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Aspectos práticos da responsabilidade civil do engenheiro e das incorporadoras e construtoras:
vícios construtivos, garantias, NBRs e outras questões relevantes
Marcus Vinícius Borges [email protected]
O rumo da conversa....
O problema!
O problema!
A famosa responsabilidade civil
NA PRÁTICA....
..... se a questão é contra os agentes da construção civil a aplicação do CDC é bastante
ampla!
1) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ENGENHEIRO RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO. DEVER DE FISCALIZAÇÃO DA OBRA. (...) A constatação de vícios de construção decorrentes da má execução da obra e da falta de informações do projeto, demonstra a negligência e imperícia do engenheiro, devendo este ser responsabilizados por aqueles danos. (TJSC, n. 2010.020602-9,13/03/2012).
2) O engenheiro contratado responde solidariamente com a construtora pelos vícios decorrentes da falha na construção haja vista que era de sua inteira responsabilidade fiscalizar a execução da obra (...). (TJSC, n. 2013.065017-3, 26/11/2013).
3) Comprovado que não houve a aprovação de parcela dos alvarás que se faziam necessários para a consecução da obra e que essa padece de vícios técnicos e estruturais, deve o engenheiro responsável pelo projeto e pela execução arcar com os prejuízos daí decorrentes. (TJSC, n. 2012.070893-8, 22/11/2012).
Atraso na conclusão das obras
Atraso na conclusão das obras
Parâmetros para indenização:• tempo de atraso na entrega;• tempo de uso indevido; • valor (aluguéis, percentual);• despesas no período;• vistoria e entrega;
Prazo de (in)tolerância de 180 dias: • automática: desigual entre os contratantes;
• necessidade de motivação;• Projeto de Lei n. 178/2011;
Atraso na conclusão das obras
Entrega sem habite-se:
A observância das NBRs
• NBRs não são Leis ou atos oficiais;
• Aplicação obrigatória devido a outras Leis: infração disciplinar (art. 13, Código de Ética dos
Engenheiros – Res. 1.002/02 do CONFEA); infração disciplinar (art. 18, IX, Lei 12.378/10 - CAU); prestar serviço em desacordo com as normas
técnicas (art. 39, VIII, CDC); serviço que não atenda as normas de prestabilidade
(art. 20, par. 2, CDC); Códigos de obras; Lei de licitações
• NC 318/06 (SDE): “as normas técnicas são obrigatórias no âmbito das relações de consumo”
A observância das NBRs
• existe “interesse social” no seu cumprimento;
• caso cumpridas: presunção de regularidade;• caso não cumpridas: presunção de irregularidade e ônus
da prova para quem deixou de cumprir;
• decisões judiciais utilizam a “verdade” do laudo pericial: critério: observância ou não das normas técnicas; desconhecimento da matéria técnica pelos julgadores; mera transcrição do laudo pericial como razão de decidir.
1) INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS TÉCNICAS DE APLICAÇÃO. (...) Não obstante, analisando o conteúdo da NBR 13753, citada pela demandada à fl. 158, vê-se que, além das juntas de assentamento, que são os espaçamentos entre as placas cerâmicas, é necessária a realização de juntas de movimentação e dessolidarização [...]. (TJSC, n. 2008.061998-2, 29-11-2012)
2) As limpezas periódicas devem ser efetuadas conforme consta no projeto, sendo o tempo mínimo previsto em norma de um ano (NBR 7229/93 e NBR 13969-97), portanto para que o sistema funcione normalmente é necessário seguir as recomendações da ABNT (fl. 227).” (TJSC, n. 2008.072454-4, 14-03-2013)
3) De acordo com a NBR 5422, é de 20 metros a faixa de segurança em território ocupado por linhas de transmissão (...) Se a prova pericial aponta edificação a 3,10 metros do eixo da faixa de segurança, afigura-se recomendável a desocupação do imóvel tão somente na extensão prevista na referida norma regulamentadora. (TJSC, n. 2013.057623-1, 16-04-2015).
A observância das NBRs
• NBR 15.575-2013:
marco regulatório: critérios! referencial teórico e jurídico referente à durabilidade; balizamento para as exigências dos consumidores; perícias judiciais; órgão de fiscalização(?!); TJSC
n. 2013.049874-8. (22-07-2014)
• Vida útil do projeto (VUP):
elementos e sistema da edificação; estimativa teórica de tempo;referência técnica e não garantia contratual; não atingimento decorre de vários fatores;prazo inicia da entrega da obra ou do habite-se;
Vícios construtivos e garantias
QUESTIONAMENTOS VÍCIOS DE SOLIDEZ E SEGURANÇA VÍCIOS DE ACABAMENTO E IMPERFEIÇÕES
O que é?
• Comprometimento da estrutura ou segurança dos moradores
• Não comprometem a segurança e estrutura da edificação
• Produto em desconformidade com o acordado
Prazo para surgimento do vício ou para reclamar?
• 5 anos da entrega/habite-se (CCB) para surgir o defeito
• 5 anos do conhecimento do dano (CDC) para reclamar
• Na ocasião da entrega, se aparente (CCB)
• 1 ano da entrega (para reclamar, se aparente) (CCB)
• 1 ano para surgir (se oculto) (CCB)• 90 dias da entrega ou constatação
(CDC)
Qual o prazo de prescrição da ação?
• 180 dias do surgimento: desfazer o contrato ou reparar os danos (CCB)
• 3 anos ou 10 anos do surgimento ou sem prazo: para indenização
• 3 ou 5 anos do surgimento (CDC e CCB)
Precisa comprovar a culpa da construtora?
• Necessidade de comprovação de culpa somente após o final do prazo (CDC e CCB)
• Alegações de excludente de responsabilidade
• Necessidade de comprovação de culpa somente após o final do prazo
Principais motivos:
• Materiais inapropriados ou de qualidade inferior;
• Falta de profundidade nas fundações; • Insuficiência de ferragens;• Mistura de outras substancias ao
cimento; • Cálculos de engenharia;
• Rejuntes;• Pinturas;• Rodapés;• Maçanetas;• Pisos;
A Responsabilidade criminal
• Inobservância de regra técnica: causa de condenação
O Laudo de Exame Local concluiu que “não foi constatado a presença no local de madeiramento que pudesse ter sido utilizado para o escoramento das paredes ou estas escavadas em taludes com plataformas ou bermas. Cumpre relatar que não foi observado o contido na NR 18 nos itens 18.6.5 e 18.6.9, bem como o contido no item 18.6.6 que trata da NBR 9061 de Set/95, conforme contido no item 12. (TJPR. ACR n° 5204342, 22/04/2010)
• Inobservância de regra técnica: causa de aumento de pena
HOMICÍDIO CULPOSO, MAJORADO PELA INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO. (...) IMPUTAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO § 4º DO ARTIGO 121 DO CÓDIGO PENAL (STJ, HC Nº 56.451/RJ, 22/04/2015)
A Responsabilidade criminal
•Engenheiro executor no dever de revisar projetos e a questão da modificação indevida dos projetos
(...) na condição de engenheiro, não teria observado que o projeto encomendado pela empresa não cumpria a determinação constante da norma técnica NBR n. 6.118/2003, o que culminou com o desabamento do edifício em construção e a morte de três pessoas, além de lesão corporal em outra. (...) engenheiro responsável pela execução da obra, teria deixado, segundo a exordial, de revisar o projeto de cálculo estrutural elaborado por (...), além de ter modificado 20, dos 26 pilares que compunham a estrutura do prédio (...) (STJ. HC Nº 234.912/PA, 15/08/2013)
•Importância do processo administrativo junto ao CREA
FATOS JÁ EXAMINADOS PELO CREA/PR. PROCESSO ARQUIVADO EM RAZÃO DE NÃO SER O ENGENHEIRO O RESPONSÁVEL PELO ACIDENTE.CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL DETERMINADA.ORDEM CONCEDIDA. (TJPR. HC nº 1345746-0 . 23/04/2015)
Como o Judiciário considera os compradores (consumidores) frente aos demais agentes (fornecedores) na construção civil:
com o projetista: o riscos previsíveis na época do projeto;o identificação expressa da VUP e do padrão;o escopo das contratações com o projetista e o
detalhamento dos projetos; o detalhamento do uso e manutenção;
com a imobiliária:o materiais publicitários;o modalidades de venda e financiamento;o pagamento da comissão;
com o construtor, incorporador e empreiteira:o prazos, mão de obra, materiais;o encargos trabalhistas e previdenciários;
com compradores e condomínio:o prazos, acabamentos e equipamentos;o uso e manutenção;
Constante ciência e atualização sobre:o as Leis aplicáveis e a interpretação dos
tribunais; o as NBRs aplicáveis;
Elaboração e atualização constante dos documentos-padrão:o contratos;o cláusulas contratuais em contratos de terceiros;o memorial de incorporação;o convenção de condomínio e reg. interno;o livro de obras; o manual de uso e manutenção;o termos de declaração e autorização;o ofícios e notificações;
institucionalização de práticas de documentação preventiva;
futuras provas judiciais; produção e armazenamento de documentos:
ofícios; intimações, e-mails e outros); manejo de ações judiciais preventivas de
responsabilidade; registro de documentos importantes no
cartórios de títulos e documentos; vistorias documentadas (permitidas em
contrato); inspeção predial;
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MARCUS VINÍCIUS [email protected]