21
AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DOS VALES DA UVA GOETHE NA REGIÃO DE URUSSANGA SC Valdinho Pellin 1 Furb Universidade Regional de Blumenau E-mail: [email protected] Katiesca Fonseca Padilha 2 Furb Universidade Regional de Blumenau E-mail: [email protected] OklingerMantovanelli Junior 3 Furb Universidade Regional de Blumenau E-mail:[email protected] RESUMO O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos ou serviços que pode contribuir para a agregação de valor e fortalecer o desenvolvimento econômico e social em regiões com tais potencialidades. Este instituto divide-se em indicação de procedência (IP) e denominação de origem (DO). O primeiro indica que produtos ou serviços procedem de determinado lugar, cujos elementos principais para sua caracterização são as ações do homem e o saber fazer. No tocante ao segundo, este por sua vez, além dos elementos de produção humana, requer que o produto se caracterize pelos elementos da natureza, tais como, relevo, clima e solo. Este instituto também visa proteger os produtos, os produtores e principalmente garantir a qualidade e a informação aos consumidores. Este trabalho se desenvolveu através de pesquisa bibliográfica, análise documental e uma entrevista semi- estruturada aplicada a uma consultora do projeto que viabilizou o reconhecimento da indicação geográfica para os Vales da Uva Goethe na região de Urussanga SC. O objetivo geral foi verificar a relação entre as indicações geográficas e o desenvolvimento territorial e os bjetivos específicos: a) verificar como o instituto das indicações geográficas está se desenvolvendo no Brasil; b) analisar como ocorreu o processo de obtenção da indicação geográfica dos Vales da Uva Goethe e c) identificar quais as principais dificuldades encontradas na obtenção da indicação e quais os principais benefícios gerados após a concessão. O estudo demonstrou que tal instituto ainda é pouco disseminado no Brasil e existem dificuldades na sua obtenção. Em relação à experiência dos “Vales da Uva Goethe”, constatou-se a importância da construção de um arranjo institucional eficiente envolvendo parcerias com entidades públicas e privadas para o reconhecimento da indicação geográfica. Quanto aos benefícios auferidos com a indicação geográfica, identificou-se o desenvolvimento do enoturismo, fortalecimento da imagem dos vinhos brancos da região, melhoria no desenvolvimento sócio econômico dos produtores e ainda, a preservação da 1 Graduado em Economia, mestre e doutorando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Pesquisador do Núcleo de Políticas Públicas do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional. Bolsista do Programa de Demanda Social da CAPES. E-mail: [email protected] 2 Graduada em Direito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB) e no Curso Seqüencial em Desenvolvimento Regional (FURB). E-mail: [email protected] 3 Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e pesquisador do Núcleo de Políticas Públicas. Doutor em Sociologia pela UNESP. E-mail: [email protected]

AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

  • Upload
    vocong

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA

ANÁLISE A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DOS VALES DA UVA GOETHE NA REGIÃO DE

URUSSANGA – SC

Valdinho Pellin1

Furb – Universidade Regional de Blumenau

E-mail: [email protected]

Katiesca Fonseca Padilha2

Furb – Universidade Regional de Blumenau

E-mail: [email protected]

OklingerMantovanelli Junior3

Furb – Universidade Regional de Blumenau

E-mail:[email protected]

RESUMO

O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos ou serviços

que pode contribuir para a agregação de valor e fortalecer o desenvolvimento econômico e

social em regiões com tais potencialidades. Este instituto divide-se em indicação de

procedência (IP) e denominação de origem (DO). O primeiro indica que produtos ou serviços

procedem de determinado lugar, cujos elementos principais para sua caracterização são as

ações do homem e o saber fazer. No tocante ao segundo, este por sua vez, além dos elementos

de produção humana, requer que o produto se caracterize pelos elementos da natureza, tais

como, relevo, clima e solo. Este instituto também visa proteger os produtos, os produtores e

principalmente garantir a qualidade e a informação aos consumidores. Este trabalho se

desenvolveu através de pesquisa bibliográfica, análise documental e uma entrevista semi-

estruturada aplicada a uma consultora do projeto que viabilizou o reconhecimento da

indicação geográfica para os Vales da Uva Goethe na região de Urussanga –SC. O objetivo

geral foi verificar a relação entre as indicações geográficas e o desenvolvimento territorial e

os bjetivos específicos: a) verificar como o instituto das indicações geográficas está se

desenvolvendo no Brasil; b) analisar como ocorreu o processo de obtenção da indicação

geográfica dos Vales da Uva Goethe e c) identificar quais as principais dificuldades

encontradas na obtenção da indicação e quais os principais benefícios gerados após a

concessão. O estudo demonstrou que tal instituto ainda é pouco disseminado no Brasil

e existem dificuldades na sua obtenção. Em relação à experiência dos “Vales da Uva Goethe”,

constatou-se a importância da construção de um arranjo institucional eficiente envolvendo

parcerias com entidades públicas e privadas para o reconhecimento da indicação geográfica.

Quanto aos benefícios auferidos com a indicação geográfica, identificou-se o

desenvolvimento do enoturismo, fortalecimento da imagem dos vinhos brancos da região,

melhoria no desenvolvimento sócio econômico dos produtores e ainda, a preservação da

1 Graduado em Economia, mestre e doutorando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional de

Blumenau (FURB). Pesquisador do Núcleo de Políticas Públicas do Programa de Pós Graduação em

Desenvolvimento Regional. Bolsista do Programa de Demanda Social da CAPES. E-mail:

[email protected] 2 Graduada em Direito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB) e no Curso Seqüencial em

Desenvolvimento Regional (FURB). E-mail: [email protected] 3 Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de

Blumenau (FURB) e pesquisador do Núcleo de Políticas Públicas. Doutor em Sociologia pela UNESP. E-mail:

[email protected]

Page 2: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

2

identidade local.

Palavras chaves: Indicação Geográfica. Desenvolvimento Territorial. Vitivinicultura

1- INTRODUÇÃO

A indicação geográfica é um mecanismo novo e pouco desenvolvido no Brasil. Esse

instituto surge no momento em que produtores e consumidores percebem que alguns produtos

apresentam características atribuíveis a sua origem geográfica. Tanto na Europa como no

Brasil, esse processo teve maior destaque na vitivinicultura.

Perla legislação brasileira, a indicação geográfica subdivide-se em indicação de

procedência (IP) e denominação de origem (DO). A primeira identifica que uma determinada

região ou localidade se tornou conhecida pela produção de determinado produto ou prestação

de serviço, caracterizada essencialmente pelas ações humanas.No tocante ao segundo

mecanismo de proteção, verifica-se que determinada região ou localidade, se tornou

conhecida pela produção de determinado produto ou prestação de serviço e por características

exclusivamente geográficas, incluindo fatores naturais e humanos.

Este instituto objetiva proteger os produtos, os serviços e seus consumidores, visto que

os produtos e serviços que possuem esta certificação contem informações verídicas referentes

à sua origem, procedência e qualidade. Para o reconhecimento de uma indicação geográfica,

requer-se o preenchimento de inúmeros requisitos determinado pela Lei 9.279/96 que serão

aclarados no decorrer do trabalho.

Na intenção de proteger o instituto das indicações geográficas, alguns acordos

internacionais foram criados. Estes acordos, por sua vez, preveem tão somente a proteção

contra as falsas indicações geográficas.

A literatura especializada tem demonstrando que, em muitos casos, as indicações

geográficas podem contribuir para o fortalecimento do desenvolvimento territorial,

principalmente em espaços rurais, seja através da agregação de valor aos produtos, do acesso

a novos mercados ou da ampliação do consumo de determinados produtos ou serviços. Nesse

contexto, o presente artigo procurou verificar a possível relação entre as indicações

geográficas e o desenvolvimento territorial, a partir do estudo de caso dos Vales da Uva

Goethe, na região de Urussanga-SC. Como objetivos específicos, estabeleceu-se: a) verificar

como este instituto se desenvolveu e como o mesmo tem se aplicado no Brasil; b) analisar

Page 3: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

3

como ocorreu o processo de obtenção da indicação geográfica dos Vales da Uva Goethe e c)

identificar quais as principais dificuldades encontradas noreconhecimento da indicação

geográfica e quais os principais benefícios obtidos após a concessão. Finalmente, o artigo

pretendeu responder a seguinte questão de pesquisa: as indicações geográficas podem

contribuir para o desenvolvimento territorial?

2-METODOLOGIA

O artigo possui uma abordagem qualitativa, com caráter descritivo, fundamentado em

dados obtidos através de pesquisa bibliográfica e de campo. ParaMinayo (1994), ao invés de

estatísticas, a pesquisa qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações. É,

portanto, mais participativa e menos controlável, e permitem expressar um caráter de

subjetividade, buscando compreender o fenômeno estudado.

Quanto aos fins, esta pesquisa se classifica como descritiva. Expõe características de

determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações

entre variáveis e definir sua natureza, sem o compromisso de explicar os fenômenos que

descreve, embora sirva de base para tal explicação (VERGARA, 2007).

Em relação aos meios, a pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso. O método de

estudo de caso é empregado no estudo de instituições ou personalidades, abordando sua

história, objetivos, técnicas, valores e limites de suas possibilidades, no que diz respeito ao

tema da pesquisa (PIERSON, 1981). O estudo delimitou-se à análise da primeira indicação

geográfica reconhecida em Santa Catarina: Vales da Uva Goethe, na região de Urussanga.

Como instrumentos de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista semi-

estruturada aplicada à consultora Patrícia Mazon que atuou diretamente no processo de

elaboração e solicitação do reconhecimento da indicação geográfica em questão.

3-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Para atender os objetivos elencados, o trabalho contempla duas importantes divisões. A

primeira parte concentra-se na abordagem de aspectos referentes à caracterização histórica do

instituto da indicação geográfica no Brasil, sua aplicabilidade no âmbito brasileiro e uma

breve caracterização da legislação pertinente. A segunda parte aborda a relação entre as

indicações geográficas e o desenvolvimento territorial, utilizando-se para isso da experiência

dos “Vales da Uva Goethe”, primeira indicação geográfica reconhecida no Estado de Santa

Page 4: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

4

Catarina.

3.1 – Caracterização do Instituto das Indicações Geográficas:

O instituto das indicações geográficas se desenvolveu de forma natural e gradativa no

decorrer da história. Esse processo teve inicio com o vinho, no momento em que produtores,

comerciantes e consumidores verificaram que determinados produtos apresentavam

qualidades e características atribuíveis a sua origem geográfica, consequentemente, passaram

a denominá-los com o nome geográfico de sua procedência.

Para Falcão (2008, p. 14), o costume de designar aos produtos o nome do lugar de sua

fabricação ou colheita vem de longa data. Por exemplo, o queijo Roquefort adquiriu sua

notoriedade sob o nome de seu local de origem já no século XIV.

Segundo Lagares; Lages; Braga apud Falcão (2008, p. 14):

Na Europa, alguns exemplos de produtos certificados e identificados com indicações geográficas

podem ser citados, tais como: os vinhos espumantes oriundos da região de Champagne, os vinhos

tintos da região de Bordeaux, os vinhos licorosos da região do Porto, o presunto de Parma e os

queijos de Roquefort. Na Europa existe mais de três mil marcas de produtos protegidos, só o setor

vitivinícula é responsável por 87% das AOCs, designação mais antiga de qualidade na Europa.

No que tange ao cenário brasileiro, a proteção às indicações geográficas é recente e

surge por influência de alguns acordos internacionais. Dentre os principais acordos é possível

destacar a Convenção da União de Paris, criada em 1883, tendo o Brasil ratificado apenas em

1975 e o Acordo de Lisboa, que entrou em vigor no Brasil apenas em 1966. Tais acordos

tinham por objeto a repressão às falsas indicações geográficas.

Na opinião de Leonardo apud Corrêa (2012, p. 4), o tratado mais influente para

regulamentação da propriedade industrial no Brasil, ocorreu no âmbito da Organização

Mundial do Comércio(OMC), na Rodada do Uruguai de Negociações Comerciais

Multilaterais do GATT. O Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Industrial

Relacionados ao Comércio – TRIPS começou a viger na esfera nacional em 1º de janeiro de

1995, efetivado através do Decreto n.º 1.355 de 30 de dezembro de 1994. Este acordo

estabelecia patamares mínimos de proteção aos direitos da propriedade industrial, ainda que

de forma diversa para os países-membros.

Na intenção de regulamentar os direitos relativos à propriedade industrial no Brasil, o

instituto das indicações geográficas é protegido através de alguns Decretos, os quais também

Page 5: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

5

protegiam as falsas indicações geográficas, não fazendo qualquer menção as exigências

presentes na atual legislação.

Segundo Porto (2007, p. 21), para adequar a legislação nacional ao TRIPS, em 1996 o

Brasil instituiu a atual Lei 9.279/96 – Lei de Propriedade Industrial, que inova em diversos

aspectos a abordagem sobre as indicações geográficas, dentre eles, a subdivisão em: indicação

de procedência e denominação de origem.

No Brasil, o primeiro grupo a obter o reconhecimento de uma indicação geográfica foi a

Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos, concedida pelo Instituto

Nacional de Propriedade Industrial em novembro de 2002, na modalidade de indicação de

procedência (FALCÃO, 2008, p. 14).

Atualmente o país conta com vinte e oito indicações geográficas reconhecidas4,

conforme dados colhidos no site Instituto Nacionais de Propriedade Industrial. (INPI, 2012).

3.2 – Requisitos para a obtenção da Indicação Geográfica

Em relação à concessão da indicação geográfica, a Lei 9.279/96 atribuí ao Instituto

Nacional de Propriedade Industrial, em seu art. 182, parágrafo único, a competência para

delimitar os requisitos para o reconhecimento de uma indicação geográfica.

Nesse sentido o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, através da Resolução

075/2000, em seu art. 5° determinou os legitimados para requerem o registro da indicação

geográfica:

Art. 5º Podem requerer registro de indicações geográficas, na qualidade de substitutos processuais,

as associações, os institutos e as pessoas jurídicas representativas da coletividade legitimada ao

uso exclusivo do nome geográfico e estabelecidas no respectivo território.

§ 1º Na hipótese de um único produtor ou prestador de serviço estar legitimado ao uso exclusivo

do nome geográfico, estará o mesmo, pessoa física ou jurídica, autorizado a requerer o registro da

indicação geográfica em nome próprio.

§ 2º Em se tratando de nome geográfico estrangeiro já reconhecido como indicação geográfica no

seu país de origem ou por entidades/organismos internacionais competentes, o registro deverá ser

requerido pelo titular do direito sobre a indicação geográfica.

Sobre este aspecto, explica Barbosa (2003, p. 916):

4 Destas, vinte e uma referem-se a indicações de procedência e sete referem-se a denominações de origem. Os

três Estados com maior número de indicações geográficas concedidas são: Rio Grande do Sul, Minas Gerais e

Rio de Janeiros, respectivamente (INPI, 2012)

Page 6: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

6

Exercendo a delegação normativa prevista no CPI/96, o INPI optou por criar um registro

específico de indicações geográficas, deferindo a legitimidade ad adquirendumaos sindicatos,

associações, institutos ou qualquer outra pessoa jurídica de representatividade coletiva, com

legítimo interesse e estabelecida no respectivo território, como substituto processual da

coletividade que tiver direito ao uso de tal nome geográfico’.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial, na Resolução 075/2000, em seu artigo 6º

e incisos determina quais os documentos que deverão constar no pedido do registro, conforme

relacionado abaixo:

Art. 6º O pedido de registro de indicação geográfica deverá referir-se a um único nome geográfico

e, nas condições estabelecidas em ato próprio do INPI, conterá:

I - requerimento, no qual conste:

a) o nome geográfico;

b) a descrição do produto ou serviço; e

c) as características do produto ou serviço.

II - instrumento hábil a comprovar a legitimidade do requerente, na forma do art. 5º;

III - regulamento de uso do nome geográfico;

IV - instrumento oficial que delimita a área geográfica;

V - etiquetas, quando se tratar de representação gráfica ou figurativa da denominação geográfica

ou de representação geográfica de país, cidade, região ou localidade do território;

VI - procuração, se for o caso, observado o disposto nos arts. 13 e 14; e

VII - comprovante do pagamento da retribuição correspondente.

Observa-se ainda que a Resolução 075/2000 estabelece requisitos distintos para

indicação de procedência e denominação de origem. Para obtenção de uma indicação de

procedência, a Lei nº. 9.279/96 determina que o grupo de produtores interessados deve

comprovar que a região tem se tornado conhecida como centro de extração, fabricação ou

prestação de determinado produto ou serviço.

No que tange aos documentos que comprovem a notoriedade, apresenta-se

entendimento dado por Porto (2007, p. 76):

Ao exigir “documentos oficiais que delimitem a região que deseja ser reconhecida como IP”, a

norma não especifica que tipo de documentos serão válidos para tal fim. Em nossa opinião,

documentos como panfletos turísticos, dentre outros, que chamem a atenção deste lugar para a

produção de determinado produto ou a prestação de determinado serviço já seriam documentos

Page 7: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

7

aceitáveis.

Ainda, em relação ao pedido de registro, segundo regulamentação do INPI,

primeiramente este deverá ser protocolado e submetido a exame formal, período em que o

Instituto Nacional de Propriedade Industrial poderá formular exigências para sua adequação,

que deverão ser cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias.

Na opinião de Locatelli (2007, p. 243), “observa-se que o registro atua como importante

meio de prova na defesa dos direitos dos titulares da indicação geográfica contra a utilização

indevida por terceiros, facilitando a comprovação da legitimidade dos direitos dos titulares”.

3.3 – Titularidade e Natureza Jurídica da Indicação Geográfica

Segundo o art. 182, da Lei nº. 9.279/96, o uso da indicação geográfica é restrito aos

produtores e prestadores de serviço estabelecidos no local. Nesse sentido, observa-se a

exclusividade na utilização da indicação geográfica.

Sobre este aspecto Locatelli (2009, p. 238) explica:

A titularidade, por sua vez, assegura a exclusividade no uso da indicação geográfica e a

consequente prerrogativa de defendê-la perante terceiros. No que diz respeito, no entanto, à

legitimidade para reclamar a utilização indevida de uma Indicação Geográfica, entende-se que

cada produtor ou prestador de serviço pode, individualmente, exercer esta prerrogativa,

considerando que se trata de direitos coletivos. Ademais, os organismos com legitimidade a

solicitar o registro em nome da coletividade tem, da mesma forma, a prerrogativa de exercer a

defesa dos direitos coletivos.

A titularidade da indicação geográfica é coletiva, pois é um direito extensivo a todos os

produtores ou prestadores de serviço que estejam na área demarcada e que explorem o

produto ou o serviço objeto da indicação. (MAPA, 2010, p.71)

Nesse sentido, tal instituto é considerado o mais social dos direitos de propriedade

industrial, já que se destina a beneficiar toda uma comunidade, indistintamente, não havendo

um proprietário específico que possa explorar as vantagens concedidas pela indicação sem o

proveito dos outros produtores. (MAPA, 2010, p. 236).

Conforme Barbosa apudLocatelli (2007, p. 237):

[...] não há exclusividade subjetiva no tocante às indicações geográficas: a propriedade

personalizada de tais signos distintivos é impossível por sua própria natureza. A lei determina que

o uso da indicação geográfica é facultado (e restrito) a todos os produtores e prestadores de serviço

estabelecidos no local.

Page 8: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

8

No tocante a natureza jurídica das indicações geográficas, explica Locatelli (2007, p.

239) que existe vasta discussão acerca da natureza jurídica desse instituto na doutrina

estrangeira, sendo bastante controversa, porém tocante à doutrina brasileira, esta se mostra

ainda incipiente. A autora faz uma análise das várias teorias apresentadas por alguns

doutrinadores neste tema.

Para Alberto Francisco Ribeiro Almeida apudLocatelli (2007, p. 240), o direito sobre as

indicações geográficas constitui-se em “direito de participação em sociedade pública: segundo

esta teoria, o titular é membro de uma espécie da sociedade pública que detém –

coletivamente – a titularidade da indicação geográfica.”

A autora ainda apresenta outro posicionamento de Alberto Francisco Ribeiro (2007, p.

241), onde a natureza jurídica pode apresentar o seguinte entendimento:

Direito de propriedade: esta teoria entende que o direito às indicações geográficas é um direito

real, no caso especifico, um direito de propriedade sobre um bem incorpóreo. Ela se fundamenta

nas características inerentes ao direito de propriedade, quais sejam: um direito exclusivo, absoluto

e oponível erga ommes.

Com relação a esta teoria a autora efetua a seguinte análise:

Tal direito, segundo esta teoria, atribui ao seu titular o direito de usar (jus utendi) e de retirar frutos

(jus fruendi). No que tange ao direito de dispor de bem (jus abutendi), por sua vez, a configuração

não é tão clara, considerando que o titular não pode dispor livremente do seu direito sobre uma

indicação geográfica.

Quanto ao jus abutendi , tem-se, como exemplo, o fato de que, se um titular vende a parcela de seu

solo no qual produz os bens que são designados pela indicação geográfica, não estará vendendo

conjuntamente o direito ao uso desta, a qual está vinculada a outras condições que não somente à

propriedade do solo, como por exemplo, no caso das denominações de origem, a certos requisitos

obrigatórios. Isto significa que o direito às indicações geográficas não é transferido imediatamente

com a mera alienação do solo, mas somente a prerrogativa deste direito, que se efetivará se

cumpridos os outros requisitos específicos exigidos. (LOCATELLI, 2007, p. 241)

Importante ainda, destacar o entendimento apresentado por Pontes de Miranda apud

Porto (2007, p. 45), no qual as indicações geográficas não podem ser alienadas, nem mesmo

são suscetíveis de penhor, nem de quaisquer medidas constritivas. O critério para aquisição de

uma indicação geográfica é sempre geográfico, nesse sentido os herdeiros devem satisfazer os

pressupostos da indicação geográfica para que possam fazer uso da mesma.

No tocante à natureza jurídica do registro das indicações geográficas, o Instituto

Nacional de Propriedade Industrial, através da Resolução 075/2000, determinada que o

registro é meramente declaratório.

Nesse sentido, para Barbosa apudLocatelli (2007, p. 243), “o direito nasce do

Page 9: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

9

conhecimento do local como origem da atividade econômica e não do registro, ainda que este

possa ser requisito quanto aos efeitos das indicações geográficas na via administrativa”.

Isto posto, verifica-se que o instituto das indicações geográficas ainda é novo e pouco

difundido no Brasil, dificultando desta forma algumas definições, bem como sua

concretização.

3.4 – As Indicações Geográficas e o Desenvolvimento Territorial: uma breve abordagem

O debate regional e urbano sempre foi marcado por duas grandes matrizes teóricas,

antagônicas e com distintas concepções sobre a natureza do território. Aquela que vê o

espaço, estaticamente, sem textura ou entorno. Neste caso os espaços são meros recipientes ou

plataformas a propagandearem suas vantagens comparativas e a disputarem as inversões de

capital. E aquela que vê o espaço, dinamicamente, como construção social, como produto de

conflitos e disputas em torno do espaço construído pela ação das classes sociais em seu

processo de reprodução histórica (BRANDÃO, 2004).

Em relação ao desenvolvimento territorial5 é importante reforçar que a noção de

território vai muito além da questão geográfica. Nela insere-se, por exemplo, os atores e as

relações institucionais que os inter-relacionam. Como destaca Carriàre e Cazella (2006 p.33),

os territórios são realidades em movimento, nas quais imperam as relações sociais. A noção

de território designa aqui o resultado da confrontação dos espaços individuais dos atores nas

suas dimensões econômicas, socioculturais e ambientais.

Os territórios são resultados da maneira como as sociedades se organizam para usar os

sistemas naturais em que se apóia sua reprodução, o que abre um interessante campo de

cooperação entre ciências sociais e naturais no conhecimento desta relação (ABRAMOVAY,

2010 p.30).

Para Becker e Santos (2007), o território tem que ser entendido como o território usado.

Não o território em si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o

sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho, o

lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida.

Jean (2010) defende que o conceito de desenvolvimento territorial6 rompe com uma

5 O tema também é tratado por Andion (2010), embora com um enfoque específico no meio rural.

6 Nessa discussão emerge também o conceito de desenvolvimento territorial solidário que, de acordo com Jean

Page 10: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

10

tradição mais antiga de estudos sobre o desenvolvimento regional e não dispõe ainda de um

arcabouço doutrinário ou de teorias já estabilizadas. Articula duas noções: desenvolvimento e

o território. O território não se define por sua escala, e sim pelo modo de organizaçãoe pela

maneira segundo a qual os atores constitutivos dos territórios conseguem coordenar suas

ações7. Pecqueurapud Jean (2010) destaca que o território é antes de tudo uma construção de

atores sociais visando resolver um dado problema produtivo.

A noção de território abre caminho para um avanço notável no estudo do próprio

desenvolvimento já que sugere uma ênfase na maneira como os diversos atores (privados,

públicos e associativos) relacionam-se no plano local. Para o autor, o processo de

desenvolvimento é o resultado da forma específica como são usados os fatores materiais e

imateriais disponíveis, com base nestas relações (ABRAMOVAY, 2010).

Neste contexto, emergiram recentemente importantes discussões voltadas as

contribuições que as indicações geográficas poderiam oferecer ao desenvolvimento territorial.

As indicações geográficas são muito comuns na Europa8, principalmente as originárias de

espaços rurais, e ainda pouco implementadas no Brasil e na América do Sul. Portanto,

poderiam tornar-se uma alternativa importante para dinamizar o desenvolvimento no

território.

Podem ser entendidas como uma possibilidade de agregação de valor a produtos ou

serviços que tem características próprias relacionadas ao território ao qual estão inseridas.

Essa agregação de valor pode representar um aumento na renda dos produtores envolvidos,

seja através do aumento no preço dos produtos oferecidos ou na conquista de novos

mercados. Representam também uma valorização das tradições locais associadas ao

fortalecimento de uma identidade cultural própria.

Nesta mesma esteira de pensamento, Dullius (2009) reforça que as indicações

geográficas valorizam o território e constituem-se em uma importante estratégia de agregação

de valor aos produtos locais, possibilitando maior competitividade. Alem disso, por estarem

pautadas nos saberes, modo de ser e de fazer local, servem de apoio para a preservação do

patrimônio material e imaterial. Também representam uma importante ferramenta para o

desenvolvimento territorial, pois permitem que os territórios promovam seus produtos através

(2010 p. 60), repousa no reconhecimento dos direitos das comunidades rurais de se desenvolver valorizando os

recursos disponíveis em seu território. 7 Para Abramovay (2010) a sociologia econômica contemporânea pode oferecer ferramentas especialmente

importantes para o estudo da ligação entre territórios e as forças sociais que os compõem. 8 Em Portugal são chamadas de Denominação de Origem Controlada (DOC), na Itália Denominazionedi Origine

Controllata (DOC) e na Espanha Denominación de Origen (DO).

Page 11: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

11

da autenticidade da produção ou peculiaridades ligadas a sua história, cultura ou tradição,

estabelecendo o direito reservado aos produtores estabelecidos no referido território.

Caldas, Cerqueira e Perin (2005) que aproximam a ideia de indicação geográfica com a

de arranjos produtivos locais9, onde as duas podem ser consideradas como estratégias de

desenvolvimento local, destacam que as indicações geográficas, embora ainda em fase

embrionária no Brasil, podem ser entendidas como uma qualificação para o desenvolvimento

do arranjo produtivo, por incluir em seus critérios, físicos, sociais e subjetivos, as

características essenciais de uma nova forma de olhar o território.

Na Europa o instituto das indicações geográficas é antigo e difundido em muitos

produtos, como o mármore da região de Carrara e o presunto de Parma, na Itália, ou os

queijos da região de Roquefort na França, a massa de pão de Toledo na Espanha e milhares de

outros. Na América do Sul destaca-se o café da Colômbia, o pisco no Chile e Peru e na

América Central os charutos cubanos. Embora seja um instituto muito difundido em diversos

países, no Brasil ainda que a legislação estabeleça o reconhecimento de indicações

geográficas para produtos e serviços, as iniciativas são incipientes, porém, representativas.

Atualmente o Brasil conta com vinte e oito indicações geográficas reconhecidas

peloInstituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, com destaque para: o café da região

do Cerrado Mineiro, o vinho tinto, branco e espumante do Vale dos Vinhedos (RS), a carne

bovina e seus derivados do Pampa Gaúcho e da Campanha Meridional (RS), arroz irrigado do

Litoral Norte Gaúcho e uvas de mesa e manga do Vale do Submédio São Francisco.

Recentemente o Estado de Santa Catarina obteve o reconhecimento da primeira

indicação geográfica. Trata-se dos Vale da Uva Goethe10 que recebeu o registro devido a

qualidade, tipicidade e identidade do vinho da uva goethe na região de Urussanga. Graças às

características relacionadas à sua colonização, Santa Catarina11 tem grande potencial para

9 Os Arranjos Produtivos Locais (APLs), podem ser entendidos como uma nova forma de organização da

produção local, na qual abandona-se a idéia de trabalhar isoladamente e passa-se a trabalhar de forma integrada.

É uma oportunidade principalmente para que pequenas e micro empresas possam participarde um mercado, cada

vez mais globalizado e exigente, gerando renda e trabalho para a população local. Para Sachs (2003), nos

sistemas organizados em APLs pode-se observar sinergias altamente benéficasentre empreendedores de uma

mesma atividade. O fato de competirem entre si não exclui iniciativas e ações compartilhadas, voltadas a

soluções de problemas comuns, ao aprimoramento da infra-estrutura e da rede de serviços locais, à atuação

conjunta nos mercados para compra e vendas compartilhadas, à negociação com poderes públicos locais e

nacionais. 10

O site da PROGOETHE: http://www.progoethe.com.br/,pode dar uma idéia da importância da conquista da

IG do Vale da Uva Goethe para o município de Urussanga e para toda a região. 11

O Sebrae atualmente está desenvolvendo um mapeamento das potencialidades em todo o Estado. Algumas

iniciativas estão em discussão como, por exemplo: ostras em Florianópolis, queijo serrano na região de Lages,

embutidos no Oeste, Erva Mate na região Norte do Estado, Vinhos na região de São Joaquim e CervejaArtesanal

Page 12: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

12

oreconhecimentode indicações geográficas em praticamente todas as regiões do Estado.

Outro fator importante a ser destacado refere-se às atividades complementares que

podem surgir após a conquista de uma indicação geográfica. Um exemplo são as atividades

voltadas ao turismo no espaço rural como pode ser muito bem observado no Vale dos

Vinhedos12que estruturou roteiros pelas vinícolas (roteiro enológico, gastronômico e cultural)

aumentando significativamente o fluxo de turistas na região e complementando a renda dos

produtores, principalmente das pequenas vinícolas.

4 - A INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DOS VALESDA UVA GOETHE

A região de Urussanga se localiza no sul do Estado de Santa Catarina, formada por

vários municípios que compartilham história e cultura: Urussanga, Pedras Grandes, Cocal do

Sul, Siderópolis, Treviso, Morro da Fumaça, Nova Veneza e Içara. Esta região se caracteriza

pela presença de vales e é banhada por três principais rios: o urussanga, o tubarão e o

azambuja. A região começou a ser colonizada em meados de 1878, por imigrantes italianos,

em sua maioria oriundos da região do Vêneto na Itália, que mantiveram a cultura e a tradição

da produção da uva e do vinho (VARGAS, 2008).

Em relação ao desenvolvimento da vitivinicultura da região, destaca-se que as “videiras

foram plantadas logo no inicio da colonização e trazidas da Itália nos navios, cobertas com

musgos para sobreviver à viagem”(REBOLLAR et. al, 2007, pag. 18).

Vettorettiapud Vargas (2008, p. 68), reforça que “as primeiras videiras cultivadas na

região foram plantadas no Vale do Rio Carvão, e logo em seguida outras foram plantadas em

Rancho dos Bugres por outras famílias”. Segundo o autor, a produção de vinho era

desenvolvida por praticamente todas as famílias das colônias de Azambuja e Urussanga para

o consumo próprio, cuja produção, juntas, já alcançava cerca de 22.000 litros de vinho.

Ainda, segundo Vargas (2008, p. 68):

Dentre as variedades de uvas que foram implantadas na região, sejam elas européias, híbridas ou

americanas, a Goethe merece destaque. Embora esta variedade seja uma híbrida, ela é resultado de

alguns cruzamentos, sendo a maioria das plantas selecionadas para tal da espécie Vitisvinifera.

Além de ter apresentado boas adaptações às condições da região, o vinho elaborado a partir dela

apresenta características peculiares que a diferenciam dos outros vinhos ali produzidos, sendo

apreciado pela população e marcando fortemente a sua história.

e Cristais no Vale do Itajaí. 12

Para entender a importância da indicação geográficano desenvolvimento da região do Vale dos Vinhedos,

verificar: http://www.valedosvinhedos.com.br/

Page 13: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

13

Corroborando e reforçando as afirmações do autor, Vieira, Vatanabe e Bruch (2012)

destacam que esse território, localizado entre o mar e as montanhas, apresenta um diferencial

de gradientes térmicos: altas temperaturas no verão e massas de ar frio que vêm do planalto

com temperaturas negativas no inverno. A variedade Goethe se adaptou a região, onde os

solos são ricos em enxofre, elemento decisivo para o desenvolvimento da variedade.

Salienta-se ainda, outros aspectos importantes da uva goethe, apresentados por

Rebollaret et al, apud Vargas (2008, p. 71):

As plantações de uvas Goethe que se espalharam por toda a região, o aroma das videiras floridas e,

mais tarde, dos frutos maduros, além da grande extensão dos parreirais, presentes até mesmo em

áreas centrais que hoje estão plenamente urbanizadas, como a Praça Anita Garibaldi, são uma

imagem viva nas memórias da comunidade. A Goethe se tornou a uva mais típica, apresentando

características específicas que a diferenciam das demais variedades cultivadas na região.

Em relação à produção de vinho a partir da uva goethe, importante salientar relatos

apresentados porRebollar et. al ( 2007, pag. 29):

A produção comercial de vinhos de uva Goethe foi sendo ampliada desde sua instalação. Varias

vinícolas se estabeleceram, como as vinícolas Caruso MAcDonald, com o vinho Urú e Urussanga;

Lorenzo Cadorin, com o vinho Cadorin; VictórioBezBatti, com o vinho Samos, chamado depois

de Santé; AntonioFerraro, com o vinho Salute, e DomênicoFontanella, com o vinho Rosa, em

homenagem às suas respectivas esposas; Silvio Ferraro, filho de Antonio, com o vinho Piemonte;

Pietro Trevisol, com o Trevisol; Pietro Damian, com Lacrima Christi; Ernesto Bettiol, com o

vinho Cometa, além dos vinhos Primaz e Lótus produzidos na vinícola Cadorin, mas engarrafados

e comercializados por GialdinoRosalino Pilo Damian.

Efetuada a caracterização histórica da região que compõe os Vales da Uva Goethe, é o

momento de apresentar e analisar os dados primários. Inicialmente identificou-se que a

preocupação em fortalecer o desenvolvimento territorial da região iniciou ainda em 1993

quando o Sebrae/SC passou a realizar estudos e elaborar planos para o desenvolvimento

turístico da região. Os estudos e a elaboração de estratégias de desenvolvimento estenderam-

se por vários anos e os resultados comprovaram a capacidade e aptidão do território para o

desenvolvimento do enoturismo.

Neste contexto, para fortalecer a vitivinicultura, especialmente a produção de vinhos a

partir da uva goethe, ocorreu em 2005 a fundação da PROGOETHE – Associação dos

Produtores de Uva e do Vinho Goethe da Região de Urussanga. O objetivo da associação foi

promover a união dos produtores de uva e do vinho goethe para fortalecer a imagem do

produto no cenário nacional e internacional.

Entre os objetivos da associação destacam-se: a) a promoção da pesquisa e

dodesenvolvimento da vitivinicultura na região; b) a constituição, acompanhamento e

Page 14: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

14

promoção de um programa de certificação de origem; c) atuação através da celebração de

parcerias com universidades regionais, estaduais, federais e demais instituições nacionais e

internacionais; d) promover a participação me eventos nacionais e internacionais; e) promover

capacitações, treinamentos e consultorias sobre vitivinicultura; f) promover o ensino e a

extensão sobre vitivinicultura; g) promover e executar o comércio de produtos da uva e do

vinho Goethe; h) promover a integração entre produtores, vinícolas e consumidores e i)

promover o turismo enogastronômico.

Desta formação, resultou também a criação do Estatuto da Associação dos Produtores

de Uva e Vinho Goethe da Região de Urussanga, conforme se verifica em seu artigo abaixo

citado:

Artigo lº. - Sob a denominação da Associação de PRODUTORES DA UVA E DO VINHO

GOETHE, abreviada PROGOETHE, fica constituída esta entidade de direito privado, distinta

juridicamente de seus membros, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, de âmbito da

região compreendida pelos municípios de URUSSANGA, PEDRAS GRANDES, MORRO DA

FUMAÇA, COCAL DO SUL, TREZE DE MAIO, ORLEANS, NOVA VENEZA, IÇARA, com

sede e foro na cidade de Urussanga, no Estado de Santa Catarina.

Parágrafo único – Compreende - se como PRODUTORES DA UVA E DO VINHO GOETHE,

todos os envolvidos com a atividade da vitivinicultura ou cadeia produtiva da uva e do vinho

Goethe e da enogastronomia, compondo-se assim o grupo denominado como Produtores da Uva e

do Vinho Goethe da Região.

É importante destacar que durante o processo de formação da PROGOETHE algumas

dificuldades foram encontradas. Inicialmente alguns órgãos de apoio local e regional que

estiveram envolvidos no processo de formação da mencionada associação não transmitiam a

credibilidade necessária para os produtores de vinho, pois inexistia engajamento entre seus

profissionais e os produtores. Outra dificuldade encontrada foi à incerteza da real intenção das

instituições proponentes com relação à aplicação dos recursos financeiros conquistados, ou

seja, se estes recursos seriam realmente repassados à comunidade interessada.

Além disso, outra questão importante a ser superada naquele momento, e que persiste

até hoje, é a dificuldade em garantir a participação e engajamento dos produtores de uva e

vinho goethe nas reuniões da associação e nos eventos realizados na região. Em parte, essa

dificuldade pode ser entendida em razão de que os produtores exercem funções em suas

empresas e também em suas propriedades rurais. A sobrecarga de trabalho existente nas

vinícolas familiares pode ser explicada pela dificuldade financeira em contratar mão-de-

obra,ocasionada, principalmente pela elevada carga tributária imposta às pequenas vinícolas.

Page 15: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

15

Com a implantação da PROGOETHE, os esforços seguintes foram direcionados para a

obtenção do reconhecimento da indicação geográfica dos Vales da Uva Goethe. O primeiro

passo foi a construção de um arranjo institucional13 envolvendo Sebrae/SC, Epagri, Governo

do Estado de Santa Catarina, Prefeitura Municipal de Urussanga e UFSC. A formação deste

arranjo, de certa forma, auxiliou na superação das dificuldades relatadas acima quando da

criação da PROGOETHE, principalmente no resgate da credibilidade de algumas organizações

envolvidas.

O processo de reconhecimento da indicação geográfica também enfrentou dificuldades,

principalmente relacionadas a questões financeiras. Era necessário empregar recursos

financeiros para contratação de mão-de-obra especializada, elaboração de projetos de

rastreabilidade, aquisição de novas tecnologias produtivas para as vinícolas, entre outros

gastos que não poderiam ser absorvidos diretamente pelas vinícolas num momento onde seus

vinhos apresentavam baixa competitividade frente ao mercado. Além disso, de acordo com a

entrevistada, os produtores não compreendiam o longo tempo necessário para obtenção da

indicação geográfica e muitos não acreditavam na sua obtenção, tornando assim, a união dos

interessados, fraca e vulnerável.

No entanto, estas dificuldades começaram a ser superadas no momento em que a Prefeitura

Municipal de Urussanga ofereceu uma sede e recursos humanos focados na assistência à

PROGOETHE, agendando reuniões e dando suporte as necessidades da entidade. Outro fator

determinante foi o especial engajamento de duas vinícolas (Urussanga e Mazon) que destacaram-se

nas atividades relacionadas a busca da indicação geográfica, acreditando e apoiando com ênfase o

projeto.

A partir do apoio da Prefeitura Municipal, a articulação da PROGOETHE com as

demais entidades do arranjo institucional foi facilitada e a parceria entre estas entidades,

incluindo no final do processo a participação do MAPA14, culminou com a conquista da

indicação geográfica para vinhos de uva goethe concedida pelo INPI em 16/11/201115.

O caso dos Vales da Uva Goethe demonstra claramente a importância da construção de

parcerias com entidades públicas e privadas em busca de um objetivo comum. E, mais do que

isso, demonstra a importância da estruturação de um arranjo institucional eficiente e

13

Os Arranjos Institucionais compõe um conjunto de inter-relações de entidades e de normas legislativas que

tem a finalidade de organizar (elaborar e implementar) planos ou ações, cujos objetivos são de interesse público.

Esta etapa inicia-se pela determinação de uma organização líder que compõe o arranjo de um determinado local

(SAMPAIO, 2000). 14

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 15

RPI 2132 de 16/11/2011 – Despacho da Diretoria de Contatos, Indicações Geográficas e Registros – DICIG –

Indicação Geográfica: Cód. 373 – Pedido n201009 ( PROGOETHE, 2012)

Page 16: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

16

articulado envolvendo todas as entidades participantes.

Como destaca a entrevistada:

Não fosse pela Prefeitura Municipal de Urussanga ter efetivado o convenio com a Estrada de Ferro

Tereza Cristina para instalar a sede da PROGOETHE e efetuar a manutenção da mesma com

estrutura física, equipamentos, material de consumo e estagiários além a gestão do turismo

compartilhada, não existiria mais associação, pois falta recursos para a gestão.

Finalmente, a pesquisa buscou identificar, mesmo que superficialmente, os impactos

positivos gerados pelo reconhecimento da indicação geográfica na região. É possível observar

algumas vantagens econômicas importantes. A primeira refere-se à agregação de valor aos

produtos. Em alguns casos a garrafa de vinho goethe que antes do reconhecimento era

comercializada por cerca de R$ 6,00 (seis reais), agora, após o reconhecimento, é

comercializada em media por R$ 18,00 (dezoito reais). O segundo reflexo importante refere-

se ao acesso a novos mercados consumidores. O reconhecimento do vinho goethe auxiliou as

vinícolas a comercializarem seus produtos nas gôndolas de importantes redes de

supermercados na região.

Além disso, outras importantes vantagens estão sendo potencializadas. O próprio

aumento no consumo do vinho produzido na região pode ser observado entre consumidores

locais e regionais, que o adquirem nos restaurantes e nas próprias vinícolas. Outro ponto

importante é a possibilidade de desenvolver atividades complementares a vitivinicultura

como, por exemplo, o turismo rural. Neste sentido, a região prepara-se para elaborar um plano

de desenvolvimento da atividade turística no espaço rural de maneira integrada com todos os

municípios da região, contribuindo para o desenvolvimento territorial destes municípios.

Os desdobramentos da experiência em questão corroboram com Velloso (2008, p. 46),

quando destaca que:

Embora as indicações geográficas não tenham sido concebidas para promover o desenvolvimento

territorial, elas podem servir como ferramenta para tal. Para que esta premissa se torne fato, no

entanto, estratégias e projetos para o território se fazem necessários. Neste caso, a participação dos

atores do território é imprescindível para chegar a seus fins. É preciso que os atores mobilizem, se

apropriem e utilizem diferentes conhecimentos e se apóiem sobre valores também diferenciados.

O reconhecimento da indicação geográfica pode promover ainda a entrada de novos

vitivinicultores, o surgimento de novos produtos, o desenvolvimento de um turismo de

qualidade, uma melhor arrecadação de renda e o desenvolvimento dos demais segmentos

envolvidos com o produto ou serviço. E ainda tende a agregar valor ao produto objeto da

Page 17: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

17

indicação geográfica (VELLOSO, p.20).

Finalmente, e não menos importante, os produtos que carregam a certificação da

indicação geográfica trazem consigo uma carga cultural, enraizada nas tradições da região,

preservando desta maneira a identidade do local e valorizando o território.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme proposto na introdução, o objeto deste artigo constituiu-se no estudo do

instituto das indicações geográficas, previsto na Lei 9.279/96, identificando-se como esse

mecanismo se desenvolveu ou vem se desenvolvendo no Brasil. Para tanto, foram analisados

os principais requisitos determinados pela Lei 9.279/96, bem como os requisitos para o

registro estabelecidos pela Resolução 075/2000 do Instituto Nacional de Propriedade

Industrial. Dentre eles, a titularidade para requerer a indicação geográfica e a natureza jurídica

deste instituto.

Em relação à questão prática, buscou-se verificar as possíveis contribuições que o

reconhecimento de uma indicação geográfica poderia oferecer para o fortalecimento do

desenvolvimento territorial. Para tanto, utilizou-se como análise a experiência dos Vales da

Uva Goethe, da região de Urussanga – SC, primeira e única indicação geográfica reconhecida

no Estado de Santa Catarina.

Foi possível observar que, embora o processo de obtenção de uma indicação geográfica

apresente muitos desafios a serem superados, principalmente relacionados a dificuldades

financeiras e de organização das entidades representativas, as IGs podem contribuir para o

fortalecimento do desenvolvimento territorial.

Os principais benefícios relacionam-se a aspectos econômicos como a agregação de

valor aos produtos e serviços, aumento na demanda e acesso a novos mercados. No entanto, é

possível identificar também contribuições significativas no aspecto cultural, em razão de que

as IGs estimulam a manutenção das tradições e do modo de fazer peculiar de um determinado

território, preservando sua identidade local.

Em relação aos principais desafios, entende-se que o ponto nevrálgico para a superação

destes desafios é a construção de um eficiente arranjo institucional, articulando instituições

públicas e privadas, em busca de um objetivo comum. Isto pode ser muito bem observado na

experiência dos Vales da Uva Goenthe. Nesta experiência, as parcerias, e principalmente a

articulação construída entre as várias organizações envolvidas foram fundamentais para a

Page 18: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

18

conquista e, neste momento, para a manutenção da Indicação Geográfica, que consiste em

outro grande desafio.

Por fim, espera-se ter demonstrado que o instituto das indicações geográficas pode atuar

como instrumento de valorização econômica, das tradições e da cultura de cada região,

podendo ainda, ser forte instrumento de desenvolvimento regional, facilitando a inserção de

pequenos produtores no mercado, cada vez mais globalizado e excludente.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABRAMOVAY, R. Para uma teoria dos estudos territoriais.In. VIEIRA, P. F. et al.

Desenvolvimento Territorial Sustentável no Brasil. Florianópolis: APED: SECCO, 2010.

ANDION, C. Atuação das organizações não governamentais (ONGS) nas dinâmicas de

desenvolvimento no meio rural de Santa Catarina. In. VIEIRA, P. F. et al.

Desenvolvimento Territorial Sustentável no Brasil: subsídios para uma política de fomento.

Florianópolis: APED: SECCO, 2010.

APROVALE – Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos.

Disponível www.valedosvinhedos.com.br. Acesso em 23 jun de 2012.

BARBOSA, D. B. Indicações geográficas. 2003. Disponível

em:<http://urbal.caxias.rs.gov.br/_upload/artigo_23.%20Barbosa.pdf>. Acesso em: 5 mar.

2012.

BECKER, B. K., SANTOS, M. Território, territórios, ensaios sobre o

ordenamentoterritorial. São Paulo: Lamparina, 2007.

BRANDÃO, C. A.. Teorias, estratégias e políticas regionais e urbanas recentes:

anotações para uma agenda do desenvolvimento territorializado. Revista Paranaense de

Desenvolvimento, Curitiba, n.107 Jul/Dez. 2004.

BRASIL. Lei nº. 9.279, de 14 de maio de 1996.Regula direitos e obrigações relativos à

propriedade industrial. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm Acesso em: mar. 2012.

Page 19: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

19

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Curso de propriedade

intelectual e inovação no agronegócio: Módulo II, indicação geográfica / Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento; organização Claire Marie Cerdan, Kelly

LissandraBruch e Aparecido Lima da Silva. 2. ed. Brasília: MAPA; Florianópolis:

SEaD/UFSC/FAPEU, 2010.

CALDAS, A. S.; CERQUEIRA, P. S.& PERIN, T. F. Mais Além dos Arranjos Produtivos

Locais: as indicações geográficas protegidas como unidades de desenvolvimento local.

RDE – Revista de Desenvolvimento Econômico, ano VII, n 11, Salvador – BA, Janeiro de

2005.

CARRIÉRE, J.-P.; CAZELLA, A. A. Abordagem introdutória ao conceito de

desenvolvimento territorial. EISFORIA, Florianópolis, V, 04 p. 23-47, Dez. 2006.

CORRÊA, G. B.A proteção legal das indicações geográficas. Disponível em:

<http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2006_1/gustav

o. pdf> Acesso em: mai. 2012.

DULLIUS, P. R.Indicações geográficas e desenvolvimento territorial: as experiências do

Rio Grande do Sul. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Extensão Rural da Universidade de santa Maria. Santa Maria –RS. 2009.

FALCÃO, T. F.A indicação geográfica de vinhos finos segundo a percepção de confrades

brasileiros. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/13125> Acesso em:

abr. 2012.

INPI. Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Resolução n. 075 de 28 de novembro de

2000. Estabelece as condições para o registro das indicações geográficas. Disponível em:

<http://www.inpi.gov.br/images/stories/ResolucaoIG.pdf> Acesso em: mar. 2012.

INPI. Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Indicações Geográficas Reconhecidas.

Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/images/stories/downloads/indicacao_geografica/

LISTA_COM_AS_INDICACOES_GEOGRAFICAS_RECONHECIDAS_29-05-2.pdf> .

Page 20: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

20

Acesso em:maio 2012.

JEAN, B. Do desenvolvimento Regional ao desenvolvimento territorial sustentável: rumo

a um desenvolvimento territorial solidário para um bom desenvolvimento dos territórios

rurais. In. VIEIRA, P. F. et al. Desenvolvimento Territorial Sustentável no Brasil.

Florianópolis: APED: SECCO, 2010.

LOCATELLI, L. Indicações Geográficas:a proteção jurídica sob a perspectiva do

desenvolvimento econômico. Curitiba: Juruá, 2007.

LOCATELLI, L.; GASTMANN, G. S.Propriedade intelectual: da proteção jurídica ao

desenvolvimento econômico. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI. 2009.

MINAYO, M. C. S. [org.]. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 24.ed.,

Petrópolis:Vozes, 1994.

PROGOETHE –Associação dos Produtores da uva e do Vinho Goethe de Urussanga/SC.

Disponível em www.progoethe.com.br. Acesso em 04 jun 2012.

PIERSON, D. Teoria e pesquisa em sociologia. 18 ed., São Paulo: Melhoramentos, 1981.

REBOLLAR, P. M.; VELLOSO, C. Q.; ERN, R.; VIEIRA, H. J. ; SILVA, A. L. Vales da

Uva Goethe. Urussanga: Ed. PROGOETHE, 2007.

SACHS, I.Inclusão social pelo trabalho– Desenvolvimento humano, trabalho descente e o

futuro dos empreendedores de pequeno porte. Rio de Janeiro: Gramond. 2003.

SAMPAIO, C. A. C. SiGOS – Modelo de Gestão Organizacional Estratégica para o

Desenvolvimento Sustentável. Revista de Estudos Ambientais. v. 2, n. 1. jan. / abr. 2000.

VARGAS, I. C. Indicações Geográficas no Brasil: Possibilidades para os produtores

inseridos na área de proteção ambiental de Ibirapuitã – RS. Santa Maria, 2008.

VELLOSO, C. Q. Indicação geográfica e desenvolvimento territorial sustentável:a

atuação dos atores sociais nas dinâmicas de desenvolvimento territorial a partir da

ligação do produto ao território(Um estudo de caso em Urussanga, SC). Florianópolis,

Page 21: AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: UMA ANÁLISE ...rea 8 Econ Reg... · O instituto das indicações geográficas é um elemento de identificação de produtos

21

2008.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 8 ed., São Paulo:

Atlas, 2007.

VIEIRA, A. C. P.; WATANABE, M.; BRUCH, K. L. Perspectives vitiviniculture

development in view of the recognition of geographical indication Vales da Uva

Goethe.Revista Geitec. Vol. 2 n. 4 p. 327 – 343. Edição especial: indicação Geográfica. 2012.