Aspectos neurofisiológicos da dotação e talento

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  • 8/8/2019 Aspectos neurofisiolgicos da dotao e talento

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    Curso de Ps Graduao Latu senso Especializao em Educao

    Especial para Dotados e Talentosos.

    Universidade Camilo Castelo Branco UNICASTELO

    Aluna: Maria Ins Fossa de Almeida

    Aspectos neurofisiolgicos da dotao e talento.

    Introduo:Na superdotao, o alto nvel de inteligncia (Clark, 1998, 2007) o grandediferencial no processamento cognitivo, conduzem s elevadas anlise e sntese ou ao uso de componentes metacognitivos, dentre outrascaractersticas similares. Assim estabelece-se, de imediato, uma relaosuperdotao inteligncia e talento, trs elementos do talento:

    1- Traos individuais hereditariedade X ambiente;2- Domnios culturais define as performances valorizadas;3- Campos sociais valorizam as performances;

    (Tentativas de explicao da sua manifestao Csikszentmihalyi et al., 1995)

    O trabalho educativo na rea da superdotao abrange um conjunto de trsfatores:

    1- A clarificao do construto que a sustenta;2- A identificao atravs dos instrumentos disponveis;

    3- A interveno para o desenvolvimento do talento;Mas como identificar Inteligncia e ainda diferenci-las, Sternberg (1990),formulou as seguintes metforas para analisar a relao inteligncia e o mundointerno do indivduo.

    Metfora Geogrfica Metfora Informacional Metfora Biolgica Metfora Epistemolgica

    Metfora Geogrfica: - caracteriza os mapas da mente humana, emergentesdas diferenas individuais, tendo como unidade base o fator. As teorias tpicasda metfora citada pelo autor so: a de Spearman (dois fatores: g e s); a deThurstone (habilidades primrias bsicas); a de Guilford ( estrutura dointelecto); e a de Cattel e Vernon (estrutura hierrquica).

    Metfora Informacional: - centra-se nas rotinas do processamento dainformao que o pensamento utiliza. Por exemplo, apia-se nos estudoscognitivos de Hunt (eficincia verbal) e na teoria componencial do prprioSternberg (meta componentes, componentes de desempenho e componentesda aquisio de conhecimento).

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    Metfora Biolgica: - apia-se no relacionamento da anatomia e fisiologiacerebral e do sistema nervoso, com o desempenho dos processos cognitivos.O autor destaca as teorias de Levy (hemisfrios cerebrais), de Jensen(velocidade da transmisso neuronal) e de Eysenck (exatido da transmissoneural). A associao das atividades cognitivas e neurobiolgica e o rigor da

    tcnicas experimentais so alguns dos seus pontos positivos, ainda limitadospela reduzida aplicabilidade. A origem da inteligncia, que estaria no crebro,pode tambm ser avaliada por testes e registros enceflicos, expressando-seatravs das funes neurolgicas.

    Metfora Epistemolgica prende-se s estruturas da mente em que seorganizam o conhecimento e os processos mentais. Piaget foi o grandepesquisador na rea com seus estudos genticos-epistemolgicos e oconstrutivismo psicogentico, que se baseando em uma variedade de dados dainfncia e adolescncia, contribui com uma teoria compreensiva da inteligncia.O foco estaria na aquisio do conhecimento, as tarefas de acordo com a idade

    e os estgios de desenvolvimentos.

    Na anlise da relao entre a inteligncia e o mundo externo, foramconsideradas a Metfora Antropolgica e a Metfora Sociolgica e, finalmente,considerou-se a Metfora Sistmica que engloba as duas dimenses.

    As metforas antropolgicas, o centro da ateno est nas influnciasculturais, salientando a fora da cultura na valorizao de certas habilidades.Os estudos reforaram a necessidade da apreciao do pensamentointeligente em relao ao seu contexto, onde exercido e se manifesta.

    A metfora sociolgica, embora tambm relacionada aculturao em seusentido lato, mais restrita ao focalizar-se no processo de socializao, emdeterminado nicho cultural. A influncia social o ponto fundamental, podendoa inteligncia ser avaliada atravs de testes psicolgicos. Nesse quadro, aavaliao considera aquilo que a criana pode fazer sozinha e acompanhada(internalizao), destacando as capacidades progressivas dentro da zona dedesenvolvimento proximal (Vykotsky) e o seu treino sistemtico proposto porFeusrstein (teoria da modificabilidade cognitiva).

    A metfora sistmica. Ela engloba elementos das teorias anteriores,

    valorizando o conjunto de partes mltiplas e interdependentes. Concebem ainteligncia como um sistema complexo, apostando, ora na suamultidimensionalidade, ora na sua funcionalidade.

    Em sntese, as metforas de Stemberg podem ser consideradas como umaretomada da histria de diversas teorias sobre inteligncia, vistas sob o ngulode diferentes leituras do construto: fatores, componentes, ondas cerebrais,estgios (relao com o mundo interno), socializao e cultura (relao com omundo externo) ou como um sistema complexo, em cujo caminho cruzamtodas essas leituras (relao entre os mundos internos e externos).Francis Galton sugere que duas qualidades gerais distinguem as pessoas que

    so mais inteligentes das que no o so: a energia (capacidade para trabalhar)e a sensibilidade (Sternberg, 1997). Sua proposta de que a velocidade mental

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    inibio da resposta e estmulos distratores; (III) Simultaneous processamento cognitivo utilizado para a transformao simultnea daconceituao de elementos interdependentes em um todo; e (IV) Successive processo utilizado, quando uma informao deve seguir uma ordem em quecada elemento tem a ver, unicamente, com aqueles que precedem.

    Para Luria (1973; 1980) os processos mentais, como sensao,percepo, linguagem, pensamento ou memria so sistemas funcionaiscomplexos que no podem ser entendidos como simples faculdadeslocalizadas em reas particulares e concretas do crebro. A dinmica docomportamento humano compreende a interconexo de redes de informao,competindo ao crebro organizar o sistema de comunicao de uma infinidadede dados como um sistema aberto, em constante interao com o meio, numprocesso de construo de conhecimento com integrao das sensaes,percepes e representaes mentais (Luria, 1980; Vygostsky, 1984; 1991).

    Podemos concluir que vrios estudos realizados apontam que asdiferenas individuais na inteligncia podem ser compreendidas em termos de

    diferenas na velocidade e acuidade individual no acesso informao damemria a longo-prazo (Sternberg, 1994). Assim sendo, o acesso mais rpidos informaes pode levar a um desempenho superior e, ademais, avelocidade do processamento de informao pode ser entendida como umcomponente bsico das diferenas individuais na inteligncia (Fink &Neubaeur, in Ribeiro & Almeida, 2005). Considerando que a inteligncia umingrediente essencial que distingue os superdotados das outras pessoas, odesenvolvimento de todos os modelos pode ser fundamental para acompreenso da superdotao e da excelncia (Eysenck, 1985).

    A dotao est associada a habilidades naturais, por exemplo, o talentolingstico associa-se ao dominar uma lngua estrangeira ou a habilidadesensrio-motora decisiva para o talento desportivo ou musical. Os talentos,que se manifestam em campos extremamente diversos, podem serconsiderados expresses fenotpicas de gentipos diferenciados. Odesenvolvimento do talento ocorre atravs da maturao biolgica epsicolgica, da aprendizagem espontnea e da aprendizagem sistemtica.

    Ento, as altas habilidades naturais atuam como material para oselementos constituintes dos talentos; a superdotao se refere ao potencial ous habilidades naturais no-treinadas, enquanto o termo talento se reserva,especificamente, para rendimentos alcanados como resultado de umprograma sistemtico de formao e prtica, desenvolvido e construdo a partir

    daquela dotao. O acaso, os catalisadores intrapessoais e os ambientaisatuam como facilitadores do desenvolvimento do Talento.A superdotao, assim como a inteligncia, so variveis internas,

    avaliadas pelos efeitos no comportamento, sobretudo em nvel daaprendizagem e realizao. Ambas so, construtos psicolgicos, inferidos, ebaseiam-se em traos ou variveis latentes, e como tal no podem seravaliadas diretamente (Feldhunsen, 1992; Freeman & Guenther, 2000;Sternberg & Lubart, 1995, 1996).

    Por outro lado, o talento tem sido considerado uma habilidadedesenvolvida, uma capacidade biolgica, que requer prtica, no como umacategoria natural, mas como uma construo social alicerada em trs pilares:

    (I) traos individuais, que so, parcialmente, herdados e, parcialmente,desenvolvidos com a estimulao; (II) domnios culturais, referentes a sistemas

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    de regras que definem certos domnios de desempenhos como significativos evalorizados; e (III) campo social, pessoas ou instituies que decidem se osdesempenhos so considerados de valor ou no (Csikszentmyhalyl et al.,1995).

    Desta forma, parece-nos vivel dizer que inteligncia e superdotao

    esto juntas nas expresses de talento, mesmo que no-suficiente. Amanifestao e estabilidade de um talento e execuo superior requeremambientes favorecidos e aprendizagens ou treino eficientes. Odesenvolvimento do potencial no se consegue em meios adversos.

    Aspectos Neurofisiolgicos da Dotao e Talento:

    O crebro, rgo supremo do sistema nervoso central, de uma formamais restrita: intimamente relacionado cognio, especificando caractersticasde sua composio celular, destacando no prosencfalo o crtex cerebral, osdois hemisfrios, os lobos e o hipocampo, importante por sua ligao com aaprendizagem e memria. Sem dvida, trata-se de um rgo imensamentecomplexo, com estrutura e funo ainda pouco compreendidas, com pesquisasatuais alimentadas num tema central se o crebro funciona como um todo ouse parte dele trabalha independentemente, constituindo a mente (Gazzaniga etal., 2006).

    O foco a ser considerado, ser como a informao, se desloca atravsdo sistema nervoso at o nvel celular, enfatizando a fisiologia da eletrognesecerebral, bem como a flexibilidade e plasticidade cerebral. Uma atenoespecial ser dada s investigaes sobre as bases biolgicas da intelignciaque se fundamentam no fato de a atividade cerebral ser um reflexo do seu

    metabolismo bioqumico neural e da atividade eletrofisiolgica nostransmissores neurais da informao. Considerando tambm as descobertassobre a grande maleabilidade do crebro humano, capaz de desenvolver novasconexes, quando estimulado, reforando a importncia da educao e de todaa estimulao ambiental.

    O funcionamento do crebro humano comouma grande orquestra que est continuamente atocar uma grande sinfonia. No podemosapontar para nenhuma parte isolada, ou mesmopara uma combinao de partes e dizer que

    constitui a orquestra ou a sinfonia. O miraculoso processo de atividade mental ocorreregularmente, em todos ns, a toda hora, quersejamos talentosos ou pessoas normais.(Andreasen, p.103,2003)

    Quando executamos uma atividade mental, como relatar umaexperincia pessoal significativa, usamos diferentes sistemas cerebrais,simultaneamente conjugados, como o sistema executivo frontal, o sistemalmbico (emocional), a memria, a linguagem e o sistema motor, ao mesmotempo, embora seja possvel reconhecer que existam reas cerebrais mais

    ativadas que outras em certas funes e comportamentos.

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    O sistema nervoso formado por duas classes principais de clulas: osneurnios e as clulas gliais. Os neurnios, embora representem 10 a 20% desua composio, se destacam pelas propriedades fisiolgicas e morfolgicasnicas para desempenhar funes especficas. Compete aos neurnios aconduo dos impulsos nervosos e, para isso, se comunicam atravs do quese chamam as sinapses, um campo de juno onde um neurnio encontra umaoutra clula que pode ser um outro neurnio no sistema nervoso central ouuma clula glandular, muscular, etc.,no sistema nervoso perifrico que

    conduzem informaes sensoriais. As sinapses tpicas so sinapses qumicasque se diferenciam das eltricas, as quais permitem a conduo dos potenciaisde ao, impulsos gerados quando o limiar do estmulo alcanado (Barker etal., 2003).A outra classe de clulas, as clulas gliais (80%), so no-neurais e assumem,como funo principal, a sustentao.

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    Na figura acima pode-se observar que, embora um neurnio possa tervrios dendrites, possui apenas um axnio. Outro aspecto interessante nafigura o detalhe do encontro do fim do axnio de um neurnio com o incio deuma dendrite de outro axnio, caracterizando uma sinapse, onde est

    detalhada a fenda sinptica, o lugar por onde passa a informao sob formade substncias qumicas (os neurotransmissores), ou seja, quando o estmulopassa de eltrico a qumico e depois volta a ser eltrico.

    A atividade neural assim um processo eletroqumico; os tecidos docrebro (a substncia branca, a substncia cinzenta e o lquidocefalorraquidiano), do crnio e do escalpo (couro cabeludo) conduzem,passivamente, as correntes eltricas produzidas pela atividade sinptica. Umasubstncia lipdica, a mielina, ao redor dos axnios mais utilizados, apressa atransmisso eltrica at doze vezes mais, como tambm reduz as possveisinterferncias. H 50 anos, o psiclogo Donald Hebb (in Jensen, 2002), afirmouque a aprendizagem ocorre quando uma clula nervosa necessita de menosinputde outra clula, na vez seguinte em que ativada, ou seja, aprendeu aresponder.

    O crebro um complexo amplo e, reciprocamente, interligado desistemas, com a interao dinmica da atividade neural dentro e entresistemas. Por analogia, como se fosse um sistema metropolitano onde, porfora das conexes em rede, uma estao pode fazer parte de muitas linhasdiferentes (Barker et al., 2003). Dentre os sistemas, destaca-se o sistemalmbico, e nele, o hipocampo, localizado profundamente nos lobos temporais,bem no centro do crebro, que juntamente com crtex, tem importante papel natransformao das informaes em memria e, consequentemente, emaprendizagem. Ao serem nossos alunos estimulados a desempenhar umatarefa nova (as provas de cubos, por exemplo), as primeiras reas acionadasso as de associao visual, ao crtex frontal. O hipocampo, imediatamente,recebe os estmulos e libera neurotransmissores, como dopamina. Osneurotransmissores promovem conexes entre os neurnios e, assim, ainformao codificada em sequncia e sempre evocada quando o aluno reva tarefa.

    Para Greenfield (1995), a aprendizagem uma funo nobre dosneurnios e no pode ser realizada por um impulso apenas, necessita degrupos de neurnios. O processo se inicia com a chegada do estmulo aocrebro, ele selecionado e aps ser processado a diferentes nveis, forma um

    potencial de memrias para que, em situaes posteriores, a informao possaser ativada facilmente.A cognio como ato de pensar, sob a tica neurobiolgica, pode ser

    vista como praticar qumica cerebral, produzir neurotransmissores, e osmensageiros que medeiam os processos bioqumicos de nosso crebro, sejamcomo produtores de energia (oxidao da glicose, hidrlise de fosfocreatina...)sejam consumidores (manuteno dos gradientes inicos, metabolismoenergtico cerebral pelos astrcitos...). Destacam-se, nesse circuito, aseratonina (atividades ligadas ao impulso), a noraadrenalina ou a epinefrina(interesse que as coisas despertam no indivduo) e a dopamina (mecanismo detomada de decises). Esses neurotransmissores passam informao de um

    neurnio para outro, atravs das sinapses e, se no h mensagens, diminueme se concentram para um processo de reaproveitamento. Quando, por algum

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    motivo externo, a produo de neurotransmissores reduzida, e os receptoresno recebem a informao, a pessoa reduz seu processamento cognitivo (ficadesanimada, no consegue ter nimo ou prazer na realizao de tarefas).

    Sabemos que as pessoas com alto nvel de inteligncia utilizam ainformao recebida do ambiente e expandem a sua percepo da realidade,

    muitas vezes buscando a excelncia cognitiva e se esquecendo de que elacomea com o crescimento e desenvolvimento da funo sensrio-motora. Asegunda funo, centrada nas emoes e interaes sociais, como se fosseum suporte para os processos cognitivos, abrindo a entrada para aumentar oulimitar a cognio superior. Ela nos ajuda, significativamente, na nossaconstruo de realidade e no nosso modelo de mundo possvel.

    Clark (2007) conclui as suas observaes sobre essas importantesquatro reas, afirmando que os dados de pesquisas na rea de neurocinciassugerem que o alto nvel de inteligncia o resultado de um processoavanado, extremamente integrado e acelerado dentro do crebro. O conceitode inteligncia e, por conseguinte, de superdotao entendida enquanto

    desenvolvimento de inteligncia deve incluir todas as funes cerebrais e, emparticular, o seu uso eficiente e integrado. Assim, pode-se concluir que aspessoas que apresentam comportamentos mais inteligentes tero,necessariamente, que apresentar mais integrao e um uso mais efetivodessas funes do crebro.

    Ela conclui, que entre outros pontos, os efeitos da estimulao ambientalsobre a estrutura do crebro e os resultados positivos que podem seralcanados: (I) aumento das ramificaes dendrticas, das interconexes entreos neurnios, gerando flexibilidade nos processos mentais, mais capacidade desntese e habilidade para gerar ideias e solues; (II) o nmero de sinapses e otamanho dos contatos sinpticos aumentam, e a comunicao dentro dosistema torna-se mais complexa com um crescimento no nvel das habilidadesverbais, visuais, espaciais e compreenso mais rpida; (III) a mielinizao dosaxnios aumentada, provocando que a corrente de energia dentro e entre asclulas se torne mais forte e mais freqente e, com isso, uma precocidade nodesenvolvimento de diversas habilidades e curiosidade acentuada; e (IV) ocrebro torna-se mais eficiente quanto mais uso se faz do crtex pr-frontal,aumentando a criatividade e as experincias intuitivas.Estudos e pesquisas mostram a existncia de pessoas que, atravs dainterao entre sua dotao gentica e a estimulao gentica e a ambiental,conseguem desenvolver mais a sua inteligncia do que outras, e esse

    enriquecimento resulta em funes cerebrais aceleradas e avanadas.Apontam para a hiptese de que os crebros dessas pessoas possam estarorganizados de tal maneira que muitos sistemas mentais coexistem no que sepoderia chamar de capacidades especiais. Um crebro forte, integrado, flexvele complexo, caracterstico da superdotao, necessita de algumas condiespara ser construdo. Brbara Clark (2007, p.50) se refere s seguintescondies: (I) o fornecimento de uma variedade de experincias, de qualidade,desde a infncia, estimulam os padres neurais e as seqncias que estosendo formados; (II) o desenvolvimento dos conceitos de integrao, a escolha,padres e seqncias, comeando com as primeiras experincias dascrianas; (III) o fornecimento de feedback durante a aquisio de

    conhecimentos e competncias; (IV) o enriquecimento e as experincias que o

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    ambiente oferece de modo desenvolver a inteligncia, ajuda mas, bastantelimitado.

    Criando estas condies, o resultado ser um crebro mais efetivo eeficiente no processamento da informao, conclui a pesquisadora, no pelofato do crebro de um superdotado ter mais neurnios, mas porque as

    conexes neurais tornam-se mais integradas, mais rapidamente realizadas emais complexas. H mais dendritos para criar mais caminhos, as clulas gliaiscrescem e torna-se maior a mielinizao dos axnios, enriquecendo avelocidade e a qualidade de transmisso da informao de uma clula paraoutra.

    Provas neurofisiolgicas sugerem que os lobos frontais sejamresponsveis pelas funes executivas de coordenar a informao provenientede muitas fontes, elaborar metas e fazer planos, como tambm mostramdiferenas em intensidades sinpticas e mielinizao (Anderson & Davis,2001). O maior uso da atividade pr-frontal tem sido evidenciado em diversaspesquisas com jovens superdotados (Alexander et al., 1996; Geake, 2004),

    cuja alta habilidade, medida em testes de QI, mostrou lobos frontaisdiferenciados para o controle voluntrio da ateno, planejamento, auto-controle e tomada de decises, enquanto que outros jovens, com QI mdio,tambm envolvidos na pesquisa, ativavam as regies temporais, de particularimportncia na resoluo de problemas (Jausovec, 2001). Estudos indicam queas diferenas de reas cerebrais ativadas so devido maior ou menorcapacidade de organizar os pensamentos e operaes. Aqueles com QIelevado reduzem a complexidade de seu esquema operatrio, tornando-o maisabstrato. Os pesquisadores Alexander, Benbow e OBoyle (1995) mostraramuma particularidade dos superdotados expressa na capacidade exmia deregulao para a ativao ou inibio das reas cerebrais responsveis, ouno, pelo desempenho das tarefas especficas. Acrescentam que mais do queo nvel de ativao nas diferentes regies, importa considerar as relaes quese estabelecem entre elas.

    Outro aspecto neurofisiolgico da superdotao que apontado empesquisas a utilizao mais ampla de ondas alfa de jovens com alto QI,durante a realizao de atividades especficas.

    Concluso:Podemos concluir, a partir de estudos e pesquisas dos ltimos anos, que

    a arborizao dos neurnios corticais, as conexes interneurais e dendrticas,

    os neurotransmissores, o metabolismo da glicose cerebral e a velocidade daconduo nervosa so dados neurofisiolgicos que vm merecendo atenodos pesquisadores. Os resultados pela tomografia computadorizada pelatransmisso de psitrons (TEP) tm sido usados para estudar,comparativamente, os crebros de pessoas com altos e baixos escores nostestes de inteligncia. Quando as pessoas de altos escores so envolvidas emtarefas de exigncias cognitivas, seus crebros parecem usar mais,eficientemente, a glicose, nas reas cerebrais altamente especficas para atarefa; nos crebros dos indivduos com escores mais baixos, a glicose pareceser utilizada de maneira mais difusa, ao longo de regies cerebrais maiores(Haier etal., 1992. 2003) e que o crebro das pessoas mais capazes no

    apenas econmico no consumo da glicose, menos gastos de energia, como

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    tambm mais eficiente, respondendo prontamente e, consistentemente, astarefas.

    Os avanos nos estudos do crebro, certamente, mostram umamudana de paradigma, ou seja, a passagem do modelo educacional desuperdotao para um modelo neuropsicobiolgico, com amplas repercusses

    no processo no processo pedaggico. A tradicional listagem de caractersticasou de atributos de uma pessoa superdotada passa a ter respaldo cientficopelas descobertas neurofisiolgicas do funcionamento cerebral. Aespecializao biolgica do crebro receber, analisar, processar, recuperar,sintetizar e enviar informaes, isto , realizar o que se chama de operaesmentais. So informaes veiculadas entre os neurnios (unidades funcionaisdo crebro) por processos eletroqumicos.

    As operaes intelectuais, que se realizam atravs do crtex cerebral,esto nas redes neuronais e no nos mtodos e procedimentos, logo, odesenvolvimento e o ensino so processos independentes. Segundo estudos, odesenvolvimento se adianta ao ensino e, por isso mesmo, o ensino deve estar

    atento s caractersticas e qualidades j amadurecidas. Sob o ponto de vistaneurofisiolgico, alta inteligncia se traduz por mudanas nas estruturas docrebro: interconexo acentuada entre os neurnios e aumento no nmero desinapses, permitindo uma comunicao mais complexa e eficiente dentro dosistema nervoso. Os desafios provocam a natureza dinmica do crebro, e elese desenvolve mais, da a importncia de uma pedagogia estimuladora.

    Bibliografia

    Simonetti, Dora C. Superdotao: Estudo comparativo da avaliao dosprocessos cognitivos atravs de testes psicolgicos e indicadoresneurofisiolgicos. Tese de Doutoramento em Educao Especialidade dePsicologia da Educao. Dezembro de 2008.