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As aventuras do Gato Caixeiro na Rota do CaféEra uma vez um Gatão, neto de um caixeiro viajante, que gostava de contar as aventuras vividas por seu avô. Certo dia, resolveu fazer

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AutoresLeandro Henrique MagalhãesAna Cláudia Cerini Trevisan

ColaboradoresMaria J. M. Prado Magalhães

IlustraçõesSassá

Projeto GráficoRei Santos

CapaRei Santos/Sassá

Revisão de textoOlinda Cristina Martins AleixoCCLi – Projetos Acadêmicos

ImpressãoGráfica e Editora MidiografLondrina - PR

Tiragem1ª edição:500 exemplares - Maio 2012

T739g Trevisan, Ana Cláudia Cerini O gato caixeiro na rota do café / Ana Cláudia Trevisan, Leandro Henrique Magalhães; ilustrador Gustavo Sandoval Dantas. – Londrina: EdUniFil, 2012. 32 p.

ISBN 978-85-61986-25-4 1. História de Londrina. 2. Rota do Café. I. Magalhães, Leandro Henrique. II. Título.

As aven tu ra s do Ga to Ca i xe i ro na Ro t a do Ca fé

Thais Fauro Scalco | Bibliotecária Responsável - CRB 9/1165

Patrocínio

Realização Apoio

Era uma vez um Gatão, neto de um caixeiro viajante, que gostava de contar

as aventuras vividas por seu avô. Certo dia, resolveu fazer uma surpresa para seus

sobrinhos, Nino e Conxita, e foram tomar um sorvete diferente:

- Que delícia de sorvete – comentou Conxita – e tem um sabor tão diferente…

- É um sorvete de café – respondeu o Gatão.

Ambos os gatinhos ficaram surpresos e Nino, o mais curioso dos dois, disse:

- Eu não sabia que dava para tomar café gelado!

- Pois é, Nino – disse o Gatão – hoje em dia, é possível tomar café gelado,

em grandes taças, ou ainda, experimentar um delicioso sorvete de café. No Japão,

por exemplo, eles preferem o café gelado ao quente. E sabe de onde vem parte do

café que eles consomem?

- De onde? Perguntou rapidamente o curioso Nino.

- Daqui do Brasil – disse o Gatão, já perguntando: – Lembram-se da história

da vovó Felícia?

- Do Gato Caixeiro? Indagou Conxita.

- Ela mesma – disse o Gatão, contando: – Nos idos dos anos de 1950, o pai

de Felícia era um importante corretor de café, e exportava para todo o mundo,

inclusive para o Japão. Naquela época, a região onde está localizada a cidade de

Londrina produzia muito café.

- Sério? Londrina? Espantou-se o gato Nino que, apesar de curioso, desconhecia

essa história.

- Vocês não sabiam? Pergunta o Gatão. Deem uma olhada à nossa volta:

Estádio do Café, Cine Teatro Ouro Verde, Catuaí Shopping Center, Rota do Café.

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- Rota do Café? Então Londrina ainda produz café? Perguntou novamente o

interessado Nino.

- Sim, mas não tanto como antigamente, na época em que o Gato Caixeiro e

a gatinha Felícia se casaram.

- Eu não entendi uma coisa: – disse Conxita–.

- O que o Cine Teatro Ouro Verde e o Catuaí Shopping Center tem a ver com o café?

- Quando o Brasil passou à condição de maior produtor de café, no século

XIX, o café passou a ser conhecido como “ouro verde”. Já “catuaí” é uma linhagem

de café, disse o Gatão.

- O Gato Caixeiro, também vendia café? Perguntou novamente o interessado Nino.

- Não, o Gato Caixeiro era comerciante, e andava pelas redondezas vendendo

produtos como tecidos e utensílios para os donos das fazendas e seus colonos,

ou seja, aqueles que trabalhavam no plantio, colheita e beneficiamento do café.

Naquela época, nos tempos áureos do café, a paisagem era diferente: só se via café

em todo lugar. Em vez de árvores, cafezais.

- Tive uma ideia! – continuou o Gatão – Que tal um passeio pelos lugares ao

quais o Gato Caixeiro viajava? Vamos conhecer a Rota do Café?

- Ôba!!!

- Podemos começar pela Colônia Coroados… fica na saída para Curitiba e, ao

mesmo tempo, perto da Mata dos Godoy.

- Eu conheço a Mata dos Godoy. – disse a gatinha Conxita – É tão bonita!

Vamos passar por lá?

- Não desta vez – afirmou o Gatão. A estrada que liga à Colônia Coroados à Mata dos

Godoy foi fechada há 13 anos. Mas vamos passar por uma estrada bonita, vocês vão gostar.

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E no outro dia, pela manhã, partiram em direção à Colônia Coroados, que faz

parte da Rota do Café.

No caminho, vendo várias casas de alvenaria e de madeira desabitadas,

Nino perguntou:

- Estas casas são mal-assombradas?

- Não – respondeu o Gatão, rindo –, eram casas de colonos. Com o passar do

tempo, estes trabalhadores foram para a cidade, e suas casas ficaram abandonadas.

Estão vendo aquelas construções de madeira, com uma espécie de ponte para

chegar à janela? É uma tulha.

- Uma tulha? Que nome estranho! – disse Conxita.

- É, uma tulha. Servia para guardar o café, depois de colhido. Querem ver por dentro?

É claro que os gatinhos quiseram ver a tulha, e entraram correndo, pela ponte que

dava para a janela. Um minuto depois, saíram correndo também, gritando “Socorro!

A tulha está mal-assombrada! Tem vampiro lá dentro”. O Gatão, rindo, explicou:

- Não são vampiros. São morcegos, que moram na tulha por ser um lugar

escuro e agradável para eles. Mas não se preocupem, que estes não chupam

sangue, não! Os morcegos são mamíferos e estes aí são frugívoros, ou seja, eles se

alimentam apenas de frutos. Vamos continuar nosso passeio?

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Antes mesmo de terminar de falar, Nino e Conxita estavam no carro,

quietinhos, esperando. Logo chegaram à fazenda e Nino, observador, comentou:

- Aqui as casas estão habitadas.

- É verdade, Nino. Muitos dos colonos continuam vivendo aqui e trabalhando

na fazenda, mas, hoje, no sistema de ‘porcenteiro’, plantando cará, batata, soja e,

é claro, o café. Meus avós conheceram a Dona Bia. Querem conhecê-la também?

- Dona Bia, tudo bem? Estes são meus sobrinhos, Conxita e Nino. Eles estão

curisosos sobre como a senhora conheceu o Gato Caixeiro.

- Olá! Conheci muito bem o Gato Caixeiro, disse saudosa Dona Bia. Comprei

muitas panelas, utensílios para a casa e tecidos para fazer roupas para mim, meu

marido e as crianças.

- Podemos conhecer as crianças? Perguntou Nino, todo animado. Dona

Bia riu, e respondeu:

- Elas eram crianças quando o Gato Caixeiro passava por aqui, nos idos dos

anos de 1955. Tive cinco filhos, hoje adultos. Lembro como se fosse hoje: vim para

Londrina ainda solteira, e morava no Patrimônio Espirito Santo, onde conheci meu

marido. Depois, viemos para cá, trabalhar com café. Acordavámos todo dia às quatro

da manhã e voltavamos para casa às quatro da tarde e, muitas vezes, tínhamos que

trabalhar à noite, lavando o café, iluminados apenas com lamparina.

- Lamparina? O que é isso? Perguntou o curioso Nino.

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- Naquela época, poucos tinham luz elétrica, e usávamos a lamparina para

iluminar a casa. Não tínhamos água encanada, também, por isso íamos até o poço

ou até a mina pegar água para beber, cozinhar e lavar roupa.

- Olha… outra casa de vampiros – disse Conxita, com medo, apontando para

uma tulha, próxima a um terreiro utilizado para lavar e separar o café.

- Não se preocupem… – disse Dona Bia – a tulha está cheia, e não tem

morcegos por lá, não. Quem gostava de passear pelo terreiro era o Gato Caixeiro,

para sentir o cheiro do café. Geralmente, aparecia por aqui, com suas bugigangas

para vender, bem na época em que o café estava sendo secado.

- Que legal… o que é isto? Perguntou Nino, apontando para uma meia-lua,

construída no chão.

- Esta meia-lua e aquele ralo servem para escoar a água, evitando, assim,

que o café fique úmido e estrague – explicou o Gatão.

- Que legal! – continuou Nino – Quanta tecnologia!

- Pois é, – completou o Gatão – as fazendas de café da época em que o Gato

Caixeiro vendia seus produtos eram bastante tecnológicas. Lembro-me da Fazenda

Monte Belo, que fica em Ribeirão Claro, uma cidadezinha na divisa com o Estado de

São Paulo. Lá, para levar o café para a tulha, eles usam uma vagoneta.

- Vagoneta? Cada nome estranho! Disse Conxita.

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Posteriormente, Nino e Conxita descobriram que vagoneta é uma espécie de

vagão de trem, que leva o café para a tulha. Eles até andaram no vagão e passaram por

cima de uma ponte. Lá na fazenda Monte Belo, resolveram adentrar a mata e descobriram

uma figueira enorme, centenária e, para supresa de todos, inclusive do Gatão, viram um

desenho na árvore: um coração, escrito por dentro: Gato Caixeiro X Felícia.

- Vamos agora para o outro lado da cidade… para a região da Warta.

- Ôba!!! Lá também tem fazendas de café, com colonos, tulhas e tudo mais?

Perguntou Nino.

- Não, Nino… vamos conhecer uma antiga propriedade de café, é da família

Muller. Eles também compravam produtos vendidos pelo Gato Caixeiro.

- Eles são japoneses, como os pais da gata feliz… ôps… Felícia? Perguntou Conxita.

- Diferente dos pais da gata Felícia, que eram japoneses, e do Gato Caixeiro,

que era descendente de libaneses, os Muller são descendentes de poloneses.

- Poloneses são nascidos na Polônia?

- Isso mesmo, Nino, um pequeno país da Europa – respondeu o Gatão. Veja,

estamos chegando.

Na propriedade, foram recebidos pelo casal Muller, e descobriram que,

atualmente, se produzem frutas por ali, pois eles os levaram para colher morango

e uva, direto do pé.

- Nossa! Quanta uva! Disse Conxita, que sempre gostou muito da fruta.

- A gata Felícia sempre gostou muito de uva também – comentou o Sr. Muller.

Ela sempre vinha para cá com o Gato Caixeiro, e ficávamos horas conversando e

tomando um cafezinho.

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- Que legal! Sabia que, da uva, dá para fazer vinho? Aprendi na escola na

semana passada. Disse Nino, todo orgulhoso de seu conhecimento.

- Pois é, – continuou o Sr. Muller – aqui também produzimos vinhos. E não

é só aqui, não. Lá em Bandeirantes, cidade que fica a cerca de 100 quilômetros

de Londrina, há também uma vinícola. O legal é que, por lá, eles construíram um

castelo, estilo medieval, para receber os visitantes. Chama-se Vinícola La Dorni

Conxita, toda faceira, começou a se imaginar como uma princesa, na torre do

castelo, esperando o príncipe encantado. Já Nino, destemido, imaginou encontrar um

dragão que, com o fogo que saia de sua boca, torrava café nos fundos do castelo.

Após colherem uvas e comerem morangos até se lambuzarem, continuaram

a viagem, agora em direção à Pousada Marabú, onde iam passar a noite.

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- Lá tem vampiros ou dragões? Perguntou Nino, o audacioso.

- Vampiros ou dragões? Não… mas, durante muito tempo, a região foi

habitada por cobras venenosas e onças pintadas.

Os dois se encolheram de medo, mas logo o Gatão completou:

- Mas hoje não existem mais. Infelizmente, o crescimento da cidade

acabou por exterminar esses animais de nossa convivência que, se não fossem

molestados, não chegavam a atacar os homens. Mas ainda existe a mata e a

queda d’água. Vamos lá?

- Vamos… responderam Nino e Conxita, ainda desconfiados.

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Na pousada, foram recebidos pelo seu dono, Adrian, e Nino curioso, foi

logo perguntando:

- Você conheceu o Gato Caixeiro?

- O Gato Caixeiro? Não… mas minha avó, Dona Alice, sim…

- A Alice, que veio do País das Maravilhas… disse Conxita.

- Minha avó não nasceu aqui… mas também não veio do País das Maravilhas.

Respondeu Adrian, rindo.

- Já sei, já sei, ela era polonesa? Emendou, rapidamente, o esperto Nino.

- Também não. Mas, sim, de outro pequeno país europeu… a Suiça.

- Nossa, mas veio gente de todo lugar para cá… japoneses, libaneses,

poloneses, suíços… disse Nino, pensativo.

- E italianos, portugueses, espanhóis, africanos, além de nordestinos, mineiros,

paulistas e, no caso de Rolândia, que é onde fica a Pousada Marabú, muitos alemães.

Minha avó, Alice, conhecia muito bem a família da gata Felícia. Ela e a mãe da Felícia

eram amigas, e era comum virem para cá para tomarem uma xícara de café. Nessas

visitas, o Gato Caixeiro aproveitava para pegar algumas geleias e patês que minha

avó fazia, para vender em outras localidades.

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- Querem dar um passeio pela propriedade? Convidou Adrian.

- Queremos… mas, e as cobras e as onças? Perguntou Conxita, ainda assustada

pela história contada pelo Gatão.

- Não há perigo, eu protejo vocês… disse Adrian, e saíram todos pelas trilhas

que cortam a pousada.

- Olha lá, uma cidade… disse Nino, apontando para um conjunto de prédios

que se via no horizonte.

- É Londrina… estamos tão perto que podemos vê-la ao longe. Respondeu Adrian.

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- Que legal! Respondeu Nino que, ao olhar para o chão, deu um grito: – Tem

gigante na pousada! Essa raíz enorme, que adentra a mata, leva à casa do gigante?

Perguntou Nino, lembrando da história de “João e o Pé de Feijão”.

- Vamos procurar? Convidou Adrian.

E passaram a seguir a raíz, em busca da árvore gigante. A raíz adentrava

cada vez mais em direção à mata. Andaram e andaram até que chegaram a uma

figueira de mais de 300 anos, como aquela que encontraram na Fazenda Monte

Belo. Nino, espantado com o tamanho da árvore, perguntou:

- É lá em cima que está o gigante?

- Não… respondeu Adrian. Esta era uma árvore comum na região, assim

como o palmito e a peroba. Muitas casas e móveis eram construídos com estas

madeiras. Infelizmente, a devastação foi tão grande que poucas sobraram para

contar a história.

- E esta planta aqui, diferente, o que é? Perguntou Conxita, apontando para

uma pequena árvore que crescia do outro lado onde estava a figueira.

- Esta é uma araucária bebê, ou seja, ainda jovem, que vai crescer e ficar do

tamanho das árvores que vemos pelas estradas do Paraná – explicou Adrian, falando,

ainda, que esta não era originária da região, mas trazida de outros lugares do Estado.

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- Olha, um rio… podemos nadar um pouco? Perguntaram Nino e Conxita, ao

mesmo tempo, apontando em direção ao rio e uma pequena cachoeira.

- Claro que podem… sabe que rio é este? Perguntou Adrian. É o Rio Cafezal,

um dos mais importantes da região.

- Para que serve essa roda de madeira aqui? Perguntou Conxita.

- Ah! O Gato Caixeiro nos ajudou a montar esta pequena usina. É uma roda de

engenho, e servia para gerar energia para as casas da propriedade, respondeu Adrian.

- Legal… então não usavam lamparina? Perguntou Nino, todo esperto.

- Usavámos também. A energia gerada era pouca. Ela foi desativada na

década de 1960. Agora, vamos nadar? Mas, com cuidado! – alertou o Gatão.

E todos entraram no rio para se divertir antes de anoitecer.

Naquela noite, dormiram na pousada, em um chalé construído com madeira

de palmito pelo avô de Adrian, esposo de Dona Alice. O chalé tinha o nome de Chalé

Alice, em homenagem a ela. Eles dormiram ouvindo os grilos e acordaram com os

pássaros cantando nas janelas.

Ao acordarem, tomaram um delicioso café da manhã, com café, pães integrais,

sucos de frutas e geleias, feitos na própria fazenda. Após o café, continuando seu

percurso pela rota e foram para o municipio de Ibiporã.

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Lá, o passeio se iniciou pelo Museu de Artes e História de Ibiporã e pelo

Espaço de Memória.

- Nino, venha aqui! Quero lhe mostrar algo que encontrei! Chamou Conxita,

admirada com o artesanato local, que tem como tema o café. Mas Nino não saía do

lugar. Ele estava fascinado pela escultura de Henrique de Aragão e não conseguia

parar de admirá-la.

- Meu avô também era fascinado por essa escultura, disse o Gatão,

aproximando-se de Nino. Ele me contava que, no dia da inauguração, houve uma

grande festa. Todos da cidade vieram vê-la pela primeira vez. Mas existem outras

tão lindas quanto esta.

- Impossível! Disse Nino.

- Vamos até a igreja que recebe o título de Paróquia Nossa Senhora da Paz

que eu lhes mostro, respondeu o Gatão.

Na igreja, Nino e Conxita ficaram deslumbrados com o que viam. Havia

outras esculturas de Henrique de Aragão, bem como pinturas.

- Esta igreja é muito diferente! Nos vitrais tem alguns nomes – disse Conxita.

O Gatão logo explicou:

- E porque esta igreja foi construída com a ajuda dos cafeicultores.

Cada família que produzia café doava o material para construir a igreja

e todos, fazendeiros e colonos, se reuniam nos finais de semana para

contruir a igreja. Os nomes nos vitrais são dessas famílias.

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- Quer conhecer o artista que fez estas esculturas, Nino? Perguntou o Gatão.

- Conhecer o artista? Indagou a perplexa Conxita. Podemos conhecer o

artista? Ele está aqui?

- Não, respondeu o Gatão. Ele não está aqui, mas mora aqui perto e, como

presumi que iam querer conhecê-lo, agendei um horário para o visitarmos.

Após conhecerem o interior da casa do artista Henrique, foram para o quintal

e encontraram um pé de cacau, muitas flores e um espaço com uma pequena

arquibancada.

- Aqui, os atores ensaiavam suas falas para as apresentações teatrais, contou

Henrique. Assim como o café, o teatro também se tornou importante para a cidade e

para a região. Sabiam que foi montada uma peça sobre o café? Perguntou Henrique.

É o musical Coração de Café.

- Que lindo! Disse Conxita. Adoro musicais!

- Vamos nos sentar, vou contar para vocês algumas histórias daquele velho

gato, disse Henrique.

E, assim, conhecendo outras histórias do Gato Caixeiro, os gatinhos terminaram

essa aventura pela Rota do Café, exaustos, mas felizes.

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Caríssimos(as) Professores(as)

ste livro é resultado de projeto desenvolvido no ano de 2011, na cidade de Londrina, intitulado “Educação Patrimonial VII – Educar para o Patrimônio Cultural”. O café foi escolhido como temática devido à importância de sua produção na constituição e

crescimento da cidade de Londrina, bem como nas cidades vizinhas. Foi pensado como material didático e de apoio ao professor por possibilitar a ampliação das discussões aqui indicadas, podendo ser utilizado como tema gerador para discussões e atividades interdisciplinares. Nesse sentido, oferecemos sugestões acerca de como podem ser abordados alguns assuntos e conteúdos apresentados. Dentre os conteúdos de História, sugerimos que, a partir da leitura, sejam apresentados os fatos anteriores à colonização da cidade, que culminou na formação de propriedades agrícolas produtoras de café. Neste sentido, pode-se abordar o processo de colonização e expansão, favorecidos pelo café, bem como seu impacto na constituição da região Norte do Paraná. Sugerimos, ainda, que seja trabalhada a pluralidade cultural, abordando os conteúdos vinculados à diversidade de povos que aqui se estabeleceram. O livro busca, ainda, valorizar a família, enfatizando o sentimento de pertencimento. Portanto, sugere-se o trabalho com a história individual de cada aluno, apreciando suas origens, sua trajetória e a importância desta para a constituição da cidade e da região. Na linha da Ciência e Tecnologia, além dos conteúdos referentes ao meio ambiente e cultivo do solo, focalizando o café, suas espécies e linhagens, pode-se trabalhar os conceitos de ‘técnica’ e ‘tecnologia’. É possível abordar a técnica que era empregada para o cultivo do café, geração de energia elétrica, construção das moradias, dentre outras, comparando às atuais. Pode-se trabalhar, ainda, o processo de fabricação artesanal e industrial, tanto a partir do processo de produção e comercialização do vinho, como das geleias e patês. Além de ser uma bebida muito consumida no Brasil, o café vem sendo utilizado no preparo de alguns pratos. Deste modo, torna-se interessante conhecer as propriedades nutricionais desse produto e seus benefícios para a saúde. No mesmo sentido, pode-se trabalhar com as frutas, partindo das citadas (morango e uva) e ampliando para as demais.30

As aventuras do Gato Caixeiro na Rota do Café

SUGESTÕES PARA OS PROFESSORES

E

A arquitetura local também favorece o desenvolvimento dos conteúdos de Artes, no qual se pode trabalhar a influência dos imigrantes nas construções. Partindo da obra de Henrique de Aragão, sugere-se que sejam abordados os conteúdos referentes às artes visuais, à história da Arte e sua tipologia, focalizando também a arte sacra. Os professores de História e Artes também podem estabelecer um diálogo entre a cultura do café no norte do Paraná e no Estado de São Paulo, a partir, por exemplo, das pinturas de Portinari. No que se refere à Língua Portuguesa, os alunos poderão procurar as palavras desconhecidas no dicionário, identificando antônimos/sinônimos das referidas palavras. Já no âmbito da literatura, a compreensão da história do gato pode ser explorada como uma forma de trabalhar os elementos que constituem uma narrativa, como enredo, personagens, narrador, tempo e espaço. É possível, ainda, transformar o texto narrativo em outras linguagens. São citadas obras conhecidas da tradição literária, sendo assim possível abordar os gêneros textuais, a partir da comparação entre as características do relato histórico (história do Gato Caixeiro) e as características dos contos fantásticos, como “Alice no País das Maravilhas” e “João e o pé de feijão”, além de histórias de vampiros, assombrações e outras presentes no folclore nacional. A partir dos espaços apresentados, sugerimos o passeio pela Rota do Café, para seu reconhecimento e de suas respectivas histórias. As fazendas que a compõem mantém as tradições do cultivo do café, com seus terreiros, tulhas e objetos conservados. Além disso, a paisagem local permite a discussão acerca da vegetação, solo, clima e relevo, assentamentos humanos, favorecendo o entendimento acerca do espaço geográfico e sua influência no meio social. Por fim, resta-nos dizer que não tivemos a pretensão de organizar um “roteiro”. Nosso intento é apenas o de sugerir algumas questões que nos motivaram na escrita e organização do livro. Esperamos que tenham, ao ler, a mesma satisfação que tivemos ao pesquisar sobre esse assunto e escrevê-lo. 31

As aventuras do Gato Caixeiro na Rota do Café

omo um dos principais parceiros do Ministério do Turismo na disseminação e implantação o Plano Nacional do Turismo, especialmente no Programa de Regionalização, o SEBRAE recebeu a missão de introduzir o Turismo como vetor

de desenvolvimento no Norte do Paraná.

Nesse contexto, surgiu a Rota do Café, que faz parte do Projeto “Turismo Norte-Paranaense”, empreendido pelo SEBRAE Paraná desde 2008, e que visa, principalmente, à criação de produtos turísticos na região e o desenvolvimento das empresas ligadas ao setor. Fruto da parceria com produtores rurais, empreendedores do lazer e da cultura, entidades representativas, e, principalmente, pelos apaixonados por café, a Rota do Café surgiu como um produto turístico diferenciado, verdadeiro e agregador para as atividades econômico-sociais da região.

Promovendo o resgate histórico-cultural de uma das regiões produtoras de café mais importantes do mundo, o Norte do Estado do Paraná, esta é a proposta da Rota do Café: levar as pessoas a uma viagem incrível por meio de visitas às fazendas históricas e produtivas, espaços de lazer e cultura, santuários ecológicos, pousadas, restaurantes, cafeterias e aos mais diversos locaisque revelam a história e os aromas do café na região e no Brasil.

A Rota do Café se diferencia de outras que também possuem a temática “café”, pois nela oferecemos vivências em uma região histórica e, ao mesmo tempo, produtiva, pois, atualmente, a região retoma a produção, com a diferenciação pela oferta de cafés especiais, agregando valor etornando-se referência em produtividade e aromas singulares do grão.

Todos esses atributos fizeram com que o Ministério do Turismo, através do Prêmio Casos de Sucesso - Programa de Regionalização do Turismo, reconhecesse a Rota do Café como O Melhor Roteiro Turístico do Brasil em 2011.

Hoje, a Rota do Café é uma realidade e materializamos isso por meio da chegada de turistas de todos os cantos do Brasil e do mundo, que se encantam com as belezas do Norte do Paraná e com o acolhimento sempre cordial do seu povo.32

As aventuras do Gato Caixeiro na Rota do Café

A Rota do Café, pelo SEBRAE

C

Conselho Editorial – Editora UniFil

Prof. Ms. Luís Marcelo MartinsProf.ª Ph.D. Luciana GrangeProf. Ms. Ivan Prado JuniorProf. Dr. João Antônio Cyrino ZequiProf. Ms. Henrique Afonso PipoloProf.ª Dr.ª Suhaila Mahmoud Smaili SantosProf.ª Esp. Ilvili WernerProf.ª Ms. Maíra Salomão FortesProf.ª Ms. Marta Regina Furlan de OliveiraProf.ª Dr.ª Denise Hernandes TinocoProf. Ms. Sérgio Akio TanakaProf. Ms. José Martins Trigueiro NetoProf.ª Dr.ª Damares Tomasin Biazin | Presidente

Coordenador do Conselho EditorialProf. Dr. Leandro Henrique Magalhães

Reitor da UniFil Dr. Eleazar Ferreira

Patrocínio Realização Apoio

As aventuras do Gato Caixeiro na Rota do Café

Esta publicação é destinada a alunos do Ensino Fundamental e faz parte

das ações do Projeto Educação Patrimonial VII – Educar para o Patrimônio Cultural,

desenvolvido nos anos de 2011 e 2012. Nesta, o café foi escolhido como

temática tendo em vista a importância da produção cafeeira na constituição

e crescimento da cidade de Londrina, bem como, nas cidades vizinhas. Tendo

em vista a aceitação e compreensão da história “As aventuras do Gato Caixeiro

na cidade de Londrina” pelo público pretendido, recorremos novamente ao

personagem para nos ajudar a tratar dos aspectos relativos à temática, o café

e aprodução cafeeira. Esperamos que tenham, ao ler, a mesma satisfação que

tivemos ao pesquisar sobre esse assunto e escrevê-lo.