Upload
truongtram
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SUBCOMISSÃO PARA TRATAR DA REGULAMENTAÇÃO LEGISLATIVA E TÉCNICA DA PRÁTICA DA PESCA ESPORTIVA, PROFISSIONAL E ARTESANAL NO ESTADO DO RS
RELATÓRIO FINAL
PORTO ALEGREMARÇO DE 2014
SUMÁRIO
COMPOSIÇÃO DA MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.........................3
COMISSÃO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E COOPERATIVISMO................................4
COMPOSIÇÃO DA SUBCOMISSÃO...................................................................................5
REQUERIMENTO PARA CRIAÇÃO DA SUBCOMISSÃO..................................................6
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................7
1.1 DESENVOLVIMENTO DO TEMA...................................................................................9
1.2 PEIXE DOURADO..........................................................................................................9
1.3 PEIXE SURUBIM..........................................................................................................13
1.4 PANORAMA GERAL DA PESCA E AQUICULTURA MUNDIAL – ANO 2011...............14
1.5 PESCADORES.............................................................................................................19
1.6 PESCA ARTESANAL....................................................................................................20
1.6.1 Distribuição dos Pescadores Profissionais por unidade da Federação e
Regiões..............................................................................................................................20
1.6.2 Distribuição dos Pescadores Profissionais por Categoria e por Região...........22
1.7 PESCA AMARDORA....................................................................................................23
1.7.1 Licenças da Pesca Amadora...................................................................................24
1.7.2 Distribuição dos Pescadores Amadores por Gênero...........................................25
1.7.3 Distribuição dos Pescadores Amadores por Faixa Etária...................................25
1.7.4 Licenças de Pesca Amadora Expedidas pelos Estados......................................27
1.7.5 Renovação da Licença de Pesca...........................................................................27
1.7.6 Arrecadação.............................................................................................................28
1.7.7 Estado de Origem e de Preferência dos Pescadores Amadores........................28
1.8 PESCA INDUSTRIAL...................................................................................................30
1.9 AQUICULTURA............................................................................................................31
1.9.1 Distribuição dos Aquicultores por Estado e Região............................................32
2 REUNIÕES SUBCOMISSÃO..........................................................................................34
2.1 LEGISLAÇÕES.............................................................................................................40
3 CONCLUSÕES, ENCAMINHAMENTOS E RECOMENDAÇÕES..................................43
REFERÊNCIAS..................................................................................................................47
ANEXOS.............................................................................................................................48
COMPOSIÇÃO DA MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Mesa Diretora 2014
Presidente – Deputado Gilmar Sossella - PDT
1º Vice-Presidente – Deputado Catarina Paladini - PSB
2º Vice-Presidente – Deputado Álvaro Boessio - PMDB
1º Secretário – Deputada Marisa Fomolo - PT
2º Secretário – Deputado João Fischer - PP
3º Secretário – Deputado José Sperotto - PTB
4º Secretário – Deputado Elisabete Felice - PSDB
1º Suplente de Secretário – Deputado Dr. Basegio
2º Suplente de Secretário – Deputado Raul Carion
3º Suplente de Secretário – Deputado Paulo Borges
4º Suplente de Secretário - Deputado Carlos Gomes
COMISSÃO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E COOPERATIVISMO
Presidente: Maria Helena Sartori - PMDB
Vice-Presidente: Edson Brum - PMDB
Titulares
Altemir Tortelli - PT
Jeferson Fernandes - PT
Marcos Daneluz - PT
Gerson Burmann - PDT
Vinicius Ribeiro - PDT
Ernani Polo - PP
Zilá Breitenbach - PSDB
Aloísio Classmann - PTB
Heitor Schuch - PSB
Paulo Borges - DEM
Suplentes
Edegar Pretto - PT
Marisa Formolo - PT
Stela Farias - PT
Álvaro Boessio - PMDB
Giovani Feltes - PMDB
Ciro Simoni - PDT
Marlon Santos - PDT
Adolfo Brito - PP
Lucas Redecker - PSDB
Marcelo Moraes - PTB
Catarina Paladini - PSB
COMPOSIÇÃO DA SUBCOMISSÃO
Deputado Frederico Antunes – PP – Relator/Coordenador
Titulares
Ernani Polo - PP
Edegar Pretto - PT
Jeferson Fernandes - PT
Maria Helena Sartori - PMDB
Edson Brum - PMDB
Gerson Burmann - PDT
Vinicius Ribeiro - PDT
Zilá Breitenbach - PSDB
Aloísio Classmann - PTB
Data de aprovação e instalação da Comissão: 03/10/2013
Prazo de duração: 120 dias contados da instalação (art. 74, § 8º do RI)
Data para conclusão dos trabalhos: 12/03/2014
REQUERIMENTO PARA CRIAÇÃO DA SUBCOMISSÃO
Exmo. Sr. Deputado Edson BrumDD. Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo
O Deputado que este subscreve requer, com base no art. 74 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado, a criação de Subcomissão para tratar, nesta Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, sobre a regulação legislativa e técnica da prática da pesca esportiva, profissional e artesanal em nosso Estado, bem como os problemas enfrentados pelos pescadores.
Sala das Sessões, em 26 de setembro de 2013.
Deputado Frederico Antunes Deputado Ernani PoloLíder da Bancado do PP Vice-Líder da Bancada
7
1 INTRODUÇÃO
A subcomissão para tratar da regulação legislativa e técnica da prática da
pesca esportiva, profissional e artesanal no Estado do RS, criada em meados de 2013,
apresenta seu breve relatório. Antes das considerações finais ou sugestões, estamos
apresentando subsídios teóricos capazes de orientar a atuação parlamentar dos
deputados, e, acima de tudo, cientificar à comunidade do RS sobre a situação vivida por
estes grupos humanos.
Esta subcomissão está vinculada na Comissão de Agricultura, Pecuária e
Cooperativismo, resultante de uma audiência pública proposta pelos Deputados Frederico
Antunes e Ernani Polo, a pedido da cadeia pesqueira que vem enfrentando sérios
problemas, foi realizada no dia 26 de Setembro de 2013 na Assembleia Legislativa.
A pesca é uma das atividades mais antigas da humanidade. Pesquisas
arqueológicas revelam artefatos utilizados pelo homem primitivo para a captura de peixes
e outros seres aquáticos. No Brasil, muito antes da chegada dos colonizadores europeus,
as populações indígenas que aqui habitavam praticavam a pesca. Dado o seu
conhecimento de nossos rios e mares, foram os indígenas que forneceram a maior parte
das técnicas de pesca utilizada durante o período colonial.
No Brasil, país que concentra a maior biodiversidade do planeta nos vê
frente a um duplo desafio: a responsabilidade pela conservação deste patrimônio e, ao
mesmo tempo, a oportunidade ímpar de incorporá-lo como elemento central de uma nova
concepção de desenvolvimento, baseado na sustentabilidade ambiental.
Mais do que nunca, precisamos conhecer a biodiversidade existente,
identificar os principais fatores que a ameaçam e estabelecer prioridades de ação. Neste
contexto, as listas de espécies ameaçadas, elaboradas com rigor científico e oficialmente
reconhecidas, constituem instrumentos poderosos para orientar e aglutinar os esforços
conservacionistas, dando-lhes maior racionalidade e eficácia.
8
Como qualquer esportista, todo pescador sonha com o dia onde poderá
enfrentar aquele adversário tido como o mais forte e técnico na modalidade que pratica. E
quando o assunto é a pesca de arremesso ou o fly fishing em água doce, o Dourado
representa o alto do pódio. No passado foi possível pescar grandes Dourados em nossos
rios, hoje isso é uma dificuldade. Devido a aspectos como a alteração físico/química e
assoreamento de grande parte de nossos rios; o desmatamento desenfreado; a redução
da mata ciliar; o uso indevido de defensivos agrícolas; a construção de inúmeras
barragens, enfim, impactos negativos gerados pela ação antrópica.
Entende-se que há uma discriminação em relação aos pescadores
brasileiros que não podem pescar o Dourado e o Surubim desde 2002, onde do lado
Argentino, Uruguai, Paraguai e nos Estados de Santa Catarina e Paraná a pesca é
liberada, gerando uma diferença que prejudica apenas os gaúchos.
9
1.1 DESENVOLVIMENTO DO TEMA
O desenvolvimento do tema procura traçar um apanhado de ideias,
conceitos e dados a respeito da Pesca no Rio Grande do Sul e no Brasil.
1.2 PEIXE DOURADO
O dourado é um peixe de água doce, pertencente ao gênero Salminus. Faz
parte de uma família que possui corpo comprimido lateralmente e maxilar inferior
proeminente. Vivem aproximadamente 15 anos e seu porte varia de acordo com seu
habitat, podendo ter de 70 a 75 cm de comprimento, pesando entre 6 e 7kg na Bacia do
Paraguai, no Pantanal. Já nas Bacias do Prata e do São Francisco podem atingir até 20
kg.
Existem duas espécies distintas:
• Salminus maxillosus;
• Salminus brasiliensis.
Figura 1: Peixe Dourado
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura.
Na Bacia Amazônica não existem essas espécies. Neste local, o nome
“dourado”, ou mais apropriadamente “dourada” é dado para outro peixe, de couro, que
10
recebe o nome científico de Branchyplatystoma flavicans, pertencente à família
Pimelodidae.
O dourado apresenta dimorfismo sexual, ou seja, as fêmeas são maiores do
que os machos e estes apresentem espinhos na nadadeira anal que não são observados
nas fêmeas.
Ao passo que vão ficando adulto, sua coloração muda para amarelo-
dourado, apresentando reflexos avermelhados com uma mancha na cauda e estrias
escuras nas escamas. Já na região inferior do corpo, a coloração clareia de forma
gradativa, com caudas e barbatanas apresentando a coloração avermelhada.
São animais carnívoros e canibais. Sua dieta é constituída basicamente de
pequenos peixes, como tuviras, lambaris e piaus, que são encontrados nas corredeiras e
nas bocas de lagoas, especialmente durante a vazante, pois os peixes migram para o
canal principal. Realizam a piracema, que é uma longa migração reprodutiva contra as
correntezas, podendo deslocar-se até 400 km rio acima, percorrendo cerca de 15 km por
dia, alcançando as cabeceiras dos rios para realizarem a desova, pois nesses locais as
águas são mais limpas, deste modo, os alevinos têm mais chances de sobreviverem.
Consequentemente, a construção de barragens nos grandes rios do Brasil
reduziu consideravelmente o número de exemplares dessa espécie, no entanto, são
encontrados durante o ano todo, principalmente na Bacia do Prata.
O dourado (Salminus Brasiliensis) é uma espécie ameaçada de extinção no
Rio Grande do Sul amplamente estudada na bacia. O dourado é carnívoro e topo da
pirâmide trófica. Um dos grandes migradores de águas tropicais encontra-se na categoria
vulnerável a extinção no Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas do Rio Grande do Sul.
Experimentos com o comportamento reprodutivo de dourado demostram que
os peixes se deslocam mais de 100km rio montante para a reprodução, selecionando
11
como área de estadia durante a temporada pré-reprodutiva locais com grande
concentração de vegetação e banhados. A ocorrência de dourado esta ligado com a
presença de estruturas como árvores tombadas no rio e presença de vegetação ripária.
Ocorre no Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia, nos rios da Bacia
Platina, incluindo o Rio Uruguai, e sistemas adjacentes, incluindo o sistema da laguna dos
Patos, além da Bacia do Rio Madeira.
A espécie realiza migração reprodutiva ascendente na estação chuvosa,
entre os meses de setembro e sezembro, dependendo desses deslocamentos para
completar seu ciclo reprodutivo e se perpetuar. Atualmente, a principal ameaça à espécie
são os represamentos hidrelétricos que, além de interromperem as suas rotas migratórias,
alteram o regime hídrico natural, transformando ambientes lóticos em lênticos e
modificando a dinâmica sazonal de cheias do rio, as quais servem de impulso para o
início da reprodução da espécie.
A poluição das águas, o desmatamento da vegetação ciliar, a mineração nas
margens de rios, o repovoamento com matrizes geneticamente inadequadas, a pesca
predatória clandestina e a fiscalização deficiente dessas atividades representam ameaças
adicionais às populações da espécie.
O curso do Rio Uruguai e de seus principais afluentes atualmente encontra-
se fragmentado pela implementação de uma sequência de barragens e reservatórios.
Apesar de o dourado ser declarado espécie ameaçada desde 2002 e, com isso, ter sua
pesca proibida, a situação de conservação da espécie não melhorou significativamente
devido à construção de novos barramentos no rio Uruguai e nos seus tributários.
Embora cardumes da espécie possam ser observados e eventualmente
capturados, esses encontram-se confinados a determinados trechos do rio livres de
barramento, que nem sempre oferecem condições plenas para a reprodução,
desenvolvimento e perpetuação da espécie. Considerando que o dourado necessita de
trechos livres de rio, os habitats disponíveis para a espécie no sistema do Rio Uruguai são
restritos.
12
Figura 2. Região considerada na análise da Área de Ocupação do dourado (Salminus brasiliensis): rios Uruguai e
Pelotas e seus principais tributários situados no território do Rio Grande do Sul.
Fonte: Relatório Estimativa da área de ocupação do dourado, Salminus brasiliensis na bacia do rio Uruguai - Fernando
G. Becker, Departamento de Ecologia, UFRGS - 05/abril/2013.
13
Tabela 1: Dados dos rios Uruguai, Pelotas e seus principais tributários situados no
território do Rio Grande do Sul. Todos os rios listados foram utilizados na
estimativa da Área de Ocupação do dourado, Salminus brasiliensis.
Fonte: Os dados abaixo incluem apenas os trechos desses rios considerados como hábitat potencial para a espécie.
Relatório Estimativa da área de ocupação do dourado, Salminus brasiliensis na bacia do rio Uruguai - Fernando G.
Becker, Departamento de Ecologia, UFRGS - 05/abril/2013.
1.3 PEIXE SURUBIM
O surubim Pseudoplatystoma corruscans ocorre no Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai, nos Rios da bacia platina, incluindo o rio Uruguai, além da bacia do
Rio São Francisco. Habita trechos profundos e remansos de grandes Rios, ocorrendo
também em reservatórios. Realiza migração ascendente reprodutiva na estação chuvosa,
dependendo desses deslocamentos para completar seu ciclo reprodutivo.
14
Figura 2: Surubim ou PintadoFonte: Ministério da Pesca e Aquicultura
As ameaças provocadas pelos barramentos incluem ainda alteração na
turbidez da água e perda de habitats marginais e riachos tributários, extremamente
importantes para a proteção e crescimento de ovos e larvas da espécie.
1.4 PANORAMA GERAL DA PESCA E AQUICULTURA MUNDIAL – ANO 2011
As informações apresentadas demonstram o panorama da produção
mundial de pescado provenientes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), sendo disponibilizadas e acessadas através do programa FishStat
Plus (Universal Software for Fishery Statistical Time Series). As bases de dados foram
consultadas em outubro de 2012 trazendo informações sobre a produção pesqueira e
aquícola mundial para o período de 1950 a 2010.
No caso do Brasil, foram utilizados os valores consolidados e apresentados
nos Boletins Estatísticos da Pesca e Aquicultura - Ano 2008 e 2009 e Ano 2010,
restringindo-se a este período a análise desta seção, devido a não publicação dos dados
15
referentes à produção mundial de pescado de 2011 pela FAO.
A produção mundial de pescado (proveniente tanto da pesca extrativa
quanto da aquicultura) atingiu aproximadamente 168 milhões de toneladas em 2010,
representando um incremento de aproximadamente 3% em relação a 2009. Os maiores
produtores foram a China com aproximadamente 63,5 milhões de toneladas, a Indonésia
com 11,7 milhões de toneladas, a Índia com 9,3 milhões de toneladas e o Japão com
cerca de 5,2 milhões de toneladas. Neste cenário, o Brasil contribuiu com apenas 0,75%
(1.264.765 t) da produção mundial de pescado em 2010, ocupando o 19° lugar, caindo
uma posição em relação ao ranking geral de 2009 (Tabela 2).
Considerando-se apenas os países da América do Sul, fica evidente que a
produção de pescado dos países que pescam no oceano Pacífico são bem superiores à
produção brasileira. O Peru registrou uma produção em torno de 4,4 milhões de
toneladas, seguido pelo Chile, com aproximadamente 3,8 milhões de toneladas. Neste
critério, o Brasil aparece em terceiro lugar, logo à frente da Argentina que produziu cerca
de 814 mil toneladas de pescado .
Tabela 2. Produção total de pescado (t) dos trinta maiores produtores em 2009 e 2010.
Posição País2009 2010Produção % Produção %
1º China 60.474.939 36,95 63.495.197 37,692º Indonésia 9.820.818 6,00 11.662.343 6,923º Índia 7.865.598 4,81 9.348.063 5,54º Japão 5.465.155 3,34 5.292.392 3,145º Filipinas 5.083.218 3,11 5.161.720 3,066º Vietnã 4.870.180 2,98 5.127.600 3,047º Estados Unidos 4.710.653 2,88 4.874.183 2,898º Peru 6.964.446 4,26 4.354.480 2,599º Rússia 3.949.267 2,41 4.196.539 2,4910º Mianmar 3.545.186 2,17 3.914.169 2,3211º Chile 4.702.902 2,87 3.761.557 2,2312º Noruega 3.486.277 2,13 3.683.302 2,1913º Coreia do Sul 3.201.134 1,96 3.123.204 1,8514º Tailândia 3.287.370 2,01 3.113.321 1,8515º Bangladesh 2.885.864 1,76 3.035.101 1,8016º Malásia 1.874.064 1,15 2.018.550 1,20
16
Posição País2009 2010Produção % Produção %
17º México 1.773.713 1,08 1.651.905 0,9818º Egito 1.092.889 0,67 1.304.795 0,7719º Brasil 1.240.813 0,76 1.264.765 0,7520º Espanha 1.184.862 0,72 1.221.144 0,7221º Taiwan 1.060.986 0,65 1.166.731 0,6922º Marrocos 1.176.914 0,72 1.145.174 0,6823º Canadá 1.147.952 0,70 1.126.178 0,6724º Islândia 1.169.597 0,71 1.086.704 0,6525º Dinamarca 811.882 0,50 867.523 0,5226º Nigéria 751.006 0,46 817.516 0,4927º Argentina 864.583 0,53 814.414 0,4828º Reino Unido 770.157 0,47 813.746 0,4829º Coreia do Norte 713.350 0,44 713.350 0,4230º França 674.455 0,41 674.404 0,40
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim Estatístico da Pesca e aquicultura 2011.
Em relação à produção de pescado oriundo da pesca extrativa em 2010,
tanto marinha quanto continental, a China também se manteve como o maior produtor do
mundo, com cerca de 15,7 milhões de toneladas, seguido pela Indonésia com 5,4 milhões
de toneladas, Índia com 4,7 milhões de toneladas e os Estados Unidos com 4,4 milhões
de toneladas (Tabela 3). Já o Brasil registrou uma produção de 785.366 t, passando a
ocupar a 25° colocação no ranking mundial, caindo duas posições em relação ao ranking
de 2009 (Tabela 3).
Tabela 3: Produção de pescado (t) da pesca extrativa dos trinta maiores produtores
em 2009 e 2010.
Posição País2009 2010Produção % Produção %
1º China 15.195.766 16,78 15.665.587 17,502º Indonésia 5.107.971 5,64 5.384.418 6,023º Índia 4.066.756 4,49 4.694.970 5,254º Estados Unidos 4.230.380 4,67 4.378.684 4,895º Peru 6.920.129 7,64 4.265.459 4,776º Japão 4.221.797 4,66 4.141.312 4,637º Rússia 3.831.957 4,23 4.075.541 4,558º Mianmar 2.766.940 3,05 3.063.210 3,42
17
Posição País2009 2010Produção % Produção %
9º Chile 3.821.818 4,22 3.048.316 3,4110º Noruega 2.524.437 2,79 2.675.292 2,9911º Filipinas 2.605.826 2,88 2.615.753 2,9212º Vietnã 2.280.500 2,52 2.420.800 2,7013º Tailândia 1.870.702 2,07 1.827.199 2,0414º Coreia do Sul 1.869.415 2,06 1.745.971 1,9515º Bangladesh 1.821.579 2,01 1.726.586 1,9316º México 1.616.756 1,78 1.525.665 1,7017º Malásia 1.401.763 1,55 1.437.507 1,6118º Marrocos 1.175.437 1,30 1.143.652 1,2819º Islândia 1.164.432 1,29 1.081.654 1,2120º Espanha 918.193 1,01 968.792 1,0821º Canadá 993.798 1,10 965.254 1,0822º Taiwan 770.130 0,85 851.505 0,9523º Dinamarca 777.752 0,86 828.016 0,9324º Argentina 861.973 0,95 811.749 0,9125º Brasil 825.164 0,91 785.366 0,8826º África do Sul 524.065 0,58 636.927 0,7127º Nigéria 598.210 0,66 616.981 0,6928º Reino Unido 591.064 0,65 612.655 0,6829º Camboja 465.000 0,51 490.094 0,5530º Turquia 464.233 0,51 485.939 0,54Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim Estatístico da Pesca e aquicultura 2011.
Em relação à produção aquícola mundial de 2010, a China também se
manteve como o maior produtor, com aproximadamente 47,8 milhões de toneladas. A
Indonésia e a Índia aparecem na segunda e terceira posições, com cerca de 6,3 milhões e
4,6 milhões de toneladas, respectivamente (Tabela 4). Neste cenário, o Brasil ocupa a 17°
posição no ranking mundial, com 479.399 t em 2010, mantendo a mesma posição em
relação a 2009. Em relação aos países da América do Sul, apenas o Chile produziu mais
que o Brasil, com 713.241 toneladas, sendo o 1° produtor na América do Sul, na terceira
posição está o Equador, com 271.919 t em 2010 (Tabela 4).
18
Tabela 4: Produção de pescado (t) da aquicultura dos trinta maiores produtores em 2009 e 2010.
Posição País2009 2010Produção % Produção %
1º China 45.279.173 61,95 47.829.610 60,592º Indonésia 4.712.847 6,45 6.277.925 7,953º Índia 3.798.842 5,20 4.653.093 5,894º Vietnã 2.589.680 3,54 2.706.800 3,435º Filipinas 2.477.392 3,39 2.545.967 3,236º Coreia do Sul 1.331.719 1,82 1.377.233 1,747º Bangladesh 1.064.285 1,46 1.308.515 1,668º Tailândia 1.416.668 1,94 1.286.122 1,639º Japão 1.243.358 1,70 1.151.080 1,4610º Noruega 961.840 1,32 1.008.010 1,2811º Egito 705.490 0,97 919.585 1,1612º Mianmar 778.246 1,06 850.959 1,0813º Chile 881.084 1,21 713.241 0,9014º Malásia 472.301 0,65 581.043 0,7415º Coreia do Norte 508.350 0,70 508.350 0,6416º Estados Unidos 480.273 0,66 495.499 0,6317º Brasil 415.649 0,57 479.399 0,6118º Taiwan 290.856 0,40 315.226 0,4019º Equador 218.361 0,30 271.919 0,3420º Espanha 266.669 0,36 252.352 0,3221º França 234.000 0,32 224.520 0,2822º Irã 179.573 0,25 220.034 0,2823º Reino Unido 179.093 0,25 201.091 0,2524º Nigéria 152.796 0,21 200.535 0,2525º Turquia 159.639 0,22 167.721 0,2126º Canadá 154.154 0,21 160.924 0,2027º Itália 162.432 0,22 153.486 0,1928º Paquistão 138.099 0,19 140.101 0,1829º México 156.957 0,21 126.240 0,1630º Zanzibar 102.682 0,14 125.157 0,16Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim Estatístico da Pesca e aquicultura 2011.
19
Figura 3: Produção de pescado (t) nacional em 2010 e 2011 discriminada por região.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim Estatístico da Pesca e aquicultura 2011.
Figura 4: Produção de pescado (t) nacional em 2010 e 2011 discriminada por Unidade da Federação
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim Estatístico da Pesca e aquicultura 2011.
1.5 PESCADORES
De acordo com a Federação dos Pescadores do Estado, são mais de três
mil trabalhadores que dependem diretamente da pesca para viver e estão passando por
dificuldades, considerando que em Santa Catarina, Argentina e nos países que fazem
fronteira com o Rio Grande do Sul, a proibição não existe.
De acordo com a Seappa, a pesca e venda dessas espécies já são
realizados normalmente em países vizinhos, também banhados pela Bacia do Prata,
20
como a Argentina.
1.6 PESCA ARTESANAL
O pescador artesanal é o profissional que, devidamente licenciado pelo
Ministério da Pesca e Aquicultura, exerce a pesca com fins comerciais, de forma
autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou com
contrato de parcerias, desembarcada ou com embarcações de pequeno porte.
Conforme dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, do total de cerca de
970 mil pescadores registrados, 957 mil são pescadores e pescadoras artesanais
(setembro 2011). Estão organizados atualmente em cerca de 760 associações, 137
sindicatos, 47 cooperativas e 43 colônias de Pescadores e Aquicultores. São
produzidos no Brasil 1 milhão e 240 mil de pescado por ano, sendo que cerca de 45%
dessa produção é da pesca artesanal.
Os maiores desafios da pesca artesanal estão relacionados à participação
dos pescadores nas organizações sociais, ao alto grau de analfabetismo e baixa
escolaridade, ao desconhecimento da legislação na base, aos mecanismos de gestão
compartilhada e participativa da pesca.
1.6.1 Distribuição dos Pescadores Profissionais por unidade da Federação e
Regiões
O total de pescadores profissionais registrados no SISRGP até 31/12/2012
foi de 1.041.967 (um milhão quarenta e um mil e novecentos e sessenta e sete),
distribuídos nas 27 Unidades da Federação conforme destacado na Tabela 5.
A Região Nordeste concentra o maior número, com 489.940 pescadores, o
que representa 47,02% do total; seguida pela Região Norte, com 383.727 pescadores
registrados, ou seja, 36,83% do total.
21
Juntas, essas regiões respondem por 83,85% do universo de pescadores
profissionais do Brasil. Os quatro estados com maior número de pescadores são: Pará
(253.084/24,2%), Maranhão (175.166/16,8%), Bahia (125.827/12,08%) e Amazonas
(85.129/8,17%). Quando somados, os pescadores desses estados correspondem a
61,35% do total nacional.
Tabela 5: Distribuição dos pescadores profissionais inscritos no RGP até 31/12/2012, por Unidades da Federação e Regiões em números absolutos e
relativos.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
Estado / Região Quantitativo Participação NORTE 383727 36,83%Acre 7769 0,75%Amapá 15601 1,50%Amazônia 85129 8,17%Pará 253085 24,29%Rondônia 7290 0,70%Roraima 7820 0,75%Tocantins 7033 0,67%CENTRO-OESTE 18638 1,79%Distrito Federal 164 0,02%Goiás 2863 0,27%Mato Grosso 6286 0,60%Mato Grosso do Sul 9325 0,89%NORDESTE 489940 47,02%Alagoas 31561 3,03%Bahia 125827 12,08%Ceará 29970 2,88%Maranhão 175166 16,81%Paraíba 25587 2,46%Pernambuco 13128 1,26%Piauí 33130 3,18%Rio Grande do Norte 29468 2,83%Sergipe 26103 2,51%SUDESTE 85464 8,20%Espírito Santo 18177 1,74%Minas Gerais 26388 2,53%Rio de Janeiro 14403 1,38%São Paulo 26496 2,54%
22
1.6.2 Distribuição dos Pescadores Profissionais por Categoria e por Região
A quase totalidade dos pescadores profissionais inscritos no RGP exerce a
atividade artesanalmente, o que significa 1.033.124 de pescadores, e representa 99,16%
do total. Por outro lado, 8.843 pescadores, ou seja, 0,84% do universo total de
profissionais exercem a atividade em sua forma industrial (fig. 5).
Figura 5: Frequência absoluta e relativa por categoria e região dos pescadores profissionais inscritos no RGP.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
Observa-se que a maior concentração de pescadores profissionais
industriais ocorre nas regiões Sudeste e Sul; de artesanais, nas regiões Norte e Nordeste
(fig.6). O estado de Santa Catarina, por sua vez, concentra a maior parte dos pescadores
industriais (fig. 6).
23
Figura 6: Frequência relativa dos pescadores profissionais distribuídos por região e por categoria.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
1.7 PESCA AMADORA
Atividade de natureza não comercial, a qual se caracteriza por hobby ou
esporte, onde o praticante não depende desta atividade para sobreviver, ou seja, a pesca
é praticada como atividade lúdica, com objetivo de recreação.
O Brasil tem as condições mais propícias para se tornar um dos principais
destinos da pesca amadora em todo o mundo, já que conta com mais de 12% de toda a
água doce do mundo e oito mil quilômetros de costa.
Desde maio de 2010, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) tem um
importante compromisso com todos os brasileiros: planejar e gerir a pesca amadora no
País, de forma a beneficiar os seus milhares de aficionados e a toda a ampla cadeia
produtiva que a atividade envolve.
24
De acordo com o novo sistema do (MPA) passou a emitir a licença para as
pessoas isentas do pagamento da taxa, ou seja, aposentados, homens com mais de 65
anos e mulheres com mais de 60 anos.
1.7.1 Licenças da Pesca Amadora
De acordo com o gráfico abaixo, evidenciam-se três momentos distintos em
relação à evolução do número de licenças da pesca amadora: entre 1996 e 1997,
expediram-se cerca de 130 mil licenças. Em seguida, houve uma queda brusca no
número de licenças, que passou para cerca de 80 mil em 1998, e cresceu a uma taxa
aproximada de 5% ao ano até 2005, atingindo 115.357 licenças. Em 2006 o número
manteve-se estável, e a partir de 2007, a taxa anual de aumento do número de licenças
cresceu para cerca de 20%, totalizando 345.099 licenças em 2012.
Gráfico 1: Número de licenças de pesca amadora expedidas pela União entre os anos de 1996 a 2012.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
25
1.7.2 Distribuição dos Pescadores Amadores por Gênero
Segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura no ano de 2012,
322.522 pescadores amadores eram do sexo masculino e 22.542 do sexo feminino.
Figura 7: Frequência relativa dos pescadores amadores distribuídos por gênero.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
1.7.3 Distribuição dos Pescadores Amadores por Faixa Etária
A distribuição dos pescadores amadores por faixa etárias é apresentada na
tabela abaixo. Observa-se que o maior número de pescadores amadores está
concentrado na faixa etária que vai de 31 a 60 anos, perfazendo um total de 237.164
pescadores, ou 70% do total.
26
Tabela 6 - Frequência absoluta do número de pescadores amadores distribuídos
por faixa etária (anos).
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
Figura 8 - Frequência relativa dos pescadores amadores distribuídos por faixa etária.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
27
1.7.4 Licenças de Pesca Amadora Expedidas pelos Estados
Alguns estados da federação possuem regras próprias para a pesca
amadora e, por conseguinte, emitem licenças para a prática desta atividade. Em junho de
2012 foi feito um levantamento do número de licenças da pesca amadora concedido em
2011.
Tabela 7: Número de licenças da pesca amadora emitidas pelos estados que possuem legislação própria em relação a esta atividade no ano de 2011.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
1.7.5 Renovação da Licença de Pesca
O Sistema de emissão de licenças de pesca amadora do MPA tornou-se
operacional a partir do segundo semestre de 2010. Foi analisado, desde então, o
comportamento do pescador amador no Brasil, no que diz respeito à permanência e
aparente abandono da atividade. O número total de pescadores amadores licenciados
entre 2010 (apenas no segundo semestre) a 2012 foi de 559.925 (figura 9). Dentre os
91.841 pescadores amadores registrados no MPA em 2010, 15% renovaram sua licença
apenas em 2011, outros 25% renovaram apenas em 2012, mais 14% renovaram nos dois
anos subsequentes e 46% abandonaram a atividade. Já dentre os pescadores licenciados
em 2011, 37% renovaram a licença em 2012 e 63% não renovaram. Houve ainda um
ingresso de 218.841 novos pescadores em 2012 que não haviam sido licenciados
anteriormente, resultando em um saldo positivo de 24% de crescimento na comparação
28
entre os dois últimos anos.
Figura 9: Conjuntos das licenças de pesca expedidas entre os anos de 2010* a 2012 pelo MPA. As interseções representam aqueles que renovaram suas licenças. Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
1.7.6 Arrecadação
Conforme o Boletim do registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012
do Ministério da Pesca e Aquicultura, a arrecadação obtida pela cobrança da taxa de
licença da pesca amadora no ano de 2012, foi de R$ 13.889.080 (treze milhões
oitocentos e oitenta e nove mil e oitenta reais).
1.7.7 Estado de Origem e de Preferência dos Pescadores Amadores
A origem e respectiva preferência dos pescadores amadores licenciados em
2012 são apresentadas na tabela 7 e figura 10.
29
Tabela 7: Estados de origem e de preferência para a pesca amadora.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012.
De acordo com a Tabela 7, observa-se que São Paulo é o Estado que possui
o maior número de praticantes da pesca amadora com 97.757 pescadores, sendo que
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são os estados mais preferidos para pescar, com
66.519 e 62.465 pescadores. No Estado do Rio Grande do Sul são 12.646 praticantes da
pesca amadora, conforme dados Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP
– 2012.
30
Figura 10: Frequência relativa por estados de origem e preferência para a pesca amadora.
Fonte: Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012. RGP– CGRPA.
1.8 PESCA INDUSTRIAL
A pesca industrial caracteriza-se em função do tipo de embarcação
empregada (médio e grande porte) e da relação de trabalho dos pescadores, que
diferentemente do segmento artesanal, possuem vínculo empregatício com o armador de
pesca (responsável pela embarcação), seja pessoa física ou jurídica.
O segmento da pesca industrial no Brasil tem grande relevância social e
econômica para muitos municípios litorâneos. Trata-se de uma atividade de base,
fornecedora de matéria prima para as grandes indústrias de centros de distribuição de
alimentos.
A pesca industrial no Brasil é responsável pelo desembarque de metade da
produção de pescados de origem marinha. Conforme dados do (MPA) a pesca industrial é
composta por cerca de 5.000 embarcações, envolvendo 40.000 trabalhadores somente no
setor de captura.
31
Figura 11: Frequência absoluta por unidades da federação dos pescadores profissionais industriais inscritos no RGP.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012
1.9 AQUICULTURA
Aquicultura é o cultivo de organismos cujo ciclo de vida em condições
naturais se dá total ou parcialmente em meio aquático. A aquicultura é praticada pelo ser
humano há milhares de anos. Existem registros de que os chineses já tinham
conhecimentos sobre estas técnicas há muitos séculos e de que os egípcios criavam a
tilápia há cerca de quatro mil anos.
A aquicultura pode ser tanto continental (água doce) como marinha (água
salgada), esta chamada de maricultura.
A atividade abrange as seguintes especialidades:
• Piscicultura (criação de peixes, em água doce e marinha);
• Malacocultura (produção de moluscos como ostras, mexilhões, caramujos e
vieiras). A criação de ostras é conhecida por Ostreicultura e a criação de mexilhão
por Mitilicultura.
32
• Carcinicultura (criação de camarão em viveiros, ou ainda de caranguejo, siri)
• Algicultura (Cultivo macro ou microalgas)
• Ranicultura (Criação de rãs)
• Criação de Jacarés
Conforme dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, com 12% da água
doce disponível do planeta, um litoral de mais de oito mil quilômetros e ainda uma faixa
marítima, ou seja, uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), equivalente ao tamanho da
Amazônia, o Brasil possui enorme potencial para a aquicultura. Apenas com o
aproveitamento de uma fração desta lâmina d’água é possível criar com fartura, de forma
controlada, peixes, crustáceos (camarões etc.), moluscos (mexilhões, ostras, vieiras etc.)
e algas, entre outros seres vivos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo anual de
pescado de pelo menos 12 quilos por habitante/ano. O brasileiro ainda consome abaixo
disso.
A previsão é de que até 2030 a demanda internacional de pescado aumente
em mais 100 milhões de toneladas por ano, de acordo com a Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A produção mundial hoje é da ordem de 126
milhões de toneladas. O Brasil é um dos poucos países que tem condições de atender à
crescente demanda mundial por produtos de origem pesqueira, sobretudo por meio da
aquicultura. Segundo a FAO, o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores do
mundo até 2030, ano em que a produção pesqueira nacional teria condições de atingir 20
milhões de toneladas.
1.9.1 Distribuição dos Aquicultores por Estado e Região
Na tabela 8, observa-se um total de 2.367 empreendimentos aquícolas,
incluindo os inscritos e os que renovaram suas licenças no RGP no ano de 2012, sendo
que os registrados com licença ambiental representam 31% deste total.
33
Tabela 8: Frequências absoluta e relativa por estado e região dos aquicultores brasileiros.
Fonte: Boletim do Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP – 2012. RGP
34
2 REUNIÕES SUBCOMISSÃO
No dia 06 de fevereiro de 2014, foi realizado uma reunião da Subcomissão,
estavam presentes os deputados Frederico Antunes, Ernani Polo, o diretor da Fish TV,
Luiz Motta; o vice-presidente de marketing da Fegape, Ítalo Franzoi, o biólogo marinho
Lawrence Ikeda, o gerente de novos projetos da Fish TV, Manoel Martins, o vice-
presidente da Associação Brasileira de Pesca com mosca (ABPM), Rogério Batista, o
diretor da Dourado Bus Turismo de Pesca, Maiquel Bittencourt dos Santos, o jornalista da
Fish TV, Rodrigo Teixeira, da FEGAPE Flávio Luz, os assessores da bancada do PP,
Álvaro Fakhredin e Camila Serpa.
Conforme o Deputado Frederico Antunes, o Ministério Público Estadual, a
Secretaria do Meio Ambiente, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e
Cooperativismo (SDR) e a Fundação Zoobotânica (FZB) possuem dados estatísticos
avançados sobre o quadro da pesca em todo o território gaúcho. O objetivo do debate é
fazer uma ampla radiografia para que o relatório final proponha alternativas que possam
atender tanto aos interesses dos pescadores profissionais quanto dos desportivos.
Segundo Ernani, o momento é de buscar uma saída que seja satisfatória para todos.
35
Reunião 06 de fevereiro 2014
No dia 19 de fevereiro de 2014, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, foi
realizada mais uma reunião da subcomissão da Pesca, reuniu-se entidades e órgãos
públicos no debate sobre as restrições à pesca de dourado e surubim no Estado.
O deputado Frederico Antunes, defendeu em reunião do órgão técnico no
legislativo sobre as restrições à pesca de dourado e surubim, que a sinergia de interesses
entre os diferentes elos da cadeia pesqueira e a adoção de pesquisas permanentes são a
base para a construção de políticas efetivas de estímulo ao desenvolvimento do setor no
Rio Grande do Sul.
O líder do PP reuniu representantes de entidades de pesca desportiva e
profissional, órgãos estaduais e federais e Ministério Público no debate sobre o tema. De
acordo com o deputado, a falta de levantamentos atualizados sobre as condições de vida
das espécies e os respectivos impactos ambientais das atividades é o principal empecilho
para a construção de políticas em benefício de todos os interessados.
“Tanto a pesca desportiva quanto os pescadores profissionais podem ser
36
beneficiados, desde que informações criteriosas orientem o rumo das ações”, disse o
deputado. Segundo ele, caso as novas pesquisas confirmem as restrições à pesca de
dourado surubim ou outras espécies, os dados podem subsidiar alternativas de curto,
médio e longo prazo aos pescadores, como a aquicultura, o turismo e o auxílio à pesca
desportiva, por exemplo.
O subprocurador de Justiça do RS, Marcelo Dornelles, afirmou que a
decisão do MP de ajuizar uma Ação Civil Pública com restrições à pesca de dourado e
surubim foi tomada a partir dos pareceres de órgãos técnicos de que as espécies estão
ameaçadas e correm até mesmo risco de extinção em determinados locais. Já o
coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente do Ministério
Público, Carlos Roberto Paganella, reiterou que novos estudos devem ser apresentados
para contestar a decisão. Ele lembrou que o ideal é a atualização dos levantamentos a
cada dois anos.
Conforme o representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR),
Valdomiro Barbosa, o Governo do Estado está contratando um especialista para a
elaboração de um Termo de Referência, documento que irá basear a realização dos
levantamentos sobre os riscos de extinção do dourado e do surubim.
Para o representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA),
Matheus Leal, o custo das pesquisas, as quais, segundo ele, também deveriam incluir a
análise das demais espécies, pode chegar à casa dos R$ 40 milhões. Ao destacar que os
pescadores não podem ser culpados pelas baixas no volume de peixes, ele apontou que
os principais problemas estariam relacionados à baixa qualidade das águas e aos
barramentos.
No entendimento de Gilmar da Silva Coelho, que representou o Ministério da
Pesca no debate, as políticas de incentivo à atividade pesqueira devem ser
acompanhadas de ações convergentes entre municípios, Estados e União. “Precisamos
conversar e criar alternativas que atendam ao interesse de todos”, disse.
Também participaram da reunião os deputados Ernani Polo (PP), Carlos
Gomes (PRB) e Vinícius Ribeiro (PDT), além de representantes de entidades ligadas à
37
pesca desportiva, dos pescadores profissionais e da Fish TV.
Reunião dia 19 de fevereiro de 2014
Reunião dia 19 de fevereiro de 2014
38
Reunião dia 19 de fevereiro de 2014
No dia 06 de março de 2014, realizou-se mais uma reunião da Subcomissão
da Pesca, com a leitura das sugestões do relatório final.
Reunião dia 06 de março de 2014
40
2.1 LEGISLAÇÕES
A situação atual do Decreto Nº 41.672, de 11 de junho de 2002 (Declara as
Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio Grande do Sul e
dá outras providências), em 2008 teve seus efeitos suspensos, pelos Decretos Estaduais
45.480/2008 e 45.768/2008. Nesse sentido, não há nada que suspenda os efeitos ou
revogue o Decreto 41.672/2002 atualmente.
A Fundação Zoobotânica publicou a lista de espécies da fauna estão
ameaçadas de extinção, apresentando justificativa para cada uma delas. A lista ainda está
disponível para consulta pública, portanto, não foi atualizado, ainda, o Decreto
41.672/2002, mas, mesmo assim, ele está em vigor.
Abaixo a lista extraoficial de 2013, no que se refere às espécies em questão:
41
Lei Federal nº 11959 de 29 de Junho de 2009 (Dispõe sobre a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as
atividades pesqueiras, revoga a Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos
do Decreto-Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências).
Lei Estadual nº 12.697, de 04 de maio de 2007 (Dispõe sobre a estrutura
administrativa do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras
providências).
Lei complementar 14.476 de 22 de Janeiro de 2014 (Dispõe sobre o
Conselho Gaúcho de aquicultura e Pesca Sustentáveis – CONGAPES – e revoga a Lei
42
Complementar n° 9.677, de 2 de julho de 1992).
Lei n° 11520 de 03 de Agosto de 2000 (Institui o Código Estadual do Meio
Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências).
43
3 CONCLUSÕES, ENCAMINHAMENTOS E RECOMENDAÇÕES
Por todo o exposto e após vários debates acerca do tema da proibição da
pesca do Dourado e do Surubim no Estado do RS, faz-se necessário elaborar um
projeto de monitoramento, manejo e controle do estoque pesqueiro das espécies na
bacia do Rio Uruguai. A atividade foi proibida por uma ação civil pública ajuizada pelo
Ministério Público, que desde a época do governador Olívio Dutra, considera as duas
espécies ameaçadas de extinção.
Nesse sentido, pesquisas permanentes sobre as condições de vida das
espécies e os respectivos impactos ambientais das atividades, são a base para a
construção de políticas efetivas de estímulo ao desenvolvimento do setor no Rio Grande
do Sul, juntamente com revisões das Leis e Decretos, sobre a pesca no Rio Grande
do Sul. No entanto, esta Subcomissão apresenta algumas sugestões de medidas e ações
a serem tomadas sobre a regulação legislativa e técnica da prática da pesca esportiva,
profissional e artesanal no Estado do Rio Grande do Sul, bem como os problemas
enfrentados pelos pescadores.
Sugestões:
• Sugere-se ao Governo do Estado que institua um grupo de estudo e
acompanhamento permanente da pesca esportiva e profissional composto das
entidades da pesca, MP/RS, Universidades e do Governo.
• Levantamento por parte da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de quantos
pescadores são esportistas e profissionais, devido à denúncia de excesso de
oficialização de pescadores profissionais, recomenda a abertura de processo
investigativo para apurar suposta fraude na emissão de Carteira Nacional da
Pesca.
44
• Propõe ao Governo do Estado que institua um grupo de estudo e
acompanhamento permanente da pesca esportiva e profissional composto das
entidades da pesca e do governo.
• Sugere-se a criação de um Projeto de Lei que dispõe sobre a Proteção e Estímulos
à Pesca Esportiva e cria o Fundo Estadual de Requalificação de Ribeirinhos e
Fomento à Pesca Esportiva.
• Atualização do Decreto Estadual 41.672/2002, que declara as Espécies da Fauna
Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio Grande do Sul, considerando o
tempo decorrido desde a sua edição e as medidas protetivas adotadas neste
período.
• Recomenda a liberação da confecção de filetagem (fazer filé) sendo que não tem
como o pescador comercializar um peixe inteiro para ser filetado em casa pelo
consumidor, ( assim como o cascudo, arraia, manguruju, armado e outras espécies
similares).
• Realizar estudos e pesquisas científicas, produzindo relatórios específicos para a
região do Médio e Baixo Uruguai, onde se concentram as maiores comunidades
pesqueiras.
• Criação de uma Frente Parlamentar específica para debater o problema da cadeia
produtiva da Pesca.
• Sugere-se a criação de um Projeto de Lei, onde a truta arco-íris (Oncorhynchus
mykiss) seja decretada Objeto de Interesse Estadual, e para tanto, que a lei
discipline os locais permitidos para a pesca, os períodos apropriados visando
permitir sua efetiva perpetuação nos rios, as formas apropriadas para sua pesca de
forma esportiva e proibindo terminantemente a pesca predatória.
• Apresentação, pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo desta
Casa Legislativa, de Projeto de Lei Complementar, incluindo a Fegape (Federação
45
Gaúcha de Pesca Esportista, Turística e Ambiental) no Conselho Gaúcho de
Aquicultura, conforme minuta em anexo.
• Sugere-se ao Governo do Estado que crie um regramento para os pescadores
artesanais que sobrevivem da pesca e possuem a “Carteira de Pescador”, possa
ser permitida a pesca do Dourado, a partir de 2Kg e 60 com de comprimento.
• Para os pescadores esportivos, seja permitida a pesca do Dourado a partir de 3Kg
com limitação de unidades e que sejam adotadas iniciativas envolvendo a
comunidade pescadora para preservar o rio e suas espécies nativas.
• União das comunidades tradicionais, da pesca esportiva, operadoras de turismo e
universidades para criação de um Fundo ou Convênio, visando estabelecer um
Programa ou Projeto de Estudo dos estoques pesqueiros seu manejo, treinamento
e habilitação das comunidades tradicionais, criando alternativas de renda e
trabalho as comunidades tradicionais na produção de alevinos, iscas naturais e
proteínas de peixe em cativeiro, aliviando a pressão de pesca sobre os estoques
silvestres ou selvagens, alterando a matriz econômica baseada no extrativismo.
• Regulamentação da atividade de produção e recria de alevinos até a idade juvenil,
destinado ao repovoamento de estoques pesqueiros pelas comunidades
tradicionais, pescadores artesanais e profissionais, como alternativa de renda e
trabalho, sob financiamento das hidrelétricas, fruto da contrapartida destas ao
impacto ambiental representando pelo represamento de cursos hídricos.
• Realização de uma Patrulha Verde, com a participação de órgãos federais,
estaduais e dos diferentes elos da cadeia pesqueira, para garantir o zelo e a
proteção ambiental;
• Realização de um controle rigoroso do nível dos rios, devido às oscilações bruscas.
• Se necessário, Termo de Ajustamento de Conduta por parte do Ministério Público e
Governo do Estado com objetivo de regular a Pesca do Dourado e Surubim.
46
• Uma ação política a Nível Federal, buscando a construção de um regramento em
conjunto com o Ministério da Pesca de forma que limite a atividade, mas permita
que pescadores ribeirinhos continuem trabalhando, mesmo com restrições.
• Elaborarmos leis que incentivem a pesca de manejo sustentável, por meio do
Pesque e Solte, fomentando o ecoturismo.
• Um regramento com a esfera do Ministério da Pesca, para que esses profissionais
que querem manter sua atividade possam fazer isso através de sistemas que
sejam adaptados à margem da sua sobrevivência, que possam fazer, em espaços
próprios, um criatório.
• Incentivo fiscal aos criatórios e vendas de equipamentos e insumos destinados a
pesca esportiva via entidades ou associações devidamente regulamentadas.
Isto posto, este relatório traz algumas recomendações a fim de amenizar
este descompasso com o setor.
Deputado Frederico Antunes
Relator
47
REFERÊNCIAS
Secretaria Estadual de Agricultura, Pesca e Cooperativismo. Disponível em:
<www.agricultura.rs.gov.br >. Acesso em: 26/02/2014.
Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Disponível em: <www.sema.rs.gov.br >. Acesso
em: 14/02/2014.
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em <www.mprs.mp.br >.
Acesso em: 17/02/2014.
Fundação Zoobotânica. Disponível em: <www.fzb.rs.gov.br >. Acesso em: 03/02/2014
Ministério da Pesca e Aquicultura. Disponível em: <www.mpa.gov.br >. Acesso em:
28/02/2014.
Camara Federal. Disponível em: <www2.camara.leg.br> . Acesso em: 03/03/2014.
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<www.al.rs.gov.br > . Acesso em 06/03/2014.
Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: <www.estado.rs.gov.br>.
Acesso em 07/03/2014.