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] [ As flores do meu caminho Vale do Jequitinhonha

As Flores do Meu Caminho

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Em mais uma viagem longa e muito esperada. Registrei estas raridades comuns na beira daquelas estradas. E por achar que tanta beleza não seria simplesmente expressada. Resolvi utilizar mais um meio para mostrar o quanto por elas fui tocada. Bruna Freire Reis Casitas Relatório Fotográfico com leitura poética Vale do Jequitinhonha – Coronel Murta – MG – Brasil

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][As flores do meu caminhoVale do Jequitinhonha

As flores do meu caminhoVale do Jequitinhonha - MG - Brasil ][

As Flores do Meu Caminho

Permita-se ver o Vale do Jequitinhonha de uma forma diferente.

Bruna Casitas

é um relatório fotográfico com leiturapoética. Que visa acima de tudo mostrar um pouco da beleza do Valedo Jequitinhonha, região pobre e seca, porém bela, do norte deMinas Gerais.

O ensaio é feito com flores simples e comuns, nativas daquela região,que podem facilmente ser observadas nas estradas de terra batidaque ligam muitas cidadezinhas e povoados pobres do Vale.

As fotos são acompanhadas cada uma por uma poesia, que tentaigualmente mostrar com versos e flores simples, que apesar de pobreo Vale tem muitas riquezas a ofertar.

Bruna Freire Reis Casitas

São Paulo, 2004

][As flores do meu caminhoVale do Jequitinhonha

Minha eterna gratidão a tudo etodos que compõem minhas origens.Origens que a meu modo retrato nestaspróximas e breves páginas.

Soneto a Esperança a Beira do Caminho

Exuberância simplesQue não há preço que pague

Luminosidade leveQue simples sendo só a pureza desperte

Bela esperançosaCom um olhar se faz vitoriosa

Ganhadora do olhar atentoGlamorosa se torna ao seu entendimento

Mas há de existirLeveza e poesia a guerrear

Com a solidez insensível cravada no olhar

E a simples vitoriosa irá despertarOs todos sentidos prazerosos que pode ofertar

A tímida e singela florzinha a desabrochar

Bela da Estrada

Oh Bela gentilQue enfeita e perfuma o caminho

Mesmo sem ser notadaSó tendo o passante e a poeira da estrada

Oh Bela florzinha da estradaTens formas insinuantes

Que com o orvalho a molha-laFazem doer e mais lembrar da bela amada a esperar

Desejada e singela da estradaPorque teimas em me lembrar

O belo corpo da bela que em meus braços já não está

Posto que tais lembranças mais pressa me dáAos braços de minha querida encontrar

Deixando-a só novamente com a poeira que restará

Dolorosa Alvura

Alva de simples almaVejo em sua brancura refletir

Minha pura imagem claraTendo o peito vazio sem nunca sentir o fogo do amor invadir

Mas vejo também refletirManchas rubras de sangue do meu peito agonizante

Manchando sua brancura angelicalCom a dor de um amante

Candura sua que se revelaPura neve branca

Que congela e com isso conservaA dor cravada em suas pétalas

Dor fria, sem cor, sem vidaQue também carrego no fundo oculto de minha vida

Quando eu morrer

Me seja nesta horaComo os belos insetos lhe são agoraAos ventos espalhando sua vivezaE toda vida semeando sua beleza

Nasça e espalha ti sobre o solo sagradoQue agora guarda o corpo cansado

Fazendo chegar aos meus queridos encarnadosMinha viva mensagem do caminho iluminado

Fecunde lucidez aos revoltadosDe olhos cerrados aos grandes mistérios desvendados

Semeie alegria no peito inerte inconformado

Represente as flores puras de minha alma máculaMaterializando minha pele em suas pétalas pálidas

Faz-me ser tocada e por todos acariciada

A Dor Transformada em Flor

Talvez nem saiba que lhe quis um diaQuis e quero ainda tanto, que de tudo fiz

Mas o querer que tenho por tiNunca me fez e nunca me fará sorrir

Um querer que tanto causou sofrerTanto, tanto que num ensolarado dia decidi:

Não quero ver no mundo ninguém por amor padecerE neste dia, o céu se fez chover

A partir daí, eternizada fuiEm pétalas cor de sangue

Cor do meu querer ardente e agonizanteTransformando a dor em um vermelho alegre e vibrante

E hoje vivo enfeitando e inspirandoAmores ardentes que por aqui vivem passando

Miudezas

Quando a observoNão é algo consciente

Nem planejadoNem ao menos sonhado

Apenas a achoQuando em pensamentos pedida acabo

Encontrando miudezas belas neste matoQue por convicção em minha alma resolvo dar espaço

Mas sim, sou felizPor não ser sozinha e saber apreciar sua companhia

Por não ser triste e tê-la a alegrar minha vida

E a vocês miudezas inspiradoras desta hora boaSou grata pela certeza libertadora

Que sempre farão transbordar de emoção os caminhos desta sonhadora

Espinhos Afiados

De todos os tipos de amores que há no mundoEm todos eles o mesmo infinito querer de estar junto

Com um poder sempre absolutoDe enlouquecer mentes e corpos, fazendo de emoções um dilúvio

E num arroubo encantado, quase a arranquei até o taloQuis leva-la e para sempre tê-la ao meu lado

Mas como num estalo, dei-me conta do estragoMataria sua beleza ao quere-la só para meu agrado

Se assim o fizesse como seria o fardoDos inocentes meninos com os ombros de lenha abarrotados

Das mulheres que lavam suas imensas trouxas neste rio lendário ?

Nenhum deles teriam mais seu cansaço amenizadoE nem seriam mais identificados

Com sua beleza coroada por espinhos afiados

Por este longo caminhoA esta terra distanteVocês se tornam calmantes vinhosNesta viagem longa e inquietante

As saudades quase sufocandoDaquele olhar belo e distanteE o cenário da estrada passandoMe mostra estas belezas inebriantes

Consigo então acalmar a pressaE suas cores diversas por um longo tempo apreciarParecem querer preparar meu olhar para que mereçaVer a mais bela flor que vai encontrar

A Flor que não está no caminhoE nem brotou como um presente

Deste chão rico e sequinhoMas foi plantada num jardim reluzente

Tem raízes profundas e sua beleza é grandiosaE as pétalas contam históriasDas minhas raízes honrosasDe onde vim e para onde vou agora

Por isso, minha querida ROSAEscute-me agoraPois falei baixinhoPara não entristecer quem animou meu caminho

És a mais formosaE de todas a mais cheirosaPois exala em seu perfumeA nossa bela história

Minha Querida RosaDedicada a minha querida Avó: Dona Rosa