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- ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE PROJECTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ESCOLAR NAS EB1 DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE VALLIS LONGUS Relatório Relatório Relatório Relatório do do do do Dia ia ia iagnóstico de S gnóstico de S gnóstico de S gnóstico de Situação ituação ituação ituação Realizado por: SEMEAR O AMANHÃ Valongo, Março de 2009

ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE · problemas de saúde a partir de um diagnóstico de situação. O planeamento em saúde procura, em última análise, um estado de saúde, através

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ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

PROJECTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ESCOLAR NAS EB1

DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE VALLIS LONGUS

RelatórioRelatórioRelatórioRelatório do do do do DDDDiaiaiaiagnóstico de Sgnóstico de Sgnóstico de Sgnóstico de Situação ituação ituação ituação

Realizado por:

SEMEAR O AMANHÃ

Valongo, Março de 2009

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ÍNDICE

0 – INTRODUÇÃO.............................................................................................. 3

1 – ENQUADRAMENTO .................................................................................... 4

2 – SELECÇÃO DA POPULAÇÃO A CARACTERIZAR ..................................... 5

3 – CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS .............. 6

4 - COLHEITA E TRATAMENTO DE DADOS .................................................... 7

5 – RESUMO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS: ................. 28

6 – CONCLUSÃO ............................................................................................. 31

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0 – INTRODUÇÃO

O Planeamento em Saúde é um processo que permite a identificação de

problemas de saúde a partir de um diagnóstico de situação.

O planeamento em saúde procura, em última análise, um estado de saúde,

através da sua promoção, prevenção de doenças, cura e reabilitação, incluindo

mudanças no comportamento das populações, tal como o planeamento na

educação procura um estado de conhecimento, através de um processo de

ensino/aprendizagem, incluindo mudanças no comportamento.

Com este documento pretendemos descrever os passos que seguimos durante

a elaboração da 1ª fase do nosso projecto, bem como as actividades por nós

desenvolvidas, nomeadamente

• Definição a população a estudar;

• Construção do instrumento de colheita de dados

• Caracterização da população;

• Identificação dos principais problemas que afectam essa população.

Este relatório está organizado segundo uma sequencia lógica do nosso

percurso no âmbito deste projecto de promoção da saúde e, é constituído por

uma pequena fundamentação teórica no âmbito do Planeamento de Saúde,

sendo que, para além deste capitulo, se encontram referenciais teóricos ao

longo de todo o documento sempre que nos parecer necessário.

Segue-se a descrição da metodologia por nós utilizada, desde a construção do

instrumento de colheita de dados, a sua aplicação e principais resultados

obtidos.

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1 – ENQUADRAMENTO

Pretende-se com o planeamento de saúde, enquanto mudança programada,

(cf. Giraldes e Imperatori1), modificar conscientemente a situação do sector, o

que o classifica, do ponto de vista sociológico, como uma mudança social

programada.

Segundo Giraldes e Imperatori (cf2), o planeamento classifica-se, em termos de

tempo e espaço, segundo a natureza dos objectivos a atingir e das decisões a

tomar e os prazos em que estes se enquadram. Assim, os planos classificam-

se em longo, médio e curto prazo, respectivamente, estratégicos, tácticos e

operacionais.

Ao nível em que nos encontramos e atendendo à duração temporal deste

projecto (1 ano), o nosso trabalho enquadra-se no planeamento operacional,

característico de níveis inferiores da organização, tendo este como objecto os

meios, os recursos disponíveis na área e a organização de actividades.

O Diagnóstico de Situação, (cf. Giraldes & Imperatori3), é o primeiro passo no

processo de planeamento, devendo corresponder às necessidades da

população. A concordância entre diagnóstico e necessidades determinará a

pertinência do Projecto, esteja este vocacionado para a resolução ou

minimização de problemas de saúde ou para a optimização ou aumento da

eficiência dos Serviços prestadores de cuidados.

1 IMPERATORI, Emílio & GIRALDES Maria do Rosário (1993) – METODOLOGIA DO PLANEAMENTO DA SAÚDE, Lisboa, 3ed., pág 23, 24 2 Ibidem, pág 26, 27 3 Ibidem, pág 43

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2 – SELECÇÃO DA POPULAÇÃO A CARACTERIZAR

Atendendo à natureza deste projecto, limitado pela sua curta duração (1 ano) e

aos recursos disponíveis, não seria possível, de todo, fazer um estudo de toda

a população escolar deste agrupamento de escolas, assim, propusemo-nos a

seleccionar uma população mais restrita (sub-grupo), onde pudéssemos

desenvolver um trabalho aprofundado e válido.

Assim, atendendo às limitações temporais deste projecto, seleccionamos

aleatoriamente cerca de 30% da população.

Conscientes de que um dos factores que tem uma influencia preponderante no

sucesso de qualquer plano é o envolvimento de todos profissionais, desde o

inicio do projecto, nomeadamente na definição de objectivos.

Assim, para que todos sintam esse envolvimento e co-responsabilização,

consideramos fundamental que as suas opiniões sejam tidas em conta e que

conhecem o plano, procurando envolver e manter a par de todo o nosso

trabalho os profissionais que directamente estão implicados na consecução do

nosso projecto, nomeadamente:

• O presidente do conselho executivo do agrupamento de escolas de

Vallis Longus;

• A professora coordenadora do agrupamento na Educação para a Saúde;

• Os professores coordenadores das 6 escolas EB1 envolvidas;

• O director do centro de saúde de Valongo;

• Os serviços de educação da câmara de Valongo;

• A directora da escola superior de saúde do Vale do Sousa.

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3 – CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

Elaboramos um instrumento de colheita de dados (ANEXO I), baseado nas

metas de saúde preconizadas actualmente, nomeadamente pela Direcção

Geral de Saúde, e no manual de Enfermagem Comunitária (cf.4).

Genericamente, o questionário divide-se em várias áreas:

• Caracterização de saúde física;

• Caracterização da criança e da sua família;

• Caracterização da saúde oral;

• Caracterização dos hábitos alimentares e actividade física;

• Questões sobre a frequência de ingestão dos alimentos;

• Questões sobre a composição de pequeno-almoço e merendas;

• Questões sobre a preparação de alimentos e;

• Percepção das actividades de educação alimentar na escola

As acções a desenvolver neste projecto de intervenção comunitária, visam

tentar minimizar os problemas encontrados, promovendo a educação para a

saúde, valorizando os recursos existentes na escola, nomeadamente os

recursos humanos, sendo que estes representam uma mais-valia e uma forma

potencial de dar continuidade ao nosso trabalho.

Assim, procuramos com este trabalho identificar prioridades de intervenção

para desenvolver um trabalho que nos permita melhorar os indicadores de

saúde na óptica da rentabilização dos recursos existentes.

No próximo ponto descreveremos sumariamente cada uma das variáveis e a

sua pertinência na discussão dos resultados.

4STANHOPE E LANCASTER – Enfermagem Comunitária, Lusociência, 4ª ed, Lisboa.

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4 - COLHEITA E TRATAMENTO DE DADOS

Implementamos os questionários nas 6 EB1 do agrupamento de escolas de

Vallis Longus, abrangendo aleatoriamente na amostra 30% da população-alvo.

No tratamento dos dados, foi utilizado o programa informático SPSS, do qual

utilizamos apenas a estatística descritiva.

Deste tratamento estatístico emergiram vários problemas de saúde, em cada

uma das áreas incluídas no questionário, sendo o passo seguinte o

estabelecimento de prioridades.

Uma vez que a população escolar deve participar activamente na concepção e

implementação das actividades, a fim de que estas sejam exactamente

adaptadas às necessidades e prioridades a nível das escolas, achamos por

bem envolver todas as entidades na definição de prioridades.

Passamos a apresentar os dados mais significativos.

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Caracterização da amostra:

Neste ponto pretendemos descrever o local (escolas), o ano (de escolaridade)

e o estatuto socioeconómico das crianças da nossa amostra (n=321).

QUADRO 1 – GRAU DE ESCOLARIDADE

Como se pode verificar no QUADRO 1, foram entrevistadas: 19 crianças do 1º

ano (5,9%); 43 do 2º ano (13,4%); 155 do 3º ano (48,3%); e 104 do 4º ano

(32,4%).

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QUADRO 2 – ESCOLA

No que diz respeito à escola de proveniência das crianças (QUADRO 2), ou

local onde foram conduzidas as entrevistas: 60 no Susão (18,7%); 99 no

Calvário (30,8%); 28 na 1º de Maio (8,7%); 60 na Ilha (18,7%); 29 na Boavista;

e 45 nos Lagueirões.

QUADRO 3 – ESTATUTO SÓCIOECONÓMICO

Segundo a Escala de Graffar, verificamos que cerca de metade da população

inquirida (49,8%) provém de um estrato socioeconómico baixo e médio-baixo

(QUADRO 3).

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Caracterização da criança e da sua família:

Neste ponto pretendemos descrever aspectos da criança e da sua família, tais

como: idade, hábitos de sono das crianças, tipo de família e desemprego dos

familiares que coabitam com a criança.

QUADRO 4 – IDADE E HORAS DE SONO DAS CRIANÇAS

Estatistica Descritiva

Sono idade

N Validos 321 321

Média 10,1100 8,13

Minimo 7,00 5

Maximo 13,00 12

QUADRO 5 – TIPOS DE FAMÍLIA DAS CRIANÇAS

Observamos que a maioria (74,45%) coabita com os pais e pais e irmãos.

Contudo, realçamos que muitas crianças não coabitam na família dita

“tradicional”, sendo que 4,05% coabita apenas com o pai ou mãe e os restantes

(21,5%) noutras situações identificadas.

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QUADRO 6 – DESEMPREGO NOS FAMILIARES QUE

COABITAM COM AS CRIANÇAS

Pela observação do QUADRO 6, verificamos que em 32,4% da nossa amostra

existem pelo menos um familiar (que coabita com a criança), que está

desempregado.

Caracterização de saúde física:

Neste ponto pretendemos descrever sumariamente a saúde física das crianças

da nossa amostra, nomeadamente: as Necessidades de Saúde Especiais

(NSE) existentes; o Índice de Massa Corporal (IMC - utilizamos o índice de

Quetelet, que avalia a adequação entre o peso e a altura das crianças em

função do sexo, da idade e do seu percentil de crescimento), bem como

questões relacionados com a higiene.

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QUADRO 7 – NSE DAS CRIANÇAS

A maioria das crianças (87,5%) não apresenta nenhuma NSE. A NSE mais

observada foi a da Visão (7,8%).

QUADRO 8 – IMC DAS CRIANÇAS

Como podemos observar no QUADRO 8, existem 43,6% de crianças com peso

acima do saudável, sendo que 23,7% são mesmo obesas. Seguidamente,

tentamos traçar um perfil mais detalhado deste problema da obesidade.

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QUADRO 9 – DISTRIBUIÇÃO DO IMC POR SEXO

No QUADRO 9, observamos que as meninas são mais obesas (12,7%) que os

rapazes (10,9%), embora na globalidade os rapazes apresentem uma

tendência superior para o excesso de peso (23,6%) do que as meninas

(19,9%).

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QUADRO 10 – DISTRIBUIÇÃO DO IMC POR IDADES

Pela análise do QUADRO 10, verificamos que em todas as idades a maioria

das crianças tem um peso saudável. Contudo, salientamos o facto de em todas

as idades existirem mais crianças obesas do que pré-obesas, o que nos parece

um dado importante, dada a assimetria da curva de distribuição normal,

confirmando não uma tendência para a obesidade, mas antes um facto

confirmado.

Resumindo, existe nestas escolas uma prevalência de crianças em risco de

excesso de peso e obesas cujo número não é de ignorar (43,6%). São de facto

as crianças de sexo feminino as mais obesas, embora os rapazes apresentem

uma tendência de excesso de peso maior. O facto de existirem em todas as

idades mais crianças obesas do que em risco de excesso de peso, pressupõe

uma intervenção imediata para inverter este facto que já está instalado, sendo

a soma das crianças obesas e em risco de excesso de peso quase igual ao

número de crianças com peso saudável.

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QUADRO 11 – HIGIENE DIÁRIA

Como se pode observar no QUADRO 11, a maioria das crianças (66,7%) não

toma banho diariamente.

Caracterização da saúde oral:

Neste ponto pretendemos descrever a saúde oral das crianças da nossa

amostra, nomeadamente: a lavagem de dentes na escola e em casa, bem

como a presença de cáries e idas ao dentista.

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QUADRO 12 – LAVAGEM DE DENTES NA ESCOLA

Como se pode observar no QUADRO 12, a maioria das crianças (86,9%) não

lava os dentes na escola.

QUADRO 13 – PRESENÇA DE CÁRIES

Verificamos que 53,9% das crianças observadas apresentam, pelo menos, uma

cárie dentária (QUADRO 13).

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QUADRO 14 – IDAS AO DENTISTA

A maior parte destas crianças já foi ao dentista (73,2%), contudo um número

significativo (26,8%) nunca foi a um dentista para ser observada.

Caracterização dos hábitos alimentares e actividade física:

Neste ponto pretendemos descrever os hábitos alimentares destas crianças,

nomeadamente no que diz respeito ao pequeno-almoço e às merendas, bem

como hábitos de consumo de refrigerantes e doces. Iremos também

caracterizar o sedentarismo e actividade física deste grupo.

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QUADRO 15 – O QUE COME AO PEQUENO-ALMOÇO

Verificamos uma grande variedade de respostas nas opções ao pequeno-

almoço, que a maioria das crianças efectua em casa (QUADRO 15). Apenas

1,9% come fruta ao pequeno-almoço e 34,6% comem leite com pão. Os

restantes tomam habitualmente um pequeno-almoço altamente calórico, tais

como leite com cereais (37%), ou com bolachas (12,4%), ou então, só toma

leite (10,3%) ou nem sequer tomam o pequeno-almoço (4,7%).

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QUADRO 16 – O QUE COME AO LANCHE DA MANHÃ

Como se pode verificar (QUADRO 16), uma grande parte (36,7%), lancha

habitualmente de manhã pão com leite ou yogurte. Apenas 5,6% come fruta

nesta merenda. Uma parte significativa (23,7%) consome uma merenda

demasiado calórica, com bolachas, sumos e outros, havendo ainda uma parte

importante (26,5%) que habitualmente não toma nada a meio da manhã.

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QUADRO 17 – O QUE COME AO LANCHE DA TARDE

Como se pode verificar no QUADRO 17, a maioria (45,5%), lancha

habitualmente à tarde um pão com leite ou yogurte. As crianças que incluem

fruta nesta merenda subiram para 13,1%. Contudo, existem muitas crianças

que consomem uma merenda demasiado calórica (30,8%)

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. QUADRO 18 – CONSUMO DE REFRIGERANTES

A maioria (60,4%) consome pelo menos uma vez por dia refrigerantes

QUADRO 19 – CONSUMO DE DOCES

A maioria (54,8%) consome pelo menos uma vez por dia doces e bolos.

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QUADRO 20 – ACTIVIDADE FÍSICA

Verificamos que quase metade destas crianças não apresenta qualquer

actividade física programada durante a semana (44%). Com efeito, apenas

10% realiza actividade física 3 ou mais vezes por semana, o que nos parece

manifestamente insuficiente (QUADRO 20).

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QUADRO 21 – SEDENTARISMO

Pela observação do QUADRO 21, reparamos que a maioria destas crianças

(88%), apresenta, pelo menos, 2 ou mais horas diárias de actividade

sedentária, sendo que 28% passam mais de 3 horas diárias a ver televisão ou

a jogar computador ou outros jogos que implicam sedentarismo.

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Questões sobre a frequência com que se deve ingerir os

alimentos (QUADRO 22): Mais que uma

vez por dia Uma vez por dia 3 ou 4 vezes

por semana Raramente Nunca

Leite 70.1 25.5 4.0 0.3 0

Carne 9.3 41.4 47.7 1.6 0

Peixe 12.8 47.0 32.7 6.5 0.9

Salsichas 2.5 6.5 21.8 64.8 4.4

Hambúrgueres 1.6 3.4 15.9 70.1 9.0

Batatas fritas 1.6 3.4 22.1 67.0 5.9

Batatas 6.2 40.8 50.2 2.8 0

Arroz 10.6 45.2 43.3 0.9 0

Massa 10.6 39.6 46.7 2.8 0

Legumes 53.0 35.5 8.4 2.2 0.9

Fruta 72.3 24.9 2.2 0.6 0

Pão 47 42.1 9.7 1.2 0

Sopa 69.5 26.8 2.8 0.6 0.3

Bebidas alcoólicas

0.6 0.3 0 10.9 88.2

Sumos naturais 17.8 31.2 37.4 12.5 1.2

Água 94.4 5 0.6 0 0

Refrigerantes 2.5 9.0 26.8 55.8 5.9

Guloseimas, donuts,

chocolates

1.2 6.9 13.7 70.4 7.8

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No que diz respeito ao conhecimento que estas crianças demonstram

acerca da frequência com que se devem ingerir os alimentos (QUADRO 20),

observamos que a maioria de respostas (assinaladas a vermelho) vai no

sentido correcto, ou seja, as crianças na sua maioria demonstram saber a

quantidade de alimentos que se deve utilizar para uma alimentação correcta.

Contudo, existem alguns grupos de alimentos acerca dos quais não houve um

predominância nas respostas dadas, nomeadamente na frequência de ingestão

de:

• carne e peixe;

• batatas, arroz e massa;

• legumes; e

• pão.

De ressaltar o facto de:

• existirem 11,8% de crianças que acham que podem consumir álcool; e

• a pouca relevância dada ao consumo de sumos de fruta naturais.

Questões sobre a composição de um pequeno-almoço e merendas

saudáveis:

Neste ponto perguntamos às crianças que “se fossem elas a preparar o

pequeno-almoço/merenda saudável” o que achavam correcto para compor

essas refeições.

QUADRO 23 – PEQUENO-ALMOÇO SAUDÁVEL

SIM �ÃO Leite 99.7 0.3

Pão com queijo/fiambre 92.8 7.2 Tosta com manteiga 70.7 29.3

Sumo de laranja 63.6 26.4 Fruta 92.2 7.8

Cereais 87.5 12.5 Bolachas 63.9 36.1

Bolos/Donuts 11.8 88.2 Refrigerante 11.2 88.8

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QUADRO 24 – MERENDA SAUDÁVEL SIM �ÃO

Leite 94.4 5.6 Pão com queijo/fiambre 95.3 4.7

Iogurte 92.2 7.8 Sumo de laranja 75.4 24.6

Fruta 95.3 4.7 Cereais 55.5 45.5

Bolachas 72 28 Bolos/Donuts 20.6 79.4 Refrigerante 25.5 74.4

Das respostas dadas pelas crianças, salientamos o facto de estas não acharem

correcto incluir bolo/doces e refrigerantes no seu pequeno-almoço ou merenda.

A maioria escolheu alimentos que consideram saudáveis para compor estas

refeições, incluindo alguns alimentos altamente calóricos como as bolachas e

os cereais neste grupo.

Questões sobre a forma de preparação de alimentos:

Neste ponto, perguntamos às crianças qual a forma de preparação de

alimentos que elas julgam mais ou menos saudável.

QUADRO 25 – PREPARAÇÃO DOS ALIMENTOS

MAIS SAUDÁVEL ME�OS SAUDÁVEL GRELHADOS 35.2 64.8

COZIDOS 80.4 19.6

FRITOS 11.2 88.8

ASSADOS 56.7 43.3

REFOGADOS 58.9 41.1

Salientamos que a maioria não acha os grelhados saudáveis (64,8%), assim

como a maioria considera que os assados e refogados são saudáveis na nossa

alimentação.

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Percepção sobre a percepção de actividades sobre educação

alimentar desenvolvidas na escola

Por fim, fizemos algumas questões para averiguar a percepção que estas

crianças têm do que lhe foi transmitido pela escola acerca dos temas da

educação alimentar.

QUADRO 26 – PERCEPÇÃO DAS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

ACTIVIDADES SOBRE: SIM �ÃO �ÃO SEI

Escolha de alimentos (peq.-

almoço/merendas)

63.6 8.7 27.7

Composição das refeições

(almoço/jantar)

58.9 7.2 34.0

Vantagens/Desvantagens da

alimentação saudável

59.2 6.5 34.3

Verificamos que a maioria destas crianças recorda-se das actividades

desenvolvidas na escola sobre as temáticas da educação alimentar (59,2% a

63,6%). Contudo, existem ainda uma percentagem importante de crianças que

ou não se recorda na totalidade ou não se lembra mesmo de nada acerca do

que lhe foi dito na escola.

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5 – RESUMO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS:

QUADRO 27 – RESUMO DE PROBLEMAS

Amostra

Entrevistamos 321 crianças de 6 escolas EB1,

respeitando em cada uma a frequência de 30% da

população

Cerca de metade da população inquirida (49,8%)

provém de um estrato socioeconómico baixo e

médio-baixo

Saúde física

43,6% das crianças estão com peso acima do

saudável, sendo que 23,7% são mesmo obesas

As meninas são mais obesas (12,7%) que os

rapazes (10,9%). Os rapazes apresentem uma

tendência superior para o excesso de peso (23,6%)

do que as meninas (19,9%)

Em todas as idades existem mais crianças obesas

do que pré-obesas, confirmando não uma tendência

para a obesidade, mas antes um facto confirmado

A maioria das crianças (66,7%) não toma banho

diariamente

Criança e sua família

Muitas crianças não coabitam na família dita

“tradicional”, sendo que 4,05% coabita apenas com

o pai ou mãe e os restantes (21,5%) noutras

situações identificadas

Em 32,4% da nossa amostra existe pelo menos um

familiar (que coabita com a criança), que está

desempregado

Saúde oral

86,9% não lava os dentes na escola

53,9% das crianças apresentam, pelo menos, uma

cárie dentária

Um número significativo (26,8%) nunca foi a um

dentista para ser observada

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DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO DAS EB1 DA VALLIS LONGUS

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Hábitos alimentares e

actividade física

Apenas 1,9% come fruta ao pequeno-almoço e

34,6% comem leite com pão. Os restantes tomam

habitualmente um pequeno-almoço altamente

calórico, tais como leite com cereais (37%), ou com

bolachas (12,4%), ou então, só toma leite (10,3%)

ou nem sequer tomam o pequeno-almoço (4,7%)

Apenas 5,6% come fruta de manhã. Uma parte

significativa (23,7%) consome uma merenda

demasiado calórica, com bolachas, sumos e outros,

havendo ainda uma parte importante (26,5%) que

habitualmente não toma nada a meio da manhã

As crianças que incluem fruta na merenda da tarde

são de 13,1%. 30,8% consomem uma merenda

demasiado calórica

60,4% consome pelo menos uma vez por dia

refrigerantes

54,8% consome pelo menos uma vez por dia doces

44% destas crianças não apresenta qualquer

actividade física programada durante a semana

88% apresenta, pelo menos, 2 ou mais horas

diárias de actividade sedentária

Frequência de ingestão

dos alimentos

30 a 40% das crianças tem dúvidas sobre quantas

vezes devemos comer carne, peixe, batatas, arroz,

massa, legumes e pão

11,8% pensa que pode consumir álcool, ainda que

esporadicamente

A maioria das crianças não vê os sumos naturais

como saudáveis ou como parte da dieta habitual

Composição de

pequeno-almoço e

merendas

55,5 a 87,5% não encontra nenhum problema em

colocar alimentos calóricos no seu pequeno-almoço

e merendas

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DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO DAS EB1 DA VALLIS LONGUS

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Preparação de

alimentos

A maioria não acha os grelhados saudáveis

(64,8%), assim como a maioria considera que os

assados e refogados são saudáveis na nossa

alimentação

Percepção das

actividades de

educação alimentar na

escola

36,4 a 41,2% das crianças não se sabe ou não se

recorda das actividade de educação alimentar

desenvolvidas pela escola

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6 – CONCLUSÃO

Procuramos com este trabalho apresentar à comunidade escolar do

agrupamento de escolas de Vallis Longus e aos restantes parceiros deste

projecto um retrato acerca de alguns aspectos da vida destas crianças.

Os problemas aqui identificados não serão diferentes daqueles que

poderíamos encontrar em qualquer outra comunidade escolar, contudo, são

alguns e existem nesta comunidade.

Esta recolha de informação pretende sustentar um trabalho que nos parece

necessário e que poderia passar por outras vertentes na área de intervenção,

contudo, acreditamos que a nossa intervenção ao nível da promoção dos

hábitos alimentares correctos e da promoção do exercício físico é urgente e

deveria ultrapassar o âmbito deste projecto de 1 ano.

Tendo em conta a ausência de uma cultura que valoriza a recolha sistemática

de dados, tentamos obter informação pertinente para o planeamento dos

serviços de saúde.

Há também que salientar o tempo que os profissionais de saúde da associação

investiram na construção deste instrumento de colheita de dados e a criar

condições para a sua aplicação e na obtenção de colaboração das partes

envolvidas (câmara de Valongo, centro de saúde de Valongo, escola superior

de saúde do Vale do Sousa e todas as escolas básicas envolvidas – EB2/3

Vallis Longus, Ilha, Susão, Calvário, Boavista, Lagueirões e 1º de Maio), terá o

seu reconhecimento e apoio para a resolução dos problemas identificados.

Apesar de conhecermos de antemão estas dificuldades, não abdicamos das

metas por nós inicialmente traçadas, uma vez que sabemos que este

diagnóstico de situação será útil, para futuras intervenções. Por outro lado, a

continuidade deste trabalho, permitir-nos-á fixar este objectivo e atingi-lo de

forma mais estruturada e pertinente.