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As+Setenta+Semanas+de+Daniel

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8/14/2019 As+Setenta+Semanas+de+Daniel

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 As Setenta Semanas de Daniel

Existe uma passagem no livro de Daniel que muitos missionários achamextremamente convincente. Provavelmente não é exagero dizer que estapassagem, mais do que qualquer outra, os convence de que Jesus foi o messias.

Daniel 9:24-27 diz:

"Setenta semanas foram determinadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade

santa, para acabar com a transgressão e encerrar o pecado, e para fazer 

expiação pelo erro, e para introduzir justiça por tempos indefinidos, e para apor 

um selo à visão e ao profeta, e para ungir o Santo dos Santos."  

"E deves saber e ter a perspicácia [de que] desde a saída da palavra para se

restaurar e reconstruir Jerusalém até [o] Messias, [o] Líder, haverá sete

semanas, também sessenta e duas semanas. Ela tornará [a ser] e será

realmente reconstruída, com praça pública e fosso, mas no aperto dos tempos." 

"E depois das sessenta e duas semanas [o] Messias será decepado, sem ter nada

 para si mesmo. E a cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um

líder que há de vir. E o fim disso será pela inundação. E até [o] fim haverá

guerra; o que foi determinado são desolações." 

"E ele terá de manter em vigor [o] pacto para com muitos por uma semana; e

na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferenda. E sobre a asa decoisas repugnantes haverá um causando desolação; e até a exterminação

derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que jaz desolado." 

 A palavra traduzida nestes versículos como "semanas"  é a palavra hebraica"shavui"  cuja a tradução e o significado correto é,  "semanal " . A palavrahebraica para semanas é "shavua" . Este detalhe, que passa despercebido pormuitos é, providência divina. Com certeza (mesmo que inconsciente) o profetasentiu que parte de seus escritos seriam distorcidos. Esta certeza pode serobtida pois, no capítulo seguinte (10) o profeta volta a utilizar a palavra

"shavua", aqui sim, designando semanas. Então o mais correto na traduçãonão é utilizar a palavra semanas, e sim, períodos.

Neste caso ficaria assim : "Setenta períodos foram decretados sobre teu povo..." 

No entanto estes "setes" , é interpretado por cristãos como significando sete anosem vez de sete dias. Assim, "setenta semanas" no versículo 24 são interpretadascomo significando setenta períodos de sete anos, ou 490 anos, "sete semanas" 

no versículo 25 são interpretadas como significando 49 anos, "sessenta e duas

semanas" nos versículos 25 e 26 são interpretadas como significando 434 anos,e "uma semana" no versículo 27 é interpretada como significando sete anos.

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O ponto de partida é "a saída da palavra para se restaurar e reconstruir  Jerusalém" . Um decreto para reconstruir o templo em Jerusalém é descrito naBíblia em 2 Crônicas 36:22-23 e Esdras 1:1-4. Estes versículos descrevem odecreto emitido por Ciro, rei da Pérsia e contemporâneo de Daniel, em 538

 A.E.C. "Sete semanas... [e] sessenta e duas semanas" ou 483 anos depois deste

decreto seria 55 A.E.C., muitos anos demasiado cedo para Jesus.

Por isso os missionários têm de rejeitar insistentemente aidentificação do decreto do versículo 25 com o decreto de Ciro, e éexatamente isso que fazem.

Que outros decretos estão disponíveis? Josh McDowell (1972, p. 180) oferecetrês alternativas:

a) - um decreto de Dario descrito no livro de Esdras;

 b) - um decreto de Artaxerxes descrito em Esdras e;

c) - um decreto de Artaxerxes descrito em Neemias.

O decreto de Dario, descrito em Esdras 6:1-9, ordenava uma procura nosarquivos para encontrar o texto do decreto de Ciro, e depois para continuar aconstrução do templo em Jerusalém usando dinheiro dos impostos. Isto ocorreupor volta de 522 A.E.C. (veja Esdras 4:24), o que colocaria a vinda do messiasem 39 A.E.C. — ainda muito cedo para Jesus.

O decreto de Artaxerxes para Esdras, descrito em Esdras 7:11-28, permite ao

povo de Israel regressar a Jerusalém, levando consigo vários utensílios dotesouro real. Este decreto foi emitido em 458 A.E.C. (veja Esdras 7:7), o quecolocaria a vinda do messias em 26 E.C. Isto funciona razoavelmente bem secolocarmos o fim das "sessenta e duas semanas"  no início do ministério deJesus, embora a maioria dos cristãos achem que o ponto final é a crucificação,devido a uma referência no versículo 26 da profecia de Daniel, que diz que oMessias seria "decepado" .  A maioria dos cristãos também rejeita estedecreto, bem como os de Ciro e de Dario, como sendo o ponto de partidaapropriado para a profecia. Uma exceção é Gleason Archer. Archer (1982, pp.290-291) argumenta que Esdras 9:9 implica que Esdras recebeu permissão de

 Artaxerxes para reconstruir as muralhas de Jerusalém, apesar do fato de estasnão terem sido reconstruídas até ao tempo de Neemias (veja Neemias 1:3).Esdras 9:9 declara que D'us não abandonou os Judeus mas deu-lhes umahipótese de "erguer a casa de nosso D'us e erguer os seus lugares desolados, e

 para nos dar um muro de pedras em Judá e em Jerusalém." Em defesa do fimdas "sessenta e duas semanas" como sendo o início do ministério de Jesus em

 vez de ser a sua crucificação, Archer sublinha que o versículo 26 da passagemapenas diz que o 'decepamento' do Messias ocorreria depois desse período detempo, não necessariamente imediatamente depois.

No entanto o decreto de Artaxerxes para Neemias, descrito em Neemias 2:1-6,na realidade não é de maneira nenhuma um decreto. Em vez disso,

 Artaxerxes dá a Neemias cartas de salvo-conduto para viajar para Judá e paraobter madeira para reconstruir os portões do templo e as muralhas de

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Jerusalém. Isto ocorreu em 445 A.E.C., o que coloca o tempo do Messias em 39E.C., demasiado tarde para Jesus, que se crê ter sido crucificado algures entre29 e 33 E.C. Apesar de todas estas falhas, a maioria dos cristãos adota este comoo decreto apropriado porque Neemias reconstruiu as muralhas de Jerusalém.Para fazer o ponto inicial 445 A.E.C. resultar num ponto final 483 anos mais

tarde, situado ou no início do ministério de Jesus ou na altura da suacrucificação, tem de se usar um ano diferente do ano de 365 dias. Nisto oscristãos foram "genais" e muito criativos. O mais popular destes cálculos, devidoa Sir Robert Anderson e promovido por Josh McDowell, é adotar um "ano

 profético de 360 dias" — uma invenção de Anderson baseado não em escriturashebraicas, pois simplesmente não existe, e sim em suas leituras do NovoTestamento, onde ele iguala 42 meses a 1260 dias, dando 30 dias por mês.Usando a invenção forçada de "anos proféticos" , o fim do período de 483 anoscai em 32 E.C., que na opinião de muitos é o ano da crucificação. RobertNewman (1990, pp. 112-114) aponta várias falhas neste esquema de cálculo que,tomadas no seu conjunto, lhe são fatais:

(1) O próprio Novo Testamento, de onde se baseiam os defensores da mágica(Revelação 11:23) não justifica a invenção do "ano profético" , pois não háqualquer indicação de que 1260 dias sejam exatamente 42 meses (poderiam ser41,5 arredondados para cima);

(2) um ano de 360 dias ficaria totalmente fora de sincronia com as estações, e osJudeus acrescentavam um mês lunar adicional a cada dois ou três anos ao seuano lunar de 354 dias, dando-lhes uma duração média do ano de cerca de 365dias e;

(3) o consenso atual sobre a data da crucificação é 30 E.C. em vez de 32 E.C.

Newman oferece então a sua própria alternativa: o uso de anos sabáticos, quetêm justificação bíblica (Êxodo 23:10-11 e Levítico 25:3-7, 18-22). Todo sétimoano é um ano sabático. Newman usa informação do primeiro livro dosMacabeus, que tem uma referência a uma observância de um ano sabático, paracalcular que 163-162 A.E.C. foi um ano sabático e portanto 445 A.E.C., o pontoinicial da profecia de Daniel, calha no ciclo sabático de sete anos 449-442 A.E.C.Se este é o primeiro ciclo sabático na contagem, o sexagésimo nono é 28-35E.C., um período de tempo que abrange a crucificação. Em resposta aocriticismo de que a profecia diz que o messias seria "decepado"  depois desessenta e duas semanas, Newman diz que no idioma judeu convencional,"depois" significa "depois do início de".

Existem problemas para todas as interpretações acima mencionadas, queGerald Sigal (1981, pp. 109-122) indica. Um dos principais é que a pontuaçãoMassorética da Bíblia hebraica coloca uma divisão entre as "sete semanas esessenta e duas semanas" , significando que em vez de dizer que o messias virádepois dos períodos de tempo combinados, ele virá depois das "sete semanas" isoladas. Outro apontamento que Sigal faz é que o texto hebraico não coloca umartigo definido antes da palavra "messias" (ou "ungido"). A   Revised Standard Version da Bíblia é traduzida com estes fatos em mente, e apresenta Daniel9:24-27 como se segue:

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 Setenta semanas são decretadas a respeito do teu povo e da tua cidade santa,

 para acabar com a transgressão, para colocar um fim ao pecado, e para expiar 

a iniquidade, para trazer justiça duradoura, para selar tanto a visão como o

 profeta, e para ungir um lugar muito santo. Sabe portanto e compreende que

desde a saída da palavra para restaurar e reconstruir Jerusalém até à chegadade um ungido, um príncipe, haverá sete semanas. Depois, durante sessenta e

duas semanas será reconstruída com praça pública e fosso, mas num tempo de

tribulação. E depois das sessenta e duas semanas, um ungido será decepado, e

nada terá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O

seu fim virá com uma inundação, e até ao fim haverá guerra; desolações são

decretadas. E ele fará um pacto forte com muitos durante uma semana; e

durante metade da semana ele fará cessar o sacrifício e a oferenda; e sobre a

asa das abominações virá um que a torna desolada, até que o fim decretado seja

derramado sobre o desolador.

Usando a pontuação Massorética, as "sessenta e duas semanas"  são gastas nareconstrução da cidade em vez de se aplicarem à vinda do messias. Estainterpretação explica por que é que "sete semanas e sessenta e duas semanas" 

são dadas separadamente, em vez de se dizer simplesmente "sessenta e nove

semanas" . A maioria dos apologistas ou desconhece ou simplesmente ignora apontuação Massorética, mas Robert Newman (1990, p. 116) rejeita-a com oargumento de que "a data de tal pontuação pode não ser anterior ao IX ou X 

séculos AD"  e que a estrutura dos versículos como um todo favorece a suainterpretação.

Qual é o resultado de tudo isto? A profecia de Daniel não é tão convincentecomo poderia parecer inicialmente a alguém a quem fosse apresentada apenasuma das interpretações que "funcionam" . Assim sendo, os cristãos foramcriativos e não nos deve surpreender que com quatro escolhas parapontos iniciais (os decretos de Ciro, Dario e Artaxerxes, mais as cartas de

 Artaxerxes para Neemias), várias escolhas possíveis para pontos terminais (onascimento, o ministério, e a crucificação de Jesus), e pelo menos três modos decontar (anos normais, "anos proféticos" , e ciclos sabáticos), se tenhamencontrado cálculos para os quais Jesus se encaixa na profecia. Mas o judeudeve ficar atento, existem boas razões para se rejeitar cada uma dessasinterpretações:

1 - As duas primeiras escolhas para pontos iniciais não funcionam para asinterpretações oferecidas.

2 - O decreto de Artaxerxes funciona para anos normais com o ministério deJesus como ponto terminal, mas nada diz sobre a reconstrução de Jerusalém.

3 - As cartas de Artaxerxes funcionam para ciclos sabáticos com a crucificaçãocomo ponto terminal, mas não são um decreto para se reconstruir a

cidade de Jerusalém. Em vez disso, dão a Neemias um salvo-conduto paraJudá e permissão para usar madeira das florestas reais.

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4 - Por fim, nenhuma dessas interpretações leva em consideração a pontuaçãoMassorética que, elimina-as a todas como possíveis interpretações do texto.

* Baseado no artigo Daniel Shavua's, reproduzido aqui com autorização.

Tradução e adaptação: Jonas Stefani