo de Analista de Tecnologia de Informação. Atua na Coordenadoria Geral de Sistemas de Informação da Reitoria do Ifes. Possui experiência nas áreas de sistemas de informação, gestão de processos de negócio, gestão de tecnologia de informação e docência - presencial e à distância.

William Fernando Bonfin dos Santos

Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2014). Atualmente trabalha na área de contabilidade no escritório Azevedo Miranda & Eduardo Ltda. Tem experiência na área de contabilidade societária.

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