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ASPECTOS ÉTICOS E JURÍDICOS NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE Prof. Joseval Martins Viana

ASPECTOS ÉTICOS E JURÍDICOS NA RELAÇÃO MÉDICO … · laqueadura tubária, ... assinatura do termo de consentimento. Obrigação do médico na obtenção prévia do consentimento

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ASPECTOS ÉTICOS E JURÍDICOS NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

Prof. Joseval Martins Viana

Ética é conjunto de valores que orientam o comportamento

do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive,

garantindo assim o bem-estar social, ou seja, ética é a forma que o

homem deve se comportar no seu meio social.

Moral é um conjunto de normas que regulam

o comportamento do homem em sociedade,

e estas normas são adquiridas pela

educação, pela tradição e pelo cotidiano. É a

“ciência dos costumes”. A moral tem caráter

normativo e obrigatório.

Existe alguma confusão entre o conceito de moral e o conceito de

ética. A etimologia desses termos ajuda a distingui-los, sendo que ética vem

do grego “ethos” que significa modo de ser, e moral tem sua origem no

latim, que vem de “mores”, significando costumes de caráter normativo e

obrigatório.

Estamos diante de um comportamento ético ou moral?

Por quê?

Sentar-se em um assento preferencial desrespeita a

ética ou a moral?

RESOLUÇÃO CFM N. 1.931/2009 – CÓDIGO DE ÉTICA

MÉDICA

RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

Como você analisa a relação médico-paciente na

sociedade contemporânea?

A não obtenção do consentimento constitui-se

clara afronta à autonomia do paciente e aos seus

direitos da personalidade.

AÇÃO ORDINÁRIA Laqueadura que se inscreve no campo das

ações de Planejamento Familiar, objeto da Lei Federal nº 9.263/96,

feita mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido-TCLE, objeto de normas editadas pelo Ministério da

Saúde, no qual a parte certamente foi advertida dos riscos

envolvidos no procedimento e da possibilidade de engravidar,

probabilidade que, segundo a literatura médica, no caso de

laqueadura tubária, é de 5 para cada cem mulheres Inexistência de

responsabilidade por eventuais repercussões no campo material

Inexistência de dano moral Recurso improvido. Apelação Cível nº

0565639-11.2009.8.26.0577

Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o

prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo

quando a comunicação direta possa lhe provocar dano,

devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu

representante legal.

RESOLUÇÃO CFM N. 1.931/2009 –

CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Plano de saúde. Ação de rescisão contratual, cumulada com perdas e

danos materiais e morais, precedida de medida cautelar inominada.

Cirurgia no joelho direito do autor agendada. Não realização pela

ausência de assinatura pelo responsável pelo paciente do "Termo de

Consentimento Esclarecido". Ato que implica na falta de autorização para

a realização do ato cirúrgico. Licitude, ademais, da exigibilidade da

assinatura do termo de consentimento. Obrigação do médico na

obtenção prévia do consentimento do paciente. Razoabilidade da

obtenção do consentimento pela forma escrita. Prática, ademais, que não

é vedada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.

Falta de realização da cirurgia, motivada pelo autor, que não se erige em

causa eficiente para a rescisão do contrato que, em princípio, ainda

remanesce. Ausência do dever de indenizar por parte das rés. Recusa

que reflete exercício regular de um direito (artigo 188, inciso I, do Código

Civil). Improcedência da ação reconhecida. APELO das RÉS /PROVIDO,

PREJUDICADO o EXAME do RECURSO ADESIVO do AUTOR. ApelaçãoCível n. 543.765.4/5-00 Comarca: Osasco

Você está de plantão. Dá entrada no hospital paciente que

necessita de transfusão de sangue.

Entretanto, chega ao hospital os parentes do paciente,

dizendo que pertencem a determinada religião e que não autorizam a

transfusão de sangue.

Diante desse panorama, qual é o seu procedimento?

Código de Ética Médica

É vedado ao médico:

Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal

de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou

terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte.

Art. 15 do Código Civil. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se,

com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

Seu cliente está realizando uma cirurgia e o paciente evolui a

óbito. Os familiares do falecido propõe ação indenizatória com base em erro

médico. Quais são os argumentos que você deve demonstrar em juízo para se

defender?

Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e

tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do

paciente.

A atividade do médico é meio e não fim.

Art. 186 do Código Civil. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,

negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda

que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Imperícia

Nesse caso, é necessário constatar a inaptidão, ignorância,

falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de

conhecimento elementares e básicos da profissão. Um médico

sem habilitação em cirurgia plástica que realize uma operação

e cause deformidade em alguém pode ser acusado de

imperícia.

Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados

profissionais em casos de urgência ou emergência, quando não haja

outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.

EMERGÊNCIAS: são situações que apresentem alteração do estado de

saúde, com risco iminente de vida. O tempo para resolução é extremamente

curto, normalmente quantificado em minutos. Tais como: perda de

consciência sem recuperação, dificuldade respiratória de forma aguda

acompanhada de arroxeamento, chiado, dor intensa súbita no peito

acompanhada de suor frio, falta de ar e vômitos; dificuldade de movimentação

ou de fala repentina; grande hemorragia; quadro alérgico grave com placas

vermelhas, tosse, falta de ar e inchaço; movimentos descoordenados em todo

o corpo ou parte dele acompanhado de desvio dos olhos, repuxo da boca com

salivação excessiva (baba); aumento súbito da pressão arterial, acompanhado

de dores de cabeça de forte intensidade. Acidentes domésticos graves com

fraturas e impossibilidade de locomoção do enfermo, queda de grandes

alturas, choque elétrico, afogamentos e intoxicações graves.

URGÊNCIAS: são situações que apresentem alteração do estado de

saúde, porém sem risco iminente de vida, que por sua gravidade,

desconforto ou dor, requerem atendimento médico com a maior

brevidade possível. O tempo para resolução pode variar de algumas

horas até um máximo de 24 horas.

Tais como: dores de cabeça súbitas de forte intensidade, não

habituais e que não cedem aos medicamentos rotineiros; dor lombar

súbita muito intensa acompanhada de náuseas, vômitos e alterações

urinárias; febre elevada em crianças de causa não esclarecida e

rebelde a antitérmicos.

OUTRAS QUESTÕES ÉTICAS

Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do

prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no

número de visitas, consultas ou quaisquer outros

procedimentos médicos.

Art. 37. Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame

direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e

impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-

lo imediatamente após cessar o impedimento.

Art. 38. Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados

profissionais.

Art. 39. Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião

solicitada pelo paciente ou por seu representante legal.

Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação

médico-paciente para obter vantagem física, emocional,

financeira ou de qualquer outra natureza.