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AJES- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 8,5 FOCOS DE QUEIMADA; UM ALERTA AMBIENTAL, ONDE A SAÚDE DA POPULAÇÃO ESTÁ EM RISCO. Ingrid da Silva Souza [email protected] ORIENTADOR: Profº. Ilso Fernandes do Carmo ARIPUANÃ/2012

ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE … · ambientais e os danos para a saúde ... em ter conhecimento sobre as conseqüências ocasionadas pelos inúmeros focos de queimadas

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AJES- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

8,5

FOCOS DE QUEIMADA; UM ALERTA AMBIENTAL, ONDE A SAÚDE DA

POPULAÇÃO ESTÁ EM RISCO.

Ingrid da Silva Souza

[email protected]

ORIENTADOR: Profº. Ilso Fernandes do Carmo

ARIPUANÃ/2012

AJES- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

FOCOS DE QUEIMADA; UM ALERTA AMBIENTAL, ONDE A SAÚDE DA

POPULAÇÃO ESTÁ EM RISCO.

Ingrid da Silva Souza

ORIENTADOR: Profº. Ilso Fernandes do Carmo

“Projeto apresentado como exigência parcial para a obtenção do titulo de especialização em Educação Ambiental”.

ARIPUANÃ/2012

RESUMO

O projeto aqui elaborado teve como base de pesquisa o estudo da origem as

queimadas no Brasil, desde sua legalidade do ponto de vista de quem colonizava o

território brasileiro, até os dias atuais onde esta prática é considerada ilegal.

Focando em nossa região, sobretudo no “distrito” de Conselvan, elaborei uma

pesquisa através de entrevistas com a população local sobre os impactos

ambientais e os danos para a saúde humana que a prática das queimadas produz.

Com base no resultado obtido na pesquisa pude constatar que apesar de a

população local ter conhecimento de tais danos, as queimadas ainda são vistas

como única fonte de limpeza do solo para o cultivo da agricultura e da pecuária, uma

vez que a região é desprovida de máquinas de processamento do solo para tais

culturas devido ser uma região ainda pobre e muito distante de áreas desenvolvidas.

O trabalho inclui ainda o mapas de focos de queimadas no Brasil, nos últimos três

anos. Bem como relatório da Secretaria Municipal de Saúde de Aripuanã sobre o

aumento das doenças respiratórias ocasionadas pela fumaça oriunda das

queimadas. A justificativa na qual me levou associar o tema à disciplina de educação

ambiental é o fato de as queimadas estarem diretamente ligadas aos desequilíbrios

ambientais no mundo atual.

Palavras-chaves: queimadas; doenças respiratórias; educação ambiental.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................04

CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................07

1.1 Histórico do Fogo no Mundo ...............................................................................07

1.2 Origem do Fogo....................................................................................................08

1.2.1 Queimadas em Foco.........................................................................................09

1.3 Queimadas X Incêndios Florestais......................................................................11

1.3.1 Incêndios Florestais: A grande Ameaça............................................................13

1.4 Queimadas e Saúde Humana..............................................................................16

1.5 Padrões de Qualidade do Ar................................................................................17

CAPÍTULO II – PRESENTAÇAO E ANÁLISES DOS DADOS ................................22

2.1 Contribuição no processo Histórico Município de Aripuanã................................22

2 .1.2 Conselvan o nascimento de um novo “distrito”................................................23

2.1.3 Conselvan- Potencial Agropecuário..................................................................25

2.2 Conselvan- Impacto Ambiental.............................................................................26

2.3 Análise de Dados.................................................................................................27

CAPÍTULO III – UMA VISÃO GERAL SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.............30

3.1 Conceito de Educação Ambiental........................................................................30

3.2 Educação Ambiental na escola...........................................................................32

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... .........37

INTRODUÇÃO

É de fundamental importância visar à grande necessidade da população

local, em ter conhecimento sobre as conseqüências ocasionadas pelos inúmeros

focos de queimadas que todo ano afeta a população do distrito de Conselvan,

causando além de doenças alérgicas e respiratórias também grandes impactos

ambientais.

Conforme os relatos dos habitantes locais os focos de queimadas são mais

comuns nos meses de julho a outubro devido o clima seco, estiagem prolongada,

uso do fogo por agricultores, queima de lixo em área urbana. Estes são alguns dos

motivos que provocam aumento no número de queimadas e focos de calor por toda

região. As queimadas provocam danos diversos: perda de biodiversidade.

O empobrecimento do solo, poluição do ar, prejuízos à saúde humana e á

aviação. Além disso, no Brasil, é considerada. O empobrecimento do solo, poluição

do ar, prejuízos à saúde humana e à aviação. Além disso, no Brasil, é considerada a

principal fonte emissora de gás carbônico.

Questionar mudança de hábitos referentes a das queimadas, e tentar

minimizar essa problemática será uma das dificuldades fundamentais deste projeto.

Pois a população é leiga sobre a legislação vigente de educação ambiental, ainda

busca as queimadas como fonte alternativa e inconsequentes, provocam danos

diversos: mas percebemos que fazer queimadas para uso agropecuário é uma

prática cultural não só dessa região, mas de outras regiões do Brasil.

E quanto a população, de forma geral as pessoas expostas a fumaça das

queimadas podem relatar dor de cabeça; dor e ardência na garganta; ardência,

lacrimejamento e vermelhidão nos olhos; tosse, sibilância e ronqueira (chiado); dor

de ouvidos e febre.. O tratamento clínico para os agravos respiratórios eticamente é

de responsabilidade do profissional médico, que após realizar exames, avaliará

clinicamente o paciente a prescrevendo medicamentos domiciliar ou até a internação

nos casos diagnosticados como mais graves.

A Educação Ambiental deverá ser inserida no cotidiano da população local.

De forma que ocorra uma mudança na mentalidade em relação à qualidade de vida,

que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com a natureza e

que às vezes implica nas mudanças de costumes, atitudes, valores, ações.

Segundo o tenente coronel BM, Alessandro Borges:

É importante lembrar à população que o término do período proibitivo não significa que está liberada a queima. Provocar queimada é crime, proibido o ano todo. Os proprietários que precisam se utilizar da queima controlada tem que solicitar uma autorização do órgão ambiental (SEMA). Nesse caso, deve ser apresentado um projeto à Secretaria, informando o tamanho da área e também a estrutura para controle das chamas... (2009).

Sabemos que a maioria dos agricultores e até alguns técnicos, pensam que

a queimada torna fértil o solo. Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de

Defesa Florestal - IBDF e publicado na revista Globo Rural de janeiro de 1988, prova

que o fogo provoca a perda de minerais do solo. Cerca de 90% deles vão para o

espaço junto com a fumaça, em forma de gás carbônico e cinzas, prejudicando

inclusive o clima. Porém a queimada é uma prática comum no meio rural brasileiro.

Acompanham praticamente todas as fases produtivas, e na região Norte (como o

preparo do solo na Amazônia)

Para a monografia buscou-se embasamento teórico através de leituras

pertinentes, pesquisas em livros didáticos, paradidáticos, revistas, artigos de jornais

e internet. Pretendeu-se analisar as obras de diversos autores, e pesquisar órgãos

como SEMA (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), INPE (Instituto de Pesquisas

Espaciais), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis), aprofundando assim meu conhecimento sobre o tema mencionado.

Pretendo fazer pesquisa de campo com relatório; e fazer pesquisa também

com alguns produtores rurais, analisando o conhecimento empírico de ambos sobre

o assunto mencionado, contrastando limpeza arcaica da pastagem e o risco do fogo

se alastrar pelos cafezais. Tentarei sensibilizá-los mostrando que o fogo afeta

diretamente a físico-química e a biologia dos solos, deteriora a qualidade do ar,

levando até ao fechamento de aeroportos por falta de visibilidade, reduz a

biodiversidade e prejudica a saúde humana. Ao escapar do controle atinge o

patrimônio público e privado (florestas, cercas, linhas de transmissão e de telefonia,

construções etc.). As queimadas alteram a química da atmosfera e influem

negativamente nas mudanças globais, tanto no efeito estufa como na camada de

ozônio.

Buscarei saber também com funcionários da vigilância sanitária e do posto

de saúde local o número de caso de pessoas que consultam no período mais critico

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vítimas de inalação da fumaça. E para concluir buscarei conhecer e analisar a

Legislação vigente quanto as Queimadas no Estado do Mato Grosso.

Sendo o Mato Grosso segundo estado brasileiro a registrar o maior índice de

queimadas no ano de 2010, será preciso enfatizar mais quando o assunto é

queimadas e desequilíbrio ambiental, pois, nos lugares com população semi-leiga, a

Educação Ambiental deixou de ser algo que deve ser discutido isoladamente, ou

somente nas escolas, e sim em escala global.

Este trabalho está organizado da seguinte forma: O Capitulo I faz uma

abordagem conceitual a história do fogo e sua origem, mostrando os benefícios e os

malefícios desta importante descoberta que é o fogo, citando as queimadas e

incêndios florestais, identificando os prejuízos, tanto ambientais quanto para saúde

humana. O Capitulo II enfoca brevemente a história de Aripuanã e as contribuições

para o surgimento e desenvolvimento da gleba Conselvan, aqui sendo abordado

como “distrito”. Apresenta uma coleta de dados usados como indicativo, onde se

compara o número de doenças respiratórias, com relação às queimadas efetuadas

tanto no campo quanto no perímetro urbano. Sendo que esta área é povoada

principalmente por pessoas que migraram de outros estados em busca de pedaço

de terra, para moradia, plantio ou criação de gado. O Capitulo III aborda o conceito

de Educação Ambiental e sua importância na escola através do auxilio de

informativos fornecidos de alguns órgãos públicos como SEMA e IBAMA, para

promover palestras, apresentações com um material fácil e dinâmico com intuito de

conscientizar e sensibilizar os alunos para que os mesmos possam passar adiante

este conhecimentos, que englobam vários fatores relacionados com as queimadas.

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CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO

1.1HISTÓRICO DO FOGO NO MUNDO

Há séculos, segundo Anne Marie Helmenstine (2009), o fogo acompanha o

homem em sua jornada e é um dos fatores que nos permite registrar a história da

humanidade. É um marco no processo evolutivo, um elo entre o passado e o futuro.

O fogo foi a maior conquista do ser humano na pré-história. A partir desta

conquista o homem, aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a

energia dos materiais da natureza ou moldando-a em seu benefício. O fogo serviu

como proteção aos primeiros hominídeos, afastando os predadores. Depois, o fogo

começou a ser empregado na caça, usando tochas rudimentares para assustar a

presa, encurralando-a. Foram inventados vários tipos de tochas, utilizando diversas

madeiras e vários óleos vegetais e animais. No inverno e em épocas gélidas, o fogo

protegeu o ser humano do frio mortal. O homem pré-histórico também aprendeu a

cozinhar os alimentos em fogueiras, tornando-os mais saborosos e saudáveis.

Ao adquirirem o controle do fogo, há mais de quinhetos mil anos, os

ancestrais da espécia humana, segundo JACOBI (2007), começaram a marcar

profundamente a história do homem na terra. Por meio de seu domínio, alcançaram

novos espaços, alteraram o ecossitema e sofreram as consequencias decorrentes

de suas próprias atividades.

O fogo, segundo Anne Marie Helmenstine (2009), também foi o maior

responsável pela sobrevivência do ser humano e pelo grau de desenvolvimento da

humanidade, apesar de que, durante muitos períodos da história, foi usado no

desenvolvimento e criação de armas e como força destrutiva.

Na antiguidade, ainda segundo HELMENSTINE (2009), o fogo era visto

como uma das partes fundamentais que formariam a matéria e na Idade Média os

alquimistas acreditavam que o fogo tinha propriedades de transformação da matéia

alterando determinadas popriedades químicas das substãncias, como a

transfornmação de um minério sem valor em ouro, e ainda hoje o fogo é ferramenta

importante em nosso processo contínuo de evolução. Seu uso reflete assim valores,

crenças, aspectos econômicos, políticos, dentre outros, escrevendo o processo

evolutivo de todo o planeta por meio de fenômenos naturais.

1.2 A ORIGEM DO FOGO

Existem várias lendas e teorias sobre a origem do fogo. É visto por diversos

povos, segundo Betty Mindlin (2002), como instrumento sagrado, presente dos

deuses, entre outras mais. O fato é que o fogo é um fenômeno que produz calor a

um corpo combustível na presença de ar. Uma vez iniciado o fogo, o calor gerado

proporcionará a energia necessária para a continuidade do processo.

O homem primitivo, inicialmente, segundo JACOBI (2007), observou esse

fogo surgido espontaneamente ou provocado por raios e começou a utilizá-lo de

maneira esporádica e desorganizada. Para isso, foi necessário, em um primeiro

momento, descobrir como mantê-lo vivo. Isto resultou, provavelmente, da

observação de que as brasas resultantes da queima natural da madeira poderiam

ser reativadas pela ação do vento, ou pelo sopro, fazendo a chama reaparecer. A

etapa seguinte consistiria em produzir voluntariamente o fogo. Para que haja fogo é

preciso que aconteça a combinação entre o oxigênio e uma substância combustível,

induzida por uma fonte de calor. Talvez a observação de que ele se propagava pelo

aquecimento de galhos ou folhas secas indicou que a chama poderia ser iniciada

com temperaturas elevadas. Desta forma, a descoberta de que o atrito entre dois

pedaços de madeira seca elevava a temperatura até produzir uma chama, que por

sua vez poderia ser ativada pelo sopro, deu início a jornada tecnológica do homem,

no seu controle da natureza.

No Brasil, os registros sobre o fogo, segundo JACOBI (2007), remontam a

época do descobrimento. Os primeiros habitantes o utilizavam no preparo dos

alimentos, para facilitar a caça, para se aquecer e inclusive, na abertura de áreas

para plantio agrícola.

Figura 01: Utilização do fogo por povos primitivos Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre- Origem do Fogo

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Ainda nos dias de hoje, o método do atrito na produção do fogo é

encontrado entre alguns povos primitivos, como os índios brasileiros (JACOBI,

2007).

Na seqüência, outro método foi desenvolvido. A observação de que as

fagulhas têm o poder de começar uma chama e que o choque de algumas rochas

produz faíscas, segundo JACOBI (2007), conduziu a mais uma forma de iniciar uma

combustão a percussão de duas pedras para a produção de faíscas. Um processo

simples de produção de fogo, surgiria com a invenção do palito de fósforo na

Inglaterra em 1827. O elemento fósforo combina-se com o oxigênio tão facilmente

que se acende apenas exposto ao ar. Os primeiros fósforos fabricados acendiam por

atrito e exalavam um cheiro muito desagradável. Mais adiante, em 1845, começaram

a ser fabricados os chamados fósforos de segurança, cuja cabeça combustível

contém outros componentes não-inflamáveis, garantindo a sua utilização de forma

segura.

1.2.1 QUEIMADAS EM FOCO

Herança colonialista de limpar a terra com o fogo para a próxima safra, as

queimadas, segundo MAZOIER e ROUDART (2010), podem ser consideradas uma

das práticas mais nocivas ao Meio Ambiente, perdendo apenas para o

desmatamento, embora, quase sempre, as duas ações ocorram juntas.

Apesar de já se conhecer de longa data os impactos que as queimadas

causam aos ecossistemas e à Natureza, MAZOIER e ROUDART (2010), elas nunca

estiveram tanto em discussão com agora. As queimadas liberam toneladas de CO2,

principal gás estufa na atmosfera.

Ainda para MAZOIER e ROUDART (2010), em tempos de aquecimento

global toda atividade que contribui para a emissão de gases que intensificam o efeito

estufa está na mira dos ambientalistas. Por isso, o mundo está com os olhos

voltados para o nosso país, especialmente por causa da Amazônia, maior

contribuição brasileira para aquecimento global, fator que coloca o Brasil no ranking

dos principais poluidores do Planeta.

09

Ainda em 1820, José Bonifácio de Andrada e Silva disse que: “(...) as

queimadas são ato de ignorância, associado à preguiça e má fé.” (FREITAS, 2010).

Segundo FREITAS (2010), as queimadas são desnecessárias, a partir do

momento em que um indivíduo sabe e é consciente da importância do Meio

Ambiente, ressaltando as práticas mais viáveis para manuseamento do solo.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE,

2011), durante o período de junho a novembro, grande parte do país foi acometido

por queimadas que se estenderam praticamente por todas as regiões, com maior ou

menor intensidade. O fogo é normalmente empregado para fins diversos na

agropecuária, na renovação de áreas de pastagem, na remoção de material

acumulado, no preparo do corte manual em plantações de cana-de-açúcar, entre

outros. Trata-se de uma alternativa geralmente eficiente, rápida e de custo

relativamente baixo quando comparada a outras técnicas que podem ser utilizadas

para o mesmo fim. Os Estados que tradicionalmente apresentam maior número de

focos de calor são Mato Grosso e Pará. Essas queimadas provocam danos diversos:

perda de biodiversidade, empobrecimento do solo, poluição do ar, prejuízos à saúde

humana e à aviação. Além disso, no Brasil, é considerada a principal fonte emissora

de gás carbônico (CO2), um dos causadores do efeito estufa. Fazer queimadas para

uso agropecuário é uma prática cultural não só do Brasil e de difícil substituição.

Quando falamos em queimadas e seus impactos ambientais, deveremos

esclarecer qual é o conceito de queimadas; ela nada mais é do que uma antiga

prática agropastoril ou florestal que utiliza o fogo de forma controlada para viabilizar

a agricultura ou renovar as pastagens e deve ser feita sob determinadas condições

ambientais que permitam que o fogo se mantenha confinado à área que será

utilizada para a agricultura ou pecuária. As queimadas são autorizadas pelo IBAMA

(2012), sob critérios técnicos, como os aceiros, por exemplo, que impedem a

propagação do fogo além dos limites estabelecidos. Ao receber a autorização para a

queimada, o proprietário da área é instruído sobre a melhor maneira de executar o

trabalho. O IBAMA também distribui material educativo sobre as queimadas em

regiões onde essa prática é usual. Em situações especiais, o órgão pode proibir as

queimadas, o que não impede que elas ocorram de forma ilegal, provocando

incêndios florestais. Para o combate às queimadas, o IBAMA (2012) vem adotando

algumas medidas de prevenção. Como o fogo é utilizado para limpeza de culturas e

10

abertura de novas áreas para pecuária e agricultura, nos Estados com um maior

número de focos de calor as queimadas estão proibidas durante certo período do

ano.

1.3 QUEIMADAS X INCÊNDIOS FLORESTAIS

As queimadas são causadas pela ação do homem que utiliza o fogo de

forma controlada para viabilizar agricultura ou renovar as pastagens. Deve ser feita

sob determinadas condições ambientais que permitam que o fogo se mantenha

confinado à área que será utilizada para a agricultura ou pecuária e só pode ser feita

mediante autorização do IBAMA (2012), ou outro órgão de controle ambiental.

Vale salientar ainda que as queimadas autorizadas por estes órgãos de

controle têm a obrigação de respeitar as normas do código ambiental, as datas

estabelecidas pelo órgão de acordo com as condições climáticas da época e feitas

de maneia controlada de modo que não saia do controle de quem a pratica.

Figura 02-queimada controlada Fonte :Portal SEMA/MT. (2011).

A queima controlada é definida como a aplicação controlada do fogo em

combustíveis tanto no estado natural como alterado, sob determinadas condições de

clima, umidade do combustível, umidade do solo, etc..., de tal forma que o fogo seja

confinado a uma área pré-determinada e ao mesmo tempo produza a intensidade de

calor e taxa de propagação necessária para favorecer certos objetivos do manejo de

áreas. A queima controlada é relativamente barata, e em certas circunstâncias é o

único meio de atingir um determinado objetivo. É sabido que toda e qualquer ação

11

do homem sobre a natureza, bem como qualquer atividade que o mesmo exerça

causa impacto ao meio ambiente, porém se tomar as devidas precauções que a

SEMA (2011), recomenda, este impacto se torna reduzido, são elas:

I - Previamente à operação de emprego do fogo, o interessado na obtenção de

autorização para Queima Controlada deverá:

1 - Definir as técnicas, os equipamentos e a mão-de-obra a serem utilizados;

2 - Fazer o reconhecimento da área e avaliar o material a ser queimado;

3 - Promover o enleiramento (leiras) dos resíduos de vegetação, de forma a limitar a

ação do fogo, quando se tratar de restos de exploração florestal;

4 - Preparar aceiros de no mínimo três metros de largura, ampliando esta faixa

quando as condições ambientais, topográficas, climáticas e o material combustível a

determinarem este aceiro deverá ter sua largura duplicada quando se destinar à

proteção de áreas de florestas e de vegetação natural, de preservação permanente,

de reserva legal, aquelas especialmente protegidas em ato do poder público e de

imóveis confrontantes pertencentes a terceiros;

5 - Providenciar pessoal treinado para atuar no local da operação, com

equipamentos apropriados ao redor da área, e evitar propagação do fogo fora dos

limites estabelecidos;

6 - Comunicar formalmente aos confrontantes a intenção de realizar a Queima

Controlada, com o esclarecimento de que, oportunamente, e com a antecedência

necessária, a operação será confirmada com a indicação da data, hora do início e do

local onde será realizada a queima;

7 - Prever a realização da queima em dia e horário apropriados, preferencialmente

realizar a queima no período noturno, compreendido entre o pôr e o nascer do sol,

evitando-se os períodos de temperatura mais elevada e respeitando-se as condições

dos ventos predominantes no momento da operação de forma a facilitar a dispersão

da fumaça e minimizar eventuais incômodos à população;

8 - Providenciar o oportuno acompanhamento de toda a operação de queima, até

sua extinção, com vistas à adoção de medidas adequadas de contenção do fogo na

área definida para o emprego do fogo;

9 - O comprovante de autorização para realização de queima controlada emitido

pela IBAMA, deverá permanecer no local;

12

10- O uso irregular da Autorização de Queima Controlada - AQC implicará na sua

cassação, bem como nas sanções prevista na Legislação Vigente.

Figura 03 Esquema de como realizar a queima controlada. Fonte :Portal SEMA/MT. (2011).

1.3.1 INCÊNDIO FLORESTAl: A GRANDE AMEAÇA

Os incêndios florestais são acidentais e descontrolados na maioria das

vezes. Uma floresta queimada por ação de um raio, por exemplo, é uma coisa

normal e até necessária para evolução. O fogo, quando acontece naturalmente,

segundo JACOBI (2007), cria um novo equilíbrio entre as diferentes espécies

vegetais, permite, muitas vezes, o aumento da biodiversidade ou crescimento de

novas plantas e até a fertilização do solo. No Cerrado, muitas plantas se renovam e

até florescem depois que o fogo passa.

O fogo natural, que acontece muito raramente, para JACOBI (2007), nem

sempre grave e se torna uma catástrofe, mas nem sempre é desta forma, 90% dos

incêndios florestais ocorrem por causa da ação humana

O incêndio florestal, ainda para este autor (JACOBI, 2007), é o fogo sem

controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo tanto ser

provocado pelo homem de forma intencional ou por negligência, quanto por uma

causa natural, como os raios solares, por exemplo. Porém a principal causa de

incêndios na floresta tropical é a ação desordenada provocada pelo homem que, ao

13

promover o desmatamento e utilizar o fogo de maneira desordenada, cria condições

favoráveis para a ocorrência de grandes incêndios. O certo é que quando

comparamos queimadas com incêndios florestais, este segundo deve ser visto de

maneira cuidadosa, uma vez que pode causar danos de proporções gigantescas.

A partir de dados anuais retirados (INPE, 2011)- Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais, logo abaixo é possível visualizar focos de queima, em todo o

Brasil, entre os anos de 2009, 2010 e 2011. Sendo que o estado de Mato grosso,

aparece com grandes focos de queima espalhados por todo o estado. Percebesse

que o ano de 2010 apresenta maiores incidências de focos de queimadas.

14

Todos sofremos efeitos das queimadas, o solo os negativos a água, o ar, as

plantas, os animais e as pessoas, em especial as crianças, sofrem com efeitos

nocivos das queimadas.

15

A natureza, para JACOBI (2007), perde em biodiversidade, reduz os habitats

naturais, destrói a fauna e a flora, empobrecendo o solo, reduz a penetração de

água no subsolo e em algumas situações, causa a morte de pessoas, acidentes e

perda de propriedades. A fumaça causa poluição atmosférica com prejuízos à saúde

de milhões de pessoas, à aviação e aos transportes em geral. Por coincidirem com a

época mais seca do ano, as queimadas provocam doenças respiratórias como

bronquite, asma alérgica, pneumonia e renite, entre outras.

Mas apesar de tantos impactos negativos, o que tem despertado a atenção

do mundo é a destruição da Amazônia pelas queimadas e emissões de CO2. Os

cientistas, segundo JACOBI (2007), apontam estas queimadas como responsáveis

por cerca de 70% das emissões de gás carbônico do Brasil. O fato de o Brasil ser

apontado como um dos maiores emissores mundiais de gases que provocam o

efeito estufa faz de cada cidadão brasileiro um responsável pelo aquecimento do

planeta.

1.4 QUEIMADAS E SAÚDE HUMANA

Atualmente, para SILVA et al. (2010), a preocupação mundial com as

mudanças climáticas globais e os grandes desmatamentos de floresta naturais têm

despertado cada vez mais interesse nas queimadas no continente sul-americano.

Devido à queima de biomassa, o Brasil contribui de forma importante para a emissão

de poluentes atmosféricos, sendo a região Amazônica a área mais crítica do país

(PÉREZ-PADILLA et al., 2001). Embora existam evidências sobre os riscos

representados pela fumaça emitida por queimadas de florestas tropicais para saúde

de grupos populacionais expostos, são ainda escassos os estudos epidemiológicos

realizados nesta região.

Este projeto se constitui em uma proposta de investigação dos efeitos da

queima de biomassa e outras fontes antropogênicas na saúde de grupos

populacionais sensíveis (crianças, idosos e recém nascidos) em Mato Grosso,

estado que inclui municípios pertencentes ao Arco do Desmatamento da Amazônia

Brasileira.

16

O processo de queimada se dá, conforme descreve SILVA et al. (2010), em

quatro estágios – ignição, combustão com chama, combustão com ausência de

chama (fase de brasas) e extinção. No estágio de combustão com chamas,

componentes de alto peso molecular são convertidos em componentes de peso

molecular mais baixo e no processo final, em compostos de natureza gasosa, sendo

liberados, principalmente, gás carbônico (CO2), monóxido de carbono (CO) e água

(INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL, 2007). Com a diminuição do calor da chama,

ocorre uma intensa diminuição da formação de CO2, e se inicia a liberação de

compostos de oxidação incompleta, tais como CO e a formação de partículas

orgânicas. A fase de chamas é responsável pela maior quantidade, enquanto que a

fase de brasas libera o maior número de diferentes compostos. A evolução da

queima de biomassa, bem como a constituição química das suas emissões depende

do conteúdo de água na biomassa, temperatura local, precipitação, umidade e o

vento, determinantes necessários para a ocorrência do fogo e seu comportamento,

no que se refere à relação entre a combustão da fase de chamas para a fase de

brasas (ARRUDA, 2009).

1.5 PADRÕES DE QUALIDADE DO AR

Os padrões de qualidade do ar, para SILVA et al. (2010), definem

legalmente o limite máximo para a concentração de um poluente na atmosfera que

garanta a proteção da saúde e do meio ambiente. Estes padrões são baseados em

estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados

em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada à saúde

humana. Ainda se procura compreender melhor a relação entre poluição do ar e

doença gerada por ela.

A exposição aos poluentes, bem como exposição ocorrida em ambientes

internos e/ou ambientes externos ou ainda exposição a poluentes originários de

combustíveis fósseis e originários da queima de biomassa não são inteiramente

compreendidos.

Diversos países têm adotado políticas de monitoramento do ar em anos

recentes. No entanto, muito ainda tem se debatido em relação aos valores máximos

aceitáveis de concentrações de poluentes do ar originados da queima de biomassa

17

ou poluentes antropogênicos, de forma a não ocasionar aumentos na

morbimortalidade da população. Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde

(WHO, 2010), tem estabelecido guidelines de qualidade do ar para os principais

poluentes atmosféricos, com o objetivo de orientar países em desenvolvimento na

elaboração de políticas de monitoramento da qualidade do ar. A elaboração desses

guias leva em consideração as evidências científicas mais recentes, bem como as

heterogeneidades e características regionais de onde foram gerados os estudos.

Desta forma, a fumaça emitida por queimadas na região amazônica do

Estado de Mato Grosso é transportada para as regiões mais a Oeste do mesmo

Estado, aumentando assim a exposição crônica à fumaça em regiões não

pertencentes ao bioma amazônico, o que poderia contribuir para que municípios

com pequenas áreas desmatadas apresentassem grandes concentrações de horas

críticas anuais de PM2. O Estado de Mato Grosso apresenta clima caracterizado por

apresentar inverno seco, quando a massa de ar tropical continental fica estacionada

na região e verão chuvoso, quando a massa de ar equatorial continental predomina

em todo o Estado. A maioria, se não o total das queimadas, ocorre na estação seca

(SILVA et al, 2001).

Em 2010 o Estado de Mato Grosso aparece em 1º lugar no ranking em

queimadas com 3053 focos de calor, maior área desmatada da Amazônia Legal,

destacando que os municípios de Juara, Juína e Aripuanã somaram um total de

8.313 focos de calor. Somente no município de Juara foram registrados 4.588,

seguido por Aripuanã (2.616) e Juína (1.109). Em conseqüência disto, segundo o

IBGE/DATASUS (2007), as doenças do aparelho respiratório correspondem uma

média de 20% do número de internações. As conseqüências das queimadas

atingem diversas áreas como: transporte, meio ambiente, energética, econômica e

principalmente a saúde da população. Os efeitos da poluição atmosférica à saúde

humana têm sido amplamente estudados em todo mundo. Os estudos

epidemiológicos evidenciam um aumento de doenças respiratórias e

cardiovasculares e da mortalidade associadas à exposição a poluentes

atmosféricos, principalmente nos indivíduos mais suscetíveis que são as crianças e

os idosos.

Os problemas ocasionados pela poluição do ar, em decorrência das

queimadas dentro e fora do Estado de Mato Grosso. Segundo SILVA et al (2010),

18

causam sérios prejuízos ao bem-estar (saúde e comodidade) da população. Nesta

área, durante a estação seca, tipicamente compreendida entre os meses de junho a

outubro, grandes quantidades de focos de queimadas são detectadas por satélites

do Centro de Previsão do Tempo de Estudos Climáticos do Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), levando a uma exposição aguda a região em

que Mato Grosso está inserido. Vista como um dos elementos que impulsiona a

expansão agrícola na região, as queimadas desta região decorrem do modelo de

ocupação e uso do solo com o desmatamento de grandes áreas e

conseqüentemente, a queima da vegetação, levando à liberação de gases e de

material particulado. A emissão de gases (como: CO, NOx, NO, NO2), de acordo

como Instituto Sócio Ambiental (2007), o material particulado (fuligem) na atmosfera

deriva principalmente de veículos, indústrias e da queima de biomassa. As fontes

estacionárias e grandes frotas de veículos concentram-se nas áreas metropolitanas

localizadas principalmente no sudeste do Brasil, enquanto a queima de biomassa

ocorre em maior extensão e intensidade na Amazônia Legal, situada na região Norte

e parte do Centro-Oeste do país, a qual compreende nove estados brasileiros

(Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Acre, Amapá, Tocantins e Maranhão).

Segundo o inventário brasileiro de emissões de carbono, 74% das emissões

ocorrem através das queimadas na Amazônia, em contraste com 23% de emissões

do setor Energético.

O uso do fogo é uma prática comum e de baixo custo utilizada para preparar

a terra. Todo ano na estação seca, agricultores e fazendeiros queimam suas terras

para converter florestas em áreas de lavouras e pastagens, e/ou para controlar a

proliferação de plantas invasoras, pois as árvores derrubadas e queimadas

produzem cinzas ricas em nutrientes que fertilizam o solo e no curto prazo,

aumentam sua produtividade. Sem o fogo, certamente os proprietários rurais teriam

que investir na compra de máquinas pesadas para remover as árvores caídas e

gastar tempo roçando com facões as ervas daninhas que invadem as pastagens

(JUNGER; LEON, 2007). Justamente nesta época as florestas, cerrados, campos e

plantios de culturas perenes da região estão mais susceptíveis ao fogo, e muitos

desses ecossistemas pegam fogo acidentalmente, liberando Monóxido de Carbono

(CO), Óxido de nitrogênio (NOx), Óxido nítrico (NO) e o Dióxido de nitrogênio.

19

Embora haja certo consenso quanto ao malefício do fogo sobre o aumento

dos casos de doenças respiratórias, ainda, segundo SILVA et al. (2010), não existe

uma concepção formada em relação aos tipos específicos de enfermidades do

aparelho respiratório que o excesso de fumaça no ar pode causar. Dado este fato,

as informações foram trabalhadas de forma agregada. Sendo assim, enfocam-se os

efeitos da poluição do ar sobre as doenças do aparelho respiratório cuja associação

é mais fácil demonstrar.

Ao longo deste trabalho, procurou-se identificar as implicações sobre a

saúde humana associada às praticas das queimadas consideradas prejudiciais à

saúde humana. A análise deu ênfase às doenças do aparelho respiratório as quais

representam 20% do total das internações que atingem a população mato-

grossense. É oportuno observar tanto a importância do controle eficiente, quanto o

de medida preventiva das queimadas, pois estes serviços trazem melhorias no bem-

estar da população e ainda reflete em benefícios ao meio ambiente, transporte,

energia e aos próprios agropecuaristas. Por sua vez, as queimadas, apesar de sua

grande utilidade no processo produtivo agropecuário, por minimizar os custos,

geram resultados negativos para toda a sociedade. Pois essa, associada às

condições climáticas adversas, clima seco, altas temperaturas e vento forte são as

principais razões para o aumento dos focos de calor na região e, conseqüentemente

atingem a saúde da população mediante a qualidade do ar, trazendo o desconforto e

complicação ao aparelho respiratório da população. Em razão disto, constatou-se a

relação inexorável entre os focos e a saúde humana. Em verdade, o número de

queimadas constitui-se em fator de risco para disseminação de doenças

respiratórias, infecciosas parasitárias pela disseminação de vetores,

cardiovasculares e outras, mediante a toda mudança climática e ambiental que

provoca. (SILVA et al. 2010),

Na região Noroeste, é típico no período de seca, o sol intenso acompanhado

por ventos principalmente no mês de agosto, não sendo diferente em Conselvan,

onde é possível observar na beira das estradas que dão acesso a entrada e saída

para este “distrito”, uma vegetação seca, destacando o capim alto e matas que estão

entorno dos morros, que eventualmente neste período é ateado fogo, provocando

intensas queimadas que aumentam com a velocidade do vento, formando nuvens de

fumaça. Não sendo o bastante este problema, algumas madeireiras, que se

20

encontram próximo do perímetro urbano, queimam resíduos de madeira, pó de

serra, acumulados em seus pátios. Aumentando, assim as nuvens de fumaça

deixando o clima abafado, o que deixa ainda mais baixa a umidade relativa do ar,

provocando dificuldades para respirar, falta de ar, irritação na garganta, ardência nos

olhos e outros.

Figura 06. Incêndio florestal causado pelo uso descontrolado do fogo.

Fonte: SOUZA, 2012.

Figura 07. Queimada para controle de pragas em pastagem.

Fonte: SOUZA, 2012.

21

CAPÍTULO II – APRESENTAÇAO E ANÁLISES DOS DADOS

2.1 CONTRIBUIÇÃO DO PROCESSO HISTÓRICO MUNICÍPIO DE ARIPUANÃ

É impossível falar das queimadas em nossa região sem levar em conta

alguns aspectos, dentre eles o meio cultural e o processo de colonização da região

Noroeste do estado do Mato Grosso.

Esta região hoje constituída por vários municípios em processo de

desenvolvimento, num passado não tão distante formava o imenso território do

município de Aripuanã. Criado na década de quarenta, mais precisamente no ano

de 1943,era habitado por povos indígenas de varias etnias que sofreram inúmeros

massacres pelos colonizadores sobretudo seringueiros e madeireiros desde o final

do século XIX( e continua sofrendo até os dias de hoje)

Na década de 50, as operações para “limpar a área” expressão usada na

época que significava expulsar os índios de suas terras, tomaram proporções

desordenadas. Quase todas as aldeias do povo iamé foram exterminadas,

especialmente entre os rios Juruena e Aripuanã. Um desses massacres hoje

denominado de Massacre do Paralelo Onze, promovido pela empresa Arruda e

Junqueira, sobrenomes de respeito e tradição repercutiu na imprensa internacional,

gerando severas denúncias de genocídio de índios no Brasil.

O fato é que essa região que iniciou seu processo de desenvolvimento com

técnicas de fraco impacto ambiental, no caso da borracha é hoje uma das regiões

com maiores focos de queimadas do estado de Mato Grosso e isso tem muito a ver

com o processo de migração.

Devido o município ter uma expansão territorial de grande escala tornou-se

atrativa para o cultivo da agricultura e da pecuária. O que ocasionou numa

verdadeira avalanche de imigrantes de todas as regiões do Brasil, sobretudo da

região sul. O crescimento da população e do desenvolvimento econômico foi o que

ocasionou na divisão do município em vários outros municípios. Segundo os

habitantes mais antigo esse processo de colonização do município de Aripuanã

aconteceu no mesmo período em que também se colonizava o estado de Rondônia

e tinha o mesmo propósito; desbravar a maior área possível, pois quem conseguisse

derrubar toda a área que lhe era cedida pelo INCRA (instituto brasileiro de

colonização e reforma agrária) ou pela internet ,tinha direito em uma nova área de

terra. Ainda falando da forma de como ocorreu a ocupação desta região não

podemos deixar de falar das grilagens de terá que aconteceu e ainda vem

acontecendo no noroeste de Mato Grosso. Essa ação criminosa é mais um

agravante no amento do numero de queimadas e incêndios florestais.

Figura 09 Incêndio florestal, o fogo sem controle.

Fonte: www.vivaterra.org.br/vivaterra_queimadas.htm

Sabe-se que a exposição à poluição ar acelera o envelhecimento por

aumentar as substâncias oxidantes no organismo. Mas não é só isso. O monóxido

de carbono causa lentidão dos reflexos e sonolência. O dióxido de nitrogênio pode

agravar a asma e reduzir as funções do pulmão. O ozônio também causa inflamação

nos pulmões, diminuindo a sua capacidade, valor

2.1.2 CONSELVAN, O NASCIMENTO DE UM NOVO DISTRITO

No ano de mil novecentos e noventa e seis durante o governo do prefeito

Agustinho Teles de Carvalho, com crescimento da população e o desenvolvimento

econômico do município de Aripuanã, viu-se a necessidade de aumentar a produção

agrícola a fim de suprir a demanda de consumo de alimentos. Baseado neste

argumento e incrementado pela grande quantidades de famílias sem terra, o

Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Aripuanã criou o projeto de

23

assentamento Conselvan. Os documentos necessários para que se criasse um

assentamento rural esbarrou na burocracia e só no ano dois mil foi possível assentar

as primeiras famílias. No dia dez de janeiro de dois mil foi feita então a entrega dos

primeiros cem lotes da gleba Conselvan, numa reunião no meio da floresta onde

estava presente o presidente do sindicato, na época o senhor José Oliveira de

Souza, junto com toda a diretoria do sindicato,o fazendeiro que detinha os

documentos da área e os cem primeiros posseiros da gleba Conselvan. A imagem a

seguir é pertence a galeria de fotos do sindicato e mostra a reunião da distribuição

dos primeiros160 lotes.

Figura 10: Reunião da distribuição dos primeiros lotes da Gleba Conselvan.

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã.

De acordo com projeto inicial a sindicato ficava encarregado de distribuir os

lotes na gleba Conselvan, por isso contratou uma empresa de topografia para que

fossem delimitadas as divisas de cada lote. O projeto tinha ainda uma preocupação

especial com o meio ambiente, pois taxava como reserva 80% da área destinada.

Estimava –se no entanto que no máximo mil e oitenta famílias fossem assentadas.

Durante os três primeiros anos de execução deste projeto o sindicato assentou

todas as famílias que desejava e periodicamente fazia reuniões com essas famílias

junto com fiscais do IBAMA para orientá-las no uso do fogo e da importância de

proteger as florestas das margens dos córregos (matas ciliares).

24

Acontece que a abertura destas terras chamou a atenção de milhares de

pessoas de todas as regiões vizinhas, sobretudo do estado de Rondônia que não

tinha mais espaço para trabalhar na agricultura familiar e uma a que acarretou numa

verdadeira avalanche humana. Com a chegada de novas famílias e não havendo

mais espaço para assentá-las começou então a surgir grandes invasões nas áreas

designadas para serem reservas ambientais.

Com a invasão destas reservas cresceu o numero de pessoas e empresas

interessadas em retirar as madeiras destas áreas. Isso fez com que o assentamento

desenvolvesse de forma rápida e desordenada, transformando em poucos anos em

um novo distrito.

2.1.3 CONSELVAN-POTENCIAL AGROPECUÁRIO

O distrito de Conselvan responde de forma positiva as expectativas se

baseado no objetivo de sua criação. A meta inicial era criar aqui um pólo agrícola

par suprir a demanda do município e hoje isso é uma realidade para todos. Estima-

se que hoje o distrito é responsável por 30% da produção de leite do município de

Aripuanã. Mas a pecuária é apenas um dos pontos positivos, pois segundo

estimativas da secretaria municipal de agricultura. Conselvan tem hoje uma

produção agrícola capaz de abastecer todo o município e isso tende a melhorar

cada vez mais. Somente no ultimo ano a produção de café, por exemplo, foi superior

a vinte e cinco mil sacas e em dois mil e doze pode chegar à marca de trinta e cinco

mil e é notório também o crescimento de outras culturas como o arroz, o feijão e o

milho.

Quando falamos em crescimento deve ser salientado também o crescimento

da indústria de produtos agro florestais, pois só na safra 2011/2012, calcula-se que

foi colhido quarenta toneladas de castanha e vinte toneladas de palmito. Porém a

maior representação destes produtos vem do setor madeireiro que cresceu numa

proporção gigantesca comparado a agricultura o distrito possui hoje mais de trinta

empresas de beneficiamento de madeira incluindo serrarias e marcenarias que gera

mais de quatrocentos empregos diretos e indiretos. O Setor madeireiro emprega

ainda centenas de pessoas nos projetos de manejo florestais, e ainda emprega

centenas de pessoas em empresas terceirizadas.

25

2.2 CONSELVAN-IMPACTO AMBIENTAL

Nem tudo, porém foi bem sucedido na elaboração deste projeto de

assentamento, pois com o agravamento das invasões das reservas ambientais foi

impossível ter controle das áreas desmatadas. Cresceu, no entanto o número de

focos de queimadas e incêndios florestais tanto na área rural quanto na área

designada para a vila e associado a isso a queima de resíduos de madeiras oriundo

das madeireiras.

Figura 11:Pontos queimadas na recém Conselvan Moradores limpando terrenos baldios.

Fonte: Acervos pessoal do Professor João José da Silva.

De um modo geral todas as famílias que aqui chegaram para trabalhar com

a agricultura tiveram sua parcela de contribuição nos desastres ambientais, pois

todas essas famílias usaram da prática de queimada para iniciar o processo de

colonização das terras. Estima-se que apenas 60% dos agricultores respeitam as

matas ciliares e metade destes não derrubou as encostas das serras.

O fato é que a situação fugiu do controle dos órgãos de controle e

fiscalização ambiental, onde não existe a menor preocupação com o meio ambiente.

Apenas doze anos depois de se iniciar o processo de colonização, podemos notar

que muitos córregos diminuíram seu volume de água e outros chegam a secar no

período das secas por causa do assoreamento.

No período da estiagem, entre os meses de abril e setembro os focos de

incêndios podem ser notados em todo o assentamento e o que mais implica e o fato

de que mais da metade destes incêndios são provocados de forma criminosa, sem

2666

nenhuma razão social ou de ordem econômica. Nesta época do ano as

temperaturas estão muito altas e a umidade relativa do ar muito baixa o que faz

agravar o alastramento do fogo.

Dentre os problemas causados pelas queimadas três merece destaque

especial; o econômico, o de saúde pública, e o atraso no processo de

desapropriação.

Todos os anos são grandes os prejuízos das queimadas para a agricultura e

a pecuária. Com o clima seco, muitas plantações como o café e as pastagens

servem de combustível para o fogo e isso traz grandes prejuízos para os donos de

terra.

O processo de desapropriação do distrito de Conselvan ainda não está

concluído uma vez que esbarram nos problemas ambientais, pois todas as vezes

que o processo vai a juízo a justiça afirma os problemas ambientais existente aqui

faz com que o assentamento esteja ilegal do ponto de vista ambiental.

Quando falamos nos danos causados a saúde pública acreditamos que este

é sem duvida o maior problema oriundo das queimadas, a fumaça resultante desta

prática atacam de maneira agressiva os órgãos do sistema respiratórios, o que deixa

esses órgãos muito mais vulneráveis as doenças respiratórias, como bronquite,

entre outras.

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Conforme os dados cedidos e coletados do ano de 2009, 2010 e 2011 pela

secretaria municipal de saúde do município de Aripuanã dos números de casos das

doenças respiratórias no distrito de Conselvan. Percebesse que a população, em

determinados períodos da seca sofrem com as queimadas.

O Gráfico nº 01 abaixo mostra os (ROAS) relatórios de dados de

diagnósticos de doenças respiratórias.

27

1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112

020406080

de

Pac

ie

nte

s

Doenças Respiratórias

2009 20 23 35 56 40 35 45 48 36 23 7 9

2010 16 3 15 45 65 49 65 55 40 27 6 11

2011 20 19 20 45 47 48 60 40 36 21 23 16

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Nos meses de maior emissão de fumaça devido à ocorrência de queimadas

e incêndios florestais é notável que o número de pessoas diagnosticadas com

doenças respiratórias cresce significativamente. O relatório fala ainda que com o

tempo seco e o agravamento da fumaça as pessoas ficam mais vulneráveis a

doenças como bronquite, amidalite, IVAS, entre outras. Neste período também

aumenta o números de atendimentos dos indivíduos que sofrem de hipertensão

arterial, pois a dificuldade de respirar por causa da fumaça faz agravar o estado

clinico de pessoas hipertensas.

O Gráfico nº02 abaixo mostra a porcentagem de casos de doenças

respiratórias conforme os meses do ano de 2009, 2010 e 2011.

9

28

Através dos resultados indicados através de porcentagem é possível

comparar a relação entre os meses, que à queimada, de abril á outubro, onde esta

diminuindo o período de chuvas e iniciando o período de seca, destacando os

meses de julho à setembro, tornando-se estes o período mas críticos onde é

frequente a incidências de queimas, com e numero de casos de doenças

respiratórias registradas em Conselvan.

29

CAPÍTULO III – UMA VISÃO GERAL SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

3.1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Educação Ambiental, segundo FIORILLO (2011), é uma novidade da

educação, já praticada em alguns países, foi proposta em 1999 no Brasil, tem o

objetivo de disseminar o conhecimento sobre o ambiente. Sua principal função é

conscientizar a preservação do meio ambiente, sua conservação e utilização

sustentável.

É uma metodologia de análise que, de acordo com FIORILLO (2011), surge

a partir do crescente interesse do homem em assuntos como o ambiente devido às

grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas.

No Brasil, para FIORILLO (2011), a Educação Ambiental assume uma

perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso

sustentável de recursos naturais, mas incorporando fortemente a proposta de

construção de sociedades sustentáveis. Mais do que um segmento da Educação, a

Educação em sua complexidade e completude.

A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei n. 9.795 –

Lei da Educação Ambiental, em seu Art. 2° afirma:

A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal (BRASIL, 1999).

A educação ambiental, para FIORILLO (2011), tenta despertar em todos a

consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a

visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de

tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante. Desde muito

cedo na história humana, para sobreviver em sociedade, todos os indivíduos

precisavam conhecer seu ambiente. O início da civilização coincidiu com o uso do

fogo e outros instrumentos para modificar o ambiente, devido aos avanços

tecnológicos, esquecemos que nossa dependência da natureza continua.

A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa têm a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus

aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação. (MOUSINHO, 2003, p. 12). A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida. (MOUSINHO, 2003, p. 12). Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (MOUSINHO, 2003, 18).

Art. 1º da Lei n. 9.795 de abril de 1999:

Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política (BRASIL, 1999). A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa têm a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação. (MOUSINHO, 2003, p. 12). A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida. (MOUSINHO, 2003, p. 12). Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (MOUSINHO, 2003, 18).

Art. 1º da Lei n. 9.795 de abril de 1999:

Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política (BRASIL, 1999).

311

Os problemas causados pelo aquecimento global obrigaram o mundo a

refletir sobre a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é muito

preocupante e deve ser levado a sério, pois as consequências vão atingir a todos,

sem distinção.

Trata-se de processo pedagógico participativo permanente para incutir uma

consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a

capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Aquele que pratica a educação ambiental no âmbito de ensino, é conhecido

como Educador ambiental e não necessariamente trata-se de um professor.

Qualquer indivíduo da sociedade pode se tornar um educador ambiental desde que

tenha seu trabalhado voltado aos temas ligados. No entanto, conforme preconizado

pela Resolução CFBio nº 010/2003, segundo GAVA (2012), é atribuído ao biólogo a

expertise de atuar na área, uma vez que, tratando-se de uma atividade que envolve

múltiplos conhecimentos e, tratando-se este de um profissional de abrangência e

conhecimento ímpar, por mais que outras áreas atuem neste campo do

conhecimento, cabe ao biólogo desenvolver de fato esta área do saber.

3.1.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

O envolvimento de novas tecnologias, segundo TRAVASSOS et al. (2008),

está afastando cada vez mais o homem da ligação natural entre seus ancestrais e a

Terra. Shopping Center, lan house, home theater são cenários que fazem parte do

dia a dia de nossos jovens, ao passo que valores relacionados com a natureza,

como fazer um passeio num parque, não tem mais pontos de referência na atual

sociedade moderna.

O relacionamento do homem com a natureza que, de início, se restringia a

caçar, pescar e plantar pra subsistência, com mínimo de interferência nos

ecossistemas, tem hoje excessos. Presenciamos a contaminação dos cursos de

água, a poluição atmosférica, a devastação da floresta, a caça indiscriminada e a

redução ou mesmo destruição dos habitats, além de muitas outras formas de

agressão ao meio ambiente.

Não temos dúvida de que a necessidade de mudar o comportamento do

homem em relação à natureza é urgente. Acreditamos que a escola, como meio

32

formal responsável pela educação dos indivíduos e consequentemente da

sociedade, é capaz de resgatar, por meio da Educação Ambiental, o elo perdido

entre natureza e o homem, onde a raça humana é o elemento importante do meio e

não o dono dele.

A educação Ambiental se constitui numa forma abrangente de educação que

se propõe a atingir todos os cidadãos através de um processo pedagógico

participativo e permanente que procura desenvolver no educando uma consciência

crítica sobre a problemática ambiental, ou seja, busca desenvolver indivíduos

capazes de analisar a origem e evolução dos problemas ambientais e motivá-los a

procurar soluções alternativas para tais situações.

Este novo modelo de educação, segundo TRAVASSOS et al (2008), deve

promover a transformação e a construção de um futuro sustentável. Por meio da

educação ambiental tem-se a intenção de assegurar uma gestão responsável dos

recursos do Planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e ao

mesmo tempo, atender as necessidades das gerações atuais.

A queimada é prática comum no Brasil. Herança colonialista que atravessa

séculos e ainda impera no meio rural brasileiro. Essa prática acompanha todas as

fases produtivas de limpeza do solo, desde o plantio até a colheita, como acontece

principalmente na região Norte do país. Elas têm se tornado objeto de preocupação

e polêmica do mundo todo, principalmente pela emissão de gases de efeito estufa e

pela redução dos habitats naturais e da biodiversidade. A prática das queimadas

atinge impacto de grande amplitude no Meio Ambiente e exigem medidas de

controle político e ambiental.

Na nossa região, mais precisamente a noroeste de Mato Grosso, as

queimadas são uma realidade para a comunidade local, inclusive para a

comunidade escolar, ressaltando a importância e a necessidade de promover

reflexões e debates sobre a prática de queimadas, seu histórico milenar e suas

conseqüências. É importante proporcionar aos alunos matérias de pesquisa, para

que ele verifique os lugares onde ocorrem as queimadas. A partir daí, o professor

promoverá um diálogo com seus alunos, esclarecendo-lhes que o solo queimado,

após alguns anos, fica impróprio para lavoura. É necessário também, apresentar

soluções para substituir essa prática com o uso de novas tecnologias para a

agricultura. Assim, para a mudança de paradigmas, é imprescindível que

33

conheçamos novos conceitos de sustentabilidade para transformar antigos hábitos.

Pois o grave problema das queimadas que engloba o meio social e ambiental não é

de “hoje”, ele é reflexo do descanso e da má informação das gerações passadas

sobre os impactos causados por tal ação. Deste modo, a melhor maneira que a

escola tem para ampliar conhecimentos e modificar os hábitos tradicionais do aluno,

é através da educação ambiental na escola, com auxílio de ferramentas

complementares, como jogos, textos, interdiciplinariedade, “aclimatização”, práticas

de compostagem, entre outros, despertando no aluno uma visão crítica e

emancipativa dos problemas locais, inclusive as queimadas, o seu espaço, entorno

da escola, casa, município, mudando sua atitude enquanto ser educador.

34

CONSIDERAÇÃOES FINAIS

As queimadas no Estado do Mato Grosso apresentam uma dinâmica espaço

temporal bem definida, condicionada a diferentes fatores ambientais, sociais e

econômicos. O fenômeno das queimadas está forte e intimamente relacionado aos

desmatamentos. Existem, basicamente, duas condições definindo essa associação:

1) a abertura de novas áreas, na frente de expansão da fronteira agrícola,

dependentes da utilização do fogo para eliminar os restos de matéria orgânica

resultante do corte e derrubada da floresta;

2) os agentes da ocupação inicial das novas áreas, incorporadas à atividade

agropecuária, são geralmente agricultores e pecuaristas descapitalizados,

voluntários ou assentados por programas governamentais, que “colocam” o homem

no campo, mas não conseguem promover o desenvolvimento tecnológico dos

sistemas de produção convencionalmente adotados.Esse trabalho mostrou que a

série histórica dos dados de queimadas deve ser vista como uma variável com

potencial dinâmico e não simplesmente a ser utilizada na identificação e localização

de pontos isolados.

Por sua vez, as queimadas, apesar de sua grande utilidade no processo

produtivo agropecuário, por minimizar os custos, geram externalidades negativas a

toda a sociedade. Pois essa, associada às condições climáticas adversas, clima

seco, altas temperaturas e vento forte são as principais razões para o aumento dos

focos de calor na região e, conseqüentemente atingem a saúde da população

mediante a qualidade do ar, trazendo o desconforto e complicação ao aparelho

respiratório da população.

Em razão disto, constatou-se a relação inexorável entre os focos e a saúde

humana.

Em verdade, o número de queimadas constitui-se em fator de risco para

disseminação de doenças respiratórias, infecciosas parasitárias pela disseminação

de vetores, cardiovasculares e entre outras, mediante a toda mudança climática e

ambiental que provoca.

Por fim, apesar dos avanços na redução do número de focos/queimadas, no

Estado de Mato Grosso, este ainda se encontra muito abaixo da necessidade atual,

como foi constatado ao longo desse trabalho pelo alto número de focos, pela alta

incidência e números das doenças relacionadas ao aparelho respiratório. Pois a

queimada é um problema que se repetem todos os anos e, que exige, cada vez

mais, sensibilização e ações preventivas e repressivas das autoridades dos

governos federal, estadual e dos municípios.

Os conhecimentos adquiridos me leva a perceber o quanto é importante

conhecer o lugar onde estamos, o que se refere ao processo histórico, ao

desenvolvimento, referente, ao bem estar da população, a educação, a saúde,

saneamento básico, etc.

Não obstante, mesmo não deixando de reconhecer os méritos alcançados

até o momento, como os investimento de combate às queimadas, ações de

prevenção e controle, a legislação ambiental e a Lei Federal n° 9605 de Crimes

Ambientais (1998), o importante trabalho do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (CPTEC/ INPE). Contudo, a falta de fiscalização mais incisiva ainda é uma

realidade. Além disso, há necessidade de uma melhora na gestão ambiental dos

recursos designados nesta e em outras áreas, para que efetivamente possam trazer

benefícios à saúde e ampliar o bem-estar da população.

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