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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO ATIVIDADE CEREBRAL DURANTE ESTIMULAÇÃO OCULOMOTORA. ESTUDO COM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR FUNCIONAL EM VESTIBULOPATAS MARCOS COELHO JUNCAL Ribeirão Preto 2007

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

ATIVIDADE CEREBRAL DURANTE ESTIMULAÇÃO

OCULOMOTORA. ESTUDO COM RESSONÂNCIA

MAGNÉTICA NUCLEAR FUNCIONAL EM

VESTIBULOPATAS

MARCOS COELHO JUNCAL

Ribeirão Preto

2007

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MARCOS COELHO JUNCAL

ATIVIDADE CEREBRAL DURANTE ESTIMULAÇÃO

OCULOMOTORA. ESTUDO COM RESSONÂNCIA

MAGNÉTICA NUCLEAR FUNCIONAL EM

VESTIBULOPATAS

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas. Área de Concentração: Mecanismos Fisiopatológicos dos Sistemas Visual e Áudio-Vestibular.

Orientador: Prof. Dr. José Fernando Colafêmina

Ribeirão Preto

2007

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Juncal, Marcos Coelho Atividade cerebral durante estimulação oculomotora. Estudo com ressonância magnética nuclear funcional em vestibulopatas. Ribeirão Preto, 2007. 85p.: il.; 30cm Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP – Programa: Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Orientador: Colafêmina, José Fernando

1. Sacade. 2. Rastreio, 3. Ressonância Magnética Nuclear Funcional, 4.Vestibulopatia.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Marcos Coelho Juncal

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas. Área de Concentração: Mecanismos Fisiopatológicos dos Sistemas Visual e Áudio-Vestibular.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _____________________________________________________

Assinatura:_____________________________________________________

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _____________________________________________________

Assinatura:_____________________________________________________

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _____________________________________________________

Assinatura:_____________________________________________________

(dedicatória)

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a minha família; Andréa, minha esposa, por sua

compreensão e incentivo às minhas investidas profissionais. E à Maria

Isabel, minha filha, pela felicidade que me proporciona.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. José Fernando Colafêmina por ter me recebido de

braços abertos neste grande desafio. Ter a honra de ser aluno desse dedicado mestre

certamente marcará a minha vida profissional, assim como, sua amizade o fez em

minha vida pessoal.

Também necessito dedicar um agradecimento especial ao Prof. Dr. Dráulio

Barros de Araújo, que com grande conhecimento, cordialidade e carisma, influencia

uma geração de profissionais de sua área e agora também o faz a este médico.

Ter o prazer de trabalhar certamente é fundamental para se concluir qualquer

tarefa, por isso agradeço aos amigos da Neurimago, aos técnicos da ressonância do

HC e aos demais professores e funcionários do Departamento de Oftalmologia,

Otorinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo tratamento cordial e

hospitaleiro.

Tenho o prazer de reconhecer e agradecer aos demais amigos que me

ajudaram para que fosse possível a conclusão dessa obra; Ao Chiquinho, técnico da

Otoneurologia e Catherine, física da equipe da Neurimago, pela ajuda com seus

conhecimentos, e à Maria Cecília, funcionária do Departamento pela paciência e

cordialidade que me dedicou e pelo apoio quando necessitei.

E à minha família. Meus pais, pela educação e pelo incentivo profissional e

minha esposa e filha, pelo amor e dedicação.

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“Nobody can keep a good man down” Frase estadunidense de autor desconhecido

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LISTA DE ABREVIATURAS

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Lista de Abreviaturas

ACC- Córtex Cingulado Anterior (Anterior Cingulate Córtex)

AVC- Acidente Vascular Cerebral

BOLD- Dependente do nível de oxigenação sanguínea (Blood Oxygen Level Dependent)

CBF- Fluxo sanguíneo cerebral (Cerebral Blood Flux)

CBV- Volume sanguíneo cerebral (Cerebral Blood Volume)

DHb- Hemoglobina desoxigenada

DLPFC- Córtex Prefrontal Dorsolateral (Dorsolateral Prefrontal Córtex)

ENG- Electronistagmografia

EPI- Imagem Eco-planar (Echo-Planar Imaging)

FEF- Campo Visual Frontal (Frontal Eye Field)

IRMNf Imagem de Ressonância Magnética Funcional

FOV- Campo de visão (Field of View)

GLM- Modelo Linear Geral (General Linear Model)

Hb- Hemoglobina oxigenada

HCFMRP-USP- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

IL- Índice de Lateralização

IPL- Lobo Parietal Inferior (Inferior Parietal Lobe)

IPRF- Índice Percentual de Reconhecimento da Fala

IPS- Sulco Intraparietal (Intraparietal Sulcus)

ISI- Intervalo interestímulo (Inter Stimulus Interval)

MST- Área Temporal Superior Médio (Middle Superior Temporal)

MT- Área Temporal Médio (Middle Temporal)

NOC- Nistagmo Optocinético

PCC- Córtex Singulado Postrior (Posterior Cingulate Córtex)

PEF- Campo Parietal Visual (Parietal Eye Field)

PET- Tomografia de emissão de prótons (Positron Emission Tomograph)

PIVC- Córtex vestibular Parieto insular (Parietoinsular Vestibular Córtex)

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Lista de Abreviaturas

PPC- Córtex Parietal Posterior (Posterior Parietal Córtex)

RF- Radiofreqüência

RNMf- Ressonância Nuclear Magnética Funcional

ROI- Região de Interesse

SEF- Campo Visual Suplementar (Suplementary Eye Field)

SNC- Sistema Nervoso Central

SPL- Lobo parietal Superior (Superior Parietal Lobe)

SRT- Limiar de Reconhecimento da Fala (Speech Recepcion Threshold)

TE- Tempo ao Eco

TIA- Ataque isquêmico transitório

TMS- Estimulação magnética Transcraniana (Transcranical Magnetic Stimulation)

TR- Tempo de Repetição

V1- Córtex Visual Primário

VENG- Vetoeletronistagmografia

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LISTA DE FIGURAS

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Lista de Figuras

Figura 1- Representação dos quatro lobos cerebrais com seus principais sulcos e giros .......................................................................................................... 3 Figura 2- Áreas de Brodmann no cérebro humano com atribuição funcional ......... 4 Figura 3- B/A 6 localiza-se na parte posterior do lobo frontal. Vista posterior da área 6 de Brodmann ............................................................................................... 6 Figura 4- Brodmann área 46 - córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC) ................. 8 Figura 5- A área 18 de Brodmann é mostrada na cor laranja nesta imagem que mostra também as áreas 17 (vermelho) e 19 (amarelo) ....................................... 10 Figura 6- Representação do sistema vestibular com destaque da crista ampular e da mácula sacular ................................................................................ 14 Figura 7 Fibras vestibulares e suas vias ascendentes e descendentes ............... 16 Figura 8- Representação dos músculos motores do olho .................................... 19 Figura 9- Comparação entre áreas vasculares com maior e menor ativação neural e respectiva interferência na concentração de oxi-hemoglobina e desoxi-hemoglobina entre elas ......................................................................................... 36 Figura 10- Modelo humano submetido à ressonância magnética funcional ......... 38 Figura 11- Audiometria característica de paciente com Doença de Ménière; demonstra perda auditiva para tons graves e SRT com valor aumentado ............ 46 Figura 12- Processamento de imagens pelo Brain Voyager. (Fig. Modif. da Wikipédia). ............................................................................................................ 50 Figura 13- Fatia do Atlas Talairach ...................................................................... 52 Figura 14- Imagem, após processada, demonstrando ativação ........................... 53 Figura 15- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade bilateral na área MT/MST durante o estudo Rastreio. A cor amarela indica maior significância estatística. ............................................................................................................. 58 Figura 16- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade bilateral no PEF durante o estudo rastreio. A cor amarela indica maior significância estatística .................... 58

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Lista de Figuras

Figura 17- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade no giro do cíngulo durante o estudo rastreio. A cor amarela indica maior significância estatística .... 58 Figura 18- Mapa estatístico (q<0.050) indicando atividade no campo frontal do olho e atividade no campo suplementar do olho em resposta ao estímulo sacade. A cor amarela indica maior significância estatística em comparação à cor vermelha ......................................................................................................... 64 Figura 19- Mapas estatísticos (q<0.05) indicando atividade bilateral no giro temporal médio e dorsolateral em resposta ao estímulo sacade .......................... 64 Figura 20- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade bilateral na ínsula durante o estudo sacade ....................................................................................... 64

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LISTA DE TABELAS

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Enfermidades e drogas associadas às alterações do equilíbrio ........... 24 Tabela 2: Referente ao estímulo rastreio nos cinco pacientes. As letras E e D referem-se aos lados esquerdo e direito do hemisfério cerebral. Os produtos são fruto do número de pixels impressionados no Brain Voyger em relação à área ativada .......................................................................................................... 56 Tabela 3: Referente ao estímulo sacade nos cinco pacientes. As letras E e D referem-se aos lados esquerdo e direito de hemisfério cerebral. Os produtos são fruto do número de pixels impressionados no Brain Voyger em relação à área ativada. ......................................................................................................... 62 Tabela 4: Principais áreas ativadas e sua área de Brodmann (BA) correspondente com a freqüência de ativação para os estudos Rastreio e Sacade .................................................................................................................. 68

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LISTA DE GRÁFICOS

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Lista de Gráficos

Gráfico 1: Número de pacientes (x) relativo ao número de áreas ativadas com estímulo rastreio. Notar que a maioria das áreas ativadas ocorreu em 4 ou 5 dos 5 pacientes ..................................................................................................... 59 Gráfico 2: Área ativada em cada hemisfério cerebral e número de pixels ativos em cada uma dessas regiões ............................................................................... 60 Gráfico 3: Ativação das áreas em hemisfério cerebral direito .............................. 60 Gráfico 4: Ativação das áreas em hemisfério cerebral esquerdo ......................... 62 Gráfico 5: Número de pacientes (x) relativo ao número de áreas ativadas com estímulo rastreio. Notar que a maioria das áreas ativadas ocorreram em 4 ou 5, dos 5 pacientes ..................................................................................................... 65 Gráfico 6: Área ativada em cada hemisfério cerebral e o número de pixels ativos em cada uma dessas regiões pixels ........................................................... 66 Gráfico 7: Ativação das áreas em hemisfério cerebral esquerdo ......................... 67 Gráfico 8: Ativação das áreas em hemisfério cerebral direito .............................. 67

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RESUMO

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Resumo

JUNCAL, M. C. Atividade cerebral durante estimulação oculomotora. Estudo com ressonância magnética nuclear funcional em vestibulopatas. 2007. 85f. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.

Muitos trabalhos, utilizando a técnica de ressonância magnética nuclear

funcional (RMNf) têm sido realizados em múltiplos centros de pesquisa,

envolvendo voluntários normais e pacientes com as mais diversas doenças.

Porém, estudos dedicados à especialidade de otorrinolaringologia têm sido

pouco explorados. O objetivo principal deste estudo foi analisar a ativação

cerebral dos sistemas vestibular e oculomotor, através da RMNf, em resposta à

estimulação dos movimentos de rastreio e sacade dos olhos, descrevendo os

achados da ativação de áreas cerebrais em pacientas com Doença de Ménière.

Para isso, imagens por RMNf foram obtidas de cinco pacientes selecionados,

utilizando um scanner de 1.5 T Siemens (Magnéton Vision) com seqüências do

tipo EPI-BOLD. Os mapas estatísticos foram obtidos no programa Brain

Voyager™, utilizando o método Modelo Geral Linear. Encontrou-se ativação

significante no córtex visual primário, ao longo dos giros occipital médio e

inferior, temporal médio, superior e inferior, pós e pré-central, ao longo do giro

frontal inferior, superior e médio, no giro supramarginal, no lobo parietal

superior e inferior, na ínsula e nos cíngulos anterior e posterior. Também foram

encontrados grupos de atividade em estruturas subcorticais.

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SUMMARY

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Summary

JUNCAL, M. C. Cerebral activation in response to oculomotor stimulation An fmri study in patients with vestibular disease. 2007. 85f. Dissertation (Master´s Degree) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.

Many studies, using the technique of function magnetic resonance imaging

(fMRI) have been performed, involving healthy subjects and patients with most

diverse diseases. However, dedicated studies to otoneurology have been little

explored. The main objective of this study is to analyze the cerebral activation of

the vestibular and oculomotor systems and, in response to small pursuit and

saccade eyes movements, localizing the activation of cerebral areas in patient

with Ménière Disease, a disorder of the vestibular system. To this, Fmri was

obtained in five selected patients, using a scanner of 1.5 T Siemens (Magneton

Vision) with EPI-BOLD sequences. Statistical maps were analyzed in Brain

Voyager™, using the Linear General Method. Significant activation in early

visual cortex were found, throughout the and inferior and medial occipital gyrus,

in the medial, superior and inferior gyrus, in the pre central and post central

gyrus, throughout the inferior, superior an medial frontal gyrus, in the

supramarginal gyrus, in the superior and inferior parietal lobe, insula and

anterior and posterior cingulus. Groups of activity had been also found in

subcortical structures.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1. Anatomia e Funções cerebrais .......................................................................... 2 1.1.1. Campo Frontal do Olho ........................................................................... 5 1.1.2. Campo Suplementar do Olho .................................................................. 7 1.1.3. Campo Pré-Frontal Dorsolateral .............................................................. 7 1.1.4. Campo Parietal do Olho .......................................................................... 8 1.1.5. Córtex do Cíngulo .................................................................................... 9 1.1.6. V1 e Paraestriado .................................................................................... 9

1.2. MT/MST .......................................................................................................... 10 1.3. Anatomia e Fisiologia do Sistema Vestibular ................................................... 11 1.3.1. Sistema vestibular periférico ............................................................. 12 1.3.2. Sistema vestibular central ................................................................. 15 1.4. Sistema Oculomotor ........................................................................................ 18 1.5. Avaliação Otoneurológica ................................................................................ 22 1.6. Afecções Otoneurológicas ............................................................................... 30 1.7. Ressonância Magnética Nuclear Funcional ..................................................... 35

2. OBJETIVO ........................................................................................................ 39 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS .............................................................................. 41

3.1. Descrição da Amostra ..................................................................................... 42 3.2. Exame de Ressonância Magnética Nuclear Funcional .................................... 48 3.3. Análise das Imagens ....................................................................................... 50

4. RESULTADOS ................................................................................................. 54

4.1. Estruturas Ativadas Durante o Estudo Rastreio ............................................... 55 4.2. Estruturas Ativadas Durante o Estudo Sacade ................................................ 61 4.3. Análise da Freqüência de Ocorrência .............................................................. 68

5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 69

5.1. Campo Frontal do Olho ................................................................................... 70 5.2. Campo Suplementar do Olho .......................................................................... 70 5.3. Córtex Pré-Frontal Dorsolateral ....................................................................... 71 5.4. Campo Parietal do Olho .................................................................................. 72 5.5. Córtex do Cíngulo ........................................................................................... 72 5.6. V1 e Paraestriado ............................................................................................ 73 5.7. MT/MST .......................................................................................................... 74

6. CONCLUSÕES ................................................................................................. 75 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 77 8. ANEXO

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1. INTRODUÇÃO

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Introdução

2

1.1. ANATOMIA E FUNÇÕES CEREBRAIS

O sistema nervoso central é um todo. Sua divisão em partes tem

significado exclusivamente didático. Pode ser dividido, levando-se em conta

critérios anatômicos, embriológicos e funcionais. Existe ainda uma divisão

quanto à segmentação que é muito didática.

O sistema nervoso central (SNC) é aquele que se localiza dentro do

esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral) e o sistema nervoso

periférico, aquele que se localiza fora desse esqueleto.

Considerando-se os princípios anatômicos, o SNC divide-se em medula

espinhal e encéfalo que, por sua vez, têm três partes: cérebro, cerebelo e

tronco encefálico. O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, porção mais

desenvolvida do encéfalo, que ocupa 80% da cavidade craniana e consome

cerca de 25% do que o coração bombeia (MACHADO, 1991).

O diencéfalo compreende as seguintes partes: tálamo, hipotálamo,

epitálamo e sub-tálamo. Já o telencéfalo é constituído pelos dois hemisférios

cerebrais, separados incompletamente pela fissura longitudinal do cérebro, cujo

assoalho é formado por um feixe de fibras, o corpo caloso, principal meio de

união entre os hemisférios.

Anatomicamente, os dois hemisférios são idênticos, possuindo quatro

lobos: frontal, parietal, occipital e temporal (Figura 1).

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Introdução

3

Figura 1- Representação dos quatro lobos cerebrais com seus principais sulcos e giros. Figura modificada de: http://www.driesens.com/brain_view_-_2.htm

A superfície do cérebro apresenta depressões denominadas sulcos, que

delimitam os giros (Figura 1). Os sulcos permitem considerável aumento de

superfície sem grande aumento de volume cerebral. Sabe-se que dois terços

da área ocupada pelo córtex cerebral estão “escondidos” nos sulcos.

O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que reveste o

centro branco medular do cérebro com espessura aproximada de 3mm e

2000cm2 de área. Nele chegam impulsos provenientes de todas as vias de

sensibilidade que aí se tornam conscientes e são interpretados. Do córtex

saem os impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos

voluntários e com ele estão relacionados os fenômenos psíquicos.

O córtex cerebral tem sido objeto de meticulosas investigações

SulcoCentral

Giro pré-centralGiro pós-central

SulcoLateral

Giro temporalsuperior

Cerebelo

LoboFrontal

LoboParietal

LoboTemporal

LoboOccipital

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Introdução

4

histológicas nas quais foram estudados diversos aspectos de sua estrutura.

Com base nesses estudos, o córtex cerebral pode ser dividido em áreas

citoarquiteturais, havendo vários mapas de divisão. A divisão mais aceita é a

de Brodmann que identificou 52 áreas designadas por números (Figura 2). As

áreas de Brodmann são muito conhecidas e amplamente utilizadas na clínica e

na pesquisa médica (MACHADO, 1991).

Figura 2- Áreas de Brodmann no cérebro humano com atribuição funcional. Figura modificada de http://spot.colorado.edu/~dubin/talks/brodmann/brodmann.html

Broca

Audição

Wernicke

Cognição

Emoção

Visual

Visual-pariental

Visual-temporal

Olfatória

Campo Frontaldo olho Somatosensorial

Motor

??

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Introdução

5

Estudos posteriores demonstraram, que, do ponto de vista funcional, as

áreas corticais não são homogêneas como se acreditava. A localização

funcional deve ser percebida como uma especialização de algumas áreas

cerebrais, estando elas altamente conectadas umas às outras.

Atualmente, a funcionalidade cerebral é esquematicamente dividida em

dois grandes grupos: as áreas de projeção e de associação. As áreas de

projeção referem-se àquelas diretamente relacionadas à sensibilidade ou à

motricidade. As regiões de associação seguem uma subdivisão em que o grau

de interação entre uma função cerebral específica e as áreas de projeção

indica o papel dessas dentro da hierarquia funcional, caracterizando-as em

secundárias e terciárias.

A função das principais áreas corticais tem sido descrita com base em

estudos que envolvem estímulos eletrofisiológicos, estudos comportamentais e

imagens por ressonância funcional. A seguir, as principais funções das áreas

de associação do córtex envolvidas no estudo:

1.1.1. Campo Frontal do Olho

O campo frontal do olho (FEF) (Figura 3) é uma região situada no córtex

frontal dorsolateral do cérebro do primata e está localizado na intersecção entre

o sulco pré-central e o sulco frontal superior (BERMAN et al., 1999).

Relatado para ser ativado durante a iniciação de movimentos dos olhos,

tais como sacadas e movimentos voluntários da perseguição. O FEF constitui,

junto com os campos suplementares do olho (SEF) e o sulcus intraparietal

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Introdução

6

(IPS), uma das três áreas corticais mais importantes envolvidas na geração de

movimentos dos olhos. (SCHILLER; CHOU, 1998).

Figura 3- B/A 6 localiza-se na parte posterior do lobo frontal. Vista posterior da área 6 de Brodmann.

Durante o movimento de perseguição lenta do olho, o FEF reflete, não

apenas a execução, mas também a predição da perseguição lenta (KRAUZLIS,

2004). O FEF está envolvido na preparação e na facilitação do sacade

intencional (PIERROT-DESEILLIGNY; MILEA; MURI, 2004). Também participa

da inibição do movimento sacádico, com células que normalmente reduzem

sua atividade durante a preparação e mostram um aumento na atividade,

imediatamente após a apresentação do sinal de cancelamento (HANES;

PATTERSON; SCHALL, 1998).

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Introdução

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1.1.2. Campo Suplementar do Olho

O SEF corresponde à área no lobo frontal, localizado na superfície

medial do giro frontal superior, na parte superior do sulco pré-central. Essa

região está conectada com todas as áreas que envolvem o controle do olho - o

FEF, o DLPFC (córtex pré-frontal dorsolateral), o córtex do cíngulo anterior e

também com o PPC (Posterior Parietal Córtex) (PIERROT-DESEILLIGNY;

MILEA; MURI, 2004). Estudos eletrofisiológicos indicam a relação dessa área

com o planejamento do movimento sacádico (RUSSO et al., 2000; CHEN et al.,

1995). O SEF mostra-se mais fortemente ativado quando há congruência entre

atenção e intenção de realizar o movimento, sugerindo o papel dessa área em

programar a ação (KONEN et al, 2007).

1.1.3. Córtex Pré-Frontal Dorsolateral

A área 46 de Brodmann, ou B/A 46 (Figura 4), é parte do córtex frontal

no cérebro humano. É localizado entre as áreas B/A 10 e B/A 45. No ser

humano ocupa aproximadamente o terço médio do giro frontal médio e da

parcela mais rostral do giro frontal inferior. A área 46 de Brodmann

corresponde aproximadamente com o córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC).

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Introdução

8

Figura 4- Brodmann área 46 - córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC).

O papel central executado pelo córtex frontal e, especialmente pelo

DLPFC na supressão do sacade foi demonstrado por estudos com estimulação

magnética transcraniana, estudo de lesões em seres humanos e confirmado

por estudos de neuroimagem (NYFFELER et al., 2007; PIERROT-

DESEILLIGNY et al., 2003).

1.1.4. Campo Parietal do Olho

O Campo parietal do olho (Parietal Eye Field - PEF) está localizado na

parede medial do sulco intraparietal (Intraparietal Sulcus - IPS) que separa o

lobo parietal superior (Superior Parietal Lobe - SPL), localizado medialmente

(i.e. área 7 de Brodmann) do lobo parietal inferior, localizado lateralmente. O

último compreende a área 40 de Brodmann (i. e. o giro supramarginal) e a área

39 de Brodmann (i. e. o giro angular) (DELLA JUSTINA, 2005).

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Introdução

9

As áreas do lóbulo parietal são envolvidas com atenção visual

(CULHAM; KANWISHER, 2001) e, principalmente relacionada à coordenação

motora visuo-perceptiva (BRANDT et al., 1995, 1998). O lobo parietal,

particularmente sua parte posterior, o PPC (Posterior Parietal Córtex), está

envolvido no controle do movimento sacádico e da atenção (PIERROT-

DESEILLIGN; MILEA; MURI, 2004).

1.1.5. Córtex do Cíngulo

O córtex do cíngulo é dividido em córtex do cíngulo anterior (Anterior

Cingulate Cortex - ACC) (área 24 de Brodmann) e córtex do cíngulo posterior

(Posterior Cingulate Cortex - PCC) (área 23 de Brodmann).

Segundo Gaymard e Pierrot-Deseilligny (1999), a parte posterior do ACC

está envolvida no controle do movimento sacádico, mais precisamente no

controle do sacade intencional, mas não no controle do sacade reflexivo.

O limite entre as áreas 23 e 24 de Brodmann está envolvido no processo

que prepara todas as áreas oculomotoras frontais envolvidas no controle do

sacade intencional para agir no comportamento motor (PIERROT-

DESEILLIGN; MILEA; MURI, 2004).

Segundo Tanabe et al. (2002), durante o movimento de perseguição o

PCC é fortemente ativado com menor freqüência de atividade no ACC.

1.1.6. V1 e Paraestriado

Referem-se ao córtex visual primário (conhecido também como córtex

estriado ou V1) e às áreas corticais visuais do paraestriado tais como V2, V3,

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Introdução

10

V4, e V5. O córtex visual primário é anatômico e equivalente à área 17 de

Brodmann, ou B/A 17, enquanto o paraestriado é representado pela área 18 de

Brodmann, ou B/A 18 (Figura 5).

Figura 5- A área 18 de Brodmann é mostrada na cor laranja nesta imagem que mostra também as áreas 17 (vermelho) e 19 (amarelo).

O córtex visual preliminar é a área melhor estudada no cérebro. Como o

de todos os mamíferos estudados, é situado no pólo posterior do córtex

occipital e é responsável por processar estímulos visuais. É altamente

especializado em processar a informação sobre objetos em movimento e

estáticos (BARTON et al., 1996; DIETERICH et al., 2003a e 2003b).

1.2. MT/MST

As duas áreas, MT e a MST, estão localizadas no complexo V5, uma

região no sulco temporal superior. A área visual V5 é uma região do córtex

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Introdução

11

visual que ocupa o papel principal na percepção do movimento, na integração

dos sinais de movimento local com a percepção global e na orientação de

alguns movimentos do olho (BORN; BRADLEY, 2005). A origem das projeções

da área MT/MST varia entre as representações dos campos visuais da fóvea e

dos periféricos (PALMER; ROSA, 2006). Uma vista padrão mostra que V1

fornece a maioria das informações importantes à área MT (BORN; BRADLEY,

2005). Por outro lado, os neurônios em MT/MST são capazes de dar resposta à

informação visual, freqüentemente de maneira sentido-seletiva, mesmo depois

que o V1 foi destruído ou inativado (RODMAN; GROSS; ALBRIGHT, 1989).

Além disso, a pesquisa de Tinsley et al. (2003) sugeriu que determinados tipos

de informação visual podem alcançar a área MT antes mesmo que alcance o

V1. Todas essas informações sugerem forte relevância dessa região no

processamento visual (DUKELOW et al., 2001).

1.3. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR

O sistema vestibular humano é constituído por um aparelho sensorial

periférico (labirinto), um mecanismo processador no SNC e um mecanismo

gerador de reações motoras oculares e posturais. O propósito desse sistema é

informar sobre a posição e o movimento da cabeça no espaço, propiciando a

detecção das acelerações angulares e lineares, mantendo o equilíbrio corporal.

Os reflexos que regulam esse sistema dependem da interação entre o

sistema vestibular, os olhos e o sistema proprioceptivo, sob a coordenação do

cerebelo. Há dois tipos fundamentais de reflexos: reflexos oculares (vestíbulo-

ocular, optocinéticos e cérvico-oculares) que possibilitam a estabilização do

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Introdução

12

campo visual e os reflexos espinhais (vestibuloespinhais, vestibulocólicos,

cervicocólicos, cervicoespinhais e de extensão) que possibilitam a manutenção

da posição em pé e do controle postural durante a movimentação.

O SNC deve receber informações precisas e harmoniosas dos sensores

oculares, labirínticos e proprioceptivos. Um conflito entre as informações

recebidas pelo SNC produz perturbação do estado de equilíbrio, que passa a

ser consciente, exteriorizando-se por meio de tonturas e/ou desequilíbrio

corporal (HUNGRIA, 1991). O SNC também organiza e processa as

mensagens sensoriais visuais, vestibulares e proprioceptivas em áreas

específicas localizadas no tronco encefálico e cerebelo, que decidem sobre os

movimentos da cabeça, pescoço, coluna vertebral, pernas, braços, olhos e

todos os músculos do corpo, necessários para orientar e manter o equilíbrio

corporal (GANANÇA et al., 2000).

Para melhor compreensão anatômica do sistema vestibular podemos

dividi-lo em duas partes: o sistema vestibular periférico e o sistema vestibular

central.

1.3.1. Sistema Vestibular Periférico

O sistema vestibular periférico é composto pelo conjunto de células

ciliadas das cristas ampulares dos ductos semicirculares, células ciliadas das

máculas utriculares e saculares no labirinto membranáceo, fibras nervosas

aferentes e eferentes, gânglio de Scarpa, nervos vestibulares superior e inferior

e anastomoses vestibulofaciais e cocleovestibulares.

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Introdução

13

O labirinto ósseo, no interior da porção petrosa do osso temporal de

cada lado, tem uma parte anterior, a cóclea, relacionada com a audição, e uma

parte posterior, com três canais semicirculares e dois órgãos otolíticos (utrículo

e sáculo).

Há três canais semicirculares de cada lado, em planos perpendiculares

entre si, correspondentes a cada uma das três dimensões em que a cabeça

pode mover-se. Cada canal é sensível à rotação em um determinado plano

espacial.

No vestíbulo, situam-se o utrículo e o sáculo, órgãos ímpares em cada

lado da cabeça, envolvidos com o equilíbrio corporal estático.

O labirinto membranáceo localiza-se dentro do labirinto ósseo e o

acompanha em toda a sua extensão e tem formato semelhante. Entre eles

dispõe-se um líquido, a perilinfa, rica em sódio e pobre em potássio. O labirinto

membranáceo contém endolinfa, rica em potássio e pobre em sódio (CAMPOS;

COSTA, 2002).

Uma das extremidades de cada canal semicircular tem uma dilatação, a

ampola, na qual estão dispostas as cristas ampulares dos ductos

semicirculares. Há uma crista ampular para cada ducto semicircular. A crista

ampular é constituída de um epitélio sensorial, células de sustentação e uma

base com filetes nervosos e tecido conjuntivo. As máculas utricular e sacular

são placas sensoriais situadas em uma das paredes do utrículo e do sáculo,

respectivamente (Figura 6).

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Introdução

14

As células ciliadas das cristas e máculas, agrupadas em camada e com

os cílios atravessando a massa gelatinosa (cúpula) que as recobre, constituem

os sensores vestibulares que respondem à movimentação cefálica.

Figura 6- Representação do sistema vestibular com destaque da crista ampular e da mácula sacular. Fonte: Modificada da Enciclopédia Britannica, 2002.

Os receptores das cristas ampulares conduzem as informações sobre os

movimentos da cabeça ao SNC. Com base nessas informações, o SNC produz

os reflexos necessários para manter o equilíbrio corporal. A perfeita

coordenação da harmonia funcional entre os dois labirintos é essencial para o

equilíbrio corporal. Quando há desencontro entre as informações sensoriais de

um lado em relação ao outro, em razão de uma doença em um dos labirintos,

Sistema vestibular

Crista

Aumento da crista

Cúpula

Haste ciliar

Fibra nervosa Células ciliar Fiba nervosa Membrana basal

Células de suporte

Célula ciliar tipo II

Estereocílios

Membrana otolítica

Otólitos

Aumento da mácula

Sáculo

Mácula

Utrículo

Célula ciliar tipo I

Cinocílio

Ampola

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Introdução

15

surgem a vertigem e os sintomas associados (LOPES FILHO; CAMPOS,

1994).

O nervo vestibular, constituído de milhares de axônios dos neurônios

das cristas e máculas, tem um ramo superior e outro inferior. O nervo vestibular

superior é formado por fibras nervosas provenientes dos ductos lateral e

superior, utrículo e sáculo; e o nervo vestibular inferior é composto por fibras do

sáculo e ducto semicircular posterior.

Diversos neurotransmissores, liberados nas terminações vestibulares

aferentes e eferentes e nas sinapses entre as fibras aferentes do nervo

vestibular e os núcleos vestibulares, transmitem as informações sensoriais ao

SNC.

Os impulsos bioelétricos dos receptores sensoriais vão para os dendritos

dos neurônios no meato acústico interno, gânglio de Scarpa, axônios dos

neurônios no ângulo ponto cerebelar até alcançar os núcleos vestibulares

ipsilaterais, localizados no tronco encefálico.

1.3.2. Sistema Vestibular Central

O sistema vestibular central é composto pelos núcleos vestibulares no

soalho do quarto ventrículo do tronco encefálico, vias ascendentes (vestíbulo-

oculomotoras, vestibulocerebelar direta e vestibulocortical), descendentes

(vestibuloespinhais, vestibulocerebelar, vestibulovagal), vestibulares eferentes

e inter-relações com a formação reticular e outras áreas do SNC (Figura 7).

Os núcleos vestibulares do tronco encefálico são centros da via

vestibular que integram as informações sensoriais relacionadas com os

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Introdução

16

movimentos oculares, a orientação espacial e a estabilidade do corpo. Exercem

controle sobre os reflexos vestíbulo-ocular, vestibuloespinhal e

vestibulocerebelar e atuam como um importante centro de interação

sensoriomotora. Conexões comissurais interligam funcionalmente os núcleos

vestibulares direitos e esquerdos, permitindo que funcionem de forma

coordenada, apesar das aferências vestibulares serem unilaterais.

O reflexo vestíbulo-ocular tem a função de produzir movimentos oculares

iguais e opostos aos movimentos cefálicos para estabilizar a imagem visual na

retina, ao passo que o reflexo vestíbuloespinhal estabiliza a posição do corpo.

Figura 7- Fibras vestibulares e suas vias ascendentes e descendentes.

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Introdução

17

O cerebelo modula o processo de interação nos núcleos vestibulares por

meio de vias vestibulocerebelares. Fibras do nervo vestibular vão ao cerebelo

(lóbulo floculonodular) sem passar pelos núcleos vestibulares; constituem a via

vestibulocerebelar direta.

Os tratos vestibuloespinhal lateral e vestibuloespinhal medial, que

constituem as fibras vestibulares descendentes, enviam informações

bioelétricas dos núcleos vestibulares.

A via vestibulovagal, que liga os núcleos vestibulares ao nervo

pneumogástrico, é responsável pelas manifestações neurovegetativas como

náuseas, vômitos, sudorese, palidez e taquicardia, que podem se associar à

vertigem e outras tonturas.

A estimulação das fibras vestibulares eferentes (sistema vestibular

eferente), que vão do tronco encefálico para o labirinto, tem a função de inibir

os receptores sensoriais vestibulares. Estresse e fadiga diminuem a efetividade

inibidora labiríntica do sistema vestibular eferente e podem agravar a vertigem

e os sintomas associados.

O SNC, além de controlar e reajustar os reflexos vestíbulo-ocular e

vestibuloespinhal, comanda as reações motoras que adaptam a posição de

tronco e membros à nova posição da cabeça para manter o equilíbrio.

O conhecimento das disposições anatômicas das estruturas periféricas e

centrais do sistema vestibular e de suas funções é um substrato indispensável

para entender e diagnosticar os diferentes tipos de distúrbios do equilíbrio

corporal.

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Introdução

18

1.4. SISTEMA OCULOMOTOR

O sistema oculomotor compreende a coordenação e a execução dos

movimentos oculares. Quanto à coordenação binocular, podem ser

conjugados, se os dois olhos se movem no mesmo sentido e com a mesma

velocidade, ou disjuntivos, caso se movam em sentidos diferentes

(convergentes ou divergentes). Quanto à velocidade, podem ser sacádico, se

forem muito rápidos e independentes do movimento dos objetos externos, ou

de rastreio, se forem lentos e ligados ao deslocamento de algum objeto. Fi-

nalmente, quanto à trajetória podem ser radiais, quando o eixo visual se

desloca angularmente para qualquer direção, ou torcionais, quando ele

permanece fixo, movendo o olho em rotação à sua volta.

Os movimentos oculares são coordenados por um conjunto de feixes

musculares: os músculos reto, superior, inferior, medial e lateral e os oblíquos

superior e inferior (Figura 8). Esses músculos são responsáveis pelos

movimentos dos olhos ao longo de três eixos diferentes: os retos mediais e

laterais realizam movimentos na horizontal, na direção do nariz (adução) ou

para longe do nariz (abdução); os retos superior e inferior, em conjugação com

os oblíquos, realizam movimentos na vertical, de elevação ou de depressão; e

o torcional, movimentos que trazem o topo do olho em direção ao nariz ou para

longe do nariz são realizados pelos oblíquos.

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Introdução

19

Figura 8- Representação dos músculos motores do olho. Figura modificada de Purves et al., 2000.

A musculatura extraocular é inervada por neurônios motores dos

seguintes pares cranianos: Os nervos abducentes (VI par craniano) inervam o

músculo reto lateral; o par de nervos trocleares (IV par craniano) inerva o

oblíquo superior, com a peculiaridade de que cada nervo atravessa a linha

média para estimular o músculo oblíquo superior do lado contralateral e o nervo

oculomotor (III), projetando-se sobre todo o resto dos músculos extraoculares.

Existem quatro tipos básicos de movimentos dos olhos: movimento

sacádico, de perseguição lenta (rastreio), de vergência e vestíbulo-ocular.

Os movimentos sacádicos ou sacade são movimentos balísticos dos olhos

que mudam de orientação abruptamente para um ponto de fixação. A função do

sacádico é adquirir um alvo no olhar que realiza mudanças bruscas de posição. O

movimento sacádico pode ser voluntário, mas também ocorre reflexivamente toda

vez que os olhos estiverem abertos, mesmo enquanto estivermos fixando um alvo.

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Introdução

20

A evolução temporal de um movimento sacádico ocorre, de forma que,

após o acesso de um alvo para o movimento, há um atraso de 200ms antes de

começar a movimentação do olho. Durante esse atraso, a posição do olho em

relação à fóvea é registrada e a diferença entre a posição inicial e a de destino,

ou "erro motor", é convertido num comando que ativa os músculos

extraoculares para mover o olho para a direção apropriada. Se o alvo move de

novo durante esse tempo, o movimento sacádico irá perder o alvo e um

segundo movimento sacádico precisa ser feito para corrigir o erro.

Uma visão geral do controle neural para o movimento sacádico pode ser

descrita como uma informação visual originada no lobo occipital, tornando-se

saliente no lobo parietal devido a diversas áreas de atenção. Essas áreas estão

localizadas na parte posterior do lobo parietal superior e do sulco intraparietal e

talvez em outras áreas intraparietais como o lobo parietal inferior (giro

supramarginal e giro angular) (BISLEY; GOLDBERG, 2003). Um sacade

reflexivo é provocado pelo campo visual parietal, caso as circunstâncias

externas requeiram uma resposta rápida. Esse reflexo é produzido via tracto

parieto-colicular direto, passando pela parte posterior da cápsula interna. No

caso de uma resposta atrasada, a informação visual é transmitida do campo

visual parietal ao frontal pela fixação operante e pela área intraparietal para o

córtex pré-frontal dorsolateral para memorização espacial. A execução de um

sacade intencional é realizada pelo campo visual frontal, o qual está preparado

para responder à influência do giro do cíngulo, o que influencia, via processo

de motivação intencional, todas as outras áreas oculomotoras frontais

(PIERROT-DESEILLIGNY; MILEA; MURI, 2004).

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Introdução

21

O movimento de rastreio ou movimento de perseguição lenta tem como

função manter na fóvea um estímulo que se movimenta lentamente. Tais

movimentos possuem controle voluntário no sentido em que o observador pode

escolher acompanhar ou não um estímulo em movimento. Um modelo para o

circuito neural do movimento de perseguição lenta, descrito por Krauzlis

(KRAUZLIS, 2004), consiste de um circuito aparentemente simples, que

conecta áreas dos lobos temporal e frontal com regiões motoras do cerebelo

relacionadas à perseguição.

As áreas MT e MST, no sulco temporal superior, processam o

movimento visual e os sinais oculomotores, que são requeridos para o

movimento de perseguição. Esses são transmitidos para os flóculos e para os

paraflóculos ventrais, via núcleos visuo-motores, no núcleo pontino. Essas

regiões cerebelares acessam as saídas dos núcleos motores dos músculos dos

olhos através da projeção nos núcleos vestibulares. Em paralelo com esse

caminho, um segundo caminho córtico-pontocerebelar origina-se no Campo

Visual Frontal (Frontal Eye Field - FEF) e continua através dos núcleos

reticulares tegmento pontino, os quais, como o núcleo pontino dorsolateral,

promovem saídas exclusivamente para o cerebelo, nesse caso, para os lobos

VI e VII do vermis.

Outras regiões corticais também estão envolvidas no controle neural do

movimento de perseguição lenta, como o campo visual suplementar, o campo

visual parietal e a região parieto-occipital. A maioria das áreas corticais que

mediam o sistema de perseguição lenta mostra algumas sobreposições com o

sistema do movimento sacádico (PETIT; HAXBY, 1999; O'DRISCOLL et al.,

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Introdução

22

2000; HEIDE et al., 2001; SCHMID et al., 2001; TANABE et al., 2002).

O movimento de vergência é o responsável por alinhar a fóvea de cada

olho com alvos localizados em diferentes distâncias do observador. Esses

movimentos não são conjugados, eles envolvem a convergência ou divergência

das linhas de observação de cada olho para ver um objeto que está perto ou

longe.

O movimento vestíbulo-ocular consiste de uma resposta reflexiva que

estabiliza o olho em relação ao ambiente visual, mantendo o alvo foveado em

compensação aos movimentos da cabeça. O sistema vestibular detecta breves

mudanças transientes da posição da cabeça com informações sensoriais dos

canais semicirculares e direcionam os olhos para moverem-se na direção

oposta.

1.5. AVALIAÇÃO OTONEUROLÓGICA

O equilíbrio corporal é fundamental no relacionamento espacial do

organismo com o ambiente. Três sistemas concorrem para a manutenção do

equilíbrio: a visão, a sensibilidade proprioceptiva e o aparelho vestibular. A

perfeita interação dos estímulos aferentes desses sistemas, juntamente com a

memória de experiências prévias, determinam o equilíbrio perfeito.

Enfermidades que comprometam o sistema cardiovascular, o SNC, os

ouvidos, os olhos, o sistema locomotor, o sangue e as glândulas endócrinas

podem alterar a precisa interação dos diversos estímulos que orientam o

equilíbrio corporal.

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Introdução

23

A história clínica permite definir quatro categorias principais de distúrbios

do equilíbrio. A ilusão de movimento seja rotatória ou oscilante, caracteriza a

vertigem que pode ter origem central ou periférica. A sensação de queda ou

síncope representa uma alteração no fluxo sangüíneo cerebral, seja por

medicação (anti-hipertensivos), arritmias cardíacas, alterações circulatórias, ou

crise vasovagal. O desequilíbrio pode decorrer de alteração vestibular periférica

ou central. Queixas mal definidas, distintas das anteriores, como "cabeça vazia

ou leve", geralmente decorrem de problemas psíquicos com ansiedade e

depressão, ou ambos (SLOANE; STONE; LISBERGER, 1991). Cada uma

dessas categorias pode ser responsável por 25% dos pacientes com queixas

de distúrbios do equilíbrio. Portanto, é evidente que mais de 50% delas não

representam alterações vestibulares e nem respondem à medicação

antivertiginosa habitual. Ainda mais, o medicamento pode piorar o quadro com

a superposição de efeitos colaterais.

Diversos sintomas podem estar associados à alteração do equilíbrio,

como: náuseas e vômitos tendem a acompanhar a crise aguda; sudorese e

palidez são respostas adrenérgicas ao estresse e relacionam-se à intensidade

da crise; hipoacusia, tinidos ou pressão aural indicam doença na orelha interna;

ataxia e incoordenação para movimentos finos representam enfermidade

cerebelar; disartria, hemiparesias e alterações visuais podem indicar

insuficiência vertebrobasilar.

O paciente deve ser submetido a um protocolo de investigação racional

e progressivo para evitar custos exagerados e injustificáveis. A investigação

começa com uma boa anamnese. Para auxiliar a obtenção de uma história

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24

ordenada e precisa, utilizam-se também formulários padronizados ou um

sistema computadorizado especial. Não esquecer a história clínica geral,

particularmente cardiovascular e neurológica, nem medicamentos

eventualmente utilizados que possam agravar o problema (Tabela 1).

Tabela 1- Enfermidades e drogas associadas às alterações do equilíbrio.

Cardiovasculares Aparelho vestibular (periféricos) Aritmia Neuronite vestibular, labirintites Infarto do miocárdio Ganglionite vestibular (Ramsay-Hunt) Hipertensão Doença auto-imune do ouvido interno Hipotensão postural Traumatismo craniano, Fístula

perilinfática Valvulopatia Doença de Méniere, Síndrome de

Cogan Insuficiência cardíaca Vertigemposicional benigna (Bárány) Arteriosclerose Neurinoma do acústico Estenose carotídea Tumores de ângulo pontocerebelar

Neurológicas Diversas Insuficiência vertebrobasilar: TIA, vertigem Catarata posicional central, etc. Síndrome de pânico Enfermidades vasoclusivas: síndrome de Degenerações na coluna cervical Wallenberg, apoplexia labiríntica, etc. leucemias Esclerose múltipla, Enxaqueca basilar Anemias e policitemias Neoplasias do SNC Cafeína Epilepsia de lobo temporal Nicotina Doença de Parkinson Álcool

Metabólicas Medicamentos Hipoglicemia Anticonvulsivantes, Antiparkinsonianos Hiperlipidemias Hipnóticos, Tranqüilizantes Hipertireoidismo Antidepressivos, Aminoglicosídeos Hipotireoidismo Anti-hipertensivos, Antiarrítmicos Hiperventilação (síndrome do pânico) Simpaticomiméticos, Diuréticos,

Hipoglicemiantes Analgésicos e Antineoplásicos

TIA =Ataque isquêmico transitório.

O exame clínico básico do paciente com disfunção do equilíbrio é

sempre o mesmo, com algumas variações, de acordo com a intensidade da

crise. Crises graves, com náuseas e vômitos intensos, limitam manobras mais

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Introdução

25

bruscas no exame físico, que possam provocar excessivamente o aparelho

vestibular.

A fim de descartar alterações cardiovasculares, deve-se avaliar a

freqüência cardíaca e o ritmo, medir a pressão arterial, realizar ausculta

cardíaca e carotídea, além de palpação simultânea de ambos os pulsos radiais

com elevação dos braços para avaliar possível síndrome do roubo subclávio.

Possíveis alterações neurológicas são apreciadas com um exame

otoneurológico básico. Inicialmente, se avalia o trato vestíbulo espinhal lateral:

o equilíbrio dinâmico, por meio da marcha e teste de Unterberger; o equilíbrio

estático, por meio do teste de Romberg sensibilizado com olhos abertos e

fechados. A via vestíbulo cerebelar é avaliada pela coordenação obtida na

prova índex-nariz. Os núcleos do tronco cerebral são investigados pelo exame

de pares cranianos.

Alterações no aparelho vestibular podem acarretar movimentos oculares

involuntários conhecidos como nistagmos. Esses movimentos são importantes

como forma indireta de avaliar a integridade do aparelho vestibular. Apenas os

nistagmos de grande intensidade são perceptíveis ao exame, pois, no

momento em que o paciente abre os olhos, mecanismos automáticos de

fixação ocular (o indivíduo orienta-se no espaço ao olhar objetos) inibem o

movimento nistágmico.

Para evitar o efeito inibitório da visão sobre o nistagmo, é muito

conveniente o uso dos óculos de Frenzel, com lentes de +20 dioptrias

(COHEN, 1984). Essas lentes não permitem que o paciente normal identifique

objetos, e, portanto impedem a inibição dos nistagmos.

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Introdução

26

Inicialmente, com o paciente sentado e fixando a visão em um ponto,

observam-se ambos os olhos. Pequenos movimentos rápidos dos globos

oculares indicam a presença de nistagmo espontâneo. Nistagmos de origem

vestibular apresentam uma componente lenta (desvio lento do olho causado

por influência do aparelho vestibular) e uma componente rápida (movimento

reflexo e rápido de retorno do globo ocular à posição inicial). A seguir, solicita-

se ao paciente olhar para um lado e outro, com desvio de aproximadamente

30°, e novamente se observa a existência de movimentos oculares,

denominados nistagmo semi-espontâneo.

Considerando-se a componente rápida do nistagmo, observa-se que o

nistagmo irritativo ocorre nas enfermidades em evolução e bate no sentido do

lado comprometido (quando a etiologia é periférica e não central) (FREDERIC,

1973); quando a lesão já é estabelecida, tem-se o nistagmo paralítico, em que

a componente rápida bate para o lado oposto, não comprometido.

Diversos testes têm sido utilizados para complementar a análise do

paciente após criterioso exame clínico, envolvendo a anamnese e o exame

físico. Esses testes devem ser realizados sempre que possível e necessário,

sem esquecer que a clínica do paciente se faz soberana.

Audiometria tonal, discriminação vocal, "tone decay" e impedanciometria

com reflexos estapédicos são chamados de testes audiométricos e permitem

avaliar se existe alteração associada na função auditiva determinada por

comprometimento em orelha média, cóclea ou retrococlear.

Exames laboratoriais, Hemograma, plaquetas, VHS, colesterol,

triglicérides, lipídeos totais, FTA-ABS, glicemia ou curva de tolerância à glicose,

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Introdução

27

curva insulinêmica, creatinina, T3 e T4 são feitos para avaliar alterações

sistêmicas que possam comprometer a microcirculação do ouvido interno

(RUBIN; BROOKLER, 1990). Testes sorológicos não-antígenos específicos,

como dosagens de imunoglobulinas, C3 e C4, e proteína C reativa podem ser

necessários quando se suspeita de doença auto-imune do ouvido interno.

Estudo radiológico cervical: O estudo radiográfico deve incluir seis

incidências: ântero-posterior, lateral e duas oblíquas com flexão e extensão do

pescoço. Alterações degenerativas cervicais são detectadas à radiografia em

25% dos pacientes menores de 40 anos, em 50% entre 40 a 50 anos, em 70%

entre 50 a 60 anos e em 90% dos maiores de 60 anos. A maior parte dos

osteófitos cresce na porção unciforme da vértebra, podendo comprimir a artéria

vertebral e, com a redução do fluxo sangüíneo, causar sintomas semelhantes

aos de isquemia do tronco encefálico (BAUER, 1984). A artéria ipsilateral é

comprimida ao torcer o pescoço.

A eletronistagmografia (ENG) registra a movimentação ocular através da

captação do estimulo elétrico neuromuscular com eletrodos posicionados

estrategicamente na face do paciente. Decorrente da bateria de testes

realizados permite diferenciar as síndromes vestibulares centrais das

periféricas, e entre essas, indicar o lado acometido. Durante o exame, o

paciente é submetido a diversos testes que "provocam" respostas do aparelho

vestibular, procurando detectar anormalidades. A rotina, geralmente inclui

registro de movimentos horizontais e verticais (2 canais) com os seguintes

testes: calibração, nistagmo espontâneo, nistagmo semi-espontâneo, nistagmo

posicional, rastreio pendular, nistagmo optocinético e nistagmo pós-calórico.

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Introdução

28

O registro pode ser analisado em papel (ENG convencional ou

analógica) ou por computador (ENG computadorizada ou digital). A utilização

de computadores torna o exame mais prático, determinando automaticamente

a velocidade angular da componente lenta; e podendo permitir cálculos

sofisticados para sacádicos, rastreio pendular, optocinéticos e calóricos. São

avaliados ainda novos parâmetros como latência, ganho, fase e simetria.

Alguns autores preconizam a utilização de três canais chamados de

vectonistagmografia (VENG) por possibilitar a análise dos nistagmos oblíquos

ou rotatórios e medir a velocidade angular real da componente lenta. Até o

surgimento dos sistemas computadorizados de VENG, havia a necessidade de

cálculos complexos.

A análise dos potenciais elétricos perioculares na ENG tem limitações

por interferências eletromagnéticas, estado dos eletrodos (elevada impedância

da interface pele-eletrodo) e existência de lentes intra-oculares.

Na nova técnica da videonistagmoscopia, os óculos de Frenzel são

adaptados a uma câmera de vídeo infravermelho e os movimentos oculares

são registrados. Programas de computador com aquisição de imagens

permitem análises e cálculos precisos e sofisticados.

Testes de auto-rotação ativa craniana foram introduzidos recentemente

e permitem avaliar as medidas da velocidade da cabeça em sucessão de

movimentos látero-laterais que são obtidas com um sensor de velocidade

angular preso em uma fita ajustada à testa do paciente, ao passo que as

medidas do nistagmo são obtidas por meio de eletrodos eletronistagmográficos

fixados bitemporalmente. Esses sistemas permitem, por meio de algoritmos

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Introdução

29

computadorizados, determinar ganho, fase e simetria numa faixa de

freqüências de 1a 8Hz.

Enquanto os testes anteriores analisam as eventuais alterações dos

reflexos vestibuloculares manifestadas por nistagmos; a craniocorpografia

avalia as alterações de posição e de equilíbrio corporal decorrentes da via

vestíbuloespinhal. Corresponde aos testes de Romberg e Unterberger, mas

com a significativa vantagem de quantificar e registrar precisamente as

alterações, possibilitando comparações evolutivas.

Nos últimos anos, a posturografia dinâmica computadorizada, em que

pese o elevado custo dos sistemas, tem sido utilizada na investigação de

distúrbios do equilíbrio de origem vestibular, tronco cerebral ou cerebelar,

músculo-esquelética e traumáticas.

Para avaliar a possível redução na velocidade de condução do estímulo

auditivo da orelha interna ao tronco cerebral, que existe no neurinoma e em

outros tumores de ângulo ponto cerebelar, recorre-se aos potenciais evocados

auditivos. Atraso na condução nervosa do estímulo sonoro (prolongamento do

intervalo onda I - V maior que 4,4ms, dependendo do laboratório) indica lesão

retrococlear (COSTA FILHO; CELANI, 1993).

A tomografia computadorizada de ouvidos, condutos auditivos internos,

ângulo ponto cerebelar, e cerebral permite avaliar a existência de otites

crônicas, labirintites, anomalias congênitas da orelha interna, tumores e

alterações isquêmicas ou hemorrágicas cerebrais.

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Introdução

30

A imagem de ressonância magnética permite avaliar o trajeto do VIII par

e detectar tumores de até 3mm e lesões intracerebrais como esclerose múltipla

e infartos lacunares.

A avaliação e o tratamento dos pacientes com distúrbios de equilíbrio

necessitam da dedicação e do conhecimento dos diversos aspectos

envolvidos. Diagnósticos precisos oferecem as melhores alternativas

terapêuticas, possibilitam análises mais rigorosas dos resultados obtidos com

medicamentos ou procedimentos e, finalmente, maior desenvolvimento da

ciência médica.

1.6. AFECÇÕES OTONEUROLÓGICAS

As doenças que acometem os sistemas vestibular e auditivo são

extremamente comuns. Mais de 300 afecções e síndromes otoneurológicas

têm sido descritas correspondendo a diferentes combinações de ocorrência de

diversos sintomas. Os sintomas mais freqüentemente encontrados são:

vertigem e outros tipos de tonturas, hipoacusia, zumbido, dificuldade de

inteligibilidade vocal, sensibilidade a sons intensos, distorção da sensação

sonora e manifestações neurovegetativas. Não é rara a associação desses

sintomas com outros de natureza psicológica, como: ansiedade, depressão e

medo.

A avaliação otoneurológica é essencial para o diagnóstico. Além de

minuciosa anamnese, inclui exames: otorrinolaringológico, audiológico,

laboratoriais, vestibulometria e outros especiais (caso haja indicação).

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Introdução

31

O estudo semiológico das funções auditiva e vestibular contribui para

confirmar a existência de lesão, localizá-la em nível periférico (labirinto e nervo

VIII) ou central (núcleos, vias e inter-relações no SNC) e indicar o lado lesado,

direito e/ou esquerdo.

Na dependência dos achados, é possível, em muitos casos, estimar o

prognóstico. O exame otoneurológico é também imprescindível para avaliar a

evolução dos casos com o tratamento instituído.

O tratamento ideal é o específico, em função do adequado

reconhecimento dos fatores etiológicos. Como muitas doenças otoneurológicas

são causadas por distúrbios à distância, primariamente situados em outros

órgãos ou sistemas, o tratamento específico freqüentemente requer um acesso

multidisciplinar ao paciente.

As diversas afecções otoneurológicas com as quais o especialista pode

se defrontar na rotina clínica, de um modo geral, apresentam maior prevalência

entre a quarta e sexta décadas de vida, podendo, porém, estar presentes em

qualquer idade. A faixa etária pode, inclusive, ser um fator rastreador de

determinadas afecções.

A neuronite vestibular, comum na adolescência, aparenta ser de origem

inflamatória. Pode ser aguda, com um quadro de vertigem súbita e

manifestações neurovegetativa ou crônica, geralmente com tonturas rotatórias

ou não, intermitentes e sem sintomas auditivos. O sinal típico é a hipo ou

arreflexia labiríntica uni ou bilateral.

A hipertensão endolinfática pós-viral secundária, a parotidite epidêmica,

caracteriza-se por causar hipoacusia, zumbido e vertigens tardias, que surgem

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Introdução

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em função de hipertensão endolinfática lentamente progressiva. Os sintomas

podem ocorrer muitos anos depois da infecção viral.

Cefaléia tipo hemicrânia, com ou sem sintomas visuais, vertigens, outros

tipos de tonturas, eventualmente hipoacusia flutuante e zumbidos, se

constituem no quadro característico de enxaqueca vestibular. O envolvimento

do sistema vestibular na enxaqueca pode ser tão importante a ponto de sua

resolução ser fundamental para o bom prognóstico da evolução da doença.

Os adultos e os idosos estão mais sujeitos a outras vestibulopatias,

sendo os idosos os mais acometidos com doenças que interferem no equilíbrio

corporal. As hipóteses diagnósticas mais comuns para estes pacientes

veremos a seguir:

Vertigem, hipoacusia, zumbido e sensação de plenitude aural constituem

a tríade que caracteriza a Doença de Méniere. Todos os sintomas podem

piorar nas crises vertiginosas, que são recidivantes. No intervalo entre as crises

pode haver ausência de sintomas. Alguns pacientes apresentam agravamento

progressivo da perda auditiva. Em outros casos, independente da ocorrência

de crises vertiginosas, pode haver flutuação da audição ao longo do tempo.

Fenômenos premonitórios (aura), como aumento do zumbido ou da sensação

de pressão na orelha e outros sintomas podem preceder a crise. Parece ser a

mais comum das labirintopatias, em adultos. A hipertensão da endolinfa

constitui o substrato fisiopatológico.

A vertigem postural paroxística benigna costuma causar vertigem

desencadeada em certas posições da cabeça ou à modificação da posição da

cabeça em relação ao corpo. Sem sintomas auditivos. De incidência freqüente,

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Introdução

33

principalmente no sexo feminino. Pode ser causada por disfunção hormonal

ovariana, distúrbios metabólicos, psíquicos, por trauma craniano, etc.

Neurinoma e outros tumores que afetam o nervo VIII são descritos como

sendo responsáveis por cerca de 1% das causas de distúrbios do labirinto de

história clínica muito variável. Hipoacusia e/ ou zumbido unilateral, progressivos

ou não, eventualmente tonturas, hipoacusia neurossensorial e/ou hiporreflexia

labiríntica unilaterais devem ter esta etiologia excluída. A audiometria de tronco

cerebral e a ressonância magnética são exames fundamentais para o

diagnóstico.

As causas relacionadas a disfunções dos vasos são denominadas de

labirintopatias vasculares. Vertigens e outros tipos de tonturas, hipoacusia e/ou

zumbidos, em crianças e adultos, mais freqüentes em adultos. Causas

principais: hipertensão ou hipotensão arterial, anomalias cardiovasculares e

distúrbios do ritmo cardíaco, especialmente taquicardia paroxística e distúrbios

da condução, síndrome de hiperviscosidade ou hipercoagulabilidade e

arteriosclerose.

Afecções auto-imunes geram perda auditiva e sintomas vestibulares, em

geral, rapidamente progressivos. Podem ser causadas por vasculites auto-

imunes que atingem a orelha interna. As alterações auditivas e vestibulares

podem ser transitórias ou permanentes, freqüentemente bilaterais e

assimétricas.

Em alguns estudos, as labirintopatias metabólicas são citadas como uma

das três principais causas de distúrbio do equilíbrio corporal. Vertigens,

hipoacusia e zumbidos, separadamente ou em conjunto, podem ser causados

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Introdução

34

por diferentes doenças metabólicas: hipo ou hipertireoidismo, distúrbios supra-

renais, hiperuricemia, aumento de triglicerídeos e/ou colesterol sanguíneo e

distúrbios do metabolismo de carboidratos.

Vertigens e outros tipos de tonturas, posturais ou não e zumbidos são os

principais sintomas das síndromes cervicais. A hipoacusia, quando presente,

geralmente é discreta. Cervicalgia, parestesias de extremidades, limitação dos

movimentos do pescoço, otalgia, dificuldade de concentração ou alterações de

memória são sintomas freqüentes. Podem ser de origem traumática,

inflamatória, tumoral ou degenerativa. Quando, primariamente devido a

distúrbio de natureza psíquica (vertigem psicogênica), o envolvimento do

sistema vestibular é menos freqüente e menos importante. Quando

secundários à insegurança física dos distúrbios de origem vestibular, a

vertigem e outros tipos de tonturas costumam ser importantes, ao lado das

fobias típicas (medo de sair, de andar, de estar em espaços amplos).

Ansiedade, depressão, lipotímias, taquicardia e eventualmente zumbido

completam o cortejo de sintomas, que variam de intensidade em função do

estado emocional.

A surdez súbita costuma causar, além da hipoacusia parcial ou total

repentina, zumbido intenso e vertigem súbita. Possíveis causas: fístula

perilinfática espontânea, viroses, neuroma do acústico.

As ototoxicoses são causadas pela exposição a determinadas

substâncias, como solventes industriais, ou medicamentos e podem provocar

perda auditiva e desequilíbrio, eventualmente permanente e progressivo. A lista

de medicamentos potencialmente tóxicos para a orelha interna é extensa,

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Introdução

35

incluindo drogas de ação cardiovascular, drogas psiquiátricas, relaxantes

musculares, antiinflamatórios não-hormonais, antibióticos sistêmicos e tópicos,

anti-helmínticos, antimaláricos, antimicóticos, drogas de ação no sistema

respiratório, drogas antialérgicas, anticoncepcionais, citostáticos, anestésicos,

moderadores de apetite, etc. A lesão, geralmente é bilateral e pode ser

irreversível. Café, álcool e fumo podem ocasionar vertigem e alterações

vestibulares transitórias e reversíveis.

1.7. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR FUNCIONAL

No cérebro, o núcleo do átomo de hidrogênio da água é a principal fonte

de sinal na imagem por RMNf.

Nos últimos anos, a evolução dos magnetos supercondutores das

bobinas de pulso, capazes de gerar gradientes elevados e com boa

homogeneidade de campo permitiu que a RNMf se estabelecesse como uma

das ferramentas mais poderosas, rápidas e eficazes no campo da neurociência

(HUETTEL; SONG; McCARTHY, 2004)

Com o nascimento dessa técnica, descrita por Belliveau et al. (1991),

surgiu um método não invasivo capaz de mapear funcionalmente as diferentes

áreas corticais. Embora, originalmente, se tenha administrado contraste

intravenoso paramagnético para obter alteração do sinal da área ativada, o

mesmo resultado foi reproduzido mais tarde sem sua administração.

A Técnica BOLD (Blood Oxigen Level Dependent) baseia-se nas

propriedades diamagnéticas e paramagnéticas da oxi-hemoglobina e desoxi-

hemoglobina, respectivamente; e nas variações de sua concentração relativa

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Introdução

36

em áreas onde o fluxo sanguíneo aumenta em conseqüência da ativação

neural (OGAWA et al., 1990a).

O mapeamento funcional por ressonância magnética, que resulta da

manipulação do contraste intrínseco das propriedades magnéticas da

hemoglobina, permite detectar alterações hemodinâmicas locais relacionadas a

eventos neurais.

A atividade neural provoca a elevação do fluxo sanguíneo por

mecanismos que envolvem a liberação de óxido nítrico, um gás vasodilatador,

além do aumento da concentração de lactato. Como o aumento de sangue

arterial pela vasodilatacão supera a discreta elevação da extração de oxigênio,

no balanço final, a concentração de oxi-hemoglobina diamagnética aumenta e

a de desoxi-hemoglobina paramagnética diminui (Figura 9).

Figura 9- Comparação entre áreas vasculares com maior e menor ativação neural e respectiva interferência na concentração de oxi-hemoglobina e desoxi-hemoglobina entre elas.

O paramagnetismo da desoxi-hemoglobina decorre da presença de dois

elétrons não parados nessa substância, o que gera grande susceptibilidade

magnética local, levando à perda de sinal na imagem de ressonância

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Introdução

37

magnética nuclear. O efeito final na imagem consiste no aumento da

intensidade do sinal nas áreas ativas, quando se extraem as imagens de

ativação das de repouso, ou seja, a diferença entre o sinal magnético no

repouso e durante uma tarefa executada pelo paciente permite identificar as

áreas corticais ativas durante a tarefa (OGAWA et al., 1990b). A pequena

diferença de sinal, de aproximadamente 1 a 5% é determinada após cálculo

estatístico da correlação da variação da intensidade do sinal nas fases de

controle e estimulação. Essa técnica é a base da maioria das investigações em

neurociência feitas com RMNf.

Na prática, a correlação de imagens por ressonância magnética durante

a ação e o repouso permitiu o desenvolvimento da RMNf. Em um experimento

dessa natureza, obtém-se certo número de imagens durante um período de

estimulação (ou de uma tarefa mental) e de repouso (ou de uma tarefa mental

complementar). O mesmo paradigma poderia ser usado para uma tarefa que

envolvesse, por exemplo, a atenção. Nesse caso, poderíamos comparar

períodos de estimulação em que um voluntário estaria atento a determinada

área da superfície corpórea com outros em que ele estaria atento a outra

região dessa mesma superfície. Seria também possível comparar seqüências

de ativação durante a programação e o aprendizado de uma atividade motora

com o mesmo movimento executado, de forma automática, depois de

aprendido. Nesse caso, pode-se não só verificar a seqüência de atuação

durante o período de aprendizado, como também identificar áreas mais

envolvidas como o planejamento do ato motor do que com sua execução.

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Introdução

38

No campo da investigação básica em neurociência, a RMNf assumiu

recentemente uma posição de destaque entre os métodos de estudo das

funções corticais e subcorticais, oferecendo vantagens no que diz respeito ao

modelo humano (Figura 10).

Figura 10- Modelo humano submetido à ressonância magnética funcional.

Entre os assuntos mais estudados, destacam-se, a percepção visual, o

movimento voluntário, o planejamento e o controle motor, a atenção e as

memórias declarativa e implícita. A maioria desses estudos envolveu

voluntários normais. Entretanto, dados interessantes têm sido obtidos a partir

do estudo de pacientes, que de alguma forma, sua doença específica envolva

mudanças nas áreas de ativação cerebral.

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2. OBJETIVO

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Objetivo 40

O presente estudo teve como objetivo:

Descrever os achados anatômicos de ativação de áreas cerebrais no

estudo de RMNf em pacientes com Doença de Ménière submetidos à

estimulação oculomotora com estímulos de rastreio e sacade.

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3. CASUÍSTICA E MÉTODOS

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Material e Métodos 42

Trata-se de um estudo descritivo em seres humanos, aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP),

sob processo nº 2235/2007 (Anexo 1) e foi realizado em três etapas:

1- Compreendeu a seleção da amostra, composta por pacientes no

Setor de Otoneurologia no Ambulatório De Otorrinolaringologia do

HCFMRP-USP;

2- Constituiu-se na submissão dos pacientes selecionados ao exame de

RMNf, realizado no Serviço de Radiologia do HCFMRP-USP;

3- Análise das imagens com identificação das áreas cerebrais ativadas

durante os estímulos aplicados no momento do exame, realizado no

laboratório de neuroimagem funcional (Neuroimago), Departamento

de Física Médica, Faculdade de Física de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo.

3.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

Foram selecionados cinco pacientes adultos com idade média entre 42 e

56 anos de idade, recrutados no Setor de Otoneurologia do Ambulatório De

Otorrinolaringologia do HCFMRP-USP. Todos com diagnóstico de

vestibulopatia do tipo Doença de Ménière caracterizada através de exame

clínico e exames complementares característicos.

O exame clínico do paciente com queixa de distúrbios do equilíbrio

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Material e Métodos 43

corporal compreendeu anamnese, exame físico adequado e testes clínicos

direcionados à avaliação vestibular, da visão e da propriocepção.

O quadro clínico de todos os pacientes selecionados apresentou

anamnese clássica para esta doença, envolvendo crises de vertigem de grau

variado e de caráter intermitente, hipoacusia com piora em grau variado

durante as crises, zumbido e sensação de plenitude aural que pioravam ou se

apresentavam durante o período crítico. Essa sintomatologia descrita constitui

a tríade que caracteriza a Doença de Méniere. Todos os sintomas podem

piorar nas crises vertiginosas, que são recidivantes. No intervalo das crises

havia ausência ou remissão parcial de sintomas. Alguns pacientes

apresentaram agravamento progressivo da perda auditiva. Em alguns casos,

independente da ocorrência de crises vertiginosas, havia flutuação da audição

ao longo do tempo. O aumento do zumbido ou da sensação de pressão na

orelha e outros sintomas por vezes precediam a crise.

No exame físico não foi detectado nenhum tipo de anormalidade, pois os

pacientes não apresentavam crise no momento. A bateria de exames

complementares foi composta por exames audiológicos e vestibulares, cada

uma com os seus respectivos testes descritos a seguir:

1- O exame audiológico foi composto pelos testes de: Audiometria tonal

limiar que se refere à medida da intensidade mínima audível em tons

puros, percebida em 50% das vezes em que foram apresentados para

cada freqüência testada, por via aérea e óssea; Audiometria vocal,

composto de Limiar de Reconhecimento da Fala (Speech Recepcion

Threshold - SRT) definido como a menor intensidade com a qual o

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Material e Métodos 44

paciente é capaz de repetir 50% das palavras apresentadas e de

Índice Percentual de Reconhecimento da Fala (IPRF), que mede a

habilidade do paciente em repetir palavras com aproximadamente

40dB acima da média das freqüências de 500, 1.000 e 2.000Hz, com

sensação de conforto, reajustando o nível sonoro caso o paciente

acuse desconforto. Esses dois exames foram realizados em cabine

acústica (para fins de isolamento sonoro) e com a utilização de fones

de ouvido; e Imitanciometria, exame antigamente chamado de

impedanciometria, mede a função e a integridade do sistema tímpano-

ossicular e da via do reflexo do estapédio. É um teste objetivo, pois

não requer nenhuma resposta comportamental por parte do paciente,

sendo rápido e fácil de aplicar;

2- A avaliação vestibular foi composta pela VENG, que registra a

movimentação ocular através da captação do estimulo elétrico

neuromuscular com eletrodos posicionados estrategicamente na face

do paciente. A rotina da VENG incluiu o registro de movimentos

horizontais e verticais, oblíquos e rotatórios em três canais com os

seguintes testes: calibração, nistagmos espontâneo, semi-

espontâneo, posicional, optocinético e pós-calórico (com água quente

e fria), rastreio pendular e auto-rotação cefálica. A VENG empregada

foi a computadorizada ou digital. A utilização de computadores torna o

exame mais prático, determinando automaticamente a velocidade

angular da componente lenta, e podendo permitir cálculos sofisticados

para sacádicos, rastreio pendular, optocinéticos e calóricos. Os

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Material e Métodos 45

equipamentos envolvidos no exame audiológico foram: Audiômetro

Maico, Imitanciômetro Interacoustics Modelo AZ-7 e os utilizados para

realizar o exame otoneurológico foram: Programa de

Eletronistagmografia, Otocalorímetro a água e Barra de Estímulos

Oculomotores (Barra de Leds) Marca Neurograff Eletromedicina e um

computador Pentium IV de 2.4GHz.

Os pacientes selecionados apresentavam, em sua totalidade, alterações

no exame audiológico, que incluiam perda auditiva de caráter neurosensorial

unilateral ou bilateral. A audiometria tonal tem como característica o déficit em

freqüência graves, notadamente, nas freqüências de 250, 500 e 1.000Hz. A

audiometria tonal limiar com o resultado de perda auditiva com essa descrição

peculiar é chamada de audiometria de curva ascendente, pelo aspecto visual

que apresenta (Figura 11). A audiometria tonal não é comprometida de forma

marcante, apresentando em dois casos, mudanças de 5 a 10dB na média das

freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000Hz ou aproximadamente 10 a 15

pontos percentuais na descriminação vocal.

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Material e Métodos 46

Figura 11- Audiometria característica de paciente com Doença de Ménière; demonstra perda auditiva para tons graves e SRT com valor aumentado.

O perfil do exame vestibulométrico dos pacientes caracterizou-se por

apresentar déficit labiríntico unilateral. Tais aspectos característicos, relatados

nos exames clínicos e complementares dos pacientes selecionados e que

tornaram possível o diagnóstico de hidrópsia endolinfática por Doença de

Ménière, foram os critérios de inclusão utilizados para a amostra escolhida.

Os critérios de exclusão utilizados foram aqueles que determinavam o

desvio da amostra da característica clínica escolhida para compor o exame,

assim como doenças que interferissem nas imagens de RNMf ou na própria

impossibilidade de realização do exame por parte dos selecionados

inicialmente. O primeiro critério de exclusão tratou de aspectos da avaliação

médica do paciente que deixassem margem a dúvidas sobre o seu diagnóstico.

Foram selecionados pacientes que, por já terem o diagnóstico fechado da

patologia, com quadro clássico característico da doença selecionada para a

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Material e Métodos 47

amostra, não deixariam viés em relação a esse aspecto. O segundo foi a

presença de doenças do SNC. Especialmente acidentes vasculares

hemorrágicos ou isquêmicos do SNC foram observados por apresentarem-se

com certa freqüência no Ambulatório de Otoneurologia e excluídos, assim

como também qualquer outra patologia de origem central.

Doenças oftalmológicas que impedissem o paciente de enxergar os

estímulos oculomotores aplicados durante o exame de imagem também foram

analisadas. Todos os pacientes foram submetidos a teste de visão com tabela

de optotipos.

Foram excluídos os pacientes que possuíam marcapasso cardíaco,

derivação peritônio ventricular, clipe de aneurisma, prótese de vasos, válvula

cardíaca, bomba de infusão, implantes coclear ou mamário, placas, pinos,

parafuso ou outros artefatos metálicos cirúrgicos, além da presença de

estilhaços metálicos oriundos de acidentes, projéteis de arma de fogo ou outros

meios. A tatuagem ou maquiagem definitiva também foi considerada, porque a

tinta de algumas cores apresenta resíduos metálicos.

Alguns distúrbios de natureza psicogênica foram determinantes para

exclusão, tais como, síndrome do pânico, ansiedade, depressão, labilidade

emocional, entre outros, com o intuito de diminuir ao máximo a possibilidade

de, uma vez marcado o exame, o indivíduo não conseguisse fazê-lo.

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Material e Métodos 48

3.2. EXAME DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR FUNCIONAL

Após a seleção dos pacientes, esses foram encaminhados em grupos de

dois para a realização do exame de RMNf no Serviço de Radiologia do

HCFMRP-USP.

Os pacientes foram recebidos, sendo esclarecidos sobre os detalhes do

exame pelo próprio pesquisador e também responderam a um questionário

específico com perguntas relevantes relacionadas ao exame, tais como: “Já foi

submetido a cirurgias com implante de metal no corpo?”, “Possui brincos,

relógio ou correntes?”, assim como dificuldades de se posicionar dentro do

tubo de imagem do aparelho de RMNf, entre outros.

Foram realizados experimentos utilizando dois tipos diferentes de

estímulos. No primeiro, imagens por RMNf foram adquiridas enquanto os

pacientes eram submetidos a um estímulo que induzia um movimento de

rastreio puro. Por fim, os mesmos indivíduos foram submetidos a um

paradigma que induzia um movimento puro de sacade do olho. Os estímulos

apresentados foram desenvolvidos em um programa específico para geração de

estímulos para exames de RMNf (Presentation 0.55 03.10.03). O alvo visual foi

gerado por um computador (Pentium IV, 2.4 GHz) e projetado por um canhão de

projeção (Infocus Systems, Modelo LitePro 210) em uma tela translúcida,

localizada próxima aos pés do voluntário, que nesse momento já se posicionava

dentro do tubo de imagens da RMNf. O voluntário era capaz de enxergar o

estímulo através de um espelho acoplado à bobina de cabeça, que

estrategicamente posicionado, refletia as imagens projetadas na tela.

Para os três experimentos, um paradigma foi desenhado com 11 blocos,

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Material e Métodos 49

de 27,5 segundos cada, alternando períodos de repouso com períodos de

atividade. Para os intervalos de repouso, os voluntários foram instruídos a

concentrar sua atenção em um ponto fixo, em forma de cruz, que aparecia no

centro da tela.

Para a estimulação do movimento de rastreio, os pacientes foram

instruídos a seguir um quadrado vermelho que aparecia no centro da tela e

movimentava-se em um padrão oscilatório horizontal de amplitude constante,

com uma freqüência de 0.1Hz.

A estimulação do movimento sacádico foi induzida pelo

acompanhamento de um quadrado vermelho, que inicialmente aparecia no

centro da tela, depois em uma posição à direita, e em seguida, à esquerda,

com freqüência constante de 1Hz.

Entre as seqüências de estímulos, o paciente era orientado a fitar um

sinal luminoso em forma de cruz, projetado no quadrante central da tela,

aguardando até a próxima sessão de movimento. Essa etapa foi necessária

para fins de fixação ocular.

Para aquisição das imagens de RMNf, utilizamos um scanner Magneton

Vision Marca Siemens de 1.5 Tesla com uma bobina de quadratura

transmissora/receptora de cabeça. Foi utilizada uma seqüência do tipo EPI

(Echo-Planar Imaging) ou seqüência de imagens eco planar, para produzir

continuamente, 66 volumes de aquisição, sendo, cada um, constituído por 16

fatias axiais, com 6mm de espessura com as seguintes características:

Intervalo interestímulo (Inter Stimulus Interval - ISI) de 4600 ms; Tempo ao eco

(TE) de 60ms; ângulo flip 90°; matriz 64 x 64; Campo de visão (Field of View -

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Material e Métodos 50

FOV) de 220mm; dimensão do voxel de 3.44 x 3.44 x 6.00mm.

Cada paciente realizou cinco séries de atividade, permanecendo por seis

blocos em repouso. As imagens anatômicas foram adquiridas, após as

imagens funcionais, utilizando-se uma seqüência do tipo GRE, MPR ponderada

em T1 (TR = 9.7ms; TE = 4ms; ângulo flip 12°; matriz 256 x 256; FOV = 256

mm; espessura da fatia = 1mm; dimensão do voxels = 1 x 1 x 1mm). A duração

média de cada experimento foi de 20 minutos.

3.3. ANÁLISE DAS IMAGENS

Os mapas estatísticos foram processados no programa Brain VoyagerTM

QX (versão 1.8). Trata-se de um software específico para análise e

visualização da imagem latente de RMNF (Figura 12). A plataforma utilizada

para o trabalho foi o Windows XP.

Figura 12- Processamento de imagens pelo Brain Voyager. (Fig. Modif. da Wikipédia).

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Material e Métodos 51

O modelo estatístico utilizado foi o modelo linear geral (General Linear

Model - GLM). Na etapa de pré-processamento foram realizadas: correções do

movimento do paciente e do tempo entre fatia, referentes à diferença de tempo

intermediário entre o fim de uma fatia de aquisição e o inicio da próxima;

suavização espacial (através de um Filtro Gaussiano com FWHM de 4mm),

que tem como função remover o borramento da imagem e também a filtragem

temporal, através de filtro de sinais de baixa freqüência, na qual utilizamos um

filtro passa alta de 0,01 Hz.

Após a análise dos dados individuais, os mapas estatísticos foram

transformados para o sistema coordenado Talairach do cérebro humano

(TALAIRACH; TOURNOUX, 1988). Trata-se de um sistema de coordenadas

anatômicas cerebrais que é usado para descrever as estruturas do cérebro,

buscando reduzir diferenças individuais no tamanho e forma total deste órgão,

contribuindo significativamente para a construção de um Atlas funcional

cerebral (Figura 13).

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Material e Métodos 52

Figura 13- Fatia do Atlas Talairach.

Os dados foram, inicialmente, analisados de modo a indicarem as

principais regiões envolvidas em cada um dos dois estímulos. Para tanto,

obtivemos uma média, no espaço Talairach, da atividade de todos os

pacientes. Em seguida, para termos idéia da variabilidade da localização

dessas ativações entre os diferentes voluntários, após o mapeamento das

áreas ativadas através do Brain Voyager, e encontrarmos as coordenadas no

espaço Talairach de cada indivíduo, separadamente, das áreas que

responderam aos estímulos, passamos para a etapa de análise dos resultados.

Para a análise final foi utilizado um programa que filtra as áreas de

ativação fora da área de interesse do projeto. O programa nos dá o resultado

em número de pixels, equivalente a cada área ativada do cérebro nas áreas

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Material e Métodos 53

específicas. Com esses dados descrevemos as principais regiões do cérebro

que foram ativadas durante estímulo de rastreio e sacade em pacientes com

vestibulopatia (Figura 14).

Figura 14- Imagem, após processada, demonstrando ativação.

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4. RESULTADOS

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Resultados 55

Nas imagens correspondentes à fatia de corte cerebral, podemos

identificar as áreas de ativação cerebral através de um mapa de cores amarelo-

alaranjado, que depende da significância estatística.

Na análise dos resultados, foram incluídos apenas cinco, dos seis

pacientes inicialmente selecionados. Uma paciente foi excluída, pois ao dirigir-

se para a máquina de ressonância, negou-se a realizar o exame por motivos

emocionais, apesar da entrevista de seleção tê-la mostrado com perfil

adequado.

Os mapas estatísticos foram todos construídos no espaço Talairach,

sendo utilizada a significância estatística de q (FDR) < 0,05 para os estudos de

rastreio e também de sacade. Esta escolha foi realizada com base em estudos

prévios.

A seguir, apresentaremos as principais estruturas que responderam

seletivamente a cada um dos estímulos. Esses resultados dizem respeito à

ativação média e análise inter-individual, no Atlas Talairach, entre todos os

pacientes estudados.

4.1. ESTRUTURAS ATIVADAS DURANTE O ESTUDO RASTREIO

Com o objetivo de realizar uma análise comparativa, montamos o

resultado na Tabela 2, que apresenta todos os dados obtidos com os cinco

pacientes no paradigma rastreio.

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Resultados 56

Tabela 2: Referente ao estímulo rastreio nos cinco pacientes. As letras E e D referem-se aos lados esquerdo e direito de hemisfério cerebral. Os produtos são fruto do número de pixels impressionados no Brain Voyager em relação à área ativada.

GIRO

Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Paciente 4 Paciente 5

HEMISFÉRIO CEREBRAL

E D E D E D E D E D

Giro Frontal Inferior 0 432 9 24 2620 1831 55 1059 741 920 Giro Frontal Médio 29 15 24 0 2676 2101 843 1300 1409 343 Giro Frontal Superior - - 90 0 1593 1010 314 270 1312 199 Giro Frontal Medial - - 18 0 308 559 - - 1352 887 Giro Pré-Central 14 17 - - 621 612 1018 3570 1972 1467 Giro Temporal Transverso 0 2 - - 57 134 - - 50 336 Giro Pós-Central 61 142 400 219 279 1337 899 656 Giro Temporal Inferior 14 28 0 8 635 311 119 204 605 452 Giro Occipital Médio 86 19 0 19 296 212 402 82 426 533 Giro Occipital Superior - - - - - - 30 0 4 0 Giro Occipital Inferior - - - - 44 0 16 99 40 274 Giro Temporal Médio 15 6 0 18 2160 1215 19 503 1336 1288 Giro Temporal Superior 27 0 3051 1604 61 730 1556 806 Giro Angular - - - - - - - - 21 0 Giro Cingulado - - 0 22 90 10 750 788 - - Giro Lingual 263 101 18 0 1107 1274 1 92 0 60 Giro Supramarginal - - - - 108 14 375 238 43 0 Giro Subcaloso - - 0 17 - - 0 9 - - Giro Fusiforme - - 1 20 402 680 227 45 44 90 Lobo Parietal Inferior 13 8 - - 361 150 1099 2080 722 531 Cúneo 1401 284 0 162 103 196 582 487 8 129 Lobo Parietal Superior 0 3 - - 214 172 675 519 29 8 Precúneo 479 87 41 92 75 173 1829 2973 299 161 Cíngulo Posterior 284 361 8 60 108 254 10 11 14 0 Giro Parahipocampal 24 61 76 148 653 1060 - - 123 46 Cíngulo Anterior 2 8 - - 27 2 49 158 837 221 Ínsula 25 0 108 9 1340 938 0 77 54 549 Claustrum - - 0 8 633 97 28 12 71 129 Caudato - - 125 52 385 492 47 177 1111 249 Tálamo - - 241 47 2803 3264 16 173 298 1089 Núcleo Lentiforme - - 2 259 1062 1174 330 1446 170 83 Uncus - - - - 153 96 - - 76 0 Lobo Paracentral - - - - - - 0 19 258 247

Notamos na Tabela 2, que nem todas as regiões foram impressionadas

em todos os pacientes, por outro lado, obtivemos um determinado conjunto de

regiões que foram ativadas em todos os pacientes do estudo (Figuras 15, 16 e

17). De acordo com o número de pacientes que acusaram determinada área de

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Resultados 57

ativação com estímulo rastreio, podemos classificar da seguinte forma:

1. Áreas ativadas em unanimidade pelos pacientes (10): Giro frontal

inferior, Giro frontal médio, Giro temporal inferior, Giro occipital

médio, Giro temporal médio, Giro Lingual, Cúneo, Precúneo,

Cíngulo Posterior e Ínsula;

2. Áreas ativadas em apenas quatro dos cinco pacientes estudados

(16): Giro pré-central, Giro pós-central, Giro Frontal Superior, Giro

Frontal Medial, Giro Temporal Superior, Giro Fusiforme, Lobo

Parietal Inferior, Lobo Parietal Superior, Giro Parahipocampal,

Cíngulo Anterior, Claustrum, Caudato, Tálamo e Núcleo

Lentiforme;

3. Áreas que foram ativadas em apenas três pacientes (6): Giro

temporal transverso, Giro occipital inferior, Giro Cingulado, Giro

Supramarginal;

4. Áreas ativadas em apenas dois pacientes (4): Giro Occipital

Superior, Giro Subcaloso e Uncus;

5. Áreas ativadas em apenas um paciente (1): Giro angular.

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Resultados 58

Figura 15- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade bilateral na área MT/MST durante o estudo rastreio. A cor amarela indica maior significância estatística.

Figura 16- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade bilateral no PEF durante o estudo rastreio. A cor amarela indica maior significância estatística.

Figura 17- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade no giro do cíngulo durante o estudo rastreio. A cor amarela indica maior significância estatística.

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Resultados 59

0

2

4

6

8

10

12

14

16

NÚMERO DE ÁREAS

ATIVADAS

1 2 3 4 5

NÚMERO DE PACIENTES

É importante observar que, de acordo com as áreas do cérebro ativadas,

a grande maioria delas o foi, em pelo menos quatro dos cinco pacientes (26/37

ou 70,27% das áreas), e que das 37 regiões em que constatamos a ativação,

uma parte (10/37 ou 27,02% das áreas) foi ativada em todos os cinco da

amostra (Gráfico 1). Demonstrando assim um elevado grau de comunalidade

dos resultados.

Gráfico 1: Número de pacientes (x) relativo ao número de áreas ativadas com estímulo rastreio (y). Notar que a maioria das áreas ativadas ocorreu em 4 ou 5 dos 5 pacientes.

Ao analisarmos as áreas mais ativadas, notamos que existem

peculiaridades em relação à intensidade dos estímulos, de acordo com cada

paciente, apresentando-se com grande variabilidade nesse aspecto.

Em análise à tendência de estimulação de cada área, nota-se que existe

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Resultados 60

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

GiroFrontalInferior

GiroFrontal

Mediano

Girotemporalinferior

Girooccipitalmediano

Girotemporalmediano

GiroLingual

Cuneo Precuneo CinguloPosterior

Insula

E1

D1

E2

D2

E3

D3

E4

D4

E5

D5

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

D1 D2 D3 D4 D5

Giro Frontal Inferior

Giro Frontal Mediano

Giro temporal inferior

Giro occipital mediano

Giro temporal mediano

Giro Lingual

Cuneo

Precuneo

Cingulo Posterior

Insula

um perfil de convergência na relação intensidade de resposta do estímulo x

área estimulada, com traçados de tendências análogas (Gráfico 2). Nota-se

tendência similar nos gráficos que distinguem os hemisférios cerebrais

(Gráficos 3 e 4).

Gráfico 2: Área ativada em cada hemisfério cerebral e número de pixels ativos em cada uma dessas regiões.

Gráfico 3: Ativação das áreas em hemisfério cerebral direito.

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Resultados 61

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

E1 E2 E3 E4 E5

Giro Frontal Inferior

Giro Frontal Mediano

Giro temporal inferior

Giro occipital mediano

Giro temporal mediano

Giro Lingual

Cuneo

Precuneo

Cingulo Posterior

Insula

Gráfico 4: Ativação das áreas em hemisfério cerebral esquerdo.

4.2. ESTRUTURAS ATIVADAS DURANTE O ESTUDO SACADE

As áreas de Brodmann correlacionadas com a ativação apresentam

características importantes a serem observadas a respeito da lateralização e

intensidade de impressão. Algumas áreas foram marcadamente

impressionadas em apenas um hemisfério cerebral enquanto outras foram

identificadas bilateralmente, caracterizando lateralização da ativação cerebral

em face da função desempenhada.

Nota-se que algumas áreas foram impressionadas com muito mais

intensidade em comparação a outras, identificando, assim áreas que exercem

maior atividade durante a execução de determinado estímulo (Tabela 3).

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Resultados 62

Tabela 3: Referente ao estímulo sacade nos cinco pacientes. As letras E e D referem-se aos lados esquerdo e direito de hemisfério cerebral. Os produtos são fruto do número de pixels impressionados no Brain Voyager em relação à área ativada.

GIRO

Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Paciente 4 Paciente 5

HEMISFÉRIO CEREBRAL

E D E D E D E D E D

Giro Frontal Inferior 1786 1419 3502 5895 2046 2183 220 805 3822 4202 Giro Frontal Médio 1815 3069 1733 3735 1986 2439 192 458 6719 4989 Giro Frontal Superior 282 476 764 2530 - - 0 279 2317 4098 Giro Frontal Medial 914 228 1016 587 1374 2375 390 911 4772 4448 Giro Pré-Central 3545 3038 2990 2368 4018 3492 750 2932 6830 6871 Giro Temporal Transverso 158 93 242 339 101 133 - - 460 322 Giro Pós-Central 1598 1083 715 737 1952 986 105 862 3884 4417 Giro Temporal Inferior 196 127 1053 934 389 338 3 0 483 358 Giro Occipital Médio 974 624 1481 960 1119 176 0 32 1188 580 Giro Occipital Superior - - 0 6 15 0 8 0 22 11 Giro Occipital Inferior 172 304 967 554 279 0 - - 264 156 Giro Temporal Médio 434 243 2923 2381 955 1030 22 96 3534 3019 Giro Temporal Superior 1065 389 3892 3525 1819 2149 15 329 3209 3047 Giro Angular - - 2 5 0 4 12 0 0 40 Giro Cingulado 502 446 1266 1207 2731 1972 10 20 2572 2129 Giro Lingual 2705 2379 2012 2382 1518 1732 0 3 1487 379 Giro Supramarginal 57 0 103 276 528 98 0 45 282 9 Giro Subcaloso - - 5 4 0 41 - - 48 94 Giro Fusiforme 1267 1317 965 1094 462 529 - - 1537 546 Giro Rectal - - 31 0 - - - - - - Giro Orbital - - 17 0 - - - - - - Giro Parahipocampal 888 1179 383 977 449 414 0 1 757 590 Lobo Parietal Inferior 2325 1575 579 1093 2411 1677 82 1126 3896 3045 Cúneo 3309 2331 3639 2896 1947 1351 35 38 505 619 Lobo Parietal Superior 996 1283 264 974 1781 1392 135 597 1822 1097 Precúneo 1036 1853 2187 2301 2853 2230 307 1433 1944 1214 Cíngulo Posterior 540 875 247 1322 470 695 - - 131 88 Cíngulo Anterior 31 0 187 566 0 17 80 84 2264 1551 Ínsula 178 260 501 714 916 1550 103 206 1521 1418 Claustrum - - 9 161 171 89 523 196 Caudato - - 423 395 12 0 - - 945 766 Tálamo 16 13 243 294 720 770 - - 1086 1545 Núcleo Lentiforme 176 119 1492 3880 2335 980 - - 2284 940 Uncus - - 109 314 - - - - 7 0 Lobo Paracentral 25 10 158 174 707 217 - - 531 1171

Ao analisar o exame com o estímulo de sacade (Figuras 18, 19 e 20),

nota-se uma grande conformidade em relação às áreas ativadas entre os

pacientes com regiões ativadas em comunalidade (entre 4 e 5 pacientes).

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Resultados 63

De acordo com o número de pacientes que acusaram determinada área

de ativação com estímulo sacade, podemos classificar da seguinte forma:

1. Áreas ativadas em unanimidade pelos pacientes em total de 21: Giro

Frontal Inferior, Giro Frontal Médio, Giro Frontal Medial, Giro Pré-

Central, Giro Pós-Central, Giro Temporal Inferior, Giro Occipital

Médio, Giro Temporal Mediano, Giro Temporal Superior, Giro

Cingulado, Giro Lingual, Giro Parahipocampal, Lobo Parietal Inferior,

Cúneo, Lobo Parietal Superior, Precúneo, Cíngulo Anterior e Ínsula;

2. Áreas ativadas em apenas quatro dos cinco pacientes estudados em

total de 10: Giro Frontal Superior, Giro Temporal Transverso, Giro

Occipital Superior, Giro occipital inferior, Giro Angular, Giro

Fusiforme, Cíngulo Posterior, Tálamo e Núcleo Lentiforme;

3. Áreas que foram ativadas em apenas três pacientes (em total de 5):

Claustrum e Caudato;

4. Áreas ativadas em apenas dois pacientes (uma área no total):

Uncus;

5. Áreas ativadas em apenas um paciente (duas áreas no total): Giro

Rectal e Giro Orbital.

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Resultados 64

Figura 18- Mapa estatístico (q<0.050) indicando atividade no campo frontal do olho e atividade no campo suplementar do olho em resposta ao estímulo sacade. A cor amarela indica maior significância estatística em comparação à cor vermelha.

Figura 19- Mapas estatísticos (q<0.05) indicando atividade bilateral no giro temporal médio e dorsolateral em resposta ao estímulo sacade.

Figura 20- Mapa estatístico (q<0.05) indicando atividade bilateral na ínsula durante o estudo sacade

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Resultados 65

0

5

10

15

20

25

NÚMERO DE ÁREAS

ATIVADAS

1 2 3 4 5

NÚMERO DE PACIENTES

A exemplo dos resultados com estímulo rastreio, é importante observar

que, de acordo com as áreas do cérebro ativadas, a grande maioria delas o foi,

em pelo menos quatro dos cinco pacientes (31/39), equivalente a 71,4%, e que

das 39 regiões, uma boa parte foi ativada em todos os cinco da amostra

(21/39), equivalente a 51,8% (Gráfico 5). Demonstrando assim um elevado

grau de comunalidade dos resultados, ainda superior se comparado com os

resultados dos exames com estimulo rastreio.

Gráfico 5: Número de pacientes (x) relativo ao número de áreas ativadas com estímulo sacade (y). Notar que a maioria das áreas ativadas ocorreu em 4 ou 5, dos 5 pacientes.

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Resultados 66

010002000300040005000600070008000

Giro F

ront

al In

ferio

r

Giro F

ront

al M

edial

Giro P

ós-C

entral

Giro O

ccipi

tal M

edian

o

Giro T

empo

ral S

uper

ior

Giro Li

ngual

Sub-G

iro

Lobo

Par

ietal In

ferio

r

Lobo

Par

ietal S

uper

ior

Cíngulo

Ant

erior

Ventri

culo

Late

ral

E

D

E

D

E

D

E

D

E

D

Ao analisarmos as áreas mais ativadas com sacádico, notamos que,

assim como no rastreio, existem peculiaridades em relação à intensidade dos

estímulos, de acordo com cada paciente, apresentando-se com grande

variabilidade neste aspecto.

Em análise à tendência de estimulação de cada área, nota-se que no

Gráfico 6 existe um perfil de convergência na relação intensidade de resposta

ao estímulo x área estimulada, com traçados tendendo a manter um padrão

comum. A mesma análise pode ser percebida individualizando os hemisférios

cerebrais (Gráficos 7 e 8).

Gráfico 6: Área ativada em cada hemisfério cerebral e o número de pixels ativos em cada uma dessas regiões pixels.

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Resultados 67

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

D1 D2 D3 D4 D5

Giro Frontal Inferior

Giro Frontal Mediano

Giro Frontal Medial

Giro Pré-Central

Giro Pós-Central

Giro Occipital Mediano

Giro Temporal Mediano

Giro Temporal Superior

Giro Cingulado

Giro Lingual

Precuneo

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

D1 D2 D3 D4 D5

Giro Frontal Inferior

Giro Frontal Mediano

Giro temporal inferior

Giro occipital mediano

Giro temporal mediano

Giro Lingual

Cuneo

Precuneo

Cingulo Posterior

Insula

Gráfico 7: Ativação das áreas em hemisfério cerebral esquerdo.

Gráfico 8: Ativação das áreas em hemisfério cerebral direito.

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Resultados 68

4.3. ANÁLISE DA FREQÜÊNCIA DE OCORRÊNCIA

A freqüência de ocorrência da ativação entre os pacientes foi realizada

através da determinação da freqüência de ativação em cada região. Devido ao

fato de várias regiões aparecerem ativas nos dois paradigmas, a comparação

da freqüência de ativação para a mesma região, entre dois estudos, permitiu o

acesso da variabilidade entre estes. Na análise para os estudos de Rastreio e

Sacade (Tabela 4) houve o envolvimento predominante das áreas frontais,

além da área MT/MST.

Tabela 4: Principais áreas ativadas e sua área de Brodmann (BA) correspondente com a freqüência de ativação para os estudos Rastreio e Sacade.

Áreas Cerebrais BA Rastreio (%) F. Sacade (%)

FEF 8 20 100 SEF 6 80 100 PEF 40/7 80 100 DLPFC 46/10 80 60 MT/MST 19/39 100 100 V1 17/18 100 100 Paraestriado 18 100 100 Ínsula Anterior 13 100 80 Ínsula Posterior 13 100 80 Cíngulo Anterior 24/32 80 100 Cíngulo Posterior 30/31 100 100 Giro Parahipocampal

19/36 100 100

Cerebelo - - - Putamen - 80 100 Tálamo - x x Corpo Caloso - x x Globo Pálido - x 100

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5. DISCUSSÃO

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Discussão 70

5.1. CAMPO FRONTAL DO OLHO

No presente estudo, os resultados da ativação durante o estímulo

sacádico demonstraram presença consistente na amostra. O FEF foi ativado

em todos os pacientes e apenas 1/5 demonstrou ativação somente em um dos

hemisférios cerebrais, no caso, o lado direito, mesmo assim com fraca

intensidade quando comparamos com demais.

Ao comparar o estudo com pesquisas em normais nota-se que é

mantida a característica marcante de ativação desta área para os normais

(DIETERICH et al., 1998; LENCER et al., 2004; PIERROT-DESEILLIGNY et al.,

2004; BERMAN et al., 1999).

Estudos indicam duas sub-regiões para o FEF, nas quais uma

localização média para o rastreio é situada mais inferior e lateralmente do que

a relacionada à atividade do Sacade (PETIT & HAXBY, 1999; ROSANO et al.,

2002). Porém, a ativação dessa região é normalmente mais acentuada durante

este estímulo quando analisamos estudos em normais. (BERMAN et al. 1999,

DIETERICH et al., 1998; PIERROT-DESEILLIGNY et al., 2004)

5.2. CAMPO SUPLEMENTAR DO OLHO

No presente estudo encontramos características similares de freqüência

de ativação para os dois paradigmas. Tanto o estudo com sacade quanto com

rastreio obtiveram freqüência de ativação de 80%, ou seja, quatro em cada

cinco pacientes. A ativação foi mais marcante durante o estudo com sacade.

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Discussão 71

Os dados obtidos com a ativação específica de ambos os paradigmas

são acordantes com pesquisas em normais. Estudos envolvendo o movimento

de rastreio dos olhos em voluntários normais mostram alta freqüência de

atividade no SEF, geralmente em torno de 80% ou maior freqüência na

amostra, acordantes com este estudo em doentes (TANABE et al., 2002,

BERMAN et al., 1999; PETIT & HAXBY, 1999; O'DRISCOLL et al., 2000 ).

O resultado referente à maior intensidade de atividade do sacade em

relação ao rastreio pode estar relacionado ao fato de a área correspondente ao

movimento de rastreio no SEF ser menor quando comparada à encontrada

durante o sacade (PETIT & HAXBY, 1999; DELLA JUSTINA, 2005). Esse

resultado, portanto, demonstra paralelo à literatura utilizada em estudos com

normais.

5.3. CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DORSOLATERAL

A observação do DLPFC neste estudo demonstra ativação com forte

intensidade em 100% dos pacientes submetidos a estímulo sacádico, porém ao

rastreio, observa-se que apenas 3/5 (60%) dos pacientes apresentaram

ativação dessa área.

Em três pacientes que obtiveram ativação da DLPFC durante o rastreio,

um apresentou resultado extremamente inconsistente, com nível de

intensidade quase nulo, aproximando o resultado aos estudos com normais

(PIERROT-DESEILLIGNY et al. 2003; NAGEL et al., 2006. MATSUDA et al.,

2004), que demonstram atividade do DLPFC apenas relacionada ao sacade.

Mesmo assim, vários estudos mostram atividade do DLPFC durante

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Discussão 72

estimulações do movimento do olho do tipo rastreio e sacade (PIERROT-

DESEILLIGNY et al., 2003; SCHMID et al., 2001; LENCER et al., 2004).

A variação de resultados na literatura de estudos em normais,

mostrando ativação do DLPFC em alguns e a não ativação em outros torna

difícil a comparação com os resultados em doentes.

5.4. CAMPO PARIETAL DO OLHO

No presente estudo encontramos uma alta freqüência de ativação das

áreas cerebrais relativas ao PEF em todos os pacientes submetidos ao

estímulo de sacade e rastreio, sendo que neste último, apenas um dos cinco

pacientes apresentou ativação somente no hemisfério esquerdo do cérebro.

Ao se encontrar uma freqüência de ativação de 100% nos dois estudos,

sugere-se essa, como uma região fortemente ativa nos estudos com rastreio e

sacade em pacientes vestibulopatas. Em estudos com voluntários, essa

ativação foi de 100%, somente quando comparados os dois estímulos em

conjunto, qualificando-a também como região altamente ativa, porém em

menor intensidade (PETIT & HAXBY, 1999; O’DRISCOLL et al., 2000; SCHMID

et al., 2001; LENCER et al., 2004; KRAUZLIS et al., 2004).

5.5. CÓRTEX DO CÍNGULO

Neste estudo, no paradigma de rastreio, a freqüência de ativação para a

região ACC foi de 60% ou três dos cinco pacientes, considerando nulo o valor

irrisório em um deles. No PCC, a ativação foi de 100%, apesar de baixa

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Discussão 73

intensidade em 40%. Durante a estimulação com sacade, a freqüência de

ativação para a região ACC foi de 80% e para a região PCC foi de 100%.

No paradigma rastreio encontramos similaridade em comparação com

estudos em normais, onde o ACC é menos ativado que o PCC (TANABE et al.,

2002).

No paradigma sacade também há concordância com estudos em

normais, onde a freqüência de ativação para o ACC E PCC é alta. No caso do

presente estudo, o PCC manteve uma frequência mais alta que o ACC, em

paralelo com os resultados com estímulo rastreio (PETIT & HAXBY, 1999;

PIERROT- DESEILLIGN et al., 2004).

5.6. V1 E PARAESTRIADO

Os córtices estriado e paraestriado foram ativados durante os dois

paradigmas empregados em 100% da amostra, confirmando sua sensibilidade

ao movimento visual (PETIT & HAXBY, 1999; O’DRISCOLL et al., 2000;

KIMMIG et al., 2001; TANABE et al., 2002). Entretanto, a análise da freqüência

de ativação dessas áreas mostrou uma freqüência menor ao estímulo rastreio

para o hemisfério esquerdo do cérebro na área estriada. Somente a área

paraestriada apresentou 100% de ativação para os dois hemisférios cerebrais.

A área 17 de Brodmann demonstrou ativação em apenas dois dos cinco

pacientes ou 40% da amostra. Esse resultado discorda com estudos em

normais que mostraram uma variabilidade inter-hemisférica pela maior

quantidade de matéria cinzenta no lobo occipital esquerdo (WATKINS et al.

2001; GROSBRAS et all., 2001).

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Discussão 74

A análise com estímulo sacádico revelou ativação em 100% da amostra.

Porém, dois dos cinco pacientes (40%) não obtiveram ativação em V1 no

hemisfério esquerdo e 20% não apresentaram ativação nesse mesmo

hemisfério para a região paraestriada, discordando mais uma vez com a

literatura.

5.7. MT/MST

No presente estudo, nos paradigmas de rastreio e sacade, a freqüência

de ativação da área MT/MST foi de 100%, tanto para análise da freqüência

combinada, considerando os dois estudos, quanto na freqüência de atividade

no mesmo paciente, mostrando assim, a importância dessa área em estudos

que envolvam estimulações do tipo rastreio e sacade em normais (PETIT &

HAXBY, 1999; O´DRISCOLL et al., 2000; SCHMID et al., 2001; KIMMIG et al.,

2001; TANABE et al., 2002; LENCER et al., 2004).

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6. CONCLUSÃO

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Conclusões 76

As áreas de ativação relativas ao FEF e o SEF demonstraram

concordância em plenitude quando comparados com outros trabalhos do

gênero. Porém, as áreas de ativação no campo parietal do olho marcaram

diferenças em relação à literatura no que diz respeito às características da

ativação nos pacientes, demonstrando impressões mais acentuadas.

O experimento, em ambos os paradigmas, relativos ao DLPFC e às

regiões do cíngulo, demonstrou paralelo quando comparado com outros

estudos realizados em normais. Entretanto, a análise da freqüência de ativação

das áreas V1 e paraestriada demonstraram características próprias marcantes.

Ocorreu freqüência menor ao estímulo rastreio para o hemisfério esquerdo do

cérebro na área estriada. Somente a área paraestriada apresentou 100% de

ativação para os dois hemisférios cerebrais. Esse resultado discorda de

experimentos em normais, segundo a literatura, pois o mesmo mostrou uma

variabilidade inter-hemisférica pela maior ativação do lado esquerdo.

A análise com estímulo sacádico revelou características de ativação

parecidas com o rastreio; e apesar de não tão marcante, discorda mais uma

vez da literatura.

Este trabalho sugere que, quando o experimento é realizado por RNMf e

aplicado em pacientes vestibulopatas, o mesmo apresenta pequenas

alterações das áreas de concordância em comparação com estudos em

normais, com tendências próprias em alguns aspectos da ativação que devem

ser aprofundadas em estudos de maior casuística.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências Bibliográficas 80

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8. ANEXO

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Anexo

COMPROVANTE DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

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