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----------------------- ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ------------------------
------------------------------------- Mandato 2013-2017 -----------------------------------------
----- SESSÃO EXTRAORDINÁRIA REALIZADA NO DIA TRÊS DE JUNHO
DE DOIS MIL E CATORZE ------------------------------------------------------------------ ------------------------------------ATA VINTE E NOVE ---------------------------------------
----- Aos dia três do mês junho de dois mil e catorze, pelas dezoito horas, em
cumprimento da respetiva convocatória e ao abrigo do disposto nos artigos vigésimo
oitavo e trigésimo do Anexo I da Lei número setenta e cinco de dois mil e treze, de
doze de setembro, e nos artigos vigésimo quinto, trigésimo sétimo e trigésimo nono
do seu Regimento, reuniu a Assembleia Municipal de Lisboa, em Sessão
Extraordinária na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, para a
realização da terceira sessão do Debate Temático subordinado ao tema “Os
Transportes em Lisboa – O Que Temos e o Que Queremos.” --------------------------
----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados na Mesa da
Assembleia, os seguintes Deputados Municipais: ---------------------------------------------
----- Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Isabel Drago Lobato, Ana
Maria Gaspar Marques, Ana Maria Lopes Figueiredo Páscoa Baptista, Ana Sofia
Soares Ribeiro de Oliveira Dias, André Moz Caldas, António Manuel de Freitas
Arruda, António Modesto Fernandes Navarro, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora
Coelho, Augusto Miguel Gama Antunes Albuquerque, Belarmino Ferreira Fernandes
da Silva, Carla Cristina Ferreira Madeira, Carlos José Pereira da Silva Santos, Cláudia
Alexandra de Sousa e Catarino Madeira, Cristina Maria da Fonseca Santos Bacelar
Bergonha, Daniel da Conceição Gonçalves da Silva, Davide Miguel Santos Amado,
Diogo Feijó Leão Campos Rodrigues, Fábio Martins de Sousa, \Fernando Manuel
Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Floresbela
Mendes Pinto, Hugo Alberto Cordeiro Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Inês
de Drummond Ludovice Mendes Gomes, João Alexandre Henriques Robalo Pinheiro,
João Luís Valente Pires, João Manuel Costa de Magalhães Pereira, Joaquim Maria
Fernandes Marques, José Alberto Ferreira Franco, José António Cardoso Alves, José
António Nunes do Deserto Videira, José Luís Sobreda Antunes, José Manuel Marques
Casimiro, José Manuel Rodrigues Moreno, José Maximiano de Albuquerque Almeida
Leitão, José Roque Alexandre, Luís Pedro Alves Caetano Newton Parreira, Mafalda
Ascensão Cambeta, Manuel Malheiro Portugal de Nascimento Lage, Margarida
Carmen Nazaré Martins, Maria da Graça Resende Pinto Ferreira, Maria Elisa
Madureira Carvalho, Maria Helena do Rego da Costa Salema Roseta, Maria Irene dos
Santos Lopes, Maria Simoneta Bianchi Aires de Carvalho Luz Afonso, Maria Sofia
Mourão de Carvalho Cordeiro, Mariana Rodrigues Mortágua, Miguel Alexandre
Cardoso Oliveira Teixeira, Miguel Farinha dos Santos da Silva Graça, Miguel Nuno
Ferreira da Costa Santos, Natalina Nunes Esteves Pires Tavares de Moura, Patrocínia
Conceição Alves Rodrigues Vale César, Pedro Filipe Mota Delgado Simões Alves,
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Pedro Miguel de Sousa Barrocas Martinho Cegonho, Ricardo Manuel Azevedo
Saldanha, Rita Susana da Silva Guimarães Neves, Rodrigo Nuno Elias Gonçalves da
Silva, Rosa Maria Carvalho da Silva, Rui Paulo da Silva Soeiro Figueiredo, Rute
Sofia Florêncio Lima de Jesus, Sandra da Graça Lourenço Paulo, Sérgio Sousa Lopes
Freire de Azevedo, Tiago Miguel de Albuquerque Nunes Teixeira, Vasco André
Lopes Alves Veiga Morgado, Victor Manuel Dias Pereira Gonçalves, Patrícia de
Oliveira Caetano Barata, Nelson Pinto Antunes, Lúcia Alexandra Pereira Sousa
Gomes, Nuno Ricardo Dinis de Abreu, Rui Manuel Moreira Vidal Simões, António
José do Amaral Ferreira de Lemos, João Diogo Santos Moura e Isabel Pires. ------------
----- O Deputado Municipal André Nunes de Almeida Couto faltou à reunião. -----------
----- Fizeram-se substituir, ao abrigo do disposto no artigo 78.º da Lei n.º 169/99, de
18 de Setembro, com a redação dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de janeiro, o qual se
mantém em vigor por força do disposto, à contrário sensu, na alínea d), do n.º 1, do
artigo 3.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, e do artigo 8.º do Regimento da
Assembleia Municipal de Lisboa, os seguintes Deputados Municipais: --------------------
----- Margarida da Silva de Almeida Saavedra (PSD), tendo sido substituída pela
Senhora Deputada Municipal Patrícia de Oliveira Caetano Barata; -------------------------
----- Carlos de Alpoim Vieira Barbosa (PSD), tendo sido substituído pelo Senhor
Deputado Municipal Nélson Pinto Antunes; ----------------------------------------------------
----- Deolinda Carvalho Machado (PCP), tendo sido substituída pela Senhora
Deputada Municipal Lúcia Alexandra Pereira de Sousa Gomes; ----------------------------
----- Miguel Tiago Crispim Rosado (PCP), tendo sido substituído pelo Senhor
Deputado Municipal Nuno Ricardo Dinis de Abreu; ------------------------------------------
----- Fernando Nunes da Silva (Independente), tendo sido substituído pelo Senhor
Deputado Rui Manuel Moreira Vidal Simões; -------------------------------------------------
----- Telmo Augusto Gomes de Noronha Correia (CDS/PP); tendo sido substituído
pelo Senhor Deputado Municipal António José do Amaral Ferreira de Lemos; ----------
----- Maria Luísa Aguiar Aldim (CDS/PP), tendo sido substituída pelo Senhor
Deputado Municipal João Diogo Santos Moura; -----------------------------------------------
----- Ricardo Robles (BE), tendo sido substituído pela Senhora Deputada Municipal
Isabel Pires. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- A Câmara esteve representada pelos Senhores Vereadores: Fernando Medina,
Duarte Cordeiro, Paula Marques, Manuel Salgado, Jorge Máximo, José Sá Fernandes
e João Afonso ---------------------------------------------------------------------------------------
----- Estiveram ainda presentes os Senhores Vereadores da oposição: António Prôa,
João Gonçalves, João Bernardino, Alexandre Duarte e Carlos Moura. ---------------------
----- Às quinze horas, constatada a existência de quórum, a Senhora Presidente
declarou aberta a reunião.--------------------------------------------------------------------------
----- A Senhora Presidente informou que o Senhor Deputado Municipal do PNPN,
Presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, pedira para comunicar à
Assembleia que no balcão da receção estaria um cartaz e uma petição para Junta de
Freguesia do Parque das Nações que era feita a nível nacional. Só não tinha
distribuído porque iria enviar aos Deputados Municipais em digital. -----------------------
3
----- Anunciou que o Senhor Deputado Municipal Miguel Santos iria fazer uma
declaração política e tinha pedido para que fosse distribuída em papel pelos
Deputados Municipais. No entanto, esse procedimento não era habitual, além disso
verificava o papel que muitas vezes ficava em cima das cadeiras e era dinheiro que
estavam a deitar fora, pelo que combinara com o Senhor Deputado Municipal Miguel
Santos distribuir também por via digital a declaração política e respetivos anexos. ------
------------------------------- DECLARAÇÕES POLÍTICAS -------------------------------
----- A Senhora Presidente esclareceu que a ordem das intervenções era a da
inscrição na Mesa. ----------------------------------------------------------------------------------
----- Informou que havia uma moção apresentada pelo BE, uma moção apresentada
pelo PCP e uma moção apresentada pelo PSD, uma recomendação apresentada pelo
PEV, uma recomendação apresentada pelo BE e uma recomendação apresentada pelo
PCP. --------------------------------------------------------------------------------------------------
----- (Moção nº1, apresentada pelo BE, fica anexada a esta ata como anexo 1 e dela
faz parte integrante) --------------------------------------------------------------------------------
----- (Moção nº2, apresentada pelo PCP, fica anexada a esta ata como anexo 2 e dela
faz parte integrante) --------------------------------------------------------------------------------
----- (Moção nº3, apresentada pelo PSD, fica anexada a esta ata como anexo 3 e dela
faz parte integrante) --------------------------------------------------------------------------------
----- (Recomendação nº1, apresentada pelo PEV, fica anexada a esta ata como anexo
4 e dela faz parte integrante) ----------------------------------------------------------------------
----- (Recomendação nº2, apresentada pelo BE, fica anexada a esta ata como anexo 5
e dela faz parte integrante)-------------------------------------------------------------------------
----- (Recomendação nº3, apresentada pelo PCP, fica anexada a esta ata como anexo
6 e dela faz parte integrante) ----------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal António Arruda (MPT) disse que nessa quarta
edição dedicada às declarações políticas dos diversos grupos municipais com assento
na Assembleia Municipal, gostaria de referir algumas situações que o MPT entendia
dever apresentar para conhecimento. ------------------------------------------------------------
----- A primeira situação dizia respeito à denúncia apresentada ao Senhor Presidente
da Câmara pela plataforma “Por Monsanto” relativamente à autorização camarária
para a realização da “Semana Académica de 2014” no Parque Florestal de Monsanto. -
----- O Parque Florestal de Monsanto era para o Partido da Terra um local sagrado e
intocável. Como certamente se recordariam, o Partido da Terra já por diversas
ocasiões tivera oportunidade de se insurgir contra algumas situações criadas pelo
Executivo no que respeitava à violação do espaço verde de Monsanto. Por isso o MPT
exigia saber quem no Executivo tinha autorizado a utilização de uma clareira na orla
de Monsanto, com tudo o que isso representava de nefasto para o ecossistema ali
existente. ---------------------------------------------------------------------------------------------
----- Exigia-se que o Executivo Camarário esclarecesse de imediato a Assembleia
Municipal sobre a situação que acabara de referir e que dissesse como era que a
Câmara a que o Senhor Presidente, segundo constava, ainda presidia podia autorizar a
4
concentração naquele espaço de cerca de 20 mil pessoas previstas para as festividades,
contra as inúmeras opiniões contrárias que foram apresentadas no ano anterior. ---------
----- Perguntou se o Executivo não tinha consciência de que a concentração naquele
local de cerca de 20 mil pessoas previstas para os quatro dias de festividades iria
afetar negativamente a diversidade e conservação da natureza, bem como a vida da
própria população residente na orla do Parque Florestal de Monsanto. --------------------
----- Como já tinha feito a plataforma, cumpria-lhe também perguntar que garantias
obtivera a Câmara para minimizar os efeitos negativos que acabara de referir, se havia
alguma medida prevista ao nível da reposição do coberto vegetal que iria seguramente
ser destruído. Quais as garantias que tinha dado a organização do evento sobre a
implementação de medidas cautelares de defesa do espaço natural protegido de
Monsanto. --------------------------------------------------------------------------------------------
----- Mesmo que o Senhor Presidente já estivesse a pensar noutros voos mais altos,
que não os da Câmara Municipal, deveria defender melhor os interesses do Município
e particularmente o que restava dos espaços verdes. ------------------------------------------
----- Por falar em espaços verdes, gostaria de apresentar a segunda situação que
chegara ao conhecimento e que cumpria desde logo fazer questionar. Perguntou o que
se estaria a passar no Jardim do Príncipe Real, que segundo se tinha apurado indiciava
estar prevista a construção de um parque subterrâneo para automóveis em quatro
pisos. Gostaria que o Executivo explicasse concretamente o que se andava a preparar
por ali. ------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Perguntou se por acaso o Executivo saberia que por ali existiam árvores
classificadas, uma delas até um cedro centenário, como de interesse público, e o que
iria acontecer a essa árvores, se o Senhor Presidente utilizaria, como já tinha feito em
anteriores momentos, a justificação do bicho da madeira para deitar tudo abaixo. -------
----- Passava à terceira situação que entendia apresentar à Assembleia e que se prendia
com o facto de terem surgido algumas queixas de lisboetas que se viram confrontados
com situações insólitas durante o passado dia 25 de maio, precisamente no dia das
eleições. Segundo fora relatado, parecia que algumas assembleias de voto foram
instaladas, pasmassem, em stands de automóveis. Perguntou se o Executivo saberia
dessa situação. ---------------------------------------------------------------------------------------
----- O Partido da Terra tivera conhecimento da apresentação não de uma, mas de
diversas queixas junto da Comissão Nacional de Eleições sobre a utilização não de
um, mas de pelo menos dois stands de automóveis para serem utilizados como secções
de voto. Perguntou se poderia a Câmara explicar o que se tinha passado. -----------------
----- Parecia que essa insólita situação se tinha passado na área da Freguesia de Santo
António. Não acreditava que a combinação de votos e mercado de automóveis fosse
propriamente a mais ética e correta para quem queria exercer o seu direito de voto.
Perguntou se os stands em causa ainda tinham feito, como se dizia no Brasil, uma
“boa grana”.------------------------------------------------------------------------------------------
----- Se o Executivo estava perplexo com essa situação e nada disso sabia, o que
acreditava piamente, então talvez fosse a altura não de lhe pedir que justificasse a
utilização de locais impróprios para o exercício do nobre direito de votar, mas que se
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confrontasse o Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santo António para ele sim
se justificar perante a Assembleia Municipal. --------------------------------------------------
----- Perguntou se nas próximas eleições, fossem elas quais fossem, iriam ter na
Freguesia de Santo António secções de voto no meio de umas quantas alfaces,
repolhos ou batatas, na mercearia do Senhor Joaquim. Perguntou se o Senhor
Presidente da Junta de Freguesia não teria outros locais mais próprios para o efeito,
tais como escolas, Universidade Autónoma, salões paroquiais ou outro tipo de
equipamentos. Perguntou se o que se tinha passado não era mais do que propaganda
indireta do atual Governo para subliminarmente aliciar os portugueses com aquela
triste medida, terceiro mundista, de sortear um carro de luxo a troco de faturas. ---------
----- Ao Senhor Presidente da Junta de Freguesia do mercado automóvel, pedia
desculpa, da Freguesia de Santo António dizia que tinha ido longe de mais na lealdade
ao Governo. Veria que na próxima mexida governativa ainda ganharia um lugar como
Secretário de Estado do mercado automóvel, ou do mercado das batatas, dos repolhos
e nabos. Como alguém um dia já tinha dito, desde que vira um porco a andar de
bicicleta já acreditava em tudo. -------------------------------------------------------------------
----- Uma última nota era sobre uma informação de política de desinvestimento que a
Câmara levava a cabo no Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. Era verdade
que o RSB se via atualmente confrontado com escassez de meios humanos e materiais
face à sua missão. O RSB tinha enviado ao Grupo Municipal do MPT um dossier no
qual relatava todas as carências sentidas por aquela corporação. Perguntou se o
Executivo não poderia dar uma “mãozinha” aos Bombeiros de Lisboa. Era triste e
uma vergonha ver as fotos do equipamento e das instalações completamente gastos,
danificados e desatualizados, próprio de um país terceiro mundista. -----------------------
----- O povo de Lisboa exigia melhores condições de trabalho para os soldados da paz.
O Partido da Terra reclamava condições mais dignas e eficientes para o RSB de
Lisboa. Nenhuma cidade que se prezasse, que pretendesse ser moderna e avançada, se
podia dar ao luxo de ter um corpo de bombeiros em tão precária situação como a que
existia na “muy nobre e leal Cidade de Lisboa”. -----------------------------------------------
----- A Senhora Presidente disse que certamente depois o Executivo daria resposta à
questão colocada relativamente aos stands de automóveis e ao processo eleitoral, mas
como eleitora da Freguesia de Santo António devia dizer que o processo eleitoral ter
decorrido naquele espaço tinha uma grande vantagem para os eleitores, porque aquele
espaço não tinha escadas. Toda a gente pudera votar rapidamente, com mobilidade
universal, coisa que não acontecia nos anteriores locais de voto. ---------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Sérgio Azevedo (PSD) disse que depois da
vitória do PS nas últimas eleições europeias, eram confrontados com uma sucessão de
eventos que punham em causa a liderança do PS, culminando com a disponibilidade
do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, em assumir um projeto
alternativo de liderança. ----------------------------------------------------------------------------
----- Essa era, naturalmente, uma matéria que só aos militantes e apoiantes do PS dizia
respeito e que fazia parte do normal funcionamento dos partidos e da democracia
interna dos mesmos, mas a disponibilidade de António Costa passados 251 dias do
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seu terceiro mandato e tendo em consideração as suas afirmações no passado,
nomeadamente em julho de 2011 e janeiro de 2013, eram motivo de preocupação do
PSD e dos lisboetas no que dizia respeito à governação da Câmara Municipal de
Lisboa. ------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Recordassem então o passado. Em julho de 2011 e janeiro de 2013 António
Costa tinha sido sempre dado como possível líder do PS, mas recusara sempre,
afirmando estar concentrado nos desafios de Lisboa. O Presidente da Câmara
Municipal de Lisboa tinha reiterado a sua posição por entender, e citava, “é
incompatível ser Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e líder do Partido
Socialista”. Essa afirmação tinha sido proferida em julho de 2013. -------------------------
----- Disse que o PSD nada tinha contra as ambições pessoais de António Costa ou de
outro qualquer militante socialista, mas não deixava de registar com estupefação a
decisão do Presidente recém-eleito da Câmara Municipal de Lisboa. Aliás, recordava
o que tinha dito António Costa na campanha eleitoral para as eleições autárquicas, em
setembro de 2013, sobre a Coligação “Sentir Lisboa”: “A Coligação Sentir Lisboa tem
a ideia bizarra de governar Lisboa com os dois pés, Lisboa governa-se com
inteligência e sobretudo tendo a cidade no coração”. ------------------------------------------
----- Não estava em causa a inteligência política de António Costa, aliás, não fosse ele
no atual momento em particular candidato à liderança do maior partido da oposição,
mas o facto de ter Lisboa no coração, nisso já tinha algumas dúvidas, porque se ter
alguma coisa no coração era sinónimo de paixão podiam dizer que a sua paixão por
Lisboa era uma paixão muito fugaz. -------------------------------------------------------------
----- O PSD e os partidos que integravam a Coligação “Sentir Lisboa” tinham,
portanto, razão. Lisboa tinha por isso, desde as últimas eleições europeias, um
Presidente a prazo. Não era aceitável uma câmara como Lisboa, fosse em que
circunstância fosse, ser governada por uma liderança a prazo. Havia muito para fazer
em Lisboa e António Costa tinha sido escolhido para governar a cidade por uma larga
maioria de lisboetas. --------------------------------------------------------------------------------
----- A Cidade de Lisboa não se coadunava nem podia estar sujeita aos calendários
eleitorais internos de qualquer partido político. Em 251 dias pouco ou nada do
ambicioso programa de António Costa para a cidade fora cumprido. Não havia
definição quanto à gestão dos transportes, nem da Câmara Municipal se conhecia uma
proposta sobre o assunto. Relembrava que esse tinha sido o “cavalo de batalha” do
Presidente da Câmara Municipal nas últimas eleições. Não havia definição nem
andamento na reabilitação urbana da cidade, nem nos programas de habitação,
sobretudo no que dizia respeito às bolsas de arrendamento para jovens. -------------------
----- Não havia melhorias na limpeza urbana da cidade, nem no repavimento das ruas.
Em 251 dias de mandato apenas se confirmara a transferência de competências para as
juntas de freguesia, graças, era certo, à boa vontade dos Presidentes das 24 juntas de
freguesia da cidade, apesar dos inúmeros percalços e discrepâncias que se verificaram.
Aliás, a esse respeito, a Câmara Municipal de Lisboa continuava a não dar os devidos
esclarecimentos e a não permitir um efetivo controlo pela Assembleia Municipal, de
resto opinião partilhada pelos Cidadãos Por Lisboa, movimento coligado com a
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liderança da CML. Tinha-se feito e o PSD, que lutara por essa transferência de
competências, reconhecia isso mesmo. ----------------------------------------------------------
----- Havia muito a fazer. O contrato que António Costa tanto valorizara em 2011 e
2013 não podia em 2014 ser negligenciado ou esquecido. Era por isso importante que
a Assembleia Municipal de Lisboa, órgão fiscalizador da governação da cidade, se
pronunciasse e obtivesse esclarecimentos do Presidente da Câmara Municipal sobre o
seguinte: ----------------------------------------------------------------------------------------------
----- Se mantinha António Costa a ideia de que a liderança de um partido político
como o PS era incompatível com a governação da Câmara Municipal de Lisboa; -------
----- Se iria António Costa, independentemente do desfecho da discussão sobre a
liderança do PS, manter-se como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa até ao
final do seu mandato; -------------------------------------------------------------------------------
----- Se tinha o Executivo da CML a mesma legitimidade para implementar o
programa de António Costa sufragado nas últimas eleições autárquicas, caso fosse
confirmada a sua saída da Presidência da Câmara. --------------------------------------------
----- Os lisboetas tinham o direito de saber com o que contavam para o futuro da sua
cidade. Numa altura em que tanto se questionava o afastamento dos cidadãos da
política e dos políticos, o PSD considerava essencial para o futuro da cidade ver
esclarecidas essas questões, por uma questão de legitimidade democrática e de
transparência na vida política. --------------------------------------------------------------------
----- A Senhora Presidente esclareceu que o Senhor Presidente da Câmara não podia
estar presente na reunião e tinha pedido para informar que estaria disponível para
responder. No entanto, a equipa da Câmara também estava em condições de o fazer,
nomeadamente o Senhor Vice-Presidente. ------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP) disse que o PSD
estava preocupado com o destino de António Costa, mas devia estar preocupado com
a política para Lisboa que o PSD tinha ajudado o PS e António Costa a realizar. --------
----- Tinham sido e eram coniventes na destruição de serviços na Câmara Municipal.
Na limpeza e higiene urbana, que atualmente eram um caos em Lisboa, como eram
outras áreas de serviço público municipal. ------------------------------------------------------
----- Por exemplo a destruição de esquadras da PSP. António Costa, como ministro da
Administração Interna e segunda figura do governo de Sócrates, fora ativo na
instalação de maior insegurança em Lisboa e no País. Agora aí estava, com o governo
PSD/CDS-PP, a destruir mais esquadras e segurança na cidade. ----------------------------
----- Tinham sido e eram coniventes na privatização da ANA-Aeroportos, nos
negócios preparados para os hospitais da Colina de Santana, na chamada reforma
administrativa que destruíra 29 Juntas de Freguesia e criara situações e faturas que a
cidade estava a pagar, na ausência de serviço público, na privatização de espaços
territoriais da cidade. -------------------------------------------------------------------------------
----- A CDU ganhara nas eleições mais votos, maior percentagem, mais deputados. O
anticomunismo avançava na preocupação do PS e de António Costa quanto ao
crescimento do PCP. A novela que instalaram queria ocultar a vitória da CDU, a
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derrota do PSD e do CDS – menos quinhentos mil votos - e o mais do mesmo do PS e
de Seguro, que se ficaram pelas meias-tintas e vitória que teria sido derrota. -------------
----- Para o PCP, o problema de Portugal não era de caras, de velhas e novas
máscaras. Os problemas de Lisboa resultavam da destruição do serviço público e da
política de altos negócios. Para o PCP, o problema e o objetivo principal era a
mudança de políticas. Não viessem cantar os reis com mudanças de poleiros e de
galos no poder. O PSD também iria passar os seus maus bocados com a saída baixa de
Passos Coelho e a contradança de Rui Rio e seus amigos, que afiavam as garras no
escuro dos patrões que os comandavam. --------------------------------------------------------
----- Mudar de política, demitir o governo e erguer uma alternativa democrática e de
esquerda para salvar o País do desastre da dívida, da submissão ao capitalismo e da
exploração maior do povo português, eram os objetivos do PCP. O PS, PSD e CDS já
deram o que tinham a dar e fora o pior de sempre, nos últimos anos. Dançassem lá a
contradança da falsa guerrilha política e que se amparassem uns aos outros nas
derrotas que sofreram e iriam sofrer. -------------------------------------------------------------
----- O PCP não ia por aí, pela falsidade e pela venda de novas ilusões para salvar o
capitalismo e o sistema destruidor. A velha social-democracia estava morta e
enterrada, com o dito socialismo democrático de pacotilha e vazio de ideais e projetos
a servir novamente de engano para coisa nenhuma. -------------------------------------------
----- A política em Portugal tinha de ser de independência, de criação de riqueza e de
justiça para os trabalhadores e para o povo. Por isso o PCP se bateria. ---------------------
----- Na falsidade e na baixa política que representava, o PCP votaria contra essa
Moção do PSD. --------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Rui Paulo Figueiredo (PS) começou por
cumprimentar o Senhor Deputado Municipal Sérgio Azevedo pelo tema que levava à
Assembleia. Fazia-o sem nenhuma ponta de ironia, porque de facto não podiam enfiar
a cabeça na areia e dizer que o tema não era pertinente, embora considerasse que era
manifestamente incoerente.------------------------------------------------------------------------
----- Era Deputado Municipal quando era Presidente da Câmara Pedro Santana Lopes
e tinha como número dois o Engenheiro Carmona Rodrigues, que saíra para o
Governo de Durão Barroso, para Ministro das Obras Públicas. Passado algum tempo
era Pedro Santana Lopes que saía para Primeiro-Ministro e regressara Carmona
Rodrigues para Presidente da Câmara. Passado algum tempo regressava Pedro
Santana Lopes e ficaram os dois. Era verdade que a coisa não tinha sido pacífica, mas
ficaram os dois. Passado um pouco, legitimamente, o PSD dispensava Pedro Santana
Lopes e candidatava Pedro Carmona Rodrigues. ----------------------------------------------
----- Não queria ligar o canal memória, mas a verdade era que ainda estavam a pagar a
ressaca desses tempos e bastava analisar as contas da Câmara de Lisboa. Apenas e só
queria referir que ao tempo nunca o PS colocara em causa a legitimidade do
funcionamento da Câmara Municipal de Lisboa e também se lembrava bem que o
PSD não colocava em causa essa legitimidade. ------------------------------------------------
----- Era uma boa tradição que se devia manter nos diferentes parlamentos, nacionais
ou municipais, que as questões internas dos diferentes partidos políticos fossem
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apenas isso mesmo, questões internas dos partidos políticos, ainda que a democracia
fosse algo que dizia respeito a todos e naturalmente eram debatidas no espaço público
e mediático. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- Ficasse o PSD descansado, que o Presidente António Costa e a sua equipa
continuariam a trabalhar, contando com o necessário apoio, solidariedade e coesão do
Grupo Municipal do PS para continuar a apoiar a Câmara Municipal de Lisboa. --------
----- O Partido Socialista era um grande partido português, um partido livre e,
portanto, independentemente dos posicionamentos internos que cada um tinha nos
debates internos e nas disputas eleitorais, estariam sempre coesos e unidos a trabalhar
em prol de Lisboa, continuando a contribuir para transformar a cidade e apoiar a
Câmara Municipal de Lisboa. ---------------------------------------------------------------------
----- Era um apoio que não era acrítico e, como vinham demonstrando, o PS estava
sempre disponível para o debate, para o escrutínio e para valorizar o papel da
Assembleia Municipal de Lisboa no quadro da cidade. ---------------------------------------
----- Dizia o PSD que a Câmara não tinha cumprido o seu programa e isso não era
manifestamente verdade. Nos 251 dias, bastava recordar as imensas informações
escritas apresentadas, os diferentes debates, as propostas que se debateram. Tinham
uma Câmara a funcionar e a projetar a Cidade de Lisboa. ------------------------------------
----- Pegava com realismo e verdade nos exemplos que eram dados na moção. Referia
matéria de transportes e a CML tinha tido uma posição clara sobre essa matéria. O
Presidente António Costa tinha estado a conversar com o Governo e aquilo que
tinham de aguardar com serenidade, mas valorizando o debate que a Assembleia
Municipal de Lisboa tinha feito nessa matéria, era que chegassem a bom porto ou não
essas negociações. ----------------------------------------------------------------------------------
----- Aquilo que via e que esperava não influenciasse decisivamente a posição do
Governo era muita preocupação por parte do PSD nesse dossier, tentando condicionar
o Governo. Eram cartas abertas das estruturas do PSD que procuravam boicotar esse
processo negocial em torno dos transportes. ----------------------------------------------------
----- Quanto a não haver definição nem andamento da reabilitação urbana na cidade,
nem nos programas de habitação no que dizia respeito às bolsas de arrendamento para
jovens, havia variadíssimas ideias e variadíssimas propostas, a Informação Escrita era
muito detalhada nas matérias da habitação e da reabilitação urbana. -----------------------
----- A transferência para as freguesias era um processo que no essencial tinha corrido
bem. Aquilo que com verdade o PS já tinha manifestado discordância era com
algumas respostas eventualmente mais infelizes em termos de escrutínio democrático,
mas o PS, na valorização que fazia da Assembleia Municipal de Lisboa, sinalizara,
acompanhando o Movimento Cidadãos Por Lisboa, a sua preocupação mas estava
certo que toda a colaboração seria dada pela Câmara Municipal de Lisboa e que todo
o escrutínio continuaria a ser feito, todo o acompanhamento continuaria a ser feito. ----
----- Não queria iludir aquilo que o PSD focara e que tinha havido problemas. A
Câmara assumia uma política realista. O Vereador Duarte Cordeiro e o Vereador
Fernando Medina já reconheceram que se tinham registado alguns problemas em
matéria de recolha de lixo e já apresentaram medidas de articulação com as freguesias
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para procurar minorar esses problemas, apresentaram medidas para procurar resolver
definitivamente esses problemas. -----------------------------------------------------------------
----- Aquilo que em nome do Grupo Municipal do PS cumpria fazer era agradecer a
colaboração de todos os Presidentes de Junta, mas em especial os Presidentes de Junta
que integravam essa bancada. ---------------------------------------------------------------------
----- Os esclarecimentos pessoais poderiam ser dados pelo Presidente António Costa e
eventualmente pelo Vice-Presidente Fernando Medina, mas quanto à questão política
substantiva ficasse o PSD descansado. A Câmara Municipal de Lisboa tinha e teria
toda a legitimidade política para cumprir o seu programa e o Grupo Municipal do PS
estaria unido a ajudar a transformar a Cidade de Lisboa. -------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Ricardo Robles (BE) disse que o BE
considerava curiosa a proposta do PSD, sobretudo num momento em que saíam do
balanço eleitoral das Europeias, num momento em que tinham uma comunicação ao
País do Tribunal Constitucional do terceiro Orçamento ilegal apresentado pelo
Governo. O que o PSD tinha para apresentar era um entusiasmo sobre as lideranças do
Partido Socialista e o quanto importante isso era para a cidade, as guerrilhas internas
do PS. -------------------------------------------------------------------------------------------------
----- O PSD, com a sua acumulada experiência na Aliança Portugal, com o seu
conhecimento adquirido em Lisboa na aliança com o PS, era estranho e era
contraditório que viesse apelar a uma clarificação e a um impulso para que o
Presidente António Costa abandonasse a Presidência da Câmara nesse processo de
liderança do PS. -------------------------------------------------------------------------------------
----- Lisboa tinha várias situações que deviam ser discutidas. Lisboa estava a
atravessar um processo de candidatura aos transportes públicos e não havia nenhuma
ideia do PS sobre isso. Havia um processo de descentralização de freguesias que tinha
uma grande necessidade quanto a um balanço do que estava a ser feito, das
dificuldades que estavam a ser atravessadas, e não havia uma palavra do PSD sobre
isso. --------------------------------------------------------------------------------------------------
----- A recolha de resíduos em Lisboa estava a enfrentar grandes dificuldades e o que
o PSD em Lisboa tinha a presentar como declaração política era uma protocandidatura
do Presidente António Costa ao PS. --------------------------------------------------------------
----- O BE gostaria que essa ânsia de ver pelas costas o Presidente António Costa se
refletisse no posicionamento político e na discussão política do PSD na Assembleia
Municipal. Sabia-se que os consensos tinham sido sempre tão fáceis e tão alargados
por parte da força política que apresentava a moção nos grandes temas que marcaram
os mandatos de António Costa em Lisboa, como a reforma administrativa, os
instrumentos de gestão territorial ou a revisão do PDM. Todos os momentos
essenciais, como o negócio dos terrenos do aeroporto, todos os momentos que
marcavam o mandato de António Costa em Lisboa tinham o consenso do PSD, que
agora apresentava uma moção porque não queria o Presidente António Costa. -----------
----- O Senhor Deputado Municipal Sérgio Azevedo (PSD) disse que o PSD, ao
contrário do PCP ou do BE, tinha como dado adquirido e reconhecido o resultado das
últimas eleições autárquicas e tinha-se manifestado para, em conjunto com a Câmara
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Municipal naquilo que entendesse, procurar soluções para os problemas dos lisboetas.
O PSD não se envergonhava por isso, não fazia política só de apontar o dedo e
arranjar problemas e depois não procurar soluções. O PSD tinha essa posição, o que
não invalidava que não tivesse também a preocupação em relação à quebra do
contrato celebrado entre António Costa e os lisboetas, porque era uma matéria que
preocupava a cidade e os lisboetas, se tinham ou não uma liderança a prazo. -------------
----- Dirigindo-se ao Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro, disse que iria
utilizar uma expressão utilizada pelo Secretário-Geral do seu partido, pessoa que
estimava e a quem reconhecia importância no panorama político, que era mais ou
menos a seguinte: “o pudim só é bom depois de comê-lo”. No PSD não gostavam do
“pudim” e o PCP, nessa alternativa de esquerda que tanto defendia, seria tentado a
provar o “pudim”. Portanto, devia haver muita calma em relação a isso, porque da
parte do PSD não iriam provar o “pudim”, não gostavam de “pudim” e o PCP poderia
vir a ser tentado, mais tarde ou mais cedo, a “comer o pudim”. -----------------------------
----- Dirigindo-se ao Senhor Deputado Municipal Rui Paulo Figueiredo, disse que
agradecia as suas questões. Não sabia se o PS estava coeso e unido, era uma questão
que só interessaria ao PS. Não era isso que transparecia nalguns órgãos de
comunicação social, mas o Senhor Deputado Municipal lá saberia porque estava por
dentro. Não tinha notado muito entusiasmo na sua intervenção e noutros fóruns,
nomeadamente na Assembleia da República, tal como no seu caso, era um defensor da
transparência da atividade política e do cumprimento dos princípios que geriam a
confiança entre políticos e cidadãos. Por isso não tinha notado muito entusiasmo na
intervenção. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- O que gostava de perguntar ao PS era se independentemente das afirmações
feitas sobre a moção e as políticas da cidade, que o PS defendera e que o PSD
discordava manifestamente, se era ou não importante para os lisboetas e para o PS, o
partido mais votado na Cidade de Lisboa, transmitir aos lisboetas que a CML não
tinha uma liderança a prazo, que tinha um Executivo coeso, que estava tudo normal e
que António Costa era o Presidente, no futuro não se sabia, mas o Executivo estava
coeso. Só se pedia isso por uma questão de descanso e de transparência democrática. -
----- O PSD não atacava o Presidente António Costa, não atacava o Executivo, nem
sequer se queria imiscuir nas questões do PS. Só queria saber e dar tranquilidade aos
lisboetas e gostava muito que o PS acompanhasse no esclarecimento dessa
tranquilidade. ----------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Vice-Presidente da Câmara, Vereador Fernando Medina, disse que
queria dar uma palavra de reconhecimento ao PSD, sensibilizado pela preocupação do
PSD com o Presidente António Costa e com o PS na Câmara de Lisboa, mas também
dizer que não iria sem um reparo forte, porque o PSD tinha começado mal quando
surgiram as primeiras notícias sobre a vida interna do PS ao pedir eleições antecipadas
na Câmara. Tentava agora recuar, esconder um pouco a mão e fazer um caso em torno
da liderança do Doutor António Costa na Presidência da Câmara. --------------------------
----- A questão do Senhor Deputado Municipal do PSD não tinha relevância nem
oportunidade e era imiscuir-se na vida interna do PS, na forma como o partido se
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organizava. Não entraria nesse jogo, porque a questão era fora de tempo e nem sequer
havia eleições marcadas no PS, não havia eleições legislativas e por muito que
percebesse a descrença no atual Governo e na atual maioria, que já imaginava uma
situação de verdadeira incompatibilidade no futuro, a única que a Lei preveria, de um
Primeiro-Ministro não poder ser em simultâneo Presidente de Câmara. ------------------
----- O Senhor Deputado Municipal já tinha corrido esses caminhos todos, mas tinha
feito só por um motivo de jogo político, na tentativa de criar um jogo político que não
teria da parte da Câmara nenhuma resposta, a não ser que se pudesse denotar das suas
palavras alguma saudade por uma eventual saída do Presidente António Costa. Nesse
caso percebia bem, na base do que foram os mandatos de António Costa por
comparação com os mandatos anteriores e que houvesse uma preocupação
relativamente a isso. --------------------------------------------------------------------------------
----- A única questão que talvez valesse a pena responder era a questão de fundo
colocada, que era a questão da legitimidade do Executivo e das políticas. O Executivo
atualmente em funções não tinha só legitimidade, tinha muito mais do que isso, tinha
a obrigação de cumprir o seu programa e de cumprir o seu contrato com os eleitores.
Era isso que o Executivo do PS faria, sem mácula, exemplarmente, gerindo com rigor
e com prudência mas também com muita determinação o cumprimento do seu
programa eleitoral. Aí podia assegurar que seria muito diferente das últimas
experiências do PSD no governo da Câmara de Lisboa. --------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Sérgio Azevedo (PSD) disse que a ausência do
Senhor Presidente da Câmara e a presença do Senhor Vice-Presidente revestia de total
oportunidade as perguntas colocadas pelo PSD. -----------------------------------------------
----- A Senhora Presidente referiu que antes da sessão a Mesa perguntara ao Senhor
Deputado Municipal Sérgio Azevedo se queria que a moção fosse discutida na
próxima sessão, em que o Senhor Presidente estaria e que tinha um período antes da
ordem do dia para discussão de moções e recomendações. O Senhor Deputado
Municipal não fazia essa questão e, portanto, não havia nada de premeditado nessa
matéria. -----------------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Miguel Santos (PAN) disse que Lisboa era
cidade do futuro, Lisboa era cidade de progresso, Lisboa era cidade do bem de todos e
para todos.--------------------------------------------------------------------------------------------
----- Apesar desses atributos serem um desejo coletivo, não eram ainda sentidos pelos
lisboetas como uma realidade plena. De facto, Lisboa não era de todo uma cidade do
futuro, do progresso e do bem de todos e para todos. Pretendia ser mas ainda não era. --
----- Sob o pretexto mais ou menos sincero das liberdades individuais e da cultura,
Lisboa ainda guardava dentro de si práticas de barbárie e de tortura. A tauromaquia e
os circos com animais constituíam resquícios de épocas passadas, práticas anacrónicas
incompatíveis com uma capital europeia do século XXI, com uma cidade do futuro. ---
----- Em quase toda a Europa comunitária os divertimentos e espetáculos com recurso
ao ferimento de animais eram inexistentes pois foram banidos pelos governos
nacionais e municipais. Lisboa tinha perante si um desafio: avançar progressivamente
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livre de práticas obsoletas, de outros tempos, ou avançar para o futuro mas ficar com
um pé no passado, manchada de crueldade. ----------------------------------------------------
----- No famoso Tratado de Lisboa, uma espécie de constituição da UE, no seu artigo
13, reconhecia-se a senciência dos animais, ou seja, a sua capacidade para sentir dor,
prazer e felicidade. No mesmo artigo 13, estabelecia-se uma exceção para países em
que os maus tratos aos animais fossem uma “tradição cultural”, ou seja, admitia-se
que os humanos desses países não eram suficientemente sensíveis para reconhecer a
senciência animal. O PAN rejeitava liminarmente essa exceção, propunha que tão
breve quanto possível, a Assembleia da República a rejeitasse, pois considerava-a um
insulto à sensibilidade do povo português no seu conjunto. Essa era a exceção usada
para enquadrar todas as leis portuguesas que regulavam todas as formas de tortura dos
animais. -----------------------------------------------------------------------------------------------
----- Perguntou o que diriam aos turistas que visitavam Lisboa, se o escorrer do
sangue do touro era cultura, se era essa a cultura de Lisboa que se queria mostrar. ------
----- O que diriam aos lisboetas, sobretudo aos mais novos, que o touro não sentia dor
e angústia, que o sofrimento do animal justificava-se porque fazia parte das liberdades
individuais, que podia a liberdade ser invocada para justificar o sofrimento, que podia
a cultura ser respeitada pelo sangue derramado. Perguntou se era essa a Lisboa que
queriam agora e no futuro. -------------------------------------------------------------------------
----- Viviam-se tempos em que as questões da senciência já foram resolvidas pela
Ciência e mereceram inclusivamente uma Declaração Internacional de cientistas,
conhecida como “Declaração de Cambridge” onde figuras de muitas áreas, tão
conhecidos como Stephen Hawking, declararam a senciência animal como assunto já
não contestável. -------------------------------------------------------------------------------------
----- O PAN considerava que a existência da tauromaquia era não só um atentado à
dignidade e bem-estar de seres sencientes, como também constituía uma mancha de
crueldade na imagem da cidade. Lisboa, em nada ficava dignificada em ser a primeira
praça de touros do País. Isso não era orgulho, era vergonha. O PAN queria uma
Lisboa sem crueldade de espécie alguma, uma cidade com lugar para todos, onde cada
um pudesse ser dono do seu próprio destino. ---------------------------------------------------
----- Já em 1836 D. Maria II assinara o decreto real onde se podia ler: ---------------------
“Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de
Nações civilizadas, bem assim que semelhantes espetáculos servem unicamente para
habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas
que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei
por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas
de touros.”--------------------------------------------------------------------------------------------
----- Assim tinha dito D. Maria, assim o decretara e assim muito brevemente
decretasse também a Câmara e o País, pelo bem de tudo e de todos. -----------------------
----- Seriam distribuídos anexos, um sobre o artigo 13 do Tratado de Lisboa, outro
sobre a Declaração de Cambridge sobre a consciência e finalmente, para terem um
pouco a ideia do que se passava realmente nos bastidores da tauromaquia, um texto do
seu amigo e emérito veterinário Vasco Reis. ---------------------------------------------------
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----- O Senhor Deputado Municipal Ricardo Robles (BE) disse que a
recomendação do BE sobre o modelo dos transportes públicos em Lisboa versava
particularmente sobre dois aspetos: um sobre a necessidade de envolver outros
municípios na gestão desse processo e outro sobre a Linha de Cascais. --------------------
----- Sabia-se que o processo estava a ser avaliado na Secretaria de Estado dos
Transportes, sabia-se que a proposta fora entregue pelo Senhor Presidente da Câmara,
sabia-se muito pouco sobre o conteúdo dessa proposta e gostaria de saber bastante
mais. Sabia-se que existiam nove candidatos privados e um público, sendo esse a
Autarquia de Lisboa. Não conhecendo os termos particulares dessa proposta, o BE
avançava com a recomendação. ------------------------------------------------------------------
----- O BE entendia que a CML devia ser um polo concentrador da gestão dos
operadores e estava plenamente de acordo com os princípios manifestados pelo
Executivo sobre a proposta que seria apresentada, mas havia uma necessidade grande
de envolver os outros municípios em que os operadores, embora numa ínfima parte,
também operavam nesse território, em particular Loures, Odivelas, Amadora e Oeiras.
Existia uma necessidade de tentar que o Governo, na sua análise de propostas, não se
agarrasse ao argumento formal da especialidade territorial e de chumbar a proposta do
Executivo por essa razão. --------------------------------------------------------------------------
----- Sobre a Linha de Cascais, era uma linha de grande importância para o Município
de Lisboa e servia os municípios de Oeiras e Cascais, transportando anualmente 28
milhões de passageiros. A questão da mobilidade em Lisboa tinha que ter em conta
essa linha e esse operador. -------------------------------------------------------------------------
----- Havia uma necessidade de modernização do material circulante e da própria
linha. O Estado tinha uma empresa, a EMEF, com grande capacidade, grande
conhecimento acumulado nessa área, uma empresa lucrativa que também estava na
lista negra do Governo para as privatizações. Era uma oportunidade fazer-se um
investimento naquela linha e utilizar o conhecimento da própria EMEF nessa
operação, um investimento que tinha necessariamente uma desmultiplicação na
criação de emprego. Defender a Linha de Cascais era também defender um serviço
público de grande importância para a zona da Área Metropolitana de Lisboa e para o
próprio direito à mobilidade. ----------------------------------------------------------------------
----- Disse que havia uma proposta de adenda do Grupo Municipal dos Independentes.
Iria redigi-la melhor e entregá-la na Mesa. Era uma questão que especificava melhor a
forma de englobar e envolver os outros municípios vizinhos ao Município de Lisboa. --
----- O Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro (PCP) disse que se tinha
visto na sessão anterior sobre transportes o entusiasmo da empresa Barraqueiro.
Trazia os números de como tinha engordado à custa da privatização da Rodoviária
Nacional e de outras estruturas de transportes públicos que tinham sido nacionalizadas
com o 25 de Abril. Vira-se a ligação estreita já da Barraqueiro com a própria Câmara
Municipal, na pessoa do seu representante nesse debate. -------------------------------------
----- O PCP estranhava esse afã da parte do BE quanto à passagem da Carris e do
Metro para a Câmara Municipal e com o acrescento da Linha de Cascais já também
para a Câmara, criando clima para a privatização que passaria pela concessão
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municipal, se passasse, mas o destino final de tudo isso seria, se os governos
pudessem, o atual ou outro, e se a Câmara pudesse, seria a privatização dos
transportes que serviam a Área Metropolitana de Lisboa e que deviam servir melhor a
Área Metropolitana de Lisboa no seu sistema imenso de deslocação dos trabalhadores,
das populações que estavam cada vez mais cercadas onde viviam e onde trabalhavam. -
----- Era essa a preocupação do PCP com a criação de melhores transportes públicos,
melhor resposta pública do Governo, das empresas, em ligação com os municípios e
com uma Autoridade Metropolitana de Transportes que fosse independente, eficaz na
defesa daquilo que devia ser a estratégia e a prática dos transportes na Área
Metropolitana. ---------------------------------------------------------------------------------------
----- O BE, com essa proposta, com mais esse documento, ia ajudar ao contrário, ia
ajudar um final infeliz para todos aqueles que se deslocavam na cidade e que já
perdiam horas e horas da sua vida nos transportes. --------------------------------------------
----- Por isso, o PCP pedia a votação em separado das duas alíneas. Iria abster-se na
alínea a), tal como já fizera na Câmara e na Assembleia Municipal nessa matéria, e
iria votar claramente contra a alínea b), que a partir do BE iria ser incluída nessa
situação de concessão e passagem para privatização. -----------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal João Pinheiro (PS) disse que tinha uma
pergunta dirigida ao Senhor Deputado Municipal Ricardo Robles, não deixando de
assinalar que o BE colocava com alguma insistência esse tipo de questões sobre o
processo de privatização. --------------------------------------------------------------------------
----- Já tinha sido esclarecido na Assembleia Municipal por parte do Senhor
Presidente da Câmara que decorria um diálogo com o Governo, atualmente titular das
operações de transporte coletivo em Lisboa, responsável pelas empresas titulares.
Também tinha sido dito que nesse processo os contactos eram permanentes e
sigilosos, não havendo ainda quaisquer conclusões. -------------------------------------------
----- A propósito do contributo que a Assembleia Municipal no seu todo tentava dar
para essa matéria, decorria um debate da especialidade e para quem pudera estar
presente na última sessão era percetível a multiplicidade de ideias e de variantes, quer
quanto à titularidade da exploração, quer quanto ao financiamento. Também era
percetível a multiplicidade de modelos que existiam noutros países da Europa e a
inexistência de uma orientação definida, aí regia o princípio da neutralidade, da
Comissão Europeia relativamente à exploração das redes de transportes. -----------------
----- No fundo, toda essa indefinição recomendava que essa matéria continuasse a ser
discutida e o conhecimento sobre essa matéria a ser aprofundado também com esses
debates. Quando existissem dados concretos e posições assumidas, aí sim formular
conclusões, tomar posições políticas no diálogo que se pudesse estabelecer. -------------
----- Em redor da complexidade que já existia sobre a concessão da Carris e do Metro
somar nova complexidade especulativa sobre eventuais concessões da linha
ferroviária de Cascais e sobre isso pretender impor uma tomada de posição que tinha
que ser especulativa, porque não havia dados, não tinha sequer havido auscultação de
outros municípios, estavam a partir da Assembleia Municipal de Lisboa a desenhar
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cenários eventualmente um pouco inconscientes, por falta de diálogo com outros
responsáveis de outros municípios e de informação sobre as suas necessidades. ---------
----- Com toda essa complexidade e com toda essa falta de informação não havia
razão que não fosse votar contra a recomendação do BE, salientando no entanto que
existia toda a disponibilidade para continuar o debate que se estava a realizar na
Assembleia Municipal e depois também em sede de comissão especializada tomar
uma posição com os restantes partidos.----------------------------------------------------------
----- O PS não tinha posições fechadas sobre essa matéria e com certeza que estaria
disponível para promover a melhor solução para o interesse da cidade e dos utentes,
mas antecipar tomadas de posição não fundamentadas, para isso o PS não estava
disponível e por isso declarava a intenção de voto contra. -----------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Fernando Nunes da Silva (IND) disse que de
facto a Língua Portuguesa era bastante traiçoeira. Os Deputados Municipais
Independentes, eleitos sob a sigla “Cidadãos Por Lisboa” tinham uma leitura diferente
do colega João Pinheiro. ---------------------------------------------------------------------------
----- Aquilo que se estava a propor, e não queria deixar de agradecer a disponibilidade
do BE para aceitar a proposta, era de que a questão do planeamento, gestão e
eventuais concessões dos transportes da Área Metropolitana de Lisboa fosse discutida
no seio da Junta Metropolitana de Lisboa, Conselho Metropolitano de Lisboa, porque
era aí que elas deviam ser discutidas e não deixar que as tentativas expressas nos
debates, de que a Autoridade Metropolitana de Transportes, que de autoridade só tinha
o nome, viesse a ser ela a protagonista da discussão desses problemas. Essa questão
era absolutamente essencial. ----------------------------------------------------------------------
----- Outra questão era que em relação à concessão do Metropolitano de Lisboa, a
Câmara Municipal procurasse junto de outras câmaras servidas diretamente por esse
transporte algum diálogo, porque seria essencial no caso da Câmara avançar de facto
para a operação do Metropolitano de Lisboa. Recordava que um dos principais
problemas de gestão no momento do Metropolitano de Lisboa tinha exatamente a ver
com as expansões que foram feitas para a periferia e com algumas das expansões que
estavam a ser anunciadas. Só num espírito extremamente sereno mas muito aberto em
relação aos dois municípios mais diretamente envolvidos, Amadora e Odivelas, seria
possível encontrar uma solução que permitisse à CML avançar em relação ao
Metropolitano. ---------------------------------------------------------------------------------------
----- Em relação à Linha de Cascais, o problema tinha-se levantado por parte da
Câmara Municipal de Cascais num debate recente sobre mobilidade em áreas
metropolitanas realizado no Concelho de Cascais, em que o Presidente da Câmara de
Cascais avançara com o facto de que era importante os três municípios servidos por
essa linha acertarem posições no sentido de acautelarem a forma como a privatização
da exploração viesse a acontecer, ou, pelo contrário, vissem da possibilidade de eles
próprios com alguma posição acerca disso. -----------------------------------------------------
----- Parecia-lhe que era isso que estava escrito na proposta e sobretudo na redação
que entretanto fora acordada com o BE. Perante isso, não via problemas relativamente
ao que estava a ser proposto e não colidia em nada com aquilo que o Senhor Deputado
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Municipal João Pinheiro acabara por dizer e que subscrevia inteiramente. Havia todo
um trabalho de discussão que estava a ser feito, havia um problema de umas
negociações que estavam a decorrer e que, antes de serem concluídas, certamente
deveria ser dado conhecimento à Câmara, à Assembleia Municipal e sobretudo à
comissão especializada da Assembleia Municipal. --------------------------------------------
----- Enquanto Presidente dessa comissão, gostaria de poder ter mais informação para
transmitir aos colegas Deputados Municipais do decorrer da própria negociação, mas
cada um escolhia a forma como trabalhava e não lhe competia a si estar a dizer ao
Senhor Presidente da Câmara como devia trabalhar e relacionar-se com a Assembleia
Municipal. Cada um tinha a sua posição acerca disso, mas estava perfeitamente seguro
que antes de se fechar o processo, tanto a Câmara como a Assembleia teriam uma
palavra a dizer sobre isso, aliás obrigatoriamente, de acordo com as próprias
atribuições e competências dos respetivos órgãos. ---------------------------------------------
----- Havia uma coisa que continuava sem entender, que certamente seria por falha
sua. Não percebia por que razão a Câmara Municipal do Barreiro tinha direito a ter
transportes municipais, que aliás serviam dois municípios vizinhos. Como tinha sido
claro na exposição feita pelo Vereador que tinha responsabilidades na gestão desses
transportes, servia muito bem a população dessas zonas. Perguntou por que razão a
Câmara Municipal de Lisboa não podia ter o mesmo direito a gerir os transportes
coletivos, se seria apenas por uma questão de pertença de forças políticas no executivo
municipal, ou se isso teria de facto a ver com outro tipo de posições que seriam
difíceis de entender para o comum dos mortais. -----------------------------------------------
----- Nos municípios do sul do Tejo, como a Câmara de Almada também reivindicara
em relação ao MST e a Câmara do Barreiro praticava, servindo os municípios do
Seixal a da Moita, os transportes deviam ser municipais, mas no caso da Cidade de
Lisboa a Carris não podia ser municipal. --------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Ricardo Robles (BE) disse que via o Senhor
Deputado Municipal João Pinheiro indignar-se com a insistência do BE e com a
inconsciência da abordagem à questão dos transportes. ---------------------------------------
----- Sobre a insistência, dizer que não era só do BE. A Assembleia Municipal estava a
insistir nesse tema com um ciclo de debates e ainda bem que o estava a fazer, porque
esse era o tema central da Cidade de Lisboa no momento e de grande importância para
os lisboetas. Pelos vistos todos os grupos municipais insistiam nisso e, portanto, não
estranhassem a insistência do BE, que queria fazer esse debate o mais
aprofundadamente possível e dar todos os contributos possíveis. ---------------------------
----- Sobre a inconsciência, o BE tinha um programa com o qual se candidatara às
eleições autárquicas e com o qual foram eleitos, nesse programa estava uma posição
sobre os transportes públicos e sobre a sua gestão. Era a defesa desse programa que
trazia à Assembleia. Não era de uma forma inconsciente, era de uma forma
sustentada. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- Se a Carris e o Metro estavam no momento em discussão e se a Linha de Cascais
também estava em cima da mesa, na Assembleia Municipal, representando quem os
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elegera sob um determinado programa, insistia-se não inconscientemente mas com a
consciência e o suporte desse programa eleitoral sobre as posições e os princípios. -----
----- Quanto ao Senhor Deputado Municipal Modesto Navarro, não valia a pena ler na
recomendação do BE o que não estava lá. O que lá estava era uma defesa do serviço
público e não uma defesa da privatização e o PCP, com a sua longa história e a sua
experiência de gestão autárquica, sabia que quem estava perto das pessoas podia fazer
uma gestão mais justa, mais equitativa e mais próxima dos seus interesses. Era
referido o exemplo do Barreiro e, portanto, era possível fazer uma gestão municipal
dos serviços de transportes de uma forma mais equilibrada e mais próxima das
populações. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- Gostava que o PCP partilhasse com o BE o facto do serviço desses transportes
públicos estar na posse do Estado não ser uma salvaguarda do serviço público, pelo
contrário. Havia um concurso aberto, com nove privados a salivar pelos lucros
operacionais dessas empresas e o que o BE estava a defender era que a CML
garantisse a sua posição nesse concurso, que ganhasse esse concurso e fizesse uma
gestão a defender a mobilidade e o direito aos transportes públicos em Lisboa. ----------
----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira (PEV) disse que «Os
Verdes» levavam à sessão de declarações políticas, o tema do amianto. ------------------
----- O amianto era, como sabiam, uma substância altamente perigosa para a saúde
pública, tóxica e cancerígena. A sua perigosidade estava mais do que provada por
sucessivos estudos e investigações, não havendo já quaisquer dúvidas sobre esse
facto. --------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Essa substância fora utilizada na construção de muitas escolas, teatros, hospitais,
pavilhões desportivos e também no fabrico de tubos e canalizações, como componente
para isolamentos térmicos ou elétricos e como material de construção, devido à sua
grande durabilidade e baixo custo. ---------------------------------------------------------------
----- Em Portugal e na Europa, a partir dos anos 80 começaram a ser introduzidas
algumas restrições à comercialização e utilização de amianto, até ser totalmente
proibido em 2005.-----------------------------------------------------------------------------------
----- Em Portugal, a utilização de amianto em materiais de construção estava proibida
desde 1994, mas apesar de haver essa proibição mantinha-se um problema relacionado
com o que fazer quanto aos edifícios, instalações e equipamentos construídos que
continham amianto, que era permitido na data da sua construção, uma vez que as
fibras de amianto constituíam perigo para a saúde pública. ----------------------------------
----- Tendo presente esse problema, o Partido Ecologista «Os Verdes» tinha vindo a
travar uma longa batalha, tendo apresentado em 2003 na Assembleia da República
uma resolução que solicitava ao Governo a realização de uma listagem de todas as
edificações públicas que continham amianto na sua construção, para que
posteriormente se procedesse ao seu tratamento. ----------------------------------------------
----- Essa resolução fora aprovada mas nunca cumprida. Assim, em 2010 «Os Verdes»
apresentaram um Projeto de Lei que dera depois origem à Lei n.º 2/2011, de 9 de
Fevereiro, que proibia a utilização de amianto em novas construções e que obrigava o
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Governo a fazer uma listagem dos edifícios públicos que continham amianto, bem
como um plano para sua remoção. --------------------------------------------------------------
----- Assim, no momento existia legislação que proibia a utilização de amianto e que
obrigava a uma inventariação dos edifícios públicos com essa substância, e ainda que
pressupunha que se procedesse à sua remoção, dentro das devidas condições de
segurança, quando o seu estado de conservação e risco para a saúde assim o
justificasse. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- No entanto, durante muitos anos esse problema ia sendo adiado e agravado,
sendo marcado por uma completa inércia, irresponsabilidade e insensibilidade por
parte dos sucessivos governos. --------------------------------------------------------------------
----- Estimava-se que Portugal tinha cerca de 4 mil edifícios públicos, como escolas,
hospitais, pavilhões desportivos, bibliotecas, teatros ou museus, onde trabalhavam ou
acorriam diariamente milhares de pessoas, de todas as faixas etárias. ----------------------
----- Em Março de 2013 o Ministério da Educação e Ciência divulgara a lista das 52
escolas onde seriam removidas com urgência as coberturas de fibrocimento mas,
tendo em conta todos os riscos para a saúde pública e para o ambiente, essa medida
era manifestamente insuficiente, com a agravante de não estar a ser rigorosamente
cumprida. ---------------------------------------------------------------------------------------------
----- Era de salientar que na maioria dos países da União Europeia, designadamente
em Itália, na Bélgica, em França, no Reino Unido, na Alemanha e mais recentemente
em Espanha, tinha vindo a ser aplicado o princípio da precaução, proibindo o uso do
amianto e procedendo à sua gradual substituição com o objetivo de reduzir riscos. ------
----- Na perspetiva de «Os Verdes» esse grave problema não podia continuar a ser
ignorado ou secundarizado, nem ficar apenas no plano das intenções, razão pela qual
exigia medidas sérias e urgentes. -----------------------------------------------------------------
----- O País enfrentava muitos problemas sociais, económicos e ambientais. Resolver
esse problema de saúde pública era urgente e a sua resolução não podia estar
dependente de vontades ou disponibilidades de quem governava. Estavam a falar da
vida e da saúde das pessoas e isso não tinha preço. --------------------------------------------
----- Era verdade que essa era uma responsabilidade do Governo, mas a Câmara
Municipal de Lisboa não podia nem devia ficar indiferente a essa situação e devia
exigir uma rápida intervenção nos edifícios municipais que contivessem amianto. ------
----- Os princípios da prevenção e da precaução deviam ser concretizados e devia
haver uma política séria e responsável que implementasse esses princípios,
procurando uma solução concreta para esse grave problema. -------------------------------
----- Era, pois, indo ao encontro desse objetivo que propunha que a Câmara Municipal
de Lisboa procedesse, com carácter de urgência, ao levantamento dos edifícios,
instalações e equipamentos municipais que continham amianto e divulgasse a listagem
desses edifícios, e ainda que diligenciasse no sentido de se proceder a uma correta
remoção do amianto e ao seu correto acondicionamento, transporte e deposição dos
materiais de fibrocimento retirados, de acordo com as normas de segurança ambiental,
salvaguardando-se a proteção dos trabalhadores. ----------------------------------------------
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----- O Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos (PCP) disse que o PCP
dava o seu apoio a esse tema e a essa moção, mas com um esclarecimento
complementar, porque a questão do amianto não era só uma questão de saúde pública,
era também uma questão de saúde ocupacional particularmente ligada aos
trabalhadores que trabalhavam diretamente com amianto e particularmente os que
retiravam o amianto. --------------------------------------------------------------------------------
----- Esse era um tema dos mais perigosos. O perigo de remoção era muito agravado
em relação ao perigo de exposição pública e por isso exigia empresas especializadas e
condições muito particulares, porque a exposição ao amianto era sem retorno. A
inalação das partículas e a sua fixação no pulmão era definitiva, sendo que as
partículas tinham um efeito prolongado muito para além da exposição aguda. Podiam
ter uma atividade entre 10 a 20 anos depois de terem sido inaladas. ------------------------
----- Outra questão importante era dizer “cuidado com o andor”, porque o Ministério
da Educação tinha feito demolições e retirada do amianto com as escolas a funcionar,
quando havia algumas partículas potencialmente dispersas passara a haver uma nuvem
de partículas e as crianças presentes. -------------------------------------------------------------
----- A remoção era um ato perigosíssimo e era preciso que a Câmara verificasse quais
eram os sítios degradados. Enquanto o amianto estivesse num material de construção
em bom estado estava quieto e o risco era menor, mas remoção tinha que ser planeada
e cientificamente controlada, os trabalhadores que a fizessem tinham que estar
protegidos. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- No ano corrente registaram-se mais 30 mesoteliomas e quase 60 asbestoses, dois
nomes esquisitos. Um era um cancro específico da exposição ao amianto, a outra era
uma doença profissional progressiva, imunológica e que levava a uma diminuição da
capacidade respiratória e à morte de quem o tinha. -------------------------------------------
----- Quase todos eram trabalhadores ou ex-trabalhadores que estiveram expostos ao
amianto. ----------------------------------------------------------------------------------------------
----- A Senhora Deputada Municipal Rita Neves (PS) começou por cumprimentar a
Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira pela introdução do tema amianto. Não
era a primeira vez que “Os Verdes” o faziam e era sem dúvida oportuno, dada a
perigosidade que o amianto encerrava. ----------------------------------------------------------
----- Não tinha nenhuma questão, porque considerava ser uma moção perfeitamente
oportuna. Queria apenas dizer que o PS acompanhava as preocupações no sentido da
inventariação dos imóveis ou dos equipamentos que tivessem esse composto
construtivo na sua estrutura e na sua remoção. Acima de tudo tinham que
compreender que uma das obrigações de qualquer agente político era garantir a
qualidade, a saúde e as boas condições dos espaços. ------------------------------------------
----- Também a propósito do tema amianto e da intervenção do Senhor Deputado
Municipal Silva Santos, era muito pertinente a introdução do terceiro ponto, a
remoção progressiva, porque na verdade todos sabiam que a remoção do amianto era
muito mais perigosa do que a instalação do fibrocimento, estando ele em boas
condições. --------------------------------------------------------------------------------------------
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----- Daí que a inventariação fosse tão relevante, para saber onde ele estava mas acima
de tudo para saber como ele estava. --------------------------------------------------------------
----- O Senhor Vereador Jorge Máximo disse que a Câmara Municipal acolhia com
naturalidade a recomendação. Já tinha feito um despacho alguns meses antes a pedir
esse levantamento, em linha com algumas orientações que já tinham sido discutidas
na Assembleia Municipal. Esse levantamento estava a ser feito, dos edifícios
municipais com cobertura de fibrocimento. -----------------------------------------------------
----- A recomendação que tinha sido feita era demasiado abrangente, contextualizava
mais o território nacional como um todo e não especificava o caso de Lisboa. No seu
caso restringia-se à esfera das suas competências, o Município de Lisboa. ----------------
----- Do conhecimento que tinha, apesar da identificação feita pelo Governo, não
existia nenhum plano de financiamento a programas de remoção de fibrocimento, o
que era limitativo, porque limitava a capacidade de resposta mais célere nessa
substituição. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- Disse que, tanto no programa Escola Nova como no programa de reabilitação do
PIPARU, todos os projetos de execução salvaguardaram essa matéria, o que lhe
parecia bastante importante era uma responsabilidade que o Município tivera que
assumir. Havia um único caso em que isso não tinha sido na altura identificado como
relevante e entretanto tinham acontecido alterações climatéricas que obrigariam a uma
nova intervenção, aproveitando-se para salvaguardar essa situação. ------------------------
----- Também tinha pedido aos serviços para testarem o grau de severidade em cada
um dos edifícios que estivessem identificados, porque havia situações que eram
apenas pequenas partes e noutras situações, que presumia serem a grande maioria, em
que o amianto estava bem acondicionado, sem risco. -----------------------------------------
----- Sobre a questão da remoção, era preciso salvaguardar que essas intervenções
eram feitas num quadro de acompanhamento estrito do ACT, a autoridade que tinha a
tutela e a responsabilidade para acompanhamento desse processo. As orientações que
tinha dado aos serviços do Município eram de que nenhuma delas poderia ser
executada sem a estrita autorização e acompanhamento. -------------------------------------
----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira (PEV) começou por
agradecer as intervenções do Senhor Deputado Municipal do PCP, da Senhora
Deputada Municipal do PS e do Senhor Vereador. Agradecia também os
complementos feitos à recomendação e o facto de acolherem as preocupações,
votando favoravelmente. Gostaria que não fosse só aprovada e que depois fosse
efetivamente concretizada. ------------------------------------------------------------------------
----- Sobre a questão das remoções, reforçar a preocupação. “Os Verdes” tinham sido
muito críticos em relação a todo o processo e toda a inércia que tinha marcado o
problema do amianto a nível nacional. Esperava que começasse a ser feita alguma
coisa e nas devidas condições de segurança. O que se pretendia era que fosse
cumprida a Lei que estava aprovada. ------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos (PCP) apresentou uma
declaração política sob o tema “Combater a crise promover a saúde”. ---------------------
22
----- Disse que a atual crise económica radicava numa crise mais geral do capitalismo
e era na verdade mais uma das suas crises próprias, de sobreprodução, crematística
que arrastava consigo um largo e profundo espectro de miséria para os trabalhadores e
ex-trabalhadores com enriquecimento dos mais ricos e a supremacia do capital
financeiro predador. --------------------------------------------------------------------------------
----- Na versão nacional a troika lusa seguidista e sem ideias próprias tinha aplicado as
receitas económicas e sociais prescritas pelo capital internacional e nacional. Fazia-o
despudoradamente convicta de que não seria julgada e de que as malfeitorias não
seriam percetíveis pelo povo. Na verdade estavam num momento crítico em que o
governo e os partidos apoiantes, PSD/CDS, estavam derrotados, com a mais baixa
base de apoio como o comprovavam os resultados das eleições europeias. O atual
governo de direita era diariamente fustigado pelas lutas reivindicativas em todos os
setores exigindo a sua demissão por uma nova política ao serviço dos produtores
incluindo a sua saúde. Bem podiam assobiar para o lado com a confusão na casa do
vizinho PS onde os conflitos pessoais pouco edificantes nada de novo trariam para a
cena política portuguesa. Os estilhaços para a Câmara Municipal eram previsíveis.
Mais cantiga e pouca obra. Parafraseando um político da praça «é preciso é arranjar as
ruas e passeios e limpar o lixo da cidade». ------------------------------------------------------
----- No vendaval de malefícios das políticas das troikas deviam inscrever as questões
da vida e da saúde das populações. Os cientistas sociais eram cada vez mais
afirmativos e enunciavam de forma fundamentada as consequências na morbilidade e
mortalidade associadas aos factos da exploração e a pobreza agravadas pelas políticas
neoliberais. O aumento gritante do suicídio era um dos indicadores mais dramáticos
da falta de meios para sobreviver devido ao desemprego ou muito baixos salários ou
ausência de pensão ou subsídio social. Os problemas de saúde mental eram quase
generalizados e radicavam essencialmente nas condições de trabalho cada vez mais
degradadas e particularmente nas relações de trabalho cada vez mais precárias. ---------
----- O número de anos com qualidade perdidos atingia muitos milhões e as doenças
crónicas e as suas agudizações cresciam imparavelmente quando simultaneamente a
acessibilidade aos serviços de saúde públicos diminuía. --------------------------------------
----- Era altura e tempo certo de lançar um libelo acusatório às políticas de direita e
aos executantes: “Vocês estão a atentar contra a vida dos portugueses e em particular
dos cidadãos de Lisboa. Vocês são os promotores de doença e mal-estar entre os
povos de Lisboa e do País. Vocês estão a hipotecar o futuro das novas gerações de
Lisboa e de Portugal inviabilizando a renovação de gerações. Vocês estão a condenar
à miséria os portugueses e a nação.” -------------------------------------------------------------
----- O cinismo e a hipocrisia eram as únicas respostas dos arautos de que não havia
outra saída, de que tinham de se submeter sem reação, de que tinham de vender a
autonomia e independência. Não era verdade e o povo mediaticamente cercado e
manipulado mostrava sinais claros de que não queria ir por aí. ------------------------------
----- Na Câmara de Lisboa ia um terramoto de mal-estar mental físico e psicológico,
entre os trabalhadores, resultante das mudanças organizacionais compulsivas mas não
23
só. A organização e o funcionamento dos serviços autárquicos estavam doentes
somando à doença societal em curso provocada pelas políticas governamentais. ---------
----- A direita estava em perda e era tempo de avançar para a sua completa derrota.
Não importava que alguns quisessem disfarçar em guerras de umbigos. -------------------
----- O PCP apresentava uma moção e uma recomendação à Câmara nesse contexto. ---
----- Lembrava que na moção o PCP dava como exemplo de carga ou fardo se doença,
e era importante que todos os Deputados Municipais se interessassem por ela mesmo
não sendo profissionais de saúde: maior carga de doenças respiratórias ou
cardiovasculares e episódios agudos de intercâmbio, comprovado; maior
sobrexposição ao alcoolismo, às toxicomanias e à sida, comprovado; mais dietas
alimentares com subnutrição e, contraditoriamente, com obesidade, comprovado;
maior risco de doenças infecto-contagiosas, comprovado; menor resistência aos
extremos meteorológicos, comprovado; agravamento das condições de trabalho e das
doenças e mau estar relacionados com trabalho, comprovado; isolamento social e
suicídio, comprovado; menor recurso a serviços de saúde e a medicamentos em
contradição com o aumento da necessidade, comprovado; agravamento da saúde
mental. ------------------------------------------------------------------------------------------------
----- A isso acrescentava claramente a questão crítica do Município de Lisboa e por
isso o PCP fazia uma recomendação à Câmara. Eram os novos fatores de risco
psicossociais e a questão da saúde mental. Lembrar que atualmente corria uma
epidemia sobre ansiedade, depressão e burnout na Câmara Municipal de Lisboa. Por
isso se recomendava que os serviços de saúde ocupacional, ou saúde e segurança no
trabalho da Câmara, apresentassem na Assembleia Municipal, até ao final do ano, um
relatório preciso e fundamentado do levantamento dos fatores de risco psicossociais
na Câmara, acompanhando o processo geral do País, tendo começado em maio o ano
dos fatores de risco psicossociais ligados ao trabalho. ----------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal José Franco (IND) disse que o grupo eleito sob
a designação “Cidadãos Por Lisboa” estava alinhado com as preocupações acabadas
de exprimir pelo Grupo Municipal do PCP no que tocava aos riscos de deterioração
em termos de saúde e de bem-estar dos trabalhadores e do povo em geral, fruto da
situação social e política que assolava o País e das políticas que em todos os domínios
que estavam identificados tinham vido a agravar a situação de vida dos cidadãos do
País, dos trabalhadores e dos munícipes de Lisboa inevitavelmente. -----------------------
----- Nesse sentido, iriam votar favoravelmente a moção sem qualquer dúvida. ----------
----- Relativamente à Recomendação número três, apresentada em conjunto, oferecia
apresentar algumas questões que gostaria de ver mais esclarecidas pelo grupo
municipal proponente. ------------------------------------------------------------------------------
----- Havia alguma terminologia técnica que o Senhor Deputado Municipal do PCP,
que era profissionalmente médico, podia dominar de forma mais completa. Os riscos
psicossociais estavam identificados e prendiam-se no essencial com as causas gerais
que afetavam a população e os trabalhadores do País e por conseguinte também do
Município. De uma forma muito de passagem pelos considerandos, havia alusões a
alguma instabilidade acrescida por parte dos trabalhadores do Município, que, tanto
24
quanto entendia, poderia estar relacionada com as mudanças que estavam em curso no
interior da organização do Município entendido no seu todo, o conjunto constituído
pela Câmara Municipal, pela Assembleia Municipal e pelas 24 Freguesias do espaço
do Concelho de Lisboa. ----------------------------------------------------------------------------
----- Quanto a isso, não estava provado que a mudança em curso e diria mesmo que
qualquer mudança que se fizesse na organização dos serviços e da própria organização
territorial das autarquias, que essas mudanças não tivessem consequências ao nível do
mal-estar. Todos sabiam que a mudança, na medida em que perturbava rotinas e
hábitos adquiridos, causava sempre algum mal-estar, que não era sinónimo de
opressão e muito menos de perseguição ou de grandes malfeitorias contra os
trabalhadores e os munícipes envolvidos. Tinham que entender esses mal-estar e os
responsáveis pela mudança tinham que proceder de forma inteligente, de forma séria,
no sentido de minorar as consequências pontualmente negativas para os trabalhadores
envolvidos nessa mudança. ------------------------------------------------------------------------
----- Relativamente à transferência de competências da Câmara Municipal para as
Juntas de Freguesia, o grupo de Deputados Municipais Independentes, a que o PS
também já dera a sua concordância, insistia no pedido de conhecer por parte da
Vereação de forma mais transparente e completa como era que essa transferência
estava a acontecer e os seus impactos ao nível dos trabalhadores, ao nível da
organização das autarquias. Não estavam satisfeitos com a insuficiência das respostas
àquilo que se pedia e perguntava, mas não era por estarem insatisfeitos com essa
pouca informação que estariam disponíveis para dramatizar de forma
desproporcionada as considerações em torno dos riscos psicossociais. --------------------
----- Estava de acordo que os riscos existiam de forma geral, que também existiam nos
trabalhadores do Município e também podiam existir nos trabalhadores das
Freguesias, de quem ninguém falava e que gostaria de falar, os trabalhadores ao
serviço das autarquias de base territorial mais baixa, fossem aqueles que eram
transferidos da Câmara para as Freguesias, fossem os que já no antecedente estavam
ao serviço das Freguesias, havia que acautelar que toda essa mudança se procedesse
de forma equilibrada, de forma respeitadora dos direitos e das garantias dos
trabalhadores envolvidos. --------------------------------------------------------------------------
----- Em conclusão, reservavam a votação em relação à Recomendação número três.
Não era da praxe votar sobre os considerandos, mas propunha com toda a amizade ao
Grupo Municipal do PCP se estaria disposto a acrescentar na parte conclusiva, onde se
falava nos riscos existentes no Município, uma referência às Freguesias. Essa seria
uma situação aceitável e desejável, porque o que estava em causa era realmente a
saúde e o bem-estar dos trabalhadores, fossem os que estavam ao serviço do
Município, fossem os que deixavam de estar no Município para estarem nas
Freguesias, fossem aqueles que já estavam nas Freguesias. ----------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Manuel Laje (PS) disse que o PS se revia
naquilo que estava apresentado na moção, no impacto da saúde. De facto tinha havido
por parte do atual Governo uma ausência da monitorização, uma ausência de políticas
preventivas e que protegessem os cidadãos, um desmantelamento do Serviço Nacional
25
de Saúde. Isso era fruto da crise, era fruto de políticas que não eram tomadas pelo
Governo e da pobreza, do envelhecimento, do desemprego, da exclusão social. ---------
----- Era por esse motivo que o PS não tinha qualquer problema em votar à esquerda e
votar favoravelmente uma proposta do PCP. --------------------------------------------------
----- No entanto, na Recomendação número três, acerca dos novos riscos psicossociais
nos trabalhadores da Câmara, ao ler o primeiro parágrafo percebia-se que estavam
perante uma questão de âmbito nacional. Começava-se a ler melhor e verificava-se
que o que tentavam fazer era imputar os problemas da crise nacional à
responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa e conseguia fazê-lo de uma forma
que, se não soubessem que era médico, parecia ter ido buscar a bula de um qualquer
medicamento que tinha em casa e apresentado. Falava-se em assédio moral, esse com
certeza não estava numa bula, mas consequências físicas, psicológicas,
comportamentais, ansiedade, depressão, burnout. Felizmente que esse alarmismo a
que iam habituando com esse tipo de moções inflamadas, no caso recomendações, não
tinha qualquer relato de veracidade. -------------------------------------------------------------
----- A verdadeira intenção do PCP era falar da reforma administrativa da cidade e
isso não tinha sido levantado pelos sindicatos ou pelos trabalhadores, nem nas Juntas
de Freguesia nem junto da Câmara Municipal. -------------------------------------------------
----- Naturalmente que o PS votaria contra. -----------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal José Casimiro (BE) disse que o BE se queria
solidarizar com a recomendação número três do PCP sobre os novos riscos
psicossociais nos trabalhadores da Câmara de Lisboa. Era uma matéria extremamente
importante e talvez para o PS ainda fosse cedo para fazer a avaliação, que estava
muito próxima. Decorreriam no próximo dia 10 de junho os três meses após a
avaliação da descentralização de meios e competências e aí talvez se pudesse fazer
uma melhor avaliação de todas as consequências e todos os benefícios que pudessem
ter, nomeadamente a incidência que tinha sobre os trabalhadores. Era fundamental
aguardar pelo próximo dia 10 de junho. ---------------------------------------------------------
----- O BE também fazia notar que também tinha uma moção sobre o problema dos
trabalhadores de recolha de resíduos. Tinha também a ver com a pressão que era
exercida sobre os trabalhadores desse sector e que, face à falta de pessoal já
reconhecida pela própria Câmara Municipal, a pressão era enorme para concretizar os
objetivos em relação à recolha de lixo, mas que no entanto, como todos sabiam, o lixo
amontoava-se nas ruas ou junto aos ecopontos. ------------------------------------------------
----- O que se via era uma situação de degradação desse serviço público, que estava
uno e era certificado. Portanto, o BE apresentava uma proposta para um concurso de
entrada de pessoal e já assumira junto do PS e de outros partidos que retiraria a
palavra “completamente” em relação ao mapa de pessoal. No entanto, chamava à
atenção de que se iria reformar um conjunto de trabalhadores e os 56 trabalhadores
que iriam ser admitidos eram insuficientes, pelo que continuaria a ficar o lixo na rua. --
----- O objetivo da proposta era que o mapa de pessoal fosse preenchido, para que
efetivamente se concretizasse esse serviço público à população e se conseguisse
completar o mapa de pessoal. ---------------------------------------------------------------------
26
----- O Senhor Vereador João Afonso disse que não ia responder à moção do PCP,
com a qual não poderia estar mais de acordo e ir mais de encontro às suas
preocupações. Além disso, como já informara, estavam a elaborar o Plano Municipal
de Saúde e era evidente para quem trabalhava nessa área que a crise punha em causa
as condições de saúde. Se cada um não revelava mais consequências da crise era
porque havia um Sistema Nacional de Saúde. Todos os trabalhadores da área da
saúde, todo o sistema social e de apoio complementar tinham feito muito pelo País. ----
----- Percebia quando o PS e os “Cidadãos Por Lisboa” referiam a sua aprovação. ------
----- Quanto à recomendação queria dizer que o Executivo da CML estava preocupado
com a saúde dos seus funcionários e tinha plena consciência que toda a situação e
geral, mas também a questão da transferência para as juntas de freguesia, era uma
questão de stress suplementar. Era impossível ignorar e estava atento e, portanto, era
com muito gosto que apoiara a organização pelos Serviços Sociais da Câmara de um
primeiro encontro sobre essas questões. ---------------------------------------------------------
----- O Executivo estaria a tento a acompanhar a evolução de todas essas matérias.
Não era uma matéria que fosse ignorada pelos Recursos Humanos da Câmara
Municipal e todas as estratégias seguidas de aliviamento, de apoio nas situações mais
complexas, que não tinham a ver com situações de trabalho mas situações de carência,
situações de necessidades até financeiras, tinham sido acompanhadas com detalhe e
com dedicação a todos os níveis pela CML. Não era só a questão de ter recursos para
o acompanhamento da saúde mental ou para avaliação, que poderiam com certeza a
seu tempo tentar avaliar, mas no resto do dia-a-dia lidar com as questões que se
colocavam aos trabalhadores da forma mais flexível possível. ------------------------------
----- Poderiam ser criticados ou outro aspeto, mas a tentativa era, já que não
conseguiam aliviar a situação geral do País, pelo menos ao nível da Câmara não
estavam desatentos sobre isso. --------------------------------------------------------------------
----- Sobre a situação do País, os seus votos eram de quem breve as forças de esquerda
conseguissem arranjar solução melhor para o País. --------------------------------------------
----- O Senhor Vereador Duarte Cordeiro disse que queria fazer referência à
recomendação do BE, não obstante haver ainda alguns esclarecimentos a prestar em
relação àquilo que fora a intervenção do MPT feita no início. -------------------------------
----- Em relação à recomendação do BE sobre a questão da higiene urbana na Cidade
de Lisboa, tinham tido oportunidade de dizer em reunião de Câmara que era o
momento de fazer uma avaliação e começar a tomar decisões sobre algumas matérias
na área da higiene urbana. ------------------------------------------------------------------------
----- Já se tinha conversado com os sindicatos, com os trabalhadores, com as juntas de
freguesia e havia a noção de que existiam problemas antes da reforma administrativa e
que, quanto muito, a reforma administrativa mudara a organização dos serviços na
CML e se calhar algumas coisas estavam visíveis quando antes as tarefas que não
eram executadas não eram tão visíveis aos olhos das pessoas, mas que na realidade
eram problemas já existentes. ---------------------------------------------------------------------
----- Era uma área com um grande número de saídas de trabalhadores e também havia
um número de aposentados previsto para os próximos anos. A Câmara Municipal já
27
reconhecera a necessidade de abrir um concurso de cerca de 150 trabalhadores para os
próximos e iria apresentar em breve a proposta. No entanto, isso não respondia na
totalidade àquilo que era um problema no curto prazo. --------------------------------------
----- Também se verificava um nível de absentismo muito superior ao que havia antes.
Não sabia se pelo facto da Câmara Municipal, nos critérios de transferência de
competências para as juntas de freguesia, ter ficado expresso que a Câmara Municipal
ficava com os trabalhadores em serviços moderados e com os trabalhadores em pré
idade de reforma. A verdade era que se registava, nomeadamente no último mês, um
nível de absentismo muito superior ao que existia antes da reforma. -----------------------
----- Independentemente de haver alguns fatores que se detetaram antes da reforma
como necessários do ponto de vista de reforço de pessoal, havia também alguns
fatores anómalos que aconteciam no último mês, nomeadamente o nível de
absentismo e de faltas não justificadas acima daquilo que era a média e que também,
de alguma maneira, permitia serem surpreendidos em decisões que tinham tomado.
Não se escondiam os problemas e o que interessava era disponibilizar para a resposta,
estando disponíveis em concreto na questão dos recursos para procurar, na ótica
normal das decisões já tomadas, fazer um reforço de pessoal nessa área. ------------------
----- Quanto às questões de futuro, de sustentabilidade do setor, daquilo que podia ser
o investimento desta área, também havia um pensamento aprofundado e prestes a
tornar-se público. Tinha-se também conversado com o sindicato e os trabalhadores em
relação a essa matéria, com o objetivo dessa área ganhar sustentabilidade. ---------------
----- Havia problemas que se estavam a detetar e tentavam-se resolver, algumas
decisões de curto prazo seriam tomadas com o objetivo de no imediato poder haver
uma normalização da área. A reflexão seria mais profunda no momento da avaliação e
o único comentário à recomendação seria preencher o mapa de pessoal. Fora isso, não
partilhando os considerandos, tudo o que dizia respeito aos pontos de recomendação,
não ofereciam qualquer tipo de contrariedade. -------------------------------------------------
----- A Senhora Presidente informou que o PS tinha prescindido da declaração
política que ia fazer e cedera esse tempo à Câmara para dar mais alguma resposta, se
fosse necessário. ------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos (PCP) começou por
agradecer todos os comentários e ajudas e mesmo as não ajudas, mas todas iriam
concorrer para a tomada de consciência. Parecia-lhe que das intervenções todas se
tinha formado um retrato mais claro, como iria explicar. -------------------------------------
----- Em relação ao Senhor Deputado Municipal José Franco, dizer que a Câmara
tinha oferecido os seus serviços de saúde ocupacional extensíveis às freguesias.
Facilmente se colocava e era um ponto importante. -------------------------------------------
----- O primeiro ponto da recomendação era fazer um levantamento, fazer uma
avaliação, era o que se recomendava à Câmara e que usasse os seus serviços. Tinha
uns serviços próprios, não eram os Serviços Sociais, que o Senhor Vereador parecia
conhecer bem, a fazer o levantamento desses fatores de risco psicossociais. Alguns
deles estavam claramente ditos e eram relacionados com a rutura das funções, as
28
próprias situações de organização do trabalho, das funções, das competências, da
sensação de injustiça. -------------------------------------------------------------------------------
----- Um tema que gostaria de falar no próximo semestre eram as questões de saúde
também na Câmara e podia ser que tivessem outras oportunidades para desenvolver
que não seria na presente sessão. -----------------------------------------------------------------
----- Havia fatores ligados ao trabalho que estavam determinados pela ACT, para o
ano de escolha e avaliação havia muitos instrumentos, uma caixa de ferramentas para
avaliar. Recomendava-se que todas as empresas e também o Município avaliassem. ----
----- Conhecia alguma coisa da saúde mental. Tinha estado duas semanas antes nesse
encontro dos Serviços Sociais e conhecia porque a maior parte dos médicos que
trabalhavam na Câmara, tinham sido seus alunos e conhecia a realidade crítica do
próprio funcionamento dos serviços, mas também da necessidade de avaliar. ------------
----- Reconhecia aquilo que dizia o Senhor Vereador, que nessa coisa de gestão de
recursos humanos não bastava só o administrador de recursos humanos, era preciso
acompanhar com os serviços de saúde. Também não eram precisos só psiquiatras ou
psicólogos, que de resto a Câmara estava muito bem servida para tratar os casos de
casa arrombada. Era preciso prevenir e acompanhar. -----------------------------------------
----- O Senhor Vereador Duarte Cordeiro tinha dado um dos exemplos mais típicos da
disfunção, que era o absentismo. Era uma prova de que alguma coisa não estava bem
e era preciso estudá-la e conhecê-la. Era isso que a Câmara tinha meios e métodos
para. O absentismo era um indicador de disfunção e um dos principais indicadores.
Portanto, agradecia o contributo que tinha dado para mostrar que alguma coisa ia mal
no “reino da Dinamarca”. Com certeza o Senhor Vereador João Afonso conhecia
melhor a realidade e teria oportunidade de esclarecer os seus colegas Vereadores
sobre essa problemática da saúde na Câmara. --------------------------------------------------
----- Só recomendava uma avaliação, só recomendava que tivessem um serviço de
saúde ocupacional, se o pagavam que o tivessem a funcionar e que lhe pedissem para
fazer uma avaliação em geral do Município e, como fora feita a sugestão que aceitava,
também das freguesias. ----------------------------------------------------------------------------
----- Teriam oportunidade de tocar esse assunto mais adiante. Ele não era muito novo,
já tinha dez ou doze anos, mas os fatores psicossociais e a saúde mental eram metade
dos problemas da saúde relacionados com o trabalho em países de que se costumava
falar mal por outras coisas, como a Alemanha, a França ou a Inglaterra. Em Portugal
as doenças de saúde mental ainda não eram consideradas doenças profissionais ou
relacionadas com o trabalho. Estavam um pouco atrasados, mas tinham tempo para lá
chegar se quisessem aceitar a recomendação como válida. -----------------------------------
----- A Senhora Deputada Municipal Floresbela Pinto (IND) disse que no rescaldo
das comemorações do Dia Mundial da Criança e do Dia Mundial da Família, através
dos quais manifestações várias animaram a Cidade de Lisboa nos últimos dois meses,
manifestações essas que permitiram de certa forma refletir as problemáticas e os
desafios sentidos pelas famílias da cidade e deram a conhecer os fundamentos que
norteavam o respeito pelos direitos das crianças e jovens. -----------------------------------
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----- Vinham saudar de forma particular o espaço municipal “A Brincar” e os técnicos
que aí trabalhavam, que de uma forma lúdica e educativa davam a conhecer a todos os
munícipes, com especial ênfase às escolas, esses direitos fundamentais contidos na
Declaração Universal dos Direitos da Criança. -------------------------------------------------
----- Congratulava-se com a dinamização por parte do Município dessas iniciativas
que visavam a promoção de uma cidade mais justa, solidária e preocupada com o bem
estar das crianças e jovens de Lisboa. -----------------------------------------------------------
----- Como já tinha sido referido na Assembleia, aquando da discussão dos relatórios
das CPCJ de Lisboa, continuavam a prevalecer muitas situações em que os direitos
essenciais das crianças e jovens estavam postos em causa, pelo que urgia persistir na
vertente da informação, educação e prevenção dessas situações. ----------------------------
----- Importava também continuar a investir em políticas públicas que permitissem às
famílias o tempo, o espaço e a oportunidade de vivar com maior qualidade, com
melhor espaço público que permitisse melhorar o usufruto da cidade por parte das
famílias e que promovessem, nomeadamente, a utilização de meios de deslocação
suave, mais baratos e ecológicos e alargassem também a medidas de acalmia de
tráfego, como no caso das Zonas 30, que permitissem vivenciar o espaço público com
maior segurança. -----------------------------------------------------------------------------------
----- Eram necessárias medidas práticas que permitissem reduzir o desperdício de
tempo no acesso a serviços de proximidade e nas deslocações dentro da cidade. Com a
melhoria dos equipamentos sociais degradados e respondendo também a novas
carências, como era o caso das residências assistidas, face ao crescimento do índice de
população idosa na cidade. Investindo também na promoção de atividades que
fomentassem as relações intergeracionais, como forma de combater o isolamento e
valorizar o conhecimento, saberes e experiências dos mais velhos. -------------------------
----- Não obstante a pertinência e o reconhecimento de iniciativas anteriormente
referidas, era necessário ir mais além. Recordava que ainda existiam muitos cidadãos
cujo direito a constituir família continuava manietado, não apenas pela legislação, mas
também pela persistência de preconceitos. Esse enquadramento permanecia, não
obstante o mesmo contrariar o exposto no artigo 13 da Constituição Portuguesa, a
Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU, a Convenção Europeia dos
Direitos Humanos, as liberdades fundamentais. ------------------------------------------------
----- Reconhecia o esforço do Município no apoio a iniciativas e instituições que se
pautavam pelo combate a esses estereótipos e saudava também a iniciativa do
Município em assinalar pela primeira vez o Dia Internacional Contra a homofobia e a
transfobia. Era um sinal no caminho da criação de uma necessária discussão mais
alargada, no sentido de educar contra o preconceito e contra a discriminação e acima
de tudo, reconhecer o igual direito de todas e de todos à família, independentemente
da orientação sexual e identidade de género. ---------------------------------------------------
----- Nesse sentido traria brevemente à Assembleia uma recomendação para que o Dia
Internacional Contra a Homofobia e Transfobia fosse oficialmente reconhecido e
comemorado pelo Município de Lisboa. Seriam convidadas as diversas forças
políticas na Assembleia Municipal a associarem-se e subscreverem. -----------------------
30
----- Havia a convicção de que todas as iniciativas que contribuíssem para a garantia
da igualdade de oportunidades, para o reconhecimento da dignidade de cada ser
humano, nomeadamente no que dizia respeito à sua escolha de constituir família,
seriam positivas para a construção de uma Lisboa de todas e todos, para todas e todos
e especialmente mais amiga das famílias lisboetas, as que aí viviam, as que aí
trabalhavam e as que visitavam. ------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal José Moreno (PNPN), Presidente da Junta de
Freguesia do Parque das Nações, disse que em abril tinha apresentado à Assembleia o
grave problema da carência de equipamentos escolares na Freguesia do Parque das
Nações. Tinha sido inclusivamente aprovada uma moção dirigida ao Governo,
instando a resolver esse problema com a urgência que o mesmo impunha. ----------------
----- Apelava-se, igualmente, à Câmara Municipal de Lisboa para se empenhar na
busca de uma solução rápida para esse problema, apesar do mesmo reconhecidamente
não ser de sua competência. -----------------------------------------------------------------------
----- Todavia, decorridos dois meses e quando estavam a entrar no período de
matrículas, a ausência de resposta a essa situação angustiante para centenas de
famílias, tudo continuava na mesma, mantendo-se o silêncio sepulcral dos
responsáveis políticos, de quem se esperavam respostas. Era esse silêncio
incompreensível que não podia deixar de uma vez mais, dando voz às muitas centenas
de famílias da sua Freguesia, verberar na Assembleia Municipal, verberando uma vez
mais que dissessem quando se iniciariam as obras de construção da segunda fase da
Escola Parque das Nações e que soluções tinham para o período transitório até
conclusão das mesmas, dando resposta nomeadamente às propostas que para esse
efeito foram apresentadas pela Junta de Freguesia. --------------------------------------------
----- Era lamentável num assunto da maior importância para a comunidade. Já tinha
sido dito muitas vezes que o direito ao ensino público era um direito inalienável de
todos. Não se percebia como num espaço tão jovem da Cidade de Lisboa, onde a taxa
de natalidade era reconhecidamente das mais elevadas do País e provavelmente a
maior da Cidade de Lisboa, onde havia tantas crianças à espera de conseguir uma
vaga numa escola pública, onde estavam previstas quatro escolas desde o início da
conceção daquele espaço, que decorridos quinze anos apenas dispusesse de uma
escola e meia. Havia crianças que tinham de comer a comida confecionada fora, tendo
que ser transportada em contentores para comerem na carteira onde tinham as suas
aulas, por ausência até de um refeitório a elas destinado. Tudo isso era lamentável. -----
----- Diziam-lhes havia muito tempo do Governo que havia disponibilidade para
concluir a obra, diziam da Câmara que havia disponibilidade para, conjuntamente com
o Governo, concertar uma solução no sentido da Câmara assumir a responsabilidade
da construção mediante a transferência da verba para a edilidade. -------------------------
----- Perguntou porque continuavam nessa espera interminável, que respostas tinham
para dar a essas centenas de famílias já nos próximos dias, quando começassem a
efetuar as matrículas dos seus filhos e constatarem que uma vez mais não conseguiam
entrar. Era isso que gostaria de saber. ------------------------------------------------------------
31
----- Não era uma sessão de perguntas e respostas à Câmara Municipal de Lisboa, mas
atendendo a esse período crítico e à natureza dessa situação, a pelava a todas e a todos
que se empenhassem, sobretudo àqueles Deputados da Assembleia da República que
também estavam na Assembleia Municipal, que junto do Governo fizessem o seu
trabalho no sentido de uma vez por todas darem respostas claras às duas questões
referidas. ---------------------------------------------------------------------------------------------
----- A Junta de Freguesia tinha cumprido a sua missão e mais do que isso, porque não
era uma responsabilidade sua, tomara a iniciativa de apresentar propostas nesse
sentido. Não eram aquelas que gostariam de ver implementadas, mas eram situações
de recurso pelo menos para essa fase de intervalo, enquanto decorressem as obras
desejadas de conclusão da segunda fase da Escola Parque das Nações. --------------------
----- A Senhora Deputada Municipal Deolinda Machado (PCP) disse que o PCP
queria apoiar a proposta apresentada, até porque já tinha feito dela também a sua
proposta, no sentido de viabilizar aquela situação o mais rapidamente possível. As
crianças não podiam esperar, estavam a crescer todos os dias e tinham que ter as
condições mínimas de crescimento, de educação e saúde, e os próprios pais também. --
----- Basicamente, era para apoiar a proposta, porque ela também era do PCP. -----------
----- A Senhora Presidente referiu que havia lá fora documentação levada pelo
Senhor Presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, para que pudessem
subscrever uma petição à Assembleia da República sobre essa matéria. Para além
daquilo que deliberassem na Assembleia Municipal, se quisessem alargar esse
movimento no sentido de criar mais pressão, podiam no intervalo levantar
documentação no balcão da receção. ------------------------------------------------------------
----- O Senhor Vereador Jorge Máximo disse que, na ausência da Senhora
Vereadora Graça Fonseca, tentaria transmitir a informação que lhe fora
disponibilizada pelo Departamento de Educação relativamente a esse assunto, que
ainda não tinha entrado na sua esfera de competências enquanto Vereador das Obras
Municipais. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- A Senhora Vereadora Graça Fonseca tinha reunido em fevereiro ou março com o
Diretor Geral dos Estabelecimentos Escolares, onde manifestara a posição da Câmara
Municipal em aceitar uma delegação de competências e a elaboração de um
contrato/programa com transferência de verba para a realização dessa obra.
Considerava-se de uma importância maior no quadro da componente educativa e era
uma obra grande, na ordem dos sete milhões e meio de euros. ------------------------------
----- Acontecia que até ao momento a Câmara não tinha uma resposta positiva da
entidade competente do Ministério da Educação. ----------------------------------------------
----- O que podia apelar era a um esforço conjunto, eventualmente também com o
apoio dos Deputados do PSD, para uma pressão junto do Governo no sentido de
chegar rapidamente a um entendimento para a transferência dessa verba fundamental,
dada a dimensão da obra que estava em causa, e que se concretizasse rapidamente um
contrato/programa com vista à sua construção. ------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal José Moreno (PNPN), Presidente da Junta de
Freguesia do Parque das Nações, começou por fazer uma retificação, uma vez que os
32
documentos que estavam na receção não se referiam à questão da escola, na medida
em que ainda recentemente se aprovara uma moção. O documento que estava era
sobre a questão do Oceanário. --------------------------------------------------------------------
----- A Senhora Presidente agradeceu a retificação e esclareceu que não tinha visto
os documentos. --------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal José Moreno (PNPN), Presidente da Junta de
Freguesia do Parque das Nações, agradeceu a intervenção da Senhora Deputada
Municipal do PCP e o empenho por esse assunto. ---------------------------------------------
----- Era um assunto que já tinha sido debatido na Assembleia Municipal de Lisboa,
onde estavam representados todos os grupos parlamentares da Assembleia de
República e quase todos visitaram o espaço para se inteirarem da situação. Todos
disseram que era uma situação grave e urgente e havia vontade política para resolver.
Se havia vontade política, havia terreno, havia projeto, verba orçamentada, a pergunta
era do que estariam à espera. Falava-se nos corredores que ainda haveria algumas
arestas a limar, mas se o problema era esse dissessem que tipo de lima e procurariam
providenciá-la. ---------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Vereador Manuel Salgado disse que, relativamente às sondagens que
estavam a ser efetuadas no Jardim do Príncipe Real, já havia décadas de intenção de
construir um parque de estacionamento por parte da empresa designada por Empark,
primeiro por baixo do Jardim de São Pedro de Alcântara e depois a hipótese de o vir a
construir no Jardim do Príncipe Real. Esse projeto tinha sido sucessivamente recusado
pela Câmara e ao longo dos anos indeferido. Recentemente, em 25 de fevereiro do
corrente ano, dera entrada na Câmara Municipal um novo pedido dessa mesma
empresa para construir o parque de estacionamento por baixo dos arruamentos do
Príncipe Real. ----------------------------------------------------------------------------------------
----- Esse processo de construção tinha no momento dois pareceres negativos. Um
parecer negativo da Direção Geral do Património Cultural, de janeiro, e um parecer
negativo da Direção Municipal de Mobilidade e Transportes. -------------------------------
----- As sondagens estavam a ser feitas a pedido da empresa Empark, com autorização
da DGPC e dos serviços da Câmara que autorizavam execução de sondagens no
subsolo do espaço público. O processo estava em apreciação e dependia a sua
eventual aprovação, relativamente à qual tinha dúvidas, de uma decisão que o
Município viesse a tomar relativamente à localização de novos parques de
estacionamento no eixo Cais do Sodré/Rato e de uma avaliação rigorosa das
consequências em termos de mobilidade e de eventuais riscos para aquilo que existia
no subsolo, em relação a essas localizações. ----------------------------------------------------
----- O Senhor Vereador José Sá Fernandes disse que era simples a questão da festa
das universidades em Monsanto, estava protocolado, estavam salvaguardados todos os
eventuais mas não desejáveis prejuízos que pudessem acontecer naquela encosta. O
estacionamento seria na parte alcatroada. Tinha sido uma prática corrente haver
acontecimentos naquela zona e estava tudo garantido e salvaguardado. -------------------
33
----- A Senhora Presidente disse que havia também a questão do processo eleitoral
no stand de automóveis, mas não via o Senhor Presidente da Junta. Sugeria que isso
fosse transformado num requerimento escrito e depois tentariam esclarecer. -------------
----- Havia uma questão relacionada com o RSB, um problema de instalações,
registava-se e depois, se entendessem, insistir através de um requerimento para ter
uma resposta mais desenvolvida. -----------------------------------------------------------------
----- Observou que existiam as seguintes alterações na moção número um: ---------------
----- Na alínea a), onde se falava na “necessidade de abertura de um concurso no
sentido de preencher completamente o mapa de pessoal”, era retirado o advérbio
“completamente”; -----------------------------------------------------------------------------------
----- As alíneas b) e c) ficavam na mesma; ------------------------------------------------------
----- Na alínea d), “enviar a presente moção a todos os sindicatos e divulgar nos
órgãos de comunicação social”. ------------------------------------------------------------------
----- Seguidamente, submeteu à votação a Moção nº1, apresentada pelo BE, tendo a
Assembleia deliberado aprovar, por maioria, com votos a favor de PS, PCP, BE,
PEV, MPT, PAN, PNPN e 6 IND e abstenções de PSD e CDS-PP. ------------------------
----- Submeteu à votação a Moção nº2, apresentada pelo PCP, tendo a Assembleia
deliberado aprovar, por maioria, com votos a favor de PS, PCP, BE, PEV, MPT,
PAN, e 6 IND, abstenção de PNPN e votos contra de PSD e CDS-PP. --------------------
----- A Senhora Presidente referiu que o PAN solicitava a votação por pontos para a
Moção nº3 e a Recomendação nº1. ---------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Sérgio Azevedo (PSD) disse que a moção tinha
um lapso logo no início, não era Presidente do PS e sim Líder do PS. A frase era do
Presidente da Câmara. ------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Ferreira de Lemos (CDS-PP) informou que
apresentaria no final uma declaração de voto. --------------------------------------------------
----- A Senhora Presidente disse que era difícil fazer uma votação por pontos
daquele texto. Normalmente as moções tinham uma parte deliberativa por pontos, mas
no caso não eram deliberações, eram perguntas. A moção teria que ser votada no seu
todo. --------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Submeteu à votação a Moção nº3, apresentada pelo PSD, tendo a Assembleia
deliberado rejeitar, com votos contra de PS, PCP, BE, PEV, PAN, e 6 IND, votos a
favor de PSD e abstenções de CDS-PP, MPT e PNPN. ---------------------------------------
----- Submeteu à votação o ponto 1 da Recomendação nº1, apresentada pelo PEV,
tendo a Assembleia deliberado aprovar, por unanimidade. --------------------------------
----- Submeteu à votação o ponto 2 da Recomendação nº1, apresentada pelo PEV,
tendo a Assembleia deliberado aprovar, por unanimidade. --------------------------------
----- Submeteu à votação o ponto 3 da Recomendação nº1, apresentada pelo PEV,
tendo a Assembleia deliberado aprovar, por maioria, com votos a favor de PS, PSD,
PCP, CDS-PP, PEV, MPT, PNPN e 6IND e voto contra de PAN. --------------------------
----- A Senhora Presidente referiu que a Recomendação nº2 tinha duas alíneas. Na
alínea a) dizia-se “redes de transportes públicos geridas pela Carris e pelo Metro” e
pedira-se que fosse retirada a referência à Carris;----------------------------------------------
34
----- A alínea b) ficava igual; ----------------------------------------------------------------------
----- Havia uma nova alínea c) com a seguinte redação: “Que encete contactos junto
dos municípios que integram a Área Metropolitana de Lisboa no sentido do Conselho
Metropolitano de Lisboa assumir um maior protagonismo e intervenção no
planeamento e gestão, na concessão das redes de transportes que servem as suas
populações”. -----------------------------------------------------------------------------------------
----- Recordou que a Lei acometia competências ao Conselho Metropolitano, entre
elas aprovar planos, nomeadamente o Plano de Mobilidade e Logística da Área
Metropolitana de Lisboa. Era claramente dentro das competências do Conselho
Metropolitano. ---------------------------------------------------------------------------------------
----- Submeteu à votação a alínea a) da Recomendação nº2, apresentada pelo BE,
tendo a Assembleia deliberado rejeitar, com votos contra de PS, PSD e CDS-PP,
votos a favor de BE, MPT, PAN e 6IND e abstenções de PCP, PEV e PNPN. -----------
----- Submeteu à votação a alínea b) da Recomendação nº2, apresentada pelo BE,
tendo a Assembleia deliberado rejeitar, com votos contra de PS, PSD. PCP, CDS-PP
e PEV, votos a favor de BE, MPT, PAN e 6IND e abstenção de PNPN. -------------------
----- Submeteu à votação a alínea c) da Recomendação nº2, apresentada pelo BE,
tendo a Assembleia deliberado rejeitar, com votos contra de PS, PSD e CDS-PP,
votos a favor de PCP, BE, MPT, PAN e 6IND e abstenções de PEV e PNPN. -----------
----- A Senhora Presidente referiu que muito em breve teriam que voltar a esse tema,
porque estavam precisamente a fazer um debate temático sobre transportes e no fim
teriam que discutir alguma deliberação final das conclusões desse debate. ----------------
----- Seguidamente, submeteu à votação a Recomendação nº3, apresentada pelo PCP,
tendo a Assembleia deliberado rejeitar, com votos contra de PS e CDS-PP, votos a
favor de PCP, BE, PEV, MPT, PAN, PNPN e 6IND e abstenções de PSD. ---------------
----- O Senhor Deputado Municipal Ferreira de Lemos (CDS-PP) fez a seguinte
declaração de voto: ---------------------------------------------------------------------------------
----- “Para referir que a nossa abstenção na moção do PSD, que se transformou
também numa declaração política, nada tem a ver com a oposição que fazemos nesta
Assembleia e com a oposição que o CDS faz também à Câmara. ---------------------------
----- Também nada tem a ver com a ativa participação e apoio que damos ao
Governo. Apenas consideramos inoportuna, porque se trata de um processo que está
em curso no PS e até à decisão final aguardamos as atuações e as posições do Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.” -------------------------------------------------
----- A Senhora Presidente informou que o PS tinha dado a indicação de entregar
posteriormente uma declaração de voto sobre a Moção número um. -----------------------
----- Informou ainda que de seguida haveria um debate temático sobre transportes,
com a mesma lista de presenças, e que na próxima semana não haveria sessão. A
próxima seria no dia 17 de junho, uma sessão ordinária com a Informação Escrita do
Presidente. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- Seguidamente, deu início ao Debate Temático subordinado ao tema “Os
Transportes em Lisboa – O Que Temos e o Que Queremos.” --------------------------
----------------------------- ABERTURA DOS TRABALHOS ------------------------------
35
------------------------------------------3ª SESSÃO ------------------------------------------------
-----“Organização e financiamento do serviço de transportes coletivos em áreas
metropolitanas” -----------------------------------------------------------------------------------
----- O Painel foi moderado pelo Senhor Carlos Silva Santos (PCP); ----------------------
----- Participou do debate, na qualidade de orador convidado, o Senhor Nuno
Marques da Costa, Professor universitário no Instituto de Geografia e Ordenamento
do Território da Universidade de Lisboa; o Senhor Francisco Ferreira da
QUERCUS e Professor Universitário na Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa; o Senhor José Luís Rego Mendes, engenheiro e ex-
vereador da Camara Municipal de Lisboa e o Senhor António Mendonça, Professor
universitário no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa. --
-----Foram nomeados para relatores da terceira sessão os seguintes Deputados
Municipais: ------------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado José Moreno (BE) e a Senhora Deputado Municipal Cláudia
Madeira (PEV). -------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Professor Nuno Marques da Costa, Professor universitário no
Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa
começou por agradecer o convite que lhe fora endereçado. ----------------------------------
----- Introduziu que tinham sido desafiados a falar sobre a organização e
financiamento do transporte coletivo em áreas metropolitanas. -----------------------------
----- Salientou que a primeira questão a ter em atenção era que qualquer organização
de transporte público precisava de perceber que existiam diferentes níveis na
organização de transportes públicos urbanos. Disse que era necessário definir os
princípios gerais do serviço de transporte público, nomeadamente, quais eram os
objetivos gerais, os objetivos económicos, os objetivos sociais e quais eram os
objetivos ambientais; em termos genéricos, identificar o nível estratégico do processo
de decisão. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- Expôs que era necessário definir, a outro nível e de acordo com as orientações
políticas, todo um conjunto de ações e serviços que deveriam de ser coerentes e
prestados por um serviço de transportes. --------------------------------------------------------
----- Apontou que tinham, a constituir o segundo nível, opções modais, de redes,
horários, coordenação, tarifas, processos de contratualização e de serviço público.
----- Referiu que tinham também o ponto de vista operacional que era aquele que,
naturalmente, encerrava o conjunto de produção e comercialização dos serviços que
iriam ser definidos estratégica e taticamente. ---------------------------------------------------
----- Sublinhou a importância de aqueles níveis se encontrarem bem definidos, que era
necessário definir quem é que definia o quê. ---------------------------------------------------
----- Discriminou alguns modelos de organização, nomeadamente aquele em que uma
única entidade pública assumia aquele carácter estratégico, tático e até mesmo a
questão operacional; outro no qual em que se tinha a constituição de uma empresa de
transportes, que definia aqueles três níveis ou, a separação entre o nível estratégico,
por uma Autoridade de Transportes; o nível tático por uma sociedade de transportes e
36
o nível operacional por operadores, ou ainda, o nível estratégico definido pela
Autoridade de Transportes e a empresa de transportes pelo nível tático e operacional. --
----- Deu como exemplos outras formas de organização mais comuns no sistema
britânico, que eram constituídas, explicou, por uma autoridade de transportes e as
restantes componentes estratégicas eram asseguradas pelo operador. Salientou que, no
entanto, era muito importante decidir quem é que deveria decidir o quê. -----------------
----- Realçou um outro ponto que era a forma como aquela questão era confiada ao
operador. Referiu que existiam vários modelos que iam desde o princípio do
monopólio público até ao mercado livre. Assinalou, naquele sentido, partindo do
monopólio público para a situação de mercado livre, uma diminuição da regulação das
tarefas do sistema e também uma redução do financiamento público necessário àquela
operação. ---------------------------------------------------------------------------------------------
----- Evidenciou que eram várias as formas de conseguir aquela operação de
transportes, com diferenças acentuadas relativamente a cada um daquelas formas e,
naturalmente, com níveis de intervenção pública e de investimento também
diferenciados. ----------------------------------------------------------------------------------------
----- Mencionou que, de uma forma geral, a questão da regulação no mercado de
transportes públicos urbanos, poderia ser definida, por um lado pela forma como os
operadores acediam ao mercado, a regulação de acesso ao mercado e por outro, como
órgão de regulação, controlando a forma como os vários operadores operavam no
terreno. Verificou que muitas das vezes o acesso ao mercado era gerado por regimes
de concessão ou por licenciamento, como, por exemplo, era o caso dos táxis. ------------
----- Abordou a questão do financiamento. Disse que o financiamento tinha três
grandes funções, designadamente, cobrir os custos de operação; orientar aquilo que
deveria ser a política modal nas nossas cidades e funções de redistribuição e,
salientou, que deveria de assegurar uma proporcionalidade na contribuição quer dos
beneficiários diretos quer dos indiretos. ---------------------------------------------------------
----- Levantou uma questão. Questionou como é que os beneficiários indiretos
participavam no processo da prestação do serviço de transporte. Afirmou que o
financiamento também servia para a concretização do conjunto de políticas de
transportes definida e, chamou a atenção para a internalização dos custos de
utilização, nomeadamente, do transporte individual. ------------------------------------------
----- Focou a necessidade de se responsabilizar, através do financiamento, os
operadores face às suas performances em termos de mercado; promover ou incentivar
aqueles operadores ao cumprimento de objetivos e, permitir uma atenuação das
distorções económicas que pudessem advir das contribuições indiretas dos agentes
económicos. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- Referiu que eram vastas as formas do financiamento urbano, designadamente o
tarifário, como financiamento direto e, como financiamento indireto as taxas e
impostos específicos bem como o estacionamento, salientado que o estacionamento
era uma peça fundamental para a gestão da mobilidade das cidades. Realçou que os
beneficiários indiretos também tinham de ser chamados a contribuir para o sistema de
37
transportes uma vez que beneficiavam da fluidez existente na cidade e ainda,
naturalmente, a questão do emprego e dos empregadores. -----------------------------------
----- Falou de um estudo que tinha sido feito em noventa cidades europeias, um estudo
que mostrava que o regime jurídico que geria a operação de transporte era,
fundamentalmente, municipal e que a participação das tarifas para o custo de operação
era, em média, de cinquenta por cento, ou seja, quarenta e oito por cento eram
operações de subsidiação que tinham a ver com as aglomerações das populações e
com os modos que se verificavam nas várias cidades. ----------------------------------------
----- Apontou que aquilo que se tinha verificado, do estudo feito àquelas noventa
cidades ao longo de cerca de quinze anos, era que só se conseguia aumentar a procura
de transporte oferecendo mais transporte e, sublinhou, que a correlação era evidente e
que era aquilo que tinham de ter em atenção, pois só teriam mais passageiros se
produzissem mais e melhor transporte. ----------------------------------------------------------
----- O Senhor Professor Francisco Ferreira Professor Universitário na Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa começou por agradecer o
convite que lhe fora endereçado. -----------------------------------------------------------------
----- Salientou que a má qualidade do ar era resultado do transporte rodoviário
individual nos centros urbanos, e portanto, havia ali uma ligação muito estreita entre
as suas funções e o tema que ali era discutido. -------------------------------------------------
----- Salientou que quando se falava em organização e financiamento do transporte
público era essencial associar as questões que estavam relacionadas com o
ordenamento do território. Muitas vezes é esquecida que a mobilidade é
frequentemente consequência, para além do estilo de vida, qualidade de vida, dos
valores que as pessoas tinham e consideravam, a sua relação com o emprego, a
distância ao emprego, com a necessidade de levar os filhos à escola, havia todo um
conjunto de variáveis que estavam diretamente relacionadas com a localização das
infraestruturas e com os princípios do ordenamento do território existentes, e por
aquela razão, haviam claramente, asneiras que não deviam de ser cometidas na Área
Metropolitana, e referiu Lagoas Park, Quinta da Fonte, ou seja, havia todo um
conjunto de núcleos empresariais concentradores de um conjunto significativo de
empregos que não tinham infraestrutura que permitisse às pessoas utilizarem o
transporte público no dia-a-dia o que dificultava aquilo que era desejável num quadro
de mobilidade sustentável. -----------------------------------------------------------------------
----- Portanto, as questões do ordenamento eram absolutamente, vitais. -------------------
----- Na organização de muitos dos transportes eram usadas na maioria das vezes
estimativas de procura completamente exageradas. Foram feitos alguns trabalhos de
avaliação da qualidade do ar em que era verificado o que estava mesmo calculado em
diversos projetos para determinadas áreas em Lisboa, ou próximo de Lisboa. E por
razões de financiamento comunitário, ou outras, chegavam a ter estimativas de
procura superiores ao dobro daquilo que, efetivamente, se vinha a verificar. Se era
pretendido trabalhar-se numa organização credível do transporte público era
necessário ser-se rigorosos tanto quanto possível nas análises que eram feitos, quer em
termos de custos, quer em termos de procura. --------------------------------------------------
38
----- Referiu que nunca eram feitas contas relativamente aos danos para a saúde, o que
significava estar sujeito a um elevado ruído, a trânsito durante longas horas do dia que
violava os valores limnite que eram estabelecidos, ultrapassando os valores de
partículas de NO2, e de vários poluentes atmosféricos. Apesar de se estar melhor em
termos da qualidade do ar, era o que acontecia em Lisboa, continuava-se a ultrapassar
os valores limite o que implicava uma diminuição na esperança de vida de seis meses. -
----- A questão era como é que colocava o transporte rodoviário individual que era o
causador dos problemas relacionados com a poluição do ar, como é que conseguiriam
transferir receitas do transporte individual para o transporte público, ou seja,
reduzindo a emissão de gases com efeito de estufa e que eram causadores das
alterações climáticas e de outros poluentes do ar e emissão do ruído. ----------------------
----- Mencionou que aquele era um desafio que algumas cidades já tinham conseguido
implementar através de táticas mais agressivas como era o caso da taxa de
congestionamento no caso de Londres, ou através de táticas mais indiretas como era o
caso dos custos de estacionamento em que parte da verba era direcionada para o
transporte público. Tratava-se do princípio do utilizador/pagador, ou do
poluidor/pagador, e infelizmente ainda não se via isso assim implementado. Tínhamos
uma zona de emissões reduzidas, embora com um nível de ambição abaixo daquilo
que era necessário e desejável mas que já tinha tido melhorias bastante consideráveis,
em que a política de estacionamento associadas à zona de emissões reduzidas e
associada, também, a outras medidas que vinham a ser implementadas, eram o
caminho a seguir mas também era necessário a promoção do transporte público. --------
----- Terminou referindo que, na verdade, os problemas já tinham sido detetados,
difícil era encontrar as soluções. ------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Professor António Mendonça, Professor universitário no Instituto
Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, começou por agradecer o
convite que lhe fora endereçado. -----------------------------------------------------------------
----- Afirmou que iria falar de três pontos fundamentais; em primeiro lugar iria falar
da importância da teoria, em segundo, iria falar do estado das empresas públicas de
transporte e no terceiro ponto iria procurar fazer algumas considerações. -----------------
----- Quando falava da questão da teoria a mesma tinha a ver com a economia dos
transportes. Havia teorias, havia vários modelos, e para se mudar alguma coisa, para
solucionar os problemas existentes, essa resolução teria de ser baseada em reflexões,
em teorias, em modelos em que, muitas vezes, já foram testados para que pudessem
fazer, posteriormente, as opções. -----------------------------------------------------------------
----- Quanto aos custos envolvidos, disse que era muito difícil determinar os custos
exatamente porque quando se olhava para a procura, a mesma, não era uma procura de
um mercado específico, em que havia uma procura e uma oferta, mas os transportes e
as suas dinâmicas no fundo eram o ponto de encontro de uma série de outros
mercados, de outras dinâmicas de natureza macroeconómica diversa e que se
concentravam naquele mercado económico em particular. Portanto, tudo o que tinha a
ver com custos era extremamente difícil de discutir e daí, também os problemas
relacionados com o próprio financiamento. -----------------------------------------------------
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----- Referiu que quando se olhava para os transportes deveria olhar-se sob uma
perspetiva sistémica, ou seja, não olhar para um modo em particular, para este ou para
aquele nível de organização, mas cada vez mais a abordagem dos transportes deve ser
feita na perspetiva sistémica em que havia múltiplos modos de transporte, diferentes
modalidades de intervenção do Estado e, também, diferentes articulações entre o
público e o privado. ---------------------------------------------------------------------------------
----- Disse que também deveria ter presentes as dificuldades inerentes à própria
política de transportes. Em primeiro lugar, a política de transportes não era
exatamente neutra, a politização estava muito presente, sendo que as divergências
podiam ser absolutas, poderia não haver consensos entre esta ou aquela opção. E,
também, não era única nem clara. Existiam duas abordagens importantes em que
havia uma tendência para privilegiar a eficiência em si mesma e, portanto, para
considerar que as responsabilidades eram, fundamentalmente, os indivíduos, as
escolhas eram dos indivíduos, em que a intervenção do Governo era mínima, apenas
surgia como elemento facilitador no sentido de corrigir as falhas do mercado, e uma
outra visão que defendia que cabia ao Governo o planeamento e o controle do sistema
de transporte e, portanto, considerava a eficiência não apenas sob o ponto de vista da
empresa ou do modo de transporte em particular, mas considerava a eficiência
macroeconómica e o problema da equidade. ---------------------------------------------------
----- Também naquele âmbito deveriam ter presente os conceitos associados e que
normalmente, poderiam, também, ter soluções distintas. E poderiam ter dois conceitos
tão fundamentais naquela abordagem dos transportes que tinham a ver com a
mobilidade e com a acessibilidade, em que ambas teriam de ser conjugadas. -------------
----- Salientou que quando consideravam a organização dos transportes era muito
importante olhar para a necessidade em termos de estratégia, a necessidade de terem
uma organização, coerência, ter a capacidade de “despir” considerações mais
políticas, e apostar fortemente no profissionalismo. Pois, os problemas que se
confrontou passavam pela ausência de estratégia, de coerência, e com
responsabilidades que não eram as mais adequadas para o exercício daquelas funções.
Assim, era fundamental conseguir inserir no sistema, estratégia, organização,
coerência, despolitização e profissionalismo. ---------------------------------------------------
----- Quanto às empresas públicas, disse que aquilo que contribuía para a deterioração
de capitais próprios tinha a ver com os resultados transitados, no fundo, como é que as
empresas eram geridas e os resultados que obtinham e que era o principal fator que
contribuía para aquela deterioração. -------------------------------------------------------------
----- Disse que não havia qualquer preocupação com o capital das empresas, mas que
a deterioração tinha fundamentalmente a ver com os resultados transitados. E era
verdade para a parte ferroviária, designadamente com os metros de Lisboa e do Porto,
em que mais uma vez os resultados levavam à deterioração das empresas. ----------------
----- As empresas ligadas ao transporte fluvial, a situação não se alterava, muito
embora em termos quantitativos a expressão era menor. -------------------------------------
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----- Quanto aos resultados operacionais era possível constatar que aqueles resultados
eram constantemente negativos havendo uma tendência, clara, para a degradação
contínua a nível empresarial ao longo de vinte, trinta anos. ---------------------------------
----- A dívida atual era um problema fundamental que, em dois mil e nove, andava
perto dos dezanove mil milhões de euros, e que atualmente acrescentavam àquele
valor mais cinco mil milhões, sendo que a dívida atual anda perto dos vinte e cinco
mil milhões de euros o que condicionava qualquer opção que se pudesse tomar. --------
----- Para terminar, disse que em termos de organização e de financiamento o que era
importante era ter-se presente que a macroestrutura do setor, era ter-se um cuidado em
relação aos modelos de gestão, e em relação aos modelos de financiamento, deveria
ser procurados modelos alternativos e que passassem por diversas fontes de
financiamento, designadamente, receitas tarifárias, compensações por obrigações de
serviço público, taxação da circulação e estacionamento automóvel, mais-valias de
urbanização, contribuição dos beneficiários indiretos, etc. No fundo, estava a dizer
que deveria ser alterado completamente o modelo de financiamento de forma a dar
sustentabilidade às empresas de transporte. -----------------------------------------------------
----- Disse que já estava previsto, e no que dizia respeito a Lisboa, um projeto que era
responsabilizar a Câmara de Lisboa pela gestão do Metro e da CARRIS, e estava a ser
elaborado um projeto concreto no sentido de criar uma empresa de transportes de
Lisboa que não englobasse, apenas, o Metro e a CARRIS, mas também a própria
empresa de estacionamento como forma de encontrar uma coerência, e que tinha a ver
com um modelo global de construção de uma empresa de transportes, em Lisboa, que
poderia dar resposta àquelas questões. -----------------------------------------------------------
----- O Senhor José Luís Rego Mendes, engenheiro e ex-vereador da Camara
Municipal de Lisboa, começou por agradecer o convite que lhe fora endereçado. -------
----- Tentando dar resposta ao tema proposto “Organização e financiamento do
serviço de transportes coletivos em Áreas Metropolitanas”, dividiu a sua intervenção
em duas partes, a da organização e a do financiamento. --------------------------------------
----- Sublinhou que quanto à organização, sempre defendeu que aquela devia assentar
numa Autoridade Metropolitana de Transportes, tendo por base três princípios
fundamentais: o peso das autarquias, enquanto representantes das populações, em
igualdade com a administração central, representação e participação das empresas, dos
utentes e dos trabalhadores do setor e as regras claras e justas de financiamento do
sistema. -----------------------------------------------------------------------------------------------
----- Uma Autoridade Metropolitana de Transportes muito diferente daquela que hoje
tínhamos. ---------------------------------------------------------------------------------------------
----- Como nota da importância de um organismo com aquelas caraterísticas para as
autarquias referiu que a primeira proposta para a sua criação, no nosso país, partiu
daquela casa, num documento aprovado por unanimidade pela primeira Assembleia
Municipal de Lisboa eleita. ------------------------------------------------------------------------
----- A base para a organização do serviço de transportes, como a entendia, tinha de
ser a resposta às necessidades de mobilidade das populações, inversamente ao que
hoje acontecia, com brutais reduções da oferta a preços elevados, donde resultava o
41
recolher obrigatório em muitas zonas da própria cidade, para quem se deslocava em
transportes coletivos e o viver em guetos para os que não tendo necessidade imperiosa
de deslocações regulares, deixaram de ter condições para adquirir um passe. -------------
----- Disse que a base deveria ser o levantamento das reais necessidades e a adequação
da oferta, envolvendo os diferentes operadores, para que aquela fosse coordenada e
articulada, cabendo a cada um dar a resposta para a qual estava vocacionado, mas
sempre com garantia de que existia resposta. ---------------------------------------------------
----- Por uma questão de clarificação, disse que os táxis, embora não fossem um
transporte coletivo, por serem público, deveriam ser tidos em conta na organização do
sistema. -----------------------------------------------------------------------------------------------
----- Salientou que o papel das autarquias era importante, não só por serem
representantes diretos das populações, mas porque detinham um instrumento
determinante na organização do sistema: o planeamento urbanístico. ----------------------
----- Se a organização dos meios de transporte era fundamental, não o era menos a da
infraestrutura onde circulavam. -------------------------------------------------------------------
----- A acessibilidade aos meios pesados, particularmente os caminhos-de-ferro, eram
importantes para que fosse rápido chegar até eles, fosse em transporte coletivo ou
individual. A garantia da fluidez e do estacionamento era importante e só as
autarquias estavam em condições de o garantirem. --------------------------------------------
----- A dotação dos bairros com equipamentos educativos era outra área de
intervenção fundamental das autarquias. --------------------------------------------------------
----- Quem tinha de pegar no automóvel para levar os filhos à creche ou à escola,
muito dificilmente voltava a casa para seguir em transporte coletivo e mais difícil
ainda era utilizá-lo se junto à estação de comboios, ou metro, não tinha onde
estacionar, sem que isso representasse mais um encargo. ------------------------------------
----- Sem um ordenamento do território correto não havia transportes eficazes, disse. --
----- Concluindo aquela parte, em sua opinião, para uma organização de transportes
coletivos na Área Metropolitana de Lisboa, que assentasse nas reais necessidades de
mobilidade das populações e do funcionamento da sua economia, deveria existir uma
entidade, com autonomia e meios, onde as autarquias e a administração central, em pé
de igualdade, em colaboração com operadores, utentes e trabalhadores do setor,
estudassem e desenvolvessem de forma articulada e nas áreas das respetivas
competências, as soluções que melhor respondessem aos objetivos pretendidos. ---------
----- Quanto ao financiamento, um dos princípios referidos foi que fosse justo. ---------
----- Como todos sabiam, o sistema de transportes era um meio para servir o
funcionamento de uma economia, tendo nas áreas metropolitanas um papel
determinante as deslocações casa-emprego, ou seja, a colocação da mão-de-obra no
local em que podia ser utilizada. ------------------------------------------------------------------
----- Antes do desenvolvimento dos meios de transporte as fábricas tiveram de criar os
bairros operários e foi graças àquele desenvolvimento que os mecanismos de
especulação imobiliária empurraram largas camadas da população para as zonas
periféricas. Quem, por razões económicas, teve de procurar a habitação fora da sua
zona de trabalho passou a ver o seu tempo verdadeiramente livre reduzido e a ter uma
42
despesa associada à atividade laboral, reduzindo-lhe também os meios reais de
subsistência. -----------------------------------------------------------------------------------------
----- O custo do transporte nas deslocações para trabalhar não eram um benefício
exclusivo de quem o utilizava, mas do funcionamento de toda a economia da região.
Assim sendo, deveria caber a cada parte o que recebe do produto dessa economia, ou
seja, se os rendimentos de trabalho eram menos de 40% da riqueza criada, era
profundamente injusto que na Carris e no Metropolitano, em conjunto, as receitas
diretas, em dois mil e doze, tenham representado uma taxa de cobertura das despesas
de exploração, superior a 84%. -------------------------------------------------------------------
----- O que resultava do preço exorbitante dos transportes coletivos era que para
deslocações pontuais, na cidade de Lisboa, em muitos casos o modo mais barato era o
transporte individual. E na periferia o panorama não era diferente. Havia muitos casos
onde um casal que se deslocasse para Lisboa e viesse de carro, gastava menos em
combustível do que a soma dos seus passes combinados; CP+CARRIS+Metro, sem
contar o conforto e a independência de horários. ----------------------------------------------
----- O conceito de que as deslocações pendulares casa-emprego estavam intimamente
associadas à prestação de trabalho consagrado nos seguros de acidentes de trabalho,
no caso da Área Metropolitana de Lisboa era completamente ignorado na fixação das
tarifas. ------------------------------------------------------------------------------------------------
----- O financiamento atual, enquanto elemento de redistribuição da riqueza, era
desfavorável a quem vivia do seu rendimento de trabalho. -----------------------------------
----- Deixou claro que não associava diretamente a apropriação dos benefícios dos
transportes ao número de postos de trabalho de uma empresa, mas como referiu, à
repartição da riqueza. -------------------------------------------------------------------------------
----- E como exemplo, disse que as empresas tinham normalmente encargos
financeiros nas suas contas, ou seja, o resultado de uma parte do que produziam ia
para as entidades a quem tinham de satisfazer esses encargos e que portanto também
beneficiavam do trabalho realizado nas primeiras, logo, beneficiavam com os serviços
do sistema de transportes.--------------------------------------------------------------------------
----- Assim, como os impostos estavam associados aos resultados das empresas e
atendendo à sua função redistributiva, era nos impostos que o financiamento indireto
do sistema devia residir. ---------------------------------------------------------------------------
----- Sendo os impostos a fonte do financiamento indireto, chegavam a um elemento
que poderia ajudar à discussão de um tema muito em foco ultimamente: a
municipalização das empresas de transportes. --------------------------------------------------
----- Quem tinha por função lançar e cobrar impostos sobre a atividade económica não
eram as autarquias, era a administração central, daí que devesse ter, por obrigação,
aquele financiamento. ------------------------------------------------------------------------------
----- Como conclusão daquele ponto, o do financiamento do sistema, entendia que a
principal função que desenvolvia como um instrumento de viabilidade da atividade
económica nas deslocações casa-emprego, disse que entendia que devesse ser justo,
ou seja, pago proporcionalmente ao proveito que dele cada um tirava, sendo os
43
impostos o elemento fundamental daquele mecanismo de justiça, pelo que devia ser
da responsabilidade da administração central. --------------------------------------------------
---------------------------- INTERVENÇÃO DO PÚBLICO --------------------------------
----- O Senhor Dr. Rodolfo Knapic no uso da palavra, disse que era eleito na
Freguesia de Santo António, Dirigente Sindical Independente de Quadros Superiores e
Técnico Superior no Metropolitano de Lisboa. -------------------------------------------------
----- Quanto à organização e financiamento do serviço de transportes coletivos em
áreas metropolitanas, sublinhou três pontos: O que queríamos, que dinheiro tínhamos
e como iriamos fazer. -------------------------------------------------------------------------------
----- Tinha de estar muito bem definida a definição estratégica dos, e para, os
transportes. Aquilo que se pretendia era que a organização refletisse o que se
pretendia do transporte para a Área Metropolitana. -------------------------------------------
----- Em termos de financiamento, disse que, para além das receitas tarifárias, existiam
vários modelos, em que as contrapartidas aconteciam através: do IMI (Imposto
Municipal sobre o Imobiliário), do estacionamento, da portagem nas entradas das
cidades, da taxa sobre os combustíveis, entre outras. ------------------------------------------
----- Independentemente dos operadores serem Públicos ou Privados, o importante era,
e no caso do Metropolitano de Lisboa, definir quais eram as regras, ou seja,
contratualização dos objetivos, e consequentemente, o respetivo financiamento. E,
depois disso, qual o financiamento. --------------------------------------------------------------
----- O que não podia acontecer era não estar contratualizado o serviço, nem definido
o seu financiamento. --------------------------------------------------------------------------------
----- Particularmente, no Metro existia dois ‘core business”: infraestruturas: não dão
lucro, como era regra, internacionalmente, que o Estado deveria pagar, mas ate à data
o Estado preferia fazer com que a empresa se endividasse para a custear; transportes
de passageiros: sujeito a obrigações de serviço público, desde logo, tarifas sociais, que
deveriam ser objeto de indemnizações compensatórias. Ora, o financiamento não
podia continuar na atual confusão. As indemnizações compensatórias não eram para
financiar as infraestruturas. Devendo o sector publico assumir essa componente, com
dotações de capital, não agravando o défice da empresa. -------------------------------------
----- Quanto às los pelo seu serviço público do transporte, no caso do Metro, o
financiamento era mais caricato, porque a empresa não só recebeu sempre IC’s
inferiores aos custos do serviço prestado, como financiou durante anos IC’s a
privados, agravando o seu défice, por forca de uma chave de repartição de receitas
desajustada. E, ainda hoje, continuava a financiar através da repartição de receitas dos
passes combinados. ---------------------------------------------------------------------------------
----- Em conclusão, dado que o financiamento gerava sempre dificuldades na sua
concretização, perguntava: para financiamento das infraestruturas, por que razão
nunca foi posta em prática uma lei importante relativa à tributação das mais-valias
imobiliárias, geradas pelas infraestruturas, nomeadamente ferroviárias (com honrosa
exceção seja feita a travessia ferroviária do Tejo, e no âmbito das infraestruturas não
ferroviárias, o Parque Expo e a segunda travessia do Tejo)? E para financiamento do
serviço público, por que motivo era sempre adiada a contratualização/remuneração do
44
serviço das atuais empresas públicas, onerando-as com défices crescentes, bem como
a aprovação de mecanismos de financiamento das IC’s, como os que, inicialmente,
tinha referido, a suportar pelos beneficiários indiretos do serviço e utilizadores de
transporte privados, causadores de impactos negativos na mobilidade e ambiente? ------
----- O Senhor Óscar Rodrigues no uso da palavra, disse que quando, atualmente, se
trazia à discussão pública a temática do financiamento do serviço de transportes
públicos, perante a intenção do governo de privatização da CARRIS e do Metro,
convinha recuar um pouco no tempo e analisar qual tinha sido a evolução que ocorreu
no modelo de financiamento daquelas duas empresas desde mil novecentos e setenta e
cinco. -------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Era claro para todos que as principais fontes de financiamento dos transportes
públicos eram as receitas de bilheteira (venda de passes e viagens) e as indemnizações
compensatórias do Estado, que foram instituídas para compensar os operadores do
custo social do “transporte público acessível para todos”, concretizado através da
criação do “Passe Social” e, em alguns casos, o elevado valor dos investimentos em
infraestruturas. ---------------------------------------------------------------------------------------
----- Era, igualmente, claro que, com o anúncio do fim das indemnizações
compensatórias aos operadores, aquilo que o governo queria promover era o reiterado
princípio do “utilizador pagador” e a supressão das carreiras menos rentáveis, sem
qualquer preocupação social ou estratégia de gestão metropolitana da rede de
transportes. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- Era, também muito claro que os resultados financeiros apresentados pela
CARRIS e pelo Metro nos últimos anos, traduziam uma preocupação puramente
economicista, onde o desajustado aumento das tarifas e a redução abrupta da oferta da
rede e dos respetivos custos operacionais, procuram apenas “aligeirar” a
responsabilidade do Estado naquele sector. -----------------------------------------------------
----- No entanto, quando analisavam a evolução dos tarifários dos operadores, as
indemnizações compensatórias e a evolução do volume de procura, verificavam que,
por um lado, as alterações tarifárias ocorridas desde mil novecentos e setenta e cinco,
tinham sido efetuadas, muitas vezes, sem qualquer relação com o IPC ou Taxa de
Inflação (como deveria ter sido), agravado pelo facto de nos últimos seis anos (desde
dois mil e oito, inicio da crise económica Mundial) as tarifas foram sempre
atualizadas a uma taxa superior ao IPC. Por outro, a procura de transportes vinha a
diminuir consideravelmente, de grosso modo na CARRIS e com especial relevância
na ultima década (no que dizia respeito ao Metro). --------------------------------------------
----- Questionou se as indemnizações compensatórias, tentavam compensar não
apenas o “fator social” dos passes que esteve na sua origem, mas, também, o
desajustamento das atualizações tarifárias ao longo dos anos e a continuava em queda
abrupta registada na procura. ----------------------------------------------------------------------
----- Disse que convinha parar para pensar e refletir. Se àquela contínua queda de
procura nos transportes públicos fosse adicionado o elevado crescimento da taxa de
motorização e o aumento do volume de automóveis que entravam diariamente na
cidade de Lisboa (mais de 600.000), facilmente se conseguia deduzir que o problema
45
passava pela excessiva utilização do transporte individual em detrimento do transporte
público. Aquela situação tinha que ser invertida, e apenas os Municípios possuíam
estratégias, ferramentas e capacidade para promover tal mudança. -------------------------
----- Era importante referir que se olhássemos para outros exemplos internacionais, o
caso de Londres (TFL) ou Madrid (EMT), o modelo seguido era precisamente aquele
que a gestão era desenvolvida pelo município, que promovia a integração de
diferentes serviços e operadores de mobilidade (transportes, modos suaves,
estacionamento, etc.), e que curiosamente, mantinham compensações governamentais,
assumindo os transportes urbanos como um serviço público. -------------------------------
----- Naquele sentido, defendia que a proposta do Sr. Presidente da Camara Municipal
de Lisboa, em ter uma gestão municipal da CARRIS e do Metro que permitisse
alcançar três objetivos primordiais na gestão do sistema de transportes da cidade de
Lisboa: redução dos valores das indemnizações compensatórias e do peso da
responsabilidade financeira do Estado, através da integração de outras receitas do
município (publicidade, estacionamento, etc.); manutenção do serviço público de
transportes sob gestão do sector público, com a clara intenção de prestar um
verdadeiro serviço público; ajustamento da oferta da rede de transportes públicos as
reais necessidades dos cidadãos através da integração de serviços (Carris, Metro,
modos suaves, estacionamento) permitindo o desenvolvimento de políticas de
transportes integradas, multimodais e mais sustentáveis. -------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Manuel Lage no uso da palavra, disse que
sobre o financiamento dos transportes públicos, a verdade era que as receitas do
Estado, os tarifários, não eram claramente suficientes para garantir a sustentabilidade
das empresas de transporte público, nomeadamente, na Cidade de Lisboa. O que
significava que tínhamos de conseguir assegurar o financiamento e a sustentabilidade
das empresas de transporte público, tentando encontrar formas de o fazer. E que não
era através das indemnizações compensatórias, que não eram pagas, ou eram
reduzidas a cada ano que passava. Pelo que tinham de encontrar formas que
garantissem dois fins; a garantia de um serviço público de qualidade o qual devia
assentar em dois vetores, um primeiro que tinha a ver com o serviço que era prestado
à população, ou seja, o serviço teria de se adequar às necessidades das pessoas, e não
as pessoas adequarem-se às necessidades e às rentabilidades do serviço prestado. E,
por outro lado, a garantia de que com a alteração da gestão e com a municipalização
dos transportes públicos, os postos de trabalho dos trabalhadores estariam,
naturalmente, assegurados com a garantia de que nada lhe sucederia de negativo ao
contrário daquilo que, eventualmente, se pudesse vir a pensar, nomeadamente quando
se falava numa privatização. ----------------------------------------------------------------------
----- Reforçou que o financiamento só poderia ser conseguido através de impostos,
talvez através da criação de novos impostos seguindo o princípio de
utilizador/pagador, ou então através da adjudicação de algumas verbas de impostos
atuais para aquelas empresas. No fundo, fazer com que viessem para o âmbito da
esfera municipal “os ossos, mas que a carne também os acompanhasse”. E estava a
falar, por exemplo, do imposto sobre os produtos petrolíferos, sobre uma parte que era
46
cobrada sobre o valor da portagem e, relativamente, até, sobre o imposto único de
circulação, enfim, havia ali um conjunto de situações que teriam de ser vistas, mas
que o fim devia de ser aquele, garantindo a prestação de um serviço público de
qualidade aos munícipes e que garantisse aos trabalhadores os seus postos de trabalho
com a garantia da continuidade daquela que era a sua atividade que muito contribuía
para o desenvolvimento da cidade e do país. ---------------------------------------------------
----- O Senhor Fernando de Carvalho Santos e Silva no uso da palavra, disse que
iria apresentar ali uma lista sobre as hipóteses de financiamento que já tinham ali sido
faladas, e muito bem, as quais passaria a elencar: autofinanciamento por aumento de
receitas através do aumento da taxa de ocupação e do aumento da procura,
nomeadamente através de multas de estacionamento (principalmente sobre os passeias
ou sobre as linhas de elétrico), portagens à entrada da cidade (desenvolvimento de
parques “park and ride”), mais-valias de urbanizações, a exemplo de Hong Kong,
atribuindo a concessão do empreendimento imobiliário ao operador (obriga à ligação
indissociável entre o planeamento das redes e a organização do território e urbanismo,
nomeadamente politicas de reabilitação urbana), contribuição extraordinária com a
emissão de licenciamento de construção, a exemplo das pontes 25 de abril e Vasco da
Gama, afetação de parte do IMI em função da localização relativamente à rede de
transporte ou taxas variáveis em função da necessidade de novas linhas, taxação
extraordinária sobre o combustível vendido na área metropolitana com definição de
escalões de consumo, sob a forma de taxa de carbono (distribuição dos custos das
externalidades), imposto do tipo “versemerit transpor-t≫” francês (0,55 a 1,75% dos
salários pagos pelas empresas com mais de nove funcionários em função do numero
de habitantes da região) compensado com redução da atual carga fiscal sobre as
empresas e benefícios fiscais às empresas sediadas em Lisboa, nomeadamente as que
pagassem as deslocações em transportes coletivos aos seus empregados ou clientes ou
que emitissem cartões de desconto associados ao transporte coletivo, forte adesão aos
fundos comunitários do programa 2021-2027, o que exigia que se começassem já os
projetos, considerando que a participação no quadro para 2014-2020, relativamente à
mobilidade urbana, era muito curta, no caso de recurso a PPP para construção,
manutenção ou exploração, limitar a taxa de rendibilidade a 3%, repartir
equitativamente os riscos e prever mecanismos de correção das previsões de procura e
da duração da concessão. -------------------------------------------------------------------------
----- Necessidade de uma ligação forte e permanente aos programas de financiamento
da melhoria da mobilidade e da eficiência energética da EU, com colaboração com
universidades, associações profissionais e revistas da especialidade, nomeadamente
para: aplicação de inovações tecnológicas em novas redes “on demand” (transporte
local guiado ou frotas de carrinhos elétricos de aluguer partilhado para curtas
distancias e baixa capacidade, ou autocarros elétricos de recarga de baterias em
movimento, ou economia do hidrogénio), efetiva reabilitação urbana, aprofundamento
dos estudos aplicados a realidade portuguesa sobre a viabilidade das linhas de
orientação europeias no sentido do utilizador-pagador (pagamento em função dos
rendimentos ou desenvolvimento de politicas de descontos; definição de um
47
comparador internacional para avaliação do custos e cobertura de despesas por
receitas operacionais razoáveis de transporte urbano) e poluidor combustíveis fosseis-
pagador (taxa de carbono/externalidades) conseguirem uma taxa de cobertura das
despesas totais pelas receitas de 100%. ----------------------------------------------------------
----- Referiu que gostaria de colocar umas questões à Câmara Municipal de Lisboa, e
que são as seguintes: na Câmara Municipal de Lisboa existia, ou estava em
desenvolvimento em tempo útil, um plano para o levantamento dos passeios
incompatíveis com a presença de automóveis sobre eles e para subsequentes
fiscalização e multa sistemáticas? Na Câmara Municipal de Lisboa existia, ou estava
em desenvolvimento em tempo útil, um plano para definição e instalação de pontos de
portagem de entrada na cidade? (nota: o sistema de Londres, Oslo e Estocolmo não
exigia barreiras físicas, processando-se automaticamente a identificação das
matrículas e o envio domiciliário da respetiva multa). A Câmara Municipal de Lisboa
participava, ou tem conhecimento de instituições oficiais ou privadas que
participassem nos programas comunitários de estudo e implementação de medidas de
melhoria da mobilidade urbana e da eficiência energética e redução de emissões? Se
sim, pediu ampla divulgação dos mesmos. ------------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Sobreda Antunes no uso da palavra, disse que
a terceira sessão daquele debate centrava-se no financiamento do serviço de
transportes coletivos em áreas metropolitanas. ------------------------------------------------
Começou por lembrar que a tentativa do Governo de abrir a exploração dos serviços
públicos de transportes coletivos de passageiros, prestados atualmente por empresas
na esfera do Estado, à iniciativa privada, configurava, exclusivamente, mais uma
procura de engenharia financeira, onde o principal objetivo daquela concessão era o
de reduzir os encargos do Estado, pondo assim em causa um serviço público
indispensável para os cidadãos. -------------------------------------------------------------------
----- Procurando tornar mais apetecíveis a Carris e o Metro, aquela engenharia tinha
passado por uma redução de custos, com a drástica diminuição do número de
trabalhadores e o desinvestimento na qualidade da oferta dos serviços, nas redes, no
material circulante, nas acessibilidades, nos tempos de espera dos utentes, ou seja,
ficcionando a rentabilidade do negócio para as empresas concessionárias, colocando
os números à frente dos justos interesses das populações, utentes e trabalhadores. ------
----- É que a questão chave não residia na gestão operacional da rede, mas sim numa
série de fatores intrínsecos à gestão e ao bom funcionamento do sistema de
transportes. Não era uma questão de oferta e procura, mas sim a prestação de um
serviço público. -------------------------------------------------------------------------------------
----- Referiu que, em primeiro lugar, faltava uma estratégia pública que estimulasse e
aumentasse a utilização dos transportes coletivos como meio preferencial sobre o
transporte individual, que passasse por promover a complementaridade dos diversos
modos de transporte em Lisboa, que tivesse como prioridade o direito social à
mobilidade, que implemente um tarifário unificado e multimodal, que reduzisse a
emissão de gases com efeito de estufa e a própria dependência externa de
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combustíveis, em suma, defendesse os princípios de qualidade que deviam reger um
serviço público de transporte de passageiros. ---------------------------------------------------
----- Em segundo lugar, disse que para levar a cabo aquelas medidas era necessário
que o Estado e as autarquias, servidas por aquelas empresas, otimizassem o sistema de
transportes, sob a égide de uma Autoridade com atribuições claras na definição de
redes, serviços, tarifários, etc., tornando o sistema de transportes da Área
Metropolitana de Lisboa mais sustentável do ponto de vista social, ambiental,
económico e financeiro, procurando respostas eficazes às diferentes necessidades de
mobilidade das populações. -----------------------------------------------------------------------
----- Em terceiro lugar, disse que o modelo de financiamento não poderia restringir-se
às receitas da bilhética. A sustentabilidade das empresas poderia garantir um
excedente que seja reinvestido internamente nas suas redes, fator para o qual a
perspetiva imediatista do lucro empresarial jamais contribuiria. A bilhética e taxas
adicionais poderiam contribuir para as despesas operacionais e correntes, mas tal
nunca poderia ser feito à custa do preço das viagens, degradação da qualidade do
serviço, ou despedimentos, mas sim através da expansão da rede, do aumento dos
municípios servidos e do próprio número de passageiros, numa clara política de
melhoria do serviço público. ----------------------------------------------------------------------
----- O Estado devia, por isso, assumir as suas responsabilidades, reconhecer que
qualquer sistema de transportes coletivos, mesmo à escala metropolitana, poderia ser
tendencialmente deficitário, pelo que o investimento na melhoria das infraestruturas
teria de ser comparticipado pelas instituições públicas - pelo Estado -, num regime
semelhante ao das indemnizações compensatórias, ou seja, subsídios à exploração.
Havia que reduzir e unificar o número de títulos de transporte disponível e definir um
tarifário único e coerente para a Área Metropolitana de Lisboa. ----------------------------
----- Em suma, as receitas do sistema deviam ser aplicadas para a sua melhoria e
crescimento, o Estado tinha de garantir as suas responsabilidades financeiras, a
Autoridade Metropolitana devia garantir uma melhor intermodalidade e
acessibilidades aos utentes. E, finalmente, qual o papel da CML, perguntou. Eis uma
questão de ‘por maior’: fossem quais fossem os consensos a que as negociações a que
Câmara Municipal de Lisboa e Governo chegassem, fossem quais fossem as
conclusões a que aquela série de debates naquela Assembleia Municipal chegasse,
havia que reconhecer que ao fim de décadas, a Carris e o Metro ganharam espaço
suburbano, servindo não apenas a capital, mas também, e diretamente, os concelhos
limítrofes de Almada, Amadora, Odivelas, Oeiras e Loures. Pelo que jamais o
município de Lisboa se poderia apropriar do papel exclusivo da sua gestão! Tal
constituía uma posição de arrogância. -----------------------------------------------------------
----- Sublinhou que “Os Verdes” insistiam que aquele princípio era obviamente
incontornável e teria de constar nas conclusões daquele debate. A Carris e o Metro
deixaram de ser apenas de Lisboa, era de toda a região. Assim sendo, era mais do que
óbvio que todos os municípios servidos por aquelas empresas teriam de ter sempre
uma palavra a dizer sobre os direitos dos seus utentes de transportes públicos. -----------
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----- O Senhor Paulo Alves no uso da palavra, disse que estavam a debater a forma
mais eficaz e eficiente de organizar os serviços de transporte público e o modo como
os mesmos deviam ser financiados. --------------------------------------------------------------
----- Sublinhou que sendo trabalhador no Metropolitano de Lisboa, compreenderiam
que se centrasse, sobretudo, naquele operador público de transporte. ----------------------
----- Defendia, pelo seu papel estratégico no desenvolvimento da cidade e da sua Área
Metropolitana, que aquele tipo de transporte se mantivesse sempre na esfera pública,
única forma de garantir, mais do que o normal funcionamento da sua operação, a sua
eficaz manutenção e o desenvolvimento da rede em função das melhores opções para
a operação e sobretudo para a mobilidade das populações que servia. ---------------------
----- Contudo fazia falta uma entidade (que não existisse apenas no papel) e que fosse
atuante e que tivesse poderes efetivos (e não teóricos) para proceder a organização e
coordenação dos vários operadores de transportes da Área Metropolitana de Lisboa e,
sobretudo, que pensasse, de forma racional, a mobilidade que se pretendia sustentável
(em termos financeiros, económicos, ambientais, sociais e laborais). ----------------------
----- Uma autoridade em que os municípios tivessem um papel determinante e,
sobretudo, que colocasse os transportes efetivamente ao serviço dos utentes, num
contexto intermodal, integrado, coeso e racional. ----------------------------------------------
----- O financiamento dos transportes públicos era praticamente em todo o mundo
composto pela compensação estatal pela prestação do serviço público de transporte. --
----- Sabendo-se que na maior parte dos casos aquelas indemnizações compensatórias
não cobriam os custos operacionais daquelas empresas, eram, no entanto, uma
importantíssima fatia das contas daquelas empresas, já que as receitas tarifarias não
eram suficientes para cobrir aqueles custos de operação e as receitas não-tarifarias
eram ainda insipientes. -----------------------------------------------------------------------------
----- Assim, quando se propagava a ideia de concessão da operação dos transportes
públicos querendo, em simultâneo, acabar com as compensações indemnizatórias,
seria interessante perguntar como é que os privados pretendiam fazer face aos
elevados custos da operação daquelas empresas, sem aquelas compensações e sem
procederem a aumentos brutais das tarifas, coisas de que o governo já se encarregou
nos dois últimos anos. ------------------------------------------------------------------------------
----- E se era verdade que, historicamente, o Metro tinha tarifas muito baixas e havia
necessidade de se fazer uma atualização das mesmas, era também verdade que as
tarifas aumentaram para além do limite do aceitável, tendo em conta o custo de vida e
o rendimento das famílias portuguesas, assim como era verdade que não poderiam ser
muito mais aumentadas sob risco de esse aumento afetar de forma indelével a procura
dos transportes públicos. No fim de contas, esta elasticidade da procura não era
infinita. Muitas pessoas preferiam juntar-se duas ou três num carro e partilhar os
custos da gasolina, do que comprarem o passe todos os meses. Aquela opção pelo
transporte individual não tinha apenas os custos imediatos da perda de receitas destas
empresas, mas tinha outros custos importantes para a cidade: aumento da congestão
do trânsito na cidade, aumento de poluição, diminuição da produtividade, aumento da
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dependência do país das energias fosse, aumento da sinistralidade rodoviária,
diminuição da qualidade de vida dos moradores destas cidades, etc. -----------------------
----- Importava, também, referir as opções que foram tomadas no que se referia à
suposta “simplificação tarifária” que eliminou os passes próprios, tanto da Carris
como do Metro, obrigando as pessoas muitas vezes a pagar por um transporte que
nem utilizavam, tinham feito crescer ainda mais o preço dos passes mais vendidos,
complicando a vida dos utentes, em vez de a simplificar. ------------------------------------
----- Defendia pois ser necessário, uma Empresa estável que se mantivesse no domínio
Público, como único garante da qualidade e segurança do seu serviço, salvaguardada
por uma gestão moderna, transparente e tecnicamente competente, com profissionais
especializados e empenhados. ---------------------------------------------------------------------
----- Terminou com uma pergunta aos diversos oradores daquele painel: como
encaravam a recente medida, depois de prometerem aos trabalhadores, com mais de
55 anos de idade, um complemento que minimizasse os efeitos financeiros da sua
antecipação da reforma, agora, que se via livre daqueles trabalhadores, deixasse de
honrar aquele compromisso deixando de pagar aqueles complementos, perguntou. -----
----- Tratar do financiamento do setor, era também, na sua opinião, honrar os
compromissos e não prometer hoje uma coisa e fazer outra amanha. Isso não era gerir,
era enganar. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Carlos Gaivoto no uso da palavra, disse que estava surpreendido pelo
facto do Senhor António Mendonça, tendo sido o antigo Ministro dos Transportes,
aparecer ali como se a situação que atualmente viviam as empresas públicas fosse
uma situação que apenas se reduzisse a balanços e a resultados. Não lhe parecia que
fosse aquela a questão, pois o transporte público merecia uma atenção específica
sobretudo quando havia compromissos da própria cidade, da própria região,
protocolos internacionais, que exigia, pelo menos, uma política de transportes
coerente e consistente, com objetivos muito específicos, nomeadamente, não só de
eficiência energética, mas também de redução de CO2. Aliás, Lisboa corria o risco de
ser penalizada pelo excesso de poluição dentro da cidade. -----------------------------------
----- Referiu que era interessante perceber que as externalidades causadas por um
sistema de transportes que ao longo dos anos tinha sido de prioridade ao automóvel,
pois havia países e cidades que tinham aquilo bastante quantificado porque tinham a
sua conta pública do sistema de deslocações. E deu como exemplo o Reino Unido, em
que entre perdas por congestionamentos, emissões, os impactos na saúde, os
acidentes, atingiam qualquer coisa como quarenta e nove mil milhões de libras, cerca
de sessenta milhões de euros, todos os anos. Eram os impactos que o sistema de
transporte, ao longo dos trinta anos, vinha a ser implementado nas áreas
metropolitanas, sobretudo naquelas que promoviam a dispersão urbana e o que
causavam para a comunidade em termos de custos. -------------------------------------------
----- Nos vários países da Europa aquelas políticas de prioridade ao transporte público
eram coerentes e consequentes. O que não era o caso de Portugal que tinha um atraso
na sua organização institucional de transporte público urbano mas, havia cidades,
51
países que fomentavam e tinham nos seus planos de transporte e mobilidade a
prioridade ao transporte público. -----------------------------------------------------------------
----- Curiosamente, o atual Governo, o Secretário de Estado dos transportes estava
mais preocupado com as PPP’s, com a privatização e com os défices operacionais das
empresas, mas estava a chegar a tranche do quadro comunitário de apoio de 21,5 mil
milhões de euros, para o transporte público para os sete anos só estava previsto
setecentos e cinquenta e cinco milhões de euros. ----------------------------------------------
----- Disse que gostaria que a Câmara Municipal de Lisboa e a Área Metropolitana de
Lisboa, que estavam no Conselho de Gerência da Autoridade Metropolitana de
Transportes, lhe dissessem qual o programa que, efetivamente, se podia propor à
Câmara Municipal de Lisboa e à AMTL. Porque continuar daquela forma, parecia que
o desperdício tinha sido gerado, continuava a ser gerado, e não se viam nem
programas, nem medidas, de combate àquele desperdício. -----------------------------------
----- O Senhor Manuel Leal no uso da palavra, disse que antes de falar do que devia
ser feito para financiar os transportes públicos, importava ter presente como se
chegou, de facto, à situação atual. É que eram muitos os mitos sobre a situação
financeira das empresas públicas. ---------------------------------------------------------------- ~
----- A título de exemplo, com claras extrapolações possíveis para a situação existente
no Metro de Lisboa e na Carris, foi publicado naquela semana o relatório e contas da
Empresa Pública Metro do Porto. Era uma empresa com a exploração comercial
privatizada desde o início da operação. Encontraram dados extraordinariamente
interessantes, para aquela discussão sobre a organização e financiamento dos
transportes públicos. --------------------------------------------------------------------------------
----- Na página setenta e um, disse que eramos informados que o endividamento da
pública, Metro do Porto ascende a 3140 milhões de euros. Mas também informava de
como essa dívida se tinha formado. Um total de 1800 milhões de euros foi para
financiar a construção da infraestrutura. A que acrescia 1200 milhões de euros de
encargos financeiros (juros, custos com swaps, custos com as anulações das swaps,
leasing do material circulante). -------------------------------------------------------------------
----- Na mesma página constava o total de financiamentos que a Metro do Porto
recebeu do Orçamento de Estado, via PIDDAC – 160 milhões de euros, de 1996 a
2013 – apenas 6,1% do custo das obras realizadas. Ou seja, os vários poderes que
decidiram realizar a obra do Metro do Porto, os diversos governos e autarquias
envolvidas, o chamado arco da governação e da dívida, atribuíram-lhe um
financiamento de 6,1% do necessário (mais cerca de 15% de fundos comunitários) e
mandaram a empresa pública endividar-se para realizar o resto da obra. ------------------
----- Referiu que o caso do Metro do Porto, era exatamente porque desde o início, a
sua exploração comercial estava privatizada, o que só veio agravar o processo de
endividamento, pois os próprios comboios estavam a ser pagos pelo Metro do Porto,
bem como as margens de lucro das empresas privadas que foram explorando a
circulação ferroviária. ------------------------------------------------------------------------------
----- Sublinhou que a primeira ideia central para o financiamento dos transportes
públicos prestados pela Carris e pelo Metro de Lisboa; que as despesas em
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infraestruturas de longa duração e material circulante, fossem assumidas no
Orçamento de Estado, e realizadas à medida das possibilidades do País, como
acontecia antes dos Tratados Europeus que lançaram Portugal na armadilha da dívida. -
----- Quanto à segunda ideia, disse que empurrar com a barriga as despesas públicas,
acabava por ter um efeito de boomerang. A dívida que o Estado escondeu nas
empresas públicas ia ter que acabar por regressar ao Estado, mas muito maior. O
dinheiro que o Governo estava a poupar na manutenção ferroviária de infraestruturas e
material circulante, (também rodoviário), ia exigir investimentos públicos gigantescos
no curto prazo, quando os sistemas entrassem em rutura. ------------------------------------
----- Relativamente à terceira ideia, declarou que não era preciso criar novos impostos
para financiar os transportes públicos, essa tarefa devia caber ao Orçamento de Estado
no quadro de um sistema de transportes desmercantilizado. Era que o fomento do uso
do transporte público criava gigantescos benefícios – na mobilidade, no ambiente, na
diminuição de importações – que valiam por si só, mas possuíam, igualmente,
importantes mais-valias para aquele mesmo Orçamento de Estado. ------------------------
----- Para terminar, salientou duas notas sobre as questões de organização: o
funcionamento do sistema de transportes devia ser feito com os trabalhadores e não
contra os trabalhadores. O caminho de pulverização das empresas, que estava a ser
seguido, precisava de ser travado e invertido. -------------------------------------------------
----- O Senhor Deputado Municipal Fernando Nunes da Silva no uso da palavra,
disse que era altura de as coisas serem encaradas com algum realismo e, sobretudo,
não continuar a pisar soluções que vinham da época dos anos oitenta e que mostraram
à sociedade que não tiveram qualquer hipótese de sobrevivência, independentemente,
dos diferentes governos que foram governando o país, pelo que referiu que o próprio
Ministério dos Transportes e das Obras Públicas tinha chegado a estar na mão do
Partido Comunista Português, quer ao nível da Secretaria de Estado, quer ao nível do
Ministro, que durante muito tempo tinha sido uma referência dentro do Partido
Comunista. -------------------------------------------------------------------------------------------
----- Portanto, não era um problema de força política, era um problema de organização
de poderes e de contrapoderes, e de balanços, sendo que a única forma de se ter
segurança era de que os investimentos que se faziam eram de facto aqueles que
interessavam ao país, e não aqueles investimentos que a determinado momento, por
questões eleitoralistas, um determinado governo decidia, era que, de facto, o mesmo
fosse negociado com aqueles que depois deviam operar o sistema. -------------------------
----- Referiu que achava estranhíssimo que o Partido Comunista Português
continuasse a ter uma posição diferente na Área Metropolitana de Lisboa, e na Área
Metropolitana do Porto, em relação a todos os outros municípios do país, porque a Lei
de Atribuições e de Competências das Autarquias Locais esclarecia, precisamente,
que quem devia conceder, ou explorar diretamente, os transportes coletivos deviam de
ser os municípios, e o que tínhamos era municípios de primeira e municípios de
segunda. Todos os municípios que não estavam dentro das áreas metropolitanas eram
municípios de primeira, podiam explorar e desenvolver os seus próprios sistemas de
transportes. Quem estava na Área Metropolitana de Lisboa, ou do Porto, tinha de estar
53
sob a tutela do Governo porque era ao Estado que competia assegurar os transportes
coletivos. Era uma situação algo interessante, pelo que regressaria à mesma mais
tarde. --------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Afirmou que estavam a esquecer algo que era essencial, disse dirigindo-se a Rego
Mendes. A procura de transportes era uma procura induzida, ou seja, as pessoas só
tinham necessidade de se deslocar porque, quer as pessoas, quer as atividades, eram
dispersas no espaço. E quem tinha o poder, único e exclusivo, e que a nova Lei de
Bases recentemente publicada, vinha reforçar, único e exclusivo poder de intervir no
uso do solo eram os municípios, nem sequer o Estado o podia fazer a não ser em
situações muito particulares nos chamados Planos Especiais no Ordenamento do
Território, e que tinha a ver com questões ambientais. E, portanto, quem controlava o
uso do solo e, portanto, quem iria controlar a procura a prazo eram os municípios,
devendo ser estes a responder. --------------------------------------------------------------------
----- Reforçou que já existia um conjunto de impostos e de taxas absolutamente,
essenciais e que eram manipulados, geridos ou recebiam receitas, por parte dos
municípios, e que eram essenciais para induzir e orientar a procura. Desde o IMI, o
imposto sobre veículos, o estacionamento, a gestão da via pública, a derrama sobre as
atividades económicas, todos aqueles já eram definidos pelos municípios e deviam de
ser receitas em relação ao sistema de transportes. ---------------------------------------------
----- Quanto às portagens, as mesmas já existiam, só havia dois eixos de acesso à
Cidade de Lisboa que não estavam portajados. O que devia de ser feito era
uniformizar porque as pessoas que tinham sido servidas mais rapidamente eram
aquelas que pagavam menos portagens e estavam a prejudicar as pessoas que tinham
sido servidas mais tardiamente, portanto, o que devia de ser feito era que as portagens
deviam de ser uniformizadas no acesso a Lisboa, e o diferencial entre aquilo que era
pago e aquilo que devia de ser pago no futuro seria para financiar o sistema de
transportes coletivos e o problema estava resolvido. ------------------------------------------
----- Para concluir, disse que os transportes tinham um efeito redistributivo importante
sob o ponto de vista social. E quem devia de ser responsabilizado e responder
politicamente por aquilo devia de ser os municípios, eram aqueles que deviam de
tomar opções sobre aquela matéria. E não era o Secretário de Estado, ou o Ministro,
que iria ser julgado por aquelas coisas porque tal era demasiadamente distante pelo
que não era aquela a sua tarefa em termos de funcionamento. -------------------------------
----- Sublinhou que gostaria de saber qual era a posição do Partido Comunista
Português e do partido Ecologista “Os Verdes” se os transportes coletivos do Barreiro
fossem nacionalizados por uma qualquer Autoridade Metropolitana de Transportes,
porque não só serviam mais do que um município, serviam o Município da Moita e o
do Seixal, como seguidamente faziam parte e eram uma peça importantíssima do
sistema de transportes da Área Metropolitana de Lisboa. ------------------------------------
----- O Senhor Vereador Carlos Moura no uso da palavra, disse que o Senhor
Deputado Nunes da Silva, infelizmente, tinha dito ali coisas que mereciam ser
respondidas. ------------------------------------------------------------------------------------------
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----- Lembrou que as dimensões entre o Barreiro e Lisboa eram situações
absolutamente diversas. Mas, ainda, que assim não fosse, o sistema de transportes
coletivos do Barreiro, como muito bem sabia, eram situações que vinham muito
anteriormente ao 25 de Abril. E que tinham caído em cima do Município do Barreiro. -
----- Disse que para o PCP não tinha qualquer problema em que fossem
nacionalizados, bem pelo contrário, entendiam que deviam de ser nacionalizados e
entendiam que o serviço de transportes públicos devia de ser nacionalizado, pelo que
não tinham qualquer problema naquela questão. -----------------------------------------------
----- Referiu que a ideia de que o sistema de transportes se devia reger, ou adequar a
oferta à procura, era uma situação completamente desajustada. Estava mais do que
demonstrada que apenas a melhoria da oferta nas vertentes de rapidez, de fiabilidade e
de preçário reduzido, poderia dar as necessárias respostas às populações e aumentar a
procura. Portanto, dizer-se que um sistema de transportes públicos se poderia resolver
adaptando, ou ajustando, àquilo que existisse no momento era conduzir-nos à situação
atual, em que havia cada menos passageiros transportados porque as pessoas se
sentiam cada vez menos servidas e tinham menos confiança no transporte público o
que conduzia a uma redução de passageiros que também conduzia a uma situação de
novos cortes nos transportes públicos. -----------------------------------------------------------
----- Sublinhou que não era exequível pensar que tais finalidades se poderiam obter
com empresas privadas porque se aquelas não tivessem acesso a “leoninas”
indemnizações compensatórias, seguramente iriam cortar nas coberturas de zonas que
não eram lucrativas. Pelo que as indemnizações compensatórias acabam por ser para
aquelas empresas, uma forma de lucrar através do Orçamento de Estado aquilo que
não teriam em termos de transporte, a menos que aumentassem significativamente a
bilhética. Mas se eles aumentassem consideravelmente a bilhética e tendo em conta os
problemas da Área Metropolitana, o que aconteceria era que aqueles que já eram
condenados por aquelas políticas na utilização do transporte público, teriam de
enfrentar, ainda, um pagamento superior em termos de cobertura do sistema de
transportes públicos. --------------------------------------------------------------------------------
----- Pelo que não era, também, exequível pensar falar de portagens à entrada da
cidade, não só porque desconheciam a elasticidade que aquelas portagens podiam ser
enfrentadas por alguma parte da população, e porque estariam a criar uma situação de
profunda desigualdade social, aqueles que tinham posses, entravam na cidade de
carro, aqueles que não tinham posses acabam por ser condenados a um transporte
público mau, com inúmeros transbordos e mais caro, pelo que não podia ser aquele o
caminho e era duvidoso que a municipalização também desse resposta àquelas
questões uma vez que a maioria daquele transporte saía fora do município, tinham a
ver com outros municípios circundantes, e aquelas questões o município na sua gestão
imediata das necessidades do transporte dentro da cidade, também não respondia. ------
----- Disse que outra ideia que não estava adequada era a ideia do utilizador/pagador,
uma ideia particularmente perversa porque fazia recair sobre quem utilizava uma
capacidade ao seu dispor, a proteção do lucro de quem disponibilizava aquela
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possibilidade, tendo em conta que aquele lucro provinha das externalidades
ambientais e sociais que tinham sido criadas por quem colocou à disposição. ------------
----------------------------INTERVENÇÕES FINAIS ORADORES -----------------------
----- O Senhor Professor Nuno Marques da Costa no uso da palavra, disse que o
serviço do transporte público não podia ser desligado do ordenamento do território,
era impensável. Tinha sido o Ministério das Obras Públicas que, durante muitos anos,
tinha conduzido o fundo do Ordenamento do Território, em Portugal. E aqui era só
para todos pensarem na importância que tais estruturas tinham. E eram os municípios
os principais responsáveis pelo planeamento e o ordenamento do seu território, pelo
que fazia todo o sentido que houvesse aquele “casamento”. ---------------------------------
----- E pegando na questão levantada pelo Engenheiro Carlos Gaivoto, disse que
tinham de fazer contas públicas do que era as deslocações e sem aquelas contas não
havia volta a dar. Tinham de saber quanto custava entrar um automóvel, fazer um
transbordo, era importantíssimo pensar naquele aspeto. --------------------------------------
----- Referiu que não estavam a descobrir nada de novo, o conhecimento e as técnicas
existiam, pelo que tinham era de decidir da melhor forma e da forma mais informada. -
----- O Senhor Professor Francisco Ferreira no uso da palavra, disse que havia uma
questão que não tinha levantado e que era importante, e que se prendia com a questão
da informação, da educação, da formação. Disse que podiam ser desenvolvidas
medidas técnicas, ou não técnicas. E existiam muitas medidas não técnicas,
comportamentais, que eram extremamente importantes e relevantes. Quando se dizia
que o transporte individual era mais barato, mesmo com duas, três pessoas, em
comparação com o transporte público, para uma utilização diária, disse ter fortes
dúvidas, só se as pessoas só faziam contas à gasolina, o que provavelmente aí até
resultava. Mas se fizessem as contas como deviam de ser feitas e se integrassem o
estacionamento, o resultado não era aquele, sendo que o Transporte público era a
opção mais em conta, isto sob o ponto de vista estritamente, monetário. ------------------
----- Quanto ao tempo de demora, disse que a perceção que existia relativamente ao
controlo sobre o veículo era muito maior, sendo que o tempo é considerado como se
passasse mais depressa em comparação com o tempo que passa no transporte público. -
----- E finalizou afirmando que achava que todas as medidas deviam de estar em
aberto. Era necessário saber, e fazer, contas e avaliar as diferentes medidas. Existiam
distorções que vinham de há muito tempo, que tinham sido criadas artificialmente, ou
que não tinham sido seguidas aquelas que estavam previstas entre a Ponte Vasco da
Gama e a Ponte 25 de Abril. Perguntou por que razão o corredor da IC19 não havia de
pagar portagem quando existiam casos como a Ponte 25 de Abril, a Vasco da Gama, a
A5, a A1, portajadas. Ou seja, existiam questões que deviam de ser avaliadas com
rigor, numa lógica técnica e, obviamente, também, política, que permitisse decidir
qual o pacote de medidas que deviam de ser implementadas. -------------------------------
----- E deu um exemplo de que uma das medidas que estava prevista era um corredor
de elevada ocupação. E que Paris tinha decidido avançar com aquele tipo de medida, e
que, infelizmente, ainda não tinha sido aplicada no país. Um corredor que iria reduzir
a velocidade comercial existente na CARRIS. -------------------------------------------------
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----- O Senhor Professor António Mendonça no uso da palavra, disse que havia uma
preocupação que devia de estar presente, que aquela discussão não fosse influenciada
pela situação de crise que estavam a atravessar, deviam de fazer uma discussão que
estivesse para além daquela questão, porque podia haver a tendência devido à situação
que estavam a atravessar, às dificuldades de financiamento, etc., de procurar de olhar
as coisas mais do ponto de vista das restrições financeiras e procurar encontrar as
soluções mais baratas do ponto de vista da lógica do funcionamento das empresas, e
não encontrar aquelas soluções sustentáveis que davam resposta efetivamente, aos
problemas de acessibilidade, não apenas nas áreas metropolitanas, mas em todo o
país. ---------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Depois, a realidade das empresas de transporte estarem todas falidas e não haver
condições de financiamento, pelo que era necessária uma resposta imediata àquele
problema, de encontrar soluções para os desequilíbrios financeiros que ainda não
foram encontradas porque não tinha sido feita ações que não fosse “empurrar com a
barriga”. Porque a solução de aumento de preços, de cortes de salários e de
diminuição de oferta, não lhe parecia que fossem soluções para o problema, pelo
contrário, em alguns casos até agravaram a situação, até mesmo sob o ponto de vista
dos seus impactos ambientais, energéticos, etc., foram bastante mais negativos, os
resultados. --------------------------------------------------------------------------------------------
----- Quanto á discussão sobre quem é que teria a responsabilidade de gerir, disse que
tinha de ser encontrado um modelo que permitisse dar resposta àqueles problemas.-----
----- Quanto à questão da organização, disse que o Estado não podia fugir às suas
responsabilidades, as Câmaras tinham as suas responsabilidades, pelo que havia ali
uma hierarquia de responsabilidades que tinha de ser encarada em termos de encontrar
as próprias soluções. Existiam vários níveis de responsabilidade e aqueles níveis de
responsabilidade deviam de ser considerados. --------------------------------------------------
----- Para finalizar, e sob o ponto de vista do financiamento, disse que se
consideravam quem eram os beneficiários a título amplo, obviamente, tinham de
encontrar nos beneficiários as fontes de financiamento do próprio sistema de
transportes. ------------------------------------------------------------------------------------------
----- O Senhor Engenheiro Rego Mendes no uso da palavra, disse que tinha sido ali
falado, por vários, as indemnizações compensatórias. E entendia que as empresas
públicas não tinham recebido indemnizações compensatórias, recebiam, sim,
subsídios à exploração. Não existia contrato algum. E se verificassem as verbas que
eram transferidas do Orçamento de Estado para as empresas públicas de transporte era
perfeitamente, aleatório. ---------------------------------------------------------------------------
----- Quanto ao financiamento, as verbas que a Câmara recebia, visavam, exatamente,
investir na infraestrutura, não gerir o sistema de transportes. Ali o princípio não podia
ser o do utilizador/pagador, tinha de ser o beneficiário/pagador e através dos impostos,
e não mecanismos que caiam sempre em cima dos mesmos. Pensava que não era
aquilo que se pretendia. ----------------------------------------------------------------------------
----- Sublinhou que a questão da municipalização das empresas de transporte,
CARRIS e Metro, não era uma novidade. No princípio dos anos noventa, o Governo
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de então tinha escrito para a Câmara a propor discutir a municipalização do Metro e
da CARRIS, e o vereador de então respondeu dizendo que estava disposto a discutir
mas havia uma coisa que tinha de discutir “à cabeça”, e que era a questão de qual seria
a parte dos impostos que iriam seguir para a Câmara. E até sugeriu que poderia ser
negociada uma percentagem no imposto sobre combustíveis. Garantiu que até à data
não tinha havido resposta àquela questão. E se alguém tivesse dúvidas poderia
perguntar ao Engenheiro Machado Rodrigues. -------------------------------------------------
--------------------------------------- ENCERRAMENTO --------------------------------------
----- O Moderador, Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos, disse que a
próxima sessão daquele debate seria no próximo dia vinte e quatro de Junho, e
esperava poder contar com a presença de todos e continuar a recolher informações e
dados que permitisse encontrar uma melhor solução e não, somente, o manter-se como
estava. ------------------------------------------------------------------------------------------------
----- Agradeceu a todos os presentes. ------------------------------------------------------------
----- Seguidamente, agradeceu a presença dos Senhores Deputados Municipais e deu
por encerrada a reunião. ----------------------------------------------------------------------------
----- Eram vinte horas e trinta minutos. ----------------------------------------------------------
----- Eu ______________________________, Chefe de Gabinete, a exercer funções
no Gabinete de Apoio à Assembleia Municipal lavrei a presente ata que também
assino, nos termos do disposto no n.º 2 do art.º 57.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013 de
12 de setembro, do n.º 2 do art.º 90.º do Regimento da Assembleia Municipal de
Lisboa e do despacho da Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa
exarado em 10 de Setembro de 2014 na folha de rosto anexa à Proposta n.º
1/SMAM/2014. --------------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------A PRESIDENTE --------------------------------------------