Aspectos Hematologicos - Carlos Magno Anselmo Mariano

Embed Size (px)

Citation preview

CARLOS MAGNO ANSELMO MARIANO

ASPECTOS HEMATOLGICOS DAS RICKETTSIOSES EM FELINOS DIAGNOSTICADAS NA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ.

CARLOS MAGNO ANSELMO MARIANO

CAMPOS DOS GOYTACAZES 2008

ASPECTOS HEMATOLGICOS DAS RICKETTSIOSES EM FELINOS DIAGNOSTICADAS NA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ.

Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades referentes ao curso de Especializao Latu Sensu em Clnica Mdica e Cirrgica de Pequenos Animais UCB.

Orientador: Prof. EDMUNDO JORGE ABLIO

CAMPOS DOS GOYTACAZES / RJ

2

2008

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mrula de Rickettsia (seta) parasitando um neutrfilo segmentado canino. (www.cvm.okstate.edu)

3

CONTEDO

Lista de figuras.......................................................................................................III1 INTRODUO....................................................................................................5 2 REVISO DE LITERATURA...............................................................................7 2.2 Nova Taxonomia..............................................................................................7 2.3 Principais Agentes Etiolgicos.........................................................................7 2.3.1 Ehrlichia canis............................................................................................8 2.3.2 Anaplasma platys.......................................................................................9 2.3.3 Outros Agentes etiolgicos.........................................................................10 2.4 Infeco e Doena..........................................................................................11 2.5 Diagnstico e Prognstico..............................................................................12 2.6 Tratamento e Profilaxia..................................................................................13 2.7 Prognstico.....................................................................................................14 2.7 Erlichiose em Felinos......................................................................................15 2.7.1 Dados Clnicos-Laboratoriais....................................................................16 2.7.2 Diagnostico..................................................................................................17 2.7.3 Necrpsia.....................................................................................................18 2.7.4 Tratamento...................................................................................................18 3 MATERIAL E MTODOS..................................................................................19 4 RESULTADOS E DISCUSSO.........................................................................20 4.1 Animais Positivos e Distribuio Anual...........................................................20 4.2 Eritrograma.....................................................................................................20 4.2.1 Caracterizao das Alteraes Morfolgicas...........................................20 4.3 Leucograma......................................................................................................21 4.3.1 Leucometria Global..................................................................................21

4

4.3.2 Leucometria Especfica...........................................................................21 4.3.2.1 Eosinfilos..........................................................................................21 4.3.2.2 Neutrfilos...........................................................................................22 4.3.2.3 Desvio Nuclear de Neutrfilos Esquerda (DNNE)..... .....................22 4.3.2.4 Linfcitos..............................................................................................22 4.3.2.5 Moncitos...........................................................................................23 4.3.3 Pancitopenia.............................................................................................23 4.4 Plaquetas.......................................................................................................23 4.6 Consideraes Finais.......................................................................................24 5 CONCLUSES.................................................................................................25 6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................26

5

1. INTRODUO

Na ultima dcada, a ehrlichiose tem sido identificada como causa crescente de morbidade e mortandade de caninos e, em alguns pases, do homem, em virtude da maior exposio a locais onde comum a presena de carrapatos (DUMLER & BAKKEN, 1998; ROBERTS & SOAVE, 1997). No Brasil, a doena considerada enzotica segundo a estimativa de Morais et al. (2002) e dados recentes obtidos por Labarthe et al. (2003). O gnero Ehrlichia formado por bactrias gram negativas pertencentes famlia Ehrlichiae, sendo parasitos intracelulares obrigatrios que infectamos leuccitos e causam trombocitopenia no hospedeiro. Existem espcies de Ehrlichia que afetam ces, eqinos, ruminantes, gatos e humanos. A infeco por Ehrlichia, por muito tempo, foi considerada espcie especfica. Porm recentemente esse conceito foi mudado, uma vez que espcies de Ehrlichia tm sido diagnosticadas em hospedeiros no especficos ( WALKER & DUMLER, 1996). Ehrlichia canis (Donatien & Lestoquard, 1935), tem sido assinalada como o agente causal, dentre os hemoparasitos de ces que podem produzir sndromes hemorrgicas e vrios sintomas (HARRUS et al, 1997). Anorexia, apatia, epistaxis, equimoses, petquiais, edema escrotal e nos membros, associados anemia, leucopenia e trombocitopenia, foram observados em ces, que apresentavam mrulas de E. canis em leuccitos ou plaquetas, (HOSKINS ,1991). Os episdios hemorrgicos, associados a quadro clnico varivel, esto comumente relacionados, a carrapatos de gnero Rhipicephalus. Ehrlichia canis se desenvolve em larvas, ninfas e adultos, de R. sanguineus, no ocorrendo porm, infeco transovariana, ou seja, o produto da postura est isento do parasito DUMLER & BAKKER, 1995). Tem sido descrito, em felinos domsticos, a presena de mrulas de Ehrlichia Like em mononuclerares associadas a anemia. (ALMOSNY, 2000).

6

PEAVY et al (1997) sugeriram que a Ehrlichiose fosse considerada no diagnstico diferencial das doenas leucopenisantes enquanto relatos de casos de gatos que apresentavam anemia, apatia e febre e presena de mrulas de Ehrlichia Sp em esfregaos sanguneos mostram a necessidade de incluir a Ehrlichiose no diagnstico diferencial das patologias anemiantes. O presente trabalho visou analisar os aspectos hematolgicos da rickettsiose em gatos comprovadamente positivos ao exame de esfregao sanguneo. J que, segundo LOPES et al., 1996 o hemograma est entre os exames mais prticos, econmicos e de maior utilidade na rotina clnica, ao utilizarmos dessa importante ferramenta diagnstica, podemos relatar as principais variaes hematolgicas que ocorrem na infeco provocada por esses agentes da ordem das Rickettsiales, em gatos na cidade de Campos dos Goyatcazes, RJ. Com esses resultados esperamos auxiliar clnicos, alunos e professores no diagnstico da doena, criando padres hematolgicos caractersticos da citada patologia em gatos. Alm de ser fonte bibliogrfica para novas pesquisas sobre o assunto, j que existe uma carncia de dados clnicos e laboratoriais sobre esta patologia acometendo esta espcie.

7

2. REVISO DE LITERATURA

2.1 Taxionomia Os parasitos pertecentes gnero Ehrlichia, exceto as espcies E. ewingii e E. ruminantium, so capazes de infectar monocitos e macrfagos. A espcie E. ewingii por sua vez infecta granulcitos, ao passo que a Cowdria ruminantium parasita tanto as clulas endoteliais vasculares quanto os neutrfilos. O gnero Anaplasma infecta granulcitos, plaquetas e clulas vermelhas (DUMLER et. al. 2001). Segundo os mesmos autores houve uma reorganizao na ordem Rickettsiales e todos os membros das tribos Ehrlichiae e Wolbachieae foram transferidos para a famlia Anaplasmatacea, que contm quatro gneros: Ehrlichia, Anaplasma, Neorickettsia, e Wolbachia. Posio taxionmica da Ehrlichia canis. Ordem: Rickettsiales, Famlia: Anaplasmatacea, Gnero: Ehrlichia, Espcie: Ehrlichia canis (DUMLER et. al. 2001). Posio taxionmica da Anaplasma platys, Ordem: Rickettsiales, Famlia: Anaplasmatacea, Gnero: Anaplasma, Espcie: (DUMLER et. al. 2001). Anaplasma platys

2.2 Principais Agentes Etiolgicos INOKUMA et al. (2003), relataram que a Erliquiose uma doena transmitida por carrapato que acomete tanto humanos quanto animais. Anaplasma platys e Ehrlichia canis so os dois mais conhecidos patgenos que causam a Erliquiose canina, ambos tm uma distribuo global, assim como o seu transmissor o Rhipicephalus sanguineus A Erliquiose canina uma patologia rickettsial causada por Ehrlichia spp e transmitida por qualquer tipo de carrapato. Todas as Ehrlichia spp so microorganismos intracelulares que infectam leuccitos (SAINZ et al, 2000).

8

O gnero Ehrlichia, pertence famlia das Rickettsiaceae, constitui bactrias Seu intracelulares obrigatrias inclui trs dos leuccitos de (moncitos e polimorfonucleares) ou trombcitos (DAVOUST et. al., 1993). desenvolvimento estgios desenvolvimento: corpsculo elementar, corpsculo inicial e mrula. Individualmente a ehrlichia denominada corpsculo elementar, que geralmente tem aspecto cocide ou elipside, porm, o pleomorfismo notado com frequncia (MCDADE, 1990 ). Segundo HOSKINS (1991), a espcie E. canis a causa mais comum de infeco natural e considerada a mais severa. Outras espcies como E. platys, E. equi, E. risticii e infeco natural em ces. 2.2.1. Ehrlichia canis ALMOSNY (2002), descreveu que so caracterizadas trs formas para a Ehrlichia canis: mrula, descrita como uma colnia arredondada com grnulos corados em azul escuro nos preparados corados pelo Giemsa; corpsculos elementares, estruturas amorfas, arredondadas de vrios tamanhos, podendo ser visualizadas em vacolos de citoplasma de moncitos e os corpsculos iniciais, forma granular composta de mltiplos grnulos, estes grnulos precisam ser diferenciados das granulaes azurfilas que podem ocorrer no citoplasma de mononucleares sanguneos de ces sadios. Os autores consideram a presena destas incluses como suficientes para um diagnstico positivo da doena. A E. canis parasita primria de artrpodes, sendo os vertebrados seus hospedeiros secundrios (CORRA & CORRA, 1992). A seguir, na figura 1 um exemplo da E. canis parasitando uma clula canina. E. ewingii tambm foram descritas causando

9

Figura 1. Mrula de Rickettsia (seta) parasitando um neutrfilo segmentado canino. (www.cvm.okstate.edu) 2.2.2. Anaplasma platys E. platys, um microoganismo antigenicamente no relacionado com E. canis ou E. equi, consiste no agente causador da Trombocitopenia clclica infecciosa dos ces (SWANGO et al., 1989). Estes organismos foram observados apenas em plaquetas, podendo ocorrer com uma, duas ou trs incluses. (WOODY & HOSKINS, 1991). O Bergeys Manual of Systematic Bacterology, reconhece a E. platys como tendo sido descrita por FRENCH & HARVEY (1983) como um parasito especfico de plaquetas de ces. De colorao basoflica em esfregaos corados pelo Giemsa, mede entre 0.4 a 1.2 m, podendo ser arredondada, oval ou achatada. rodeada por membrana dupla e se reproduz por fisso binria.(RISTIC et. al.,1984). Os ces infectados no apresentam enfermidade clnica e raramente mostram sinais de hemorragia significativa, mesmo tendo plaquetopenias

10

pronunciadas. As infeces associadas de E. platys e E. canis so comuns (HARRUS et. al., 1997). Existem dificuldades no diagnstico de E. platys atravs da observao de mrulas devido ao carter cclico da trombocitopenia e o teste de imunofluorescncia indireta detecta anticorpos para E. platys durante um curto perodo aps o aparecimento de plaquetas parasitadas (WOODY & HOSKINS, 1991). 2.2.3 Outros Agentes Etiolgicos A espcie E. equi foi pela primeira vez reconhecida como forma pouco usual de E. canis, devido reproduo e formao de mrula primariamente no citoplasma de neutrfilos, e no primariamente em linfcitos. As infeces em ces pela E. equi so leves ou inaparentes (HOSKINS, 1991). O modo de transmisso da E. equi desconhecido, suspeita-se que carrapatos sejam vetores (RIKIHISA, 1991). A espcie E. risticii produz infeces leves ou inaparentes, podendo os ces ficarem como portadores assintomticos. Seu vetor tambm desconhecido, porm suspeita-se que seja o carrapato (HOSKINS, 1991). A E. ewingii foi relatada inicialmente em 1985 como causadora da erliquiose granuloctica canina, devido a observao da mrula em granulcitos e clulas mononucleares de ces com poliartrite aguda. Produz uma infeco sub-clnica, causando febre e muitas anormalidades hematolgicas como neutropenia, linfocitose e trombocitopenia entre 18 e 24 dias de infeco. Tem, supostamente, como vetor o carrapato Amblyomma americanus e possivelmente o carrapato Rhipicephalus sanguineus (PAES, 1995). E. chaffensis e E. sennetsu infectam experimentalmente os ces. A primeira responsvel pela erliquiose humana e a segunda tem tropismo pelas clulas mononucleares e provoca a febre sennetsu em humanos que so possivelmente seus hospedeiros naturais (PAES, 1995). Rikihisa (1991), relatou reao cruzada entre E. sennetsu, E. canis e E. risticii. Aps a infeco atravs de seu vetor, ocorre um perodo de incubao que dura de 1 a 3 semanas. Nos animais mais jovens, aparece normalmente

11

aos 11 dias ps-infeco uma febre recorrente de 41C (ALMOSNY, 2002). Aps esse perodo podem ser isoladas mrulas do sangue.

2.3 Infeco e Doena O carrapato Rhipicephalus sanguineus o vetor reconhecido para a erliquiose canina, doena que se refere a uma variedade de sndromes clnicas que acometem candeos silvestres e ces (HOSKINS,1991). A trombocitopenia cclica infecciosa dos ces pode ser transmitida por injeo de sangue contendo E. platys obtido durante o perodo parasitmico e em naturais condies pode ser transmitido pela picada de um carrapato infectado (Rhipicephalus sanguineus) ou outro artrpode hematfago (ALVARADO et. al., 2003). NEITZ & THOMAS (1938) descreveram colnias de colorao prpura contendo grnulos cocides parasitando moncitos e neutrfilos de ces, os mesmos autores afirmaram que os organismos so mais facilmente encontrados nos rgos do que no sangue perifrico. A doena apresenta trs formas clnicas: aguda, subaguda e crnica (CORRA & CORRA, 1992). Segundo SMITH & RISTIC (1977) a infeco em ces ocorre em trs estgios: aguda, sub-clnica e terminal. A fase aguda inicia-se com processo febril, aps incubao de 10 a 15 dias, podem-se observar temperaturas superiores a 40,5o

C, nesta fase

ocorrem anorexia, perda de peso, edema de membros, vmitos e linfadenopatia. A fase aguda da E. canis dura de 2 a 4 semanas e a replicao do parasito ocorre dentro das clulas mononucleares infectadas, espalhandose pelo organismo dentro dos fagcitos mononucleares, instala-se nas clulas reticuloendoteliais do fgado, bao e linfonodos, onde se multiplicam primariamente em macrfagos e linfcitos resultando em hiperplasia linforeticular, podendo conseqentemente causar aumento dos rgos (TROY & FORRESTER, 1990). Na fase sub-clnica a contagem global de clulas sanguneas poder estar moderadamente reduzida, especialmente as plaquetas. Os animais, entretanto, estaro assintomticos (SMITH & RISTIC, 1977). A fase sub-clnica

12

da erliquiose associada a persistncia do organismo e aumento do ttulo de anticorpos sricos, que comeam a aparecer 7 a 21 dias aps a infeco inicial (HOSKINS, 1991). Os achados hematolgicos similares ao da fase aguda, que consistem em trombocitopenia, anemia arregenerativa e respostas leucocitrias variveis, desde leucopenia, linfocitose e monocitose, podem persistir durante este estgio, no se observando sinais clnicos (TROY & FORRESTER, 1990). As manifestaes clnicas tardias incluem febre, anorexia, drstica perda de peso, acentuada pancitopenia, anemia e edema perifrico. comum observar equimoses e petquias em mltiplos locais (SMITH & RISTIC, 1977). Nesta fase h pancitopenia como achado laboratorial predominante (McDADE, 1990). Segundo observao de SWANGO et al. (1989), na fase crnica ocorre uma hipergamaglobulinemia pela persistente estimulao antignica. Os mesmos autores relataram que a perda de peso crnica, hiporexia, anorexia, anemia e astenia so os sinais mais comuns da erliquiose crnica, h tambm hipoplasia medular ssea, levando a pancitopenia e ao aumento na destruio das plaquetas. Nesta etapa pode ocorrer epistaxis, petquias, hematria ou hematoquesia. As anormalidades hematolgicas mais frequentemente observadas so anemia arregenerativa, trombocitopenia e leucopenia (HOSKINS, 1991). A monocitose um achado frequente (HARRUS et al., 1997).

2.4 Diagnstico O diagnstico dado pela suspeita clnica e tambm baseado na identificao microscpica de rickettsias nos esfregaos de sangue e imunofluorescncia indireta (CORRA & CORRA, 1992). Incluses de colorao basoflica a prpura contendo nmero variado de indivduos, so observadas no citoplasma de leuccitos, em esfregaos corados em mtodo de Romanovsky (MC DADE, 1990). Os esfregaos normalmente so obtidos de sangue coletado da veia marginal da orelha (EWING et. al., 1996).

13

Segundo RISTIC et al. (1984), a tcnica de cultivo in vitro e a imunofluorescncia indireta, prova que detecta anticorpos para E. canis, so duas tcnicas comumente uilizadas na deteco da erliquiose canina. A tcnica de PCR (polymerase chain reaction), permite um diagnstico rpido e com sensibilidade semelhante a outras tcnicas, o que o torna uma pea til para a elaborao do diagnstico (WEN et al., 1997).

2.5 Tratamento e Profilaxia Diversos frmacos podem ser utilizados no tratamento da erliquiose, entre eles esto: a oxitetraciclina, o cloranfenicol, o imidocarb, a tetraciclina e a doxiciclina. Destas, a doxiciclina constitui a droga de eleio no tratamento da erliquiose em todas as suas fases (VIGNARD-ROSEZ et al., 2000). Existem vrias indicaes de dosagens e tempo de durao do tratamento da erliquiose utilizando-se a doxiciclina. Os critrios para o tratamento variam de acordo com a precocidade do diagnstico, da severidade dos sintomas clnicos e da fase da doena que o paciente se encontra quando do incio da terapia. (VIGNARD-ROSEZ et al., 2000). (BARTSCH & GREENE 1996), recomenda nas fases agudas, a dosagem de 5 mg/kg ao dia durante 7 a 10 dias e nos casos crnicos 10 mg/kg ao dia durante 7 a 21 dias. A eficcia da doxiciclina no tratamento da erliquiose na dose de 10 mg/Kg/dia em dose nica foi demonstrada por vrios autores (HOSKINS et al., 1991). O tratamento pode durar de 3 a 4 semanas nos casos agudos e at 8 semanas nos casos crnicos. A doxiciclina dever ser fornecida 2 a 3 horas antes ou aps a alimentao para que no ocorram alteraes na absoro (WOODY & HOSKINS, 1991). Alguns autores recomendam prolongar o tratamento por mais de 6 semanas nos casos de erliquiose sub-clnica (HARRUS et al., 1997), caso contrrio existe a possibilidade da permanncia do agente no animal (IQBAL et al., 1994).

14

Freqentemente dever ser fornecido um tratamento de suporte, principalmente nos casos crnicos. Assim, deve-se corrigir a desidratao com fluidoterapia, e as hemorragias devem ser compensadas pela transfuso sangnea. Terapia a base de glicocorticides e antibiticos pode tambm ser utilizada nos casos em que a trombocitopenia for severa e nos casos de infeces bacterianas secundrias, respectivamente (PASSOS et al., 1999).A preveno da doena tem um carter de suma importncia nos canis e no locais de grande concentrao de animais. Devido a inexistncia de vacina contra esta enfermidade (WOODY et al., 1991), a preveno realizada atravs do controle do vetor da doena: o carrapato. Para tanto, produtos acaricidas ambientais e de uso tpico so eficazes desde que seja realizado o manejo correto.

O controle de carrapatos constitui o esteio da preveno contra a erliquiose. Alm disso, pode-se usar doses baixas de doxiciclina (2mg/kg, V.O, a cada 24h) ou tetraciclinas )6,6mg/kg,V.O, a cada 24h) nas reas endmicas durante a estao de carrapatos (BIRCHARD & SHERDING 2003).

2.6 Prognstico O prognstico para a erliquiose canina excelente com um tratamento apropriado, a menos que a medula ssea fique severamente hipoplsica. A resposta clnica comea geralmente 48hs aps a iniciao da doxiciclina, mas na forma crnica pode levar at 3-4 semanas. A forma crnica da doena parece ser mais severa nos pastores alemes e nos dobermans (BIRCHARD & SHERDING 2003). Segundo (WOODY & HOSKINS, 1991), o prognstico depende da fase em que a doena for diagnosticada e do incio da terapia. Quanto antes se inicia o tratamento nas fases agudas, melhor o prognstico. Nos ces no incio da doena observa-se melhora do quadro em 24 a 48 horas, aps o incio da terapia. Em 2003, TILLEY & SMITH JR. citaram que na fase aguda o prognstico excelente, contanto que o tratamento seja o apropriado; e na fase crnica pode-se levar at quatro semanas para uma resposta clnica, e que o prognstico ruim em caso de hipoplasia medular. 2.7. Ehrlichiose em Felinos

15

LEWIS et al (1975) inocularam ces gatos e primatas das espcies Rhesus e babuno (Macaca mulatta e Papio anubis) com E. equi e aps 3 a 7 dias observaram mrulas em eosinfilos de gatos, neutrfilos de primatas e neutrfilos e eosinfilos de ces. Os animais no fizeram infeco clnica. Entretanto, aps inocularem sangue de macaco contaminado a um equino, observaram que este desenvolveu sintomas da doena. Os autores consideraram o fato como um importante alerta para uma capacidade potencial de transmisso do agente Ehrlichial para o Homem. CHARPENTIER & GROULADE (1986), observaram na Frana, a presena de mrulas em mononuclerares de gatos e descreveram o caso como possivelmente de Ehrlichiose. Em 1988, DAWSON et al avaliaram a susceptibilidade de gatos a infeco por E. risticii (Febre equina do Rio Potomac) e observaram o aparecimento de diarria intermitente aps 8 a 18 dias em um dos gatos, enquanto outro gato desenvolveu linfadenopatia, depresso aguda e anorexia entre 20 e 24 dias ps inoculao. Estes animais eram soropositivos aps 10 a 24 dias. BUORO et al (1994) observaram uma Ehrlichia-Like em gatos esplenectomizados, associada a anemia, em Nairobi (Knia) e descreveram-no como sendo o primeiro relato de infeco natural por Ehrlichia Sp. na espcie. Relataram eles, a observao de Incluses citoplasmticas de colorao prpura, associadas e isoladas em moncitos e linfcitos circulantes de 3 gatos doentes e infestados por Haemaphisalis laechi. Os autores revelaram, ainda, que as incluses eram semelhantes s descritas para os gneros Rickettsia e Clamdia, entretanto a relao morfomtrica era referente ao gnero Ehrlichia. Cultivado in vitro com mtodos adaptados para E. canis, o agente apresentou necessidades metablicas semelhantes. BOULOY et al (1994) descreveram o primeiro caso de Ehrlichiose felina no Colorado (Estados Unidos da Amrica). Os animais apresentaram ttulos de anticorpos para E. canis e E. risticii, mas os autores afirmaram que a primeira no patognica para gatos. Consideraram a possibilidade da transmisso atravs da ingesto de roedores ou de parasitos destes, uma vez que os felinos no estavam parasitados.

16

BUORO et al (1994), observaram em um leo adulto, de vida livre, parasitado por carrapatos do gnero Haemaphisalis, a ocorrncia de mrulas de Ehrlichia- like em moncitos sanguneos e mononucleares observados em impresso de rgos. DAVENPORT (1994) baseada no experimento de Lewis et al (1973), sugeriu que felinos domsticos pudessem servir como hospedeiro intermedirio para a febre do Potomac. BEALFILS et al (1995), descrevem a ocorrncia de Ehrlichiose clnica em felinos franceses que costumavam passar os veres no Sul do pas. Os animais eram portadores de outras patologias e os autores sugeriram que doenas associadas facilitariam a instalao e o desenvolvimento da parasitose em gatos. PEAVY et al (1997) avaliaram 5 gatos doentes que viviam em fazenda e observaram ttulos para E. canis e E. risticii e sugeriram que a Ehrlichiose fosse considerada pulgas. ALMOSNY (2000) descreveram o aparecimento de mrulas em mono e polimorfonucleares em esfregao sanguneo de gato que apresentava febre e sintomas inespecficos sendo estes o primeiro relato da Rickettsiose na Amrica Latina. Estudos esto sendo realizados a fim de identificar infecces naturais em gatos assim como o conhecimento de possveis vetores (PEAVY et al, 1997). 2.7.1. Dados Clnico-Laboratoriais Relatos de casos de gatos que apresentavam anemia, apatia e febre e presena de mrulas de Ehrlichia Sp. em esfregaos sanguneos (PEAVY et al, 1997 e ALMOSNY, 2000) mostram a necessidade de incluir a Ehrlichiose no diagnstico diferencial das patologias anemiantes (BUORO et al, 1994). Os sintomas descritos foram emagrecimento, caquexia, abatimento, anorexia, febre intermitente, dores articulares, hiperestesia, sensibilidade no diagnstico diferencial das doenas leucopenizantes. Acrescentaram eles que os felinos no apresentavam carrapatos, apenas

17

palpao lombar e desidratao (BOULOY et al, 1994; PEAVY et al, 1997 e ALMOSNY, 2000). Dados laboratoriais revelaram anemia normoctica e normocrmica, leucopenia, trombocitopenia, hiperproteinemia com hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia, hipercolesterolemia (BOULOY et al, 1994 e PEAVY et al, 1997). Segundo BEALFILS et al (1995) as fraes Alfa e GAMA globulinas esto bastante elevadas. O leo examinado por BUORO et al (1994), no Qunia, apresentava sintomas similares aos de gatos domsticos portadores de Ehrlichiose, alm de linfadenopatia generalizada e intensa emaciao e morreu logo aps chegar ao hospital. Os felinos domsticos esplenectomizados descritos por BUORO et al (1994) apresentaram febre com temperatura de 39,7o c a 40,1 o c, anorexia e perda de peso parcial. Em um deles observaram linfadenopatia perifrica e radiopacidade nos lobos pulmonares. Os autores afirmaram que os animais apresentavam anemia normoctica e normocrmica, entretanto os dados numricos relatados como tendo sido observados, no esto coerentes com valores indicativos de normocitose e normocromia descritos por COLES (1986); JAIN (1993); KANEKO et al (1997). BEALFILS et al (1995) observaram a ocorrncia de neoplasia em um dos gatos que apresentava mrulas e tambm casos de soropositividade para AIDS (sndrome de imunodeficincia) e leucemia felina, associadas ao quadro clnico e consideraram estas patologias como fatores desencadeantes da Ehrlichiose clnica em gatos. 2.7.2. Diagnstico BUORO et al (1994) descreveram incluses citoplasmticas em moncitos, linfcitos e raramente em neutrfilos e cultivaram in vitro o parasito conforme NYINDO et al (1971). Avaliaram aspirado pulmonar e observaram organismos similares em mononuclerares . A microscopia eletrnica revelou presena de organismos em moncitos, entretanto RIKIHISA (1991) afirmou no ser convincente a imagem do parasito relatado, quando observado em microscopia eletrnica.

18

BOULOY et al (1994) observaram a ocorrncia de mrulas em impresso de massa abdominal e efetuaram sorologia para E. canis e E. risticii estando os animais soropositivos para ambas. Os autores alertaram para a ocorrncia de reao cruzada entre as espcies do gnero. PEAVY et al (1997) tambm observaram soropositividade para a Ehrlichiose monoctica equina e canina. BEAUFILS et al (1995) afirmaram que um diagnstico exclusivamente sorolgico pode ser duvidoso, principalmente pela possibilidade de reaes cruzadas. PEAVY et al (1997) obtiveram testes positivos para E. risticii em Western imunoblot e alertaram para a possibilidade de reaes cruzadas. ALMOSNY (2000), observaram mrulas em mononucleares e relataram resposta clnica ao tratamento com tetraciclina. 2.7.3. Necrpsia No existem relatos de achados de necrpsia de felinos portadores de ehrlichiose. BOULOY et al (1994) observaram em bipsia, um infiltrado celular inflamatrio (neutrfilos e macrfagos) em impresso de linfonodos mesentricos, caracterizando uma linfadenite piogranulomatosa. Os animais citados por BEAUFILS et al (1995), foram levados a bito, porm no foi possvel para eles, efetuar a necrpsia. 2.7.4. Tratamento A Tetraciclina e a Doxiciclina tem sido largamente utilizada (BOULOY et al, 1994; PEAVY et al, 1997 e ALMOSNY, 2000) tendo sido observado eficcia no tratamento com dipropionato de imidocarb (BUORO et al, 1989). DAVENPORT (1994) afirmou que os sintomas desaparecem aps 48 horas do incio do tratamento.

19

3 MATERIAL E MTODO

Foram utilizados 59 gatos, independente da raa, sexo ou idade, no perodo entre 24/03/2006 a 08/06/2007 com suspeita clnica de Rickettsiose, domiciliados, oriundos da cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. A amostra dos mesmos foi analisada no Laboratrio de Hematologia Veterinria (LAHEVET) . Cada animal teve uma ficha individual, onde foram anotados seus dados e possveis achados clnicos. Foram coletados 2ml de cada gato da veia jugular ou ceflica com a utilizao de agulha e seringa estreis aps correta tricotomia e antissepsia da regio com lcool iodado. Com o sangue ainda na seringa, a agulha foi retirada para que no ocorra hemlise e, com uma gota, foi feita distenso delgada em uma lmina de vidro virgem para realizao do hemograma. Foram armazenados 2ml da amostra de cada gato em frasco de vidro siliconizado ou de plstico estril com anticoagulante (EDTA), a amostra foi refrigerada (4C a 8C), e encaminhada em menor tempo possvel ao laboratrio para anlise. Foi feita coleta de uma gota de sangue da veia marginal da orelha para obteno de esfregao sanguneo visando pesquisa dos hemoparasitas, com os mesmos cuidados com relao tricotomia e antissepsia tomados na coleta sangunea da veia jugular ou ceflica. As lminas foram coradas utilizando-se o mtodo Pantico. A pesquisa de hemocitozorios foi feita no esfregao de sangue perifrico, avaliando suas bordas e franja.

20

Aps a identificao dos animais positivos (14 ces); foi feita a analise hematolgica dos mesmos.

4. RESULTADO E DISCUSSO

No presente trabalho, verificou-se a importncia dos dados hematolgicos caractersticos das rickettsioses em gatos na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. Foram obtidos os seguintes resultados:

4.1 Animais Positivos e sua distribuio anual De 59 gatos suspeitos analisados, 14 foram positivos ao exame de esfregao sanguneo (pesquisa de hemoparasitas), caracterizando freqncia de 23,73%. A ocorrncia da Rickettsiose em felinos distribuiu-se no perdo da primavera ao outono (no sendo diagnosticado nenhum caso no perodo de inverno), sendo 5 (35,71%) animais diagnosticados na primavera, 3 (21,43%) no vero, 6 (42,86%) no outono. Apesar de se observar predominncia de casos no outono, h que se considerar a ocorrncia na primavera e no vero. BIRCHARD & SHERDING (2003) relataram que a referida doena caracterizase por possuir um vetor melhor adaptado ao clima tropical, o que se confirma com a predominncia de clima quente e mido na cidade de Campos dos Goytacazes, apresentando temperatura mdia anual de 22,7o C (www.brasilchannel.com.br). Sugere-se portanto, adaptao do vetor e do parasito ao citado clima.

4.2 Eritrograma

21

4.2.1 Caracterizao das Alteraes Morfolgicas No eritrograma, dos animais que apresentaram quadro de anemia (6 casos, 46,86%), observou-se predominncia de anemia normoctica normocrmica, ocorrendo em 50% (n=3) dos casos. Segundo ALMOSNY (2002), a anormalidade hematolgica mais freqentemente observada na srie vermelha a anemia arregenerativa, o que ficou demonstrado conseqentemente ao se observar anemia arregenerativa em 35,71% (n=5) dos casos, pois no houve sinais de regenerao (BIRCHARD et al., 2003). Verificou-se ainda presena de anemia normoctica hipocrmica em 7,14% (n=1) dos casos, anemia macroctica normocrmica em 7,14% (n=1) dos casos, anemia microctica normocrmica em aproximadamente 7,14% (n=1) dos casos, e ausncia de alteraes em 57,14% (n=8) dos casos. 4.3 Leucograma 4.3.1 Leucometria Global Na Leucometria Global obteve-se um caso onde ocorreu apenas Leucocitose, cinco casos de Leucopenia e nove casos sem alterao na Leucometria global, TROY & FORRESTER (1990) relataram ocorrer leucopenia 3 a 4 semanas aps infeco e tambm descreveram leucopenia associada a trombocitopenia na fase aguda da patologia. 4.3.2 Leucometria Especfica H que se ressaltar que na avaliao da resposta leucocitria os valores absolutos so muito mais valorizados e fidedignos que os valores relativos, apesar destes tambm necessitarem estar envolvidos na interpretao diagnstica hematolgica (COLES, 1985; JAIN, 1993). 4.3.2.1 Eosinfilos

22

As alteraes observadas em relao aos valores relativos e absolutos de eosinfilos foram: cinco animais apresentando eosinopenia relativa, dois apresentando eosinopenia relativa e absoluta e sete anamais no apresentaram alteraes na contagem de eosinfilos. Estando de acordo com COLES (1986) e JAIN (1993), que relataram que os animais portadores de erliquiose podem apresentar linfopenia e eosinopenia, caractersticas da fase aguda. Essa mesma alterao tambm pode ser observada aps a utilizao de corticosterides em infeces experimentais e no tratamento da erliquiose, conforme relataram WADDLE & LITTMAN (1987). 4.3.2.2 Neutrfilos Em relao aos neutrfilos observou-se que um animal apresentou neutropenia absoluta e um neutropenia relativa e absoluta, um animal apresentou neutrofilia absoluta, dois apresentaram neutrofilia relativa e absoluta, 4 apresentaram neutrofilia relativa e cinco animais no apresentaram alteraes na contagem de neutrfilos. Tais alteraes formam observadas por MIRANDA et al. (2004) em ces, entretanto ALMOSNY (2002) informou no ter evidenciado alteraes neutroflicas. 4.3.2.3 Desvio Nuclear de Neutrfilos Esquerda (DNNE) Ocorreu DNNE leve em 8 (57,14%) dos 14 casos positivos, estando de acordo com o observado por MIRANDA et al. (2004) em caninos. Em caninos e felinos que apresentam processos inflamatrios, h importante resposta neutroflica, sendo muitas vezes evidenciado DNNE, o que reflete resposta medular (COLES, 1986; JAIN, 1993). Segundo JAIN (1993), quando observa-se um DNNE associado a leucopenia, este quadro poder ser caracterizado como degenerativo. Biolgicamente, o aparecimento de apenas um metamielcito j indicativo de processo inflamatrio agudo com prognsticoreservado (JAIN, 1993; KANEKO et alii, 1997), no sendo encontrado em nenhum dos casos analisados, indicando assim bom progonstico.

23

4.3.2.4 Linfcitos Foi observado um animal exibindo linfocitopenia relativa, nove apresentando linfocitopenia relativa e absoluta, e ainda quatro animais sem alteraes na contagem destas clulas. Em ces, a predominncia de linfopenia relativa e absoluta confirmada por MIRANDA et al. (2004) em apesar de GREGORY et al. (1990), terem relatado que a principal caracterstica da fase crnica, o aparecimento de uma hipoplasia medular levando uma anemia aplsica, monocitose, linfocitose e leucopenia. Os felinos tenderam a uma linfopenia significativa, caracterstica de fase aguda, segundo JAIN (1993). 4.3.2.5 Moncitos Segundo ALMOSNY (2002), em ces, o nmero de moncitos varia durante a fase clnica e tende a uma discreta elevao de carter cclico estando significativamente elevados em algumas fases. O mesmo autor relatou que a monocitose, tanto relativa quanto absoluta ou ambas de forma concomitante, representam achado freqente sendo forte indicativo de erliquiose, mesmo antes da observao das mrulas, entretanto, apesar da monocitose ser achado freqente na referida doena, so encontrados pacientes portadores da hemoparasitose em questo, mesmo sem monocitose. Sua ocorrncia no est relacionada a infeces agudas em felinos. No presente estudo, ocorreram quatro casos de monocitose, sendo trs animais com monocitose relativa, e um com monocitose relativa e absoluta. Foram evidenciados dois casos de monocitopenia, sendo um de monocitopenia relativa e um apresentando monocitopenia relativa e absoluta. E anda, oito no apresentando alterao na contagem desta clula. 4.3.3 Pancitopenia Pancitopenia se fez presente em um casos, ou seja, em 7,14% dos gatos positivos para a doena em questo. Segundo SAINZ et al. (2000), a erliquiose canina denominava-se Pancitopenia Tropical Canina, tanto que nos

24

resultados do autor 15% dos ces doentes apresentaram uma queda na hematimetria, leucometria e plaquetometria. A pancitopenia, segundo HARRUS et al. (1997) caracterstica da fase crnica da doena e conseqente a supresso de medula ssea observada.

4.4 Plaquetas Em relao ao nmero de plaquetas observou-se prevalncia de trombocitopenia, ocorrendo em 85,71% (n=12) dos casos, alm de se observar 14,29% (n=2) de casos positivos sem alteraes na plaquetometria. BEAUFILS et al (1995) e PEAVY et al. (1977) revelaram a ocorrncia de trombocitopenia associada a Ehrlichiose clnica em gatos. A rickettsiose tambm citada por ETTINGER & FELDMAN (1992) como Trombocitopenia Cclica Canina por desenvolver trombocitopenia cclica em intervalos de 10 a 14 dias. MEYER et al. (1995) resaltaram como umas das principais causas de trombocitopenia canina a infeco por rickettsias.

4.5 Consideraes Finais Observa-se a ocorrncia da doena durante todo ano, estando distribuda pelas estaes climticas em reas tropicais. As alteraes hematolgicas principais foram: anemia normoctica normocrmica, sangneo). O exame utilizado como ferramenta diagnstica (pesquisa de hemoparasitas em esfregao sangneo) mostra-se eficaz principalmente nos casos onde ocorrem as chamadas alteraes clssicas de hemograma. O trabalho realizado destaca-se como mais uma importante fonte literria acerca da referida doena, principalmente nesta espcie onde h escassez de trabalhos cientficos. leucopenia e trombocitopenia e so frequentemente evidenciadas nos animais positivos (pesquisa de hemoparasitas em esfregao

25

Novos estudos envolvendo o tema devem ser realizados.

5 - CONCLUSES

Finalizado o estudo concluiu-se que: A Rickettsiose na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ caracteriza-se como uma enzootia importante em gatos, devendo ser considerada no diagnstico diferencial das doenas leucopenisantes, enquanto relatos de casos de gatos que apresentavam anemia, apatia e febre e presena de mrulas de Ehrlichia Sp em esfregaos sanguneos mostram a necessidade de incluir a Ehrlichiose no diagnstico diferencial das patologias anemiantes.

26

6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em Pequenos Animais Domsticos e como Zoonoses, L. F Livros de Veterinria Ltda; Cap 1, p.16, 2002.

ALVARADO, C. A.; PALMAR, M.; PARRA, O.; SALAS P. Ehrlichia platys (Anaplasmaplatys) in Dogs from Maracaibo, Venezuela: An Ultrastructural Study of Experimental and Natural Infections, 2003.BARTSCH, R. C; GREENE R. T.: Post-Therapy antibody titers in dogs with Ehrlichiosis: Follow-up study on 68 patients treated primarily with tetracycline and/or Doxycycline. J. of Veterinary Internal Medicine, vol.10 n.4, 1996 pp.271-274.

BEAUFILS,J.P.; MARTIN-GRANEL,J & JUMELLE,P., 1995. Infection du chat par une Ehrlichia Sp.: propos de trois cas. Prat. Md. chir. Anim. Comp. 30: 397-402. BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: Clnica de Pequenos Animais, Roca; Cap 15 p.139,2003.

27

BOULOY,R.P.; LAPPIN,M.R.; HOLLAND,C.H.; THALL,M.A; BAKER,D; SHERRIL & O'NEIL,S,. 1994. Clinical ehrlichiosis in a cat. JAVMA. 204(9):1475-1478. BUORO,I.B.J; NYAMWANGE,S.B & KIPTOON,J.C., 1994. Presence of Ehrlichia-Like bodies in momocytes of adult lioness. Feline Practice. 22(1):36-37. CHARPENTIER,F. & GROULADE,P. 1986. Probable case of Ehrlichiosis in a cat. Bull. Acad. Vet. France. 59:287-290.

COLES, E. H.; Veterinary Clinical Pathology. W. B. Saunders Company. Fourth Edition, 1986.

CORRA, W. M.; CORRA, C. N. M. 1992. Enfermidades Infecciosas dos Mamferos Domsticos. MEDSI Editora Mdica e Cientfica. Rio de Janeiro. P 477-506. DAVENPORT,D.J., 1994. Bacterial and Rickettsial Diseases. IN:

SHERDING,R.G. The cat diseases and Clinical Management. 2a ed. New York. Churchil Livingstone.527-545.

DAVOUST, B.; PARZY, D.; VIDOR, E.; HASSELOT, N.; MARTET, G. Ehrlichiose canine experimentale : tude clinique et terapeutique. Rev. Md. Vt. 167: 33-40, 1993. DAWSON,J.E.; ABEYGUNAWARDENA,I; HOLLAND,C.J.; BUESE,M.M & RISTIC,M. 1988. Susceptibility of cats to infection with Ehrlichia risticii , causative agent of equine monocytic ehrlichiosis. Am. J. Vet. Res. 49 (12): 2096-2100 DUMLER,J.S. & BAKKEN,S., 1995. Ehrlichial Diseases of Humans: Emerging Tick-Born Infections. Clin. Inf. Dis. 20: 1102-1110.

28

DUMLER, J. S., BARBET A. F., BEKKER, C. P. J., DASCH, G. A., PALMER, G. H., RAY, S. C., RIKIHISA, Y., and RURANGIRWA F. R. (2001) Reorganization of Genera in the Families Rickettsiaceae and Anaplasmataceae in the order Rickettsiales; Unification of some species of Ehrlichia with Anaplasma, Cowdria with Ehrlichia, and Ehrlichia with Neorickettsia; Description of six New Species Combinaions; and Designation of Ehrlichia equi and "HGE agent" as Subjective Synonyms of Ehrlichia phagocytophilum. Int. J. Syst. Evol. Microbiol. 51: 2145-2165.

ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C., Tratado de Medicina Interna. 4 edio. Volume 1. Editora Manole, 1992.

EWING, S. A; DAWSON, J. E.; PANCIERA, R. J; MATHEW, J. S; PRATT, K. W; KATAVOLOS, P & TELFORD, S. R., 1996. Dogs infected with a human granulocitc Ehrlichia spp. (Rickettsiales: Ehrlichieae).Med Entomol. 34(6):710-718.

FRENCH, T. W & HARVEY, J. W. 1983. Serologic diagnosis of infections cyclic thrombocitopenia in dogs using na indirect fluorescent antibody test. Am. J. Vet. Res. 44(12):2407-2411.

GREGORY, C; FORRESTER, S..O. Ehrichia canis, E. equi, E. risticci infections. In: GREENE, C.E. Infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: W.B. Saunders: 404-14, 1990.

HARRUS S., AROCH I., LAVY E., BARK H.: Clinical manifestations of infectious canine cyclic thrombocytopenia. Vet Rec 141:247-250, 1997.

HOSKINS, J. D.,1991. Ehrlichial Diseases of Dogs: Diagnosis and Treatment. Canine Practice.16(3) :13- 21

29

INOKUMA, H.; BEPPU, T.; OKUDA, M.; SHIMATA, Y.; SAKATA, Y.,2003. Epidemological survey of Anaplasma platys and Ehrlichia canis using ticks collected from dogs in Japan. Veterinary Parasitology 115: 343348

IQBAL, Z.; CHAICHANASIRIWITHAYA, W.; RIKIHISA, Y. Comparison of PCR with other test for early diagnosis of canine ehrlichiosis. J. Clin. Microbiol., 32 (7): 1658-63, 1994.

JAIN, N. 1993. Essentials of veterinary hematology. Leo & Febinger; Cap 8, p. 130-131, 1993.

KANEKO,J.J; HARVEY,J.W. & BRUSS,M.L., 1997.Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 5a ed. Philadelphia. Ac. Press.:932p. LEWIS,G. E., HUXSOLL,D.L.; RISTIC, M. & JOHNSON,A.J., 1975. Experimentally induced infection of dogs, cats and nonhuman primates wuth Ehtlichia equi, etiologic agent of Canine Ehrlichiosis. Am.J. Vet. Res. 36( 1 ) :83-88.

LOPES, S. T.; BIONDO, A. W.; FAN, L. C.; CUNHA, M. S. C.; Patologia Clnica Veterinria. Santa Maria. Universidade Federal de Santa Maria, 1996.

McDADE, J. E. 1990.Ehrlichiosis- A disease of Animals and Humans. J. Inf. Dis. 161: 609-617.

MEYER, D.; COLES, H. E.; RICH, L. J. Medicina de Laboratrio Veterinria: interpretao e diagnstico. ROCA, 1995.

30

MIRANDA, F. J. B.; FAJARDO, H. V.; ALBERNAZ, A. P.; MELO Jr., O. A.; MACHADO, J. A. Abordagem hematolgica de candeos portadores de Erliquiose canina no municpio de Campos dos Goytacazes, RJ. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinria e I Simpsio LatinoAmericano de Rickettsioses. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinria, Vol 13 p01396, 2004.

NEITZ, M. O. & THOMAS, A. D. Rickettsiosis in the Dog. Jornal of South African Veterinary Medical Association, v.9: p. 166-174, 1938.

PAES, P. R. 1995.

Erlichiose canina: Avaliao hematolgica e

ocorrncia nas cidades do Rio de Janeiro e Niteri. UFF. 53 pgs. Monografia da disciplina de estgio supervisionado apresentada ao curso de graduao em Medicina Veterinria da Universidade Federal Fluminense.

PASSOS, L. M. F; ANDEREG, P. I; SAMARTINO, L. E. Ehrlichiosis canina. Vet. Arg., 16 (153), 1999.

PEAVY,G.M; HOLLAND,C.J; DUTTA, S.K; SMITH,G; MOORE,A; RICH,L.J; LAPPIN & RICHTER,K., 1997. Suspected ehrlichial infection in five cats from a household. JAVMA.210(2).231-234.

RIKIHISA,Y. The tribe Ehrlichiae and Ehrlichial Diseases. Clinical Microbiology Reviews, v.4: p. 286-308, 1991.

RISTIC, M.; HUXSOLL, D. L.; WEISIGER, R.M.: HILDEBRANDT, P. K. & NYINDO, M. B. A. Serological diagnosis of tropical canine pancytopenia by indirect immunoflorescense. Infectious Immunology, 1984.

31

SAINZ, A.; AMUSATEGUI, I.; RODRGUEZ, F.; TESOURO, M.A., 2000. Las Ehrlichiosis en el perro: presente y futuro. Revista Profesin Veterinaria, ao 12, n 47, mayo junio.

SMITH, R. D. & RISTIC, M. 1977. Ehrlichiae. In: KREIER, J. Parasitic Protozoa. 4.Philadelphia. Ac. Press. 285-323.

SWANGO, L. J.; BANKEMPER. K. W & KONG, L. I. 1989. Bacterial, Rickettsial, Protozoal and Miscelalaneous infections. In: Ettinger.S.J.(ed): Textbook of Veterinary Internal Medicine. Philadelphia, W,b. Saunders Co,pp265-297.

TROY, G. C. & FORRESTER, S. D.,1990. Canine Ehrlichiosis. In: GREENE, C. E. Clinical Microbiology Infectious Diseases of the Dog and Cat, Philadelphia. WS Saunders Co.,pp 404-417.

VIGNARD-ROSEZ, K. S. F. V; ALVES, F. A. R. BLEICH, I. M. Artigo sobre Erliquiose Canina. Laboratrios CEPAV. www.cepav.com.br. 2000.

WADDLE, J. R. & LITTMAN,. A retrospective study of 27 cases of naturally ocorring canine ehrlichiosis. Journal of American Animal Hospital Association, v. 24: p. 615-620, 1987

WEN, B.; RIKIHISA, Y. MOTT, J. M.; GREENE, R.; KIM, H. Y.; ZHI, N.; COUTO, G.C.; UNVER, A. BARTSCH, R. Comparison of nested PCR with imunofluorescent-antibody assay for detection of Ehrlichia canis infection in dogs treated with doxycycline. J. Clin. Microbiol. 35 (7): 1952-5, 1997.

WOODY, B. J.; HOSKINS, J. D. Ehrlichial diseases of the dog. Veterinary Clinical North America: Small animal practice, 21 (1): 45-98, 1991.

32

www.brasilchannel.com.br/municipios www.cvm.okstate.edu

33