4
Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Quinzenal Âmbito: Viagens e Turismo Pág: 8 Cores: Cor Área: 21,50 x 28,40 cm² Corte: 1 de 4 ID: 77819157 23-11-2018 forte crescimento turís- tico em Portugal trouxe desafios e um dos que mais se tem falado é o ‘overtourism’, termo inglês usado para falar de massificação turística, problema que afecta várias cidades europeias e que começa também a ser identi- ficado em território nacional, como disse ao Publituris Alfonso Vargas, professor catedrático da Universi- dade de Huelva, em Espanha, que esteve na capital portuguesa a con- vite da Universidade Europeia, para participar numa palestra no âmbito da iniciativa “Lisbon Alternative Ex- periences” (ver caixa). “Existem ra- zões para preocupação, porque são crescimentos muito elevados. Fala- mos de situações como Lisboa, mas também de Barcelona, Amesterdão ou Londres, as grandes cidades, onde há situações de concentração de turismo muito fortes”, afirmou o especialista, que considera que o “overtourism representa um desa- fio grande em termos de gestão”. Na Europa, as manifestações con- tra o excesso de turistas não são novidade e, em Portugal, a situação é igualmente preocupante, prin- cipalmente em Lisboa, onde “há algumas zonas da cidade em que as pessoas começam a sentir que o Turismo está a gerar problemas, nomeadamente em termos de pre- ços”, explicou o professor da Uni- veridade de Huelva, considerando que “um dos primeiros problemas é a subida do preço da habitação”. “O As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte crescimento turístico tem levado a vários desafios, a exemplo do ‘overtourism’. Turismo, em termos gerais, não tem tido em conta a opinião dos resi- dentes e agora é o momento de in- serir as comunidades locais no pri- meiro plano da gestão dos destinos turísticos, este é o indicador princi- pal de que temos uma dificuldade, quando os residentes começam a dizer basta”, explicou. Mas há vários outros desafios as- sociados ao forte crescimento tu- rístico, como as “dificuldades em termos de trânsito, da mobilidade das pessoas, e de acesso aos servi- ços públicos”, acrescenta Alfonso Vargas, considerando que, além de Lisboa, também o Porto se depa- ra com os mesmos problemas. “Vi uma evolução ainda maior no Por- to, talvez por ser uma cidade mais Overtourism: Portugal tem razões para se preocupar AL Especialista diz que o ‘overtourism’ não é só culpa do Alojamento Local, mas considera que este tem sido um factor influente e um dos que mais contribui para a gentrificação. uriosidades C O

As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte … · 2018. 11. 30. · pode evoluir para situações de hos-tilidade para com os turistas, como tem acontecido noutras

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte … · 2018. 11. 30. · pode evoluir para situações de hos-tilidade para com os turistas, como tem acontecido noutras

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Viagens e Turismo

Pág: 8

Cores: Cor

Área: 21,50 x 28,40 cm²

Corte: 1 de 4ID: 77819157 23-11-2018

forte crescimento turís-

tico em Portugal trouxe

desafios e um dos que

mais se tem falado é o ‘overtourism’,

termo inglês usado para falar de

massificação turística, problema

que afecta várias cidades europeias

e que começa também a ser identi-

ficado em território nacional, como

disse ao Publituris Alfonso Vargas,

professor catedrático da Universi-

dade de Huelva, em Espanha, que

esteve na capital portuguesa a con-

vite da Universidade Europeia, para

participar numa palestra no âmbito

da iniciativa “Lisbon Alternative Ex-

periences” (ver caixa). “Existem ra-

zões para preocupação, porque são

crescimentos muito elevados. Fala-

mos de situações como Lisboa, mas

também de Barcelona, Amesterdão

ou Londres, as grandes cidades,

onde há situações de concentração

de turismo muito fortes”, afirmou

o especialista, que considera que o

“overtourism representa um desa-

fio grande em termos de gestão”.

Na Europa, as manifestações con-

tra o excesso de turistas não são

novidade e, em Portugal, a situação

é igualmente preocupante, prin-

cipalmente em Lisboa, onde “há

algumas zonas da cidade em que

as pessoas começam a sentir que

o Turismo está a gerar problemas,

nomeadamente em termos de pre-

ços”, explicou o professor da Uni-

veridade de Huelva, considerando

que “um dos primeiros problemas é

a subida do preço da habitação”. “O

As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte crescimento turístico tem levado a vários desafios, a exemplo do ‘overtourism’.

Turismo, em termos gerais, não tem

tido em conta a opinião dos resi-

dentes e agora é o momento de in-

serir as comunidades locais no pri-

meiro plano da gestão dos destinos

turísticos, este é o indicador princi-

pal de que temos uma dificuldade,

quando os residentes começam a

dizer basta”, explicou.

Mas há vários outros desafios as-

sociados ao forte crescimento tu-

rístico, como as “dificuldades em

termos de trânsito, da mobilidade

das pessoas, e de acesso aos servi-

ços públicos”, acrescenta Alfonso

Vargas, considerando que, além de

Lisboa, também o Porto se depa-

ra com os mesmos problemas. “Vi

uma evolução ainda maior no Por-

to, talvez por ser uma cidade mais

Overtourism: Portugal tem razões para se preocupar

ALEspecialista diz que o ‘overtourism’ não

é só culpa do Alojamento Local, mas

considera que este tem sido um factor

influente e um dos que mais contribui

para a gentrificação.

uriosidadesCO

Page 2: As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte … · 2018. 11. 30. · pode evoluir para situações de hos-tilidade para com os turistas, como tem acontecido noutras

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Viagens e Turismo

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 21,50 x 28,40 cm²

Corte: 2 de 4ID: 77819157 23-11-2018

pequena ou por ter partido de um

ponto mais atrás”, acrescentou.

MedidasSe o excesso de Turismo é já um

problema em Portugal, o que deve,

então, ser feito para contrariar os

seus efeitos negativos? Alfonso Var-

gas aponta diversas medidas, co-

meçando logo com o maior envol-

vimento das comunidades locais,

considerando que “os governantes

têm que fazer um esforço de peda-

gogia para explicar os efeitos positi-

vos do Turismo e mostrar a sua im-

portância em termos económicos,

sociais e para o desenvolvimento da

cidade e também do País”.

O professor da Universidade de

Huelva concorda com a limitação

de novas unidades de alojamento

local em alguns bairros históricos,

que entrou recentemente em vigor

em Lisboa, e, apesar de considerar

que “o ‘overtourism’ não é só cul-

pa do alojamento local”, diz que

este tem sido “um factor influente,

um dos principais que contribuem

para a gentrificação, palavrão que

quer dizer que os locais estão a ser

expulsos das suas casas”. “Parecem-

-me medidas razoáveis, podemos

discutir o tipo de limitação, mas é

isso que estamos a ver também nas

outras cidades com os mesmos pro-

blemas”, destaca.

O especialista destaca também a

aposta na tecnologia, defenden-

do que “temos que utilizar as tec-

nologias a nosso favor e melhorar

a gestão dos destinos turísticos”,

trabalho para o qual, destacou, os

smartphones são um veículo privi-

legiado. “Hoje, o turista está sempre

em contacto com o seu smartphone

e pode ser interessante que se for-

neça informação em tempo real aos

turistas, para que saibam quando

há longas filas e optem por visitar

outros lugares”, acrescentou.

Para dispersar o Turismo, importan-

te será também “a colaboração dos

operadores e das agências”, assim

como a criação de novas atracções

fora dos centros urbanos. “Temos

que ter criatividade para mostrar

que Lisboa é muito grande, tem

muitas realidades e podemos viver

‘Overtourism’ na universidade

Alfonso Vargas é professor catedrático da Universidade de Huelva e especia-

lista em questões relacionadas com management e marketing, e esteve em

Lisboa a 31 de Outubro, a convite da Universidade Europeia, para ministrar

uma palestra sobre ‘overtourism’ e gestão de destinos turísticos, no âmbito da

iniciativa “Lisbon Alternative Experiences”, que desafia os alunos da institui-

ção de ensino superior portuguesa a desenvolverem projectos que promovam

novas formas de atracção turística, principalmente na periferia de Lisboa. “Es-

tou à espera de muita participação, de estudantes muito motivados, porque

é um tema de grande actualidade e a universidade pode ter, aqui, um papel

relevante, trazendo novas ideias e projectos que as autoridades podem apro-

veitar para aplicar na prática”, explicou, considerando que “é essencial começar

já a sensibilizar os jovens para esta temática, porque eles serão os gestores de

amanhã”.

Temática foi discutida numa palestra da Universidade Europeia.

Page 3: As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte … · 2018. 11. 30. · pode evoluir para situações de hos-tilidade para com os turistas, como tem acontecido noutras

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Viagens e Turismo

Pág: 12

Cores: Cor

Área: 21,50 x 28,40 cm²

Corte: 3 de 4ID: 77819157 23-11-2018

Lisboa de diferentes ângulos”, afir-

mou, considerando que isso só será,

no entanto, “possível se houver uma

boa mobilidade, uma boa rede

de transportes públicos, uma boa

promoção, e estímulos adequados

para que os turistas se dispensem”,

alertou.

FuturoAs autoridades portuguesas têm

vindo a tomar medidas, no entan-

to, Alfonso Vargas diz que a prio-

ridade deve passar por conhecer o

tipo de turistas que nos visitam. “A

métrica do sucesso tem que mu-

dar, passando de uma abordagem

completamente quantitativa, para

uma abordagem qualitativa, sobre

o tipo de turistas”, alertou, conside-

rando que só conhecendo os turis-

tas será possível identificar os que

estão mais predispostos à disper-

são. “Se identificarmos estes públi-

cos e conseguirmos organizar uma

oferta que seja apelativa, vamos ter

mais hipóteses de conseguir disper-

sar os turistas e oferecer mais expe-

riências atractivas, com a vantagem

de evitarmos a insatisfação que a

massificação pode gerar”, acrescen-

tou, considerando que, para isso,

“temos que ter informação”, num

trabalho que, diz, “não é um gasto,

é um investimento”. “Este é o ponto

de partida, temos que conhecer o

nosso público, caso contrário, fica-

mos apenas na base da intuição”,

defendeu, considerando que “este

é o grande desafio em termos de

gestão”.

Se nada for feito, o ‘overtourism’

pode evoluir para situações de hos-

tilidade para com os turistas, como

tem acontecido noutras cidades da

Europa, com impacto na imagem

do destino. “O impacto depende da

capacidade de gestão e da capaci-

dade de reforçar os instrumentos

que podem ser aplicados para me-

lhorar a gestão dos destinos turísti-

cos”, considera.

Alfonso Vargas diz não saber qual

vai ser a realidade das cidades por-

tuguesas no futuro, mas adverte

que “gostaria de ver cidades onde

existe uma verdadeira parceria com

os cidadãos”. “Diz-se que o Turismo

é uma parceria público-privada,

que envolve os governos e as auto-

ridades públicas, mas também as

empresas, o problema é que isto,

hoje, se manifesta insuficiente e é

preciso que esta parceria passe a

incluir outro ‘P’, que são as pessoas”,

conclui. P

“Vi uma evolução ainda maior no Porto, talvez por ser uma cidade mais pequena ou por ter partido de um ponto mais atrás”.

...

Bem-estar

impulsiona

termalismo

O crescimento acentuado de um novo

conceito de termalismo de bem-estar

tem invadido o território clássico das es-

tâncias termais portuguesas, seguindo

uma tendência que se verifica à escala

global. De acordo com dados partilha-

dos durante um seminário organizado

por Termas Centro nas Termas do Cró,

a área de bem-estar tem registado um

crescimento acentuado, tendo já ul-

trapassado desde 2012 o número de

utilizadores do termalismo clássico. A

ampla oferta que existe no país tem per-

mitido o aumento da procura por este

novo conceito, virado para o lazer, para

a beleza, estética e para o relax. Para tal,

em muito tem contribuído a existên-

cia de serviços bem estruturados e de

instalações modernas na maior parte

das estâncias, bem como a existência

de infra-estruturas hoteleiras. Revela-se

necessário aumentar a cooperação com

outros prestadores de serviços que ope-

ram na área de influência de cada estân-

cia termal e de combater a imagem das

termas como sendo um produto apenas

para tratar doenças e frequentado maio-

ritariamente por idosos. Os operadores

estão conscientes que há que recorrer a

técnicas de marketing mais apropriadas.

O futuro passa por construir produtos

turísticos adequados aos novos públicos,

pelo desenvolvimento de canais de dis-

tribuição e pela aposta na comunicação,

em particular no online, como as Termas

Centro têm vindo a fazer. P

piniãoOCoordenador Termas Centro

��

Page 4: As cidades nacionais são cada vez mais procuradas, mas o forte … · 2018. 11. 30. · pode evoluir para situações de hos-tilidade para com os turistas, como tem acontecido noutras

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Viagens e Turismo

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 7,82 x 5,74 cm²

Corte: 4 de 4ID: 77819157 23-11-2018