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PLANO DE NEGÓCIOS ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DE CARAUARI – ASPROC Realização: Apoio:

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DE CARAUARI – … · processos de organização e comercialização da produção solidária e sustentável para a ... Neste Plano de Negócios,

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PLANO DE NEGÓCIOS

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DE CARAUARI – ASPROC

Realização: Apoio:

Apoio:

Realização:

PLANO DE NEGÓCIOS

COMÉRCIO RIBEIRINHO SOLIDÁRIO

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES

RURAIS DE CARAUARI

Brasília, janeiro de 2013

Apoio:

Realização:

2

Plano de Negócios - Comércio Ribeirinho Solidário do Médio Juruá © IPAM/ASPROC, 2013 Autor: Hélio Silva Pontes Conteúdo Manual de Comercialização:

Adevaldo Dias Manoel da Cruz Cosme de Siqueira Revisão e organização:

Simone Mazer Osvaldo Stella Jéssica Heusi Financiamento:

Ministério da Justiça – Fundo de Direitos Difusos Climate and Land Use Alliance - CLUA

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DE CARAUARI

Rua Castelo Branco, 380 – Centro – Carauari – Amazonas – CEP: 69500-000 E-mail: [email protected] Fone / Fax: (97) 3491-1023

3

SSumário

1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4

2 SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................. 5

3 DESCRIÇÃO DA ASPROC ............................................................................................... 6

4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................................... 9

5 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS ............................................................. 11

5.1 Farinha de mandioca .......................................................................................... 11

5.2 Borracha ............................................................................................................. 14

5.3 Açaí ..................................................................................................................... 15

5.4 Produtos agrícolas “in natura” ........................................................................... 16

5.5 Peixe – Manejo de Pirarucu ................................................................................ 16

5.6 Mercadorias de primeira necessidade vendidas nas cantinas ........................... 17

6 PLANO OPERACIONAL ................................................................................................ 18

6.1 Estrutura organizacional ..................................................................................... 18

6.2 Processos operacionais do Comércio Ribeirinho Solidário ................................ 20

6.2.1 Compras de mercadorias ............................................................................ 20

6.2.2 Viagens de comercialização ........................................................................ 20

6.2.3 Comercialização nos polos comunitários .................................................... 20

6.2.4 Comercialização da produção no polo sede (Carauari) .............................. 21

6.2.5 Prestação de contas mensal dos polos comunitários ................................. 21

6.2.6 Prestação de contas mensal do comércio ribeirinho solidário ................... 21

6.3 Custos do Processo de Comercialização ............................................................ 22

7 PLANO FINANCEIRO ................................................................................................... 24

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 36

4

11 APRESENTAÇÃO

A Associação dos Produtores Rurais de Carauari – ASPROC, ao ser criada no ano de

1992, já tinha o objetivo de organizar e comercializar a produção dos ribeirinhos do

Médio Juruá, de modo a garantir renda familiar e conservar os recursos naturais que os

mantém. Desde então foram muitas tentativas para alcançar este objetivo. Foram vários

momentos de altas e baixas. Mas, a partir de 2009, quando criamos o Comercio

Ribeirinho, definido como “o jeito próprio da ASPROC e dos ribeirinhos do Médio Juruá

produzir, vender, comprar e trocar o que precisa para viver, onde não existem mais

exploradores nem explorados, numa relação de cooperação, autogestão e de

fortalecimento das comunidades” sentimos que nos aproximamos, de forma

significativa, da concretização do nosso sonho.

O Comércio Ribeirinho construiu possibilidades para mais de 600 famílias

agroextrativistas do Médio Juruá comercializarem a própria produção a preço justo e

adquirirem mercadorias industrializadas nas comunidades onde residem no mesmo

preço do supermercado mais barato da sede do município, considerando que estas

famílias estão até 52 horas distantes da sede do município. Esta alternativa dobrou o

poder de compra dos ribeirinhos.

Apesar dos desafios ainda existentes, como a falta de infraestrutura e tecnologia

para o processamento e agregação de valor no processo de comercialização do pirarucu

manejado e a deficiência da comunicação entre as cantinas e destas com a sede,

entendemos que o modelo Comércio Ribeirinho é a prática que mais promoveu

cidadania aos ribeirinhos ao longo destes 21 anos de atuação da ASPROC no Médio

Juruá.

Manuel da Cruz Cosme de Siqueira

Presidente da ASPROC

5

22 SUMÁRIO EXECUTIVO

A Associação dos Produtores Rurais de Carauari – ASPROC é uma associação,

legalmente constituída em 1991, que atua. A associação tem como missão “organizar e

representar os trabalhadores rurais na luta pela garantia dos direitos, viabilizando

processos de organização e comercialização da produção solidária e sustentável para a

geração de renda, melhoria da qualidade de vida com a conservação dos recursos

ambientais”.

O “Comércio Ribeirinho Solidário” é uma iniciativa da ASPROC, criada em 2009

, com objetivo de garantir acesso ao consumo de itens básicos e venda da

produção pelos ribeirinhos da região. A iniciativa possui sede administrativa e ponto

comercial na cidade de Carauari – AM, mas se estende fisicamente, na forma de

cantinas/polos, por mais 14 pontos comercias. Com isso é possível atender todas as 55

comunidades ribeirinhas da região do Médio Juruá, em especial as comunidades de

moradores tradicionais da Reserva Extrativista do Médio Juruá e da Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Uacari.

A fim de organizar suas atividades e potencialidades, foi desenvolvido o Plano de

Negócios aqui apresentado. Os principais objetivos para que a ASPROC desenvolva este

documento são: fornecer uma visão objetiva, crítica e imparcial, e assim focar as ideias

em torno da viabilidade social e econômica do “Comércio Ribeirinho Solidário”, bem

como disponibilizar um documento que se torne ferramenta operacional de

gerenciamento e comunicação, servindo de suporte e guia para a tomada de decisões.

Cabe agora a cada leitor, seja ele um sócio diretor ou um parceiro financiador,

analisar as informações a seguir e tomar as decisões para fortalecer e desenvolver essa

inteligente e solidária forma de comercialização.

Hélio Silva Pontes

6

33 DESCRIÇÃO DA ASPROC

A Associação dos Produtores Rurais de Carauari - ASPROC é uma organização da

sociedade civil, legalmente fundada em 1991 pelos ribeirinhos moradores de duas

Unidades de Conservação: a Reserva Extrativista do Médio Juruá (UC Federal) e a

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (UC Estadual). A ASPROC está localizada

na sede do Município de Carauari, estado do Amazonas, situado às margens do rio

Juruá, a uma distância de 782 km de Manaus, em linha reta e 1.540 km pelo rio.

A associação é composta por 435 sócios e conta com o apoio de um diretor

presidente e seu vice, com dedicação integral na sede da associação junto a nove

colaboradores, entre eles um coordenador de projetos de nível superior e três técnicos

de nível médio. A associação possui estreita parceria com importantes organizações

governamentais e não governamentais, tais como a Fundação Banco do Brasil, a

Petrobrás, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, a Companhia

Nacional de Abastecimento – CONAB, o Ministério do Meio Ambiente – MMA, a Agência

de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas – ADS, o Instituto de Desenvolvimento

Agropecuário e Florestal do Amazonas – IDAM, o Centro Estadual de Unidades de

Conservação – CEUC, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –

ICMBio, a Secretaria de Estado de Articulação de Políticas Públicas aos Movimentos

Sociais e Populares – SEARP, a Prefeitura Municipal de Carauari, o Conselho Nacional

das Populações Extrativistas – CNS, o Memorial Chico Mendes (MCM), a Fundação

Amazonas Sustentável – FAS, a Associação dos Moradores da Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Uacari – AMARU e o Instituto de Pesquisa Ambiental da

Amazônia – IPAM.

A ASPROC é uma organização democraticamente gerida, sendo a Assembleia

Geral sua instância maior de governança. Cabe ressaltar que a última assembleia geral,

realizada em março de 2012, contou com a participação de 350 sócios. A gestão tática e

operacional da ASPROC conta com um quadro de 9 (nove) colaboradores e 30 (trinta)

7

sócios que possuem cargos e funções ativas e dedicadas às atividades diárias do

Comércio Ribeirinho Solidário.

A entidade foi fundada com base na busca pela melhoria da qualidade vida de

uma população que sofre com as distâncias de grandes centros urbanos, convivendo

com a exploração do comércio local e os chamados “regatões” 1. Essas comunidades

encontram-se a até 52 horas de barco da sede do município de Carauari, cidade mais

próxima. Para adquirirem itens básicos de consumo e venderem sua produção,

precisavam se deslocar até a sede do município ou comercializar com os regatões. Sem

opção, os ribeirinhos se viam presos a este tipo de comércio, uma vez que o gasto com

combustível tornava o produto mais caro do que as ofertas dos regatões. Por muitos

anos, as comunidades ribeirinhas do Médio Juruá dependeram desse sistema para

comprar itens básicos de consumo e vender sua produção.

Para contornar essa situação, a Associação dos Produtores Rurais de Carauari

(ASPROC), em parceria com o CNS e a AMARU (Associação dos moradores da RDS

Uacari) estruturam o programa Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário do Médio

Juruá. Este programa funciona através da distribuição e comercialização de mercadorias

em cantinas comunitárias (entrepostos ou polos de comercialização), localizadas dentro

das comunidades. Estas cantinas são abastecidas com produtos básicos de consumo a

serem vendidos no limite da pesquisa do menor preço em Carauari. É também nas

cantinas que os comunitários deixam sua produção e recebem um preço justo pela

quantidade produzida. Atualmente, quinze comunidades possuem cantinas (14 polos

comunitários e um polo sede em Carauari), as quais são gerenciadas por moradores

treinados pela associação. O Comércio Ribeirinho Solidário atende diretamente 508

famílias cadastradas, ofertando uma variedade de 132 itens de primeira necessidade,

1O regatão é um comerciante ambulante que viaja entre centros regionais e comunidades rio acima, comercializando mercadorias para pequenos produtores caboclos e comerciantes do interior em troca de “produtos regionais” (McGrath, 1999).

8

garantindo, assim, a comercialização dos principais produtos que garantem a renda para

seus sócios.

A sede da ASPROC está estrategicamente localizada no centro da cidade de

Carauari – AM, próximo a todos os serviços necessários para o bom andamento do

negócio, tais como bancos, órgãos públicos, internet, correios, porto para transporte

fluvial e aeroporto. Além disso, conta com importante apoio na cidade de Manaus por

meio de uma coordenação administrativa, responsável por organizar e executar os

processos de compras externas, organizar e monitorar a prestação de contas.

Os processos relacionados às atividades de gerenciamento das cantinas são

feitos através de um software, desenvolvido especificamente para o Comércio

Ribeirinho da Cidadania e Solidário do Médio Juruá, chamado SGC (Sistema de Gestão

Comercial).

9

44 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Em 2009 a ASPROC elaborou um Planejamento Estratégico como técnica e

ferramenta de administração, servindo de base para as tomadas de decisões da

diretoria e assembleias gerais. Neste Plano de Negócios, o Planejamento Estratégico é

utilizado como método para definir o posicionamento da organização frente ao

mercado, definindo as atividades que devem ser executadas, os objetivos, metas,

valores, visão e missão da instituição.

O Planejamento Estratégico da ASPROC foi elaborado por meio de oficinas

participativas, mediadas por consultor contratado, através das quais sistematizou as

discussões e encaminhamentos. Foram utilizadas as ferramentas de debate coletivas

para análises de ambientes internos e externos e definição da missão, visão e valores da

ASPROC, além da elaboração de metas e indicadores com base em grandes ações

estratégicas que a ASPROC realiza. O resultado deste momento de reflexão e construção

foi um Plano Estratégico com um horizonte de 4 (quatro) anos (2010 – 2013).

Para a elaboração deste Plano de Negócios foi realizado o evento: “Oficina de

Elaboração do Plano de Negócios do Comércio Ribeirinho Solidário”, no período de 3 a 5

de fevereiro de 2012, na comunidade São Raimundo (RESEX Médio Juruá), onde foi

possível rever o Planejamento Estratégico, já elaborado anteriormente, e estender seu

horizonte até o fim de 2015.

Essa revisão não realizou mudanças no conteúdo deste documento, pois o

“Planejamento Estratégico da ASPROC 2010-2013” foi elaborado em reunião oficial de

diretores, com o objetivo específico de construir uma ferramenta de gestão para

utilização rotineira nas Assembleias Gerais anuais e reuniões trimestrais da Diretoria.

A seguir, algumas informações definidas no Planejamento Estratégico da

ASPROC.

10

Missão

Organizar e representar os trabalhadores rurais na luta pela garantia dos seus

direitos, viabilizando processos de organização e comercialização da produção solidária

e sustentável, para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida dos comunitários,

junto às atividades de conservação dos recursos naturais de ambas as unidades de

conservação sobre as quais a ASPROC atua.

Princípios e valores

Responsabilidade Social: defesa dos direitos dos trabalhadores pela

melhoria da qualidade de vida e igualdade social;

Responsabilidade Ambiental: defesa e uso racional dos recursos naturais

de forma sustentável;

Transparência no processo de gestão;

Honestidade;

Respeito pela organização;

Participação efetiva na vida da organização;

Cumprimento das decisões tomadas em espaço coletivo.

Visão de futuro

Ser referência em gestão, organização e comercialização da produção solidária e

sustentável, com as estruturas necessárias e devidamente adequadas para cumprir sua

missão, bem como promover o uso racional dos recursos ambientais utilizados, através

de intensa participação dos associados em todas as atividades.

11

55 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS

Os produtos comercializados pela ASPROC estão diretamente relacionados com

as principais atividades produtivas de seus associados e suas necessidades básicas de

consumo. A associação se posiciona como um agente de comercialização que presta os

serviços necessários para garantir o escoamento da produção, o acesso ao melhor

pagamento pelos produtos agroextrativistas, e redução do custo de vida dos associados.

Disponibiliza, ainda, os produtos de primeira necessidade nas cantinas a preços justos e

opções de pagamento com produção ou dinheiro.

A seguir, a descrição dos principais produtos comercializados pela ASPROC.

5.1 Farinha de mandioca

A mandioca é o produto mais popular da alimentação amazonense. Preparada de

diferentes formas, a farinha, seu principal produto, é usada em todo estado. Na ASPROC

a farinha é o principal produto agrícola produzido pelos associados.

A mandioca possui uma grande variedade de espécies, as quais dividem-se

tradicionalmente em dois grupos: mansa ou de mesa, localmente conhecida como

“macaxeira”, brava ou tóxica. A primeira, chamada de aipim (no sudeste), ou macaxeira

(no norte e nordeste), é consumida cozida, frita, em purês e em doces, contendo maior

concentração de fécula2. A segunda, da qual se fabrica a popular farinha de cor

amarelada, possui um alto teor de ácido cianídrico, muito tóxico e venenoso. Para esse

segundo tipo se tornar próprio para o consumo, é necessário passar por um processo de

extração do veneno e redução da toxidade.

As técnicas de cultivo da mandioca realizadas pelos associados da ASPROC ainda

permanecem bastante rudimentares de cultivo, devido à dificuldade de investimento e

2 Substância pulverulenta, farinácea, extraída de tubérculos, raízes, ou grãos ricos em amido e serve como alimento (www.abam.com.br).

12

assistência técnica que os produtores encontram. A fabricação da farinha se resume às

“casas de farinha”, onde a produção é feita de modo artesanal, com mão de obra

familiar ou com a participação de membros da comunidade. O processo de fabricação

da farinha divide-se nas seguintes etapas: colheita da mandioca, lavagem e

descascamento das raízes, ralamento, prensagem, peneiramento e torração.

Em seguida o produto é embalado em sacos plásticos impermeáveis e revestido

com sacos de fibra plástica vendidos nas cantinas. O peso da saca de farinha é variável,

tendo em média 50 Kg, sendo que o preço pago nas cantinas está baseado na

quantidade e tipo de farinha. Os tipos são: puba, farinha d’água comum, farinha d’água

especial, farinha branca comum, farinha branca especial, ovinha (tipo Uarini) e farinha

de tapioca.

A ASPROC vende a farinha de mandioca no atacado regional, atacado local e

varejo local. Como demonstrativo, segue abaixo a tabela com volume de produção de

2011 entregue em cada cantina.

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Volume de produção em quilos, por cantina, no ano de 2011 (kg).

PRODUÇÃO C O M U N I D A D E S

N. Horizonte

N. Esperança

Roque Bom Jesus

Bauana B. do Idó

São Raimundo

Chué Sto.

Antônio Maracajá

Boa Vista

Cachoeira Boca do Xeruã

Farinha puba 9.285 26.312 44.196 2.770 14.268 104 4.250 4.958 1.929 2.357 6.189 2.252 3.874 Farinha puba especial

955 - 155 641 470 - - 555 - 55 1.174 3.065 -

Farinha branca especial

4.192 296 - 756 52 - 326 381 - 2.323 259 153 -

Farinha branca 8.138 1.493 18.978 1.466 2.239 524 3.683 7.533 1.353 1.436 1.619 2.612 Farinha d'agua 147 - - - 318 - - - 1.297 2.347 - - Farinha d'agua especial

1.116 - 653 469 - - 55 - 100

- - -

Farinha ova - 2.697 - 26.710 4.489 - - - 59 - 932 - Farinha de tapioca

30 13 - - - - 74 - 42 160 - - -

23.863 30.811 63.982 32.812 21.836 628 8.388 13.427 4.780 6.331 9.969 8.021 6.486

TOTAL GERAL

231.334 KG

14

55.2 Borracha

A borracha natural é o produto primário da coagulação do látex da seringueira.

Na extração do látex (leite grosso da seringueira), o seringueiro “sangra” a árvore e

coloca sob a sangria um coité, cuia ou bacia para aparar o líquido.

O tipo específico de borracha comercializado pela ASPROC é chamado de CVP

(Cernambi Virgem Prensado). Trata-se de um látex natural que após ser extraído da

seringueira é deixado nas canecas para um processo de coagulação espontânea ou para

ser misturado a uma solução ácida a fim de antecipar essa coagulação.

Após a coleta, o cernambi/coágulo colhido de várias árvores passa por um

processo de prensagem para retirar o excesso de água, que chega, então, a um teor de

37% a 30%. Depois, já na indústria, este tipo de borracha recebe outro processamento

para, após beneficiamento, chegar a um teor de água de 1%. Em seguida este produto é

enviado para a indústria final como matéria prima para fabricação de mais de 40.000

produtos, entre pneus, solas de sapatos, mantas de borracha e peças automotivas.

A venda da borracha está baseada no preço mínimo estabelecido principalmente

pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), gerenciada pela Companhia

Nacional de Abastecimento (CONAB). Esta política aloca o preço mínimo da borracha a

R$ 3,50/Kg. Além da PGPM, existem programas estaduais, como o Programa de

Subvenção Econômica da Borracha, a R$ 1,00/Kg, e programas municipais, também a R$

1,00/kg. O preço mínimo a que se chega é, então, de R$ 5,50, compensatório quando

comparado ao mercado local onde se paga, no máximo, R$ 2,00/Kg de borracha.

Existem, no Estado do Amazonas, basicamente dois compradores que atuam na

cadeia da borracha oriunda de seringais nativos, como intermediários da indústria de

pneus. São eles: Borracha da Floresta (município de Iranduba) e Borracha da Amazônia

(município de Manicoré). Além da venda como matéria prima para a indústria, a

borracha da ASPROC é também vendida no atacado regional.

15

Os principais concorrentes da ASPROC no preço da matéria prima da borracha

estão no Estado de São Paulo, nos seringais de cultivo. Esses seringais possuem maior

produtividade com menores custos, o que faz com que o preço atual da borracha seja

inferior ao preço mínimo estabelecido pelas políticas de subsídio do Governo. Mesmo

assim, muitos clientes da borracha da ASPROC afirmam ser o material ali vendido o de

melhor qualidade.

A seguir, a produção da borracha nas safras de 2009, 2010 e 2011.

Produção de borracha da ASPROC – safras 2009, 2010 e 2011.

SAFRAS SAFRA 2009 SAFRA 2010 SAFRA 2011

seringueiros Kg seringueiros Kg seringueiros Kg valor total 52 14.190 119 51.505 214 51.616 média por

seringueiro (kg) 272,88 432,82 241,20

55.3 Açaí

O fruto do açaí é vendido pela ASPROC a um único cliente: a indústria local de

polpa de frutas “Açaí Tupã”, inaugurada em 2011. Apesar da grande incidência na

região, o fruto é uma matéria prima bastante perecível e sazonal. Além disso, a região

conta com grande número de produtores, tornando a oferta maior que a procura, o que

torna o preço da venda pouco competitivo. Neste contexto, a Açaí Tupã, única indústria

local, pode exigir alto padrão de qualidade e preço baixo.

O ano de 2012 foi o primeiro de comercialização com a Indústria Açaí Tupã.

Acordou-se um preço abaixo do mínimo oferecido pela CONAB, sendo necessário o uso

da subvenção federal para venda deste produto.

16

55.4 Produtos agrícolas “in natura”

A ASPROC participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo

Federal, através de contratos anuais com a CONAB (Companhia Nacional de

Abastecimento) para atender 9 (nove) escolas municipais, 1 (uma) escola estadual, o

Hospital de Carauari, a Pastoral do Menor, a Pastoral da Criança, o Programa Melhor

Idade e o Programa PETI. Com isso há oportunidade de comercialização de produtos

agrícolas in natura como banana, melancia, jerimum, batata doce, pupunha, cará, milho

verde, macaxeira.

No ano de 2011 foram comercializadas 120 toneladas de produtos agrícolas

através PAA. Por este tipo de mercado é pago um valor acima do preço do mercado

local, tendo apenas a desvantagem do atraso no pagamento (períodos de 30 a 90 dias).

A ASPROC utiliza capital próprio para fazer o pagamento no ato do recebimento da

produção nas cantinas e aguarda o pagamento posterior pela CONAB.

5.5 Peixe – Manejo de Pirarucu

O manejo de pirarucu é uma atividade relativamente nova para os associados da

ASPROC, no início restrito apenas à comunidade de São Raimundo, a qual recebeu

autorização para o primeiro plano de manejo da região. Em 2011 a comunidade de

Xibauazinho ingressou no manejo e, junto a São Raimundo, comercializaram 16

(dezesseis) toneladas de pirarucu legalizado. A ASPROC se colocou como parceira na

comercialização, auxiliando na formalização da transação financeira, sem acrescentar

margem de lucro ao processo. Esta atividade ainda está em fase experiência e pode se

fortalecer no mercado caso outras comunidades consigam autorização para o manejo

de lagos. O preço é justo e definido no mercado regional, onde a oferta é baixa frente à

demanda.

17

A ASPROC vem investindo em capacitação dos manejadores para aumentar o

número de comunidades com lagos em condições para o manejo. Procura-se com isso o

apoio dos órgãos governamentais de fiscalização e controle, para dinamizar o processo

de licenciamento da atividade. Há ainda como consequência da capacitação, a

disponibilização de técnicos e de apoio logístico para executar as atividades que

antecedem a pesca, como, por exemplo, a contagem dos pirarucus e a fiscalização dos

lagos.

5.6 MMercadorias de primeira necessidade vendidas nas cantinas

Atualmente as cantinas comercializam 132 itens não perecíveis para os

moradores das 55 comunidades ribeirinhas do Município de Carauari. Uma política

estabelecida em Assembleia Geral define a cesta de itens a serem adquiridos no atacado

em Manaus e distribuídas no varejo nas cantinas, ao menor preço vendido em Carauari,

podendo apenas a Assembleia Geral sugerir alterações na lista de compras. Os clientes

podem também fazer encomendas, as quais normalmente são para eletrodomésticos e

outros aparelhos.

O abastecimento das cantinas é feito a cada dois meses e as mercadorias são

levadas para às comunidades pelo barco da associação. Para controle de estoques,

vendas e compras de produção, os cantineiros enviam mensalmente um balanço das

movimentações.

Uma vez nos polos, as mercadorias estão disponíveis para comercialização. O

pagamento é feito sempre à vista, sendo proibida e venda a prazo. Os preços são

sempre mais baratos em relação aos comércios da sede do município, uma vez que são

comprados em Manaus. Esta diferença de preço gera lucratividade mínima para garantir

a sustentabilidade da iniciativa.

18

66 PLANO OPERACIONAL

Este capítulo está relacionado à forma com que os sócios, diretores e

colaboradores da ASPROC gerenciam o “Comércio Ribeirinho Solidário” e como os

serviços são executados, distribuídos e controlados.

O Plano Operacional tem como objetivo descrever como a ASPROC está

estruturada, em relação aos seus recursos humanos, suas relações hierárquicas, divisão

do trabalho e fluxo de processos administrativos.

6.1 Estrutura organizacional

A estrutura organizacional define a divisão dos recursos humanos da ASPROC em

suas atividades, funções e cargos da associação, de forma a entender sua alocação

dentro do sistema de gestão, responsabilidades e nível hierárquico.

O organograma de gestão da ASPROC possui, inicialmente, uma estrutura

funcional, consequência de sua definição estatutária a qual segue os princípios de uma

associação, de acordo com o Código Civil Brasileiro. Isso coloca a Assembleia Geral como

instância suprema de poder, a qual é validada através de reunião com todos os sócios.

Essas assembleias têm capacidade de decidir qualquer assunto de importância

estratégica, além de ser responsável por eleger a diretoria, aprovar sua gestão, alterar o

estatuto e objetivos estratégicos. Essas decisões são tomadas por votos, os quais são

individuais (um voto por pessoa) e a decisão é da maioria simples.

Para entender melhor o funcionamento da ASPROC e o processo de

comercialização foi elaborada uma matriz de responsabilidades com o objetivo de

complementar o organograma, demostrando com exatidão a correlação entre os cargos.

A seguir, organograma da ASPROC.

19

Organograma da ASPROC

CANTINEIROS

20

66.2 Processos operacionais do Comércio Ribeirinho Solidário

Após 20 anos de funcionamento a ASPROC elaborou, baseado em sua

experiência, um Manual de Gestão dos Processos de Comercialização, que foi a base

para descrever o processo operacional deste plano.

Este manual apresenta os processos do Comércio Ribeirinho divididos entre as

seguintes etapas:

6.2.1 Compras de mercadorias Trata dos procedimentos necessários para que a Associação realize com

eficiência e eficácia seu processo de aquisição das mercadorias que são oferecidas aos

ribeirinhos nas cantinas do Comércio Ribeirinho. Estes procedimentos vão da

elaboração da lista de compra, com base na necessidade de cada polo, até o

desembarque das mercadorias no porto de Carauari.

6.2.2 Viagens de comercialização Compreende todas as etapas de atendimento dos polos com a entrega de

mercadorias e recebimento da produção. Nesta etapa estão descritas as fases da viagem

a começar pelo planejamento, entregas de mercadorias, recebimentos de

documentação, produção e dinheiro nos polos, entre outros. Esta etapa é concluída com

o retorno do barco à Carauari, onde é realizado o desembarque da produção e a entrega

da mesma na sede da Associação. O resultado da viagem é sistematizado em um

relatório que é entregue ao Presidente da ASPORC pelo gerente de viagem.

6.2.3 Comercialização nos polos comunitários Trata dos procedimentos de atendimento dos comunitários no processo de

comercialização, realizado em cada um dos polos do “Comércio Ribeirinho Solidário”.

Fica estabelecida a forma de relacionamento e os devidos registros que devem ocorrer

21

no ato em que o administrador do polo atende os comunitários que fazem uso deste

importante programa de comercialização.

Foram programados dois dias na semana para o atendimento. Apesar de tal

acordo, os cantineiros acabam atendendo todos os dias, devido à demanda das

comunidades. O horário de funcionamento seguido é de 7:00 às 11:00 e das 13:00 às

17:00.

66.2.4 Comercialização da produção no polo sede (Carauari) Caracteriza-se pela venda dos produtos dos ribeirinhos à sociedade em geral,

que ocorre na sede da Associação (polo sede). Ficam descritos os procedimentos de

atendimento aos clientes da ASPROC neste processo de venda de produção e

principalmente os controles necessários para uma gestão eficiente.

6.2.5 Prestação de contas mensal dos polos comunitários Descreve os procedimentos mensais de controle, que devem acontecer em cada

polo do “Comércio Ribeirinho Solidário”, a fim de possibilitar à direção da Associação

avaliar a eficiência do gerenciamento de cada cantina. Estes procedimentos

compreendem a sistematização da comercialização de cada cliente do polo,

levantamento físico do estoque, preenchimento de planilhas de controle e

encaminhamento das informações ao polo sede.

6.2.6 Prestação de contas mensal do comércio ribeirinho solidário Nesta etapa são descritos os procedimentos de prestação de contas mensal de

todo o programa Comércio Ribeirinho Solidário, sintetizando tanto as informações de

cada polo comunitário como do polo sede. É a partir dos resultados gerados por estes

procedimentos que a direção da ASPROC terá as condições de perceber o nível de

desenvolvimento e avanços deste programa, e, com base nestes resultados, tomar as

decisões para seu aprimoramento.

22

66.3 Custos do Processo de Comercialização

O processo de comercialização e seus custos gerais, recursos humanos

envolvidos diretamente no processo e tempo necessário para cumprir a etapa do

processo, estão demonstrados de forma estimada, e com base no controle de custos

apresentado pela diretoria da ASPROC.

Nas receitas e gastos da ASPROC ilustrados abaixo não estão inclusas as receitas

de projetos, visto que a ASPROC sustenta grande parte das suas atividades com o apoio

de terceiros, através de editais de seleção de projetos.

Demonstrativo de Resultados do Comércio Ribeirinho do Médio Juruá – sem receita de projetos (2011)

DESCRIÇÃO VALORES R$ Receita de Vendas de Mercadorias nas Cantinas R$ 988.993,57 Receita de Venda da Produção Agroextrativista R$ 315.271,07 Total Receitas R$ 1.304.264,64

Custo total dos produtos (itens cantinas e produção familiar) -R$ 848.097,22 Despesas Administrativas Totais -R$ 412.368,54 Total Gastos -R$ 1.260.465,76

RESULTADO (SUPERÁVIT LÍQUIDO) R$ 43.798,88

Apesar de apresentar um superávit positivo, este valor é baixo quando

analisado frente à sustentabilidade do negócio em longo prazo. O superávit total sem a

receita de projetos impossibilita maiores investimentos na ampliação da iniciativa,

capacitação dos colaboradores, garantia de capital de giro, etc. Além disso, quanto

maior a otimização dos processos logísticos do Comércio Ribeirinho (quantidade de

viagens realizadas, carregamento e descarregamento de mercadorias e produção,

intervalos para reabastecimento das cantinas, etc.), menor serão as despesas

administrativas totais, aumento o superávit total líquido.

23

No caso da ASPROC, esse superávit é maior, devido à receita oriunda de

projetos, como já foi dito. Para ilustrar, segue nova tabela incluindo receitas de projetos.

Demonstrativo de Resultados do Comércio Ribeirinho do Médio Juruá – com receita de projetos (2011)

Descrição Valores R$ Receita de Vendas de Mercadorias nas Cantinas R$ 988.993,57 Receita de Venda da Produção Agroextrativista R$ 315.271,07 Receita de Projetos R$ 325.065,56 Total das Receitas R$ 1.629.330,20

Custo total dos produtos (mercadorias das cantinas e produção familiar) -R$ 848.097,22

Despesas Administrativas Totais* -R$ 412.368,54 Total gastos -R$ 1.260.465,76

RESULTADO (SUPERÁVIT LÍQUIDO) R$ 368.864,44 *pagamento de recursos humanos, combustível, diárias de piloto, etc.

Como pode ser observado, com a participação dos projetos na composição das

receitas, há um aumento significativo no superávit líquido. Apesar deste superávit significativo, este valor não é constante, devido à oscilação na aprovação de projetos. Se, em determinado ano, a ASPROC não conseguir aprovação de um número suficiente de projetos, a sustentabilidade do Comércio Ribeirinho pode ser comprometida, uma vez que a maior parte desta receita é convertida no pagamento de despesas administrativas da iniciativa.

24

77 PLANO FINANCEIRO

As empresas mercantis geralmente priorizam as decisões de base financeira, e o

mesmo acontece quando um investidor é apresentado a um Plano de Negócios. No caso

de uma associação “sem fins lucrativos” como a ASPROC, esta visão financeira está

relacionada à capacidade de sobrevivência e crescimento sem explorar margens de

lucratividade sobre a diferença do custo de aquisição dos produtos dos associados, e a

receita gerada na venda das mercadorias. Gerenciar um negócio desta natureza requer

uma grande habilidade de negociação, sendo que o maior desafio é equilibrar os

interesses dos sócios e a sobrevivência da instituição no mercado.

Este plano financeiro irá utilizar o Balanço Patrimonial e Demonstração de

Resultado para gerar os principais indicadores financeiros e suas análises.

Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial retrata a situação financeira da ASPROC no dia

31/12/2011 e sua comparação com a mesma data em 2010. Seu objetivo é revelar a

estrutura de capital do negócio. No caso da ASPROC, este capital é oriundo de terceiros,

doações de parceiros e capital próprio.

25

Balanço patrimonial

ATIVO 2010 2011 PASSIVO 2010 2011 circulante circulante

caixa R$ 9.450,00 R$ 22.106,17 fornecedores R$ 3.458,22 -

bancos R$ 303.881,19 R$ 373.276,51 estoque de mercadorias R$ 63.668,08 R$ 144.668,84

empréstimos R$ 47.843,24 R$ 34.438,81 estoque de produção R$ 67.024,70 R$ 110.369,40 mensalidades a receber R$ 1.500,00 R$ 3.066,00

convênios a executar R$ 146.781,31 R$ 294.953,45 adiantamento a associados R$ 14.010,00 R$ 14.010,00 contas diversas a receber R$ 66.255,22 R$ 119.715,10

TOTAL ATIVO CIRCULANTE R$ 525.789,19 R$ 787.212,02 TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE R$ 198.082,77 R$ 329.394,26

não circulante não circulante

recursos com restrições R$ 256.709,90 R$ 185.686,42 recursos de projetos R$ 372.844,54 R$ 185.686,42

total do ativo não circulante R$ 256.709,90 R$ 185.686,42 total do passivo não circulante R$ 372.644,54 R$ 185.686,42

permanente patrimônio liquido

imobilizado R$ 273.032,00 R$ 658.157,60 fundo patrimonial social R$ 147.460,00 R$ 147.460,00 doações R$ 143.959,95 R$ 330.996,35

depreciação acumulada -R$ 66.147,05 -R$ 139.061,48 superávit acumulado R$ 64.143,89 R$ 127.036,78 resultados do exercício R$ 62.892,89 R$ 371.422,77

TOTAL ATIVO PERMANENTE R$ 206.884,95 R$ 519.096,14 TOTAL DO PATRIMÔNIO LIQUIDO R$ 418.456,73 R$ 976.915,98

TOTAL DO ATIVO R$ 989.384,04 R$ 1.491.994,58 TOTAL DO PASSIVO R$ 989.384,04 R$ 1.491.994,58

26

Nas seções seguintes, o presente Plano de Negócios apresenta a interpretação

do Balanço Patrimonial a partir de diversos índices. Cabe lembrar que estes índices

foram calculados sobre o demonstrativo de resultados incluindo a receita de projetos.

Em um cenário sem projetos, muitos desses índices poderia ter resultados

insatisfatórios.

Avaliação do Autofinanciamento e da Liquidez

O autofinanciamento nada mais é que a utilização de um excedente, um lucro,

um superávit oriundo das atividades do empreendimento. Está diretamente ligado à

formação do capital de giro de um próximo ciclo financeiro.

O autofinanciamento ainda é avaliado como a capacidade que a ASPROC tem de

crescer e sustentar suas operações com o capital de giro próprio, não se esquecendo de

buscando o equilíbrio entre exigências do mercado e exigências do quadro social.

Índice de Autofinanciamento

Mede a capacidade da ASPROC em financiar suas necessidades de Capital de Giro

com seu capital de giro próprio.

Fórmula:

IA=CDG (passivo permanente – ativo permanente)

NCG (ativo circulante – passivo circulante)

IA (2010) = 372.844,54 – 206.884,95 = 165.959,59 = 0,50

525.789,19 – 198.052,77 327.736,42

IA (2011) = 185.686,42 – 519.096,14 = -333.409,68 = - 0,72

787.212,02 – 329.394,26 457.817,76

Índice entre 3% < 6%: situação regular, indicando que os juros já comprometem

o autofinanciamento.

27

Liquidez Corrente

Mede a capacidade da ASPROC de fazer frente as suas obrigações no curto prazo

(até 1 ano).

Formula:

LC= AC (ativo circulante)

PC (passivo circulante)

LC (2010) = 525.789,19 = 2,65

198.082,77

LC (2011) = 787.212,02 = 2,39

329.394,26

Índice > 1,75: situação excepcional, indicando a existência de R$ 1,75 em direitos

contra R$ 1,00 em obrigações, a entidade dispõe no caso de 75 centavos excedentes.

Índice de Liquidez Seca

Mede a capacidade de honrar seus compromissos financeiros, quitar seus

compromissos no curto prazo sem o uso de seus estoques.

Formula:

Formula:

LS= AC (ativo circulante) - Estoques

PC (passivo circulante)

LS (2010) = 525.789,19 - 130692,78 = 1,99

198.052,77

LS (2011) = 787.212,02 – 255.038,24 = 1,61

329.394,26

Índice > 1,75%: situação excepcional 2010 para uma situação boa em 2011,

indicando que a ASPROC não necessita desfazer de estoques para fazer frente a seus

compromissos, mas demonstrou que os estoques de 2011 foram bem mais expressivos

28

que 2010, mas sem necessidade de desfazer de estoques para fazer frente aos

compromissos de curto prazo.

Margem de Garantia

Mede a capacidade de liquidação da ASPROC em função dos débitos existentes

junto a terceiros, verifica se é possível, através da venda de todos os ativos o

cumprimento de todas as obrigações com terceiros. Esse indicador é bastante utilizado

pelos bancos para a disponibilização de financiamento, que não é o caso da ASPROC por

ser associação, segue análise apenas para ilustração.

Fórmula:

MG= ______________AT (Ativo Total)_____________________

PC (passivo circulante) + ELP (empréstimos exigível a Longo Prazo)

MG (2010) = 989.384,04 = 4,99

198.052,77 + 0

MG (2011) = 1.491.994,58 = 4,53

329.394,26 + 0

Índice > 2,00: situação excepcional, indicando a capacidade total da liquidação

dos débitos, liberando ainda a mesma quantidade dos ativos para os beneficiários.

Avaliação do Endividamento

O endividamento junto a terceiros é normalmente uma decorrência da falta de

capital de giro próprio, seja para financiar as operações, seja para financiar

investimentos de longo prazo.

Não dispondo de capital para tais finalidades, os empreendimentos podem

recorrer ao sistema bancário estatal ou privado para repor suas necessidades. No caso

da ASPROC, a reposição de recursos se dá por meio da busca por financiadores parceiros

na forma de projetos.

29

Endividamento Total

Mede a utilização de recursos externos para o financiamento de investimentos

totais de curto prazo.

Fórmula:

ET= PC (Passivo circulante) – ELP (Exigível a Longo Prazo) x 100

Ativo Total

ET (2010) = 198.082,77 x 100 = 20,02

989.384,04

ET (2011) = 329.394,26 x 100 = 22,08

1.491.994,58

Índice < 30%: situação excepcional, indicando que a ASPROC praticamente atua

somente com créditos comerciais como forma de pagamento.

Faturamento por Associado

Mede a relação entre a atividade operacional (vendas) e o número de

associados.

Fórmula:

FA = Vendas Líquidas

N° de associados

FA (2010) = 409.082,36 = 1.410,63

290

FA (2011) = 1.156.567,07 = 2.658,77

435

Não existem parâmetros ideais, sendo que essa análise deve ser comparativa

com outras associações similares e em relação aos anos anteriores, que neste caso

apresenta um considerável aumento, dobrando as vendas, que é excepcional mesmo

com o aumento do quadro de associados.

30

Crescimento do quadro social

Mede o crescimento do número de associados da ASPROC.

Fórmula:

Número de associados atual x 100 – 100 Número de associados anterior 435 x 100 – 100 = 50 290 O resultado demonstra um aumento de 50% no crescimento do quadro social.

Para os objetivos da ASPROC, os quais atendem as necessidades dos ribeirinhos, esse

indicador demonstra o crescimento da credibilidade e capacidade de aceitação dos

benefícios do Comercio Ribeirinho Solidário.

Participação Social

Mede a participação dos produtores familiares na associação em relação ao

universo total de produtores existentes na área de ação, ou seja, demonstra a

porcentagem de associados perante o universo de pessoas que a ASPROC possui como

público e aptas para participarem do quadro social.

Fórmula:

número de associados x 100 – 100

produtores na área de ação

435 x 100 - 100 = 7,21

6035 (fonte: IBGE senso 2010 da população rural de Carauari)

31

Faturamento por Funcionário

Mede os resultados de atividades econômicas (venda) pela eficiência dos

funcionários.

Fórmula:

Vendas Líquidas

número de funcionários

2010 = 409.082,36 = 45.453,59

9

2011 = 1.156.567,07 = 128.507,45

9

Não existem parâmetros ideais, sendo necessária uma análise comparativa com

empreendimentos similares. Neste caso observa-se um excepcional crescimento da

produtividade dos colaborados em 2011 em comparação com 2010.

Associados por Funcionário

Avalia a necessidade de funcionários em atender as demandas de serviços e

beneficiamento/transporte dos produtos dos associados.

Fórmula:

número de associados

número de funcionários

2010 = 290 = 32,22

9

2011 = 435 = 48,33

9

Não existem parâmetros ideais, sendo necessária uma comparação com

associações similares. No caso da ASPROC verifica-se um expressivo aumento na

eficiência dos funcionários no que se refere às demandas dos associados.

32

Demonstração de Resultado

A demonstração de resultado é uma forma ordenada e sistemática de apresentar

um resumo das receitas, despesas e lucro (ou prejuízo) em um determinado período.

Para este Plano de Negócios será utilizada a base de dados gerados durante o

ano de 2011 disponibilizadas pelo contador da ASPROC. Para as análises foram utilizados

os valores totais. O ano de 2010 caracterizou-se, do ponto de vista financeiro, como um

ano de grande crescimento no volume de comercialização, comparado aos anos

anteriores, além de demonstrar o pleno funcionamento da estrutura e recursos

disponibilizados para executar o “Comércio Ribeirinho Solidário”.

Serão utilizados os seguintes indicadores: (i) Rentabilidade da ASPROC, (ii)

retorno dos Investimentos, (iii) Rentabilidade do Patrimônio Líquido, (iv) Giro de Ativos

e (v) Despesas sobre vendas.

Demonstração de resultado do exercício - 2011

CONTAS 2011

RECEITA DE VENDA DE MERCADORIAS R$ 988.993,57

RECEITA DE PROJETOS R$ 325.065,56 RECEITA DE PRODUÇÃO R$ 315.271,07 RECEITA OPERACIONAL R$ 1.629.330,20 CUSTOS DE VENDAS* -R$ 754.910,22 REPASSE DE SUBVENÇÃO -R$ 93.187,00 LUCRO BRUTO R$ 781.232,98 DESPESAS ADMINISTRATIVAS E DE COMERCIALIZAÇÃO** -R$ 339.454,13

DEPRECIAÇÃO -R$ 72.914,41 RESULTADO FINANCEIRO*** R$ 2.558,33 SUPERÁVIT DO EXERCÍCIO R$ 371.422,77 *mercadorias para as cantinas + compra da produção dos ribeirinhos; **combustível, pagamento de colaboradores, diárias de barco, piloto, cozinheira, etc.; ***rendimento de recurso aplicado resgatado.

33

Rentabilidade da ASPROC – RA

Mede a capacidade de realizar “superávits” líquidos em relação ao volume da

atividade econômica.

Fórmula:

RA = Superávits Líquidos x 100

Vendas

RA 2010 = 62.892,89 x 100 = 15,37%

409.082,36

RA 2011 = 371.422,77 x 100 = 22,79 %

1.629.330,20

Índice > 10%: excelente, indicando ótimo composição de custos e

aproveitamento das oportunidades de mercado. Devendo-se observar a exploração dos

associados.

Retorno dos investimentos / Ativos – RSA

Avalia a capacidade da ASPROC em realizar resultados (superávits) em relação ao

total dos ativos. Este índice é importante para medir o prazo médio de retorno dos

investimentos e o custo / oportunidade das aplicações de recursos nos ativos

operacionais e permanentes.

Fórmula:

RSA = Superávits x 100

Ativo Total

RSA 2010 = 62.892,89 x 100 = 6,35%

989.384,04

RSA 2011 = 371.422,77 x 100 = 24,89%

1.491.994,58

34

2010 – índice > 5 < 10%: ruim, indicando capacidade lenta de recuperação dos

investimentos, e dificuldade de reinvestimento e crescimento.

2011 – índice > 20%: excelente, indicando uma estrutura operacional adequada e

capaz de recuperar os investimentos em períodos inferiores a 5 anos.

Rentabilidade do Patrimônio Liquido – RSPL

Mede a capacidade da ASPROC em remunerar o seu patrimônio liquido (capital

próprio + fundos). Este indicador é importante para medir o custo / oportunidade da

capitalização.

Fórmula:

RSPL = Superávits x 100

Patrimônio Liquido

RSPL 2010 = 62.892,89 x 100 = 15,02%

418.456,73

RSPL 2011 = 371.422,77 x 100 = 38,02%

976.915,98

2010 – índice > 15% < 20%: boa, capaz de recuperar investimentos em período

inferior a 7 anos.

2011 – índice > 20%: excelente, indicando uma estrutura operacional adequada e

capaz de recuperar os investimentos em períodos inferiores a 5 anos.

Giro de Ativos

Mede a capacidade organizacional da ASPROC em utilizar os ativos. Este

indicador é fundamental para avaliar o retorno dos ativos, pois cada vez que se da um

giro no ativo em relação as vendas, acumula-se superávits.

35

Fórmula:

Giro do Ativo = Vendas Líquidas

Ativo Total

Giro do Ativo em 2010 = 409.082,36 = 0,41

989.384,04

Giro do Ativo em 2011 = 1.629.330,20 = 1,09

1.491.994,58

O ano de 2010 foi ruim, exigindo grande necessidade de obtenção de superávits

em relação às vendas, para manter boa taxa de retorno sobre investimentos, e no ano

de 2011 a situação melhorou em relação ao volume de vendas, pois a ASPROC

conseguiu realizar mais de um giro no ativo, mas o que realmente se destaca é o

resultado da rentabilidade das receitas alcançaram que foi de 36,48 %.

36

88 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Comércio Ribeirinho do Médio Juruá revela uma experiência inovadora dentro

do universo de organizações de agricultores familiares, povos e comunidades

tradicionais da Amazônia. A iniciativa recebeu, em 2012, o prêmio Objetivos do Milênio

da Presidência da República.

Tendo como base de análise sua estrutura organizacional, ferramentas gerenciais

de planejamento e controle, ambientes de desenvolvimento da capacidade de

autogestão nos níveis estratégicos, táticos e operacionais, além da experiência

comprovada na elaboração e implantação de projetos de considerável complexidade,

pode-se concluir que a ASPROC administra o Comércio Ribeirinho com excelência, e se

destaca pelo rápido crescimento nos últimos quatro anos.

Apesar do sucesso da iniciativa, a ASPROC ainda tem de ligar com dificuldades

para dar continuidade à iniciativa, tais como a demora no reembolso da aquisição da

produção agroextrativista, a qual é paga pela ASPROC à vista ao produtor (os mercados

institucionais demoram até 90 dias para realizar os pagamentos), custos elevados de

logística (não há recursos financeiros e humanos suficientes aperfeiçoar o planejamento

e otimizar a logística de viagens, por exemplo), disponibilidade de produtos de primeira

necessidade a preços baixos (apesar da margem de lucro oriunda da diferença paga em

Manaus e do menor preço de Carauari, a lucratividade ainda é baixa, visto que a

iniciativa não visa lucro), entre outras.

Dessa forma a ASPROC fica dependente de apoios financeiros externos para

continuar se desenvolvendo e ampliando seus conhecidos benefícios. O fato de ser uma

associação sem fins lucrativos impossibilita o acesso a meios convencionais de

financiamento via instituições financeiras, e o papel dos parceiros governamentais e não

governamentais torna-se evidente e fundamental para promoção do comércio

ribeirinho solidário.