28
1. INTRODUÇÃO Uma conceituação bastante abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. Entretanto, o mercado financeiro pode ser considerado como elemento dinâmico no processo de crescimento econômico, uma vez que permite a elevação das taxas de poupança e investimento. O Sistema Financeiro Nacional é composto de Instituições responsáveis pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação de valores e pela regulação deste processo. O Conselho Monetário Nacional - CMN, seu organismo maior, presidido pelo ministro da Fazenda, é quem define as diretrizes de atuação do sistema. Diretamente ligados a ele estão o Banco Central do Brasil, que atua como seu órgão executivo e a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, que responde pela regulamentação e fomento do mercado de valores mobiliários (de bolsa e de balcão). As instituições não financeiras São aquelas que se enquadram no Sistema Financeiro Nacional, porém com objetivo comercial e sem produção de moeda. 5

As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Instituições Financeiras e Mercados de Capitais

Citation preview

Page 1: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

1. INTRODUÇÃO

Uma conceituação bastante abrangente de sistema financeiro poderia

ser a de um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao

trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de

recursos entre poupadores e investidores. Entretanto, o mercado financeiro

pode ser considerado como elemento dinâmico no processo de crescimento

econômico, uma vez que permite a elevação das taxas de poupança e

investimento. O Sistema Financeiro Nacional é composto de Instituições

responsáveis pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e

circulação de valores e pela regulação deste processo. O Conselho Monetário

Nacional - CMN, seu organismo maior, presidido pelo ministro da Fazenda, é

quem define as diretrizes de atuação do sistema. Diretamente ligados a ele

estão o Banco Central do Brasil, que atua como seu órgão executivo e a

Comissão de Valores Mobiliários - CVM, que responde pela regulamentação e

fomento do mercado de valores mobiliários (de bolsa e de balcão). As

instituições não financeiras São aquelas que se enquadram no Sistema

Financeiro Nacional, porém com objetivo comercial e sem produção de moeda.

5

Page 2: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

2. INSTITUIÇÕES NÃO FINANCEIRAS

O sistema financeiro nacional é constituído por um subsistema normativo

e por outro operativo. O subsistema normativo regula e controla o subsistema

operativo. Essa regulação e controle são exercidos através de normas legais,

expedidas pela autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de crédito levada

a efeito pelos agentes financeiros do governo. O subsistema operativo é

constituído pelas instituições financeiras públicas ou privadas, que atuam no

mercado financeiro.

As Instituições Não Financeiras constituem o quinto grupo do

subsistema de intermediação financeira e é formado pelas sociedades de

fomento comercial e companhias seguradoras. As sociedades de fomento

comercial, também denominadas factoring, são empresas comerciais (não

financeiras) que operam por meio de aquisições de duplicatas, cheques etc. de

forma similar a uma operação de desconto bancário. As companhias

seguradoras estão consideradas no sistema financeiro nacional por terem a

obrigação de aplicar parte de suas reservas técnicas no mercado de capitais.

2.1. Tipos de Instituições não financeiras

2.1.1. Sociedades de Fomento Comercial

As Sociedades de Fomento Comercial são conhecidas como “factoring”,

e operam na venda de um direito de crédito, feita diretamente pelo detentor

deste crédito (o sacador) a uma instituição compradora (o factor). A operação

de Factoring é um mecanismo de fomento mercantil que possibilita à empresa

fomentada vender seus créditos, gerados por suas vendas à prazo, a uma

empresa de Factoring. O resultado disso é o recebimento imediato desses

créditos futuros, o que aumenta seu poder de negociação, por exemplo, nas

compras à vista de matéria-prima, pois a empresa não se descapitaliza. A

Factoring também presta serviços à empresa - cliente, em outras áreas

administrativas, deixando o empresário com mais tempo e recursos para

produzir e vender. A finalidade principal da empresa de Factoring é o fomento

6

Page 3: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

mercantil. Fomentar, assessorar, ajudar o pequeno e médio empresário a

solucionar seus problemas do dia a dia, são as finalidades básicas de uma

Factoring.

2.1.2. Banco é banco. Factoring é Factoring.

Por definição e filosofia, o Factoring não é uma atividade financeira. A

empresa de Factoring não pode fazer captação de recursos de terceiros, nem

intermediar para emprestar estes recursos, como os bancos. O Factoring não

desconta títulos e não faz financiamentos. Na verdade, o Factoring é uma

atividade comercial, pois conjuga a compra de direitos de créditos com a

prestação de serviços. Para isso depende exclusivamente de recursos

próprios. O factoring tem atividades definidas, diferenciadas do sistema

bancário, pelas características de suas atividades e pela natureza dos serviços

prestados. Os serviços prestados pelo factoring são os seguintes:

Consultoria administrativa / financeira, com análise de riscos.

Cobrança de títulos de vendas.

Compra de ativos, oferecendo pagamento imediato.

O factoring complementa a ação dos bancos e demais instituições

financeiras, autorizadas a operar pelo Banco Central. As atividades de ambos

são específicas, diferenciadas e não competitivas.

2.1.3. Amparo Legal do Factoring no Brasil

Legislações:

Cessão de Direitos - Código Civil - art. 1.065 a 1.078;

Compra e Venda Mercantil - Código Comercial - art. 191 a 220;

Código de Ética, Disciplina e Auto-Regulamentação do Factoring

(ANFAC Associação Nacional das Empresas de Fomento Comercial).

7

Page 4: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

2.1.4. Os prós e os contras do factoring

O factoring é utilizado em vários sectores de actividade como um

instrumento de gestão complementar ao crédito bancário, ao leasing ou ao

capital de risco. É particularmente útil para as PME que ainda não têm a sua

situação financeira suficientemente equilibrada para obterem os montantes de

financiamento que carecem junto do sistema bancário ou que preferem

entregar a uma empresa especializada a delicada tarefa da análise e gestão

dos créditos a clientes. Eis as principais vantagens do factoring:

Simplificação administrativa com ganhos de eficiência: A cobrança e

gestão dos créditos cedidos, bem como respectivas despesas de

cobrança são da responsabilidade do factor e efectuadas por pessoal

especializado para o efeito, proporcionando assim economias e uma

maior comodidade para a empresa aderente;

Simplificação ao nível contabilístico: A empresa aderente substitui as

suas diversas contas de clientes por uma única conta corrente que é a

do factor. Contudo, não perde informação relativa ao comportamento

dos seus clientes (cobranças realizadas, créditos em atraso, saldo de

cada cliente, etc.);

Forma de financiamento de curto prazo rápida: O factoring permite

grandes poupanças de tempo. Isso é um factor positivo para a tesouraria

das empresas, na medida em que transforma vendas a prazo em

vendas a dinheiro (pronto pagamento);

Diminuição do risco de crédito a clientes: A factor assume o risco de

não pagamento no caso de falência ou insolvência dos devedores, até

aos limites definidos no contrato, disponibilizando os fundos em qualquer

altura;

Antecipação do pagamento: O aderente pode solicitar o adiantamento

sobre o valor das facturas cedidas quando e no montante que desejar,

eliminando assim a incerteza nos recebimentos.

8

Page 5: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

O factoring não é, no entanto, um instrumento isento de riscos. Eis as

seus principais desvantagens:

Acarreta custos que devem ser ponderados: Segundo a legislação, a

comissão máxima pelo serviço de cobrança sem adiantamento é de 3%

sob o valor da factura;

Risco da utilização limitada: A aderente corre o perigo de se

concentrar excessivamente nos créditos de curto prazo. Este risco é

especial importante quando os créditos de curto prazo têm um valor

mínimo de expressão face aos créditos totais e são unicamente

decorrentes da venda de produtos ou da prestação de serviços;

Outros custos associados: Por exemplo, os adiantamentos realizados

em moeda estrangeira não cobrem os riscos de câmbio.

É aconselhável, ao empresário, realizar uma pesquisa para obtenção do

melhor preço de mercado, junto às empresas de Factoring. Importa ao

empresário, analisar a depreciação relativa aos títulos de difíceis cobranças.

Ausência de Know-How - o Factoring, com suas múltiplas funções é uma

atividade complexa, cumulativa e contínua, para a Micro e Pequena Empresa.

Deve ser fundamentada na experiência e conceito de mercado das empresas

que atuam neste segmento.

Verificar referências junto a: ANFAC, outros clientes Ao cuidar da gestão

financeira e dos negócios do cliente, a empresa de Factoring deve ter: ampla e

profunda experiência de assessoramento, sólidos conhecimentos de mercado,

de gerência financeira, de matemática e de estratégia empresarial.

Riscos na Exportação e Importação: riscos de crédito e de câmbio, riscos

políticos decorrentes de um país instável. A solução é certificar-se de que uma

factoring brasileira atua de ponte, comprando do exportador nacional todos os

direitos (papéis vigentes no mercado) relativos a um negócio. A factoring

estrangeira assume a cobertura dos riscos do importador/comprador, no outro

país e realiza a cobrança para pagar sua similar brasileira.

2.1.5. Quais as obrigações das partes envolvidas

9

Page 6: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Apesar de o factoring não ser apenas um meio de financiamento dos

créditos a curto prazo este aspecto é, no entanto, essencial pois permite ao

aderente programar com rigor a gestão da sua tesouraria. Eis as principais

obrigações do factor:

Gestão e cobrança dos créditos que lhe foram cedidos;

Garantia de risco de crédito no caso de falência ou insolvência dos

devedores;

Adiantamento dos créditos, total ou parcialmente, ao aderente.

Do lado do aderente destacam-se as seguintes obrigações:

Pagamento de uma comissão de cobrança, cujo valor será proporcional

ao valor dos créditos cedidos pelo aderente. Esta se deve aos serviços

de gestão e cobrança de créditos desenvolvidos pelo factor e à garantia

de cobertura de risco. O cálculo da comissão tem por base os seguintes

elementos: montante dos créditos a ceder; número de facturas; número

e qualidade dos devedores; condições de pagamento; risco do crédito e

o tipo de serviços complementares pedidos.

Pagamento de uma taxa de juro devido ao adiantamento realizado pelo

factor. Esses juros são contados dia a dia e estão geralmente indexados

às taxas de referência do sistema bancário.

2.1.6. Quem são os intervenientes no processo

Há três grandes tipos protagonistas num contrato de factoring. Vejamos quais

são e qual o seu papel.

Factor - São bancos ou sociedades de factoring a quem é cedido o

crédito e que, consequentemente, se responsabiliza pela cobrança do

mesmo junto do devedor e procede ao seu adiantamento junto do

aderente. Logo, o factor é simultaneamente um prestador de serviços e

um intermediário financeiro.

Aderente - A empresa fornecedora de bens e serviços que irá ceder o

seu crédito sobre clientes ao factor. No limite, todas as suas contas a

receber por parte dos clientes podem ser suprimidas passando a

aderente a ter uma única conta para gerir: a do factor.

10

Page 7: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Devedor - O cliente do aderente que é responsável pelo pagamento do

crédito em dívida.

2.1.7. Etapas para a realização de um contrato de factoring

O processo de celebração de um contrato de factoring pode ser resumido em

quatro grandes passos:

Apresentação de proposta de adesão: Esta proposta terá de conter

dados económico-financeiros do aderente e uma listagem dos clientes

propostos como devedores (os créditos sobre clientes têm de ter um

valor mínimo de expressão), bem como a respectiva informação relativa

a cada um destes.

Análise e decisão da operação: Apresentada a proposta, a instituição

financeira irá apreciar a cobertura do risco do crédito. Depois de obtidas

as indispensáveis referências sobre a idoneidade e saúde financeira dos

devedores propostos pelo aderente, a factor estabelece as condições de

remuneração, o limite global a atribuir ao aderente e o limite a aceitar

para cada devedor, recusando ainda aqueles sobre os quais não fará o

seguro de crédito. O aderente, por sua vez, passará a notificar cada um

dos devedores de que os créditos foram cedidos a uma sociedade de

factoring.

Contrato de factoring: O contrato de cessão financeira será celebrado

por escrito entre aderente e factor, por um período máximo de um ano

sendo, no entanto, renovável.

Cessão de créditos: A cessão de créditos dá-se a partir do momento

em que a factor toma como seus os créditos apresentados na proposta

de adesão.

2.1.8. Modalidades

No mercado brasileiro o Factoring é mais atuante na modalidade

convencional. Segue abaixo um pequeno resumo das principais modalidades:

Convencional – É a compra dos direitos de créditos das empresas

fomentadas, através de um contrato de fomento mercantil;

11

Page 8: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Maturity – A Factoring passa a administrar as contas a receber da

empresa fomentada, eliminando as preocupações com cobrança;

Trustee – Além da cobrança e da compra de títulos, a Factoring presta

assessoria administrativa e financeira às empresas fomentadas;

Exportação – Nessa modalidade, a exportação é intermediada por duas

empresas de Factoring (uma de cada país envolvido), que garantem a

operacionalidade e liquidação do negócio;

Factoring Matéria-Prima – A Factoring nesse caso transforma-se em

intermediário entre a empresa fomentada e seu fornecedor de matéria-

prima. A Factoring compra à vista o direito futuro deste fornecedor e a

empresa paga à Factoring com o faturamento gerado pela

transformação desta matéria-prima.

2.1.9. Factoring fora do Brasil

As operações de Factoring têm sua origem nos séculos XIV e XV, na

Europa. O factor era um agente mercantil, que vendia mercadorias a terceiros

contra o pagamento de uma comissão. Eram representantes de exportadores

que conheciam muito bem as novas colônias, custodiando as mercadorias e

prestando contas aos seus proprietários. Com o tempo, esses representantes

passaram a antecipar o pagamento das mercadorias aos seus fornecedores,

cobrando posteriormente dos compradores.

Hoje, além dos Estados Unidos, o Factoring é muito praticado e

difundido na Inglaterra, Suécia, Noruega, Holanda, Espanha, Itália, França e

Bélgica. Entre os países da América Latina, fora o Brasil, o Factoring encontra

expressão no México, Colômbia, Peru e Equador.

2.1.10. O que não é Factoring

Não são consideras factoring:

Operações onde o contratante não seja Pessoa Jurídica;

Empréstimo com garantia de linha de telefone, veículos, cheques, etc;

12

Page 9: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Empréstimo via cartão de crédito;

Alienação de bens móveis e imóveis;

Financiamento ao consumo;

Operações privativas das instituições financeiras;

Ausência de contrato de fomento mercantil.

2.2. As Seguradoras

Operam o sistema de seguros do país e são regidas pelo Decreto-Lei nº. 73

de 21/11/66 e suas alterações posteriores. Não estão sujeitas à falência nem

podem impetrar concordata além de não poderem explorar qualquer outro ramo

de comércio ou indústria.

2.2.1. A importância das companhias de seguros na economia

Brasileira

O mercado segurador é um setor com um peso importante na economia

Brasileira. A atividade seguradora oferece aos seus clientes a transferência

para si das eventuais responsabilidades destes, mediante o pagamento de um

prêmio de seguro, valor que deverá permitir a obtenção de resultados de

exploração satisfatórios. Este prêmio deverá também ser suficiente para não

comprometer a assunção de responsabilidades em que a companhia de

seguros de carros poderá vir a incorrer e, numa visão mais alargada, não

deverá comprometer a situação de solvência da empresa.

2.3. As Sociedades de Capitalização

São sociedades mercantis cujo objetivo é fornecer ao público, de acordo

com planos aprovados pelo Governo Federal, a constituição de um capital

mínimo perfeitamente determinado em cada plano. Este capital é pago em

moeda corrente num prazo máximo indicado no mesmo plano, à pessoa que

possuir um título, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas nos

próprios títulos. DL 261, de 28.2.1967. Sociedades de capitalização - são

13

Page 10: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam

contratos (títulos de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de

prestações pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois de cumprido o

prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados corrigidos

por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando

previsto, o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.

2.4. As Administradoras de Cartão

As Administradoras de cartão não são empresas financeiras, e sim

empresas prestadoras de serviços, que fazem a intermediação entre os

portadores de cartões, os estabelecimentos afiliados, as bandeiras (Visa,

Mastercard, etc.) e as instituições financeiras.

2.4.1. Definições e Explicações

Segundo o site do Banco Central do Brasil, Cartão de Crédito é um

serviço de intermediação que permite ao consumidor adquirir bens e serviços

em estabelecimentos comerciais previamente credenciados mediante a

comprovação de sua condição de usuário. Essa comprovação é geralmente

realizada, no ato da aquisição, com a apresentação de cartão ao

estabelecimento comercial. O cartão é emitido pelo prestador do serviço de

intermediação, chamado genericamente de administradora de cartão de

crédito.

O Banco Central menciona em seu site que somente supervisiona as

instituições financeiras e assemelhadas. Assim, não autoriza e nem fiscaliza o

funcionamento das empresas administradoras de cartão de crédito.

E continua explicando: Quando o usuário do cartão de crédito opta por

não pagar total ou parcialmente a fatura mensal, as instituições financeiras são

as únicas que podem conceder financiamento para quitação desse débito junto

a empresa administradora.

É importante esclarecer que as operações realizadas pelas instituições

financeiras, inclusive o financiamento referido aos usuários para o pagamento

da fatura mensal, estão sujeitas à legislação própria e às normas editadas pelo

Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central. Por isso, o Banco Central

14

Page 11: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Adverte: Reclamações sobre cartões de crédito deverão ser encaminhadas à

secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, ou às suas

representações nos Estados (PROCON ou DECON).

2.4.2. Constituição de Administradoras de Cartão de Crédito

Considerando-se que as empresas Administradoras de Cartões de

Crédito não são instituições financeiras e não estão legalmente subordinadas a

quaisquer órgãos públicos, devemos levar em conta a advertência do Banco

Central do Brasil de que deve ser consultada a Secretaria de Direito Econômico

do Ministério da Justiça, ou às suas representações nos Estados (PROCON ou

DECON). Conforme está escrito no site do Banco Central sobre a

Administração de Cartões de Crédito, a mencionada autarquia federal apenas

fiscaliza as instituições financeiras que por acaso sejam também

administradoras de cartões de crédito. No seu site o BACEN explica,

ainda ,que as normas expedidas pelo CMN - Conselho Monetário Nacional e

por ele (Banco Central do Brasil) não se aplicam às demais administradoras de

cartões de crédito, aquelas que não sejam instituições financeiras (Lei

4.595/1964).

Como não existe definição legal, porque não existe legislação que

regulamente a atuação das administradoras de Cartões de Créditos, conforme

foi mostrado no texto intitulado Cartões de Crédito - O Perigo da

Autorregulação, resta aos interessados na constituição de empresas com tal

finalidade entrar em contato com as entidades que exploram as "bandeiras" ou

"marcas" desse tipo de prestação de serviços para seja firmado contrato entre

as partes.

A fiscalização das relações de consumo de que tratam a Lei 8.078/1990,

o Decreto 2.181/1997 e as demais normas de defesa do consumidor será

exercida em todo o território nacional pela SDE - Secretaria de Direito

Econômico do Ministério da Justiça, por meio do DPDC - Departamento de

Proteção e Defesa do Consumidor, pelos órgãos federais integrantes do SNDC

- Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, pelos órgãos conveniados com

a Secretaria e pelos órgãos de proteção e defesa do consumidor criados pelos

15

Page 12: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Estados, Distrito Federal e Municípios, em suas respectivas áreas de atuação e

competência. (artigo 9º do Decreto 2.181/97). A fiscalização de que trata o

Decreto 2.181/97 será efetuada por agentes fiscais, oficialmente designados,

vinculados aos respectivos órgãos de proteção e defesa do consumidor, no

âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, devidamente

credenciados mediante Cédula de Identificação Fiscal, admitida a delegação

mediante convênio. (artigo 10 do Decreto 2.181/97). Sem exclusão da

responsabilidade dos órgãos que compõem o SNDC - Sistema Nacional de

Defesa do Consumidor, os agentes fiscais responderão pelos atos que

praticarem quando investidos da ação fiscalizadora. (artigo 11 do Decreto

2.181/97).

Ainda segundo o Decreto 2.181/97, no inciso XX de seu artigo 13, serão

consideradas ... práticas infrativas, na forma dos dispositivos da Lei 8.078/90,

deixar, em contratos que envolvam vendas a prazo ou com cartão de crédito,

de informar por escrito ao consumidor, prévia e adequadamente, inclusive nas

comunicações publicitárias, o preço do produto ou do serviço em moeda

corrente nacional, o montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de

juros, os acréscimos legal e contratualmente previstos, o número e a

periodicidade das prestações e, com igual destaque, a soma total a pagar, com

ou sem financiamento.

2.4.3. Funcionamento da concessão de cartão de crédito

O contrato de cartão de crédito, forma atípica de contratação que

envolve o fornecedor do bem adquirido, o titular do cartão e a administradora

da operação, consiste na pré-aprovação de uma linha de crédito concedida

pela administradora ao aderente do sistema, que se utiliza desta linha na

aquisição de bens e serviços. O aderente compra o bem e paga,

posteriormente, na fatura que a administradora lhe envia, cuja data de

vencimento mensal é definido por ambos os contratantes. Ou, pelo menos,

deveria ser.

Vencida a fatura, pode o aderente optar entre o pagamento total das

compras efetuadas no trintídio anterior ou financiar parte do débito, gerando

16

Page 13: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

dívida para o próximo mês. Quando o consumidor opta por parcelar o débito,

as administradoras de cartões de crédito utilizam-se das prerrogativas

contratuais, que consistem em cláusulas pré-impressas, de difícil compreensão

ao homem médio, e de caráter nitidamente protestativo e buscam junto aos

bancos e demais instituições financeiras, recursos suficientes para quitar a

compra junto ao fornecedor do bem adquirido.

Tal prática, no entanto, gera para o consumidor a assunção de

"encargos financeiros" que são cobrados na próxima fatura, e são decorrentes

deste aporte de capital que a administradora fizera, em nome do aderente do

sistema de cartões de crédito. O consumidor, por sua vez, recebe a fatura no

mês posterior ao parcelamento do débito e verifica a incidência dos encargos

decorrentes da contratação feita pela administradora junto ao mercado

financeiro. Muitas vezes, com encargos financeiros decorrentes da contratação

relativa ao aporte financeiro, que nada são além de juros, de 8, 10 e 12% ao

mês. Em resumo, é desta forma que as administradoras procedem.

A posição do Banco Central, é claríssima, a respeito da natureza jurídica

das administradoras, tem ainda a questão lógica que emana da descrição das

operações, tal como feito anteriormente: Se fossem instituições financeiras,

não precisariam socorrer-se no mercado financeiro para cobrir os débitos

parcelados feitos pelos aderentes dos cartões. Assim, não nos parece haver

alternativa: as administradoras de cartões de crédito não são consideradas

instituições financeiras, sendo que sua natureza jurídica é a de prestação de

serviços, de modo que estão submetidas aos limites impostos pela lei de usura

quanto aos juros e encargos cobrados de seus associados.

A rigor, alguns contratos confessam exatamente o sustentado antes, eis

que estipulam, em cláusula leonina, que "o associado outorgará mandato

especial à administradora para que esta represente o outorgante junto a toda e

qualquer instituição financeira" para obter, em nome do outorgante,

financiamento para cobrir o saldo devedor da fatura do cartão.

2.5. Administradoras de Consórcios

17

Page 14: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

A atividade de consórcio é uma invenção brasileira, hoje difundida no

mundo inteiro. Diversos são os instrumentos legais de regulamentação da

atividade. A Circular nº. 3.070 e seus regulamentos estabelecem as regras e

condições para a concessão de autorização para administrar grupos de

consórcios e outros aspectos societários relacionados ao assunto.

  As administradoras de consórcio são empresas responsáveis pela

formação e administração de grupos de consórcio, atuando como mandatárias

de seus interesses e direitos. O grupo de consórcio é uma sociedade não

personificada, com prazo de duração e número de cotas previamente

determinados, e que visa à coleta de poupança para permitir aos consorciados

a aquisição de bens ou serviços.

2.5.1. Regulamentações sobre Administradoras de Consórcios

As atividades do sistema de consórcio são reguladas pela Lei nº 11.795,

de 08 de outubro de 2008, bem como pela Circular nº 3.432, de 03 de fevereiro

de 2009, e supervisionadas pelo Banco Central.

A nova lei trouxe maior segurança para consorciados e administradoras

de consórcio ao definir que os interesses do grupo prevalecem sobre os

interesses de um consorciado. A lei ainda descreve os conceitos básicos para

o sistema de consórcio, exigir a separação de recursos e de patrimônio da

administradora e dos grupos e estabelecer as regras para a responsabilização

e punição dos administradores dessas empresas, atualizando o rol de

penalidades aplicáveis.

Além da possibilidade de formação de grupos de consórcio

referenciados em serviços de qualquer natureza, a lei também permite o uso

dos créditos pelo consorciado para quitação de financiamento de sua própria

titularidade, prevê condições para devolução de recursos aos consorciados

excluídos; e estabelece novos requisitos para o contrato de adesão (que passa

a ser caracterizado como título executivo extrajudicial), explicitando direitos e

deveres das partes.

18

Page 15: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Serviços: A partir da entrada em vigor da nova norma, administradoras

de consórcios poderão criar grupos de consórcio destinados a aquisição

também de serviços. Na legislação anterior, apenas bens móveis e

imóveis podiam ser adquiridos com o crédito do contemplado. Poderão

ser criados grupos de consórcios para a compra de pacotes turísticos,

serviços médicos, próteses dentárias, cirurgias plásticas, serviços de

informática e até pacotes para acesso a pós-graduação no exterior ou

outros serviços educacionais.

Financiamentos: De acordo com a Lei 11.795/08, o valor do crédito de

um consórcio poderá ser utilizado na quitação de financiamento para

aquisição de bem em nome do consorciado. Ele poderá utilizar o crédito

para este fim assim que for contemplado, mas somente se o valor for

suficiente para a quitação total do financiamento.

Circulares: As circulares aprovadas hoje tratam dos procedimentos a

serem cumpridos para a constituição e o funcionamento de grupos de

consórcio e dispõem sobre a concessão de autorizações, a aprovação

de nomes para o exercício de cargos nas administradoras de consórcio

e a instrução dos respectivos processos.

2.6. Os Fundos Mútuos de Investimentos

São constituídos sob a forma de condomínio aberto ou fechado e

representam a reunião de recursos de poupança, destinados à aplicação em

carteira diversificada de títulos e/ou valores mobiliários, com o objetivo de

propiciar aos seus condôminos a valorização de cotas, a um custo global mais

baixo, ao mesmo tempo em que tais recursos se constituem em fonte de

recursos para investimento em capital permanente das empresas.

2.6.1. Tipos de Fundos

Dependendo da composição da carteira do fundo de investimento o

órgão regulador pode ser a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou o Banco

Central (BACEM). Os fundos de renda fixa são regulados pelo BACEN,

19

Page 16: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

enquanto a CVM é responsável pela regulamentação dos fundos de ações,

isso porque para ser regulado pela CVM um fundo deve ter pelo menos 51%

dos seus recursos aplicados em ações de empresas de capital aberto. Vale

lembrar que como os fundos de investimentos funcionam como um consórcio,

eles não se beneficiam do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC

protege depósitos de caderneta de poupança, CDB, letras hipotecárias, letras

de câmbio e depósitos em conta corrente. O teto de valor garantido é de R$

20.000 por CPF e por instituição financeira.

Os fundos de investimentos podem ser agrupados em duas categorias

distintas: os fundos de renda fixa e ações podem também ser classificados

como FIF’s (Fundos de Investimento Financeiro) e FAC’s (Fundo de Aplicação

em Cotas), sendo que os FIF’s investem os recursos do fundo diretamente na

compra de ativos financeiros, enquanto os FAC’s investem em cotas de outros

fundos de investimentos.

2.7. As Empresas Abertas ou Fechadas de Previdência

Complementar

São instituições restritas a determinado grupo contribuintes ou não, com

o objetivo de valorização de seu patrimônio, para garantir a complementação

da aposentadoria e, por esta razão, orientadas a aplicar parte de suas reservas

técnicas no mercado financeiro e de capitais. Os planos de previdência podem

ser abertos ou fechados. As entidades fechadas (EFPP´s – Entidades

Fechadas de Previdência Privada), que administram os planos fechados, como

o próprio nome já anuncia, são de adesão restrita aos funcionários da empresa

ou grupo de empresas patrocinadoras ou das instituidoras (Associações de

Classe e Sindicatos). As Entidades Fechadas, são necessariamente sem fins

lucrativos, funcionam sob a tutela da PREVIC – ex-Secretaria da Previdência

Complementar (do Ministério da Previdência e Assistência Social).

Já as Entidades Abertas (EAPP´s – Entidades Abertas de Previdência

Privada) são regulamentadas pela Susep e são acessíveis tanto a pessoas

físicas quanto jurídicas. Destaca-se ainda que os Fundos de Aposentadoria

Programada Individual – FAPI´s por não serem encarados como Entidades

20

Page 17: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

Abertas de Previdência Complementar (EAPC´s) são taxados de IOF (Imposto

sobre Operações Financeiras) nos resgates efetuados em períodos menores

de um ano após a aplicação inicial.

Portanto, a análise dos Produtos individuais é focada nos produtos

oferecidos via Entidade Aberta: que tem como Planos Abertos Tradicionais são:

PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre, que apesar de não garantir

rentabilidade, é mais transparente para o participante e tem sido desde

1998 muito procurado para que quer aliar planejamento financeiro futuro

com planejamento tributário presente, devido à sua dedutibilidade da

base tributável de IR (veja quadro comparativo);

VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre, a partir de 2003 passou a

desbancar o líder PGBL, sendo um produto adequado principalmente

para aqueles que fazem declaração simplificada, para profissionais

liberais ou para aqueles que já contribuem com 12% (teto para dedução)

de sua renda bruta, para outro plano. Isto porque o VGBL, não permite

dedução na contribuição, mas também no resgate ou recebimento do

benefício, só sujeita à tributação, a rentabilidade auferida no período de

acumulação.

21

Page 18: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

3. CONCLUSÃO

As instituições não financeiras compreendem o quinto grupo do

subsistema de intermediação financeira e são formadas pelas sociedades de

fomento comercial as chamadas factoring, companhias seguradoras,

administradoras de cartão de crédito e de consórcio. Eles representam uma

sólida parte de toda movimentação do mercado financeiro seja a nível nacional

quanto a nível mundial. Em destaque no mercado encontram-se as Factoring

como uma instituição não financeira, consiste em uma atividade de fomento

comercial, desenvolvida por empresas independentes e autônomas,

caracterizada por: aquisição de ativos (contas a receber) de Micros e Pequenas

Empresas, mediante um preço à vista, sem riscos de inadimplemento, ao

cedente, dos créditos transferidos, sem direito de regresso, contra a empresa

cedente. As empresas de factoring se inserem na livre concorrência

empresarial, sendo reguladas pelas leis de mercado. Também existem os

fundos de investimento e as previdências complementares que tem atraído à

atenção de consumidores que querem obter um rendimento em longo prazo.

As Administradoras de cartão não são empresas financeiras, e sim empresas

prestadoras de serviços, que fazem a intermediação entre os portadores de

cartões, os estabelecimentos afiliados, as bandeiras e as instituições

financeiras. Mas o BACEN alerta e menciona em seu site que somente

supervisiona as instituições financeiras e assemelhadas desta forma, não

autoriza e nem fiscaliza o funcionamento das empresas administradoras de

cartão de crédito.

Para quem procura ter um complemento de sua renda investindo no

mercado financeiro é preciso pesquisar sobre o funcionamento e grau de

rentabilidade buscando sempre informações sobre a credibilidade da entidade

escolhida para evitar surpresas futuras. Acessando site de órgãos

fiscalizadores e reguladores.

22

Page 19: As Instituições Não Financeiras desenvolvimento trabalho

REFERÊNCIAS

As Factoring. Disponível em:

http://www.pmelink.pt/article/pmelink_public/EC/0,1655,1005_5333-3_41098--

View_429,00.html Acesso em: 11/03/2012.

Vantagens das Factoring. Disponível em:

http://www.pa.sebrae.com.br/sessoes/pse/tdn/tdn_fac_vant.asp Acesso em:

12/03/2012.

Administradoras de Cartao de Crédito. Disponível em:

http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=admcartaocred Acesso

em:11/03/2012.

Conheça a História do Consórcio. Disponível em: http://www.abac.org.br/?

p=paraConsumidoresConhecaConsorcioHistoria Acesso em: 14/03/2012.

Administradoras de consócio. Disponível em:

http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/ac.asp Acesso em: 14/03/2012.

Consumidor: Consórcios. Disponível em:

http://www.soleis.com.br/consorcio.htm Acesso em: 14/03/2012.

ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas,

2011.

PINHEIRO LIMA, Juliano. Mercado de Capitais – Fundamentos e Técnicas. 01

ed. São Paulo: Atlas, 2001.

23