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COMENTÁRIOMATEUS & MARCOS

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À Luz d o   Novo T e s t am e n t o   G r e g o

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A. T. ROBERTSON

COMENTÁRIO

MATEUS & MARCOSÀ Luz d o  Novo T e s t amen to   G r e go

Traduzido por Luís Aron de Macedo

Ia Edição

0*0

Rio de Janeiro2011

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Todos os direitos reservados. C opyrigh t © 2011 para a língua portuguesa da Casa Publicadoradas Assembleias de Deus. Aprovado pelo C onselho de Doutrina.

Título do original em inglês: Word Pictures o f the New Testament  

Kregel Publications, Grand Rapids, MI, EUA

Primeira edição em inglês: 2004

Tradução: Luís Aron de Macedo

Preparação dos originais: Daniele Pereira e Esdras Bentho

Revisão: Marcos Braga

Capa: Josias Finamore

Adaptação de Projeto Gráfico e Editoração: Oséas E Maciel

CDD: 225 - Novo Testamento

ISBN: 978-85-263-1066-7

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida , edição de 1995,

da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.As citações bíblicas assinaladas pela sigla AEC referem-se a Alm eida Edição Contemporânea 

(São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil/Vida, 1990).

As citações bíblicas assinaladas pela sigla BJ referem-se a A Bíblia de Jerusalém,  Nova Edição,

Revista e Ampliada (São Paulo: Paulus, 2002; Terceira Impressão, 2004).

As citações bíblicas assinaladas pela sigla NT L H referem-se a Nova Tradução na Linguagem de 

 Hoje  (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000).

As citações bíblicas assinaladas pela sigla NVI referem-se a  Nova Versão Internac iona l  (São

Paulo: Vida, 2001).As citações bíblicas assinaladas pela sigla ARA referem-se a  Alm eida Revista e Atu aliza da  

(Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002).

Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD,

visite nosso site: http://www.cpad.com.br .

SAC — Serviço de A tendim ento ao Cliente: 0800-2 1-737 3

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Caixa Postal 331

20001-970, Rio de janeiro, RJ, Brasil

Ia edição: 2011Tiragem 3.000

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 P  refácio  da E  dição  R evista

A edição original de Comentário Mateus e Marcos, da lavra de A.T. Robertson, foi publicada há mais de setenta anos. Esta obra tem

 proporcionado um ministério duradouro e profícuo a pastores, missio

nários e estudantes do Novo Testamento.A revisão da obra clássica de Robertson atualiza informações e

apresenta nova formatação. Compusemos a matéria do livro em tiposmodernos e fizemos as seguintes mudanças:

1. Atualizamos e editamos o texto original publicado em 1930.A. T. Robertson usou a Canterbury Version, versão bíblica

em inglês. Preferimos citar o texto bíblico da  New American StandardBible (edição de 1995; [NASB]), salvo indicação contrária. Dentro do escopo da revisão editorial, mudamos da ortografia britânica para a americana.

2. Cada página identifica o livro, capítulo e versículo que estásendo examinado.

3. Optamos pelo alfabeto grego no lugar da transliteração. O gre

go transliterado foi originalmente usado por causa da dificuldade de imprimir o texto grego.

4. Nas notas finais de capítulo, citamos outras versões bíblicas

 para efeito de comparação e esclarecimento.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

5. Usamos um texto grego genérico do Novo Testamento. Quando julgamos oportuno e esclarecedor, apresentamos as variantes

que mostram leituras diferentes do texto grego crítico de 1881de Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony H ort (WH),Texto Majoritário (TM), Textus Receptus (TR) e leituras do TRfeitas por Beza (TRb) e por Stephanus (TRs).

6. Algumas abreviaturas foram escritas por extenso — como Novo Testamento (NT) e Antigo Testamento (AT) — , enquanto outras foram mantidas, MSS para manuscrito e LXX

 para Septuaginta. Optamos por usar as palavras por extenso aolongo do texto e usar abreviações nas notas finais de capítulo.7. Substituímos os números romanos pelos números arábicos.

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 P  refácio  da E  diç ão   d e  1 9 3 0

Faz quarenta anos (1890) que o Dr. Marvin R. Vincent escreveu a utilíssima série de livros intitulada Word Studies in the New Testament   (Estudos de Palavras do Novo Testamento). Ainda são

livros úteis para o público ao qual se destina, mas muita coisa aconteceu no transcurso desses anos. Hoje em dia estão em uso métodosmais científicos de filologia. Já não explicamos os tempos verbaise preposições gregas em termos de traduções ou trocas conjeturaisinglesas de acordo com o capricho do intérprete. A gramática com

 parativa elucidou muitíssimo o verdadeiro significado de formas eexpressões idiomáticas do Novo Testamento. Deixamos de explicar

os escritores do Novo Testamento através do uso de uma construção“por” outra. As descobertas de papiros no Egito nos deram novas ex

 plicações. Palavras gregas incomuns, do ponto de vista dos críticosliterários ou dos eruditos em línguas clássicas, foram encontradasno uso cotidiano em cartas e documentos comerciais e públicos.

Hoje sabemos que o grego do Novo Testamento não é umdialeto novo ou peculiar do idioma grego, mas a própria língua da

época. O vernáculo Koivri, a língua falada no dia a dia, aparece no Novo Testamento como nas sucatas de papiros de Oxyrhynchus ede Fayum. Há exemplos do  Koivr\  literário nos papiros como tam

 bém nos escritos de Lucas, nas epístolas de Paulo, na epístola aosHebreus. Um novo léxico grego-inglês do Novo Testamento será

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

lançado no devido tempo que anotará as muitas descobertas sur preendentes e inéditas que os papiros e inscrições gregas nos têm

oferecido. Essas descobertas foram feitas em primeira mão pelo Dr.Adolf Deissmann, então de Heidelberg, hoje de Berlim, em suas relações com o Novo Testamento. Os estudantes pouco acostumadoscom os originais alemães dispõem dos livros  Bible Studies  (tradução de Alexander Grieve, 1901) e Light from Ancient East   (ediçãorevista traduzida por L. R. M. Strachan, 1927).

Levando em conta os novos conhecimentos de hoje, não há dú

vida da necessidade de uma nova série de livros. Muitos ministrossolicitaram-me incisivamente que empreendesse tal tarefa até que, por fim, concordei em atender-lhes quando meus editores uniram-seà mesma voz. Nosso desejo é que os leitores destes livros sejam, emsua maioria, os que não saibam ou comparativamente pouco sai

 bam do idioma grego, mas que, a despeito disso, estejam ávidos deinteirar-se dos mais recentes recursos do estudo de palavras e frases

do Novo Testamento, por não terem acesso a livros exigentementetécnicos, como o Vocabulary of the Greek Testament  (Vocabuláriodo Testamento Grego), de Moulton e Milligan.

Os estudiosos críticos apreciarão as distinções mais sutis de palavras. Mas o fato triste é que muitos ministros, leigos e mulheres que estudaram grego na faculdade, universidade ou seminário

 permitiram que os cuidados do mundo e a falsidade das riquezas

sufocassem o grego que eles outrora falavam. Alguns, por incrívelque pareça, agiram assim no suposto interesse do próprio evangelho, cujas mensagens vívidas eles fizeram com que ficassem cadavez mais turvas e vagas. Se alguns destes muitos reavivarem o interesse no grego do Novo Testamento, esta série em seis volumes terávalido a pena. Outros dentre eles talvez fiquem animados — comomuitos ficaram ao ler o meu livro The Minister and His Greek New  

Testament  (O Pastor e seu Novo Testamento Grego) — a começar aestudar o grego do Novo Testamento sob a orientação educacionalde um livro como Beginner s Grammar o f the Greek New Testament  (Gramática do Novo Testamento Grego para Iniciantes), de Davis.Aqueles que não têm inclinação para o grego ou careçam de opor

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 Prefácio da Edição de 1930

tunidade para estudar o idioma poderão seguir o rumo das observações e usá-lo para aprimorar sermões, lições de escola dominical ou

 para edificação pessoal.Para desenvolvimento puramente exegético e expositivo, serianecessário seguir uma ordem mais cronológica. Estes livros não têma pretensão de serem um comentário formal. Em nenhuma parteo texto é analisado por inteiro, mas em todos os lugares selecionei para análise palavras que se me afiguraram ricas para atenderas necessidades do leitor tendo em vista o conhecimento hodierno.

Desta forma, grande parte da equação pessoal é inevitável. Minhasobservações foram ora léxicas, ora gramaticais, ora arqueológicas,ora exegéticas, ora ilustrativas, qualquer coisa que a disposição domomento tenha me movido a escrever algo que lance luz aqui e alinos termos e expressões idiomáticas do Novo Testamento. Outroescritor pode se sentir compelido a escrever detalhadamente sobrequesitos não tratados aqui. Este é o procedimento habitual até com

comentários mais formais, por mais profícuos que sejam. Até certo ponto, o mesmo se dá quando se trata de léxicos. Ninguém sabetudo, até na sua especialidade escolhida, ou tem a sabedoria paradetectar o que todo leitor deseja que seja explicado. Contudo, atédiamantes brutos são diamantes. É tarefa cabível ao leitor poli-loscomo desejar. Ele gira fazendo a luz deste ou daquele modo. Hácerta repetição em alguns pontos, parte disso com o propósito de

economizar tempo e enfatizar o ponto.Originalmente, intitulei estes livros  Ilustrações do Novo Testamento Grego  pela razão óbvia de que o idioma grego era puramente pictográfico. Crianças gostam de ler olhando figuras, sejaonde haja somente figuras seja onde as figuras estejam entremeadascom palavras simples. A Pedra de Rosetta é um exemplo famoso. Ohieroglífico egípcio está no terço superior da pedra, a língua egíp

cia demótica está no terço central com a tradução grega no terçoinferior. O segredo dos hieroglíficos ou pictogramas foi desvendado por meio desta pedra. Os caracteres chineses também são pictográ-ficos ou ideográficos. As imagens representavam primeiramente asideias, depois as palavras, depois as sílabas, depois as letras. Ainda

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

hoje no Alasca há índios que só usam figuras para comunicar ideias.“A maioria das palavras era originalmente metáforas, e as metáfo

ras estão continuamente entrando no  status de palavras” (professorCampbell). Mas não é verdade que as palavras são metáforas, àsvezes com a imagem da flor ainda florescendo, às vezes com a imagem da flor já murcha? As palavras jamais ficam totalmente longeda fase de imagens.

Estas antigas palavras gregas do Novo Testamento são ricas designificado. Elas nos falam do passado com imagens vivas para os

que têm olhos para ver. E impossível traduzir tudo de uma língua para a outra. O tradutor pode transmitir muito, mas não tudo. Sutisnuanças de significado o desafiam. Mas ainda temos algumas das palavras de Jesus, como ele disse: “As palavras que eu vos disse sãoespírito e vida” (Jo 6.63). Jamais devemos esquecer que lidar com as

 palavras de Jesus é lidar com elementos que têm vida e respiração.O mesmo ocorre com todo o Novo Testamento, que é o mais mara

vilhoso de todos os livros de todos os tempos. Dá de sentir o pulsardo coração do Deus Todo-Poderoso no Novo Testamento, quandoos olhos do nosso coração são iluminados pelo Espírito Santo. Queo Espírito de Deus pegue todas as coisas relacionadas a Jesus e asfaça nossa, enquanto meditamos nas palavras de vida que falam so

 bre o novo concerto que chamamos o Novo Testamento.

- A. T. R o b e r t s o nLouisville, Kentucky

O Evangelho segundo Mateus

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S umário

 Prefácio da Edição Revista....................................................................... 5 Prefácio da Edição de 1930 .................................................................... 7

O EVANGELHO SEGUNDO MATEUSIntrodução............................................................................................... 15Capítulo 1................................................................................................. 21Capítulo 2 ................................................................................................. 35Capítulo 3 ................................................................................................. 47Capítulo 4 ................................................................................................. 55Capítulo 5 ................................................................................................. 65Capítulo 6 ................................................................................................. 79

Capítulo 7 ................................................................................................. 91Capítulo 8 ................................................................................................. 97Capítulo 9 ...................................................................................................107Capítulo 10................................................................................................ 115Capítulo 11................................................................................................ 127Capítulo 12................................................................................................ 137Capítulo 13................................................................................................ 147

Capítulo 14................................................................................................ 163Capítulo 15................................................................................................ 175

Capítulo 16................................................................................................ 183Capítulo 17.................................................................................................195

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Capítulo 18................................................................................................203Capítulo 19................................................................................................215

Capítulo 20................................................................................................223Capítulo 2 1 ................................................................................................231Capítulo 2 2 ................................................................................................243Capítulo 23................................................................................................251Capítulo 24................................................................................................263Capítulo 25................................................................................................275Capítulo 26................................................................................................285

Capítulo 2 7 ................................................................................................309Capítulo 2 8 ................................................................................................331

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOSIntrodução...............................................................................................341Capítulo 1..................................................................................................345Capítulo 2 ..................................................................................................361

Capítulo 3 ..................................................................................................371Capítulo 4 ..................................................................................................383Capítulo 5 ..................................................................................................397Capítulo 6 ..................................................................................................411

Capítulo 7 ..................................................................................................431Capítulo 8 ..................................................................................................441Capítulo 9 ..................................................................................................453

Capítulo 10............................................................................................... 467Capítulo 11................................................................................................481Capítulo 12................................................................................................491

Capítulo 13................................................................................................503Capítulo 14................................................................................................511Capítulo 15............................................................................................... 527Capítulo 16............................................................................................... 539

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Parte

1

O E v a n g e l h o  s e g u n d o  M  a t e u s 

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 M  a t e u s : I  n t r o d u ç ã o

Os estudiosos modernos têm levantado dúvidas a respeito da autoria do Evangelho de Mateus em grego. Conform e citado por Eusébio,Pápias registra que Mateus escreveu o  Logia de Jesus em hebraico (ara

maico). Mas será que o nosso Evangelho de Mateus foi baseado emuma tradução grega do  Logia em aramaico junto com Marcos e outrasfontes, como tendem a pensar tais estudiosos? Nesse caso, o tradutorfoi o apóstolo Mateus ou outro discípulo? Considerando os fatos conhecidos, não há modo de chegarmos a uma conclusão definitiva. Nãohá verdadeira razão para Mateus não ter escrito o  Logia  em aramai

co e o nosso Mateus em grego, a menos que acreditemos que alguémeditou Mateus e partes de Marcos para compor uma obra, colocando

Marcos no mesmo nível que Mateus. O livro de Marcos apóia-se primariamente na pregação de Simão Pedro. Em 1927, Jack P. Scholfield

 publicou An Old Hebrew Text o fSt. Matthew’  s Gospel  (Um Antigo TextoHebraico do Evangelho de Mateus). Tal obra tem de estar baseada emconjectura. Pouco sabemos sobre a origem dos Evangelhos Sinóticos

 para afirmarmos, de forma dogmática, que o apóstolo Mateus não foio autor.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Se o livro for genuíno, como creio, a data torna-se tema de interesse. Também nesse ponto não há nada absolutamente decisivo pela

 pesquisa textual, a menos que Mateus tenha sido escrito depois doEvangelho de Marcos e, evidentemente, utilize Marcos. Se Marcos foi

escrito em data recuada, então o livro de Mateus seria relativamenteantigo. Muitos colocam o seu surgimento entre 70 e 80 d. C. Não temos certeza se Lucas foi escrito depois de Mateus, embora seja bastante

 possível. Não há como comprovar terminantemente que Lucas usou

Mateus. Uma suposição é tão boa quanto a outra, e cada um decide de

acordo com predileções próprias. A minha opinião é que Mateus foiescrito em cerca de 60 d.C., e constitui-se uma posição tão boa quanto

qualquer outra.1 No próprio Evangelho, encontramos “Mateus, o publicano” (Mt

9.9; 10.3; cf. Mt 9.9), embora Marcos (Me 2.14) e Lucas (Lc 5.27) ochamem de “Levi”. E lógico que ele tinha dois nomes (um grego e umhebraico), como também João Marcos. É significativo o fato de Jesus

ter chamado esse homem de negócios de tão má reputação para segui-lo. Não há indicação de que Levi era discípulo de João Batista. Ele

fôra especialmente escolhido por Jesus para ser um dos doze apóstolos.Era um homem de negócios como os pescadores Tiago, João, André eSimão. Nas listas dos apóstolos, ele consta em sétimo ou oitavo lugar.

Os Evangelhos nada contam especificamente sobre ele, a não ser o fatode que fazia parte do círculo dos doze e que deu um banquete aos seus

colegas publicanos para honrar o Mestre Jesus.Mateus exercia a função de administrar contas e cuidar dos livros

fiscais, sendo possível que, por hábito, tomasse notas das declaraçõesde Jesus enquanto as ouvia. De qualquer modo, ele prestava muitaatenção aos ensinos de Jesus como mostra, por exemplo, o Sermão da

Montanha nos capítulos 5 a 7, as parábolas no capítulo 13, a repreensão pública aos fariseus no capítulo 23 e o grande discurso escato-

lógico nos capítulos 24 e 25. Como morador da Galiléia e publicano(cobrador de impostos) que colaborava com Roma, ele não era um

 judeu intolerante, por isso não temos um livro inclinado a favor dos

 judeus. Ele não mede esforços para mostrar que Jesus é o Messias judeue a esperança nacional, e faz citações frequentes do Antigo Testamento

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 Mateus: Introdução

 para confirmar e ilustrar a posição messiânica de Jesus. Contudo, não

encontramos nacionalismo intransigente em Mateus. Jesus é o Messiasdos judeus e o Salvador do mundo.

Há dez parábolas em Mateus que não constam nos outrosEvangelhos: 1) O Joio; 2) O Tesouro Escondido; 3) A Rede; 4) A Pérolade Grande Valor; 5) O Credor Incompassivo; 6) Os Trabalhadores naVinha; 7) Os Dois Filhos; 8) As Bodas; 9) As Dez Virgens; e 10) Os

Talentos. Os únicos milagres encontrados somente em Mateus sãoa cura de dois cegos (Mt 9.27-31) e a moeda na boca do peixe (Mt17.24-27). A história de Bartimeu é relatada com o detalhe adicionalde que um segundo cego também foi curado com ele (Mt 20.29-34).Contudo, Mateus faz a narrativa do nascimento de Jesus do ponto devista de José, ao passo que Lucas conta essa história maravilhosa na

 perspectiva de Maria. Há certos detalhes da morte e ressurreição deJesus que só aparecem em Mateus.

O livro segue o mesmo plano cronológico geral que em Marcos,mas procura colocar em grupos as matérias relacionadas, como os milagres nos capítulos 8 e 9 e as parábolas no capítulo 13.

O estilo é livre de hebraísmos e tem poucas peculiaridades individuais. O autor gosta da expressão “o Reino dos céus” e descreve Jesuscomo o Filho do Homem, mas também como o Filho de Deus. Àsvezes, ele abrevia as declarações de Marcos e, outras, ele as amplia paraser mais preciso.

Alfred Plummer mostra o plano geral e amplo de Marcos eMateus:

• Introdução do Evangelho: Marcos 1.1-13 corresponde a Mateus3.1—4.11.

• Ministério na Galiléia: Marcos 1.14— 6.13 corresponde aMateus 4.12— 13.58.

• Ministério nas circunvizinhanças: Marcos 6.14— 9.50 corres ponde a Mateus 14.1— 18.35.

• Viagem pela Peréia a Jerusalém: Marcos 10.1-52 corresponde aMateus 19.1—20.34.

• Ultima semana em Jerusalém: Marcos 11.1— 16.8 corresponde a Mateus 21.1—28.8.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

O Evangelho de Mateus consta em primeiro lugar nas páginasdo Novo Testamento, embora não esteja assim em todos os manus

critos gregos. Por causa de sua posição, é o documento mais lido emais influente do Novo Testamento. Tal honra é apropriada, embora

Mateus tenha sido escrito depois de Marcos, não seja tão belo quantoLucas e nem tão profundo quanto João. É uma descrição exata e diretada vida e ensinos de Jesus Cristo como Senhor e Salvador. O autormostra persuasivamente que Jesus cumpre a esperança messiânica doAntigo Testamento. Desta forma, o livro serve de excelente ponto de

ligação entre a profecia do Antigo Testamento e o cumprimento do Novo Testamento.

O TÍTULO

O Textus Receptus  traz “O Santo Evangelho segundo Mateus”(tò   « m á M ktGklov  áyiov EmyyéÀiov), embora os Elzevires omitam “santo”, não concordando com Stephanus, Griesbach e Scholz.

Só os MSS minúsculos (manuscritos gregos cursivos e todos maisrecentes) têm o adjetivo. Outros MSS minúsculos e nove unciais, inclusive o W (Códice Washington do século V), o C, do século V (manuscritos palimpsestos), e o Delta, do século IX, junto com a maioriados MSS latinos, trazem “Evangelho segundo Mateus” (EuayyéAaovKatà MoaGalov). Os MSS Aleph e B, que são os dois unciais gregosmais antigos do século IV, só têm “Segundo Mateus” (Koaà MaGGoâ

ov; note a letra dupla G, theta). O manuscrito uncial grego D, do século X ou XI, segue Aleph e B, como fazem alguns dos mais antigosmanuscritos latinos e o Curetoniano Siríaco. Então, está claro que aforma mais antiga do título era apenas “Segundo Mateus” . Podemosduvidar que Mateus (ou o autor, caso não tenha sido Mateus) tivessealgum título. O uso de “segundo” deixa claro que o significado não é“o Evangelho de Mateus”, mas o Evangelho conforme foi dado por

Mateus,  secundum Matthaeum, para distinguir o relato feito por eledo relato feito por Marcos, Lucas e João. Não há a menor autoridade nos manuscritos para dizer “São Mateus”, uma prática católicaromana observada por certos protestantes.

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 Mateus: Introdução

O termo evangelho (eúayyéÀLoy) veio a significar “boas novas”em grego, embora originalmente se referisse à recompensa pelas

 boas novas, como vemos na Odisséia  de Homero, em 14.152, ena LXX, em 2 Reis 4.10. No Novo Testamento, trata-se das Boas

 Novas de salvação por meio de Cristo. Há quem pense imediatamente no uso do termo  Palavra ou Verbo  (Àóyoç) citado em João1.1,14. Portanto, de acordo com o grego, não são as “Boas Novasde Mateus”, mas as “Boas Novas de Deus”, reveladas através deCristo, a Palavra, o Filho de Deus, a Imagem do Pai, a Mensagem

do Pai. Temos de estudar essa história conforme Mateus a descreve.A mensagem é de Deus e nos é tão nova e alvissareira hoje como ofoi no período quando Mateus a escreveu originalmente.

 NOTAS  ____________________________________________________ 

1N. do E.: Desde que A. T. Robertson escreveu esta introdução, muitas pesquisascontribuíram para datar os autógrafos do Novo Testamento, inclusive a desco

 berta dos Rolos do Mar Morto e outras evidências manuscritas. Os que estãodispostos a degradar a historicidade dos Evangelhos têm se esforçado, sem êxito, em achar evidências para colocar Mateus depois do século I. Contudo, hámais evidências para colocá-lo bem antes disso, possivelmente na década dequarenta ou início da de cinquenta.

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Capítulo

1

 Mateus 

1.1.  Livro1 (Bípioç). Na abertura do Evangelho grego, não háartigo2 mas os genitivos que seguem a palavra pípioç a tornam defi-nida. Esse termo helénico referiase originalmente a uma planta cha-mada papiro, cujas hastes ou cascas eram usadas para fazer folhas parase escrever. A palavra papel  é derivada da palavra grega Tíáuupoç (pa-

 piro). Pedaços de papiro eram juntados e macetados a fim de formaruma superfície plana para a escrita. Compravamse papiros em rolos

de comprimentos variados, de acordo com a necessidade do escritor.Essa palavra consta no Novo Testamento dez vezes com o significadode “livro” ou “rolo”.3 BipÀÍov é o diminutivo de Bi(3Àoç, mas nas

 páginas do Novo Testamento não possui a força diminutiva, sendosinônimo de pípioç.4 A forma plural dessa palavra é Tà (3i(3Ala, da qualse deriva o termo  Bíblia?  Os cristãos primitivos usavam as palavras

 pípioç para referiremse aos livros do Antigo e do Novo Testamento.

Mateus não está aplicando a palavra livro ao Antigo Testamento, nemao livro que está escrevendo. Ele se refere à  geração6 de Jesus Cristo(BípÀoç yevéaeGOc; TipoO Xplotou). Moífatt traduz por “o rolo donascimento de Jesus Cristo”. Não temos meio de saber onde o escri-tor obteve os dados para compor essa genealogia. Difere radicalmente

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

da genealogia que consta em Lucas 3.2338. Podemos apenas teori-zar sobre a diferença. Pelo visto, em Mateus temos a genealogia deJosé, que seria a genealogia legal de Jesus de acordo com o costume

 judaico. Em Lucas, entretanto, temos a genealogia da realeza de Jesusatravés de Maria, que, como seria de se esperar, Lucas descreve porestar escrevendo para os gentios.

 Jesus Cristo  (Ir|aoü Xplotou). A ausência de artigos é comum emtítulos de livros. Mateus usa os dois nomes, Jesus Cristo.  O primeiro éo nome Jesus  (’Ir]ooOç), dado pelo anjo a José (Mt 1.21), descrevendoa missão da criança. O segundo nome era originalmente um adjetivo

verbal (Tr|aoOç) que significa ungido,  do verbo ungir. Na LXX constafrequentemente como adjetivo, por exemplo, “sacerdote ungido” (1 Rs2.10 na LXX é igual a 1 Sm 2.10 na Escritura canônica), e depois comosubstantivo para traduzir a palavra hebraica Messias  (Meooíaç). Andrédisse a Simão: “Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)” (Jo1.41). Nos Evangelhos, às vezes é o Ungido, o Messias,  ou é um nome

 próprio com título, como aqui , Jesus Cristo. Nas epístolas, escritas perto

do final de sua vida, Paulo grafa normalmente Cristo Jesus. Filho de Davi,7 Filho de Abraão  (ulou Aauiõ8 uloO ’APpaá|i).

Mateus propõe mostrar que Jesus Cristo é, no lado humano, filho deDavi, como o Messias tinha de ser, e filho de Abraão. Ele não era ummero herdeiro judeu das promessas abraâmicas; ele cumpria a promes-sa feita a Abraão. Mateus começa a linhagem messiânica com Abraão,ao passo que Lucas retrocede a linhagem de Cristo até chegar a Adão.

O hebraico e o aramaico usam muito a palavra Jilho  para referirse àqualidade ou caráter da pessoa, mas aqui a ideia literal é descendênciaconsanguínea. Os cristãos são chamados filhos de Deus, porque Cristonos deu essa dignidade (Rm 8.14; 9.26; G1 3.26; 4.57). O versículo 1é a descrição da lista apresentada nos versículos 2 a 17. Os nomes apresentamse em três grupos: primeiro, de Abraão a Davi (w. 26); segun-do, de Davi à deportação babilónica (w. 611); terceiro, de Jeconias a

Jesus (w. 1216). A deportação babilónica (|iexoiKeoíaç Ba|3uÀtóvoc;)ocorre no fim do versículo 11, no começo do versículo 12 e duas vezesno resumo do versículo 17. Mateus usa esse grande acontecimento paradiferenciar as duas últimas divisões uma da outra. E excelente a ilustra-

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 Mateus 1

ção do genitivo quanto ao caso de gênero ou tipo. A deportação paraa Babilônia pode significar “para a Babilônia” ou “da Babilônia”. Mas

os leitores judeus conheciam os fatos do Antigo Testamento. Mateusquer dizer a deportação “para a Babilônia”.9 O versículo 17 faz umresumo das três listas, quatorze nomes em cada, contando Davi duasvezes e omitindo vários nomes, um tipo comum de dispositivo mne-mónico. Mateus não quer dizer que só havia quatorze descendentes emcada uma das três listas genealógicas. Os nomes das mulheres (Tamar,Raabe, Rute e BateSeba, a mulher de Urias) também não são conta-

dos. Mas é uma lista muito interessante.1.2. Gerou10 (éyévvr|oev). Como acontece em alguns dos primei-

ros capítulos de Gênesis, esta palavra ocorre com regularidade até oversículo 16, chegando ao nascimento de Jesus, quando há então umamudança súbita. A palavra nem sempre significa ascendência imediata,mas meramente descendência direta. O artigo ocorre todas às vezescom o complemento direto 4yévvr|aev, mas não com o sujeito do verbo

 para distinguir os nomes próprios. Os nomes próprios indeclináveis(inflexíveis) têm normalmente o artigo se a situação não estiver clara.

 Note que aqui os nominativos não têm artigo, mas os acusativos têm.O artigo enfatiza a distinção entre o sujeito e o complemento direto. Aconjunção de. funciona aqui como mero copulativo em lugar de atuarcomo oposição.11

1.216.  Jessé gerou ao rei Davi... Jacó gerou a José...  (Ieooal õe

èyéwri oev tòv ôéavlô tòv Paca Aia...’Iaicàp õe kykvvv\o^v  xòv’Iwoqcjj ) No caso de Davi, o rei (Mt 1.6), e José, o marido de Maria(Mt 1.16), o artigo é repetido para mostrar justaposição. A menção dosirmãos de Judá (Mt 1.2) e de Perez e Zerá (Mt 1.3) indica que Mateusnão estava copiando uma linhagem conhecida, mas compilava a sua

 própria lista. Da que foi mulher de Urias (ék Tf|ç toü Oúpíou). No versículo 6, o

artigo duplo ilustra o genitivo de relação. O tf|c; feminino se refere à espo-sa de toíj Oúp lod. As palavras da que foi mulher de Urias12estão indicadasno grego pelo artigo rf|ç. A tradução exige uma paráfrase ou expansão doartigo para que o texto seja compreensível (ver 2 Sm 11— 12). Em grego,a soletração dos nomes hebraicos é feita violandose as regras gregas para

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

a terminação das palavras que não terminam em consoantes, exceto v,  p,or ç. A ortografia grega dos nomes difere da ortografia hebraica. Uma dasrazões é que, em grego, o uso do som de h está limitado ao sinal diacríticoaspirado colocado no começo da palavra, ou às consoantes duplas x (“ch”),9 (“th”) e (j) (“ph”). Assim, em grego, Abrão ou Abraão sempre é soletradoda mesma forma “'A(3paá|i” sem o som de h que tem em hebraico. Outroexemplo é Br|9À.ée^i (Mt 2.1ss.), que em hebraico tem o som de h na úl-tima sílaba. Além disso, as palavras gregas só podem terminar com vogal,ditongo, com as consoantes v, E, ou tjf ou com as consoantes duplas x ey . Isso força uma alteração em os nomes adaptados para o idioma gre-go. Por exemplo, a palavra hebraica Judah se tornaria Judas  (’Ioúôaç ou’Ioúôa), porque o grego não tem o som de h no fim da palavra como temna palavra hebraica. Quando os substantivos próprios gregos terminamem letras que não sejam vogal, ditongo, as consoantes v ou ” ou as con-soantes duplas, indicam que se trata de uma transliteração de nome es-trangeiro para o grego. A maioria destes nomes próprios é indeclinável.

1.16.  José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo  (xòv ’Ioooricj} xòv avôpa M apíaç, èE,  rjç èyewiíGri’IriooCç ó Xeyófieyoç X pio io ç).13 Todos os MSS gregos apre-sentam o versículo 16 como está acima, exceto o Grupo Ferrardos manuscritos minúsculos que é apoiado pela Versão SinaíticaSiríaca. Esse grupo traz a leitura: “Jacó gerou José; José, que estavanoivo da virgem Maria, gerou Jesus que é chamado o Cristo”. Masum estudo mais minucioso desta leitura mostra que o escriba nãotencionava negar o nascimento virginal de Jesus. A própria frasediz que Maria era virgem e a passagem sobre José (Mt 1.1825)fala que ela não foi tocada, que são dados que afirmam terminan-temente o nascimento sobrenatural de Jesus. É provável que tudoque signifique essa leitura de “gerou” é que José era o “‘suposto

 pai’ (ou seja, pretenso, conhecido, reputado, comumente conside-

rado) de Jesus”, como traduz Moffatt em  New Translation o f the  New Testament   (Nova Tradução do Novo Testamento). É notávelque o mais antigo fragmento de papiro (P’) de qualquer porçãodo Novo Testamento contenha o texto grego comum de Mateus1.16.14

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 Mateus 1

1.18. Ora, o nascimento de Jesus Cristo  (ToO ôe ’Iipou XpioxoGT) yéveoLÇ1"'). A palavra outjgoç, mostra que um novo tópico será apre-

sentado em perfeita harmonia com o raciocínio precedente. No grego, Jesus Cristo vem antes de nascimento,  indicando o assunto importantedepois de 1.16.16 Mas é claro que a história do nascimento de JesusCristo será contada brevemente. “Foi assim” (outg)ç) é expressão idio-mática grega habitual. Em vez de nascimento, os MSS mais antigos têma palavra geração  (yéveo iç) usada em 1.1, e não a palavra gerou  comoocorre em 1.16 (èyéwr|aev). “Na realidade, é a palavra Gênesis. O

evangelista está a ponto de descrever, não a gênese do céu e da terra,mas a gênese daquele que fez o céu e a terra, e que ainda fará um novocéu e uma nova terra.”17

 Estando Maria, sua mãe, desposada com. José  ([ivr|Gi;ei)9eíar|<;18 ufjç|ir|Tpòç aÚTOÍ) Mapíaç tcô ’Icoar|4>).19Mateus passa a explicar a decla-ração feita em 1.16, que insinuara que José, embora pai legal de Jesusna linhagem da realeza, não era o pai biológico do filho de Maria. Estar

desposado (noivo) era questão séria entre os judeus, em cujo estado civilnão se entrava levianamente e nem se desfazia facilmente. “O homemque desposava uma moça era legalmente o seu marido (Gn 29.31; Dt22.2328), sendo impossível o cancelamento informal do noivado.”20Embora não vivessem juntos como marido e mulher até ao casamento,a quebra de fidelidade por parte de um dos noivos era tratada comoadultério e punível pela morte. Mateus usa a construção do caso geni-

tivo absoluto, uma expressão idiomática grega bastante comum.21 Do Espírito Santo  (ék iTveúiiaToc; (xyíou).22 A descoberta de que

Maria estava grávida foi inevitável e claro que ela não contara a José. Achou-se ter concebido  (eupé0r| kv  yompl ’éxouoa). Este modo de

dizer, que é expressão idiomática grega costumeira, mostra nitidamenteque foi a descoberta que chocou José. Ele ainda não sabia o que Mateusafirma claramente, que foi o Espírito Santo, e não José ou outro homem,

o responsável pela gravidez de Maria. O nascimento virginal de Jesus temsido um fato intrigante para certas pessoas ao longo de todos estes séculose continua sendo uma dificuldade para quem não crê na preexistência deCristo, o Filho de Deus, antes de encarnarse. Este é o fato primordialsobre o nascimento de Cristo. Paulo (2 Co 8.9; Fp 2.511; e implícito

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

em Cl 1.1519) e João (Jo 1.14; 17.5) declaram abertamente a encarna-ção de Jesus. Quem admite francamente a preexistência e a Encarnação

de Jesus deu o passo mais longo e mais difícil na questão do nascimentosobrenatural de Jesus. Sendo verdade, não há nascimento meramentehumano, sem o elemento sobrenatural, que explique os fatos admissivelmente. A Encarnação é muito mais que a habitação de Deus peloEspírito Santo no coração humano. Admitir a Encarnação e tambémo nascimento humano pleno, de pai e mãe, cria uma dificuldade maiorque admitir a concepção pelo Espírito Santo. Só Mateus e Lucas contam

a história do nascimento sobrenatural de Jesus, embora João 1.14 toqueno assunto. Marcos não tem absolutamente nada relativo ao nascimentoe infância de Jesus e, portanto, não pode ser usado como testemunhado caso. Mateus e Lucas insistem que Jesus não teve pai humano. Nanatureza, há formas reprodutivas como a partenogênese entre animais deespécies inferiores de vida. Mas este fato científico não tem sustentaçãoaqui. Vemos Deus enviando o seu Filho ao mundo para ser o Salvador

do mundo. Ele lhe deu uma mãe humana, mas não um pai humano, deforma que Jesus Cristo é Filho de Deus e Filho do Homem — o DeusHomem. Mateus conta a história do nascimento de Jesus na perspectivade José, como Lucas a conta do ponto de vista de Maria. As duas narra-tivas se harmonizam. Há quem atribua essas descrições do nascimentoao que se sabe sobre o amor e o poder do Deus TodoPoderoso de fazero que bem quer. Para Deus, que tem todo o poder e conhecimento, não

existe milagre. As leis da natureza expressam a vontade de Deus, mas Elenão revelou toda a sua vontade nas leis que descobrimos. Deus é Espírito.Ele é Pessoa. Ele mantém em seu poder toda a vida. Dizem que João 3.16é o “Pequeno Evangelho”, porque apresenta resumidamente o amor deDeus pelos homens enviando o seu próprio Filho para viver e morrer pornós.

1.19. Como erajusto2i (õÍKcaoç wv). Este mesmo adjetivo é usado

 para qualificar Zacarias e Isabel (Lc 1.6) e Simeão (Lc 2.25).24 Ele tinhaa consciência judaica para observar a lei que teria condenado Maria àmorte por apedrejamento (Dt 22.23). “Como bom judeu, ele teriamostrado zelo caso a tivesse estigmatizado com desgraça pública.”25Embora fosse um homem reto, José não faria isso.

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 Mateus 1

 E [...] não queria26   (xm |_ir] BeÀcov). É como temos de enten-der Kfxí, aqui: “e mesmo assim”. Mateus faz distinção entre “dis-

 posição” (9éA.G)v) e “desejo” (épouÀtí9r|).27 A distinção entre “pro- por” (BÉÀgo) e “desejar” (poúA,o|ica) nem sempre é delineada, masaqui ocorre. O propósito não era “a [...] infamar” (ô eiy |ia t[oai) ,28da raiz (ôéÍkvu|íl “mostrar”), uma palavra rara (ver o uso em Cl2.15).29 O substantivo (ôeiy[_iai;ia|j,ó<;) ocorre na Pedra de Rosetano sentido de verificação.  Há algumas ocorrências do verbo nos

 papiros, embora o significado não seja claro.30 A form a compos-ta (TTapaõeiYiiaTLÇGo) aparece em Hebreus 6.6. Curiosamente, háocorrências mais antigas da forma composta do que da forma sim-

 ples, mas podem surgir outras ocorrências do verbo simples quan-do se descobrirem textos mais antigos.31José planejava divorciarsedela reservadam ente.32 Ele poderia lhe dar a escritura de divórcio(aTTOÀOoai), o gêt  formulado na ÀáGpa, sem fazer o julgamento pú-

 blico. Ele tinha de lhe dar o escrito {gêt) e pagar a multa (Dt 24.1).Seu propósito era fazêlo  secretamente  (ÀáGpa)33 para evitar escân-dalo tanto quanto fosse possível. Somos obrigados a respeitar Josée concordar com os seus motivos. É óbvio que ele amava Maria eficou horrorizado ao descobrir a infidelidade dela. De acordo coma narrativa de Mateus, é impossível atribuir a ascendência de Jesusa José sem dizer que Mateus produziu uma lenda para encobrir onascimento ilegítimo. O Talmude acusa Maria abertamente desse

 pecado. José teve “uma luta curta e trágica entre a sua consciêncialegal e o seu amor”.34

1.20.  Em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor  (ayyeÀoç Kupíoukctc’ ova p ecjráyr) ccòtgo). Nas páginas do Novo Testamento, esta ex-

 pressão (ayyeÀoç Kupíou) sempre ocorre sem o artigo, exceto quando,como em 1.24, há referência a um anjo previamente mencionado. Esteé um artigo anafórico. Às vezes, o Antigo Testamento usa essa frase

 para apresentar o próprio Jeová. E lógico que José precisava da ajudade Deus, ainda mais em uma situação como essa. Se Jesus era realmenteo Filho de Deus, José tinha o direito de saber esse fato supremo paraque fosse justo com Maria e a criança. O auxílio veio em um sonho,mas a mensagem era nítida e decisiva para José. Ele é chamado “filho

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

de Davi”35 como Mateus mostrara em 1.16. Maria é chamada “tuamulher” (rpv yuvcâicá aou).36

 Não temas receber a Maria, tua mulher   ([if| 43oPri0r|ç TiapcdapeivM apià|i TT)y yuvcâKá oou). “Não temas” é a segunda pessoa do sin-gular aoristo primeiro passivo depoente ingressivo do subjuntivo em

 proibição: |ir] c|)oPr|9f|Ç. “Receber” (TrapaÀapeiv) é o infinitivo aoristoingressivo ativo. O versículo 20 explica que, “projetando ele” (auxoüév0U|ir]9évxo<;), o genitivo absoluto (kv  e 9Ú|íoç), ele ia mandála em- bora com um escrito de divórcio. Ele ponderara e planejara fazer o que

fosse melhor nessa situação, mas agora Deus o manda parar. Cabia a eledecidir se estava disposto a acolher Maria, casandose com ela, e tomarsobre si qualquer estigma ligado a ela. Pelo sonho, José fica sabendoque a criança foi gerada do Espírito Santo e que Maria era inocente de

 pecado. Mas agora quem acreditaria se ele contasse esses fatos a respeitodela? Maria sabia a verdade e não lhe falara, porque não esperava queele acreditasse.

1.21. [Tu] lhe porás o nome de JESUS   (KaÀéoeiç xò õvop,a auxoü’Iriooúy).37 Os rabinos citam seis pessoas que receberam nome antes denascer: “Isaque, Ismael, Moisés, Salomão, Josias e o nome do Messias,a quem o Santo, santificado seja o seu nome, envie em nossos dias”.José foi informado de que a criança seria chamada JESUS. Jesus é iguala Josué, contração de Jehoshuah (Nm 13.16; 1 Cr 7.27), que em he-

 braico significa “Jeová é ajudante”, “Ajuda de Jeová”38 ou “Jeová Salva”.

Jesus é a forma grega de Josué (Hb 4.8). Ele é outro Josué para levar overdadeiro povo de Deus à Terra Prometida. O nome em si era bastantecomum. Josefo fala que havia numerosos “Josués” no século I. “Jeová ésalvação” atuou na liderança de Josué pelo deserto a favor dos hebreuse em Jesus a favor de todos os crentes. “O significado do nome se ex-

 pressa no título de Salvador   conforme se aplica ao nosso Senhor (Lc1.47; 2.11; Jo 4.42).”39

 Porque ele salvará  (ocóoei) o seu povo dos seus pecados para, as-sim, ser o seu Salvador (acoxrp). Ele será Profeta, Sacerdote e Rei,mas Salvador   resume tudo em uma palavra. A explicação se efetua na

 promessa, porque é Ele (aúxòç) que salvará (ooóoet com um toque nonome Jesus) o seu povo dos seus pecados. Mais tarde, Paulo explicará

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 Mateus 1

que, pelo povo do concerto, os filhos da promessa, Deus tem em vista oIsrael espiritual — todos os que crerem, quer judeus quer gentios. Esta

 palavra maravilhosa atinge o âmago da missão e mensagem do Messias.O próprio Jesus mostrará que o Reino dos céus diz respeito a todosaqueles e só aqueles que têm o Reino de Deus no coração e na vida.

 Dos seus pecados  (dorò  xwv  à|aapTicòv cujtwv), tanto pecados deomissão quanto de comissão. O substantivo (à|iapxía) é derivado doverbo (à\iap~áveiv) e significa “errar o alvo”, como com uma seta. Jesussalvará aqueles que caem “longe de” (coto), como também “fôra de”(ék) os seus pecados. Em Cristo, os pecados cairão em esquecimento eEle os encobrirá, colocandoos fôra de vista.

1.22. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse  (toüto ôè òÀovyéyovev 'iva TTÀTpGoGri). Alford diz que “é impossível interpretar'ivaem outro sentido que não para que\A0 Esta era a antiga noção, mas osgramáticos modernos reconhecem o uso nãofinal dessa partícula nokoiné e até mesmo o uso sucessivo como o ut  latino. Alguns até argu-mentam a favor do uso causal. Se o contexto pede resultado, não pre-cisamos hesitar em dizêlo, como em Marcos 11.28, João 9.36, 1 João1.9 e Apocalipse 9.20; 131341 Aqui se refere a propósito, o propósitode Deus. Mateus informa que o anjo disse: “foi dito da parte de” (ímó oagente imediato) o Senhor “por” (ôiá agente intermediário) o profeta.Quando dia, é acrescentado a ôiá írrró, fazse uma distinção entre oagente intermediário e o agente mediato.

Tudo isso aconteceu  (toúto ôe ÓÀov yéyovev, terceira pessoa do sin-gular do perfeito ativo do indicativo). Baseiase no registro como fatohistórico. Todavia, o nascimento virginal de Jesus não se deve a essa in-terpretação de Isaías 7.14. E desnecessário sustentar42 que o próprio Isaíasviu algo mais quando profetizou que uma mulher, então virgem, dariaà luz um filho e que, no decurso de alguns anos, os assírios libertariamAcaz dos reis da Síria e Israel. Essa ilustração histórica tem o seu cumpri-mento mais rico quando Jesus nasceu de Maria. “As palavras em si sãovazias. Elas são úteis apenas como recipientes para carregar coisas de umamente para outra.”43 A palavra hebraica para referirse à virgem é tradu-zida por mpGtvoç em grego. Mas não é necessário concluir que Isaíascontemplou o nascimento sobrenatural de Jesus. Não temos de dizer 

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

que a ideia do nascimento virginal de Jesus procedeu de fontes judaicas.Claro que não veio dos mitos pagãos que eram completamente alieníge-nas a este ambiente, atmosfera e espírito. É muito mais simples admitir o fato sobrenatural que tentar explicar a invenção da ideia como mito

 para justificar a deificação de Jesus. O nascimento, vida e morte de Jesusesclarecem muitíssimo as narrativas e profecias do Antigo Testamento

 para os cristãos primitivos. Em particular, em Mateus e João vemos “queos acontecimentos da vida de Cristo eram divinamente ordenados para o

 propósito expresso de cumprir o Antigo Testamento”.441.23. Ele será chamado  (KKÀéaouaiv).45 Homens, povos, chamarão

o seu nome Emanuel,46 “Deus [está] conosco”.47 “O interesse do evan-gelista, como também dos escritores do Novo Testamento, na profecia,era puramente religioso.”48 Contudo, é lógico que a linguagem de Isaíasilustrava maravilhosamente a encarnação de Jesus. Esta é a explicaçãoque Mateus oferece do significado de Emanuel, um título descritivo deJesus Cristo, e mais que mera designação emblemática. Observemosque a ajuda de Deus, Jesus, é igual ao socorro de Deus. Jesus disse aFilipe: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9).

1.24. E recebeu a sua mulher49 (apéÀapev50 xr\v yuvalKa aútou). Oanjo lhe dissera que não tivesse medo de receber Maria como mulher(Mt 1.20). Quando ele despertou do sono, obedeceu ao anjo pronta-mente e “levou a sua esposa para casa” (Moffatt).51 Só ficamos a ima-ginar o alívio e alegria de Maria quando José nobremente assumiu osublime dever para com ela.52

1.25.  E não a conheceu até que deu à luz seu filho53  (kocI oukèyLVOOOKey aúrr]V ecoç ou eteicev uióv). Note a ação contínua oulinear do tempo imperfeito. José viveu em continência sexual comMaria até ao nascimento de Jesus. Usase cgjç ou (“até”) com um aoristo indicativo, quando se registra um acontecimento, etekév (“deuà luz”). Mateus não diz que Maria não deu à luz outro filho exce-to Jesus. “Primogênito” não é genuíno aqui, mas faz parte do textode Lucas 2.7. Mateus não está ensinando a virgindade perpétua deMaria. Jesus tinha irmãos e irmãs, e o significado natural é que eramfilhos mais jovens de José e Maria, e não filhos que José teve de umcasamento anterior.

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 Mateus 1

[José] pôs-lhe o nome de JESUS (kKÚXeoev54  tò 8vo|ict ctíiToO’IriooGy),55 conforme a orientação do anjo, e o filho era legítimo. José

mostrou que era homem reto em situação muito difícil.

 NOTAS 

1 “Registro” (NVI).

2 A. T. Robertson declara: Os títulos dos livros podem ficar sem artigo, porque jásão bastante específicos (A Grammar o f the Greek New Testament in the Light  ofHistorica l Research  [Nashville: Broadman, 1934], p. 793).

3 Livro de Moisés (Me 12.26), livro de Salmos (Lc 20.42; At 1.20), livro dos profetas (At 7.42), livro das palavras do profeta Isaías (Lc 3.4), livro da geraçãode Jesus Cristo (Mt 1.1), livro da vida (Fp 4.3; Ap 3.5; 20.15) e livros das artesmágicas (At 19.19).

4B ip io ç é usado em Lc 3.4 para referirse às palavras do profeta Isaías, e fiifilíov é  usado em Lc 4.17 para referirse aos escritos do profeta Isaías.

5 O termo grego PiPÀÍoc foi transliterado para o latim bíblia, que foi transliterado para o francês antigo biblie, que foi transliterado para o português bíblia.

6Aqui Robertson faz a sua própria tradução, “tabela genealógica”. “A referênciaespecífica é às considerações do nascimento de Jesus apresentadas nos capítulos 1e2. Alguns a aplicam somente a 1.117. Cf. Gn5.1: ‘o livro das gerações de Adão’. Otermo geração, como também o termo grego no original, é ambíguo, mas a tradu-ção mais provável é linhagem; ‘o livro da linhagem de Jesus Cristo’” (Commentary on the Gospel According to Matthew [Nova York: Macmillan, 1911], p. 51).

7  “Não diz respeito meramente à descendência davídica; filho de Davi  era umtermo messiânico (Mt 21.9; cf. também Mt 9.27; 15.22; 20.30,31; 22.42).Jesus não fez reivindicações à descendência davídica, provavelmente porque

os judeus teriam entendido que ele estava reivindicando um reino político.”Robertson, Commentary on Matthew, pp. 51, 52.

8Aauíõ em Greek New Testament, editado por Eberhard e Erwin Nestlé, e Bárbarae Kurk Aland (abreviado daqui em diante por GNT/NA); Aaueíô em WH; Aapíôno TR e TM.

9 Tradução de Robertson: “a deportação (dos judeus) para a Babilônia”. “Notempo do exílio na Babilônia” (ARA).

10“Foi pai de” (NTLH).

11 No grego clássico, õé, chamando atenção ao segundo de duas coisas, significa:1) “no próximo lugar”, ou 2) “por outro lado”. O primeiro destes usos é o ori-ginal e é copulativo. O segundo é adversativo.

12 “Cuja mãe tinha sido mulher de Urias” (NVI).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13 “Chamado Messias” (NTLH).

14 Robertson discute o problema no Capítulo 14 de Studies in the Text o f the New  Testament   (Reimpressão, Joplin, Missouri: College Press, 1969), pp. 162173.

15 GNT/NA tem yévea iç e WH, TR e TM têm y€yvr)0 iç.

16 Não é certo se “Jesus” faz parte deste texto aqui, visto que está ausente no siríaco antigo e no latino antigo, enquanto que o Códice Washington tem apenas“Cristo”. O Códice Vaticano tem “Cristo Jesus”.

17  James Morison,  A Practical Commentary on the Gospel According to St.  Matthew  (Londres: Hodder & Stoughton, 1899), p. 8.

18TR e TM incluem a conjunção yáp depois de |ivr|0Tei)8eL0r|Ç.

19 “Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José” (BJ). “Maria, suamãe, estava prometida em casamento a José” (NVI).

20Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 7.

21  Um substantivo ou pronome e um participio anártrico (sem artigo) no casogenitivo funciona como oração subordinativa ou sem conexão gramatical coma oração principal. O substantivo ou pronome no genitivo funciona como o

sujeito do participio genitivo.22 “Pelo Espírito Santo” (ARA).

23“O participio sugere a base (ou causa) de ação no verbo principal. Cf. “ôiKOtioçgov Kcd |_if| GéAtiOV õ e iy ia a tio a i.” Robertson, Grammar,  p. 1.128. Estatradução dá corretamente um sentido causai: “Por ser José, seu marido, umhomem justo” (NVI).

24“Um homem que sempre fazia o que era direito” (NTLH).

25McNeile, Matthew, p. 7.26“E não [...] querendo” (ARA).

27 “Intentou” (ARC); “pretendia” (NVI).

2S“Denunciála publicamente” (BJ); “expôla à desonra pública” (NVI). TR e TMtêm irap tóe iy [taxi oca.

29 “Difamar” (NTLH); “traducere” (Vulgata Latina), “divulgare” (latim antigo),“publicar” (Wycliffe), “desgraçar” (Moffatt).

30 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  

Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 138.31 Os exemplos dos papiros dão uma amostra (P Tebt. 5.75), “fazer julgamento de”

(P. Ryl. I. 28.32). O substantivo significa “exposição” em (P Ryl. I. 28.70).

32 “Pretendia” (NVI).

33 GNT/NA, WH e TM têm A.á9pa TR não tem o iota subscrito, ÀáOpa.

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 Mateus 1

34McNeile,  Matthew , p. 8.

35 Robertson declara: “Este fato confirma esta interpretação: a genealogia é deJosé e referese tãosomente à genealogia legal de Jesus” (Commentary on 

 Matthew, p. 58).36“Como sua esposa” (NTLH; NVI). Maria já era considerada legalmente esposa

de José antes de ele a levar para a casa. Em 1.19, ocorre a mesma estrutura eordem de palavras: “José, seu marido” (“Maria, tua mulher”, 1.20).

37 “Você deverá darlhe o nome de Jesus” (NVI).

38 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), p. 10. [Tradução Brasileira: BROADUS, J. A. Comentário do 

 Evangelho de Mateus.  Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1949, V. I,

II.]39 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 16.

40Henry Alford, The Greek Testament, with a Critically Revised Text, 4 Volumesem 2 Volumes; The Four Gospels, revisado por Everett F. Harrison (Chicago:Moody, 1958), vol. 1, p. 8.

41 Ver análise em Robertson, Grammar, pp. 997999.

42 Broadus, Commentary on Matthew,  p. 11. [Tradução Brasileira: BROADUS,

J. A. Comentário do Evangelho de Mateus.  Rio de Janeiro: Casa PublicadoraBatista, 1949, V. I, II.]

43 Morison,  Practical Commentary,  p. 11.

44 McNeile,  Matthew,  p. 11. Ver também Mt 2.1518; 4.1217; 8.17; 12.1721;13.1315; 21.4,5; Jo 12.38,39; 13.18; 19.24,28,36,37.

45 GNT/NA, WH e TRs têm KaÀéaouau' TRb e TM não incluem o v  eufônico,Kodéoouoi.

46 Emanuel   é a transliteração da soletração grega;  Imanuel   é a transliteração da

soletração hebraica.47 “A palavra em si não denota encarnação. Na ocorrência em Isaías 7.14 foi uma

visitação de Deus com poder em relação ao incidente. Mas aqui muito mais é posto na frase, porque a real encarnação de Deus aconteceu na pessoa de Jesus”(Robertson, Commentary on Matthew, p. 60).

48 Alexander Balmain Bruce, The Expositor's Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 68.

49 “E recebeu Maria como sua esposa” (NVI; cf. NTLH). A palavra  Maria  está

claramente implícita no texto, embora não conste no original grego.30 GNT/NA, WH e TRs têm irapéla|3ev TRb e TM não incluem o v  eufônico,

irapéÀape.

51 Esta tradução de Moffatt é melhor (cf. BJ).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

52 Os problemas de Maria estão esboçados em A. T. Robertson,  Mary the Mother  o f Jesus: Her Problems and Her Glory  (Nova York: Doran, 1925).

53 “Porém não teve relações com ela até que a criança nasceu” (NTLH; cf. NVI).

54 GNT/NA, WH e TRs têm 6KáÀeaev, TRb e TM não têm o V   eufônico,6KKÀ.eae.

55“E ele o chamou com o nome de Jesus” (BJ).

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Capítulo

2

 Mateusí£I2JS!Jmí3MS]^í3MM^

2.1.  E, tendo nascido Jesus1 (Toü õè Tr|aou yeyyr^éytoç). Ofato do nascimento de Jesus é declarado pela construção do genitivoabsoluto (particípio passivo do aoristo primeiro do mesmo verboyeyváw usado já duas vezes acerca do nascimento de Jesus, 1.16,20,e na sua genealogia, 1.216). Mateus não propõe dar detalhes bio-gráficos do nascimento sobrenatural de Jesus, por mais maravilhosoque seja e por mais descrido que é pelas pessoas que ainda hoje

negam que Jesus nasceu ou tenha existido. São proponentes quefalam do “Mito Jesus” ou “Mito Cristo”. “O propósito principal émostrar a recepção que o mundo deu ao Rei messiânico recémnas-cido. Homenagem de longe, hostilidade de perto; presságio da sinado novo sistema de crenças: recepção pelos gentios, rejeição pelos

 judeus.”2 Em Belém daJudéia (kv  Br|9Xéeii xrjç ’Iouõaíac;3). Na Galiléia,

havia uma Belém que distava quase doze quilômetros a noroeste de Nazaré.4 Esta Belém (o nome significa “casa do pão”) de Judá foi o palco da vida de Rute com Boaz (Rt 1.1,2; Mt 1.5) e a casa de Davi,descendente de Rute e antepassado de Jesus (Mt 1.5). Davi nasceunesta cidade e foi ungido rei por Samuel (1 Sm 17.12). A cidade

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

veio a chamarse “cidade de Davi” (Lc 2.11). Jesus, que nasceu nes-sa “Casa do Pão”, intitulouse “o pão da vida” (Jo 6.35), o verdadei-

ro maná do céu. Mateus pressupõe o conhecimento dos detalhes donascimento de Jesus em Belém, os quais são apresentados em Lucas2.17, ou não os considera relevantes para o que tem em vista. Josée Maria foram para Belém de Nazaré, porque era a casa ancestral deambos. O primeiro alistamento promulgado pelo imperador CésarAugusto, como mostram os papiros, foi feito “por famílias” (kkt ’ oLklkv). Alguma razão deve ter levado José a adiar a viagem. Agora

ele tinha de ir, e o tempo para o nascimento da criança estava seaproximado. No tempo do rei Herodes5(èv rpépouç 'Hpcóôou toü paoiÀécoç6).

Esta é a única data do nascimento de Cristo que Mateus fornece. A passagem de Lucas 2.13 oferece uma data mais precisa. Era o tem- po do primeiro alistamento feito por César Augusto, sendo Cirênioo governador da Síria (ver análise no Volume Dois, “O Evangelho

segundo Lucas”). Mateus conta que Jesus nasceu enquanto Herodesera rei. Esse Herodes  é chamado “Herodes, o Grande”, que morreuem 4 d.C.7No ano 47 a.C., ele foi nomeado governador da Galiléia,mas em 37 a.C. foi elevado a rei da Judéia sob o império de Antônioe Otávio. Ele era notável em pecado e crueldade, e ganhara o favordo imperador.8A história em Josefo é uma tragédia.9Mateus não es-tipula quanto tempo antes da morte de Herodes Jesus nasceu. A data

de 1 d.C., outrora comumente aceita, está indubitavelmente errada,como mostra Mateus. É óbvio que o nascimento de Jesus não podeser fixado em data posterior a 5 a.C. Os dados fornecidos por Lucasexigem a data de 7 ou 6 a.C.

 Magos vieram do Oriente  (|iáyoi árrò àvazokõv). A etimologiada palavra liáyos é bastante incerta. Pode derivar da mesma raiz indoeuropéia que néyocç, ainda que haja quem identifique uma origem

 babilónica. Heródoto fala de uma tribo de magos que havia entreos habitantes da Média. Entre os persas havia uma casta sacerdo-tal de magos semelhante aos caldeus da Babilônia (Dn 1.4). Danielera chefe de tal ordem (Dn 2.48). O vocábulo mágico deriva dessetermo grego. A palavra transmite a ideia de mágica, como no caso

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 Mateus 2

do mágico Simão (At 8.9,11) e de Elimas Barjesus (At 13.6,8). EmMateus, a ideia é que os magos eram astrólogos. Babilônia era a casa

da astrologia, mas só sabemos que os homens eram do Oriente. Issosignifica que podiam ser da Arábia, Babilônia, Pérsia ou de outrolugar. A noção de que eles eram reis surgiu da interpretação de Isaías60.3 e Apocalipse 21.24. A concepção de que eram três devese àmenção dos três tipos de presentes (ouro, incenso, mirra), mas nãohá a menor comprovação disso. A lenda acrescentou à história osnomes de Gaspar, Baltasar e Melquior, dizendo que representavam

os filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé. Supõese que o caixão que está nacatedral de Colônia, Alemanha, contenha o crânio desses três per-sonagens. A frase grega traduzida por “do Oriente”, áirò àvaxolQv significa “dos levantes” (do sol).

2.2. Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? 10 (IIouêoTiv ó xexGelç PocaiA.euç tgòv ’Iouôoáwv;) Os magos afirmaramque viram a estrela desse rei. A estrela era um milagre ou uma

combinação de estrelas brilhantes ou um cometa. É possível queesses homens fossem prosélitos judeus e soubessem da esperançamessiânica, pois até Virgílio, que viveu de 70 a 19 a.C., tinha umvislumbre disso. O mundo inteiro estava inquieto na expectativade algo prestes a acontecer. James Hope M oulton11informa que osmagos criam que uma estrela era o congênere ou “anjo” (cf. Mt18.10) de um grande homem.12Eles foram adorar o Rei dos judeus

recémnascido. Sêneca'3fala sobre magos que chegaram a Atenascom sacrifícios para Platão depois que este morrera. De algumamaneira, eles concluíram que a estrela que viram indicava o nas-cimento desse Rei messiânico. Cícero (De Divin.  i. 47) refereseà constelação pela qual, na noite do nascimento de Alexandre, osmagos predisseram que o destruidor da Ásia nascera.14 Alford15está convencido de que Mateus não está dizendo que os magos

criam que um milagre ocorrera no céu noturno. Mas podemos di-zer que o nascimento de Jesus, no momento em que o Filho únicode Deus tornouse carne, é o maior de todos os milagres. Nemsequer os métodos utilizados pelos astrólogos precisam perturbaros que estão seguros deste fato.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 Porque vimos a sua estrela no Oriente16 (e’íôo|iey yàp aíruoO zòv  áoxépa kv  xfj àvaioÀri). Isso não significa que eles viram uma

estrela que estava no Oriente. Caso tivessem seguido uma estrela para o Oriente, eles não teriam ido para a Judéia. As palavras no Oriente  têm de ser consideradas com vimos,  ou seja: “Nós estáva-mos no Oriente quando a vimos”, ou mais provavelmente: “Nós vi-mos a sua estrela na sua ascensão”. Moffatt traduz “quando subiu”.A forma singular if} àvazoXr\  às vezes significa “oriente” (ver Ap21.13, NVI), embora o plural seja mais comum, como em Mateus

2.1. Em Lucas 1.78, a forma singular significa “sol nascente” (ARA;“oriente”, ARC), como o verbo ávéxeiÀev significa em Mateus 4.16(“raiou”).

2.3. Perturbou-se,11e toda a Jerusalém, com ele  (éTapáxQt] «aiTTâoa 'lepooóÀufia |aet’ aírcoü). Quem conhece bem a história deHerodes, o Grande, entende perfeitamente por que a cidade fica-ria alarmada com a notícia de um rei irritado.18 Na sua fúria com

as rivalidades e ciúmes entre os membros da sua família, Herodesmatou os dois filhos de Mariana (Aristóbulo e Alexandre), a própriaMariana, e Antípater, outro filho e outrora seu herdeiro, além doirmão e mãe de Mariana (Aristóbulo e Alexandra) e o avô dela, JoãoHircano. Ele fazia um testamento depois do outro e agora padeciade uma doença fatal. A pergunta dos magos o deixou extremamen-te furioso. Ele externou a sua agitação, colocando a cidade inteira

em alvoroço. As pessoas sabiam muito bem o que ele poderia fazerquando ficava com raiva por seus planos terem sido atrapalhados.“O estrangeiro e usurpador temia o rival, e o tirano receava que orival fosse acolhido favoravelmente.”19 Herodes era um detestávelidumeu.

2.4. [Ele] perguntou-lhes onde havia de nascei20 o Cristo (êmjyGáveuo ™p’ airrwv ttou ô Xpioròç yevvâxca). Temos o presen-

te profético (yevvcaca), mostrando que Mateus registrou as palavrasexatas de Herodes. A terceira pessoa do singular do pretérito imper-feito ativo do indicativo (éiTuvBávÉTo) dá a entender que Herodesindagava repetidamente, de um e outro dos líderes reunidos, tantodos saduceus (os príncipes dos sacerdotes) quanto dos fariseus (os

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 Mateus 2

escribas do povo). Alan McNeile21 duvida que Herodes tenha reu-nido todo o Sinédrio, porque ele começara o reinado massacrandoos membros do mesmo. “Ele poderia facilmente perguntar a um sóescriba.”22 Não obstante, já fazia trinta anos que Herodes mandaraassassinar os anciãos, e agora ele estava por demais ansioso parasaber exatamente o que os judeus esperavam com relação à vinda doMessias. Mateus não menciona os anciãos, donde concluímos queHerodes não convocou o Sinédrio, mas chamou apenas os líderesentre os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo. Esta teriasido uma assembléia facultativa para simples consulta, e não umareunião formal. É lógico que ele já ouvira falar desse esperado rei,e engoliria bastante orgulho para maquinar o malogro de tais espe-ranças.

2.5.  E eles lhe disseram  (ol ôe eiuau aÚTtò).23 Mesmo semter de pesquisar as Escrituras, os eclesiásticos dão a opinião judai-ca comum de que o Messias tinha de vir de Belém e da descen-dência de Davi (Jo 7.42). Citaram Miquéias 5.2 em “paráfrase li-vre”, como diz Henry Alford, pois não está exatamente nos termosdo texto hebraico ou da LXX.24 Pode ser citação de um acervo detestimonia que ficou conhecido pela pesquisa de J. Rendei Harris.Herodes consultou os peritos e ouviu a resposta: “O lugar é Belémda Judéia”. O uso da terceira pessoa do singular do perfeito passivodo indicativo (Yéypcanm) é a forma comum para citar as Escrituras:“está escrito”.

2.6. Que há de apascentar 25(ootlç TToqiavei). “Homero chamaos reis ‘os pastores do povo’.”26 Em Hebreus 13.20, Jesus é chama-do o “grande Pastor das ovelhas”. Jesus se chama “o bom Pastor”(Jo 10.11). Pedro chama Cristo o “Pastor e Bispo da vossa alma” (1Pe 2.25). “O Cordeiro que está no meio do trono os apascentará”(Ap 7.17). Jesus disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo21.16).

2.7. Então, Herodes, chamando secretamente os magos21(Tóxe'Hpcóôriç  XáQpa  28 KccAiaaç touç laáyouç). Claro que Herodes nãodisse para os peritos judeus a razão do seu interesse pelo Messias.Semelhantemente, ele esconde os seus motivos dos magos. E com

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

isso “inquiriu exatamente”29 (riKpißwoev Trap’ auxuv), ou “informouse com precisão” . Ele estava ansioso para saber se a profecia judaicado local do nascimento do Messias concordava com as indicaçõesque a estrela deu aos magos.

 Acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera  (uòv xpóvovToü 4mvo|iévoi) omépoç) não é “o tempo quando a estrela apare-ceu”, mas a época da aparição da estrela.30

2.8.  E, enviando-os a Belém, disse  (kkI ué[_u|jaç ctíitouç elçBri9A.ée|i31eíuev). Participio aoristo simultâneo, “enviando disse” .

 Perguntai diligentemente32 (klexáaate axpißuc;)33 a respeito domenino.

 Participai-mo, para que também eu vá e o adore (áTTctyyeiÀaTé(0,01, ottgoç Káyò) èA.9ò)y upooKuvrioco aírctò). O artifício de Herodesera bastante plausível e teria sido bemsucedido, não fosse a inter-venção de Deus para proteger o seu Filho da raiva invejosa do rei.

2.9.  Ia adiante deles34 (irpofiyev autouç), terceira pessoa dosingular do pretérito imperfeito ativo do indicativo, “mantinhaseà frente deles”. A estrela não era um guia para a cidade, visto queagora eles sabiam qual era a cidade, mas para o lugar onde o meninoestava. De acordo com 2.11, o menino estava em uma casa.35

2.10. Alegraram-se muito com grande júbilo36(kxápr\oav  %apàv[ieyáÀriv ocfióôpa), terceira pessoa do singular do aoristo segundo

 passivo do indicativo com acusativo cognato. A alegria deviase aosucesso da procura.

2.11.  Abrindo os seus tesouros (àvoíE.avxeç  touç Orioaupouçcdr.áv). Aqui, tesouros significa “caixas de jóias”. No grego vem doverbo uí9r||_ii, e significa um recipiente para objetos de valor. Nos es-critores antigos, significava “tesouro”, como em 1 Macabeus 3.29.Em Mateus 13.52, é um “depósito”. Significa “as coisas colocadas emestoque [armazenadas]”, “tesouros” no céu (Mt 6.20), “tesouros” emCristo (Cl 2.3). Nas caixas de jóias, os magos tinham ouro, incensoe mirra. Naquele tempo, todos esses artigos eram obtidos na Arábia,embora se encontrasse ouro na Babilônia e em outros lugares.

2.12. Sendo por divina revelação avisados em sonhos37(Xpr||ioaio9évT;ec; kcct’ bvap).  O verbo significa “tratar de negócio”

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 Mateus 2

(XprpaTÍ(G) de xpfpa e este de %páo|ioa), “usar”. Daí “consultar”, “de-liberar”, “dar resposta” como de magistrados ou um oráculo, “instruir”,

“advertir”. Na LXX e nas páginas do Novo Testamento, ocorre com aideia de ser avisado por Deus e tem o mesmo significado nos papiros.38A tradução de Wycliffe é: “Uma resposta recebida no sono”.

2.13.  Porque Herodes há de procurar o menino para o matar  (laéÀÀei yàp 'Hpcóõr|ç (r\ielv  tò rnuôíov toO áuoÀéaai aírcó39).Os magos foram avisados em sonhos para que não informassemHerodes, e agora José é avisado em sonhos para que fugisse com

Maria e o menino. A declaração grega acima pincela um quadrovívido do propósito de Herodes.

2.15. [Ele] esteve lá até à morte de Eferodes40  (ecoç xrjç T€À.euxf|ç'Hpcóôou). No Egito, José teve de cuidar de Maria e Jesus até a mortede Herodes, o monstro. Mateus cita Oséias 11.1  para mostrar quese tratava do cumprimento do propósito de Deus para chamar o seuFilho do Egito.41A citação pode ter sido tirada de um acervo de tes- 

timonia, em vez de ser citação da LXX. Há uma tradição judaica noTalmude que diz que Jesus “trouxe consigo artes mágicas do Egitoem uma incisão no corpo”.42 “Essa tentativa de atribuir os milagresdo Senhor à agência satânica é independente de Mateus, e pode tersido do seu conhecimento, de forma que um dos objetivos da suanarrativa é combater essa ideia.”43

2.16.  Matar todos os meninos que havia em Belém  (dtvellev

ravraç touç TToâôaç touç kv  BriGXéep).44 A fuga de José era justifica-da, pois Herodes “irritouse muito” (è0u|acó9ri kíav) por ter sido es-carnecido ou iludido (èu<ETrcáx0r|) pelos magos.45 Claro que Herodesnão sabia qual era a idade do menino. Por isso, não querendo correro risco de perdêlo, ele engloba “todos os meninos” (uáv-zaç  xoíiçTTcâòaç. substantivo masculino acompanhado de artigo) de Belém,de dois anos para baixo, perfazendo talvez quinze ou vinte. Não

admira que Josefo não mencione esse pequeno detalhe na câmarade horrores de Herodes. Tratavase de outro cumprimento profético,desta feita de Jeremias 31.15.

2.18.  Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande   pranto... porque já não existiam  (Í>gout] ev 'Pa|ià r)KOÚa0r|, kà,(xu0[íÒí;

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Kcd óõuppòç; uoÀúç, ... o u oi)K eloív). A o  que parece, o texto deJeremias 31.15 foi citado da LXX. Originalmente, o texto profético

foi escrito a respeito do cativeiro babilónico, mas tem pertinêncianotável neste caso. Macróbio46 observa que Augusto disse que eramelhor ser a porca (uç) de Herodes do que o seu filho (ulóç), pois a

 porca tinha mais chance de sobreviver.2.20. Porque já estão mortos os que procuravam a morte do me- 

nino41 (Te0vr|Kaoiv yàp ol Çtitouvtéç iln>xf)v T°t) ircuôíou48). SóHerodes procurara matar o menino, mas tratase de uma declaração

geral de um fato particular, como na expressão idiomática: “Dizemque...” Os dizeres podem ter sido evocados pelo texto de Êxodo4.19: “Porque todos os que buscavam a tua alma morreram”.

2.22.  Mas, avisado em sonhos por divina revelação49(Xpr||j,aTiG0eiç ôe kkt’ ovap). José ainda estava com medo de ir paraa Judéia, porque era Arquelau50 que agora ali reinava (regia, emboranão fosse tecnicamente rei — ßccoiAeuei). Em uma choradeira lamu-

rienta pouco antes da morte, Herodes mudara o seu testamento denovo, desta vez colocando Arquelau, o pior dos seus filhos vivos,em lugar de Antipas. Por isso, José foi para a Galiléia. Mateus nadadiz sobre José e Maria já terem morado em Nazaré. Sabemos dessainformação por Lucas, que não conta nada sobre a fuga para o Egito.As duas narrativas completam uma à outra e de modo nenhum sãocontraditórias.

2.23.  Ele será chamado Nazareno  (NaÇwpoâoç KA,r|0r|aeTca).Mateus diz que era para cumprir o que fôra dito pelos profetas (ottcoçuA.r|pa)0f| tò pr|0èv ôià tòjv TTpo4>r)T<jov). É a forma plural, e nãoexiste uma única profecia sobre o Messias ser chamado Nazareno.51O significado talvez seja um termo de desprezo (Jo 1.46; 7.52), eque várias profecias estejam combinadas, como Salmos 22.6,8;69.11,19; Isaías 53.2,3,4. O nome  Nazaré   quer dizer “broto”, “re-

 bento” ou “ramo”, mas de forma alguma é certo que Mateus tivesseisso em mente (ver Broadus para inteirarse de teorias52). Porém, pormais menosprezada que a cidade Nazaré fosse naquela época, Jesusa elevou à fama. No início foi o Nazareno humilde, mas agora é anossa glória ser seguidores do Nazareno. Bruce afirma que, “neste

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 Mateus 2

caso, em vez da profecia que cria a história, sabemos com certezaque o fato histórico propôs a referência profética”.53 Os paralelos

feitos por Mateus entre a história de Israel e o nascimento e infânciade Jesus não são mera fantasia. A história algumas vezes se repete,e os escritores da história encontram paralelos frequentes. É óbvioque Mateus não está fôra dos limites da razão ou dos fatos ao ilus-trar, a seu modo, o nascimento e infância de Jesus pela providênciade Deus na história de Israel.

 NOTAS  _____________________________________________________ 1 “Depois que Jesus nasceu” (NVI).

2  Alexander Balmain Brace, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 69. Ver Js 19.15.

3GNT/NA e TM têm Br|0A,ée(i, WH e TR acentuam a última sílaba Br|0Àeé|j..

4 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  19.15. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

5“Em dias do rei Herodes” (ARA).6GNT/NA, WH e TM têm o iota subscrito, 'Hpcóôou; TR não tem, 'Hpúôou.

7  Josephus,  Antiquities o f the Jews,  17.6. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

8Robertson o chama “Herodes, o Grande Pervertido”, em Some Minor Characters in the New Testament  (Reimpressão, Nashville: Broadman & Holman, 1976), p.25.

9Josephus,  Antiquities o f the Jews,  14 — 18. [Edição brasileira: Flávio Josefo,

 História dos Hebreus: Obra Completa  (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).] HaroldW. Hoehner menciona que Herodes, o Grande, chegou a fazer seis testamentosdiferentes, causando dificuldades para a sucessão depois da sua morte, a qualele sabia que não estava distante ( Herod Antipas: A Contemporary o f Jesus Christ   [Grand Rapids: Zondervan, 1972], pp. 269276). Robertson declara:“Ele era idumeu, amigo dos romanos, aficionado pelos costumes gregos, odia-do pelos fariseus e judeus por suas inovações e crueldades, mas homem deextremo vigor e força de caráter. Reconstruíra (ou mais exatamente, começaraa reconstruir) o templo. Mudou o seu testamento muitas vezes por causa desuspeitas e ciúmes entre os seus numerosos filhos e esposas, mãe, irmã e sogra.Mesmo agora ele estava com a saúde debilitada e anormalmente sensível sobrequalquer dúvida”. A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to 

 Matthew  (Nova York: Macmillan, 1911), p. 62.

10“Onde está o recémnascido Rei dos judeus?” (ARA).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

11 James Hope Moulton em Journal o f Theological Studies  (1902): p. 524.

12 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,

1980), p. 14.13 Epistle 58.

14McNeile,  Matthew,  p. 14.

15 Henry Alford, The Greek New Testament, with a Critically Revised Text, 4 Volumes em 2 Volumes (Chicago: Moody, 1958), vol. 1, p. 10.

16“Vimos sua estrela no seu surgir” (BJ; cf. NVI, nota de rodapé).

17 “Ficou muito preocupado” (NTLH); “alarmouse” (RA; cf. BJ).

ISJosephus,  Antiquities o f the Jews,  pp. 14, 15. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa  (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

19 Brace, Expositor s, p. 71.

2° “perguntou onde devia nascer o Messias” (NTLH).

21  McNeile,  Matthew , p. 15.

22  Josephus,  Antiquities o f the Jews,  14.9.4. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa  (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

23 “Responderam eles” (ARA) à pergunta de Herodes. GNT/NA e WH têm: eíimv; 

TR e TM tem uma grafia diferente para o mesmo verbo: éittoi\24Alford, Greek New Testament,  vol. 1, p. 13.

25 “Que, como pastor, conduzirá” (NVI).

26 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), vol. 1, p.20 .

27 “Então Herodes chamou em secreto os magos” (AEC; cf. NTLH).

28GNT/NA, WH e TM têm o iota subscrito em ambas as palavras, 'Hptóôr|ç ÀáGpa;

TR omite o iota subscrito em ambas as palavras, 'Hpcóõr]ç ÀáOpa.29“Procurou certificarse com eles” (BJ); “informouse com eles” (NVI).

30“O tempo exato em que a estrela havia aparecido” (NTLH; cf. NVI).

31 Ver comentários sobre Br|9/lég[i em 1.216.

32 “Procurai obter informações exatas” (BJ).

33 GNT/NA e WH têm ^eraoaxe (kpipwç; TR e TM têm as palavras em ordeminvertida, àKpipwç kE,eláoaie.

34“Ia à frente deles” (BJ). Robertson declara: “Não podemos deixar de supor quea estrela desaparecera depois do seu surgimento e que agora ela voltara a surgir.O que Mateus quer dizer é que a estrela continuava se movimentando a frentedeles” {Commentary on Matthew, p. 66).

35 A. T. Robertson, Word Pictures in the New Testament,  6 Volumes (Nova York:Richard R. Smith, 19301933), vol. 2, p. 19, fala de “estalagem de acordo com

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 Mateus 2

Lucas 2.7. Justino Mártir diz que era em uma caverna. A baia onde o gado e os jumentos ficavam podia ser um lugar situado em nível inferior à estalagem, dolado da colina” . Porém, Mateus 2.11 fala que o menino estava em uma casa. E

improvável que Jesus e seus pais tivessem ficado em uma estalagem por doisanos. E lógico que eles se mudaram para uma casa.

36“Alegraramse com grande e intenso júbilo” (ARA).

37 “Tendo sido advertidos em sonho” (NVI).

38 G. Adolph Deissmann,  Bible Studies: Contributions, Chiefly fro m Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language,  2a ed., traduzido por A. Grieve(Edimburgo: T. & T. Clark, 1923), p. 122.

39GNT/NA, WH e TM têm o iota subscrito, ao passo que TR o omite, 'Hpcóôriç.

40“Onde ficou até a morte de Herodes” (NVI).41 Robertson declara: “Não existe profecia a respeito, mas é uma alusão ao fato

histórico que Deus tirara do Egito os filhos de Israel (Israel é frequentementechamado filho ou servo de Deus). Tratase de uso típico do evento famoso, umacoincidência projetada de acordo com o autor, que vê paralelo surpreendenteentre a história de Israel e a vida de Jesus” (Commentary on Matthew, p. 67).

42 Shabb,  104b. Robertson declara: “Jesus ficou no Egito pouco tempo como bebê,não tendo chance de ser influenciado pelas artes mágicas praticadas naquele

 país. Celso fez esta acusação gratuita contra Cristo” (Commentary on Matthew,  p. 67).

43 McNeile,  Matthew , p. 19.

44Ver comentários em 2.1.

45“Illusus esset” (Vulgata Latina); “havia sido enganado” (NVI; cf. BJ).

46Sat., 2.4.11.

47 “Porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino” (ARA).

48 GNT/NA e WH têm o v  eufônico em TeGviÍKotaiv, ao passo que TR e TM o

omitem, Te9vr|Kaai.49“Tendo sido avisado em sonhos” (AEC).

50 Robertson declara: “Quando José deixara a Judéia, o testamento de Herodesestipulava que Antipas o sucedesse. À última hora, ele mudou o testamento(Josephus,  Antiquities o f the Jews,  18.811 [Edição brasileira: Flávio Josefo,

 História dos Hebreus: Obra Completa  (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]), de-terminando que ’ ApxéA.aoç fosse o governador da Judéia e Samaria, Antipas, otetrarca da Galiléia e Peréia, e Filipe, o tetrarca da Ituréia e Trachonito. José fi-cou sabendo dessas mudanças quando chegou às fronteiras da Judéia’ApxeA.aoçera um homem muito pior que Antipas. Por conseguinte, José hesitou em expora criança à furia de outro homem de temperamento semelhante a Herodes, oGrande” (Commentary on Matthew, p. 69).

51  De início, supomos que diz “o que fôra escrito”. Mas não diz assim! Diz “oque fôra dito”. O fato é que há profecias que foram escritas e nunca foram

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ditas. Algumas foram escritas e ditas; ao passo que outras foram ditas e nun-ca escritas. Esta profecia se classifica no último grupo. Há grande diferençaentre to pr|0év, “o que fôra dito”, e o yiÉYpcnnm, “o que fôra escrito” ! E. W.

Bullinger,  Figures o f Speech Used in the Bible  (Reimpressão, Grand Rapids:Baker, 1968), pp. 710,711.

52  John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), p. 28. [Tradução Brasileira: BROADUS, J. A. Comentário do 

 Evangelho de Mateus.  Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1949, V. I,II.]

53Bruce,  Expositor’  s, p.  78.

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Capítulo

3

 Mateus 

3.1.  Naqueles dias, apareceu João Batista  (’Ev ôè mlç   rpépaiçètceívaiç mxpayíveToa ’Icoáwriç1ò pauTiotriç). Aqui a narrativa sinótica começa com o batismo de João (cf. Me 1.2; Lc 3.1) de acordo coma apresentação de Pedro em Atos 1.22: “Começando desde o batismode João até ao dia em que dentre nós foi recebido em cima”.2Mateusnão indica a data quando João Batista apareceu, como Lucas faz nocapítulo 3 (o ano quinze do império de Tibério César). Isso ocorreu

uns trinta anos depois do nascimento de João Batista, embora nãosaibamos precisamente quanto tempo foi depois do retomo de José eMaria para Nazaré. Moffatt traduz o verbo ™pay [vexea por “entrouem cena”, mas o verbo está no presente histórico e exige uma ima-ginação vívida por parte do leitor. Lá vem ele adiantandose, fazen-do a sua aparição. O nome João quer dizer “Presente de Jeová” (cf.Gotthold, em alemão) e é uma forma encurtada de Joanã ou Joanão.

“Batista”, que significa “aquele que batiza”, é o rito que o caracteriza.Os judeus tinham o batismo de prosélito, como mostra I. Abrahams,3mas esse rito era exclusivo para os gentios que aceitavam o judaísmo.João Batista está tratando os judeus como gentios ao exigir que sedeixem batizar por ele com base no arrependimento.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 Pregando no deserto da Judeia  («ripúaaGJV' kv  xfj èpr||ito xf|ç’Iouôaíaç). Era a região escarpada que se estendia pelos montes

 próximos ao rio Jordão e o mar Morto. Havia algumas pessoas dis- persas pelos penhascos áridos e estéreis. João Batista tinha contatoestreito com pedras, árvores, cabras, ovelhas e pastores, cobrasque fugiam da relva que queimava pelos cantos das pedras. Ele erao batista, mas também o pregador, anunciando a sua mensagem

 primeiramente pelos montes desnudos, onde havia poucas pesso-as, mas logo a sua mensagem surpreendente atraiu multidões de

 perto e de longe.3.2.  Arrependei-vos  (iiexavoeiTe). Há certa complexidade en-volvendo a tradução desse termo. João Batista não está chaman-do as pessoas para “sentir tristeza de novo” (do latim repoeni- tet,  [impessoal]), mas para mudar (pensar subsequentemente) deatitude mental (laeiavoeiTe) e conduta. A Vulgata Latina tem “fa-zer penitência”, e Wycliffe a segue. O Siríaco Antigo é melhor:

“Voltar”. Esta é a grande palavra4 de João Batista cuja tradução édifícil. O detalhe trágico é que não existe palavra em outro idiomaque reproduza o significado e a atmosfera que o grego transmite.Em grego, há uma palavra que significa “sentir tristeza de novo”(|iera[iéXo|ica), que corresponde a arrepender-se. E a palavra gregausada acerca de Judas (Mt 27.3). João Batista era um novo profe-ta, que voltou à chamada dos antigos profetas: “Torne” (Is 55.7),

“converteivos” (Ez 33.11; Joel 2.12), “restituindo” (Ez 33.15). Porque é chegado o Reino dos céus (ríyyiKev5 yàp f] pomÀeía züv  oíipavwv).6Observe a posição do verbo e o uso do tempo per-feito ativo. Era uma mensagem impressionante que João Batistatrovejou pelos montes e fez ecoar ao longo da terra. Os profetasdo Antigo Testamento anunciaram que chegaria no tempo certo deDeus. Como arauto do novo dia, João Batista proclama que estava

se aproximando. O quanto estava próximo, ele não diz, mas comcerteza ele quer dizer que estava muito  perto — suficientemente perto para que se pudessem ver os sinais e a prova. Ele não explicao sentido da frase “o Reino dos céus”. Os outros Evangelhos usam“o Reino de Deus”, como às vezes Mateus também usa. Mateus

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

de novo o tempo imperfeito, mostrando um fluxo regular de pessoasque saíam para ouvilo. Moffatt entende como causativo médio, “fo-

ram batizados”, o que é possível. “O movimento do curso era gradual.Começou em pequena escala e foi aumentando cada vez mais até al-cançar proporções colossais.”12É pena que hoje o batismo seja questãode tanta controvérsia. Deixemos que Plummer, notável comentaristaanglicano, fale sobre o fato de João estar batizando essas pessoas queiam até ele em multidões: “O seu ofício é ligálas a uma nova vida,simbolizada pela imersão em águas”.13 Corretíssimo, simbolizada e

não causada ou obtida. A palavra rio é a leitura correta, “o rio Jordão”.Eram batizadas “confessando os seus pecados” (&;0|j,0A.0Y0Ú|!ev0i), provavelmente cada pessoa fazendo confissão imediatamente antesdo batismo, “fazendo confissão aberta” (Weymouth). Era uma cena

 para nunca mais ser esquecida às margens do rio Jordão. João Batistaestava chamando uma nação para uma nova vida. As pessoas vinhamde todas as partes da Judeia e até da Pereia, que ficava do outro lado

do El Gôr (o Desfiladeiro do Jordão). Marcos acrescenta que toda aJerusalém acabou indo também.3.7.  Dos fariseus e dos saduceus  (xcòv Oapioaíooy koc!

EaôõouKmwv). Era raro esses dois partidos rivais entrarem em açãocomum, mas eles se unem contra João Batista e, mais tarde, tambémcontra Jesus (ver Mt 16.1). “Uma atração forte aqui, uma repulsãoforte ali, fizeram com que se esquecessem momentaneamente das

suas diferenças.”14 João Batista viu esses eclesiásticos rivais “quevinham ao seu batismo” (èpxonivouç èttI tò páTrciopoc). Alford co-menta que “os fariseus representavam a superstição hipócrita; ossaduceus, a descrença carnal”.13Não podemos entender adequada-mente a atmosfera teológica da Palestina vigente naqueles dias semnos inteirarmos devidamente desses dois movimentos divergentes.16João Batista compreendeu muito bem o que os eclesiásticos que-

riam dizer ao seguirem as multidões ao rio Jordão. Ele lhes expôs ahipocrisia diante do povo.

 Raça de víboras  (rewrmara exLÔvcõv). Jesus usará o mesmolinguajar contra os fariseus (Mt 12.34; 23.33). Era habitual JoãoBatista ver ninhadas de cobras pelas tocas e fendas das pedras.

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 Mateus 3

Quando as cobras sentiam o calor do fogo, corriam (^uyeiv) para asegurança da toca.

A ira futura  (xr|ç |ieAAoúar|ç ópyf|ç) não se destinava somente para os gentios, como supunham os judeus, mas para todos os quenão estivessem preparados para a chegada do Reino dos céus (1 Ts1.10). Não há dúvida de que os fariseus e saduceus estremeceram

 pelo golpe certeiro dessa forte acusação.3.8.  Frutos dignos de arrependimento  (KapTTÒv rrjç

^ÉTavoLocç). Antes de batizar esses homens, João exige que eles apre-

sentem provas da nova vida. “Os frutos não são a mudança de co-ração, mas são os atos que resultam dela.”17João Batista foi muitocorajoso quando contestou a dignidade dos que se faziam de luzes elíderes da ética. “Qualquer um pode fazer atos externamente bons,mas só o homem bom pode fazer uma colheita de atos e hábitoscertos.”18

3.9.  E não presumais de vós mesmos  (kcu |af| ôó£r|Te Àéyeiv

év èauTOLç). João Batista tocou o ponto fraco do orgulho eclesiásti-co. Na opinião deles, os méritos dos pais, especialmente de Abraão,eram suficientes para todos os israelitas. O reformador deixou claroque existia uma ruptura entre o patriarca e os líderes religiosos noque tange ao valor da raça diante de Deus.

 Mesmo destas pedras  (ék tíôv A.Í0gov toijtgov). “Apontando,enquanto falava, os seixos na margem do rio Jordão.”19

3.10. E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores20 (r|õr| 5è r] d^ívri Trpòç Tf|v pí(av tgôv õévõpcov kéltcu). Esteverbo Keiioa é usado como o presente passivo de TÍ9r||ai. Na verda-de, a ideia é: “O machado está na (/npóç, “diante da”) raiz das árvo-res”. Está lá, pronto para agir. O presente profético também ocorrecom “é cortada” e “lançada”.

3.11.  Mais poderoso do que eu21 (loxupói;epó<; |ioú). É o caso

ablativo depois do adjetivo comparativo. O seu batismo é o batismocom água, mas aquele que vem “vos batizará com o Espírito Santoe com fogo”. “A vida na era vindoura está na esfera do Espírito.Espírito e fogo estão unidos por uma preposição como se fosse um

 batismo duplo.”22 Broadus23entende “fogo” no sentido de separação

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

semelhante ao uso da joeira. Como o mais humilde dos servos, JoãoBatista sentiase indigno de carregar as sandálias daquele que vem.(Acerca de PacraxCco, ver análise em Mt 8.17.)

3.12. Queimará a palha com fogo que nunca se apagará24(KataKaúoei uupi áapéaTtú). Note o uso do aspecto perfectivo de

 Kaxá. A eira, a pá, o trigo, o celeiro, a palha (axupov, palha, palhiço,restolho), o fogo são elementos de um quadro comum da vida. O“fogo” aqui é o julgamento do Messias que se aproxima, da mes-ma maneira que no versículo 1 1 .0 Messias “limpará a sua eira”25(ÔLíXKaBapiei tqy alcova aúxoír6). Ele a varrerá de lado a lado paradeixála limpa.

3.13. Então, veio Jesus (Tóxe uapaYÍ. veiai ô ’Irioouç). O mesmo presente histórico é usado em Mateus 3.1. Saindo da Galileia, Jesusse dirige ao rio Jordão “para ser batizado por ele”27 (toú PaiTtiaGf]

va i  Í)tt’ aíruoü). É o genitivo articular do infinitivo de propósito, umaexpressão idiomática muito comum. A fama de João Batista alcan-çara Nazaré, determinando a hora pela qual Jesus esperava.

3.14. Mas João opunha-se-lhe2*(ó ôè ’Icoáwriç ôieKxóA.uev aircòv29).  É o pretérito imperfeito conativo.30 Os dois homens de destinoestão face a face, possivelmente pela primeira vez. Aquele que vemestava diante de João Batista, que o reconhece, mesmo antes terocorrido o sinal comprobatório.

3.15. Cumprir toda a justiça (uA.rípcôoaL uâoav  ô iKaioaúvr |v) . Aexplicação de Jesus satisfaz João. Ele, então, batiza o Messias, quenão tem pecado para confessar. Isso “convém” (TTpéirov) fazer, senão o Messias dará a impressão de ficar de lado do precursor. Destaforma, unemse os ministérios de ambos.

3.16. Viu o Espírito de Deus descendo como pomba  (eiõev31to  TTveü|aa xou 9eot) Kaxapaivov còoel 'nepunepàv).  Não está cla-ro se Mateus quer dizer que o Espírito de Deus tomou a forma de

 pomba ou veio sobre Jesus como desce uma pomba. Qualquer umadas opções faz sentido. Mas em Lucas 3.22, temos “em forma cor-

 pórea, como uma pomba” (oo)|j,aTiKCÔ eíõei tóç TiepioTepáv). Esta é

 provavelmente a ideia aqui. Os cristãos consideram a pomba comosímbolo do Espírito Santo.

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 Mateus 3

3.17. Uma voz dos céus  (cjjcovr] ék tgôv  oúpavwv). Era a vozdo Pai para o “meu Filho amado” (ó ulóç [íou ó áyauriTÓç).

Assim, cada pessoa da Trindade (Pai, Filho, Espírito Santo) estárepresentada nesta entrada formal de Jesus no seu ministériomessiânico. Claro que João Batista ouviu a voz e viu a pomba.Foi ocasião muito importante para João Batista, para Jesus e para0 mundo inteiro. As palavras são semelhantes a Salmos 2.7, ea voz semelhante à que soou no monte da transfiguração (Mt17.5). O comprazimento do Pai é expresso pelo tempo aoristo

(eúôÓKrioa).

 NOTAS  _____________________________________________________ 

1  GNT/NA, TM e TR têm ’Iwávvriç, ao passo que WH tem um único v  ’Icoávriç.

2 A. T. Robertson declara: “Como habitualmente faziam muitos escritores antigos,há um enorme intervalo aqui entre o incidente do retomo de José para Nazaré e oaparecimento de João Batista como pregador. O escritor quer dizer que enquanto

Jesus morava em Nazaré, João Batista começou o seu trabalho” (Commentary on the Gospel According to Matthew  [Nova York: Macmillan, 1911], p. 72).

3 I. Abrahams, Studies in Pharisaism and the Gospels (Reimpressão, Nova York:Ktav, 1967), p. 37.

4 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 79.

5 GNT/NA e WH têm o v eufônico, líyyiKey, ao passo que TR e TM o omitem,r|yyiK 6.

6“Porque está próximo o reino dos céus” (ARA).7“Este é aquele de quem o profeta Isaías falou” (AEC; cf. BJ).

8 GNT/NA, TR e TM têm a diérese em ’Haocíou, ao passo que WH a omite,’Haaíou.

9Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 25.

10Ver nota 1 do capítulo 3 relativa à ortografia de ’Iioávvriç.

11 Alfred Plummer,  An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 27.

12 Bruce,  Expositor’  s, p. 81.

13 Plummer,  Matthew, p. 28.

14McNeile,  Matthew, p. 26.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

15 Henry Alford, The Greek Testament, with a Critically Revised Text, 4 Volumesem 2 Volumes; The Four Gospels, revisado por Everett F. Harrison (Chicago:Moody, 1958), vol. 1, p. 22.

16 Há numerosos livros, artigos e verbetes em dicionários bíblicos. Robertsondescreveu os fariseus nas primeiras Conferências Stone (1916), realizadas naUniversidade de Princeton. Esta série de palestras foi publicada em livro com otítulo de The Pharisees and Jesus  (Nova York: Scribner, 1920).

17 McNeile, Matthew, p. 27.

18Bruce,  Expositor s, p. 83.

19 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol.l, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 24.

20“O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz” (NTLH).

21 “Mais forte do que eu” (BJ).

22 McNeile, Matthew, p. 29.

23  John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), pp. 51, 52. [Tradução Brasileira: BROADUS, J. A. Comentário do Evangelho de Mateus.  Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1949, V.1, II.]

24“Queimando a palha com fogo que nunca se apagará” (AEC).

25 “Limpará completamente a sua eira” (RA).

26Futuro ático de i(w e nota õia.

27 “Para ser batizado por João” (NVI). O nome João não se encontra no texto grego.

2S“João, porém, tentou impedilo” (NVI).

29Ver nota 1 do capítulo 3 relativa à ortografia de ’Iwávvriç.

30O conativo significa que ele tentou ou tencionou, mas a ação foi incompleta.

31  GNT/NA e WH têm o v eufônico, eíôev ao passo que TR e TM o omitem, eiõe.

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Capítulo

4

 Mateus 

4.1.  Para ser tentado pelo diabo  (ité ipaaGrjvoa ÚttÒ toü

ôiapóÀoi)). Mateus situa a tentação em um tempo definido: “então”(totê), e em um lugar específico: “ao deserto” (elç xf|v eprpov). Éa mesma região geral na qual João Batista estava pregando. Nãoadmira que Jesus fosse tentado pelo Diabo imediatamente depois do

 batismo, que representava a sua entrada formal na obra messiânica.Esta é uma experiência comum para os que se expõem por Cristo.Mateus diz que “foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para

ser tentado pelo diabo”. Marcos usa uma palavra mais forte, dizen-do que o Espírito “impeliu” (èi<(3áAA€i) Jesus para o. deserto (Me1.12). Foi um impulso forte do Espírito Santo que levou Jesus ao de-serto para refletir sobre a profunda significação do grande passo quedera. Este passo abriu a porta para Satanás e implicou em conflitoinevitável com o caluniador (toíj  õux(3óA.oi)). Esse termo é aplicadoa Judas (“diabo”, Jo 6.70), a homens (“caluniadores”, 2 Tm 3.3) e

a mulheres (“caluniadoras”, 1 Tm 3.11 [NVI]; Tt 2.3) que fazem aobra do arquicaluniador. Hoje em dia, há aqueles que não crêem queexista o Diabo em pessoa, mas ao mesmo tempo não oferecem umaexplicação adequada para a existência do pecado. Certamente Jesus

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

nunca diminuiu ou negou a realidade da presença do Adversário. Overbo tentar  (ueipá(a)) aqui e em Mateus 4.3 significa originalmen-

te “testar”, “experimentar”. Esse é o significado habitual no gre-go antigo e na LXX. Ocorre um sentido ruim do verbo (na formaèieneipá(cú) em 4.7 e em Deuteronômio 6.16, versão da LXX. Porconseguinte, veio a significar, como se dá na maioria das vezes no

 Novo Testamento, “solicitar para pecar” . “E difícil de entenderque Jesus, como o Filho de Deus, pudesse ser tentado. Mas é damesma maneira difícil ver que Ele, como ser humano, pudesse

escapar da tentação. E lógico que nesta e em todas as tentaçõesde Cristo o propósito de Deus era preparar Jesus para, mediante aexperiência que teve, ser um Salvador que entendesse os nossossentimentos (Hb 2.10,18; 4.15; 5.79). A realidade da tentação nãoimplica pecado na natureza de Jesus. Ele sentiu a tentação muitomais, porque resistiu até a última gota. Ele era um verdadeiro ho-mem, embora livre de pecado.”1O sentido ruim do verbo vem do

seu uso para o propósito mau.4.2. Tendo jejuado2 (yrioteúoaç). Não um jejum cerimonial su-

 perficial, mas a abstinência de comida durante certo tempo de co-munhão com o Pai. Moisés fizera tal jejum durante quarenta dias equarenta noites (Êx 34.28). “O período do jejum, como no caso deMoisés, foi gasto em enlevo espiritual, durante o qual os desejos docorpo natural foram suspensos.”3

 Depois teve fome'1'  (uouepov èiTeívaoev) ao fim dos quarenta dias.4.3. Se tu és o Filho de Deus  (El uiòç e! toO 0eoü). Mais exata-

mente: “Se tu és Filho de Deus”, pois não há artigo antes de “Filho”(cf. BJ; ARA). O Diabo, porém, está se referindo às palavras queo Pai disse a Jesus no batismo: “Este é o meu Filho amado” (Mt3.17). Ele desafia esse modo de tratamento usando uma situação de

 primeira classe. Ele presume que a situação é verdadeira e, com ha-

 bilidade, exige que Jesus exercite o seu poder como Filho de Deus para saciar a fome. Tais ações provariam, para ele e para todos, queJesus realmente era o que o Pai o chamou.

Se tornem em pães  (aptoi yévcovTOi). Literalmente, “que estas pedras (redondas e lisas, as quais possivelmente o Maligno apontou

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 Mateus 4

ou quem sabe até as apanhou e segurou) se tomem em pães” (cada pedra um pão). Era tudo tão simples, óbvio e fácil. Satisfaria a fome

de Jesus e estaria tudo dentro do seu poder.4.4. Está escrito (yéypcnTtoa). Terceira pessoa do singular do per-feito passivo do indicativo, “permanece escrito e ainda está em vigor”.Todas as três vezes, Jesus cita Deuteronômio para repelir a tentaçãosutil do Tentador. Aqui as palavras são de Deuteronômio 8.3, da LXX.O pão é um mero detalhe5de nossa dependência de Deus.

4.5.  Então o diabo o transportou  (Tóte ™,paA.a|j,pávei aútòv

ó ôiápoÀoc;). Mateus gosta de usar o advérbio temporal tó te (ele já usou em 2.7; 3.13; 4.1,5). Note como é vívida a imagem mentaldo presente histórico. Lucas coloca esta tentação em terceiro lugar,organizandoas em ordem geográfica. Alford opina que o Malignorecebeu a permissão de ter ao seu dispor a pessoa de Cristo.6

Sobre o pináculo do templo  (cit! tò utepúyiov toü lepou).Literalmente “asa”. A palavra pináculo  vem do latim pinnaculum, 

que é diminutivo de pinna (asa). “O templo” (tou lepou) aqui incluia área total do Templo e não só o santuário (ó vaóç): o Lugar Santoe o Lugar Santíssimo. Não está claro em que lugar ficava essa “asa”.Pode ser alusão ao pórtico real de Herodes, o qual se projetava sobreo vale de Cedrom que distava uns cento e quarenta metros abaixo,uma altura vertiginosa.7Esta ala se situava no sul do pátio do tem-

 plo. O historiador Hegesipo diz que Tiago, irmão do Senhor, foi

lançado abaixo da asa do Templo.4.6.  Lança-te daqui abaixo  (pá/U oeautòv Kcítto). A atração para atirarse abaixo ao abismo intensifica o medo nervoso que as pessoas sentem quando estão em um lugar alto. O Diabo insistiu naconfiança presunçosa em Deus e citou a Bíblia para fundamentar asua opinião (SI 91.11,12). Fazendo isso, ele omitiu uma cláusula etirou conclusões errôneas da Palavra de Deus para fazer o Filho de

Deus tropeçar. Se a população o visse planando até ao chão comose tivesse vindo do céu, não haveria quem não acreditasse que Jesusera o Messias. Este seria um sinal do céu em concordância com aexpectativa messiânica popular. Os anjos seriam um tipo de “páraquedas espiritual” para Cristo.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

4.7 Não tentarás o Senhor, teu Deus&(Oúk eKTTeipáaeiç KÚpiovtÒv Qeóv  oou). Jesus cita Deuteronômio mais uma vez (Dt 6.16)

 para mostrar que o Adversário usou de maneira totalmente errada a promessa de proteção dada por Deus.

4.8. E mostrou-lhe (Wi õeiKvuoiv aurto). Esse panorama mara-vilhoso tinha de ser parcialmente mental e imaginativo, visto que oTentador fez passar em revista “todos os reinos do mundo e a glóriadeles”. Mas esse fato não prova que todas as fases das tentaçõessejam subjetivas ou que o Maligno não estivesse verdadeiramente

ali. Temos aqui mais uma vez o presente histórico (õeÍKvuoiv) quenos proporciona uma imagem mental vívida. Agora o Maligno temCristo em um monte muito alto, seja o tradicional monte Quarantâniaseja outro lugar. Do ápice do monte Nebo, Moisés teve a visão daterra de Canaã (Dt 34.13). Lucas diz que o panorama ocorreu “nummomento de tempo” (Lc 4.5). Portanto, é óbvio que houve um ele-mento de visão.

4.9. Tudo isto te darei9 (Tauxá ooi vávicc  ôcóoco). Satanásafirma que governa o mundo, até as regiões que estejam fôra daPalestina ou do Império Romano. Jesus não contesta o que ele afir-ma. “Os reinos do mundo” (Mt 4.8) estavam sob a sua influência.Kóopou salienta o arranjo ou disposição metódica do universo, ao

 passo que t) 0lK 0U(iévri apresenta a terra habitada. Ainda que Satanás possa cumprir o que prometeu, Jesus repele a condição:10“Se pros-

trado, me adorares”11 (TTeooov irpooKwriariç poi). Lucas (4.7) diz:“Se tu me adorares, tudo será teu” (TTpoaKuviícrflç èvGÓrriov époO), queé linguagem menos ofensiva, mas mesmo assim implica adoraçãoao Diabo. Desta forma, a ambição de Jesus é imposta ao custo doreconhecimento da primazia do Diabo no mundo. Esse acordo teriaimplicado na rendição do Filho de Deus ao príncipe mundial dastrevas. “A tentação era tripla: ganhar domínio temporal e não espiri-

tual, ganhálo imediatamente e ganhálo por um ato de homenagemao príncipe deste mundo, que tomaria o autoconstituído Messias noviceregente do Diabo e não de Deus.”12

4.10. Vai-te, Satanás13Ç' Ymr/e, Earavâ). As palavras “para trásde mim” (óttlogj pou) pertencem a Mateus 16.23 e não são originais

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 Mateus 4

aqui. Esta tentação é o limite da sugestão diabólica e argumenta afavor da ordem lógica em Mateus. Satanás  significa “adversário”,

e é como Cristo identifica o Diabo. Jesus cita Deuteronômio 6.13 para repelir a sugestão infame pelo uso da citação da Bíblia. Maistarde, Jesus advertirá os homens a não servirem a Deus e a Mamom(Mt 6.24). O Maligno, como senhor do mundo mau, constantementetenta ganhar os homens para o servirem. A palavra em Mateus 4.10traduzida por servirás é ÂaTpeúaeiç, de Àátpiç, que significa “servocontratado”, aquele que trabalha por contrato.

4.11. Então, o diabo o deixou (Tóxe á^írioiv cojtov ó ôiápoÀoç). Note o uso mais uma vez de então (tÓté) e do presente histórico. Omovimento é rápido.

 E, eis (kou   íôoú), como frequentemente ocorre em Mateus, são palavras que dão prosseguimento à cena.

Chegaram os anjos e o serviram14 (ayyeÀoi TTpoafjÀGov «aiôir|KÓvouv auTcò). IIpoof|À0oy é um aoristo constativo, terceira pes-

soa do plural do aoristo ativo do indicativo. Alt|kÓvoi)v descreveação pitoresca imperfeita e linear. A vitória foi ganha apesar do je- jum de quarenta dias e os ataques repetidos do Adversário que expe-rimentara todas as possibilidades de abordagem. Os anjos o anima-ram por causa da inevitável reação nervosa e espiritual da tensão doconflito, e também lhe deram comida, como no caso de Elias (1 Rs19.6,7). As questões em jogo eram de suma importância, visto que

os defensores da luz e das trevas lutaram por domínio. Lucas (4.13,ARA) informa que o Diabo deixou Jesus somente “até momentooportuno” (axPLKcapoü).

4.12. Jesus,15 porém, ouvindo (AkoÚoccç ôé). Arazão de Jesus tervoltado para a Galiléia é que João Batista fôra preso. Os EvangelhosSinóticos pulam um ano inteiro: da tentação de Jesus ao seu minis-tério galileu. Mas da passagem de João 1.19—3.36, não saberíamos

nada sobre o “ano da obscuridade”.16A obra de Cristo na Galiléiacomeçou depois do fim do ministério ativo de João Batista, cujaobra se estendeu na prisão por um ano ou muito mais.

4.13. [Ele] fo i habitar em Cafarnaum17(èÀQoòv kktgÓktioév eiçKacjjapvaoup.). Jesus foi primeiro para Nazaré, o seu antigo lar, mas

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ali o rejeitaram (Lc 4.1631). Em Cafamaum (provavelmente o sítioarqueológico de Tell Hum), Jesus estava em uma cidade grande, um

dos centros da vida política e comercial da Galiléia, que tinha umcomércio de peixes. Muitos gentios dirigiamse a Cafamaum. Ali,a mensagem do Reino teria melhor chance que em Jerusalém, comseus preconceitos eclesiásticos, ou em Nazaré, com seus ciúmes lo-cais. Assim, Jesus “foi habitar” (KaxcÓKr|oev) ali.

4.16. Viu uma grande luz18(4>(3ç eíôev |aéya). Mateus se refere aIsaías 9.15 e aplica ao Messias as palavras a respeito do libertador

da Assíria. “O mesmo distrito achavase em trevas e morte espiri-tual e o novo tempo amanheceu quando Cristo foi para lá.” 19A luzresplandeceu “aos que estavam assentados na região e sombra damorte” (kv  %cópa KCCL 0KLÍ Qaváxou). A morte foi personificada.

4.17. Começou Jesus a pregar (r\ pactuo ô Tr|ooOç icrpúcaeiv) naGaliléia. Já fazia um ano ou mais que ele estivera pregando em ou-tro lugar. A sua mensagem levou avante as palavras de João Batista

sobre “arrependimento” e a proximidade do “Reino dos céus” (Mt3.2). A mesma palavra traduzida por “pregar” (KTpúoaeiv), deriva-da de Kfjpui;, aquele que anuncia,  é usada em pertinência a Jesuscomo também a João Batista. Ambos proclamaram as Boas Novasdo Reino. Mateus descreve Jesus mais frequentemente por Mestre(ó ôiôáaKcdoç) que ensinava (èõíõaoKev) o povo. Ele era anunciadore professor.

4.18.  Lançavam as redes ao mar 20 (páAAovraç á|i4> ípÀr|aTpovelç xr]y 0áA.aaaav). O te m o usado se refere a uma rede de arremes-so (compare á|i(t)ipáXX(jO em Marcos 1.16, lançando em ambos oslados). A rede era lançada por cima do ombro e espalhada em umcírculo (á[i4>í). Em Mateus 4.20, 21, ocorre outra palavra, õíicrua, ereferese a redes de qualquer tipo. A grande rede de arrasto (oayrivr])consta em Mateus 13.47.

4.19.  Pescadores de homens  (áÀielç àvGpcÓTTOúv). André e Simãoeram pescadores profissionais. Eles já tinham se tomado discípulos deJesus (Jo 1.3542), mas agora a chamada é para deixar o trabalho secu-lar e seguir a Jesus nas suas viagens e atividades ministeriais. Esses doisirmãos prontamente (eúBécoç) atenderam a chamada e desafio de Jesus.

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 Mateus 4

4.21. Consertando as redes11(KarapTiÇovTaç m   õlktw oojtqv).Estes dois irmãos, Tiago e João, estavam preparando as redes para a

 pesca. O verbo (KcrcapríCco) significa “ajustar”, “articular” a homensse necessário (Lc 6.40; Rm 9.22; G16.1). Assim, imediatamente dei-xam o barco e o pai para seguir a Jesus. Eles também já tinham setomado discípulos de Jesus. Agora há quatro homens que o seguem

 permanentemente.4.23.  Percorria Jesus toda a Galiléia22  ('iTepirp/ey lv   tf)

rcdiAaía). Literalmente, Jesus “estava circulando (imperfeito) por

toda a Galiléia”. Esta é a primeira das três excursões da Galiléia queJesus fez. Dessa vez, ele levou os quatro pescadores que chamara

 para prestarem serviço pessoal. Na segunda vez, Ele levou os doze. Na terceira visita, enviou os doze à frente, de dois em dois. Ele ensi-nava e pregava o evangelho do Reino principalmente nas sinagogas,mas também nas estradas e mas onde os gentios poderiam ouvir.

Curando todas as enfermidades e moléstias  (GepaneÚQv Tiâaav

vóaov  Koà Trâaav liaÀaKiav). A doença ocasional é [lakaKÍav,  ao passo que a doença crônica ou séria é vóaov.

4.24.  A sua fama correu por toda a Síria23 (áuf|X0ev r] (xkotiaÚTOu elç oÀr|v tí]v üupíctt'). O boato (ckori) espalha as novidadesquase como a telegrafia sem fio ou o rádio. Os gentios de todas as

 partes da Síria, que fica ao norte, ouviram o que estava acontecen-do na Galiléia. O resultado era inevitável. Jesus tinha um hospital

ambulante de pacientes provenientes de todas as regiões da Galiléiae Síria.

Todos os que padeciam (coíjç KaKdòç ’éxoviaç), literalmente “osque tinham mal”, casos que os médicos não puderam curar.

 Acometidos de várias enfermidades e tormentos  (TTOiKÍlaiçvóooiç Kctl paaávoiç auvexo[iévou<;). “Mantidos unidos” ou “com-

 primidos” é a ideia do particípio grego. Usando a mesma palavra,

Pedro se refere à multidão que apertava Jesus (Lc 8.45); o SenhorJesus diz que estava angustiado (Lc 12.50) e Paulo fala que estavaem aperto (Fp 1.23). As pessoas levavam os casos difíceis e crônicos(tempo presente do particípio) para Jesus, “várias” (ttoiklàixiç) difi-culdades de saúde como febre, lepra, cegueira. O adjetivo significa

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

que os problemas de saúde eram, literalmente, “muito coloridos” ou“matizados”, como flores, pinturas ou icterícia. Algumas pessoas

tinham “tormentos” (Paoávoiç), um termo de origem oriental quesignificava uma pedra de toque para testar o ouro. Quando se esfre-gava ouro puro nessa pedra ficava uma marca peculiar. Portanto, erausada para exame por tortura. A doença era considerada como tortu-ra. Mateus descreve essas doenças “em escala descendente de vio-lência”24 (ôai|ioviÇo|iévoi)ç kocI oeÀ.r|via(o|iévouç Kod 'napaA.UTiKOÚc;),como faz Moffatt: “endemoninhados, lunáticos e paralíticos”, e

como faz Weymouth: “endemoninhados, epilépticos e paralíticos”.O vocábulo lunático, derivado do latim luna  (lua), evoca a mesmaimagem que o vocábulo grego o(-h~\viá(o\sai,  derivado de oeA.r\vr\ (lua). Outrora, até os epilépticos eram chamados “lunáticos” ou“aluados”, porque supunham que os ataques epiléticos acompanha-vam as fases da lua25 (ver esse uso em Mt 17.15). O vocábulo paralítico é a transliteração da palavra grega com o mesmo significado.

Estas doenças são chamadas “tormentos”.4.25. Seguia-o uma grande multidão  (r|KoA.oú0r|Gav autó) o^Iol

ttoAAo I ) .  Note a forma plural em AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA;não era só uma multidão, mas multidões. E de todas as partes daPalestina, inclusive Decápolis, a região das Dez Cidades Gregas si-tuadas a leste do rio Jordão. Não há campanha política que se igualea essa inundação de pessoas para ouvir e ser curadas por Jesus.

 NOTAS  ________________________________________________ 

1A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 83.

2 “Depois de jejuar” (ARA).

3 Henry Alford, The Greek Testament, with a Critically Revised Text , 4 Volumesem 2 Volumes; The Four Gospels, revisado por Everett F. Harrison (Chicago:

Moody, 1958), vol. 1, p. 28.4“Estava com fome” (NTLH).

5 Alexander Balmain Brace, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 89.

6Alford, Greek Testament, p. 29.

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 Mateus 4

7  Josephus,  Antiquities o f the Jews, 15.11.5. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

8“Não ponha à prova o Senhor, seu Deus” (NTLH).

9 GNT/NA e WH têm Taü iá aoi irávra ôcóaw mas TR e TM têm uma ordemdiferente de palavras, Taüra irávia aoi õcóocü.

10,Eáv e aoristo do subjuntivo, segunda classe indeterminada com probabilidadede determinação.

11 “Se você se ajoelhar e me adorar” (NTLH).

12  Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 41.

13 “Retirate, Satanás” (ARA).

14“E cuidaram [dele]” (NTLH).

15 O nome Jesus não se acha no texto grego de GNT/NA e WH (cf. BJ). Temos, porém, ó ’Ir|aoüç em TR e TM.

16James Stalker, The Life o f Christ  (Nova York: Revell, 1891), pp. 4953.

17 TR e TM têm uma soletração diferente para a cidade, KaTrepvaoúii.

18 GNT/NA, WH e TM têm a palavra com o u móvel, ao passo que TR tem eíôev

sem o v eufônico.19 McNeile,  Matthew , p. 44.

20“Lago” (NTLH), em lugar de mar.

21 “Preparando as suas redes” (NVI).

22  GNT/NA e WH têm kv  0A13  tr) FaAiAaía, ao passo que TR e TM têm oÀr|v  xx  ]v  raA.iA.aíctv.

23 “Espalhouse por toda a Síria” (BJ).

24 McNeile,  Matthew, p. 48.25  Bruce, Expositor ’  s, p. 94.

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Capítulo

5

 Mateus 

5.1. Subiu a um monte  (ávé(3r| elç to õpoç). Não a um monte,mas ao  monte (ARA). A maioria das versões bíblicas lida muitomal com o artigo grego. Não sabemos que monte era. Foi aquele emque Jesus e as multidões estavam. “Delitzsch diz que o monte dasBeatitudes é o monte Sinai do Novo Testamento.”1Ao que parece,“vendo a multidão”, Jesus subiu ao monte para ficar em contatomais estreito com os discípulos. Lucas diz que ele “subiu ao monte

a orar” (Lc 6.12), e Marcos fala que ele “subiu ao monte e chamou”os doze (Me 3.13). Todos os três propósitos são verdadeiros. Lucasacrescenta que, depois de passar uma noite inteira em oração e terescolhido os doze, Jesus desceu a um lugar plano no monte para fa-lar às multidões da Judeia e Fenícia. As multidões são grandes tantoem Mateus quanto em Lucas. Não há dificuldade que nos impeçade identificar o Sermão do Monte, em Mateus, com o Sermão da

Planície, em Lucas.25.2. Abrindo a boca, os ensinava ( è ô í ô a o K e v aurouç). Imperfeitoincoativo (inceptivo). Ele sentouse no lado do monte, à maneirados rabinos judeus, em vez de ficar de pé. Era uma cena muito im-

 pressionante, enquanto Jesus falava suficientemente alto para ser 

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ouvido pela grande multidão. Estavam ali os doze apóstolos queJesus recentemente escolhera, “um grande número de seus discípu-

los, e grande multidão do povo” (Lc 6.17).5.3. “Bemaventurados” (Maicápioi). A palavra bendito  tr duz mais precisamente o eúÀayrrcoí verbal grego, como em Lucas1.68 (no louvor de Zacarias a Deus: “bendito”); ou o particípio

 passivo perfeito eúÀoyruievoç como em Lucas 1.42 (na saudação deIsabel a Maria: “bendita”) e em Mateus 21.9 (o clamor das mul-tidões enquanto Jesus entrava em Jerusalém: “bendito”). Ambas

as formas vêm de eúÀoyéoo “falar bem de” (eu Àóyoç). Maxápimé um adjetivo que significa “feliz”. “Claro que bemaventurançaé algo infinitamente mais sublime e melhor que mera felicidade”,segundo afirmou Weymouth. Desta forma, elevamos o termo bem- aventurados  (ou benditos) a um patamar mais alto que  fe lizes. Mas o que Jesus disse foi “felizes”.3A palavra grega é tão antigaquanto Homero e Píndaro. Era usada para caracterizar os deuses

gregos e também os homens, mas na maioria das vezes em alusãoà prosperidade externa. Em Apocalipse 14.13, é aplicada aos quemorreram no Senhor. O Antigo Testamento na versão LXX usaa palavra para referirse à qualidade moral. “Livrandose de to-dos os pensamentos de bem exterior, tomase o símbolo expressode uma felicidade identificada com o caráter puro. Por trás disso,achase a cognição clara do pecado, como a origem principal de

toda miséria, e da santidade, como a cura final e eficaz para todadesgraça. Quanto ao conhecimento como a base da virtude e, por-tanto, da felicidade, essa palavra substitui a fé e o amor.”4 Jesus

 põe a palavra felizes em um ambiente repleto de significado. “Estaé uma das palavras que foram transformadas e enobrecidas pelouso do Novo Testamento; por associação, como nas Beatitudes,a situações incomuns, consideradas ruins pelo mundo, ou por as-

sociação a situações raras e difíceis.”5Pena que não mantivemosa palavra fe lizes  no patamar alto e santo onde Jesus a colocou.“Já que vocês conhecem esta verdade, serão felizes (iiaicápioi) sea praticarem” (Jo 13.17, NTLH). “Felizes ([ictKápioi) são os quenão viram, mas assim mesmo creram!” (Jo 20.29, NTLH). Paulo

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 Mateus 5

aplica esse adjetivo a Deus: “Conforme o evangelho da glória doDeus feliz ([iatcápioi)” (1 Tm 1.11, tradução minha; ver também Tt

2.13). O termo beatitude (latim, beatus) chega perto do significadoque Jesus dá aqui a |iaKápioi. Será recompensador fazermos umestudo meticuloso de todas as “beatitudes” no Novo Testamento,onde consta a palavra |iai<ápioi. Ocorre nove vezes em Mateus5.311, embora as beatitudes nos versículos 10 e 11 sejam muitosemelhantes. Nestas nove ocorrências não constam o elemento deligação. Em cada caso, é dada uma razão para a beatitude, “por-

que” (ôti). Isso mostra a qualidade espiritual envolvida em cada beatitude. Algumas das frases que Jesus emprega aqui ocorremnos Salmos; outras estão no Talmude, um escrito judaico rabíni-co surgido depois do Novo Testamento. Este fato não é de poucamonta. “A originalidade de Jesus achase em dar o devido valora estes pensamentos, reunindoos e tornandoos tão proeminentesquanto os Dez Mandamentos. Não há maior serviço que se faça à

humanidade do que resgatar da obscuridade os conceitos moraiscomuns que são menosprezados.”6 Jesus repetia as suas declara-ções muitas vezes, como fazem os grandes mestres, mas este ser-mão tem unidade, progresso e acabamento. Não contém tudo queJesus ensinou, mas se destaca como o maior sermão de todos ostempos em sua perspicácia, pungência e poder.

Os pobres de espírito  (ol tttwxo! xq uveú|_i(m). Em Lucas, cons-

ta apenas “os pobres” (Lc 6.20), mas ele quer dizer o mesmo queessa expressão em Mateus. Diz respeito aos “piedosos em Israel, amaior parte pobre, a quem os ricos irreligiosos menosprezavam e per-seguiam”.7 Em Lucas 16.20,22, a palavra ttxcoxóç é usada em conexãoao mendigo Lázaro. Derivada de 11X000000, “abaixarse”, “agacharse”,a palavra grega denota privação espiritual. O substantivo alternativo

 para referirse a “pobre”, uevriç, é derivado de Tiévo|ioa, que significa

“trabalhar pelo pão diário”. A referência é àquele que trabalha para vi-ver. O termo ttxgoxó<; é mais frequente nas páginas do Novo Testamentoe denota pobreza mais profunda que o termo grego néyrjç. “O Reinodos céus” aqui significa o reinado de Deus no coração e na vida docrente. Este é o summum bonum, ou seja, o que mais importa.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

5.4. Os que choram  (oi TrevGoüvTeç). Este é outro aparente pa-radoxo. Esse verbo grego “ocorre muito frequentemente na LXX

 para aludir ao choro pelos mortos, e pelos infortúnios e pecados dosoutros”.8 “Não pode haver consolo onde não haja aflição.”9 A tris-teza deve nos fazer buscar o coração e a mão de Deus para, assim,encontrarmos o consolo latente na aflição.

5.5. Os mansos10  (ol upoceiç). “Bemaventurados os brandos”(Wycliffe). Os antigos usavam a palavra para aludirem à condutaexterna. Eles não a classificavam como virtude. Tratavase de

uma equanimidade moderada que poderia ser negativa ou positi-va. Mas Jesus elevou a palavra a certa dignidade. As Beatitudes

 pressupõem um coração novo, pois o homem natural não encon-tra felicidade nas qualidades mencionadas aqui por Cristo. A pa-lavra manso  perdeu a sua referência a uma mistura fina entre

 porte e força espiritual, que foi o que o Mestre quis dizer. Ele seautointitula “manso e humilde de coração” (Mt 11.29) e Moisés

também se chama “manso” (Nm 12.3). É a mansidão da força enão a efeminação. Por “a terra” (tt|v yfjv), ao que parece, Jesusdá a entender a Terra da Promessa (SI 37.11), embora Bruce11

opine que seja a terra inteira. Podia ser a terra firme em vez domar ou do ar?

5.6.  Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça  (olTreivwvTec; Kcd ÕLTjxGJvxeç tf]v õiK(uoaúvr|v). Jesus direciona um dos

elementares instintos humanos ao uso espiritual. Há em todos os ho-mens fome por comida, por amor, por Deus. Tratase de uma fomee sede ardentes de bondade, de santidade. A palavra grega traduzida

 por fartos, xopraoGiíoovrai, significa alimentar ou engordar o gado.É derivada das palavras referentes a forragem ou erva verde usadasem Marcos 6.39, xA.copò<; xópTOç.

5.7.  Eles alcançarão misericórdia12  (èÀer)0iíoovT(xi). “Uma lei

automática do mundo moral.”13 O que às vezes é verdadeiro acercados homens é a lei do Reino dos céus.”'4

5.8. Eles verão a Deus (aúxol ibv 0eòv ôi|rovrai). Sem a santifi-cação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). A visão beatífica somenteé possível aqui na terra para os limpos de coração. Hoje, ninguém

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 Mateus 5

 pode ver o Rei. O pecado confunde e anuvia o coração, de formaque não podemos ver a Deus. A limpeza ou pureza (cf. AEC; NVI)

tem aqui o sentido mais amplo e inclui tudo.5.9. Os pacificadores  (ol elprivouoioí). Não meramente “ho-

mens pacíficos” (Wycliffe), mas “as pessoas que trabalham pela paz”(NTLH; cf. BJ). É muito difícil manter a paz. Mais difícil ainda é levar

 paz onde não há. “O pacificador perfeito é o Filho de Deus (Efésios2.14,15).”15Assim, seremos como o nosso “Irmão mais velho”.

5.10. Os que sofrem perseguição por causa da justiça   (olôeôiwy|iévoi evecev 5iKoaoaúvr|c;). As vezes, as pessoas tentam ga-nhar atenção e simpatia agindo como se estivessem sendo persegui-das. O Reino dos céus pertence aos que sofrem, porque eles estãoseguindo a Cristo sem fazer concessões de qualquer tipo; são pesso-as que não são culpadas de erro.

5.11.  Mentindo [...]por minha causa  (i|íeuôó|J,evoi eveicev è|ioü).O Códice Beza muda a ordem dessas duas últimas beatitudes, masesse fato é irrelevante ao significado. Dois critérios são estabelecidos

 para recebermos no céu a coroa de mártir e o “galardão” ([iioGóc Mt5.12). As coisas ruins ditas a respeito dos seguidores de Cristo têm deser inverídicas e eles devem suportar a calúnia pela causa de Cristo.

 Não há recompensa para quem mereça a opinião má dos outros.5.13. Se o sal fo r insípido16 (khv  ôè tò aXac,  fioopavQfj). O ver-

 bo é derivado de [awpóç (“estúpido”, “indolente”, “lerdo”, “bobo”,“tolo”) e significa “bancar o bobo”, “fazerse de tolo”. Aqui se re-fere ao sal que ficou insípido ou sem gosto (Me 9.50). Na Síria ePalestina, é comum haver pilhas de sal espalhadas por toda parte

 porque o sal ficou insosso (cf. Mt 5.13, BJ; NTLH).O sal se tomou a coisa mais inútil que se possa imaginar. E pos-

sível que Jesus tenha usado um provérbio em vigor nos seus dias.5.15. Se coloca debaixo do alqueire17  (xiGéaaiv aúròv írrrò tòv

lióõiov).  Do  alqueire é a tradução correta, e não de um  alqueire (cf.AEC; NTLH; NVI). “A ilustração é tirada da vida humilde em caba-nas. Havia na parede uma pedra saliente na qual se colocava a candeiaou lâmpada. A casa era de um único compartimento, de forma que aluz minúscula bastava para iluminar todo o ambiente.”18 A candeia

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

não era colocada debaixo do alqueire (o único que havia na cabana),exceto para apagála ou escondêla. O alqueire era um artefato de bar-

ro que servia de unidade de medida de capacidade para secos.O velador   (tt]v Xu^víav), e não “castiçal”. É um suporte decandeia ou lâmpada em cada uma das doze ocorrências na Bíblia.Havia um único suporte de candeia para cada ambiente.

5.16. Assim 19  (oíjtgoç). O advérbio aponta retrospectivamente àcandeia ou lâmpada. Deste modo, os homens têm de deixar brilhara sua luz e não glorificar a si mesmos, mas ao “vosso Pai, que está

nos céus”. A luz brilha para que os outros vejam por ela, e não parachamar a atenção em quem a tem.5.17.  Não vim ab-rogar, mas cumprir   ( o ú k fjÀGov K o c ra l ü

oca ctXXà  TTÀripôaca). O verbo ab-rogar   significa “soltar”, “desa-tar”, “desprender” como se faz com uma casa ou tenda (2 Co 5.1).Cumprir  significa “encher por completo” ou “completar”. Foi o queJesus fez com a lei cerimonial, que o apontava. Ele também guardou

a lei moral. “Ele veio completar a lei, revelar a total profundidadedo significado que estava ligado a quem a guardava .”20

5.18. Um iota ou um til21 (Lcôra ev r] (a ia K e p a ía ) . “Nemum iota, nem uma vírgula” (Moffatt). “Nem a menor letra, nemuma partícula” (Weymouth). O iota é a menor vogal grega queMateus usa para representar o iode hebraico, a menor letra he-

 braica. “Título” vem do latim titulus, que veio a significar o traço

 para indicar abreviação de palavra e, por conseguinte, qualquer pequena marca. Não é certo se K e p a ía quer dizer um pequenochifre, o mero ponto que distingue algumas letras hebraicas deoutras, ou a letra “gancho” vau. As vezes o iode e o vau eramdifíceis de serem distinguidos. “Em Yay. R. 19, a culpa de alteraruma delas é tão grande que, se ocorresse a alteração, o mundoseria destruído.”22

5.19.  Aquele, porém, que os cumprir e ensinar 23  (ôç 5’ av uoiiíar) Kcà ôiôá^ ). Jesus põe a prática antes da pregação. O profes-sor tem de viver a doutrina antes de ensinála aos outros. Os escribase fariseus eram homens que “dizem e não praticam” (Mt 23.3), que

 pregam e não fazem. Este é o teste da grandeza que Cristo faz.

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 Mateus 5

5.20.  Exceder   (irepLooeúoi] ... Tilelov). Transbordar como aságuas do rio transbordam as margens. Depois, Jesus acrescenta “em

muito” (ARA) seguido por um ablativo não expresso (genitivo,  xf\ç ôiKcaooúvri), braquilogia (brevidade). Tratase de uma declaraçãoousada da parte de Cristo dizer que eles tinham de ser melhores queos rabinos. Tinham de superar muitíssimo os escribas, o pequenonúmero de mestres regulares (Mt 5.3248), e os fariseus (Mt 6.118), que eram os separados, os pietistas ortodoxos.

5.22.  Eu, porém, vos digo  (èyà) õè Aiyoo í)|ilv). E em seis que-

sitos, Jesus assume um tom de superioridade em relação aos regula-mentos mosaicos e aos seus intérpretes. Ele vai mais fundo que a leiao âmago da questão. “Ele encontra o princípio por trás do preceitoe o endossa.”24

 Raca... louco  ('PocKá ... Mcopé). A primeira palavra é aramaica, significa “vazio”, “fútil”, “simplório” ou “cabeçadura”,25  sen-do usada para expressar o desprezo por alguém. A segunda palavra

é grega (“tolo”, “estúpido”) e é um equivalente exato de “raca”.Alguns defendem que |icopé é uma palavra hebraica, mas Field(Otium Norvicense) objeta tal ideia. “A palavra para expressa des-

 prezo pela cabeça do homem: estúpido! A palavra |_i(jpé expressadesprezo pelo coração e caráter do homem: ordinário .”26

O fogo do inferno27 (rf|v yéevrnv toü trupoç), “a geena de fogo”(BJ). O caso genitivo (toü mjpóç) é o caso de gênero que descreve a

geena como marcada pelo fogo. A geena é o vale de Hinom, onde ofogo ardia continuamente. Outrora, os judeus idólatras ofereciam alios seus filhos a Moloque (2 Rs 23.10). Jesus considera a linguagemabusiva como caso de assassinato. Devemos distinguir cuidadosa-mente a geena do hades (aôr|<;), que nunca é o lugar de punição. Oinferno é o lugar dos espíritos de pessoas falecidas, sem referênciaà condição moral.28 O lugar de tormento está no hades (Lc 16.23),

mas aii também está o lugar de bênção — o “paraíso”.5.24. Vai reconciliar-te primeiro  (ijTraye TipwTov ôiaAAáyr|9i),segunda pessoa do singular do aoristo segundo passivo do impera-tivo: “fique reconciliado” (aoristo ingressivo: “tome a iniciativa”).Esta é a única ocorrência dessa combinação no Novo Testamento.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Em geral, KaTcdÀáaoa> ocorre com essa combinação.29  Certo filho pródigo, Longinus, escreveu à sua mãe, Nilus: “Eu te peço, mamãe,seja reconciliada (ôicdáyr|Ti) comigo” . O rapaz não escreve correta-mente, mas, com coração partido, ele usa a forma idêntica que Jesususa. “O verbo denota concessão mútua depois de hostilidade mútua,uma ideia ausente de KcacdÀ.áooco”, de acordo com Lightfoot. E porcausa de ôiá (“dois; entre dois”).

5.25. Concilia-te depressa com30  fíoGi ewodòv), um imperativo presente ativo perifrástico. O verbo é derivado de euvooç (“amigá-

vel”, “amavelmente disposto”). “Entra em acordo sem demora como teu adversário” (ARA). Entrar em acordo é melhor do que ir paraa prisão, quando não há princípio em questão, mas só interesse pes-soal. É muito fácil ver um princípio vital quando a questão envolveo orgulho.

O oficial  (tcô ímripéTfl). 'Yttó “debaixo de”, e qpéao«, “remar”.Esta palavra se referia originalmente ao escravo de galera que era

o “remador debaixo” ou remador de fundo em um navio com vá-rios níveis de remadores. Veio a significar qualquer criado, inclusi-ve o ajudante na sinagoga (Lc 4.20, “ministro”, ARC; “assistente”,ARA). É como Lucas descreve João Marcos na relação deste comBamabé e Saulo (At 13.5, “cooperador”). Em Lucas 1.2, ele aplicao termo aos “ministros” da palavra.

5.26. O último ceitiP 1  (tòv eoxatov Koôpávxriv), uma palavra

latina, quadrans,  um quarto de asse  (áoaápiov) ou duas pequenasmoedas (Me 12.42), um quadro bem claro de castigo inevitável pordívida. Isso é enfatizado pela forte dupla negação oú p,f| com o sub-

 juntivo aoristo.5.27.  Não cometerás adultério32  (Oü (joixeúaeiç). Estas ci-

tações (vv. 21,27,33) do Decálogo da LXX (Êx 20 e Dt 5) usamoi) e a segunda pessoa do singular do futuro do indicativo ati-

vo (futuro volitivo, expressão idiomática grega comum) Em5.43, ocorre a forma positiva (ou afirmativa), futuro volitivo(áYaTníoeiç). No versículo 42, é usada a segunda pessoa (ôóç) dosingular aoristo segundo ativo do imperativo. No versículo 38,não ocorre o verbo.

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 Mateus 5

5.28. Em seu coração (kv  tf| Kctpôía aírroü). O homem interior,inclusive o intelecto, o sentimento e a vontade. Não é só o centro da

circulação sanguínea, embora também signifique isso, nem é só anatureza emocional. Esta palavra é extremamente comum no NovoTestamento e sempre deveria ser reservada e anotada para estudominucioso. E derivada de uma raiz que significa “tremer” ou “pal-

 pitar” . Jesus situa o adultério nos olhos e no coração antes do atoexterno. Wunsche (Beitrage)  cita duas declarações rabínicas perti-nentes ao tema traduzidas por Bruce: “Os olhos e o coração são os

dois corretores do pecado”.33 Por conseguinte, eis o perigo para os puros as imagens e peças teatrais lascivas e libertinas.5.29. Te escandalizar   (aKavôodí.íei oe). A tradução te fa z tro

 peçar   é muito melhor (ARA). A noção não é de escandalizar ouofender, mas de armar uma armadilha. O substantivo (oKKVôcdov,derivado de OKdcvôodqGpov) significa o pau na armadilha que saltae fechaa, quando o animal o toca. Arrancar o olho quando se tra-

ta de armadilha, cortar a mão, mesmo que seja a mão direita. Nãodevemos considerar essas imagens mentais literalmente, mas comoapelos vigorosos e veementes ao domínio próprio. Jesus não estáordenando a mutilação do corpo, mas o controle do corpo contrao pecado. Quem brinca com fogo se queima. A cirurgia modernailustra primorosamente o ensino de Jesus. Se as amídalas, dentes ouapêndice estiverem infectados e não forem retirados, o corpo aca-

 bará perecendo. Corteos a tempo e a vida será salva. “O que Jesustem em mente é a cirurgia espiritual”.34 Marvin Richardson Vincentcomenta que “as palavras escândalo e difamação são derivadas deOKávôaÀoy.”35  Wycliffe traduz: “Se o teu olho direito te difamar'. Ficou claro que a difamação é um escândalo e pedra de tropeço,uma armadilha e cilada.

5.31. Carta de desquite (àv:oamaiov), “certificado de divórcio”

(Moffatt), “notificação escrita de divórcio” (Weymouth). O grego éuma abreviação de pipxíov áiT0cn;a0 L0i) (Mt 19.7; Me 10.4). Aqui,a Vulgata Latina tem libelhtm repudii. Os papiros usam ouyypa^náTToataoLOU nas transações comerciais como “contrato de libera-ção”.36 A notificação escrita (ptPAiov) era uma proteção para a mu-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

lher contra o capricho do marido irado. Afinal, ele poderia mandála embora sem lhe dar um documento comprobatório da sua novacondição civil.

5.32.  A não ser p or causa de prostituição37  (uapeKtòç XóyouTTopveíaç). Uma frase incomum que talvez signifique “exceto com

 base na falta de castidade” (Weymouth), “a não ser por infidelida-de” (Goodspeed), sendo equivalente a ètrl uopveía em Mateus 19.9.McNeile nega que Jesus tivesse feito esta exceção, porque Marcose Lucas não a têm .38 Ele afirma que os cristãos primitivos abriram aexceção para atender a uma necessidade premente. Entretanto, não

vemos a força dessa acusação contra o relato que Mateus fez das palavras de Jesus. Parece crítica para satisfazer as necessidades ho-diernas.

5.34.  De maneira nenhuma, jureis7'9 (i_if) òfióoai oàgoç) é a tra-dução correta (ordem indireta e infinitivo aoristo). Claro que Jesusnão proíbe juramentos em tribunais, porque ele mesmo respondeua Caifás sob juramento (Mt 26.63,64). Paulo fez apelos solenes a

Deus (1 Co 15.31; 1 Ts 5.27). Jesus proíbe todas as formas de pro-fanação. Os judeus eram mestres na arte de perderse em minúciassobre juramentos permissíveis ou formas de profanação, exatamen-te como fazem os cristãos de hoje sob o pretexto de uma grandevariedade de “palavras de baixo calão”.

5.38. Olho por olho e dente por dente (’OijjQodiiòv òvxx  óc OaX|ío0 Km óôóvra àvxi  óôóvtoç).40 Note àvxí   com a noção de troca

ou substituição. Como no divórcio, esta lex talionis  (lei de talião) éuma restrição à vingança desenfreada. “Limitava a vingança fixandouma compensação exata pelo dano.”41 A Mishná permite pagamentoem dinheiro. Ainda hoje a lei de talião vigora em alguns países.

5.39.  Não resistais ao mal  (|if| àvxiaxr\va.v x<2> Tioyrípcô). Nesta passagem, novamente ocorre o infinitivo (aoristo segundo ativo) emordem indireta. Mas é o “homem mau” ou o “ato mau”? O caso da-

tivo é a mesma forma para o masculino e para o neutro. “Não resis-tais a um (o) homem mau” (Weymouth). “Não resistais a um dano”(Moffatt). “Não resistais ao dano” (Goodspeed). Os exemplos con-cordam com qualquer visão. Jesus protestou quando levou uma bo

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 Mateus 5

fetadano rosto (Jo 18.22); acusou abertamente os fariseus (Mt 23.139) e sempre lutou contra o Diabo. O linguajar de Jesus é ousado e

 pitoresco, e não deve ser considerado de forma extremamente lite-

ral. O propósito das expressões que parecem paradoxais é chamara nossa atenção e nos fazer pensar. Jesus espera que preenchamoso outro lado do quadro. Uma coisa é certa: Jesus queria dizer que avingança pessoal é tirada de nossas mãos. O Senhor também conde-na a guerra agressiva ou ofensiva que as nações fazem entre si, masnão necessariamente a guerra defensiva ou a defesa contra o roubo eassassinato. O pacifismo profissional pode ser mera covardia.

5.40.  A vestimenta... a capa42  (xòv xL™vá oou ... Koà to1[!(xtiov). A “túnica” é realmente um tipo de vestimenta, ou roupa de

 baixo, e seria pleiteada em juízo. O ladrão agarraria primeiro a peçade roupa exterior ou o “manto” (capa). Se a pessoa perdesse em ju -ízo a roupa de baixo, a peça de roupa exterior também seria perdida(a mais valiosa). “Melhor deixálo levar também a peça de roupaexterior que é cara. Teremos menos incomodação, economizaremos

os honorários do advogado e, talvez, envergonharemos o agressorcom o nosso procedimento.”43

5.41. Se qualquer te obrigar   (òotlç oe áyyapeúoei). A VulgataLatina tem angariaverit.  A palavra é de origem persa e significamensageiros públicos ou mensageiros a cavalo (ctyyapoi). Essesmensageiros ficavam em pontos estratégicos, com cavalos prontos

 para, a qualquer momento, levarem as mensagens do rei. O viajante

que passava por tal estação de correios poderia ser abordado ines- peradamente por um funcionário, que o forçaria a voltar para outraestação a fim de cumprir uma incumbência ao rei. Isso se chamava“recrutamento forçado em serviço”. Foi exatamente o que aconte-ceu com Simão cireneu que, desta forma, foi compelido a levar acruz de Cristo (Mt 27.32, rjyyápeuaav).

5.42.  Não te desvies  (|if| àuooipac fic;). Segunda pessoa do sin-

gular do aoristo segundo do subjuntivo passivo em proibição. “Esteé um dos exemplos mais claros da necessidade de aceitar o espíritoe não a letra dos mandamentos do Senhor (ver Mt 5.32,34,38). Osatos indiscriminados de caridade pouco fazem, como também causam

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

danos para a sociedade. Todavia, as palavras têm de abranger muitomais que atos filantrópicos.”44 Não esqueçamos que Jesus é um mes-tre popular que espera que os ouvintes entendam os seus paradoxos.

5.43.  E aborrecerás o teu inimigo  (kíxi  |iicnía€iç tòv   exQpóoou). Essa frase não consta em Levítico 19.18. Tratase de umaconclusão rabínica que Jesus repudia firmemente. O Talmude nadadiz sobre amor pelos inimigos. Em Romanos 12.20, Paulo citaProvérbios 25.22 para provar que devemos tratar os nossos inimi-gos amavelmente. Jesus nos ensinou a orar pelos nossos inimigose ele mesmo o fez quando estava pendurado na cruz. Nesta perí

cope, a palavra grega uÂrpíov tem a conotação de “aquele que está próximo”. Contudo, a proximidade, por vezes, significa conflito, enão amor. Os que possuem fazendas ou casas adjacentes podem ser

 positivamente de espírito hostil. Os judeus consideravam que osmembros da mesma tribo ou os judeus de todos os lugares eram osseus próximos. Mas eles odiavam os samaritanos por serem meio

 judeus e habitarem entre a Judeia e a Galileia. Na Parábola do Bom

Samaritano (Lc 10.2937) Jesus ensinou aos homens como agir com0 próximo.

5.48. Sede vós, pois, perfeitos45  (’'EoeoGe ouv í)(ielç télgioi).TéÀeioi vem de xéloç que significa “fim”, “meta”, “limite”. É a metaque está diante de nós, o padrão absoluto do nosso Pai Celestial. A

 palavra também é usada para referirse à perfeição relativa, como ados adultos em comparação às crianças.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament , vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 33.

2Ver análise completa em A. T. Robertson, Harmony o f the Gospels fo r Students o f the Life o f Christ  (Nova York: Harper & Row, 1922), pp. 273276.

3Há diversas traduções e paráfrases bíblicas do século XX que usam a tradução

“felizes” (BJ; NTLH).4 Vincent, Word Studies, p. 35.

5 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 97.

6Ibid., vol. 1, p. 96.

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 Mateus 5

7Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1980),

 p. 50.

8Ibid., p. 50.

9Bruce,  Expositor s, p. 98.

10“Os humildes” (NTLH; NVI).

11Bruce,  Expositor’  s, p. 98.

12Literalmente, “Eles serão misericordiados”.

13Bruce, Expositor’  s, p. 99.

14A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 94.

15McNeile,  Matthew, p. 53.16 “Se o sal se tomar insosso” (BJ); “se o sal perde o gosto” (NTLH); “se o sal

 perder o seu sabor”, (NVI).

17 “Se coloca debaixo de uma vasilha” (AEC; cf. NVI); “para colocála debaixode um cesto” (NTLH).

18Bruce,  Exposi tor’  s, p. 102.

19“Do mesmo modo” (BJ).

20 McNeile, Matthew, p. 58.

21 “Nem a menor letra, nem qualquer acento” (NTLH); “a menor letra ou o menortraço” (NVI).

22 McNeile,  Matthew, p. 59.

23 “Aquele, porém, que os observar e ensinar” (ARA).

24 Robertson, Commentary on Matthew, p. 98.

25Ibid., p. 99.

26 Brace, Expositor's, p. 107.

27 “O inferno de fogo” (ARA).28Vincent, Word Studies, p. 40.

29 Adolph Deissmann, Light from the Ancient East  (Reimpressão, Grand Rapids:Baker, 1978), p. 187, dá um exemplo de papiro do século II d.C.

30“Assume logo uma atitude conciliadora” (BJ).

31 “O último centavo” (ARA).

32 “Não adulterarás” (ARA).

33 Brace,  Expositor’  s,  p. 108.34Robertson, Commentary on Matthew,  p. 100.

35Vincent, Word Studies, p. 41.

36 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 69.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

37 “A não ser por causa de infidelidade conjugal” (AEC); “exceto em caso de re-lações sexuais ilícitas” (ARA).

38 McNeile, Matthew, p. 66.

39 “Não jureis em hipótese nenhuma” (BJ).40 De Êx 21.24; Dt 19.21; Lv 24.20.

41 McNeile,  Matthew, p. 69.

42 “A túnica... o manto” (BJ); “a túnica... a capa” (AEC; NTLH; NVI; ARA).

43 Robertson, Commentary on Matthew,  p. 102.

44 McNeile,  Matthew, p. 70.

45 “Portanto, deveis ser perfeitos” (BJ).

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Capítulo

6

 Mateus 

6.1. Guardai-vos dex(IIpooéxeTe), isto é, “mantende a mente naquestão”, “esforçaivos”, “prestai cuidado”. A expressão idiomáticagrega é antiga e ocorre na LXX em Jó 7.17. Na literatura neotestamentária, o substantivo voüç está implícito.

 Esmola  (tr|y õiKcaooúvriv2) não é o texto correto neste versí-culo, mas “justiça” (ARA). “Jesus acabara de analisar a teoria da

 justiça em contraste com a dos escribas. Agora, ele se volta à prática

da justiça em contraste com a dos fariseus.”3 O Senhor dá três exem- plos da “justiça” dos fariseus (esmola, oração, jejum). Para serdes vistos por eles  (upoç to 9ea9f]vca (xütolç), aoristo

 primeiro passivo infinitivo de propósito. A palavra teatro é derivadadessa palavra grega, que diz respeito a um desempenho espetacular.

 Junto de vosso Pai  (/napà tcÔ wupi í)|icôv). Literalmente, “aolado do vosso Pai”, estando ao lado dele, enquanto ele olha.

6.2.  Não faças tocar trombeta diante de t f   (iii) aodnio^c;e|iTTpoo0év aou). O sentido é literal ou metafórico? Não encontra-mos exemplo de tal conduta nos escritos judaicos. Alan McNeile

 propõe que se refere ao toque de trombeta nas ruas por ocasiãodas festas públicas.5 Marvin Richardson Vincent opina que são as

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

treze arcas em forma de trombeta que ficavam na tesouraria doTemplo para receber as contribuições do povo (Lc 21.2).6 Em umcentro de conferência de verão realizado no lago Winona, Indiana,certo missionário da índia, chamado Levering, declarou que elevira os sacerdotes hindus agirem exatamente assim para que amultidão observasse as suas beneficências. Os rabinos também

 poderiam ter procedido da mesma maneira; não há dúvida de queestava de acordo com o gosto que tinham por elogios. Jesus dizexpressamente que é isso que os hipócritas (ol ÒTTOKpiTcá) fazem.“Hipócrita” vem de í)iT0Kptv0|aca, que significa “responder em ré-

 plica” a palavra para o ator, intérprete ou alguém que representao papel de outrem. A forma grega ática era átroKpívonai, “fingir”,“dissimular”, “imitar”, “ludibriar”, “agir o hipócrita” ou “usaruma máscara”. Esta é a palavra mais severa que Jesus usa paracaracterizar qualquer classe de pessoas. Ele a emprega para essesimpostores piedosos que se fazem de perfeitos.

 Já receberam o sen galardão7  (áuéxouaiv uòv |iia9òv aÜTWv).’Atto/jÍ significa “recibo”. O presente verbo é muito comum nos pa-

 piros para descrever a obtenção de um recibo. “Eles já receberam orecibo de quitação plena e rasa”, de toda a recompensa que tinhamde receber. Com essa notoriedade pública, “eles podem assinar orecibo do galardão adquirido”.8 O mesmo também ocorre no versí-culo 5.

6.4. Ocultamente (kv  xcô Kpwmô). O Textus Receptus e o TextoMajoritário têm as palavras adicionais kv  tcô cjmvepw (“publicamen-te”) ao término desse versículo e também ao término de 6.6  (a tra-dução consta apenas na ARC e somente em 6.4, estando ausenteem 6.6). Essas leituras não são genuínas. Jesus não promete umarecompensa pública por uma devoção oculta.

6.5. Se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas (kv  raiç auvayGúyaiç koc! kv  xa lç y w v ía tç t q v TiÀaTeicôv

ecrucÔTeç upooeúxeoGcti). As sinagogas eram os lugares habituais deoração, e nas esquinas das ruas as multidões paravam para negociarou conversar. Se a hora de oração colhesse um fariseu na ma, eleassumiria uma atitude de oração. Os mulçumanos ajoelhamse e to-

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 Mateus 6 

cam a testa no chão da calçada para fazer as suas orações; este seriaum exemplo semelhante.

6 .6. Entra no teu aposento9 (eioeÀGe eíç tò tajielóy oou). A

 palavra grega traduzida por “aposento” é uma forma sincopada re-cente de lafictoi', derivada de xcqaíaç, “mordomo”, “camareiro”, e araiz xoqi, “cortar”, de xé|ivco. O significado é um depósito, despensa,apartamento particular, quarto de dormir, quartinho ou “gabinete”,onde a pessoa pode retirarse e fecharse do mundo para comungarcom Deus.

6.7. Não useis de vãs repetições10  (|af| PattaÀoyTÍoriTe). Palavra

usada para referirse aos gagos que repetem as palavras, portanto,mero palavrório ou tagarelice, palavreado oco, conversa tola, re-

 petição vazia. A etimologia é incerta, mas provavelmente é umvocábulo onomatopéico (substantivos cujos sons reforçam o sig-nificado), como a expressão popular “blábláblá”. Os adoradoresde Baal no monte Carmelo (1 Rs 18.26) e de Diana no anfiteatroem Éfeso, que ficaram gritando durante duas horas (At 19.34), en-

tregaramse a tagarelice repetitiva. A Versão Sinaítica Siríaca tem:“Não fiqueis dizendo coisas fúteis”. Lógico que Jesus não quercondenar toda repetição na oração, visto que ele mesmo orou trêsvezes no jardim do Getsêmani “dizendo as mesmas palavras” (Mt26.44). “Como os gentios”, esclarece Jesus. “Os pagãos pensavamque por meio de repetições infinitas e muitas palavras eles infor-mariam os deuses sobre o que estivessem precisando e os cansa-

riam ( fa tigare deos) para que lhes concedessem os pedidos.”11 Masa intenção dos fariseus não era ganhar os ouvidos de Deus, mas osolhos dos homens.”12

6.9.  Portanto, vós orareis assim   (Oíkcoç ouv TTpooeúxeoGeò|i6Lç). “Vós” está em contraste com “os gentios”. Esta oração de-veria ser chamada “oraçãomodelo” e não “Oração Dominical”.Portanto, oremos conforme o modelo que apresentado por Jesus.

O próprio Cristo não a usou como liturgia (cf. Jo 17). Não há provade que Jesus desejasse que a oraçãomodelo fosse liturgicamenteusada pelos outros. Mais tarde, em Lucas 11.24, Jesus apresentaaos apóstolos, em resposta ao pedido para que lhes ensinasse a

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 Mateus 6 

entre as mais de cinco mil usadas. “Mas quando uma palavra não éimediatamente reconhecível como de formação judaica ou cristã,

temos de considerar que se trata de uma palavra grega comum até provar em contrário. Segundo as aparências, êTTioúoioç é uma pa-lavra que se originou nos intercâmbios comerciais da vida cotidia-na .16 Essa opinião foi confirmada quando Albert Debrunner desco-

 briu 17 a palavra êTuoúoioç em um livro antigo sobre administraçãodoméstica.”18 Não é uma palavra cunhada pelo evangelista ou porQ para expressar um original aramaico. A palavra também ocorre

em três recentes manuscritos (MSS) depois de 2 Macabeus 1.8,xouç eTTLOúoioç depois de xouç apxouç. O significado, em virtudedo particípio relacionado (èmoriori) que ocorre em Atos 16.11, é“para o próximo dia”, uma oração diária pelas necessidades dodia seguinte. Toda empregada encarregada dos assuntos domés-ticos, inclusive aquela que escreveu as palavras descobertas porDebrunner, entendia esse conceito .19

6.12.  Perdoa-nos as nossas dívidas (ac))eç rplv xà óc elAtujoítoífi[icòv). Lucas 11.4 tem “pecados” (áiactpxíaç). No grego antigo,ôcJjeíÀriiia era um termo muito comum para designar as dívidas le-gais, como ocorre em Romanos 4.4. Mas nesta perícope, o vocá-

 bulo é usado para aludir as dívidas morais e espirituais para comDeus. “Transgressões” é uma tradução errada que se tornou co-mum pelo Livro de Oração Comum , da Igreja Luterana. Ajustase

 bem a Mateus 6.14 no argumento de Jesus sobre a oração, mas nãoé a palavra usada na oraçãomodelo. Em Mateus 18.28,30, Jesusdescreve novamente o pecado “como dívida e o pecador como de-vedor ”.20  Assim, a Bíblia descreve o pecado como se nós preju-dicássemos a Deus, à semelhança com que um devedor prejudicao seu credor. Outrora, pensávamos que a palavra ò^eiÀrí, que serefere à obrigação moral, fosse peculiar ao Novo Testamento. Mas

hoje descobrimos que é comumente usada nesse sentido nos papi-ros.21  Pedimos perdão “assim como” (tòç) também  perdoamos osque estão em dívida conosco — uma reflexão muito solene. “Jesus

 presume que o homem que pede perdão a Deus já perdoou os queestão em dívida com ele .”22 Ac|)tíkcc[iév é um dos três aoristos com

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

k   (kappa): eOr^a, eõcoKoc e T]K(x. Significa “despachar”, “despedir”,“demitir”, “esfregar para fôra” .

6.13.  E não nos induzas à tentação23  (k<x'i |ít] eloevéyKriç ri(iâçelç Tíeipaofióv). “Induzir” é palavra que aborrece muitas pesso-as. Parece que apresenta Deus como agente ativo em nos sujeitarà tentação, uma ação especificamente negada em Tiago 1.13. A

 palavra grega aqui traduzida por “tentação” (TTeipaaiióv) significa“tentativa”, “experiência” ou “teste”, como em Tiago 1.2. É comoVincent a considera nesse trecho .24 Mas Deus realmente nos testa

ou nos peneira, ainda que não nos tente para o mal. Ninguém en-tendeu a tentação tão bem como Jesus, porque o Diabo o tentouusando toda forma de abordagem e todos os tipos de pecado, massem sucesso. No jardim do Getsêmani, Jesus diz a Pedro, Tiago eJoão: “Orai, para que não entreis em tentação” (Lc 22.40). Esta éa ideia desse excerto. Nessa passagem temos o que os gramáticoschamam “imperativo permissivo”. A ideia é: “Não nos permitas

ser induzidos à tentação”. Há um escape (1 Co 10.13), mas é umrisco terrível. Livra-nos do mal25  (püoca rjiiâç áirò tou uovripoíj). O caso abla

tivo no grego obscurece o gênero. Não temos meio de saber se aforma deriva de ó irovipóc; (o Maligno) ou tò TTOvipóv (a coisa má).Se a forma é masculina, ô TTOvripóc;, pode referirse ao Diabo comoo Maligno ou a um espírito maligno que está dentro de quem pro-

cura nos fazer mal. A palavra TTOvripóç tem uma história curiosa quevem de u óvoç (labuta) e irovécú (trabalhar). Reflete a ideia de quetrabalho é ruim ou que este  trabalho em particular  é mim. A ideiamim expele o bom que há no trabalho ou labuta, um exemplo dadepravação humana.

Algumas versões bíblicas suprimem a doxologia (BJ), outrasa citam, mas a colocam em itálico (NTLH; ARA), ou juntam uma

nota de rodapé informando que está ausente nos MSS gregos maisantigos (NVI); ao passo que outras simplesmente a citam (AEC;ARC). As formas mais antigas variam muito, algumas são mais cur-tas, outras são mais longas. O uso de uma doxologia surgiu quandoessa oração começou a ser usada como liturgia para ser recitada

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 Mateus 6 

ou cantada na adoração pública. Evidentemente, não fazia parte daoraçãomodelo conforme foi dada por Jesus.

6.14. Se perdoardes aos homens as suas trangressões  26  (’Eàv

yàp à(|)f|te tolç ávBpcóuoiç xà TrapaTTTOÓiiara carucôv). Esse trechonão faz parte da oraçãomodelo. A palavra transgressão  é, literal-mente, “queda para um lado”, um lapso ou divergência da verdadeou retidão. Os antigos às vezes a usavam para mencionar a que-da ou ataque intencional ao inimigo. Mas a ideia comum no NovoTestamento é “deslize” ou “falta” (G1 6.1). IlapápaoLç (Rm 5.14) éuma violação positiva, uma transgressão, passar conscientemente

de um lado para outro.6.16. Contristados  (okuGpgottol).27  No Novo Testamento, só

ocorre aqui e em Lucas 24.17. É uma combinação de oKU0pót; (ta-citurno) e oijjtç (semblante). Esses atores ou hipócritas “assumemum olhar triste” (Goodspeed) e, se necessário, até mesmo “desfi-guram o rosto”2S(àcfjavLCoucHv ... zà.  npÓGCoua aÓTOÒv), para que pa-reça que estão jejuando. E essa simulação de devoção que Jesus

tão nitidamente ridiculariza. Há um trocadilho nas palavras gregasàcjmvíÇouoiv (desfigura) e tjjavwcuv (figura). Eles escondem o seuverdadeiro olhar para que pareçam estar jejuando, em uma hipocri-sia consciente e afetada.

6.18. Que está ocidto (kv  tcô Kpixtxúcp).29 Aqui, como nos ver-sículos 4 e 6, o Textus Receptus  tem a frase adicional kv  tcô cjxy.vepw (“no aberto”, “publicamente”), mas não é genuína (não consta,

 por exemplo, em AEC; BJ; NTLH, NVI; ARA; ARC). A palavraKpucjmoç só ocorre nessa passagem em todo o Novo Testamento,mas aparece quatro vezes na LXX.

6.19.Não ajunteis tesouros  (Mq 9r|oaupí(eTe óntv Oricraupouç). Não tenhais esse hábito (pq — o imperativo presente). Ver emMateus 2.11 a análise da palavra tesouros. Aqui há um trocadilhocom a palavra Gqaaupoúç. “Não entesoureis para vós mesmos te-

souros.” O mesmo tipo de trocadilho ocorre no versículo 20  com oacusativo cognato. Em ambos os versículos, úptv está no dativo deinteresse pessoal e não é reflexivo, mas o pronome pessoal comum.“Não entesoureis para vós tesouros” (Wycliffe). “Onde a traça e a

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ferrugem tudo consomem” (ottou  oriç Kcd ppcôoiç àfjjcaáCei). Algoque “come” (PippGÓaKw), ou “rói”, ou “corrói”.

 Minam30  (ôiopúaoouaiv). Literalmente, “cavar através de”,“furar”. Era fácil cavar as paredes de barro ou os tijolos secos aosol. Os gregos chamavam um assaltante de “cavador de barro”(TOixópuxoç). Cofres de aço não são totalmente seguros, mesmoque a blindagem seja de trinta centímetros de espessura.

6.22. Se os teus olhos forem bons31  (éàv o i j v 13  ó ó(J)9aÀ|ióçaou áTTA.oOç). A palavra grega cxttàoOç é usada para referirse a um

contrato de casamento no qual 0  marido tinha de pagar 0  dote“puro e simples” (tt|v c|)epvriv áiTÀriv) na ocasião do divórcio. Nocaso de não fazêlo tão prontamente, ele tinha de pagar juros .32

Há vários exemplos de tal uso. Nesta perícope, os olhos são cha-mados “bons” e em Lucas 11.34, “simples”, ambos os termosem sentido moral. A palavra significa “sem dobras”, como um

 pedaço de pano desdobrado (em latim,  simplex).  Na opinião de

Bruce, esta parábola dos olhos é difícil. “A ilustração e o sig-nificado ético parecem estar misturados, pois atributos moraissão atribuídos aos olhos físicos que, com eles, ainda dão luz aocorpo. Essa confusão pode ser pelo fato de que os olhos, alémde serem o órgão da visão, são o lugar da expressão, revelandoas disposições interiores.”33  Os olhos “maus” (uovrpóç) podemestar enfermos, e a LXX usa 0  termo grego para mencionar a

mesquinhez. Assim, àiTA.oü<; pode referirse à liberalidade, comoargumenta Hatch.34  A passagem pode ser elíptica, para a qualtemos de acrescentar algo. Se os nossos olhos estiverem saudá-veis (cf. BJ), veremos nitidamente e com um foco simples (semastigmatismo). Porém, se estiverem doentes (ruins, maus), eles

 podem ser estrábicos. Temos visão dupla e ficamos confusos com0 que vemos. Mantemos um olho fixo nos tesouros acumulados

na terra, e dirigimos o outro orgulhosamente ao céu. A visão du- pla é inconstância, como mostra 0 versículo 24.6.24.  Ninguém pode servir a dois senhores  (Oúôeiç õúvarai

ôuoi Kupíoiç ôouÀeúeiv). Muitos tentam, mas 0 fracasso os aguarda.Os homens querem “servir a Deus e a Mamom” (Gecô ôouleúeiv kou

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 Mateus 6 

|ia|!G)vâ). Mamom é uma palavra caldeia, siríaca e púnica, comoPluto é a palavra grega para o deus (ou Diabo) da riqueza. O servo

de Mamom obedecerá a Mamom ao mesmo tempo em que fingeobedecer a Deus. Quando um cego conduz outro cego, ambos aca- bam caindo no buraco. Aquele que não sabe diferenciar a estrada do buraco é porque vê ilusoriamente.

[Ele] se dedicará a um  (cvòç àvQk^exai).  A palavra significa“alinharse, face a face” (dcvtí) com um homem, e, por meio delemesmo, contra o outro.

6.25.  Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida35  (i_ir] |_ie p lavette xf| ij/uxti ú|i(5v). Há pessoas que citam esta passagem“como objeção ao ensino moral do Sermão do Monte, pois dizemque, na prática, incentiva e até manda sermos despreocupadamente negligentes quanto ao futuro”.36 O verbo (lepiiaváco é deri-vado de iiepíç, iiepíÇoú, porque o cuidado ou a ansiedade distraie divide. A palavra ocorre na reprimenda de Cristo à Marta por

ela estar excessivamente preocupada em ter algo para comer (Lc10.41). A noção de cuidado pertinente e premeditação apropriadaaparece em 1 Coríntios 7.32, 12.25 e Filipenses 2.20. Esta pas-sagem está no imperativo presente com o negativo, um manda-mento para não termos o hábito da preocupação petulante quantoao que comer e vestir. O mandamento diz que paremos com tal

 preocupação ou que não comecemos a viciarnos nessa prática.

 No versículo 31, Jesus repete a proibição com a segunda pessoado plural do aoristo ingressivo ativo do subjuntivo: “Não andeis, pois, inquietos”.

Quanto à vossa vida  (xr) ijruxrj). Nesta perícope, \|n)xií repre-senta o princípio comum de vida para os homens e animais queestão encarnados no 0041a: O primeiro precisa de comida; 0 último

 precisa de roupa .37 Nos Evangelhos Sinóticos, o(ô|i<x ocorre em três

sentidos.38 Primeiro, é 0 princípio de vida, como aqui, que pode sermorto (Me 3.4). Segundo, é o lugar das emoções e pensamentos, nomesmo nível que Kapôía e ôiavoía (Mt 22.37) e uveí>(j,a (Lc 12.46;cf. Jo 12.27, 13.21). Terceiro, é o que constitui o verdadeiro eu (Mt10.28, 16.26). Em Mateus 16.25 (Lc 9.24), ij/ux1! ocorre em dois

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

sentidos, salvando a vida física e perdendo a vida mais alta e im- portante.

 Pelo que haveis de comer... pelo que haveis de beber... pelo  

que haveis de vestir   ( ií cj)áyr)T;e [rj t i TrCrixe]... xí êvõúcrr|a9e). Neste versículo, com cada verbo ocorre a pergunta direta com osubjuntivo deliberativo (4)ctyco|j.aiv, itÍgoiígov, TTepipaA.ú|j,e0(x). Estesubjuntivo deliberativo da pergunta direta é retido na pergunta in-direta utilizada no versículo 25. Nos versículos 25 e 31, ocorremverbos diferentes, embora ambos no indireto médio, para aludir àroupa. IIepipaÀcó|j,e9c(;, “lançar em volta de nós mesmos”, no versí-culo 31 (“haveis de vestir”) está em aposição a 6v5úor]o9e, “pôr emnós mesmos”, no versículo 25 (“nos vestiremos”).

6.27. A sua estatura (eni  xr\v  r]ÀiKÍccv aikoü). ApalavraijAiKÍavé usada para aludir à altura (estatura) ou à extensão da vida (idade).Qualquer uma das duas acepções faz bom sentido aqui, embora “es-tatura” se ajuste melhor ao contexto. É lógico que a ansiedade nãocontribui em nada para qualquer um dos dois tipos de crescimento.

 Não se trata de defesa em favor da inatividade, pois até os pássarossão diligentes e as flores crescem.

6.28. Os lírios do campo  (to Kpí.voc toü àypou). O significadose estende além dos lírios e abrange outras flores silvestres .39

6.29.  Nem mesmo Salomão... se vestiu  (oúõè Soào|í,gÒv ...TTepiepáA.eTO). A voz média e, portanto, “não se vestiu”, “não pôs emvolta de si”.

6.30.  A erva do campo  (tov xóp^ov toü àypoú). E a erva co-mum do campo. Isso realça a comparação. “Ainda hoje na Palestinausase erva seca para acender fogo para assar pão.”40

6.33. Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu remo [ARA] (Cr)xeito ôè TTpoòTOv  xr\v  paoLÀeiav ... corroü). “Mas buscai primeiro oReino de Deus” (ARC). Esta é uma resposta aos que só veem co-mentários éticos no Sermão do Monte. Nas Beatitudes, Jesus des-creveu o homem de coração novo. Ele coloca o Reino de Deus e asua justiça antes da comida e do vestuário temporal.

6.34.  Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã  (jaf) ouvlaepilWiariTe elç ifiv aüpiov). Este é o último recurso da alma an

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 Mateus 6 

siosa quando todos os outros medos lhe são aquietados. O fantasmado amanhã ataca à espreita, com todos os espectros da dúvida edesconfiança. “Afinal de contas, as pessoas se preocupam mais commales imaginários do que com os males reais.”41

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“Tenham o cuidado de não” (NVI).

2TR e TM têm if|v èA.er||ioaúvr|i'.

3A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew  (Nova York:

Macmillan, 1911), p. 104.4“Não anuncie isso com trombetas” (NVI).

5Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 74.

6 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 43.

7“Eles já receberam sua plena recompensa” (NVI).

8 G. Adolph Deissmann, Bible Studies: Contributions, Chiefly from Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language,  2a ed., traduzido por A. Grieve(Edimburgo: T. & T. Clark, 1923), p. 229. Ver também Adolph Deissmann,

 Light from the Ancient East   (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1978), pp.11 0, 111.

9“No teu quarto” (ARA).

10“Não fiquem sempre repetindo a mesma coisa” (NVI).

11 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 119.12Robertson, Commentary on Matthew,  p. 106.

13McNeile,  Matthew, p. 76.

14“Dános hoje o nosso pão de cada dia” (NVI).

15 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament  (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 242.

16Ver as sugestões de Deissmann em  Neutestamentliche Studien Georg Heinrici  Dargebracht   (Leipzig, 1914), pp. 118, 119.

17Albert Debrunner, Theol. Lit. Ztg.  (1925), col. 119.18Adolph Deissmann, Light from the Ancient East  (Reedição, 1927), p. 78, nota 1.

19Albert Debrunner,  A Greek Grammar o f the New Testament and Other Early Christian Literature (Edição Revisada, Chicago: University of Chicago Press,1961), Bp. 123.1.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

20 Vincent, Word Studies, p. 43.

21Deissmann, Bible Studies, p. 221, e Light from the Ancient East, Reedição, p. 331.

22 Robertson, Commentary on Matthew>,  p. 108.

23“E não nos deixes cair em tentação” (ARA).

24 Vincent, Word Studies, pp. 43, 44.

25 L‘Livranos do Maligno” (BJ).

26 "Se perdoardes aos homens os seus delitos” (BJ).

27“Um ar sombrio” (BJ); “uma cara triste” (NTLH); “uma aparência triste” (NVI).

28“Mudam a aparência do rosto” (NTLH).

29 Esta é a leitura do texto em GNT e WR. TR e TM têm a leitura kv  xw Kpinrao,

igual a em 6.9.10“Arrombam” (NVI).

31 “Se teu olho estiver são” (BJ).

32 Moulton and Milligan, Vocabulary, p. 58.

33Bruce, Expositor s,  p. 124.

34 Hatch, Essays in Biblical Greek, p. 80.

35 “Não vos preocupeis com a vossa vida” (BJ).

36 Vincent, Word Studies, p. 48.

37 McNeile, Matthew, p. 86.

38 Ibid.

39 Ibid., p. 89.

40 Robertson, Commentary on Matthew,  p. 112.

41 Ibid., p. 113.

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Capítulo

7

 Mateus

7.1.  Não ju lgueis   (Mi) Kpíveue). É o hábito da disposição de

condenar e criticar; a crítica acentuada e injusta. A palavra crítica vem desta palavra grega. Significa “separar”, “distinguir”, “discri-minar”.

7.3. O argueiro  (tò Kápcjioç). Não um grão de pó, mas um pe-daço de madeira seca ou palhiço, lasca (Weymouth, Moffatt), uma

 partícula muito pequena que irrita. A trave1 (ôokòv). É um cepo no qual se apóiam as tábuas da casa

(segundo os papiros), travessa, viga, barrote, prancha (Moffatt); umaestaca que se ressalta grotescamente do olho. É possível que Jesusestivesse citando um provérbio semelhante a “quem tem telhado devidro não joga pedra no telhado dos outros”. Tholuck cita um pro-vérbio árabe: “Como tu vês a lasca no olho do teu irmão, e não vêsa vigamestra no teu olho? ”2

7.5. Cuidarás (ôiapA.ó[íei<;). Nas páginas neotestamentárias, só

ocorre neste versículo. Em Lucas 6.42 e Marcos 8.25: “Olhar atravésde”, “penetrar”, em contraste com piémEiç, “fitar”, “contemplar”, noversículo 3. Tire o cepo do seu olho para você ver claramente (ARA)e poder ajudar o irmão a tirar a lasca (éKpcdetv) do olho dele.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

7.6.  Não deis aos cães as coisas santas3  (Mfj ôcòte  zo  ayiovToXç kixhv). Não está claro a que coisas santas a determinação se

refere, se aos brincos ou aos amuletos. Os cães não sentem atração pelo que seja santo. Richard Trench diz que a referência é a car-ne oferecida em sacrifício que não deve ser arremessada aos cães:“Não é que os cães não a devorariam, pois o fariam com muita gana;mas seria uma profanação dála a eles, desta forma tomandoa umGKÚpkxÀov, Êxodo 22.31”.4 Os cães ganindo pulariam em cima disso.Os cães são aparentados aos lobos e infestam as mas das cidades

orientais. Nem deiteis aos porcos as vossas pérolas   (xoüç [iapyapÍTaç

u(ícòv 6|_iTTpoo0£:V x(òv  xoípoov). Na palavra grega traduzida por pérola  temos o nome  Margarita  (ou Margarete). As pérolas parecemervilhas ou bolotas e enganariam os porcos até que descobrissemque foram ludibriados. Os javalis selvagens pisoteiam e dilaceramcom as presas qualquer coisa que os enfureça.5

7.9. Pedra... pão (aptov ... ÀÍGov). Certas pedras parecem pães.0 Diabo sugeriu que Jesus transformasse pedras em pães (Mt 4.3).7.10.  Peixe... serpente  (LjcGuv ... õcfnv). O peixe é um gênero

alimentício comum, sendo facilmente substituído por cobra d ’água.Há anacoluto nesta oração em grego.

7.11. Quanto mais  (71000) |iâAAov). Jesus gosta de raciocínios“com tanto mais razão”, indo do menor para o maior.6

7.12. Vós quereis que os homens vos façam (Í vcl  ttolgòolv ú|iiv01 avGpornoL). Lucas (6.31) põe a Regra Áurea em confronto comMateus 5.42. A forma negativa consta em Tobias 4.15: “Não façasa ninguém o que não queres que te façam” (BJ). Este dito era usado

 por Hillel, Fílon, Isócrates, Confucio. “A Regra de Ouro é a essên-cia refinada do ‘cumprir’ (Mt 5.17) ensinado no sermão.”7Jesus 0

coloca na forma positiva.

7.13.  Pela porta estreita  (õià xíjç oTevqç uúÀriç). A ilustraçãodos dois caminhos desfrutava de ampla circulação nos escritos ju-daicos e cristãos (cf. Dt 30.19; SI 1.16; Jr 21.8).8Aporta estreita érepetida no versículo 14 com 0 acréscimo de íe0A.i[j,|iévr|. O caminhoé “apertado”, estreito como uma passagem estreita por entre mon-

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 Mateus 7 

tanhas ou rochas altas, um lugar bem apertado como óxeyoxupíaem Romanos 8.35. “O caminho que conduz à vida envolve apuros e

tribulações.”9Vincent cita Pinax ou Tablet de Cebes, um contempo-râneo de Sócrates: 10 “Estás vendo uma pequena porta e um caminhoque sai da porta. O caminho não está muito cheio, pois são muito

 poucos os que trafegam por ele. Este é o caminho que leva à verda-deira cultura”. Toda cidade, vila, aldeia tem um caminho “espaçoso”(eúpúxwpoç) com luzes brilhantes que seduzem para a destruição.

7.15.  Falsos profetas  (tgõv i|/euõoupocJ)r|i;côv). Havia falsos pro-

fetas nos tempos do Antigo Testamento. Jesus prediz a vinda de“falsos cristos e falsos profetas” (Mt 24.24) que desviarão a mui-tos. No tempo determinado, eles surgirão como se fossem anjos deluz, assim como Satanás o faz. Entre eles haveria judaizantes (2Co 11.1315) e protognósticos (1 Tm 4.1; 1 Jo 4.1). No momentoem que Jesus falava, já existiam os falsos profetas (cf. At 13.6; 2Pe 2.1). Por fôra, parecem “ovelhas”, mas por dentro são “lobos

devoradores” (Aúkol aprayeç), ávidos pelo poder, ganho e orgulho.É uma tragédia que tais homens e mulheres tenham reaparecido aolongo dos séculos e sempre encontrem vítimas. Lobos são mais pe-rigosos do que cães e porcos.

7.16,20.  Por seus frutos os conhecereis11  (crrrò tgòv KapTicôvaí)Tcòv èTTiyyGÓoeoBe aúxoúç). A partícula ém, está acoplada ao verboconhecer   (yiycóoKw), significando “conhecer completamente”. As

ilustrações da árvore e da vinha têm muitos paralelos nos escritoresantigos.7.21.  Nem... mas  (Oú ... cúJJ).  Nítido contraste entre o mero

falador e o fazedor da vontade de Deus.7.22.  Não profetizamos nós em teu nome?  (oú tcô oco óyófmxi

èTTpoc(jr|T6Úoa|iey12). O uso de oú na pergunta pede a resposta afirma-tiva. Eles afirmam ter profetizado ou pregado em nome de Cristo e

feito muitos milagres. Mas Jesus lhes arrancará a pele de ovelha eexporá o lobo voraz.7.23.  Nunca vos conheci  (Oúô6ttoté eyvtov ú|iâç). “Nunca me

fui pessoalmente conhecido de vós” (conhecimento experimental).O sucesso, segundo estimação do mundo, não é um critério de co-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

nhecer Cristo e ter uma relação com ele. “Eu lhes direi abertamente”(ô[ioA.oyiíoco aÚTOiç); o mesmo vocábulo usado para confessar Cristodiante dos homens (Mt 10.32). Esta expressão Jesus usará para oanúncio público e franco do destino dessas pessoas.

7.24.  E as pratica13  («ai uoiel airuouç). Este é o ponto centralda Parábola do Construtor Prudente e do Construtor Insensato. Oconstrutor prudente “cavou, abriu bem fundo, e pôs os alicerces so-

 bre rocha” (Lc 6.48).7.25. Estava edificada14 (TeGeneAiorro). Terceira pessoa do singu-

lar do pretérito perfeito passivo do indicativo de conclusão no passa-do. Fôra edificada sobre a rocha e ainda estava de pé, simplesmente.

7.26.  E as não cumpre15  («od (j.r) ttolgôv aúuouç). O constru-tor insensato edificou a casa sobre a areia que, como é sabido,não dá firmeza na tempestade. Lembremonos das palavras deJesus ditas no começo do sermão sobre “cumprir e ensinar” (Mt5.19). Ouvir sermões é um negócio perigoso se não os pusermos

em prática.7.28. A multidão se admirou da sua doutrina (è eTTÀr|Ooovi;o oiòxA.01  4ui  x\\  õiôaxíí aírcou). As pessoas ouviram encantadas e fi-caram pasmas. Note o tempo imperfeito, um rumor de assombro. Overbo significa literalmente “estavam chocados e fôra de si”.

7.29.  E não como os escribas16  (kocI oí)% coç oi ypcwoaelçauxGÒv).17  As pessoas estavam habituadas aos sermões dos rabinos

nas sinagogas. Há exemplos desses discursos registrados na Mishnáe na Gemará, o Talmude judaico. Essas obras apresentam uma co-leção surpreendente de comentários curtos, enfadonhos e desloca-dos, que tratam de todo tipo de problema concebível na história.Os escribas citavam os rabinos na presença deles e tinham medo deexpressar uma ideia sem têla apoiado devidamente em algum an-tecessor. Jesus falava com a autoridade da verdade, a realidade e o

frescor da luz matutina e o poder do Espírito de Deus. Este sermão,que causou tão forte impressão, terminou com a tragédia da quedada casa que fôra edificada sobre a areia, como o estrondo de umgigantesco carvalho na floresta. Não houve a mínima suavizaçãoquanto ao resultado.

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 NOTAS 

 Mateus 7 

1“Viga” (NVI).

2 Citado em Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament, vol.1, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 49.

3“Não dêem para os cachorros o que é sagrado” (NTLH).

4 Richard Trench, Exposition o f the Sermon on the Mount drawn from the Writings o f St. Augustine, 4a edição revisada (Londres: Kegan Paul, Trench & Company,1886), pp. 301, 302, nota 4.

5Uma versão bíblica na qual o quiasmo (repetição de palavras em ordem rever-tida) ajuda a interpretação é: “Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem

suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltandosecontra vocês, os despedaçarão” (NVI). A NVI apresenta os cães e os porcos

 pisoteando as coisas santas e atacando a pessoa. A NTLH desfaz o quiasmo deforma que só os cães atacam, enquanto que os porcos pisoteiam.

6A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew  (NovaYork: Macmillan, 1911), p. 115.

7Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 93.

s Ver Didaquê 1— 6; Epístola de Bamabé 18—20.

9McNeile,  Matthew, p. 94.

10Vincent, Word Studies, p. 50.

11“Vocês os reconhecerão por seus frutos” (NVI; cf. BJ).

12 Assim é a leitura de GNT/NA e WH, ao passo que TR e TM têmTTpOecj)r)T€ÚGCqj,£V.

13“E vive de acordo com eles [os ensinamentos]” (NTLH).

14“Estava alicerçada” (BJ); “tinha seus alicerces” (NVI).15“E não as pratica” (ARA).

16“E não como os mestres da lei” (NVI).

17TR e TM omitem o pronome aúxâv.

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Capítulo

8

 Mateus 

8.2. Senhor, se quiseres (Kúpie, kav 0éÀr)ç). O leproso sabia queJesus tinha o poder para curálo. A dúvida era sobre a vontade deJesus. “Os homens acreditam mais facilmente no poder milagrosodo que no amor milagroso.”1  Esta é a condição da terceira classe(indeterminada, mas com prospecto de ser determinada). O leprosotinha uma dúvida esperançosa. Jesus aceitou o desafio dando a ga-rantia de “quero”. O mandamento: “Não o digas a ninguém”, visava

a suprimir a excitação e prevenir a hostilidade.8.5. Chegou junto dele um centurião  (TTpoof|À0ey aúxcôèKaióvTapxoç). Dativo apesar do genitivo absoluto eloeÀGóvuoç au

’ ToCr como no versículo 1 , uma expressão idiomática grega não rara,sobretudo no koiné.

8.6. Violentamente atormentado3  (õeivwç paoccvaÇó ievoç).Particípio passivo presente no nominativo masculino singular da

raiz pacrávoç (ver Mt 4.24). O menino (uatç), escravo (õoOÀoç, Lc7.2), estava acamado (péplr|Tcu, perfeito passivo do indicativo de páÀÀco), um paralítico crônico .4

8.7. Eu irei e lhe darei saúde5 (’Eycò èÀ0còv OeptxTTeiJoa) autóv).Primeira pessoa do futuro do singular ativo do indicativo, não um

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

subjuntivo deliberativo em questão.6A palavra aqui traduzida por“darei saúde”, Gepaneijoco, significa primeiro “servir com atenção

médica”, daí “curar” ou “restabelecer a saúde”. No versículo 8, ocenturião usa a palavra mais definida para curar (íaGrjoeim), comoMateus usa no versículo 13 (íá0r|). Lucas (9.11), como médico, dizque Jesus sarava (Lâuo) os que necessitavam de cura (GepaTreíocç),

mas a distinção nem sempre é observada. Em Atos 28.8, Lucas usaLáacao  para falar sobre as curas milagrosas que Paulo fazia na ilhade Malta. Em Atos 28.9, ele emprega o termo éGepcnreiJovTo, ao que

tudo indica pela prática do médico Lucas (segundo opina WilliamM. Ramsay). Mateus diz que o próprio centurião falou com Jesus,ao passo que Lucas conta que dois comitês do centurião levaramas suas mensagens, sendo esta claramente uma narrativa mais de-talhada. O que alguém faz pelos outros é como se ele mesmo ti-vesse feito, como Pilatos que “açoitou a Jesus” ordenando que elefosse açoitado.

8.9. Pois também eu sou homem sob autoridade (kcu yàp èycòavBpwTTÓç el|ii úttò è^ouoíav).  “Também” está no texto, ainda queKm aqui possa significar “até mesmo”. Se esta foi a intenção, o sen-tido seria: “Mesmo eu em minha posição subordinada tenho solda-dos sob meu comando”. Como militar, ele aprendera a ser obedienteaos superiores e, por conseguinte, esperava obediência imediata aosseus comandos (imperativos aoristos e indicativos aoristos do pre-

sente). Por conseguinte, a fé que ele tinha na autoridade de Cristosobre a doença do meninoservo o levou a presumir que Jesus só precisava dizer uma palavra para que a cura fosse realizada.

8.10. Tanta fé  (toaaÚTriv ttÍociv). A convicção demonstrada porum centurião romano era maior que a convicção de um judeu. Damesma forma, Jesus ficou surpreso com a grande fé da mulher cananéia (ver Mt 15.2228).

8.11.  Assentar-se-ão à mesa1  (ávaKliGiíaovTCu). Reclinarse àmesa em sofás como os judeus e romanos faziam. Por conseguinte,o famoso quadro A Ultima Ceia, pintado por Leonardo da Vinci, éum anacronismo, porque apresenta todas as pessoas sentadas emcadeiras.

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 Mateus 8

8.12.  E os filhos do Reino&(ol õè ulol xf|ç paoiÀcíaç). Expressãoidiomática hebraica cuja força e sentido semelhase em intensidadea “filho do inferno” (Mt 23.15) e “filhos deste mundo” (Lc 16.8).

Os judeus sentiam que tinham direito aos privilégios do Reino porserem da descendência de Abraão. Todavia, o mero nascimento na-tural não ocasiona filiação espiritual, como já ensinara João Batista(Mt 3.9).

 Nas trevas exteriores9 (eiç xò okotoç xò é^cóxepov). Um adje-tivo comparativo como “mais avançado para fôra”. A referência éà escuridão que havia fôra dos limites do palácio iluminado, umametáfora do inferno ou punição (Mt 25.30). O artigo repetido tomao adjetivo mais ousado e mais impressivo, “as trevas do exterior”,lá onde se ouvem o gemido e o ranger dos dentes na densa negridãoda noite.

8.14. Jazendo com febre10(p^pirpevriv kcu uupéooouaav). Dois particípios, “acamada” ([ARA], acusativo feminino singular do per-feito passivo de páAAw) e “ardendo em febre” ([ARA], acusativofeminino singular do presente ativo). O texto não informa quantotempo fazia que ela estava febril, mas a febre pode ter sido súbitae severa (Me 1.30), visto que Jesus, ao chegar à casa de Pedro, éavisado imediatamente a respeito do estado da mulher. A febre emsi era considerada uma doença. “Febre” em grego é tíOp.

8.15.  E tocou-lhe na mão  (ríij/axo xf|ç xeipòç aúxfj), em ato decompaixão tema e amorosa por ser o grande Médico.

Serviu-osn  (õiriKÓvei auxw).12  Ela “começou a servir” ([cf.ARA], imperfeito conativo ou inceptivo) a Jesus imediatamente emgratidão e amor.

8.16. E chegada a tarde ('Oi|iíaç õè yevo[j.évr|c;), um genitivo ab-soluto. Mateus desenha um belo panorama de pôrdosol ao fim dodia de sábado, como faz Marcos 1.32. Multidões vão a Jesus quandoele ficou à porta da casa de Pedro (Mt 8.16; ver também Me 1.33). Acidade toda se juntou lá com “todos os que estavam enfermos” (verMt 4.24), e ele os curou “com a sua palavra” (A.óyco). Tratavase deuma cena inesquecível para os que a viram.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

8.17.  Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou anossas doenças13(Amòç xàç àaQeveíac,  rptòv ’ éXocfiev  «m làç vóoouç

èpáotaoev), citação de Isaías 53.4. Não está claro em que sentidoMateus aplica as palavras de Isaías, se no sentido preciso do hebrai-co ou de maneira independente. Moffatt traduz: “Ele tirou as nossasenfermidades e carregou o fardo de nossas doenças”. Goodspeedtraduz: “Ele tomou a nossa enfermidade e levou embora as nossasdoenças”. Deissmann opina que Mateus fez uma interpretação livredo hebraico, descartou a tradução da LXX e transpôs os dois ver-

 bos hebraicos. Neste caso, Mateus quer dizer: “Ele levou sobre sias nossas dores e carregou as nossas doenças”.14 Alfred Plummeradvoga que “é impossível e também desnecessário entender o queo evangelista entendia por ‘tomou’ (éXafiev)  e ‘levou’ (ê(3áaxaoev). Pelo menos, tem de significar que Jesus retirou os sofrimentos dossofredores. Dificilmente ele quis dizer que as doenças foram trans-feridas para Jesus”.15 A palavra paotáCu ocorre largamente nos papi-

ros com o sentido de levantar, levar, carregar, suportar, levar embora(o significado mais comum).16 Em Mateus 3.11, temos o uso comumdo vernáculo “levar as suas sandálias”. O grego ático não usava aexpressão no sentido de “levar embora”. “Esta passagem é a baseda teoria da cura pela fé (evangelho da saúde e da prosperidade) queafirma que a expiação de Cristo inclui a provisão para a cura fís ica não menos que para a cura espiritual, e, por conseguinte, teima em

traduzir ‘levou embora’.”17  Vimos que a palavra PaoraÇco permiteesse significado, mas concordo com McNeile: “A passagem, comoMateus a emprega, não tem influência na doutrina da expiação”.Mas Jesus mostra a sua compaixão por nós. “A compaixão de Cristo

 pelos sofredores era tão intensa que ele realmente sentia as suasenfermidades e dores.”18 Em nossos fardos, Jesus se põe debaixo dacarga junto conosco e nos ajuda a carregar.

8.19. Um escriba  (etc ypafi^iateúç). Um (<áç), numeral, é igua “um”, artigo indefinido. Já era discípulo como mostra a expressão“outro de seus discípulos” (étepoç ôè tmv |ia0Tyuájv [aírcou]) em8.21. Ele chama Jesus “Mestre” (õiõáoKode), mas ao que parece éirmão “presunçoso”, extremamente autoconfiante e plenamente sa-

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 Mateus 8

tisfeito consigo mesmo. “Era um membro dessa classe difícil deimpressionar, em espírito e tendência completamente opostos aoscaminhos de Jesus.”19 Contudo, Jesus lida gentilmente com ele.

8.20.  As raposas têm covis  (Al áÀGÓiTeKeç cjjcoÀeouç exouoiv),toca ou buraco escondido.

 As aves do céu têm ninhos  (zà irezeivà zov ovpavovKazaoKrivúcKELç). “Poleiros, ou seja, folhados, OKr|vcá para pou-sar à noite (tabernacula, habitacula),  e não ninhos.”20  O verbo(KaTaoKT|vóoo) consta na LXX em Salmos 103.12 (104.12) falandosobre os pássaros.

O Filho do Homem (ó ulòç toü òcvGpoÓTToi)). Esta expressão no-tável, que Jesus costumava aplicar a si mesmo, surge aqui pela pri-meira vez em Mateus. Muitos estudos já foram feitos sobre as suasnuanças de significado. A expressão “significa muito para o orador,que a escolheu deliberadamente em concordância com reflexões pri-vadas, cuja natureza só nos resta adivinhar pelo estudo das muitasocasiões em que o nome é usado .”21  Na maioria das vezes, querdizer “o homem representativo”. Pode ter o significado do vocábuloaramaico barnasha, “o homem”, mas em grande parte das ocorrên-cias não terá essa ideia. Jesus usa a expressão como título messiâni-co oculto. E possível que este escriba não tenha entendido nada daexpressão. Bruce opina que Jesus quis dizer “o Homem nãoprivilegiado” que é pior do que as raposas e as aves.22 Jesus falava gregocomo também aramaico. E inconcebível que os Evangelhos nuncativessem dito que Jesus é “o Filho do Homem” e sempre creditas-sem a expressão a Ele mesmo falando nas suas próprias palavras seEle não se chamasse assim. O termo é usado nos Evangelhos cercade oitenta vezes, sendo que trinta e três vezes constam em Mateus.

 Nos primeiros tempos do seu ministério, exceto bem no começo emJoão 4, Jesus privase de chamarse Messias. Este termo se ajustava

 perfeitamente ao seu propósito para fazer com que as pessoas sehabituassem ao título especial de Messias, quando então ele estaria

 pronto para dizêlo abertamente.8.21. Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu 

 pai23 (Kúpie, kziízp^óv   [ioi upcôiov áire/lGeiv Kcà Gcajjcu tòv natépa

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

(íou). O primeiro homem era um entusiasta. Este é excessivamentecauteloso. De modo algum é conclusivo que o pai estivesse mor-

to. Tobit exortou o filho Tobias que se assegurasse de enterrálo:“[Filho], quando eu morrer, darmeás uma digna sepultura”.24  A probabilidade é que esse discípulo estivesse dizendo que, depois queo pai estivesse morto e enterrado, então ele estaria livre para seguira Jesus. “Em nossos próprios dias, sabese de um oriental sentadoao lado de seu pai, falando dos seus projetos futuros: ‘Mas primeirotenho de enterrar o meu pai !’”25  Jesus desejava que as coisas mais

importantes fossem feitas primeiro. Mesmo que o pai do homemnão estivesse morto, o serviço a Cristo vem em primeiro lugar.8.22.  Deixa aos mortos sepultar os seus mortos  (acj)eç xoij

veKpoiiç 0ái|m xoi)ç èauxwv veKpoúç). Os espiritualmente mortossempre estão por perto para enterrar os fisicamente mortos, se onosso verdadeiro compromisso estiver com Jesus. Crisóstomo dizque, ainda que seja uma boa ação enterrar os mortos, a melhor é

 pregar Cristo.268.24.  Ele, porém, estava dormindo27  (aúxòç ôè eKá0euôev); ter-

ceira pessoa do singular do pretérito imperfeito ativo do indicativo,“estava dormindo” — uma cena pitoresca. O mar da Galiléia fica aduzentos e dez metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Essasrajadas súbitas vêm do pico do monte Hermom com força surpre-endente (oeia|iòç |iéyaç), semelhante a um terremoto. Marcos 4.37

e Lucas 8.23 dizem respectivamente que foi um “grande temporal” ,uma “tempestade de vento” (A,oâÀai[r) com rajadas fortes.8.25. Senhor, salva-nos, que perecemos  (Kúpie, ogxjov,

áTToAAú[ie0a).28  Mais precisamente: “Senhor, salvanos imediata-mente (aoristo); estamos perecendo (presente linear)”.

8.27.  Até os ventos e o mar lhe obedecem?29 (kocI oi ave|_iKcd f) Qákaooa aúxcô útokoúouoiv). Um milagre da natureza. Nem

uma gota ao sabor do vento se acalmaria no mar de um momen-to para o outro. “J. Weiss explica que por ‘incrível coincidência’a tempestade acalmou no momento exato em que Jesus falou !”30

Certas pessoas pensantes se satisfazem facilmente com a sua pró- pria estupidez.

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 Mateus 8

8.28. A provínciados gadarenos31(xf]v xcopav i(2>vrtóapr|voôv).32

Este é o texto correto em Mateus, ao passo que em Marcos 5.1 eLucas 8.26 é a “região dos gerasenos” (BJ). Thompson descobriu às

margens do lago as ruínas de Córsia (Gerasa). Essa aldeia está nodistrito da cidade de Gadara, poucos quilômetros para o sudoeste,de forma que pode ser chamada por Gerasa ou Gadara .33 Mateus falade “dois endemoninhados”, ao passo que Marcos e Lucas mencio-nam só um principal.

Os sepulcros (xC)v  |_ivrpe ícov) eram câmaras entalhadas na en-costa das montanhas. No lado oriental do lago, os penhascos íngre-

mes são de formação de pedra calcária e estão cheios de cavernas.E uma das provas de que é maníaco quem assombra os sepulcros.As pessoas evitavam a região por considerála perigosa por causados loucos.

8.29.  Filho de Deus  (ulè xoü Geou). E surpreendente o fato deos demônios reconhecerem Jesus. O assunto da demonologia é di-fícil. Há quem defenda que é apenas o modo antigo para descrever

as doenças. Mas isso não explica situações como esta. Jesus trata osdemônios como seres reais. Ele separa a existência deles da persona-lidade humana. Certos missionários afirmam ver demônios quandoestes são expulsos. O Diabo conhecia muito bem a Jesus, e não é es-tranho que o Senhor seja reconhecido pelos agentes do Adversário.Eles sabem que não há nada em comum entre eles e o Filho de Deus(r||!iv kocI ooí — dativo ético) e temem que o tormento chegue “an-tes do tempo”34 (irpò Kaipou). Tà ôoa|_ióvia é a palavra normalmenteusada nas perícopes do Novo Testamento para referirse aos demô-nios; mas no versículo 31 temos ol ôaí|j.oveç — a única ocorrênciaexata deste termo no Novo Testamento. Aaqióviov é diminutivo deôcáfiwv. Em Homero, ôctí^cov é sinonimamente usado com Geóç eGeá. Hesíodo empregou o termo Saíjauv para referirse aos homensda idade de ouro como deidades tutelares. Homero usa o adjetivoôaqióvLOç em sentido mau. Empédocles opinava que os demônioseram tanto ruins quanto bons. Eram usados para aliviar os deuses eas deusas das muitas baixarias e falta de escrúpulos. George Grotecomenta que, sendo este o uso pagão, os cristãos estavam justifica-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

dos em dizer que a idolatria era adoração a demônios 35  (ver 1 Co10.20,21; 1 Tm 4.1; Ap 9.20; 16.13,14). Nos Evangelhos, os demô-nios são comparados a espíritos imundos (Me 3.22,30; 5.12,15; Lc4.33). Os demônios são perturbadores de todos os aspectos da vidado homem (Vincent; Mt 12.45; Me 5.25; 7.25; Lc 13.11,16).

8.32. Toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por  um despenhadeiro (up[ir|oev moa  f] ày€A.r| Karà xoü Kprujvoí)); pelo

 precipício abaixo (caso ablativo) até ao mar, aoristo constativo. Hojeentendemos melhor a influência da mente sobre a matéria, mas temoso domínio da mente do Mestre sobre a mente dos maníacos, o poderde Cristo sobre os demônios, o poder dos demônios sobre a manadade porcos. Existem dificuldades em excesso para quem só vê folclore elenda, mas tudo fica bastante claro se considerarmos que Jesus é verda-deiramente o Senhor e o Salvador. Não precisamos ficar preocupadoscom o extermínio incidental dos porcos, quando estamos tão acostuma-dos com tragédias da natureza que nos são incompreensíveis.

8.34.  Rogaram-lhe que se retirasse do seu território36

(TiapeKáÀeoccy òttwç fiecapri c o t ò 'coôv ópíoov omcòv). A cidade em peso ficou em polvorosa com a ruína total dos porcos e implorouque Jesus se retirasse. Preocupados com a perda da propriedade,esqueceram a cura dos endemoninhados. Importaramse mais comos porcos do que com as almas humanas.

 NOTAS  ___________________________________________________ 1 Alexander Balmain Bruce, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 137).

2 No lugar do genitivo absoluto, TR e TM têm um dativo absoluto EioelGoviiaÚTcò.

3“Sofrendo horrivelmente” (ARA).

4 A. T. Robertson, Commentary on the GospelAccording to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 121.

5“Eu irei curálo” (ARA).

6Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 104.

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 Mateus 8

7“Tomarão lugares à mesa” (ARA).

8“Mas os súditos do Reino” (NVI).

9“Para fôra, nas trevas” (ARA).

10“Estava de cama e com febre” (AEC).

11“Começou a servilo” (NVI).

12No lugar da forma singular, TR tem oanmç.

13 “Ele levou as nossas doenças e carregou as nossas enfermidades” (NTLH; cf.BJ).

14 G. Adolph Deissmann,  Bible Studies: Contributions, Chiefly fro m Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language, 2a ed., traduzido por A. Grieve (

Edimburgo: T. & T. Clark, 1923), pp. 192, 193.15 Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint  

 Matthew   (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 128.

16 James Hope Moulton e George Milligan, The Vocabulary o f the Greek Testament  (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 106.

17 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 53.

18McNeile,  Matthew,  p. 108.

19Bruce,  Expositor s,  p. 142.20 McNeile, Matthew,  p. 109.

21 Bruce, Expositor s, p. 142.

22Ibid.

23“Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai” (NTLH).

24 Tobias 4.3 (BJ).

25 Plummer, Matthew,  p. 130, nota 1.

26 The Nicene and Post-Nicene Fathers, Vol. 10, “The Works of St. Chrysostom”,Homily 27 (Nova York: Christian Literature Company, 1894), p. 188.

27 “E Jesus estava dormindo” (NTLH). O substantivo próprio Iriaoüç não se acha notexto grego, mas consta o pronome Aíruóç, que obviamente se refere a Jesus.

28TR e TM incluem o pronome: “Salvanos” (owaov íp âv), ao passo que GNT/ NA e WH não incluem o pronome.

29 “Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?!” (NTLH).

30 McNeile, Matthew,  p. 111.

31 “País dos gadarenos” (BJ); “região dos gadarenos” (NVI); “terra dos gadarenos” (ARA).

32 GNT/NA e WH têm raõctpr]v(3v, ao passo que TR e TM têm repyearivúv.

33 William M. Thompson, The Land and the Book   (Grand Rapids: Baker, 1954), p. 375.

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34 “Antes do devido tempo” (NVI).

35George Grote, History o f Greece (Nova York: American Book Exchange, 1881), pp. 255, 256.

36 “Pediram com insistência que fosse embora da terra deles” (NTLH).

COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

9.6. Ora, para que saibais  (iva ôè elõíyue). Jesus aceita o de-safio apresentado pelos pensamentos dos escribas e opera o milagreda cura do paralítico, que até ali só teve os pecados perdoados. A

cura física tornouse o sinal visível para provar o poder messiânicode Jesus de, na Terra, perdoar pecados como Deus perdoa. A palavraèçouoía significa poder ou autoridade. Na verdade, ele tinha ambos.

 Note a mesma palavra em 9.8. Disse então ao paralítico  (xóte Aiyei tcô uapaA.i)TiKtò). Claro

que estas palavras não foram ditas por Jesus. Curiosamente, Mateusas insere direito no meio das declarações de Jesus em resposta ao

desprezo dos escribas. Ainda mais extraordinário é o fato de Marcos(2 .10 ) colocar as mesmas palavras exatamente no mesmo lugar, sal-vo pela adição de tóxe em Mateus — uma palavra muito frequenteno vocabulário mateano. Marcos, como sabemos, relata em grande

 parte as palavras de Pedro e vê conforme a ótica de Pedro. Lucas(5.24) tem a mesma ideia no mesmo lugar sem o presente histó-rico vívido Àéyei (eluev TTapaA.eÀ.u|iévoo) com o particípio no lugar

do adjetivo. Esta é uma das muitas evidências que comprovam queMateus e Lucas usaram o Evangelho de Marcos.

Toma a tua cama8  (apov aou tt)v KÀívriv). Arrume de uma vez(segunda pessoa do singular do aoristo ativo do imperativo) o catrede enrolar.

9.9. Viu assentado na alfândega um homem9 (eíõev ay9pGOTTOvKaGr|[ievov èul tò TeÀúviov). A alfândega ou secretaria de impos-

tos de Cafamaum recebia o pagamento de impostos dos barcos quecruzavam o lago para sair do território de Herodes ou de pessoasque iam de Damasco para o litoral. Esta cidade ficava numa rota decaravana.

Chamado Mateus10  (MaGGalov leyó[ievov). Nesta passagem eno capítulo 10.3, Mateus é nomeado entre os doze apóstolos. Ele ti-nha dois nomes, como era comum. Marcos 2.14 e Lucas 5.27 o cha-

mam Levi. Os publicanos (leXoôvai) eram homens que cumpriamdeveres públicos. Não era designação muito precisa. Eram detesta-dos, porque praticavam extorsão. Até Gabínio, procônsul da Síria,foi acusado por Cícero de roubar dinheiro dos impostos legítimos

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 Mateus 9

dos sírios e judeus. Jesus já falara acerca do publicano (Mt 5.46),mostrando, de certo modo, o desfavor público dessa classe.

9.10.  Muitos publicanos e pecadores11  (ttoAAo! TeÀwvai «m

(X|iapTCóÀ.oI), quase sempre são citados juntos, demonstrando o des- prezo comum e contrastandoos com os justos (ôlkcuoi em Mt 9.13).Era uma estranha mistura de gente no banquete de Levi: Jesus e osquatro discípulos pescadores junto com Natanael e Filipe; MateusLevi e seus excompanheiros de trabalho, publicanos e pecadores.Os fariseus com os seus escribas (ou estudantes) observavam jun-tamente com os discípulos de João Batista, que estavam jejuando

no mesmo momento em que Jesus estava banqueteando com essas pessoas. Os fariseus criticam (“o vosso Mestre”) rispidamente portal quebra de etiqueta social por “reclinarse à mesa” junto com pu-

 blicanos no banquete de Levi.9.12.  Mas sim, os doentes  (àAA’12  ol kkkíôc; exovteç).

Provavelmente um provérbio sobre médicos vigente na época deJesus. Como médico do corpo e da alma, Jesus viase compelido a

entrar em estreito contato com os desterrados sociais.9.13. Ide, porém, e aprendei  (TTopeuGévTeç õè |iá9ere). Segunda

 pessoa do plural do aoristo ativo ingressivo do imperativo ([láB&ic).Com sarcasmo aguçado, Jesus convida esses pregadores a aprendero significado de Oseias 6.6 . O convite é repetido em Mateus 12.7.

9.14. Os discípulos deJo ão u (ol |j.(x9r|Tal ’Iwávvou l4). Ficamossuipresos por achar alguns discípulos de João Batista junto com os

fariseus a fim de criticar a Jesus. João Batista estava preso, e talvezeles culpassem ao Senhor Jesus por não fazer nada a respeito. OBatista não teria ido ao banquete de Levi em um dia judaico de je -

 jum. “Os discípulos de João Batista imitaram o asceticismo rígidode seu mestre (Mt 11.18) e dos rabinos fariseus (Lc 18.12).”'5

9.15. Os filhos das bodas16  (oi uioi t;oü vu|i(j)(I)voc;). E umaexpressão idiomática hebraica recente para referirse aos convida-

dos de casamento, “os amigos do noivo e todos os filhos da câmaranupcial”17  (cf. Jo 3.29).

9.16.  Pano novo  (pctKouç áyvácjjou), um tecido de lã rústico esem pregas que, quando molhado, encolhe e rasga, ocasionando

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

um buraco maior do que o rasgo primitivo. Assim, “fazse maiora rotura”18  (xeipov oxío^a yívetai). O “semelhante” remendo (tòuÀiípcofia) faz mais mal que bem.

9.17. Odres velhos  (áoKouç ucdcaoúç). Odre é uma espécie dereceptáculo feito de pele de cabra com a parte peluda para dentro.“A palavra garrafa significa etimologicamente ‘utensílio para trans-

 portar água’. Em espanhol, bota  significa garrafa de couro, pipa, barrica. Na Espanha, ainda hoje o vinho é transportado para o co-mércio em peles de porco.”19  O vinho novo fermenta e rebenta a

 pele ressecada. “Entomase o vinho”20  (ó oívoç éic/eiiai).9.18.  Minha filha faleceu agora mesmo  ('H Guycmp |_iou apu

èxeÀeÚTrioey), tempo aoristo com ápxi: “faleceu agora mesmo”,“morreu há pouco” (Moffatt), “está moribunda” (Me 5.23), “estavaà morte” (Lc 8.42). Nem sempre é fácil para os médicos contaremquando a morte veio. Em Mateus 9.24, Jesus diz explicitamente:“A menina não está morta, mas dorme”, dando a entender que suamorte não foi definitiva.

9.20. Tocou a orla da sua veste2X (tÍi}jcít;o toC KpaoTíéôou touL|acaíou amou), a bainha ou franja da roupa, borla ou tufo que fica

 pendurado da barra da roupa de acordo com Números 15.38. Erafeito de lã trançada. Jesus usava a roupa exterior comum dos seusdias, com essas franjas nos quatro cantos. Os judeus contavam as

 palavras  Jeová Um  de acordo com os números das linhas brancastrançadas, um refinamento que não teria interessado a Jesus. Na suafé, essa pobre mulher tinha um elemento de superstição como mui-tas pessoas hoje têm, mas Jesus lhe honra a fé e a cura.

9.23. Os instrumentistas (touç auAxiiác;). A menina havia acaba-do de morrer, mas “o povo em alvoroço”22 (tòv bxXov  9opupoú|aevov)

 já se reunira no pátio externo com lamentos extravagantes e gritosfrenéticos. Tais pranteadores estavam “reunidos por motivos diver-

sos: pena, dinheiro, desejo de tomar parte da comida e bebida emtal ocasião”.23 Entre os instrumentistas (voluntários ou contratados),havia também “algumas carpideiras (Jr 9.17) praefcae , que eramcontratadas e pagas para cantar naenia  em enaltecimento ao mor-to”.24  Estes, quando foram expulsos por Jesus, “riramse dele”25

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 Mateus 9

(KmeyéÀGúv kútoú) em sonoras e repetidas gargalhadas de desprezo(imperfeito). Jesus superou esse ambiente repugnante.

9.27.  Partindo Jesus dali  (napáyovui 6Ket0ev tcò ’Ir|oou), casoinstrumental associativo com r]KoA,oú0rioay. Era a oportunidade su-

 prema para os dois cegos. Note dois endemoninhados em Mateus8.28 e dois cegos em 20.30. Ver a mesma palavra uapáXojv usadaem 9.9 acerca de Jesus.

9.29. Tocou, então, os olhos deles  (rjiJ/aTo tcòv ó<t)9aA,|i(ôvauucôv). Os homens tinham fé (Mt 9.28) e Jesus lhes recompensa afé. Mesmo assim, tocou os olhos deles como às vezes fez em atitudede compaixão tema e bondosa.

9.30.  E os olhos se lhes abriram.16 E Jesus ameaçou-os27

(rjvecóxQ^OK  28  amwv oi óc))9aA.|J0Í Kai èveppi|ir|9r| aÚTOiç ô’Ir|ooDç) ’Eveppi|afí9r| é uma palavra difícil, uma combinação dekv  com ppi(iáo|iai (ser movido com a raiva). E termo usado parareferirse aos cavalos quando relincham ,29  e a homens irritandose ou enraivecendose (Dn 11.30). O vocábulo só ocorre aqui emMateus30, mas duas vezes em Marcos (1.43; 14.5), principalmentenos pontos em que Mateus omite a palavra. Consta também em João11.33. Nesta perícope, tem a noção de comandar com severidade

 — um sentido desconhecido para os escritores antigos. A maioriados MSS tem a voz média èvePpiiariaaTO,31  mas Aleph e B têm avoz passiva êveppi|iií9r|, que Westcott e Hort aceitam, mas sem osentido passivo (cf. daTeKpí9r|). “A palavra descreve o ímpeto de sen-timentos profundos que nas passagens sinóticas apresentouse nomodo injuntivo, e em João 11.33, no olhar e na maneira.”32 Brucetraduz Eutímio Zigabeno em Marcos 1.32: “Olhando severamente

 para eles, ele contraiu as sobrancelhas e balançou a cabeça de umlado para o outro, como estão habituados a fazer os que desejam tera garantia de que os segredos não venham a ser revelados”.33

Olhai que ninguém o saiba  ('Opâue p/r|ôelç yiycooKétco). Note amudança elíptica de pessoas e número nos dois imperativos.9.32. Um homem mudo  (av9pcorrov kq^òv).34  Literalmente,

grosseiro de língua, como sugere a presente passagem, e tão mudo(de ouvidos como em Mt 11.5) quanto surdo. Homero usou a pa-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

lavra para referirse aos dardos não afiados.35 Outros a aplicaram aembotamento mental.

9.34.   Pelo príncipe dos demônios36  (’Ev  zQ   ap%ovti tgôv 

ôca|_iovÍG)v). Demônios, não diabos. O Códice Beza omite este ver-sículo, mas provavelmente é genuíno. Os fariseus estão ficando de-sesperados. Incapazes de negar a realidade dos milagres, eles procu-ram desacreditálos tentando relacionar Jesus com o próprio Diabo,o príncipe dos demônios. Mais tarde, eles repetirão essa acusação(Mt 12.24), quando então Jesus a refutará com sarcasmo cortante.

9.35. Percorria Jesus71(Kcà TrepiíiYev ô ’Iriooüç), tempo pretéri-to imperfeito descritivo desta terceira excursão por toda a Galileia.

9.36.  Andavam desgarrados e errantes3S (rjoav èoKDÀfiévoi39

Kcà èpp i|i[iévo L), pretérito perfeito perifrástico com o pretérito im- perfeito do indicativo. Era um estado triste e lamentável em queestava a multidão, como se tivesse sido despedaçada ou mutilada

 por animais selvagens. Nos papiros, okúàA.oo ocorre no sentido de“pilhagem”, “juro”, “vexação”. “Usada aqui para referirse aos ho-mens comuns, a palavra descreve a condição religiosa deles. Eram

 pessoas molestadas, importunadas, desnorteadas por quem deveriatêlas ensinado; impedidas de entrar no Reino dos céus (Mt 23.13),carregadas com os fardos que os fariseus colocavam sobre elas (Mt23.3). ’Eppi|j,|iévoi denota homens lançados para baixo e prostradosao chão, quer por embriaguez,40  quer por feridas mortais.”41  Este

 particípio perfeito passivo é derivado de pímco, “jogar ao chão”. O povo estava em estado de abatimento mental que moveu Jesus comcompaixão (èoTTÀayxyíoBri).

9.38. Que mande ceifeiros  (ottcoç eKpáA/fl èpyáraç). Jesus mudada figura das ovelhas sem pastor para o campo de plantações ma-duras e prontas para a ação dos ceifeiros. O verbo éKpáAAoo significa“pôr para fôra”, “empurrar para fôra”, “tirar para fôra com ou sem

violência”. A oração é o remédio oferecido por Jesus para essa criseda falta de mestres. Como é raro ouvirmos oração por mais prega-dores.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

26“A visão deles foi restaurada” (NVI).

27 “Jesus, porém, os advertiu severamente” (ARA).

28 TR e TM têm a grafia àyeú%9r|oav.

29 Ésquilo, Theb., p. 461.30 McNeile, Matthew, p. 97.

31 Inclusive TR e TM.

32 McNeile, Matthew,  p. 127.

33Bruce,  Expositor s,  p. 155.

34 “Um homem que não podia falar” (NTLH). WH não inclui av9pcoirov.

35 Ilíada 11.390.

36 “Pelo maioral dos demônios” (ARA).37 “Jesus ia passando por” (NVI).

38 “Estavam aflitas e exaustas” (ARA).

39TR tem èKÀeXunévoi..

40 Políbio, 5.48.2.

41 Willoughby G. Allen,  A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel   According to Matthew,   International Critical Commentary ( Edimburgo: T. &

T. Clark, 1912), p. 99.

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Capítulo

10

 Mateus 

10.1. Os seus doze discípulos  (touç ôcÓôékcí |j,a0r|Tàç oarroO). Na primeira vez que Mateus menciona o grupo dos “aprendizes”, usao artigo para mostrar que o grupo já estava estabelecido (ver Me3.1417). Foram escolhidos antes do Sermão do Monte, mas Mateusnão cita este fato. Marcos (3.1319) e Lucas (6.1216) declaram queJesus os escolheu ou nomeou depois de uma noite de oração e des-ceu com eles a certo lugar plano do monte para entregar o Sermão

do Monte (Lc 6.17). Deu-lhes poder   (íéõgúkév ccutoiç è^ouoíay). “Poder” (Moffatt,Goodspeed). Ficamos um tanto surpresos que Mateus só fale sobreo trabalho de cura, ao passo que Lucas fala sobre “pregar o Reinode Deus” e “curar os enfermos” (Lc 9.2). E Mateus diz: “E, indo,

 pregai” (Mt 10.7). Por conseguinte, não é justo dizer que Mateus sósoubesse da incumbência de curar os enfermos, por mais importante

que fosse como sinal de que Jesus era o Cristo. A aflição física eragrande, mas a espiritual era maior. Poder é a ideia mais provável dekífiXioía aqui. O ministério de cura chamava a atenção e fazia muito

 bem. Hoje, temos hospitais, médicos e enfermeiras. Mas não negue-mos o poder de Deus para abençoar essas agências e curar doenças

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

como ele quiser. Jesus ainda é o Mestre da alma e do corpo, mas a féinteligente não se priva de buscar a ajuda de médicos experientes.

10.2. Os nomes dos doze apóstolos  (Tcôv ôè õúôeKa áiroaxóA.wvxà óvó|iaiá). O apostolado é a função oficial dos discípulos, cor-respondendo ao trabalho de missionários. O nome “Simão” sempreaparece em primeiro lugar nas listas, inclusive na lista das pessoasque se reuniram no cenáculo em Atos 1.13. Ele foi o principal dis-cípulo até o começo da igreja no Dia de Pentecostes (At 2—3). Emtodas as listas, “Judas Iscariotes” consta em último lugar até suamorte ser informada em Atos 1.1518 e ele ser substituído (At 1.2026). Mateus o descreve: “Aquele que o traiu” (ô TTapaôoúç). Pensase que  Iscariotes  signifique “o homem de Queriote”, referindosea uma cidade perto de Edom citada em Josué 15.25. “Filipe” vemem quinto lugar e “Tiago, filho de Alfeu”, em nono. “Bartolomeu”é outro nome de Natanael. “Tadeu” é outro nome de Judas, irmãode Tiago. “Simão, o Zelote”, também é chamado Simão, o Cananeu(zelote  é derivado de uma palavra hebraica). Esta é a primeira ex-cursão de pregação e cura que eles fazem sem Jesus. Ele os enviade dois em dois (Me 6.7). Mateus os cita aos pares, provavelmentesegundo a dupla como foram enviados.

10.5. Jesus enviou estes doze  (Toúxouç xouç ôgóôékíx áTréoxeLlevó ’Irioouç). A palavra áuéoxeiÂev, traduzida por “enviou”, vem damesma raiz da palavra grega traduzida por “apóstolos” . Esta palavrareaparece no versículo 16.

Caminho das gentes1  (óôòv eQvãv),  genitivo objetivo, o cami-nho que conduz aos gentios. A proibição de ir aos gentios e sama-ritanos só se aplicou a esta aventura inicial. Os apóstolos tinhamde dar a primeira oportunidade aos judeus e não se envolver comtensões interraciais que prejudicariam a causa nesta fase. Mais tar-de, Jesus os enviou a fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19,ARA).

10.6.  As ovelhas perdidas da casa de Israel   (xà Tipópaxa xàá7TOÀQA.óxa olkou ’Ioparil), as ovelhas, as que estão perdidas, sãomencionadas aqui pela primeira vez em Mateus. Jesus está expres-sando compaixão e não censura.2  John Bengel comenta que Jesus

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 Mateus 10

diz “perdido” e assemelhados mais frequentemente do que “des-viado” e assemelhados.3 “Se a nação judaica pudesse ser levada aoarrependimento o novo tempo despontaria.”4

10.7.  Indo, pregai  (Tropeuóp,evoi õè Kripúooete), particípio pre-sente e imperativo presente. Eles eram pregadores itinerantes —“arautos”, “anunciadores” (icfjpui;) que proclamavam as Boas Novas.A mensagem sumária é a de João Batista (Mt 3.2) que assustara o

 país com as palavras: “E chegado o Reino dos céus”. Esse sermãoecoara pelo vale do Jordão em todas as direções. Agora chegou avez de eles sacudirem a Galiléia com essa mensagem, como fizeraJesus inicialmente (Mt 4.17).5

10.9. Não possuais ouro6 (Mf] KTT|or|o96 xpuoòv). Não é: “Não possuais” ou “não tenhais” , mas: “Não obtenhais” para vós mesmos,segunda pessoa do plural do aoristo médio indireto do subjuntivo.“Ouro”, “prata”, “cobre” aparecem em escala de valor descendente,que também abrange o metal mais insignificante, o bronze.

 Em vossos cintos (elç mç  Çwyaç ú|icôv). Usavase os cintos ouas faixas para levar dinheiro.10.10.  Nem alforjes  (|if) mpav). Pode significar uma maleta

de viagem para carregar pertences ou um lugar para os viajantesguardarem o pão. Deissmann opina que Tripa se refira ao saco queos mendigos usavam para coletar esmolas, segundo diz certa inscri-ção encontrada em um monumento na cidade de Kefr Hanar, Síria:

“Nos primórdios do cristianismo, os sacerdotes pedintes faziamas suas andanças pela terra da Síria em nome da deusa nacional”.7

Deissmann também cita um jogo de palavras em AiôaaKaAia8acercade viúvas itinerantes que diziam que elas não estavam tanto xrjpai(sem esposo) como urjpoa (sem bolsa). Também cita Shakespeare:9

“Há tempo, meu senhor, uma bolsa às costas, na qual ele põe esmo-las para cair no esquecimento”.10

 Porque digno é o operário do seu alimento11  (cc£ioç yàp óèpYcarjç Tf|ç Tpo<J)fjç aírroü).12 Lucas cita a mesma expressão quan-do registra a missão de Jesus aos setenta (Lc 10.7), usando o ter-mo |ílo9ou, que significa “salário”, em lugar de “alimento”, xpo^ç.Em 1 Timóteo 5.18, Paulo cita a forma de Lucas na qualidade de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Escritura (ri 7 p(xcj)ií) ou declaração comum. A palavra grega tradu-zida por “operário”, kpyáxr\cé usada por Jesus quando ele manda

que os seus seguidores orem pelo envio de trabalhadores (Mt 9.38).O Didaquê, documento dos Pais da Igreja, mostra que no séculoII os líderes ainda tinham certa cautela em receber pagamento por

 pregar. Os sofistas ambulantes também desprestigiaram o trabalhode mestres itinerantes.13 A sabedoria dessas restrições tinha justifi-cativa levandose em conta a Galiléia daqueles dias. Marcos 6.613e Lucas 9.16 variam ligeiramente de Mateus em certos detalhes

concernentes às instruções de Jesus.10.13. Se a casa fo r digna14  (èàv (ièv rj r) o i K Í a áÇía), umacondição de terceira classe. O que torna a casa digna? “Seria logica-mente a prontidão em receber os pregadores e sua mensagem .”15

10.14. Sacudi o pó dos vossos pés (kKiiválaxe  xòv Koviopuóv).“Sacudir”, um gesto vigoroso de desfavor. Os judeus tinham precon-ceitos ardentes contra as menores partículas do pó pagão. A ques-

tão não era a existência de germes no pó. Tal fato não se conheciana época. Os judeus consideravam que qualquer coisa relacionadaaos gentios estava contaminada com a putrescência da morte. Se osapóstolos fossem maltratados, eles tinham de tratar os impiedososdonos da casa como se eles fossem gentios (cf. Mt 18.17; At 18.6).Essa instrução também era restrita a esta excursão, com seus perigos

 peculiares.

10.15. Menos rigor 16 (àveKTÓiepov). Os papiros usam esse adje-tivo para caracterizar um convalescente. Os galileus tiveram muitasmais oportunidades para ouvir a verdade do que tiveram Sodoma eGomorra.

10.16. Como ovelhas ao meio de lobos17  (ooç TTpópara êv |aéoo)À.Úkü)v). A presença de lobos era um fato de então como é de hoje.Algumas dessas ovelhas de Israel (Mt 10.6) mostrariam que eram

lobos quando exigiram a crucificação de Cristo. A situação requeriasabedoria e coragem. Portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como 

as pombas  (yíveaGe ouv 4)póvi|_ioi ooç oi ocj^iç «ai ««épaioi wç aiTTepLocepaí) A serpente simbolizava sabedoria ou intelecto astuto e

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 Mateus 10

 perspicaz (Gn 3.1; SI 58.5), a pomba era símbolo de simplicidade(Os 7.11). Tratase de um provérbio que dizia respeito a uma com-

 binação difícil de virtudes a dominar. Uma sem a outra ocasionava problemas. A primeira parte da frase com apvaç em lugar de Trpópocraocorre em Lucas 10.3.18  A combinação de cautela e inocência énecessária para a proteção das ovelhas e a derrota dos lobos. Por“símplices” (cképoaoi) Moffatt e Goodspeed:traduzem por “since-ros”, “ingênuos” . A palavra significa “não misturado” (a privativo eKepávyu[ii), “não adulterado”, “genuíno”, “simples” ou “puro”.

10.17.  Acautelai-vos, porém, dos homens19 (upoaéxeTe õè <xttòtcúv ávBpGÓTTGOv), caso ablativo com <xitó. “Manter a mente (substan-tivo implícito) longe de”. O artigo com áv8 pcÓTT00v simboliza Amcov(lobos) no versículo 16.

 Aos sinédrios20  (elç ouvéôpia), os tribunais de justiça que todacidade judaica tinha. Heródoto usa a palavra para referirse a umcorpo deliberativo (concilium). Tomouse sinônimo do “Sinédrio”

em Jerusalém. Nas suas sinagogas (kv  Taiç ouvayGoycfiç aótcov). O corpo em

vez do lugar da adoração. Jesus referese à sinagoga como assem- bléia que exerce disciplina eclesiástica. Um exemplo é o homemnascido cego que foi expulso da sinagoga por defender Jesus (Jo9.35). Depois do exílio babilónico, as sinagogas eram os centros dacomunidade onde quer que os judeus morassem.

10.19.  Não vos dê cuidado  (|if| |iep i|j,vr|ar|Te), um subjuntivoaoristo ingressivo em proibição. “Não andeis, pois, inquietos” (Mt6.31). “A defesa pessoal diante dos reis judeus e governadores gen-tios seria uma provação terrível para os galileus humildes. A proibi-ção aplicavase a casos em que a preparação de um discurso de defe-sa seria impossível.”21 “Os mais valentes desses pescadores simples

 poderiam ficar alarmados se lhes dissessem que teriam de responder

 por suas ações em prol de Cristo na presença dos conselhos judaicose dos tribunais gentios.”22 Cristo não está aconselhando os pastoresa não preparar sermões.

 Naquela mesma hora23  (èv exeíi/fl tfj wpa), se não antes. “OEspírito de vosso Pai é que fala em vós” e por vós (Mt 10.20). Aqui

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

está a diferença entre fazer-se  de mártir ou procurar a coroa e féautêntica de mártir nas quais a total lealdade a Cristo induz o verda-

deiro heroísmo.10.22. Odiados de todos sereis24  (eoeo9e iiiaoú|ievoi), futuro perifrástico passivo, ação linear, com um sentido infinito. Isso con-tinuará ao longo dos séculos.

 Por causa do meu nome2'   (õià xò õvo|iá |aou). No AntigoTestamento, como nos targums e no Talmude, “o nome” representaa pessoa (Mt 19.29; At 5.41; 9.16; 15.26).

 Aquele que perseverar até ao fim 26   (ó ôè ínTOfj.eívaç eíç xéA.oç).Este é um particípio aoristo efetivo, com o futuro do indicativo seguindoo.

10.23. Sem que venha o Filho do Homem27  (ecoç a\v  eÀGri óulòç xoü àvSpcÓTTOU2S). Moffatt traduz: “Antes de o Filho do Homemchegar”, como se Jesus se referisse a esta excursão especial pelaGaliléia. Jesus poderia alcançálos. Isso é possível, mas não está

 perfeitamente claro. Os exegetas ligam as palavras de Jesus ao mon-te da transfiguração, à vinda do Espírito Santo no Dia do Pentecostese à segunda vinda. Alguns defendem que Mateus pôs a declaraçãono contexto errado ou que Jesus estava enganado, uma acusaçãomuito séria. O uso deecoç com um subjuntivo aoristo para um eventofuturo é uma boa expressão idiomática grega.

10.25.  Belzebu29  (BeeCepouÀ de acordo com B ;30 BeeA.(epouA. 31

segundo a maioria dos manuscritos gregos;  Beelzebube32 de acordocom muitos MSS não gregos). A etimologia da palavra é desconhe-cida. É um termo de repreensão, quer signifique “o senhor de habita-ção” com um jogo de palavras com “pai de família” (oLkoôéottÓxtiv)ou “senhor das moscas”, ou “senhor do esterco”, ou “senhor dossacrifícios idólatras”. É “um epíteto ultrajante; a forma exata da pa-lavra e do significado do nome tem dado mais dificuldade aos co-

mentaristas do que vale a pena”33  (ver Mt 12.24).10.26. Portanto, não os temais34  (Mf] ouv cf)opr|0fjxe aüxoúç). As palavras são repetidas nos versículos 28 e 31 ([iri c|)opeia0x€, pre-sente médio do imperativo aqui em contraste com um aoristo passi-vo do subjuntivo nas proibições precedentes). Note também o caso

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 Mateus 10

acusativo com o aoristo passivo do subjuntivo, transitivo embora passivo. A mesma construção é usada em Lucas 12.5. Em Mateus10.28, a construção está com àm  e o ablativo, uma tradução do he

 braísmo encontrada em Lucas 12.4.3510.28. Perecer no inferno a alma e o corpo (kou kccl om

lia cboÀéaai kv  yeévvr)). Aqui, “alma” significa o espírito etemo enão somente a vida no corpo. “Perecer” não é aniquilação, mas ocastigo etemo na geena, o verdadeiro inferno (ver Mt 5.22). Bmceopina que a alusão seja ao Diabo como tentador, e não a Deus como

 juiz ;36 contudo, o seu raciocínio não é convincente. Temos a tendên-

cia a evitar pensar meditativamente sobre o temor de Deus, e não hánada mais importante do que aprendermos isso.

10.29.  Dois passarinhos  (õúo otpouGía). O diminutivo deotpouGóç significa qualquer pássaro pequeno, em particular pardais.

 Por um centiP1 (àooapíou), genitivo de preço, no NovoTestamento encontrase somente aqui e em Lucas 12.6. É um dimi-

nutivo da designação monetária romana: o asse.Sem a vontade de vosso Pai38  (aveu tou mrcpòç úp,G)v). O Pai

que sabe sobre os passarinhos sabe e se preocupa conosco.10.31.  Do que muitos passarinhos  (ttoãàwv oipouGícov), caso

ablativo de comparação com ôiacjjépete.10.32. Qualquer que me confessai29 [...] eu o confessarei:4Ü

(oütlç òiioÀoyrjoei kv  ê|_iol ... ò(ioÀoynoco Kaycò kv  caruô). Esta é

uma expressão idiomática aramaica, não é hebraica (ver também Lc12.8). Essa expressão idiomática aramaica reproduzida em gregosignifica, literalmente, “confessar em mim”, denotando um sentidode unidade com Jesus e de Jesus com o homem que toma posiçãoaberta por ele.

10.33. Qualquer que me negar41 (ootiç ô’ a\v àpvr\or\xaí   |ie),terceira pessoa do singular do aoristo médio do subjuntivo aqui com

ootlç, embora o verbo ó(j,oÀoyr|oei, citado acima, esteja na terceira pessoa do singular do futuro do indicativo ativo. Note o uso do acu-sativo como o caso de extensão. Dizer não a Jesus ocasiona umaruptura completa. Essa divisão feita por Jesus de alguém que o re-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 pudia é uma lei solene, não uma mera desconexão social. É públicoe final.

10.34.  Não vim trazer paz, mas espada  (ouk   rjA.0ov Podetv

elpr|vr)v àXXà  |iáxaipav). Este é um clímax arrojado e dramático.O infinitivo aoristo significa uma estocada súbita de espada onde seesperava paz. Jesus traz paz, mas não como o mundo a dá, porque a

 paz do mundo vem pela derrota da inimizade, não pelo acordo como mal. Este é o triunfo da cruz sobre Satanás. Ao mesmo tempo,a causa de Cristo significa infalivelmente divisão em famílias, emcomunidades, em estados. Não é sentimentalismo piegas que Cristo

 prega, nem paz a qualquer preço. A cruz de Cristo é a resposta à ofer-ta do diabo de fazer concessões ao domínio mundial. Para Cristo, oReino de Deus é retidão viril e não mero sentimentalismo.

10.35.  Pôr em dissensão42  (õixáoai), literalmente, “dividir emdois”, ôixa. Jesus usa Miquéias 7.16 para descrever a mesma po-dridão que vigorava na época que Miquéias condenara. Os laçosfamiliares e as relações sociais formadas neste contexto não podem

 barrar o caminho à lealdade a Cristo e à vida íntegra. Nora  (vú[ii})r|v), literalmente “noiva”, “jovem esposa”, que fre-

quentemente mora na casa da sogra e sob as normas desta. E umatragédia ver um pai ou mãe entre o filho ou a filha e Cristo.

10.38. Não toma a sua cruz (oi) A.a|i(3ávei to v   oxaupòv caitoO).Esta é a primeira menção de “cruz” em Mateus. Os criminosos eramcrucificados fôra de Jerusalém. Era costume o condenado levar a pró-

 pria cruz, como Jesus fez até Simão cireneu ser pressionado a ajudálo. Os judeus estavam familiarizados com crucificação desde os dias,ou antes, de Antíoco Epifânio. Um governante macabeu, AlexandreJaneu, crucificara oitocentos fariseus. Não é certo que Jesus estivesse

 pensando na sua crucificação que se aproximava quando ele usou essailustração. Os discípulos dificilmente pensariam nesse fim, a menosque alguns deles tivessem notável presciência.

10.39. Perdê-la-á (áTTOÀéaei ax>zr\v). De acordo com WilloughbyAllen,43 este aparente paradoxo ocorre em quatro formas: 1) Marcos8.35 é igual a Mateus 16.25, que é igual a Lucas 9.24; 2) Mateus10.39; 3) Lucas 17.33; 4) João 12.25. Temos em  A Sabedoria de

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 Mateus 10

Siraque  (texto hebraico [ou Eclesiástico]), em 51.26: “Aquele quedá a vida acha a [sabedoria]”. Cristo repete essas declarações pro-fundas em ocasiões múltiplas. Platão44 diz algo semelhante, embo-ra não de forma tão categórica. O artigo e particípios em aoristo(ó eúpdw, ó (ZTToAiaa<;) são atemporais em si mesmos, exatamentecomo ó õexó|ievo<; nos versículos 40 e 41.

10.41.  Na qualidade de profeta' 45  (elç òvo\xa  upo4)r|i;ou). Nos papiros de Oxyrhynchus, datados de 37 d.C., encontramos òvò\io~i èÀeuGépou em virtude de ser nascido livre. “Aquele que recebe um

 profeta por nenhum motivo ulterior, senão simplesmente qua pro-feta (utprophetam , Jer.) receberá recompensa na era vindoura igualao do seu convidado.”46 A palavra dç aqui é simplesmente kv com omesmo significado. Não é correto que a palavra elç tenha de ser tra-duzida por “em”. Além desses exemplos de elç õvo|i(x nos versículos41 e 43, ver também Mateus 12.41, elç tò Kipuyijx^ltovà;47

10.42.  A um destes pequenos  (eva tcôv |iiKp«v ioÚtjgov). Os“pequenos” são crentes simples que não são apóstolos, profetas ou

 particularmente justos. São meros aprendizes “em nome de discípu-lo”48  (elç õvo[iC6 |ia0r|TOÜ). Alford opina que as crianças (os “peque-nos”) estavam presentes (cf. Mt 18.26).49

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“Rumo aos gentios” (ARA).

2 Alexander Balmain Bruce, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 159.

3 John Albert Bengel, New Testament Word Studies,  vol. 1 (Reimpressão, GrandRapids: Kregel, 1971), p. 156.

4 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 134.

5Bruce,  Expositor’  s,  p. 159.

6“Não leveis ouro” (AEC); “não vos provereis de ouro” (ARA).7Adolph Deissmann,  Light from the Ancient East  (Reimpressão, Grand Rapids:

Baker, 1978), pp. 108, 109.

8AiõaaKaA.ía é igual a Const. Apost.  3.6.

9 Tróilo e Cressida 3.3.145.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

10Deissmann,  Light from the Ancient East,  p. 109.

11“Pois o trabalhador é digno do seu sustento” (NVI).

12TR e TM tornam o verbo êotlv explícito, ao passo que GNT/NA e WH o deixam

implícito ou elíptico.13Didaquê 13.

14“Se as pessoas daquela casa receberem vocês bem” (NTLH).

13 McNeile,  Matthew,  p. 136.

16“Deus terá mais pena” (NTLH).

17“Como ovelhas entre lobos” (BJ).

18 Bernard P. Grenfell and Arthur S. Hunt, editores,  New Sayings o f Jesus and  

 Fragment o f a Lost Gospel from Oxyrhynchus (Nova York: Oxford UniversityPress, 1904).

19“Guardaivos dos homens” (BJ).

20 “Aos tribunais” (ARA).

21 McNeile,  Matthew,  p. 140.

22 Alfred Plummer,  An Exegetical Commentary’ on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 152.

23“Naquele momento” (BJ).

24 “Todos odiarão vocês” (NTLH).

25“Por minha causa” (NVI).

26 “Mas quem ficar firme até o fim” (NTLH).

27 “Antes que venha o Filho do Homem” (NTLH).

28 WH não inclui av.

29 “Beelzebu” (BJ).

30 De acordo com WH.

31 De acordo com GNT/NA, TRs e TM.

32 De acordo com TRb.

33Bruce,  Expositor s,  p. 165.

34 “Portanto, não tenham medo de ninguém” (NTLH).

35 Ver A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research   (Nashville: Broadman, 1934), p. 577.

36 Bruce, Expositor s,  p. 166.

37 “Por uma moedinha” (NVI); “por um asse” (ARA).38 “Se o Pai de vocês não deixar” (NTLH).

39 “Todo aquele [...] que se declarar por mim” (BJ).

40 “Eu me declararei por ele” (BJ).

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 Mateus 10

41 “Aquele [...] que me renegar” (BJ).

42 “Causar divisão entre” (ARA).

43 Willoughby G. Allen,  A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel  

 According to Matthew,  International Critical Commentary ( Edimburgo: T. &T. Clark, 1912), p. 111.

44 Gorgias 512.

45 Moffatt e a NVI traduzem: “Porque ele é profeta”.

46 McNeile, Matthew , p. 150.

47 Robertson, Grammar, p. 593.

48 “Porque ele é meu discípulo” (NVI); “por ser este meu discípulo” (ARA).

49 Henry Alford, The Greek Testament, with a Critically Revised Text, 4 Volumesem 2 Volumes; The Four Gospels, revisado por Everett F. Harrison (Chicago:Moody, 1958), vol. l,p. 112.

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Capítulo

11

 Mateus 

11.1.  E aconteceu que, acabando Jesus  (Kal èyéveTO oieéxéÀeoev ó ’Ir|oouç). Cinco vezes em Mateus, ocorre uma fórmula detransição entre os grandes discursos da narrativa: “E aconteceu que,concluindo Jesus” (7.28); “e aconteceu que, acabando Jesus” (11.1);“e aconteceu que Jesus, concluindo” (13.53); “e aconteceu que, con-cluindo Jesus” (19.1) e “e aconteceu que, quando Jesus concluiu”(26.1).1A divisão de capítulo não deveria estar aqui, pois 11.1 per-tence à seção precedente.

 De dar instruções2 (ôuraxoowv, particípio complementar comèxéÀeoev), significa “dar ordens em detalhes” (ôloc). Note a expres-são “ensinar e [...] pregar”, como ocorre em Mateus 4.23. Para ondeJesus foi? Ele seguiu atrás dos doze como fez com os setenta (Lc10.1)? Bruce, concordando com Crisóstomo, afirma que Jesus evi-tou os lugares onde eles foram, dandolhes lugar e tempo para faze-rem a obra.3 Mas, se o próprio Jesus foi para as principais cidadesda Galiléia, ele necessariamente visitou muitos dos mesmos pontos.Jesus os teria seguido a certa distância. Os apóstolos se reuniram emCafamaum e contaram a Jesus tudo que fizeram e ensinaram (Me6.30). Mateus acompanha o esboço geral de Marcos, mas os eventos

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

não se agrupam em ordem cronológica. O registro bíblico diz queele “partiu dali a ensinar e a pregar” ((ieiépri êiceiBev toíj  ôiôáoKeivK c d K T | p i J O G € L V ) .

11.2. E João, ouvindo no cárcere falar   ('O õe ’Icoávvriç àKoúoaçèv t ú õeoiiooTqpícp4). Isso provavelmente coincide com a ressurrei-ção do filho da viúva de Naim (Lc 7.18). A palavra traduzida por“cárcere”, ÕÉa|Jtornpiov, é o lugar onde o indivíduo era mantido en-carcerado (At 5.21,23; 16.26; ver Mt 4.12). Era em Maqueros, a les-te do mar Morto, que nessa época estava sob o governo de HerodesAntipas.5 Os discípulos de João Batista tinham acesso a ele. Assim,ele fez uma pergunta “por” (ôiá) eles a Jesus, não por “dois” (õúo)deles, como consta em Lucas 7.19.

11.3.  Es tu aquele que havia de vir [...]?  (2u eí ó èpxófievoç[;]). Esta frase referese ao Messias (SI 118.26; Dn 7.13; Me 11.9;Lc 13.35; 19.38; Hb 10.37). Certos rabinos aplicavam a frase ao

 precursor do reino.6 Tinha de haver “outro”7  (étepov) depois deJesus? João Batista tinha estado “bastante tempo na prisão para de-senvolver uma mentalidade de prisão”.8 Outrora estivera claro paraele, mas agora o seu ambiente era deprimente, e Jesus nada fizera

 para tirálo de Maqueros.9 João Batista ansiava por restauração daconfiança.

11.4. As coisas que ouvis e vedes  (a àKoúftg Kai pAeueie). Quemtinha de interpretar esta mensagem simbólica era João Batista, e nãoos seus emissários.

11.5. Os mortos são ressuscitados (yeKpol èYeípovToa). O filhoda viúva de Naim fôra ressuscitado. Será que ele também ressuscitoumortos nessa ocasião? “Contai esta história a João repetidamente efazei com que ele se lembre destes textos proféticos”10  (cf. Is 35.5;61.1). Os elementos da história eram convincentes e mais claros quemero simbolismo escatológico. “Os pobres” em particular têm “oevangelho”, um clímax.

11.6 . Aquele que se não escandalizar em mimu (oç kkv  [ar] OKtxv

õaA.ia9fj kv  qaoí12). Oração gramatical relativa indefinida com aoristo passivo primeiro do subjuntivo. Esta beatitude é uma reprimendaa João por duvidar, embora estivesse na prisão. A dúvida não é pro-

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 Mateus 11

va de superioridade intelectual, erudita ou devocional. João estavamentalmente confuso, e esse não é o momento para tomar decisõessérias. “De certo modo, até João Batista achara motivo de tropeçoem Jesus.”13

11.7.  Então, em partindo eles14  (Toúxcov ôè uopeuo|_iévuv), particípio presente em genitivo absoluto. Jesus o elogiou depois queos dois discípulos de João Batista foram embora. Não é lamentáveleles não terem ouvido as palavras elogiosas de Jesus para com elasalegrarem o coração de João Batista? “Poderíamos dizer que estefoi o discurso fúnebre de João Batista, pois pouco tempo depoisHerodias maquinou sua morte.”15

Uma cana agitada pelo vento?  (KáÀoc[iov úuò avé^iou

craÀeuo|iévov;). KáÀajiOí; (em latim, calamus)  referese às canas quecrescem em abundância no vale do Jordão onde João Batista pre-gava. A palavra é usada para aludir a um bastão feito de cana (Mt27.29), à pena do escritor(3 Jo 13), ou uma vara de medir(Ap 11.1).As canas que havia pelas margens do rio Jordão dobravamse com ovento, mas João Batista não era assim.

11.9.  E muito mais do que profeta (kou Trepiaoóuepov tTpo4)r|tou).

Ablativo de comparação. A palavra TrepLooótepov é em si compara-tiva, significando “excedente”, “circundante por” ou “transbordante”. João Batista tinha todas as grandes qualidades dos verdadeiros

 profetas: “convicção moral vigorosa, integridade, força de vontade,zelo destemido pela verdade e justiça”.16 Ele também era o precur-sor do Messias (Ml 3.1).

11.11.  Mas aquele que é o menor  (ò ôe liiKpÓTepoç). O artigo como comparativo estava se tomando forma aceitável de superlativo nogrego Koivr| vernacular. No grego moderno, é a única expressão idio-mática para o superlativo.17 Os papiros e as inscrições mostram a mes-ma construção. Essa declaração parece paradoxal. João Batista é maior(laeíCoov) do que todos os outros em caráter, mas no Reino ocorre umatroca qualitativa. Hoje, todo crente em Deus goza de posição superiore privilégio maior. João Batista está no fim de uma era (ver Mt 11.14),e outra era está despontando. Todos os que vêm depois de João Batistaficam acima dele. João Batista é o auge entre o velho e o novo.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

11.12. Se fa z violência18  (picc(emi). No Novo Testamento, essverbo ocorre só aqui e em Lucas 16.16. Pelo visto, está na voz média

em Lucas. Deissmann19 cita uma inscrição “na qual PidcCo|iai é, semdúvida, reflexivo e absoluto”, como em Lucas 16.16. Mas em nume-rosos exemplos nos papiros, está na voz passiva.20 “Há pouca coisaque promete ajuda decisiva para o  Logion  difícil de Mateus 11.12ser igual a Lucas 16.16.” Em Mateus 11.12, a forma pode ser na vozmédia ou passiva, e qualquer voz faz sentido, embora os significa-dos respectivos não sejam os mesmos. A ideia da voz passiva é que

o Reino é atacado violentamente ou tomado por homens violentos21(Piaotoà àpTíáCouoiy oorcqv) É como uma cidade conquistada. A vozmédia pode significar “sofre violência” ou “força seu caminho”, comoo vento forte e impetuoso. Essas palavras difíceis de Jesus significamque a pregação de João Batista “levou o povo em tropel violento eimpetuoso a reunirse em tomo de Jesus e dos seus discípulos”.22

11.14.  É este o Elias23 (aútóç kox w   ’HÀíaç24). Aqui, Jesus ide

tifica João Batista como o “Elias” prometido em Malaquias. As pes-soas entendiam que Malaquias 4.1 significava que Elias voltaria.João Batista negou que ele fosse o Elias renascido (Jo 1.21). MasJesus afirma que João Batista desempenhou o papel de Elias (Mt17.12). E enfatiza o ponto: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”.

11.16.  É semelhante aos meninos que se assentam nas praças25  (ó|ioía èoxlv Traiôíoiç Ka9r||iévoiç kv  Tcâç áyopaic;26). Lucas

7.31,32 também apresenta esta parábola de meninos assentados nas praças. E quando era menino em Nazaré, não brincara Jesus comoutras crianças? Ele deve têlas observado muitas vezes, já que seimportou muito com elas. De fato, Jesus criou o mundo da criançamodema. Ele rejeitou a indiferença que até então se dava às crian-ças. Essas metáforas nos Evangelhos são vívidas. Em casamentosou funerais, crianças não fingem atitudes de choramingas irritantes.

A cr/opá era originalmente a assembléia, depois passou a referirseao foro ou praça pública, onde as pessoas se reuniam para comerciarou conversar (At 17.17). O foro romano servia de mercado, e aindahoje vemos bazares ao longo das mas, embora não tanto em praças

 públicas. A palavra traduzida por “lamentações”, éKÓ\|/aa0e, signifi-

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 Mateus 11

ca “bater o coração”. É a voz média direta, segundo o costume daslamentações fúnebres no Oriente.

11.19 .A sabedoria é justificada por seus filhos21 (éôiKmoóOr] f]ooctua kttò tjgôv epytov aúrfjc;28), um aoristo infinito na voz passiva.29

 Justificada significa “concertada”, “colocada em ordem”. Em Lucas7.35, consta a frase: “Por todos os seus filhos”, a qual alguns manus-critos acrescentam em Mateus, presumivelmente para harmonizarMateus a Lucas. Essas palavras são difíceis, mas compreensíveis.A sabedoria de Deus planejou uma conduta para João e outra paraJesus. O seu desejo não é que tudo seja exatamente igual em tudo.“Esta geração” (Mt 11.16) é infantil, não pueril, e cheia de inconsis-tências caprichosas em suas reclamações. Eles exageram. João nãotinha demônio e Jesus não era comilão nem beberrão. “E, pior quequalquer um dos dois, pois (j)ÍÀoç é usado em sentido ameaçador einsinua que Jesus era companheiro de pessoas da pior reputação etinha conduta igual a elas. No princípio, era um apelido malicioso,

mas hoje é um nome honroso: amigo de pecadores”30  (cf. Lc 15.2).O plano de Deus está justificado pelos resultados.11.20. A maior parte dos seus prodígios  (ai 'nÀgiatai ôuvá|i€L<;

aikoí)). Literalmente, “as suas muitas obras poderosas”, se está nocaso elativo como ocorre habitualmente nos papiros .31 Mas o super-lativo faz sentido aqui. A palavra ôuvcqiiç traduzida por “prodígios”apresenta a noção de poder, como a palavra dinâmico.  A palavrauépaç significa “maravilha” ou “portento”. É miraculum  (milagre),como aparece em Atos 2.19 (“prodígios”). Só ocorre na forma plu-ral e sempre com ornaeta. A palavra orpeiov quer dizer “sinal” (Mt12.38) e é comum no evangelho de João ao lado de epyoy, “obras”,como em João 5.36. Outras palavras usadas são TOpáõo^oç, que estáetimologicamente relacionada com  paradoxo  (Lc 5.26); evòoçoç,“gloriosas” (Lc 13.17); e Gaufiáoioç, “maravilhas” (Mt 21.15).

11.21. Chorazim  (Xopa(í.v32) é mencionado aqui e em Lucas10.13. O pouco que sabemos dessa cidade indica a “escassez do quesabemos sobre o judaísmo no tempo de Jesus”33  e as muitas coisasnão contadas nos Evangelhos (Jo 21.25). Sabemos algo de Betsaidae mais de Cafamaum além de serem lugares de privilégio.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

11.22.  Por issoi4  (uA.fiv). Nenhuma dessas cidades se arrepen-deu e mudou de conduta. Note nos versículos 21 e 23 a condição desegunda classe, dada como não realizada.

11.25.  Naquele tempo, respondendo Jesus, disse  (’Ev eceívcotcô KmpGÒ (riTOKpiBelç; ó ’Irioouç eiirev). Jesus falou com o Pai emvoz audível. Mesmo não sabendo quando e onde isso aconteceu,temos um vislumbre de Jesus em adoração. “É comum dizer queessa conversa maravilhosa é uma oração, mas é ao mesmo tempooração, louvor e autocomunhão em espírito de devoção .”35  Os crí-ticos sentemse incomodados, porque essa passagem do  Logia  de

Jesus ou “Q” da crítica sinótica (Mt 11.2530 é igual a Lc 10.21 24)é de espírito e linguagem tão manifestadamente joanina, “o Pai” (ómrcrip), “o Filho” (ó ulóç). O quarto Evangelho foi escrito perto dofim do século I, e qualquer Logia que tivesse existido foi escrito an-tes dos Evangelhos Sinóticos. A única explicação satisfatória achase no fato de que Jesus tinha uma linha de ensino que foi preservadano Evangelho de João. Aqui está Jesus comungando com o Pai de

modo exatamente sublime conforme vemos em João 14 a 17. AtéAdolf Hamack está propenso a aceitar este Logion como declaraçãogenuína de Jesus. “Graças” (ô|ioA.oyoíj[iai) é mais bem traduzido por“louvores” (Moffatt). Jesus louva ao Pai “não porque oo(|joÍ eramignorantes, mas porque viÍttloi sabiam”.36

11.26.  Porque assim te aprouve37  (eúõoKÍa èyévexo ’é|j/íTpoa9évooi) 38). “Porque assim é segundo a tua vontade benevolente”

(Weymouth).11.27. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai39

(Etávra jioi rrapeõóOri uttò toíj uatpóç iaou). Esta declaração sublimenão será retalhada ou destrinchada por explicações. E o aoristo infi-nito passivo, como eõó9r| em Mateus 28.28, e “aponta um momentodo passado na eternidade, indicando a preexistência do Messias”.40

A consciência messiânica de Cristo está claramente declarada nes-

se momento de suprema comunhão. Note a ocorrência dupla deêiTLyivGJOKÉi para dizer “conhecer”. Note também poúÀrpm, quequer dizer “quiser; estiver disposto”. O Filho detém o poder e avontade para revelar o Pai.

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 Mateus 11

11.28. Vinde a mim  (Aeúte upóç [íé). Os versículos 28 a 30não constam em Lucas, mas estão entre as preciosidades especiaisdo Evangelho de Mateus. Esta chamada de Jesus para os cansadose oprimidos é sublime. Os chamados estão em estado de cansaço(IIec|)optLoiiéyoL), nominativo plural masculino do particípio perfei-to passivo.

 E eu vos aliviarei  (kct/gò txvaTTaúoco ú|iâ<;). Aqui é rejuvenes-cimento e não apenas descanso. A palavra grega é composta àva - uaúoo. E a voz ativa causativa.

11.29. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim  (apaTetòv (uyóv k(xl |_ux0ete dar’ è|_ioú). Os rabinos usavamo termo jugo para referiremse à escola. A palavra escola  está etimologicamente relacionada à palavra grega o/oai], “lazer”. Mas, nasua escola, Jesus oferece refrigério (àváTrauoiv) e promete tornar ofardo leve, porque Ele é um professor manso e humilde. A humilda-de parecia servil aos antigos; não era uma virtude. Jesus tomou esse

vício em virtude. Ele glorificou essa atitude. Paulo exorta: “Cadaum considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3). Em certasregiões do mundo, ainda hoje as pessoas usam jugos no ombro paratomar os fardos mais fáceis de carregar. Jesus promete que desco-

 briremos que o seu jugo alivia grandemente o fardo. “Suave” é atradução correta de xpiptóç; “ameno” (Moffatt). Este é o significa-do do termo quando a Septuaginta a usa no Antigo Testamento. Não

temos adjetivo que transmita totalmente a noção de “ameno e bom”.0 jugo de Cristo é útil, bom e suave (cf. Ct 1,10).11.30. Porque o meu ju go é suave  (ô yàp (uyóç |_iou xpriGtòç).

“Os rabinos chamavam o jugo da lei pesado. Era um fardo que nin-guém podia suportar. Jesus faz exigências que são comparativamen-te leves.”41

 NOTAS 1 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matt.hew: The Greek Text  

with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 99.

2 “De instruir” (AEC).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

3 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament , vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 169.

4 WH tem só um v,Twcor|<;.

5 Josephus,  Antiquities o f the Jews, 18.5.2. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa  (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

6McNeile,  Matthew,  p. 151.

7“Algum outro” (NVI).

8Bruce,  Expositor’  s,  p. 169.

9 Ver A. T. Robertson, John the Loyal: Studies in the Ministry o f John the Baptist  (Nashville: Broadman, 1977), cap. 9.

10Bruce, Expositor’s,  p. 170.11“Aquele que não achar em mim motivo de tropeço” (ARA).

12WH tem a variante &v.

13Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew   (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 161.

14“Quando os discípulos de João foram embora” (NTLH).

15Plummer, Matthew,  p. 161.

16Bruce,  Expositor’  s, p. 172.

17 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 668.

18“É tomado por esforço” (ARA).

19 G. Adolph Deissmann,  Bible Studies: Contributions, Chiefly from Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language, 2a ed., traduzido por A. Grieve(Edimburgo: T. & T. Clark, 1923), p. 258.

20 James Hope Moulton e George Milligan, The Vocabulary o fthe Greek Testament  (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 109.

21 “E violentos se apoderam dele” (BJ).

22 Fenton John Anthony Hort,  Judaistic Christianity: A Course o f Lectures (Londres: Macmillan, 1894), p. 26.

23 “Ele mesmo é Elias” (ARA). A NTLH acrescenta o nome “João” , embora nãoconste no texto grego.

24 WH tem uma grafia diferente,’ HÀeíaç, e TRb tem o sinal diacrítico para indicaraspiração 'H líaç.

25“Ela é como crianças sentadas nas praças” (BJ).26 TM tem uma ordem de palavras diferente além de grafias diferentes, êaxí

TTcaõíoiç kv  áyouoâç Kcc0ri|iévoi,; TRs usa o v  eufônico em èoxlv e ttcuõíolç kv áyopcâç KaGrpevoii;; TPP tem kaxl   iraiõapícaç KaGvuévoiç.

27“Mas a sabedoria é justificada por suas obras” (ARA).

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 Mateus 11

28 TR e TM usam tíkv <s >v  em lugar de epytov.

29 Robertson, Grammar,  pp. 836, 837.

30 Bruce, Expositor ’  s,  p. 175.31 Moulton and Milligan, Vocabulary,  vol. 1, p. 79, e Robertson, Grammar,  p.670.

32WH tem uma soletração diferente, XopaÇeíi> .

33 Plummer,  Matthew,  p. 164.

34“Mas” (B.T; NVI); “pois” (NTLH); “e, contudo” (ARA).

35 Bruce, Expositor’  s,  p. 177.

36McNeile,  Matthew,  p. 161.

37“Porque assim foi do teu agrado” (ARA).

38 TR e TM têm uma ordem de palavras diferente que não afeta a tradução, èyévetoeúõoKÍa.

39 “O meu Pai me deu todas as coisas” (NTLH). Esta declaração é igual a queJesus fez aos discípulos depois da ressurreição (Mt 28.18).

40 Plummer, Matthew,  p. 168.

41A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew  (Nova York:

Macmillan, 1911), p. 155.

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Capítulo

12

 Mateus

12.1.  Naquele tempo  (’Ev eKeívcú xcõ Kcupw), uma declaraçãogeral sem ideia clara de tempo específico (também ocorre em Mt14.1). Este parágrafo começa com a mesma indicação de prazo comoem Mateus 11.25. A palavra Kcapóç significa que isso aconteceu emum momento definido e particular, mas não podemos determinálo.

 Pelas searas, em um sábado (xote; oáppaaiv ôià xtôv auopíiicov1).Os campos eram de trigo ou cevada, as únicas plantações de grãos.

Era costume os viajantes arrancarem grãos. Tal ato não era conside-rado roubo (Dt 23.25).21 2 .2 . Os teus discípulos fazem1,  (ol laaGrixoú oou ttoioüoiv).

Esses críticos estão esperando pela menor chance, e, quando a vêem,atacam repentinamente essa violação das normas farisaicas da ob-servância sabática. Os discípulos estavam arrancando espigas degrãos e esfregandoas entre as mãos para separar o núcleo da palha.

Os fariseus consideravam que essas ações eram, respectivamente,colher e trilhar (Lc 6.1). O Talmude proíbe “colheita” de qualquertipo no sábado.4

12.3. O que fe z Davi  (xí èuoír|aev Aauiô5), movido pela neces-sidade da fome. Cristo apela para a conduta de Davi (1 Sm 21.6).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Davi e os que estavam com ele fizeram “o que não era lícito” (o 

oí)K k^ov   rjv), que era a exata acusação feita contra os discípulos(o oòk ê £ e m v ) no versículo 2. “Todos os argumentos usados por

Jesus voltamse contra a verdadeira significação do dia como dia dedescanso e adoração. O significado não é ser uma escravidão, masuma bênção. [...] No caso de Davi, o apelo é a um exemplo históricoonde a necessidade supera as regras de adoração .”6

12.6. Quem é maior do que o templo1(tou  kpoü |ieiÇóv8), ablativo de comparação, roü lepoü. Qual é o maior? Jesus pode estar sereferindo a si mesmo como o Cristo. Pode ser que ele queira dizer

que “a obra de Cristo e seus discípulos era de maior importânciado que o Templo”.9  “Se o Templo não tinha de ser subserviente àsnormas sabáticas, quanto menos o Messias!”10

12.7. Os inocentes  (touç  ávcuTÍouc;). ’Av + aUíoç, não há “ne-nhuma base contra; nenhuma acusação”. O mesmo termo, comumno grego antigo, é usado nos versículos 5 e 7. Jesus cita Oséias6.6  como fez em Mateus 9.13. Esta é uma profecia pertinente que

escapara da atenção dos defensores da literalidade cerimonial e daletra da lei. “No Antigo Testamento a verdadeira adoração sempreera mais importante do que as formas de adoração. Os fariseus nãoentenderam este ponto.”11

12.8. Porque o Filho do Homem até do sábado é Senhor  (icúpLoçyáp èoTiv12  toü  aappáxou ó uíòç toíj  àvGpcÓTrou). A declaração deJesus de que o Filho do Homem é o Senhor do sábado e, portanto,

está acima dos regulamentos dos fariseus, naturalmente os enfure-ceu ao extremo. Com a expressão Filho do Homem, Jesus precipitaa reivindicação ao messiado, e como o Homem representativo eleafirma a sua solidariedade com a raça humana, “representando osinteresses humanos”.13

12.10.  E lícito curar nos sábados?  (El eçeonv  toiç  oáppaoiv  

Gc-paTTt Í jaca14) . O uso de el nas perguntas diretas está elíptico e tam-

 bém parece uma imitação do hebraico.15 Ver também Mateus 19.3. Não é traduzido.

12.12. Quanto mais vale um homem do que urna ovelha?  (ttÓoco 

ouv õic4>épei ayGpcoTroc; upopátou). Esta é outra das perguntas en

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 Mateus 12

genhosas de Jesus que vão direto à raiz das coisas. É um raciocínio“com tanto mais razão”: “Por quanto difere um ser humano de umaovelha? Esta é a pergunta que nem mesmo a civilização cristã respon-

deu adequadamente”.16 Os pobres fariseus são deixados na “cova”.12.13.  Estende a mão  (’'EKxeivóv oou rnv xelpa17).

Provavelmente o braço não estava mirrado, embora não se tenhacerteza. Mas Jesus fez o impossível. “E ele a estendeu”, em linhareta, espero, apontando diretamente os fariseus que observavamJesus (Me 3.2).

12.14.  Formaram conselho contra elen  (au|ißoi)A,iov elaßovKat’ aúxou). Uma imitação do latim concilium capere e encontradaem papiros do século II d.C .19  Este incidente marca uma crise noódio que os fariseus nutriam por Jesus. Eles trancafiaram a sina-goga e foram conspirar com os seus odiados rivais, os herodianos,

 para matar Jesus (Me 3.6 é igual a Mt 12.14, que é igual a Lc 6.11).“Matarem” (óhToÀéouoiv).

12.15. Sabendo isso  (yvouç), particípio ativo no nominativosingular masculino do aoristo segundo de yivoÓGKto. Jesus leu os

 pensamentos dos fariseus que estavam claros a qualquer um quevisse os seus semblantes raivosos.

12.17. Para que se cumprisse (Iva20 TTÀr|pco0r)). Este uso final de'iva referese a todas as obras curativas de Jesus por essa época, con-forme estão resumidas no versículo 16. A passagem citada é Isaías42.14, “uma reprodução bastante livre do original hebraico comocasionais olhares laterais à Septuaginta”,21  possivelmente de umacervo aramaico de testimonia.22 Mateus aplica a Cristo a profeciasobre Ciro.

12.18. O meu amado23  (ó áyauriTÓç |aou). Esta frase lembra afrase usada em Mateus 3.17, as palavras que o Pai disse no batismode Jesus.

12.20.  A cana quebrada24  (KáÀap,ov ouviexpipiiévov). “A canaesmagada ele não quebrará”, uma cena de compaixão. Notemos ocurioso acréscimo silábico em Kaieá^ei (terceira pessoa do singulardo futuro ativo do indicativo). Os copistas mantiveram o acréscimosilábico que não pertencia a esse verbo,25 como em Platão.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

O morrão que fumega26   (Xívov  Tucj)ó|j.evov), o pavio da lâmpa-da, fumegando, chamejando e apagando. Ocorre só aqui no NovoTestamento. Linho (de que era feito o morrão ou pavio) ocorre emÊxodo 9.31. Imagens vivas que pintam Jesus na mesma tendênciaque as suas notáveis palavras registradas em Mateus 11.2830.

12.23. Não é este o Filho de Davi?21  (Mqti oíkóç èonv ô ulòçAauíô28). A forma da pergunta espera a resposta “não”, mas eles afizeram assim por causa da hostilidade dos fariseus contra Jesus. Asmultidões estavam admiradas29  ou “salientavamse de si mesmas”(fçíotavxo), pretérito imperfeito, descrevendo a situação vivamente.Estavam quase fôra de si de tanta emoção.

12.24.  Mas os fariseus, ouvindo isso  (oi ôè íap io aio iáKoúaavTeç). Mateus 9.3234 apresenta a acusação de que Jesus es-tava em conluio com o príncipe dos demônios, embora o incidente

 possa ser posterior a este. Sobre “Belzebu”, consulte os comentáriosem Mateus 10.25. Os fariseus perceberam que o estado de entusias-mo das multidões e a disposição manifesta em crer que Jesus era oMessias (o Filho de Davi) requeriam uma resposta estrénua. Nãohavia como negar o fato dos milagres, pois o homem que era cego emudo agora vê e fala (Mt 12.22). Desesperados, sugerem que Jesusfaz milagres usando o poder de Belzebu, príncipe dos demônios.

12.25.  Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse- lhes^   (elôcòç õè  xàç,  èv9u|_rr|oeiç oarrây eiTTev oarcoiç31). Agora elesdescobrem que oponente forte é Jesus. Por parábolas, por uma sériede condições (de primeira classe), por sarcasmo, por pergunta retó-rica, por lógica impiedosa, Ele lhes expõe a insinceridade oca e afutilidade dos argumentos.

12.26. Se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo  (ei ó Ikrravâç tòv Saxavâv èK(3áÀA.ei, êcj)’ ècarcòv êfiepía9r|).Satanás não expulsa Satanás. Note o aoristo infinito passivo è[j.ep ío9r|,

equiparandose com o aoristo passivo ecfrôaoev de 4)9ávoo no versícu-lo 28 (ver Fp 3.16). As alternativas são especificadas pelos aoristos.Ou Satanás dividese contra Satanás, ou o Reino de Deus chegou.

12.29. Ou como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens [...]?  (t] ttojç ôúvaraí xiç eioeA.9eiv eiç tt]v

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 Mateus 12

oÍKÍav toü  Lo%upoíj Kai xà OKeúri aüxou àpmxaaL). Cristo está en-gajado em conflito mortal com Satanás, o homem valente. “Bens”32

(aKeuri) significa utensílios domésticos, mobília ou equipamentos,como em Lucas 17.36 e Atos 27.17, as velas do navio.12.30.  Quem não é comigo  (ò |íti  gj|v  |iex’ éfioü). Com estas

 palavras solenes, Jesus traça a linha divisória entre Ele e os seus ini-migos, de então e de hoje. Jesus ainda tem inimigos que o odeiam,assim como odeiam todas as palavras e ações do Espírito. Essas

 palavras e ações atormentam a consciência rebelde de quem odeia

a Deus e põem lenha na fogueira da furia. Cada incrédulo podeter a escolha. Ou juntamos com (ouváycov) Jesus ou espalhamos(oKopTTtCei) para os quatro ventos. Jesus é o imã dos séculos. Eleatrai ou repele. “Satanás é o perito em espalhar, Jesus é o perito emajuntar, o Salvador .”33

12.31.  Mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens  (n õè xoü TTVfúfiaxoç |3Àaa4>r||iía), um genitivo objetivo.

Este é o pecado imperdoável.12.32.  Mas, se alguém falar contra o Espírito Santo (  kuzu  ,  xot>Tiyeú|iatoç xoü àyíou). A forma do pecado imperdoável fica maisclara. Qual é a blasfêmia contra o Espírito Santo? Estes fariseustinham atribuído as obras do Espírito Santo, por cujo poder Jesusfizera os milagres (Mt 12.28), ao Diabo. Isso era imperdoável, quernesta vida quer na vindoura (Mt 12.32). Os crentes sempre pergun-

tam se eles podem inadvertidamente cometer o pecado imperdoável.Lógico que nem todos ridicularizam a obra manifesta que o Espíritode Deus faz na vida das pessoas e a atribuem ao Diabo.

12.34. Raça de víboras  ( y e v v r p a r a è x i ô v w v ) . João Batista usa-ra essas mesmas palavras terríveis para condenar os fariseus e sadu-ceus (Mt 3.7). Esses fariseus tomaram o partido de Satanás. A acu-sação de que Jesus estava em conluio com Satanás revela o coração

mau que havia neles.12.35. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro  (òàya9òç avBpconoç èk tou  àyaGoü 9r|oaupoú èi<páA.À,eL àyaGá). O co-ração “esguicha para fôra” (4KpkxXÀ.ei) o que é bom ou mau de acordocom a provisão do tesouro, Gqaaupoíj, que está dentro. O versículo

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

35 é similar a Mateus 7.1719. Jesus repetia as suas declaraçõesconcisas e pungentes.

12.36. Toda palavra ociosa ( u â v p r p a à p y ó v ) . A palavra ine-ficaz e inútil (a privativo e è p y ó v ) . A palavra que não faz bem e,

 portanto, é perniciosa. É um pensamento solene. Jesus, que co-nhece os nossos pensamentos (Mt 12.25), insiste que as palavrasrevelem os pensamentos e formem a base justa para a interpreta-ção do caráter (Mt 12.37). Aqui temos o julgamento pelas palavrascomo em Mateus 25.3146, onde Jesus apresenta o julgamento pe-las ações. Ambos são provas reais do caráter. Homero falou queas “palavras têm asas” ( u x e p ó e v T a ê u é a ) . As palavras que dizemosaqui podem ser ouvidas ao redor do planeta. Quem sabe onde elas

 param?12.38.  Da tua parte algum sinal 34  (octtò ooíj arpciou). Ficamos

 boquiabertos com a audácia dos escribas e fariseus. Depois de te-rem acusado Jesus de expulsar demônios por estar em conluio comSatanás, eles gentilmente lhe pedem um “sinal”, como se os outrosmilagres não fossem sinais. “O pedido era descarado, hipócrita, insultante.”35

12.39. Uma geração má e adúltera pede um sinaP6 ( r e v e à tto

vrpà Kcà | !0 ix a À . iç orpetov è iu (r )T e l) . Eles eram adúlteros no quetange a terem rompido os laços matrimoniais que ligavam Israel aJeová37 (ver SI 73.27; Is 57.3ss.; 62.5; Ez 23.27; Tg 4.4; Ap 2.20).

12.40.  A baleia  (toG Kiycouç), um monstro marinho, um peixeenorme. Em Jonas 2.1, a LXX usa a palavra p e yc d ó ) .  Na lin-guagem popular, “três dias e três noites” pode simplesmente signifi-car três dias. Jesus ressuscitou “ao terceiro dia” (Mt 16.21), não “aoquarto dia”. Tratase de mera forma mais completa de dizer “depoisde três dias” (Me 8.31), “ao terceiro dia” (Me 10.34).

12.41. No Juízo (kv  rf) Kpíoei).  Nos versículos 41 e 42, Mateusfala de “o Juízo”. Em todas as outras referências, Mateus se refereao “Dia do Juízo” (rpépa Kpíoecoç; ver Mt 10.15; 11.22,24; 12.36).Lucas 10.14 usa a frase kv  ifi Kpíoei.

[Eles] se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas  ( f i e x e v ó r i o a v e í ç t ò K i jp u y i a a

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 Mateus 12

’Icovâ, Kcd Lôoí) uXeíov ’Icovâ coôe). Os ninivitas se arrepende-ram, ao passo que os fariseus ficam criticando desfavoravelmenteJesus. Note que aqui elç é equivalente a kv. Mateus usa o neutroiT/leíov, que quer dizer “o que é mais”, e não o masculino ule ícov,que quer dizer “quem é mais”. A mesma linguagem ocorre nosversículos 6  e 48. Jesus é maior que o Templo, maior que Jonas,maior que Salomão. “Vós continuareis descrendo independentede tudo que eu diga ou faça, e, no fim, vós me matareis. Mas euressuscitarei, sinal que vos deixará confusos, caso não vos con-verterdes.”38

12.44.  Para a minha casa39  (Elç uòv olkov [íou). E como odemônio descreve o homem em quem ele habitara. “A descrição éirônica, visto estar implícito que ele deixou a vítima voluntariamen-te, como sai um homem de casa para dar um passeio .”40 “Piores doque o primeiro” é um provérbio.

12.46. Sua mãe e seus irmãos  (f| [ir|i:r|p kcu ol áõeA4)oi aikoü).Os irmãos de Jesus, filhos mais jovens de José e Maria. Os discípu-los de Jesus não creram na acusação dos fariseus de que Jesus estavaem conluio com Satanás. Mas alguns dos seus amigos pensaram queele estava fôra de si, transtornado (Me 3.21), por causa da agitação etensão. Era natural que Maria quisesse leválo para casa para que eledescansasse e restaurasse as forças. A cena apresenta a mãe e irmãos

 parados no lado de fôra da casa (ou da multidão). Eles enviam ummensageiro a Jesus.

12.47. As versões Aleph, B, L e a Siríaca Antiga omitem esteversículo, como fazem WH .41 É texto genuíno em Marcos 3.32, queé igual a Lucas 8.20. Foi copiado em Mateus de Marcos ou Lucas.

12.49.  Eis aqui minha mãe e meus irmãos42  (’Iôou f) |ir|rr|p [íouKcd oi KôcÂcfjoí |j,ou). Um dramático gesto de mão em direção aosdiscípulos (os aprendizes) acompanhou essas palavras. Jesus amavasua mãe e irmãos, mas eles não deveriam interferir na obra messiâ-nica. A verdadeira família espiritual de Jesus abrangia todos que oseguissem. Mas era difícil Maria voltar para Nazaré e deixar Jesuscom a multidão numerosa e entusiasmada que não lhe dava temponem para ele se alimentar (Me 3.20).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1TRb e TM omitem o v  eufônico, oáfSpaai.

2A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 155.

3“Os teus discípulos estão fazendo” (NVI).

4 Robertson, Commentary on Matthew,  p. 156.

5WH grafa o substantivo próprio assim AaueCõ, e TR e TM o grafa assim Aapíô.

6Robertson, Commentary on Matthew,  p. 156.

7“Algo maior do que o Templo” (BJ); “o que é maior do que o templo” (NVI).

8TR tem |iei(cov„ mas o neutro é o correto.

9Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 173.

10 Willoughby G. Allen,  A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel   According to Matthew,  International Critical Commentary ( Edimburgo: T. &T. Clark, 1912), p. 128.

11Robertson, Commentary on Matthew,  p. 157.

12TR acrescenta kcíl aqui.

13 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 183.

14WH, TR e TM têm o infinitivo presente Gepairgúeiv.

15 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 916.

16Bruce, Expositor’  s,  p. 184.

17TR e TM têm a ordem inversa:’'Ektê Lvov ttiv  x€~LP“ oou

18“Tramaram contra ele” (BJ).

19 G. Adolph Deissmann,  Bible Studies: Contributions, Chiefly from Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language,  2a ed., traduzido por A. Grieve( Edimburgo: T. & T. Clark, 1923), p. 238.

20 TR e TM têm ouwç em lugar de Iva.

21 Bruce, Expositor’  s,  p. 185.

22 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 172.

23 “Aquele que amo” (NTLH).

24 “Não quebrará o caniço rachado” (BJ).

25Robertson, Grammar, p. 1.212.

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 Mateus 12

26 “O pavio fumegante” (NVI).

27 “Será que este homem é o Filho de Davi?” (NTLH).

28 TR e TM têm a grafia Aa(3í5, e WH tem a grafia AaueíS.

29 “Toda multidão ficou espantada” (BJ).

30 “Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e disse” (NTLH). O nome  Jesus encontrase nas versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA, ARC e no TR, mas nãono texto grego de WH e GNT/NA.

31TR e TM incluem ó ’Ir|ooi)Ç aqui.

32 “Pertences” (BJ).

33Bruce, Expositor’  s,  p. 188.

34 “O senhor fazer um milagre” (NTLH); “um sinal miraculoso feito por ti”(NVI).

33 Bruce,  Expositor’  s,  p. 191.

36 “Uma geração má e adúltera busca um sinal milagroso” (BJ). Para inteirarsede prova da maldade que vigorava na época, ver Josephus, Wars o f the Jews, 5.10.5. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus.  Volumes I ao VIII (Curitiba:Juruá, 2002).]

37 Plummer, Matthew,  p. 182.

38 Bruce, Expositor’  s,  p. 191.39 “Para a casa” (NVI).

40 McNeile,  Matthew,  p. 183.

41 Este versículo está incluído entre parênteses em GNT/NA. TR e TM o in-cluem.

42 “Aqui estão minha mãe e meus irmãos” (AEC).

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Capítulo

13

 Mateus

13.1.  Naquele dia1  (’Ev Trj niiépa èiceívi]2). Mateus colocaeste grupo de parábolas no mesmo dia em que foi feita a acusa-ção blasfema e a visita da mãe de Jesus. Conhecemos esse diacomo “o dia cheio”, porque Mateus conta muita coisa sobre essedia. Serve de exemplo de muitos outros dias cheios de estressee tensão.

 Estava assentado junto ao mar3(eK«0r|TO uapà Qálaaoav). O caso acusativo não é problema. Jesus saiu da casa sufocante etomou assento na orla da praia. “Estava assentado”, èf<á0r|TO, éa terceira pessoa do singular da voz média/passiva depoente doimperfeito do indicativo. Nesta cena pitoresca, as pessoas esta-vam espalhadas para cima e para baixo ao longo da praia.

13.2.  E toda a multidão estava em pé na praia4  (kkI uaç óõxAoç 6ttí tòv aiYi.aA.0y elaTtÍKei.. Tempo pretérito perfeito comsentido de imperfeito, “tinha ficado de pé” e, portanto, “estava

 parada” . Note o acusativo com èui,  “em” a praia onde as ondasquebram. A palavra aL.YiaA.0c; é derivada de aAç, “mar”, e ayvi)|j.L,“quebrar”, ou de aíoaco, “apressar”. Jesus teve de sentarse emum barco para escapar da compressão da multidão.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13.3.  E fa lou-lhe de mintas coisas por parábolas5  (kcíIklálr\o£v  aikoLç uoAla èv rapapoÀcuc;). Esta é a primeira vezque tantas parábolas são registradas juntas e com esta extensão.

Diversas constam em Lucas 12 a 18 e Mateus 24 a 25. Mateus jános deu a parábola do sal e da luz (Mt 5.1416), das aves e dos lí-rios (Mt 6.2636), do argueiro e da trave (Mt 7.35), da árvore boae da árvore ruim (Mt 7.1719), dos construtores prudentes e dosconstrutores insensatos (Mt 7.2427), do pano novo em vestidovelho e do vinho novo em odres velhos (Mt 9.16,17) e dos me-ninos nas praças (Mt 11.16,17). Não sabemos quantas parábolas

Jesus falou nessa ocasião. Mateus menciona oito parábolas: dosemeador, do joio, do grão de mostarda, do fermento, do tesouroescondido, da pérola de grande valor, da rede e do pai de família.Marcos acrescenta a Parábola da Candeia (Me 4.2123 é iguala Lc 8.1618) e a Parábola da Semente (Me 4.2629). Marcos4.33 e Mateus 13.34 dão a entender que houve outras parábolas.A palavra parábola  (TiapaPoÀrí derivada de Tiap(xpáÀA.(jo) significa

“colocar ao lado para medida ou comparação como parâmetro”.Ela ilustra a verdade espiritual ou moral. A palavra é ocasional-mente empregada para ditos sentenciosos ou provérbios (Mateus15.15; Marcos 3.23; Lucas 4.23; 5.3639; 6.39) ou uma figura outipo (Hebreus 9.9; 11.19). Os Evangelhos Sinóticos usam com-

 parações parabólicas, como a Parábola do Semeador, e ilustra-ções nãocomparativas, como a Parábola do Rico Insensato e a

Parábola do Bom Samaritano .6 O discurso do Oriente Médio “seexpressa em uma multiplicidade de tais formas de expressão”.7

O Antigo Testamento e o Talmude contêm parábolas, mas as deJesus estão em uma categoria própria. Jesus segurou o espelho

 bem alto na natureza para lançar luz sobre a verdade. A fábuladescreve coisas que não existem. A parábola pode não ser fato,mas poderia ser. Está em harmonia com a natureza do caso. A

alegoria (áÀÀTiyopía) é uma parábola expressiva que é autoex plicativa. O Peregrino, de John Bunyan, é um exemplo clássico.Todas as alegorias são parábolas, mas nem todas as parábolassão alegorias. O filho pródigo é alegoria (Lc 15.1132), como é

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 Mateus 13

a videira verdadeira (Jo 15.111). Em vez da palavra parábola, João recorre a um ™pot|iía, “um dito de passagem” (Jo 10.6;16.25,29). Cada parábola de Jesus ilustra um ponto principal e

os detalhes são incidentais. Se os detalhes tiverem significado,Jesus os explica. Muita heresia tem surgido de esforços fantás-ticos de ler excessivamente as parábolas. No caso da Parábolado Semeador (Mt 13.38), Jesus dá a exposição cuidadosa (Mt13.1823). Na mesma ocasião, Jesus explica por que se serviu de

 parábolas (Mt 13.917). Eis que o semeador saiu a semear s (’Iôoi) è f|À0ev ó OTTeípGJv

xou aireípeiv). Mateus gosta muito desta palavra exclamativa’lôoú. (“eis”). E “o semeador” e não “um  semeador”. Jesus espe-ra que vejamos o homem adiantandose para começar a espalharsementes com a mão. As parábolas de Jesus são imagens verbaisvívidas. Para entendêlas, temos de vêlas com os olhos de Jesus.Cristo compunha as parábolas de acordo com objetos e situações

 bem conhecidos.

13.4. Quando semeava9  (év tcô aneípeiv auuòv). Literalmente,“na semeadura quanto a ele”, linguagem distintamente grega. Ocaso locativo com o infinitivo ativo articular do presente.

 Ao pé do caminho10  (irapà  xr\v  óôóv). Caminhos de acessoque cercam os campos. Na agricultura mais primitiva, os camposnão eram tão claramente esquematizados ou profundamente ara-dos. Por isso, as pessoas faziam caminhos pelo meio dos campos

arados. As sementes caiam e ficavam nas trilhas compactadas pelouso frequente.

 E comeram-na11 (Kaié^ayev aútá). Literalmente, “comeramna toda”. Terceira pessoa do singular do aoristo segundo ativo doindicativo Kaxeo0ío) (um verbo defectivo ou depoente).

13.5.  Pedregais  (tà netpióôri). Nesse país de pedra calcária, bordas de pedra sobressaemse e são cobertas por camadas rasasde terra.

 Logo nasceu12  (ev>0éa)ç è^avéTeiÀev). “Cresceu de uma vez”(Moffatt). Palavra composta dupla (è£, para fôra do solo, àva, paracima). Aoristo ingressivo de k^avazéXXo).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13.6.  Mas, vindo o solu  (rjÀíou õè ávaTeíÀavxoç). O mesmoverbo que ocorre no versículo 5, com exceção da ausência de è£,um genitivo absoluto de ãvaTéÀÀ.Go. “Tendo o sol se levantado deum salto”.

13.7.  E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram14e sufocaram-na15 (4ttl xàç ài<áv9aç, «ai à.vk$r\ouv  ai aKavGai «aieirvi£av16  aútá). Os espinhos não “nasceram” como no versícu-lo 5, pois aqui ocorre um verbo diferente, que significa “vieram

 para fôra” do solo. As sementes dos espinhos já estavam na terra.Os espinhos tiveram um começo rápido, como têm as ervas dani-nhas, e, literalmente, “sufocaramna” (eirvitav,  o aoristo efetivode àuoTTyLyco; ver Mt 18.22). Lucas usa òlví     v  Í ^    acerca do afoga-mento dos porcos (Lc 8.33).

13.8. Deu fruto   (êôíôou Kapiróv). O tempo verbal muda para o pretérito imperfeito de ôÍõgo[_ii, “dar” . Havia frutificação contínua.

Um, a cem  (o [ièv eKaxóv). A produção centuplicada significa

que foram colhidos cem grãos para cada um plantado. Pelos pa-drões atuais, não é produção tão grande, mas para a agricultura an-tiga da Palestina era muito boa (cf. Gn 26.12). Wetstein dá exem-

 plos de produção centuplicada na Grécia, Itália e África. Heródotodiz que na Babilônia os grãos produziam duzentas e até trezentasvezes mais.17 Claro que esse fato ocorria em virtude da irrigação,como no vale do Nilo.

13.9. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça   (ó e^cov wxaaKOuéxco18). Frase que também ocorre em Mateus 11.15 e 13.43.Até Jesus teve de exortar as pessoas para prestarem atenção e en-tenderem as suas declarações, especialmente as parábolas. As pa-lavras de Jesus exigem reflexão e são enigmáticas.

13.10.  Por que lhes fa las por parábolas?19 (Alà xí2ü kv Tiapa(3oA.atç ÀaXeiç aúxoiç). Já os discípulos estavam confusos quan-

to ao significado desta parábola e à razão para ensinar com essashistórias. Por isso, perguntaram. Jesus estava acostumado com per-guntas e sobrepujava aos outros mestres nas respostas que dava.

13.11. Conhecer os mistérios21  (yvGJvai xà |iuaxripta). Aoristosegundo do infinitivo ativo de ylvgÓokgú. A palavra |iuatripiov é

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 Mateus 13

derivada de ^uoTriç, “o iniciado”, e daí derivada de |auéu (jiúoo),“fechar” ou “trancar” (latim, muíus).  As religiões de mistério do

Oriente tinham todos os tipos de segredos e sinais, como as so-ciedades secretas ainda têm hoje. Mas os iniciados os conheciam.Assim, os discípulos eram iniciados nos segredos do Reino doscéus. Paulo fala do mistério outrora oculto, mas que hoje é reve-lado ou tornado conhecido em Cristo (Rm 16.25; 1 Co 2.7). EmFilipenses 4.12, Paulo diz que aprendeu ou foi iniciado ([ie[iúr||_uu)no segredo de viver em dependência do que Deus provê. Jesus ex-

 plica que as parábolas estão abertas aos discípulos, mas fechadasaos fariseus hostis. Nos Evangelhos, a palavra puoTipiov só é usa-da aqui e nas passagens paralelas de Marcos 4.11 e Lucas 8.10.

13.13.   Por isso, lhes falo por parábolas  (õià toüto évTTapa[3o7aiç kijtolç Xaltô). Jesus pode continuar pregando os mis-térios do Reino que os fariseus jamais compreenderão o que Eleestá dizendo. Por outro lado, Ele está ansioso que os discípulos

recebam conhecimento pessoal (yvcôvai, Mt 13.11) desses mes-mos mistérios. Assim, Ele explica em detalhes o que quer ensinar pelas parábolas. Note a posição de úpeiç. Ele insiste que prestematenção nas explicações que dá.

 Porque eles, vendo22 (òti pAiTTovteç). Nas passagens paralelasem Marcos 4.12 e Lucas 8.10, encontramos a palavra 'iva com osubjuntivo. Isso não significa necessariamente que em Marcos e

Lucas a palavra 'iva seja igual à palavra ôtl com o sentido causal,embora haja alguns exemplos raros de tal uso no grego recente .23

Mateus tem “uma adaptação de Isaías 6.9,10, que é citado porinteiro nos versículos 14 e 15” .24 Mateus apresenta um aparente

 paradoxo: As pessoas vêem por fôra, mas não em realidade (cf.Jo 9.41).25  A linguagem em Mateus não dá problema, salvo emcomparação com Marcos e Lucas. A forma ouvioüoiv é uma forma

verbal em co (ouvíoo) em lugar do verbo em |ii (auví.r||j.i) comumno grego Koivr|.13.14. Se cumpre26  (àvauAripoÜTai). Terceira pessoa do singu-

lar do presente aoristo passivo do indicativo. Jesus mostra o cum- primento. A fórmula 'iva ou ottoúç TrÀwpfíGri tò pf|9ev (“para que as

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 palavras se cumprissem”; por exemplo, Mt 1.22) não é habitual deMateus. O verbo óvctnA.ripóco ocorre nas Epístolas Paulinas, mas emnenhuma outra parte nos Evangelhos. Significa “encher completa-mente como um copo”, “encher o lugar de outro” (1 Co 14.16),ou “encher completamente o que está faltando” (Fp 2.30). Aqui,significa que a profecia de Isaías 6.9,10 se satisfaz na conduta dosfariseus. Há dois modos de reproduzir a expressão idiomática he-

 braica (infinitivo absoluto), um por áicor), o outro por PÂÍttovtéç. Note a negação forte oí) \ir\ com um subjuntivo aoristo.

13.15.  Está endurecido27  (eiTaxúvGri). Terceira pessoa do sin-gular do aoristo passivo do indicativo. Derivado de Tráxuç, “gros-so”, “gordo” ou “robusto”. O significado é que o coração se dege-nera com calos ou com gordura.

Ouviu de mau grado com seus ouvidos28  (toiç woiv PapéwçTÍKOuaav), outro aoristo. Literalmente, “ele ouviu (ou ouve) pesa-damente com os ouvidos”.

 Fechou os olhos  (xouç òc|)9aA.|_ioí)<; airucôv éicáf 4 ii)aav). O verboépico e vernacular Koqi|iú«, “fechar”. O verbo hebraico em Isaías6.10   significa “cobrir em cima de”. Os olhos podem ser cobertoscom cera ou catarata e, assim, são fechados. “Lacrar os olhos eraum castigo oriental”29 (ver Isaías 29.10; 44.18).

 Para que não  (iiiÍitoxé). Este propósito negativo como julga-mento é deixado na citação de Isaías. Tratase de um pensamentosolene para todos que lerem ou ouvirem a Palavra de Deus.

 E eu o cure  (Kcd láoo|ioa oojtoÚç). A Septuaginta muda para ofuturo do indicativo em lugar do subjuntivo do aoristo, como antes.

13.16.  Mas bem-aventurados [felizes] os vossos olhos  (u|icôvôè [Micápioi ol ócj)9cd[ioi). Uma beatitude para os discípulos emcontraste com os fariseus. Ver em Mateus 5.3 para inteirarse daanálise de “bemaventurados” ou “felizes”.

13.18.  Escutai vós, pois, a parábola 30  ('Y|iei<; o5v aKoúoaTe•ur)y irapapoÀTÍv). Em Mateus 13.13, Jesus apresentou uma razão

 para o uso de parábolas. Por serem estagnados espiritualmente, osfariseus trouxeram sobre si este julgamento de não entenderem a

 palavra anunciada por Jesus.

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 Mateus 13

13.19. Ouvindo alguém  (ttkvtcx; àKoúovxoç). Particípio pre-sente do genitivo absoluto, “enquanto todo o mundo está ouvindoe não está entendendo” (|ifi ouviévioç, “não pondo junto” , “não

 juntando” ou “não agarrando”, “não segurando”). Talvez, naque-le preciso momento, Jesus observou um olhar confuso em algunsrostos.

Vem o maligno e arrebata  (ep^erai ô uovripòç Kal ápTTá(ei).Os pássaros apanham as sementes enquanto o semeador semeia. ODiabo está sempre ocupado arrebatando ou apoderandose, comoum bandido, da palavra do Reino antes que ela tenha tempo degerminar.

O que foi semeado no seu coração  (tò koi\ap[iévov kv  tr|Kapôía aikoü). Particípio no acusativo neutro singular do perfeito

 passivo de oueípco, “semear” . Este é o que  (oíkóç èoxiv ó). Mateus, como Marcos, fala das

 pessoas que ouvem as palavras como a própria semente. Isso criacerta confusão nesta forma condensada do que Jesus de fato disse,mas a lição que Ele quer ensinar permanece clara.

 Foi semeado ao pé do caminho31  (ó rapà ir]v òõòv cmapeíç),Particípio no nominativo masculino singular do aoristo passivo. Asemente no coração não é responsável por esta perda ao longo docaminho. Em termos humanos, a culpa é de quem deixa o Diaboarrebatar a verdade.

13.21.  Mas não tem raiz em si mesmo32  (oúk exeL õe  píÇav kv èctUTÚ; cf. éppiÇcóiievoL em Cl 2.7 e Ef 3.17). A pessoa não tem aestabilidade de uma árvore com raízes profundas e fortes. Houvedurante a noite “crescimento em forma de cogumelo” que durou

 por certo tempo (upóoKaipoç). Mas o que teve germinação rápidafoi temporário, e a pessoa se ofendeu (oKavôaA.íCerai,). Essa é des-crição de pessoas que, em um momento de emoção, querem seguira Jesus Cristo. Mas, de um dia para outro, afastamse e desistem,

 porque não houve a realidade da fé salvadora. Angústia33  (0Àí\|/ecjç). Derivado de GAip«, “apertar”, “opri-

mir”, “espremer” (cf. Mt 7.14). A palavra tribulação, usada emalgumas traduções (BJ; NVI), vem do latim tribulum,  que era o

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

rolo usado pelos romanos para amassar trigo. “De acordo com aantiga lei da Inglaterra, os que voluntariamente se recusassem adefenderse recebiam pesos pesados no peito, e eram apertados e

esmagados até a morte. Isso era literalmente GÀLij/ic;.”3413.22. Sufocam a palavra   (ai)|iTTvíyei33  tòv Àóyov). No versí-

culo 7, Mateus usou a palavra “sufocar para fôra” (“su-focaram”). Aqui, o termo é ou|_iTrvíyeL, “sufocar junto”. Ambos ossujeitos são agregados no presente histórico do singular. “O desejoardente por dinheiro e as preocupações desta vida estão juntos eentre eles saqueiam de muitos a natureza religiosa séria”;36  são de

fato “espinhos”. Os espinhos surgem, e o caráter adoece e morre,sufocado até à morte pela falta de alimento, ar e sol espirituais.

13.23.  E dá fruto 37  (oç ôf) KctpiTocjiopei). Alguns, na verdade(õrj), frutificam (cf. Mt 7.1620). O fruto revela o caráter da árvoree o valor do caule como talo de trigo. O caule, que não for nadamais que palhiço e palha, é inútil. As primeiras três classes nãodão fruto, mostrando que elas são não salvas. Toda pessoa que per-

tence ao Semeador é frutífera. A lição da parábola explicada porJesus é precisamente esta: a diversidade nos resultados da sementesemeada de acordo com a terra onde cai. Todos os professores e

 pregadores sabem que as coisas são assim. É tarefa do professor,como semeador, semear a semente certa, a palavra do Reino. A ter-ra determina o resultado. Hoje em dia, certos críticos desprezama interpretação dada por Jesus a esta parábola, porque julgamna

demasiadamente alegórica, muito rica em detalhes. A explicaçãodada por Jesus não era essa. O problema é que os estudiosos nãoestão de acordo quanto ao ponto principal da parábola. O propó-sito dessa parábola não era explicar todos os problemas da vidahumana; ela apenas prova o seu ponto de vista.

13.24. [Jesus] propôs-lhes outra parábola38 (”AA,Àr|v uapaPoÀrivTTapé0r|Kev Kiruoiç). Esta introdução ocorre novamente no versículo

31. Ele colocou outra parábola ao lado de (uapá) uma já dada e ex- plicada. O mesmo verbo, TTapocOeivou, ocorre em Lucas 9.16.

 E semelhante39  ('Q|_ioiG$0 r|). Aoristo infinito do indicativo euma maneira comum de introduzir essas parábolas do Reino, onde

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 Mateus 13

se faz uma comparação (Mt 18.23; 22.2; 25.1). O caso de <xv0pa)iToié instrumental associativo.

13.25.  Dormindo os homens40  (èv ôè t g ô KaGeúõeiv t o u ç(xyGpútTOuç). Mesmo uso do infinitivo presente articular com èv e oacusativo, como ocorre no versículo 4.

Semeou o joio 41 ( è T r é o i r e i p e y 42 ( L Ç á v i a ) . Literalmente, “se-meou sobre”, “resemeou” (Moffatt). O inimigo semeou “o joio”deliberadamente. Tecnicamente, a palavra ÇiÇávia  não se refereao joio, mas ao joio com praganas, um trigo bastardo. O inimigo

semeou joio “em cima de”, 4 t t l , o trigo bom. Esse joio, lolium temulentum,  é comum na Palestina e assemelhase ao trigo, anão ser pelos grãos que são pretos. Antes de amadurecer, o joioé indistinguível do trigo, não podendo ser capinado até perto dacolheita.,

13.26. Apareceu também o jo io   ( t o t é écjjccvri K o à T a ÇiÇáma).O joio “ficou claro”, êcfjávr), terceira pessoa do singular do aoristo

segundo do indicativo, aoristo efetivo passivo de (Jmyco, “mos-trar”.13.29.  Para que [...] não arranqueis também o trigo com ele 

( è K p i ( w o r ) T e a | i a a Ú T o i ç TÒy o l t o v ) . Literalmente, “arraigar parafôra”. É fácil desfazerse das raízes de trigo e joio misturadas.Assim, a palavra auXÀiyovTÉç não é “juntar para cima”, mas “jun-tar junto”, aqui e nos versículos 28 e 30. Note outros verbos com-

 postos: “crescer junto” (oúauÇáyeaGai); “queimar para cima” ou“incinerar” ( K c a a K c â i a c c i ) ; “trazer junto” ( o u y a y á y e T e ) .

13.30. No meu celeiro  (Tqy áiToGriKriy fiou). Ver Mateus 3.12;6.26. Silo, armazém, lugar para guardar coisas.

13.31.  É semelhante ('0|ioía ê o T Í v ) . Adjetivo de comparaçãocom instrumental associativo, como ocorre nos versículos 13, 44,45, 47, 52.

Um grão de mostarda  (kokkco aiyKTTe«ç), um único grão emcontraste com o coletivo ouépiia (Mt 17.20).Um homem, pegando dele, semeou43  (Àapàv âyBpooTTOc;

eoTieipey). Fraseado vernacular, como o hebraico, e estilo plena-mente coloquial no grego  Koivr\.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13.32. Uma árvore (ôévôpov). “Não de natureza, mas de tama-nho.” “Um exagero desculpável no discurso popular .”44

13.33. O Reino dos céus é semelhante ao ferm ento45  ('Ofioíaêotlv ri paoiAeia tgôv oúpavwv Cú|ifl), em seu poder de penetra-ção. Curiosamente, há pessoas que negam que Jesus aqui compareo poder expansivo do Reino dos céus com o fermento, porque,dizem, o fermento é símbolo de corrupção. Mas a linguagem deJesus não tem de ser explicada por tal malabarismo exegético. ODiabo é comparado a um leão (1 Pe 5.8), mas Jesus é “o Leão da

tribo de Judá” (Ap 5.5). A natureza do fermento é introduzirsena farinha (áÀeúpou) até que tudo fique fermentado. Não há sim- bolismo oculto no fato de que há três medidas. Era apenas umaquantidade comum para assar pão. T. R. Glover propõe que Jesus

 pode ter se lembrado de sua mãe usando três medidas de farinhade trigo para fazer pão.46 Procurar uma referência à Trindade aquié errar totalmente. A palavra traduzida por fermento, (ú|JT), é deri-

vada de (<égú, “ferver” ou “fervilhar”. Era comum à fermentação,outro processo de penetração.13.35.  Publicarei (èpeú^o|icci). Expedir como um rio, gargare-

 jar, vomitar, a paixão de um profeta (dos SI 19.2; 78.2). O salmistaafirma que profere “coisas ocultas desde a criação do mundo”, eMateus aplica essa linguagem às palavras de Jesus. Certamente, avida e ensino de Jesus lançaram uma torrente de luz nos propósitos

de Deus que há muito tempo estavam ocultos (KeKpu|_i|j,év(x).13.36.  Explica-nos  (Aiaaá^riaov47  t](j,lv). Tempo aoristo deurgência, também ocorre em Mateus 18.31. “Explique tudo com-

 pletamente agora mesmo”. Os discípulos esperaram até que elesestivessem a sós com Jesus em casa para pedirem ajuda com aParábola do Joio e do Trigo. Lógico que eles tiveram menos difi-culdade com as Parábolas do Grão de Mostarda e do Fermento.

13.38. O campo é o mundo  (ó ôè áypóç êoTiv ó koo|j,oç). Nogrego, o artigo com as duas palavras “campo” e “mundo” significaque o sujeito e o predicado são de extensão ou duração igual e,

 portanto, intercambiáveis. A semente boa e o jo io são semeados nomundo, não no Reino, a igreja.

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 Mateus 13

13.39.  A ceifa é o fim do mundo  (ó ôè Gepiopòç awxéleia   altôvóç kauiy48). A separação ocorrerá na consumação dos séculos, otempo da colheita. Enquanto isso, todas as sementes crescem jun-

tas no campo, que é o mundo.13.41.  Do seu Reino   (c-k   r f |ç p a a iÀ e ía ç a m o u ) . Para fôra do

meio do Reino, onde o governo de Deus se estende e onde os bonse os maus estão misturados (cf. ék   [iiaou twv õiKaícov em Mt13.49, “dentre os justos”). Da mesma forma que o trigo e o joioestão misturados no campo até serem separados na colheita, assimo mau e o bom estão misturados no mundo até serem separados.

Jesus não quer dizer que a semente ruim que “causa escândalo”( t à GKávôaÀa) seja os membros do Reino. Mais exatamente, assementes ruins estão misturadas no campo com o trigo, e Deus asdeixa até que chegue o tempo da separação. O destino delas é “afornalha de fogo” ( t f |v Ka^uvov toü  uupóç , Mt 13.42).

13.43. Os justos resplandecerão como o sol   (Tóte ol ôÍKatoLèKÀ.cqa\|/oiKJiv óç   ó í]Àio<;). Brilhar como o sol que aparece de trás

de uma nuvem49 e afugenta as trevas depois que ocorreu a separa-ção (cf. Dn 12.3).

13.44.  E escondeu50  (eKpmj/ev «aí). O tesouro foi escondidonovamente até que a pessoa tivesse o direito a ele; não se trata defalta de integridade. “Escondeuo talvez para evitar que fosse rou-

 bado, ou impedir a si mesmo de antecipar a compra do campo.”MMas mesmo que tivesse sido uma prática questionável, esse não é

o ponto. O Reino de Deus tem um valor enorme para o qual não hásacrifício que seja demasiadamente elevado para fazer.

13.45.  Negociante   (è|iuópco). Esse tipo de negociante é umagente comercial ambulante, ou um vendedor de porta em portado tipo “caixeiroviajante”, um “tocador de tambor”, porque eletocava um tambor para anunciar a chegada quando se aproximavados limites de uma casa.

13.46.  Foi, vendeu  (árreÀBGÒy TT<ÉTTpaKev). Literalmente, “elefoi embora e vendeu”. O presente perfeito do indicativo, o perfeitodramático de quadro vívido. Então, ele a comprou. Os tempos pre-sente perfeito, imperfeito e aoristo misturado com ação viva.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13.47. Uma rede (aayr|vr]). Em latim, sagena. As pontas eramestendidas e juntadas. Este é o único uso da palavra no NovoTestamento. Da mesma maneira que o campo é o mundo, assim

a rede de arrastão pega todo tipo de peixe que esteja no mar. Aseparação vem depois. Marvin Richardson Vincent cita pertinente-mente Odisséia, de Homero (22.384389), onde os litigantes mor-tos nos corredores de Odisseu são comparados a peixes na praiaapanhados por redes com miríades de armadilhas.52

13.48. Cestos53 (ayyr|54). Aúnica ocorrência no Novo Testamento,embora em Mateus 25.4 ocorra um termo semelhante para referirse

a um frasco de óleo, a|yyeíov.13.52.  Instruído acerca do Reino dos céus55  (|ioc0r|T€i)0el<; tf)

PaoLÀeía56 ucôv oüpavów). Nominativo singular masculino do aoristo primeiro do particípio passivo. O mesmo verbo é usado na formatransitiva na Grande Comissão (Mt 28.19). Aqui um escriba tomase instruído acerca do Reino. “O mero escriba, de espírito rabínico,

 produz só o velho e o rotineiro. Semelhante ao Mestre, o discípulo

do Reino sempre é voltado para o novo. Contudo, ele sabe ava-liar todos os antigos tesouros espirituais da Escritura Sagrada ouda tradição cristã.”57  Esse escriba crente tem um tesouro especial,guardando o que vale a pena preservar da tradição (raAmá) e substi-tuindo o que é obsoleto por coisas novas (icoavá). Essa pessoa “tira”(ètcpctAlei) ambos os tipos de coisas.

13.55. Não é este o filho do carpinteiro? (oí)% outóç koxiv  ó toü

xéKTOvoc; ulóç). José pode ter sido o famoso, o principal ou até o úni-co carpinteiro/pedreiro de Nazaré até Jesus começar sua profissão.As pessoas de Nazaré não compreendem como alguém provenientedessa origem e ambiente respeitáveis e medíocres poderia possuira sabedoria que Jesus demonstrava por seus ensinos (èõíõacJKev, Mt13.54). Eles conheceram José, Maria, os irmãos (quatro deles cita-dos por nome) e as irmãs (nenhuma citada por nome). Como o filhode José, Jesus passou por aqui e estes eram os seus irmãos e irmãsmais novos (tecnicamente, meiosirmãos e meiasirmãs).

13.57.  E escandalizavam-se nele  (kocÍ êaKavôaÀLCovTO kv uv ’xô). Pretérito imperfeito gráfico passivo. Literalmente, “eles tro-

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 Mateus 13

 peçavam nele”, “eles foram repelidos por ele” (Moffatt), “eles viraramse contra ele” (Weymouth). Era imperdoável que Jesus nãofosse tão comum quanto eles.

 Não há profeta sem honra  (OÚk   eoxiv Trpod)r|xr|c; aTi|ioç). Este provérbio comum achase na literatura dos escritores judeus, gregose romanos, como também no Logia de Jesus.58

13.58.  Muitas maravilhas  (ôuvá|j.eiç TroAAáç). Literalmente,Jesus não mostrou “muito poder” em Nazaré. Jesus não faria mila-gres no meio de tal “incredulidade” (caucruíav) entre os habitantesda cidade.

 NOTAS 

1“Naquele mesmo dia’ (AEC; NTLH; NVI; ARA).

2TR e TM incluem õrj aqui.

3“Sentouse ali [...] a beira do lago da Galiléia” (NTLH).

4 “Ao povo reunido na praia” (NVI).

5“Jesus usou parábolas para ensinar muitas coisas” (NTLH).6 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:

Kregel, 1990), p. 283.

7Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 185.

s “Certo homem saiu para semear” (NTLH).

9“Quando estava espalhando as sementes” (NTLH).

10“À beira do caminho” (ARA).11“Comeram tudo” (NTLH).

12“Logo brotou” (NVI).

13“Mas, ao surgir o sol” (BJ).

14“Espinhos, que cresceram” (NVI).

15“Sufocaram as plantas” (NVI).

16WH, TR e TM têm o verbo soletrado assim: áiTéiTviÇav.

17 Herodotus,  History , 1.93. [Edição brasileira:  História: O Relato Clássico da Guerra entre Gregos e Persas (São Paulo: Prestígio Editorial, 2002).]

18TR e TM têm áKoúeiv àKouétw.

19“Por que falas ao povo por parábolas?” (NVI).

20 TR tem Aiaxí.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

21 “O conhecimento dos mistérios” (NVI).

22“Porque vêem sem ver” (BJ).

23Para inteirarse de uma análise sobre o problema, veja A. T. Robertson, “TheCausal Use of 'iva”, in: Studies in Early Christianity, editor S. J. Case (1928).

24 McNeile,  Matthew,  p. 190.25 Ibid.

26“Acontece” (NTLH).

27“Se tomou insensível” (BJ).

28“Eles taparam os ouvidos” (NTLH).

29 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 79.

30 “Ouçam o que significa a parábola do semeador” (NVI).31 “Foi semeado à beira do caminho” (ARA).

32 “Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo” (NVI).

33 “Tribulação” (BJ; NVI); “sofrimentos” (NTLH).

34 Richard Trench, Synonyms o f the New Testament  (Reimpressão, Grand Rapids:Baker, 1989), pp. 202204.

35 Somente WH soletra esta palavra assim: auvTTvíyei.

36 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 197.

37“E dá uma colheita” (NVI).

38 “Jesus contou outra parábola” (NTLH); “Jesus lhes contou outra parábola”(NVI). O nome Jesus não consta no texto grego.

39 “É como” (NTLH; NVI).

40 “Quando todos estavam dormindo” (NTLH).

41 "Semeou [...] uma erva ruim” (NTLH).

42 TRs tem eoireipev, mas TRb e TM têm ’É0TTei,pe.43 “Um homem tomou e plantou” (ARA).

44 Bruce, Expositor’  s, p. 201.

45 “O Reino do Céu é como o fermento” (NTLH).

46 T. R. Glover, Jesus o f History   (Londres: Student Christian Movement, 1927), pp. 27, 28.

47 TR e TM têm $páoov.

48 TR e TM têm toC alwvóç eativ.49 Vincent, Word Studies, p. 81.

50“E toma a esconder” (BJ); “e esconde de novo” (NTLH).

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 Mateus 13

51Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew   (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 197.

52Vincent, Word Studies, p. 81.

53 “Vasilhas” (BJ).54TR e TM têm áyyeta.

55 “Que se tomou discípulo do Reino dos Céus” (BJ); “que se toma discípulo noReino do Céu” (NTLH).

56TR e TM têm elç ir]v paoileíav.

57Brace, Expositor s, p. 204.

58 Oxyrhynchus,  Papyrus  1.3.

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Capítulo

14

 Mateus

14.1.  Herodes, o tetrarca  ('Hpcóõriç ò Texpaápxriç1). “Aqui,

tetrarca, mas ‘rei’ no versículo 9 como em Marcos 6.14. Tetrarca estava tecnicamente correto. Era um título inferior a rei, e indicavaum governante nativo sujeito a Roma, mas de poder considerável.”2Herodes Antipas era administrador da Galiléia e da Peréia, um quar-to do domínio de Herodes, o Grande.

Ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Jesus3 (r|KOuae:u ... "cr|v(XKOTiv ’Iipou — ver análise em Mt 4.24). Este é um cognato femini-

no singular acusativo. Ele “ouviu a audição ou rumor”, seguido porum genitivo objetivo. E bastante surpreendente que ele não tivesseouvido falar de Jesus antes.

14.2.  Disse aos seus criados4 ( e í u e v t o l ç   uccloI v   atJToO), lite-ralmente “meninos”, mas aqui são os cortesãos ou bajuladores, nãoos serviçais do palácio.

 Maravilhas operam nele5 (öuvcqjei<; èvepyouoiv kv  oanjoò). A

 palavra èyepyéco está relacionada com a palavra energia e energizar. “Os poderes do mundo invisível, vastos e vagos na imaginação dorei.”6Herodes pensou que Jesus poderia ser a reencamação de JoãoBatista. Embora João Batista não tivesse realizado nenhum milagre,

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

alguém que voltasse da morte estaria sob o controle de poderes in-visíveis. Assim arrazoava Herodes, os seus medos estimulados poruma consciência culpada. Talvez ele até tivesse pesadelos com a

cabeça de João andando em um cavalo de batalha. “Será que o rei só pensa em João Batista?”7Josefo contou a história que os fantasmasde Alexandre e Aristóbulo assombravam o palácio de Herodes, oGrande, depois que ele os assassinara.8Há muitas conjeturas sobreJesus em resultado da excursão que fez pela Galiléia, e HerodesAntipas temia esta.

14.3.  No cárcere  (èv cj)u/.aKf}). Literalmente, “na casa da guar da”, “prisão militar” . Josefo fala que a fortaleza prisional se chama-va Maqueros.9 Situavase em uma colina alta onde fôra construídauma fortaleza inconquistável. H. B. Tristram faz uma descrição ini-cial sobre o local, descrevendo as ruínas de “dois calabouços, umdeles fundo com as paredes em bom estado”, contendo “buracos

 pequenos, ainda visíveis na construção, onde estiveram os grampose argolas de madeira e ferro para fixação das correntes. Com certe-za, um desses calabouços deve ter sido a cadeia de João Batista”.10“No alto deste cume, Herodes, o Grande, construíra um palácio es-

 paçoso e bonito.”11“As janelas dominavam uma paisagem ampla evasta, incluindo a vista do mar Morto, do curso do rio Jordão e deJerusalém.”

 Por causa de Herodias  (ôià 'Hpcoôiáôa12). A morte de JoãoBatista acontecera algum tempo antes. Aqui, os aoristos gregos(eôrioey, àueGeio) não são usados para o pretérito perfeito. O aoristogrego narra o evento sem fixar distinções no tempo passado. EstaHerodias era a esposa ilegal de Herodes Antipas. Era descendentede Herodes, o Grande, e casarase com Herodes Filipe de Roma,não o Filipe, o Tetrarca. Ela se divorciou de Filipe para casarsecom Antipas depois que este se divorciara da sua esposa, a filha deAretas, rei da Arábia. O seu primeiro marido ainda estava vivo, e,

 para os judeus, era proibido o homem casarse com a cunhada (Lv18.16). João Batista condenou a união. Por causa disso, HerodesAntipas o lançara na prisão em Maqueros. O fato puro e simples émencionado em Mateus 4.12 sem citar o nome do lugar (ver tam-

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 Mateus 14

 bém em Mt 11.2 para inteirarse de uma análise sobre o desânimo deJoão Batista “no cárcere”, kv  Tfj ô^am píco ).

14.4.  Porque João lhe dissera  (eleyev yàp ô ’Icoávvriç autw13).Os fariseus podem ter proposto que Herodes induzisse João paraMaqueros em uma das suas visitas ali para expressar uma opiniãoconcernente ao seu casamento com Herodias, e o tempo imperfeito(eÀeyev) significa que João dizia isso reiteradamente.14O julgamen-to de João acerca de Herodes e Herodias foi brusco e violento. Asua proclamação inflexível lhe custou a cabeça, mas é melhor ter

uma cabeça como a de João e perdêla do que ter uma cabeça co-mum e mantêla. Herodes Antipas era um político e refreou o seuressentimento para com João Batista, porque as pessoas ainda con-sideravam (terceira pessoa do plural do pretérito imperfeito ativo doindicativo) que João fosse profeta.

14.6.  Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes15(yeveaíoiç õe yevo|aévoiç toO 'Hpúôou l6). Este é um locativo de

tempo (cf. Me 6.21) sem o genitivo absoluto. Os gregos mais an-tigos usavam a palavra yeveaía para referiremse a comemoraçõesfúnebres (aniversários de pessoas mortas), yeveGÀÍíx que é a palavra

 para referirse a comemorações natalícias de pessoas vivas. Mas, pelo visto, essa distinção desapareceu com o passar do tempo, comomostram os papiros. A palavra yeveoía nos papiros17 sempre é um

 banquete de aniversário, como é em Mateus e Marcos. Fílon usa

ambas as palavras pertinentes a banquetes de aniversário. Pérsio,um escritor satírico romano, descreve um banquete feito no Dia deHerodes.18

 Dançou [...] diante dele19 (wpxiíoaTo' kv  xcô [léoco). Tratavasede Salomé, filha de Herodias do seu primeiro casamento. A raiz doverbo significa algum tipo de movimento rápido. “Saltou no meio”(Wycliffe). Era uma dança vergonhosa e lasciva arranjada de antemão

 por Herodias para conspirar contra a vida de João Batista. Salomé se baixara ao nível de um almeh, ou seja, uma dançarina comum.

14.7.  Prometeu, com juramento  (|aeô’ ò p K O U GÒ|ioA.óyr|aev).Literalmente, “confessou com juramento”. Quanto a este verbo nosentido de promessa, ver Atos 7.17.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Tudo o que pedisse  (o kkv  aíxrímTuai). Note a voz média deaitr|or|Tai. Herodes quis dar algo que a jovem pedisse (cf. Et 5.3;7.2).

14.8.  Instruída previamente  (Trpopipao0€laa). Ver Atos 19.33 para um verbo semelhante (tTpopaA.óvxcúv), “impelindoo”. “Deve terexigido bastante ‘educação’ para levar uma jovem a fazer tal pedidocruel e satânico.”20

 Aqui (coõe), neste mesmo lugar, aqui e agora.“Num prato” (êni ttlvixkl), chapa, prato grande, bandeja.14.9.  Afligiu-se21 (Àimr|0el<;22). No versículo 5, lemos que

Herodes quis (GéÀcov) matar João Batista (kttoktcIvki). Porém, diantedos problemas de relações públicas que essa demonstração covardede brutalidade e crueldade desencadearia, ele retrocedeu. Homensque fazem o mal sempre têm desculpas esfarrapadas pelos pecadosque cometem. “Por causa do juramento” (õlò; touç òpKOUç), Herodescometera o assassinato judicial do tipo mais revoltante. “Foi maissemelhante a um juramento profano do que a uma declaração deli-

 berada e definitiva de um juramento solene.”23Ele estava levementeembriagado pelo vinho e um tanto quanto estonteado pela presençados convidados.

14.10.  Mandou degolar João  (áTreice(J)áA.i.aÉV ’Iooávvr|v24). Umtempo causativo ativo de um verbo recente àvoKtfyaXÍCj.,),  ele tiroua cabeça dele.

14.11.  Ela a levou a sua mãe  (rjveytcev  zr\  nr|Tpl aúxfiç). Estaé uma cena horrível, quando Herodias testemunha com satisfaçãodiabólica o triunfo do seu ódio implacável contra João Batista porousar reprovar o casamento dela com Herodes Antipas. A lenda dizque Salomé desejava sexualmente João Batista, mas não há provadisso.

14.12.  E foram anunciá-lo a Jesus  ( koc! èÀGóvueç áirriYYeiÀavtcò TipoO). Depois que enterraram João Batista, os discípulos con-taram a Jesus o ocorrido, que era o único que sabia realmente comoJoão era grande. O destino de João prefigurava o que Jesus enfren-taria. De acordo com Mateus 14.13, assim que ficou sabendo doassassinato, Jesus retirouse ao deserto para ficar sozinho. Só por 

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 Mateus 14

conta da tensão da recente excursão feita, Ele já estava precisandode descanso.

14.13.  Num barco25 [...] a pé  (4v ttA.oí.0) ... TreÇrj). Em lugar de TTe£f}, alguns MSS têm Tre(tò. Note o contraste entre o lago e a rota por terra.

14.14. Os seus enfermos  (touç àppúoTOUç oaiiwv). “Sem for-ça”, ptóvvu[ii e a que indica negação ou privação.

 Intima compaixão  (èoTTÀayxvíoGr)), um depoente passivo. Overbo dá a concepção judaica tradicional de os intestinos (a-nláyyva) 

serem o lugar da compaixão.14.15. Sendo chegada a tarde26 (ói)úaç ôè yevo[iévr|ç). Este é umgenitivo absoluto. Os judeus marcavam o pôrdosol em cerca dasseis horas da tarde, como em Mateus 8.16 e 14.23, mas a “tarde”começava às três horas da tarde.

O lugar é deserto (wEpr||ióç kaxiv  ó tóttoç). Para ficar sozinho,Jesus se dirigiu a um lado da montanha em uma região que estava

relativamente despovoada, sem cidades grandes por perto. Agoramuitas pessoas já o ouviram. Havia “aldeias” (Któp.aç) onde as pes-soas poderiam comprar comida, mas elas teriam de ir andando agora

 para chegar lá enquanto houvesse luz do dia. Por isso que os discí- pulos salientaram que “a hora é  já avançada”27 ( t ) copa rjõr| rapfi XQev).  Jesus deveria despedir as pessoas enquanto ainda houvessetempo para acharem o que comer.

14.16.  Dai-lhes vós de comer   (ôóxe ocútoiç í)|ieiç cjjayeiv). Aênfase está em í)|_ieiç em contraste (note a posição) com o “despede”(áiróÀuaov). E o aoristo urgente de ação imediata (ôóte). Era umaordem estarrecedora. Os discípulos tinham de aprender que “não hásituação que lhe seja desesperadora, nem há dificuldade que lhe sejaintratável” .28

14.17. Eles lhe disseram29  (ol ôè A.éyouaiv oartcô), terceira pes-

soa do plural do presente ativo do indicativo como presente histó-rico. Os discípulos prontamente apresentam as razões óbvias paraexplicar por que a tarefa imposta por Jesus não é praticável.

14.18.  E ele disse  (ó ôè eiTTtv). Aqui está o contraste entre adúvida impotente dos discípulos e a ousadia confiante de Jesus. Ele

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

usou “cinco pães e dois peixes” (Mt 14.17), que eles haviam men-cionado como razão para não fazerem nada.

Trazei-mos aqui  (Oépexé [íol toôe auxoúç30). Eles não levaramem conta o poder de Jesus nesta emergência.

14.19. & assentasse sobre a erva  (ávaKÀi0r|uoa èifi xoí> xópxoir31).Claro que a palavra significa “reclinar”, aoristo primeiro passivo doinfinitivo. Um belo cenário no sol da tarde, eles assentados sobrea relva na encosta da montanha que dava para o oeste. A organi-zação em centenas e cinquentas (Me 6.40)32 tornava fácil contar ealimentar as pessoas. Jesus estava em pé onde todos podiam vêlo

 partindo (KÃáaaç) os pães achatados judaicos e, em seguida, dis-tribuindoos pelos discípulos. Este é o único milagre de naturezaregistrado por todos os quatro Evangelhos. Era impossível a mul-tidão entender mal ou enganarse sobre o que estava acontecendo.Se Jesus é mesmo o Senhor do universo (Jo 1.118; Cl 1.1520),aquEle que criou tem poder para continuar criando o que quiser.

14.20. Saciaram-se  (èxopxáaGriaav), terceira pessoa do plu-ral do aoristo efetivo passivo do indicativo xopxá(o) (ver Mt 5.6).Derivado do substantivo xóptoç, “erva”. O gado se saciou com ervae as pessoas com outra comida. Todos ficaram satisfeitos.

 Dos pedaços que sobejaram doze cestos cheios  (xwvKÀao|iáTGov ÔGÓÔÉKa Kocj) lvouç TrA.r|p6 lç). Não os restos fragmentá-rios espalhados pelo chão, mas os pedaços partidos por Jesus e queainda estavam nos “doze cestos” (ôoóôékoc ko^lvouç) e não foramcomidos. Cada um dos doze ficou com um cesto cheio de sobra (xòuepiaaeüov). Esperamos que o menino que tinha os cinco pães edois peixes iniciais (Jo 6.9) tenha ficado com alguns dos alimentosextras. Cada um dos Evangelhos usa a palavra para cestos feitos devime (ko^ívoç). A tradução de Wycliffe usou o termo “caixões”.Juvenal diz que o pomar de Numa, perto da porta Capeniana deRoma, era “deixado para os judeus cuja mobília compunhase deuma cesta (cophinus)  e um pouco de feno” (para uma cama).33Descrevendo a multiplicação dos pães, Mateus e Marcos usam a

 palavra orrupíç, referindose a um tipo de cesto ou cesta grande para provisões.

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 Mateus 14

14.21.  Além das mulheres e crianças  (xwpU  y w a i K G Ô v Kod

tolôícov). Talvez nessa ocasião não houvesse tantas mulheres e

crianças como sempre por causa da pressa da multidão em tornoda cabeceira do lago. Mateus acrescenta este detalhe. Ele nãoquer dizer que as mulheres e crianças não foram alimentadas,mas que entre “os que comeram” (ol êa0íovT€<;) incluíamse cin-co mil homens (avôpeç), além das mulheres e crianças.

14.22.  E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entras sem no barco e fo ssem adiante, para a outra banda (Kod eú0éoo<;

riyáyKaoey t o u ç   )ia9r|xàç34 ê^pfjvai eíç t ò   tt X o l o v   k«1 Trpoáyeivaikòv 6lç tò uépav). Literalmente, ele “compeliu” ou “forçou”(cf. Lc 14.23) os discípulos a partir. João 6.15 apresenta a ex-

 plicação para esta palavra forte aqui e em Marcos 6.45. A mul-tidão entusiasmada pretendia tomar Jesus à força para fazêlo orei nacional. Esse procedimento teria desencadeado uma revo-lução política e a derrota de Jesus. Os discípulos poderiam ter

se deixado levar por essa psicologia das multidões, porque elescompartilhavam a esperança dos fariseus de um reino político.Talvez Jesus tivesse mandado os discípulos saírem do caminho

 para acalmálos e permitir que Ele controlasse a multidão maisfacilmente.

 Enquanto despedia a multidão35 (ecoç ou áTToXúoi] touçox^ouç). O uso da terceira pessoa do singular do aoristo ativo do

subjuntivo com ecoç ou ecoç ou é uma linguagem grega comum,na qual o propósito ainda não é percebido (ver também Mt 18.30;26.36). A tradução às vezes poderia ser “enquanto” . O subjuntivoé retido depois de um tempo passado em vez da mudança parao optativo antigo grego ático. De qualquer forma, o optativo émuito raro, mas Lucas o usa com irplv í] em Atos 25.16.

14.23.  Ao monte36 (elç tò õpoç). Depois de despedir a mul-

tidão, Jesus subiu só ao monte, no lado oriental do lago, paraorar como frequentemente fazia. Se alguma vez ele precisou dacompreensão terna do Pai, foi agora. As multidões estavam sedescontrolando no seu entusiasmo, e os discípulos o entenderamtotalmente errado. Só o Pai poderia oferecerlhe ajuda.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

14.24.  Açoitado pelas ondas37 (PaoaviÇóiaevov ímò tcôvKU|acaa)v), como um homem com demônios (Mt 8.29). E possível

ver, como Jesus viu (Me 6.48), o barco subindo e descendo no maragitado.

14.25. Caminhando por cima do mar3* (n6p nnxTCÔv êirl rí]vQákaaoav  39). Este é outro milagre da natureza. Certos estudiosostentam explicálo insistindo que Jesus só estava caminhando ao lon-go da praia, e não sobre as águas, uma interpretação impossível, amenos que a narrativa de Mateus seja mito. No versículo 25, Mateus

usa o acusativo. (extensão) com èni, e no versículo 26, o genitivo(especificando o caso).

14.26.  Assustaram-se  (4xapáx0r|oav). São traduções mais for-tes: “Ficaram atemorizados” (BJ); “ficaram apavorados” (NTLH);“ficaram aterrorizados” (NVI); “ficaram aterrados” (ARA).

Um fantasma (<E>ávTao|ioc), “uma aparição” ou “um espectro”. Osubstantivo é relacionado a cj)avi;áÇcú, “aparecer” ou “fazer visível”,

e daí de cfmvo), “brilhar” ou “dar luz”. Eles clamaram “com medo”(éíTÒ roí) (|)ópou). “Um pequeno toque de superstição de marinhei-ro.”40

14.28.  Por cima das águas  (eià xà üôotra). Pedro, como sem pre, é impulsivo. Mateus só dá este detalhe.

14.30.  Mas, sentindo o vento forteAX (PAíttcov ôè iòv ave|j,ov).Esta é a fala popular (cf. Êx 20.18 e Ap 1.12, “ver a voz”, tt|v §  íòvt \v  ). 

Pedro viu o efeito do vento nas ondas.42“Uma coisa é ver uma tem- pestade do convés de um navio robusto; outra, é vêla do meio dasondas.”43 Pedro estava começando a afundar (KaTairovTÍÇeaBou) nomar, embora, por ser pescador, fosse um excelente nadador.44

Senhor, salva-me  (Kúpie, owoóv |ie). Era um momento dramá-tico que arrancou um grito de Pedro. Com o aoristo, o significadoera: “Faze depressa”. Ele caminhou sobre as águas até que viu o

vento rodopiar as águas ao seu redor.14.31.  Por que duvidaste?  (elç xí êôíaxaoaç;). No Novo

Testamento, o verbo grego ocorre somente aqui e em Mateus 28.17.A palavra kôíoiaoaç  é derivada de ôiaraÇw, que está relacionada aôíç (duas vezes). Significa “puxado [por] dois caminhos”. A con

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 Mateus 14

fiança de Pedro no poder de Cristo deu lugar ao medo do vento edas ondas. Jesus, que estava em pé e parado sobre as águas, agarrouPedro (6TTeA.ápeTO, voz média) e o levantou.

14.32.  Acalmou45 (èKÓTOaev), derivado de KÓTroç, “labutar”. Ovento ficou cansado ou exausto. Ele se exaurira na presença do seuSenhor (cf. Me 4.39). Não é mera coincidência que o vento tivessese acalmado exatamente nesse momento.

14.33.  Adoraram-no  (iTpoaeKÚvriaay aikcõ). Jesus aceitoua adoração dos discípulos. Eles estavam crescendo em aprecia-ção da pessoa e poder de Cristo desde a atitude demonstrada emMateus 8.27. Logo estarão prontos para a confissão que farãoem Mateus 16.16. Já podem dizer: “És verdadeiramente o Filhode Deus”46 (’AA/r|0c3ç 0eoü ulòç et). A ausência do artigo perm i-te que signifique um Filho de Deus, como o centurião diz emMateus 27.54. Mas eles quiseram dizer “o Filho de Deus”, comoJesus afirmava ser.

14.34. Genesaré   (rewrioapét), uma planície rica de setequilômetros de comprimento por três quilômetros de largura nolado ocidental do lago.47 Ao que parece, a primeira visita de Jesusdespertou a habitual empolgação por suas curas.

14.36.  E todos os que a tocavam ficavam sãos4S   (kcò. oooiTÍi|/avTO ôieoG)0rioav). Completamente (ôi) curados. As pessoasestavam ansiosas em tocar a bainha do manto de Jesus, como feza mulher em Mateus 9.20. Jesus honrou essa fé.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1TR tem Hpcóôr)ç; TR e TM têm ó Tetpápxnç.

2A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 175.

3“Herodes, o tetrarca, ouviu os relatos a respeito de Jesus” (NVI).

4“Oficiais” (BJ); “funcionários” (NTLH).5“Nele operam forças miraculosas” (ARA).

6 Alexander Balmain Bruce, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 206.

7Ibid.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

8 Josephus, Wars o f the Jews,  1.30.7. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

9 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  17.5.2. [Edição brasileira: Flávio Josefo,

 História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]10H. B. Tristram, The Land o f Moab: Traveis and Discoveries on the East Side o f  

the Dead Sea and Jordan (Nova York: Harper & Brothers, 1873).

11 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), p. 316.

12TR tem 'Hpcoõuxõa sem o iota subscrito.

13WH tem só um v errilwávriç.

14Broadus, Commentary on Matthew, p. 317.15“Ora, por ocasião do aniversário de Herodes” (BJ).

16TR tem 'Hpcóôou, sem o iota subscrito.

17 Fayum Towns,  114(20), 115(8), 119(30).

18Persius, Sat.  V., pp. 180183.

19“Dançou [...] diante de todos” (ARA).

20 Bruce, Expositor’  s, p. 207.

21 “Entristeceuse” (ARA).

22 TR e TM têm èÀinrr|9r|.

23Bruce, Expositor’  s, p. 207.

24 TR e TM incluem o artigo com o substantivo próprio, tòv ’lu>ávvr\v; WH temsó um v com o substantivo próprio,’Icoávr|v.

25 “De barco” (BJ).

26 “Ao cair da tarde” (ARA).

27 “Já está ficando tarde” (NVI).

28 Bruce, Expositor’  s, p. 209.

29 “Eles responderam” (ARA).

30 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, aútouç uõe.

31 TR e TM têm um caso e número diferente com a preposição: eiri toüçXÓpTOOUÇ.

32Robertson, Commentary on Matthew,  p. 178.

33Juvenal, Satires, 3.14.

34 TR inclui o sujeito específico do verbo e o pronome pessoal, fiváyKaaev o  IrpoüçTouç iia0r|xáç aúxoü; TM inclui o mesmo que TR, com a exceção do pronome pessoal, aúroí) no fim.

35 “Até que ele despedisse a multidão” (BJ); “enquanto ele mandava o povo em- bora” (NTLH).

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 Mateus 14

36 “A um monte” (NVI).

37 “Fustigado pelas ondas” (NVI).

38 “Andando em cima da água” (NTLH).

39 TR e TM têm um caso diferente com a preposição, €ttl  xf\ç  9ccÀáaar|<;.

40 Bruce, Expositor’  s, p. 210.

41 “Mas, observando o vento forte” (AEC).

42 Robertson, Commentary on Matthew,  p. 180.

43 Bruce, Expositor’  s, p. 211.

44 John Albert Bengel, New Testament Word Studies,  vol. 1 (Reimpressão, GrandRapids: Kregel, 1971), p. 197.

45 “Cessou” (ARA).46 “Verdadeiramente és Filho de Deus!” (ARA).

47 Robertson, Commentary on Matthew,  p. 180.

48 “E todos os que tocavam nela ficavam curados” (NTLH).

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Capítulo

15

 Mateus

15.1. Escribas e fariseus  ($<xpiaoâoi «m yp^ii^ateic). É incomum ver os fariseus mencionados antes dos escribas (cf. “fariseus eescribas”, ARA). “Na capital judaica, os guardiões da tradição estãocom os olhos maus fixados em Jesus e colaboram com os rigoristas

 provincianos”,1isso se os fariseus não forem todos de Jerusalém. De Jerusalém (áirò 'IepoooÀúfioov). Jerusalém é a sede da cons-

 piração contra Jesus, sendo os fariseus os conspiradores principais.

Os herodianos já haviam se unido com os fariseus para matar Jesus(Mt 12.14 é igual a Me 3.6, que é igual aLc 6.11). Logo, Jesus tam-

 bém avisará os discípulos acerca dos saduceus (Mt 16.6).15.2.  A tradição dos anciãos?  (uriv Trapáõooiv  z(òv 

TTpeoPuxépGov;). Esta era a lei oral passada pelos anciãos do passadoem forma de ex cathedra  e, mais tarde, sistematizada na Mishná.Lavar as mãos antes das refeições não é uma exigência do Antigo

Testamento. Hoje, sabemos que é uma coisa boa por razões sanitá-rias, mas os rabinos fizeram disso uma marca de justiça. O ensinooral expandiu muito esse quesito. Lavar (vÍTrcovrai, voz média) asmãos exigia a observância de regulamentos minuciosos. Era umaobrigação lavar as mãos antes das refeições, e um dever fazêlo de-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 pois de comer. Os mais rigorosos o faziam no meio das refeições. Asmãos devem ser imersas. Depois, a própria água deve ser “limpa” eos copos ou potes usados devem ser cerimonialmente limpos. Os re-cipientes eram mantidos cheios de água limpa para pronto uso (verJo 2.68). Desta forma, levantase uma disputa central entre Jesuse os rabinos, muito mais do que um pormenor de etiqueta ou umaquestão de higiene. Os rabinos consideravam a impureza ritual um

 pecado mortal. A confrontação pode ter atingido o ponto culminantena casa de um fariseu.

15.3. Vós também1 (xcà u|ieiç). Jesus reconhece que os discí- pulos transgrediram as tradições rabínicas. Jesus trata este assuntocomo de pouca importância. A verdadeira questão era pôr a tradiçãodos anciãos no lugar dos mandamentos de Deus. Quando as duasobservâncias conflitavam, os rabinos transgrediam o mandamentode Deus “pela vossa tradição” (ôià tfiv rrapáôooiv í)|ioôv). O acusativo com 5 iá significa “por causa de”, e não “por meio de”. A tradi-ção não é boa ou ruim em si mesma. E meramente o que é passadode um para o outro. Os costumes tendiam a tomar as tradições tãoobrigatórias como a lei. O Talmude é um monumento à luta com atradição. Não podemos transigir neste assunto. Jesus apóia a ver-dadeira justiça e a liberdade espiritual, e não a escravidão à meracerimônia e tradição. Os rabinos colocavam a tradição (a lei oral)acima da lei de Deus.

15.5.  Mas vós dizeis  (ò[iei<; õè Xéyexe). Essa expressão está emnítido contraste com o mandamento de Deus. Jesus citara o quintomandamento (Mt 15.4; cf. Êx 20.12; Dt 5.16) com a penalidade:“Que morra de morte”3 (Gctvcao) teleutíruG)), “prossiga ao seu fim

 pela morte”, em imitação da linguagem hebraica. Esquivavamsedeste mandamento divino sobre a penalidade por desonrar o pai ou amãe através da tradição de Korba’n (no gr. KopP&v, Me 7.11). Tudo

que se tinha de fazer para evadirse do dever ao pai ou à mãe eradizer “korba ’n” ou “dádiva” (ôcôpov), com a ideia de usar o dinheiro para Deus. Através de um juramento inflamado de recusa em ajudaros pais, o juramento ou voto se tomava obrigatório. Por meio dessa“palavra mágica”, o indivíduo ficava livre (oi> |_if] xqrrioei, ele não

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 Mateus 15

honrará, Mt 15.6) da obediência ao quinto mandamento. Às vezes,filhos não filiais pagavam suborno aos legalistas rabínicos para usu-

fruir de tal escape. Será que esses críticos que levantaram a questãodo lavar as mãos não eram eles mesmos culpados disso?15.6. Invalidastes [...] o mandamento de Deus4 (r|Kupoóacae xòv

A.óyoi' uou Geou5). Era uma acusação cortante que expunha a aspira-ção oca da questiúncula sobre lavar as mãos. A palavra KÚpoç querdizer “força” ou “autoridade”, daí ckupoç significa “sem  autorida-de”, “nulo e sem valor”. E um verbo recente, áKupóco, mas na LXX,

em Gálatas 3.17 e nos papiros, o adjetivo, o verbo e o substantivoocorrem na fraseologia legal, como o cancelamento de um testa-mento. Jesus acusa que detalhes técnicos excessivamente minucio-sos e conduta imoral anularam a força moral da lei de Deus.

15.7.  Bem profetizou Isaías a vosso respeito6 (koíXgòç èfipocjjTÍ-ueuaey u e p i ú(ia)v 'Haaíaç 7). Há sarcasmo nesta aplicaçãoexpositiva das palavras de Isaías (Is 29.13, na LXX) a esses rabinos.

A descrição era um retrato fiel de uma vida “ensinando doutrinasque são preceitos dos homens” (Mt 15.9). Na verdade, eles estavamlonge de Deus se imaginassem que o Senhor se agradaria de taisdádivas à custa do dever para com os pais.

15.11. O que contamina o homem* (toüto   kolvol   tov   avGptoiTov) . 

Esta palavra é derivada de koivÓç, que é usada em dois sentidos, ouo que é “comum” a tudo e geral, como o grego Koivri, ou o que

é impuro e cerimonialmente “comum”, como na vida cotidiana. A“comunidade” cerimonial perturbou Pedro no terraço da casa emJope (At 10.14; ver também At 21.28; Hb 9.13). Aquele que é reli-giosamente comum ou impuro está excluído de fazer atos religio-sos. A “contaminação” era um assunto sério para os cerimonialistas rabínicos. Jesus apela à multidão (Mt 15.10): “Ouvi e entendei”('A K O Ú e t e K a ! a u v í e t e ) . Ele estabelece uma grande distinção. A im-

 pureza moral é o que contamina ou torna comum. E o que deve sertemido, e não encoberto. “Isso vai além da tradição dos anciãos e praticamente abroga as distinções levitas entre puros e impuros.”9Vemos os hipócritas e impostores tremerem diante dessas palavrascontundentes.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

15.12. [Os fariseus] se escandalizaram  (èoKavôcdíoGriaav),terceira pessoa do plural do aoristo primeiro passivo do indicati-

vo. “Foram levados a tropeçar”, “ficaram ofendidos” (Moffatt), “seviraram contra ti” (Weymouth), “ficaram chocados” (Goodspeed).10Ofenderamse (ficaram ressentidos e desgostos) por conta da repre-ensão pública, com a picada de escorpião da verdade. As faces car-rancudas dos fariseus deixaram os discípulos intranquilos.

15.14. São condutores cegos  (tucJjàoÍ. eíoiv  óôriyoL11), um qua-dro vivo. Certa vez, em Cincinnati, um cego me apresentou ao seu

amigo cego. Disse que ele estava “lhe mostrando a cidade”. Jesusnão tem medo dos fariseus. Deixeos que continuem causando ma-les. É uma expressão proverbial de que os líderes cegos e as vítimascegas cairão no buraco no fosso.

15.15. Explica-nos essa parábola (3>páoov rpLV zr\v  'napapoA.iív za\Kr\i>). Os discípulos lhe pediram que explicasse a declaração ex- pressa no versículo 11 e não a que está no versículo 14. Eles fica-

ram preocupados por causa da exposição extremamente incisiva deCristo acerca da fraude relacionada à “korba >?” e das palavras sobrea “contaminação” (Mt 15.11).

15.16.  Até vós mesmos estais ainda sem entender?12 (’Ak^VKcd í)fj,eiç áoúvÉTOí ècrce). A palavra Ak[ít|v é um acusativo adver-

 bial (o clássico cd%r|vr|, “ponta de uma arma”) é igual a ck[jf|v xpovoü (“neste ponto de tempo”, “agora mesmo”), que é igual a eiu. A

 palavra áK|iT}v ocorre em papiros e inscrições, embora seja conde-nada pelos gramáticos tradicionalistas. Jesus estava perguntando:“Apesar de todos os meus ensinos, vós também estais, como os fa-riseus, sem percepção e entendimento espiritual?” Nunca devemosesquecer que os discípulos viviam em um ambiente dominado pelosfariseus. A cosmovisão religiosa dos discípulos era determinada pe-los fariseus. Estava faltandolhes inteligência ou sentimento espiri-

tual, eram “totalmente ignorantes” (Moffatt).15.17.  Não compreendeis f...]? '3 (oú voeiie [;]14). Cristo es- pera que usemos o nosso youç, intelecto, não para sermos orgulho-sos, mas para termos compreensão profunda e íntima das coisas. Amente não trabalha como quem nunca erra, mas deveríamos usála

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 Mateus 15

 para o propósito determinado por Deus. A preguiça ou flacidezintelectual não faz parte do mérito de quem é temente a Deus.

15.18. Sai da boca (4k toü otóiíocuoç). As palavras faladas saemdo coração e, portanto, são verdadeiros indicadores do caráter. Por“coração” (Kctpõíaç), Jesus não quer dizer só a natureza emocional,mas toda a vida interior dos “maus pensamentos” (ôiaÂoyio|iol ttõvrpoí, Mt 15.19) que resultam em palavras e ações. “Isso contamina0 homem”, e não o “comer sem lavar as mãos” . As evasivas capcio-sas dos fariseus, por exemplo, partiram de corações maus.

15.22. Uma mulher cananéia  (yuvf)  Xavavaía).  Os fenícioseram descendentes dos habitantes cananitas originais da Palestina.Eram pagãos semitas.

Tem misericórdia de mim (’EA.ér)oóv |ie). Ela se identificou coma situação da filha.15

15.23. Que vem gritando atrás de nós16 (ott KpcéÇei ouioBevrilicôv). Os discípulos não gostaram da atenção pública que essa mu-

lher estrangeira, gritando atrás deles, estava despertando. Eles nãodavam a mínima se a mulher fosse embora sem que a filha fossecurada.

15.24.  Eu não fu i enviado  (Oúk ài\eoxáXr\v),  primeira pessoado singular do aoristo passivo do indicativo de àuoo~.t)jM.  Jesustoma uma ação diferente com essa fenícia pondo em teste o seu

 pedido e, desta forma, servindo de caso que estabelece preceden-

te. Ela representava o problema do mundo gentio. Os judeus aindaeram as “ovelhas perdidas da casa de Israel”, apesar da conduta dosfariseus.

15.27.  Mas também os cachorrinhos  (kocI ... xà Kuvápia). Elanão se ofendeu por ser chamada um cachorrinho gentio. Pelo con-trário, com veloz sagacidade, usou em vantagem própria a mesma

 palavra que Jesus usou para dizer “cachorrinhos” («wápia). Os ca-

chorrinhos comem os pedacinhos de pão, as “migalhas” (i|jixlcov,outro diminutivo), que caem da mesa das criancinhas (Kupíoov).15.28. Seja isso feito para contigo, como tu desejas17(yevr|0r|TCú

001  gòç  GéÂeiç). A sua grande fé e réplica perspicaz fizeram com queela passasse no teste.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

15.29.  Assentou-se lá  (èncáGrixo èicel). Jesus estava assentadono monte perto do mar da Galiléia, possivelmente para descansar edesfrutar a visão, porém, mais provavelmente para ensinar.

15.30.  E os puseram aos pés de Jesus  (Wi €ppu|/oa> aüuoix;uapà Toijç TTÓõac ooitoü18). Uma palavra muito forte que poderiaser traduzida por “e os lançaram ao chão”. Os doentes não foramcolocados de qualquer jeito, mas com pressa. Havia tantos que che-gavam.19 Era um grande dia, porque “a multidão [...] glorificava oDeus de Israel” (Mt 15.31).

15.32. Três dias  (rpépca xpelç 20). Um nominativo parentéticofeminino plural.21

 Não tem o que comer   (ouk exouoLv  z í (Jxxywoiv). Esta é uma pergunta indireta com o subjuntivo deliberativo retido. Na primeiramultiplicação dos pães e dos peixes, Jesus teve compaixão das pesso-as e curoulhes os enfermos (Mt 14.14). Aqui, a fome da multidão omove à compaixão (oiTÀayxvíCofiai, em ambos os exemplos). Ele está

 pouco disposto (oi) Gélco) a mandar as pessoas embora com fome. Para que não desfaleça no caminho  (èKÀuGoõoLv). Soltos,

(èKÀúw) exaustos.15.33.  E os seus discípulos disseram-lhe22 («m Àéyouoiv aúicò

ol (j,aGr|T(xí23). Terceira pessoa do plural do presente ativo do indica-tivo como presente histórico. Em tão pouco tempo se esqueceram da

 primeira multiplicação dos pães e dos peixes (Mt 14.1321). Jesus

os lembra de ambas as demonstrações do seu poder (Mt 16.9,10).Eles esqueceram as duas. Certos estudiosos ridicularizam a ideiade dois milagres tão semelhantes, embora ambos sejam narradosem detalhes por Marcos e Mateus e ambos sejam citados depois

 por Jesus. Era comum Jesus repetir pontos de ensino e fazer muitascuras semelhantes. Por que Ele não deveria usar a mesma estratégiamilagrosa para satisfazer a uma necessidade semelhante? Agora ele

está na região de Decápolis.15.34. Uns poucos peixinhos  (ólíyoc IxGúôia), outra vez umdiminutivo.

15.35.  No chão  (êiu xf|v ynv). Em Mateus 14.19, a palavrausada traduzida por “abençoou” é eúÀóyrioev. Vincent comenta que

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 Mateus 15

o costume judaico era o dono da casa dar graças somente se elefosse comer também, a menos que os convidados fossem os de sua

 própria casa.24 Mas não precisamos pensar que Jesus ficasse presoaos costumes judaicos.

15.39. Ao território de Magdala25(elç rà òpia Mayaõáv26). Nolado oriental do mar da Galiléia e, assim, mais uma vez na Galiléia.Marcos diz que a região era Dalmanuta (Me 8.10). Talvez seja, afi-nal de contas, o mesmo lugar que Magdala, como consta na maioriados manuscritos.

 NOTAS  ______________________________________________ 

1 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 212.

2A BJ tem apenas “vós” (cf. NTLH; NVI).

3“Certamente será morto” (AEC); “terá que ser executado” (NVI).

4 “Vocês anulam a palavra de Deus” (NVI).

5TR e TM têm riKupwaaTE tr)v kvxoXr\v  io0 Geou.6“Isaías estava certo quando disse a respeito de vocês” (NTLH).

7TRs tem Trpoej)r|Teuaev; TRb e TM não incluem o v eufônico: irpO€<t>r|Teua€.

8“Isto sim é o que contamina o homem” (AEC).

9Brace, Expositor s, p. 214.

10“Ficaram escandalizados” (BJ; NTLH).

11TRs tem a ordem inversa de palavras: óõtiyol  eloiv lutJiÀoí; TRb e TM elimi-nam o y eufônico: eloi.

12“Nem mesmo vós tendes inteligência?” (AEC).

13“Não percebem [...]?” (NVI).

14TR e TM têm oJjttw voetxe.

15“Minha filha está endemoninhada e está sofrendo muito” (NVI).

16“Pois vem clamando atrás de nós” (ARA).

17“Seja feito como queres” (BJ).

18TRtemnapà xouç tt óõaç touTrioou.

19 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 89.

20TR tem fpépaç ipetç.

21 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 460.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

22 “Os seus discípulos responderam” (NVI).

23TR e TM têm o pronome pessoal, oi' maqhtai. a uvtou/ .

24 Vincent, Word Studies, p. 90.

25 “Para a região de Magadã” (AEC).

26 TR e TM têm a grafia do substantivo próprio: Magdala.

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Capítulo

16

 MateusÍSMMSMtlM3JÊ!MMM3M5faMSf3M3MSMSM3J

16.1. Os far iseus e os saduceus  (oí Oapiaoâoi Kcà SaõôouKaí01). E a primeira vez que temos a combinação dos dois partidosque se detestavam um ao outro excessivamente. O ódio une es-tranhos aliados. Eles odiavam Jesus mais do que uns aos outros.A hostilidade não diminuiu durante a ausência de Jesus; só au-mentou.

 Para o tentarem, pediram-lhe{  (iTeipáCovTeç éuripcóxriaav

caruòv). O motivo deles era mau. Algum sinal do céu  (arpeiov ék toü oúpotvoü). Os escribas e

fariseus já tinham pedido um sinal (Mt 12.38). Agora esse novoagrupamento partidário acrescenta “do céu”. O que será que elestinham em mente? Talvez não tivessem nenhuma ideia definida so-

 bre como envergonhar Jesus. Os apocalipses judaicos falavam deespetaculares demonstrações de poder feitas pelo Filho do Homem

(o Messias). O Diabo sugerira que Jesus deixasse as pessoas veremno caindo do pináculo do Templo, e o povo esperava que o Messiasviesse de uma origem desconhecida (Jo 7.27) e que fizesse grandessinais (Jo 7.31). Crisóstomo2propõe a detenção do curso do sol, oato de embridar a lua ou o ribombo de trovão.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

16.2. Bom tempo (Eúôíct). Uma antiga palavra poética derivadade eu e Zeúç, como o regente do ar e o doador de bom tempo. Assim,

hoje os homens dizem “quando o céu está vermelho ao pôrdosol”.Ocorre na Pedra de Rosetta e em um papiro de Oxyrynchus do sé-culo IV para descrever “tempo calmo” que toma impossível velejarde barco.3

16.3. Sombrio4 (azuyvá(tov), um céu coberto de nuvens. A pa-lavra grega também é usada em relação a um semblante sombrio,como o do jovem rico em Marcos 10.22. Não consta em nenhuma

outra parte do Novo Testamento. Este é o mesmo sinal de dia chu-voso que usamos hoje. A palavra grega traduzida por “tempestade”(-/i i[J.G.)v)5é a palavra comum para aludir a inverno e temporal.

Os sinais dos tempos (zu  ... orpeia  z(òv Kcapwv). Os fariseus esaduceus entendiam muito pouco da situação. Em breve, Jerusalémseria destruída e o estado judeu acabaria. Nem sempre é fácil “dife-rençar”6(õiaKpíveiv, “discriminar”) os sinais de nosso tempo, mas

não precisamos ser cegos quando os outros forem ingênuos.16.4. Uma geração má e adúltera pede um sinal  (T eveà Trovripàiçai [ioixodiç orpeiov èTTiÇriTei). A exigência de um sinal é exata-mente a que ocorre em Mateus 12, exceto que agora os oponentesde Jesus querem um sinal “do céu”. Assim, Jesus dá a mesma res-

 posta exata como em Mateus 12.39, uma das verdadeiras parelhasda Bíblia. A única diferença é que Mateus 16.4 omite a descrição de

Jonas como “o profeta”, toü irpo^riToO.716.5. Passando8(èAGovieç). Isso provavelmente significa “foi”,como em Lucas 15.20 (o mesmo ocorre em Me 8.13, caTf|À0ev).

Tinham-se esquecido9 (èneA.á0ovi;o). Talvez na pressa de dei-xar a Galiléia, provavelmente no mesmo barco em que vieram deDecápolis.

16.7.  Eles arrazoavam entre siw (ôieÀoyíCovTo). Eles o mantive-

ram, terceira pessoa do plural depoente da voz média/passiva do im- perfeito do indicativo. Era digna de pena a incapacidade de os discípu-los entenderem a advertência parabólica de Jesus contra o “fermentodos fariseus e saduceus” (Mt 16.6), depois do confronto com ambosos partidos em Magdala. É “pães” (aptouç) em lugar de “pão”.11

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 Mateus 16 

16.811.  Não compreendeis ainda, nem vos lembrais [...]? (oüuoo voeiTe, oijôè lavrpoveúeTe). Jesus faz quatro perguntas con-tundentes, criticando a estagnação intelectual dos discípulos. Ele se

refere à primeira multiplicação dos pães e peixes, e usa a palavraKocjúvouç para aludir aos cestos usados para juntar os pães que so-

 braram (Mt 16.9; cf. Mt 14.20). Ele se refere aos cestos maiores,aiTupíôac;, usados para juntar as sobras depois que os quatros milforam alimentados (Mt 16.10; cf. Mt 15.37). Depois de esclareceresse malentendido, ele repete a advertência para se guardarem dofermento dos fariseus e saduceus (Mt 16.11). Quem é professor en-

tende que a paciência desse Professor estava no máximo.16.12.  Então, compreenderam  (tóté ouvfjKav), terceira pessoa

do plural do aoristo primeiro ativo do indicativo de ouvlt|)íl, “agar-rar” ou “entender”. Depois dessa reprimenda e explicação elaborada,eles perceberam que por “fermento” Jesus queria dizer “ensino”.

16.13. Cesaréia de Filipe (Kaiaapelaç  xf|ç OiAÍttttou). Sobreum dos picos do monte Hermom, essa cidade pertencia à adminis-

tração do governante Herodes Filipe. Interrogou'2 (rípcóta), começou a perguntar, tempo imperfeito

incoativo ou inceptivo. Jesus estava fazendo um teste com eles. A primeira pergunta dizia respeito à opinião dos homens sobre o Filhodo Homem.

16.14. E eles disseram13(oi òt e l m v 14). Os discípulos estavam prontos a responder, porque sabiam que a opinião popular estava di-

vidida sobre esse ponto (Mt 14.1,2). Dão quatro opiniões. Jesus nãomostrou muito interesse nessa resposta. Ele sabia que os fariseus esaduceus lhe eram amargamente hostis. As multidões só o estavamseguindo superficialmente, e nutriam expectativas vagas acerca dElecomo um Messias político. O seu interesse concentravase mais nasobservações feitas pelos discípulos e na fé em desenvolvimento.

16.15. E vós, quem dizeis que eu sou?  ('Y|ielç ôè uiva |ie A.éyete

eivai;). E o que importa. E o que Jesus queria ouvir. Note a posiçãoenfática da palavra fyieiç: “E vós, quem dizeis [vós] que eu sou?”

16.16. Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo  (Si) et ô Xpiauòç óuiòç toD QeoO toü (wvto<;). Pedro fala por todos. Tratavase de uma

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

nobre confissão, mas não uma nova declaração. Pedro já a fizera an-tes (Jo 6.69), quando a multidão abandonara Jesus em Cafamaum.Desde o início do seu ministério (Jo 4), Jesus evitara usar a palavra

“Messias” por causa das conotações políticas ligadas ao título. Masagora Pedro claramente o chama “o Ungido, o Messias, o Filho doDeus, o vivo” (note os quatro artigos definidos). Essa sublime con-fissão de Pedro significava que ele e os outros discípulos criam queJesus era o Messias e eram verdadeiros, a despeito da deserção da

 populaça galiléia (Jo 6).16.17.  Bem-aventurado és tu  (MaKápLoç el), uma beatitude

 para Pedro. Jesus aceita a confissão como verdadeira. Assim, nessaocasião, Jesus reivindica ser o Messias, o Filho do Deus vivo; emoutras palavras, Ele confirma a sua deidade. Os discípulos expres-sam a crença positiva no messiado ou qualidade messiânica de Jesusem contraste com as opiniões divididas da populaça. “Os termosque Jesus usa para falar de Pedro são característicos — ternos, ge-nerosos, irrestritos. O estilo não é de um editor eclesiástico que põe

o fundamento para o poder da igreja e as pretensões prelatícias, masde um Mestre magnânimo que, em termos comoventes, elogia umdiscípulo leal.”15O Pai ajudara Pedro nessa percepção espiritual so-

 bre a pessoa e obra do Mestre.16.18. Pois também eu te digo16(Kàyò  õé ooi Àéyco). “A ênfase

não está em ‘Tu és Pedro’ em contraste com ‘Tu és o Cristo’, masem KayGÓ: ‘O Pai te revelou uma verdade, e eu também te conto

outra’.”17Aqui, Jesus chama Pedro pelo nome que dissera que eleteria (Jo 1.42).  Pedro  (Iléxpoç) é simplesmente o correspondentegrego de Cephas (aramaico). Outrora era profecia, agora é fato. Noversículo 17, Jesus se dirige a ele por “Simão Barjonas”, o seu nome

 patronímico completo (aramaico). Mas agora Jesus tem um propó-sito especial para usar o nome que dera a Simão — “Pedro”. Jesusfaz um incrível jogo de palavras com o nome de Pedro, um troca-

dilho que tem causado controvérsia numerosa e discussão teológicainfindável.

Sobre esta pedra (cit ! tocÚtt ]  x f j uérpa), uma saliência de roche-do, ou um rochedo íngreme, ou uma pedra como em Mateus 7.24, no

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 Mateus 16 

qual o homem prudente construiu a sua casa. Normalmente, uérpoçé um desmembramento menor de um rochedo maciço. Mas não de-vemos nos apegar excessivamente a esse quesito, visto que Jesus

falou com Pedro em aramaico, que não tem tal distinção (Kr^âç). Edificarei a minha igreja (oLkoôo|ítÍooo |iou èKKA,r|oíav). O

que Jesus quis dizer com esse jogo de palavras? É a ilustração deuma construção, de um edifício. Ele usa a palavra êKicA,r|aí.av, queem geral se refere a uma organização local no Novo Testamento.Entretanto, pode assumir um sentido mais amplo. Originalmente, a

 palavra significava “ajuntamento” (At 19.39; “assembléia”, ARA),

mas veio a ser aplicada a uma “assembléia não reunida”, como emAtos 8.3, onde se refere aos cristãos que eram perseguidos por Saulode casa em casa. “E o nome para o novo Israel, èKKÀrioLa, na sua

 boca não é um anacronismo. E um nome antigo bem conhecido paraaludir à congregação de Israel encontrado em Deuteronômio (Dt18.26; 23.2) e Salmos (SI 22.36), ambos livros que Jesus conheciamuito bem.”18 E interessante observar que a maioria das palavras

importantes empregadas por Jesus nessa ocasião ocorre no texto doSalmo 89 na versão da LXX. Assim, ol«oôo|j,r|aGú em Salmos 89.5;eKKÀr|oía no versículo 6; KirrioxÚG) no versículo 22; Xpicnjóç nosversículos 39 e 52; aôqc; no versículo 49 ( é k    xetpoç aôou). Se fi-carmos intrigados com a conexão entre a palavra edificar  e a pala-vra éKKÀrioía, 1 Pedro 2.5a explicanos: “Vós [...] também, como

 pedras vivas, sois edificados casa espiritual” (olKoõofietoGe oikoc;

TTveuiiaTiKÓç). Pedro, o mesmo com quem Jesus está falando aqui,está escrevendo aos cristãos das cinco províncias romanas da Ásia(1 Pe 1.1). É difícil resistir à impressão de que Pedro está pensandonas palavras de Jesus. Mais adiante (1 Pe 1.9), Pedro diz que essescristãos são parte de uma “geração eleita, o sacerdócio real, a naçãosanta”. A edificação espiritual de Pedro é geral, e não local. Não hádúvida de que esta é a imagem que Jesus tem em mente em Mateus

16.18. A grande casa espiritual é o Israel de Cristo, e não a nação judaica. Qual é a pedra sobre a qual Cristo edificará o seu vasto tem- plo? Não era só em Pedro. Por meio de sua confissão, Pedro fornecea pedra sobre a qual a igreja cristã firmará. Jesus edificará sobre o

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

mesmo tipo de fé que Pedro confessou. Está garantida a perpetuida-de dessa igreja geral.

 As portas do inferno não prevalecerão contra ela19(núlcu aôouou Koaiaxúoouoiy ai>Tf|<;). Cada uma dessas palavras cria dificul-dade. Tecnicamente, o inferno (“Hades”, BJ; NVI) é o mundo nãovisto, o sheol hebraico, a terra dos mortos, que é a morte. Em 1Coríntios 15.55, Paulo usa a palavra Gávate ao citar Oséias 13.14referindose a aõr|. Não é termo comum nos papiros, mas é comumnas lápides espalhadas pela Ásia Menor, “indubitavelmente uma

sobrevivência do uso feito na antiga religião grega”.20 Os pagãosantigos dividiam o Hades (palavra composta por a, elemento de ne-gação, e íôeiv, ver, “domicílio dos não vistos”) em Elísio e Tártaro. Os judeus identificaram as partes de sheol em o seio de Abraão  ea geena  (cf. Lc 16.25). Jesus esteve no Hades (At 2.27,31), não nageena. Temos aqui a figura de dois edifícios. Primeiro, há a Igrejade Cristo sobre a sua pedra e, segundo, há a Casa da Morte (Hades).

“No Antigo Testamento, ‘as portas do Hades’ (sheol) nunca tem ou-tro significado (Is 38.10; cf. nos livros apócrifos de Sabedoria 16.3e 3 Macabeus 5.51) senão a morte”, afirma McNeile21 (ver tambémSI 9.13; 107.18; Jó 38.17 (TTiJÀca Oaváxou uulcàpoi aôou). Cristo nãofala sobre a possibilidade de o Hades vir a atacar  a igreja. Mais exa-tamente, a questão é se a morte pode prevalecer ou obter uma possí-vel vitória sobre a igreja. “A 6KKÀr|oí.a é edificada sobre o messiado

do seu Mestre, e a morte, as portas do inferno, não prevalecerãocontra ela mantendoo preso. Tratase de uma verdade misteriosaque logo Ele lhes contará usando termos mais claros (Mt 16.21);essa verdade é repercutida em Atos 2.2431.”22 A igreja de Cristo

 prevalecerá e sobrevirá, porque ele arrebentará as portas do infernoe aparecerá o conquistador. Ele viverá para sempre e será o fiadorda perpetuidade do seu povo ou Igreja. O verbo Kaxioxúoo significa,

literalmente, “ter força contra” (loxúoo derivado de ioxúç e koct ’).Também ocorre em Lucas 21.36 e 23.23. Aparece no grego antigo,a LXX, e nos papiros com o acusativo e é usado no grego modernocom o sentido de ganhar o domínio sobre algo. A riqueza de ima-gens em Mateus 16.18 toma difícil determinar cada detalhe, mas

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 Mateus 16 

o ponto principal está claro:  A  èKKÀr|aía, que se compõe daqueles que confessam Cristo como Pedro acabou de fazer, não cessará. As

 portas do inferno ou barras do sheol não a fecharão, encerrando asatividades. Cristo ressuscitará e manterá a sua Igreja viva. “PortaSublime” era o nome que os turcos davam ao seu centro de poder, acidade de Constantinopla.

16.19.  As chaves do Reino  (zàç KÃelõaç rf|ç (3aaiA,eía<;). Temosnovamente a ilustração de uma construção, um edifício com cha-ves para abrir pelo lado de fôra. Imediatamente levantamos a ques-tão se Jesus não está querendo dizer a mesma coisa que “reino”como disse por “igreja” no versículo 18. Em Apocalipse 1.18 e 3.7,Cristo, o Senhor ressurreto, tem “as chaves da morte e do inferno”.Ele também tem “as chaves do Reino dos céus”, as quais entrega aPedro como “porteiro” ou “mordomo” (oIkovÓhoç), contanto quenão entendamos como prerrogativa especial e peculiar pertencente aPedro. O mesmo poder aqui dado a Pedro pertence a todos os discí-

 pulos de Jesus em todas as eras. Os defensores da supremacia papalinsistem na primazia de Pedro aqui e no poder de Pedro passar essasuposta soberania a outros. Mas essa concepção erra o alvo. Logoveremos os discípulos disputando entre si (Mt 18.1) sobre qual de-les é o maior no Reino dos céus. Eles ainda estarão nessa disputana noite anterior à morte de Cristo (Mt 20.21). Está claro que nemPedro nem os demais entenderam que Jesus quis dizer que Pedro

tinha de ter autoridade suprema. O que vem a seguir esclarece aquestão. Pedro tem as mesmas chaves dadas a todo pregador e preletor bíblico.

Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus  (o èctv ôipflçéttí tf|ç yf|<; ecnm ôeôe^évov kv  toIç oíipavotç). Na linguagem ra- bínica, “ligar” é proibir, “desligar” (A.úofl<;) é permitir. Pedro seriacomo um rabino que passa muitos pontos de lição. Os rabinos da

escola de Hillel desligavam muitas coisas que os rabinos da escolade Shammai ligavam.  O ensino de Jesus é o padrão para Pedro e para todos os pregadores de Cristo. Note o particípio futuro peri-frástico perfeito (eoTca õeõe|_iévov, èarai A.eA.u|iévov), um estado deconclusão. Lógico que tudo isso presume que o fato de Pedro usar 

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

as chaves estará de acordo com o ensino e mente de Cristo. EmMateus 18.18, Jesus repete ligar e desligar para todos os discípulos(Mt 18.18). Depois da ressurreição, Cristo usará essa mesma lin-guagem para com todos os discípulos (Jo 20.23). Pedro só era “o

 primeiro entre iguais”, primus inter pares, no quesito em que nessaocasião ele falou pela fé de todos. É um violento salto na lógicaentender que a linguagem rabínica técnica que Jesus empregou sejauma declaração de que Pedro recebeu poder para perdoar pecados.Todo crente que verdadeiramente proclama os termos da salvaçãoem Cristo usa as chaves do Reino. A proclamação desses termosquando aceitos pela fé em Cristo tem a sanção e aprovação do DeusPai. Quanto mais pessoais tomarmos essas grandiosas palavras,mais perto chegaremos da mente de Cristo. Quanto mais eclesiásti-cas as tomarmos, mais nos afastaremos dEle.

16.20. Que a ninguém dissessem23(iva [ir|ôevi éittüjoiv). Jesustinha o cuidado de não fazer essa declaração em público. Ele erao Messias (ó Xpiouóç), mas as pessoas não entendiam o que issosignificava. Elas viam o Messias necessariamente como uma figura

 política. É óbvio que Jesus ficou profundamente comovido com aimportante confissão de Pedro como representante dos discípulos.Ele estava grato e confiante no resultado final. Mas previu perigos atodos. Pedro o confessara como Messias, e sobre esta pedra de fé as-sim confessada Ele edificaria a Igreja ou o Reino. Todos eles teriame usariam as chaves deste maior de todos os edifícios, mas agora erahora de ficar em silêncio.

16.21.  Desde então, começou Jesus  (’AttÒ tóte rp&rro óTriooüç). Era tempo apropriado para a revelação do maior segredoda sua morte. Restavam meros seis meses antes da cruz. Os discí-

 pulos tinham de estar prontos. A grande confissão de Pedro mostrouque o tempo era apropriado. Ele enfatizará os avisos (Mt 17.22,23;20.1719) que ele agora “começou” a ensinar. Só a duras penas elesentenderiam a necessidade (õe t , “convinha”) de ele morrer pelaação dos eclesiásticos de Jerusalém e ser ressuscitado “ao terceirodia” (urj ipí^r] r][iépa).24 Muito vagamente os chocados discípuloscompreenderam alguma coisa do que Jesus disse.

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 Mateus 16 

16.22.  Pedro, tomando-o de parte  (upoola|3ófj,evoç aÚTÒv ónéijpoç). Voz média, “tomando para si mesmo”, à parte e separa-

damente, “como por um direito seu próprio. Ele agiu com maiorfamiliaridade depois que recebera o símbolo de reconhecimento.Jesus, porém, o coloca no seu lugar” .25 “Pedro está com nova per-sonalidade; há um minuto ele falou sob a inspiração do céu, agoraestava sob a inspiração do extremo oposto.”26 A Versão SinaíticaSiríaca de Marcos 8.32 tem “como que tendo pena dele” . Mas essaexclamação e objeção de Pedro foram imediatamente obstadas por

Jesus.Senhor, tem compaixão de ti;21 de modo nenhum te acontecerá isso  ('lÀecóç col, KÚpie oú [ir] earai ooi xouxo). Fornecer eu] oueotco ó 9eóç. E o tipo mais forte de negação, como se Pedro não odeixasse acontecer de jeito nenhum. Pedro tinha absoluta certeza;ele estava perfeitamente seguro.

16.23.  Ele, porém, voltando-se28 (ó ôè oxpacfiÈÍc;). Nominativo

masculino singular do aoristo segundo do particípio passivo, açãoingressiva rápida, para longe de Pedro em revulsão e em direção aosoutros discípulos (Me 8.33 tem êTTiOTpactjeú; koci iôcbv toÍjç |_ia0r|Tàçcakoü).

 Para trás de mim, Satanás  ("YTraye Óttlooú |aou, Saravá). Pedrodesempenhara o papel de pedra na nobre confissão e recebera o lu-gar de liderança. Agora ele desempenha o papel de Satanás e é man-

dado para a retaguarda. Pedro estava tentando Jesus a não ir à cruz,da mesma maneira que Satanás tentara Jesus no deserto. “Não háinstrumentos de tentação mais temíveis do que amigos beminten-cionados, que se importam mais com o nosso bemestar do que como nosso caráter.”29 “Em Pedro, Satanás, que fôra expulso, voltaramais uma vez.”30

Que me serves de escândalo  (oKavôaÀov ei è|iot>31). Genitivo

objetivo. Pedro estava agindo como instrumento de Satanás, semsaber, mas verdadeiramente estava. Ele armara uma armadilha paraCristo que arruinaria toda a sua missão na terra. “Tu não és, comoantes, uma pedra nobre, colocada na posição certa como sólida pe-dra de fundação. Pelo contrário, tu és agora uma pedra totalmente

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

fôra do seu lugar adequado e colocada bem no caminho pelo qualdevo andar — colocada como pedra de tropeço.”

 Não compreendes as coisas32 (oú (JjpoveLç). “A tua perspectivanão é a de Deus, mas a do homem” (Moffatt). Você não pensa os

 pensamentos de Deus. Claro que a consciência da cruz não é umaideia nova para Jesus. Não sabemos quando Jesus previu esse re-sultado não mais do que sabemos quando lhe surgiu a consciênciamessiânica. Os primeiros indícios dessa consciência lhe ocorreramquando Ele era um menino de doze anos, na ocasião em que falousobre “a casa de meu Pai” (Lc 2.49, ARA). Agora ele sabe que temde morrer na cruz.

16.24. Tome sobre si a sua cruz  (ápáxco tov cnaupòv aúxou),tome de uma vez, tempo aoristo. Esta mesma declaração consta emMateus 10.38. Mas aqui é pertinente na explicação da reprimendaque Pedro recebeu de Jesus. Apropria cruz de Jesus está à sua fren-te. Pedro ousara afastar Jesus de sua missão. Seria melhor o após-tolo enfrentar diretamente a própria cruz e, carregandoa, seguir aJesus. Como figura de linguagem, os discípulos estavam habituadoscom carregar a cruz, visto que os criminosos eram crucificados fôrade Jerusalém.

Siga (áKoAouGeiTCjo), terceira pessoa do singular do presente ati-vo do imperativo. Continue seguindo.

16.25. Salvar a sua vida  (tt}v vJjuxtiv aúxoíj ocôoai). Jogo de palavras paradoxal com vida ou alma, usandoa em dois sentidos. Omesmo é verdade acerca de salvar  e perder  (ánoÀéo^).

16.26. Ganhar [ ...]perder   (Kepôriar} .... (rpicoQíi ). Ambos naterceira pessoa do singular do subjuntivo aoristo (um na voz ativa,o outro na voz passiva), condição de terceira classe, indeterminada,mas com prospecto de determinação, apenas um suposto caso. Overbo grego traduzido por “perder” ocorre no sentido de ser mul-tado ou punido com pagamento em dinheiro. E como consta nos

 papiros e inscrições. Em recompensa (ÒM~á.XAay\±a), como troca, acusativo em justa-

 posição com tC. A alma não tem preço de mercado, embora o Diabo pense que tenha. “O homem tem de dar, entregar, renunciar a vida

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 Mateus 16 

e nada menos a Deus; não há è.vxáXXa.y\xa que seja possível.”33Esta palavra òivxáXhv{\WL  ocorre duas vezes em Sabedoria de Siraque:“Amigo fiel não tem preço” (Eclesiástico 6.15a, BJ). “Não existe

 preço para a que é bem educada” (Eclesiástico 26.14b, BJ).16.28.  Alguns há, dos que aqui estão (xiveç  x(òv  coõe eotcótcov34).

Está Jesus se referindo à transfiguração, à ressurreição, ao Dia dePentecostes, à destruição de Jerusalém ou à Segunda Vinda e julga-mento? Tudo que sabemos é que Jesus tinha certeza da sua vitóriafinal, que seria tipificada e simbolizada de muitas maneiras. O sim-

 bolismo escatológico apocalíptico empregado por Jesus aqui não predomina no seu ensino. Ele o usou de vez em quando para des-crever o triunfo do Reino, e não para apresentar o ensino completosobre esse tema. O Reino de Deus já estava no coração dos homens.Haveria pontos culminantes e consumações.

 NOTAS  __________________________________________________ 

1“Pediramlhe, para pôlo à prova” (BJ). O substantivo próprio ’ IrpoCç nãoconsta no texto grego.

2 Chrysostom,  Homily 53.

3Aleph e B e alguns outros manuscritos omitem os versículos 2 e 3. W omite par-te do versículo 2. Esses versículos são semelhantes a Lucas 12.5456. McNeileos rejeita aqui. Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids:Baker, 1980), p. 235. WH os coloca entre parênteses. Jesus repetia as declara-

ções que fazia. Theodor Zahn propõe que Pápias acrescentou essas palavras aMateus. Geschichte des neutestamentlichen Kanons (Erlangen: 18881892).

4 “Nublado” (NVI).

5“Chover” (NTLH).

6“Discernir” (ARA).

7TR e TM incluem toü  upotj)r|TOu; GNT/NA e WH não incluem toü  irpo(j)r|TOÍ).

8“Tendo [...] passado” (ARA); “indo” (NVI).

9“Esqueceramse” (ARA).

10“Discutiam entre si” (AEC).

11“Pão” (AEC; NTLH; NVI; ARA; ARC); “pães” (BJ).

12“Perguntou” (ARA).

13“E eles responderam” (ARA).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

14 TR e TM têm Oi õè elirov.

15 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 223.

16“E eu lhe digo” (NVI).

17 McNeile,  Matthew, p. 240.

IS Bruce, Expositor s, pp. 223, 224.

19“As portas do Hades não poderão vencêla” (NVI).

20 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 9.

21 McNeile, Matthew, p. 242.

22 Ibid.23 “Que não contassem a ninguém” (NVI).

24 “Ao terceiro dia” e “depois de três dias” são termos claramente equivalentes.Em liberdade de expressão, “depois de três dias” pode ainda ser no terceirodia, mas não pode significar no quarto dia. Ver T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York: Macmillan, 1911), p. 193.

25 John Albert Bengel, New Testament Word Studies,  vol. 1 (Reimpressão, GrandRapids: Kregel, 1971), p. 214.

26 Bruce, Expositor’  s, vol. 1, p. 226.27 “Deus não o permita, Senhor!” (BJ; cf. NTLH); “nunca, Senhor!” (NVI).

28 “Jesus virouse” (NVI). O substantivo próprioTriaoüç não consta no grego texto.

29 Bruce, Expositor s, vol. 1, p. 226.

30 Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 234.

31 TR e TM têm OKávòaXóv  |iou el.

32 “Não compreendes as coisas” (AEC); “[você] não pensa nas coisas” (NVI);“não cogitas das coisas” (ARA).

33 McNeile,  Matthew, p. 247.

34 TRtem Tiveç tcõv  cSôe êcn;r|KÓTWv; TM tem xiveç uõe èoTCÔxeç.

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Capítulo

17

 Mateus

17.1. Seis dias depois  (|ie0’ rpépaç e£). Pode ser no sexto dia,mas, como Lucas diz, “quase oito dias depois” (Lc 9.28), só pode-mos concluir que foi aproximadamente uma semana. Não há porque tentar ser preciso, visto que o número exato de dias é irrelevante

 para a narrativa.Tomou Jesus consigo  (irapo'Acqj.ßcti'ei ó Trioouç), tradução li-

teralmente correta. Note o presente histórico. Pedro, Tiago e Joãoformam um círculo interno dos apóstolos de Jesus. Esses três mos-traram que entendiam mais o Mestre. Os mesmos três estariam no

 jardim do Getsêmani.Os conduziu em particular a um alto monte (àvax\)(  pc i aikouç

úq  òpoQ  ínjrriÀòv), provavelmente de novo ao monte Hermom, em- bora não saibamos. “O monte da transfiguração não diz respeito àgeografia”, de acordo com Holtzmann.

 Em particular   (kcct’ Lõíav); Marcos 9.2 acrescenta “sós”(laóvouç).

17.2.  E transfigurou-se diante deles  (|a.eTe|aopc|3CÓ0ri <É|iTTpocf9evcarcGJv). A palavra grega é igual a metamorfosear 1da mitologia pagã.Lucas, falando aos gentios, não a usa. A ideia é mudança (jiera) de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

forma (|aopct>r|). Apresenta a essência real de uma coisa em distinçãoa oxrj|j,a (modelo), o acidente externo. Em Romanos 12.2, Paulo usaos dois verbos, (ir] auaxrnurcíCeoGe (“não vos conformeis”) e [letaiiop(jjoGoGe (“transformaivos”). Em 1 Coríntios 7.31, Paulo usa oxrpa

 para referirse à “aparência” do mundo, ao passo que em Me 16.12|iop4>ií é utilizada para aludir à forma de Jesus depois da ressurrei-ção. Em 2 Coríntios 11.1315, ele usa a palavra |ietaaxr|^ai:íao|J.oa

 para descrever os falsos apóstolos (“transfigurandose”, “se transfi-gura” e “se transfigurem”). Em Filipenses 2.6, èv |iop4>fj (“forma”)

diz respeito ao estado préencamado de Cristo, e em Filipenses 2.7,liopcf^v òoijÃou (“forma”) alude ao estado encarnado, ao passo queapítiaTL úç av0p(i)TToç enfatiza o fato de ele fazerse “semelhanteaos homens”. Traduzir por “metamorfoseouse” em Mateus 17.2 éincorreto por causa de suas associações pagãs. “Transfigurouse”,da Vulgata Latina transfiguratus est  é melhor. “Vemos a força mais

 profunda de |ieicqiop4)oíja0ca em Romanos 12.2 e em 2 Coríntios

3.18 (com referência ao brilho no rosto de Moisés [“transforma-dos”]).”2A palavra ocorre em um papiro do século II acerca dosdeuses pagãos que são invisíveis. Mateus se previne da ideia pagã,acrescentando e explicando que o rosto de Cristo era “como o sol” eque as suas vestes eram “como a luz”.

17.3. Lhes apareceram Moisés e Elias3(âxj)0r| oorcolç Ma)i}af|<; «m’H/áaç4). Terceira pessoa do singular do aoristo passivo do indicativo

com Moisés (também entendível com Elias), mas o particípio avllà ÀouvTeç é plural, concordando com os dois. “A visão é desfrutada portodos os três, fato que garante objetividade suficiente.”5Os apocalip-ses judaicos revelam as expectativas populares de que Moisés e Eliasreapareceriam. Ambos tiveram aspectos misteriosos relacionados àmorte de cada um. Um representava a lei, o outro, a profecia, ao passoque Jesus representava o evangelho (a graça). Eles “falavam da sua

morte” (Lc 9.31). A cruz era o tema mais sublime na mente de Cristo.Os discípulos não estavam compreendendo, por isso Jesus recebe oconsolo necessário pela companhia de Moisés e Elias.

17.4.  Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus  (áuoKpiOeiç 5èó néxpoç eÍTTev tu Tr|ooO). “Pedro se destaca novamente, mas não

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 Mateus 17 

tanto para a sua honra.”6 Não está claro o que Pedro quer dizer coma declaração: “Bom é estarmos aqui” (Kcdóv éoiiv fpâç coõe eívai).Lucas acrescenta: “Não sabendo o que dizia”, visto que “estavamcarregados de sono” (Lc 9.32,33). Portanto, não é bom levar Pedromuito a sério nessa ocasião. De qualquer forma, ele faz uma propos-ta clara e específica.

 Façamos1(ttoltíoco 8), primeira pessoa do singular do futuro ati-vo do indicativo, embora o subjuntivo aoristo tenha a mesma for-ma.

Três tabernáculos9(Tpetç OKr\váç,), tendas, barracas. A Festa dosTabernáculos não estava longe. Pedro pode ter pretendido dizer queeles deveriam ficar no monte e não ir a Jerusalém durante a festa.

17.5. Uma nuvem luminosa os cobriu10 (vecjxÉÀri Lvr)êrreaKÍaaey aúroúç). Eles estavam em um lugar elevado, lugar denuvens, quando uma nuvem os engolfou em volta e por cima deles.Ver este verbo usado acerca de Maria (Lc 1.35) e acerca da sombrade Pedro (At 5.15).

 Este é o meu Filho amadou (OutÓç etmv ô ulóç pou ó áyairr|TÓç). No batismo de Jesus (Mt 3.17), essas palavras foram dirigidas a Ele.Aqui, a voz que saiu da nuvem luminosa fala com esses três discí-

 pulos acerca de Jesus. Escutai-o  (dcKoúexe carcoü), mesmo quando Jesus falar sobre a

sua morte. É uma repreensão mordaz a Pedro por querer consolar

Jesus sobre a sua morte.17.7.  E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes12 ( k k 'l  TTpoof|A.9ev ó

’Ir|oouç Kcà à\|já|j,evoç auiGÒv 13), ternura e afeto no momento em queeles sentiam medo.

17.8. E, erguendo eles os olhos14(empaviec; õè touç ócj)6aA.|iouc;airccôv), depois do toque tranquilizador de Jesus e de suas palavrasde alegria.

 Ninguém viram, senão a Jesus'5 (oüôéva eíõov el pf| oíijtÒv’IriooOv [ióvov16). Moisés e Elias tinham ido embora com a nuvemluminosa.

17.9. Até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos (écoç ou ó uLòç Tot) ávGpúuou <èk veKpwv eyepGfj). Essa conjunção

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

é comum com o subjuntivo para dizer um acontecimento futuro, asua ressurreição (éyepGfi). Mais uma vez eles ficaram sem entender oque significavam essas palavras (Me 9.10). Lógico que Jesus espe-rava que a sua glória e essa visão de Moisés e Elias prestassem um

 bom serviço referente à sua morte.17.10.  É mister que Elias venha primeiro  (’HÀÍav17õet éÀGei

rrpákov). Essa questão teológica os interessava mais que qualqueroutra coisa. Eles haviam acabado de ver Elias, mas Jesus, o Messias,viera antes de Elias. Os escribas usavam Malaquias 4.5. Jesus tam-

 bém falara de novo sobre a sua morte e ressurreição. Eles não con-seguiram juntar todos esses elementos para entender.

17.12.  Elias já veio  (’HAÍaç18f|ôr) r|/,0ev). Jesus identifica JoãoBatista com a promessa em Malaquias, embora não com a pessoa deElias (Jo 1.21).

 Não o conheceram  (oúk énéyvwaav aúxòv), terceira pessoado singular do aoristo segundo ativo do indicativo de èiuyivGXJKGO,“reconhecer”. Da mesma maneira que eles não reconheceram Jesus(Jo 1.26), não reconheceram João. Por conseguinte, João morrera eJesus logo morreria.

17.13.  Então, entenderam os discípulos  (totc auvf|Kav oi \iã 0rpm). Um dos três aoristos de k  . Ficou bastante claro para eles.João Batista era como Elias em espírito e preparara o caminho parao Messias.

17.15. [Ele] é lunático19 (aeÀ.r|viáÇeToa). Significa, literalmente, “afetado pela lua”. Supunhase que os sintomas da epilepsia seagravassem com as mudanças da lua (cf. Mt 4.24).

 E sofre muito20 ( kcc I kockcoç  7 r á a % < H ) como ocorre frequentemen-te nos Evangelhos Sinóticos.

17.17. O geração incrédula e perversa!21 (TQ yeveà enuaxoçKcà òL6axpa[ifiéyr|), torcida, tortuosa, trançada em duas, corrupta.

 Nominativo singular feminino do particípio perfeito passivo deôiaoTpécjjGO.

17.20.  Por causa da vossa pequena fé 22(Aià xf]v óA.LyoTTiaiíaò[iGÕv23), uma boa tradução. Era menor que “um grão de mostarda”24(còç kokkov oLvánewç, Mt 13.31). Eles não tinham a fé de milagre.

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 Mateus 17 

De acordo com Bruce, “este monte” é o monte da transfiguração para o qual Jesus apontou.25Se for verdade, então ele está ensinando

em uma parábola. O nosso problema sempre é com “este monte”que obsta o nosso caminho. Passa  (Merapa26). Uma forma de |iexápr|Qi, imperativo de

[iecapcávci), “mudar de lugar”.17.23. is eles se entristeceram muito27 (kocI éA.u'írr|6r)aav ocjjóôpa).

Finalmente, os discípulos entenderam que Jesus estava falando so- bre a sua morte e ressurreição.

17.24. Os que cobravam as didracmas2S   (ol  zà  ôiõpaxMaÃa[ipávoyieç). Esse imposto do Templo perfazia uma dracma áti-ca ou meio siclo judaico,29 cerca de um terço de dólar. Todo judeude vinte anos de idade para cima tinha de pagar essa importância

 para a manutenção do Templo. Mas não era um imposto compul-sório como o cobrado pelos publicanos para o governo romano. “Oimposto era como uma taxa eclesiástica voluntária; ninguém era

obrigado a pagar.”30 A mesma palavra grega ocorre em dois papirosegípcios do século I d.C. para aludir ao recibo do imposto do templode Suchus.31 Esse imposto do Templo de Jerusalém era recolhidono mês de adar (março); agora fazia quase seis meses que estavavencido e não fôra pago. Mas na maior parte deste tempo, Jesus eos doze tinham estado fôra da Galiléia, daí a pergunta dos cobrado-res de impostos. O pagamento só podia ser feito com o meio siclo

 judaico, assim os cambistas tinham um negócio próspero cobrandouma pequena porcentagem pela moeda judaica. O lucro chegavaa quarenta e cinco mil dólares por ano. E significativo eles teremabordado Pedro em vez de Jesus, talvez não desejando envergonhar“o vosso mestre”, fato que “indica indiretamente que o imposto es-tava vencido e não fôra pago”.32 Evidentemente, Jesus tinha o hábitode pagar o imposto de Pedro.

17.25.  Jesus se lhe antecipou33 (iTpoécjjGaoev aútòv ò ’IipoüçÀéyuy). A palavra TTpoécjíGaaev só ocorre aqui no Novo Testamento.Achouse uma ocorrência em certo papiro datado de 161 d.C.34 Oantigo uso idiomático de cfiGávco com o particípio sobrevive nessaocorrência de TTpocj)9áv(o no versículo 25, significando “antecipar

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

se”, “conseguir antes de alguém fazer uma coisa”. O grego Koiviíusa o infinitivo com cjrôávco, que veio a significar simplesmente“chegar”. Aqui, a antecipação é clara pelo uso de upo.35 Pedro sesentiu obrigado a levar o assunto a Jesus. Mas o Mestre observara oque estava acontecendo e falou primeiro com Pedro.

Os tributos ou os impostos36(xéÀri r|| Kf|voov). Os publicanos co-letavam tributos ou impostos ou mercadorias (como cjrópov, Rm 13.7) etambém a capitação por pessoa (o imposto pago por cabeça), tributaçãoindireta e direta. A palavra Kf|vooç é semelhante à palavra latina census (“censo”), uma inscrição com a finalidade de avaliar a propriedade, cor-respondendo a f] àTTOvpa(|)r| em Lucas 2.2 e Atos 5.37. Por meio dessa

 parábola, Jesus, como o Filho de Deus, reivindica isenção do impostodo Templo pelo fato de o Templo ser do seu Pai, da mesma maneiraque as famílias reais não pagam impostos, mas recebem tributo dos“alheios” ou estrangeiros que são os verdadeiros súditos.

17.26.  Estão livres os filhos  (èXeúGepoi eioiv oi moi). Claroque Jesus e os discípulos também estão em contraste com os judeus.Portanto, a resposta ao lembrete de Pedro é “sim”. “Logicamente”('Apa ye, “logo”) eles estão isentos do imposto do Templo, mas, na

 prática, Ele se submeterá.17.27.  Mas, para que os não escandalizemos37 ( Iva  ôè p.f|

oK(xyôaÀioco|iey caixoúç). Jesus não deseja criar a impressão de queEle e os discípulos menosprezam o Templo e a adoração feita ali.Aqui está o tempo aoristo, embora alguns manuscritos tenham osubjuntivo presente (linear).

O anzol   (ayKioxpov). Este é o único exemplo no NovoTestamento de pescar com anzol. Derivado de um verbo não usa-do ayKiCo), “angular”, e daí de ayKoç, “uma curva” (assim tambémayKaAri, a curva interna do braço, Lc 2.28). Este pode ter sido umequipamento de anzóis múltiplos, visto que Pedro tinha de olhar

 para “o primeiro peixe que subir”38 (xòv àvafiávm  iípcúxov lx0í)v).Um estáter39  (oxcmpa). O grego estáter é igual a quatro drac-

mas, o suficiente para pagar o imposto de duas pessoas. Por mim e por ti40 (ávx! è|_ioü Kod goü). O uso comum de ávií.

nas transações comerciais, “em troca de”. Aqui temos um milagre

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 Mateus 17 

de presciência. Tais coisas aconteciam. Alguns tentam se livrar domilagre tachandoo de provérbio ou dizendo que Jesus só quis dizer

 para Pedro vender o peixe e, assim, obter o dinheiro. Mais pare-ce em um tipo de ânsia nervosa para aliviar Jesus e o Evangelhode Mateus do elemento milagroso. “Todas as tentativas feitas peloantiquíssimo racionalismo foram vãs para dar um significado nãomiraculoso a essas palavras”, de acordo com B. Weiss. O texto nãodeclara que Pedro tenha realmente pescado tal peixe, embora sejaa dedução óbvia. Não sabemos por que a provisão é apenas para

Pedro e Jesus.

 N O TAS  __________________________________________________ 

1Cf. Ovídio (43 a.C. a 17 d.C.), poeta romano que escreveu  Metamorfose.

2Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 249.

3“Apareceram diante deles Moisés e Elias” (NVI).4TR e TM têm cj4>9r|oav em lugar de w4)0r|.

5 Alexander Balmain Bruce, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 229.

6Ibid.

7“Levantarei” (BJ); “armarei” (NTLH); “farei” (NVI; ARA).

8TR e TM têm Timr|aw|j,Ev.

9 “Três abrigos” (AEC); “três tendas” (BJ; NVI; ARA); “três barracas”(NTLH).

10“Uma nuvem resplandecente os envolveu” (NVI).

11“Este é o meu Filho querido” (NTLH).

12“Jesus chegou perto deles e, tocandoos” (BJ).

13TR e TM têm rui/ato aútoõv.

14“Então, eles, levantando os olhos” (ARA).

15“Não viram ninguém: Jesus estava sozinho” (BJ).

16TR e TM têm TOv’Ir|aoíjv \íòvov.

17TRs tem H líav; WH tem HA.eíai'.

18TRs tem HÀÍaç; WH tem'HA.eíaç.

19“É epiléptico” (AEC); “ele tem ataques” (NVI).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

20 “E está sofrendo muito” (NVI).

21 “Gente má e sem fé!” (NTLH).

22 “Por causa da fraqueza da vossa fé” (BJ).

23TR e TM têm dauatíav.

24 “Do tamanho de uma semente de mostarda” (NTLH).

25 Bruce, Expositor’  s, p. 233.

26 TR e TM têm Metápr|9i..

27 “E os discípulos ficaram cheios de tristeza” (NVI).

28 “Os coletores do imposto de duas dracmas” (NVI).

29 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  3.194. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

30 Alfred Plummer,  An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 244.

31 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 159.

32 Bruce, Expositor s, p. 234.

33 “Jesus foi o primeiro a falar” (NVI).

34 Moulton e Milligan, Vocabulary, p. 556.35 Ver A. T. Robertson, A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f  

 Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 1.120.

36 “Impostos e taxas” (NTLH).

37 “Mas nós não queremos ofender essa gente” (NTLH).

38 “O primeiro peixe que fisgar” (ARA).

39 “Uma moeda de quatro dracmas” (NVI).

40 “O meu imposto e o seu” (NTLH).

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Capítulo

18

 Mateus

18.1. Quem é o maior 1(Tíç apa |_ieíCoov éaclv). Ao que parece,(Í çm  aponta o incidente do pagamento do imposto do Templo, quan-do Jesus reivindicara isenção por serem “filhos” do Pai. Mas nãoera uma nova disputa, pois o ciúme vinha crescendo no coração dosdiscípulos. É lógico que as palavras maravilhosas que Jesus disse aPedro no monte Hermom (Mt 16.1719) fizeramno sentir um novoalento de liderança. Foi com base nisso que ele tivera a petulância

de reprovar Jesus por falar da sua morte (Mt 16.22). E Pedro foium dos três, junto com Tiago e João, que acompanharam o Mestreao topo do monte da transfiguração. Naquela ocasião, Pedro falara

 prontamente. Agora os cobradores de impostos tiveram um apartecom Pedro como alguém que parecia representar o grupo. Marcos9.33 diz que Jesus lhes perguntou o tema da discussão que vinhamtendo pelo caminho até entrarem em casa, talvez logo depois da

 pergunta feita em Mateus 18.1. Jesus notara a discussão. Ocorreráoutra vez (Mt 20.2028; Lc 22.24). Esse episódio recorrente dei-xa bastante claro que os outros não reconheciam a “primazia dePedro”. O uso do comparativo lieiÇcov (como ò neíCwv em Mt 18.4),em vez do superlativo pivioioç, está totalmente de acordo com o

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

grego Koivri, no qual o comparativo está deslocando o superlativo.2Mas é uma descoberta triste saber que os discípulos estão mais in-teressados em lugares (ofícios) no reino político que esperavam queJesus estabelecesse.

18.2. Chamando uma criança3 (TTpoaKaA.eoá|ievoç muõíov4).Particípio aoristo médio indireto no nominativo masculino singular.Pode ter sido a “criancinha” (tkuôÍov) de Pedro (seu filho), visto queé provável que eles estivessem em sua casa (Me 9.33).

[Ele] a pôs (ecnr|csev oaixó). Terceira pessoa do singular do ao-

risto primeiro ativo do indicativo transitivo, e não do aoristo segun-do intransitivo, eoTr). No meio deles5 (kv  [iéoco oorcajv). Em Lucas 9.47, Lucas acres-

centa “junto a si” (rnp ’ èavzcò). Ambas as declarações podem serverdadeiras.

18.3. Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças6 (èàv |if| GTpKcJííyue kkl yévrioGe wç tà muôía). Esta é uma

condição de terceira classe, indeterminada, mas com o prospectode determinação; atpc«j)f|tÉ é a segunda pessoa do plural do aoristosegundo do subjuntivo passivo, e yévr)o0e é a segunda pessoa do

 plural do aoristo segundo do subjuntivo médio. Eles estavam indo para a direção errada com essa ambição egoísta. “O seu tom nessaocasião é destacadamente severo, como quando denuncia o farisaísmo em seus estágios iniciais como quando denuncia o farisaísmo

nos primeiros momentos em que teve de lidar com essa questão.”7Aforte dupla negação oí) |ifi eloéÀOryre significa que, de outro modo,eles não entrarão de jeito nenhum no Reino dos céus, muito menoster posições importantes nele.

18.4.  Esta criança (zò  naiôíov toíjto). Jesus repetiu muitasvezes esta declaração sobre humildade (por exemplo, Mt 23.12).Provavelmente Jesus apontou para a criança que estava junto

dEle. A história do século XI que fala que essa criança era Inácioé inútil. O ponto não é que a criança se humilhou, mas que acriança é humilde por natureza do caso, em relação às pessoasmais velhas. Tratase de uma verdade por mais voluntariosa quea criança seja. Bruce observa que humilhar a si mesmo é “a coisa

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 Mateus 18

mais difícil do mundo tanto para os santos quanto para os peca-dores”.8

18.5.  Em meu nome  (èrrl tcô òvóiíoctí. (íou). Por “uma criança

tal como esta” (qualquer crente em Cristo), Lucas tem “esta crian-ça” como representante ou símbolo (Lc 9.48). “Com base ou fun-damento no meu nome”, “por causa de mim”. Muito semelhante aelç ôyo(i(x, em Mateus 10.41, que não difere muito de év òvò\io.x i(At 10.48).

18.6. Estes pequeninos (tcôv [JiKpwv toútgúv), no mesmo senti-do que “uma criança tal como esta” supracitada. A criança é um tipoque representa os crentes.

Uma mó de azenha9  (|j,úàoç óvikoç), a mó grande e pesada decima que era girada por um jumento (õvoç). Não havia exemplo doadjetivo óvlkoç (girado por um jumento) fôra do Novo Testamentoaté que os papiros revelaram várias referências a pedras ou outrascargas que um jumento precisava levar. G. Adolf Deissmann notaexemplos ocorridos em papiros da venda de um jumento e do impos-to cobrado sobre a carga de bens que um jumento transportava.10

 Na profundeza do marn (tco 'neA.áyei tfjç 0aA.áaar|ç). “O mar domar.” A palavra uéA.ayoç é provavelmente derivada de vkr\mtú,  “ba-ter”, e daí “a batida”, “as ondas respingadas do mar”. “Longe fôrano mar aberto, um substituto vívido de elç  zr\v  9áÀaooav.”12

18.7. Por quem  (ôi’ ou). Jesus reconhece a inevitabilidade das pedras de tropeço, armadilhas, obstáculos, o mundo ser como é, masEle não perdoa os que armam as armadilhas (cf. Lc 17.1).

18.8,9.  No fogo eterno [...] no fogo do inferno  (elç tò nuptò altóviov... elç tfiv yéevvav xou rrupóç). Nos versículos 8 e 9ocorre uma das parelhas em Mateus. Para ver outra que é quase amesma, ver Mateus 5.29,30. Jesus repetia variações das suas de-clarações contundentes muitas vezes. Em vez de elç yéevvav, emMateus 5.29,30, Mateus 18.8 tem elç tò rrup tò alúviov, e Mateus18.9 tem elç rf|v yéevvav toú rrupóç.13 O versículo 8 é o primei-ro uso em Mateus de alwvioç. Ele o usará novamente em Mateus19.16,29 com (oyr|v (“vida”), em Mateus 25.41 com uup (“fogo”)e em Mateus 25.46 com KÓA.aoiv (“tormento”) e (ccnív. A palavra

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

alcóvioç significa “sem começo”, quando aplicada ao evangelhoem Romanos 16.25, e “imutável”, “sem começo ou fim”, quandoaplicada a Deus em Romanos 16.26. Em outros lugares, como este,

significa, na maioria das vezes, “sem fim”. Os esforços para limitaro significado ao fogo, mas não à permanência do tormento no fogo,também devem ser aplicados ao paralelo da vida. Se o tormento élimitado, ipso facto a vida é limitada.

18.9. Com um só olho  (|j,ovócj)0cd[j.ov), é tradução literal. Essacombinação iônica em Heródoto é condenada pelos aticistas, masé reavivada no Koivri vernacular. As únicas ocorrências no NovoTestamento são aqui e em Marcos 9.47.

18.10. Não desprezeis algum destespequen inos14(ícaracf) povrioriTeevòç tüv |_LiKpGòv toútgov). Literalmente, “pensar para baixo em”,com a suposição de superioridade.

Os seus anjos  (ol ayydo i airrcôv). Os judeus acreditavam quecada nação tinha um anjo guardião (Dn 10.13,20,21; 12.1). Cadauma das sete igrejas mencionadas em Apocalipse tem “anjos” (Ap

1.20), quer signifique mensageiros humanos quer mensageiros di-vinos. Será que Jesus quis dizer que cada criancinha ou criançaque crê é cuidada por um anjo que se reporta à presença de Deuse que, com intimidade especial, esses anjos “vêem a face de meuPai” (pXéiTouaiv xò upóacúiTOv toO TOipoç [iou)? Ou quem sabeele quis dizer que os anjos se interessam pelo bemestar do povode Deus (Hb 1.14)? Sentimonos consolados por esse pensamento.Certamente Jesus quer dizer que o Pai tem cuidado especial pelosseus “pequeninos” que crêem nEle. Há anjos na presença de Deus(Lc 1.19).

18.11. E quase certo que esse versículo não é genuíno aqui,15mas consta em Lucas 19.10.

18.12.  Não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, embusca da que se desgarrou?16 (oux! c«})r|aei xà èvevr|KOvi:a évvéa174ttI xà opr| Koà iropeuBelç xò ttàocv<jÓ|í€vov;). “Não deixará asnoventa e nove nos montes e não vai buscar (mudança para o tempo

 presente) a desgarrada?” Nos pastos altos onde as ovelhas pastamà vontade, uma se desgarra pelos campos (ver essa parábola em Lc

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 Mateus 18

15.47). A palavra planeta  é derivada de TTA.aváo|_ica. Os planetas sechamam “estrelas errantes (ou moventes)” em oposição a “estrelasfixas”, como é a sua aparência relativa no céu da noite.

18.14.  Não é vontade de vosso Pai, que está nos céus1x (oúkíéotiv 9éA.r|[ia ’é|iiTpoaGev xoü mupòç ú|icôv tot> kv oúpavoiç). Observeque WH lê |_iou (“meu”) em lugar de ú|i«v (“vosso”) de acordo com aVersão Cóptica Saídica B. Qualquer uma das opções faz bom senti-do, embora a palavra vosso transmita a imagem do cuidado de Deus

 por cada “um destes pequeninos” (ev tôv [iiKpGÒv toútwv) entre osfilhos de Deus. O uso de eprrpooGev (literalmente, “diante da face”;“na frente de”) com GéÀrpa é um hebraísmo, como é ’éfiupooGev oouem Mateus 11.26 comeúôoicía, “boa vontade”, “bom prazer”.

18.15. Se teu irmão pecar 19 (’Eàv õè èiiaprrior] elç oè20 óáõeÀcjjóç oou). A forma significa, literalmente, “comete um pecado”,terceira pessoa do singular do aoristo ativo ingressivo do subjuntivode qmpTOUü).

 Repreende-o  (eÀeyÇov amòv).  A reprovação em particular édura, mas é o modo cristão.

Ganhaste  (èicepôrioaç). Segunda pessoa do singular do aoris-to ativo do indicativo de Kcpòaív« em conclusão de uma terceiracondição de classe, um tipo de aoristo infinito, um grande feito jáobtido.

18.16. Leva ainda contigo um ou dois21(uapáÀaPe (aexà oou ecieva r)| õúo). Leva (uapá) com (|ietá) você (cf. Dt 19.15).

18.17. Não as escutar  (rapctKOÚari autôv). O significado é iguala Isaías 65.12, em que Deus é o ignorado. Há muitos exemplos nos

 papiros de “ignorar”, “desconsiderar”, “ouvir sem atender a”, “ouvirà parte” (uapa), “ouvir indevido” ou “ouvir por acaso” (Me 5.36).

 A igreja (rfj fKKÂrioía). Aqui está em vista a assembléia local,e não a geral, como em Mateus 16.18 (ver análise ali). O problemaaqui é se Jesus tem em mente um corpo de crentes em existência ouse está falando profeticamente de igrejas locais, de como elas serãoorganizadas depois do Dia de Pentecostes. Há estudiosos que vêemcomo prova de que os doze apóstolos já constituem uma 4kkà,t|oÍ(xlocal, um tipo de igreja ambulante de pregadores. Mas isso só seria

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

verdade em essência, visto que eles não tinham uma assembléia res-trita a determinado local. Alexander Bruce defende que, de qualquerfornia, eles eram “o núcleo” de uma igreja local.22

18.18. Será ligado23 (eoxoa ôeôe|aéva kv  oúpavcô 24). Terceira pessoa do plural do fúturo do indicativo com um nominativo plu-ral neutro do particípio perfeito passivo como uma construção peri-frástica como em “será desligado”25 (eotai A.eA.u|_iéva). Em Mateus16.19, ocorre essa mesma forma incomum. Lá, o ligar e o desligarsão dirigidos somente a Pedro, mas aqui são repetidos para a igreja,ou pelo menos para os discípulos.

18.19. Se dois de vós concordarem  (éàv ôúo oufi^coyriocooiv hí   ú|j,(5v). A palavra sinfonia vem dessa raiz grega. A palavra já nãosignifica “um acordo de vozes”, “um coro em harmonia”, emboraisso seja um ideal apropriado para a igreja.

 Por meu Pai (mxpà toO uaipóç fiou), do lado do meu Pai.18.20. A í estou eu2b  (exei eí|ii). Essa promessa grandiosa dá a

entender que os reunidos realmente são os discípulos com o Espíritode Cristo como também os discípulos “em meu nome” (elç tò è|aòvovo|j,ct). Uma das “Declarações de Nosso Senhor” que consta dos pa-

 piros de Oxyrhynchus diz: “Onde quer que haja (dois) eles não estãosem Deus, e onde quer que haja um só eu digo que estou com ele”.Também diz: “Levante a pedra e lá tu me acharás, corte a madeirae ali estou eu”.

18.21. Até sete? (éoç étttokiç;). Pedro pensou que estava sendogeneroso quando perguntou se deveria perdoar um irmão até setevezes. A regra judaica para perdoar alguém era três vezes (Am 1.6).A pergunta é uma extensão natural de Mateus 18.15. Ao que parece,“contra mim” é genuíno aqui. “A pessoa que faz tal pergunta real-mente não sabe o que significa perdão.”27

18.22. Até setenta vezes sete  (ewç è(3Õ0|ir|K0VTáKiç eircá). Não

está claro se esse linguajar significa setenta e sete ou quatrocen-tos e noventa (“setenta vezes sete”). Se çhtcÍkiç ocorreu aqui, seriaclaramente quatrocentos e noventa vezes. A mesma ambiguidadeaparece em Gênesis 4.24, onde o texto da LXX, omitindo kai tor-na a vingança orgulhosa de Lameque ou setenta e sete vezes ou

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 Mateus 18

quatrocentas e noventa vezes tão grande quanto a ofensa. No livroapócrifo Testamento dos Doze Patriarcas, Benjamim.2- é  claramente

usado no sentido de setenta vezes sete. A pergunta é sem sentido emMateus 18.22. Jesus obviamente quer dizer que o perdão tem de serilimitado, seja quantas vezes for pedido. “A vingança ilimitada dohomem primitivo deu lugar ao perdão ilimitado do cristão.”29

18.23. One quis fazer contas  (oç r)0éA.r|crev ouvâpai Àóyov),também visto em Mateus 25.19. Talvez um latinismo, rationes con- 

 ferre.  Infinitivo aoristo primeiro ativo de ouvaípco, “computar con-

tas”, “liquidar (contas)”, “comparar contas com”. Não ocorre nosescritores gregos antigos, mas consta em dois papiros do século IId.C. no mesmo sentido aqui. O substantivo aparece em um óstraconúbio do início do século III.30

18.24.  Dez mil talentos  ([iupícov TaÀávTGov). Um talento era ovalor equivalente a seis mil denários, o que equivalia a seis mil diasúteis de trabalho ou trinta anos de trabalho. Um único talento era

quase a renda de uma vida inteira. Os impostos imperiais anuais daJudéia, Iduméia e Samaria elevamse a somente seiscentos talentos,enquanto que a Galiléia e Peréia pagavam duzentos talentos.31

18.25.  Não tendo ele com que pagar   (p.fi éxovtoç õè «òtouàíToõoüvca). Não há “com que” no original grego. Vemos essa lin-guagem em Lucas 7.42, 14.14 e Hebreus 6.13. Genitivo absoluto,embora avzóv  na mesma cláusula seja frequentemente encontrada

no Novo Testamento. Fossem vendidos (upa0f|vai), infinitivo aoristo primeiro passivoTTiupáoKío. Isso estava de acordo com a lei (Ex 22.3; Lv 25.39,47).

 Nesses tempos primitivos, a esposa e os filhos eram tratados como propriedade.

18.27.  A dívida  (tò ôáveiov). O termo é comum nos papiros para referirse a empréstimo. O juro aumentara a dívida excessiva-

mente. “Essa elevada usura oriental é do cenário da parábola.”3218.28. Que lhe devia cem dinheiros  (oç co^eiÀev ocutíô eKcaòvôr|vápict). Um dinheiro ou denário era o salário de um dia para otrabalhador. Os cem denários aqui eram iguais a uns “cinquenta xe-lins”,33 “mais ou menos quatro libras”,34 “vinte libras” (Moffatt),

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

“vinte dólares” (Goodspeed), “cem xelins” (Weymouth). Estes sãoesforços para representar em linguajar dos dias de hoje a quantia

 pequena dessa dívida comparada com a grande.[Ele] sufocava-o35 (êttviyév). “Segurouo pela garganta”.36 E a

terceira pessoa do singular do pretérito imperfeito ativo do indica-tivo, provavelmente incoativo (inceptivo), “começou a sufocálo”ou “começou a estrangulálo”. A lei romana permitia esse ultraje.Marvin Richardson Vincent cita Tito Lívio, historiador romano,37que conta como os pescoços eram torcidos (collum torsisset ), ecomo Cícero, estadista e escritor romano,38 diz: “Conduzao ao tri-

 bunal com o pescoço torcido (collo aborto).”O que me deves  (eí t i ò4)tílc iç3'J). Literalmente, “se tu deves

alguma coisa”, ainda que pouco. Ele nem sabia quanto era, só queele lhe devia algo. “O ‘se’ meramente é a expressão de uma lógicaimpiedosa.”40

18.30.  Ele, porém, não quis4]  (ó õè oúk T]0eA.ev). Terceira pes-soa do singular do pretérito imperfeito ativo do indicativo, indican-do recusa persistente.

 Até que pagasse a dívida  (ecoç áiToõcò42). Esse subjuntivo aoristo futurístico é a regra com ecoç para referirse a uma meta futura.Ele tinha de ficar na prisão até pagar. “Ele age no instinto de umanatureza vil e ordinária, e claro que também em consonância comos antigos hábitos de comportamento tirânico e severo pertinentes ahomens em posição de poder.”43 Sobre a prisão por dívida entre osgregos e romanos, ver Deissmann.44

18.31.  Declarar 45 (ôieoa^rioav), tomar perfeitamente claro aosenhor.

18.33.  Não devias tu, igualmente' 46(ouk eõei Km oé [;]). “Nãoera necessário?” O rei assenta a carapuça nesse escravo mau namesma medida em que ele enfiou a carapuça no devedor pobre.

18.34. Os atormentadores47 (tolç pocoavioraiç). Não simples-mente para prisão, mas para o castigo terrível. Os papiros dão vá-rios exemplos do verbo PceaavíCco, “torturar”, “atormentar”, que eraaplicado a escravos e outras pessoas. “Tito Lívio (2.23) fala de umcenturião velho que reclama por ter sido levado pelo credor, não em

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 Mateus 18

escravidão, mas para uma casa de correção e tortura, mostrando ascostas marcadas por cicatrizes ainda com as feridas vivas.”48

 Até que pagasse tudo  (ecoç ou áiToõú rrâv). Da mesma maneiraque no versículo 30, as suas exatas palavras. Todavia, essa condena-ção não é purificadora, mas punitiva, porque ele jamais conseguiria

 pagar a dívida imensa.18.35.  Do coração  ((xttÒ twv xapôioòv ú|awv). Não um perdão

fingido ou da boca para fôra; e também um perdão sempre que ne-cessário.49 Esta é a resposta completa que Jesus deu à pergunta que

Pedro fez em Mateus 18.21.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“Quem é, porventura, o maior” (ARA).

2 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), pp. 667ss.

3“Ele chamou perto de si uma criança” (BJ).

4 TR e TM têm irpoaKodeacqievog ó’Ir|aoik; mxiôíov.5“Na frente deles” (NTLH).

6“A não ser que vocês se convertam e se tomem como crianças” (NVI).

7 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 236.

8Ibid.

9“Uma grande pedra de moinho” (AEC); “uma pesada mó” (BJ).

10G. Adolf Deissmann, Light from the Ancient East: TheNew Testament Illustrated  by Recently Discovered Texts o f the Graeco-Roman World, traduzido por L. R.M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), p. 81.

11“No lugar mais fundo do mar” (NTLH).

12Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 261.

13“Na geena de fogo” (BJ); “no inferno de fogo” (ARA).

14“Não desprezarem um só destes pequeninos!” (NVI).15A. T. Robertson, Commenta?y on the Gospel According to Matthew  (Nova York:

Macmillan, 1911), p. 202.

16“Será que não deixa as noventa e nove pastando no monte e vai procurar a ove-lha perdida?” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

17TR tem átjjeiç tà kvvevr\KOvxaewéa;  TM temác^eiç tk èvvriKovua kvvka.

18“O Pai de vocês, que está no céu, não quer” (NVI).

19“Se teu irmão pecar contra ti” (ARC; cf. AEC; NTLH). A NVI coloca em notade rodapé: “Alguns manuscritos não trazem contra você”. A ARA coloca a ex-

 pressão contra ti em itálico. A BJ grafa simplesmente: “Se o teu irmão pecar”,sem a expressão “contra ti”.

20 WH, baseado em Aleph B Sanhidic, não inclui “contra ti” (eiç aé). “É possívelque essas palavras não sejam genuínas, mas elas interpretam o sentido corre-tamente, como está claro pelos versículos 21 e 22; o mesmo se dá com Lucas17.3,4, onde esse logion ocorre em outra relação” (Robertson, Commentary on 

 Matthew, p. 202).

21 “Leve com você uma ou duas pessoas” (NTLH).22 Bruce, Exposi tor’  s, p. 240.

23 “Terá sido ligado” (ARA).

24 TR e TM têmecrcoa ôgõefjiva ev ucS oúpavcS.

25 “Terá sido desligado” (ARA).

26 “Eu estou ali” (NTLH).

27 Alfred Plummer, An Exegetical Commentaty on the Gospel According to Saint  

 Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 255.28 Testament of the Twelve Patriarchs, Benjamin 7.4.

29 McNeile, Matthew, p. 268.

30 Deissmann, Light from the Ancient East,  p. 117.

31 Josephus,  Antiquities o f the Jews, 11.4. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

32McNeile,  Matthew, p. 269.

33 Brace, Expositor’  s, p. 243. Todas as equivalências dadas neste volume referem

se ao valor monetário da década de 1930. Lógico que tais valores variam radi-calmente, pois refletem a economia da época.

34 McNeile, Matthew, p. 269.

35 “Começou a sufocálo” (NTLH).

36 Willoughby G. Allen,  A Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel   According to Matthew,  International Critical Commentary ( Edimburgo: T. &T. Clark, 1912), p. 200.

37Tito Livio 4.53.

38 Pro cluentio, 21.

39TRtem oxi óc|)eíA.eu;.

40 Heinrich August Meyer, Critical and Exegetical Hand-Book to the Gospel of   Matthew   (Reimpressão, Winona Lake, Indiana: Alpha, 1980), vol. 1, p. 333.

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 Mateus 18

41 “Mas ele não quis ouvilo” (BJ); “mas ele não concordou” (NTLH).

42 TR e TM têm ecoç ou âiroõw

43 Bruce, Expositor’  s, p. 243.44 Deissmann, Light from the Ancient East, pp. 270, 330.

45 “Relatar” (ARA).

46 “Você não devia” (NVI).

47 “Ser castigado” (NTLH).

48 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), vol. 1, p.107.

49 “Ressentimento que demonstra afeição não é perdão” (Robertson, Commentary on Matthew, p. 205).

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Capítulo

19

 Mateus

19.1. [Ele] saiu1(jaeTfjpev), literalmente, “erguer para cim a”,“mudar algo para outro lugar”. É transitivo na LXX e em umainscrição de pedra encontrada na Cilicia. É intransitivo aqui eem Mateus 13.53, as únicas ocorrências no Novo Testamento.A ausência de oui ou Km depois que ícal kyéveio  torna este aquium dos hebraísmos claros do Novo Testamento.2Essa linguagemé um tipo de fórmula que Mateus coloca ao término de grupos

importantes de Àóyia, como em Mateus 7.28, 11.1, 13.53.Os confins da Judéia, além do Jordão2,  (tà opia xfjç ’IouõoáaçTiépav toü ’Iopõávou). Esta é uma expressão curiosa. Dá a en-tender que Jesus deixou a Galiléia para ir à Judéia pela rota daPeréia, como os galileus habitualmente faziam, a fim de evitar

 passar por Samaria. Lucas 17.11 diz expressamente que Ele atra-vessou pelo meio de Samaria e da Galiléia quando deixou Efraim

no norte da Judéia (Jo 11.54). Ele não estava com medo de cruzaros limites da Galiléia e descer pelo vale do Jordão na Peréia nes-sa última viagem para Jerusalém. M cNeile é desnecessariamentecontra o aspecto transjordânico ou pereiano dessa fase da obrade Cristo.4

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

19.3. Chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o5(upoaf|À0ovavrô (Papiocâoi TieipáCovieç avzòu6). “Não havia perguntas que

eles faziam a Jesus que não tivessem sido movidos por razões ma-léficas”.7Ver Mateus 4.1 para inteirarse da análise feita acerca da

 palavra TTeipá(co. Por qualquer motivo (Kocrà uâaav aízíav). Esta condição é uma

alusão à disputa que havia entre as duas escolas teológicas sobre osignificado de Deuteronômio 24.1. A escola de Shammai assumiao ponto de vista rígido e não popular do divórcio só por falta de

castidade, ao passo que a escola de Hillel defendia a visão liberale popular do divórcio fácil por qualquer capricho momentâneo. Omarido poderia se divorciar caso visse uma mulher mais bonita ouse a esposa deixasse queimar o almoço. Era um dilema e significavadividir a popularidade de Jesus com as pessoas. Não há verdadeiradificuldade com o uso de Kccra aqui no sentido de “por causa de”.8

19.5. Se unirá9 (KoAAr|9r|aerai I0). A terceira pessoa do singular do 

futuro passivo do indicativo do verbo que significa, “será colado a”.Serão dois numa só carne  (eoovtoa oi õúo eiç aápKa |j,í(xv).

Esse uso de eíç depois de eljat chamase acusativo predicativo e éimitação do hebraico, embora haja algumas ocorrências no gregomais antigo e nos papiros. A sua frequência é em virtude da influ-ência hebraica, e a forma em tais textos como este e na LXX é umatradução direta da expressão idiomática hebraica.

19.6. Portanto, o que Deus ajuntou  (ô ouv ô 9eòç auvé(eu£ev). Note “o que” e não “quem”. Deus estipulou a relação matrimonial.“A criação do sexo e o elevado princípio quanto à coesão que pro-duz entre o homem e a mulher, estabelecidos em Gênesis, inter-ditam a separação.”11A palavra grega traduzida por “ajuntou” sig-nifica “jungir junto”, “ligar junto por jugo”, “emparelhar”, verbocomum para aludir a casamento em grego antigo. E o aoristo infinito

do indicativo (auvé(eui;ev), sempre verdadeiro.19.7. Carta  (PipAiov). Um pequeno pípioç (ver análise em Mt

1.1), era um rolo de papel ou documento (papiro ou pergaminho).Essa declaração escrita servia de certa proteção para a mulher divor-ciada e de restrição à lassidão.

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 Mateus 19

19.8.  Por causa da dureza do vosso coração  (irpòç xf|vGKÀripoKapÔLoa’ í)|_idov). Está claro que a palavra aKÀripoKapõíavé estritamente de origem bíblica. Só é encontrada na LXX e no

 Novo Testamento. O significado é um coração seco (ÓKÀrpóç),duro e rígido.

 Mas, ao princípio, não foi assim12 (áu’ ápxfiç ôè oú yéyovevouxgoç). Terceira pessoa do singular (presente) do perfeito ativo doindicativo de yívo|iou é usado para enfatizar a permanência do idealdivino. “A ordenança original nunca foi abrogada nem substituída,

mas continua em vigor.”13 “Os discutidores fariseus devem ter sesentido pequeninos na presença de tamanho ensino santo, que seelevava acima da visão partidária dos controversistas para a regiãoserena da verdade universal, eterna e ideal.”14

19.9. Não sendo por causa de prostituição15 ( |a f i é u i T T o p v e í a ) . Aleitura na margem do texto grego em WH ( m x p e K x ò ç A,óyou TTopyeíaç)

também acrescenta “lhe faz adúltera” (nmel ai)xf]y |_ioixeu9f|vm) e

também estas palavras: “E aquele que se casar quando ela for di-vorciada comete adultério” ( k k I ó àTToA.eA,i)[_iévr|v yct|ir|a(xç |ioixâxca). Pelo visto, há certa quantidade de assimilação em diversos ma-nuscritos entre este versículo e as palavras constantes em Mateus5.32. Mas, seja qual for a leitura admitida aqui, até o texto curtoem WH (|if| êrrl TTopveia, não por fornicação), está claro que emambos os lugares Mateus apresenta Jesus a permitir o divórcio por

“fornicação” (uopveí.(x), que tecnicamente é adultério ( | i o i x e í a é umsubstantivo cognato do verbo |_iOLxáto ou [loixeúco). Aqui, como emMateus 5.31,32, certo grupo de estudiosos nega a autenticidade daexceção dada exclusivamente por Mateus. McNeile defende que “aadição da cláusula de exceção é, na realidade, oposta ao espírito docontexto, devendo ter sido inserida em uma época em que a práticade divórcio por adultério já havia aumentado”.16Em minha opinião,

isso é crítica gratuita de quem está pouco propenso a aceitar o re-lato de Mateus, porque discorda do ponto de vista que ele expres-sa. E acrescenta: “Não podemos supor que Mateus tivesse desejadoapresentar Jesus a apoiar a escola de Shammai”. Por que não, seShammai neste ponto concordava com Jesus? Os que negam o re-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

lato de Mateus são os se opõem ao segundo casamento. Claro queJesus levou o assunto do casamento e do divórcio a um nível novo

e sublime, muito além das contenções insignificantes das escolas deHillel e Shammai.

19.10. Disseram-lhe seus discípulos (Aiyouaiv aiitcò ol |ia0r|raiaíruoO). “A doutrina de Cristo sobre o casamento não só o separavadiametralmente das opiniões farisaicas de todas as nuanças de signi-ficado, mas era demasiadamente elevada até para os doze.”17

 A condição18(rj ocltloc). A palavra pode referirse ao uso no ver-

sículo 3 “por qualquer motivo”. Aqui, pode ter a ideia vaga de serigual a res,  “condição”. Seja como for, o ponto claro é que “nãoé recurso para casarse” (oú aujacjíépel yqifjaoa) se tal opinião rí-gida for mantida. Se o vínculo é tão apertado, é melhor o homemnão contrair casamento. E um tanto quanto incomum ter avBptòvoç eyiW| contrastado em lugar de ávip e yuvri.

19.11. Mas só aqueles a quem fo i concedido ( à l l ’  otç ôéõoTai).

Esta é uma linguagem nitidamente grega, caso dativo de relaçãoe terceira pessoa do singular do perfeito passivo do indicativo. Amesma ideia está repetida ao término do versículo 12. Tratasede renúncia voluntária de casarse por causa do Reino dos céus.“Jesus reconhece a severidade do mandamento por estar fôra dacapacidade de todos, menos de um grupo seleto de pessoas.” Nãoera um apelo direto à inteligência espiritual dos discípulos errar na

compreensão do seu significado, como certamente erram as ordensmonásticas.

19.13.  Mas os discípulos os repreendiam  (oi ôè [o,a0r|Tmê7T€TL|j/r|aav cojtoiç). Não há dúvida de que as pessoas se aglomera-vam frequentemente em volta de Jesus para receber um toque de suamão e a sua bênção. Os discípulos sentiam que eles estavam fazendoum favor para Jesus. Como entendiam pouco de crianças e de Jesus!

É uma tragédia fazer as crianças sentirem que estão incomodandoem casa e na igreja. Esses homens eram os doze apóstolos e aindanão tinham visão do amor de Cristo pelos pequeninos. Aonde querque as crianças sejam protegidas, a razão é a influência de cristãos edas palavras de Jesus.

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 Mateus 19

19.14.  Deixai  (’'Acj^eue). “Deixaios paz”, segunda pessoa do plural do aoristo segundo do imperativo ativo.

 Não os estorveis  (|ar] Kcolúete aútá). A estrutura de [_ir] com oimperativo presente significa: “Parai de impedilos”. Dos tais (tgòv...toioÚtcúv), as crianças e os semelhantes a crian-

ças (ver análise em Mt 18.36).19.16. Que bem farei  (ti áyaGòv). Em Marcos 10.17, tem o

adjetivo “bom” junto com “Mestre”.Conseguir 19(a%ar°). Primeira pessoa do singular do aoristo in

gressivo ativo do subjuntivo, “adquirir” ou “obter”.19.17.  Por que me chamas bom?  (TÍ êpcomç Trepl toú àyâ Goü;)21 No versículo 16, o jovem perguntara a Jesus “que bem” eledeveria fazer. É lógico que ele tinha uma ideia clara do que signifi-cava àyaGóc;. “Tratavase apenas de um método que os mestres utili-zavam para atrair a atenção do aluno.”22 Desta forma, Jesus explicaque “não há bom, senão um só” que é realmente bom no sentido

absoluto.19.20. Que me fa lta ainda?23 (  x l   exi úorepoo). Pelo visto, o jo -vem sofria de um paradoxo psicológico. Ele não se achava em faltaem relação ao cumprimento de todos esses mandamentos. Mesmoassim, sua consciência estava intranquila. Jesus citou o que ele nãotinha. O jovem pensava na bondade em termos quantitativos  (umasérie de atos), e não em termos qualitativos (pertinente à natureza de

Deus). A pergunta revelava convencimento orgulhoso ou desespero patético? Talvez houvesse um pouco de ambos.19.21. Se queres ser perfeito  (El GéÀeiç léleioç eivai). Esta

é uma condição de primeira classe, determinada como cumprida.Jesus parte do pressuposto de que o jovem realmente deseja ser per-feito (ver Mt 5.48).

Tudo o que tens  (oou  xà  ímápxovra). “Os teus pertences.”

Particípio plural neutro grego. Era uma ordem implacável, porqueele era rico.19.22. [Ele] retirou-se triste2'1'   (à'nfjlGev A.imoú|j,evoç). “Foi em-

 bora enlutado.” O jovem sentiu que Jesus pedira muito dele. O testemostrou que ele adorava o dinheiro mais do que a Deus. A ordem de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Jesus não é dada como normativa, exceto para os que estão nas gar-ras do materialismo. Cada pessoa está sob o domínio de um pecado

ou outro. Basta um pecado para manter a pessoa longe de Cristo.19.23. É difícil  ('õuokÓÃ(jç), “com dificuldade”, um advérbio deôuokóIoc;. Essa palavra tem uma gama de significados, indo de “di-fícil de achar comida”, “fastidioso” e “reclamação” ao sentido noqual é usado aqui, “difícil”.

19.24. E mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha (eÚKOuúxepóv koziv  KqariA.ov 5ux Tpwrpauoç pcajúôoç ôieÀGeiv 25).

É lógico que por meio dessa comparação, quer seja um provérbiooriental quer não, Jesus deseja expressar o impossível. Os esforços para explicálo como algo possível estão fadados ao erro, quer serefira à amarra de um navio, KcqjiÀov, ou pacj) íç como um desfila-deiro estreito, quer uma porta de entrada que os camelos têm deajoelharse para passar. Jesus diz incisivamente que se tratava dealgo “impossível” (Mt 19.26). Os judeus no Talmude babilónico

têm um provérbio que diz que nem em seus sonhos o homem viu umelefante passar pelo orifício de uma agulha.26 O Alcorão fala sobreos ímpios acharem as portas do céu fechadas “até que um camelo

 passe pelo orifício de uma agulha”. O Alcorão, porém, copia muitasdas alusões bíblicas. A palavra grega para “agulha” comum é pacfáç.Lucas 18.25 emprega PeA.óvr|, o termo médico para referirse a umaagulha cirúrgica, e não ocorre em outro lugar do Novo Testamento.

19.25. Admiraram-se muito27 (É^eTTÃiíaaovTo). A terceira pessoado plural do pretérito imperfeito passivo do indicativo descreve oabsoluto espanto em que ficaram. Os discípulos foram literalmente“golpeados”.

19.26. Olhando para eles2&(è[iPÀéi|j<x<;). Jesus viu o assombroestampado neles.

19.27. Que receberemos? (zí apoc eozai rplv). Uma pergunta

digna de pena, mostrando a tremenda falta de compreensão.19.28. Na regeneração29 (èv irj TTccA.iYYeveoLo:30). O novo nasci-mento do mundo se cumprirá quando Jesus assentarse no trono dasua glória. Essa palavra era usada pelos estóicos e pelos pitagóricos.Também é comum nas religiões de mistério.31 Encontrase também

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 Mateus 19

nos papiros. Não precisamos pôr ideias fabulosas na boca de Jesus,mas ele realmente olhou para a consumação do seu Reino. Não estáclaro o que significa os discípulos assentados em doze tronos.

19.29. Cem vezes tanto32 (èKatovicnTA.aaíovo'33). A vida eterna éa verdadeira recompensa.

19.30.  Porém muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros34  (IIoAAol ôè eoovtai npwtoi ’kayçcioiKod ea%aiOL irpcÔTOi). Esse enigma paradoxal faz parte natural deuma repreensão a Pedro e referese a posições no Reino. Há outrasaplicações possíveis, como ilustra a parábola a seguir.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“[Ele] deixou” (ARA).

2 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), pp. 1.042, 1.043.

3“A região da Judéia que fica no lado leste do rio Jordão” (NTLH).

4 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 271.

5“Alguns fariseus aproximaramse dele para pôlo à prova” (NVI). Há versõesque incluem o nome Jesus, o qual não consta no texto grego, mas que indiscu-tivelmente se refere a Ele.

6TR e TM têm o artigo, ol <&ap tacâo u

7 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 245.

8Robertson, Grammar, p. 509.

9“Para se unir com” (NTLH).

10TR e TM têm irpoaKo;Ur|0r|oeT(H.

11Bruce,  Expositor's, p. 246.

12“Mas no princípio da criação não era assim” (NTLH).

13 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), vol. 1, p.

108.14Bruce,  Expositor’  s, p. 246.

15 “A não ser em caso de adultério” (NTLH); “não sendo por causa de relaçõessexuais ilícitas” (ARA).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

16McNeile,  Matthew, p. 274.

17Bruce,  Expositor s, p. 246.

18“A situação” (NTLH; NVI).

19“Ter” (BJ; NVI); “alcançar” (ARA).

211TR e TM têm o verbo no tempo presente, e%u.

21TR e TM têm T í |i€ Aiyeiv áyaGóv;

22 Bruce, Expositor’  s, p. 249.

23“O que mais me falta fazer?” (NTLH).

24 “Saiu pesaroso” (BJ).

25 TR e TM têm õieABeív. “Jesus objetivava que a ilustração fosse considerada

literalmente. [...] E um exagero, mas foi proposital. Na época, não havia portana Porta de Jaffa que se chamasse ‘o orifício da agulha’.” A. T. Robertson,Commentary on the Gospel According to Matthew   (Nova York: Macmillan,1911), p. 211.

26 Vincent, Word Studies,  p. 109.

27“Ficaram grandemente maravilhados” (ARA).

28 “Fitando neles o olhar” (ARA).

29 “As coisas forem renovadas” (BJ).

30 WH tem uma grafia diferente, 4v xrj Tralivyeveaia. “Essa palavra ocorre somen-te mais outra vez no Novo Testamento (Tt 3.5), e então, no sentido de regene-ração pessoal” (Robertson, Commentary on Matthew, p. 212).

31Samuel Angus, The Mystery Religions and Christianity: A Study in the Religious  Background o f Early Christianity  (Londres: J. Murray, 1925), pp. 95ss.

32 “Muito mais” (BJ); “muitas vezes mais” (ARA).

33WH lê TToA.lairA.ao[o va , “ m uita s veze s” .

34 “Porém, muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos, primeiros”(AEC).

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Capítulo

20

 Mateus20.1.  Porque (yáp). A parábola ilustra o provérbio em Mateus

19.30.Um homem, pai de fam ília   (ávGpcÓTTto 01k0Õ60ttÓtti). Como no

caso de avGpconco paoilei em Mateus 18.23, não é necessário usara palavra homem para traduzir literalmente avGpwTTOç. O significadoé mais bem traduzido por “um proprietário de terras” (cf. “um pro-

 prietário”, NVI).Saiu de madrugada  (òc|íoc irpcoi). Uma expressão idiomática

clássica. A palavra òt(ia como uma preposição “imprópria” é co-mum nos papiros. A palavra irpoot é apenas um advérbio na for-ma de locativo. Referese ao crepúsculo da manhã, ao despontardo dia, quando habitualmente as pessoas do interior começam atrabalhar.

 Assalariar  (jiiaGcóoaaSca). O tempo aoristo na voz média signi-fica “contratar para si mesmo”.

20.2. A um dinheiro por dia  (ék õrivapíou tt]v rpépai/). O salá-rio normal de um dia de trabalho (ver Mt 18.28). O ex com o ablativorepresenta o ajuste (aujicjjtoviíaaç) com os trabalhadores (èpyatcòv).“O dia”, o texto grego o tem, um acusativo de extensão de tempo.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

20.3. Que estavam ociosos na praça1  (eaxwxaç kv  xf) àyopâcpvoúç). A praça era o lugar onde se encontravam os trabalhadoresque trabalhavam por dia e os empregadores. Em Hamadã, na Pérsia,Morier em Second Journey Through Persia (Segunda Viagem pelaPérsia), conforme citado por Richard Trench, diz: “Observamos to-das as manhãs, antes de o sol se levantar, que se junta um numerosogrupo de camponeses, com pás nas mãos, esperando serem contrata-dos para trabalhar durante o dia nos campos circunvizinhos” .2

20.4. O que fo r justo  (ô kuv  rj õÍKoaoi/). “For merecido” ,3 nãoqualquer coisa de que ele gostasse, mas um salário proporcional-mente justo. Relativo indefinido com o subjuntivo eàv  que é iguala av.

20.6. Ociosos todo o dia4  ( ò à x |v   xr|v rpépav àpyoí). Extensãode tempo (acusativo) novamente. A palavra ápyoi, é composta pora, elemento de negação, e epyov, trabalho, “sem trabalho”, que é o

 problema dos desempregados.20.10.  Mas, do mesmo modo, receberam um dinheiro cada 

um  (kccl eÀapov tò àvk   ôr|vápiov Koà oíüxoí5). Literalmente, “elesmesmos também um denário cada” (uso distributivo de àvá). Bruce

 pergunta se esse dono da casa era um humorista, visto que começou pagando primeiro os últimos e para cada um pagou um denário con-forme o acordo. Os que chegaram para trabalhar primeiro alimen-tavam falsas esperanças até que receberam o que tinham aceitadoreceber .6

20.11.  Murmuravam1 (èyóyyu(ov). Palavra onomatopéica, osignificado ajustandose ao som. As palavras murmurar e resmun-gar são semelhantes. Aqui é provavelmente um imperfeito incoativo(ingressivo), “começaram a murmurar”. Ocorre no grego jónico an-tigo e aparece nos papiros.

20.12. Tu os igualaste conosco  (íoouç rpiv aúxouç êTT0Ír|0aç),caso instrumental associativo rp iv depois de loouç. Era um protestocontra a suposta injustiça do dono da casa.

 A fadiga e a calma do dias (xò (3ápoç xf|ç rpépaç «m xòv Kaúa(i)va).  Os trabalhadores que chegaram por último trabalharam por uma hora. Pelo visto, trabalharam com tanto afinco e eficiência

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 Mateus 20

quanto os outros que haviam sido contratados. Mas os outros ho-mens banhados de suor tinham estado sob o siroco, que é o vento

quente, seco e poeirento do oriente. Foi esse vento que destruíraas espigas no sonho de faraó (Gn 41.6), murchara a aboboreira deJonas (Jn 4.8) e secara a videira na parábola de Ezequiel (Ez 17.10).Os queixosos pareciam ter um excelente caso judicial.

20.13.  A um deles  (évi aúxGÒy eiiTev9). Evidentemente era o portavoz do grupo. “Amigo” ('E raipe), “camarada”, “compa-nheiro”. O proprietário de terras respondeu a um deles em vez

de tratar com todo o grupo. A palavra èiaípc sobrevive no gregomoderno.20.14. Toma (âpov), segunda pessoa do singular do aoristo ati-

vo do imperativo de aipo. Juntar, como se ele tivesse insolentemen-te se recusado a pegar o denário da mesa ou tivesse jogado o denáriodesdenhosamente ao chão. Se o primeiro tivesse sido pago primeiroe liberado, não teria havido murmurador, mas “o murmurador foi

necessário para pôr em relevo a lição” .10 Eu quero (GéÀco). A vontade do proprietário de terras é o ponto

central da parábola.20.15. O que quiser do que é meu?n (o GéAio ... kv  tolç ê|aoIç[;]),

na esfera dos meus próprios interesses. No grego Koivií, há uma ex-tensão do uso instrumental de kv.

 E mau o teu olho [...]?n  (ó ó4>0od|ióç oou TTOvnpóç èoTiv...). Ver

Mateus 6.2224 para inteirarse da análise sobre os olhos maus e osolhos bons. O queixoso tem um olho invejoso, ao passo que o pro- prietário de terras tem um olho liberal ou generoso. Ver Romanos5.7 para inteirarse de uma distinção entre õíkouoç e áya0óç.

20.16. Os derradeiros serão primeiros, e os primeiros, derradeiros  (eoovTca ol eo^axoi npcôToi Kal oi upórcoi ea%aToi). Osadjetivos mudam de lugar em compararão a Mateus 19.30. O ponto

 principal é o mesmo, embora essa ordem se ajuste melhor à parábo-la. Afinal de contas, o trabalho não se acha inteiramente na quanti-dade de tempo gasto nesse esforço. “Mesmo assim o rabino Bun barChija em vinte e oito anos fez mais do que muitos eruditos estudio-sos em cem anos.” 13

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

20.17.  À parte   (kkx’ lõíav). Em Mateus, essa é a predição dacruz (Mt 16.21; 17.22; 20.17). “À parte sozinhos” (Moffatt). O ver-

 bo é TTapéA.apÉV’. Jesus está tendo a sua luta interior (Me 10.32) e fazmais um esforço para que os doze o entendam.

20.19.  E crucifiquem14  (kcíl axaupwaai). Os detalhes caem emouvidos surdos, até a informação da ressurreição ao terceiro dia.

20.20.  Então (Tóxe). Com certeza, era a hora errada de fazer tal pedido: imediatamente após a predição incisiva da crucificação deCristo. Talvez a mente dos discípulos estivesse excessivamente toma-da pelas palavras que Jesus disse que eles se assentariam em doze tro-nos (Mt 19.28), pois consideraram esses arranjos em sentido literal.A mãe de Tiago e João, provavelmente Salomé e possivelmente irmãda mãe do Mestre (Jo 19.25), resolveu promover seus dois filhos com

 base em laços de família e, agora, fala em favor deles. Fazendo-lhe um pedido15 (aixouoá xi). “Pedindo algo”, “tra-

mando, talvez, enquanto o Mestre estava predizendo” .16  O “algo”apresentado como um pequeno assunto era nada menos que a esco-lha dos dois principais tronos prometidos por Jesus (Mt 19.28).

20.22. Não sabeis o que pedis  (Oúk oíõaxe xí alxeioGe). Alxeto9e é a segunda pessoa do plural do aoristo médio indireto, “pedis

 para vós mesmos”, “um pedido egoísta”. Podemos  (Auvá|ie9a). Esta é uma prova surpreendente da ig-

norância e autoconfiança dos discípulos. A ambição lhes cegara osolhos. Eles não tinham entendido o espírito de mártir.

20.23.  Na verdade bebereis17  (irteoGe), segunda pessoa do plu-ral do futuro médio do indicativo de ttlvco. O cálice de Cristo era omartírio. Tiago foi o primeiro dos doze conhecer a morte de mártir(At 12.2) e João, o último, caso os relatos sobre ele sejam verdadei-ros. Como era profunda a ignorância do que estavam dizendo.

20.24. Os dez [...] indignaram-seis  (ol ôera riyaváKxriaav),uma palavra forte para descrever ressentimento cheio de raiva. Osdez perceberam que Tiago e João tinham se aproveitado da relaçãode família que eles tinham com Jesus.

20.25. Chamando-os para junto de si]9  (TTpoaKccA.eaá|ievo<;), no-minativo singular masculino do particípio aoristo médio indireto,

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 Mateus 20

“chamando para ele”. “Todos eles estavam em extrema necessidadede mais ensinamentos sobre humildade e serviço.” 20

20.26. Todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande21  (ôç kkv  0€Àri kv  í)|iiv fiéyaç yevéoGoa). Jesus não condena o desejode fazerse grande. Tratase de uma ambição louvável. Há “os gran-des” (|ieyaA.oí) entre os cristãos como há entre os nãocristãos, masaqueles não “dominam [uns] sobre” os outros (KocraKupieúouaiv),uma palavra da LXX e muito expressiva, ou “desempenham o tira-no” (Kaxe^ouoiáÇouoLv), outra palavra sugestiva.

Vosso serviçal  (úficòv ôiáxovoç). Essa palavra pode ser derivadade õiá e kovlç (“pó”), “levantar pó pela pressa da pessoa” , e daí“auxiliar”, “ministrar”. E uma palavra geral para referirse a servoe é usada de muitas maneiras, inclusive no sentido técnico de “di-áconos” como consta em Filipenses 1.1. Mais frequentemente, eraaplicada na igreja do Novo Testamento aos ministros do evangelho(1 Co 3.5). O modo de ser “grande” (TipdÒTOç), diz Jesus, é ser o seu

“serviçal” (õoOÀoç). Esse método invertia a opinião popular de entãocomo de hoje.20.28.  Resgate de muitos  (Ampov ávtl ttoA.A.gòv). O Filho do

Homem é o melhor exemplo ilustrativo desse princípio de autorenúncia, em contraste direto com a ambição interesseira de Tiago eJoão. A palavra traduzida por “resgate” é a comumente empregadanos papiros como o preço pago por um escravo, que, então, é liber-

to por quem o comprou, o dinheiro de compra para a libertação deescravos.22 Há também a noção de troca no uso de àvxL. Jesus deu a própria vida como o preço de liberdade pelos escravos do pecado.Há estudiosos que se recusam a admitir que Jesus mantivesse essanoção de morte substitutiva, porque no Novo Testamento a palavrasó ocorre aqui e na passagem correspondente em Marcos 10.45. Masnão podemos nos livrar tão facilmente de passagens que contradi-

zem uma opinião teológica. Jesus aqui se mostra à altura da plenaconsciência da significação da sua morte pelos homens.20.29. Saindo eles de Jericó23  (eKiTopeuo évtov aikcôv àuò

’IepixüJ24). Mateus e Marcos narram que Jesus e os discípulos es-tavam  saindo  de Jericó (Me 10.46), ao passo que Lucas situa o

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

incidente dizendo que eles estavam chegando perto  de Jericó (elç’IepiXQ, Lc 18.35). Arazão provável é que Marcos e Mateus se refe-rem à velha Jericó, cujas minas foram descobertas, enquanto Lucas

alude à nova Jericó romana. Essa explicação coloca os dois cegosentre as duas cidades. No estado americano de Kentucky, há duascidades que estão separadas por uns oitocentos metros, as quaisse chamam “Pleasureville” (uma Old Pleasureville e a outra NewPleasureville). Marcos e Lucas mencionam só um cego (Me 10.46;Lc 18.35), Bartimeu (citado apenas por Marcos).

20.30. Que Jesus passava25(òti Tr|ooüç irapáyei). “Dois cegos,

assentados junto do caminho” 26  (ôúo rucjjÀol KctOrpevoi impà tf]vóôóv), no seu lugar costumeiro. Ouviram a multidão dizer que Jesusde Nazaré estava passando ('rrocpáYei, terceira pessoa do singular do

 presente ativo do indicativo de discurso direto retido no indireto).Era a chance deles. Eles tinham ouvido o que Jesus fizera a outroscegos. Saudaramno como “Filho de Davi”, uma confissão de seumessiado. Até agora, Jesus curara muitos cegos, e a multidão estava

impaciente para ver algo maior. Por isso, as pessoas ficaram impa-cientes com os gritos desses pobres homens para que seus olhosfossem “abertos” (àvoíytòoiv,  terceira pessoa do plural do aoristosegundo passivo do subjuntivo).

20.34. Tocou-lhes nos olhos  (iíi|/aTO xwv ójifiáicov27  aúucòv).A palavra ó[i[mTGov é sinónimo de ò4)9aÀ^GÒy em Marcos 8.23 e sóocorre aqui no Novo Testamento. E uma palavra poética comum de

Eurípides e ocorre na LXX e nos papiros. O verbo KTruo|iai é comumnos Evangelhos Sinóticos. O toque da mão de Cristo aliviaria osolhos quando fossem curados.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“Que não estavam fazendo nada” na “praça do mercado” (NTLH).

2Richard Trench, Notes on the Parables , T   ed. (Londres: Parker & Son, 1857), p. 171.

3 Willoughby G. Allen,  A Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel   According to Matthew,  International Criticai Commentary ( Edimburgo: T. &T. Clark, 1912).

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 Mateus 20

4 “O dia todo aqui sem fazer nada?” (NTLH).

5TR tem uma ordem diferente de palavras Kctl elapov Kcà aiitoi àvà 5r|vápiov.

6 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 254.

7 “Começaram a resmungar” (NTLH); “começaram a se queixar” (NVI).

8 “O peso do dia e o calor do sol” (BJ); “o peso do trabalho e o calor do dia”(NVI).

9TR tem uma ordem diferente de palavras, eluei' èvi aí)Twv.

10Alfred Plummer,  An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 274.

11“Com o meu próprio dinheiro?” (NTLH).12“Estás com ciúme [...]?” (BJ); “você está com inveja [...]?” (NTLH; NVI).

13Jer. Berak. 2.5c.

14“E crucificado” (AEC; BJ; ARA).

15“Pediulhe um favor” (ARA).

16Bruce,  Expositor’  s, p. 256.

17“Bebereis” (ARA).

18“Ficaram zangados” (NTLH).19“Chamandoos a si” (AEC); “chamou todos para perto de si” (NTLH).

20 A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 216.

21“Quem quiser tomarse importante” (NVI).

22 Ver exemplos em James Hope Moulton e George Milligan, The Vocabulary of  the Greek Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), pp. 382, 383, e G.Adolf Deissmann, Light from the Ancient East: The New Testament Illustrated  

by Recently Discovered Texts o f the Graeco-Roman World, traduzido por L. R.M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), pp. 328, 329.

23“Quando Jesus e os discípulos estavam saindo de Jericó” (NTLH). As palavras Jesus e os discípulos não constam no texto grego, mas estão implícitas.

24 TR grafa 'Iepi^to com um sinal diacrítico para indicar aspiração; WH a grafaassim:’Iepeixcó.

25 “Que Jesus estava passando” (NVI).

26 “Dois cegos, assentados à beira do caminho” (ARA).

27 TR e TM têm óc|)9aA.|iwv.

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Capítulo

21

 MateusfMMSM@ISMSMSÍSMSMMSÍ3M3JÊlM3M3MSJSJ

21.1.  A Betfagé   (e tç BriGc^ayn), um nome aramaico indecli-

nável usado só aqui na Bíblia (igual a Me 11.1, que é igual a Lc19.29). Significa “casa de figos verdes e imaturos”. Situavase naladeira oriental do monte das Oliveiras ou ao pé do monte, um

 pouco mais distante de Jerusalém que Betânia. Marcos e Lucasfalam de Cristo vindo “de Betfagé e de Betânia” , como se Betfagéfosse alcançada primeiro. Era maior que Betânia.

 Ao monte das Oliveiras1 (eíç2  tò ’'Opoç xcòv ’EAcauv). Mateus

tem três exemplos de eiç com Jerusalém, monte das Oliveiras.Marcos e Lucas usam irpóç com monte das Oliveiras, as árvoresdo monte das Oliveiras (éÀcuuv de kXaía,  oliveira), o monte coma superfície coberta de oliveiras.

21.2.  A aldeia que está defronte de vós  (eLç rriv KCÓ|ar|v tt]v KCixkvoLV ci3 ú(i(5v), outro uso de eLç. Se significar “à” como foitraduzido, seria a aldeia de Betânia que estava imediatamente do

outro lado do vale; e essa é a ideia.Um jumentinho com elaA(«m u(3A.ov (aei’ oci)tf|ç), o filhote de

qualquer animal. Esse vai com a mãe e, assim, com muito mais presteza.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

21.3. O Senhor   ('0 KÚpioç). Não está claro como a palavrafoi entendida aqui pelos que ouviram a mensagem, embora es-teja claro que Jesus a aplica a si. A palavra é derivada de KÚpoç,“poder” ou “autoridade”. Na LXX, é comum em uma diversidade deusos. Ocorre no Novo Testamento para referirse ao “senhor” doescravo (Mt 10.24), da seara (Mt 9.38) ou da vinha (Mt 20.8).Referese a Deus (Mt 11.25), ou a Jesus como Messias (Mt8.25; At 10.36). Esta é a única vez em Mateus onde as palavrasó KÚpioç são aplicadas a Jesus, com exceção de uma passagemduvidosa em Mateus 28.6.5 Particularmente no Egito, era apli-cada a “o Senhor Serápis”. Ptolomeu e Cleópatra são chama-dos “os senhores, os maiores deuses” (ol KÚpioi Geoi [aéyiotoi).Até Herodes, o Grande, e Herodes Agripa I são tratados como“Senhor Rei”. No Ocidente, os imperadores romanos só foramchamados “senhores” durante o tempo de Domiciano. Mas nessaocorrência, os cristãos sempre entenderam que é uma referênciaa Jesus Cristo. Ao que parece, os discípulos já estavam chaman-do Jesus “Senhor”, e Ele aceitou o apelativo e usavao, como fezaqui.

21.4.  Pelo profe ta   (õià toO irpo^TÍtou). A primeira linha éde Isaías 62.11, as demais são de Zacarias 9.9. O texto de João12.1416 deixa claro que Jesus não citou a passagem para si.Em Mateus não está tão claro, mas é o seu próprio comentáriosobre o incidente. Não é que Cristo esteja cumprindo a profeciade modo artificial, mas que a sua conduta flui naturalmente aocumprimento.

21.5. Afilha de Sião (xf) Guycapi Eicóv). A referência a Jerusalémconsta em Isaías 22.4. Linguagem semelhante se refere à Babilônia(Is 47.1) e a Tiro (SI 45.12).

 Assentado6  (èiuPe(3r|KCÓc;), nominativo singular masculino do

 particípio do perfeito ativo de èTripaívco, “tendo ido sobre” . E sobre um jumentinho, fi lho de animal de carga1(cit! ovov KodéttI 'ttgòA.ov uLòv mro(uyíou8). Essas palavras ocasionam certa difi-culdade se Kcá for considerado aqui com o significado “e”. Fritzscheargumenta que Jesus montou alternadamente sobre cada um dos

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 Mateus 21

animais, uma possível interpretação, porém desnecessária. Este éum paralelismo hebraico poético comum: “Sobre uma jumenta, até

mesmo sobre um jumentinho”. O uso de ÒTToCuyíou (um animal decarga, debaixo de jugo) para referirse a jumento é comum na LXXe nos papiros.9

21.7.  E fizeram-no assentar em cima10 ( k o u   è T i e i c á G iaev èuávco

aüxwv). Marcos 11.7 e Lucas 19.35 mostram que Jesus montou o jumentinho. Mateus não contradiz essa informação. As vestes (xàLfiáxia) foram postas sobre o jumentinho por “eles” (aúxuv), não

em ambos os jumentos. A construção é um pouco incorreta, masinteligível. As vestes lançadas sobre os animais eram as roupas exte-riores (l|iáxia). Jesus “tomou assento” (èneKáGioev, terceira pessoado singular do aoristo ingressivo ativo do indicativo) em cima dasroupas.

21.8.  Muitíssima gente11  (ó õè uXeloioç b%loç).  Ver Mateus11.20  para esse mesmo linguajar, artigo com superlativo, um verda-

deiro superlativo.12 Pelo caminho13  (kv  xrj óõw). A maioria da multidão estendeu

as suas roupas exteriores pela estrada. Note a mudança de tempoverbal (aoristo constativo ’éoxpcooav, pretéritos imperfeitos descriti-vos íékottxov... Kai éaxpoWuov, mostrando o entusiasmo crescenteda multidão). Quando o jumentinho passava por cima das peças deroupa, eles as apanhavam e as espalhavam novamente pelo caminho

à frente.21.9.  As multidões, tanto as que iam adiante como as que o  seguiam  (oi õè oxA.oi oi Trpoáyovxeç aüxòv14 kocI oi cxkoXouGoüvxeç). Note os dois grupos com dois artigos e o tempo presente(ação linear) e o imperfeito eKpaCov, “estavam gritando” enquantoiam.

 Hosana ao Filho de Davi!  ,'Qoavvà  xcô uicô Aauíô15). Agora,

Jesus deixou que as multidões o proclamassem Messias. “Hosana”significa “Salva, pedimos”. Essas pessoas repetem as palavras do Hallel   (SI 148.1), e recordamos a canção das hostes angelicaisquando Jesus nasceu: “Glória a Deus (hosana) nas alturas (céu)”(Lc 2.14).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

21.10. Toda a cidade se alvoroçou16  (éoeío8r| uâoa f] ttÓàlç).Foi sacudida como por um terremoto. “Até a Jerusalém paralisa-

da pelo formalismo religioso e socialmente reservada, ficou agitada pelo entusiasmo popular como por um vento poderoso ou por umterremoto.” 17

21.12.  Expulsou  (ê^épaXev). Empurrou para fôra, apropriouse da autoridade sobre “o templo de Deus” . 18  João 2.14 narraum incidente semelhante no início do ministério de Jesus. Nãoé impossível que Jesus repetisse essa purificação no final do seu

ministério. Os mesmos abusos ainda persistiam. O comércio con-tinuava no pátio dos gentios. Até certo ponto, serviu de propósi-to legítimo. Aqui, as mesas “dos cambistas” (tcôv koAAuPioucôv,de koAAuPÓç, “uma moeda pequena”) foram derrubadas. Ver emMateus 17.24 para informarse sobre a necessidade de mudan-ça para o imposto do Templo. As pombas eram as ofertas dos

 pobres.

21.13. Covil de ladrões19 (arr|Axaov Xiprâv). Porque eles co- bravam preços exorbitantes. Esta citação é da versão Septuaginta deIsaías 56.7.

21.15. Os meninos  (touç ttklôkç). O termo grego é masculinoe referese aos meninos que se deixaram levar pelo entusiasmo dasmultidões.

21.16. Ouves (’ÁKoúeiç...;). Enraivecidos pela profanação do Templo

que os gritos dos meninos ocasionavam, os principais dos sacerdotes e osescribas tentam envergonhar Jesus, responsabilizandoo por isso.

Tiraste20 (KarrpTÍoGo). A citação é da versão LXX de Salmos 8.3.Em Mateus 4.21, o mesmo verbo é usado para referirse a consertaras redes. Aqui, é o aoristo infinito do indicativo com o uso perfeito dekocto. Tratavase de uma repreensão contundente e mordaz.

21.17. Para Betânia (elç Br|9aví,<xv). A palavra hebraica signifi-

ca “casa da depressão” ou “casa da miséria” .21 Mas a casa de Marta,Maria e Lázaro foi uma casa de consolo para Jesus durante essasemana de destino.

 Ali passou a noite22 (r|ijXío9r| êicet), quer na casa em Betânia, oufôra ao ar livre. Era um tempo de crise para todos.

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 Mateus 21

21.18. Teve fome (c ttc ívaoc-v).  Terceira pessoa do singular doaoristo ingressivo ativo do indicativo, “sentiuse faminto” (Moffatt).

É possível que Jesus tenha passado a noite ao ar livre e não tenhatomado o desjejum.21.19. Uma figueira  (ouKf|V |j,íav). “Uma única figueira”. A

construção grega cumpre o propósito que se assemelha um tantoquanto ao que faz o artigo indefinido. A rigor, o grego não tem artigoindefinido, da mesma maneira que o latim não tem artigo definido.Às vezes, etc (“um”, “única”, “alguém”) ou tlç (“alguém”, “algo”)

é usado como artigo indefinido, embora não aqui. Nunca mais nasça fruto de ti23  (Mr)KÉTL ék ooO kíxpttÒç yévritcaelç tÒv aiwva). No sentido exato, esta é uma predição, e não uma

 proibição ou desejo como ocorre em Marcos 11.14 (cjjáyoi optati-vo). “Em ti nenhum fruto jamais crescerá de novo” (Weymouth). Adupla negação oú [ir\  com o subjuntivo aoristo (ou futuro do indi-cativo) é o tipo mais forte de predição negativa. Às vezes, equivale

a uma proibição como oú e o futuro do indicativo .24  Os primeirosfigos dão na primavera antes das folhas e se desenvolvem depoisdas folhas. A principal colheita de figos ocorria no início do outono(Me 11.13). Deveria ter havido figos na figueira com a colheita dasfolhas. Era uma lição prática. Mateus não distingue entre as duasmanhãs como Marcos distingue (Me 11.12,20), mas diz “imedia-tamente” 25  (TTapaxpf||j,a:) duas vezes (Mt 21.19,20). Essa palavra é

uma forma de irapà tò XPHI1“ como a expressão “na mesma hora” .26Ocorre nos papiros em transações monetárias com pagamento ime-diato em dinheiro vivo.

21.21.  Não duvidardes (|ii] õiocKpiGfiTe), segunda pessoa do plu-ral do aoristo passivo do subjuntivo, condição de terceira classe.“Ser de mente dividida”, “mover para cá e para lá”, “balançarse”,“oscilar”, “duvidar”, o oposto de “fé” (ttlotlv), “convicção”, “con-

fiança”.O que fo i feito à figueira  (tò trjç ai)Kf|ç Tiotr|oexe). Em grego,significa “o assunto da figueira”, como se fosse uma questão fácile leve em comparação a “este monte” (tcô òpc i toútcü). Removerum monte é tarefa maior que ressecar uma figueira. “A maldição da

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

figueira sempre foi considerada a partir da significância simbólica,a árvore estando na mente de Cristo como emblema do povo judeu,

com grande mostra de religiosidade, mas sem fruto verdadeiro deespiritualidade. Essa hipótese é muito digna de crédito .” 27 AlfredPlummer concorda com Theodor Zahn ao dizer que a figueira é re-ferência à cidade santa.28 Claro que “este monte” é uma parábola, euma já relatada em Mateus 17.20 (cf. Lc 17.6).

21.22. Crendo29  (TTLoxeúoyieç). Este é o ponto central da pará- bola do monte: “fé na eficácia da oração” .30

21.24. Eu também vos perguntarei uma coisa31  (’Epwníoco úfiâç«áy« Âóyoy 'iva). Literalmente, “uma palavra” . A resposta à palavrade Cristo dará a resposta à pergunta que fizeram. A única autoridadeeclesiástica humana que Jesus teve veio de João Batista.

21.25. O batismo de João donde era?32  (xò páTruia|_ia tò’Ioúávvou33 TTÓGev rjv[;]). Isso representa a sua relação com Jesus, quefoi batizado por ele. Imediatamente, os líderes eclesiásticos se acham

em um dilema criado pelo próprio desafio que fizeram a Cristo. Epensavam entre sPA(oi õè õieÀoyíÇovTO kv eoarcoiç35). Tempoimperfeito pitoresco que descreve a luta deles com uma situaçãoembaraçosa e melindrosa.36

21.29.  Nem- eu vos digo  (Oú Gélco).37 E lógico que o “eu vou,senhor” (’Eyú, KÚp lé) serve melhor para o segundo filho (Mt 21.30)com uma referência à recusa indelicada do primeiro. Assim tam-

 bém os manuscritos diferenciam no versículo 31 entre o primeiro('O TTpciòToç) e o último (ó uoiepoç ou eo^aioç). Mas, depois, arrependendo-se, fo i  (üoxepov ôe |aeT(x|ieA,r|0eiç

áiTfiÀGev). O filho que de fato fez a vontade do pai é aquele que, “ar-rependendose, foi” ,38 p,6TO|ieA.r|9ei<; (rnf|A.9ev. A palavra |ieTct|i,éA.o|icãrealmente significa “arrependerse”, “estar arrependido mais tar-de”. Esta palavra deve ser categoricamente diferenciada da palavra

[letavoÉcj, que é usada trinta e quatro vezes no Novo Testamento(por exemplo, Mateus 3.2), e da palavra lieravoícc, usada vinte equatro vezes (por exemplo, Mt 3.8). O verbo laeTa^éXo^ccL ocorreno Novo Testamento somente cinco vezes (Mt 21.29,32; 27.3; 2 Co7.8; Hb 7.21). Paulo diferencia categoricamente entre a mera triste-

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 Mateus 21

 z a e o arrependimento ativo quando ele chama [iczávoiav (2 Co 7.9). No caso de Judas, era mero remorso (Mt 27.3). Na história de Jesus,

o rapaz se arrependeu tanto por ter se recusado obstinadamente aobedecer ao seu pai que foi e obedeceu. A tristeza segundo Deusopera arrependimento (|aexávoiav), mas a tristeza egocêntrica não éarrependimento.

21.31.  Entram adiante de vós no Reino de Deus39  (Trpoáyouoivú[iâç elç if|v paaiÀeíav toO OeoD). “Na frente de vós” (Weymouth).

 No Reino dos céus, os publicanos e as meretrizes marcham à frente

dos eclesiásticos. É uma forte denúncia que revela o convencimentodos líderes teólogos judeus.21.32. No caminho de justiça (kv  óõcô ÕLKcuoaúvrii;). Na vereda

da justiça. Compare os dois caminhos citados em Mateus 7.13,14 e“o caminho de Deus” (Mt 22.16).

21.33. Circundou-a de um valado  (cjjpayiiòv' aiiicò TTepié0r|K:ev).Ou cerca como proteção contra os animais selvagens.

Construiu nela um lagar   (copu^ev kv  aircoò Àr|vòv), de pedrasmaciças para conter as uvas e o vinho enquanto fossem esmagadas. Edificou uma torreA0 (cÒKOÔó|j,r|aev Trúpyov). Era para os vinha-

teiros e os guardas (2 Cr 26.10). Portanto, foram tomados os maisextremos cuidados. Note “a cabana na vinha” (Is 1.8; ver tambémJó 27 18; Is 24.20).

 Arrendou-a  (è^éõexo), por contrato de aluguel, cujas cláusulas

não são dadas. Havia três formas de arrendamento: uma quantia emdinheiro, uma proporção da colheita ou uma quantidade definida do produto quer o ano fosse bom quer fosse ruim. Provavelmente, aúltima forma é a que está em vista aqui.

21.34. Os seus servos  (uouç ôoúÀoç oarcoü). Esses servos nãosão os “lavradores” 41  da vinha (yecopyolç, “trabalhadores da terra”)ou os trabalhadores da vinha que a arrendaram do pai de família an-

tes de ele ir embora. A conduta dos lavradores para com os servos do proprietário das terras descreve o comportamento do povo judeu edos líderes religiosos, em particular, aos profetas e, agora, a Cristo.O modo em que os judeus trataram os profetas de Deus ilustra ex-

 plicitamente essa parábola.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

21.37. Terão respeito a meu filho  (’EvxpamíaovTcu tòv ulóv|aou). Terceira pessoa do plural do futuro segundo passivo do indica-tivo de èvTpémo, “virar a”, mas usado transitivamente aqui como se

fosse ativo ou médio. É a cena de virar com respeito quando aparecealguém digno disso.

21.38.  Apoderemo-nos da sua herança42  (oxw(j,ev43  ir)vKA.ripovoiJ.Lay cüjtoü), primeira pessoa do plural do aoristo ingressivo ativo do subjuntivo (incitativo, volitivo) de exco. “Vamos

 pegar a herança dele.”21.41.  Dará afrontosa morte aos maus  (Kockouç koíkGliç

ccTToAioei ocikoúç). A paronom ásia ou assonância é muito clara.Uma expressão idiomática comum em grego literário. “Ele daráaos miseráveis uma morte miserável” (Weymouth).

Que  (oixiveç). “Quem” ou “os quais”, aqueles que são decaráter diferente.

21.42. A pedra que  (AíGov o), atração inversa do anteceden-te no caso do comparativo.

Os edificadores rejeitaram  (á'rceõoKÍ|j,o'a(xv ol olkoôo|íoüvxeç), de Salmos 118.22. Esses peritos em construir o Templo deDeus tinham rejeitado a pedra fundamental que Deus escolheu

 para a sua própria casa. Mas Deus tem a última palavra e despre-za os peritos em construção, e põe o seu Filho como a cabeça doângulo.

21.43. O Reino de Deus vos será tirado  (ápOriaerai ácj)’ í)|icôv

r] PaoiÀeía xoO 0eoC>), terceira pessoa do singular do futuro passivodo indicativo de aípco. Era o alarma da morte para a nação judaica,com as suas esperanças de liderança mundial política e religiosa.

21.44.  Despedaçar-se-á  (auv9Xoca9iíoeTai). Alguns manus-critos antigos não têm esse versículo. Mas ele descreve em ter-mos vívidos o destino daquele que rejeita Jesus. O verbo gregosignifica “estilhaçar”, “espatifar”. Estamos acostumados com os

danos causados quando um automóvel colide com um muro de pedra, uma árvore ou um trem.

 Ficará reduzido a pó44  (ÀiK|iiíoei aikóv). O verbo grego erausado para referirse a separar a palha e, daí, passou a ser usado

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 Mateus 21

 para aludir a reduzir a pó. Esse é o destino de todo aquele sobrequem essa pedra rejeitada cair.

21.45.  Entenderam45 (eyvtooav), terceira pessoa do plural doaoristo segundo ingressivo ativo do indicativo de yivgookgo. Não ha-via mal entendido quanto ao significado dessas parábolas. O maislerdo de entendimento conseguiria perceber o ponto.

21.46. [Porque] o tinham por profeta*6   (elç TTpoc|)r|Tr|v aírcòvélXov47), pretérito imperfeito descritivo de dyw,   “segurar”, “reter”.Esse medo do povo foi tudo que freou as mãos dos rabinos nessa

ocasião. A raiva assassina que nutriam por Jesus já estava no cora-ção deles.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“No monte das Oliveiras” (BJ).

2TR e TM têm a preposição upóç em vez de elç.

3TR e TM têm áirévavu em lugar de Kaxivavxi.

4 “Com um jumentinho ao lado” (NIV).5Há um uso semelhante mostrado em James Hope Moulton e George Milligan,

The Vocabulary o f the Greek Testament  (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), pp. 365, 366, e em G. Adolf Deissmann,  Light from the Ancient East: The  New Testament Illustrated by Recently Discovered Texts o f the Graeco-Roman World,  traduzido por L. R. M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1965), pp. 349367.

6“Montado” (ARA).

7“Num jumentinho, cria de animal de carga” (ARA).8TR e TM omitem o segundo c-ttú.

9G. Adolph Deissmann,  Bible Studies: Contributions, Chiefly from Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language, 2a ed., traduzido por A. Grieve (Edimburgo: T. & T. Clark, 1923), p. 161.

10“Sobre elas Jesus montou” (ARA). O nome  Jesus não consta no texto grego,mas está implícito pelo contexto.

11“A maior parte da multidão” (ARA).

12 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research (Nashville: Broadman, 1934), p. 670.

13“No chão” (NTLH).

14TR e TM omitem aútóy.

15TR e TM grafam o nome Aapíô; WH o grafa Aaueíô.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

16“Toda a cidade ficou agitada” (NVI).

17 Alexander Balmain Bruce, The Expositors Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 262.

18TR e TM têm xò lepòv tou 9eoC. Robertson comenta que o texto correto prova-velmente é com toü 8eoE>, embora seja o único exemplo da frase.

19“Covil de salteadores” (ARA).

20 “Preparaste” (BJ); “suscitaste” (NVI).

21 “Pode significar ‘casa das tâmaras’.” A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York: Macmillan, 1911), p. 222.

22“Onde pernoitou” (ARA).

23“Nunca mais produzas fruto!” (BJ); “nunca mais dê frutos!” (NVI).24 Robertson, Grammar, pp. 926, 927.

25 “No mesmo instante” (BJ); “na mesma hora” (NTLH).

26 Joseph Henry Thayer, Greek-English Lexicon o f the New Testament   (NovaYork: American Door, 1889), p. 487.

27 Brace, Expositor s, p. 264.

28 Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint  

 Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 291.29 “Se crerem” (NTLH; NVI).

30 Plummer, Matthew, p. 291.

31 “Eu também vos farei uma pergunta” (ARA).

32 “Quem deu autoridade a João para batizar?” (NTLH).

33WH tem a grafia ’ Iwávou.

34 “E discutiam entre si” (AEC).

35TR e TM usam uma preposição diferente m p ’ èctuToíç.36 “Imediatamente, viram as duas opções desagradáveis entre as quais tinham de

optar. Se admitissem a origem divina do batismo de João, a réplica mordaz erademasiadamente patente. Se a negassem, eles não prejudicariam Jesus com o

 povo, mas só prejudicariam a si mesmos. Estavam verdadeiramente num becosem saída lógico” (Robertson, Commentary on Matthew, p. 225).

37 Muitos manuscritos lêem assim, embora o manuscrito Vaticano (B) tenha aordem dos dois filhos invertida.

3S“Mudou de ideia e foi” (NTLH; NVI).39 “Vos precedem no reino de Deus” (ARA).

40 “Construiu uma torre para o vigia” (NTLH).

41 “Vinhateiros” (BJ).

42 “Tomar a sua herança” (NVI).

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 Mateus 21

43 TR e TM têm o verbo Kctiáaxw|iev.

44 “Ficará esmagado” (BJ).

45 “Perceberam” (BJ); “sabiam” (NTLH).46  “Elas o consideravam profeta” (NVI).

47 TR e TM têm úç Trpoc|DT|TT|v amòv eixov.

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Capítulo

22

 MateusíSíSMSMMMSMMSMISMMSMMSMMSISraMSÍSJ

22.1.  Jesus  [...] tornou a falar-lhes em parábolas  (ó ’Ir|ooGçTiáXiv  eiTTev kv  uapaPoÀoâc aúxoiç). Mateus já apresentou a Parábolados Dois Filhos e a Parábola dos Lavradores Maus. Só ele registraa Parábola das Bodas. É semelhante à Parábola da Grande Ceia (Lc14.1623), mas esta é de outra ocasião. Certos estudiosos conside-ram que essa é a versão de Mateus da parábola de Lucas, só que estáno lugar errado. Mateus tende a agrupar as declarações de Jesus.

Mas aqui a palavra uáÀiv indiscutivelmente situa essa parábola emcerta ocasião particular. Alguns críticos opinam que Jesus nuncadisse essas palavras. Pensam que são os esforços do escritor paratratar do pecado e destino dos judeus, da chamada dos gentios e daexigência de Deus por justiça. Não há evidência que apóie a alega-ção de que a parábola não pertence a essa ocasião ou que não seja deJesus. Essas parábolas se ajustam ao estilo de Jesus como contador

de histórias e se adaptam à ocasião.22.2.  As bodas1 (ycqaouç). O plural, como aqui (vv. 2,3,4,9), é

comum nos papiros para referirse a festas de casamento. As festas poderiam ser feitas várias vezes em um período de dias. Houve seteem Juizes 14.17. Uma forma da frase usada aqui (yá^ouç uoielv)

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ocorre no grego dórico de Santorini, ilha do mar Egeu, cerca de 200a.C. O singular yáuoç é comum nos papiros para aludir ao contrato

de casamento, mas Frederick Field2 não vê diferença entre o singu-lar aqui em Mateus 22.8 e o plural (ver também Gn 29.22; Et 9.22;1 Macabeus 10.58).

22.3.  A chamar os convidados  («odeoai toíjç KÉKÀrpévouç).“Talvez um jogo de palavras inconsciente: ‘a chamar os chama-dos ’ .” 3 Era costume judaico convidar uma segunda vez os que játinham sido convidados (Et 5.8; 6.14). Os profetas de antigamente

tinham feito o convite de Deus para o povo judeu. Agora, JoãoBatista e Jesus tinham feito o segundo convite dizendo que o ban-quete já estava pronto.

 E estes não quiseram vir4  (kocI oúk fíGelov èÀGeív). Este preté-rito imperfeito negativo caracteriza a recusa inflexível dos líderes

 judeus em aceitar Jesus como o Filho de Deus (Jo 1.11). Esta é “ATragédia Hebraica” .5

22.4. O meu jantar  (tò ãpioxóv [iou). E o desjejum, não o jan-tar. Em Lucas 14.12, ocorrem as duas palavras apiotov (desjejum)e ôeiTTvov (jantar). Essa refeição do meiodia, como o desjejumfrancês ao meiodia, às vezes se chamava õeiTTvov n,eorinppivóv(jantar ou almoço do meiodia). O jantar regular (ôeliTvov) ocorriaà noite. A confusão surgiu por aplicar apiotoy à refeição inicialmatutina e, então, à refeição do meiodia (alguns não fazem uma

refeição mais cedo). Em João 21.12,15, àpioraco é usado para alu-dir à refeição inicial matutina: “Quebrar o jejum” (ápiatiíoate).Quando apiotov era aplicado ao almoço, como a palavra latina

 prandium,  àKpáxio|act era o termo aplicado ao desjejum de manhãcedo.

Os meus  [...] cevadosb (tà oLtiotà). Substantivo verbal deoltlCgo, “alimentar com trigo ou outro grão”, “engordar”. Animais

cevados ou gordos.22.5.  Eles, não fazendo caso  (áiieÀiíaavTet;), literalmente,“desprezando”, “não se importando com”. Desprezar um convitede festa de casamento é uma descortesia grosseira. Podem até terridicularizado o convite, mas o verbo não diz isso.

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 Mateus 22

Um para o seu campo, e outro para o seu negócio7  (oç |ièveiç xòv ’íõlov áypóv, oç ôè êiu tf|y e|iTTopíav aútoíj8). Este éo único exemplo de è[iTTopíav no Novo Testamento, derivado de6)iTropoç “mercador”, “negociante”, “aquele que viaja para comer-ciar” (é^iTTopeúo|iai).

22.7.  Exércitos9 (aTpcaeúnara). Tropas de soldados, não exér-citos principais.

22.9.  As saídas dos caminhos10  (tàç õie^óõouç rây óõcôv). A palavra õioõoí significa as ruas transversais, ao passo que a pa-lavra ôie^óôoi (combinação dupla) dá a entender que são as ruas

 principais que conduzem para fôra da cidade, das quais tambémse ramificam as ruas laterais, “caminhos secundários”, “atalhos”,“becos”.

22.10 .A festa nupcial 11  (ó yá[ioç). Mas WH lê corretamente óvu|icj)cóv, “sala do banquete de casamento”. A mesma palavra ocor-re em Mateus 9.15 e significa a “quarto de dormir da noiva”.

22.12.  Não tendo veste nupcial   ((j,f| excov <Évõu|ia yá|iou). A palavra \ir\  está no KolvtÍ, o   negativo habitual com particípios, amenos que se deseje dar ênfase especial na negação, como emo i ) K évôeõi^évov. Há uma diferença sutil entre \ir\  e oú, como asnoções subjetivas e objetivas de outras línguas. Certos estudiososdefendem que a roupa de casamento aqui é parte de uma parábola

 perdida independente da Parábola das Bodas. Mas não há provasque sustentem tal ideia. Wunsche relata que um rabino contou a

 parábola de um rei que não marcou a hora para a festa de casa-mento e alguns convidados chegaram adequadamente vestidos es-

 perando à porta, ao passo que outros entraram com as suas roupasde trabalho. Os que estavam inadequadamente vestidos não espe-raram, mas foram trabalhar. Quando o convite chegou de repente,eles não tiveram tempo para vestirse apropriadamente. Eles fo-ram colocados em determinado lugar para ficar vendo os outros

 participarem do banquete. E ele emudeceu  (ó ôè ècp i(j.oS9ri). Ele foi amordaçado, mudo de

confusão e embaraço. A palavra grega é usada acerca da boca do boi(1 Tm 5.18).

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 Mateus 22

Sem te importares com quem quer que seja20 (ov  yàp pAiireiçelç TTpóocouov ávGpoóiTCjOv). Literalmente, “tu não olhas no rosto dos

homens”. Levar em consideração a aparência é o pecado da par-cialidade, o qual é condenado em Tiago 2.1,9, quando as palavrasTTpooGúTToA.rp\j/ícaç;, npoGOOTTOÀri iTíTeixe são usadas em imitação doidioma hebraico. Esse elogio insincero dava a entender “que Jesusera um simplório descuidado” .21

22.19.  Mostrai-me a moeda do tributo22  (êiTiôeíÇaxé |íoi xòvóp,io[ia xofi kt|Voou). Kf|vaoç, o censo em latim, era a capitação, 

ou seja, o imposto pago por cabeça, tributum capitis,  para o qualforam cunhados os denários de prata com a imagem de César e umainscrição, por exemplo, “TLpepíou Kcáootpoç” 23 A palavra vó|iio|ic6

é a palavra latina numisma e só ocorre aqui no Novo Testamento. Ecomum no grego antigo, derivada de vo|_lÍ(go, significa “sancionado

 por lei ou por costume”.22.20. De quem é esta efígie e esta inscrição?24  (Tívoç f] eiKÓv

ccuxri Kcà f| êTTiypoajrri). Era provavelmente uma moeda romana porcausa da imagem (figura) que havia nela. Herodes, o Grande, evitouessa prática por causa do preconceito judaico, mas o tetrarca Filipea introduziu nas moedas judaicas e foi seguido por Herodes AgripaI. Com certeza essa moeda foi estampada em Roma com a imageme nome de Tibério César.

22.21.  Dai25  (Airóôoxe). “Dai de volta” a César o que já é de

César. “A própria inscrição no dinheiro era um reconhecimento dedívida a César. O imposto não era um presente, mas uma dívidaem troca de lei, ordem e estradas. Há o dever ao estado e o dever aDeus. Jesus já endossara o imposto do Templo. A ‘efígie e inscri-ção’ indicavam a autoridade do imperador que cunhara a moeda. Asduas esferas são distintas, mas ambas existem. O cristão não deveesquivarse de nenhuma das duas.” 26

22.24. Casará o seu irmão com a mulher dele27  (èiuyoqappeúoeió áõeA.cj)òç aüxoí) xt]v yuvaiKa aúxoü). Os saduceus estavam “que-rendo diversão em vez de causar dano mortal” .28 Era provavelmenteum antigo enigma que eles usaram para derrotar os fariseus. Esta

 passagem é citação de Deuteronômio 25.5,6. A palavra só ocorre

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

aqui no Novo Testamento e em outro lugar somente na LXX. É usada para referirse a qualquer ligação por casamento, como em Gênesis

34.9 e 1 Samuel 18.22. Mas em Gênesis 38.8 e Deuteronômio 25.5é usada especificamente em alusão ao levirato, que é a instituiçãomatrimonial que impunha à viúva casarse com o irmão do falecidomarido.

22.33.  Ficaram maravilhadas  (è^eTTA.iíaaovTo). A terceira pes-soa do plural do pretérito imperfeito passivo descritivo do indicati-vo mostra o assombro e admiração permanente das multidões.

22.34.  Ele29 fizera emudecer os saduceus  (écj)L|_icooev touçSaôôouKcáouç). Jesus amordaçara os saduceus. Os fariseus não pu-deram se conter de alegria, embora tivessem se unindo com os sa-duceus para tentar apanhar Jesus em alguma falta.

 Reuniram-se no mesmo lugar 30  (auvqxÔTloav èui tò carcó).Terceira pessoa do plural do aoristo primeiro passivo do indicativo,“foram reunidos junto”. ’E ttI t ò   ocútó   explica mais completamente

auv (ver também At 2.47). Eles “reuniram as forças” (Moffatt).22.36. Qual é o grande mandamento da lei?31 (uoía èvTOÀf)

|0,eyáA.r| kv  xtô vÓ|íq). O adjetivo positivo é, às vezes, de nível tãoalto quanto o superlativo. Ver |_iéyaç em Mateus 5.19 em contrastecom êA.áxi0T0ç. No Novo Testamento, o superlativo |iéyiOTOç sóocorre em 2 Pedro 1.4. Possivelmente, esse escriba desejava saberqual era o primeiro mandamento (Me 12.28) na opinião de Jesus.

“Os escribas declararam que havia duzentos e quarenta e oito pre-ceitos afirmativos, tantos quantos os membros do corpo humano; etrezentos e sessenta e cinco preceitos negativos, tantos quantos osdias do ano, totalizando seiscentos e treze, o número das letras dodecálogo.” 32 Mas Jesus corta caminho por tais minúcias e vai diretoao cerne do problema.

22.42. Que pensais vós do Cristo?  (TÍ Ú|_llv ôokêl uepl toú

XpioToü). Aqui, Jesus entende que o Salmo 110 se refere ao Messias.Por meio dessa pergunta contundente sobre o Messias ser o filho eo Senhor de Davi, ele força os fariseus a enfrentar o problema dadeidade e humanidade conjunta do Cristo. “Eles mantinham pontosde vista divergentes acerca do Messias” ,33  e provavelmente nunca

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tinham enfrentado esse texto antes. Eles não souberam o que res- ponder.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“As núpcias” (BJ); “uma festa de casamento” (NTLH); “um banquete de casa-mento” (NVI).

2Frederick Field,  Notes on the Translation o f the New Testament   (Reimpressão,Peabody, Massachusetts: Hendrickson, 1994).

3Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 119.

4 “Mas eles não quiseram vir” (NTLH).

5C. R. Conder, The Bible and the East   ( Edimburgo: W. Blackwood, 1896).

6“Gordos” (NTLH).

7“Um foi para a sua fazenda, e outro, para o seu armazém” (NTLH).

8TR e TM têm ô ô 5é.

9“Tropas” (BJ; ARA).

10“As encruzilhadas dos caminhos” (ARA); “às esquinas” (NVI).

11 “A sala nupcial” (BJ); “o salão de festas” (NTLH); “a sala do banquete de ca-samento” (NVI).

12“Lançaio para fôra, nas trevas” (ARA).

13TR e TM têm Spate aikòv k <x! eKpalete eíç tò okotoç tò èÇútepov13.

14A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew (Nova York:Macmillan, 1911), p. 229.

15“Pois muitos são convidados, mas poucos são escolhidos” (NTLH).

16“Então os fariseus saíram” (NVI).17“E começaram a planejar” (NVI).

18 “Como apanhálo por alguma palavra” (BJ); “um meio de enredálo em suas próprias palavras” (NVI).

19TR omite o iota subscrito ' Hpwôiavwv.

20 “Não dás preferência a ninguém” (AEC; BJ); “tu não te deixas influenciar porninguém” (NVI).

21 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 274.22 “Mostremme a moeda usada para pagar o imposto” (NVI).

23 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 319.

 Mateus 22

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

24 “De quem são o nome e a cara que estão gravados nesta moeda?” (NTLH).

25 “Devolvam” (NVI, nota de rodapé).

26 Robertson, Commentary on Matthew, p. 231.27 “Seu irmão deverá casarse com a viúva” (NVI).

28 Bruce, Expositor 's, p. 275.

29 O nome  Jesus  não está explícito no texto grego, mas implícito (cf. NTLH; NVI).

30 “Reuniramse em grupo” (BJ); “reuniramse em conselho” (ARA).

31 “Qual é o maior mandamento da Lei?” (BJ; NVI).

32Vincent, Word Studies,  p. 122.

33Robertson, Commentary on Matthew, p. 234.

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Capítulo

23

 Mateus23.2. Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fa

riseus1  (’EttI Tfjç Moolkséooc;2  KaGéôpac; exáGioav oi ypaii(J,ateiç tcoàoi $apiacâoi). Este é o tempo aoristo gnômico ou infinito, ètcáBurav,não o aoristo para o perfeito. A “cadeira de Moisés” significa o ofí-cio de intérprete de Moisés. “Os herdeiros da autoridade de Moisés

 podem, por tradição ininterrupta e como catedráticos, fazer pronun-ciamentos sobre os ensinos mosaicos.” 3

23.3. Porque dizem e não praticam4 (ÀéyoixJiv yàp kk'l oò ttoioü

oiv). “Como mestres, eles têm o seu lugar, mas tomem cuidado paranão seguirlhes o exemplo.” 5

 Não procedais em conformidade com as suas obras6  (Kccxà ôèxà epya aikdòv [aí] uoteite). Não pratiqueis as suas práticas. Aqui,Jesus não desaprova o ensino dos fariseus como ele faz em outrasocasiões. O que Jesus quer dizer aqui é que eles não praticam o queensinam como Deus o vê.

23.4.  Eles, porém, nem com o dedo querem movê-los1 (autoiôè tw ôocktÚAxo cojtgôv oi) 9éA.ouoiv Kivf|aoa aúxá 8). Um provérbio

 pitoresco. Os escribas e fariseus são chefes de serviço e não carre-gadores de fardos ou ajudantes solidários.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

23.5.  E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens  (uccvto õè xà epya aúxuv Troioíjaiv irpòç xò 9ea9f)vca xoiç

ày0pGÓnoiç). Este linguajar ocorre em Mateus 6 .1. A imagem públicaregula a conduta dos rabinos.

 Pois trazem largos filactérios9  (ttàcixÚvouo lv yàp xà4)uA.axxr|pia;10). A palavra cjjuÀíXKXiípia é um adjetivo de cj)uA.ctKxr|p,(jjuláooQ (“guardar”, “salvaguardar”). O termo se refere a “lugarfortificado”, “posto avançado” ou “guarnição”. Mas no uso rabínicosignificava uma salvaguarda de proteção, como um talismã ou amu-

leto. Os rabinos usavam tefilins ou “filetes de oração”, “filactérios”,que eram caixinhas de couro com quatro tiras de pergaminho. Emuma tira de pergaminho estava escrito o texto de Êxodo 13.110,na segunda tira, o texto de Êxodo 13.1116, na terceira, o texto deDeuteronômio 6.49 e na quarta, o texto de Deuteronômio 11.1321.Eles tomavam literalmente as palavras “sinal na tua mão”, “testeirasentre os teus olhos” e “frontais entre os teus olhos”. O filactério da

testa (“testeira”, “frontal”) era uma caixinha com quatro comparti-mentos, cada uma contendo uma tirinha de pergaminho com umadas quatro passagens escrita. Cada tira era amarrada com um pêlo

 bem lavado do rabo de bezerro. Uma linha das fibras poderia ficarcontaminada por mofo. O filactério do braço continha uma únicatirinha de pergaminho, com os quatro textos escritos em quatro co-lunas de sete linhas cada. Era preso ao braço esquerdo por tiras de

couro pretas enroladas sete vezes ao redor do braço e três vezes aoredor da mão. Os rabinos tinham em elevada conta esses talismãs,reverenciandoos tanto quanto as próprias Escrituras. Os rolos dasEscrituras e essas caixinhas eram as únicas posses que poderiam sersalvas de incêndio em dia de sábado. Eles imaginavam que Deususava filactérios.11  Jesus ridiculariza tamanha preocupação minu-ciosa por exterioridade e literalismo pretensioso. Hoje, os judeus

ultraortodoxos usam filactérios na testa e no braço esquerdo duran-te a oração matinal diária.12  “O tamanho dos filactérios indicava amedida do zelo, e o uso de filactérios grandes tendia a tomar o lugarda obediência.” 13  Por conseguinte, eles os faziam “largos”. Os su-

 persticiosos os usavam como meros talismãs para repelir o mal.

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 Mateus 23

 Alargam as franjas das suas vestes14  ([ieyaÀúvouaiv tàKpáoTTÉÔa). Em Mateus 9.20, vemos que Jesus, como os judeus em

geral, usava uma borla, bainha ou borda, uma franja na roupa exte-rior confeccionada de acordo com Números 15.38. Nesse quesito,os rabinos judeus tinham regras minuciosas sobre o número dos fiose dos nós da franja (ver análise em Mt 9.20). Eles consideravam otamanho das franjas uma virtude. “Tais coisas eram úteis como lem-

 bretes; mas eram fatais quando consideradas como talismãs .” 15

23.6. Amam os primeiros lugares nas ceias ((jHÀoûoiv ôe16

TTpcjOtOKlLoíay kv  Toíç ôeííTvoiç). Literalmente, este é o primeirolugar reclinado no divã às refeições. Os persas, gregos, romanose judeus diferiram de costume, mas todos queriam o lugar de hon-ra nas ocasiões formais e solenes. O equivalente contemporâneo ésentarse à cabeceira da mesa. Na última Páscoa, que estava a ape-nas dois dias dessa exposição de fatos comprometedores dos fari-seus na presença dos apóstolos, os apóstolos tiveram uma altercação

vergonhosa sobre este mesmo ponto de precedência (Lc 22.24; Jo13.211).

 E as primeiras cadeiras nas sinagogas17 (  ku \  zkc TrpcoxoKaGeôp íaçkv  raiç auvayojycâç). “Uma fome insaciável por proeminência .” 18

Esses assentos principais estavam na plataforma que dá para a audi-ência e com as costas para a caixa na qual guardavam os rolos dasEscrituras. Os essênios tinham um arranjo diferente. Hoje em dia,

as pessoas pagam preços elevados pelos primeiros lugares no teatro,mas preferem os últimos lugares na igreja.

23.7. E as saudações nas praças19  («ai touç àcmao^oúç kv  tcciçáyopcâç). Os rabinos gostavam extremamente e procuravam avida-mente a mesura pública e a atenção especial. Queriam que todosapoiassem e aprovassem a sua dignidade ministerial, como algunsno ministério profissional ainda hoje fazem.

23.8. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi20  (ò|ieíç ôèl_if| KÀr|0r]T(, 'Pappí), um evidente aparte para os discípulos. Notea posição enfática de í)|_ieiç. Certos estudiosos consideram que osversículos 8 a 10  sejam uma adição posterior ou que não façam par-te desse discurso aos fariseus. No seu comentário aos Evangelhos,

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Eutímio Zigabeno, o mongeexegeta e estudioso do século XII, diz:“Não busqueis ser chamados (aoristo ingressivo do subjuntivo),

se os outros vos chamarem assim não será culpa vossa”. Isso nãoestá longe do que o Mestre quer dizer. Rabi significa “meu grande”,“meu mestre”, pelo visto um título comparativamente novo nos diasde Cristo.

23.9.  E a ninguém na terra chameis vosso pai  ( k o u   ucaépoc |ir]Ka/ior|Te úficõv ctt! xrjç yriç).21 No jardim do Getsêmani, Jesus disse:“Aba, Pai” (Me 14.36). Com certeza, a atribuição de “pai” ao papa

e padre está em desacordo com o que Jesus diz aqui. Não devemosentender que Ele esteja condenando o título que damos ao nossoverdadeiro pai terreno. Jesus deixa que as exceções se complemen-tem por si mesmas.

23.10.  Nem vos chameis mestres22  (|_ir|õè KA.r|GfjT€ Ka6r|yr|TaL).Esta palavra só ocorre aqui no Novo Testamento. Achase nos pa-

 piros para aludir a “mestre” (latim, doctor). É a palavra grega mo-

derna para dizer “professor”. “Enquanto ôiôáoK<xA.oç quer dizer Rab, KaGriyriTJiíç significa o mais honroso  Rabban  [“mestre”], |3ov.” 23

Gustaf Dalman propõe que a mesma palavra aramaica possa ser tra-duzida por õiõáoKcdoç ou KaGriyTycriç.

 Porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo24  (òxi KaGr|yr|Tf|çí)[ic3v êoTiv eíç ó Xpiotóç 25). Certos estudiosos sustentam queJesus não teria usado essas palavras aqui, assim como Ele não disse

“Jesus Cristo” na sua oração em João 17.3, e que as palavras foramacrescentadas pelo evangelista ao que Jesus de fato disse, visto queo Mestre não teria se descrito assim. Mas ele recomendou que Pedroo chamasse “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16,17). Nãodevemos esvaziar demasiadamente a consciência de Jesus.

23.12.  E o que a si mesmo se exaltar   (ootiç õe ín|/cóoei. eauróv).E um tanto quanto semelhante a Mateus 18.4 e 20.26. Lucas apre-

senta a mesma declaração em outros contextos (Lc 14.11; 18.14).Isso é característico de Cristo.23.13,14.  Mas ai de vós, escribas efariseus, hipócritas!26  (Ouai

õè Ypoq4 urüeiç «ai í>apiooâoi ÚTTOKpuaí). Jesus usa a terrível palavra oim (“ai”) em repetição impressionante27 nos versículos 13,

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 Mateus 23

15, 16, 23, 25, 27 e 29. O verbo na voz ativa (wroKpívco) significava“separar lentamente ou ligeiramente sujeitar a investigação gradu-al”. A voz média era “fazer resposta”, “assumir um papel no pal-co”, “desempenhar um papel”. Veio a significar “fingir”, “fazer deconta”, “usar uma máscara”, “agir como hipócrita” ou “representarum papel”. Essa palavra mais dura recai sobre os lideres religiosos

 — os escribas e fariseus — , que tinham justificado essa manifesta-ção inesperada de ira pela sua conduta para com o Messias e o seutratamento das coisas celestiais e santas. Alfred Plummer cita essessete ais como outro exemplo do gosto de Mateus pelo número sete.28

Essa observação se deve mais à fantasia de Plummer do que aosfatos. O Evangelho de Mateus não é o Apocalipse de João. Note quetodos os ais são ilustrações do dizer  e não praticar  dos fariseus.29

 Pois que fechais aos homens o Reino dos céus30  (otl Kleíeijerf]v paoiÀeíav i(òv  oí)pavá)v e|iTrpoa9ev tgõv áyGpGÓucov). Em Lucas11.52, os doutores da lei são acusados de manter a porta da casado conhecimento fechada e tirar a chave para que eles e o povo

 permaneçam na ignorância. Pelo seu ensino, esses guardas do reinoobscureceram o caminho para a vida. É uma tragédia pensar que os

 pregadores e ensinadores do Reino de Deus podem trancar a porta para os que tentam entrar (uouç doepxojiévouç, acusativo conativo particípio do depoente médio/passivo do presente masculino plural).Esses porteiros do reino batem a porta na cara das pessoas, estandoeles mesmos do lado de fôra onde permanecerão. Escondem a chave

 para impedir que outros entrem.23.15. O fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós 

(TToieiTe aúüòv ulòv yeéwrjç õiTrÀÓTepov í)(_i(T>v). E um converti-do ao farisaísmo e não ao judaísmo que diz respeito ao termo “um

 prosélito” 31  (éva  upocníXuTOv), derivado de TTpooépx,o|ica, “recémchegados”, “recémvindos”, “estrangeiros”. Havia dois tipos de

 prosélitos: 1) os prosélitos da porta que não eram judeus verdadei-ros, mas indivíduos tementes a Deus e simpatizantes do judaísmo,como Comélio; e 2) os prosélitos da justiça que eram circuncidadose se tornavam judeus verdadeiros. Uma porcentagem muito peque-na desse segundo grupo se tornava fariseus. Havia uma literatura

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 judaica helenística (inclusive os escritos de Fílon e os OráculosSibilinos) escrita exclusivamente para atrair os gentios ao judaísmo.Mas o zelo missionário dos fariseus para percorrer o mar e a terra

(TTepiáYete, “ir em volta de”, “circular”) era um fracasso relativo. E osucesso era até pior, diz Jesus claramente. A palavra òlttâoíjç (“duasvezes mais”, “duplo”, “dobro”) é comum nos papiros. O comparati-vo é usado, como de ôittâóç. A forma comparativa também aparecenos escritos do historiador Apiano. Note o ablativo de comparaçãoú|icoy. O “filho da geena” significa alguém adaptado ou sob medidae, portanto, destinado para a geena. “Quanto mais convertido mais

 pervertido”, disse H. J. Holtzmann. Em sentido especial, os fariseusdeclaravam ser os filhos do Reino (Mt 8.12). Eles eram mais parti-dários do que devotos.

23.16.Aidevós , condutores cegos! (Oual u|ílv, óôriyol ti4>A.oí). Note neste terceiro ai a omissão das palavras “escribas e fariseus,hipócritas” . Em Mateus 15.14, Jesus já dissera que os fariseus eram“condutores (líderes) cegos”. Jesus explicara em Mateus 5.3337

que eles perdiamse em minúcias acerca dos juramentos, como, porexemplo, fazer diferença entre o Templo e o ouro do Templo.

 Mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor 32  (oç õ’a\v  ò[ióoT] kv  tcô XPU0V TC)ú wtoü, ôcjjetÀei). Tal indivíduo deve oufica preso pelo juramento que fez. Não é que ele seja culpado, comoa uma multa ou pagamento.

23.17.  Insensatos e cegosZ33  ((acopol kkI TixfjÀoí). Em Ma

5.22, Jesus já chamara a atenção para o perigo de dizermos, no ímpe-to da raiva, que alguém é ((_icopóç, mas aqui ele descreve a estupidezdos fariseus cegos como classe. “O texto mostra que o que realmen-te importa não é a palavra, mas o espírito no qual foi proferida .” 34

23.23.  Dais o dízimo35  (àTioõeKatoÜTe). O dízimo tinha de ser pago “de toda a novidade da tua semente” (Lv 27.30; Dt 14.22).A palavra dízimo  significa “décimo”, “a décima parte”. As peque-

nas ervas aromáticas, hortelã (tò fiôúoa|_iov, “cheiro doce”), endroou ervadoce (tò avr|9ov) e cominho (tò kÚ|ílvov, “com sementesaromáticas”), mostram a consciência escrupulosa dos fariseus emdizimar mercadorias comerciáveis. “O Talmude conta a história de

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 Mateus 23

um jumento de certo rabino que fôra treinado a recusar comer grãosdos quais não foram tirados o dízimo.”36

 Deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas37  (xaü

xa ôè eÔÉL iToif)aoa KKKelvK [_if] àcj)iévou38). Jesus não condena dar odízimo. O que Ele condena é dar o dízimo e ao mesmo tempo des-

 prezar “o mais importante da lei” 39  (xà (3ctpúxepa). Os fariseus eramexterioristas (cf. Lc 11.3944).

23.24. Coais um mosquito  (ol õiüÀÍCovxec; xòv kgÓvgottoc). Efiltrar através de (dia,), não “coar em” para engolir.

 E engolis um camelo  (xf)v õè Ká|ir|Àov Kaxcnúvovxeç). Tragarou beber de um gole o camelo é hipérbole oriental semelhanteao que ocorre em Mateus 19.24 (ver também Mt 5.29,30; 17.20;21.21). Insetos e camelos eram cerimonialmente imundos (Lv11.4,20,23,42). De acordo com os rabinos, “aquele que mata uma

 pulga no sábado é tão culpado quanto se matasse um camelo” .40

23.25.  Mas o interior está cheio de rapina e de iniquidade41

(eocoGev õè yéfiouoiv àpuayriç Kal áKpaaíac;). Acusação séria.Esses observadores de cerimônias exteriores, na sua falta de contro-le, não se recusavam ao roubo (ápTTayfiç) e ao suborno (àKpaaíaç).Este é um quadro moderno de maldade em altos cargos — tantocivis quanto eclesiásticos —, onde a moralidade e a decência sãoimpiedosamente espezinhadas.

23.26. Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo  (KaGápioov upcòxov xò êvxòç xoü'noxrpúoi), 'iva yévr|xai Kal xò êkxoç aúxoü KaGapóv). A ideia é que o“exterior” (èKxóç) e o “interior” (êvxóç) do copo e do prato (prato quetem o lado bom) estejam limpos, mas o interior é o mais importante.

 Note a mudança para o singular no versículo 26, como se Jesus emtom mais amigável rogasse que um fariseu mudasse de caminho.

23.27. Sois semelhantes aos sepulcros caiados  (iTapo[j.oiá(exÉxácj)oiç KÉKOViafiévoií;). O dativo plural masculino do particípio pas-sivo perfeito é derivado de Koviáw, e daí de Kovía. Jesus não estáfalando dos sepulcros dos prósperos, que eram emaWiados YiàTOdYà,mas dos sepulcros de pessoas de classe mais baixa, os quais pon-tilhavam os campos e as margens de estrada. A coloração branca

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

era em virtude da aplicação de pó de cal. Quando Jesus falou essas palavras, os sepulcros tinham sido recentemente caiados. Os sepul-cros eram caiados um mês antes da Páscoa para que os viajantes osidentificassem e evitassem ficar impuros por tocar num deles (Nm19.16). Em Atos 23.3, Paulo chamou o sumo sacerdote de “parede

 branqueada!”23.29.  Edificais os sepulcros dos profetas42  (oLkoòo[j.cl

té toíjç xácjiouç tcÔv iTpocjnTucôv). Eles estavam testemunhandocontra si mesmos (ékdtoíç, Mt 23.31; cf. Lc 11.4852). “Esseshomens que professavam estar tão consternados pelo assassíniodos profetas, estavam maquinando a morte daquEle que, de lon-ge, era maior que todos os profetas .” 43  Há quatro monumentoschamados popularmente os Sepulcros dos Profetas situados aosopé do monte das Oliveiras. Foram identificados com Zacarias,Absalão, Josafá e o apóstolo Tiago. Há muito que se esqueceu overdadeiro propósito por que foram construídos, mas eles datamaproximadamente do século I. Concebivelmente, um ou maisdesses monumentos poderia ter estado em construção na ocasiãoem que Jesus proferiu essas palavras. As acusações deste sétimoe último ai aplicavamse a toda a nação judaica, e não somenteaos fariseus.

23.32. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais44 (k a i úiaeiçTTÃrípcóoaTe uò liétpov tcôv naTépcov úfjcôv). Alguns manuscritosenfraqueceram a ironia extremamente mordaz neste mandamen-to colocandoo no futuro do indicativo (tTXrípcóoeTe). “Enchei amedida de vossos pais; coroai os crimes deles matando o profetaque Deus vos enviou. Fazei, afinal, o que há muito tempo está emvosso coração. Chegou a hora .” 45

23.33. Serpentes, raça de víboras/46  (oc^eiç, yevvrparaéxLÔvcôv). Essas palavras devastadoras são um clímax remanes-cente das palavras semelhantes ditas por João Batista (Mt 3.17).Jesus fez a mesma caracterização no seu diálogo com os fariseusdepois que eles o acusaram de estar em conluio com Belzebu (Mt12.34). Certa maldição no Talmude diz mais ou menos assim: “Aida casa de Anás! Ai dos seus ceceios semelhantes às serpentes”.

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 Mateus 23

Como escapareis da condenação do inferno?41  (ttwç 4)úyr|T6ocTrò Tf|ç KpLoeooç xrjç yeéwriç). Subjuntivo deliberativo.

23.35.  Zacarias, filho deBaraquias  (Za^apíou ulou Bapaxíou).

John Broadus48 oferece as explicações alternativas sobre a razão dea frase “filho de Baraquias” ocorrer aqui, mas não em Lucas 11.51.A explicação habitual é que a referência seja a Zacarias, filho deJoiada, o sacerdote que foi morto no pátio do Templo (2 Cr 24.2022). Não sabemos como as palavras, “filho de Baraquias”, entraramem Mateus. No caso de Abel, há a predição do ajuste de contas peloseu sangue derramado (Gn 4.10) e há a mesma predição acerca da

morte de Zacarias (2 Cr 24.22).23.37. Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos49 (-nooÚKiç 

f|0éÀr |oa  èuiauvaYaYeiv  zà  xéKva oou). Mais exatamente, “quantasvezes eu ambicionei ajuntar para mim” (infinitivo composto duplo).0 mesmo verbo (émauváYei) é usado para referirse à galinha coma preposição composta uTioKáxu. Em uma cultura em que galinhas

 perambulavam livremente, não era incomum ver uma galinha ajun-

tar os pintinhos às pressas debaixo das asas quando desconfiasse dehaver perigo. Essas palavras nos lembram as visitas prévias de Jesusa Jerusalém, as quais são descritas com mais detalhes no Evangelhode João.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1 “Os escribas e fariseus estão sentados na cátedra de Moisés” (BJ).2TR e TM têm a grafia Mcoaéuç; WH tem Mcouaécoç.

3Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 329.

4 “Pois não praticam o que pregam” (NVI).

5 Alexander Balmain Bruce, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 278.

6“Mas não façam o que eles fazem” (NVI).

7 “Mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregaresses fardos” (NTLH).

8 TR e TM têm t u ôé tw 5aKiúA.cp aüxw v oú GéÀoixuv Kivf | aa i aú rá .

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

9“Pois alargam os seus filactérios” (ARA).

10TR e TM têm ôé em lugar de yáp.

11 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 123.

12McNeile,  Matthew, p. 330.

13Bruce,  Expositor s, p. 279.

14“Encompridam as franjas das suas vestes” (AEC).

15Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), pp. 314319.

16TR e TM têm te em lugar de ôé.

17“E [os] assentos mais importantes nas sinagogas” (NVI).18Bruce,  Expositor ’  s, p. 280.

19“Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças” (NTLH).

20 “Vós, porém, não sereis chamados mestres” (ARA).

21 Robertson tinha uma opinião muito mais elevada sobre o termo á(3(3S do quea maioria dos estudiosos. Citando McNeile,  Matthew,  p. 331, sobre este que-sito, Robertson escreve: “Jesus quis dizer o pleno sentido desta palavra nobrereferindose ao nosso Pai celestial. ‘Aba não era um modo de tratamento comu-

mente dirigido a uma pessoa viva, mas um título de honra para os rabinos e osgrandes homens do passado’.” Desde que Robertson escreveu essas palavras,várias referências antigas a esse termo foram descobertas, confirmando que otermo era usado no círculo familiar judaico como modo de tratamento diretocorrespondendo de forma livre à palavra grega nocnp. Talvez estejamos for-çando ao último grau de intimidade dizer, como alguns, que chamar Deus áp(3âseja equivalente a chamálo “papai”. A lei grega, porém, negava o uso do termoa escravos dirigiremse aos seus senhores, visto que era desrespeitoso em suainformalidade.

22 “Nem sereis chamados guias” (ARA).

23 McNeile, Matthew, p. 332.

24 “Porque um só é vosso Guia, o Cristo” (ARA).

25 TR e TM têm etç yàp ú|iõv èoii.v ó KOcGriyriTTiç ó XpiOTÓç.

26 “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas!” (NVI).

27 Bruce,  Expositor’  s,  p. 280. TR e TM tinham oito ais, adicionando o versícu-lo 14. WH intitula o versículo 14 de versículo 13, rejeitando a autoridade de

Aleph B D como uma glosa óbvia de Marcos 12.40 e Lucas 20.47. Os MSS queinserem o versículo 14 o colocam antes ou depois do versículo 13. [Versões

 brasileiras: A BJ coloca o número 14 entre colchetes e em nota de rodapé expli-ca que se trata de uma interpolação tomada de Marcos 12.40 e Lucas 20.47; a

 NTLH e a ARA grafam o versículo 14 em itálicos simplesmente; a NVI contém

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 Mateus 23

o versículo 14, dizendo em nota de rodapé: “Vários manuscritos não trazem oversículo 14”; a AEC e a ARC tãosomente contêm o versículo 14 sem oferecerexplicações.]

28 Plummer, Matthew, p. 316.

29 Willoughby G. Allen,  A Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel   According to Matthew,  International Criticai Commentary ( Edimburgo: T. &T. Clark, 1912), p. 245.

30 “Pois vocês fecham a porta do Reino do Céu para os outros” (NTLH).

31 “Um convertido” (NVI).

32 “Mas, se alguém jurar pelo ouro do Templo, então é obrigado a cumprir o que

 ju rou” (NTLH).33“Tolos e cegos!” (NTLH).

34 McNeile, Matthew, p. 334.

35“Pagais o dízimo” (BJ); “vocês dão a Deus a décima parte” (NTLH).

36 Vincent, Word Studies, p. 124.

37 “Mas são justam ente essas coisas que vocês devem fazer, sem deixar de ladoas outras” (NTLH).

38 TR e TM omitem õé.39“[Os] mandamentos mais importantes da Lei” (NTLH).

40 Jer. Shabb.  p. 107.

41 “Mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça” (NVI).

42 “Vocês fazem túmulos bonitos para os profetas” (NTLH).

43 Plummer,  Matthew.

44 “Acabem, pois, de encher a medida do pecado dos seus antepassados!” (NVI).

45Bruce, Expositor s, p. 285.46  “Cobras venenosas, ninhada de cobras!” (NTLH).

47 “Como haveis de escapar ao julgamento da geena?” (BJ).

48 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), pp. 47677.

49 “Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos” (ARA).

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Capítulo

24

 MateusIMSJBMSÍMSMSJSMSMMSMSMSMSraraJSMlElM!

24.1. Tendo Jesus saído do templo1  ([ARA] ê eXGcòy ô TnaoOçáiTÒ toü lepoü). Desde Mateus 21.23, os discursos têm sido nos

 pátios do Templo (lepóv, a área cercada sagrada). Mas agora Jesusdeixa o recinto do Templo para sempre depois de fazer a denúnciaaberta e veemente aos escribas e fariseus que está registrada no ca-

 pítulo 23. O seu ensino público terminou. Era um momento triste. Ia-se retirando  ([ARA] èTropeúexo, terceira pessoa do singu-

lar do pretérito imperfeito médio/passivo depoente descritivo doindicativo). Os discípulos, como que querendo aliviar a tensão doMestre, “aproximaramse” dele (Trpoaf|A,9ov) “para lhe mostrarem”(èiuõei&u, infinitivo aoristo ativo ingressivo) “a estrutura do tem-

 plo” (xuç  0lK 0Õ0(iàç toO lepoü). Esses edifícios eram bem conheci-dos por Jesus e seus discípulos, sendo belos como uma montanha deneve.2  O monumento que Herodes, o Grande, começara só estariaconcluído alguns anos antes da sua destruição (cf. Jo 2.20). As gran-des pedras eram de mármore polido.

24.2. Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada (oi) (_if| á4)60r| coõe ÀÍGoç êui ÀÍGov), pedra sobre pedra. A prediçãosurpreendente mostra a melancolia da corrente dos pensamentos de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Jesus, que não se desviou do seu curso pelas palavras de admiraçãoao Templo.

24.3.  E, estando assentado3  (KaGruaévou ôè aúxou), um geniti-

vo absoluto. Jesus se assenta no monte das Oliveiras olhando para baixo, a Jerusalém e ao Templo que Ele há pouco deixara. Depoisda subida ao monte, quatro discípulos, Pedro, Tiago, João e André,achegamse a Jesus com perguntas suscitadas por suas palavras so-lenes. Perguntam sobre a destruição do Jerusalém e do Templo, aSegunda Vinda (™pouaúa, “presença”, palavra comum nos papiros

 para referirse à visita do imperador) de Cristo e o fim do mundo.

Será que pensavam que todos esses eventos aconteceriam simul-taneamente? Não há modo de saber, mas Jesus trata todos os trêsneste grande discurso escatológico. Essa mistura de acontecimen-tos e eras é levantada como assunto de controvérsia pelos críticostextuais dos Evangelhos Sinóticos. As teorias modernas tendem aimpugnar o conhecimento de Jesus ou dos escritores ou de ambos.Para o nosso propósito, é suficiente ver que Jesus usa a destruição

do Templo e de Jerusalém como parte de um complexo de eventosque leva à sua Segunda Vinda e, no final das contas, ao fim do mun-do ou consumação da era (ouvTeÀeíaç tou ccLgjvoç). Em um quadro,o artista se serve de perspectiva habilidosa e esmerada para pintarna mesma tela o interior de um quarto, os campos que aparecem fôra

 pela janela e o céu muito distante. Claro que nesse discurso Jesusmescla em linguajar apocalíptico o pano de fundo da sua morte na

cruz, a destruição próxima de Jerusalém, a sua Segunda Vinda e ofim do mundo. Ora Ele toca em um desses temas, ora em outro. Nãoé fácil separarmos claramente os eventos. A lição que Jesus está en-sinando sobre o quadro geral é que temos de estar prontos para a suavinda e o fim. A destruição de Jerusalém em 70 d.C. ocorreu confor-me Ele previra. Certos estudiosos datam os Evangelhos Sinóticosdepois de 70 d.C. somente para evitar o elemento preditivo. Tais

teoristas querem restringir a presciência de Jesus a um nível mera-mente humano. A palavra uapouoía não ocorre em outra parte dosEvangelhos, exceto nos versículos 3, 27, 37 e 39 deste capítulo 24de Mateus. Aparece frequentemente nas Epístolas, quer em alusão

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 Mateus 24

à presença em oposição à ausência (Fp 2 12) quer em referência àSegunda Vinda de Cristo (2 Ts 2.1).

24.4. Acautelai-vos, que ninguém vos engane4  (BAÍttété |jr] xiçòfiâç TTÁavr|ar|). Este aviso percorre ao longo do discurso. Tendo emvista a clareza das palavras de Jesus, as muitas decepções escatológicas no decorrer dos séculos são ainda mais surpreendentes. Overbo no passivo ocorre em Mateus 18.12, quando uma ovelha sedesgarrou do rebanho. Aqui está na voz ativa com o sentido causativo de desviar. A palavra planeta  vem dessa raiz grega.

24.5. Porque muitos virão em meu nome (ttoAAol yàp èlf úaovmièni tcô òvó\xazí   |aou). Eles arrogarão para si falsas reivindicações aomessiado em (com base em) nome do próprio Cristo.5 Josefo atribuiaos falsos cristos uma das razões para a manifestação violenta da po-

 pulação contra Roma que levou à destruição da cidade. Cada novoherói era bem recebido pelas massas, inclusive Simão Barkokhba,“o Messias do deserto”, que despertou a segunda rebelião judaica

contra Roma (132135 d.C.). “Eu sou o Messias”, cada um dizia. No Ocidente hodierno, muitos e diversos pseudomessias têm surgi-do. Por exemplo, Annie Besant apresentou um messias teosófico eMary Baker Eddy fundou a Igreja de Cristo, a Ciência Cristã, cujasreivindicações na prática a punham no mesmo nível que Jesus.

24.6. Olhai, não vos assusteis6 (òpâze  [íí] BpoeloOe). Temosaqui um assíndeto, com dois imperativos,7  como ópãte pAiuere em

Marcos 8.15. Olhar as guerras e os rumores de guerras, mas não seapavorar. A palavra Gpoéco significa “chorar em voz alta”, “gritar”, ena voz passiva, significa “ser aterrorizado por uma gritaria”. Em 2Tessalonicenses 2.2, Paulo usa este mesmo verbo (|ariõè 0po€Lcnm)como aviso contra a perturbação ocasionada por falsos relatóriosque diziam que ele predissera a Segunda Vinda imediata de Cristo.

 Mas ainda não é o fim s (àXk’   oüuto éaulv rò téÀot;). E curioso

como as pessoas não fazem conta dessas palavras de Jesus quandoinsistem em estabelecer datas para o fim imediato. Isso aconteceucontinuamente ao longo do século XX.

24.8.  Mas todas essas coisas são o princípio das dores9  (líávza õe taúra àpyj]  còôívoov). Os judeus usavam a mesma frase para alu-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

dir aos sofrimentos do Messias que teriam de acontecer antes de suavinda (Jubileu 23.18; Apocalipse de Baruque 27—29). Mas a palavra

ocorre sem a idéia de nascimento como as dores da morte (SI 18.6; At2.24). Esses ais, diz Jesus, não são provas do fim, mas do começo.

24.9.  Atormentados10  (9Hi|av, ver Mt 13.21), uma palavra comum em Atos, nas Epístolas e no Apocalipse para referirse à opres-são imposta sobre os cristãos.

 E sereis odiados de todas as gentes11  (kk! eoeoGe fiiaoú[ievoiúttÒ uávacov tcòv êGvwv). A frase participial passiva perifrástica no

futuro enfatiza o processo contínuo de ação linear. Por causa do meu nome ( ô i à t ò õvo|iá |iou). O nome mais glo-

rioso do mundo logo se tomaria um apelido pejorativo e vergonhoso(At 5.41). Os discípulos considerariam uma honra o fato de seremdesonrados pela causa do nome de Cristo.

24.11. Surgirão muitos falsos profetas12 (í to á ã o l ij/euôoTTpo^fi 

ra i èyepGiíaovTOi). No Sermão do Monte, Jesus já avisara sobre os

falsos profetas (Mt 7.15).24.12. O amor de muitos se esfriará'3(i(/uyr|aerai f] àyáirri  xáv 

ttoAAcôv), terceira pessoa do singular do futuro segundo passivo doindicativo de i|/Úxgo. “Respirar frio soprando”, “ficar frio”; é quandoa “energia espiritual fica ressecada ou é esfriada por um vento ma-ligno ou venenoso” .14 O amor da fraternidade dá passagem ao ódioe desconfiança mútuos.

24.14. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo  ( i< r |p u x 6 r|a e u cu t o ü t o t ò e m y y é À io v i fj ç p a o i X e ía ç kv  òÀr) ir]  

o l K o u p é v r i ) . Será anunciado em todo o mundo habitado. Aqui nãoestá dizendo que todos serão salvos, nem deve este linguajar serentendido muito literal e detalhadamente como uma aplicação paraabranger todo indivíduo.

24.15. Quando, pois, virdes que a abominação da desolação15

("Oxav ouv ’íôr)Te tò pôéÀuyjiO!; Tf|ç éprpcooecoç). Esta é uma alusão aDaniel 9.27, 11.31 e 12.11. Antíoco Epifânio ergueu um altar a Zeusno altar de Jeová (1 Macabeus 1.54,59; 6.7; 2 Macabeus 6.15). Pelovisto, a desolação que Jesus tinha em mente é o exército romano(Lc 21.20) no Templo, uma aplicação das palavras de Daniel para

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 Mateus 24

este fato terrível. O verbo põeA.úooo[iai é “sentir náusea por causa dofedor”, “sentir nojo”, “detestar” . A idolatria era um fedor a Deus (Lc

16.15; Ap 17.4). Josefo fala que os romanos queimaram o Temploe ofereceram sacrifícios aos seus emblemas na Porta Oriental aomesmo tempo em que proclamavam Tito imperador .16

Quem lê, que entenda (ò ávayivcóaKOOv voeíxoo). Este parêntesetambém consta em Marcos 13.14. Não devemos supor que Jesus te-nha dito essas palavras. Marcos as inseriu quando escreveu o livro,e Mateus as copiou.

24.16.  Então, os que estiverem na Judéia, que fujam para os montes (xóx6  oi kv xr| ’Iouõaía ctjeuyéxwoav elç xà õpr|17). A referên-cia é aos montes a leste do rio Jordão. Eusébio conta que, antes queJerusalém fosse sitiada, os cristãos fugiram para Pela, que ficava aosopé dos montes, cerca de vinte e sete quilômetros ao sul do mar daGaliléia.is Lembrandose do aviso de Jesus, eles fugiram em buscade segurança.

24.17. Quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa19  (ó êul xoü õcó|aaxoç [ir] Kaxapáxoo ápai xà 4kxf|ç olKÍaç aüxoü20). Eles poderiam fugir de telhado em telhado e,assim, escapar. Era “o caminho dos telhados”, como os rabinos ochamavam. A rapidez faziase necessária.

24.18.  E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as  suas vestes21 («m ó kv  xw àypcò |if| éTTLOxpei(/áxw ÓttÍog) apai xò

l|_iáxLOv aijxoü22). O camponês deixava a capa em casa enquantoestava no trabalho.

24.20.  E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado23  (upoaeúxecrôe ôè  Iva  |j,f| yévr|xai r] cj uyfi ò|_iG)vXeificôyoç |ir|Õ6  oappáxco24). A palavra xei[iGÔvoç é um genitivo detempo, a palavra oappáxco é um locativo de tempo. O “inverno” émencionado por causa do tempo borrascoso; e a exceção “no sába-

do” é citada porque alguns hesitariam em fugir viajando no dia deadoração. Josefo25 faz excelente descrição dos horrores preditos porJesus no versículo 21.

24.22.  E, se aqueles dias não fossem abreviados26   (kcu ei |if|6KoA.opGÓ0r|oay ai rpépai èiceiuai). O verbo é derivado de koàoPóç,

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

que significa “podados”, “mutilados”. É uma condição de segundaclasse, determinada como não cumprida. E uma imagem profética,o futuro considerado como passado.

 Mas, por causa dos escolhidos  (ôià ôè touç èKÀeKTOuç). Vero versículo 31. Jesus também usa esta frase em Mateus 22.14. Ocerco foi encurtado por vários fatos históricos, como a decisão deHerodes Agripa de parar de fortificar os muros, as ordens imperiaisrecebidas pelos invasores romanos, a chegada súbita de Tito paraliquidar os rebeldes e o fracasso dos defensores em prepararse paraum cerco longo. “O próprio Tito confessou que Deus estava contraos judeus, visto que, caso contrário, nem os seus exércitos nem assuas máquinas de guerra teriam sido bemsucedidos em vencer asdefesas judaicas.” 27

24.23. Eis que o Cristo está aqui ou ali2'*(’Iõou toõe ô Xpioxóç,rj, rQôe). Os falsos profetas (Mt 24.11) contribuíram para a difi-culdade da nação, e os falsos cristos (ijieuõóxpiaTOi, cf. Mt 24.24)ofereceriam a sua própria solução — rebelião para depor o jugo deRoma. As vítimas ludibriadas elevavam a voz, gritando “Eilo ali!”,quando esses falsos messias surgiam com as suas panacéias paratodos os tipos de males políticos, religiosos, morais e espirituais.

24.24. Farão tão grandes sinais eprodígios29 (õúaouoiv orneialieyáXa Kcà tépaxa). Estas são duas das três palavras usadas commuita frequência no Novo Testamento acerca das obras (epya) deJesus, sendo que a terceira é ôuvcqaeiç, “poderes”. Elas quase sempreocorrem juntas em relação à mesma obra (Jo 4.48; At 2.22; 4.30; 2Co 12.12; Hb 2.4). A palavra tépaç é uma “maravilha” ou “prodí-gio”; õúvcquç é uma “obra poderosa” ou “poder grandioso”; orpeiové um “sinal do propósito de Deus”. A palavra milagre (miraciáum)apresenta somente a noção de maravilha ou portento ou prodígio. Amesma ação ou proeza pode ser vista desses ângulos diferentes. Maso ponto central a observar aqui é que meros “sinais e prodígios” não

 provam por si que o poder é de Deus. Esses charlatães serão tãohábeis e engenhosos a ponto de, “se possível” (el ôuvoaóv), desviaros próprios eleitos. A dedução é que não é possível. As pessoas fi-cam empolgadas, são logradas e tomamse ineptas para julgar pelos

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 Mateus 24

resultados. A publicidade e o marketing fazem pleno uso da creduli-dade das pessoas, assim como fazem os médiuns espíritas.

24.26.  Eis que ele está no deserto  (lôoú kv  xrj epípcp koxLv), como Simão, filho de Gioras.30

 Eis que ele está no interior da casa3i  (’Iõoú kv  xoíç xa^eíoiç).Como João de Giscala.32  Os falsos messias desempenham o papeldos grandes não vistos e desconhecidos.

24.27.  Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente33  (okmep yàp r] àoxpaTrn èÇépx^xa l octtò

àvazoXúSv  Kal tjmvexai ecoç ôuapwv). Visível em contraste com ainvisibilidade dos falsos messias (cf. Ap 1.7), como o lampejo dorelâmpago.

24.28.  Pois onde estiver o cadáver34  (ottou èàv rj xò iruó)|ia35),como em Mateus 14.12. Originalmente, um corpo caído de ttíttxg),“cair”, como a palavra latina cadaver  derivada de cado,  “cair”. O

 provérbio aqui, como em Lucas 17.37, é semelhante ao de Jó 39.30

e Provérbios 30.17. A í se ajuntarão as águias  (èicel ouvaxGriaovxai oi àexoí).

Talvez o abutre, maior que a águia, que era avistado seguindo omesmo caminho de um exército e que seguiu a retirada de Napoleãoda Rússia.

24.29. Logo depois da aflição daqueles dias36 (EùGécoç; ôè |_iexàxr]v 9A.Xi|/lv tgôv rpepwv èKeívcov37). Essa palavra, eúBécoç (“logo”),

comum no Evangelho de Marcos assim como eúGúç, oferece dificul-dade se acentuarmos o elemento tempo. O problema é quanto tempose passa entre “a aflição daqueles dias” e o simbolismo vívido doversículo 29. O uso de kv  táxei em Apocalipse 1.1 deve nos fazer

 parar para pensar. Temos aqui um panorama profético como aquelecom perspectiva escorçada. As imagens apocalípticas no versículo29 também exigem julgamento equilibrado. Podemos comparar a

 profecia de Joel conforme foi interpretada por Pedro em Atos 2.162 2 . O literalismo é inadequado para a interpretação da escatologiaapocalíptica.

24.30. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem (Kalxóxe (j)avr|aeTai xò orpelov xoû uioú ioú âvGpwTTOi) kv  oúpavcò3S).

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 Mateus 24

sua vinda. No versículo 34, Ele já declarara abertamente que esseseventos (a destruição de Jerusalém) aconteceriam naquela geração.

Agora Ele declara enfaticamente que ninguém sabe, senão o Pai,o dia ou a hora quando essas coisas (a Segunda Vinda e o fim domundo) ocorrerão. Claro que alguém pode acusar Jesus de confusãomental ou de ignorância por misturar a Segunda Vinda em toda essacadeia de eventos. Conforme escreveu McNeile: “É impossível fu-gir da conclusão de que Jesus, como homem, esperava o fim, dentroda expectativa de vida dos seus contemporâneos” .49 Mas aqui Jesus

nega explicitamente que esperasse qualquer coisa do tipo. E igual-mente fácil atribuir ignorância aos estudiosos dos dias de hoje comas suas teorias várias sobre Jesus.

24.37. Como fo i nos dias de Noé50 ((jarrep yàp51  ai rpépai toü Nóàe). Jesus já usara essa ilustração entre os fariseus (Lc 17.2630). Nos dias de Noé havia muita advertência, mas total despreparo.Hoje, a maioria das pessoas é indiferente quanto à Segunda Vinda

ou expressamna de acordo com as suas imaginações. Poucos estãorealmente desejosos e expectantes e deixam com Deus o tempo e os

 planos.24.38. Comiam, bebiam52  (rjoav ... Tpoóyovueç Kcd ttlvovteç),

uma construção participial perifrástica do imperfeito. O primeiro particípio significa “mastigar legumes ou frutas cruas como nozesou amêndoas”.

24.41.  Estando duas moendo no moinho53  (ôúo áÀr|9ouoai évt ( ò  |jajàü) 54). A mó mencionada aqui era parte de um moinho de mãoque podia ser acionado por mulheres (cf. Ex 11.5). Havia uma ma-nivela perto da extremidade da mó de cima.

24.42. Vigiai, pois55  (ypriyopeiTe ouv). Um recente imperati-vo presente do perfeito segundo c/priyopcc de èyeípoo. “Mantendeacordado”, “estai na vigilância”, “pois”, ou seja, por causa da in-

certeza do tempo da Segunda Vinda. Jesus dá seis parábolas parareforçar o ponto central desta exortação: 1) a Parábola do Porteiro;2) a Parábola do Pai de Família (Mt 24.43,44); 3) a Parábola dosDois Servos (Mt 24.4551; 4) a Parábola das Dez Virgens (Mt 25.113); 5) a Parábola dos Talentos (Mt 25.1430); e 6) a Parábola das

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Ovelhas e Bodes (Mt 25.3146). Mateus não registra a Parábola doPorteiro (ver Me 13.3537).

24.43. Se o pa i de fam ília soubesse a que vigília da noite havia 

de vir o ladrão56  (eí rjôei ò oíkoõ6ottótt|c; ttolíx i uÀaKfi ó KÀéuxriçepxexai). A noite era dividida em quatro vigílias (cf. Mt 14.25).

 Não deixaria que fosse arrombada a sua casa  (ouk oc|v eíaoev5iopux9f|vca57  xr\v  oIkÍhv omoü). O ladrão escavava pelo teto deladrilhos de barro cozido ou por debaixo da parede. O chão da casados pobres era de terra.

24.44. Porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não 

 penseis58  (otl rj oü ôoKeixe oópa ó ulòç toü àyGpcóuoi) Ip^exai59).É inútil fixar o dia e a hora da vinda de Cristo. E loucura não fazercaso dela. Paulo também usa essa figura do ladrão em relação à im

 previsibilidade da Segunda Vinda de Cristo (1 Ts 5.2). Ver tambémMateus 24.50 acerca da imprevisibilidade da vinda, com o pertinen-te castigo para o mau servo.

24.48. O meu senhor tarde virá60  (XpovíÇei (iou ò KÚpioç61).

Esta é a tentação para dar vazão à satisfação dos apetites da carne ouao orgulho do intelecto superior. Em menos de uma geração, os escamecedores já estavam denegrindo a promessa da vinda de Cristo(2 Pe 3.4). Tais pessoas esquecem que a hora de Deus não é como anossa (2 Pe 3.8).

 NOTAS

1“Quando Jesus ia saindo do templo” (ARC). TR e TM têm èÇeÀBcòv ó ’IriaoOçèTropeúeio àirò toí  LepoO.

2 Josephus, Wars of the Jews,  5.5.6. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

3“Achavase Jesus assentado” (ARA). O nome Jesus não está explícito no textogrego, mas está implícito.

4 “Vede que ninguém vos engane” (ARA).

5Josephus, Wars o f the Jews,  6.5.2,3. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

6“Cuidado para não vos alarmardes” (AEC; BJ).

7 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 949.

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 Mateus 24

8“Mas ainda não será o fim” (NTLH).

9“Tudo isso será o início das dores” (NVI).

10“Tribulação” (BJ); “atribulados” (ARA).

11“Sereis odiados de todos os povos por causa do meu nome” (BJ); “sereis odia-dos de todas as nações, por causa do meu nome” (ARA).

12“Levantarseão muitos falsos profetas” (ARA).

13“O amor de quase todos esfriará” (AEC).

14 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 127.

15“Assim, quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’” (NVI).

16 Josephus, Wars of the Jews, 6.6.1. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

17TR e TM têm a preposição èiu em vez de elç.

1SEusebius, Church History,  3.5.3. [Edição brasileira:  História Eclesiástica: Os  Primeiros Quatro Séculos da Igreja Cristã (Rio de Janeiro: CPAD, 1999).]

19“Aquele que estiver no terraço, não desça para apanhar as coisas da sua casa”(BJ).

20 TR e TM têm KcaaPcavétG) apca, ao invés de Karapátu apai.

21 “E quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa” (ARA).

22 TR e TM têm o plural tà liiái im em vez do singular rà [(iáriov.

23 “Pedi que a vossa fuga não aconteça no inverno ou num sábado” (BJ).

24 TR tem a preposição èv antes de oapptrcco.

25 Josephus, Wars o f the Jews,  book 5. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

26 “Porém Deus diminuiu esse tempo de sofrimento” (NTLH).

27 Vincent, Word Studies,  p. 129.28‘“ Vejam, aqui está o Cristo!’ ou: ‘Ali está ele!’” (NVI).

29 “Operando grandes sinais e prodígios” (ARA).

30 Josephus, Wars o f the Jews,  6.9.5,7. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

31 “Eilo em lugares retirados” (BJ).

32 Josephus, Wars of the Jews,  5.6.1. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. 

Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]33“Pois assim como o relâmpago parte do oriente e brilha até o poente” (BJ).

34 “Onde estiver o corpo de um morto” (NTLH).

35TR e TM acrescentam a conjunção yáp aqui.

36 “Imediatamente após a tribulação daqueles dias” (NVI).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

37 TR tem o acento agudo no lugar do acento circunflexo em 0A.ú|av.

38 TR e TM têm o artigo tw antes de oúpavto

39 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 295.

40 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), p. 490.

41TR e TM acrescentam o substantivo (Jjcovfiç aqui.

42 TR e TM incluem cjròvíjç, xa'i aTiooteleí touç  àyyélouç aúraü jieiá oáÀiuyyoçcj)wvfiç (jeyálriç.

43Bruce,  Expositor’  s, p. 296.

44 “Quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam” (ARA).45Em WH.

46 Bruce, Expositor’  s , p. 296.

47 TR e TM omitem oúôe ó ulóç.

48 TR e TM acrescentam o pronome |íou aqui.

49 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids:Baker,1980), p. 355.

50 “Como aquilo que aconteceu no tempo de Noé” (NTLH).

51TR e TM têm a conjunção ôé aqui em lugar de yáp.

52“O povo comia e bebia” (NTLH).

53“Duas mulheres estarão no moinho moendo trigo” (NTLH).

54 TR e TM têm [iúàcovi.

55 “Fiquem vigiando, pois” (NTLH).

56 “Se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria” (NVI).

57 TR e TM têm o infinitivo õiopuyf|vcu aqui em lugar de ÔLopuxOiivoa.

58 “Pois o Filho do Homem chegará na hora em que vocês não estiverem esperan-do” (NTLH); “porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menosesperam” (NVI).

59TR e TM têm uma ordem diferente de palavras: fj üpa ou õoKÊLte.

60“Meu senhor está demorando” (NVI).

61 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras mais um infinitivo no final:

XpovíÇei ó KÚpLÓç |j,ou éXGeiv.

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Capítulo

25

 MateusfSMIMSMMfSMMSfSISMMISMMSISÍSíSMÍMSMlMSJ

25.1.  Dez virgens  (ôé t<a uapGévo i í ; ) .  Não há ponto especialquanto ao número dez. A cena gira em tomo da casa da noiva, emdireção da qual o noivo está indo para as festividades de casamento.Alfred Plummer coloca a cena perto da casa do noivo que foi buscara noiva para levála para casa.' Essa referência ao ambiente culturalé obscura para nós hoje, mas não é pertinente ao ponto central da

 parábola.

 Lâmpadas  (Àct|_iuáôaç). Provavelmente tochas com um suportede madeira e um prato em cima, no qual se colocava um pedaçode corda ou pano imerso em óleo ou piche. Mas às vezes a palavraÀctiiTiáç tem o significado de lâmpada de óleo (Xvyyoç),  como emAtos 20.8. É possível que este seja o significado aqui.2

25.3.  Não levaram azeite consigo3  (oúk   elaPov \ieQ’   éaurâyeÀcaov). Elas não levaram absolutamente nada, não percebendo a

falta de óleo até que foram acender as tochas quando o noivo che-gou para a festa de casamento.25.4.  Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas4  (al

õe cfipóviiioi eÀccpoy iÉAmov kv  xotç áyyeíoiç). A palavra àyyeíoiçocorre somente aqui no Novo Testamento, embora «yyr| conste em

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Mateus 13.48. Essas vasilhas continham um suprimento extra deóleo além do que havia no prato em cima do suporte.

25.5. Tosquenejaram todas e adormeceram5 (evúataí;av Trâoai

Kod eKáGeuôov). Elas cochilaram de sono, deixaram pender a cabeça(aoristo ingressivo) e, depois, continuavam dormindo (imperfeito,ação linear), uma cena vívida desenhada pela diferença nos doistempos verbais.

25.6. Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamo?*  ((iéor|ç ôè vuktòçKpcar/r] yéyovei/). Houve um grito, um uso dramático do perfeito

 presente (perfeito segundo ativo) do indicativo, não o perfeito para

o aoristo. Não é kanv, mas yéyovev, que enfatiza um clamor súbitoque rasga o ar. A própria lembrança disso é conservada por essetempo verbal, com todo o alvoroço e confusão.

Saí-lhe ao encontro!  (èçépxeoQe: elç à™,vi:r|aiv oaruoü). Ou: “Saí para encontrálo”, dependendo de onde partiu o grito, se de fôra oude dentro da casa, onde elas estão dormindo por causa da demora. Afrase grega expressa nitidamente uma saudação cerimonial.

25.7.  Prepararam as suas lâmpadas  (èKÓG|J,r|aav tàç Àafiuáôaçéauicòv7), “colocaram em ordem”, “aprontaram”. A chama se apagouenquanto dormiam, por isso acenderam os pavios e abasteceram deóleo os pratos. No livro  Parables  (Parábolas), Richard Trench nar-ra uma cerimônia de casamento ocorrida na índia do século XIX:“Depois de esperar duas ou três horas, perto da meianoite foi anun-ciado, como nas exatas palavras da Bíblia: ‘Aí vem o esposo! Saí

lhe ao encontro!’”25.8.  As nossas lâmpadas se apagam  (ai A.a|iuáõe<; rip,«v

apévvuvTai), terceira pessoa do plural do presente passivo do indi-cativo de ação linear, não aoristo. Quando as cinco virgens loucasacenderam as lâmpadas, descobriram que faltava óleo. Os pavioscrepitantes, tremeluzentes, fumegantes eram uma triste constatação.“E talvez tenhamos de entender que haja algo na coincidência de as

lâmpadas apagaremse exatamente na hora que o noivo chegou. Amera religião externa não tem o poder de iluminar .” 8

25.9.  Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos fa lte a nós e a vós9(áTT6Kpí0r|aav ôè ai cjjpóv14101  Aiyouaai,

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 Mateus 25

Minore oú |if] àpKéori rpiv kocI Ú|íiv). Não é fácil explicar a cons-trução grega. Alguns MSS têm oúk em vez de oú |j,r|. Mesmo assim,[ítÍttoté tem de ser explicado, fornecendo ou um imperativo, comoyivéoGco, ou um verbo de temor, como 4>opoú|j,e9a. A última opção éa mais provável. Tanto oúk quanto oú [ii] seria adequado com o sub-

 juntivo futurístico àpKéori:10 “Temos medo da não possibilidade dehaver o bastante para nós duas.” As virgens prudentes negam o óleo,

 porque não há bastante. “Era necessário mostrar que as virgens lou-cas não poderiam evitar as consequências da sua loucura no últimoinstante.” 11 A resposta é cortês, mas definitiva. Os negativos gregoscompostos são expressivos: |_ir|TT0Te ou oú [ir\.

25.10.  E, tendo elas ido comprá-lo'2 (triTepxoijivQv õè aútcôv),um genitivo particípio plural depoente médio/passivo feminino, ge-nitivo absoluto, enquanto elas estavam indo, ação linear descritiva.

 E fechou-se a porta  (èKÀeío9r| f] Gúptx), terceira pessoa do sin-gular do aoristo efetivo passivo do indicativo. Foi fechada com de-terminação e ficaria fechada.

25.11.  Depois, chegaram também as outras virgens13  (uotepovôè epxovrai Kcd ed Àoimu u(xp9évoi). O caminho foi barrado paraelas.

 Dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta!u (Àéyouocu, KúpieKÚpie, avoilov  rptv). Elas apelam para o noivo, que é agora senhor,quer na casa quer na propriedade do noivo.

25.12. Vos não conheço15  (oúk oíõa ú|iâç). Não havia razão para a concessão de favores especiais. Elas têm de suportar as con-sequências do seu descuido e negligência.

25.13. Vigiai, pois16 (Tpriyopeite ouv). Este é o refrão em todasestas parábolas; a falta de previsão é indesculpável. A ignorânciada hora da Segunda Vinda não desculpa a negligência e descuido.Tratase de uma razão para a prontidão.

25.14.  Porque isto é também como um homem que, partindo  para fôra da terra17  ("Qcmep yàp ay9pa)Troç áuoôruioõv). O homemestava a ponto de ir para o estrangeiro, prestes a ir embora do seu

 povo (õf||ioç). Essa palavra está em uso antigo neste sentido. Temosde fornecer uma elipse, “é como quando” ou “o Reino dos céus é

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

como quando”. Esta Parábola dos Talentos é bastante semelhanteà Parábola das Minas em Lucas 19.1128. Jesus variou a história.Certos estudiosos negam que Ele pudesse ter feito isso, atribuindo a

Jesus muito pouca versatilidade. Entregou-lhes os seus bensls  (rrapéôooKev amoiç rà ÚTiápxoyxa

cojtoü). As palavras “os seus bens” são um particípio ativo presenteno acusativo neutro plural, usado como substantivo.

25.15. A um deu cinco talentos  (co |ièv eõwKev uévxe táÀavxa).Funcionando como o demonstrativo oç e não como o relativo, umaconstrução claramente grega.

 A cada um segundo a sua capacidade  (eKáaxco Kaxà tt]v lôíavôúvcqiiv). Cada um recebeu o máximo com que era capaz de lidar.O uso que a pessoa faz das oportunidades é a medida da sua capaci-dade de ter mais. Um talento representava uma quantia considerávelde dinheiro em uma época em que um ôr|vápiov era o salário de umdia de trabalho (ver Mt 18.24).

25.16.  Imediatamente|l) ([ARA] eüGéwç20). O temperamento

empresarial desse escravo é demonstrado pela sua prontidão. Negociou com eleslx  (rjpyáooao22 kv amolç). Ele trabalhou, ne-

gociou, comerciou com os talentos. “As virgens esperam, os servostrabalham.” 23

Granjeou (éKépôr|oev), como no versículo 17. A palavra Kepôoçquer dizer “juros”. Esse ganho foi de 100%.

25.19.  E ajustou contas com eles  (owaípei Àóyov fiex’ airuoô

v24), como em Mateus 18.23. Adolf Deissmann cita dois registrosem papiros e um óstraco núbio que usam esse mesmo linguajar co-mercial.25 Os antigos escritores gregos não o mostram.

25.21.  Entra no gozo do teu senhor16 (eloeXQe  elç if|v ^apàvtoú Kupíou aou). A palavra XW“ , “alegria”, pode se referir à festaem comemoração ao retomo do senhor (cf. Mt 25.23).

25.24.  Mas, chegando também o que recebera um talento disse27 (TipooeÀ0Goy õè kcu ò to ev  xáXcuvxov  eUr^cbc;). Note o particípio do

 perfeito ativo no nominativo masculino singular para enfatizar o fatode que ele ainda tinha o talento. No versículo 20, temos ó ... kafiáv (particípio do aoristo ativo no nominativo masculino singular).

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 Mateus 25

 Eu conhecia-te, que és um homem duro (èyvGOV oe oil OKÀripòçet ayGp(.)Tioç). Primeira pessoa do singular do aoristo segundo ativo 

do indicativo, conhecimento prático, baseado em experimento, derivado de YLvúoKG) e uso proléptico de se. “Um homem duro”: “severo”, “inflexível”, “rigoroso”, pior que aúoxripóc; em Lucas 19.21, “ávido”, “pessoa que tem sede de sucesso” e “mísero”, “não generoso”.

 Ajuntas onde não espalhaste (owáywv  Ò9ev ov  ÕLeoKÓpiTLcaç).Esse espalhamento era de semente misturada com a palha que voava 

longe quando o trigo era joeirado.25.26.  Mau e negligente servo  (üovripè ôoüÀe Kod ÓKvripé). A  palavra irovripé vem de ttovoç,  “trabalho duro”, “trabalho perturbador”, e ókvéo),  “estar lento”, “estar limitado” ou “estar indolente”. WE1 lê essa resposta no final do versículo 26 como uma pergunta. E 

um sarcasmo.25.27. Devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros28

(eÔÉL oe ouv paÀelv xà ápyúpLá |aou xolç  xpaTTeCCxaiç29). As suas próprias palavras de desculpa o condenam. Era uma necessidade ( è ô e L ) , um dever que ele não viu. Os banqueiros (xoiç xpooreC íxoaç) eram os cambistas ou intermediários financeiros que trocavam dinheiro por determinada taxa e recebiam investimentos a juros. A  

palavra é comum no grego recente.[Eu] receberia o que é meu com os juros  (èycb 4K0|iLaá|J/r|i' a|v

xò èfiòv ai)v xÓKip). A conclusão de uma condição de segunda classe. A condição está implícita: “Se tu tivesses feito isso”. A palavra xoko), “juros”, é derivada de xÍkxü), “trazer para fôra”, “produzir”. O encargo financeiro não era usura no sentido de extorsão ou opressão. O termo usura significava, originalmente, apenas “uso”. Os juros compostos de 6% dobra o capital a cada dezesseis a dezessete anos. Se os 

 juros forem somados ao capital, dobram em onze anos. No início do 

Império Romano, o teto dos juros legais era de 8%. Contudo, os desesperados tomadores de empréstimos poderiam não achar dinheiro com juros por menos de 12%, 24% ou até 48%.30 A lei mosaica não  permitia que os judeus cobrassem juros dos irmãos hebreus, mas poderiam emprestar a juros aos gentios (Dt 23.19,20; SI 15.5).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

25.30.  Lançai, pois, o semo inútil   (xòv àxpeiov ôoíâov «pálexe31).“Inútil” é derivado de a, elemento de negação, e xpeioç , “útil” . Oescravo é “improdutivo” . Entre a gama de significados temos “fazermal”, “prejudicar”. Não fazer nada é fazer mal.

25.32. Todas as nações serão reunidas diante dele (auvct%0r|aovTca è|_iTTpoa8ev cokoü Tiávra tà <É9vr|32), judeus comotambém gentios. Certos estudiosos contestam esse programa parao julgamento geral afirmando que é composição feita pelo evan-gelista para exaltar a Cristo. Mas por que Cristo não diria isso sesabia que era Filho do Homem e Filho de Deus? Um Cristo “re-duzido” tem dificuldade com todos os Evangelhos, não somentecom o quarto Evangelho, e não menos com a fonte Q e Marcosdo que com Mateus e Lucas. Esta é uma cena majestosa com aqual encerrar a série de parábolas sobre prontidão para a SegundaVinda. Este é o programa quando Ele vier. William Sanday escre-veu: “Estou ciente de que certos críticos lançam dúvidas sobre

esta passagem. Mas a dúvida é extremamente injustificável. Ondeestá o segundo ‘crânio’ que poderia ter inventado algo tão originale tão sublime quanto as descrições constantes nos versículos 35 a40 e 42 a 45? ” 33

Como o pastor aparta dos bodes as ovelhas  (uoTiep ô iTOi,|if)vác^opíCei rà TTpópcaa cnrò ttòv èpCcpoov), uma cena comum naPalestina. Em geral, as ovelhas são brancas e os bodes, pretos. Os

filhotes (épujjoç) pastam juntos. Os bodes podem devastar a pasta-gem de um campo inteiro. O pastor ficava no portão e dava panca-dinhas nas ovelhas para que fossem para a direita e nos bodes paraque fossem para a esquerda.

25.34.  Possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo34  (KA/r|povo|ir|aoae rf|v rii:oi|j,aa|i6vr|v ò|ilv

 paaiA.ei.av <nrò KaxapoA.f|ç koo[j.ou). Este é o propósito eterno do Pai

 para os seus eleitos de todas as nações. No versículo 31, o Filho doHomem é o rei, aqui assentado no trono para julgar.25.36 .Nu, e vestistes-me35  kocI  nepiepálexé |_ie), segun

da pessoa do plural do aoristo segundo ativo do indicativo, “lanças

tes algo em volta de mim”.

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 Mateus 25

 Adoeci, e visitastes-me36  (riaGévrjoa Km éueoKéij/aoGé |ae),“olhastes depois” , “vieste ver”, “cuidastes de”, “tomastes conta de” .

A palavra visitar é   derivada do latim viso, video,  que significa “irver”.25.40.  A mim o fizestes  (è|_iol èiTOir|a(rue). Este é um dativo de

interesse pessoal. Cristo se identifica com os necessitados e sofredo-res. Essa conduta é prova de posse de amor por Cristo e semelhançaa Ele.

25.42.  Porque tive fome, e não me destes de comer   (eTreivíxaa

yàp Kcà oi)K èõtÓKaié |_ioi c aveXy). Vós não me destes qualquercoisa para comer. A repetição do negativo ou nos versículos 42 e 43é como a queda de torrões de terra em cima do caixão ou do sepul-cro. É curioso que Jesus diga que as ovelhas e os bodes expressemsurpresa. Algumas ovelhas pensarão que são bodes e alguns bodes

 pensarão que são ovelhas.25.46.  Irão estes para o tormento eterno  (àiTeXeúooyTca outol

elç KÓÀaaiy odomov). A palavra  KÓXaoiv é   derivada de KOÀáCco,“mutilar” ou “podar”. Por conseguinte, os que se agarram na espe-rança de salvação universal usam essa frase para dizer que significauma poda que dura uma era que, no final das contas, conduzirá à sal-vação dos bodes. Eles acreditam que a poda seja disciplinar, e não

 penal. Aristóteles faz tal distinção entre [iopí« (vingança) e  kó /  molc . Mas o mesmo adjetivo alomoç é usado com  k ÒX uoiv  e Ç(ór|y. Se pela

etimologia limitarmos a esfera de ação de  k ÓX  ixoiv  , temos igualmen-te apenas Cwr|y que dura uma era. Não há, nas palavras de Jesus, omenor indício de que o tormento não é da mesma maneira eternocomo a vida. Se alguém acredita em castigo condicional, parecenosdifícil imaginar como uma vida de pecado no inferno mudaria a pes-soa para que ela aceitasse uma vida de amor e obediência. A palavracÚGÓyiOí; (derivada de aícóy, “era”; em latim aevum, aeí)  significa

sem começo e sem fim, ou sem ou o começo ou o fim. Chega muito perto da ideia de eterno como o original grego põe em uma palavra.O conceito é difícil de expressar em palavras. Temos, às vezes, “erasdas eras” (aíávcç xíòv  alcóywv).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1Alfred Plummer, An Exegeticcil Commentary on the Gospel According to Saint  

 Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 343.2Rutherford, New Phrynichus.

3“Não levaram óleo de reserva” (NTLH).

4 “As prudentes, porém, levaram óleo em vasilhas” (NVI).

5“Todas elas acabaram cochilando e dormindo” (AEC; BJ).

6“Mas, à meianoite, ouviuse um grito” (ARA).

7TR e TM têm aúxúi' em lugar de êauuôv.

8Plummer, Matthew, p. 345.

9“As prudentes responderam: ‘De modo algum, o azeite poderia não bastar paranós e para vós’” (BJ).

10Moulton, Prolegomena,  1.192, e A. T. Robertson, ,4 Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f Historical Research (Nashville: Broadman, 1934), pp.1.161,1.174.

11Plummer,  Matthew, p. 345.

12 “Enquanto foram comprar o azeite” (BJ); “e, saindo elas para comprar”(ARA).

13“Mais tarde, chegaram as virgens néscias” (ARA).

14 “Dizendo: ‘Senhor, senhor, abrenos!’” (BJ); “e começaram a gritar: “Senhor,senhor, nos deixe entrar!” (NTLH).

15“Eu não sei quem são vocês!” (NTLH).

16“Portanto, fiquem vigiando” (NTLH).

17“Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro” (BJ); “e tambémserá como um homem que, ao sair de viagem” (NVI).

18“Lhes confiou os seus bens” (ARA).19“Logo” (NTLH); “imediatamente” (NVI).

20 O texto grego traz esta palavra no final do versículo 15 (cf. “imediatamente”,BJ; “logo”, ARC). A NTLH, NVI e ARA colocamna no versículo 16 (“logo”,

 NTLH; “imediatamente”, NVI; “imediatamente”, ARA).

21 “Saiu a trabalhar com eles” (BJ); “fez negócios com o dinheiro” (NTLH).

22 TR e TM têm a grafia do verbo assim eípyáoaTo.

23 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 133.

24 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, cuimpei. |i€r’ai)Tuy Àóyov.

25 G. Adolf Deissmann, Lightfrom the Ancient East: The New Testament Illustrated  by Recently Discovered Texts o f the Graeco-Roman World, traduzido por L. R.M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), p. 117.

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 Mateus 25

26“Venha e participe da alegria do seu senhor!” (NVI).

27 “Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse” (ARA).

28 “Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros” (BJ).

29 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras e lêem eõei ow oe (3cdelv tò ápyúpióv |íou  tolç  tpaireÇítaiç.

30 Vincent, WordStudies,  p. 135.

31TR tem o verbo no tempo presente, gKpáXXeTC.

32 TR e TM têm o verbo na terceira pessoa do singular, oi)va%0r|oeTa l.

33 William Sanday, Life o f Christ in Recent Research,  p. 182.

34 “Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do

mundo” (NVI).35 “Necessitei de roupas, e vocês me vestiram” (NVI).

36 “Estive enfermo, e vocês cuidaram de mim” (NVI).

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Capítulo

26

 Mateus26.2. Daqui a dois dias, é a Páscoa1(|_iexà ôúo r)[iépa<; xò váoya 

yí. vexoa), uso futurístico do presente médio/passivo do indicativo.Esta noite era a nossa noite de terçafeira (começo da quartafeira

 judaica). A Páscoa começou em nossa noite de quintafeira (começoda sextafeira judaica). “Daqui a dois dias” é apenas o modo da fala

 popular. Tecnicamente, a Páscoa ocorreu no segundo dia a contardesse tempo.

O Filho do Homem será entregue  (ô ulòç xoG ávOpoÓTrou

uapaõíõoxai), outro exemplo do presente médio/passivo futurís-tico do indicativo. A mesma forma verbal ocorre no versículo 24.Desta forma, Jesus estabelece uma data definida para a sua cruci-ficação próxima, a qual Ele vinha predizendo durante os últimosseis meses.

26.3.  Depois, os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se2 (Tóxe ov>vr\%Qr\oav  ol àp^u pelç ’ Koà

oi TTpeopúxepoL xoü laoü). Tratase de uma reunião do Sinédriocomo indica a menção a esses três grupos (cf. Mt 21.23).

 Na sala do sumo sacerdote4 (eLç xt]v aú/lf|v xou ápxiepéooc;), noátrio ou pátio em tomo do qual construíram os edifícios do palácio.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Tratavase de uma reunião informal feita nesse pátio aberto. Caifásfoi o sumo sacerdote d e l8 a 3 6 d .C .O seu sogro Anás fôra o sumosacerdote de 6 a 15 d.C. Muitos ainda se referiam a ele pelo título.

26.4. Consultaram-se mutuamente  (auvePouÀeúaavTo), terceira pessoa do plural do aoristo médio do indicativo, indicando o estadomental de confusão em que estavam. Não lhes era difícil encontrarJesus (Jo 11.57). O problema era como “prenderem Jesus com dolo eo matarem” 5  (iva tòv ’Ir|aot>v ôóAxp Kpatr|Gcoaiv6Ka! áTTOKieivcooiv).A entrada triunfal e o debate de terçafeira no Templo revelaram otamanho do grupo dos seguidores de Jesus, especialmente entre a

 população da Galiléia.26.5. Para que não haja alvoroço entre o povo1(iva |_ifi 0ópi>Poç

yévr|Tai kv  tcò Àacô). Eles temiam uma insurreição em favor deJesus. Havia entre eles quem argumentava que o assunto deveriaser tratado somente depois do término da festa, quando então asmultidões teriam debandado. Assim, eles poderiam capturálo “comdolo” (õóÀop, Mt 26.4), como se captura um animal selvagem.

26.6.  Em casa de Simão, o leproso (kv  oiKÍa Sí[ia)vo<; xou A.IT r p o ü ) . Obviamente, um homem que fôra curado de lepra por Jesusfez um banquete para honrar Jesus. Todo tipo de teorias fantasiosastêm surgido sobre essas informações. Certos estudiosos chegam aidentificar este Simão com o citado na narrativa de Lucas 7.3650,mas o nome Simão  era muito comum, e os detalhes são muito di-ferentes. Outros opinam que era a casa de Marta, visto que ela ser-via (Jo 12.2), e que esse Simão era o pai ou marido dela. Contudo,Marta gostava de servir, de forma que esse quesito não prova nada.Há ainda quem identifique Maria de Betânia com a mulher pecadorade Lucas 7.3650 e até mesmo com Maria Madalena. Nenhuma des-sas teorias têm o mínimo fundamento .8 João 12.1 situa o banqueteseis dias antes da Páscoa, ao passo que Marcos 14.13 e Mateus 26.6colocamno na noite de terçafeira (a quartafeira judaica), apenasdois dias antes da refeição pascal. E possível que João antecipe adata e registre o banquete em Betânia neste momento, porque elenão vai mais se referir a Betânia. Seja como for, devemos seguir aordem sequencial de Marcos. De acordo com a ordem sequencial de

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 Mateus 2 6 

Marcos e Mateus, esse banquete aconteceu na mesma hora em queo Sinédrio estava maquinando matar Jesus (Me 14.13).

26.7. Aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor9 (npoof|A.0ÉV aütcô yuvr] èxouoa(xÀápaaxpov [iijpou10  papuTÍiiou). O frasco era de alabastro, um car-

 bonato de cal ou sulfato de cálcio hidratado, pedra branca ou amare-la, chamado alabastro por causa da cidade do Egito onde era encon-trado com abundância. Era o material usado no fabrico de frascoscaros para guardar unguentos e perfumes preciosos, como mostramos escritos de escritores antigos, além de inscrições e papiros. Emgeral, os recipientes de alabastro tinham a forma de pêra e possuíamuma tampa cilíndrica, como um botão de rosa fechado, de acordocom Plínio. Mateus não identifica o unguento (|_iúpou), além de dizerque era “de grande valor [papuiíiiou], de valor pesado, vendese porgrande preço”. O termo é usado somente aqui no Novo Testamento.“Um alabastro de nardo ((lúpou) era um presente para um rei.” 11 Foium dos cinco presentes enviados por Cambises ao rei da Etiópia.12

[Ela] derramou-lho sobre a cabeça  (Kctcéxeev érrl rfiç Ke^cdfiç13

carcoü). O mesmo diz Marcos 14.3, enquanto que João 12.3 diz queela “ungiu os pés de Jesus”. Ela poderia ter feito as duas ações. Overbo Kcaéxeev significa, literalmente, “derramar para baixo”. Essaforma incomum é a terceira pessoa do singular do aoristo ativo doindicativo.

26.8. Por que este desperdício?  (Elç xí f| áutÓÂeia cdrrr| ). Elesconsideraram perda total (áiTGÓÀeLa), nada mais que aroma sentimen-tal. Deve ter sido um choque cruel para Maria de Betânia ouvir acrítica depois que ela desempenhou tal ato generoso de adoração.Mateus não conta, como João 12.4 revela, que foi Judas quem fez ocomentário, sendo endossado pelos demais. Marcos 14.5 estima o

 preço do presente em “trezentos dinheiros [ou denários]”, ao passoque Mateus 26.9 diz apenas “por grande preço” (ttoààoíj).

26A0. Por que afligis esta mulher?14(T í   kÓttouç TOpéxeTe xf|yuvaiKÍ.). A frase não é comum nos escritores gregos, embora hajaduas ocorrências nos papiros para referirse a dar dificuldade .15 A

 palavra kÓttoç é derivada de kóutco, “bater”, “golpear”, “cortar”.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Referese a uma “batida”, “dificuldade” ou “labuta”. Jesus defendeo ato de Maria com essa frase notável. É difícil certas pessoas daremliberdade para os outros expressarem a sua própria personalidade

em louvor. É fácil levantar pequenas objeções ao que não gostamose não entendemos. Jesus disse que ela fizera “uma boa ação paracomigo” 16  (epyov yàp kocàòv ripyáaaxo17 elç é|ie), uma linda façanhafeita no próprio Jesus.

26.12,13. [Ela] fê-lo preparando-me para o meu sepultamento (irpòç to kvxafyiáoui  (_ie eTroíriaev). Só Maria entendeu o que Jesusviera dizendo repetidamente sobre a sua morte que se aproxima-

va. Os discípulos estavam tão envolvidos em suas próprias ideiasde um reino político que não entenderam nada dos sentimentos deJesus enquanto enfrentava a cruz. Porém Maria, com a excelenteintuição feminina, começou a entender. Agora ela expressou as suassublimes emoções e extrema lealdade. Em João 19.40, a palavraèvxacjuáoca descreve o que José de Arimatéia e Nicodemos fizeramao coipo de Jesus antes do sepultamento. npòç xó, o infinitivo de

 propósito, mostra a intenção do ato. Jesus defendeu Maria. A suaação nobre se tomou uma “memória sua” (ele; [ivr|(j.óauvov aúxf|ç)como também de Jesus.

26.15. Que me quereis dar [■■■]?K   (Tí GéÀexé (íoi ôouvai...;).Houve regateio na transação.19 Maria e Judas são colocados lado alado em opostos extremos, “ela gastando livremente em amor, elequerendo vender o Mestre por dinheiro” .20 O ato de amor de Maria

e a repreensão de Jesus, além de outras motivações, provocaramJudas a praticar a sua ação desprezível.

 E eu vo-lo entregarei?  (Káyò) í>|uv TTapaÔGÓoco amóv  ). O usode kk í com uma oração gramatical coordenada é um coloquialismocomum no grego Koivií como é no uso hebraico de vau (wav).  “Umcoloquialismo ou um hebraísmo, o traidor apresentado em estilocomo em espírito.” 21 O uso de èyú como parte de Kàyw parece sig-

nificar: “Eu, embora um dos seus discípulos, o entregarei para vósse me derdes bastante”.

 E eles lhe pesaram trinta moedas de prata22  (ol ô'e catrpavaúxcò xpiáKovxa ápyúpia). Eles colocaram o dinheiro na balança

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 Mateus 2 6 

ou nos pratos da balança. “O dinheiro cunhado estava em circula-ção, mas homens meticulosos podem ter pesado os siclos à modaantiga para fazer uma coisa injusta do modo mais ortodoxo possí-

vel.” 23 Não sabemos se o Sinédrio oferecera uma recompensa pela prisão de Jesus. As trinta peças de prata é uma referência a Zacarias11.12. Se o boi escornasse um servo, o dono do boi tinha de pagaressa quantia (Êx 21.32). Certos manuscritos têm a palavra crccmipaç(estáteres). Esses trinta siclos de prata eram iguais a cento e vintedinheiros ou denários, o salário de um trabalhador por cento e vintedias de trabalho. Podiase comprar um escravo por esse preço. Nãohá dúvida de que o preço espelhava deliberadamente o desprezo queo Sinédrio e Judas tinham por Jesus.

26.16.  Desde então, buscava oportunidade para o entregar24 (êÇritei euKcapíco' lua amòu mpaôô).  Note o tempo imperfeito.Judas foi tratar do seu negócio. “Judas sabia como apanhálo denoite longe da multidão .” 25

26.17. Onde queres que preparemos a comida da Páscoa?26  (üou Géleiç èroi|iáaoo|j,év ooi cfiayeiv tò i\áaja  ). Duas festasforam combinadas, a Festa da Páscoa e a Festa dos Pães Asmos.Empregavase qualquer um dos nomes. Usavase o nome a Festados Pães Asmos para aludir a todos os oito dias festivos.27 Aqui osignificado é a refeição pascal, embora João 18.28 dê a entenderque a festa ligada à comida da Páscoa (a última ceia) já tivesse sidoobservada. Há a controvérsia famosa sobre a discordância aparen-te entre os Evangelhos Sinóticos e o quarto Evangelho quanto àdata dessa última refeição pascal. A minha opinião é que as cinco

 passagens em João (Jo 13.1,2,27; 18.28; 19.14,31) concordam comos Evangelhos Sinóticos (Mt 26.17,20 é igual a Me 14.12,27, queé igual a Lc 22.7,14). Corretamente interpretadas, essas passagensindicam que Jesus comeu a refeição da Páscoa na hora regular decerca de seis horas da tarde no começo do dia 15 de nisã. O cordeiroda Páscoa foi morto na tarde do dia 14 de nisã e a refeição foi comi-da ao pôrdosol no começo do dia 15 de nisã. De acordo com essavisão, Jesus comeu a refeição pascal na hora regular e morreu nacruz na tarde do dia de 15 de nisã .28 A pergunta dos discípulos aqui

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

dá a entender que eles observarão a comida da Páscoa regular. Noteo subjuntivo deliberativo èToi[iáoco|aev depois de Géleiç com'iva.29

26.18.  Ide à cidade a um certo homem  ('Yiráyeue elç triv ttóàivTipòç tòv õeiva). Este é o único exemplo no Novo Testamento desselinguajar do antigo grego ático para referirse a uma pessoa que nãose pode ou não se quer dar o nome .30  Os papiros mostramno por“Fulano” ,31  e o grego moderno o mantém. Jesus pode ter indicadoo nome do homem. Segundo descrição de Marcos 14.13 e Lucas22.10, é um homem que leva um cântaro de água. Certos estudiosos

 pensam que pode ter sido a casa de Maria, a mãe de João Marcos. Em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos32

(TTpòç oè ttoiu to ti < xayu  (Jexà tcòv p,a0r|Tá)v (j,ou), um presente futurístico do indicativo. O uso de irpòç oe, para “em tua casa” é gregoexcelente do período clássico. Obviamente, a ordem de Jesus nãocausou surpresa para esta casa. Era um privilégio da graça serviloassim.

26.20. Assentou-se [reclinou-se] à mesa com os doze [discípulos] (áveKeiTo (lexà tcòv õúõeKa). Ele estava reclinando, deitandosedo lado esquerdo no divã com a mão direita livre. De acordo com ocostume da Páscoa, Jesus e os doze reclinaramse todos. O cordeiro

 pascal tinha de ser consumido por inteiro (Êx 12.4,43).26.21. Um de vós me há de trair  (elç í)|_i(3v rapaõcóaei |_ie).

Esta era uma declaração inesperada para todos, exceto para Judas.Ele deve ter se assustado ao descobrir que Jesus sabia da sua nego-ciata de traição.

26.22.  Porventura, sou eu, Senhor?  (Miyci eycó el|ii, KÚpie). Anegação pede a resposta não. Judas blefou ao fazer a mesma pergun-ta que os outros fizeram (Mt 26.25).

26.23. O que mete comigo a mão no prato, esse me há de trair33 ('O è[ipái|mç [ler è ioii tf|v xe~LPa T<í xpupiíco34  ouioç p,eTrapaÕGÓaeL). Todos eles metiam a mão, porquanto não existiam fa-cas, garfos ou colheres. O nominativo singular masculino do particí

 pio aoristo ativo com o artigo significa simplesmente que o traidor équem mete a mão no prato ou bandeja com o caldo de nozes, passase figos, no qual imergiam o pão antes de comêlo. Os demais ainda

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 Mateus 2 6 

não perceberam que Judas é a pessoa sobre quem Jesus falara. Esselinguajar significa que um desses que comera o pão com Ele violaraos direitos de hospitalidade, traindoo. A cultura árabe sempre foi

escrupulosa quanto a este ponto. Comer o pão amarra as mãos doanfitrião que poderia desejar fazer mal. Comer junto obriga a ami-zade.

26.24.  Bom seria para esse homem se não houvera nascido35

(kcxXòv rjv aúxtô ei oi>k èyewr|9r| ó avOpwrroç èKelvoc;). Conclusão deuma condição de segunda classe que é o contrário do fato. Nenhumacláusula da condição é falsa, embora av não esteja expresso. Não é

 preciso com os verbos de obrigação e necessidade. Certos estudio-sos querem justificar o crime de Judas, mas Jesus pronuncia umaterrível sentença. Judas ouviu essas palavras e, ao que parece, saiuda reunião nesse momento (Jo 13.31). Ele foi dar andamento à bar-ganha satânica com o Sinédrio.

26.25. Tu o disseste  (XA c ÍTraç). Agora foi a vez de Judas per-guntar se ele era o traidor. A resposta de Jesus significa sim, ele é.

26.26.  Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu36  (Àapuvó ’Irpouç apxov37 kou euÀoyr|oaç èKÀ.aoev'38). A “graça” especial veiono meio da refeição da Páscoa, “enquanto comiam”. Para a institui-ção da ceia, Jesus partiu um dos pães chatos ou bolos da Páscoa paraque cada um recebesse um pedaço, não como símbolo da partiçãoou quebra do seu corpo como traz o TR em 1 Coríntios 11.24. Otexto correto tem lá somente xò ímèp  Í  j \ iójv   ck[í  K}dí)\x(-vov. De fato,o corpo de Jesus não foi “quebrado” (Jo 19.33), como João expres-samente declara.

 Isto é o meu corpo  (xoüxó éoxiv xò oô|iá |iou). O pão comosímbolo representa  o corpo de Jesus oferecido por nós, “um sím-

 bolo graciosamente simples, patético e poético da sua morte. [...]Mas alguns o fizeram ‘funcionar em adoração de fetiche’ .” 39 Claroque Jesus não quer dizer que o pão se toma verdadeiramente o seucorpo, devendo ser adorado. O propósito do memorial é nos fazerlembrar da sua morte pelos nossos pecados.

26.28.  Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento40  (xoüxo yáp èaxiv xò at^á [xou xrjç ôia0r|Kr|<; 41). O

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

adjetivo Kmvr|ç no TR não é genuíno. O Testamento (“aliança”,ARA) é um acordo ou contrato entre dois (õiá õúó 0r|Ke, derivadode tl9t|hl). A palavra é usada para referirse a um testamento (la-

tim, testamentum),  um acordo que entra em operação pela morte(Hb 9.1517). Tanto a palavra aliança quanto a palavra testamento fazem sentido aqui. Aliança é a ideia que está por trás de Hebreus7.22 e 8.8 . Na cultura hebraica, fazer uma aliança envolvia cortarem pedaços um sacrifício pelo qual se ratificava o acordo (Gn 15.918). Lightfoot argumenta que õia0r|K:r| quer dizer “aliança” em todosos lugares do Novo Testamento, exceto em Hebreus 9.1517. Jesus

usa aqui as palavras solenes de Êxodo 24.8: “O sangue da aliança”(ARA) no monte Sinai. “Meu sangue da aliança” está em contrastecom isso. Este é o concerto novo de Jeremias 31 e o novo concertode Hebreus 8.

Que é derramado por muitos ( to  uepi rroÀA.wv kKXWVÓ\ievov), um particípio passivo do presente profético. O ato é simbolizado

 pela ordenação, o propósito de Cristo expresso em Mateus 20.28.

Lá é usado àvxí   e aqui nep l . Para remissão dos pecados42 (eu; ac^eoiv qiapTiájv). Esta frase

ocorre somente em Mateus, mas nem por isso deve ser restritiva. Éa verdade. Essa passagem contesta todo o sentimentalismo modernoque vê no ensino de Jesus somente ética religiosa ou sonhos escatológicos. Ele tinha a concepção específica da sua morte na cruz comoa base para o perdão dos pecados. O propósito do derramamento do

seu sangue do Novo Testamento ou nova aliança era precisamenteremover (remir, perdoar) os pecados.

26.29.  Em que o beba de novo convosco no Reino de meu Pai43

(óxav amo  ttlvcú |í€0’ Ò[íc2>v Koavòv kv  urj paoiAeía toü Troapóç fiou).Esse linguajar dá a entender que o próprio Jesus participou do pão edo vinho, embora a ideia não esteja inconfundivelmente declarada.

 No banquete messiânico não é necessário supor que Jesus quer dizer

o linguajar literalmente, “fruto da vide”. Deissmann44 dá um exem- plo do uso da palavra yévrpa em relação à vide em um papiro de 230a.C. O linguajar aqui empregado não toma obrigatório a utilizaçãode vinho em lugar do suco de uva puro, caso se prefira este.

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 Mateus 2 6 

26.30. E, tendo cantado um hino45 (í)|j,vr|aavTe<;), o Hallel, partedos Salmos 115 a 118. Pelo visto, eles não saíram imediatamente

 para o jardim do Getsêmani. Jesus permaneceu com eles no cenácu-lo para fazer o discurso maravilhoso e a oração famosa registradosem João 14 a 17. Eles podem ter saído para as ruas depois de João14.31. Já não era mais obrigatório permanecer na casa até pela ma-nhã depois da refeição da Páscoa como se dera na primeira Páscoa(Êx 12.22). Jesus saiu para o jardim do Getsêmani, o jardim da ago-nia, que ficava fôra dos muros de Jerusalém, em direção ao monte

das Oliveiras.26.33. Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me es

candalizarei46 (El41  ttávxeç aKavôaXiaBriGOVTOi kv  ooí, éyó ouôénmeaKoa'ôaÀia0iíao|j.ai), “feito para tropeçar”, não “ofendido”, um futu-ro volitivo passivo do indicativo. Pedro ignorou a profecia da res-surreição de Jesus e a reunião prometida na Galiléia (Mt 26.32).A citação de Zacarias 13.7 não lhe causou nenhuma impressão. O

seu desejo era mostrar que ele era superior aos demais. Judas viraratraidor, e todos eram fracos, especialmente Pedro, embora não sedesse conta.

26.34.  Antes que o galo cante  (upiv (xÀéKiopa <J>(júvf)Gai). Nãohá o artigo definido no original grego, portanto é “antes que um galocante”. Jesus teve de deixar o ponto mais claro, destacando que otempo era “nesta mesma noite”. Marcos 14.30 diz que Pedro nega-

rá Jesus três vezes antes que o galo cante duas vezes. Quando umgalo canta pela manhã, outros geralmente o imitam. O período dastrês negações ditas mais tarde nessa noite durou cerca de uma hora.Certos estudiosos afirmam que os judeus não permitiam galinhasem Jerusalém, mas os romanos as tinham.

26.35.  Ainda que me seja necessário morrer contigo  (Kav ôér)[íé auv col àiToGaveiv), uma condição de terceira classe. Uma de-

claração nobre e de boas intenções. A sua confissão de lealdade ficamais forte com as palavras “não te negarei”, ou “não te renunciarei”,ou “não te desconhecerei” (oú oe àuapvr|oo|ioa). Obviamente en-vergonhados pela ostentação de Pedro, os outros discípulos uniramse na confissão de fidelidade.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

26.36. Getsêmani  (FeGorpcaá48). A palavra significa, em he- braico, “prensa de óleo” ou “tanque de azeitonas” . O lugar (xtopíov)

era um terreno ou propriedade fechada, “jardim” ou pomar (ktiitoç).A Vulgata Latina a chama vila  em João 18.1. Ficava do outro ladodo ribeiro de Cedrom, ao sopé do monte das Oliveiras, a cerca demil e duzentos metros dos muros orientais de Jerusalém .49

 Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar   (KaGíoaie aikoüécoç ou áiTeA.9tbv eKet Trpoaeú Qiicu30). E bem claro o gesto de Jesusapontando para o lugar a que se referia. Literalmente, “ali”.

26.37.  Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu51

(Trapcda(3à)v tòv néupov koc! touç õúo uiouç ZePeôcáou). “Levandoconsigo, ao seu lado” (napa), como marca de favor e privilégioespecial, em vez de deixar este círculo interno dos três discípu-los (Pedro, Tiago e João) com os outros oito discípulos. Os oitoserviram como um tipo de guarda externo no portão do jardim doGetsêmani para vigiar a vinda de Judas, enquanto os três tomariam

 parte na agonia de alma que já estava em Jesus. Pelos menos, eles poderiam lhe dar um pouco de simpatia humana, algo Ele almejavaquando buscou a ajuda do Pai em oração. Foram esses três que esti-veram com Jesus no monte da transfiguração e agora estão com Elenessa crise do mais alto grau. Nesse momento, a agonia de Cristoera severa em extremo.

Começou a entristecer-se e a angustiar-se muito*2 (r\p^axo  À,u

TTeioGcaKcà

áôruioveiv). A palavra traduzida por “angustiarse mui-to” é de etimologia duvidosa. Há o adjetivo áõf||ioç, que é igual aáuóôrmoç, significando “não em casa”, “longe de casa”, como as pa-lavras alemãs unheimisch e unheimlich. Mas seja qual for a etimolo-gia, a noção de aflição intensa é clara. A palavra áôr||iovê.v ocorre nos

 papiros53 do século I, onde significa “excessivamente preocupado”.Em Filipenses 2.26, Paulo a usa em relação a Epafrodito (“muito an-

gustiado”). Aqui, Moffatt traduz por “agitarse”. Às vezes, a palavraocorre com áuopeo), “estar perdido quanto a qual caminho ir”. Aqui,Mateus também tem “estar triste” (limeloGcu), mas Marcos 14.33tem a frase “começou a ter pavor e a angustiarse” (éKGafipeloGaiKoà áôrpoveiv), “um sentimento de surpresa apavorada”.

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 Mateus 2 6 

26.38. Vigiai comigo  (ypriyopeixe |iex’ 4|ío0). Este recente tem- po presente do perfeito de èypiíyopa significa “ficar acordado e nãoir dormir”. A hora estava adiantada e a tensão tinha sido severa, masJesus pediu um pouco de empatia humana enquanto falava com oPai. Não era pedir muito. Ele expressara a sua tristeza em linguajarforte, “até à morte” (éooç Gaváxou). Isso deveria têlos alarmado.

26.39.  Indo um pouco adiante54 ('iTpoeA.Gwv55  |iiKpòy). Como senão pudesse lutar a batalha na presença imediata desses discípulos.Ele estava sobre o seu rosto, não de joelhos .56

 Passa de mim este cálice37 (mxpeÀGáxGO58  án’ €|aoú xò Troxfpiovxouxo). A frase pode significar só a morte que se aproximava. Jesus

 já usara essa expressão acerca da sua morte quando Tiago e João seaproximaram dEle com o pedido ambicioso: “O cálice que eu heide beber” (Mt 20.22). Mas agora o Mestre está a ponto de provara borra amarga do cálice da morte pelo pecado do mundo. Ele nãotinha mais medo de morrer antes da cruz, embora instintivamenterecuasse diante do cálice. Ele rendeu imediatamente a sua vontade àvontade do Pai e bebeu o cálice até a última gota. Lógico que nessemomento Satanás tentava Jesus para fazêlo recuar da cruz. AquiJesus recebeu o poder para continuar indo até ao Calvário.

26.40.  Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo?  (Ouxcoçoi)K loxúoaxe [iiav  copav ypriyopfjaai fiex’ è|_iou). O advérbio grego(ouxg)ç) não é interrogativo ou exclamativo. Significa somente “as-sim” ou “deste modo”. Há um tom de decepção triste ao descobrirque eles estavam dormindo depois do pedido sério para que ficas-sem acordados (Mt 26.38). “Vós não tivestes bastante força paraficardes acordado por uma hora?”

26.41. Vigiai e orai  (ypriyopeixe Km TipoaeúxeoGe). Jesus repetea ordem do versículo 38 com o acréscimo da oração e com o avisodo perigo da tentação. Naquele exato momento, ele estava sentindoa pior de todas as tentações da vida terrena. Ele não desejava entrarem tal “tentação”, rreipao^óv, não meramente uma prova, como é osignificado primário da palavra. É desta forma que temos de enten-der a oração em Mateus 6 .13 sobre induzir (ser induzido) à tentação.O insucesso dos discípulos deviase à fraqueza da carne, como se

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

dá na maioria das vezes. Aqui, “espírito” (nveuim) é a vida moral(intelecto, vontade, sentimentos) em oposição à carne (cf. Is 31.3;Rm 7.25).

26.42. Se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber 59( e l oi)  ô ú v a r a i t o u t o uapelGelv è à v |j,T] aúxò t t loo 60). Condiçãonegativa de primeira classe, seguida por uma condição negativa deterceira classe com probabilidade de determinação. Essa distinçãotênue apresenta com precisão a verdadeira atitude de Jesus para comessa tentação sutil.

26.43.  Porque os seus olhos estavam carregados  (rjoav yàpctúrâv oi ó4)9a;À[j,o! pepctpr||jivoi). Construção participial perifrásti-ca do pretérito perfeito passivo do indicativo. Os olhos deles estive-ram sobrecarregados com sono da mesma maneira que estiveram nomonte da transfiguração (Lc 9.32).

2 6 .4 5 .  Dormi, agora, e repousai  (KaGeúôeie t ò A .o it tòv Kod

ávaTOÚeoGe). Há uma “ironia pesarosa” 61  ou concessão repreensivanas palavras: “No que me diz respeito, vós podeis dormir e descan-sar indefinidamente; não preciso mais de vossa utilidade de vigilân-cia” .62 Ou a questão pode conter mais tristeza, como na tradução deMoffatt: “Vós ainda estais dormindo e descansando?” Esse uso deAolttÓv  por “agora” ou “de agora em diante” é comum nos papiros.

 Eis que é chegada a hora63  ( í í y y i K e v rj u p a ) . Chegou a hora da.ação. Eles perderam a chance de mostrar solidariedade por Jesus.Agora Ele obtivera a vitória sem a ajuda deles. “A hora de fraquezado Mestre passou; Ele está preparado para enfrentar o pior .” 64

O Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores65 (óuLòç toÍ ) ávGpGJTTOu rapaÕLÔOTai) . Presente futurístico ou incoativo(ingressivo), o primeiro ato da traição chegou. Durante muito tempoJesus previra esta “hora” e agora Ele a enfrenta corajosamente.

26.46. Partamos66 (áyco iev). O traidor está vindo agora. Ao que pa-

rece, os oito discípulos que estavam no portão do jardim do Getsêmaninão deram o aviso. Nesse ponto da história, os três Evangelhos Sinóticosdescrevem Judas como elç tcòv ôcóôeKa, “um dos doze” (cf. Mt 26.47;Me 14.43; Lc 22.47). Esse detalhe enfatiza o aspecto do horror do mo-mento: É um dos doze escolhidos que está fazendo isso.

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 Mateus 2 6 

 Eis que é chegado o que me trai61 (TÍyyiKev ó Trapaôiôoú<; |ae).É o mesmo verbo e tempo verbal usados acerca da “hora” acima,

 perfeito presente ativo de éyyíÇw, “puxar perto”, “aproximarse”,

que é a mesma forma verbal usada por João Batista acerca da vin-da do Reino dos Céus (Mt 3.2). Não sabemos se Jesus ouviu aaproximação do traidor acompanhado pela multidão, ou se viu asluzes, ou se só sentiu a proximidade do traidor (J. Weiss). Essequesito não tem importância. A cena é pintada como acontecidacom poder natural.

26.47.  Estando ele ainda a fa lar   (êti aúxou ÀaÀouvtoç), uma

construção de genitivo absoluto. Foi um momento eletrizantequando Jesus encarou Judas com a sua horda de ajudantes comose enfrentasse um exército.

Grande multidão com espadas e porretes68 (oyf  oç ttoXuç |_ietà|j,aXaLP“ y KÍX'L £úAxov). Os principais dos sacerdotes e os fariseusaparelharam Judas com um grupo de soldados que estavam posta-dos na guarnição de Antônia (Jo 18.3) e com a polícia do Templo

(Lc 22.52) munidos com espadas (punhais) e porretes. Havia tam- bém uma escolta contratada que levava lanternas (Jo 18.3, ARA),apesar da lua cheia. Judas não queria se arriscar, porque conheciamuito bem o poder estranho de Jesus.

26.48. E o traidor tinha-lhes dado um sinal69  (ó ôè TTapaôiõouç;aikòv êÔGOKev aikoic; ari|j,eiov), provavelmente logo antes dechegar ao local, embora Marcos 14.44 diga “tinhalhes dado”

(ôeôokei), o que certamente significa antes da chegada ao jardimdo Getsêmani. De qualquer modo, Judas dera a entender aos lí-deres que beijaria (4nAr|aü)) Jesus para identificálo com certeza.O beijo era um modo comum de cumprimentar. Judas escolheuesse sinal e, de fato, “beijouo fervorosamente” (KaTecjHAriaev, Mt26.49), embora os papiros mostrem que o verbo composto perdeua força intensiva. Bruce opina que Judas foi incitado pelos moti-

vos incompatíveis de amor ardente e covardia latente .70 Seja comofor, esse beijo ostentoso e nojento é “o exemplo mais terrível deeKoúoai (f)iA.ií|icrax e^Opou (Pv 27.6 na LXX), os beijos profusos deum inimigo” .71 Esse verbo composto ocorre em Lucas 7.38 acerca

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

da mulher pecadora, em Lucas 15.20 acerca do abraço do Pai dofilho pródigo e em Atos 20.37 acerca do afeto dos anciãos efésios

 por Paulo.26.50. A que vieste?12 (ècj)’ o uápei73). Moffatt e Goodspeed tra-

duzem assim: “Cumpra a tua incumbência” . Essa frase tem causadomuita dificuldade. Deissmann mostra que êcj)’ o no grego recentetem o sentido interrogativo de éui  xí. Portanto, é uma pergunta.74 Ouso de è(J)’ o para “por que aqui” ocorre em um tablete sírio do sécu-lo I. “Era a moeda corrente na linguagem do povo .” 75 A maioria dastraduções antigas (por exemplo, a Versão Latina Antiga e a VersãoSiríaca Antiga) vertemno como pergunta. A Vulgata Latina tem ad  quid venisti. Aqui, a tradução: “Amigo, a que vieste?” está mais pró-xima do sentido do original grego. A pergunta expõe o fingimento emostra que Jesus não acredita no afeto exibicionista de Judas .76

26.51. Um dos que estavam com Jesus  (eiç xúv [ierà TtpoD).Igualmente ao que se dá nos outros Evangelhos Sinóticos, Mateusguarda segredo sobre o nome de Pedro, provavelmente porque fe-rir alguém no cumprimento do dever judicial e oficial era assuntosério, e Pedro ainda estava vivo antes de 68  d.C. Escrevendo pertodo fim do século I, João está livre para identificar Pedro (Jo 18.10).A espada ou punhal era um dos dois que os discípulos tinham (Lc22.38). Bruce opina que era a faca grande que fôra usada nos prepa-rativos da refeição pascal. Pedro pode ter querido cortar a cabeça dohomem, não a orelha, pois a palavra okiov é diminutiva em forma,mas não em sentido. Talvez este servo fosse o líder do grupo. O seunome, Malco, também é dado em João 18.10, porque a essa alturaPedro já estava morto e não havia mais perigo.

26.52.  Mete no seu lugar a tua espada  (’Auóatpeij/ou tt]v[iáxcapáv oou etc tÒv tjÓttov aimiç;77). “Põe de volta a tua espadano seu lugar.” Era uma repreensão para Pedro, que mostrou que en-

tendera mal o ensino de Jesus em Mateus 5.39 e Lucas 22.38 (cf. Jo18.36). A razão apresentada por Jesus tinha inumeráveis ilustraçõesna história humana. Espada pede espada. A guerra ofensiva recebe

 plena condenação. A vontade para a paz é o primeiro passo para a paz e o banimento da guerra.

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 Mateus 2 6 

26.53. Agora (apxi), “agora mesmo”, “neste exato momento”. Doze legiões de anjos? (õcóõeKa ÀeyiGÒvaí; àyyé/ltov;). A palavra

Àeyitjòvaç é a versão grega de uma palavra latina. Nessa época naPalestina, não havia número grande de soldados romanos até quecomeçou a Guerra Judaica em 66  d.C. Havia, então, contingen-tes consideráveis na Cesaréia e postados na torre de Antônia, emJerusalém. No tempo de César Augusto, uma legião romana com-

 pleta tinha seis mil e cem soldados a pé e setecentos e vinte e seissoldados a cavalo. Jesus vê mais de doze legiões às suas ordens (o

suficiente para uma para cada discípulo) e mostra a sua coragemdestemida nesta conjuntura perigosa. A declaração lembra a históriade Eliseu em Dotã (2 Rs 6.17).

26.54.  Assim convém que aconteça?  (õei yevéoGoa). Jesus vêclaramente o seu destino agora que obtivera a vitória no jardim doGetsêmani.

26.55. Como para um salteador 78  ('Qç eu! lr]oxf]V'). Como um

salteador, não como um ladrão, mas um salteador que se esconde da justiça. Ele será crucificado entre dois salteadores e na cruz que erado líder deles, Barrabás. Eles chegaram sem a justificação de qual-quer crime, mas com uma força armada para agarrar Jesus comose ele fosse um salteador de estrada. Jesus os lembra de que tinhase assentado (imperfeito, èraGeCófieriv) no Templo ensinando. MasEle vê o propósito de Deus em ação, pois os profetas predisseram

este seu “cálice”. Logo após essa repreensão do esforço de Pedro,os discípulos abandonam Jesus. Os discípulos fugiram porque Jesusse rendera.

26.58.  Assentou-se entre os criados, para ver o fim79  (èKáOrjio|ietà xtòv úuripexwv lõeiv xò xéÀoç). Pedro se refez do pânico e se-guia a Jesus de longe ((_ia;Kpó0ev), “mais corajoso do que os demaise, ao mesmo tempo, não suficientemente corajoso” .80  João, o discí-

 pulo amado, entrou na sala onde Jesus estava. Os demais permane-ceram fôra, mas Pedro “assentou com os criados” para ver e ouvir,esperando não ser reconhecido.

26.59. Todo o conselho buscavam falso testemunho contra  Jesus81 (xò ouvéõpiov olov éÇr|X0uv ij/euôo|i,apxup íav  Kaxà xoü

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

TipoO). O tempo imperfeito, “continuavam buscando”. Os juizesnão têm o direito de ser os acusadores, muito menos de buscar falso

testemunho e até oferecer subornos para obtêlo.26.60.  Não o achavam  (oüx eupov). Eles acharam falsas teste-munhas em abundância, mas nenhuma falsa testemunha que resis-tisse a qualquer tipo de prova da verdade.

26.61.  Eu posso derribar o templo de Deus  (Aúvoc|iai KotraÀücai tòv vcíov   ToO 9eo0). O que Ele dissera (Jo 2.19) referiase aotemplo do seu corpo que eles matariam e que Ele levantaria nova-

mente em três dias. Eles perverteram o que Jesus dissera. Mesmoassim, as duas testemunhas discordavam em suas declarações falsas(Me 14.59).

26.63. Jesus, porém, guardava silêncio*2(ó ôè Tipouc; éoicóua).Terceira pessoa do singular do pretérito imperfeito ativo do indicati-vo. Jesus se recusou a responder à petulância de Caifás.

Conjuro-te pelo Deus vivo83  (’E^opKÍÇw oe Kcrrà xou Oeoü xou

(tóvToç 84). Caifás pôs Jesus sob juramento para fazer com que seincriminasse. Esse era um procedimento ilegal na jurisprudência ju-daica, mas Caifás estava desesperado, porque não conseguira acu-sação que se mantivesse de pé. Jesus não se recusou a respondersob juramento solene, mostrando claramente que não proibiu fazer

 juramentos em tribunais de justiça (Mt 5.34). Caifás acusa Jesus deafirmar ser o Messias, o Filho de Deus. Recusarse a responder seria

equivalente a negar, por isso Jesus responde, sabendo o que farãocom a sua declaração.26.64. Tu o disseste85  (2u eíuaç). Esta é uma resposta grega

afirmativa. Em Marcos 14.62 a resposta é bem clara: “Eu o sou”(eífú). Mas não é tudo que Jesus disse a Caifás. Ele declara quevirá o dia em que Jesus será o Juiz e Caifás, o culpado. Jesus usa olinguajar profético de Salmos 109.1 e Daniel 7.13. Isso era tudo que

Caifás queria para poder justificar a sua posição.26.65.  Blasfemou (T3piaa4)r||ir|aev). Não havia mais necessida-de de testemunhas, pois Jesus se incriminara quando afirmou, sob

 juramento, ser o Messias, o Filho de Deus. Não seria blasfêmia overdadeiro Messias fazer tal afirmação, mas era inconcebível para

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 Mateus 2 6 

esses homens que Jesus fosse o Messias da esperança judaica. Nocomeço do seu ministério, Jesus usou ocasionalmente a palavra

 Messias  para referirse a si mesmo. Mas logo deixou de dizêlo, pois ficou claro que o povo o tomaria para ser um revolucionário político que sacudiria o jugo romano. Se Ele recusasse esse papel,os fariseus não teriam nada dEle, pois esse era o tipo de Messiasque desejavam. Mas a hora chegara. Na entrada triunfal, Jesus dei-xara as multidões da Galiléia o saudarem de Messias, sabendo qualseria o efeito. Agora, Ele fez a sua reivindicação e desafiou o sumosacerdote.

26.66.  É réu de morte86  (’'Evoxoç Oavcaou èoxív). “Ele está preso nos laços da morte” (kv è^co) como verdadeiramente culpado,com o genitivo, Gaváxou. O dativo expressa endividamento, obri-gação, como trj Kpíoei e elç e o acusativo em Mateus 5.21,22. Amorte era a pena por blasfêmia (Lv 24.15). Contudo, de acordo coma lei judaica, o voto de condenação não podia ser dado à noite. O

 procedimento também era impróprio, visto que eles já não tinhamautoridade para executar um criminoso. Os romanos tinhamlhes to-mado esse poder. Mas eles gostaram de dar esse voto como respostaaos discursos incontestáveis que Jesus fez no Templo na terçafeiraterrível daquela mesma semana. O voto foi unânime entre os queestavam presentes. José de Arimatéia e Nicodemos, e talvez outros,não concordaram, mas eles provavelmente nem sabiam que esse

 processo judicial estava em andamento. Eles estavam sob suspeitade ser discípulos secretos do galileu.

26.68.  Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?*1(IIpo4)iÍTeuooy thj.lv, XpLoxé), com absoluta zombaria diante das afir-mações que Jesus fez sob juramento em Mateus 26.63. Com alegriadesenfreada e desembaraço irrestrito de uma gangue de criminososviolentos, esses doutores em teologia insultaram Jesus. Na verdade,eles cuspiramlhe no rosto, bateramlhe no pescoço (éKoÀá^ioav,derivado de  KÓkafyoç, “punho”) e esbofetearamno no rosto com as

 palmas das mãos (èpchuoav, derivado de páiuç, “vara”). Depois de já terem perpetrado a injustiça judiciária, deram vazão à malvadezae ódio por meio de insultos pessoais.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

26.69. Tu também estavas com Jesus (Kod oi) fjoGa |aexà Tipou).Pedro tinha ido ao (eooo) palácio do sumo sacerdote (Mt 26.58), massentouse do lado de fôra   (e^co) da sala onde o julgamento estavasendo realizado. Ele estava no pátio aberto e central com os criadosou oficiais (i)TTT|p6TÓ)y, literalmente, “remadores de baixo”, cf. Mt26.58) do Sinédrio. Pela porta aberta em cima, era possível ver oque estava acontecendo lá dentro. Não está claro em que fase du-rante o julgamento judaico ocorreram as negações de Pedro, nem aordem exata em que sucederam. Os relatos dos Evangelhos variam.Uma escrava (ttcuÔíokti) adiantouse de Pedro, que estava sentadono pátio, e disse incisivamente: “Tu também estavas com Jesus, ogalileu”. Pedro estava se esquentando perto da fogueira, cuja luz lheiluminava o rosto. Ela notara Pedro chegar com João, que subira àsala de julgamento. Ou ela pode ter visto Pedro anteriormente comJesus.

26.70.  Não sei o que dizes  ( O ú k   oíôa t í Àéyeiç). Este rompantede ignorância extrema não enganou ninguém .88 Foi um subterfugioineficaz. Dalman propõe que Pedro usou a palavra aramaica galiléia

 para dizer “sei” , em vez de usar a palavra aramaica judaica. Só essedetalhe já o teria traído como galileu.89

26.71.  E, saindo para o vestíbulo90  (è^eÀGóvxa ôè elç tòv ttuàg)vr/91). Pedro passou para um lugar menos iluminado, mas não adian-tou nada, porque outra criada o reconheceu. Referindose a ele, eladisse “este” (outoç ) , com um gesto de modo que as pessoas ali sou-

 bessem sobre quem estava falando.26.72.  E ele negou outra vez, com juramento  (kocI toXiv

r\pvr\aaxo |aetà opncou92). Dessa vez, Pedro acrescentou um juramen-to, caindo no hábito comum entre os judeus daqueles dias. Ele ne-gou ter qualquer tipo de relação com Jesus, chegando a referirse aEle como “tal homem” (xòv avGpwuov), uma expressão que poderiatransmitir desprezo, “esse homem” .

26.73.  E, logo depois, aproximando-se os que ali estavam, dis seram a Pedro (\xezà  [iiKpòv ôè TTpooeÀGóvxec; o i e o tc ô ie ç éI ttov  tw  

neípco). A conversa sobre Pedro continuou. Lucas 22.59 declara que passara mais ou menos uma hora. Alguns espectadores aproxima-

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 Mateus 2 6 

ramse e bruscamente confirmaram que Pedro era “verdadeiramen-te” (’AÀr|0(ôç) um dos seguidores de Jesus, pois a sua fala o traía. Ooriginal grego tem “te faz evidente” (õf|A.óv ae ttolél). O seu dialeto(Àcdiá) claramente revelava que ele era galileu. Os galileus tinhamdificuldade com os sons guturais, e até a fraseologia de Pedro nessaimprecação na segunda negação expusera a verdade aos ociosos quecontinuavam importunandoo.

26.74. Então, começou ele a praguejar e a ju rar 93  (xóxe f|pi;axoKceTct0É|acaí(ei,v94 kcu ó|ii/úeiv). Pedro repetiu a negação com o acrés-cimo de profanação, tentando provar que dizia a verdade, quandotodos sabiam que estava mentindo. Cada negação repetida o traía,

 porque ele não conseguia pronunciar os sons guturais que os falan-tes da Judéia falavam. Ele invocou sobre si (Kaxa0e|iaxí(<Eiv) maldi-ções em sua perda desesperada de autocontrole diante da revelaçãode fatos comprometedores.

 E imediatamente o galo cantou (  ku \  eí)0écoç áAiKxoop kfyúvr\o€v).  Não há o artigo definido no original grego, só “um galo cantou” nes-sa conjuntura. Pedro ficou assustado.

26.75.  E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dis sera  (kcu é|_ivr|a0r| ó néxpoç tou pií|iaxoç ’IipoO95  elpr)KÓxoç), umacoisa pequena, mas magna circumstantia. Ele recordou as palavrasde Jesus ditas poucas horas antes (Mt 26.34) e a ostentação orgulho-sa que “ainda que me seja necessário morrer contigo, não te nega-rei” (Mt 26.35). E agora essa negação tripla era um fato. Não há ate-nuação para as negações básicas de Pedro. Agora ele recebeu a penaterrível sobre a qual Jesus avisou em Mateus 10.33. Jesus negariaPedro diante do Pai, que está nos céus? Mas Pedro sentiu revulsãosúbita e imediata pelo seu pecado.

 E, saindo dali, chorou amargamente (kcu kE,eXB(bv eíco eKÀauaevTTLKpcõç). Lucas 22.61 acrescenta que o Senhor se virou e olhou

Pedro. Esse olhar fez Pedro cair em si. Ele não pôde ficar com osdifamadores de Jesus, nem se sentia digno ou capaz de entrar publi-camente na sala onde Jesus estava. Por isso, saiu com o coração par-tido. O aoristo constativo aqui não enfatiza tão claramente quanto oimperfeito eKÃcaev em Marcos 14.72 a profundidade do seu choro

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

contínuo. As lágrimas ficaram ainda mais amargas por aquele olharde compaixão compreensiva de Jesus. Uma das tragédias da cruz

é o coração sangrento de Pedro. Judas foi uma perda total, e Pedroficou quase desamparado. Satanás peneirara a todos os discípuloscomo trigo, mas Jesus havia orado especificamente por Pedro (Lc22.31,32). Será que Satanás mostraria que Pedro era somente palha,como Judas?

 N O T A S   ____________________________________________ 

1“Estamos a dois dias da Páscoa” (NVI).2“Então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram” (ARA).

3TR e TM acrescentam koc! ol Ypamicaelç aqui.

4 “No palácio do sumo sacerdote” (ARA).

5“Prender Jesus em segredo e matálo” (NTLH).

6TR inverte as duas palavras, Kparr|0WGiv 5ólw.

7“Para não haver uma revolta no meio do povo” (NTLH).

8Para inteirarse da prova de que Maria de Betânia, Maria Madalena e a mulher pecadora de Lucas 7.3650 são individuos diferentes, ver A. T. Robertson, Some  Minor Characters in the New Testament   (Reimpressão, Nashville: Broadman& Holman, 1976).

9“Uma mulher chegou perto de Jesus com um frasco feito de alabastro, cheio deum perfume muito caro” (NTLH).

10TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, àÀápaoxpoi' (iúpou ' í i i ouau .

11 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 308.12 Herodotus,  History,  3.20. [Edição brasileira:  História: O  Relato Clássico da 

Guerra entre Gregos e Persas (São Paulo: Prestígio Editorial, 2002).]

13TR e TM têm o caso acusativo depois da preposição, 4n! tf|v  k í $ u .)J)v .

14“Por que molestais esta mulher?” (ARA).

15 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 355.

16“Ela fez para mim uma coisa muito boa” (NTLH).17TR e TM têm uma grafia diferente para o verbo elpyáoato.

18“O que me dareis [...]?” (BJ).

19 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 137.

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 Mateus 2 6 

20Bruce,  Expositor’  s, p. 309.

21 Ibid.

22 “E pagaramlhe trinta moedas de prata” (AEC).

23Bruce,  Expositor ’  s, p. 310.

24 “E daí em diante Judas ficou procurando uma oportunidade para entregar Jesus”(NTLH).

25 A. T. Robertson, Commentary on the Gospel According to Matthew  (Nova York:Macmillan, 1911), p. 255.

26 “Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a Páscoa?” (ARA).

27 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  2.15.1. [Edição brasileira: Flávio Josefo,

 História dos Hebreus: Obra Completa  (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]28 Ver A. T. Robertson, Harmony o f the Gospels fo r Students o f the Life o f Christ  

(Nova York: Harper & Row, 1922), pp. 279284.

29 Para comentários sobre o assíndeto, ver A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f Historical Research (Nashville: Broadman,1934), p. 935.

30 W. Bauer, W. F. Arndt, and F. W. Gingrich, Greek-English Lexicon of the  New Testament and Other Early Christian Literature  (Chicago: University of

Chicago, 1957), p. 172.31 Moulton and Milligan, Vocabulary,  p. 138.

32 “Os meus discípulos e eu vamos comemorar a Páscoa na sua casa” (NTLH).

33“O que comigo põe a mão no prato, esse me trairá” (BJ).

34 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, èv xw xpupAlto  zr \v   x^pa.

35“Melhor lhe fôra não haver nascido!” (ARA).

36 “Jesus tomou o pão, deu graças, partiuo” (NVI).

37 TR e TM têm o artigo, xòv ãpxov\38TRb e TM não têm o v eufônico, eKÀ,axe.

39Bruce, Expositor 's, p. 312.

40“Pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança” (BJ).

41TR e TM têm xoüxo yáp éaxiv xò <xl|j.á |_iou, xò  xf|Ç Kaivíiç ôia0r|Kr|<;.

42 “Para perdão de pecados” (NVI).

43 “Em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai” (ARA).

44 G. Adolf Deissmann,  Bible Studies: Contributions, Chiefly from Papyri and   Inscriptions, to the History o f the Language, the Literature, and the Religion o f Hellenistic Judaism and primitive Christianity,  traduzido por A. Grieve( Edimburgo: T. & T. Clark, 1901), pp. 109, 110.

45 “Depois de terem cantado o hino” (BJ).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

46 “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim”(ARA).

47 TR inclui Kaí entre E l e irávieç.

48 TR e TM têm re0or]|iavr|; WH tem reBarniaveí.49 Na década de 1930, Robertson podia acrescentar o seguinte comentário: “Hoje

há oito oliveiras antigas que ainda permanecem neste terreno cercado. Podemosdizer que são as mesmas árvores próximas das quais Jesus passou a sua agonia,mas elas são muito velhas”. Acerca dessas árvores, ele cita Arthur PenrhynStanley: “Elas permanecerão contanto que a sua já prolongada vida seja pou-

 pada, as mais veneráveis da sua espécie na superfície da terra. Os seus tron-cos preservados e a sua folhagem escassa sempre serão considerados como osmemoriais sagrados mais tocantes de Jerusalém ou a respeito dela” (Sinai and  

 Palestine   [Nova York: W. J. Widdleton, 1865], p. 450).

50 TR e TM têm a ordem das palavras invertida, TTpoaeúÇco[iaL 6kêl.

51 “Levando Pedro e os dois filhos de Zebedeu” (BJ).

52 “Começou a entristecerse e a angustiarse” (BJ; NVI; ARA).

53Oxyrynchus Papyrus 2, 298, 456. Moulton and Milligan, Vocabulary, p. 9.

54 “Ele foi um pouco mais adiante” (NTLH).

55TM tem upooéÀGuv.

56 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text  with Introduction, Notes, and Indices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker,1980), p. 390.

57 “Afasta de mim este cálice” (NVI).

58TR e TM têm TTapeÀGéTU.

59 “Se não é possível que esta taça passe sem que eu a beba” (BJ).

60 TR e TM têm ei oi) ôúvatai. xoúto tò  irortípiov irapeA.0eiv chi’ èjioü èàv p/f)a i ) T Ò T T L G O .

01 Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 371.

62Bruce,  Expositor’  s, p. 315.

63“Eis que a hora está chegando” (BJ).

64 Bruce, Expositor’  s, p. 315.

63“O Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores” (ARA).

66 “Vamos embora” (NTLH); “vamos!” (BJ; NVI; ARA).

67 “Vede, o traidor se aproxima!” (AEC).

68 “Grande multidão com espadas e cacetes” (AEC); “grande turba com espadase porretes” (ARA).

69 “O traidor tinha combinado com eles um sinal” (NTLH).

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 Mateus 2 6 

70 Bruce, Expositor s, p. 316.

71 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:Kregel, 1990), p. 540.

72 “Para que estás aqui?” (BJ).

73TR e TM têm ecfa’ to irápei.

74 G. Adolf Deissmann,  Light from the Ancient East: The New Testament   Illustrated by Recently Discovered Texts o f the Graeco-Roman World, traduzi-do por L. R. M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), pp. 125131; Robertson, Grammar, p. 725.

75 Deissmann, Light from the Ancient East,  p. 129.

76 Bruce, Expositor s, p. 317.77 TR e TM têm Airóatpe^óv aou  xr\v  p.áxaipav eLç tov tótiov aúxfi.

78“Estou eu chefiando alguma rebelião” (NVI).

79 “Sentouse com os guardas, para ver o que aconteceria” (NVI); “assentouseentre os serventuários, para ver o fim” (ARA).

80Bruce, Expositor s, p. 319.

81 “Todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus” (ARA).

82 “Mas Jesus permaneceu em silêncio” (NVI).83“Exijo que você jure pelo Deus vivo” (NVI).

84 TRs tem o acento agudo em oé.

85“Tu mesmo o disseste” (NVI).

86“Ele é culpado e deve morrer!” (NTLH).

87 “Fazenos uma profecia, Cristo: quem é que te bateu?” (BJ).

88 Bruce, Expositor s, p. 321.

89 Gustaf Dalman, The Words o f Jesus, Considered in the Light o f Post-Biblical   Jewish Writings and the Aramaic Language ( Edimburgo: T. & T. Clark, 1902), pp. 80, 81.

90 “Saindo para o pórtico” (BJ); “e, saindo para o alpendre” (ARA).

91TR e TM têm ê£eA.9óvTa ôè aútòv eíç tòv iruAuva.

92 TR e TM têm a preposição grafada assim jaeG’.

93 “Aí ele começou a se amaldiçoar e a jurar” (NVI).

94 TR tem o infinitivo grafado assim KcrnxvaOeijaTÍ.Çeu'.

95TR e TM têm o artigo com o substantivo próprio, ioí> ’Iipou.

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Capítulo

27

 MateusEMMSMSJSMSÍSJSMSMMSMMMSMSÍSMSMSJ

27.1. E, chegando a manhã1(Ilpcoíaç ôe yevo|_iévr|<;), uma cons-

trução de particípio em genitivo absoluto. Depois que amanheceu,o Sinédrio fez uma reunião formal para ratificar o julgamento ile-gal que fôra formado em convênio durante a noite (Me 15.1; Lc22.6671). Lucas dá os detalhes desse segundo julgamento, com a

 pertinente condenação de Jesus. “Formavam juntamente conselhocontra” (ou|í|3oijàiov èla(3ov) é um linguajar latino (consilium cepe- runt ) para auve|3ouÀeúaavTo.

27.2. O entregaram ao governador Pôncio Pilatos  (rapéôtOKavÍIiAdato x(ô f|ye|j,óvi2). O que fizeram não passou de formalidade efarsa. Só Pilatos detinha o poder da morte, mas eles haviam apre-ciado muito a condenação e as bofetadas em Jesus, que agora estavanas mãos deles, amarrado como um criminoso condenado à morte.Ele já não era mais o mestre das assembléias no Templo, capaz defazer o Sinédrio encolherse de medo. Ele fôra detido no jardim do

Getsêmani e amarrado na presença de Anás (Jo 18.12,24), mas podeter sido desamarrado na presença de Caifás.

27.3. Arrependido3 (p,eTCí|j.eA.ri9elç). Judas viu Jesus ser levado aPilatos e assim soube que a condenação era um fato. Este nominati-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

vo singular masculino do aoristo primeiro passivo do particípio de|ieTa|j,éA.O|ica significa “arrependerse muito posteriormente”, comoa palavra latina repoenitet , que significa “ter dor novamente” ou“ter dor posteriormente”. O mesmo verbo, |ieua|iÉA,r|9elç em Mateus21.29, descreve o filho que se arrependeu da sua rebelião e decidiuobedecer. Paulo o usa para referirse à sua tristeza pela carta con-tundente que ele escrevera aos crentes coríntios, uma tristeza quecessou quando o bem veio da carta (2 Co 7.9). Quando Pedro cho-rou amargamente, essa tristeza o levou de volta a Cristo. No entanto,

essa tristeza levou Judas ao remorso suicida.27.4.  Isso é contigo4  (oi) oxj/r]5). Ao Sinédrio, mas não a Deus,nem a Jesus, Judas fez uma confissão atrasada do pecado de ter tra-ído sangue inocente. O Sinédrio tinha parte nessa culpa, por issoignoraram o “sangue inocente” ou “sangue justo” (ou|ia áGcòov ouôÍKcaov) e disseram a Judas que fosse qual fosse a culpa que sentia era

 problema dele. Eles ignoram a própria culpa na questão. O uso de ou

como futuro volitivo, equivalente ao imperativo, é comum emlatim (tu videris), mas é raramente visto em grego. Ocasionalmente,os escritos em grego Koivri o mostram. Hugo Grócio e A. B. Bruceobservam que o sentimento dos rabinos do Sinédrio é igual ao deCaim .6

27.5.  Retirou-se e foi-se enforcar1 (áueÀ.Gcòv cnrriY ftTo), vozmédia reflexiva. O seu ato foi súbito depois que jogou o dinheiro no

santuário (elç tòv v  aóv), o lugar sagrado onde os sacerdotes esta-vam. Os motivos de Judas trair eram confusos, como normalmenteacontece com os criminosos. O dinheiro, ainda que significativo,não era uma quantia imensa. O montante relacionavase mais a umaexpressão de desprezo, representando o preço de um escravo.

27.6.  Não é lícito metê-las no cofre das ofertass  (Oúk e^eoxiv pode lv aínà elç  xov  KopPavâv). Josefo também usa o termo

KopPavavâç para referirse à caixa das ofertas do Templo .9 Em ara-maico, korba’n  é a palavra que significa presente, dádiva  (ôcòpov),como em Marcos 7.11. O preço de sangue, segundo a restrição deDeuteronômio 23.18, contaminaria o cofre das ofertas, por isso usa-ram o dinheiro para um propósito secular. Os rabinos sabiam per-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

respectivos comentários, John Broadus e Alan McNeile examinamas várias teorias.12 Mateus tem: “campo do oleiro” (eiç xòv áypòv

toü Kepa(iécjOç, Mt 27.10). Em Zacarias consta: “E as arrojei aooleiro, na Casa do Senhor” (Zc 11.13). Essa linguagem é mais paralela com a linguagem de Mateus 27.7.

27.11.  E fo i Jesus apresentado ao governador  ('O õè Tr|GOÜçèotáQr] è|inpoo9ev toü r]ye|ióyoç). Em um dos episódios dramá-ticos da história, Jesus está face a face com o governador roma-no. O verbo èoiáBr), não <éott|13  (segundo aoristo ativo), é aoristo

 primeiro passivo e pode significar “foi colocado” lá, mas ele es-tava de pé e não sentado. O termo fiyefiúv (derivado de riyéopoa,“conduzir”) referese tecnicamente a um legatus Caesaris,  umfuncionário do imperador, e mais precisamente a um  procurador.  Os procuradores governavam sob as ordens do imperadorem províncias menos importantes do que os  propretores,  quegovernavam em províncias mais importantes, como a Síria. Os

 procônsules  governavam em províncias senatoriais, por exem- plo, a Acaia. Pilatos representava a lei romana em uma regiãoinsignificante do império.

 És tu o Rei dos judeus?  (2i) et ó pamXeüç tcôv ’Iouõaícov).Esta era a pergunta que realmente importava para Pilatos. Mateusnão relata as acusações feitas pelo Sinédrio (Lc 23.2), nem a en-trevista particular com Pilatos (Jo 18.2832). Se Pilatos ignoras-

se a acusação que Jesus afirmava ser “o Rei dos judeus”, poderiaser acusado de infidelidade a César. Rivais a César ou pretensoslibertadores de Roma surgiram comumente por todo canto doimpério. Este era mais um. Com a resposta: “Tu o dizes”, Jesusconfessa que é, em algum sentido, rei. O problema de Pilatos édeterminar que tipo de rei Jesus afirma ser.

27.14.  E nem umapalavra lhe respondeu14(kcu oik áiTeKpí0r|

áureo upòc; oúôè ev pfj|ia). Jesus recusou responder às acusaçõesdos judeus (Mt 27.12). Ele permaneceu em silêncio diante da pergunta direta de Pilatos. O original grego é muito preciso eusa a dupla negação. Essa dignidade silenciosa pasmou Pilatos.Todavia, ele ficou estranhamente impressionado.

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 Mateus 27 

27.17. Barrabás ou Jesus, chamado Cristo? (Bapappâv f| TipoOvtòv Àe.yó|ievov XpLotóv). Pilatos procurou qualquer brecha para não

ter de condenar um lunático inofensivo ou explicador de um cultosupersticioso, como ele considerava que Jesus fosse. Obviamenteeste não era um rival político a César. Os judeus interpretaram“Cristo” para Pilatos, dizendo que a afirmação de ser Rei dos ju-deus estava em oposição a César. Por isso, o versículo 15 diz quePilatos se aproveitou do costume da Páscoa de libertar “um preso,escolhendo o povo aquele que quisesse” 15  (éva  xcò òx^oj ôéo|iiov

ov f|9eÀov). Ainda não encontramos caso paralelo nos registrosromanos ou judaicos, mas Josefo menciona o costume.16 Barrabásera, por alguma razão, um herói popular, um prisioneiro famoso(èiúcrrpov), talvez notório. Ele liderara uma insurreição ou revo-lução (Me 15.7), provavelmente contra Roma. Pilatos pode têloescolhido, porque ele era obviamente culpado do mesmo crimeque os líderes judeus estavam tentando imputar a Jesus. Contudo,

Pilatos ficara sabendo que Jesus afirmava ser rei no sentido es- piritual. Pelo seu estratagema, Pilatos, sem perceber, comparoudois prisioneiros que representam as forças antagônicas de todosos tempos. Ele coloca a pergunta em uma estrutura elíptica: “Qualquereis que vos solte?” (Tíva GéÀete auoAuou) úfitv;). Ou era duas

 perguntas em uma, um assíndeto, ou era a elipse de lua antes deáTToA.úaoo. A mesma linguagem ocorre no versículo 21. Mas Pilatos

testou os judeus e a si mesmo com a pergunta. A mesma decisãotem testado as pessoas desde então. Alguns manuscritos acrescen-tam o nome  Jesus  a  Barrabás,  o que equilibra o paralelo: “Vósquereis Jesus Barrabás ou Jesus Cristo?”

27.18.  Porque sabia que por inveja o haviam entregado  (õiàcj)9óvov uapéôGOKca' airaw). Pilatos não tinha o quadro completo dasituação, mas ele sabia que os líderes judeus tinham ciúmes do po-

der de Jesus entre o povo. E possível que ele tenha ouvido falardos acontecimentos relacionados à entrada triunfal e, talvez, até dosensinos no Templo.

27.19. Sua mulher mandou-lhe dizer 17  (áuéoteiley Tipoç aikòvT) yi)vf| aÚTOÜ). O pobre Pilatos ia ficando cada vez mais emara

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

nhado a cada momento que passava enquanto hesitava. Ele sabiaque devia libertar Jesus, pois o homem não cometera nenhum cri-me contra César. Exatamente quando ele estava tentando recrutarapoio para Jesus entre as pessoas da multidão contra as maquina-ções dos líderes judeus, sua esposa lhe enviou uma mensagem so-

 bre o sonho que ela teve com Jesus. Ela chama Jesus “esse justo ” 18

(tgò ôlkoúgo exeívoo), e os sofrimentos psíquicos que teve suscita-ram o medo supersticioso de Pilatos. A tradição diz que o nomedela era Procla e improvavelmente a chama uma discípula secreta.As suas palavras enervaram o fraco Pilatos, enquanto ele estavaassentado no tribunal (èui toü PtÍiícítoç), olhando para as pessoaslá em baixo.

27.20.  Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram à multidão  (Ol ôè àp^iepeiç Kcd oi upeopúiepoL errelaav touç o^Aouç). Os príncipes dos sacerdotes (saduceus) e os anciãos(fariseus) viram o perigo da situação e não se arriscaram. EnquantoPilatos hesitava em insistir na pergunta, eles incitaram o povo paraque “pedisse para ele mesmo” (aíníowvra i, aoristo ingressivo mé-dio indireto do subjuntivo), escolhendo Barrabás e não Jesus.

27.22. Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?  (TÍ ouv.uoiríoco Triaoüv xòv  Xeyó\xevov  XpioTÓv). Sob a instigação doSinédrio, as pessoas da multidão pediram Barrabás, mas Pilatosenfatizou o problema de Jesus com a tênue esperança de que elastambém o escolhessem. E pelo menos possível que alguém dessamultidão que de manhã gritara: “Hosana”, na entrada triunfal, ago-ra gritou: “Crucificao!”, ou: “Seja crucificado!” (Si:aupco0iÍTa)).O herói do domingo era o criminoso condenado à morte de sextafeira. O tempo todo Pilatos contorna a sua responsabilidade me-drosa e esconde a sua fraqueza e injustiça atrás do clamor populare do preconceito.

27.23.  Mas que mal fe z ele?19 (TÍ yàp kkkòv èiTOÍTiaev). Eraum protesto medíocre vindo de uma consciência vacilante. Pilatosfôra levado a argumentar com a turba inflamada de ódio pelo san-gue de Jesus. Esta exibição de fraqueza fez a turba recear quePilatos se recusasse a prosseguir com o julgamento.

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 Mateus 27 

 E eles mais clamavam20 (ol õè 'nepiooGÒç eKpa(ov), terceira pes-soa do singular do pretérito imperfeito ativo do indicativo de açãorepetida e veementemente. A exigência que faziam à crucificação deJesus era como um show de gladiadores no qual o público exigia amorte.

27.24. Tomando água, lavou as mãos diante da multidão (ÀccPcovüôoop áuevíi|jcao toç xelpocç). A demonstração da lavagem de mãosfoi a última tentativa de Pilatos para fazer com que a multidão pen-sasse no meio do tumulto (Gopupoç) que aumentava por ele estarvacilante. O verbo áuovíCto significa “lavar para fôra”, “removerlavando”, e a voz média significa que ele lavou as próprias mãoscomo símbolo comum de limpeza. A sua alegação de virtude foi umtapa neles.

 Estou inocente do sangue deste justo; considerai isso2'   (’AGúóçei|ii (xttò toO aí|iaToç toÚtou u|ieiç õij/eoGe22). Os judeus usavamesse símbolo (Dt 21.6; SI 26.6; 73.13). Alfred Plummer duvida quePilatos estivesse pensando na mensagem que a sua esposa lhe en-viou quando disse essas palavras (Mt 27.19),23mas não vemos base

 para esse ceticismo. O falso Evangelho de Pedro diz que Pilatoslavou as mãos porque os judeus se recusaram a fazêlo.

27.25. O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos24 (Tòautor) ècf)’ rp&ç Kcà to téKva: tuíqv). Estas palavras solenes,

 provavelmente gritadas por um dos líderes, mostram certa consci-ência e até orgulho de ter culpa. Mas não era fácil assim para Pilatostirar lavando a parte que lhe cabia da culpa. A água não lhe removeudas mãos o sangue de Jesus. A história inventa muita coisa sobreo ato de Pilatos. Dizem que em tempestades no monte Pilatos, naSuíça, o seu fantasma sai para lavar as mãos nas nuvens da tempes-tade. A culpa da morte de Jesus marcou Judas, Caifás e o Sinédrio,saduceus e fariseus, todo o povo (nâç ó Àaóç) judeu, Pilatos e a hu-manidade inteira. Os pecados de todos nós pregaram Jesus na cruz.Esse linguajar da multidão tem sido usado para desculpar o ódio ra-cial e contribui para a suscetibilidade que os judeus têm em relaçãoaos cristãos. Ambos os lados abordam a questão da cruz com certograu de preconceito.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

27.26.  E, tendo mandado açoitar a Jesus25  (xòv ôè Tipouv(JjpayeÂÂúoaç), o verbo latino flagellare.  Pelo visto, Pilatos perdeuo interesse em Jesus quando descobriu que o réu não tinha defen-sores. Os líderes religiosos estiveram ansiosos em conseguir conde-nar Jesus antes que os galileus amigáveis a Ele chegassem à cidadee ficassem sabendo do que estava acontecendo. E tiveram sucessono que intentaram. Açoitar antes da crucificação era um costumeromano brutal. Fazia parte da pena de morte. G. Adolf Deissmanncita um papiro florentino datado de 85 d.C., no qual G. SeptimiusVegetus, governador do Egito, fala de certo Fíbion: “Tu és merece-dor de açoites, [...] mas eu te entregarei ao povo” .26

27.27.  E logo os soldados do governador, conduzindo Jesus à audiência  (Tóxe ol oxpaxicôxoa xoü f)ye[ióvo(; uapocXapóvieç xòv’Ir|oouv eíç xò upaixcópiov). Em Roma, o pretório (“audiência”) erao acampamento da guarda pretoriana  (derivado de pretor ) de sol-dados (Fp 1.13). Nas províncias, era o palácio no qual o governadorresidia, como o palácio do governador em Cesaréia citado em Atos23.35. Então, aqui em Jerusalém, Pilatos ordenou que Jesus e todo ogrupo ou coorte (olriv xf|v cmeipav) de soldados fossem levados ao

 palácio, em frente do qual fôra assentado o tribunal. A palavra latina spira  era qualquer coisa enrolada em círculo como uma bola feitade fio enrolado. Essas palavras latinas são naturais aqui na atmos-fera do tribunal e no ambiente militar. Os soldados se reuniram poresporte para ver o açoitamento. Esses soldados pagãos gostavam demostrar desprezo pelos judeus e pelos condenados à morte.

27.28. [Eles] o cobriram com uma capa escarlate  (xA.aiaúôaK 0KKivr|v TT6pL60r|Kay aüxcô27). Um tipo de manto curto usado porsoldados, oficiais militares, magistrados, reis, imperadores (2

Macabeus 12.35),28 o sagum ou lenço de soldado. Carr propõe queera um dos lenços usados de Pilatos.29 A cor escarlate (kokklvtiv) erauma tintura derivada dos insetos femininos (Kép[ieç) que se juntavamno ilex coccifera encontrado na Palestina. Esses grupos secos de in-setos mortos têm a aparência de baga e são esmagados para formara famosa tinta. A palavra ocorre nos escritos de Plutarco, Epítetoe Herodas, em papiros recentes, além da Septuaginta e do Novo

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 Mateus 2 7 

Testamento. Marcos 15.17 tem a palavra “púrpura” (iropcjjupáv). Hávárias tonalidades de púrpura e escarlata, não sendo fácil distinguir

essas cores ou matizes. Os manuscritos variam aqui entre “despin-do” (èKÔúaavTeç) e “vestindo” (èvôúaavTec;). Ele fôra despido paraser açoitado. Se “vestindo” estiver correto, os soldados acrescen-taram o manto escarlate (roxo). Esse manto escarlate em Jesus erauma imitação zombeteira da púrpura real.

27.29.  E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça30 (kcÒ. itAí&xvteç otécjjccvov àKavBwv eTíéGriKav eni xf)ç KecjjaÀfiç

oarroO31). Eles teceram uma coroa de espinhos de uma planta quehavia ali perto, talvez até no terreno do palácio. E insignificantese eram arbustos de espinhos novos e macios, como provavelmen-te seriam na primavera, ou arbustos duros com pontas afiadas. Ossoldados não se preocupariam com esse detalhe, porque queriam oridículo e o escárnio que causavam dor. Era mais como a guirlandade vencedor (oxécjxxvov) que um diadema de rei (õiáõrpa), mas ser-

viu ao propósito. Como também serviu a cana (KÓÁa\±ov), um caulede gramínea comum que fez a vez de cetro. Os soldados estavamfamiliarizados com o Ave César e imitam a saudação no escárnio deJesus: “Saúde, Rei dos judeus!” (Xoâpe, (3aaiA.eíj ucôv 'Iouôaícov32).Acrescentaram os insultos usados pelo Sinédrio (Mt 26.67), cuspin-do nEle e batendolhe com a cana. Provavelmente Jesus fôra desa-marrado. Retiraram as roupas do escárnio antes da via dolorosa para

a cruz (Mt 27.31).27.32.  Encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram33 (eupov av9pG)TT0v Kupr|voc'íov óvó|j,aT i £ íiicova,

toütov Tiyyápeuoay). Esta palavra de origem persa riyyápeuaav, tra-duzida aqui por “constrangeram”, foi usada em Mateus 5.41. Hánumerosos exemplos em papiros da época ptolemaica. A palavrasobrevive no vernáculo grego atual. Os soldados recrutam Simão de

Cirene, uma cidade da Líbia, como mensageiro (ayyocpoç)  persa, eforçamno ao serviço. Jesus estava mostrando sinais de fraqueza fí-sica, pois estava carregando a travemestra da cruz, como as vítimastinham de fazer. Não era uma pilhéria com Simão. “O Getsêmani, atraição, a provação da última noite sem dormir, os açoites lhe enfra-

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 Mateus 2 7 

veis lançaram sorte sobre as roupas de Jesus, numa representação decomédia ao pé da cruz, a tragédia de todas as eras.

27.37. E, por cima da sua cabeça, puseram escrita a sua acu

 sação3S ( k o u è u é 0 T | K : a v èmvco r f | ç Kec f iaÀ í iç aÜTo t ) t t j v odxíav auxoOyeypa|i|iévriv). O título (tÍtàoç, Jo 19.19) ou cartaz anunciando ocrime (a inscrição, f] ypacjjrj) que era levado à frente da vítima ou

 pendurado ao pescoço enquanto a pessoa caminhava para a execu-ção, agora foi colocado por cima ( c i t ’ a v c o ) da cabeça de Jesus na

 parte projetada (crux immurus).  Esta inscrição dava o nome e lu-gar de origem: “JESUS NAZARENO”, e a acusação pela qual fôra

condenado: “O REI DOS JUDEUS”, com a identificação: “ESTEE”. As quatro narrativas dão a acusação e variam em relação aosoutros detalhes. A inscrição completa teria sido esta: “Este é Jesus

 Nazareno, o Rei dos Judeus”. João 19.20 observa que estava escritoem três idiomas: latim para a lei, hebraico (aramaico) para os judeuse grego para todo o mundo. A acusação (acusação criminal, causa,alxía) descrevia corretamente os fatos da condenação.

27.38. Foram crucificados com ele dois salteadores (Tóxe orai) pouvTca auv aúucô õúo Acatai). Um salteador foi crucificado emambos os lados de Jesus, formando uma fileira de três cruzes (Mt27.38). Estes eram salteadores, não ladrões (ícAiirau; ver Mt 26.55).Os intérpretes especulam que esses salteadores tenham sido inte-grantes do bando chefiado por Barrabás, em cuja cruz Jesus estava

 pendurado agora. Entretanto, a Bíblia não diz nada mais sobre eles

ou Barrabás.27.39.  Meneando a cabeça39  (Kivovvveç zàç KecjjaÀàç aíruwv),

 provavelmente em falsa comiseração. Os judeus assistem com amesma maldade que tinham demonstrado no julgamento peranteo Sinédrio.40  “Parecenos incrível que até os seus piores inimigos

 poderiam ser culpados de algo tão brutal quanto lançar insultos aalguém sofrendo as agonias da crucificação.” 41  Estes transeuntes

zombam (mpaTTopei>ó[ievoi) do inimigo caído.27.40. Se és o Filho de Deus  (el uiòç ei tou 9eot>). Mais exata-

mente: “Se tu és um filho de Deus”, a mesma expressão que o Diabodisse para Jesus (Mt 4.3) nas primeiras tentações. Agora as palavras

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

são arremessadas com violência sob a instigação do Diabo, enquan-to Jesus está pendurado na cruz. Claro que há a insinuação da afir-mação que Jesus fez sob juramento diante do Sinédrio: “O Filho de

Deus” (ó uLòç tou  Geou), e a repetição da deturpação das palavrasditas sobre o templo do seu corpo. Tratase de cena lamentável dedepravação e fracasso humano na presença de Cristo morrendo pe-los pecadores.

27.41. Da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes [...] escarnecendo41  (Ó|í o l coç   kocI ol á p x i e p e i ç êixucúCovTeí;43). Nestegrupo de escarnecedores também estão “os escribas, e anciãos” do

Sinédrio. A palavra grega eirrroáÇovTeç, traduzida por “escarnecen-do” (kv  e TTcá(oo, derivado de miç, “criança”), significa “agindocomo crianças tolas” que gostam de escarnecer umas das outras.Esses senhores distintos e venerados tinham dado vazão à alegria

 pela condenação de Jesus (Mt 26.67).27.42. Salvou os outros ea s i mesmo não pode salvar-se (”AAAouç

eatooev, èauuòv ou õúvaxoa owoai). O sarcasmo é verdadeiro, embora

não saibam a significação do que estão dizendo. Se Ele se salvasseagora, não poderia salvar mais ninguém. O paradoxo é exatamente afilosofia proclamada pelo próprio Jesus (ver Mt 10.39).

 Desça, agora, da cruz  (K 0aa(3ctTG0  vvv  dcuò toü otaupoO). Jesusé um criminoso condenado à morte pregado na cruz, tendo por cimada cabeça a afirmação que fez de ser “o Rei de Israel” (os judeus).Declaram com más intenções que acreditariam “em Jesus” (èn’ ocutÓv)

caso descesse da cruz. Tratase de mentira deslavada. Caso Ele tives-se concordado, teriam trocado a condição por outra desculpa. QuandoJesus fez milagres maiores, eles quiseram “um sinal do céu”. Esses“zombadores virtuosos”44  são como muitos que fazem exigênciasfactícias e arbitrárias de Cristo. O seu caráter, poder e deidade estãoclaros e evidentes a todos que não foram cegos pelo deus deste século.Cristo não dá novas provas aos cegos de coração.

27.43. Deus [...] livre-o agora (puoáoGu vvv  ei, Gélei aúuóv45).Eles acrescentam a Salmos 22.8 a palavra “agora”. Mais uma vez,lançam sobre Jesus o ponto zombeteiro da afirmação que Ele fezde ser o Filho de Deus. Lógico que Deus tem o poder e a disposi-

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 Mateus 27 

ção de ajudar o próprio “Filho”. Aqui, o verbo 0éÀGOpode significar“ama”, como na Septuaginta (SI 18.20; 41.23), ou “importase com”

(Moffatt).4627.44. O mesmo lhe lançaram também em rosto os salteado

res que com ele estavam crucificados47  (tò ô’ aúxò «m oi Âriotalol ouoTaupcoGéyTeç oi)v aúxcò toveíôiCov autóv48). “Até mesmo ossalteadores” (Weymouth) sentiramse momentaneamente superio-res a Jesus enquanto era difamado assim por todos. O imperfeitoincoativo (inceptivo) GÒveíôi(ov significa que eles “começaram a

repreendêlo”.27.45.  E, desde a hora sexta49  (’Aitò ôè 6ktt)ç topaç).

Curiosamente, McNeile apóiase em João 19.14 para dizer que aquiMateus se refere ao julgamento perante Pilatos .50  João fixa o jul-gamento à hora sexta, mas é óbvio que ele tem em mente a horaromana. João estava escrevendo no fim do século I, logo depoisda Guerra Judaica e subjugação total da Palestina. Mesmo entre os

 judeus, a hora judaica não era mais um estilo de vida. Pelo cômputoromano, o julgamento perante Pilatos foi às seis horas da manhã.De acordo com Marcos 15.25, usando a hora judaica, a crucifica-ção começou à terceira hora ou às nove horas da manhã. As trevascomeçaram ao meiodia, a hora sexta do tempo judaico, e durouaté às três horas da tarde do tempo romano, a hora nona do tempo

 judaico (Me 15.33 é igual a Mt 27.45, que é igual a Lc 23.44). Três

horas de intensa escuridão são muito longas para ser um eclipse dosol. Lucas 23.45 diz apenas “escurecendose o sol”. Esta poderia tersido a escuridão que precede o terremoto, ou simplesmente massasde nuvens densas e espessas que obscureceram o sol. Ou, de certomodo divinamente orquestrado, a natureza lançou uma escuridão detristeza e solidariedade sobre a tragédia do Criador agonizante nacruz. Isso expressaria literalmente a metáfora de Paulo, constante

em Romanos 8.22, que diz que a criação geme e está juntamentecom dores de parto sob a maldição.

27.46.  Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?  (0eé|iou 0eé |iou, ivaxí   |j,e èYKcaélineç ). Mateus primeiro translitera oaramaico, de acordo com a versão Vaticano B, apresentando em ca-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

racteres gregos as palavras usadas por Jesus: HÀi rya 'kt\ia ocifiayQâ vi. Alguns MSS dão a transliteração hebraica de Salmos 22.1:  Eli, 

 Eli, lama Zaphthanei.  Mateus e Marcos apresentam somente estadeclaração de Cristo na cruz. As outras seis declarações ocorrem emLucas e João. Esta é a única frase aramaica de qualquer extensão

 preservada em Mateus, embora ele use palavras aramaicas comoamém, corbam, mamom, Páscoa, raca, Satanás e Gólgota. O supos-to Evangelho de Pedro conserva esta declaração em uma forma docética (ceríntio): “Meu poder, meu poder, tu me abandonastes!” Osgnósticos ceríntios sustentam que o aeon Cristo entrou no homemJesus no batismo e deixouo lá na cruz, de forma que só o homemJesus morreu. Não há outra declaração de Jesus que ilustre tão bema profundidade do seu sofrimento de alma. O Inocente sentiuse fei-to pecado (2 Co 5.21). A mensagem de João 3.16 vem ao nossoalívio quando vemos o Filho de Deus levando o pecado do mundo.Este brado de desolação ocorre ao fim das três horas de trevas.

27.48.  Dava-lhe de beber 51  (ènmiCev carcóv), imperfeito deação conativa (ação tentada, mas malsucedida), “oferecialhe uma

 bebida de vinagre” em uma esponja em uma cana. Os outros inter-romperam a ação desse homem amável, mas Jesus experimentouesse estimulante moderado, porque estava com sede (Jo 19.28,30).

27.49.  Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo-2 (”Acj)eç íõco^evel êpxenu ’HÀíaç ogóogov aíruóv). A alegação tinha um tom de reli-giosidade. Eles não entenderam direito as palavras de Jesus no seuclamor de angústia de alma. Temos aqui uma das ocorrências ra-ras (ocóowv) do particípio futuro para expressar propósito no NovoTestamento, embora fosse uma linguagem grega comum. AlgunsMSS copiam aqui o texto de João 19.34. É genuíno em João, masarruina completamente o contexto de Mateus 27.50. Jesus exclamouem voz alta e ainda não estava morto em Mateus 27.49. A adição

de João 19.34 foi uma glosa mecânica e grosseira feita por algumescriba.53

27.50.  Entregou o espírito54  (à(jDfiKÉV tò uveü^a). O brado alto pode ter sido o texto de Salmos 31.5, conforme temos em Lucas23.46: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. João 19.30 diz:

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 Mateus 27 

“Está consumado”, TetéA.eaT(u, embora não esteja claro o que re-almente está consumado. Jesus não morreu de esgotamento lento,

mas com um brado alto. Mateus 27.50 fala de uma liberação ou re-envio do Espírito de Cristo. Marcos 15.37 relata que “[Ele] expirou”(ê^éíryeuoey). João 19.30 diz: “[Ele] entregou o espírito” (uapéôGOKeytò irve0|ia). O tema que traspassa por essas variações é que os pro-cedimentos de Jesus formam ações, e não reações. Ele entregou avida porque quis, quando quis e como quis. William Stroud, um dos

 primeiros estudiosos do Novo Testamento a pesquisar o assunto do

 ponto de vista médico, considerou o brado alto uma das provas deque Jesus morreu de rompimento cardíaco em consequência de le-var o pecado do mundo.55

27.51. O véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo56 (tòKaranéTaaiaa toü vaoíi éoxío9r| áu’ àvcoGev ecoç káuoo elç ôúo57).Marcos 15.38 e Lucas 23.45 mencionam este fato. Mateus o ligacom o terremoto. “Tremeu a terra” (t] yfj éoeíoBri). Josefo fala de um

terremoto ocorrido no Templo antes da sua destruição e o Talmudemenciona um terremoto ocorrido quarenta anos antes da destruiçãodo Templo.58 Willoughby Allen propõe que “uma rachadura na es-trutura do pórtico, que rasgou o véu exterior e deixou o Lugar Santoexposto à vista, explicaria a linguagem dos Evangelhos, de Josefoe do Talmude” .59  Esse véu era um tecido confeccionado de formamuito elaborada, com setenta e duas pregas de vinte e quatro fios

cada. O véu media cerca de dezoito metros de comprimento pormais ou menos nove metros de largura. O rasgo do véu significavaa retirada da separação entre Deus e o povo.

27.52.  Abriram-se os sepulcros  (rà [ivrpeta àyecóxGrjoay).Terceira pessoa do plural do aoristo primeiro passivo do indicativo(acréscimo silábico duplo). A divisão das pedras e a abertura dossepulcros podem ter sido consequências do terremoto. Mas a res-

surreição dos corpos dos mortos depois da ressurreição de Jesus,que apareceram a muitos na Cidade Santa, confunde muitos hojeque crêem na ressurreição corpórea de Jesus. Alguns estigmati-zam todos esses portentos como lendas, visto que só constam emMateus. Outros afirmam que “depois da ressurreição” deve ser lido

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

“depois da ressurreição deles”, mas isso entraria em conflito com as palavras de Paulo, que disse que Cristo “foi feito as primícias dosque dormem” (1 Co 15.20). Alguns ainda dizem que Jesus libertou

esses espíritos depois que desceu ao Hades. E assim vai. Voltemosaos milagres relacionados ao nascimento de Jesus, o Filho de Deusentrando no mundo. Se aceitamos a possibilidade de tais manifes-tações do poder de Deus, há pouco a nos perturbar nessa história damorte do Filho de Deus.

27.54. Verdadeiramente, este era o Filho de Deus  (’AXr|9c3ç0eot> ulòç rjv ouxoç). Em grego, não há artigo com a palavra  Deus ou Filho, de forma que não há modo de dizer se o soldado quer dizer“o Filho de Deus”, “o filho de um deus” ou “um Filho de Deus”.Claro que o centurião (aqui èKaióvxapxoç, “comandante de cem”;em Me 15.39, o latim é transliterado por Kevxupíwv) ficou profun-damente comovido pelos portentos que testemunhara. Ele ouviraas muitas repreensões feitas contra Jesus por afirmar ser o Filho deDeus e pode ter ouvido falar da afirmação feita perante o Sinédrio ePilatos. Não sabemos o quanto ele quis dizer com as suas palavras,mas com certeza era mais que somente “justo” (Lc 23.47). A tradi-ção dá a esse centurião o nome Petrônio. Se ele passou a confiar emCristo, veio como pagão e, semelhante ao salteador que creu, foisalvo enquanto Jesus estava pendurado na cruz. Todos que são sal-vos na verdade são salvos por causa da morte de Jesus na cruz. Sejaqual tenha sido o estado do coração desse homem, a cruz começoua fazer o seu trabalho imediatamente.

27.55.  Estavam ali  [...] muitas mulheres  (ôe eKel yuvofiKeçuoÀÀcá). Ficamos imaginando que as mulheres da Galiléia permane-ceriam fiéis. Elas foram as últimas na cruz e as primeiras no sepulcro.Lucas 23.49 diz que “todos os seus conhecidos” (Trávxeç ol yvcjaxolauxcô) mantiveramse a distância e viram o fim. Esperamos que osapóstolos estivessem nesse grupo triste. Com certeza, as mulheresestavam. O discípulo amado levou para casa a mãe de Jesus, tirandoa de sua posição junto à cruz (Jo 19.27). Mateus cita o nome de trêsmulheres desse grupo. Maria Madalena é mencionada como uma

 pessoa famosa, embora não seja referida previamente no Evangelho

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 Mateus 2 7 

de Mateus. Claro que ela não é a mulher pecadora de Lucas 7.3650, nem a Maria de Betânia. Há outra Maria, a mãe de Tiago e José,

sobre a qual nada mais sabemos. E há também a mãe dos filhos deZebedeu (Tiago e João), normal mente identificada com a Salomé deMarcos 15.40. Mateus 27.55 conta que essas mulheres fiéis estavam“olhando de longe” (áirò |iaKpó0ev Getopoüoca). Elas podem ter seaproximado mais, pois Maria, a mãe de Jesus, estava junto à cruz(rrapà Tcô oraupcò) com a Maria de Clopas e Maria Madalena (Jo19.25) antes que ela saísse. Elas tinham servido Jesus (õiaKovoOoai

aikcô), mas agora Ele estava morto. Mateus não procura descrever aangústia de coração dessas mulheres nobres, nem diz, como Lucas23.48, que a multidão deixou a cena batendo nos peitos. Ele fechaa cortina nesse ponto mais triste de todas as tragédias, enquanto ogrupo de fiéis fica vigiando o Cristo morto no Gólgota. E agora, queesperança a vida reservava para eles?

27.5760. Vinda já a tarde60  (’Oi|/íaç õè yevoiiévr|<;). Isso seria

entre três e seis horas da tarde. Era o dia da preparação (™pccaKer>r|),o dia anterior ao sábado (Me 15.42; Lc 23.54; Jo 19.42). A palavraTTapaoKêuri é o nome grego moderno para sextafeira. Os judeus esta-vam ansiosos para que os corpos fossem tirados antes que o sábadocomeçasse às seis horas da tarde. A ação de José de Arimatéia pediro corpo de Jesus foi um alívio para Pilatos e para os judeus. Poucosabemos sobre esse membro do Sinédrio, exceto que o nome era

José e que ele era de Arimatéia. Era rico e um discípulo secreto quenão concordara com a morte de Jesus. É possível que nessa conjun-tura ele tenha desejado já ter feito uma profissão pública. Mas agoratem a coragem quando os outros se mostram covardes, pois pediu o

 privilégio pessoal (f]cr|oai;o, voz média, “pediu para si mesmo”) decolocar o corpo de Jesus na sua nova sepultura. Hoje, certos estu-diosos identificam esse sepulcro com um dos sepulcros escavados

na rocha que são visíveis abaixo do Calvário de Gordon. Foi um pri-vilégio triste e dignidade lutuosa que tocou para José de Arimatéiae Nicodemos (Jo 19.3941) envolver o corpo de Jesus em um fino elimpo lençol com as apropriadas especiarias e colocálo dentro des-se sepulcro novo (Kcavcô), no qual nenhum corpo fôra posto. José de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Arimatéia mandara entalhar o sepulcro na rocha (èA.oaó|ieoev) parareceber o seu corpo, mas agora era de Jesus. Ele rolou uma grande

 pedra na entrada do sepulcro e foi embora. Era uma medida de se-

gurança. Duas mulheres ficaram assistindo à cerimônia triste. MariaMadalena e Maria, mãe de Tiago e José, estavam sentadas em frenteao sepulcro e olhando em silêncio.

27.63. Senhor, lembramo-nos61  (Kúpie, è|_ivr|a9r|[iev). No sába-do sagrado judaico, o “dia depois da Preparação” (Mt 27.62), Pilatosrecebeu novamente uma delegação do Sinédrio. Aoristo ingressivodo indicativo, “acabamos de nos lembrar”. Há quem objete dizen-

do que os líderes judaicos não saberiam de tal predição, mas pelomenos uma vez, registrado em Mateus 12.40, Jesus expressamentefaz esse anúncio para eles. Certos críticos rejeitam a história de queCristo indiscutivelmente predisse a sua ressurreição ao terceiro dia,tachandoa de lenda nãohistórica. Tais estudiosos tomam em lendagrande parte dos Evangelhos e limitam Jesus à sua humanidade. O

 problema é por que os discípulos se esqueceram e os líderes judeus

se lembraram. Em parte, devese à dor avassaladora dos discípu-los, agregada com a perda de todas as esperanças em um Messias

 político. Por outro lado, os líderes nervosos ainda temiam o podere popularidade de Jesus, embora estivesse morto. Eles quiseram tercerteza da vitória e prevenir qualquer possível renascimento dessaheresia perniciosa.

 Aquele enganador   [...] disse  (èncelvoç ó uÀávoç eíuev). Eles o

chamam “vagabundo errante” (TTÀávoç), colocando um insulto nouso de “aquele” (eKetyoç), mais uma informação pitoresca sobre oódio intenso e medo veemente que tinham de Jesus.

27.64. O último erro62 (r) koxáir\ vlávr\), “a última ilusão”, “aúltima impostura” (Weymouth), “fraude” (Moffatt). A palavra latinaerror   (erro) é usada em ambos os sentidos, derivada de errare,  “ir

 para fôra do caminho”, “perderse” , “desviarse”. A primeira fraude

foi a crença no messiado de Jesus, a segunda foi a crença na suaressurreição.

27.65. Tendes a guarda63  (’'Ex<eté KouoTcoôíav), imperativo pre-sente, uma escolta de soldados romanos, não a mera polícia do Templo.

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 Mateus 27 

O termo latino Koixraoôía ocorre em um papiro de Oxyrhynchus da-tado de 22 d.C .64 “A permissão curta dada aos judeus a quem ele me-nosprezava é satisfatória na boca do oficial romano .” 65

 Ide, guardai-o como entenderdes  (áatJjotAiactaGe coç oiôcrue).“Guardaio para vós mesmos (aoristo ingressivo médio) como vóssabeis como.”

27.66.  E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda,  selando a pedra66  (oi 5è iTopeuGévTeç r\a<^aXíoavzo ibv  tá^ova^payíaavTeí; xòv XíGov |aexà rrjç KOuoxGoôíaç). Provavelmente umacorda foi esticada ao longo da pedra e lacrada em cada ponta, comoem Daniel 6.17. O selo foi feito na presença do guarda romano queestava encarregado de proteger esse selo de autoridade e poder ro-mano. Fizeram o melhor que puderam para prevenir o roubo e a res-surreição,67  mas exageraram, desta forma fornecendo testemunhoadicional para o fato do túmulo vazio.68

 NOTAS  ___________________________________________________ 1“Ao romper o dia” (ARA).

2 TR e TM têm TrapéôcoKcti' ceíruòv IIovtlcú niÀáttú t)Y6|j,Óvi.; WH soletra Pilatos assim rki^o au .

3“Tocado de remorso” (ARA).

4 “O problema é teu” (BJ).

5TR e TM têm oú õi|/ei.

6 Alexander Balmain Bruce, The Expositors Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 323.

7“E, saindo, foi e enforcouse” (NVI).

8“Não é lícito depositálas no tesouro do Templo” (BJ).

9 Josephus, Wars o f the Jews,  2.9.4. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]

10“O campo do oleiro” (ARA).

11 John A. Broadus, Commentary on Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids:

Rregel, 1990), p. 559. [Edição brasileira: Comentário do Evangelho de Mateus. Volumes I ao II (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1940).]

12Ibid., pp. 560,561; ver também Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St.  Matthew: The Greek Text with Introduction, Notes, and Indices   (Reimpressão,Grand Rapids: Baker, 1980), p. 409.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13TR e TM têm o verbo eaxr|.

14“Jesus não respondeu nem uma palavra” (ARA). O nome Jesus  não se acha notexto grego.

15“Um prisioneiro escolhido pela multidão” (NVI).16 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  20.9.3. [Edição brasileira: Flávio Josefo,

 História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

17“ Sua mulher lhe enviou esta mensagem” (NVI).

18“Esse homem inocente” (NTLH).

19“Por quê? Que crime ele cometeu?” (NVI).

20 “Eles, porém, gritavam com mais veemência” (BJ).

21 “Estou inocente do sangue deste homem. A responsabilidade é vossa” (AEC).

22 TR e TM têm A0CÕÓÇ eí|ii corò xoü a'í|j.axoç xoG ôlkoúou  ioÚtou.

23Alfred Plummer,  An Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint   Matthew  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1956), p. 391.

24 “Que o castigo por esta morte caia sobre nós e sobre os nossos filhos!”(NTLH).

25“E, após haver açoitado a Jesus” (ARA).

26 G. Adolf Deissmann, Light from the Ancient East: The New Testament Illustrated  

by Recently Discovered Texts o f the Graeco-Romcin World, traduzido por L. R.M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), p. 269.

27 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, iTepié0r]Kav aúx(3 xÀ,a|iúõaKOKK  ÍVT\V.

28 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  5.1.10. [Edição brasileira: Flávio Josefo, História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

29 A. Carr, The Cambridge Bible fo r Schools and Colleges: The Gospel According  to St. Matthew (Cambridge: Cambridge University Press, 1894), p. 218.

30“Fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça” (NTLH).31 TR e TM têm o caso acusativo em lugar do caso genitivo, 4irl  xt) v Kaledin'

aúxoü.

32TR e TM têm Xoâpe, ó paaiAeuç xcôv ’Iouõoáwv.

33 “Encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e o forçaram” (NVI).

34Bruce, Exposito r’  s, p. 328.

35 “A carregar a cruz de Jesus” (NTLH).

36 Como TR e TM.37 “E, sentandose, ali montavamlhe guarda” (BJ); “e, sentandose, vigiavamno

ali” (NVI).

38“Puseram acima da sua cabeça uma tabuleta onde estava escrito como acusaçãocontra ele” (NTLH).

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 Mateus 27 

39“Balançando a cabeça” (NVI).

40 McNeile, Matthew, p. 419.

41 Bruce,  Expositor s, p. 329.

42 “Os chefes dos sacerdotes [...] também caçoavam dele” (NTLH).43 TR e TM têm as conjunções duplas, õè kccl.

44 Bruce, Expositor’  s, p. 330.

45 TR e TM têm um amóv extra depois de v\>v.

46 “Se, de fato, lhe quer bem” (ARA).

47 “Os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido cru-cificados com ele” (ARA).

48 TR e TM não têm a preposição aúv e têm om ú em lugar de aütóv.49 “Do meiodia” (NVI).

50 McNeile,  Matthew , p. 420.

51 “Deua a Jesus para beber” (NVI).

52 “Deixa, vejamos se Elias vem salválo” (NVI).

53 Ver discussão completa em A. T. Robertson,  An Introduction to the Textual  Criticism o f the New Testament   (Nashville: Broadman, 1925).

54 “Rendeu o espírito” (AEC; BJ).

55 William Stroud, Treatise on the Physical Cause o f the Death o f Christ: And   Its Relation to the Principles and Practice o f Christianity,  2a ed. (Londres:Hamilton, Adams & Company, 1871).

56 “A cortina do Templo se rasgou em dois pedaços, de cima até embaixo”(NTLH).

57TR e TM têm to  KataTréxao|aa xoO ec^ioGi] elç õúo ánò avcoGev ewç tarcio .

58 Josephus, Wars o f the Jews,  6.299. [Edição brasileira: Guerras dos Judeus. 

Volumes I ao VIII (Curitiba: Juruá, 2002).]39 Willoughby G. Allen,  A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel  

 According to Matthew, International Critical Commentary (Edimburgo: T. & T.Clark, 1912), p. 296.

60 “Já era quase noite” (NTLH); “caindo a tarde” (ARA).

61 “Governador, nós lembramos” (NTLH).

62 “A última impostura” (BJ); “este último engano” (NVI); “o último embuste”(ARA).

63“Levem um destacamento” (NVI); “aí tendes uma escolta” (ARA).64 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary of the Greek  

Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 356.

65 McNeile, Matthew, p. 429.

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66 “Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali aescolta” (ARA).

67 Bruce, Expositor ’  s, p. 335.

68 Plummer, Matthew, p. 410.

COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

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Capítulo

28

 Mateus

28.1.  E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana1 (’Oi}rè ôè oappkruGov, tf) êiTKfjcúaKoúari elç [iíavoappátcoy). Esta declaração cronológica cuidadosa de acordo com osdias judaicos significa que antes que o sábado terminasse, ou seja,antes das seis horas da tarde, as mulheres “foram ver o sepulcro”(0ecopf)oai tòv  xá(\)Ov). Elas tinham visto o lugar do sepultamentona tarde de sextafeira (Mt 27.61; Me 15.47; Lc 23.55). Haviam

descansado no sábado depois de preparar especiarias e unguentos para o corpo de Jesus (Lc 23.56). Tinham passado um sábado detristeza e dor indescritível. Comprariam outros aromas depois do

 por do sol, quando começaria um novo dia e o sábado terminasse(Me 16.1). Tanto Mateus aqui (“despontava”) quanto Lucas 23.54(“amanhecia”) usam o verbo èiTutjcúOKco para referiremse ao come-ço do dia de vinte e quatro horas no por do sol, não ao começo do

dia de doze horas no amanhecer. O aramaico usava o verbo traduzi-do por “amanhecer” em ambos os sentidos. O espúrio Evangelho dePedro tem êiu<t)(óaKG) no mesmo sentido que Mateus e Lucas, comoconsta também em um papiro recente. Pelo visto, o sentido judaicode “amanhecer” é expresso aqui por esse verbo grego. Certos estu-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

diosos supõem que Mateus entende mal Marcos neste ponto, mas élógico que Marcos está falando do amanhecer e Mateus do por dosol. Por que permitir só uma visita para as mulheres ansiosas?

28.2.  Houvera um grande terremoto2 (aeia[iòc; èyévexo jiéyaç),obviamente não o terremoto mencionado em Mateus 27.51. O tem- po preciso desse terremoto não é dado. Foi antes do amanhecer do primeiro dia da semana, quando as mulheres fizeram a próxima visi-ta. Mateus só relata a vinda do anjo do Senhor que removeu a pedrae sentouse sobre ela (áiTÉKÚliaev xòv ÀÍGov «ai éraBrixo ènáva)aiixoij3). Todo aquele que deseja evitar o assunto desses fenôme-

nos sobrenaturais deve refletir que a ressurreição de Jesus é um dosgrandes eventos sobrenaturais de todos os tempos. Comelius Lapideousa dizer: “Aterra, que tremeu de tristeza diante da morte de Cristo,agora como que pulou de alegria diante da ressurreição”. O anjo doSenhor anunciou a encarnação do Filho de Deus e também a res-surreição. Há inconsistências aparentes entre as várias narrativas daressurreição e aparições do Cristo ressurreto. Não conhecemos de-

talhes suficientes para harmonizar as narrativas indiscutivelmente.Por ironia, as variações fortalecem o argumento de que estes sãotestemunhos independentes do fato essencial que Jesus ressurgiu dasepultura. Cada escritor faz o relato do seu ponto de observação. A

 pedra foi removida, não para deixar sair o Senhor, mas para que asmulheres entrassem e comprovassem o fato do túmulo vazio .4

28.3. O seu aspecto era como um relâmpago  (rjv ôe f| elõéa ai>

’xoO c5ç àoxponrri). A palavra elõéa traduzida por “aspecto” consta so-mente aqui no Novo Testamento.5 Compare elõéa com [iopcjní (“for-ma” ou “natureza”) e axrj|ia (“semelhança” ou “forma natural”).

28.4. Os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados6 (kttò ôe xot) cj)ópoi) auxou éaeía0r|aav oi xtpoúvxeç). Não admira queeles ficassem como mortos e fugissem antes da chegada das mulheres.

28.5. O anjo  [...] disse às mulheres  (áuoKpi9ei<; ôe ó ayyeÀoç

éIttév xcâç yuycci^ív). De acordo com João, Maria Madalena partiucorrendo para informar Pedro e João sobre o suposto roubo sepul-cral (Jo 20.1,2). As outras mulheres ficaram e encontraram o anjo(ou homens, Lc 24.4) junto ao túmulo vazio e o Cristo ressurreto.

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 Mateus 28

 Jesus, que fo i crucificado1 (’Irpow tòv earaupcúiiévov), acusativo masculino singular do particípio do perfeito passivo, um es-

tado de completude. Isso sempre será assim. Por isso, Paulo, em 1Coríntios 2.2, prega como essencial ao seu evangelho “este crucifi-cado” (toutov ècnaupG)|iévov).

28.6.  Ele não está aqui, porque já ressuscitou  (oik ecrnv coõe,riyépGri yàp), “Jesus, o ressurreto.” Este é o âmago do testemunhodo anjo para as mulheres. E o que Paulo deseja que Timóteo nun-ca esqueça (2 Tm 2.8): “Jesus Cristo [...] ressuscitou dos mortos”

(Tqaow Xpiotòv èyr|yep|iévov ék veKpcõv).Vinde e vede o lugar onde o Senhor ja zia8 (ôeüxe íõexe xòvtóttov OTTOi) eiceira). Elas estavam com medo e deslumbradas pelaglória da cena. Textos gregos críticos não têm ô KÚpioç, como em“onde o Senhor jazia”, mas Cristo é o sujeito de ékéito. O seu corponão estava lá. De nada adianta dizer que Jesus ressurgiu em espíritoe apareceu vivo, embora o seu corpo permanecesse na sepultura. O

túmulo vazio é o primeiro grande fato que confrontou as mulheres edepois os homens. Assim como acontece hoje, muitas teorias foram propostas naquela época. Mas nenhuma das alternativas satisfaz aevidência e explica a sobrevivência da fé e esperança nos discípu-los. A única coisa que explica as mudanças nas pessoas é o fato doCristo ressurreto, cujo corpo já não está na sepultura.

28.7.  Ele vai adiante de vós para a Galiléia  (iTpoáyei úfiâç elç

tqv Fa/UAmav). Jesus apareceu aos discípulos na Galiléia em pelomenos duas ocasiões notáveis: à margem do querido lago (Jo 21)e no monte (Mt 28.1620). Jesus apareceu a vários discípulos emJerusalém nesse primeiro grande domingo, provavelmente antesque as mulheres tivessem a oportunidade de, em detalhes, contaraos discípulos o encontro na Galiléia. Eles desprezaram os primeirosrelatos das mulheres, reputandoos conversa tola (Lc 24.11). Jesus

não disse que não veria nenhum deles em Jerusalém. Ele apenasmarcou um encontro específico na Galiléia, o qual Ele cumpriu.28.8. Saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e 

 grande alegria9  (àuelGotioa10  taxi) darò tou |_ivr||j,eíou [iexà cjjópouKcà %apâç [ieyáÂr]ç). As mulheres entusiasmadas correram a toda

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 brida “a anunciálo aos seus discípulos” (àmyyelAai  tolç |ia0Tyuaiçaírtoü). Eram portadoras das mais excelentes notícias que se podiater. Marcos diz que era temor e assombro. Qualquer coisa era pos-sível agora. Marcos diz que inicialmente não contaram nada a nin-guém, porque tinham medo (Me 16.9). Este é o fim trágico do textode Marcos em Aleph e B, nossos dois manuscritos mais antigos.Mas essas emoções mescladas de êxtase e medo não precisam nosassustar, quando consideramos todas as coisas em conjunto.

28.9.  Jesus lhes sai ao encontro  (’IriooDç ímr|VTr|aev aúroâç11),apareceu de repente face a face com elas, enquanto pensavam sobrea mensagem do anjo e o fato do túmulo vazio (instrumental associa-tivo, aírrcâç ; cf. Mt 8.34; 24.16). A porção perdida do Evangelhode Marcos talvez contivesse a história dessa reunião com Jesus quelhes mudou o medo e êxtase em alegria e paz. A saudação foi o co-mum “Eu vos saúdo”. Elas caíram aos pés de Jesus, segurandoos emreverência, enquanto o adoravam. Jesus permitiu esse ato de adora-ção, embora proibisse a manipulação ansiosa do seu corpo por MariaMadalena (Jo 20.17). Foi um grande momento de fé e alegria.

28.10.  Não temais  (Mri 4>opela0e). Ainda estavam com medo,sentindo a alegria misturada com a autoconsciência na presença dadivindade. Jesus lhes acalma a inquietação, repetindo a incumbênciado anjo para os discípulos o encontrarem na Galiléia. Não há mençãoespecial de Pedro como em Marcos 16.7, mas podemos estar certosde que foi aqui que Jesus entregou a sua mensagem especial a Pedro.

28.11. Alguns da guarda, chegando à cidade, anunciaram aos  príncipes dos sacerdotes  (tivéç xf|ç Koucn;coõía<; 6À0óvTe<; elç rr)vttÓàiv aTTfÍYYeiÀay toiç àp^LepeCoiv). Esses soldados romanos ha-viam sido colocados sob as ordens do Sinédrio. Também estavamcom medo de informar a Pilatos e contarlhe o que acontecera.Fizeram um relato verídico do sucedido até onde o entenderam. Maso Sinédrio estava convencido da ressurreição de Jesus?

28.12.  Deram muito dinheiro aos soldados  (ápyúpio: iKavàeôooKav to iç oxpaTioóuaK;). O uso do plural para peças de pra-ta (ápyúpia) é comum. Os papiros têm muitos exemplos de [Kavá. 

 para “muito” 12  (derivado de Lkccvgo, “alcançar a”, “atingir a”). Esses

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 Mateus 28

membros piedosos do Sinédrio conheciam muito bem o poder dosuborno. Fazem um contrato com os soldados romanos para queestes mintam sobre a ressurreição de Jesus, assim como deram di-nheiro para Judas trair Jesus. Não mostram a mais leve tendência aestarem convencidos pelos fatos.

28.13. Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o  furtaram  (Ol |ia9r|Toà ocúxoü vuktòç kXQóvxeç eKletyav ambv  fpwvKOi[iQ|iévcov), uma construção de genitivo absoluto. Se estivessemdormindo, nada saberiam sobre isso.

28.14.  Nós o persuadiremos e vos poremos em segurança13(rnieiç ueíaoiiev autòv Kal í^âç á|iepí|j,voi)<; TT0uía0[j.ev). Eles tam-

 bém ofereceriam dinheiro a Pilatos e assumiriam toda a responsa- bilidade. Por conseguinte, os soldados não têm nenhuma ansiedade(á|iepí.|i,vouc;, a elemento de negação, e |iepi|iváw, “estar ansioso”).Eles cumpriram a promessa e essa mentira se mantém viva ao longodos séculos. Justino14 acusa os judeus de espalharem a farsa.

28.15.  Foi divulgado esse dito entre os judeus, até ao dia de hoje15  (Õi«j)rpía0r| ô  Xòyoç  ofrroç irapà ’Iouõoáoiç). O Sinédrio traba-lhou diligentemente para desculparlhes o sentimento de descrença.

28.17.  Mas alguns duvidaram16  (oi òc eôíotaoay), derivado deõlç (“em dois”, “de mente dividida”, cf. Mt 14.31). A referência nãoé aos onze, que agora estavam todos convencidos depois de certa dú-vida inicial, mas aos outros. Paulo declara que mais de quinhentos

discípulos estavam presentes em um ou mais dos encontros com oSenhor. A maioria deles ainda vivia quando ele escreveu (1 Co 15.6).E natural que alguns hesitassem em crer em tão grande fato já na pri-meira aparição de Jesus para eles. A própria dúvida deles toma maisfácil a nossa crença. Era esse o monte em que Jesus prometera encon-trálos. Esse detalhe explica o grande número de pessoas presentes. Ahora e o lugar foram arranjados de antemão. Era o clímax das várias

aparições e na Galiléia onde havia tantos crentes. Eles “adoraram”(TTpoaeKÚvriactv) Jesus como fizeram as mulheres (Mt 28.9).28.18.  É-me dado todo o poder no céu e na terra  (’EõóGr) pm

TTâaa cçouaía), um aoristo infinito .17  Jesus aproximouse deles(rrpoocÀGGjy) para fazer esta afirmação espantosa: agora Ele possuía

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

a completude da autoridade de Deus. Ele falou como alguém que já estava no céu, tendo um panorama mundial e os recursos do céu

às suas ordens. O poder ou autoridade que tivera durante a vida ter-rena fôra grande (por exemplo, Mt 7.29; 11.27). Agora é ilimitado,incluindo a terra e o céu. O Cristo ressurreto, sem dinheiro, ou exér-cito, ou estado governamental, comissiona este grupo de quinhentoshomens e mulheres para conquistar o mundo. Ele os faz crer que atarefa é possível, caso a empreendam com paixão extrema e podersério. O Pentecostes ainda está por vir, mas a fé dinâmica reina nes-

se monte da Galiléia.28.19.  Ensinai todas as nações  (laaGrixeúaaxe uávxa xà e9vr|),não só os judeus espalhados entre os gentios, mas os próprios gen-tios de cada nação. Não devem ensinálos, tomandoos judeus, em- bora essa observação não esteja clara aqui. Levará tempo para osdiscípulos se desenvolverem nessa Magna Carta das missões. Masaqui está o programa mundial do Cristo ressurreto. Não seria por

esquecimento daqueles que procuram reduzir tudo, dizendo queJesus esperava voltar logo, ainda antes da morte daquela geração.Deixemos a escolha do tempo com o Pai e empenhemonos na cam-

 panha pela conquista do mundo. Esse programa inclui fazer discí- pulos (ARA) ou aprendizes ([iaGrixeúotxxe) como eles. Isso significaevangelismo no mais pleno sentido. O batismo é em  (elç, não para)o nome da Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo. Há quem levante

a objeção de que essas palavras são muito teológicas para serem deJesus, não devendo, portanto, ser parte genuína do Evangelho deMateus (cf. linguagem semelhante em Mt 11.27).18O nome de Jesusé a parte essencial, como mostra Atos. O texto não está ensinandoimersão três vezes. O uso de nome (ovo\xa)  aqui é comum que naLXX e nos papiros signifique “poder” ou “autoridade”. Quanto aouso de eiç com õvo|i<x neste sentido, ver Mateus 10.41,42 (cf. tam-

 bém Mt 12.41).28.20.  Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado19  (ôiõáoKOVxeç aíixouç xrpetv irávxa òaa êvexeiA.á|ar|vÍ)|j,lv). Os cristãos demoraram para perceber o valor que há na edu-cação religiosa. O trabalho de ensinar pertence à família e à igreja.

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 Mateus 28

Toda casa deveria ter bons livros, além da leitura da Bíblia. Algunsreagem de forma exagerada, colocando a educação no lugar da con-

versão ou regeneração. Mas ensinar é a parte difícil no trabalho doscristãos. Eu estou convosco todos os dias (èycò (j.60’ ú(_iá)v equ náoaç zaç 

rpépaç). Jesus emprega o presente profético (el|ií, “eu estou”). Eleestá conosco todos os dias até que volte em glória. Ele há de estarcom os discípulos, quando for embora; estará com todos os discí-

 pulos, com todo o conhecimento, com todo o poder, com eles todos

os dias (todos os tipos de dias: dias de fraqueza, tristeza, alegria e poder). Até à consumação dos séculos20  (etoç rf|ç awxekeíaç  toíj oclcô

voç). Esta meta está no futuro desconhecido. Esta bemaventuradaesperança não é um sedativo para uma mente ociosa e consciên-cia complacente. Tratase de um incentivo ao mais pleno esforçode prosseguirmos energeticamente, apesar das dificuldades, até aos

rincões mais distantes do mundo, para que todas as nações conhe-çam Jesus e o poder da sua vida ressurreta. Assim, o Evangelho deMateus se encerra em uma chama de glória. Jesus é o conquistadorem prospecto e na realidade. A história cristã tem sido o cumpri-mento dessa promessa na medida em que o poder de Deus trabalhaem nós. O Redentor ressurreto e todopoderoso permanece com oseu povo todo o tempo.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana"' (ARA).

2“De repente, houve um grande tremor de terra” NTLH).

3TR e TM têm a frase preposicional cbò ríjç Bíipaç depois de  xòv  AlGov; TRb eTM eliminam o v eufônico no verbo àireKÚÀiae.

4 Alan Hugh McNeile, The Gospel According to St. Matthew: The Greek Text with

 Introduction, Notes, and índices  (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1980), p. 430.

5TR e TM têm íòéa aqui.

6“Os guardas tremeram de medo dele” (AEC).

7“Jesus, o crucificado” (BJ).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

8“Vinde ver onde ele jazia” (ARA).

9“Elas foram embora depressa do túmulo, pois estavam com medo, mas muitoalegres” (NTLH).

10TR e TM têm o particípio 4ÇeA.9oOoai.11TR tem o artigo com o substantivo próprio, ó ’IriaoOç. TR e TM têm árrr|vtriaev

aural.

12 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 302.

13 “Nós lhe daremos explicações e livraremos vocês de qualquer problema”(NTLH).

14 Dial,  108.

15“E espalhouse esta história entre os judeus, até o dia de hoje” (AEC).

16“Mas alguns tiveram suas dúvidas” (NTLH).

17 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), pp. 836, 837.

18 Robertson dedica um capítulo sobre este assunto em The Christ o f the Logia (Nova York: Doran, 1924).

19“Ensinandoos a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei” (NVI).

20 “Até à consumação do século” (AEC; ARA).

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Parte

2

O E v a n g e l h o  s e g u n d o  M  a r c o s  

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 M  a r c o s  : I  n t r o d u ç ã o

laaaMaiaiaBMaisiaisiasHaiaaiSMerafaai

Uma das mais nítidas contribuições do estudo crítico atual dos

Evangelhos é a data antiga do Evangelho de Marcos. Não sabemoscom certeza até que ponto é antiga, mas há destacados estudiososque a fixam em 50 d.C., data bastante provável. Exponho minha opi-nião em detalhes no livro Studies in Mark’  s Gospel  (Estudos sobre oEvangelho de Marcos).1Theodor Zahn argumenta que o Evangelhosegundo Mateus foi escrito antes do relato de Marcos, mas há fortesargumentos contra a exatidão dessa sequência de tempo.2A estru-

tura do Evangelho de Marcos está por trás de Mateus e Lucas, equase todo material de Marcos é usado por um ou por outro. Umacomparação cuidadosa das semelhanças e diferenças de conteúdo,usando uma harmonia dos Evangelhos em grego, dá a entender quea obra de Marcos foi servida pelos escritores de Mateus e Lucas.E possível que Marcos tenha usado alguma coletânea mais antigade notas ou declarações registradas que poderiam corresponder ao

que os críticos chamam fonte Q. Mas isso significaria apenas que ateórica fonte Q estaria ao lado da obra de Marcos e juntas serviriamde fonte para Mateus e Lucas. Seja o que for que se diga sobre afonte Q, o que temos hoje é a obra de Marcos, independentemente

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

de ter sido usado por Mateus e Lucas. Somos muito gratos por esta preservação. Streeter (The Four Gospels3) enfatiza o uso local dostextos na preservação de porções do Novo Testamento.

Se Marcos escreveu em Roma, como é bastante possível, o seulivro teve um ambiente extremamente favorável no qual se firmar.Há méritos distintivos próprios que ajudaram a mantêlo em uso. Eessencialmente narrativo e de estilo direto e simples com pinceladasvivas. Usa o tempo presente histórico de uma testemunha ocular.Escritores primitivos afirmam que Marcos foi o intérprete de SimãoPedro, com quem esteve em certa ocasião, de acordo com a própria

declaração de Pedro, ou em Babilônia ou em Roma (1 Pe 5.13).Embora este Evangelho seja o mais curto dos quatro, está densa-mente agrupado com detalhes que uma pessoa chegada a Jesus,como Pedro, poderia ter usado nos seus discursos. Marcos descrevea erva verde, camas de flores (Me 6.39), os dois mil porcos (Me5.13) e as nuanças físicas que acompanharam as palavras de Jesus(por exemplo, Me 3.5,34).

Pedro teria falado em aramaico, e Marcos tem mais fra-ses aramaicas do que os outros registros: Boanerges (Me 3.17),Talitá cumi (Me 5.41), Corbã (Me 7.11), Efatá (Me 7.34) e Aba(Me 14.36). O grego é distintamente o Koivrí vernacular, porexemplo, “com um só olho” (fiovócjrôaÀiiov, Me 9.47), como es-

 peraríamos de judeus palestinos como Pedro e Marcos. Há tam- bém mais frases e expressões latinas que nos outros Evangelhos:“o executor” ( specula tor , Me 6.27), “jarros” (sextarius, Me 7.4),“tributo” (census, Me 12.14), “quadrante” (quadrans,  Me 12.42,ARA), “sala da audiência” ( praetorium , Me 15.6), “açoitado”{flagellare, Me 15.15) e “centurião” (centurion, Me 15.39). C. H.Turner fica imaginando se Marcos poderia ter escrito o autógrafo(o manuscrito original) em latim. A influência latina pelo me-nos torna mais forte a evidência de Marcos ter escrito em Roma.Certos linguistas sustentam que Marcos escreveu primeiro emaramaico, mas o aramaico sentido no texto poderia ser explicadose Marcos estivesse trabalhando com as notas das pregações quePedro fez em aramaico aos judeus em Roma. Marcos poderia ter 

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 Marcos: Introdução

escrito o Evangelho em Roma enquanto estava com Pedro, queteria lido o manuscrito.

B. W. Bacon defende que este Evangelho tem um tom paulino peculiar, já podendo ter tido várias edições revistas.4 A teoria doUrMarcos não goza de apoio forte. Marcos foi colega de trabalhocom Bamabé e Paulo, mas abandonouos em Perge. Por conta disso,Paulo se ressentiu de Marcos e recusou leválo na segunda excursãomissionária. Bamabé levou consigo Marcos, seu primo, e depois esteapareceu com Simão Pedro, com quem fez o seu grandioso trabalho.

Quando Marcos demonstrou firmeza com Bamabé e Pedro, Pauloalegrouse e recomendouo entusiasticamente aos crentes colossenses(Cl 4.10). No fim, Paulo pede que Timóteo traga Marcos para Roma,

 pois o apóstolo achou Marcos útil para o ministério. Esta referência aMarcos (que cometera tamanho erro) e Paulo (que demonstra não ternada mais contra ele) lança crédito à índole de ambos.5

O caráter do Evangelho de Marcos é em grande parte deter-

minado pelo escopo da pregação de Pedro, como vemos em Atos10.3642, cobrindo o período de João Batista à ressurreição de Jesus. Não há nada sobre o nascimento de João Batista ou de Jesus. Não podemos usar essa peculiaridade do Evangelho de Marcos contraas narrativas do nascimento virginal de Jesus em Mateus e Lucas,visto que Marcos não conta absolutamente nada sobre o nascimentode Jesus.

A passagem final no Textus Receptus,  Marcos 16.920, não seacha nos manuscritos gregos mais antigos, Aleph e B, e provavel-mente não é genuína. Farei uma discussão sobre as provas para estaconclusão no lugar apropriado.

Henry Swete mostra que Marcos lida com dois grandes temas:o ministério de Jesus na Galiléia (Me 1—9) e a última semana deJesus em Jerusalém (Me 11— 16). Esses dois temas estão unidos por

um breve esboço do período de retirada de Jesus da Galiléia (Me10). Os primeiros quatorze versículos são introdutórios, e a passa-gem de Marcos 16.920 é um apêndice.

O Evangelho de Marcos pinta Jesus em ação. Há um mínimo dediscurso e um máximo de ação. Não obstante, os mesmos quadros

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

essenciais de Cristo também constam nos escritos de Mateus, Lucas,João, Paulo, Pedro e do escritor de Hebreus.6O Jesus de Marcos é oCristo de Paulo. Cada narrativa tem a sua própria matização, mas o

quadro é o mesmo. Cristo é o Filho de Deus e o Filho do Homem, oDeus da vida e da morte, o Operador de milagres e o Salvador dasgarras do pecado. Este Evangelho é próprio para as crianças lerem

 primeiro, pois é por ele que devemos colocar os fundamentos danossa visão de Cristo. No livro  Harmony o f the Gospels  (Harmoniados Evangelhos), coloquei Marcos em primeiro lugar na estrutura,visto que Mateus, Lucas e João seguem, em linhas gerais, o seu es-

 boço e plano, com acréscimos e materiais suplementares.7Marcos pulsa com vida e eriçase com detalhes vívidos. Vemos

com os olhos de Pedro e captamos quase o próprio olhar e gesto deJesus enquanto se movimentava entre o povo realizando a obra decurar o corpo e salvar a alma dos homens.

 NOTAS 

1 A. T. Robertson, Studies in Mark’  s Gospel   (1919; Reimpressão, Nashville: Broadman, 1958).

2 Theodor Zahn, Geschichte des neutestamentlichen Kanons  (Erlangen: 1888- 1892).

3Burnett Hillman Streeter, The Four Gospels: A Study o f Origins, Treating o f the  Manuscript Tradition, Sources, Authorship, and Dates  (Londres: Macmillan, 1924).

4 Benjamin Wisner Bacon,  An Introduction to the New Testament   (Londres: Macmillan, 1924). Aqui e em outros lugares deste volume, são citadas inúmeras teorias da alta crítica sem o acréscimo de comentários críticos. Tais referências devem ser consideradas como informações não indicativas de aceitação.

5Isso é mostrado em A. T. Robertson,  Making Good in the Ministry: A Sketch o f   John M ark(  1918; Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1976).

6 Como mostrado em A. T. Robertson, The Christ of the Logia  (Nova York: Doran, 1924).

7 A. T. Robertson,  Harmony o f the Gospels fo r Students o f the Life o f Christ  (Nova York: Harper & Row, 1922).

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Capítulo

1

 Marcos

1.1.  Princípio do evangelho (Ap/f] toü ei)ayyeÀiou). Em grego,não há artigo antes de ápxr|. É possível que a frase servisse de cabe-çalho ou título para o parágrafo sobre o ministério de João Batista oude sobrescrito para o Evangelho,1sobrescrito colocado por Marcosou por um escriba. E então “o evangelho de Jesus Cristo” significaa mensagem sobre Jesus Cristo (genitivo objetivo). A palavra evan-

 gelho (eúccYyéA.Loy) chega perto de significar o próprio registro con-

forme foi contado por Marcos. Swete comenta que cada escritor temum ponto de partida diferente (àpxií).2Marcos, como a forma maisantiga da tradição evangélica, começa com a obra de João Batista,Mateus com a ascendência e nascimento do Messias, Lucas como nascimento de João Batista, João com o Lógos préencamado,Paulo com a fundação de cada uma das igrejas (Fp 4.15).

 Filho de Deus (ulou 0eot>).3Se este for um título acrescentado

ao que Marcos escreveu, o título pode ter existido inicialmente emduas formas, uma com “Filho de Deus” e a outra sem “Filho deDeus”. Se Marcos escreveu as palavras, não há razão para duvi-dar que sejam genuínas, visto que ele usa tal construção em outrolugar.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

1.2. No profeta Isaías (kv  icô ’Hoaía tcô upocjrrirfl). A citação4vem de Malaquias 3.1 e Isaías 40.3. Mas Isaías é o principal dos

 profetas. Era comum combinar as citações de profetas diferentes

em testimonia e catenae  (cadeias de citações). Esta é a única cita-ção profética de Marcos, embora ele registre as citações feitas porJesus.5

1.3. Voz do que clama no deserto (§<s>vv\  Pocòvtoç kv  ifi èpruacp).Deus está chegando ao seu povo para livrálo do cativeiro naBabilônia. Por isso, o profeta clama como uma voz no deserto para

 preparar para a vinda de Deus. Quando o comitê do Sinédrio per-

guntou a João quem ele era, ele usou este mesmo linguajar de Isaías(Jo 1.23). João só era uma voz, mas essa voz ainda ecoa pelo corre-dor dos séculos.

 Endireitai as suas veredas6 (eòBeíaç uoieice ikc,  ipíf3ouç aí»’toO). As maravilhosas estradas persas para os mensageiros do rei e para o próprio rei eram muito semelhantes às excelentes rodoviasde hoje. Tais estradas ligavam todos os pontos do Império Romano.

Trechos dessas estradas ainda sobrevivem. Com esta comparação,Marcos comprova que João Batista tinha uma missão sublime e san-ta como precursor do Messias.

1.4. Apareceu João batizando1(èyévero ’Io)ávvr|<; ò fkxiTTLÇcovs).A chegada de João Batista assinalou uma nova época (èyéveto), nãoera um mero acontecimento (f)v). A chegada ocorreu de acordo como quadro profético (kccBcoç, Me 1.2). Note que o mesmo verbo sobre

João Batista ocorre em João 1.6. A chegada de João Batista foi overdadeiro início da mensagem falada sobre Cristo. Em sua descri-ção, Marcos diz que ele veio “batizando (ó panríCtov) no deserto (èvuri èpiíiico)”. O batismo ocorreu no rio Jordão (Me 1.5,9) em áreacircunjacente ao deserto da Judéia.

 Pregando o batismo de arrependimento  (KTpúaaoov páimoiialaeravoiccç), anunciou um arrependimento centralizado no batismo

(páuTiofia, caso de gênero genitivo; ver em Mateus 3.2 a análisesobre arrependimento, que é a grande palavra de João lieiavoéto. Elechamou os judeus para mudar de mente e afastarse dos seus peca-dos, “confessando os seus pecados” (è^oiioÀoyoúiaeyoL mç  áiiapxíaç

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 Marcos 1

aíiTíôv) em Me 1.5; ver Mt 3.16). As confissões públicas causavamuma impressão profunda, como causam hoje.

 Para remissão de pecados  (eíç acjjeoiv à^iapt lgúv) é uma frasedifícil de traduzir com exatidão. Com certeza, João não quis dizerque o batismo era o meio de obter o perdão (remissão) de pecadosou necessário para o perdão de pecados. A dificuldade achase nouso de e lç , que às vezes expressa propósito e outras vezes não temtal implicação (como em Mt 10.41; 12.41). Provavelmente “comreferência a” é tão boa tradução quanto possível. O batismo estavana base do arrependimento e da confissão de pecados. Como Pauloexplicou mais tarde (Rm 6.4), o batismo representava a morte ao

 pecado e a ressurreição à nova vida em Cristo. O símbolo era usado para marcar o renascimento dos prosélitos gentios em plena comu-nhão com os filhos de Abraão. João está tratando a nação judaicacomo um conjunto de pagãos que precisam arrependerse, confessaros pecados e entrar no Reino de Deus. O batismo no rio Jordão erao desafio direto ao povo.

1.5. Toda a província da Judéia [...] iam ter com ele9 (kocIè eTtopeúeto Tipòç aúiòv u&aa rj ’Iouõaía X^Pa) A terceira pes-soa do singular do imperfeito médio/passivo depoente do indicativodescreve o fluxo constante de pessoas que continuavam indo ao ba-tismo (èpaTTTÍÇovio, terceira pessoa do plural do pretérito imperfeito

 passivo do indicativo), uma visão maravilhosa. O batismo era feitoliteralmente “no rio Jordão” (lv  xcô ’Iopôávr) TOioqacô).

1.6.  E João andava vestido de pêlos de camelo10 (ícai f|Vn ó’Icoáwriç12évôeôufiévoç Tpíxaç Kct|j,r|Àou). Mateus 3.4 diz que era uma“veste” (evôufia) de pêlos de camelo. Mateus coloca veste no particípio nominativo singular masculino do perfeito passivo com pêlos,seu objeto, no acusativo feminino plural, de acordo com a lingua-gem grega comum. Não era feito de couro curtido, mas de pano rús-tico tecido com os pêlos de camelo (quanto a “gafanhotos e mel sil-vestre”, ver análise em Mt 3.4). Gafanhotos secos são consideradossaborosos. O mel silvestre ou “mel dos montes” ((iéXi aypiov) eraabundante nas fendas das pedras. Ainda hoje os beduínos ganhamdinheiro coletando este mel silvestre das pedras.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

1.7.  Após mim vem aquele que é mais forte do que euu (’'Epxerai ó loxupóiepóç fiou òttloco (j.ou), achase em cada um

dos Evangelhos Sinóticos. Gould diz que essa linguagem eraautodepreciação cética .14Mas João era sincero em apreciar a di-ferença de  status  entre ele e o Messias que estava vindo. A “cor-reia”15 (tÒv l|iávra ) prendia a sandália. Quando os convidadoschegavam a casa de ricos, aparecia um escravo para desamarrarlhes as sandálias antes que tomassem banho. Marcos só apresen-ta esse detalhe.

1.8. Tenhovos batizado com água16 (êyco epáTrcioa ú|aâçuôaTi17). Lucas 3.16 também tem “com água”. Mateus 3.11 temév (“em”) água e o Espírito Santo. O batismo em água de Joãoera um símbolo do batismo espiritual de Jesus.

1.9 .Jesus [...] fo i batizado por João, no rio Jordão (èpaiTT Ío0r|eiç tÒv ’Iopôávr|v tjttò ’Icoávvou18). Essa construção segue “daágua” ( é k  z o v   liôcaoç) no versículo 1 0 , depois do batismo no rio

Jordão. Marcos gosta de usar o termo “logo”, “imediatamente”(euGuç), como Mateus gosta de “então” (tóté).

1.10. Vi'u os céus abertos]í) (<ziòev axiÇo|_iévouç xouç oúpavouç),rasgados como uma roupa (acusativo masculino plural do particípio presente passivo). Jesus viu os céus separandose enquantoEle saía da água, uma cena com maior vivacidade do que “se lheabriram”, em Mateus 3.16, e “se abriu”, em Lucas 3.21. Lógico

que João Batista viu o Espírito Santo descendo em Jesus como pomba, porque a sua própria descrição está registrada em João1.32. Na opinião dos gnósticos ceríntios, a pomba significa oaeon Cristo divino que aqui desceu no homem Jesus e permane-ceu com Ele até sua crucificação, em cujo ponto o deixou. Tratase do mesmo tipo de distinção que se procura fazer hoje entre o“Jesus histórico” e o “Cristo teológico”.

1.11. Tu és o meu Filho amado  (Si) eí ó ulóç |aou ó áyauriTÓç),quase igual a Lucas 3.22: “Tu és meu Filho amado”. Em Mateus3.17, consta: “Este é o meu Filho amado” (outoç  èonv ó uióç |_iouó âyaTTriTÓç). Marcos 1.11 e Mateus 3.17 têm: “Em quem me com-

 prazo”, ao passo que Lucas tem: “Em ti me tenho comprazido” .

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 Marcos 1

1.12.  Logo o Espírito o impeliu20 (eú0uç tò uveGiia: aírcòvèKpáXÀei), um verbo vívido, mais arrojado que o verbo usado porMateus: “foi conduzido” (ávrix0r|), e o verbo usado por Lucas: “foilevado” (f^exo). O mesmo termo é empregado para referirse à ex-

 pulsão de demônios (Me 1.34,39). Aqui Marcos tem “logo”, ondeMateus tem “então” (ver comentário em Me 1.9). Os quarenta dias nodeserto foram passados sob a orientação direta do Espírito Santo. Avida terrena inteira de Jesus estava associada com o Espírito Santo.

1.13. E vivia entre as fe ras21(koíI r\v  [ierà i(òv OipÍGov). Marcosnão apresenta a narrativa das três tentações que consta em Mateus eLucas, mas acrescenta este pequeno detalhe sobre os animais selva-gens no deserto. A noite, esse deserto rochoso era o abrigo de lobos,

 javalis, hienas, chacais e leopardos. Era um lugar solitário e até pe-rigoso em seu isolamento. Em Salmos 91.13, a promessa de vitóriasobre os animais selvagens vem imediatamente depois da promessada tutela angelical, a qual Satanás citou em Mateus 4.6.22 Os anjoschegaram e “serviam” (ôir|KÓvouv), terceira pessoa do plural do pre-térito imperfeito ativo do indicativo. Eles mantiveramse em ritmode ação constante até que Jesus fosse alegrado e fortalecido.

1.14. Veio Jesus para a Galiléia23 (rjXGev ó ’Ir)ooüç eLç ir\v YüXú,umv).  Mateus e Lucas acompanham Marcos e iniciam domesmo modo a narrativa do ministério ativo de Jesus. Marcos guiase pela pregação de Pedro indubitavelmente. Mas sem o QuartoEvangelho, não saberíamos do ano de trabalho feito em diversas

 partes da terra (Peréia, Galiléia, Judéia, Samaria) que precedeu oministério de Jesus na Galiléia. O Evangelho de João completa osEvangelhos Sinóticos. A prisão de João Batista influenciou Jesus a

 partir da Judéia para a Galiléia (Jo 4.14). Pregando o evangelho do Reino de Deus24  (KTpúaawv xò

eúayyéliov xou Geou25). Este é o genitivo subjetivo, referindose aoevangelho que vem de Deus. Swete observa que o arrependimento(liemvoía) é a idéia fundamental na mensagem de João Batista, as-sim como o evangelho (eüayyé/Uov) é na mensagem de Jesus.26 MasJesus e João proclamaram tanto o arrependimento quanto a chegadado Reino de Deus.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

1.15. O tempo está cumprido27(neirÃripGmi ó Kcapòç). Marcosacrescenta essas palavras ao relato de Mateus. João Batista rememo-ra a promessa da vinda do Messias e anuncia que esse cumprimen-to está próximo (terceira pessoa do singular do perfeito passivo doindicativo). O tema de João Batista é como o de Paulo em Gálatas4.4: “plenitude dos tempos” (nA,ipG)|i,aTOç toü xpóvou), e em Efésios1.10: “plenitude dos tempos” (TTÀr|pGO|ia tgõv KaipGúv). Em Efésios1, o apóstolo emprega a palavra Kaipóç, “oportunidade” ou “crise”,como ocorre aqui em Marcos, em vez do termo mais geral xpóvoç.

 E crede no evangelho28 ( k c u   u i a T e ú e T e kv  tco  e ü a y y e À L ü ) ) , tan-to arrependerse quanto crer no evangelho. Em geral, esperase afé em Jesus como Deus, como em João 14.1. Mas esta crise exigiafé na mensagem de Jesus que anunciava a chegada do Messias. Elenão usou aqui o termo  Messias,  pois tal termo tinha conotações

 políticas provocantes. Mas o Reino de Deus chegara com a pre-sença do Rei. Crença ou descrença na mensagem de Jesus dividianitidamente os que o ouviam. “Fé na mensagem era o primeiro

 passo; um credo de algum tipo achase na base da crença na pessoade Cristo, e a ocorrência da frase 'íUG'ueúeTe èv tgò eúayyeÀÍco nomais antigo registro do ensino de nosso Senhor é uma confirmaçãovaliosa desse fato.29

1.16.  E, andando junto ao mar da Galiléia30  (Km rapáycovuapà tt)v QáXaoaav if\Q  rodiXaíaç31). Marcos usa uapá (“ao longo

de”, “ao lado de”) duas vezes e toma o quadro realista. Ele captaeste vislumbre de Cristo em ação. Lançavam a rede  (àficj) ipáAAovraç32), literalmente, “lançavam

em ambos os lados, ora em um lado, ora no outro”. Mateus 4.18 temuma frase diferente. Dois papiros usam o verbo à[j,(j)ipáÀÀoo, um ver-

 bo irrestritamente para pescar como aqui, o outro com o acusativo.33Esses quatro discípulos eram pescadores (cdielç) e sócios, como

declara Lucas 5.7 (liecó/oiç).1.17. Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens34 (Aeüxe òttloco fiou, Km ttouÍogo í)|iâç; yevéaGca àlielçávGpokGov). Marcos tem yevéaGa i (“sejais”), que não está em Mateus.Seria um processo lento e longo, mas desses homens pescadores

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 Marcos 1

Jesus faria pescadores de homens. Todo aquele que quiser deixartudo para servir a Cristo será feito um pescador de homens.

1.19.  E, passando dali um pouco mais adiante35 (Kai npopàç

óAÍyov36), um detalhe caracteristicamente de Marcos.Consertando as redes37 (KaiapiíCoviaç m   õÍKiuct). Compare

com Mateus 4.21. Eles estavam se preparando para estar em melho-res condições a fim de obterem sucesso na próxima vez que saíssem

 para pescar.1.20.  Eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os em-

 pregados  (ácjjévteç tòv uaiépa aúicòv ZePeôaXoy èv tlü ttàoícü [ietà

tcõv |iia9coTc3v). A palavra grega |ílo0Óç, “pessoa contratada por sa-lário”, é muito antiga. Zebedeu e os seus dois filhos tinham um ne-gócio grande evidentemente em cooperação com André e Simão (Lc5.7,10). Só Marcos tem este detalhe dos empregados deixados comZebedeu. Eles deixaram o barco e o pai (Mt 4.22) com os emprega-dos. O negócio continuaria até que eles deixassem tudo (Lc 5.11) ese tornassem seguidores permanentes de Jesus.

1.21.  Indo ele à sinagoga, ali ensinavan  (eLoeA.9«v elç Tf|vo\)vayiú;r\v  èôíôccoKev), imperfeito incoativo (ingressivo). Ele come-çou a ensinar assim que entrou na sinagoga de Cafamaum no sábado.A sinagoga de Cafamaum proporcionou o melhor espaço para Jesus.Ele fizera de Cafamaum (Tell Hum) a sua sede depois que Nazaré orejeitara (ver Mt 4.1316; Lc 4.1631). Foram descobertas as ruínasde uma antiga sinagoga em Cafamaum. Jesus ensinava (èôiõaoKÉv) e

 pregava (eKipuoaev) nas sinagogas judaicas conforme a oportunidadelhe era oferecida pelo chefe ou líder da sinagoga (ápxiouváytOYOç). Acerimónia religiosa consistia em oração, louvor, leitura das Escriturase exposição feita por rabino ou pessoa competente. Paulo falava emtais reuniões. Lucas 4.20 descreve Jesus lendo e devolvendo o rolo deIsaías ao ministro, ou assistente, ou bedel (tcò írrrripé ), que cuidava

 para que o manuscrito precioso permanecesse em segurança. Jesus

vinha pregando por um ano quando começou a ensinar na sinagogade Cafamaum. A sua reputação o precedera (Me 1.14).

1.22. Maravilharamse da sua doutrina7’9(è^eTrÀiíooovTO èrrl ttiÔLÔctxí) aírcoü). Um pretérito imperfeito pictórico como em Lucas

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

4.32 para descrever o assombro dos espectadores, “significando es-tritamente golpear uma pessoa para fôra dos seus sentidos por meiode um sentimento forte, como medo, maravilha ou até alegria”.40

Como tendo autoridade e não como os escribas41 (còç k&voíuv  €xcov Koà oüx wç oi Ypa|i(J.aif i(;). Lucas 4.32 só tem “com autori-dade” (kv  è^ouoía), enquanto que Marcos tem “como tendo autori-dade” (coç k^ovoíav  ’éxwv).42 Jesus tangeu uma nota que os rabinosdesconheciam. Eles citavam outros rabinos e sentiam que sua fun-ção era ser explicadores das tradições que eles colocavam no pes-coço das pessoas como uma mó. A verdade é que as suas tradições

e legalismo insignificante transgrediam a lei revelada de Deus (Me7.9,13). Os escribas eram casuístas que faziam falsas interpretações

 para provar as suas opiniões meticulosas de normais comportamentais ao custo do descaso absoluto da realidade espiritual. As pessoasimediatamente perceberam que aqui se tratava de alguém que tinhao poder (autoridade) de Deus. Era diferente da autoridade dos escri-

 bas, que se utilizavam somente das idéias de rabinos importantes.43

Mateus 7.29 descreve uma impressão semelhante causada nas pes-soas que ouviram o Sermão do Monte. A principal controvérsia deCristo era com os mestres profissionais da lei oral. A independênciaque Jesus tinha do grupo antigo causaram uma sensação no melhorsentido da palavra. O murmurinho da agitação só aumentou com omilagre que ocorreu depois do sermão.

1.23.  Estava na sinagoga deles um homem com um espíri-

to imundo44 (rjv kv  xfj ouvaywyfi aí)i;(5v avGpeouoç kv  ttv6Ú|_iccti(XKCt0ápTGo). O uso de kv  (“em”) relativo ao espírito maligno queestava no homem é comum na LXX, como o hebraico “be”, mastambém ocorre nos papiros. É o mesmo linguajar que “em Cristo”ou “no Senhor” que é comum com Paulo. Em inglês, falase que a

 pessoa está “em amor” (“apaixonada”). O espírito imundo estavano homem e o homem estava no espírito imundo, um homem no

 poder do espírito imundo. Lucas fala de pessoas tendo um espíritomaligno (ver também Mt 22.43). O espírito imundo aqui é sinônimode demônio. É a idéia de um espírito apartado de Deus (Zc 13.2). Oassunto da demonologia é difícil, mas não mais do que o problema

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 Marcos 1

do Diabo. Jesus faz distinção entre o homem e o espírito imundo.Em geral, a doença física ou mental acompanhava a posse por de-mônios.

1.24. Que temos contigo45 (Tí f||iiv Kcà ooí), o mesmo lin-guajar em Mateus 8.29, um dativo ético. Não há nada em comumentre o demônio e Jesus. Note o uso do plural nós  (oculto). O ho-mem fala pelo demônio e por si, uma personalidade dupla. Noteque os demônios reconheceram Jesus, ao passo que os rabinos não.Os demônios chamam Jesus “o Santo de Deus” (ò ayioç toü 0eou).O demônio temia que Jesus tivesse vindo para destruir a ele e aohomem sobre o qual tinha poder. Em Mateus 8.29, um demôniochama Jesus “Filho de Deus”. Mais tarde, os discípulos chamarãoJesus “o Santo de Deus” (Jo 6.69, ARA). O demônio clamou emvoz alta (àvéKpa^ev, forma tardia do aoristo primeiro, àvéicpayev,aoristo segundo comum), para que todos ouvissem o testemunhoestranho que ele estava dando de Jesus. Em várias famílias de texto,o homem diz “sei” (oíôa) ou “sabemos” (oiõafiev), o plural com aintenção de incluir o demônio.

1.25. Calate (tj)L|j.có0r|Ti). Aoristo primeiro passivo do imperati-vo de cJ)L[ióco. “Fica quieto” (Moffatt). Mas é uma palavra mais vigo-rosa: “sê amordaçado”, como um boi. O mesmo ocorre, literalmente,em Deuteronômio 25.4, 1 Coríntios 9.9 e 1 Timóteo 5.18. É comumnos escritos de Flávio Josefo e Luciano de Samósata, bem como naLXX (ver Mt 22.12,34). Pode ser traduzido por “cala a boca”, masseria muito coloquial. Vincent sugere “amordaçado”,46 mas essa émais a idéia de éni0T0|j.aCeiv em Tito 1.11: “Tapar a boca”.

1.26.  Agitandoo47 (onapá£av aüióv) ou “convulsionandoo”.Lucas 4.35 acrescenta: “E o demônio, lançandoo por terra no meiodo povo”. Marcos menciona a “grande voz” ((j)cov |_ieyáÀri) ou guin-cho. Era um momento de intensa emoção.

1.27. A ponto de perguntarem entre si  (auÇr|mv upòç eocurouçA,éyovT;aç48), pelo olhar e com palavras.

Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade49 (õiõaxTi ncaivrikcct’ è^ouoíav50). Uma surpresa se seguia a outra nesse dia. A doutri-na ou ensino era fresco (t<mvr|), original como o orvalho da manhã

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

nas flores. Isso era uma novidade naquela sinagoga, onde só se ou-viam normas e regras rabínicas faladas em tons calmos e formais.Esse novo ensino encantou as pessoas, mas logo seria classificado

como heresia pelos rabinos. E era “com autoridade” (kcct’  èÇouoíca/). Não está claro se a frase diz respeito à “nova doutrina”. “É novoensino com autoridade por trás” (Moffatt). Ou pode ser relacionadoao verbo: “Com autoridade ordena aos espíritos imundos” (ral toiç TTveúiiaoi iolç ckaBápToiç èîTimoaei). Aposição é equívoca e podeser pelo fato de “Marcos dar os comentários incoerentes e entusias-mados da multidão nessa rusticidade natural”.51 Mas o fato mais

surpreendente é que os demônios “lhe obedecem” (úraKOÚoimvaùuô). As pessoas estavam acostumadas com os exorcistas usarem

 palavras rituais ou fórmulas mágicas (Mt 12.27; At 19.13), mas aquiera algo totalmente diferente. Simão, o Mágico, não entendia comoSimão Pedro podia fazer milagres sem trapaça (At 8.19).

1.28. A sua fam a52 (r) «Kof| oüjtoü). O termo da Vulgata Latinausado para “fama” pode ser traduzido por “rumor” (ver Mt 14.1;

24.6). Não havia telefone, telégrafo, jornal ou rádio, mas as notíciasse espalharam depressa de boca em boca. A fama desse novo mestrefoi “por toda a parte” (TTavraxoú53) ao longo da Galiléia.

1.29.  Foram à casa de Simão e de André5A (rjlGov elç xf]volKÍav 2l|!gwoç Kai Avõpéou). Acreditase que Pedro e André mo-ravam na casa de Pedro com a esposa e a sogra de Pedro. Claro quePedro era casado antes de começar a seguir Jesus. Tempos mais tar-

de, a sua esposa o acompanhava nas viagens apostólicas (1 Co 9.5).Este incidente ocorreu imediatamente depois do culto na sinagogano sábado. Todos os Evangelhos Sinóticos o registram. Marcos sou-

 be diretamente de Pedro, visto que aconteceu na casa de Pedro, ondeJesus ficava quando estava em Cafamaum.

1.30.  E a sogra de Simão estava deitada, com febre55 (f) ôèuevGepa 2l|í(j0voç Kará<eiTO ïïupéaoouaa). Ela jazia prostrada arden-

do de febre. Cada Evangelho apresenta detalhes exclusivos à histó-ria. Mateus 8.14 diz que a mulher estava “acamada (ßeßA.r||ievr|v) eardendo em febre” (ARA). Lucas 4.38 usa uma descrição médicamais precisa, dizendo que ela estava “enferma com muita febre” (rjv

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 Marcos 1

auvexofiévr] uupeTCÔ [içyaÀcô). Os relatos mencionam a recuperaçãoimediata, sem período se convalescença. Marcos e Mateus 8.14,15falam que Jesus a tocou, tomandoa pela mão, e Lucas 4.39 mostra acena tema de Jesus “inclinandose para ela” como um médico agiriaem uma consulta.

1.32. Quando já estava se pondo o sol56 (ote eôu ó rjÀLOç).Marcos usa esta frase pitoresca para se expandir na declaração “ten-do chegado a tarde”57 ,(0\jiíaç õe yevo(iévr|ç, um genitivo absoluto,“tendo chegado a noite”). Mateus 8.16 tem “chegada a tarde”, eLucas 4.40 tem “ao pôrdosol”. O sábado terminou ao pôrdosol.Assim, as pessoas estavam livres para levar os doentes a Jesus. Asnotícias sobre a expulsão do demônio e a cura da sogra de Pedro ti-nham se espalhado por toda a Cafamaum. Elas vinham trazendo emum fluxo constante (tempo imperfeito, ec^epov). Lucas 4.40 acres-centa que Jesus impôs a mão em cada uma das pessoas, enquanto

 passavam em procissão cheia de gratidão.1.33 Toda a cidade se ajuntou à porta58 (rjv òXri f) toàiç

êiTiauvriyiiévr) upoç tf|v Gúpav59). Do lado de fôra da casa de Pedro,as pessoas de todas as partes da cidade se aglomeraram, uma cons-trução perifrástica passiva do passado perfeito, composição duplade étrí e aúv. Só Marcos menciona esse detalhe vívido. Ele está ven-do pelos olhos de Pedro. Não há dúvida de que Pedro presencioua cena maravilhosa com prazer e gratidão, enquanto Jesus ficava à

 porta e curava as grandes multidões na glória daquele pôrdosol.Ele deve ter gostado muito ter descrito esta cena.

1.34. [Ele] curou muitos que se achavam enfermos de diver- sas enfermidades60 (éGepáueuaev ttoAAouç KOtKÓjç itolkÍAcuçvÓoolç). Ver análise em Mateus 4.24 a respeito de ttolk ÍA,oç, que sig-nifica “de muitas cores”, “multicolorido” ou “matizado”. Todos ostipos de pessoas doentes foram e eram curados.

[Ele] não deixava falar os demônios61 (oúk TÍctuev Àccleiv ràôaqióvia). Jesus não permitia, tempo imperfeito de recusa continu-ada. A razão dada é que “o conheciam” (oxi rjõeiaav auxóv). “Sero Cristo” (Xpiotòv eivai) é uma referência direta a Marcos 1.24,quando na sinagoga o demônio reconheceu e dirigiuse a Jesus como

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

o Santo de Deus. O testemunho de tal fonte não promoveria a causade Cristo com o povo. Ele ordenara que o outro demônio se calasse(ver análise sobre a palavra demônio concernente a Mt 8.29).

1.35.  De manhã muito cedo, estando ainda escuro62 (irpojíewuxa líav6i). Só Lucas 4.42 tem “sendo já dia” (yevo[iévr|ç rpépaç).Em Marcos, a palavra upooi quer dizer “a última hora da noite”, queia das três horas da manhã às seis horas da manhã (ver análise emMe 6.48). ’'Evvuxa l íav  quer dizer “na parte inicial da hora enquan-to ainda estava um pouco escuro” (cf. Me 16.2, Àíav npcot).

 Levantandose [Jesus] [...], saiu [da casa] (àvaomç  é£fjA.0ev),foi para fôra da casa e da cidade (âirfjA,0€v). Ezra Gould observaque Jesus se retira diante da súbita popularidade, a fim de orar aoPai, “para que não seja enlaçado por essa popularidade, ou de qual-quer forma induzido a aceitar o caminho da facilidade em vez dodever”.64 Mas Jesus também tinha um plano para fazer uma excur-são de pregações pela Galiléia, e “ele sentiu que não podia come-

çar antes da hora própria. Ele saiu de noite, temendo a oposição do povo”.65 Jesus sabia o que era passar uma noite inteira em oração.Ele conhecia a bênção e o poder da oração.

 E ali orava66 (icâKei upooriúxeTo). O tempo imperfeito pinta acena de Jesus orando nas primeiras horas da manhã.

1.36. Seguiramno Simão e os que com ele estavam61 (Kccteôíco^gyoòrròv üiiacov Kcd oi [iei’ auTOÚ68), “caçaramno” (Moffatt), uso per

fectivo da preposição mxá  (“até o fim”). O verbo õuÓkco é usado para referirse à caça de perseguição ou de busca. A Vulgata Latinatem persecutus est. A história pessoal de Pedro entra aqui. “A inten-ção de Simão era pelo menos boa; o Mestre parecia estar perdendooportunidades preciosas e tinha de ser trazido de volta.”69 Pedro eos que com ele estavam mantiveramse na busca até que o acharam.A mensagem que levavam seguramente traria Jesus de volta para a

casa de Pedro.1.38. Vamos às aldeias vizinhas70 (’Ayoj^ev àAAaxoí) elç xàçéxo|iévac; KU[iOTTÓÀeLç71). Foi uma decisão surpreendente Jesus deixaras multidões ansiosas e entusiasmadas em Cafamaum para ir a cida-des do interior, sem muros ou de pouca importância. Kw[i,OTróA.eiç é

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 Marcos 1

uma palavra grega recente para referirse a “aldeias”, não ocorrendoem outro lugar no Novo Testamento. O uso de kyp\ikvuç,  traduzido

 por “vizinhas”, significa “agarrado a uma coisa” ou “próximo deuma coisa” (o mesmo se dá em Lc 13.33; At 13.44; 20.15; Hb 6.9).O texto D tem èyyúç (“perto”).

1.39. Epregava nas sinagogas deles, por toda a Galiléia72(r|À9eyKipúaoGDV elç vàç ovvaYCúvàç avvôu elç òÀr|v Tr]v ra fo la ía v 73).Pouco nos é dito sobre essa primeira excursão de pregações que Jesusfez pela Galiléia.

1.40.  Pondose de joelhos diante dele1A (kocI yovuTreTGÒv75),detalhe pitoresco omitido por alguns manuscritos. Lucas 5.12 tem“prostrouse sobre o rosto”.

1.41.  Movido de grande compaixão76 (ouÀayxvLoGelç), ocorresó em Marcos, aoristo primeiro passivo do particípio.

1.43.  Advertindoo severamente, logo o despediu11 ( k k I  

é|j,ppi|_ir|aá|ievo<; aúxcô eúGiiç è^épcdev amóv  78), uma intensidadeà ordem de Cristo, recurso só usado em Marcos. Lucas 5.14 temTTapiÍYYeiA.ev, “ordenou[lhe]”. A palavra <É[ippi[ir|aá|aevoç tambémocorre em Marcos 14.5 e em Mateus 9.30 e João 11.38 (ver análiseem Mt 9.30; Me 14.5). É uma palavra forte usada para aludir ao

 bufo de cavalo e expressava a forte emoção de Jesus que estava facea face com a lepra, em si um símbolo do pecado e de toda a seqüên-cia de males. A ordem para apresentarse aos sacerdotes estava deacordo com os regulamentos mosaicos (Lv 14.232). A proibição

 para falar sobre isso objetivava acalmar a agitação entre o povo eevitar oposição desnecessária.

1.44.  Para lhes servir de testemunho  (elç [mpxúpiov coruotç).Sem o testemunho formal dos sacerdotes, as pessoas não recebe-riam o leproso como oficialmente limpo.

1.45. Começou a apregoar muitas coisas19 (ííp^axo KrpúaaeivnoÀÀá). Lucas 5.15 tem “ainda mais” (\mXlov). Um dos melhores mo-dos de espalhar uma história é proibir as pessoas de falar a respeito.Com certeza é o que temos aqui. Não demoraria muito para Jesus terde ficar em áreas rurais para evitar as multidões. Mesmo assim as pes-soas continuavam indo a Jesus (fipxovxo, tempo imperfeito).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1 Alexander Balmain Brace, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 341.2 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: 

Kregel, 1977), p. 1.

3Aleph 28, 255 omitem essas palavras, mas B, D e L as têm e a grande maioria  dos manuscritos tem uLoü t o í j   Geoü.

4As classes ocidentais e neutras lêem “Isaías”, a versão alexandrina e síria, “os profetas”, uma correção evidente porque parte disso é de Malaquias.

5Brace, Expositor’  s, p. 342.

6 “Abram estradas retas para ele!” (NTLH); “façam veredas retas para ele” (NVI).

7“Apareceu João Batista” (ARA).

8TR e TM não incluem o artigo.

9“A ele vinha toda a região da Judéia” (NVI).

10“As vestes de João eram feitas de pêlos de camelo” (ARA).

11TR e TM têm rjv õé.

12WH soletra ’IwávT]ç com só um v.13“Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu” (ARA).

14Ezra P. Gould, Critical andExegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 9.

15“Correias” (ARA).

16“Eu vos batizei com água” (BJ).

17TR e TM têm eyoò iev èpáiruiaa  fyiaç êv uôoai.

18TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, épairtíoGriç uirò ’Icoáwou eiç tÒv ’Iopõávrçv. Contudo, TRb e WH soletram ’Icoávou só com um v.

19“Ele viu os céus se rasgando” (BJ); “viu os céus rasgarem-se” (ARA).

20“Imediatamente o Espírito o impeliu” (AEC).

21“Estava com os animais selvagens” (NVI).

22 Swete, Commentary on Mark,  p. 11.

23 “Foi Jesus para a Galiléia” (ARA).

24“Pregando o evangelho de Deus” (ARA).

25TR e TM têm Kipuaacov xò eúaYyéA.iov tf|ç paoileíaç t o O Geou.

26Swete, Commentary on Mark, p. 12.

27“Chegou a hora” (NTLH).

28“E creiam nas boas novas!” (NVI).

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 Marcos 1

29 Swete, Commentary on Mark,  p. 16.

30 “Jesus estava andando pela beira do lago da Galiléia” (NTLH).

31TR e TM têm nepimraôv 5è rrapà Tf|v QáXaaaav  tt)ç raÀiÀ.aíaç.

32 TR e TM têm pálloviaç àncj)í|3Xr|aTpov.33 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  

Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 28.

34 “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (ARA).

35“Pouco mais adiante” (ARA).

36 TR e TM têm Kal npopàç fKcl06v òXiyóv.

37 “Preparando as suas redes” (NVI).

38 “Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar” (NVI).39 “Estavam espantados com o seu ensinamento” (BJ).

40 Gould, Critical andExegetical Commentary, p. 21.

41 “Como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei” (NVI).

42 “Como quem tem autoridade” (ARA).

43 De acordo com Brace, “Marcos omite muitas coisas e é, sob muitas formas, um Evangelho bem resumido, mas faz contribuição inconfundível à história evangélica mostrando através de poucos detalhes realistas (este é um deles) a 

 personalidade extraordinária de Jesus” (Bruce,  Expositor’  s,  p. 345; grifos de Brace).

44“Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo” (ARA).

45 “Que queres de nós” (BJ).

46 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament , vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 165.

47 “Convulsionando-o” (AEC); “sacudindo-o violentamente” (BJ).

48 TR tem aÚTOÚç em lugar de éaircoúç.

49 “Um novo ensinamento com autoridade” (BJ).

50 TR e TM têm Tiç f) ôiÕKxn f] Kaivr) odkr|, oxi, kcct’  èÇouaíav.

51 Swete, Commentary on Mark, p. 21.

52“As notícias a seu respeito” (NVI).

53TR e TM não incluem TTaytaxoí>.

54 “Foram [...] diretamente para a casa de Simão e André” (ARA).

55“A sogra de Simão estava de cama, com febre” (NVI).

56“Depois do pôr-do-sol” (NTLH); “ao cair do sol” (ARA).

57“Ao anoitecer” (NVI); “à noite” (ARA).

58“Todo o povo da cidade se reuniu em frente da casa” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

59 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras: f| itóàiç  oàt|  €TTiauvr|Y|-iévr| rjvTTpòç xf|v Búpav.

60 “Jesus curou a muitos doentes de diversas enfermidades” (AEC).

61 “Não lhes permitindo que falassem” (ARA).

62“Alta madrugada” (ARA).

63TR e TM têm upwt ’éwvxov Xíav.

64 Gould, Critical andExegetical Commentary, p. 28.

65Bruce, Exposi tor’s, p. 347.

66 “E ficou ali orando” (NTLH); “onde ficou orando” (NVI).

67 “Procuravam-no diligentemente Simão e os que com ele estavam” (ARA).

6STR e TM têm KaTCÕÍwÇav aíiiòv ó SÍ|j.ov K o à ol |í6t’ aíruoü.

69 Swete, Commentaiy on Mark, p. 26.

70“Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas” (ARA).

71TR e TM não incluem âXlaxoO.

72“Pelo que foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles” (AEC).

73 TR e TM têm rjv Krpúaaiov kv  rcâç auvaycoYoâç aÜTCôv e Lç olr|v iriv raÀLÀaíav.

74 “Implorando-lhe de joelhos” (BJ); “suplicou-lhe de joelhos” (NVI).75TM tem uma grafia diferente para yoveuireTcSv.

76“Irado” (BJ); “profundamente compadecido” (ARA).

77 “Fazendo-lhe, então, veemente advertência, logo o despediu” (ARA).

78 TR e TM têm uma grafia diferente, eú9éwç.

79 “Começou a proclamar ainda mais” (BJ); “entrou a propalar muitas coisas” 

(ARA).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

(eÂáÀei). Note que Xodéco, como contrastado com Aiyo) (“dizer”), éuma palavra onomatopaica com certa ênfase no som e na maneira

de falar. A palavra é comum nos papiros vernáculos para indicarconversa.2.3. E vieram ter1(kccI epxovrai), uma ótima ilustração do pre-

sente histórico dramático vívido de Marcos. É preservado por Lucas5.18, mas não por Mateus 9.2, que usa o pretérito imperfeito.

Trazido por quatro8 (aipó|j,evov Ú ttÒ xeooápuy), outro de-talhe caracteristicamente de Marcos não encontrado nos outros

Evangelhos.2.4.  E, não podendo aproximarse dele, por causa da mul-tidão,9 descobriram o telhado onde estava10 (kocI [_ir| ôuvá|ievoiTrpooevéyKca11 carcw ôtà tòv oxXov áTreoxéyaoav xr]v cn;éyr)v ottourjv). “Eles destelharam o telhado.” Este é o único exemplo do verboàrrooteyáCco no Novo Testamento, uma palavra rara no grego recen-te, sem exemplo nos papiros.12Subiram por uma escadaria pelo lado

de fôra da casa ou serviramse de uma escada de mão para chegarao telhado ladrilhado e plano. Depois, tiraram ou quebraram os la-drilhos ou telhas (o telhado). Havia ladrilhos ou telhas (ôià  xáv Kepcqacov, Lc 5.19) de ripas e gesso e até lajes de pedra introduzidas

 para dar sustentação que tinham de ser escavados. Não está claroonde Jesus estava (ottou rjv), ou escada abaixo, ou escada acima, ouno pátio quadrangular (átrio ou compluvium), se é que a casa tinha

um. “Esparramase sobre os telhados uma composição de argamas-sa, piche, cinzas e areia, e revolvese fortemente; o mato cresce nas brechas. Na casa dos pobres do interior, o mato cresce mais livre-mente, e os bodes nos telhados o comem.”13

 Baixaram o leito em que jazia o paralítico14 (xodwoi xòvKpápaxxov ottou ô TTapaÀUTiKÒç KttTÉKÉiTo 15), outro presente histó-rico (“eles baixaram”), tempo aoristo em Lucas 5.19 (i<á0riKav). O

verbo significa abaixar de um lugar mais alto, como de um barco.Provavelmente os quatro homens tinham uma corda amarrada emcada canto do catre ou cama do pobre homem (Kpáparrou; em latim,

 grabatus,  esta é uma das palavras latinas de Marcos). Mateus 9.2tem k  )'1vt \c  , um termo geral para aludir a cama. Lucas tem  k  X wiòiov  ,

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 Marcos 2

“pequena cama” ou “pequeno sofácama”. A palavra de Marcos écomum nos papiros e às vezes é soletrada assim Kpáppaxoç e às ve-zes assim Kpápatot;, ao passo que W, o Códice Washingtoniano, temassim Kpáppcruov.

2.5.E Jesus, vendolhes a /ê '6 (tcai lõwv ó17 Tqaoüç xr]v ttÍcsxivaijxwv), a fé dos quatro amigos e do paralítico. Não há razão paraexcluir a fé do doente. Todos eles tinham confiança no poder e navontade de Jesus.

 Filho, perdoados estão os teus pecados  (Tét<vov, dajnevxcH aou

ai qiapxíoa 1S). Acjnevxoa, presente aorístico passivo.19 O mesmoocorre em Mateus 9.3, mas Lucas 5.20 tem o perfeito passivo dórico à^écovxoa. A coisa surpreendente tanto para o paralítico quanto

 para os quatro amigos é que Jesus lhe perdoou os pecados em vezde curálo.

2.6. E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arra- zoavam em seu coração20 (r|oay õé xiveç xtôv ypamiatéoy éicet

Ka0r|(J.eyoLkoc!

õiodoYiÇó|j,evoik v  

xcâçKapõ í caç ocÚxgúv ) ,

outro dosquadros de Marcos desenhado pelos olhos de Pedro. Esses escribas(e fariseus, Lc 5.21) estavam ali para causar dificuldade, catar falhasno ensino e conduta de Jesus. A sua popularidade e poder tinhamlhes despertado o ciúme.

2.7.  Blasfêmias  (pÀaacj)r||j,ei2I). Esta é a acusação não verba-lizada que transitava nos seus corações. Os críticos justificam a

acusação com a crença de que só Deus tem o poder (õwaxca) para perdoar pecados. A palavra PàococIjtiijíg) significa “fala prejudicial”ou “difamação”. Eles opinavam que era blasfêmia Jesus assumiressa preiTogativa divina. A lógica estava correta. A única falha eraque eles ignoraram a possibilidade alternada de que uma relaçãoexclusiva com Deus justificava a afirmação de Jesus. Assim as duasforças colidiam na deidade de Cristo Jesus. Sabendo muito bem que

exercera a prerrogativa de Deus perdoando os pecados do homem,Ele passa a justificar a afirmação curando o homem.2.8.  E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim ar-

razoavam entre si22  (koc! eí>0iíç èuiYvouç ô Tipouç xtô ttv<eij|icxxiaüxoü oxl ouxgoç ôiaA.OYL(ovxcu kv  èauxoiç  Ikyei  aüxoiç 23). Não há

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

indicação de eles terem lado em voz alta o murmúrio “entre si” (Mt9.3). Não era necessário, pois o olhar os denunciava, e Jesus lhesconhecia os pensamentos (Me 2.4) e lhes percebia o raciocínio (Lc

5.22). O debate (ôiaA.oyi(ó|aevoi.) que vigorava no coração estavaescrito no rosto.

2.10. Ora, para que saibais  ('iva õè eLôf|xe). Os escribas po-deriam ter dito qualquer uma das alternativas no versículo 9 com amesma futilidade. Jesus também poderia dizer qualquer uma delascom o mesmo efeito. A verdade é que Jesus escolheu a primeiramais difícil: o perdão que eles não podiam ver. Por isso, ele executa

o milagre da cura para que todos vissem, pela qual todos soubessemque ele realmente tinha autoridade para perdoar pecados. Ele se cha-ma “o Filho do Homem”, a autodesignação favorita de Cristo, umareivindicação de ser o Messias em termos que não podiam ser fa-cilmente atacados. Ele tem o direito e o poder na terra para perdoar

 pecados, aqui e agora sem ter de esperar o Dia do Juízo. Disse ao paralítico  (Aiyei tcô uapaÃuTiKGÕ). Este parêntese ca-

racteristicamente de Marcos no meio da frase também ocorre emMateus 9.6 e Lucas 5.24, fato que indica que Mateus e Lucas tive-ram acesso à narrativa de Marcos. É inconcebível que todos os trêsescritores tivessem independentemente inserido o mesmo parênteseno mesmo lugar.

2.12. [Ele] saiu em presença de todos24 (éÇr|À0ev ’é[_LTTpoa0evTiávTGJv25). Lucas 5.25 segue Marcos nesse detalhe. Ele apanhou

(apaç) o catre ou maca, caminhou e foi para casa como Jesus lheordenara que fizesse (Me 2.11).

Todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal  vimos  (é iaxaoBaL ttávxaç  «ai õo^áÇeiv xòv 9eòv Xéyovxaç ou OíjtcoçoúôéiTOTe e’íõo[i€v26). O procedimento surpreendente tomou desneces-sário Jesus insistir em refutar os escribas nessa ocasião. O assombro(è^íaraaGai, do qual vem a palavra êxtase) ocorreu porque Jesus agira

com o poder de Deus e reivindicara igualdade com Deus e dera pro-vas do que reivindicara. Por tudo isso eles glorificaram a Deus.

2.13.  E tornou a sair para o mar 27 (Kal è^f|À0ev toàlv rapàttiv 0áA.aaaav), um belo quadro de Jesus andando a beira mar, pois

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 Marcos 2

era um passeio que Jesus gostava de fazer (Mt 4.18; Me 1.16). Jesus provavelmente deixou a multidão na casa de Pedro assim que pôde.Era uma alegria receber a brisa de ar fresco do mar. Mas não levaria

muito tempo para que a multidão começasse a vir (rpxexo, terceira pessoa do singular depoente do imperfeito médio/passivo do indi-cativo), e Jesus passasse a ensinála (èôíôocoKev, terceira pessoa dosingular do pretérito imperfeito ativo do indicativo).

2.14.  E passando2S (kcò. 'rTapáywv), nominativo singularmasculino do particípio presente ativo: “Ele estava passando”.Jesus constantemente estava em alerta de oportunidades para

fazer o bem. Um candidato improvável ao favor de Jesus eraLevi (Mateus), filho de Alfeu, que estava sentando na barreirade pedágio (telcóvioy) na grande estrada ocidental de Damascoao Mediterrâneo. Ele era publicano (TeÀwvriç) que coletava pe-dágio para Herodes Antipas. Os judeus odiavam, ou no mínimomenosprezavam, esses publicanos, classificandoos de pecadores(à|iapt(oA,oí, ver Me 2.15). O desafio de Jesus foi súbito e contun-

dente, mas Levi (Mateus) estava pronto para responder, diferentede homens de negócios que adiam o serviço a Cristo para cuidardos interesses próprios. Com freqüência, grandes decisões sãotomadas a qualquer momento.

2.16. Os escribas dos fariseus  (oi ypct|i|j,caeiç xc5v ^apioaícov[ARA];29 cf. “os escribas deles” em Lc 5.30). Mateus deu umagrande recepção (ôoxfiv) na sua casa (Me 2.15; Lc 5.29). Esses

 publicanos e pecadores não só aceitaram o convite de Levi, maslhe imitaram o exemplo, pois “o tinham seguido [Jesus]” ( k c u  

t)koàoú0odv oorccô, Me 2.15). Era um grupo de pessoas escandalosodo ponto de vista dos escribas dos fariseus que estavam por perto

 para identificar possíveis falhas. Os escribas estariam de pé e ridi-cularizariam Jesus e os discípulos no amplo salão da casa, a menosque eles estivessem lá fôra por se sentirem muito espirituais para

entrar na casa de um publicano. Era uma ofensa para os judeuscomerem com os gentios, que se tornaria um problema para os

 primitivos judeus cristãos (At 11.3). Publicanos e pecadores eramconsiderados não melhores que gentios (1 Co 5.11).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

2.17.  Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores (oijkrjÀOov Kodéaai ôitcaíouç áAAà ã|iapi;cúÀ.oú<;). Como hipótese, Jesusaceita a reivindicação de que os fariseus são justos. Em outro lugar

(Mt 23), Ele acusará os fariseus de só usarem uma capa de orgulhoe respeitabilidade hipócrita enquanto extorquiam e devoravam. As

 palavras “ao arrependimento” (e lç [laiávoiav) são acrescentadas emLucas 5.32. Jesus chamou as pessoas ao arrependimento e uma novavida espiritual longe do pecado. Mas essa afirmação calou a boca de-les contra o que Jesus estava fazendo. Os sãos ou fortes (íayfovzec) não são os que precisam de médico em uma epidemia.

2.18. Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam30 (Kairjoav oi [ia0r|tai ’Iwáwou31 Kai oi $apioaioi vricrceiWTeç32), o pretérito imperfeito perifrástico, tão comum na descrição vívida deMarcos. Provavelmente Levi era o anfitrião desse banquete feitoem um dos dias semanais de jejum (o segundo e o quinto dia dasemana para os judeus rigorosos). Portanto, havia um confronto de

 pontos de vista. Os discípulos de João Batista ficaram do lado dos

fariseus no que tangia às observâncias ritualistas cerimoniais dos judeus. João ainda era um prisioneiro em Maqueros. João era maisasceta que era Jesus (Mt 9.14,15; Lc 7.3335), mas nenhum dos doisagradava os críticos. Os aprendizes ou discípulos (|ia0r|raí) de JoãoBatista tinham perdido o espírito do seu líder quando se alinharamcom os fariseus contra Jesus. Mas não havia real congenialidade noformalismo dos fariseus (oi |_ta0r|Tal ’Iooávvou Kai oi (ia0r]Tal ucòv

$apioaícov). Mais tarde, fariseus, saduceus e herodianos, os quaisse detestavam amargamente, fizeram causa comum contra JesusCristo. Assim, hoje vemos grupos mutuamente hostis se tomaremaliados quando os cristãos estão por perto (ver mais comentários emMt 9.1417). Mateus segue Marcos de perto.

2.19. Os filhos das bodas33 (oi uioi toü vu|í(J)gõvoç), não mera-mente o padrinho do noivo, mas os convidados também, os para-ninfos (TTapavú|i4)oi do grego antigo). Jesus adota a própria metáforade João Batista (Jo 3.29), mudando “o amigo do esposo” (ô cfúÀoçToO v ic io u ) para “os filhos do quarto de núpcias” . Jesus se iden-tifica com Deus na sua relação de concerto com Israel, o Noivo do

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 Marcos 2

Antigo Testamento (Os 2.1820).34 O luto não se ajusta à festa decasamento. Mateus, Marcos e Lucas apresentam as três parábolas (aParábola do Noivo, a Parábola do Pano Novo em Vestido Velho e aParábola do Vinho Novo em Odres Velhos) para ilustrar e defendera conduta de Jesus em festejar com Levi em um dia de jejum judai-co. Lucas 5.36 diz textualmente que são parábolas. Aos eclesiásti-cos e revolucionários, Jesus parece iconoclasta na ênfase que dá aoaspecto espiritual em vez do aspecto ritualista e cerimonial.

2.21.  Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha (ouôd.q èTiíplriiia páKouç áyvá^ou èiupáutei éu! i\iánov uaXaióv35).A forma composta do verbo só é encontrada na literatura grega, em-

 bora o verbo não composto pânico (“coser”) seja bastante comum.Quanto a “deita [...] em” (Mt 9.16) e “tira [...] para [...] coser” (Lc5.36) são traduções de CTipáÀÀei, “põe em” ou “bata palmas em”.

2.22. E ninguém põe vinho novo em odres velhos36 (âXXà oivov vkov  elç àoKOUç Kcavoúç37). Westcott e Hort põem entre parêntesesesta cláusula no texto crítico de 1881, como uma nãointerpolaçãoocidental através da qual é omitido só em D e alguns manuscritoslatinos antigos.

2.23.  Passando ele num sábado pelas searas38 (èyéveto aúxòvkv  tolç cráppamv TrapcrnopekaBai ôià tcjv crnopí^wv39), ver emMateus 12.1, o mesmo em Mateus e Lucas 6.1. Porém Marcos usaTrapcoTopeúeaBca, “ir junto ao lado de”, a menos que õiaTropeúeoGai(encontrado em B, C e D) seja aceito. Talvez ora na extremidade,ora no interior da plantação. Marcos também usa óõòu  ãok  I v  , “fazerespaço”, “abrir caminho”, como o latim iter facere,  como que pe-los grãos parados, “começaram a colher espigas”40 (zíXXovzeç  touçotáxnaç). Os rabinos diziam que colher grãos e preparar comida eratrabalhar. A versão correta seria esta: Eles começaram a abrir espaçoarrancando as espigas de cereais (grão, trigo ou cevada, diríamos).Ver em Mateus 12.18 para mais comentários sobre esta passagem ena passagem paralela de Lucas 6.15.

2.26. Como entrou na Casa de Deus  (ttgòç eiof|À0ev elç tòvoÍkov tou 0eoü), na tenda ou tabernáculo em Nobe, não no Templode Salomão em Jerusalém.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 No tempo deAbiatar, sumo sacerdote41(eul ApiaGàp ápxiepéwç42). A referência ao tempo de Abiatar como sumo sacerdote é um ní-

tido linguajar grego. Havia confusão no texto massorético e na LXXsobre a diferença entre Aimeleque (Abimeleque) e Abiatar (2 Sm8.17), o filho e sucessor de Aimeleque (1 Sm 21.2; 22.20). Ao que

 parece, Aimeleque, não Abiatar, era o sumo sacerdote nesta época.E possível que pai e filho tivessem os dois nomes (1 Sm 22.20; 2Sm 8.17; 1 Cr 18.16). Abiatar é mencionado embora ambos este-

 jam envolvidos, como èiri pode querer dizer que está identificando

Abiatar. Os sacerdotes antigos tinham regras elaboradas para prepa-rar os pães da proposição (touç apxoix; xrjç TTpoGéoeojç), os pães daapresentação, os pães da face ou presença de Deus. No começo dosábado, levavamse pães novos e depositavamse os pães velhos namesa de ouro no pórtico do santuário. Os sacerdotes comiam esses

 pães velhos enquanto iam e vinham no cumprimento dos seus deve-res. Foi esse pão que Davi comeu.

2.27. O sábado fo i feito por causa do homem (Tò oáffiaiov  ôiàtòv avGpoouov éyéveco). Só Marcos tem essa declaração profundaque subordina o sábado ao verdadeiro bemestar da humanidade. Ouso de um artigo genérico com avGpwiToç, classe de classe, mostraque é a raça humana que está em vista aqui. As pessoas não foramfeitas para o sábado como os rabinos pensavam, com todas as suasregras insignificantes sobre comer um ovo posto no sábado ou olhar

no espelho (ver 2 Macabeus 5.19 e Mequilta em Êx 31.13: “O sá- bado é liberto de vós, mas vós não sois libertos do sábado”). O cris-tianismo tem lutado essa batalha sobre institucionalismo. Apropriaigreja é para as pessoas, e não as pessoas para a igreja.

2.28.  Assim, o Filho do Homem até do sábado é senhor  (cooieKÚpióç éoTiv ô uiòç Toü ávGpoÓTrou K c à roí) aappáxou). Marcos,Mateus 12.8 e Lucas 6.5 apresentam essa declaração como clímax

 para as cinco razões dadas que na ocasião Cristo deu para a con-duta dos discípulos. Mas Marcos tem a palavrinha “até” (kocl) quenão está nos outros. Desta forma, Marcos proclama que Jesus sabiaque estava fazendo importante declaração como Filho do Homem,o homem representativo. O Messias tinha senhorio (KÚpioç) até so-

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 Marcos 2

 bre o sábado. Ele não era o escravo do sábado, mas o Senhor dele.“Mesmo do sábado, tão inestimável aos vossos olhos. Senhor, não

 para abolir, mas para interpretar e mantêlo no seu devido lugar, e

dar um nome novo.”43

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1TR e TM têm kcu  uáÀiv elof|À9ev eLç Kairepvaoí>|i ôi’ rpepúv.

2 “O povo ouviu falar que ele estava em casa” (NVI).

3TR e TM têm riKOiJOTri oil  eLç olkov  èoxiv.

4 Alguns dos manuscritos têm elç olkov, ilustrando a identidade prática no significado de kv  e elç. Ver A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), pp. 591-596.

5“Que já não havia lugar nem à porta” (BJ).

6“Enquanto Jesus estava anunciando a mensagem” (NTLH).

7“Vieram alguns homens” (NVI).

8“Transportado por quatro homens” (BJ).

9“Não podendo levá-lo até Jesus, por causa da multidão” (ARA).10“Fizeram um buraco no telhado da casa, em cima do lugar onde Jesus estava” 

(NTLH).

11TR e TM têm Trpoaeyyioca em lugar de irpoaevéyKoa.

12 James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary o f the Greek  Testament   (Londres: Hodder & Stoughton, 1952).

13 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 170.

14“Baixaram a maca em que estava deitado o paralítico” (NVI).

15TR e TM têm xalwaiv tÒv  Kpápparrov ecj)’ cp ò TOpaXirciKÒç KaxéKeiTO.

16“Jesus, vendo a sua fé” (BJ); “Jesus viu que eles tinham fé” (NTLH); “vendo a fé que tinham, Jesus” (NVI).

17TR e TM têm lôwv ôé.

18TR e TM têm T É k v o v , ácjjécovim aoi al à^aptíai aou.

19Robertson, Grammar , pp. 864ss.

20 “Alguns mestres da Lei que estavam sentados ali começaram a pensar” (NTLH); “estavam sentados ali alguns mestres da lei, raciocinando em seu íntimo” (NVI).

21TR e TM têm pA,aocj)r||_iíaiç.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

22 “Jesus imediatamente percebeu em seu espírito o que pensavam em seu íntimo” (BJ); “Jesus percebeu logo em seu espírito que era isso que eles estavam pensando” (NVI).

23TR e TM têm eúGéwç.24 “[Ele] retirou-se à vista de todos” (ARA).

25TR e TM têm è^ÀGev kvavxíov  uávucov.

26  TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, oüôéuoTê outcoç eíõo|iev.

27“Jesus saiu outra vez para beira-mar” (NVI); “de novo, saiu Jesus para junto do mar” (ARA).

28“Enquanto estava caminhando” (NTLH).

29T R eTM têm ol YpamiaTeiç kch  oi ®<xpiaoâoi.30 “Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando” (ARA).

31WH tem a grafia 'Icoávriç.

32 TR e TM têm ol  xüv  OccpiacáGov vrioteúovTeç.

33 “Os amigos do noivo” (BJ); “os convidados do noivo” (NVI); “os convidados  para o casamento” (ARA).

34 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids; Kregel, 1977), p. 44.

3d TR e TM têm xai oúôelç éirípÀrpa páKouç áyvátjíoi) eirippcnrcei 4t t l   l(j,áti.G) iralaíco.

36 “E ninguém põe vinho novo em vasilha de couro velha” (NVI).

37 TR e TM têm a palavra adicional pÀr|iéov ao término da frase.

38“Aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas” (ARA).

39TR e TM têm uma ordem de palavras diferente, Kai èyéyero uapaTropeúeaGca aútòv év tolç  aáppaoLV ôià tojv  atropíjicjv.

40 “Começaram a abrir caminhos arrancando as espigas” (BJ); “os discípulos iam colhendo espigas” (NTLH).

41 “Nos dias do sumo sacerdote Abiatar” (NVI).

42 TR tem ApiáGap toO àpxigpétoç.

43 Alexander Balmain Bruce, The Expositor s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 356.

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Capítulo

3

 Marcos

3.1. E estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada1(kai rjv ék€l av0pcoTTOç kír\ç>vL\i.\}.kvr\v  exoov ir\v xeipa). É um lingua- jar comum no grego ter a função de artigo como caso possessivo.Assim, a “sua” mão estava em estado murcho, acusativo singularf em i n in o do particípio perfeito passivo (adjetivo £qpav em Mt e Lc),mostrando que não era congênito, mas o resultado de lesão por aci-dente ou doença. Lucas 6.6 presta a informação de que era a mão

direita que estava doente.3.2.  E estavam observandoo2 (kcu  u a p e t r i p o u v a ü u ò v ) , tercei-ra pessoa do plural do pretérito imperfeito ativo do indicativo. Osfariseus estavam assistindo de lado ou às escondidas. Lucas 6.7 usaa voz média, i raperripoüvTO,  para acentuar o interesse pessoal quetinham nos procedimentos de Jesus. Wycliffe traduz corretamente:“Eles o espionavam”. Eles bancavam o espião em Jesus. O dia era

sábado e o lugar era na sinagoga. Eles estavam lá prontos para apa-nhálo no ato caso ousasse violar as regras como fizera nos camposde trigo. Provavelmente são os mesmos fariseus de então.

 Para o acusarem3 (iva KaxriyopriotooLv aíruoü), o mesmo emMateus 12.10. Lucas 6.7 tem “para acharem de que o acusar” (iva

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

eupwoiv KocxriYopelv aútoO). Eles estavam determinados a acusálo.A controvérsia do sábado oferecia a melhor oportunidade. Portanto,estão prontos para agir.

3.3.  Levantate e vem para o meio4  (’'Eyeipe elç tò fiéoov5).Caminhe até ao meio do recinto para que todos possam ver. Cristodesafiou ousadamente os inimigos espiões. E possível sentir a emo-ção perpassando entre os hipócritas de barbas longas em vista desseato intrépido de Jesus.

3.4.  E eles calaramse6 (ol ôè èaiGúiTGov), terceira pessoa do plural do pretérito imperfeito ativo do indicativo. Em silêncio e im-

 potência taciturnos diante das perguntas impiedosas de Jesus, en-quanto o pobre homem estava parado à vista de todos eles. Jesus osencurralou com as alternativas da guarda do sábado entre fazer o queé bom (áycídòu  ttoiÍ go, grego recente na LXX e Novo Testamento)ou fazer o que é mau (kkkoitou:«, palavra grega antiga). Tinham desalvar a vida ou matar? (i|ru%f|v ocôoai rj árroKTeivcu). A escolha es-tava na cena que estavam presenciando. Foi uma revelação horrível

de fatos comprometedores.3.5. Olhando para eles em redor com indignação1

(TTepi(3A.€\j/á[j,ÉV0c; aütouç ópyrjç). Marcos quase sempre se re-fere às emoções faciais de Jesus quando este olhava os outros (Me3.5,34; 10.23; 11.11). Em Lucas, essa referência só aparece em 6.10.Os olhos de Jesus varreram o ambiente. Cada hipócrita rabínico sen-tiu a estocada daquele olhar condenatório. Essa raiva indignada não

era incompatível com o amor e espiritualidade de Jesus. Ele viu oassassinato em seus corações. A raiva do erro como erro é sinal desaúde moral.8

Condoendose da dureza do seu coração9 (ouAAuitoÍ>|í€voç èniirj uGopGÓoei Tf|ç Kapõíaç ooitqv). Só Marcos faz essa observação.A raiva foi moderada pela dor.10 Jesus é o Homem de Dores. Este

 particípio presente põe em relevo o estado contínuo de aflição, ao

 passo que o olhar indignado momentâneo é expresso pelo particípioaoristo. O coração ou atitude dessas pessoas estava em estado deossificação moral (ttcÓpgjolç), como mãos ou pés endurecidos. Emgrego, a palavra iTupoç referiase a um tipo de mármore, e depois

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 Marcos 3

 passou a significar o calo em ossos fraturados. “Suas concepções prévias os endureceram em relação a essa verdade nova.”11Ver tam- bém análise em Mateus 12.914.

3.6. E, tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra elen  ( k k I é£eÀ9óvTeç  ol $apLoaioi eí)0i)ç13TGúv 'Hpcpõiavcjy aui_ipoúXiov èôíõouv14 kcct’ aúioü). Os fariseusnão aguentaram mais. Lá fôra eles se reuniram cheios de ódio (Lc6.11). Fôra da sinagoga, tomaram conselho (au|iPoúA.iov ênmriaav)ou entraram em deliberação (au|iPoúA.iov èõíõouv, como consta emalguns manuscritos, tempo imperfeito, deliberação oferecida como

a solução que encontraram para o problema) com os seus amargosinimigos, os herodianos, no dia de sábado, “procurando ver como omatariam”15 (oitcoç  a u t ò v crrroAiacoaiy). Temos aqui uma ilustraçãonotável das mesmas alternativas que Jesus há pouco lhes apresenta-ra, “salvar a vida ou matar” . Esta é a primeira menção dos herodia-nos, que apoiavam que Herodes Antipas e a família de Herodes as-sumissem o lugar dos romanos. Os fariseus aceitaram de bom grado

a ajuda dos rivais para matar Jesus. Na presença de Jesus, eles unemforças, como vemos em Marcos 8.15 e 12.13 e em Mateus 22.16.

3.7.  E retirouse Jesus com os seus discípulos para o mar 16 (óTipouç [iexà twv iiaGiyucôv aúuoü kveyá pfioev upòç  zr\v  0áÀaoaav17).Jesus sabia que “Ele e os seus estariam mais seguros ao longo da

 praia aberta”.18 Ele tem os discípulos consigo. Vincent nota queMarcos menciona em onze ocasiões as retiradas de Jesus para es-

capar dos inimigos e ir orar, descansar ou conversar em particularcom os discípulos (Me 1.12; 3.7; 6.31,46; 7.24,31; 9.2; 10.1; 14.33).Mas, como sempre, uma grande multidão (ttoàu  irÀrj0oç) da Galiléiao seguia.

3.8. Uma grande multidão que, ouvindo quão grandes coisas  fazia19 ((koúovTeç oaa  eiroíei20), nominativo plural masculino do particípio presente ativo, embora a palavra iTÀfjBoç seja neutro singu-

lar (construção de acordo com o sentido em número e gênero). Essas pessoas que estavam em massa junto ao mar tinham vindo do norte,sul, leste e noroeste. Vieram da Galiléia, Judéia e Jerusalém, alémdo rio Jordão (Decápolis e Peréia), Tiro e Sidom, e Fenícia. Havia

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

alguns até da Iduméia, que é mencionada somente aqui no NovoTestamento. João Hircano anexara pela guerra esta área à Palestina.A Iduméia era praticamente parte da Judéia, com uma população ju -daica.21 Muitos desses provenientes da Fenícia e de Decápolis eramgentios que só saberiam o idioma grego. A fama de Jesus se espa-lhara por regiões de todo o lado. Havia uma aglomeração de pessoasdirigindose a Jesus que estava às margens do mar da Galiléia.

3.9.  E ele disse aos seus discípulos que lhe tivessem sempre  pronto um barquinho junto dele22  (kc/A eiire v to I ç [ia0r)"alç autoO Iva  nÀoiápiov TTpocJK(xpT6pf| au t o ) ) . O barco tinha de ser mantido perto (note o tempo presente do subjuntivo de TipooKapTepéa)) dacosta em prontidão constante e posto em movimento quando Jesusse movia. Se Ele precisasse ou não do barco o texto não informa.

 Por causa da multidão, para que o não comprimisse27’ (iva (iti Glípcooiy cujuóv). As pessoas poderiam prensálo ou esmagálo.Jesus ficava com as multidões, porque elas precisavam dEle, sub-

 juntivo presente.3.10. Todos quantos tinham algum mal se arrojavam sobre ele, 

 para lhe tocarem24 (wote éttlttlttt6 iv autcô 'iva  aüuoü ca[íG)VT(xi. òaoieíxov |aáoTLya<;). As pessoas estavam se lançando em cima dEle emtal proporção que estava ficando perigoso. Não eram hostis, apenasestavam intensamente ansiosas, cada qual querendo ser atendida porJesus. Esperavam cura pelo contato com Cristo, terceira pessoa do

 plural do subjuntivo aoristo. Era uma cena realmente patética e umatremenda tensão sobre Jesus. Todos quantos tinham pragas, ataquesou flagelos (aqui [moTiYaç, “batidas”, “aflições”). A palavra praga  é derivada de TiÀriYri (plaga, em latim), de TTA.r|Yvu|j,L, “dar um soco”,comum em grego antigo nesse sentido. A palavra liáaTiYctç tem amesma gama de significado (ver também Me 5.29,34; Lc 7.21; 2Macabeus 9.11).

3.11. E os espíritos imundos, vendoo2i (ómv aírcòv èGecópouv26),

terceira pessoa do plural do pretérito imperfeito ativo do indicativocom oxav de ação repetida. Eles continuavam caindo ao chão diantedEle (TTpoaéiTiTruov) e clamando (ç«pc í (ov) , e Jesus continuava proi-

 bindo ou repreendendo (enfuna) a eles, todos no tempo pretérito

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 Marcos 3

imperfeito. Os espíritos imundos ou demônios outra vez reconhe-ceram Jesus como o Filho de Deus, e Jesus outra vez os proibiu defazêlo conhecido. Ele não desejava o testemunho deles. Só Marcos

apresenta essa experiência penosa. Note o uso não final de 'iva.3.13.  E subiu ao monte21  (Kai àvafkúyei elç tò ôpoç). Lucas

6.12 acrescenta “a orar”. O verbo indica o presente histórico tão co-mum na narrativa vívida de Marcos. Nenhum Evangelho dá o nomedo monte, desta forma presumindo que era sabido por todos. Nãoficava longe do lago.

 E chamou para si os que ele quis28 (kai 'npooKaA.e ira i ouç f|9eA,ev

aútóç), uso enfático de airróç (a si mesmo) no fim da frase. Quer porimitação pessoal quer por intermédio dos discípulos, Jesus convidaou chama para si (irpoaraleiTca, presente histórico médio do indica-tivo) um grupo seleto de discípulos entre as vastas multidões juntoao mar, aqueles a quem Ele realmente desejava ter consigo.

 E vieram a ele  (Kai àTrf|À,0ov irpoç amóv). Lucas 6.12 declaraque Jesus “passou a noite em oração a Deus”. Era uma crise no mi-

nistério de Cristo. Esse grupo seleto que estava em cima no monterespeitava a longa agonia de Jesus, embora não compreendesse omotivo. Esses discípulos formavam um tipo de guardacostas espi-rituais ao redor do Mestre durante a sua vigília noturna no monte.

3.14.  E nomeou doze  (Kai éuoíriaev ôoóôeKa). Esta foi uma se-gunda seleção entre os convidados ao monte, feita depois da noitede oração (Lc 6.13). Escolheu doze talvez para representar os eleitos

de Deus das doze tribos do Israel nacional. Tinham de ser os prín-cipes do novo Israel (cf. Mt 19.28; Lc 22.30; Ap 21.14,15). Lucas6.1316 apresenta a lista dos doze neste ponto da narrativa, enquan-to Mateus adia até recontar como os doze são enviados pela Galiléia(Mt 10.14). Há uma quarta lista em Atos 1.13.29 Os três grupos dequatro começam semelhantemente (Simão, Filipe, Tiago).

 Escolheu doze, designandoos apóstolos  ([NVI] [ouç K a i

áiToaTÓÀouç còvófiaaev]).30 Foi o próprio Jesus que deu o nome“apóstolo” ou “missionário” (àmoxéXXu, “enviar”) a esse grupo dedoze. A palavra também é aplicada no Novo Testamento a delega-dos ou mensageiros de igrejas (2 Co 8.23; Fp 2.25) e a mensageiro

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

em João 13.16. Também é aplicada por Paulo no mesmo nível queos doze (por exemplo, G1 1.1,11—2.9), a Bamabé (At 14.14) e tal-vez a Timóteo e Silas (At 17.14,15; 1 Ts 2.79; 1 Pe 5.12).

 Para que estivessem com ele e os mandasse a pregar (iva.  goolvaikoü kcc! 'iva áuooTéÀÀri aikouç Krpúaaeiv). Marcos men-

ciona dois propósitos para Jesus ter escolhido esses doze. Eles nãoestariam prontos para serem enviados até que tivessem estado comJesus por certo tempo. Uma das tarefas principais de Cristo era trei-nar esse grupo de homens.31A mesma palavra caróoxoÀoç é derivadade à~oozó)a.(n.  Dois infinitivos expressam os dois propósitos paraenviar os apóstolos. Eles tinham de “pregar” (Krpúaoeiv, derivadode Kf|pu£, “arauto”, “anunciador”) e “para que tivessem o poder de[...] expulsar os demônios” (exeiv e^ouoíav 0<páA,A,eiv rà ôoafióvux32).Esse ministério duplo de pregação e cura era a marca distintiva dotrabalho que faziam. Entretanto, as duas coisas são diferentes, e umanão envolve necessariamente a outra.

3.16. Simão, a quem pôs o nome de Pedro  (êué0r|Kev õvo|_ia xwEí.|í(jOvi nétpov33). No idioma grego, essa frase não é desajeitada.

 Pedro  está em justaposição com nome  ou ôvo|aa (acusativo). Estesobrenome Jesus deu em acréscimo (èué0r]Kev) a Simão (caso dati-vo). Aqui é, então, uma referência direta ao que é narrado em João1.42, quando Jesus encontrou Simão pela primeira vez. Marcos re-flete as próprias palavras de Pedro. Lucas 6.14 diz apenas: “Ao qualtambém chamou Pedro”. Ver em Mateus 16.18 para inteirarse daexplicação dos nomes Pedro, Pedra e Cefas.

3.17. Aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão  (èuéGriKev aÚTOiç óvó|_ia ia Boavrpyéç;34, ò koxiv  YlolBpovrfiç). Só Marcos apresenta esse apelido hebraico. Pode ser alu-são ao temperamento inflamado revelado em Lucas 9.54, quandoTiago e João quiseram mandar descer fogo do céu para as aldeiassamaritanas hostis. A palavra Boavrpyéç significa, literalmente, “fi-lhos do tumulto” ou “filhos do trovão” em siríaco. Marcos não dánenhum outro epíteto, exceto as descrições para distinguir entre ho-mens com os mesmos nomes, como Simão, o Zelote (ou Cananeu),e Judas Iscariotes, “o que o traiu” (Me 3.19). André (derivado de

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 Marcos 3

àvrjp, “um homem”) e Filipe (Filipos, “gostar muito de cavalos”)são nomes gregos. Mateus é um nome hebraico que significa “pre-sente de Deus” (MaGGouoç). Tomé é hebraico e significa “gêmeo”

(Dídimo, Jo 11.16). Há duas formas do nome de Tiago (também“Jacó”). Tadeu é outro nome para Lebeu.

3.20. Eforam para urna casa35(Kai ep%eTai36eiç oíkov), outro presente histórico sem o artigo. Vindo do monte, Ele vai para casa, provavelmente a casa de Simão como em Marcos 1.29. Marcos ig-nora o Sermão do Monte narrado por Mateus e Lucas no monte (emLucas, planalto no monte). O Evangelho de Marcos está cheio de

ação e não visa contar tudo que Jesus fez e disse. De tal maneira que nem sequer podiam comer pã o31(uote jir]

ôúvaoGoa aÚToi)ç |ar|ôè3Saptov 4>ayeiv). Não o infinitivo com oxrce.Pelo visto, Jesus e os discípulos estavam em uma casa com a gran-de multidão dentro e porta afora, como em Marcos 1.33 e 2.2, aosquais Marcos se refere “outra vez” . A aglomeração de gente era tãogrande que eles não podiam descansar nem comer, e pelo visto Jesus

nem mesmo podia ensinar. A multidão reajuntouse imediatamentedepois que Jesus voltou do monte.

3.21. E, quando os seus parentes ouviram isso39(kocI (XKOÚaavTjeç;oi rap ’ amou). A frase significa literalmente “aqueles do lado dEle[Jesus]”. Poderia significar outro círculo de discípulos que há poucochegara e que ficara sabendo das multidões e tensões do ministériona Galiléia que agora chega nessa conjuntura especial. Mas o lin-

guajar significa os parentes ou a família de Jesus, como é comum naLXX. O versículo 31 menciona expressamente “seus irmãos e suamãe”, indicando que eles são “os seus parentes” do versículo 21.

 Está fôra de si40 (è£éo tr|), terceira pessoa do singular do aoristosegundo ativo do indicativo intransitivo. E um espetáculo triste pen-sar que a mãe e os irmãos disseram isso. A acusação foi levantadacontra Paulo (At 26.24; 2 Co 5.13). Claro que Maria não achava

que Jesus estava sob o poder de Belzebu, como disseram os rabinos(ver em Mt 9.3234; 10.25 e 12.24 para inteirarse de análise sobre a

 palavra Belzebu). Os escribas de Jerusalém estão tentando desacre-ditar o poder e prestígio de Jesus (Me 3.22). Maria sentiu que Jesus

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

estava exausto e desejava leválo para casa, tirálo dessa agitação etensão, de forma que ele pudesse descansar e alimentarse apropria-

damente.41 Os seus irmãos ainda não criam nas afirmações preten-siosas de Jesus (Jo 7.5). Mais tarde, Herodes Antipas consideraráque Jesus é João Batista ressurgido dos mortos. Os escribas tratamno como uma pessoa possuída por demônios. Até os familiares eamigos temem que Ele esteja sofrendo de alguma alienação mentalconseqüência de esforço exagerado. Era um momento crucial paraJesus, quando a família ou amigos vieram leválo para casa, apode-

rarse dEle (KpaTjfjaai) à força e violência se necessário.3.23.  Disselhes por parábolas42 (év iTapa|3oA.oâç eÀeyev

aÚToIç), em energéticas investidas penetrantes Jesus expôs as in-consistências dos escribas e fariseus. Ver em Mateus 13 para inteirarse de análise da palavra parábola  (uapapolri, “colocar ao lado

 para comparação”). Ele começa com uma pergunta retórica sobreSatanás para esclarecer o poder que tem para expulsar demônios.

3.24. Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não  pode subsistir (kav  paxnA.eí(x 6^’ èautriv |j,epia9fj, oú ôúvcrrcíi ata9f|vai ri PaoiAeía 6Keívr|). Sátiras parabólicas curtas nos versícu-los 24 e 25 mostram que Satanás não pode se expulsar (èicpáMei,a mesma palavra usada acerca de expulsar demônios). Um reinodividido GiepioBrj, por uma mera porção) contra si mesmo e umacasa dividida (jiepiaGfj) contra si mesma mostra duas condições

de terceira classe indeterminada, mas com prospecto de determi-nação.

3.27.  Ninguém pode roubar os bens do valente, entrandolhe em sua casa43 (ou ôúvcrau oúôelç elç tt|v o Í  k  Í olv   toú Lo^upoueioeÀGuv xà OKeúri cajuoíj ôiapTiáacu, èàv |af| rrpákov tòv iaxupòvôtÍot], Kod tÓté tr]y oiKÍav aútoO õiapuáaei 44).  Roubar   é umverbo composto que significa “saquear completamente”. Em um

reductio ad absurdum,  Jesus descreve Satanás saqueando os de-mônios, as mesmas ferramentas (aiceúri) pelas quais opera o seunegócio. Jesus é o conquistador de Satanás, não o seu aliado.

3.29.  Mas será réu do eterno ju ízo (àXXu ’ évo^óç  éoTivaicovíoi) áiiapitíiictToc; 45). O genitivo de penalidade ocorre aqui

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 Marcos 3

com evoxóç. Ao dizer que Jesus tinha um espírito imundo (Me3.30), os inimigos de Jesus atribuíram ao Diabo a obra do EspíritoSanto. Este é o pecado imperdoável, e pode ser cometido hoje

 pelos que dizem que a obra de Cristo é a obra do Diabo. Foi o queFriedrich Nietzsche fez no campo da filosofia. Os que esperamque no futuro haja uma segunda chance devem ponderar comcuidado que uma alma que eternamente peca em tal ambientenunca pode se arrepender. Tratase de castigo eterno. O textousa á[iapTTÍ|_uxTOç (pecado), e não Kpioéwç (julgamento) como noTextus Receptus.

3.31.  Estando de fôra   (e£w axiÍKovxeç 46), um recente tempo presente do perfeito eotr|Ka. Que quadro patético: a mãe e osirmãos de Jesus estavam no lado de fôra da casa, pensando queJesus, lá dentro, estava fôra de si, por cuja razão queriam leválo

 para casa. Eles não podiam entrar porque a multidão era excessi-vamente numerosa.

 Mandaramno chamar 47 (à iTéoTeiÀay u pò ç orò tòv K a lo u v ie ç 48

aikóv). Eles não queriam revelar que o propósito que tinham emmente era leválo para casa.49 Por isso, usam a multidão para

 passar a palavra para o lado de dentro da casa onde Jesus esta-va, desta forma “chamandoo” pelos outros. Alguns manuscritosacrescentam “irmãs” à mãe e irmãos que buscavam a Jesus.

3.32.  E a multidão estava assentada ao redor dele  (<=Ká9r|TOi i ep l cujtÒv  õxA.oç50). As pessoas da multidão se sentaram em cír-culo (k Úkàgo) em torno de Jesus, com os discípulos formando umtipo de círculo interno.

3.34.  E, olhando em redor para os que estavam assenta-dos junto dele5X ( kou  u e p L.pÀe\j;á|aevoç xouç Trepi aúxòv k Úk Xcú 

KccGruiévoDc;52), outro dos detalhes vívidos de Marcos. Jesus diz queos que fazem a vontade de Deus são a sua mãe, irmãos e irmãs.Isso não prova que as irmãs estavam de fato lá. Os irmãos eramhostis e este é o ponto das palavras trágicas de Jesus. Nosso cora-ção dói por Maria que tem de voltar para casa sem nem ao menosver o seu Filho maravilhoso. O que tudo isso significava para ela aessa altura dos acontecimentos?

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“E estava ali um homem com uma das mãos atrofiada” (BJ; NVI); “e estava ali 

um homem que tinha ressequida uma das mãos” (ARA).2“Ficaram espiando Jesus com atenção” (NTLH).

3“Algumas pessoas que queriam acusar Jesus de desobedecer à Lei” (NTLH).

4 “Levanta-te e vem aqui para o meio” (BJ); “vem para o meio!” (ARA).

3 TR e TM têm ’'Eyeipoa elç tò  jjiaov.

6“Mas eles ficaram em silêncio” (ARA).

7“Irado, olhou para os que estavam à sua volta” (NVI).

s Ezra R Gould, Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 53.

9“Profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles” (NVI).

10 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 52.

11Gould, Critical and Exegetical Commentary, p. 53.

12“Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos” (ARA).

13TR e TM têm eúGécoç em lugar de eúGúç.14TR e TM têm íttoÍouv em lugar de éôíõouv.

15“Sobre como o destruiriam” (BJ); “em como lhe tirariam a vida” (ARA).

16“Jesus e os discípulos foram até o lago da Galiléia” (NTLH).

17TR e TM têm uma ordem diferente palavras, «ed ó Tr|aoüç ávexúpriaev [ierà t(5v |ia0r)Ttôv aútoO irpòç tt|v QáXaaaav. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo àvexúprioe.

18Swete, Commentary on Mark, p. 54.

19“Uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia” (ARA).

20 TR e TM têm o particípio aoristo, áKoúoavTCç ooa eiToíei.

21 George Adam Smith, The Historical Geography o f the Holy Land  (Nova York: Harper & Brothers, 1931).

22 “E ele disse aos seus discípulos que deixassem um pequeno barco à sua disposição” (BJ).

23 “A fim de não ser esmagado pela multidão” (NTLH).

24 “Os que sofriam de doenças ficavam se empurrando para conseguir tocar nele” (NVI).

25 “Sempre que os espíritos imundos o viam” (NVI).

26 TR e TM têm bmv  aúiòv êGecópei.

27 “Jesus subiu a um monte” (AEC; NVI).

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 Marcos 3

28 “E chamou os que ele mesmo quis” (ARA).

29 Ver uma discussão acerca dos nomes dos apóstolos em Mateus 10.1-4 e em A. T. Robertson, Harmony o f the Gospels fo r Students o f the L ife o f Christ  (Nova 

York: Harper & Row, 1922), pp. 271-273.30 WH se inspira em Aleph, B, C, etc. É genuíno em Lucas 6.13, mas aqui não é 

considerado.

31 Ver Alexander Balmain Bruce, The Training o f the Twelve  (Grand Rapids: Kregel, 1971).

32 TR e TM têm  €X€lv  èÇouaíai' OepaneúeLV ràç vóaouç Kal èKpáXÀeiv xà õiavóvia.

33TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, Kal èiré0T]Kev tw 2í|icovi õvo|ia 

nétpov. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo èríé0r|Ke.34 TR e TM grafam assim: Boavepyéç.

35“E voltou para casa” (BJ); “então, ele foi para casa” (ARA).

36 TR e TM têm o plural ep^oviau TRs tem esta frase como parte do versículo  19.

37 “De tal modo que eles não podiam se alimentar” (BJ).

38 TR e TM têm o negativo iiiyué.

39 “E quando os seus tomaram conhecimento disso” (BJ).40 “Enlouqueceu” (BJ).

41 Ver A. T. Robertson,  Maiy the Mother o f Jesus: Her Problems and Her Glory (Nova York: Doran, 1925).

42 “Falou-lhes por parábolas” (BJ).

43 “Ninguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali os seus bens” (NVI).

44 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, oú ôúvaicu otiõelç tà aKeúritoO

íaxupoü, elaelGwv elç if]v oIkÍcív amou  Siapmkm. Entretanto, TM começa afrase comOúõelç õúwrau.

45 TR e TM têm o seguinte: àXk’   evo óç èoiiv alcovíou Kploewç.

46 TR e TM têm eÇw êotcÔTeç.

47 “Mandaram alguém chamá-lo” (NVI).

48 TR e TM têm (})a)yoíjvTeç em lugar de Kalouvieç.

49 Swete, Commentary on Mark, p. 69.

50 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, èKá0r|TO õx^oç uepi aíitóv. “Muita gente estava assentada ao redor dele” (ARA).

51 “E, repassando com o olhar os que estavam sentados ao seu redor” (BJ); “e, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor” (ARA).

52TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, Kal irep ipÀeijjá|j,evoç k Úk A.u  toijç irepl aüxòv Ka0r||iévoi)ç.

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Capítulo

4

 Marcos

4.1. Ajuntouse a ele grande multidão1(auyáyexai2 npoç aútòv

6%Àoç TTÀeioToç., outro presente pictórico gráfico. Veja as multidõesapertando Jesus em direção ao mar. Primeiro, ele se sentou na praia(Mt 13.1) e depois uma “grande multidão” (oyjoi  TíÂeiaxoç) o fezentrar em um barco, no qual ele se sentou e ensinou. Neste ponto doseu ministério, era comum Jesus ensinar as multidões na praia (Me2.13; 3.712).

 Ele entrou e assentouse num barco, sobre o meu3  (w o té ocijtÒv

e i ç ttA,olov  è [ ipávTa Ka0f |o0(u ev  r f | Oodáaori4). Ele sentouse no barco que estava no mar.

4.2.  Ensinavalhes5 (èô íôaaKev oarcouç), um tempo imperfeitoque mostra que a ação era feita continuamente.

 Por parábolas6(kv TTapaPoXaXç), como em Marcos 3.23, só aquias parábolas são mais extensas. Ver análise em Mateus 13 sobre ouso que Cristo fez das parábolas. Mateus 13 apresenta oito parábo-

las. A Parábola da Candeia consta em Marcos 4.21 e Lucas 8.16.Tanto a Parábola do Semeador quanto a Parábola da Candeia estãoem Lucas. A Parábola da Semente está em Marcos 4.2629 e nãoconsta em Mateus ou Lucas. Marcos 4.134 menciona quatro pará-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 bolas (a Parábola do Semeador, a Parábola da Candeia, a Parábolada Semente e a Parábola do Grão de Mostarda). Mas Marcos acres-centa: “Sem parábolas nunca lhes falava” (Me 4.34), mostrando

claramente que Jesus falou muitas outras parábolas nessa ocasião.Mateus 13.34 faz a mesma declaração. É lógico, então, que Jesuscontou muitas parábolas nesse dia, e todas as teorias exegéticas oudispensacionais pertinentes ao número das parábolas do Reino sãoirrelevantes.

4.3. Ouvi1(’AKOúere). E significativo que até Jesus teve de pedirque as pessoas o ouvissem ou prestassem atenção quando falava.

Ver também o versículo 9.4.7.  E, crescendo os espinhos, a sufocaram8 (k<xI àvífir\oav  a i

ckavGaL Kai owévvi^av  airuó). O verbo TrvíyG) significa “estrangu-lar”, “sufocar”, “afogar”. Marcos tem a forma composta com ouv(“apertaram junto”). Mateus 13.7 tem èiv.vilp.v, “sufocaram fôra”.

 E não deu fruto9(Kai Kapuòv oúk eÕGOKev), só ocorre em Marcos,“estéril de resultados”.

4.8. Que vingou e cresceu10 (êôíôou Kapuòv ávapaívovxa Kaiai)£avó(i,eva "), só ocorre em Marcos, um detalhe vívido que aumentano crescimento continuado implícito no pretérito imperfeito “davafruto” (traduzido por “deu fruto”). Continuava dando fruto enquan-to crescia. O fruto é o que importa.

4.10. Quando se achou  só12(ote èyévexo Karà [ióvaç13), ocorreapenas em Marcos, uma lembrança vívida de Pedro. Marcos tam-

 bém tem “os que estavam junto dele com os doze”14(oi Ttep l airròvai)v TOLc ôúõeKa). Mateus 13.10 e Lucas 8.9 têm simplesmente “dis-cípulos”. Os discípulos não queriam que a multidão visse que elesnão entenderam o ensino de Jesus.

4.11.  A vós vos é dado saber os mistérios do Reino de Deus15ÇY[iiv xô fujcmpiov ôéôoTai uf|ç paoiÀeíaç to£> Geoü 16). Ver aná-lise em Mateus 13.11 relativa a [ídoitiplov. E usado neste sentido

somente nos Evangelhos (Me 4.11 é igual a Mt 13.11, que é igual aLc 8.10). Mas nos escritos de Paulo ocorre vinte e uma vezes e emApocalipse, quatro vezes. Também ocorre na Septuaginta em Daniele nos livros apócrifos. Mateus e Lucas o usam no plural e acrescen-

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 Marcos 4

tam “conhecer” (yvoòvca), porém Marcos abrange uma gama maisampla que conhecimento crescente, a posse permanente do mistérioantes mesmo de o entenderem. O segredo não está mais oculto aosiniciados. Discipulado quer dizer iniciação no segredo do Reino deDeus, e virá gradualmente a esses homens.

 Mas aos que estão de fôra17(èKgíyoLç õè xolç eçu). Isso é pe-culiar a Marcos. Significa os que estão fôra do nosso círculo, os nãoiniciados, o grupo hostil como os escribas e fariseus que estavamacusando Jesus de estar em conluio com Belzebu. Lucas 8.10 tem“aos outros” (xotç I oittoI ç), Mateus 13.11 tem “a eles” (éKeívoiç).Sem a chave, as parábolas são difíceis de entender, pois as parábolasocultam a verdade do Reino. A verdade é declarada em termos deoutra esfera de ação. Sem revelação espiritual, são ininteligíveis, eainda hoje são distorcidas. As parábolas condenam as pessoas in-tencionalmente cegas e hostis, ao mesmo tempo em que guiam eabençoam as pessoas que têm fé.

4.12.  Para que  (iva). Marcos tem a construção do hebraico“para que não” de Isaías 6.9,10 (ARA) com o subjuntivo; o mesmoocorre em Lucas 8.10. Mateus 13.13 usa o õxi causal com o indica-tivo seguindo a LXX. Ver análise em Mateus 13.13 para o supostouso causal de 'iva. Ver Ezra Gould em Marcos 4.12 para inteirarsede uma discussão das diferenças entre Mateus, Marcos e Lucas. Eleargumenta que Marcos “mantém a forma original das declaraçõesde Jesus” .18 Deus ironicamente ordena que Isaías endureça o cora-ção do povo. Se a noção de propósito estiver preservada no uso de'iva  em Marcos e Lucas, há, então, certa ironia nas palavras tristesde Jesus. Se 'iva for dado o uso causativo de oti em Mateus, a difi-culdade desaparece. O certo é que usando parábolas Jesus assumiua cegueira judicial de Deus desses que não verão.

 Para que se não convertam, e  [...]  sejam perdoados  (|j,r|U0TeèTUOTpéJjGúoiv Koà òxjjeQf) autoiç). Lucas não tem essas palavras di-fíceis que em Isaías parecem ter um floreio irônico, embora Mateus13.15 as retenha até mesmo depois de usar o t i  para a primeira parteda citação. Não há modo de fazer lirjirocf em Marcos 4.12 e Mateus13.15 ter um sentido causal. É o propósito da condenação pela ce-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

gueira e rejeição voluntariosa conforme se ajusta aos fariseus depoisda sua acusação blasfema contra Jesus. Jesus está pronunciando adestruição deles usando o linguajar de Isaías. Parece o canto fúnebredos condenados.

4.13. Não percebeis esta parábola?  (Oí)K oiôaxe  xi]v TrapapoA.r)vraúur|v). Os discípulos tinham pedido que Jesus lhes explicasse porque ele usava parábolas. Essa pergunta insinua surpresa diante dalentidão que esses iniciados tinham para entender o segredo do Reinode Deus. A incapacidade para compreender a parábola do semeadorlevanta dúvida sobre todas as outras hoje e em todos os tempos.

4.14. O que semeia semeia a palavra19 (ô crrreípcov xòv Àóyovaimpei). Não está dito assim clara e simplesmente em Mateus 13.19ou Lucas 8.11.

4.15. Em quem a palavra é semeada  (ottou oueípeTai ó Àóyoç),um detalhe explicativo que ocorre somente em Marcos.

Satanás  (Eoaocvâç). Mateus 13.19 tem “o maligno” (ô Trovr|pó<;)e Lucas 8.12 tem “o diabo” (ô õiápoÀoç).

Que foi semeada no coração deles20 (tòv éa™p[iévov elç(xijtoÚç21), dentro deles, não só entre eles. Mateus 13.19 tem “no seucoração”.

4.19. As ambições de outras coisas (ai irepi m A.oiirà èTU0u|j,Loa).Todas as paixões ou desejos, sensuais e mundanos, “deleites destavida” (rjôovGÔv toO píou) como em Lucas 8.14, o mundo dos sen-tidos que submerge o mundo do espírito. A palavra èm0u[j.í.o: não éruim em si mesma. Podemos ambicionar coisas altas e santas (Lc22.15; Fp 1.23).

4.20. Os que ouvem a palavra, e a recebem, e dão fruto22(omveç áKoúonoiv  xov  Xóyov kccI uapaôéxovTai Kod Kapuotjjopouoiv),  mesma palavra em Mateus 13.23 e Lucas 8.15. Marcos dá aordem de trinta, sessenta e cem, enquanto Mateus 13.23 a inverte.

4.21.  Não vem, antes, para se colocar no velador?23 (oi>% 'ivaétt! tt|v Âuxvíav ie0f|24), terceira pessoa do singular do aoristo pri-meiro passivo do subjuntivo de tl0t||_ii, com'Ívcc (propósito). A can-deia na casa de um compartimento era um objeto familiar junto como alqueire, a cama e o velador. Note o artigo com cada palavra.

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 Marcos 4

Em grego, a palavra [_ir)TL espera a resposta não.25 Pôr a candeiadebaixo do alqueire (jióôiov) a apagaria, além de não iluminar. Omesmo aconteceria se fosse posta debaixo da cama ou divã de mesa(  k  XÍ vt \v  ), no chão, ficando passível de pegar fogo. Jesus repetia cer-tas declarações em outras ocasiões, como mostrado em Mateus eLucas.

4.22.  Porque nada há encoberto que não haja de ser mani- festo26 {oh  yáp èoi Lv Kpunròv kkv  (j.f) lua  cjjaveptoGfi27), note kàu [ir| e iva.  Lucas 8.17 tem “que não haja de manifestarse” (ò oúcfjavepòy yev7Íoei;ca). Aqui em Marcos é declarado que o encobri-mento temporário é um meio para esse fim de manifestação final.Aqueles que nesse momento recebem o segredo têm a responsa-

 bilidade fixa de proclamálo nos telhados depois da ascensão.28 Oencoberto (kputttÒv) e o oculto (áTTÓKpuc^oy) serão revelados a seudevido tempo.

4.23. Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça (Ví tiç c'%eitora ckoúeiv áKouéTu). O versículo 23 repete o versículo 9 comuma forma condicional em vez de uma frase relativa. Talvez Jesusnotasse alguma desatenção entre os ouvintes.

4.24.  Atendei ao que ides ouvir29  (BÀéueTe  xí   áKoúete). Lucas8.18 tem “como ouvis” (ttcòç ctKoúeTe). Ambos são importantes.Algumas coisas não deveriam ser ouvidas de jeito nenhum, poissujam a mente e o coração. O que vale a pena ouvir deve ser feitocom razão e a devida atenção.

Com a medida com que medirdes30 (ku  cp |iéxpcp). Ver já noSermão do Monte (Mt 7.2; Lc 6.38).

4.25. Até o que tem lhe será tirado  (kocI ô e^ei ápGriaerai áu’oarcoí)). Lucas 8.18 tem “até o que parece ter” (kcò. ô õok6l éxeLV) É

 possível que e%e l aqui tenha a conotação de “adquirir” . Aquele quenão adquire, logo perde o que pensa que teve. Este é um dos parado-xos de Jesus que recompensa pensamento e prática.

4.26. O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse  semente à terra1'1(Oikcoç eouív r] PaoiAeia toD Geou coç32 avGpcjiToç páA.r] tÒv GTTÓpov ènl Tf|c; yfjç). Note òç com o subjuntivo aoristosem av. E um caso imaginável ou presumível, e daí o tempo aoristo

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

no subjuntivo por causa de um único exemplo. Blass considera essalinguagem “bastante impossível”, mas é o verdadeiro texto e faz

 bom sentido.33A linguagem mais comum teria sido òç Mv (ou av).4.27.  E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia34 (kkIKaGeúõfl Kcà èyeíprirai vikra Koà rpépav), subjuntivo presente paraação continuada. O mesmo também em “a semente brotasse e cres-cesse” («m ô oiTÓpoç  plaorâ35«ai (ariKÚvriTocL), dois verbos recentes.O processo de crescimento continua toda a noite e todo o dia, umacusativo de tempo.

 Não sabendo ele como36 (wçoúk  

oíôev airuóç). Note a posiçãode GÒç (começo) e afruóç (fim) da frase: Literalmente, é: “Como sabenão ele”. Alguns mecanismos de crescimento da planta ainda con-fundem os agricultores e os cientistas, mas os processos secretos danatureza operam porque somos ignorantes. Esse crescimento secre-to e misterioso do Reino no coração e na vida é o ponto central dessa

 bonita parábola. “Quando o homem faz a sua parte, o processo de

crescimento fica fôra do seu alcance ou compreensão.”374.28.  A terra p or si mesma frutifica38 (ai)to|iátri r] yrj «apuotropel39). Dizemos que o crescimento é automático. O segredo docrescimento está na semente. A terra, o clima e o cultivo ajudam,mas a semente trabalha espontaneamente de acordo com a sua natu-reza. A palavra aÚTO|idn;r] é derivada de amóç  (“si mesmo”) e (_té|aaa(“desejar avidamente”) do obsoleto |iá(o. Outro único exemplo des-

se termo no Novo Testamento está em Atos 12.10, quando a portada cidade se abriu para Pedro por si mesma. “A mente se adapta àverdade, como os olhos à luz.”40 Assim semeamos a semente, a ver-dade do Reino de Deus, e a terra (a alma) está pronta para a semen-te. O Espírito Santo trabalha no coração e usa a semente semeada,fazendoa germinar e crescer, “primeiro, a erva, depois, a espiga, e,

 por último, o grão cheio na espiga”41 ( i rpc j tov %ópiov e i r a

eira uÀripriç42 olzov  ev tcô ara^úi). Esta é a ordem da natureza etambém da graça no Reino de Deus. Por conseguinte, vale a penaorar e ensinar. “Este único fato cria a confiança mostrada por Jesusno estabelecimento último do seu Reino apesar dos obstáculos queobstruem o seu progresso.”43

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 Marcos 4

4.29.  E, quando já o fruto se mostra' 44 (oxav õè irapaôoi ôKapTTÓc;45), aoristo segundo do subjuntivo, sempre que o fruto se dá

ou se mostra. Metelhe logo a foice46   (eij0uç àTToaxéAAei xò ôperavov), envia

a foice. A palavra apóstolo vem desse verbo (ver Jo 4.38: “Eu vosenviei a ceifar”, èyu áiTéaxeila újiâç BepíÇeiv) .  Foice  ( õ p é u a v o v )

 por metonímia representa os ceifeiros que a usam quando está nahora da colheita ( rapéaxr iKev, “fica ao lado”, presente perfeito doindicativo).

4.30.  A que assemelharemos o Reino de Deus?41  (IIgõç48ó|aoi(óo(4 i€v tt]v paoileíav xoü 0eoü[;]), um primeiro subjuntivoaoristo deliberativo. Esta pergunta só consta em Marcos, como é a

 pergunta companheira que vem logo a seguir: “Ou com que pará- bola o representaremos?”49 (èv xívi aúxriv uapaPoÀr] 9(3|iev50), umsegundo subjuntivo aoristo deliberativo. A pergunta gráfica chamaa atenção e desperta o interesse dos ouvintes. Lucas 13.18 retém

a pergunta dupla. Mateus 13.31,32 não usa uma pergunta, emboraMateus esteja citando algumas das declarações favoritas de Cristo,que são ensinos que Ele repetia com freqüência.

4.31. Que, quando se semeia na terra  (oç oxav ouapri ctt! xf|çyf|ç), terceira pessoa do singular do aoristo segundo passivo do sub-

 juntivo de oireípco, ocorrendo somente em Marcos e repetido no ver-sículo 32.

 E a menor de todas as sementes que há na terra51 (|aiK p ó tep ovo|v rrávTGov tgòv onepiiátcov xcôy èul xf|ç yfiç52), um adjetivo com-

 parativo com o caso ablativo vindo depois. Jesus usa a hipérbole para acentuar que plantas grandes podem crescer de uma sementemuito pequena, e assim sucederá com o poder expansivo, penetrantee gradual do Reino de Deus.

4.32. Cresce, [...] de tal maneira que as aves do céu podem ani-

nharse debaixo da sua sombra (ò.vafiolvti  uoxe ôúvaoBai òuò  xr\v OKiàv aiJToO xà TTexeivà xou oupavoü KaxaoKrjvoGy). O quadro diferedo de Mateus 13.32: “Nos seus ramos” (èv xoiç KÀáòoiç aòxoü),mas Mateus e Marcos usam KaxaoKrjyóco, “acampar” ou “acampardebaixo”, “fazer ninhos nos ramos à sombra” ou “saltar no chão sob

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a sombra igual a um bando de pássaros”. Em Mateus 8.20, “as avesdo céu têm ninhos” (KaxaaKrivoóoeic;). O uso do grão de mostarda

 para aludir à pequenez parece ter sido proverbial, e Jesus o empregaem outros lugares (Mt 17.20; Lc 17.6).4.33. Segundo o que podiam compreender 53 (KaOcòç rjôúvavxo

aKoúeiv), só ocorre em Marcos, um pretérito imperfeito do indica-tivo (ver Jo 16.12 para oú ôúvaoGe ßaaxaCeiv, “não o podeis supor-tar”). Havia um limite ao uso de parábolas na presença de incrédu-los. Jesus apresentou os mistérios do Reino nessa forma parabólica

oculta, a qual nessa fase era a única forma possível.4.34. Porém tudo declarava em particular aos seus discípulos54(«m’ Lôíav ôe xotç lôtoiç |aa,9r|Taiç55 eiTeXuev ttocvtoc). Para os seus(lôíoiç) discípulos em particular, em distinção da massa de pessoas,Jesus tinha o hábito (tempo imperfeito, éTTéÀuev) de revelar todasas coisas (  jiúvtol ) em linguajar claro, sem a forma parabólica usadadiante das multidões. O verbo 4itiAúg) ocorre no Novo Testamento

só aqui e em Atos 19.39, quando o escrivão da cidade de Efeso faladas dificuldades causadas pela turba: “Averiguarseá em legítimoajuntamento” (èv xrj èvvójico èKKÀrioía eiTi.Àú0r|oex<xi), terceira pes-soa do singular do futuro primeiro passivo do indicativo de émA.úca.A palavra significa dar adicional (èuí) soltura (Àúco), portanto ex-

 plicar, tomar mais claro, mais simples, até ao ponto da revelação.Esta última conotação é a idéia do substantivo em 2 Pedro 1.20, que

diz: “Nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”(uâoa Trpocj)r)xeía ypcaj)f]ç lôíaç èTTiAúaeGúç oú yívexai). Aqui o usode yívexai (“vem”) com o caso ablativo (èiuAúaecoç) e a explica-ção dada no versículo 21 mostram claramente que o significado é arevelação ao profeta, e não a interpretação do que o profeta disse.O impulso e a mensagem proféticos vieram de Deus pelo EspíritoSanto. Em particular, as revelações adicionais de Jesus chegaram a

novas revelações relativas aos mistérios do Reino de Deus.4.35. Sendo já tarde  (ói[áaç yevo|_iévr|ç), um genitivo absoluto.Tinha sido um dia bastante cheio. A acusação blasfema, a visita damãe e irmãos, e possivelmente irmãs, que queriam leválo para casa,a saída da casa abarrotada de gente para ir à beira mar, as primeiras

COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

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 Marcos 4

 parábolas ensinadas junto ao mar e, depois, a volta à casa aindaabarrotada de gente, e agora fôra de casa e sobre o mar.

 Passemos para a outra margem  (AiiÀ9ü)|iev eíç xò uépav).Subjuntivo exortativo (volitivo), tempo aoristo segundo ativo. Elesestavam no lado ocidental, e uma viagem de barco até à costa orien-tal de noite seria uma mudança deliciosa e refrescante para o Cristocansado. Era o único modo de escapar das multidões.

4.36.  Assim como estava  (úç rjv). Eles levam Jesus consigo(rapcda|i(3ávoi)aiv) sem preparação prévia.

 E havia também com ele outros barquinhos36 (kcu akXa  ttàoXccrjv |í€t’ aúxoü 57). Esse detalhe também só é dado por Marcos.Algumas pessoas embarcaram em outros barcos para ficar perto deJesus. Havia uma multidão até mesmo sobre o lago.

4.37.  E levantouse grande temporal de vento58 (kkl yívexailatlai); i_ieyáA.r| àvé[iou59). Marcos inclui novamente um presen-te histórico vívido. Mateus 8.24 tem èyévexo (“sobreveio”, ARA)

e Lucas 8.23 Kaxépri (“abateuse”, NVI). Lucas também tem AmÀai|r, mas Mateus oeioiiòt; (“tempestade”), uma elevação violentada superfície da terra como um terremoto. AcâÃaijf é uma palavraantiga para referirse a essas rajadas ou tempestades ciclônicas. O“abateuse” de Lucas mostra que a tempestade veio de repente domonte Hermom ao vale do Jordão, atingindo violentamente o marda Galiléia em sua profundidade de duzentos e sete metros abaixo

do nível do mar Mediterrâneo. O ar quente a esta profundidade puxaas tempestades para baixo com ferocidade súbita. A palavra ocorrena LXX em alusão ao vendaval, pelo qual Deus respondeu a Jó (Jó38.1), e em Jonas 1.4.

Subiam as ondas por cima do barco60  (xà61 KÚ|iaxa eiTépocAlevelç xò ttáolov), tempo imperfeito (“estavam batendo”) descrevendovividamente o rolo da água por cima dos lados do barco, de forma

“que o barco era coberto pelas ondas” (Mt 8.24). Marcos tem: “Demaneira que já se enchia de água”62 (díoxe f|õr| y€|_iíCeo0(xi xò uàolov63), uma descrição gráfica do apuro dos discípulos.

4.38.  Dormindo sobre uma almofada64 (èiri xò upooKetjráAmovKaGeúôGov). Marcos menciona a almofada ou travesseiro e tam-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 bém a popa do barco (év urj TFpú[ivg). Mateus 8.24 nota que Jesus“estava dormindo” (êKáBeuôev), Lucas 8.23 diz que “adormeceu”

(à^ÚTTvcooev, terceira pessoa do singular do aoristo ingressivo ativodo indicativo). Ele estava esgotado pela labuta do dia. Despertaramno65 (éyeípouoiv cojtov 66), continua o presen-

te histórico gráfico de Marcos. Mateus 8.25 e Lucas 8.24 têm “odespertaram”. Marcos também tem o que os outros não têm: “Nãote importa [,..]?”67 (ou |j,eÀei ooi). Os discípulos estavam bravos efrustrados, pois Jesus estava dormindo durante tamanha tempestade

 perigosa, quando eles precisavam dos braços fortes dEle.Que pereçamos?68 (ánoAAúfieBo', presente linear). Esta é preci-samente a forma grega encontrada em Mateus 8.25 e Lucas 8.24.

4.39.  Ele, despertando, repreendeu o vento  (õieyepBelçèTTeTi|_ir|oev tco cevéficp) como ocorre em Mateus 8.26 e Lucas 8.24.Ele também falou com o mar. Todos os três Evangelhos mencionama calmaria súbita (yaA.r|vr|) e a repreensão aos discípulos por essa

falta de fé.4.40.  Por que sois tão tímidos?69  (Tí ôeiÀoí êoxe 70). Eles ti-nham consigo no barco o Senhor dos ventos e das ondas. Ele aindaera Senhor mesmo que estivesse dormindo durante a tempestade.

 Ainda não tendes fé?1''   (outtgo exete ttlo tlv 72). Ainda não ti-nham percebido que Jesus era realmente o Senhor da natureza. Elesaceitaram o messiado, mas ainda não haviam tirado todas as conclu-

sões disso.4.41. Sentiram um grande temor13 (èc))opr|0rioav cjíópov |iéyav),um acusativo cognato com o aoristo primeiro passivo do indicativo.Eles temeram um grande medo. Mateus 8.27 e Lucas 8.25 mencio-nam que eles “se maravilharam”. Mas também havia medo nessaemoção.

Quem é este [.. .]?74 (Tíç apa omóç  èoxiv [ ]). Não admira

que temessem, visto que Ele podia mandar no vento e nas ondasde acordo com a sua vontade, expulsar os demônios, curar todasas doenças e falar tais mistérios em parábolas. Eles estavam cres-cendo em apreensão e entendimento de Jesus Cristo. Tinham muitoque aprender. Hoje também há muito que ainda temos de aprender 

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 Marcos 4

ou procurar crescer no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.Este incidente abriu os olhos e a mente dos discípulos à majestadede Jesus.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“A multidão que se ajuntou em volta dele era tão grande” (NTLH).

2TR e TM têm o verbo ouvrixBr).

3“Ele entrou e sentou-se num barco perto da praia” (NTLH).

4 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, coaxe avxòv  èupávxa eíç xò uloi ov Ka0f|O0at kv  rrj Godáacn].

5As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

6“Por meio de parábolas” (BJ).

7“Escutai” (BJ).

8“Os espinhos cresceram e a sufocaram” (BJ; ARA).

9“Por isso nada produziram” (NTLH).

10“Subindo e se desenvolvendo” (BJ).

11TR e TM têm o particípio aúÇávovTK.

12“Quando ficaram sozinhos” (BJ); “quando Jesus ficou só” (ARA).

13TR e TM têm "Oxe õè éyévexo Koaà |ióvaç.

14“Os Doze e os outros que estavam ao seu redor” (NVI).

15“Avós foi dado o mistério do Reino de Deus” (BJ).

16 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras,'Yjitv ôéõotoa yvúvoa xò |iuoTiípLov rf|ç PaoiÂfíaç toü  9eoí>.

17“Aos de fôra, porém” (BJ).

18Ezra P. Gould, Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 73.

19“O semeador semeia a palavra” (NVI; ARA).

20 “Semeada neles” (ARA).

21 TReT M têm tòv éauap|iéyov kv  ratç rapôícaç aúiâv.

22“Ouvem a palavra, aceitam-na e dão uma colheita” (NVI).

23“Não a traz para colocá-la no lampadário?” (BJ); “acaso não a coloca num lugar apropriado?” (NVI).

24 TR e TM têm o verbo composto èiuie0f| em lugar de xe9f|.

25 É um exemplo curioso de corrupção textual antiga que Aleph e B, os dois documentos mais antigos, tenham ímò tt|v  (debaixo do velador) em vezde èxi iriv koxvíav, arruinando o sentido. WH a coloca na margem, mas isso é escravidão pura a Aleph e B.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

26 “Pois tudo o que está escondido será descoberto” (BJ).

27 TR e TM têm oú  yàp eorLv  t i Kpimiòv o eàv jxf) 4)avepa)9fl. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico com o verbo eotí.

28 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 82.

29 “Cuidado com o que ouvis!” (BJ); “considerem atentamente o que vocês estão ouvindo” (NVI).

3U“Deus usará para julgar vocês a mesma regra que vocês usarem para julgar os outros” (NTLH).

31 “Acontece com o Reino de Deus o mesmo que com o homem que lançou a semente na terra” (BJ).

32 TR e TM têm a partícula condicional káv depois de coç.33 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f  

 Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 968.

34 “Noite e dia, estando ele dormindo ou acordado” (NVI).

35TR e TM grafam o verbo $\u.axúvr\ em vez de pXomâ.

36 “Sem ele saber como isso acontece” (NTLH).

37 Swete, Commentary on Mark, p. 84.

38“É a própria terra que dá o seu fruto” (NTLH).39 TR e TM têm o pospositivo yáp entre aÚTOiiáiri e f],

40 Gould, Critical and Exegetical Commentary, p. 80.

41 “Primeiro aparece a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga” (NTLH),

42 TR e TM têm a grafia irA.r|pr| em lugar de irÀr|pr|ç.

43 Gould, Criticai and Exegetical Commentary, p. 80.

44 “E, quando o fruto já está maduro” (ARA).45 TR e TM têm a grafia do aoristo segundo ativo do subjuntivo irapaôcòj em vez  de TiapaõoL.

46 “O homem lhe passa a foice" (NVI).

47 “Com que compararemos o Reino de Deus?” (BJ; NVI).

48 TR e TM têm Tívi em vez de riaiç.

49 “Que parábola usaremos para descrevê-lo?” (NVI).

50 TR e TM têm kv  uma irapaPoAíj irapapáA.W|iev ainriv)

51 “É a menor semente que se planta na terra” (NVI).

52 TR e TM têm iiLKpÓTCpoç irávuwv tcúv airep|ictTG)v eaxiv tcSy èià xrjç Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo ècrcí.

53 “De um modo que eles podiam entender” (NTLH).

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 Marcos 4

54 “Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo” (NVI).

55TR e TM têm a frase tolç  ^aGriraiç cujtcôv.

56 “E outros barcos o seguiam” (ARA).

57 TR e TM têm Kcà ãXXa  ôè irloiápia rjv aúioíj.

58 “De repente, começou a soprar um vento muito forte” (NTLH).

59 TR e TM têm uma ordem inversa de palavras, avelou |aeyáA.r).

60 “As ondas arrebentavam com tanta força em cima do barco” (NTLH).

61 TR e TM incluem a conjunção pospositiva ôé.

62“De modo que já estava a encher-se” (AEC).

63 TR e TM têm coate aircò r}5r| ye|iíCea9ai.

64 “Dormindo com a cabeça sobre um travesseiro” (NVI).

65“Os discípulos o acordaram” (NTLH; NVI).

66 TR e TM têm o verbo composto ôieyeípouau’ aij-cóv.

67 “Não se te dá [...]?” (AEC).

68 “Que morramos?” (NVI).

69 “Por que tendes medo?” (BJ).

70 TRe TM têm T l SêlIol  èote oíkwç.71 “Como é que não tendes fé?” (ARA).

72 TR e TM têm TTÚç oúk   ttÍotiv.

73“Eles, possuídos de grande temor” (ARA).

74“Que homem é este [...]?” (NTLH).

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Capítulo

5

 MarcosfSMÍMSJSMíSÍSMÍSJSMÍSÍMMMSÍSJSMEMfSMÍMSMj

5.1. À província dos gadarenos'   (elç tf|v X“ Pay T(Sv repaarjvwv2), como em Lucas 8.26, ao passo que Mateus 8.28 tem “gadarenos”.As ruínas da aldeia de Khersa (Gerasa) estão nesse local, que fica nodistrito de Gadara a uns dez quilômetros ao sudeste; não se refere àcidade de Gerasa, que está a uns cinqüenta quilômetros de distância.

5.2.  E, saindo ele do barco3 (Wi è£eA.9óvTO<; ooitoü çk touttàolou4). Marcos diz imediatamente (eúGúç5), usando o genitivo ab-

soluto e depois repetindo aúxcô, instrumental associativo, depois deíiTTtívtrioey, “ao seu encontro”. O endemoninhado cumprimentouJesus imediatamente. Marcos e Lucas 9.27 mencionam só um ho-mem, enquanto Mateus cita dois endemoninhados (talvez um fossemais violento que o outro). Cada um dos Evangelhos tem uma fra-se diferente. Marcos tem “um homem com espírito imundo”6 (èvTTveú|ia;Ti áKCcGápxcp), Mateus 8.28 tem “dois endemoninhados” (ôúo

ôia[ioviÇó[ievoi), Lucas 8.27 tem “um homem que [...] estava pos-sesso de demônios” (tiç  ôai|ióvia). Marcos inclui detalhesnão citados por Mateus ou Lucas (ver análise em Mt 8.28).

5.3.  E nem ainda com cadeias o podia alguém prender   (kcuoúõè cdijoei oükéti oíiôetç èõúvato airròv õf|oai7), caso instrumental

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

cdúaei, uma algema (a privativo e â ú g j , soltar). Esse endemoninha-do tinha forças para arrebentar algemas e grilhões como se tivessesido amarrado com barbante.

5.4. Porque, tendo sido muitas vezes preso (bm xò aúxòv 'rroAAáKiç... 5eôéo0cu), infinitivo passivo do perfeito, estado de conclusão.

Com grilhões  (tt6Ôklç), derivado de neía,  “pé” ou “dorso do pé”. As cadeias lhe amarravam as mãos e os pés inutilmente.

 As cadeias foram por ele feitas em pedaços8 (ôiecnráoGca ím’aúxou xàç óduoeiç), perfeito passivo do infinitivo, puxado (auáoo)em dois (ôia da mesma raiz que ôúo).

 Em migalhas9(ouviexpi^Gcu), outra vez perfeito passivo do in-finitivo, derivado de ouvxpípo), “esfregar junto” ou “friccionar jun-to”. “Esfregado junto”, “esmagado junto”. Talvez os vizinhos quecontaram a história pudessem apontar os fragmentos quebrados dascadeias e correntes. As correntes podem ter sido cordas ou até peda-ços de madeira, e não grilhões.

 E ninguém o podia amansar  (Kod oitôelç Taxuev aúxòv10), ter-ceira pessoa do singular do pretérito imperfeito ativo do indicativo.Ele andava a esmo à vontade como um leão na selva.

5.5. Clamando [...] e ferindose com pedras11 (rjv KpáCwv KmKaxaKOTrxwv éauxòv AlBoiç), mais detalhes vívidos mostrados porMarcos. Noite e dia as pessoas ouviam o grito forte ou o guinchoruidoso (cf. Me 1.26; 3.11; 9.26). O verbo traduzido por “ferindose” (“cortarse”) só ocorre aqui no Novo Testamento, embora sejaum verbo antigo. Significa “cortar para baixo”, “reduzir” (uso perfectivo de raxa). Dizemos “acutilar”, “ferir”, “picar” ou “cortar em

 pedaços”. Talvez ele tivesse cicatrizes por todo o corpo com feridase cortes dos momentos noturnos e diurnos de frenesi selvagem pas-sados nos sepulcros e nos montes. Imperfeito ativo perifrástico comrjv e os particípios.

5.6. Correu e adorouo12(éò poqiev «oà upoaeKÚvr|aev aúxcô). “A princípio talvez com intenções hostis. A investida do maníaco nu egritando deve ter tentado a confiança recentemente recuperada dosdoze. Imagine a surpresa nos seus rostos quando o endemoninhado,ao aproximarse, se lançou de joelhos diante de Jesus.” 13

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 Marcos 5

5.7. Conjurote por Deus14(ópKÍÇco oe xòv Geóv). O endemoni-nhado apela para Jesus com um juram ento (dois acusativos) depoisde um clamor assustado como aquele em Marcos 1.24 (ver análise

naquele texto). Ele chama Jesus “Filho do Deus Altíssimo” (me toú 9eot> toü ínjáatou), como em Lucas 8.28 (cf. Gn 14.18,19.).

 Não me atormentes15 (|aií |_te Paoavíogç), proibição com |if] eo subjuntivo aoristo ingressivo.  Atormentar   significa “testar me-tais” ou “torturar” . A mesma palavra grega ocorre em todos os trêsEvangelhos.

5.8.  Porque lhe dizia16 (eAeyev yàp aikw), um pretérito

imperfeito progressivo. Jesus tinha ordenado repetidamenteque o demônio saísse do homem, mas o demônio protestava.Mateus 8.29 tem “antes do tempo” (irpò Ktupou), e Lucas 8.31mostra que os demônios não queriam voltar para o abismo (xfivctpuooov) naquele momento. O abismo era a verdadeira casa de-les, mas eles não desejavam voltar ao lugar de tormento naque-le momento.

5.13.  E Jesus logo lho permitiu11(kcíI èuéTpal/ev kútolç). Estas palavras apresentam dificuldade crucial para os intérpretes. O textonão informa por que Jesus permitiu os demônios entrarem nos por-cos e destruílos, em vez de mandálos de volta ao abismo. Lógicoque era melhor os porcos perecerem do que os homens, mas essa

 perda de propriedade aumenta o mesmo problema como a perdadevido a furacões e terremotos, visto que estes também vêm de

Deus. Certos estudiosos também se perguntam como um homem poderia alojar tantos demônios. Considerando que os demônios sãoseres espirituais, sem dimensão de espaço, parece uma controvér-sia desnecessária o fato de um demônio poder morar em alguém.Jesus contou a história sobre um demônio que foi expulso de umhomem, mas voltou com sete demônios piores e tomou posse damesma pessoa (Mt 12.4345). Ezra Gould opina que “legião de de-mônios” seja uma hipérbole, algo parecido a: “Sintome como se euestivesse possuído por mil demônios”. Tratase de explicação fácildemais. Quanto a “se precipitou por um despenhadeiro” ver análiseem Mateus 8.32.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 E afogouse no mar  (kai kzwíyovxo kv  trj GaÀáaori), tempo im- perfeito que descreve vividamente o desaparecimento de um porcodepois do outro no mar. Lucas 8.33 tem (XTreTrvÍYri, “afogouse”, umaoristo segundo passivo constativo do indicativo, tratando o rebanhocomo um todo. Mateus 8.32 tem apenas “morreram” (áiTéGavov).

5.14. [Eles] o anunciaram na cidade e nos campos18(áTrnYYeiÀav19 elç  z\\v  itóàiv Kai eiç touç aYpoúç). Nos campos ena cidade, à medida que os homens entusiasmados corriam, elescontavam a história da matança dos porcos. “Saíram muitos a ver”(rjÀGov Lôelv). “Toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus” (Mt8.34). “Saíram a ver o que tinha acontecido” (Lc 8.35).

5.15. Eforam ter com Jesus20 (Kai epxoviai upòç  zbv  Tr|ooüv),o tempo presente vívido. Eles se dirigiram à causa de tudo: “Aoencontro de Jesus” (etç bzuxvzr\aiv  xâ ’Ir]ooü, Mt 8.34).

 E viram o endemoninhado, o que tivera a legião21(Kai Gecopouo iv  xòv ôai|iovi(ofj,evov), novamente o tempo presente vívido.

 E temeram22 (Kai écfíoptíGrioav). Marcos volta ao tempo ao-risto ingressivo (voz passiva). Todos tiveram medo do homem,mas agora lá estava ele, “assentado, vestido e em perfeito ju ízo”23(raGipevov24 ifiaTiafiévov Kai acocjjpovoOvTa). Note os particípios.Lucas 8.35 acrescenta que o homem estava sentado “aos pés deJesus”. De acordo com Lucas 8.27, por muito tempo ele não usararoupa. O mesmo Jesus curara o louco e matara os porcos.

5.17.  E começaram a rogarlhe que saísse do seu território25(Kai ripÇavTO uapaKaleiv aútòv aTTeA.6eiv áuò xwv óptcov aúxcôv).Certa vez, o povo de Nazaré expulsara Jesus da cidade (Lc 4.1631). Logo o farão de novo (Mt 13.358; Me 6.16). Em Decápolis,a influência pagã era forte. Os donos dos porcos se preocuparammais com a perda de propriedade do que com o homem que fôracurado. No confronto entre negócio e bemestar espiritual, os ne-

gócios vêm em primeiro lugar. Todos os três Evangelhos contamque eles pediram que Jesus partisse. Temeram o poder de Jesus enão quiseram outras interferências nos seus negócios.

5.18. E, entrando ele no barco, rogavalhe o que fôra endemoni-nhado26 (Kai è|iPaiyovroç27 aikoí) eiç to ttàoiov TTapeKaÀeL auTÒv).

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 Marcos 5

5.19. Vai para tua casa, para os teus2S  ("Yuave e Lç tòv oikovoou Tipòç toí)ç ooúç). “Para a tua gente” em vez de “para os teus

amigos”. Claro que não havia pessoas que precisassem mais damensagem de Cristo do que estas que estavam pedindo que Jesusfosse embora. Jesus abençoara grandemente esse homem. Porisso, deulhe a tarefa difícil de ir para casa como testemunhada nova vida. Por diversas vezes na Galiléia, Jesus proibira as

 pessoas que curou de contarem o que Ele fizera. Mas aqui era di-ferente. Não havia perigo de muito entusiasmo por Cristo nessas

 bandas.5.20.  E ele fo i29  (kccI áirf)A.9ev). Ele fez conforme Jesusorientou. Ele anunciou (Kipúaaeiv) ou publicou a história portoda a Decápolis, e as pessoas continuavam se maravilhando(é9aú[j,aÇov, tempo imperfeito) com o que Jesus fizera. O homemteve a maior oportunidade para Cristo exatamente na região dasua casa do que teria tido em outro lugar. Todos sabiam que este

exendemoninhado louco era um novo homem em Cristo Jesus.5.23.  M inhafilhinha  ([ARA] Tò Guyáupióv |aou), diminuti-vo de 9i>Ycar|p (Mt 9.18). “Este pequeno detalhe afetuoso no usodo diminutivo é peculiar a Marcos.”30

 Está moribunda31 (éoxáuQç e^ei). Era um momento trági-co para Jairo. Mateus 9.18 tem “minha filha faleceu agora mes-mo” (apxi èicóAuoev). Lucas 8.42 tem “estava à morte” (aíitr)

(XTré9vi]GKev, imperfeito). Uma elipse antes de iva  não é incomum, um tipo de uso imperativo de iva  com o subjuntivo.325.24.  E fo i com ele33 ( kc c I ánf|X9ev |iex’ autou), tempo aoris

to. Jesus foi com Jairo prontamente, mas uma grande multidãocontinuou seguindo (r|K0À0Ú9ei, tempo imperfeito).

Que o apertava34 (owé9A.i|3ov amóv),  tempo imperfeitonovamente. As únicas ocorrências dessa combinação no Novo

Testamento estão aqui e no versículo 31. Era comum no gregoantigo. Jesus quase não conseguia se mover por causa da aglo-meração de gente (auvéTTviyov, Lc 8.42).

5.26.  E que havia padecido muito com muitos médicos35 (KoànoXXà  TTaBouoa ímò 'noAAcov iaipwv), uma situação digna de pena

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 para uma mulher com um caso crônico que tentara cura em médicoapós médico.

 E despendido tudo quanto tinha (kocI òai\avr\acíaa  rà nap’ aí)TrjQ36 TTávta) em tratamentos médicos. Quanto à linguagem com rrapáver Lucas 10.7 e Filipenses 4.18.

 Nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior31 (i<at [_ir|õèv coc eÀr|9eioa àllà   laâÀAov eiç tò x^pov êA.0oüaa). O dinheiro acabarae a doença estava avançando. Contudo, ela tinha esperança com achegada de Jesus. Mateus não diz nada sobre a experiência dela com

os médicos. Lucas 8.43 diz que ela “gastara com os médicos todosos seus haveres, e por nenhum pudera ser curada”. O médico Lucasconsidera um caso crônico, pelo qual os médicos não podiam serculpados. Ela tinha uma doença que eles não sabiam curar. Vincentcita uma receita no Talmude para curar fluxo de sangue. Ficamosmais do que felizes por já não estarmos sob os cuidados de médicosdesse tempo.38

5.28. Se tãosomente tocar nas suas vestes39 (’Eàv ai|ico[!ai  Ka\v toòv i[_iai;íoov aíiToO40). Ela era tímida e não desejava chamar a aten-ção. Enfiandose pela multidão, ela tocou a bainha ou borda da rou-

 pa (KpaoTTéõou) de Jesus, segundo Mateus 9.20 e Lucas 8.44.5.29. Esentiu no seu corpo (Kai eyvco tgõ ocófiaxi). “Ela soube”,

significa o verbo. Ela disse para si mesma: “Estou curada” (urau).’Tarai, é um verbo que retém o perfeito passivo no discurso indireto.

Era um momento vívido de alegria. A praga (liáoTiyoç, “mal”) ouaçoite era um chicote usado em flagelações. Foi esse tipo de açoiteque os soldados romanos em Jerusalém quase infligiram em Paulo

 para descobrir a sua culpa (At 22.24; cf. Hb 11.26). E uma palavraantiga usada para referirse a aflições consideradas um açoite deDeus (ver análise em Me 3.10).

5.30.  Logo Jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo41

(<EÚ0i)ç ô Triooüç eTTiyvouç kv  éautcô42). Ela pensou, talvez, que otoque na roupa de Jesus a curaria sem que Ele percebesse. MasJesus ficou ciente de que poder curativo saíra dEle. O significadomais exato do linguajar grego é: “Jesus percebendo em si mesmoo poder de sair” (tt}v hí   aikoü ôúva|aiv è£eX0oOaav). O particí

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 Marcos 5

 pio aoristo aqui é um pontual simples e infinito, como em Lucas10.18: “Eu via Satanás caindo do céu” ([ARA] ’EGecópouv xòv

Eaxavâi/ Treaóvra; ou: “Eu estava vendo Satanás cair”). A palavraueoóvra não quer dizer “caiu” (ttétttcokóto),  como em Apocalipse9.1, nem “caindo” (TTÍlTxovxa), mas simplesmente o aoristo constativo “cair” .43Portanto, Jesus quer dizer: “Eu senti em mim o poderde mim ir”. Os estudiosos discutem se, neste caso, Jesus curou amulher por vontade consciente ou por resposta inconsciente quan-do ela lhe tocou a roupa. Só sabemos que Jesus ficou ciente de

que saíra poder. Lucas 8.46 usa eyvwv (conhecimento pessoal),mas Marcos tem «ÉTuyvoúç (conhecimento pessoal e adicional cla-ro). Podemos observar que ninguém faz o verdadeiro bem semque haja a emissão de poder. Tratase de uma verdade pertinente amães, pregadores, professores, médicos.

Quem tocou nas minhas vestes?44  (Tíç [iou ruj/axo xwv ifiaxÍGov)mais precisamente: “Quem me tocou nas minhas vestes?” O verbo

grego usa dois genitivos, de pessoa e de coisa. Era um momento deemoção. Depois se tomou uma prática comum as multidões tocarema bainha da roupa de Cristo para seres curadas (Me 6.56). Mas Jesusinsistiu acerca da ação da mulher. Não havia magia nas roupas deJesus. Havia, talvez, a superstição na mente da mulher, mas Jesuslhe honrou a fé, como foram honrados os que pensaram que seriamcurados pela sombra de Pedro ou pelos lenços e aventais de Paulo

(At 5.15; 19.12).5.31. Vês que a multidão te aperta45  (BA.éireiç tòv òylov ouvGÀípovxa, se, ver Me 5.24). Os discípulos estavam pasmos queJesus estivesse fazendo conta de determinado toque no meio damultidão. Eles não entenderam a extrema simpatia humana de Jesus

 pelos sofredores que curava.5.32. E ele olhava em redor46  («m TrepiepiéneTo), um imperfei-

to médio do indicativo. A resposta de Jesus ao protesto dos discípu-los foi esse olhar examinador (ver análise em Me 3.5,34). Jesus não precisava explicar que conhecia a diferença entre os toques.47

5.33. A mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo48 (r) ôè yuvr] cj)o(3r|9eiGa kcu tpé(iouoa, elõifia o yéyovev

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COiMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ai)if|49). Esses particípios descrevem vividamente os medos dessamulher que procurou se esconder na multidão. Ela ouviu a pergunta

de Jesus e sentiu o seu olhar. Teve de ir e confessar, pois algo “tinhaacontecido” (yéyovev, segundo perfeito ativo do indicativo) com ela.Quando soube que Jesus estava ciente do que ela fizera, “prostrouse diante dele”50 (irpoaéueoev ccütcò). A adoração era a única atitudeapropriada.

Toda a verdade  (nâoav  if]v àXiíGeiav). Não era mais possívelguardar segredo. Ela contou “a história lamentável da miséria crô-

nica”.515.34. Vai em paz  (uuaye elç elpr|vr|v). Ela encontrou simpa-tia, cura e perdão de pecados.  Paz pode ter mais a idéia do  shalom hebraico, saúde de corpo e de alma. Por isso Jesus acrescenta: “Sêcurada deste teu mal”52 (Xa9l úy^ç íxttò xf|ç |j.á<myóç oou). O signi-ficado é: “Continua em inteireza e bemestar”.

5.35. Estando ele ainda falando53(”E ti cojtou ÀcdoíjvTOç;), uma

construção em genitivo absoluto. Este é outro detalhe vívido emMarcos e Lucas 8.49. A frase consta em Gênesis 29.9. Em nenhumlugar Marcos preserva melhor as características naturais de uma tes-temunha ocular como Pedro do que nos episódios narrados no capí-tulo 5. Naquele momento, os mensageiros de Jairo chegaram tiran-do o foco das atenções na mulher. A filha do principal da sinagogamorreu (áuéBavev). Portanto, “para que enfadas mais o Mestre?” (xí

étl oKÚÀÀeiç TOv ôiôáoKcdov). Jesus ressuscitara o filho da viúvade Naim (Lc 7.1117), mas as pessoas não esperaram que Ele res-suscitasse dos mortos.O verbo gkúààco, derivado de okDA.ov (“pele”,“peliça”, “espólio”), significa “esfolar”, “espoliar”, nos escritos deEsquilo. O termo pode significar “vexar”, “aborrecer”, “angustiar”(ver Mt 9.36). A voz média é comum nos papiros para referirsea “preocupação”, “importunação”, como em Lucas 7.6. Não havia

mais razão para aborrecer o Mestre com essa menina.5.36.  E Jesus, tendo ouvido essas palavras54 (ó ôè ’IriooúçuapocKoúaaç55). A construção pode significar “não dando atenção”(ver Mt 18.17 e ocorrências na Septuaginta). O sentido é o de “ou-vir à parte”. Jesus ouviu o que não fôra falado diretamente a Ele.

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 Marcos 5

“Jesus ouviu o que foi dito e desconsidera o seu significado.”56 Élógico que ele ignorou a conclusão dos mensageiros. O particípio

 presente A.cdoú[aevov ajustase à idéia de ouvir por acaso. Marcos e

Lucas 8.50 afirmam que Jesus respondeu ao principal da sinagoga(tcô àpxiouvaycóyco): “Não temas, crê somente” (Mr] 4)opoü, \ióvovULOxeue).

5.37. A não ser Pedro, e Tiago, e João, irmão de Tiago  (el |if|tòv üeTpov K a l ’IctKwpov K a l ’Iwávvr|v57). A casa pode ter sidomuito pequena conter os outros discípulos junto com a família. Estaé a primeira vez que vemos este círculo intemo dos três discípulos

em situação separada dos demais. Eles terão importância no monteda transfiguração e no jardim do Getsêmani (por exemplo, Me 9.2;14.33). O uso grego de um único artigo para todos os três trata ogrupo como uma unidade.

5.38. Viu o alvoroço e os que choravam muito epranteavam58(«cà 0((jpe! BópuPov Kal KÀaíovTaç Kal àkaXáÇovmç  noAAá59). A

 palavra àXakáC oviaç foi considerada como palavra onomatopaica

desde Píndaro, poeta lírico grego, em diante. Ao entrarem na bata-lha, os soldados clamavam ’AXâXa. É termo usado para referirse asoar címbalos (1 Co 13.1) e como óA.oXú(w em Tiago 5.1. E usadoacerca da lamúria monótona dos pranteadores contratados.

5.39.  Por que vos alvoroçais e chorais?60 (Tl GopupeloGe KalKÀaíeie). Jesus despedira a multidão (Me 5.37), mas encontrou os

 pranteadores contratados fazendo tumulto (Gópupoç) na casa. Era

costume eles demonstrarem luto e dor fazendo barulho ostentoso.Mateus 9.23 fala dos tocadores de flauta (aiJÀritáç) e a algazarrada multidão agitada (GopuPoú[ievov, cf. Me 14.2; At 20.1; 21.34).Marcos, Mateus e Lucas citam Jesus dizendo as palavras: “A me-nina não está morta, mas dorme”. Certos comentaristas opinamque Jesus quis dizer que a menina não estava realmente morta. Emais provável que Ele quis dizer que ela não ficaria morta. Jesus

usa uma palavra bonita (KaGeúôei, “ela está dormindo”) para refe-rirse à morte.5.40. E riamse dele6]  (Kal KaieyéAxov aÚTOu). “Eles zombaram

dele” (Weymouth). Note o tempo imperfeito. Eles ficavam rindo. E

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

note também Km (uso perfeetivo; as mesmas palavras são encon-tradas em Mt 9.24 e Lc 8.53). Jesus, no que lhe diz respeito (aÚToçõé), encarregouse da situação.

Tomou consigo o pai e a mãe da menina e os que com ele esta-vam62 (iTapaÂ.afi(3ávei tov uctuépa toO Traiõíou kcu tt|v |ir|Tépa Kal

t o u ç \xez'   aÚToO). Tendo posto fôra ( e K P a À w v ) os demais por meio deuma afirmação inflexível de autoridade, como se Ele fosse o donoda casa, Jesus entra só com mais cinco pessoas na câmara da morte“onde a criança estava” (òttou rjv tò m u ô í o v ) . A presença de certas

 pessoas arruina a atmosfera para a obra espiritual.

5.41. Talitá cumi63 (TaÀiOa kou|í64). Jesus disse essas palavrasaramaicas para a menina. Pedro lembrouse delas e passouas paranós através de Marcos. Marcos adicionou uma tradução grega paraos leitores que não falavam aramaico (Tò Kopáoiov, col Aiyoo,eyeipe65): “Menina, a ti te digo: levantate!” Marcos usa o diminutivoKopáoiov, uma “pequena menina”, “menininha”, derivado de KÓpr],“menina”.66 Lucas 8.54 tem ~H muç, eyeipe: “Levantate, menina”

(“Criança, levantate!”, BJ). Todos os três Evangelhos mencionamo fato de que Jesus a tomou pela mão, um toque de vida (KparqaaçTfiç xeLpòç), dando confiança e ajuda.

5.42.  E logo a menina se levantou e andava67 (eü8 u<;6S á v é o T r|tò Kopáoiov Kal TrepieTraTei), um tempo aoristo (um ato simples)seguido pelo pretérito imperfeito (o andar continuou).

 Pois já tinha doze anos (rjv yàp eTCÔv õoóôeKa). Marcos mencio-

na a idade provavelmente para explicar que ela era suficientementecrescida para andar.

 E assombraramse com grande espanto69 (Kal è£éoTr|aav eúGuç70èKOTáoei |_ieyáA.ri). Ver análise em Mateus 12.23 e Marcos 2.12 no quediz respeito a essa construção verbal. Aqui a palavra está repetida nosubstantivo no caso instrumental associativo (èKOTáoei |ieyáA,ri), comgrande êxtase, especialmente por parte dos pais (Lc 8.56).

5.43. E mandoulhes expressamente que ninguém o soubesse71( K a l Ô L e o T e Í À a T O a i k o l ç TroÀÀà 'iva jiriôelç yv o X to ut o) , o últimoverbo é um aoristo segundo ativo do subjuntivo. Mas eles se man-teriam calados quanto ao fato? Também havia a menina. Marcos e

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 Marcos 5

Lucas observam que Jesus ordenou que a menina fosse alimentada:“Que lhe dessem de comer” (koò,  eíirev õo0f|voa aíruf) ^ayeiv), umcuidado natural do Grande Médico. Dois infinitivos aqui (primeiro

aoristo passivo e segundo aoristo ativo). “Ela podia andar e comer;não só estava viva, mas estava bem.”72

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“Para a região dos gerasenos” (NVI).

2 TR e TM têm a grafia raõccpr|vwv.

3“Logo que Jesus desceu do barco” (BJ).4 TR e TM têm a frase em dativo absoluto, éÇeGóvTi. ai)tc3 êk   toO ttàolou.

5TR e TM têm o advérbio grafado assim eúGéuç.

6 “Um homem possuído por um espírito impuro” (BJ).

7TReTMtêmKcà oure àA.úoeou' oúõelç r|ôúvaTO aúiòv õf|aoa.

8“Mas ele arrebentava os grilhões” (BJ).

9“Estraçalhava” (BJ).

10TR e TM têm o pronome e verbo em ordem inversa: ocúràv ía%uey. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo loxue.

11“Gritando e cortando-se com pedras” (NVI).

12“Correu, caiu de joelhos diante dele” (NTLH).

13 Henry Barclay Swete, Commentaiy on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 94.

14“Rogo-te por Deus” (BJ).

15“Não me castigue!” (NTLH).

16“Pois Jesus lhe tinha dito” (NVI).17“Ele deixou” (NTLH); “ele lhes deu permissão” (NVI).

18“Contaram esses fatos na cidade e nos campos” (NVI).

19TR e TM têm o verbo àvr\yyí\,X«.v.

20 “Quando chegaram perto de Jesus” (NTLH).

21 “Viram ali o homem que fôra possesso da legião de demônios” (NVI).

22 “E ficaram com medo” (BJ; NVI).

23 As versões AEC, B J, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.24 TR e TM incluem um Kaí depois de Ka0r||ievov.

25 “Então começaram a pedir com insistência a Jesus que saísse da terra deles” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

26 “Quando ele estava entrando no barco, o homem curado pediu com insistência” (NTLH).

27 TR e TM têm o particípio do aoristo segundo è|i(3ca’Toç para o parficípio presente è|4SaívovTOç.

28 “Vá para casa, para a sua família” (NVI).

29 “Então, aquele homem se foi” (NVI).

30 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament , vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 188.

31 “Está morrendo” (BJ; NTLH; NVI); “está à morte” (AEC; ARA).

32 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 943.

33“Ele o acompanhou” (BJ); “e Jesus foi com ele” (NTLH).34 “Apertando-o de todos os lados” (BJ).

35 “E que muito sofrera nas mãos de vários médicos” (BJ).

36TR tem o pronome reflexivo eau-cfjç em vez do pronome pessoal aÚTrjç.

37 “Mas, em vez de melhorar, ela havia piorado cada vez mais” (NTLH).

38 Vincent, Word Studies, p.  189.

39 “Se eu apenas lhe tocar as vestes” (ARA).

40 TR e TM têm k Sv  twv  iiacmwv aircoü cú|jw|ica.41 “No mesmo instante, Jesus percebeu que dele” (NVI).

42 TR e TM têm o advérbio grafado assim eiiGéioç.

43 Robertson, Grammar, p. 684.

44 “Quem me tocou nas vestes?” (ARA).

45 “Vês a multidão aglomerada ao teu redor” (NVI).

46 “Mas Jesus continuou olhando ao seu redor” (NVI).

47 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament, vol. 1, TheSynoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 375.

48 “A mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela seoperara”(ARA).

49 TR e TM têm a preposição com o pronome, èu' aíitíj.

50 “Caiu-lhe aos pés” (BJ); “atirou-se aos pés dele” (NTLH).

51Bruce, Expositor’  s, p. 376.

52“Fica livre do teu mal” (ARA).

53“Ainda falava” (BJ); “enquanto Jesus ainda estava falando” (NVI).54 “Não fazendo caso do que eles disseram” (NVI).

55TR e TM têm 0 ôè Tipouç eíiSéuç àKoúaaç.

Bruce, Expositor's, p. 376.

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 Marcos 5

57 WH tem a grafia com um só v: T.wávr]v.

58 “Encontrou ali uma confusão geral, com todos chorando alto e gritando” (NTLH).

=9TR e TM não incluem a conjunção Kcá entre 0ópu(3ov e Klaíoviaç.60 “Por que tanto choro e tanta confusão?” (NTLH).

61“Então eles começaram a caçoar dele” (NTLH).

62 “Tomou consigo o pai e a mãe da criança e os discípulos que estavam com ele” (NVI).

63"Talítha kum"  (BJ).

64 TR e TM têm TaA.i0á, koü|íl; WH tem TcdeiGá koÚ|í .

65TR e TM têm o verbo grafado assim: ’éygipoa.66 “Menina, eu te mando, levanta-te!” (ARA).

67“No mesmo instante, a menina [...] se levantou e começou a andar” (NTLH).

68TR e TM têm o advérbio grafado assim eij0écoç.

69 “Então, ficaram todos sobremaneira admirados” (ARA).

70 TR e TM não incluem eúOúç.

71 “Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguém” (NVI).

72Bruce, Expositor s, p. 377.

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Capítulo

 Marcos6.1. [Jesus] chegou à sua terra1(elç triy uaTpíõa autoO), o

mesmo em Mateus 13.54. Não há verdadeira razão para identificaresta visita a Nazaré com a registrada em Lucas 4.1631, que ocorreuno começo do ministério galileu. Jesus foi rejeitado ambas as vezes;não é incongruente que Ele desse a Nazaré uma segunda chance.Era natural que Jesus visitasse a sua mãe, irmãos e irmãs. Nesteepisódio, nem Marcos nem Mateus mencionam Nazaré por nome,mas está claro que por naxpíòa quer dizer a região de Nazaré. Elenão morara em Belém desde o seu nascimento

6.2. Começou a ensinar na sinagoga  (ríp^oao õiôáoKeiv èv rrjouyaycoyfi2), como era agora o seu costume, na sinagoga em dia desábado. O principal da sinagoga (ópxiouvaY^Y^ Me 5.22) pediriaque alguém falasse em qualquer momento que desejasse. A reputa-ção de Jesus por toda a Galiléia lhe abriu a porta. Jesus pode ter idoa Nazaré para descansar, mas não pôde resistir a essa oportunidade

 para servir. De onde lhe vêm essas coisas?  (IIóGev toÚtcü tcíDtcí). Lacônico

e curto: “De onde estas coisas para este companheiro?”, com umtom de ironia e reprimenda nas palavras, como mostra a seqüência.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Continuaram impressionados (hííTâfoaovzo, tempo imperfeito pas-sivo). Desafiam a sabedoria óbvia (Soc^ía) com a qual Ele falava e

as obras poderosas (ou “poderes”, õwdqiÉic;) como essas (xoLaüxai)que acontecem (“repetidamente feitas”, yivó|iev(u, particípio mé-dio/passivo presente) “por suas mãos” (ôià xwv xeipuv). Percebiamque havia algum artifício ou truque. Não negam a sabedoria das

 palavras nem a maravilha das obras, mas os cidadãos conheciamJesus, e nunca tinham suspeitado de que Ele possuísse tais talentose graças.

6.3.  Não é este o carpinteiro  [...]? (oúx ouxóç éoxiv ô xéKxwv).Mateus 13.55 diz que Jesus era “o filho do carpinteiro” (ó xoüxéKxovoç ulóç). Ele era ambos. Lógico que desde a morte de JoséEle tinha continuado na profissão e sido “o carpinteiro” de Nazaré.A palavra xékxgov vem de xeicelv, xÍkxgü, “procriar”, “criar”, comoxexvri (“arte”, “perícia”, “profissão”). É uma palavra muito antiga,de Homero em diante. Aplicavase originalmente ao trabalhador em

madeira ou construtor com madeira, como o carpinteiro. Era usado para referirse a qualquer artesão ou especialista em metal ou em pe-dra, como também em madeira e até de escultura. Justino Mártir falade arados e jugos feitos por Jesus. Na Palestina, onde a madeira eraum artigo raro, carpinteiro também queria dizer pedreiro. Jesus podeter ajudado a construir algumas das sinagogas de pedra na Galiléia,como a de Cafamaum. Mas em Nazaré, as pessoas conheciam a Ele,a sua família (nenhuma menção de José) e a sua profissão. Então,não fizeram caso de tudo que agora viam com os próprios olhos eouviam com os próprios ouvidos. Esta palavra carpinteiro  “lança oúnico lampejo no caráter contínuo dos primeiros trinta anos de in-fância até à vida adulta da vida de Cristo”.3Tratase de um exagero,

 porque temos Lucas 2.4150 e “segundo o seu costume” (Lc 4.16),ir não longe disso. Mas agradecemos o uso realístico que Marcosfaz de xéKxcov aqui.

 E escandalizavamse nele (éoKavôodíÇovxo kv  auxcò). Como emMateus 13.57: “E escandalizavamse nele”, apanhado pelo OKÚvòaXov, 

 porque até recentemente fôra um deles e eles não conseguiram elu-cidálo. “Os nazarenos acharam a pedra de tropeço na pessoa ou cir-

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 Marcos 6 

cunstâncias de Jesus. Ele se tomou ué/cpa oKocvõáÀoi) (1 Pe 2.7,8; Rm9.33) para os que descreram.”4 Mateus 13.57 também preserva estaréplica de Jesus usando o provérbio que diz que um profeta não tem

honra no seu próprio país. João 4.44 registra que Jesus dissera a mes-ma coisa em outro retomo a Galiléia. Não deixemos de observar queo uso da declaração significa que Jesus se identificou como profetaou vidente (iTpo(|)r|Tr|c;, um anunciador para Deus). Ele já declarara serMessias (Jo 4.26 é igual a Lc 4.21), o Filho do Homem com o poderde Deus (Me 2.10 é igual a Mt 9.6, que é igual a Lc 5.24), o Filho deDeus (Jo 5.22). Os céticos tropeçam na identidade de Jesus hoje como

os habitantes de Nazaré de então.6.4.  Na sua casa5(kv  xrj oIkux airroü; ver também análise em

Mt 13.57). Literalmente, os seus próprios irmãos descriam das suasreivindicações messiânicas (Jo 7.5).

6.6. E estava admirado da incredulidade deles6 (kou è9aú|j,a(evòm   tt]v derrtcrcíav aúxwv), tempo aoristo, embora WH ponha o pre-térito imperfeito na margem. Jesus tinha conhecimento divino e dis-

cernimento exato sobre o coração humano, mas tinha limitações hu-manas em certas coisas que não nos são claras. Ficou maravilhadocom a fé do centurião romano onde não se esperaria fé (Mt 8.10 éigual a Lc 7.9). Aqui, Ele se maravilha com a falta de fé onde tinhao direito de esperar que houvesse fé, não somente entre os judeus,mas na sua cidade natal, entre os parentes e até na sua casa. Não pre-cisamos considerar que Maria, a mãe de Jesus, fizesse parte dessa

incredulidade. Confusa como ela estava pela conduta de Jesus (Me3.21,31), não há prova de que ela tenha duvidado da sua divindademessiânica.

 Epercorreu as aldeias vizinhas, ensinando1(Kal Trep Lfiyev ràçKcópaç kÚkàcü ÔLÕáoKoav). Um parágrafo completamente novo co-meça com essas palavras, quando Jesus inicia a terceira excursão

 pela Galiléia. Estas palavras deveriam ser colocadas no versículo 7.

“Jesus retoma o papel de pregador itinerante na Galiléia”,8tempoimperfeito, Trepif|Yev.

6.7. E começou a enviálos de dois a dois9(Kal rip^ato aúxouçáiToaTéÀAeiv õúo ôúo). Essa repetição do numeral em vez do uso de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

àvu õúo ou kcztk ôúo chamase normalmente hebraísmo. O hebraicotem essa linguagem, mas consta nos escritos de Ésquilo e Sófocles,no Koiyr) vernáculo (Papiros de Oxyrhynchus 121), no grego bizanti-no e no grego moderno.10Marcos preserva o koiviÍ vernáculo dentrodo seu estilo vívido mais claramente do que os outros Evangelhos.Os seis pares de apóstolos poderiam cobrir a Galiléia em seis dire-ções diferentes. Marcos nota que Ele “começou a enviálos” (fjpÇcxTOaÚTOuç caiocruéAAeiv), tempo aoristo e infinitivo presente. Pode serreferência apenas a essa ocasião em particular segundo o modo pito-resco de Marcos. O imperfeito éôíôou significa que, por meio dessaexcursão, Ele continuou dando a todos um poder (autoridade) con-tínuo sobre os espíritos imundos — escolhido por Marcos como re-

 presentantes de “toda enfermidade e todo mal” (Mt 10.1), “curaremenfermidades” (vóoouç Bepaueúeiv, Lucas 9.1; cf. “curar”, iâo0ca,Lucas 9.2). Eles tinham de orar e curar (Mt 10.7; Lc 9.1,2). Nesta

 primeira excursão, Marcos não menciona o quesito pregação na co-missão aos doze, mas declara que eles pregavam (Me 6.12). Erammissionários, que foram enviados (àitoozkXXeiv)  em concordânciacom o ofício (daTÓaraXoi.).

6.8. Senão um bordãon  (el |af| pápôov \ióvov).  Todo viajantee peregrino levava o seu bordão pessoal. A. B. Bruce pensa queMarcos preservou o significado de Jesus com mais precisão do queMateus 10.10 e Lucas 9.3, em cujos textos a instrução era não le-var um bordão.12 Os comentaristas matutam sobre essa diferença.Grotius propõe que em Mateus e Lucas era para não levar um segun-do bordão.13Henry Swete considera que Mateus e Lucas reportam“um exagero inicial da severidade do mandamento”.14 “Não levarsequer um bordão é o estado da excelência da simplicidade austera eda abnegação. Aqueles que obedecerem ao espírito desses preceitosnão trabalharão em vão.”

6.9.  Mas que calçassem sandálias15 (àXXix  í)iroõeôe|iévouc;aavòáXia16). Particípio perfeito passivo no caso acusativo como seestivesse com o infinitivo Tropeúea0oa ou 7TOpeu0f|vai (“ir”). Note oinfinitivo aoristo médio, êvôúoaaGai (WH), mas èvôúor|o0e (aoristomédio do subjuntivo) na margem. A mudança do discurso indireto

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 Marcos 6 

 para o direto é bastante comum, e não necessariamente em virtudedas “notas desconexas das quais o evangelista dependeu”.17Mateus

10.10 tem “nem sandálias” (jj,r)õè írnoõiíiaara., mantendo a distinçãoentre “calçados” e “sandálias” (usadas por mulheres na Grécia e porhomens no Oriente, sobretudo pelos viajantes). A proibição era paranão levar calçados extras (ver análise em Mt 10.10).

Que não vestissem duas túnicas18(|ít] èyôúor|o0e õúo xitcovaç) pode indicar a orientação das instruções de Jesus relativas a calça-dos e bordão. “Em geral, essas orientações são contra o exagero no

 preparo, e também contra a proporcionar para si o que poderia serobtido pela hospitalidade das pessoas.”196.10. Ficai nela até partirdes dali  (exel [léyete ecoç cí|v êÇéA.0r)Te

êKeI0ev), o mesmo também em Mateus 10.11 e Lucas 9.4. Só Mateustem “cidade ou aldeia” (Mt 10.11), mas ele menciona “casa” (Mt10.12). O objetivo era evitar agir com inquietação e insatisfação eesforçarse para escolher uma casa. Não se trata de uma proibição

contra aceitar convites.6.11. Em testemunho contra eles20  (eiç iiapiúpiov airrolç), nãoconsta em Mateus. Lucas 9.5 tem uma variação da expressão gregacom a mesma tradução (elç iiapTÚpiov èif cajTJOúç). Em Marcos, odativo aikolç é o dativo de desvantagem e, na verdade, transmitea mesma idéia que tut em Lucas. A ação dramática de sacudir “o

 pó que estiver debaixo dos vossos pés” (eKTivá^aie  xòv  xow tòv

ÚTroKcaoo xájy ttoôwv í)[ioôv, imperativo aoristo efetivo, Marcos eMateus). Lucas 9.5 usa o imperativo presente àvoziváoaexe, que foitraduzido por “sacudi”.

6.12. Saindo eles, pregavam ao povo que se arrependes- se  (ê eÀGóvTeç èKiípu^Kv  Iva  fieTavocòoiv21), aoristo constativo(èKipuijav), descrição de resumo. Esta era a mensagem de JoãoBatista (Mt 3.2) e de Jesus (Me 1.15).

6.13.  E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfer-mos com óleo12 (kcu õaLiaóma TTOÀÀà è épcdÀov, kou r|A.elc|dov eÀcátouoAAouç áppúoTouç kcu  èGepcbeuov), tempos imperfeitos, repetiçãocontinuada, só ocorre em Marcos. Este é o único exemplo no NovoTestamento de r]Àe Ccbco èA.ccíco usado com relação à cura, além de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Tiago 5.14. Em ambos os casos é possível que o uso de óleo deoliva como medicamento seja a base da prática. Ver Lucas 10.34 arespeito da prática de colocar óleo e vinho nas feridas. Os papirosdão muitos exemplos do valor medicinal do óleo de oliva, uso in-terno ou tópico. Era frequentemente empregado depois do banho.Permanece a questão se àÀeíc^G) em Marcos e Tiago 5.14 é usado es-tritamente no sentido cerimonial ou se a aplicação combina virtudesmedicinais e simbólicas relacionadas à cura divina. “Indícios de usoritual da unção de doentes tem a primeira aparição entre as práticasgnósticas do século II.”23 Temos hoje, como no século I, Deus eos medicamentos. Através da natureza, Deus faz a cura verdadeiraquando tomamos medicamentos e consultamos médicos.

6.14.  E ouviu isso o rei Herodes24 (Kal r|K 0i)aev ó PaGLÀeijç'Hpoóôriç25). Esta excursão pela Galiléia que os discípulos fizeramem duplas despertou toda a região, pois o nome de Jesus ficou co-nhecido (<E>avepóv), chegando até aos ouvidos de Herodes. “O palá-cio é o último a ouvir as notícias espirituais.”26

 E por isso estas maravilhas operam nele21  (Kal ôià toüto èvepyoüaiv ai õuvá|j,eiç èv airucô). Herodes pode ter raciocinado que,embora João Batista não tivesse feito nenhum milagre (Jo 10.41),um João ressurgiu dos mortos. “A superstição e a consciência cul-

 pada de Herodes suscitaram esse fantasma para atormentálo.”28A palavra energia é derivada de èvepyoíjGiv, e significa “no trabalho”,“trabalhando”, “de serviço”, “em ação”. Todos concordavam quemaravilhas estavam em ação em Jesus, mas as opiniões diferiramamplamente quanto ao ponto de Ele ser apenas outro profeta ouJoão Batista ressuscitado. Herodes estava perplexo (ÕLTrnópe l, verMt 6.20; Lc 9.7).

6.16.  Este é João, que mandei degolar; ressuscitou dos mor-tos29  ("Ov èyco (XTTeKe(t)áA,iaa ’I«ávvr|v, ouioç riyép9r|30). Os seusmedos levaram a melhor sobre ele. O verbo recente àrcoKe4)aX[(üJsignifica “cortar a cabeça”. Herodes ordenara a execução e reconhe-cera a culpa.

6.17.  Porquanto o mesmo Herodes mandara prender a João31(Aíiiòç yàp ó 'Hpcóõrjç carocneÍÀaç eKpátr]aev uòv ’Iwáwr|V32).

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 Marcos 6 

 Neste ponto, Marcos insere a história do assassinato de João Batista para apresentar a razão dos medos de Herodes. Marcos pode estar

rente à ordem cronológica. A notícia da morte de João em Maqueros pode ter dado fim à excursão pela Galiléia. “Ao que parece, a novi-dade do assassinato de João Batista encerrou o recente circuito.”33Os discípulos de João “foram anunciálo a Jesus. E Jesus, ouvindoisso, retirouse dali num barco” (Mt 14.12,13; ver análise em Mt14.312).

6.18. Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão (Oík eçeoxíy

ool  exeiv tt]v  yuvouKft xou àõeÀtjjoí) oou). Depois da morte de umirmão, havia o dever de casarse com a viúva. Mas neste caso, issonão se justificava porquanto o irmão ainda estava vivo (Lv 18.16;20 .21).

6.19.  E Herodias o espiava54 (f] ôè 'Hptpôiàç aúrcô),um dativo de desvantagem. Literalmente, ela “o tinha em para ele”.

 Não está expresso o objeto de embora ópyr|V ou xoA.óv possa

estar implícito. O tempo imperfeito descreve habilmente os senti-mentos de Herodias para com este profeta arrogante do deserto queousou denunciar as suas relações particulares com Herodes Antipas.Gould propõe que ela “o vigiava”, ou mantinhase hostil para comele.35 Ela nunca dera trégua, mas esperava que a sua oportunidadechegasse. Ver o mesmo linguajar em Gênesis 49.23.

Queria matálo36(fíBeÀev aikòv áTTOKmvcu), o imperfeito outra

vez. Mas não podia37(«m oúk fiôúvato). A palavra kíxl aqui tem um

sentido adversativo: ela tinha a vontade, mas não o poder de matarJoão Batista.38

6.20.  Porque Herodes temia a .Joâoyi (ó yctp 'Hpcóôriç ècjjopeicotÒv ’Iwávvriv40), tempo imperfeito, estado ininterrupto de medo. Eletambém tinha medo de Herodias. Entre os dois, Herodes vacilava.

Ele sabia que João era “justo e santo” (õÍKCuoy «m ctyLoy), por isso“guardavao em segurança”41 (kcu ouvexripei ccikóv), imperfeito.Marcos também disse que Herodes gostava de ouvir João Batista,

 presumivelmente na prisão em Maqueros. Essas conversas davamforça “à sua mente esgotada como com uma brisa de ar fresco” .42

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Então, ele via Herodias e ficava novamente emaranhado (f|uópei,“perder o caminho”, a, elemento de negação, e TTÓpoç, “caminho”).

6.21.  E, chegando uma ocasião favorável 43 (Kal yevo^évr|c;

rpepaç eikaípou), um genitivo absoluto. O dia estava “bem desig-nado” (ei), “bem”, Kaipóç, “tempo”) para a finalidade que Herodiastinha em mente. Ela fizera planos para fazer com que o seu maridoHerodes Antipas lhe fizesse a vontade com relação a João Batista.A palavra yeveoíoiç é o caso locativo ou associativo instrumentalde tempo. Ver em Mateus 14.6 para inteirarse da discussão sobre oaniversário de Herodes.

 Dava uma ceia aos grandes,44e tribunos, epríncipes da Galileia (õeiTTVOV èTroír|oev45 tolç  |ieyiotâoiv autoí) kcu  tolç  x^iápxoLç Kal

tolç  upüJTOLç tf|ç FaliAaiac;). A palavra ^eyicn;âaiv formase de[i.eyiocáv, que por sua vez é derivada de |j.éyaç, “grande”. O termo

 para nobreza sociável é comum na LXX e no grego mais tardio (cf.Ap 6.15; 18.23), sendo também encontrado nos papiros. HerodesAntipas convidou os tribunos militares e os chefes de mil homens(XiAiápxoç), como também os grandes, os magnatas, os nobres, oshomens de destaque da vida civil (tolç  hpgótolç  rrjç raXilaíaç). Oajuntamento notável incluía os primeiros homens de importância e

 proeminência social no aniversário de Herodes.6.22.  A filha da mesma Herodias  (icoà...Tfjç Guycapòç autoí)

'Hpcúôiáôoç46), um genitivo absoluto. Em vez de aúxf|ç, “ela mesma”,alguns manuscritos têm a leitura autoí), “sua”, referindose a HerodesAntipas (conforme WH). Nesse caso, a filha de Herodias também teriao nome Herodias como também Salomé , o nome que comumente lheé dado. Perto do fim do banquete, quando todos tinham participado dovinho livremente, Herodias fez a sua filha entrar e dançar (eioeÀ9oúor|ç[...] Kal òpxr|aa|j,évr|c;) “diante de todos” (Mt 14.6, ARA). “Tal dançaera algo quase sem precedentes para mulheres de dignidade ou respei-tabilidade. Tratavase de dança mimética e licenciosa, executada por

 profissionais.”47 Herodias degradou a própria filha para cumprir o seu propósito contra João Batista.

[Ela] agradou a Herodes e aos que estavam com ele à mesa (rpeoev icô 'Hpcóõfl Kal toLç ouvavaKei|iévoi,ç 48). O grupo senti-

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 Marcos 6 

mental por motivo da embriaguez que se espreguiçava nos divãsficou excitado pela dança licenciosa da princesa seminua.

6.23.  E juroulhe49 (kccI oiaooev anurj iroAlá 50). A moça tinhaidade para casar, embora fosse chamada «opáoiov (cf. Et 2.9). Maistarde, Salomé casouse com o tetrarca Filipe. O juramento fanfarrãode dar até a metade do reino lembra Ester 5.3, onde Assuero fez um

 juramento semelhante.Tudo o que me pedires te darei5]  (''O ti káv  |_ie aLrr|oriç ôoóoco

oot). O tetrarca bêbedo foi apanhado na rede de Flerodias pela pro-messa pública que fez.

6.24. Que pedirei? (Tí aiTiíocofica 52). A menina não fôra infor-mada de antemão sobre o que pedir. Mateus condensa a narrativa, eMateus 14.8 não é tão claro. A voz média da pergunta da moça dáa entender que ela está pensando em algo para si. Sem dúvida, elaestava desprevenida para a resposta horrível que a mãe lhe deu.

6.25.  Entrando apressadamente, pediu ao rei53 (elaelGoüaaeü9i)ç |i6T<x cmouôfjç irpòç xòv PaoiAia fixriaato54). Ela foi enviadade volta às pressas, antes que a disposição irrefletida do rei mudas-se e enquanto ele ainda estava sob o feitiço da princesa dançante.Herodias sabia muito bem o que queria (ver análise em Mt 14.8).

6.26. [Ele] não lha quis negar ’5( o u k   r]QéÀ.r)aev áGeifioca aírnV56).Antipas foi apanhado entre a sua consciência e o seu ambiente. Oambiente abafou a consciência.

6.27.  E, enviando logo o rei o executor  ( kccI eúGuç dcTToaxeílaçó PaoiAenç aTrexouÃáxopa57), relacionado ao latim expeculator. Era oespião, o explorador, o assassino e freqüentemente o executor. A pa-lavra era usada para referirse ao guardacostas do imperador roma-no e aqui está em vista um oficial semelhante que servia Herodes.Esse homem de confiança era usado para incumbências assassinas.Ele entregou a cabeça de João Batista imediatamente à donzela, aoque parece na presença de todos os convidados. Ela o levou à mãe.Desse dia em diante, o tetrarca perseguido pela culpa, escravo deHerodias, tomarase escravo dos seus medos. Ele estava assombra-do pelo fantasma de João Batista e estremecia com os relatos do queJesus estava fazendo.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

6.29. Foram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro58(rjA.9ov Ka! rjpav tò irc(3|J,a aÒTOÜ Kal e0r]Kav amb  4v |i.vrpeíco 59).

Foi um tempo de luto para os discípulos de João Batista. “E foram

anunciálo a Jesus” (Mt 14.12). O que mais poderiam fazer?6.30.  E os apóstolos ajuntaramse a Jesus60 (Kcà auváyovTai

ol ánóotoXoi TTpòç xòv ’Iriaow), um presente histórico vívido. E contaramlhe tudo, tanto o que tinham fe ito como o que ti-

nham ensinado  («m ÓTTr]Yyeilav aúxcô nauta61 oaa èiroír|Gav Kaloaa lõíôalav).  O grego usa o aoristo indicativo, aoristo constativoque resumiu a história da primeira excursão que os apóstolos fize-

ram sem o Mestre. Jesus ouviu tudo (Lc 9.10). Ele estava extrema-mente interessado no resultado.

6.31. Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco62 (AeCrce ufieiç aúxol Ktrc’ lõíav elç êprpov tottov KalávanaijaaoGe63óA.íyov). Os discípulos estavam entusiasmados e pre-cisavam de descanso (ávaTraúaaoBe, voz média, literalmente, “des-cansar”). Até Jesus sentia a necessidade de mudança ocasional e

descanso. E não tinham tempo para comer   (Kal oúõè (Jmy^Xv eiKaípouv64),

tempo imperfeito. As multidões estavam vindo e indo, por isso amudança era necessária.

6.32.  Foram sós num barco para um lugar deserto65(Kal àufjA.0OV èv tcô ttIoicl) elç êprpov tóuov Kax’ lôíav66). Eles concorda-ram com vivacidade, e foramse.

6.33. E a multidão viuos partir''1(Kal elôov aúxouç ímáYOVxat;).A multidão que estava seguindo a Jesus não se deixaria afastar. As

 pessoas reconheceram (eTTey^woav) Jesus e os discípulos, e correrama pé (ueÇfi) ao redor da nascente do lago. Elas estavam esperando

 por Jesus quando o barco chegou.6.34. Porque eram como ovelhas que não têm pastor  (oxi ipav

(í)ç Trpoßaxa |_it} exovta uoi|iéva). Mateus tem essas palavras em

outro contexto (Mt 9.36). Só Marcos as tem aqui. A palavra \xr\ é   onegativo habitual para o particípio no grego KOivr|. Essa multidão68entusiasmada precisava de pregação e de cura (Mt 14.14 mencionacura, como faz Lc 9.11), mas em uma turma de corredores vigorosos

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 Marcos 6 

não haveria muitos doentes. O povo tinha muitos líderes oficiais,mas esses rabinos eram líderes espirituais cegos que guiavam cegos.

Jesus tinha vindo para descansar, mas o seu coração foi tocado pelo patos dessa situação. E começou a ensinarlhes muitas coisas69(kcÚ f|p£axo ôiõáoKeiv

amobç  iroAAá). Dois acusativos com o verbo ensinar e o presente doinfinitivo significam que Ele se manteve nessa atividade.

6.35.  E, como o dia fosse já muito adiantado70 (Kod tíôt)wpaç ttoâAííç yevofiévric;). Note o genitivo absoluto. A palavra

dopaç é usada aqui para referirse às horas do dia (o mesmo ocor-re em Mt 14.15) como consta nos escritos de Políbio e no gregorecente (literalmente, “muito dia já ido”). Lucas 9.12 tem “já odia começava a declinar” (  k  XÍ v    iv  ).  Eram mais de três horas datarde. Note a segunda tarde ou pôrdosol em Marcos 6.47, queé igual a Mateus 14.23, que é igual a João 6.16. O pôrdosol es-tava se aproximando. O linguajar é repetido ao final do versículo

(ver análise em Mt 14.15).6.36.  Despedeos, para que vão aos campos e aldeias circun-vizinhas  (ccTróXuaov aúxoúç, 'iva àiTeA,9óvxeç elç xoúç kukAxú àypoúçKai KW iaç). Os campos (àypouç) eram as fazendas esparsas (latim,villae). Entre as aldeias (Koí|iaç) pode estar Betsaida Júlia, que ficava

 perto (Lc 9.10). A outra Betsaida estava no lado ocidental do lago(Me 6.45).

 Pão para si (xí (tjáytooiv). Literalmente, “o que comer”, “o queeles tinham para comer”. Subjuntivo deliberativo retido na perguntaindireta.

6.38.  Ide ver 71 (ímáyexe iôexe72). João diz que Jesus pediu queFilipe descobrisse que comida havia com a multidão (Jo 6.5), prova-velmente depois que os discípulos sugeriram que Jesus mandasse as

 pessoas embora, visto que a noite estava chegando (Me 6.35). Nesta

objeção à ordem para que eles alimentassem as multidões (Me 6.37é igual a Mt 14.16, que é igual a Lc 9.13), Jesus disse: “Ide ver o quevós podeis conseguir”. André informa que um rapaz tem cinco pãesde cevada e dois peixinhos ( Jo 6.8). Pouco antes, eles sugeriram queduzentos dinheiros ou denários (ôrivapícov õiaKOoícov, ver análise

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

em Mt 18.28) eram insuficientes. Só o Evangelho de João fala dorapaz com o seu almoço.

6.39.  Em grupos  (au(j,iTÓaia au|_iiTÓaia). Aqui a distribuição éexpressa pela repetição, como no versículo 7 ,ôúo ôúo), em vez deusar àvá  ou kccxoc. A palavra  simpósio  é derivada do termo grego.Significava originalmente uma festa com bebidas (cf. latim convi vium), mas o termo veio a significar uma festa com convidados dequalquer tipo sem a noção de bebida.73

Sobre a eiva verde (èrrl xcô xXojpcô xópxco). Este é outro detalhecaracteristicamente de Marcos. Era o tempo da Páscoa (Jo 6.4) e osol da tarde brilhava sobre os grupos ordenadamente sentados narelva verde da primavera (ver análise em Mt 14.15). A relva não éverde na Palestina em grande parte do ano, principalmente na épocada Páscoa. Assim, os Evangelhos Sinóticos dão a entender que hou-ve mais do que um ministério de um ano de Jesus.74 Havia ainda umano para a última Páscoa quando Jesus seria crucificado. As pessoasestavam meio reclinadas (dcvaiclivai) e talvez estivessem sentadascomo companhias em roda de mesas, abertas em uma ponta.

6.40. E assentaramse repartidos  (avéueoocv npaoioà rrpaoiaí).O verbo àvéiTeaav significa “caíram aqui”. Mas eles foram organi-zados por grupos de cem e por grupos de cinqüenta. A visão teriasido semelhante a canteiros coloridos pelas diversas roupas colori-das que até os homens usavam no Oriente. Novamente Marcos usauma construção repetitiva, npccoiai npaouú, no nominativo absolu-to como no versículo 39. A alternativa teria sido usar kvá  ou Karacom o acusativo para dar a idéia de distribuição. Pedro deve ter re-cordado a cor como também a ordem no agrupamento. Os alimentosforam distribuídos ao longo dos corredores ordenadamente feitosentre as filas e filas de comensais na relva verde.

6.41. E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os 

olhos ao céu, e abençoou, e partiu os pães, e deuos aos seus discí- pulos para que os pusessem diante deles. E repartiu os dois peixes  por todos75 (ei)Xóyr|06v kocÍ kcctéKÀccoev tobç  apxouç rai èôiõouxolç [aa0r|Tcâç aúxoü 'iva TrapaxiÔajaiv aúxolç, Kal xouç õúo íxôúaçé[j,épiaev nâaiv76). Ao que parece, os dois peixes foram mais que os

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 Marcos 6 

doze cestos cheios de pedaços partidos de pão (ver discussão acercados dois tipos de cestos, ko lvoç e o^úpiç, em Mt 14.20).

6.44. Eram quase cinco mil homens (kou rjoav [...] ttévtok iox l A.101avôpeç). O termo é específico de gênero e não uma referência gené-rica a pessoas. Por isso, os homens são contados, como em Mateus14.21. Marcos não informa 0  número de mulheres presentes. Esseextraordinário milagre da natureza, o qual só Deus pode realizar,é registrado por todos os quatro Evangelhos. Não há teoria sobre

 processos naturais em ritmo acelerado que explique esse milagre.

Mateus, João e Pedro, através de Marcos, fazem três relatórios detestemunhas oculares distintos.77

6.45. Epassar adiante, para o outro lado, aBetsaida7S  (Trpoáyeivelç to iTépav rrpòç Br|9acaôáv). Agora volta a atenção para a margemocidental do lago, para Betsaida, não a Betsaida Júlia que ficava namargem oriental (Lc 9.10).

 Enquanto ele despedia a multidão79 (ecoç aúuòç ccuoA.iki tÒv

õxA.ovsn). Mateus 14.22 tem “enquanto despedia a multidão”81 (ecoçou àuolúor) toíic oxÀouç) com 0  subjuntivo aoristo de propósito.O presente indicativo (xuoA,úei de Marcos descreve Jesus pessoal-mente empenhado em persuadir as pessoas a voltar para casa (cf.Jo 6.41). As multidões ficaram empolgadas com a comida grátis,e o entusiasmo as inclinava a proclamar Jesus rei em uma revoltacontra Roma. Ele já dissera aos discípulos que passassem adiante

(TTpoáyeiv) indo de barco. Ele pode ter querido que eles ficassemlonge dessa atmosfera exausta. As pessoas estavam em perigo desedição, visto que deram a sua própria distorção política ao con-ceito do Reino messiânico. Esta era a concepção dos fariseus, e

 perturbou o que Jesus estava comunicando (ver análise em Mt14.22,23). Também poderia desencadear eventos que conduziriamà crucificação um ano antes de Jesus estar preparado. Jesus aju-

dara e abençoara as multidões, e perdera a chance de descansar. Nesse momento, ninguém realmente o entendia, nem as multidõesnem os discípulos. Jesus precisava do Pai para firmarse. De certomodo, o Diabo o tentou novamente com 0  domínio mundial emassociação com os fariseus e a populaça.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

6.47. Sobrevindo a tarde82 (ói|/íaç yevo|iévr|<;). A segunda ouúltima tarde, às seis horas da tarde nessa estação do ano, ou o pôr

dosol. Ele, sozinho em terra  («a! aúuòç |ióvoç 4tt! Tf|ç yfjç), outrodetalhe caracteristicamente de Marcos. Jesus orara ao Pai. Ele estánovamente ao mar no último brilho do crepúsculo. Pelo visto, Jesus

 permaneceu algumas horas na praia. “Era já escuro, e ainda Jesusnão tinha chegado perto deles” (Jo 6.17).

6.48. Vendo que se fatigavam a remar 83 («a! lõcòv ocütouç

PaacanCofiévouç kv  tcü êÀaúveiv 84). O verbo PaaavíÇgj é analisa-do em Marcos 5.7, como também em Mateus 4.24 e 8.29. O verboèÀaúveiv significa, literalmente, “dirigir”, “pilotar”, relativa a na-vios ou carruagens, e Xenofonte a usa para aludir a uma coluna desoldados em marcha. Os barcos eram dirigidos pelos remos.

 Perto da quarta vigília da noite  (uepi Tetáprriv (J)uàcíkt]v rf|çvuktòç), entre três e seis da manhã. O vento “lhes era contrário”

(kvaviLoç amole). Este era “um grande vento” (Jo 6.18). Remar eradifícil contra tal vento contrário. Os discípulos tinham feito pouco progresso. Eles deveriam ter alcançado o outro lado do lago há mui-to tempo antes disso.

[Ele] queria passar adiante deles85 (içai r\QeXev  irapelGeivoaruoúç). Este detalhe, usando o imperfeito ríGeÀev, só é achado emMarcos.

6.49.  Pensaram que era um fantasma*6 e deram grandes gri-tos87 (eôo^av otl cj)ávi;(xa[iá ècuiv88, kcu àvkKpa^av).  Literalmente,um  be iT O estridente de terror ou guincho agudo.

6.50. Tende bom cinimo  (©apoeite, èyoó el|_u). Eram espantosas palavras de alegria, vindo da escuridão de alguém que estava andan-do por cima da água. Mas agora eles reconheceram Jesus, e a suavoz os acalmou.

6.51.  Ficaram muito assombrados e maravilhados89 (Xíav  <ek TTepioGoO kv  eauTotç k^íozavxo). Só Marcos relata a reação comple-ta dos discípulos. Note o tempo imperfeito, descrevendo de formavívida a agitação. Marcos ignora a tentativa de Pedro andar sobre aágua. Talvez Pedro não gostasse dessa parte da história.

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 Marcos 6 

6.52.  Pois não tinham compreendido o milagre dos pães90 (ou yàp owf\Kttv  €ttI tolç aptoiç). Esta é a explicação do assombroexcessivo, ou seja, do fracasso em não entender a significação com-

 pleta de quem Jesus era com base no milagre dos pães e dos pei-xes. O seu processo de raciocínio (Kapõía, no sentido interno geral)“estava endurecido”91 (aúioàv r] Kapôía TreTTOOpGO|iévri). Ver análiseem Marcos 3.5 acerca da palavra iTcóptooiç. Por causa de tal durezaintelectual ou burrice, muitos não crêem em um Deus que pode oufaz milagres.

6.53.  E ali atracaram92 (kocÍ upoacopiiíaGrioav). Só aqui no Novo Testamento, embora seja um verbo grego antigo e ocorra nos papiros. A palavra op|ioç referese ao ancoradouro intemo de um porto onde os navios ficam. Eles lançaram âncora ou amarraram o barco com cordas a uma estaca em terra firme. Estavam na planíciede Genesaré, muitos quilômetros ao sul de Betsaida. O vento notur-no os carregara para bem longe do curso.

6.54. O reconheceram93 (êTTiYvóvTeç oorròv). Eles reconhece-ram Jesus, conhecendo plenamente (éuí) como quase todos àquelaaltura o conheciam, um segundo aoristo em particípio ativo.

6.55. Percorrendo toda a terra em redor 94 (irep léôpa^ov95 oA.r|Vxf|v  Pav  éKÉivr|v). Um aoristo constativo vívido descreve a pro-cura entusiasmada que as pessoas fizeram por Jesus conforme seespalhava a notícia de que Ele estava em Genesaré.

 E [...] começaram a trazer em leitos [...] os que se achavam enfermos96 (kcu TÍp avro errl tolç KpapáxTOLç touç kkkwç exovTaçTTepic()6peLv). Os leitos ou macas eram iguais à maca na qual abaixa-ram o paralítico pelo telhado (Me 2.4).

Onde quer que sabiam que ele estava97 (óttou tÍkouov otl èoTÍv).Terceira pessoa do plural do imperfeito de kkoÚg) (“repetição”), ter-ceira pessoa do singular do presente do indicativo de èoiív retido no

discurso indireto.6.56. Onde quer que entrava, ou em cidade98 (kcu ouou a\v elaeuopeúeTO eiç kcÓ|í«ç). O pretérito imperfeito do indicativo comav é   usado para fazer uma declaração geral indefinida com o ad-vérbio relativo. Ver a mesma construção ao término do versículo,

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

«ai oooi a\v  ííi|/(xyto99 kutoú èooó(ovto (aoristo indicativo e av  em uma frase relativa), “todos os que lhe tocavam [na orla] saravam”.100Temos de ampliar os detalhes para obter uma idéia da riqueza do ministério de cura de Jesus. Agora estamos próximos do fim do ministério galileu, quando a misericórdia de cura de Jesus e a agitação popular estavam em alta.101

 NOTAS  _________________ 

1“Foi para a sua terra” (ARA).

2 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, r\p&xo kv  xfj ouvceywyfi õiõáaKeiv.3 Frederick W. Farrar, The Life o f Christ   (Reimpressão, Minneapolis: Klock & 

Klock, 1982).

4 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 114.

5“Na sua terra” (ARA).

6“E ficou admirado com a falta de fé que havia ali” (NTLH).

7“Jesus ensinava nos povoados que havia perto dali” (NTLH). [N. do T.: As versões BJ e NVI fazem uma separação no meio do versículo 6 em concordância com o comentário do autor deste livro.]

8 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 378.

9“Enviou-os de dois em dois” (NVI).

10G. Adolf Deissmann, Light from the Ancient East: The New Testament Illustrated  by Recently Discovered Texts o f the GraecoRoman World, traduzido por L. R. 

M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), pp. 122, 123.11“Anão ser um cajado apenas” (BJ).

12Bruce, Expositor’  s , p. 379.

13Hugo Grotius, The Truth o f the Christian Religion.

14Swete, Commentary on Mark,  p. 116.

15“Mas que andassem calçados com sandálias” (BJ).

16TR e TM têm àXX’  í)iroõe5e|iévouç aavôáXm.

17Swete, Commentary on Mark,  pp. 116, 117.18“Não levar nem uma túnica a mais” (NTLH).

19Ezra R Gould, Critical andExegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark   (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 107.

20 “Como sinal de protesto contra aquela gente” (NTLH).

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 Marcos 6 

21TR e TM têm a forma imperfeita do verbo, èKripuaaov.

22 As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

23 Swete, Commentary on Mark,  p. 119.

24 “Chegou isto aos ouvidos do rei Herodes" (ARA).

25TR soletra o substantivo próprio sem o iota subscrito, 'Hpúôriç.

26 John Albert Bengel, New Testament Word Studies,  vol. 1 (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1971), p. 334.

27 “E por isso os poderes operam através dele” (BJ).

28 Gould, Criticai and Exegetical Commentary,  p. 109.

29 “Ele é João Batista! Eu mandei cortar a cabeça dele, e agora ele foi ressuscita

do!” (NTLH).30 TR e TM têm ôv kyò  àiT€K:e(j)áÀiaa ’l<s>ávvr\v,  ouxoç ècmv. coxuoç f|Yép0r| 4k  

veKpúv.

31“Pois tinha sido Herodes mesmo quem havia mandado prender João” (NTLH).

32 WH grafa o substantivo próprio com um só v:  ’Icjávr|v.

33 Swete, Commentary on Mark, p. 122.

34 “Herodíades então se voltou contra ele” (BJ); “e Herodias o odiava” (ARA).

35 Gould, Criticai and Exegetical Commentary, p. 112.36 “Querendo matá-lo” (ARA).

37 “E não podia” (ARA).

38 Swete, Commentary on Mark,  p. 123.

39“Porque Herodes tinha medo dele” (NTLH).

40 WH grafa o substantivo próprio com um só v:  ’Iwávriv.

41 “Por isso Herodes protegia João” (ARA).

42 Swete, Commentary on Mark, p. 124.43“Ora, chegou um dia propício” (BJ).

44 “Ofereceu um banquete aos seus líderes mais importantes, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia” (NVI).

45 TR e TM têm o verbo imperfeito, õetwov èiroíei.

46 TR grafa o substantivo próprio sem o iota subscrito,' Hptoõiáôoç.

47 Gould, Criticai and Exegetical Commentary, p. 113.

4STR e TM têm Kcà àpeoáoriç t(ô'Hpúõri|; TM tem o iota subscrito, 'Hpúôri kcí! toüç  awctvaKei|iévoiç.

49 “E prometeu-lhe sob juramento” (NVI).

50 TR e TM não incluem ttoààcc.

51 “Prometo que darei o que você pedir” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

52 TR e TM têm a forma íutura, T í aLrr|ao|j.oa.

53“No mesmo instante a moça voltou depressa aonde estava o rei” (NTLH).

54 TR e TM têm o advérbio grafado assim: eúGécoç.

55 “Não pôde deixar de atender o pedido da moça” (NTLH).56 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, oik f|0éA.r|aev aútfiv áGetfiaai.

57 TR e TM têm o advérbio grafado assim eüQécoç e o último substantivo grafado assim oireKoutaraopa.

58 “Os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o colocaram num túmulo” (NVI).

59 TR tem o substantivo plural de acordo com os dois verbos anteriores, e inclui um artigo,’é9r|Ká aÚTÓ kv  utò |ivr||i£Í.tp.

611“Voltaram os apóstolos à presença de Jesus” (NTLH).

61TR e TM incluem a conjunção kcú entre návxa e Boa.

62 “Venham! Vamos sozinhos para um lugar deserto a fim de descansarmos um pouco” (NTLH).

63TR e TM têm o verbo no tempo presente, avavaveoQe.

64 TR tem uma grafia diferente para o verbo, r|ÚKoápouv.

65 “Então eles se afastaram num barco para um lugar deserto” (NVI).

66 TR e TM têm «ai ání}A.9ov elç epr)|j.ov t o t t o v   ico tt/Uhcj Kax’ iõíav.67 “Muitos, porém, os viram partir” (ARA).

68 Bruce, Expositor’  s, p. 383.

69“E começou a ensinar muitas coisas” (NTLH).

70 “Ao declinar a tarde” (AEC); “em declinando a tarde” (ARA).

71 “Verifiquem” (NVI).

72TR e TM têm UTráyexe Kai lÕ€T€ .

73 O mesmo ocorre nos escritos de Plutarco e na LXX, especialmente em 1Macabeus.

74 Gould, Critical andExegetical Commentary,  p. 118.

75 “Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, entregou-os aos seus discípulos para que os servissem ao povo. E também dividiu os dois peixes entre todos eles” (NVI).

76 TR e TM têm a forma aoristo do verbo, rapaGuaiv.

77 Gould, Critical and Exegetical Commentary,  p. 120.

78 “E fossem na frente para o povoado de Betsaida, no lado leste do lago” (NTLH).

79 “Enquanto ele mandava o povo embora” (NTLH).

80 TR e TM têm o verbo aoristo do subjuntivo, áTroXúor].

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 Marcos 6 

81 “Enquanto ele mandava o povo embora” (NTLH).

82“Quando chegou a noite” (NTLH); “ao anoitecer” (NVI).

83“Ele viu que os discípulos estavam remando com dificuldade” (NTLH).

84 TR e TM têm o verbo no aoristo segundo do indicativo eíôev em lugar do par- ticípio.

85“[Ele] estava já a ponto de passar por eles” (NVI).

86 “Julgaram que fosse um fantasma” (BJ).

87 “E começaram a gritar” (BJ; NTLH).

88 TR e TM têm eôo E  jdlv   4>céviaa|j,a eiva i.

89“Eles, porém, no seu íntimo estavam cheios de espanto” (BJ); “ficaram entre si 

atônitos” (ARA).90 “Pois não tinham entendido nada a respeito dos pães” (BJ).

91 “É que a mente deles estava fechada” (NTLH).

92 "Onde amarraram o barco na praia” (NTLH).

93“Os habitantes logo o reconheceram” (BJ).

94 “E, percorrendo toda aquela região” (ARA).

95TR e TM têm o particípio presente ativo, irepiõpoqióvieç.

96 “E levavam os doentes em macas” (NVI).97 “Para onde ouviam que ele estava” (NVI; ARA).

98“Em todos os lugares aonde ele ia, isto é, nos povoados” (NTLH).

99 TR e TM têm a forma imperfeita do verbo, r\wxovxo.

100“Todos os que tocavam nela ficavam curados” (NTLH).

101Bruce,  Expositor’  s, p. 386.

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Capítulo

7

 MarcosJ J0IM3JO2íSiBiMSÍSIMS]SJMSlMMSlMSMfSÍSMÍ5ÍSfSj

7.2.  Alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos im- puras, isto é, por lavar1(tivàç xwv laaGriTGÕv airroG òxi KoivaiçXepaiv, tout’ eoiiv ávíirroiç, êaGíouaiv touç aptouç2). “Mãos porlavar” está no caso instrumental associativo. Originalmente, a pa-lavra koivÓç significava o que era comum a todos, relacionada aotermo koivií para o grego falado pelas pessoas comuns. Em uso pos-terior, a palavra koivÓç também veio a significar, como aqui, “aquiloque é vulgar” ou “aquilo que é profano” . Dirigindose a Deus, Pedrousa o termo em Atos 10.14 para dizer que nunca comera coisa al-guma “comum e imunda”. Os emissários dos fariseus e os escribasque vieram de Jerusalém tinham visto “alguns dos [...] discípulos”comendo com mãos que estavam cerimonialmente imundas, não la-vadas. O texto não informa quantos discípulos foram observados.Henry Swete sugere que enquanto os discípulos atravessavam a pla-nície foram vistos comendo os pães guardados nos doze cestos domilagre realizado no dia anterior, à tarde.3A objeção foi levantadano quesito cerimonial, e não sanitário.

7.3. Sem lavar as mãos muitas vezes4  (n"uy|j,f) vújjGovxai xàç  yd   paç) é o caso instrumental, com o punho, até o cotovelo, esfregando

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

uma mão e braço com a outra mão fechada.5Poderia ser uma lava-gem a seco ou esfregação das mãos sem água como uma concessãoritualista. A voz média reflexiva vÍi)/cúvtcu  quer dizer as suas pró-

 prias mãos. Esse verbo é usado para referirse às partes do corpo,ao passo que Àoúoo é usado para o corpo inteiro (Jo 13.10). Sobre atradição dos anciãos, ver análise em Mateus 15.2.

7.4.  E, quando voltam do mercado  (kou áu’ áyopctç6). A conta-minação cerimonial era inevitável em público. Este àyopá derivadode áyeípco, “coletar” ou “juntar”, era a praça pública de toda cidade,onde as pessoas se reuniam. Os discípulos já estavam cerimonial

mente imundos.Se lavarem1(PanríawvToa), aoristo primeiro médio do subjunti-

vo Pcartiíco, “lavagem”, “mergulho” ou “imersão”.s Antes de comer,eles sempre lavam as mãos. Quando chegam do mercado, tomamum banho antes de comer. Ezra Gould entende que pcaníacovrai é“uma edição evidente”, para livrarse da dificuldade de imergir ou

 banhar o corpo inteiro.9Este não é o lugar para debatermos o signi-

ficado de PíxtttlÇoo, “imergir”, pavtíÇa), “borrifar” e exxéoo, “derra-mar”, termos usados no Novo Testamento. As palavras têm os seussignificados distintivos aqui como em outros lugares. Certos escri-

 bas sentiam dificuldade quanto ao uso de pauTLawvTOi.10Swete con-sidera a imersão de camas (PairTia^ouç kàlvcõv) “uma combinaçãoincongruente”." Mas Gould diz que o arqueólogo Alfred Edersheim“mostra que a ordenação judaica exigia imersões, pocTTTiaiiouç, des-

ses recipientes”.127.6.  Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas13

(Kcdwç; ènpo4)r|i:euoev ’Hoataç uepi ú|i(3v iá v   ÚTroKpiTCÔv14 ).Convenientemente aqui, mas com sarcasmo irônico no versículo 9.

7.8.  Deixando o mandamento de Deus15(á(j)évteç16tt]v evio)ii]v toü Geou). Note o contraste nítido entre o mandamento de Deus e astradições dos homens. Jesus faz uma divisão clara na contenda dosfariseus. Eles tinham encoberto a Palavra de Deus com ensino oral.Jesus mostra que eles se importam mais com o ensino oral dos escri-

 bas e anciãos do que com a lei escrita de Deus. O Talmude dá confir-mação específica e abundante sobre a verdade dessa acusação.

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 Marcos 7 

7.9.  Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição17 (KocÀcôç áGeteXte tfjv èvToA.f|v toO Geou,  Iva 

 zr\v  Tiapáôooiv ú|iGÕu arr|ar|Te18). Quase podemos ver os escribas se

encolhendo diante dessa acusação seríssima. O sarcasmo aguçadolhes atinge até o fundo do ser. A ironia evidente tinha a intenção de

 prevenir que uma interpretação literal favorecesse a um desvio fari-saico da Palavra de Deus19(ver Mt 15.7).

7.11. Corbã, isto é, oferta ao Senhor 20 (Kop(3âv, 6 kaxiv,  Aoò pov; ver análise em Mt 15.5). Marcos cita a palavra hebraica quesignifica “dádiva a Deus” ou “oferta a Deus” (Êx 21.17; Lv 20.9),

indeclinável aqui, significando “presente”, “dádiva” (Awpov), masKop(3a,vâç declinável em Mateus 27.6, significando “tesouraria sa-grada”. Os rabinos (“porém vós dizeis”, u|_ieiç ôè Àéyere) permitiamque o filho infiel fizesse a mera declaração dessa palavra para dei-xar de usar o dinheiro necessário para o sustento do pai ou da mãe.Afirmavam que, depois de dizer isso, o filho estava proibido de usaro dinheiro para ajudar o pai ou a mãe, embora ainda estivesse livre

usálo para si.7.13.  Invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradi-

ção21 (áKupoüvxeç uòv Àóyov toü Geou tf] uapocôóaei ú gov). Ver dis-cussão sobre (XKupoüvTeç em Mateus 15.6. Significa “invalidando” eé uma palavra mais forte que àGexetv, “pôr de lado” no versículo 9(“invalidais”). As duas palavras aparecem em Gálatas 3.15,17. Pôrde lado realmente invalida.

7.14. E, chamando outra vez a multidão22 (Km 'npoaKodeaá|ievo<;uáA.iv  zov o jfov2i),  um aoristo particípio médio, “chamando parasi”. Os rabinos tinham atacado os discípulos sobre a questão de nãolavar as mãos antes de comer. Jesus agora inverte as posições e põea nu a hipocrisia oca e pretensiosa dos rabinos.

Ouvime, vós todos, e compreendei24  (Afcoucurré |_iou TráyteçKcà aúvete25). Tratase de apelo mais incisivo para as pessoas não

se deixarem enganar pela tramóia desses eclesiásticos (ver análiseem Mt 15.11).

7.17.  Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa26(Kcà ote elof|ÀGev elç oikov (xttÒ toü oj(A.ou). Esse detalhe, que

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

só consta em Marcos, mostra Jesus voltando à casa de Pedro emCafamaum. Para a multidão Jesus falou a parábola do corbã, masos discípulos queriam a interpretação (cf. Me 4.1ss.,33ss.). Mateus

15.15 apresenta Pedro como o portavoz, informação que realmentetem fundamento.

7.18.  Assim também vós estais sem entendimento?21  (OutgúçKod í)|ieiç ctaúveTOÍ èate). Ver análise em Mateus 15.16. Era desanimador para o grande Professor se os seus alunos escolhidos aindaestivessem sob o feitiço da perspectiva teológica dos fariseus. Assuas palavras permaneceram um enigma para eles. “Tendo sido en-

sinados no judaísmo, no qual está enraizada a distinção entre limpoe imundo, eles não conseguiam entender a declaração de Marcos7.21 que a abrogava.”28 Eles notaram que os fariseus tropeçaramna parábola de Jesus (Mt 15.12). Eles mesmos estavam tropeçandoe não souberam responder aos fariseus. Jesus acusa os discípulos deintelecto obtuso e estupidez espiritual.

7.19. E, assim, considerou ele puros todos os alimentos29([ARA]

KaBapíCcov TOvra m   Ppcóficrua 30). Este anacoluto pode ser entendidorepetindo o “dizia” (Aiyei) do versículo 18. O particípio masculinoconcorda com Jesus, o orador. As palavras não vêm de Jesus, masforam adicionadas por Marcos. Pedro informa isso a Marcos, pro-vavelmente mediado por lembrança vívida da própria visão que tevemais tarde no telhado em Jope, quando três vezes ele recusou o con-vite do Senhor para matar e comer animais imundos (At 10.1416).

A abrogação de Cristo das leis da pureza permanecera um enigma para Pedro até esse dia. “Cristo afirma que a impureza levítica, comocomer com as mãos por lavar, é de pouca importância em compara-ção com a impureza mora/.”31 As duas principais palavras em am-

 bos os incidentes, aqui e em Atos, é contaminar   (kolvoco) e limpar  (KaGapíçw). “Não faças tu comum ao que Deus purificou” (At 10.15).Era uma declaração revolucionária dita por Jesus. Pedro demorou

 para entender isso, até mesmo depois da vinda do Espírito Santo noDia do Pentecostes. Jesus estava coberto de razão em ter feito a per-gunta surpresa de Marcos 7.18: “Não compreendeis [...]?” (oi) voeixe[;]). Eles estavam longe de compreender essa revelação espiritual.

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 Marcos 7 

7.21.  Do interior do coração dos homens saem os maus pensa-mentos32 (4k xfjç Kapõíaç  z(òv  áv9pGüTTGoy ol ôiaÀoyio|iol ol kückoIeicTTopeiJovToa). O mal no coração interior leva à hedionda lista de

 pecados: prostituições33 (iTopveia, que significa em geral os peca-dos sexuais entre os solteiros); furtos (kà.ottoú); homicídios (4>óyoi);adultérios ([m^elai.,34 que se refere a pecados sexuais que traem aaliança matrimonial); avareza35 (nleove^iai, “loucura por cada vezmais”); maldades36 (iTovr|pL.ai, derivado de ttovoç, uma referência ge-ral à criminalidade ou patifaria); engano (õóàoç, “atrair com isca” ou“enganar com isca”); dissolução37 (àoéÀyeia, referência a impulsossexuais desenfreados); inveja (ó(J)9aX|iòç rrovripóc;, “um olho que tra-

 balha mau” e assombra a pessoa com o seu olhar fixo que se alegracom o mau alheio); blasfêmia (PÀaacfjrpía, “fala danosa”, “discurso

 prejudicial”); e soberba (mrepr|(j)ayía, “manter a si mesmo acima dosoutros”). O último item da lista é “loucura” (àcjjpooúvr), “falta desenso”) que descreve todos os outros.

7.24. E, levantandose dali, fo i para os territórios de Tiro e de Sidom18  (’EiceiGev ôè àvaoxàç,  âiTfil9ev elç  xk   opia Túpou39). Jesusfaz a segunda das quatro retiradas da Galiléia. A primeira fôra àregião de Betsaida Júlia no território de Herodes Filipe. Essa ter-ra é distintamente pagã, incluindo a extremidade da Fenícia, comotambém a região de Tiro e Sidom (Mt 15.21). Ele deixou para trásas pessoas que o coroariam rei, os fariseus amargos e a suspeita deHerodes Antipas.

 Mas não pôde esconderse40 (kocI ouk f|ôuvr|9r| ÀaGelv). Jesusqueria ficar sozinho em casa depois dos momentos de tensão pas-sados na Galiléia. Ele almejava privacidade e descanso na Fenícia.

 Note o sentido adversativo de koú, “mas”.7.25. Ouvindo fa lar dele41 (áAA’ eú9uç áKoúoaoa ... uepi an

’toG42). Até nesse território pagão Jesus era conhecido. Por exemplo, pessoas de Tiro e Sidom estiveram presentes e ouviram o Sermãoda Planície (Lc 6.17).

Uma mulher cuja filha tinha um espírito imundo43 (yuvri ... t)çeí%gy tò GuyáTpiov ai)xf|ç Trveíj|ia àtcáGapiov). “Filhinha” (ARA) éum diminutivo com um toque de afeto.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

7.26. E a mulher era grega, sirofenícia de nação44  (r) õè yuvr]rjv 'EÀXr|víç, SupocjMivÍKiaaa45 xcô yévei). Ela era “de religião gre-ga, de língua síria, de raça fenícia”,46 segundo Eutímio Zigabeno.Ela não era fenícia de Cartago.

 E rogavalhe41  (riptóra cukòv). O tempo imperfeito indica queela persistia em buscar a atenção de Jesus. Esse verbo, como no gre-go recente, é aqui usado para um pedido, não uma mera pergunta.

7.27.  Deixa prim eiro saciar os filhos48 (”A(j)eç upánov x°P

raa0í]vcu rà T<ÉKva). Os judeus tinham o direito primeiro. Naterceira excursão pela Galiléia, Jesus evitou os gentios e os sa-maritanos (Mt 10.5). Esse padrão continuou sendo um modelo.Paulo era apóstolo dos gentios, mas deu aos judeus a primeiraoportunidade ao mesmo tempo em que o evangelho avançava

 pelo mundo proveniente de um Deus imparcial (Rm 2.9,10; veranálise em Mt 15.24).

7.28.  Mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos  (kocI rà Kuvápia Úitokíxtoo rf|ç TpcméÇriçèoGíouoiy áuò tcúv vJjlxlcov tcòv toiôlcov49). A persistente mãe gen-tia argumenta em atitude de humildade absoluta. Até os cachor-rinhos debaixo da mesa comem o que cai do prato das crianças.Cachorrinhos, pedacinhos de pão (i|nxíwv, diminutivo de vj/íxoç,“bocado”, “migalha”), filhinhos (raiôía, diminutivo de TTcâç).50 Amulher aceita as prerrogativas judaicas sem abandonar o seu clamor

 pela graça. A ação dela é “uma combinação exclusiva de fé e inte-ligência” .51 Em vez de se ressentir com as palavras de Cristo sobredar o pão das crianças aos cachorros (gentios), no versículo 27, elaimediatamente usou o argumento em favor do seu argumento em

 prol da sua filhinha.7.29.  Por essa palavra, vai52 (Aià toütov tov Àóyov uuctye).

Essa mulher tinha grande fé, como mostra Mateus 15.28, e a sua

sabedoria agradou a Jesus. Valeu a pena deixar de descansar paraatender a um pedido como esse.7.30. Odemônio já tinha saído53(kou tò ôaijióv iov é^eA.r|A,u0óç54).

O particípio perfeito ativo expressa o estado de conclusão. O demô-nio tinha ido embora para sempre.

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 Marcos 7 

7.31.  Pelos confins de Decápolis55 (ctvà [léaov tgôv ôpíuvAeKaTTÓÀÉCoç). Jesus deixou a Fenícia, mas não voltou para a

Galiléia. Ele foi rumo leste do mar da Galiléia à região das cida-des gregas de Decápolis. Assim, mantevese fôra do território deHerodes Antipas. Foi nessa região que Ele curara o endemoninha-do (ver análise em Me 5.1).

7.32. E trouxeramlhe um surdo, que falava dificilmente56 («aicjjépouo lv cojtcú Koocjjòy Kcà |ioviÀáA.oy57). Esse acontecimento dra-mático só é relatado por Marcos.

7.33.  E, tirandoo à parte de entre a multidão58 (kcuáiroÀapó|j,eyoí; oarcòv kttÒ toü o/Aou kkt’ Lõíav). O procedimen-to de discrição era em parte evitar a agitação e em parte obter aatenção do endemoninhado surdo e gago. Não era para ele ouvir oque Jesus ia dizer. Por isso, Jesus pôs os dedos nos ouvidos dEle,cuspiu e tocoulhe a língua. Marcos não diz por que Jesus usousaliva. Certas pessoas consideravam que a saliva tinha proprie-

dades terapêuticas. Os exorcistas usavamna nos encantamentos. Não sabemos se Jesus estava lidando com o homem de maneiracompreensível, mas tudo indicava para o pobre homem que Jesuso curara do jeito dEle.

7.34.  E disse: Efatá, isto é, abrete  (kcu léyei aúxcò, Ecj^aGa,ò éoTiv, Aia;voíx0r|TL). Esta é mais uma das palavras aramaicas deMarcos transliteradas para o grego.59 Jesus suspirou (koxkva^ev) 

enquanto olhava para o céu e falava a palavra Ec^aGa. Não sabe-mos o que Ele sentiu na complexidade desse homem como surdo,gago e possuído por demônio.

7.35.  E falava perfeitamente   (kou èA.áA.ei ópGcôç). Ele come-çou a falar com fluência, um tempo imperfeito inceptivo.

7.36. Tanto mais o divulgavam60 (aúxol laâAAov uepiaaÓTepovèKiípuaaou61). O tempo imperfeito indica ação continuada. Este

é um comparativo duplo que ocorre em outros lugares para darênfase, como em Filipenses 1.23: “Ainda muito melhor” (ttoãàoI[iâAAov Kpeiooov).62 A natureza humana é algo peculiar. Quantomais Jesus lhes ordenava que não contassem (ooov õè amoiçôiecnéAAeTo), mais as pessoas contavam (cf. Me 1.44,45).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

7.37. Tudo fa z bem  (KaÀwç m v m   TTÉTT0Ír|Kev). O perfeito presente ativo mostra a crença firme dessas pessoas sobre Jesus. O 

grande espanto (ÚTTepTTepioowç è^enÀriooovto), advérbio composto e imperfeito passivo, dessas pessoas se expressa na dignidade de campeão vociferante de Jesus nessa terra pagã.

 NOTAS  _______________________________________  ___________ 

1As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

2TR e TM não incluem ou e em lugar das últimas três palavras têm èoBíovraç 

apiouç.J Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: 

Kregel, 1977), p. 142.

4 “Sem lavar o braço até o cotovelo” (BJ); “depois de lavar as mãos com bastante cuidado” (NTLH); “sem lavar as mãos cerimonialmente” (NVI); “sem lavar cuidadosamente as mãos” (ARA).

5O manuscrito Aleph tinha iruKvá, provavelmente por causa da dificuldade acerca de TTuy|j,f) (relacionado ao latim p u g n u s).

6TR e TM têm kcu  í x t t ò   àyapSç.7“Se aspergirem” (ARA).

8WH põe pavTLOGWTca no texto, traduzido por “se aspergirem” (ARA; cf. BJ), porque Aleph, B e alguns dos cursivos mais seguros têm essa palavra.

9Ezra P. Gould, Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 127.

10As classes ocidentais e sírias de manuscritos adicionam “e camas” («a! kXivüv) ao término da frase.

11 Swete, Commentary on Mark,  p. 145

12Gould, Criticai and Exegetical Commentary, p. 127. Temos de deixar a escru- pulosidade judaica se apresente por si só, ainda que “e camas” não seja apoiado por Aleph, B L D Boáirico, não sendo provavelmente genuíno.

13 “Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês!” (NTLH).

14TR e TM soletram o verbo assim, npoecjiriTeuaev.

15“Negligenciando o mandamento de Deus” (ARA).16TR e TM têm a conjunção pospositiva yáp.

17“Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição” (ARA).

18TR e TM têm o verbo Ttpr|ar|Te.

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 Marcos 7 

19 Ver A. T. Robertson, The Pharisees and Jesus  (Nova York: Scribner, 1920), para inteirar-se de ilustrações sobre o modo como eles colocavam essa tradição oral acima da lei escrita.

20 “Corbã, isto é, uma oferta dedicada a Deus” (NVI).

21 “Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição” (NVI).

22 “Convocando ele, de novo, a multidão” (ARA).

23 TR e TM têm iTpoaKaA,eaá|ievoç uávTa xòv lóyov.

24 As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

23 TR e TM têm os verbos no tempo presente, AKoúeté |íou  Tíávteç, Kcà ouvÍctc.

26 As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

27 “Então, nem vós tendes inteligência?” (BJ).

28 Gould, Criticai andExegetical Commentaty,  p. 131.

29 “(Assim, ele declarava puros todos os alimentos)” (BJ).

30 TR e TM têm Ka0apí.(oi' -mxvTK xà ppw|_iai:a.

31Vincent, Word Studies, p. 201.

32 “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios” (ARA).

33 “Imoralidade sexual” (NTLH).

34 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, fioixelcu, iropveicti, cfióvoi, k A-otol.

35“Cobiças” (NVI).

36 “Malícias” (ARA).

37 “Lascívia” (ARA).

38 “Jesus saiu dali e foi para a região que fica perto da cidade de Tiro” (NTLH).

39 TR e TM têm Kcà èK€i0ev àvaaxàç ánf|A.0ev eíç xà |j,e9ópia Túpou Kcà SiôcS 

voç.40 “Contudo, não conseguiu manter em segredo a sua presença” (NVI).

41 “Tendo ouvido a respeito dele” (ARA).

42 TR e TM têm àKoúaaoa  yàp  yuvri uep Caüioü.

43“Uma mulher, cuja filhinha estava possessa de espírito imundo” (ARA).

44 “Era estrangeira, de nacionalidade siro-fenícia” (NTLH).

45TR tem a grafia Supo^oíracraa.

46 Alexander Balmain Bruce, The Expositor's Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 390.

47 “E pediu que Jesus” (NTLH).

48 “Deixe que os filhos comam primeiro” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

49  TR e TM têm Kal y“P "rò Kuvápia uttokoctgo xíjç tpairéCriç eaGíei «tto tcúv i)/lxCcov Twv   muõícov.

50 “Mas, senhor, [...] até mesmo os cachorrinhos que ficam debaixo da mesa comem as migalhas de pão que as crianças deixam cair” (NTLH).

51Gould, Critical an dExegetical Commentary,  p. 136.

52“Por causa desta resposta, você pode ir” (NVI).

53“O demônio a deixara” (ARA).

54 TR e TM têm eupev  xo  ôai|ióvi.ov 4ÇeXr|Àu9óç, embora TRb e TM tenham o verbo sem o v eufônico, eupe.

55“Através do território de Decápolis” (AEC; ARA).

-r>“Então, lhe trouxeram um surdo e gago” (ARA).

57 TR e TM não incluem a conjunção kcíÍ entre Koxjjóy e |ioyiA,áloy.

5S“Depois de levá-lo à parte, longe da multidão” (NVI).

59As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

60 “Mais eles falavam do que havia acontecido” (NTLH).

61TR e TM têm [i&XXov mpiaaóiepov  èicripuaaov.

62 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), pp. 663, 664.

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Capítulo

8

 Marcos8.1. is não tendo o que comer 1(ral (afi kxóvxcov  xí   (Jjáycooiv).

Este é um absoluto genitivo plural, porque o ôxÀou anterior é um co-letivo singular. A multiplicação dos pães e dos peixes é um milagreda natureza. Sua repetição para os quatro mil em Decápolis perturbaalguns críticos que não se permitem imaginar que Jesus pudessefazer ou faria outro milagre tão semelhante quanto multiplicar pãese peixes para os cinco mil perto de Betsaida Júlia. Contudo, Marcose Mateus apresentam os dois milagres sem fazer justificativas.Eles distinguem as palavras gregas traduzidas por cestos (kó^lvoç,o(j)úplç). Mais tarde, Jesus se refere aos dois acontecimentos, fazen-do uma diferenciação entre eles (Mt 16.9,10). Com certeza é maisfácil conceber que Jesus fez milagres semelhantes do que imaginarque Marcos e Mateus (ou até mesmo algum “editor” posterior) ti-vessem feito tamanha confusão de assuntos.

8.2.  Há já três dias que estão comigo2 (rjõri rpépai tpeiçupoaiiéyouaív |ioi3). Este texto preserva um curioso nominativo pa-rentético de tempo4 (ver análise em Mt 15.32).

8.3.  Alguns deles vieram de longe  (koú  xiveç auxQv  àuò[iai<pó0ev r|K(raLv5). Este detalhe só aparece em Marcos.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

8.4.  Aqui no deserto6 (goôé [...] èu’ êpr||iíaç). De todos os lu-gares, nessa região desértica nas montanhas. Novamente, os discí-

 pulos se sentem impotentes. Eles não crescem na fé em virtude daexperiência anterior.

8.6. [Ele] partiuos e deuos aos seus discípulos  (eKÀaoev xmêõíõou Tolç [iaGritalç aüxoú). Note o aoristo constativo seguido porum pretérito imperfeito. A ação de dar ficou se repetindo.

 Para que os pusessem diante deles1 (iva  TrapímGGòaiv8), umsubjuntivo presente que descreve o processo contínuo.

8.7. Tinham também uns poucos peixinhos9(Wi eíxov i)(0úôic<:óÀÍya). Marcos os menciona por último, dando a entender que foramservidos depois dos pães. Mas não é assim que consta em Mateus15.36.

8.8.  E, dos pedaços que sobejaram, levantaram sete cestosw (kcu rjpav uepLooeúiiaTa KÀao|iáxcov èirrà OTíupLÕaç). Os pães reco-lhidos não foram somente as sobras ou migalhas, mas os pedaços de

 pão que Jesus partira e dos quais as pessoas não se serviram. Houveuma superabundância.

8.10. [Ele] foi para as regiões de Dalmanuta11 (f|À0ev elçxà [iépri AodfmvouGá). Mateus 15.39 diz que era o “território deMagdala” . Ambos os nomes não aparecem em outro lugar, mas pelovisto se referem à mesma região da Galileia, a oeste do lago, perto deTiberíades. Marcos usa “regiões” (jiépr|) no mesmo sentido que “ter-ritórios” (opia) em Marcos 7.24. Mateus inverte o padrão de acordocom o original grego, com “partes” em Mateus 15.21 e “território”em Mateus 15.39. Marcos tem “com os seus discípulos” (jiexà  xãv [i(xGr|Twv aúxou), fato apenas insinuado em Mateus 15.39.

8.11 .E saíram osfariseus e começaram a disputar com ele12(Kaièi;f|ÀGov oi $Kpio(XLoi Kai rip^avxo auCr^etv ccütq). Imediatamente,eles iniciaram uma controvérsia. Mateus 16.1 adiciona “e os sadu-ceus”, sendo a primeira vez que esses dois partidos aparecem juntoscontra Jesus (ver discussão em Mt 16.1). Os fariseus e os herodianos

 já haviam unido forças contra Jesus na controvérsia sobre o sábado(ver análise em Me 3.6). O texto grego indica que foi disputa, enão mera investigação, com um caso instrumental associativo para

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 Marcos 8

airj,).  Eles começaram imediatamente e mantiveramse nisso (infi-nitivo presente).

8.12. Suspirando profundamente em seu espírito (àvaoxevá^aç

itò TTveúiiccTi corroí)). Este é o único exemplo no Novo Testamentodesse particípio composto, embora seja encontrado na LXX. A for-ma não composta é comum. Por exemplo, ocorre em Marcos 7.34.A preposição àva  intensifica o significado do verbo (uso perfectivo). “O suspiro parecia vir, como dizemos, do fundo do coração, oespírito humano do Senhor se agitou em seu íntimo.”13 Jesus ficouressentido com o preconceito que havia contra Ele e sua obra entre

os fariseus e agora também entre os saduceus. A esta geração não se dará sinal algum  (el õo0r|aei:(XL  xr\  ye

veâ tkútt] ornaeiov). Mateus 16.4 tem oú ôoGiíoexaL, negativo clarocom o futuro passivo do indicativo. Marcos tem ei em vez de oúque é tecnicamente uma frase condicional com a conclusão não ex-

 pressa,14na verdade, uma aposiopese em imitação do uso hebraicode im. Esta é a única ocorrência nas páginas do Novo Testamento,

exceto nas citações da LXX (Hb 3.11; 4.3,5). É comum na LXX. Osrabinos estavam discutindo minúcias sobre os milagres de Jesus, en-tendendo que tinham uma possível explicação natural (como fazemalguns críticos hoje), ainda que fosse pelo poder de Belzebu, e essesnão do céu, que seriam manifestados de Deus. Por isso, propuseramesse teste fantástico a Jesus, com o qual Ele se ressente profunda-mente. Mateus 16.4 adiciona “senão o sinal do profeta Jonas” já

mencionado por Jesus em certa ocasião anterior (Mt 12.3941) commais detalhes e a ser mencionado de novo (Lc 11.21). Mas a men-ção do sinal do profeta Jonas era “uma recusa absoluta dos sinais nosentido em que propunham”.15E quando Jesus ressurgiu dos mortosao terceiro dia, o Sinédrio se recusou a crer (ver At 3—5).

8.14.  Eles se esqueceram de levar p ão16 (eTreA,á0ovTO À,a|Mvapiouç), pães, no plural (cf. BJ).

Senão um pão  (el |af| eva  ctpxov), exceto um pão. Os detalhesapresentados no versículo 14 encontramse somente em Marcos.

8.15. Olhai, guardaivos do fermento dos fariseus e do ferm en-to de Herodes11('Opâte, pAiuexe cbò xf)ç (ú|j.r)ç tgòv c&apiaoáoov Koà

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

tt|ç  Cú|J.r|ç 'Hpcóôou18). Os dois verbos são imperativos presentes. Note kttÓ e o caso ablativo. A palavra (úpriÇ, “fermento”, é deri-

vada de (i)[iÓGú, “causa para subir”, e ocorre em Mateus 13.33 em bom sentido. Quanto ao sentido mim, ver 1 Coríntios 5.6. Jesusrepetidamente ordenava (õieoréXXezo, imperfeito indicativo) issoaos discípulos, mostrando que a advertência era necessária. Os dis-cípulos saíram de uma atmosfera insidiosamente farisaica, e tinhamacabado de encontrála de novo em Dalmanuta. Note a combina-ção de Herodes com os fariseus. Isso ocorre depois da polêmica de

Herodes por causa da morte de João Batista e por causa do minis-tério de Jesus (Me 6.1429 é igual a Mt 14.112, que é igual a Lc9.79). Jesus adverte os discípulos contra “o fermento de Herodes”(política mim) e o fermento dos fariseus e saduceus (teologia ruime também política ruim).

8.16.  Arrazoavam entre si  (ôielovíÇovuo iTpòç àÀXr|Xouç). Otempo imperfeito indica que eles se mantiveram nessa ação. Mateus

16.7 tem kv èautoiç, “em si mesmos” ou “entre eles”.8.1720. Marcos apresenta seis perguntas contundentes de

Jesus, enquanto Mateus 16.811 apresenta quatro que na verdadeabrangem as seis de Marcos, algumas ocorrendo juntas. As pergun-tas revelam a decepção de Jesus diante da estagnação intelectual dosseus alunos. Ele questiona por que não podem compreender (voeite,derivado de voúç, auvíete), perguntando se a estagnação intelectual

foi ocasionada pela dureza de coração (ueTTGopco|_iévr|v, particípio pre-dicativo no perfeito passivo como em Me 6.52). Não estão eles ven-do e ouvindo? Não se lembram? Cristo distingue nitidamente entreos dois milagres da multiplicação dos pães e dos peixes para oscinco mil e para os quatro mil. Ele diferencia até entre os dois tiposde cestos (ko4>ívouç, o^upíôcov). Os discípulos deveriam se lembrardo número de cestos que sobraram em ambos os casos, doze e sete.

Jesus “administra dura reprimenda pela preocupação dos discípuloscom meras temporalidades, como se não houvesse nada mais altoa ser pensado do quepão”.i9  “Os doze são ouvintes de beira de es-trada, com coração como um caminho trilhado, no qual as verdadesmais sublimes não conseguem afundar para germinar.”20

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 Marcos 8

8.21. Como não entendeis ainda?  (Oírnco ouvíete21), depois detoda esta repreensão e explicação. O maior de todos os professorestinha a maior de todas as classes, mas encontrou dificuldades ines-

 peradas. Mateus 16.12 apresenta o resultado: “Então, compreen-deram que não dissera que se guardassem do fermento do pão, masda doutrina dos fariseus” . Certa vez, eles disseram que entenderamas parábolas de Jesus (Mt 13.51), mas esses novos conceitos exigi-riam mais da paciência do Professor.

8.22.  E chegou a Betsaida  (Kal epxovtoa eiç Br|6aaiõáv22).Eles voltaram a Betsaida Júlia, a leste do mar da Galileia e não

longe do lugar da multiplicação dos pães e dos peixes para oscinco mil. Note o tempo presente dramático, para eles chegam (epxovxca) e eles trazem  (cjjépouaiv). Esta cura do cego realizadacom saliva e imposição de mãos se acha apenas em Marcos (Me8.2226).

8.23 .Levouo para fôra da aldeia23(ê£r|veYKeu24cokòv e£o) tf)çKÚ|ir|ç). Filipe aumentara Betsaida Júlia até poder ser categorizada

como vila ou até cidade, mas ainda era popularmente conhecidacomo aldeia (Me 8.23,26). Como no caso do endemoninhado sur-do e gago, apresentado somente em Marcos 7.3137, Jesus observaextremo segredo na realização deste milagre. Marcos não diz porque era importante Jesus levar o homem para fôra da cidade. Jesusestava em seu período de afastamento das multidões, sendo esta asua quarta retirada da Galileia. Este fato explica a sua discrição.

A narrativa de Marcos é marcada por detalhes interessantes. Jesusconduziu o cego pela mão, pôs saliva nos olhos dele (usando a

 palavra poética que consta em papiros do grego Koivií, õmiara,em vez da palavra grega habitual òttjGaXiaoúç) e impôslhe as mãos.Talvez tudo isso servisse para fortalecer a fé do homem.

8.24. Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam25(BAÍttco touç àvGpcóiTouç o u wç õévôpa óptò iTepiiTaTrowTaç). Esta

é uma descrição vívida de visão de amanhecer. O primeiro ní-vel de visão estava incompleto. Este é o único caso narrado nosEvangelhos no qual a cura não foi instantânea. Marcos não explica

 por que esse milagre foi tão diferente.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

8.25.  Ele, olhando firmemente26   (òiépXei|jev27). Agora a curachegou à conclusão (aoristo efetivo). A visão do homem foi com-

 pletamente restabelecida (áueicauéaTr), aoristo segundo, composto

duplo e aumento duplo), e ele “começou a ver tudo distintamente”(èvépÀeirev,28 imperfeito) ou ao longe (xr|Xauycôç, uma palavra gregacomum derivada de rrrjle, “longe”, e ctúyri, “brilho”, “que brilha aolonge”).

8.26. Mandouo para sua casa29 ((XTTéaueiÀev aúxòv elç30 oikovaúxou). O cego foi enviado de volta a um lar feliz com a sua família.

 Não lhe foi permitido entrar na aldeia para que nenhum tumulto

seguisse Jesus a Cesareia de Filipe.8.27.  Para as aldeias de Cesareia de Filipe31 (elç ràç Kcó|accç

Kaioapeíaç xfjç OiAíttuou). Mateus 16.13 tem “partes” (|iépr|). EstaCesareia de Filipe deve ser diferenciada da Cesareia Marítima queficava na costa mediterrânea. Marcos não está se referindo à própriaCesareia, mas às aldeias periféricas do distrito. Essa região está emum contraforte do monte Hermom, na Itureia, um território gover-

nado por Flerodes Filipe. Aqui Jesus estava protegido de HerodesAntipas e dos fariseus e saduceus. Nas ladeiras dos montes, Jesus

 prepara os discípulos para a crucificação, a qual acontecerá em pou-co mais de seis meses.

Quem dizem os homens que eu sou?  (Tíva |ie léyouaiv olávBpcoiToi eivou ). Mateus 16.13 tem “o Filho do Homem” no lugardo “eu” em Marcos e em Lucas 9.18. Os discípulos tinham ouvi-

do as mesmas opiniões populares sobre Jesus como ouvira HerodesAntipas (Me 3.21,31).

8.28. E eles responderam32 (oi ôè eírav33). Os discípulos reve-lam o quanto foram influenciados pelo ambiente como também peloensino direto de Jesus. Eles sabiam muito bem (ver análise em Mt16.14,28).

8.29. Tu és o Cristo  (Si) et ó Xpiaxóç). Marcos não apresenta

a frase “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16) ou “o Cristo deDeus” (Lc 9.20). A confissão mais completa está em Mateus. A lin-guagem de Lucas tem o significado praticamente igual a Mateus,ao passo que o relato de Marcos é o mais breve. Todavia, a forma

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 Marcos 8

em Marcos dá a ideia completa. Marcos omite o elogio de Pedro, provavelmente porque esta é a versão de Pedro do episódio. Verem Mateus 16.16,18 a crítica da opinião que diz que a narrativade Mateus reflete um desenvolvimento eclesiástico posterior e umesforço para justificar prerrogativas eclesiásticas. Os discípulos játinham confessado Jesus como Messias antes (conforme Jo 1.41;4.29; 6.69; Mt 14.33). Mas Jesus deixara de usar a palavra Messias 

 para evitar as complicações políticas revolucionárias que aconte-ceriam caso as pessoas entendessem as palavras de modo errado

(Jo 6.14,15). Agora ele verificaria se eles entenderam a verdade,apesar da oposição e deserções.8.30. A ninguém dissessem aquilo dele  ((irjôevl ÀéyGooiy Tiepl

anxoO). Embora Ele fosse o Cristo (Mt 16.20), ainda não era tempo para uma declaração aberta. Isso aconteceria com a entrada triun-fal em Jerusalém, quando as próprias pedras teriam clamado, casoas pessoas tivessem permanecido caladas (Lc 19.40).

8.31.  E começou a ensinarlhes  (fíp^axo õiôáaKeiv aíruouç).Marcos gosta dessas palavras, mas não é mero dispositivo retóri-co. Mateus 16.21 diz expressamente “desde então”. Os discípulostinham de saber que a morte de Jesus estava se aproximando. Aconfissão de fé que deram indicou que a ocasião era boa para co-meçar o novo ensino. A morte ocorreria sob o poder do Sinédrio(os anciãos, os príncipes do sacerdote e os escribas), no qual fari-

seus e saduceus tinham força mais ou menos igual. A ressurreiçãoao terceiro dia foi mencionada, mas ainda não causou impressão. Depois de três dias, ressuscitaria  (fiexà tpeiç rpépaç àvaazr\ 

vai).  Mateus 16.21 tem “ao terceiro dia” (tf) tp ítr) rpépçt) nocaso locativo de ponto de tempo (o mesmo ocorre também emLucas 9.22). Certos estudiosos exigem uma interpretação rígidade “depois de três dias”, o que daria “ao quarto dia”, e não “ao

terceiro dia”. A frase de Marcos tem o mesmo sentido que a fra-se constante em Mateus e Lucas, ou então são desesperadamentecontraditórias. Em linguajar popular, “depois de três dias” podesignificar, e frequentemente significa, “ao terceiro dia”. O quartodia é impossível.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

8.32.  Dizia abertamente estas palavras34(TTappriaía tòv A.óyovèláÀei). Ele não reteve nada, disse tudo (uâv, “tudo”, pr|oía, derivadode eíuov, “falar”), “sem reserva”, a todos deles. O tempo imperfeito

em I XáXe i mostra que Jesus fazia isso repetidamente. Marcos nãoapresenta o grande elogio de Pedro registrado em Mateus 16.17,19depois da confissão dele (Me 8.29; Mt 16.16; Lc 9.20), mas narraa repreensão contundente que recebeu de Jesus (ver análise em Mt16.21,26).

8.33.  Mas ele, virandose e olhando para os seus discípulos35(ó ôè éiTLOTpacj)elç kcu lõwv touç (_ia9r|i;àç amou). Pedro chamara

Jesus à parte (íTpoaÁapófievoç), mas Jesus virouse repentinamen-te e fez uma varredura em tomo de Pedro (enicrupact^íc;, somente0Tpact)eíç em Mateus). Esta ação englobou os outros discípulos, colocandoos em plena visão (esse detalhe só consta em Marcos). Porconseguinte, Jesus reprova Pedro na presença do grupo todo. Nãohá dúvidas de que Pedro sentiu que era o seu dever como líder dosdoze protestar com o Mestre, assinalando que a morte não lhe era

uma opção aceitável.36 Os outros tinham a mesma opinião de Pedroe estavam vendo e recebendo o efeito causado pela repreensão ou-sada do apóstolo. Pedro não se elevara acima do nível das pessoascomuns e, por isso, estava sendo usado por Satanás cujo papel eleestava desempenhando. A repreensão contundente faziase necessá-ria. O Diabo fizera a mesma tentação no monte como Pedro faz aqui(ver análise em Mt 16.23).

8.34.  E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos37(Kal TrpooKaA.eaá|ie'oç  xov  ôxàov aí)v toiç iiaGiyuaiç auxou). SóMarcos nota o ajuntamento inesperado de pessoas nessa região re-mota perto de Cesareia de Filipe em território gentio. Na presençadessa multidão, Jesus explica a sua filosofia de vida e morte queé bem diferente da oferecida por Pedro e compartilhada pelos ou-tros discípulos e pessoas. Jesus faz uma reinterpretação profunda davida e da morte.

 Neguese a si mesmo  (àuapyr|oáo9(j0 èairuóv). A pessoa tem dedizer não a si mesma. Note o reflexivo junto com a voz média, um

 primeiro aoristo ingressivo do imperativo (ver análise em Mt 16.24

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 Marcos 8

sobre levar a cruz). A sombra da cruz já estava sobre Cristo e aque-les que o seguiriam (Me 8.31).

8.35.  Por amor de mim e do evangelho3S(éveKev è[ioü «ai toOeúayyeÀLOi)). Esta frase se acha somente em Marcos (ver análise emMt 16.25 quanto a este aparente paradoxo). Note os dois sentidos devida e salvar. No lugar do último salvar  (ocóoei, “salvará”), Mateus16.25 tem achar   (et>pr|or|, “achálaá”). Em Mateus 16.26, há umaanálise adicional sobre as palavras aproveitar, ganhar  e em recom-

 pensa.

8.38.  Porquanto qualquer que [...] se envergonhar de mim e das minhas palavras39 (oç yàp èàv40èmiax,uv9fj [ae xal touç è|aoi)çÂóyouç). aoristo primeiro passivo do subjuntivo com o relativo in-definido eàv que é igual a av.41Não é uma declaração sobre condutafutura, mas sobre uma atitude para com Jesus. A conduta do cristão

 para com Cristo determina a conduta de Cristo (è™ioxuv9r|aeim,futuro primeiro passivo do indicativo). Este verbo passivo é transi-

tivo e usa o acusativo (|_ie, aúróv). Entre esta geração adúltera e pecadora (kv  crj yeveâ xaúxr)  zr\ lioixcdíôi «ai qmpTwÀcò). Esta frase só ocorre em Marcos.

Quando vier  (òxctv eÀGi^). Este é um aoristo ativo do subjuntivocom referência à futura Segunda Vinda de Cristo com a glória do Paicom os seus santos anjos (cf. Mt 16.27). Tratase de uma prediçãoclara da vinda escatológica final de Cristo. Esse versículo não pode

ser separado de Marcos 9.1 como divisão de capítulo. Estes doisversículos — Marcos 8.38 e 9.1 — formam um parágrafo e vão juntos.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1“Visto que não tinham nada para comer” (NVI).

2“Há três dias que permanecem comigo” (ARA).

3 T R te m f|ô r| rpépccç xpeiç upoa|iévoi>aL.v ^o l.

4 A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 460.

5TR e TM têm uiveç yàp aúxcjv |iai<pó9ev íÍKomv.

6“Neste lugar deserto” (NVI).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

7 “Para que estes os distribuíssem” (ARA).

8TRstem'ívcc TrapaGoôaiv e TRb e TM têm'iva uapaGcôoi.

9“Tinham também alguns peixes pequenos” (NVI).

10“E dos pedaços restantes recolheram sete cestos” (ARA).

11“[Ele] partiu para as regiões de Dalmanuta” (ARA).

12“Os fariseus vieram e começaram a interrogar Jesus” (NVI).

13 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 168.

14Robertson, Grammar, p. 1.024.

15 Alexander Balmain Bruce, The Expositor ’  s Greek Testament,  vol. 1, The 

Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 394.16“Os discípulos haviam esquecido de levar pão” (NTLH).

17 “Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes” (NVI).

18TR não tem o iota subscrito no substantivo próprio,' Hpcóõou.

19Bruce, Expositor ’  s, p. 395.

20 Ibid.

21TR e TM têm II wç oú ouvíete.22 TR e TM têm o verbo singular, êpxetai.

23“[Ele] o levou para fôra do povoado” (NVI).

24 TR e TM usam um verbo diferente,

25 “Vejo pessoas; elas parecem árvores, mas estão andando” (NTLH).

26 “Ele, passando a ver claramente” (ARA).

27TR e TM têm èiroíriaev aíiiòv ávaptó|m.

28TR e TM têm o tempo aoristo, êyépie^ey. TRb e TM não incluem o v eufònico, év<=p.A.e4/e.

29 “Mandou-o Jesus embora para casa” (ARA). O nome Jesus não se acha no texto grego, mas certamente se refere a ele.

30TR e TM têm o artigo com a preposição, elç xòv olkov  coitoü.

31 “Para os povoados que ficam perto de Cesareia de Filipe” (NVI).

32 “Os discípulos responderam” (NTLH).

33TR e TM têm Oí ôè áireKpíGriaav.

34 “Isto ele expunha claramente” (ARA).35“Jesus, porém, voltou-se, olhou para os seus discípulos” (NTLH).

36 Swete, Commentary on Mark , pp. 154, 155.

37 “Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos” (ARA).

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 Marcos 8

38 “Por causa de mim e do evangelho” (AEC).

39 “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras” (NVI).

40 TR tem av em lugar de káv.

41 Robertson, Grammar, pp. 957-959.

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Capítulo

 Marcos

9.1. Sem que vejam chegado o Reino de Deus com po-

der 1 (ewç ct|v íôcooiv TT|y (3aoiÀeú(xv xoü Geou èÀr|A.u9ui<xi' kv ôuvá[j.ei). Em Marcos 8.38, Jesus abre o assunto da sua SegundaVinda. Os comentaristas perguntam se esse assunto se estendea Marcos 9.1. Lembramos que Marcos 13.32 é igual a Mateus24.36, onde Jesus expressamente declara que só o Pai sabe o diaou a hora da sua vinda. Será que Jesus está dizendo que a suavolta é tão iminente que os seus ouvintes vão presenciála? Em

 primeiro lugar, observe que Lucas 9.27 tem só “vejam o Reinode Deus”, enquanto Mateus 24.30 tem “verão o Filho do Homemvindo” (épxóiievov, particípio presente, um processo). Marcostem “vejam chegado o Reino de Deus” (èA.r|Xu9uíav, particípio

 perfeito ativo, já vem). Jesus fala de um a vinda “com poder” . Emsegundo lugar, Marcos passa imediatamente para a narrativa datransfiguração no monte Hermom — certamente um vislumbre

da realidade do poder do Reino. Em terceiro lugar, a linguagemtambém poderia se aplicar à vinda do Espírito Santo no Dia doPentecostes. Em quarto lugar, certos estudiosos vêem nas pala-vras de Jesus uma referência à destruição do Templo em 70 d.C.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

É questão de opinião se o Mestre está falando do mesmo eventoem Marcos 8.38 e 9.1.

9.2. Sós2 (jióvouç). Esta palavra só é encontrada em Marcos.

Mais análise sobre a transfiguração pode ser encontrada em Mateus17.18. Lucas 9.28 acrescenta “a orar” como o motivo para Jesuslevar Pedro, Tiago e João ao alto monte.

9.3.  As suas vestes tornaramse resplandecentes, em extremo brancas3(xà l|iáxia aúxoü êyévexo axíX^ovxa Xemà Xíuv). Mateus17.2 tem “brancas como a luz” (ÀeuKà wç xò c(>cõç), Lucas 9.29 tem“brancas e mui resplandecentes” (ÀeuKÒç e aaxpáirxGov) como o re-

lâmpago.Tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia bran-

quear4  (ota yva(J)euç eni xf|ç yrjç oú õúvctxai ouxgoç5ÀeuKâvca). A palavra yyácjjw é uma palavra antiga, “cardar lã”. Note oüxwç, “tão” branca. Alguns manuscritos em Mateus 17.2 acrescentam oç“como a neve”. O pico coberto de neve do monte Hermom podiaestar visível nessa mesma noite. Ver análise em Mateus 17.2 para

considerações sobre o termo transfigurarse ((iexa|aop(j)óo|j,ca).9.4. Apareceramlhes Elias e Moisés6(«4>0r| aijxoiç ’HÀíaç oúv

Mcoüoel7). Mateus e Lucas têm “Moisés e Elias”. Ambos, de fato,eram profetas e ambos lidaram com a lei. A outra ordem está emMarcos 9.5.

9.6.  Pois não sabia o que dizia8 (oú yàp rjÔ€i xí áTTOKpiGfj9).Este é um subjuntivo deliberativo retido na pergunta indireta. Mas por

que Pedro disse qualquer coisa? Lucas informa que ele falou “nãosabendo o que dizia”, como desculpa à inadequação do comentário.Talvez Pedro se sentisse envergonhado por ter estado dormindo (Lc9.32) e a Festa dos Tabernáculos (ou das Cabanas, 0KT]vaí) estava

 próxima. Ver análise em Mateus 17.4. Ao que parece, Pedro e osoutros não ouviram ou pelo menos não entenderam a conversa comMoisés e Elias. Lucas 9.31 explica que eles estavam falando sobrea “morte” (eçoòov) próxima de Jesus, o seu “êxodo” ou “partida”.Mal sabiam os discípulos o consolo especial que Jesus encontrounesses dois velhos amigos enquanto se aproximava do horror dacruz — acerca da qual Pedro demonstrara recentemente a mais ab-

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 Marcos 9

soluta estupidez (Me 8.32,33). Quanto à sombra e à voz, ver análiseem Mateus 17.5.

9.8. Tendo olhado ao redor 10(ê^cbiva uepi(3A.ei[rá|ievoi). Mateus17.8 tem “erguendo eles os olhos”. Marcos é mais pictórico. Derepente, a nuvem com Moisés e Elias se fôra, e os discípulos fica-ram vasculhando com o olhar o lado da montanha procurando umindício do que viram.

 Ninguém mais viram, senão Jesus com eles  (oíiKéxi oüõévaeíõov àlXà  tòv TriaoOv |ióvov [í<e9’ èautcôv). Marcos mostra a sur-

 presa dos discípulos. Eles ficaram com medo (Mt 17.6) até que Jesuslhes tocasse.9.9.  Até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos  (c L

(j/r) otav ó ulòç tou ávGpcÓTTOU ék veKpwv ávaaxr)). Quanto a “até”,Mateus 17.9 tem 'éooç ou. O verbo é a terceira pessoa do singulardo aoristo segundo ativo do subjuntivo. Mais precisamente, Marcosdiz “até que o Filho do Homem se levantasse” (aoristo futurístico).

Lucas 9.36 diz somente que “eles calaramse e, por aqueles dias,não contaram a ninguém nada do que tinham visto”. O benefício pleno dessa alta e santa experiência secreta viria depois.

9.10.  Eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos ou-tros11 (tòv Àóyov èncpárnoav Trpòç éautouç auÇritouvteç). Pela pri-meira vez eles notam a alusão que Jesus faz a ressuscitar dos mortos(Me 8.31).

9.12.  Elias virá primeiro e todas as coisas restaurará (’H líaç12(j,èv élBcòv uputov áTTOKaOiOTjávei13uávia  ). Este verbo recente du- plamente composto ocorre em geral nos papiros como àiTOK:a0íatr||j,i..Cristo está descrevendo João Batista como o Elias prometido e o

 precursor do Messias (ver análise em Mt 17.1013). Os discípulosagora entenderam que João Batista cumpriu a profecia de Malaquias4.5. Eles viram Elias no monte, mas Jesus precedera essa vinda de

Elias. João preparara o caminho para o Cristo. Jesus explica pacien-temente para os seus alunos obtusos.9.14.  E alguns escribas que disputavam com elesH   (kocI

ypoq4J,octei<; au(r|TOÜvtaç Tipòç autoúç ,5). Marcos é mais detalhistaneste episódio (Me 9.1429) do que Mateus ou Lucas (Mt 17.1420;

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Lc 9.3743). Era justo que os escribas profissionais se interessassemmuito pelo fracasso dos nove discípulos em curar esse pobre me-nino. Jesus e os três discípulos descem do monte e vêem os líderes

 judeus importunando e criticando de forma divertida.9.15.  Ficou espantada16 (é£e0a|ipr|9r|aav 17), aoristo primeiro

 passivo, aoristo ingressivo com ék composto perfectivo. O apa-recimento súbito e oportuno de Jesus no meio da disputa, quandoninguém estava procurandoo, redirecionou a atenção de todos. As

 pessoas ficaram inicialmente admiradas “e, correndo para ele, osaudaram” (iipooxpéxovxeç ipTráCovxo auxóv), particípio presente e

 pretérito imperfeito depoente médio do indicativo.9.16. Que é que discutis com eles?ls  (Tí ou(r|xeixe upòç

aúxoúç ). Jesus toma conta da situação para interceder pelos novediscípulos envergonhados.

9.17. Trouxete o meu filho  (ríveyKa xòv uióv |iou Tipoç oé). O pai adiantouse e explicou a disputa com emoção franca e simples.

9.18. Onde quer que o apanha  (ottou kkv  aúxòv KaxaÀápi]19).A palavra catalepsia  está relacionada com esse termo grego, queera usado no mundo antigo por Galeno e Hipócrates para descreverum ataque ou espasmo. A palavra é muito comum nos papiros emvários sentidos como no grego mais antigo. Cada um dos verbos queMarcos usa aqui ajuda a pintar um quadro vívido.

 Despedaçao20  (piíoaei aüxóv), convulsiona, lacera e rasga em pedaços, uma palavra antiga e comum.

 Ele espuma  (ácppCÇel). Este termo poético recente se acha so-mente aqui no Novo Testamento. Tratase de um hapax legomenon do Novo Testamento, ou seja, esta é a única ocorrência do termo no

 Novo Testamento. Range os dentes21 (xpí(ei xouç óõóvxaç 22), o termo ranger   é

outro hapax legomenon do Novo Testamento.Vaise secando23 (^ipcávexai), uma palavra antiga para refe-

rirse a “secar” ou “murchar” como a relva, ocorre também emTiago 1.11.

 E não puderam  (Kai oik Laxuoav). Os discípulos não tive-ram a força (laxuç) para lidar com esse caso. Ver Mateus 17.16,

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 Marcos 9

que é igual a Lucas 9.40 (kíu  oúk   r|ôuvTÍ9r|Gocv, aoristo primeiro passivo).

9.19. Trazeimo14  (Repete aüxòy upóç |ie). A incredulidade dosdiscípulos conduzira a esse fiasco. Eles eram parte da geração incré-dula (aiTLOTOç, descrente) em que viviam. Mas Jesus não tem medode encarregarse desse caso. Sempre podemos ir a Jesus quando osoutros nos decepcionam.

9.20. Logo o espírito o agitou com violência25(uò Trveü|aa eí)9i)çouveoTOpa ev aòióv26). Lucas 9.42 tem as duas palavras: eppriÇev

(“derribou”, como em Me 9.18, piíooei) e auveauápo^ev (“convul-sionou”). Esta composição com ouv (“junto com”), fortalece a for-ça do verbo como em ouvttvÍy« (Me 4.7) e ouviripéu (Me 6.20). Oúnico outro exemplo conhecido dessa composição verbal ocorre nosescritos de Maximus Tyruij (século II a.C.).

 Revolviase, espumando11  (èncuAleto), imperfeito passivo, “erarevolvido”, uma visão lamentável, uma forma recente da palavra

antiga kuXlvôq.9.22.  Mas, se tu podes fazer alguma coisa (àXX’   eí t i õúvr)28).Jesus indagara (Me 9.21) a história do caso como um médico dosdias de hoje. O pai lhe contou e revelou mais detalhes dignos de penasobre o fogo e a água. O fracasso dos discípulos não lhe destruíracompletamente a fé no poder de Jesus, embora a forma condicional(primeira classe, assumindo ser verdadeiro) indique dúvida se o me-

nino podia mesmo ser curado. Era um caso crônico e desesperadorde epilepsia com a adição de posse demoníaca.

 Ajudanos  (poií9r|oov rplv), um imperativo aoristo ingressivo.Faze agora. Com ternura comovedora ele toma para si a defesa domenino como fizera a mulher síriofenícia com relação à filha: “Temmisericórdia de mim” (Mt 15.22). O leproso tinha dito: “Se queres”(Me 1.40). Esse pai diz: “Se tu podes”.

9.23. Se tu podes crer [...]?  (Tò el õúvri29). O grego tem umalinguagem bonita que não passa para as traduções. O artigo toma as

 próprias palavras do homem e coloca a frase no caso acusativo dereferência geral. “Quanto ao ‘se tu podes’, todas as coisas podem(àiívazá) para aquele que crê”. A palavra grega traduzida por “pos-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

sível” é õuvaxá, o adjetivo cognato do verbo ôúvfl (“poder”). Essareviravolta súbita desafia a fé do pai.30

9.24. O pai do menino, clamando31 ( xpá^aç,  ó iroarp xoü

TTcaõíou), um clamor alto e “logo” (eúGuç32). Os recentes manuscri-tos recentes têm “com lágrimas” ([iexà ôaKpúcov), palavras que nãoconstam em documentos mais antigos.

 Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade33 (IlioteÚGo34Por|0el |íod xrj (XTTioxía). Esta é uma descrição exata do estadomental e espiritual do pai do menino. Ele ainda tinha fé, porém al-mejava mais. Note o imperativo presente (ajuda contínua) ponGei,

enquanto o imperativo aoristo (ajuda imediata) por]Gr|aov está noversículo 22. A palavra vem de Por|, “grito”, e Géo), “correr”, correrem um grito para ajudar, um quadro vívido do apuro desse pai.

9.25. A multidão concorria35(êTTiowxpéxei ô%Àoç). Uma pala-vra de composição dupla só encontrada aqui no Novo Testamentoe não nos escritores gregos antigos. A palavra èTuxpéx« ocorre nos

 papiros, mas não éTTiouvxpéx«. A palavra de composição dupla

descreve de forma viva o ajuntamento rápido da multidão em tor-no de Jesus e do menino epiléptico para ver o que aconteceria.Saia dele (e^XGe auxoO). Como costumeiramente faz, Jesus

se dirige ao demônio como um ser separado do menino. Esta açãotorna difícil acreditar que Jesus estivesse meramente favorecendoa crença popular em uma superstição. E lógico que Ele considera odemônio como a causa desse caso do infortúnio do menino.

9.26. Agitandoo com violência36 (uoAAà omxpá^ac;37). O verbocomposto é usado no versículo 20. Ficou o menino como morto  (èyévexo ooael yeKpóç). Ele se

tomou como morto por causa da violência do espasmo. O demôniofez todo dano possível ao deixálo.

9.28. Os seus discípulos lhe perguntaram à parte  (ol [iaGrjxalaúxou Kax’ íòíav  eTiripGÓxojy aúxóv38). Em casa, os nove discípulos

 buscam uma explicação para o fracasso colossal. Eles já tinhamexpulsado demônios e curado antes. Certos estudiosos ficam con-fusos aqui quanto ao uso que Marcos faz de òxi como partículainterrogativa, significando “por que”, onde Mateus 17.19 tem ÕLct

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 Marcos 9

l i . Alguns manuscritos têm ôià xí aqui, em Marcos 9.28, comotodos têm em Mateus 17.19 (ver também Me 2.16; 9.11). É pro-vável que nesses exemplos òti queira realmente dizer “por que” .39

O uso de oç como interrogação “de modo nenhum é raro no gregorecente”.40

9.29.  Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser  com oração  (Toftxo tò yévoç kv  oúôevi ôúvonm é£eA.Geiv el (_ir)év Tipooguxri). A adição de “e jejum” não aparece nos dois manus-critos gregos mais antigos (Aleph e B). É claramente uma adiçãorecente para ajudar a explicar o fracasso dos nove discípulos. Mas

é desnecessária e também infiel. Foi a oração que os nove discí- pulos não fizeram. Não tiveram poder, porque não tinham oração.O autoconvencimento causoulhes a derrota. Mateus 17.20 tem“por causa da vossa pequena fé” (òÀiyoTTLaTÍav). Isso também éverdade. Tinham muita fé em si mesmos, muito pouca em Jesus.“Confiaram no poder semimágico com que pensaram que estavaminvestidos.”41 “Espíritos de tal malignidade eram ágeis em discer-

nir a falta de poder moral e não se renderiam a ninguém.”429.30. Não queria que alguém o soubesse43 (ouk r\QeXev iva  uiç

yyot 44). O tempo imperfeito é seguido pelo aoristo ingressivo dosubjuntivo. Ele não estava disposto que ninguém ficasse sabendo.De volta à Galiléia, Jesus era bem conhecido, mas agora estavaevitando realizar obras em público ali (cf. Me 7.24). Ele já nãoera o herói da Galiléia. Ele deixara Cesaréia de Filipe para ir à

Galiléia.9.31.  Porque ensinava os seus discípulos45 (éôíôaoKey yàp

toÍjç iiaGriKxç aikoíj). Este é um tempo imperfeito e a razão dada para o segredo. Jesus estava renovando de novo e terminantementea predição da sua morte em Jerusalém que estava a uns seis mesesà frente, como Ele fizera antes (Me 8.31 é igual a Mt 16.21, que éigual a Lc 9.22). Agora como então, Jesus prediz a sua ressurrei-

ção “três dias depois” (ARA; “ao terceiro dia”, Mt 17.23).9.32.  Mas eles não entendiam esta palavra46   (ol 5è riyvóouv

tò pf||j,a). Este é o tempo imperfeito, especialmente encontradonas Epístolas de Paulo no Novo Testamento. Os discípulos con-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

tinuavam não entendendo. Eram céticos sobre o assunto da mor-te e ressurreição mesmo depois da experiência da transfiguração.Quando desceram do monte, eles ficaram novamente intrigados

com a alusão do Mestre à sua ressurreição (Me 9.10). Mateus 17.23observa que “eles se entristeceram muito” ao ouvir Jesus falar des-se modo outra vez, porém Marcos acrescenta que eles “receavaminterrogálo” (ê^opouvio ocutòv èuepcotrioai). Continuavam tendomedo (tempo imperfeito), talvez com a amarga memória do termoSatanás lançado em Pedro quando ele protestou naquela vez em queJesus falou de sua morte (Me 8.33 é igual a Mt 16.23). Lucas 9.45

explica que essa palavra “lhes era encoberta”, provavelmente em parte por preconceitos e idéias preconcebidas.9.33. Entrando em casa (kv tt| o Lk La yeyó|ievoç). Provavelmente

era a casa de Pedro em Cafarnaum, a casa de Jesus na cidade.Que estáveis vós discutindo pe lo caminho?41 (Tí kv  trj óôcô

õieÀoyíCeaGe4S). Este é outro tempo imperfeito. Os discípulos ti-nham estado disputando (Me 9.34), não sobre a morte do Mestre

que estava se aproximando, mas sobre a posição relativa de cadaum deles no reino político que estavam esperando que Ele estabe-lecesse. Jesus suspeitara da verdade sobre eles e, pelo visto, elesmantiveramse nesse assunto em casa. Ver análise em Mateus18.1 que apresenta os discípulos levando a disputa a Jesus, quan-do Ele lhes pergunta por isso. Provavelmente eles perguntaram

 primeiro a Jesus, e mais tarde Ele retomou o assunto para tratá

lo mais a fundo e extensivamente. O seu objetivo era ver se estanão fôra a ocasião da discussão um tanto quanto acalorada queocorrera pelo caminho.

9.34.  Mas eles calaramse49 (ol ôè êoiúucov). Aqui é outrotempo imperfeito. Tendo o assunto sido colocado diante deles, elesse sentiram envergonhados que o Mestre descobrira a rivalidadeciumenta entre eles. Não se tratava de mera questão abstrata, con-

forme a apresentaram a Jesus, mas era um cancro nos seus cora-ções.9.35.  Assentandose, chamou os doze50 («aGíoaç êcf)cóvrioev

xoi)ç õcóõeKoc). Jesus tomou a ação deliberada para controlar esta

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 Marcos 9

situação delicada. Jesus lhes dá a regra da grandeza: “Se alguémquiser ser o primeiro [ttpcôtoç],  será o derradeiro [eoxcaoç] detodos e o servo [õiáKOvoç] de todos”. Esta declaração de Cristo,como muitas outras, foi repetida em outras vezes (Me 10.43,44;Mt 23.812; Lc 22.24,25).

9.36. Tomandoa nos seus braços  (êv06YK 0íA.Laáiaevoç aútó, particípio aoristo médio, palavra grega recente derivada de àyKáXricomo em Lc 2.28), ele falou novamente com os discípulos. O gre-go de Mateus 18.2 diz que Ele chamou uma criancinha, uma quehavia na casa, talvez o filho de Pedro. Lucas 9.47 nota que Ele“pôla junto a si”.

9.37. Qualquer que receber uma destas crianças51 ("Oç a\v  ev  tgôv toloÚtcov TTcaõítov 52). Mateus 18.5 tem “uma criança talcomo esta” e Lucas 9.48 tem “esta criança”. Era uma lição práticacontra a vaidade arrogante dos doze apóstolos que buscavam ter

 primazia. Eles não aprenderam essa lição, porque ainda voltarãoa disputar sobre a primazia (Me 10.3345 é igual a Mt 20.2028),e não será fácil eles compreenderem o que significava a atitude deJesus para com as crianças (Me 10.1316 é igual a Mt 19.1315,que é igual a Lc 18.1517). A criança foi usada como repreensão

 para os apóstolos.9.38.  Porque não nos segue53 (oxi oi>k r)KoA,oú9ei t]|_iLV54).

 Note o tempo imperfeito vívido novamente. E óbvio que João pen-sou em mudar de assunto, por causa do constrangimento e embara-ço causado pela disputa deles. Por isso, contou o episódio de zeloextra da sua parte esperando receber um elogio de Jesus. Talvez oque Jesus acabara de dizer no versículo 37 levantasse dúvida namente de João sobre a conveniência da sua estreiteza excessiva.Precisamos saber a diferença entre lealdade a Jesus e insistênciaaos nossos preconceitos tacanhos.

9.39. Não lho proibais55(Mrj KGoAúere aúxóv). Pare de impedilo (Mrj e o imperativo presente) como João estivera fazendo.

9.40.  Porque quem não é contra nós é por nós  (oç yàp ouk €OTiv  KC60’ t}|í(5v, ímèp T]|i(ôv éoTiv). Essa declaração profundalança uma torrente de luz em todas as direções. O complemento

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

desse logion está em Mateus 12.30: “Quem não é comigo é contramim”. Ambos são necessários. Há pessoas que imaginam que sãorealmente por Cristo, que se recusam a assumir posição públicacom Ele e por Ele.

9.41. Sois discípulos de Cristo56 (otl XpioToü êoze). Esteé um genitivo predicativo, pertence a Cristo (ver Rm 8.9; 1 Co1.12; 2 Co 10.7). Esse é o laço de fraternidade universal dos re-midos. Diz respeito à nação, raça, classe, sexo, tudo. Não há ser-viço pequeno demais, até um copo de água fria, se for feito pelacausa de Cristo. Ver análise em Mateus 18.6,7 para inteirarsede discussão sobre pedra de tropeço para esses pequeninos quecrêem em Jesus (Me 9.42), um termo amoroso pertinente a todosos crentes, e não só a crianças.

9.43.  Ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga51(elç tt)v yéevvav, elç tò irOp tò aoPeoTov). Este não é o hades, mas o  geena.  A palavra «opeotov é palavra de negação de alfa eopéotoc;, derivado de apévvu|ji, que significa “extinguir”. Ocorrecom freqüência nos escritos de Homero. Essa palavra entrou di-retamente em outros idiomas como asbesto,  com um significadooposto. Referese a uma substância que  pode extinguir   o fogo.Mateus 18.8 tem “no fogo eterno”. Geena  referese ao vale deHinom que fôra profanado pelo sacrifício de crianças a Moloque.Era um lugar amaldiçoado, usado como aterro sanitário da cidadeonde os vermes (“bichos”) sempre estão a comer e o fogo a arder.O geena é um quadro vívido do castigo eterno.

9.44,46. Os manuscritos mais antigos não têm esses dois ver-sículos. Eles entram no texto proveniente da família de textos oci-dentais e sírios (bizantinos) e repetemse no versículo 48.

9.47. Com um só olho  (|j,ovócj)9(xÀ|iov). Isso significa, literal-mente, “de um olho só” (ver análise em Mt 18.8,9). É o grego koi

vr] vernáculo e condenado pelos puristas em reação à língua grega.Marcos tem aqui “Reino de Deus”, onde Mateus 18.9 tem “vida”.9.48. Onde o seu bicho não morre  (ottou ô gkgóàti ccutgõv oi)

TeA.eurâ). “O bicho [“verme”, ARA], ou seja, aquilo que ataca oshabitantes dessa esfera terrível.”58 Duas figuras fortes de geena  são

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 Marcos 9

combinadas: o verme que come, o fogo que arde. Nenhuma figu-ra do  geena pode igualar a realidade terrível que é descrita (ver Is66.24).

9.50. Tende sal em vós mesmos (exete kv eauxoiç aXa^9). Jesusdissera que os discípulos são o sal da terra (Mt 5.13) e advertiraos

 para que não perdessem a salinidade do sal. Se for ãvaXov,  nada pode adubálo (àpxúco) ou retemperálo, e é inútil para temperar oque quer que seja. É uma força gasta.

 NOTAS  ___________________________________________________ 1“Antes de verem o Reino de Deus chegar com poder” (NTLH).

2“Sozinhos” (BJ); “a sós” (NVI).

3“Suas roupas se tomaram brancas, de um branco resplandecente” (NVI).

4“Mais do que qualquer lavadeira seria capaz de deixar” (NTLH).

5TR e TM não incluem oíkuç.

6“Apareceu-lhes Elias com Moisés” (AEC).

7TR tem ’HAlaç e Mwixjél; TM tem ’HXeíaç e Mwoei; WH tem Mcaof|.8“Pedro não sabia o que deveria dizer” (NTLH).

9TR e TM têm oú  yàp  f)õe u xi  Xodriar}.

10“De súbito, olhando ao redor” (AEC).

11“Eles guardaram o assunto apenas entre si, discutindo” (NVI).

12TR tem ’HAlaç; WH tem ’HÀeLaç.

13TR e TM têm àiroKa0i.oi:â.

14“E os mestres da lei discutindo com eles” (NVI).15TR e TM têm o caso dativo aúxolç em vez da frase preposicional.

16“Tomada de surpresa” (AEC; ARA).

17TR e TM têm èÇe9a|iPr|9r).

18“Que é que discutíeis com eles?” (ARA).

19TR e TM têm av em vez de káv.

20“Lança-o por terra” (ARA).

21 “Rilha os dentes” (ARA).22TR e TM têm xpíÇêL xouç óõóvtaç aÚTOÜ.

23“Fica rígido” (NVI).

24 “Tragam o menino aqui” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

25 “O espírito [...] imediatamente causou uma convulsão no menino” (NVI).

26TR e TM têm eúOéwç t ò   irveíj|i<x èoirapaÇav.

27 “Começou a rolar, espumando pela boca” (NVI).

28 TR e TM têm àXX’   e’í ti õúvaaai.29TR e TM têm Tò ei ôúvaacu.

30 Sobre este uso do artigo grego, ver A. T. Robertson, A Grammar o f the Greek   New Testament in the Light o f Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 766.

31 “O pai do menino exclamou” (AEC: NVI); “o pai do menino gritou” (BJ).

32 TR e TM têm túGéwç.

33“Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (ARA).

34 TR e TM incluem o vocativo depois de nioieúw, Kúpie.35“Muita gente estava se juntando ao redor dele” (NTLH).

36 “Sacudiu o menino” (NTLH).

37 TR e TM têm avapá^av  TTOÀA.á.

38 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, oi [ia9r|icà aiitoD èirrípcóicoy aikòv koüt’  lõíav.

39 Robertson, Grammar , p. 730.

40 G. Adolf Deissmann, Light from the Ancient East: The New Testament Illustrated  

by Recently Discovered Texts o f the GraecoRoman World, traduzido por L. R. M. Strachan (Reimpressão, Grand Rapids: Baker, 1965), p. 126.

41 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 202.

42Ibid.

43“Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava” (NTLH).

44 TR e TM têm o verbo grafado assim yv($.

45“Porque estava ensinando os discípulos” (NTLH).

46 “Mas eles não entendiam o que ele queria dizer” (NVI); “eles, contudo, não  compreendiam isto” (ARA).

47 “De que é que discorríeis pelo caminho?” (ARA).

48 TR e TM têm Tí èv xfj óôcõ upòç éautoijç ôieloYÍÇeaGe.

49 “Mas eles guardaram silêncio” (ARA).

50 “Jesus sentou-se, chamou os doze” (NTLH). Note que o nome  Jesus  não se acha no texto grego, embora o pronome implícito se refira claramente a Ele.

51 “Qualquer que receber uma criança, tal como esta” ( ARA).

52TR e TM têm éccv em vez de vv.

53“Porque ele não é do nosso grupo” (NTLH).

54 TR e TM têm õç em vez de otl.

55“Não o impeçais” (BJ).

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 Marcos 9

56 “Por vocês pertencerem a Cristo” (NVI); “sois de Cristo” (ARA).

57“Ires para a geena, para o fogo inextinguível” (BJ).

58 Ezra P. Gould, Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to 

St. Mark   (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 180.59 TR e TM têm ãXotç em vez de ala.

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Capítulo

10

 Marcos10.1.  Foi para o território da Judéia, além do Jordão1(epxexou

elç rà opia Tf|ç ’Iouôoúaç KaPuépav xoG ’Iopõávou). Ver análise emMateus 19.1 concernente a essa expressão curiosa. Mateus 19.1 adi-ciona “da Galiléia”, e Lucas 17.11 diz que Jesus “passou pelo meiode Samaria e da Galiléia” depois de deixar “Efraim” (Jo 11.54).Muita coisa interveio entre os acontecimentos narrados até o tér-mino de Marcos 9 e os constantes no princípio de Marcos 10. Parainteirarse desses acontecimentos, veja Mateus 18.135, Lucas 9.57a l8 .1 4 e J o ã o 7 a ll .U m terço do Evangelho de Lucas é dedicado aesse período. No final de Marcos 9, a Paixão de Cristo estava a umadistância de aproximadamente seis meses. Agora, em Marcos 10, aconjuntura perigosa está apenas a algumas semanas. Jesus começoua sua última viagem rumo a Jerusalém. Ele foi para o norte passan-do por Samaria, Galiléia; depois atravessou o rio Jordão para ir àPeréia; e voltou para a Judéia entrando perto de Jericó junto com os

 peregrinos da Páscoa que estavam vindo da Galiléia. A multidão se reuniu em torno dele3 (oufiuopeúovTai náXiv 

ôxA.oi). Observe o presente histórico dramático. Nessas carava-nas viajando para Jerusalém, muitos seguidores de Jesus eram da

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Galiléia. A maioria estava pelo menos amavelmente predisposta para com Ele.

Como tinha por costume (goç elcoGei). Este passado perfeito segun-do é usado como pretérito imperfeito de eloSGoc, perfeito segundo ativo.

Tornou a ensinálos4 (èôíôaoKey aúxoúç, imperfeito, já não étempo presente). Jesus estava ensinando essa caravana enquantoviajavam.

10.2.  Aproximandose dele os fariseus, [...] tentandoo (TrpoaeA.0óvte<; $apioaioi éuripGúxtov aúxòv5). Assim que Jesus apa-rece na Galiléia, os fariseus o atacam novamente (cf. Me 7.5; 8.11).A palavra firrptóxoov quer dizer “provando” ou “tentando”, pois omotivo deles era mal.6Outrora tinham envolvido João Batista comHerodes Antipas e Herodias nesse assunto. Talvez tivessem certasesperanças sobre Jesus, ou o propósito pode ter sido ver se Jesus se-ria mais rígido que os ensinos de Moisés. Eles sabiam que Ele falarana Galiléia sobre o assunto (Mt 5.31,32).

10.3. Que vos mandou Moisés?  (TL xjjjXv èvereLÀaxo Mooüoriç7).Jesus imediatamente levou o assunto em relação ao ensino deMoisés (Dt 24.1). Mas Jesus retrocede muito além dessa con-cessão permitida por Moisés, indo ao estado ideal ordenado emGênesis 1.27.

10.4.  Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar  (’ETT6tpei(;ey Mwüofjç8pipAiov áTiooxaoíou ypái|m ra! áTTOÀüaca). A

 palavra grega traduzida por “carta” (PipAiov) é um diminutivo e sig-nifica “pequeno livro”, como o latim libellus, da qual vem a palavralibelo.9“Libelo de abandono” (Wycliffe). Os fariseus levantam essemesmo ponto em Mateus 19.7, mostrando que eles advogam o pon-to de vista liberal de Hillel: divórcio fácil por quase qualquer causa.Esta era a opinião popular, como hoje (ver análise em Mt 19.7 paradiscussão de “pela dureza do vosso coração”, aKAxipoKapôía, Me10.5). Ao expor o propósito do casamento (Gn 2.24), Jesus assumeo ponto de vista mais rígido do divórcio defendido pela escola deShammai (ver análise em Mt 19.112). Marcos 10.10 nota que osdiscípulos perguntaram a Jesus acerca do problema “em casa”, de-

 pois de terem se afastado da multidão.

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 Marcos 10

10.11. Qualquer que deixar a sua mulher e casar com ou-tra adultera contra ela  ("Oç a\v  áuoXíio^  xr]v  yuvaiKa atkoü kou

ycqj/r|OT] ’ ákXvy |aoi%âTai èrr’ omriv). Marcos não apresenta a exceção“não sendo por causa de prostituição” como consta em Mateus 19.9,embora o ponto esteja realmente incluso no que Marcos registra. Odivórcio formal não extermina o casamento real consumado pelaunião física. Quebrar esse laço o anula de fato.

10.12. Se a mulher deixar a seu marido e casar com outro (èàvaútri àiTOÀúaaaa  zòv avôpa  ai)Tf|ç aAAov10). Esta é uma

condição de terceira classe, uma ação possível ou suposta, não realou assumida. A lei grega e romana permitia a esposa se divorciar domarido; a lei judaica não estipulava esse recurso. Herodias se divor-ciou do marido para casarse com Herodes Antipas. Assim tambémSalomé, irmã de Herodes, divorciouse do marido. A. B. Bruce eGould opinam que Marcos acrescentou essa frase às palavras deJesus para beneficiar os gentios que ouviriam esse evangelho sob a

 perspectiva romana.11 Mas Jesus sabia que esta era prática padrão por todo o mundo romano. Ele proibiu o casamento com um homemou mulher divorciada.

10.13. Traziamlhe crianças12 (Trpooécf)epov oaiTCÔ uaiõía), um pretérito imperfeito ativo do indicativo, indicando repetição. O mes-mo também ocorre em Lucas 18.15. Mateus 19.13 tem o aoristo

 passivo constativo (irpocrr|véx0Tiaav). “Este episódio vem com ap-

tidão singular depois da afirmação do Senhor sobre a santidade davida casada.”13 Essas crianças (muôía em Marcos e Mateus; ppécpriem Lucas) eram de várias idades. Elas foram levadas a Jesus paraque Ele as abençoasse e orasse por elas (Mateus). As mães tinhamreverência por Jesus e queriam que Ele tocasse (ca[rr|Tai) as criançascom a oração rabínica de bênçãos pela misericórdia de Deus.

10.14. Indignouse (ó ’Iriooüç f|ya,váKi;r|Gev). Isso está somente

em Marcos. O verbo é aoristo ingressivo, “ficou indignado”, e éuma palavra forte de emoção profunda (derivado de cr/áv e «%0o[ica,“sentir dor”). A palavra comum ocorre em Mateus 21.15; 26.8.

 Deixai vir os pequeninos a mimH  (’A^exe  xk   Trcuôía ep^eoGoaTipóç |_ie). Marcos usa o infinitivo epxeoGou (“vir”) também encontra-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

do em Lucas. Com certeza era uma alegria para os pais levarem osfilhos a Jesus, e isso lhes deveria ser permitido. Impedir a ida delesé um crime. Há pais que terão de prestar contas a Deus por manter

os filhos longe de Jesus.10.15. Como uma criança (wç muôíov). Como uma criancinharecebe o Reino de Deus? A criança aprende a obedecer simples esubmissamente. Aqui, Jesus apresenta a criancinha com obediênciaconfiante, simples e amorosa como modelo para os adultos entraremno Reino. Jesus não está dizendo que as crianças estão no Reino deDeus porque são crianças.

10.16. Tomandoas nos seus braços  (évayKaA.iaá|i€VOí;15), queera uma nítida repreensão ao protesto dos discípulos excessivamen-te minuciosos. Já vimos essa palavra em Marcos 9.36. Em Lucas2.28, temos o linguajar completo: “Ele [...] o tomou em seus braços”(êõéxato auxò eíç xàç àyKáÂa<;). Assim, com ternura Jesus repetida-mente as “abençoava” ([ARA] KaxeuÀóyei, imperfeito), impondo asmãos em cada uma delas (xiGelç, particípio presente).

10.17. Correu para ele um homem (TTpooõpcc|id)v etç). Jesus ha-via deixado a casa (Me 10.10) e estava prosseguindo com a cara-vana no caminho (elç òôóv ). Em determinado momento, um jovem

 príncipe avidamente correu, “se ajoelhou” (yovuiTexriaaç) e estava perguntando (èinpoóxa, imperfeito) a Jesus sobre o problema que eletinha. Esses detalhes encontramse somente em Marcos.

Que farei para herdar a vida eterna?  (xí ttouÍoco 'iva Çcof]v

alcóviov KÀripovofj/naGú). Mateus 19.16 tem (o%(3), para “conseguir”.10.18.  Por que me chamas bom?  (Tí |ie Àéyeiç áyaBóv), omesmo ocorre em Lucas 18.19. Mateus 19.17 tem “por que me

 perguntas acerca do que é bom?” (ARA). O jovem príncipe erasincero e não estava bajulando, mas Jesus o desafia a definir a suaatitude e a refletir em suas implicações. Será que ele quis dizer“bom” (áyaOóç) no sentido absoluto aplicado a Deus? O linguajar

não é, como entendem certos céticos, uma retratação da deidadefeita por Jesus.10.20. Tudo isso guardei desde a minha mocidade16 (xaüxct

mvza  ècj)i)la£á|ir|v ék veóxr|xóç [iou), literalmente, “esses todos”.

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 Marcos 10

10.21. Olhando para ele, o amou e lhe disse17 (ó õè Tr|aoüçè|iPA.éil/aç auTto fiyáiTriaev omòv). Só Marcos menciona esse olharde afeto, participio e verbo no aoristo ingressivo. Jesus sentiu uma

compaixão particular por esse jovem encantador. Faltate uma coisa ("Ev oe imepel18). Lucas 18.22 tem “ainda te

falta uma coisa” ("Eti ev col leí/rrei). Possivelmente há duas tradu-ções da mesma frase aramaica. Mateus 19.20 cita a pergunta do jovem:“Que me falta ainda?” (TÍ eu ímépoo;). O jovem príncipe já entendiaque a base de salvação tem de ir além da obediência externa a leis eregulamentos, mas é óbvio que ele tem em elevada conta a sua morali-

dade própria. Jesus põe o dedo no centro da fraqueza do jovem príncipeem relação à lei. O verbo ímépcjO, derivado do adjetivo imépoç (“atrásde”), significa “estar muito atrasado”, “ser insuficiente” ou “estar emfalta”. É usado com o acusativo como aqui, ou com o ablativo, comoem 2 Coríntios 11.5. O Textus Receptus o usa com o dativo, ooL

10.22.  Mas, ele contrariado19 (ô ôè axuyváaaç,).  Esta palavragrega ocorre na LXX e nos escritos de Políbio uma vez e em Mateus

16.3 (passagem colocada entre parênteses em WH). O verbo é de-rivado de oTuyyóç, “sombrio”, “escuro”, como uma nuvem amea-çadora. Quanto ao conceito relacionado, “triste” (  ai >vo\ í \ i (-voç  ),  verdiscussão em Mateus 19.22.

10.23.  Então, Jesus, olhando ao redor 20 (Kal uepipA,ei|/á|ieyoç;ô ’Irioouç). Este é outro quadro dos olhares de Jesus encontrado so-mente em Marcos (ver também Me 3.5,34). “Para ver que impressão

causara o episódio nos doze.”21 “Quando o jovem príncipe foi em- bora, os olhos do Senhor varreram o círculo dos doze, enquanto Eledesenhava para eles a lição do episódio.”22

Quão dificilmente entrarão  (ncôç ôuokóAxoç). O mesmo ocorreem Lucas 18.24. Mateus 19.23 tem “é difícil (ôugkóAxjOc;) entrar umrico” (ver análise neste versículo).

10.24. Os discípulos se admiraram destas suas palavras  (oi ôè

l_ia0r|T(u è0aii|3oOyTo èul tolç A.óyoi<; aútoü), um pretérito imperfeito passivo. O olhar de absoluta surpresa no rosto deles diante dessa de-claração era natural, porque os judeus consideravam que a riquezaera prova do favor especial de Deus.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 Filhos, quão difícil é [...] entrar no Reino de Deus!  (Téicva,,ttcôç ôúokoàóv éaxiv elç xriv paoiA.et.av toO Geou eloeÀGelv23). Essecomentário afetuoso e paternal os confirma na perplexidade.24

10.25.  E mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agu-lha  (iiKOTTWiepóv krnv Kcqj,r|A,ov õià rf|ç TpuiaaAiâç Tfiç pa^iõoçõieAGeív25). Ver análise em Mateus 19.24. Lucas usa o termo refe-rente a uma agulha cirúrgica, pelóvr]ç. Mateus tem a palavra pacfúçcomo Marcos, derivada de páutco, “coser”, e consta nos papiros.Mateus e Lucas empregam Tpr)|iatoç para referiremse a “buraco”,derivado de tpfuia, “orifício” ou “perfuração”.

10.26. Quem poderá, pois, salvarse?  (Km tlç ôúvarai ocoGrjvai  ). Mateus 19.25 tem Tíç apa. Evidentemente, Kaí tem um sen-tido deduzível como apa.

10.27.  Jesus, porém, olhando para eles, disse26 (é[j.pAitjja<;aÚTotç ó ’Irjaoijç Aiyei), o que também ocorre em Mateus 19.26. Oespanto deles aumentou.

 Para os homens é impossível, mas não para Deus  (Ilapà

ávGpcÓTTOiç áõúvaxov, àXX’ oi> Tiapà Gew).27 Observe o caso locativocom Ilapá (“ao lado de”). O que é impossível pelo lado dos seres humanos tomase possível pelo lado de Deus. Este é o ponto centrale repele todas as teorias insignificantes de uma porta ou portão cha-mado “fundo de agulha”.

10.28.  Pedro começou a dizerlhe  (’'Hp^auo Àéyeiv ó nétpoçauTGj28). Pedro e os outros devem ter lutado para permanecer calado

sobre o assunto de onde eles se ajustavam na nova economia deDeus. Mateus 19.27 diz que “Pedro lhe respondeu” (NVI), comose o comentário tivesse sido feito a ele em particular. Pedro lembraJesus o que eles deixaram para seguilo, quatro deles naquele dia

 junto ao mar (Me 1.20 é igual a Mt 4.22, que é igual a Lc 5.11). Elereivindicou obediência ao ideal sublime no ponto em que o jovem

 príncipe rico falhara. Já que Jesus estava falando de morrer, Pedroquis saber o que o sacrifício dos discípulos significaria para a vidade cada um deles.

10.30. Com perseguições  (|ierà ôicoy[icôv). Esse detalhe adi-cional só consta em Marcos. Há certa reminiscência de alguns es-

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 Marcos 10

critos “apocalípticos sobre as descrições familiares das bênçãos doReino messiânico. Mas Jesus usa tal linguajar religioso referentea esse tempo apenas para idealizálo”.29 Os apóstolos logo veriamum presságio da perseguição deles. Vincent nota que Jesus omite“mulher” e “cem vezes” dessa lista, mostrando que a zombaria doapóstata Juliano nesse quesito não tinha fundamento.30

10.31.  Porém muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros  (uoAAoi ôè iÉaovrai irpcôtoi eoxoruoiKcà oi eoxaxoi upcôxoi). Ver análise em Mateus 19.30 para o uso de

ironia e até de visível paradoxo sobre sistemas de valores terrenossegundo a perspectiva do Reino. Depois da sua ostentação, Pedroteria sentido a mordacidade dessa repreensão, embora Jesus não es-tivesse se dirigindo pessoalmente a ele.

10.32.  E eles maravilhavamse31 (koc! è0oqj,pouvxo). O tempoimperfeito descreve os sentimentos dos discípulos, enquanto “Jesusia adiante deles” (rjv irpoáytov aí)xou<; ò ’IqaoOç, imperfeito ativo

 perifrástico). Esta circunstância incomum em si mesma não parecia pressagiar algo de bom, enquanto eles viajavam pela Peréia rumo aJerusalém. De fato, “seguiamno atemorizados” (oi ôe (xkoA.ou0oíj

vxeç ècjjopoijyxo32), enquanto Jesus se distanciava deles e caminhavasozinho. O linguajar (oi õé) pode não significar que todos os discí-

 pulos tinham medo. “O Senhor caminhou à frente dos doze com so-lenidade e determinação que prediziam perigo”33 (cf. Lc 9.5). Lendo

a solenidade atípica de Jesus, eles começaram a temer pela desgraçaiminente. E, tornando a tomar consigo os doze  (kou TOpodapcov 'uáXiv 

xouç ôcóôékoc). Mateus 20.17 tem “ à  parte” das multidões, e é o queMarcos também quer dizer. Note ™paA.a:(3tóv, “levando para o seulado”.

Começou a dizerlhes as coisas que lhe deviam sobrevir  (rpÇaxo

aúxolç Aiyeiv xà |iéÀA.ovxa aúxcô auiiPaíveiv). Ele já havia faladode sua morte próxima pelo menos três vezes (Me 8.31; 9.13; 9.31),e eles não entenderam absolutamente nada. Lucas diz que os discí-

 pulos não deixaram de ficar menos estonteados dessa vez: “Não per-cebendo o que se lhes dizia” (Lc 18.34). Marcos e Mateus mostram

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

que dois discípulos estavam tão inteiramente ocupados com as suas próprias ambições egoístas, ao mesmo tempo em que Jesus estavalhes dando detalhes da morte e ressurreição que se aproximavam.

10.3 5. E aproximaramse dele Tiago e João, filhos de Zebedeu34(Kal 'rrpoaTTopeúovTm aíixdò ’IcíkcjúPoç Kai ’Ia)ávvr|ç oi uioiZepeôcáoi)35). Aproximaramse de Jesus. Observe o tempo presentedramático, literalmente, “e chegaram a ele Tiago e João”. Mateustem tóté, “então”, mostrando que o pedido dos dois irmãos com amãe deles ocorreu imediatamente depois da conversa sobre a mortede Cristo (Mt 20.20).

Queremos  (Gélojiev), “desejamos”, dito abruptamente. Mateus20.20 diz que a mãe “se aproximou [...] adorandoo” (TipooKuvoüaa).A mãe falou pelos filhos, tentando envolver Jesus nos desejos delesantes que dissessem o que queriam. Comportaramse como criançasmimadas.

10.37.  Na tua glória  (èv tf| õóÇri oou). Mateus 20.21 tem “noteu Reino”. Ver em Mateus 20.20 para inteirarse da interpretação

literal de Mateus 19.28. Eles estão procurando um magnífico impé-rio mundial judaico com características apocalípticas na culminaçãoescatológica do Reino do Messias. Esse sonho ignorou por comple-to a conversa sobre morte e ressurreição, tachandoa como mero

 pessimismo.10.38.  E ser batizados com o batismo com que eu sou batiza-

do?  (f| tò páuuaiia ô êycò PcnrcL(o(icu paTTTioGfivcu36). O acusativo

cognato ocorre com ambos os verbos passivos. Mateus 20.22 temapenas o “cálice” (ARA), porém Marcos tem o cálice e o batismo,ambos referindose à morte. No jardim do Getsêmani, Jesus se re-ferirá novamente à sua morte como “este cálice” (Me 14.36 é iguala Mt 26.39, que é igual a Lc 22.42). Ele já usara o batismo comofigura para a sua morte (Lc 12.50). Paulo o usará várias vezes nessesentido (Rm 6.36; 1 Co 15.29; Cl 2.12).

10.3945. Porque o Filho do Homem também não veio para ser   servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos  ( kccI  

yàp ô uiòç toO ávGpcÓTTOU oijk rjlGev ôiaKovr|6f|V(u àXXà  õiaKovfiaaiKcà ôoüvai tt|v i|ru%fiv aúxoí) Àútpov ávti tío\X(òv, Me 10.45). Ver 

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 Marcos 10

em Mateus 20.2328 a análise sobre esses versículos memoráveisque são idênticos nos três Evangelhos Sinóticos. Em Marcos 10.45,

observe o linguajar de Jesus referente à sua morte como “resgate demuitos” (Àútpov ávxi ttoAAgôv).  Essas palavras do Mestre não fo-ram compreendidas pelos apóstolos no dia em que as ouviram Jesusfalar, mas as suas implicações eram bastante claras quando Pedroas pregou tempos depois, e Marcos as registrou. Certos intérpretesesvaziam estas palavras de significado, acreditando que Jesus não

 podia ter mantido tal concepção de morte pelos pecadores.

10.46.  E, saindo ele de Jericó (kcu êKTTopeuoliévou aiirou (xttÒ ’Iepi/oó 37). Ver em Mateus 20.29 a análise sobre esta frase. Lucas18.35 tem “perto de Jericó”, com respeito à antiga Jericó e a novacidade romana. A nova Jericó ficava cerca de um quilômetro e meioao sul do local da Jericó mais antiga, situada uns oito quilômetros aoeste do rio Jordão, e vinte e quatro quilômetros a leste de Jerusalém.Ficava próximo da nascente do vádi Kelt.3s

Uma grande multidão  (ôxÀou 'iKavoü), freqüentemente emLucas e nos papiros neste sentido. Para o sentido de “digno” para a palavra 'iKavóç, ver comentário em Mateus 3.11.

O cego, [...] mendigando39 (xu^Àòç rrpooaÍTric;40). Lucas 18.35tem “pedindo esmolas” ([ARA] èTrociTcSv). Todos os três EvangelhosSinóticos dizem que ele “estava assentado junto ao caminho”41(éKáGrjTO irapà tr]y óõóv). Bartimeu estava no seu lugar habitual.

Vincent cita William Thompson em relação à cidade de Ramleh:“Certa feita, andei pelas mas contando todos que eram cegos outinham olhos com problemas congênitos, e a soma chegou a cercada metade da população masculina. Não contei as mulheres, porqueelas estavam usando véu”.42 O pó, o clarão do sol e os hábitos antihigiênicos das pessoas contribuíam para a disseminação das doen-ças oculares contagiosas.

 Bartimeu  (Bapiifiaioç). Este é um nome aramaico comoBartolomeu, bar   significando “filho” (hebraico, “Q). O nome sig-nifica “filho de Timeu”, como Marcos explica para as pessoas de-sacostumadas com nomes aramaicos, ô uiòç Ti|_ioúou. Marcos seconcentra neste homem que poderia ser pessoalmente conhecido

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 por algumas pessoas que leriam a carta. Mateus não cita o nomeBartimeu e menciona que havia mais outro mendigo envolvido (ver

análise em Mt 20.30).10.48.  Muitos o repreendiam, para que se calasse43 (érrexC|acov

aÚTÚ ttoàAoI iva aicouriari). O tempo imperfeito indica que eles permaneciam repreendendoo. O tempo aoristo ocorre em Mateus20.31. O subjuntivo aoristo ingressivo, aiiompi], significa “ficar ca-lado”.

 Mas ele clamava cada vez mais44  (ó ôè ttoààw âÀÀov ÍÉKpaCev). 

Lucas 18.39 diz o mesmo. Mateus 20.31 usa a palavra padrão para dizer “cada vez [...] mais”, [iei(ov.

10.49. Jesus, parando (oxàç ó Triaoúç). Este é um particípio ao-risto segundo ativo ingressivo como em Mateus 20.32. Lucas 18.40tem araGeíç, um particípio aoristo passivo.

 Ele te chama (cficovei oe). Era a notícia mais alegre que Bartimeu poderia ter ouvido. Há presentes dramáticos vívidos em Marcos.

10.50. Lançando de si a sua capa (ó õè aTropaAxòv tò i^iánov aíiioú), um particípio aoristo segundo ativo. Em sua pressa, ele jogou o manto exterior para o lado.

 Levantouse  (âvaTir|ôr|oaç4:’). Ele estava levantandose de umsalto (cf. ARA), um detalhe vívido de Marcos.

10.51. Que queres que te faça?  (Tí ooi Géleiç noníoco 46). Esteé um linguajar grego puro com o aoristo subjuntivo sem'iva depois

de Géleiç.47 Mestre48 ('PaPPouvi). A palavra aramaica Rabbuni (BJ; “Rabi”,

AEC) é traduzida por “Senhor” (Kúpie) em Mateus 20.33 e Lucas18.41. Esta forma ocorre novamente em João 20.16.

Que eu tenha vista49 (Iva âvaPAii|/co). Eu quero recuperar a mi-nha visão, quero voltar a ver (ává + pÀéi|rco). Pelo visto, ele fôracapaz de ver. Aqui é usado 'iva, embora BéÀco não seja usado (cf. Me

10.35). Esperavase que o Messias desse visão aos cegos (Is 61.1;Lc 4.18; 7.22).

10.52. A tua fé te salvou50 (n ttÍotlç oou oéocoKév ae), um per-feito ativo do indicativo. O significado comum da palavra é  salvar  e esta pode ser a idéia.

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 Marcos 10

 Logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho  (eüGuç ávépÀei|jev kkIr]KoA.oí)0ei aúxcô 51). Os tempos imperfeitos descrevem Bartimeualegre, enquanto seguia a caravana de Jesus para entrar na novaJericó.

 NOTAS  __________________________________________ 

1“Jesus, foi dali para o território da Judéia, além do Jordão” (ARA). Observe queo nome Jesus não se acha no texto grego, mas está implícito.

2TR e TM têm õuà toíi em vez de K a í .

3“As multidões se reuniram junto a ele” (ARA).4 “Ele a ensinava” (NVI).

5TR e TM têm TTpoaeÀSóvteç oi í>apiacâoi èmpaknaav aútóv. Entretanto, TM não tem o artigo oi.

6 Ezra P. Gould, Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 183.

7TR e TM grafam o substantivo próprio Mwaf|ç; WH o grafa Muuoíjç, aqui e no versículo 4.

8TR e TM têm uma ordem inversa para Mcoariç èirétpejjev. TRb e TM não incluem o v eufônico, êirétpei^e.

9 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 211.

10TR e TM têm kkv  yuvn áiraA.úcrçi tov avôpa aúxf|ç Kcd ya[ir]9f| alXca.

11 Alexander Balmain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament , vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 409; Gould, Critical and  

 Exegetical Commentary, p. 186.

12 “Algumas pessoas levaram as suas crianças a Jesus” (NTLH). O substantivo próprio Jesus não consta no texto grego.

13 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 219.

14“Deixai vir a mim as criancinhas” (AEC).

15TR e TM têm èvaypctA.Loá(i6yoç aüxá.

16“A tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência” (NVI).

17“Jesus olhou para ele e o amou” (NVI).18TR e TM têm 'Ev ool  uoTepel.

19 “O homem [...] fechou a cara” (NTLH); “diante disso ele ficou abatido” (NVI).

20 “Jesus olhou ao redor” (NVI).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

21 Bruce, Expositor’  s, p. 411.

22 Swete, Commentary on Mark, pp. 227, 228.

23 TR e TM têm Téicva, uc3ç õÚokoXÓv èaiiv t o u ç   Tre-rroi.0(kaç éirl t o l ç   xprpaaiv 

eiç tt)v paoiA-eíav toü 0eoü eíaeXOetu.24 “Para os que confiam nas riquezas” (touç ireirot0ÓTaç eu! tolç xpiíiiaoLv). Essas 

palavras não ocorrem nos manuscritos Aleph, B, Delta, menfítico e um antigo manuscrito latino. WH as omitem, evidentemente raciocinando que se trata de adição para explicar as palavras difíceis de Jesus. [N. do T.: A frase ocorre na AEC e ARC, e não consta na BJ e NTLH. A ARA coloca as palavras em itálico  e a NVI as menciona em nota de rodapé.]

25 TR e TM têm eÚKOTrwtepóv éaxiv Ká|_ir|A.ov õià trjç xpu|i(xXiâç tfjç pccijúõoç 

eLo6À06lv.26 “Jesus, porém, fitando neles o olhar” (ARA).

27TR e TM incluem a conjunção pospositiva õé.

28 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, fipÇoao ó néxpoç Àéyeiv ceu ’tcô.

29Gould, Critical andExegetical Commentary, p. 196.

30Vincent, Word Studies, p. 213.

31 “Os discípulos estavam admirados” (NVI).32 TR e TM têm Kcd áKoÀouOoüyieç ecjiopoijVTO.

33 Swete, Commentary on Mark, p. 233.

34 O texto grego não tem o nome próprio  Jesus  [como aparece na NTLH (N. do T.)].

35 WH grafa o substantivo próprio com um só v:  ’Itoávriç.

36 TR e TM têm a conjunção kcú em vez de f].

37 WH grafa o substantivo próprio assim ’Iepeixú.

38 Swete, Commentary on Mark, p. 242.

39 “Cego mendigo” (ARA).

40 TR e TM têm o artigo com o substantivo, ó TutfjÀóç.

41 “Estava assentado à beira do caminho” (ARA).

42 Vincent, Word Studies, p. 213. Vincent estava citando um viajante do Oriente Médio no início do século XX, depois de ter visitado Ramleh, Egito, uma aldeia situada nos arredores de Alexandria. A observação de William M. Thompson 

sobre o grande número de cegos na cidade foi contada em seu livro The Land  and the Book: Biblical Illustrations Drawn from the Manners and Customs, the Scenes and Scenery o f the Holy Land  (Nova York: Thomas Nelson, 1913).

43 “Muitos o repreendiam para que ficasse quieto” (NVI).

44 “Mas ele gritava ainda mais” (NVI).

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 Marcos 10

45 TR e TM têm àvaoxáç.

46 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, T l GéXêlç  iTOLiíaw aoí;.

47 Para ver a análise sobre este assíndeto (ou parataxe), ver A. T. Robertson,  A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f Historical Research (Nashville: Broadman, 1934), p. 430.

48 “Rabi” (AEC); “ RabbuniV ’ (BJ).

49 “Que eu possa ver novamente” (BJ); “eu quero ver de novo!” (NTLH); “que eu tome a ver” (ARA).

50 “Você está curado porque teve fé!” (NTLH).

51 TR e TM têm Koà eúGéuç aveßA.ei(i6(v), Kal f|Koloú0ei tcô ’Iriaoü. Entretanto, 

TRb e TM não incluem o v eufônico, ávéplei|ie.

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Capítulo

 Marcos

11.1.  Betfagé e [...] Betânia  (éyyíCouaiv eiç 'IepoaóA,i)[ia elçB r^ayr] kkI BriBavítxi’1). As duas cidades são alistadas juntas aquie em Lucas 19.29, embora Mateus 21.1 mencione apenas Betfagé(ver análise em Mt 21.1).

11.2. Logo que ali entrardes1 (eú9i)ç elorropeuóiievoi3), um particípio presente médio/passivo depoente também é encontrado emLucas 19.30.

 Encontrareis preso um jumentinho (eí)pr|oeTe ttwàov õeõe|aévov).Mateus 21.2 fala de uma “jumenta” (óvov) também.Sobre o qual ainda não montou homem algum4  (êcj)’ ôv oúôelç

oxSttoo àv9pcÓTTG0v eKá9ioev).11.3. O Senhor precisa dele ("O  KÚpioç aúxoíj XPÉ Ky ’ÉXÉL),

ocoiTe também em Mateus e Lucas. Ver em Mateus 21.3 a análisedessa palavra aplicada a Jesus para si mesmo.

 Logo o deixará trazer para aqui (ei)0i)ç airròv àTTOGtéAAei. nálivtoôe5). Observe o presente indicativo em sentido futurístico. Mateus21.3 tem o futuro àuoaTeA.el.

11.4. Foram, e encontraram o jumentinho preso fôra da porta, entre dois caminhos  (àTTf|A,9oy «ai eüpov ttooXov ôeõefj,évov irpòç

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Búpav íéço) 6tt! toí)  á|_icj)óôou6), um quadro cuidadosamente pintado.O jumentinho estava fôra da casa, na rua, mas amarrado (“atado”,

 participio perfeito passivo) à porta. “A melhor classe de casas era

construída por cima de um pátio aberto, do qual um corredor ou ga-leria debaixo da casa conduzia à rua pública. Era nessa abertura extema à ma que o jumentinho estava amarrado.”7A palavra à|ict)óôou(derivada de a^co, “ambos”, e óõóç, “caminho”, “estrada”) é difícil.Significa uma estrada que faz a volta em tomo de algo, uma matortuosa, como era a maioria (cf. ma Direita em Damasco, At 9.11).O termo só ocorre aqui no Novo Testamento além do manuscrito D

em Atos 19.28. E o soltaram  (kcu  Àúoimv carróv). Observe o tempo presente

histórico dramático. Talvez Pedro fosse um dos que foram enviadosdessa vez, como ele foi posteriormente (Lc 22.8). Neste caso, issoexplicaria os detalhes vívidos de Marcos.

11.5.  E alguns dos que ali estavam*  (kocl tivéç twv eKeièaTriKÓTCOv), um genitivo plural do participio perfeito ativo que sig-

nifica os espectadores, as pessoas que se encontravam próximas dofato que estava ocorrendo. Lucas 19.33 os chama “seus donos” (olKÚpioi aÚToO), os senhores ou donos do jumentinho. Eles fazem um

 protesto natural.11.7. Levaram o jumentinho a Jesus  (cjxÉpoimv tÒv ugòàov Trpòç

tòu ’Iriaoüv 9). O presente histórico é novamente usado. Os donosconsentiram como Jesus predissera. Talvez fossem seguidores que

consideravam Jesus “o Senhor” deles (Me 11.3).11.8. Outros cortavam ramos das árvores'0 (áXXoi  Ôè OTipáôaç 11),

um montículo de folhas e juncos dos campos. Mateus 21.8 temKÀáôouç, derivado de KÀáoo, “quebrar”, “ramos quebrados de árvo-res” ou “ramos cortados de árvores”. João 12.13 usa os “ramos de

 palmeiras” (to Pcda ttôv (j)oivÍKtov) folhagens emplumadas que for-mam a coroa de tufos das árvores” .12As pessoas entre a multidão

acharam maneiras distintas de prestar homenagens a Jesus (ver aná-lise em Mt 21.49). Pela sua conduta deliberada, Jesus estava publi-camente se proclamando ser o Messias. Finalmente, a sua “hora”chegara. As multidões entusiasmadas à frente (oi TTpoáyoyTeç) e

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 Marcos 11

atrás (oi áKoXoúGouvxeç) compreenderam plenamente a significaçãode tudo. Por conseguinte, o seu entusiasmo desenfreado. Esperavamque agora Jesus estabelecesse o seu governo em oposição ao deCésar. Roma será expulsa de Palestina, conquistando o mundo paraos judeus.

11.11. Tendo visto tudo ao redor  (uep i(3À.e\)já|aevoç vávza). Outrodetalhe caracteristicamente de Marcos encontrase neste particípioaoristo médio. Marcos não corresponde com Lucas 19.3955 oucom Mateus 21.1017. Mas está tudo implícito nesse olhar rápido

que Ele dá pelo Templo antes de sair para ir a Betânia com os doze,“como fosse já tarde” (óijííaç rjõri ouor|ç xrjç copaç), um genitivoabsoluto, “a hora sendo já tarde”.

11.12. No dia seguinte (xfj êiTaúpiov). Mateus 21.18 tem “cedode manhã” ([ARA] upcoC), que tende a referirse à quarta vigília danoite (antes das seis horas da manhã). Era a segundafeira pela ma-nhã, depois da entrada de domingo em Jerusalém.

11.13. Foi ver se nela acharia alguma coisa13(rjA.0ev, ei apa xieúpipei kv  aúxrj14). Este uso de ei e o futuro indicativo para propó-sito (“ver se...”, um tipo de pergunta indireta) como em Atos 8.22;17.27. Jesus estava com fome. Talvez não tivesse se alimentado nanoite anterior depois da agitação e tensão da entrada em Jerusalém.Os primeiros figos na Palestina não ficam maduros antes de maio ou

 junho; a última safra ocorre em agosto. Não era o tempo de figos,

observa Marcos. Mas essa árvore precoce em um lugar abrigadodera folhas como sinal de frutos. Tinha a promessa sem o cumpri-mento.

11.14.  Nunca mais coma alguém fruto de ti  (Mtikéxl eiç xòvaí(òva ék ooO |ir|ôelç Kapuòv cfjáyoi15). O verbo cpáyot está no aoristosegundo optativo ativo. E um desejo para o futuro que em sua formanegativa constitui uma maldição para a árvore. Mateus 21.19 tem o

subjuntivo aoristo, que equivale a uma proibição. Jesus provavel-mente falou em aramaico nessa ocasião. E os seus discípulos ouviram isso16 (kcu tÍkouov oi |_ioc9r|xc6L

aúxou). Eles ouviram com evidente espanto. Afinal de contas, nãoera culpa da figueira que produzira folhas. Certas árvores frutíferas

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

florescem durante um período de tempo quente, e ficam crestadas pelo frio quando o tempo volta a ficar propício à frutificação.

11.15. Começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo  (líp^ato eKpáÀÀeiv xouç 'rrcoA.oüvraç koc! xouç17àyopáíovxaçkv  xcô lepw). Marcos gosta de “começou”. Ver em Mateus 21.1214a análise dessa segunda purificação do Templo em relação à primei-ra (cf. Jo 2.1417).

 Derribou as mesas dos cambistas (xpaTTéCac; xoòv KOÀ/luPiaxGÒv[...jKaxéoxpeij/ev). Ver análise em Mateus 21.12.

11.16.  Não consentia que ninguém levasse algum vaso pelo templo  (oÚk r^iev  Iva  xiç ôievéyid] OKeuoç õià xoü lepoü). Asautoridades do Templo tinham proibido usar o pátio exterior doTemplo como atalho entre a cidade e o monte das Oliveiras, mas aregra não era obedecida. Todo tipo de conduta irreverente ocorriaali, e o espírito de Jesus se agitou. Esse detalhe só é apresentadoem Marcos. Observe o uso de 'iva  depois de r\§iív  (tempo imper-feito) em vez do infinitivo (a construção habitual).

11.17.  A minha casa será chamada por todas as nações casa de oração?  ('O oikÓç |j.ou olkoç TTpoaeu/fiç KÀr|9tíaex(u tooiv xoiçeGveoiv). Em Marcos, Jesus combina as declarações de Isaías 56.7e Jeremias 7.11. As pessoas tomavam parte na culpa das autorida-des do Templo profanando a parte da casa de oração de Deus naqual os gentios poderiam cultuar a Deus. Jesus exercita autoridademessiânica para combater esse abuso político e financeiro. A suadenúncia tinha implicações comerciais e políticas internacionais.

11.18.  Buscavam ocasião para o matar 18 (kíxÍ e(r|Xouv ttgúç

aüxòv àuoÀéowoiy19). O imperfeito do indicativo expõe uma ati-tude e empenho contínuo. Observe o subjuntivo deliberativo comTTtòç, retido em uma pergunta indireta. Os saduceus (os príncipesdos sacerdotes) e os fariseus (os escribas) se ressentem com asafirmações de Jesus e unem forças para matálo. Ver análise emMarcos 3.6 sobre a trama dos fariseus e herodianos para matarJesus. No centro do poder dos fariseussaduceus, Cristo inicia acrise final declarando a controvérsia de Deus com os poderes re-ligiosos.

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 Marcos 11

 Pois eles o temiam  (è opoüvTO yàp airuóv). Este é o imperfeitomédio/passivo depoente do indicativo. Ao planejar a morte de Jesus,eles são cautelosos. Jesus tem poder entre as pessoas.

 E toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina (ttccç yàp20ó õ^loç è eTrÀr|00eT0  ènl ifi ôiôaxÔ oarcoü), um preté-rito imperfeito passivo. Aquelas pessoas que vêem e ouvem Jesusno Templo olham para Ele como o Messias e suscitam o medo doSinédrio.

11.19. Sendo já tarde (omv21cn|/è èyéveto), literalmente, “sem-

 pre que a tarde avançava”, ou, mais exatamente, “sempre que ficavatarde”. O uso de otov ,ore av) com o aoristo indicativo é como ottouàv com o pretérito imperfeito do indicativo (eloerropeúexo) e òooiav  com o aoristo do indicativo (rjijjavTo) em Marcos 6.56. Comoaqui, o uso de av geralmente toma a frase mais indefinida. Em certaironia lingüística do grego, ocasionalmente essa construção toma aação mais definida. A interpretação de um período de tempo mais

indefinido combina com Lucas 21.37. Lucas tem o acusativo de ex-tensão de tempo, “de dia”, “à noite”. O tempo imperfeito, eles iriam (èçeTTopeúovxo) para fôra da cidade “sempre que” como sugere o sig-nificado de Marcos 11.19 (cf. ARA).

11.20. Eles, passando pela manhã22(TTapaiT0 peuó|j,ev0i npcot23),a manhã seguinte. Eles foram passar a noite no alojamento que fica-va estrada afora na subida do monte das Oliveiras, e desciam toda

manhã pelo caminho mais íngreme e mais direto. Por conseguin-te, segundo a rota matutina, eles passaram pela árvore que Jesusamaldiçoara. Mateus 21.20 não separa as duas manhãs como fazMarcos.

[A figueira] se tinha secado desde as raízes  (é£r|pa[i|iévr|v €K  pi(còv). Só Marcos dá este detalhe com ê£r]pa|i|aévr|v, um particípiosuplementar perfeito passivo de í;rpaívco.

11.21.  E Pedro, lembrandose, disselhe24 (kocI áva|j,vr)a9eiç ònéipoç Aiyei aucu). Este é um primeiro particípio aoristo e só en-contrado em Marcos como parte da história de Pedro.

 Eis que a figueira que tu amaldiçoaste se secou  (iôe f] ouKf| r|VKaiTpáoco èçiípavTca). Pedro observa o que Jesus pela sua autoridade

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

fez à figueira. Um tom de repreensão estaria ligado a essas palavras,mas Jesus ignora tal motivação e faz uma observação sobre a fé.

11.22. Tende fé em Deus  (’'Exeue ítÍotiv Geoü). Este é o geniti-

vo objetivo GeoO, como em Romanos 3.22,26 e Gálatas 2.26. Jesususa o cumprimento imediato da maldição da figueira para ensinar o

 poder da fé (ver análise em Mt 21.21).11.23.  E não duvidar em seu coração  («ai |afj ôiaKpiGr] kv  tf|

Kapôía oavroO). O verbo tem em vista um julgamento dividido (ôiá,derivado de õúo, “dois”, e Kpíyoj, “julgar”). Jesus quer dizer umainconstância oscilante ou irresolução hesitante, e não um único ato

de dúvida (ôicacpiGfj).O que disser lhe será feito  (o A.cdel yíverai 25), um presente

médio/passivo depoente futurístico do indicativo.11.24. Crede que o recebereis  (u Loteúete o u eÀápeie26). A

 prova da fé é a confiança absoluta no cumprimento que ainda nãoaconteceu. O verbo éÀápexe é aoristo segundo ativo do indicativo,antecedente em tempo para TiioTeúexe, a menos que seja considerado

aoristo infinito, quando é simultâneo com isso. Para um exemplodesse aoristo de conseqüência imediata, ver João 15.6.

11.25. Quando estiverdes orando (òmv OTT|KeTe 'npoaeuxó|ievoi).Observe o uso de òxav  como no versículo 19. Jesus não quer dizerque orar em pé seja a única postura adequada para orar.

 Para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas  (iva «ai ó rarnp ufioòv ó kv  toIç oúpavolç âcjjfi iifiiy

 xh  TTffipttTTT(jó|_uxra fyicôv). E claro que a vontade de Deus para per-doar está limitada pela nossa vontade em perdoar os outros. Esteé um pensamento solene para todos que oram (ver análise em Mt6.12,14,15).27

11.27. Os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos  se aproximaram dele  (epxoimu upòç auxov oi ápxiepeiç kcò. oiYpawiaTÉLç Kal oi TipeapútepoL). Observe o artigo para cada grupo

em separado, como ocorre em Lucas 20.1 e Mateus 21.23. Essas trêsclasses estavam no Sinédrio. Este é um grande comitê representati-vo do Sinédrio enviado para confrontar Jesus em um ataque formal

 por conta da sua autoridade de purificar o Templo e ensinar nele.

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 Marcos 11

11.28. Com que autoridade fazes tu estas coisas?  (’Ev ttouxcíouoía Mina  ttoléXç). Essa pergunta, registrada nos três EvangelhosSinóticos, era pertinente (ver análise em Mt 21.2327). Observe osubjuntivo presente, 'iva xaüra TroiTjç, “para que tu continues fazen-do estas coisas”.

11.30. Respondeime28 (ÓTTOKpí9r|Té |aoi). Esta exigência impe-tuosa e direta de uma resposta só é registrada em Marcos (ver Me11.29). Jesus não se esquiva da pergunta. Pelo contrário, Ele mostraque este é o cerne do assunto — a atitude que define o fracasso doslíderes religiosos em entender João ou Jesus. Eles rejeitaram a fonteda autoridade de João, e agora rejeitam a autoridade inata de Jesuscomo Messias.

11.31. Se dissermos  (’Eàv tÍTTGOfiev). Esta é uma condição deterceira classe com o aoristo ativo do subjuntivo. As alternativassão apresentadas claramente no conclave secreto que fizeram. E ocomitê que tem de se esquivar da pergunta de Jesus, porque elessó estão pensando em termos de conveniência política, e não noque tange à verdade. Desta perspectiva, eles são impelidos a umdilema. Eles vêem muito bem aonde Jesus quer chegar. São apa-nhados pelo próprio ataque que fizeram em quebrar a autoridade

 popular de Cristo.11.32. Se [...] dissermos29 (áAAà eiuc^iev...;30). Este é um sub-

 juntivo deliberativo com um aoristo ativo do subjuntivo. E possível

fornecer káv  como condição, baseado em seu uso condicional noversículo 31. Assim, Mateus 21.26 e Lucas 20.6 o usam. Todavia,em Marcos a estrutura continua grosseira depois de “dos homens”com anacoluto ou até aposiopese — “eles estavam com medo do

 povo”, acrescenta Marcos (“tememos o povo”, ARC). Mateus tem“tememos o povo”. Lucas tem “todo o povo nos apedrejará”. Todosos três autores mostram a opinião amplamente aceita de que João é

 profeta. O “verdadeiramente” de Marcos é òvxcoç. “realmente” ou“de fato”. As autoridades judaicas temiam o João morto exatamentecomo Herodes Antipas temia. O martírio de João firmara a opiniãodo povo acerca dele. O desrespeito para com a sua memória poderia

 provocar uma tormenta.’’

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

11.33.  Não sabemos (Oük oíõa|aev). A ignorância que eles mes-mos declararam é uma recusa em tomar posição sobre João Batista

como o precursor de Cristo. Entretanto, Jesus não está disposto a permitir que escapem com a admissão de derrota.

 NOTAS  ____________________________________________ 

1TR e TM têm esta forma.

2“Entrando nele” (BJ).

3TR e TM têm euGétoç eloTropeuó|ievoi..

4“Que ainda não foi montado” (NTLH).

5TR e TM têm eúGéwç aircòv áTrooielel cSôe.

6TR e TM têm ’ATirjAGov õè «ai eüpov tòv itwXov  5eôe|iévov npòç tt)v  Búpav e Çu 4irl toü  íx|j,c))Ó6ou.

7Ezra P. Gould, Criticai andExegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 207.

8“Alguns dos que ali se encontravam” (BJ).

QTR e TM têm o verbo aoristo rp/ayoi'.1(1"Outros espalharam ramos” (NVI).

11TR e TM têm ãXXoi  õè OTOipáôat;.

12 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 214.

13“Foi ver se encontraria nela algum fruto” (NVI).

14TReTMtêm rjlGev el ãpa  eúpiíaei n tu  aurrj.

15TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, Mriicé-u êk ooO eíç xbv aíiòva |j,r|õelc Kapuòy cjxxyoL.

16“E seus discípulos o ouviam” (BJ).

17TR e TM não incluem o artigo toúç.

18“Procuravam um modo de lhe tirar a vida” (ARA).

19TR tem o verbo no tempo futuro, áiroléooimy.

2UTR e TM têm ím irâç em vez de rrâç y P-

31TR e TM têm ote em vez de oxav.

22 “De manhã, ao passarem” (NVI).

23TR e TM têm a ordem inversa de palavras, irpot napairopeuó(jevoi.

24 “Pedro lembrou-se e disse a Jesus” (AEC). O nome próprio Jesus não se acha no texto grego, mas o pronome obviamente se refere a Ele.

25 TR e TM têm a  Xéyei yiveTca.

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 Marcos 11

26  TR e TM têm ULOieúeie Ôtl Àa^páveie.

27 Em WH, Marcos 11.26 é omitido. [N. do T.: NTLH e ARA colocam o versículo em itálico sem mais explicações. AEC põe o versículo entre colchetes e também não oferece explicações. NVI inclui o versículo e, em nota de rodapé,  explica: “Muitos manuscritos antigos não trazem o versículo 26”. BJ omite o versículo do texto e o coloca em nota de rodapé, dizendo se tratar de adição.]

28 “Digam-me!” (NVI); “respondei” (ARA).

29 “Se respondermos” (BJ).

30 TR tem àXX’ kàv  eífrcopev. TM tem AA.X’ e'íiTQ[iev.

31 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 264.

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Capítulo

12

 Marcosrsr a M SM M S M SM SM S M S M M S M SM M S M M S ítü

12.1. ii começou a falarlhes por parábolas (Kal ríp^aio aírtoiçkv TrapaPoÀaiç ÂaÃctv1). O linguajar comum característico de Marcosnão significa que este era o começo do uso de parábolas por Cristo(ver Me 4.2). Mas sim que o seu ensino nessa ocasião se voltava às

 parábolas. “As circunstâncias estimulavam o modo parabólico, dealguém cujo coração desanimou e cujo espírito se entristeceu por umsentimento de solidão, e que, retirandose em si mesmo, por um pro-

cesso de reflexão, estrutura formas de pensamentos que em parte osesconde e em parte os revela.”2Marcos não registra todo o conteúdo

 parabólico deste ataque aos líderes religiosos. Mateus coloca nestecontexto a Parábola dos Dois Filhos (Mt 21.2832) e a Parábola dasBodas (Mt 22.114). Marcos usa a Parábola dos Lavradores Maus(cf. Mt 21.3346 é igual a Lc 20.919). Mateus 21.33 chama o donoda vinha de “pai de família” (olKOÕeoTTÓxriç).

 Fundou nela um lagar  (wpu^ev wroÀrivLov). Este substantivo seencontra no Novo Testamento somente aqui, embora seja comum naSeptuaginta e no grego recente. Mateus 21.33 tem Irjvov, “lagar”.Este é o recipiente ou cocho que ficava debaixo do lagar ou prensade vinho na ladeira para colher o suco quando as uvas fossem pi-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

soteadas. Os romanos o chamavam lacus  e Wycliffe, dalf  (ambossignificando “lago”). Ver análise em Mateus 21.33.

 E arrendoua a uns lavradores3(kocI è^éõeTO4auxòv yecopyotç).Estes são os trabalhadores do solo, os lavradores da terra.

12.2. Chegado o tempo  (tcò Koapcô). Era a estação própria paraos frutos.

 Mandou um servo5(àuéotelÀev ... ôoüÀov), um escravo. Mateus21.34 tem o plural, “servos”.

 Para que recebesse, dos lavradores, do fruto da vinha6 (iva. Trapà x c ú v   yecopycòv Àápr) <xttò t c j v   Kapuüòv xou á|aTTÉÀ.côvoç 7). Estaé uma cláusula de propósito com o aoristo segundo do subjuntivo.Mateus 21.34 tem o infinitivo Àafteív, um infinitivo de propósito.

12.4. E eles [...] o feriram na cabeça8(ncáiceivov èKe aALCOoay9).Este é um verbo antigo («g^aXaíco), “trazer debaixo de cabeças”,“subjugar cabeças” (ice4>aÀr|), “resumir”, e, por conseguinte, “baterna cabeça”. Ocorre somente só aqui no Novo Testamento.

12.5. A uns feriram e a outros mataram  (oüç [ièv õépovxeç, oüç ôè áuoKtéyyoyTeí;10). Esse uso distributivo do demonstrativo tam-

 bém aparece em Mateus 21.35 no singular. Originalmente, ôépco nosescritos de Homero significava “pelar”, “esfolar”, portanto, “gol-

 pear”, “bater” . A palavra àmKikvvovx<íç  é uma forma do verbo |_u((xttoktÉ:WI)[_il) e significa “matar para fôra”, “eliminar matando”,“exterminar”.

12.6. Tendo ele [...] ainda um, seu filho amado (éva  eixev ulòvàyaTriTÓv11). Lucas 20.13 tem “meu filho amado” (xòv uióy ^iou ròyàyauritóy). E lógico que Jesus tinha em mente as palavras que o Pailhe dirigiu na ocasião do batismo (Mt 3.17 é igual a Me 1.11, que éigual a Lc 3.22).

 Enviouo também a estes por derradeiro  (áiiéaTeiÂev aúxòveoxaxov irpòç auxouç). Isto só é achado em Marcos. Ver a discussãosobre “terão respeito” em Mateus 21.37.

12.7. Mas aqueles lavradores disseram entre si12(exeivoi ôè oiyewpyol rrpòç éairrouç eÍTTíxy 13). Esta frase só consta em Marcos.Lucas 20.14 tem “entre si” (npoç áÀÀriÀouç), um recíproco em vezde um pronome reflexivo.

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 Marcos 12

12.8.  E, agarrandoo, o mataram e o lançaram fôra da vinha («ed Àapóvaeç caréKte ivav  aútóv Kcà kí,k$a\ov  amòv e^co roü àpire

Àcôvoç14). Mateus 21.39 e Lucas 20.15 invertem a ordem: “[Eles] oarrastaram para fôra da vinha e o mataram” e “lançandoo fôra davinha, o mataram”.

12.10. Ainda não lestes esta Escritura (oúôè xr\v ypacj)fiv Taúrnvàvéyvarue). Jesus cita Salmos 118.22,23 (ver análise em Mt 21.42).

12.11. Isso fo i feito pelo Senhor 15(uapà xupíou èyévexo omr|).O feminino na LXX pode se referir a KecjjaA.ií (“cabeça”) ou pode ser

um hebraísmo traduzido. O original hebraico r X ' (“esta coisa”) emSalmos 118.23 seria caso contrário traduzido pelo neutro toüto.12.12.  Porque entendiam que contra eles dizia esta parábola 

(eyvcooav yàp ou upoç aúiouç tf|v uapaPoÀriv eiTiev). A citação dosalmo relativo à pedra rejeitada, na parábola, combinado com a his-tória do lavrador mau, só poderia ter uma aplicação. Mateus 21.4345 mostra que Jesus certificouse de que as pessoas entenderam o

que Ele quis dizer. Os representantes do Sinédrio ficaram tão bravosque quase o agarraram ali mesmo. Mas o povo estava mais entu-siasmado que nunca. Os líderes religiosos se retiraram desgostosos,depois que suportaram a Parábola das Bodas (Mt 22.114).

12.13. Para que o apanhassem em alguma palavra16(iva. aúxòváypeúocooiv A.óycp), um subjuntivo aoristo ingressivo. O verbo, de-rivado de aypcc (“caça” ou “presa”), aparece na LXX e nos papi-

ros, mas só aqui no Novo Testamento. Lucas 20.20 tem a mesmaidéia, literalmente, “para que eles se apoderassem do seu discurso”(ètTLÀápcoyTai amou Àóyov), enquanto Mateus 22.15 usa “surpre-enderiam” (TrayiôeúoGooiv; ver análise em Mt 22.15). Os escribas efariseus tentaram fazer isso antes. Marcos e Mateus notam a com-

 binação de fariseus e herodianos, como Marcos fez em Marcos 3.6.Mateus 22.16 fala de “discípulos” ou alunos dos fariseus, ao passo

que Lucas 20.20 diz que são “espias” (èyKaGéxouç).12.14. Pagaremos ou não pagaremos? (ôú^ey f| |_if| ôú[iev).17SóMarcos repete a pergunta nesta forma contundente. O subjuntivo deli-

 berativo é o tempo aoristo na voz ativa. Para discussão sobre a bajula-ção feita por esses estudantes teológicos, ver em Mateus 22.1622.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

12.15. Conhecendo a sua hipocrisia  (ó ôè elõoòç cüjtmv tt]vÚTTÓKpLOLv). Mateus 22.18 tem “Jesus, porém, conhecendo a sua ma-lícia” (yvouç õè ó ’IeooOç  xv\v Trovipíva arixcSv). Esses jovens astu-tos e dissimulados não enganaram Jesus.

12.17.  E maravilharamse dele  ( k o u   é£e0aú(iaÇov ct t’ airctô18),o tempo imperfeito com uso perfectivo da preposição kl   Mateus eLucas usam o aoristo ingressivo. Lucas 20.26 acrescenta que eles“calaramse” (èoíyr|aav), ao passo que Mateus 22.22 observa queeles “se retiraram” (cbf|À0av, “foramse embora” ou “foramse parafôra”).

12.18. Os saduceus  [...] aproximaramse dele  (epxovxcuSaõôouKofioi TTpòç autóv). Observe o presente histórico dramático.Os fariseus e os herodianos tiveram a vez depois que o comitê for-mal do Sinédrio fôra derrotado. Agora os saduceus mostrariam oquanto eram intelectualmente superiores a esses teólogos inexpe-rientes (ver análise em Mt 22.2333). Os saduceus tentaram obtervantagem sobre Jesus e, ao mesmo tempo, promulgar a descrençana ressurreição.

12.19. Moisés nos escreveu (Mojüofiç eypca|;ev19). A mesma for-ma é achada em Lucas 20.28 (ver Gn 38.8; Dt 25.5,6). Mateus 22.24tem “disse” (eÍTrev).

12.20.  E o primeiro tomou mulher20  (kcu ó iTpókoç eÀocPev yúvalxa). Lucas 20.29 tem À.apcòv yuvaiKa. Mateus 22.25 tem “tendocasado” (yrpaç).

12.22.  Depois de todos, morreu também a mulher (ka^aiov TrávTwv kou ri yuyr] àiréGccygy21). Observe o uso adverbial deeoxoaov.

12.23. Porque os sete a tiveram por mulher   (ol yàp èTTià kayov aôtriy yuvoÚKa). Este é um acusativo predicativo em justaposiçãocom “sua” (aúrriy). Lucas tem o mesmo, mas Mateus 22.28 tem me-ramente “a possuíram” (ea^ov aikriv), um aoristo constativo ativodo indicativo.

12.24.  Porventura, não errais vós em razão22 (Oú ôià t o ü t o  

TTÀ(xvâa0€...;). Marcos apresenta como pergunta com ou, esperandoa resposta afirmativa. Mateus 22.29 apresenta como declaração po

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 Marcos 12

sitiva: “Errais”. O verbo "Xaváo\mi  significa “perambular errantemente”, “vaguear para fôra do caminho” (cf. o significado da pala-vra planeta). Judas 13 se refere àqueles que conduziriam os cristãosao pecado como “estrelas errantes”, âoxépeç i\Xavf\mi.  O conceitocorresponde ao latim errare (cf. “errar”, “erro”).

 De não saberdes as Escrituras23 (pf) eiôóxeç ràç ypacjiàç). Ossaduceus faziamse passar por homens de inteligência e conheci-mento superior, em oposição aos tradicionalistas entre os fariseusque tinham a lei oral. Contudo, esses intelectuais eram ignorantes

das Escrituras como a verdadeira fonte da verdade. Nem o poder de Deus?  (|ir|ôè tt|v ôúvoqaiv tou 9eoú). A igno-rância da Palavra revelada de Deus acompanha a ignorância do sere atributos de Deus (cf. 1 Co 15.34).

12.25.  Porquanto, quando ressuscitarem dos mortos24 (òuocv yàp 6K   ve«pcõv àvaoxãoiv), um aoristo segundo ativo do subjuntivocom otctv (ore mais av). Mateus 22.30 tem “na ressurreição”, Lucas

20.35 tem “de alcançar [...] a ressurreição”. Na verdade, os sadu-ceus estavam derrotando só a visão errante dos fariseus de que ofuturo corpo da ressurreição desempenharia funções matrimoniais.Os saduceus conheciam a visão dos seus oponentes, mas não a fon-te da verdade. Desta forma, revelaram a própria ignorância do queDeus dissera sobre o corpo da ressurreição e a vida futura, quando ocasamento seria substituído por algo maior.

 Mas serão como os anjos nos céus  (àXX’   elolv coç ayyeÀoiév25 ToXç oupavotç). Ver análise em Mateus 22.30. Lucas 20.36 tem“iguais aos anjos” (laáyyeloi). Igualdade com os anjos significa queos seres humanos estão livres da mortalidade e suas conseqüências.26Os anjos foram diretamente criados, não procriados.

12.26. Na sarça21 (èul tou páiou2s). Este uso técnico de êui é ogrego bom para “no assunto de” ou “na passagem sobre”. A palavra

 pátoç é masculina aqui e feminina em Lucas 20.37. A referência é aÊxodo 3.36.12.27. Vós errais muito  (ttoXu TiA.avâo9e). Só em Marcos, uma

declaração solene e severa sobre a importância que Jesus dá à res-surreição.29

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

12.28.  Aproximouse dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar 30 (Kai TTpoaeÂ.0à)v elç xgõv ypa|i[j,axécov àicoúoaç aúxcôyouCrixoijytooy31). A vitória de Cristo sobre os saduceus agradou os

fariseus que tinham voltado com emoções confusas quando Jesus pôs os saduceus no seu lugar (Mt 22.34). Lucas 20.39 apresen-ta um dos escribas elogiando Jesus pela resposta sábia dada aossaduceus. Marcos põe esse escriba sob luz favorável, “sabendoque lhes tinha respondido bem [aos saduceus]”32 (lôcòv oxi KaÀciòçáTTÉKpíOri aÚTOiç éiTr|p(óxr|aey omóv33). Mateus 22.35 mostra quea pergunta também tinha um motivo desonesto. O “doutor da lei”

(yofUKÓç) perguntou para o “experimentar” (líeipáCcúy). Talvez eletenha entendido que o rabino suplantou os fariseus como defensorda verdade, embora a sua tarefa fosse enganar o Mestre com umainverdade.

Qual é o primeiro de todos os mandamentos?34 (Iloía èoxlvèyxoA.ri upcóxri TTáyxcoy35), o primeiro em posição e importância.Ver discussão de “grande” (p,eyaA.r|), o termo usado em Mateus

22.36. Jesus provavelmente estava falando em aramaico. Em gre-go,  primeiro  e  grande  são conceitos indistinguíveis. Marcos citaDeuteronômio 6.4,5 e Levítico 19.18 da LXX. Mateus 22.40 acres-centa o sumário de Jesus: “Desses dois mandamentos dependem(KpéjiKxa) toda a lei e os profetas”.

12.32.  E o escriba lhe disse36 (kocl eÍTiev (xúxoò ó ypa|a|j,axeúç).Só Marcos dá a resposta do escriba, que repete o que Jesus disse-

ra sobre o primeiro e o segundo mandamentos, acrescentando 1Samuel 15.22 sobre o amor ser superior a todos os holocaustos esacrifícios.

 Muito bem37 (Kodcõç). Não deve ser considerado com “disse”(e LTreç) conforme Wycliffe. A palavra kocAxôç (“bem”) é provavel-mente exclamativa: “Muito bem, Mestre; tu declaraste com verda-de...” (4tt’ àÀriGeíccç).

12.34. Sabiamente38 (youvexcôç), derivado de yoGç, “intelec-to”, e exGJ, “ter”. O advérbio significa usar a mente para o efeito

 bom; ocorre somente aqui no Novo Testamento. O homem era sá- bio para entender os assuntos eternos centrais.

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 Marcos 12

 Não estás longe (Ou |_LKKpáv). A atitude crítica do doutor da leise transformara em entusiasmo genuíno diante da resposta de Jesus.

O seu amor pela verdade de Deus e a franqueza a Jesus mostraramuma pureza de coração que ia além de meros fatos intelectuais sobreo Reino de Deus.

 E já ninguém ousava perguntarlhe mais nada39 (kou oúôelçoikéxi ètóÀ|j,a amòv èiTepwTfjaai). Note a dupla negação. O debatese encerrou (éióÀ|j,a, tempo imperfeito, “ousava”). Sob todos os as-

 pectos Jesus era o vencedor.

12.35. Como dizem os escribas  (IIwç Aiyoimv ol Yp<x|4 iaTelç).Os oponentes de Jesus são silenciados, mas Ele lhes responde econtinua ensinando (ôiôáoKoov) no Templo, como fazia antes que osataques começassem naquela manhã (Me 11.27). Os escribas já nãoousavam questionar Jesus, mas Ele tinha uma pergunta a fazerlhes“estando reunidos os fariseus” (Mt 22.41). A pergunta de Cristo nãoé um enigma bíblico ou uma pegadinha.4u Ele destaca uma dificul-

dade teológica que é resolvida na sua pessoa e obra.41 Todos os es-cribas ensinavam que o Messias seria o filho de Davi (Jo 7.41). Naentrada triunfal, o povo aclamara Jesus como o filho de Davi (Mt21.9). Mas os rabinos faziam vistas grossas ao fato de que Davi,em Salmos 110.1, também disse que o Messias era o seu Senhor. Adeidade e a humanidade em comum do Messias são a única resposta

 plausível a este problema. Mateus 22.46 observa que “ninguém po-

dia responderlhe uma palavra”.12.37.  E ci grande multidão o ouvia de boa vontade42 (kcuóttoAÀ)ç oyjkoQ  tíkouçv arruou riõéGoç), literalmente, a “muita multi-dão”. Uma multidão enorme o ouvia (tempo imperfeito) com ale-gria. Só Marcos tem esse detalhe. O Sinédrio começara o ataqueformal naquela manhã para destruir a influência que Jesus vinhamostrando desde a entrada triunfal. Em vez disso, os ataques acaba-

vam atraindo as multidões para mais perto dEle.12.38. Guardaivos dos escribas43 (BAiueTe ccttÒ tcôvYP^iacaecov). Agora, Jesus adverte as multidões e os discípulos (Mt23.1) sobre os escribas e os fariseus, embora os escribas e os fari-seus estivessem presentes e ouvissem a denúncia. Marcos 14.3840

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

apresenta apenas um mero rascunho resumido desta acusação ousa-da que em Mateus 23.139 foi registrada com mais detalhes. Lucas20.4547 segue Marcos de perto. Ver Mateus 8.15 para a análise des-

se mesmo uso de piéneie áuó com o ablativo. Em geral, chamasehebraísmo traduzido, um uso baseado na tradução aramaica em gre-go que não se acha com PAÍttgú no grego mais antigo. Entretanto, os

 papiros o consideram como linguagem vernacular vívida. “Guardaivos dos judeus” (piéue aáxov  áirò tgúv  ’Iouõcáwv).44

 Das saudações nas praças  (áairaa|j,ouç kv  Tcâç áyopalç).Marcos registra o orgulho dos escribas pomposos: Eles andam comvestes compridas45 (kv ozoXalç  nepiírcm iy), estolas, o traje de reise sacerdotes. As pessoas podiam ver a dignidade deles e fazerlhesreverência.

12.39.  E das primeiras cadeiras nas sinagogas46  (koò.

iTpGOTOKaGeõpLaç kv zalç ovvayojyalç). Este é um marco de devoçãoespecial; eles tomavam os assentos na frente, os melhores para se-rem vistos e admirados.

 E dos primeiros assentos nas ceias  (kocI uptóioKÀiaíaç kv  tolçõeÍTivoíç), reconhecendo a posição social e  status  apropriados. Atéos discípulos se tomam vítimas desse desejo de ter precedência àmesa (Lc 22.24).

12.40. Que devoram as casas das viúvas (oi KccxeoGíovieç ràç

olicíaç xájv CTP“ 1') Esta é uma nova frase no nominativo. Tais ho-mens persuadiam as viúvas a dar as casas ao Templo para depoistomar as habitações para si.

 E isso, com pretexto de largas orações47 (Km TTpocjjáaei iiaicpàupoaeuxó|iÉvoi). A palavra upocjjáoei é um caso instmmental da pa-lavra upócj)r|iiL, da qual se deriva a palavra “profeta”. O verbo rela-cionado TTpócfmvw significa “mostrar adiante”, “anunciar”. Aqui osignificado é o de devoção pretensiosa que promove glória pessoale rouba as viúvas.

 Estes receberão mais grave condenação48 (outol  A,r|[ii|jovTca49

TTepiaaÓTepov Kpqia), “condenação mais abundante”.12.41. E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro50

(Kal KaBíoaç  K&xkvuvxi  xoG ya(o(})uÀaKÍou51). A tempestade passou.

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 Marcos 12

Os fariseus, os saduceus, os herodianos e os escribas retiraramsefurtivamente e com vergonha. Marcos desenha este quadro imortaldo Cristo cansado que se senta junto à arca do tesouro ou gazofilácio(uma palavra composta na LXX que une yáÇa, a palavra persa para“tesouro”, e cj)uÀaKr|, “guarda”).

Observava52 a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro53 (èGeoópei ttcôç ò ôxA.oç páAAei %odKÒv eíç xò~{ ü :C q<\sví  }À kiov  ). Tempo imperfeito: “Ele estava observando”.

12.42. Vindo, porém, uma pobre viúva  (koc! èAGoúoa [iía x^patttoox^i) A palavra ttxgoxóç dizia respeito às mais terríveis dificuldadesfinanceiras, o oposto extremo dos ricos que estavam depositando assuas ofertas. O dinheiro dado por tal pessoa empobrecida era cobre.

 Duas pequenas moedas  (epodev Àenrà ôúo). A palavra àétttÓçsignifica “descascado” ou “desnudado” e, por conseguinte, “muitomagro”. Dois Aeuxá era cerca de dois quintos de centavo de dólar.54

12.43.  E, chamando os seus discípulos  (koc! iTpooK(xA.eaá|ievo<;Toijç |J.oí0rjTà:ç ctuxoü), uma voz média indireta. Ele chama a atençãodos discípulos. Se este episódio tiver ocorrido imediatamente depoisda denúncia que fez dos escribas e fariseus, os discípulos podem terse afastado de modo despercebido com sentimento de perplexidade emedo diante da ferocidade das suas palavras. Agora Ele está fazendouma aplicação prática dos valores do Reino que vinha defendendo.

 Esta pobre viúva depositou mais do que todos os que deposi-taram na arca do tesouro  (f] x^P® kutti r) tttwxti TTÀeloi' ttcívxoov

ePcdev tcòv PcíA.A.Óvtcúv elç xò yaCo4)uA,áKLoy55). Pode significar:“Mais que todos os ricos reunidos”.

12.44.  Depositou tudo o que tinha56(mura oaa  eíxev ’épaÀev),tempo imperfeito seguido pelo tempo aoristo, em nítido contraste.

Todo o seu sustento  (oàov xòv píov auxfiç). O seu sustento, enão a sua vida.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1TR e TM têm o infinitivo A.éyeLv.

2 Alexander Balmain Bruce, The Expositor ’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 420.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

3“Depois disso, arrendou-a a alguns vinhateiros” (BJ).

4TR e TM têm èçéõoTO.

5“Enviou um empregado” (NTLH).

6 “Aos lavradores, para receber deles parte do fruto da vinha" (NVI).

7TR tem o substantivo articular plural, twv KapTTÚv. 

s “E eles o esbordoaram na cabeça” (ARA).

9TR e TM têm KaKetvov ÀiGopolrjoavTeç éKetjxxXaíwaav.

10TR e TM têm toÍjç (lèv õépovxeç, touç 5e  áiroKTeívovTeç.

11TR e TM têm eva ulòv exojv àyaiTr|TÒv aúxoü.

12“Mas os lavradores disseram uns aos outros” (NVI).

13TR e TM têm uma grafia diferente para o verbo e uma ordem diferente de palavras, 6K 6LV0 Lõè oi yewpyol upòç èautouç eínccv.

14TR e TM têm kou lafióvx<íç ainòv  áiréKTeivotv Kal èÇépaÀov eÇco tou à|nrelcò voç.

15“Isso é obra do Senhor” (BJ); “isto procede do Senhor” (ARA).

16“Para o apanharem em alguma coisa que ele dissesse” (NVI).

17Esta pergunta se acha em Marcos 12.14 no texto grego. [N.do T.:Em Marcos

12.14, consta em AEC; BJ; NTLH; ARA, ARC; em Marcos12.15, consta emNVI.]

ls TR e TM têm Kal è9aú|iaa<xv  €tt’  aikw.

19TR e TM têm a soletração Mcooriç; WH tem Ma)uof)ç.

20 “O primeiro casou” (ARA).

21TR e TM têm kayá.xr\  uávicov áiréGavev K a l r) yuvr]; entretanto, o verbo em TRb e TM não inclui o v  eufônico, áiréGave.

22 “Não provém o vosso erro” (ARA).

23 “Não conhecendo nem as Escrituras Sagradas” (NVI).24“Quando os mortos ressuscitam” (NVI).

25TR e TM incluem o artigo oi antes da preposição kv.

26 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 281.

27“No trecho referente à sarça” (AEC; ARA); “no relato da sarça” (NVI).

2STR tem ènl Tf|ç páiou.

29 Bruce, Expositor s, p. 424.30 “Um dos mestres da lei aproximou-se e os ouviu discutindo” (NVI).

31WH grafa o particípio assim: ouvCtitoÚvtcov.

32“Notando que Jesus lhes dera uma boa resposta” (NVI).

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 Marcos 12

33TR e TM têm 6ÍÕCÒÇ oil koAwç  aúraiç cxTTeKpC0r), èirr|pÚTr|aev.

34 “Qual é o principal de todos os mandamentos?” (AEC).

35 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, Iloía eailv irpokri uaowv kvxb À.r|. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico em kaxí.

36 “Disse o homem” (NVI).

37 As versões AEC, B J, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

38 “Com inteligência” (BJ); “com sabedoria” (NTLH).

39 “Depois disso ninguém tinha coragem de fazer mais perguntas a Jesus” (NTLH).

40 Ezra P. Gould, Critical and Exegetical Commentary on the Gospel A ccording to 

St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 234.41 Swete, Commentary on Mark , p. 288.

42 “E a numerosa multidão o escutava com prazer!” (BJ).

43 “Cuidado com os mestres da lei” (NVI).

44 Berl. G. U. 1079. 41 d.C. Ver A. T. Robertson, A Grammar o f the Greek NewTestament in the Light o f Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 577.

45 “Gostam de circular de togas” (BJ); “eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas compridas” (NTLH).

46 “E de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas” (NVI).

47 “E, para disfarçarem, fazem orações compridas” (NTLH).

48“Estes sofrerão juízo muito mais severo” (ARA).

49TR e TM grafam o verbo sem |i,  Xrytyovxui.

50 “Estando Jesus assentado diante do gazofilácio” (AEC).

51 TR e TM incluem o sujeito explícito, Kcel Karíoaç ò ’Irioouç  Kaxkvavxi  toO

yaÇo uA.aKÍou.52“Olhando com atenção” (NTLH).

53“As pessoas que punham dinheiro ali” (NTLH).

54 “De muito pouco valor” (NVI).

55 TR e TM têm f) xtípa aikr| f) mtoxfi Tílelov uávtiov pé(31r|Kev  xãv  podóviwv eíç to YaCa§\)lÁKiov.  Entretanto, TRb e TM não incluem o v  eufônico empépÀr|Ke.

56 “Deu tudo quanto possuía” (ARA).

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Capítulo

13

 Marcos13.1.  Mestre, olha que pedras e que edifícios/' (AiõáoKaA,e, ’íôe

TToxfxiTol A.Í0OL Kal TiotctTKxi oÍKoôo|j,aí). Mateus 24.1 e Lucas 21.5

falam sobre o comentário, mas só Marcos cita as palavras exatas. Aofazer essa observação agradável, talvez o próprio Pedro2 quisessealegrar os ânimos depois das horas críticas e difíceis passadas noTemplo. Josefo3fala do tamanho grande dessas pedras e da belezados edifícios. Ainda existem algumas pedras dos ângulos sudeste esudoeste, medindo de seis a doze metros de comprimento e pesandocem toneladas cada. Jesus e os discípulos as viam cada vez que iamao Templo.

13.2. Vês estes grandes edifícios? (BAiiTeic; uaúraç tàç p,eyáA.aç

olKoõo[o.áí;). Jesus aprecia de forma geral a grandeza e a beleza, oque tomará muito mais extraordinária a sua predição de destruiçãoabsoluta (KcaocÄuGri).4 Hoje, só permanecem as pedras da fundação e

 pedaços do muro depois que Jerusalém caiu em 70 d.C.13.3.  Defronte do templo, Pedro, e Tiago, e João, e André lhe 

 perguntaram em particular   (Karévavri xou lepou enripokcc aíitòv

Kca’ lõíav néxpoç Kal ’IaKGoßoc; Kal ’Icoáwrit; Kal Avõpéaç5). No

monte das Oliveiras, em plena visão do Templo em que estiveram

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

discutindo, os quatro discípulos, só nomeados em Marcos, ques-tionam evidentemente o comentário estranho de Jesus. Concluíramque tamanha destruição radical só poderia se aplicar ao fim dos tem-

 pos. Tomaram Jesus à parte para perguntar sobre isso, embora osdemais certamente se aproximassem quando o Senhor começou oseu discurso escatológico.

13.4.  Dizenos quando serão essas coisas6 (EIttÒv rptv TimeTatra ecjToa7). As traduções geralmente pontuam esta frase como

 pergunta direta, mas o grego dá a entender que é uma pergunta in-direta. Os discípulos perguntam sobre o “quando” (note) e o “que”(tí tò arpeiov) do sinal da volta de Cristo. Mateus 24.3 inclui “quesinal haverá da tua vinda e do fim do mundo”, indicando que essesacontecimentos estão unidos no pensamento deles. Ver em Mateus24.3 uma análise mais completa da interpretação desse discurso.Este capítulo em Marcos chamase “o pequeno apocalipse”. Certosestudiosos modernos têm a noção de que Marcos adaptou um apo-calipse judaico e incorretamente o atribuiu a Jesus. Muitos crêemque Jesus, os escritores ou os editores do Evangelho cometeramum grave erro neste quesito. Minha visão adotada na análise emMateus é que Jesus combinou em um quadro a sua morte e a des-truição de Jerusalém dentro do período dessa geração. A destruiçãode Jerusalém em 70 d.C. tipifica a Segunda Vinda e o fim do mundo.Os limites entre esses tópicos não aparecem nitidamente. Não é pos-sível separar de forma dogmática as palavras de Jesus em categoriastópicas. Este é o discurso mais longo que Marcos registra. Pedroe Marcos podem têlo apresentado com vistas a avisar8os leitoressobre a catástrofe que se aproximava de Jerusalém. De fato, poucoscristãos, se não nenhum, foram pegos em Jerusalém pelos romanos,

 porque a Igreja entendeu muito bem o que aconteceria lá. Mateus 24e Lucas 21.536 seguem a linha geral de Marcos 13. Mateus 24.43a 25.46 adiciona as parábolas usadas por Jesus para ilustrar o queEle queria dizer.

13.5.  Olhai que ninguém vos engane9  (BAiirete |_tr| tlç   í>|iâç

TTÀavriar)). Estas são as mesmas palavras gregas registradas emMateus 24.4 (“Acautelaivos, que ninguém vos engane”). Lucas 21.8

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 Marcos 13

tem “que não vos enganem” (jir] TTXaviíGriTÉ). O vocábulo uÀaváco éuma palavra forte. O aviso permeia toda a discussão e permanece

 pertinente. Quanto à vinda dos falsos cristos e aos detalhes expostosnos versículos 6 a 8, ver análise em Mateus 24.58. Apesar da ad-vertência de Jesus, as pessoas têm insistido em aplicar este ensinoàs suas próprias desgraças.

13.7.  Assim deve acontecer 10(ôeX yevéoGoa11). Já houvera ata-ques genocidas contra os judeus em Alexandria, Selêucia, Jâmniae em outros lugares. Mais de cinqüenta mil judeus foram mortos.

Calígula, Cláudio e Nero ameaçaram os judeus, antes mesmo daguerra judaica (6571 d.C.) e da destruição da cidade e do Templo

 por Tito em 70 d.C. Nos anos entre essa profecia feita por Jesusem 29 ou 30 d.C. e a destruição de Jerusalém, houve grandes ter-remotos em Creta (46 ou 47 d.C.), Tome (51 d.C.), Apamaia, naFrigia (60 d.C.) e Campania (63 d.C.). Quatro períodos de fomeassolaram o reinado de Cláudio em 41 a 54 d.C. Uma dessas fomes

na Judéia12 está mencionada em Atos 11.28. Tácito13 descreve astempestades assassinas em Campania no ano 65 d.C.

13.9.  Mas olhai por vós mesmos14(plénete õè i>|aetç ècorcoúç).Só ocorre em Marcos, mas é uma nota dominante de advertência

 para todos através do discurso. Observe v>|j,élç, muito enfático. Porque vos entregarão aos concílios15(TTapocôcóooimv up.ctç eíç

auvfôpLa 16). Este é o mesmo substantivo usado acerca do Sinédrio

em Jerusalém. Esses concílios locais (oúv, eõpa, “sentados jun-tos”) serviram de modelo segundo o existente em Jerusalém.

 As sinagogas; sereis açoitados  (eíç ouvaycoyàç õapTÍoeoGe),segundo futuro passivo do indicativo segunda pessoa do plural. Overbo ôépco significa “pelar” ou “esfolar”. Aristófanes usa o termono sentido coloquial mais leve de “bater”, como ocorre nos papi-ros em grego KOivq.

Sereis apresentados ante governadores e reis, por amor de mim, para lhes servir de testemunho17 (riye|_ióvGov kcu  j3(xoiA.éwvora0TÍoeoGe eveicev è|ioü eíç  napiúpiov aikoíç). Eles seriam ou-vidos por governantes gentios como também por conselhos ju-daicos.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13.10. O evangelho seja primeiramente pregado entre to-das as nações  (kcu  eiç i\ávxa xa  e8vr| TípcÔTOi' ôel Kiipu^Grivai

tò  eikyyéÀiov18). Isto só é encontrado em Marcos. É interessantenotar que em Colossenses 1.6,23, mesmo antes da destruição deJerusalém, Paulo afirma que o evangelho se espalhou por todo omundo.

13.11. Não estejais solícitos de antemão pelo que haveis de di- zer  (|if| upo|iepi|jvâTe  xí   Àodiíor|Te). O negativo com um imperativo presente toma uma proibição ou hábito geral. Jesus não está se re-ferindo à pregação, mas à defesa feita perante esses concílios e go-vernadores. Temos um exemplo típico na coragem e habilidade quePedro e João demonstraram perante o Sinédrio em Atos 4. O verbo|ifpi(iváco é derivado de [iepí(Gú, “ser puxado em direções opostas”,“ser distraído” (ver análise em Mt 6.25). Eles têm de enfrentar semmedo aqueles que estão em altas posições, que buscam subvertera pregação do evangelho. Os pregadores preguiçosos usam essas

 palavras para não ter de preparar sermões. Não é este o tipo de con-fiança no Espírito Santo que Jesus está dizendo aqui (cf. Jo 14.16).

13.13.  Mas quem perseverar até ao jim 19 (ô õe ímoiieívaç elçtéàoç). Observe este particípio aoristo com o verbo futuro. A idéiaé verdadeira à etimologia da palavra, “permanecendo embaixo”(ÚTToiiévco) até o fim. Jesus já havia predito divisões nas famílias (Lc12.52,53; 14.26).

 Esse será salvo  (ouxoç ocoGrioexai). Jesus quer dizer a salvaçãofinal (futuro aoristo efetivo passivo), e não a salvação inicial.

13.14.  Estar onde não deve estar 20 (éotr|KÓTa ottou oí) õe! 21).Mateus 24.15 tem “está no lugar santo” (cazòç kv  tottco àyíco), neu-tro e concordando com põéA,uy|_ia (“abominação”), a mesma fraseaplicada em 1 Macabeus 1.54 ao altar de Zeus erguido por AntíocoEpifânio no lugar onde estava o altar de Jeová. Marcos personifi-ca a abominação como pessoal (masculino), enquanto Lucas 21.20a define por meio da referência aos exércitos (de Roma, como semostrou). Assim, as palavras de Daniel tiveram um segundo cum-

 primento, Roma tomando o lugar da Síria.22Ver em Mateus 24.15 aanálise desta frase e dos parênteses inseridos nas palavras de Jesus

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 Marcos 13

(“quem lê, que entenda”). Ver também em Mateus 24.1625 a análi-se dos detalhes apresentados em Marcos 13.1422.

13.16.  No campo  (elç  xòv àypóv).  Mateus 24.18 tem kv  toôàypcò, mostrando uso idêntico de eiç com o acusativo e de kv com olocativo.

13.19. Que Deus criou  (rjv íéktioev ó Geòç23). Observe esta am- plificação à citação de Daniel 12.1.

13.20. Que escolheu  (oüç kíúÀíaxo).  Este é o aoristo médioindireto do indicativo, encontrado apenas em Marcos. Ele explica a

escolha soberana de Deus no fim por Ele e através dEle.13.22. Para enganarem24  (upòç tò àironXavâv25). “Com vistas aliderarem para fôra” (irpoç + infinitivo). Mateus 24.24 tem “que [...]enganariam” (woxe nlavfjaoa)

13.23.  Mas vós vede26 (í)|ietç ôe pAiuere). A credulidade não émarca de santidade ou devoção. Observe a primeira posição enfáti-ca de “vós”, lificáç. A credulidade não se classifica em posição mais

alta que o ceticismo. Deus nos fez inteligentes para nós mesmos nos protegermos. Cristo nos advertiu de antemão.13.24. O sol se escurecerá  (ò r|A.ioç okotioOr|aeToa), um futuro

 passivo do indicativo. Essas figuras vêm dos profetas (Is 13.9,10;Ez 32.7,8; J1 2.1,2,10,11; Am 8.9; Sf 1.1416; Zc 12.12). Essa ima-gem profética, com os seus símbolos apocalípticos, ocupase commetáfora em vez de narrativa literal. Em Atos 2.1521, Pedro aplica

a profecia de Joel sobre o sol e a lua aos acontecimentos ligados aoDia de Pentecostes. Ver análise em Mateus 24.2931 para saber dosdetalhes dos versículos 24 a 27.

13.25.  E as estrelas cairão do céu21  (kou oi àotépeç eoovxca6K toü oúpavoü 'ítítttovtéç28), um futuro perifrástico do indicativo,eaovrai, com um particípio presente ativo, ttltttovtéç.

13.27. Eajuntará os seus escolhidos (èulouvarei touç eK^eKuouç

amou). Este é o propósito de Deus ao longo dos séculos. Da extremidade da terra até a extremidade do céu  (cru’ aKpouyfjç ctoç aKpou oüpavoü). O grego é muito sumário, “da ponta daterra à ponta do céu”. Esta frase exata não ocorre em nenhuma outra

 parte da Bíblia.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

13.29. Quando virdes sucederem essas coisas  (orav lõt|té tauto 29 yivóiaeva), um particípio presente médio/passivo depoen-

te, ação linear. Ver em Mateus 24.3236 a análise dos detalhes daParábola da Figueira.13.32.  Nem o Filho  (oúôe ò uióç). Esta retratação de conheci-

mento naturalmente interpretada aplicase à Segunda Vinda, e nãoà destruição de Jerusalém em 70 d.C., a qual Jesus terminantementeestabelecera como prazo àquela geração.

13.34.  Mandasse ao porteiro que vigiasse30 (xcò Gupwptò

èveteíXcrco Iva ypriyopri). O porteiro, como também todos os demais,têm de manter a vigilância (presente do subjuntivo). Esta Parábolado Porteiro só é encontrada em Marcos. A nossa ignorância do tem-

 po da volta do Mestre exige que fiquemos alertas e zelosamente prontos, e não indiferentes ou fanáticos.

13.35. Se à tarde, se à meianoite, se ao cantar do galo, se pela manhã (í] óijrè f| |_ieoovÚKi;iov31f| àÀeKTOpocj)tovtaç [canto do galo] rí

Trpooí). A noite era dividida nessas quatro vigílias.13.37. Vigiai32(YpryYopetTe). “Ficai na espreita”, um imperativo presente de um verbo que significa “estar acordado”. Ficai acordadoaté que o Senhor venha.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1‘‘Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas” (NVI).

2 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 295.

3 Josephus,  Antiquities o f the Jews,  15.11.3. [Edição brasileira: Flávio Josefo,  História dos Hebreus: Obra Completa (Rio de Janeiro: CPAD, 1998).]

4 “Demolida” (BJ); “derribada” (ARC).

5TR e TM têm èmpcÓTim' airòv Kca' lõtav.

6“Dize-nos quando acontecerão essas coisas” (AEC).

7TR e TM têm EÍTTê rpLv note Tcrika eatoa;.s Alexander Baimain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament , vol. 1, The 

Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 428.

9“Cuidai para que ninguém vos engane” (AEC).

10“E necessário que tais coisas aconteçam” (NVI).

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 Marcos 13

11TR e TM têm a conjunção pospositiva incluída, õei yàp yevéaBca.

12 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 222.

13Tacitus, Annals,  15.10-13.14“Estai vós de sobreaviso” (ARA).

15“Entregar-vos-ão aos sinédrios” (BJ).

16 TR e TM incluem a conjunção pospositiva, Trapaõwaoimv yàp elçauvéõpia.

17 “E vos conduzirão perante governadores e reis por minha causa, para dardes testemunhos perante eles” (BJ).

18TR e TM têm a ordem inversa para õel irpwi;oi'.19“Mas quem ficar firme até o fim” (NTLH).

20 “Instalada onde não devia estar” (BJ).

21TRs tem êotÒç oitou  oi) òcT: TRb e TM têm èoràç oirou oi) ôei.

22 Swete, Commentary on Mark, p. 304.

23TR e TM têm f]ç eKtioei' ò Geóç.

24 As versões AEC, BJ, NTLH, N VI, ARA têm redação semelhante.

25 TR tem o iota subscrito com o infinitivo, ànoulav&v.

26 “Estai vós de sobreaviso” (ARA).

27 “As estrelas cairão do firmamento” (ARA).

28 TR e TM têm kccI  ol àaiépeç toü  oúpavoü eaovioa èKiúuTOVTeç.

29 TR e TM têm a ordem inversa para o verbo e o pronome demonstrativo, taO ta iõr|T6.

30 “Ao porteiro ordena que vigie” (ARA).

31TR e TM têm lieowuKiíou.

32“Fiquem vigiando!” (NTLH).

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Capítulo

14

 Marcos14.1.  E, dali a dois dias, era a Páscoa e a Festa dos Pães 

 Asmos  (THy ôè xò náaxcc kkI xà à(u[ia |aexà õúo ruaépaç). Eraterçafeira à noite, de acordo com o modo como os ocidentais con-tam o tempo hoje. Pelo cômputo judaico, a data mudou às seishoras da tarde. As horas da noite pertenciam à mesma data comoas horas da luz do dia seguinte. Em Mateus 26.2, Jesus diz que estamesma terçafeira pela contagem moderna está a dois dias antesde Ele ser crucificado. João menciona cinco detalhes que super-ficialmente contradizem as narrativas dos Evangelhos Sinóticosdessa semana. Não há contradição, mas muita confusão ocidentalsobre a terminologia judaica relativa à sextafeira e ao períodode feriado.1Marcos fala de “a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos”.Esses dois nomes designavam um período de festa de oito dias. Àsvezes, a “Páscoa” referiase especificamente ao primeiro dia, masos judeus não observavam distinção minuciosa entre a primeiranoite e os oito dias inteiros.

Os principais dos sacerdotes e os escribas buscavam como0 prenderiam com dolo e o matariam2 (èCiíxouv oi ápxiepeiç kcu01 ypcqi|i(xxeiç ttwç aüxòv kv   ôóÂxo Kpaxrioavxeç áiroicueívwaiv). O

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

tempo imperfeito indica que eles ainda estavam com essa intenção,embora tivesse sido tomada há certo tempo.

14.2.  Não na festa3(Mf] kv  if) eopiri). Eles planejaram matá

lo na festa (João 11.57), mas a entrada triunfal de Jesus e a derrotaque tiveram no grande debate com Jesus no templo naquela mesmamanhã forçou a decisão de esperar até depois da festa. Eles tinhammedo da influência de Jesus sobre as massas (ver análise em Mateus26.47).

14.3.  Assentado à mesa  (kktkkéliíévou aúuoü). Mateus 26.7usa àvaK6i|j,évou, ambas as palavras significando “reclinado” ou

“apoiado embaixo ou em cima ou para trás”. Essas palavras estãona construção genitivo absoluto. Ver análise em Mateus 26.613

 para inteirarse da diferenciação entre este episódio e o descrito emLucas 7.3650.

Ungüento de nardo puro, de muito preço  Qiúpou vápõou7TiOTiKf|ç rroÀi)xeA,oíjç). Uso de TTLOtLKfiç e vápõou ocorre só aqui eem João 12.3. O adjetivo é bastante comum no grego mais antigo

e aparece nos papiros para descrever algo que é genuíno ou nãoadulterado. Ao que parece, esta é a idéia. A palavra espicanardo é derivada de nardi spicati,  da Vulgada Latina, provavelmente dolatim antigo nardi pistici.

Quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça4 (ouvTpí.i[raoaTTjv ctÀápompov Ktruéxeev aírcou triç K64)aA.f|ç5). Esse detalhe está re-gistrado somente em Marcos. Provavelmente ela quebrou o pescoço

estreito do vaso que continha o ungüento.14.5.  Porque podia venderse por mais de trezentos dinheirosb

(nôúvaTO yàp toüto to [iúpov upa9f|voa èuávco ôr|vapí,oov tplcckoolcov7).João também fixa o valor em trezentos dinheiros ou denários, ao passoque Mateus 26.9 tem “grande preço”.

 E bramavam contra ela8(kcu èvePpL[icòvto carcri). O tempo im- perfeito desta palavra notável é usado para referirse ao bufar de

cavalos e já foi vista em Marcos 1.43; 11.38. Ocorre na LXX no sen-tido de raiva, como aqui (Dn 11.30). Judas fez a reclamação contraMaria de Betânia (ver Jo 12.4), mas todos os apóstolos uniramseem coro na crítica da extravagância esbanjadora.

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 Marcos 14

14.8. Esta fe z o que podia  (o eo% ev êTroírioev9). Isso está regis-trado somente em Marcos. Observe os dois aoristos. Literalmente,“o que ela teve ela fez”. Maria pode não ter compreendido a morte

do Senhor, mas pelo menos mostrou a sua solidariedade com Ele eum pouco de compreensão do acontecimento trágico que se apro-ximava. Depois de todas as vezes que Jesus ensinou sobre a suamorte iminente, em certo nível ela entendeu o que os críticos nãoentenderam.

 Antecipouse a ungir o meu corpo para a sepultura10(jTpoéA,apev[iupíoíXL tò o(5[iá |iou eiç tòv kvxufyiaoiióv11). Literalmente, “ela to-

mou de antemão a ungir o meu corpo para o enterro”. Ela se anteci- pou ao evento. Esta é a justificativa de Cristo da ação nobre que elafez. Mateus 26.12 também fala da preparação do enterro feito porMaria, usando o verbo évTcajjuxaai.

14.9.  Para sua memória  (elç [_ivr||_ióauvov aürfiç), o mesmotambém em Mateus 26.13. Mausoléus e memoriais “permanentes”se esmigalham, mas esse monumento feito para Jesus continua en-

chendo o mundo de fragrância.14.10. E Judas Iscariotes, um dos doze  (Kal ’Ioúôaç ’IaicapicòG

ô elç tgôv ôeóôeKa12). Observe o artigo aqui, “o um dos doze”, en-quanto Mateus 26.14 tem só “um” (etç). Certos estudiosos opinamque aqui Marcos está dizendo que Judas é o principal entre os doze.Mais precisamente, quis chamar a atenção para a ideia de que ele erao um entre os doze que fez esta ação.

14.11.  E eles, ouvindoo, alegraramse13 (ol õè áKOÚaaineçkxápr\aav). Não há dúvida de que os rabinos viram na deslealdade deJudas uma verdadeira dispensação da providência, que amplamente

 justificava a trama que faziam contra Jesus. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna14(koci èÇriTei

moç aÜTÒv eÚKaípax; napccôoi15). Este era o ponto central da ofertade Judas. Ele afirmou que conhecia suficientemente os hábitos de

Jesus para capacitálos a pegálo “quando a multidão não estivesse presente” (Lc 22.6, NVI). Eles não precisavam esperar que a Páscoaterminasse e as multidões fossem embora. Para a análise dos moti-vos de Judas, ver Mateus 26.5. Marcos apenas nota a promessa de

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

“dinheiro”, ao passo que Mateus 26.15 menciona “trinta moedas de prata” (Zacarias 11.12), o preço de um escravo.

14.12. Quando sacrificavam a PáscoaXè(oté tò náoxa eGuov).O tempo imperfeito indica uma prática costumeira aqui. O cordeiro

 pascal (observe rao^a) era morto às seis horas da tarde, o começodo décimo quinto dia do mês (Ex 12.6), mas as preparações eramfeitas anteriormente no décimo quarto dia (quintafeira). Ver emMateus 26.17 a análise de “comida da Páscoa”.

14.13.  Enviou dois dos seus discípulos  ((XTrooteÀA.ei õúo tcôv

|ja9r|T(3v aÜToü). Lucas 22.8 os nomeia: Pedro e João. E um homem que leva um cântaro de água vos encontrará17(àiravxríoei í)|ilv avGptoiroç Kepqiiov uõaxoç Pomá(tov). Esse deta-lhe também está em Lucas, mas não em Mateus.

14.14. Dizei ao senhor da casa (eiTToae tcò oiKOÔeanÓTT]). Esta éuma palavra não característica dos clássicos, mas consta nos papirosrecentes. Significa “mestre (déspota) da casa” ou “dono da casa”.

O grego habitual tem as duas palavras separadas, oikoíj ôeoTTÓtriç(“mestre da casa”).Onde está o aposento  (IIoü èouiv tò  KaiáÀuiiá |iou 18). Ocorre

na LXX, nos papiros e no grego moderno para referirse a um lugarde alojamento ou hospedaria, como em Lucas 2.7, ou quarto de vi-sitas, sala para convidados, como aqui.

 Em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?  (otíou

•uò mo^a   laerà twv |ia9r|TG)v [íou cjjáyco). Este é um subjuntivo aoristo futurístico com ottou.14.15. E ele  («a! aÚTÓç), pronome enfático.Vos mostrará um grande cenáculo  (ò|iiv Seí^ei àyáyaLOv),

qualquer coisa acima do solo, e particularmente escada acima, comoaqui. Encontrase nesta narrativa e em Lucas 22.12. Jesus desejaobservar esta última refeição pascal sozinho com os discípulos, não

com outras pessoas, como era freqüente. Evidentemente, esse ami-go de Jesus entenderia. Mobilado  (èaTpoj|iévov), um particípio perfeito passivo de

oTpoWu|ji, um estado de prontidão. “Com tapetes espalhados pelochão, e com divãs devidamente arrumados."19

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 Marcos 14

14.17.  Foi com os doze20 (ep^exai |iexà idòv õúõeKct). Noteo presente histórico dramático. Presumese que Jesus está ob-servando a Páscoa no tempo e hora tradicionais, às seis horas da

tarde no começo do décimo quinto dia. Isso correspondia à noitede quintafeira ocidental, embora fosse o começo da sextafeira

 judaica. Marcos e Mateus mencionam o tempo como o anoitecere identificamno com a comida regular da Páscoa.

14.18. Quando estavam assentados a comer (àvaKei[iév<xiv aúrcòv). Esses verbos raramente são traduzidos de forma correta.Até mesmo a imortal pintura de Leonardo da Vinci —  A Ultima 

Ceia — mostra Jesus e os apóstolos sentados, não reclinados. Seele entendesse a verdade, tomaria a licença artística para colocara ceia na tradição da refeição culturalmente adequada.

Um de vós, que comigo come  (ó loGícov (íét’ è|iou). VerSalmos 4.9. Até hoje, a tradição árabe exige que o convidado querecebeu pão partido não deve ser maltratado pelo dono da casa.

14.20.  E um dos doze, que mete comigo a mão no prato2'  

(Etç tcôv ôcóôeKct22, ó éfiPaiTTÓiievoç |iet’ é[ioG eiç xò tpupiiov23).É tão ruim quanto isso. O sinal que Jesus deu: “um [...] que metecomigo a mão no prato”, não foi percebido por todos. Jesus deuo bocado a Judas que entendeu que Jesus estava devidamenteciente do seu propósito (ver análise em Mateus 26.2124).

14.2325. Tomando o cálice24 (A.apoòv ttottÍplov25). Era pro-vavelmente o vinho comum produzido nacionalmente mistura-

do com dois terços de água, embora a palavra grega usada parareferirse a vinho (oívoç) não conste nos Evangelhos, mas, sim,“o fruto da vide” (<èk toü yévtÍiííxtoç rrjç á|airéA.ou) no versículo25. Ver análise em Mateus 26.2629 para inteirarse de detalhesimportantes. Marcos e Mateus dão substancialmente a mesmanarrativa da instituição da Ceia por Jesus, ao passo que Lucas22.1720 concorda de perto com 1 Coríntios 11.2326, onde

Paulo afirma ter obtido o seu relato por meio de revelação diretado Senhor Jesus.

14.26. Tendo cantado o hino26   (úiiviíoavTeç). Ver análise emMateus 26.30.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

14.29. Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu21(El«ou 'fíávieç oKavôaA.iaGiíaovTcn, àkk’   oük   éycó28). Marcos registra aostentação de lealdade de Pedro, ainda que todos o desertassem.Todos os Evangelhos falam sobre isso (ver análise em Mt 26.33).

14.30. Antes que o galo cante duas vezes  (irpiv f| ôiç «AiicTopcc(j)G)vfiaoa). Este detalhe só consta em Marcos. Um galo cantar sem-

 pre é sinal de mais. Os papiros de Fayum concordam com Marcosem ter ôiç. O canto do galo marca a terceira vigília da noite (veranálise em Me 13.35).

14.31.  Mas ele disse com mais veemência29  (ó õè éKiTepiaaâjçèláÀei30). Esse advérbio composto forte só é achado em Marcos e

 provavelmente preserva a própria declaração de Pedro sobre o co-mentário. Para análise adicional da ostentação de Pedro, ver emMateus 26.35.

14.32.  Foram a um lugar chamado Getsêmani31 (epxovxcti elçXoopiov oí) tò õvo|ia re0ar||j,(xvL32). Literalmente, “cujo nome era”.Em relação ao Getsêmani, ver análise em Mateus 26.36.

 Assentaivos aqui, enquanto eu oro33 (KaGíooae toôe etoçTTpoof úço))iK i ). O subjuntivo aoristo com ecoç está realmente com pro-

 pósito envolvido, um linguajar comum. Mateus acrescenta “além”(áuéÀGcov èncei).

14.33.  E começou a ter pavor e a angustiarse  (kkI ríp^axo6K0a|j,peLo9ai «ai áôr||ioveiv). Mateus 26.37 pode ser traduzido por “aflito ou triste e muito angustiado”. Ver em Mateus 26.37análise da palavra áõrnioveiv. Só Marcos usa êK0a|j,peiaGca,34 aquie em Marcos 9.15. O verbo Gafipéco ocorre em Marcos 10.32 paradescrever o assombro dos discípulos quando contemplaram oolhar no rosto de Jesus enquanto Ele ia para Jerusalém. Agora o

 próprio Jesus sente o assombro quando enfrenta diretamente a sualuta no jardim do Getsêmani. Ele obtém a vitória sobre si mesmo

no jardim do Getsêmani, e então pode suportar a perda, menospre-zando a vergonha. Mas por ora, Ele está bastante estupefato comos sentimentos que brotam da sua natureza humana. Portanto, estámuito saudoso do céu. “Improvável como Ele previra a Paixão,quando ela se delineou claramente com todo o seu terror e excedeu

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 Marcos 14

todas as suas expectativas.”35 “Aprendeu a obediência, por aquiloque padeceu” (Hb 5.8). Essa nova experiência enriqueceu a almahumana de Jesus.

14.35.  Prostrouse em terra  (kocI... errnTxev 4ul xrjç yf|<;36). O pretérito imperfeito descritivo mostra que a pessoa o vê cair. Mateustem o aoristo eiTeoev.

 E orou para que  (kocÍ   Trpooriúxexo). O tempo imperfeito indicaorar repetidamente, ou pode significar um sentido incoativo de co-meço da oração, como “ele começou a orar”. Qualquer um faz bomsentido.

 Para que [...] passasse dele aquela hora37 (uapéÀ6r| án’ ab ’xoü fi top«). Há muito que Jesus esperara por essa “hora”, tendoamencionado muitas vezes (Jo 7.30; 8.20; 12.23,27; 13.1; ver análiseem Me 14.41). Agora Ele sofre a imensidão do medo humano, umacaracterística que todos podem entender.

14.36. Aba, Pai  (Appa ó uaxiíp). A primeira palavra é aramaica e a segunda é grega. Este não é caso de tradução. Jesus poderia

ter usado ambos os termos, como Paulo faz em Gálatas 4.6. TalvezPaulo estivesse se lembrando das suas orações de infância em umacasa suspensa entre as culturas hebraicas e gregas.

 Afasta de mim este cálice  (apéveyKe xò i ro x ipio v xoüxo á u ’

è|aou). Sobre o significado de Jesus relativo a “o cálice”, ver análi-se em Mateus 26.39. Não é possível considerar que as palavras deJesus signifiquem que Ele estava com medo de que pudesse morrer

antes de ir à cruz. Ele foi ouvido (Hb 5.7,8) e ajudado a submeterseà vontade do Pai, como faz imediatamente.

 Não seja, porém, o que eu quero  (áÀX’ oi) xí èycò Gélco). Mateus26.39 tem “como” (coç). Vemos a humanidade de Jesus em sua ple-nitude nas tentações e no jardim do Getsêmani, mas sem pecado emcada vez. E esta foi a mais severa de todas as tentações: retirarse dacruz. A vitória sobre o eu ocasionou a rendição à vontade do Pai.

14.37. Simão, dormes? (Sqjxúv, KaGeúõeiç). Este é o nome anti-go, não o nome novo, Pedro. A sua lealdade ostentada estava come-çando a falhar durante a hora da conjuntura decisiva. Jesus conhecea fraqueza da carne humana (ver análise em Mt 26.41).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

14.40.  Porque os seus olhos estavam carregados  (rjaav yàpaÚTCÔv oi òcj)9aÀ|iol KoaaPapuvó|ievoi38). Este é o uso perfectivo deKKia com o particípio. Mateus tem o verbo simples. A palavra de

Marcos ocorre somente aqui no Novo Testamento e é rara nos es-critores gregos. Marcos tem o vívido particípio presente passivo, ao

 passo que Mateus tem o perfeito passivo. E não sabiam o que responderlhe (tcai oíik fiôeioav t í criTOKpl

0GÒOLV aútc2>39). Só em Marcos o subjuntivo deliberativo é retido na pergunta indireta e lembra um dos constrangimentos semelhantesdesses três discípulos no monte da transfiguração (Me 9.6). Em am-

 bas as ocasiões, a fraqueza da carne impediu que mostrassem so-lidariedade verdadeira para com Jesus em suas experiências maisaltas e mais profundas. “A vergonha e a sonolência os deixaramcalados.”40

14.41. Basta (ârréxei), só em Marcos. Este uso impessoal é raroe tem confundido os expositores bíblicos. Os papiros fornecem mui-tos exemplos do termo, que também se refere a um recibo de quita-

ção de pagamento41(ver Mt 6.2,5; Lc 6.24 e Fp 4.18 para a noção dequitação de pagamento). Jesus usa essa palavra em sentido irônico.

 Não havia necessidade de repreender mais os discípulos por não es-tarem vigiando com Ele. “Não é hora de fazer uma exposição alon-gada das faltas dos amigos; o inimigo está à porta.”42 Ver análise emMateus 26.45 para a descrição da aproximação de Judas.

14.43.  Da parte dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, 

e dos anciãos  (írapà tcôv ápxiepécov kou tgjv ypap.iiaTécov kocI tqvTTpeoPuTépoov). Marcos acrescenta esta informação, ao passo queJoão 18.3 menciona “fariseus”. Era evidentemente um comitê doSinédrio, o grupo com quem Judas tinha contatado para fazer umacordo (Mt 26.3 é igual a Me 14.1, que é igual a Lc 22.2). Ver aná-lise da traição e prisão em Mateus 26.4756.

14.44. Ora, o que o traía tinhalhes dado um sinal 43(ôeõokei. ôe

ò irapaÔLÔoix; cojtòv oúaarpov aÚTOiç). Esta é uma palavra comum nogrego antigo para referirse a um sinal combinado. Só ocorre aqui no

 Novo Testamento. Mateus 26.48 tem “sinal” (orpeiov). O sinal era o beijo, uma profanação desprezível de uma saudação amigável.

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 Marcos 14

 Prendeio e levaio com segurança’44  («pauriaaTe amov  KodàTíáyete45 àacjjaÀcôc;). Isso está somente em Marcos. Judas não queriaque ocorresse o menor contratempo. Só João 18.49 fala do medoque fez a turba armada cair para trás quando Jesus os enfrentou.

14.47.  E um dos que ali estavam presentes, puxando da espa-da  (etç ôé tlç TGÒv uapeotriKÓTCov oraact|ievoç tf|v |iáxaipav). SóJoão 18.10, escrito depois da morte de Pedro, diz que era Pedro quetentou matar Malco, o servo do sumo sacerdote. Marcos tambémnão registra a repreensão que Jesus dá em Pedro (ver análise em Mt26.5254).

14.48. Como a um salteador ?46 ('Qç èirl Xflorfiv...;). Os ladrõesde estrada como Barrabás eram comuns. Os zelotes os considera-vam como heróis antiautoritários. Logo Jesus tomará a cruz de umladrão no lugar de Barrabás.

14.51. Um jovem o seguia  (veavíoicoç tiç ouvr|K:oÀoú9eL aí)’tgò47). Este incidente é exclusivo em Marcos. E fácil especular quese tratava do próprio Marcos. Ele era filho de Maria, uma das segui-doras de Jesus (At 12.12). Pode ter sido a casa de Marcos na qualJesus e os discípulos celebraram a Páscoa. O rapaz curioso pode terseguido Jesus ao jardim do Getsêmani e ser apanhado no desdobra-mento dos eventos da apreensão. Este é um argumento de silêncio,

 pois se o jovem não for Marcos, o significado dessa anedota é difícilde ver. A história apresenta um toque de experiência da vida real dotipo que acompanha tais experiências momentosas. O jovem estavaseguindo (tempo imperfeito) a Jesus.

 Lançaramlhe as mãos  (Kpaxoúaiv aircóv). Observe o presentedramático vívido, literalmente, “eles o agarram”.

14.52. Envolto em um lençol sobre o corpo nu (ô ôè KaraALircovtt|v oivõóva). Era um pano feito de linho de excelente qualidade,como poderia ser usado para envolver os mortos (Mt 27.59 é igual aMe 15.46, que é igual a Lc 23.53). Neste exemplo, poderia ter sidoum lençol ou o que o rapaz usava para pôr na cama.

14.54. E Pedro o seguiu de longe  (km ô nétpoç áuo |iaKpó0evf]K0À0Ú9r|0ey airrcj). Marcos usa o aoristo constativo r|K0À0Ú9r|a€v,onde Mateus 26.58 e Lucas 22.54 utilizam o pretérito imperfeito

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 pitoresco, r|KoA.oú9ei, “estava seguindo”. Marcos não se preocupouem enfatizar a cena de Pedro seguindo furtivamente a distância, não

suficientemente ousado para assumir uma posição franca por Cristocomo fez o discípulo amado, ao mesmo tempo em que era incapazde permanecer fôra com os outros discípulos.

 E estava assentado com os servidores48 (kcu rjv ouyKa9ií|J,evo<;49|ietà Twv úuripeTdiv), o imperfeito médio perifrástico a que Pedro es-tava se pondo à vontade nas sombras entre os servidores. João 18.25descreve que Pedro estava parado eoToóç. Na sua agitação inquieta e

enfadonha, ele não conseguia se decidir em que posição ficar. Aquentandose ao lume (kocI 9ep|aoavó|aevoç upòç tò cJjcôc;), ummédio reflexivo. A luz do fogo iluminava o rosto de Pedro. Ele nãoestava tão escondido como supunha.

14.56. Porque muitos testificavam falsamente contra ele (7101X01yàp èij/euôoiiapxúpouv kcct’ autoíj). O tempo imperfeito indica açãorepetida. Não havia duas testemunhas que contassem a mesma his-

tória conforme a lei exigia para justificar uma sentença importante(ver Dt 19.15). Observe os pretéritos imperfeitos nos versículos 55a 57 para indicar fracassos repetidos.

 Mas os testemunhos não eram coerentes50 (k<xI looa al fiaptup íctioik rjoav). Literalmente, os testemunhos não eram “iguais”. Elesnão concordavam em pontos essenciais.

14.57.  E, levantandose alguns, testificavam falsamente contra 

eleiyicá t i veç àvaoxávxeç éi|/euôo|j,api;ijpouv Kat’ (xijtoí)). Desesperados,alguns tentaram mais uma vez (imperfeito conativo).14.58.  Eu derribarei este templo, construído por mãos de 

homens51 (’Eyw KoaaÀúôco xòv vaòv  toütov tov xeipouoíritov),consta somente em Marcos. Em outros lugares, a forma negativaáxeipoTTOiriTOv ocorre somente em 2 Coríntios 5.1 e Colossenses2.11. Em Hebreus 9.11, 0  negativo é usado com a forma positiva.

Um Àóyioy real de Jesus está por baixo dessa perversão do seu ensi-no. Marcos e Mateus não citam a testemunha de modo exatamenteigual. Talvez citassem Jesus diferentemente, 0 que explica parte dadiscordância, pois Marcos acrescenta 0  versículo 59 que não estáem Mateus: “E nem assim 0  testemunho deles era coerente”, re-

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 Marcos 14

 petindo o ponto central do versículo 57. Henry Swete observa queJesus realmente fez o que as testemunhas diziam. A sua morte des-

truiu a antiga ordem, e a sua ressurreição criou a nova.52Mas essastestemunhas não queriam dizer isso. A única declaração registradade que Jesus tenha dito isso consta em João 2.19. Lá Ele se referiuao Templo do seu corpo, embora na ocasião ninguém tivesse enten-dido o significado da sua declaração.

14.60.  E, levantandose o sumo sacerdote  (kou ávaoràç óàpxiepeuç elç \ikoov33). Para dar um ar mais solene, ele se pôs de pé

compensando a falta de evidências com ameaças. O sumo sacerdotedirigiuse ao meio para atacar Jesus com perguntas veementes (veranálise em Mt 26.5968).

14.61. Mas ele calouse (ó ôè èoLoSua). Mateus 26.63 tem “guar-dava silêncio”, que é equivalente do afirmativo. Mas a declaraçãode Marcos está definida. Ver análise em Mateus 26.6468 para asafirmações de Jesus e a conduta de Caifás.

14.64. E todos o consideraram culpado de morte  (ol õè ucÍvtéçKaTéxpivav aikòv evoxoi' eivai  Gavcaou54). Isso significa que ape-nas o contingente antiJesus do Sinédrio havia se reunido. José deArimatéia não estava presente, visto que não consentia com a mortede Jesus (Lc 23.51). Nicodemos provavelmente não foi convidado

 por causa da empatia que mostrara por Jesus (Jo 7.50). Todos queestavam presentes votaram pela morte de Jesus.

14.65.  E a cobrirlhe o rosto  (koc! TTepiKoc/UrriTeiv corcoü tòTTpóoGOTTOV55). Eles puseram um véu em tomo do rosto. Esse detalhenão se encontra em Mateus, mas somente em Lucas 22.64, ondediz “vendando[lhe]” (iT€piKaA,úi|joavT€ç). Todos os Evangelhosregistram as provocações zombeteiras do Sinédrio: “Profetiza”(irpocfnÍTcvoov). Mateus e Lucas acrescentam que eles exigiram queJesus dissesse quem havia batido nEle, enquanto estava vendado.

Marcos adiciona “os servidores” (ver Me 14.54) do Sinédrio, re-ferindose aos lictores romanos ou oficiais de justiça, que tinham

 prendido Jesus no jardim do Getsêmani e ainda o tinham sob ordens(oi ouvexo^teç amóv, Lc 22.63). Mateus 26.67 alude ao tratamentodado a Jesus sem identificar esses atormentadores.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

 E os servidores davamlhe bofetadas56  (koc! ol ímripéxai paTTÍo|_iaoiv auxòv elapov57). O verbo paTiíCco em Mateus 26.67significava originalmente “bater com vara”. Em escritores gre-

gos recentes, veio a significar “esbofetear a face com a palmadas mãos”. O mesmo significado é verdade acerca do substantivoP<xttlo|j.(x usado aqui. Um papiro do século VI d.C. usa o termo parareferirse a uma cicatriz facial, que é o resultado de um soco.58Está no caso instrumental. “Eles o pegaram com socos”,59 sugere

 para o incomum èlapov nesse sentido. Claro que “com varas” é possível, visto que os lictores levavam varas. Foi uma absoluta

indignidade.14.66.  E, estando Pedro embaixo, no átrio  (Kal ovxoç xoü

néxpou Kcaco kv  xr) ai)A.fj60). Isso dá a entender que Jesus estavano andar superior quando o Sinédrio se reuniu. Mateus 26.69 tem“fôra, no pátio” (eçco kv  xrj aúÀfi). O pátio aberto ficava fôra e em-

 baixo das salas.14.67. E, vendo aPedro, que estava se aquentando  (Km iõoüoa

xòv Ilétpov 0epiaouvó|ievov). Marcos 14.54,67 menciona duas vezeseste fato sobre Pedro como faz João 18.18,25. Ele ficou duas vezesao lado da fogueira. É difícil relacionar as três negações claramente.Em cada vez, diversas mulheres e homens podem ter se reunido.

Tu também estavas com Jesus, o Nazareno  (Kal oi) |_iexà xoú NaÇaprivoíj rjoGa xoú Tipou61). Em Mateus 26.69 é “galileu”. Maisde uma pessoa estava falando, cada uma dizendo algo diferente.

14.68.  Não o conheço, nem sei o que dizes  (Oüxe oí5a oíkeèTTÍOTcqica oi> xí léyeiç62). Esta negação é mais longa em Marcos emais curta em João. Pode ser entendida como pergunta direta.

 E saiu fôra ao alpendre63(Kal Kf|X0çv elç xò upoaúÀiov),termo usado só aqui no Novo Testamento. Platão utilizao para refe-rirse a um prelúdio em flauta. Também ocorre no plural para aludiràs preparações do dia anterior ao casamento. Aqui significa a pas-

sagem de entrada ao pátio. Mateus 26.71 tem “vestíbulo” (TTuAxôva),uma palavra comum para referirse a portão ou varanda da frente.A referência ao primeiro canto do galo (Kai àÀeKxcop è4>(óvr|aev) noversículo 68 ocorre somente em manuscritos recentes e não deve ser 

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 Marcos 14

considerado como genuína.64 Só Marcos fala que o galo cantou duasvezes, nos versículos 30 e 72.

14.69,70.  E [...] começou a dizer aos que ali estavam65  (Wi... típ^cxto toAlv Aiyeiv toiç uapeoTGSaiy66). Essa conversa sobrePedro foi ouvida de passagem. “Este (ofixoç) é um dos tais”. Assim,no versículo 70, a conversa é diretamente a Pedro como consta emMateus 26.73, mas em Lucas 22.59 diz que era a respeito dele. Logoas pessoas que estavam por ali (oi TOpeotuTeç) unemse na acusa-ção (cf. Mt 26.73). Pelo visto, João 18.26 registra o clímax desse

diálogo (ver análise em Mt 26.69,70).14.71.  E ele começou a imprecar e a jurar61 (ó ôè líp^axoáva9e|aai:í(eiv Kcd ófivúvai68). Observe a conexão com a palavraanátema,  derivada de ò.váfk:\ia.  Essa palavra significava original-mente “uma oferta”, mas ganhou a conotação de “algo dedicadoà destruição ou à maldição”.69 Uma distinção entre os significadosque podem ser observados no Novo Testamento era comum no gre-

go Koivr|. Mateus 26.74 tem KcuaGeiacrcíCeiv, que é um hapax lego menon do Novo Testamento, mas era comum na LXX. Este signifi-cado é invocar maldições em si mesmo se o que foi dito não fosseverdade.

14.72. E Pedro lembrouse  (kou (xve|_ivr|a9r| ó néxpoç). Mateus26.75 tem o verbo não composto 4|a.vrjo9ri, ao passo que Lucas 22.61tem o verbo composto, ímepenvrjoGri, “lembrouse”.

Chorou70(kcu éiupodwv tKkaicv). O particípio aoristo segundoativo de 4ui(3áA.ÀGO é usado em sentido absoluto, embora haja refe-rência a tò pfpa acima, a palavra de Jesus, e o linguajar envolve tòvvouv. Assim, o significado é “pôr a mente em algo” . Em Lucas 15.12,há outro uso absoluto com um sentido diferente.71O verbo çicÀaiey éimperfeito incoativo (inceptivo), “começou a chorar”. Mateus 26.75tem o aoristo ingressivo eKÀauoev, “rompeu em lágrimas”.

 NOTAS  ___________________________________________________ 

1Ver a discussão em Mateus 26.17 e A. T. Robertson,  Harmony o f the Gospels  fo r Students o f the Life o f Christ   (Nova York: Harper & Row, 1922), pp. 279- 284.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

2“Os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei procuravam um jeito de prender Jesus em segredo e matá-lo” (NTLH).

3“Não durante a festa” (ARA).

4“Quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus” (ARA).5TR e TM têm auvipíijjaaa to  àlápaa"poi' Katéxeev aikoü Katà Tf|ç Ketjjalfiç.

6 “Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários” (ARA).

7TR e TM têm f]õúvaTO yàp toüto  irpccôfivcu èmívco TpuxKoaíwv õrivapíaw.

8“E murmuravam contra ela” (AEC); “e a repreendiam severamente” (NVI).

9TR e TM têm ò autri ènoíriaev. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no segundo verbo enoí/riae.

10“Antecipou-se a ungir-me para a sepultura” (ARA).

11TR e TM têm irpoélctpev ^upíaca p,ou to acô a elç  xòv  èvia(J)iaa|iói'.

12TR e TM têm Kal ó ’Ioúôaç ò ’IaKapiokriç, eiç tájy õúôeKa.

13“A proposta muito os alegrou” (NVI).

14“De modo que ele procurava uma oportunidade para o entregar” (AEC).

15TR e TM têm Kai êÇriiei. tolç  eiKaípwç aútòv irapaõw.

16“Quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal” (ARA).

17“Um homem carregando um pote de água virá ao encontro de vocês” (NVI).

18TR e TM não incluem o pronome pessoal [íou. TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo 4<m.

19 Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels  (Reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1946), p. 227.

20 “Jesus chegou com os Doze” (NVI).

21 “Um dos Doze, que põe a mão no mesmo prato comigo” (BJ).

22 TR e TM têm Elç êk   x ( ò v    ôúôeKa.23 TR acentua o substantivo na penúltima sílaba, e não na antepenúltima,  

TpupAlov.

24 “A seguir, tomou Jesus um cálice” (ARA).

25 TR e TM têm laptòv iò TTonpiov.

26“Depois de terem cantado um hino” (NVI).

27 “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!” (NVI).

28TR e TM invertem as duas primeiras palavras, Kal eí.

29“Mas Pedro repetia com insistência” (NTLH).

30 TR e TM têm’0 òè  Í  k   TrepLaooO eÀeyev [iâ/Uov. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo eleye.

31 “E foram a um lugar cujo nome é Getsêmani” (BJ).

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 Marcos 14

32 TR e TM grafam o substantivo próprio, reGarpavri; WH o soletra ,FeBorpavel.

33 “Permanecei aqui enquanto vou orar” (BJ).

34Há um exemplo em papiros citado em James Hope Moulton and George Milligan, The Vocabulary’ o f the Greek Testament  (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 194.

35 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, Grand Rapids: Kregel, 1977), p. 342.

36 TR e TM têm a forma aoristo do verbo, eireofv.

37 “Para que [...] lhe fosse poupada aquela hora” (ARA).

38 TR e TM têm rjoav yàp ol ò(J)9aA.|j.oi ai)t(3v pepapr^évoi..

39 TR e TM têm uma ordem diferente de palavras, icoà oúk koc'l oük fiõeioav tí  aútcõ aTTOKpiGwaiv. Entretanto, TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo(XTTOKp10CÔGl .

40 Ezra P. Gould, Critica! andExegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 271.

41 Moulton and Milligan, Vocabulary, p. 57, 58; G. Adolf Deissmann,  Light from  the Ancient East: The New Testament Illustrated by Recently Discovered Texts o f the GraecoRoman World , traduzido por L. R. M. Strachan (Reimpressão, 

Grand Rapids: Baker, 1965), pp. 110-112.42 Swete, Commentary on Mark, p. 348.

43“O seu traidor dera-lhes uma senha” (BJ).

44 “Prendei-o e levai-o bem guardado" (BJ).

45TR e TM têm a forma aoristo do verbo, ànayiíyext.

46 “Como se eu fosse um bandido?” (NTLH).

47 TR tem o verbo imperfeito, etç tiç vctvíoKoç f|K0Â.0Ú9ei aútqj; TM tem a forma verbal aoristo, etç tiç veavÍGKoç f]KoA.oú0r|oev aúxw.

48 “E estava assentado entre os serventuários” (ARA).

49 WH tem a grafia para o particípio, aui'K<x9rpevoç.

50 “Mas as suas histórias não combinavam umas com as outras” (NTLH).

51“Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas” (ARA).

52 Swete, Commentary on Mark, p. 357.

53TR tem o artigo com o objeto da preposição, elç tò pioov.

54TR e TM têm o adjetivo e o infinitivo em ordem inversa, eivai cvo/ov.

55TR e TM têm Koà irepiKcdÚTTteiv tò irpóawuov carcoü.

56“E os guardas o tomaram a bofetadas” (ARA).

57TR e TM têm o tempo verbal imperfeito, epallov.

5SMoulton and Milligan, Vocabulary, p. 563.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

39 Swete, Commentary on Mark, p. 362.

60 TR e TM têm Kal õvxoç  toG üétpou kv  Tf) aíilrj Kaiu.

61 TR e TM não incluem o artigo e invertem a ordem de ’Iriaoü f|a0a.

62 TR e TM têm Olk oíõa oúõè èuíaTOiiccL  xi  ai)  Xéyeiç.

63“E foi para fôra, para o pátio anterior” (BJ).

64 Essas palavras estão omitidas nos manuscritos Aleph B L Sinaítico Siríaco.O texto é genuíno no versículo 72, onde também ocorre “segunda vez” (è k  

õeutépou). E possível que, por causa do versículo 72, as palavras tenham migrado ao versículo 68.

65“E [...] tomou a dizer aos circunstantes” (ARA).

66 TR e TM têm uá/Uv rípÇcao  Xéyeiv  tolç Trapeorr|KÓaiv.67 “Ele começou a se amaldiçoar e a jurar” (NVI).

68 TR tem o tempo presente do infinitivo, Ó|ívú<el.v.

69 Deissmann, Lightfrom the Ancient East, pp. 95, 96, encontra exemplos na cida- de-estado grega de Mégara de àváGeiact no sentido de maldição.

70“Desatou a chorar” (ARA).

71Moulton, Grammar, 1.131, cita um papiro ptolemaico Tb P 50, onde èuipodcóv provavelmente significa “fixar em”, “pôr a mente em”.

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Capítulo

15

 Marcos

15.1.  Logo ao amanhecer 1(npcoí). Esta é a reunião de ratifica-ção depois da alvorada (ver análise em Mt 26.15).Tiveram conselho1 (au[j.poúA,iov TTOirioavreç).3A palavra rara e

recente au|iPoúA,iov é semelhante ao latim consilium. Alguns textostêm êtoiliáoccvTeç. Se este for o texto correto, a ideia seria prepararum plano de ação combinado.4 Mas a ação noturna que fizeram fôrailegal, por isso eles se reuniram outra vez assim que amanheceu,

como descreve Lucas 22.6671. Lucas não registra o julgamentonoturno ilegal. Amarrando Jesus5 (õipavTeç tòv ’Ir|aoüv). Ele foi amarrado

quando foi preso (Jo 18.12), e Anás o enviou amarrado para Caifás(Jo 15.24). Agora Ele é amarrado outra vez quando o enviam paraPilatos (Me 15.1 é igual a Mt 27.2). Implicitamente, ele foi desa-marrado enquanto estava perante Anás, Caifás e o Sinédrio.

15.2. Tu és o Rei dos judeus?  (Ei) et ô PaoiÀeuç xcòv ’louôaíojv).Esta é a única acusação feita pelo Sinédrio observada por Pilatos(Lc 23.2). Se Pilatos acredita nessa acusação, tem de prestar atençãoa ela. Ele não quer ser acusado de ignorar um revolucionário em

 potencial. Depois de interrogar Jesus, como está narrado em João

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

18.2832, Pilatos fica convencido de que está lidando com um reli-gioso inofensivo e fanático (ver análise em Mt 26.11).

Tu o dizes6 (Si) Aiyeiç). Só Marcos registra esta afirmação, ao passo que João 18.3437 fala de uma segunda reunião mais detalhadaentre Pilatos e Jesus. “Aqui, como no julgamento perante o Sinédrio,esta é uma pergunta que Jesus responde. É a única pergunta na qualo seu testemunho é importante e necessário.”7Os judeus estavam láfôra no pavimento ou calçada que ficava fôra do palácio, enquantoPilatos se apresentava a eles lá em cima na sacada (Jo 18.28,29) e

interrogava Jesus lá dentro, chamandoo para si (Jo 18.33).15.3. Os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coi  sass  (kou KcmiYÓpouv ceírcoO oi àpxiepelç TToÀÀá). O tempo imper-feito dá a entender acusações repetidas além das que já foram feitas.O verbo é comumente usado para falar contra algo ou contra alguém

 perante um tribunal (rara e àyopeúoo). É usado com o genitivo da pessoa e o acusativo da coisa.

15.5.  Pilatos se maravilhava  (ojoif 9ai)|_iá(eiv tòv IIiÀâTov9).Pilatos viu a inveja dos acusadores e teve certeza da inocência deJesus (Me 15.10). Ele esperava que Jesus respondesse a essas acusa-ções para livrálo do dever de apresentar provas. Ele ficou admiradocom o autocontrole do prisioneiro.

15.6. [Ele] costumava soltarlhes um preso (áTiéluev aúxoiç evaõéafuov). E usado o tempo imperfeito de ação costumeira. Mateus

27.15 tem o verbo eicóGei (“era costume do”, NVI).Qualquer que eles pedissem'0 (ov rap^ioOuTo). O tempo im- perfeito expressa que as pessoas estavam habituadas a tomar partenesse costume de soltura de feriado.

15.7.  Barrabás [...] preso com outros amotinadores  (rjv ...Bctpa(3|3âç |ieià tcôv oraoiaotójy11 ôeõeiiévoç). Ao que parece,Barrabás era um criminoso muito perigoso, possivelmente o líder

na insurreição (èv uf) oraaei) contra Roma. Era a mesma atitude queos judeus de Betsaida Júlia haviam desejado que Jesus tomasse (Jo6.15). Pilatos deve ter presumido que os líderes religiosos não esco-lheriam alguém que fosse de fato um amotinador acima de alguémque era acusado falsamente do mesmo crime.

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 Marcos 15

Que [...] tinha num motim cometido uma morte (oÍTiveç kv  uriotáoei  fyóvov  TTÉU0irÍKeL0av). Os sacerdotes e o povo na verdadeescolheram um assassino em detrimento de Jesus.

15.8. Como sempre lhes tinha feito'2 (KocGtòç euoíei cojtolc;13),o pretérito imperfeito de ação costumeira novamente com o casodativo.

15.9. Quereis que vos solte o Rei dos judeus?  (©élexe àTío/ajoa)Í)|ílv tòv p«,oiA.éa  zõv  ’Iouõcúoov). Esta frase retirada da acusaçãoaguçou o contraste entre Jesus e Barrabás, a qual é declarada abrup-tamente em Mateus 27.17: “Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?”

(ver análise em Mt 27.17).15.10.  Porque ele bem sabia14 (éyívoooKgy yàp). O tempo im-

 perfeito indica que a impressão inicial de Pilatos sobre a naturezado caso estava sendo confirmada. A verdade estava despontando emseu interior. Marcos e Mateus 27.18 têm “inveja” (tjrôóvov) como omotivo primário do Sinédrio. Pilatos já ouvira falar da popularidadede Jesus. Com certeza seus oficiais o informaram da entrada triun-

fal, e ele pode ter ouvido falar dos ensinos no Templo.O tinham entregado15 (iTapaõeôcÓKeioav). Passado perfeito do

indicativo sem acréscimo silábico. Mateus 27.18 tem o primeiro aoristo (aoristo com kappa) do indicativo irapéôooKav, não preservandoa distinção feita por Marcos.

15.11.  Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão (oi õe ápxiepeiç ávéoe lodlv   xòv ôx^ov). Os líderes agitaram a mul-

tidão como um terremoto (oeiofióç;). Mateus 27.20 usa o aoristo efe-tivo mais fraco do indicativo eneiaccv, significando “persuadiram”.Os sacerdotes e escribas tiveram sucesso surpreendente. Não eramos mesmos peregrinos que seguiram a Jesus quando entrava emJerusalém ou que tinham ouvido os seus ensinos no Templo. O planode Judas e do Sinédrio era superar a situação antes que chegassemos simpatizantes galileus de Jesus. “Era um caso de regulares contra

um irregular, de sacerdotes contra profeta.”16“Mas Barrabás, comoMarcos descreveu, representava a paixão popular que era mais fortedo que a simpatia que pudessem ter por uma personalidade tão ab-negada como Jesus — a paixão por liberdade política .”17“Que cará

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

ter sem princípios eles eram! Para Pilatos, acusam Jesus de ambição política, e para o povo recomendam Barrabás pela mesma razão.”18O Sinédrio diria ao povo que Jesus já abdicara das suas afirmaçõesde ser rei, ao passo que a Pilatos eles continuariam acusandoo detraição a César.

 Para quefosse solto antes Barrabás  ('iva |iâAAov tov BapappâvaTTOÀúai] aikotç) do que Jesus.

15.12. Que quereis, pois, que faça daquele a quem chamais Rei dos judeus?  (Tí ouv Bélexe uoi/ípco ov ÀéyeTe tov PamAia19 twv’Iouõaíwv). Pilatos insiste em repetir isso aos judeus (cf. Me 15.9).“Pois” (“então”, ARA), ouv, significa “visto que vós escolhestesBarrabás em vez de Jesus”.

15.13. Crucificao  (Sraúpcooov cojtóv). Lucas 23.21 repete overbo. Mateus 27.22 tem “seja crucificado!” Havia um coro e umazoeira de vozes confusas, todos exigindo a crucificação de Cristo(ver análise em Mt 27.23).

15.15. Querendo satisfazer a multidão  (PouÀójievoç tcò o Acotò Ikkvòv TTOif|aca). Esta é uma versão grega do latim satisfacere alicui,  “fazer o que for suficiente para remover a base da recla-mação”. Esta mesma frase ocorre nos escritos de Políbio, Apiano,Diógenes Laertes e em papiros recentes.20 Pilatos estava ficandocom medo do que a multidão poderia fazer agora que ela estavasob pleno controle do Sinédrio. O seu medo era o que as pessoas

 poderiam dizer a César sobre ele. Ver em Mateus 27.26 a análiseacerca do açoite.15.16.  E os soldados o levaram para dentro do palácio, à sala 

da audiência  ( O i õ è o i p a i i ó r a u àTrnYayov aúuòv eoco tfjç auXf|ç,

o è o t iv TTpaiTGÓpiov). Era o palácio do governador provinciano ro-mano. Em Filipenses 1.13, significa a guarda pretoriana em Roma.Marcos menciona o “pátio” (if|ç aúÀfiç) dentro do palácio pelo qual

as pessoas passavam da rua pelo vestíbulo. Ver mais detalhes sobrea “coorte” na análise em Mateus 27.27.15.17.  E vestiramno de púrpura21 ( r a i êvôiôúoKO uaiv a u iò v

7Top(t)úpav22). Ver em Mateus 27.28 a análise sobre a capa escarlate ea coroa de espinhos.

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 Marcos 15

15.19.  E, postos de joelhos, o adoravam23 ( k o u   TtGévxeç xàyóvaTa upooeKÚvow aírrw) em gozação. O tempo imperfeito é usa-do tão bem com eiurcov (“feriam”) e com èvéTTtuov (“cuspiam mes-mo em”). Jesus sofreu indignidades repetidas.

15.20.  E o levaram para fôra, a fim de o crucificarem  (kouè^áyouoiv aúxòv 'iva oiaupcóoGooiy amóv). Observe o presente his-tórico vívido depois do pretérito imperfeito no versículo 19.

15.21.  E constrangeram um [...] que por ali passava  (KaláyyapeúouoLy uapáyovTá). Observe o presente histórico dramáticodo indicativo novamente onde Mateus 27.32 tem o aoristo. Para aná-lise desta palavra persa, ver comentário em Mateus 5.41 e 27.32.

Vindo do campo  (èpxó|ievov db’ áypoü). Por conseguinte,Simão topou com a procissão. Marcos acrescenta que ele era “paide Alexandre e de Rufo”. Paulo menciona um Rufo em Romanos16.13, mas esse nome era comum. Ver em Mateus 27.32 a análi-se sobre os criminosos carregarem a cruz. Lucas 23.26 acrescenta

“após Jesus” (ouioGevtoü

  Tipou). Mas Jesus levou a própria cruzaté ser tirada dEle, e andou à frente da própria cruz pelo restante docaminho.

15.22. E levaramno ao lugar do Gólgota  (kou (j)épouaiv ocúxòvéttI tÒv rolyoGâv tóitou24). Observe o presente histórico novamen-te. Ver análise em Mateus 27.33 acerca da palavra “Gólgota” .25

15.23. E deramlhe a beber vinho com mirra  (kou éõíôouv aúxcp

èo[iupyia|iévov olvov16).  Observe o tempo imperfeito onde Mateustem o aoristo eõooKav. O particípio êo|ujpvia|j,évov quer dizer “tem- perado com mirra”, “vinho com mirra”. Não é incompatível comMateus 27.34: “Misturado com fel”.

 Mas ele não o tomou (Òç  õè27 ouk eÀapev2S). Observe o demons-trativo oç com õé. Mateus 27.34 diz que Jesus “não quis beber”. Adeclaração de Marcos é que Ele o recusou.

15.24.  Lançando sobre eles sortes, para saber o que cada um levaria29  (páÀlovxeç KÀípov eu’ aútà tíç tl apr)). Essa informaçãoconsta apenas em Marcos. Observe a dupla interrogação: Quem? Oquê? O verbo apr| é aoristo primeiro ativo do subjuntivo delibera-tivo retido na pergunta indireta. Os detalhes em Marcos 15.2432

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

são seguidos de perto por Mateus 27.3544, onde há a análise dosdetalhes.

15.25. E era a hora terceira, e o crucificaram  (rjv ôè copa xpCtt]

Kcà èaraúpooaav aircóv). Esta é a hora judaica, e seriam nove horasda manhã. O julgamento perante Pilatos foi às seis horas da manhã,a hora sexta de acordo com o horário romano (ver Jo 19.14).

15.26. Estava escrita a sua acusação30 (koc! r\v  t) èTTiypacjjri xfjçcàiíaç amo\)  èu Lyeypoc|a|aévri). Esta “epígrafe” era a inscrição queficava no topo da cruz. Lucas 23.38 tem essa mesma palavra, porémMateus 27.37 tem “acusação” (ocItíccv). Ver a análise em Mateus

27.37. João 19.19 tem “título” (tÍtàov).15.32. Desça agora da cruz  (Karapáico vüv kttÒ toú oxocupoí)),

agora que Ele está pregado na cruz. Para que o vejamos e acreditemos (iva LÕoo|_iev Kod tt LOTeúocofiev).

Observe o subjuntivo aoristo de propósito com 'iva. Eles usam quasea mesma linguagem de Jesus para ridicularizálo, as próprias pa-lavras que ouviram quando Ele chamava os homens para verem e

crerem.Também os que com ele foram crucificados o injuriavam31(kcu

oi ouveoraupco|jévoi ouv üutgò  còveíõiÇov airróv). Observe o tempoimperfeito, eles falaram várias vezes. A história do ladrão que sevoltou a Cristo na cruz é contada em Lucas 23.3943.

15.33.  E, chegada a hora sexta (Kod  ytvo\xkvr\ç  òopaç <Éktt|<;32),ou seja, ao meiodia, hora judaica, como a terceira hora corresponde

às nove horas da manhã (ver análise em Me 15.25 e em Mt 27.45).Esta hora também é registrada por Lucas 23.44. Marcos dá a transliteração do aramaico, como faz o manuscrito B em Mateus 27 (veranálise em Mt 27.45).

15.34.  Por que me desamparaste?  (elç t l èYKaTéÀiuéí; fie 33). Não podemos entrar na plenitude da solidão sentida por Jesus nomomento quando o Pai o considerou como pecado (2 Co 5.21). Estasolidão foi o sofrimento mais profundo e intenso. Ele não deixou deser o Filho de Deus, o que seria impossível.

15.35. Eis que chama por Elias (’'Iôe ’Hliav   cjjcovei34). Eles seenganaram, entendendo que EÀcoi (“Deus meu”) era Elias.

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 Marcos 15

15.36. Deixai, vejamos se virá Elias tirálo  (’'Acjjeue Tôwfiev ei’épxetai ’HA.10CÇ KaGeÀeiv aútóv 35). Ver análise em Mateus 27.49,que tem “vem livrálo” (ooóatov).

15.37. Expirou (è^éTrveuaev). Ver análise em Mateus 27.50, quetem “entregou o espírito” . Marcos usa uoev novamente noversículo 39.

15.39. O centurião  (ó KevtupÍGOv). No Novo Testamento, essa palavra é usada somente aqui e no versículo 44.

Que estava defronte dele  (ô rrapeauriKGÒc; èç kvavzíaç  aikoíj).Essa descrição só consta em Marcos, mostrando o centurião “obser-

vando Jesus”. Ver em Mateus 27.54 a análise do testemunho dessecenturião sobre Jesus ser “o Filho de Deus”, ou provavelmente deacordo com o politeísmo romano do centurião: “o Filho de [um]deus”.

15.40. E Salomé   (kcu  Scdcó|ir|). Ao que parece, ela era a “mãedos filhos de Zebedeu” (Mt 27.56).

15.41. As quais também o seguiam e o serviam36 (f|KOÀoú0ouv

ai)Tu Kai õiriKÓvouv aikcò). Dois pretéritos imperfeitos descrevem oministério longo dessas três mulheres e de muitas outras mulheresda Galiléia (Lc 8.13).

Que tinham subido com ele a Jerusalém  (ai awavapâaai auraelç ' IepoaóÀu|j,a). Essa descrição sumária de Marcos é paralela à deMateus 27.55,56 e de Lucas 23.49. Essas mulheres fiéis viram o fimterrível de todas as suas esperanças enquanto olhavam para a cruz.

15.42. Era o Dia da Preparação  (rjv rapaaKeuri), o dia anteriorao sábado (npooáppcaov). Pelo cômputo ocidental, era sextafeira. Osábado começava às seis horas da tarde (ver análise em Mt 27.57).Para evitar levar impureza ao dia de adoração, os judeus já tinhamtomado medidas para retirar os corpos da cruz (Jo 19.31).

15.43. Senador honrado  (eúaxrpGov (3ouÀeuTr|c;), um alto mem- bro do Sinédrio, um homem rico (Mt 27.57).

Que também esperava o Reino de Deus  (oç Kai aÜTÒc; r\v TTpoaôexóp,evoç xriv paoileíav toü 9eoü), uma construção perifrás-tica do imperfeito (ver Lc 23.5). É o verbo usado por Lucas emalusão a Simeão e Ana (Lc 2.25,38). Mateus 27.57 diz que era “dis-

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

cípulo de Jesus”, ao passo que João 19.38 acrescenta “mas oculto, por medo dos judeus” . Pode ser que só agora ele assumiu posição pública por Jesus.

Ousadamente37 (iol|ir|aa<;), um particípio aoristo (ingressivo)ativo, “ficando ousado”, “ficando corajoso”. É para a glória de Josée Nicodemos, discípulos secretos de Jesus, que eles assumissem po-sição corajosa quando os demais estavam com medo e desanima-dos.

15.44.  Pilatos se admirou de que já estivesse morto3S   (ó ôeniA.âtoç39 60aú|j,aaev eí f|ôr| T<É0vr|Kev). O perfeito ativo do indica-

tivo com el depois de um verbo de desejo é um linguajar clássico,um tipo de pergunta indireta, como diríamos: “Eu gostaria de saberse...” O ponto principal era a surpresa de Jesus já estar morto, poisa morte por crucificação podia levar dias. Esse detalhe só ocorre emMarcos.

 Perguntoulhe se já havia muito que tinha morrido40 (èTnponriaevaútòv el TráÀai41 àuéQuvev42).  Marcos não conta o pedido dos ju-

deus de quebrar as pernas dos três crucificados para acelerar a morteantes do começo do sábado (Jo 19.3137). Pilatos quis ter certezade que Jesus estava realmente morto, por isso pediu um relatóriooficial. Marcos queria que os leitores entendessem que a morte deJesus estava terminantemente clara. Ele não despertou depois quan-do estava no sepulcro.

15.45. Deu o corpo a José  (èõwpTÍaoao tò iTccÔiia tcô ’Icoor|(j)43).

Os corpos dos crucificados ficavam expostos no aterro sanitário dacidade. Mas Pilatos ficaria alegre em entregar esse corpo a José,tendo em vista o espalhafato que os líderes judeus demonstraramacerca do que fazer com o cadáver. Somente aqui, a palavra irctò|aa(“cadáver”) é aplicada ao corpo de Jesus. A palavra ocSfia é o termousado em Mateus 27.59, Lucas 23.53 e João 19.40.

15.46. Envolveuo em um lençol  ([ARA] éveíA.rjoev tf| oivôóvi).

Este verbo é um hapax legomenon do Novo Testamento, da mesmamaneira que evTUÀioaa) só consta em Mateus 27.59, Lucas 23.53e João 20.7. Esses verbos aparecem nos papiros, nos escritos dePlutarco e em outras literaturas gregas recentes, e qualquer um de

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 Marcos 15

les pode ser traduzido por “embrulhar”, “envolver”, “enrolar em”.O corpo de Jesus foi enrolado em um pano de linho que José trou-xe. As cem libras de essências trazidas por Nicodemos (Jo 19.39)

 para o sepultamento foram colocadas nas dobras do linho, e este foiamarrado em volta do corpo por meio de tiras de pano (Jo 19.40). Otempo era curto. O sábado estava quase começando. Esses dois ho-mens puseram reverentemente o corpo do Mestre no sepulcro novode José, sepulcro que fôra talhado em uma pedra. O particípio per-feito passivo (À6ÀaTO^r||iéyoy) é derivado de Àccrófioç, “lapidário”,“talhador de pedras” (Áok, “pedra”; “cortar”; ver análise em

Mt 27.5760). Lucas 23.53 e João 19.41 também falam do sepulcronovo de José.

 E revolveu umapedrapara a porta do sepulcro (kocI TipooeKÚÀ ioeyAiGov eu! tt]v Oúpay xou [ivr||j.eíou). Mateus 27.60 tem o dativo Tfj9úpat sem gttl e acrescenta o adjetivo “grande” (\ir/(iv).

15.47. Observavam44 (éGecópouy). O tempo imperfeito descreveas duas Marias “assentadas defronte do sepulcro” (Mt 27.61) e ob-

servando em silêncio, enquanto as sombras caíam em cima de todasas suas esperanças e sonhos. Pelo visto, essas duas permaneceramdepois que as outras mulheres, as que estiveram vendo de longe ofim melancólico (Me 15.40), foram embora, e “observavam as açõesde José e Nicodemos”.45 Lógico que elas viram o corpo de Jesus sercarregado e sabiam onde fôra posto (ilGeirai, perfeito passivo doindicativo, estado de conclusão). “E evidente que elas se constituí-

am um grupo de observação.”46

 NOTAS  ___________________________  _______________________ 

1“Bem cedo de manhã” (AEC).

2 “Chegaram a uma decisão” (NVI).

3O mesmo em WH, Vulgata Latina consilium jacientej, embora esse texto crítico de 1881 apresente èioLiiáoavteç na margem.

4 Ezra P. Gould, Criticai and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 283.

5“Manietando a Jesus” (BJ).

6As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

7Gould, Criticai and Exegetical Commentary, p. 283.

8“Os chefes dos sacerdotes faziam muitas acusações contra ele” (NTLH).

9TR acentua o substantivo próprio niAárav; WH grafa assim neiÀârav.

10“A pedido do povo” (NTLH).11TR e TM têm o particípio grafado assim, avaxaamaxQv.

12“Como de costume” (AEC; ARA).

13TR e TM têm KaGuç txel eiroíei, aikoiç.

14“Sabendo” (NVI); “pois ele bem percebia” (ARA).

15“Haviam entregado Jesus” (NVI).

16Gould, Criticai and Exegetical Commentary, p. 286.

17 Alexander Baimain Bruce, The Expositor’  s Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 447.

18Ibid.

19TR e TM não incluem o artigo com ßomAia.

20 James Hope Moulton e George Milligan, The Vocabulary o f the Greek Testament  (Londres: Hodder & Stoughton, 1952), p. 302.

21 “Vestiram-no com um manto de púrpura” (NVI).

22 TR e TM têm o verbo êvõúouaiv.

23 “Ajoelhavam-se e lhe prestavam adoração” (NVI).

24 TR e TM têm a frase preposicional sem o artigo, èiu FaÀyoGâ.

25 Na época em que foi publicado esse estudo de palavras, a identificação do Gólgota feita em 1885 pelo general Charles Gordon era amplamente aceita. A identificação de Gordon desse local baseava-se na sua compreensão teológica da tipologia do Antigo Testamento e num engano sobre onde os muros da cidade estavam nos dias de Cristo. Robertson aceitou as suposições da época. Hoje é certo que o Gólgota não estava no “Calvário de Gordon”. O verdadeiro 

local permanece incerto, mas ficava provavelmente nas redondezas da Igreja do Santo Sepulcro.

26 R e TM incluem o infinitivo irielv entre kútío e èo(i,upviouc'vov.

27 TR e TM têm ò õe em lugar de òç ôé.

28TR e TM não incluem o v eufônico no verbo elaße.

29 “Tirando a sorte com dados, para ver qual seria a parte de cada um” (NTLH).

30 “Esta a inscrição da sua culpa” (BJ) “estava, em epígrafe, a sua acusação” (ARA).

31 “E os ladrões que foram crucificados com Jesus também o insultavam” (NTLH).

32TR e TM têm revo[iévr|ç õè topaç eKtr]ç.

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 Marcos 15

33TR e TM têm elç  xó  [_ie kyKaxiXweç. Alguns manuscritos dão wôeíôiaaç (“repreendeste”) para o verbo.

34 TRs tem ’Iôoú, 'HÀÍccv cfjcaveT; TRb e TM têm ’Iôoú, 'HÀÍav (JjcüveX; W H te m ’I5é, 

'HÀeíav (jicoveX.35 TRs tem 'HAiaç; WH tem 'HÀeíaç.

36 “Essas mulheres tinham acompanhado e ajudado Jesus” (NTLH).

37“Ousando” (BJ); “tomando coragem” (NTLH).

38 “Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto” (AEC).

39 TR acentua o substantivo próprio assim, IJiláioç; WH o soletraassim IIc-iASTOÇ.

40 “Perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido” (NVI).41 BD lê r]ôr] (“já”) novamente em vez de ncéA.ai(“muito tempo”).

42 TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo áiréGave.

43TR e TM têm èõcopriaaTO tò acô[ia tú  ’ Icoar|cj>.

44 “Viram” (AEC; NVI); “estavam olhando e viram” (NTLH).

45 Henry Barclay Swete, Commentary on Mark   (Reimpressão, GrandRapids;Kregel, 1977), p. 394.

46 Gould, Critical andExegetical Commentary, p. 298.

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Capítulo

1 6

 Marcos16.1.  E, passado o sábado  (Kcà õiayevo^évoi) xoG aaPPcaou),

um genitivo absoluto, o sábado tendo vindo no entremeio e agorachegado ao fim. Para este sentido do verbo ver Atos 25.13 e 27.9.Era, portanto, depois do pôr do sol.

Compraram aromas (riyópaoav àpújaara), como fez Nicodemosno dia do sepultamento (Jo 19.40). Ezra Gould nega que os judeusestivessem familiarizados com o processo de embalsamento doEgito.1Mas, de qualquer modo, tinha de ser uma unção reverente

(Iva éA.9oüa(xi àA.e CxJjGoaiv aikóv) do corpo de Jesus com essências.Elas podiam comprálas depois do pôr do sol. Salomé está nova-mente no grupo, como em Marcos 15.40. Ver em Mateus 28 .1a aná-lise de “no fim do sábado” e a visita das mulheres ao sepulcro antesdo pôrdosol. Depois de terem observado todo o sepultamento deJesus no sepulcro no final da tarde de sextafeira, elas foram prepa-rar especiarias e ungüentos (Lc 23.56). Agora elas se abastecem de

nova provisão.16.2.  Ao nascer do sol2 (àvaitíXavioç,  t o í   rjXíou), um par

ticípio aoristo em genitivo absoluto.3Lucas 24.1 tem “muito demadrugada” (õpGpou pccOéwç) e João 20.1 tem “de madrugada,

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

sendo ainda escuro”. A distância entre Betânia e o sepulcro erade pouco mais de três quilômetros. O próprio Marcos dá ambasas notificações de tempo: “de manhã cedo” (Xíav  irpcoi/') e “ao

nascer do sol”. Elas começaram enquanto ainda estava escuro.O sol estava surgindo quando eles chegaram ao sepulcro. Todosos três Evangelhos Sinóticos mencionam que era o primeiro diada semana quando as mulheres chegaram. O corpo de Jesus foienterrado no fim da tarde de sextafeira, antes que o sábado co-meçasse ao pôr do sol. Lucas 23.54 deixa esse ponto claro. Asmulheres descansaram no sábado (Lc 23.56) e saíram no começo

da manhã do que hoje é domingo. Certos estudiosos ficam pertur- bados por Jesus não ter permanecido na sepultura três dias in tei-ros — setenta e duas horas. Mas Jesus dissera que ressuscitariaao terceiro dia.  Foi o que exatamente aconteceu. Ele foi enter-rado na tarde de sextafeira. Ressuscitou no domingo pela ma-nhã. Se Ele realmente tivesse permanecido no sepulcro três diascompletos, a ressurreição teria sido ao quarto dia pelo cômputo

 judaico. A frase ocasional “depois de três dias” é uma linguagemvernacular comum em todos os idiomas e não tenciona ser exata.Podemos entender prontamente “depois de três dias” no sentidode “ao terceiro dia”. É impossível entender que “ao terceiro dia”signifique ao quarto dia.4

16.3. Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?  (TíçKTTOKuAlaeL f)[iiv tòv ÀÍ9ov...;). Este é o oposto de upooKUÀíco em

Marcos 15.46. Em Marcos 16.4, também consta a frase “a pedraestava revolvida” (KTTOKeKÚl laxai ô AiGoç, perfeito passivo do indi-cativo). Ambos os verbos aparecem em textos do grego kolvtí e nos

 papiros. E claro que as mulheres não antevêem que Jesus pudesseter ressuscitado. Elas estavam falando de mais outros assuntos mun-danos (eleyov, imperfeito) enquanto andavam.

16.4. Olhando, viram’   (áva|3A.éi|/(xaca Gecopoüoiv). Com olhos

abatidos e coração pesado,6elas subiam a colina. Mas agora vêemque o problema está resolvido, pois a pedra jazia rolada para trás.Marcos usa o seu vividamente tempo presente histórico dramáticocom “viram”. Lucas 24.2 tem o habitual aoristo “acharam”.

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 Marcos 16 

 E era ela muito grande1(rjv  yàp  jiéyaç a^óõpa). Marcos acres-centa o detalhe sobre o tamanho da pedra para aumentar o impactodessa visão surpreendente.

16.5. E, entrando no sepulcro6 (kcu ela€À0oOa<u elç tò [j,vr|fielov). Este fato também é narrado em Lucas 24.3, embora não sejamencionado por Mateus.

Viram um jovem (elôov veavíaKOv), um “anjo” em Mateus 28.5,“dois varões” em Lucas 24.4. Essas variações nos detalhes mostramdiferenças de perspectiva e todas podem ser harmonizadas quando es-tudadas segundo o fluxo das ocorrências naquela manhã. Essas dife-

renças também mostram a independência das narrativas e fortalecema evidência de que a ressurreição foi um acontecimento histórico ex-

 perimentado no tempo e no espaço por testemunhas. O anjo sentousesobre a pedra (Mt 28.2), do lado de fôra do sepulcro. Marcos diz queoutro jovem estava “assentado à direita” (kv  xoiç ôcçloiç) dentro dosepulcro. Lucas menciona que em certo ponto ambos os varões esta-vam de pé dentro do sepulcro com as testemunhas (Lc 24.4).

Vestido de uma roupa comprida e branca’   (nep ipepÀrpévovotoAiiv A,euKr|v), um particípio perfeito passivo com o caso acusativo da coisa retida (verbo de vestir). Lucas 24.4 tem “com vestesresplandecentes”.

 E ficaram espantadas10 (kcu èí;e0a|iPr|0r|aav). Elas estavam to-talmente (èE,  em composição) pasmas. Lucas 24.5 tem “muito ate-morizadas”. Em Mateus 28.3,4, a descrição da roupa é como sendo

“branca como a neve”, tão impressionante que os guardas ficaram“com medo, [...] muito assombrados e como mortos”. Isso aconte-ceu antes da chegada das mulheres. Mateus, Marcos e Lucas nãomencionam a saída súbita de Maria Madalena para contar a Pedro eJoão que houvera um roubo sério (Jo 20.110).

16.6.  Não vos assusteis11 (Mf| êK0oqaPeio0€). O anjo notou oassombro delas (Me 16.5) e tranqüilizouas.

O Nazareno (xòv NaÇaprivóv), usado somente em Marcos paraidentificar Jesus às mulheres.

Que fo i crucificado  (xòv eataupoo^évov). Isso também está emMateus 28.5. Essa descrição da vergonha de Cristo tomouse a sua

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

coroa de glória. O mesmo seria para Paulo (G1 6.14) e para todos queolham o Cristo crucificado e ressurreto como Salvador e Senhor.

 Já ressuscitou  (f|yép9ri), um aoristo primeiro passivo do indi-

cativo, conotando o fato simples do que aconteceu. Em 1 Coríntios15.4, Paulo usa o passivo perfeito do indicativo êynyepToa para en-fatizar o estado permanente de Jesus como ressuscitado.

 Eis aqui o lugar 12 (iõe ó tÓttoç). A palavra iõe é usada comointerjeição sem efeito no caso (nominativo). Em Mateus 28.6, a pa-lavra ’íôete é o verbo com o acusativo.13

16.7. E a Pedro («m tcõ néxpcp). Isso só está em Marcos, mos-

trando que Pedro se lembrou com gratidão dessa mensagem pessoale especial do Cristo ressurreto. Mais tarde, no mesmo dia, Jesustambém aparecerá para Pedro, um acontecimento que mudou a dú-vida em certeza para com os apóstolos (Lc 24.34; 1 Co 15.5). Veranálise em Mateus 28.7 acerca da reunião prometida na Galiléia.

16.8.  Porque estavam possuídas de temor e assombro14 (el1yàp aíràç xpófioç Koà eKoraaiç). O tempo imperfeito indica mais exa-

tamente: “seguraramnas”, “estavam segurandoas com força”.Marcos tem a palavra eKOTtxoLç, que entra em outras línguas comoêxtase, ao passo que Mateus 28.8 tem “com temor e grande alegria”(ver análise em Mt 28.8). Clara e naturalmente as emoções dessasmulheres estavam misturadas.

 Nada diziam a ninguém  (oúõeiA oüõèv eíuav 16). Esta agitaçãoera muito grande para uma conversa comum. Mateus 28.8 nota que

elas “correram a anunciálo aos seus discípulos”. Caladas e silencio-sas, os seus pés tinham asas enquanto voavam correndo.

 Porque temiam17 (êcboPoíJVTO yáp), tempo imperfeito. A conti-nuação do medo fascinante explica a permanência do silêncio.18

16.9. E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da  semana  (’ Avacraxç õè irpcoí 'npcÓTT] aappáiou). E provável que essanota acerca do dia vá junto com “ressuscitado” (ávaoràç), embora

faça bom sentido com “apareceu” (ècjxxvri). Jesus não é mencionado por nome, embora esteja claramente subentendido. Marcos usa fuâno versículo 2, mas uporri] em Marcos 14.12 e o plural oappárcov noversículo 2, embora esteja no singular aqui.

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 Marcos 16 

 Primeiramente  (TTpcÓTOv). Observe a declaração definitiva deque Jesus apareceu  (ètj)ávr|) para Maria Madalena em primeiro lu-gar. O verbo k$úvr\ (aoristo segundo passivo de cjmvw) está sozinho

aqui acerca do Cristo ressurreto (cf/HÀíaç k^ávr\, Lc 9.8), sendo overbo habitual dStt>9r| (Lc 24.34; 1 Co 15.5ss.).

 Da qual 19(nap’ pç20). Esta é a única ocorrência de rapá com aexpulsão de demônios, èic sendo a preposição habitual (Me 1.25,26;5.8; 7.26,29; 9.25).

[Ele] tinha expulsado sete demônios  (éi<pepA.r|Kei éuiàõcapóvia). Essa descrição de Maria Madalena é semelhante à que

consta em Lucas 8.2, e soa estranha neste ponto da narrativa deMarcos. Descreve como uma característica nova, embora Marcosmencione Maria Madalena três vezes pouco antes (Me 15.40,47;16.1). João narra integralmente a aparição de Jesus para MariaMadalena (Jo 20.11 18).

16.10.  Ela  (èKeivri). Esta é a única ocorrência deste pronomeem Marcos, embora seja um bom linguajar grego (ver Jo 19.35). Ver

versículos 11 e 20. Partindo  (iTopeuGetoa), um particípio aoristo primeiro passi-

vo depoente. Esta é uma palavra comum para dizer “ir”, mas emMarcos ocorre só aqui e em Marcos 9.30 na forma não composta.Também consta nos versículos 12 e 15.

 Anunciouo àqueles que tinham estado com ele  (ámíyyeiA.evtolç |_i6t’ aüuoíj yevo[iévoiç). Esta frase para os discípulos aparece só

aqui em Marcos e nos outros Evangelhos, caso estejam em vista osdiscípulos. As formas gregas discrepantes dão a entender que outra

 pessoa, que não Marcos, escreveu esta porção final dos versículos9 a 20.

Os quais estavam tristes e chorando  (iTev9oí>ai kou K/laLouaiv).Particípios no presente ativo no plural dativo que concorda com xoXç[...] yeyopevoic, descrevendo o páthos dos discípulos pelo luto e to-

tal aflição.16.11.  Não o creram21 (r|TTÍ.cn;r|oav). Este verbo é comum no

grego antigo, mas raro no Novo Testamento, ocorrendo outra vezno versículo 16, mas em nenhuma outra parte de Marcos. A palavra

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

habitual em uso no Novo Testamento é kttc  i9éco. Lucas 24.11 usariTTÍOTOuy acerca da descrença no relato de Maria Madalena e dasoutras mulheres. Em Marcos, o verbo è9eá9r| (derivado de 9eáop,ai)só ocorre aqui e no versículo 14.

16.12.  E, depois22 (Mexà õè tküto), só aqui em Marcos. Lucas24.13 fala que foi no mesmo dia.

 Manifestonse em outra forma23 (ècjxxvepGÓGr) kv  eTepa |iop<J)fj). Não se trata de [ierqiópcfiwaiç ou transfiguração, conforme a des-crição em Marcos 9.2. Lucas explica que lhes foram impedidos dereconhecer Jesus (Lc 24.16; ver Lc 24.1332).

16.13. Mas nem ainda estes creram  (ouõè eKeívoiç èTTiaTeuoav).Os homens não se saíram melhor que as mulheres. Mas, com refe-rência a isso, o relato de Lucas acerca dos dois discípulos na estra-da de Emaús mostra que eles tiveram um acolhimento caloroso emJerusalém (Lc 24.3335). Isso mostra a independência das duas nar-rativas nesse ponto. Certos comentaristas ainda desacreditam todasas histórias da ressurreição, da mesma maneira que mais tarde, nomonte da Galiléia, alguns duvidaram (Mt 28.17).

16.14.  Finalmente apareceu aos onze24  ("Yotepov [õe25]ávaKei|jivoiç ocútolç tolç evôeica êcjjavepcjóGri). Ambos os termos,onze e doze (Jo 20.24), ocorrem depois da morte de Judas. De acor-do com Lucas 24.33, outros estavam presentes nessa primeira noitede domingo. “Finalmente” (uotepov) ocorre só aqui em Marcos, em-

 bora seja comum em Mateus. Lançoulhes em rosto26 (uveíôioev). Eles eram culpados de “in-

credulidade”27 (ánumocv) e “dureza de coração”28(oKÀripoKapõíav).A dúvida não é necessariamente marca de superioridade intelectual.Temos de nos orientar entre a credulidade e a dúvida. Lucas expli-ca como os discípulos ficaram perturbados com a aparição súbitade Jesus, não acreditando na evidência dos próprios sentidos (Lc

24.3843).16.15.  Pregai o evangelho a toda criatura  (KTpú ccTe toeúayyéXiov Tráori xr| ktÍoél). Esta comissão em Marcos é provavel-mente outra versão da Carta Magna missionária de Mateus 28.1620, a qual foi dita no monte na Galiléia. Jesus já dera uma comissão

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

nem na primeira ou segunda noite de domingo em Jerusalém. Nãosaberíamos quando nem onde aconteceu se Lucas não a situasse nomonte das Oliveiras (Lc 24.50) depois de quarenta dias a partir daressurreição (At 1.3) e, portanto, depois do retomo da Galiléia (Mt28.16).

 Assentouse à direita de Deus  (eKáOioev <ek ôdjiwv xoü 9eou).Henry Swete nota que o autor “passa do campo da história para ocampo da teologia”, mas a ação de Jesus quando sai da história hu-mana é um fato com muito apoio bíblico (At 7.55,56; Rm 8.34; Ef1.20; Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.2; 1 Pe 3.22; Ap 3.21).

16.20.  Por todas as partes  (TTavtaxoíj). Isso é encontrado umavez em Lucas.33

Cooperando com eles o Senhor   (roí) Kupíou auvepyoíjVTOç),uma construção de genitivo absoluto. Esse particípio não apareceem outro lugar nos Evangelhos, nem é pep<noíjPTo<;, nem o compostoèTiaKoÀouGoijyxoç. Tais construções são encontradas nas Epístolas dePaulo.

 NOTAS 

1Ezra P. Gould, Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Mark  (Edimburgo: T. & T. Clark, 1896), p. 299.

2“Ao despontar do sol” (ARA).

3Alguns manuscritos lêem àyaiélÀoyToç, um particípio presente.

4Ver A. T. Robertson, Harmony o f the Gospels fo r Students o f the Life o f Christ  (Nova York: Harper & Row, 1922), pp. 289-291.

?“Erguendo os olhos, viram” (BJ).

6 Alexander Balmain Bruce, The Expositors Greek Testament,  vol. 1, The Synoptic Gospels (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), p. 453.

7As versões AEC, BJ, NTLH, NVI, ARA têm redação semelhante.

8“Tendo entrado no túmulo” (BJ); “então elas entraram no túmulo” (NTLH).

9“Vestido de branco” (NTLH; ARA).

10“E ficaram surpreendidas e atemorizadas” (ARA).11“Não vos atemorizeis” (ARA).

12“Vede o lugar” (AEC; BJ; ARA).

13Ver A. T. Robertson, A Grammar o f the Greek New Testament in the Light o f   Historical Research  (Nashville: Broadman, 1934), p. 302.

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 Marcos 16 

14“Apavoradas e tremendo” (NTLH).

15TR e TM têm a conjunção pospositiva Sé em lugar de yáp. TRb e TM não incluem o v eufônico no verbo eí^e.

16TR e TM grafam o verbo êittov.

17“Porque tinham medo...” (BJ [N. do T.: Observe as reticências originais na versão bíblica.]); “porque estavam com muito medo” (NTLH).

18Neste ponto, os manuscritos Aleph e B, os dois manuscritos gregos mais antigos do Novo Testamento, param com este versículo. Três manuscritos armênios também terminam aqui. Alguns documentos (manuscrito cursivo 274 e o manuscrito Latim Antigo k) têm um final mais curto que o habitual comprido. A grande maioria dos documentos tem o final comprido nas versões bíblicas. Alguns documentos têm ambos os fins: o longo e o curto, como os documentos L, 'F, 0112, 099, 579, dois manuscritos boaíricos; o manuscrito Harkleano Siríaco (final comprido no texto, final curto na margem grega). Certo manuscrito armênio (o manuscrito Edschmiadzin) apresenta o final longo e o atribui a Ariston (possivelmente o Aristion de Pápias). O manuscrito W (Códice de Washington) tem um versículo adicional no final longo. Assim, os fatos são muito complicados, mas argumentam fortemente contra a autenticidade dos versículos 9 a 20 de Marcos 16. São poucos os detalhes nesses versículos que 

não constam em Mateus 28. É difícil acreditar que Marcos termine o Evangelho 

no versículo 8, a menos que tivesse dado uma pausa na escrita. Uma folha ou  coluna pode ter sido arrancada ao término do rolo de papiro. A perda do final tem sido tratada de vários modos. Alguns documentos o deixam sozinho. Outros adicionam um final, alguns outro, alguns acrescentam ambos. Uma discussão completa dos fatos encontra-se no último capítulo de A. T. Robertson, Studies in Mark’  s Gospel   (1919; Reimpressão, Nashville: Broadman, 1958) e em A. T. Robertson,  An Introduction to the Textual Criticism o f the New Testament  (Nashville: Broadman, 1925), pp. 214-216.

19“De quem” (BJ; NTLH; NV1).20TR e TM têm ácf)|’ fjç.

21 “Não acreditaram” (AEC; ARA).

22“Depois disto” (ARA).

23“Jesus se apresentou com outra aparência” (NTLH).

24“Por último Jesus apareceu aos onze discípulos” (NTLH).

25TR e TM não incluem a conjunção õé.

26“Censurou-lhes” (BJ; NVI; ARA); “ele os repreendeu” (NTLH).27“Não terem fé” (NTLH).

28“Teimarem” (NTLH).

29WH põe mivalç na margem.

30“Se pegarem em cobras” (NTLH).

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

31Bruce, Expositor’  s.

32“[Ele] foi arrebatado ao céu” (BJ); “[ele] foi levado para o céu” (NTLH); “[ele] foi elevado aos céus” (NVI).

33WH apresenta o final alternativo encontrado no manuscrito L: “E eles anunciaram resumidamente a Pedro e aos que com ele estavam todas as coisas ordenadas. E depois destas coisas, o próprio Jesus também enviou por meio deles para o oriente e para o ocidente a proclamação santa e incorruptível da salvação  eterna”.