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1 ASSENTAMENTO CARRASCO: LUTA, CONQUISTA DA TERRA E A CONSTRUÇÃO DE EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS Aline Barboza de Lima Universidade Federal de Campina Grande UFCG [email protected] José Geraldo da Costa Neto Universidade Federal de Campina Grande UFCG [email protected] Rayssa de Lyra Lisboa Universidade Federal da Paraíba - Campus: João Pessoa UFPB [email protected] Severino Justino Sobrinho Universidade Federal de Campina Grande UFCG [email protected] Resumo O presente estudo tem como objetivo descrever a trajetória de luta campesina em prol do acesso a terra e a construção de uma nova territorialidade a partir da perspectiva agroecológica, tendo como resultado a criação do Assentamento Carrasco, localizado entre os municípios de Esperança e Alagoa Nova, Agreste da Paraíba. Este busca ainda analisar as formas de organização do trabalho e da produção agroecológica. Para a realização deste trabalho utilizamos alguns procedimentos metodológicos, tais como: pesquisa bibliográfica e documental, trabalho de campo, aplicação de questionários junto aos assentados e entrevistas com membros da associação local dos trabalhadores. Palavras-chave: Camponês. Assentamento Rural e Produção Agroecológica. Introdução Este estudo tem como objetivo analisar a organização da produção agroecológica e também o processo de conquista pela terra no Assentamento Carrasco, localizado entre os municípios de Esperança e Alagoa Nova, mesorregião do Agreste paraibano. O trabalho traz um breve histórico da propriedade/imóvel que deu origem ao atual Assentamento Carrasco, abordando as evidentes mudanças na vida dos camponeses através da conquista da terra e a partir da iniciativa de produzir alimentos diversificados, respeitando os agroecossitemas regionais por meio dos princípios agroecológicos. A origem deste assentamento não está relacionada a nenhum tipo de conflito social, mas sim ao interesse de 10 famílias de agricultores que trabalhavam em sítios próximos a Fazenda Carrasco. Estes tinham por objetivo possuir a sua própria terra, fato que se

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ASSENTAMENTO CARRASCO: LUTA, CONQUISTA DA TERRA E A CONSTRUÇÃO DE EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS

Aline Barboza de Lima Universidade Federal de Campina Grande UFCG

[email protected]

José Geraldo da Costa Neto Universidade Federal de Campina Grande UFCG

[email protected]

Rayssa de Lyra Lisboa Universidade Federal da Paraíba - Campus: João Pessoa UFPB

[email protected]

Severino Justino Sobrinho Universidade Federal de Campina Grande UFCG

[email protected]

Resumo O presente estudo tem como objetivo descrever a trajetória de luta campesina em prol do acesso a terra e a construção de uma nova territorialidade a partir da perspectiva agroecológica, tendo como resultado a criação do Assentamento Carrasco, localizado entre os municípios de Esperança e Alagoa Nova, Agreste da Paraíba. Este busca ainda analisar as formas de organização do trabalho e da produção agroecológica. Para a realização deste trabalho utilizamos alguns procedimentos metodológicos, tais como: pesquisa bibliográfica e documental, trabalho de campo, aplicação de questionários junto aos assentados e entrevistas com membros da associação local dos trabalhadores. Palavras-chave: Camponês. Assentamento Rural e Produção Agroecológica.

Introdução

Este estudo tem como objetivo analisar a organização da produção agroecológica e

também o processo de conquista pela terra no Assentamento Carrasco, localizado entre

os municípios de Esperança e Alagoa Nova, mesorregião do Agreste paraibano.

O trabalho traz um breve histórico da propriedade/imóvel que deu origem ao atual

Assentamento Carrasco, abordando as evidentes mudanças na vida dos camponeses

através da conquista da terra e a partir da iniciativa de produzir alimentos diversificados,

respeitando os agroecossitemas regionais por meio dos princípios agroecológicos.

A origem deste assentamento não está relacionada a nenhum tipo de conflito social, mas

sim ao interesse de 10 famílias de agricultores que trabalhavam em sítios próximos a

Fazenda Carrasco. Estes tinham por objetivo possuir a sua própria terra, fato que se

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tornou possível devido a um Programa do Governo Federal, o Crédito Fundiário que

possibilita aos trabalhadores rurais sem terra, o acesso a terra através do financiamento

de imóveis rurais. É uma forma de auxílio ao processo de Reforma Agrária.

Para que houvesse a efetivação da compra da terra, fez-se necessário o apoio das

associações comunitárias, dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais

(STTR´s), e de algumas Organizações Não Governamentais como a AS-PTA

(Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa) e o Polo Sindical da

Borborema. Desta forma os camponeses, alguns já membros da (APROFACO) a

Associação Local dos Produtores Orgânicos da Fazenda Carrasco, lutarem para

conseguir a terra.

A Fazenda Carrasco possuía uma área de 460 hectares e estava em situação de total

abandono, até as cercas já tinham sido destruídas pelo avanço da mata que colonizava

toda propriedade. Foram comprados 62 hectares de terra com o auxilio do INTERPA –

PB (Instituto de Terras e Planejamento Agrícola da Paraíba), onde as 10 famílias

beneficiadas, foram assentadas com lotes de cinco hectares. A mata ciliar que havia na

propriedade foi preservada e hoje ocupa dentro do assentamento uma área de 12

hectares com trilha ecológica.

Para realização deste trabalho, utilizamos os seguintes procedimentos metodológicos:

pesquisa bibliográfica referente ao objeto de estudo, onde buscamos o embasamento

teórico, sob os conceitos Território e Agroecologia, entrevista junto aos assentados,

membros da associação local e sindicatos dos trabalhadores rurais, aplicação de

questionário (20% do total das famílias assentadas) e trabalho de campo. No trabalho de

campo, colhemos informações relacionadas à produção agroecológica e a participação

dos assentados nas feiras agroecológicas dos municípios circunvizinhos, além de

recuperar a história de luta e de conquista da terra.

A Construção de Novos Territórios na Perspectiva Agroecológica

Com o intuito de fundamentar a importância de nossa temática, abordaremos então

conceitos e discursões sobre Território e Agroecologia, a fim de encontrar um

referencial teórico para a pesquisa, e entender as novas formas de apropriação e

reprodução do espaço agrário.

O conceito de território foi formulado ainda no século XVII e utilizado na Geografia no

final do século XIX. Para Ratzel (apud FERNANDES, 1990) o território representa não

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apenas as condições de trabalho e de existência de um povo, mas também um dos seus

elementos fundamentais de formação e da garantia da existência do Estado. Nesse ponto

de vista, não se pode pensar o território separado do Estado.

O Estado por sua vez é o mediador da luta entre os diferentes segmentos sociais. No

campo brasileiro, a atuação do Estado se processa a partir da “mediação” do confronto

existente entre a elite agrária e os camponeses.

Entre tantas concepções, Souza (1995 apud BUTH e CORRÊA, 2006, p.155)

caracteriza o território como “[...] um espaço definido e delimitado por e a partir das

relações de poder [...].” A partir daí, os grupos sociais passam a lutar pela apropriação

de um espaço e, sobretudo pelos recursos naturais, principalmente a terra para que nela

possa desenvolver a sua função social.

Sobre território, Santos (2002, p. 62), concebe como um: [...] conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado país ou numa dada área e pelos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais [...]. A configuração territorial ou configuração geográfica, tem pois, uma existência material própria, mas sua existência social, isto é, sua existência real, somente lhe é dada pelo fato das relações sociais [...].

Nesse sentido, entendemos que o território é o resultado de um processo longo e de

construção do espaço por sujeitos sociais que estabelecem novas relações socioculturais

na paisagem.

Nos dizeres de Oliveira (2002, p.74) o território se constitui como: produto concreto da luta de classes travada pela sociedade no processo de produção de sua existência. [...] Dessa forma, são as relações sociais de produção e o processo contínuo/contraditório de desenvolvimento das forças produtivas que dão configuração histórica específica ao território. Logo o território não é um prius ou um a priori, mas a contínua luta da sociedade pela socialização igualmente contínua da natureza. [...] a construção do território é contraditoriamente o desenvolvimento desigual, simultâneo e combinado, o que quer dizer: valorização, produção, reprodução. [...] Isso significa que, sob o modo capitalista de produção, a valorização é produto do trabalho humano nas suas diferentes mediações sociais, a produção é produto contraditório de constituição do capital e a reprodução é produto do processo de reprodução ampliada do capital.

É a partir desse pensamento que percebemos que os camponeses continuam na luta para

se reproduzir e até mesmo resistir enquanto segmento de classe ao modo capitalista de

produção, a fim de conquistar novas formas de re-territorialização, apresentando como

resultado final a criação de assentamentos rurais. Espaço que não deve ser considerado

apenas um resultado de luta, mas acima de tudo representa a conquista de um território.

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Segundo Leite (2004 apud DUQUÉ e CANIELLO 2006, p. 634) existe diferenças entre

os camponeses de um assentamento e os camponeses de outra área rural qualquer, uma

vez que: Os assentamentos se constituem de espaços diferenciados de relação com o Estado e é essa relação diferenciada que faz existir o assentamento e por conseqüência, os assentados, e os assentados como segmento social diferenciado.

A partir da concepção desses autores, percebemos que o assentamento rural afigura-se

como uma nova territorialidade e uma nova configuração na paisagem rural. Como

atores da constituição desse novo território, os camponeses são sujeitos sociais que

lutam coletivamente em prol de sua permanência na terra, pela valorização cultural e de

saberes e acima de tudo em defesa da natureza.

É resistindo ao modelo homogeneizador e capitalista de produção que os camponeses

buscam por modelos mais sustentáveis de lidar com os recursos do meio ambiente.

Nesse sentido a “A Agroecologia sugere alternativas sustentáveis em substituição às

práticas predadoras da agricultura capitalista e à violência com que a terra foi forçada a

dar seus frutos” (LEFF, 2001, p. 37).

As práticas agrícolas “modernas” impostas ao espaço rural em meados dos anos de

1950, principalmente pela “revolução verde,” provocaram verdadeiros desequilíbrios ao

quadro ambiental planetário e certamente atingiu reprodução do campesinato, dos

indígenas, das comunidades tradicionais, reestruturando as relações produtivas, sociais e

culturais, além da expropriação.

Na Paraíba, os efeitos desse processo se deram de forma mais significativa a partir da

década de 1970, acentuando as desigualdades sociais de áreas já acometidas pela

pobreza. A “revolução verde”, modelo técnico que distanciou o camponês da terra ao

introduzir o maquinário no campo e o uso de produtos químicos, impulsionou a

migração das massas rurais para os centros urbanos, movimento que ficou conhecido

como êxodo rural ocorrido no século passado. Sobre o modelo de produção espoliador,

vejamos os dizeres de Primavesi (2003, p. 69). As monoculturas, introduzidas para permitir a mecanização em grande escala, os herbicidas e as queimadas acabaram rapidamente com as reservas do solo em matéria orgânica que se substituiu por adubos químicos e a mão de obra foi substituída por máquinas, iniciando a migração de bilhões de pessoas para as cidades e as favelas.

Devido a tantas problemáticas que depredam o meio ambiente, torna-se evidente nesse

século, a utilização de práticas alternativas para a produção alimentar. A dimensão

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agroecológica é o caminho encontrado pelos camponeses de pequenas propriedades e de

assentamentos rurais para se estabelecerem de forma mais efetiva no campo, cultivando

saberes e identidades culturais.

A busca por um manejo ecológico ao meio ambiente e solução dos problemas

entravados pela relação sociedade-natureza, surge do modelo camponês quando pautado

pelo discurso que traz a Agroecologia em desenvolver práticas de produção alimentar

economicamente viável, abrangendo uma dimensão social e política.

A única solução para o problema socioambiental que atravessamos está num manejo ecológico dos recursos naturais, em que apareça a dimensão social e política que traz a agroecologia e que esteja baseada na agricultura sustentável que surge do modelo camponês em busca por uma soberania alimentar (SEVILLA GUZMÁN; MOLINA, 2005).

A Agroecologia possibilita desenvolvimento aos camponeses por meio de uma

agricultura sustentável e que se utiliza da associação de técnicas científicas e práticas

culturais/locais, resgatando os saberes tradicionais do lugar, “Os saberes agroecológicos

são uma constelação de conhecimentos, técnicas, saberes e práticas dispersas que

respondem às condições ecológicas, econômicas, técnicas e culturais de cada geografia”

(LEFF, 2001, p. 37).

O movimento coletivo de luta pela terra e pela garantia de uma economia solidária

também faz parte do processo de construção das experiências agroecológicas e tem

relevante importância no momento de pós conquista da terra.

Com base nessas premissas buscaremos compreender a construção de uma nova

territorialidade a partir do movimento social e coletivo para a conquista da terra e a

organização do trabalho no Assentamento Carrasco.

Localização e Caracterização da Área de Estudo O Assentamento Carrasco localiza-se no Estado da Paraíba, especificamente na

mesorregião do Agreste, encontra-se na área limítrofe entre os municípios de Esperança

e Alagoa Nova (70% das terras está em Alagoa Nova e 30% em Esperança) o riacho em

destaque na (figura 1) é quem faz a divisão intermunicipal.

Os camponeses escrituraram a propriedade no município de Esperança, pois o mesmo

está incluído na área geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo

Ministério da Integração Nacional em 2005 e esta delimitação tem como critérios o

índice pluviométrico, o índice de aridez e o risco da seca, o que para os camponeses foi

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significativo por ampliar o valor da verba para compra da terra e o desenvolvimento do

assentamento que estava em situação indefinida em relação ao seu território municipal.

Figura 1: Mapa do Assentamento: Lotes, Rio e Área de Reserva.

Fonte: Orlando Soares Correia

O Assentamento Carrasco é um espaço de boa produtividade agrícola possui solos

desenvolvidos, profundos ou medianamente profundos, com os horizontes bem

definidos predomina na região os Argissolos, o modelado do relevo é suave ondulado e

quanto aos recursos hídricos é dividido pelo afluente da bacia hidrográfica do camará

conhecido como riacho Riachão, há no local a captação de água em cisternas para o

auto-consumo.

A reserva ecológica possui 12 hectares e corresponde 20% das terras do assentamento,

sendo de fundamental importância para a preservação da vegetação nativa e o cultivo da

apicultura, a reserva ainda dispõe de uma trilha para prática do ecoturismo.

A Questão Agrária e a Ocupação Territorial no Agreste Paraibano

São inúmeros os exemplos de luta pela terra no estado da Paraíba, ocorrendo em uma

escala que compreende deste a Zona da Mata até o Alto Sertão do estado. A mesorregião

Agreste tem sua estrutura agrária marcada por lutas, resistências e conquistas dos

espaços antes destinados à monocultura.

Na tentativa de construir uma nova configuração territorial e transformações

significativas na paisagem rural, muitos camponeses resistiram à expropriação e a venda

da sua força de trabalho, conseguindo assim estabelecer novas relações sociais,

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resistência cultural e, sobretudo por trabalharem num sistema produtivo e de viabilidade

econômica que é a Agroecologia, embora restrita a uma minoria, evidenciando dessa

forma, melhores condições de vida na terra e soberania alimentar devido à produção

diversificada de alimentos, um sinônimo de qualidade de vida.

Na luta secular por um pequeno espaço territorial e o intuito de desenvolver suas

atividades no campo os camponeses desafiam, muitas vezes, a exploração do trabalho,

conflitos, violência, perseguição, falta de apoio governamental, condições de extrema

pobreza nos acampamentos às margens de rodovias, demora na tramitação nos

processos para compra de terra, falta de acesso às linhas de crédito e de fortalecimento

da Agroecologia, dentre outras problemáticas. Por outro lado recebem o apoio de órgãos

não governamentais como (Associações, ONGs, MST, CPT entre outros) que têm um

papel relevante para impulsionar o movimento de luta coletiva e pressionar os gestores

públicos em prol de uma vida mais digna e trabalho no campo.

Tais dificuldades são enfrentadas pelos pequenos camponeses brasileiros há muito

tempo. Podemos aqui citar o sistema sesmarial, que vigorou em tempos passados, como

também as capitanias hereditárias, sendo estas as características da estrutura agrária do

passado e que ainda se encontram em vigor atualmente.

Os conflitos sociais no campo brasileiro têm como marca indelével a violência,

presentes ainda no século XXI. São consequências de um desenvolvimento econômico

desigual e excludente que estão presentes desde o processo de formação territorial do

país. “Os povos indígenas foram os primeiros a conhecerem este processo. Há mais de

quinhentos anos vem sendo submetidos a um verdadeiro etno/genocídio histórico”.

(OLIVEIRA, 2007, p. 135). Mesmo assim os camponeses não desistem dos seus

objetivos e continuam a buscar melhores condições de vida desenvolvendo o verdadeiro

sentido da função social da terra.

Os assentamentos rurais, não são sinônimos de pobreza, muitos vêm se desenvolvendo e

fortalecendo, principalmente quando os sujeitos sociais pautam-se nos parâmetros da

Agroecologia, com uma boa organização política, coletiva e práticas ecológicas

sustentáveis.

As terras que atualmente formam o território da mesorregião Agreste do estado da

Paraíba pertenceram inicialmente à família dos Oliveira Ledo que com muita repressão,

métodos violentos e apoiados pelo Estado Português e a Igreja, expropriaram os

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indígenas causados conflitos devido aos seus interesses capitalistas e receberam em

troca a concessão de extensas partes de terra e títulos de nobreza. Dentre os muitos personagens que se destacaram nessa empreitada histórica deve-se destacar os membros da família dos Oliveira Ledo, que desde o começo contaram com o apoio da coroa portuguesa e da igreja católica, apesar de alguns conflitos de interesses localizados. Ao chegarem em meados do século XVII na região hoje localizada no Agreste, eles começaram a fundar aldeias que futuramente dariam origem a vilas e cidades [...] empregando métodos violentos, processo esse consubstanciado na expropriação de terras, “domesticação” ou extermínio puro e simples dos índios (LIMA et al. 2008).

Ainda sobre a estrutura agrária dessa mesorregião, foi tradicionalmente ocupada pela

atividade pecuarista que ocorria numa escala geográfica de grande abrangência, até o

alto Sertão, pois na Zona da Mata prevalecia a produção da cana-de-açúcar, devido às

condições favoráveis para o desenvolvimento dessa cultura. Em seguida, outro processo

iniciou-se para a ocupação do território agrestino, pelo qual foi implantado a cultura do

algodão. O processo de ocupação do Agreste paraibano esteve intimamente ligado à produção açucareira que ocorria na Zona da Mata paraibana. Em seu apogeu, a atividade açucareira acabou separando-se da pecuária que também era praticada na Zona da Mata dando origem a uma divisão territorial do trabalho no espaço agrário paraibano, pois enquanto no Litoral a cana-de-açúcar era soberana, a policultura de alimentos complementada pela pecuária desenvolvia-se tanto no Sertão como no Agreste do estado. A partir de 1780, a lavoura algodoeira se expande por todo Agreste produzindo sensíveis alterações na dinâmica espacial agrária regional (TOLENTINO; MOREIRA, 2009).

Nos anos 70 houve um forte incentivo da SUDENE (Superintendência de

Desenvolvimento do Nordeste) na atividade pecuária, o que gerou a chamada

pecuarização regional. Ao qual o Agreste passa a ter uma agricultura diversificada,

complementada pela pecuária. Porém a praga do inseto conhecido como bicudo,

destruiu parte das plantações de algodão, evidenciando assim a atividade pecuária.

Os camponeses estão presentes na região desde o fim da escravidão ora se vêem destituídos do acesso à terra, nos momentos de expansão de monoculturas como o sisal, ora se fortalecem como durante o período em que produziam algodão uma vez que esta cultura permitia o consórcio com as lavouras alimentares. O pequeno proprietário, os parceiros e ocupantes historicamente disputaram o território com a grande propriedade no Agreste e formaram um segmento importante do espaço agrário regional (TOLENTINO; MOREIRA, 2009).

No entanto a ocupação territorial do Agreste paraibano foi um processo intimamente

ligado à mesorregião da Zona da Mata e também devido à expansão para além do

litoral, ou seja, o desbravamento de novas terras que se destinariam à pecuária e o

policultivo.

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Assentamento Carrasco: Da Conquista pela Terra ao Desenvolvimento das Experiências Agroecológicas O Assentamento Carrasco, objeto de estudo desta pesquisa, é um exemplo de luta e

dedicação dos camponeses que conseguiram transformar um espaço abandonado e

construir um novo território antes pertencente a um só senhor, garantindo dessa forma

uma vida mais justa e igualitária no campo.

Foram cerca de dois anos de muito empenho protagonizado pelas 10 famílias dos

camponeses que desafiaram suas próprias condições econômicas para poder conseguir a

terra, através do crédito fundiário, um programa do Governo Federal para aquisição de

terras.

Vejamos os relatados do assentado Orlando Soares Correia sobre o processo de

conquista da Terra: Juntou um grupo de 10 agricultores... agente ouviu pela voz do Brasil a primeira terra para o agricultor e agente entrou de cabeça nisso aqui pra comprar era uma propriedade de herdeiro e tinha 22 herdeiros, era de uma tia desses herdeiros ela faleceu... tinha sobrinho que morava nos Estados Unidos e não sabia que existia essa propriedade que deu até trabalho para eles assinarem a procuração [...] ai ficou um titular esse titular resolveu com a família e agente deu encaminhamento na documentação... particular não queríamos comprar porque tinha pericia de fazer inventário sendo uma burocracia muito grande e agente entrou com a compra do governo e assumimos todas as despesas que tivessem de cartório e toda pendência da propriedade os ITR era tudo atrasado não tinha sido pago nada [...] eu sei que pra resumir quando terminou só em documentação agente gastou 5.000 reais tinha deles aqui dentro que se pendurasse não caia uma moeda e agente arrumou dinheiro emprestado num canto, no sindicato e até no próprio cartório de Esperança... e agente foi conseguindo fechar a documentação isso foi para a 5° vara da família em Campina Grande passou lá seis meses e agente em cima procurando resolver isso ai e isso emperrado lá chegou à época da campanha os processos ficaram todos parados lá não foi resolvido nenhum por causa da campanha política quando se passou a campanha agente foi até um deputado e conversou com ele, ele pediu o numero do protocolo e resolveu, isso foi um grande avanço agente já tava com toda documentação certa, feita a proposta no interpa ...ai foi rapidinho eu sei que pra conclusão de tudo desde o começo foi dois anos de luta para conseguir isso aqui (Entrevista concedida pelo assentado Orlando Soares Correa em 02/10/2011).

Neste assentamento não houve problemas relacionados a conflitos de violência, o que

ocorreu foi à persistência dos camponeses para a compra da terra que se encontrava em

situação de total abandono e desativada há quase 50 anos, o imóvel era de 460 hectares,

que depois foi fragmentado em três lotes e pertencia ao Sr, Peraceo, proprietário de

engenhos nas cidades de Areia e Alagoa Nova, dois grades lotes, resultado da primeira

fragmentação da fazenda, foram vendidos a fazendeiros vizinhos.

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Juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município de

Esperança os camponeses buscaram alternativas para que fossem atendidos pelas

políticas públicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário e assim desenvolverem

suas práticas agroecológicas, pois já se encontravam no processo de produção

agroecológica e participavam efetivamente de feiras agroecológicas na região, como a

de Lagoa Seca, Campina Grande e Esperança ambas no localizadas na mesorregião

Agreste do Estado da Paraíba.

A área do assentamento é de 62 hectares que foram comprados através do apoio e

auxilio do Interpa Paraíba e com recursos do Crédito Fundiário onde as 10 famílias

beneficiadas foram assentadas em lotes de 5 hectares cada

A propriedade que pertencia ao Sr. Peraceo e posteriormente passou a ser de sua irmã,

ambos faleceram, e a terra passou a ser de 22 herdeiros, uma parte deles morava nos

EUA, sendo a maioria residente no Brasil.

Com a assinatura de um número maior de herdeiros a justiça pôde validar a compra da

terra pelos camponeses, esta foi mais uma etapa importante para a aquisição da terra

dentro dos trâmites legais. Segundo relatos de um dos moradores do assentamento antes

da desapropriação do imóvel contavam com o apoio de alguns órgãos não

governamentais como o Polo Sindical da Borborema e a AS-PTA.

Os assentados não se consideram posseiros, mas sim compradores, apesar disso o

Governo Federal considera o lugar como uma área de assentamento, o que se torna

viável para os camponeses conseguirem verbas através dos programas de financiamento

do governo federal destinado ao custeio e investimentos na propriedade, como é o caso

do PRONAF - o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – um

dos programas que atende o assentamento, outro programa destinado ao fortalecimento

da agricultura familiar, o PNAE - Programa Nacional da Alimentação Escolar – é um

meio de proporcionar renda e fortalecer os camponeses a continuarem produzindo

alimentos agroecológicos de forma significativa.

Antes da compra do imóvel a área estava escriturada no município de Alagoa Nova,

logo após comprarem da terra, os camponeses decidiram escriturá-la no município de

Esperança, tendo em vista que o município de Esperança se encontra na área de

abrangência do Semiárido e poderia atrair mais verbas do Governo Federal para o

desenvolvimento de atividades agrícolas no assentamento, pois havia ocorrido

cortes/diminuição nas verbas pelo fato de Alagoa Nova ser considerada área de Brejo, o

Assentamento Carrasco localiza-se entre os limites territoriais dessas cidades, ou seja,

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70% de suas terras são em Alagoa Nova e 30% encontra-se no território de Esperança.

O riacho Riachão é quem faz a divisão das cidades, todos os assentados na hora da

repartição dos lotes tiveram acesso ao riacho para a irrigação nas culturas.

No ano de 2005, conseguiram a propriedade através de idas e vindas, em sindicatos de

Alagoa Nova, Esperança e na FETAG (Federação dos Trabalhadores da Agricultura do

Estado da Paraíba) em João pessoa, a princípio os 62 hectares estavam sendo vendidos

por 45 mil reais, porém os camponeses aumentaram a oferta para 50 mil e através do

projeto de compra enviado ao INTERPA-PB, esta etapa foi efetivada. Em 2005 agente entrou aqui isso aqui era toda mata a propriedade não tinha nada de sobrevivência aqui dentro era tudo mato era uma fazenda ai foi desativada as cercas não tinha gado mais e ficou abandonado pra você ter uma ideia agente deixou a mata ciliar aqui na beira do rio o tamanho das árvores que tinha ai agente deixou 12 hectares de reserva e desmatou o resto para as culturas foi 27.000 mil reais que agente gastou só para o desmatamento em hora de trator. (Relato de Orlando Soares Correia em 02/10/2012).

O valor do recurso destinado para a aquisição da terra, bem como para o

desenvolvimento das culturas e criação de animais no assentamento foi de 160 mil reais,

valor calculado pelo Instituto de Terras e Planejamento Agrícola da Paraíba. Após

pagarem os 50 mil reais pela terra, os assentados ficaram com 110 mil reais para fazer

investimentos na propriedade. Esse capital foi importante para custear os gastos com a

derrubada da vegetação nativa que colonizou toda área, pois a fazenda tinha sido

desativada a mais de 50 anos, e para a produção da agricultura e, sobretudo a

agroecológica.

No projeto de compra da terra os camponeses solicitaram o auxilio técnico da EMATER

(Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba) que colaborou com a

realização de pesquisas e estudos sobre as condições ambientais do assentamento para a

implantação das culturas, qualidade dos solos, da água, entre outros. O auxilio técnico

foi realizado durante dois anos e foi voltado para a Agroecologia. Há no local uma

preocupação com a forma de produção e bem como a comercialização no que diz

respeito ao controle de qualidade dos produtos.

Todos os assentados produzem alimentos de modo totalmente agroecológico para feiras

da região, e para atender alguns programas governamentais como foi exposto

anteriormente. Existe ainda, uma fiscalização nos lotes por parte dos próprios

camponeses a fim de garantir a produção livre de agrotóxicos e de boa qualidade

nutricional.

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Os camponeses do Assentamento Carrasco conhecem muitas técnicas para o uso e

conservação dos recursos naturais e realizam intercâmbios com outros assentados do

estado ou de outras regiões para o aperfeiçoamento e qualidade do trabalho

desenvolvido na área. Utilizam a cobertura morta como adubo orgânico para solo,

também aproveitam o esterco animal para adubação.

Outras técnicas de produção agroecológica (figura 2) também são desenvolvidas no

local, tais como: a rotação de culturas, que permite que a terra possa descansar e

reestabelecer sua matéria orgânica, plantio em terraços e plantio direto onde o solo não

é arado e nem é retirada a cobertura vegetal que serve de proteção e controle dos

processos erosivos, a preservação das áreas no leito do rio é dada pelo reflorestamento

de espécies nativas e permanentes como a mangueira e espécies exóticas a exemplo do

Nim (Azadirachta Indica) originária da Ásia.

Os Camponeses do Assentamento Carrasco e a Relação Campo-Cidade

Sobre camponeses, podemos dizer que estes são sujeitos sociais que se esforçam a lutar

pelo seu principal meio de produção, que é a “terra”, para que nela possa cultivar e

produzir alimentos a fim de garantir a segurança e soberania alimentar.

Figura 2:Produção diversificada de culturas agroecológicas

Fonte: LISBOA, R.L A sociedade camponesa é também caracterizada como uma organização social com

estruturas rurais, interligadas com os grandes mercados, constituindo um segmento de

classe que engloba uma população maior. Kroeber (1948 apud SEVILLA GUZMÁN,

2005, p. 55). Cabe ainda dizer que os camponeses têm uma relação afetiva com a

natureza, respeitando os agroecossistemas com o seu etno-conhecimento.

Diferentemente da forma capitalista de produção que provoca impactos sobre essa

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sociedade.

A produção alimentar do Assentamento Carrasco atende as feiras agroecológicas da

mesorregião, o PNAE e o PAA (Programa de Aquisição de alimentos) fomentado em

parceria com a CONAB (Companhia Nacional do Abastecimento) e o SESC – PB que

gerencia o banco de alimentos e redistribui esses produtos para comunidades carentes,

creches e entidades filantrópicas.

É por meio das feiras agroecológicas, considerada como um canal de comercialização

direta, que os camponeses estabelecem uma relação cooperada com a sociedade urbana,

apresentando a ela produtos de qualidade, o que permite a complementação de renda e

contribui para que esses agentes se firmem cada vez mais no processo produtivo,

político e sociocultural que é a Agroecologia, desenvolvendo um manejo sustentável

dos recursos naturais.

Considerações Finais

A luta, a conquista e a permanência na terra é resultado da construção de um novo

espaço territorial, nesse sentido surgem novas utopias a partir das paisagens antes

destinas a monocultura ou a pecuária extensiva. É a partir do assentamento rural e

principalmente pelo desenvolvimento de práticas agroecológicas que se evidenciam

significativas mudanças na vida do homem do campo. Dessa forma, a Agroecologia

mostra-se como caminho para a preservação da natureza, da segurança e soberania

alimentar bem como da estabilidade do camponês no seu meio de trabalho.

Claro que o Estado pode dar a sua contra partida através de políticas públicas que

possam fortalecer Agroecologia, condicionando dessa forma a produção e reprodução

do campesinato. Porém a partir do momento em que o poder e os agentes políticos se

aproveitam da situação dos camponeses, esse grupo tende a se enfraquecer, o que torna

as relações capitalistas e exploração da mais valia em evidencia, representado pela

venda da força de trabalho presentes também neste assentamento que estudamos.

Os camponeses na maioria das vezes não encontram apoio necessário dos gestores

locais para se manter na agricultura agroecológica, se não fossem as organizações

internas, como as associações, ONG`s e os sindicatos, não teriam tantas conquistas.

Mesmo assim, a Agroecologia está se tornando um sistema rentável para a agricultura

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familiar/camponesa no Agreste da Paraíba, desenvolvendo uma produção alimentar de

boa qualidade nutricional e respeito à natureza de forma sustentável.

Para que a Agroecologia dê certo, as práticas devem se difundir inicialmente pelo

processo de conscientização das famílias, estas certamente inseridas em uma cultura

socialmente justa e igualitária. O Assentamento Carrasco é a prova da benfeitoria

gerada a partir da transformação de uma propriedade privada improdutiva em um

assentamento rural que se tornou modelo de produção agroecológica no estado da

Paraíba.

A partir das respostas que obtivemos nos estudos feitos no assentamento, algo nos

inquietou a pensar. O que leva o Governo a permitir que haja no Brasil tanta

propriedade improdutiva? Onde fica a soberania alimentar da sociedade? Tendo em

vista que os dados estatísticos revelam que são as pequenas propriedades que produzem

de forma diversificada e alimentam significativamente a população brasileira. Enquanto

as grandes propriedades, os latifúndios e em geral o agronegócio, produz basicamente

para exportação, assim pondo em risco a soberania alimentar do país.

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