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Universidade Anhanguera-Uniderp
PÓS-GRADUAÇÃO Unidade de Transmissão
Universidade Anhanguera-Uniderp
Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes
CIÊNCIAS PENAIS/CP18
A CULPABILIDADE COMO PRINCÍPIO PENAL E A CULPABILIDADE COMO ELEMENTO DO DELITO
EDUARDO REDIVO SESTREM
BLUMENAU /SANTA CATARINA
2012
Universidade Anhanguera-Uniderp
PÓS-GRADUAÇÃO Unidade de Transmissão
1. INTRODUÇÃO
Busca-se com o presente trabalho adentrar no estudo da culpabilidade,
discriminando as diferenças de ponto de vista em relação ao seu conceito e
dimensão, mais especificamente em relação à culpabilidade como princípio penal,
da culpabilidade como elemento do delito.
2. DESENVOLVIMENTO
O principio da culpabilidade (nullun crimen sine culpa) não é conceituado pelo
Código Penal, tendo bases constitucionais implícitas no art. 5º, LVII e no art.1º, III
que trata do principio da dignidade da pessoa humana.
De acordo com HIRSCH (1996): o princípio da culpabilidade marca a
oposição a uma responsabilidade pelo resultado referida exclusivamente à
imputação de fatos objetivos. Afirma-se que a imputação do ilícito a uma pessoa só
é procedente se houver a vinculação individual com o ilícito realizado através da
possibilidade de reconhecer a contrariedade à norma de seu comportamento e de
motivar-se conforme ela.
Cumpre observar que o princípio da culpabilidade encontra sua própria
existência no princípio da dignidade humana, fundamenta de um Estado
Democrático de Direito que respeita e tem o indivíduo como objetivo principal.
Assim, a dignidade humana ao mesmo tempo que exige, também oferece ao
indivíduo a possiblidade de evitar a pena caso comporte-se-se de acordo com o
Direito. (MIR PUIG, 1998, p. 97).
Neste sentido, AMARAL JÚNIOR, em sua obra Culpabilidade como Princípio,
disponível em: www.ibccrim.org.br, argumenta:
O princípio da culpabilidade é uma exigência do respeito à dignidade humana do indivíduo. A imposição de uma pena sem culpabilidade, ou se a medida da pena extrapola o grau de culpabilidade, supõe a utilização do ser humano como um mero instrumento para a consecução de fins sociais, neste caso preventivamente, o qual implica um grave atentando à dignidade. A liberdade, como
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característica da pessoa, é o pressuposto irrenunciável de toda a culpa jurídico-penal e do modelo político-criminal próprio de um Estado de Direito Democrático. Só Assim se pode falar de dignidade pessoal com o valor mais alto e o bem mais digno de proteção de toda a ordem jurídica constitucional.
A culpabilidade, concluindo, como princípio da dignidade da pessoa humana, efetivamente, proclama a responsabilidade penal pessoa, frente à coletiva, inadmitindo a responsabilidade penal objetiva, em virtude da exigência do dolo e da culpa logo no exame da ação humana. Além disso, o princípio da culpabilidade é também a segurança de uma pena justa, proporcional à culpabilidade pessoal do autor do delito, frente às penas excessivas, desproporcionadas à gravidade do fato ou reprovação moral que o autor do mesmo esteja a merecer.
Atualmente, conforme vasta doutrina, o principio da culpabilidade possui três
dimensões, sendo que duas foram aceitas de forma unânime pela doutrina, são elas:
culpabilidade como principio medidor de pena e culpabilidade como principio
impedidor da responsabilidade penal sem dolo ou culpa – objetiva.
A terceira dimensão se reparte entre os autores, alguns que entendem que a
culpabilidade atua como elemento integrante do conceito analítico de crime,
enquanto outros, diferentemente, percebem que o crime do ponto de vista analítico é
constituído apenas de dois requisitos: fato típico e antijurídico, ou seja, a
culpabilidade seria tão somente pressuposto de pena.
De acordo com FONTES (2004), o entendimento da culpabilidade vista como
característica do crime é a mais aceita atualmente. No entanto, ressalta o
surgimento de uma corrente doutrinária cada vez mais forte, que defende que a
culpabilidade não deve fazer parte do elemento do crime, mas sim funcionar como
mero pressuposto da pena.
Ora, percebe-se que enquanto alguns pretendem retirar um dos seus
elementos, outros, desejam acrescentar novos. São tais lições, nesse sentido,
conflituosas como a de CAPEZ ( 2002, pag. 265), que diz que a culpabilidade
“(...) não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente”.
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Referida posição é acolhida por grandes doutrinadores brasileiros, como por
exemplo Damásio de Jesus. Ao nosso ver, em concordância com o autor, a
culpabilidade é tão somente uma ponte entre as categorias do delito e da pena, não
fazendo parte do conceito de crime nem do fato punível.
3. CONCLUSÃO
Entende-se, portanto, que o princípio da culpabilidade é um limitador ao ius
puniendi, ou seja, ao poder de punir por parte do Estado. No entanto, há de se fazer
distinção entre a culpabilidade como princípio, da culpabilidade integrante do
conceito analítico do crime.
De acordo com aqueles que a enxergam como elemento integrante do
conceito analítico de crime, conclui-se que a mera ocorrência de um injusto penal
não é apta e suficiente para gerar responsabilidade penal. Assim, tem-se que sem
culpabilidade não há crime nem, tampouco, responsabilidade.
Apesar de controvertido o tema, percebe-se que a doutrina majoritária
permanece incluindo a culpabilidade dentro do conceito de crime, todavia há fortes
nomes no direito penal brasileiro que defendem posição contrária.
Após análise dos argumentos trazidos por diversos autores, formamos
entendimento no sentido de a culpabilidade é tão somente uma ponte entre as
categorias do delito e da pena, não fazendo parte do conceito de crime nem do fato
punível.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL JÚNIOR, Ronald. Culpabilidade como princípio. Disponível em: www.ibccrim.org.br. Material da 1ª aula da Disciplina Culpabilidade e responsabilidade pessoal do agente, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu TeleVirtual em Ciências Penais – Universidade Anhanguera-Uniderp/Rede LFG
FONTES, Luciano da Silva. Culpabilidade: pressuposto da pena ou característica do crime?. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 271, 4 abr. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/5047>. Acesso em: 30 ago. 2012.
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HIRSCH, Hans Joachim. El Principio de culpabilidad y su funcion em el Derecho Penal. NDP Nueva Doctrina Penal, 1996/A, Publicacion del Instituto de Estudios Comparados em Ciencias Penalies y Sociales. Buenos Aires: Editores Del Puerto s.r.l, 1996.
MIR PUIG, Santiago. Derecho penal – parte general. 5ª edicion. Barcelona: 1998.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - parte geral. São Paulo: Saraiva, 2002.
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