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Artur Jorge Fernandes César Clostridium difficile prevenção e controlo 2009/2010 Abril, 2010

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Artur Jorge Fernandes César

Clostridium difficile – prevenção e controlo

2009/2010

Abril, 2010

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Artur Jorge Fernandes César

Clostridium difficile – prevenção e controlo

2009/2010 Artur Jorge Fernandes César

Clostridium difficile – prevenção e controlo

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Doenças Infecciosas

Trabalho efectuado sobre a Orientação de:

Dr. Paulo Figueiredo Dias

Revista: Arquivos de Medicina

Abril, 2010

Artur Jorge Fernandes César

Clostridium difficile – prevenção e controlo

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Doenças Infecciosas

Trabalho efectuado sobre a Orientação de:

Dr. Paulo Figueiredo Dias

Revista: Arquivos de Medicina

Abril, 2010

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Título: Clostridium difficile – prevenção e controlo

Autor: Artur Jorge Fernandes César

Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Contactos: Artur César

Telefone: 964830124

Email: [email protected]

Agradecimentos: Ao Dr. Paulo Figueiredo Dias, pela competência com que orientou a

minha tese de mestrado e pelo tempo que generosamente dedicou.

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RESUMO

Clostridium difficile – prevenção e controlo

A doença associada ao Clostridium difficile (C. difficile), de transmissão fecal-oral

através de esporos, apresenta-se sobretudo na forma de uma infecção nosocomial,

vulgarmente após terapia antimicrobiana.

O presente artigo tem por objectivo rever as recomendações actuais no âmbito da

prevenção e controlo da infecção por C. difficile em ambiente hospitalar.

Existe um largo espectro de sintomas associados à doença, desde portadores

assintomáticos e diarreia, até manifestações mais graves. Embora a maioria destas

condições respondam às terapêuticas disponíveis, a infecção pode aumentar a

morbilidade, prolongar a hospitalização, e mesmo colocar a vida do doente em risco.

Muitos surtos diarreicos têm sido atribuídos a este agente, alguns causados por uma

estirpe hipervirulenta (ribotipo 027) por vezes associada a doença mais grave e a pior

prognóstico. Os esporos de C. difficile excretados nas fezes não são destruídos pelas

soluções alcoólicas habitualmente usadas na higienização das mãos, e persistem no

ambiente por meses apesar da utilização de certos agentes de limpeza. Todos estes

factores aumentam o risco de transmissão de C. difficile.

As medidas recomendadas na redução do risco de doença por C. difficile e

abordadas neste artigo incluem: diagnóstico precoce; uso adequado das medidas de

isolamento; limpeza ambiental; higienização das mãos; métodos de protecção pessoal;

vigilância epidemiológica e regulação da prescrição antibiótica.

Palavras-chave: Clostridium difficile, Diagnóstico, Tratamento, Factores de risco,

Prevenção e Controlo.

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ABSTRACT

Clostridium difficile – prevention and control

Clostridium difficile (C. difficile) associated disease, from fecal-oral transmission

through spores, presents mainly in the form of a nosocomial infection, usually after

antimicrobial therapy.

This article aims to review the current recomendations on the prevention and

control of infection by C. difficile in the hospital environment.

There is a broad range of symptoms associated with this disease, from

asymptomatic carriers and diarrhea, to more severe manifestations. While most of these

illnesses respond to available therapies, infection can increase morbidity, prolong

hospitalization, and even place the patient's life at risk.

Many diarrhea outbreaks have been attributed to this agent, some due to a

hypervirulent strain (ribotype 027) sometimes associated with more severe disease and

worse prognosis. The spores of C. difficile excreted in faeces are not destroyed by

standard alcohol-based hand disinfection, and persist for months in the environment

despite the use of certain cleaning agents. All these factors increase the risk of C.

difficile transmission.

The recommended measures to reduce the risk of C. difficile disease and discussed

in this article include: early diagnosis of CDAD, appropriate use of isolation

precautions, environmental cleaning, hand hygiene, personal protective methods,

epidemiologic surveillance and good antibiotic stewardship.

Keywords: Clostridium difficile, Diagnosis, Therapeutics, Risk Factors, Prevention and

control.

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ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ 1

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 2

2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 3

3. EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 4

4. PATOGENIA E FACTORES DE RISCO ............................................................................. 5

5. APRESENTAÇÃO CLÍNICA ............................................................................................... 7

6. MEIOS DE DIAGNÓSTICO ................................................................................................. 9

7. TRATAMENTOS ................................................................................................................ 11

8. ESTRATÉGIAS DE CONTROLO DA INFECÇÃO .......................................................... 13

8.1. Controlo ambiental......................................................................................................... 13

8.2. Higiene pessoal .............................................................................................................. 16

8.3. Métodos de barreira e equipamentos médicos ............................................................... 17

8.4. Regulação da prescrição antibiótica e vigilância epidemiológica ................................. 19

9. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 21

10. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 22

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

C. difficile – Clostridium difficile

DACD – doença associada ao Clostridium difficile

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

EUA – Estados Unidos da América

EIA - Enzime-linked imunoassays

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Clostridium difficile – prevenção e controlo

1. INTRODUÇÃO

O Clostridium difficile (C. difficile) é uma bactéria Gram positiva, anaeróbia obrigatória

com forma de bacilo, formadora de esporos e produtora de toxinas que resulta em milhões de

mortes todos os anos um pouco por todo o mundo (1). Este bacilo ubiquitário, encontrado no

solo e trato gastrointestinal de animais, foi identificado pela primeira vez como o agente

responsável pela colite pseudomembranosa na década de 1970 (2, 3). Actualmente rivaliza

com o Staphylococcus resistente à meticilina como o principal causador de infecções

relacionadas com a prestação de cuidados de saúde nos Estados Unidos da América (EUA)

(3).

Este microrganismo existe tanto na forma vegetativa, a mais comum, como na forma de

esporo. A forma vegetativa é sensível ao oxigénio enquanto o esporo é resistente à

temperatura e a certos ambientes adversos tais como o ácido gástrico e alguns desinfectantes

comerciais (1).

O C. difficile tem uma transmissão fecal-oral através de esporos depositados em

superfícies com as quais os indivíduos podem contactar directa ou indirectamente (4). Os

esporos uma vez ingeridos germinam no intestino delgado, transformam-se na sua forma

vegetativa e multiplicam-se (2). A partir deste momento colonizam assintomaticamente o

indivíduo ficando em equilíbrio com a restante microflora intestinal, ou causam a chamada

doença associada ao C. difficile (DACD) (2). A DACD apresenta um espectro clínico que

varia desde diarreia e colite pseudomembranosa até condições tais como o megacólon tóxico.

Assistiu-se nos últimos anos a uma mudança epidemiológica da infecção causada por C.

difficile. Este facto sugere que talvez as estratégias de controlo e prevenção devam ser

reequacionadas e adaptadas a esta nova realidade.

O presente artigo tem por objectivo rever as recomendações actuais no âmbito da

prevenção e controlo da infecção por C. difficile em ambiente hospitalar.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados da Pubmed, EMBASE e

Cochrane Collaboration relativa a artigos publicados de 1999/01/01 a 2009/08/31 utilizando

como palavras-chave: Clostridium difficile, Diagnosis, Therapeutics, Risk Factors e

Prevention and control.

Desta pesquisa resultaram 132 artigos, dos quais 20 foram excluídos mediante leitura do

título e resumo. Os restantes 112 artigos foram submetidos a uma leitura integral de que

resultou a selecção final de 89 artigos. Esta pesquisa foi ainda completada por artigos

considerados relevantes e referenciados em alguns dos artigos que servem de base à

elaboração desta revisão.

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3. EPIDEMIOLOGIA

O C. difficile é classicamente considerado um agente de infecção nosocomial capaz de

ocasionalmente provocar pequenos surtos em ambientes hospitalares ou noutras instituições

de prestação de cuidados de saúde. É a causa infecciosa mais comum de diarreia associada à

prestação de cuidados de saúde (2)

As taxas de infecção por C. difficile têm aumentado significativamente nos últimos anos.

Este aumento verifica-se nas populações pediátrica e adulta, mas é na população idosa onde o

aumento é mais acentuado (3). Actualmente a incidência de DACD nos Estados Unidos da

América (EUA) é, segundo a Centers for Disease Control and Prevention (CDC), de 250 000

casos por ano e é responsável por 15 a 20% dos casos de diarreia relacionada com a

antibioterapia e por praticamente por todos os casos de colite pseudomembranosa. A taxa de

mortalidade nos EUA passou de 5,7 por milhão de habitantes em 1999 para 23,7 por milhão

de habitantes em 2004 (5).

As consequências a nível hospitalar da DACD incluem, entre outras, maior tempo de

internamento (3,6 a 6,7 dias a mais por internamento) (6, 7), maiores taxas de readmissões

(19-20% dos doentes que recebem alta após DACD são readmitidos com recidiva da doença),

maiores custos nos cuidados de saúde (entre 1126 a 7024 dólares a mais por caso) (6) e uma

taxa de mortalidade atribuível que pode ascender a 16,0% ao fim de 30 dias após o

diagnóstico e de 16,7% ao fim de um ano (7).

No período compreendido entre 2003 e 2006 assistiu-se a uma mudança no padrão

epidemiológico da DACD traduzida por um aumento na incidência, maior gravidade e

morbilidade, mais casos de resistência ao tratamento convencional e maior número de casos

de recorrência do que até então. Este padrão foi observado nos EUA, Canadá, em 11 países da

União Europeia e Suíça (8, 9, 10) e é agora atribuído por muitos investigadores a uma estirpe

de C. difficile, designada Ribotipo 027, toxinotipo III, ou B1, ou NAP1 (todos sinónimos com

base em diferentes métodos de tipagem) (4).

O conceito de que o C. difficile é sobretudo um agente de infecção nosocomial tem vindo

a ser posta em causa pelo recente aumento de casos verificados na comunidade em indivíduos

sem exposição prévia a antimicrobianos (11, 12).

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4. PATOGENIA E FACTORES DE RISCO

A patogénese da DACD envolve uma tríade de factores, são eles o desequilíbrio da flora

bacteriana intestinal normal (habitualmente causada por antibióticos de largo espectro), a

exposição ao C. difficile toxigénico (habitualmente em contexto hospitalar) e factores de risco

dependentes do hospedeiro.

Virtualmente todos os antibióticos, independentemente da via de administração, podem

eliminar parte da população bacteriana normal do intestino que controla a proliferação de

outros agentes potencialmente patogénicos (2). Desta forma o desequilíbrio na flora intestinal

permite o crescimento descontrolado de agentes patogénicos, entre eles, o C. difficile. A

maioria dos antibióticos, incluindo o metronidazole e a vancomicina, são capazes de provocar

DACD, no entanto os antibióticos mais frequentemente implicados são a clindamicina,

penicilinas, cefalosporinas e fluoroquinolonas (13, 14). É importante salientar que nem todos

os casos de diarreia associada à antibioterapia estão relacionados com DACD já que os

próprios antibióticos podem causar efeitos colaterais relacionados com a dose e tipo de

antibiótico tais como diarreia, dor ou distensão abdominais não relacionados com a infecção

por C. difficile (1, 3, 13).

A infecção causada por uma estirpe de C. difficile produtora de toxinas é essencial para

que ocorra DACD, mas não é suficiente, já o indivíduo pode estar colonizado e permanecer

assintomático por tempo indeterminado (2,15, 16).

Existem várias estirpes de C. difficile, a maioria das quais capazes de produzir toxinas e

assim causarem DACD (1). O maior factor de virulência do C. difficile é a produção de duas

toxinas, a toxina A e a toxina B, capazes de iniciar uma cascata inflamatória com a

subsequente ruptura da barreira de células epiteliais intestinais, exsudação, secreção de muco,

diarreia e formação de pseudomembranas (17, 18).

A estirpe NAP1/B1/027 apresenta características que contribuem para o seu

comportamento epidemiológico e clínico mais agressivo que são: a produção de uma toxina

binária designada CDT, não presente noutras estirpes e que catalisa a desorganização do

citoesqueleto e a internalização de componentes enzimáticos de receptores de superfície

celular (19); a produção de quantidades substancialmente superiores de toxina A e B (19); a

resistência a fluoroquinolonas (4, 11) e a capacidade de esporulação aumentada (20).

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Os doentes submetidos a cirurgia intestinal ou a quimioterapia apresentam um risco

aumentado de DACD, no entanto, doentes internados nas Unidades de Cuidados Intensivos,

imunodeprimidos, idosos ou portadores de co-morbilidades graves podem ser igualmente

mais susceptíveis (21, 22, 23). Uma concentração sérica de albumina inferior a 3 g/dl parece

constituir um factor de risco (24).

Factores genéticos do hospedeiro podem estar envolvidos na susceptibilidade para

desenvolver DACD. Isto é verdade sobretudo nos casos em que a resposta imunológica

perante a bactéria e suas toxinas é inadequada e no caso de polimorfismos dos genes

relacionados com a interleucina 8 (25, 26).

Existem estudos contraditórios no que diz respeito à possibilidade de fármacos capazes

de inibir a secreção ácida gástrica, como os inibidores da bomba de protões e os antagonistas

dos receptores H2 da histamina, constituírem um factor de risco de colonização ao facilitarem

a sobrevivência do C. difficile no ambiente gástrico e ao mesmo tempo promoverem o

desequilíbrio da microflora intestinal normal pelo aumento do pH. Enquanto alguns destes

estudos indicaram uma associação positiva entre estes fármacos e a DACD (27, 28, 29),

outros não estabeleceram uma associação estatisticamente significativa (30, 31, 32, 33).

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5. APRESENTAÇÃO CLÍNICA

A definição de DACD inclui a presença de diarreia (pelo menos cinco dejecções de fezes

líquidas ou não formadas nas últimas 36 horas), o uso de agentes antimicrobianos nas últimas

oito semanas, detecção da toxina do C. difficile, resposta terapêutica a agente específico e

exclusão de outras entidades (34).

A apresentação clínica caracteriza-se habitualmente por diarreia aquosa, por vezes

sanguinolenta, geralmente nas primeiras 48-72 horas após a infecção, e frequentemente

acompanhada por febre, náuseas, dor, distensão ou desconforto abdominais. Em alguns casos

os sintomas podem desenvolvem-se até dois a três meses após a administração de antibióticos

(uma única dose pode ser suficiente para precipitar a doença) (1, 34).

Ao médico compete diagnosticar precocemente a doença, contudo a tarefa pode ser difícil

pois a apresentação clínica é muitas vezes inespecífica. Perante uma diarreia de instalação

recente com ou sem queixas abdominais a hipótese de DACD deve ser tida em conta (34), e o

mesmo se passa perante uma leucocitose inexplicada num doente hospitalizado (35). Formas

menos sugestivas, nomeadamente casos de abdómen agudo sem diarreia, ou quadros de

diarreia ligeira, podem constituir a apresentação de DACD (36).

A ausência de diarreia, muitas vezes um factor de mau prognóstico na DACD (34), pode

surgir quando há predominantemente atingimento proximal do cólon ou em casos de íleo

paralítico ou megacólon tóxico (34, 37). Doentes com DACD indolente podem apresentar

uma enteropatia com perda de proteínas associada a ascite, edema e hipoalbuminemia (34).

À medida que a patogenia desta doença foi sendo conhecida, verificou-se que o seu

espectro clínico podia ir desde um estado de portador assintomático do C. difficile até graves

complicações como perfuração intestinal (38), colite fulminante (39), megacólon tóxico (34)

ou mesmo empiema cerebral (40).

Habitualmente a doença afecta todo o cólon e é em certos casos diagnosticada

endoscopicamente pela presença de pseudomembranas. No entanto em doentes com doença

inflamatória intestinal ou com formas da doença menos exuberantes estas alterações

endoscópicas típicas podem não se verificar já que são encontradas em menos de 25% de

todos os casos mais graves (4, 34).

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Alguns estudos apresentam séries onde cerca de 20% dos adultos hospitalizados por mais

de uma semana sem sintomatologia sugestiva de infecção por C. difficile, mais de 50% das

crianças saudáveis até os 6 meses de idade e até 3% dos adultos saudáveis na comunidade

estão colonizados por C. difficile (15). Estes indivíduos apesar de assintomáticos podem

excretar organismos patogénicos viáveis servindo de reservatório para a contaminação

ambiental.

Alguns dados indicam que a diarreia por C. difficile recorre em 8 a 50% dos casos seja

como recidivas causadas pelo microrganismo original, seja como re-infecções após o

tratamento do episódio inicial (41).

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6. MEIOS DE DIAGNÓSTICO

Na diarreia associada ao C. difficile o resultado de um exame laboratorial não basta para

realizar o diagnóstico. O diagnóstico de DACD é feito após exclusão de outras causas de

diarreia e resulta da conjugação de uma apresentação clínica apropriada com a confirmação

laboratorial.

Existem diferentes exames laboratoriais para o reconhecimento da DACD. Alguns dos

mais usados detectam uma ou ambas as toxinas do C. difficile em amostras de fezes através de

um ensaio de citotoxicidade tecidual ou por enzime-linked imunoassays (EIA). Métodos

alternativos incluem a cultura do bacilo em condições de anaerobiose, testes de aglutinação

por látex, imunocromatografia ou abordagens com recurso a Polimerase Chain Reaction

permitindo inclusivamente tipagem (42).

O gold standard no diagnóstico de DACD é a detecção de toxina a partir de amostras de

fezes mediante ensaio de citotoxicidade celular. Este exame é mais sensível na detecção de

toxinas que os EIA mas necessita de instalações específicas e é mais moroso. O estudo

ESCMID relatou que a nível europeu 79% dos laboratórios capazes de diagnosticar infecção

por C. difficile utilizavam EIA e 17,3% usavam ensaios de citotoxicidade celular. Os EIA

dirigidos à detecção de ambas as toxinas A e B são os mais sensíveis já que ensaios dirigidos

apenas à detecção da toxina A podem não detectar estirpes que não produzam esta toxina

contudo, segundo o mesmo estudo, 58% dos laboratórios que empregavam ensaios de

citotoxicidade celular pesquisavam apenas a presença da toxina A (43).

A identificação de C. difficile toxigénico ou a presença das suas toxinas num doente com

diarreia é geralmente considerada diagnóstica de DACD (44). Contudo, tendo em conta a

elevada prevalência de crianças com menos de seis meses de idade colonizadas

assintomaticamente e a elevada prevalência de outros agentes causadores de diarreia neste

grupo etário, testes positivos nesta população mesmo com sintomatologia sugestiva, não

devem ser automaticamente assumidos como DACD.

É prática geralmente aceite que no final do tratamento e após a regressão da

sintomatologia da DACD não se repitam os testes (44).

A endoscopia é um recurso diagnóstico importante sobretudo em doentes graves nos

quais se pode conseguir um diagnóstico rápido. Pelo risco de perfuração que envolve certos

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cuidados tais como a introdução da menor quantidade de ar possível devem ser tidos em conta

(4). A presença de pseudomembranas com aspecto de placas amareladas, com 2 a 10 mm de

diâmetro aderentes à mucosa do cólon, é muito característica. Contudo esta abordagem

diagnóstica apresenta muitos falsos negativos já que em muitos casos estas alterações não se

estão presentes e em até 20% dos casos verifica-se atingimento preferencial do cólon

proximal o que dificulta a sua identificação (34). De facto, o achado endoscópico mais

comum, é um eritema difuso e inespecífico da mucosa intestinal, sendo que o envolvimento

do intestino delgado é incomum mas possível (15).

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7. TRATAMENTOS

Na maioria dos casos de DACD a primeira atitude terapêutica deverá ser a suspensão do

antibiótico desencadeante, exceptuando-se os casos em existem contra-indicações para tal. O

controlo hidroelectrolítico e terapêutica antibiótica para o C. difficile deverão ser os passos

seguintes (45). Com a instituição destas medidas até 25% dos doentes recuperam (21).

A terapia farmacológica específica para a DACD deve ser iniciada sobretudo em doentes

idosos, com múltiplas co-morbilidades, e nos doentes em que os antibióticos em curso não

possam ser descontinuados. O tratamento deverá também ser iniciado se a diarreia persistir

apesar da suspensão do antibiótico precipitante ou então se houver evidências de colite (45).

Os agentes antidiarreicos devem ser evitados, especialmente se a etiologia da diarreia não

tiver sido ainda esclarecida. Estes agentes têm a capacidade de diminuir o tempo de trânsito

intestinal e assim aumentar o tempo de exposição da mucosa às toxinas e consequentemente o

risco de lesão tecidual (34, 45).

O tratamento empírico não é aceite universalmente no entanto, geralmente aceita-se que

doentes em risco de desenvolverem DACD fulminante sejam tratados empiricamente

enquanto se aguarda pelos resultados da análise da amostra de fezes (1).

Desde a década de 1990 que o fármaco de primeira linha no tratamento de DACD é o

metronidazol. A sua eliminação é essencialmente renal e 6-15% é excretado nas fezes. As

taxas de resistência do C. difficile ao metronidazol têm vindo a aumentar, de cerca de 16% até

2003 para mais de 35% em 2004. A taxa de recorrência da doença após tratamento tem

igualmente vindo a aumentar, de 20% até 2003 para 47% em 2004 (46).

A vancomicina por via oral é muito eficaz e uma boa alternativa ao metronidazol. É

eliminada inalterada nas fezes e a taxa de recorrência da doença tem-se mantido relativamente

estável ao longo dos anos (11-19%) (46). Um estudo realizado em 2004 mostrou um risco

79% inferior de desenvolver DACD complicada com tratamento inicial com vancomicina

comparativamente ao tratamento inicial com metronidazol.

O metronidazol mantém-se o fármaco de primeira linha graças a uma eficácia comparável

à da vancomicina em casos de doença ligeira a moderada e também devido à preocupação de

que o uso indiscriminado de vancomicina possa levar ao surgimento de um enterococo

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resistente à vancomicina. O metronidazol tem a vantagem de poder ser administrado por via

intravenosa em casos de íleo paralítico ou impossibilidade em administrações orais (41). Em

casos graves de DACD ou de recorrência a vancomicina apresenta-se como o tratamento mais

indicado (41, 46, 47).

A colectomia é adequada no contexto de doentes gravemente doentes que não respondem

ao tratamento convencional (14).

O tratamento de portadores assintomáticos de C. difficile não se justifica pois estes

indivíduos não têm um risco de desenvolver DACD superior ao dos não portadores. De facto

verifica-se que a colonização assintomática pode constituir um efeito protector associando-se

a um risco menor de DACD tanto nos colonizados por estirpes toxigénicas como não

toxigénicas (48).

Novas terapêuticas estão a ser desenvolvidas impulsionadas em parte pela alta taxa de

recorrência (20 a 25% dos casos) e de falha do tratamento convencional (42). Algumas

terapias em desenvolvimento são: probióticos (50); antibióticos como a rifaximina,

nitazoxanide, ácido fusidico, OPT-80 e ramoplanina (51); polímeros que se ligam às toxinas

como tolevamer (52); anticorpos monoclonais contra as toxinas A e B (53); transplantação

fecal (54) e vacina (55).

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8. ESTRATÉGIAS DE CONTROLO DA INFECÇÃO

A maioria dos dados publicados sobre estratégias de prevenção da infecção por C.

difficile resulta de análises realizadas antes e após determinada intervenção ter sido

implementada face a um surto de C. difficile. Verifica-se frequentemente que várias medidas

são aplicadas simultaneamente, o que não raras vezes dificulta a avaliação do impacto relativo

de cada intervenção.

A rápida identificação de doentes com sintomatologia compatível com DACD é essencial

para que as medidas de isolamento possam ser rapidamente instituídas e o tratamento

prontamente iniciado atenuando assim a contaminação ambiental (44).

Nos casos identificados de portadores assintomáticos, à semelhança do que acontece com

o tratamento, não existem actualmente evidências que defendam o isolamento destes doentes,

apesar desta medida poder diminuir o grau de contaminação ambiental (49).

As medidas de controlo de infecção envolvem duas vertentes, a prevenção da ingestão do

microrganismo e dos seus esporos, e a redução das hipóteses de doença após o contágio. A

primeira abordagem é alcançada aplicando medidas de controlo ambiental, de higiene pessoal

e métodos de barreira, a segunda é conseguida pela minimização da exposição antibiótica.

8.1. Controlo ambiental

O C. difficile é um agente para o qual as precauções padrão (aquelas que devem ser

aplicadas no cuidado de todos os doente) são insuficientes. Medidas de isolamento de

contacto devem ser instituídas no tratamento de doentes suspeitos ou com a confirmação de

infecção por C. difficile.

O CDC recomenda que as medidas de isolamento de contacto se mantenham apenas

durante o período de doença (56), já outros peritos consideram que estas medidas devem ser

mantidas até pelo menos 48 horas após a resolução da sintomatologia do doente (57). Talvez

esta última indicação seja a mais apropriada já que existe evidência que mesmo após a

resolução da diarreia os doentes continuam a excretar nas fezes formas viáveis de C. difficile

(44).

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Alguns estudos indicam que doentes internados em quartos previamente ocupados por

doentes portadores de microrganismos multirresistentes estão em maior risco de adquirir esses

mesmos microrganismos (49, 58). Isto põe em evidência o papel do ambiente como uma

importante fonte de contaminação e disseminação da infecção e assim se percebe que a

prevenção da infecção cruzada seja uma parte integrante do controlo das infecções

nosocomiais de que faz parte o C. difficile.

É importante salientar que quando possível doentes suspeitos ou com diagnóstico de

DACD devem ser internados em quartos individuais. Quando tal não for possível, realiza-se a

coorte dos doentes colocando o doente num quarto com outros doentes que tenham uma

infecção activa pelo mesmo microrganismo, mas sem outra infecção (59).

O grau de contaminação das superfícies por C. difficile aumenta com a gravidade da

diarreia e com o grau de incontinência fecal. Qualquer superfície ou instrumento que seja

contaminado com fezes pode servir de reservatório para os esporos. Em algumas unidades de

internamento e de cuidados intensivos foi encontrada contaminação ambiental por C. difficile

em 49% dos quartos ocupados por doentes com DACD e em 29% dos quartos ocupados por

doentes portadores assintomáticos de C. difficile. O maior grau de contaminação verificou-se

no pavimento e nas protecções laterais das camas. Outros locais frequentemente

contaminados incluíam parapeitos de janelas, cadeiras, casas de banho, lençóis e botões de

emergência, balanças, braçais de esfingnomanómetros, sistemas de regulação de fluxo de

cateteres intravenosos e equipamentos de alimentação (60, 61).

A higienização da unidade onde o doente com infecção por C. difficile se encontra deve

ser realizada de acordo com as normas da instituição referentes a situações de isolamento de

contacto. O material de higienização utilizado no quarto do doente deve ser exclusivo para

esse quarto. No entanto, o produto desinfectante a utilizar no caso de infecção por C. difficile,

e que será abordado em seguida, é alvo de debate.

Têm sido realizados vários estudos que avaliam a eficácia de inúmeros agentes

desinfectantes na erradicação da contaminação por C. difficile nomeadamente alguns à base

de cloro (como o hipoclorito de sódio) e agentes como o peróxido de hidrogénio (20, 62, 63).

De facto, apesar de uma grande variedade de produtos de limpeza poderem ser eficazes

na destruição das formas vegetativas do C. difficile (20), alguns estudos revelam que apenas

os desinfectantes derivados do cloro e o peróxido de hidrogénio vaporizado em altas

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concentrações são esporicidas ou inibem a esporulação (64, 65). A capacidade esporicida

deste último agente não é verificada no estudo de Warren N. Fawley de 2007 (20). Um agente

à base de cloro, o dicloroisocianurato, mostrou-se superior aos baseados em hipoclorito de

sódio, sendo menos susceptível de inactivação pela matéria orgânica (66), com um estudo a

recomendar este germicida como a melhor escolha pois foi, comparativamente com

compostos à base de detergente, hipoclorito e peróxido de hidrogénio, o único que não

aumentou a taxa de esporulação do C. difficile (20). Um estudo realizado por Mark H. Wilcox

em 2000 demonstrou um aumento na capacidade de esporulação em resposta a agentes que

contivessem ou não cloro quando usados em concentrações sub-inibitórias. O mesmo estudo

mostrou que detergentes à base de amónio quaternário não são esporicidas e podem mesmo

estimular a esporulação do C. difficile (67). Este facto é provavelmente ainda mais importante

face à estirpe emergente NAP1/B1/027 mais propensa à esporulação que muitas outras

estirpes não tão virulentas (20).

A desinfecção com hipoclorito de sódio numa concentração de 1000 partes por milhão de

cloro disponível tem-se mostrado mais eficaz do que uma solução de detergente à base de

amónio quaternário na redução do grau de contaminação ambiental e das taxas de infecção

por C. difficile em unidades hospitalares onde esta taxa é elevada (62, 68, 69). O hipoclorito

de sódio aplicado a longo prazo e em concentrações superiores apresenta um odor irritante, é

corrosivo e pode mesmo provocar dificuldades respiratórias (62). Verificou-se que a aplicação

de hipoclorito de sódio apenas nos quartos de doentes com infecção por C. difficile é eficaz na

redução da taxa global de infecção em determinadas unidades onde era endémico (68).

Existem contudo falhas metodológicas em alguns dos estudos analisados já que não

forneciam informações sobre a concentração de hipoclorito de sódio aplicada, referindo

apenas as diluições efectuadas de soluções contendo esse agente em concentrações

indeterminadas.

O peróxido de hidrogénio vaporizado provou ser eficaz na erradicação do C. difficile. No

entanto o método actualmente disponível é dispendioso e envolve desocupar e selar o espaço

a desinfectar (65), pelo que se torna impraticável numa base rotineira pelo menos na maioria

das instalações hospitalares.

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O glutaraldeído é reconhecidamente eficaz a inactivar os esporos de C. difficile (70).

Apesar de ter sido usado no passado em surtos de C. difficile (71), face aos riscos para a saúde

humana e por razões ambientais não deve ser usado na descontaminação ambiental (72).

O ácido peracético a 0,2% é mais activo in vitro contra os esporos de C. difficile do que o

dicloroisocianurato de sódio em 1000 partes por milhão (73). A sua aplicação exige um

período de contacto de mínimo com as superfícies de 15-20 minutos (74).

Em casos de surtos ou hiperendemecidade alguns dados recomendam a aplicação de

soluções contendo concentrações de hipoclorito de sódio de 500 ppm a 1600 ppm (64).

Além do potencial corrosivo, que pode prejudicar a aplicabilidade do hipoclorito, há que

salientar a sua fraca capacidade em limpar as superfícies, daí que a utilização de detergentes

antes da aplicação do hipoclorito se torna necessária, o que pode tornar a execução mais

laboriosa e aumentar o risco de incumprimento destas medidas (62). Assim a aplicação de

produtos que combinem o detergente com hipoclorito de sódio pode aumentar a efectividade

do desinfectante (72).

Do ponto de vista ambiental é importante não só aplicar um agente esporicida mas

também assegurar uma aplicação de soluções sempre preparadas de fresco e uma limpeza

meticulosa e regular das superfícies. Existem estudos que apuraram que a formação específica

dos grupos profissionais encarregues da limpeza das instituições melhora o grau de

descontaminação das superfícies (44, 75).

8.2. Higiene pessoal

A frequência com que se obtêm culturas positivas a partir de amostras recolhidas das

mãos dos profissionais de saúde correlaciona-se com a intensidade da contaminação

ambiental (61).

Uma correcta higiene das mãos é a principal acção capaz de reduzir a transmissão

cruzada de infecções associadas à prestação de cuidados já que os profissionais de saúde em

contacto permanente com estes ambientes são um importante vector de transmissão do C.

difficile (76).

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Nos casos de contaminação macroscópica a lavagem das mãos com água e sabão é uma

recomendação padrão. A rotina actual inclui frequentemente o uso de produtos à base de

álcool e a introdução e promoção da utilização destes produtos conseguiu, segundo alguns

estudos, aumentar a compliance com a lavagem das mãos e a eficácia da mesma (77, 78).

Infelizmente, apesar de altamente eficazes contra organismos não esporicidas, a aplicação de

soluções alcoólicas não remove nem destrói os esporos do C. difficile (4).

Actualmente nenhum dos produtos anti-sépticos mais usados na higienização das mãos

(álcool, clorhexidina, hexaclorofeno, iodoforos, cloroxinole ou triclosan) é garantidamente

eficaz contra os esporos de C. difficile (80). Estes esporos podem ser removidos através da

acção física ao esfregar as mãos e passá-las por água (61, 81). Alguns estudos mostram no

entanto que a lavagem com água e sabão se associa a uma menor compliance do que a

aplicação de soluções alcoólicas (31).

Parece legítima a hipótese que a introdução das soluções alcoólicas conduziria a uma

maior dispersão dos esporos e a mais casos de infecção por C. difficile, mas enquanto vários

hospitais relataram um aumento na incidência de DACD com a introdução destas soluções

outros não o demonstraram. Boice et al em 2006 comprovou no período de três anos, num

hospital com 500 camas nos EUA, associado a um incremento no uso dessas soluções

alcoólicas de 10% para 85% não se assistiu a variação significativa na prevalência de infecção

por C. difficile (82).

Por estas razões, o uso de soluções alcoólicas na higiene das mãos deve continuar a ser

promovida. No caso de profissionais que cuidam de doentes infectados por C. difficile, deve

ser preferida a lavagem das mãos com água e sabão com uma técnica correcta (44, 56).

Mesmo com a utilização de luvas estas devem ser removidas logo após a sua utilização,

eliminadas no interior do quarto e as mãos imediatamente lavadas segundo técnica asséptica

ou alternativamente com lavagem higiénica das mãos complementada pela aplicação de uma

solução alcoólica (44, 56, 80).

8.3. Métodos de barreira e equipamentos médicos

Além da higienização das mãos, as protecções usadas habitualmente são luvas, batas ou

aventais, máscaras e óculos ou viseiras.

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Como parte das gerais de prevenção as luvas são usadas sempre que se preveja contacto

com sangue, fluidos corporais, mucosas, excreções, secreções, feridas ou outras soluções de

continuidade da pele, e sempre que se manuseie instrumentos contaminados com estes

produtos. As luvas devem ser mudadas entre procedimentos no mesmo doente após contacto

com material que possa conter alta concentração de microrganismos (material fecal, secreções

respiratórias, drenagem de feridas).

Relativamente à prevenção do contágio por C. difficile as luvas são particularmente

importantes quando se cuida de doentes com DACD pela particular dificuldade em remover

os esporos. Um estudo mostrou que, num período de 6 meses em que luvas de vinil foram

disponibilizadas à cabeceira do doente, e o seu uso encorajado quando se tratava de doentes

com C. difficile, a incidência de DACD diminuiu significativamente de 7,5 para 1,5 por 1000

doentes com alta (83).

As batas, aventais, máscaras e protecção ocular são usados para proteger a pele

descoberta, vestuário e as mucosas de eventuais salpicos de sangue, fluidos corporais,

secreções e excreções. Estas protecções devem ser removidas e trocadas de imediato após o

tratamento de cada doente e antes de cuidar de outro (44).

Apesar de a eficácia do uso de aventais não se encontrar adequadamente estudada a

experiência e intuição sugerem que se tratam de importantes medidas para prevenir a

contaminação do vestuário do cuidador e assim a contaminação de outros doentes (84, 85).

Actualmente medidas que previnam transmissão por via aérea não são aplicadas já que o

potencial para dispersão aérea dos esporos de C. difficile, se bem que foi sugerido num estudo

(86), não está claramente comprovado.

O equipamento utilizado nos cuidados prestados aos doentes deve ser manuseado com os

cuidados necessários para evitar a transferência de microrganismos para outros doentes e

ambientes. Uma regra de ouro ao cuidar de um doente é assumir que tanto o doente como o

ambiente estão contaminados mesmo se macroscopicamente limpos (87).

Idealmente o equipamento médico que não pode ser facilmente descontaminado deve ser

substituído por instrumentos descartáveis (71). Um exemplo paradigmático da importância

desta medida foi evidenciado num estudo onde substituíram os termómetros rectais pelos

termómetros timpânicos, medida esta que reduziu em até 40% o risco de infecção por C.

difficile (88).

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Os instrumentos e equipamento incluindo estetoscópios, termómetros e braçais de

esfingnomanómetros, devem ser específicos de cada doente e limpos após o seu uso. No caso

de dispositivos com protecções descartáveis estes devem ser removidos após cada utilização.

(44).

8.4. Regulação da prescrição antibiótica e vigilância epidemiológica

Como já referido, a terapia antibiótica constitui o factor predisponente mais importante

para DACD. Assim, não é de estranhar que uma das estratégias na redução da infecção por C.

difficile seja a regulação da utilização dos antibióticos. As intervenções no âmbito da redução

da prescrição inadequada de antibióticos de largo espectro alcançam, em muitos estudos, êxito

na redução da taxa de DACD (89, 90, 91, 92, 93). Um artigo de revisão de 2005 mostrou que

60% dos estudos encontraram uma redução significativa de DACD com esta estratégia (94).

Regular a utilização de antibióticos de largo espectro, reduzir a polimedicação, prevenir a

terapia a longo prazo e evitar a prescrição incorrecta são medidas importantes na prevenção

de surtos e na redução da incidência da DACD (72). Um bom exemplo foi a intervenção

realizada num Hospital Universitário em Madrid, onde se desenvolveu um programa para o

uso mais racional de antibióticos. Neste estudo foram feitas recomendações não vinculativas

sobre todas as prescrições antibióticas realizadas nesse hospital durante um período de 12

meses. Destas recomendações 80% foram aceites, e para além de uma diminuição nos custos

e nas doses totais utilizadas de antibióticos, conseguiu-se uma redução estatisticamente

significativa (p<0,0001) na taxa de infecção por C. difficile de 0,52 para 0,15 casos por 1000

dias de hospitalização (95).

A formação contínua do pessoal médico sobre o uso apropriado de antibióticos e mesmo

a necessidade de uma autorização na prescrição de alguns antibióticos (sobretudo de largo

espectro) pode resultar numa melhoria na prescrição antibiótica e na redução de custos (96,

97).

Em Portugal a infecção por C. difficile não é uma doença de declaração obrigatória, já no

Reino Unido a DACD é de declaração obrigatória em todos os doentes com idade superior a

65 anos desde 2004 e em todos os doentes acima de dois anos de idade desde 2007. A

vigilância epidemiológica da DACD é uma medida útil para determinar a incidência e

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prevalência em cada centro de prestação de cuidados de saúde. Uma conexão célere entre

médico, laboratório e entidades responsáveis pela vigilância epidemiológica pode ser

efectuada mediante alertas por fax, chamada telefónica, ou sistemas electrónicos automáticos,

e estes dados auxiliam na determinação se existe a necessidade de implementar intervenções

mais agressivas no controlo da infecção por C. difficile em determinado momento (44).

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9. CONCLUSÕES

O Clostridium difficile é uma fonte significativa de morbilidade e mortalidade associada à

prestação de cuidados de saúde, particularmente entre os mais idosos. A DACD tem

aumentado de frequência e gravidade nos EUA e na Europa nos últimos anos, em grande

parte devido à emergência do ribotipo 027, o que coloca novos desafios à abordagem desta

infecção.

O médico deve estar familiarizado com as opções diagnósticas e terapêuticas mais

recentes de forma a optimizar os resultados. Mais ainda, os prestadores de cuidados de saúde

devem entender as formas de transmissão, de infecção e de prevenção do C. difficile

tornando-se participantes activos na redução da transmissão de infecções e no

aperfeiçoamento da qualidade dos serviços prestados.

A evidência científica e a experiência prática mostram que a forma de prevenir e

controlar a infecção por C. difficile é através da aplicação adequada de medidas isolamento,

higienização correcta das mãos, manutenção de um ambiente limpo e utilização de medidas

de barreira quando apropriado. Três intervenções mostraram-se comprovadamente eficazes

em interromper a transmissão da doença durante surtos de C. difficile: medidas de isolamento

de contacto dos doentes; a desinfecção com hipoclorito de sódio para minimizar a

contaminação ambiental; e o uso de barreiras eficazes, particularmente luvas, durante o

contacto com os doentes. No âmbito da aplicação de desinfectantes ambientais alguns

resultados in vitro alertam para a necessidade da aplicação de soluções preparadas

recentemente e em concentrações adequadas sob pena de poder aumentar a taxa de

esporulação do C. difficile.

Deve investir-se em estratégias de optimização e vigilância da prescrição antibiótica

assim como manter uma forte política de controlo ambiental e de higiene pessoal numa

cooperação entre médico, farmacêutico e microbiologista.

A aposta na formação específica, a publicação de recomendações e a instituição de

sistemas de alerta a nível hospitalar que permitam controlar a infecção cruzada e detectar

atempadamente a ocorrência de surtos, parecem ser os caminhos a seguir na redução da

infecção nosocomial por C. difficile.

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