ATIVOS INTELIGENTES A LIBERAÇÃO DO POTENCIAL DA … · uma estrutura com mais de 50 anos ligando Edimburgo a Fife, na Escócia, por uma ponte maior. No fim, decidiu-se manter a

ATIVOS INTELIGENTES A LIBERAÇÃO DO POTENCIAL DA ECONOMIA CIRCULAR • 1

INTELLIGENT ASSETS | ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 1

2016

ATIVOSINTELIGENTES

A LIBERAÇÃODO POTENCIALDA ECONOMIACIRCULAR

SUMÁRIO EXECUTIVO

ESTUDOS DE CASO

2 • ATIVOS INTELIGENTES A LIBERAÇÃO DO POTENCIAL DA ECONOMIA CIRCULAR

ATIVOS INTELIGENTES A LIBERAÇÃO DO POTENCIAL DA ECONOMIA CIRCULAR

SUMÁRIO EXECUTIVOO NÚMERO DE DISPOSITIVOS CONECTADOS SE SITUARÁ ENTRE 25 BILHÕES E 50 BILHÕES ATÉ 2020

A transformação digital que está para acontecer tem o potencial de redefinir a própria base da nossa economia industrial dependente de materiais. Habilitado por ativos inteligentes, surge agora um novo modelo de desenvolvimento que está gradualmente se tornando independente da extração de recursos finitos. A conectividade pervasiva pode ser tornar uma nova infraestrutura, possibilitando fluxos de materiais, mantendo produtos, componentes e materiais em seu mais alto valor o tempo todo e, assim, propiciando a chegada da era da economia circular? Esse sistema geraria, além de vantagens para os negócios, diversos benefícios para os usuários e a sociedade como um todo. Seria um sistema no qual o transporte compartilhado e multimodal ajudaria os cidadãos a chegar a seus destinos com rapidez e segurança, mesmo na hora do rush. Um sistema no qual os ativos podem sinalizar a necessidade de manutenção antes de quebrar e os produtores rurais podem monitorar e regenerar áreas de suas terras sob risco de degradação, sem interromper o fornecimento de produtos agrícolas frescos e abundantes.

Os primeiros sinais dessa transformação são perceptíveis, como destaca este relatório, mas é necessário esclarecer a profundidade da mudança em curso na economia global e definir seu escopo para canalizar todo o potencial dessa onda de desenvolvimento.

Um rápido aumento no número de ativos inteligentes está dando nova forma à economia, e esse desenvolvimento criará valor significativo. O número de dispositivos conectados deve crescer de cerca de 10 bilhões atualmente para 25 bilhões a 50 bilhões até 2020. Um crescente corpus de pesquisa indica que a Internet das coisas (Internet of Things, IoT) oferece uma oportunidade de 1 trilhão de dólares, graças à melhora de processos de produção e distribuição e, no que talvez seja mais importante, uma mudança significativa na forma como os produtos são utilizados.

Nas palavras do escritor James Bradfield Moody:

“os processadores estão começando a se comunicar além dos limites de seus dispositivos, passando


a compartilhar informações que nunca foram compartilhadas ou sequer coletadas. Isso nos leva a [uma] grande ideia que determinará a maneira como inovamos em um mundo com recursos limitados: a convergência dos mundos digital e natural.”

A associação dessa revolução digital aos princípios da economia circular de fato pode transformar a relação da economia com os materiais e recursos finitivos, liberando mais valor e gerando resultados positivos. A economia circular ajuda a dissociar a criação de valor econômico do consumo de recursos. Seus quatro fatores de valor – estender a duração do ciclo de uso de um ativo, aumentar a utilização de um ativo ou recurso, reaproveitar um ativo em um circuito ou em cascata por meio de ciclos adicionais de uso e regenerar o capital natural – podem se combinar com um (ou vários) dos três principais fatores de valor dos ativos inteligentes – o conhecimento do local, da condição e da disponibilidade de um ativo.

Nessa perspectiva de mudança sistêmica, a IoT se transforma na nova infraestrutura virtualizada que rege o uso dos ativos e movimenta a cadeia de valor. Ferramentas digitais, como plataformas de intercâmbio que possibilita muitas vidas úteis e informações integradas a produtos – tornam-se ferramentas físicas importantes no que diz respeito a determinar e direcionar fluxos de ativos. O valor criado pode ir além dos benefícios diretos para os negócios e gerar benefícios ampliados significativamente para a sociedade. Em mobilidade, por exemplo, aplicativos habilitados para a IoT que ajudem motoristas a encontrar locais de estacionamento e evitar trajetos de tráfego intenso não só proporcionam vantagens para o usuário direto, mas também reduzem o congestionamento e as emissões de poluentes, beneficiando a sociedade como um todo.

Empresas já estão explorando as interações entre a estrutura da economia circular e os ativos inteligentes, em diversos setores, com concentração do foco nas cidades. Eliminando barreiras estruturais entre a produção e o consumo ou uso estabelecidas ao longo do tempo, uma economia circular habilitada pela IoT oferece oportunidades consideráveis para vários setores, como a indústria manufatureira, o setor energético e de concessionárias públicas, a construção civil (incluindo a área de infraestrutura), a logística e gestão de resíduos, a agricultura e a pesca. Tanto empresas já existentes quanto inovadores disruptivos estão repensando seus modelos e cadeias de valor, o que indica que a revolução digital não é um nicho de mercado, mas o sustentáculo de uma nova economia. Com mais de 80% do PIB global gerado em regiões urbanas e diversas oportunidades de otimizar o fluxo de materiais, as cidades estão na linha de frente da transformação que está por vir.


O que está em jogo não é uma mudança incremental ou a digitalização gradual do sistema tal qual o conhecemos, mas uma reinicialização: implantada em larga escala, a conectividade pervasiva tem o poder de redefinir a geração de valor, simultaneamente ajudando as economias emergentes a evitar investimentos iniciais pesados e soluções com uso intensivo de materiais. Por exemplo, um ecossistema de serviços habilitados em dispositivos inteligentes poderia, em conjunto, abrir amplo acesso a energia renovável fora da grade. Painéis solares poderiam ser fornecidos como um serviço para pessoas físicas e empresas sem acesso a capital para comprar seus próprios painéis solares, por meio de pagamentos on-line semanais. O monitoramento de baterias, a manutenção preditiva dos painéis, a gestão automatizada de sistemas de distribuição e outros serviços habilitados pelo IoT poderiam complementar esse modelo para evitar investimento massivo de capital em recursos necessários para o desenvolvimento de uma infraestrutura de grade centralizada.

Esse horizonte promissor implica mecanismos colaborativos redefinidos entre a tecnologia e a estrutura na qual ela opera. Dentro dos limites da inovação e da regulação, é preciso usar a criatividade para administrar as questões complexas que a circulação e a captura de dados, a compatibilidade dos sistemas e a propriedade intelectual levantam. Vários especialistas consultados observaram que as empresas precisam substituir uma abordagem protetora e fechada por plataformas de dados colaborativas com mais código aberto. Por outro lado, a proliferação de equipamentos de sensoriamento na sociedade coloca questões importantes sobre a segurança e a privacidade dos dados. Responder a esses desafios exige novas regras do jogo que permitirá a evolução da tecnologia e das tendências de mercado em rápido desenvolvimento. As empresas e os formuladores de política precisariam de uma abordagem envolvendo diversos públicos para criar essas condições. Se bem-sucedidos, eles podem abrir caminho para a solução de alguns dos principais desafios para o projeto de uma economia verdadeiramente restaurativa e regenerativa.


...M

ELH

OR

IA D

O T

RÂ

NSI

TOE

RED

UÇ

ÃO

DO

SC

ON

GES

TIO

NA

MEN

TOS:

• E

nco

ntre

um

gru

po

de

com

par

tilh

amen

to d

eau

tom

óve

is

• Dad

os

de

trân

sito

em

tem

po

rea

l rev

elam

aro

ta m

ais

ráp

ida

par

ao

seu

per

curs

o

• Vag

a d

e es

taci

ona

men

tom

ais

pró

xim

a d

isp

oní

vel

PA

B

...A

UM

ENTO

DA

MO

BIL

IDA

DE

UR

BA

NA

CO

MA

PLIC

ATI

VO

: P

lane

je a

ro

tam

ais

efici

ente

eco

mp

re b

ilhet

esp

ara

o p

ercu

rso

–d

e ô

nib

us, t

áxi,

bar

co, b

icic

leta

ou

usan

do

div

erso

sti

po

s d

e ve

ícul

o.

• Lu

min

ária

s d

e LE

Daj

udam

vo

cê e

out

ros

mo

tori

stas

a d

efini

r um

ritm

o m

ais

tran

qui

lo

• Os

tem

po

s d

e es

per

ano

s se

máf

oro

s sã

om

inim

izad

os

...LU

MIN

ÁR

IAS

DE

RU

A Q

UE

ECO

NO

MIZ

AM

EN

ERG

IA:

Lum

inár

ias

de

rua

cone

ctad

asa

sens

ore

s e

sist

ema

de

ges

tão

do

trá

feg

oem

tem

po

rea

l.

...EC

ON

OM

IA D

E TE

MPO

E R

ECU

RSO

S:

Exa

mes

pes

soai

s re

aliz

ado

sem

cas

a, e

m u

m d

isp

osi

tivo

de

mes

a q

ue t

rans

mit

e d

ado

sd

iret

amen

te p

ara

o h

osp

ital

, par

aav

alia

ção

, eco

nom

izan

do

tem

po

,ca

pac

idad

e d

e at

end

imen

tod

e sa

úde

e en

erg

ia.

...EF

ICIÊ

NC

IA N

O D

ESC

AR

TE E

REU

TILI

ZA

ÇÃ

O D

E R

ESÍD

UO

S:

Lixe

iras

mo

vid

as a

ene

rgia

so

lar

e d

ota

das

de

sens

ore

s q

ue m

edem

os

níve

is d

e re

síd

uos

e co

mp

acta

mo

s it

ens

par

a re

duz

ir o

tran

sbo

rdam

ento

Pla

neja

men

to d

e ro

tas

de

cole

tao

rien

tad

o p

ela

dem

and

a p

ara

eco

nom

izar

co

mb

ustí

vel

Esq

uem

as d

e in

cent

ivo

par

ap

rom

ove

r o

pro

gre

sso

...EN

ERG

IAR

ESID

ENC

IAL

INTE

GR

AD

A

O s

mar

tpho

neco

man

da

a lig

ação

do

aq

uece

do

r e

out

ras

funç

ões

30

min

uto

san

tes

da

sua

cheg

ada,

par

a o

fere

cer,

po

r ex

emp

lo,

água

que

nte

par

a um

café

ou

um b

anho

Co

nsum

o d

e en

erg

iam

inim

izad

o q

uand

oa

casa

est

á va

zia

• •

• • •

MIL

K, N

OSU

GA

R?

ATI

VO

S IN

TELI

GEN

TES

CO

MO

TO

RN

AR

AS

CID

AD

ES M

AIS

INTE

LIG

ENTE

S C

OM

...

...R

AST

REA

MEN

TOD

E A

TIV

OS

Met

ais

pre

cio

sos

“gar

imp

ado

s” e

mp

rod

uto

s ac

umul

ado

sem

cid

ades

ere

apro

veit

ado

s em

casc

ata

no r

eto

rno

a d

ifere

ntes

cic

los.

...R

EDU

ÇÃ

O D

AS

EMIS

SÕES

E D

OS

NÍV

EIS

DE

POLU

IÇÃ

O:

Cid

ades

vib

rant

es,

com

mai

s vi

da,

men

os

estr

esse

ear

mai

s lim

po

.

...R

AST

REA

MEN

TO D

E M

ATE

RIA

IS:

Am

bie

nte

cons

truí

do

mai

s b

arat

oe

flex

ível

co

m a

mo

dul

ariz

ação

e o

rast

ream

ento

de

com

po

nent

es,

viab

iliza

ndo

o s

urg

imen

to d

eum

mer

cad

o lo

cal p

ara

mat

eria

isd

e co

nstr

ução

de

seg

und

a m

ão.

P

?

Departures

Train

Car share

Bicycle

Boat

now

now

now

now

...U

SOSU

STEN

TÁV

ELD

A Á

GU

A N

AS

RES

IDÊN

CIA

S

...R

EDES

INTE

LIG

ENTE

SD

E EN

ERG

IALO

CA

LIZ

AD

AS


ESTUDOS DE CASO

ARUP

IoT no setor de construção e infraestrutura

A Arup é líder no fornecimento de soluções com uso eficiente de recursos no setor de construção há décadas. Para possibilitar a circularidade de edifícios e obras de infraestrutura, a Arup vem explorando cada vez mais soluções com base na Internet das coisas (IoT) para facilitar a manutenção preditiva e vislumbra um futuro no qual a IoT vai revolucionar as estruturas de propriedade e os ativos poderão se tornar circulares com mais rapidez e eficácia, tornando os edifícios flexíveis, atualizáveis e mais produtivos quanto a recursos.

A Arup é uma empresa independente formada por projetistas, planejadores, engenheiros, consultores e técnicos especializados que oferece uma ampla gama de serviços profissionais em ambientes construídos. Fundada em 1946, em Londres, a Arup hoje tem mais de 92 escritórios em toda a Europa, na América do Norte, África, Australásia e no Sudeste Asiático, empregando mais de 12 mil pessoas no mundo.

FONTES DE CRIAÇÃO DE VALOR

A principal missão da Arup – “nós moldamos um futuro melhor” – ecoa na circularidade de ativos no ambiente construído, e os princípios da economia circular têm se tornado cada vez mais importantes para os negócios da empresa. Como parceiro de negócio com foco em ajudar os clientes a encontrar soluções para problemas desafiadores, a Arup está introduzindo ativamente a IoT para aumentar a produtividade dos recursos em projetos de construção e infraestrutura. Dois exemplos evidenciam os benefícios circulares habilitados pela IoT – e indicam o que está por vir.

A Arup desafiou o esquema proposto de substituir a Ponte de Forth Road, uma estrutura com mais de 50 anos ligando Edimburgo a Fife, na Escócia, por uma ponte maior. No fim, decidiu-se manter a ponte velha para controlar o tráfego e construir uma nova ponte menor (o Forth Replacement Crossing). Manter a ponte velha, que foi aproveitada em uma nova forma de uso, evitou o consumo de uma grande quantidade de recursos materiais. Isso também resultou em uma significativa economia de custos para o projeto.

A Arup desenvolveu um sistema de monitoramento da saúde estrutural (SHMS) de fácil operação, avançado e totalmente integrado para instalação


no Forth Replacement Crossing. Isso alertará com antecedência sobre problemas estruturais e possibilitará a inspeção dirigida e intervenção para garantir a boa operação da ponte e prolongará sua vida útil. Com aproximadamente mil sensores integrados para formar um sistema orientado por eventos em tempo real muito resistente, o SHMS armazenará dados em dois servidores independentes com acesso a partir de um banco de dados relacional avançado que assegura a correlação dos dados e a geração automática de relatórios. O sofisticado sistema de monitoramento habilitado pela IoT fornecerá informações sobre as condições da nova ponte, permitindo manutenção preditiva, o que estenderá seu ciclo de uso.

Em um projeto recente, a construção de uma estação de tratamento de lamas na rede de esgoto, a Arup utilizou software de modelagem de informações de construção (BIM) para desenvolver um modelo “3D” detalhado que não só ajudou a projetar a unidade de uma maneira que utiliza recursos com eficácia, mas também prevê que a instalação possa vir a se tornar uma “margem material” no futuro. O modelo “BIM 3D” proporciona transparência sobre a composição de materiais da estação, possibilitando a reposição no descomissionamento. É possível que o modelo “BIM 3D” venha a se tornar uma ferramenta de manutenção, para prolongar a vida útil do ativo.

PERSPECTIVAS

A Arup vê o monitoramento de projetos de construção pela IoT como propulsor não só para possibilitar a manutenção preditiva, mas também para facilitar o desenvolvimento de modelos de negócio com base em desempenho em um setor no qual a longevidade dos ativos tradicionalmente representa um obstáculo. Por exemplo, o aço das vias férreas poderia pertencer a empresas de aço que, pressionados pela queda da demanda por produtos novos, forneceriam “aço como serviço”. Usando ativos inteligentes para acompanhar tanto a propriedade dos bens quanto suas condições, elas poderiam reter os ativos e, ao mesmo tempo, otimizar seu desempenho. De forma semelhante, se os edifícios fossem projetados de forma mais inteligente, incluindo a eliminação de resíduos, e as condições e a estrutura de propriedade de seus componentes fossem totalmente transparentes, seria possível tornar certos componentes (p. ex.: interiores, serviços prediais, fachadas etc.) circulares com mais frequência, para fazer frentes a mudanças nas necessidades ou assimilar novas tecnologias. Nesse sentido, a produtividade dos recursos das construções poderia ser otimizada do ponto de vista do ciclo de vida.


HP

Tinta instantânea

Lançado no início de 2014, o serviço HP Instant Ink oferece impressão como serviço para pessoas físicas e pequenas empresas em todo o mundo. O modelo usa impressoras conectadas para enviar aos clientes cartuchos de reposição, juntamente com envelopes pós-pagos para a devolução de cartuchos usados, antes de o cliente ficar sem tinta. O modelo é um exemplo bem-sucedido de um programa de recuperação e reciclagem de componentes – ou de tornar os ativos mais circulares por meio de ciclos de uso adicionais – tanto no mercado business-to-business (B2B) como no business-to-consumer (B2C) no setor de produtos eletrônicos de consumo.

A HP é uma empresa global de tecnologia da informação com sede em Palo Alto, Califórnia, com aproximadamente 50 mil funcionários em todo o mundo. O portfólio da HP vai de impressão, computação pessoal, software, serviços e infraestrutura de TI na convergência em nuvem e conectividade, criando soluções da IoT seguras e contextualizadas.

MODELO DE NEGÓCIO

Modelos de servicização habilitados pela IoT não são uma novidade no nível corporativo no setor eletrônico. O monitoramento habilitado pela IoT de impressoras e computadores, por exemplo, é padrão em grandes contratos de gestão de TI que a HP e a Ricoh mantêm atualmente. Recentes avanços tecnológicos estão, porém, possibilitando a disseminação de modelos de desempenho para clientes de empresas de pequeno e médio portes (PMEs), que são o ponto onde, antes, o rastreamento e a logística tinham custo proibitivo. Com o serviço Instant Ink, a HP está fazendo uma contribuição pioneira para a popularização do modelo “TI como serviço”, levando-o para o nível da eletrônica de consumo, uma categoria notoriamente difícil no que diz respeito a recuperação de componentes e logística reversa.

Os assinantes do serviço pagam uma assinatura mensal com base no número de páginas que imprimem, e a impressora conectada notifica a HP quando um cartucho está em vias de acabar, sinalizando a necessidade de entregar um novo cartucho sem que o assinante precise contatar a empresa. Assim, o usuário nunca fica sem tinta. Os cartuchos vazios são coletados por uma rede do que a empresa chama de “parceiros do planeta” – transportadoras e varejistas de produtos eletrônicos localizados em todo o mundo – e devolvidos para a HP, onde entram em um programa de reciclagem em “circuito fechado”. Um ano depois de seu lançamento, o número de assinantes do Instant Ink já se aproximava de 1 milhão.


FONTE DE CRIAÇÃO DE VALOR

Um dos principais fatores de criação de valor no modelo de serviço habilitado pela IoT é a capacidade da empresa de construir relacionamentos mais sólidos com os clientes por meio da prestação de um serviço confiável e conveniente. Além disso, estima-se que os clientes do programa também se beneficiem de uma redução de até 50% de seus custos com tinta. Mais conveniência, economia de tempo e redução dos custos da tinta resultam em uma alta taxa de retenção de clientes para o programa. O programa de reciclagem em “circuito fechado” efetivamente torna ativos circulares com a adição de ciclos. O design e a durabilidade dos cartuchos melhoraram para permitir o modelo de negócio, que, segundo a HP, está eliminando até 67% dos resíduos associados ao número de páginas impressas. Além disso, os dados de uso das impressoras fornecem informações para o projeto de sistemas, incluindo embalagens e algoritmos de reposição para minimizar resíduos e, ao mesmo tempo, contribuem para o design de produtos futuros, para aumentar a disponibilidade dos serviços, a durabilidade e o nível de satisfação do cliente.

PERSPECTIVAS

A HP já está procurando formas de ampliar o serviço Instant Ink e aumentar o conhecimento gerado pela IoT, para abranger, além da quantidade de tinta, as condições operacionais das impressoras. Esse avanço permitiria ao fabricante agregar informações completas sobre o estado das máquinas (o modelo poderia ser viável também para outros equipamentos eletrônicos, como computadores, cafeteiras etc.). Essa abordagem não só adicionaria valor associado ao modelo de manutenção preditiva, mas, com os dados da composição e das condições dos ativos em tempo real se tornando abundantes, poderia influenciar significativamente o projeto de produtos. No futuro, os insights proporcionados pelas informações operacionais podem vir a ser aplicados de modo a estimular o projeto de itens mais produtivos e duradouros – tanto pela extensão de seu ciclo de uso (ou seja, por aumentar sua duração e facilidade de manutenção) quanto por torná-los mais circulares (melhorar seu design para remanufatura, desmontagem e recuperação efetiva de ativos).


Libelium

Gestão de estruturas pela IoT na agricultura

A Libelium, em parceria com empresas como Elmitel, BioMachines e Dolphin Engineering, desenvolve e fabrica uma plataforma sob medida da Internet das coisas (IoT) para a gestão agrícola, para possibilitar serviços que permitem que os produtores rurais observem, mensurem e respondam a condições ambientais, doenças e pestes que afetam sua produção, tornando a gestão de lavouras e propriedades rurais mais eficaz e os ativos mais produtivos, mesmo quando usados em pequena escala.

A Libelium é uma empresa de tecnologia com sede na Espanha. Foi fundada em 2006 e hoje tem 45 funcionários em Zaragoza. A empresa projeta e fabrica ferramentas de desenvolvimento de hardware e software para redes com sensores sem fio e é especializada no sistema de monitoramento da qualidade ambiental e da água Smart Cities e em aplicativos inteligentes para a agricultura, fornecendo para clientes em todo o mundo.

MODELO DE NEGÓCIO

A Libelium acredita que, para a Internet das coisas criar valor máximo, é necessário contar com uma plataforma aberta capaz de trabalhar com diferentes tecnologias, protocolos de comunicação e bancos de dados de sensores. Três anos atrás, a empresa lançou o Waspmote – a primeira plataforma de hardware de sensores sem fio aberta, horizontal, modular e acessível – para permitir que os desenvolvedores para a IoT projetem e implantem aplicações com sensores em configurações que variam do atendimento de necessidades de pequenas cidades à agricultura inteligente.

Em parceria com a Elmitel, BioMachines e Dolphin Engineering, a Libelium desenvolveu redes de sensores e soluções de nuvem que possibilitam a aquisição, o armazenamento e processamento de dados para melhorar processos na agricultura. A chamada agricultura de precisão permite que os produtores rurais ajam no nível da lavoura combinando práticas agrícolas com as necessidades da produção, reduzindo a utilização de pesticidas, fertilizantes e água ao mesmo tempo em que aumentam a colheita. Para os produtores, o retorno sobre o investimento vem na forma de ganhos de eficiência (carga de trabalho) e redução nos custos de fertilizantes, de irrigação e fitossanitários.



Nós de sensores são implantados nas lavouras e plantações para monitorar diversas combinações de parâmetros ambientais, incluindo temperatura, nível de umidade, radiação fotossinteticamente ativa (PAR) e potencial de água no solo. Além disso, os sensores ajudam a detectar o desenvolvimento de doenças nas lavouras fornecendo dados sobre as condições do ativo agrícola. Por meio da conexão a um sistema em nuvem, as informações geradas pelos nós permitem que os produtores não só monitorem em tempo real, e a partir de qualquer lugar, as variáveis que afetam a produção, mas também que identifiquem o nível de atividade adequado (p. ex.: hidratação, fertilização, medidas para prevenir pestes) para aumentar a colheita. Como o trabalho em campo é administrado remotamente, em um PC, smartphone ou tablet, informações em tempo real sobre as condições dos ativos são cruciais para definir as medidas a adotar em diferentes áreas, no momento certo. A capacidade de compartilhar informações em nível global facilita a cooperação internacional para tratar de problemas e encontrar soluções colaborativamente.

O conhecimento em tempo real da localização e das condições das lavouras pode aumentar a produtividade com a prevenção do uso excessivo de recursos, como água e pesticidas.

Uma redução no uso de pesticidas, além de reduzir os riscos para a saúde dos trabalhadores rurais, também reduz riscos de longo prazo de danos às plantas, ao solo e às águas subterrâneas. Algumas das aplicações de tecnologia incluem uma função de pulverização preditiva em alertas em tempo real que permite que o produtor proteja suas lavouras contra pestes e fungos, aumentando, assim, a utilização de ativos biológicos – em vez de tratar os sintomas com uma quantidade ainda maior de substâncias químicas.

A interoperabilidade e conectividade da plataforma de hardware aberta com aplicativos de outras empresas são um elemento essencial para o sucesso da agricultura de precisão. Nós de sensores enviam dados para um sistema em nuvem, e os produtores podem acessar e visualizar informações em um PC, tablet ou smartphone. Por meio da integração de sistemas de apoio a decisões, eles são alertados quando precisam agir e orientados ao longo do processo de identificação das medidas mais adequadas para aumentar suas colheitas.


PERSPECTIVAS

A plataforma de hardware aberta desenvolvida pela Libelium já foi usada em mais de 50 cenários, em áreas que incluem pequenas cidades, logística, agricultura, desflorestamento, serviços de saúde e proteção ambiental. O potencial para aplicações futuras é ilimitado, desde que os desenvolvedores que estão trabalhando cooperativamente projetem soluções tecnológicas para se conectar ao sistema e criar um novo ecossistema de oportunidades de negócio em torno da geração, do armazenamento e análise de dados.

Philips CityTouch

Serviços de iluminação pública

O modelo Philips CityTouch usa ativos inteligentes para prestar serviços de iluminação pública otimizados em cidades do mundo todo. O modelo estende o ciclo de uso de luminárias públicas, possibilita o reuso de componentes de iluminação específicos ao fim de cada ciclo de uso e proporciona outros benefícios indiretos, como aumento da eficiência no consumo de energia em cidades como Los Angeles, Buenos Aires, Londres e Roterdã.

A Philips atua no setor de iluminação há mais de 120 anos e, nesse período, desenvolveu um foco aguçado em iluminação pública. Seis anos após o lançamento da incubadora CityTouch na Philips, o modelo da iniciativa está funcionando em mais de 500 cidades, entre 33 países. A empresa pretende expandir o modelo para toda a América Latina, o Oriente Médio e o Sudeste Asiático em 2016.

MODELO DE NEGÓCIO

O sistema CityTouch (gestão de energia) para iluminação externa oferece aplicativos da web fáceis de usar para a gestão de luminárias de rua e análise de dados de iluminação, não só tornando as cidades mais eficientes no uso de recursos, mas fazendo delas lugares melhores para viver. A plataforma CityTouch conecta diretamente todas as luminárias de rua pela rede móvel de celulares ou por uma rede de radiofrequência local. Todos os dados gerados são armazenados e processados na plataforma de gestão CityTouch, que administra e otimiza o sistema. Os usuários pagam uma taxa anual pelo serviço com base no número de ativos conectados para a gestão de toda a solução ponta a ponta, do hardware de controle à conectividade máquina a máquina e aplicativos de software.



Conectando pontos de iluminação externos e software de gestão, o modelo permite que os operadores – em geral, autoridades municipais – alterem a intensidade da luz remotamente, conforme as condições de iluminação natural e as da rua, substituam componentes individuais com base no número de horas de uso das luminárias, não em pressupostos, e reconfigurem as instalações para adaptá-las a fatores ambientais dinâmicos.

Combinado, o sistema possibilita que os administradores otimizem o tempo de uso dos ativos e façam manutenção preventiva, estendendo seu ciclo de uso. Ao aumentar os recursos de gestão de ciclos de uso heterogêneos dos diferentes componentes de forma detalhada, o modelo permite tornar ativos ou componentes mais circulares por meio de ciclos de uso adicionais.

O modelo também produz efeitos indiretos que promovem novas fontes de valor para os usuários do Philips CityTouch. Por exemplo, quando uma luminária queima completamente ou há falha de algum componente específico, a notificação automática integrada do sistema alerta o operador, possibilitando que os administradores otimizem a logística de manutenção e os processos em nível sistêmico, não só economizando tempo dos funcionários e recursos, mas reduzindo a inconveniência para o cidadão graças à rapidez na identificação e reparo do problema. Além disso, como os administradores podem reduzir a luminosidade ou desligar as luminárias quando não são necessárias, a eficiência energética aumenta. Informações sobre a densidade do tráfego podem ser aplicadas a esquemas dinâmicos de diminuição da luminosidade, para se chegar a um melhor equilíbrio entre segurança e economia de custos de energia. O uso do serviço de nuvem também economia energia. A nuvem usa exatamente a quantidade necessária de capacidade de computação remota e dispensa servidores internos, o que, segundo estimativas, economiza pelo menos 30% de energia em computação.


Published by the Ellen MacArthur FoundationMay 2016

Documents

ATIVOS INTELIGENTES A LIBERAÇÃO DO POTENCIAL DA … · uma estrutura com mais de 50 anos ligando Edimburgo a Fife, na Escócia, por uma ponte maior. No fim, decidiu-se manter a