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Autores: Ana Rita Carvalho Lopes da Silva André Ricardo Oliveira Cardoso João Fernandes Fonseca Miguel Araújo Dantas Equipa 3 Turma 4 Supervisor: Abílio de Jesus Monitor: Rui Santos 2015/2016 1ºSemestre Data de Entrega: 02 de Outubro de 2015 As saídas profissionais de um Engenheiro(a) Mecânico(a) Projeto FEUP MIEM Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Investigação como Saída Profissional

As saídas profissionais de um Engenheiro(a) Mecânico(a)projfeup/submit_15_16/uploads/relat_1M04... · todas as hipóteses de saídas profissionais - Logo após o término do 5º

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Autores:

Ana Rita Carvalho Lopes da Silva

André Ricardo Oliveira Cardoso

João Fernandes Fonseca

Miguel Araújo Dantas

Equipa 3 Turma 4

Supervisor: Abílio de Jesus

Monitor: Rui Santos

2015/2016

1ºSemestre

Data de Entrega: 02 de Outubro de 2015

As saídas profissionais

de um Engenheiro(a)

Mecânico(a)

Projeto FEUP

MIEM

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Investigação como Saída Profissional

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL

AGRADECIMENTOS

Ao professor Abílio Jesus, que nos acompanhou durante estas semanas e se

mostrou sempre disponível para nos ajudar, nomeadamente com os entrevistados. Da

mesma forma, agradecemos ao monitor Rui Santos, que cooperou connosco da melhor

forma.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL

RESUMO

Este trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, cujo

tema principal foi definido como “As saídas profissionais de um Engenheiro(a)

Mecânico(a)”, tema este que foi considerado bastante interessante e útil para a nossa

visão do curso e do nosso futuro. Decidiu-se, então, estudar o que pode fazer um

Mestre em Engenharia Mecânica, tal como o iremos ser futuramente. Estudaram-se

todas as hipóteses de saídas profissionais - Logo após o término do 5º ano, existe uma

escolha a fazer: ingressar no mercado de trabalho ou iniciar uma atividade de

Investigação (Doutoramento, por exemplo). De seguida, após a finalização do

Doutoramento, há também a hipótese de permanecer na área da Investigação,

associado a centros de Investigação como bolseiro de Pós-Doutoramento ou com um

contrato de investigador. É constante a opção de ingressar no mercado de trabalho. No

início da nossa reflexão, questionou-se sobre as vantagens de cada uma destas opções

e as suas consequências. Através da elaboração do relatório, concluiu-se acerca

destas questões e clarificou-se as opções de um Engenheiro Mecânico, tendo em conta

também o que pretende um empregador.

Em suma, através de pesquisa e entrevistas, estudaram-se todas as vantagens

e desvantagens das possíveis escolhas e tentou-se mostrar a realidade da emigração

de investigadores qualificados e formados por Portugal, que seriam uma ferramenta

essencial para o desenvolvimento do país.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL

PALAVRAS-CHAVE

Saídas profissionais;

Mercado de trabalho;

Investigação;

Investigadores;

Estudo;

Ensino;

Engenharia;

Mecânica;

Universidade;

Empresas;

Mestrado;

Doutoramento;

Fuga de Cérebros.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL

ÍNDICE

1. Introdução ............................................................................................................... 1

2. Mercado de Trabalho .............................................................................................. 2

2.1. Indústria Automóvel e dos Transportes ............................................................. 2

2.2. Indústria Petrolífera e Petroquímica .................................................................. 3

2.3. Indústrias de Energia ........................................................................................ 3

2.4. Indústria Metalúrgica e Metalomecânica ........................................................... 4

2.5. Indústria Biomecânica ....................................................................................... 4

3. Empreendedorismo ................................................................................................. 5

4. Investigação ............................................................................................................ 6

4.1. A Investigação em Portugal .............................................................................. 6

4.1.1. Ministério da Educação e da Ciência ......................................................... 7

4.1.2. Fundação para a Ciência e Tecnologia ....................................................... 7

4.1.3. Institutos de I&D e interface com a Indústria ............................................ 10

4.1.4. INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e

Engenharia Industrial ............................................................................................ 10

4.1.5. LEPABE - Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente,

Biotecnologia e Energia ........................................................................................ 11

4.1.6. IDMEC - Instituto de Engenharia Mecânica .............................................. 11

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL

4.2. Áreas de Investigação ..................................................................................... 12

5. Pós-Doutoramento ................................................................................................ 13

5.1. Inquérito a Investigador (Posdoc) ................................................................... 15

5.2. Mercado de Trabalho Após Investigação ........................................................ 17

6. Fuga de Cérebros ................................................................................................. 19

6.1. “Ministro preocupado com "Fuga de Cérebros" de Portugal” .......................... 20

6.2. Determinantes da Fuga de Cérebros ........................................................... 21

6.3. Consequências da Fuga de Cérebros ......................................................... 21

7. Conclusão ............................................................................................................. 23

Referências Bibliográficas ............................................................................................ 24

Anexos ......................................................................................................................... 26

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - A evolução das vendas dos automóveis em todo o mundo [1]...................... 2

Figura 2 - Consumo de energia em Portugal [2] ............................................................ 4

Figura 3 - distribuição do orçamento de investimento 2014 por áreas de investigações

(M€) [3] .......................................................................................................................... 8

Figura 4 - Evolução do número de candidaturas a bolsas de Doutoramento no âmbito

de concursos gerais 1998-2013 [3] ................................................................................ 9

Figura 5 - Ministro preocupado com "Fuga de Cérebros" de Portugal [9] .................... 20

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LISTA DE ABREVIATURAS

FEUP - Faculdade de Engenharia do Porto;

INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia

Industrial;

FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia;

LEPABE - Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia;

IDMEC - Instituto de Engenharia Mecânica;

UP - Universidade do Porto;

I&D - Investigação e Desenvolvimento.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 1

1. INTRODUÇÃO

Quando se ingressa numa universidade como a U. Porto e num Mestrado

Integrado de Engenharia Mecânica, o estudante já sabe que a sua vida mudará

completamente. Muito provavelmente irá conhecer novas pessoas e divertir-se muito

numa nova cidade, mas também vai ter certamente algumas dificuldades como ter de

se adaptar a um ciclo de vida mais autónomo e ter de dedicar mais tempo ao estudo,

pois o ritmo de estudo habitual, exercido durante o ensino secundário, poderá não ser

suficiente para a complexidade e para a rapidez com que são abordados os temas

universitários.

No entanto, não é apenas no início do primeiro ano da universidade que um

estudante pode vir a sentir-se inseguro e receoso, mas também quando se aproxima o

final do mestrado, visto que é nessa altura que começam a surgir algumas dúvidas por

parte dos estudantes relativamente ao seu futuro como profissional no mercado de

trabalho.

Será que, após concluído com aproveitamento o Mestrado é preferível optar pelo

mercado de trabalho ou, se tal for possível, escolher o Doutoramento? Se optar pelo

mercado de trabalho, quais serão as principais áreas da Engenharia Mecânica que

poderá escolher? No entanto, será que a ausência de Doutoramento poderá ser um

fator impeditivo à obtenção de um bom emprego? Ou será que não?

São todas estas questões que nos intrigam e nos levaram a realizar um trabalho

neste âmbito.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 2

2. MERCADO DE TRABALHO

Feita a escolha pela entrada no mercado de trabalho, existem vários ramos em

que o Engenheiro Mecânico pode trabalhar visto que a Engenharia Mecânica é das

maiores e mais amplas áreas da Engenharia. Assim, um recém-graduado pode

trabalhar tanto em empresas responsáveis pela construção de equipamentos

mecânicos como em empresas responsáveis pela produção de energia, podendo

também trabalhar em automação industrial como no desenvolvimento e aplicação de

novos materiais. Ou seja, existem vários tipos de empresas que estão interessadas em

contratar Engenheiros Mecânicos. De seguida apresenta-se uma enumeração de

alguns tipos de empresas que recorrem à contratação destes mesmos profissionais.

2.1. INDÚSTRIA AUTOMÓVEL E DOS TRANSPORTES

A indústria automóvel e dos transportes é a indústria responsável pelo projeto,

desenvolvimento, fabricação e venda de veículos automóveis. O automóvel, como é

atualmente um bem necessário à vida comum, é um produto que tem vindo a aumentar

as suas vendas em todo o mundo pois, apesar de existirem mercados como os da

Europa e da América do Norte onde a venda de automóveis tem vindo a estagnar,

subsistem ainda outros locais como os países orientais em que a venda destes veículos

vem crescendo ao longo do tempo, (Figura 1).

FIGURA 1 A

EVOLUÇÃO DAS

VENDAS DOS

AUTOMÓVEIS EM

TODO O MUNDO [1]

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 3

A indústria automóvel tem vindo a pesquisar e a investir cada vez mais ao longo

do tempo. No entanto, ainda se procuram inovações no que diz respeito à obtenção de

carros mais ecológicos e mais eficientes, o que obriga o desenvolvimento de novos

motores, a escolha de materiais mais leves, a obtenção de energia por formas

alternativas e outros tantos desafios que são colocados ao engenheiro mecânico. Ou

seja, neste tipo de indústria a presença de profissionais qualificados em Engenharia

Mecânica é imprescindível.

2.2. INDÚSTRIA PETROLÍFERA E PETROQUÍMICA

A indústria petrolífera e petroquímica é um dos outros grandes conjuntos de

empresas em que o Engenheiro Mecânico também pode atuar. Neste tipo de empresas,

o Engenheiro Mecânico pode desenvolver projetos que envolvam a extração, o

processamento e a distribuição de produtos petroquímicos, sendo responsável por

equipamentos mecânicos ou atuar na gestão de equipas. Neste tipo de indústrias, por

vezes a exploração de recursos pode ser em lugares inóspitos e de difícil acesso, tais

como a grandes profundidades oceânicas ou em zonas geladas polares, e, para tal, a

presença de Engenheiros Mecânicos é absolutamente necessária.

2.3. INDÚSTRIAS DE ENERGIA

Atualmente, a produção de energia está resumida em grande parte à exploração

de petróleo, gás e eletricidade, mas estima-se que, dentro de alguns anos, energias

limpas e renováveis como a biomassa e a energia eólica venham a ser cada vez mais

utilizadas (Figura 2). Para isso o papel do Engenheiro Mecânico será também

fundamental.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 4

FIGURA 2

CONSUMO DE

ENERGIA EM

PORTUGAL [2]

2.4. INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA

A indústria metalúrgica e metalomecânica é outra área em que um Engenheiro

Mecânico é fundamental e imprescindível. Neste tipo de indústrias, o Engenheiro

Mecânico é responsável pelo controlo das linhas de produção e por gerir os recursos

materiais, ficando responsável pelos processos de fabrico e por comandar equipas,

podendo mesmo chegar, ao longo da carreira, a assumir postos de chefia.

2.5. INDÚSTRIA BIOMECÂNICA

A biomecânica é uma área que está em grande expansão e que, relacionando os

princípios das ciências exatas e das ciências da saúde, cria abordagens inovadoras na

prevenção, no diagnóstico e na terapia de doenças. Nesta área um Engenheiro

Mecânico também tem um papel fundamental sendo responsável pelo desenvolvimento

e pelo fabrico de, entre muitas outras coisas, próteses e aparelhos médicos.

Tal como vimos acima, o leque de oportunidades para um Engenheiro Mecânico

é grande e é vasta a área em que ele pode trabalhar. Como tal, a procura de

Engenheiros Mecânicos tem vindo a aumentar e, atualmente é uma das Engenharias

mais procuradas tanto a nível nacional como a nível internacional. [4]

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 5

3. EMPREENDEDORISMO

Apesar de existir uma grande demanda de Engenheiros Mecânicos que integram

em organizações, existe ainda profissionais que, através das suas caraterísticas como

a liderança e o trabalho em equipa, essenciais a qualquer Engenheiro, acabam por se

envolver na criação de novos projetos ou de novos produtos, dando lugar assim ao

empreendedorismo.

Estes empreendedores são motivados muitas vezes pela possível aparição de

novas oportunidades e pela concretização das suas próprias ideias e têm vindo a

aumentar em Portugal, o que é desejado, visto que os empreendedores são

considerados um dos principais promotores do desenvolvimento da economia,

inovação e do bem-estar.

De acordo com Jeffry Timmons (1990), “O empreendedorismo é uma revolução

silenciosa, que será para o século XXI, mais do que a revolução industrial foi para o

século XX.” Segundo o pioneiro na educação empreendedora, o empreendedorismo

terá uma tendência para aumentar cada vez mais, de modo a que terá um grande

impacto na economia global. Conforme Timmons, o mundo terá cada vez mais pessoas

com espírito de iniciativa e com capacidade de formar projetos, e por isso acredita que

o empreendedorismo ganhe uma grande dimensão neste século, até mais do que a

dimensão que teve a Revolução Industrial no século anterior.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 6

4. INVESTIGAÇÃO

A decisão de escolher uma via de Investigação depende de vários fatores, sendo

um deles, a capacidade ou os meios para atingir a possibilidade de trabalhar em

Investigação: numa empresa, como profissão, ou como Doutoramento. A maioria dos

estudantes de Doutoramento necessita de usufruir de uma bolsa, já que as propinas

variam desde os 2700€ aos 4800€, consoante as universidades. Há algumas

instituições e fundos para a Investigação. Uma excelente plataforma de informação no

que toca a bolsas é o “ecareers” (www.eracareers.pt/), onde qualquer bolsa financiada

pelo Estado é obrigatoriamente anunciada neste domínio.

4.1. A INVESTIGAÇÃO EM PORTUGAL

Nos últimos quinze anos, a Investigação portuguesa tem sofrido alterações

significativas. A preocupação com a área da Investigação tem vindo a crescer,

nomeadamente com a criação do Ministério da Educação e Ciência e com a visão

estratégica que se instala face às atividades de I&D. Assim, o trabalho de Investigação

e pesquisa tem vindo a ser feito por mais pessoas, apesar do recente decréscimo de

atribuição de bolsas e empregos científicos. Ainda assim, se analisarmos este aspeto

a longo prazo, é de louvar a evolução tecnológica e científica do nosso país.

A maioria das atividades de Investigação são realizadas em universidades e em

centros de Investigação, que normalmente têm uma ligação com o setor público. Assim,

existem várias instituições, centros ou fundações que apoiam a Investigação. Passa-se

a enunciar e a desenvolver alguns.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 7

4.1.1. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA

Entre os vários objetivos do Ministério relacionados com a Educação, apresenta-

se “Apostar na excelência para reforçar a ciência.”. De acordo com as prioridades do

Ministério, “A Ciência é uma área onde o país tem dado provas claras de

competitividade internacional. A tecnologia é hoje essencialmente de origem científica,

e a ciência fundamental é a base do desenvolvimento científico. O investimento

criterioso na Investigação e na formação de técnicos e cientistas de excelência são um

pilar essencial do desenvolvimento nacional. (...) A Ciência é uma área que tem

fortalecido a sua credibilidade perante a comunidade internacional nos últimos anos. A

ciência fundamental é a base do desenvolvimento científico, e a ciência aplicada dá

origem à mais avançada tecnologia. A avaliação do trabalho do investigador é uma

constante, que acontece através da publicação de artigos nas melhores revistas

internacionais, da aferição do impacto do seu trabalho e de outras variáveis já

tradicionais na comunidade científica. Para além da avaliação por pares, o Ministério

da Educação e Ciência promove a avaliação da qualidade de projetos, bolsas e

instituições, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. É a partir desta análise

que são atribuídos fundos de modo a privilegiar a excelência.” Isto significa que o

governo pretende apoiar os investigadores portugueses para que o país evolua e se

desenvolva, tal como os restantes países. [5]

4.1.2. FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Ativa desde 1997, a FCT, tutelada pelo Ministério da Educação e da Ciência, visa

apoiar a Investigação e o desenvolvimento tecnológico e científico, em todas as áreas.

Pretende fazer crescer Portugal e o Mundo, e com isso certificar-se de que todo o novo

conhecimento descoberto serve para ajudar e para alimentar o bem-estar dos cidadãos

do país e, em geral, do planeta, ao invés de ser usado para servir os desejos de

entidades individuais. Para tal, a FCT atribui bolsas e contratos de Investigação,

financia e apoia projetos e centros de Investigação e facilita e contribui para a relação

entre os investigadores e a indústria, para que haja comunicação e partilha dos

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conhecimentos inovadores, que são muito úteis para aumentar o rendimento e diminuir

o desperdício industrial. [3]

Em 2014, a FCT dispôs de um orçamento de cerca de 436 milhões de euros para

investimento direto na Ciência. A maioria do dinheiro é utilizada para financiar bolsas e

contratos de Investigação, tal como pode ser confirmado no diagrama abaixo (Figura

3). [6]

FIGURA 3 - DISTRIBUIÇÃO DO ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO 2014 POR ÁREAS DE

INVESTIGAÇÕES (M€) [3]

A Fundação para a Tecnologia e Ciência sofreu um claro decréscimo no

orçamento disponível em 2011, fruto da crise financeira pela qual o país passa. Apesar

de esse número ter vindo a aumentar, ainda é notável a enorme diferença de cerca de

50 milhões de euros de 2010 para 2013.

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 9

No dia 24 de Agosto de 2015, foram publicados os resultados do Concurso de

Bolsas Individuais, do qual foram resultados os seguintes:

”Foram recomendadas para financiamento 947 bolsas, distribuídas da seguinte

forma:

399 Bolsas de Doutoramento (taxa de sucesso - 18%)

14 Bolsas de Doutoramento em Empresas (taxa de sucesso - 19%)

534 Bolsas de Pós-Doutoramento (taxa de sucesso - 32%) ”

Pela observação da Figura 4, verifica-se que, além do aumento de candidaturas

a Doutoramentos, há também um decréscimo na atribuição das mesmas. Estes dois

factos relacionam-se, respetivamente, com a elevada taxa de desemprego no país

(muitas pessoas, por não terem emprego, decidem prosseguir os estudos e candidatar-

se a um Doutoramento, por considerarem que o terminarão com vantagens face aos

outros licenciados) e com a crise económica (diminuição de recursos financeiros para

atribuir bolsas a tantos candidatos).

FIGURA 4 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE CANDIDATURAS A BOLSAS DE DOUTORAMENTO NO

ÂMBITO DE CONCURSOS GERAIS 1998-2013 [3]

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4.1.3. INSTITUTOS DE I&D E INTERFACE COM A INDÚSTRIA

As principais universidades possuem centros de I&D e interface com a indústria.

No caso da FEUP, existem vários institutos, tais como o INEGI, o LEPABE, entre outros.

Estes centros servem de ligação entre a universidade, a Investigação e a indústria.

4.1.4. INEGI - INSTITUTO DE CIÊNCIA E INOVAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

E ENGENHARIA INDUSTRIAL

Este centro de Investigação foi criado em 1986 e estará sempre associado à

Universidade do Porto - Departamentos de Engenharia Mecânica e de Engenharia e

Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia, em particular. Conta com cerca de 200

colaboradores e todos trabalham para o desenvolvimento tecnológico e científico no

sentido de produzir melhorias para a indústria. É, portanto, um instituto que estabelece

uma relação muito própria entre a universidade e a indústria. Aqui, trabalha-se nas

áreas de Conceção e Projeto, Materiais, Produção, Energia, Manutenção, Gestão

Industrial e Ambiente. Tem vários sócios, desde a UP e a FEUP, a Bosch, o BPI, a

Martifer, a Simoldes, à Vulcano, entre muitos outros. Aqui vê-se, novamente, a

proximidade entre a universidade e as empresas da indústria.

No INEGI, são desenvolvidos projetos nas mais variadas áreas. Desde a Energia

(desenvolvimento de opções relativas às energias renováveis, para que se faça uma

utilização racional dos recursos que possuímos, já que existe uma preocupação grande

com o meio ambiente); passando pela Metalomecânica; a área dos Automóveis e outros

transportes; a Aeronáutica, Espacial e Defesa; a Economia do mar - estando o nosso

país rodeado por mar, este sempre desempenhou um papel importante na nossa

sustentabilidade e progresso, desde os Descobrimentos até aos dias de hoje. É, então,

fundamental apostar neste campo e desenvolvê-lo - o Ambiente, até à Saúde - uma

área cada vez mais importante, nomeadamente no desenvolvimento de novos materiais

para aplicações médicas e no desenvolvimento de tecnologias para a realização de

próteses e implantes médicos, tecnologias de diagnóstico para ensaios clínicos e

diagnósticos clínicos. [6]

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4.1.5. LEPABE - LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE PROCESSOS, AMBIENTE,

BIOTECNOLOGIA E ENERGIA

Este centro de Investigação está também associado à Faculdade de Engenharia

da Universidade do Porto e foca-se na área do Ambiente e Energia, Processos de

Separação e Reação, Biotecnologia e Interfaces e Química dos Produtos Naturais. É

objetivo principal do LEPABE aliar o desenvolvimento de produtos e ideias inovadoras

à sua aplicação na indústria. Este centro conta com cerca de 130 investigadores, dos

quais 40 são doutorados e 65 são estudantes de Doutoramento.

4.1.6. IDMEC - INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Este instituto foi inicialmente formado pela parceria entre os Departamentos de

Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico - Universidade de Lisboa - e da

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em 1991. Existiam dois pólos, um

no Porto e outro em Lisboa, com autonomia quer financeira, quer administrativa. Os

investigadores normalmente estavam associados a uma destas universidades, o que

não impedia parcerias com investigadores de outras instituições. Este instituto

trabalhava para educar investigadores e desenvolver conhecimento, que partilhava

facilmente entre pólos. O pólo da FEUP era composto por várias unidades, entre as

quais a Unidade de Conceção e Validação Experimental, a Unidade de Estudos

Avançados de Energia no Ambiente Construído, a Unidade de Gestão e Engenharia

Industrial (Estatística, Métodos de Previsão, Sistemas de Informação, etc.), a Unidade

de Métodos Numéricos em Mecânica e Engenharia Estrutural (Simulação Numérica e

Otimizada de Processos Industriais de Enformação e Maquinagem, etc.) e a Unidade

de Novas Tecnologias Energéticas (Energias Renováveis, Refrigeração, etc.).

Entretanto, este pólo foi extinto, mantendo-se o pólo de Lisboa. As unidades associadas

ao pólo no Porto foram transferidas para o INEGI. [7]

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4.2. ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO

Ao fazer a matrícula no 4ºano, o aluno de Engenharia Mecânica é confrontado

com a decisão de optar por um dos cinco ramos possíveis: Produção, Conceção e

Fabrico; Automação; Energia Térmica; Gestão da Produção ou Projeto e Construção

Mecânica. É evidente que, ao escolher um destes percursos, se irá especializar numa

área que, provavelmente, será seguida em caso de prossecução de uma carreira

dedicada à Investigação. Contudo, em muitos casos, a área de Investigação não

coincide com a de formação. Assim, são decisões distintas e muito variáveis, na medida

em que são extremamente pessoais. Podem-se especificar algumas possíveis áreas,

onde foi importante ter-se feito Investigação e onde continua a ser essencial esse

trabalho, além das referidas no desenvolvimento dos centros de Investigação feito

anteriormente:

Energias Renováveis

Desenvolvimento do Produto

Transportes (aviões, simuladores, carros, etc…)

Área Médica

-Próteses

-Técnicas de cirurgia

Exploração do espaço e dos oceanos [8]

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5. PÓS-DOUTORAMENTO

A definição de Pós-Doutoramento (na sua abreviatura: PosDoc) é algo ambíguo,

uma vez que não se trata de um ciclo de estudos bem definido (como uma Licenciatura

ou Mestrado, ou até mesmo o próprio Doutoramento em si). No entanto, entende-se

por Pós-doutoramento: “…um programa individual de Investigação, com duração

mínima de seis meses, realizado em unidades orgânicas da U.Porto ou em institutos

afiliados da U.Porto”. 1

Processo de candidatura

A candidatura a um dado Pós-Doutoramento pode ser feita por qualquer

estudante que detenha um Doutoramento reconhecido pelas instituições competentes.

Para além disso o responsável da unidade onde o investigador irá realizar o seu

trabalho terá de aceitar o aluno, sendo que este (caso aceite) terá de suportar as taxas

monetárias que tem de pagar obrigatoriamente, ou no caso de ser um aluno excecional

poderá obter uma bolsa junto de várias entidades (empresas privadas, a própria

instituição de ensino/Investigação ou outras fundações, como por exemplo a FCT, já

referida anteriormente) da área científica que estão dispostas a investir no avanço

tecnológico e científico através do suporte aos estudantes de mérito.

1 (Segundo o “REGULAMENTO DE PROGRAMAS DE PÓS-DOUTORAMENTO DA UPORTO”,

Aprovado por despacho reitoral GR.02.06.2011 de 16 de junho de 2013.)

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Deveres do Investigador2

No caso da Universidade do Porto, o Investigador deve cumprir as normas de

funcionamento e os regulamentos vigentes na instituição em questão e no final do

programa o estudante deve apresentar ao diretor um relatório de estudos, sendo que

este irá ser sujeito a uma avaliação.

O Investigador que utiliza a U.Porto para investigar deve ter a consciência de que:

“todas as publicações resultantes da atividade do investigador posdoc na U.Porto

devem conter a indicação da U.Porto no endereço institucional” 3, e o estudante posdoc

tem o dever de assinar um compromisso de cedência à U.Porto dos direitos relativos à

propriedade industrial ou intelectual.

Direitos do Investigador4

Ao investigador posdoc reserva-se-lhe o direito de utilizar todos os espaços da

U.Porto e são-lhe disponibilizados todos os recursos académicos necessários para a

realização da Investigação em questão (assim como todos os outros estudantes da

instituição).

Após a entrega do relatório que necessita de ser submetido no final do estudo, o

estudante recebe um certificado de estudos emitido pela instituição em que foi realizado,

sendo que nesse certificado consta a natureza da Investigação, o local e o docente que

o acompanhou ao longo do programa.

2 Artigo 4º do “REGULAMENTO DE PROGRAMAS DE PÓS-DOUTORAMENTO DA UPORTO”

3 Alínea 4, Artigo 4º do “REGULAMENTO DE PROGRAMAS DE PÓS-DOUTORAMENTO DA UPORTO”

4 Artigo 5º do “REGULAMENTO DE PROGRAMAS DE PÓS-DOUTORAMENTO DA UPORTO”

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Nota: Ao longo deste texto no qual se refere uma breve definição de Pós-Doutoramento, dos

direitos e deveres do investigador, foi referida para efeito de exemplificação a instituição de

ensino da U.Porto, no entanto em outras entidades educacionais, o regulamento é semelhante.

5.1. INQUÉRITO A INVESTIGADOR (POSDOC)

Para melhor perceber o que é o Pós-Doutoramento foi realizado um inquérito a

um investigador que está a passar por um processo de Pós-doutoramento, ou seja,

desenvolve o seu trabalho na área da Investigação, pelo que podemos tirar conclusões

a partir das suas respostas.

Nota: A entrevista encontra-se na íntegra em “Anexos”, aqui apenas serão citadas as questões

mais relevantes.

Citação 1: “O que me levou a seguir o ramo de Investigação foi o gosto pelo estudo e

de estar constantemente a aprender coisas novas e colocar à disposição dos outros o

conhecimento que irei desenvolver.”

Podemos então perceber que os investigadores de Pós-Doutoramento que

escolhem a Investigação em prol do mercado laboral 5 não o fazem por motivos

monetários, ou por influência do estado que nos governa, mas sim por motivação

pessoal, pelo gosto que nutrem pela área em que investigam, o que significa que estes

alunos tem uma enorme vontade e capacidade para aprender novos conceitos e aplicá-

5 O que não significa que não seja possível enveredar pelas duas áreas de atuação, isto é, mercado de

trabalho e Investigação.

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los em benefício de toda a comunidade científica, o que a longo prazo se reflete numa

sociedade inteira.

Citação 2: “Se fosse hoje, voltaria a tomar a decisão de seguir Investigação.”

Ao longo da entrevista uma das coisas que facilmente se podia perceber quanto

à opinião do estudante era que este gostava do que fazia, e que independentemente

do conhecimento que tem atualmente (no final do posdoc) ele voltaria a fazer a opção

de investigar, o que demonstra a qualidade de ensino que lhe foi oferecida, qualidade

essa que se irá refletir no cidadão/investigador que está a ser formado.

Citação 3: “Acho que seria importante que mais alunos seguissem a área da

Investigação em Portugal. Portugal precisa de evoluir tecnologicamente e só

conseguirá colocar-se ao nível dos seus parceiros europeus apostando na formação e

educação. Os benefícios são imensos, desde a evolução do tecido industrial português

até às condições de vida dos cidadãos.”

Esta opinião vem corroborar tudo aquilo que foi referido nos parágrafos anteriores,

ou seja, são necessários cada vez mais alunos a investigar em Portugal.

O nosso Estado tem portanto um papel muito importante na medida em que deve

incentivar o ingresso dos alunos no Ensino Superior de alta qualidade, para formar

pessoas capazes de desenvolver ao máximo o nosso país.

Para além da formação de mais jovens, é também necessário fazer com que

estes permaneçam em Portugal, pois são várias as consequências quando isso não se

verifica, como podemos constatar no capítulo Fuga de Cérebros.

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5.2. MERCADO DE TRABALHO APÓS INVESTIGAÇÃO

Pergunta: Se pretendesse entrar no mercado de trabalho, que dificuldades pensa

que encontraria, e que vantagens teria em relação aos seus colegas licenciados?

Citação 4: “A maior dificuldade, no imediato, será a adaptação ao modo de

funcionamento das empresas e do mercado de trabalho. A vantagem é possuir um

amplo conhecimento e ter à disposição ferramentas capazes de dar resposta ao posto

de trabalho que possivelmente iria ocupar.”

É possível agora perceber uma “desvantagem” de um Pós-Doutoramento, isto é,

a não familiarização com o mercado de trabalho, devido ao grande tempo que o aluno

passou a realizar Investigação e não ganhou a perspetiva que um outro cidadão pode

ganhar aquando da permanência contínua no mercado laboral. Todavia, esse mesmo

investigador vai ter vantagens em relação a um outro trabalhador6 com menos anos de

pesquisa científica, na medida em que este7 tem um conjunto de competências do

domínio científico que apenas são possíveis obter aquando de estudo/Investigação.

De facto realizou-se uma pequena entrevista a um Engenheiro Mecânico que é

aluno de Doutoramento na FEUP e quando este foi questionado acerca das dificuldades

que espera encontrar se e quando tentar entrar para o mercado de trabalho o estudante

referiu que a principal dificuldade será o facto de as empresas portuguesas se

mostrarem ainda pouco dispostas a investir em trabalhadores altamente qualificados.

6 Trabalhador esse que tenha começado a trabalhar em alguma empresa desde o término de, por

exemplo, um Mestrado ou uma Licenciatura.

7 O investigador.

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Realizou-se uma outra entrevista dirigida ao responsável pela contratação de

Engenheiros Mecânicos na empresa “Injex”, empresa industrial portuguesa que se

dedica à produção de componentes em plástico, destinados à incorporação em

máquinas, e foi-lhe colocada a seguinte pergunta: “Tem preferência entre dois

candidatos, um doutorado e outro que tenha apenas um Mestrado? Porquê?”. Em

síntese, o entrevistado referiu que à saída de uma faculdade como a FEUP o recém-

formado Engenheiro Mecânico possui conhecimentos suficientes para iniciar uma

carreira profissional. Para além disso, foi referido e passa-se a citar: “Os assuntos a

tratar nas empresas são transversais e algo básicos. Logo, as empresas precisam de

pessoas que tenham capacidade para se colocar a esse nível e não ao nível muito

mais intelectual e vertical (cada tema é tratado com elevada profundidade) que

carateriza o ensino universitário. Assim, um doutorado pode interessar apenas se tiver

trabalhado em algo que se possa aplicar diretamente na empresa, o que é pouco

comum.”

Assim, demonstra-se que nem sempre uma educação mais avançada é uma

vantagem na entrada do mercado de trabalho. Apesar de, obviamente, depender das

empresas onde se pretende trabalhar.

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6. FUGA DE CÉREBROS

Este tópico tem como principal objetivo analisar o fenómeno intitulado de Fuga

de Cérebros, focando sempre os emigrantes mais qualificados, adaptando ao tema da

Investigação.

O fenómeno chamado de Fuga de Cérebros é um tipo de migração internacional

de pessoas com alto nível de qualificação, ou seja, indivíduos que têm investido muito

na sua educação, pelo que são ótimos técnicos e trabalhadores em qualquer país que

estes desejem laborar.

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6.1. “MINISTRO PREOCUPADO COM "FUGA DE CÉREBROS" DE PORTUGAL”

O ministro da Economia e vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou-se

hoje preocupado com os efeitos para países como Portugal e Espanha da

emigração de jovens qualificados por falta de perspetivas de trabalho.

Gabriel, citado pela agência EFE, falava das "vantagens e desvantagens" dos

fluxos migratórios dentro da União Europeia por motivos laborais, na apresentação do

último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

(OCDE) sobre a Alemanha.

"Preocupa-me que venham para a Alemanha aqueles que mais podem contribuir

para o crescimento nos seus países", disse o ministro, referindo concretamente os

casos de Portugal e Espanha.

Essa fuga de cérebros, disse, limita o potencial de crescimento dos países em crise.

"A Comissão Europeia devia fazer mais para fomentar o crescimento nestes

países", acrescentou Gabriel, líder do Partido Social-Democrata (SPD), membro

minoritário da coligação de Governo alemã. [9]

FIGURA 5 - MINISTRO PREOCUPADO COM "FUGA DE CÉREBROS" DE PORTUGAL [9]

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6.2. DETERMINANTES DA FUGA DE CÉREBROS

Existe um enorme conjunto de teorias que tentam explicar esta fuga de cérebros.

No entanto, esse não é o cerne deste relatório, pelo que apenas iremos referir algumas

causas que levam a este fenómeno.

As realidades socioeconómicas dos vários países do planeta são completamente

diferentes, pelo que os indivíduos tentam sempre alcançar um país que lhes ofereça

melhores condições de vida; sendo que o fator económico assume aqui o papel central

(ainda que não seja o único fator responsável).

Temos como exemplo desta temática o caso de Portugal a partir da emersão da

crise económica. Após esse momento a emigração cresceu de forma muito rápida, pelo

que é possível verificar que o fator económico é o mais importante nesta questão da

emigração.

6.3. CONSEQUÊNCIAS DA FUGA DE CÉREBROS

O fenómeno da fuga de cérebros faz-se sentir com maior gravidade nos países

subdesenvolvidos, pois a saída de mão-de-obra qualificado do país faz com que o

avanço a nível científico e tecnológico (ou até mesmo a nível social) aconteça a um

ritmo muito mais lento que seria sem a saída de parte da população qualificada.

Para uma melhor compreensão das consequências, vamos focarmo-nos no exemplo

de Portugal.

A curto prazo, a principal consequência é o custo de um estudante, isto é, o

Estado gastou parte do dinheiro dos contribuintes na educação de milhares de jovens,

que estudaram nas várias instituições de ensino superior de Portugal, e visto que

grande parte deste grupo de pessoas formadas a nível superior deixou o país, pelo que

o investimento pode nunca ter retorno, uma vez que o dinheiro foi gasto para formar

uma população qualificada que agora emigrou e é bem acolhida num país estrangeiro,

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país esse que não gastou nada na formação dos indivíduos e agora está a usufruir dos

conhecimentos dos mesmos.

E esta é a realidade em que vivemos atualmente, em grande culpa por parte do

Estado que não oferece aos jovens condições para que estes fiquem em Portugal a

trabalhar. Aliás, muitas das vezes os jovens recém-formados encontram dificuldades na

procura de emprego, chegando ao ponto de lhes ser recusado o emprego devido a

formação demasiada (como o exemplo de doutorados, sendo estes indivíduos de alta

competência).

A longo prazo a principal consequência é o facto de o país progredir de uma forma

muito lenta e até mesmo ter de ir buscar ao estrangeiro pessoas com um certo nível de

formação superior para trabalhar em Portugal devido à enorme emigração de jovens

que hoje podemos constatar.

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7. CONCLUSÃO

Ao longo da realização deste trabalho foram adquiridos conhecimentos acerca

do futuro de um Engenheiro Mecânico na área de Investigação. Ao longo do trabalho.

Foram analisados os diferentes percursos enfrentados por Engenheiros Mecânicos,

aqueles que escolhem entrar no mercado de trabalho após o Mestrado, aqueles que

fazem um Doutoramento após o Mestrado e aqueles que fazem da Investigação a sua

profissão. Para além disso, foi analisada a influência da saída de indivíduos altamente

competentes, formados em Portugal, no desenvolvimento tecnológico e económico do

país.

Com a informação e conhecimentos obtidos, conclui-se que a Investigação é uma

área em que Portugal investe. Contudo, este investimento mostra-se pouco proveitoso

uma vez que grande parte das empresas portuguesas mostra-se relutante em investir

em Engenheiros Mecânicos Doutorados. Apesar disso, não se pretende dissuadir a

opção de um Engenheiro Mecânico seguir a área de Investigação, mas sim que as

empresas estejam mais recetivas ao emprego de Engenheiros Mecânicos Doutorados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] http://www.transportepress.com/site/50-dos-carros-no-mundo-sao-vendidos-

naasia/ (Acedido a 27/09/2015)

[2] http://anossavolta.blogs.sapo.pt/7065.html (Acedido a 28/09/2015)

[3] http://www.fct.pt/ (Acedido a 07/10/2015)

https://www.fct.pt/conselhos_cientificos/exactas_engenharia (Acedido a

13/10/2015)

[4] Adaptado de: Palestra do Prof. F. Gomes Almeida “Sistemas Automáticos“

(Assistida no dia 14/10/2015)

[5] http://www.portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/ministerio-da-educacao-e-

ciencia/sobre-o-ministerio-da-educacao-e-ciencia.aspx (Acedido a 05/10/2015)

http://www.eracareers.pt/ (Acedido a 05/10/2015)

[6] http://www.inegi.up.pt/ (Acedido a 10/10/2015)

[7] http://paginas.fe.up.pt/wwwidmec/index1.0.html (Acedido a 28/09/2015)

http://paginas.fe.up.pt/idmec/desdobravel_idmec.pdf (Acedido a 10/10/2015)

[8] https://sigarra.up.pt/feup/pt/uni_geral.unidade_view?pv_unidade=4 (Acedido a

28/09/2015)

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PROJETO FEUP - INVESTIGAÇÃO COMO SAÍDA PROFISSIONAL 25

http://web.letras.up.pt/sga/default.aspx?l=1&m=0&s=0&n=0&id=292 (Acedido a

05/10/2015)

https://sigarra.up.pt/feup/pt/cur_geral.cur_planos_estudos_view?pv_plano_id=2

484&pv_ano_lectivo=2015&pv_tipo_cur_sigla=MI&pv_origem=CUR (Acedido a

13/10/2015)

[9] http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3860544&seccao=Europa

(Acedido a 28/09/2015)

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ANEXOS

ENTREVISTA 1 – REALIZADA A UM INVESTIGADOR EM DOUTORAMENTO

Sabia o que o esperava em termos de saídas profissionais quando entrou no 1º

ano (Licenciatura ou Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica) em termos de

Saídas Profissionais?

Sabia que havia um enorme leque de saídas profissionais, possibilitando a

integração com varias indústrias de diferentes atividades, contava com as ofertas de

projeto de estruturas e mecanismos, e produção elétrica, mas confesso que não estava

consciente das ofertas na área da climatização nem da Investigação.

O que o levou a seguir o ramo de Investigação e não ir diretamente para o

mercado de trabalho?

Gostei do trabalho desenvolvido durante a minha tese de mestrado e da

integração com a equipa de Investigação da qual fazem parte os meus orientadores.

Pensa alguma vez ir para o mercado de trabalho? Se sim, que dificuldades pensa

encontrar e que vantagens pensa ter em relação aos seus colegas licenciados?

Não coloco essa opção de parte, afinal não podemos prever o futuro. Mas a

minha intenção é continuar na Investigação. Em relação às dificuldades que neste

momento o mercado de trabalho apresenta aos doutorados tem a ver com a falta de

aposta das empresas portuguesas em trabalhadores altamente qualificados. As

vantagens são a experiência na resolução de problemas reais e complexos com novas

soluções

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Se fosse hoje, voltaria a tomar a decisão de seguir um Doutoramento?

Sim.

Por que caminho acha que deve optar um aluno no final do 5º ano?

Penso que deve optar pela atividade que lhe der mais prazer e que possa

desenvolver sem que esta seja razão de saturação e frustração pessoal.

Acha que é preciso que mais alunos sigam a área de investigação? Que benefício

traz esta decisão para o país?

A investigação pressupõe a procura e desenvolvimento de novas

soluções/produtos mais eficientes, também pode combinar as mais recentes

tecnologias em novas aplicações para essas tecnologias, assim sendo quanto maior

forem os novos produtos/soluções desenvolvidas e aplicadas às indústrias melhores

serão os produtos, mais seguros e certamente melhorará a qualidade de vida em

Portugal.

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ENTREVISTA 2 – REALIZADA A UM INVESTIGADOR EM POS-DOC

Sabia o que o esperava em termos de saídas profissionais quando entrou no 1º

ano (Licenciatura ou Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica?

Sim. Pois tinha a noção do que o mercado oferecia.

O que o levou a seguir o ramo de Investigação e não ir diretamente para o

mercado de trabalho?

O que me levou a seguir o ramo de Investigação foi o gosto pelo estudo e de

estar constantemente a aprender coisas novas e colocar à disposição dos outros o

conhecimento que irei desenvolver.

Se pretendesse entrar no mercado de trabalho, que dificuldades, pensa que

encontraria, e que vantagens teria em relação aos seus colegas licenciados?

A maior dificuldade, no imediato, será a adaptação ao modo de funcionamento

das empresas e do mercado de trabalho. A vantagem é possuir um amplo conhecimento

e ter à disposição ferramentas capazes de dar resposta ao posto de trabalho que

possivelmente iria ocupar.

Se fosse hoje, voltaria a tomar a decisão de seguir Investigação?

Sim.

Por que caminho acha que deve optar um aluno no final do 5º ano?

Deverá optar por reforçar os seus conhecimentos num processo contínuo de

aprendizagem, junto das empresas ou junto de centros tecnológicos/universidades que

detêm conhecimento.

Acha que é preciso que mais alunos sigam a área de Investigação? Que

benefícios traz essa decisão para o país?

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Sim, penso que sim. Portugal precisa de evoluir tecnologicamente e só

conseguirá colocar-se ao nível dos seus parceiros europeus apostando na formação e

educação. Os benefícios são imensos, desde a evolução do tecido industrial português

até às condições de vida dos cidadãos.

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ENTREVISTA 3 – REALIZADA A UM EMPREGADOR

Qual seria o candidato perfeito a uma vaga na área de Engenharia Mecânica?

Tem capacidade de trabalho;

Tem perseverança;

Tem elevada inteligência emocional;

Consegue entrar com humildade na empresa para poder captar as suas

especificidades;

Permanece sempre pronto para ouvir;

Algum tempo depois, assimilando o que viu, apresenta ideias válidas usando os

conhecimentos que a sua formação lhe proporcionou para ajudar a resolver os

problemas que a empresa lhe pôs;

Consegue levar a equipa a concretizar as ideias válidas que apresentou.

Entre dois Engenheiros Mecânicos com igual formação, quais são os critérios de

escolha para o preenchimento da vaga?

Humildade, capacidade de trabalho, inteligência emocional, integração na equipa.

Tem preferência entre dois candidatos, um Doutorado e outro que tenha apenas

um Mestrado? Porquê?

A meus olhos aquele "que tenha apenas um Mestrado" tem já muito bons

conhecimentos para iniciar a carreira (atenção, falo da FEUP).

Verifico que as necessidades das empresas são geralmente diferentes daquilo

que é ensinado na Universidade. Os assuntos a tratar nas empresas são transversais e

algo básicos. Logo, as empresas precisam de pessoas que tenham capacidade para se

colocar a esse nível e não ao nível muito mais intelectual e vertical (cada tema é tratado

com elevada profundidade) que carateriza o Ensino Universitário. Assim, um Doutorado

pode interessar se tiver trabalhado em algo que se possa aplicar diretamente na

empresa, o que é pouco comum.