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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO ASPECTOS DA CAPACIDADE VETORIAL E PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AO TEMEPHÓS DE POPULAÇÕES DE AEDES AEGYPTI (DIPTERA: CULICIDAE) DE DIFERETES REGIÕES DO ESTADO DE SERGIPE, BRASIL Letícia Silva Marteis Mestrado Acadêmico SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE – BRASIL 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

ASPECTOS DA CAPACIDADE VETORIAL E PERFIL DE

SUSCEPTIBILIDADE AO TEMEPHÓS DE POPULAÇÕES DE AEDES

AEGYPTI (DIPTERA: CULICIDAE) DE DIFERE�TES REGIÕES DO

ESTADO DE SERGIPE, BRASIL

Letícia Silva Marteis

Mestrado Acadêmico

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Marteis, Letícia Silva

M375a Aspectos da capacidade vetorial e perfil de suscetibilidade ao temephós de populações de Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) de diferentes regiões do estado de Sergipe, Brasil / Letícia Silva Marteis. – São Cristóvão, 2012.

81 f.; il.

Dissertação (Mestrado em Ecologia) – Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2012.

O Orientadora: Profª. Drª. Roseli La Corte dos Santos

1. Saúde pública. 2. Aedes aegypti - controle. 3. Aedes aegypti – comportamento 4. Organofosforado temephós. 4. Sergipe. I. Título CDU: 595.77:614

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

MESTRADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

LETÍCIA SILVA MARTEIS

ASPECTOS DA CAPACIDADE VETORIAL E PERFIL DE

SUSCEPTIBILIDADE AO TEMEPHÓS DE POPULAÇÕES DE AEDES

AEGYPTI (DIPTERA: CULICIDAE) DE DIFERE�TES REGIÕES DO

ESTADO DE SERGIPE, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ecologia e Conservação da

Universidade Federal de Sergipe, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em

Ecologia.

Orientadora: Profa. Dra. Roseli La Corte dos Santos.

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

2012

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Aos meus pais, Lourdes e Dernival, que são o

combustível que me move em busca de lhes

proporcionar dias melhores.

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AGRADECIME�TOS

Agradeço a Jeová Deus pela vida, por ter me dado equilíbrio e paz nos momentos

de maior desengano e por ter colocado em minha vida pessoas maravilhosas, às quais

expresso minha sincera gratidão, pois sem elas a realização deste trabalho não seria possível.

Assim, agradeço à professora Roseli La Corte por ter me orientado em mais essa

etapa e por fazê-lo com muita dedicação, carinho e competência. Agradeço pela confiança,

pelo apoio e por contribuir para meu crescimento científico.

Aos professores do Núcleo de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação pelo

conhecimento e experiência transmitidos nas aulas teóricas e práticas, por me fazer ainda mais

encantada pela ecologia de vetores, e pelas sugestões para a realização deste trabalho, em

especial ao professor Leandro Souto que muito tem contribuído para este estudo desde a etapa

do projeto inicial.

Ao professor Lincoln Suesdek pela paciência, pela colaboração no estudo da

morfometria geométrica e pela disponibilidade em participar da minha banca examinadora.

À professora Luciene Barbosa pelo apoio durante meu tirocínio docente e por

sempre me dar a certeza de que no final tudo dá certo, e ao professor Silvio Dolabella pela

disposição em ajudar quando surgiam dúvidas nos experimentos.

Aos amigos do Laboratório de Parasitologia Liz, Lynna, Jonathas, Juci, Thales,

Helaina, Ranna, Grazi, Dani, Danilo, Túllio, Andrea, Juliana, Jordão, Pati e Márcio, que além

de me ajudarem nas atividades de campo, na manutenção das colônias no insetário e nos

experimentos, ainda me proporcionaram um ambiente de trabalho agradável e descontraído.

Aos amigos das turmas 2010/1 e 2010/2 do Mestrado, pelo companheirismo e

carinho, e por partilhamos uns com os outros a alegria das aulas de campo, o desespero diante

dos prazos se encerrando e a tão necessária prática do desapego.

Aos amigos do Colégio Estadual Edelzio Vieira de Melo pela convivência

agradável e a forma carinhosa como sempre me trataram, especialmente ao diretor Almir

Pinto, pelo incentivo e apoio para que eu conciliasse o trabalho com meus estudos.

À Juliana, secretária do NPEC, pela constante disposição em ajudar diante das

minhas constantes dúvidas.

À Secretaria Estadual de Saúde de Sergipe e Secretarias Municipais de Saúde das

cidades onde coletamos as amostras pelo auxílio no processo de instalação das armadilhas.

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Ao Centro Meteorológico de Sergipe (CEMESE) pelo fornecimento de dados

climáticos dos municípios estudados.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa de Mestrado.

À minha família (meus pais Lourdes e Dernival, meus irmãos Rodson e Everton e

meus sobrinhos), meu maior tesouro, por compreender minha ausência, pelo apoio, pela

torcida e pelo orgulho que sente de mim.

A Del e Dena, que são pais para mim, sempre muito atenciosos comigo, obrigada

pelo cuidado amoroso, pela força e incentivo.

A Albert, pelo amor a mim dedicado nos últimos três anos, por sonhar os mesmos

sonhos e acompanhar de perto cada conquista minha, por acreditar em minha capacidade mais

que eu mesma e pelos inúmeros finais de semana que passou comigo contanto larvas e pupas

de mosquito no insetário. Obrigada! Esse mestrado também é seu!

Meus sinceros agradecimentos a todos os amigos, inclusive aos não citados, que

de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho!

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RESUMO

Estudos da ecologia de populações de Aedes aegypti são fundamentais para se conhecer o

comportamento e as adaptações apresentadas pela espécie de acordo com o ambiente em que

vivem e que se evidenciaram durante o processo evolutivo em função das diferentes pressões

seletivas que as espécies enfrentam em seu ambiente de origem. Assim, este estudo teve como

objetivo avaliar aspectos da capacidade vetorial e a resistência ao organofosforado temephós

de populações de Ae. aegypti provenientes de diferentes regiões do estado de Sergipe. Além

da razão de resistência das populações ao larvicida, os parâmetros de desenvolvimento e

reprodutivos observados foram duração do período imaturo, quantidade de pupas formadas e

de adultos que emergiram, razão sexual, sobrevivência dos adultos em diferentes condições de

alimentação, fecundidade das fêmeas, fertilidade dos ovos sob estressse climático, quantidade

de sangue ingerido, tamanho dos espécimes e ocorrência de assimetria alar. Todas as

populações de Ae. aegypti avaliadas apresentaram resistência ao temephós. A população

proveniente de Neópolis, município com características climáticas favoráveis ao

desenvolvimento da espécie, apresentou uma das menores razão de resistênicia ao larvicida e

melhor desempenho das variáveis de desenvolvimento e reprodução avaliadas. Já a população

de Pinhão, originária da região do semi-árido, além de apresentar a maior razão de resistência

ao temephós, inclusive com valor discrepante em relação aos apresentados pelas demais

populações, também foi a que exibiu maior perda nos parâmetros da capacidade vetorial, com

exceção da variável viabilidade dos ovos em condição de estresse climático, para a qual

apresentou o melhor desempenho. Assim, foram observadas variações em parâmetros da

capacidade vetorial que ora pareciam estar relacionadas às condições climáticas do ambiente

de origem das populações, provavelmente em virtude das adaptações desenvolvidas pelos

indivíduos, ora relacionavam-se com os diferentes status de resistência ao temephós

observados.

Palavras-chave: Saúde pública. Aedes aegypti – controle. Aedes aegypti – comportamento.

Organofosforado temephós. Sergipe.

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ABSTRACT

Ecology studies of Aedes aegypti are crucial to understand the behavior and adaptations made

by the species according to their environment and that became evident during the evolutionary

process due to different selective pressures facing the species in their origin environment.

Therefore this study aimed to evaluate aspects of vectorial capacity and resistance to

organophosphate temephos for Ae. aegypti from different regions of Sergipe. In addition to

the resistance ratio of the populations to larvicides, developmental parameters and

reproductive outcomes were duration of theimmature, number of pupae formed and adults

emerged, sex ratio, survival of adults in different feeding conditions, fecundity of females,

fertility eggs under stress climate, amount of blood ingested, the size of specimens and the

occurrence of asymmetric wing. All evaluated populations of Ae. aegypti were resistance to

temephos . The population from Neopolis, a city with favorable climatic characteristics for the

development of species, showed a smaller ratio of the larvicide resistênicia and performance

of developmental and reproductive variables evaluated. The population from Pinhão, which

comes from the semi-arid, and has the highest resistance ratio to temephos, including outlier

compared to those presented by other people, which was also exhibited greater loss in the

parameters of vectorial capacity, with the exception of variable viability of eggs in a condition

of environmental stress, for which the best performance. Thus, changes were observed in

parameters of vectorial capacity which now seemed to be related to the climatic conditions of

the original environment of the populations, probably due to adaptations developed by

individuals, sometimes were related to the differents status of resistance to temephos

observed.

Keywords: Public Health. Aedes aegypti – control. Aedes aegypti – behavior.

Organophosphate temephos. Sergipe.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

1.1 Aspectos da capacidade vetorial de Aedes aegypti 11

1.1 Resistência de Aedes aegypti a inseticidas 15

2 OBJETIVOS 20

3.1 Objetivo Geral 20

3.2 Objetivos Específicos e hipóteses de trabalho 20

3 MATERIAL E MÉTODOS 22

3.1 Área de estudo 22

3.2 Obtenção dos ovos 26

3.3 Estabelecimento das colônias 27

3.4 Aspectos da capacidade vetorial 28

3.4.1 Variáveis de desenvolvimento 28

3.4.2 Variáveis de reprodução 29

3.4.3 Análises morfométricas 30

3.5 Bioensaios de resistência ao organofosforado temephós 32

3.5.1 Experimento Dose Diagnóstica (DD) 33

3.5.2 Experimento Dose Resposta (DR) 34

3.6 Análise estatística 34

3.7 Considerações éticas e de biossegurança 35

4 RESULTADOS 36

4.1 Obtenção dos ovos 36

4.2 Aspectos da capacidade vetorial 37

4.2.1 Variáveis de desenvolvimento 37

4.2.2 Variáveis de reprodução 42

4.2.3 Análises morfométricas 45

4.3 Bioensaios de resistência ao organofosforado temephós 49

5 DISCUSSÃO 53

6 CONCLUSÕES 65

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 67

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1 I�TRODUÇÃO

Estudos da ecologia são fundamentais para se conhecer o comportamento e

as adaptações apresentadas pelas espécies de acordo com o ambiente em que vivem e

que se evidenciaram durante o processo evolutivo. Populações de áreas com diferentes

condições ambientais podem expor distintos padrões de desenvolvimento em função das

diferentes pressões seletivas que as espécies enfrentam em seu ambiente de origem.

Diversos estudos acerca de aspectos da ecologia de Aedes aegypti têm sido

desenvolvidos, no entanto, existem lacunas deste conhecimento que precisam ser

preenchidas. Considerar o desenvolvimento do ciclo de vida do mosquito e sua

capacidade adaptativa frente a condições ambientais adversas é importante em função

das relações estabelecidas entre Ae. aegypti e outras espécies, sobretudo a espécie

humana, visto que trata-se de mosquito essencialmente urbano e vetor de doença

endêmica.

1.1 Aspectos da capacidade vetorial de Aedes aegypti

O termo capacidade vetorial, inicialmente aplicado em estudos referentes à

malária, pode ser definido como a velocidade em que uma população de espécie vetora

consegue disseminar um agente etiológico entre indivíduos susceptíveis de determinada

área. Assim, um dos principais parâmetros da capacidade vetorial é a competência

vetorial, que representa a probabilidade de infecção do vetor em virtude do repasto

sanguíneo em vertebrado infectado. Dessa forma, os estudos de capacidade vetorial

envolviam análises referentes à infecção do vetor e à susceptibilidade dos hospedeiros,

como, por exemplo, a média de picadas infectantes por hospedeiro e duração do período

de incubação extrínseco, ou seja, período no qual o patógeno se desenvolve no

organismo do mosquito até surgirem formas infectantes disponíveis para transmissão.

No entanto, com o passar do tempo, a capacidade vetorial passou a ser analisada em

estudos que não consideravam diretamente aspectos da infecção e, assim, parâmetros

ecológicos, biológicos e comportamentais das espécies passaram a ser utilizados. Dessa

forma, há outros fatores consideráveis como a densidade da espécie vetora na área, a

duração do ciclo gonotrófico, a preferência pelo sangue ingerido e a longevidade do

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vetor, que deve possibilitar tempo suficiente para que se complete o período de

incubação (LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 2005; KLEMPNER et al., 2007). Lutz et al.

(2003) consideram o período de incubação extrínseco e a sobrevivência diária como os

parâmetros mais importantes para determinação da capacidade vetorial de Ae. aegypti.

Entretanto, é importante atentar para alguns fatores que podem contribuir para uma

interpretação enviesada da capacidade vetorial como, por exemplo, a infecção por

arbovírus que pode interferir na longevidade, na fecundidade e no comportamento

alimentar do inseto (MACIEL-DE-FREITAS, 2010).

O mosquito Ae. aegypti é o principal vetor da dengue, doença reemergente

no mundo que persiste como sério problema de saúde pública, especialmente nas áreas

de clima tropical e subtropical, onde as condições ambientais favorecem o

desenvolvimento e proliferação do mosquito (TAUIL, 2002). No entanto, em virtude do

aquecimento global, esse vetor tende a ampliar sua área de distribuição geográfica,

possibilitando a ocorrência da doença em áreas antes isentas do mosquito em virtude de

barreiras climáticas (CORTEZ, 2004).

Ae. aegypti é detectado em número cada vez maior de municípios brasileiros

e esse número cresce rapidamente a cada ano, evidenciando a necessidade de

conhecimento mais eficaz quanto ao seu controle (ILDEFONSO FERNÁNDEZ, 1999;

SOUZA-SANTOS & CARVALHO, 2000). Assim, é de fundamental importância

conhecer os princípios básicos de sua ecologia e biologia para determinação a aplicação

das medidas de prevenção e controle da dengue.

Culicídeo muito associado ao homem, o mosquito Ae. aegypti apresenta

comportamento altamente sinantrópico (adaptado a viver junto ao homem) e

antropofílico (associado ao homem), o que lhe propicia significativa função

epidemiológica. Trata-se de espécie com alto grau adaptativo tanto na fase imatura

quanto quando indivíduo adulto (NATAL, 2002). As especificidades biológicas do

vetor e a resistência dos ovos a longos períodos de seca contribuem para a falsa

impressão de não haver risco de novas epidemias de dengue em determinadas áreas,

visto que os ovos podem eclodir e re-infestar as localidades (GUIMARÃES, 2002).

Depois de formado o embrião, os ovos postos nas paredes dos recipientes adquirem

resistência e são capazes de enfrentar longos períodos de seca, à espera de água e

temperatura adequadas, quando são então estimulados a eclodir e há a formação de um

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criadouro de imaturos de Ae. aegypti. (NATAL, 2002). Assim, mesmo secos, os

criadouros artificiais mantêm a infestação pelo vetor.

Diversos estudos mostram a adaptabilidade da espécie aos criadouros

artificiais provenientes de recipientes reutilizáveis, destinados ao armazenamento de

água ou descartados pelo homem (LIMA et al., 1988; TUN-LIN et al.,1995; SOUZA-

SANTOS & CARVALHO, 2000; PEREIRA, 2001, 1996; DONALÍSIO e GLASSER,

2002; DOMINGOS, 2005; SILVA et al., 2006; LAGROTTA, 2006; LAZCANO et al.,

2006, MACIEL-DE-FREITAS, 2007). Assim, a manutenção e a dispersão do Ae.

aegypti tem estreita relação com o modo de vida do ser humano (LEFÈVRE et al.,

2004). A depender da disponibilidade ambiental são encontrados também criadouros

naturais, embora a espécie Ae. albopictus, vetor potencial da dengue, esteja mais

associada a esse tipo de criadouros (FORATTINI et al., 1997; FORATTINI, 1998;

CHIARAVALLOTI-NETO et al., 2002; BRITO & FORATTINI, 2004). A vasta

heterogeneidade de criadouros evidencia a grande capacidade da fêmea de ovipor em

diversificado e elevado número de recipientes, transformando-os em criadouros

potenciais.

Em criadouros temporários, o mosquito Ae. aegypti tende a desenvolver a

fase imatura mais curta que aquela apresentada por culicídeos de criadouros

permanentes. Este mecanismo seletivo de encurtamento da vida imatura é uma

adaptação que propicia aumento na produtividade dos criadouros, com rápida formação

de indivíduos adultos. (NATAL, 2002).

Donalísio e Glasser (2002) reforçam a importância da análise das condições

climáticas quando do estudo da dengue, uma vez que a incidência da doença está

fortemente associada a estações chuvosas, temperaturas altas, ventos e altitudes. De

fato, a temperatura é um dos fatores ecológicos associados ao desenvolvimento de Ae.

aegypti que influencia na dinâmica populacional da espécie, uma vez que atua na

longevidade, fecundidade e atividade hematofágica dos insetos (COSTA et al, 1994;

VIANA et al., 1996; RIBEIRO et al., 2004).

Beserra et al. (2006) observaram interação significativa entre populações de

Ae. aegypti e a temperatura associada ao período de desenvolvimento embrionário,

eclosão e viabilidade dos ovos e longevidade dos adultos. Além disso, em estudo

realizado com populações de Ae. aegypti da Paraíba para estudar a fertilidade da

espécie, Beserra et al (2008) constataram um padrão diferenciado de desenvolvimento e

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de potencial biótico associado à adaptação às condições climáticas, como variação na

temperatura, por exemplo.

Embora fatores socioeconômicos e culturais influenciem na densidade dos

mosquitos adultos (OLIVEIRA, 2004; MENDONÇA et al., 2004; FERREIRA &

CHIARAVALLOTI-NETO, 2007), o número de focos de Ae. aegypti e a proliferação

do vetor numa determinada área são determinados pelas condições ambientais, como

chuvas e temperaturas (DONALÍSIO & GLASSER, 2002; GLASSER & GOMES,

2002; RIBEIRO et al., 2004, 2006).

Um dos parâmetros que ainda pode ser associado à atividade vetora de Ae.

aegypti é a capacidade de dispersão da fêmea, que está diretamente relacionada à

probabilidade de encontrar vertebrado para o repasto sanguíneo. Nesse contexto,

estudos geométricos das asas dos mosquitos são importantes, uma vez que para

Hemiptera já foi observado que as características das asas geralmente estão associadas a

características biológicas como capacidade de vôo, além da produção de sons alares de

corte e pré-cópula e fecundidade. (BROGDON, 1994, 1998).

Morfometria é a formalização matemática das diferenças entre formas

geométricas dos objetos. A morfometria geométrica é uma ferramenta relativamente

recente, capaz de possibilitar comparações, com alto poder de resolução, de padrões

corporais considerando-se simultaneamente várias características de uma estrutura

corporal complexa. Para isso, são utilizados pontos de referência na estrutura corporal

analisada, os chamados pontos anatômicos. Sobre um plano cartesiano imaginário da

estrutura em estudo são tomadas as coordenadas posicionais desses pontos, as quais são

posteriormente ordenadas em tabelas de dados, com os quais são feitos análises

estatísticas de variação morfométrica, além de comparar a magnitude das informações

(ROHLF, 1993; MONTEIRO & REIS, 1999).

Entre os testes estatísticos aplicados nos estudos morfométricos encontra-se

a análise de variáveis canônicas que, através de um conjunto de dados multivariados,

fornece uma descrição das dissimilaridades de forma entre grupos especificados na

análise. Os dados são então expressos como variáveis latentes representadas em gráficos

bidimensionais (MONTEIRO & REIS, 1999). Além da análise da forma, é possível

realizar análise de tamanho através do teste que consiste em medir o tamanho do

centróide no intuito de detectar dissimilaridades não-alométricas de tamanho das

estruturas. O centróide é o ponto imaginário que representa o centro geométrico da asa e

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é determinado pela média dos valores posicionais no plano cartesiano de todos os

pontos anatômicos de uma mesma asa. O tamanho do centróide é um vetor que sintetiza

todos os valores posicionais considerados no cômputo do centróide. Formalmente,

tamanho do centróide é a raiz quadrada da soma dos quadrados das distâncias de cada

ponto anatômico ao centróide. Na ausência de alometria essa é a única medida de

tamanho que não se correlaciona com as variáveis de forma. Assim, o tamanho do

centróide varia de acordo com o tamanho da asa e é uma forma de sumarizar o tamanho

dessa estrutura em uma única variável.

A morfometria geométrica foi inicialmente aplicada à família Culicidae por

pesquisadores tailandeses em estudos de variação temporal da forma

(JIRAKANJANAKIT, 2008) e do tamanho (JIRAKANJANAKIT, 2007) de asas de Ae.

aegypti. Atualmente esta técnica, visto que possibilita comparações morfológicas com

alta resolução, tem sido utilizada para avaliar o dimorfismo sexual entre espécies de

culicídeos através de diferenças nas asas que são de difícil percepção à observação

direta e de difícil descrição formal. Assim, a análise morfométrica complementa o

processo de sexagem realizado através da diferenciação da genitália e dos apêndices

cefálicos (JIRAKANJANAKIT et al., 2007, HENRY et al., 2010, DEVICARI et al.,

2011).

1.2 Resistência de Aedes aegypti a inseticidas

Nos últimos 40 anos, o controle vetorial no Brasil tem se baseado no

controle físico, que consiste na redução dos potenciais criadouros domiciliares de Ae.

aegypti, e no controle químico através do uso dos inseticidas convencionais. O controle

físico, porém, não é viável para todos os tipos de criadouros, especialmente os de

grande extensão. O controle químico vem sofrendo restrições em função da seleção de

populações de mosquitos resistentes aos inseticidas e devido às consequências que

podem causar ao meio ambiente. No Brasil, apesar de esforços do Ministério da Saúde,

o Programa de Controle da dengue não é eficaz em prevenir a ocorrência cíclica de

epidemias (CAVALCANTI et al., 2007; BRAGA & VALLE, 2007a; COELHO et al.,

2008).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a resistência é

definida como a capacidade que uma população de insetos apresenta em tolerar uma

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dose de inseticida que em condições normais seria letal. Esta resistência tem

característica genética, que pode ser explicada pela presença, numa população, de

insetos com alelos que lhes confiram resistência e outra com alelos que conferem

susceptibilidade. A resistência surge numa população quando há exposição continuada a

determinado inseticida, matando os indivíduos susceptíveis e deixando vivos aqueles

com alelos para resistência (BRAGA & VALLE, 2007b).

O programa de controle da dengue no Brasil baseia-se na utilização de

larvicidas organofosforados, como o temephós, e os piretróides cipermetrina e

deltametrina, utilizados no controle das formas adultas. O uso do organofosforado

temephós como larvicida é feito em todos os estados brasileiros desde 1980 (MACORIS

et al., 2007). A utilização desses inseticidas requer monitoramento constante para

retardar ou evitar o aparecimento de resistência (BRAGA & VALLE, 2007b; LUNA et

al., 2004).

Os mecanismos relacionados à resistência dos insetos aos inseticidas

geralmente envolvem alteração do comportamento, redução da taxa de penetração na

cutícula, diminuição da sensibilidade do sítio-alvo e detoxificação metabólica

aumentada. Como os mecanismos de ação são inespecíficos, o uso de inseticidas

estruturalmente relacionados pode ocasionar resistência cruzada (FERRARI, 1996).

Os compostos convencionalmente utilizados no controle químico

apresentam mecanismo de ação sobre o sistema nervoso central dos insetos

(RATHBURN JR, 1985). O temephós é o único larvicida organofosforado com

recomendação da OMS para uso em água potável (WHO, 1997) e atua inibindo a

enzima Acetilcolinesterase (AChE), o que resulta em acúmulo de acetilcolina nas

sinapses nervosas, impedindo assim a interrupção da propagação do impulso elétrico e

ocasionando o contínuo estímulo do sistema nervoso central e a consequente morte do

inseto (BRAGA & VALLE, 2007b).

A avaliação da resistência de uma população a inseticidas é realizada

através de bioensaio Dose Diagnóstica, onde as larvas são expostas a uma única dose do

inseticida para detectar a possível resistência. Para o temephós essa dose é fixada pelo

Ministério da Saúde em 0,012 ppm e equivale ao dobro da concentração letal para 99%

(CL99) das larvas de uma população reconhecidamente susceptível . Porém, em virtude

de possíveis variações na formulação do temephós a depender do fabricante ou mesmo

do lote, é recomendável fazer a calibração do inseticida através do experimento Dose

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Resposta com a cepa susceptível e assim identificar sua CL99. O bioensaio Dose

Resposta é um experimento no qual a resistência detectada através do bioensaio Dose

diagnóstica é quantificada (WHO, 1992; BRAGA & VALLE, 2007b). A razão de

resistência (RR), em relação à população suscetível, é calculada durante o ensaio dose-

resposta e define o grau de resistência da população estudada. Valores de razão de

resistência entre três e cinco demonstram baixa resistência; de cinco a 10, resistência

moderada; de 10 a 20, resistência média; e acima de 20, resistência alta (CAMPOS &

ANDRADE, 2003).

Resistência tem sido detectada para todas as classes de inseticidas, o que

afeta direta e profundamente a re-emergência das doenças transmitidas por vetores, uma

vez que, apesar dos significativos avanços alcançados no desenvolvimento de métodos

alternativos, os inseticidas químicos continuam sendo ferramenta importante dos

programas de controle da dengue (BRAGA & VALLE, 2007c).

A resistência a inseticidas vem aumentando em vários países das Américas

Central e Sul, Ásia e Caribe (WHO, 1992). Na América Latina há registro de

populações de Ae. aegypti resistentes na Costa Rica, Cuba, Jamaica, Nicarágua, Peru e

Venezuela (RODRÍGUEZ et al., 2007). O uso contínuo do organofosforado temephós

desde 1967 proporcionou ao longo do tempo a seleção de populações de Ae. aegypti

resistentes a este larvicida (MONTELLA, 2007). No Brasil, populações de Ae. aegypti

resistentes ao temephós estão amplamente distribuídas e têm sido registradas em vários

estados como São Paulo (MACORIS et al., 1999), Distrito Federal (CARVALHO et al.,

2004), Paraíba (BESERRA et al., 2007), Ceará (LIMA et al., 2006), Rio de Janeiro,

Sergipe e Alagoas (BRAGA et al., 2004). No caso de Sergipe, foram analisados três

municípios: Aracaju, Barra dos Coqueiros e Itabaiana. A taxa de mortalidade foi de

27,5% em Aracaju, 26,5% na Barra dos Coqueiros e 7,1% em Itabaiana. Esses

resultados mostraram que as larvas analisadas apresentam resistência ao temephós, visto

que a mortalidade ficou abaixo dos 80% preconizado pela OMS (BRAGA et al., 2004).

Nesse mesmo ano, foram realizados no estado, testes de resistência ao piretróide

cipermetrina em adultos de Ae. aegypti. Nesse estudo, foram analisados dois

municípios: Aracaju e Barra dos Coqueiros. A mortalidade observada foi de 95, 7% em

Aracaju e 92, 7% na Barra dos Coqueiros. Os resultados foram classificados como

inconclusivos, pois a mortalidade observada ficou entre 80% e 98% (CUNHA et al.,

2005).

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Diante desse contexto de resistência aos inseticidas convencionais, outros

produtos estão sendo utilizados no controle do vetor da dengue. São os chamados

inseticidas alternativos, e envolvem principalmente o grupo dos inseticidas biológicos e

dos Reguladores do Crescimento dos Insetos (IGR). Uma alternativa biológica é a

bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), efetiva contra larvas

de insetos de importância médica. O larvicida Bti, recomendado pela OMS para uso em

água potável, é um dos substitutos do organofosforado temephós (WHO, 1997). Em

alguns locais onde a resistência ao temephós foi estabelecida, realizou-se o controle

biológico utilizando as bactérias patógenas. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Bti

começou a ser utilizado em 2001, quando a resistência ao temephós foi confirmada no

estado (BRAGA & VALLE, 2007c), porém, devido à seleção de cepas resistentes

também a este produto, de acordo com Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro,

em 2009 iniciou o processo de utilização de outro larvicida, o diflubenzuron, um

regulador do crescimento dos insetos que atua inibindo a síntese de quitina. Na Região

metropolitana de Aracaju, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe,

em decorrência da constatação de resistência, o diflubenzuron também começou a ser

utilizado em 2009, em substituição ao larvicida temephós. No interior do estado, porém,

onde não há monitoramento, ainda é utilizado o organofosforado.

Embora os inibidores da síntese de quitina atuem sobre as larvas de Ae.

aegypti, constituindo uma alternativa de controle do vetor onde há resistência ao

temephós, estes compostos não são adequados para localidades onde há predominância

de recipientes destinados ao armazenamento de água para consumo humano (BRAGA

& VALE, 2007c; BRASIL, 2005). Nas áreas com essa característica, a recomendação

da Secretaria de Vigilância em Saúde é adotar medidas de saneamento ambiental

(BRASIL, 2005). No entanto, Martins & Silva (2004) sugerem que o uso do

diflubenzuron em depósitos de água para consumo humano não oferece perigo, visto

que o larvicida atua apenas na síntese de quitina, durante o processo de muda, e esta é

uma substância restrita aos artrópodes, o que afetaria apenas outros insetos que

compartilham dos criadouros naturais. Além disso, em municípios característicos por

apresentar recipientes que acondicionam pequeno volume de água, não é possível

aplicação direta da formulação do diflubenzuron em pó molhável sendo necessários sua

prévia diluição e acondicionamento em depósitos para uso em campo, o que pode

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representar um problema operacional se a aplicação for realizada em larga escala

(BRASIL, 2005).

Apesar de agirem de maneira diferente dos inseticidas tradicionais, existem

registros de resistência aos inseticidas biológicos (BROGDON & MCALLISTER,1998;

KOTZE et al., 1997). Assim, a aplicação de inseticidas no controle vetorial deve ser

feita de maneira racional e as populações de Ae. aegypti devem ser monitoradas quanto

à seleção de resistência de modo a se obter a melhor relação custo-benefício no uso de

inseticidas e não comprometer as ações de controle da dengue.

Diante do exposto, este estudo investiga alterações na susceptibilidade de

populações de Ae. aegypti ao organofosforado temephós, larvicida usado com

frequência nas atividades de controle vetorial em Sergipe, possibilitando assim

averiguar a interferência antrópica no ambiente através da pressão seletiva imposta às

populações naturais do mosquito. Além disso, a avaliação do status de resistência a

inseticidas concomitante com a análise aspectos da capacidade vetorial das diferentes

populações de Ae. aegypti possibilita investigar a ocorrência de custos biológicos no

fitness de indivíduos resistentes, em virtude do seu metabolismo estar direcionado tanto

para produção quanto manutenção dos mecanismos de resistência.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar aspectos da capacidade vetorial e a resistência ao temephós de

populações de Ae. aegypti provenientes de diferentes regiões do estado de Sergipe.

2.2 Objetivos Específicos e hipóteses de trabalho

1 – Averiguar o tempo de desenvolvimento larvário, de formação de pupas e

de emergência dos adultos para as diferentes populações.

Hipótese: populações provenientes de ambientes com diferentes condições

climáticas tendem a diferir o ciclo de vida, mesmo quando criadas sob condições

ambientais idênticas.

2 – Quantificar a razão sexual dos adultos que emergirem.

Hipótese: para todas as populações, machos e fêmeas tendem a apresentar a

mesma razão sexual.

3 – Observar a longevidade das fêmeas em três dietas diferentes: em jejum,

alimentadas apenas com solução açucarada e alimentadas com açúcar e repasto

sanguíneo.

Hipótese: na condição de jejum, fêmeas das populações oriundas de

ambientes com estresse climático são mais longevas que as fêmeas das demais

populações, embora não ocorra diferença na sobrevivência entre as populações nas

demais dietas.

4 – Comparar a sobrevivência de machos e fêmeas nas diferentes dietas.

Hipótese: em todas as dietas, a sobrevivência das fêmeas é maior que a dos

machos.

5 – Verificar a fecundidade das fêmeas após o primeiro repasto sanguíneo.

Hipótese: as fêmeas devem ovipor quantidades de ovos equivalentes.

6 – Verificar a fertilidade dos ovos de Ae. aegypti quando submetidos a

condições de estresse climático.

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Hipótese: fêmeas de populações provenientes de região com ambiente hostil

apresentam maior fertilidade dos ovos quando submetidas em laboratório a condições

estressantes, em comparação com as fêmeas das demais localidades.

7 – Determinar a quantidade de sangue ingerido pelas fêmeas.

Hipótese: fêmeas menores tendem a apresentar menor quantidade de sangue

ingerido.

8 – Verificar, através da morfometria geométrica alar, o tamanho dos

indivíduos de cada população.

Hipótese: indivíduos das populações com maiores índices de resistência ao

temephós são menores que os indivíduos da cepa susceptível.

9 – Verificar a amplitude da assimetria nas asas de Ae. aegypti de cada

população.

Hipótese: indivíduos das populações de regiões com condições ambientais

estressantes tendem a apresentar assimetria alar quanto à forma e ao tamanho.

10 – Quantificar a resistência das populações de Ae. aegypti ao larvicida

temephós.

Hipótese: diferentes populações diferem quanto ao grau de resistência ao

temephós.

11 – Relacionar aspectos da capacidade vetorial com o status de resistência

das populações.

Hipótese: indivíduos das populações resistentes ao temephós tendem a

apresentar perda em aspectos do desenvolvimento e reprodução.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O estudo foi realizado em Sergipe, abrangendo municípios de diferentes

territórios do estado. Sergipe, apesar de ser o menor estado da federação brasileira,

apresenta áreas com diferentes condições ambientais. A extensão territorial é de 21.918

Km2, onde se encontram 2.068.017 habitantes (IBGE, 2010). De acordo com a

Secretaria de Planejamento de Sergipe, os 75 municípios do estado estão, inclusive de

acordo com parâmetros geo-ambientais como topografia, hidrografia, clima, fauna e

flora, divididos em oito territórios, a saber: Alto-Sertão Sergipano, Médio-Sertão

Sergipano, Baixo São Francisco, Centro-Sul, Grande Aracaju, Leste Sergipano, Agreste

Central Sergipano e Sul Sergipano.

O Estado de Sergipe está localizado nas coordenadas geográficas 9º 31’ S a

11º 33’ e 36º 25’ W a 38º 14’ W. De acordo com Centro Meteorológico de Sergipe

(CEMESE), o estado encontra-se na faixa tropical e possui como problema climático a

irregularidade espacial e temporal da distribuição da precipitação pluviométrica, sendo

decrescente do litoral, onde atinge precipitação superior a 1600 mm, em direção ao

semi-árido, onde são registradas precipitações inferiores a 500 mm. O período chuvoso

no estado como um todo se concentra entre os meses de abril a agosto, com o máximo

concentrado nos meses de maio e junho.

De acordo com o Sistema de Informação sobre Recursos hídricos de Sergipe

(SIRHSE), o clima no estado encontra-se dividido em três regiões classificadas de

acordo com a temperatura e a precipitação: região tropical úmida, com precipitação

média anual de 1355 mm, evaporação de 1000 mm/ano, umidade relativa do ar de 80%

no ano e temperaturas que variam entre 20 ºC e 29 ºC; a região do agreste, com

precipitação média anual de 1000 mm, umidade anual de 70% e com temperaturas

semelhantes às observadas na região tropical úmida, porém com maior evaporação

consideravelmente mais alta (2000 mm/ano); e a região do semi-árido, no interior do

estado, com precipitação média de inferior a 700 mm/ano, atingindo valores em torne de

30 mm nos meses de verão, com evaporação superior a 2100 mm/ano e temperaturas

mais altas que as observadas na região tropical úmida com valores que variam em torno

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de 20 ºC e 32 ºC, onde a umidade relativa do ar é de, em média, 65%. Assim, é possível

que a variação de aspectos climáticos entre os territórios, especialmente entre os que

estão mais distantes entre si, interfira em diferentes aspectos da capacidade vetorial de

Ae. aegypti no estado.

Para análise de aspectos da capacidade vetorial foram selecionados quatro

municípios, sendo um em cada território, de modo que apresentassem diferentes

condições ambientais, sendo eles: Canindé do São Francisco, no Alto Sertão Sergipano;

Neópolis, no Baixo São Francisco; Pinhão, no Agreste Central Sergipano e Aracaju, na

região da Grande Aracaju, área litorânea do estado. Para investigar o perfil de

susceptibilidade das populações de Ae. aegypti do estado ao larvicida temephós, além

das populações dos municípios selecionados para estudo da capacidade vetorial, ainda

foram utilizadas populações originárias dos municípios de Carira, no Agreste Central

Sergipano; Capela, no Leste Sergipano e Maruim, na região da Grande Aracaju (Figura

1). A seleção de mais de um município nos territórios da Grande Aracaju e do Agreste

Central Sergipano para análise da susceptibilidade ao inseticida foi realizada no intuito

de verificar possíveis variações no status de resistência ao temephós mesmo entre

municípios vizinhos.

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Figura 1: Ilustração da distribuição dos municípios selecionados para pesquisa no Estado de

Sergipe. FONTE: Secretaria de Estado da Infra-Estrutura <www.seinfra.se.gov.br>.

O município de Canindé do São Francisco, distante 213 Km da capital, está

situado no Alto Sertão Sergipano, no extremo noroeste do estado de Sergipe e limita-se

a norte com o estado de Alagoas, a leste com o município sergipano de Poço Redondo e

a oeste e sul com o estado da Bahia. Além disso, está inserido na bacia hidrográfica do

rio São Francisco e participa do polígono das secas. O município apresenta clima

megatérmico árido, caracterizado por muito sol e calor com temperatura média anual de

27 ºC, variando entre 19 ºC e 33 ºC, mas podendo atingir 43 ºC durante o verão. A

precipitação pluviométrica média no ano é de 485,5 mm e o período chuvoso está

compreendido entre março e julho, com chuvas ocasionais. Neste ambiente hostil, a

vegetação é predominantemente formada por capoeira e caatinga (SERGIPE, 1997,

2000).

O município de Neópolis, localizado no extremo nordeste do estado de

Sergipe, está inserido na bacia hidrográfica do rio São Francisco. Distante 121 Km da

capital Aracaju, encontra-se limitado geograficamente a norte pelos municípios de

Propriá e Santana do São Francisco e pelo estado de Alagoas, ao sul pelo município de

Pacatuba, ao leste pelo município de Ilha das Flores e a oeste pelos municípios de

Propriá e Japoatã. Apresenta tipo climático megatérmico seco e sub-úmido com pouco

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ou mesmo ausência de excesso de água e temperatura média anual de 26 ºC, variando

entre 20 ºC e 30 ºC. O período chuvoso ocorre de março a agosto e a precipitação média

anual é de 1.200 mm (SERGIPE, 1998, 2002).

Localizado no Agreste Central de Sergipe, o município de Pinhão, distante

98 Km da capital, apresenta área territorial de 156 Km2, 258 m de altitute e população

de 5.973 habitantes, segundo dados do IBGE (2010). Com tipo climático semi-árido

com pequeno ou nenhum excesso de água e temperatura média anual que varia entre 16

ºC e 34 ºC, Pinhão abrange o bioma caatinga. Ainda na região do semi-árido, vizinho a

Pinhão encontra-se o município de Carira, distante 112 Km da capital, com 636 Km2,

351 m de altitude e 20.007 habitantes (IBGE, 2010). O tipo climático em Carira é o

megatermico seco sub-úmido com pequeno ou nenhum excesso de água, com variações

na temperatura média anual semelhantes às apresentadas por Pinhão.

No Leste Sergipano, o município de Capela apresenta 30.761 habitantes,

442 Km2 e 162 m de altitude (IBGE, 2010). Em Capela, o tipo climático é o

megatérmico úmido sub-úmido com moderada deficiência de verão e as temperaturas

variam entre 19 ºC e 32 ºC no ano.

Aracaju é município com tipo climático megatérmico úmido e sub-úmido de

moderada influência no verão, com precipitação média anual de 1.590 mm e

temperatura média anual de 26 °C, variando entre 20 ºC e 30 ºC. Geograficamente o

município está localizado no litoral da região nordeste, à margem direita do rio Sergipe.

O período chuvoso é de março a agosto, sendo que maio tende a ser o de maior

precipitação em média. Janeiro, fevereiro e março são, geralmente, os meses mais

quentes em Aracaju, com temperaturas médias que variam entre 30 °C e 24 °C.

Novembro e dezembro, entretanto, são os meses mais secos. Entre julho e agosto as

temperaturas médias máximas são de 27 °C e as médias mínimas de 21 °C (SERGIPE,

2002).

Assim como a capital sergipana, o município de Maruim também faz parte do

território da Grande Aracaju, com 10 m de altitude, 93 Km2 e 16.343 habitantes (IBGE,

2010). Em Maruim, o tipo climático é o megatermico seco sub-úmido com moderado

excesso de inverno.

Além das populações locais de Ae. aegypti, a cepa Rockfeller, mantida por

muitos anos em laboratório, também foi usada nos experimentos de análise da

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capacidade vetorial e como padrão de susceptibilidade ao temephós nos bioensaios de

avaliação da resistência.

3.2 Obtenção dos ovos

Para obtenção dos ovos de Ae. aegypti dos sete municípios sergipanos,

foram realizadas coletas durante intervalo de oito meses, no período entre outubro de

2010 a junho de 2011, sendo que uma segunda coleta foi realizada no município de

Pinhão em agosto de 2011. A coleta dos ovos foi realizada através de visitas aos

municípios selecionados para instalação de armadilhas de oviposição. Para a

amostragem foram utilizadas armadilhas conhecidas no Brasil como ovitrampas. Cada

município foi dividido de acordo com os bairros, de modo aleatório, para incluir áreas

com diferentes níveis de infestação e emprego rotineiro de inseticidas. Por tratar-se de

municípios pequenos (<50.000 imóveis), com exceção de Aracaju, foram instaladas 100

ovitrampas em cada município, sendo uma por quadra. No caso de Aracaju, a coleta

envolveu a instalação de 30 ovitrampas no bairro Porto Dantas, local com

monitoramento da resistência a inseticidas pelo Laboratório de Parasitologia da

Universidade Federal de Sergipe desde 2007.

Para instalação das ovitrampas foi selecionado em cada quadra um imóvel

que preferencialmente apresentasse condições para monitoramento semanal e

preservação das armadilhas, como presença constante do morador e ausência de

crianças e animais domésticos. Nas ovitrampas instaladas no campo foram colocadas

palhetas de oviposição e as armadilhas permaneceram nos imóveis por duas semanas.

Para aumentar o rendimento da ovitrampa, foi misturada à água da armadilha solução

preparada a partir da infusão de gramíneas. Em cada município, as armadilhas

permaneceram nos imóveis por duas semanas consecutivas e, a cada semana, as palhetas

foram retiradas e realizou-se o exame e descarte da solução da armadilha para eliminar

larvas que pudessem ter eclodido, em caso de postura. As palhetas coletadas em campo

foram levadas para o Laboratório de Parasitologia da Universidade Federal de Sergipe,

onde secaram em temperatura ambiente para garantir que o embrião completasse seu

desenvolvimento. Após secagem foi realizada a leitura para contagem de ovos,

utilizando microscópio estereoscópico.

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A instalação das armadilhas nos municípios foi realizada em parceria com a

Secretaria Estadual de Saúde, juntamente com as Secretarias Municipais de Saúde

através do apoio dos agentes de endemias de cada localidade. Todos os imóveis nos

quais foram instaladas as armadilhas foram georreferenciados.

3.3 Estabelecimento das colônias

As criações das populações de Ae. aegypti foram realizadas no insetário do

Laboratório de Parasitologia em ambiente climatizado com temperatura de 26 ºC ±2 ºC,

umidade de 60% ± 10% e fotofase de 12h.

As populações que deram origem à criação foram aquelas provenientes dos

ovos coletados durante trabalho de campo nos municípios selecionados. As palhetas

contendo os ovos coletados nas atividades de campo foram transferidas para uma bacia

grande (30 cm x 20 cm x 6 cm) contendo 1,0 L de água mineral e ração para roedores

triturada, de modo que o número total de ovos alcançasse um valor em torno dos 2.000

e fosse utilizado o maior número de palhetas para melhor amostrar a população de Ae.

aegypti de cada município. Depois de 24 horas de estímulo à eclosão dos ovos, as larvas

existentes na bandeja foram transferidas para outras bandejas contendo 1,5 L de água

além de 100 mg de ração para cada 150 larvas. Em cada bandeja foram adicionadas no

máximo 600 larvas e os imaturos de cada bandeja deram origem aos adultos de uma

gaiola. A alimentação das larvas foi realizada diariamente com ração para gatos

triturada, tamizada (1 mm) e colocada em estufa a 100 °C por uma hora. Ao atingir o

estágio de desenvolvimento de pupas, estas foram transferidas em tampas de borrel para

gaiolas de alumínio com 30 cm x 30 cm x 30 cm de dimensões, onde emergiram os

adultos que foram alimentados diariamente com solução de sacarose. A quantidade

máxima de pupas não excedeu 50 por tampa de borrel e 500 por gaiola. Ofereceu-se às

fêmeas repasto sanguíneo em ratos anestesiados, por 30 minutos, três vezes por semana.

Em cada gaiola foi adicionado um ovipositor contendo água e uma cartela de papel

filtro onde os ovos postos pelas fêmeas selvagens ficavam retidos. Em cada repasto

sanguíneo, a água e o ovipositor eram substituídos, sendo o papel recolhido posto para

secar em temperatura ambiente. Depois de secas, as cartelas contendo os ovos da

primeira geração de laboratório eram datadas e acondicionadas em envelopes

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devidamente identificados com o nome da população. Os ovos da geração F1 foram

então utilizados nos experimentos de capacidade vetorial e resistência a inseticidas.

A cepa Rockefeller (ROCKE), considerada padrão de suscetibilidade a

inseticidas por ter sido retirada do campo antes da aplicação de inseticida começar a

fazer parte da rotina das atividades de controle, também foi mantida em laboratório.

Para o estabelecimento da colônia ROCKE, foram utilizados ovos cedidos pelo

Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores (LAFICAVE) do Rio de

Janeiro, de linhagem criada por muitos anos no laboratório.

Para todos os experimentos realizados com as populações de Ae. aegyti dos

municípios sergipanos, foi utilizada a primeira geração de laboratório, com exceção da

análise da morfometria alar para a mostra de Pinhão, na qual foram usados adultos

selvagens, criados em laboratório, provenientes dos ovos coletados em campo.

3.4 Aspectos da capacidade vetorial

A análise da capacidade vetorial de cada população consistiu em variáveis

de desenvolvimento: duração do período imaturo, percentual de pupas formadas e de

emergência de adultos, razão sexual e longevidade dos adultos em diferentes dietas; de

reprodução: quantidade de sangue ingerido, oviposição individual e viabilidade dos

ovos em condições de estresse climático; e análise da morfometria geométrica alar.

3.4.1 Variáveis de desenvolvimento

Para acompanhar o desenvolvimento larvar foram utilizadas as cartelas

contendo ovos de Ae. aegypti da primeira geração de laboratório de cada população,

uma semana após a postura, para garantir o desenvolvimento do embrião. A oviposição

foi considerada por 24h de exposição dos ovos à água, período depois do qual foram

retiradas as cartelas contendo os ovos para garantir que não ocorresse mais eclosão. As

larvas recém eclodidas foram transferidas para quatro réplicas de bandejas mantendo-se

a densidade em torno de 500 larvas por bandeja. O desenvolvimento larvar foi

acompanhado diariamente a partir da data de eclosão dos ovos até as larvas atingirem o

estágio de pupa. As pupas que surgiram foram contadas e transferidas para gaiolas

identificadas com a população e a data de transferência. O número de pupas foi

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registrado diariamente no mesmo horário até que todas as larvas tivessem se

transformado em pupas ou morrido.

Diariamente foi acompanhada a emergência dos adultos e quantificado o

número de machos e fêmeas que emergiam. Foram formadas gaiolas para acompanhar a

sobrevivência dos adultos em diferentes dietas, sendo três réplicas para cada. As

diferentes condições de alimentação nas quais se observou a sobrevivência de machos e

fêmeas por no máximo 30 dias foram: jejum, alimentação apenas com solução

açucarada e alimentação com solução de sacarose e repasto sanguíneo. Para garantir que

mesmo com possíveis perdas, o número total de fêmeas e de machos acompanhados na

sobrevivência fosse em torno de 30 machos e 30 fêmeas, as réplicas com mosquitos

submetidos ao jejum foram feitas com 90 pupas cada, uma vez que 10 fêmeas de cada

réplica seriam retiradas para pesagem na determinação da quantidade de sangue

ingerido. Nas réplicas com mosquitos alimentados apenas com solução açucarada foram

colocadas 120 pupas em cada. O número maior de indivíduos nestas réplicas em relação

àquelas com mosquitos mantidos em jejum deve-se ao fato de que, em virtude da

substituição da solução açucarada a cada dois dias, há maior chance de perder

exemplares que na condição anterior, quando os mosquitos são mantidos em jejum e há

pouca manipulação nas gaiolas. Já nas gaiolas de sobrevivência dos mosquitos

alimentados com açúcar e sangue foram colocadas 140 pupas em cada. Das fêmeas

oriundas desta dieta, após o primeiro repasto sanguíneo, 10 exemplares de cada réplica

foram retirados para pesagem e determinação da quantidade de sangue ingerido e outras

10 também de cada réplica foram utilizadas para observação da oviposição individual.

A alimentação tanto das larvas quanto dos adultos ocorreu de acordo com a metodologia

de criação.

3.4.2 Variáveis de reprodução

Para análise da taxa de ingestão de sangue foram utilizadas as 30 fêmeas

retiradas das réplicas do jejum e da alimentação com açúcar e sangue. As fêmeas foram

colocadas no congelador por cinco minutos e depois de mortas foram pesadas em

balança de precisão em grupos de cinco para eliminar as diferenças individuais de

alimentação. A quantidade de sangue ingerido foi determinada pela diferença na

pesagem entre os dois grupos de fêmeas alimentadas e não alimentadas.

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As outras 30 fêmeas separadas após o primeiro repasto foram colocadas

individualmente em placas de petri de vidro, devidamente identificadas, forradas com

papel filtro e levemente umedecidas com água, nas quais foram deixadas ovipondo por

no máximo cinco dias. Após esse período foi realizada a contagem do número de ovos

por fêmea e o número de fêmeas que não realizaram postura alguma.

A fertilidade dos ovos das fêmeas de Ae. aegypti de cada população foi

investigada para ovos mantidos por um período de 30 dias, desde o momento da

postura, em condições de estresse climático induzido, com temperaturas diárias de 34

°C e noturnas de 24 °C. Para isso foram selecionados, aleatoriamente, pedaços das

cartelas contendo ovos com quantidades equivalentes de ovos para dar origem às

réplicas submetidas ao estresse ambiental. Os ovos foram mantidos em bandejas de

plástico contendo um litro de água mineral e ração para roedores triturada por 24 horas.

Depois desse período, os pedaços das cartelas contendo os ovos foram retirados e o

número de larvas presentes na bandeja determinou o percentual de viabilidade dos ovos.

3.4.3 Análises morfométricas

Para as análises morfométricas das asas foram montadas gaiolas com

adultos da primeira geração de laboratório, com exceção da população de Pinhão, da

qual foram utilizados adultos selvagens criados em laboratório, e da cepa Rockefeller,

continuamente mantida em laboratório há muitos anos. Para originar os adultos

examinados morfometricamente e assegurar a representatividade de amostra, para cada

população, foram utilizadas cartelas de ovos provenientes de diferentes gaiolas dos

adultos selvagens e com diferentes quantidades de ovos, totalizando aproximadamente

2000 ovos expostos à água por 24 horas. Dos ovos que eclodiram nesse período, cerca

de 600 larvas foram separadas para compor a bandeja que originou a gaiola dos adultos

usados na morfometria. A criação e alimentação dos imaturos sucederam de acordo com

a metodologia estabelecida para manutenção das colônias.

A metodologia do estudo morfométrico envolveu a análise das asas direita e

esquerda das fêmeas de cada população. As asas foram retiradas e montadas entre

lâmina e lamínula fixadas com bálsamo do Canadá. Antes disso, porém, todas as asas

foram limpas para retirada das escamas e visualização das nervuras. As asas montadas

foram então digitalizadas utilizando-se câmera fotográfica digital Leica 320 acoplada a

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microscópio estereoscópico Leica S6, no aumento de 40x. Após a captura das imagens,

foram colocados os marcos anatômicos tipo I na região dorsal das asas com auxílio do

programa TpsDig v. 2 (ROHLF, 2005). De acordo com Monteiro & Reis (1999), o

marco anatômico do tipo I é definido como um ponto no espaço onde estruturas se

encontram, representando assim uma justaposição de tecidos, o que no caso das asas

corresponde às interseções das nervuras. Dessa forma, cada marco corresponde a uma

coordenada xy num plano cartesiano, sendo que, cada asa é representada por uma matriz

com coordenadas xy, correspondente aos marcos anatômicos. Assim, em cada asa

analisada, foram tomadas as coordenadas de 18 pontos anatômicos sobre o plano

cartesiano (Figura 2). Foram analisadas em torno de 30 fêmeas de cada população,

sendo a de Canindé de São Francisco F1 (Can) com 32 indivíduos, Pinhão selvagem

(Pin) com 27, Neópolis F1 (Neo) com 29, Porto Dantas F1 (PD) com 39 e Rockefeller

(Rocke) com 30 indivíduos.

Os parâmetros observados na análise morfométrica foram: assimetria

bilateral, tamanho do centróide e disparidade métrica considerando a asa direita dos

espécimes, para verificar o grau de divergência intra e interpopulacionais das amostras.

Para isso, foram utilizados os programas de computador TpsUtil 1.26 (ROHLF, 2004),

TpsRelw 1.36 (ROHLF, 2003), MorphoJ 1.02 e Graph Pad Instat 3.10.

O estudo da morfometria geométrica das asas dos culicídeos, desde a

montagem das lâminas à análise dos dados, foi realizado em colaboração o Dr. Lincoln

Suesdeck, do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan, em São Paulo.

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Figura 2: Asa e consenso alar de Aedes aegypti. (A) Asa antes da limpeza, com grande

quantidade de escamas. (B) Asa após a limpeza com os 18 pontos anatômicos. (C)

Representação gráfica do consenso alar formado pelos 18 pontos anatômicos unidos por linhas

para facilitar a visualização.

3.5 Bioensaios de resistência ao organofosofrado temephós

Os bioensaios para investigar a seleção de resistência a inseticidas seguiram

o protocolo padrão da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foram realizados os

ensaios Dose Diagnóstica e Dose Resposta.

O ensaio Dose Diagnóstica é um experimento qualitativo utilizado para

avaliar a susceptibilidade das larvas frente a uma concentração padrão, denominada

dose diagnóstica, que corresponde à concentração de inseticida equivalente ao dobro da

concentração letal que mata 99% das larvas (CL99) da cepa suscetível (Rockefeller). De

acordo com a mortalidade, a população é classificada em três status: mortalidade acima

de 98%, suscetível; abaixo de 80%, resistente; entre 80 e 98%, alteração de

suscetibilidade, necessitando a população de acompanhamento. Já no bioensaio Dose

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Resposta, quantitativo, as larvas das populações consideradas resistentes são expostas a

um espectro de concentrações crescentes no intuito de definir uma faixa de

concentração de forma a se obter, aproximadamente, uma dose que cause mortalidade

inferior a 10% (CL10), quatro doses com mortalidade em torno de 50% (CL50), duas

abaixo e duas acima e uma dose com mortalidade próxima de 99% (CL99).

Nos dois tipos de bioensaio foram realizados três experimentos, em dias

diferentes, utilizando larvas de terceiro estádio das primeiras gerações de laboratório.

Todos os ensaios foram realizados com o monitoramento da temperatura e umidade e,

ao final de cada ensaio, as larvas sobreviventes foram mortas em água a 70 oC e

desprezadas na pia.

O primeiro passo antes de iniciar os experimentos foi calibrar o inseticida.

Para isso, foram realizados três experimentos Dose Resposta com a cepa Rockefeller,

em dias diferentes, para identificar a CL99 e, assim, determinar a dose diagnóstica

necessária nos experimentos com as populações testadas. Embora a Organização

Mundial de Saúde estabeleça a concentração de 0,012 ppm como a dose diagnóstica

padrão, a depender do fabricante e do lote, podem surgir variações nas formulações do

inseticida, sendo necessário, portanto, a calibração do produto antes de começarem os

experimentos.

3.5.1 Experimento Dose diagnóstica (DD)

Utilizando-se o temephós grau técnico 97,4%, do fabricante Fluka

Analytical e validade até 29/11/2012, foi preparada a solução denominada solução

estoque de 1.000 ppm, a qual foi armazenada por período máximo de 30 dias, na

geladeira. A cada ensaio foi preparada uma solução de uso a partir da solução estoque.

Em cada teste foram expostos oito copos com 20 larvas cada, em 250 mL de

água, na concentração de 0,012 ppm de temephós, correspondente à concentração

diagnóstica desse produto para Ae. aegypti. O controle do experimento foi realizado

expondo-se 20 larvas a 1 mL de etanol em 249 mL de água. No total foram 12 copos,

sendo quatro controles e oito expostos.

A leitura dos testes foi realizada após 24 horas de exposição ao produto,

calculando-se a taxa de mortalidade das larvas. O critério utilizado para definir a larva

como morta foi a diminuição acentuada ou ausência de movimentos, quando comparada

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com larvas do controle, independente da larva se encontrar no fundo ou na superfície do

copo.

3.5.2 Experimento Dose resposta (DR)

No experimento Dose Resposta, a partir de dados da literatura, são definidas

nove concentrações inicias às quais são submetidas as larvas resistentes das populações

testadas. A partir da mortalidade obtida nessas concentrações iniciais, determinam-se as

doses seguintes. Para cada concentração são utilizados quatro copos (réplicas) com 20

larvas em terceiro estádio cada, totalizando 80 larvas expostas por concentração. O

controle é realizado expondo-se 20 larvas a 0,5 mL de etanol em 99,5 mL de água. No

total são 40 copos, sendo quatro controles e 36 expostos. Simultaneamente, com o

objetivo de confirmar a integridade do ingrediente ativo do temephós, é realizado teste

com larvas susceptíveis da linhagem Rockefeller, expondo quatro copos (réplicas) à

concentração de temephós equivalente à CL99, quatro à CL50 e dois copos com 0,5 mL

de etanol em 99,5 mL de água, representando o grupo controle para esse teste.

A mortalidade das larvas é observada após 24 horas de exposição ao

temephós e o critério utilizado para definir a larva como morta é o mesmo dos ensaios

Dose Diagnóstica.

3.6 Análise estatística

Para análise dos parâmetros de desenvolvimento e reprodução, foram

utilizados os testes de Kruskal-Wallis para as amostras não paramétricas e Anova,

seguida do teste de Tukey para as amostras com distribuição normal. Para análise da

sobrevivência foram aplicados os testes de Kaplan-Meier e Cox-Mantel.

Em relação às análises estatísticas dos parâmetros da morfometria

geométrica alar, para testar a normalidade das distribuições amostrais foi empregado o

teste de Kolmogorov-Smirnov. Como a maioria das amostras não apresentou

distribuição normal, para comparações múltiplas do tamanho do centróide aplicou-se o

teste não paramétrico Kruskal-Wallis para e as comparações baseadas no tamanho do

centróide foram realizadas análises estatísticas bicaudais ao nível de rejeição 0,05

através do programa Graph Pad Instat 3.10.

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35

As análises da disparidade métrica e assimetria alar foram realizadas através

da construção do arquivo integrado com todas as asas, direita e esquerda, de cada

população que por sua vez foi transformado em única matriz de relative warps.

A análise dos dados referentes à resistência aos inseticidas foi obtida com o

auxílio do software SPSS Statistics 17.0, via análise probit. Foram calculadas as

concentrações letais que matam 50% e 99% (CL50 e CL99) das larvas expostas ao

temephós e as razões de resistência (RR50 e RR99) calculada por meio da razão entre as

respectivas concentrações letais da cepa experimental e as concentrações letais da cepa

Rockefeller.

3.7 Considerações Éticas e de biossegurança

A manutenção da colônia de Ae. aegypti requer alimentação sanguínea com

uso de animais e esta atividade é realizada no insetário do Laboratório de Parasitologia

com aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa Animal da Universidade Federal de

Sergipe aprovada segundo o protocolo 12/07. Para criação de Ae. aegypti, o insetário

segue as normas técnicas contidas nos Parâmetros de biossegurança para insetários e

infectórios de vetores (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2005).

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36

4 RESULTADOS

4.1 Obtenção dos ovos

A instalação das ovitrampas nos municípios sergipanos revelou a alta

infestação pelo mosquito Ae. aegypti no estado, com a positividade das armadilhas

chegando a 91% do total de armadilhas instaladas. Além disso, verificou-se que os

municípios mais próximos de Aracaju, capital do estado, apresentaram percentual de

armadilhas positivas superior a 50%, além de concentrarem os maiores valores de ovos

por imóvel investigado. A quantidade de ovos por imóvel variou de 23, em Canindé de

São Francisco, distante 213 km da capital, a 218 em Maruim, município a 30 km de

Aracaju. (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição dos municípios sergipanos de acordo com a quantidade de

ovitrampas instaladas e a média de ovos coletados. Sergipe, 2011.

Município Período da

coleta

Armadilhas

instaladas

Armadilhas

positivas (%)

Total de ovos

coletados

Média de

ovos/imóvel

investigado

Maruim fev/11 100 91 21.896 218

Carira out/10 100 80 6.161 61

Capela mar/11 100 77 7.140 71

Aracaju (Porto

Dantas)

mar/10 30 56 1.540 51

Canindé de

São Francisco

jun/10 100 51 2.302 23

Pinhão nov/10 100 39 2.367 23

Neópolis mar/10 100 28 2.801 28

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4.2 Aspectos da capacidade vetorial

4.2.1 Variáveis de desenvolvimento

Quando criadas em laboratório, em condições controladas de temperatura,

umidade, densidade e alimentação, as larvas de Ae. aegypti das populações provenientes

dos municípios de Pinhão, Porto Dantas e Canindé de São Francisco concluíram a fase

imatura mais cedo que as larvas de originárias do município de Neópolis, com a duração

da fase imatura se estendendo até em torno do 17º dia, embora a população de Pinhão

tenha apresentado a fase imatura de menor duração entre todas as populações

sergipanas. Para as demais populações, Rockefeller e Neópolis, as pupas começaram a

surgir mais tardiamente e a duração do período entre a eclosão dos ovos e emergência

das fêmeas adultas foi maior. Houve diferença estatística entre todas as populações em

relação à duração em dias do período larvário (p<0,05) quando comparadas aos pares,

além de que a comparação das populações sugere a formação de dois grupos distintos,

um unindo as Rockefeller e Neópolis e outro abrigando as populações de Canindé,

Pinhão e Porto Dantas (Figura 3).

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Figura 3: Distribuição das populações de Ae. aegypti de Sergipe de acordo com a duração em

dias do período entre a eclosão dos ovos e a emergência das fêmeas adultas.

Do total de ovos usados no experimento, a quantidade de pupas formadas e

de adultos que emergiram ocorreu de forma similar entre todas as populações. O

percentual de pupas formadas a partir do total de ovos utilizados variou de 88% para a

população de Canindé a 98% em Porto Dantas. Já a emergência dos adultos,

considerando o total de ovos, variou entre 75% em Canindé e 86% em Porto Dantas.

Embora a quantidade de pupas e adultos formados diariamente não tenha variado entre

as populações, quando observada a razão sexual para os mosquitos alados, houve maior

quantidade de machos que fêmeas em todas as populações, com exceção de Neópolis,

onde machos e fêmeas emergiram em quantidades equivalentes. Na cepa Rockefeller, a

quantidade de machos foi quase o dobro da quantidade de fêmeas (Tabela 2).

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Tabela 2. Dados da pupação e emergência considerando a quantidade de larvas inicial e

as três réplicas para cada população.

População Pupas (%) Adultos (%) Razão sexual (fêmeas:machos)

Porto Dantas 98 86 0,7:1

Rockefeller 96 85 0,6:1

Pinhão 92 77 0,7:1

Neópolis 89 79 1,1:1

Canindé 88 75 0,6:1

Quando considerada a sobrevivência de machos e fêmeas nas três condições

de alimentação, observou-se que a longevidade dos adultos para cada tipo de tipo de

dieta é diferente entre machos e fêmeas e varia entre as populações consideradas.

Na condição de jejum, em nenhuma população a sobrevivência dos

indivíduos excedeu seis dias de vida. Na população de Canindé, única que diferiu de

todas as demais (p<0,05), embora algumas fêmeas conseguissem sobreviver até o sexto

dia, houve mortalidade de metade da população já no terceiro dia de jejum. Na

população de Pinhão, que apresentou maior número de fêmeas que conseguiram

sobreviver até o sexto dia, as maiores mortalidades ocorreram entre o quarto e quinto

dias (Figura 4).

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Figura 4: Distribuição das populações de acordo com os dias de sobrevivência das fêmeas

submetidas ao jejum.

Na dieta com oferta apenas de solução açucarada, a população de Neópolis

diferiu das demais por apresentar fêmeas com maior sobrevivência (p<0,05), atingindo

21 dias, seguida da cepa Rockefeller. Entre as demais populações, Canindé, Pinhão e

Porto Dantas, não houve diferença estatística (p>0,05) na sobrevivência para esta dieta

(Figura 5).

Quando mantidas em condições ideais de alimentação, com oferta de

solução açucarada e repasto sanguíneo, as fêmeas das populações Rockefeller e

Neópolis diferiram entre si (p=0,015) e das demais (p<0,05). Na amostra Rockfeller a

mortalidade ocorreu mais tardiamente e, ao final dos 30 dias de observação, 30% das

fêmeas permaneciam vivas, contra 10% da população de Neópolis. As fêmeas das

demais populações submetidas à dieta com solução de sacarose e repasto sanguíneo não

diferiram entre si (p>0,05) (Figura 6).

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Figura 5: Distribuição das populações de acordo com os dias de sobrevivência das fêmeas

submetidas à dieta apenas com solução açucarada.

Figura 6: Distribuição das populações de acordo com a sobrevivência das fêmeas submetidas à

dieta com solução açucarada e repasto sanguíneo.

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A sobrevivência dos machos nas mesmas condições de alimentação às quais

as fêmeas foram submetidas apresentou o mesmo padrão da sobrevivência das fêmeas

para algumas populações. Na condição de jejum, não houve divergência entre a

sobrevivência de machos e fêmeas em nenhuma população (p>0,05). No entanto, na

dieta com oferta de solução de sacarose e repasto sanguíneo, em todas as populações as

fêmeas foram mais longevas que os machos (p<0,01). Para a alimentação apenas com

solução de sacarose, houve divergência entre a sobrevivência de machos e fêmeas das

populações Rockefeller e Neópolis (p<0,01), o que não diferiu entre as demais

populações (p>0,05).

Quando comparada a sobrevivência dos machos nas dietas da solução

açucarada e na dieta em que, além do açúcar, oferecia-se repasto sanguíneo às fêmeas,

não houve diferença significativa para os machos de Canindé, Pinhão e Porto Dantas

(p>0,05). Nas demais populações, Rockefeller e Neópolis, a adição de repasto

sanguíneo para as fêmeas aumentou a longevidade dos machos (p<0,01).

4.2.2 Variáveis de reprodução

Quando analisada a ingestão de sangue pelas fêmeas, observou-se diferença

na quantidade de sangue ingerido para algumas populações. As fêmeas das populações

Rockefeller e Neópolis ingerem mais sangue que as fêmeas das demais populações e

não diferem entre si (p<0,01). Entre as populações de Canindé, Porto Dantas e Pinhão,

nas quais as fêmeas ingerem menor quantidade de sangue, não há diferença estatística

(p>0,05), embora a população de Porto Dantas tenha apresentado maior amplitude de

variação (Figura 7).

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Figura 7: Distribuição das populações de Ae. aegypti de Sergipe de acordo com a quantidade de

sangue ingerido pelas fêmeas.

Na análise da fecundidade das fêmeas, observada através da quantidade de

ovos por fêmea bem como do número de fêmeas que não realizou postura após o

primeiro repasto sanguíneo, observou-se que Pinhão foi a população com menor

número de ovos, diferindo estatisticamente das populações Rockefeller (p<0,01) e

Neópolis (p<0,05), que apresentaram as maiores quantidades de ovos por fêmea (Tabela

3). Embora a população de Neópolis apresentasse fêmeas com maior número de ovos

postos, a quantidade total de ovos foi maior para a cepa Rockefeller, com 1.411 ovos,

enquanto para Neópolis registrou-se o total de 902 (Figura 8).

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Figura 8: Distribuição das populações de Ae. aegypti de Sergipe de acordo com a quantidade de

ovos por fêmea.

A população de Porto Dantas apresentou o maior percentual de fêmeas

inférteis, diferindo de Rockefeller (p=0,03), Canindé (p=0,04) e Pinhão (p=0,01).

Pinhão, embora sendo a população com menor quantidade de ovos por fêmea,

apresentou percentual de fêmeas férteis equivalente ao das populações Rockefeller,

Canindé e Neópolis (p<0,05), nas quais foram observadas as maiores médias de ovos

por fêmea.

A análise da viabilidade dos ovos quando submetidos à condição de estresse

indicou que a única semelhança quanto à quantidade de ovos viáveis ocorreu entre as

populações de Neópolis e Porto Dantas (p=0,67). As demais populações diferiram entre

si (p<0,01), sendo que Rockefeller apresentou a menor viabilidade enquanto as maiores

viabilidades foram observadas nas populações de Canindé e Pinhão (Tabela 3).

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Tabela 3. Dados da oviposição individual para as populações de Ae. aegypti de Sergipe.

População Total de

ovos

Média ovos/

fêmea

Fêmeas com

postura (%)

Ovos viáveis em

estresse ambiental (%)

Rockefeller 1.411 64 73,4 1,0

Neópolis 902 60 50,0 7,3

Canindé 786 56 77,8 14,7

Pinhão 656 28 76,7 29,9

Porto Dantas 540 49 42,3 8,6

4.2.3 Análises morfométricas

A análise do tamanho do centróide possibilitou verificar que, entre todas as

populações consideradas, nenhuma amostra divergiu estatisticamente quanto aos lados

direito e esquerdo (p>0,05) (Figura 9). Além disso, Neópolis e Pinhão foram as

populações que apresentaram, respectivamente, maior e menor tamanho do centróide,

de modo que houve diferença significativa entre elas (p<0,001). Comparações

envolvendo as demais populações não indicaram diferença estatística entre elas quanto

ao tamanho do centróide (p>0,05). Na figura 10 é possível observar a distribuição das

populações quanto ao tamanho do centróide da asa direita das fêmeas para cada

amostra. As populações de Neópolis, Porto Dantas e Pinhão apresentaram indivíduos

com tamanhos discrepantes em relação aos demais indivíduos de suas respectivas

amostras (Figura 10).

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Figura 9: Tamanho do centróide das asas direitas e esquerdas das fêmeas de Ae. aegypti para

cada população.

Figura 10: Tamanho do centróide da asa direita das fêmeas de Ae. aegypti para cada população.

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Quanto à análise da disparidade métrica, observou-se que a população do

Porto Dantas apresenta o maior polígono, indicando que é a mais diversa

fenotipicamente e geneticamente, enquanto a de Canindé de São Francisco tem menor

variabilidade (Figura 11).

Figura 11: Gráfico dos componentes principais obtido através da comparação da disparidade

métrica intra e interpopulacional.

Comparações multivariadas da forma alar considerando simultaneamente as

asas direitas e esquerdas das cinco populações geraram duas variáveis canônicas. No

gráfico da análise discriminante da forma alar, a grande intersecção na área de dispersão

das asas direita e esquerda das fêmeas de cada população indica baixa ou nenhuma

assimetria intrapopulacional (Figura 12), o que pode ser confirmado pela matriz da

distância de procrustes, que mostra a distância fenotípica em cada grupo. As

comparações entre as asas esquerda e direita dentro de cada população revelam que a

assimetria na forma alar é mínima na maioria das amostras, porém é quase três vezes

maior em Neópolis (Tabela 4).

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Legenda: 135D (Can D), 135E (Can E), 136D (Pin D), 136E (Pin E), 138D (Neo D), 138E (Neo

E), 139D (PD D), 139E (PD E), 140D (Rocke D), 140E (Rocke E).

Figura 12: Gráfico bidimensional formado pelas variáveis canônicas obtidas na comparação

entre as amostras das cinco populações (Can, Pin, Neo, PD e Rocke) indicadas na legenda.

Tabela 4. Valores das distâncias de procrustes para todos os espécimes analisados com

destaque para as comparações entre as asas direitas e esquerdas de cada população.

Can D Can E Pin D Pin E Neo D Neo E PD D PD E Rocke D

Can E 0,0054

Pin D 0,0277 0,0276

Pin E 0,0257 0,0255 0,0093

Neo D 0,0121 0,0146 0,0253 0,022

Neo E 0,0171 0,0201 0,0325 0,0289 0,0134

PD D 0,033 0,0349 0,0343 0,0354 0,0304 0,0319

PD E 0,0339 0,036 0,0356 0,0367 0,0313 0,032 0,0051

Rocke D 0,0304 0,0318 0,0376 0,0343 0,0253 0,0274 0,0261 0,0265

Rocke E 0,0315 0,0336 0,0388 0,0357 0,0258 0,0255 0,0243 0,0243 0,0074

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4.3 Bioensaios de resistência ao organofosforado temephós

Os bioensaios de avaliação da resistência ao temephós com larvas de Ae.

Aegypti foram realizados no período entre setembro de 2010 e novembro de 2011.

O experimento Dose resposta com a cepa Rockefeller, para calibração do

inseticida, identificou a concentração 0,006 mg/L como responsável pela mortalidade de

99% dos indivíduos expostos. Assim, a dose diagnóstica utilizada nos experimentos,

equivalente ao dobro da concentração que mata 99% dos indivíduos da cepa susceptível,

foi 0,012 mg/L, mesma dosagem fixada pelo Ministério da Saúde.

Nos experimentos qualitativos de Dose Diagnóstica, a mortalidade variou

entre 0% e 10%, classificando todas as populações como resistentes ao

organofosforado, visto que os valores foram abaixo de 80%. Nesses testes, Neópolis foi

a população com maior mortalidade, em média 9,75% e desvio padrão 2,12. Já a menor

mortalidade ocorreu na população de Pinhão, com média de 0,12% e desvio padrão

0,35. A mortalidade da cepa Rockfeller foi acima de 98%, comprovando sua

susceptibilidade ao larvicida e validando, portanto, os resultados dos testes nas demais

populações.

Uma vez identificadas como resistentes, as amostras foram submetidas ao

teste Dose Resposta para quantificar o nível de resistência das populações. Foram

calculadas as concentrações letais CL50 e CL99 de cada população. A amostra de Pinhão

apresentou os maiores e mais discrepantes valores em comparação com as demais

populações. Assim, houve a suspeita de que a coleta em Pinhão pudesse ter sido

realizada em momento imediatamente após ações de controle vetorial através da

aplicação intensiva do larvicida, o que poderia ter selecionado os indivíduos mais

resistentes. Diante dessa possibilidade de viés, nova coleta foi realizada no município

para desenvolver novos experimentos a fim de constatar a veracidade dos resultados. A

primeira coleta foi realizada em novembro de 2010 e a segunda em agosto de 2011.

Assim como na primeira amostra, os experimentos da segunda coleta de Pinhão

continuaram apresentando os valores mais discrepantes para as concentrações letais,

sendo que na segunda amostra quando as CL50 e CL99 foram, respectivamente, 0,45

mg/L e 2,68 mg/L. Em contrapartida, a população Porto Dantas apresentou os menores

valores para as CL50 e CL99, sendo eles 0,03 mg/L e 0,20 mg/L, respectivamente (Tabela

5).

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A razão de resistência (RR) define o grau de resistência de cada população

analisada em relação à população de referência e é calculada através da divisão do valor

da concentração letal da população analisada pelo valor da equivalente concentração

letal da cepa susceptível. Calculou-se a razão de resistência para as CL50 e CL99. Assim,

RR50 = CL50 da população analisada RR99 = CL99 da população analisada

CL50 da cepa Rockefeller CL99 da cepa Rockefeller.

Como valores da razão de resistência entre 3 e 5 indicam baixa resistência,

de 5 a 10 a resistência é moderada, entre 10 e 20 resistência média e, acima de 20, alta

resistência (CAMPOS & ANDRADE, 2003) e todas as populações apresentaram

valores de RR99 superiores a 20, detectou-se alta resistência ao temephós em todos os

municípios sergipanos considerados. Além disso, entre as populações, o valor da CL99

foi de 3,7 a 16,8 vezes maior que o valor da CL50 (Tabela 6).

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Tabela 5. Valores das concentrações letais da população de referência Rockefeller e das

populações de Ae. aegypti provenientes do município de Sergipe, 2011.

População Concentrações

letais

Valor estimado

(mg/L)

Limite de confiança (95%)

inferior – superior (mg/L)

Rocke

CL50 0,002 0,002 – 0,003

CL99 0,009 0,007 – 0,012

Porto Dantas

CL50 0,034 0,032 – 0,037

CL99 0,200 0,170 – 0,250

Neópolis

CL50 0,07 0,071 – 0,078

CL99 0,26 0,24 – 0,28

Canindé

CL50 0,08 0,06 – 0,10

CL99 0,86 0,60 – 1,45

Maruim

CL50 0,09 0,08 – 0,10

CL99 0,77 0,60 – 1,08

Carira

CL50 0,08 0,06 – 0,10

CL99 1,34 0,81 – 3,04

Capela

CL50 0,11 0,09 – 0,13

CL99 0,79 0,53 – 1,56

Pinhão 1

CL50 0,31 0,27 – 0,36

CL99 1,89 1,26 – 3,72

Pinhão2

CL50 0,45 0,41 – 0,48

CL99 2,68 2,30 – 3,20

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Tabela 6. Valores para a razão de resistência (RR) das larvas de Ae. aegypti das

populações dos municípios sergipanos analisadas, 2011.

População RR50 RR99 CL99/CL50

Rocke 1 1 4.5

Porto Dantas 17 22.2 5.9

Neópolis 35 28.9 3.7

Canindé 40 95.6 10.8

Maruim 45 85.6 8.6

Carira 40 148.9 16.8

Capela 55 87.8 7.2

Pinhão 1 155 210.0 6.1

Pinhão 2 225 297.8 6.0

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5 DISCUSSÃO

A positividade das ovitrampas instaladas nos municípios sergipanos revela a

alta infestação por Ae. aegypti que ocorre no estado. Embora as armadilhas tipo

ovitrampa indiquem a infestação através do número de ovos coletados, dado este que

não necessariamente revela a real produção de mosquitos adultos, a positividade das

armadilhas atesta o elevado número de imóveis em cada município com presença da

fêmea de Ae. aegypti em busca de recipientes apropriados para realizar a postura.

Assim, apesar da ovitrampa não estimar a população de mosquitos alados, a presença de

ovos nos imóveis revela que os moradores estão expostos às investidas das fêmeas para

realizar a hematofagia, a qual é necessária para maturação dos ovos.

Nos municípios mais próximos à capital sergipana, mais da metade das

armadilhas instaladas foram positivas para ovos de Ae. aegypti e registrou-se maior

quantidade de ovos por imóvel investigado. Os valores extremos ficaram para Maruim,

município que faz parte da região da Grande Aracaju, distante 30 Km da capital, onde

registrou-se a maior média, 218 ovos por imóvel, e Canindé de São Francisco, que dista

213 Km da capital, onde a média foi de 23 ovos. É possível que os níveis de infestação

estejam relacionados à densidade demográfica, visto que nas proximidades da capital do

estado tende a haver maior número de habitantes por Km2. Canindé de São Francisco e

Maruim, que foram, respectivamente, entre os municípios sergipanos estudados, os que

apresentaram menor e maior média de ovos por imóvel investigado, são também os

municípios com menor (27,36 hab./km²) e maior (174,29 hab./Km²) densidade

demográfica, respectivamente. Regiões com maior concentração populacional tendem a

apresentar maior proliferação de Ae. aegypti (KNUDSEN & SLOOFF, 1992;

CHIARAVALLOTI NETO et al., 1998; BARATA et al., 2001; THAVARA, et al.,

2001; BRAKS et al., 2003). Aglomerações de pessoas estão frequentemente

relacionadas à maior oferta de recipientes em condições apropriadas para o

desenvolvimento do mosquito, o que viabiliza maiores níveis de infestação.

Todas as populações de Ae. aegypti analisadas diferiram significativamente

entre si quanto à duração do ciclo de vida do mosquito desde a eclosão das larvas até a

emergência do adulto, além de que a análise do processo de formação das pupas e da

emergência dos adultos sugeriu a formação de dois grupos: um com as populações

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Rockefeller e Neópolis, onde pupas e adultos aparecem mais tardiamente e em maior

período de dias, e outro concentrando as populações de Porto Dantas, Pinhão e Canindé

de São Francisco, com desenvolvimento mais precoce e encurtamento do ciclo de vida.

Estudos têm mostrado que, em condições ambientais adversas, os culicídeos

frequentemente encurtam o estágio de larva para chegar mais rapidamente ao estágio de

pupa (NELSON, 1986), fase de resistência da espécie quando, inclusive, não ocorre

alimentação. Esse comportamento poderia ser viável no ambiente natural das

populações de Canindé de São Francisco e Pinhão, ambas com clima semi-árido e

oriundas do sertão sergipano, mas não se relaciona com a população Porto Dantas,

originária de Aracaju, cidade litorânea com temperatura média anual favorável ao

desenvolvimento do mosquito.

Embora diferentes entre si quanto ao início e duração dos processos de

pupação e emergência, as populações apresentaram quantidades equivalentes de pupas

formadas e de adultos que emergiram. Para a pupação houve variação de 10 pontos

percentuais entre a população com maior (Porto Dantas) e a de menor (Canindé) valor

observado. Para todas as populações, houve considerável aproveitamento dos

indivíduos, com percentual de larvas conseguindo completar o ciclo de vida e atingindo

a fase adulta variando de 75% na população de Canindé a 86% para Porto Dantas.

O estudo do ciclo de vida de populações de Ae. aegypti de diferentes

ambientes em cinco temperaturas constantes revelou interações significativas entre as

populações e a temperatura. Em regiões tropicais, esta espécie é caracterizada por um

ciclo biológico curto, da fase de ovo até o adulto, com duração de 15 a 30 dias

(BESERRA et al., 2006), o que se assemelha com os dados obtidos nesse estudo, com

duração do ciclo de vida partindo da eclosão dos ovos até a emergência do adulto

variando entre 12 e 22 dias.

Apesar de o esperado ser fêmeas e machos emergirem em quantidades

equivalentes, entre os adultos que emergiram houve maior proporção de machos que de

fêmeas em todas as populações, exceto em Neópolis, onde a razão sexual foi 1,1:1. Se,

por um lado, maior quantidade de fêmeas é importante para a capacidade vetorial visto

que apenas as fêmeas realizam a hematofagia e podem transmitir arbovírus para

hospedeiros susceptíveis, por outro lado, maior quantidade de machos em relação às

fêmeas é importante para o sucesso reprodutivo uma vez que, embora uma única cópula

seja suficiente para que a fêmea armazene espermatozóides para fertilizar seus ovos

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durante a vida inteira, elas geralmente copulam múltiplas vezes com machos diferentes

(BORDA et al. 2003), o que favorece a variabilidade genética das populações.

É possível que alguma alteração nas bandejas de criação, como acúmulo de

resíduos alimentares e exúvias na água, tenha provocado maior mortalidade das pupas

no final da fase imatura, momento em que há maior quantidade de fêmeas, visto que os

machos emergem primeiro. Assim, maior mortalidade dos imaturos nesse período

resultaria em menor quantidade de fêmeas na população adulta. No entanto, semelhante

ao registrado neste estudo quanto à razão sexual, em mosquitos capturados no Rio de

Janeiro em três ambientes distintos, foi observada maior proporção de machos que

fêmeas de Ae. aegypti (LIMA-CAMARA et al., 2006). Em contrapartida, em estudo da

coexistência de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco municípios do Paraná, observou-

se que a razão sexual de fêmeas por machos foram equivalentes a 1:1 para Ae. aegypti,

variando entre 0,8:1 e 1,5:1, enquanto para Ae. albopictus os valores da razão sexual

foram mais oscilantes, variando entre 0,38:1 e 5:1 (FANTINATTI et al., 2007),

discordância também registrada por Lima-Camara et al. (2006).

A longevidade dos adultos sob diferentes dietas revelou distintos padrões de

sobrevivência para machos e fêmeas entre as populações. Na condição de jejum, fêmeas

da população de Canindé foram menos longevas que as fêmeas das demais populações.

É possível que nesta população as fêmeas tenham desviado muita energia para a rápida

conclusão do ciclo de vida, uma vez que emergem mais precocemente que as fêmeas da

população de Neópolis, por exemplo, o que evidencia um custo maior no metabolismo,

o que pode ter interferido na sobrevivência das fêmeas diante da estressante condição de

jejum. Quando oferecida solução de sacarose às fêmeas, a população de Neópolis

apresentou a maior sobrevivência, mais próxima de Rockefeller que as das demais

populações. Quando adicionado o repasto sanguíneo à dieta, fêmeas das amostras de

Neópolis e Rockefeller foram mais longevas que as fêmeas das outras populações,

embora também diferissem entre si. Assim, com exceção da condição de jejum,

observa-se que entre as fêmeas dos municípios sergipanos, as das populações de

Canindé, Pinhão e Porto Dantas apresentam padrão de sobrevivência semelhante e com

menor longevidade que as fêmeas de Neópolis, que sobrevivem por mais tempo e estão

mais próximas da cepa Rockefeller, mantida em laboratório por muito tempo.

Não apenas quanto à sobrevivência, mas na maioria dos parâmetros

reprodutivos e de desenvolvimento observados, a população de Neópolis apresentou

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tendência de aproximação com a cepa Rockefeller e ficou mais distante das demais

populações. Entre as populações sergipanas, a de Neópolis sobreviveu mais, ingeriu

maior quantidade de sangue e apresentou maior média de ovos por fêmea e fêmeas de

maior tamanho, porém, foi a menos fértil quando os ovos foram submetidos a estresse

climático, condição na qual as populações do sertão sergipano, Canindé e Pinhão,

exibiram maior fertilidade. É possível que este comportamento observado na população

de Neópolis esteja relacionado ao seu ambiente de origem, a região do Baixo São

Francisco, onde as condições ambientais são semelhantes às condições mantidas em

laboratório. Além disso, em relação ao temephós, a amostra de Neópolis apresentou um

dos menores status de resistência, o que pode ter contribuído para melhor desempenho

no fitness desta população.

Além disso, para as populações Rockefeller e Neópolis, a longevidade das

fêmeas interfere na sobrevivência dos machos. A dieta com adição do repasto sanguíneo

aumentou o tempo de vida das fêmeas, o que é fisiologicamente compreensível, uma

vez que as fêmeas precisam do sangue para maturação dos ovos e, ao realizar o repasto

sanguíneo, são estimuladas a manter o ciclo de vida através da reprodução, o que

demanda maior sobrevivência, fato que não ocorre nas réplicas que estão privadas deste

repasto. No entanto, a oferta de sangue não interfere no metabolismo dos machos, que

se alimentam apenas com solução açucarada. Porém, os machos das réplicas nas quais

foi adicionado o repasto sanguíneo para as fêmeas viveram mais dias que aqueles

condicionados apenas à oferta de solução de sacarose. Possivelmente em virtude da

presença das fêmeas, os machos desviaram energia para ampliar a sobrevivência e,

assim, garantir maior sucesso reprodutivo. Este comportamento é importante para a

capacidade vetorial visto que a presença dos machos junto com as fêmeas por maior

número de dias viabiliza a realização de cópulas por maior período de tempo e,

consequentemente, pode aumentar a oviposição e a densidade do vetor.

A longevidade das fêmeas é um parâmetro fundamental da capacidade

vetorial, mais importante inclusive que a densidade (MACDONALD, 1952), visto que

interfere na probabilidade da fêmea tornar-se infectante para hospedeiro vertebrado

susceptível, uma vez que ela deve sobreviver tempo suficiente para ultrapassar o tempo

de duração do ciclo extrínseco do vírus. Ao avaliar tanto a sobrevivência quanto à

fecundidade diária de Ae. aegypti da Tailandia em diferentes tratamentos nutricionais, a

saber: com água, solução de sacarose a 2%, com sangue de galinha viva mais água,

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sangue mais solução de sacarose a 2% e sangue sozinho, Day et al. (1994) verificaram

que as fêmeas vivem mais em laboratório quando lhes é fornecida uma fonte de

carboidrato, embora o aumento da sobrevida associada à alimentação não reflita em

aumento no sucesso reprodutivo, visto que não houve diferença significativa na

oviposição em nenhuma das dietas com sangue. Além disso, machos mantidos só com

açúcar sobreviveram significativamente mais que aqueles nos outros tratamentos.

Lansdowne e Hacker (1975) observaram a sobrevivência de Ae. aegypti em

condições constantes e flutuantes de temperatura e umidade e constataram que não

houve diferença significativa na longevidade dos machos entre os dois tipos de

ambiente, em contraste com as fêmeas que manifestaram a tendência de serem mais

longevas no ambiente externo flutuante. Além disso, foi observada clara diferença

quanto ao sexo, com maior sobrevivência de fêmeas que de machos. Mais recentemente,

Strickman (2006) realizou estudo semelhante ao anterior comparando a longevidade das

fêmeas da Tailândia mantidas em gaiolas com a daquelas soltas no campo e observou

que, nas gaiolas, a sobrevivência estava relacionada com a temperatura, sendo maior

para os mosquitos engaiolados no período do frio, com mais de 75% das fêmeas vivas

após 30 dias, em detrimento aos meses mais quentes, com a temperatura atingindo 41

°C, quando a sobrevivência reduziu para menos de 40% no 30º dia. Para populações do

Rio de Janeiro, no entanto, a sobrevivência de fêmeas de Ae. aegypti foi mais alta

durante a estação seca (MACIEL-DE-FREITAS, 2006).

No presente estudo, quando oferecido às fêmeas dieta com solução de

sacarose e repasto sanguíneo, a maior sobrevivência foi observada para a cepa

Rockefeller, com 30% das fêmeas permanecendo vivas no 30º dia do experimento,

enquanto as populações sergipanas não alcançaram essa porcentagem. Mesmo Neópolis,

a mais longeva entre as populações sergipanas, no 30º dia apresentou menos de 10% de

fêmeas vivas enquanto em Canindé e Porto Dantas, metade das fêmeas já havia morrido

no 8º dia e para Pinhão as fêmeas não alcançaram o 30º dia. Dessa forma, no tocante à

capacidade vetorial da espécie, é preciso pensar na longevidade das fêmeas dessas

populações em seus ambientes de origem, visto que o esperado é que vivam menos

tempo no campo que engaioladas e a duração do ciclo extrínseco é de 9 a 14 dias,

embora a replicação e maturação do vírus no inseto sejam aceleradas com o aumento da

temperatura (WATTS, et al., 1987; FOCKS et al., 1995).

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Quanto à fecundidade das fêmeas, embora Pinhão tenha a menor média de

ovos por fêmea, foi uma das populações com maior quantidade de fêmeas que

realizaram a postura. Na população de Neópolis, por exemplo, onde foi observada a

maior média de ovos por fêmea entre as populações sergipanas, metade das fêmeas que

realizou o repasto sanguíneo não ovipôs, ou seja, há menos fêmeas ovipondo, porém,

uma maior quantidade de ovos. Além disso, é possível que o número de ovos por fêmea

bem como a quantidade de fêmeas realizando postura, seja maior nos ciclos

gonotróficos seguintes, já que nesse estudo, a fecundidade das fêmeas foi observada

apenas para o primeiro repasto sanguíneo. Borda et. al (2003) observaram que a

primeira oviposição da maioria das fêmeas não correspondia à postura com maior

número de ovos. De qualquer forma, os resultados sugerem uma possível relação entre a

média de ovos postos e o status de resistência das populações, visto que Pinhão, com

menor média, foi a população mais resistente ao temephós e Neópolis apresentou umas

das menores razões de resistência. Porém, a fecundidade parece estar também associada

ao estresse climático enfrentado pelas populações em seu ambiente de origem, visto que

a população de Pinhão enfrenta o clima da região do semi-árido, enquanto Neópolis, na

região do Baixo São Francisco, dispõe de condições ambientais mais favoráveis.

A temperatura e a umidade são fatores abióticos fundamentais para

capacidade vetorial visto que influenciam não apenas na longevidade das fêmeas

(TSUDA & TAGAKI, 2001; STRICKMAN, 2006; HARRINGTON et al., 2008;

MILLERON et al., 2008), mas também interferem no período de incubação extrínseco

do vírus e no ciclo de desenvolvimento (DONALÍSIO & GLASSER, 2002), na eclosão

e viabilidade dos ovos (MILLERIN et al., 2008; DELLATE et al., 2009), na duração da

fase imatura, e no comportamento do repasto sanguíneo e ciclo gonotrófico

(NAHARAJ, 2003; ALMEIDA et al., 2005).

Canyon et al. (1999), ao investigar os efeitos da umidade e da concentração

de açúcar na sobrevivência e fecundidade de fêmeas de Ae. aegypti, observaram que a

fecundidade não foi afetada pela concentração de açúcar, mas, assim como a

sobrevivência, esteve associada à umidade. Em baixa umidade houve demora

significativa na oviposição e menor quantidade de ovos por fêmea, enquanto a média de

ovos foi duas vezes maior quando a umidade aumentou, de modo que, provavelmente,

parte do sangue ingerido quando as fêmeas estavam expostas a baixa umidade, pode ter

sido utilizada para manutenção do corpo. Quanto à longevidade, o percentual de

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sobrevivência das fêmeas foi estatisticamente mais baixo e a mortalidade mais alta nos

ambientes com baixa umidade em relação aos ambientes com umidade alta.

O monitoramento semanal da oviposição de Ae. aegypti de três localidades

da Província de Salta, Argentina, observado durante um ano, revelou que durante a

estação seca o número de ovos foi pequeno nas três localidades e a atividade de

oviposição aumentou quando a temperatura subiu acima de 60%, com os maiores picos

de densidade populacional associados a chuvas mais intensas. Mesmo em temperaturas

favoráveis ao desenvolvimento do vetor, não foi observado aumento na atividade de

oviposição quando as chuvas foram escassas (MICIELI e CAMPOS, 2003). De forma

semelhante, o estudo da dinâmica populacional de Ae. aegypti associada a condições

ambientais na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, mostrou que no clima seco a

positividade das armadilhas foi de 13,5%, enquanto no período chuvoso atingiu 86,5%.

Quanto à emergência de adultos, também foi observada redução na estação seca durante

os meses mais frios e secos (COSTA et al., 2008).

Com exceção das populações originárias do sertão sergipano, a viabilidade

dos ovos em condição de estresse não chegou a 9%. Para os ovos de Canindé e Pinhão,

no entanto, o percentual de viabilidade foi de 14,7 e 29,9% dos ovos, respectivamente.

Não foi verificado se a inviabilidade dos ovos ocorreu em função da morte do embrião

ou devido à interrupção no desenvolvimento em virtude da alta temperatura. Para

populações de Ae. aegypti provenientes de ambientes da Paraíba com temperatura média

mensal de 25 °C, o aumento da temperatura da água, a partir de 21 °C até 32 °C,

provocou redução no tempo de desenvolvimento embrionário. Além disso, quando os

ovos foram mantidos em temperatura de 17 °C, não ocorreu eclosão. No entanto,

quando submetidos a temperatura elevada de 34 °C, a viabilidade dos ovos das mesmas

populações variou entre 33,2% e 65,6%, o que sugere que essas populações de Ae.

aegypti são mais sensíveis à redução que ao aumento na temperatura, de modo que é

possível que os mosquitos adaptados a temperaturas acima de 20 °C não se

desenvolvam em temperaturas mais baixas que aquelas da sua região de origem.

(BESERRA, 2006). No presente estudo, os ovos foram mantidos em temperaturas mais

altas que as observadas nos municípios sergipanos de origem, sendo, no entanto, mais

próximas das registradas nos municípios do sertão sergipano, nos quais observou-se

maior eclosão, porém ainda baixa viabilidade. É possível que a umidade relativa do ar,

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variando entre 20% e 90%, também tenha interferido na viabilidade dos ovos, que foi

baixa mesmo para as populações teoricamente mais adaptas a variações ambientais.

Tanto a fecundidade das fêmeas quanto a fertilidade dos ovos são fatores

importantes da capacidade vetorial de Ae. aegypti, visto que estão diretamente

relacionados à densidade de mosquitos por área e, quanto maior a quantidade de

mosquitos a qual o homem está exposto, maior a chance de ser alvo das investidas da

fêmea para realizar o repasto sanguíneo. Mesmo em ambientes com períodos de seca

prolongados, como é o caso do município de Canindé, que faz parte do polígono das

secas, a infestação pelo vetor pode ser mantida em função da capacidade que os ovos

desta espécie apresentam de entrar em estado de quiescência e resistir a longos períodos

de dessecação (SILVA & SILVA, 1999). De modo que, quando houver condições

favoráveis à eclosão dos ovos, é possível que ocorra rápido crescimento populacional

mesmo que a área esteja sob intervenção de controle vetorial, especialmente porque Ae.

aegypti é espécie oportunista, r-estrategista, capaz de utilizar grande variedade de

recipientes como criadouros (LIMA et al., 1988; TUN-LIN et al.,1995; SOUZA-

SANTOS & CARVALHO, 2000; PEREIRA, 2001, 1996; DONALÍSIO e GLASSER,

2002; DOMINGOS, 2005; SILVA et al., 2006; LAGROTTA, 2006; LAZCANO et al.,

2006, MACIEL-DE-FREITAS, 2007). O crescimento rápido da população quando em

condições favoráveis pôde ser observado no presente estudo através da tendência de

encurtamento do ciclo de vida apresentado pelas populações originárias do sertão

sergipano quando criadas em laboratório sob condições ambientais adequadas.

Através da análise do tamanho do centróide, observou-se que não há

diferença estatística no tamanho dos indivíduos das populações, exceto entre Pinhão e

Neópolis, já que foram, respectivamente, as populações com indivíduos menores e

maiores. A princípio, o tamanho dos espécimes pareceu estar relacionado com o status

de resistência das populações ao organofosforado temephós. Entre as populações, os

indivíduos da amostra de Pinhão são os mais resistentes e apresentam tamanho mais

reduzido, enquanto para Neópolis, com indivíduos maiores, a razão de resistência esteve

entre as menores. No entanto, essa associação não é válida quando considerado o

tamanho dos indivíduos da cepa Rockefeller, padrão de susceptibilidade ao inseticida,

cujo tamanho do centróide não diferiu do encontrado em populações resistentes como a

de Porto Dantas e de Canindé de São Francisco. Dessa forma, provavelmente a

resistência ao temephós não repercutiu em perda no tamanho dos espécimes e talvez as

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populações de Neópolis e Pinhão possuam indivíduos, respectivamente, maiores e

menores, porque apresentam programação genética para isso, seja através do processo

de seleção natural imposta pelo ambiente ou por deriva genética.

O gráfico dos componentes principais obtido através da comparação da

disparidade métrica apresenta a amostra de Porto Dantas com maior polígono, indicando

que a população de Porto Dantas é mais diversa fenotipicamente e geneticamente que as

demais, enquanto a população de Canindé de São Francisco é a de menor variabilidade.

É possível que, em algum momento, em função de condições ambientais desfavoráveis

ao desenvolvimento de Ae. aegypti, o tamanho da população dos mosquitos no

município de Canindé de são Francisco tenha sofrido redução (efeito gargalo de

garrafa), impedindo que parte dos genótipos participassem na produção das gerações

seguinte, contribuindo assim para a perda da diversidade genética. Ou talvez a baixa

variabilidade seja resultante do efeito fundador, com uma nova colônia de mosquitos

estabelecida na localidade a partir de um número reduzido de indivíduos da população

original. É possível ainda que a diferença na variabilidade entre as populações ocorra

em função da localização no estado dos municípios de origem. A população Porto

Dantas, oriunda da capital sergipana, está localizada em área com maior movimentação

e fluxo intenso de pessoas em função de turismo seja através do aeroporto ou estradas, o

que possibilitaria maior fluxo gênico, enquanto Canindé, além de ser a população mais

afastada da capital, com menor intercâmbio com outras áreas infestadas, sofre com

longos períodos de estiagem, o que pode ser um fator limitante para a espécie.

Apesar dos valores da distância de procrustes, que indicam o grau de

divergência entre os indivíduos analisados morfometricamente, mostrar que a assimetria

é mínima entre os indivíduos de cada população, a amostra de Neópolis apresentou

maior valor de assimetria, chegando a ser quase três vezes maior que em outras

populações. No entanto, esperava-se que a amostra de Canindé de São Francisco fosse a

mais assimétrica, visto que o ambiente de origem é caracterizado por longos períodos de

estiagem e condições extremas de temperatura, o que representa estresse ambiental para

a espécie, fator este associado à assimetria bilateral em outras espécies de dípteros

(WOODS, et al., 1999; MPHO et al., 2001, 2002; SOUZA et al., 2007). No município

de Neópolis, as condições ambientais são favoráveis ao desenvolvimento da espécie Ae.

aegypti e aparentemente não há indício de estresse ambiental. De qualquer maneira,

mesmo para os indivíduos de Neópolis, há uma ligeira assimetria quanto à forma alar, o

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que não interfere na capacidade vetorial da espécie, visto que o esperado é que

indivíduos com assimetria alar significativa tenham maior dificuldade de dispersão, o

que, a depender do ambiente, reduziria suas chances de encontrar hospedeiro vertebrado

para realizar o repasto sanguíneo. Além disso, a assimetria bilateral observada foi

referente à forma alar, que talvez seja menos prejudicial ao vôo que a assimetria de

tamanho. No entanto, são necessários mais estudos para esclarecer esse resultado.

Resultado semelhante referente à assimetria alar foi observado através da

comparação morfométrica de indivíduos da espécie Culex quinquefasciatus

provenientes de dois ambientes ecologicamente distintos do estado de São Paulo. Neste

estudo, as duas populações analisadas apresentaram leve assimetria alar, embora a

hipótese fosse de que os espécimes do ambiente mais poluído e modificado fossem mais

assimétricos (MORATORE, 2009). Em contrapartida, em outro estudo morfométrico

comparativo entre três populações também de Culex quinquefasciatus, observou-se

tênue assimetria bilateral da forma alar nas populações, porém mais pronunciada na

amostra proveniente de área associada a estresse ambiental (PERUZIN, 2009).

Quanto aos experimentos de avaliação da resistência ao organofosforado

temephós, os altos valores da razão de resistência revelam que a ação antrópica, através

da aplicação descontrolada de inseticida, provoca alterações na composição genética das

populações de Ae. aegypti visto que induz a pressão seletiva dos indivíduos resistentes e

a resistência é uma característica genética. Os dados são considerados preocupantes,

uma vez que indicam comprometimento da ação do larvicida, interferindo assim na

eficácia do controle vetorial. Resistência elevada foi encontrada em todas as populações

sergipanas analisadas, o que pode explicar parcialmente as falhas em relação ao controle

vetorial no estado e aponta a necessidade urgente de substituição do produto utilizado

por outro com diferente mecanismo de ação. A resistência ao temephós também foi

encontrada em outros estados do Nordeste, como Paraíba e Ceará (BESERRA, et. al.,

2007; OLIVEIRA et. al., 2001; LIMA et. al., 2006).

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a substituição do temephós

já foi iniciada em municípios da Grande Aracaju, onde é usado o regulador do

crescimento dos insetos, diflubenzuron. Porém, entre todas as populações analisadas

neste estudo, a originada da capital sergipana foi a que apresentou os menores valores

de resistência. Experimentos anteriores realizados com indivíduos de Aracaju no ano de

2001 já apontavam RR90 de 6,1, indicando resistência moderada (BRAGA et al., 2004).

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63

Em 2008, em testes realizados com a população PD, encontrou-se RR99 igual a 19,83,

limite superior da resistência média (VALENÇA, 2009). Atualmente, três anos após os

últimos experimentos, a RR99 calculada foi de 22,2, classificada como alta. Este

histórico da resistência das amostras de Aracaju revela a rápida seleção de indivíduos

cada vez mais resistentes, o que pode inviabilizar o uso do temephós em curto espaço de

tempo. Assim, embora houvesse estudos que indicassem a necessidade da troca do

produto desde 2001, a substituição só ocorreu no final de 2009. Desse modo, há

preocupação ainda maior com os municípios do interior, onde não há monitoramento da

resistência e foram encontrados valores discrepantes de resistência que evidenciam o

uso incorreto do produto.

Além disso, os valores da RR99 encontrados nas duas amostras da população

de Pinhão mostraram-se muito elevados em relação aos demais, inclusive com aumento

da resistência no curto espaço de tempo entre a primeira e a segunda coletas. Esse fato

chama a atenção e sugere que o larvicida possa estar sendo utilizado de maneira

divergente dos demais municípios, o que é preocupante, visto que se este

comportamento continuar, é possível que ocorra rápida seleção de resistência a outros

compostos.

Na maioria das populações, os valores das CL99 foram mais de seis vezes

maiores que os valores das CL50, o que mostra que em Sergipe as populações de Ae.

agypti apresentam heterogeneidade quanto à resistência ao temephós. Em 2011, estudos

realizados com populações de diferentes localidades dos estados de Rio de Janeiro,

alagoas e Sergipe, inclusive Aracaju, a diferença entre os valores da CL90 e CL50 não foi

superior a 2,7 para nenhuma amostra. Naquele ano, essa diferença para a amostra

proveniente do município de Aracaju foi de 2,2 (BRAGA et al., 2004) e hoje é 5,9 vezes

maior. Embora no presente estudo a amostra de Aracaju não tenha considerado todo o

município, mas a localidade do bairro Porto Dantas, é possível sugerir que, ao longo

desses anos, a população de Ae. aegypti tornou-se menos homogênea quanto à

resistência dos seus indivíduos ao organofosforado temephós.

A heterogeneidade das populações quanto à resistência ao temephós parece

não ter relação direta com a heterogeneidade observada na dispararidade métrica da

análise morfométrica dos indivíduos. No gráfico dos componentes principais obtido

através da comparação da disparidade métrica (figura 11), a população de Porto Dantas,

que apresenta menor divergência entre as CL99 e CL50 (Tabela 4), é a que exibe maior

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polígono, indicando também maior divergência fenotípica e genética. Já amostra

proveniente de Canindé do São Francisco é uma das mais heterogêneas no tocante à

diferença dos valores das concentrações letais, porém mais homogênea quanto à

disparidade métrica.

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65

6 CO�CLUSÕES

Mesmo dentro de uma área relativamente pequena como o estado de

Sergipe, foi possível encontrar variações em aspectos da capacidade vetorial de

diferentes populações de Ae. aegypti. Porém, nem sempre foi possível associar essas

variações às diferenças climáticas do ambiente de origem das populações ou ao status

de resistência ao temephós.

Todas as populações de Ae. aegypti oriundas de regiões com diferentes

condições ambientais diferem significativamente entre si quanto à duração do período

larvário e aos processos de formação das pupas e emergência diária, embora pareça

existir uma tendência de aceitação das hipótese levantadas para a duração do ciclo de

vida, visto que parece existir dois grupos, um compondo as populações provenientes de

ambiente mais estressante, como Canindé e Pinhão, no qual parece ter ocorrido

encurtamento do ciclo de vida com formação das pupas e emergência dos adultos mais

precoces, e outro grupo juntando Neópolis e Rockefeller, onde a pupação e a

emergência ocorrem mais tarde e lentamente.

A população de Neópolis é a única entre as populações de Sergipe estudadas

a apresentar fêmeas e machos em quantidade equivalentes, enquanto nas demais

populações a razão sexual indica maior quantidade de machos, o que não confirma a

hipótese formulada de que as quantidades de macho e fêmea seriam semelhantes em

todas as populações.

Em todas as populações, e com exceção da dieta em jejum, as fêmeas

sobrevivem mais que os machos nas diferentes condições de alimentação, o que está de

acordo com a hipótese levantada, embora não estivesse previsto que a longevidade de

fêmeas e machos fosse equivalente quando submetidos ao jejum. Além disso, aumento

na sobrevivência das fêmeas induz aumento na sobrevivência dos machos.

A quantidade de sangue ingerido pelas fêmeas por ocasião do primeiro

repasto sanguíneo é maior para a população de Neópolis, que também apresentou

fêmeas de maiores tamanhos, logo, proporcionalmente, é possível que não ocorra

diferença na quantidade de sangue ingerido nas diferentes populações.

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Pinhão é a população com fêmeas menos fecundas enquanto Neópolis

apresenta maior média de ovos por fêmea, diferente da hipótese levantada de que a

quantidade de ovos seria semelhante entre as populações.

As populações de Pinhão e Canindé apresentam maior viabilidade dos ovos

submetidos a estresse climático, em detrimento às populações de Neópolis e Porto

Dantas, o que corrobora a hipótese formulada de que fêmeas de populações

provenientes de região com ambiente de maior amplitude térmica e longos períodos de

estiagem apresentam maior fertilidade dos ovos submetidos a condições estressantes em

comparação com as fêmeas das demais localidades.

As populações não diferem muito quanto ao tamanho dos indivíduos, com

diferença de tamanho apenas entre Neópolis e Pinhão que, são, respectivamente, as

populações com indivíduos maiores e menores e com menor e maior status de

resistência ao temephós, o que está parcialmente de acordo com a hipótese formulada de

que indivíduos das populações com maiores índices de resistência seriam menores que

os indivíduos da cepa susceptível.

As fêmeas das populações são simétricas quanto ao tamanho da asa e a

ocorrência de assimetria é mínima entre as populações, porém mais acentuada na

população de Neópolis, o que refuta a hipótese de que populações submetidas a estresse

climático em seu ambiente de origem é que seriam mais assimétricas.

As populações apresentam diferentes status de resistência ao temephós, o

que confirma a hipóteses de que elas enfrentam diferentes pressões seletivas nos

municípios do estado de Sergipe.

As fêmeas da população de Neópolis são mais longevas, ingerem maior

quantidade de sangue, são maiores que as fêmeas das demais populações, mais

fecundas, e apresentam um dos menores status de resistência ao temephós. Enquanto as

fêmeas da população de Pinhão sobrevivem menos, apresentam baixa fecundidade,

ingerem pouca quantidade de sangue e são as mais resistentes ao temephós, o que

sugere que indivíduos das populações resistentes ao temephós tendem a apresentar

perda nos parâmetros da capacidade vetorial.

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