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ATRAVÉS DA OBRA · Sobre a análise literária da obra de Homero que se proponha a uma ... Ela possui independência excepcional na estrutura da obra, é como se

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ATRAVÉS DA OBRA ODISSÉIA DE HOMERO TAMBÉM SE APRENDE HISTÓRIA DA GRÉCIA

Autor: LUZ, Pedro Paim da.1 Orientador: OLIVEIRA, Fábio Ruela de.

RESUMO Tendo em vista a dificuldade encontrada pelos alunos para analisar e interpretar a História, nos aspectos político, econômico e social, bem como fazer a relação entre o presente e uma determinada época, esse estudo pretende contribuir no campo da metodologia do ensino de História, partindo da intenção para a ação ao envolver os alunos no estudo da obra Odisséia de Homero. Tal proposta permitiu ao aluno o conhecimento da História Grega através da poesia de um de seus filhos mais ilustres, introduzindo uma leitura mais crítica da mesma, no sentido de conhecer como o poeta olhava a sua gente e sua cultura. Palavras-chave: Conhecimento; História Grega; Leitura Crítica; Odisséia. 1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história a humanidade produziu um grande volume de

conhecimento científico e tecnológico. Como desdobramento, a cada descoberta

surgem novas necessidades que impulsionam novas descobertas para satisfazer

essas necessidades surgidas. É função da escola e do professor proporcionar aos

educandos a apropriação deste conhecimento produzido pela humanidade para que

o aluno consiga compreender a realidade onde vive, suas implicações micro e macro

e que exerça sua cidadania.

Tendo em vista a dificuldade encontrada pelos alunos para analisar e

interpretar a História, nos aspectos político, econômico e social, bem como fazer a

relação entre o presente e uma determinada época, esse estudo contribuiu no campo

da metodologia do ensino de História, partindo da intenção para a ação ao envolver

1 Professor de História no Colégio Estadual de Flor da Serra – Ensino Fundamental e Médio/ Realeza (PR) – 4ª turma de Professores PDE (2010-2012) da UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon (PR).

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os alunos no estudo da obra Odisséia de Homero. Tal proposta permitiu ao aluno o

conhecimento da História Grega através da poesia de um de seus filhos mais ilustres,

introduzindo uma leitura analítica da mesma, no sentido de conhecer como o poeta

olhava a sua gente e sua cultura.

Pretende-se neste estudo sobre a obra da Odisséia, a) identificar a

importância da poesia na representação do poder e das leis da Grécia Antiga; e, b)

constituir uma impressão mais geral sobre a sociedade grega da época de Homero.

Portanto, tem por objetivo criar uma perspectiva para melhorar os métodos de

ensino de História no ensino Fundamental e Médio, especialmente, o conteúdo de

História Antiga, fazendo com que o estudante conheça essa história e se interesse

por ela.

Talvez, para o senso comum, estudar História parece ser uma atividade que

exige muito pouco, decorar fatos, nomes, datas, aprender explicações genéricas e

empacotadas para o consumo. Para ser bom aluno é preciso somente ter boa

memória, e para ser bom professor é necessário vencer os conteúdos ou ainda

repassar dados e informações através de leitura do livro didático, questionários ou o

uso de filmes e da mídia.

Este estudo propõe encontrar maneiras mais práticas e prazerosas para

compreender a História sem precisar decorar e sim, entender os fatos através da

leitura e da criação de poesias. O aluno poderá desenvolver uma visão crítica dos

acontecimentos históricos na Grécia Antiga a partir da leitura de Homero.

Além disso, destaca-se o fato de a manifestação poética da Grécia Antiga, ter

exercido enorme influência em diversos pensadores de vários campos do

conhecimento. Sendo um tema interdisciplinar, pode ser trabalhado numa

perspectiva que envolva outras disciplinas, do núcleo comum do ensino básico, tais

como Geografia, Filosofia, Literatura e Artes.

De acordo com os PCN’s:

Abre-se um campo fért i l às realizações interdisc ipl inares, ar t iculando os conhecimentos de história com aqueles referentes à Língua Por tuguesa, à Literatura, à musica as artes em geral. Na perspect iva da educação geral e básica enquanto

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etapa f inal da formação de c idadãos crí t ico e conscientes e preparados para a vida adul ta e a inserção autônoma na sociedade importa reconhecer o papel das competências de le itura e interpretação de textos como instrumental ização dos indivíduos, capacitando-os à compreensão do universo caót ico de informação e deformações que se processam no cot id iano. (BRASIL-MEC/SEF-Brasil ia, 1998).

A História tem como objeto de estudo os processos históricos relativos às

ações e as relações humanas praticadas no tempo, a respectiva significação

atribuída pelos sujeitos da história e da consciência dessas ações determinam os

limites e as possibilidades de modo a demarcar e transformar constantemente as

estruturas sócio-históricas.

Sobre a anál ise literária da obra de Homero que se proponha a

uma contribuição e diálogo com a história, um grande crít ico li terário do

século XX, Erich Auerbach, já escreveu a respeito deste problema e nos

advertiu que esta é uma tarefa muito complexa. Segundo Auerbach:

Mas um tal processo subjetivo-perspectivista, que cria um primeiro e um segundo plano, de modo que o presente se abra na direção das profundezas do passado, é totalmente estranho ao estilo homérico; ele só conhece o primeiro plano, só um presente uniformemente iluminado, uniformemente objetivo; e assim, a digressão começa só dois versos, depois, quando Euricleia já descobriu a cicatriz, quando a possibilidade de ordenação em perspectiva não mais existe, e a estória da cicatriz se torna um presente independente e pleno. (AUERBACH, 2004, s.p.)

O autor vê o processo como sendo subjetivo-perspectivista, onde se cria o

primeiro e segundo plano na história homérica, ele sugere ainda, que este estudo

sobre as obras de Homero é complexo e que o leitor deve possuir um prévio

conhecimento sobre a História Grega antes de entregar-se plenamente ao texto.

Na sala de aula realizou-se um estudo direcionado da poética de Homero

(Odisséia) e juntamente com os alunos criaram-se mecanismos para que o estudo de

História se tornasse mais dinâmico a partir da sugestão da produção de textos em

forma de poesia.

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2 CONTEXTUALIZANDO A OBRA ODISSÉIA

Poesia é a forma de expressão l i terária que surgiu em época que

remonta à Antiguidade histórica através da oral idade. Na fala há

necessidade de comunicação entre elementos de uma comunidade

primitiva. De acordo com Paixão (1984, s.p.), a comunicação imediata

entre duas pessoas se dá pela palavra e ou pelo gesto, que estão tanto

mais intimamente ligados quanto mais primitivo for o grupo.

O gesto complementa sempre a fala, na proporção em que esta é

limitada em sua intel igência. Assim é que os gestos foram marcando o

tom e o ri tmo das palavras, até a caracterização individual dos primeiros

contadores de seus feitos (caçadas) e dos feitos de sua tribo (guerras).

A saliência cada vez maior do indivíduo que contava para a comunidade

que o ouvia, acarretou a procura de fins artísticos em relação a

narrativa. (PAIXÃO, 1984).

Sobre a presença do herói na poesia, outro importante crít ico

li terário, Mikhail Bakhtin, aponta que:

A voz do herói sobre si mesmo e o mundo é tão plena como a palavra comum do autor; não está subordinada à imagem objetificada do herói como uma de suas características, mas tampouco serve de intérprete da voz do autor. Ela possui independência excepcional na estrutura da obra, é como se soasse ao lado da palavra do autor coadunando-se de modo especial com ela e com as vozes plenivalentes de outros heróis. (BAKHTIN, 1981, p.03).

Assim, o herói criado por Homero, igualmente representava a noção geral do

conhecimento do homem sobre o mundo, a astúcia, e não configura a expressão

imediata do poeta, mas uma criação que sintetiza os heróis de seu tempo.

Homero foi o primeiro grande poeta grego que teria vivido há cerca de 2800

anos aproximadamente e consagrou o gênero épico com suas grandiosas obras: a

Ilíada e a Odisséia, sem contar que a tradição atribuiu outros 34 hinos como sendo

de sua autoria.

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Não se pode afirmar com certeza se as obras de Homero foram compostas

por uma só pessoa ou por várias, pois naquele tempo o que prevalecia era a

oralidade que passava de geração a geração, e também não se pode precisar em

que classe social ele nasceu e viveu, ou ainda confirmar a sua pobreza, sua cegueira

ou seu afã viajante. “A atividade de composição de Homero está baseada nas

tradições orais e suas narrativas foram fixadas pela escrita por volta do século VI

a.C.” (PINHEIRO, 2000, p.24).

De acordo com o historiador grego Heródoto, Homero nasceu em

torno de 850 a.C. em algum lugar da Jónia, antigo distri to grego da

costa ocidental da Anatólia, que hoje constitui a parte asiática da

Turquia, sendo que as cidades de Esmirna e Quio também reivindicavam

a honra de terem sido seu berço. Até mesmo as fontes antigas sobre o

poeta, contêm numerosas contradições e a única coisa que se sabe com

certeza é que os gregos atribuíam a ele a autoria dos dois poemas

I l íada e Odisséia (MITOLOGIA GREGA, 2011).

Aristóteles reporta que a I l íada seria uma obra da juventude de

Homero, enquanto a Odisséia teria sido composta na velhice, quando o

poeta decidiu redigir a segunda obra como complemento da primeira e

ampliação da sua perspectiva poética de suas personagens.

(MITOLOGIA GREGA, 2011).

Compreendemos o mito como a primeira explicação sobre o mundo, uma

primeira atribuição de sentido para as coisas, onde a afetividade e a imaginação se

destacam. Se hoje o mito não abrange mais a totalidade do real como no tempo

anterior à reflexão crítica, a sua função, no entanto, de dar segurança ao homem,

continua. Mito e razão compartilham o mesmo mundo e a literatura é o lugar

privilegiado onde metáforas e analogias tornam possíveis algumas reflexões sobre a

condição humana. Assim, partimos da Odisséia de Homero - mito grego.

Ainda sobre essa transição da explicação mitológica para a explicação científica

e filosófica, destacamos algumas observações dos eminentes professores da

chamada Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, indicando que:

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A construção da rac ionalidade no Ocidente, como tentat iva dos homens de se l ibertarem das potências mít icas da natureza, in ic ia com a f i losof ia e prossegue na c iência. A c iência moderna, para se const itu ir , despojou-se do sent ido desprezando categor ias como substância, qual idade, paixão, ser e ex is tência. Julgou-as superst ição, i lusão. O despertar do sujeito é, assim, pago pelo reconhecimento do poder como pr incípio de todas as relações. A natureza desqual i f icada torna-se o mater ia l caót ico de uma s imples classi f icação e o si -mesmo todo poderoso converte-se em mero ter , em ident idade abstrata. O que os homens querem aprender da natureza é como aplicá- la para dominar sobre os outros homens. Poder e conhecimento são s inônimos, pois o que importa não é aquela sat isfação que se chama verdade, mas a operação, do processo ef icaz. (HORKHEIMER & ADORNO, 1985).

Os personagens mitológicos de Homero são concebidos como exemplares,

para serem tomados como referência, cumprindo com isso um papel social. Por meio

deles podemos ler, por exemplo, o elogio da honra, como o ideal mais alto a ser

cumprido por quem aspira ter uma alma nobre e guerreira.

Como extensão trágica de Odisseu e seus companheiros, observa-se o

episódio em que estavam diante de um monstro que anunciava que iria matar e

comer a todos, e então, com isso, Odisseu diz: “Toma ciclope, experimenta este

vinho, uma vez que comeste carne de gente; hás de ver que bebida se achava no

bojo das nossas naus.” (HOMERO, Livro IX, versos 347 a 349). Com a inteligência

astuta, ele se manifesta no uso de disfarces e em falas e discursos enganosos. Seus

disfarces podem tanto ser físicos (alterando sua aparência) como verbais, como fez

ao contar para o Ciclope Polifemo que seu nome era (Oútis), "Ninguém", e fugir após

cegá-lo. Como dizem os versos 331 a 333, do mesmo livro IX, Odisseu comenta:

“Aos companheiros, depois, ordenei que por sorte tirassem quem com coragem se

achava de a alçar esse mastro comigo e no olho dele enterrar, quando o sono o

colhesse agradável.”

A falha mais evidente que Odisseu ostenta é a sua arrogância e seu orgulho.

Os ciclopes jogam então a metade superior de uma montanha sobre ele, e rezam

para seu pai, o deus do mar, dizendo que ele cegou um de seus filhos; isto enfurece

o deus, o que o faz impedir o retorno de Odisseu a seu lar por muitos anos.

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Após o seu retorno a Ítaca, como um velho mendigo em sua própria casa

ajudado pelo porqueiro (Eumeu), para se vingar dos pretendentes eles preparam

uma emboscada, e Odisseu almejava surpreender os pretendentes:

[...] O sinal é este: Os pretendentes ilustres não hão de querer, certamente, que a mim, também, entregueis o arco e as flechas, se acaso pedi-los. Mas tu divino porqueiro, atravessa o recinto e me entrega o arco sem falta nas mãos. Depois disso as criadas avisa que fechem todas as portas bem-feitas, de seus aposentos. (HOMERO, 2000, Livro XXI versos 231 a 236).

Os pretendentes ainda não sabiam que Odisseu estava vivo, mas a dúvida

pairava no ar, e o pavor tomava conta de seus corpos, pois podiam ser mortos e

temiam pela força de Odisseu e seu filho.

Vira-se Eurímaco, então, para os outros e diz novamente: A mão terrível deste homem não vai, certamente, deter-se, caros amigos, mas o arco bem feito e o carcás tendo firmes, disparará da soleira polida, até ter conseguido exterminar a nós todos. (HOMERO, 2000, Livro XXII versos 69 a 72).

A pesquisa concentrada na obra Odisséia que é um conjunto de aventuras

complexas, onde aparece a astúcia de Ulisses, de seu corajoso filho Telêmaco, e a

fidelidade de sua esposa Penélope, num ato heróico cheio de mito e religiosidade

com seus deuses. Esta obra é marcada pelos personagens, Ulisses é obstinado e

seus marinheiros explicitam a lealdade e a perseverança junto ao seu senhor.

A Odisséia é um texto dramático combinado com lendas de seres

monstruosos e que retrata a forte religiosidade e misticismo da civilização grega da

época. A Odisséia se caracteriza pela sua universalidade que supera barreiras do

tempo e do espaço, sendo de incomparável beleza, que expressa as virtudes e os

desejos mais nobres: como honra, patriotismo, heroísmo, amor, amizade e fidelidade,

além de outras qualidades e valores.

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3. METODOLOGIA APLICADA

Este estudo foi implementado através do Projeto de Intervenção PDE (turma

2010/2012), aplicado no primeiro ano do ensino Médio do Colégio Estadual de Flor

da Serra, na cidade de Realeza/PR.

Como metodologia de ensino, realizaram-se pesquisas, levantamento de

dados e estudo bibliográfico para o embasamento do material de intervenção em

sala. Discutiu-se a viabilidade deste trabalho também, com os professores da escola,

os de português, artes, geografia, sociologia e filosofia, quais as maneiras de ampliar

esta intervenção junto a suas respectivas disciplinas.

Após o estudo da respectiva obra, atividades de compreensão e análise dos

personagens, bem como dos símbolos que permeiam estes textos, foram propostas

reconstruções, mudando o foco narrativo, ou seja, com todos os problemas e

mudanças de valores que hoje são freqüentes em nossa sociedade (ver Anexo).

No decorrer da aplicação dessas estratégias e após, os alunos foram

observados e avaliados no sentido de perceber se essas estratégias foram eficientes

ou não. Também ocorreram debates entre os alunos com o intuito de fazê-los

perceber se houve ou não diferença na sua prática leitora das entrelinhas existentes

na obra Odisséia.

Na sequência, serão relatadas as experiências que foram vivenciadas, as

dificuldades encontradas, os benefícios que estas atividades trouxeram para os

alunos. Os depoimentos dos alunos quanto à mudança que perceberam na prática

do uso da linguagem no cotidiano e que foram considerados como um dos

instrumentos de avaliação e obtenção dos resultados que constaram neste artigo.

Outros instrumentos utilizados foram às investigações diárias, através da observação

direta, e a análise das produções escritas desses alunos, ambas feitas pelo professor

investigador.

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4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Ao dar início das atividades desenvolvidas com os alunos do 1º Ano do Ensino

Médio Regular, do Colégio Estadual Flor da Serra – Ensino Fundamental e Médio, do

município de Realeza (PR), região sudoeste do Paraná, realizou-se uma aula

expositiva situando os educandos da proposta deste trabalho, bem como os objetivos

e metodologia a serem aplicadas. Posteriormente, uma reunião foi feita com os pais

destes educandos, professores da turma em questão, equipe pedagógica e direção,

para explanar a importância do referido projeto, a temática a ser trabalhada, como

seria aplicado, objetivos e quais os critérios utilizados para a avaliação.

Para a aplicação do referido projeto foram utilizadas 32 horas/aulas, incluindo

neste tempo, o filme, a análise dos textos, as produções artísticas e as adaptações

da obra.

Primeiramente, oportunizou-se aos alunos o contato inicial com a obra através

do filme “Odisséia”, sob direção de Andrei Konchalovsky e duração de 173 minutos,

atividade esta realizada em sala de aula.

Na sequência, deu-se início da leitura da obra de Homero que foi parte

essencial das atividades desenvolvida sobre o assunto. Tendo como atividade inicial

realizada o desenvolvimento de uma discussão em que se coloquem em pauta os

pormenores do livro e do filme. A comparação fez com que os alunos percebessem

as limitações dos filmes e a riqueza contida nos livros. Cada grupo fez as suas

observações de seu livro ou conto e como eram representadas no filme.

Os alunos foram estimulados a buscar informações adicionais sobre os

deuses e as demais figuras míticas que aparecem no filme e nos textos trabalhados.

Para que o trabalho ficasse mais instigante foi primordial pedir aos alunos uma

composição artística para a visualização e compreensão dos deuses, semideuses e

monstros pesquisados. Eles trabalharam produzindo os seus livros estudados

transformando de acordo com os nossos dias uma história semelhante, foi dado em

conjunto outros nomes aos personagens da odisséia e cada grupo produziu a sua

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história. Através dos textos originais eles transformaram os livros da narrativa em

rima falando para ser declamada por eles em sala de aula.

Para finalizar os trabalhos, os alunos apresentaram as suas rimas poéticas no

estabelecimento para todas as séries.

A maior dificuldade dos alunos foi em analisar um texto que não faz parte de

sua realidade. E também porque sobrevivem em uma sociedade imediatista,

pragmática, onde as informações ocorrem e discorrem rapidamente. Desdobrarem

sobre um texto com linguagem difícil de entendimento pode ser cansativo.

Partindo da afirmativa de que a Grécia é o 'berço da civilização ocidental' e que

muitas palavras do nosso vocabulário são de origem grega, talvez o aluno perceba a

importância de conhecer uma sociedade tão antiga e analisar um texto tão antigo.

O estímulo para leituras desse teor foi difícil, como também conciliar passado

e presente histórico na fase em que estudam, pois os alunos não possuíam uma

base situacional do enredo trabalhado.

A proposta de trabalho foi bem elaborada e serve de exemplo para serem

trabalhados outros textos históricos, de outros períodos.

Toda narrativa histórica possui inserções próprias de cada autor, é o seu olhar

tendencioso, suas convicções filosóficas, religiosas e sociais que se expressam.

Outra concepção seria através da tradução para idiomas com origens diferentes,

como línguas latinas e não latinas. E por conseguinte, é a do professor narrador do

evento histórico.

O aluno atualmente já tem um contato com o tipo de linguagem mitológica,

face ao fenômeno literário dos vampiros, bruxos e congêneres. Portanto, bastaria

canalizar para as narrativas históricas. Se perceber numa realidade de agentes

históricos que influenciam, determinam ou coagem para o status quo pode ser

considerado o objetivo deste trabalho.

Na construção cultural de um povo duas coisas são de suma importância a

primeira é a tradição oral que é responsável por transmitir e garantir a produção de

uma forma de vida em determinada sociedade. A segunda é a tradição escrita que

representa a consolidação de toda tradição anterior agora marcada por meio da

legislação e de outros códigos que organiza a vida social.

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Isto quer dizer que a prática de vida é que constitui culturalmente a história e

os costumes de um povo e somente depois de um período em que se instalou hábito

comum é que eles são codificados e apresentados como referencial.

Assim, para compreendermos a história da Grécia é fundamental levarmos em

consideração essa questão da tradição porque ela nos dá parâmetros e possibilita ir

além de uma historiografia, ou seja, abre um leque de possibilidades para novas

interpretações que significam um olhar crítico sobre a própria história contada.

Essa tradição na Grécia antiga é representada por meio de uma forma literária

desenvolvida por dois grandes autores Hesíodo e Homero suas respectivas obras

são a “Teogonia”, os “Trabalhos e os Dias”, a “Ilíada” e a “Odisséia” essa tradição

poética preserva a memória cultural do povo grego.

Considerando esses documentos como representação consolidada da cultura

grega antiga podemos tomar como base a “Odisséia” para conhecer melhor a história.

A poesia epopéica contada por Homero na “Odisséia” representa um tesouro como

fonte documental que retrata as condições sociais e políticas e nos aproxima do ideal

de homem grego, sabendo-se que o ocidente é fortemente influenciado pelo

pensamento grego torna-se importante compreender o passado para entendermos o

presente.

A Grécia tem sido celebrada ao longo dos tempos como um dos berços da

civilização ocidental. Aos gregos são atribuídas, por exemplo, realizações fabulosas

em áreas como a filosofia, as artes plásticas, o teatro, a política, a gastronomia e a

organização de cidades. Alguns dos maiores expoentes da história clássica grega

como Sócrates, Platão, Aristóteles, Péricles e Sólon (entre tantos) são considerados

parte integrante não apenas de uma história grega, mas verdadeiramente universal,

tamanho o impacto de suas obras.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As condições sociais do período homérico geraram um herói como Odisseu.

Existia interesse em glorificar o homem: a poesia seria épica, gloriosa, mas o herói

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seria humano, embora os deuses contribuíssem para sua integridade física. A

conjuntura social que o poema reflete é exatamente essa, embora a ação se

desenrole em um passado remoto, a Guerra de Tróia, no século XIII a.C.

A obra indica os aspectos geográficos das ilhas gregas seu modo de vida e

cultura diferenciada de uma para outra. A viagem de Odisseu ao mundo

desconhecido retrata os diversos grupos humanos habitante das ilhas, demonstrando

um pouco do cotidiano de Homero em suas narrativas, com isso nos permite

conhecer a história da Grécia e sua diversidade cultural de seus habitantes, com

suas crenças e tradições locais, os seres mitológicos vivido por Odisseu ele narra um

pouco de sua realidade onde seus relatos se confundem entre o imaginário e o real e

nos ajuda a conhecer a história da Grécia.

O projeto foi dinâmico e teve o sucesso almejado. No que tange aos objetivos

propostos neste trabalho, estes foram alcançados de forma satisfatória, levando-se

em consideração o pouco tempo em que foi aplicado.

Ao finalizar este trabalho, como requisito para o curso em questão, PDE,

motivou-me o repasse de conhecimentos advindos de leituras específicas, aulas

presenciais, além de orientações individuais, para meu público alvo, que foram os

alunos do Colégio Estadual de Flor da Serra – Ensino Fundamental e Ensino Médio,

bem como, aos demais que ao tema interessarem. Concluo esta atividade almejando

que haja acréscimo no sentido de compreensão das diferenças e semelhanças

apresentadas pelos autores no que tange a trajetória do povo grego na humanidade.

REFERÊNCIAS QUE CONTRIBUIRÃO NA PREPARAÇÃO E COMENTÁRIOS DAS

AULAS.

ADORNO, Theodor W. & HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. ANDRADE, Ana Luíza. Osman Lins: crítica e criação. São Paulo: Hucitec, 1987. ARISTÓTELES, Horacio Lingino. A poética clássica tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Cotrix, 2005, 12 ed.

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AUERBACH, Erich. Mimeses: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2004. BAKHTIN, M. A. Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora UnB, 1993. ______________. Problemas da Poética de Dostoievski. Trad. Paulo Bezerra. 1ª. ed. Rio de Janeiro Florense universitária 1981. FINLEY, M. I. Os Gregos Antigos. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, s/d. HOMERO. ODISSÉIA. Trad. Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. PAIXÃO, Fernando. O que é Poesia. 3ª. edição. São Paulo: Brasiliense, 1984. Sites: História, imagem e narrativas. Disponível em: http://www.historiaimagem.com.br. Nº 6, ano 3, abril/2008 – ISSN 1808-9895. Acessado em 10 de junho de 2011.

Resenhas Literárias. Disponível em: http://resenhasliterarias.tripod.com/id11.html. Acessado em 10 de junho de 2011.

ANEXOS

Os relatos abaixo foram feitos após discussões com os alunos em

grupos de cada Livro ou Canto da compreensão dos mesmos, duração de 08

horas-aula.

EM PILO Telêmaco desanimado com a falta de noticias Decide ir á procura de seu pai Despede-se de sua mãe, arruma as coisas Em direção a pilos ele se vai.

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Chegando, á pilo, Telêmaco muito cansado Sai a procura de Nestor, Ele tem em sua mente que o achando Daria noticias para aliviar a dor. Nestor e Telêmaco se encontram Começam a falar da guerra de tróia, Ele conta que,junto com ele Dianédes Seu pai foi embora. Eles fugiram, para se safar da guerra Más,ao chegarem, Odisseu sumiu, Nestor voltou a Pilo Foi a ultima vez que o viu. CANTO VI Odisseu chega à Feacia O sofrido Odisseu dormia Pelo cansaço foi vencido Mas Atena para ele Tinha outro plano destemido. Em sonho para Nausicca Atena resolve aparecer Para falar de seu casamento Que está preste a acontecer. Atena voltou para Olimpo Onde o lugar é tranqüilo Por ventos jamais e abalado Como é calmo tudo aquilo. Nausicaa do sono desperta Com o fica admirada Desce para falar com seus pais Fiando encontra sua mãe amada. Com delicadeza ao seu pai pede Para roupas com as servas ir lavar Lá nas margens do rio Onde uma surpresa vai encontrar.

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Pediu que levasse também Óleo líquido num frasco de ouro Para se ungir depois do banho Quando achasse o tesouro. Quando em suas cabeças já passava A idéia de para casa voltar Atena concebe outro plano engenhoso Para a donzela Odisseu encontrar. Odisseu acorda assustado Grito de moças ouvindo Eram as servas de Nausicaa Que no rio estavam se divertindo. Suplicando a ajuda de Nausicaa Odisseu é bem servido Recebe água e alimento Daquele povo sofrido. Depois de Odisseu descansar A cidade com Nausicaa foi conhecer O povo Feácio muito feliz O guerreiro Odisseu receber. ODISSEU NO PALACIO (XVII) De levar a cidade O estrangeiro infeliz Que procure o sustento Que um dia ele quis Se o estrangeiro ofender se Tanto pior lhe será Falo sempre a verdade E ele acreditará. Disse partindo Telêmaco No amplo pátio a atravessar A passos largos pensando Na hora de chegar.

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A prudente Penélope Vai para o filho querido Pergunta de seu pai Que lhe diz que está sumido. Os pretendentes em frente Da casa de Odisseu Estadiando arrogância Disputando quem venceu. Quando o caminho rochoso Eles haviam vencido Junto a cidade alcançaram O descanso merecido. Os pretendentes davam comida Perguntando uns aos outros Quem era mendigo Que estava deposto. Os outros esmola lhe deram Enchendo lhe de pão e carne O mendigo era Odisseu Que estava ali de tarde. Cantigas e danças alegres Se divertiam Na sala matavam A fome e sede que tinham.

APÊNDICE A - Relato da Odisséia em versos e rimas para melhor compreender

esta aventura escrita por Homero. Adaptação elaborada pelo Prof. Pedro Paim

da Luz.

ODISSÉIA

Pedro Paim da Luz (adaptação)

Odisseu homem astuto Da guerra de tróia participou

Conheceu diversos povos

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Cidades observou Queria voltar para sua mulher Mas os deuses lhe afastaram

Pelos mares imensos O sofrimento durou.

Em Itaca no palácio de Odisseu

As coisas aconteciam Penélope sua mulher

vários pretendentes queriam pensando que morto Odisseu estaria

seu reino eles apossariam.

Atenas de estrangeiro se disfarçar Incentiva Telêmaco

Seu pai ir buscar Era a única solução

Dos pretendentes expulsar.

Seu povo ele reuni Para em assembléia deliberar

Pede-lhes um barco Para no mar navegar

Com uma pequena tripulação O seu pai ir procurar

O povo hesita Deixando se levar

Os pretendentes queriam Com Penélope se casar.

Atenas surge na aparência de Mentor Ajuda Telêmaco ao barco conseguir Partem para pilos na casa de Nestor

Odisseu não estava lá Momento de sofrimento e dor.

A busca não parava

Em Esparta na casa de Menelau Telêmaco chegava

Com muita esperança Seu pai não encontrava

Apesar desta viagem A busca continuava Pedia informação

E Odisseu ninguém lhe indicava.

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Nesse meio tempo,

Ulisses grandes aventuras passava Na ilha de Ogigia

A Deusa Calipso se apaixonava Não deixava partir O herói se irritava.

Os Deuses entreviam

E encontraram uma solução Uma jangada tosca construiu

A Odisseu entregaram em sua mão Com a ira de Poséidon fez Odisseu

Naufragar sua embarcação.

Na praia semimorto Por Nausica é recolhido Era a filha do rei Aleino Com festa e recebido.

A guerra de Tróia

Os episódios são relatados Faz com que Odisseu

Lembrasse do seu passado Conta as suas aventuras Todos ficam espantados

O encontro com o Ciclope Polifeno Seus companheiros foram aprisionados

Em uma caverna gigante Por uma pedra foram fechados

Pensa muito rápido E tem um plano arquitetado

Para não serem por ele devorado.

Em seguida para o Odisseu Seu nome foi perguntado

Respondeu sendo Ninguém Para deixar Polifeno atordoado

Dois de seus companheiros Haviam sido devorados

O vinho ofereceu Com o plano arquitetado

Para embebedar o monstro Para ser libertado.

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O sono aproveitara Para furar o olho do monstro

Aos berros ele gritava Os outros acordavam

Dizendo que ninguém os matava Seus irmãos não entenderam

Outra vez perguntavam Ele responde que Ninguém

Os seus olhos furavam Eles disseram se for Ninguém

Que fora a mão divina se conformava.

Pela manhã o gigante cego estava Para dar passagem aos carneiros

a pedra ele deslocava Deixando aberta a saída

Para os homens de Odisseu Salvarem suas vidas.

Os gregos em seguida

Na barriga do animal eles se amarravam Dessa maneira

A caverna pavorosa deixava Prevenia sua fuga

E o monstro mais alto berrava.

Odisseu chega em outra ilha Por Circe habitada

Ela era feiticeira que gostava de transformar Homens em animais Para poder se vingar

Com esse homem Queria se casar.

Os companheiros de Odisseu eram porcos

Ela os havia transformado Com a esperteza do grego

Seus encantos tinha acabado Em Érebo conversa

Com várias sombras já falecidas De famosos herói gregos

E relata a tragédia consumada na perfídia.

Ao atravessar o mar entre Caribde Por redemoinhos é levado

Contra o rochedo Cila

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Seu navio é arremessado Amarra-se ao mastro

E seus companheiros já haviam mandado Colocarem cera nos ouvidos

Para não serem incomodados Com os cantos das sereias Não podiam ser escutados

Senão seriam transformados.

Chega às terras dos Feácios Aos trapos arrasados Eles ficam comovidos

De tudo que foi narrado Proporcionaram uma embarcação

Para seu lar regressar De mendigo disfarçado

Ao porqueiro se apresentou Para expulsar os pretendentes

E voltar para seu amor.

Com vários acontecimentos Reconhecido pela ama infeliz

Pelo seu jeito de ser E de suas cicatriz

Impõe-lhe em silêncio Para poder se vingar

Daqueles que com Penélope Queriam se casar.

Ela as condições colocou Quem conseguisse vergar

O arco de seu marido Para com ela se casar.

Na ilha Calipso

Odisseu foi detido Preso por sete anos pela ninfa Que queria como seu marido.

A velha escrava da limpeza

Com Penélope veio falar Que Odisseu iria voltar

Atena veio informar Ela não quis acreditar

Desconfiada começa a chorar De mendigo a deusa fez se disfarçar

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Com isso em casa pode chegar.

Telêmaco furioso está Pela reação da mãe

Que não quis acreditar Do que foi falado

Convence-se e manda as servas Prepararem um leito

Para Odisseu descansar Quando ele diz construí Com o tronco da oliveira

Que já estava ali Não pode ser removido

Detalhes que só ela sabia Pedes desculpas pela desconfiança

Alimentava a esperança De poder lhe abraçar

Os dois choraram emocionados E no leito vão deitar.

Penélope narra sua dor

Seu sofrimento nos vinte anos Na ausência de seu amor

Já Odisseu relata O que passara

Com seus companheiros Nos mares que navegará Depois de tantas histórias O casal acaba dormindo.

No outro dia acorda bem cedo Junto com o porqueiro

Ao encontro de seu pai Laétes Que não reconheceu

Prove que realmente é filho meu Odisseu mostra lhe a cicatriz

Diz o nomes das árvores do pomar Na infância ajudou a plantar

Os dois emocionados Começam a chorar.

A morte dos pretendentes

A situação estava arquitetada Por Telêmaco e Odisseu

Era a hora da virada

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Havia muita esperança Depois de esconder as armas Estava próxima a vingança.

Ocorreu a vingança

Todos estavam sem vida O palácio em segurança Para reinar para sempre

Com sua Penélope querida.

As almas dos mortos Por Hermes são arrastadas

Para o inferno levadas Atena impõe uma reconciliação

Com a família dos mortos E a guerra acaba então

A paz tão esperada Reina em toda região.